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All content following this page was uploaded by Vicente de Paula Queiroga on 31 July 2023.
1ª Edição
CENTRO INTERDISCIPLINAR DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO E DIREITO
CONSELHO EDITORIAL
1ª Edição
2023
©Copyright 2023 by
Organização do Livro
VICENTE DE PAULA QUEIROGA, JOSIVANDA PALMEIRA GOMES, BRUNO ADELINO DE
MELO, DENISE DE CASTRO LIMA, NOUGLAS VELOSO BARBOSA MENDES, ROSSANA
MARIA FEITOSA DE FIGUEIRÊDO, ESTHER MARIA BARROS DE ALBUQUERQUE
Arte da Capa
ESTHER MARIA BARROS DE ALBUQUERQUE
Editoração
ESTHER MARIA BARROS DE ALBUQUERQUE
Diagramação
ESTHER MARIA BARROS DE ALBUQUERQUE
ISBN 978-65-87070-34-6
CDU 634.2
Ficha Catalográfica Elaborada pela Direção Geral da Revista Eletrônica A Barriguda - AREPB
Todos os direitos desta edição reservados à Associação da Revista Eletrônica A Barriguda – AREPB.
Foi feito o depósito legal.
O Centro Interdisciplinar de Pesquisa em Educação e Direito – CIPED,
responsável pela Revista Jurídica e Cultural “A Barriguda”, foi criado na cidade de
Campina Grande-PB, com o objetivo de ser um locus de propagação de uma nova maneira
de se enxergar a Pesquisa, o Ensino e a Extensão na área do Direito.
A ideia de criar uma revista eletrônica surgiu a partir de intensos debates em torno
da Ciência Jurídica, com o objetivo de resgatar o estudo do Direito enquanto Ciência, de
maneira inter e transdisciplinar unido sempre à cultura. Resgatando, dessa maneira,
posturas metodológicas que se voltem a postura ética dos futuros profissionais.
Os autores
SUMÁRIO
------------------------------------
(1) Pesquisador da Embrapa Agroindústria Tropical, Fortaleza-CE.
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CAPÍTULO I
INTRODUÇÃO
A produção comercial da pinha tende a crescer em áreas irrigadas do Nordeste, cujo clima
é bastante positivo para o sucesso da cultura, pois favorece sua produção na entressafra,
quando acompanhada de um manejo que utiliza técnicas apropriadas de plantio, poda,
adubação e polinização. O Estado da Bahia detém o título de maior produtor de pinha do
país, com uma área que ultrapassa 5.400 ha (NOGUEIRA, 2002; KILL; COSTA, 2003;
SOUSA, 2005).
Por apresentar boa qualidade de frutos (GOUVEIA et al., 2006), além de satisfatória
rentabilidade, esta espécie vem despertando o interesse dos fruticultores de várias partes
do País, para o seu cultivo, pois além das propriedades alimentares, as anonáceas
apresentam valor medicinal, propriedades farmacêuticas (SINGH, 2011; MADHU et al.,
2012) e, ainda, potencial como inseticidas (SEFFRIN et al., 2010). Contudo, o
desconhecimento de tecnologias que permitam melhorias no manejo da cultura,
principalmente no que concerne à produção de mudas (SAMARÃO et al., 2011;
COELHO et al., 2012), aos métodos de polinização (MOTA FILHO et al., 2012) e à
qualidade de frutos (SOUZA et al., 2012; MIZOBUTSI et al., 2012), vem limitando a
expansão da área plantada no Brasil, apesar do interesse dos produtores, atraídos pelos
preços de mercado dessa fruta (COSTA et al., 2002).
estímulo para a obtenção do novo ciclo são muito influenciadas pelas condições
climáticas, necessitando de regionalização dos estudos (DIAS et al., 2003).
A prática de indução floral, através da poda de produção, aliada a outra técnica, como a
polinização artificial, é indispensável para uniformizar a produção, obter maior
vingamento e melhor qualidade dos frutos, além de incrementar a produtividade (MOTA
FILHO et al., 2012), que, consequentemente, proporcionará maior remuneração ao
produtor. Em pinheiras, quando ocorre boa polinização, os frutos desenvolvem-se
normalmente, apresentando maior porcentagem de frutos formados e perfeitos, além de
frutos com maior comprimento e diâmetro (CAMPOS et al., 2004). Além disso, o
aumento da frutificação por meio da polinização artificial tem sido divulgado em
trabalhos científicos em anonáceas (MOTA FILHO et al., 2012).
Também é importante destacar que a pinha é uma fruta que apresenta rápido
amadurecimento após a colheita ou vida de prateleira muito curta, sendo altamente
perecível. Em condição ambiente, a vida útil pós-colheita desse fruto é de apenas três a
cinco dias, razão pela qual é comercializada apenas no mercado interno. O principal fator
depreciador da qualidade pós-colheita da pinha é a rápida perda de firmeza da polpa
(GOÑI et al., 2010). Por se tratar de um fruto climatérico, completa seu amadurecimento
em poucos dias sob condições favoráveis, e as mudanças que causam a perda de firmeza
e o escurecimento do fruto devem-se à rápida elevação da taxa de biossíntese de etileno,
no início do processo de amadurecimento (MOSCA, 2002).
Por sua vez, a pinha é consumida in natura com uso restrito na agroindústria, como
produto congelado ou processado para obtenção de polpa, refresco, mouse e sorvete,
já que a polpa tem limitações para o processamento industrial devido ao escurecimento
do suco, produzido em razão da presença das enzimas polifenoloxidases (ALMEIDA et
al., 2005).
Segundo Muniz et al. (2002), a ata ou pinha, embora comercializada em vários estados
brasileiros, apresenta uso muito restrito na agroindústria; é bastante aromática, de sabor
agradável, açucarada e com baixa acidez; apresenta 48,13% de rendimento de polpa e
teores médios de sólidos solúveis totais de 27 ºBrix, 15,96% de açúcares redutores e pH
em torno de 5,23.
IMPORTÂNCIA ECONÔMICA
Por outro lado, uma expansão significativa do cultivo da pinha vem se registrando na
região semiárida do nordeste brasileiro em função do emprego da irrigação associada às
condições climáticas favoráveis à sua produção; permitindo ao produtor não só a obtenção
de frutos na entressafra como também uma maior produtividade e melhor qualidade do
fruto.
De acordo com Dias et al., (2003) essa fruta é cultivada em escala comercial nas regiões
Sudeste e Nordeste do Brasil e se destaca no mercado das frutas frescas principalmente
pelo seu consumo in natura, além do seu sabor apresentar uma palatabilidade agradável.
Apesar de ser consumida principalmente in natura, a pinha pode ser utilizada para a
produção de sucos, doces, sorvetes, licores e farmacopeia.
Figura 2. Fruta da pinha e subprodutos da semente. Foto: Neeraj Kumari et al., 2022
ORIGEM E HISTÓRIA
A literatura reflete uma controvérsia sobre o centro exato de origem da pinha. É evidente
que, nos primeiros tempos, a localização original da cultura era desconhecida, conforme
relatado por Morton, (1987). No entanto, Le Bellec e Le Bellec, (1997) observaram que
a pinha é originária da América do Sul tropical, enquanto Nakasone e Paull, (1998)
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A pinha é uma das frutas mais importantes do interior do Brasil (MORTON, 1987), é
cultivada na Indonésia, China, Austrália (LE BELLEC; LE BELLEC, 1987) e é a espécie
de Annona mais cultivada nas regiões tropicais das Américas, África, Ásia e Pacífico
(NAKASONE; PAULL, 1998).
Segundo Vithanage (1984), a pinha apresenta flores pendentes, com os pistilos ocupando
o centro do receptáculo cônico, enquanto as anteras se localizam na periferia. A polpa é
branca, doce e aromática, recobrindo um grande número de sementes.
No Brasil ainda não existem variedades melhoradas de pinha. A propagação é quase que
exclusivamente por sementes e os pomares apresentam grande variabilidade genética. Em
Cuba há registro de uma variedade de pinha sem sementes que não é tão produtiva quando
as com sementes, embora idêntica aos outros aspectos morfológicos (ARAÚJO et al.,
1999).
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No Brasil, são cultivados 10.500 ha de pinheira com uma média de 21.000 toneladas
(IBGE, 2010), sendo o nordeste responsável por mais de 70% deste total (IBGE, 2010).
A cultura da pinheira ocorre desde a região Norte até a região Sudeste, destacando-se
como produtores os Estados de Alagoas, Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Norte,
Sergipe, Minas Gerais e São Paulo, onde se encontram alguns dos plantios com melhor
nível tecnológico (ARAÚJO FILHO et al., 1998; ARAÚJO et al., 2002; PINTO et al.,
2005), sendo o estado da Bahia o maior produtor brasileiro com 3.500 ha cultivados
(LEMOS, 2014), seguido de Pernambuco e Alagoas (IBGE, 2010). São Paulo é o único
Estado fora da região Nordeste, além da região semiárida de Minas Gerais, que apresenta
produção significativa de pinha. Todavia, a cultura da Annona squamosa L. é cultivada e
comercializada em grande parte dos continentes (EGYDIO BRANDÃO; SANTOS,
2016).
A Bahia figura como o principal Estado produtor de pinha no Brasil. A região de Irecê,
na zona semiárida, principalmente o município de Presidente Dutra, possui em torno de
700 ha de pinha irrigada e 1.800 ha de sequeiro (CGEA/IBGE, 2013) com forte
prevalência da agricultura familiar em propriedades com área total de até 20 ha e até 5 ha
cultivados com pinheira. Esta região possui boas condições de clima e solo para a pinheira
e, através de práticas culturais adequadas, pode-se produzir até duas safras anuais, desde
que se faça a irrigação dos pomares (PEREIRA et al., 2010)
A pinha (Annona squamosa, L), também conhecida como ata ou fruta do conde é uma
espécie de anonacea originaria das Antilhas, na América Tropical, mais provavelmente
da Ilha de Trindade. O seu cultivo no Brasil iniciou em 1626, no estado da Bahia e logo
após se expandiu para outras regiões nordestinas (RADÜNZ et al., 2019). A espécie foi
introduzida no Brasil por Diogo Luís de Oliveira, Conde de Miranda (ARAÚJO et al.,
1999), daí ser mais adequada a denominação fruta-do-conde para esta espécie (Figura 3).
- Aspecto botânico
Ordem: Magnoliales;
Família: Annonaceae;
Subfamília: Annonoideae;
Gênero: Annona;
Na família annonaceae, os três gêneros mais importante são: Annona, Rollinia e Aberonoa
(MANICA et al., 2003). O gênero Annona é o mais importante economicamente e tem na
Annona squamosa uma de suas principais espécies por produzir frutos delicados e,
considerados por alguns, os melhores gêneros (ALVES et al., 2000).
As principais espécies que constituem o gênero Annona são: a graviola (Annona muricata
L.), a ata, fruta-do-conde ou pinha (Annona squamosa L.), a cherimólia (Annona
cherimola Mill), a condessa (Annona reticulata L.), a atemóia (híbrido de Annona
cherimola L. x Annona squamosa L.), a cabeça-de-negro (Annona coriaceae), o araticum-
do-campo (Annona dióica), o araticum-do-brejo (Annona paludosa) e a ilama ou papausa
(Annona diversifolia) (MANICA et al., 2003).
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- Aspecto morfológico
Planta – A pineira é considerada uma árvore de baixo porte, com 4 a 6 metros de altura
e muito ramificada (Figura 4). Apresenta raízes do tipo pivotante, que geralmente atingem
profundidades consideráveis (CAVALCANTI, 1993). As folhas são decíduas, de lâminas
oblongo-elípticas, de ápice obtuso, agudo ou acuminado, medindo de 4,5 a 15,6 cm de
comprimento por 2,1 a 6,2 cm de largura, sendo de coloração verde-brilhante na face
superior e de cor verde-azulada na face inferior (LEMOS; CALVALCANTI, 1989;
Figura 5). Esta espécie apresenta as partes masculinas e femininas na mesma planta e na
mesma flor, sendo, portanto, classificada como uma planta hermafrodita, com as flores
que se originam dos pequenos ramos novos, sendo pendentes, solitárias ou em grupo de
duas a quatro (HOEHNE, 1946).
Flor – As flores são originadas dos ramos novos, apresentando-se pendentes, solitárias
ou em grupos de duas a quatro. Possuem 3 pequenas sépalas que abraçam levemente a
parte basal das pétalas e são triangulares, medindo de 2,5 cm a 3,8 cm de comprimento
(LEÓN, 1987). As pétalas externas, também em número de três, são lanceoladas e
grossas, de corte triangular com 1,5 cm de comprimento. Sua coloração por fora é amarela
verdosa e por dentro amarelada, contendo uma mancha roxa na base. As pétalas do
verticilo interno são ovaladas, medindo de 6 mm a 8 mm de comprimento, que caracteriza
as espécies do gênero, são totalmente atrofiadas na pinha (KAVATI, 1997b). O
receptáculo ocupa o centro da flor (Figura 8) e na sua base existem numerosos estames
amarelos com filetes curtos, com duas anteras cada um e, na parte superior, muitos
carpelos purpúreos, uniovulados e estão juntos em forma de abóbadas acima dos estames.
Segundo Kavati (1997a) e Donadio et al. (1998), as flores são hermafroditas, solitárias
ou agrupadas de 2 a 4 flores. O gineceu sincárpico e unilocular, consta de um elevado
número de carpelos que varia de 50 a 150 em função do tamanho da flor (KAVATI,
1992). Embora sejam morfologicamente perfeitas (hermafroditas), as flores da pinheira
apresentam dicogamia protogínica, fenômeno no qual a maturidade sexual das estruturas
reprodutoras femininas ocorre antes e a das estruturas reprodutoras masculinas depois,
limitando a ocorrência das autofecundações (MODESTO; SIQUEIRA, 1981).
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Na parte basal das três pétalas, encontram-se os órgãos sexuais, formados por vários
estames, distribuídos ao redor de um grande número de pistilos inseridos em uma
estrutura com formato de cúpula (Figuras 9 e 10), formada pelo pedicelo (VIDAL
HERNANDEZ, 1993). Quando as flores ainda estão fechadas, os pistilos apresentam uma
coloração marrom claro e tornam-se brilhantes quando ocorre a maturidade sexual,
possibilitando a receptividade dos estigmas brancos quando as pétalas se abrem (abertura
da flor). Nessa fase de maturidade, o estigma libera um líquido viscoso que serve para
prender o grão de pólen no momento da polinização (GARDIAZABAL; ROSENBERG,
1993). Os estames, em número de 150 a 200 por flor, apresentam filetes curtos e duas
anteras bitecas (KAVATI; PIZZA JÚNIOR, 1997) e liberam os grãos de pólen a partir de
algumas horas depois de iniciada a abertura floral, quando as pétalas já se encontram
murchas.
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Figura 9. Flor da pinha com coloração amarelada da parte interna das pétalas e manchas
roxa na base e na base do receptáculo existe um anel de vários estames inserido na base
das pétalas, envolvendo uma massa piramidal de pistilos arranjados espiraladamente,
cada qual com seu óvulo.
Figura 10. A) Botão floral de Annona squamosa L. e B); Flor ainda fechada e C) Pistilos
e estames (pétalas cortadas) de Annona squamosa L. Fotos: Godofredo U. Stuart Jr.;
Arbocenter e Ribeiro (2005).
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b) Pré-feminino – Nesse estágio as pontas das pétalas começam a se separar, mas não as
suas bases. Os estigmas, embora receptivos dura aproximadamente de 5 a 20 horas.
Segundo Kumar et al. (1977), a fase floral da pinha dura aproximadamente 35 dias. No
início de seu desenvolvimento, a gema floral, que tem um formato anatômico oval, se
diferencia da gema vegetativa, que é larga. Logo após essa fase, ocorre uma lentidão no
crescimento do botão floral. Essa lentidão é superada pela aceleração, quando o botão
alcança cerca de 15 mm. Ao passo que se desenvolve, o botão floral adquire cor verde
opaco (LEDERMAN; BEZERRA, 1997).
O período de duração, que vai do aparecimento da gema até a pré-antese, ocorre entre 60
e 82 dias, conforme Escobar et al. (1986). Para esses autores, a abertura floral – período
no qual a flor se apresenta no estádio feminino – tem seu início a partir do topo das flores;
seu desenvolvimento completo expõe os pistilos e os estames, devido à flexão que as
pétalas fazem para baixo. Do início desse processo até a abertura total da flor leva-se mais
ou menos um dia. As pétalas se desprendem da base e caem cerca de 2 a 3 dias após a
abertura floral.
até o meio dia do dia seguinte, os estigmas estão receptivos aos grãos de pólen. Depois
desse período, perdem a capacidade de receptividade (LEDERMAN; BEZERRA, 1997).
O estágio masculino da flor da pinha (Figura 12) tem seu início quando o estigma perde
a receptividade e caracteriza-se no momento em que ocorre a deiscência das anteras. Essa
fase geralmente se define entre as 4 h e as 6 h da manhã, permanecendo assim até as 10
horas da manhã (LEON, 1987; ARAÚJO et al., 1999).
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Para Kiill e Costa (2000), a duração da flor em fase feminina acontece nas primeiras 20
horas e em fase masculina nas 20 horas seguintes, caracterizando a dicogamia
protogínica. Já para Peña et al. (2002), a fase masculina das flores da pinha só ocorre 24
horas após ter atingido o estágio feminino. Enquanto os coleópteros da família Nitidulidae
são os principais visitantes e, de acordo com a frequência, horário e comportamento
apresentado, são considerados como polinizadores desta espécie (KILL; COSTA, 2000).
Nas condições do Estado de São Paulo, após 25 a 30 dias do aparecimento dos botões
florais, ocorre a antese. Na Índia, este intervalo é de 31 a 35 dias, na Austrália, de 15 a 20
dias, de acordo com Kshisagar (1976), Kumar et al. (1977) e Vithanage (1984) citados
por Kavati (1997). Portanto, a floração é influenciada por fatores internos e externos e
contribui diretamente para a produção de frutos. Lemos et al. (2000) citando Salisbury e
Ross (1991) afirmaram que existem evidências de que a iniciação floral é controlada ou
fortemente influenciada por hormônios em resposta a estímulos ambientais.
Fruto – A pinheira começa a frutificar com três a quatro anos de idade (ORWA et al.,
2009; Figura 13). O fruto é uma baga composta (sincarpo), arredondado, ovoide, esférico
ou cordiforme, com 5 cm a 10 cm de diâmetro, formado por carpelos muito proeminentes
na maioria das cultivares que estão separados na base por uma linha creme, alaranjada ou
roxa, característica da cultivar, coberto externamente de saliências achatadas em forma
de tubérculos regularmente expostos. O seu comprimento varia de 3,2 a 7,5 cm
(FOLORUNSO; OLORODE, 2006), o diâmetro de 5 a 13 cm e o tamanho (fruto)
certamente depende da cultivar, polinização, nutrição e outros fatores (PINTO et al.,
2005). A casca é verde-escura, coberta por um pó esbranquiçado no início de seu
desenvolvimento, porém existem tipos com frutos amarelos ou roxos (MANICA et al.,
2003).
Figura 13. Ramo da pinheira com frutos em estágio de desenvolvimento (frutos isolados
e agrupados). Fotos: Viveiro Cultura Ecológica e Natureza Bela.
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Figura 14. Frutos, polpa e sementes de Annona squamosa (pinha). Fotos: Godofredo U.
Stuart Jr.
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No Brasil e em Cuba, entretanto, ocorre um tipo de pinha com frutos sem sementes. Os
frutos não amadurecem todos de uma vez, dando ao produtor a chance de colhê-los numa
estação bastante longa. Começa no meio do verão e dura até o outono, mas pode durar
até o meio do inverno se não houver geada, dando uma temporada de 3 a 6 meses
(PHILLIPS; CAMPBELL, 1994).
Sementes – Sendo encontradas em média 50 sementes por fruto, as sementes são escuras,
as quais possuem coloração preta brilhante ou castanha-clara e tem a forma elítica,
medindo de 1,4 a 2,3 cm de comprimento por 0,8 a 1,2 cm de largura (HOEHNE, 1946;
MANICA et al., 2003). A semente possui um tegumento resistente, quase impermeável,
o que dificulta a sua germinação.
- Aspecto fisiológico
Germinação e quebra de dormência – A propagação por sementes pode ser feita quando
se pretende produzir porta-enxertos ou na produção de mudas de pinha (Figura 16). No
caso da pinha, como ainda não existe uma cultivar definida para plantio comercial e pela
relativa uniformidade das plantas no campo, recomenda-se o plantio de mudas oriundas
diretamente de sementes.
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De acordo com estudo realizado por Ferreira et al. (1997), no qual estudou-se a curva de
embebição de sementes de Annona squamosa, esta espécie não apresenta
impedimento físico à entrada de água, o que descarta a dormência de ser causada por
impermeabilidade da água ao tegumento. O método de quebra de dormência utilizando
ácido giberélico já foi utilizado para algumas espécies da família Anonnaceae.
Sousa et al. (2008), encontraram os melhores resultados com o uso de ácido giberélico a
50 e 750 mg L-1 embebidos por 12 horas, em sementes de pinha. Tratamentos visando
acelerar e uniformizar o processo germinativo em sementes de pinha têm sido aplicados
por alguns pesquisadores (ARAÚJO et al., 1999; STENZEL et al., 2003). No entanto os
resultados não são consistentes, havendo recomendação do uso do ácido giberélico em
dosagens de 50 mg L-1 (STENZEL et al., 2003) a 750 mg L-1, conforme apresentado por
Araújo (1991).
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BIOLOGIA FLORAL
Indução floral. A prática de indução floral, através da poda de produção, aliada a outra
técnica, como a polinização artificial (Figura 17), é indispensável para uniformizar a
produção, obter maior vingamento e melhor qualidade dos frutos, além de incrementar a
produtividade (MOTA FILHO et al., 2012), que, consequentemente, proporcionará maior
remuneração ao produtor. Em pinheiras, quando ocorre boa polinização, os frutos
desenvolvem-se normalmente, apresentando maior porcentagem de frutos formados e
perfeitos, além de frutos com maior comprimento e diâmetro (CAMPOS et al., 2004).
Figura 17. Polinização manual (artificial) da flor da pinheira. Foto: Ribeiro (2005).
necessária sua proteção, com o pincelamento de solução de cal (10%) ou tinta látex branca
(também diluída) com uma brocha (pincel de paredes).
Figura 18. Mistura de ureia + ethefhon para induzir a abscisão foliar em pinha adulta em
campo. Fotos: Dreamstime.com.
Em março de 2001, Santos et al. (2014) realizam uma poda de limpeza no pomar
experimental plantado com a pinheira, instalado no município de São Francisco do
Itabapoana-RJ. Após esta etapa, ocorreram as podas de produção, efetuadas mensalmente
a partir do mês de maio até setembro de 2001, onde os ramos foram encurtados a um
comprimento médio de 25 cm. Além da poda, foi realizada manualmente a desfolha dos
ramos, iniciando-se da extremidade para sua base, para estimular o desenvolvimento
vegetativo das gemas localizadas nas axilas das folhas (Figuras 19 e 20).
Figura 19. Desfolha manual e poda de encurtamento dos ramos simultaneamente. Fotos:
Garden Florida.
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Figura 20. Plantas de pinha após a poda e desfolha dos ramos (A); Brotações uniformes
15 dias após poda de frutificação (B). Maceió, AL. Fotos: Lima Salvador, T. (2012).
Figura 22. Surgimento de botões florais e uma flor aberta da pinheira Foto: Stock-
Shutterstock.
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Figura 23. Fruto desuniforme (A), resultado de polinização natural e fruto uniforme
(B), oriundo de polinização artificial. Foto: Santos (2005).
Figura 24. Flores no estágio feminino (A) e no estágio masculino (B). Fotos: Rolando
Pérez
Figura 25. Coleta de pólen de flores de pinha em estágio feminino (A); Flor de pinha
polinizada (B). Maceió, AL. Fonte: Santos, S. O. e Lima Salvador, T. (2012).
Nesse contexto, segundo Silva (2000), para a polinização manual da pinha, faz-se
necessária à coleta dos grãos de pólen, o que pode ocorrer das seguintes formas: quando
alcançam a fase feminina, as flores são coletadas, armazenadas em bandejas, dispostas
em uma camada, e abrigadas em local fresco. Quando elas atingem a fase masculina, os
grãos de pólen são coletados e levados para o campo; assim, as flores que se encontram
no estágio fêmea são polinizadas, com o auxílio de um pincel número doze. Esta mesma
técnica foi utilizada por Koga et al. (2000), sendo que as flores em estágio feminino foram
colhidas a partir das 17 horas e espalhadas numa peneira de crivo fino sobre um papel de
superfície lisa e guardadas em local seco. Na manhã seguinte, quando atingiram o estágio
masculino, foram peneiradas e o pólen recolhido foi acondicionado em recipientes
plásticos e levado para o campo. O pólen deve ser transportado para o campo numa caixa
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Portanto, a polinização de flores de pinha deve ser executada nas primeiras horas da
manhã, selecionando as flores que tenham alcançado o seu completo desenvolvimento,
porém sem atingir o estágio de flor macho (ZAYAS, 1966). Estudos realizados por
Nietsche et al. (2002), avaliando diferentes horários de polinização de flores de pinha no
Norte de Minas Gerais demonstraram que a polinização artificial no horário de 6 às 10
horas da manhã proporcionaram porcentagem de vingamento de frutos superior a 90%, e
frutos mais pesados.
De acordo com o trabalho realizado por Pereira et al. (2003), verificaram na pinheira que,
a partir das 5 horas da manhã, a flor em estádio feminino já se encontra apta para receber
os grãos de pólen. Os autores verificaram uma taxa de 83,33% de vingamento de frutos
nas flores polinizadas nesse horário. Enquanto a passagem do estádio feminino para o
estádio masculino ocorreu por volta das 4 horas da manhã em 100% das flores (20 horas
depois) que se encontravam no estádio feminino no dia anterior, sendo esta fase
caracterizada pela abertura completa das flores e deiscência das anteras (RIBEIRO et al.,
2007).
Carvalho et al. (2000) relataram que o estágio masculino nas espécies protogínicas das
anonaceas ocorre entre 3 e 6 horas da manhã por ocasião do início da liberação dos grãos
de pólen. Esses detalhes são de extrema importância para auxiliar os produtores que,
costumeiramente, na região estudada, dão início às atividades de polinização manual
C a p í t u l o I | 43
entre 6 e 7 horas da manhã. De acordo com esse estudo, o horário de polinização poderia
iniciar às 5 horas da manhã, aproveitando melhor o pólen disponível.
Estudos realizados por Kavati (1997), indicam que em flores de pinheira pode haver entre
50 e 150 carpelos, podendo variar em função do comprimento da flor. Os resultados deste
trabalho são semelhantes aos obtidos por Sanchez (1991), que ao estudar a biologia floral
da cherimólia obteve médias de até 150 carpelos/flor. As flores maiores apresentam base
mais larga e por isso possuem maior número de carpelos. Estudos realizados por Nietsche
et al. (2003), demonstraram que a polinização artificial de flores de pinheira com
comprimento de 3,5 cm proporcionou eficiência de 88% no vingamento de frutos de
pinha, bem como maior peso dos frutos, da polpa, casca, sementes, maior comprimento
dos frutos, diâmetro e número de sementes.
No momento da coleta das flores, Santos (1978) observou que as plantas selecionadas
apresentavam diferentes tamanhos de flores (Figura 26). Esta observação indica a grande
variabilidade genética deste caráter no pomar de pinheira. Essa grande variabilidade se
dá em função da maioria dos pomares serem formados a partir de sementes. Desta forma
estudos sobre a fenologia da espécie são de fundamental importância, tanto para subsidiar
a condução de programas de melhoramento genético quanto para determinar o correto
manejo da cultura.
Outra informação importante, segundo Nietsche et al. (2003), é que ao polinizar flores
com maior comprimento de pétalas proporcionalmente obtêm-se maiores frutos na
colheita, e devem ser priorizadas flores com comprimento de pétalas acima de 3 cm.
Normalmente, os produtores são mais bem remunerados quando comercializam frutos de
maiores dimensões.
Segundo Alexander (1980), a análise da viabilidade dos grãos de pólen se baseia em sua
coloração e na integridade do núcleo. Para Almeida et al. (2004), grãos de pólen viáveis
devem apresentar-se coloridos pelo carmim acético e com formato regular; aqueles que
não se encontrar nessa condição devem ser considerados inviáveis.
De acordo com o experimento realizado por Ribeiro et al. (2007), os resultados obtidos
indicam que, tanto com o pólen armazenado em condição ambiente como para o
armazenado em temperatura de 5 a 7ºC, à medida que avançam as horas, após a coleta do
pólen, seus grãos vão, gradativamente, perdendo sua viabilidade (Figura 27), onde até o
último horário avaliado (72 horas após a coleta), uma quantidade significativa de grãos
(65%) ainda se encontrava viável.
Figura 27. Número de grãos de pólen viáveis em função das horas após a coleta e em
armazenamento em condições de refrigeração e de temperatura ambiente. Fonte: Ribeiro
et al. (2007).
C a p í t u l o I | 45
A média de sementes por fruto produzidas pela polinização realizada no primeiro horário
após a coleta do pólen armazenado em condições ambiente e de refrigeração, foi,
respectivamente, de 52 e 81,6% (RIBEIRO et al., 2007; Tabela 2). Levando em
consideração os dados dos trabalhos realizados por Dias (2003), entende-se que esse
número de sementes indica boa qualidade do fruto da pinheira. Já a polinização realizada
12 horas após a coleta do pólen, nas duas condições de temperatura, apresentou as médias
de produção de 33,6 e 46,4% de sementes, respectivamente, e também são aceitáveis
comercialmente (SOUSA, 2005).
Médias seguidas de mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna, não diferem entre si pelo teste
Tukey a 5% de significância. Fonte: Ribeiro et al. (2007).
O peso dos frutos variou em função dos horários de polinização, indicando que quanto
maior o tempo de armazenamento do pólen, menor será o peso dos frutos. Neste caso,
não é interessante, do ponto de vista econômico, que o pólen seja armazenado por mais
de 12 horas. Lederman e Bezerra (1997) afirmaram que os grãos de pólen armazenados
por mais de um dia perdem sua viabilidade.
Segundo Beerth et al. (1983), citado por Pal e Kumar (1995), não encontrou relação entre
o tamanho do fruto e o número de sementes, talvez devido à polinização insuficiente,
conforme a técnica proposta por Mazumdar (1977). Após atingirem o desenvolvimento
máximo (maturação fisiológica), os frutos atingem o ponto de consumo em 2 a 5 dias
(maturação organoléptica), em temperatura ambiente de ± 28 ºC.
C a p í t u l o I | 46
A polinização artificial pode ser realizada com pincel (Figura 28) ou com bombinha
polinizadora. No caso da pinha, recomenda-se pincel número 2, 4 ou 6. Os pelos dos
pincéis devem ser macios, para não danificar as partes reprodutivas das flores.
Figura 28. Flores de pinha em diferentes estágios e utensílios para polinização. NOTA:
A- Fechada; B- Feminina; C- Masculina; D - Pincel; E - Bombinha. Fotos: Marlon
Cristian Toledo Pereira.
Por sua vez, Campos et al. (2004) concluíram que o uso da polinização artificial, com
pincel ou com bomba polinizadora, aumenta em até 10 vezes o número de frutos formados
e em até 4 vezes o número de frutos perfeitos, quando comparada à polinização natural
livre feita por insetos. Ademais, os autores observaram que a utilização da polinização
com pincel e bomba polinizadora (Figura 29) proporcionou incrementos de 153% e 52%
para comprimento e diâmetro dos frutos de pinha, respectivamente, em relação ao método
de polinização natural.
C a p í t u l o I | 47
Um operário bem treinado pode polinizar de 800 a 1000 flores por dia. As pulverizações
com fungicidas podem ser realizadas antes da polinização para diminuir o ataque de
antracnose durante o processo.
A aplicação do pólen puro ou em mistura é feita sobre os carpelos das flores abertas
quando se apresentavam com aspecto úmido e brilhante, indicando a sua receptividade.
A polinização com pincel ou com bomba (Figura 30), são feitas através de aplicações
dirigidas aos carpelos da flor. Em seguida, as pétalas foram unidas com fita adesiva ou
envolvida em saco de papel para se evitar a chegada de pólen de qualquer outra fonte,
sendo tal metodologia usada no trabalho conduzido por Campos et al. (2004).
Figura 30. Bombinha para polinização artificial da flor de Annonaceas. Foto: Santos et
al. (2001).
C a p í t u l o I | 48
A mistura do pólen com o amido de milho não interferiu na formação dos frutos até a
percentagem de 50% quando se aplicou o pólen com pincel ou 75% quando se aplicou o
pólen com a bomba, mostrando que é possível fazer-se uma economia de pólen de 25 a
50% sem perder a eficiência no vingamento de frutos de pinheira. Todavia, a percentagem
de frutos perfeitos foi reduzida significativamente a partir da inclusão de 75% de amido
de milho na mistura com aplicação passando o pincel ou com bomba (CAMPOS et al.,
2004; Figura 31). Taxas de formação de frutos em pinheira, superiores a 80%, foram
também obtidas por Pereira et al. (2003), quando utilizaram pólen puro aplicado com
pincel.
Figura 31. Polinização artificial por meio do pincel e da bombinha. Fotos: Campos et al.,
2004).
O uso da bombinha polinizadora pode ser uma excelente opção em substituição ao uso
do pincel, com excelentes resultados de vingamento de frutos e rendimento três vezes
superior (Figura 31B). Recomenda-se adicionar 20% de talco junto aos grãos de pólen no
recipiente de armazenamento da bombinha polinizadora (MOTA FILHO, 2009).
C a p í t u l o I | 49
FENOLOGIA
Para o ciclo produtivo 2014/2015, foi elaborada uma escala para ilustrar os principais
estádios fenológicos do desenvolvimento da pinha (Annona squamosa L.) nas condições
do cerrado de Roraima. A Figura 33A mostra o início do intumescimento da gema aos
seis dias após a poda de produção. O início da floração foi observado aos 16 dias após a
poda (Figura 33C). O período em que a flor de pinha é viável para polinização artificial
C a p í t u l o I | 51
é de 20 horas após entrar no estágio feminino (Figura 33H). A abertura da flor (antese)
ocorreu aos 36 dias após a poda (Figura 33I). O tempo ideal de colheita dos frutos foi de
106 dias (Figura 33U), 91 dias, 101 dias e 84 dias após a polinização e 147 dias para o
ciclo 2014/2014, 128 dias para o ciclo 2014/2015 (Figura 33U), 142 dias para a safra
2015/2015 e 132 dias para a safra 2015/2016 após a poda produtiva. O ciclo total (poda
da última colheita de frutos) foi de 176, 153, 175 e 162 dias para os ciclos 2014/2014,
2014/2015, 2015/2015 e 2015/2016, respectivamente. Essas diferenças podem ser
atribuídas às diferentes condições climáticas observadas em cada ciclo de produção
(MOURA et al., 2019).
Figura 33. Ilustração dos principais estágios fenológicos de plantas de pinha (Annona
squamosa L.) nas condições de savana de Roraima, no ciclo 2014. 2. Cantá - RR,
2014/2016. * DAP - Dias após a poda de produção. * DAF - Dias após a fecundação.
Fontes: Moura et al., 2019.
C a p í t u l o I | 52
A caracterização precisa dos estágios fenológicos das plantas sempre foi um desafio para
a comunidade científica. Na década de 1970, Zadoks et al. (1974) publicaram o primeiro
código decimal para padronizar a descrição dos estágios homólogos de desenvolvimento
de diferentes culturas, e Bleiholder et al. (1989) e Hack et al. (1992) desenvolveu
posteriormente a escala Biologische Bundesanstalt, Bundessortenamt, und Chemische
Industrie (BBCH), um sistema para codificar uniformemente estágios de crescimento
fenologicamente semelhantes entre todas as espécies de plantas monocotiledôneas e
dicotiledôneas.
A escala BBCH também foi usada em dois estudos de espécies de Annona. Uma escala
de dois dígitos descrevendo sete estágios principais de crescimento foi proposta para A.
cherimola Mill. (CAUTÍN; AGUSTÍ, 2005), e uma escala de três dígitos descrevendo
oito estágios principais de crescimento foi proposta para Annona squamosa L. (LIU et al.,
2014).
No trabalho realizado por Mendes et al. (2017), as plantas foram podadas duas vezes ao
longo do ano, em 22/08/2013 (inverno) e 28/03/2014 (outono), e, além da poda, foi
realizada a desfolha manual para estimular o crescimento vegetativo das gemas nas axilas
foliares. Após a poda, os estágios fenológicos foram caracterizados por meio de
observações visuais duas a três vezes por semana do estágio 00 até o início do estágio 91
(Figuras 34, 35 e 36). O comportamento fenológico foi avaliado por meio de fotografias
e das datas de observação, e os estágios fenológicos foram classificados com base na
escala BBCH (HACK et al. 1992). Um sistema numérico de dois dígitos foi usado com o
primeiro dígito correspondendo aos estágios principais de crescimento e o segundo aos
estágios secundários de crescimento. Além disso, foram calculadas as durações das
principais fases de crescimento ao longo dos dois ciclos da cultura.
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Figura 24. Principais estágios de crescimento (00-37) da pinha (Annona squamosa L.)
descritos pela escala BBCH em Janaúba, Minas Gerais, Brasil.
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Figura 35. Principais estágios de crescimento (38-71) da pinha (Annona squamosa L.)
descritos pela escala BBCH em Janaúba, Minas Gerais, Brasil.
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Figura 36. Principais estágios de crescimento (72-91) da pinha (Annona squamosa L.)
descritos pela escala BBCH em Janaúba, Minas Gerais, Brasil. Fonte: Débora S. Mendes
et al. (2017).
C a p í t u l o I | 57
De acordo com Mendes et al. (2017), também foram detectadas diferenças nos estágios
reprodutivos entre os dois ciclos da cultura. Para o primeiro ciclo da cultura, observou-se
um intervalo de 41 dias entre a poda e a polinização (estágio 61), e 94 dias entre a
polinização e o amadurecimento dos frutos (estágio 81), totalizando 135 dias da poda à
colheita. Para o segundo ciclo da cultura, observou-se um intervalo de 39 dias entre a
poda e a polinização, sendo 105 dias entre a polinização e o amadurecimento dos frutos,
totalizando 144 dias da poda à colheita.
A colheita comercial é realizada quando a maturação dos frutos está completa, que
ocorreu aos 149 e 164 dias para o primeiro e segundo ciclo da cultura,
respectivamente, de modo que é possível, por meio de manejo adequado da cultura e
irrigação, produzir duas colheitas anuais dependendo da região. O fruto maduro para
consumo (estágio 89) caracterizou-se pelo sabor e firmeza do fruto típicos da espécie.
MELHORAMENTO
Os frutos de Annona são saborosos, com polpa doce e cremosa e sabor perfumado quando
totalmente maduros (PAREEK et al., 2011), além de apresentarem componentes
bioativos com potencial medicinal (VILAR et al., 2008, 2011; QUÍLEZ et al., 2018). No
entanto, o desenvolvimento de variedades sem sementes dessas plantas adaptadas às
condições brasileiras ainda é limitado (PEREIRA et al., 2019).
Donadio (1998) relata que, na maioria dos cultivos com fins comerciais, as plantas são
propagadas através de sementes, fator positivo no que diz respeito à variabilidade
genética. Segundo esse autor, as seleções são realizadas pelos próprios produtores e em
alguns casos por instituições de pesquisa. Com relação à conservação de germoplasma,
existem catalogadas cerca de 700 acessos (FERREIRA, 1997)
A herança da característica de fruto sem sementes de Annona squamosa ainda não foi
esclarecida. Técnicas moleculares podem auxiliar em programas de melhoramento,
principalmente na seleção assistida do gene de interesse. O gene INO pode estar
relacionado ao desenvolvimento da semente dessas frutas. Pois, uma variedade aspérmica
de Annona squamosa designada 'Thai seedless' produz frutos sem sementes de tamanho
normal após a polinização. A estenospermia neste mutante deve-se à supressão do gene
INO, levando a uma perda do tegumento externo do óvulo, o que afeta o desenvolvimento
da semente (LORA et al., 2011). Os primeiros relatos sobre a condição aspérmica da
variedade ‘Brazilian seedless’ surgiram a partir de 2014, juntamente com o tipo
estenospermia, que pode estar relacionado à supressão do gene INO (SANTOS et al.,
2014).
Figura 37. Corte transversal dos frutos de Annona squamosa da cultivar Brasileira sem
Sementes (P1) (A) e geração F1: P1 x M1 (B), P1x M2 (C). Fotos: Nassau et al. (2023).
C a p í t u l o I | 60
VARIEDADES DE PINHA
Figura 38. Variedade Brazilian Seedless, sem sementes. Foto: Nassau et al. (2023).
C a p í t u l o I | 61
Em Alagoas, no município de Palmeira dos Índios, foi observada uma interessante planta
mutante com características morfológicas diferentes da cv. Crioula. Essa planta vem
sendo clonada por enxertia na Universidade Federal de Alagoas desde o início dos anos
2000 e tem sido denominada de cv. Verdinha por apresentar como característica principal
a coloração verde intensa de suas folhas e frutos (Figura 39). A coloração verde intensa
pode estar associada a ausência de uma cobertura cerosa típica existente em folhas e frutos
da cultivar tradicional Crioula (LEMOS et al., 2010a).
A camada cerosa que recobre as folhas da pinheira é uma característica xeromórfica e tem
como função reduzir a transpiração de água dos tecidos subepidérmicos (LEMOS, 1994).
Apesar da ausência da cutícula serosa nas folhas da cv. Verdinha, esta falta parece não
interferir no processo de crescimento e desenvolvimento da planta, assim como a
formação das flores e dos frutos, pelo contrário, frutos dessa cultivar apresentam
características superiores (Figura 40), e que tem chamando a atenção de pesquisadores.
Figura 40. Frutos de pinheira mostrando diferentes tons de verde (a) cv. Crioula; (B) cv.
Verdinha. Fotos: Eurico E. P. Lemos, 2009.
A textura encontrada nas cascas dos frutos das pinheiras da cv. Verdinha revela saliências
mais acentuadas do que a da cv. Crioula, outra característica que pode ser usada para
diferenciar as duas cultivares (Figura 41).
Figura 41. Frutos de pinheira: cv. Crioula (A) e cv. Verdinha (B), destacando diferenças
na textura da casca dos frutos. Fotos: Eurico E. P. Lemos, 2009.
C a p í t u l o I | 63
As mutações espontâneas apresentam-se como uma das fontes mais importantes para
introdução de variabilidade genética em programas de melhoramento que visam obter
cultivares com maior produção, com frutos mais firmes, de boa aparência, resistentes a
doenças e saborosos (SOARES FILHO et al., 2003).
Figura 42. Cultivares de pinha 'Taitung No. 2' (esquerda) e 'Taitung No. 1' (direita). Foto:
Lee et al. (2018).
USA. No sul da Flórida, diversas variedades de pinha vêm sendo utilizadas pelos
produtores, dentre estas a cultivar Lessard Thai, que apresenta as características de casca
verde com peso dos frutos que varia entre 227 e 454 g e a cultivar Kampong Mauve, de
casca vermelha, com frutos de peso médio entre 136 e 398 g (Figura 43). Em Petrolina,
PE (Brasil), a Fazenda Boa Fruta já produz e comercializa a pinha roxa, possivelmente,
um material mutante (Figura 44).
C a p í t u l o I | 64
Figura 43. Frutos de pinha da cv. Lessard Thai e pinha vermelha. Fotos: Jonathan Crane
(A-B) e University Florida (C).
Em geral, frutos da cultivar 'LeahReese' são significativamente maiores e têm maior valor
Brix (25,48 Brix) e porcentagem de conteúdo de polpa (50,43%) em comparação com a
maioria das outras plantas e cultivares descritas (BOMFIM et al., 2014; BRANDÃO;
SANTOS, 2016; PINTO et al., 2005). Isso se deve, em parte, à polinização manual. No
entanto, frutos de qualidade comparável da polinização natural foram observados
(CRANE, 2018). Na maturidade, a casca é verde clara, com as aréolas individuais
ligeiramente separadas e levemente delineadas em amarelo-esbranquiçado. À medida que
o fruto amadurece, as aréolas continuam a se separar e a polpa amolece (Figura 45). A
polpa é branca cremosa, quase sem esclereídeos (células pétreas), e contrasta com as
sementes marrons. A polpa tem um sabor doce, subácido e excelente. As frutas maduras
podem ser armazenadas por 3 a 5 dias antes de perderem qualidade (CRANE et al., 2021).
Figura 45. (A) Árvores da cultivar ‘LeahReese’, (B) fruto dentro da árvore, (C) peso do
fruto, (D) diâmetro longitudinal, (E) diâmetro transversal e (F) polpa com sementes.
Fotos: Crane et al. (2021).
C a p í t u l o I | 66
COMPOSIÇÃO QUÍMICA
O fruto da pinha (Annona squamosa L.) é considerado o mais doce entre as Annonas, por
isso é mais utilizado como sobremesa proporcionando um sabor delicioso (PINTO et al.,
2005). Rende cerca de 40-50% de polpa e é uma boa fonte de carboidratos, minerais e
proteínas (HASHMI; PAWAR, 2012). Além disso, a fruta é rica em amido quando firme,
mas aumenta acentuadamente em açúcar à medida que amolece para uma consistência de
creme quando totalmente madura (SHROEDER, 1971). A Tabela 3 apresenta a
composição química dos frutos da pinha.
COMPONENTES PINHA
Água (g) 68,6-75,9
Proteínas (g) 1,2-2,4
Lipídios (g) 0,1-1,1
Carboidratos (g) 18,2-26,2
Fibra (g) 1,1-2,5
Acidez total 0,1
Cálcio (mg) 17,0-44,7
Fósforo 23,6-55,3
Ferro (mg) 0,3-1,8
Vitamina A (mg) 0,004-0,007
Vitamina B1 (mg) 0,10-0,11
Vitamina B12 (mg) 0,057-0,167
Vitamina B5 (mg) 0,65-1,28
Ácido ascórbico (mg) 34,0–42,2
Fonte: Pinto et al. (2005).
e acidez total titulável abaixo de 0,24% (ARAÚJO FILHO et al., 1998). Para Alves et al
(2000), o fruto possui, em média, 39,16% de casca, 11,03% de sementes, 48,13% de polpa
e 1,68% de eixo, citando também algumas características da polpa do fruto maduro, como
segue na Tabela 4.
Características Médias
Sólidos Solúveis Totais (ºBrix) 27,00
Acidez Total Titulável (%) 0,34
Sólidos Solúveis/Acidez 80,14
pH 5,23
Açucares Solúveis Totais (%) 19,23
Açúcares Redutores (%) 15,96
Amido (%) 0,87
Pectina Total (%) 0,66
Pectina Solúvel (%) 0,31
Vitamina C (mg/100 g) 28,35
Fonte: Alves et al. (2000).
PROPAGAÇÃO DA PINHEIRA
A propagação da pinheira pode ser realizada de duas formas: a forma sexuada através da
semente, comumente utilizada pelos produtores, e a forma assexuada ou vegetativa,
mediante o uso de partes do vegetal que se deseja propagar (GAMA; MANICA, 1994).
Propagação sexuada
frutos, dificultando ainda mais a comercialização interna e externa. Além disso, o método
de propagação seminal acarreta num longo período juvenil e improdutivo (OLIVEIRA et
al., 2005; Figura 46).
Figura 46. Mudas de pinha obtidas por sementes. Foto: Natureza Bela.
Propagação assexuada
A pinheira pode também ser propagada vegetativamente por garfagem em fenda cheia e
à inglesa simples, utilizando-se como porta-enxerto plantas da própria espécie (LUNA,
1997b). Na pesquisa de enxertia desenvolvida por Lemos et al. (2010b), não foi utilizado
nenhum método de quebra de dormência das sementes de pinheira. Após o plantio, os
C a p í t u l o I | 69
Figura 47. Enxertia tipo fenda cheia em porta-enxerto de muda seminal. Após a enxertia,
o garfo é protegido por um saco plástico.
No trabalho realizado por Lemos et al. (2016b), foram utilizados 90 porta-enxertos para
cada idade, divididos em dois tamanhos de tubetes (150 cm3 e 230 cm3). Após a enxertia,
as plantas foram colocadas sob telado, com 80% de sombreamento, até a caracterização
do pegamento, aos 21 dias. Posteriormente, as mudas foram levadas para a aclimatização
sob telado com 50% de sombreamento, por mais 15 dias, e, após esse período, foram
C a p í t u l o I | 70
levadas para o sol pleno e computadas as porcentagens de pegamento dos enxertos (Figura
48).
Lemos et al. (2010b) estabeleceram com sucesso um protocolo para enxertia precoce da
pinheira, mostrando que porta-enxertos com três meses de idade desenvolvidos em
tubetes com capacidade de 150 cm3 e 230 cm3 e enxertia do tipo garfagem de topo em
fenda cheia atingiram níveis ótimos de pegamento de 96,69%. O uso de tubetes, além de
reduzir o volume do substrato, melhorou o aproveitamento do espaço no viveiro e reduziu
o peso e o custo de transporte de mudas quando comparado com a produção de sacos
plástico com capacidade de 1.500 cm3.
Essa técnica em pinheira tem sido estudada por alguns autores (CASAS et al., 1984;
GETTYS et al., 1995; SAMPAIO, 1992; SILVA, 2003), porém, o seu sucesso tem sido
bastante limitado, pois, segundo os autores, trata-se de uma espécie de difícil
enraizamento.
Estudos de enraizamento de estacas são necessários para que o técnico saiba identificar
os tecidos alvo e as zonas preferenciais para indução de primórdios radiculares, pois o
sucesso ou insucesso da técnica pode estar relacionado as barreiras anatômicas ou falhas
no protocolo técnico (ONO; RODRIGUES, 1996).
Figura 49. Matriz da pinheira da cv. Verdinha com 4 anos de idade. Foto: Eurico E. P.
Lemos (2010).
C a p í t u l o I | 72
Figura 50. Obtenção das estacas de novas brotações da cv. Verdinha (A) na base da planta
(brotações novas ou rebentos de primórdios radiculares); estaca preparada com 15 cm de
comprimento com suas folhas cortadas transversalmente ao meio (B); distribuição das
estacas em tubetes sobre as bancadas suspensas na estufa com nebulização intermitente.
Fotos: Taciana Lima Salvador (2010).
C a p í t u l o I | 73
Estudo conduzido por Silva (2008) sobre o enraizamento de estacas de pinheira, graviola
e atemoeira, constatou os efeitos das auxinas ANA e AIB na emissão das raízes. Assim,
a melhoria das técnicas de propagação vegetativa, visa o aumento da produtividade, além
de manter a homogeneidade e a qualidade dos pomares (SCALOPPI JUNIOR, 2007).
Figura 51. Etapas da técnica de enxertia usada para regenerar uma copa improdutiva de
uma árvore Annona. Foto: Pinto et al. (2005).
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CONDIÇÕES EDAFOCLIMÁTICAS
A pinha (Annona squamosa L.), também conhecida como pinha ou ata, está adaptada a
diferentes condições edafoclimáticas, o que favoreceu sua expansão mundial. A espécie
é nativa da América tropical, principalmente das Antilhas, podendo ser cultivada em áreas
tropicais e subtropicais (LIU et al., 2015). A pinha tem sido cultivada comercialmente na
África, América do Sul, Austrália, Índia, México, no Sul e nos Estados Unidos, Filipinas
e Tailândia (PINTO et al., 2005; CRANE et al., 2016). Por ser um país grande, o Brasil
pode produzir altas produtividades quando comparado com outros países produtores,
principalmente nos estados com clima quente, pouca chuva e estação seca bem definida
durante o ano (LEDERMAN; BEZERRA, 1997).
1. Condições climáticas
Em zonas com períodos de estresse hídrico, as folhas murcham e sofrem abscisão parcial
ou total dependendo do rigor da estação seca e a planta entra em repouso vegetativo. A
volta das chuvas ou a administração de água através da irrigação promove a rebrota dos
ramos e a sua floração. Em zonas mais úmidas, doenças foliares como a antracnose podem
determinar esta queda, seguida de um repouso vegetativo e posterior brotação. Esses
fatores controlados ou não, serão responsáveis para determinar a época de produção.
Para a maioria das Annonas, a pinha é provavelmente a espécie mais tolerante à seca e
cresce, mas produz mal em regimes de alta pluviosidade (NAKASONE; PAULL, 1998).
Sua resistência à seca se deve principalmente ao seu hábito de crescimento caducifólio,
pois não apresenta folhas durante os meses de estiagem (PINTO et al., 2005).
Altitude - A pinha é uma cultura tropical de terras baixas que cresce em altitudes entre 0
e 2.000 m (ORWAET al., 2009) e latitudes entre 22,5° Norte e Sul (PINTO et al., 2005).
Além disso, Scuc (2006) considerou que esta cultura pode crescer apenas em altitudes de
até 800 m. Com efeito, é uma cultura de frutas áridas, de natureza resistente (PATEL et
al., 2010), que se dá bem quando há um inverno ameno e pode sobreviver à seca, mas
requer verões amenos com umidade uniformemente distribuída para crescimento e
vingamento dos frutos (SCUC, 2006).
Salinidade – A pinheira não tolera solos salinos nem água de irrigação com altos teores
de sais. Os sintomas de estresse salino incluem necrose do limbo e ápice das folhas,
escurecimento e queda das folhas, declínio do tronco e morte da planta.
2. Condições edáficas
A pinheira é uma planta considerada bastante rústica, cresce e produz frutos em solos
argilosos e secos, embora as condições ótimas de produção são encontradas nos solos de
boa profundidade, de média fertilidade e bem drenados, é pouco tolerante aos solos com
muita água parada (MANICA, 1994; RÖDEL, 1996). Oliveira (1991) e Vieira et al.
(1994), comentam que a pinheira é uma fruteira que se adapta a vários tipos de solos,
porém, o preferencial é o areno-argiloso que possua boa profundidade, seja bem drenado
e apresente pH na faixa de 5,5 a 6,5.
Devem-se evitar solos muito argilosos, pouco profundos ou localizados em baixadas, por
encharcarem com facilidade nas épocas de chuvas intensas. Solos sujeitos ao
encharcamento proporcionam também condições ideais para o desenvolvimento de
podridões de raízes.
SISTEMA DE PRODUÇÃO
ESCOLHA DA ÁREA
A pinha é mais adaptada a condições climáticas tropicais, com temperaturas médias mais
elevadas, cerca de 30 ºC. Temperaturas abaixo de 11 ºC, associadas à ocorrência de
ventos, causaram severas injúrias por frio em frutos de pinha no mês de julho, na região
Norte de Minas Gerais (NIETSCHE et al., 2008). A implantação de quebra-ventos e a
programação da safra para épocas adequadas podem evitar este problema.
A pesquisa já demonstrou que quanto maior o número de amostras simples tomadas para
compor uma amostra composta, maior é a possibilidade de se ter uma amostra
representativa. No caso de área homogênea, tomam-se amostras em 10 a 12 pontos bem
distribuídos, limpando-se em cada local a superfície do terreno, retirando-se as folhagens,
resíduos orgânicos, etc, sem, contudo, raspar a terra. O número no qual o erro amostral é
bastante reduzido é de 20 amostras simples compondo uma amostra composta. Em cada
ponto, retirar os detritos na superfície do solo. Essas subamostras devem ser armazenadas
em balde plástico e, ao final da coleta, serem homogeneizadas, gerando uma única
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PREPARAÇÃO DO SOLO
É importante que os solos tenham uma profundidade mínima efetiva de 1,00 m a 1,20 m,
e estejam livres de pedras, camadas pouco permeáveis e variações do lençol freático para
melhor desenvolvimento do sistema radicular, com adequada absorção de água e
nutrientes (SOUZA et al., 2003). Em solos sujeitos a encharcamento é necessário o
emprego de um sistema eficiente de drenagem. Para áreas com declividade superior a 5%,
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Figura 53. Preparo do solo: Aração e gradagem. Foto: Almeida et al. (2014).
Sob irrigação, a pinheira pode ser plantada em qualquer época do ano, enquanto em
regime de sequeiro, as mudas devem ser levadas para o campo no início das chuvas e
plantadas em dias nublados ou chuvosos.
Faz-se a marcação com piquetes de madeira, para que possam ser abertas as covas e
realizar o plantio. As covas devem ter dimensões de 40 m x 40 m x 40 cm ou 50 m x 50
m x 50 cm ou com um perfurador motorizado, projetado para perfurações de solo na
silvicultura (Figura 54) e devem ser preparadas 30 dias antes do plantio.
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Figura 54. A) Perfurador motorizado usado para perfurações de solo ou abertura de covas
e B) Broca helicoidal acoplada ao trator. Fotos: Quintalflorestal.com.br e Cristina A. G.
Rodrigues.
Figura 55. Cova para plantio de muda da pinheira com a inversão das camadas do solo.
Fontes: Almeida et al. (2014).
Após o enchimento da cova, que deve ser feito com antecedência de 15 dias, fazer a
adubação fosfatada e potássica, colocando os adubos na cavidade que irá conter a muda.
A fertilização fosfatada é considerada essencial no setor florestal (Figura 56).
Recomenda-se que a cova seja aberta por pelo menos 40 dias antes do plantio e depois
deve cobrir, deixado uma vareta de marcação em cada cova.
Figura 56. Uso do enxadão no manejo do solo retirado da cova e as fontes de nutrientes
para o seu preenchimento. Foto: João Roberto Pereira Oliveira.
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Figura 57. A) Planta conduzida com 4 pernadas com tutor plantada diretamente no campo
e B) Mudas em haste única tipo ‘vareta’ também devem ser conduzidas com 3-4 pernadas,
mas esta poda de formação só é realizada após seu plantio no campo. Foto: Ildo Eliezer
Lederman (2019).
Depois do plantio, recomenda-se aplicar até 40 litros de água por cova. Essa irrigação é
importante para compactar o solo e eliminar os bolsões de ar nas raízes. Deve ser mantida
a umidade da muda, até o completo pegamento (brotações) (KAVATI; PIZA Jr., 1997).
O solo, em torno da muda plantada, pode ser ainda coberto com palha. Esse procedimento
tem a vantagem de conservar a umidade, impedir o aquecimento excessivo do solo e,
ainda, diminuir o custo dos tratos culturais (as capinas).
ESPAÇAMENTO
A pinheira é a espécie que tem o desenvolvimento vegetativo menos vigoroso das três
espécies do gênero Annona, o que demanda menores espaçamentos. Para pequenas áreas,
o espaçamento de 4 m x 3 m, com densidade de 833 plantas/ha, é bastante recomendado,
conduzidas com podas de formação e de produção a cada safra. Para áreas mecanizadas,
as linhas devem ser espaçadas de 5 m x 3 m (666 plantas/ha) para permitir a passagem de
máquinas agrícolas e seus implementos durante todo o ciclo da cultura e facilitar as
operações de pulverização, adubação e colheita (PINTO et al., 2005; Figura 59).
C a p í t u l o I | 84
CONSORCIAÇÃO
Como a maioria das culturas perenes, a pinheira possui um elevado custo de implantação,
e o retorno desse investimento depende da produtividade e longevidade dos pomares, as
quais, em parte, podem ser garantidas, aliando a uma polinização adequada, um sistema
de manejo da cultura que possibilite a proteção do solo e a diminuição da quantidade de
insumos utilizados. Neste último aspecto, as leguminosas apresentam vantagens em
relação às outras famílias botânicas, devido ao ingresso de N atmosférico oriundo do
processo de fixação biológica em associação com bactérias do gênero Rhizobium
(exemplo: feijão, amendoim). Em consequência, quantidades expressivas deste nutriente
podem estar disponíveis para as fruteiras, como já demostrado por Espindola (2001) e
Perin et al. (2002).
A pinha deve ser consorciada nos dois primeiros anos com culturas de ciclo curto, para
minimizar os custos de instalação do pomar. Geralmente, as culturas de maracujá,
mamão, feijão, milho, abóbora, batata doce, melancia, leguminosas para adubação verde
ou hortaliças são as mais usadas nesse consórcio. Nas principais regiões produtoras do
país, principalmente na Bahia, há uma preferência pelo consórcio com mamão, adotando-
se o espaçamento 4,0 m x 2,0 m x 2,0 m.
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IRRIGAÇÃO
Figura 60. Irrigação por gotejamento da pinheira. Foto: Ali Khodor Issa (2013).
ADUBAÇÃO
Em relação à exigência por nutrientes, Cavalcante et al. (2012) relatam em seu trabalho
sobre o estado nutricional de pinheira, sob adubação orgânica do solo, que a cultura da
pinha exige, principalmente, muito nitrogênio e potássio, quando comparada a outras
culturas, como abacaxi, abacate e graviola, dentre outras. Em sua avaliação, os autores
obtiveram os valores máximos de 30 g kg-1 de N e 18,06 g kg-1de K na matéria seca foliar,
em folhas coletadas na parte mediana da copa.
curral por planta após a poda e adubação por cobertura, composta por 60 g de ureia e 45
g de cloreto de potássio, aplicados de 20 em 20 dias.
De acordo com Lederman (2019), a adubação nitrogenada e fosforada deve ser feita com
sulfato de amônio e superfosfato simples, respectivamente, pois além de fornecer esses
principais macroelementos (nitrogênio e fósforo) também supre a planta com enxofre. O
fósforo, devido a sua pouca mobilidade no solo, deve ser aplicado em dose única,
enquanto o nitrogênio e o potássio, parcelados em 3 – 4 vezes.
Tabela 5. Esquema de adubação com nitrogênio (N), fósforo (P) e potássio (K) para a
pinheira de diferentes idades em função do teor de fertilidade do solo, cultivadas em
regiões semiáridas.
Venkataratmam (1959), na Índia, comenta que, quando as pinheiras não são adubadas,
entram em declínio gradual e formações pétreas em fruto de pinha são devido a fatores
fisiológicos e falta de nutrição nas plantas, e que em plantios bem manejados raramente
constata-se este problema. Os nutrientes mais exportados pela pinheira, superando muitas
outras frutíferas, são o nitrogênio e o potássio, com valores médios de 7,17 e 5,19 kg t-1
de frutos frescos.
As folhas não devem ser coletadas quando nos dias anteriores foram realizadas adubação
de solo ou foliar, aplicação de defensivos ou após dias de chuva intensa. As amostras
devem ser acondicionadas em sacos de papel, identificadas e enviadas o mais rápido
possível a um laboratório para análise.
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Adubação de cobertura. A adubação de cobertura deve ser feita de acordo com a análise
de solo, parcelando-se as doses recomendadas de quatro a seis vezes ao ano no caso de
plantio de sequeiro, ou mensalmente em plantios irrigados. Em caso de fertirrigação, as
doses poderão ser parceladas semanalmente (ARAÚJO FILHO et al., 1998).
A análise foliar tem sido muito utilizada para controle nutricional de micronutrientes,
devendo ser realizada após a colheita, usando-se para análise as folhas mais
desenvolvidas, geralmente as folhas quatro ou cinco. A adubação orgânica, usando 20 a
30 litros de esterco de curral, deve ser executada a cada seis meses (ARAÚJO FILHO et
al., 1998).
Tabela 7. Esquema de adubação recomendado para pinha quando não se dispõe da análise
de solo.
A capina deve ser praticada rotineiramente até que a sombra formada pela projeção da
copa das plantas seja suficiente para retardar a germinação ou a rebrota das plantas
daninhas.
A pinha deve ser mantida livre da concorrência de ervas daninhas para evitar a
competição por água e nutrientes. Recomendam-se o coroamento das plantas ou capina
na linha de plantio e roçagem no restante da área. Devem-se evitar danos ao tronco
durante a capina manual. Em pomares adultos, o controle pode ser efetuado com uso de
herbicidas, sendo os mais comuns: Glifosato (pós-emergente), Diuron (pré-emergente)
ou Diuron + Paraquate (em pós-emergência das plantas daninhas a fim de obter um efeito
residual). Evitar o contato do herbicida com a planta para não causar fitotoxidade
(ARAÚJO et al., 2012).
Outra opção é a capina química, pela aplicação de herbicidas seletivos, em que o controle
das ervas pode ser feito em pré-emergencia ou pós-emergência, especialmente nos
plantios em grandes áreas e em períodos chuvosos, quando o mato cresce rapidamente.
Tem a vantagem de exigir menos mão de obra e menor custo. Contudo, o controle
integrado, por meio de métodos químico e mecânico, constitui a melhor opção técnico-
econômica.
Figura 61. Uso de cobertura morta abaixo da copa da pinheira. Foto: José Carlson
Gusmão da Silva (2004).
Sabe-se que a aplicação de resíduos vegetais ao solo tem efeitos benéficos sobre os
nutrientes do solo, sob as suas condições físicas, sob a atividade biológica e sobre a
performance das culturas (KANG et al., 1981; WADE; SANCHEZ, 1983, HULUGALLE
et al., 1986). Porém, de acordo com Tian et al. (1995), os efeitos dos resíduos vegetais
sobre o solo e as culturas diferem, dependendo de sua decomposição e da taxa de
transformação de nutrientes, os resíduos vegetais que se decompõem rapidamente, irão
disponibilizar uma grande quantidade de nutrientes para as plantas nos estádios iniciais
de crescimento, mas podem não ter efeito sobre as condições físicas do solo, enquanto
resíduos que se decompõem lentamente terão efeito exatamente oposto.
Araújo et al. (1998) destaca a importância do “mulching” ou cobertura morta nos pomares
de pinha, sobretudo nas regiões semiáridas, o que proporciona a manutenção da umidade
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Também se sabe que a decomposição dos resíduos vegetais está relacionada com a relação
C/N em sua composição, além dos teores de lignina e polifenol. De forma a melhor
predizer os efeitos dos resíduos vegetais sobre o solo e as culturas, Tian et al. (1995)
propuseram um índice de qualidade para os resíduos vegetais, o qual pode ser usado para
integrar os efeitos da relação C/N e dos teores de lignina e polifenol.
Segundo Reichardt (1978), a água é fator fundamental na produção vegetal. Sua falta ou
excesso afeta de maneira decisiva o desenvolvimento das plantas, em regiões áridas e
semiáridas, o manejo correto implica práticas que promovem a economia de água como
o uso de cobertura morta.
1 - DOENÇAS
Várias doenças podem afetar as folhas, ramos, raízes, flores e frutos da fruteira-do-conde
(Annonas squamosa L.) em diferentes etapas do seu desenvolvimento. De maneira geral,
as de maior importância nas áreas produtoras do Brasil são causadas por fungos e
nematoides. A antracnose, seguida pela cancrose e podridão-de-raízes, causam prejuízos
expressivos nos pomares do mundo (COOK, 1975).
irregular, distribuídas por todo o limbo foliar. As folhas ficam deformadas e, em ataques
mais severos, ocorre desfolhamento. As lesões, inicialmente, são pequenas, mas, com o
passar do tempo, podem atingir mais de um centímetro de diâmetro. Nos ramos, são
encontradas lesões alongadas, deprimidas, que podem provocar a morte das ponteiras.
Nas flores, aparecem manchas circulares, de coloração castanho-escura, que impedem o
vingamento e provocam quedas expressivas (JUNQUEIRA et al., 2001; Figura 62).
Figura 62. Sintomas de antracnose em flores de pinheira. Foto: Junqueira et al. (2001).
Os frutos podem ser atacados em qualquer estágio de desenvolvimento (Figura 63). Nos
frutos jovens, ocorre escurecimento de toda a sua superfície, queda e mumificação. Em
frutos desenvolvidos, que estão iniciando o seu amadurecimento, ou nos maduros, causa
uma podridão escura de rápida evolução, inutilizando o fruto para o consumo ou para sua
comercialização (JUNQUEIRA et al., 2003; RIBEIRO, 1992; FREIRE; CARDOSO,
1997; MORALES; MANICA, 1994).
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Figura 63. Sintomas de antracnose em folhas e frutos de pinheira. Foto: Junqueira et al.
(2001).
Em estado inicial da doença, na região do colo ou coleto da planta, podem ser observadas
rachaduras ou manchas escuras que atingem a região do câmbio. Com o tempo, as lesões
aumentam de tamanho e progridem em direção às raízes, tornando-as escuras e podres. A
planta seca completamente. Plantas de qualquer idade podem ser atacadas. Em viveiros,
os sintomas iniciais são caracterizados pelo aparecimento de lesões (manchas escuras) ou
de um fendilhamento da casca na região do coleto ou logo acima. As mudas param de
crescer, as folhas novas ficam pequenas e retorcidas. Abaixo do coleto, observa-se
podridão da casca ou escurecimento do tecido, podendo essa podridão escura estender-
se para todo o sistema radicular. Como consequência, a planta não brota e tomba com
facilidade, podendo amarelecer e morrer depois de certo tempo (JUNQUEIRA;
JUNQUEIRA, 2014).
Kavati (1992), mesmo utilizando esse porta-enxerto, não se tem obtido resultados
totalmente satisfatórios contra à eliminação da doença em pomares de pinha.
Nas flores e frutos novos, a doença provoca seca, morte e queda. Nos frutos
desenvolvidos, o patógeno pode penetrar por aberturas naturais entre os frutilhos, pelo
pedúnculo ou por ferimentos causados pelas pragas ou por outros tipos de ferimentos. Ao
atingir a polpa do fruto, o fungo desenvolve-se rapidamente, causando o escurecimento
de toda a superfície do fruto (Figura 64). Nestas condições, o fruto torna-se imprestável
para o consumo, pois a polpa torna-se dura, escura e com sabor desagradável. O fruto
atacado pode permanecer na planta por algum tempo ou cair no momento em que o fungo
atingir o pedúnculo. Quando os frutos atacados permanecem no solo, desenvolve em suas
cascas um micélio (mofo) preto ou cinza-escuro.
Nos casos em que a planta já estiver doente, recomenda-se a limpeza das áreas doentes
com uma faca ou facão bem afiados. Em seguida, as partes descobertas devem ser
protegidas com pasta fungicida, a pasta bordaleza, repetindo-se o tratamento
mensalmente até que nenhuma lesão seja visível e tecidos de cicatrização iniciem sua
formação (FREIRE; CARDOSO, 1997). Com esse mesmo objetivo, esses mesmos
autores relatam que, depois da limpeza da área necrosada, pode-se também pincelar com
pasta à base de 6 g de benomil (12 g de Benlate), 500 g de caulim (dióxido de alumínio),
500 mL de água, 50 mL de óleo de soja. O benomil pode ser substituído por 10 g de
tiofanato metílico (14 g de cercobim M-70).
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Murcha de Phytophthora. É uma doença disseminada nos Estados de São Paulo, Goiás,
Minas Gerais e Distrito Federal. Não se tem ainda confirmação da enfermidade em
regiões produtoras do Norte e Nordeste (JUNQUEIRA et al., 1996; GRAMACHO et al.,
2001; JUNQUEIRA et al., 2003). No Cerrado, o índice de mortalidade de pinheiras
adultas em pomares implantados, em solos mais argilosos e com problemas de drenagem,
está em torno de 12%. Em solos mais arenosos, esse índice reduz-se para 2% de
mortalidade.
Figura 65. A). Murcha induzida por Phytophthora sp. E b). Podridão de raízes causada
por Phytophthora sp. Fotos: Junqueira et al., (2001).
C a p í t u l o I | 100
Como medidas de controle, devem-se: manter as plantas adubadas e com tratos culturais
adequados; evitar estresses hídricos e controlar adequadamente as pragas; podar as
plantas para permitir melhor aeração e para diminuir a umidade na copa. Após a poda,
pincelar os cortes com uma pasta cúprica ou pulverizar a planta com calda bordaleza a
3% ou oxicloreto de cobre a 1%; evitar podar a planta durante o período chuvoso ou
quando ela estiver molhada; fazer o controle adequado de ervas daninhas e evitar
ferimentos em ramos ou no tronco, principalmente durante o período chuvoso. Em casos
de ocorrência da doença, se ainda não houve o anelamento de troncos, recomenda-se
raspar superficialmente a área lesada e pincelar uma pasta de fungicidas à base de cobre.
Caso já tenha havido anelamento, recomendam-se podar as partes afetadas
(JUNQUEIRA; JUNQUEIRA, 2014).
Rubelose (Corticium sp.). De acordo com Junqueira et al. (2003), os sintomas iniciais
são caracterizados pela redução do tamanho das folhas mais novas, pela perda da
coloração original da folhagem que adquire um verde-pálido. Com o tempo, as folhas
murcham, secam e permanecem presas ao galho por um tempo. Posteriormente, o galho
seca. No local da infecção ou de penetração do patógeno, que pode ser no tronco ou em
C a p í t u l o I | 102
ramos, observa-se inicialmente uma área lesada, com pequenas rachaduras na casca e
exsudação de goma. Essas lesões progridem rapidamente tanto no sentido do ápice como
para a base do tronco ou do ramo. As rachaduras aumentam de tamanho, a casca se rompe
e a epiderme se ergue. Sob as partes erguidas, surge uma massa micelial de cor laranja-
clara ocupando toda a superfície lesada. Mais tarde, esse micélio, ainda sob o súber, ocupa
toda a extensão dos galhos mais grossos e do tronco (Figura 67). Posteriormente, surge
grande quantidade de cistídios com até 2 mm de comprimento por 1 mm na base, mas
basídios não foram vistos. Como medida de controle, recomendam-se podas periódicas
para manter a copa mais aberta e mais ventilada. Caso a doença já esteja estabelecida,
recomenda-se a poda dos galhos afetados.
Figura 67. Galho de fruteira-do-conde com rubelose no qual se podem ver micélios
amarelos-alaranjados e numerosas estruturas similares a pequenos espinhos que são
cistídios do fungo Corticium sp. Foto: Junqueira et al. (2001).
2 - PRAGAS
Figura 68. Adulto da broca de semente. Fotos: Silva, L. S. (A); Raimundo B. Sobrinho
(B-C).
Figura 71. A). Sintoma de ataque Cerconata anonella e B). Danos de Cerconata
anonella. Fotos: Bittencour et al. (2070).
Como forma preventiva para o controle das brocas, primeiramente deve-se inspecionar o
pomar semanalmente, desde o início da floração, verificando se existem flores ou frutos
danificados (JUNQUEIRA et al., 1996). Recomendam-se eliminar os frutos atacados que
ainda estão aderidos à planta ou que caíram no solo, devendo-se enterrá-los a uma
profundidade de 50 cm ou queimá-los (BRAGA SOBRINHO et al., 1998). A poda de
formação e rejuvenescimento e também as medidas físicas, com a utilização de
armadilhas luminosas são indicadas (CALZAVARA; MÜLLER, 1987; EMATER/AL,
1989). Dessa maneira, elimina-se a praga presente dentro do fruto, como também
possíveis patógenos decorrentes dos orifícios realizados pela praga. Outra medida
eficiente para prevenir a ocorrência ou o aumento da incidência dessas pragas é eliminar
espécies de anonaceas que não possuam valor comercial e que sejam cultivadas próximas
à área onde será instalado o pomar com outra espécie do gênero Annona de grande
importância econômica (MOURA; LEITE, 1997).
Em relação ao controle químico até o momento não há registro de produtos para o controle
das brocas-do-fruto e da-semente (AGROFIT, 2017). Porém, apesar de não haver nenhum
princípio ativo registrado no Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, muitos
autores recomendam produtos organossintéticos utilizados em outras culturas para o
controle de diversas pragas (MELO, 2006).
Lopes et al. (1994) afirmam que para uma maior eficiência no controle, deve-se visar a
lagarta em seu estágio inicial, e sugerem inseticidas com boa ação de profundidade como
os fosforados. O controle químico torna-se ineficiente se a lagarta dessa broca já estiver
em plena atividade dentro do fruto.
Para B. pomorum, não existe controle eficiente, pois os produtos químicos não atingem a
larva que se desenvolve no interior da semente (GALLO et al., 2002). Entretanto
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Figura 73. Tipos de invólucros para proteção dos frutos de anonaceas ao ataque de
Cerconota anonella e Bephratelloides pomorum. Fotos: Silva, L.S (2013).
C a p í t u l o I | 110
Para que o uso dessa técnica apresente resultados satisfatórios, é necessário realizar o
ensacamento dos frutos ainda pequenos, pois a possibilidade de que a praga já tenha
efetuado a postura é mínima.
Pereira et al. (2009) testaram em frutos de pinha e atemóia: saco plástico leitoso; saco de
TNT branco com fundo; saco de TNT branco sem fundo e saco de papel pardo. Como
resultados, os tratamentos utilizados não apresentaram diferença significativa, contudo a
testemunha apresentou 14% dos frutos com injúria decorrente do ataque das pragas.
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Silva et al. (2014) realizaram a proteção dos frutos de pinha com cinco a dez mm de
comprimento com saco de papel branco impermeável aberto; saco plástico
microperfurado com orifício de cinco mm; saco de TNT (tecido não tecido) branco com
abertura inferior; saco de TNT vermelho com abertura inferior; gaiola de arame revestida
com tecido voile; inseticida Profenofós (12 g/L-1) + Cipermetrina (1,2 g/L-1)
(organofosforado/piretroide, em formulação concentrado emulsionável); caulim (10 g/
100 mL-1), obtendo resultados superiores utilizando o invólucro TNT vermelho com
abertura inferior com 87,5% de frutos sem injúrias.
podem permanecer mais de 100 dias no interior da planta, em câmara feita próxima à
casca, quando se transformam em pupa (Figura 74C). Dentro de 50 dias, emergem dos
orifícios os adultos (Figura 74D). A consequência final é a seca dos ramos e, em
infestações severas, a morte da planta.
Figura 74. Adulto da broca-do-tronco Cratosomus bombina (Fabricius, 1787) (A); Danos
da broca nos ramos da pinheira (B); Galeria e pupa (C); Danos da broca no caule da
pinheira (D). Fotos: Entomofauna –Guyane (A); Raimundo Braga Sobrinho (B-C);
Evandro Carneiro (D).
esta praga só é notada quando já causou danos expressivo (Figura 75C). A fêmea deposita
os ovos na região do coleto das plantas com idade acima de 2 anos. Após a eclosão, as
larvas fazem galerias na casca e no câmbio do colo da planta e podem atingir a raiz
pivotante, penetrando cerca de 10 cm no solo. O dano pode provocar o bloqueio da
circulação da seiva. Os ferimentos podem servir como porta de entrada para fungos
oportunistas, que causam total escurecimento dos tecidos e, em seguida, podridão das
raízes e morte da planta. O sintoma do ataque é o amarelecimento das folhas, seguido de
seca e morte da planta. É importante não confundir com os sintomas da broca-do-tronco.
Os danos da broca-do-coleto limitam-se tão somente à região do coleto, sem se
estenderem ao caule e ramos.
Como controle químico, faz-se pulverizações com óleo mineral emulsionável de 0,5 a 1%
nas horas mais frescas do dia e também pode-se adicionar um inseticida fosforado com a
menor dose recomendada, evitando pulverizar no período de florescimento. Também
deve-se observar o período de carência, principalmente, no início do amadurecimento do
fruto (MORALES; MANICA, 1994).
PODA
A poda das anonaceas permite a condução das plantas com o maior número de ramos,
que suportem maior quantidade de frutos de qualidade comercial. Na região Semiárida
brasileira, a prática da poda permite a programação da produção para praticamente
qualquer época do ano, podendo-se dividir uma mesma área em diferentes talhões, cada
um com uma época de produção.
1. Poda de formação
A poda de formação é iniciada cortando-se a gema apical do ramo principal da muda (cujo
plantio foi feito em haste única), chamada desponte, quando a muda, já em campo, atingir
uma altura de 60 a 70 cm de altura (Figura 76). O corte, com o auxílio de uma tesoura de
poda, deve ser realizado na região do ápice da planta preferencialmente quando a haste
principal já estiver lignificada, passando de coloração esverdeada para amarronzada. A
altura do corte da haste principal deve ser entre 60 e 80 cm do nível do solo. Na prática,
quando as plantas atingirem 1 m de altura já podem ser despontadas. Esta operação
estimulará as brotações laterais, das quais serão selecionadas três ou quatro pernadas,
radialmente distribuídas, em alturas diferentes nos 20 cm terminais do caule, que
C a p í t u l o I | 116
Figura 76. Esquema da poda de formação: ramo principal (poda apical) e nos ramos
laterais ou pernadas (cortes em vermelho). Fotos: Santos et al. (2001).
No caso da pinha, devem-se selecionar dois ramos para cada pernada, encurtando-os em
seguida, sucessivamente, em 20 a 30 cm sempre que atingirem 50 cm de comprimento,
até que as plantas estejam com número de ramos suficientes para a primeira produção.
Logo após finalizar cada colheita, no caso da pinha produzida em condições irrigadas no
Semiárido brasileiro, pode-se iniciar nova poda de produção, o que permite a colheita de
duas safras anuais, conforme o exemplo no cronograma apresentado na Tabela 8. Esta
programação pode ser ajustada de acordo com o interesse do produtor.
apresentou uma velocidade de crescimento reduzida dos 51 aos 79 dias e logo após o
terceiro período com nova aceleração do crescimento dos 79 aos 103 dias, representando
51, 28 e 24 dias para cada período.
Silva (2000) também constatou três períodos de crescimento dos frutos da pinheira em
seu estudo sobre épocas de poda e métodos de polinização na produção da pinheira,
porém, com a duração de 48, 36 e 17 dias.
Para obtenção de frutos de qualidade comercial, ou seja, bem formados e com peso
superior a 300 gramas, é necessário se fazer a indução floral das plantas e assim
sincronizar a floração e a frutificação. Após as podas de formação, quando os ramos
definitivos estiverem maduros (mais da metade da extensão do ramo estiver lenhoso),
pode-se processar a poda de frutificação, a qual consiste em cortar estes ramos no trecho
entre a parte lenhosa e a parte verde ou herbácea (retiram-se as pontas dos ramos -
desponte), na mesma ocasião se processa uma desfolha daquele ramo podado.
Recomenda-se deixar alguma folhagem na planta para que ela não interrompa o processo
metabólico de imediato (Figura 77). A poda de frutificação e desfolha dos ramos
proporcionam a brotação de ramos novos que trazem consigo as flores e pode-se assim
estabelecer um sistema de produção contínua, inclusive no período entressafra (LEMOS,
2011).
C a p í t u l o I | 119
Figura 77. Poda de frutificação em pinheira da variedade Típica (Crioula) com 4 anos de
idade. Foto: Lima Salvador, T. (2012).
Segundo São José (1997), a poda de produção vem sendo praticada para produção na
entressafra. Na região de clima semiárido de Petrolina, em Pernambuco, a pinheira é
podada com êxito entre os meses de maio e agosto com o objetivo de obter frutos no
período de menor oferta no mercado brasileiro. Dias et al. (2004) constataram, nas
condições estudadas, que ramos podados com menores comprimentos tendem a reduzir a
emissão de flores e a aumentar o vigor de brotações e tamanho de frutos (Figura 78).
Figura 78. Diâmetro médio dos frutos (cm), em função do comprimento de ramos
podados. Anagé-BA, 2003. Fonte: Dias et al. (2004).
C a p í t u l o I | 120
Figura 79. Novas brotações (botões florais) surgidas da pinheira após a poda de
frutificação. Foto. Lima Salvador, T. (2012).
A poda de produção com desfolha dos ramos é uma prática de grande importância na
exploração da cultura, influenciando no fenômeno da diferenciação floral, de maneira a
permitir que a produção seja contínua ao longo do ano, inclusive no período da
entressafra. Silva (2000) constatou, em estudo envolvendo poda, que existe total
viabilidade agronômica e econômica de produzir-se pinha de forma vantajosa nas
condições de clima semiárido, em períodos de entressafra, de forma a aumentar a
C a p í t u l o I | 121
A maioria dos produtores brasileiros não disponha de tecnologias mais avançadas, como
sistema de irrigação adequado, indução floral e polinização artificial entre outras, o que
certamente levaria a um aumento de produtividade e uma melhor qualidade do fruto, da
cultura da pinheira (Annona squamosa L). Tendo em vista o aumento da área plantada,
assim como a grande importância que vem assumindo essa cultura em diversas regiões
brasileiras e a escassez de pesquisa cientifica, Silva (2000) conduziu esse experimento
em uma área da Fazenda Santa Clara, município de Caraíbas-BA, entre marco de 1999 a
marco de 2000, cujo objetivo principal foi estudar os efeitos de três épocas distintas de
poda de produção, associadas a quatro métodos de polinização, na produção da pinheira,
nas condições do semiárido. Os tratamentos utilizados foram: To - polinização natural;
T1 - bomba de polinização; T2 - pólen pré-colhido e T3 - pólen colhido do dia. Foram
necessários 45 dias de intervalo entre as podas e a polinização para todas as épocas. Entre
a polinização e a maturação fisiológica dos frutos (colheita) transcorreram 120, 117 e 101
dias respectivamente para as podas de 31 de maio, 15 de julho e 22 de setembro. Para as
três épocas, as flores polinizadas artificialmente apresentaram uma taxa de vingamento
de frutos superior a 91% quando se polinizou com pincel, enquanto que as flores do
tratamento - To (testemunha), apresentaram somente 1,28%. Para as épocas I, II e III, os
diâmetros e comprimentos médios dos frutos foram respectivamente, (8,18; 9,12 e 9,12
cm) e (7,87; 9,05 e 9,23 cm); enquanto que os pesos médios foram 258,50; 312,72 e
340,22 g para as respectivas épocas. Os frutos desenvolvidos nas épocas do ano em que
as temperaturas foram mais baixas (época I), apresentaram menor desenvolvimento e
menor peso médio. Já os frutos desenvolvidos no período cujas temperaturas foram mais
elevadas (épocas II e III), se desenvolveram com rapidez e apresentaram maior peso
C a p í t u l o I | 122
médio. As medias de polpa e casca (%) dos frutos para as diferentes épocas foram
respectivamente, 41,55 e 48,76 (época I); 41,28 e 51,28 (época II); e 45,77 e 46,48%
(época III). Já os valores médios dos sólidos solúveis totais (SST) e acidez titulável total
(ATT) foram (22,60, 22,23 e 24,43 ºBrix) e (0,0939; 0,0928 e 0,1122%) para as
respectivas épocas. Os resultados permitiram concluir que é perfeitamente viável o
aumento do índice de vingamento de frutos, no período em que foi desenvolvido o
experimento, nas condições do semiárido, utilizando-se adequadamente a poda de
produção e os métodos de polinização artificial. Quanto ao rendimento bruto, a produção
originada na época I, com R$ 3.046,00/ha, proporcionou maior rendimento em
comparação aos R$ 2.512,90 e R$ 1.767,91, obtidos pelas épocas II e III,
respectivamente. Considerando-se que, embora com peso médio menor, os frutos
alcançaram melhores preços no período de entressafra.
Quatro anos após o plantio, as árvores foram podadas anualmente para emergência de
novos brotos no mês março. A poda consistia na remoção de galhos mortos, metade a
dois terços de todos os galhos longos, remoção de todos os galhos pequenos, o que
resultou na produção de frutos de distintos tamanhos entre as plantas podadas e não
podadas (COGEZ; LYANNAZ, 1996; Figura 80).
Figura 80. Superior: Frutos 'Arka Sahan' polinizados à mão produzidos a partir do
melhor tratamento de pólen, Annona squamosa (observe os frutos simétricos de tamanho
grande). Inferior: Frutos não polinizados naturalmente endurecidos (observe o tamanho
pequeno e os frutos disformes). Fotos: Cogez; Lyannaz, 1996.
C a p í t u l o I | 123
DESBASTE DE FRUTOS
Figura 82. Pinheira com número suficiente de frutos para obtenção de frutos de bom
tamanho e qualidade, os quais são separados um dos outros na operação de raleio. Foto:
Natureza Bela.
Para Manica (1994), plantas adultas de atemóia produzem frutos em excesso, geralmente
em cachos de 2 ou 3 inseridos numa mesma gema e ao permanecerem todos livres não
alcançam 300 g de peso, considerado o padrão ideal para a comercialização. Sendo então
desbastados quando atingem 3 cm de diâmetro, eliminando-se os defeituosos, atacados
por broca, doentes ou encostados uns aos outros. Nestas condições obtêm-se frutos
maiores e de fácil comercialização.
Deformação dos frutos. Esse efeito é produzido por causa da polinização deficiente dos
óvulos que origina o fruto. Esse fenômeno deprecia os frutos para a comercialização.
Figura 83. Frutos de pinha na fase de separação dos carpelos dos frutos apresentado
rachaduras e a utilização dos tratamentos: sacos de papel-plástico e de camada dupla e
rede quebra-vento, visando reduzir o rachamento dos frutos de pinha. Fotos: Taitung
District Agricultural Research and Extension Station - TTDARES (2016b).
TAMANHO DE FRUTOS
O mercado define o padrão comercial dos frutos a serem obtidos pelos produtores, assim
sendo, o raleio ou desbaste é uma operação importante, considerando que frutas de
pequenas dimensões muitas vezes alcançam apenas 20% do valor obtido por frutas de
maior tamanho. Com relação a pinha, melhores resultados são obtidos quando se deixa
50 e 30 frutas, respectivamente. A operação é feita manualmente em 3 repasses, quando
os frutos tiverem cerca de 1,5 cm de diâmetro, e quando já é possível identificar os
C a p í t u l o I | 128
malformados e aqueles que têm o seu desenvolvimento natural limitado pelo pequeno
número de carpelos (KAVATI; PIZA JÚNIOR, 1997).
Maia et al. (1986) obtiveram frutos com comprimento de 4,27 a 7,41 cm (média = 5,07
cm) e diâmetro de 5,31 a 7,82 cm (média = 6,22 cm). Holschuh et al. (1988), em estudo
de caracterização física de frutos de pinha oriundos do trópico semiárido da Paraíba,
obtiveram os seguintes resultados: comprimento de 5,35 a 6,05 cm e diâmetro de 6,25 a
6,72 cm. Gaspar et al. (2000), em seu estudo, obtiveram média de 8,34 cm para o
comprimento e 8,38 cm para o diâmetro dos frutos. Costa et al. (2002) obtiveram, em
média, diâmetro de 81,5 mm e comprimento de 73,3 mm para os frutos da pinheira, com
variação de 80,0 a 82,8 mm para o diâmetro e de 72,3 a 74,4 mm para o comprimento dos
frutos. Silva et al. (2002) obtiveram os seguintes resultados médios: altura (comprimento)
de frutos variando de 6,6 cm a 8,7 cm; diâmetro máximo variou de 7,8 cm a 10,1 cm.
Pereira et al. (2003), estudando o efeito de horários de polinização artificial no pegamento
e qualidade de frutos de pinha (Annona squamosa L.), obtiveram comprimento dos frutos
variando de 7,77-8,93 cm e variação no diâmetro de 8,47-9,22. Dias (2003), avaliando a
frutificação da pinheira, obteve comprimento dos frutos (cm) de 8,18 a 8,60 e diâmetro
dos frutos (cm) de 8,09 a 8,52. Já Dias et al. (2003) obtiveram os seguintes valores:
diâmetro 7,88 cm a 8,26 cm e comprimento 7,70 cm a 8,02 cm. Pereira et al. (2009),
estudando a qualidade de frutos ensacados da pinheira, obtiveram comprimento (em cm)
de 8,7 a 9,1 e diâmetro (em cm) de 8,3 a 8,4. Considerando os trabalhos apresentados,
verificam-se que os frutos da pinheira apresentam variação de 4,27 a 9,1 cm em seu
comprimento e de 5,31 a 10,10 cm em seu diâmetro, variação essa decorrente do período,
região e tratos aplicados à cultura.
Kavati (1997) afirmou que existe uma grande variabilidade genética nos pomares
comerciais, devido à propagação via semente. Como consequência, ocorrem variações
anatômicas nos frutos, os quais são classificados por peso e tamanho antes de sua
comercialização. O mesmo autor relatou que o padrão de peso comercializável dos frutos
de pinha pode variar entre 600 g (maior peso) e 215 g (menor peso). Os frutos encontrados
em feiras livres ou centrais de abastecimento geralmente fogem desse padrão. Em uma
pesquisa realizada por Sousa (2005) nas Centrais de Abastecimento da Região
Metropolitana de Salvador-BA, constatou-se que o peso médio dos frutos varia entre 350
g e 200 g. De acordo com esses relatos, sugere-se que as técnicas de polinização podem
não estar sendo empregadas de forma adequada pelos produtores do estado, fazendo-se
necessário o desenvolvimento de estudos que os auxiliem, visando o aumento da
produção e, principalmente, da qualidade dos frutos.
PRODUTIVIDADE
Capítulo II
1-PRÉ-COLHEITA
Para tentar aumentar a vida de prateleira das frutas de pinha para consumo in natura tem
que considerar suas próprias características: fisiologia de formação e maturação, além das
características químicas e físicas. Por meio desses parâmetros, são definidas as técnicas
de colheita e pós-colheita.
a. Desenvolvimento do fruto.
b. Maturação
- Alterações químicas e físicas. As frutas de pinha são climatéricas por natureza, pois
aumentam a atividade respiratória e a produção de etileno durante o amadurecimento. O
aumento da atividade respiratória nas frutas de pinha, assim como em outras frutas
tropicais, é acompanhado por rápidas modificações na composição química, onde sabor
e aroma tornam-se muito agradáveis, enquanto a firmeza da polpa diminui (BROWN et
al., 1988). Sólidos solúveis aumentam, principalmente carboidratos e ácidos orgânicos, e
compostos voláteis. Máxima qualidade para consumo é alcançada com altos teores de
R e f e r ê n c i a s B i b l i o g r á f i c a s | 134
O climatério, ou pico climatérico, pode ser definido como o período durante o qual uma
série de mudanças bioquímicas é iniciada por produção autocatalítica do etileno,
marcando a transição entre o desenvolvimento à senescência do fruto, envolvendo um
aumento na atividade respiratória e na condução ao amadurecimento (CHITARRA;
CHITARRA, 1990).
Após o pico, há queda na produção dos principais compostos aromáticos, com liberação
de compostos voláteis que estão associados a aromas estranhos de frutas supermaduras
(PAULL, et al., 1983). Essa mesma tendência é observada em relação aos açúcares e
ácidos orgânicos. Portanto, os frutos perdem a qualidade após o estágio de
amadurecimento (amadurecimento organolética).
entre os gomos na parte mediana dos frutos, e observou o tempo transcorrido até se atingir
a plena maturação ou ponto de consumo (maturação organolética), determinado pela
concentração de sólidos solúveis totais (ºBrix). Os frutos colhidos foram colocados em
caixas de papelão em camada única em temperatura ambiente (27±2ºC) até a completa
maturação quando foi mensurado o teor de sólidos solúveis totais ((ºBrix). Para isso foi
estabelecida uma escala de intervalos de distância de afastamento entre os gomos,
conforme Tabela 10.
O início do ponto de colheita foi determinado visualmente pelo início do afastamento dos
gomos da casca dos frutos deixando aparecer marcadamente a coloração creme-
amarelada sem clorofila na parte inferior dos gomos (Figura 84). Para efeito das
avaliações convencionou-se o estágio 3 com afastamento de 3,1 a 4 mm entre os gomos,
medindo com um paquímetro digital. Os frutos neste estágio foram colhidos com tesoura
de poda cortando o pedúnculo de cada fruto (SALVADOR, 2013).
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Figura 84. 1) Desenho representativo da casca dos frutos de pinha e o afastamento dos
gomos com a escala de maturação de 1 a 4 proposta e 2). Fruto no estágio 1 de maturidade
fisiológica ainda na planta (distância dos gomos de 1,17 mm) apresentando uma ótima
aparência externa (A); Fruto colhido no estágio 3 de maturidade fisiológica, apresentando
distância de 3,26 mm entre os gomos (B). Fontes: Lima Salvador, T. (2013).
Para determinação da época ideal de colheita, Moura et al. (2019) recomendam que os
frutos de pinha em desenvolvimento sejam colhidos e classificados em três estágios de
afastamento dos gomos ou carpelos: classe 1 (0,0 a 2,0 mm); classe 2 (2,1 a 3,0 mm); e
classe 3 (3,1 a 4,0 mm) (Figura 85).
Figura 85. Frutos de pinha (Annona squamosa L.) colhidos e separados em três classes
quanto ao interespaço dos carpelos, 1 (0,0 - 2,0 mm), 2 (2,1 - 3,0 mm) e 3 (3,1 - 4,0 mm),
cultivados sob condições de savana (cerrado) em Roraima. Fotos: Moura et al. (2019).
R e f e r ê n c i a s B i b l i o g r á f i c a s | 137
É importante destacar que durante a fase de colheita, os frutos mudam de cor de verde
para creme amarelado-verde entre os carpelos (VISHNU PRASANNA et al., 2000). Os
frutos apresentam excelentes características para consumo e vida útil de seis dias quando
colhidos 104 dias após a polinização (PEREIRA et al., 2010). A vida útil dos frutos
colhidos aos 108 dias diminuiu pela metade (vida útil de três dias). Por outro lado, os
autores relataram um aumento de 50 g na massa da polpa nos frutos colhidos com 108
dias.
2 - COLHEITA
Dentre as frutas do gênero Annona, a pinha é a mais difícil de colher devido a sua
tendência a rachar devido à separação dos segmentos ou dos carpelos (LEAL, 1990).
Apesar de seu aspecto rústico, a pinha é uma fruta delicada de manuseio e requer todo
cuidado para evitar abrasão, principalmente quando a casca escurece, pois isso pode
prejudicar a aparência e a qualidade geral da fruta (KAVATI, 1997). Recomenda-se o uso
de escadas para a colheita, sendo que o desprendimento dos frutos é feito com o uso de
faca ou tesoura de poda, e nunca os torcendo (Figura 86). Esta é uma recomendação
comum para todas as frutas Annona. É necessário deixar 0,5 a 1,0 cm de pedúnculo para
diminuir a invasão patogênica e também a perda de água (Figura 87). Mesmo com esta
recomendação, é aconselhável tratar o instrumento de colheita com um fungicida como o
benomyl (1 g/litro) após a colheita de cada fruto para evitar a propagação de fungos,
especialmente Lasodiplodia theobromae.
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Figura 86. Desprendimento dos frutos da pinheira é feito com o uso de faca ou tesoura
de poda (foto acima), e nunca por torção. Foto: Shutterstock.
Figura 87. Recomenda-se deixar o pedúnculo no fruto desprendido após o seu corte com
a tesoura de poda. Foto: Safari Garden.
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Figura 88. Maturação fisiológica do fruto colhido diretamente da pinheira. Foto: Portal
Agropecuária.
Atualmente, o índice de colheita empregado para a pinha tem sido baseado na aparência
externa do fruto. A colheita dos frutos começa depois do segundo ou terceiro ano do
plantio, e a produção aumenta até atingir o máximo com cinco a oito anos. Critérios
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morfológicos dos frutos foram estabelecidos para o ponto correto de colheita. Tais
critérios são: para pinha, deve-se observar o afastamento dos carpelos, mudança de cor
da casca e coloração verde-amarelada dos tecidos intercarpelares (PEREIRA et al., 2010;
(Tabela 11).
Com base nos critérios da Tabela 11, o desbotamento na cor da superfície dos frutos é o
principal índice de maturidade para a colheita da pinha. Os frutos da pinha são colhidos
manualmente com 1-3 colheitas pela manhã. De modo geral, nenhum agricultor utiliza a
colhedora para a colheita de pinha. A produção média de frutos por árvore foi de 10 a 28
kg, dependendo da idade das árvores e das condições do solo.
Após a colheita, os frutos são transportados para o galpão ou casa de embalagem, onde
são classificados pelo estágio de maturação e pelo tamanho. Os frutos lesionados,
defeituosos, muito maduros ou verdes são descartados ou separados para consumo
doméstico. Após a seleção e a classificação, os frutos são embalados em caixetas de
papelão para 3 kg, colocados em camada única, formando os tipos 9 (3 x 3); 12 (4 x 3);
15 (5 x 3); e 18 (6 x 3). Os tipos 9 e 12 são os preferidos para os mercados das grandes
capitais (ARAÚJO FILHO et al., 1998).
3 - PÓS-COLHEITA
A pinha é uma fruta muito atrativa tanto para o consumo in natura quanto para a indústria
de sucos e polpas. A limitação em chegar a mercados distantes decorre do
amadurecimento rápido e do amolecimento acentuado que dificulta o manuseio sem
danos dos frutos e encurta a vida pós-colheita.
Após a colheita, os frutos devem ser arrumados para o transporte em caixas rasas e os
frutos grandes não devem ser sobrepostos (ou em camada) sobre os pequenos. É
aconselhável colocar espuma plástica (0,5 a 1,0 cm de largura) entre cada camada de fruta
para evitar abrasão durante o transporte até o “packing house”. O cuidado é mais
importante se a fruta for destinada ao consumo in natura. Enquanto os frutos colhidos
estiverem no campo, as caixas de colheita devem ser mantidas à sombra ou protegidas da
chuva, e longe da poeira produzida pelo vento e movimentação de veículos.
Uma escala de notas de 1 a 4 foi estabelecida por Salvador (2013) para notificar a
aparência externa (casca) e interna (polpa) dos frutos, considerando a ausência ou
presença de coloração escura na casca e na polpa dos frutos, ilustrados na Tabela 12.
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Tabela 12. Escala de notas estabelecida para notificar a aparência externa (casca) e
interna (polpa) dos frutos de pinha.
Muito trabalho precisa ser feito no Brasil para definir embalagens adequadas para frutas
Annona. As caixas atualmente utilizadas para a pinha foram pensadas para outras frutas
como manga, goiaba ou uva, que possuem características diferenciadas de tamanho,
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forma e peso. Para a graviola a situação é ainda pior, pois os frutos são muito maiores e
mais pesados do que a pinha e é muito mais difícil adaptar uma caixa para
comercialização. Uma caixa mais resistente ao impacto é necessária para proteger os
frutos individualmente, semelhante à usada para o melão (MOSCA et al., 1999).
As pinhas classificadas por tamanho são dispostas na caixa de forma que fiquem bem
presas e não se mexam durante o transporte. O padrão de arranjo depende do tamanho do
fruto (Figura 89). Assim, as frutas da classe 15 são colocadas lado a lado em 5 fileiras de
3 frutas. No caso das frutas da classe 18, existem 6 fileiras de 3 frutas dispostas em padrão
de espinha de peixe. A nota de tamanho máximo para pinha é 8, para frutas com peso
entre 600 e 620 g, que são apresentadas em 4 linhas de 2 frutas.
Figura 89. Classificadas pelo tamanho uniforme, as frutas do conde são embaladas em
caixa de papelão (3 linhas de 2 frutas) e revestidas com protetor individual de malha de
polietileno expandido. Fotos: MF Rural.
A exposição ao etileno após a colheita deve ser evitada. Brown et al. (1988) relataram
que a pinha tem melhor qualidade se amadurecida em ar livre de etileno. Baixos níveis
de etileno, baixo oxigênio e alto dióxido de carbono na atmosfera de armazenamento
podem ser ferramentas úteis para prolongar a vida útil, bem como métodos para
complementar a refrigeração, como filmes plásticos e ceras, porém, existem poucas
pesquisas atuais sobre o assunto em relação aos frutos de Annona.
Em frutos de pinha tem sido demonstrado que temperaturas abaixo de 15ºC causam
sintomas de frio, enquanto o amadurecimento normalmente ocorre entre 15 e 20 ºC a 85-
95% de umidade relativa (LEAL, 1990). Porém, segundo este autor, o armazenamento
por 6 semanas a 4 ºC causa escurecimento da casca, mas a polpa permanece em boas
condições. Babu et al. (1990) afirmaram que a vida útil da pinha é de 5 dias, mas pode
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ser estendida com tratamentos como embalagem de polietileno (6 dias), emulsão de cera
(6 dias), imersão em reguladores de crescimento (7 dias) e fungicidas (8 dias) ou absorção
de etileno (9 dias).
FILMES PLÁSTICOS - Por ser um fruto climatérico, o uso de filmes plásticos modifica
a atmosfera de armazenamento, retardando a respiração do fruto, a perda de clorofila,
umidade, escurecimento enzimático e amadurecimento. Além do efeito sobre etileno, já
que é necessária a presença de oxigênio para que ocorra a síntese, e com o uso do filme
plástico dificulta esse contato (CHITARRA; CHITARRA, 2005; TEIXEIRA et al., 2007).
Os filmes plásticos funcionam como uma barreira para o movimento de vapor d’água.
Devido as películas, alterando todo o metabolismo do fruto, garantindo assim a umidade
relativa (UR) no interior da embalagem e a turgidez (SILVA; MUNIZ, 2011).
O uso de filme de PVC (policloreto de vinila) para criar uma atmosfera modificada tem
mostrado resultados satisfatórios para muitas frutas como goiaba e maracujá, e reduziu a
perda de massa fresca (LIMA; DURIGAN, 2000; FLORIANO et al., 2003). Santiago et
al. (2003) observaram redução na perda de peso de frutas armazenadas em embalagens
de PVC para pinha. Segundo Guimarães et al. (2003), os frutos de pinha apresentam bons
R e f e r ê n c i a s B i b l i o g r á f i c a s | 147
Figura 90. Aparência externa em frutos de ata no 2º (A), 4º (B), 6º (C) e 8º (D) dia de
armazenamento recobertos com filme PVC armazenados a 44% de umidade relativa e
temperatura máxima de 33,6 °C e mínima de 27,9 °C durante 8 dias. Fotos: Reges et al.
(2018).
Os frutos revestidos com filme PVC apresentaram valor maior de ratio (relação entre
sólidos solúveis totais por acidez titulável), o qual representa um balanço entre sabores
doces e ácidos, podendo apresentar um falso indicativo de qualidade (KLUGE et al.,
2002).
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Entre o grande número de reagentes e técnicas que foram testados nos últimos anos para
remover o etileno de câmaras de armazenamento sem ventilação, o permanganato de
potássio é o mais utilizado comercialmente. Vários depuradores comerciais de
permanganato de potássio estão disponíveis em sachês, filtros, mantas e outros
dispositivos de captura especializados (SHERMAN, 1985). A inclusão de permanganato
de potássio, que é um absorvente de etileno, visa uma extensão do período de
armazenamento (SALUNKHE; DESAI, 1984).
do etileno, competindo por sítios de ligação nas membranas. Isso acontece porque o 1-
MCP tem uma afinidade 10 vezes maior que o etileno com o receptor, não promovendo
as respostas fisiológicas que são desencadeadas pelo etileno. Embora seja uma ligação
irreversível, a sensibilidade ao fito-hormônio é renovada ou produzida a partir de sítios
receptores, amadurecendo os frutos normalmente (SISLER; SEREK, 1997;
BLANKENSHIP; DOLE, 2003).
IRRADIAÇÃO - A irradiação ultravioleta é uma técnica que também pode ser usada para
vegetais, não gerando resíduos físicos ou químicos, além de não alterar características
sensoriais nos vegetais. É evidente seu efeito na redução da atividade microbiana,
deterioração e controle do amadurecimento e na desordem fisiológica, que compromete
o tempo de vida pós-colheita, além disso, tem baixo custo de utilização (MOHAMED et
al., 2017).
Alguns autores mostram que a utilização de UV-C em vegetais com certa dosagem,
interfere de forma pontual na atividade das enzimas, mostrando que a técnica pode ser
utilizada em enzimas indesejáveis. A irradiação na faixa de 100 a 280 ƞm é classificada
como UV-C, sendo um método eficiente para alimentos (FALGUEIRA et al., 2011).
Podem ser reproduzidas de forma artificial através de lâmpadas de baixa pressão de
mercúrio que emite ondas de 254 ƞm com ação letal contra fungos, bactérias, vírus, algas,
protozoários e leveduras (BINTSIS et al., 2000).
As coberturas podem ser feitas por alginato, colágeno, fécula e ceras. Os compostos mais
utilizados são proteínas (gelatina, caseína, ovoalbumina, glúten de trigo, zeína e proteínas
miofibrilares), polissacarídeos (amido e seus derivados, pectina, celulose e seus
derivados, alginato e carragena), lipídios (monoglicerídeos, acetilados, ácido esteárico,
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Além disso, compostos como sorbitol e glicerol são utilizados como revestimento
plastificante, com função de melhorar força, resistência e flexibilidade (JUNIOR et al.
2010; VILLA-DIEGO et al. 2005).
É uma técnica não química, que tem apresentado resultado promissor no pós-colheita,
demostrando efeito benéfico na redução de incidência de danos por insetos e controle de
patógenos, contribuindo para redução das injúrias causadas pelo frio e armazenamento
sob baixas temperaturas (SABEHAT et al., 1996; WOOLF et al., 2004; RODRIGUEZ et
al., 2005). Através do tratamento térmico, é possível realizar a inativação enzimática,
sendo este recurso utilizado principalmente na conservação do produto (LUIZ et al.,
2007).
MERCADO
Ainda que a produção e o consumo sejam crescentes, há que se preocupar com a qualidade
da fruta a ser oferecida, ressaltando que o cultivo de modo tecnificado e em escala
comercial cresce à medida que os preços se tornam compensadores e há aceitação por
parte do consumidor. Diante disso, a formação de um hábito de consumo exige por parte
do mercado produtor uma oferta contínua ao longo do tempo, assim, alterar a
sazonalidade do produto é relevante, a fim de atender a essa demanda (MANICA et al.,
2000).
Para a pinha, especificamente, Kavati (1997) afirma que sua oferta no mercado atacadista
ocorre durante o ano todo, mesmo assim, há déficit de produção, pois o mercado não
consegue suprir a demanda. Salienta, ainda, que a concorrência é relativamente fraca, pois
o mercado se aproxima da concorrência perfeita com grande número de pequenos
produtores, que, normalmente, são tomadores de preço e possuem pouco conhecimento
sobre a cultura. No entanto, há perspectivas de expansão, tanto em nível local como
também nacional e internacional.
Sob esse cenário, avanços tecnológicos que melhorem a aparência do fruto e os índices
de produtividade da lavoura, acesso às boas práticas de colheita e pós-colheita, transporte
e logística de distribuição das frutas são fatores relevantes na formação do preço,
consequentemente, na remuneração dos agentes de mercado (VIANA, 2005).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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