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CENTRO UNIVERSITÁRIO CESMAC

PRÓ-REITORIA ACADÊMICA ADJUNTA


DE
EXTENSÃO E AÇÃO COMUNITÁRIA
PROJETO DE EXTENSÃO COMUNITÁRIA

RELATÓRIO FINAL

A ATUAÇÃO DO PROFESSOR NA ESCOLA: UM ESPAÇO PARA


APRENDIZAGEM E PROMOÇÃO DA SAÚDE

1. ÁREA DE CONHECIMENTO ENVOLVIDA (CNPq):


Ciências Exatas e da Terra ( )Ciências Biológicas ( ) Engenharia / Tecnologia ( )
Ciências da Saúde (x) Ciências Agrárias ( ) Ciências Sociais (x)
Ciências Humanas(x) Lingüística, Letras e
Artes ( )
2. ÁREA TEMÁTICA DE EXTENSÃO:
Comunicação ( ) Cultura ( ) Direitos Humanos e Justiça ( )
Educação (x) Meio Ambiente ( ) Saúde (x)
Tecnologia e Produção ( ) Trabalho ( )
3. LINHA DE EXTENSÃO: Espaço de Saúde
4. CARACTERIZAÇÃO DA PROPOSTA:
Público alvo: Docentes de uma escola municipal de Maceió/AL
Nº de pessoas beneficiadas: 20 profissionais
Local de realização: Escola Municipal Professor Lenilton Alves Santos, na cidade de
Maceió
( ) Projeto Novo (x) Projeto em Continuidade
5. EQUIPE:
Professor : Rosiete Pereira da Silva
Titulação: Mestra Curso da Graduação: Psicologia
Aluno (1): Alessandra de Matos Pinto
Faculdade: CESMAC Curso: Psicologia
Aluno(2): Beatriz Bispo Peixoto
Faculdade: CESMAC Curso: Psicologia
Aluno(3): Bianca Silva de Souza
Faculdade: CESMAC Curso: Psicologia
Aluno(4): Grinauria Franciele Miranda
Faculdade: CESMAC Curso: Psicologia
Aluno(5): Larissa de Rezende Gomes Alves
Faculdade: CESMAC Curso: Psicologia
Aluno(6): Vinicio Fontes Morais
Faculdade: CESMAC Curso: Psicologia
Aluno(7):
Faculdade: Curso:
Aluno(8):
Faculdade: Curso:
RESUMO DO PROJETO

O projeto foi realizado na Escola Municipal Professor Lenilton Alves


Santos, localizada no município de Maceió-Alagoas. Teve como objetivo
orientar o corpo docente da escola quanto à saúde infantil, enfatizando o
desenvolvimento, os processos de aprendizagem e as dificuldades que podem
ser enfrentadas pelos educandos. Além do desenvolvimento desse novo olhar
para os alunos, o projeto visou também à promoção de um espaço de cuidado
com a saúde dos docentes, permitindo a livre expressão pessoal e estimulando
o estreitamento dos laços grupais. A metodologia aplicada envolveu quatro
aspectos primordiais tratados enquanto estágios de pesquisa. O primeiro foi de
natureza bibliográfica; o segundo foi a realização uma atividade de
apresentação; em seguida foi vivenciada uma atividade de auto avaliação; e
por fim foram realizadas atividades corporais e técnicas ludopedagógicas. A
partir das intervenções realizadas foi possível perceber uma melhora
significativa na interação entre as docentes, o que possibilitou uma modificação
positiva na comunicação e convivência entre elas. A partir dos resultados
obtidos, foi possível constar a necessidade da presença do profissional de
psicologia no âmbito escolar para um olhar humanizado no cuidado com a
saúde das docentes e o esclarecimento a respeito das dificuldades de
aprendizagem, deste modo contribuindo para um melhor desempenho
profissional em sala de aula.

Palavras-chave: Docentes; aprendizagem; saúde; dificuldades.


1. PANORAMA DO PROJETO (CONTEXTUALIZAÇÃO)

Dentro do aspecto social, a escola e a família se apresentam como base


fundamental para desencadear o processo educacional sendo, portanto
propulsoras ou inibidoras do crescimento físico, intelectual, emocional e social
da criança e do adolescente. (DESSEN; POLONIA, 2007; DEL PRETTE; DEL
PRETTE, 2009).
A teoria de Vygotsky discute a educação e o aprendizado, defendendo
que eles não são inicados na escola, mas esta é de grande representatividade
na construção do indivíduo (COELHO; PISONI, 2012).
O esclarecimento acerca do desenvolvimento infantil se mostra de suma
importância para romper com os paradigmas de enquadramento dos alunos em
padrões específicos de comportamento, levando-se em conta que os rótulos se
constituem como uma forma de repressão do desenvolvimento da criança.
(D’ABREU, 2012).
Segundo Souza e Kramer (1991 apud REGO, 2009), é essencial que os
docentes tenham pleno conhecimento em áreas que estão além da didática,
sendo necessária uma maior abrangência nos aspectos que envolvem todo o
processo educacional, tal como a psicologia, a saúde e o desenvolvimento
humano.
Em 1954, a Organização Mundial da Saúde, por meio da Comissão de
Especialistas de Educação em Saúde, propôs que no ambiente escolar não
deve haver somente a transmissão de conhecimentos que envolvem a saúde,
mas deve ser um espaço onde existe a promoção desta. (GONÇALVES et al,
2008).
Sob esse aspecto, é valido ressaltar que Rego (2009) enfatiza a
importância da escola para a formação do ser humano, pois é a partir dela que
o indivíduo pode iniciar o desenvolvimento dos seus próprios conhecimentos,
sendo o professor o responsável por mediar este processo, devendo garantir
que a criança receba objetos de conhecimento suficientes para permitir que o
sujeito seja impelido a construir os seus próprios conceitos.
O professor se insere no processo educacional principalmente sobre o
“(...) saber fazer, mas saber o que fazer, como fazer, por que fazer e a serviço
de que interesse se coloca o fazer dos educadores (...)” (IMBERNÓN, 2002)
Para que houvesse o avanço do projeto, foi necessária a compreensão
dos conceitos que o corpo docente já tinha a respeito dos processos de
aprendizagem da criança. Tendo em vista que somente a partir do
esclarecimento destas questões o profissional pode ser capaz de atribuir a
dificuldade vivenciada pelo aluno a algum possível problema, o que irá
contribuir diretamente para o aumento da efetividade do trabalho escolar na
educação.
O projeto foi realizado na Escola Municipal Professor Lenilton Alves
Santos, localizada no município de Maceió-Alagoas. A instituição situa-se em
um bairro composto, em sua maioria, por pessoas de classe sócio-econômica
média baixa. A escola atende cerca de 800 alunos do Ensino Fundamental e
EJAI (Educação de Jovens, Adultos e Idosos) estando estabelecida em uma
das ruas principais do bairro, circundada por comércios e residências.
A intervenção foi realizada in locus, tendo como base um olhar socio-
histórico, sendo pautada na observação e análise da realidade, visando a
intervenção em benefício da mesma. Para a realização dos trabalhos foi
adotado um estudo de ordem primária, com interferência intervencional, tendo
também uma direcionalidade temporal de caráter prospectivo.
2. METODOLOGIA APLICADA

2.1. Processos

 Levantamento bibliográfico e discussão crítica;


 Aproximação do espaço social abordado;
 Debate inicial com os participantes para compreender a realidade do
espaço;
 Realização de exercícios corporais;
 Aplicação de técnicas ludopedagógicas;
 Aplicação de atividades vivenciais;
 Intervenções com rodas de conversa;
 Exposição de materiais áudio-visuais;
 Feedback para as profissionais e das profissionais.

2.2 Mobilização e Capacitação

A metodologia aplicada envolveu aspectos primordiais dispostos em


quatro pilares, tratados enquanto estágios de pesquisa. O primeiro deles foi de
natureza bibliográfica, utilizando-se de uma revisão da literatura visando à
estruturação da base teórica da temática e sua articulação com as áreas de
Psicologia, Educação e Saúde.
No segundo estágio realizou-se uma atividade de apresentação, tendo
em vista que para a realização de qualquer proposta interventiva o
conhecimento acerca da realidade da instituição, incluindo seu funcionamento
e a dinâmica do seu corpo docente, é essencial.
O próximo pilar contou com a vivência de uma atividade de auto
avaliação, voltada para a compreensão acerca do conhecimento do corpo
docente, principalmente no que tange ao desenvolvimento infantil e aos
processos de aprendizagem. Com isso, foi possível apontar os aspectos em
que a equipe de docentes apresentava maiores dificuldades ou possuía
curiosidade em aprofundar os seus conhecimentos. A partir das informações
coletadas na vivência, a proposta interventiva teve seguimento, para isso,
foram utilizadas diversas técnicas.
As atividades corporais foram iniciadas de modo progressivo, no começo
estavam voltadas para o relaxamento do corpo e, depois de algum tempo,
passaram a incluir atividades de dança, exigindo assim maior dinamismo por
parte dos participantes.
Para as técnicas ludopedagógicas foram adotadas várias práticas
diferentes, tais como a construção do mapa conceitual das dificuldades de
aprendizagem, onde as participantes deveriam encontrar o nome, o conceito,
os sinais e sintomas das principais dificuldades que podem ser enfrentadas
pelos alunos. Algumas dessas atividades também estiveram voltadas para a
promoção de reflexões pessoais, como desenhos representando quatro fases
da vida e suas correlações com os dias atuais; e a confecção de um crachá
evidenciando a individualidade de cada um, bem como o fortalecimento da
identidade pessoal.
Dentro dessas atividades voltadas para o autoconhecimento foi
promovido um momento que possibilitou para o grupo uma reflexão acerca da
visão que eles tinham de si mesmos, para isso, utilizou-se da técnica do
espelho, onde foi passada uma caixa e pediu-se que os participantes falassem
sobre a imagem que viam, no entanto há um espelho no interior da caixa. No
momento seguinte foi passada a música “A lista” de Oswaldo Montenegro e
discutido sobre a associação de trechos da música com a vida das
participantes.
As atividades vivenciais foram voltadas para a interação do grupo, em
um momento ela fez com que as participantes respondessem a algumas
perguntas referentes aos diversos âmbitos da vida, como trabalho e amizade,
outra atividade esteve voltada para a expressão de sentimentos e o
compartilhamento com o outro.
Para as Rodas de Conversa, foi objetivado o esclarecimento de
questões pertinentes às dúvidas apresentadas pelo corpo acadêmico, tanto do
ponto de vista educacional quanto da saúde e da estruturação psíquica. De
acordo com Gatti (2005, p.13):

[...] através da Roda de Conversa o trabalho com grupos focais


oferece boa oportunidade para o desenvolvimento de teorizações em
campo, a partir do ocorrido e do falado. Ele se presta muito para a
geração de teorizações exploratórias até mais do que para a
verificação ou teste de hipóteses prévias.

Dando continuidade a atividade do mapa conceitual, após um tempo o


detalhamento e foram passados vídeos demonstrativos das dificuldades
adotadas na primeira atividade, sendo solicitado que as participantes
relacionassem as características identificadas no vídeo com as anteriormente
vistas como forma de verificação da aprendizagem

2.3 Descrição das Parcerias

O presente projeto foi realizado através do Centro Universitário


CESMAC, por meio da Pró-Reitoria Acadêmica Adjunta de Extensão e Ação
Comunitária (PROEX) em parceria com a Escola Municipal Professor Lenilton
Alves Santos.

2.4 Situação da realidade local

Ao chegar à instituição, foi percebido que a direção, a coordenação e os


professores estavam se mostrando interessados e abertos para o
desenvolvimento do projeto, no entanto, no dia acordado para a primeira
intervenção efetiva, fomos informados de que havia acontecido um
esquecimento institucional e, portanto, não foi possível realizar nenhuma
atividade.
Sendo assim, após esse acontecimento a atividade foi realizada,
contudo, foi percebido que mesmo que fosse verbalizada, não havia uma união
na instituição. Sendo vista a existência de grupos menores dentro do ambiente,
o que dificultava a comunicação e o desenvolvimento do grupo como um todo.
A partir dessa constatação, foi necessário que os extensionistas
realizassem um diagnóstico do local, realizando uma avaliação mais detalhada
acerca do que estava sendo observado. Essa análise foi de suma importância
para o desenvolvimento do projeto, pois a partir dele foi possível elaborar as
intervenções de modo a enquadra-la as necessidades apresentadas pelo
grupo. Nas primeiras intervenções do projeto as participantes demonstraram-se
interessadas, porém pouco participativas e com um grau significativo de
resistência, então as atividades foram conduzidas de modo a sanar as dúvidas
das participantes e estimular a interação com o grupo, fortalecendo os vínculos
entre as participantes e com o grupo extencionista.
Após a construção do vínculo, as docentes passaram a expor assuntos
que estão além dos esperados inicialmente com o trabalho desenvolvido,
evidenciando uma necessidade de falarem e serem ouvidas, principalmente no
que tange a saúde mental do professor. Entre as temáticas apresentadas foram
vistas desde questões de condições de trabalho, tais como a falta de materiais
didáticos, ausência de apoio dos gestores e problemas na comunicação entre
as professoras e a gestão da escola. Contudo, foi recorrente a exposição de
questões pessoais que englobavam baixa autoestima, luto, conteúdos infantis e
o processo saúde e doença.
A partir da observação da recorrência dos conteúdos de cunho pessoal,
estes passaram a ser mais explorados e discutidos dentro do grupo. Esse
movimento possibilitou uma identificação entre as participantes e a construção
de uma relação interpessoal, passando a ver o outro como uma pessoa real,
que tem dificuldades, qualidades e defeitos.
Com a construção das relações interpessoais e fortalecimento do
vínculo, foi possível notar uma evolução do grupo, uma vez que se tornou
notável a existência de um maior comprometimento com as atividades
propostas pela equipe, resultando em discussões que permitiam a reflexão a
cerca dos temas expostos.
3. DISCUSSÃO E RESULTADOS

3.1. Aporte teórico:

Tendo em vista a segregação observada dentro do grupo de


participantes, se faz necessária uma intervenção de modo a agrega-los de fato.
Essa ideia é corroborada por Zimmerman (1997 apud ZANELLA; PEREIRA,
2001) quando faz a distinção entre agrupamentos de pessoas e dinâmicas de
grupo, afirmando que só há como considerar grupo quando as pessoas a ele
relacionadas deixam de ter interesses comuns e passam a ter interesses em
comum. O trabalho com os professores dispostos em grupos faz com que eles
passem a discutir o assunto e unifiquem a forma de encará-lo.
Uma das estratégias encontradas para promover a união do grupo foram
as rodas de conversa que, segundo Warschauer (2002 apud MOURA; LIMA,
2014), se constituem como uma forma de transmissão de conhecimento tendo
como base a interação entre um grupo, onde se possibilita o desenvolvimento
de capacidades relacionais, o respeito ao outro, a capacidade de ouvir e de
socializar os saberes para construir um novo conhecimento grupal.
Tendo em vista que havia também a necessidade do esclarecimento de
algumas questões, uma das formas utilizadas foi a ludicidade. A atividade
lúdica se constitui como uma forma de expressão e interação do sujeito ao
contexto em que ele está inserido. Durante o processo, o indivíduo é capaz de
ampliar seus conhecimentos em diversas áreas, bem como receber influência
em seus comportamentos e aperfeiçoar suas habilidades motoras. Outro
aspecto inerente às atividades lúdicas é o desenvolvimento das habilidades
sociais, assim como a capacidade crítica que deve ser intrínseca ao ser
humano. (SANTOS, 1999 apud PEREIRA; DONADEL, 2015).
As atividades corporais são defendidas por Mello et al (2005) como uma
forma de beneficiar as esferas físicas e mentais do ser humano. O autor cita
ainda que essa prática está estreitamente relacionada com à ausência ou a
poucos sintomas depressivos e de ansiedade. Levando em conta o benefício
evidenciado pela prática dessas atividades e a necessidade de expressão
demonstrada pelas professoras, foram realizadas práticas de dança no período
inicial do processo onde pode ser percebido uma elevação no bem estar e na
energia, consequentemente contribuindo para aumentar a disposição para
executar as tarefas proposta.
Os recursos audiovisuais foram adotados considerando que essa é uma
ferramenta que, além de ser um meio de comunicação, é um meio de
promoção de aprendizagem. Ferrés (2001 apud GOMES, 2008), defende a
existência de esferas da pedagogia, sendo uma dos meios e outra com os
meios. Segundo o autor a pedagogia com os meios visa à incorporação
adequada dos meios e recursos que possam potencializar a aprendizagem.
Neste trabalho esse recurso foi utilizado como forma de verificação do
conhecimento adquirido com o projeto.

3.2 Articulação da pesquisa extensionista com as demandas sociais:

Dado que a pesquisa de extensão tem caráter comunitário, esta se


caracteriza por promover uma aproximação entre as teorias e técnicas
científicas desenvolvidas no meio acadêmico da realidade encontrada no meio
social. Devido a isso, o grupo extencionista optou por oferecer o seu trabalho
em uma comunidade escolar que se encontrasse em uma região pouco
valorizada, de modo especial na rede pública de ensino.
Sabe-se que as escolas públicas, em geral, se constituem por uma
demanda de um meio social predominantemente desfavorecido. Essa visão foi
evidenciada a partir do contato com a escola Lenilton Alves, pois foi percebido
tanto na observação da comunidade quanto na fala das professoras que o
ambiente era, de fato, bastante comprometido em nível econômico e cultural.
Levando-se em conta essa concepção da educação pública e a ênfase
que comumente é dada ao aluno em detrimento dos professores, a intervenção
foi proposta de modo a promover uma atenção diferenciada ao corpo docente
da escola. Visando não somente a promoção de aprendizagem, mas ao
suporte emocional dos profissionais.
Esse entendimento do professor como uma parte desvalorizada do
processo educativo foi corroborado com a vivência prática, uma vez que foi
encontrada uma realidade conturbada, com um potencial adoecedor. O corpo
docente se apresentava com grau elevado de desmotivação para o trabalho,
pois relatavam que desde o inicio de suas carreiras o sistema educacional não
favorecia ao bom desenvolvimento do ofício e, portanto, muitas se
encontravam exauridas desse meio.
Diante disso a Psicologia pode mostrar um olhar voltado à saúde
psíquica dessas professoras, de modo a possibilitar a livre expressão das
queixas apresentadas por elas e promovendo uma melhor qualidade
emocional. No entanto, a intervenção não se resumiu a saúde mental das
profissionais, atuando também de modo a minimizar a angústia apresentada
por elas no que tange as dificuldades de aprendizagem vivenciadas por alguns
alunos.
Nesse âmbito, a atuação enfatizou que o diagnóstico dos problemas de
aprendizagem por vezes não é condizente com o que de fato acontece, por
isso é de suma importância que haja uma cautela ao cogitar algumas dessas
questões. Para tanto, faz-se mister uma compreensão das dificuldades para
evitar transtornos desnecessários oriundos de suposições precoces,
contribuindo assim para o bem estar da comunidade escolar.

3.3 Retorno Acadêmico para o discente:

Essa experiência contribuiu para o crescimento acadêmico dos discentes,


uma vez que promoveu uma melhor ligação entre os aspectos teóricos e a
prática da profissão. Permitindo que houvesse o refinamento de instrumentos
fundamentais para a atuação profissional do psicólogo, como a escuta e a
observação.
Inicialmente as intervenções foram diagnósticas e, apesar de ter um
objetivo definido, permitiu uma expressão livre das docentes e
consequentemente forneceram material para avaliação. Esse primeiro contato
evidenciou que a base teórica não é determinante no inicio das atividades,
pois foi percebido que existe certa discrepância entre o esperado, sob o ponto
de vista teórico, e a realidade encontrada.
A prática deve levar em conta a subjetividade dos sujeitos envolvidos, bem
como da equipe de trabalho, uma vez que todos são afetados na interação
social. Portanto, mais importante que o enquadre nas teorias, foi o
conhecimento da realidade na qual estávamos inseridos.
O trabalho também permitiu uma compreensão acerca da profissão de
professor, especificamente daquele que trabalha na rede pública. Com as
observações e as intervenções foi visto que eles vivem sob uma atmosfera
bastante conturbada, tanto no aspecto de condições de trabalho, onde por
muitas vezes eles desejam realizar um atividade e a estrutura material não
permite.
Como também no âmbito psíquico, uma vez que foram relatados diversos
casos em que a família do aluno era negligente e afastada da escola. Gerando
também alunos desrespeitosos e desmotivados. O que era causa de muito
sofrimento para as profissionais.
A partir dessa realidade, pudemos perceber a importância do cuidado com
a saúde mental dos profissionais que atuam nas escolas, pois as professoras
demonstraram diversos indicativos de adoecimento oriundos do estresse do
trabalho. Bem como a necessidade de haver psicólogos nesse ambiente,
atuando de modo a minimizar os sofrimentos dos profissionais envolvidos no
âmbito escolar.

3.4 Impactos das Ações:

Ao iniciar o projeto já nos deparamos com uma grande dificuldade,


mesmo tendo havido um contato inicial da orientadora e uma prévia aceitação
do trabalho, o local que havia sido escolhido para sua realização se mostrou
desinteressado.
Com a aceitação do projeto de extensão, foi realizado o contato dos
discentes na instituição. Nessa ocasião o grupo foi recebido de forma pouco
acolhedora, sendo disponibilizado o momento do intervalo e em um ambiente
onde havia bastante barulho e os professores estavam dispersos e
desmotivados. Os beneficiários colocaram dificuldades de modo a inviabilizar a
realização do trabalho, apesar das soluções propostas pelo grupo não houve
retorno da parte da escola. Por esses motivos, o grupo precisou buscar um
novo locus de intervenção.
Os professores da nova instituição se mostraram interessados, no
entanto, ao chegar para a primeira intervenção efetiva, fomos informados de
que havia acontecido um esquecimento institucional e, portanto, não foi
possível realizar nenhuma atividade.
Após esse acontecimento a atividade foi realizada, contudo, foi
percebido que mesmo que fosse verbalizada, não havia uma união na
instituição. Sendo vista a existência de grupos menores dentro do ambiente, o
que dificultava a comunicação e o desenvolvimento do grupo como um todo.
Fizemos um acordo de sigilo dentro do ambiente do trabalho para
promover um espaço de discussões mais livre, contudo, ocorreu um problema
ético. Uma vez que tivemos a noticia de que o diretor havia recebido
informações do que tinha acontecido durante o trabalho e de forma deturpada,
de modo a denegrir a imagem do grupo de extensão.
Ainda que tenha havido essa barreira na formação dos vínculos da
escola com o grupo, ao longo das atividades os extensionistas puderam
conquistar a confiança, o respeito e o carinho das participantes. Sendo assim o
trabalho fluiu de modo natural, satisfazendo as expectativas do grupo de
extensão e das participantes, pois a equipe foi convidada a dar continuidade
aos trabalhos e a estendê-lo aos outros turnos de funcionamento da escola.
4. CONCLUSÃO

Pelo acima descrito, desde a elaboração até a aplicação do projeto


através das intervenções, foi possível identificar resultados positivos a partir da
mobilização e ações planejadas pelos acadêmicos no entendimento da realidade
educacional de docentes. Estes profissionais vivem cotidianamente em uma
prática pedagógica que promove vulnerabilidade por exigir deles um bem estar
físico, psicológico e intelectual. Falar apenas do papel desses profissionais na
academia seria superficial, para uma compreensão ampla, se fez necessário
inserir o aluno, futuro psicólogo no contexto da escola, para que fossem
observadas as exigências constantes feitas aos docentes, em especial aos que
lidam com o segmento do ensino fundamental.
As ações do grupo extensionista não ficaram apenas em informar, mas
em mobilizar todos da equipe escolar, uma vez que são seres afetados na
relação de trabalho que desempenham. Com isso, assegurando um
entendimento melhor do papel profissional, enfatizando em cada encontro sua
dignidade e o direito a uma qualidade de vida, digna da sua representação na
sociedade.
Partindo da análise do título do projeto, foi possível um entendimento de
como a realidade de trabalho pode afetar a saúde psíquica das docentes, após
verificação de que muitas apresentavam sinais e sintomas de adoecimentos
provocados pelo estresse laboral. Dessa forma, foi essencial a utilização de
instrumentos grupais no resgate da autonomia do grupo dos professores.
A compreensão do sofrimento e do descaso vivenciados pelos
profissionais do ensino público, principalmente no que concerne aos professores
do segmento Fundamental de Ensino como os contemplado nesse projeto, é de
suma importância. Essa constatação evidencia a necessidade de uma
intervenção maior no cuidado com a saúde desses profissionais, mostrando a
importância do comprometimento dos envolvidos no meio acadêmico em ações
que venham a minimizar o sofrimento dos profissionais do contexto escolar. Vale
ressaltar que, se esses profissionais não estiverem em equilíbrio nos diversos
aspectos exigidos em sua prática, todo contexto educacional sofrerá seus
impactos.
REFERÊNCIAS

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<http://www.scielo.br/pdf/paideia/v17n36/v17n36a03.pdf>, acesso em: 16 ago.
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DEL PRETTE, Zilda A.P.; DEL PRETTE, Almir. Avaliação de habilidades


sociais: bases conceituais, instrumentos e procedimentos. In: ______.
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GATTI, B. A. Grupo focal na pesquisa em Ciências Sociais e Humanas.


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GOMES, L. F. Vídeos didáticos: uma proposta de critérios para análise.


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MELLO, M. T. de et al. O exercício físico e os aspectos psicobiológicos.


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instrumento metodológico possível. João Pessoa: Revista Temas em
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<http://www.revista.univar.edu.br/index.php/interdisciplinar/article/view/464>,
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REGO, T.C. Vygotsky: uma perspectiva histórico-cultural da educação.
Petrópolis: Vozes, ed. 20, 2009.

VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes.


(Texto publicado original em1939).

ZANELLA, A. V.; PEREIRA, R. S. Constituir-se enquanto grupo: a ação de


sujeitos na produção do coletivo. Natal: Estudos da Psicologia, p.105-114,
2001. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/epsic/v6n1/5337.pdf>, acesso
em: 20 set. 2016.
ANEXOS
FORMULÁRIO PARA ENCAMINHAMENTO DE RELATÓRIO CIENTÍFICO

APRECIAÇÃO DO ORIENTADOR SOBRE O RELATÓRIO

O relatório tratou de forma clara e concisa o que foi proposta na extensão.


Abordou os aspectos teóricos e metodológicos indispensáveis para o
entendimento da natureza dos fenômenos que foram abordados na Escola
Municipal de Ensino Fundamental Professor Lenilton Alves Santos. Na sua
contextualização, autores são citados com a convicção de que foram escolhidos
como determinantes para o entendimento do fenômeno estudado, que foi a
questão da atuação do professor na escola como espaço para aprendizagem e
promoção da saúde.
Os objetivos propostos foram contemplados na medida em que, a cada
intervenção, não houvesse apenas o componente teórico, mas a sensibilidade
de sentir e perceber as necessidades do público alvo, levando ações
condizentes com as demandas surgidas.
Referente à metodologia, descreve de maneira clara como foram feitos todos
os passos das intervenções, tecendo uma boa análise critica de como não se
pode fazer extensão sem antes conhecer o meio no qual o pesquisador será
inserido. O projeto foi revisto e atualizado constantemente após cada
intervenção, mediante o surgimento das demandas trazidas pelo grupo de
professoras participantes do projeto e obedecento o planejamento organizado
em cronograma.
Nos resultados e discussões deixam evidente a importância da temática, visto
que, diversos questionamentos foram feitos e sobre a utilidade do projeto para a
escola. Desde o inicio da sua implantação, houve um acolhimento irrestrito por
parte do gestor, coordenadora pedagógica e professoras, fato esse percebido
como a instituição CESMAC é respeitada na comunidade maceioense na
formação acadêmica dos futuros profissionais.
Sua conclusão destaca como foi feito o percurso nesses nove meses de
trabalho intenso, organizado e distribuído em reuniões de estudo todas às
terças-feiras, com duração de uma hora e com intervenções na escola de quinze
em quinze dias. Dentro das possibilidades foi possível ampliar, discutir e refletir
junto aos profissionais envolvidos e extensionistas maneiras de fazer uma
Psicologia efetiva e participativa.
APRECIAÇÃO DO ORIENTADOR SOBRE O DESEMPENHO ACADÊMICO DO
ALUNO(S)

Os extensionistas apresentaram um excelente desempenho durante todo


percurso do projeto, cumprindo com responsabilidade, ética e empenho o que foi
programado em nível de cronograma e as necessidades que surgiram ao longo
das intervenções, também foram contempladas. Destacamos a disposição,
integração, companheirismo, participação e distribuição equitativa na
organização das atividades e tarefas propostas, fazendo o melhor em termos de
pesquisa, estudo, preparando atividades que contemplassem as necessidades
dos professores, revelando também capacidade clínica e técnica.
Foi visível o grau de criticidade e reflexão, revelando que, as quatro dimensões
consideradas sobre o desempenho de cada extensionista formam contempladas.
No que se refere ao saber, ou seja, ao conhecimento sobre a temática
focalizada, pesquisas em artigo e materiais bibliográficos estiveram presentes
durante toda jornada; as atividades e técnicas foram planejadas e executadas
com conhecimento; na dimensão politico social, houve um considerável
aumento na capacidade de entender e dialogar com as professores ao trazerem
suas queixas e inquietações. E por fim na dimensão de grupo, formam
solidários, cuidadosos e afetuosos, pautados sempre no respeito, na escuta
entre os colegas e com a comunidade, público alvo desse projeto.

Assinatura do Professor responsável:

Assinatura dos alunos responsáveis:











Assinatura da secretaria da PROEX:

ESTE FORMULÁRIO ACOMPANHARÁ O RELATÓRIO FINAL QUE DEVERÁ SER APRESENTADO: ENCADERNADO EM (01)
UMA VIA, ( 01) CÓPIA EM CD E DEVIDAMENTE ASSINADO PELO ORIENTADOR e ALUNOS PARTICIPANTES.
COMPROVANTE DE ENTREGA
Projetos de Extensão Comunitária

Certificamos que o Sr.


(a) entregou o relatório final ( ) / artigo
( ) referente ao Projeto de Extensão

Maceió, de de

Secretaria da Pró-Reitoria Acadêmica Adjunta de Extensão e Ação Comunitária


PROEX/Cesmac

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