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All content following this page was uploaded by Vicente de Paula Queiroga on 23 May 2023.
1ª Edição
CENTRO INTERDISCIPLINAR DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO E DIREITO
CONSELHO EDITORIAL
1ª Edição
2023
©Copyright 2023 by
Organização do Livro
VICENTE DE PAULA QUEIROGA, JOSIVANDA PALMEIRA GOMES, NOUGLAS VELOSO
BARBOSA MENDES, ALEXANDRE JOSÉ DE MELO QUEIROZ, ROSSANA MARIA FEITOSA DE
FIGUEIRÊDO, DENISE DE CASTRO LIMA, ESTHER MARIA BARROS DE ALBUQUERQUE
Arte da Capa
ESTHER MARIA BARROS DE ALBUQUERQUE
Editoração
ESTHER MARIA BARROS DE ALBUQUERQUE
Diagramação
ESTHER MARIA BARROS DE ALBUQUERQUE
ISBN 978-65-87070-32-2
CDU 633.8
Ficha Catalográfica Elaborada pela Direção Geral da Revista Eletrônica A Barriguda - AREPB
Todos os direitos desta edição reservados à Associação da Revista Eletrônica A Barriguda – AREPB.
Foi feito o depósito legal.
O Centro Interdisciplinar de Pesquisa em Educação e Direito – CIPED,
responsável pela Revista Jurídica e Cultural “A Barriguda”, foi criado na cidade de
Campina Grande-PB, com o objetivo de ser um locus de propagação de uma nova maneira
de se enxergar a Pesquisa, o Ensino e a Extensão na área do Direito.
A ideia de criar uma revista eletrônica surgiu a partir de intensos debates em torno
da Ciência Jurídica, com o objetivo de resgatar o estudo do Direito enquanto Ciência, de
maneira inter e transdisciplinar unido sempre à cultura. Resgatando, dessa maneira,
posturas metodológicas que se voltem a postura ética dos futuros profissionais.
A madeira do mogno brasileiro (Swietenia machophylla King) é hoje uma das mais
valorizadas economicamente, alcançando valores de mercado superiores as outras
arbóreas, sendo utilizada para diversos fins. De modo geral, a espécie possui dificuldade
de regeneração natural e de estabelecimento em reflorestamentos, tendo como principal
praga larvas de Hypsipyla grandella Zeller. Entretanto, as espécies do gênero Khaya
apresentam grande potencial no reflorestamento devido à tolerância a esta praga.
Portanto, os mognos africanos (Khaya spp.) representam uma alternativa silvicultural e
madeireira ao mogno (Swietenia macrophylla King) encontrado na Amazônia e protegido
por lei, pois as espécies Khaya spp são as árvores produtoras de madeiras nobres mais
procuradas para plantios, tanto em pequenas como em grandes propriedades no Brasil.
No nosso país, os mognos africanos apresentam rápido crescimento e proporcionam uma
madeira de excelente qualidade, principalmente para a indústria moveleira e de
laminados. Entre as seis espécies existentes, denominadas: Khaya senegalensis, Khaya
anthotheca, Khaya grandifoliola, Khaya ivorensis, Khaya nyasica e Khaya
madagascarensis, a madeira da espécie Khaya senegalensis é classificada como uma das
melhores madeiras de mogno africano, ademais pode suportar uma estação seca de 4 a 7
meses. A madeira é moderadamente dura e de densidade média. O cerne é marrom-
avermelhado profundo com um tom arroxeado e a aparência atraente a torna uma das
madeiras mais preferidas principalmente para as indústrias de móveis, naval e de
construção civil. Seu cultivo iniciou-se no Norte do Brasil, em razão de iniciativas da
Embrapa Amazônia Oriental, difundindo-se pelo Sudeste (especialmente Minas Gerais)
e Centro-Oeste, inclusive em áreas do Cerrado, onde informações sobre seu manejo tem
sido demandada para órgãos de extensão e pesquisa. Nesta revisão, são abordados temas
como origem, importância econômica, distribuição geográfica, descrição botânica e
sistemática, propagação vegetativa, exigências climáticas, manejo florestal, doenças e
pragas, idade de corte das árvores de mogno africano, entre outros. Em razão disso, este
livro escrito em português pode ser um manual útil para aquele que decidir plantar essa
árvore e conhecê-la em maior profundidade, o livro "Mogno africano (Khaya
senegalensis (Desr.) A. Juss.): Tecnologias de plantio e utilização”, será de grande
interesse e ajuda para o produtor que necessita pôr em prática as várias tecnologias
abordadas no mesmo.
Os autores
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 10
IMPORTÂNCIA ECONÔMICA............................................................................................. 14
ORIGEM E DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA MUNDIAL ................................................ 15
BOTÂNICA, MORFOLOGIA E FISIOLÓGICA DO MOGNO AFRICANO................... 18
HISTÓRICO E BASE GENÉTICA DAS POPULAÇÕES DE Khaya spp., NO BRASIL.. 38
MELHORAMENTO................................................................................................................. 40
ESPÉCIES DE MOGNO AFRICANO ................................................................................... 45
DIFERENÇA ENTRE MOGNO BRASILEIRO E MOGNO AFRICANO ........................ 56
PROPAGAÇÃO DA ESPÉCIE Khaya senegalensis .............................................................. 59
CONDIÇÕES EDAFOCLIMÁTICAS .................................................................................... 77
MANEJO DE MOGNO AFRICANO EM FLORESTA NATURAL ................................... 80
MANEJO DE MOGNO AFRICANO EM FLORESTA PLANTADA ................................ 82
ETAPAS DE FORMAÇÃO DA FLORESTA ........................................................................ 82
PLANEJAMENTO DO FLORESTAMENTO ....................................................................... 82
ESCOLHA DA ÁREA .............................................................................................................. 83
ANÁLISE DE SOLO E CALAGEM ....................................................................................... 83
PREPARAÇÃO DO SOLO ...................................................................................................... 86
ÉPOCA DE PLANTIO ............................................................................................................. 90
ESTABELECIMENTO DO CAMPO: PLANTIO ................................................................. 91
SOMBREAMENTO: PLANTIO CONSORCIADO .............................................................. 97
ESPAÇAMENTO ...................................................................................................................... 98
CRESCIMENTO DA PLANTA Khaya senegalensis SOB DÉFICIT HÍDRICO .............. 103
ADUBAÇÃO ............................................................................................................................ 106
DESRAMA OU PODA ........................................................................................................... 114
CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS ........................................................................... 123
PRAGAS E DOENÇAS .......................................................................................................... 128
INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA-FLORESTA E MONOCULTIVO ................. 146
DESEMPENHO DA ÁRVORE DE MOGNO AFRICANO (Khaya senegalensis)............ 152
DESBASTE OU ELIMINAÇÃO DE PLANTAS ................................................................. 153
VALOR DA ÁRVORE DE MOGNO AFRICANO ............................................................. 157
PERSPECTIVAS DE MERCADO PARA O MOGNO JOVEM ....................................... 161
AUMENTO DA DEMANDA POR MADEIRA ................................................................... 163
IDADE DE CORTE FINAL DA FLORESTA DE MOGNO AFRICANO........................ 169
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................. 179
I n t r o d u ç ã o | 10
INTRODUÇÃO
O gênero Khaya, pertencente à família Meliaceae, é composto por um importante grupo
de espécies originárias de várias regiões africanas e ocorre em uma faixa paralela à linha
do Equador entre 15 e 18º N (LAMPRECHT, 1990), que se estende do oceano Atlântico
ao Índico, compreendendo o Senegal, sul do Sudão, norte dos Camarões e norte da
Uganda (FAO, 1986; JOKER; GAMÉNÉ, 2012). São árvores popularmente conhecidas
no comércio madeireiro brasileiro pela designação de Mogno-Africano (REIS et al.,
2019). Tais espécies são importantes produtoras de madeira, entre elas a Khaya
senegalensis, sendo também pertencente à mesma família do Mogno
Brasileiro/Amazônico (Swietenia macrophylla), possuindo características semelhantes
com relação à qualidade da madeira (LAMPRECHT, 1990; HUNG; TRUEMAN, 2011).
É uma madeira que não sofre as limitações de corte e comercialização como sofre o
Mogno-Brasileiro, e sua viabilidade econômica é atribuída às condições climáticas
favoráveis ao seu desenvolvimento (SILVA et al., 2016), por isso se torna uma alternativa
de substituição da madeira brasileira, levando à preservação de florestas nativas e
possibilitando o atendimento à alta demanda. Outra vantagem desta árvore é que ela não
sofre com a Hypsipyla grandella (broca-das-ponteiras), uma praga que ataca o Mogno
Brasileiro e que impede o seu cultivo comercial (EMBRAPA, 2013).
No Brasil, a espécie teve seus primeiros plantios instalados na região Norte no ano de
1976 e a crescente demanda por madeira tropical está levando a novos investimentos em
plantios comerciais de mogno africano em todo o país, aquecendo o mercado florestal em
torno da espécie. É importante destacar que diversos plantios de Khaya spp. já foram
instalados na Austrália, Ásia e América tropical, porém poucos estudos foram publicados
I n t r o d u ç ã o | 11
De acordo com França et al. (2015), a madeira de Khaya senegalensis possui massa
específica básica média (0,59 g cm-³), sendo indicada para produção de assoalho,
construção leve e embarcações. A madeira de Khaya senegalensis é considerada mais
resistente ao ataque dos fungos de podridão branca e mole e ao ataque dos cupins de
madeira seca e aos subterrâneos em relação à madeira de Khaya ivorensis.
de elasticidade (MOE) 8.300 MPa e módulo de ruptura (MOR) 81,7 MPa, dureza Janka
de 6,4 KN. A madeira se mostrou naturalmente resistente ao ataque de cupins e altamente
resistente à degradação biológica acelerada. A espécie Khaya senegalensis demonstrou
ser uma excelente candidata a ser plantada nas regiões secas da Austrália (REILLY;
ROBERTSON, 2006).
Onde: letras minúsculas representam a comparação estatística entre espécies (Teste F; p>0,05). Fonte:
Adaptado de França et al., (2015).
IMPORTÂNCIA ECONÔMICA
A espécie Khaya senegalensis apresenta boa resistência à seca, podendo ser cultivada em
regiões com considerável déficit hídrico. Sua ocorrência, tanto de forma natural quanto
plantada, pode ser observado em regiões com variação média de temperatura de 24,5 ºC
a 31,5 ºC, com precipitação pluvial anual que vai de 400 mm a 1.750 mm (ORWA et al.,
2009) ou 700 mm a 1.300 mm (FAO, 1986). Sua madeira é tida como umas das mais
duras entre as espécies de Khaya, com densidade que varia de 0,6 a 0,85 g/cm3 e
resistência moderada a fungos e insetos (ORWA et al., 2009). A sua coloração varia de
um tom vermelho para o vermelho escuro, característica das árvores chamadas de mogno,
sendo muito apreciada pelo mercado (PINHEIRO et al., 2011). Sua madeira é valorizada
para marcenaria, carpintaria, fabricação de móveis, construção de embarcações (naval) e
laminados decorativos. Também é adequado para construção, pisos, acabamentos de
interiores, corpos de veículos, brinquedos, inovações, dormentes ferroviários, tornearias
e celulose (ORWA et al., 2009; PINHEIRO et al., 2011; Figura 1).
Figura 1. Algumas aplicações atuais do uso da madeira de mogno. Fotos: Arsène Bikoro
Bi Athomo (2020) e IBF.
O r i g e m e D i s t r i b u i ç ã o G e o g r á f i c a M u n d i a l | 15
A madeira da espécie Khaya senegalensis é classificada como uma das melhores madeiras
de mogno africano. É moderadamente dura e de densidade média (0,6-0,8). O cerne é
marrom-avermelhado profundo com um tom arroxeado e a aparência atraente a torna uma
das madeiras mais preferidas para móveis (JØKER; GAMÉNÉ, 2003). Comparando-se a
madeira de Khaya senegalensis de 19 anos de idade com a madeira de Khaya ivorensis
cultivada no Brasil, a última apresenta menor densidade específica da madeira (0,49 g
cm-3), indicada para requisitos de resistência mecânica de baixa a média, como produção
de móveis, compensados e acabamento superficial em construção civil. A madeira de
Khaya senegalensis, com maior densidade específica (0,59 g cm-3), é indicada para usos
que exijam maior resistência mecânica (FRANÇA et al., 2015).
Além da madeira, a espécie Khaya senegalensis é uma das plantas medicinais mais
amplamente utilizadas para remédios tradicionais africanos, principalmente a casca
utilizada para o tratamento de diversas doenças. Assim como outros membros do gênero,
na casca de Khaya senegalensis podem ser encontradas substâncias bioativas como
taninos, alcalóides, flavonóides e saponinas (TAKIN et al., 2013; AGUORU et al., 2017).
Graças a esses componentes, o seu extrato é usado no tingimento de tecidos e no
tratamento de doenças como malária, dermatoses, alergias e sífilis, possuindo também
propriedades analgésicas, vermífugas e antimicrobianas (ORWA et al., 2009).
As folhas são usadas como forragem no final da estação seca, mas o valor da forragem é
baixo. Na África Ocidental, o óleo da semente é usado para cozinhar. As sementes têm
um teor de óleo de 67% e são ricas em ácido oleico. As cinzas de madeira são usadas para
armazenar sementes de milhete (painço). Como a madeira é difícil de serrar, apenas
pequenos troncos e galhos são usados como lenha (JØKER; GAMÉNÉ, 2003).
ornamental e ao longo de estradas. Fora dessas áreas naturais também são encontrados.
Estão, por exemplo, em Cabo Verde, Tanzânia, Malawi, Madagáscar, Ilha Reunião,
Egito, África do Sul, Índia, Indonésia, Java, Vietnã, Austrália e América Tropical. A
dispersão vertical de Khaya senegalensis abrange de 0 a 1.300 m de altitude. Em 2002, a
lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN (2002) está listada a espécie Khaya
senegalensis como vulnerável.
As espécies Khaya senegalensis e Khaya nyasica (syn. Khaya anthotheca) são os dois
verdadeiros mognos africanos plantados no Havaí. Khaya senegalensis é nativa da África
Ocidental e do Sahel e também é chamada de mogno de zona seca ou mogno do Senegal.
As árvores são conhecidas por sua madeira valiosa, usada para móveis, construção de
barcos e armários. A palavra "mogno" vem da língua Yorubá na Nigéria. Quando os
escravos africanos foram trazidos pela primeira vez para o Caribe, eles reconheceram que
o gênero americano Swietenia estava intimamente relacionado e o chamaram de "mogno"
em homenagem às árvores africanas (FRIDAY, 2010).
Estimam-se que a área atual de plantio de mogno africano no Brasil seja de 50.000
hectares, predominantemente composta pelas espécies Khaya grandifoliola (66%) e
Khaya senegalensis (33%). Outras espécies de mogno africano também são plantadas
(Khaya anthotheca e Khaya ivorensis), mas em escala bem menor. Esses plantios estão
distribuídos nas regiões Sudeste (50%), Centro-Oeste (25%), Norte (13%), Nordeste (6%)
e Sul (6%) do Brasil, e a maioria tem menos de 10 anos. As estimativas de área aqui
apresentadas foram feitas coletando informações e entrando em contato com conhecidos
produtores de mogno africano, empresas silviculturais e viveiristas (FERRAZ FILHO et
al., 2021). Portanto, a área de plantio da espécie fornecida aqui deve ser considerada uma
primeira estimativa nacional e deve ser confirmada por fontes alternativas (ou seja,
Cadastro Ambiental Rural ‒ CAR).
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Filo – Tracheophyta;
Ordem – Sapindales
Família – Meliaceae
Gênero - Kaya
De acordo com Fremlin (2011), existem seis espécies de mogno africano, denominadas:
Khaya senegalensis, Khaya anthotheca, Khaya grandifoliola, Khaya ivorensis, Khaya
nyasica e Khaya madagascarensis. A proximidade morfológica no gênero Khaya
dificulta a identificação das espécies, sendo quase impossível quando se trabalha apenas
com material madeireiro, onde Khaya só pode ser identificado a nível genérico usando
métodos anatômicos de madeira (PAKULL et al., 2019). Esses autores realizaram uma
pesquisa de diversidade e diferenciação genética entre as espécies de mogno africano com
base em um grande arranjo de SNP (polimorfismo de nucleotídeo único) e relataram que
Khaya ivorensis era muito diferente de todas as outras, Khaya grandifoliola e Khaya
senegalensis formavam um segundo grupo; as três espécies Khaya anthotheca, Khaya
madagascariensis e Khaya nyasica representaram um terceiro grupo. Dentro deste
terceiro grupo, Khaya madagascariensis e Khaya nyasica foram semelhantes. Porém,
para alguns autores o gênero se divide em apenas quatro espécies (PINHEIRO et al.,
2011; FALESI; BAENA, 1999) ou mesmo em seis espécies (WISELIUS, 1998 apud
KHAIRUL ALAM et al., 2012), das quais quatro pertencem aos trópicos africanos e duas
à União das Comores e Madagascar. Segundo a lista vermelha de espécies ameaçadas da
IUCN (2013), a espécie Khaya madagascarensis é a única classificada como ameaçada,
as demais espécies de Khaya são classificadas como vulneráveis à extinção apenas em
seu local de origem.
- Aspecto morfológico
As árvores jovens têm uma taxa de crescimento rápida. Durante o primeiro ano, a muda
desenvolve uma raiz principal forte e profunda, o que a torna a mais resistente à seca em
comparação aos outros membros deste gênero. Exceto quando removido seletivamente
pela exploração madeireira, o mogno de zona seca continua sendo uma espécie dominante
na maior parte de sua distribuição. Trata-se de uma árvore mais ou menos perene,
monóica. As plantações bem-sucedidas de mogno de zona seca em outras partes do
mundo geralmente ocorrem em áreas com estações secas curtas e alta pluviosidade.
Embora as árvores mais velhas sejam resistentes ao fogo, as mudas são bastante
suscetíveis.
Raiz – Sistema radicular tipo tabular que é bastante vasto, podendo atingir até cinco
metros de base. Durante o primeiro ano da Khaya senegalensis, a muda desenvolve uma
raiz principal forte e profunda, o que a torna a mais resistente à seca de todas as espécies
de Khaya. Também é muito resistente a inundações e pode ser considerada para plantio
em solos pantanosos.
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A casca externa do tronco apresenta coloração cinza escuro ou marrom (Figura 5).
Inicialmente é lisa, mas tornando-se escamoso, com finas escamas arredondadas (Figura
4-C); a lasca interna é de cor rosa escura a avermelhada (Figura 4-D), que exsuda um
látex avermelhado.
Figura 5. Casca externa do tronco apresenta coloração cinza escuro e a cor avermelhada
da madeira do tronco (Khaya senegalensis (Desr.) A. Juss). Foto: Flickr (University of
Hawai’i at Mãnoa).
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Folhas - Dispostas em espiral com tendência a se reagrupar nas extremidades dos ramos;
composta (limbo subdividido em folíolos) com até 20 cm de comprimento, paripenadas
com 2 a 7 pares de folíolos, sendo a incidência mais comum de 3 a 5 pares (Figuras 6 e
7). Estípulas ausentes e pecíolo e raque juntos até 25 cm de comprimento (peciólulo);
pecíolos de 3 a 4 mm de comprimento; folíolos geralmente dispostos de forma oposta ao
longo da ráquis (nervura principal). Folíolos elípticos a oblongos, cuja medida varia de 7
a 12 cm de comprimento, 3 a 5 cm de largura, cuneados e ligeiramente assimétricos na
base, obtusos ou muito brevemente acuminados no ápice, muitas vezes com a ponta
torcida, margens inteiras ou onduladas, ligeiramente coriáceas, glabros (desprovidos de
pêlos), nervuras, limbo do folíolo com 9 a 10 pares de nervuras de cada lado
(LAMPRECHT, 1990; BARROSO, 1987; NIKIEMA; PASTERNAK, 2008). As folhas
caem na estação seca (decíduas) e são substituídas diretamente em Burkina Faso (JØKER;
GAMÉNÉ, 2003).
Flores – As flores são pequenas, com cerca de 5 mm, com pétalas brancas ou
esbranquiçadas, sésseis e unissexuais (JØKER; GAMÉNÉ, 2003; Figura 9), ou seja, há
flores femininas e flores masculinas na mesma inflorescência (monoicas), mas ambas
com presença de vestígios atrofiados do sexo oposto, dificultando a distinção entre flores
masculinas e femininas (as flores masculinas e femininas muito semelhantes na
aparência; Figura 10). Essas flores são tetrâmeras ou pentâmeras, ou seja, com pétalas
e/ou sépalas em número de quatro ou cinco, dispostas em grandes inflorescências axilares
e bastante ramificadas (PENNINGTON; STYLES, 1975; PENNINGTON et al., 1981;
MABBERLEY, 2011).
Figura 9. Flores de mogno africano (khaya senegalensis). Fotos: N Parks Floral & Fauna
Web e Natureloveyou.
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Figura 10. Detalhes das flores masculina e feminina de Khaya anthotheca (Welw.) C.
DC. Fonte: Adaptado de Pennington e Styles (1975). Desenho de J. Loken. Imagem
cedida por Pennington em 2019.
O cálice, constituído pelas sépalas, é tetralobado ou pentalobado quase até a base, sendo
os lóbulos subcirculares de aproximadamente 1,5 mm de comprimento e imbricados. A
corola é composta por quatro ou cinco pétalas livres, elípticas, de aproximadamente 2 a
4 mm, que são muito mais longas do que o cálice em botão e contorcidas. As pétalas são
eretas quando as flores estão abertas e algo encapuzadas. O tubo estaminal é urceolado
(bojudo na base e com pequena abertura apical) ou em forma de copo, sendo dotado de
oito a dez anteras nas flores masculinas ou anteródios nas flores femininas, dispostos em
direção ao ápice e terminados com oito a dez lóbulos subcirculares, com apêndices
sobrepostos alternando em anteras ou anteródios a depender do sexo da flor
(PENNINGTON; STYLES, 1975; PENNINGTON et al., 1981; MABBERLEY, 2011).
Nas flores masculinas, o disco do nectário possui formato de almofada, sendo fundido à
base do pistilóide, mas livre do tubo estaminal e, nas flores femininas, o disco do nectário
é mais ou menos reduzido, com um inchaço indistinto na base do ovário. O ovário é
tetralocular ou pentalocular, sendo cada um dos lóculos composto por 12 a 18 óvulos
(PENNINGTON; STYLES, 1975; PENNINGTON et al., 1981; MABBERLEY, 2011).
Vale lembrar que os lóculos consistem em cavidades existentes no interior do ovário, nas
quais os óvulos são fixados à região da placenta. As flores masculinas têm ovário
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Figura 11. Detalhes dos frutos e sementes de Khaya senegalensis (Desr.) A. Juss. Fonte:
Adaptado de Nikiema e Pastenak (2008). Redesenhado e adaptado por Iskak Syamsudin.
Imagem cedida por PROTA em 2018.
Cada fruto contém numerosas sementes com asas marrons nas duas extremidades,
dispostas horizontalmente (Figura 12). A cor do fruto muda de cinza ou marrom claro
para preto quando amadurece e começa a produzir sementes quando a árvore atinge 15 a
25 anos de idade. Os frutos amadurecem em Burkina Faso de fevereiro a maio, na Guiné
de fevereiro a julho, na Costa do Marfim principalmente de janeiro a abril, com um
segundo período de frutificação de julho a setembro e na Tanzânia de janeiro a março.
B o t â n i c a , M o r f o l o g i a e F i s i o l o g i a d o M o g n o A f r i c a n o | 29
Sementes – As sementes variam em número de oito a dezoito por lóculo, com formatos
elipsóides a suborbiculares transversalmente, estreitamente aladas em toda a margem e
com a presença de endosperma residual (PENNINGTON; STYLES, 1975;
PENNINGTON et al., 1981; MABBERLEY, 2011; Figura 13). As árvores começam a
produzir sementes aos 15-25 anos de idade, sendo estas marrons e achatadas, com cerca
de 2 cm x 2,5 cm. Existem 3.00-6.000 sementes por quilo (LOUPPE et al., 2021). Além
disso, as sementes são dispersas pelo vento, quando não colhidas manualmente, e podem
ser levadas até 100 m da árvore-mãe (JØKER; GAMÉNÉ, 2003). As sementes têm um
teor de óleo de 67% e são ricas em ácido oleico (66%). O óleo é usado na África Ocidental
para cozinhar.
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Figura 13. Sementes retiradas dos frutos de Khaya senegalensis. Foto: ONG OeBenin
(CC BY-NC).
O cerne é a designação dada à parte do xilema do tronco que já não participa ativamente
na condução de água, assumindo uma função essencialmente de suporte mecânico da
estrutura da planta. A medula é o vestígio deixado no centro do tronco pela estrutura
apical a partir da qual se desenvolveu o tronco da planta. Em geral é uma estrutura fina
(de alguns milímetros de diâmetro), quase sempre mais escura do que o material que a
rodeia e sem qualquer importância para os usos da madeira ou a determinação da
qualidade. Forma- se a partir das células que constituíram a zona de crescimento inicial
do rebento que deu origem ao tronco e em torno das quais se formaram as camadas de
B o t â n i c a , M o r f o l o g i a e F i s i o l o g i a d o M o g n o A f r i c a n o | 33
células que constituem a madeira ou lenho. A sua posição marca o centro de crescimento
a partir do qual se gerou o aumento do diâmetro da árvore.
Uma árvore aumenta em diâmetro pela formação, entre a madeira velha e o interior da
casca, de novas camadas de madeira que envolvem todo o caule, os ramos e as raízes. Em
condições normais, particularmente quando existe uma estação de crescimento bem
definida, uma nova camada forma-se em cada ano, razão pela qual em corte as camadas
anuais aparecem como anéis concêntricos (anéis de crescimento), constituindo a base da
dendrocronologia, técnica que permite aferir o número de anos de crescimento da árvore,
e das características desse crescimento, pela observação dos anéis formados.
Densidade e dureza da madeira das espécies Khaya ssp. Essas duas características
estão intimamente ligadas, porque as amostras mais densas também são duras. Portanto,
é comum agrupar essas características nos estudos, pois são características
particularmente importantes. A avaliação e medição da densidade e dureza são fáceis e
representam a maioria das propriedades mecânicas da madeira. As madeiras mais densas
e duras tendem a ter melhores resistências mecânicas e estáticas. É necessário informar
que a dureza é medida seguindo o método de Chalet-Meudon, e que as densidades são
sempre dadas a área de madeira com 12% de umidade (NORMAND; SALLENAVE,
1958).
Figura 17. Classificação das madeiras de Swietenia e Khaya quanto à dureza (KN). S.
Fonte: Normand e Sallenave (1958)
Por fim, a madeira do mogno Caïlcedrat, Khaya senegalensis, é em média mais dura e
pesada, sendo variável entre amostras. A densidade média desta espécie é de 0,78 g/cm³,
sendo o mínimo de 0,69 e o máximo de 0,919 g/cm³ (Figura 16). O Khaya senegalensis
é tão denso e resistente quanto os mognos de Cuba e do Haiti, o mogno Swietenia
(PINHEIRO et al., 2011).
- Aspecto fisiológico
Figura 19. Efeito do tamanho das sementes provenientes de duas localidades (Daloa e
Korhogo) sobre a taxa de germinação de três tamanhos de sementes de Khaya
senegalensis. Fonte: Adji et al. (2022).
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Figura 20. Vigor de plântulas com 4 meses de idade da germinação de sementes pequenas
(a), médias (b) e grandes (c) de Khaya senegalensis. Fonte: Adji et al. (2022).
conclusões são confirmadas por Doran et al. (1987) que apontam que o uso de recipientes
hermeticamente vedados prolongam a vida das sementes. Mais recentemente, Tompsett
(1994) classificou Khaya senegalensis entre as espécies ortodoxas cujo período de
viabilidade é aumentado por uma queda no conteúdo de temperatura e umidade durante
o armazenamento, de acordo com a definição de Roberts (1973).
Segundo carta escrita pelo próprio Dr. Drummond, essas sementes de mogno africano
foram semeadas em abril de 1975 e as mudas foram plantadas em outubro de 1976 na
frente do prédio sede do então IPEACS (hoje pertencente à Embrapa Agrobiologia). Por
algum equívoco, nesta mesma carta, Dr. Drummond se referiu às árvores como
“cedroafricano”, com a seguinte identificação taxonômica: Entandrophragma utile
Sprague (Meliaceae). Atualmente, sabe-se que as referidas árvores plantadas pertencem
ao gênero Khaya. No entanto, ainda não se sabe exatamente a qual espécie pertence
(possivelmente são espécimes de Khaya grandifoliola), necessitando da confirmação por
especialistas botânicos na família Meliaceae.
Histórico e Base Genética das Populações de Khaya spp.,no
B r a s i l | 39
Após alguns anos, as sementes descendentes das primeiras árvores de Khaya foram
colhidas e novas mudas foram produzidas para serem plantadas pelo campus da Embrapa
Agrobiologia/Pesagro-Rio, integrando parte conjunto paisagístico deste local (Figura
21a). Além disso, algumas árvores também foram plantadas no campus da Universidade
Federal Rural do Rio de Janeiro em datas até então desconhecidas. Deste modo,
considerando as áreas da Embrapa Agrobiologia/Pesagro-Rio e da UFRRJ, ao todo são
mais de 20 árvores de mogno-africano em estágio avançado de desenvolvimento (com
copas já formadas e com alta capacidade reprodutiva). Anualmente, estas árvores
produzem sementes, as quais são coletadas por produtores e outras pessoas interessadas
no cultivo desta espécie, e as mudas são produzidas e plantadas em diversas regiões do
país.
Outra fonte importante de sementes está localizada na Reserva Natural Vale (RNV),
Linhares, ES. Neste local existem plantios de três espécies de mogno-africano (Khaya
anthotheca, Khaya senegalensis e Khaya ivorensis). Na RNV existem atualmente
diferentes talhões com os mognos-africanos em plantios mistos e monoespecíficos que
fizeram parte de ensaios de campo dos primeiros estudos envolvendo a silvicultura dessas
espécies, iniciadas pelo pesquisador Dr. Renato de Jesus e atualmente conduzidos por
pesquisadores da RNV (Figura 21b). Da mesma forma, as sementes produzidas pelas
matrizes também já foram coletadas e comercializadas para outros produtores do país.
MELHORAMENTO
Neste cenário, é provável que a base genética atual dos povoamentos de mognos africanos
no Brasil ainda seja bastante reduzida. Isto representa um dos principais gargalos para as
atividades de melhoramento genético e a seleção de indivíduos superiores e mais
resistentes ao ataque de pragas e doenças, por exemplo. Entretanto, de forma
surpreendente, Soares (2014) ao realizar os primeiros estudos com diversidade genética
de mognos-africanos no Brasil, utilizando marcadores microssatélites desenvolvidos para
Khaya senegalensis, demonstrou que as populações de Khaya ivorensis no estado do Pará
(parte delas oriundas de sementes das matrizes do CPATU e outras resultantes de
importações feitas de Costa do Marfim e Tanzânia) possuem diversidade genética
comparável com a de populações naturais da África, o que possibilita a utilização destes
materiais genéticos em programas de melhoramento da espécie.
M e l h o r a m e n t o | 41
É importante destacar que a espécie Khaya senegalensis tem flores pequenas masculinas
e femininas separadas dentro de cachos na mesma árvore e elas parecem ser polinizadas
por insetos (DICKINSON et al., 2012). A floração ocorre durante julho-novembro
(estação seca) nos pomares de sementes do Território do Norte (NT) e novembro-
fevereiro (a parte posterior inclui dois meses da estação chuvosa) em Walkamin, Qld. Os
frutos amadurecem um ano após a floração, cada uma com c. 45 sementes, média com
6.000 sementes/kg. A floração é altamente síncrona entre diversos clones, de modo que
cruzamentos extensos são esperados em pomares de sementes. Esforços recentes de
polinização controlada (CP) resultaram em algumas sementes; no entanto, a técnica
M e l h o r a m e n t o | 43
precisa ser refinada (DICKINSON et al., 2012). Até agora, o programa de melhoramento
tem usado sementes de polinização aberta de OSCs e boas árvores em plantações mais
antigas. O melhorista pode usar polinização controlada (CP) assim que as árvores
parentais superiores e jovens forem identificadas
Oito testes foram estabelecidos entre 2005 e 2012, quatro em colaboração com
produtores. Um marco foi alcançado em 2009, quando o primeiro de vários testes que
incluem famílias de segunda geração de sementes CSO foram plantadas (Figura 22). O
mais recente dos testes de progênie também inclui famílias de árvores silvestres na África
e selecionadas na Austrália. Os primeiros resultados dos primeiros testes indicam que
muitas famílias são superiores aos controles comerciais. Os testes permitirão a seleção
direta e regressiva e poderão ser convertidos em pomares de mudas no futuro. Isso destaca
a necessidade de manter esses valiosos testes (e OSCs) (DICKINSON et al., 2012).
Figura 22. Uma árvore superior em idade precoce em um teste de progênie de famílias
locais de segunda geração de sementes de pomar clonal plantadas na Estação de Pesquisa
Katherine da DOR, Território do Norte em 2010. A árvore superior tem 5 m de altura, 8,0
cm de DAP e 1,75 anos. Foto: G. Dickinson.
M e l h o r a m e n t o | 44
Figura 23. Um pomar de mudas enraizadas de 5,3 anos em um teste replicado de parcela
de árvore única de clones do governo plantados em terras industriais em Douglas-Daly,
Território do Norte em 2007. DAP das árvores maiores: 20 cm. Foto: D. Reilly (2011).
E s p é c i e s d e M o g n o A f r i c a n o | 45
presença da espécie foi relatada na Gâmbia, Guiné, Togo, Gana, norte da Nigéria
(LAMPRECHT, 1990; NIKIEMA; PASTENAK, 2008; CONSERVATOIRE ET
JARDIN BOTANIQUES DE LA VILLE DE GENÈVE AND SOUTH AFRICAN
NATIONAL BIODIVERSITY INSTITUTE, 2012; PRACIAK et al., 2013). Detalhes
sobre essa distribuição em nível de países africanos podem ser observados na Figura 24.
A copa é ampla, arredondada, densa e com vários galhos glabros (LAMPRECHT, 1990;
NIKIEMA; PASTENAK, 2008; PRACIAK et al., 2013; OPUNI-FRIMPONG et al.,
E s p é c i e s d e M o g n o A f r i c a n o | 47
2016; Figura 25). As folhas são dispostas em espiral, agrupadas perto das extremidades
dos ramos e paripenadas, com dois a seis pares de folíolos dispostos em pecíolo e raquis,
em longo conjunto com até 25 cm de comprimento. As estípulas são ausentes. Os folíolos
são opostos ou quase opostos, elípticos a oblongos, com 5 cm a 12 cm x 2,50 cm a 5 cm,
cuneados e ligeiramente assimétricos na base, obtusos ou muito pouco acuminados nos
ápices. As suas margens são inteiras, finamente coriáceas e glabras, com nervuras pinadas
com oito a dez pares de nervuras laterais (NIKIEMA; PASTENAK, 2008). Trata-se de
uma espécie monoica, classificada como diclina, ou seja, com aparelhos sexuais
masculino e feminino em flores distintas, mas muito similares em aparência. As flores
são brancas, numerosas e dispostas em panículas axilares ou aparentemente terminais
com até 20 cm de comprimento. As numerosas flores são pequenas com cerca de 5 mm,
com pétalas brancas e de aroma adocicado. O fruto produzido é uma cápsula lenhosa, 4-
10 cm de comprimento, onde se destacam, em média, quatro válvulas deiscentes. Quando
maduro, cada fruto abre as quatro valvas (esta é uma distinção da Khaya ivorensis, com
a qual está intimamente relacionada, mas que tem 5 válvulas) (LAMPRECHT, 1990;
NIKIEMA; PASTENAK, 2008; OPUNI-FRIMPONG et al., 2016). Dentro das válvulas,
as sementes são dispostas em fileiras, de 6 a 18 sementes por válvula. As sementes são
marrons e achatadas, cerca de 2 cm x 2,5 cm, com margens aladas. Há 2.500-7000
sementes por kg. As sementes são ortodoxas e devem ser armazenadas em baixas
umidades. A germinação é epígea, muitas vezes pode alcançar 100% e pode acontecer
em duas semanas após colhido o fruto (JOKER; GAMÉNÉ, 2012). Por outro lado, é uma
espécie de menor porte em relação a Khaya ivorensis. Pode atingir entre 30-35 m de
altura, com a copa formada a partir de 10 – 16 m ao longo do tronco, geralmente mais
curto, porém com diâmetro entre 100 – 250 cm. Na base do tronco não são observadas
sapopembas, ou quando presentes são quase imperceptíveis (LAMPRECHT, 1990;
NIKIEMA; PASTENAK, 2008).
E s p é c i e s d e M o g n o A f r i c a n o | 48
O mogno Khaya senegalensis pode ser plantado em monocultivos (em regiões de escape
da broca) e em plantios mistos, neste caso também como medida paliativa ao ataque das
brocas. Outros locais em que essa espécie tem sido plantada são: África do Sul, América
tropical (exemplo: Brasil), Austrália, Cabo Verde, Cuba, Egito, Guadalupe (Ilha), Guiana,
Índia, Indonésia, Java, Madagáscar, Malawi, Malásia, Porto Rico, Sri Lanka (5.000 ha
em 2016), Tailândia, Tanzânia e Vietnã (NIKIEMA; PASTENAK, 2008; PRACIAK et
al., 2013; BANDARA; ARNOLD, 2018). No Brasil, há plantios dessa espécie em várias
regiões, em especial, em áreas com solos arenosos e sujeitos à deficiência hídrica.
Uso de Khaya senegalensis: tem usos semelhantes aos citados para a Khaya ivorensis e
é indicado para produção de assoalho e construção leve. Também pode servir para
carpintaria, marcenaria, móveis, construção naval e lâminas decorativas. É adequada para
construção, pavimentação, acabamento interno, carrocerias de veículos, brinquedos,
fabricação de dormentes, peças torneadas e madeira para celulose.
Figura 26. Mapa da África mostrando as áreas de ocorrência natural de Khaya ivorensis
A. Chev. Fonte: Lemmens (2008).
É uma espécie emergente no dossel das florestas naturais da África. Sua ocorrência
compreende desde as florestas úmidas a semideciduais. Estão distribuídas em até 700 m
de altitude e em regiões com índices pluviométricos entre 1.600 a 2.500 mm anuais, com
períodos curtos de estiagem. As árvores apresentam folhas compostas e paripenadas com
três a sete pares de folíolos dispostos de maneira oposta, características comuns a todas
as espécies deste gênero. Apresenta grau de caducifólia em meses frios e com ausência
de chuva. Os folíolos têm forma oblonga e/ou elíptica com ápice marcadamente
acuminado (Figura 27) (MABBERLEY, 2011; PENNINGTON, 1981; PENNINGTON;
STYLES, 1975). A inflorescência é do tipo panícula com até 20 cm de comprimento e o
fruto produzido é uma cápsula, onde se destacam, em média, cinco válvulas deiscentes,
embora este parâmetro não seja uma forte evidência para separação morfológica das
demais espécies. Em estado natural, Khaya ivorensis atinge em média 40 metros, mas
pode chegar até 60 metros de altura em florestas naturais da África. Nesta fase do
crescimento, a base da copa se forma a partir de 30 m ao longo do tronco, que se destaca
pela sua forma retilínea e cilíndrica, com diâmetro variando entre 160–210 cm
E s p é c i e s d e M o g n o A f r i c a n o | 51
(FAGUNDES, 2013; FALESI; BAENA, 1999). Tem sistema radicular tabular vasto,
apresenta casca espessa e rugosa com coloração marrom avermelhada com sabor amargo.
Na base do tronco é bem nítida a formação de sapopembas que podem atingir 4 m de
distância do eixo central do tronco.
Figura 27. Árvore de Khaya ivorensis, caule reto, folha e corte na casca. Fotos:
Emmanuel Opuni-Frimpong et al. (2016).
Suas sementes variam de oito a dezoito por lóculo, apresentando um formato elipsoide a
suborbiculares transversalmente, estreitamente alada e sua margem e com endosperma
residual (PENNINGTON, 1981; PENNINGTON; STYLES, 1975). A capacidade
germinativa das sementes de Khaya ivorensis alcança cerca de 80%, e se recém coletadas,
podem chegar a 90%. O armazenamento não pode ser prolongado já que em dois ou três
E s p é c i e s d e M o g n o A f r i c a n o | 52
Figura 29. Árvore de Khaya anthotheca e corte da casca. Fotos: Guilherme Chaer;
Felipe Martini e Emmanuel Opuni-Frimpong et al. (2016).
Uso de Khaya anthotheca. Esta espécie é conhecida como mogno-branco. Sua madeira
é empregada popularmente na fabricação de móveis, pisos, painéis, lâminas e construção
de barcos e canoas.
Ocorre em florestas semideciduais e ao longo de cursos d’água das savanas em até 1.400
mm de altitude, em regiões que apresentam índices pluviométricos que variam de 1.200
a 1.800 mm anuais, com períodos de seca moderados (inferiores a 5 meses). Em áreas
naturais, essa árvore pode atingir mais de 40 metros de altura, sem ramificações até 23
metros de tronco, e DAP de até 200 cm (OPUNI-FRIMPONG, 2008). Ou seja, é uma
espécie de porte médio, que atinge até 40 m de altura. Nesta fase do crescimento, a base
da copa se forma a partir de 23 m ao longo do tronco, que aparenta forma um pouco
tortuosa, com diâmetro variando entre 120 – 200 cm. Na base do tronco é bem nítida a
formação de sapopembas que podem atingir 3 m de distância do eixo central do tronco.
Figura 31. Árvore de Khaya grandifoliola com folha grande e a casca é áspera e marrom
acinzentada com estrias sendo avermelhadas com estrias brancas, exsudato viscoso e
perfumado. Fotos: Medicinal Plants em Nigéria; Felipe Martini Santos (2019) e
Emmanuel Opuni-Frimpong et al. (2016).
A árvore está presente em floresta clímax, de terra firme e argilosa. O seu crescimento é
rápido, podendo alcançar 4 metros de altura com apenas 2 anos de idade. A largura do
tronco varia entre 50 e 80 cm de diâmetro.
O Mogno Brasileiro floresce nos meses novembro e janeiro. Seus frutos amadurecem no
mês de setembro e se prolongam até meados de novembro. A árvore pode ser usada como
ornamental para a arborização de parques e jardins.
áreas de reflorestamento, onde a densidade é muito maior que na floresta. Por isso, plantar
outras espécies de árvores por perto pode amenizar os efeitos negativos da broca-do-
mogno.
O Mogno Brasileiro é um tipo de madeira nobre e ele é apreciado pela sua facilidade
com que é trabalhado, pela estabilidade e duração. Depois de polida, a madeira apresenta
um aspecto castanho-avermelhado brilhante que chama atenção pela beleza. Por isso, essa
madeira nobre pode ser utilizada em mobiliário de luxo, objetos de adorno, painéis,
acabamentos internos etc. O Mogno Brasileiro também pode ser usado para produção de
instrumentos musicais, principalmente em guitarras e violões, pelo timbre característico
e ressonância sonora, que tende ao médio-grave.
Pelo fato do Mogno Brasileiro ter todas as essas características, ele é altamente cobiçado
pelo mercado madeireiro. Mas o Mogno Brasileiro corre sério risco de extinção. Um dos
motivos é a extração de madeira predatória e clandestina que causa grande devastação da
floresta amazônica, tudo isso por causa de seu preço elevado no mercado internacional,
principalmente. O metro cúbico da espécie alcança até US$ 3 mil (R$ 15,8 mil) no
mercado internacional.
Por essa razão, o Mogno Brasileiro não pode ser explorado, transportado e
comercializado no Brasil desde outubro de 2001, graças à Instrução Normativa, editada
pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Devido a essa proibição, os interessados no mercado madeireiro precisaram buscar outras
opções legalizadas para substituir o Mogno Brasileiro. A alternativa foi encontrada
no Mogno Africano. Ele é uma grande oportunidade para investir em madeira nobre e
também apresenta característica do mesmo padrão e similares ao Brasileiro, o que supre
as necessidades do mercado nacional e internacional (IBF, 2022).
Figura 33. Cultivo de mogno africano (Khaya senegalensis). Foto: Futuro Florestal.
Seja pela relativa resistência a Hypsipylla grandella (broca das meliáceas) e outras
doenças, pela adaptação edafoclimática, rápido crescimento e propriedades da madeira, a
expectativa de retorno financeiro a longo prazo destes investimentos é alta, conforme
Silva (2014).
Não é exigida uma licença ambiental para o plantio e exploração da madeira de Mogno
Africano, mesmo assim procure os órgãos ambientais para realizar o informe de seu
plantio e também na época de corte das árvores (idade de 20-25 anos).
A cadeia do mogno no Brasil também está tendo que se readequar em alguns pontos da
produção das mudas. Antes de novas vendas de sementes, por exemplo, os extratores
precisam identificar a espécie correta das árvores localizadas na área de coleta.
Um cuidado especial que extratores de sementes precisam ter é com as áreas de coleta
que possam ter mais de uma espécie de mogno misturadas, já que nem todas as árvores
brasileiras descendem dos quatro mognos pioneiros. Alguns produtores importaram
sementes de diversos países da África. É importante identificar essas espécies para que
as sementes possam ser vendidas separadamente.
A origem deste tratamento diferenciado para a ivorensis está muito mais relacionada à
sua raridade e fama do que especificamente à qualidade da madeira. Na África, por mais
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incrível que possa parecer, o mogno africano está praticamente extinto, sendo raro
encontrar espécimes na natureza.
- Caule (tronco) longo e livre de galhos que alcançará um bom preço no mercado;
e -Árvore madura com madeira de boa qualidade que frutifica regularmente para produzir
sementes.
- A árvore de semente deve crescer com outras árvores adultas em um raio de 100 m. As
árvores com sementes que crescem sozinhas devem ser descartadas, mesmo que sejam
grandes e retas. Essas árvores são em sua maioria autopolinizadas e produzem sementes
com baixa qualidade genética.
- As árvores com sementes selecionadas de um parque devem estar bem formadas e livres
de doenças.
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Figura 34. Selecionando a árvore de semente apropriada. (A. Uma árvore de mogno
inadequada; B. Árvore de mogno adequada). Fonte: Emmanuel Opuni-Frimpong et al.
(2016).
Semente. Os frutos ou cápsulas de sementes são coletadas das árvores quando as cápsulas
começam a se dividir naturalmente (Figura 35), isto é, as sementes estão maduras quando
a cor do fruto muda de cinza para preto. As cápsulas maduras podem ser coletadas da
árvore ou do solo após sacudir os galhos, mas não é aconselhável coletar sementes que
estejam no chão há algum tempo. No momento da maturidade, as sementes apresentam
um teor de umidade muito baixo (JØKER; GAMÉNÉ, 2003).
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Figura 35. Espécie Khaya senegalensis: a). Fruto na árvore se abre naturalmente
(deiscente); b). Sementes dispostas horizontalmente no interior do fruto colhido e c).
Sementes aladas retiradas manualmente do fruto. Fotos: a. E a r t h & J u ng l e ; b . c . Ong
Jyh Seng (CC BY-SA).
Após a coleta, os frutos são deixados ao sol até que se abram e soltem as sementes. Após
a extração manual (descascadas), as sementes são secas ao sol (Figura 36) e depois
armazenada em recipientes herméticos (vedados) em uma câmara refrigerada, em razão
da sua viabilidade ser perdida rapidamente em condições de temperatura ambiente.
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Figura 36. Sementes de Khaya senegalensis de Burkina Faso (quadrados têm divisões de
1 cm). Foto: Dorthe Jøker (2003).
As sementes não devem ser cobertas de forma alguma. As sementes devem ser plantadas
na sementeira da forma que esteja colada neste substrato de plantio, sempre de pé nunca
deitadas.
A areia usada como substrato na sementeira de plantio deve conter 15 cm de altura, acima
da camada de brita para evitar a raiz em forma de L (Figura 38). Não pode haver
encharcamento da semente, pois estas apodrecem. Profundidade para semear as sementes
na sementeira deve ser de 1,0 cm em substrato do tipo areia grossa de rio lavadas e
esterilizadas
Figura 38. 1). Colocar 5 centímetros de brita-01 no fundo da sementeira; 2). Encher a
sementeira com areia lavada e esterilizada; 3). Fazer o plantio das sementes de Khaya
senegalensis em sementeira, mas as sementes devem ser plantadas na profundidade de 1
cm do substrato. Fotos: Sementes Caiçara.
Após o plantio das sementes na sementeira, fazer uma irrigação das sementes dentro da
sementeira. Após ter molhado as sementes por inteira, recomendam-se fazer os arcos para
apoiar o plástico transparente que irá cobrir a sementeira. Antes de montar a cobertura de
plástico, são necessários que as sementes tenham umidade e caloria suficientes para
permitir o processo germinativo. Na Figura 39, observa-se a sementeira já com a
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Após 6-7 meses, as plantas podem ser plantadas definitivamente no campo, mas é
preferível um tempo mais longo no viveiro (12 meses; JØKER; GAMÉNÉ, 2003; Figura
42) até atingirem 30 cm de altura, não ter bifurcações e estar lignificada, ou seja, madura,
em tom marrom. A muda é plantada com sucesso em raiz nua, mas o uso de mudas em
torrões produz melhores resultados, sendo elas capazes de tolerar até 10 dias sem chuva.
Figura 42. Altura e qualidade da haste da muda de mogno africano. Foto: Viveiro
Origem.
Quando a muda está no viveiro, ela recebe irrigação contínua e luminosidade certa para
o seu desenvolvimento, mas no campo a realidade é outra e essas características são
diferentes de acordo com o local do plantio. Logo, se a muda não passa pelo processo de
rustificação, o produtor poderá ter um resultado inferior ao esperado, pois ela não estará
preparada para enfrentar as condições ambientais de campo aberto.
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Figura 43. Muda de qualidade com características de uma planta jovem e que passou
pelo processo de rustificação. Fotos: Viveiro Origem
Propagação por estaca. A espécie Khaya senegalensis começa a produzir sementes entre
15 a 20 anos de idade (JOKER; GAMENÉ, 2012). Por ser uma planta exótica e devido
ao longo tempo para a produção das sementes, os reflorestamentos comerciais de Khaya
senegalensis, no Brasil, têm sido feitos a partir de sementes importadas, o que cria uma
dependência dos estoques internacionais de sementes, gerando custos de importação. O
uso econômico da propagação vegetativa na produção de mudas para o setor florestal é
justificado quando a semente é insumo limitado (XAVIER et al., 2003a). As plantas
matrizes são constituídas de mudas de origem seminal.
A propagação vegetativa ou assexual é uma técnica usada para produzir uma planta
genotipicamente idêntica à planta mãe. Essa técnica é viável em algumas espécies, uma
vez que algumas células contêm informações genéticas necessárias para a reprodução de
uma planta toda, cuja propriedade é chamada de totipotência (ONO; RODRIGUES,
1996). A estaquia constitui-se em uma das principais técnicas de propagação vegetativa
de clones selecionados, visando atender aos objetivos da silvicultura clonal, dada sua
aplicabilidade técnica, operacional e ao custo de produção competitivo em relação às
demais técnicas de propagação assexuada (XAVIER et al., 2013).
redução de luz solar. As estacas foram mantidas sob nebulização durante 20 segundos em
intervalos de 40 segundos. Foi instalado um termo-higrômetro no interior da casa de
vegetação (Figura 44).
No caso da produção das mudas clonais, é importante que cada viveiro faça a
identificação e classificação adequada das suas matrizes, ou seja, muda clonal é obtida
por meio de clonagem de matrizes selecionadas (estaquia). Todas essas medidas visam
ajustar a cadeia de produção à classificação correta das Khayas comercializadas. Isso
pode, no futuro, impactar o valor de comercialização da madeira, uma vez que a
precificação (ato de determinar um preço) pode variar de acordo com a espécie. As
diferenças entre as características destas madeiras ainda será objeto de muitos testes,
estudos e pesquisas.
Figura 45. Bandejas de propagação clonal para estacas de Khaya senegalensis. Foto:
Catherine Ky-Dembele (2011).
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Também as espécies de Khaya podem ser propagadas a partir de estacas de plantas juvenis
(NIKLES et al., 2008; OPUNI-FRIMPONG et al., 2008b) e, portanto, estacas enraizadas
suficientes para inicial testes de campo podem ser obtidos de apenas algumas plantas
matrizes.
Microenxertia. Uma planta jovem de Khaya senegalensis, como a maioria dos mognos
africanos ou americanos, é comumente parasitada por uma broca lepidóptera, Hypsipyla
robusta; isso causa uma grave redução no valor da árvore (GRIJPMA; GARA, 1970;
BRUNCK; FABRE, 1974; YAMAZAKI et al., 1992; BRUNCK; MALLET, 1993).
Vários métodos têm sido usados para combater este parasita, mas nenhum tratamento
químico ou biológico tem dado resultados convincentes e viáveis em larga escala
(SINGH; MISRA, 1988; BRUNCK; MALLET, 1993; NEWTON et al., 1993). A única
boa solução parece ser plantar Khaya senegalensis em combinação com espécies
resistentes à broca do caule (BRUNCK; MALLET, 1993; DUPUY; KOUA, 1993). No
entanto, dentro das populações naturais, existem indivíduos que apresentam aparente
tolerância à broca do caule e estes poderiam constituir uma população de referência para
um programa de melhoramento desta espécie que deveria permitir, enfim, o plantio de
plantas selecionadas ou melhoradas (BRUNCK; MALLET, 1993; NEWTON et al., 1993,
1994).
Figura 48. 1) Multiplicação de brotos de Khaya senegalensis em meio com BAP 2,2 µM
+ IBA 0,26 µM; 2) Microestacas de Khaya senegalensis em meio de enraizamento (IBA
5.2 |iM); 3) Plãntulas de Khaya senegalensis aclimatada em campo – microcorte; 4)
Microenxerto de Khaya senegalensis (—>), um mês após a enxertia. Fonte: Danthu et al.
(2003).
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CONDIÇÕES EDAFOCLIMÁTICAS
Clima. A espécie Khaya senegalensis pode ser cultivada em zonas temperadas, bem
como em regiões semiáridas com chuvas variando de 500-1000 mm anualmente. Trata-
se de uma planta dos trópicos úmidos, onde é encontrada em altitudes de até 1.800 metros.
Ela cresce melhor em áreas onde as temperaturas diurnas anuais estão na faixa de 29 a
38°C, mas pode tolerar 13 a 42°C. Prefere uma precipitação média anual na faixa de 800
- 1.300 mm, porém tolera 650 - 1.800 mm. Cresce de forma selvagem em áreas com uma
estação seca de 4 a 7 meses. As plantas são moderadamente tolerantes à sombra,
especialmente quando jovens, embora as árvores mais velhas prefiram posições
ensolaradas.
Figura 50. Disposição dos solos no campo: Nos Argissolos o mogno-africano tem
apresentado melhor desenvolvimento devido à maior disponibilidade de água e
nutrientes. Detalhes: 1 - Vermelho-Amarelo; 2 - Cambissolo Latossólico; 3 - Podzólico
Vermelho-Amarelo; e 4 - Solo Podzólico Vermelho-Amarelo (terraça de fase). Foto:
Pinheiro et al., 2011.
C o n d i ç õ e s E d a f o c l i m á t i c a s | 79
Classe Características
Latossolos Muito profundo, poroso, uniforme, textural e estrutural ao longo do perfil. A
maioria é pobre em nutrientes, necessitando de adubação. Pelas suas
características, estes solos facilitam o desenvolvimento das raízes e permitem a
infiltração da água. A exceção é o Latossolo Amarelo Coeso, que ocorre em
tabuleiros litorâneos e que apresenta alta coesão na parte superior do horizonte
B, o que pode prejudicar o desenvolvimento do sistema radicular.
Argissolos Moderadamente profundo, diferença textural marcante (horizonte para
(Antigo arenoso e Argila B), menor macroporosidade proporcional, seca mais
Podszoicos) lentamente, estrutura em Blocos" normalmente a mais férteis. Deve-se ter
cuidado na abertura de covas para evitar espelhamento em argila (parte B
horizonte) . Quanto menor a infiltração de água, maior a probabilidade de
erosão laminar ou de superfície. Ocorrem em ambientes mais movimentados e
no sopé das encostas (terço inferior)
Cambissolos São raros, de pequena profundidade efetiva (horizonte B menor que 50 cm).
Deve ser evitado pela menor possibilidade de fixar a árvore e pela menor
disponibilidade de água (secam mais rápido - menos reserva hídrica)
Neossolos Esses solos ocorrem ao longo das margens dos rios. Inundação do terreno
Litólicos durante a estação chuvosa. Também devem ser evitadas devido à menor
Flúvicos disponibilidade de oxigênio Enio (76,69) e devido ao rápido crescimento dos
(Aluvial) mognos, funcionam como bomba d'água, rebaixando o aquífero.
Fonte: Pinheiro et al. (2003).
Igualmente observado para o Cedro Australiano, para os mognos são desejáveis práticas
culturais, tais como: uma boa cova (40 cm x 40 cm x 40 cm), adubação orgânica e
química. É importante lembrar que não é simplesmente plantar mogno, mas cultivá-lo.
Evite também solos muito encharcados, como os Gleissolos, embora os solos que sofrem
inundações periódicas não sejam muito problemáticos para esta cultura. Porém, evite os
solos compactados ou densos, como o Latossolo Amarelo Coesivo que ocorre na região
dos tabuleiros litorâneos, pois sua alta densidade subsuperficial pode prejudicar o
desenvolvimento das raízes. Outro fator que deve ser observado e levado em consideração
é a profundidade efetiva do solo. Solos rasos com algum impedimento físico, como rochas
ou camadas cultivadas sob alta densidade de plantio, devem ser evitados. Além disso,
impedimentos químicos, como a concentração elevada de alumínio trocável (Al), devem
C o n d i ç õ e s E d a f o c l i m á t i c a s | 80
ser evitados, embora ainda não haja informações sobre sua tolerância a esse elemento
(PINHEIRO et al., 2011).
A árvore de mogno africano Khaya senegalensis cresce melhor em solo profundo e bem
drenados, solos aluviais e cupinzeiros. Também é apropriada para solos leves (arenosos),
médios (argilosos) e pesados (argilosos), mas também pode ser encontrado em solos
rochosos e rasos, onde permanece, geralmente, bem menor. É mais tolerante a inundações
durante as estações chuvosas.
Figura 51. Plântulas de mogno no interior da floresta natural. Foto: Grogan et al. (2002).
PLANEJAMENTO DO FLORESTAMENTO
O primeiro aspecto a ser avaliado, logicamente, refere-se à finalidade do plantio, ou seja,
uso futuro da floresta. O planejamento é importante para se conhecer, antecipadamente,
a existência atual e/ou futura de mercado, a quantidade demandada, bem como o raio
econômico de transporte da unidade de beneficiamento ou de utilização da madeira a ser
produzida. Adicionalmente, um planejamento operacional deve ser realizado de modo a
estabelecer um cronograma de atividades, bem como diagnosticar e propor medidas que
promovam a melhoria na eficiência das operações de cultivo do mogno-africano. Deve-
se levar em consideração os recursos financeiros, materiais e humanos disponíveis, de
forma a atender o cronograma e seus respectivos prazos. É fundamental que as operações
realizadas durante todo o cultivo estejam alinhadas com o uso final da madeira, ou seja,
as operações devem ser realizadas com foco na qualidade do produto final a ser obtido
(PAIVA et al., 2011).
O segundo ponto refere-se às avaliações das condições de clima e do solo da região em
que se pretende realizar o cultivo do mogno-africano. As condições climáticas avaliadas,
normalmente, são a temperatura média anual; a umidade relativa do ar, a ocorrência de
ventos; o número de meses de ocorrência de deficiência hídrica ou de geadas, a depender
da região de plantio e o volume e a distribuição de precipitação pluviométrica ao longo
do ano. Esses fatores, de maneira geral, são relativamente previsíveis e podem ser obtidos
C o n d i ç õ e s E d a f o c l i m á t i c a s | 83
ESCOLHA DA ÁREA
Para a escolha da área na propriedade rural, onde será estabelecido o plantio florestal,
devem ser observados e devidamente resguardados os critérios estabelecidos para a
Reserva Legal e para a Área de Preservação Permanente na legislação vigente, nos
âmbitos federal, estadual e municipal.
No que tange aos aspectos técnicos, em áreas de topografia acidentada, devem ser
considerados os parâmetros necessários para o uso de práticas conservacionistas dos
solos. Além disso, deve ser realizada uma sondagem em toda a área com a abertura de
trincheiras, de modo a conhecer o perfil do solo e obter informações das condições de
compactação, profundidade e drenagem do solo (PAIVA et al., 2011). Os terrenos
inclinados não inviabilizam o cultivo, apenas dificultam o manejo e encarecem o custo
de produção, por não permitirem a mecanização (SILVA; BORGES, 2013).
Deve ser realizada a amostragem antes da aplicação das fontes de fertilização mais
importantes para a cultura. Para isso, uma amostra composta de solo (média de 20
subamostras) deve ser retirada do terreno homogêneo, a uma profundidade de até 50 cm.
Para a amostragem de solo são necessários os seguintes materiais: trados ou com pá de
corte, balde plástico e saco plástico. O trado torna a operação mais fácil e rápida. Além
disso, ele permite a retirada da amostra na profundidade correta e da mesma quantidade
de terra de todos os pontos amostrados.
A pesquisa já demonstrou que quanto maior o número de amostras simples tomadas para
compor uma amostra composta, maior é a possibilidade de se ter uma amostra
representativa. No caso de área homogênea, tomam-se amostras em 10 a 12 pontos bem
distribuídos, limpando-se em cada local a superfície do terreno, retirando-se as folhagens,
resíduos orgânicos, etc, sem, contudo, raspar a terra (Figura 52). O número no qual o erro
amostral é bastante reduzido é de 20 amostras simples compondo uma amostra composta.
Em cada ponto, retirar os detritos na superfície do solo. Essas subamostras devem ser
armazenadas em balde plástico e, ao final da coleta, serem homogeneizadas, gerando uma
única amostra de um quilo. Em seguida, deve-se secar o solo, armazená-lo em saco
plástico ou caixa de papelão, identificar corretamente a embalagem e enviá-la para
laboratório de confiança.
C o n d i ç õ e s E d a f o c l i m á t i c a s | 85
Calagem. A calagem tem dupla finalidade para o mogno africano, como ocorre com
outras culturas: a) corrigir a acidez do solo; e, b) fornecer cálcio e magnésio para a planta.
As quantidades variam em função do nível de acidez do solo e da idade da árvore do
mogno. A calagem deve ser realizada de modo a elevar a saturação por bases a 60%. A
dose de calcário pode ser calculada utilizando-se esta fórmula:
Em que:
DC é a dose de calcário a ser aplicada, expressa em t ha-1;
V é a saturação por bases indicada na análise de solo, expressa em %;
CTC é a capacidade de troca de cátions a pH 7 indicada na análise de solo, expressa em
cmolc dm-3;
e PRNT é o poder relativo de neutralização total do calcário, expresso em %. Se o teor
de magnésio (Mg) do solo estiver abaixo de 0,7 cmolc dm-3, deve-se utilizar calcário com
teor de MgO superior a 12%. Aplicar o calcário na superfície do terreno e incorporá-lo
ao solo a 20-40 cm de profundidade.
C o n d i ç õ e s E d a f o c l i m á t i c a s | 86
De acordo Muniz et al. (2018), a saturação por bases economicamente indicada para
plantações de mogno-africano é de 55%. Geralmente, em decorrência da exigência da
espécie em cálcio e magnésio, há necessidade de aplicação do calcário em toda a área
antes do preparo do solo.
PREPARAÇÃO DO SOLO
O preparo do solo é realizado no intuito de propiciar um melhor desenvolvimento do
sistema radicular e, consequentemente, melhor estabelecimento da floresta (PAIVA et al.,
2011). É importante sempre considerar o histórico de uso da área, de modo a direcionar
as melhores práticas de preparo do solo em cada situação.
No preparo do solo, alguns fatores básicos relacionados ao local de plantio do mogno-
africano devem ser considerados, tais como: a) condições climáticas (quantidade,
distribuição e intensidade da precipitação pluviométrica); b) condições edáficas e
fisiográficas (declividade, profundidade efetiva de alcance das raízes, gradiente textural
do solo (drenagem), existência ou não de compactação do solo e fertilidade do solo); c)
tipo de vegetação e cobertura de resíduos sobre o solo e d) disponibilidade de recursos
materiais e econômicos (GONÇALVES et al., 2000).
Por se tratar de uma espécie perene, em floresta plantada de mogno africano, então é
necessário avaliar sua viabilidade econômica em função de três tipos de situações: sem
preparo, preparo mínimo e preparo total do campo.
1- Sem preparo. O plantio da área de mogno africano poderá ser realizado no início do
inverno com mudas de 2 anos, as quais são preparadas no viveiro e, para garantir sua
sobrevivência as condições adversas. Altas taxas de matéria orgânica em cada cova (40
m x 40 m x 40 m) são recomendadas, e as práticas normalmente seguem as
recomendações para outras culturas. A matéria orgânica pode ser incorporada nos locais
de plantio 2-3 meses antes do plantio.
Faz-se a marcação com piquetes de madeira, para que possam ser abertas as covas e
realizar o plantio. O espaçamento mais utilizado para Khaya senegalensis é o de 3 m x 3
m, totalizando 1.111 plantas por ha. As covas devem ser abertas com a dimensão de 40
cm em todos os sentidos (comprimento, largura e altura). Estas devem ser enchidas da
seguinte maneira: Uma parte da terra da superfície passa para baixo da cova, coloca-se
10 kg de esterco no meio da cova, misturando com o barro retirado dela (Figura 53). Após
o enchimento da cova, que deve ser feito com antecedência de 15 dias, fazer a adubação
C o n d i ç õ e s E d a f o c l i m á t i c a s | 87
Figura 53. Esquema ilustrativo do preparo da cova. Foto: Nunes et al., 1989.
Nesta fase, uma vez preparado e fechado à cova, procede-se à rega e implementação de
um programa de lixiviação. O abastecimento de água aumentará então a lixiviação de sais
excessivos e contribuirá para o processo de fermentação do material orgânico. A irrigação
subsequente, várias vezes (2 a 3) antes do plantio, também permitirá que o solo misturado
se instale na cova.
Na maioria dos solos, o crescimento precoce e rápido do mogno africano é melhor quando
as covas são preparadas um a dois meses antes do plantio. O estrume bem curtido também
pode ser usado em covas preparadas e irrigadas pouco antes da plantação, mas deve-se
tomar muito cuidado para colocar o estrume (e fertilizantes) suficientemente profundo
para permitir que uma camada de solo de pelo menos 15 a 20 cm de espessura seja
colocada entre o estrume e as raízes da muda de mogno africano.
Em geral, para o preparo do solo no cultivo mínimo, faz-se aplicação de herbicida pré-
emergente em área total, seguido de sulcamento, aplicação de herbicida pré-emergente na
linha de plantio, adubação e plantio. No caso do preparo localizado na cova, são usados
os escarificadores e as brocas coveadoras (GONÇALVES et al., 2000).
3- Preparo do solo em toda área. A aração e gradagem com o trator podem ser feitas
em toda área a ser cultivada com a o mogno africano no início da estação úmida, mas tal
procedimento só é viável quando se pretende aproveitar os espaços livres para o plantio
consociado com outras espécies. O cultivo convencional do solo consiste na forma de
prepará-lo por meio do revolvimento das suas camadas superficiais em área total, com
incorporação total ou parcial dos resíduos culturais. Neste método, normalmente, são
realizadas operações de aração, gradagem (pesada ou leve) e, quando necessária, a
subsolagem das camadas subsuperficiais compactadas (GONÇALVES et al., 2000;
BOTELHO, 2003).
No preparo do solo, também os leirões (camalhões) podem ser feitos com arado sulcador
de dois discos (Figura 54), de maneira que através desta operação se complementem as
práticas de aração e gradagens convencionais, evitando o encharcamento do solo. Uma
vez preparado os leirões ou camalhões, as mudas pequenas de mogno africano da espécie
Khaya senegalensis são distribuídas por um carroção tracionado por trator para os
operários plantarem, em cada passada, dois leirões em condições de irrigação (Figura 55).
C o n d i ç õ e s E d a f o c l i m á t i c a s | 89
Figura 55. Plantio de mudas de mogno africano (Khaya senegalensis) sobre os leirões,
auxiliado por um carroção de distribuição de mudas
É p o c a d e P l a n t i o | 90
ÉPOCA DE PLANTIO
A época adequada para o plantio do mogno-africano depende das condições climáticas
da região. Em localidade com regime de chuva uniforme e sem deficiência hídrica, o
plantio pode ser realizado durante todo o ano (BOTELHO, 2003). Neste caso, deve-se
observar a temperatura local. O plantio em época de temperaturas muito baixas pode
inibir ou prejudicar o desenvolvimento raízes, além da muda estar sujeita a danos por
geadas, quando for o caso. Em regiões com regime estacional de chuvas, ou seja, com
distribuição irregular durante o ano, o plantio deve ser realizado no início do período das
chuvas, de forma a favorecer um melhor estabelecimento da planta e para que o solo
esteja úmido na profundidade de plantio (BOTELHO, 2003; YAHYA, 2008). Deve-se
ressaltar que há relato de perda de plantio jovem de mogno-africano no sul de Minas
Gerais, em decorrência de geadas.
Na África Tropical, Khaya senegalensis tem sido plantada com sucesso, em plantios
mistos com Azadirachta indica A. Juss., Senna Cassia siamea (Lam.) Irwin & Barneby e
Dalbergia sissoo Roxb. DC ex. No Benin, também plantaram essa espécie com teca
(Tectona grandis Lf).
Após a semeadura, as sementes devem ser cobertas com uma fina camada de terra, para
que fiquem parcialmente descobertas. A germinação leva de 10 a 18 dias, sendo
recomendado fornecer uma leve sombra às plantas jovens, até atingirem 2 meses de idade.
Figura 56. Detalhe do tamanho ideal da muda de mogno africano usada no plantio em
cova.
Também podem ser plantadas toras cujo diâmetro de caule varie entre 2 e 3 cm, e cuja
medida de raiz esteja entre 25 e 30 cm. No Senegal, 50% das mudas de toco plantadas no
campo sobreviveram após 5 anos, mas melhores taxas de sobrevivência podem ser
alcançadas com rega regular após o plantio.
A própria escavação da cova é uma das últimas ações antes do plantio, mas deve-se
enfatizar que esta não é a preparação final para a operação de plantio em si. Este é o ponto
em que os insumos necessários, como calcário dolomítico e materiais orgânicos, são
inseridos no solo e é iniciado o programa de lixiviação. A razão pela qual a lixiviação só
é aplicada nesta fase é por causa da área relativamente pequena que é ocupada pelo mogno
africano. Se a área total tivesse que ser lixiviada, isso se tornaria muito caro com pouco
ou nenhum benefício a longo prazo.
a- Plantio em covas (floresta rústica). Recomenda-se que a cova seja aberta por pelo
menos 40 dias antes para aplicação de calcário e depois deve cobrir, deixado uma vareta
de marcação em cada cova. Suas dimensões deverão ter 0,40 cm tanto de largura como
de profundidade. Por ocasião do plantio, é necessário retirar o saco com cuidado para não
E s t a b e l e c i m e n t o d o C a m p o : P l a n t i o | 93
Figura 57. Melhor método de plantio de mudas de mogno: colocar primeiro a terra de
cima na cova e depois a terra de baixo ou subsolo e compactar. Foto: Opuni-Frimpong et
al., 2016.
Nos pontos demarcados, a abertura da cova pode ser realizada com enxada ou enxadão e
cavadeira (Figura 58), recomendando-se a dimensão de 40 cm x 40 cm x 40 cm ou com
um perfurador motorizado, projetado para perfurações de solo na silvicultura (Figura 59).
O solo retirado da cova deve ser misturado com o calcário (40 dias antes) e os adubos
orgânicos e calcário. A mistura de solo é então colocada de volta no buraco, após o que o
local é claramente marcado para o posicionamento das mudas de mogno africana.
E s t a b e l e c i m e n t o d o C a m p o : P l a n t i o | 94
Figura 58. Abertura de covas com a enxada; aplicação de calcário no fundo e nas laterais
da cova com base na análise do solo; recobrir a cova com a terra do subsolo misturada ao
estrume (primeiro com a terra de cima na cova e depois com a terra de baixo ou do
subsolo), deixando uma vareta de marcação no centro da cova; e depois de 40 dias, abre
um furo no centro da cova marcada para plantar a muda retirada do tubete ou sem saco
plástico.
Figura 59. Perfurador motorizado usado para perfurações de solo ou abertura de covas.
Fotos: Arquivo da Alibaba.
E s t a b e l e c i m e n t o d o C a m p o : P l a n t i o | 95
Figura 60. As mudas utilizadas no plantio devem ser rustificadas, sendo identificada a
muda de Khaya senegalensis pela coloração esverdeada no lançamento do broto apical.
Após o plantio, deve-se fornecer água imediatamente em cada cova por meio de irrigação.
Uma vez plantado com sucesso as mudas de mogno, recomenda-se irrigá-las em dias
alternados durante um mês. Depois disso, deve-se tentar irrigar as plantas a cada 3 a 4
dias ou pelo menos uma vez por semana (OPUNI-FRIMPONG et al., 2016).
depositadas num pequeno depósito amarelo que fica pendurado ao lado do operário. Em
cada cova a ser plantada, o mesmo vai alimentando manualmente a matraca com a muda
retirada deste pequeno depósito.
Figura 61. Plantio de mudas de mogno africano de 3 meses de idade com matraca
(capacidade de plantar 2.000 mudas por dia) realizado na empresa do grupo iPlantForest,
em Roraima.
ESPAÇAMENTO
A diferenciação entre espaçamentos pode também ocorrer em nível de espécies, ou seja,
espécies diferentes podem apresentar comportamentos diferentes dentro de um mesmo
plantio (BALLONI; SIMÕES, 1980; FISHWICK, 1976; HAWLEY; SMITH, 1972).
Para definir a distância ideal entre as plantas no campo é considerado: o sistema radicular;
parte aérea durante o desenvolvimento das árvores e o tamanho da área a ser explorada.
O espaçamento também influencia nas seguintes características das árvores:
- Retilineidade do caule;
- Distribuição da copa;
Crescimento da Planta Khaya senegalensis sob Déficit
H í d r i c o | 99
- Rachaduras;
O fechamento do dossel dificulta a passagem de luz fazendo com que as plantas invasoras
não predominem na floresta, reduzindo-se assim o custo de manutenção da floresta.
Plantios mais espaçados destinam uma maior área por indivíduo e maior incremento por
planta na fase inicial. Já espaçamentos menores diminuem o volume por planta e
aumentam a produtividade total de madeira por hectare, resultando em ganho qualitativo
nos aspectos da esbeltez, retilineidade e homogeneidade.
Por isso, o melhor custo-benefício para produção de madeira para serraria são os sistemas
puros, espaçamento com aproximadamente 6 m²/árvore em quincôncio, facilitando a
mecanização e melhor distribuição do espaço vital (Figura 63).
Crescimento da Planta Khaya senegalensis sob Déficit
H í d r i c o | 100
Sugere-se o plantio com 5 m x 5 m, com 400 plantas por ha. Em áreas irrigadas 6 m x 4
m, com 417 plantas por ha, porém alguns plantios estão com espaçamentos mais
adensados. Nas literaturas mais antigas, foram encontrados espaçamentos de 15 m x 15
m, neste caso, há a consorciação com outras espécies no plantio.
Crescimento da Planta Khaya senegalensis sob Déficit
H í d r i c o | 101
Brasil. No Brasil, até o presente, não existem muitos dados publicados sobre as
tendências de crescimento da espécie em questão. Os plantios realizados aqui possuem
características distintas, marcadamente o espaçamento mais amplo (4 m × 6 m, 5 m × 5
m, 6 m × 6 m, 5 m × 8 m, entre outros) e tratos silviculturais adequados.
Para reduzir os danos causados pelo pastejo, as mudas devem ser plantadas com mais de
1,5 m de altura. O espaçamento normal é de 4-5 m x 4-5 m, pois em espaçamento amplo
irá induzir maior engalhamento, porém quando se cultiva em espaçamento mais denso,
diminui o engalhamento e tortuosidade.
Nestes casos, são indicados espaçamentos que garantem o fechamento de copa mais
rápido, fator que reduz custos com operações de mato-competição. Assim, para
espaçamentos adensados, normalmente são indicados espaçamentos de 3,00 m x 3,00 m
(Figura 64) a 4,00 m x 4,00 m. Na maioria dessas recomendações, a espécie Khaya
senegalensis é a mais indicada para as condições adensadas. Esta espécie apresenta
grande quantidade de galhos, favorecendo o fechamento mais rápido da copa (SANTOS
et al., 2019).
Crescimento da Planta Khaya senegalensis sob Déficit
H í d r i c o | 102
Outra modalidade de arranjo para o espaçamento de 3,00 m x 3,00 m entre plantas, seria
utilizar o plantio com linhas puras de Khaya senegalensis intercaladas com Khaya
ivorensis. Nestes sistemas, há um melhor aproveitamento da área em decorrência do
adensamento dos plantios (SANTOS et al., 2019).
quando as copas se encontram (11 anos), de tal forma que o espaçamento final seja
de 8 m x 8 metros ou 10 m x 10 metros.
Em áreas em que boa parte do ano possui déficit hídrico, como a região do Cerrado, a
irrigação por gotejamento pode ser uma alternativa viável, desde que não haja escassez
de água para a população e das culturas agrícolas de abastecimento local. Alves Júnior et
al. (2017) realizaram estudo com Khaya ivorensis submetido à irrigação por gotejamento
na região de Bonfinópolis, GO, com precipitação anual acumulada de 1.487 mm. Os
resultados mostraram que houve diferença estatística significativa (P>0,05) entre as
plantas irrigadas e não irrigadas. A altura média das plantas variou (dos 2 meses aos 20
meses de idade) de 0,33 m a 3,25 m e 2,67 m irrigadas e não irrigadas, respectivamente.
Assim, a irrigação com um gotejador por planta, de vazão 2 L h-1, foi suficiente para
atender as demandas de água do mogno nos primeiros 2 anos de cultivo (Figura 65).
Figura 65. Área florestal da espécie Khay senegalensis implantada no município de São
Miguel, RN com sistema de irrigação por gotejamento. Fotos: Nouglas Veloso Barbosa
Mendes (2023).
A d u b a ç ã o | 106
No plantio irriga-se 4,5 litros/água por árvore durante três a quatro horas a cada três dias
durante os 30 dias iniciais. Dos 30 até 90 dias plantado, irriga-se oito horas aplicando, no
total, de 30 a 40 litros a cada seis dias. Daí em diante aplica-se dez horas de irrigação a
cada sete dias até os três anos de idade, e após essa fase é feita uma irrigação a cada 15
dias, com um volume de água de aproximadamente 500 litros por 25 m² de área. Além
disso, é importante fazer relatório de todas as atividades desenvolvidas durante o ciclo da
floresta (combater formigas, adubações, capinas etc.), e efetuar medições das árvores
dentro de uma amostragem uma vez por ano para acompanhar o seu desenvolvimento.
ADUBAÇÃO
1- Adubo orgânico. O mogno-africano tem bom desenvolvimento em solos de terra
firme, preferencialmente em locais com clima tropical úmido, mas também se adapta bem
a regiões de clima subtropical. As adubações devem ser feitas com base na análise de
solo. A espécie responde muito bem à adubação orgânica. Por isso, se houver
disponibilidade de esterco ou composto orgânico, aplique 20 litros na cova de plantio. É
importante que o esterco esteja bem curtido, caso contrário, ele poderá ser prejudicial.
Uma planta adubada com esterco tem crescimento 50% superior no primeiro ano.
Figura 66. Local de compostagem e o formato das camadas dos resíduos orgânicos de 1
metro de altura. Fotos: Luciana Miyoko Massukado e Silva, 2008.
A d u b a ç ã o | 108
Entre uma e outra camada, deve-se molhar o suficiente, sem encharcar. Por fim, deve-se
cobrir o monte com uma camada de capim seco ou palha, para manter a umidade. De
preferência, as pilhas devem ser feitas em local próximo de onde o composto será
utilizado, livre de pedras e cascalhos.
Devido ao alto custo de fertilizantes inorgânicos, várias experiências têm sido realizadas
com resíduos orgânicos ou inorgânicos, seja de lodo de esgoto bruto, seja de lodo
biológico de celulose (LBC) proveniente de fábrica de celulose, rejeitos de usina de
açúcar, de processamento de minérios e, em alguns casos, a compostagem de resíduos
orgânicos que podem incluir o lodo de esgoto e LBC. Rosazlin et al. (2015) estudaram o
efeito da alteração do solo com LBC sobre o crescimento de Khaya senegalensis e do
A d u b a ç ã o | 109
A limitação nutricional nos solos tropicais brasileiros é muito frequente, tendo em vista
que os solos são altamente intemperizados, geralmente de baixa fertilidade. Por isso, é
necessário corrigir essas deficiências e realizar um adequado manejo nutricional, o qual
pode ser alcançado através da diagnose nutricional, com base na análise das folhas, tendo
em vista que os teores dos nutrientes nesses tecidos refletem os fluxos de água e
nutrientes, podendo ser uma estratégia complementar à análise de solo (SILVA, 2006).
Segundo Vieira et al. (2014) citam que o crescimento de mudas de mogno africano foi
limitado, em especial, pelas deficiências de nitrogênio, potássio e enxofre, sendo esse
fator o que mais afetou a redução de crescimento e qualidade da madeira. Portanto,
recomenda-se a aplicação de adubo completo, na proporção de 200 g por árvore, no
momento do plantio.
De acordo com Malavolta et al. (1997), a diagnose foliar é o melhor processo para
identificação do estado nutricional da planta, tendo em vista que, nas folhas, ocorrem os
principais processos metabólicos das plantas, e, por esse motivo, é o órgão que melhor
representa o estado nutricional da planta. Bazani et al. (2014) destacam que, no processo
de diagnose foliar, em geral, são coletadas para análise as folhas recém maduras e sadias,
ou seja, sem nenhum tipo de doença ou necrose.
A d u b a ç ã o | 110
Figura 67. Muda de Khaya ivorensis sob tratos silviculturais: adubação em cobertura,
devendo cobrir com solo o adubo mineral. (Adubação de cobertura de forma correta:
faça um sulco de 10 cm de profundidade envolva da planta em solo seco e aplica-se o
adubo químico com base na análise de solo, depois cubra com a terra original, evitando
que os fertilizantes sejam expostos à chuva e à luz direta do sol. Em seguida, é feita a
irrigação para umedecer o solo). Foto: Marcela Amorim Grippe (2021).
molécula do nitrogênio (N2) e produção da amônia (NH3), produto chave para a obtenção
dos adubos nitrogenados. A fixação biológica do Nitrogênio (FBN) consiste na conversão
do N2 atmosférico, para formas combinadas pela ação de microorganismos, e é o
principal processo de adição do N2 ao solo.
Os fertilizantes fosfatados mais comumente usados nos plantios florestais no Brasil são o
superfosfato simples, o superfosfato triplo e os fosfatos naturais reativos aplicados na
cova ou em sulcos de 15 a 30 cm de profundidade (SILVEIRA; GAVA, 2004) sendo que,
a prática de localizar fertilizantes fosfatados em parte do volume de solo cultivado pode
reduzir a retenção do fósforo e otimizar a sua absorção pelas plantas (NOVAIS; SMYTH,
1999; LEITE et al., 2009).
Potássio. O potássio é o segundo nutriente mais exigido pelas plantas. Não apresenta
função estrutural e possui função principal de ativação de enzimas. Esse nutriente está
relacionado ao potencial osmótico da planta, influenciando a expansão celular e o
transporte de íons, além de ser fundamental no movimento estomático. Assim, plantas
bem supridas de potássio apresentam maior eficiência do uso da água, enquanto que
plantas deficientes em potássio possuem menor desempenho fotossintético, devido à
abertura estomática não acontecer de forma regular, reduzindo a entrada de CO2
(PRADO, 2008).
DESRAMA OU PODA
A desrama consiste na supressão natural ou artificial (corte) dos ramos vivos ou mortos,
secos, parasitados que se situam ao longo do fuste e evita a proliferação de doenças e
pragas, aumenta o arejamento e a luminosidade da floresta e principalmente elimina os
nós que prejudicam a qualidade da madeira, diminuindo seu valor econômico (RIBEIRO
et al., 2002).
decorrência de que alguns defeitos na madeira podem ser causados pela ausência de
desrama, como nós, bolsas de kino (formações anormais na madeira contendo resina;
Figura 68), dentre outros. Esses defeitos contribuem para diminuir a resistência física das
peças de madeira e, também, prejudicam a sua aparência.
A poda é uma parte essencial da manutenção das plantações dos mognos. Ela envolve a
remoção de ramos e aumenta a altura do tronco limpo de nós (fuste) e reduz a
susceptibilidade das árvores ao ataque de pragas. A remoção de múltiplos ramos ou brotos
aumenta o crescimento do caule principal e copa da árvore. Seções de madeira removidas
da poda podem ser usadas para produção de lenha ou carvão vegetal, o que fornece receita
adicional para o agricultor. A poda minimiza a frequência de difusão de incêndios
florestais que se propagam através da copa das árvores, minimizando danos a plantação
(OPUNI-FRIMPONG et al., 2016).
O manejo florestal Clearwood, que é a madeira livre de nós, vem ganhando atenção nos
sistemas de produção. Este manejo requer atenção na escolha de melhores procedências
de mudas, na densidade do plantio e conhecimento do momento certo para realizar a
desrama.
Normalmente, as idades das desramas são definidas em função de alguns fatores tais
como: espaçamento de plantio, velocidade de crescimento da espécie/ material genético,
nível tecnológico utilizado e condições edafoclimáticas (REIS et al., 2014; PAIVA;
LEITE, 2015). A execução dessa técnica silvicultural implica em custos adicionais,
C o n t r o l e d e P l a n t a s D a n i n h a s | 116
A poda começa no terceiro ano e é aconselhável que seja no início da estação chuvosa.
Aconselha-se que a poda vá até 50% da altura da árvore deixando um ou dois caules
principais (Figura 69). Ramos e brotos são removidos da metade inferior da árvore,
enquanto os rebentos em desenvolvimento ainda são jovens e pequenos. A poda deve ser
feita perto do caule sem cortar o colo do ramo e a crista da casca. O colo do ramo é o
ligeiro inchaço na base do ramo onde ele cresce a partir do caule e, quando se poda o colo
do ramo, faz com que a cicatrização do caule seja mais lenta e também torna a árvore
mais suscetível a pragas e a doenças. O atraso na remoção de ramos mais grossos no
tronco cria nós na madeira, tornando-o mais suscetível a pragas e doenças. A poda
frequente melhora a produtividade do talhão de mogno (OPUNI-FRIMPONG et al.,
2016).
C o n t r o l e d e P l a n t a s D a n i n h a s | 117
Figura 69. Recomendação de altura para procedimento de poda dos galhos. A árvore da
esquerda não foi realizada desrama, enquanto a da direita, foi realizado alguns
procedimentos de desrama. Fonte: Modificado de Opuni-Frimpong et al. (2016).
“Isso se dá normalmente entre oito e dez metros de altura, que é um crescimento normal.
Estima-se que cerca de 5% das árvores que sofreram algum dano, como ataque de praga,
de formiga, vento forte, pode ter desrama ou uma brotação lateral, que precisa ser retirada.
A medida que as árvores vão se tornando altas, uma escada poderá ser utilizada para
auxiliar na poda dos ramos laterais do caule principal do mogno africano (Figura 70).
Figura 70. A) Árvores de Swietenia macrophylla (mogno brasileiro) com três anos de
idade em uma plantação de pequenos produtores no Sul de Kalimantan que foram podado
para manter a forma do fuste retilíneo e B). Uma escada extensiva em fibra de vidro usada
para podar árvores. Foto: Haruni Krisnawati et al., 2011.
não deve ser realizado com facão, foice ou machado, uma vez que pode causar injúrias à
planta.
Figura 71. Modelo de plataforma elevatória para poda de árvore com capacidade de
levantar o trabalhador até 12 m. Fonte: Arquivo da empresa Manitou Man-Go 12.
C o n t r o l e d e P l a n t a s D a n i n h a s | 120
Figura 72. Tesoura de poda para cortar os ramos de árvores. Fotos: Tramontina e Opuni-
Frimpong et al. (2016).
Os galhos devem ser cortados de forma bem rente ao fuste. Evitar deixar “toquinhos” ou
causar ferimentos na casca ou no fuste (Figura 73). Desta forma, quando necessário, a
desrama deve ser feita uma ou duas vezes por ano e preferencialmente no período de seca.
C o n t r o l e d e P l a n t a s D a n i n h a s | 121
Figura 73. Efeito da poda na qualidade do caule. Foto: Opuni-Frimpong et al. (2016).
Posteriormente, deverá ser retirado o que ficou, com um corte rente ao tronco para que
não haja perigo de o galho pender e descascar a árvore. Neste caso, também é importante
passar a calda bordalesa ou até tinta, para evitar a entrada de pragas e doenças oportunistas
no local da ferida. Outro cuidado fundamental durante o processo da desrama é eliminar
C o n t r o l e d e P l a n t a s D a n i n h a s | 122
tudo que foi retirado, como galhos, para que os restos não sirvam de inoculo para novas
pragas que, eventualmente, atacam as florestas.
Em muitos plantios, após a desrama, pode ocorrer a infecção por fungos vasculares, como
Ceratocystis fimbriata. Esses fungos penetram nos cortes das desramas, em seguida,
outras pragas, tal como as coleobrocas, podem também atacar essas árvores. Assim, as
desramas precisam ser acompanhadas de tratamento fitossanitário preventivo, com
aplicação de caldas com fungicidas e inseticidas logo após o corte dos galhos (SANTOS
et al., 2019).
coloração marrom ao ser retirada da calda, indica que ela está ácida, devendo-se
adicionar mais cal na mistura; se não sujar, a calda está pronta para o uso, sendo
necessário coar a solução antes das pulverizações.
Figura 74. Plantio juvenil de mogno-africano sob elevada competição com plantas
invasoras. Foto: João Augusto da Silva (2019).
No controle das plantas invasoras, podem ser utilizados diferentes tipos de manejo, a
depender do nível tecnológico do produtor, do estádio de desenvolvimento das invasoras
e da idade do plantio florestal. Algumas das técnicas disponíveis são: a) coroamento, b)
roçada, c) gradagem e d) controle químico a depender da espécie invasora e de seu estádio
de desenvolvimento. Vale ressaltar que ainda não existem herbicidas específicos para a
cultura do mogno-africano registrados no Sistema de Agrotóxicos Fitossanitários
C o n t r o l e d e P l a n t a s D a n i n h a s | 124
Dependendo da área do sistema agroflorestal, no mogno africano adulto poderá ser feito
o coroamento para complementar a roçagem mecânica
Figura 75. Cobertura do solo com palhada seca em redor da árvore da espécie Khaya
senegalensis permite auxiliar no controle de plantas daninhas e na manutenção da
umidade na zona radicular fornecida pela irrigação de gotejamento. Foto: Nouglas Veloso
Barbosa Mendes (2023).
A cobertura morta exerce o controle sobre as plantas daninhas pela formação de palhada,
que inibe a germinação e a emergência das plantas daninhas. Essa palhada pode ser
produzida pelas próprias plantas daninhas, por resíduos de produtos beneficiados e pela
biomassa de adubos verdes plantados nas entrelinhas. Esses adubos verdes podem ser
manejados com roçadeira e resultam no acúmulo de camadas de palhas deixadas sobre a
superfície do solo (SANTOS et al., 2008).
A aplicação de herbicida poderia ser realizada num trator acoplado com reservatório do
produto (Figura 76), em que os bicos pulverizadores estariam envolto por protetor de
deriva. Na linha de plantio, pode-se usar pulverizador costal com bico antideriva acoplado
a chapéu de Napoleão.
PRAGAS E DOENÇAS
Poucos são os relatos de problemas fitossanitários em Khaya senegalensis. A Hypsipyla
robusta (ORWA et al., 2009) é tida como uma das principais pragas, causando a morte
de ramos e danos a casca. Besouros broqueadores pertencentes as famílias Cerambycidae
e Bostrichidae são relatados causando danos ao alburno (FAO, 1986). A murcha causada
pelo fungo Ceratocystis fimbriata Ellis & Halsted (FIRMINO et al., 2017) e a mancha
foliar bacteriana causada por Xantomonas axonopodis pv. khayae (SABET, 1959) são
doenças que podem ser encontradas nessa árvore e que já foram relatadas na literatura.
Por ser uma espécie de introdução relativamente recente em diversas partes do mundo,
ainda são poucos os estudos associados à fitossanidade em Khaya senegalensis,
dificultando assim o manejo em áreas plantadas e na fase de viveiro.
1. Pragas
Broca das meliáceas – espécie Hypsipila grandella. As espécies do gênero Khaya são
resistentes ao ataque da Broca do Broto Terminal (Hipsipyla grandella), praga que
inviabilizou os plantios comerciais do Mogno Brasileiro (Swietenia macrophylla) no
Centro Oeste e Norte do país. Portanto, a broca das meliáceas (Hypsipila grandella) é
considerada a principal praga limitante ao crescimento dos plantios de mognos (Figuras
77, 78 e 79). Ela tem ocorrência o ano todo e pode atacar muda nos viveiros; plantios
jovens e árvores adultas. No campo, os danos causados envolvem: morte dos ponteiros,
ramificação excessiva; e destrói a semente no fruto.
Figura 79. Ataque em ponteiro (Hypsipila grandella). Fotos: Carlos F. Wilcken (2003).
Figura 80. Sintomas e danos da broca das meliáceas em mogno em Garça, SP. (A)
Sintoma inicial do ataque na folha; (b) Ponteiro de mogno atacado por H. grandella,
mostrando a galeria e a lagarta; (c) Morte do broto apical; (D) Ramo com sinais de
alimentação da praga: teia com fragmentos de planta e fezes; (e) Brotações laterais após
a morte do ponteiro; (F) Tronco de mogno bifurcado pelo ataque da broca. Fotos: Marcílio
José Tomazini.
P r a g a s e D o e n ç a s | 131
Controle da broca: O controle da broca das meliáceas pode ser realizado através de
controle químicos (viáveis na fase de viveiro); controle silvicultural e controle cultural.
Em relação ao controle químico, vários autores citaram diversas medidas para o controle
da broca do mogno, afirmam que o uso de inseticidas teria sérias implicações ambientais
e econômicas, tais como: custo elevado, contaminação ambiental, contaminação do solo
através da lavagem dos produtos pelas chuvas, dentre outros.
Segundo Gallo et al. (1988) indicam os produtos triclorfon, paration, metil, azinfós etil,
carbaril e piretróides, para serem usados apenas nos viveiros de mudas de meliáceas.
O controle químico, apesar de não ser o método ideal devido aos problemas de custos,
contaminação ambiental e repetidas aplicações, tem um importante papel na proteção das
plantas até que alcancem uma altura de cinco a oito metros (em 3 anos ou mais), quando
raramente o ataque da broca afeta o seu crescimento (YAMAZAKI; VASQUEZ, 1991).
Concluíram ainda que o piretróide fenvalerato foi o mais eficiente, aplicado em
pulverizações de duas a quatro vezes por ano.
De fato, o controle químico possui alta viabilidade apenas em viveiros, sendo que no
campo os estudos mostram grande variabilidade dos resultados.
P r a g a s e D o e n ç a s | 132
Cerca de 40 espécies de insetos foram identificadas como inimigos naturais da broca das
meliáceas em mogno nas Américas (SANDS; MURPHY, 2001). Elas são, sem dúvida,
de diferentes graus de importância na regulação das populações deste inseto, mas o seu
efeito é insuficiente para evitar danos econômicos. Embora tenha havido algum interesse
em técnicas, tais como aumento da população de inimigos naturais, o controle biológico
do mogno não parece uma promissora opção (SANDS; MURPHY, 2001).
As espécies do gênero Khaya são mais resistentes ao ataque da Broca das meliáceas
(Hipsipyla grandella), praga que inviabilizou os plantios comerciais do Mogno Brasileiro
(Swietenia macrophylla) no Centro Oeste e Norte do país. Seu controle é difícil, caro, de
longo prazo e normalmente ineficiente.
Broca das meliáceas – espécie Hypsipyla robusta. Um dos fatores limitantes ao plantio
de Swietenia macrophylla (mogno americano) é o ataque de larvas de Hypsipyla
grandella (Lepidoptera: Pyralidae) em brotos terminais causando a ramificação do
tronco. Problema similar ocorre na África com o mogno africano, só mudando de espécie,
no caso, a Hypsipyla robusta. Opuni-Fripong et al. (2008c) examinaram a suscetibilidade
relativa de quatro espécies de mogno africano: Khaya ivorensis, Khaya anthotheca,
Entandrophragma angolense e Entandrophragma utile, ao ataque de Hypsipyla robusta.
A altura da árvore e o diâmetro e a altura para o primeiro ramo foram medidos até 24
meses após o plantio no campo. Khaya sp. apresentou maior crescimento do que
Entandrophragma sp., mas experimentou mais ataques do que este último. A
P r a g a s e D o e n ç a s | 133
susceptibilidade relativa (do maior para o menor) ao ataque de Hypsipyla robusta das
quatro espécies estudadas foi: Khaya anthotheca> Khaya ivorensis> Entandrophragma
angolense> Entandrophragma utile. Aos 15 meses, Khaya anthotheca e Khaya ivorensis
começaram a se ramificar em cerca de 1,5 m, mas a altura do tronco limpo aumentou ao
longo do tempo em razão da autopoda. À medida que Khaya anthotheca cresceu, o
número de ataques de Hypsipyla robusta por árvore declinou.
É importante que o produtor saiba que a broca do broto do mogno, Hypsipyla robusta,
geralmente completa seu ciclo de vida em 5 a 8 semanas, dependendo do clima e
disponibilidade de alimentos (Figura 81). Uma fêmea individual põe em média 50 ovos.
Os ovos são postos individualmente, ou ocasionalmente em grupos de três a quatro, nas
axilas das folhas, cicatrizes ou nervuras ou perto delas. Os ovos são de forma oval;
medindo 0,64-0,70 mm de comprimento e 0,48-0,53 mm de largura. A fase de ovos dura
entre 3 e 5 dias. As larvas recém-eclodidas são pequenas e altamente móveis, e se movem
em direção a novos brotos e se enterram no caule ou na nervura central da folha e na axila
da folha. Após 2-3 dias, as larvas que invadiram as folhas ou pequenos brotos laterais
ressurgem e abrem um túnel no broto terminal do caule ou galho. As larvas cobrem seu
orifício de entrada com uma teia protetora que consiste em partículas de plantas e fezes
cerca de 3 dias após entrarem no broto terminal. O restante do estágio larval é gasto
perfurando o caule primário ou os galhos da árvore e alimentando-se da medula. Quando
os brotos não estão disponíveis, as larvas podem se alimentar de tecido subcortical, às
vezes perfurando a casca grossa. Eles também foram observados alimentando-se de folhas
jovens agrupadas e entrelaçadas (OPUNI-FRIPONG et al., 2016).
P r a g a s e D o e n ç a s | 134
As larvas geralmente pupam nas galerias perfuradas no tronco das árvores ou podem
pupar no solo sob as árvores atacadas (Figura 82). As larvas do último ínstar geram um
casulo antes da pupação. O estágio de pupa dura de 8 a 10 dias e uma proporção sexual
de 1:1 é comum. A maioria dos adultos emerge durante o pôr do sol. O período de
desenvolvimento do ovo ao estágio adulto dura entre 26-40 dias no material vegetal. As
atividades de corte são mínimas, os machos são atraídos pelas fêmeas que chamam, que
adotam uma posição de chamada com o abdômen dobrado para cima entre as asas. A
chamada resulta da liberação de feromônios sexuais químicos que são atraentes para os
machos. A mariposa adulta é noturna e a duração do acasalamento varia entre 1,5 e 3
horas. O pico de atividade de voo ocorre entre 24:00 e 05:00; e a atividade de vôo 0 cessa
quando a temperatura cai abaixo de 15 C e durante a alta precipitação. A mariposa é capaz
de voar vários quilômetros em busca de comida. As fêmeas são particularmente atraídas
pela nova folhagem para oviposição (OPUNI-FRIPONG et al., 2016).
P r a g a s e D o e n ç a s | 135
Figura 82. Ataques e efeitos da broca do broto na planta do mogno. Fotos: Opuni-Fripong
et al. (2016).
Controle químico
- O controle químico da broca do mogno só é eficaz na fase de viveiro onde as mudas são
jovens;
- O uso químico em plantações maduras de mogno raramente é feito por razões como
inacessibilidade das larvas, chuvas fortes e altas temperaturas nos trópicos.
Com a evidência de que a lagarta passa pouquíssimo tempo fora do broto, basicamente
alguns segundos ao nascer, antes de brocar a planta, o controle químico não tem surtido
efeito. Gallo et al. (2002) recomendaram o uso de controle químico somente em viveiros,
empregando-se, entre outros produtos, o triclorfon 80% (1 kg/ha), paration 60% (0,5
L/ha), azinfos etil 50% (0,5 L/ha), carbaril 85% (0,8 L/ha) e piretroides.
Segundo Yamazaki e Vasquez (1991), o controle tem importância na proteção das plantas
somente até estas alcançarem altura de 5 m a 8 m (3 anos ou mais), quando raramente o
dano da broca afeta seu crescimento, apesar de não ser um método ideal, devido ao alto
custo e à contaminação ambiental pelas repetidas aplicações.
- O sombreamento das diferentes copas das árvores pode limitar a adequação da árvore
para as larvas.
O cedro australiano, o mogno africano e o nim não foram atacados pela broca, em nenhum
dos dois modelos de plantio. Logo essas plantas exerceram eficiência de 100% de controle
sobre H. grandella, enquanto que as plantas do mogno brasileiro em consórcio e em SAF
com o mogno africano, nim e o cedro australiano obtiveram índices de 39%, 46% e 48%,
respectivamente, e o mogno em plantio solteiro atingiu 0% de eficiência de controle. A
resistência do tipo antibiose observada no cedro australiano, que inibiu o ataque de H.
grandella, no campo, pode ser explicado pela presença na planta de substâncias chamadas
de Limonóides, pois segundo o trabalho de fitoquímica desenvolvido por Agostinho
(1994) o limonóide chamado de A-B seco pode ser a base de resistência à broca do
mogno.
Como todos os mognos africanos, a espécie Khaya senegalensis é geralmente atacada por
um lepidóptero, a broca (Hypsipyla robusta), que causa danos graves em árvores
P r a g a s e D o e n ç a s | 137
(BRUNCK; FABRE, 1974; BRUNCK; MALLET, 1993), portanto, o seu cultivo deve
seguir a prática rigorosa de silvicultura (DUPUY; KOUA, 1993). No entanto, Newton et
al. (1993) sugerem que indivíduos ou raças resistentes (ou tolerantes) podem existir em
populações selvagens. Essas descobertas abrem caminho para a possibilidade de
desenvolver um programa de seleção e melhoria de Khaya senegalensis com base na
resistência a tal praga.
Controle mecânico. Grijpma (1971) recomenda o uso de cola “stick” em volta do caule
das mudas de Cedrela, impedindo a presença de formigas e ácaros sobre as lagartas de H.
grandella, evitando que esta passasse para outra parte da planta.
Ohashi et al. (2002) concluíram que para pequenos plantios deve-se associar ao manejo
de H. grandella, o uso do controle mecânico-químico (colacid), para prevenir os brotos
novos contra o ataque da broca do mogno (Figura 83) e para os brotos já atacados, utilizar
a poda e eliminar os ramos atacados para reduzir a infestação na área, assim como auxiliar
no crescimento mais ereto do fuste.
Um outro método sem resultados significativos foi realizado por Espinoza (2011), que
tentou proteger gemas de mogno com fibra ou bucha de sisal. Munguia (2007) realizou
um estudo semelhante ao de Espinoza (2011), mas em vez de usar fibras de sisal, usou
algodão para cobrir as gemas de mogno, dando como resultado positivo como método de
controle, mas o sucesso desse tipo de controle depende de supervisão frequente para
encontrar as larvas em seus diferentes estágios e depois serem eliminadas mecanicamente.
Figura 84. Desfolha de mogno africano (Khaya ivorensis) por formigas do gênero Atta
em povoamento de 5 anos de idade. Foto: Renato Berlim.
Coleobrocas. Coleobrocas são tidas como uma das principais pragas de espécies
florestais, atacando árvores sadias, estressadas e madeira já serrada. As mesmas abrem
galerias no interior da planta, comprometendo a sua qualidade e integridade em altos
níveis de ataque (CIESLA, 2011). Os causadores desses danos pertencem à ordem
Coleoptera, que abrange mais de 360 mil espécies de besouros (BOUCHARD et al.,
2009). Dentre seus membros, coleobrocas recebem destaque devido à sua diversidade e
P r a g a s e D o e n ç a s | 139
Ainda não há relato da existência de outras pragas específicas que causem danos
relevantes ao Mogno africano. Porém, estas são de menor impacto em relação ao ataque
das formigas cortadeiras e da broca-do-ponteiro. Como exemplo de outras pragas, podem-
se citar a broca-do-pecíolo e abelha-cachorro (PINHEIRO et al., 2011).
2. Doenças
Em relação às doenças, a maioria delas é causada por fungos, como: mancha foliar
(Cylindrocladium parasiticum), mancha areolada (Thanatephorus cucumeris), queima-
do-fio (Pellicularia koleroga), mancha parda (Cercospora sp.), mancha zonada
(Sclerotium coffeicola), podridão branca de raiz (Rigidoporus lignosus), rubelose
(Phamerochaete salmonicolor) e cancro-de-córtex (Lasiodiplodia theobromae)
(POLTRONIERI et al., 2000; POLTRONIERI et al., 2002; PINHEIRO et al., 2011).
A murcha causada pelo fungo Ceratocystis fimbriata Ellis & Halsted (FIRMINO et al.,
2017) e a mancha foliar bacteriana causada por Xantomonas axonopodis pv. khayae
(SABET, 1959) são doenças que podem ser encontradas nessa árvore e que já foram
relatadas na literatura. Por ser uma espécie de introdução relativamente recente em
diversas partes do mundo, ainda são poucos os estudos associados à fitossanidade em
Khaya senegalensis, dificultando assim o manejo em áreas plantadas e na fase de viveiro.
Figura 88. Indivíduos de Khaya senegalensis apresentando seca da copa causada pela
murcha de Ceratocystis. Garça/SP, 2018.
P r a g a s e D o e n ç a s | 143
Cancro do Córtex. O Cancro do Córtex ou Cancro da Casca é uma doença causada por
um fungo denominado Lasiodiplodia theobromae, um fungo cosmopolita responsável por
infectar mais de 500 espécies de plantas em regiões tropicais e subtropicais, causando
sintomas de galhos secos, podridão do pedicelo em frutos e morte de plantas
(PUNITHALINGAM, 1980). O fungo produz Picnidios estromaticos (estruturas de
frutificação) que são globosos, subepidérmicos e ostiolados (que possuem estômatos)
(ÚRBEZ-TORRES et al., 2008). Em condições de alta umidade, eles liberam esporos em
forma de nuvem, que são facilmente dispersos por respingos de água da chuva ou
irrigação. Esses esporos, quando jovens, são unicelulares, ovoides, hialinos, de paredes
finas e duplas, com citoplasma granular. Porém, quando maduros, são bicelulares, de
coloração marrom escuro, com estrias longitudinais e com dimensões de 20-30 µm x 11-
15 µm (GRIFFON; MAUBLANC, 1909; ÚRBEZ-TORRES et al., 2008; Figura 90).
P r a g a s e D o e n ç a s | 145
É comum seu surgimento tanto em Khaya ivorensis quanto em Khaya senegalensis, mas
em nenhuma das duas espécies causas danos econômicos, apenas estéticos. O controle
desta doença é bem simples e barato. Para o controle realiza-se uma pulverização ou
pincelamento sobre as lesões com estes produtos:
I n t e g r a ç ã o L a v o u r a - P e c u á r i a - F l o r e s t a e M o n o c u l t i v o | 146
- Calda bordalesa
O controle do cancro causado por L. theobromae em Khaya ivorensis também pode ser
feito por raspagem do tecido lesionado ou aplicação de fungicida de ingrediente ativo
tebuconazol e trifloxistrobina em concentração de 10% e 5%, respectivamente
(MARTINS et al., 2017).
Outras avaliações desse mesmo sistema foram realizadas por Silva et al. (2016), que
constataram que os melhores resultados foram obtidos pelas árvores de mogno-africano
sob ILPF, persistindo em todas as idades avaliadas. Aspectos como menor grau de
competição (menor número de árvores por hectare) e adubações realizadas nas culturas
anuais e/ou nas pastagens parecem beneficiar o crescimento das árvores de mogno-
africano nos sistemas de integração.
No que se refere a plantios mistos com espécies do gênero Khaya, a Empresa Tropical
Flora implantou dois arranjos com as espécies Khaya senegalensis e Khaya ivorensis. No
primeiro arranjo, foram realizados plantios com 50% de cada espécie e, no segundo, 25%
de Khaya ivorensis e 75% de Khaya senegalensis. Esse segundo arranjo tem sido o mais
utilizado atualmente nos plantios florestais dessa empresa. Em ambos arranjos, foi
utilizado o espaçamento de 3,00 m x 3,00 m entre plantas, com linhas puras de Khaya
senegalensis intercaladas com Khaya ivorensis. Nestes sistemas, há um melhor
aproveitamento da área em decorrência do adensamento dos plantios (SANTOS et al.,
2019).
Os plantios mistos com as duas espécies têm sido realizados com objetivo de reduzir a
incidência de pragas e criar uma sinergia entre as espécies. Nessa situação, por apresentar
maior quantidade de galhos e, portanto, maior volume de copa, Khaya senegalensis
contribui para uma menor incidência de ventos ao plantio de Khaya ivorensis,
favorecendo assim uma melhor forma do fuste. Por outro lado, Khaya ivorensis apresenta
maior desenvolvimento em altura, quando comparada com Khaya senegalensis. Dessa
maneira, é esperado um maior desenvolvimento em altura das árvores de Khaya
senegalensis, em função da competição entre as duas espécies. Recomenda-se, em
primeiro lugar, um desbaste sistemático-seletivo, somente em Khaya senegalensis. A
partir do segundo desbaste, as duas espécies devem ser consideradas, para se chegar em
uma proporção de aproximadamente 50% de cada espécie, na ocasião do corte final
(SANTOS et al., 2019).
No Brasil, existem grandes extensões de áreas com pastagens degradadas. Essas áreas
podem ser recuperadas com fertilização adequada ou serem recuperadas por sistemas
agrossilvipastoris, elegendo-se componentes que possuam valores agronômico,
econômico e ecológico e que garantam sustentabilidade. Dessa maneira, Falesi e Baena
(1999) avaliaram o plantio de diferentes Khaya spp. em sistema agrossilvipastoril, em
que, no primeiro ano, plantou-se o componente arbóreo juntamente com a mandioca; no
segundo ano, plantou-se feijão-caupi e, no terceiro, foi introduzida a leguminosa (duas
espécies de centrosema) (Figura 91) e o componente animal (ovelhas) no sistema. As
ovelhas devem entrar no sistema quando as folhas estão fora de seu alcance e a pastagem
em boas condições para consumo, contudo, deve-se observar se animais não estão
causando danos à casca de Khaya. No sistema silvipastoril, a concorrência da leguminosa
com a Khaya, no que se refere a nutrientes e à água, foi marcante quando se compararam
os valores de altura e de DAP das plantas desse sistema com os das submetidas ao
revestimento natural espontâneo (Tabelas 4 e 5). Nesse último sistema, as plantas de
Khaya alcançaram os maiores crescimentos. Além disso, Costa et al. (2016) avaliaram
que as plantas de mogno africano (Khaya senegalensis) apresentam menores valores de
sobrevivência em monocultivo quando avaliado no primeiro e sexto mês em relação ao
sistema ILPF (Integração Lavoura Pecuária Floresta).
I n t e g r a ç ã o L a v o u r a - P e c u á r i a - F l o r e s t a e M o n o c u l t i v o | 150
Tabela 5. Médias aritméticas do DAP (em) de Khaya ivorensis, determinadas por período
climático, em função do manejo com leguminosa e vegetação natural. Plantio em março
de 1996.
Figura 93. Plantação de mogno africano (Khaya senegalensis) com 7 anos de idade em
solo arenoso pouco fértil. Foto: Dominique Louppe (2021).
D e s b a s t e o u E l i m i n a ç ã o d e P l a n t a s | 153
Figura 94. Plantação de mogno africano (Khaya senegalensis) com 13 anos de idade.
Foto: Dominique Louppe.
A prática do desbaste tem como objetivos (RIBEIRO et al., 2002; FERRAZ et al., 2012):
a) Eliminar árvores com defeitos (bifurcadas; com copa excêntrica, elíptica ou oval;
dominadas; doentes; com galhos grossos; mortas, tortuosas, dentre outros). Assim,
concentra-se o crescimento do povoamento em árvores com melhores características, com
aumento da produtividade média na rotação e qualidade genética das sementes/clones
para uso em rotações subsequentes.
D e s b a s t e o u E l i m i n a ç ã o d e P l a n t a s | 154
b) Proteger as árvores com maior crescimento, boa forma do fuste e apropriadas para
permanecer no povoamento até o corte raso.
A decisão sobre a realização ou não de desbaste deve ser tomada com base em aspectos
técnicos e econômicos (FERRAZ et al., 2012).
O corte final ou período de rotação ou, idade de colheita varia de acordo com o
crescimento das árvores e com a finalidade de uso da madeira (FONSECA et al., 2007).
Entretanto, ressalta-se que a colheita das árvores remanescentes no plantio deverá ocorrer
de acordo com as técnicas e normas de segurança adequadas para a derrubada, arraste,
traçamento, carregamento e transporte de toras.
Além do modelo de desbaste anteriormente mencionado, também pode ser feito com
outras idades, outras frequências e outros volumes. Como visto, a distância entre as
plantas é um dos fatores com relação direta com a produtividade da floresta e qualidade
da madeira produzida. É preciso realizar os desbastes periódicos, pois ajudará com que
as árvores remanescentes tenham mais espaços e nutrientes para continuarem se
desenvolvendo. Para o espaçamento de 3 m x 3 m, recomenda-se adotar o seguinte manejo
de desbaste: Redução de árvores no oitavo ano (desbaste de 30-33%), outro desbaste se
faz entre 11-12 anos, quando são cortadas 40-43% das árvores, e aos 17 anos, os outros
45-46%. Busca-se reduzir a densidade inicial de 1.111 árvores por hectare para valores
em torno de 200 a 350 árvores por hectare, sendo o corte final dessas plantas
remanescente de Khaya senegalensis a partir de 25 anos (Figura 95). É importante
esclarecer que o rendimento da madeira serrada está diretamente ligado à condição da
floresta (solo de boa qualidade) e tratos culturais adequados.
D e s b a s t e o u E l i m i n a ç ã o d e P l a n t a s | 156
Figura 96. Povoamento florestal com 14 anos de idade da espécie khaya senegalensis na
Austrália (não houve desbaste de árvores). Foto: Zbonak et al. (2010).
Sathaye e Ravindranath (1998) relataram que uma agrofloresta pode sequestrar em média
25 Mg C ha-1, mas há diferenças na produção de biomassa em diferentes regiões do país
e, consequentemente existem variações no sequestro de carbono (SARKAR et al., 2017a;
SARKAR et al., 2017b; SARKAR et al., 2017c; SARKAR, 2019a; SARKAR, 2019b).
Além disso, as plantações de árvores de crescimento rápido são consideradas altamente
eficientes em sumidouros de carbono e têm potencial para reduzir a taxa de aquecimento
global e as mudanças climáticas resultantes (SATHAYE; RAVINDRANATH, 1998;
SARKAR et al., 2017c), contribuindo amplamente para o clima mitigação de mudança.
Entre todas as árvores existentes de crescimento rápido, o mogno africano é relatado
como um exemplo de bom sumidouro de carbono na própria árvore (WARNASOORIYA;
SIVANANTHARWER, 2015).
e o acúmulo de biomassa seria lento nas plantações jovens até que estabelecessem sua
cobertura de dossel para maximizar a interceptação de radiação e a fotossíntese.
Figura 98. AGB e BGB nas divisões de Anuradhapura e Kurunegala. OBS: Médias com as
mesmas letras nas divisões de Anuradhapura e Kurunegala não são significativamente diferentes em P≤0,05
conforme determinado por diferença menos significativa (LSD).
Figura 99. Área da copa da árvore da espécie Khaya senegalensis. Foto: Futuro
Florestal.
Iniciar um plantio de mogno africano não parece ser difícil. Não é necessário ter uma
licença e o produtor pode encontrar mudas clonais e seminais de qualidade com os
viveristas existentes no Brasil.
P e r s p e c t i v a s d e M e r c a d o p a r a o M o g n o J o v e m | 161
Vale ressaltar que uma largura menor da árvore no momento do primeiro corte para
venda, chamado de desbaste (ou mogno jovem), não reduz as possibilidades de uso. Esse
primeiro corte consiste na remoção de algumas árvores da floresta para garantir espaço
para o aumento da produção de madeira das remanescentes.
São várias as perspectivas mercadológicas para o mogno jovem, obtido nesse desbaste. A
Associação Brasileira de Produtores de Mogno Africano (ABPMA) faz, inclusive,
trabalhos com designers brasileiros de móveis que utilizam a madeira nas suas peças
(Figura 100A). Essa parceria já rendeu móveis premiados. Foram utilizadas, também, as
raízes do mogno, para confeccionar peças únicas de grande valor para o mercado
moveleiro (REIS et al., 2019; Figura 100B).
P e r s p e c t i v a s d e M e r c a d o p a r a o M o g n o J o v e m | 162
Figura 100. A) Guitarra e contrabaixo feitos pelo luthier Sânzio Brandão e B) Poltrona
feita a partir das raízes do mogno pelo designer Hugo França. Fotos: Reis et al., 2019.
Outros destinos para o mogno jovem vêm sendo testados e divulgados por meio de
participação em feiras/mostras nacionais e internacionais, como forma de mostrar ao
grande mercado consumidor as propriedades desta nobre madeira que o Brasil tende a ser
um grande produtor (REIS et al., 2019).
No Brasil, em 2018, foi estimada uma área plantada de cerca de 37 mil hectares de mogno
africano. A expectativa é de que essa área aumente. Afinal, o mogno se adapta muito bem
a países tropicais e a demanda por madeira de qualidade cresce a cada ano.
O que o grande mercado consumidor interno e externo de madeiras nobres procura é por
volume e continuidade no fornecimento de madeira, o que, em breve, os produtores de
P e r s p e c t i v a s d e M e r c a d o p a r a o M o g n o J o v e m | 163
mogno africano no Brasil poderão oferecer, com os desbastes e com os cortes finais das
florestas de mogno já plantadas e em implantação pelo país.
Investir em madeira nobre é, sem dúvida, um ótimo investimento, pois, além de valorizar
de imediato a propriedade na qual o plantio é feito, promete um retorno financeiro elevado
quando comparado às aplicações financeiras convencionais (conservadoras ou
moderadas), mesmo considerando as projeções mais conservadoras feitas para o mogno
africano (REIS et al., 2019).
Já nos primeiros cinco meses do ano de 2021, o país exportou 1 milhão de toneladas de
madeira, o que representa 116% a mais que o volume exportado no mesmo período de
2020. Com isso, a receita subiu para 84 milhões de dólares nos primeiros cinco meses,
um aumento de 80% em relação ao mesmo período em 2020.
A pandemia pode ter sido um dos pontos que influenciaram a procura por madeira no
mercado internacional. O fato de as pessoas começarem a trabalhar mais de casa e a
migração para espaços maiores, impulsionaram o mercado imobiliário nos EUA, por
exemplo. Esse fator pode ter aquecido a área de construção e reforma, criando uma
procura maior por madeira, que é um item cada dia mais procurado para a construção
civil, por sua beleza, versatilidade e apelo ecológico positivo (madeiras rastreadas e/ou
certificadas).
Segundo estudo realizado pelo Serviço Florestal Brasileiro (SFB) e pelo Instituto de
Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), haverá uma redução de 64% da oferta de
madeira até 2030, enquanto, no mesmo período, a previsão é de um aumento de quatro
vezes na demanda por esse material, chegando a 21 milhões de m³ ao ano.
Como se pode observar no gráfico abaixo (Figura 101), nos últimos 10 anos o valor da
madeira indica uma tendência de crescimento. Em 2012, o preço da madeira serrada era
vendida em média por US$300. Já em julho de 2021, o preço chegou a US$580.
Figura 101. Gráfico mostra o histórico do preço da madeira serrada nos últimos 10 anos.
Fonte: Trading Economics.
A madeira serrada deve ser negociada em torno de US $800 até o final do terceiro
trimestre de 2021, de acordo com os modelos macro globais publicados pela Trading
Economics e as expectativas dos analistas.
Vale ressaltar que o pico no gráfico acima representa o recorde histórico do preço médio
da madeira, no dia 7 de maio de 2021. Nessa data, o preço médio da madeira serrada
chegou a quase US $1.700.
Isso se deve ao fato de que as serrarias não conseguiram cumprir a demanda por
construção de casas e reformas estimuladas pelos bloqueios decorrentes do coronavírus.
fortíssimo potencial para consolidar em breve este mercado. Para isto, os produtores
precisam se preparar para atender às exigências deste mercado externo.
Outro ponto importante para quem tem o objetivo de exportar madeiras nobres, é definir
a sua origem e como ela foi produzida. Florestas plantadas, como é o caso do mogno-
africano no Brasil, demonstram que não houve extração ilegal de madeira nativa. A
rastreabilidade e certificação da madeira são extremamente importantes neste cenário.
Uma pesquisa feita pela FLEGT Independent Market Monitor com mais de 130 empresas
na União Europeia e no Reino Unido, que representam os maiores importadores de
produtos de madeira tropical, mostra a valorização por madeiras certificadas.
A certificação pode ser feita em conjunto para vários produtores, o que pode baratear o
processo. Trata-se de uma ótima ferramenta de levantamento de dados e também dá
bastante transparência ao processo sob vários aspectos (social, ambiental, legal, etc.).
Mercado nacional. Ainda não existe um histórico de preços da madeira serrada que
inclua o mogno-africano no mercado nacional. O motivo é que o cultivo da espécie é
recente no Brasil, portanto, não há dados suficientes para traçar uma evolução da
comercialização.
No entanto, não se deixe guiar apenas pelo alto preço da madeira para tomar suas decisões
em relação ao plantio do mogno-africano. Assim como em qualquer negócio, o sucesso
da sua floresta é uma combinação de fatores, que envolve trabalho duro, boas parcerias e
acompanhamento contínuo do plantio.
O retorno financeiro vem, mas é preciso não criar a ilusão de que ficará milionário em
pouco tempo, pois isso não é fácil. Promessas de R$1 milhão de resultado por hectare não
nos parecem números factíveis e sustentáveis.
P e r s p e c t i v a s d e M e r c a d o p a r a o M o g n o J o v e m | 167
Vale lembrar que o volume de madeira produzido por hectare não pode ser avaliado como
única variável para formação de preços! A qualidade, tamanho e padronização desta
madeira é o que agregará valor a este produto. Então, para começar seu investimento
conscientemente, saiba quais as condições de plantio destacadas neste livro que
favorecem um maior rendimento em mogno-africano! (VIVEIRO ORIGEM, 2021).
Em relação ao plantio, muitas variáveis devem ser consideradas, como qualidade das
mudas, irrigação e manejo. A depender do espaçamento adotado, os desbastes da floresta
de mogno-africano poderão ocorrer, aproximadamente, aos 8 anos e 11 anos de cultivo.
Já o corte final ocorrerá, normalmente, acima de 18 anos, conforme as projeções feitas
por técnico em silvicultura.
Por fim, a classificação da madeira é feita de acordo com suas características. Na Tabela
8, podem-se constatar as características de cada uma delas:
Fonte: ABPMA. Obs: A classificação AA Adulto é a madeira com mais qualidade e valor no mercado.
Primeiro retorno da floresta de mogno. O cálculo foi feito baseado em uma floresta de
mogno-africano de um hectare. Nela, foram plantadas 400 mudas por hectare em um
espaçamento de 5 m x 5 m.
quando o cultivo atingir 11 anos. Geralmente, nesta etapa, espera-se que metade da
floresta (200 árvores) tenha atingido um DAP – Diâmetro na Altura do Peito – médio de
20 cm e altura de fuste de 10 m (VIVEIRO ORIGEM, 2021). Espera-se, assim, retirar
aproximadamente 61 m3 de tora por hectare e o destino esperado para esta madeira (Figura
102) seria o seguinte:
Figura 102. O segundo desbaste realizado no mogno africano com 11 anos de idade e o
destino esperado dessa madeira. Foto: Viveiro Origem.
Este segundo desbaste (11 anos), a expectativa de rentabilidade não é alta. Entretanto, o
desbaste é um manejo necessário e essencial para serem reduzidas drasticamente o
número de indivíduos da floresta e, com isto, as árvores remanescentes (máximo 200)
possam se desenvolver melhor, com mais acesso à luminosidade, nutrientes e água.
I d a d e d e C o r t e F i n a l d a F l o r e s t a d e M o g n o A f r i c a n o | 169
A altura comercial (fuste) das árvores de mogno africano apresentou uma diferença
expressiva, comum em indivíduos de propagação seminífera, onde a espécie Khaya
ivorensis manifestou o maior crescimento, média de 14,94 m, comparado aos 8,21 m das
árvores de Khaya senegalensis, uma diferença de 45%. O DAP médio (25 cm) das árvores
de ambas as espécies foi semelhante. Considerando que o fator de forma (0,71) das
espécies foi similar, a espécie Khaya ivorensis proporcionou um maior volume de
madeira para laminação ou serraria, principalmente, por causa da altura e ausência de
bifurcações no fuste. É comum não medir a altura de todas as árvores dentro de uma
parcela para fins de economia de tempo (Figura 103). A deformação residual longitudinal
(DRL) não diferenciou, significativamente, entre as duas espécies de mogno africano, e
nem entre os pontos cardeais (norte e sul) de leitura (SILVA et al., 2016).
I d a d e d e C o r t e F i n a l d a F l o r e s t a d e M o g n o A f r i c a n o | 170
Figura 104. Representação hipotética da evolução de uma árvore madura com base na
sua idade que poderá provocar o seguinte: aumento do diâmetro do caule, redução da
região do lenho juvenil em crescimento (cor verde) e deslocamento da medula (cor
marron claro), tendo como foco apenas o aproveitamento total da madeira do topo da
planta ou o fuste completo.
I d a d e d e C o r t e F i n a l d a F l o r e s t a d e M o g n o A f r i c a n o | 172
A redução da proporção das rachaduras das toras de Khaya senegalensis, à medida que
ocorre um incremento do diâmetro, é um ótimo e almejado predicado para a produção de
madeira serrada. Toras mais cilíndricas, com maior diâmetro, poucas rachaduras de topo
e com baixa deformação residual longitudinal tendem a produzir um maior rendimento
em madeira serrada no desdobro, em virtude do menor índice de defeitos nas peças.
Todavia, é importante considerar que, o maior diâmetro das toras, acompanhado de maior
proporção de lenho juvenil e madeira de tração, propriedades físico-mecânicas inferiores
e maior ângulo da grã, provavelmente, irão provocar um menor rendimento na produção
e perda da qualidade da madeira serrada do gênero Khaya.
Para o estudo conduzido por Silva et al. (2016), não houve diferenças significativas no
deslocamento da medula (DM) entre as espécies, apesar desta variável ser um pouco
superior nas árvores de Khaya ivorensis em comparação a espécie Khaya senegalensis.
Isto significa que por estarem plantadas em um mesmo local plano, ocorreu, para ambas
espécies, um crescimento mais simétrico do diâmetro com a medula mais centralizada,
em reposta a menores inclinações do fuste e/ou baixa movimentação da copa provocada
por ventos, nível de competição entre as árvores, efeitos do desbaste e mortalidade de
indivíduos.
Assim, as árvores jovens apresentam um alto AMF (Ângulo das microfibrilas), pois
necessitam de maior flexibilidade para que o tronco se curve com o vento sem quebrar.
Em árvores maduras, o menor AMF (Ângulo das microfibrilas) assegura uma maior
rigidez para que a árvore suporte o aumento do peso do fuste e da copa (TIENNE et al.,
2009).
Figura 105. Carga de mogno africano cultivado na Austrália (Khaya senegalensis) saindo
da plantação de Cooktown, Queensland. Foto: Empresa Smith Agri International (2021).
I d a d e d e C o r t e F i n a l d a F l o r e s t a d e M o g n o A f r i c a n o | 175
Figura 106. Logística das operações por máquina florestal no pátio da indústria
madeireira com toras de mogno africano Khaya senegalensis.
outro lado, assim como Carvalho et al. (2010), a madeira de Khaya ivorensis também
apresentou boa usinagem (nota 2).
Parece que Khaya senegalensis leva uma pequena vantagem em termos de propriedades
físico-mecânicas da madeira, talvez por apresentar maiores valores de densidade, em
relação às demais espécies, mas não ao ponto de desmerecer o potencial as demais
espécies do mesmo gênero para produção de madeira serrada. França et al. (2015),
avaliaram características anatômicas e propriedades físico-mecânicas das madeiras de
duas espécies de mogno africano (Khaya ivorensis e Khaya senegalensis). Os resultados
mostraram que as espécies foram diferentes quanto ao tipo e frequência de vasos e
porosidade, com raios predominantemente multisseriados e hereocelulares e fibras
libriformes. As duas espécies possuíram estabilidade dimensional (retratibilidade e fator
de anisotropia) dentro da normalidade. Porém, em relação às propriedades mecânicas, a
madeira de Khaya senegalensis teve os maiores valores para todos os ensaios realizados,
incluindo módulo de elasticidade e de ruptura à flexão estática, resistência à compressão
axial, ao cisalhamento e dureza Janka.
Deste modo, é plausível supor que tanto a qualidade quanto seu valor de mercado sejam
superiores aos de povoamentos estabelecidos em outras regiões tropicais. Portanto, é
improvável que um silvicultor brasileiro, por exemplo, consiga comercializar a madeira
serrada de mogno-africano (com 18 ou 20 anos) dentro dessa faixa de valores. Esses
valores, no entanto, são úteis para balizar modelagens econômicas e criar expectativas da
rentabilidade da cultura do mogno-africano em florestas plantadas em países tropicais.
Por outro lado, até que as árvores de mogno-africano não atinjam o ponto de corte, as
madeiras daquelas que forem sendo desbastadas podem ser utilizadas na fabricação de
pequenos utensílios domésticos (ABPMA, 2018) ou até mesmo para uso energético.
Figura 108. Face transversal de uma ponta de tora de Khaya senegalensis logo após o
corte com zonas distintas de cerne, madeira de transição e alburno (os números pequenos
– 1, 2, 3 e 4 – denotam pequenas divisões nas pontas que foram medidas). Tal distinção
não foi observada em todas as pontas de toras. Foto: Zbonak et al. (2010).
R e f e r ê n c i a s B i b l i o g r á f i c a s | 179
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