Você está na página 1de 27

1

SUPERFÍCIE

Definição [superfície] O gráfico de uma equação em é o conjunto de todos os pontos


cujas coordenadas são números que satisfazem a equação. O gráfico de uma
equação em é chamado de superfície.

Definição [esfera] Uma esfera é o conjunto de todos os pontos no espaço


tridimensional, equidistante de um ponto fixo. O ponto fixo é chamado de centro da
esfera e a medida da distância constante é chamada de raio da esfera.

Teorema Uma equação da esfera de raio e centro é

Prova: Seja o ponto . O ponto é um ponto da esfera se e somente se

Elevando ao quadrado ambos os membros da equação, obtemos (*).

Figura 1 Esfera

Fonte: autoria própria, usando Geogebra 3D online.


2

Figura 2 Esfera

Fonte: autoria própria, usando Geogebra 3D online.

Exemplo 1.1

Ache a equação da esfera com raio de 5 unidades e centro em

Solução:

A equação da esfera é

Exemplo 1.2

Ache o raio e o centro da esfera cuja equação é

Solução:

Reagrupando os termos e completando os quadrados, obtemos


3

que representa uma esfera de raio 5 com centro em

Definição [seção cônica] uma seção cônica é a curva plana obtida pela interseção de
um cone e um plano. Essa curva é a representação no plano cartesiano da equação

Exemplo 1.3

Um exemplo de seção cônica é a circunferência

Aplicando as regras de produtos notáveis, temos

Reorganizando essa equação, obtemos

As parábolas, elipses e hipérboles são as chamadas seções cônicas, que são as


curvas resultantes da interseção de um cone com um plano.

Figura 3 Seções Cônicas


4

Na Figura 3 ilustramos algumas cônicas obtidas. No caso (a) seccionamos o cone


por um plano inclinado em relação ao eixo formando uma parábola, no caso (b)
seccionamos o cone por um plano oblíquo ao eixo do cone, formando uma elipse e
no caso (c), seccionamos o cone por um plano que é paralelo ao eixo formando duas
curvas formando uma hipérbole.

Se cortamos o cone por planos que passam pelo vértice V então obtermos as
chamadas cônicas degeneradas, que podem ser um ponto, uma reta ou duas retas.

Definição [superfície quádrica] uma superfície quádrica é o gráfico de uma equação do


segundo grau nas três variáveis e sendo que a equação geral é:

em que são constantes e pelo menos um dos coeficientes dos


termos de segunda ordem ou é diferente de zero.

Quando seccionamos uma superfície quádrica por planos paralelos aos


planos coordenados, a curva de interseção será uma cônica. Existem superfícies
quádricas não-degeneradas de diferentes tipos: parabolóide elíptico, parabolóide
hiperbólico, hiperbolóide de uma folha, hiperbolóide de duas folhas, elipsoide, cone,
e ainda o cilindro. Além dessas superfícies quádricas, a equação (**) pode
representar: o conjunto vazio, um ponto, uma reta, um plano, um par de planos
paralelos ou um par de planos concorrentes.

Através de mudanças de coordenadas (rotação e/ou translação), a equação


(**) pode ser transformada em uma das formas:

ou

em que a equação (***) representa uma quádrica centrada e as equações (&)


quádricas não centradas.

Ao representar graficamente uma superfície, é importante conhecer as curvas


de intersecção desta com os planos coordenados ou com planos paralelos a eles.
5

Tais curvas são chamados traços da superfície nos planos.

Por exemplo, o traço da superfície (isto é, o corte da seção transversal da


superfície pelo plano ) é obtido fazendo na equação da superfície. O
traço e traço são definidos de maneira semelhante.

O traço de uma superfície é sempre uma seção cônica.

Superfícies Quádricas Centradas

Se nenhum dos coeficientes da equação (***) for nulo, ela pode ser escrita sob uma
das formas:

denominada , qualquer delas, equação reduzida da quádrica centrada.

Combinações possíveis: 1, 2 ou 3 coeficientes positivos dos termos


quadráticos na equação (&&) implica que existem 3 tipos de superfícies quádricas
centradas.

Já que só aparecem os quadrados das variáveis, uma superfície quádrica


centrada é simétrica em relação aos três eixos coordenados, aos três planos
coordenados e à origem.

Se os coeficientes nos termos quadráticos na equação (&&) forem negativos,


nao existe lugar geométrico definido por esta equação.

Classificação das Quádricas Centradas:

1. Se todos os três sinais são positivos, a superfície é chamada de elipsóide.

2. Se dois sinais algébricos são positivos e um é negativo, a superfície é


chamada de hiperbolóide de uma folha.

3. Se um sinal algébrico é positivo e os outros dois são negativos, a superfície é


chamada de hiperbolóide de duas folhas.
6

Elipsóides

O elipsóide de centro na origem é a superfície representada pela equação

em que todos os coeficientes são positivos, a, b e c são números reais positivos e


representam as medidas dos semi-eixos do elipsóide.

Para um ponto pertencer ao elipsóide, necesssariamente,


e . Com efeito, pois se ou teríamos

Logo

Donde nenhum ponto com ou pode pertencer ao elipsóide.


Analogamente, pontos com ou bem como ou não
podem pertencer ao elipsóide.

Interseções do elipsóide com os eixos coordenados: e

Observe que então e, para que o ponto esteja

sobre o elipsóide, devemos ter , ou seja, Analogamente,


e pertencem ao elipsóide.

Da equação, vemos que todos os cortes do elipsóide por planos paralelos aos
planos coordenados são elipses:

(interseção com o plano ),

(interseção com o plano ),

(interseção com o plano ).


7

Figura 4 Elipsóide

Fonte: autoria própria, usando Geogebra 3D online

Simetrias do elipsóide: a equação não se altera se subtituirmos por


, logo, o elisóide tem simetria em relação à origem.

Consideremos um plano paralelo ao plano isto é, um plano da forma


Substituindo por na equação do elipsóide vem:

 Se isto é, ,nos diz que e, portanto, o traço no

plano é uma elipse de centro cuja equação é

 Se os planos e tangenciam o elipsóide nos pontos


e
8

 Se e, portanto, não existe gráfico, a interseção é vazia.

Exemplo 1.4 Interseção do elipsóide com um plano

Figura 5 Interseção do elipsóide com um plano

Fonte: autoria própria, usando Geogebra 3D online

Os planos e tangenciam o elipsóide nos pontos e

Se dois números quaisquer da equação da equação do elipsóide forem iguais,


teremos um elipsóide de revolução também chamado de esferóide ou elipsóide de
revolução.

Assim, como a circunferência é um caso particular da elipse em que a


esfera é um caso particular do elipsóide em que Neste caso, a
equação do elipsóide pode ser reescrita da seguinte forma:

Esta equação representa uma esfera de raio em que os traços com os


planos coordenados são circunferências de raio e os traços com planos paralelos
a eles são circunferências ou pontos.

O elipsoide é escaleno se
9

Classificação dos esferóides:

 Esferóide alongado (prolato) com


 Esferóide achatado (oblato) com
 A esfera com
Se o centro do elipsóide é o ponto e seus eixos forem paralelos aos
eixos coordenados, a equação do elipsóide assume a forma:

obtida através da translação de eixos.

Figura 6 Translação do elipsóide

Fonte: autoria própria, usando Geogebra 3D online

Hiperbolóide

A superfície quádrica hiperbolóide é muito aplicada na arquitetura e na


engenharia. Por exemplo, as chaminés das usinas nucleares possuem o formato de
um hiperbolóide.

Hiperbolóide de uma folha

Se na equação (&&), dois sinais algébricos são positivos e um é negativo, a


10

superfície é chamada de hiperbolóide de uma folha:

é uma forma canônica da eq. do hiperbolóide de uma folha ao longo do eixo .

é uma forma canônica da eq. do hiperbolóide de uma folha ao longo do eixo .

é uma forma canônica da eq. do hiperbolóide de uma folha ao longo do eixo .

Figura 7 Hiperbolóide de uma folha

Características do hiperbolóide de uma folha

 Existe simetria em relação aos planos e aos eixos coordenados e à origem;

 Traços com planos coordenados ou planos paralelos a eles: elipses,


hiperbóles ou retas concorrentes
11

Na equação

 O traço no plano é a elipse

 O traço no plano é a hipérbole:

 O traço no plano é a hipérbole:

Interseções do hiperbolóide de uma folha com os eixos coordenados:


. Já com o eixo não há interseções no conjunto dos números
reais

Um traço no plano é uma elipse

ou

ou ainda

que representa uma elipse de semieixos e


12

quando os comprimentos dos semieixos da elipse são os menores e


aumentam à medida que aumenta.

As seções transversais nos planos são as hipérboles

Se o eixo transverso da hipérbole é paralelo ao eixo e se o eixo


transverso é paralelo ao eixo . Se a hipérbole degenera em duas retas:

Exemplo 1.5 Para a superfície quádrica dada

a) Ache as interseções

b) Discuta a simetria

c) Ache as seções perpendiculares aos eixos coordenados

d) Ache os traços

e) Identifique a superfície

f) Esboce o gráfico

Solução

Dividindo a equação da quádrica por 100 temos


13

que é da forma , que é um hiperbolóide de uma folha cujo eixo é o eixo


com

a) As interseções com são Não há interseções com . As interseções


com são

b) Todas as variáveis estão elevadas ao quadrado, logo, a superfície é simétrica


em relação a todos os três planos coordenados, todos os eixos coordenados
e à origem.

c) Interseções:

 A interseção com o plano

são hipérboles exceto quando Quando a interseção com o


plano é o par de retas concorrentes .

 A interseção com o plano

são elipses.

 A interseção com o plano

são hipérboles exceto quando Quando a interseção com o


plano é o par de retas concorrentes .

d) Os traços

 A interseção com o plano

O traço é a hipérbole.

 A interseção com o plano


14

é uma elipse.

 A interseção com o plano

é uma hipérbole.

e) A superfície é um hiperbolóide de uma folha

f) Esboço do gráfico

Hiperbolóide de duas folhas

Se na equação (&&), dois sinais algébricos são negativos e um deles é


positivo, a superfície é chamada de hiperbolóide de duas folhas:

é uma forma canônica da eq. do hiperbolóide de duas folhas ao longo do eixo .

é uma forma canônica da eq. do hiperbolóide de duas folhas ao longo do eixo .


15

é uma forma canônica da eq. do hiperbolóide de duas folhas ao longo do eixo .

Figura 8 Hiperbolóide de duas folhas

Características do hiperbolóide de duas folhas

 Existe simetria em relação aos planos e aos eixos coordenados e à origem;

 Traços com planos coordenados ou planos paralelos a eles: elipses, pontos,


vazio ou hiperbóles.

Suponha que temos o hiperbolóide com a seguinte forma

As interseções em são , porém não existem as interseções e

Os traços nos planos coordenados são:

1) O traço é a hiperbole
16

2) O traço é a hipérbole

3) Não existe o traço

Observação: Embora o hiperbolóide de duas folhas não tenha traço no plano , ele
possui cortes de seções transversais feitos por planos paralelos ao plano .
Desse modo, o corte da seção transversal pelo plano tem a equação

Desde que

Suponha que temos o hiperbolóide com a seguinte forma

As interseções em são , porém não existem as interseções e

Os traços nos planos coordenados são:

1) O traço é a hiperbole

2) Não existe traço

3) O traço é a hipérbole
17

 O plano não tem interseção com a superfície, nem qualquer plano


em que .

 Se o traço no plano é a elipse

 Os traços nos planos e são hipérboles.

Exemplo 1.6 Para a superfície quádrica dada

a) Ache as interseções

b) Discuta a simetria

c) Ache as seções perpendiculares aos eixos coordenados

d) Ache os traços

e) Identifique a superfície

f) Esboce o gráfico

Solução

Dividindo a equação da quádrica por 100 temos

que é um hiperbolóide de uma folha cujo eixo é o eixo com

a) As interseções com são Não há interseções com nem com .

b) Todas as variáveis estão elevadas ao quadrado, logo, a superfície é simétrica


em relação a todos os três planos coordenados, todos os eixos coordenados
e à origem.
18

c) Interseções:

 A interseção com o plano

são hipérboles

 A interseção com o plano

são elipses.

 A interseção com o plano

são elipses para .

d) Os traços

 A interseção com o plano

o traço é a hipérbole.

 A interseção com o plano

o traço é uma elipse.

 A interseção com o plano

Não existe nenhum traço .

e) A superfície é um hiperbolóide de duas folhas.


19

f) Esboço do gráfico

Superfícies Quádricas Não Centradas

Se nenhum dos coeficientes dos termos do primeiro membro da equação


(***) for nulo, ela pode ser escrita sob uma das formas:

denominada , qualquer delas, forma canônica ou padrão de uma superfície quádrica


não centrada.

As possíveis combinações de sinais nesta equação permitem concluir a existência


de apenas dois tipos de superfícies, conforme os coeficientes dos termos de
segundo grau tenham o mesmo sinal ou sinais contrários.

Parabolóide Elíptico

Se nas equações (&&) os coeficientes dos termos de segundo grau tiverem


sinais iguais, a equação representa um parabolóide elíptico.

A equação

é uma forma canônica de equação do parabolóide elíptico ao longo do eixo


20

A equação

é uma forma canônica de equação do parabolóide elíptico ao longo do eixo

A equação

é uma forma canônica de equação do parabolóide elíptico ao longo do eixo

Na equação

Se a superfície está inteiramente acima do plano xy e se a


superfícies está inteiramente abaixo deste plano. Assim, o sinal de coincide com o
sinal de . Esta superfície intersecta o plano somente na origem, é simétrica em
relação ao plano , ao plano , ao eixo , pois somente os quadrados de e
aparecem.

O traço no plano são parábolas

O traço no plano são parábolas

Um traço no plano

é uma elipse.

Um traço no plano

é uma parábola.

Um traço no plano
21

é uma parábola.

Se na equação

tivermos o parabolóide é de revolução.

Figura 9 Parabolóide elíptico

Parabolóide Hiperbólico

Se nas equações (&&) os coeficientes dos termos de segundo grau tiverem


sinais contrários, a equação representa um parabolóide hiperbólico.

A equação

é uma forma canônica de equação do parabolóide hiperbólico ao longo do eixo

A equação
22

é uma forma canônica de equação do parabolóide hiperbólico ao longo do eixo

A equação

é uma forma canônica de equação do parabolóide hiperbólico ao longo do eixo

A equação

Esta superfície intersecta o plano somente na origem, é simétrica em


relação ao plano , ao plano , ao eixo , pois somente os quadrados de e
aparecem.

O traço no plano são parábolas com concavidade voltada para baixo

O traço no plano são parábolas com concavidade voltada para cima

Um traço no plano é um par de retas concorrentes

Um traço no plano

é uma hipérbole cujo eixo real é paralelo ao eixo se e paralelo ao eixo se

Um traço no plano

é uma parábola.
23

Um traço no plano

é uma parabóla.

Figura 10 Parabolóide Hiperbólico

Superfície cônica

Superfície cônica é uma superfície gerada por uma reta que se move apoiada
numa curva plana qualquer e passando sempre por um ponto dado não situado no
plano desta curva. (é uma superfície gerada por uma reta que se move de maneira
que sempre passa por uma curva ixa dada e também por um ponto fixo dado não
situado no plano da referida curva). A reta que se desloca é denominada geratriz, a
curva plana é a diretriz e o ponto fixo dado é o vértice da superfície cônica.
24

Suponha que a diretriz seja uma elipse (ou circunferencia) com o vértice na
origem do sistema e com seu eixo um dos eixos coordenados. Nestas condiçoes, a
superfície cônica cujo eixo é o eixo tem equação:

O cone elíptico é simétrico em relação aos planos coordenados, aos eixos


coordenados e á origem. O traço no plano é a origem, o traço no plano tem
equações:

donde obtemos duas retas que passam pela origem:

Analogamente, o traço no plano é onstituido por duas retas que passam


pela origem.

Os traços nos planos são elipses e se são circunferências. Neste


caso, temos um cone circular reto.

Os traços no plano e são hipérboles.

A superfície cônica cujo eixo é o eixo tem equação:

A superfície cônica cujo eixo é o eixo tem equação:

Exemplo 1.7 A equação

Representa uma superfície cônica


25

Figura 11 Cone

Superfície Cilíndrica

Seja C uma curva plana e L uma reta fixa não contida nesse plano.

Superfície cilíndrica é a superfície gerada por uma reta r que se move


paralelamente à reta fixa em contato permanente com a curva plana C.

A reta que se move é denominada geratriz e a curva C é a diretriz da


superfície cilíndrica.

Em geral, o gráfico de uma equação que não contém uma determinada


26

variável corresponde a uma superfície cilíndrica cujas geratrizes são paralelas ao


eixo da variável ausente e cuja diretriz é o gráfico da equação dada no plano
correspondente.

Exemplo 1.8 A equação

Representa uma superfície cilíndrica com geratrizes paralelas ao eixo ,


sendo a diretriz uma elipse no plano .

Figura 12 Cilindro

Exemplo 1.9 A equação

Representa uma superfície cilíndrica com geratrizes paralelas ao eixo , sendo a


diretriz uma elipse no plano .
27

Figura 13 Cilindro

Exemplo 1.10 A equação

Representa uma superfície cilíndrica com geratrizes paralelas ao eixo , sendo a


diretriz uma elipse no plano .

Figura 14 Cone

Você também pode gostar