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A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo

de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da


língua portuguesa sobre o tema “INSTITUIÇÕES EM DECLÍNIO: A QUEDA DA CREDIBILIDADE
DOS PODERES MANTENEDORES DA DEMOCRACIA.”, apresentando proposta de intervenção
que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa,
argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

TEXTO 1

Desarmonia e Dependência entre os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário

O sistema político brasileiro tem a clássica divisão de três poderes: o executivo,


formado pelo Presidente da República e seu gabinete de ministros e secretários, além deA
prefeitos e governadores, que se preocupam em aplicar as leis e as políticas sociais.

O legislativo, que é responsável por elaborar ou modificar as leis, composto pelos


vereadores, deputados estaduais e federais e senadores. Já o judiciário, responsável por
julgar os crimes e avaliar as leis, tem como principal instância o Supremo Tribunal Federal,
além de desembargadores, Superior Tribunal de Justiça, Tribunais Regionais Federais,
Tribunais do Trabalho, Tribunais Eleitorais, Tribunais Militares e Tribunais dos Estados. O
princípio da tripartite, proposto pelo filósofo francês Charles de Montesquieu (1689 - 1755),
é que o Estado seja dividido em três poderes para, assim, governar o povo e administrar os
interesses públicos levando em consideração o que é estabelecido pela Constituição Federal.
Mesmo propondo a divisão entre os poderes, Montesquieu aponta que a relação entre eles
deve ser equilibrada, harmoniosa e independente. Porém, a doutrina com mais de 200 anos
que é Cláusula Pétrea da nossa Constituição Federal, passou por um teste rigoroso no Brasil
em 2016. A ideia da separação de poderes é que eles sejam harmônicos e independentes,
mas, de acordo com Luis Carlos Gonçalves, Doutor e Mestre em Direito do Estado e
Procurador Regional Eleitoral em São Paulo, no ano passado não houve muita harmonia. “O
que se viu foi uma relação estressante e corroída, evidenciada em alguns episódios como no
afastamento da Presidente da República, do presidente da Câmara e na tentativa de
afastamento do Presidente do Senado, por meio de liminar”, explica Gonçalves.

O Procurador relembra e destaca o episódio do oficial de justiça Wessel Teles de


Oliveira, que não conseguiu encontrar o presidente do Senado, Renan Calheiros, para
entregar a notificação de afastamento do cargo e, no dia seguinte, viu tal decisão revogada
pelo STF. “Isso mostra toda a falta de diálogo que o país passou entre os três poderes. Se
estivéssemos falando de uma escola de samba, receberiam nota 0 no quesito harmonia”,
brinca Gonçalves.

A relação entre os três poderes esteve longe do patamar desejado pelos brasileiros
em 2016. Foi um ano de crise no Poder Executivo, em razão do afastamento da Presidente da
República, que desencadeou outra crise no Legislativo e, por fim, o Judiciário que seria o
espaço de ponderação, nem sempre atuou com esse objetivo. “Essas situações mostram a
necessidade da sociedade brasileira se informar e ficar vigilante pois, quando os poderes
falham, é a cidadania quem deve oferecer as respostas. O cidadão é o grande responsável e
beneficiado pela democracia e deve sempre lutar por ela”, diz Gonçalves.

Não há um código que aponte como deve ser a relação ideal entre os poderes, mas o
mínimo que se espera deles é harmonia e diálogo, o que foi pouco vislumbrado em 2016. O
que se viu foi o legislativo legislando em causa própria, como na mudança do texto do
pacote anticorrupção, anulado posteriormente pelo STF. E decisões do judiciário sobre
temas de maior importância dadas liminarmente por apenas um julgador. “O STF tem dado
muitas liminares para assuntos de grande impacto, que poderiam ser apresentados ao
colegiado para uma melhor discussão. Em 2016 o legislativo foi exagerado e o STF, por sua
vez, incontido”, comenta Gonçalves.

Perguntado sobre uma perspectiva de melhora no relacionamento entre os três


poderes para este ano, Gonçalves responde: “Como o ano só começará depois do Carnaval,
esperamos mais harmonia, mais luminares e menos liminares para 2017”, finaliza.
Luiz Carlos Gonçalves é Doutor e Mestre em Direito do Estado pela PUC/SP; Procurador Regional da República -
3ª Região e Procurador Regional Eleitoral, em São Paulo.

TEXTO 2

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