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Aula 7

Semana: 19 e 22 de Fevereiro
Aula 6
Racismo Ambiental
O que é racismo
ambiental?
• Cunhado por Benjamin Chavis,
reverendo americano e assistente de
Martin Luther King Jr. no movimento
por direitos civis nos EUA, o racismo
ambiental é o mecanismo pelo qual
os piores efeitos da degradação
ambiental acabam destinados às
populações negras ou indígenas.
•É uma injustiça ambiental,
segundo a qual, em
sociedades desiguais, há
desequilíbrio no acesso aos
recursos ambientais e na carga
dos danos do
desenvolvimento para grupos
marginalizados.
IBGE – Censo de 2022
• O Brasil abriga 12.403 comunidades informais
• São estimados 5,8 milhões de domicílios em favelas com 17,9 milhões de
moradores. (2023)
• Aumento de cerca de 40% na quantidade de brasileiros vivendo nessas
condições na última década.
• 1ª : Sol Nascente, localizada em Brasília: 87.184 residentes
• 2ª: Rocinha, no Rio de Janeiro: 67.199 moradores.
• 3ª: Cidade de Deus/Alfredo Nascimento, em Manaus, com 55.361 habitantes,
• 4ª: Rio das Pedras, no Rio de Janeiro, com uma população estimada de 54.793.
Em suma:
• O conceito de racismo ambiental, forjado a partir da tese “raça e território”, trouxe à tona
a interseção entre discriminação racial, questões territoriais e ambientais.
• O racismo ambiental refere-se à prática de deslocar comunidades racialmente
marginalizadas para áreas contaminadas, sujeitas a poluição e impactos ambientais
prejudiciais.
• Essa prática perpetua disparidades sociais, econômicas e ambientais, evidenciando como
as comunidades negras são desproporcionalmente afetadas pelos problemas ambientais, e
que direta ou indiretamente, fortalecem o racismo porque oferece uma miserável condição
de vida.
Argumentos

1. Expropriação do território e
negação da cidadania.
2. Violência da desigualdade e do
preconceito.
3. A cidade como um direito.
4. Desigualdade, injustiça
ambiental e racismo: uma luta
que transcende a cor
Argumentos
1. Expropriação do território e negação da cidadania.
• Mike Davis
• Milton Santos
• Teresa Caldeira
• Ailton Krenak
2. Violência da desigualdade e do preconceito.
• Angela Davis
3. A cidade como um direito.
• O Direito à Cidade - Henry Lefebvre
4. Desigualdade, injustiça ambiental e racismo: uma luta que transcende a cor.
• David Harvey - Cidades rebeldes: do direito à cidade à revolução urbana
Argumentos + Repertórios
1. Expropriação do território e negação da cidadania.
• Mike Davis - PLANETA FAVELA
Análise crítica das relações urbanas e ambientais:

Davis, em obras como Cidade de Quartzo e Planeta Favela, oferece uma visão profunda das
dinâmicas urbanas, evidenciando como as políticas econômicas e sociais contribuem para a
formação de ambientes urbanos desiguais e insustentáveis.
Essa abordagem permite uma compreensão mais ampla dos problemas enfrentados pelas
comunidades marginalizadas, reforçando a necessidade de ações para enfrentar o racismo
ambiental e a desigualdade socioambiental.
• Milton Santos - O CHÃO CONTRA O CIFRÃO
Geografias do poder e da exclusão

Milton Santos enfatiza a importância do espaço geográfico na reprodução das


desigualdades sociais, e como determinados grupos têm acesso privilegiado aos
recursos e espaços ambientais, dessa forma, vive-se uma injustiça ambiental,
segundo a qual, em sociedades desiguais, há desequilíbrio no acesso aos recursos
ambientais e na carga dos danos do desenvolvimento para grupos marginalizados.

Ao aplicar essa análise ao racismo ambiental, podemos destacar como as


comunidades marginalizadas são sistematicamente excluídas dos benefícios
ambientais e enfrentam uma distribuição desigual dos ônus ambientais,
evidenciando a necessidade de intervenções para promover a justiça
socioambiental.
• Teresa Caldeira - CIDADES DE MUROS
Enclaves Fortificados
Violência urbana e segregação espacial
Caldeira, em seus estudos sobre cidades latino-americanas, explora como os
enclaves fortificados representam uma nova alternativa para a vida urbana
dessas classes médias e altas, de modo que são codificados como algo que
confere alto status. A construção de símbolos de status é um processo que
elabora distâncias sociais e cria meios para a afirmação de diferenças e
desigualdades sociais

Ao aplicar essa análise ao racismo ambiental, podemos ressaltar como a


falta de acesso a recursos naturais e serviços ambientais de qualidade
contribui para a vulnerabilidade das comunidades marginalizadas, tornando-
as mais suscetíveis aos impactos negativos da degradação ambiental.
Ailton Krenak - AS LIÇÕES PARA ADIAR O FIM DO MUNDO
• Há 10 ou 15 anos, brasileiros mais inteligentes estavam
empolgados com o fato de o Brasil iniciar a extração do petróleo
em uma plataforma marítima. As comunidades que estavam no
caminho passaram a ser nada.
• Estou na beira do Rio Doce, que virou um mar de lama pelo
extrativismo da Vale. Os povos indígenas sofrem com a invasão
de seu mundo, por uma prática caótica, predatória.
• O homem de fora da floresta, que consome hambúrguer na
Europa, precisa dela morta. Isso é racismo ambiental.
• Dessa forma, o racismo ambiental é utilizado para se referir ao
processo de discriminação que populações periferizadas ou
compostas de minorias étnicas sofrem através da degradação
ambiental.
HumanaMed

A exclusão como
Desumanização e
mecanismo de
perpetuação de
controle e poder no
desigualdades
contexto urbano-
estruturais:
globalizado.

Manuel
Murilo de
Castell – A
Carvalho - Os
questão
Bestializados
Urbana
HumanaMed
Manuel Castells
A exclusão como mecanismo de controle e poder no contexto urbano-
globalizado:
Castells argumenta que, na era da informação e da globalização, as cidades se
tornaram centros de poder onde as elites exercem controle sobre recursos e
decisões, excluindo sistematicamente certas comunidades, principalmente as de
minorias étnicas e grupos marginalizados.
Ao aplicar essa perspectiva ao racismo ambiental, podemos destacar como as
comunidades afetadas são frequentemente excluídas dos processos decisórios
relacionados ao meio ambiente, resultando na localização de infraestruturas
poluentes e na falta de acesso a recursos naturais essenciais.
Isso revela como o racismo ambiental não é apenas uma manifestação de
preconceitos individuais, mas também um instrumento de poder que perpetua a
marginalização e a exploração de certos grupos em benefício das elites
dominantes.
Argumentos
2. Violência da desigualdade e do preconceito.
• Angela Davis
Interseccionalidade e exploração sistêmica:
Argumenta que o racismo não pode ser entendido isoladamente, mas deve ser examinado em
conjunto com outras formas de opressão, incluindo o capitalismo e o patriarcado.
Ao aplicar essa perspectiva ao racismo ambiental, podemos destacar como as comunidades
negras, indígenas e pobres são frequentemente as mais afetadas pela degradação ambiental e
pela falta de acesso a recursos naturais e serviços ambientais de qualidade.
Isso revela como o racismo ambiental não é apenas uma questão ambiental, mas também uma
manifestação da exploração sistêmica que perpetua as desigualdades raciais e
socioeconômicas.

Ao criticar o racismo ambiental sob essa perspectiva, somos levados a reconhecer não apenas
as injustiças ambientais que essas comunidades enfrentam, mas também as estruturas de poder
e exploração que as perpetuam, enfatizando a necessidade de uma luta coletiva e interseccional
pela justiça ambiental e social.
Argumentos + Repertório
3. A cidade como um direito.
O Direito à Cidade - Henry Lefebvre
O direito à cidade como ferramenta de resistência e transformação:
O direito à cidade trata da produção de cidades que valorizem o uso do
espaço urbano em detrimento de valores comerciais.

O Direito à Cidade é um direito humano e coletivo, que diz respeito tanto


a quem nela vive hoje quanto às futuras gerações. É um compromisso
ético e político de defesa de um bem comum essencial a uma vida plena
e digna em oposição à mercantilização dos territórios, da natureza e das
pessoas.

Ao aplicar essa perspectiva ao racismo ambiental, podemos enfatizar a


necessidade de capacitar as comunidades marginalizadas para
reivindicar seu direito à cidade, participando ativamente na formulação
de políticas ambientais e urbanas que promovam a justiça
socioambiental e a equidade na distribuição de recursos e serviços
ambientais.
Argumentos + repertório
4. Desigualdade, injustiça ambiental e racismo: uma luta que transcende a cor.
David Harvey - Cidades rebeldes: do direito à cidade à revolução urbana
Limitações da abordagem reformista do direito à cidade:
David Harvey “é o direito de mudar a nós mesmos, mudando a cidade. Além disso, é
um direito coletivo e não individual, já que essa transformação depende do exercício
de um poder coletivo para remodelar os processos de urbanização. A liberdade de
fazer e refazer as nossas cidades, e a nós mesmos é, a meu ver, um dos nossos
direitos humanos mais preciosos e ao mesmo tempo mais negligenciados.”

Ao aplicar essa crítica ao racismo ambiental, podemos destacar como as medidas


propostas para combater essa forma de desigualdade socioambiental podem ser
insuficientes se não forem acompanhadas por uma análise crítica das relações de
poder e uma vontade de desafiar as estruturas econômicas e políticas que perpetuam
essa injustiça.
HumanaMed
Murilo de Carvalho – Os Bestializados
Desumanização e perpetuação de desigualdades estruturais
Carvalho argumenta que o racismo no Brasil está profundamente
enraizado em uma história de exploração, exclusão e opressão, que
se reflete em várias esferas da vida social, incluindo o acesso a
recursos naturais e qualidade ambiental.
Ao aplicar essa perspectiva ao racismo ambiental, podemos
destacar como as comunidades marginalizadas são frequentemente
tratadas como menos humanas e dignas de consideração, resultando
em uma distribuição desigual de ônus ambientais e acesso a
serviços básicos, como água potável e saneamento.
Isso revela como o racismo ambiental não é apenas uma questão
ambiental, mas também uma manifestação das desigualdades
estruturais que permeiam a sociedade brasileira, refletindo a
necessidade de uma abordagem interseccional que reconheça e
aborde as interconexões entre raça, classe e meio ambiente.
Argumentos
• Mike Davis – Planeta Favela
• Milton Santos - “O chão contra o cifrão”. Folha de São Paulo, São Paulo, 28
fev.1999. Caderno Mais, p.5.
• Teresa Caldeira -
• Murilo de Carvalho - Os Bestializados
• O Direito à Cidade - Henry Lefebvre
• David Harvey - Cidades rebeldes: do direito à cidade à revolução urbana
• Manuell Castells – A questão urbana
• Angela Davis - Não basta não ser racista e necessário ser antirracista.
Obras
Proposta de
Intervenção do
Governo Federal 2024
• Ministério da Igualdade Racial +
Ministério do Meio Ambiente e Mudança
do Clima
• Em agosto de 2023, o Governo Federal
criou o Comitê de Monitoramento da
Amazônia Negra e Enfrentamento ao
Racismo Ambiental.
• Trata-se de uma parceria do Ministério
da Igualdade Racial (MIR) com o
Ministério do Meio Ambiente e
Mudança do Clima (MMA) e terá a
finalidade de propor medidas de
enfrentamento ao racismo ambiental na
Amazônia Legal.
Nossa proposta de
intervenção

• Ministério da Igualdade Racial +


Ministério do Meio Ambiente e Mudança do
Clima + MINISTÉRIO DA COMUNICAÇÃO
• Projeto: Programa de Justiça Ambiental e
Equidade Racial (PROJAR)
• Objetivo: O PROJAR visa combater o racismo
ambiental, promovendo o acesso equitativo a
um meio ambiente saudável e a recursos
naturais para comunidades quilombolas do
país.
Estratégias
1. Mapeamento e Monitoramento: Realizar um mapeamento abrangente das áreas afetadas pelo racismo ambiental,
identificando locais com concentração de poluentes, falta de acesso a água potável e saneamento básico, entre outros
indicadores. Esse mapeamento será atualizado regularmente para monitorar a eficácia das intervenções.
2. Participação Comunitária: Promover a participação ativa das comunidades afetadas nas decisões relacionadas ao meio
ambiente, garantindo que suas vozes sejam ouvidas na formulação e implementação de políticas e projetos ambientais.
Isso inclui consultas públicas, audiências e a criação de conselhos consultivos com representação diversificada.
3. Educação e Conscientização: Desenvolver programas educacionais sobre racismo ambiental, direitos ambientais e
equidade racial, destinados tanto às comunidades afetadas quanto à população em geral. Esses programas podem
incluir palestras, workshops, materiais educativos e campanhas de conscientização.
4. Fiscalização e Responsabilização: Fortalecer os mecanismos de fiscalização e responsabilização das empresas e
entidades governamentais responsáveis pela poluição e degradação ambiental em áreas racializadas. Isso inclui a
aplicação rigorosa das leis ambientais e a imposição de sanções para aqueles que violam essas leis.
5. Investimentos em Infraestrutura: Priorizar investimentos em infraestrutura básica, como saneamento básico, água
potável, energia limpa e transporte público acessível, nas áreas mais afetadas pelo racismo ambiental. Esses
investimentos devem ser direcionados de forma a reduzir as disparidades socioambientais e promover o
desenvolvimento sustentável dessas comunidades.
Super Dica
A Fundação Oswaldo Cruz mantém o
Mapa de Conflitos, Injustiça Ambiental e Saúde no Brasil
Referencias
• https://racismoambiental.net.br/textos-e-artigos/racismo-ambien
tal-expropriacao-do-territorio-e-negacao-da-cidadania-2/
• https://www.fundobrasil.org.br/blog/o-que-e-racismo-ambiental-
e-como-afeta-as-comunidades-marginalizadas/
• https://mapadeconflitos.ensp.fiocruz.br/
• https://polis.org.br/estudos/racismo-ambiental/
• https://racismoambiental.net.br/textos-e-artigos/desigualdade-in
justica-ambiental-e-racismo-uma-luta-que-transcende-a-cor/
• https://www.amazon.com.br/Planeta-Favela-Mike-Davis/dp/857
5590871
• https://www.amazon.com.br/Direito-%C3%A0-Cidade-Henry-Lef
ebvre/dp/8588208970
Exemplo de texto argumentativo
Exemplo de texto argumentativo

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