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Introdução aos Sistemas

Dinâmicos - Parte 2

Cristina Lizana Araneda (UFBA)

XXIII Escola de Verão UFSC


UFSC, 1 de fevereiro de 2022.

C. Lizana Introdução aos Sistemas Dinâmicos (2)


Endomorfismos em S1
Considere o cı́rculo unitário S1 = [0, 1]/ ∼, onde ∼ é uma
relação de equivalência em R definida por
x ∼ y ⇔ x − y ∈ Z,
com x, y ∈ R.

x y
-3 -2 -1 0 1 2 3

{ x‐y=‐2

0 1

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Mapas expansores
Defina o mapa E : S1 → S1 dado por

2x, se 0 ≤ x < 1/2
E(x) = 2x mod 1 =
2x − 1, se 1/2 ≤ x < 1
1

0 1/2 1
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Propriedades de E

E é um mapa contı́nuo;
E é sobrejetor;
E é diferenciável;
E não é invertı́vel, pois todo ponto de S1 tem
duas pré-imagens. Neste caso dizemos que E é
um endomorfismo.

Dado k ∈ N, os pontos k-periódicos de E são dados por:


p
x= , p = 1, 2, ..., 2k − 1.
2k −1

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E é (topologicamente) transitiva.

Lema
Sejam X um espaço métrico separável, localmente
compacto e f : X → X contı́nua. f é topologicamente
transitiva se e somente se para quaisquer dois aber-
tos U, V ⊂ X existe n ∈ N tal que fn (U) ∩ V ̸= ∅.

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1

0 1/2 1

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Dinâmica simbólica
P
Considere 2 = {x = (x0 , x1 , x2 , ...) : xj ∈ {0, 1}} conjunto
das sequências com entradas em {0, 1}.
P P
Seja d : 2 × 2 → [0, +∞) dada por


X |xi − yi |
d(x, y) = .
i=0
2i

Exercı́cio
P
d é uma métrica. Portanto, ( 2 , d) é um espaço
métrico compacto.

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Proposição
P
Dados x, y ∈ 2,

1
xi = yi , para todo 0 ≤ i ≤ n ⇔ d(x, y) ≤ .
2n

Dem. Observar que


n ∞
X |xi − yi | X |xi − yi |
d(x, y) = i
+
2 2i
i=0 i=n+1

n ∞
X |xi − yi | X 1
≤ +
2i 2i
i=0 i=n+1

n
X |xi − yi | 1
= i
+ n
2 2
i=0
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Shift map
P P
Seja o mapa σ : 2 → 2 denominado Shift (ou deslo-
camento à esquerda) definido por

σ(x0 , x1 , ...) = (x1 , x2 , ...),


ou seja, σ((xi )i≥0 ) = (xi+1 )i≥0 .

Propriedade 1

σ tem pontos periódicos de todas as ordens.

Observe que os pontos periódicos de σ de perı́odo n são


as sequências da seguinte forma:
(x0 , x1 , . . . , xn−1 , x0 , x1 , . . . , xn−1 , . . .), com xi ∈ {0, 1}.
| {z } | {z }
bloco de tamanho n bloco de tamanho n

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Propriedade 2
P
Os pontos periódicos de σ são densos em 2.

P
Dem. Dados x = (x0 , x1 , x2 ...) ∈ 2 e ε > 0, escolha n ∈ N
1
tal que 2n−1 < ε e p = (xP 0 , ..., xn−1 , x0 , ..., xn−1 , . . .) ponto
periódico de perı́odo n de . Assim,
n−1 ∞
X |pi − xi | X |pi − xi |
d(p, x) = +
2i 2i
i=0 i=n
∞ ∞
X |pi − xi | X 1 1
= ≤ = n−1 < ε.
2i 2i 2
i=n i=n

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Propriedade 3

σ é transitiva
P
Dem. Seja x̄ = (0 1|00 01 10 11|000 001 . . . | . . .) ∈ 2
formada por todos os blocos e por todas as possı́veis com-
binações de 0’s e 1’s.
P
Dados ε > 0 e y ∈ 2 , vamos mostrar que existe algum
iterado n de σ tal que d(y, σ n (x̄)) < ε.
1
Fixe N ∈ N tal que 2N−1 < ε. Por construção de x̄, as N
primeiras entradas de y correspondem a algum sub-bloco
de x̄.

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Sendo assim, yi = xi+n para todo i ∈ {0, 1, ..., N −1} e para
algum n. Note que
σ n (x̄) = (xi+n )i = (xn , xn+1 , . . . , xn+i , . . .).
Com isso,
N−1
X |yi − xi+n | X |yi − xi+n |
d(y, σ n (x̄)) = +
2i 2i
i=0 i≥N
X |yi − xi+n | X1 1
= ≤ = N−1 < ε.
2i 2i 2
i≥N i≥N

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Exercı́cio
P
Seja N ={x̄ = (xi )i∈Z : xi ∈ {1, . . . , N}}, N∈N fixo. Prove que:
+∞
P P X |xi − yi |
d: N× → [0, ∞) definida por d(x̄, ȳ) :=
1
N
−∞
N|i|
é uma métrica.
P
2 ( N , d) é um espaço métrico compacto.
P P
3 Seja σ: N → N o shift bi-lateral definida por

σ(. . . , x−2 , x−1 , xb0 , x1 , x2 , . . .) = (. . . , x−2 , x−1 , x0 , xb1 , x2 , . . .),

σ é um homeomorfismo (b denota a entrada 0 da


sequência).
4 σ é transitiva, tem pontos periódicos de
P todas as ordens e
os pontos periódicos são densos em N .

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Expansão binária
Dado x ∈ [0, 1], segue que a sua expansão binária é dada

X xi
por x = . Portanto,
i=0
2i
∞ ∞
X 2xi X xi
E(x) = (mod 1) = (mod 1).
i=0
2i i=1
2i−1

Tomando j = i − 1, o mapa expansor pode ser reescrito da


seguinte forma

X xj+1
E(x) = (mod 1).
j=0
2j

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(Semi-)Conjugação

Dados X, Y espaços métricos e f : X → X e g : Y → Y


dois mapas contı́nuos. Dizemos que f e g são topologi-
camente semi-conjugados se existe h : X → Y um mapa
contı́nuo, sobrejetor tal que h ◦ f = g ◦ h.
A relação h ◦ f = g ◦ h significa que o seguinte diagrama
comuta.
f
X −−−→ X
 
 
yh yh
g
Y −−−→ Y

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No caso que h é um homeomorfismo, dizemos que f e g
são topologicamente conjugados

Exercı́cio
Se f e g são semi-conjugados, vale que
p ∈ X é perı́odico para f, então h(p) é periódico
para g e do mesmo perı́odo;
f é transitivo, então g é transitivo;
Per(f) é denso em X, então Per(g) é denso em
Y.
Se f e g for conjugados, as afirmações acima são
equivalentes.

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Itinerário

P 1
X ai
Defina ϕ : 2 → S por ϕ((ai )i≥0 ) = .
i=0
2i
∞ ∞
X ai X 1
ϕ está bem definido, pois i
⩽ = 2.
2 2i
i=0 i=0

ϕ não é injetivo, pois os pontos da forma 2kn com


0 ≤ k < 2n estão associados a duas sequências.
Por exemplo, o ponto 12 está associado a duas
sequências:
ϕ((0, 1, 0, 0, 0, ...)) = 1/2

X 1
ϕ((0, 0, 1, 1, 1, ...)) = = 1/2.
2i
i=2

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Fixe I(0) = [0, 1/2) e I(1) = [1/2, 1).
Note que I(0) ∩ I(1) = ∅ e I(0) ∪ I(1) = [0, 1]/ ∼.
Dado x ∈ S1 , definimos para cada k ≥ 0

 0, se Ek (x) ∈ I(0)
ak =
1, se Ek (x) ∈ I(1)

A sequência (a0 , a1 , ...) obtida é chamada de itinerário da


órbita de x.

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1

0 I(0) 1/2 I(1) 1


I(00) I(01) I(10) I(11)

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Proposição

S1 é uma semi-conjugação entre


P
O mapa ϕ :P 2 →P
o mapa σ : 2 → 2 e E : S1 → S1 .

Dem.
ϕ é contı́nua.
Sejam x ∈ 2 e ε > 0. Tome N ∈ N de modo que 21N < ε.
P

Fixe δ = 21N . Se y ∈ 2 satisfaz d(x, y) < δ = 21N , então


P
xi = yi ∀i ∈ {0, ..., N}. Sendo assim,

∞ ∞ ∞
X xi X yi X |xi − yi |
|ϕ(x) − ϕ(y)| = | i
− i
|≤
2 2 2i
i=0 i=0 i=0
∞ ∞
X |xi − yi | X 1 1
= ≤ = < ε.
2i 2i 2N
i=N+1 i=N+1

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ϕ é sobrejetora.
P∞ xi
Dado x ∈ S1 , x =P i=0 2i , com xi ∈ {0, 1}. Assim,
existe (xi )i≥0 ∈ 2 tal que ϕ((xi )i ) = x.
ϕ ◦ σ = E ◦ ϕ, isto é, o seguinte diagrama comuta
P σ P
2 2
ϕ ϕ
1
E 1
S S
P
Seja (xi )i ∈ 2. Note que,

X xi+1
ϕ(σ((xi )i )) = ϕ((xi+1 )i ) =
i=0
2i

! ∞
X xi X xj+1
E(ϕ((xi )i )) = E =
i=0
2i j=0
2j

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Proposição
P P
Seja ϕ uma semi-conjugaç ão entre σ : 2 → 2 e
E : S1 → S1 . Se x ∈ 2 é um ponto periódico de
P
perı́odo n para σ, então ϕ(x) é um ponto periódico
de perı́odo n para E.

Dem. Seja σ n (x) = x, com x ∈ 2 . Como ϕ é uma semi-


P
conjugação entre σ e E, tem- se que ϕ(σ n (x)) = En (ϕ(x)).
Com isso
ϕ(x) = ϕ(σ n (x)) = En (ϕ(x)).

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Proposição

Sejam ( 2 , σ) e (S1 , E) e ϕ : 2 → S1 uma semi-


P P
conjugação entre eles. Se Oσ+ (x) é densa em 2 ,
P
então OE+ (ϕ(x)) é densa em S1 . Portanto, E é transi-
tivo.
1
Dem. DadosP ε > 0 e y ∈ S , ϕ sobrejetiva implica que
existe s ∈ 2 tal que ϕ(s) = y.
Por ϕ ser contı́nua (em σ n (x)) e Oσ+ (x) ser densa, existem
δ > 0 e n > 0 tal que
d(s, σ n (x)) < δ ⇒ d(ϕ(s), ϕ(σ n (x)) < ε.
Sabendo que ϕ ◦ σ n = En ◦ ϕ e ϕ(s) = y, obtemos
d(y, En (ϕ(x)) < ε.

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Proposição

Sejam ( 2 , σ) e (S1 , E), e ϕ : 2 → S1 uma semi-


P P
conjugação entre eles. Se Per(σ) é denso em 2 ,
P
então Per(E) é denso em S1 .

1
Dem.P Dados ε > 0 e y ∈ S , como ϕ é sobrejetiva, existe
x ∈ 2 tal que ϕ(x) = y.
ϕ contı́nua e Per(σ) densos em 2 , existem δ > 0
P
ComoP
e p ∈ 2 ponto periódico tais que
d(p, x) < δ ⇒ d(ϕ(p), ϕ(x)) < ε.
Logo,
d(ϕ(p), y) < ε,
lembrando que ϕ(p) é ponto periódico para E.

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Exercı́cio
Seja EN : S1 → S1 o mapa expansor definido por
EN (x) = Nx mod 1. Provar que EN é P topologica-
mente semiconjugado ao shift lateral σ : + → +
P
N N
definido por σ((xi )i≥0 ) = (xi )i≥1 , onde +
P
N = {x̄ =
(xi )i≥0 : xi ∈ {1, . . . , N}}. Conclua que EN é transi-
tivo, tem pontos periódicos de todas as ordens e os
pontos periódicos são densos em S1 .

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Exercı́cio

3x, if x ≤ 1/2
Seja T (x) = .
3 − 3x, if x > 1/2
1 Grafique T e mostre no gráfico e analiticamente que, se
x > 1 ou x < 0, então T n (x) → −∞ quando n → ∞.
2 Determine os pontos fixos de T . Qual é a expansão
ternaria desses pontos?
3 Determine o conjunto Λ dos pontos no intervalo [0, 1] cuja
órbita fica sempre no intervalo. Prove que Λ é o conjunto
de Cantor ternario clássico.
P+
4 Defina a função itinerario ϕ : Λ → 2 . Prove que ϕ é um
homeomorfismo e conjuga topologicamente o shift σ e T .
Conclua que T |Λ é transitivo, tem pontos periódicos de
todas as ordens e Per(T ) é denso em Λ.

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Baker Map

Seja X = [0, 1) × [0, 1) o quadrado unitário.


Considere o mapa bidimensional F : X → X dado por

 y
 , se 0 ≤ x < 1/2
2x,
2



F (x, y) =  
 y +1
 2x − 1, , se 1/2 ≤ x < 1


2

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A F é obtida dividindo [0, 1) × [0, 1) em dois retângulos
verticais:

R0 = [0, 1/2) × [0, 1), R1 = [1/2, 1) × [0, 1)


expandindo e contraindo cada um para obter um intervalo
de largura 1 e altura 1/2. Ou seja,
F (R0 ) = [0, 1) × [0, 1/2), F (R1 ) = [0, 1) × [1/2, 1)

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1 1

F
1/2
F −1

0 1/2 1 0 1

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Observações:
F expande na horizontal por 2 e contrai na vertical por
1/2.
O mapa F é invertı́vel, cuja a inversa é dada por:
 x 
 , 2y , se 0 ≤ y < 1/2
2



F −1 (x, y) =  
 x + 1
, 2y − 1 , se 1/2 ≤ y < 1


2

A coordenada horizontal de F é identificada com o


doubling map (mapa expansor) E2 .

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2da Iteração

1 1

3/4

1/2

1/4

5 7
0 1
8
1
4
3
8
1
2 8
3
4 8 1 0 1
F −2 F2

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3ra Iteração

1 1
7/8

3/4

5/8

1/2
3/8

1/4

1/8

1 2 3 4 5 6 7
0 16 16 16 16 16 16 16
1 9 10 11 12 13 14 15
2 16 16 16 16 16 16 16 1 0 1

F −3 F3

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Proposição

O mapa F é uma extensão invertı́vel do doubling


map E2 , isto é, existe uma semi-conjugação entre
F e E2 .

Dem. Provemos que π : [0, 1)2 → [0, 1) a projeção na


primeira coordenada dada por π(x, y) = x semi-conjuga
F e E2 .

Observe que π é contı́nua e sobrejetora. Então resta mostrar


que π(F (x, y)) = E2 (π(x, y)), i.e. o diagrama comuta.

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F
[0, 1) × [0, 1) [0, 1) × [0, 1)
π π
E2
[0, 1) [0, 1)

De fato,
π(F (x, y)) = π(2x mod 1, y/2)
= 2x mod 1 = E2 (x)
= E2 (π(x, y)).

Com isso F e E2 são semi-conjugadas por π e portanto F


é uma extensão de E2 .

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Dinâmica Simbólica
Dados n, m ∈ N e ak ∈ {0, 1}, considere
R−m,n (a−m , ..., an )={(x, y) ∈ X : F k (x, y)∈Rak com −m ≤ k ≤ n}

conjunto dos pontos cujo o bloco dos itinerários de −m a


n é dado pelo dı́gitos

a−m , a−m+1 , ..., a1 , ..., an .


A construção desses conjuntos é dada por
n
\
R−m,n (a−m , ..., an ) = F −k (Rak )
K =−m

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Exemplo-iteradas futuras
Lembrete: R1 = [1/2, 1) × [0, 1).

R0,1 (1, 0) = R1 ∩ F −1 (R0 )


1 1

0 1/4 1/2 3/4


1 0 1/4 1/2 3/4
1
−1 R0,1 (1, 0)
F (R0 )

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Lembrete: R0 = [0, 1/2) × [0, 1).
R0,2 (0, 0, 1) = R0 ∩ F −1 (R0 ) ∩ F −2 (R1 )

1 1

5 7 5 7
0 1
8
1
4
3
8
1
2 8
3
4 8 1 0 1
8
1
4
3
8
1
2 8
3
4 8 1
F −2 (R1 ) R0,2 (0, 0, 1)

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Observações:
1
Os retângulos são verticais de largura e altura 1
2n+1
R0,n (a0 , ..., an ) = I(a0 , ..., an ) × [0, 1)
 
k k +1
Cada retângulo é da forma n+1 , n+1 × [0, 1) com
2 2
n+1
0⩽k <2 .

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Exemplo-iteradas passadas
Lembrete: F (R1 ) = [0, 1) × [1/2, 1)
R−2,−1 (0, 1) = F 2 (R0 ) ∩ F (R1 )

1 1

3/4 3/4

1/2 1/2

1/4 1/4

0 1 0 1
2 R−2,−1 (0, 1)
F (R0 )

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R−3,−1 (0, 0, 1) = F 3 (R0 ) ∩ F 2 (R0 ) ∩ F (R1 )
1 1
7/8 7/8

3/4 3/4

5/8 5/8

1/2 1/2

3/8 3/8

1/4 1/4

1/8 1/8

0 1 0 1
F 3 (R0 ) R0,2 (0, 0, 1)

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Os retângulos da forma
R−n,−1 (a−n , ..., a−1 )
1
são horizontais de altura e largura 1.
2n

Caso geral

Os retângulos da forma R−m,n (a−m , ..., an ) são com


1 1
largura n+1 e altura m .
2 2

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R−1,0 (0, 1) = F (R0 ) ∩ R1

3/4

1/2

1/4

0 1/4 1/2 3/4


1
R−1,0 (0, 1)

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R−1,1 (1, 0, 1) = F (R1 ) ∩ R0 ∩ F −1 (R1 )

3/4

1/2

1/4

0 1/4 1/2 3/4


1
R−1,1 (1, 0, 1)

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Dinâmica Simbólica

Note que
a sequência futura (ai )∞ ∞
i=0 da sequência (ai )i=−∞ será
usado para obter a expansão binária de x;
a sequência passada (ai )−1 ∞
i=−∞ da sequência (ai )i=−∞
está relacionado com a expansão binária da
coordenada vertical y.
Usando este fato, podemos construir a semi-conjugação
do Baker map com o shift bilateral.

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P
Seja ψ : 2 → X o mapa definido por
∞ ∞
!
X ai−1 X a−i
ψ((ai )∞
i=−∞ ) = (x, y ) = ,
2i 2i
i=1 i=1

P
Observação: O mapa ψ : 2 /∼→ X também está bem
definido, pois sequências equivalentes a ∼ a′ são exata-
mente do tipo
∞ ∞ ′
X ai−1 X ai−1
= .
2i 2i
i=1 i=1

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Teorema
P
O mapa ψ : 2 /∼→
P X é uma
P semi-conjugação entre
F : X → X e σ : 2 /∼→ 2 /∼.

Dem.
ψ é sobrejetor.
De fato, dado (x, y) ∈ X , podemos escrever
∞ ∞
X ai−1 X a−i
x= i
,y = .
2 2i
i=1 i=1

Assim, existe (ai )∞


i=−∞ tal que ψ((ai )∞
i=−∞ ) = (x, y).

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ψ é contı́nua.
P
Segue do P fato que ϕ : 2 → [0, 1) dado por
ϕ((ai )i ) = ∞ ai
i=1 2i é contı́nuo (doubling map).

ψ ◦ σ = F ◦ ψ.
Por um lado,
∞ ∞
X ai X a−i+1
ψ(σ(ai )∞
i=−∞ ) = ψ((ai+1 )∞
i=−∞ ) =( , ).
2i 2i
i=1 i=1

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Observe que, se a0 é o primeiro dı́gito da expansão binária
de x, temos que a0 = 0 se 0 ≤ x < 1/2, a0 = 1 se 1/2 ≤ x < 1.
Com isso F (x, y) = (2x mod 1, y+a 2
0
). Logo
∞ ∞
!
X a i−1
X a−i
F (ψ(ai )∞
i=−∞ ) = F ,
2i 2i
i=1 i=1
∞ ∞
!
X ai−1 a0 X a−i
= 2 mod1, +
2i 2 2i
i=1 i=1
∞ ∞
!
X ai X a−i+1
= , .
2i 2i
i=1 i=1

Portanto, ψ ◦ σ = F ◦ ψ e com isso o Baker map é semi-


conjugado ao shift bilateral.

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Teorema
O Baker map F é um mapa transitivo, tem pontos
periódicos de todas as ordens e Per(F ) é denso em
X.

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Referências

Brin, M; Stuck, G. Introduction to dynamical systems.


Devaney, R. A first course in chaotic dynamical
systems. Theory and experiment.
Devaney, R. An introduction to chaotic dynamical
systems.
Hasselblatt, B.; Katok, A. A first course in dynamics
with a panorama of recent developments.

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