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16 Estruturas de Contenção

Figura 16.1..............

16.7 Cortina de Estacas Justapostas


16.7.1 Introdução
Cortinas de estacas justapostas são utilizadas para a contenção de paredes de escavações que
ocorrem em diversos tipos de obra como subsolos de edifícios, trincheiras para passagens
inferiores de veículos rodoviários ou ferroviários, valas para instalação de drenagens, podendo
ser do tipo provisória ou definitiva.

Primeiramente é feita a execução das estacas, que podem ser cravadas ou escavadas, na
sequencia procede-se a escavação em um dos lados até à cota de projeto. A estrutura
apresenta assim um trecho de contenção e um trecho de embutimento no solo denominado
de ficha.

Figura 16.20 – Cortina de estacas justapostas, elevação e planta.


Os métodos de análise das cortinas de contenção são classificados como estáticos e elásticos.

Nos métodos estáticos, também ditos analíticos, apenas a condição de equilíbrio dos
diagramas de empuxos é utilizada para a determinação do comprimento necessário de ficha e
para a obtenção dos diagramas de esforços na estrutura. Supõe-se que a estaca desenvolve
um movimento de corpo rígido girando em torno de um ponto “pivot” no seu eixo.

Nos métodos elásticos faz-se a compatibilização de deslocamentos solo-estrutura no trecho de


embutimento. O solo pode ser representado por um meio elástico contínuo ou, o que é mais
comum, de forma discreta por molas dispostas ao longo da ficha, no denominado modelo de
Winkler. A solução é obtida numericamente através do método dos elementos finitos.

Figura 16.21 – Modelos estático e elástico para análise de cortina de estacas justapostas.

Neste capítulo são apresentados os casos de cortina de estacas escavadas preenchidas com
concreto armado com o trecho de contenção em balanço ou com uma linha de apoio.

A determinação da ficha e os esforços são obtidos por método estático apresentado em


Bowles (1988).

Considera-se o caso de solo arenoso sem estratificação com os valores de coeficientes de


empuxo obtidos pela teoria de Rankine.

Posteriormente são feitas observações para ampliação da solução para os casos de solos
coesivos, solos estratificados e com a presença de nível de água.
16.7.2 Análise do Caso de Cortina em Balanço

Neste caso a cortina não possui nenhum apoio lateral no trecho da contenção. A estabilidade
é garantida pela mobilização do empuxo passivo no trecho da ficha.

Surgem então empuxos ativos e passivos que se alternam de lado conforme o deslocamento
da cortina, ver figura 16.22. O diagrama de ações apresentado abaixo é o da resultante dos
empuxos aplicados.

Figura 16.22 – Cortina em balanço. Diagramas resultantes de empuxo.

a) Diagrama de Empuxo Resultante

Formulário Unidade Descrição


q kN/m2 Sobrecarga no topo do terrapleno.
kN/m3 Peso específico do solo

rad Ângulo de atrito interno do solo

K = tg −
- Coeficiente de empuxo ativo.
4 2

K = tg +
- Coeficiente de empuxo passivo.
4 2

H m Altura de escavação.
p =q×K kN/m2 Empuxo ativo devido à sobrecarga.
= + kN/m2 Empuxo ativo no fundo da
escavação.
= + − kN/m2 Resultante de empuxo abaixo do
= − − fundo da escavação.
= − kN/m3 Parâmetro auxiliar.
= − =0→ = m Profundidade do ponto O de
empuxo resultante nulo.
Variáveis que definem a posição do
Yez m ponto F de inversão da resultante
do diagrama de empuxo
resultante. São as incógnitas do
problema.
D=Y+a m Comprimento da ficha teórica
= # kN/m2 Valor auxiliar.
$
= + − kN/m2 Valor auxiliar.
$$
= $
+ # kN/m2 Valor auxiliar.

b) Resultante do Empuxo do Topo até o Ponto O

Figura 16.23 – Resultante do empuxo do topo até o ponto O.

E =p H
Formulário Unidade Descrição
kN/m Resultante de empuxo
ativo devido à
y = +
sobrecarga.
2

( = − ×
kN/m Resultante de empuxo
2 ativo permanente.
y = +
3

( =
2
kN/m Resultante de empuxo
*
2
no trecho
y =
*
3
H-O.

+ =( +( +( * kN Resultante do empuxo
até o ponto O.
( × +( × +( * × *
=
m Posição da resultante
,-.
+ em relação ao ponto O.

c) Equilíbrio de Forças Horizontais

Formulário Unidade Descrição

z Y
Equação de equilíbrio de forças
R + + ′′ − pp = 0
horizontais.
2 2 Resultante abaixo do ponto O: área
do triangulo EFG – área do
triângulo OIG

ppY − 2R
A variável z pode ser escrita em
z=
função de Y para atender ao
+ $$ m equilíbrio de forças horizontais

d) Equilíbrio de Momento no Ponto I

Formulário Descrição

Σ45 = 0
Equação de equilíbrio de momento

z z YY
no pé da cortina, ponto I.
R Y+ + p + p,, −p =0
,-.
3 2 23

Equação de equilíbrio de momento


C 7 8 + C α* − C* α − C8 α − C: = 0 no ponto I considerando-se:

ppY − 2R
z=
Problema de determinação de raiz de
polinômio de quarta ordem. + $$

#
7=
Coeficientes do polinômio:


=
=1

8+ 6+
* = 8 = 2 ,-. + $

6+ ,-.
$
+ 4+
: =

A raiz de interesse desta equação de 4ª ordem está, nos casos práticos, no intervalo
(0,50 < 7 < 3,0). A determinação pode ser feita numericamente por bissecação ou
diretamente usando ferramentas tipo “atingir meta” disponível em planilhas
eletrônicas.
e) Ficha e Valor de Momento Fletor Máximo

7 = @ íB C DEF çãI
Formulário Unidade Descrição
Ficha da cortina,
#=7
J = # + = KLMℎ ODó@LM .
comprimento de
embutimento no solo.

RLMℎ SCIO C = 1,20 × J TDUF@ Vç


m

Na prática, majora-se a ficha teórica, por


segurança, de 20% a 40% para se levar em
conta a incerteza de que os deslocamentos
da estaca consigam a mobilização
completa do empuxo passivo. Uma
alternativa é dividir o Kp por um coeficiente
de segurança.

2+
Posição do ponto de

=X m cortante nulo e de
momento fletor máximo.
Medido a partir do ponto
O.
∗ *
MZá\ = + + ∗

Valor do momento fletor
6 kNxm/m máximo.

MZá\,]^_ ` = 4aáb × C kNxm Valor do momento máximo


na estaca.
Mc,]^_ ` = 1,4 × 4aáb,def - kNxm Momento de cálculo na
estaca.

Com o valor de momento máximo na estaca determinam-se as armaduras


longitudinais necessárias para atender o estado limite último de flexão.

Com os valores de Y e z conhecidos é possível construir os diagramas de esforços


(flexão e cortante) ao longo da cortina.
167.3 Exemplo de Cortina em Balanço

Deseja-se executar uma contenção com estacas justapostas para uma escavação de 3,50m
para um subsolo de uma edificação. A cortina não se apoia lateralmente na estrutura da
edificação. Considerar uma sobrecarga no terrapleno de 5,0 kN/m2. Utilizar estacas escavadas
com diâmetro de 30cm.

Figura 16.24 – Exemplo de cortina em balanço.

Solução desenvolvida com auxílio de planilha EXCEL.

a) Parâmetros do Solo

Peso Específico g 18,0 kN/m3


Ângulo de Atrito Interno F 30,0 graus
Ângulo de Atrito Interno F 0,5236 rad
Coef. Empuxo Ativo Ka 0,33 Rankine
Coef. Empuxo Passivo Kp 3,00 Rankine

b) Cálculo da Ficha

q= 5,00 kN/m2
H= 3,50 m
p1= 1,67 kN/m2
p2= 22,67 kN/m2
C= 48,00 kN/m3
a= 0,47 m
Ea1= 5,83 kN/m ya1= 2,22 m
Ea2= 36,75 kN/m ya2= 1,64 m
Ea3= 5,35 kN/m ya3= 0,31 m
Ra= 47,94 kN/m ya,cg= 1,56 m
p'p= 211,67 kN/m2

Coeficientes do Polinômio de 4ª Ordem

C1 1,00
C2 4,41
C3 7,99
C4 45,14
C5 45,26

Inspeção da Raiz

a Y(m) Polinômio
0,75 2,63 -91,57
0,80 2,80 -76,03
0,85 2,98 -55,82
0,90 3,15 -30,45
0,95 3,33 0,64
1,00 3,50 38,00
1,05 3,68 82,21
1,10 3,85 133,88

Determinação da Raiz com a ferramenta “atingir meta” da planilha.

a Y(m) Polinômio
0,9491 3,32 0,00

Ficha teórica e com segurança.

D 3,79 m teórica
D* 4,55 m segurança

Resultados Complementares

pp= 159,44 kN/m2


p"p= 371,11 kN/m2
z= 0,82 m
Figura 16.25 – Diagrama de empuxo resultante.

c) Momento Máximo

Posição e valor de momento máximo.

y* = 1,41 m distância ao ponto O


M,máx= 120,04 kNxm/m

Momento de cálculo na estaca.

d= 0,30 m
Md,est= 50,42 kNxm
d) Diagramas de Esforços

Momento Fletor Esforço Cortante

e) Armadura da Estaca

A armadura da estaca foi calculada para uma solicitação de flexão simples (Md) em
seção circular com armadura uniformemente distribuída.

fck = 20,00 MPa


gc = 1,60
fcd= 12,50 MPa
Nd= 0,00 kN

Md= 50,42 kNxm


d= 0,30 m
d'= 0,06 m
As= 15,93 cm2
Adotado 8F
F 16

Deve-se observar que devido ao processo executivo de lançamento do concreto na


estaca a norma de fundações NBR6122 limita o valor da resistência do concreto
utilizado bem como especifica o valor do coeficiente de minoração da resistência do
concreto (gc).

Figura 16.26 – Armadura da estaca.


16.7.4 Análise do Caso de Cortina com uma Linha de Apoio

Para escavações com profundidades entre quatro e sete metros é conveniente criar pelo
menos uma linha de apoio horizontal para a contenção evitando assim grandes comprimentos
de ficha e momentos fletores muitos elevados que surgem na solução em balanço nestes
casos.

Estes apoios horizontais são criados normalmente pela instalação de tirantes protendidos
ancorados no terrapleno com a injeção de calda de cimento, ver figura abaixo.

Figura 16.27 – Cortinas com uma linha de apoio horizontal tipo tirante protendido.

A determinação do comprimento de ancoragem do tirante, seu espaçamento e sua força de


protensão são fundamentais para a estabilidade da contenção, mas este assunto não é tratado
neste capítulo.

Na execução deste tipo de contenção são previstas duas fases. Uma fase de escavação até à
cota de instalação do apoio horizontal, em que se tem uma situação de contenção em balanço,
e uma segunda fase em que a escavação prossegue até sua cota final de projeto já com a linha
de apoio horizontal ativada.

A profundidade da linha de apoio horizontal deve ser fixada de maneira que a situação
transitória de escavação da primeira fase de contenção em balanço não produza esforços
maiores que a situação estática final.
O método estático adotado para a solução considera que a contenção tem deslocamentos de
corpo rígido com rotação em torno do ponto da linha de apoio horizontal que funciona como
“pivot”.

Tem-se a atuação de empuxo ativo até à linha final da escavação e empuxos ativos e passivos
na região da ficha.

Figura 16.28 – Diagrama resultante de empuxo em contenção com uma linha de apoio horizontal.

a) Diagrama de Empuxo Resultante

Formulário Unidade Descrição


2
q kN/m Sobrecarga no topo do terrapleno.
kN/m3 Peso específico do solo

rad Ângulo de atrito interno do solo

- Coeficiente de empuxo ativo.


K = tg −
4 2

- Coeficiente de empuxo passivo.


K = tg +
4 2

H m Altura de escavação.
p =q×K kN/m2 Empuxo ativo devido à sobrecarga.
= + kN/m2 Empuxo ativo no fundo da
escavação.
= + − kN/m2 Resultante de empuxo abaixo do
= − − fundo da escavação.
= − kN/m3 Parâmetro auxiliar.
= − =0→ = m Profundidade do ponto O de
empuxo resultante nulo.
g m Valor incógnito que define o
comprimento da ficha teórica.
J =g+ m Ficha teórica.
* = g kN/m2 Valor do empuxo na extremidade
da ficha.

b) Resultantes do Diagrama de Empuxo

Formulário Unidade Descrição


ℎ m Posição da linha de
apoio horizontal.
E =p H kN/m Resultante de empuxo
ativo devido à
sobrecarga.
y = −ℎ
2 m

kN/m Resultante de empuxo


( = − ×
2 ativo permanente.
2
y = −ℎ
3 m

( * = kN/m Resultante de empuxo


2 no trecho do fundo da
escavação até o ponto
y * = + −ℎ m O.
3

+ =( +( +( * kN/m Resultante do empuxo


até o ponto O.
( × +( × +( * × * m Posição da resultante
,-. =
+ em relação à linha do
apoio horizontal.
*g g kN/m Resultante do diagrama
+ = =
2 2 de empuxo do ponto O
até ao final da ficha.
2g m
=
3
Figura 16.28 – Resultante do empuxo ativo.

c) Equilíbrio de Momento na Linha do Apoio Horizontal

O valor de X é determinado pela condição de momento resultante nulo na linha de


apoio horizontal.

Formulário Unidade Descrição


( + + −ℎ −+ =0 Equação de resultante
nula de momento na
g 2g g linha do apoio
+ −ℎ+ −+ =0
2 3 2 horizontal.

6+
2g * + 3g −ℎ+ − =0

M g * + M g + M* = 0 Equação do terceiro
grau em X.
M =2

M =3 −ℎ+

6+
M* = −

Determinação de raízes reais por bissecação


ou de forma direta em planilhas pela
ferramenta “atingir meta”.
e) Cálculo da Ficha e do Valor da Reação Horizontal

Formulário Unidade Descrição

Cálculo da Ficha

g = @ íB C DEF çãI CI OD@MDL@I U@ F. m

J=g + = KLMℎ ODó@LM m Ficha da cortina,


comprimento de
RLMℎ SCIO C = 1,20 × J TDUF@ Vç m embutimento no solo.

Na prática, como no caso anterior, também se


majora a ficha teórica, por segurança, de 20%
a 40% para levar em conta a incerteza de que
os deslocamentos da estaca consigam a
mobilização completa do empuxo passivo.
Uma alternativa é dividir o Kp por um
coeficiente de segurança.

Cálculo da Reação Horizontal T


g kN/m Resultante do diagrama
+ =
2 de empuxo na região
abaixo do ponto O.

h =+ −+ kN/m Reação no apoio


horizontal.

f) Determinação do Ponto de Cortante Nulo e Valor do Momento Máximo

Formulário Unidade Descrição


B m Cota de um ponto na
cortina medido a partir
do topo.

Posição de Cortante Nulo


Intervalo de pesquisa do
ℎ<B< ponto de cortante nulo
e momento máximo.

kN/m Valor do esforço


i B = B + B−h =0
2 cortante entre a linha
de apoio e o fundo da
escavação.

Equação do segundo
B + jB + M = 0 grau em z.

= ;j= ; M = −h; ∆= mj − 4 M
2
Posição do ponto de
−j + ∆ m cortante nulo e
B∗ =
2 momento máximo.

Valor do Momento Fletor Máximo

kNxm/m Valor do momento


4aáb = − B∗ *
− B∗ + h B∗ − ℎ
6 2 fletor máximo.

16.7.5 Exemplo de Cortina com uma Linha de Apoio

Deseja-se executar uma contenção com estacas justapostas para uma escavação de 7,00m
para um subsolo duplo de uma edificação. Considerar uma sobrecarga no terrapleno de 5,0
kN/m2. Utilizar estacas escavadas com diâmetro de 30cm com uma linha de apoio horizontal a
3m de profundidade.

Figura 16.30 – Exercício de cortina com uma linha de apoio.

Solução desenvolvida com auxílio de planilha EXCEL.


a) Parâmetros do Solo

Peso Específico g 18,0 kN/m3


Ângulo de Atrito Interno F 30,0 graus
Ângulo de Atrito Interno F 0,5236 rad
Coef. Empuxo Ativo Ka 0,33 Rankine
Coef. Empuxo Passivo Kp 3,00 Rankine

b) Cálculo da Ficha

q= 5,00 kN/m2
H= 7,00 m
h= 3,00 m
p1= 1,67 kN/m2
p2= 43,67 kN/m2
C= 48,00 kN/m3
a= 0,91 m

Ea1= 11,67 kN/m y1 0,50 m


Ea2= 147,00 kN/m y2 1,67 m
Ea3= 19,86 kN/m y3 4,30 m
Ra= 178,53 kN/m y 1,88 m

Coeficientes do Polinômio de 3ª Ordem

M g * + M g + M* = 0

c1= 2,00
c2= 14,73
c3= 42,04

Inspeção da Raiz

X(m) Equação Determinação da raiz com a ferramenta


0,35 -40,15 “atingir meta” da planilha.
0,70 -34,13
X(m) Equação
1,05 -23,48
1,40 -7,68 1,54 0,00
1,75 13,79
2,10 41,44
2,45 75,79
Valor da Ficha

J=g + = KLMℎ ODó@LM

Ficha D= 2,45 m Teórica


Ficha D*= 2,94 m Com Segurança

c) Cálculo da Reação no Apoio Horizontal

h = + −+

T= 121,86 kN/m Força Horizontal/m

d) Resultante do Empuxo abaixo do Ponto 0

g
+ = ; * = g
2

p3= 73,76 kN/m2


Rp= 56,67 kN/m

Figura 16.31 – Diagrama de empuxos e resultantes.


e) Ponto de Cortante Nulo e Valor de Momento Máximo

Coeficientes do Polinômio do 2ª Ordem

B + jB + M = 0

a= 3,00
b= 1,67
c= -121,86

Ponto de Cortante Nulo – Raiz do Polinômio

z*= 6,10 m

Valor do Momento Máximo

4aáb = − B∗ *
− B∗ + h B∗ − ℎ
6 2

Mmáx 119,77 kNxm/m Momento Máximo

Considerando que o espaçamento entre estacas é de 0,30m, tem-se um momento de cálculo


por estaca dado por:

4n,def - = 1,4 × 4aáb × 0,30

Md,est= 50,30 kNxm/m Momento de cálculo por estaca.

A situação transitória deste exercício corresponde ao caso de contenção em balanço


apresentado no exercício anterior em que se considerou uma escavação de 3,50m. Nestas
condições foi exigida para estabilidade uma ficha de 4,55m e uma capacidade resistente da
estaca para um momento de cálculo igual 50,42 kNxm.

No final da 1ª fase de escavação do exercício atual tem-se uma ficha dada por

RLMℎ o ed = 3,50q + 2,94q = 6,44q

que atende plenamente a condição de estabilidade desta fase.

Os momentos de cálculo da estaca para fase transitória e fase final estão com valores muitos
próximos de maneira que o dimensionamento e detalhamento da estaca já apresentado no
exercício anterior podem ser também utilizados para este caso.
f) Diagramas de Esforços
16.7.6 Outros Casos de Cortina de Contenção

Neste item apresentam-se breves comentários e orientações para a consideração de outros


casos de cortina de contenção.

a) Contenção com Presença de Nível de Água.

Existindo um nível de água no terrapleno e não sendo garantida a drenagem o empuxo


hidrostático deve ser considerado até o fundo da escavação.

O solo abaixo do nível da água deve ter seu peso específico reduzido para o seu valor
submerso.

= − á

á = 10 → = 10 × ℎ.

Figura 16.32 – Presença de nível de água gerando empuxo hidrostático.

b) Contenção em Solo Estratificado

A situação de solos estratificados é tratada pela consideração do peso específico e


ângulo de atrito interno de cada camada de solo no cálculo do diagrama de empuxo.
Figura 16.33 – Caso de solo estratificado.
c) Contenção em Solo Coesivo

No caso de contenção em solo coesivo, alguns fenômenos precisam ser considerados.

Fissuras de tração podem se formar na zona de empuxo ativo e quando preenchidas


por água eleva consideravelmente a pressão lateral.

Uma consolidação pode ocorrer na zona de empuxo passivo.

Solo argiloso pode sofrer retração e se afastar da cortina gerando também aumento
de pressão lateral.

A aplicação de métodos estáticos não é mais tão simples quando o solo na região da
ficha apresenta um ângulo de atrito interno F e uma coesão c.

Bowles (1988) apresenta solução com método estático para contenção em solos
coesivos considerando uma situação conservadora de ângulo de atrito nulo. Também é
feito um ajuste no diagrama de empuxo ativo eliminando a parte negativa superior.

Figura 16.34– Empuxos pra contenção em solo coesivo.

Como nos casos anteriores o comprimento da ficha é determinado pela condição de


equilíbrio estático do diagrama de empuxo resultante.
d) Contenção com Múltiplos Apoios Horizontais.

Escavações mais profundas exigem a instalação de mais de uma linha de apoios


horizontais nas paredes de contenção.

Nestes casos os métodos elásticos são recomendáveis por tratarem de forma


consistente a interação solo estrutura e a hiperestaticidade do problema.

Também é necessário avaliar os efeitos das fases construtivas nos diagramas de


empuxo.

Figura 16.35– Empuxos pra contenção em solo coesivo.


16.7.7 Problema Proposto

Fazer o dimensionamento de uma cortina de estacas de concreto justapostas de diâmetro de


(D=25cm) para uma profundidade de escavação de 6,0m. Considerar uma linha de apoio
horizontal posicionada a 2,0m de profundidade. Dados complementares: solo arenoso (g=18
kN/m3, F=30º ), sobrecarga no terrapleno q= 5,00 kN/m2.

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