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Os Diálogos de

Sócrates e Pafúncio
I - Os Diálogos de Sócrates e Pafúncio
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Diálogo I – Tema: A Felicidade

Talvez vocês nunca tenham ouvido falar, mas Pafúncio foi o grande Mestre de Sócrates.
Tudo o que Sócrates sabia, foi Pafúncio quem lhe ensinou. Quando Sócrates ainda era bem
pequenininho, e muito ignorante. Pafúncio o recolheu das ruas onde este ficava jogando
bolinha de gude, e tratou de lhe instruir. E foi assim que Sócrates se tornou um grande
filósofo. Apresento abaixo a tradução de um manuscrito secreto, que tivera sido escrito em
javanês pelo próprio Sócrates. Eis a tradução do primeiro diálogo:

(Sócrates) – Pafúncio oh grande Mestre! Muitos foram os pensadores, filósofos, e eruditos


de todos os tempos a discutir o tema da felicidade. Tu que és considerado o mais sábio de
todos, diga-me: Qual o segredo para a felicidade?

(Pafúncio) – Sócrates oh grande Jumento! Não existe nenhum segredo para a felicidade, e
muito menos felicidade. Felicidade é um conceito que se assemelha a um homem de 7
metros de altura, ou seja, só existe na imaginação humana. O que existe são momentos de
alegria, momentos de prazer, momentos de entusiasmo. Porém, momentos assim, não são
nunca foram, e nunca serão constantes nesta dimensão. Pois que, durante nossa existência,
quer sejamos homens, ou mesmo animais, além dos momentos de alegria e prazer, sempre
haverá, também, momentos de tristeza e dor. Sendo assim, enfie esta máxima dentro deste
teu melão: “Felicidade constante não existe”.

(Sócrates) – Pafúncio suas palavras são simplesmente incríveis. E devo confessar que de
todas, as mais sábias foram as que me denominaram como sendo um grande Jumento. Pois
que, só mesmo um Jumento desconhece coisa tão óbvia. Envergonho-me de ter te feito
pergunta tão tola.

(Pafúncio) – Sócrates, a vergonha não te levará a lugar algum! Pois, não será assim que
deixarás de ser um tolo. Melhor é que continues com suas perguntas tolas. É preciso que
vomites toda a tolice que assimilastes em meio a estes homens, para que haja espaço para
a digestão da verdadeira sabedoria.

(Sócrates) – Pafúncio, já que a felicidade não pode ser alcançada nesta dimensão, por
acaso existem meios que possam diminuir nossos sofrimentos?

(Pafúncio) – Logicamente que sim! Até porque a maioria dos sofrimentos humanos são
elaborações que eles mesmos inventaram, e que continuam inventando e reinventando.
Existem sofrimentos que são mais difíceis de serem previstos e evitados, que são os
sofrimentos físicos ou biológicos, tais como: dores, doenças, lesões, fraturas, e mal-estares.
Agora, quanto aos sofrimentos psíquicos e emocionais, estes podem ser facilmente previstos
e evitados, e até mesmo, totalmente eliminados.

(Sócrates) – Então diga-me: como eliminá-los?


(Pafúncio) – Não existe nenhuma fórmula mágica que possa ser aplicada a todos os casos.
No entanto, posso dizer que podemos eliminá-los com a utilização de nossos conhecimentos,
com a sabedoria. Para isso basta pensar a coisa certa, na medida certa e nos momentos
certos. E depois, fazer a coisa certa, na medida certa e nos momentos certos. Os
sofrimentos psíquicos e emocionais somente existem como uma espécie de sinalização, que
nos alerta de que: nós estamos pensando a coisa errada, na medida errada e nos momentos
errados; e também, que estamos fazendo as coisas erradas, na medida errada, e nos
momentos errados. Por isso as pessoas sofrem! Em virtude disso é que as pessoas não se
sentem bem durante a maior parte do tempo.

(Sócrates) – Então quer dizer que o estudo é capaz de fazer com que as pessoas sofram
menos?

(Pafúncio) – Sim! Mas o estudo de algo que lhe ensine a pensar!

(Sócrates) – Então grande parte dos sofrimentos humanos é decorrente das interpretações
errôneas que estes fazem da realidade?

(Pafúncio) – Não diria errôneas! Mas sim, de certa forma, meio que masoquistas!

(Sócrates) – Então as pessoas sofrem porque querem sofrer?

(Pafúncio) – Sócrates, mas como você é atrasado! Só o fato de tu utilizares esse jargão
popular: “as pessoas sofrem porque querem sofrer”, já é uma evidência de que o teu caso é
grave, de que a tua ignorância é imensa. Nem parece que tu és uma pessoa que estuda, que
lê diversos livros, ao invés de ficar na frente de uma janela (televisão), ou então, em
rodinhas de conversas frívolas sobre gladiadores (futebol) ou fofocarias sobre a vida dos
outros (novelas), sendo infectado com imundícias deste quilate. Cai na real meu caro! Você
acha mesmo que alguém sofre porque quer sofrer? Quem em sua sã consciência almejaria
tal tipo de coisa? O que na verdade ocorre é que as pessoas nem isso sabem. Não sabem
que através do estudo e da meditação elas poderiam ser bem mais felizes.

(Sócrates) – Não te entendo Pafúncio! Primeiro você diz que felicidade não existe, e agora
diz que as pessoas podem ser mais felizes. Poderia explicar isso melhor?

(Pafúncio) – Acho que o problema não é a minha explicação. Minha explicação foi
tremendamente clara e objetiva. É você que deveria prestar mais atenção. Por acaso eu
disse que ao estudar as pessoas seriam felizes? Claro que não sua anta! Eu não disse que as
pessoas poderiam ser felizes, nem plenamente felizes, mas sim: muito mais felizes. Captou
a diferença ou ainda esta difícil o anta?

(Sócrates) – Desculpe-me! Sou mesmo uma anta!

(Pafúncio) – Sim! É mesmo uma anta! E o pior é que o mundo está repleto de antas ainda
piores que tu. Antas que não lêem, não estudam, não raciocinam, não questionam as coisas.
Elas apenas repetem aquilo que ouvem como se fossem verdadeiros papagaios. Elas pensam
7 minutos sobre determinado assunto e já saem distribuindo suas conclusões e seus palpites
furados. Elas nunca pararam para pensar que, em um livro, por exemplo, podemos entrar
em contato com as experiências, raciocínios e conclusões de outra pessoa. Elas nunca
pararam para pensar que um único livro pode representar os esforços de mais de 20 anos
de pesquisas e experiências de alguém. E sabe o que isso significa? Pois significa no mínimo
economia de tempo! Significa que tu não precisarás investir 20 anos da tua vida para chegar
a conclusões semelhantes as que ela teve. Isso se é que em 20 anos tu conseguirias concluir
o que tal pessoa concluiu. Pois que, um livro geralmente é baseado na leitura de diversos
outros livros. E diversos outros livros podem significar diversos outros 20 anos de esforços e
experiências de diversas outras pessoas. Compreendes agora a importância da leitura?

(Sócrates) – Realmente! Nunca tinha pensado nisso desta forma. Mas Pafúncio, dizem que
estudar demais enlouquece!

(Pafúncio) – E quem é que diz isso? Certamente que são antas iguais a ti, preguiçosas e
ignorantes. Entenda que estudar demais não enlouquece; mas, até pode enlouquecer, o que
é bem diferente. Mas ainda assim isso é algo muitíssimo raro. Ocorre somente se a pessoa
for tremendamente exagerada. Agora, devemos considerar que, se estudar demais pode
enlouquecer o fato de não estudar certamente fará com que tu continues sendo um louco
pelo resto da tua vida. E, sem ao menos ter consciência do tamanho da tua loucura, do
tamanho da tua ignorância.

(Sócrates) – É verdade! E sabe, o simples fato de eu desconhecer estas coisas tão óbvias
que tu me apresentastes, já me fez ter certa noção do tamanho da minha ignorância.

(Pafúncio) – Oh! Muito bem! O fato de reconheceres a imensidade da tua ignorância já é


um bom começo. Demonstra que o teu caso ainda pode ter cura. Ou então, apresentar
alguma melhora.

(Sócrates) – Pafúncio, ainda sobre a questão dos sofrimentos. Tenho a impressão de que a
maior parte do sofrimento humano é decorrente de algum tipo de perda. Por exemplo:
quando elas perdem algo material, perdem seus empregos, perdem seus familiares, etc. O
que tu poderias falar sobre isso?

(Pafúncio) – Realmente! E esse é o maior exemplo de que muitos dos sofrimentos


humanos são decorrentes da pura ignorância de conhecimentos tremendamente básicos.
Ora, vivemos em um mundo dual, onde tudo tem um início e um fim. Nada aqui dura pra
sempre. Tudo o que existe um dia deixará de existir. E isso é válido tanto para coisas quanto
para animais e pessoas. E isso é algo tão óbvio, que somente pessoas com algum “distúrbio
mental” acreditariam que isso não é assim, ou que poderia deixar de ser assim. Pois que, a
vida é, sempre foi, e sempre será assim! Aqui nada dura pra sempre! Pelo menos nesta
dimensão é assim! E se é nesta dimensão que estamos, é isso que devemos sempre levar
em consideração! Caso preferimos “nos sentir bem”, é claro!

Agora, por mais óbvio que seja esta afirmação (de que tudo acaba), talvez tu te surpreendas
ao saber que a grande maioria dos “ocidentais” desconhece esta verdade tão básica da vida.
Sim! Isto é algo que eles até conhecem, mas que, ainda não compreenderam direito. Ora,
certamente que, “de vez em quando”, eles lembram que tudo tem um início e um fim.
Porém, a “cultura ocidental” nunca permitiu ao “homem branco” assimilar este conceito da
“impermanência das coisas”. E, é em razão disso que ainda vemos tanta ignorância, tanto
fanatismo e tanto sentimentalismo no mundo.

(Sócrates) – Então você crê que os nossos sentimentos não são importantes?

(Pafúncio) – Seu asno! Não confunda sentimento com sentimentalismo! Nem a diferença
entre estes conceitos tão básicos tu sabes? Diga-me: o que tu andas fazendo com o precioso
tempo em que tu perambulas por este planeta? Queres mesmo continuar sofrendo a toa, ou
então, sendo mero escravo de pessoas mais burras que tu?

(Sócrates) – Lógico que não!

(Pafúncio) – Então trate de estudar tudo aquilo que é básico! É necessário que tu não mais
ofereça teus pulsos, tua consciência e tua alma para as algemas da ignorância que
diariamente se apresentam em teu caminho. Preste mais atenção às imagens que teus olhos
captam, e aos sons que teus ouvidos ouvem, para que assim tu deixes de exalar este odor
mental desagradável.

(Sócrates) – Desculpe-me Pafúncio! É que não sei mesmo a diferença!

(Pafúncio) – E o que é que tu sabes?

(Sócrates) – Só sei que nada sei!

(Pafúncio) – Pois então trate de saber algo. Preste atenção, pois isto é importante:
Sentimento diz respeito a uma certa sensibilidade que nos permite perceber e considerar os
valores que as coisas representam para nós. Já o sentimentalismo é o exagero disso.
Sentimentalismo é sempre decorrente de algum tipo de paixão. E a paixão sempre nos faz
exagerar o valor que as coisas possuem. A paixão nos faz considerar que algo seja “um
tudo”, enquanto que nós mesmos, e tudo o mais que existe, tornam-se “um nada”. Podemos
dizer que paixão seja uma espécie de sinônimo de ignorância, e, que sentimentalismo seja
uma espécie de sinônimo de loucura. Agora, sentimentalismo é algo muito inútil! Pois, você
pode, por exemplo, até ficar magoado pelo fato de algo não ter saído como você gostaria,
que, ainda assim, as coisas continuarão na mesma. Você pode se auto-punir, gritar,
praguejar, espernear, pelo fato, por exemplo, de algum familiar ter falecido, que nem assim,
você será capaz de fazer com que o defunto se levante de sua cova.

Ora, neste momento temos a nossa volta uma porção de pessoas, as quais nós podemos
tratá-las bem, tratá-las mal, ou então, das mesmas nem mesmo nos aproximar. Pois afinal,
existem bilhões de pessoas no mundo. E é neste momento presente – “neste agora” - que
nós podemos levar os nossos sentimentos em consideração, para fim de vivenciar junto com
estas pessoas tudo aquilo que nós gostaríamos, e que elas também gostariam. Porque
depois, quando as pessoas viram “defunto”, não serão os sentimentalismos que resolverão
as coisas. Pois que, de nada adianta levar flores para um quadrado de cimento. De nada
adianta empapar o travesseiro com baba e choradeira. Depois não adianta declarar pras
paredes que admirava a pessoa. E muito menos confessar a uma foto de papel que amava a
pessoa. Pois quem ama mesmo, quem admira mesmo, demonstra isso durante a vida. Algo
semelhante ao que é dito naquela música que irão inventar com base naquilo que lhe direi
agora: “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”.

(Sócrates) – Considerando isso que você fala, as coisas até parecem simples. Porém, o que
ocorre é a vida da gente é muito tumultuada, temos tantas coisas pra fazer e tantas coisas
com o que nos preocupar, que nem sempre podemos dar a devida atenção às pessoas de
que gostamos.

(Pafúncio) – Sócrates a primeira coisa que tu deves considerar diz respeito ao


aproveitamento do teu tempo. Para isso vamos fazer um experimento: Esta vendo este
balde aqui?

(Sócrates) – Sim!

(Pafúncio) – Pois o espaço que há neste balde representa o teu tempo disponível. Agora,
estás vendo estas 7 pedras grandes aqui?

(Sócrates) – Sim!

(Pafúncio) – Pois estas pedras representam as atividades com que tu ocupas teu tempo.
Diga-me agora o que ocorre quando eu coloco estas 7 pedras grandes dentro deste balde?

(Sócrates) – Ora, o balde fica cheio! E isso significa que o tempo que tínhamos disponível
foi totalmente ocupado com estas 7 atividades. É isso?

(Pafúncio) – Errado! O tempo ainda não foi todo ocupado! Estás vendo estas 28 pedras
menores? Elas ainda cabem no balde. Veja só... E agora, ao colocá-las no balde, o que
ocorreu?

(Sócrates) – Agora sim, o tempo disponível foi totalmente esgotado com estas 35 tarefas.
Pois, não cabe mais nada no balde, não é mesmo?

(Pafúncio) – Errado! Pois, ainda posso preencher muitos dos espaços restantes com areia.
Veja...

(Sócrates) – É mesmo! Bem, agora tenho certeza de que não cabe mais nada, portanto...

(Pafúncio) – Portanto tu estás novamente errado. Pois veja só, ainda posso colocar toda
esta porção de água no balde...

(Sócrates) – Que interessante! Agora, deixa-me ver se eu consigo responder como isso se
relaciona com as pessoas de que gostamos: por acaso isso significa que, por mais que
acreditemos que a gente não tenha tempo disponível, a verdade é que sempre há como
conseguir mais tempo, ou seja, espaço para mais coisas, espaço para aqueles de que
gostamos?
(Pafúncio) – Não! Significa que se tu ocupares todo o teu tempo com coisas pequenas ou
sem muita importância, não sobrará espaço para as coisas maiores, para as coisas mais
importantes em tua vida.

(Sócrates) – Muito bem bolado este exemplo! Tu mesmo que criastes?

(Pafúncio) – Não! Foi um amigo meu! O Sr anônimo! Já ouvistes falar nele?

(Sócrates) – Já sim! Já li coisas muito boas deste autor.

Agora me responda uma coisa. Entendi perfeitamente o que tu dissestes. Porém, o que
ocorre é que nem sempre podemos decidir com o que ocupar nosso tempo. Sendo assim,
como podemos nos libertar da culpa, pelo fato de não podermos estar dando a devida
atenção às pessoas de que gostamos?

(Pafúncio) – Bem, a segunda coisa que tu deves considerar é que tu és um ser ignorante.
Tu és um ser que ainda está em evolução. Certo? E se é assim, tu não tens culpa de nada!
Ninguém tem culpa de nada! Apesar do fato de que a maioria das pessoas, ainda hoje, não
tenham atingido o nível evolutivo em que estes poderiam ser classificados como verdadeiros
seres humanos, uma vez que consideram “as coisas” como sendo mais importantes que “as
pessoas”, ainda assim elas não tem culpa de seu atraso, de sua animalidade. Todos estão
aqui nesta dimensão para aprender. Aprender através de erros e acertos. Aprender a dar o
devido valor a cada coisa. E, podemos dizer que, é exatamente em razão disso que uns
nascem cegos, e que outros ficam cegos; que uns nascem surdos, e que outros ficam
surdos; que uns nascem pobres, e que outros ficam pobres; e assim por diante. Apesar do
fato dos homens acreditarem que tais tipos de coisas ocorrem de forma aleatória, à verdade
é que jamais algo ocorreu de forma aleatória. E, em razão disso hoje estamos aqui, sob este
planeta, flutuando no espaço. Entenda que ninguém aqui está simplesmente perdendo
tempo. Por mais marginal, terrorista, fanático ou ignorante que uma pessoa seja, ainda
assim, ela está passando por aquilo que ela deveria passar. Os familiares de tal pessoa
também estão passando por aquilo que deveriam passar. E o mesmo se pode dizer com
relação à sociedade e as possíveis vítimas de tais pessoas. Pois, a realidade é, e sempre foi,
uma criação social. Não existe culpado! Existem responsáveis! Agora, entenda isso como
quiseres! Pois é esta a realidade! E é dentro desta realidade que nós somos obrigados a
aprender algo! Agora, também é preciso que fique claro que, há duas formas de
aprendermos aquilo que nós temos que aprender aqui: uma delas é através do estudo, e a
outra é através do sofrimento...

(Sócrates) – Então você acredita que através do simples estudo uma pessoa poderá, por
exemplo, curar sua cegueira, ou então, evitar que algum parente morra?

(Pafúncio) – Não foi isso que eu disse o imundícia! E não me interrompa! Primeiro ouça o
que eu estou lhe dizendo, depois tire suas conclusões. Preste atenção: você deve tentar
entender que, além de tudo ter um início e ter um fim, não é nesta vida que as coisas
iniciam, e também não é ao final desta vida que as coisas terminam. Será que você possui
capacidade para compreender o que isso significa? Creio que não! Pois, apesar desta
afirmação ser simples de entender, não é tão simples compreender o que isso representa. E,
pelo fato das pessoas não compreenderem isso, podemos dizer que: elas sofrem a toa.

(Sócrates) – Quer dizer então que tudo o que nos ocorre sempre possui alguma finalidade?

(Pafúncio) – Sim! E esta finalidade está muito aquém de tudo aquilo que o homem pensa,
já pensou e até mesmo irá um dia pensar.

(Sócrates) – Nossa! Quanta coisa básica e óbvia estes “homens brancos” não se dão conta
não é mesmo?

(Pafúncio) – Pois é! Agora, o que é mais incrível, é que por mais simples e bem explicado a
gente possa demonstrar tudo isso, ainda assim, creio que nem 10% das pessoas são
capazes de entender o que a gente diz. Daqui a 24 horas, talvez menos de 1% lembre algo
sobre o que lhes foi dito. O que dirá então colocar em prática tais tipos de coisas! O pessoal
está em verdadeiro estado de transe! Estão tremendamente preocupados com coisas
tremendamente sem importância. Como se a preocupação os levassem a algum lugar! Além
disso, as pessoas são muito apegadas as suas personalidades desta vida. Elas acham que
elas são e sempre será aquilo que está impresso em sua certidão de nascimento ou carteira
de identidade. Elas acreditam que a vida nada mais é do que este teatro de vaidades. Elas
acreditam que tudo aquilo que elas possuem lhes pertence. E o pior: também acreditam que
podem possuir pessoas. Porém, como já foi expresso aqui das mais variadas formas: aqui
nesta dimensão tudo é transitório. E é preciso não mais esquecer isso: que tudo,
absolutamente tudo, passa! Aqui nesta dimensão; aqui na via Láctea, sob este planetóide
insignificante; aqui neste período histórico de tempo em que convivemos com esta cambada
de idiotas confusos, e que pertencemos a tal país, a tal família, a tal classe social, etc. Tudo
isso passa! E que bom que passa! Pois se não passasse nós agora não seríamos “quase
seres humanos”; seríamos ainda animais; ou brutamontes das cavernas; ou medievais
piromaníacos estúpidos. Enfim, seríamos ainda piores do que somos hoje. E esta é a
vantagem das coisas passarem! Pois a passagem do tempo permite a evolução! E, além
disso, rotina é algo tremendamente fastidioso, não é mesmo?

(Sócrates) – É mesmo! Nunca pensei nisso desta forma!

(Pafúncio) – Pois é! E por mais que tu valorizes aquilo que hoje os outros são, aquilo que
hoje os outros possuem, aquilo que hoje os outros fazem, o que na verdade é muitíssimas
vezes mais importante para o teu aprendizado, para a tua evolução, é tudo aquilo que tu
atualmente é, possui e faz. E é disso que tu deves tomar consciência e passar a valorizar
muito mais. Se quiseres te sentir bem, é claro! Pois, um dos maiores segredos para a
infelicidade (que na verdade também não existe) é valorizar tudo aquilo que os outros são,
possuem e fazem, - ou foram, possuíram e fizeram - e desconsiderar o valor de tudo aquilo
que faz parte da nossa vida, de tudo aquilo que já realizamos e que ainda podemos realizar.
Pois, como se sabe, geralmente as pessoas só se dão conta do verdadeiro valor de tudo
aquilo que elas possuem, quando estas lhes são retiradas, não é mesmo? Exatamente por
isso as coisas são do jeito que são!

(Sócrates) – Realmente! E bem isso o que ocorre! Mas então me diga: Como tudo passa,
como nada aqui dura pra sempre, isso significa que nós devemos nos manter, de certa
forma, desapegados de tudo?

(Pafúncio) – Exatamente! Quando nos desapegamos das coisas, nós passamos a ter e ser
todas as coisas. Mas, sobre esta questão prefiro não falar no momento. Isso já é algo que
você ainda não será capaz de entender, e muito menos utilizar adequadamente. Falarei
sobre isso noutra oportunidade.

(Sócrates) – Mas Pafúncio, acredito que se você utilizar as palavras certas você será capaz
de me fazer entender isso!

(Pafúncio) – Certamente Sócrates! Só que não está na hora de você saber isso. Além de
que, eu sempre costumo fazer a coisa certa, nos momentos certos. Por isso tenho paz de
espírito, em virtude disso sou muito mais feliz! Entenda que há muitas outras coisas com as
quais tu deve ocupar teus pensamentos no momento. E tu sabes disso! Tu ainda és uma
criança. Mas que já deves te portar como um homem. Deves agir como um guerreiro, e
abandonares todo este teu sentimentalismo inútil. E para isso, deves enfrentar de uma vez
por todas todos os desafios que se encontram em tua vida. Porque a partir de hoje, tu não
terá mais problemas em tua vida, terá desafios! E se guardares em tua memória estes
ensinamentos, os desafios mais básicos, mediante os quais a maioria dos homens tremem,
choram e sofrem a toa, serão imediatamente vencidos e eliminados de tua vida! Se é que
grande parte já não foi!

(Sócrates) – Então o que me aconselhas a estudar desde já?

(Pafúncio) – Isto é algo que tu mesmo deves decidir! Estudes aquilo que possas ser mais
útil no momento. Mas considere que para isso, tu deves prestar atenção ao agora, ao
momento presente! Observe as coisas a tua volta! Preste atenção na tua atual realidade,
aos problemas que tu vens enfrentando! Preste atenção aos teus hábitos, gostos e atitudes;
e tente considerar para onde é que eles estão te levando! É para um bom lugar? É para uma
realidade agradável? É para onde queres ir? Se achares que não, então reformule
imediatamente teus pensamentos, gostos e hábitos. Pois, como é dito, se tu não o fizeres,
ninguém o fará por ti.

Busque parar de pensar e fazer sempre as mesmas coisas! Tente desviar, ou até mesmo
parar o fluxo de teus pensamentos! Pois são eles a causa da tua atual realidade! Pare de
simplesmente reclamar dos problemas do mundo! Pare de se preocupar com a vida alheia!
Pois, para curar algo ou alguém é preciso que te cures primeiro! E tu estás seriamente
doente! E o diagnóstico de tua doença é: ignorância e acomodação! Portanto, melhor é que
no momento fales menos, e ajas mais! Agora, não aspires fazer aquilo que não lhe diz
respeito, aquilo para o qual tu não tens a menor vocação, ou para o qual existem pessoas
muito mais experientes e capacitadas que tu. Consideres que aqui ninguém é obrigado, e
muito menos capaz de ser magnânimo em tudo. Em razão disso, reconheça todas as tuas
limitações, desenvolva os teus talentos naturais, e assuma a tua posição no mundo! E
orgulhe-te dela! E lembre-te que, apesar do fato de que não exista algo que possa ser tido
como superior, nada pode ser considerado mais importante do que aquilo tudo que tu deves
realizar.
Também é importante que tu prestes mais atenção aos teus sentimentos! Sim! E ao que o
teu corpo possa estar querendo te dizer! Busque respeitar teu corpo e tua consciência! Pois
se tu os tratares como um animal, se os intoxicares com porcarias e exageros, tu mesmo te
tornarás um suíno em forma de gente, e a tua vida, um verdadeiro chiqueiro enlavajado.

Mas que fique bem claro: tenha consciência de que não há desculpas! Tudo o que há é o
querer, e o não querer. Eis aí a questão! Sendo assim, caso queiras que teu sofrimento seja
diminuído, e tua felicidade seja ampliada, lembre-se que para isso será necessário muito
mais do que fé, será necessário: vontade, coragem, atitude e determinação! Coisas que o
estudo poderá te proporcionar!

Por fim, se precisares de alguém para te aconselhar, então que este alguém sejas tu
mesmo! Pergunte-se a si próprio: sinto-me plenamente bem? O que posso fazer para
melhorar? Pois tu podes melhorar! Pois sempre há o que melhorar! Pois não há quem não
possa melhorar! Além de que, nunca é tarde para melhorar! E é tu quem deve decidir o que
é que no momento é mais urgente e importante a ser melhorado em ti, e em tua vida. É tu
quem deve decidir para onde é que tu deves ir! E não as influências exteriores a tua
vontade: nem destino, nem traumas, e muito menos teus familiares, amigos e conhecidos.
Também não são as tuas crenças. E nem as situações, circunstâncias ou ambientes. Mas
sim, tudo aquilo que te trás verdadeira alegria, disposição e entusiasmo. Tudo aquilo que
permite a manifestação do teu talento, do teu amor, da tua intuição, da tua criatividade.
Tudo aquilo que te torna um ser especial, tremendamente importante e completamente
diferente de todos os demais seres. Sendo assim, se é para ouvir conselhos - como estes
que aqui apresento - que a última palavra seja sempre a do teu próprio espírito!

E por aqui encerro este nosso primeiro diálogo! Agora, vê se te puxa o criatura boçal!

II - Os diálogos de Sócrates e Pafúncio


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Diálogo II – Tema: A Sorte e o Azar

Talvez vocês nunca tenham ouvido falar, mas, Pafúncio fora o Grande Mestre de
Sócrates. Tudo o que Sócrates sabia, foi Pafúncio quem lhe ensinou. Quando
Sócrates ainda era bem pequenininho, e muito ignorante, Pafúncio o recolheu das
ruas, onde este ficava jogando bolinha de gude, e tratou de lhe instruir. E foi assim
que Sócrates tornou-se um grande filósofo. Apresento abaixo a tradução de um
manuscrito secreto, que tivera sido escrito em javanês pelo próprio Sócrates.

Eis a tradução do segundo diálogo:

(Sócrates) – Pafúncio oh Grande Mestre! Muitos foram os pensadores, filósofos e


eruditos de todos os tempos a discutir sobre o tema da Sorte e do Azar. Tu que és
considerado o mais sábio de todos, diga-me: porque eu tenho tanto azar nesta vida?
Já conversei com inúmeras pessoas; já li e livros e mais livros para melhorar de
vida; já freqüentei diversas religiões; promessas já fiz para todos os santos, porém,
nunca, jamais consegui entender por que é que eu sou tão azarado em tudo o que
eu faço. Comigo nada dá certo! Eu sou uma das pessoas mais azaradas deste
mundo. Por isso vim a ti oh Grande Mestre, porque tu, sei que somente tu podes
livrar-me da aflição que trago comigo.

(Pafúncio) – Sócrates oh Anta Colossal! Percebo que o teu problema nunca foi
azar, e muito menos falta de sorte. O teu problema é apenas burrice. Burrice
ocasionada por um excesso de informações, e uma quase completa ausência de
raciocínio. Mas enfim, se tiveres alguns minutos disponíveis, posso ceifar um pasto
mais agradável ao teu paladar intelectual.

(Sócrates) – Não entendi!

(Pafúncio) – O que quero dizer é que muitas e muitas coisas eu poderia lhe
ensinar. E se eu lhe ensinasse, você certamente teria capacidade de entender.
Porque a minha sabedoria é um fato, assim como também é a tua ignorância. E isso
nada tem haver com orgulho, mas sim, com conquista. E, como percebo que tu não
tens conquistado grandes coisas nestas tuas andanças por sobre este planeta,
infelizmente, não posso fazer muita coisa por ti.

(Sócrates) – Por favor Mestre, não me venha como essas. Esse discurso eu já ouvi
uma série de vezes. Sempre que os Mestres não sabem responder as perguntas eles
vêm com esta história de que a pessoa não está preparada pra ouvir e o escambau.
Pensei que o senhor fosse O mais sábio.

(Pafúncio) – E eu pensei que tu fosses bem menos Jumento. Porém, quanto mais
ouço tuas palavras, mais intensa é a minha decepção. Mas enfim, o que posso fazer
por ti, e na verdade por mim mesmo, é te dar este texto aqui. Este texto refere-se
bastante aos temas Sorte e Azar. É um texto mágico, traduzido em diversos idiomas,
que trás sorte instantânea para todos aqueles que o lêem. Tenho certeza que este
texto servirá para afastar definitivamente o "Azar" de tua vida, ou melhor, a
"burrice" de tua mente. Pegue aqui... Tenho certeza que ele te ajudará a perceber o
estado lamentável em que tu te encontras.

(Sócrates) – Oh! Muito obrigado oh Grande Pafúncio! Estou em um estado


lamentável de azar mesmo. Nem sei como lhe agradecer! Se existir alguma forma de
recompensar-lhe, por favor, diga-me.

(Pafúncio) – Estado lamentável de azar? Maior recompensa que não ter que ouvir
tuas filosofias tu não podes me conceder. Portanto, vá logo ler este texto. E se
puderes, aproveite e forneça este texto para outras pessoas que assim como tu,
também se julgam tão "azaradas".

(Sócrates) – Obrigado! Muito Obrigado!


...

Saindo dali, não agüentando mais de tanta curiosidade, Sócrates sentou em baixo de
uma árvore, e leu ali mesmo o tal texto mágico...

A ALCATÉIA DE SERES "HUMANOS".

Se pudéssemos reduzir a população da Terra a uma pequena aldeia de exatamente


100 habitantes, mantendo as proporções existentes atualmente, seria algo assim.
Haveria:

57 asiáticos... 21 europeus...

14 pessoas do hemisfério oeste...

... e 8 africanos.

52 seriam mulheres... 48 homens.

70 não seriam brancos... 30 seriam brancos.

30 seriam cristãos... (que poderiam ir pro céu um dia...).

70 seriam não cristãos... (os condenados ao inferno...).

6 pessoas possuiriam 59% da riqueza de toda a aldeia

e esses 6 (6 de 6) seriam norte americanos.

Das 100 pessoas, 80 viveriam em condições sub-humanas...

50 sofreriam de desnutrição...

1 pessoa estaria a ponto de morrer...

1 bebê estaria prestes a nascer...

Só 1 (apenas 1) teria educação universitária.

E nesta aldeia haveria só 1 pessoa que possuiria um computador.

...
Ao analisar nosso mundo desta perspectiva tão reduzida é quando se faz mais
premente a necessidade de aceitação, discernimento, e mudança de paradigmas.
Pois...

Se você levantou esta manhã com mais saúde que doenças, então você tem mais
sorte que milhões de pessoas que não sobreviverão nesta semana.

Se você nunca experimentou os perigos da guerra, a solidão de estar preso, a agonia


de ser torturado ou a aflição da fome, então está melhor do que 500 milhões de
pessoas.

Se você pode ir à sua igreja sem medo de ser humilhado, preso, torturado ou
morto... Então você é mais afortunado que 3 bilhões (3.000.000.000) de pessoas no
mundo.

Se você tem comida na geladeira, roupa no armário, um teto sobre sua cabeça e um
lugar onde dormir, você é mais rico que 75% da população mundial.

Se você guarda dinheiro no banco, na carteira e tem algumas moedas em um


cofrinho... Já está entre os 8% mais ricos deste mundo.

Se teus pais ainda estão vivos e unidos... Você é uma pessoa MUITO rara.

Se você leu esta mensagem, acabou de receber mais uma benção: a oportunidade
de ler algo realmente útil; e mais ainda, teve melhor sorte que mais de 2 bilhões
(2.000.000.000) de pessoas neste mundo que não sabem, sequer, ler.

***

Depois de ler o texto, uma mágica realmente ocorreu com Sócrates. Pois você
acredita que ele imediatamente deixou de ser a pessoa mais azarada do mundo,
para se tornar um indivíduo mega-sortudo? E, muito mais saudável, muito mais
contente, muitíssimo mais sábio, e tremendamente mais próspero e afortunado, em
inúmeros sentidos, que milhares e milhares de pessoas no mundo. Algo tão
espantoso que nem ele imaginava ser possível.

É! Parece que o texto era realmente mágico. E tão mágico que já faz um bocado de tempo que Sócrates
nem aparece na frente do Grande Mestre Pafúncio.

Por que será?


Diálogo III – Tema: A Alienação
Talvez vocês nunca tenham ouvido falar, mas Pafúncio foi o grande Mestre de Sócrates.
Tudo o que Sócrates sabia, foi Pafúncio quem lhe ensinou. Quando Sócrates ainda era bem
pequenininho, e muito ignorante, Pafúncio o recolheu das ruas onde este ficava jogando
bolinha de gude, e tratou de lhe instruir. E foi assim que Sócrates se tornou um grande
filósofo. Apresento abaixo a tradução de um manuscrito secreto, que tivera sido escrito em
javanês pelo próprio Sócrates. Eis a tradução do terceiro diálogo:

(Sócrates) – Pafúncio oh grande Mestre! Muitos foram os pensadores, filósofos, e eruditos de


todos os tempos a discutir o tema da Alienação. Tu que és considerado o mais sábio de
todos, diga-me: Por que no mundo existem tantas pessoas Alienadas?

(Pafúncio) – Sócrates, primeiramente eu gostaria de saber uma coisa. O que você entende
como sendo alienação?

(Sócrates) – Ora, pessoas alienadas são estas pessoas que fazem as coisas sem mesmo
saber porque é que fazem o que fazem.

(Pafúncio) – Explique melhor.

(Sócrates) – Não sei explicar melhor. Só sei que isso é um grande problema no mundo.

(Pafúncio) – É um grande problema? E qual a solução para este problema?

(Sócrates) – Olha, até tenho algumas idéias. Porém, elas não são suficientes para solucionar
o problema. Enfim, este problema é muito complexo.

(Pafúncio) – Sócrates, sabe por que você não conhece uma solução para este problema? È
porque não apenas as pessoas são alienadas, mas, VOCÊ também é. Se você realmente
estivesse ACIMA deste problema, você saberia solucioná-lo, e mais: você O solucionaria. E
sabe por quê? Porque quem sabe mesmo, faz! É como um cálculo matemático. E, como você
não sabe solucioná-lo, você é apenas outro estrupício no mundo, que acredita ser possuidor
de idéias mirabolantes e superiores a de todas as demais pessoas. E, fica com esse disco
furado aí, criticando as pessoas, criticando os políticos, criticando o governo. Diz que é
contra o capitalismo. Diz que é contra a exploração. Diz que é contra a má distribuição de
renda. Diz que é contra as diferenças e desigualdades sociais. Porém, na verdade, você é
apenas mais uma anta como qualquer outra, que apenas fica repetindo estas frasezinhas
manjadas, e, na verdade, nem sabe o que está dizendo.

(Sócrates) – Então, Mestre, por favor, me explique o que é alienação.

(Pafúncio) – Então preste muita atenção. Vejamos se você é capaz de sair desta
superficialidade e deste papagaísmo e aprofundar seu entendimento sobre este tema.

Primeiramente, você deve considerar que existem inúmeros tipos de alienação. E isso é a
primeira coisa que tu deve levar em consideração. Agora, como não tenho muito tempo, (e
as pessoas nem tem muita paciência de ler aquilo que a gente escreve), vou falar apenas
sobre um tipo de alienação, a "Alienação Econômica", que é a mais exacerbada atualmente.
E isso servirá para o entendimento de qualquer outro tipo de alienação.

(Sócrates) – Legal! Me fale sobre isso!

(Pafúncio) – Em resumo, a Alienação Econômica é assim: o trabalhador trabalha duro, e


toda a riqueza produzida pelo seu trabalho é tomada pelos proprietários dos meios de
produção.

(Sócrates) – Mas o que é meio de produção?

(Pafúncio) – Uma empresa é um exemplo de meio de produção. O trabalhador trabalha na


empresa. Ele praticamente mora lá, pois vive lá a maior parte da sua vida. Mas, esta
empresa não pertence ao trabalhador. E, o trabalhador é levado a produzir e acumular
capital e lucro para uma minoria (que o explora, e que são os donos das empresas),
enquanto que o trabalhador continua vivendo na pobreza, e recebendo salários praticamente
insuficientes para viver, ou mesmo sobreviver. E, como este trabalhador não percebe que
isso ocorre, e os que percebem não sabem o que fazer para mudar isso (e outros não
querem), dizemos que estão todos alienados.

(Sócrates) – Hmm. Agora entendi. Ótima explicação!

(Pafúncio) – Vou citar um exemplo para que você entenda ainda melhor tudo isso. Vamos
pegar um destes grandes Supermercados. O que eles fazem? Eles vendem alimentos de
grandes distribuidoras. Mas, tudo começa com a exploração dos agricultores, de quem eles
compram os alimentos pagando o mínimo possível. E os agricultores, como são muito burros
e alienados, ainda disputam entre si para oferecer alimentos cada vez mais baratos para
essas distribuidoras. E fazem isso, até o ponto de ficarem plenamente endividados, e
perderem suas terras, e não terem mais onde plantar, e irem parar nas cidades mendigar
algum emprego. Mas, bem antes disso... Para baratear os custos da produção, estes
agricultores obedecem a mesma lógica capitalista. Ou seja, colocam lá um punhado de
peões para trabalhar. E, claro, tratam eles feito animais. E, também pagam a eles o mínimo
possível. E, como estes peões também são burros e alienados, se sujeitam a tudo isso. E
também disputam entre si para ocupar qualquer destas vagas disponíveis. Pois afinal,
precisam sobreviver, nem que seja como animais. Além disso, os agricultores também
investem grande parte do seu dinheiro comprando veneno. Ou seja, entopetam nossos
alimentos, nossos rios e o nosso solo com fertilizantes químicos e agrotóxicos. E isso, para
produzir mais e mais rápido.

Depois, quando os alimentos chegam nas grandes distribuidoras, eles pegam os alimentos,
adicionam ainda mais toxinas químicas, corantes, condicionantes, conservantes, etc. E
embalam a mercadoria para que ela fique visivelmente "bonitinha". Colocam nela a sua
Marca: Cocô-Mola, Derbius mental... E assim eles agregam ainda mais valor ao produto, e
podem vender mais caro. E isso porque uma cambada de idiotas vai assistir um monte de
propagandas sobre estes produtos, vai assistir muitas e muitas vezes pessoas consideradas
chiques, as celebridades, aparentando ser mais felizes e mais resolvidas usando estes
produtos. E daí os retardados trabalham um mês inteiro para comprar estas porcarias,
acreditando que sua vida vai melhorar e, que se tornarão iguais ou parecidos com as
celebridades.

Só que, passa um ano, passa dois anos, e a vida da pessoa continua na mesma.

E a vida social, cada vez mais decadente. E o planeta evoluindo... Evoluindo para um imenso
deserto infértil e inóspito, com rios de lixo, montanhas de sucatas e cascatas de esgoto.

(Sócrates) – Realmente. É bem isso que ocorre.

(Pafúncio) – Pois é! Mas voltando ao exemplo do Supermercado. O que é um


Supermercado? Vamos pegar um exemplo qualquer. Podemos entendê-lo como sendo, por
exemplo, um local onde existem 50 funcionários que vendem alimentos. E, como disse, 50
funcionários que recebem salários muito insatisfatórios - pois os lucros deste Supermercado,
geralmente nem ficaram no país, mas sim, vão parar em outros países. Agora, e se não
existissem estes "proprietários de Supermercados"? Ora, neste caso, onde haviam 50
funcionários ganhando péssimos salários, poderíamos ter 50 profissionais ganhando salários
tremendamente maiores. Ou então, cerca de 250 profissionais ganhando o mesmo que eles
ganhavam. Porém, a relação com o trabalho seria outra, e a qualidade de vida muito
melhor.

(Sócrates) – Por que a relação de trabalho seria outra?

(Pafúncio) – Se você prestar bem atenção, entenderá que, podemos dizer que uma coisa são
funcionários, e outra coisa são profissionais. Funcionários são pessoas que executam uma
função. O trabalho para elas é uma espécie de obrigação. É algo que causa mais desprazer
do que prazer. É algo que não trás realização direta. É algo que é tido como segregado do
viver. Pois, para estas pessoas, uma coisa é viver, e outra coisa é trabalhar - apesar delas
viverem a maior parte de suas vidas trabalhando. Enfim, os funcionários trabalham apenas
pelo salário no final do mês.

Os profissionais são diferentes. São pessoas especializadas naquilo que fazem. São pessoas
que ganham um salário melhor. São pessoas que sentem um certo orgulho pela sua
profissão. São pessoas que não trabalham como se fossem máquinas ou robôs. Pois, podem
tomar decisões, e não são tratadas como animais. Por isso, enquanto trabalham, elas
também vivem e se desenvolvem como seres humanos.

Os funcionários, quando se referem ao trabalho, é só para falar mal - e não é de se admirar


que seja assim. Os profissionais, ao contrário, buscam sempre se especializar, e muitas
vezes se realizaram com aquilo que fazem.

(Sócrates) – Bem legal esta diferença. Nunca tinha pensado nisso. Agora, a culpa então é
destas empresas, destes empresários gananciosos. E também do governo e destes políticos,
que prometem, prometem, e nunca fazem nada, não é?

(Pafúncio) – Pior é que não é. Pois, todo mundo também pensa assim. E, na verdade, não
existe culpa, e nem culpados. O que existe é apenas alienação e pessoas alienadas.

(Sócrates) – Agora não entendi.

(Pafúncio) – Bem, primeiramente devo dizer que eu não suporto mais ouvir esse papo de
que a culpa é do governo, a culpa é dos políticos, sou contra o capitalismo e blábláblá. Todo
mundo diz isso. Todo mundo se acha superior aos outros pelo simples fato de pensar assim,
e de vomitar estas idéias sempre que surge uma oportunidade. Porém, ninguém nunca se dá
conta de que TODO MUNDO pensa assim. Praticamente todo mundo concorda com estas
idéias aí. Em qualquer boteco de esquina, praticamente todo dia este assunto está em
pauta.

Ora, entenda de uma vez por todas que NÃO HÁ privilégio algum pensar nisso. Pois, como
disse, praticamente todo mundo pensa assim. Fazem séculos e séculos que as pessoas
reclamam de tudo isso. E a realidade a baixo do sol continua exatamente a mesma de
sempre.

(Sócrates) – Tens razão Mestre!

(Pafúncio) – Agora, e por que isso?

(Sócrates) – Não faço nem idéia.

(Pafúncio) – O que ocorre é que, na verdade, na verdade, as pessoas não são contra estas
idéias. Dizem que são. Mas, na prática, na realidade, não são. Na verdade as pessoas
apóiam estas idéias. Sim! E fazem isso todos os dias!

As pessoas estão pouco ligando para exploração, ou para quem está sendo explorando. Elas
estão preocupadas é com os seus próprios umbigos. Os seus problemas pessoais é que lhes
interessam. Os outros é que se explodam. Elas querem mesmo é consumir e consumir
coisas baratas, chiques, de Marca. E isso para se aparecerem para seus semelhantes. Para
com isso iludirem os outros de que elas são melhores do que realmente são. Elas não estão
nem ligando para a procedência daquilo que compram. Se o que consomem afeta o planeta,
ou se prejudica a sociedade, não estão nem aí.

(Sócrates) – Realmente. Sempre que comprei algo, nunca pensei em nada disso.

(Pafúncio) – E vou te dar um exemplo ainda mais concreto. Você já visitou uma horta
comunitária?

(Sócrates) – Não visitei. Apenas ouvi falar. Mas sei que são pessoas que se reúnem para
plantar alimentos, e com isso adquirem seu sustento. Também sei que lá são produzidos
alimentos sem agrotóxicos e muito mais baratos.

(Pafúncio) – Sim. Mas não é apenas isso. Se algum dia você visitar uma horta destas, e
prestar bem atenção, será capaz de concluir que muito mais coisas são produzidas lá.
Repito: muito mais coisas são produzidas lá! Como você mesmo disse, as pessoas tiram seu
sustento nestas hortas. As pessoas também se relacionam umas com as outras nestas
hortas. Nestas hortas as pessoas são acompanhadas por profissionais de diferentes
entidades (profissionais que não são chefes, e nem exploradores). E além de plantar estas
pessoas recebem diversos cursos. Cursos sobre como preparar os alimentos, como estocar,
como vender. E também sobre diversos outros assuntos que envolvem seus filhos pequenos,
adolescentes, a violência, as drogas, a prostituição. Lá, as pessoas vivem, e refletem sobre a
vida.

(Sócrates) – Que interessante. Nunca pensei que mais coisas fossem produzidas em um
lugar destes.

(Pafúncio) – Mas é lógico! Pessoas que não pensam não podem mesmo concluir uma coisa
dessas. Estas coisas, as cabeças alienadas com seus olhos cegos e remelentos, não vêem. E
não vêem porque estão sempre lá, de perna para cima, ociosas, condicionadas, perdendo
seu tempo e suas vidas assistindo os outros viverem. Assistindo os gladiadores (futebol), as
fofocas da vida alheia (novelas), as celebridades famosas e chiques que elas querem se
tornar iguais (os filmes, comerciais), etc. É isso que as pessoas fazem de suas vidas. É isso
que as pessoas querem de suas vidas. E por isso a vida é do jeito que é.

(Sócrates) – E como mudar isso?

(Pafúncio) – Olha, não sou nenhum advinho, mas, tudo indica que uma mudança mesmo, só
vai ocorrer daqui a muitos anos. Pois, enquanto os cataclismos não devastarem
praticamente todo planeta, as pessoas continuarão achando que podem continuar vivendo
nesta alienação. Do jeito que as coisas não andam, elas somente sairão do transe quando
levarem um choque bem forte. Quando perderem praticamente tudo que possuem. Quando
só lhes restar de alimento as sopas de pedras. Quando até mesmo a água que hoje
desperdiçam empurrando folhas nas calçadas, estiver tão escassa, que muitos nem terão
acesso, devido ao preço muito alto.

(Sócrates) – Mas não há outra solução?

(Pafúncio) – Certamente que há. Porém, é preciso entender que as pessoas na verdade não
percebem qual é o verdadeiro problema, e nem querem resolver nada. Elas nem estão
preocupadas com nada disso. Como disse, estão lá preocupadas com as mesmas coisas de
sempre.

(Sócrates) – Mas, e se elas fossem obrigadas?

(Pafúncio) – Não adianta obrigar ninguém a nada. As pessoas somente se tornam mais
humanas, quando são tratadas de forma mais humana. É como criar um filho. A igreja,
através da "violência moral", tentou obrigar através do dogmatismo, e atualmente se
envergonha de si própria. Os fascismos e as ditaduras, tentaram obrigar e impor as coisas
através da "violência física", e também não funcionou. A mídia e o marketing impõe desejos,
sonhos, hábitos e comportamentos por meio da "violência subjetiva". Porém, isso não
produz pessoas melhores. Não produz pessoas que pensam por si mesmas. Isso produz
apenas consumidores - seja lá do que for.

Compreender algo como o que aqui foi exposto, é muito diferente de simplesmente acreditar
ou comprar uma idéia. É preciso "compreender". E para compreender, é preciso refletir
muito.

A "reflexão" é a melhor forma para se conseguir a alteração de nossos atuais desejos e


interesses, o que, por conseqüência, nos leva a reformulação de nossas crenças, atitudes,
hábitos e comportamentos. Pois, as coisas não começam com atitudes como as pessoas
costumam dizer, mas sim, com a reflexão. Pois, é justamente porque as pessoas não
pensam, que elas apenas repetem aquilo que ouvem. E pior que ainda se dizem seguidores
disso e daquilo. Apesar de seguirem mesmo é em direção ao primeiro buraco ou precipício
que tiver pela frente. Pois, como não raciocinam e muito menos sabem o que falam,
também nem sabem o que seguem.

(Sócrates) – É muito complexo tudo isso.

(Pafúncio) – É complexo. Mas, o entendimento de tudo isso é muito simples. Por exemplo,
as pessoas costumam falar em má distribuição de renda. Falam que uns tem muito dinheiro,
e outros, nem o suficiente para sobreviver. Agora, quem é que faz esta distribuição de
renda? Ora, são eles mesmos que fazemos isto.

Como te mostrei no exemplo lá atrás, as pessoas nem sabem da existência das hortas
comunitárias. E também nem sabem o que uma horta comunitária verdadeiramente
significa. E, vão lá nos grande Supermercados e nas grandes empresas comprar suas
mercadorias, grande parte alimentos entopetados de toxinas, entre outros tantos trumbicos
inúteis e desnecessários. É sempre com os GRANDES que elas desejam deixar todo seu
dinheiro. Ora, então, não há nenhum bixo de sete cabeças aí. Isso basta para compreender
o por que da má distribuição de renda.

(Sócrates) – Mas então, o que podemos fazer para ser menos alienados?

(Pafúncio) – De tudo o que eu falei, muito logo você esquecerá praticamente 90%. E, como
o que verdadeiramente importa é aquilo que ficar aí arquivado dentro deste teu melão...
Então, para fim de aproveitar algo do que aqui foi dito, e você e qualquer um continuar com
essas reflexões, te aconselho a começar a fazer o seguinte:

A próxima vez que você for realizar o pagamento de alguma conta em alguma destas
grandes lojas ou supermercados, comece a se dar conta de que, o ato de pagamento é
semelhante a um voto. Neste momento é que ocorre a verdadeira eleição. É neste momento
que você apóia os ideais do capitalismo, da exploração, e da destruição do planeta. Simples
não? Quando você assiste aqueles programas ridículos na televisão, é a mesmíssima coisa.
Pois, enquanto você continuar dando audiência para isso, eles continuarão te empurrando
isso guela abaixo. E isso é a coisa mais óbvia que existe! Qualquer ser pensante é capaz de
concluir isso. E, como supõe-se que ele pensa, quem sabe também consiga tomar alguma
providência, além de simplesmente pensar. Não é mesmo?

Ora, se todos os dias são estas idéias aí que vocês apóiam, não adianta esperar que a
realidade seja diferente. Melhor aguardar sentado. Pois assim, logicamente que nada irá
mudar. Nem hoje, nem amanhã, nem nunca.

Pois, se todos os dias, todos os meses, todos os anos, vocês apenas fazem isso.... Olha,
nem percam mais tempo reclamando do governo e dos políticos. Ou que sua vida é uma
merda. Pois, é você que é uma merda.

Também não reclame que seu planeta está sendo transformado num verdadeiro chiqueiro.
Pois, na verdade, em toda a face da terra, nunca existiu nenhum animal mais porco e
relaxado que você.

E também nem fale mais que você e as pessoas são exploradas. Pois, na verdade, vocês é
que são pessoas burras, alienadas, e exploráveis.

(Sócrates) – Eu admito que eu faço tudo isso. Tenho coragem de admitir isso. Porém, eu
faço minha parte. Pois eu ajudo uma instituição de caridade.

(Pafúncio) – Coragem? Tu tinha é que ter mais vergonha nesta tua fuça. Pois tu não faz a
tua parte é coisa nenhuma! Na verdade você faz MUUUUUITO menos do que deveria, ou,
que seria necessário. Raciocine uma vez na vida criatura de deus:

O que é que você faz na maior parte do tempo, com a maior parcela de suas energias, e
com a maior parte do seu dinheiro? Ainda não ficou claro isso? Ora, você, como qualquer
outro cidadão burro e alienado simplesmente apóiam os "ideais do capitalismo". Vocês
investem a maior parte de suas energias pensando bobagens, desejando bobagens, agindo
como perfeitos idiotas, e, a maior parte do dinheiro que adquirem, deixam lá para as
grandes empresas embolsarem tudo. E depois as empresas contratam estes mesmos idiotas
para fazer o serviço sujo, e produzirem mais um bocado destas porcarias desnecessárias.
Aliás, nem tão desnecessárias. Pois, do jeito que as coisas andam, já acabaram se tornando
uma necessidade para esta gente. Enfim, tudo isso certamente que é muito necessário.
Necessário para o mundo e os homens continuarem nessa imundícia

Então, como pode ver, agindo assim, de forma alguma vocês conseguirão chegar a outra
realidade, que não a esta que diariamente todos vocês sustentam. Pois, suas "idéias
religiosas e socialistas" praticamente não servem para nada. E as suas "caridades" feitas nas
horas vagas, estas, também não são suficientes para verdadeiramente tornar você pessoas
melhores. Pois, na maior parte do tempo, vocês, na verdade, são ridículos. Imagine uma
balança. Coloque tudo na balança. E, como dizem os religiosos, vocês saberão exatamente
se estão mesmo servindo a Deus, ou, na verdade, a Mamom.

(Sócrates) – Mas pelo menos faço alguma coisa.

(Pafúncio) – Tudo bem. Não quero com isso dizer que as tuas "intervenções superficiais"
sejam inúteis - apesar de muitas vezes achar que investir nisso seja apenas executar o
trabalho que os que são pagos para fazer, não fazem, e acabam sendo ainda mais
incentivados a continuarem não fazendo.

Enfim, digo isso porque estas coisas realizadas nas horas vagas são apenas "maquiagens".
Por exemplo, doar aquilo que tu tem em casa, e que está rasgado, estragado ou não presta
mais, isso nunca foi caridade. Ora, se ao menos estas coisas prestassem, doar isso, seria
apenas uma obrigação. É como reciclar o lixo. É obrigação. Nada disso não te torna melhor.
Isso é o mínimo que as pessoas deveriam fazer. E ainda assim ficariam devendo. E digo
devendo, porque deveriam fazer muito mais, porque a alienação em que se encontram é
muito imensa. Pois, daqui a cerca de 2000 anos - se existir planeta até lá - as pessoas do
futuro irão olhar para o passado, e ficarão embasbacadas com o estado deplorável de seus
parentes chimpanzés pré-humanos do século XXI. Ou será diferente?

Então, entenda que fazer menos do que se deveria fazer, por mais que você faça
pensamento positivo, insista e bata o pé querendo pensar que isso não é assim, na verdade,
na realidade, retorno a dizer que não adianta, não adianta, e não adianta. Pois é como
"esconder a sujeira embaixo do tapete". É como levar uma vida sedentária e ociosa, e
"comer feito um animal", e depois, crer que todos estes "pecados" serão perdoados por meio
de 2 minutos diários de exercícios físicos. E ainda, que tudo isso seja suficiente para em um
momento ou outro, milagrosamente você seja conduzido para o reino celestial das beldades
humanas. Ora, não bastasse a burrice, ainda são deveras pretensiosos.

Então, enquanto as pessoas continuarem depositando suas melhores energias e o seu


dinheiro nos Supermercados, nas grandes Empresas, comprando lixo, veneno, e etc. Não
adianta vir com esse papo furado de que eu sou religioso, socialista, anarquista. Nem inflar
o peito para dizer que: faço caridade, que eu penso assim e assado e o escambau. Pois,
como ficou muito bem claro aqui, o que temos aí é apenas uma cambada de pessoas
hipócritas, uma patota de alienados que, o máximo que conseguem fazer é montar
grupinhos para ficarem competindo entre si para saber quem é o mais entendido nestas
teorias inúteis, que discutem, brigam, exigem uns dos outros e repassam adiante. Tipo
conversão de igreja, como se isso fosse uma espécie de religião. Ora, enquanto existem
aqueles que se aparecem com seus produtos, carros, roupas, esses ai se aparecem com
seus feitos religiosos, e seus cristais mágicos, livros, cursos, viagens. E, no final das contas,
podemos colocar todos dentro do mesmo balaio.

(Sócrates) – Realmente. Infelizmente tenho que concordar. Mas então, o que fazer?

(Pafúncio) – Primeiro você precisa compreender muito bem todas estas observações. Se
fizer isso, você estará muito mais livre desta prisão ideológica do século XXI. Depois disso, e
somente depois disso, você conseguirá ser bem menos hipócrita e agir de forma bem mais
responsável. E, então poderá concentrar a tua atenção em idéias e propostas muito
melhores. Por exemplo, naquilo que os grandes mestres e pensadores de outras épocas
sempre recomendaram. Pois, a única saída é começar a concentrar a atenção em coisas que
realmente mereçam ou verdadeiramente necessitem da nossa atenção.

E isso, como foi dito, é algo que somente se consegue através da reflexão. Pois, enquanto
você não parar para refletir, você continuará agindo como sempre agiu: de modo
automático, sem pensar.

Então, é preciso refletir muito mais sobre tudo isso. E isso para não ficar apenas repetindo
estas idéias. Pois é preciso aprofundar estas idéias e produzir muitas outras, para então
chegar ao ponto de cada vez mais colocá-las em prática.

Como foi dito, assim como existem as hortas comunitárias, também existem muitas
cooperativas espalhadas por nossas cidades, as quais, muito necessitam da nossa bem mais
ATIVA COOPERAÇÃO. Pois são estas idéias que devemos apoiar cada vez mais. São estas
idéias que devem ser incentivadas e multiplicadas. São estas as Marcas que devem ser
divulgadas. É esta camiseta que vocês devem sentir orgulho de vestir. É nisso que todo nós
devemos investir o nosso tempo, o nosso dinheiro, e as nossas energias. Pois, neste lugares
as pessoas, no mínimo são tratadas como pessoas. Nestes lugares a vida é promovida.
Nestes lugares a saúde é produzida. Nestes lugares elas podem trabalhar e viver, e
desenvolver a sua personalidade. Pois nestes lugares as pessoas não são exploradas. Pois
nestes lugares as pessoas possuem autonomia. E elas devem possuir MUITA autonomia. Pois
o contrário de autonomia, ou é exploração, ou é assistencialismo. E, se elas não possuem
autonomia, tudo deve ser feito para que possuam. Pois, de forma alguma elas devem ser
tratadas como crianças. E tão menos como animais, sendo escravas, exploradas, e tidas
como seres eternamente inferiores ou sem importância.

Entenda que é desta forma que a sociedade melhora. Entenda que é desta forma que as
pessoas aprendem a se respeitar, a admirar uns aos outros: admirar o que eles são e
admirar o que eles fazem. E NÃO como na atualidade: admirar o que os outros POSSUEM.
Pois, na verdade, ninguém possui nada! Nem o próprio corpo!

(Sócrates) – Pensando bem, o Senhor tem razão.

(Pafúncio) – Na verdade eu não TENHO razão. Eu apenas EXPONHO o óbvio. Coisa que, em
tais circunstâncias, qualquer um deveria ser capaz de fazer.

E, falando em coisas óbvias, outra coisa bem óbvia é que: A exploração do ambiente, não
produz um ambiente melhor. E outra coisa ainda mais óbvia é que: A exploração das
pessoas, não produz pessoas melhores.

E uma coisa mais óbvia ainda é a seguinte:

Se uma pessoa possui MAIS do que o necessário, ou muito MAIS do que os outros, em tal
caso, nós estamos diante de uma pessoa, no mínimo, com algum DISTÚRBIO MENTAL. E
não outra coisa!

Então, pergunto: Por acaso é alguém assim que vocês devem venerar seus mentecaptos?

É ALGUÉM ASSIM??????

É isso que no futuro vocês TAMBÉM pretendem se tornar seus imbecis?

(Sócrates) – Mestre, com essa me caiu os butiá do bolso. Nem sei mais o que dizer.

(Pafúncio) – Pois não é o momento de você dizer nada mesmo. É momento de você ouvir e
começar a colocar esta tua massa encefálica para funcionar. Pois esta é a única forma para
se resolver todos estes problemas ambientais. E o da violência, e o dos roubos, da
corrupção, da desigualdade social, e de qualquer outro problema que requeira alguma
solução.

Pois, as pessoas devem viver para servir umas as outras. Se elas possuem necessidade de
competir, então, devem cumprir com suas obrigações, e competir para ver quem é que
serve melhor o próximo. Precisam de olimpíadas, jogos e diversão? Façam jogos e
olimpíadas disso. Se divirtam com isso.

E entenda de uma vez por todas que SÃO as pessoas que NÃO necessitam de exageros e
extravagâncias desnecessárias que verdadeiramente DEVEM ser admiradas. São estas as
pessoas que devem servir de EXEMPLOS a serem seguidos. As pessoas pensantes DEVEM
valorizar MUITO MAIS estas pessoas. E não os malandros, os trapaceiros, e os gananciosos
que vivem da exploração dos outros e da devastação do planeta.

Pois, as pessoas devem entender que o carro importado, a mansão de 3 andares com tapete
persa e porcelana chinesa, tudo isso é bobagem, tudo isso é supérfluo. E, tanto
individualmente, quanto socialmente, no final das contas, isso apenas produz discriminação,
e trás mais infelicidade, tristeza e preocupação, do que felicidade, alegria e paz de espírito.

A solução é simples! A verdade é sempre simples: PAREM de valorizar estas porcarias que
muito logo ninguém mais vai desejar isso!

(Sócrates) – Falando assim, parece tudo muito simples.

(Pafúncio) – Quando nossas idéias estão centradas apenas onde devem estar, É tudo muito
simples. Veja como funcionam as coisas na natureza.

(Sócrates) – Mestre, você é um gênio.

(Pafúncio) – Não, na verdade é você que é muito burro.

(Sócrates) – Também. Mas, já fui pior.

(Pafúncio) – Então, encerro este diálogo dizendo que:

Quando não houver mais diferença entre o viver e o trabalhar. Ao ponto das pessoas nem
mais saberem diferenciar uma coisa da outra. E o trabalho honesto possuir uma valoração
totalmente diferente do atual "ter que trabalhar", ou do "explorar o próximo para
enriquecer". O trabalho se tornará algo tão agradável que nem mais teremos necessidade de
cobrar por ele. Pois a vida se tornará a própria recompensa. E a humanidade nunca mais
será a mesma.

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