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Risco climático e racismo ambiental: processos, relações e necropolítica

Lindberg Nascimento Júnior

Resumo: Como a injustiça ambiental organiza e estrutura os processos de vulnerabilização? Como sua
relação pode ajudar a interpretar os riscos climáticos? Para responder essas perguntas, partimos
incialmente do caráter espacialmente seletivo que estrutura os impactos do fenômeno climático no
território, e de como o racismo ambiental auxilia e reforça a manutenção dos modelos desiguais de
desenvolvimento da sociedade capitalista. Nosso argumento, é que a partir das políticas de planejamento
urbano os agentes hegemônicos têm utilizado o clima para orientar parte de suas práticas espaciais e
seus projetos de futuro, e com isso permitir o aniquilamento dos corpos negros ou grupos sociais que não
podem existir. O exercício prático do poder permite submeter as populações pobres, negras e indígenas
aos maiores graus de exposição aos impactos do clima na cidade e no campo. Neste sentido, o risco
climático e o racismo ambiental são parte do conjunto de decisões políticas utilizados historicamente para
definir um tipo de prática que em parte controla a vida daqueles que deviam morrer, e/ou que determinam
onde e como as populações negras e indígenas precisavam viver. Essa prática é oriunda de um tipo de
poder que atribui aos processos de vulnerabilização (aumento da exposição e do risco por exemplo), a
estrutura necropolítica que controla as vidas dos que não possuem o direito de existir, seja pela restrição
à qualidade ambiental, ou pelo direito à moradia, à terra, ao campo e a cidade. No final, essas práticas
confundem o problema das mudanças climáticas, tornando a emergência climática em uma
excepcionalidade permanente, que serve tanto para naturalizar os impactos do clima, quanto para
normalizar a morte e estabelecer a manutenção da ordem social.

Palavras-chave: vulnerabiização; clima urbano; injustiça ambiental; mudança climática.

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