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TAMAREIRA (Phoenix dactylifera L.) var. Medjool TECNOLOGIA DE


PRODUÇÃO DE FRUTOS GRANDES PARA O SEMIÁRIDO BRASILEIRO

Book · December 2023

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7 authors, including:

Vicente de Paula Queiroga Josivanda Palmeira Gomes


Brazilian Agricultural Research Corporation (EMBRAPA)
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Nouglas Veloso Barbosa Mendes Denise de Castro Lima


Universidade Federal do Ceará Universidade Federal do Ceará
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TAMAREIRA (Phoenix dactylifera L.) var. Medjool
TECNOLOGIA DE PRODUÇÃO DE FRUTOS
GRANDES PARA O SEMIÁRIDO
BRASILEIRO

Vicente de Paula Queiroga


Josivanda Palmeira Gomes
Nouglas Veloso Barbosa Mendes
Denise de Castro Lima
Alexandre José de Melo Queiroz
Bruno Adelino de Melo
Esther Maria Barros de Albuquerque
Editores Técnicos
TAMAREIRA (Phoenix dactylifera L.) var. Medjool

TECNOLOGIA DE PRODUÇÃO DE FRUTOS GRANDES


PARA O SEMIÁRIDO BRASILEIRO

1ª Edição
CENTRO INTERDISCIPLINAR DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO E DIREITO

LARYSSA MAYARA ALVES DE ALMEIDA


Diretor Presidente da Associação do Centro Interdisciplinar de Pesquisa em Educação e Direito

VINÍCIUS LEÃO DE CASTRO


Diretor - Adjunto da Associação do Centro Interdisciplinar de Pesquisa em Educação e Direito

ESTHER MARIA BARROS DE ALBUQUERQUE


Editor-chefe da Associação da Revista Eletrônica a Barriguda - AREPB

ASSOCIAÇÃO DA REVISTA ELETRÔNICA A BARRIGUDA – AREPB


CNPJ 12.955.187/0001-66
Acesse: www.abarriguda.org.br

CONSELHO EDITORIAL

Adilson Rodrigues Pires


André Karam Trindade
Alessandra Correia Lima Macedo Franca
Alexandre Coutinho Pagliarini
Arali da Silva Oliveira
Bartira Macedo de Miranda Santos
Belinda Pereira da Cunha
Carina Barbosa Gouvêa
Carlos Aranguéz Sanchéz
Dyego da Costa Santos
Elionora Nazaré Cardoso
Fabiana Faxina
Gisela Bester
Glauber Salomão Leite
Gustavo Rabay Guerra
Ignacio Berdugo Gómes de la Torre
Jaime José da Silveira Barros Neto
Javier Valls Prieto, Universidad de Granada
José Ernesto Pimentel Filho
Juliana Gomes de Brito
Ludmila Albuquerque Douettes Araújo
Lusia Pereira Ribeiro
Marcelo Alves Pereira Eufrasio
Marcelo Weick Pogliese
Marcílio Toscano Franca Filho
Olard Hasani
Paulo Jorge Fonseca Ferreira da Cunha
Raymundo Juliano Rego Feitosa
Ricardo Maurício Freire Soares
Talden Queiroz Farias
Valfredo de Andrade Aguiar
Vincenzo Carbone
VICENTE DE PAULA QUEIROGA
JOSIVANDA PALMEIRA GOMES
NOUGLAS VELOSO BARBOSA MENDES
DENISE DE CASTRO LIMA
ALEXANDRE JOSÉ DE MELO QUEIROZ
BRUNO ADELINO DE MELO
ESTHER MARIA BARROS DE ALBUQUERQUE
(Editores Técnicos)

TAMAREIRA (Phoenix dactylifera L.), var. Medjool

TECNOLOGIA DE PRODUÇÃO DE FRUTOS GRANDES


PARA O SEMIÁRIDO BRASILEIRO

1ª Edição

ASSOCIAÇÃO DA REVISTA ELETRÔNICA A BARRIGUDA - AREPB

2023
©Copyright 2023 by

Organização do Livro
VICENTE DE PAULA QUEIROGA, JOSIVANDA PALMEIRA GOMES, NOUGLAS VELOSO
BARBOSA MENDES, DENISE DE CASTRO LIMA, ALEXANDRE JOSÉ DE MELO QUEIROZ,
BRUNO ADELINO DE MELO, ESTHER MARIA BARROS DE ALBUQUERQUE

Arte da Capa
ESTHER MARIA BARROS DE ALBUQUERQUE

Editoração
ESTHER MARIA BARROS DE ALBUQUERQUE

Diagramação
ESTHER MARIA BARROS DE ALBUQUERQUE

O conteúdo dos artigos é de inteira responsabilidade dos autores.

Data de fechamento da edição: 23/05/2023

Dados internacionais de catalogação na publicação (CIP)

Q3t Queiroga, Vicente de Paula.


Tamareira (Phoenix dactylifera L.), var. Medjool: Tecnologia de
produção de frutos grandes para o semiárido brasileiro. 1ed. /
Organizadores, Vicente de Paula Queiroga, Josivanda Palmeira Gomes,
Nouglas Veloso Barbosa Mendes, Denise de Castro Lima, Alexandre
José de Melo Queiroz, Bruno Adelino de Melo, Esther Maria Barros de
Albuquerque. – Campina Grande: AREPB, 2023.
338 f. : il. color.

ISBN 978-65-87070-27-8

1. Tâmara. 2. Phoenix dactylifera. 3. Sistema de produção. 4. Colheita. 5.


Frutos. 6. Alimento. I. Queiroga, Vicente de Paula. II. Gomes, Josivanda
Palmeira. III. Mendes, Nouglas Veloso Barbosa. IV. Lima, Denise de
Castro. V. Queiroz, Alexandre José de Melo. VI. Melo, Bruno Adelino. VII
Albuquerque, Esther Maria Barros de. VIII. Título.

CDU 634.2

Ficha Catalográfica Elaborada pela Direção Geral da Revista Eletrônica A Barriguda - AREPB

Todos os direitos desta edição reservados à Associação da Revista Eletrônica A Barriguda – AREPB.
Foi feito o depósito legal.
O Centro Interdisciplinar de Pesquisa em Educação e Direito – CIPED,
responsável pela Revista Jurídica e Cultural “A Barriguda”, foi criado na cidade de
Campina Grande-PB, com o objetivo de ser um locus de propagação de uma nova maneira
de se enxergar a Pesquisa, o Ensino e a Extensão na área do Direito.

A ideia de criar uma revista eletrônica surgiu a partir de intensos debates em torno
da Ciência Jurídica, com o objetivo de resgatar o estudo do Direito enquanto Ciência, de
maneira inter e transdisciplinar unido sempre à cultura. Resgatando, dessa maneira,
posturas metodológicas que se voltem a postura ética dos futuros profissionais.

Os idealizadores deste projeto, revestidos de ousadia, espírito acadêmico e


nutridos do objetivo de criar um novo paradigma de estudo do Direito se motivaram para
construir um projeto que ultrapassou as fronteiras de um informativo e se estabeleceu
como uma revista eletrônica, para incentivar o resgate do ensino jurídico como
interdisciplinar e transversal, sem esquecer a nossa riqueza cultural.

Nosso sincero reconhecimento e agradecimento a todos que contribuíram para a


consolidação da Revista A Barriguda no meio acadêmico de forma tão significativa.

Acesse a Biblioteca do site www.abarriguda.org.br


EDITORES TÉCNICOS

Vicente de Paula Queiroga (Dr)

Pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária


Centro Nacional de Pesquisa do Algodão-CNPA
Campina Grande, PB (Brasil)

Josivanda Palmeira Gomes (Dra)


Professora da Unidade Acadêmica de Engenharia Agrícola
Universidade Federal de Campina Grande

Campina Grande, PB (Brasil)


Nouglas Veloso Barbosa Mendes (M. Sc.)
C&N Serviços Agroambientais Ltda Agritech Semiárido Agricultura Ltda

Pereiro, CE (Brasil)
Denise de Castro Lima (Drª)
Doutora em Ciência do Solo

Profª do Curso Técnico em Fruticultura - CENTEC


Pereiro, CE (Brasil)
Alexandre José de Melo Queiroz (Dr)

Professor da Unidade Acadêmica de Engenharia Agrícola


Universidade Federal de Campina Grande
Campina Grande, PB (Brasil)

Bruno Adelino de Melo (Dr)


Pesquisador do CNPQ / UFCG
Universidade Federal de Campina Grande

Campina Grande, PB (Brasil)


Esther Maria Barros de Albuquerque (Drª)
Doutora em Engenharia de Processos

Universidade Federal de Campina Grande


Campina Grande, PB (Brasil)
APRESENTAÇÃO

“Medjool” é uma variedade de Dactylifera no gênero Phoenix. A variedade Medjool é


nativa da costa atlântica de Marrocos. Esta variedade em particular é um performer
comprovado que é muito superior à maioria das outras variedades de Dactylifera quando
utilizada em condições subtropicais ou tropicais. A venerável tâmara Medjool é produzida
na Califórnia e Arizona por sua excelente fruta e foi introduzida nos USA para uso em
paisagismo em 1990. O fruto da tamareira, chamado de tâmara, é uma baga. Geralmente
é oblongo ou elipsoide com uma única semente envolta por um endocarpo membranoso
fino. Devido ao caráter dioico dessa espécie, os sexos das tamareiras são apresentados
por indivíduos separados. Essa tamareira tem seus tecidos ativos e centralizados na gema
terminal da planta da qual resulta a formação das folhas, cachos, crescimento em altura e
diâmetro. A perda do meristema apical significa morte da tamareira. Na produção de
tâmaras é importante plantar um clone de cultivar vegetativo da Palmeira Medjool, em
razão de ser um clone comercial de destaque. A Palmeira fêmea Medjool pode iniciar a
produção de tâmaras mais cedo do que as plantas derivadas de cultura de tecidos, cerca
de 7 anos dependendo da idade da Palmeira Medjool transplantada (rebento radicular).
Mesmo que a Palmeira Medjool seja uma planta do deserto, ela pode sobreviver a um
ambiente muito variado, especialmente no semiárido brasileiro. Em geral, as tâmaras
Medjool poderão prospera em qualquer lugar desde que as temperaturas do inverno não
atinjam e permaneçam abaixo de 15 graus. Por outro lado, este livro cobrem a descrição
botânica e sistemática, origem, distribuição geográfica e valor nutricional, importância
econômica, exigências climáticas, manejo do pomar, colheita e doenças e pragas da
tamareira. Em razão disso, este livro escrito em português pode ser um manual útil para
aquele que decidir cultivar essa planta e conhecê-la em maior profundidade, o livro
"Tamareira (Phoenix dactylifera L.), var. Medjool: Tecnologia de produção de
frutos grandes para o Semiárido brasileiro”, será de grande interesse e ajuda para o
produtor que necessita pôr em prática as várias tecnologias abordadas no mesmo.

Autores
SUMÁRIO

CAPÍTULO I - SISTEMA PRODUTIVO DA TAMAREIRA (Phoenix dactylifera L.) -


Vicente de Paula Queiroga, Josivanda Palmeira Gomes, Nouglas Veloso Barbosa Mendes,
Denise de Castro Lima, Alexandre José de Melo Queiroz, Bruno Adelino de Melo, Ênio Giuliano
Girão, Acácio Figueiredo Neto, Esther Maria Barros de Albuquerque .....................................10

CAPÍTULO II - PRÉ-COLHEITA, COLHEITA E PÓS-COLHEITA DE TÂMARAS -


Vicente de Paula Queiroga, Josivanda Palmeira Gomes, Nouglas Veloso Barbosa Mendes,
Denise de Castro Lima, Alexandre José de Melo Queiroz, Bruno Adelino de Melo, Esther Maria
Barros de Albuquerque ............................................................................................................238

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................298
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CAPÍTULO I

SISTEMA PRODUTIVO DA TAMAREIRA (Phoenix dactylifera L.)

Vicente de Paula Queiroga


Josivanda Palmeira Gomes

Nouglas Veloso Barbosa Mendes


Denise de Castro Lima
Alexandre José de Melo Queiroz

Bruno Adelino de Melo


Ênio Giuliano Girão
Acácio Figueiredo Neto

Esther Maria Barros de Albuquerque


(Editores Técnicos)
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INTRODUÇÃO

As tamareiras, Phoenix dactylifera L. (Arecaceae ou palmae), são amplamente cultivadas


nas regiões áridas entre 15°N e 35°N, do Marrocos a Oeste até a Índia a Leste (ZAID; DE
WETT, 2002). As tâmaras são cultivadas como alimento básico nos oásis do deserto do
mundo árabe há milhares de anos. A produção mundial de tâmaras aumentou de pouco
mais de 1.809.000 toneladas métricas em 1962 para quase 8.619.600 toneladas métricas
em 2016 (http://faostat.fao.org).

Os gregos e romanos usavam esta árvore como símbolo de triunfo, e para as culturas
hebraica e cristã era vista como símbolo de paz. Etimologicamente, o nome “Fênix”
(Phoenix) é derivado dos fenícios que estiveram entre os primeiros a descrever esta planta
em suas viagens. Dactylifera é derivado de dactylus para “data” (tâmara em inglês) da
palavra grega dactylos, e fero para “árvore portadora de tâmaras”
(https://www.unce.unr.edu/publications/files/ho/2002/sp0212.pdf).

A tamareira é uma árvore dióica: basta um caroço de uma tâmara caída para crescer uma
planta com um novo genótipo, na maioria das vezes diferente da planta mãe. Foi assim
que, ao longo dos séculos, vários milhares de genótipos foram criados. Existem mais de
3000 variedades de tâmaras em todo o mundo. Quase 400 variedades foram contadas no
Irã, 370 no Iraque e 250 na Tunísia. Quanto ao palmeiral marroquino, é rico em mais de
400 variedades de tâmaras inventariadas e milhares de khalts (híbridos não selecionados
de semi-naturais aos quais às vezes nenhum nome foi atribuído). Além disso, em
comparação com outros órgãos da tamareira, as características da tâmara são as mais
importantes para o reconhecimento das variedades. Assim, muitas vezes as cultivares são
identificadas apenas por seus frutos e a maioria das classificações estabelecidas são
baseadas nas características das tâmaras. No entanto, elas são, em certa medida,
influenciadas pelo ambiente e pela condição das árvores (HARRAK; BOUJNAH, 2012).

A avaliação da qualidade das tâmaras depende de vários critérios relacionados ao método


utilizado. De fato, existem métodos que levam em consideração as características físicas
ou químicas isoladamente ou em combinação. Além disso, estes são os métodos mais
utilizados e mais frequentes para caracterizar e selecionar cultivares (HASSAN et al.,
2005; SEDRA, 2001 e 2011; SAWAYA et al., 1982 e 1983; GOLSHAN TAFTI;
FOOLADI, 2005; MRABET et al., 2008; AL JUHAIMI et al., 2014), ou para determinar
a adequação de variedades para uso em tecnologia de alimentos (EL-HOUMAIZI et al.,
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2002; CHETTO et al., 2005; HARAK; BOUJNAH, 2012). Outros métodos


automatizados ou informatizados recentemente qualificados permitem a avaliação da
qualidade e maturidade das tâmaras por meio do uso de novas tecnologias. Essa
alternativa depende dos programas e da tecnologia implementada. Dentre esses métodos,
destaca-se o método publicado por Zhang et al. (2014) que foi testado e validado para
tâmaras Medjool. Essa tecnologia proposta permite detectar automaticamente a qualidade
e maturidade das tâmaras com base no uso de cores para separar e classificar as tâmaras
Medjool de acordo com o grau de maturidade.

Ou seja, as tâmaras de diferentes variedades e khalts (híbridos espontâneos) não possuem


as mesmas qualidades nutricionais, organolépticas, tecnológicas e comerciais. Essas
qualidades das tâmaras podem ser avaliadas estudando seus critérios morfológicos,
físicos, físico-químicos, bioquímicos e sensoriais. A avaliação destas qualidades permite
um melhor aproveitamento e valorização do ponto de vista agronómico (divulgando os
genótipos precoces e de qualidade, assegurando-lhes os cuidados necessários, etc.),
tecnológico por uma melhor orientação das tâmaras para usos adequados
(comercialização como fruta fresca, conservação e transformação) e comercialização
(promoção do consumo, etc.)

A padronização da qualidade das tâmaras também contribui para a avaliação dos produtos
de tâmaras. Assim, a norma UNECE DDP-08, relativa à comercialização e controle de
qualidade comercial das tâmaras publicada pela ONU em 2010, contém disposições
relativas: às qualidades que as tâmaras devem ter no estágio de controle na exportação,
após acondicionamento e embalagem, calibragem, tolerâncias, apresentação e marcação
(ONU, 2010).

A nível nacional, o Ministério da Agricultura e Pescas Marítimas publicou em 2012 uma


norma denominada normas gerais para a comercialização de tâmaras marroquinas
(NGCDM). Esta norma inclui as mesmas disposições da Norma UNECE DDP-08, com
especificações das variedades nacionais das quais a Medjool faz parte (MAPM, 2014).
As principais variedades de tâmaras marroquinas são Khalt, Jihel, Bousekri, Boufeggouss
e Medjool, entre outras variedades. Em 2009, a produção total de tâmaras em Marrocos
foi de cerca de 31.600 t, com a variedade Medjool representando quase 2.250 t (7,1%).
Errachidia, Figuig, Ouarzazate/Zagora e Tata são as três principais regiões produtoras de
tâmaras em Marrocos, representando mais de 90% da produção nacional.
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A fruta de tâmara líder mais famosa é a Medjool, sendo um tanto rara no mercado
marroquino e é produzida principalmente no vale de Tafilalet (região de Errachidia)
(NIXON, 1951); é conhecida pelos preços altos durante todo o ano (o preço médio no
varejo de 1 kg de tâmaras Medjool no Marrocos é de 120 DH (US $ 15) em comparação
com muitas outras variedades híbridas que são vendidas por menos de 15 DH / kg (US $
2). Atualmente, um novo mercado é o Marrocos, embora seja considerado um antigo líder
na indústria de tâmaras, está lentamente, mas gradualmente se tornando um dos
produtores de melhor qualidade. O foco principal no futuro é que o Marrocos sirva
internacionalmente como uma fonte de plantio derivado de cultura de tecidos e material
da fase de iniciação da cultura de tecidos. Destaca-se a cultivar mais elogiada e
amplamente distribuída, Medjool que é originada deste país.

IMPORTÂNCIA ECONÔMICA

Em termos de cultivo em grande escala, bem como em unidades agrícolas menores, as


vantagens da elasticidade desta árvore aos estresses bióticos e abióticos são
incomparáveis. A extraordinária vantagem é sua resiliência, sua necessidade de insumos
limitados, sua produtividade a longo prazo e seu múltiplo propósito para uso (DOWSON,
1982). A capacidade inerente de tolerar ambientes que induzem estresses extremos, como
sal e seca, tem sido bem observada entre os produtores. O microecossistemas também
podem ser criados usando cultivo de tamareiras e em apoio a tais construções palmeirais
em geral que podem atingir grandes alturas como pilares formando um ambiente de estufa
para outras árvores frutíferas e leguminosas.

A tamareira é um tipo de palmeira frutífera mais importante de regiões áridas a


semiáridas, devido às suas qualidades adaptativas. Mais do que uma árvore frutífera, a
relevância religiosa monoteísta é significativa nas fés cristã e islâmica. Citado muitas
vezes no Alcorão Sagrado, é usado para quebrar o jejum com um copo de leite durante o
mês sagrado do Ramadã, quando o jejum ocorre anualmente. Uma infinidade de religiões
e crenças antigas aclamam o benefício das tâmaras.

Em escala internacional, o processamento de tâmaras para garantir maior diversidade de


produtos e pontos de comércio existia principalmente desde a Antiguidade e vinha de
iniciativas privadas em pequena escala e em nível local. Assim sendo, o desenvolvimento
dos produtos derivados da tâmara se baseia na existência de quantidades de tâmaras de
segunda qualidade, ou de tâmaras fornecidas de um sistema de produção competitivo ou
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marginal, sendo resto das operações de embalagem ou pelo surgimento de um excesso de


produção.

A tecnologia de tâmara é o caminho certo para preservar e melhorar a qualidade das


tâmaras. Abrange todas as operações que, desde a colheita à comercialização, se destinam
a conservar todas as suas qualidades nos frutos e a transformar os que não são
consumidos, ou consumíveis, tal como são, em produtos diversos, em bruto ou acabados,
destinados à alimentação humana ou consumo animal e para a indústria. As tecnologias
de tâmara mais amplamente utilizadas e conhecidas internacionalmente estão resumidas
na Figura 1.

Figura 1. Possibilidades de valorização agroindustrial das tâmaras. Fonte: Estanove


(1987).
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Vários produtos podem ser obtidos a partir de tâmaras (BARREVELD, 1993; AL-ABID
et al., 2007a,b). As tâmaras são comercializadas inteiras, sem caroço, cortadas em
pedacinhos ou maceradas (moídas ou picadas) e podem ser utilizadas em pastelaria.
Tâmaras inteiras com caroço ou sem caroço podem ser comercializadas soltas ou
prensadas (comprimidas em camadas por meio de força mecânica). Os produtos de
tâmaras incluem suco concentrado Tamar (dibis), açúcar líquido, produção de álcool e
bebidas alcoólicas, vinagre e produção de proteína unicelular (SIDHU, 2006; Figura 1).
A farinha de tâmaras pode ser obtida a partir de tâmaras secas ou secadas. A calda pode
ser produzida a partir de tâmaras muito moles (escorridas) ou de tâmaras de baixa
qualidade após hidratação e maceração. O xarope obtido é concentrado a 30/35 ◦Brix e
depois filtrado para atingir uma cor marrom clara. O açúcar é extraído das tâmaras, e o
vinagre, o álcool e o fermento também podem ser produzidos a partir das tâmaras
(MUNIER, 1965). As tâmaras do estágio Kimri (verde) podem ser usadas para picles
(fermentar naturalmente um vegetal através de suas próprias bactérias) e chutney (tipo de
molho agridoce). As tâmaras do estágio Khalal podem ser usadas para geleia ou tâmaras
em calda (dibis). As tâmaras do estágio Rutab podem ser usadas para geléia, manteiga,
barras de tâmaras e pasta de tâmaras. As tâmaras do estágio Tamar podem ser
processadas em barras de tâmaras, pasta de tâmaras ou xarope de tâmaras. Subprodutos
do processamento de tâmaras e tâmaras de baixa qualidade podem ser usados para
extração de açúcar ou produção de álcoois de açúcar, ácido cítrico, etanol, vinagre ou
fermento de padeiro. Para remover a adstringência, as tâmaras podem ser mergulhadas
em uma solução de 3-4% de ácido acético ou em vinagre, ou fumigadas com vapor de
ácido acético em um recipiente aquecido. As tâmaras imaturas também podem ser imersas
em água quente por alguns minutos ou incubadas a 32–38 ◦C por alguns dias, onde a fruta
amolece, fica translúcida e o sabor melhora (AIT-OUBAHOU; YAHIA, 1999).

Exemplos de cultivares bem conhecidos são a Medjool (também denominado Madjool),


Deglet Noor e Barhee (ZAID; DE WET, 2002). Relatos na literatura indicam que os frutos
da tamareira contêm carboidratos, lipídios e proteínas, e são uma excelente fonte de fibra
alimentar e certas vitaminas e minerais essenciais. Tem sido demonstrado que as tâmaras
têm a maior concentração de polifenóis entre as frutas secas (VINSON et al., 2005).
Outras investigações revelaram que as sementes de tamareiras (caroços) contêm
procianidinas e seus monômeros (HABIB et al., 2014) juntamente com flavonoides
(MANSOURI et al., 2005). Um dos relatos mais interessantes descreveu a presença de
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treze flavonoides glicosilados de luteolina, quercetina e apigenina juntamente com


procianidinas em diferentes estágios de maturidade (HONG et al., 2006). Mais
recentemente, novos derivados de diosmetina também foram inequivocamente
caracterizados por Michael et al. (2013). Os constituintes citados podem contribuir para
efeitos sinérgicos em aspectos farmacológicos que foram bem revisados por Baliga et al.
(2011). Em outros relatórios farmacológicos, os extratos de frutas de tamareira
demonstraram ter propriedades antioxidante (BILGARI et al., 2008), antimutagênica
(VAYALIL, 2002), antidiabética (MARD et al., 2010) e anti-inflamatória (ZHANG et
al., 2013). Além disso, extratos de frutas de tamareira foram descritos como fornecendo
proteção contra neuropatia periférica diabética em ratos diabéticos induzidos por
estreptozotocina (ZANGIABADI et al., 2011), e possuindo propriedades antitumorais
(ISHURDA; JOHN, 2005), antiaterogênicas (ROCK et al., 2009; BOROCHOV-NEORI
et al., 2013) e atividades antivirais (JASSIM; NAJI, 2010). A estimulação dos tempos de
trânsito gastrointestinal também foi descrita (SOULI et al., 2014), juntamente com um
aumento nas atividades séricas de paraoxonase e arilesterase em ratos tratados para
hipercolesterolemia (TAKAEIDI et al., 2014).

Essas propriedades promotoras da saúde devem-se à presença de compostos bioativos em


sua composição, produzidos como mecanismos de defesa contra condições adversas
(Figura 2). Dentre esses compostos destacam-se os compostos fenólicos, como
flavonoides e ácidos fenólicos, carotenoides, fitoesteróis e fitoestrógenos, aos quais são
atribuídas propriedades benéficas à saúde (AL-ALAWI et al., 2017). Esses constituintes
fitoquímicos podem reduzir o risco de desenvolver doenças e melhorar a funcionalidade.
Dessa forma, eles são responsáveis por atividades antioxidantes e antimicrobianas,
propriedades anti-inflamatórias e outros benefícios à saúde contra câncer, diabetes e
doenças cardiovasculares (EL-FAR et al., 2019). Essas funções, juntamente com suas
origens naturais e ausência de efeitos secundários indesejáveis, os tornam potenciais
substitutos de medicamentos sintéticos.
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Figura 2. Metabólitos secundários associados à atividade biológica de produtos de


tamareira. Foto: Noemí Echegaray et al., 2020.

As vastas aplicações da estrutura da árvore e dos materiais derivados são muito


importantes e podem ser usadas para construir estruturas de abrigo confiáveis. Não só
produz um fruto que é uma fonte única e importante de nutrição por si só, mas também é
usado para suporte estrutural, sombreamento, fibras e cordas (fabricação de cestas) e
materiais à base de casca, bem como produtos que incluem açúcar, mel, óleo, resina e
vinho. As frutas de tâmaras colhidas são amplamente consumidas, 91%, dentro da nação
de origem.

Informação nutricional aproximada. As tâmaras são uma excelente fonte de energia


278–301 kcal/100 g em peso fresco (AL FARSI et al., 2007) e são compostas por 10–
22% de umidade e 44–65% de carboidratos (algumas variedades podem chegar a 88%).
Os açúcares consistiram principalmente em sacarose, frutose e glicose e são determinados
principalmente por características varietais. A maioria das variedades de tâmaras
pertencem ao tipo de açúcar invertido, onde a sacarose é totalmente invertida em glicose
e frutose no estágio de Tamar comestível maduro. As proteínas estão presentes nas
tâmaras em pequenas quantidades e variam de 2,3% a 5,6% contendo 23 tipos de
aminoácidos, alguns dos quais não estão presentes nas frutas mais populares, como
laranja, maçã e banana. As tâmaras contêm altas concentrações de ácido aspártico,
prolina, glicina, histidina, valina, leucina e arginina, mas baixas concentrações de
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treonina, serina, metionina, isoleucina, tirosina, fenilalanina e lisina e concentrações


muito baixas de alanina (EL-SOHAIMY; HAFEZ, 2010). As tâmaras são pobres em
gorduras (0,2–0,5%). As tâmaras contêm ácidos graxos saturados, como láurico,
caprílico, palmítico e insaturados como os ácidos palmitoleico, oleico, linoleico e
linolênico (AL-SHAHIB; MARSHALL, 2003). As tâmaras contêm 3,5 a 4,2% de cinzas,
6,4 a 11,5% de fibra alimentar, das quais 84 a 94% são fibras insolúveis (ELLEUCH et
al., 2008) e 0,5 a 3,9% de pectinas solúveis, que tornam a fruta mais tenra e macia
(MYHARA et al., 1999). As tâmaras contêm muitos minerais importantes (0,1–1%),
como cálcio, ferro, magnésio, fósforo, potássio, sódio, boro, flúor, cobre, cobalto, selênio
e zinco (AHMED; AHMED, 1995) e várias vitaminas, incluindo C, B-6, K, E, A, tiamina,
riboflavina, niacina e folato (BARREVELD, 1993; AHMED; AHMED, 1995).

Além disso, a riqueza nutricional das tâmaras está bem documentada e também foi usada
para os procedimentos medicinais ao longo da história humana. Rahmani et al. (2014)
relataram as valiosas vitaminas e minerais, bem como fibras presentes em frutas de
tâmara. Os nutrientes prontamente disponíveis são óleos, cálcio, ferro, cobre, manganês,
magnésio, potássio e fósforo, encontrados relativamente presentes. As tâmaras são
diferentes da maioria das frutas como fontes de nutrientes por causa de seus principais
efeitos na saúde do cérebro, devido a quantidades razoáveis de níveis de vitamina B6 que
foram associados ao melhor desempenho e pontuação dos estudantes (BALK et al., 2007).

A inclusão de tâmaras na dieta é, em última análise, bastante benéfica, embora aqueles


que podem ter um guloso na família devam evitar o consumo excessivo, resultando em
condições adversas de saúde devido ao teor relativamente alto de açúcar. Alguns
problemas de saúde foram relatados como tratáveis pela utilização da tâmara e
implementação da dieta. Estes variam desde o alívio da inflamação, laxante da
constipação, promoção da saúde e força óssea, controle de distúrbios intestinais, melhora
daqueles com anemia; saúde do sistema nervoso; cegueira noturna; diarreia; ao câncer
abdominal (AL-SHAHIB; MARSHALL, 2003; AL KURAN et al., 2011).

Fitoquímicos e antioxidantes. As propriedades antioxidantes das tâmaras variam


dependendo da quantidade de fenólicos, vitaminas C e E, carotenoides e flavonoides
presentes (AL-FARSI et al., 2005a; MANSOURI et al., 2005). Dentre todos os
componentes dietéticos das tâmaras, os fenólicos são responsáveis pela maior parte das
propriedades antioxidantes, exibindo uma ampla gama de efeitos biológicos que podem
ser classificados como inibidores de radicais livres, prevenindo danos oxidativos de
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ácidos nucleicos, proteínas e lipídios ou pela capacidade de modular bioquimicamente e


fisiologicamente ou molecularmente a fisiologia celular. Análises de correlação
indicaram que existe uma relação linear entre a atividade antioxidante e a quantidade de
compostos fenólicos e flavonoides em frutas de tâmara (ALLIATH; ABDALLA, 2005).
Os compostos fenólicos são compostos principalmente de ácidos fenólicos livres e
ligados.

Al-Farsi et al. (2005b) relataram que os teores médios de fenólicos totais em tâmaras
frescas e secas foram 193,7 e 239,5 mg/100 g, respectivamente. Pelo menos oito ácidos
fenólicos estavam presentes em tâmaras secas de Omã e da Tunísia (AL-FARSI et al.,
2005b; REGNAULT-ROGER et al., 1987). Cinco ácidos fenólicos consistiam em
derivados hidroxilados do ácido benzóico (ácido gálico, ácido protochatécuico, ácido p-
hidroxibenzóico, ácido vanílico e ácido siríngico) e três eram derivados do ácido cinâmico
(ácido cafeico, ácido p-cumárico e ácido ferúlico). A contribuição dos fenólicos totais
para a atividade antioxidante em tâmaras é maior do que a do ácido ascórbico
(SHIVASHANKARA et al., 2004).

Os principais carotenoides encontrados nas tâmaras são luteína, _-caroteno, zeaxantina e


neoxantina (AL-FARSI et al., 2005b; BOUDRIES et al., 2007). Embora nem todos os
carotenoides atuem como provitamina A, as tâmaras provavelmente contribuem para a
necessidade humana de vitamina A. As variedades de tâmaras de cor amarela têm
carotenoides totais mais altos do que os tipos de cor vermelha, que contêm carotenoides
de hidrocarbonetos como licopeno, neurosporeno, -caroteno, fitoflueno e fitoeno (AL-
FARSI et al., 2005b).

Aspectos técnicos da produção da tâmara Medjool em Marrocos. As tâmaras com


Indicação Geográfica “Tâmaras Madjool de Tafilalet” (Marrocos) têm as seguintes
características físicas, químicas e organolépticas:

-São tâmaras classificadas de acordo com a consistência da polpa como semi-mole com
coloração marrom mais clara na parte superior. A forma dos frutos jovens é assimétrica.
A forma da tâmara madura é alongada.

-O epicarpo da tâmara caracteriza-se pela sua aderência mais ou menos completo para a
polpa na maturidade o que leva, dependendo do caso, à formação de grandes bolhas ou
pequenas rugas regulares.
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-A variedade Medjool é uma tâmara que pode chegar a 6,5 cm em comprimento e 4 cm


de largura. O peso da tâmara pode chegar a 30 g com uma relação polpa/tâmara superior
a 90 (Figura 3).

Figura 3. Tâmara da variedade Medjool. Foto: Hasnaâ Harrak (2012).

As operações de produção e de embalagem das tâmaras são realizadas na área geográfica


delimitada por árida e semiárida. No sistema de manejo das tamareiras da variedade
Medjool, o uso da irrigação é essencial. A lâmina de irrigação depende da demanda
climática, do tipo de solo e da idade da plantação. A frequência de irrigação varia de 1 a
2 irrigações por mês no inverno a 5 ou 6 irrigações por mês no verão. A fertilização é
geralmente orgânica (20 a 30 kg de esterco/planta). O uso de fertilizantes químicos,
principalmente nitrogênio, é feito para solos pouco férteis.

A polinização artificial é praticada para garantir uma boa colheita. Vai de março até o
final de abril nas condições de Marrocos. O período de receptividade é de 3 dias. A
operação é repetida 3 a 4 vezes para garantir uma boa polinização. Isso deve ser feito em
clima seco e quente.

A podridão das flores é controlada pela queima de todas as inflorescências e espatas


doentes ou por tratamento químico após a colheita. Para as traças, as instalações de
armazenamento são limpas no final da campanha, pintadas de branco e ventiladas.

As tâmaras são colhidas assim que os sinais do início da maturação aparecem no fruto
(estágio Nakkar). Começa no final de agosto e dura até o final de outubro em Marrocos.
A técnica utilizada é a coleta seletiva da fruta no cacho. Uma vez colhidas, as tâmaras são
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espalhadas em lonas ao sol por 4 a 5 dias para terminar sua maturação, depois são
espalhadas à sombra por 20 dias a 2 meses para manter sua cor antes de serem embaladas.
Em seguida, as tâmaras colhidas são classificadas em diferentes categorias de maturidade
idêntica e em lotes homogêneos (Figura 4).

Figura 4. Embalagem de papelão das tâmaras frescas da variedade Medjool de Tafilalet,


Marrocos. Fonte: ORMVA de Tafilalet.

ORIGEM E HISTÓRIA

A tamareira é cultivada primitivamente em zonas quentes áridas e semiáridas de 4.500 a


5.000 anos a.C. tanto como frutífera quanto como espécie ornamental (BENZIOUCHE;
CHRIET, 2012). De acordo com Djerbi (1999), o cultivo da tamareira provavelmente
começou simultaneamente na Mesopotâmia e no Vale do Nilo. O cientista Chevalier
citado por Munier (1973), deu origem saariana à tamareira, enquanto o italiano
Biccanicity de Ferry et al. (1998), pensava que a origem da tamareira é o Golfo Pérsico.
Na Mesopotâmia, os documentos mais antigos escritos e gravados na tamareira, que está
na Babilônia desde 4.000 anos antes de Jesus Cristo (DJERBI, 1999).

Os estudiosos mais recentes, no entanto, consideraram a região do Golfo como a origem


mais provável, de acordo com as evidências disponíveis sobre a distribuição pré-histórica
de Phoenix dactylifera, com base em registros escritos antigos, restos arqueológicos e
achados arqueobotânicos (FULLER; STEVENS, 2019; TENGBERG, 2012, 2003;
ZOHARY; SPIEGEL-ROY, 1975).
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Antes do cultivo e domesticação, as tamareiras selvagens eram exploradas há milênios.


Por exemplo, elas faziam parte da dieta Neandertal 50.000 anos atrás, como evidenciado
por fitólitos encontrados em cálculos dentários de dentes recuperados na caverna
Shanidar, Iraque (HENRY et al., 2011). A evidência mais antiga da exploração de
tamareiras por humanos modernos foi encontrada em dois locais na costa do Golfo: Ilha
Dalma, Emirados Árabes Unidos (BEECH; SHEPHERD, 2001) e Sabiyah, Kuwait
(PARKER, 2010) e data para trás de aproximadamente 5000 aC. Essa evidência inicial
de exploração na região do Golfo informou as visões atuais sobre as origens geográficas
do cultivo, mas permanecem importantes questões pendentes sobre as origens da
tamareira domesticada.

Assim, a tamareira (Phoenix dactylifera) é uma das frutíferas bastante conhecidas, de


origem e cultivo subtropical. Pode ter se originado no Sul do Iraque, onde foi cultivado
há 5.000 anos (CHAO; KRUEGER, 2007). A propagação da tamareira e a migração
ocorreram ao longo de muitos séculos e ao longo de duas rotas principais; primeiro do
Iraque em direção ao Leste para o Irã, Paquistão e Índia e, em segundo lugar, do Egito
para o Oeste para os países árabes de Al-Maghreb, Espanha e para as condições do novo
mundo. Portanto, essa planta está na história e na cultura desde os tempos antigos da
região da Península Arábica e tornou-se uma parte completa da economia da cultura árabe
(HUSSAIN, 2010). A semente tem vida longa como demonstrado por SALLON et al.
(2008) que germinaram sementes de tâmaras de 2.000 anos que foram escavadas na área
de Massada, na Judéia, no Mar Morto.

Essa palmeira (Phoenix dactylifera L.) ou 'Khajoor' na língua urdu, é apelidada de 'árvore
da providência divina' por muitas pessoas que dependem dela em suas vidas. A tamareira
oferece muitos benefícios às comunidades nos oásis do deserto e nas áreas rurais. Por
milhares de anos, as pessoas que viajam pelo deserto carregam tâmaras como alimento
de alta energia. A madeira da árvore foi usada para construir casas, para fazer artefatos e
queimada como combustível. Durante o Ramadã, os muçulmanos quebram o jejum todos
os dias comendo tâmaras. As folhas de palmeira são usadas pelos cristãos na celebração
do Domingo de Ramos e pelos judeus na celebração da Festa dos Tabernáculos (Barracas)
(CENTER FOR INVASIVE SPECIES RESEARCH, 2010)

Por sua vez, as palmeiras da variedade Medjool crescem em espécimes de paisagem de


tamanho enorme e, nos tempos antigos, essa palmeira era reverenciada como sagrada
como produtora de tâmaras, de forma que a fruta podia ser seca e preservada por meses
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para comer quando a disponibilidade de alimentos era escassa. No sistema de produção


de tâmaras é importante plantar um clone vegetativo da Palmeira Medjool, por ser um
clone comercial de destaque. Quando a Palmeira Medjool é retirada de uma planta adulta
fêmea pode iniciar a produção de tâmaras mais cedo do que as mudas de cultura de tecidos
e seminais, cerca de 7 anos dependendo da idade da Palmeira Medjool transplantada.
Mesmo que a Palmeira Medjool seja uma planta do deserto, ela pode sobreviver a um
ambiente muito variado. Em um dos maiores pomares de palmeiras Medjool na
Califórnia, nos arredores de Yuma, AZ., os trabalhadores usam escadas altas para subir
nas palmeiras para realizar a colheita de tâmaras. As tâmaras Medjool dessa operação
comercial de palmeiras são famosas pelo delicioso sabor da tâmara Medjool, as quais são
vendidas por catálogos de correspondência no Natal. Além disso, a Palmeira Medjool é
um pouco sensível a temperaturas frias, mas pode sobreviver a geadas leves e
congelamentos.

DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA MUNDIAL

Os frutos da tamareira são bagas contendo uma única semente envolta por pergaminho
fibroso como o endocarpo, o mesocarpo carnoso e a casca do fruto (pericarpo). Diferentes
regiões dão tâmaras diferentes que variam em forma, tamanho e peso. Além disso, podem
variar em suas características organolépticas, físicas e químicas (Al-QARAWI et al.,
2004; BARGHINI et al., 2007). É de forma oblonga, embora certas variedades possam
chegar perto da forma esférica. A tamareira começa a frutificar com uma idade média de
5 anos com uma produção média de 400-600 kg/árvore/ano e continua a produzir por até
60 anos. Egito, Irã, Argélia, Arábia Saudita, Iraque, Paquistão, Sudão, Omã, Emirados
Árabes Unidos (UAE) e Tunísia são os dez principais países produtores de tâmaras
(Figura 5). Mais de 100 milhões de tamareiras espalhadas pelo Continente Americano,
sendo 1,3 milhões de hectares em todo o mundo (FAO, http://www.fao.org). A maior área
de contribuição é o continente asiático, incluindo países do Oriente Médio (833.351
hectares), seguido pela África com 416.695 ha, dos quais 392.200 hectares somente no
norte da África (AL-SHAHIB; MARSHALL, 2013)
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Figura 5. Mapa mundial dos dez principais países produtores de frutas de tâmaras em
2014. Fonte: Al-Alawi et al., 2017.

Assim sendo, a tamareira (Phoenix dactylifera L.) é considerada uma das frutíferas mais
valiosas e importantes em sua principal área de distribuição no Oriente Médio e Norte da
África. Esta espécie está entre as poucas plantas que podem prosperar em ambientes
áridos e podem fornecer recursos significativos para as populações locais (CHAO;
KRUEGER, 2007). Mais recentemente, pelas características das frutas apreciadas em
todo o mundo, foi introduzida em novas áreas como América, Austrália, Namíbia, etc.
(GARBATI PEGNA, 2008). Nas últimas décadas, a produção de tâmaras cresceu
extraordinariamente e espera-se que continue aumentando (CHAO; KRUEGER, 2007).
Em todo o mundo aumentou de 6.440.583 t em 2000 para 8.460.443 t em 2016, enquanto
a área colhida aumentou de 1.051.482 ha em 2000 para 1.353.159 ha em 2016 (Figura 6)
(FAOSTAT, 2018).
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Figura 6. Cultivo da tamareira no mundo. Fonte: FAOSTAT (2018).

A produção situa-se principalmente nas regiões islâmicas da Ásia Ocidental e Norte de


África, onde a tâmara tem um grande significado cultural e tradicional. De acordo com
FAOSTAT (2018), os dez principais países produtores de tâmaras em 2016 foram Egito
(1.694.813 t), República Islâmica do Irã (1.065.704 t), Argélia (1.029.596 t), Arábia
Saudita (964.536 t), Emirados Árabes Unidos (671.891 t), Iraque (615.211 t), Paquistão
(494.601 t), Sudão (439.120 t), Omã (348.642 t) e Tunísia (241.000 t) (Figura 7). Mas
entre estes, a Tunísia é o país com os preços de exportação mais elevados graças aos
produtos de primeira qualidade, seleção de variedades específicas (Deglet Nour) e boas
relações comerciais com a Europa, em particular a França. De fato, a Europa é o líder
mundial em importação de tâmaras em valor monetário e o segundo, depois da Índia, em
quantidade (BATTAGLIA, 2011).

Figura 7. Os 10 principais países produtores de tâmaras (FAOSTAT, 2018).


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Outro importante centro de produção de tamareiras está em Israel e nos Estados Unidos
(Califórnia e Arizona). A quantidade média (toneladas totais) é muito menor, mas a
qualidade é alta e comanda uma vantagem de preço para exportação, especialmente para
a variedade Medjool (CHAO; KRUEGER, 2007).

O Brasil não produz tâmaras, mas é um grande importador deste produto. A tamareira foi
introduzida no Brasil há muitos anos, porém poucos foram os estudos sistemáticos
realizados com esta cultura (QUEIROZ et al., 1995). O primeiro registro de introdução
da tamareira no Brasil, segundo Gomes (1975), data de 1928 quando materiais foram
introduzidos em São Paulo e alguns estudos foram realizados na Escola Superior de
Agricultura Luiz de Queiroz, onde foram originadas algumas variedades (OLIVEIRA;
ASSIS, 1999).

No Nordeste do Brasil a tamareira foi introduzida em projetos públicos de irrigação,


entretanto muito poucas informações sobre a cultura foram coletadas, embora se saiba
que, foi nesta região onde as plantas apresentaram resultados mais promissores
(QUEIROZ et al., 1995).

No início da década de oitenta, o Centro de Pesquisas Agropecuárias do Trópico


Semiárido e o Centro Nacional de Recursos Genéticos (CENARGEN), ambos da
Embrapa, introduziram cerca de 26 variedades de tamareira provenientes da África e dos
Estados Unidos no submédio São Francisco, cujos plantios foram instalados na Estação
Experimental de Bebedouro, em Petrolina/PE (NUNES et al., 1989). A partir desta época,
foram feitos estudos de acompanhamento e caracterização dos melhores materiais a serem
cultivados, onde diversas variedades mostraram-se com grande potencial de produção.
Atualmente, Petrolina-PE é uma prova da ótima adaptabilidade da planta em solos
nordestinos. Toda a extensão da orla da cidade possui estas exuberantes palmeiras,
presenteando os habitantes não apenas com sua beleza imponente, mas também com
grande fartura de frutos.

Semiárido brasileiro. O Nordeste tem tudo para se tornar exportador de tâmaras, mas
ainda não começou a investir nesse nicho de mercado. "A planta tem um valor econômico
muito bom. E o único país latino que faz a aclimatação da tâmara é o México, de onde o
Brasil importa a maior parte da tâmara que consome hoje", segundo o professor egípcio,
Magdi Ahmed Ibrahim Aloufa, que desenvolveu, no laboratório de biotecnologia da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), para produção de mudas de
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cultura de tecidos das variedades de tamareiras que se adaptaram ao clima do Nordeste


brasileiro.

Segundo o professor egípcio, em Petrolina, Sertão de Pernambuco, há alguns produtores


de tâmaras, mas que plantam a partir de sementes, o que não garante a qualidade dos
frutos. Ou seja, uma grande parte destas plantas eram originadas de sementes, resultando
em um grande número de indivíduos com características genéticas diferentes da variedade
original, entretanto, um outro grupo de plantas originadas de rebentos, apresentam as
características genéticas das variedades originais. No laboratório de biotecnologia da
UFRN é possível desenvolver, em grande escala comercial, mudas em processo de
biotecnologia, que assegura o tamanho, o sabor e a precocidade das tâmaras". Desta
forma, as tamareiras demoram apenas quatro anos para darem frutos, quando, a partir de
sementes sem controle de qualidade, as tâmaras poderiam demorar até 8 a 10 anos para
produzirem frutos.

O cultivo de tamareira tem por objetivo maior ocupar regiões degradas e solos do
semiárido brasileiro, pois se trata de uma planta do Oriente Médio, produzida em todos
os países árabes, que se desenvolve no deserto. Além da questão econômica, que é o que
mais interessa hoje, há também a questão ambiental, que está na ordem do dia. As
palmeiras de tâmara fertilizam o solo, suavizando a temperatura e interrompendo a
progressão das zonas em processo de desertificação.

BOTÂNICA, MORFOLOGIA E FISIOLÓGICA DA TÂMARA

-Aspecto Botânico e Descrição Sistemática. É uma planta diploide (2n=2x=36), perene


e angiosperma-monocotiledônea (BARROW, 1998; CHAO; KRUEGER, 2007), mas
casos de poliploidia foram relatados com as tamareiras da variedade iraquiana (2n = 64)
(AL-SALIH; AL NAJJAR, 1987, citado por AL-KHAFAJI, 2013). Seus principais
órgãos são as raízes, o tronco ou estipe, as folhas ou as palmeiras, as flores e as tâmaras
(MUNIER, 1973; Figura 8). É uma planta angiosperma pertencente à família Arecaceae
(anteriormente Palmaceae) que inclui cerca de 235 gêneros e 400 espécies
(BENZAIOUCH; CHERIET, 2012). Suas folhas largas que se estendem do centro da
cúpula apical e caem harmoniosamente para formar uma estrutura de floretes de 360°.
Uhl e Dransfield (1987) classificaram a tamareira em: Grupo (Spadiciflora), Ordem
(Arecales), Família (Palmae/Arecaceae), Subfamília (Coryphyoideae), Gênero (Phoenix)
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e Espécie (P. dactylifera). À medida que a árvore adulta brota do solo, cria um meristema
sólido dominante, que raramente forma galhos, exceto por ramificações na base das folhas
anteriores acima do solo. Normalmente, todas as cultivares de tamareiras produzirão
ramificações como uma forma de auto-multiplicação especializada. No entanto, em
ambientes comerciais onde a tâmara é a cultura específica, estes são evitados, pois
limitam o potencial da capacidade da planta-mãe de produzir um produto de boa
qualidade.

Figura 8. Componentes da tamareira. Foto: Hagit Nol (2015).


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De acordo com dados recentes do código internacional de nomenclatura botânica, a


tamareira ocupa a seguinte posição no reino vegetal:

Reino: Plantae (Plantas);


Sub-reino: Tracheobionta (Plantas vasculares);
Superdivisão: Spermatophyta (Plantas com sementes);
Divisão: Magnoliophyta (Plantas com flores);
Classe: Liliopsida (Monocotiledôneas);
Subclasse: Arecidae;
Ordem: Arecales;
Família: Arecaceae (família das palmeiras);
Gênero: Phoenix L.;
Espécie: Phoenix dactylifera L.

O nome botânico, Phoenix dactylifera L., está relacionado a muitas interpretações


diferentes. Uma delas refere-se à ave mitológica “Fênix” pela forma estrutural da planta
e “dactylifera” das palavras gregas daktylos, alude-se à aparência de um dedo do cacho
de frutas e fero, que significa “eu carrego” (LINNÉ, 1734, citado por ZAID; DE WET,
2002a).

Além da tamareira, cinco dessas espécies produzem frutos comestíveis (Phoenix atlantica
chev., Phoenix reclinata Jacq., Phoenix farinifera Roxb., Phoenix humilis Royle. e
Phoenix acaulis Roxb.). Portanto, a maioria das 12 espécies de Phoenix são conhecidas
como ornamentais, sendo a mais valorizada a Phoenix canariensis Chabeaud, comumente
chamada de palmeira das Ilhas Canárias. Phoenix sylvestris Roxb. é amplamente utilizado
na Índia como fonte de açúcar. Phoenix dactylifera L. se distingue das duas espécies
anteriores por várias características que podem ser resumidas da seguinte forma:

-Produção de rebentos (perfilhos);


- Tronco alto, colunar e relativamente grosso. Se for incluída a copa de folhas, a tamareira
pode atingir mais de 20 m de altura (BLATTER, 1926); e
- Folhas verdes escuras, (em vez da cor verde brilhante das outras duas espécies).
A estreita relação entre as 12 espécies é evidenciada pela facilidade de hibridização e
polinização cruzada (MOORE, 1963; MUNIER, 1973). Vários híbridos naturais foram
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assim obtidos: Phoenix dactylifera X. Phoenix sylvestris (Índia); Phoenix dactylifera ×


Phoenix canariensis (Marrocos, Argélia e Israel); Phoenix dactylifera × Phoenix
reclinata (Senegal).

A espécie Phoenix dactylifera L. tem 36 cromossomos (n = 18; 2n = 36) (BEAL, 1937),


mas casos de poliploidia foram relatados por Al- Salih e Al Najjar (1987) com variedades
de tâmaras iraquianas (2n = 64). Os mesmos autores relataram diferenças entre as
variedades: Sayer como variedade precoce (2n = 32) e Khasab, variedade tardia (2n =
36). Além disso, em ambas as variedades foram observadas aneuploidia (alteração
cromossômica numérica, caracterizada pela presença de menos ou mais par de
cromossomos) e euploidia (alteração do conjunto de cromossomas): (Sayer: 32, 34, 36 e
64 e Khasab: 32 e 36).

-Aspecto Morfológico

Planta - A tamareira (2n = 2x = 36), monocotiledônea perene dioica, é a frutífera mais


importante nas regiões de clima árido do norte da África e do Oriente Médio. Além disso,
há produção de tâmaras na China, Índia, Paquistão, Espanha e Califórnia (Food and
Agriculture Organization of the United Nations, 2004). A variedade 'Medjool' (também
chamado 'Medjhool', 'Medjehuel', 'Mejhul' ou 'Mejhoul') produz frutos grandes e macios,
com polpa amarelo-alaranjada e um sabor levemente rico e agradável. As frutas 'Medjool'
têm uma aparência única de outras frutas de tamareira e são altamente valorizadas nos
mercados de todo o mundo. A origem do 'Medjool' é conhecida por ser do Vale de
Tafilalet (Errachidia) em Marrocos (NIXON, 1950). Geneticamente, a variedade
‘Medjool’ pertence ao maior grupo de acessos de tâmaras do Norte da África que inclui
outras variedades como ‘Deglet Noor’ (origem da Argélia/Tunísia) e variedades do Egito
(EL-ASSAR et al., 2005). O plantio de ‘Medjool’ e outras variedades no Marrocos e na
Argélia foi severamente diminuído pela doença bayoud (abiadh em árabe) causada pelo
fungo Fusarium oxysporum Schlechtend.: Fr. f. sp. albedinis (Killian & Maire) Gordon
(ELMER et al., 1968). A tamareira é comumente propagada vegetativamente usando
rebento ou perfilho (NIXON; CARPENTER, 1978). As plantas derivadas de rebentos da
mesma variedade são consideradas geneticamente idênticas entre si e às suas plantas
“mães”.
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Raiz – As tamareiras podem atingir 25 a 30 metros de altura, crescendo sozinhas ou


formando uma touceira com vários caules de um único sistema radicular. Para suportar
tal crescimento vertical elevado, o sistema radicular é altamente desenvolvido e alcança
profundidade para os recursos hídricos (Figura 9). A tamareira possui um sistema
radicular fibroso fasciculado que se origina de um bulbo na base do tronco. As raízes
primárias têm comprimento médio de 4 metros e podem se estender até 10 metros em
solos leves. As raízes primárias dão origem a raízes secundárias que se ramificam para
formar raízes terciárias que são mais curtas em comprimento e diâmetro (ZAID; DE
WET, 2002). As raízes primárias se originam de sementes, mas também podem continuar
a crescer se a tamareira for cultivada a partir de um perfilho ou rebento ou de uma plântula
cultivada em tecido.
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Figura 9. Representação esquemática da estrutura da tamareira, mostrando a fixação do


rebento à palmeira mãe, sistema radicular fibroso fasciculado, espata (inflorescência)
entre outras características morfológicas. Fonte: Diagrama de arquivo do USDA, Chao e
Krueger (2007).
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A partir da Figura 3.1, fica claro que o sistema radicular da tamareira é dividido em quatro
zonas (OIHABI, 1991):

- Zona I: Denominada zona respiratória: Localiza-se no entorno da base da tamareira com


profundidade não superior a 25 cm e distribuição lateral de no máximo 0,5 m do caule
tipo estipe. Encontram-se nesta zona principalmente raízes de natureza primária e
secundária. A maioria dessas raízes tem um geotropismo negativo e desempenha um
papel respiratório.

- Zona II: Chamada zona nutricional: é uma zona grande e contém a maior proporção de
raízes primárias e secundárias. Poderia conter 1000 raízes por m² e mais de 1,60 g de
raízes/100 g de solo (OIHABI, 1991). Desenvolvem-se entre 0,90 e 1,50 m de
profundidade e podem ser encontrados lateralmente fora da projeção da copa da árvore.
No caso da variedade Deglet Nour, as raízes laterais foram encontradas até 10,5 m do
tronco (BLISS, 1944). Os rebentos recentemente plantados desenvolvem as suas raízes
na zona II e depois na zona III. Com um ano de idade, podem atingir 1 m, enquanto 3 m
de profundidade são facilmente alcançados no segundo ano.

- Zona III: Denominada zona absorvente: A importância desta zona depende do tipo de
cultura e da profundidade das águas subterrâneas. Geralmente é encontrado a uma
profundidade de 1,5 a 1,8 m. Principalmente raízes primárias com uma densidade
decrescente de cima para baixo são encontradas aqui. A densidade desta zona é menor do
que na zona II - apenas cerca de 200 raízes são encontradas por m².

- Zona IV: A maior parte desta zona é dependente de água subterrânea. Em uma
profundidade menor, torna-se difícil distinguir entre a Zona III e a Zona IV, pois ambos
os tipos de raízes são encontrados aqui. Quando a água subterrânea é profunda, as raízes
desta zona podem atingir uma profundidade maior. Geralmente apresentam-se como
radículas com geotropismo positivo.

Em conclusão, o tipo de raiz e a distribuição ilustram o papel da tamareira. A falta de


raízes no solo superior permite que outras culturas como trigo, luzerna e vegetais sejam
intercaladas. Enquanto isso, a alta concentração e a presença profunda de raízes primárias
permitem que a tamareira se beneficie da umidade subterrânea e, consequentemente, ao
contrário da maioria das palmeiras frutíferas, resista ao estresse hídrico e às condições de
seca.
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O desenvolvimento e a distribuição das raízes das tamareiras dependem das


características do solo, tipo de cultura, profundidade da água subterrânea e variedade.

Sendo uma monocotiledônea, a tamareira não tem raiz principal. Ou seja, seu sistema
radicular é fasciculado e as raízes são fibrosas. As raízes secundárias aparecem na raiz
primária que se desenvolvem diretamente da semente. Essas raízes secundárias produzem
raízes laterais (raízes terciárias e assim por diante) do mesmo tipo com aproximadamente
o mesmo diâmetro em todo o seu comprimento (Figura 3.2). As raízes também podem
crescer a partir do tronco na superfície do solo (AL-KHAFAJI, 2013). Essas raízes são
denominadas aéreas e podem enfraquecer o tronco para que as rachaduras que produzem
saiam da axila da fronde básica (Figura 10). Neste caso à parte nua do tronco deve ser
coberta com terra para evitar este problema e enterrar as raízes aéreas (Al-Khafaji, 2013).
Todas as raízes da tamareira apresentam pneumática, que são órgãos respiratórios (ZAID;
DE WET, 2002a). As raízes são encontradas até 25 m da palmeira e a profundidades
superiores a 6 m, mas 85% das raízes estão distribuídas na zona de 2 m de profundidade
e 2 m em ambos os lados laterais em solo argiloso profundo (MUNIER 1973; ZAID; DE
WET, 2002a).

Figuras 10. Raízes aéreas com consequente enfraquecimento do tronco.


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Tronco – O tronco da tamareira, também chamado de caule ou estipe, é vertical,


cilíndrico e colunar da mesma circunferência até o topo (ZAID; DE WET, 2002a). A
circunferência não aumenta uma vez que o dossel das folhas esteja totalmente
desenvolvido. É de cor castanha, lignificada e normalmente sem ramificação, embora
possa ocorrer fenómeno de ramificação (Figura 11). Sua circunferência média é de cerca
de 1 a 1,10 m. O tronco é composto de feixes vasculares fibrosos e resistentes, cimentados
em uma matriz de tecido celular muito lignificado próximo à parte externa do tronco.
Sendo uma monocotiledônea, a tamareira não possui camada de câmbio. O crescimento
horizontal ou lateral é assegurado por um câmbio extra fascicular que logo desaparece,
resultando em uma largura de tronco constante e uniforme durante toda a vida da
palmeira. O crescimento vertical da tamareira é assegurado pelo seu broto terminal,
denominado filóforo ou filogênio e lateralmente através de tecido fascicular (ZAID; DE
WET, 2002a).

Figuras 11. Fenômeno de ramificação.


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O tronco principal da tamareira é um único cilindro vertical de igual diâmetro, que é


coberto com bases (bainhas) de folhas que são envoltas em fibra, um mecanismo
evolutivo para proteger o tronco de insetos e animais herbívoros, além de um isolamento
para reduzir a perda de água (ZAID; DE WET, 2002). O tronco (denominado estipe) é
coberto apicalmente por frondes que são folhas pinadas alongadas, que são sustentadas
por uma vasta rede de tecidos fibrosos (ZAID; DE WET, 2002). A água e os nutrientes
são translocados através do tecido vascular composto por feixes vasculares bem
empilhados.

Os brotos auxiliares vegetativos, florais ou intermediários podem ser encontrados na base


de cada folha. Durante a vida juvenil da árvore, esses brotos podem formar os chamadas
perfilhos (rebentos radiculares) ou ventosas (rebentos caulinares) (Figura 12). Os
rebentos radiculares ou perfilhos são separados da planta-mãe (produção de mudas) e
podem se desenvolver em uma palmeira adulta e dar frutos na maturidade. Já os rebentos
caulinares (ventosas ou chupões) deverão ser podados do tronco principal, pois são
considerados ventosas ou chupões de seivas.

Figura 12 Rebentos caulinares ou ventosas devem ser eliminados (seta vermelha) ou


podados do tronco principal.
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Folhas . Dependendo da variedade, idade da palmeira e condições ambientais, as folhas


da tamareira têm de 3 a 6 m de comprimento (média de 4 m) e 0,5 metro de largura na
nervura central média que se estreita em direção a ambas as extremidades das folhas, com
espinhos no pecíolo, pinados e dispostos em espiral ao redor do tronco (UHL;
DRANSFIELD, 1987). Normalmente têm vida útil de 3 a 7 anos (ZAID; DE WET,
2002a). São formados por 120 a 140 folíolos por fronde ou folha, inteiramente
lanceolados, dobrados longitudinalmente e obliquamente ligados à raque (Figura 13a).
Seu comprimento varia de 15 a mais de 100 cm e em largura de 1 a 6,3 cm. A nervura
central da folhagem ou pecíolo é relativamente triangular em seção transversal com dois
ângulos laterais e um dorsal. É desprovido de espinhos em ambos os lados, que variam
de alguns cm a 24 cm de comprimento e de alguns mm a 1 cm de espessura (Figura 13b).
A base da folhagem é uma bainha que envolve a palma e consiste em tecido conectivo
branco ramificado por feixes vasculares (DOWSON, 1982; ZAID; DE WET, 2002a). À
medida que a folhagem cresce para cima, o tecido conectivo desaparece em grande parte
ficando seco, e imediatamente marrom.

Figura 13. Folha de tamareira (esquerda) e desenho esquemático (direita). Fotos: Zaid e
de Wet, 2002a; Mirmehdi, 2014.
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O número de folhas produzidas anualmente varia de 10 a 26 e uma palmeira adulta pode


ter de 100 a 125 folhas; 50% delas são fotossinteticamente ativas (ZAID; DE WET,
2002). As folhas permanecem presas à árvore após a senescência e devem ser podadas
manualmente.

Inflorescência – A tamareira é uma espécie dióica com flores masculinas e femininas


sendo produzidas em cachos em palmeiras separadas (ZAID; DE WET, 2002a). Em casos
raros, ambas as flores pistiladas e estaminadas são produzidas na mesma espiga, enquanto
a presença de flores hermafroditas na inflorescência também foi relatada (MASON, 1915;
MILNE, 1918; ZAID; DE WET, 2002a). As palmeiras que carregam flores unissexuais e
hermafroditas são conhecidas como polígamas. As flores unissexuais são pistiladas
(femininas) e estaminadas (masculinas) e nascem em um grande cacho (inflorescência)
chamado espádice ou espiga, que consiste em um caule central chamado raque e vários
filamentos ou espiguetas (geralmente 50 - 150 ramos laterais). A inflorescência, também
chamada de cacho de flores, em seus estágios iniciais é encerrada em um envelope rígido
conhecido como espata (cobertura coriácea esverdeada que envolve a inflorescência
imatura), que se abre à medida que as flores amadurecem, expondo toda a inflorescência
para fins de polinização (na antese, torna-se marrom e se divide longitudinalmente
expondo toda a inflorescência para fins de polinização). As espatas masculinas são mais
curtas e largas que as femininas. A espata protege as delicadas flores de serem murchas
pelo calor intenso até que estejam maduras e prontas para desempenhar sua função
(ZAID; DE WET, 2002a). Cada espigueta carrega um grande número de flores
minúsculas, de 8.000 a 10.000 na inflorescência feminina e ainda mais na inflorescência
masculina (CHANDLER, 1958; ZAID; DE WET, 2002a). O número anual de espatas
nascidas por uma palmeira varia de nenhuma a cerca de 25 nas fêmeas e um número maior
nos machos, mas a média é de uma dúzia para as fêmeas e um pouco mais para os machos
(ZAID; DE WET, 2002a). A inflorescência masculina é aglomerada no final da raque,
enquanto os ramos da inflorescência do cacho feminino são menos densamente
aglomerados no final da raque. Essas características permitem o reconhecimento do sexo
da inflorescência antes de sua abertura (Figuras 14 e 15).
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Figura 14. Destaque da inflorescência da tamareira: Espata fechada, espata abrindo,


inflorescência pronta para polinização (antese) e cacho de frutos (vingados).
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Figura 15. Diferentes inflorescências na tamareira. (A) Dois grupos de inflorescências


femininas em diferentes estágios de desenvolvimento. As inflorescências na parte inferior
estão prontas para a polinização. (B) Inflorescência masculina (direita) fora de sua espata
(esquerda), em processo de secagem antes da extração do pólen. (C) Fios masculinos
(esquerda) e um único fio feminino (direita). Fonte: Imagem A (School of Palm and Date
Lovers, 2020). Fonte: Imagens B, C (Fotos: Ricardo Salomón-Torres).

Inflorescências estaminadas e pistiladas aparecem em diferentes plantas, interfoliares


como espádices eretos (Figura 16). O pedúnculo é curto ou alongado longe da base da
folha, com um único profilo de duas quilhas, ou a bráctea na base da inflorescência que
envolve a inflorescência em uma brotação. A inflorescência estaminada com o pedúnculo
pode ter 60 centímetros ou mais de comprimento, enquanto as brácteas marrons
furfuráceas têm aproximadamente 40 × 10 centímetros de tamanho. Dentro do profilo há
uma rhachilla com flores estaminadas, que nascem isoladas ou ligeiramente agrupadas
em espiral ao longo da rhachilla (DRANSFIELD 1985; UHL; MOORE, 1977).
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Figura 16. Inflorescência estaminada de tamareira. Foto: M. Z. Paszke.


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Flor – As flores reprodutivas femininas ou masculinas são produzidas em cachos, que


surgem das axilas das folhas originadas no ano anterior (ZAID; DE WET, 2002; Figura
17). As flores de tamareiras também emergem de brotos auxiliares dentro da roseta
terminal e formam cachos ramificados. As flores femininas têm 3 carpelos estreitamente
unidos. Apenas um dos carpelos é fertilizado e se desenvolve em uma baga de uma
semente. Os outros dois carpelos abortam.

Figura 17. Flores masculinas da tamareira, colhidas manualmente, polinizam as flores


fêmeas da tamareira. Foto: Battesti V. (2005).

Por se tratar de uma espécie dióica; flores masculinas e femininas são encontradas em
tamareiras separadas (UHL; DRANSFIELD, 1987) e somente as palmeiras femininas
podem dar frutos após fertilização natural ou artificial. As flores masculinas e femininas
são pequenas, brancas e dispostas em espiquetas que se prendem a uma raque formando
uma inflorescência chamada espádice ou espiga, que consiste em uma haste central
chamado raque e vários filamentos ou espiguetas (geralmente 50 a 150 ramificações
laterais). Cada espigueta carrega um grande número de pequenas flores, de 8.000 a 10.000
nas fêmeas e mais na inflorescência masculina. A inflorescência masculina é aglomerada
no final da raque, enquanto as ramificações da inflorescência do grupo feminino são
menos densamente aglomerados no final da raque (UHL; DRANSFIELD, 1987, ZAID;
DE WET, 2002).
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A flor masculina é perfumada e normalmente tem seis estames, cercados por pétalas e
sépalas semelhantes a escamas cerosas (três cada). Cada estame é composto por dois
pequenos sacos polínicos amarelados. A flor feminina tem cerca de 3 a 4 mm de diâmetro
e possui estames rudimentares e três carpelos bem colados e o ovário é súpero (hipógino).
As três sépalas e três pétalas são unidas de modo que apenas as pontas divergem. Ao abrir
as flores femininas apresentam coloração mais amarelada, enquanto as masculinas
apresentam pó de cor branca, produzido pela agitação (Figura 18). Os sacos polínicos
geralmente abrem dentro de uma ou duas horas após o rompimento da espata. Apenas um
dos três ovários é capaz de se desenvolver em uma baga (AL-YAHYAI; KHARUSI,
2012, ZAID; DE WET, 2002). A polinização da palmeira é muitas vezes feita pelo vento
e a polinização artificial também é uma prática comum para obter maior rendimento.

Figura 18. a) Inflorescência feminina amarelada e b) inflorescência masculina branca.


Fotos: Dowson, 1982

O cálice, ou a parte externa estreita do perianto (também chamado de cúpula), não faz
parte morfologicamente do fruto, mas está sempre ligado a ele antes da maturidade.
Muitas vezes, é um recurso característico associado a formas. O tamanho e a forma deste
cálice são úteis para observar. Em algumas variedades, o cálice é achatado ou achatado
contra a corola, ou parte interna. Em outras variedades, pode subir acima de 2 ou 3 mm.
O cálice é descrito como achatado ou levemente proeminente quando está no mesmo
plano da corola ou se eleva menos de 1 mm acima da corola, moderadamente proeminente
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quando se eleva entre 1 e 2 mm acima da corola, proeminente quando se eleva mais de 2


mm acima da corola. A cor do cálice é a da haste floral ou raque (HARRAK; BOUJNAH,
2012).

Biologia floral. As plantas masculinas emitem inflorescências mais cedo que as


femininas. Uma planta-macho poliniza, em média, 17 fêmeas, podendo, em terreno plano,
polinizar até 50 fêmeas. As tâmaras florescem quando a temperatura da sombra da copa
aumenta para mais de 18 ºC e dão frutos quando a temperatura é superior a 25 ºC (ZAID;
DE WET, 2002a). As flores (e mais tarde os frutos nas árvores femininas) nascem em um
pedúnculo ou raque plano e afilado, comumente conhecido como “haste de fruto” nas
árvores femininas. A inflorescência consiste em muitas ráquilas não ramificadas,
conhecidas como "filamentos", dispostas em espirais na raque. Tanto as flores femininas
quanto as masculinas costumam ter três sépalas e três pétalas (Figura 19). As flores
masculinas são geralmente cerosas e as flores femininas geralmente são verde-
amareladas. Pouco antes da floração, a inflorescência surge no eixo de folhas, empurrando
as espatas, e as espatas racham longitudinalmente na antese. Apenas a porção da ráquila
que dá flores é exposta. Cinquenta a 60 dias após a antese, a haste do fruto se alonga e
empurra a porção da inflorescência que não dá flores para um comprimento de 60 a 120
cm. O fruto normalmente se desenvolve após a fertilização de um dos três carpelos dentro
de cada flor pistilada. A queda natural do fruto ocorre de 25 a 35 dias após a quebra da
espata, e algumas cultivares apresentam uma segunda queda do fruto cerca de 100 dias
após a quebra da espata (às vezes chamada de “queda de junho”) (REUVENI et al., 1986).
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Figura 19. Flores masculinas (esquerda) e femininas (direita) da tamareira. Foto: Arquivo
do USDA.

A taxa de crescimento e desenvolvimento dos frutos semeados segue uma curva de


crescimento sigmoide. O fruto da tâmara passa por cinco estágios distintos de crescimento
e amadurecimento. Esses cinco estágios são geralmente referidos em termos derivados do
árabe iraquiano como estágio Hababouk (início de crescimento e de desenvolvimento
do fruto verde; Figura 20) "Kimri", "Khalal" (às vezes chamado de "Bisr"), "Rutab" e
"Tamar", os quais representam o verde imaturo, o maduro totalmente colorido, o marrom
suave e os estágios de passas duras, respectivamente (REUVENI et al., 1986). Durante o
estágio Kimri, o fruto aumenta de tamanho e peso rapidamente até o estágio Khalal. A
cor do fruto muda de verde durante o estágio Kimri para uma cor característica da cultivar
durante o Khalal. A fruta permanece túrgida e adstringente durante o estágio Khalal e
contém uma quantidade substancial de taninos solúveis em água. Durante o estágio
Khalal, a taxa de ganho de tamanho e peso diminui ligeiramente e a fruta atinge o
tamanho e o peso máximos. As frutas durante o estágio de Rutab são caracterizadas por
um escurecimento da casca para âmbar, marrom ou quase preto, acompanhado de
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amolecimento, diminuição da adstringência e aumento de taninos insolúveis. Durante o


estágio de Tamar, as frutas perdem grande parte de sua água e a relação açúcar-água é
alta o suficiente para impedir a fermentação, semelhante a passas ou ameixas secas. O
teor de água é de 75% a 80% em frutos jovens, diminuindo para 40% a 60% no início do
amadurecimento e diminuindo rapidamente mais tarde. O teor de açúcar é de cerca de
20% de matéria seca durante o início do estágio Kimri, aumentando de forma constante
para 50% de matéria seca no início do estágio Khalal, e vai acumulando a uma taxa mais
rápida até atingir 72% a 88% de matéria seca na maturação (REUVENI et al., 1986). A
fruta da tâmara varia em tamanho e forma dependendo da cultivar, cultura e ambiente. A
tamareira produz em média 40 kg de frutos anualmente, com rendimentos de mais de 100
kg possíveis com manejo intensivo. Quando cultivadas com baixos níveis de insumos e
manejo, as tâmaras podem produzir 20 kg de frutas ou menos anualmente. As plantas
fêmeas começam a produzir tâmaras aos 4 a 6 anos de idade e atingem a plena produção
dentro de 15 a 20 anos (NIXON; CARPENTER, 1978).

Figura 20. Cinco estágios de crescimento de um fruto de tâmara por dias pós-polinização
(DPP). Foto: Al-Mssallem et al. (2013).

Fruto – A tâmara é uma baga que contém uma única semente, comumente chamada de
caroço (Figura 21). Possui uma cobertura celulósica, pele ou epicarpo. Este último é
descrito como fino, médio-fino ou grosso. Às vezes é descrito como macio ou duro.
Caracteriza-se também pela sua adesão mais ou menos completa na maturidade o que
leva, dependendo do caso, à formação de grandes bolhas ou pequenas rugas regulares.
Uma vez que essas diferenças aparentes são afetadas pela estação climática, manejo e
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outros fatores, elas são de pequeno valor na diferenciação entre variedades. O mesocarpo
da tâmara é mais ou menos carnoso e de consistência variável, apresentando uma zona
periférica de cor mais intensa e textura compacta, e uma zona interna de cor mais clara e
textura fibrosa. O endocarpo é reduzido a uma membrana de pergaminho que envolve o
caroço ou semente (Figura 22). O epicarpo, o mesocarpo e o endocarpo são geralmente
confundidos com o nome de carnoso ou polpa (HARRAK; BOUJNAH, 2012).

Figura 21. Corte de uma tâmara. Foto: Hasnaâ Harrak (2012).


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Figura 22. A anatomia do fruto da tâmara no estádio Tamar, destacando o endocarpo e a


semente. Foto: Sami Ghnimi et al. (2016).

A evolução da textura da polpa durante a maturação também é um bom critério varietal.


No entanto, podem existir variações nas tâmaras devido aos fenômenos de metaxenia.
Geralmente, as tâmaras recém-colhidas, amadurecidas em condições normais, são
classificadas de acordo com sua consistência em três categorias: macias, semi-moles e
secas.

- Tâmaras moles, de polpa muito aquosa quando frescas, requerem tratamento para
reduzir o teor de água para uma boa conservação, como as variedades Boufeggous
(Marrocos), Rhars (Argélia) e Barhi (Iraque);

- Tâmaras semi-moles, cujo teor de água da polpa é inferior ao da categoria anterior, e


que permanecem macios como as variedades Medjool (Marrocos), Deglet-Nour (Argélia)
e Zahidi (Iraque);

-Tâmaras secas, cuja polpa é naturalmente seca, como Ademou (Marrocos), Degla-Beïda
(Argélia) e Kentichi (Tunísia).

As tâmaras também diferem na parte interna da polpa que delimita a cavidade que contém
o caroço, chamada de “rag” pelos autores americanos, que pode ser mais ou menos fibrosa
dependendo da variedade (Figura 23). O peso das tâmaras pode variar de 2 a 60 g; as
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dimensões são 18 mm a 110 mm de comprimento e 8 a 32 mm de largura. A cor pode ser


mais ou menos amarelo claro, amarelo âmbar translúcido, marrom mais ou menos
pronunciado, vermelho ou preto. As tâmaras são geralmente alongadas, oblongas, ovoides
ou esféricas.

Figura 23. Anatomia do fruto da tamareira (Phoenix dactylifera L., cv. Confitera) nos
estádios tardios de Tamar (A) e de Rutab (B). Foto: Fernández-López et al. (2022).

Critérios físicos e morfológicos da tâmara

a) Critérios de peso e tamanho. O peso vantajoso e as grandes dimensões são


características atraentes no contexto da indústria global de tâmaras. A importância ou a
abundância relativa da polpa constitui também uma característica de valorização das
qualidades comerciais da tâmara. Esta proporção, expressa pelo rendimento em peso da
polpa e caroço ou pelo rendimento em peso da polpa e a tâmara inteira (teor de polpa), é
utilizada pelos melhoristas para avaliar a qualidade de uma variedade; assim, por
exemplo, a tâmara da variedade Deglet-Nour de qualidade de mercado, pesando cerca de
10 g, contém 10% de caroço (em geral, o caroço representa de 7 a 30% do peso da tâmara)
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e 90% de polpa em peso (Figura 24). Esses caracteres, que devem ser observados apenas
na maturidade, são, em certa medida, influenciados pela xênia (efeito do pólen no embrião
e endosperma ou cruzamento), pelo número de frutos por cacho ou por palmeira (desbaste
manual de frutos em cada fio do cacho), por fatores ecológicos e condições ambientais.

Figura 24. Estágio Tamar (Tamr) de desenvolvimento da tâmara de diferentes cultivares


e tamanho do fruto, destacando no tamanho a variedade Medjool. Foto: Kader, A. A.;
Hussein, Awad. 2009.

Para as principais variedades de tâmaras marroquinas, nos critérios de peso destacam a


superioridade da variedade Medjool (a tâmara Medjool contém 93,04% da polpa em peso
e apenas 6,96% do caroço; Figura 25) sobre as demais variedades, seguida de Boufeggous
(Figura 26) e Bourhare. Estas duas variedades também produzem frutos de peso vantajoso
com uma importância da polpa comparável à da variedade tunisiana Deglet-Nour.
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Figura 25. Tâmaras da mundialmente famosa variedade Medjool. Foto: Hasnaâ Harrak.

Figura 26. Tâmaras da variedade Boufeggous. Foto: Hasnaâ Harrak.

No que diz respeito às dimensões do fruto, nota-se também a superioridade da Medjool


em relação às outras variedades, seguidas também da Boufeggous e Bourhare que
produzem frutos de dimensões consideradas igualmente interessantes no contexto da
indústria da tâmara. O comprimento da variedade Medjool é significativamente maior
que o da variedade tunisiana Deglet-Nour ou das principais variedades iraquianas, como
Khiyara. Comprimentos de tâmara mais longos foram encontrados para “khalts” (híbridos
espontâneos) selecionados em Marrocos.

b) Volume e densidade específica da tâmara. O volume da tâmara, um dos critérios de


qualidade comercial, varia, para entre variedades de tâmaras marroquinas: de 5,00 cm 3
para Bouslikhène a 18,32 cm3 para Medjool. Quanto à maioria dos critérios de peso e
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tamanho, a variedade Boufeggous (15,30 cm3) mantém sua classificação após a variedade
Medjool. As variedades com tâmaras de pequenos volumes são Bousthammi branco (5,47
cm3), Bousthammi preto (5,06 cm3), Bouittob (5,02 cm3) e Bouslikhène (5,00 cm3).

As variedades Medjool, Mah-Elbaid, Bousthammi branco e Boufeggous apresentam


densidades específicas médias que não diferem significativamente entre si (cerca de 1,20
g/cm3 em média), mas as suas densidades são significativamente superiores às densidades
médias obtidas para as outras variedades. As variedades menos densas são Outoukdim
(0,83 g/cm3), Tadment (0,82 g/cm3) e Bouslikhène (0,74 g/cm3) (HARRAK; BOUJNAH,
2012).

c) Cor da tâmara. A evolução da cor durante o amadurecimento é um bom critério


varietal. No entanto, podem existir variações nas tâmaras devido aos fenômenos de
metaxenia (compatibilidade do polén Macho-Fêmea). No entanto, de todas as
características dos frutos estudados, a cor do estágio Khalal foi considerada a mais
confiável para a classificação das variedades (Figura 27). Dependendo da cor desse
estágio, as variedades podem ser classificadas como amarelas, vermelhas ou uma
combinação de vermelho e amarelo.

Figura 27. Diferenças de cor entre cultivares no estágio Khalal de desenvolvimento da


tâmara. Foto: Kader, A.A.; Hussein, Awad. 2009.
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Além disso, a cor da tâmara é um importante critério de qualidade para comercialização.


Variedades com tâmaras marrons têm um mercado mais valioso, sendo o caso da
variedade Medjool. A cor mais apreciada pelos consumidores marroquinos é o “aspecto
mel” ou “dourado”. As tâmaras com uma cor tendendo ao preto podem não ter um alto
valor comercial, mesmo que algumas sejam de excelente sabor. O estudo das principais
variedades de tâmaras marroquinas mostrou que a cor dominante da tâmara é o castanho.
A variedade Bouskri, por outro lado, tem uma cor característica que permanece marrom
esverdeada mesmo quando madura.

d) Forma da tâmara. A forma do fruto é uma característica varietal particularmente


importante, apesar de algumas anomalias (polimorfismo específico do genótipo e não
ligado à metaxenia). Pode ser definido pela razão entre o comprimento (L) e o diâmetro
(D). Algumas variedades têm frutos quase esféricos (L/D próximo a 1), outras são muito
alongadas (L/D próximo a 3). A forma observada antes da maturidade plena pode às vezes
ser caracterizada por uma figura geométrica. Deve-se notar também que a forma dos
frutos jovens observados algumas semanas após a polinização é bastante típica de cada
variedade. No entanto, a forma do fruto pode ser observada no estágio Khalal. No
entanto, a partir deste estágio, as diferenças distintivas tendem a desaparecer durante a
maturação. As formas da tâmara são definidas da seguinte forma:

-Oblongo: refere-se a um perfil, ou forma, duas ou três vezes mais longo do que largo
com uma diminuição muito pequena no diâmetro do meio para uma das duas
extremidades.

-Elíptico: é oblongo com perfil curvo. Ambas as extremidades são semelhantes em


espessura.

-Oval: é o mesmo que uma forma elíptica larga, ou elíptica com a largura maior que a
metade do comprimento.

-Ovado: é comparável a um ovo com a ponta grossa presa a haste. Exemplo da variedade
Medjool.

-Obovado: é inversamente oval, ou oval com a extremidade estreita está ligado a haste.

e) Natureza fibrosa da polpa. As membranas das células da tâmara são feitas


principalmente de celulose. Esta substância e outros sólidos insolúveis (hemicelulose,
lignina, lignocelulose e pectinas insolúveis) representam cerca de 85% da matéria seca da
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tâmara verde, mas à medida que o teor de açúcar aumenta, o teor de fibra diminui. Eles
são parcialmente hidrolisados por várias enzimas que tornam a fruta mais macia. Uma
tâmara macia quando totalmente madura não contém mais do que cerca de 2% de fibra
bruta ou celulose. No entanto, a proporção de celulose varia entre variedades; diminui em
variedades de alta qualidade (tâmaras finas) como Deglet-Nour. Algumas variedades
comuns de menor qualidade utilizadas para fins industriais, particularmente fibrosas,
podem conter mais de 10% de celulose. Para 14 variedades de tâmaras do Iraque, Irã,
Egito e Arábia Saudita, o teor de fibra foi avaliado entre 6,4 e 11,5%.

Por outro lado, um baixo teor de fibra pode ser correlacionado com alta qualidade
comercial (tâmaras finas) (especialmente no caso das variedades Medjool e Boufeggous).
Para tâmaras moles, a polpa dentro da tâmara geralmente não é muito fibrosa (caso da
variedade Bousthammi preto) (HARRAK; BOUJNAH, 2012).

Semente ou caroço – A semente representa a parte não comestível da tâmara por


constituir 10% a 30% do seu peso total (HASAN et al., 2005), é alongada fusiforme
atenuada nas extremidades e apresenta protuberância em certas variedades, sua face
ventral é convexa enquanto sua superfície dorsal tem um sulco de forma variável (Figura
28), seu peso varia de 0,5 a 4 gramas e seu comprimento de 12 a 36 milímetros e sua
largura é de 6 a 13 milímetros (PEYRON, 2002; CHIBANE et al., 2007). A semente
possui um embrião pequeno, sendo constituído por um albúmen córneo de consistência
dura (endosperma duro) (ZAID; DE WET, 2002a; Figura 29) e, como em todos os frutos,
suas características variam de acordo com a variedade e as condições de cultivo (DJERBI,
1999).

Figura 28. Sementes sulcadas na superfície dorsal da tâmara. Foto:


www.noureleslam.com.
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Figura 29. Estrutura da semente de tâmara. Foto: Djerbi (1999).

Por outro lado, as plantas fornecedoras de sementes devem ter as melhores características
da espécie ou variedade em questão, tais como: alta produtividade, boas propriedades dos
frutos (bom sabor e tamanho), precocidade e sanidade (isenta de pragas e doenças). No
que diz respeito ao caroço, a sua cor, forma e dimensões são de menor importância na
identificação das variedades. O pólen tendo assegurado a fecundação (xênia) tem um
efeito marcante nas dimensões do caroço e em pequena medida na sua forma e cor. No
entanto, essas variações permanecem pequenas em comparação com as diferenças
varietais. A forma do caroço, quantificada pela razão entre o comprimento e o maior
diâmetro, geralmente varia na mesma direção da forma do fruto; mas a forma geral
tomada na direção dos contornos pode ser diferente. A posição do poro germinativo às
vezes é útil na identificação, especialmente se estiver próximo à base ou ao topo. Esta
posição também pode ser no meio do comprimento. A ranhura dorsa pode ser fechada ou
aberta. Se aberto, pode variar em largura e profundidade. A cor do caroço pode variar de
C a p í t u l o I | 56

bege claro a marrom bastante escuro, dependendo da variedade. A superfície do caroço é


parcial ou totalmente áspera. Crescimentos longitudinais mais ou menos grandes e
numerosos são comuns em certas variedades. Finalmente, a extremidade inferior, ou
pistilada, do caroço pode ser arredondada, alongada, acuminado ou terminar em uma
pequena ponta rígida.

- Aspecto fisiológico

Germinação – A primeira etapa para plantar tâmaras é escolher bem as sementes. Para
isso, pegue frutos maduros, remova as sementes e limpe-as bem em água corrente. Elas
devem ser submetidas à limpeza para eliminar os resíduos de polpa (Figura 30a). Para
facilitar o processo de quebra de dormência, basta submergir as sementes de tâmara, em
água quente (50º C), por 24 horas e, depois, em água fria por 48 horas. É importante que
a água seja trocada várias vezes (a cada 12 horas) para evitar o surgimento de mofo. As
sementes que flutuarem devem ser descartadas. O próximo passo é umedecer as três
folhas de papel-germitest (Figura 30b). Essas sementes embrulhadas no papel-germitest
umedecido devem ser acondicionadas, em um saco plástico fechado, a ser armazenado,
em local escuro, sob temperatura de aproximadamente 25°C, por até oito semanas.

Figura 30. a) Selecione frutos maduros e b) germinação de sementes da variedade


Medjool em papel germitest.
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Após quatro semanas, as sementes começam a germinar. Este é o momento certo de


plantar as sementes. Cada semente germinada deve ser plantada em um saco plástico
apropriado ou balde, que seja mais resistente. Recomenda-se colocar uma terra de boa
qualidade e matéria orgânica como substrato. Outro método de germinação seria colocar
uma semente (uma vez pré-tratada para retirada da polpa) diretamente em cada saquinho,
enterrando cerca de dois ou três centímetros de profundidade. Em seguida, regue pelo
menos uma vez na semana (Figura 31).

Figura 31. Germinação de sementes de tâmara em balde plástico.

No ensaio conduzido por Alasasfa (2020), as sementes coletadas foram lavadas com água
doce três vezes para remover os pedaços de frutos restantes. As sementes foram secas por
6 a 8 dias em área arejada e sombreada. Em seguida, as sementes foram mantidas em
local seco por dez dias para reduzir a umidade após a coleta. Apenas sementes secas
sadias foram utilizadas para o experimento. Com base no estudo sobre o efeito da
estratificação e tratamentos de escarificação ácida (quebra de dormência) em sementes de
Medjool, tamareira selvagem (Phoenix dactylifera) e Washingtonia robusta, os resultados
mostraram que a maior porcentagem de germinação foi obtida a partir do genótipo de
tamareira silvestre (79,56 a 86,65%). Com relação às ‘sementes de Medjool’, a
porcentagem de germinação foi de 59,29% e 65,62% após 20 e 30 dias do plantio. Os
resultados também mostraram que o maior comprimento de plúmula foi obtido da
semente de Washingtonia robusta após 30 dias do plantio. Além disso, o estudo mostrou
que o emprego de diferentes tratamentos de pré-semeadura induziu aumento significativo
na porcentagem de germinação, comprimento da radícula e comprimento da plúmula das
sementes após 20 e 30 dias do plantio. A maior porcentagem de germinação foi relatada
C a p í t u l o I | 58

quando as sementes foram imersas em água fria (8°C) por 12 horas seguida de água
quente (80°C) por 8 horas. Além disso, verificou-se que o tipo de fonte de água durante
o processo de germinação (se torneira ou água destilada) não teve efeito significativo na
porcentagem de germinação ou comprimentos de radícula e plúmula.

ESTÁGIOS DE DESENVOLVIMENTO DAS TÂMARAS

Após a fertilização, o fruto é formado (vingamento), desenvolve-se mudando de cor,


aparência e consistência, até o estágio Tamar (tâmara madura). Ao mesmo tempo, sua
composição está mudando. Entre o vingamento e o estágio final, distinguem-se os
estágios intermediários que nos permitem acompanhar a evolução da tâmara e aplicar
técnicas adequadas durante as operações de processamento e acondicionamento.

Cada estágio de maturação da tâmara foi identificado por nome, o que permite
acompanhar a evolução do fruto durante o seu desenvolvimento. A Tabela 1 apresenta os
estágios de desenvolvimento e os nomes usados no Norte da África e no Iraque
(HARRAK; BOUJNAH, 2012).

Tabela 1. Etapas de desenvolvimento e designação da tâmara usada no Norte da África


e no Iraque.
Países Estágio 1 Estágio 2 Estágio 3 Estágio 4 Estágio 5
Marrocos Blah Blah Blah Nekkar/Mbellah Tamar
Argélia Loulou Kh’lal Bser Mretba/Martouba Tamar
Líbia - Gamag Bissir Routab Tamar
Iraque Hababouk Kimri Khalal Routab Tamar
Mauritânia Zei Tefejena Enguei Blah Tamar
Fontes: Munier, 1973; Harrak, 1999.

No entanto, as expressões adotadas por muitos autores são as da nomenclatura iraquiana.


A aparência física e as características gerais dessas etapas são mostradas na Figura 32.
C a p í t u l o I | 59

Figura 32. Tâmara de desenvolvimento do fruto. Fonte: Adaptado de Barreveld (1993).

O estágio Hababouk (Figura 33) que se segue à polinização é o primeiro estágio de


desenvolvimento das tâmaras e dura cerca de cinco semanas e termina com a queda dos
dois carpelos não fertilizados. Neste estágio, o fruto está completamente coberto pelo
perianto e é caracterizado por um crescimento lento. O fruto jovem é branco-amarelado
a branco-esverdeado ou amarelo, ou creme a verde-claro, mesclando-se com o da haste e
dos pedicelos do cacho. A fruta então fica verde brilhante, uma cor que mantém até o
próximo estágio. O fruto é ovoide com uma ponta no ápice. É do tamanho de uma ervilha
e pesa menos de 1 g no fruto vingado.

Figura 33. Estágio Hababouk. Fonte: Munier (1973).


C a p í t u l o I | 60

O estágio Kimri (Figuras 34 e 35) refere-se a pequenas tâmaras e duras de nove a quatorze
semanas. Caracteriza-se pela ampliação das tâmaras (rápido aumento de peso e volume).
A tâmara geralmente se alonga para atingir seu tamanho final no final deste estágio.
Também atinge seu peso máximo de 5 a 12 g. Caracteriza-se também por uma elevada
taxa de umidade, uma acumulação de açúcares redutores, uma acidez muito elevada, uma
concentração de taninos e amido e um ligeiro aumento dos açúcares totais e da matéria
seca. O desenvolvimento da tâmara no estágio Kimri pode ser dividido em duas fases. O
primeiro é caracterizado por um rápido aumento de peso e tamanho, um rápido acúmulo
de açúcares redutores, um aumento lento, mas crescente, de açúcares totais
(especialmente sacarose), uma acidez muito alta e um alto teor de água. A segunda fase
é caracterizada por um aumento mais lento de peso e dimensões, uma queda significativa
na taxa de acumulação de açúcares redutores, um abrandamento considerável da já baixa
formação de açúcares totais, uma ligeira diminuição da acidez e um teor de água
ligeiramente superior em comparação à primeira fase. Durante este estágio, a fruta tem
uma cor verde. Este estágio continua até que as tâmaras comecem a mudar da cor verde
para a cor característica do próximo estágio (Khalal). Neste estágio, o caroço está
fisiologicamente maduro e pronto para germinar. Portanto, pode-se considerar este
estágio como o de maturação fisiológica.

Figura 34. Estágio Kimri. Fonte: Munier (1973).


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Figura 35. Estágio Khimri de desenvolvimento da tâmara. Foto: Kader, A.A.; Hussein,
Awad. 2009.

O estágio Khalal (Figura 36) dura de três a cinco semanas. O aumento de peso e
dimensões é cada vez mais lento (no final, o peso pode até diminuir um pouco), o acúmulo
de açúcares invertidos é baixo, mas a proporção de sacarose, açúcares totais e sólidos
aumenta rapidamente. Acidez, teor de água e teor de amido (transformação em açúcares)
diminuem. Durante este estágio, a cor da tâmara muda de verde para amarelo claro, depois
fica amarela, rosa ou vermelha, dependendo da variedade; a tonalidade ou combinação
exata de amarelo e vermelho é característica da variedade neste estágio. As tâmaras no
estágio Khalal podem ser amarelas, rosa, vermelhas, escarlates ou amarelas salpicadas
de vermelho (muitas vezes mais de um lado do que do outro), dependendo da variedade.
Deve-se notar que neste estágio, as tâmaras, tanto com a sacarose quanto com os açúcares
redutores, acumulam a quantidade máxima de açúcar na forma de sacarose.

Figura 36. Estágio Kkalal. Fonte: Munier (1973).


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Figura 37. Estágio Khalal de desenvolvimento dos frutos da tamareira. Fotos: Kader,
A.A.; Hussein, Awad. 2009 e Kader, A. A.

O estágio Routab (Figuras 38 e 39) é o estágio que abrange o período desde que a fruta
começa a amolecer na extremidade (o topo) até ficar madura. Dura de duas a quatro
semanas. O fruto perde sua turgescência com a diminuição do teor de água, mas não o
suficiente para se autoconservar. Também perde sua adstringência (os taninos migram
para as células localizadas na periferia do mesocarpo e se instalam de forma insolúvel).
Nenhum ou poucos açúcares são acumulados durante este estágio. No entanto, verifica-
se à transformação do amido em açúcares e ao aumento do teor de monossacarídeos que
conferem um sabor adocicado à fruta. Para tâmaras com açúcares redutores, toda a
sacarose acumulada no estágio anterior (Khalal) é invertida. Durante este estágio, a
tâmara torna-se mais ou menos translúcida, sua cor amarela ou vermelha do estágio
Khalal muda para escuro ou preto; algumas variedades ficam esverdeadas como a
variedade marroquina Bouskri. Este estágio é muitas vezes referido como o estágio de
amadurecimento e a tâmara é considerada madura quando completamente macia. No
entanto, a noção de maturidade é relativa, alguns consumidores a aplicam ao estágio
Khalal, outros ao estágio seguinte chamado Tamar. Com efeito, durante os estágios de
Khalal e Routab, as chamadas tâmaras Blah, embora incompletamente maduras e de
sabor áspero devido aos taninos ainda encontrados em forma solúvel na polpa, são
consumidas e comercializadas em alguns países produtores de tâmara (“phœnicicoles”),
C a p í t u l o I | 63

na Mauritânia em particular, onde são particularmente apreciados. Por outro lado,


algumas variedades populares (Barhi, Bisr-Hlou, etc.) podem ser consumidas no estágio
Khalal dada a ausência de taninos no mesocarpo da fruta.

Figura 38. a) Cacho de tâmara da variedade Fardh no estágio de transição de Khalal


para o eatágio Rutab; e b) fruto no estágio Routab. Fonte: Munier (1973).

Figura 39. Amostras de frutos de tâmaras de Barhi em estágios imaturos e três maduros
(Khalal, Rutab e Tamar). Fotos: Hamdi Taher Altaheri (2019). Obervação: * O estágio
Rutab começa com o aparecimento da cor escura na ponta da tâmara e depois se espalha
gradualmente por toda a tâmara.
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O estágio Tamar (Figura 40) corresponde ao estágio final de maturação dos frutos. Neste
estágio, o desenvolvimento do fruto está completo e ocorre cerca de 200 dias após a
polinização. A tâmara perde então uma quantidade significativa de água, o que confere
uma elevada relação açúcar/água para evitar a fermentação e garantir a conservação do
fruto. A tâmara também perde toda a adstringência ligada à precipitação dos taninos em
forma insolúvel. Também diminui gradualmente em peso na maturidade total. Neste
estágio, a tâmara apresenta características físico-químicas diferentes consoante a
variedade. Da mesma forma, a cor da tâmara varia de acordo com a variedade (amarelo
mais ou menos claro, amarelo âmbar translúcido, marrom mais ou menos pronunciado,
vermelho ou preto; Figura 41). Este é o estágio de maturação comercial (HARRAK;
BOUJNAH, 2012).

Figura 40. Estágio Tamar (Tamr) de desenvolvimento da tâmara. Fotos: Kader, A. A.;
Hussein, Awad. (2009) e Munier (1973).
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Figure 41. Frutos de Medjool em diferentes estágios: Khalal, Rutab e Tamar. Foto:
Francesco Bonechi (2018).

POLINIZAÇÃO

A tamareira (Phoenix dactylifera L.) é uma árvore de importância socioeconômica devido


ao seu uso alimentar, fibra e material de construção em regiões áridas e semiáridas do
mundo. É uma árvore dioica monocotiledônea que produz flores masculinas e femininas
em indivíduos separados. A palmeira masculina (flores estaminadas) produz o pólen e a
palmeira feminina (flores unissexuais são pistiladas) produz o fruto. Os pedúnculos das
flores são produzidos a partir das axilas das folhas em posições semelhantes àquelas em
que são produzidos os rebentos. Morfologicamente, as inflorescências masculinas são
protegidas por uma espata inflada com flores desenvolvendo pétalas e anteras visíveis,
enquanto as flores femininas sem pétalas são protegidas por uma espata plana com ovários
globulares (Figura 42). Ou seja, a inflorescência consiste em uma espata longa e robusta
que, ao estourar, expõe muitas espiguetas (filamentos) florais densamente aglomerados
que são fortes e curtos no macho e longos e finos na fêmea. Uma palmeira adulta, em
média, produz de 15 a 25 espatas contendo de 150 a 200 espiguetas cada. As flores
masculinas nascem solitárias e são brancas cerosas, enquanto as flores femininas nascem
em cachos de três e são de cor verde amarelada.
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Figura 42. Características morfológicas das inflorescências e espatas de tamareiras em


uma árvore masculina (esquerda) e feminina (direita). Fotos: Intha e Chaiprasart (2018).

A polinização natural pelo vento, abelhas e insetos é fundamentada para produzir uma
boa frutificação em várias áreas dos países de cultivo de tâmaras (Marrakech/Marrocos;
Elche/Espanha; San Ignacio, Baixo/México; Ica/Peru, por exemplo). Todas essas regiões
são caracterizadas por sua composição 100% de plântulas (mudas) com cerca de 50% de
machos. Na ausência de tal polinização natural, as flores femininas não são fertilizadas.
Isso leva ao desenvolvimento de carpelos e, consequentemente, são obtidos frutos
partenocárpicos sem valor comercial. Os produtores de tâmaras dessas áreas estão cientes
das técnicas de polinização artificial, mas devido aos incentivos de pressão econômica
insuficiente, tais técnicas não são aplicadas.

A técnica de polinização muito antiga e primitiva consistia em colocar uma espata


masculina inteira na copa da palmeira feminina e deixar o resto para a polinização pelo
vento. Segundo Chevalier (1930) e Dowson (1961), esta técnica foi utilizada na
Mauritânia e na Líbia, respectivamente. Foi abandonado porque não podia produzir frutos
uniformemente bons e requer a disponibilidade de um grande número de espatas
masculinas (DOWSON, 1982).

A produção comercial de tâmaras requer polinização artificial que garante uma boa
fertilização e supera as desvantagens da dicogamia e também reduz o número de
palmeiras masculinas. A razão macho/fêmea em uma plantação moderna é de 1/50 (2%).
A polinização artificial pode ser realizada de acordo com um método tradicional ou
usando um dispositivo mecanizado (ENAIMI; JAFAR, 1980).
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Técnicas de polinização

Dependendo do tipo de pólen disponível, uma das três técnicas a seguir é usada:

1. Filamentos ou fios masculinos frescos. A técnica mais comum de polinização é cortar


os fios das flores masculinas de uma espata masculina recém-aberta e colocar dois a três
desses fios, no sentido do comprimento e em posição invertida, entre os fios da
inflorescência feminina (Figura 43) ou pequenos ramos masculinos em posição
transversal no interior da inflorescência feminina (Figura 44). Isso deve ser feito após
algum pólen ter sido sacudido sobre a inflorescência feminina (DOWSON, 1982). Para
manter os fios machos no lugar e também para evitar o emaranhamento dos fios do cacho
feminino durante seu rápido crescimento, recomenda-se usar um barbante (uma tira
arrancada de uma folha de palmeira ou um barbante) para amarrá-los aos fios da fêmea
polinizada 5 a 7 cm da extremidade externa.

Figura 43. a) Técnica de polinização usando dois a três fios masculinos e b)


Inflorescência feminina de tamareira polinizada à mão com fios masculinos colocados no
meio. Fotos: Zaid; De Wet (2002); Al-Yahyai, R.; Khan, M. M. (2015).
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Figura 44. A inflorescência masculina: a) Espata madura semiaberta; b) Preparação de


pequenos feixes de pólen; c). Colocar esses pequenos ramos masculinos em posição
transversal no interior da inflorescência feminina para polinização manual da tamareira
(Phoenix dactylifera L.), Oásis de Siwa (Egito). Fotos: V. Battesti (2005).

Suspensão de pólen. Experimentos de laboratório e de campo em três variedades da


Arábia Saudita (Khalas, Ruzaiz e Shishi) mostraram que uma suspensão de grãos de pólen
contendo 10% de sacarose e 20 ppm de GA3 poderia ser usada para polinização
(AHMED; JAHJAH, 1985). Verificou-se que as pulverizações de polinização foram
bastante significativas em relação à frutificação em comparação a polinização manual.
Resultados semelhantes também foram obtidos por Khalil e Al-shawaan (1983) que
experimentaram grãos de pólen suspensos em solução de sacarose a 10%. A frutificação
foi de 80% usando esta técnica de suspensão, enquanto obteve apenas 60% usando a
técnica clássica de polinização manual. Por outro lado, uma solução de suspensão
C a p í t u l o I | 69

contendo grãos de pólen, sacarose, boro, glicerina e GA3 não corresponderam aos
resultados da polinização manual (HUSSAIN et al., 1984).

A polinização seca e líquida usa espanadores manuais ou pulverizadores mecânicos da


superfície do solo, sem subir na árvore (Figura 45). Ambas as técnicas utilizam pólen
extraído da espata madura (BEN SALAH; EL MARZOOQI, 2000; SHABANA et al.,
1985). A extração de pólen de cachos machos pode reduzir a infestação do cacho e pode
reduzir o transporte de insetos do macho (polinizador) para a tamareira fêmea. Na
polinização seca, o pólen é misturado por talco ou farinha. Na polinização líquida, o pólen
é misturado com água. Ambos os métodos podem reduzir o transporte de pragas e a
infestação de cachos.

Figura 45. Processo de polinização por abanador para polinizar a inflorescência fêmea.
Foto: Ben Salah, M. 2019.

Polinização com pólen em suspensão líquida. Este método de polinização está sendo
amplamente divulgado devido aos bons resultados obtidos. Pode ser feito com
pulverizador manual (Figura 46A) ou por mecanismo com suspensão de água
pressurizada (Figura 46B). É comumente uma mistura de água com pólen da tamareira
em proporções de 0,5 a 4 g de pólen por L de água. Aproximadamente 100 mL são
pulverizados em cada inflorescência com um pulverizador manual (Figura 46C) (AWAD,
2010; ABU-ZAHRA; SHATNAWI, 2019). A suspensão líquida às vezes é misturada com
elementos adicionais, como 10% de sacarose e 20 ppm de GA3, que contribuem para uma
melhor porcentagem de frutificação (IQBAL et al., 2012).
C a p í t u l o I | 70

Figura 46. Métodos de polinização de tamareiras usando pólen líquido e seco. (A)
Polinização manual com suspensão líquida. (B) Polinização com suspensão líquida
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usando um mecanismo montado em um trator para entrega de alta pressão. (C)


Inflorescência antes e depois da polinização líquida. (D,E) Máquinas manuais para
polinização com pólen seco de tamareira (F) Máquina de polinização com mecanismo
hidráulico. (G) Espanador motorizado. (H) Pulverizador pressurizado. (I) Polinização da
palmeira usando um polinizador elétrico. (J) Protótipo de um braço robótico polinizador
usando inteligência artificial. Fonte: Imagens A, B, D, E, G (Fotos: School of Palm and
Date Lovers, 2020). Fonte: Imagem C (Foto: Ricardo Salomón-Torres). Fonte: Imagem
F (Foto: Agrom Agricultural Machinery, LTD, www.agrommachine.com; acessado em
22 de julho de 2020). Fonte: Imagens H, I, J (Fotos: HAJIAN, 2005; MOSTAAN et al.,
2010; SHAPIRO et al., 2008)

Este aparelho é usado como um pulverizador pressurizado do solo. Seu tubo telescópico,
com até 10 m de comprimento, pode transportar pólen até a copa da palmeira, facilitando
a polinização de inflorescências femininas selecionadas sem subir na palmeira. Há
também uma versão com espanador manual, que inclui uma pequena bomba de pistão
conectada a um reservatório e montada em um conjunto de tubos de alumínio, enquanto
a versão com espanador motorizado inclui um pequeno compressor, acionado por motor
a gasolina (Figura 46G) (EL-MARDI et al., 1995). Este equipamento é portátil, pode ser
operado por um homem e é semelhante a um pulverizador costal, e um trabalhador pode
polinizar de 150 a 200 palmeiras por dia (ULLAH et al., 2018).

A polinização líquida da tamareira, desenvolvida recentemente, provou ser uma boa


técnica para melhorar a taxa de vingamento dos frutos, economizar tempo, reduzir custos
e consequentemente melhorar a qualidade das tâmaras. Além disso, o uso da tecnologia
de polinização líquida reduz os custos trabalhistas e o risco de acidentes de escalada. A
avaliação econômica da polinização líquida mostra redução de mais de 50% no custo da
operação. A técnica está sendo disseminada com sucesso para todos os países do GCC
(Conselho de Cooperação do Golfo) dentro do projeto (BEN SALAH; AL-RAISSI,
2017).
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3. Polinização Mecânica com Pólen Seco. Esta técnica de polinização é mais econômica
e permite o uso adequado do pólen, bem como o controle adequado do momento da
polinização. O pólen seco pode se originar da última estação, de machos de maturação
precoce da mesma estação, ou de flores masculinas com poucos dias de idade. Existem
várias técnicas para aplicar pólen seco:

a) Pedaços de algodão: A técnica mais comum de usar pólen seco é espalhá-lo em


pedaços de algodão do tamanho de uma noz e colocar um ou dois pedaços entre os fios
das inflorescências femininas.

b) Uso de um soprador: Um pequeno borrifador manual de inseticida, conhecido como


'soprador', também é usado para aplicar pólen seco. Esta técnica é utilizada isoladamente
ou em conjunto com a técnica dos pedaços de algodão (NIXON, 1966).

c) Polinização mecânica: A mecanização da produção de tâmaras tem sido adotada nos


últimos anos para aumentar a produção e melhorar a eficiência agrícola, chegando
inclusive ao uso de inteligência artificial nos processos de polinização (SHAPIRO et al,
2012). Os processos de automação têm permitido solucionar alguns problemas da
indústria como escassez de mão de obra qualificada, horários de pico de operação, custos
elevados, intensidade de trabalho (MOSTAAN, 2012).

A polinização mecânica foi desenvolvida principalmente em novas áreas tecnificadas da


tamareira (EUA e Israel), onde a mão de obra é cara e nem sempre disponível. Consiste
em polinizar espatas femininas recém-abertas do solo com o uso de um aparelho especial.
A polinização mecânica tem sido uma das alternativas mais importantes quando a mão-
de-obra rural foi reduzida em 50-70% (NIXON; CARPENTER, 1978; GHALEB et al.,
1987). Estima-se que um homem deve escalar uma tamareira oito a dez vezes desde o
momento da polinização até a colheita. De acordo com Perkins e Burkner (1973) todas as
outras operações de tratos culturais para uma plantação de 25 ha poderiam ser
completadas com uma força de trabalho de aproximadamente 200 homens, enquanto a
polinização requer cerca de 700 homens-dia durante o período de pico. A polinização
mecânica do nível do solo por três vezes e com 1:4 (proporção pólen/enchimento) foi
recomendada por Nixon e Carpenter (1978) para alcançar alta produtividade da maioria
das variedades de tâmaras. Parece que a frequência de polinização mecânica, bem como
a concentração adequada de relação pólen/enchimento são os fatores mais importantes na
polinização da tamareira.
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De acordo com Perkins e Burkner (1973), um borrifador ao nível do solo é capaz de


polinizar 24 a 32 ha por estação. Para adaptar à altura da palma e também direcionar o
tubo de entrega de pólen próximo à área de floração de cada palma, a máquina é equipada
com uma plataforma de altura variável com capacidade de movimento vertical de 4,5 m.
O borrifador é conduzido ao longo de um lado da fileira de tamareira e depois retorna no
lado oposto para terminar o ciclo de polinização. Essa polinização mecânica exigirá dois
trabalhadores e pode ser realizada de acordo com duas abordagens:

(i) Polinização de cada espata fêmea recém-aberta ou;

(ii) Pulverização de toda a copa feminina logo acima das espatas abertas.

A primeira técnica é a mais precisa, mas exige que o agricultor tenha um bom
conhecimento de sua plantação, bem como uma boa manutenção de registros para garantir
a polinização de todas as espatas. A segunda técnica é economicamente viável e
economiza tempo. No entanto, uma alta taxa de frutos abortados pode ocorrer quando
esta técnica é utilizada.

Durante a polinização precoce, ou quando a estação de polinização é caracterizada por


baixas temperaturas normais, recomenda-se alternar a polinização dos lados da palmeira
em intervalos de 4 a 7 dias. Esta sobreposição de polinização mostrou produzir resultados
mais confiáveis do que a polinização total da palma de uma só vez (NIXON;
CARPENTER, 1978).

Há uma tendência de usar um dispositivo mecânico simples chamado polinizador manual.


É constituído por um “bulbo” de borracha, uma garrafa plástica contendo pólen, tubo
plástico de 5 a 8 m acoplado a um tubo sólido de alumínio (Figura 47). Ao pressionar
repetidamente o “bulbo”, o pólen localizado na garrafa é expelido com o ar produzido e
se move através de um tubo plástico em direção às espatas femininas. A frutificação
resultante do uso de polinização mecânica é geralmente mais pobre do que a polinização
manual, mas a qualidade e a produtividade dos frutos são iguais como resultado da
diminuição do desbaste das inflorescências polinizadas mecanicamente. Além disso, vale
ressaltar que a polinização mecânica requer aproximadamente 2 ou 3 vezes mais pólen
do que a polinização manual. Para superar esse problema, os produtores de tâmaras estão
misturando o pólen com adjuvantes, também chamados de enchimentos, como talco,
farinha de trigo branqueada, pó de casca de noz com proporção pólen/enchimento 1:9 ou
1:10. Um grama de pólen poderia polinizar dez espatas femininas. Os adjuvantes devem
C a p í t u l o I | 74

apresentar as seguintes características: seu tamanho de partícula deve ser semelhante ao


do grão de pólen, sem prejudicar a viabilidade do pólen ou sua germinação em estigmas
femininos. Hamood e Mawlood (1986) descobriram que repetir a polinização mecânica,
4 vezes durante a estação usando 1:10 (relação pólen/enchimento), aumentou a
produtividade total da cultivar Zahdi.

Figura 47. Esquema ilustrando os vários componentes do polinizador manual. Foto:


Zaid; De Wet (2002).

As vantagens da polinização mecânica podem ser resumidas da seguinte forma:

* Redução do trabalho e duração da polinização, ambos contribuindo para a redução do


custo da polinização. Além disso, não requer mão de obra altamente treinada como na
técnica tradicional;

* Garantindo a possibilidade de polinizar uma palmeira várias vezes em um curto período


de tempo;

* Permitir a utilização de uma mistura de pólen proveniente de diversas fontes, garantindo


assim uma boa fertilização;

* Eliminando o risco de acidentes, como no antigo método de escalar uma palmeira de


vários metros de altura.
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d) Polinização de aeronaves: Experimentos com polinização de tâmaras com uma


aeronave foram realizados em Coachella Valley da Califórnia na variedade Deglet Nour
por Brown e Perkins (1972). Os resultados mostraram que, embora as temperaturas e as
condições climáticas fossem favoráveis, os métodos de aplicação de helicóptero e asa fixa
produziram menos frutificação do que o método de polinização manual. Essa técnica foi
abandonada, pois exigia pelo menos 4 a 5 vezes a quantidade de pólen tradicionalmente
usada, além de não ser economicamente viável.

2. Colheita e manuseio de pólen

Uma espata masculina que está pronta para se dividir assume uma cor marrom e uma
textura macia. Imediatamente após a quebra da espata, a inflorescência masculina atinge
sua maturidade e os cachos de flores masculinas devem ser cortados nesta fase. Para evitar
que o vento ou as abelhas causem perda de pólen, recomenda-se que a espata recém-
aberta seja cortada no início da manhã.

Os produtores de tâmaras tradicionalmente colhem as espatas masculinas um ou dois dias


após sua abertura e as colocam em uma área sombreada e livre de umidade para secagem
(Figura 48). Os fios (filamentos) são então destacados e armazenados até serem
necessários para a polinização das inflorescências femininas. O transporte de cordões
(fios) de longa distância (entre duas plantações de tâmaras) deve ser feito com o máximo
cuidado. O uso de sacos de papel é recomendado para preservar o pólen e evitar perdas.

Figura 48. Secagem das espatas masculinas em área sombreada e sem umidade. Foto: Zaid; De
Wet (2002).
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A prática comum de cortar a espata masculina um ou dois dias antes de sua abertura
natural como praticada no Oriente Médio e Norte da África não é recomendada porque
requer um alto nível de experiência e familiaridade com as palmeiras masculinas
(NIXON; CARPENTER, 1978). A técnica consiste em pressionar a parte média ou
inferior da espata masculina entre o polegar e o indicador. Se um ruído crepitante for
ouvido, é um sinal de maturidade das flores. Nesse caso, a espata pode ser cortada e as
flores levadas para a sala de armazenamento para secagem.

Um protocolo de manipulação de pólen requer a desidratação rápida e eficiente do pólen


úmido antes de seu armazenamento.

As altas temperaturas têm um efeito negativo nos processos de secagem e armazenamento


do pólen. O pólen exposto à luz solar direta ou colocado próximo a uma fonte de calor,
irá rapidamente se deteriorar e perder a viabilidade (também chamada de vitalidade). A
viabilidade é definida como a capacidade de um grão de pólen germinar e se desenvolver
(GERARD, 1932).

3. Extração, processo de secagem e armazenar pólen

O processo de extração começa quando a espata masculina começa a amadurecer na


tamareira (Figura 49A). Um sinal de maturação é quando a espata que cobre a
inflorescência masculina racha (Figura 49C) ou quando a parte inferior da espata seca em
sua base (Figura 49B). Para evitar que a inflorescência emerja inteiramente da espata e a
consequente perda de pólen, a espata é cortada da palma e levada para uma sala com
temperatura controlada (18–22°C), ou algum local designado para continuar secando por
vários dias.
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Figura 3. Processo de extração do pólen da tamareira. (A) Espata prestes a abrir na


palmeira. É comum amarrar e pressionar a espata com barbante para que amadureça o
maior tempo possível na palmeira. (B) A base da espata se solta, indicando que esta espata
está pronta para ser cortada. (C) Espata aberta, pronta para secar. (D) Espatas penduradas,
secando e liberando grãos de pólen. (E) Espata em uma camada de papel. (F) Atingindo
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levemente a inflorescência para liberar mais pólen. (G) Máquina de extração de pólen,
artesanal. (H,I) Equipamento industrial e automatizado para extração de pólen. Fonte:
Imagens A, B e C (Fotos: Ricardo Salomón-Torres). Fonte: Imagens D, E, F e G (Fotos:
School of Palm and Date Lovers. 2020.; YouTube, 2009). Fonte: Imagens H, I (Fotos:
Agrom Agricultural Machinery, LTD).

O surgimento de muitas inflorescências precoces em tamareiras femininas antes da


abertura de um número adequado de espatas masculinas em palmeiras masculinas
disponíveis sempre resulta em escassez de pólen. Além disso, é sabido que, dependendo
das condições climáticas, um produtor de tâmaras pode enfrentar uma estação em que
uma forte floração feminina precoce se desenvolve. Consequentemente, o
armazenamento de pólen dentro da estação de polinização (2 a 3 meses) ou de uma
estação para outra é uma necessidade, principalmente para pólen conhecido por ter um
alto efeito metaxênico. Os produtores de tâmaras devem plantar machos suficientes,
selecionar os melhores e propagá-los para atender às suas próprias necessidades sem
depender de outras fontes de pólen.

Normalmente, as inflorescências masculinas produzem pólen nos meses de fevereiro e


março, enquanto as inflorescências femininas são receptivas à polinização entre os meses
de março e abril. Às vezes, devido às condições climáticas, as inflorescências masculinas
atrasam seu aparecimento e abertura, ficando atrás da floração das inflorescências
femininas (MESNOUA et al., 2018). Isso representa um grande risco para o agricultor,
devido ao fato de a inflorescência feminina ser receptiva ao pólen por 3 a 12 dias após a
emergência, dependendo da cultivar (ZAID; ARIAS-JIMENEZ, 2002). Quando o
processo de polinização for realizado além desse período de tempo, haverá altas
porcentagens de aborto ou muito baixa porcentagem de frutificação. Da mesma forma, a
porcentagem de frutificação diminui com o aumento do tempo após a rachadura da espata,
com diferenças varietais referidas (REAM; FURR, 1969; REUVANI, 1970). Para evitar
esse problema, muitos agricultores de tâmaras conservam o pólen da temporada anterior
para a primeira rodada de polinização atual.

As flores masculinas recém-abertas contêm um alto nível de umidade; consequentemente,


se não forem utilizados imediatamente, a sua secagem imediata é importante para evitar
a destruição do pólen pelos bolores (mofos). Como mencionado acima, o movimento do
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ar e a luz solar devem ser evitados para proteger a viabilidade do pólen. Existem várias
maneiras e técnicas para armazenar o pólen, dependendo da quantidade a ser armazenada,
das condições de armazenamento e da duração do armazenamento.

O pólen fresco armazenado em condições secas mantém a viabilidade à temperatura


ambiente (24°C) por quatro semanas ou mais, o que é suficiente para a atual estação de
polinização (DENNEY, 1992). No entanto, se o pólen for mantido por períodos mais
longos, ele precisa ser armazenado em baixas temperaturas em garrafas ou recipientes de
plástico selados. Vários estudos analisaram diversos métodos para sua conservação em
períodos de um ano ou mais, utilizando geladeiras a 4°C, freezers a -20 e -80°C, bem
como a criopreservação a -196°C com nitrogênio líquido (MARYAM et al., 2017;
SHAHEEN, 2004; MESNOUA et al., 2018; MARYAM et al., 2017; ANUSHMA et al.,
2018). De acordo com diferentes testes de viabilidade, o pólen de tamareira sofreu
degradação mesmo quando preservado. No entanto, concluiu-se que o pólen de tamareira
criopreservado mantém quase a mesma porcentagem de germinação que o pólen fresco
(ANUSHMA et al., 2018). Verificou-se também que o pólen de tamareira armazenado
por mais de um ano a uma temperatura de -20°C mantém uma porcentagem de
germinação melhor do que o armazenado a 4°C (MESNOUA et al., 2018). O pólen
armazenado para as polinizações da próxima estação deve ser mantido em um recipiente
selado, de preferência com um dessecante, a fim de manter o pólen em estado seco
(NIXON; CARPENTER, 1978).

- Armazenamento de fios ou espiguetas. É uma forma simples de armazenar uma


pequena quantidade de pólen; os fios são separados e espalhados em uma camada fina
sobre papel em uma bandeja rasa em uma área sombreada/protegida.

- Aglomerados de flores masculinas. Os cachos são colocados em cima de bandejas de


tela ou prateleiras com um recipiente embaixo para recolher o pólen seco que cai das
flores; observe que a qualidade do pólen permanece inalterada mesmo que as flores
escureçam dentro de 3 a 7 dias. Esta técnica de armazenamento é usada principalmente
para lidar com grandes quantidades de pólen.

Produtores de tâmaras no Iraque (DOWSON, 1921) e no Egito (BROWN; BAHGAT,


1938) conservam o pólen colocando as flores, geralmente secas e esmagadas, em um saco
de musselina (cortina) e deixadas em uma área bem seca e ventilada.
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- Armazenamento de fios. É uma forma simples de armazenar uma pequena quantidade


de pólen; os fios são separados e espalhados em uma camada fina sobre papel em uma
bandeja rasa em uma área sombreada/protegida.

- Extrator e coletor mecânico de pólen. A máquina é composta por um agitador vertical,


um barril de coleta, um copo de peneira cilíndrico, um disco de peneira giratória, um
separador ciclônico e um ventilador de sucção (Figura 49G,H,I). A máquina pode lidar
diariamente com até 450 cachos de flores masculinas e coleta aproximadamente 40%
mais pólen do que qualquer outro método de extração. A viabilidade e longevidade do
pólen não foram afetadas por tal extração mecânica.

Temperaturas moderadas em uma sala seca serão satisfatórias o suficiente para armazenar
pólen por 2 a 3 meses, consequentemente cobrindo as necessidades durante a estação de
polinização. O armazenamento de pólen de um ano para o outro requer condições mais
controladas e um sistema de secagem adequado. Uma vez que o pólen esteja bem seco e
armazenado a frio em um recipiente hermético, ele pode ser reutilizado com segurança
durante a próxima estação com muito pouca perda de viabilidade. Nebel (1939) descobriu
que uma umidade relativa de 50% e uma temperatura de 2 a 8°C eram as condições ideais
em árvores de folha caduca para armazenamento de pólen por mais de quatro anos.

Aldrich e Crawford (1941) enfatizaram a importância de manter o pólen o mais seco


possível durante o período de armazenamento. Para manter zero por cento de umidade, o
pólen seco é colocado em uma jarra aberta dentro de um recipiente hermético maior (um
dessecador) no fundo do qual há pedaços bem secos de cloreto de cálcio (Ca Cl2) como
agente desidratante (Figura 50). Outros absorventes que também podem ser utilizados são
soluções saturadas de cloreto de zinco (ZnCl2), nitrato de cálcio (N(CaO)³)²-4H²O) e
cloreto de potássio (KC1).
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Figura 50. Dessecador usado para armazenamento de pólen em longo prazo. Foto: Zaid;
De Wet (2002).

Os dessecadores devem então ser mantidos em baixas temperaturas em um refrigerador


(entre 4°C e 7°C) (ALDRICH; CRAWFORD, 1941; OPPENHEIMER; REUVENI,
1965). Segundo os mesmos autores, cerca de 500 g de cloreto de cálcio são suficientes
para 2 a 3 kg de pólen.

De acordo com Hamood e Bhalash (1987), para se obter uma boa frutificação
(vingamento) é recomendado que o pólen armazenado seja primeiramente testado quanto
à sua viabilidade; uma vez comprovado o pólen deve ser misturado com um enchimento
(por exemplo, flor de trigo; talco industrializado não perfumado; etc.) na proporção de
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1/9 respectivamente; a mistura deve ser preparada imediatamente antes da polinização.


Também é uma boa prática misturar o pólen fresco com o armazenado por um ano.

O armazenamento em câmara fria pode ser no refrigerador comum (4° a 5°C) ou freezer
(-4 a -18°C) mostrou-se satisfatório (Figura 51). Segundo Nixon e Carpenter (1978),
temperaturas mais baixas em condições sujeitas a menor flutuação são mais seguras.
Como mencionado anteriormente, a avaliação da viabilidade do pólen, fresco ou
armazenado, é importante antes da operação de polinização. A utilização de pólen
selecionado com alto grau de viabilidade garantirá uma melhor frutificação e,
consequentemente, uma produtividade aceitável. O pólen pode ser seco por liofilização
usando temperaturas de congelamento (freezer) entre -60 e -80°C. A água é eliminada
por sublimação entre 50 e 250 mm Hg (DJERBI, 1994).

Figura 51. a) Armazenamento de pólen de tâmara em baixas temperaturas: (-4°C até -


18°C) e b) Mesmo em armazenamento a baixa temperatura, é necessário um agente
desidratante (cloreto de cálcio). Foto: Zaid; De Wet (2002).

Descobriu-se também que o pólen da tamareira pode ser armazenado criogenicamente


com sucesso usando nitrogênio líquido (-196°C) (TISSERAT et al., 1985). O período
mais longo foi de 435 dias quando o pólen desta palma foi tratado com nitrogênio líquido
(TISSERAT et al., 1983). Esses resultados sugerem que o armazenamento em longo
prazo do pólen da tamareira, usando temperaturas ultrabaixas, pode ser usado sem afetar
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a viabilidade do pólen e a frutificação. Recentemente, Kristina e Towill (1993) colocaram


pólen de tâmara sobre uma solução salina saturada com menor umidade relativa (CuSO4
- 5H2O) por aproximadamente 2 horas; o teor de umidade foi reduzido para menos de
15%, e a quantidade de água congelável no pólen da tâmara caiu para 5% tornando viável
o armazenamento em nitrogênio líquido (Tabela 2).

Tabela 2. Valores de germinação para pólens frescos e secos armazenados em nitrogênio


líquido.

Pólen Fresco % Geminação para Nitogênio % de umidade


pólen seco Líquido1 seca
Tâmara 54 59 29 5
Milho 45 49 39 12

Fonte: Kristina e Towill (1993).

¹ O tempo de armazenamento do nitrogênio líquido para essas amostras varia de 24 h (milho) a seis meses.

² Os valores de porcentagem de germinação fresca e seca são sinônimos.

4. Eficiência da polinização

A polinização de 60 a 80% das flores femininas é considerada satisfatória e geralmente


leva a uma boa frutificação. A eficiência da polinização é afetada por vários fatores e,
consequentemente, a frutificação é altamente dependente desses fatores. O tempo de
polinização, o período de floração da palmeira macho, o tipo de pólen, sua viabilidade e
quantidade, e a receptividade das flores femininas são os principais fatores a serem
considerados.

Tempo de polinização. Resultados satisfatórios de polinização são obtidos dentro de 2


ou 4 dias após a abertura da espata feminina. Março e abril é o período normal de
polinização no Hemisfério Norte; julho e agosto para o Hemisfério Sul. A variedade e a
estação podem atrasar ou adiantar a abertura das flores.

Período de floração da palmeira masculina. Os períodos de floração das palmeiras


masculinas e femininas devem ser sincronizados para que haja pólen suficiente quando
as espatas femininas se abrirem. É preferível que a espata masculina se abra 2 a 4 dias
antes da espata feminina. Assim, as palmeiras masculinas devem receber as mesmas
técnicas culturais que as palmeiras femininas e devem ser plantadas preferencialmente
em áreas que recebam mais luz solar; (ou seja, no Hemisfério Norte, sua exposição ao sul
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favorece, em geral, a floração precoce). A falta de irrigação durante o outono e inverno


no Norte do Negev (Israel) foi à única razão para atrasar a floração da tâmara e,
consequentemente, resultando em baixa frutificação (OPPENHEIMER; REUVENI,
1965).

Fonte e quantidade de pólen. Estudos conduzidos por Nasr et al. (1986) revelaram que
os machos das plântulas (seminais) são altamente variáveis em seu vigor de crescimento,
características da espata e qualidade do pólen. Além disso, a quantidade de grãos de pólen
produzidos pela espata variou muito de um macho para outro (0,02 - 82,29 g/espata). O
tamanho do grão de pólen também varia entre os machos (ASIF et al., 1987); O diâmetro
médio do pólen variou de 16 a 30 mícrons.

É bem conhecido que diferentes variedades de tamareiras requerem diferentes


quantidades de pólen (DOWSON, 1982). Usando fios (espiguetas) masculinos frescos, o
número necessário para polinizar uma espata feminina pode variar de 1 a 10, dependendo
da variedade. Além disso, algumas variedades têm inflorescências femininas maiores do
que outras, o que vai exigir mais espiguetas masculinas.

Os resultados de um experimento de pesquisa realizado no USDA Citrus and Date


Station (Indio, Califórnia-EUA) mostraram, no entanto, que todas, exceto 3 ou 4 das mais
de 100 variedades de tâmaras, foram polinizadas uniformemente com resultados
satisfatórios usando apenas 2 a 3 filamentos (espiguetas) masculinos por inflorescência
feminina (NIXON; CARPENTER, 1978). Aplicar mais espiguetas (quando o pólen não
é escasso) é considerado um bom seguro e não haverá desvantagens.

A maioria das tamareiras masculinas utilizadas em todas as áreas de cultivo de tâmaras


do mundo são de origem de mudas seminais com grande variação quanto à qualidade do
pólen. No entanto, e graças ao programa de seleção realizado em vários países, várias
palmeiras masculinas foram selecionadas e começam a ser reconhecidas como variedades
(Mesque, Mejhool BC3, Deglet Nour BC4, Fard No. 4, Jarvis No. 1, Boyer No. 11 (EUA);
Deglet Nour, Hayani e Bentamouda (Egito e Sudão). No entanto, ainda há espaço para
melhorias e um produtor de tâmaras deve levar em consideração os seguintes caracteres
desejados antes de selecionar e usar qualquer palmeira macho:

* Cachos de flores masculinas. O tamanho e o número de inflorescências produzidas


por palmeira macho são os primeiros critérios a serem observados. De fato, quanto mais
e maiores forem às inflorescências masculinas disponíveis, menos palmeiras por ha serão
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necessárias. Como mencionado anteriormente, a capacidade média de suporte de pólen


de uma boa palmeira masculina deve ser suficiente para 50 palmeiras femininas. A
abundância de pólen é determinada tanto pelo número de flores quanto pela quantidade
de pólen por flor.

Segundo Monciera (1950) e Wertheimer (1954), as boas palmeiras masculinas da Argélia


produziam anualmente uma média de 740 g de pólen com um máximo de 2.133 g. No
entanto, tanto o número de inflorescências quanto o peso do pólen dessas palmeiras
mostraram um fenômeno de alternância entre anos de alta e baixa produtividade. Segundo
Djerbi (1994), uma boa palmeira macho deve produzir em média 500 g de pólen com uma
produção regular ao longo do tempo. No entanto, grandes quantidades de pólen não
garantem a qualidade do pólen produzido e consequentemente o seu efeito no fruto
(Metaxenia).

Em regiões onde ocorre a podridão da inflorescência (causada principalmente pelo fungo


Mauginiella scaettae cav.), o pólen deve ser retirado apenas de palmeiras machos sadios.
Evidências sugerem que o pólen contaminado pode espalhar os esporos fúngicos e
estabelecer a doença em palmeiras femininas.

Metaxenia. Sabe-se que o pólen não afeta apenas o tamanho do fruto e da semente (mais
afetado pelo raleio do fruto), mas também o tempo de maturação (SWINGLE, 1928). A
metaxenia não deve ser confundida com a Xenia, que é o efeito do pólen no endosperma
(embrião e albúmen). O efeito metaxenia foi verificado por várias investigações nos EUA
(NIXON; CARPENTER, 1978), em Israel (COMELLY, 1960), no Paquistão (AHMED;
ALI, 1960) e em Marrocos (PEREAU-LEROY, 1958). O efeito do pólen no tempo de
amadurecimento dos frutos provou ser benéfico e atualmente é considerado como a
aplicação prática mais importante da metaxenia. Produzir e comercializar frutos de tâmara
a preços elevados no início da safra, juntamente com o objetivo de ter um período de
maturação mais uniforme e curto (evitando uma colheita prolongada) são os dois
principais objetivos da utilização de um pólen selecionado de alto efeito metaxênico. Uma
terceira aplicação útil da metaxenia é onde o período de desenvolvimento da planta é
caracterizado por uma soma total insuficiente de calor para o amadurecimento dos frutos
das variedades tardias.

Vale ressaltar que o efeito metaxenia também pode ser usado com sucesso para acelerar
a maturação dos frutos e, consequentemente, escapar dos danos causados pela chuva que
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normalmente são esperados no final do período de desenvolvimento dos frutos (Argélia,


Tunísia, EUA, etc.); O uso do macho Fard 4 avançou os estágios de maturação de várias
variedades em todo o mundo em duas semanas. No entanto, sob uma estação chuvosa de
verão (Índia, Paquistão, Namíbia, República da África do Sul, por exemplo), o
amadurecimento tardio pode ser mais desejável e a seleção de machos com efeito de
maturação tardio é recomendada.

* Compatibilidade macho-fêmea. Normalmente, uma muda masculina de uma


variedade específica dará frutos melhores com variedades femininas específicas. Djerbi
(1994) observou que algumas variedades de tâmaras terão melhor rendimento se forem
polinizadas com alguns machos do que com outros. No entanto, vários autores
(MONCIERO, 1954; PEREAU-LEROY, 1958) não observaram incompatibilidade
interclonal, e a frutificação obtida foi sempre satisfatória. O pólen de 75 diferentes
machos de tâmaras da Tunísia com mais de 10 variedades femininas foi examinado para
selecionar aqueles que têm maturidade avançada e melhor qualidade de tâmaras
(BOUABIDI; ROUISSI, 1995). Seis tipos de pólen provaram ser indutores de
precocidade (DG9, DG4, DF4-1, HF4-1, HF4-3 e HF4-5). Tal caráter depende da
variedade feminina, sem relação entre o tempo de maturação e a qualidade do fruto. Esses
resultados confirmam os encontrados por Bouguediri e Bounaga (1987).

Como primeira conclusão, um teste para verificar se o pólen do potencial macho é


satisfatório para as variedades em que será utilizado, é importante antes de analisar outras
características.

Viabilidade do pólen. A capacidade do pólen de germinar e crescer normalmente é


conhecida como viabilidade. A avaliação da viabilidade do pólen recém-colhido e
armazenado é muitas vezes desejável antes de usá-los para polinização. O pólen de
palmeiras masculinas geneticamente diferentes tem viabilidade variável. Portanto, um
teste de viabilidade pode ajudar na seleção dos tipos de pólen que são altamente viáveis.
O uso de pólen altamente viável provavelmente resultará em mais frutificação e maior
rendimento.

A aplicação de pólen suficiente não garante uma boa frutificação, a menos que o pólen
utilizado seja viável com uma alta porcentagem de germinação. Como mencionado
anteriormente, a avaliação da viabilidade do pólen, seja fresco ou armazenado, é essencial
antes da operação de polinização. A utilização de pólen selecionado com alto grau de
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viabilidade garantirá uma melhor frutificação e, consequentemente, uma produtividade


aceitável. Devido à sua origem de plântula seminais, diferentes palmeiras macho
produzirão pólen diferente do ponto de vista da qualidade (cf. Metaxenia) e também
diferentes porcentagens de pólen viável.

O pólen das inflorescências masculinas mais tardias e mais precoces foi encontrado
inferior ao de outras na mesma palmeira (MONCIERO, 1954). A baixa frutificação
resultante do uso das inflorescências masculinas mais precoces ou mais tardias pode ser
explicada pela não maturação do pólen, geralmente causada pela baixa soma de calor.
Assim, condições ambientais como alta temperatura, baixa umidade, acúmulo de
salinidade e radiação UV podem influenciar a viabilidade do pólen.

5. Teste de germinação de grãos de pólen

A germinação in vitro permite a medição das aptidões intrínsecas do pólen para germinar
fora de qualquer interação entre o pólen e o estigma. Além disso, a capacidade do pólen
de fertilizar o óvulo e frutificar é considerada como uma estimativa das aptidões
intrínsecas naturais. Assim, a germinação in vitro é considerada o teste mais valioso da
viabilidade do pólen (BOUGHEDIRI; BOUNAGA, 1987). Existem várias técnicas
rápidas e confiáveis que garantem excelente e rápida germinação, crescimento normal do
tubo polínico e quase nenhuma explosão dos grãos de pólen. A seguir, um detalhamento
de duas técnicas de germinação desenvolvida por Albert (1930) e Monciero (1954):

Técnica de Albert (1930) - Uma pequena quantidade de grãos de pólen é polvilhada


sobre uma gota de sacarose 20% colocada sobre uma lamela (fina placa de vidro), que é
então invertida sobre uma célula de vidro. Um filme fino de vaselina é colocado na parte
superior da célula para selar a tampa de vidro. Em seguida, é colocado em uma incubadora
a 27°C por 12 a 14 horas e a inspeção é feita ao microscópio. O início do crescimento do
tubo polínico é considerado como evidência de germinação. As contagens de germinação
devem ser feitas em 4 campos para cada slide.

Técnica de germinação de Monciero (1954) - O meio é sólido e consiste em 1% de ágar


e 2 a 10% de glicose; é executado a uma temperatura média de 27°C durante 24 horas.
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6. Receptividade das flores femininas

Antes de discutir a receptividade das flores femininas, vale ressaltar que o período de
floração feminina está relacionado à variedade e à temperatura e não excede 30 dias (AL-
BEKR, 1972). Segundo Munier (1973), esse período está entre 30 a 50 dias, podendo até
ser maior quando a temperatura média diária é baixa. No Hemisfério Norte, está
localizado durante fevereiro, março e abril, enquanto no Hemisfério Sul é de julho até o
início de outubro.

A duração do período de receptividade das flores pistiladas pode, em geral, variar até 8
ou 10 dias dependendo da variedade (ALBERT, 1930; PEREAU-LEROY, 1958).
Segundo Djerbi (1994), o período de receptividade das cultivares norte-africanas varia de
uma variedade para outra (30 dias para Bousthami Noire, 7 para Deglet Nour, 8 dias para
Jihel e Ghars e apenas 3 dias para Medjool, Boufeggous e Iklane). Além desses limites, a
porcentagem de frutos partenocárpicos é superior a 40%. No Iraque, a receptividade da
variedade "Ashrasi" foi considerada ótima antes da abertura natural da espata feminina,
enquanto outra variedade (Barban) até aproximadamente 20 dias após a abertura da espata
(DOWSON, 1982).

Al-Heaty (1975) verificou que os estigmas da variedade Zahidi têm um período de


receptividade de 10 dias. Oppenheimer e Reuveni (1965), em trabalho realizado com as
variedades Khadrawy, Zahidi e Deglet Nour, verificaram que a frutificação declinava
significativamente quando a polinização era atrasada 10 dias ou mais após a rachadura da
espata.

De acordo com Ream e Furr (1969), as flores femininas da variedade Deglet Nour não se
tornam receptivas por possivelmente 7 dias ou mais após a rachadura da espata. Um atraso
adicional para 13 dias causou uma redução moderada na frutificação e atrasos superiores
a 13 dias reduziram bastante a frutificação.

Dentro do período de polinização, durante o qual a porcentagem de frutificação obtida


não difere estatisticamente, houve um dia em que se obteve a frutificação máxima: em
Khadrawi, no dia da rachadura da espata; em Zahidi, no dia seguinte e em Deglet Nour,
no sétimo dia após a rachadura da espata (REUVENI, 1970). Outro fato interessante,
especialmente observado com Deglet Nour, é que o dia de ótima receptividade varia em
diferentes inflorescências de uma mesma tamareira.
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Como mencionado anteriormente, resultados satisfatórios de polinização são geralmente


obtidos dentro de 2 a 4 dias após a abertura da espata feminina, seguido por uma segunda
passagem de polinização 3 a 4 dias depois (Tabela 3). Além disso, e como conclusão, está
bem confirmado que quanto mais tempo a polinização é retardada após a abertura da
espata, mais pobre é o fruto, vingado e se passar mais de uma semana o rendimento é
geralmente muito reduzido.

Tabela 3. Duração do período de receptividade de várias variedades de tâmaras

Variedades Período de receptividade após a Referências


abertura da espata (dias)
Ashrasi Após abertura Dowson, 1982
Medjool 3 Djerbi, 1994
Bousthami 30 Djerbi, 1994
Noire
Deglet Nour 7 a 12 Ream and Furr, 1969; Djerbi, 1994

7. Efeito de fatores ambientais

Efeito da temperatura. Altas temperaturas inibem o desenvolvimento de espatas,


resultando em um atraso na estação de polinização. As baixas temperaturas, geralmente
no início da temporada, também têm um efeito negativo na frutificação. No entanto, se as
flores femininas abrem no início da estação e sua polinização é essencial, os conjuntos
podem ser melhorados colocando sacos de papel sobre a inflorescência feminina no
momento da polinização. O ensacamento de cachos de flores no início da estação pode
ser praticado como um seguro contra frutificação ruim causada pelo clima frio. Os sacos
devem ser amarrados para evitar que o vento os derrube. Esses sacos devem ser removidos
duas a três semanas depois.

O ensacamento de espádices fêmeas usando sacos de papel (40-70 cm) imediatamente


após a polinização e durante as primeiras quatro semanas resultou em aumento
significativo na frutificação, produtividade e dimensões dos frutos da cv. Hallawy
(GALEB et al., 1988). Além disso, o crescimento dos carpelos polinizados no tratamento
com ensacamento foi mais rápido do que com o não ensacado.

Segundo Reuveni et al. (1986), a melhor frutificação obtida em inflorescências ensacadas


nem sempre pode ser atribuída a melhores condições de temperatura; provavelmente
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atrasa a secagem dos estigmas e permite o progresso normal do tubo polínico no óvulo
mesmo em temperaturas relativamente baixas.

A polinização eficiente está localizada no período em que o pólen pode fertilizar os


óvulos. Depende da longevidade do óvulo e da velocidade de crescimento do tubo
polínico, que é altamente suscetível a baixas temperaturas. Durante a época de
polinização, recomenda-se não polinizar no início da manhã ou no final da tarde, devido
ao efeito negativo das baixas temperaturas na frutificação. A frutificação 10 a 15% maior
foi obtida experimentalmente quando a polinização foi realizada entre 10:00 e 15:00
horas. (SURCOUF, 1922; PEREAU-LEROY, 1958). Os resultados do laboratório
concluíram que uma temperatura média de cerca de 35°C é ótima para a germinação do
pólen; temperaturas mais baixas diminuíram a porcentagem de germinação (REUTHER;
CRAWFORD, 1946).

Em locais onde as temperaturas máximas diárias durante a polinização são


frequentemente inferiores a 24°C, o método de polinização mecânica não é recomendado
(BROWN et al., 1969).

Efeito da chuva. Há controvérsia sobre o efeito da chuva na frutificação. Alguns


consideram a chuva, que ocorre logo após a polinização, como um agente de lavagem que
retira a maior parte do pólen aplicado antes de desempenhar seu papel. Nesse caso, é
necessário repetir a polinização após o término da chuva. Outras pessoas consideram o
efeito negativo da chuva na frutificação como um efeito indireto por meio de baixas
temperaturas que acompanham ou seguem a chuva. Se as temperaturas estiverem entre
25 e 28°C, a maioria dos tubos polínicos atinge a base do estilete das flores da variedade
Hayani em 6 horas (REUVENI, 1986); enquanto a 15°C, os tubos polínicos não atingem
a base do estilete mesmo após 8 horas. Uma terceira explicação para o efeito da chuva é
a redução da receptividade das flores pistiladas pelo contato com a água. A chuva também
é responsável por aumentar a umidade relativa do ar o que favorece o ataque de doenças
criptogâmicas que resultam no apodrecimento das inflorescências. Essa alta umidade
relativa também está associada à redução da explosão do pólen.

Em conclusão, os produtores de tâmaras devem assumir que a chuva pode causar todos
os efeitos acima, e qualquer operação de polinização imediatamente seguida de chuva
deve ser repetida no tempo. Após experimentos de polinização conduzidos na estação de
pesquisa do USDA em Indio, Califórnia (DOWSON, 1982) e também de acordo com
C a p í t u l o I | 91

Pereau-Leroy (1958) há um período limitado (4 a 6 horas antes ou depois da polinização)


durante o qual, se ocorrer chuva, a polinização e a frutificação são afetadas e a operação
de polinização deve ser repetida.

Efeito do vento. Na maioria das áreas de cultivo de tâmaras, a última parte da estação de
polinização é geralmente caracterizada por ventos quentes e secos severos que secam os
estigmas das flores femininas. Ventos frios perturbam a germinação do pólen. Parece,
portanto, que as tempestades de vento seco levam a uma secagem mais rápida dos
estigmas antes que o tubo polínico atinja o óvulo (REUVENI et al., 1986). A velocidade
do vento também pode afetar a eficiência da polinização; vento fraco é benéfico e
favorece a polinização, enquanto ventos de alta velocidade levam grande parte do pólen,
especialmente para as palmeiras encontradas nas bordas da plantação. Em alguns casos,
ventos fortes também podem quebrar a haste do fruto da inflorescência (raques),
bloqueando o movimento dos nutrientes elaborados nas folhas (fotossíntese) e,
finalmente, causando a morte do cacho.

Tempestades de poeira que deixam depósitos de poeira nas flores durante a estação de
polinização nas partes do Sul de Israel e na Califórnia são às vezes consideradas a causa
da má frutificação.

Resumindo, a má dispersão do pólen da tamareira na inflorescência e os efeitos de fatores


ambientais como alta umidade, chuva, baixas temperaturas e ventos fortes podem ter um
efeito negativo na eficiência da polinização (AL-KHALIFAH; ASKARI, 2011). Quando
isso acontece, o fruto não desenvolve sua polpa ou sua semente, todos os três carpelos se
desenvolvem em pequenos frutos não comerciais, ou o fruto aborta. Este fenômeno é
conhecido como partenocarpia. A Figura 52B,C mostra exemplos de frutos
partenocárpicos na tamareira.
C a p í t u l o I | 92

Figura 52. Fruto partenocárpico na tamareira. (A) Frutos de tâmaras resultantes de boa
polinização. (B,C) Frutos de tâmara partenocárpica resultantes de inflorescências
naturalmente polinizadas, baixa compatibilidade entre as palmeiras masculinas e
femininas ou polinização fora do tempo receptivo da inflorescência feminina. (D) Fruto
abortado com frutos partenocárpicos tripletos. (E,F) Tâmaras maduras sem sementes,
devido à partenocarpia. Fonte: Imagens A, F. Fotos: Ricardo Salomón-Torres e Fonte:
Imagens B–E. Fotos: School of Palm and Date Lovers (2020).

Os métodos que atingem uma eficiência de polinização de 60 a 80% das inflorescências


femininas são considerados satisfatórios, e com isso uma boa porcentagem de frutificação
será alcançado (ZAID; ARIAS-JIMENEZ, 2002) (Figura 52A).
C a p í t u l o I | 93

FENOLOGIA

O trabalho conduzido por Gammoudi et al. (2016) foi iniciado com a identificação das
características de rendimento da tamareira. As flores unissexuadas nascem em árvore
separada e na sua filotaxia utilizam os espirais 8 e 5. Localiza-se o espiral (a primeira
folha estendida) considerado nº 1, numerando essas folhas desde a base até a copa, sendo
que cada inflorescência tomou a posição na axila da folha (Figura 53).

Figura 53. Medida morfométrica nas inflorescências: Numeração das folhas.


C a p í t u l o I | 94

Os agrupamentos de folhas são numerados de acordo com parastícios (espirais) por


padrão de sequência numérica com uma curva cronológica à esquerda, a posição relativa
das folhas será exatamente simétrica: n, n+3 à sua esquerda, n+5 à sua direita, n+8 à sua
esquerda, de 5, 8 e 13. Isso é típico para sistema que cresce em um padrão seguindo a
sequência de Fibonacci. As hélices 3 e 8 giram na mesma direção da curva cronológica e
a hélice 5 na direção oposta (FERRY, 1998; ELHOUMAIZI et al., 2002).

A observação do desenvolvimento e maturação da inflorescência permitiu deduzir o ciclo


vegetativo da tamareira (Tabela 4) nas condições climáticas e culturais do oásis costeiro
no Sul da Tunísia (GAMMOUDI et al., 2016). Os resultados obtidos de frutificação e
maturação neste estudo estão de acordo com os obtidos por El Houmaizi (2002).

Tabela 4. Ciclo de crescimento da tamareira no oásis litorâneo da Tunísia.

Fonte: Gammoudi et al. (2016).

MELHORAMENTO

As maiores coleções de cultivares de tamareiras e espécies de Phoenix estão localizadas


na Argélia, Brasil, Índia, Iraque, Emirados Árabes Unidos e EUA. Várias abordagens de
métodos in vitro, crio-armazenamento e ex situ estão sendo usadas para a conservação e
preservação de germoplasma (BEKHEET, 2011).

As tâmaras têm uma longa história de domesticação. No entanto, as populações selvagens


são mal documentadas em relação à diversidade e conservação. Os projetos de
conservação têm se concentrado na preservação das diversas variedades comercializadas.
Existe um nível implícito de maior diversidade nas populações selvagens, uma vez que
todos os genótipos comerciais são propagados clonalmente, o que provavelmente levaria
a uma menor diversidade. Há exceções, como no caso de parentes selvagens de tâmaras,
como P. theophrasti. Estas são principalmente variantes especificas, consideradas em
C a p í t u l o I | 95

estado vulnerável e encontradas apenas em um número limitado de locais isolados


(GONZÁLEZ-PÉREZ et al., 2004; PINTAUD et al., 2010).

A abordagem moderna para selecionar e estabelecer variedades a serem produzidas levou


a uma erosão significativa da diversidade genética. Há uma tendência de se ter o objetivo
de substituir genótipos locais e estabelecidos há muito tempo por outras consideradas
‘elites’, como 'Medjool' e 'Fard Abyad' (branco). Isso leva a menos genótipos e, portanto,
uma grande erosão genética. No caso da bananeira (Musa sp.) propagada por clonagem,
o que resultou em uma base genética estreita e falta de variação dentro das populações
comerciais. Seriamente ameaçado pelo ressurgimento de um Fusarium Wilt. A doença,
causada pelo fungo do solo Fusarium oxysporum f. sp. cubense (Foc) e também conhecida
como “doença do Panamá”, que foi resolvida através de uma rápida substituição da
cultivar principal, resistente à doença através da produção de cultura de tecidos (PÉREZ-
VICENTE et al., 2014). Na cultura de tecidos de tamareiras, isso se tornou um desafio,
pois uma porcentagem muito pequena dos genótipos de tecidos meristemáticos de
ramificações responde às fórmulas do meio. Técnicas baseadas na cultura de pontos de
crescimento apicais meristemáticos (cúpula apical de broto) e sua cultura em um meio
sob medida (cada cultivar de tâmara varia em seus requisitos para o crescimento), é onde
ocorre o desenvolvimento da planta. Isso em parte está relacionado à sua estrutura fibrosa,
o que dificulta o trabalho. Essa ameaça continuará a piorar enquanto a abordagem de
micropropagação permanecer limitada aos genótipos que respondem a essa técnica de
multiplicação rápida e, portanto, potencialmente levando a um enfraquecimento da
diversidade genética futura.

A diversidade genética de populações naturais ou selvagens de tamareiras tem sido pouco


estudada, mas continua sendo um recurso potencial que pode ser utilizado em futuras
manipulações genéticas (JAIN et al., 2011). Esses centros de preservação parecem
consistir principalmente de cultivares comerciais e linhas híbridas; portanto, espera-se
que a diversidade seja bastante baixa, pois a propagação clonal é o meio de manutenção.
É importante não apenas preservar o maior número possível de cultivares, mas também
uma boa representação de populações selvagens/naturais. Como as populações selvagens
são predominantemente baseadas na propagação de sementes, elas são consideradas mais
diversificadas, uma vez que os indivíduos podem ser catalogados como um genótipo
único. A preservação de genótipos naturais permanece prejudicada por instabilidades
políticas e guerras em várias regiões de cultivo de tamareiras (ou seja, Iraque, Síria, Irã,
C a p í t u l o I | 96

Líbia, Iêmen). Isso tem levado a perdas de germoplasma e variações nas populações, o
que é necessário para preservar e proteger a grande diversidade das espécies.

Os recursos genéticos não declarados e as coleções encontradas em áreas como a China


representam fontes importantes para uso no futuro e, portanto, precisam de proteção.
Também houve relatos de pequenas coleções e projetos de preservação acadêmica em
todo o mundo (BAJAJ, 1995; DICKIE et al., 1992; JOHNSON, 1996; GONZÁLEZ-
PÉREZ et al., 2004). Estes continuam a ser uma pequena porcentagem dos esforços da
última década nos principais centros de pesquisa e desenvolvimento, que estão usando
métodos inovadores e superiores para preservar a diversidade genética. Poucas
informações estão disponíveis sobre populações naturais/selvagens, e sua diversidade
genética presente (MORRCR, 1998).

Como ornamentais, as espécies de Phoenix se saem muito bem, pois sua seleção se limita
principalmente à apreciação visual e não envolve as características dos frutos comerciais.
Numerosos Phoenix spp. são considerados valiosos, embora aqueles que são amplamente
distribuídos, como P. canariensis, P. roebelenii e P. loureiroi, sejam considerados bem
preservados, assim como P. sylvestris, P. reclina e P. paludosa. Como a conservação tem
sido focada principalmente em espécies ou culturas de lucro monetário, o status de P.
acuaulis, P. atalantica, P. caespitosa e P. pusilla, para citar alguns, juntamente com a
maioria das populações selvagens de Phoenix ainda são desconhecidos (JOHNSON,
1996).

Terra arável seca a semi-seca é de grande preocupação para a conservação do Phoenix


spp. A perda de habitat é mais uma preocupação para as palmeiras, especialmente em
suas regiões predominantes, pois essas províncias carecem das avaliações que as terras
do mundo ocidental implicam. Onde a erosão genética é preocupante, perdas extensas
foram relatadas, embora não tenhamos informações e dados acumulados suficientes entre
as coleções para concluir o nível de perdas. Assim, o conhecimento da vulnerabilidade
genética da tamareira, no que diz respeito à compreensão de quão bem ela é distribuída e
sua diversidade genética tanto de populações cultivadas quanto selvagens, influenciadas
pela desertificação, degradação da terra provocada pelo homem e mudanças climáticas
não são bem compreendidas. Houve conservações por meio de manutenção “ex situ” e
“in situ”, embora não tenham tido um efeito significativo em relação à compreensão do
desgaste genético (GEBAUER et al., 2007; AL-YAHYAI; AL-KHANJARI, 2008).
C a p í t u l o I | 97

Por sua vez, a genética, morfologia, morfogênese e fisiologia da tamareira é um pouco


menos compreendida do que outras culturas frutíferas. Tem sido difícil de estudar porque
são nativas de regiões tropicais, têm ciclos de vida longos e têm hábitos de crescimento
diversificados e únicos em comparação com outras árvores frutíferas. O melhoramento
de tamareiras é um esforço de longo prazo (CARPENTER, 1979). A seleção de mudas
de alta produção de frutos deve aguardar a floração. A maioria das variedades de
tamareiras não floresce até 5-7 anos após a germinação das sementes. Além disso, não
existe nenhum meio viável para identificar a progênie masculina e feminina na tamareira.
A propagação da tamareira por sementes ou embriões zigóticos é desejável para
melhoramento das cultivares e para seleção de resistência a doenças, qualidade de frutos
e alto rendimento. Além disso, a determinação precoce do tipo de sexo é muito importante
para acelerar os programas de melhoramento. As técnicas de cultura de tecidos vegetais
oferecem excelentes ferramentas para a rápida proliferação de clones sexuais de
tamareiras e outras plantas dióicas semelhantes. A cultura de embriões maduros excisados
de sementes maduras é utilizada para eliminar os inibidores de germinação de sementes
ou para encurtar o ciclo reprodutivo. A cultura de embriões imaturos também pode ser
usada para germinar híbridos interespecíficos ou intergenéricos únicos que não
sobrevivem na natureza (resgate de embriões) (HODED, 1977). As técnicas de cultura de
embriões envolvem o isolamento e o crescimento de embriões zigóticos imaturos ou
maduros sob condições estéreis em um meio nutriente asséptico com o objetivo de obter
plantas viáveis (MARK, 1994).
C a p í t u l o I | 98

VARIEDADE MEDJOOL: CARACTERÍSTICAS

Sinônimos: Mejhool, Medjoul, Majhoul, Majul, Medjhool, Medjehuel, Majhol e Me-


jool.

Significado: (árabe); referindo-se à sua origem: Desconhecido.

História: Originária de Marrocos (zona de Tafilalet) onde foi considerada a principal


tâmara de exportação desde o século XVII e foi vendida numa caixa de presente de Natal
em Paris, Madrid e Londres, mas largamente introduzida no novo mundo da cultura da
tâmara: EUA (1927) e Israel (1934).

Características distintivas: Tronco de tamanho médio, folhas curtas a médias que se


organizam com pouca curvatura. Tem uma alta qualidade de frutos (tamanho grande e
atraente). Tal cultivar supera todas as outras variedades no que diz respeito à qualidade e
tamanho do fruto. É de alto valor comercial e é considerada a tâmara nº1 para o mercado
de exportação.

Descrição da planta

Palmeira: As folhas são curtas a médias (3,5-3,8m), cerca de 1 m mais curtas que as
variedades Deglet Nour e Barhee com uma ligeira curvatura. A folha é de cor verde escuro
em tenra idade, depois muda para amarelo com tiras marrons no meio.

Tronco: Diâmetro estreito a médio.

Bases das folhas: de tamanho médio com descamação leve e discreta nas bordas.

Espinhos: 30 a 35 em número, grossos e bastante desenvolvidos na base, 1/4 do


comprimento da folha; geralmente em 2's e às vezes em 3's. Comprimento da coluna
inferior de 5 a 10 cm e superior de 15 a 20 cm.

Folíolo: Reto, mas pode ser encontrada a curvada ao meio; um folíolo mais alto (70 a 80
cm x 2,5 a 4 cm); largura (36 cm a 54 cm × 4,5 cm a 5,0 cm). No lado exterior central da
folha estão abertos a 160° - 180°, e no lado interior a 50° a 90°. No final da folha, os
folíolos estão a 45° nos lados interno e externo. Na base da folha, os folíolos começam a
50° abrindo a 90°. Ao longo do comprimento da folha, os folíolos se projetam em vários
ângulos (45° a 180°), em uma formação única, específica do Medjool (Figura 54).
C a p í t u l o I | 99

Figure 54. As partes das folhas da tamareira. Foto: ‫ الریاض‬، et al. (2008).

Inflorescência: base curta laranja com um grande número de espiguetas cada uma com
50 a 60 flores.

Frutos: De cor amarelo-alaranjada; tamanho curto a médio, mas grosso; uma cobertura
de cera é geralmente encontrada em sua metade inferior. O pedúnculo com seu
comprimento curto, se não for bem apoiado, pode quebrar ao carregar muito.

Fruto: Muito grande (20 a 40 gramas) e alongado - oval amplamente oblongo a algo
ovalado (5 cm de comprimento por 3,2 cm de diâmetro). Irregularidades na forma são
comuns e estão associadas a sulcos na semente. A cor amarelo-laranja com tiras
vermelhas escuras claras no estágio Khalal. Cor âmbar em Rutab e marrom escuro
transparente a preto no estágio Tamar (maduro). A cor dos frutos maduros está
relacionada com o clima e as condições de cultivo. Coberto com uma estrutura cerosa.

A pele é irregularmente enrugada, brilhante no cume e fosco na parte inferior. A pele é


de espessura média e macia, grudada à polpa, mas no estágio de Tamar ela encolhe;
espessura da polpa: ± 5 a 7 mm com pouca fibra. A polpa é firme, carnuda e espessa, de
C a p í t u l o I | 100

cor âmbar acastanhada, translúcida, com praticamente nenhuma fibra ao redor da


semente. O sabor é excelente, doce, mas não concentrado.

Semente: Nogueira - Cor marrom brilhante mais escura no final, 1,5 grama. A saída da
plântula está fechada aproximadamente 50% do diâmetro da semente com pequenas
rugas. Em cada lado da semente há uma saliência formando em "forma de asa" que é
típica de Medjool e diferente de todas as outras variedades.

Defeitos nos frutos: Dois defeitos não patogênicos principais são típicos do Medjool:

a) Pele solta: Durante a secagem, na palmeira e após a colheita, à medida que a polpa
perde água, a pele tende a se separar da polpa. A pele solta é principalmente o resultado
das condições de crescimento e habitat. Não é muito afetado pelo processo de secagem
natural ou artificial. A pele solta é um defeito estético e não um defeito de sabor e frutas
com mais de 20 a 25% de pele solta são classificadas como Classe II.

b) Cristalização de açúcar: Um problema comum com frutas com casca solta,


principalmente onde a casca está trincada, é que cristais de açúcar aromático são formados
na polpa e sob a pele solta. A cristalização do açúcar é mais comum em frutos com alto
teor de umidade na colheita. Novamente este é um defeito estético que categorizará o
fruto como Classe II.

Pragas e fungos: Durante a secagem, muitos frutos caem do cacho sem o cálice, deixando
um buraco na base do fruto antes que a secagem seja concluída. Através deste orifício,
besouros e fungos fermentadores entram na fruta e isso faz com que a fruta azede. Um
processo de secagem lento resulta em um maior nível de deterioração da fruta.

Tratamento especial da Medjool

Tamanho da fruta. Para atingir tamanhos grandes e jumbo, o número de frutos por
espigueta e cacho e a produtividade por palmeira devem ser monitorados pelo produtor.
Dependendo das condições gerais de crescimento, sugere-se o seguinte:

Rendimento por tamareira: 80 - 120 kg

Número de espiguetas por cacho: 25 - 35

Número de frutos por espigueta: 5 – 10


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A redução do número de frutos por espigueta pode ser alcançada por:

1. Polinização não efetiva.

2. Diminuição do número de frutificação das flores por pulverização química (não


recomendado).

3. Desbaste manual. Os melhores resultados ainda são o desbaste manual quando a fruta
tem de 1 a 1,5 cm de tamanho.

Comentários

- Estima-se que, em 1996, 100.000 palmeiras Medjool, metade nos EUA e metade em
Israel, abasteceram o mercado mundial com 1.000 toneladas de frutas Medjool.

- Todas as palmeiras Medjool do mundo são originárias de uma palmeira em Bou Denib
(Marrocos).

- Medjool é uma variedade de maturação precoce.

- Embora classificado como uma tâmara suave, o Medjool é mais firme do que variedades
como Barhee e Khadrawy.

- Muito pouco dano da chuva. A qualidade dos frutos, no entanto, é muito sensível à
temperatura e umidade. Ambos os extremos baixos e altos não são adequados para obter
frutos de alta qualidade.

- O desbaste extrapesado é necessário para obter uma fruta comercial de alto valor.

- Produz facilmente de 20 a 25 ramificações por palmeira.

- Em Israel, Namíbia RSA e EUA as superfícies de Medjool e Barhee estão aumentando


anualmente.

Principais características da Medjool: fruto suculento e de textura suave, carnoso e


doce. A origem do Medjool é o Marrocos, sendo esta variedade conhecida como ‘rei das
tâmaras’, devido ao seu tamanho e sabor. Seu peso varia de 16-35g e sua forma é
alongada. Tem uma cor castanho-clara a escura, em tonalidade mogno (Figura 55).
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Figura 55. Frutos da variedade Medjool. Foto: José Baldin Pinheiro.

A Califórnia é o maior produtor mundial desta tâmara ‘premium’, e Israel, o maior


exportador, tendo sido responsável pela exportação, em 2015, de aproximadamente 60%
do total exportado desta variedade. Atualmente, em razão da grande demanda do mercado
internacional e, em particular, dos países da União Europeia, as áreas de expansão do
cultivo da tamareira em Israel é feita com a variedade Medjool.

Outras variedades

Variedade Deglet Nour. É uma variedade caracterizada pela sua pele brilhante (tâmara
da luz em árabe), tom âmbar e sabor delicioso de nozes. Essas tâmaras semi-secas são
doces e delicadas, ligeiramente enrugadas e sua cor varia de castanho dourado claro a
escuro. A origem do Deglet Nour é a Tunísia do Norte da África. Seu tamanho é 9-12 g
de médio a grande, e sua forma é alongada (Figura 56). A Tunísia e a Argélia são
responsáveis por 90% das exportações mundiais dessa fruta, embora os EUA e Israel
também tenham lugares importantes no mercado. Essa variedade é a favorita tradicional
da Europa.
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Figura 56. Frutos da variedade Deglet Nour. Foto: USDA Organic.

Variedade Hallawi. É uma tâmara seca, doce, macia, rica em fibras e sabor caramelado.
A origem do Hallawi é da Mesopotâmia (Iraque). Seu tamanho é 7-12 g (fruta pequena a
média), sua forma é alongada e fina, e de cor marron-dourada (Figura 57), cuja polpa é
delicada e pálida.

Figura 57. Frutos da variedade Hallawi.

Variedade Barhee. A palmeira da variedade Barhee foi introduzida na Califórnia em


1913 a partir de Basra, Iraque. São as tâmaras mais delicadas e frágeis. A pele e a polpa
firmes tornam-se âmbar, depois douradas quando armazenadas, e a fruta em si é de
tamanho pequeno a médio. O fruto da Barhee é frequentemente consumido durante o
estágio de Khalal, estágio em que sua coloração passa de verde para amarelo (Figura 58).
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Figura 58. Frutos da variedade Barhee.

Variedade Khadrawi. As tâmaras Khadrawi são uma variedade de tamanho pequeno a


médio com uma forma oval robusta. Elas têm uma polpa vermelha dourada espessa que
envolve uma única semente e são conhecidas por sua textura extra pegajosa, mas
mastigável. As tâmaras Khadrawi têm um sabor rico de caramelo, embora um pouco
menos doce que o Medjool. Sua pele fina como papel tende a secar, então mantenha-as
bem embrulhadas e refrigeradas em um recipiente hermético (Figura 59). A palmeira
Khadrawi é nativa do atual Iraque e foi introduzida pela primeira vez na Califórnia no
início de 1900.

Figura 59. Frutos da variedade Khadrawi.


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CRITÉRIOS FÍSICO-QUÍMICOS E BIOQUÍMICOS

a) Teor de água. A água é um dos constituintes essenciais da tâmara. Tem uma


importância fundamental na qualidade das tâmaras e determina a aptidão para a
conservação. O teor de água das tâmaras varia muito com o grau de maturidade. Da
mesma forma, varia de 12 a 30% do peso da polpa fresca dependendo da variedade de
tâmaras e de acordo com as regiões de produção e, em geral, as tâmaras apresentam níveis
de umidade abaixo de 40%. Como resultado, as tâmaras são classificadas entre os
alimentos com umidade intermediária cuja conservação é relativamente fácil. Nos
Estados Unidos, as tâmaras da variedade Deglet-Nour podem atingir mais de 30% de teor
de água, enquanto no Iraque, as tâmaras são vendidas com apenas 15% de água. A
variedade Deglet-Nour da Argélia ou Tunísia contém cerca de 25% de água, a variedade
Alligh cerca de 30% e a variedade Kentichi 20%.

De acordo com um estudo das vinte principais variedades de tâmaras marroquinas, as


variedades mais úmidas são Boufeggous (30,5%), Mah-Elbaid (28,4%) e Medjool
(27,6%), enquanto as variedades menos úmidas são Bouslikhène (9,9%), Bouijjou
(12,6%) e Mest-Ali (15,1%). Os altos valores de umidade estão quase todos de acordo
com as normas internacionais (UNECE DDP-08 e Codex STAN 143-1985) relativas à
comercialização de tâmaras inteiras que exigem limites de teor de umidade de 26% para
variedades secas e 30% para variedades macias. A variedade Boufeggous, excedendo
ligeiramente o teor de umidade recomendado, necessita de tratamento de desidratação
para assegurar a sua estabilização (HARRAK; BOUJNAH, 2012). Além disso, tâmaras
de baixo valor de mercado e alto teor de água podem ser utilizadas em determinadas
preparações, como sucos, caldas e geleias.

b) Teor de açúcar. A tâmara contém três açúcares principais: sacarose, glicose e frutose.
Isso não exclui a presença de outros açúcares como galactose, xilose e arabinose.
Algumas tâmaras são totalmente desprovidas de sacarose; por outro lado, outros contêm
uma proporção elevada. Portanto, o teor de açúcar das tâmaras pode ser usado como um
marcador da caracterização varietal da tamareira. De fato, as diferentes variedades podem
ser diferenciadas pelo teor de sacarose de seus frutos. O amadurecimento das tâmaras é
caracterizado por um aumento no teor de açúcares totais, independentemente da qualidade
do fruto. Os açúcares redutores geralmente estão presentes em uma solução equimolar de
glicose e frutose resultante da hidrólise da sacarose.
C a p í t u l o I | 106

As quantidades de sacarose e açúcares redutores presentes na tâmara, dependendo da


variedade, estão relacionadas com a textura do fruto e são modificadas durante a
maturação. No caso das tâmaras moles, os últimos estágios de desenvolvimento do fruto
são caracterizados pela inversão da sacarose em glicose e frutose, enquanto nas tâmaras
semi-moles e secas, a sacarose se acumula até o estágio maduro. Isso é explicado pelo
fato de que a taxa de evaporação de água é baixa em frutas onde a atividade específica da
invertase é alta (tâmaras com açúcares redutores) e que essa taxa é maior em frutas onde
a atividade da invertase é baixa (tâmaras com sacarose).

No entanto, a classificação de acordo com a quantidade de açúcares redutores entre tipos


de tâmaras com açúcares redutores e não redutores nem sempre é consistente quando são
consideradas variedades intermediárias. As tâmaras da Hallawi são um exemplo das
variedades intermediárias com tendência ao tipo de açúcar redutor. Os frutos desta
variedade podem conter 0-15% de açúcares na forma de sacarose. Da mesma forma, a
relação geral entre textura seca e alto teor de sacarose não parece estar relacionada, uma
vez que muitas variedades de textura seca têm uma quantidade muito pequena de
sacarose. Exemplos dessas variedades são Ashrazi, Dayri, Fursi, Menakher, Zahidi e
Azmashi. Além disso, a variedade Deglet-Nour, considerada uma tâmara de sacarose por
excelência, é uma exceção porque está entre as tâmaras semi-moles (a sacarose
geralmente constitui nesta variedade 60 a 80% dos açúcares totais). De fato, ao contrário
da tâmara seca, a variedade Deglet-Nour passa por um estágio em que adquire as
características de uma excelente tâmara suave. É neste estágio que é colhido. A sua
riqueza em sacarose confere-lhe um sabor adocicado e um sabor agradável muito
apreciado pelos consumidores. No entanto, a presença de sacarose em alta proporção nas
tâmaras pode contraindicar em algumas crianças com deficiência enzimática que as
impede de utilizar esse açúcar corretamente.

Além disso, vários fatores influenciam a quantidade de sacarose hidrolisada durante o


amadurecimento. Os tratamentos de cultivo, temperatura, umidade e precipitação durante
a maturação influenciam, sem dúvida, a quantidade hidrolisada.

O tipo de açúcar que predomina na tâmara está entre as características varietais de


interesse do embalador. Assim, o embalador que trata as tâmaras com sacarose terá que
manter uma temperatura baixa para evitar a inversão da sacarose que tornaria as tâmaras
xaroposas. Este poderia ser o caso, em particular, da variedade marroquina Bouskri, que
C a p í t u l o I | 107

contém uma elevada percentagem de sacarose. Com tâmaras com açúcares redutores, esse
cuidado durante o processamento não é necessário.

Em relação ao teor de açúcar de vinte variedades principais de tâmaras marroquinas, o


maior teor de açúcares redutores é observado na variedade Medjool (80,6%), enquanto a
variedade Bouskri foi distinguida pelo menor teor (26,7%). Este último contém uma
grande quantidade de sacarose (43,5%). O teor médio de açúcar total varia de 64,7 a
80,6%. Os níveis mais altos são obtidos para as variedades Medjool (80,6%), Jihel
(78,3%), Ahardane (77,5%) e Bouittob (77,3%). Por outro lado, o teor registrado para a
variedade Boufeggous (64,7%) é significativamente inferior ao de todas as outras
variedades. A variedade Bouskri tem um teor interessante de açúcares totais (72,5%), dos
quais 60% são compostos por sacarose. Esses altos teores de açúcares totais das tâmaras
marroquinas são interessantes do ponto de vista tecnológico, permitindo considerar a
extração de açúcares (HARRAK; BOUJNAH, 2012).

Do ponto de vista nutricional, as tâmaras com açúcares redutores são as mais


interessantes, pois esses açúcares fornecem calorias energéticas que podem ser utilizadas
instantaneamente pelo organismo. As tâmaras também são uma importante fonte de
energia. Tomadas como snack ou integradas numa sobremesa, as tâmaras, graças à sua
riqueza em hidratos de carbono, contribuem para um bom equilíbrio da ingestão diária de
energia. Uma ração de 100 g de tâmaras fornece, dependendo da variedade, entre 170 e
240 kcal, ou seja, 7 a 10% da necessidade energética diária estimada em 2.400 kcal.

Como resultado, as tâmaras são um alimento de escolha para o trabalho muscular,


especialmente porque também fornecem vitaminas do grupo B (necessárias para o
metabolismo dos carboidratos). São frutos a recomendar para a prática desportiva,
sobretudo por longos períodos como caminhadas, ciclismo e corridas de montanha, e
sempre que tenha de fazer esforço físico significativo ou prolongado.

c) Índice de qualidade (ou dureza). Os açúcares e a água são os elementos mais


importantes que conferem à tâmara, pela sua proporção, a consistência da polpa. É
possível definir um índice “r” chamado de qualidade ou dureza, igual à relação entre o
teor de açúcar e o teor de água das tâmaras. O cálculo deste índice permite estimar o grau
de estabilidade do fruto, considerado ótimo se a relação “r” for igual a 2, avaliar sua
aptidão para conservação e determinar sua categoria de consistência. Isso leva à
C a p í t u l o I | 108

classificação de tâmaras que são então qualificadas como suaves para uma relação “r”
inferior a 2, semi-moles para “r” entre 2 e 3,5 e secas para “r” superior a 3,5.

De fato, uma tâmara muito úmida fermentará. É por isso que é necessário deixar as
tâmaras frescas e macias suar (transpirar) para diminuir o nível de umidade e garantir sua
preservação. As tâmaras frescas semi-moles podem por vezes apresentar um ligeiro
excesso de umidade, em certos anos, nas regiões produtoras de tâmaras onde a umidade
do ar é relativamente elevada ou na sequência de chuvas intempestivas. É por isso
essencial conhecer o índice de qualidade “r”, para o acondicionamento das tâmaras e para
poder garantir a sua estabilidade.

De fato, a adequação da tâmara para conservação pós-colheita é uma característica muito


almejada. Muitos genótipos perdem sua qualidade durante o armazenamento tradicional,
outros genótipos mantêm sua qualidade por um período de tempo. Em geral, as tâmaras
semi-moles ou semi-secas manter-se-iam melhor do que as tâmaras suaves. Estas últimas
são frequentemente presas de pássaros e bolor (mofo). Elas são difíceis de armazenar e
devem ser consumidos rapidamente ou processados. Por outro lado, as tâmaras secas se
mantêm bem em um ambiente seco.

Em termos de consistência, a tâmara mole é um fruto pastoso e viscoso cuja polpa não
tem consistência. A tâmara semi-suave tem uma textura elástica e viscosa. A tâmara seca,
por outro lado, tem uma consistência sólida e dura. Também é identificada outra categoria
de tâmaras intermediárias entre semi-moles e secas. São tâmaras semi-secas cuja textura
é elástica e não viscosa. Para o consumidor marroquino, a maciez, aliada à suavidade e
polpa suculenta são qualidades desejadas.

Os índices de qualidade “r”, variando entre 1,5 e 6,3, permitiram classificar 20 variedades
marroquinas nas três categorias de consistência: macia, semi-mole e seca. A variedade
Boufeggous, considerada macia (r= 1,5), está sujeita a deterioração e, caso se planeja seu
armazenamento, deve ser estabilizada por secagem. Na categoria de tâmaras semi-suave,
encontram-se, entre outras variedades, Bouskri, Jihel e Medjool. Estas tâmaras têm boa
consistência e boa capacidade de armazenamento. As tâmaras moles e semi-moles,
especialmente aquelas com baixo desempenho físico como Iklane e Bousthammi preto,
podem ser usadas, por exemplo, para a produção de suco, massa ou geléia. Tâmaras que
podem ser consideradas secas geralmente são adequadas para um bom armazenamento.
Aquelas com uma consistência relativamente dura devem ser umedecidas para tornar sua
C a p í t u l o I | 109

consistência aceitável. Além disso, devido ao seu baixo teor de água, as tâmaras secas e
as que secam facilmente após a colheita, como Bouskri, Jihel e Bourhare, podem ser
usadas para preparar farinha (HARRAK; BOUJNAH, 2012).

d) Proteínas e aminoácidos. As tâmaras são consideradas uma fonte limitada de


proteína. Em comparação com as variedades estrangeiras, as vinte principais variedades
de tâmaras marroquinas são ricas em proteínas; o que lhes confere uma boa qualidade
nutricional. A variedade Outoukdim pode ser caracterizada pelo maior teor de proteína
(4,22%), enquanto a Medjool possui um teor de 2,75%.

Além disso, o estudo da composição de aminoácidos de 5 variedades de tâmaras (Bouskri,


Deglet-Nour, Medjool, Thoory e Zahidi) em diferentes estágios de maturidade e
pertencentes a diferentes origens geográficas (Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos,
Estados Unidos, Catar, Mali, Argélia e Estados Unidos) mostrou que esses aminoácidos
livres não apresentam grandes variações entre si. Como resultado, a composição de
aminoácidos das tâmaras não é um bom marcador para a caracterização varietal. Os 18
aminoácidos detectados são: alanina, asparagina, ácido aspártico, arginina, ácido γ-
aminobutírico, glutamina, ácido glutâmico, glicina, histidina, isoleucina, leucina, lisina,
fenilalanina, valina, metionina, serina, treonina e tirosina. Dentre esses 18 aminoácidos
analisados, a serina, isoleucina, leucina, lisina, metionina, fenilalanina e valina são
predominantes nos estágios Kimri e Khalal, enquanto o ácido γ-aminobutírico,
glutamina e glicina geralmente estão presentes em maior quantidade no estágio maduro.

Além de sua importância nutricional, os aminoácidos participam das reações de


escurecimento que ocorrem durante o amadurecimento das tâmaras. Além disso, eles
desempenham um papel fundamental nas reações de escurecimento não enzimático
(reações de Maillard) que ocorrem durante o armazenamento. De fato, os níveis elevados
têm uma influência significativa na evolução da cor, causando um rápido escurecimento
da tâmara durante o armazenamento (HARRAK; BOUJNAH, 2012).

e) pH e acidez total titulável. A acidez fornece informações sobre a qualidade comercial


das tâmaras. Da mesma forma, altos valores de pH das tâmaras (tendendo a pH neutro)
podem ser um indicador de qualidade comercial. Entre os ácidos orgânicos da tâmara,
encontram-se os ácidos cítrico, málico e oxálico, que seriam um componente do sabor
das tâmaras frescas. O pH ligeiramente ácido de algumas variedades de tâmaras também
é prejudicial para as bactérias, mas adequado para o desenvolvimento da flora fúngica.
C a p í t u l o I | 110

Para vinte variedades principais de tâmaras marroquinas, o pH e a acidez total titulável


variaram respectivamente de 4,9 a 6,7 e de 0,165 a 0,470 g de ácido cítrico/100 g de
tâmaras.

Do ponto de vista da acidez total titulável, as variedades com maior acidez total titulável
e também com menor pH são Bouijjou e Outoukdim. Por outro lado, as variedades menos
ácidas são Bouskri, Mah-Elbaid, Bousthammi branco e Bousthammi preto. Quanto ao
pH, as variedades com pH mais alto são Medjool (6,7), Bouskri (6,6) e Bouzeggar (6,5).
Tais valores de pH das tâmaras (tendendo à neutralidade) podem ser um indicador de
qualidade comercial. A maioria das outras variedades tem pH entre 5,3 e 6,3,
característico de tâmaras de qualidade média (HARRAK; BOUJNAH, 2012).

f) Compostos fenólicos. Os compostos fenólicos são constituintes naturais responsáveis


pela qualidade organoléptica dos frutos (sabor e cor). Para a tâmara, constituem um dos
critérios de qualidade mais importantes a serem dominados desde a colheita até a
comercialização. Quase todas as tâmaras são adstringentes no estágio Kimri devido à
presença de uma camada de tanino logo abaixo da pele. Quando as tâmaras perdem a cor
verde e se tornam amarelas ou vermelhas, os taninos se instalam nas células maiores,
onde estavam presentes na forma solúvel, e ali formam grânulos insolúveis, e a
adstringência desaparece.

Para algumas variedades, a tâmara verde não é adstringente. É o caso de Chirâni de Basra,
Doueiki do Egito, Tâliss de Fezzan e Arsébabo de Tibesti (Chade). Da mesma forma, o
estágio Khalal imaturo de algumas variedades, como Barhee e Braim, contém tão pouco
tanino que são leves e não muito adstringentes.

A reação de escurecimento por oxidação química espontânea de taninos insolúveis parece


ser mais importante que a reação enzimática na medida em que esta é limitada pelo teor
de água. Por exemplo, para temperaturas abaixo de 38°C e um teor de água abaixo de
19%, ocorrerá a reação de oxidação dos polifenóis, ao contrário da reação de
escurecimento enzimático.

Quanto aos polifenóis em formas simples, eles estão presentes em baixas concentrações
na maioria das variedades de tâmaras. Existem essencialmente ácidos fenolcarboxílicos
na origem das vias de síntese de muitas substâncias (lignina, por exemplo) e cumarinas.
A outra família de compostos fenólicos presentes na tâmara é a dos flavonóides, incluindo
flavonas, flavonóis, chalconas e antocianinas. A análise da composição de flavonóides da
C a p í t u l o I | 111

variedade Deglet-Nour no estágio Khalal revelou a presença de glicosídeos luteolina,


quercetina e apigenina.

Os ácidos protocatecuico, vanílico, siríngico, ferúlico, gálico, parahidroxibenzóico,


cafeico, ortocumárico e paracumárico também fazem parte dos compostos fenólicos da
tâmara. Entre as tâmaras mais cultivadas na Tunísia, a variedade Mermella tem o menor
teor de ácidos fenólicos (5,73 mg/100 g), enquanto a variedade Korkobbi tem a maior
quantidade (54,66 mg/100 g).

As procianidinas são taninos condensados e os principais precursores dos pigmentos azul-


violeta e vermelho em frutas, legumes, nozes, sementes, flores e cascas. Sua estrutura
química apresenta unidades flavânicas do tipo catecol ou epicatecol.

As tâmaras da variedade marroquina Bousthammi preto contêm um teor médio de


polifenóis totais de 105,3 mg EAG/100 g de matéria seca, ou 80,6 mg EAG(/100 g de
matéria fresca (Equivalente de ácido gálico=EAG) (HARRAK; BOUJNAH, 2012).

Os polifenóis desempenham um papel importante no corpo humano: têm efeitos anti-


inflamatórios e antioxidantes. Eles também reduzem a pressão arterial e estimulam o
sistema imunológico.

(g) Compostos aromáticos. A identificação dos compostos aromáticos das tâmaras


permite apreciar a sua qualidade organoléptica. Eles têm um lugar privilegiado entre os
marcadores de qualidade da tâmara, pois atingem diretamente o centro olfativo humano.
Esses compostos também são de interesse tecnológico por orientar os fabricantes em
determinados processos de transformação de frutas e na produção de extratos
aromatizantes.

Em geral, as tâmaras não são muito aromáticas, e seu aroma, mais ou menos pronunciado,
é formado principalmente por álcoois, aldeídos e cetonas. O aroma frutado e doce das
tâmaras é, portanto, o resultado de uma complexa mistura de compostos.

Quarenta e sete compostos voláteis foram identificados pelo método dinâmico de


extração SPME (Solid Phase Micro Extration) em tâmaras de oito variedades
marroquinas (Aziza, Boufeggous, Bouskri, Bousthammi preto, Iklane, Jihel, Medjool e
Najda). O número de compostos voláteis por variedade foi bastante variável. Diferenças
significativas na composição dos compostos aromáticos entre as 8 variedades foram
destacadas.
C a p í t u l o I | 112

No entanto, do ponto de vista da natureza química dos compostos, notaram-se algumas


semelhanças entre as variedades Bouskri e Iklane, com a característica de serem muito
ricas em hidrocarbonetos terpenos, aldeídos, compostos cetônicos e as menos ricas em
álcoois alifáticos. As variedades Aziza e Bousthammi preto contêm, em particular, o
mesmo número de compostos cetônicos, mas são desprovidos de álcoois terpênicos. As
variedades Boufeggous e Medjool, muito apreciadas pelo consumidor marroquino e de
elevado valor de mercado, distinguem-se respectivamente por uma diversidade
relativamente maior ao nível dos compostos alcoólicos terpénicos e pelo menor número
de compostos cetónicos.

A aplicação do método de extração SPME (Solid Phase Micro Extration) às tâmaras


marroquinas permitiu reduzir para 82 o número de compostos aromáticos identificados.
Alguns compostos conhecidos pelas suas propriedades sensoriais (floral, frutado,
herbáceo, doce, caramelo, etc.), como o β -ionona, n-hexanal, p-cimeno e D-limoneno,
estão entre os compostos aromáticos das tâmaras (HARRAK; BOUJNAH, 2012).

h) Materiais minerais. A composição mineral da polpa de tâmara é de algum interesse


agronômico. De fato, é possível avaliar a perda desses constituintes no nível da palmeira
durante a colheita. Essa perda deve ser compensada pela adição de fertilizantes às árvores.
O teor de cinzas (matéria mineral total) das tâmaras varia, em geral, de 1,9 a 4,2% no
estágio Khalal e de 1,5 a 3,0% no estágio Tamar. Este teor, portanto, diminui durante a
maturação, mas essa diminuição é menor em comparação com a dos outros constituintes.
Além disso, esse teor, que é baixo em relação ao peso da matéria seca do fruto, reflete
uma síntese relativamente ativa de compostos orgânicos pelas partes vegetativas. A
proporção de sais minerais presentes é, no entanto, significativa a nível nutricional e as
tâmaras podem ser consideradas como os frutos mais ricos em elementos minerais.

Os teores de potássio, fósforo e ferro das tâmaras são significativamente maiores do que
em outras frutas. Essas taxas são 3 a 5 vezes maiores do que as de uvas, maçãs, laranjas
e bananas. Dependendo da variedade, em 100 g de polpa de tâmara seca, o teor desses
minerais pode variar de 107,4 a 916 mg de potássio, de 13 a 63 mg de fósforo e de 0,3 a
10,4 mg de ferro. Devido o seu rico teor de ferro, as tâmaras são recomendadas para
indivíduos anêmicos. Outros minerais estão presentes em quantidades variadas, como
cálcio (9,5 a 207 mg), cobalto (0,8 a 1 mg), cobre (0,1 a 2,9 mg), manganês (0,3 a 5,9
mg) e zinco (0,1 a 1,8 mg).
C a p í t u l o I | 113

As tâmaras também contêm flúor (0,1 a 0,2 mg) que previne o aparecimento de cáries
dentárias e selénio (0,1 a 0,3 mg) que desempenha um papel na prevenção do cancro e na
manutenção do sistema imunológico

No entanto, o teor de sal mineral não parece ser um bom marcador varietal de tamareira.
Por outro lado, pode contribuir para a caracterização de uma determinada origem
geográfica.

Para vinte variedades principais de tâmaras marroquinas, o conteúdo de elementos


minerais, incluindo cálcio, magnésio, potássio, fósforo, ferro, cobre, zinco e manganês, é
geralmente significativo; isso indica um bom valor nutricional. A maioria dessas
variedades também possui uma relação Cálcio/Fósforo satisfatória para um bom
equilíbrio nutricional.

Esses minerais, especialmente o potássio, que se acumulam na tâmara durante sua


maturação, obviamente, fazem desta fruta um alimento muito energético para pessoas que
sofrem de hipertensão. Além disso, as tâmaras, ricas em minerais plásticos (Ca, Mg, P e
S) e minerais catalíticos (Fe e Mn) são remineralizantes e fortalecem significativamente
o sistema imunológico. Eles também são recomendados para mulheres que amamentam.
Além disso, as tâmaras são recomendadas para indivíduos anêmicos devido ao seu alto
teor de ferro (HARRAK; BOUJNAH, 2012).

e) Lipídios. A polpa de tâmara contém uma pequena quantidade de lipídios (cerca de 0,13
a 1,9% do peso fresco). Os lipídios concentram-se principalmente no epicarpo (2,52 a
7,42%) na forma de uma camada de ceras onde desempenhariam um papel fisiológico na
proteção contra a evaporação do fruto. Além disso, a quantidade de lipídios na pele das
tâmaras moles pode estar inversamente relacionada à suscetibilidade à alteração pela
umidade. As tâmaras da variedade Deglet-Nour, por outro lado, são ricas em lipídios
brutos e são muito propensas à deterioração pela umidade.

Os lipídios da tâmara, presentes na forma de ácidos graxos saturados ou insaturados e


esteróis, não têm valor nutricional. Os ácidos graxos, combinados saturados e insaturados,
estão presentes a uma taxa de 0,1 a 0,4%. Podem ser mencionados os ácidos palmítico,
cáprico, caprílico, láurico, mirístico, linoleico e outros. Além disso, as tâmaras contêm
esteróis na forma de colesterol, campesterol, estigmasterol, β-sitosterol e iso-fucosterol
(HARRAK; BOUJNAH, 2012).
C a p í t u l o I | 114

j) Vitaminas. A polpa de tâmara contém vitaminas em quantidades variadas, dependendo


da variedade e sua origem. Contém carotenóides e vitaminas do grupo B em quantidades
significativas (100 g de polpa de tâmara contém 1,7 mg de vitamina B3, 0,8 mg de
vitamina B5, 1,15 mg de vitamina B6, 0,10 mg de vitamina B2). Durante o
amadurecimento, o teor de carotenóides cai de 23,2 para 12 μg/g (matéria seca) para
tâmaras semi-moles e de 36,3 para 21,2 μg/g para tâmaras moles. A degradação dos
carotenóides pode ser explicada pela diminuição do teor de água que ocorre durante a
fase de maturação. O escurecimento gradual durante esta fase não parece afetar a
estabilidade desses compostos.

Um estudo realizado em três variedades de tâmaras argelinas (Deglet-Nour, Tantebouchte


e Hamraya) mostrou a presença de três tipos de carotenóides: luteína, β-caroteno e
neoxantina. As três variedades contêm, respectivamente, um teor total de carotenóides de
[61,7 – 167], [32,6 – 672], [37,3 – 773] μg/100 g de tâmaras. Os valores mais altos são
registrados no estágio Khalal. A concentração de vitamina A é de cerca de 35-50 UI
(Unidade Internacional) por 100 g de fruta fresca para tâmaras moles.

Notou-se a ausência de vitaminas C e D no estágio Tamar. De fato, a vitamina C (que


atingiu 15 mg na tâmara fresca) desapareceu quase completamente na tâmara seca (2 mg
em média). O teor de provitamina A raramente excede 0,03 mg/100 g (HARRAK;
BOUJNAH, 2012).

k) Amido. Uma pequena quantidade de amido aparece em tâmaras jovens logo após a
polinização, mas logo depois desaparece na maioria das variedades. A variedade Samaani
dos Emirados Árabes Unidos contém 12,8% do amido (baseado na matéria seca) no
estágio Kimri e 3,1% no estágio Routab. Esta substância é gradualmente substituída por
açúcares no estágio Khalal e, com algumas exceções, as tâmaras maduras não contêm
nenhum.

A comparação entre o teor de amido e o teor de açúcar total/água das variedades


tunisianas analisadas no estágio de maturidade ideal (estágio Tamar) revelou que esses
dois parâmetros variam inversamente. As tâmaras secas contêm relativamente pouco
amido (0,2 g% de matéria seca), enquanto as tâmaras moles contêm 0,5 g% de matéria
seca (HARRAK; BOUJNAH, 2012).

(l) Substâncias pécticas. Durante a formação do fruto, as substâncias pécticas aumentam


até o início do amadurecimento. A quantidade de protopectina atinge o pico quando a
C a p í t u l o I | 115

fruta atinge o tamanho máximo, mas as pectinas solúveis aumentam lentamente até o
início do amadurecimento. De fato, algumas substâncias pécticas insolúveis são
convertidas em pectinas solúveis durante a maturação e a quantidade de substâncias
pécticas totais diminui. Portanto, do estágio de Kimri ao estágio de Routab, a proporção
de pectina solúvel vai de aproximadamente 2% a 1%, a de protopectina de 4,5% a cerca
de 1% e a de substâncias totais de pectina de 6,5% a 2%.

As pectinas insolúveis contribuem para a rigidez dos tecidos durante o seu


amadurecimento. A degradação dessas pectinas sob a ação de enzimas leva ao
amolecimento dos tecidos. Além disso, as substâncias pécticas (protopectina, pectina
solúvel, etc.) têm certa importância para o fabricante do xarope de tâmaras, sua presença
dificulta a filtragem. Por este motivo, recomenda-se o pré-tratamento (ebulição, ajuste de
pH) e o uso de filtros especiais. Uma diastase, chamada pectinesterase, transforma a
pectina em um gel. O mesmo vale para o suco de tâmaras após ebulição prolongada
(HARRAK; BOUJNAH, 2012).

m) Substâncias corantes. Pigmentos de diferentes naturezas foram identificados em


tâmaras egípcias frescas: carotenóides, antocianinas, flavonas, flavonóis, licopenos,
cartenos, flavoxantina e luteína. Outros estudos em 8 variedades de tâmaras iraquianas
em diferentes estágios de desenvolvimento do fruto revelaram a presença de clorofila,
carotenóides, antocianina e antocianidina especificamente nos estágios iniciais de
desenvolvimento (Kimri e Khalal). Um estudo realizado em três variedades de tâmaras
de Omã mostrou que as antocianinas estavam presentes apenas nas tâmaras frescas e que
a cor da fruta variava de acordo com o teor desses compostos (HARRAK; BOUJNAH,
2012).

n) Enzimas. As enzimas desempenham um papel importante nos processos de conversão


que ocorrem durante a formação e amadurecimento dos frutos. Entre as enzimas de
particular interesse para a qualidade final da tâmara, encontram-se a invertase,
poligalacturonase e pectinestrase, celulase e polifenoloxidase. A atividade das diferentes
enzimas é iniciada durante os últimos estágios de desenvolvimento do fruto. O aumento
da atividade da invertase ocorre antes da poligalacturonase e da celulase que suavizam a
fruta, ou da polifenoloxidase responsável pelo escurecimento da cor da fruta.

Durante o estágio final de Routab até o estágio Tamar, quando as tâmaras perdem grande
parte de sua estrutura de parede celular e conteúdo de água, a atividade da invertase
C a p í t u l o I | 116

diminui. Há uma diminuição semelhante na atividade da poligalacturonase de tâmara. É


bem conhecido que durante este período, a cor do fruto fica marrom como resultado do
escurecimento enzimático e não enzimático, e ambas as reações podem afetar a estrutura
e a atividade da enzima.

O conhecimento das funções e atividade dessas enzimas é de importância prática para o


embalador e processador, pois pela manipulação adequada da temperatura e umidade, a
atividade da enzima pode ser estimulada ou inibida de acordo com o resultado desejado.
Normalmente, a atividade enzimática ocorre em uma solução ou atmosfera úmida; a faixa
de temperatura ideal é geralmente entre 30 e 40°C; acima e abaixo dessas temperaturas a
atividade diminuiria (por exemplo, invertase a 50°C perde 50% de atividade e 90% de
atividade a 65°C após 10 minutos). O armazenamento prolongado de tâmaras sob
refrigeração ou congelamento baseia-se principalmente na redução da atividade
enzimática.

n.1) Invertase. A invertase é a enzima mais estudada devido à facilidade com que sua
atividade é monitorada. Supõe-se que as condições que favorecem sua atividade também
podem favorecer a atividade de outras enzimas. Sua principal atividade é converter
sacarose em glicose e frutose. Nas variedades moles esta conversão é quase completa,
mas na maioria das variedades semi-secas e secas apenas uma parte da sacarose é
hidrolisada. Sua atividade é influenciada pelo alto teor de água e temperatura.

O estudo da atividade da invertase durante os últimos estágios de desenvolvimento da


tâmara de três variedades (Khadrawi, Deglet-Nour e Hallawi) mostrou que essa atividade
ocorre no início do estágio de Routab. No entanto, a atividade máxima da invertase e seu
desenvolvimento progressivo são diferentes nas 3 variedades estudadas. Essas enormes
diferenças na atividade da invertase entre as variedades afetam a atividade de água (“aw”)
nos frutos. De fato, esse processo, que hidrolisa a sacarose em duas moléculas (glicose e
frutose), diminui rapidamente a “aw” da fruta. Como resultado disso, a taxa de
evaporação de água é menor em frutos com alta atividade de invertase do que naqueles
com baixa atividade. Uma diminuição significativa da atividade enzimática é observada
em todas as variedades durante a secagem natural dos frutos nas árvores ou após o
amadurecimento artificial dos frutos que estão no estágio de Routab.

A comparação do conteúdo total de enzimas mostra uma diferença fundamental nas


diferentes variedades que parece ser atribuída a características genéticas. De fato, a
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atividade da invertase foi quase 250 vezes maior para a variedade Khadrawi do que para
Deglet-Nour. A velocidade e extensão da hidrólise e outras reações enzimáticas
aumentam com o aumento do teor de água. Em frutos onde a atividade da invertase é alta,
portanto, um alto teor de água é retido no fruto, o que parece permitir que outras enzimas
responsáveis pelo amolecimento e escurecimento do fruto atuem nas melhores condições.
Assim, a invertase é uma enzima chave que controla os açúcares redutores e o teor de
água nas tâmaras. Parece afetar as reações enzimáticas e não enzimáticas responsáveis
pelas mudanças na textura, cor e sabor das tâmaras que amadurecem naturalmente na
palmeira.

n.2) Poligalacturonase e pectinesterase. São duas enzimas pécticas que convertem


substâncias pécticas insolúveis, contribuindo para o amolecimento da tâmara.

n.3) Celulase. A celulase transforma a celulose em substâncias de cadeia curta com


solubilidade crescente. Essa transformação pode eventualmente conduzir à glicose,
levando a uma diminuição do teor de fibras.

n.4) Polifenolase. A polifenolase (polifenoloxidase) é responsável por parte da oxidação


enzimática do escurecimento das tâmaras. É mais sensível que a peroxidase ao pH ácido,
mas é mais tolerante ao pH alcalino. Seu pH ótimo é 5,0. Sua tolerância ao calor é
intermediária entre a invertase e a peroxidase.

n.5) Peroxidase. A peroxidase é encontrada em tâmaras, mas sua função não é conhecida.
Não está envolvido em reações relacionadas ao escurecimento. O pH ideal é 4,7. É mais
tolerante ao calor do que a invertase e a polifenolase. Altas concentrações de sacarose
inibem marcadamente a atividade, mas a dextrose tem pouco ou nenhum efeito
(HARRAK; BOUJNAH, 2012).

PROPAGAÇÃO

Três métodos principais são praticados atualmente para propagar a tamareira (EL
HADRAMI et al., 2011a). Historicamente, o método mais comum dependia do
transplante de mudas trocadas ou comercializadas entre produtores e pomares. Em
condições normais, os rebentos transplantados começam a dar frutos dentro de 5 a 8 anos,
com plena maturidade por volta dos 30 anos. O segundo método de propagação é por
sementes. Embora seja o mais fácil, as mudas seminais de palmeiras podem levar até 10
anos para começar a florescer e dar frutos. Finalmente, o uso de micropropagação e vários
C a p í t u l o I | 118

métodos de cultura de tecidos e biotecnologias permitem gerar um grande número de


plantas mais rapidamente em comparação com os outros dois métodos (JAIN, 2006; EL
HADRAMI; EL HADRAMI, 2009; EL HADRAMI et al., 2011b).

Propagação vegetativa. Mais uma vez, o método mais comum é a propagação vegetativa
de rebentos, que garante a identidade genética das variedades maternas. Os rebentos se
desenvolvem a partir de gemas axilares no tronco perto da superfície do solo durante o
estágio juvenil da tamareira. Os rebentos, após 3 a 5 anos de fixação à palmeira parental,
produzem raízes e podem ser removidos e plantados. Esta é aproximadamente a idade em
que os rebentos começarão a produzir flores e, nas linhas femininas, frutos.

Ou seja, a propagação da tamareira tem sido tradicionalmente realizada usando rebentos


que são produzidos a partir de gemas axilares situadas na base do tronco durante a vida
juvenil da palmeira. Os rebentos se desenvolvem lentamente e seus números são
limitados. Os números de rebentos variam de 10 a 30, dependendo do genótipo, e são
produzidos apenas dentro de certo período de tempo na vida da tamareira mãe. Ainda não
existe um método baseado em campo disponível para aumentar o número de rebentos por
planta. A propagação sexuada da tamareira é inadequada para a propagação comercial de
genótipos de elite fiel ao tipo desejado, devido às características heterozigóticas das
plântulas e à sua natureza dioica. Metade da progênie é geralmente masculina, que não
produz frutos, e grandes variações no fenótipo podem ocorrer na progênie. Além disso,
nenhum método é conhecido atualmente para sexagem de tamareiras em um estágio
inicial de desenvolvimento da árvore para a eliminação de árvores machos improdutivos
no viveiro antes do plantio em escala de campo.

Propagação por sementes. O segundo método de propagação é usar mudas aleatórias de


cruzamentos sexuais. As mudas seminais não são idênticas às árvores maternas e não são
uniformes geneticamente, variando muito em sua produção e qualidade dos frutos. Cerca
de 50% das mudas seminais são do sexo masculino, embora não possam ser identificadas
até que as árvores comecem a florescer após 4 a 5 anos. A produção e a qualidade dos
frutos de pomares derivados de mudas seminais são bastante reduzidas em comparação
com pomares desenvolvidos a partir de rebentos. Outra desvantagem da propagação de
sementes é que o crescimento e a maturação das mudas são extremamente lentos. Uma
muda seminal de tamareira pode levar de 8 a 10 anos, ou mais, antes que a frutificação
ocorra e isso tenha dificultado a reprodução da tamareira.
C a p í t u l o I | 119

Propagação por cultura de tecidos. O terceiro método de propagação de tâmaras é


através de TC (cultura de tecidos) (ZAID; DE WET, 2002b). A propagação da cultura de
tecidos de tamareiras a partir de pontas de brotos através de embriogênese ou
organogênese foi desenvolvida pela primeira vez na década de 1970 a 1980. A
organogênese pode ser alcançada usando brotos auxiliares e meristemas apicais, enquanto
a embriogênese pode ser feita através do estágio de calo de vários tecidos meristemáticos
como brotos, folhas jovens, caule, raque e assim por diante. Ambas as abordagens de
organogênese e embriogênese somática têm sido aplicadas com sucesso para a
propagação de plantas para uma ampla gama de plantas (JAIN; ISHII, 2003; JAIN;
GUPTA, 2005). A embriogénese somática tem limitações, por exemplo genótipo e baixa
taxa de germinação de embriões somáticos, o que tem dificultado o maior uso comercial
em algumas espécies vegetais. Assim sendo, as cultivares respondem a cultura de tecidos
(TC) de forma diferente, e diferentes condições ótimas são necessárias para cada cultivar.
Demora cerca de 6 anos para atingir a produção através do processo TC e 8 anos para
atingir as quantidades comerciais. Em geral, as progênies de cultura de tecidos (TC) têm
características semelhantes às derivadas da propagação de rebentos radiculares. No
entanto, um dos principais problemas com a propagação do TC é a variação somaclonal
(tipos off). Essas variantes somaclonais exibem vários fenótipos típicos, incluindo
variegação nas folhas, variação na estrutura foliar e padrões gerais de crescimento da
planta, árvores que não formam inflorescências ou produzem desenvolvimento floral
anormal e árvores que produzem frutos partenocárpicos sem sementes. A maioria das
variantes somaclonais pode ser detectada nos estágios iniciais; no entanto, alguns só
podem ser detectados no campo, vários anos após o plantio ou após a floração,
frutificação e maturação das árvores. A frequência de variação somaclonal em tamareiras
derivadas de TC pode ser muito alta algumas vezes, mas os mecanismos que causam essas
variações não são claros e ainda estão sob investigação (GUREVICH et al., 2005).

Meio de cultura. O meio de cultura mais comum usado para micropropagação via
embriogênese somática é o MS (MURASHIGE; SKOOG, 1962). Raramente o meio B5
foi usado. Vários grupos modificaram a composição do meio adicionando vitaminas,
sulfato de adenina, tiamina, glicina, glutamina, mio-inositol e carvão ativado (FKI et al.,
2003; AL-KHYARI, 2005). Entre os reguladores de crescimento de plantas, 2,4-D (10-
100 mg/L) é comumente adicionado sozinho ou em combinação com citocinina (cinetina,
2-isopentil fosfato) no meio de cultura. Em alguns casos, 2,4-D é substituído por NAA.
C a p í t u l o I | 120

O papel das vitaminas na embriogênese somática da tamareira não está bem definido,
exceto pela influência positiva da tiamina e da biotina no crescimento do calo e na
produção de embriões somáticos. A sacarose, 20-30g/L, é geralmente usada como a
principal fonte de carbono e energia em meios de cultura de tecidos. Muitas vezes em
combinação com a sacarose, outros açúcares como manitol, maltose e sorbitol foram
adicionados ao meio de cultura para aumentar a embriogênese somática. Além de ser uma
importante fonte de carbono, o sorbitol e o manitol atuam como agentes osmóticos para
alterar o potencial osmótico do meio. O estresse osmótico induzido por sorbitol acelerou
a indução da embriogênese somática. A adição de polietilglicol (PEG 8000) no meio de
cultura melhorou a maturação e germinação dos embriões somáticos. A adição de nitrato
de prata, inibidor de etileno, também teve influência estimuladora na embriogênese
somática, e a resposta a ele foi genotípica dependente.

No laboratório de cultura de tecidos e biotecnologia de Jimmah (Omã), uma série de


experimentos foi realizada para padronizar as técnicas de micropropagação de tamareiras;
a maioria das técnicas desenvolvidas pode ser amplamente aplicada a muitas cultivares
com modificações necessárias. Neste instituto, dois tipos de procedimentos têm sido
empregados com sucesso na cultura de tecidos de tamareiras. O método mais comum é a
embriogênese somática, que apresenta muitas vantagens e desvantagens. Com este
método, a clonagem em massa de plântulas de tamareira por meio de embriogênese
somática repetitiva existe desde 1996, e um bom número de propágulos foi distribuído
aos produtores de tâmara (Figura 60). No entanto, envolve a possibilidade de alguma
variabilidade genética indesejável em plantas derivadas de cultura de tecidos, resultando
em algumas características vegetativas anormais, bem como hábitos de floração e
frutificação incomuns, que geralmente não são aparentes até o estágio de frutificação.
Variações genéticas foram registradas em culturas de 6 e 12 meses de idade. Observou-
se também que todos os brotos morfologicamente anormais apresentaram variações
genéticas em nível molecular (SAKER et al. 2000). Um dos métodos alternativos usados
atualmente é a organogênese direta. Espera-se que o desenvolvimento bem-sucedido
desta nova técnica reduza o número de etapas na cultura, encurtando assim a duração da
cultura com maiores concentrações de auxinas, o que pode levar a variações somaclonais
reduzidas.
C a p í t u l o I | 121

Figura 60. Estágios de aclimatação de plântulas de tamareira em sala de crescimento e


em condições de crescimento das mudas de tâmara em viveiro, usando cultura de tecidos.
Fotos: R. Al-Yahyai; M. M. Khan (2015) e M. Shahid.

Cultivares utilizadas. As cultivares mais utilizadas para a indução da embriogênese


somática são: Deglet Noor e Barhee, que não apresentaram variação somaclonal (FKI et
al., 2003; SMITH; AYNSLEY, 1995); clones Bou-Feggous (BFG), Jihel (JHL) e Bou-
Skri (BSK), Sair S 16 (S16) e Sair S 35 (S35) (4); Medjool; Thory e Zahdi; Tagaza e
Takerboucht (Argélia) e Zaghloul (Egito).

Explantes usados. Vários explantes têm sido usados para iniciar culturas in vitro de
tamareiras, e sua resposta a vários reguladores de crescimento de plantas tem sido
estudadas. Os explantes utilizados foram: embriões zigóticos maduros e imaturos,
segmentos foliares excisados de plântulas e rebentos jovens, tecidos foliares e
merismáticos excisados de plantas in vitro e tecido de inflorescência. Os explantes mais
utilizados são as pontas dos brotos apicais e as gemas laterais, pois têm sido os mais
responsivos ao cultivo in vitro.
C a p í t u l o I | 122

Cultura embrionária. A cultura de embriões envolve a excisão asséptica de um embrião


da semente e o plantio em um meio nutriente estéril (HODED, 1977). Sugere-se que a
cultura de embriões tenha várias aplicações potenciais na pesquisa de plantas. É usado
para salvar embriões que não se desenvolvem naturalmente no fruto ou na semente, ou
para desenvolver embriões de hibridização interespecífica onde endospermas defeituosos
são comuns (JOHNSTON; STERN, 1957). A cultura de embriões também pode ser
utilizada para reduzir longos períodos de dormência devido a inibidores físicos e/ou
químicos presentes no fruto ou semente (HODED, 1977). Embriões excisados cultivados
in vitro, livres desses inibidores, geralmente germinam imediatamente. Embriões isolados
também foram escolhidos como material de explante em estudos metabólicos
(RAGHAVAN, 1976). A cultura de segmentos de embriões isolados pode ser útil para
estudar o desenvolvimento dos meristemas primários, a organogênese e as interações
entre os diferentes órgãos (RABÉCHAULT; GAS, 1974). A cultura do embrião fora da
semente foi realizada pela primeira vez com crucíferas (HANNING, 1904). Desde então,
tornou-se um procedimento de rotina.

Com relação a tamareiras e outras palmeiras, a iniciação de calos e indução embrióide foi
observada pela primeira vez por Rabéchault (1962) trabalhando com embriões de
dendezeiros. Reuveni (1979) relatou que calos e raízes se desenvolveram a partir do
tecido da bainha cotiledonar do embrião da tamareira em meio contendo ácido naftaleno
acético (NAA). Este calo continuou a proliferar e a diferenciar raízes quando subcultivado
se um pedaço da bainha cotiledonar estivesse presente. Ammar e Benbadis (1977)
estabeleceram calos organogênicos da bainha cotiledonar da tamareira de embrião
zigótico germinado in vitro.

Reynolds e Murashige (1979) cultivaram explantes de embrião de Chamaedores


costaricana Oerst, Howeia forsteriana Becc. e Phoenix dactylifera L. in vitro. Frutos
verdes da tamareira, colhidos dois a três meses após a polinização, foram plantados em
meio enriquecido com ácido 2,4-diclorofenoxiacético (2,4-D), e posteriormente
desenvolvido um calo granulado de cor cremosa. A transferência deste calo para um meio
livre de auxina resultou no desenvolvimento de numerosos embriões assexuados.
Embriões zigóticos maduros cultivados em meio nutriente contendo carvão com altos
níveis de auxinas, 10 e 100 mg/1NAA, também produziram calo nodular (TISSERAT,
1979). A cultura repetida resultou na formação de plântulas. Tisserat e DeMason (1980)
descreveram a formação de plântulas a partir de culturas de tecidos de tamareiras. O
C a p í t u l o I | 123

desenvolvimento morfológico de embriões assexuados a partir de calos é muito


semelhante à germinação de embriões zigóticos excisados in vitro.

Principais vantagens da embriogênese somática. As principais vantagens do uso da


embriogênese somática são: a) É possível produzir um número ilimitado de plântulas sob
condições controladas; b) Produção em larga escala rentável de plântulas em meio
líquido, e biorreator que pode levar à automação da produção de embriões somáticos; c)
Criopreservação para armazenamento a longo prazo; d) Os embriões somáticos possuem
meristema caulinar e radicular que se desenvolvem na mesma etapa do processo, o que
possibilita a regeneração direta da planta como a germinação de sementes; d)
Encapsulamento para produção de sementes artificiais; e) Transformação genética.

Micropropagação. Até agora, a micropropagação da tamareira teve sucesso limitado. O


mercado mundial precisa de cerca de 1-2 milhões de tamareiras por ano.
Independentemente da importância das tamareiras em regiões secas, a demanda pode não
aumentar devido à escassez de água e migração urbana de regiões secas. Dos cerca de 25
grupos conhecidos ativos na pesquisa de tamareiras em todo o mundo, empresas privadas
estão localizadas em Israel, Emirados Árabes Unidos, EUA, Reino Unido, França e
Marrocos.

Empresas localizadas em Israel, EUA, Reino Unido e França multiplicam plântulas de


tamareiras por meio da embriogênese somática. A empresa marroquina, El Bassatine, foi
sem dúvida a mais bem-sucedida na micropropagação de tamareiras, adotando a
abordagem de organogênese, ou seja, a regeneração de plantas a partir de uma única
célula por meio de estruturas de órgãos, geralmente brotos. O Instituto Nacional de
Pesquisa Agronômica (INRA) do governo marroquino, em estreita colaboração com El
Bassatine, encontrou protocolos para ampliar algumas variedades com organogênese. A
maioria das mais de 3.000 variedades de tamareiras cultivadas em todo o mundo requerem
protocolos específicos para micropropagação em larga escala. Por exemplo, algumas
variedades precisam de mais açúcar no meio, enquanto outras requerem mais vitaminas,
nitrogênio ou cálcio. A pesquisa básica para lidar sistematicamente com essas diferenças
é escassa. No entanto, Smith e Aynsley (1995) relataram resultados sobre o desempenho
em campo de tecidos cultivados com tamareiras produzidas clonalmente por
embriogênese somática. Frutificaram dentro de 4 anos a partir do plantio em campo de
plantas pequenas com comprimento de folha de 100 cm e 1,5 cm de diâmetro na base.
C a p í t u l o I | 124

Frutos de plantas derivadas de cultura de tecidos, cultivar Barhi, eram indistinguíveis dos
frutos de plantas que se originaram de rebentos (ramificações). Esses resultados
justificam o aumento comercial de procedimentos de micropropagação usando
embriogênese somática para fornecer um meio rápido e econômico de obter material de
plantio de tamareira de elite. Recentemente, no Centro de Pesquisa de Palmeiras de
Tâmara (DPRC) da Universidade de Basrah, no Iraque, cientistas desenvolveram sistemas
de clonagem in vitro para variedades de tamareiras iraquianas. Essa tecnologia
possibilitará a produção de até 60.000 clones de um genitor que pode atingir a maturidade
de frutificação em quatro anos, comparado a 8-10 anos pelos métodos tradicionais. Antes
da guerra, o Iraque abrigava 40 milhões de árvores de cerca de 624 variedades. Agora, o
número diminuiu para 10 milhões, e este novo sistema de propagação clonal ajudará a
substituir as tamareiras destruídas em cerca de uma década.

Propagação de rebentos

A propagação de rebento, também chamada de propagação assexuada ou vegetativa,


oferece as seguintes vantagens:

(i) Os rebentos de plantas são fiéis ao tipo da palmeira-mãe. Os rebentos radiculares ou


ramificações se desenvolvem a partir de gemas axilares na base do tronco da planta mãe
e, consequentemente, os frutos produzidos terão a mesma qualidade da palmeira mãe e
garantem a uniformidade da produção.

(ii) A planta secundária dará frutos 2 a 3 anos antes das mudas seminais ou cultura de
tecidos. A vida da tamareira é dividida em duas fases distintas de desenvolvimento:
vegetativa, na qual os botões que se formam nas axilas das folhas se desenvolvem em
ramificações ou rebentos; e generativa, em que os botões formam inflorescências e os
rebentos cessam. A partir do momento em que a gema axilar de uma folha se diferencia
em rebento até o momento em que cresce para fora, leva até três anos (18 a 36 meses),
com mais três a quatro anos até atingir o tamanho desejado para sua separação e plantio
(HILGEMAN, 1954).

Os rebentos são produzidos principalmente em número limitado (20 a 30 no máximo)


durante o início da vida da palmeira (10 a 15 anos a partir da data de seu plantio),
dependendo da variedade e do tratamento prévio de adubação, irrigação e terraplenagem
ao redor do tronco, (NIXON; CARPENTER, 1978). Embora 20 a 30 rebentos sejam
produzidos por uma palmeira, apenas três ou quatro rebentos são adequados para o plantio
C a p í t u l o I | 125

em um ano e ainda devem ficar no viveiro por 1 a 2 anos antes do plantio no campo. As
variedades Zahidi, Berim e Hayani são conhecidas por produzirem um grande número de
rebentos, enquanto as variedades Mektoum e Barhee produzem um número relativamente
baixo de rebentos.

As ramificações são reconhecidas por sua forma curva, enquanto as mudas seminais ou
cultura de tecidos têm uma forma reta. Outra maneira de diferenciar os dois é que as
mudas de cultura de tecidos têm raízes em toda a sua base sem ponto de conexão com a
palmeira, enquanto uma ramificação não tem raízes no lado em que foi conectada à
planta-mãe. Além disso, um rebento ou ramificação sempre tem uma marca em um lado
que é resultado do desprendimento de sua palma mãe.

Para obter uma alta taxa de sobrevivência de rebentos transplantados, os seguintes


passos são recomendados:

Seleção de rebentos. O rebento selecionado para remoção deve estar livre de doenças e
pragas e ter no mínimo três a cinco anos de idade, com diâmetro de base entre 20 e 35 cm
(Tabela 5), com peso superior a 10 kg, mas não superior a 25 kg devido às dificuldades
de manejo. Os sinais de rebentos maduros são a disponibilidade de suas próprias raízes,
a primeira frutificação e a produção de uma segunda geração de rebentos (NIXON;
CARPENTER, 1978).

Tabela 5. Relação entre o diâmetro e o peso do rebento.

Diâmetro da base do rebento (cm) Peso aproximado (Kg)


12-15 4-8
15-20 8-15
25-35 22-35

Fonte: A. Zaid; P. F. de Wet (2002).

Os pequenos rebentos com peso igual ou inferior a 5 kg, se necessário, também podem
ser utilizados, mas o seu potencial de sobrevivência será muito inferior ao de rebentos
maiores. Devem inicialmente ter cuidados, por pelo menos dois anos, em viveiro, ou leito
de neblina em casa de vegetação ou estrutura de sombrite (REUVENI et al., 1972). Os
fungos geralmente são um problema sério em um leito de névoa, e as ramificações
(rebentos) devem ser tratadas duas vezes por mês com um fungicida de grande espectro.
C a p í t u l o I | 126

Embora sejam aproveitadas, no plantio, rebentos ainda muito pequenos, quando ainda
não pesam mais de 5 quilos, os melhores são os mais desenvolvidos, isto é, quando pesam
mais de 10 a 15 kg e têm acima de 10 cm de diâmetro. Os rebentos grandes e suculentos
são sempre mais difíceis de enraizarem.

Poda de rebentos. Quando o objetivo é a produção de rebentos, nenhuma folha verde


deve ser retirada de um rebento até que ele seja cortado da palmeira mãe, pois o
crescimento de um rebento é proporcional à sua área foliar. Quando os rebentos maiores
são selecionados para o corte do ano seguinte, todas as suas folhas devem ser retidas até
que os rebentos sejam removidos. Quando as folhas interferem no cultivo, elas podem ser
amarradas.

Quando uma tamareira está repleta de ramificações ou rebentos, apenas 5 a 6 ramificações


maiores podem ser deixadas, considerando o equilíbrio da árvore, e as outras menores
podem ser totalmente removidas se não forem necessárias no futuro, ou ter suas folhas
cortadas rente ao broto para retardar seu crescimento.

Remoção de rebentos radiculares

Após 3 a 5 anos de fixação à palmeira-mãe, dependendo da variedade, os rebentos


radiculares formarão suas próprias raízes e começarão a produzir uma segunda geração
de ramificações ou rebentos. Somente nesta fase eles estão prontos para serem removidos
(NIXON, 1966; NIXON; CARPENTER, 1978).

Cuidado e habilidade, adquiridos apenas pela experiência, são importantes para cortar e
remover adequadamente um rebento de sua palmeira mãe. A operação, geralmente
realizada por dois trabalhadores qualificados, começa com irrigação vários dias antes do
corte. O solo é então escavado do(s) rebento(s) usando um tipo machado com cabo afiado
de lâmina reta (uma bola de terra, de 5 a 8 cm de espessura, deve ser deixada presa às
raízes do rebento, com a conexão exposta em cada lado). As raízes nunca devem ser
cortadas mais perto do que o necessário, uma vez que a maioria das raízes cortadas morre
e as novas raízes que estão surgindo são suscetíveis a lesões (NIXON; CARPENTER,
1978).

Para a operação da separação do rebento, é usado um machado próprio, de aço, com 40


cm de comprimento por 15 de largura do gume, tendo, na parte superior, um maciço
reforçado para receber pancadas. Machado e marretas devem ter cabos longos (Figura
C a p í t u l o I | 127

61), pois a tamareira é dotada de folhas e acúleos muito agressivos, tornando difícil a
aproximação na primeira idade, quando a planta não ostenta alto e acessível estipe, idade
na qual os rebentos são abundantes. Pode-se empregar também o formão, que consiste
numa peça de aço com 10 cm de largura e 15 cm de comprimento, um lado reto, outro
enviesado, com uma cortante de cada lado de 5 cm e com o cabo de 1,20 m de
comprimento e 3 cm de espessura, para, ao fazer, o corte, receber pancadas com marreta
(GOMES, 1975).

Figura 61. Machado de aço deve ter um cabo longo redonda lisa para receber as pancadas
da marreta.

O rebento quando maduro é separado cuidadosamente da planta-mãe e do solo removido


depois de pelo menos um ano de atracado da planta-mâe. Quando há um grande número
de plantas-mães, é aconselhável deixar, em cada uma, somente dois perfilhos (os demais
se suprimem). Desta maneira, se obtêm rebentos mais robustos, que crescem com grande
vigor na nova plantação. Pode-se fazer os rebentos enraizarem mais facilmente,
colocando terra junto aos mesmos, na planta-mãe, e conservando o solo sempre úmido.
Os rebentos levam geralmente 6 meses para desenvolverem um sistema radicular
suficiente a ponto de garantirem sua remoção sem perigo de perda (BAKSHI, 1972).
C a p í t u l o I | 128

A fazer o desmame, descobre-se o ponto de união do rebento à planta-mâe e nele faz-se


penetrar o machado (e\ou formão) por um lado e depois pelo outro e secciona-se o tecido
que une à palma. Um operário segura o instrumento cortante entre o perfilho e a palmeira-
mãe, enquanto o outro martela a cabeça desse instrumento. Corta-se igualmente num lado
e depois no outro, até que os dois cortes no talo se encontrem. Não se deve tentar retirar
as mudas com alavancas ou outro objeto semelhante, porque os tecidos ainda são frágeis
do broto terminal e vão ser danificados (NUNES et al., 1989; Figura 62).

Figura 62. Rebentos de tamareira cobertos na base com terra para enraizar antes de sua
separação da planta-mãe. Foto: Nunes et al. (1989).

As folhas inferiores devem ser cortadas e as restantes amarradas para facilitar o manuseio.
Uma vez que a fibra solta e as bases das folhas velhas são cortadas e a conexão entre o
rebento e a palmeira mãe é feita, o primeiro corte é feito na lateral da base do rebento
próxima ao tronco principal. O lado plano do machado é colocado em direção ao ponto
fraco do rebento e o lado chanfrado em direção à palma mãe (Figura 63). As lesões devem
ser evitadas em todos os momentos, o bulbo sensível do rebento nunca deve ser danificado
e a operação de corte deve ser apenas de um lado para obter uma superfície de corte lisa.
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Figura 63. Remoção do rebento radicular (folhas inferiores podadas e as superiores


amarradas) da palmeira mãe com auxílio de um machado afiada adaptado a um cabo bem
reforçado para receber as pancadas de marreta.

Após a remoção da ramificação ou rebento, os tocos das folhas velhas e as folhas


inferiores são cortadas perto da fibra e a parte basal é deixada sem folhas. Dez ou doze
folhas ao redor do botão são retidas e amarradas 6 a 8 cm acima do botão com barbante
ou arame grosso. As partes terminais dessas folhas que se estendem além da amarração
(20 cm acima da ponta - centro da ramificação) também são cortadas (Figura 64).
Aconselha-se que as superfícies cortadas da ramificação e da palmeira mãe sejam
cobertas com um produto de sulfato de cobre para evitar a infecção por Diplodia e outros
parasitas.
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Figura 64. Métodos de poda de rebentos ou ramificações: 1) A- como um bulbo de


cebola; B - poda média; C - poda curta e 2) Vários rebentos radiculares já removidos da
planta-mãe. Fotos: A. Zaid and P. F. de Wet (2002) e www.medjool-date-palms.com
C a p í t u l o I | 131

A sobrevivência de brotos de corte depende em grande parte da variedade (Figura 65). O


rebento da variedade Medjool é muito mais difícil de estabelecer do que as variedades
Deglet Nour ou Zahidi.

Figura 65. Plantio de rebentos removidos da planta-mãe em balde ou saco plástico com
substrato orgânico + solo por até dois anos. Fotos: www.medjool-date-palms.com.

Em lugares como Fezzan (Líbia), algumas áreas do Iraque e Arábia Saudita, e


Hadramaout (Iêmen), os rebentos radiculares não são removidos e continuam a crescer
fora da palmeira mãe original, produzindo grandes aglomerados consistindo de centenas
de brotos, nenhum dos quais produz um tronco e, claro, sem rendimento significativo
(DOWSON, 1982).

Podem-se plantar os rebentos no local definitivo, logo depois de separados da planta-mãe,


podendo-se ter uma perda de até 25% das mudas e\ou enviveirados em abrigos rústicos,
sob temperatura e umidade elevadas para apressar o enraizamento. Esta segunda opção
possibilita um melhor tratamento dos rebentos, fazendo-se produzir antes que os
plantados diretos (BAKSHI, 1972; REUVENI et al., 1972; MOHAMMED, 1978).

É aconselhável que um rebento radicular nunca seja plantado no campo diretamente após
a remoção da planta mãe. Um período de enraizamento de um a dois anos em um viveiro
é essencial para garantir uma ótima taxa de sobrevivência e evitar o desenvolvimento
desigual da plantação.
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Viveiro. Pode-se, também, colocar os rebentos em viveiros. Deve-se escolher um local


de fácil acesso e que possa ser cuidadosamente irrigado. O solo deve ser profundo e bem
drenado, para evitar o apodrecimento da base dos rebentos (SIMONNEAU, 1961). Fazer
uma aração profunda e duas gradeações, de modo a deixar o solo bem destorroado. Após
o preparo do solo, proceder à abertura das covas com as 3 dimensões (comprimento,
largura e altura) de 1 m, em fileiras num espaçamento de 1,6 m x 1,00 m. Fazer, no
viveiro, uma adubação antes do plantio, com esterco bem curtido (10 kg por m2.

Proceder o plantio dos rebentos com o solo úmido e temperatura amena (dia nublado),
tendo-se o cuidado de dispor as raízes o mais natural possível, para evitar danos no
sistema radicular. Fechar as covas com terra, comprimindo-se bem para dar maior firmeza
à planta, e irrigá-las após o plantio.

Os rebentos deverão permanecer no viveiro até um completo enraizamento, quando já


terão algumas folhas novas, sendo, então, levados ao pomar, com bloco de terra.

Plantio em local definitivo. Na maioria dos solos, o crescimento precoce e rápido do


rebento é melhor quando as covas são preparadas um a dois meses antes do plantio. O
tamanho do buraco deve ser de um m³ (1 m x 1 m + 1 m de profundidade) e os buracos
devem ser preenchidos com uma mistura de terra vegetal e 10 a 15 kg de esterco de alta
qualidade (com esterco curtido) e fertilizantes NPK. As covas cheias devem ser irrigadas
várias vezes para favorecer a decomposição do esterco e também para permitir que o solo
misturado se assente na cova. O estrume bem curtido pode ser utilizado em covas
preparadas e irrigadas pouco antes da plantação, mas deve-se tomar muito cuidado para
colocar o estrume (e fertilizantes) suficientemente profundo para formar uma camada de
solo de pelo menos 15 a 20 cm de espessura entre o esterco e a base do rebento (bulbo).

A base da folha do rebento deve estar claramente acima do nível do solo. É importante
plantar o rebento na profundidade do seu maior diâmetro para evitar o apodrecimento da
base (se for muito baixo) e para evitar que a água atinja a fibra solta perto do botão que
provoca a sua dessecação (se for muito alto). A bacia d’água da planta, de 1,5 a 1,8 m de
diâmetro e 20 a 30 cm de profundidade, deve ser preparada no entorno do rebento (Figura
66).
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Figura 66. a) Bacia d’água em torno de uma tamareira jovem (1,5 a 1,8 m de diâmetro e
20 a 30 cm de profundidade) preenchida com palha como cobertura morta e b) Bacia em
redor da planta adulta (demarcada pelo círculo vermelho). Foto: A. Zaid and P. F. de Wet
(2002).

O solo próximo aos rebentos recém-plantados deve ser mantido sempre úmido por
irrigação leve e frequente. A frequência de irrigação depende do tipo de solo. Solos muito
arenosos requerem irrigação diária durante o primeiro verão. Solos pesados requerem
irrigação apenas uma vez por semana; enquanto na maioria dos solos a irrigação é
necessária a cada dois ou três dias. Durante as primeiras seis semanas (ou até o
aparecimento de um novo crescimento), o produtor de tâmaras deve sempre inspecionar
seus rebentos plantados para garantir que o solo da superfície não seque e enfraqueça o
rebento. Uma cobertura de palha ao redor do rebento aumentará a contenção de umidade,
controle de ervas daninhas e, finalmente, melhorará o húmus na bacia.

Os rebentos jovens e as plantas derivadas da cultura de tecidos devem ser protegidos de


condições climáticas adversas (sol e vento durante o primeiro verão e frio no inverno
seguinte) e contra alguns animais (coelhos, etc.). Recomenda-se o uso de uma rede de
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sombra/envoltório de juta ou uma cobertura de folhas de tâmara (Figura 67). O topo da


cobertura deve ser deixado aberto para que um novo crescimento possa passar.

Figura 67. Uso de envoltório de juta no rebento e palha em sua volta no plantio definitivo
de rebentos, b - Cobertura de proteção feita de folhas de tâmara. Fotos: Zaid and P. F. de
Wet (2002) e Rashid Al-Yahyai (2018).

Nas condições da Namíbia (Hemisfério Sul), existem dois períodos apropriados para o
plantio: fevereiro/março e setembro/outubro. O primeiro período é preferível, pois
permite mais tempo para que o rebento se estabeleça antes da chegada das temperaturas
quentes do verão seguinte, embora passe pelos meses frios do inverno (junho, julho e
agosto), enquanto a planta ainda está em sua fase inicial de estabelecimento. O segundo
período (setembro/outubro) evita as temperaturas frias e depois recebe temperaturas
quentes que permitem um crescimento ativo seguido do verão quente (dezembro, janeiro).
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Para resumir, a propagação de rebentos vegetativos é fiel ao tipo, mas não é muito prática
do ponto de vista da propagação em massa e, consequentemente, não satisfaz as grandes
necessidades de material vegetal. As seguintes razões ilustram esta desvantagem:

- A produção de rebento radicular é limitada a um certo período de vida da palmeira (uma


curta fase vegetativa de cerca de 10 a 15 anos);

- Durante esta curta fase, apenas um número limitado de rebentos é produzido (20 a 30
rebentos, no máximo, dependendo da variedade);
- Algumas variedades produzem mais que outras (algumas não produzem rebentos);
- Um espécime maduro sem rebentos será perdido se não for propagado por outra técnica;
- Dependendo dos cuidados dispensados, frequentemente se obtém baixa taxa de
sobrevivência de plantio quando se utilizam rebentos;
- O uso de rebentos aumentará a disseminação de doenças e pragas da tamareira;
- A propagação de rebentos é difícil, trabalhosa e, portanto, cara.
Em comparação com a técnica de propagação por sementes, os rebentos que são gemas
vegetativas axilares, oferecerão as seguintes duas vantagens:
- Os frutos produzidos terão a mesma qualidade da palmeira mãe e garantirão a
uniformidade do produto (fiel ao tipo).
- O rebento radicular dará frutos mais cedo que as mudas seminais ou cultura de tecidos
(por 2-3 anos).

CONDIÇÕES EDAFOCLIMÁTICAS

Condições climáticas:

A tamareira é a espécie frutífera que tolera as maiores diferenças climáticas, mas, ao


mesmo tempo, é a mais exigente em relação a elas, para alcançar um adequado
desenvolvimento e frutificação. Esses fatores climáticos que influenciam o crescimento e
a produção da tâmara são: Temperatura, chuva, umidade, luz e vento. São os fatores
climáticos mais importantes que determinam a adequação de um local específico para o
cultivo da tamareira.
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1-Temperatura. As temperaturas máximas mais altas encontradas nas áreas de cultivo


de tâmaras do mundo são resultado da baixa umidade, grande insolação e longos dias no
verão. Em comparação ao Brasil, observam-se na Tabela 6 os registros de temperatura
em alguns países produtores de tâmara:

Tabela 6. Temperatura máxima e mínima nos países produtores de tâmaras.

Lugar/País Duração do Média máxima de Média mínima


registro (anos) maio a outubro incl. (jan.)
Erfoud/Morrocos 12 36,4 1,3
Muscat/ Arábia Saudita 38,5 15,9
Elche/Espanha 28,2 6,9
Indio/Califórnia; USA 25 37,6 3,7
Petrolina-PE\Brasil 31,31 21,5

O zero da parte vegetativa é de 10 ºC, ao contrário, o crescimento é máximo quando


ultrapassa os 32ºC. Entretanto, a planta pode suportar uma temperatura abaixo de -5ºC se
estiver completamente em repouso, mas requer uma média de 30ºC para o
amadurecimento ideal de seus frutos. Um período de relativa inatividade parece ser
necessário para acumular estoques de carboidratos.

O calor é o elemento mais importante do clima, sendo necessárias temperaturas médias


superiores a 17ºC, de Maio a Outubro, ambos inclusive, para atingir uma integral térmica
de 3000ºC. Por sua vez, os incêndios florestais são um problema comum entre as
plantações dos oásis. Os verões quentes aumentam o risco de incêndios nas plantações
mais abandonadas dos oásis. Muitas vezes as palmeiras não são completamente mortas
pelos incêndios, mas as colheitas são perdidas e leva vários anos para se recuperar.
Incêndios recentes afetaram as plantações em San Ignacio e Mulege, em Baja California
Sur.

2-Chuva. Há controvérsias sobre o efeito da chuva na polinização e frutificação. A chuva


que ocorre logo após a polinização é considerada um agente de lavagem que retira a maior
parte do pólen aplicado. Outro efeito negativo da chuva na frutificação também resulta
das baixas temperaturas que acompanham ou seguem a chuva. Um terceiro fator é a
redução da receptividade da flor quando em contato com a água.
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Os produtores de tâmaras devem assumir que a chuva afetará a polinização/frutificação,


e qualquer operação de polinização imediatamente precedida ou seguida de chuva (4 a 6
horas) deve ser repetida.

A chuva também é responsável por aumentar a umidade relativa do ar criando condições


favoráveis para doenças criptogâmicas que resultam no apodrecimento das
inflorescências. Um leve aguaceiro de primavera com alta umidade relativa, seguido de
temperatura quente imediatamente antes da polinização, causa a doença de Khamedj
(Mauginiella schaetae).

O maior dano causado pela chuva ocorre quando a chuva é precoce ou as tâmaras estão
atrasadas no amadurecimento. De fato, a chuva não danifica seriamente as tâmaras
quando ainda estão no estágio inicial de Khalal, mas tem um efeito benéfico ao lavar
todas as partículas de poeira e areia das frutas. A chuva pode, no entanto, causar severas
lesões e rachaduras nos estágios Kimri e Khalal tardio. Em algumas áreas da Califórnia
(EUA), onde os danos causados pela chuva são frequentes, os produtores de tâmaras
costumam usar papel artesanal para proteger os cachos de frutas. Os estágios Rutab e
Tamar são os mais sensíveis, pois a chuva e a umidade associada causam danos graves,
incluindo apodrecimento e queda do fruto. Chuva ou clima frio que ocorre perto da
colheita também tende a atrasar o amadurecimento.

Vale a pena mencionar que a quantidade de qualquer chuva em particular é menos


importante do que as condições sob as quais ela ocorre (NIXON; CARPENTER, 1978).
Uma chuva leve acompanhada por períodos prolongados de tempo nublado e alta
umidade relativa do ar pode causar mais danos do que chuva forte seguida de tempo claro
e ventos secos.

Variedades de tâmares diferem em sua suscetibilidade à chuva e umidade. Dayri,


Khastawi, Thoory, Khadraoui e Sair, nas condições do Vale Coachella, foram às menos
danificadas das dezesseis variedades (NIXON, 1950). As variedades Zahidi, Khalas e
Barhee tiveram danos médios, enquanto Deglet Nour, Yatima, Hayani e Ghars foram as
mais sensíveis. Tanto as variedades muito precoces (Al Mehtari/Irã) quanto às tardias
(Khissab e Hilali/Iraq) escapam da chuva e, consequentemente, seus frutos não são
afetados.

As chances de chuvas danosas (em agosto, setembro e outubro para o Hemisfério Norte
e janeiro, fevereiro e março para o Hemisfério Sul) em qualquer estação do ano são mais
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importantes do ponto de vista prático. Assim, uma estação pode ser considerada: Boa à
média, se menos de 50 mm de chuva caíram em cada um dos três meses; média a ruim,
se mais de 50 mm de chuva em um dos três meses, ruim, se mais de 50 mm de chuva em
dois dos três meses; e muito ruim, se mais de 50 mm de chuva caíram em cada um dos
três meses (ZAID; DE WET, 2002).

3-Umidade relativa do ar. Dependendo da umidade do ar na localidade de uma


plantação de tamareiras, várias vantagens e/ou desvantagens são encontradas. De fato, o
ecossistema das tamareiras é principalmente de natureza árida, onde a umidade relativa
do ar tem uma grande influência. Ou seja, a produção comercial de tamareiras é limitada
às áreas de clima quente que apresentam umidade continuamente baixa durante a estação
de amadurecimento da fruta.

O crescimento da tamareira é bom em regiões de clima úmido, mas sua colheita pode ser
consideravelmente reduzida e, além disso, os frutos são de baixa qualidade, pois a
tamareira é uma planta heliófila, ou seja, desenvolve-se melhor com grande iluminação.
Na presença de alta umidade do ar, algumas doenças foliares, como a mancha foliar de
Graphiola (Graphiola phoenicis Moug. Poit.), estão se tornando mais prevalentes,
enquanto outras, como o ácaro-da-tâmara (Bou-Faroua), tornam-se raras ou ausentes. Por
outro lado, quando a umidade do ar é baixa, as doenças fúngicas estão ausentes, enquanto
os ataques de pragas e ácaros são dominantes.

A umidade do ar também afeta a qualidade da tâmara durante o processo de maturação.


Em alta umidade, os frutos tornam-se macios e pegajosos, enquanto em baixa umidade
tornam-se muito secos (caso do Norte do Sudão e plantações em terra). Este fenômeno é
reforçado quando a baixa umidade é associada a ventos quentes e secos (chamados Chili
na Tunísia, Chergui no Marrocos, N-W no Iraque, etc.).

Ventos secos e quentes provocam um rápido processo de maturação levando à dessecação


do fruto e ao aparecimento de um anel amarelo ou branco na base do fruto.

Quando a umidade do ar é alta durante a maturação (plantações de tâmaras no Bahrein,


Minab/Irã), a casca da tâmara apresenta vários cortes ou quebras com um escurecimento
das bordas (Ponta Negra), os frutos moles caem no chão e consequentemente perdem seu
valor.
C a p í t u l o I | 139

O número dessas quebras e a maneira como elas ocorrem (longitudinais, transversais ou


irregulares) variam entre as variedades. A lesão na variedade Deglet Nour ocorre
principalmente perto da ponta da fruta.

O efeito acima ocorre apenas quando a alta umidade é experimentada imediatamente


antes do estágio Khalal. Depois que a fruta adquire o estágio Khalal, a lesão não ocorre
mais. Depois que a polpa amolece no estágio de Rutab, a casca não se rompe facilmente
em contato com a umidade, mas a fruta absorve a umidade e tende a se tornar pegajosa e
mais difícil de manusear. Atingido o estágio de Tamar, a umidade do ar causa poucos
danos à fruta, a menos que seja negligenciada.

A maioria das plantações comerciais de tâmaras nos EUA e em Israel não é consorciada
com outras plantas/espécies de árvores frutíferas (cítricos, luzerna, etc.), devido ao efeito
crescente destas no nível de umidade da plantação de tâmaras.

4- Luz. De acordo com Mason (1925), o crescimento de uma tamareira é inibido por raios
de luz na extremidade violeta e amarela do espectro, mas intensificado por raios na outra
extremidade do espectro, ou seja, a luz vermelha. Esses últimos raios são mais ativos na
promoção da fotossíntese.

As nuvens podem reduzir a intensidade da luz, mas, infelizmente, o céu não está nublado
nos países de cultivo de tâmaras durante o período de maturação (julho a outubro no
Hemisfério Norte e fevereiro a maio no Hemisfério Sul).

5-Vento. Em comparação com outras espécies de plantas, a tamareira não apresenta danos
em condições de vento. De fato, a tamareira resiste ao vento forte, quente e poeirento do
verão e, consequentemente, protege as demais culturas, quebrando a força do vento e
abrigando a vegetação mais suscetível (DOWSON, 1982).

O vento é, no entanto, um portador de poeira e areia que adere aos frutos da tâmara em
seu estágio macio (Rutab e Tamar). Quando os frutos estão em seu estágio inicial de
desenvolvimento (verde/Habakouk), manchas endurecidas quase pretas às vezes são
vistas nos frutos por causa do vento batendo os frutos tenros contra as folhas duras.
Entretanto, pequenos rebentos recentemente plantados podem, no entanto, ser facilmente
arrancados por ventos fortes.

Na maioria das áreas de cultivo de tâmara, a última parte da estação de polinização é


geralmente caracterizada por ventos quentes e secos severos que secam os estigmas das
C a p í t u l o I | 140

flores femininas. Ventos frios perturbam a germinação do pólen. Parece, portanto, que as
tempestades de vento seco levam a uma secagem mais rápida dos estiletes, o que diminui
o tempo para o pólen atingir o óvulo (REUVENI et al., 1986). A velocidade do vento
também pode afetar a eficiência da polinização; ventos fracos são benéficos e favorecem
a polinização, enquanto ventos de alta velocidade sopram grande parte do pólen,
especialmente nas palmeiras encontradas nas bordas da plantação. Em alguns casos, o
vento forte também pode quebrar o pedúnculo do fruto da inflorescência (rachis),
bloqueando o movimento dos nutrientes e, finalmente, causando a morte do cacho.
Também foi sugerido que os ácaros são transportados de palma em palma pelo vento.

A queda de uma tamareira velha pode ser causada por vento forte, mas apenas nos
seguintes casos:

- Se a palmeira for muito alta com uma copa grande e crescer em solo raso;

- Se um grande número de ramificações for retirado do tronco de uma palmeira de uma


só vez, deixando a palmeira sem suporte basal; e

- Se os ratos roeram as raízes de um lado da palmeira.

É altamente recomendável que os quebra-ventos sejam plantados um a dois anos antes do


estabelecimento de qualquer plantação comercial de tamareiras. A madeira de corte
(Casaurina cunninghummiana, ou C. glauca) é o quebra-vento mais adequado para a
proteção de uma plantação de tamareiras (Figura 68), pois são tolerantes à seca e ao sal.

Figura 68. Quebra-ventos (Casuarina cunninghamiana) usados para proteção de uma


plantação de tâmaras comerciais (Naute, Namíbia). Foto: Zaid; DE Wet (1989).
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O estado de Baja California Sur é altamente suscetível a furacões e chuvas contínuas nas
épocas de maturação e colheita, causando a queda das palmeiras adultas, e a alta umidade
remanescente favorece o ataque de fungos e a fermentação dos frutos. Além disso, os
furacões às vezes causam intrusão de água salgada em estuários de água doce perto da
costa. Embora as tamareiras e as palmeiras Washingtonia sejam relativamente tolerantes
ao sal, essas intrusões de água salgada podem resultar em níveis de sal no solo altos o
suficiente para enfraquecer ou matar as palmeiras que crescem perto da costa. Este é
principalmente um problema nas culturas dos oásis, particularmente Mulegé. Nos vales
de Mexicali e San Luis Rio Colorado, as chuvas são muito escassas nas épocas de
amadurecimento e colheita da fruta e por isso não apresentam problemas.

Em conclusão, os cinco fatores importantes que determinam a adequação de um local


para a cultura da tamareira são temperatura, chuva, umidade, luz e vento. O efeito desses
fatores sobre o crescimento e produtividade da tamareira deve ser considerado como uma
combinação de todos os fatores e não cada um separadamente.

Além disso, devido à natureza da tamareira, seu crescimento não é tão fácil quanto
algumas outras espécies de plantas e atenção devem ser dadas às seguintes características:

- A tamareira não pode ser classificada como arenosa, nem aquática. Embora
frequentemente encontrada crescendo na areia, suas raízes são caracterizadas por espaços
aéreos semelhantes aos das raízes da bananeira, mas também cresce bem onde a água do
subsolo está próxima à superfície.

- Não é uma verdadeira halófita, apesar de seu crescimento saudável em lugares


extremamente salgados, pois cresce melhor quando o solo e a água são doces.

- Não é xerófita; embora tenha cutícula cerosa espessa, folíolos com as duas metades de
suas faces superiores voltadas para o sol, superfície foliar reduzida, isolamento eficiente
do ponto de crescimento e dos feixes vasculares de seu tronco; requer um abastecimento
abundante de água.

Condições edáficas:

A tamareira prospera em quase todos os tipos de solo, mas os francos arenosos bem
drenados se dão especialmente bem. Os solos arenosos, os solos aluvionais profundos são
os mais indicados para tal cultura (LEPIDI, 1950; SIMÃO, 1971), principalmente para a
região do semiárido brasileiro (NUNES et al., 1989). Também apresenta grande
C a p í t u l o I | 142

resistência à seca e máxima resistência à salinidade. Não tolera bem as geadas, por isso é
cultivada principalmente em áreas costeiras. Mas para evitar possíveis geadas, uma
contribuição de sulfato de potássio e/ou sulfato de magnésio será feita no solo no outono
para obter um endurecimento das plantas.

Portanto, as tamareiras habitam ambientes desérticos severos e permanecem viáveis


mesmo em áreas com solos salinos e sobrevivem por longos períodos com abastecimento
limitado de água (NIXON, 1951; WICKENS, 1998; MAAS; GRATTAN, 1999;
RAMOLIYA; PANDEY, 2003; SANÉ et al., 2005; ELSHIBLI et al., 2016; MÜLLER et
al., 2017). Apesar da alta tolerância ao estresse abiótico, as tamareiras requerem grandes
volumes de água para produzir frutos de padrão comercial e sofrem com menor
produtividade e redução da qualidade dos frutos quando sujeitas a estresse hídrico e salino
(ALHAMMADI; KURUP, 2012; HUSSAIN et al., 2012). As tamareiras podem crescer
em solos de até 12 dS m–1 sem apresentar sintomas de estresse salino (RAMOLIYA;
PANDEY, 2003). No entanto, Maas e Grattan (1999) relataram que para cada unidade de
salinidade crescente acima de 4 dS m–1, a tamareira experimenta um declínio de 3,6% no
rendimento. Por conseguinte, aumentos modestos na salinidade do solo podem ter
impactos mensuráveis na produtividade das culturas (HUSSAIN et al., 2012) e a irrigação
de longo prazo com água salina pode não ser comercialmente viável (TRIPLER et al.,
2007, 2011). Além dos impactos na produção, a salinidade afeta importantes
características agronômicas, incluindo estender o estágio juvenil em 2 anos e retardar o
desenvolvimento dos frutos em adultos (TRIPLER et al., 2007, 2011).

Muitas áreas de cultivo de tamareiras são cada vez mais afetadas por solos salinos
(PITMAN; LÄUCHLI, 2004; MALASH et al., 2008; HAJ-AMOR et al., 2016), seca
(ELSHIBLI et al., 2016), redução dos lençóis freáticos (AL-MUAINI et al., 2019a) e
aumento da salinidade das águas subterrâneas (ALFARRAH; WALRAEVENS, 2018).
Esses fatores tiveram efeitos significativos no cultivo de tamareiras. Por exemplo, nos
Emirados Árabes Unidos (EAU), a salinidade do solo é alta em muitas áreas devido à
irrigação excessiva com água cada vez mais salina, de modo que uma grande porcentagem
de propriedades tem salinidades do solo na faixa de 16–20 dS m–1 (DAKHEEL, 2003).
Isso resultou no declínio da produtividade em áreas afetadas pelo sal e no abandono de
propriedades e quebra de safra em casos graves (DAKHEEL, 2003). Além das
preocupações regionais sobre a produtividade da tamareira, os altos requisitos de uso de
água da tamareira (ou seja, até 210 L por dia por árvore no verão e aproximadamente 1/3
C a p í t u l o I | 143

do uso total de água subterrânea nos Emirados Árabes Unidos; AL-MUAINI et al., 2019a)
estão pressionando as autoridades regionais para moderar as práticas de irrigação e avaliar
o impacto da irrigação de tamareiras com água cada vez mais salina (AL-MUAINI et al.,
2019a, b). Essas preocupações motivam a expansão da pesquisa sobre estresse abiótico
em tamareiras e estabelece as bases para o melhoramento das culturas.

ESCOLHA DA ÁREA

Os fatores críticos a serem considerados durante este exercício de planejamento são


resumidos da seguinte forma:

- Disponibilidade e qualidade da água de irrigação;

- Seleção de campo;

- Ações mecânicas a serem implementadas;

- Necessidades químicas para melhoramento do solo pré-plantio;

- Ferramentas e equipamentos necessários para o cultivo de tâmaras;

- Necessidades de mão de obra;

- Projeto e instalação de irrigação;

- Planejamento de drenagem;

- Abertura de covas;

- Requisitos financeiros e

- Cronograma do tempo.

Seleção de campo. A área selecionada para o estabelecimento do plantio de tâmaras pode


influenciar o custo do preparo da terra a ponto de não ser viável prosseguir com o
desenvolvimento. O objetivo dos autores é destacar as áreas críticas a serem consideradas
na seleção do terreno para o estabelecimento de uma nova plantação de tâmaras.

a. Disponibilidade de água: Embora nem sempre seja realizada, a tamareira requer uma
quantidade bastante grande de água para um crescimento sustentável. Os fatores críticos
em relação à água para fins de irrigação são:
C a p í t u l o I | 144

(i) a sustentabilidade da fonte de água,

(ii) a quantidade de água disponível para irrigação,

(iii) a distância até o campo, e

(iv) a qualidade da água.

b Profundidade do solo: Com o tempo, as tamareiras adultas vão ficar muito altas e
tornam-se pesadas, especialmente durante o estágio de frutificação. Elas, portanto,
precisam de espaço suficiente para o desenvolvimento adequado das raízes para apoiar as
tamareiras. Além da importância do desenvolvimento radicular, a profundidade do solo
também influencia as possibilidades de drenagem e lixiviação. Quaisquer camadas
obstrutivas devem ser avaliadas para determinar se influenciarão o desenvolvimento
radicular e se podem ser corrigidas.

c. Qualidade do solo: As tamareiras podem crescer e produzir em diferentes tipos de solo


em regiões quentes e áridas e semiáridas. A adaptação pode ir de um solo muito arenoso
a um solo argiloso pesado. A qualidade do solo está relacionada à sua capacidade de
drenagem principalmente quando os solos são salgados ou a água de irrigação é
caracterizada com alto teor de sal. Solos arenosos são comuns na maioria das plantações
de tâmaras do velho mundo. Raros casos de solos argilosos (ou seja, Basra-Iraque) com
sistemas de drenagem são encontrados permitindo a cultura de tamareiras. As condições
ideais do solo são encontradas onde a água pode penetrar até pelo menos 2 m de
profundidade. Ao avaliar a qualidade do solo, deve-se atentar para:

(i) a textura do solo que influenciará a capacidade de retenção de água, e

(ii) o teor de nutrientes para determinar as medidas corretivas necessárias para a melhoria
do solo.

d. Salinidade ou acidez do solo: O crescimento das plantas é influenciado por condições


salinas ou ácidas do solo que, no final, resultarão em uma perda de rendimento potencial.

Solos salinos e alcalinos são comuns em plantações de tâmaras e são caracterizados por
uma alta concentração de sais solúveis e sódio trocável, respectivamente. Os sais solúveis
presentes nestes solos pertencem aos cátions: sódio, cálcio e magnésio e aos ânions
cloreto e sulfato.
C a p í t u l o I | 145

Solos salinos têm uma condutividade elétrica (CE) de seu extrato saturado maior que 4
mmhos/cm a 25°C, com uma taxa de absorção de sódio menor que 15 e um pH geralmente
menor que 8,5. Solos salinos podem ser reconhecidos pela presença de uma camada
branca na superfície do solo resultante da alta concentração de sal que pode prejudicar o
crescimento e desenvolvimento da tamareira.

Os solos alcalinos são caracterizados por uma EC do seu extrato saturado inferior a 4
mmhos/cm a 25°C com uma taxa de absorção de sódio superior a 15 e um pH superior a
8,5. Solos alcalinos contêm quantidades prejudiciais de álcalis com o grupo hidroxila -
OH, especialmente NaOH. Estes tipos de solo são geralmente difíceis de corrigir aliados
a uma baixa produção resultante do baixo teor de cálcio e nitrogênio. No entanto,
recomenda-se eliminar o excesso de sódio pela adição de agentes acidificantes (gesso,
sulfato de ferro ou enxofre).

Os solos salinos e alcalinos são geralmente o resultado de:

(i) aumento do nível do subsolo causado por situações de seca excessiva (elevada
evaporação);

(ii) o uso de água com alto teor de sal, e

(iii) sistema de drenagem muito precário.

Onde a tamareira cresce em climas de pouca chuva, mas grande calor e muita evaporação,
a água de irrigação ou inundação evapora rapidamente, e seus sais ficam na superfície do
solo.

A influência negativa das condições salinas são:

(i) alta concentração de sais solúveis;

(ii) pH elevado do solo;

(iii) drenagem e aeração deficientes; e

(iv) o efeito negativo do sódio no metabolismo da planta

Segundo Arar (1975), a tamareira é mais tolerante ao sal do que qualquer outra frutífera.
Sobreviverá em solos contendo 3% de sais solúveis; quando esse teor for superior a 6%,
a tamareira não crescerá. Este autor também estudou a tolerância das culturas e os
requisitos de lixiviação de algumas culturas importantes, incluindo tamareiras. A partir
C a p í t u l o I | 146

desses resultados, fica claro que é possível irrigar as tamareiras com água de salinidade
de até 3,5 mmhos/cm sem redução no rendimento, desde que seja previsto um requisito
de lixiviação de 7%. Uma redução de dez (10) % no rendimento é obtida quando a água
de irrigação tem um teor de sal de 5,3 mmhos/cm e com uma necessidade de lixiviação
de 11%.

PREPARO DO SOLO
Ao estabelecer uma nova plantação de tâmaras, certas ações precisam ser implementadas
para garantir o sucesso da plantação a longo prazo. Uma dessas ações envolve o preparo
inicial da terra que deve ser feito antes do transplante do material vegetal (rebentos ou
plantas derivadas da cultura de tecidos).
O objetivo do preparo do terreno é fornecer as condições de solo necessárias que
melhorem o estabelecimento bem-sucedido dos rebentos jovens ou das plantas de cultura
de tecidos recebidas do viveiro. Considerando a natureza da tamareira, não se pode
“economizar” nessa operação e esperar a sustentabilidade da plantação em longo prazo.
O objetivo é permitir que o produtor de tâmaras planeje e estruture com antecedência o
processo de implantação, garantindo o sucesso do estabelecimento da plantação de
tâmaras. O planejamento faz parte da preparação inicial e ajudará a limitar paradas
desnecessárias durante a fase de implementação.
Preparo do solo: Uma vez selecionada uma área adequada para o estabelecimento da
plantação e finalizada a operação de planejamento, a preparação propriamente dita pode
ser ativada. Essas atividades são divididas para estruturar e dinamizar o processo de
implantação, a fim de estar pronto para o plantio no momento mais adequado, de acordo
com as condições climáticas regionais específicas.
a- Preparação mecânica do campo: A preparação mecânica ou preparo do solo diz
respeito principalmente à preparação de um campo para uma operação mais detalhada,
como instalação do sistema de irrigação, abertura de covas, etc. As ações, se aplicáveis à
área, incluem:
(i) destocamento de arbustos e limpeza do terreno de plantas daninhas;
(ii) remoção de pedras e rochas;
(iii) preparo do solo; e
(iv) nivelamento do solo.
C a p í t u l o I | 147

O preparo do solo para o cultivo da tamareira, quando realizado de forma correta


desempenha um importante papel para o transplantio de rebentos da planta mãe ou de
plantas derivadas de cultura de tecidos e no posterior crescimento e desenvolvimento
lento das plantas, principalmente por se trata de uma espécie perene (Figura 69).

Figura 69. Crescimento lento de plantas de tamareira: Da direita para a esquerda: 3


meses, 6, 9 e 12 meses. Foto: Zaid; De Wet (2002).

Por este motivo, é necessário avaliar sua viabilidade econômica em função de três tipos
de situações: sem preparo, preparo mínimo e preparo total do campo.

Sem preparo. O plantio da área de tamareira poderá ser realizado no início do inverno
com rebentos ou mudas derivadas de cultura de tecidos de 2 anos, as quais são preparadas
no viveiro e, para garantir sua sobrevivência as condições adversas. Altas taxas de matéria
orgânica no solo são recomendadas, e as práticas normalmente seguem as recomendações
para outras culturas. A matéria orgânica pode ser incorporada nos locais de plantio 2-3
meses antes do plantio.

Preparo mínimo. O preparo mínimo do solo para o plantio de rebentos de tamareira (ou
plantas derivadas de cultura de tecidos) poderá ser realizado apenas nas linhas de plantio
com aração mecânica. Se houver necessidade de acesso a equipamentos, uma nova
limpeza de terreno pode ser feita usando um trator para remover plantas grandes junto
com suas raízes. O uso de uma escavadeira pode causar compactação do solo e a aração
profunda subsequente precisa ser realizada após a limpeza do terreno. Sob condições
C a p í t u l o I | 148

médias do solo, uma passada de aração de disco (ou escarificação profunda) seguida de
gradagem é suficiente para atingir a preparação do solo desejada (OSMAN; MILAN,
2006).

Preparo do solo em toda área. A aração e gradagem com o trator podem ser feitas em
toda área a ser cultivada com a tamareira no início da estação úmida, mas tal
procedimento só é viável quando se pretende aproveitar os espaços livres para o plantio
consociado com outras espécies (exemplo da bananeira).

b- Instalação do sistema de irrigação: O tipo de sistema de irrigação a ser utilizado será


determinado pela disponibilidade de água, condições topográficas e do solo. Uma vez
concluída a preparação inicial do solo, em seguida vem à instalação do sistema de
irrigação necessário ao terreno.

ESTABELECIMENTO DO CAMPO: PLANTIO

A própria escavação da cova é uma das últimas ações antes do plantio, mas deve-se
enfatizar que esta não é a preparação final para a operação de plantio em si. Este é o ponto
em que os insumos necessários, como gesso e materiais orgânicos, são inseridos no solo
e é iniciado o programa de lixiviação. A razão pela qual a lixiviação só é aplicada nesta
fase é por causa da área relativamente pequena que é ocupada pela tamareira. Se a área
total tivesse que ser lixiviada, isso se tornaria muito caro com pouco ou nenhum benefício
a longo prazo.

Recomenda-se preparar uma cova de 1 m³ e misturar o solo da cova com o material


orgânico e gesso (Figura 70). A mistura de solo é então colocada de volta no buraco, após
o que o local é claramente marcado para o posicionamento das pequenas tamareiras.
C a p í t u l o I | 149

Figura 70. Terreno sem preparo do solo: a) Cova de plantio de m³; observe que os solos
1/3 superior e 2/3 inferiores são separados e b) Um quadrado de madeira (1 m x 1 m + 1
m de profundidade) para que os trabalhadores respeitem o volume de 1 m³ exigido. Fotos:
P. Klein e A. Zaid (2002).

Marcação e coveamento. Faz-se a marcação com piquetes de madeira, para que possam
ser abertas as covas e realizar o plantio. O espaçamento mais utilizado é o de 10 m x 10
m, totalizando 100 plantas por ha. As covas devem ser abertas com a dimensão de 1 m
em todos os sentidos (comprimento, largura e altura). Estas devem ser enchidas da
seguinte maneira: Uma parte da terra da superfície passa para baixo da cova, coloca-se
10 kg de esterco no meio da cova, misturando com o barro retirado dela (Figura 71). Após
o enchimento da cova, que deve ser feito com antecedência de 15 dias, fazer a adubação
fosfatada e potássica, colocando os adubos na cavidade que irá conter a muda (GUERRA,
1939; SIMÃO, 1971).
C a p í t u l o I | 150

Figura 71. Esquema ilustrativo do preparo da cova. Foto: Nunes et al., 1989.

Nesta fase, uma vez preparado e fechado à cova, procede-se à rega e implementação de
um programa de lixiviação. O abastecimento de água aumentará então a lixiviação de sais
excessivos e contribuirá para o processo de fermentação do material orgânico. A irrigação
subsequente, várias vezes (2 a 3) antes do plantio, também permitirá que o solo misturado
se instale na cova (1 m x 1 m).

Na maioria dos solos, o crescimento precoce e rápido da tâmara é melhor quando as covas
são preparadas um a dois meses antes do plantio. O estrume bem curtido também pode
ser usado em covas preparadas e irrigadas pouco antes da plantação, mas deve-se tomar
muito cuidado para colocar o estrume (e fertilizantes) suficientemente profundo para
permitir que uma camada de solo de pelo menos 15 a 20 cm de espessura seja colocada
entre o estrume e as raízes da planta de tâmara.
C a p í t u l o I | 151

OPERAÇÃO DE PLANTIO

Esta é provavelmente a fase mais crítica no estabelecimento de uma nova plantação de


tâmaras. Erros neste ponto podem levar a uma baixa taxa de sobrevivência de rebentos
ou plantas derivadas de cultura de tecidos, independentemente dos esforços feitos durante
as fases de preparação. O objetivo é auxiliar o produtor de tâmaras a executar a operação
de plantio de forma a garantir uma alta taxa de sobrevivência do transplante na plantação
recém-estabelecida. A operação de plantio é dividida em diferentes atividades que serão
discutidas separadamente.

1. Espaçamento entre plantas: É difícil prescrever um espaçamento definido entre


plantas, mas existem fatores específicos que influenciam o espaçamento, tais como:

- permitir luz solar suficiente quando as palmeiras são altas;

- permitir espaço de trabalho suficiente dentro da plantação; e

- para fornecer espaço suficiente para o desenvolvimento da raiz.

Anteriormente, a suposição geral para uma plantação comercial de tâmaras era usar um
espaçamento entre plantas de 10 m × 10 m (100 palmeiras/ha). No entanto, mudou ao
longo do tempo e um espaçamento entre plantas de 9 m × 9 m (121 palmeiras/ha; Israel)
ou 10 m × 8 m (125 palmeiras/ha; Namíbia), é usado em plantações modernas.

A densidade de plantio também depende de fatores ecológicos (principalmente umidade)


e das variedades. Em geral, as plantações comerciais usam 10 m × 10 m; 9 m × 9 m ou
10 m × 8 m (Figura 72), para todas as variedades, exceto Khadrawy (variedade anã com
copa pequena) que poderia ser plantada em maior densidade. A tendência de plantar mais
perto é encontrada quando o vento predominante é seco e extremamente quente e forte.
O 10 m × 10 m é desejado em áreas onde a umidade durante o período de maturação da
tâmara (Coachella Valley-EUA, Elche-Espanha e Costa da Líbia (Zliten)) é alta
(DOWSON, 1982); Esse espaçamento mais amplo permite que o sol e o vento
neutralizem a influência da umidade. De acordo com Nixon (1933), o espaçamento amplo
também é recomendado sempre que houver perigo considerável de danos causados pela
chuva às tâmaras durante a época de maturação.
C a p í t u l o I | 152

Figura 72. a) Cultivo de tamareira numa grande fazenda em Omã no espaçamento de 9


m x 9 m; e b) Plantio de tamareira no espaçamento de 10 m x 8 m. Fonte: Diwan do
Royal Court DG do Projeto Um Milhão de Tamareiras e Fotos: Hasan Shabana;
Abdulkader Al Sunbol (2007) e Produce Nerd.
C a p í t u l o I | 153

2. Época de plantio. O fator crítico é transplantar as plantas de tamareiras jovens


derivadas de cultura de tecidos ou rebentos naquela época do ano que garantirá uma boa
taxa de sobrevivência e estabelecimento adequado antes do início de uma temporada
"difícil".

Na maioria das regiões de tâmaras do Hemisfério Norte, a primavera e o outono são os


preferidos para o plantio de rebentos ou plantas derivadas da cultura de tecidos. A
primavera evita o frio do inverno e aproveita o clima quente que estimula o crescimento
rápido, enquanto o outono dá aos brotos mais tempo para se estabelecerem antes do calor
do verão. Cada uma das duas estações, no entanto, tem sua desvantagem correspondente;
a primavera, a aproximação precoce do grande calor, e o outono, a aproximação precoce
do frio.

No Hemisfério Sul, a melhor época de estabelecimento é durante o outono


(fevereiro/março) pelos seguintes motivos:

- Os invernos são relativamente livres de geadas,

- Temperaturas de verão muito altas,

- Ventos fortes e secos durante agosto-janeiro, e

- Tempestades de areia durante o verão.

Em áreas sem verões extremamente secos, quentes e com forte geada durante o inverno,
recomenda-se plantar em agosto/setembro ou em época segura da ocorrência de geadas.

3. Estágio de transplante. A pesquisa mostrou que a melhor taxa de sobrevivência de


campo, bem como o desenvolvimento inicial da planta, é obtida quando as plântulas de
cultura de tecidos são transplantadas no estágio de quatro (4) folhas de folíolos. As plantas
recebidas de um laboratório de cultura de tecidos normalmente apresentam apenas folhas
juvenis ou no máximo uma folha de folíolo. Essas plantas são, portanto, muito pequenas
para serem transplantadas para o campo. Portanto, é necessário incluir uma fase de
endurecimento para o desenvolvimento das plantas, que também permite algum tempo
para que as plantas se adaptem às condições climáticas locais. Isso faz com que as plantas
jovens sejam mantidas no viveiro da propriedade por um período (aproximadamente 8-
12 meses), até que o número suficiente de folhas de folíolos se desenvolva antes do
transplante.
C a p í t u l o I | 154

Em um teste de campo no projeto Eersbegin (Namíbia), plantas de cultura de tecidos com


4-6 folhas de folíolos foram transplantadas e os resultados indicaram que o
desenvolvimento inicial da planta, após o transplante, foi melhor quando as plantas foram
transplantadas no estágio com 4 folhas de folíolos do que no estágio de 5-6 folhas de
folíolos. Em relação aos rebentos, é altamente recomendável garantir o seu enraizamento
no viveiro após a separação da planta mãe (pelo menos 10 a 12 meses). Não é
recomendado plantar um rebento diretamente após sua separação.

4. Tempo de plantio e profundidade da cova. O plantio deve ser iniciado sempre no


início da manhã para limitar o estresse das plântulas de tâmara e também para permitir
tempo suficiente para adaptação (do saco plástico ao solo). Os sacos devem ser removidos
com cuidado e a planta, com a maior parte do substrato circundante, deve ser plantada
com cuidado.

O plantio é provavelmente a área onde a maioria dos produtores comete o erro vital de
plantar a planta muito profundamente. A profundidade de plantio é fundamental porque
o "bulbo" da planta nunca deve ser coberto com água. Uma vez que a planta é coberta
com água, o ponto de crescimento apodrece e a planta morre. Se uma planta de tâmara
for plantada muito rasa, suas raízes secarão e morrerão.

A regra de ouro é garantir que o maior diâmetro do bulbo da planta esteja no mesmo nível
da superfície do solo após o transplante e garantir que a água não ultrapasse o topo da
planta de tâmara.

5. Preparação da bacia. Imediatamente após o transplante, uma bacia é preparada ao


redor da palmeira para evitar o escoamento e garantir o abastecimento de água suficiente
para a planta (Figura 73). Ao utilizar um sistema de micro irrigação, recomenda-se ter
uma bacia de aproximadamente 3 m de diâmetro e 20 a 30 cm de profundidade. A bacia
deve ter uma ligeira inclinação para baixo em direção à planta para permitir que a água
alcance o sistema radicular da planta jovem.
C a p í t u l o I | 155

Figura 73. Formação de bacia em redor das mudas plantadas. Observa-se que parte do
bulbo da plântula está acima da superfície do solo e não é coberto por água.

6. Mulching ou cobertura morta. Os benefícios da matéria orgânica são extremamente


importantes no preparo da terra, como parte do desenvolvimento do plantio. A cobertura
morta é feita colocando uma camada de material orgânico (por exemplo, palha de trigo
ou bagana que é palha triturada de carnaubeira) ao redor da base da palmeira. A cobertura
morta da bacia tem as seguintes vantagens:
- Limita a perda de água do solo por evaporação;
- Previne a formação de crostas;
- Permite uma melhor penetração da água no solo:
- Limita o crescimento de ervas daninhas ao redor da planta; e
- Melhora o teor de húmus do solo.

IRRIGAÇÃO

A tamareira (Phoenix dactylifera L.) é uma cultura importante na maioria das regiões
áridas e semiáridas do mundo (ABD-ELGAWAD et al., 2019). Essas regiões são
geralmente caracterizadas pela escassez de recursos hídricos (SHADEED, 2013). Apesar
da escassez hídrica em tais regiões, o uso ineficiente da água ainda prevalece e pode ser
comumente notado nas propriedades que cultivam as tamareiras, os quais são
responsabilizados pelo esgotamento das preciosas fontes de água subterrânea (BAIG et
al., 2020). Em regiões de escassez hídrica, o uso da água de irrigação para a produção
agrícola requer uma adequada transferência de tecnologias e pesquisas inovadoras
(PEREIRA et al., 2002). A produtividade da água deve estar conduzindo a política de
C a p í t u l o I | 156

tâmaras, não a produção de tamareiras (FAO, 2007). Embora a maior produção de


palmeiras de tâmara seja alcançada ao fornecer as necessidades completas de água de
irrigação por métodos tradicionais, a mesma produção pode ser alcançada com aplicação
de água significativamente menor, até 50% menos, usando sistemas de irrigação
modernos (FAO, 2007).

A conservação da água e a maximização da eficiência do uso da água em regiões áridas


e semiáridas por meio de modernas tecnologias de irrigação tornaram-se fundamentais
para a produção agrícola sustentável (DENG et al., 2006). Na maioria das situações
práticas para irrigação de tamareiras e maracujás, a água necessária é calculada com base
na evapotranspiração potencial da cultura (ETc) usando a equação de Penman-Monteith
de evapotranspiração de referência (ETo), que requer dados de clima predominante
(ALLEN et al., 1998). Para converter o ETo em ETc, é necessário um fator de cultura
(Kc), que varia com o estágio de desenvolvimento da cultura (CARR, 2014). O uso da
água da tamareira também pode ser previsto a partir da relação de ETc = 0,95 LI - ETo
onde LI é a luz interceptada pela copa. Portanto, reduções na água de irrigação podem ser
alcançadas por podas foliares intensivas para reduzir a fração interceptada de luz (AL-
MUAINI et al., 2019). Kassem (2007) usou os métodos de uma abordagem de balanço
hídrico do solo e de balanço de energia pela razão de Bowen para calcular o uso anual
real de água na irrigação por gotejamento de tamareiras de 15 anos (cv. Sukariah), ou
seja, 1.640 mm e 1.780 mm, respectivamente. Al-Omran et al. (2018) realizaram um
estudo para estimar as necessidades hídricas das tamareiras em várias regiões do Reino
da Arábia Saudita. As necessidades hídricas, com base na proporção da área cultivada de
tamareira (100 palmeiras ha) para cada ano, variaram de 7.298,9 a 9.495,2 m3. ha.-1. Outro
estudo foi realizado na região Oeste da Arábia Saudita que recomendou 7.300 m3 ha-1 de
água de irrigação para a tamareira (ISMAIL et al., 2014).

As tamareiras são consideradas uma das árvores frutíferas mais importantes do Reino da
Arábia Saudita. O número de árvores é superior a 23 milhões e está aumentando a cada
ano. A produção aumentou para atingir um milhão de toneladas no ano de 2007, pois são
cultivadas em uma área superior a 156.000 ha (MINISTRY OF AGRICULTURE AND
WATER, 2008). A tamareira é resistente à seca e pode suportar salinidade de até 4 dS/m
sem qualquer redução na produtividade (AYERS; WESCOT, 1985). Embora a
profundidade da zona radicular varie entre 1,5 a 2,5 m (DOORENBOS; PRUITT, 1977),
a árvore pode absorver de 65 a 80% de água dentro de uma profundidade da zona radicular
C a p í t u l o I | 157

não superior a 1,2 m (YAACOB, 1996). As tamareiras são geralmente irrigadas por um
sistema de irrigação por bacia que utiliza uma quantidade abundante de água; a
quantidade é geralmente decidida com base na experiência do agricultor. A necessidade
de água da cultura para uma tamareira adulta varia entre 115 e 306 m 3, ou seja, 1,15 a
3,06 m3/ha (ALBAKER, 1972). Se a expansão da agricultura de tamareiras continuar no
mesmo ritmo atual na Arábia Saudita, espera-se que uma grande quantidade de água seja
necessária para irrigar as tamareiras. No entanto, devido aos recursos hídricos limitados
no Reino da Arábia Saudita, é vital usar alguns métodos de economia de água, como os
sistemas de irrigação recentes (irrigação por gotejamento). Portanto, estudos visando
avaliar a necessidade hídrica da tamareira são essenciais e levarão à aplicação precisa da
água de irrigação sem uso excessivo.

Por outro lado, a comercialização de tâmaras requer medidas e arranjos de qualidade para
atender às exigências dos clientes (consumidores). Essas disposições variam de acordo
com vários fatores e condições, em particular a variedade e as técnicas de produção das
tâmaras, das quais a irrigação é a técnica fundamental para o manejo das plantações de
tamareiras (AL-YAHYAI; AL-KHARUSI, 2012; AL-YAHYAI;
MANICKAVASAGAN, 2013).

Os estudos que analisaram os efeitos da irrigação na qualidade são muito limitados. Nesse
sentido, Al-Yahyai; Al-Kharusi (2012) e Al-Yahyai; Manickavasagan (2013) relataram
que o regime hídrico afetou significativamente a qualidade das tâmaras. Por outro lado,
Alihouri e Torahi (2013) mostraram, por meio de um experimento realizado no Irã, que a
frequência de irrigação não influenciou a composição química das tâmaras da variedade
Barhee. Este último resultado também foi citado por Ismail et al. (2014) na Arábia Saudita
na variedade Nabbout-Saifail.

Mesmo assim, a qualidade da tâmara Medjool diz muito sobre o bom manejo cultural da
tamareira. A fim de avaliar o efeito do regime hídrico na qualidade e quantidade de
tâmaras no estágio de Tamar, Sabri et al. (2017) realizaram um ensaio experimental por
dois anos consecutivos (março de 2012 a fevereiro de 2014). Foram aplicados sete
regimes hídricos localizados: regime do agricultor (T0), 100% (T1); 80% (T2); 60% (T3);
80-100-60% (T4); 150% (T5) e 60-100-80% (T6) ETM (Evapotranspiração máxima). As
medições dizem respeito à medição do peso fresco e seco dos frutos, do teor de água, do
rendimento total e da classificação das tâmaras de acordo com as normas gerais de
comercialização da tâmara marroquina. Os resultados mostraram que o regime hídrico
C a p í t u l o I | 158

60-100-80% ETM melhorou qualitativa e quantitativamente o rendimento das tâmaras.


Enquanto o déficit hídrico controlado no limite de 40% tem um efeito significativo na
produtividade da palmeira, aumentando a categoria I em detrimento da categoria Extra.

Reino da Arábia Saudita. A tamareira representa cerca de 74% da área total cultivada
com frutos em todo o Reino da Arábia Saudita (KASSEM, 2007). As tamareiras são
geralmente irrigadas pelo sistema de irrigação por inundação que utiliza uma quantidade
abundante de água. No entanto, a quantidade de água aplicada nas propriedades pelos
agricultores geralmente é baseada em sua experiência (AL-AMOUD, 2010). As
aplicações de métodos tradicionais de irrigação, como a irrigação por inundação, não só
estão colocando mais pressão sobre os já escassos recursos hídricos, mas também são um
desperdício (FAURES et al., 2001; DARFAOUI; AL-ASSIRI, 2010). A adoção de
técnicas modernas de irrigação deve ser enfatizada para aumentar a eficiência do uso da
água. A irrigação por gotejamento e os sistemas de irrigação por gotejamento subterrâneo
são as formas mais eficazes de transportar diretamente água e nutrientes para as plantas e
não apenas economizar água, mas também aumentar o rendimento das culturas.

Por outro lado, os resultados de experimentos de consumo de água de tamareiras na área


de Riad (Arábia Saudita) indicaram que as quantidades médias que foram entregues às
tamareiras por ano foram; 108 m3/árvore (1,08 m/ha), 216 m3/árvore (2,16 m/ha) e 324
m3/árvore (3,24 m/ha) para tratamentos de água correspondentes de 50, 100 e 150% da
taxa de evaporação, respectivamente (AL -AMOUD et al., 2000). A análise econômica
do rendimento para os vários sistemas de irrigação (gotejamento, bacia e borbulhador) no
experimento acima mostrou que o maior rendimento foi para palmeiras irrigadas por
gotejamento do que os sistemas de bacia. As diferenças dentro dos tratamentos de água
foram mínimas, ou seja, o uso de uma quantidade de 108 m 3/ano/árvore é suficiente para
obter a maior eficiência de uso da água para as tamareiras. A comparação entre as
eficiências de uso de água para vários métodos de irrigação (gotejamento, bacia e
borbulhador) em tamareiras mostraram que o sistema de gotejamento tem a maior
eficiência de uso de água seguido pelo sistema de bacia, em seguida, o sistema de
irrigação por borbulhador (AL-AMOUD et al., 2000). A resposta ótima da tamareira à
irrigação por gotejamento se deve à natureza do sistema onde a água é fornecida em um
processo lento por um período de tempo relativamente longo através de emissores. Esse
processo proporciona melhor controle e distribuição da água pelo perfil do solo, de modo
C a p í t u l o I | 159

que as perdas por evaporação e percolação profunda são reduzidas ao mínimo e, portanto,
a tamareira pode aproveitar quase toda a água fornecida.

Conforme Al-Omran et al. (2018) é importante desenvolver uma pesquisa que forneça
informações para determinar as necessidades mensais e anuais de água por tamareira em
oito regiões diferentes da Arábia Saudita, visando especificamente melhorar a gestão da
água de irrigação. As áreas selecionadas para este estudo estão localizadas nas regiões da
Medina (Al Ula), Tabuk (Teimaa), Makkah (Al Jumum), Al Jouf (Sakakah), Riyadh
(Sodos), Qassim (Riyad Al Khabra), Hail (AL Kaedh) e Região Leste (Al Ahsa). As
necessidades de água para irrigação (m 3/ha) após levar em conta a proporção da área
cultivada de tamareira para cada ano foram 9.495,24, 7.340,18, 7.298,93, 8.913,59,
8.614,96, 8.568,68, 7.996,99, 8.510,72 m3/ha, respectivamente, por 100 tamareiras/ha. As
necessidades totais anuais de água de irrigação (m 3/árvore) nestas regiões são 95, 73,4,
73, 89, 86, 85,7, 80, 85 m3, respectivamente, considerando o raio da área sombreada por
árvore é de 3,5 m. A diminuição da necessidade de água da cultura (CRW) em todos os
locais de estudo para cerca de 8.000 m3/ha tem sido relatado por muitos pesquisadores
que é sobretudo atribuída à porcentagem de área sombreada de tamareira. Portanto,
recomenda-se que de uma distância entre árvores de 10 m × 10 m seja alterada na prática
para 7 m × 7 m, a fim de reduzir a estimativa de CRW de tamareiras.

Estudos de análise econômica mostraram a superioridade da irrigação por gotejamento


subsuperficial sobre o sistema de irrigação por aspersão de pivô central. Verificou-se que
o custo total do sistema de irrigação por gotejamento subterrâneo por hectare (incluindo;
investimento, gestão, operação, etc.) é inferior em 30% em comparação com o sistema de
pivô central.

Califórnia - USA. A região desértica da baixa Califórnia é a principal área de produção


de tamareira nos Estados Unidos, com uma área de quase 10.000 acres (Relatório de
Produção Agrícola do Condado de Riverside de 2017 e Relatório de Área de Cultivo mais
recente do Distrito de Irrigação Imperial). Os pomares de tâmaras do “Coachella Valley”
representam cerca de 85% da área total de tamareiras na Califórnia e os 15% restantes
estão no “Imperial Valley”. A indústria de tâmaras da Califórnia está crescendo, e espera-
se que a produção continue a aumentar, já que muitas novas palmeiras foram plantadas
nos últimos anos e/ou estão sendo plantadas.
C a p í t u l o I | 160

Apesar da importância regional e internacional da tamareira e de sua dependência da


irrigação ou de um lençol freático raso para a sobrevivência, relativamente pouca pesquisa
foi realizada sobre as relações hídricas e as necessidades de irrigação da tamareira em
todo o mundo. A falta de informações precisas sobre o uso da água pelas culturas,
juntamente com a viabilidade da micro-irrigação, são as maiores incertezas enfrentadas
pelos produtores de tamareiras no deserto da Califórnia. Embora os produtores de
tamareiras tenham começado a adotar a micro-irrigação, em muitos casos, a irrigação é
baseada em dados desenvolvidos décadas atrás em pomares irrigados por inundação.
Tanto as irrigações por micro/gotejamento quanto por inundação (nas entre fileiras) são
práticas comuns na região, embora os produtores que desenvolveram sistemas de micro-
irrigação em seus pomares prefiram irrigar suas palmeiras por meio de uma irrigação
integrada por micro-inundação durante a estação (MONTAZAR, 2019; Figura 74).

Figura 74. Frutos em tamareiras adultas em Coachella, início de agosto de 2019. Foto:
Aliasghar Montazar (2019).
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A utilização de irrigação por gotejamento, juntamente com estimativas mais precisas do


uso da água pelas culturas e programação de irrigação em pomares de tâmaras, pode ter
um impacto significativo nos problemas de qualidade da água no lago Salton (localizado
no Sul da Califórnia) e na disponibilidade de água do solo, aumentando potencialmente a
sustentabilidade econômica da produção de tâmaras. O desenvolvimento dessas
informações permitirá que os produtores utilizem água e nutrientes de forma mais
eficiente e obtenham ganhos econômicos totais de seus pomares.

Sistemas de irrigação

O tipo de sistema de irrigação é importante e a disponibilidade de sistemas de irrigação


adequados dificilmente atende às necessidades de desenvolvimento agrícola. A água de
irrigação está rapidamente se tornando o principal fator limitante para a produção agrícola
(VIALA, 2008).

As práticas de plantio diferem com base na técnica de irrigação. O abastecimento limitado


de água está forçando a irrigação a recorrer a sistemas pressurizados; no entanto, a
irrigação por inundação é o principal método de distribuição de água. Campos irrigados
por inundação são nivelados com equipamentos a laser, enquanto em áreas desérticas
arenosas, onde a irrigação por inundação é impraticável, não há necessidade de
nivelamento e o uso de irrigação por gotejamento com gotejadores compensados por
pressão permite pequenas encostas e dunas no campo de produção. Em Baja California
Sur, a irrigação em plantações comerciais modernas é feita por sistemas de gotejamento,
enquanto em Coahuila, apenas a técnica de inundação é usada.

Sistema de irrigação por inundação. As tamareiras são geralmente irrigadas por sistema
de irrigação superficial que utiliza muita água de acordo com a FAO (2008). A quantidade
é normalmente decidida pela experiência do agricultor. A necessidade de água da cultura
para tamareiras adultas varia entre 115 m 3 e 306 m3, que é igual a 1,15 a 3,06 m3 h-1 (AL-
AMOUD, 2010). Os antigos pomares de tamareiras em KSA (Reino da Arábia Saudita)
eram irrigados a partir de poços usando métodos de irrigação de superfície, especialmente
bacias e geralmente eram irrigados uma vez por semana no verão e a cada três semanas
no inverno (CARR, 2013). O censo agrícola de 2004-2005 mostra que 96% das palmeiras
são irrigadas usando o sistema de irrigação por inundação (FAO, 2008; Figura 75). Os
valores sugeridos de necessidades de irrigação para tamareiras plantadas em diferentes
partes do Reino da Arábia Saudita variaram entre 39.585 e 72.270 m3/h/ano para irrigação
C a p í t u l o I | 162

por inundação e entre 28.275 e 51.621 m3 h-1/ano para irrigação por aspersão (AL-
AMOUD et al., 2012).

Figura 75. Tamareira adulta irrigada por sistema de inundação em Thermal. Região
desértica da baixa Califórnia, USA. Foto: Aliasghar Montazar (2019).

Embora as tamareiras possam suportar longos períodos de seca sob altas temperaturas,
são necessárias grandes quantidades de água para um crescimento vigoroso, alto
rendimento e frutos de alta qualidade. Sob condições de produção típicas na Califórnia, o
consumo anual de água foi de 1,3 m (FURR; ARMSTRONG, 1956). A maior parte foi
dos 2 m superiores do solo, o que coincidiu com a distribuição das raízes. Ressalta-se que
este estudo foi realizado com ‘Khadrawy’, uma cultivar de pequena estatura que
provavelmente teria menor consumo de água do que cultivares de maior porte. Em
condições semelhantes, a aplicação de excesso de água não aumentou a taxa de
crescimento das tamareiras nem a produção de frutos; no entanto, a retenção de água
durante os meses de verão diminuiu a taxa de crescimento das árvores e diminuiu o teor
de umidade do fruto (REUTHER; CRAWFORD, 1946). A irrigação por inundação é a
C a p í t u l o I | 163

forma mais antiga de irrigação e ainda é usada em muitas áreas. Aspersores,


microaspersores e irrigação por gotejamento são frequentemente usados em plantações
mais recentes (ABDUL-BAKI et al., 2002).

Vale ressaltar que o objetivo da irrigação é o estabelecimento e manutenção de um ciclo


úmido para seco, mas úmido para seco na camada superior de 24” (61 cm) do solo. A
dificuldade número 1 que causa “problemas” com a variedade Medjool no local são as
condições de inundação na superfície. Onde a superfície permanece constantemente
molhada, a variedade Medjool não se sairá bem, portanto, se o seu lugar de plantio estiver
constantemente molhado na superfície, é melhor selecionar uma espécie diferente. Um
lençol freático alto que atinge até 24” (61 cm) abaixo da superfície não é um problema
para esta espécie; os problemas só ocorrem se o lençol freático estiver dento dos limites
de 24” (61 cm) da superfície.

Sistema de irrigação Borbulhador. A irrigação borbulhante é uma versão modificada


do sistema de irrigação por gotejamento para plantações de pomares; a poderosa
utilização do sistema de irrigação borbulhador continuou o trabalho de melhorar o projeto
do sistema que pode ser dependente em diferentes condições (RAWLINS, 1977). É
composto por uma fonte de água, uma unidade de bombeamento, um tanque de mistura,
linha principal, várias linhas secundárias, laterais, borbulhadores, etc. (SOOTHAR et al.,
2015). O layout do sistema é o típico de todos os sistemas pressurizados. Consiste em
uma unidade simples de controle principal sem filtros e instrumentos de fertilizantes. A
rede e as sub-redes são geralmente tubos rígidos de PVC enterrados, com hidrantes
subindo no subsolo. Os coletores e laterais também são muitas vezes tubos de PVC
sólidos enterrados. Os borbulhadores são colocados acima do solo e associados às laterais
com um pequeno tubo flexível subindo na superfície, ou podem ser encaixados em
pequenos tirantes de PVC associados às laterais enterradas (PHOCAIDES, 2000). Os
gotejadores produzem uma vazão máxima de 9,45 litros por minuto para cada lateral,
sendo imprescindível o controle da água de irrigação através de alguns métodos de
conservação de água, como os sistemas de irrigação por gotejamento (AL-AMOUD,
2008). Amiri et al. (2007) estudaram a resposta da tamareira (cultivar Zahdi) sob três
diferentes sistemas de irrigação: bacia, borbulhador e aspersão. Eles descobriram que
houve uma expansão no crescimento com um incremento na água e que o sistema de
irrigação borbulhador é o melhor (Figura 76). Em outra investigação, eles obtiveram da
irrigação por borbulhador melhor desempenho em comparação as irrigações por bacia e
C a p í t u l o I | 164

por aspersão (IBRAHIM et al., 2019). A vantagem dos borbulhadores sobre a irrigação
por bacia está em fornecer à cultura uma necessidade hídrica satisfatória. Esses resultados
estão compatíveis com os obtidos por Bhardwaj et al., 1995; AL-Amoud et al., 2000;
Amiri et al., 2007. O sistema de irrigação borbulhador foi satisfatório para o que foi
projetado em termos de uniformidade de distribuição, pois a uniformidade de distribuição
variou em 92,6% para as laterais e 93,9% para todo o sistema e os resultados indicaram
que cerca de 30,94% de água foi economizada no método de irrigação borbulhador
quando afrontado com o método de irrigação por bacia (SOOTHAR et al., 2015).

Figura 76. Irrigação da tamareira por sistema de gotejamento pelo método borbulhador.
Foto: FAO.

Sistema de irrigação por gotejamento de superfície. Reuveni (1971) estudou o impacto


de um gotejamento em comparação com a irrigação por aspersão no crescimento e
rendimento de tamareiras; ele descobriu que a irrigação por gotejamento tem vantagens
definitivas sobre a irrigação por aspersão, pois a árvore irrigada com irrigação por
gotejamento pode ser cultivada com o volume limitado de solo molhado (Figura 77). Os
resultados também mostraram que as tamareiras irrigadas com irrigação por gotejamento
apresentam uma expansão aceitável em folhas, flores e frutos em comparação com
aquelas irrigadas por sistema de aspersão (NIMAH, 1985). O sistema de irrigação por
gotejamento ganhou popularidade nos últimos anos devido aos benefícios obtidos com a
minimização da erosão do solo, distribuição uniforme da água, minimização do custo de
C a p í t u l o I | 165

mão de obra, variação na oferta, redução do risco de doenças. Além disso, pode ser
operado em pressão mais baixa do que outros tipos de irrigação pressurizada, o que
resultou na redução dos custos de energia (SIVANAPPAN, 1998).

Figura 77. a).Irrigação da tamareira por sistema de gotejamento usando o método do


emissor de orifício e de mangueiras com orifícios em redor da planta. e b). Pomar de
tamareira adulta equipada com irrigação de gotejamento (tubulação suspensa por arames,
tendo em cada palmeira uma mangueira que faz conexão com o solo) em Coachella,
região desértica da baixa Califórnia, USA. Fotos: FAO e Aliasghar Montazar (2019).

A produtividade de palmeiras irrigadas por gotejamento foi significativamente maior do


que aquelas irrigadas por aspersores (AL-AMOUD et al., 2000). A comparação deste
sistema com os sistemas de irrigação de superfície e aspersão demonstra que há mais
vantagens em relação aos demais (HAMDY et al, 2003).
C a p í t u l o I | 166

Sistema de irrigação por gotejamento subsuperficial (SDI). A definição de irrigação


por gotejamento subsuperficial está relacionada à irrigação por gotejamento, mas o
sistema está abaixo da superfície do solo. Rodríguez-Sinobas e Gil-Rodríguez, 2012
mencionaram que o SDI era referido como sub-irrigação e irrigação subsuperficial e
algumas vezes referido como gestão do lençol freático. O sistema de irrigação por
gotejamento subsuperficial (SDI) é a abordagem de irrigação recente e é considerada a
melhor técnica para irrigar culturas agrícolas e paisagem rural (KALFOUNTZOS et al.,
2007). A estrutura e textura do solo e o padrão de melhoramento das raízes da cultura são
considerados no projeto do SDI (PATEL; RAJPUT, 2009). Há um aumento no
rendimento e uma economia considerável de água em comparação com o método
convencional de irrigação por gotejamento. Além disso, houve um grande aumento na
eficiência do uso da água (AL-AMOUD, 2010). Phene (1995) e Elmaloglou et al. (2010)
também relataram que os sistemas DI (gotejamento superficial) e SDI (gotejamento
subsuperficial) podem aumentar a eficiência do uso da água somente se o sistema for
projetado para atender às condições do solo e da planta.

Comparando o sistema SDI com o DI tradicional e o sistema de irrigação por aspersão, o


uso geral de água é reduzido em 50% em relação ao sistema de irrigação por aspersão e
30% em comparação com o sistema de irrigação por gotejamento convencional. Notou-
se também que a produção aumentou em um percentual que varia entre 30 a 70% em
relação ao sistema de irrigação superficial (BARTH, 1995).

Sob os climas áridos e semiáridos, onde as chuvas são mínimas e a temperatura do ar é


alta, isso resultará em um grande aumento na taxa de evaporação da superfície do solo
que resulta no acúmulo de sal na camada superior do solo onde se concentram raízes
ativas que por sua vez leva à redução do rendimento. Para minimizar o acúmulo de sal
causado pela evaporação, é possível aplicar o sistema de gotejamento subterrâneo para
lavar os sais além da zona da raiz. Este método foi aplicado com sucesso, em árvores
adultas de pera, onde as laterais de subsuperfície foram colocadas a profundidades de 30
e 60 cm abaixo da superfície do solo (ORON et al., 1995). Outros experimentos em
sistemas subsuperficiais porosos mostraram que a pressão de trabalho tem uma clara
influência no desempenho dessas tubulações, onde o melhor desempenho foi observado
em uma pressão de operação não inferior a 80 kPa e não superior a 150 kPa
(MOHAMMED, 1998).
C a p í t u l o I | 167

De acordo com Al-Amoud et al. (2000), a comparação da eficiência do uso da água entre
diferentes métodos de irrigação da tamareira (gotejamento, inundação e microjato)
mostrou que o sistema de irrigação por gotejamento é o mais eficiente, seguido pelo
sistema de irrigação por inundação e microjato. Por outro lado, a irrigação por
gotejamento subsuperficial representa a recente melhoria da irrigação, pois evita, ou na
maioria dos casos, reduz significativamente as perdas por evaporação direta, escoamento
superficial e percolação profunda (HANSON; MAY, 2007; SAFI et al., 2007). Assim, a
irrigação por gotejamento subsuperficial é considerada a maneira mais eficaz de fornecer
água e nutrientes diretamente às plantas e aumentar a produtividade das culturas
(TIWARI et al., 1998; THOMPSON et al., 2002; THOMPSON et al., 2003; DOUH;
BOUJELBEN, 2010).

Camp (1998) revisou os resultados de alguns trabalhos anteriores que compararam o


rendimento das culturas tanto em subsuperfície quanto em outros diferentes métodos de
irrigação superficial. Ele concluiu que os rendimentos das culturas para sistemas de
gotejamento subterrâneo foram iguais ou melhores do que os outros sistemas em todos os
casos, incluindo diferentes culturas, solos e condições de cultivo. Enquanto Barth (1995)
comparou o sistema de irrigação por gotejamento subsuperficial com o sistema
tradicional de irrigação por gotejamento superficial e sistema de irrigação por aspersão,
os resultados mostraram que o uso geral de água é reduzido em 50% em comparação com
o sistema de irrigação por aspersão e 30% em comparação com o sistema de irrigação por
gotejamento superficial tradicional. De outro modo, Hassanli et al. (2009) compararam
três métodos de irrigação, tais com: gotejamento tradicional (superfície), gotejamento
subsuperficial e irrigação por sulcos. Os resultados mostraram que a quantidade máxima
de água com maior eficiência de uso foi obtida do sistema de irrigação subsuperficial.

As tamareiras foram irrigadas separadamente com irrigação por gotejamento superficial


(DI) e irrigação por gotejamento subsuperficial (SDI) durante o período de estudo
realizado por Dewidar et al. (2016). O sistema de irrigação consistiu em unidade
principal, tubos de polietileno de saída principal e sub-principal de 75 e 63 mm de
diâmetro, respectivamente (Figuras 78 e 79). A linha principal foi conectada à
subprincipal que conduz a água para as subáreas através das laterais. As laterais para os
sistemas SDI e DI tinham 32 mm de diâmetro. Os gotejadores/emissores foram colocados
na superfície do solo (DI) ou enterrados a 40 cm de profundidade do solo (SDI) em anéis
C a p í t u l o I | 168

concêntricos ao redor das tamareiras. As trincheiras foram escavadas e revestidas


manualmente.

Figura 78. Esquema dos principais componentes do sistema de abastecimento de água e


irrigação. Foto: A. Z. Dewidar et al. (2016).

Figura 79. Irrigação da tamareira por sistema de gotejamento subsuperficial, onde os


emissores de orifício estão enterrados no solo.
C a p í t u l o I | 169

No cultivo de tamareiras, a produtividade da água da cultura (crop water productivity -


CWP) de um sistema de irrigação por gotejamento subsuperficial foi muito maior do que
um sistema de irrigação por borbulha, embora o método SDI (surface drip Irrigation)
tenha um custo adicional, mas que é econômico a longo prazo (DHEHIBI, 2018). A
redução da quantidade de água de irrigação em 49-53%, juntamente com o aumento da
produtividade da tamareira de 45-49%, foi observada usando um sistema de irrigação por
gotejamento subsuperficial (subsurface irrigation system – SSI) de baixa flexibilidade em
comparação com tubos de média e alta flexibilidade em um sistema de irrigação
subsuperficial (AHMED, 2011). Da mesma forma, irrigação deficitária em intervalos de
100 mm de evaporação resultou no maior peso do cacho, rendimento e WUE (water use
efficiency) sem qualquer degradação das propriedades qualitativas dos frutos da tamareira
(cv. Mazafati) (ALIKHANI-KOUPAEI et al., 2018). Da mesma forma, também é
relatado que a irrigação por gotejamento profundo leva a uma melhoria notável na
qualidade dos frutos e no rendimento comercializável, além do aumento da WUE (water
use efficiency) de 1,55 kg m/3 de tamareira sob um sistema de irrigação por gotejamento
profundo e solo coberto (mulching) em comparação com um sistema de irrigação com
borbulhador de superfície (surface bubbler irrigation - SBI). e sem mulched no solo
(SADIK et al, 2018). O desenvolvimento de novas tecnologias de irrigação é imperativo
para garantir o uso eficiente da água de irrigação em regiões áridas. O novo sistema SSI
(subsurface irrigation system - SSI) foi construído para fornecer eficientemente a água de
irrigação diretamente à zona funcional da raiz da palmeira. Assim, fornece um meio de
economizar água de irrigação, reduzindo a evaporação e a infiltração em zonas radiculares
não absorventes.

Tal sistema é caracterizado pela simplicidade da instalação ao redor da palmeira.


Necessita apenas de uma cova com 20 cm de diâmetro e 40 cm de profundidade e quatro
unidades de irrigação ao redor da tamareira. Ou seja, o sistema de gotejamento
subsuperficial (subsurface irrigation system – SSI) consiste de um recurso hídrico,
unidades de irrigação subterrânea, bomba elétrica, caixa d'água, tubulação de distribuição,
sublinhas, linhas laterais e vários tubos de distribuição. Quatro unidades de irrigação
subterrâneas foram enterradas ao redor da tamareira dentro de um círculo de 1,40 m de
diâmetro (AHMED-MOHAMMED et al., 2020; Figura 80).
C a p í t u l o I | 170

Figure 80. Instalação do sistema de irrigação subsuperficial na zona radicular da


palmeira. Foto: Maged Elsayed Ahmed Mohammed et al. (2020).

É importante destacar que o estresse das plantas devido à irrigação atrasada e limitada
geralmente leva a perdas econômicas de rendimento. Em muitos países produtores de
tamareiras, a irrigação por inundação ainda é popular, apesar de sua baixa eficiência para
conservar a água, particularmente em solos arenosos (ZAID; ARIAS-JIMENEZ, 2002;
AL-AMOUD, 2010). A produtividade e qualidade de frutos de tamareiras de 17 anos
submetidas a diversos sistemas de irrigação revelaram diferenças substanciais entre essas
C a p í t u l o I | 171

características. No entanto, a adoção de um sistema de irrigação por gotejamento


subsuperficial (subsurface irrigation system – SSI) mostrou um aumento notável no
rendimento de até 163 kg por palmeira -1, e uma diminuição no consumo de água em
comparação com a irrigação por gotejamento superficial (surface drip Irrigation) (AL-
AMOUD, 2006). Em outro estudo, foi revelado que o sistema de irrigação por
gotejamento subsuperficial aumentou substancialmente o rendimento da tamareira,
reduziu a necessidade de água de irrigação e melhorou o WUE (water use efficiency) em
comparação com a irrigação por gotejamento superficial (AL-AMOUD, 2010). Também
foi relatado que o rendimento da tamareira foi 25-60% maior devido a um aumento no
WUE usando um sistema de irrigação por gotejamento subsuperficial (AL-AMOUD,
2010; AHMED et al., 2011; AL-AMOUD et al, 2012). Da mesma forma, Alikhani-
Koupaei et al. (2018) obtiveram maior produtividade de tamareiras em intervalos de
irrigação de 70% ETc.

Estudos de análise econômica mostraram a superioridade da irrigação por gotejamento


subsuperficial sobre o sistema de irrigação por aspersão de pivô central. Constatou-se que
o custo total para o sistema de irrigação por gotejamento subterrâneo por hectare é inferior
em 30% em comparação com o sistema de pivô central (DHUYVETTER et al., 1994).

Método do Tanque de Classe A para calcular as necessidades de água de tamareira

Desde os primeiros tempos, diferentes métodos foram usados para calcular as


necessidades de água de diferentes culturas. Como resultado, vários métodos foram
desenvolvidos e adotados para tamareiras. Alguns desses métodos são mais precisos do
que outros e alguns mais convenientes de usar do que outros, devido à disponibilidade de
informações para o local onde as tamareiras serão plantadas. A seguir, o exemplo do
método do tanque classe A:

ETP\ Tanque de Classe A: o método é simples e consiste na utilização de um tanque de


evaporação direta, cheio de água, onde são feitas medidas em milímetros da água
evaporada entre uma leitura e outra. Em Israel, EUA e África Austral, o método de
evapotranspiração/Tanque de Classe A é frequentemente usado porque as informações
necessárias estão prontamente disponíveis.
C a p í t u l o I | 172

Tanque Classe A. Dentre os vários métodos existentes para o manejo da irrigação, o do


tanque classe A tem sido amplamente utilizado em todo o mundo, devido, principalmente,
ao seu custo relativamente baixo, à possibilidade de instalação próximo da cultura a ser
irrigada e à sua facilidade de operação, aliado aos resultados satisfatórios para a
estimativa hídrica das culturas. O tanque de evaporação classe A é cilíndrico (Figura 81),
com diâmetro de 121 cm e 25,5 cm de profundidade, construído de material galvanizado
(calibre 22), e montado sobre uma plataforma de madeira aberta, de 15 cm de altura.
Deve-se completá-lo com água até 5 cm da borda e o nível da água não deve baixar além
de 7,5 cm desta. A água deve ser renovada regularmente para eliminar as impurezas.
Normalmente, é dotado de parafuso micrométrico, com capacidade para medir variações
de 0,02 mm, localizado em poço tranquilizador. O local para instalação deve ser
preferencialmente gramado (20 m x 20 m), com abertura nas laterais da plataforma para
permitir a livre circulação do ar.

Figura 81. Tanque classe “A” (a), poço tranquilizador e parafuso micrométrico (b),
utilizados na medição da evaporação. Foto: Francisco José de Seixas Santos.
C a p í t u l o I | 173

Para medir a evaporação, coloca-se uma régua graduada (começando do zero) dentro do
tanque alternativo e efetua-se a leitura. O volume evaporado é obtido por meio da
subtração entre os valores da leitura do dia anterior e do dia da medida. Os valores
registrados podem ser anotados em uma tabela, possibilitando a obtenção de valores da
evaporação diária, mensal e anual e valores médios.

Necessidades hídricas. Para se obter a evapotranspiração de uma cultura utiliza-se a


equação:

Etc = Eto . Kc (1)

onde Etc é a medida diária da evapotranspiração da cultura (mm.dia-1);

Eto é a evapotranspiração potencial de referência (mm dia-1) estimada ou medida


diariamente;

e Kc é o coeficiente da cultura.

Como a maioria dos efeitos ambientais é incorporada na estimativa de Eto, a mesma


representa os índices da demanda climática, enquanto Kc varia predominantemente com
as características específicas da cultura, com limitada influência da atmosfera. Isto torna
possível a utilização dos valores médios de Kc para diferentes locais e climas, sendo esta
a razão básica para a aceitação global e a utilidade da aproximação do coeficiente de
cultivo. O Kc é, basicamente, a razão entre a Etc e Eto, representando a integração dos
efeitos de quatro características primárias que distinguem as culturas da grama utilizada
como referência: altura da cultura, albedo da superfície cultura-solo, resistência do dossel
da folha, e evaporação do solo.

A Tabela 7 mostra com mais detalhes os cálculos feitos para prever as necessidades
hídricas das palmeiras para os 12 meses do ano e usando diferentes métodos de irrigação
para Naute- Namíbia. (Observe que isso é para o período de colheita do Hemisfério Sul,
de março a abril).
C a p í t u l o I | 174

Tabela 7. Necessidades de água para tamareiras em Naute, Namíbia (Tanque Classe A).

Fonte: Liebenberg e Zaid (1989).


Irrigação por Inundação ® h = 60%
Microirrigação ® h = 85%
Irrigação por Gotejamento ® h = 90%
i Kc- Esta é uma estimativa de acordo com algum estudo documental de P.J. Liebenberg e A. Zaid (1989).
ii Kc- Use este fator de corte somente para cálculos de tanque de evaporação classe A.

A Eto pode ser determinada tanto a partir de dados meteorológicos, como de medidas de
tanques de evaporação. A taxa de evaporação a partir de tanques é facilmente obtida, e a
evaporação do tanque classe A (EV) é relacionada com Eto por meio do coeficiente do
tanque (Kp)
Eto = Kp. EV (2)
Onde, EV é a evaporação obtida no tanque classe A (mm dia-1);
e Kp é o coeficiente do tanque.
Usando-se as equações (1) e (2) pode-se definir:
Ki = Kc. Kp (3)
Etc = Ki . EV (4)
Onde, Ki é o coeficiente de irrigação.

As necessidades hídricas da tamareira devem ser estudadas na Região Nordeste


(semiárido brasileiro), em razão de ser a região com clima mais adaptado para tal cultura.
C a p í t u l o I | 175

Efeito da deficiência de água de boa qualidade para irrigação

Todo o Oriente Médio enfrenta diversos desafios hídricos, mas para o próprio GCC
(Conselho de Cooperação do Golfo), a ameaça número um é a escassez. A água nos
Estados Árabes não é renovável. A natureza arenosa da maioria dos solos aliada à alta
drenagem aumenta as perdas por lixiviação e reduz a capacidade de abastecimento de
água dos solos. A fonte de água difere de país para país. Alguns, como o Egito e o Iraque,
dependem principalmente das águas superficiais de grandes rios universais. Outros, como
o Iêmen e os Estados Árabes dos países do Conselho de Cooperação do Golfo, dependem
quase de águas subterrâneas e dessalinizadas, enquanto outros usam uma combinação de
águas superficiais e subterrâneas.

No caso do Egito, um dos principais países produtores de tamareiras, também enfrenta


grandes desafios devido aos seus recursos hídricos limitados representados
principalmente por sua parcela fixa da água do Nilo e sua característica de aridez. Devido
à escassez de água de boa qualidade, o uso de água salina compartilha muito alto na
irrigação de tamareiras porque a noção geral é que a tamareira é uma árvore tolerante ao
sal.

No entanto, esta afirmação empirica não pode ser aceita como base porque estudos
indicam que as perdas de crescimento e produtividade da tamareira começam a ocorrer
na condutividade elétrica (EC) da água de 4-6 dS m-1 dependendo do potencial varietal,
textura do solo, drenagem e fatores climáticos. Os valores de EC da água para perdas de
rendimento de 10, 25 e 50 % foram relatados como 4,5, 7,3 e 12,2 dS m -1, enquanto EC
do solo para a mesma magnitude de perdas foram 6,8, 11,0 e 18,0 dS m -1. Os estudos de
avaliação de qualidade indicaram que a maior parte das águas subterrâneas é salina e que
há perigo oculto de efeitos negativos no crescimento e produtividade das tamareiras
(HUSSAIN, 2010).

Na Jordânia, as produtividades de água ao longo de um ano caíram de 1,25 para 0,64 kg


m−3 à medida que a quantidade de água de irrigação aplicada aumentou (50, 75, 100 e
125% ETc). Os rendimentos correspondentes de frutas frescas foram de 34, 36, 38 e 43
kg árvore−1 (BARREVELD, 1993; MAZAHRIH et al., 2012). No entanto, Al-Amoud et
al. (2000) determinaram o rendimento médio de 173 kg árvore−1 em todas as combinações
de tratamento ao longo de quatro anos. As árvores irrigadas com gotejamento superaram
C a p í t u l o I | 176

as irrigadas pelos outros dois métodos em alguns anos, mas não em todos (geralmente em
cerca de 20%).

Plantações de tamareiras não irrigadas (cultivo de sequeiro)

A profundidade das águas subterrâneas é principalmente inferior a 12 pés (3,65 m) nestas


áreas onde as árvores maduras dependem das águas subterrâneas rasas e não são irrigadas
(Figura 82). As tamareiras podem facilmente estender suas raízes para acessar as águas
subterrâneas.

Figura 82. Plantações de tamareiras não irrigadas no Baluchistão que dependem de águas
subterrâneas rasas. Foto Adel A. Abul-Soad (2010).

A introdução de sistemas de irrigação para suplementar as plantações de tamareiras, seja


na Bacia do Rio Sindh ou áreas desérticas no Baluchistão, com as seguintes irrigações:
gotejamento, aspersão ou microirrigação. No entanto, a gestão da água terá que levar em
conta o nível de habilidades disponíveis e exigirá capacitação e orientação dos produtores.
Comunidades de agricultores podem ser organizadas para o benefício coletivo dos
produtores, e os técnicos de extensão rural também deverão ser envolvidas para organizar
C a p í t u l o I | 177

tal capacitação, produção e comercialização, e para resolver conflitos entre os produtores


locais de tamareiras (ABUL-SOAD, 2011).

CONSORCIAÇÃO

A tamareira é uma cultura importante de Sindh, crescendo principalmente nos distritos de


Khairpur e Sukkur (Paquistão). Quase 85% das tâmaras Sindh são produzidas apenas em
Khairpur. Em Khairpur, o benefício máximo foi alcançado através do consórcio de outras
culturas sob a copa das árvores (temperatura superior a 50 oC no verão). As tamareiras
permitem que outras espécies como milho, banana, mandioca, inhame, abacaxi,
amendoim, melancia, melão, abóbora ou as leguminosas para adubação verde
(preferencialmente utilizar culturas temporárias) prosperem em termos de crescimento
(Figura 83). Algumas dessas espécies precisam de luz solar plena, como arroz, trigo, etc.
e irrigação frequente. Subsequentemente, a distância entre as tamareiras adultas foi
aumentada para atingir 30 pés (9,14 m) para permitir a penetração da luz nessas culturas
de cereais. A produtividade de árvores adultas não houve nenhuma diminuição
significativa. As tamareiras recém-estabelecidas de 3-4 anos influenciaram
dramaticamente. A irrigação por inundação causou a entrada de água no interior de
árvores jovens, consequentemente ocorreu infecção fúngica com a doença Diplodia.

Figura 83. Consorciação de culturas de arroz e banana sob a copa da tamareira em


Khairpu (Paquistão). Fotos: Abul-Soad A. A., 2010.
C a p í t u l o I | 178

Não há contradição entre a tamareira e as espécies consorciadas quanto à aplicação de


fertilizantes. Os produtores costumavam ignorar qualquer aplicação de adubo na palmeira
enquanto aplicam em outras espécies consorciadas. A tamareira pode responder
positivamente à adição lateral de fertilizantes orgânicos e inorgânicos, mas os melhores
sistemas de irrigação são em intervalos longos com irrigação intensa.

Além disso, a suspeita de que intervalos curtos com irrigação frequente e encharcamentos
podem ser uma das razões que causam a doença do declínio da tamareira em Khairpur no
Paquistão, onde o cultivo consorciado é uma prática comum. A água persistente pode
aumentar o patógeno do solo de Fusarium solani, consequentemente irá infectar as
árvores. O consórcio com culturas frutíferas, como banana, citrinos, etc., é preferível em
relação às culturas anuais, tais como: cereais e milho, que requerem suplementação
frequente de água.

ADUBAÇÃO

A fertilização é necessária para a tamareira melhorar o crescimento geral da planta,


prolongar a longevidade das folhas e melhorar o rendimento da tamareira. A deficiência
de nutrientes pode afetar o crescimento da tamareira e os sintomas podem ser facilmente
observados. A boa saúde da tamareira pode reduzir as infestações por insetos e pragas. É
aconselhável aplicar os fertilizantes orgânicos e fosfatados como uma aplicação de
fundação. Elementos de nitrogênio e potássio devem ser divididos em 3-4 aplicações,
começando no início da estação de floração (janeiro-fevereiro) e repetidas a cada 2 meses
até a colheita de tâmara. O fertilizante orgânico é uma das fontes mais importantes de
infecção quando não é tratado termicamente (bem curtido). Ovos e larvas de insetos
podem ser transportados por adubos orgânicos.

As tamareiras geralmente são fertilizadas, embora em muitos casos apenas com


nitrogênio (NIXON; CARPENTER, 1978). As respostas à fertilização são inconsistentes
e provavelmente dependem da cultivar, tipo de solo e outros fatores. Por exemplo, nos
Estados Unidos, Furr e Cook (1952) amostraram ‘Deglet Noor e ‘Khadrawy’ e relataram
que as concentrações de N eram maiores nas folhas de árvores fertilizadas em comparação
com árvores não fertilizadas. No entanto, não houve correlação consistente com a
produtividade tanto da adubação quanto dos níveis foliares de N. Houve uma aparente
resposta fraca da vareidade 'Deglet Noor', mas nenhuma foi observada com 'Khadrawy'.
C a p í t u l o I | 179

Labanauskas e Nixon (1962) amostraram palmeiras saudáveis e em declínio, mas não


notaram diferenças significativas nas concentrações de nutrientes. Os valores relatados
para a maioria dos elementos foram inferiores aos estabelecidos para citros. As
concentrações de nutrientes da folha de palmeira publicadas de vários países são
inconsistentes, mas geralmente mostram baixas concentrações de N em comparação com
outras culturas perenes. Curiosamente, as concentrações de tamareiras cultivadas nos
Estados Unidos e recebendo altos níveis de N têm sido consistentemente mais baixas do
que as relatadas para tamareiras no Oriente Médio e Norte da África (KRUEGER, 2001).

A fertilização é fornecida principalmente para N-P-K, em doses entre 2 e 2,5 kg de


nitrogênio, 0,5 kg de fósforo e 6 kg de potássio para uma planta adulta por ano. Em solos
arenosos, o fertilizante é fornecido por meio de sistemas de irrigação (fertirrigação por
gotejamento; Figura 84), e são amplamente utilizados aditivos para melhorar a retenção
de água no solo. As áreas de produção orgânica são pequenas, mas estão aumentando
lentamente. Várias propriedade estão sendo certificadas, pois o mercado desta categoria
de produtos oferece melhores preços para a tâmara cultivada organicamente.

Figura 84. Sistema de fertirrigação. Foto: P. Klein e A. Zaid (2002).

Mesmo que a tamareira seja uma planta forte e bem adaptada, capaz de crescer em solos
que contenham mais álcalis ou sais do que muitas outras plantas poderão tolerar, alguma
ajuda por fertilização deve ser necessária. Dentre os diversos esquemas de adubação,
interessante é o proposto pela FAO (KLEIN; ZAID, 2002) que sugere programas de
C a p í t u l o I | 180

adubação de acordo com a quantidade perdida de nutrientes por ano, supondo 121
palmeiras por hectare (Tabelas 8 e 9).

Tabela 8. Perdas médias de nutrientes.


Nutrientes Perdas\palma\ano (g) Perdas\ha\ano (kg)
Nitrogênio 350 42
Fósforo 90 11
Potássio 540 65

Tabela 9. Aplicação média mundial.


Nutrientes Aplicação\palma\ano (g) Aplicação\ha\ano (kg)
Nitrogênio (N) 650 78
Fósforo (P) 650 78
Potássio (k) 870 104

O estrume tem sido tradicionalmente usado na produção de tâmaras, mas em muitos casos
são usados fertilizantes inorgânicos. Muitos produtores, mesmo na produção
industrializada, consideram o esterco superior ao fertilizante inorgânico (CHAO;
KRUEGER, 2007).

Os produtores de tâmaras aplicam fertilizantes manualmente usando esterco animal duas


vezes por ano (AL-YAHYAI, 2010). Os fertilizantes químicos não são comumente
usados em tamareiras em Omã. No entanto, a maioria das tamareiras são consorciadas
com leguminosas usadas como forragem, assim talvez disponibilizando nitrogênio
suficiente para a tamareira. Al-Kharusi et al. (2009) avaliaram os efeitos de fertilizantes
minerais e orgânicos com e sem a suplementação de micronutrientes sobre as
características químicas e qualidade de frutos de tâmara de duas cultivares de tamareira
(Khalas e Khasab). Eles descobriram que o teor de matéria seca foi maior quando os
fertilizantes minerais (NPK, em 4 aplicações) foram suplementados com turfa orgânica e
micronutrientes. Eles também relataram que a aplicação de turfa orgânica durante um
período de 3 anos aumentou o teor de tanino, enquanto os fertilizantes minerais o
reduziram. Matéria seca, taninos e acidez titulável foram afetados pela cultivar e
tratamento de adubação. No geral, o estudo descobriu que os fertilizantes minerais (ou
seja, NPK) têm um impacto significativo na qualidade dos frutos de tâmaras.
C a p í t u l o I | 181

O estrume tem sido tradicionalmente usado na produção de tâmaras, mas em muitos casos
são usados fertilizantes inorgânicos. Muitos produtores, mesmo na produção
industrializada, consideram o esterco superior ao fertilizante inorgânico. As culturas de
cobertura também são frequentemente utilizadas na produção de tâmaras (ABDUL-BAKI
et al., 2002). Em regiões áridas, as tamareiras podem fornecer sombra para o cultivo de
outras culturas. O consórcio de tâmaras com frutas, hortaliças e pastagens é comum em
áreas tradicionais de produção de tâmaras.

O fertilizante orgânico deve ser tratado termicamente para garantir sua segurança contra
larvas e ovos da praga. Recomenda-se adicionar 5-10 kg/árvore anualmente. Essa
quantidade pode variar dependendo da fertilidade do solo (EL BEKR, 1972; KLEIN;
ZAID, 2002).

Entre as operações ao nível do solo, pode-se considerar também a gestão de resíduos


(folhas velhas, etc.) e a retirada do material acumulado dentro das plantações.

Adubação durante transplante: Antes de realizar o transplante do rebento ou muda


derivada da cultura de tecidos, deve-se ser preparada uma cova de plantio para garantir
que as necessidades de nutrientes da pequena planta sejam satisfeitas uma vez que ela
tenha sido plantada no campo. Além disso, a aplicação de fertilizantes nesta fase também
serve como medida de melhoria do solo, adicionando nutrientes a um solo possivelmente
pobre. As quantidades exatas e os tipos de fertilizantes a serem aplicados serão
determinados pela análise do solo. Ao cavar o buraco, certifique-se de que os solos
superiores e inferiores estejam separados, pois os fertilizantes são misturados com o solo
superior.

Recomendação geral:

- 10 a 15 kg de esterco (boa qualidade, devidamente curtido e seco);

- 0,7 kg Superfosfato Duplo;

- 15 kg de Gesso (caso o solo esteja com teor elevado de sódio);

- 1,25 kg Sulfato de amônia; e

- 1,08 kg Cloreto de potássio.

O sulfato de amônia e cloreto de potássio pode ser misturado na superfície do solo junto
com o restante dos produtos ou pode ser aplicado através do sistema de irrigação após o
C a p í t u l o I | 182

transplante. É importante notar que nitrogênio e potássio devem ser aplicados


separadamente com dois ou três ciclos de irrigação entre eles.

Método manual. Este método é usado ao aplicar fertilizantes em uma plantação onde o
fertilizante não pode ser fornecido pelo sistema de irrigação. Os fertilizantes são então
medidos em pequenas quantidades e aplicados manualmente nas tamareiras. O cuidado
mais importante ao aplicar por esse método é garantir uma distribuição uniforme dos
fertilizantes dentro da área de gotejamento da palmeira e não muito próximo à base da
palmeira (Figura 85). No entanto, as desvantagens são:

- demorado;

- trabalho intensivo;

- pode ocorrer queimadura da raiz se não for distribuída uniformemente; e

- a quantidade correta de fertilizante nem sempre é aplicada.

Figura 85. Danos de fertilização em uma palmeira de cultura de tecidos Medjool de um


ano em Eersbegin, (Namíbia). Foto: P. Klein e A. Zaid (2002).
C a p í t u l o I | 183

CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS

As tamareiras são sensíveis à concorrência de plantas daninhas por água, luz e nutrientes,
o que prejudica seu bom desenvolvimento, daí a grande necessidade de se fazer capinas
e escarificações relativamente frequentes, tantas quantas forem necessárias. As plantas
daninhas se mostram mais prejudiciais no início do desenvolvimento das tamareiras,
quando a concorrência se estabelece mais intensivamente (MUNIER, 1973).

O controle de plantas daninhas pode ser feito através de capinas (manuais, roçadas,
escarificações, mecânica, gradagem), mulching e com uso de herbicidas. Em qualquer
método utilizado para combater as plantas daninhas, devem ser evitados danos às plantas
durante a operação de limpeza.

Mulching. As ervas daninhas podem ser controladas por cobertura morta usada apenas
no coroamento sob a planta (Figura 86). A importância da cobertura morta não é apenas
pelo seu efeito na melhoria do rendimento e qualidade das tâmaras, mas também pelo seu
efeito de resfriamento que aumenta a atividade das raízes, economizando uma quantidade
considerável de água, reduzindo a evaporação e o controle de ervas daninhas.

Figura 86. Utilização de cobertura morta em redor da tamareira (coroamento). Foto:


Rashid Al-Yahyai (2018).
C a p í t u l o I | 184

Vantagens do mulching. -Regula a temperatura do solo através do isolamento, absorção


de calor e sombreamento. Aumenta a disponibilidade de água e nutrientes e melhora o
crescimento das raízes

-Conserva a umidade do solo

-Redução da temperatura e evaporação

-Reduz a erosão do solo

-Controle de ervas daninhas

-Fonte de matéria orgânica e nutrientes.

Desvantagens:
-Pode abrigar pragas, doenças, roedores e outros animais nocivos

-As raízes podem crescer na cobertura morta se forem excessivas

-Facilmente danificado por produtos químicos

Herbicidas: Os herbicidas podem ser utilizados, recomendando-se, no entanto, cuidado


no seu manuseio, pois as tamareiras possuem raízes fasciculadas não muito profundas
quando irrigadas, e folhas sensíveis. Portanto, só se deve utilizar herbicidas quando a
planta alcançar uma altura que as folhas não sejam atingidas (aproximadamente 2 m
(CARPENTER, 1981). Herbicidas do tipo dessecante (contato) à base de paraquat/diquat
são adequados para controlar ervas daninhas em cultivo de tamareira.

Enrelvamento. O enrelvamento entre as fileiras de tamareiras é um sistema de controle


que permite aumentar a proporção de solo coberto por leguminosas e gramíneas,
beneficiando assim a palmeira (Figura 87), visto que aumenta a infiltração de água no
solo, principalmente no início da estação chuvosa e diminuiu as perdas de água por
evaporação na estação seca, particularmente em anos de precipitação reduzida.
C a p í t u l o I | 185

Figura 87. Enrelvamento com gramínea entre as fileiras de tamareiras. Foto: Rashid Al-
Yahyai (2018).

Pastoreio do pomar de palmeiras. O pastoreio pode ser também um método de controle


da vegetação herbácea no cultivo comercial de tamareira. Os produtores de tâmara usam
ovelhas para ajudar no manejo de ervas daninhas (Figura 88). Em Israel, os burros são
usados para pastar as ervas daninhas no pomar de tamareira. Isso é necessário por vários
motivos, inclusive para manter as pragas fora dos pomares e longe das frutas em
crescimento, bem como limpar as fileiras para irrigação por inundação (nos campos onde
isso é usado).
C a p í t u l o I | 186

Figura 88. Controle de plantas daninhas em pomares de tamareira com o pastoreio ovino.
Foto: Marianna Merritt (2021).

DOENÇAS E PRAGAS

A tamareira é conhecida por ser muito sensível às operações de campo. A produção e a


saúde da árvore são relativas à atenção dos produtores. Diversas operações de campo,
incluindo a escolha de rebentos, espaçamento, adubação, irrigação, desbaste de frutos,
poda de folhas e colheita são importantes práticas de campo. As operações de cultivo, se
bem conduzidas, podem reduzir a infestação de pragas em tamareiras e frutos, melhorar
a saúde da tamareira e sua produção. É essencial adotar as melhores práticas para evitar
muitas infestações de fungos e pragas e reduzir a perda da produção de tamareiras em até
30-40%. A praga Gorgulho Vermelho da Palmeira (Rhynchophorus ferrugineus) se
espalhou rapidamente do Leste a Oeste durante 30 anos passados e foi relatado em vários
países produtores de tâmaras da região. Estudos realizados na área de cultivo da tamareira
confirmaram que as práticas de cultivo da tamareira adotadas, a variedade plantada, o
método de irrigação (inundação/gotejamento), a densidade da palmeira, a sanitização da
lavoura e do campo, a poda das frondes e a retirada de ramos impactaram
significativamente o estabelecimento e nível de infestação subsequente devido ao
gorgulho vermelho da palmeira na tamareira.
C a p í t u l o I | 187

1. Doenças.

-Botryodiplodia theobromae. É um fungo que em condições de umidade adequadas é


patogênico para Phoenix dactylifera. Os sintomas que produz são folhas com pontas e
áreas secas, manchas necróticas elípticas na raque, nos folíolos e na sua área de inserção,
e a formação de pequenas pústulas de cor escura, picnídios, no tecido morto.

É uma doença que, embora geralmente não cause danos graves, em certas situações pode
até causar a morte da planta.

Controle.

-No viveiro será necessário evitar a umidade excessiva.

-Em plantas adultas recomenda-se remover as folhas velhas por meio de uma poda
sanitária que favoreça a aeração da copa.

-O manejo cuidadoso das plantas é recomendado para reduzir as feridas que favorecem a
infecção deste fungo.

-Elimine os restos de plantas infectadas, pois nelas se formam facilmente conídios que
podem disseminar a doença.

-O combate químico centra-se em tratamentos para a parte aérea à base de: Benomyl,
Carbendazime ou Propiconazol.

Doença de Bayoud. O nome bayoud vem da palavra árabe, "abiadh", que significa
branco, que se refere ao branqueamento das folhas das palmeiras doentes (Figura 89).
Esta doença foi relatada pela primeira vez em 1870 em Zagora-Marrocos. Em 1940, já
havia afetado várias plantações de tâmaras e, após um século, a doença afetou
praticamente todos os palmeirais marroquinos, bem como os do Saara argelino ocidental
e central (KILLIAN; MAIRE, 1930; TOUTAIN, 1967).
C a p í t u l o I | 188

Figura 89. a) Os sintomas de Bayoud aparecem em uma ou mais folhas da copa do meio
e b) Os sintomas de Bayoud avançam para a copa central. Fotos: A. Zaid et al. (2002).

A doença de Bayoud causa danos consideráveis que às vezes podem assumir proporções
espetaculares quando a doença apresenta seu aspecto epidêmico violento. Bayoud
destruiu em um século mais de doze milhões de palmeiras no Marrocos e três milhões na
Argélia. Bayoud destruiu as variedades mais conhecidas do mundo que são suscetíveis à
doença e particularmente aquelas que produzem frutas de alta qualidade e quantidade
(Medjool, Deglet Nour, BouFegouss). Também acelerou o fenômeno da desertificação.
O resultado é um influxo de agricultores que abandonaram suas terras e se mudaram para
grandes centros urbanos.

A propagação contínua do bayoud põe em evidência o problema que ameaça as


importantes plantações de Deglet Nour e Ghars em Oued Rhir, Zibans na Argélia e
mesmo na Tunísia, atualmente indemne (ileso) da doença, mas com 70 % a 80 % das
áreas de tamareiras sob variedades suscetíveis a ele. A doença do bayoud ataca
igualmente palmeiras maduras e jovens, bem como os rebentos em sua base (SAAIDI,
1979).

Sintomas externos: O primeiro sintoma da doença aparece em uma folha de palmeira da


copa do meio. Esta folha assume uma tonalidade plúmbea (cinza acinzentado) e depois
murcha, de baixo para cima, de uma forma muito particular: alguns folíolos ou espinhos
situados num dos lados da folha murcham progressivamente desde a base até ao ápice.
C a p í t u l o I | 189

Após um lado ter sido afetado, o clareamento começa no outro lado, progredindo desta
vez na direção oposta do topo da folha para a base.

Uma mancha marrom aparece longitudinalmente na face dorsal da raque e avança da base
até a ponta da folhagem, correspondendo à passagem do micélio nos feixes vasculares da
raque. Depois, a folhagem apresenta um arco característico, semelhante a uma pena
molhada e pende ao longo do tronco. Este processo de branqueamento e morte dos
folíolos pode levar de alguns dias a várias semanas.

A mesma sucessão de sintomas começa então a aparecer nas folhas adjacentes. A doença
avança inelutavelmente e a palmeira morre quando o broto terminal é afetado. A palma
pode morrer a qualquer momento de várias semanas a vários meses após o aparecimento
dos primeiros sintomas. A rápida evolução dos sintomas depende principalmente das
condições de plantio e da variedade.

Sintomas internos: Uns pequenos números de raízes infectadas pela doença, de cor
avermelhada, são revelados quando uma palmeira afetada é arrancada. As manchas são
grandes e numerosas em direção à base do estipe. À medida que avançam em direção às
partes superiores da palma, os feixes condutores coloridos se separam e seu caminho
complicado dentro dos tecidos saudáveis pode ser seguido.

As folhas das palmeiras que manifestam sintomas externos exibem uma cor marrom
avermelhada quando cortadas, mostrando os feixes condutores altamente coloridos. Há,
portanto, uma continuidade de sintomas vasculares que vão desde as raízes da palmeira
até as pontas das folhas da palmeira. A observação dos sintomas é necessária para
reconhecer o bayoud, mas para identificar esta doença com certeza, as amostras das
frondes afetadas devem ser analisadas por um laboratório especializado.

Patógeno. O organismo causal responsável pelo bayoud é um fungo microscópico que


pertence à micoflora do solo e é denominado Fusarium oxysporum forma specialis
albedinis (KILLIAN; MAIRE, 1930; MALENÇON, 1934 e 1936). O Fusarium
oxysporum f. sp. albedinis é preservado na forma de clamidósporos nos tecidos mortos da
palmeira infectada, especialmente nas raízes mortas pela doença e no solo.

A contaminação ocorre regularmente de palma para palma e mais rapidamente à medida


que a quantidade de irrigação aumenta. O aparecimento da doença em locais distantes da
área original infectada é causado principalmente pelo transporte de rebentos infectados
C a p í t u l o I | 190

ou fragmentos de palmeiras que abrigam o fungo. Muitas plantas são frequentemente


cultivadas como consórcios em palmeirais, notadamente luzerna (Medicago sativa L.;
alfafa), henna (Lawsonia inermis L.) e vegetais (BULT et al., 1967; DJERBI et al., 1985;
LOUVET; TOUTAIN., 1973). Essas plantas podem abrigar o organismo bayoud sem
manifestar nenhum sintoma (portadores assintomáticos).

Controle químico. O tratamento do solo desse tipo de doença está destinado, a priori, ao
fracasso e, portanto, deve ser evitado. O controle químico pode, no entanto, ser viável no
caso da descoberta de fontes primárias de infecção em uma área saudável. Neste caso, as
técnicas de erradicação devem ser usadas: as palmeiras são desenraizadas e incineradas
no local. O solo é então tratado com brometo de metila ou cloropicrina e a área fechada
com replantio proibido até novo aviso.

Controle cultural. Como os fatores que favorecem o alto rendimento das tamareiras
(irrigação, fertilização, etc.) são os mesmos que favorecem o crescimento do fungo, as
técnicas culturais não são aconselhadas. No entanto, uma redução significativa na
quantidade de irrigação pode retardar o avanço da infecção, ou seja, interrompendo a
irrigação entre os meses de maio e outubro, durante a estação quente no Hemisfério Norte
(PEREAU-LEROY, 1958).

Como a contaminação ocorre principalmente pelo contato com as raízes, as palmeiras


livres de doenças podem ser isoladas cavando uma vala de 2 m de profundidade ao seu
redor. A água deve ser fornecida por uma calha ligando o resto do bosque a esta parcela
isolada. Nessas condições, essas palmeiras podem ser protegidas por mais de 10 anos
(DJERBI, 1983).

Doença da queimadura negra. A queimadura negra, também chamada de Medjnoon ou


doença do tolo, é causada por Ceratocystis paradoxa (Hohn), que é a forma perfeita de
Thielaviopsis paradoxa.

A queimadura negra foi observada em tamareiras em todas as áreas de cultivo de tâmaras


do mundo. Os sintomas são geralmente expressos em quatro formas distintas: queima
preta nas folhas, crestamento das inflorescências, podridão do bulbo ou do tronco e
podridão das gemas em palmeiras de todas as idades. As infecções são todas
caracterizadas por necrose parcial a completa dos tecidos. As lesões típicas são marrom-
C a p í t u l o I | 191

escuras a pretas, duras, carbonáceas e, como massa, conferem aos pecíolos, ramos e talos
de frutos uma aparência chamuscada, semelhante a carvão (Figura 90a, b)

Figura 90. Sintomas de queimadura preta (Thielaviopsis paradoxa) em tamareira; e b).


Observa-se o efeito de nanismo em uma folhagem jovem de palmeira Medjool derivada
de cultura de tecidos de um ano de idade em Naute (Namíbia). Fotos: El-Gariani et al.
(2007); A. Zaid et al. (2002).

A deterioração é mais grave quando ataca o botão terminal e o bulbo levando à morte da
palmeira. Algumas palmeiras se recuperam, provavelmente pelo desenvolvimento de um
broto lateral das porções não lesadas do tecido meristemático. Essas palmas mostram uma
curva característica na região da infecção. É por isso que é chamado de Medjnoon. Eles
atrasaram o crescimento normal em vários anos. As variedades Medjool e Barhee também
são suscetíveis à doença.

Uma boa higienização é o primeiro passo no controle da queimadura-preta. As frondes,


bases foliares e inflorescências afetadas devem ser podadas, coletadas e queimadas
imediatamente. Os cortes de poda e os tecidos circundantes devem ser protegidos por
pulverização com mistura de calda bordalesa, solução de cal-enxofre, mistura de cal
C a p í t u l o I | 192

sulfato de cobre, diclona, tiram ou qualquer novo fungicida à base de cobre. Sob um
ataque severo, as palmas afetadas devem ser removidas e queimadas.

Mancha de folha marrom. A mancha foliar marrom, assim como outras doenças comuns
da tamareira, também foi observada no Norte da África e no Oriente Médio (RIEUF,
1968). As lesões escuras são claramente delimitadas nas folhas verdes, e nas folhas mortas
a margem da lesão permanece avermelhada/marrom à medida que o centro fica pálido.
As lesões também ocorrem na raque, folíolo e espinhos (Figuras 91a, b, c). A mancha
marrom da folha é causada por Mycosphaerella tassiana (De Not) Johns.

Figura 91. Mancha marrom causada por Mycosphaerella tassiana (De Note) John em
três diferentes estágios de ataque: cedo, médio e tardio. Fotos: A. Zaid et al. (2002).

Por ser uma doença de pouca importância significativa, nenhum tratamento é


recomendado. No entanto, aconselha-se a poda anual das folhas velhas infectadas e a sua
queima imediata.

Doença de diplodia. A doença de Diplodia, causada por Diplodia phoenicum (Sacc), foi
registrada em 20 variedades de tâmaras em todo o mundo, embora pareça ser mais comum
em Deglet Nour. Os sintomas são graves nos rebentos radiculares e são caracterizados
pela morte, enquanto ainda estão presos à palmeira mãe ou depois de serem removidos e
plantados. O fungo pode infectar as folhas externas e finalmente matar as folhas mais
jovens e o broto terminal; ou a copa central pode ser infectada e morrer antes das folhas
C a p í t u l o I | 193

mais velhas. Faixas marrom-amareladas se estendem ao longo da base da folha (Figura


92).

Figura 92. Fungo Diplodia phoencium associado a folhas de tamareira. Foto: El-Gariani
et al. (2007).

Nas folhas de palmeiras mais velhas, a porção média ventral dos caules é comumente
afetada, apresentando estrias marrom-amareladas, de 15 cm a mais de um metro de
comprimento, estendendo-se ao longo da base da folha e da raque. A parte superior das
folhas, no entanto, ainda pode parecer verde e não afetada.

Como o fungo geralmente entra na palma através de feridas feitas durante a poda ou corte
ao retirar os rebentos, uma precaução é desinfetar todas as ferramentas e superfícies de
corte. Mergulhar ou pulverizar os rebentos com vários produtos químicos (benomil,
mistura de calda bordalesa, metiltiofanato, tiram e outros fungicidas à base de cobre)
mostrou-se eficaz contra a doença.
C a p í t u l o I | 194

Mancha de Graphiola. A mancha foliar de Graphiola é causada por Graphiola phoenicis


(Moug) Poit., que é um fungo de carvão. Desenvolve-se subepidérmica, em pequenas
manchas em ambos os lados das folhas dos folíolos, na raque e na base da folha (Figura
93). As numerosas estruturas de frutificação emergem como pequenos soros
amarelos/marrons a pretos, de 1 a 3 mm de diâmetro, com duas camadas. Esses soros são
abundantes em folhas de três anos, conspícuos em folhas de dois anos, mas ausentes ou
infrequentes em folhas de um ano. Isso ocorre devido ao ciclo de incubação de 10 a 11
meses para esse patógeno. Em uma folha, os soros são abundantes nos folíolos apicais,
menos abundantes na seção intermediária, tornando-se ainda menos na seção basal da
folha.

Figura 93. Fungo Graphiola phoenicis associado a folhas de tamareira. Foto: El-Gariani
et al. (2007).

A vida normal de 6 a 8 anos das folhas das tamareiras será reduzida para 3 anos pela
doença de Graphiola e as folhas fortemente infectadas morrem prematuramente, o que
consequentemente reduz o rendimento da palmeira.

A doença da mancha foliar de Graphiola é mais comum no Egito (região do Delta e


Fayum), mas ausente nos oásis menos úmidos. Na Arábia Saudita, é abundante em Kattif,
Demam e Jeddah, mas ausente no Iraque. Relatos desta doença também se originam da
Argélia e dos EUA. Em todo o mundo é a doença mais disseminada e ocorre onde a
C a p í t u l o I | 195

tamareira é cultivada em condições húmidas - principalmente áreas marginais de cultivo


de tâmaras (costa mediterrânica), mas também nas regiões mais húmidas do sul do Mali,
Mauritânia, Níger e Senegal.

As medidas de controle incluem a poda foliar associada ao tratamento com calda


bordalesa ou qualquer fungicida de grande espectro (mancozebe, hidróxido cúprico,
hidróxido cúprico + maneb, ou oxicloreto de cobre + maneb + zineb; 3 a 4 aplicações em
esquema de 15 dias após, esporulação, foi recomendado). A tolerância genética foi
encontrada em algumas variedades (Barhee, Adbad, Rahman, Gizaz, Iteema, Khastawy,
Jouzi e Tadala).

Doença de Khamedj. Khamedj ou Kerot inflorescência é uma doença grave que afeta a
maioria das áreas de cultivo de tâmaras do velho mundo. Causa danos em inflorescências
em palmeirais negligenciadas em regiões quentes e úmidas, ou em áreas com períodos
prolongados de chuva forte, 2 a 3 meses antes da emergência das espatas. A doença pode
reaparecer a cada ano na mesma palmeira com a mesma intensidade e estima-se que, em
casos graves, sejam perdidos de 30 a 40 kg de frutos anualmente (CHABROLIN, 1928).

Durante 1948-1949 e 1977-1978 ocorreram graves surtos no Iraque em Basrah, afetando


palmeiras masculinas e femininas e destruindo 80% da colheita (AL HASSAN;
WALEED, 1977). Danos graves também foram reconhecidos em Katif no Reino da
Arábia Saudita em 1983, com perdas variando de 50 a 70%.

A doença é causada pela Mauginiella scattae Cav., que é sempre encontrada em estado
puro nos tecidos afetados (Figura 94). No entanto, Fusarium moniliforme e Thielaviopsis
paradoxa raramente podem causar apodrecimento da inflorescência.
C a p í t u l o I | 196

Figura 94. Podridão da inflorescência causada por Mauginiella scaettae em tamareira.


Foto: El-Gariani et al. (2007).

O primeiro sintoma visível da doença aparece na superfície externa das espatas fechadas
e apresenta-se na forma de uma área acastanhada ou cor de ferrugem. É mais aparente na
face interna da espata, onde o fungo já começou a infectar a inflorescência. Quando as
espatas infectadas se dividem, elas revelam a destruição parcial ou completa das flores e
dos fios. Espatas severamente danificadas podem permanecer fechadas e seu conteúdo
interno pode ser completamente infectado. As inflorescências tornam-se secas e cobertas
de frutificação pulverulenta do fungo.

A transmissão da doença de uma palma para outra ocorre pela contaminação das
inflorescências masculinas durante o período de polinização. A infecção da inflorescência
jovem ocorre precocemente e acontece quando a espata ainda está escondida nas bases
das folhas. O fungo penetra diretamente na espata e depois atinge as inflorescências onde
o fungo esporula abundantemente.
C a p í t u l o I | 197

O aparecimento frequente da doença em plantações de tâmaras negligenciadas indica que


um bom saneamento e manutenção eficiente é o primeiro passo no controle da doença de
Khamedj. A coleta e queima de todas as inflorescências e espatas infectadas deve ser
seguida de tratamento das palmeiras doentes com os seguintes fungicidas após a colheita
e um mês antes da emergência das espatas: uma mistura bordalesa ou cobre (1/3), sulfato
de cal (2/3) ou uma pulverização de diclono a 3% ou uma pulverização de tirame a 4%
na taxa de 8 litros por palma ou com benonil e tuzet na taxa de 125 g/ha (AL HASSAN
et al., 1977).

Algumas variedades são particularmente suscetíveis à doença Khamedj: Medjool, Ghars,


Khadrawy e Sayer. Outros manifestam uma boa capacidade de resistência: Hallawi,
Zahdi, Hamrain e Takermest (LAVILLE, 1973).

Omphalia podridão da raiz. A podridão radicular de Omphalia foi registrada na


Califórnia, EUA e na Mauritânia por Fawcett e Klotz (1932) e Bliss (1944),
respectivamente. Também é chamada de doença do declínio por causa de sua associação
com palmeiras em declínio.

Quatro variedades da Mauritânia (Ahmar, Marsij, Mrizigueg e Tinterguel) foram


consideradas suscetíveis a esta doença por Sachs (1967). Ao contrário de outras
variedades de tâmaras plantadas na Califórnia, a Deglet Nour apresentou a menor taxa de
infecção.

Duas espécies de Omphalia (O. tralucida Bliss e O. pigmentata Bliss) causam a doença
e são amplamente disseminadas em plantações de tâmaras de Coachella Valley, CA-EUA
e em Kankossa (Mauritânia) (DJERBI, 1983).

A morte prematura das frondes seguida de retardo e cessação do crescimento são as


principais características da doença seguidas de necrose e destruição das raízes. Um
estágio completamente improdutivo é o resultado do ataque.

O uso de Brestan ou Dexon na proporção de uma pulverização a cada duas semanas


durante oito semanas foi recomendado por Sachs (1967) como medida de controle
químico.

Doença de Belaat. A doença de Belâat foi relatada por vários autores e de vários países
do Norte da África (Argélia, Marrocos, Tunísia, etc.) (MAIRE, 1935; MONCIERO,
1947; CALCAT, 1959; TOUTAIN, 1967). Todo o aglomerado de frondes jovens vão
C a p í t u l o I | 198

clarear e morrer como resultado do ataque, seguido pela infecção e morte do broto
terminal (Figura 95). Acompanhada por organismos secundários, a infecção irá progredir
para baixo no tronco como uma forma cônica de coração úmido, liberando um odor de
fermentação acética e butírica.

Figura 95. Uma tamareira adulta com o ápice terminal totalmente morto destruído pela
doença de Belaat. Foto: A. Zaid et al. (2002).

A doença de Belaat é causada por Phytophtora sp. semelhante a P. palmivora (DJERBI,


1983). A manutenção eficiente das plantações de tâmaras é altamente recomendada para
evitar ataques desta doença. A pulverização com mistura de maneb ou calda bordalesa na
proporção de 8 litros/palmeira pode controlar a doença em seus estágios iniciais. Os
rebentos das palmas afetados geralmente permanecem saudáveis.

2. Pragas

Traça de amêndoa [Ephestia cautella (Walker)]. A traça da amêndoa é a praga pós-


colheita mais importante de tâmaras em todo o mundo, com infestação de até 90%
relatada em algumas áreas. A mariposa é uma praga séria na Arábia Saudita, Iraque,
Egito, Argélia, Marrocos, Líbia e Sudão. Informações abrangentes sobre a biologia da
praga foram fornecidas por Moore (2001). A fêmea põe ovos nos cachos de tâmaras,
C a p í t u l o I | 199

especialmente nas variedades de maturação tardia. Os ovos podem ser colocados


individualmente ou em cachos em frutas caídas, armazéns, empacotadores e fábricas. Os
ovos eclodem em 3 a 4 dias e as larvas totalmente crescidas podem atingir 15 mm. A larva
tem coloração branca cremosa com pelos finos em seu corpo. Existem cinco ínstares
larvais e o período larval dura 3 semanas. A pupa tem cerca de 1 cm de comprimento com
coloração marrom e geralmente é encontrada em casulos de seda. O período pupal é de
cerca de 7 dias e há quatro a cinco gerações em um ano, dependendo das condições
ambientais prevalecentes. Estas insetos causas enormes perdas econômicas, pois a
mariposa da amêndoa, com sua adaptabilidade fisiológica, é um dos insetos mais
destrutivos de materiais armazenados, como figo seco, farinha de trigo, frutas secas de
chocolate, nozes, grãos e tâmaras (SINGH; MOORE, 1985; Figura 96). As larvas causam
danos consideráveis ao se alimentarem e/ou contaminando os alimentos armazenados
com cadáveres e seus próprios produtos, por exemplo, excrementos, teias, seda e fezes;
os adultos não causam danos, pois se alimentam de alimentos líquidos e/ou não se
alimentam, mas seus corpos podem se tornar indesejáveis.

Figura 96. Traça de amêndoa [Ephestia cautella (Walker)]. Foto: Russell IPM.

Traça de passa [Cadra figulilella (Gregson)]. A mariposa da passa é encontrada no


Norte da África, no Oriente Médio e nos EUA, particularmente na Califórnia, onde ataca
apenas o cultivo de frutas; enquanto é uma importante praga de armazenamento no Norte
da África e no Oriente Médio (MOORE, 2001).

A mariposa adulta é de cor cinza e aproximadamente 1 cm de comprimento, com faixas


escuras obscuras e manchas nas asas anteriores (Figura 97). A pupa é marrom e tem
C a p í t u l o I | 200

casulo de seda. Os adultos são ativos durante o início da noite e permanecem em áreas
protegidas sombreadas durante o dia (CARPENTER; ELMER, 1978). A presença de
larvas em frutos caídos auxilia no desenvolvimento da praga durante todo o ano sem a
necessidade de hospedeiros alternativos. A fêmea põe cerca de 100–200 ovos na
superfície das tâmaras, que incubam em 3–4 dias a 30 ◦C; o período larval e pupal é de
51 a 61 dias. Frutos maduros são atacados tanto no solo quanto em cachos nas palmeiras.
As perdas por esta praga podem chegar a 50%. As larvas podem ser encontradas o ano
todo na plantação de tâmaras, em frutos caídos e em decomposição; enquanto que frutos
em cachos são atacados somente após o amadurecimento (KEHAT et al., 1969).

Figura 97. Traça da passa [Cadra figulilella (Gregson)]. Foto: Chemtica.com

Besouros de seiva (Nitidulídeos). Besouros de seiva são pragas de muitas culturas


agrícolas, incluindo tâmaras em todo o mundo (CARPENTER; ELMER, 1978). Os
adultos do besouro da fruta seca Carpophilus henipterus são castanhos, castanho-pretos
ou pretos, com élitros curtos truncados que cobrem apenas parcialmente o abdómen. As
pernas são amareladas. As antenas são de 11 segmentos. O corpo tem 2-4 mm de
comprimento. Eles só podem ser diferenciados de outras espécies pela presença de duas
manchas claras e brilhantes nos élitros (asa anterior endurecida; Figura 98). As larvas são
esbranquiçadas ou amareladas com cabeças marrons e crescem até um comprimento final
de 5 a 7 mm. As larvas pupam no solo e as pupas são brancas ou amarelas com 3 a 4 mm
de comprimento. Os ovos são de forma elíptica esbranquiçada e 0,7 mm de comprimento.
Se as tâmaras permanecerem nas palmeiras ou no armazém por um longo período, elas
provavelmente ficarão infestadas de besouros de seiva. Os besouros nitidulídeos
C a p í t u l o I | 201

danificam as tâmaras de amadurecimento e cura nas palmeiras, no solo e no


armazenamento, entrando no fruto geralmente no final do cálice e se alimentando da
polpa. Várias gerações podem ser produzidas durante o armazenamento prolongado. Os
besouros podem voar até 4 km e são considerados pragas primárias em plantações de
tâmaras e figueiras (BARTELT, 1997; BATRA; SOHI, 1972).

Figura 98. Besouros de seiva, também conhecidos como Nitidulidae, são uma família
de besouros. Foto: Wikipedia.

Traça da farinha indiana [Plodia interpunctella (Hubn)]. A traça da farinha é uma das
pragas mais importantes de tâmaras armazenadas em todo o mundo. O inseto adulto tem
cerca de 1 cm de comprimento, a metade externa da asa anterior é marrom avermelhada
com manchas escuras e a parte interna é cinza com uma faixa cor de cobre separando as
duas áreas (Figura 99). Os ovos são depositados na pele das tâmaras; a fêmea põe uma
média de 170 ovos, que eclodem em 4 a 20 dias, o período larval é de 3 a 4 semanas e o
período de pupa é de 2 a 3 semanas (HUSSAIN, 1974). A larva totalmente crescida pode
atingir 13 mm e empupar entre tâmaras em cachos; a pupa tem cerca de 9 mm de
comprimento. As larvas entram no fruto da tâmara através de qualquer lesão na superfície,
ou na extremidade do cálice do fruto, ou perfuram o fruto intacto. Preferem os frutos
maduros e mais secos e inclusive atacam as tâmaras duras ou sementes (CARPENTER;
ELMER, 1978). O ciclo de vida varia de 36 dias no verão a 5 meses no inverno.
C a p í t u l o I | 202

Figura 99. Traça da farinha indiana adulta (Plodia interpunctella (Hubn). Foto: John
Obermeyer

Traça de alfarroba [Ectomelois ceratoniae (Zeller)]. A mariposa da alfarroba é uma


praga polífaga de frutas encontrada em alfarrobeiras, amêndoas no Oriente Médio, frutas
cítricas na África do Sul e em tâmaras na Califórnia (NAVARRO et al., 1986). A praga
também é relatada no Norte da África (Argélia e Marrocos) (CARPENTER; ELMER,
1978). A mariposa da alfarroba tem 8 a 10 mm de comprimento, com asas brancas a
cinzas cremosas e envergadura de 22 a 24 mm. Tem duas listras brilhantes em toda a
largura da asa (Figura 100). As asas traseiras são cinza-branco com veias castanho-claras.
Os ovos são elípticos e alongados (0,75 × 0,5 mm), esbranquiçados na oviposição e
tornando-se posteriormente marrom-avermelhados. A larva é de cor rosada com cabeça
marrom e pode atingir cerca de 15 mm de comprimento. Há pequenas saliências marrom-
escuras no dorso da larva. Os ovos eclodem em 3 a 7 dias e o estágio larval pode levar de
1 a 8 meses. A pupação ocorre no local de alimentação das larvas. A vida adulta é de 3 a
6 dias, durante os quais a fêmea põe de 60 a 120 ovos (CARPENTER; ELMER, 1978).
Este inseto degrada as tâmaras armazenadas e causa perda de peso e diminuição do valor
econômico das tâmaras.
C a p í t u l o I | 203

Figura 100. Mariposa de alfarroba [Ectomelois ceratoniae (Zeller)].

Besouro-de-dente-de-serra [Oryzaephilus surinamensis (L.)]. Os besouros de grãos


com dentes de serra ocorrem em todas as áreas de cultivo de tâmaras do Velho Mundo e
são comumente relatados como pragas menores. São insetos típicos de empacotamento e
armazenamento e raramente encontrados em tâmaras recém-colhidas (HUSSAIN, 1974).
Eles são controlados com sucesso por saneamento em packinghouses e por fumigação. O
besouro é achatado, marrom-avermelhado e tem cerca de 2,5 a 3,5 mm de comprimento
(Figura 101). A fêmea põe em média 300 ovos individualmente ou em pequenos lotes
dentro do material alimentar. Os ovos eclodem em cerca de 8 dias e as larvas e a pupa
amadurecem em cerca de 37 e 67 dias, respectivamente. O ciclo de vida pode ser
concluído em 51 dias ou em 27 a 35 dias. Esses besouros são planos e capazes de mastigar
caixas de papel ou papelão fechadas, através de embalagens embrulhadas em celofane,
plástico e papel alumínio. Uma vez lá dentro, as populações se acumulam rapidamente,
muitas vezes se espalhando para outros produtos armazenados. O besouro mercante de
grãos, Oryzaephilus mercator (Fauvel) está intimamente associado ao besouro de grãos
dente de serra. É difícil separar morfologicamente esses dois besouros, no entanto, sob
ampliação, o besouro de grão de serra tem olhos expostos, enquanto o besouro de grão
comerciante tem os olhos mais protegidos por pequenos botões atrás dos olhos. Além
disso, a cabeça é mais triangular no besouro de grãos mercante (HALSTEAD, 1980;
JACOB, 1981).
C a p í t u l o I | 204

Figura 101. Besouro de grão serrado ([Oryzaephilus surinamensis (L.)]. Foto: John
Obermeyer.

- Cochonilha vermelha da palma (Phoenicococcus marlatti). A cochonilha vermelha é


uma espécie subsaariana distribuída no Norte da África (Figura 102). Nos Estados Unidos
foi introduzido em 1985 e na Espanha expandiu-se ao longo da década de 1990.

Figura 102. Cochonilha vermelha da palma vermelha (Phonicoccus marlatti).


C a p í t u l o I | 205

Esta praga está localizada na base das folhas tenras e adultas, sempre em áreas profundas
e abrigadas da luz. Também se localizam na base da folha que, ao ser cortada, permanece
no tronco, na área úmida. Não causa a morte da planta, embora possa enfraquecê-la ou
secar algumas de suas folhas.

Controle.

-Inimigos naturais como Pharoscymnus anchorago no Norte da África.

-Tratamentos químicos à base de Clorpirifós ou Propoxur em pulverização (Figura 103)


ou Metil Parathion em pó.

Figure 103. Pulverização de pesticidas para manejo em grande escala de produção.

Escama branca. A escama branca, causada por Parlatoria blanchardii Targ., está
amplamente presente na maioria das áreas de cultivo de tamareiras do mundo, exceto nos
EUA, onde foi erradicada em 1936, e em alguns países do Hemisfério Sul (Namíbia e
RSA). É considerada uma praga séria na Argélia, Kuwait, Líbia, Mauritânia, Marrocos e
Tunísia. Iraque, Omã, Arábia Saudita e Sudão consideram esta praga moderada, enquanto
Egito, Jordânia, Emirados Árabes Unidos e Iêmen a consideram uma praga de pouca
importância.

O dano por escama branca é muito grave em palmeiras jovens entre dois e oito anos de
idade, mas mesmo sob ataques severos, a palmeira e seus ramos não morrem. Ninfas e
adultos sugam a seiva do folíolo, nervura central e das tâmaras. Sob cada escama, uma
C a p í t u l o I | 206

área descolorida aparece no folíolo. A forte infestação faz com que os folíolos fiquem
amarelos e contribua para a morte prematura das folhas (Figura 104).

Figura 104. Cobertura total da folha da palmeira e raque pela Escama branca (Parlatoria
blanchardi Target). Foto: A. Zaid et al. (2002).

O controle químico parece ser realizado ocasionalmente em plantações jovens. São


utilizados óleos minerais (DJERBI, 1994).

- Bicudo da palma (Diocalandra frumenti). É um besouro que provoca o ressecamento


das folhas internas e a formação de pequenas galerias na raque da folha que podem afetar
os feixes vasculares, neste caso causando sérios danos à palmeira (Figura 105). No corte
da poda a superfície peneirada é apreciada pelos furos das galerias. Em seis a oito meses,
uma palmeira infectada murcha e morre.
C a p í t u l o I | 207

Figura 105. Bicudo da palma (Diocalandra frumenti).

Controle.

-Realizar tratamentos à base de Carbaril, apresentado como pó molhável.

-Curculionídeo ferruginoso (Rhynchophorus ferrugineus). Este curculionídeo é nativo


das áreas tropicais do Sudeste Asiático e da Polinésia. Ele está localizado dentro da
palmeira e pode causar a morte da palma afetada. O inseto adulto é um besouro
avermelhado, entre 2-5 mm e possui duas antenas que lhe conferem a forma de um
tridente (Figura 106). O adulto é atraído por substâncias emitidas pela planta lesada
(kairomone), e se o local for apropriado, emitirá feromônios de agregação que atrairão
novos adultos.

Figura 106. Curculionídeo ferruginoso (Rhynchophorus ferrugineus). Foto: Wikipédia.


C a p í t u l o I | 208

Os sintomas se manifestam com torção das folhas mais externas do nervo central que
adquirem uma cor palha ou caem.

Controle.

-Efetuar o monitoramento do voo dos adultos e confirmar sua presença por meio de
armadilhas com atrativos sintéticos (feromônios de agregação e sinergistas vegetais ou
cairomônios).

-Destruir os pés afetados para evitar a saída de adultos e a sua dispersão.

-Coccotrypes dactyliperda. É um Scolytidae com ampla distribuição na área


mediterrânea. Por um lado, este inseto danifica o fruto e também as sementes, sendo assim
uma fonte de inoculo. O indivíduo adulto perfura o fruto e o caroço onde põe os ovos, e
a larva danifica o caroço e a plântula recém-germinada. Os furos podem ser vistos nas
tâmaras afetadas e causam a queda de frutos imaturos.

Controle.

-Efetuar tratamentos do solo com Lindano, Malathion, Clorpirifós, de forma controlada


para evitar fitotoxicidade e aparecimento de resistência.

-Tratar as sementes com fosforeto de alumínio antes da semeadura.

-As partes infectadas devem ser removidas.

-Apate monachus. É um besouro que causa enormes danos às palmeiras no Norte da


África. É de cor marrom escuro brilhante e geralmente ataca principalmente palmeiras
jovens (Figura 107). As larvas perfuram galerias nas nervuras principais das folhas, dando
origem a um amarelecimento progressivo das folhas até finalmente secarem. Essas
galerias são de dimensões consideráveis, e em cada uma delas pode haver várias larvas.
Contra esses danos, a palmeira se defende emitindo uma substância espessa e borrachosa.
C a p í t u l o I | 209

Figura 107. Apate monachus. Foto: P. Zagatti.

Controle.

-Remoção e queima de material infectado.

Infestação de insetos nos frutos armazenados. Os insetos de armazenamento, se não


forem controlados, podem devastar as tâmaras quantitativa e qualitativamente. Os insetos
mais comuns são as brocas (Ectomyeloïs ceratoniae Zeller.; Plodia interpunctella Hbn.,
Cadra cautella Walk. e Cadra figulilella Greg.) e os gorgulhos (Oryzaephilus
surinamensis, Tribolium confusum e Carpophilus spp.) (Figura 108).

Figura 108. Tâmaras sujeitas a infestação de insetos. Fonte: Harrak (2011).


C a p í t u l o I | 210

Desses insetos, as brocas do milho causam os maiores danos. Eles atacam os frutos
maduros tanto na palmeira antes da colheita quanto durante o armazenamento em
mercadorias expostas a venda ou armazéns. O desenvolvimento de insetos durante o
armazenamento é favorecido por uma alta taxa inicial de infestação antes do
armazenamento (ovos), alta temperatura e umidade do ar de armazenamento e alto nível
de umidade das tâmaras. As tâmaras, portanto, sofrem danos muito significativos das
lagartas. A estimativa de danos aos campos na maturidade antes da colheita está entre 1
e 4%, mas o dano real aos locais de armazenamento é 10 vezes maior (de 30% a 40% de
perdas entre as culturas de tâmaras no Marrocos). O dano da tâmara é o resultado da
alimentação das larvas em desenvolvimento dentro da fruta, deixando um resíduo de
“frass” (fezes) e teias.

DISTÚRBIOS DA QUALIDADE DO FRUTO

As tâmaras são suscetíveis a dois tipos de distúrbios: (1) físicos/fisiológicos


(escurecimento da cor, separação ou inchaço da pele e manchas de açúcar ou
açúcaramento) e (2) patológicos (azedamento, decomposição ou fungos causadores de
mofo).

O escurecimento dos frutos (além do normalmente desejado) pode ser devido ao


escurecimento enzimático e não enzimático, que aumenta com maior teor de umidade e
temperaturas mais altas. O escurecimento enzimático pode ser inibido em baixas
concentrações de oxigênio e baixas temperaturas. Para tâmaras colhidas e
comercializadas no estágio Khalal, evitar danos/contusões nos frutos é fundamental para
minimizar o escurecimento enzimático. A separação da pele ou inchaço se desenvolve
durante o amadurecimento de cultivares de tâmaras moles, que variam em suscetibilidade.
Alta temperatura e alta umidade em um estágio anterior ao início do amadurecimento
podem predispor as tâmaras à separação da pele (a pele fica seca, dura, quebradiça e se
separa da polpa). A mancha de açúcar ou 'açucaramento' se desenvolve como resultado
da cristalização de açúcares abaixo da pele e na polpa de cultivares de tâmaras moles.
Embora esse distúrbio possa não afetar o sabor, ele altera a textura e a aparência. A
incidência e a gravidade da mancha de açúcar aumentam com o aumento da temperatura
e do tempo de armazenamento. O armazenamento em temperaturas recomendadas
minimiza esse distúrbio, que ocorre principalmente em cultivares em que a glicose e a
C a p í t u l o I | 211

frutose são os principais açúcares. O açucaramento, se não muito severo, pode ser
reduzido pelo aquecimento suave das tâmaras afetadas (RYGG, 1975; YAHIA 2004).

A deterioração microbiana pode ser causada por leveduras (mais importante em tâmaras),
fungos e bactérias. Espécies de leveduras de Zygosaccharomyces são mais tolerantes ao
alto teor de açúcar do que outras encontradas em tâmaras. As tâmaras infectadas com
leveduras fermentam e desenvolvem um odor alcoólico. As bactérias Acetobacter podem
converter o álcool em ácido acético (vinagre) resultando em azedamento de tâmaras
(devido ao acúmulo de etanol e/ou ácido acético) com teor de umidade acima de 25%
quando mantidas em temperaturas acima de 20 ◦C e sua gravidade aumenta com a duração
e temperatura de armazenamento. O armazenamento a baixas temperaturas reduz a
incidência e a gravidade do azedamento. Os fungos (Aspergillus, Alternaria e Penicillium
spp.) podem crescer em tâmaras de alta umidade, especialmente quando colhidos após
chuva ou período de alta umidade. O crescimento de Aspergillus flavus em tâmaras pode
resultar em contaminação por aflatoxinas, o que as torna inseguras para consumo humano
e não comercializáveis (TAFTI; FOOLADI, 2005; YAHIA, 2004; YAHIA; KADER,
2011).

REMOÇÃO DE CACHOS

Uma prática regular é a remoção de cachos inteiros quando seu número por palma é muito
alto (Figura 109). Uma tamareira adulta pode produzir 20 ou mais cachos de frutos. De
fato, se o número de cachos de frutos por palmeira não for reduzido a um nível adequado,
a produção do próximo ano será baixa e, consequentemente, um fenômeno de alternância
se estabelece.
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Figura 109. Remoção de cachos inteiros quando seu número por palma é elevado. Foto:
Rashid Al-Yahyai (2018).

Outra vantagem da remoção de cachos é manter um equilíbrio adequado entre o número


de folhas e cachos de frutos. Segundo Nixon (1966), uma palmeira adulta Deglet Nour,
juntamente com outras variedades de fios longos, podadas de 100 a 120 folhas (uma
proporção de oito a nove folhas por cacho) é capaz de dar rendimento satisfatório sem
fenômeno de alternância.

O número de cachos de frutos para uma palmeira transportar com segurança depende de
sua idade, tamanho, vigor, variedade e do número de folhas verdes boas que ela carrega:
Nenhuma produção de frutos nos primeiros três anos (nessa idade, o crescimento é mais
importante que a produção de frutos até que a palma esteja bem estabelecida); um ou dois
cachos por planta no quarto ano, três ou quatro cachos no quinto ano e assim por diante.

Dependendo da variedade e das condições de cultivo, a produção total acompanhada do


número e tamanho máximo de folhas geralmente é alcançada em 10 a 15 anos e, então,
cerca de 10 cachos por palmeira podem ser permitidos.
C a p í t u l o I | 213

A remoção do cacho é praticada imediatamente após a frutificação. A prioridade, de


cachos a serem removidos, deve ser da seguinte forma:

- cachos com frutificação pobre;

- cachos precoces e tardios: geralmente são pequenos, pouco polinizados e localizados na


posição inferior e superior do nível de produção das inflorescências;
- cachos em grande número de um lado da palma (sua remoção garantirá o equilíbrio da
palma); e
- cachos com pedúnculos partidos ou fios partidos.
Os pedúnculos dos cachos a serem removidos devem ser cortados bem na base (ponto de
partida do estipe); a operação geralmente é realizada com um único corte, pois o
pedúnculo é relativamente macio nesta parte.

PROPORÇÃO DE CACHOS DE FRUTOS-FOLHAS

Uma palmeira Deglet Nour adulta, podada de 100 a 120 folhas, é capaz de carregar
anualmente de 12 a 15 cachos de frutos moderadamente desbastados sem qualquer
fenômeno de alternância; a relação folha-cacho é de 8 a 9 folhas para cada cacho de fruto
(NIXON; CARPENTER, 1978). Resultados semelhantes foram obtidos com a cultivar
Zahdi no Iraque (HUSSAIN et al., 1984). Um produtor é aconselhado a levar em
consideração a variedade, o estado de suas palmeiras e as condições culturais existentes
antes de determinar qual proporção de cachos-folhas adotar.

Vale ressaltar que é uma operação complicada, pois o valor da folha para a palmeira
diminui com a idade e não há duas folhas com a mesma idade. Além disso, as folhas com
4 anos de idade são apenas cerca de 65 por cento tão eficientes na fotossíntese por unidade
de área, quanto as folhas com 1 ano de idade (NIXON; WEDDING, 1956). Em boas
condições culturais, uma folha pode sustentar a produção de 1 a 1,5 kg de tâmaras.
Independentemente da relação folha-cacho, vários fatores podem afetar a produção de
frutos: ou seja, falta de adubação e irrigação insuficiente, o que pode reduzir o número de
cachos de flores e limitar a capacidade de suporte da palmeira.

Como determinar o número de folhas por palmeira. As folhas são agrupadas em 13


colunas quase verticais, espiralando ligeiramente para a esquerda em algumas palmeiras
e para a direita em outras. O agricultor deve contar apenas o número de folhas em uma
C a p í t u l o I | 214

dessas colunas e multiplicar por 13. Segundo Nixon e Carpenter (1978) e para permitir
sequenciar as podas irregulares na base, as contagens poderiam ser feitas em lados
opostos e divididas por dois (Figura 110).

Figura 110. Folhas de tamareiras agrupadas em 13 colunas, em espiral para a direita ou


para a esquerda.

O número de folhas de cada palmeira foi contado para avaliar a densidade das folhas. Este
foi um indicador muito importante, pois uma grande quantidade de folhas pode
representar um obstáculo para alcançar os cachos em diferentes posições e alturas. Por
isso, foram definidas três classes de densidade principais:
C a p í t u l o I | 215

-120 folhas: Alta densidade da fronde. Os cachos estão completamente cobertos pela
folhagem e é difícil alcançá-los (Figura 111.a).

-100 folhas: Densidade média da folhagem. Os cachos ainda estão dentro da fronde, mas
é muito mais fácil alcançá-los (Figura 111.b).

-90 folhas: Baixa densidade da folhagem. Poucos cachos estão completamente fora da
fronde e todos eles são facilmente alcançáveis (Figura 111.c).

Figura 111.a.b.c. Densidade da folhagem 120 folhas (esquerda), 100 folhas (centro) e 90
folhas (direita).

INCLINAÇÃO E SUPORTE DE CACHOS

Com a maioria das variedades de tâmaras comerciais, após a época de polinização, os


cachos são puxados para baixo através das folhas, com suavidade suficiente para não
quebrar nenhum dos fios, e o pedúnculo do cacho é apoiado ou suportado quando
amarrado à nervura central (raque da folha) de uma das folhas inferiores para evitar a sua
quebra.

Esta operação é executada quando o pedúnculo está totalmente estendido (longo o


suficiente), porém ainda flexível para permitir que a parte da curvatura seja distribuída,
de modo que a base não suporte todas as tensões. Isso também torna o cacho facilmente
acessível para desbaste, ensacamento e/ou aplicação de pesticidas.

A amarração pode ser feita com folíolos torcidos da palmeira, com corda ou com barbante
(Figura 112). Também previne danos causados por cicatrizes e quebra dos frutos durante
ventos fortes, e diminui o risco posterior de quebra do pedúnculo, sustentando o cacho à
medida que o peso aumenta (NIXON; CARPENTER, 1978).
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Figura 112. Suporte de cachos com barbante. Foto: Klein e De Wet (2002).

Após a estação de polinização, alguns dos cachos menores e posteriores nem sempre têm
idade suficiente para serem amarrados quando os cachos anteriores e maiores estão
prontos para tal operação, e podem ser amarrados 3 a 4 semanas depois. Em geral, o
pedúnculo cresce rapidamente durante as primeiras semanas após a polinização e mostra
flexibilidade e alta capacidade de flexão. Quando o alongamento cessa, é de se esperar a
quebra e a perda óbvia do pedúnculo (Figura 113). Normalmente, o cacho não precisa de
suporte até que o fruto atinja cerca de 3/4 do seu tamanho total. Quando o cacho de frutos
amadurece, pode facilmente atingir um peso de 35 kg ou mais. Vale ressaltar que o
manejo do cacho das variedades de tâmaras moles deve receber mais atenção do que o
das variedades de tâmaras secas.
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Figura 113. Quebra do pedúnculo do cacho quando não tem usado suporte do cacho.
Foto: Klein e De Wet (2002).

Com as palmeiras jovens, os cachos são mantidos fora do solo, prendendo o talo da fruta
em uma extremidade de uma estaca de madeira (em forma de garfo, chamada de poste)
(Figura 114).

Figure 114. Suporte de cachos em uma tamareira jovem usando uma estaca de madeira
em forma de garfo. Foto: Klein e De Wet (2002).
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PODA DE FOLHAS

Em geral, a poda na tamareira se refere a remoção de folhas velhas, mortas ou danificadas


e suas bases ou bainhas (Figuras 115). As folhas eliminadas são usadas como subprodutos
para fazer vários artesanatos, incluindo caixotes, cordas e cestos, além de fonte de
combustível para aquecimento e cozimento e para a construção de casas. Usando dois
tipos de ferramentas (ou seja, uma foice afiada e uma faca de colheita), a poda é realizada
anualmente após a colheita e para limpar os cachos de frutas restantes, folhas mais velhas
e fibras.

Figure 115. Ferramenta pneumática utilizada para poda de folhas e colheita de cachos de
frutos. Foto: Klein e De Wet (2002).

Dependendo da variedade e das condições culturais, as folhas da tamareira podem


permanecer vivas por pelo menos sete anos com atividade máxima durante o primeiro
ano e uma diminuição final em sua capacidade fotossintética. Como as folhas não caem
por conta própria, elas devem ser cortadas.

A poda é desejável para melhorar a qualidade dos frutos da tâmara e também aumentar a
capacidade de suporte. De fato, quando muitas folhas (até 180 folhas/palmeira não
podadas por 5 a 6 anos) são retidas e atingem abaixo do nível dos cachos de frutos, uma
alta porcentagem de frutos afetados com lesão e ponta preta e de frutos nos graus secos é
obtida. A lesão, que ocorre durante o meio do verão, é aumentada pela alta umidade
relativa causada pelas folhas mais baixas. Além disso, essas bases de folhas inferiores
provavelmente competem com os frutos e criam locais favoráveis para doenças e pragas
C a p í t u l o I | 219

(Figura 116). A remoção das folhas até o ponto em que as extremidades inferiores da
maioria dos cachos de frutas estão expostas é altamente recomendada para palmeiras
adultas em plena produção.

Figura 116. a) Poda não adequada do tronco de tamareira coberto com bases lenhosas e
extensas de folhagens (frondes) pode servir de abrigo de pragas e doenças; e b) Poda
correta do tronco de tamareira coberto com cicatrizes da bainha das folhas. Fotos: S.
Jedraszek, Universidade de Gdansk; M. Z. Paszke.

A poda é praticada principalmente após a colheita dos frutos. A poda também pode ser
realizada em qualquer momento conveniente entre a colheita e a floração (recomenda-se
o período de desbaste) e devido à maior facilidade no corte, é desejável retirá-los antes
que as bases fiquem duras e secas. As folhas secas, velhas penduradas e murchas ou
doentes são cortadas junto com os rebentos supérfluos ou caulinares. A poda das folhas
também pode ser sincronizada com a amarração dos cachos ou com o ensacamento.
Recomenda-se que as folhas ainda verdes não sejam podadas para aproveitar ao máximo
C a p í t u l o I | 220

a fotossíntese. Evidências consideráveis mostram que, em igualdade de condições, a


capacidade de produção de frutos de uma tamareira é proporcional ao número de folhas
verdes que ela carrega.

Durante a operação de poda, os ramos indesejados também devem ser removidos para
promover o crescimento daqueles que são retidos na palmeira para propagação, para
facilitar o acesso à palmeira e promover o crescimento e o porte da palmeira-mãe. No
crescimento de ramificações muito densas, algumas das plantas pequenas podem ser
ventosas (ramos ladrões) em vez de rebentos verdadeiras e devem ser descartadas.

No entanto, em região onde houver ameaça de geadas no próximo inverno, não se


recomenda a poda e as folhas são deixadas para proteção do frio das folhas jovens e tenras.

RETIRADA DE ESPINHO NA BASE DA FOLHA

Outro importante processo de poda é a retirada dos espinhos. É vantajoso remover


anualmente os espinhos da base das folhas novas para facilitar a polinização e o manuseio
dos cachos de frutos. Os próprios espinhos cortados são uma fonte de algum perigo,
porque se alojam nas bases das copas no solo onde persistem como um perigo para o
operário.

COBERTURAS DE CACHO

As coberturas ou capas de cachos de tamareiras oferecem várias vantagens e são


comumente utilizadas nas áreas de cultivo de tâmaras do Novo Mundo para proteger os
frutos da alta umidade e chuva, de ataques de pássaros e também de danos causados por
insetos.

Proteção contra alta umidade e chuva. Em várias áreas de cultivo de tâmaras (EUA,
Argélia, Tunísia, etc. no Hemisfério Norte; e na Namíbia, RSA no Hemisfério Sul), a
chuva pode coincidir com a estação de amadurecimento e, consequentemente, causar
severa perda de frutos. Um papel artesanal resistente marrom claro é usado nos EUA para
cobrir e fornecer boa proteção ao cacho durante a estação de amadurecimento (Figura
117).
C a p í t u l o I | 221

Figura 117. Unidade de proteção feita de papel craft para evitar danos causados pela
chuva nos cachos de frutas (EUA).

A proteção é aplicada aos cachos no estágio final do Kimri. As capas de papel, enroladas
ao redor do cacho e amarradas ao cacho, podem ser usadas em combinação com um
programa de pesticidas, porque a parte inferior do cacho não é coberta. Cobrir os cachos
muito cedo pode levar à queimadura solar dos frutos jovens externos, uma vez que a
cobertura é removida.

Nas variedades como Khadrawy e Hallawy, as quais têm uma copa relativamente aberta,
descobriu-se que as capas de papel branco causam menos queimaduras solares do que as
capas de papel marrom. Os cachos de Medjool são geralmente protegidos com um saco
leve de algodão branco, cuja parte superior é à prova d'água. Os sacos de plástico devem
ser evitados por causa de queimaduras solares e danos causados pelo calor à fruta, bem
como acúmulo de umidade.

O clima úmido resultante da umidade muito alta e/ou da chuva produzirá vários níveis de
danos, dependendo do estágio de amadurecimento do fruto:
C a p í t u l o I | 222

Imediatamente antes do estágio Khalal, ocorrem pequenas quebras superficiais ou lesões


na casca da fruta. A abundância dessas lesões e seus tipos (transversais, longitudinais ou
irregulares) variam nas diferentes variedades. Quando a lesão é severa, geralmente é
seguida por um escurecimento e enrugamento da ponta (ponta preta).

Na cor Khalal (amarelo a vermelho), quando não ocorre a lesão, a água produzirá quebras
ou rachaduras mais profundas e mais longas (fenômeno de divisão) na pele e na polpa
abaixo. Além disso, o clima úmido durante o estágio Khalal também favorece o ataque
de vários fungos, causando séria deterioração por podridão.

No estágio de Rutab, a umidade não causa mais ruptura da casca, mas a fruta absorve a
umidade e fica pegajosa, menos atraente e mais difícil de manusear. O alto teor de
umidade da fruta resultará em fermentação e azedamento que muitas vezes resulta em
grandes perdas.

No estágio de Tamar, a alta umidade e chuva causam poucos danos ao fruto, exceto
quando é negligenciado. O momento da proteção do cacho da chuva geralmente é quando
a fruta começa a adquirir sua cor Khalal. Uma cobertura precoce aumentará a lesão e a
ponta preta, porque reduz a ventilação dentro do cacho. Embora os frutos escapem de
danos por molhamento real, porém os danos por umidade excessiva aumentam.

Proteção contra pássaros. Aves de várias espécies causam danos severos comendo o
fruto durante o estágio de Rutab (Figura 118). Quando houver perigo de danos graves de
aves, os sacos de papel, que evolvem os cachos, também devem ser protegidos por baixo
com uma boa qualidade de pano poroso ou rede que exclua pássaros e insetos, mas ao
mesmo tempo não interfira seriamente na ventilação da fruta.
C a p í t u l o I | 223

Figura 118. Um cacho de frutas não protegido mostrando os danos causados pelas aves.
Foto: Klein e De Wet (2002).

A importância da ventilação aumenta durante os estágios posteriores de crescimento e


amadurecimento dos frutos, bem como com a frequência das chuvas e períodos de alta
umidade. Se tais condições ocorrerem, é aconselhável usar uma cobertura alargada e não
se estendendo para baixo nas laterais do cacho. O desbaste das mechas (fios) centrais de
um cacho promoverá melhor aeração dos frutos. Anéis ou espalhadores de 15 a 30 cm de
diâmetro, feitos geralmente de arame grosso, podem ser inseridos nos centros para manter
os cachos abertos à medida que a fruta cresce. Esse acessório é recomendado
principalmente para variedades de fios curtos, com frutos bastante macios. Os anéis de
formato de estrela de muitas pontas (ou arame ondulado) permanecem no lugar melhor
que os circulares e devem ser inseridos antes que a fruta atinja o estágio Khalal.
C a p í t u l o I | 224

Proteção contra insetos. Os sacos retêm os frutos e fornecem alguma proteção contra
pássaros, mas não impedem os insetos que infestam os frutos (CARPENTER, 1981). A
menos que apenas a fruta Khalal seja colhida, os insetos podem danificar mais de 50%
da fruta no estágio Rutab. As tâmaras armazenadas dessas palmeiras mostrarão grande
infestação por insetos vivos e mortos.

A exclusão física da maioria dos insetos pelo uso de sacos de tela é uma medida prática
usada em várias localidades do Oriente Médio (CARPENTER, 1975). Mariposas e outros
insetos maiores que besouros frutíferos (Nitidulidae) são excluídos. Os sacos são de tela
flexível de malha 18 × 20 ou rede de sombreamento (recomenda-se 80%) e têm 1,0 a 1,5
m2, dependendo do tamanho do cacho a ser coberto (Figura 119). Está intimamente ligado
ao pedúnculo para garantir que a água da chuva não entre e também para evitar que seja
levada pelo vento. O melhor momento de sua colocação é o estágio Kimri do meio para
o final.

Figura 119. Sacos de rede de sombra usados para proteger os frutos de tâmaras do ataque
de pássaros e insetos (Direita: 60% e esquerda 80%). Foto: Klein e De Wet (2002).
C a p í t u l o I | 225

O produtor de tâmaras é aconselhado a realizar o controle adequado de insetos no campo,


seguido de fumigação imediata dos frutos logo após a colheita. O saneamento da casa de
embalagem está intimamente relacionado ao controle de insetos no campo. A instalação
de embalagem deve ser livre de insetos para evitar a reinfestação de frutas fumigadas por
"insetos infestantes de frutas secas", moscas, baratas e outras pragas.

Além disso, as sacolas eliminam a necessidade de agrotóxicos nas frutas e, assim, mantêm
o controle biológico da cochonilha Parlatoria e de outros insetos.

FIXAÇÃO E RALEIO DOS FRUTOS

Crescimento e desenvolvimento de frutos. O crescimento e desenvolvimento do fruto


da tamareira envolvem diversas mudanças físicas, fisiológicas e químicas, começando
com a polinização e culminando na colheita.

Polinização. A polinização é um dos fatores de pré-colheita mais importantes que afetam


a qualidade dos frutos das tâmaras (AL-DELAMI; ALI, 1969). Na plantação comercial,
as árvores femininas são polinizadas artificialmente (polinização manual ou mecânica)
com pólen de árvores masculinas. A seleção de um bom polinizador é de primordial
importância na tamareira, pois o tipo de pólen parental afeta o tamanho do fruto e o tempo
de amadurecimento do fruto, bem como a composição química do fruto, o que é referido
como metaxenia (ABBAS, 1997).

Desbaste ou raleio de frutos no filamento (espigueta ou fio), número de filamentos


por cacho ou número de cachos por planta. A fixação dos frutos nas tâmaras está
intimamente relacionada com a viabilidade do pólen, bem como com as temperaturas
prevalecentes durante o período de polinização. A boa fruta geralmente é obtida quando
a temperatura diária está na faixa de 23,9 a 26,2 ◦C (NIXON; CARPENTER, 1978). A
frutificação deficiente resultante da baixa temperatura que pode ser melhorada cobrindo
os cachos de flores no momento da polinização com sacos de papel (RYGG, 1975). Um
conjunto de frutos de 50-80% é considerado suficiente para obter uma colheita completa.
A produtividade e a produção total de tâmaras aumentam gradativamente com o aumento
da relação folha/cacho (6, 8, 10 e 12 folhas/cacho). No entanto, a relação folha/cacho não
teve efeito no comprimento, largura e peso das tâmaras da variedade Khlass e as
diferenças entre os tratamentos não foram significativas (AL-SALMAN et al., 2012).
C a p í t u l o I | 226

Embora aumente o tamanho e a qualidade dos frutos, o raleio de cachos e frutos não é
comumente praticado, exceto em raros casos em que a palmeira tem mais de 20 cachos.
(AIT-OUBAHOU; YAHIA, 1999). É essencial garantir uma floração adequada no ano
seguinte, reduzir ou prevenir o fenômeno de produção alternada, melhorar a qualidade
dos frutos, promover o amadurecimento dos frutos e reduzir a compactação dos cachos
de frutos. O desbaste pode ser feito manualmente ou com o uso de reguladores de
crescimento. O desbaste manual é mais comum e envolve a retirada de alguns cachos e/ou
alguns filamentos de cada cacho e/ou encurtamento do comprimento dos fios. No entanto,
a retirada de alguns frutos de cada filamento ou espigueta é o melhor método de raleio de
frutos, embora muito caro. O método mais fácil de desbaste de frutos é remover várias
espatas ou inflorescências e equilibrar o número de cachos com o número de folhas verdes
na árvore (RYGG, 1975). Vários reguladores de crescimento têm sido usados como
agentes raleantes na tamareira, como as auxinas (ácido naftaleno acético (NAA), ácido
2,4-diclorofenoxiacético (2,4-D) e o composto liberador de etileno, ethefon, mas com
resultados variáveis, e, portanto, o raleio manual de frutas ainda é a prática amplamente
utilizada (RYGG, 1975; NIXON; CARPENTER, 1978).

O desbaste de cachos ou de espiguetas (filamentos ou fios) por cacho leva a um aumento


significativo no peso, tamanho e porcentagem de polpa do fruto. O raleio dos frutos
também melhorou positivamente as propriedades químicas dos frutos da tamareira. Vale
a pena notar que, deixando 30-35 filamentos/cacho resultaria em um rendimento
considerável caracterizado pela alta qualidade dos frutos das tamareiras das cultivares
Zaghloul e Hayani (MOSTAFA; EL AKKAD, 2011).

Importância do raleio de frutos

O desbaste de frutas é comumente praticado na maioria das regiões de cultivo de tâmaras


do mundo para propiciar as seguintes melhorias:

a. Evitar o fenômeno da alternância e garantir uma floração adequada para a próxima


safra. O desbaste permitirá que a tamareira produza regularmente a cada ano, em vez de
ser enfraquecida durante um ou dois anos por uma produção pesada e fazendo com que
produza frutos pequenos e finos no próximo ano;

b. Melhorar o tamanho do fruto e consequentemente satisfazer a preferência do mercado;

c. Melhorar a qualidade e textura da fruta que irá repercutir no preço;


C a p í t u l o I | 227

d. Garantir um amadurecimento precoce e ser o primeiro no mercado;

e. O raleio precoce permitirá espaço para o desenvolvimento do fruto; e haverá menos


perda de nutrientes (N,P,K.) que precisam ser substituídos por fertilização. A maioria das
fontes pesquisadas está, portanto, recomendando o desbaste precoce em vez do desbaste
tardio.

f. Reduzindo o peso e a compactação dos cachos de frutos, o que beneficiará as operações


de colheita e embalagem.

O desbaste de tâmaras pode ser realizado em três níveis:

(i) redução do número de cachos por palmeira (remoção de cachos inteiros);

(ii) redução do número de fios por cacho (principalmente da parte central do cacho); e

(iii) redução do número de frutos por fio (desbaste do cacho; retirada de uma proporção
de cada cacho).

1. Desbaste de cachos. O desbaste de cachos que se baseia principalmente no corte dos


fios terá um efeito máximo no tamanho dos frutos se aplicado no momento da polinização
(NIXON; CARPENTER, 1978). Cortar os fios centrais deve esperar até que o cacho tenha
emergido mais. No entanto, e de um modo geral para a maioria das variedades,
recomenda-se esperar 6 ou 8 semanas após a polinização para aplicar o método de
desbaste adequado.

A operação de raleio de cachos da variedade Deglet Nour está altamente relacionada ao


clima e ajuda a reduzir os danos causados pela umidade por uma maior circulação de ar
ao redor dos frutos. Essa ventilação reduzirá o risco de fermentação posterior da fruta,
podridão e azedamento. No entanto, em algumas variedades, a redução de frutos por
cacho pode aumentar a suscetibilidade do fruto à frutificação (rachadura da casca do fruto;
pequenas rachaduras na cutícula e células epidérmicas) ou bico preto (escurecimento e
enrugamento da ponta). Em outros climas e com outras variedades, Al Bakir e Al Azzauni
(1965) não encontraram efeito pronunciado do raleio no tamanho do fruto.

O objetivo do raleio de cachos é obter cachos mais uniformes em função da frutificação


(remoção de fios de flores se a frutificação for ruim e vice-versa). Os produtores de
tâmaras são aconselhados a levar em consideração a variedade, a importância relativa do
C a p í t u l o I | 228

tamanho e as condições climáticas locais antes de selecionar o método de desbaste e seu


grau. Além disso, os produtores também devem ter em mente que:

(i) um afinamento excessivo aumentará o inchaço e a formação de bolhas (separação da


pele e da polpa);

(ii) quanto mais cedo for feito o desbaste, mais eficaz será no aumento do tamanho;

(iii) cachos grandes combinados com clima úmido resultarão em podridão e azedamento
dos frutos;

(iv) seja qual for a técnica adaptada, todos os cachos devem ser desbastados
uniformemente para obter tamanho e qualidade uniformes.

Ao manter registros precisos, um produtor de tâmaras pode rapidamente determinar o


potencial de produção ideal de suas palmeiras. Registros de palmeiras individuais seriam
mais úteis para elaborar uma política eficaz de desbaste. Registros do número de cachos
de flores formados anualmente ajudarão a determinar se o produtor está desbaste muito
leve ou muito severamente.

Ao cortar as pontas e afinar os fios, a remoção de um total de cerca de 50 a 60 por cento


das flores ou frutos do cacho foi considerada altamente desejável. Para justificar o gasto
e o trabalho envolvidos no desbaste dos cachos, a cultura e o controle de insetos devem
ser adequados para garantir uma colheita de frutos sadios.

Segundo Nixon (1966), o raleio dos frutos nos cachos da variedade Deglet Nour e outras
variedades de filamentos longos é praticado de forma diferente, dependendo da natureza
dos cachos de cada variedade.

Variedades de fios longos (por exemplo, Deglet Nour)

1-.Remoção do terço inferior ou um pouco mais do cacho cortando as pontas de todos os


fios (Figura 120). O número total de flores em um fio de comprimento médio deve ser
contado para determinar o número desejado para remover e, consequentemente, seu
equivalente pelo comprimento do fio.
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Figura 120. Raleio com remoção do terço inferior do cacho. Foto: Zaid; De Wet (2002)

2-.Remoção de fios centrais inteiros para reduzir o número de fios no cacho de um terço
para cerca de metade em cachos muito grandes (Figura 121). O número total de fios deve
ser contado para determinar quantos devem ser cortados do centro. Os fios externos
inteiros nunca devem ser removidos porque o talo da fruta pode morrer.
C a p í t u l o I | 230

Figura 121. Raleio com remoção de fios centrais inteiros. Foto: Zaid; De Wet (2002).

Com outras variedades, a técnica é comumente modificada em relação à quantidade final


de tâmaras por fio (20 a 35) e ao número de fios por cacho (30 a 50). Serão obtidos em
média 7 a 11 kg de frutos maduros por cacho dependendo do tamanho original do cacho
antes do desbaste, da porcentagem de frutificação e da quantidade de desbaste.

A partir de experimentos conduzidos por El-Fawal (1972) em uma variedade egípcia


"Samany", seria sugerido que os melhores resultados podem ser obtidos a partir de um
tratamento de desbaste em que cerca de 40% do fruto é removido em duas etapas: a
primeira é cortar, no momento da polinização, as pontas dos fios o suficiente para remover
cerca de 20 % do número total de flores. O segundo passo é remover cerca de 20% do
número total de fios do centro aproximadamente 8 semanas após a polinização.

Os resultados do trabalho de Khairi e Ibrahim (1983) sobre o desbaste de frutos da


variedade Khastawi (Iraque) concluíram que o corte das pontas dos fios para reduzir a
carga inicial de frutos em cerca de 30% no momento da polinização e a remoção de cachos
fracos com baixa carga de frutos no momento da dobra do cacho, seis semanas depois, é
útil no manejo de cachos para produzir frutos de alta qualidade.
C a p í t u l o I | 231

O desbaste da variedade Barhee é feito em Israel da seguinte forma: Na abertura da espata,


o 1/3 superior é cortado e 3 a 4 semanas depois o produtor volta a desbastar mais 1/ 3 por
dentro. Esta técnica deixa 45 a 50 espiguetas por cacho e 20 a 25 frutos por espigueta.

Em geral, o raleio dos cachos não é inferior à metade e não é superior a três quartos do
número total de frutos. Para a maioria das variedades, geralmente é desejável reduzir o
número de fios por cacho e o número de frutos por fio. No entanto, qualquer método de
redução do número de frutos por cacho aumentará o tamanho e o peso e, até certo ponto
(5 a 10 %) melhorará a qualidade; além disso, não há correlação positiva entre os pesos
dos frutos e sementes entre todos os experimentos de raleio, indicando que o aumento do
peso é devido ao aumento do peso da polpa, mas o desbaste pesado aumentará a
suscetibilidade à lesão, o que reduzirá o teor.

Variedades de fios curtos (por exemplo, Hallaway e Khadrawy)

Essas variedades têm fios mais curtos, mas são mais numerosos que o Deglet Nour.
Consequentemente, seu desbaste deve se concentrar na remoção de fios centrais inteiros
e menos deve ser cortado das pontas dos fios. A remoção de um décimo a um sexto das
pontas dos fios, juntamente com o corte de cerca de metade do número total de fios do
centro do cacho, deu resultados muito satisfatórios. De acordo com Russel (1931), o
número de fios nas variedades Hallaway e Khadrawy deve ser restrito a 40 a 60 de 80 a
100 fios removendo os internos, e o comprimento dos fios deve ser de 35 a 45 cm de
comprimento cortando as extremidades 7-10 cm. Cada fio carregará 20 frutas (800 –
1.200 frutas em cada cacho).

Variedades de tâmaras extragrandes e longas (por exemplo, Medjool)

A variedade Medjool, devido à sua alta qualidade de frutos, é a única variedade


comumente desbastada pela remoção manual de frutos individuais. Em vez de cortar os
fios, apenas certa proporção de frutas é removida dos fios. Os frutos de Medjool são tão
grandes na maturidade que, com um conjunto normal de frutas, muitas frutas estão muito
cheias para serem colhidas sem danos e as frutas são muitas vezes deformadas pela
pressão de frutas adjacentes nascidas no mesmo fio. De acordo com os resultados
satisfatórios obtidos em Israel, o desbaste recomendado para a variedade Medjool deve
ser de aproximadamente 30 espiguetas por cacho, o qual é realizado 3 a 4 semanas após
a polinização, onde as espiguetas são desbastadas manualmente, deixando apenas 10
frutos por espigueta ou fio (Figura 122). No momento da colheita são obtidos 300 frutos
C a p í t u l o I | 232

por cacho com peso médio de 20 g por fruto. Uma palmeira adulta com 10 a 12 cachos
produzirá 60 a 72 kg de tâmaras Medjool de alta qualidade.

Figura 122. Dez frutos de tâmara por espigueta da variedade Medjool no estágio
Kimri.
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PRODUTIVIDADE

Uma palmeira adulta ou madura totalmente produtiva pode produzir de 60 a 100 kg de


frutos por ano, com algumas cultivares produzindo até 180 kg (ERSKINE et al., 2011;
HUNTRODS, 2011). As tâmaras são frutos de uma única semente de forma cilíndrica,
arredondada ou ovóide, com um mesocarpo carnudo doce coberto por um epicarpo fino,
de cor um pouco amarelada a marrom avermelhada. Os frutos são geralmente dispostos
em espiguetas com algumas dezenas de tâmaras individuais cada. Espiguetas são presas
a uma haste central para formar um cacho (MATER, 1991). O número de cachos por
árvore varia de 5 a 30, dependendo da cultivar e das condições ambientais.

De acordo com Barreveld (1993) e Nixon; Carpenter (1978), a tamareira produz cerca de
40 kg de frutos anualmente, com rendimentos de mais de 100 kg possíveis com manejo
intensivo. Quando cultivadas com baixos níveis de insumos e má gestão ou manejo, as
palmeiras podem produzir 20 kg ou menos de frutos anualmente. As plantas fêmeas
começam a produzir tâmaras aos 4 a 6 anos de idade e atingem a produção total dentro de
15 a 20 anos. A vida econômica média de um pomar de tâmaras é de 40 a 50 anos, mas
alguns são produtivos até 150 anos.

EXPERIÊNCIA DOS USA (CALIFÓRNIA)

A tâmara Medjool foi trazida para os Estados Unidos através do Departamento de


Agricultura dos Estados Unidos. Havia uma doença no Marrocos que estava se
espalhando rapidamente entre as tamareiras Medjool e um funcionário marroquino
ofereceu alguns brotos a um representante do USDA que por sua vez acabaram sendo
plantados na Califórnia. O Medjool agora está prosperando na Califórnia como uma das
principais cultivares de tâmara.

Também as Palmeiras Medjool são muito populares para paisagismo por causa de sua
aparência real e dossel completo. As tamareiras Medjool têm um dossel maior e mais
denso quando comparado ao Deglet Noor, que possui um dossel mais esparso e aberto
com menos folhas. As palmeiras Medjool e Zahidi são as mais semelhantes na aparência
com bela folhagem verde prateada.

Nos últimos 20 anos, as tamareiras se tornaram amplamente plantadas em todo o Sul da


Califórnia, principalmente como espécimes de palmeiras de paisagem e também para
C a p í t u l o I | 234

produção residencial e comercial. Proprietários de casas no Sul da Califórnia estão


plantando palmeiras em seus quintais para colher uma safra anual de tâmaras cultivadas
em casa!

A vida econômica média de um pomar de tâmaras é de 40 a 50 anos, mas alguns ainda


são produtivos até 150 anos. Existem algumas tamareiras que provavelmente têm várias
centenas de anos. Por causa da biologia da tamareira, seu cultivo possui uma série de
características incomuns que não são comuns em outras culturas perenes. Há uma série
de práticas culturais que requerem acesso à copa da árvore e, em árvores antigas que
atingem dezenas de metros de altura, isso pode ser desafiador e às vezes perigosas. A
copa da árvore precisa ser acessada para polinização, amarração do cacho, cobertura com
saco, colheita e poda. Embora a prática de subir nas árvores para acesso à copa ainda seja
encontrada em todas as áreas produtoras de tâmaras, o uso de elevadores mecânicos é
comum em áreas de produção mais avançadas ou industrializadas, como os Estados
Unidos (NIXON; CARPENTER, 1978).

Nas tamareiras femininas, existem três variedades principais de tamareiras plantadas na


Califórnia; a tamareira Medjool (Figura 123), a tamareira Zahidi e a tamareira Deglet
Noor. As tamareiras Medjool custam mais do que as tamareiras Deglet Noor. Outra
variedade de tamareira que também é muito desejável por suas tâmaras e também para
paisagismo é a tamareira Halawi, que é ainda maior que a tamareira Medjool.
C a p í t u l o I | 235

Figura 123. Pomar comercial de Medjool cultivado no Sul da Califórnia. Foto:


www.medjool-dates-palms.com

As tamareiras crescem bem em todo o Sul da Califórnia (Figura 124). As tamareiras


masculinas são frequentemente usadas no paisagismo porque, uma vez maduras, não
produzem a safra anual de tâmaras que podem atrair pragas se não forem removidas da
palmeira. Ou seja, as tamareiras também são uma escolha muito popular em paisagens
residenciais hoje por seu significado histórico e religioso, bem como pelo apelo da
paisagem tropical das tamareiras.
C a p í t u l o I | 236

Figura 124. Imagem aérea de um pomar comercial de tamareira na California, USA.


Foto: Aliasghar Montazar (2019).

A tâmara é polinizada pelo vento de forma natural, mas a polinização por insetos também
é possível. Comercialmente, poucas árvores masculinas são cultivadas em pomares de
tâmaras, e o pólen é coletado para a polinização artificial que é fundamental para o
sucesso da produção. A polinização artificial tem sido praticada no Norte da África e no
Oriente Médio há milhares de anos. A polinização de 60% a 80% das flores femininas
resulta em frutificação eficiente. As cultivares diferem muito em sua porcentagem de
frutificação. A incompatibilidade ou incompatibilidade parcial entre diferentes cultivares
femininas e masculinas é comum, mas não é bem compreendida. Apenas um óvulo por
flor é fertilizado, produzindo um único fruto (NIXON; CARPENTER, 1978; ZAID; DE
WET, 2002c).

Diferentes fontes de pólen podem influenciar o tamanho e a forma das sementes (efeito
‘‘xenia’’). O pólen também pode ter um efeito “metaxenia”, influenciando o tecido fora
do embrião e endosperma (NIXON, 1934, 1936; REUVENI, 1986). Como exemplo de
efeitos metaxênicos em tamareiras, Nixon (1934) relatou que 'Fard No. 4' produzia
consistentemente frutas mais precoce, porém menores do que a média de todas as fontes
de pólen estudadas, enquanto 'Mesquita' produzia consistentemente frutas maiores,
C a p í t u l o I | 237

todavia mais tardias do que a média. A polinização com pólen de diferentes espécies de
Phoenix também exibiu efeitos metaxênicos (NIXON, 1936). Embora efeitos
semelhantes tenham sido relatados em vários outros países, em alguns casos nenhum
efeito observável foi relatado de polinizações com pólen de diferentes machos testados.
Isso tem sido atribuído ao fato de que os efeitos metaxênicos são menos pronunciados
quando as condições climáticas são favoráveis (ou seja, unidades de calor mais altas) ou
a possibilidade de que os machos específicos testados não produzam efeitos metaxênicos
(REUVENI et al., 1986).

Após a polinização, os cachos são frequentemente amarrados aos pedúnculos das folhas
para suportar o peso do fruto. O desbaste de frutas às vezes é praticado no cultivo de
tâmaras. O desbaste de frutos é usado para diminuir a produção alternada ou rolamento,
aumentar o tamanho dos frutos, melhorar a qualidade dos frutos, antecipar o
amadurecimento dos frutos e facilitar o manejo do cacho. O raleio de frutos pode ser
realizado de três maneiras: remoção de cachos inteiros, redução do número de fios por
cacho e redução do número de frutos por fio. Cultivar, clima e práticas culturais
influenciam os níveis apropriados de raleio (desbaste) dos frutos. Os cachos de tâmaras
são geralmente cobertos (ensacados) nos Estados Unidos com papel Kraft de cor parda
(tonalidade de madeira), papel branco ou sacos de malha de algodão ou nylon. O
ensacamento pode proteger os cachos de frutas da alta umidade e da chuva, minimizar os
danos causados pelas queimaduras solares e diminuir as perdas das aves (NIXON;
CARPENTER, 1978; ZAID; DE WET, 2002c).

Clone comercial. A Palmeira Medjool é uma palmeira fêmea e pode iniciar a produção
de tâmaras mais cedo do que as mudas seminais ou cultura de tecidos, cerca de 7 anos
dependendo da idade da Palmeira Medjool transplantada. Mesmo que a Palmeira Medjool
seja uma planta do deserto, ela pode sobreviver a um ambiente muito variado. Em um dos
maiores pomares de palmeiras Medjool na Califórnia, nos arredores de Yuma, AZ., os
trabalhadores usam escadas altas para subir nas palmeiras durante a colheita para colher
as tâmaras. As tâmaras Medjool dessa operação comercial de palmeiras são famosas pelo
delicioso sabor da tâmara Medjool, vendida por catálogos de correspondência no Natal.
A Palmeira Medjool é um pouco sensível a temperaturas frias, mas pode sobreviver a
geadas leves e congelamentos.
C a p í t u l o I I | 238

Capítulo II

PRÉ-COLHEITA, COLHEITA E PÓS-COLHEITA DE TÂMARAS

Vicente de Paula Queiroga


Josivanda Palmeira Gomes
Nouglas Veloso Barbosa Mendes
Denise de Castro Lima
Alexandre José de Melo Queiroz
Bruno Adelino de Melo

Esther Maria Barros de Albuquerque


(Editores Técnicos)
C a p í t u l o I I | 239

PRÉ-COLHEITA

As melhores regiões de cultivo de tamareiras são caracterizadas por verões longos,


quentes e secos com chuvas mínimas de verão/outono. Em outras palavras, uma estação
de crescimento longa, quente e árida é necessária para o crescimento da tamareira e para
o desenvolvimento, maturação (maturidade fisiológica) e amadurecimento
(amadurecimento organoléptica) dos frutos. Ou seja, o amadurecimento ('ripening') é o
conjunto de mudanças que levam a fruta a atingir suas características gustativas
específicas (amadurecimento organoléptica), quando a fruta termina está pronta para o
consumo (fruit ripe); começa depois que a semente atinge a maturidade fisiológica
(maturation) (GILLASPY et al. 1993) e é anterior à senescência do fruto (AGUSTÍ,
2000). As variedades de maturação precoce, como Mejhool e Deglet Noor, no baixo
deserto da Califórnia, exigem cerca de 6.500 graus-dia de unidades de calor desde a
floração até o amadurecimento dos frutos.

Estágios de crescimento/maturidade do fruto. O crescimento e desenvolvimento do


fruto da tamareira envolve diversas mudanças físicas e químicas. O desenvolvimento do
fruto é classificado em cinco estágios usando termos árabes: Hababouk, Kimri (também
conhecido como Khimri ou Jimri), Khalal (também conhecido como Balah ou Bisr),
Rutab e Tamr (ou Tamar) (AIT-OUBAHOU; YAHIA, 1999; FAYADH; AL-
SHOWIMAN, 1990; YAHIA; KADER, 2011).

O estágio Hababouk começa após a fertilização e é caracterizado pela perda de dois


carpelos não fertilizados. Este estágio às vezes é incluído no próximo estágio. A cor da
fruta neste estágio é de cor cremosa a verde claro. Kimri é o estágio verde imaturo,
caracterizado pelo alto teor de água e um rápido ganho de peso e tamanho do fruto. Este
estágio dura cerca de 9 semanas, dependendo da cultivar e da localização. No estágio
Khalal (Bisir) o fruto está fisiologicamente maduro; dura cerca de 4 a 5 semanas e resulta
em uma ligeira diminuição no peso e tamanho do fruto, bem como no teor de amido. A
cor do fruto muda de verde para amarelo, rosa ou vermelho, ou amarelo manchado de
vermelho, dependendo da cultivar (Figura 125). Durante o estágio de Rutab (que
significa macio ou úmido), a fruta amolece, muda de cor para marrom claro, começa a
perder peso e acumula mais açúcares (principalmente açúcares redutores). Durante os
estágios Khalal e Rutab, a fruta perde progressivamente água (30-45%) e o amido é
convertido em açúcares (Figura 126).
C a p í t u l o I I | 240

Figura 125. Estágios de desenvolvimento de frutos de tâmara: Khimri (esquerda) e


Khalal (direita). Fonte: A. A. Kader (2009).

Figura 126. O amadurecimento de tâmara variedade Barhi (fruta suculenta) do estágio


Khalal ao Rutab. Fonte: A. A. Kader (2009).

O Tamar (o nome árabe das tâmaras) é o estágio de desenvolvimento totalmente maduro,


perde mais umidade e ganha mais açúcares, atingindo assim uma alta relação açúcar-água
(dependendo da cultivar). A maioria das tâmaras é colhida na fase Tamar, quando o fruto
apresenta cerca de 60 a 80% de açúcar, dependendo da localização e da cultivar; a cor
escurece, o que também é marcado pelo baixo teor de umidade (10–25%). Neste estágio,
C a p í t u l o I I | 241

os frutos podem ser colhidos macios (suculentos), semi-secos ou secos, dependendo do


destino e uso. Este estágio dura de 2 a 4 semanas e as tâmaras são apropriadas para
armazenamento ou processamento a seco de longo prazo. As tâmaras também podem se
desenvolver partenocarpicamente se não forem polinizadas. No entanto, esses frutos não
passarão pelos cinco estágios descritos acima e não atingirão o desenvolvimento
completo (ABBAS; IBRAHIM, 1996; AIT-OUBAHOU; YAHIA, 1999; YAHIA, 2004;
YAHIA, KADER, 2011).

Desenvolvimento do fruto da variedade Medjool. A fruta da tâmara Medjool também


passa por cinco estágios de maturidade/amadurecimento: Hababouk, Kimri (Khimri),
Khalal, Rutab e Tamar (Tamr). As tâmaras levam de 5 a 7 meses a partir do momento
em que emergem da espata, cacho ou invólucro até que estejam totalmente maduras
(Figura 127).

Figura 127. Diferentes estágios de frutificação da tamareira variedade Medjool desde a


data de polinização (PD) em 10 de abril de 2017 até a data de colheita (13 de outubro de
2017) na Estação de Pesquisa da Universidade da Jordânia. Vale do Jordão. Fontes:
Hashem Alhejjaj e Jamal Ayad (2018) e Al-Alawi et al. (2017).
C a p í t u l o I I | 242

Após a polinização, o primeiro estágio Hababouk apresenta uma duração entre 1-6
semanas. O segundo estágio chamado Kimri, o fruto vai atingir entre às 6-16 semanas da
DP (data de polinização). Quando colhidas neste ponto, as tâmaras são pequenas, verdes,
com textura dura e não comestíveis. Além disso, elas não podem ser amadurecidas
artificialmente além de um estágio Khalal de baixa qualidade. No estágio Kimri, há um
rápido aumento no tamanho, peso e açúcares redutores; é o período de maior atividade
ácida, umidade (80%) e teor de taninos (SAWAYA et al., 1982; MYHARA et al., 1999).

O terceiro estágio, Khalal (Bisir), ocorre aproximadamente ente 17-20 semanas após a
polinização. A cor da tâmara é amarela ou vermelha da variedade Medjool, o teor de
sacarose aumenta, o teor de umidade diminui (60%), e os taninos começam a precipitar e
perder a adstringência; embora alguns consumidores os considerem ainda adstringentes
(Tabela 5.2).

No estágio Rutab (21-24 semanas após a polinização), a ponta do fruto começa a ficar
marrom, o peso diminui devido à perda de umidade (cerca de 35%), a sacarose é
parcialmente convertida em açúcar invertido (frutose e glicose), os taninos precipitam, a
pele fica marrom e os tecidos amolecem (AHMED et. al., 1995; IMAD; ABDUL
WAHAB, 1995).

O estágio final de maturação da tâmara é o estágio de Tamar (aproximadamente 25- 27


semanas após a polinização). As frutas estão totalmente maduras; muito doce, marrom
escuro ou quase preto, macio e mastigável, com o menor teor de umidade e tanino (cerca
de 28% e 6%, respectivamente), rico em açúcares redutores (frutose e glicose) e pobre
em sacarose (SAWAYA et al., 1983; ALEID et al., 1999). Neste estágio, os
microrganismos não serão capazes de crescer nas tâmaras, no entanto, podem ocorrer
absorção de umidade e alterações na composição se não forem tomados cuidados
especiais durante o armazenamento.

Mudanças de composição durante o crescimento e a maturidade dos frutos. O peso


do fruto e da polpa aumenta gradualmente durante o desenvolvimento, atingindo um
máximo no estágio Khalal verde imaturo, mas diminui ligeiramente depois durante o
amadurecimento. O teor de umidade das frutas de tâmara diminui e os açúcares totais
aumentam à medida que amadurecem (Figura 128). No estágio Kimri é em média 83,6%,
no estágio Khalal é cerca de 65,9%, e continua a diminuir através do estágio Rutab
(43%) até o estágio Tamar (24,2%). A concentração total de carboidratos aumenta nas
C a p í t u l o I I | 243

tâmaras desde o estágio Kimri (6,2%) passando pelos estágios Khalal (26,6%) e Rutab
(45,2%), até o estágio Tamar (50,8%) e é dependente da variedade de tâmaras (AHMED;
AHMED, 1995). A glicose e a frutose também aumentam de 4,9 e 2,8%, respectivamente,
no estágio Kimri, para 13,1 e 11,8% no estágio Khalal, 21,4 e 19,4% no estágio Rutab
e 29,7 e 27,6% no estágio Tamar. O aumento da concentração de açúcares do estágio
Kimri para o estágio Tamar está relacionado à diminuição do teor de água das tâmaras
durante esses estágios. Os teores de proteína, gordura e cinzas diminuem durante o
amadurecimento de 5,6 a 2,3%, de 0,5 a 0,2% e de 3,7 a 1,7%, respectivamente (AL-
HOOTI et al., 1995). Além disso, a variação mineral não ocorre apenas entre espécies e
estágios de maturidade, mas também dentro de uma mesma variedade cultivada sob
diferentes condições agroclimáticas.

Figura 128. Umidade e açúcares totais em frutas de tâmara em vários estágios de


desenvolvimento/maturidade (média de 16 variedades para açúcares e 12 variedades para
umidade). Fonte: Al-Shahib e Marshall (2003a).

As tâmaras contêm níveis significativos de procianidinas ou taninos condensados (causa


de adstringência) no estágio Khalal. Esses taninos, que estão principalmente na casca,
são polimerizados à medida que os frutos amadurecem até os estágios Rutab e Tamar
(sem adstringência) (Figura 129). As tâmaras são a única fruta em que os sulfatos de
flavonoides foram relatados. A atividade antioxidante varia entre as cultivares de tâmaras
de moderada a alta em relação a outras frutas.
C a p í t u l o I I | 244

Figura 129. Teores de tanino em frutas de tâmara em vários estágios de


desenvolvimento/maturidade. Fonte: Adaptado de Al-Yahyai e Manickavasagan (2012).

Durante o amadurecimento, vários fatores transcricionais são ativados induzindo a


transcrição de genes relacionados ao amadurecimento (Figura 130). As proteínas recém-
sintetizadas estão envolvidas em muitos processos, incluindo síntese de etileno, síntese
de açúcares e ácidos orgânicos (que melhora o sabor), produção de voláteis responsáveis
pelo odor do amadurecimento da tâmara, desenvolvimento de enzimas responsáveis pela
degradação do pigmento e mudança de cor e enzimas envolvidas na degradação da
membrana e da parede celular, garantindo o amolecimento da fruta (EL-HADRAMI; AL-
KHAYR, 2012). Uma diminuição constante no índice de estabilidade da membrana (MSI
%), medida pela perda de íons, é observada na progressão do desenvolvimento do fruto,
especialmente durante os estágios Khalal e Rutab, indicando uma perda gradual da
estabilidade da membrana devido a mudanças ocorrendo nas propriedades bioquímicas e
biofísicas das membranas celulares (AWAD et al., 2011). El-Zoghbi (1994) mostrou que
a porcentagem de pectina nas tâmaras diminui de 1,6% no estágio Kimri para 0,54% no
estágio Tamar. Este estudo também apontou que os teores de hemiceluloses, celulose,
lignina e fibras totais diminuem com a transição do fruto dos estádios Kimri para Tamar.
C a p í t u l o I I | 245

A atividade da pectinesterase em tâmaras também aumenta com o amadurecimento


atingindo um máximo de 60,8 UI por 100 g de tecido, explicando assim a perda de pectina
(EL-ZOGHBI, 1994). Da mesma forma, a atividade das celulases foi estimada em 2 a 4
vezes maior na fruta durante o processo de amadurecimento (EL-ZOGHBI 1994).

Figura 130. Ilustração representando a séries de mudanças metabólicas que ocorrem nas
tâmaras durante o processo de maturação. Fonte: Adaptado de El-Hadrami e Al-Khayr
(2012).

FISIOLOGIA PRÉ-COLHEITA DE TÂMARAS

As tâmaras não são climatéricas com taxa de respiração relativamente baixa: <25 ml/kg/h
para tâmaras de estágio Khalal e <5ml CO2/kg/h para tâmaras de estágio Rutab e Tamar
mantidas a 20 ◦C. As taxas de respiração aumentam com maior teor de umidade e
temperaturas. A taxa de produção de etileno das tâmaras também é muito baixa a 20 ◦C,
ou seja, <0,5 -L/kg/h para o estágio Khalal e <0,1 -L/kg/h para as tâmaras Rutab e
Tamar (YAHIA, 2004).
C a p í t u l o I I | 246

Serrano et al. (2001) estudaram alguns parâmetros físico-químicos relacionados ao


amadurecimento e sua relação com o etileno em tâmaras (cv. Negros), que foram colhidas
e classificadas em dezesseis estádios de maturação de acordo com sua cor, variando de
amarelo-esverdeado a marrom escuro. A firmeza dos frutos diminuiu ao longo dos
diferentes estádios de maturação, enquanto o índice de maturação, expresso pela relação
entre sólidos solúveis e acidez, aumentou; a maior perda de firmeza da fruta
correlacionou-se com os maiores aumentos nas atividades de poligalacturonase e _-
galactosidase. Nos estágios iniciais de maturação, foi detectado um pequeno pico na
produção de etileno, seguido de um pico na taxa de respiração; sendo o hormônio vegetal
etileno responsável pelas alterações na cor, firmeza do fruto, teor de sólidos totais e
acidez.

Em relação à resposta ao etileno, foi relatado que não houve efeito da exposição das
tâmaras Barhee amarelas do estágio Khalal a 100 ppm de etileno por até 48 horas a 20

C e 85–90% de umidade relativa. No entanto, as tâmaras do estágio Khalal podem
responder à ação do etileno em temperaturas mais altas (30–35 ◦C), as quais são mais
apropriadas para seu amadurecimento. As tâmaras de estágio Rutab e Tamar não são
influenciadas pela exposição ao etileno, mas podem absorver facilmente o aroma de
outros produtos. Assim, as tâmaras não devem ser armazenadas com alho, cebola, batata
ou outros produtos com odor forte (KADER; HUSSEIN, 2009).

O aumento da produção de etileno acompanhando o climatério é um importante evento


regulatório no amadurecimento de muitas espécies frutíferas (YANG, 1980; KLEE;
CLARK, 2002). No entanto, outros eventos regulatórios precedem e seguem esse
aumento, como o acúmulo de ácido abscísico (ABA) e o aumento das atividades de ACC
sintase (ACC - ácido 1-carboxílico-1-aminociclopropano) e ACC oxidase (LELIEVRE
et al., 1997; LARA; VENDRELL, 1998). Serrano et al. (2001) relataram que nos estágios
iniciais de maturação da tâmara 'Negros' cultivada na Espanha, um pequeno pico na
produção de etileno foi detectado seguido por um pico na taxa de respiração, sugerindo
que as tâmaras são frutos climatéricos, sendo o etileno responsável pelos processos de
amadurecimento. Foi relatado que a aplicação de ethefon a 500 ppm, 1000 ppm ou 1500
ppm logo após a plena floração em tamareiras 'Zaghloul' e 'Samani' cultivadas no Egito
avançou o amadurecimento dos frutos em cerca de um mês, especialmente, na
concentração de 1500 ppm (KAMAL, 1995). Assim, Musa (2001) relatou que a eficácia
do ethrel (Ethefon 720) em melhorar o amadurecimento dos frutos de tâmaras 'Mishrigi
C a p í t u l o I I | 247

Wad Khatib' e 'Mishrigi Wad Lagi' cultivadas em Cartum, Sudão, foi 2-3 vezes maior
pela injeção de 2 ml de ethrel (480 g /l a.v.) em uma fenda (orifício) feita no pedúnculo
em comparação com 1000 ppm de ethrel pulverizando sobre a fruta. No entanto,
especialmente em regiões quentes e áridas, a eficácia da pulverização de ethefon foi muito
baixa, mais variável e deu resultados imprevisíveis mesmo quando aplicados em alta
concentração (1000 ppm) (EL-HAMADY et al., 1993; AL-JUBURI et al., 2001). Além
disso, Rouhani e Bassiri (1977) descobriram com tâmaras Bisir ‘Shahani’ cultivadas no
Irã que um tratamento pós-colheita de imersão em etefon aumentou a taxa de respiração
e a acidez, mas afetou apenas ligeiramente o amadurecimento dos frutos, sugerindo que
outros fatores endógenos também controlam o amadurecimento. Aplicação pós-colheita
de vários compostos, por exemplo, NaCl, NaOH e ácido acético, também foram relatados
para acelerar o amadurecimento das tâmaras; no entanto, o sabor e a cor dos frutos eram
geralmente inferiores aos amadurecidos naturalmente na árvore (KALRA; JAWANDA,
1974; SHAMSHIRI; RAHEMI, 1999; Figura 131).

Figura 131. Frutos amadurecidos na tamareira. Foto: Jordan River Dates.


C a p í t u l o I I | 248

COLHEITA

A tamareira é a cultura de subsistência mais bem-sucedida e importante na maioria das


regiões desérticas quentes e áridas (BOTES; ZAID, 1999). Geralmente, as tâmaras
inteiras são colhidas e comercializadas em três estágios de desenvolvimento: firme (Bisir
ou Khalal), madura (Rutab) e seca (Tamar) (Figura 132). A decisão pela colheita em
um ou outro estágio depende das características da cultivar, principalmente níveis de
taninos solúveis, condições climáticas e demanda do mercado (GLASNER et al., 1999).
'Helali' é uma das cultivares de tamareira de final de temporada sendo amplamente
cultivada na região do Golfo. No estágio maduro (Bisir), os frutos são adstringentes
devido ao alto teor de taninos solúveis, sendo necessária a remoção dos taninos para que
os frutos sejam comestíveis.

Figura 132. Diferentes estágios de crescimento e maturidade de frutos de tâmara.


C a p í t u l o I I | 249

Ou seja, a maioria das tâmaras são colhidas nos estádios Rutab (marrom-claro e macio)
e Tamar (marrom-escuro e macio, semi-seco ou seco) totalmente maduros, quando
apresentam altos teores de açúcares, menores teores de umidade e taninos
(desaparecimento de adstringência), e são mais suaves do que as tâmaras do estágio
Khalal (Figura 133).

Figura 133. Tâmaras da variedade Barhee colhidas no estágio Khalal (acima) e tâmaras
da variedade Deglet Noor colhidas no estágio Tamar (Tamr). Fonte: E.M. Yahia e A.A.
Kader (2011).

O estágio de maturação em que os frutos são colhidos depende da cultivar e da finalidade


de consumo dos frutos. A época da colheita é baseada no teor de açúcar e umidade,
aparência e textura da fruta. As tâmaras para venda imediata são muitas vezes colhidas
quando o teor de umidade ainda é alto, enquanto que as tâmaras que serão armazenadas
são deixadas na tamareira para a cura natural para perder o excesso de umidade. Os
estágios de maturidade das tâmaras incluem Hababouk (estágio inicial de
C a p í t u l o I I | 250

desenvolvimento), Khimri, Khalal, Rutab e Tamar. Algumas cultivares de tâmaras


ricas em açúcares e pobres em taninos, como Barhi (Barhee, Berhi), Hayani, Samany e
Zaghlol são colhidas no estágio Khalal (parcialmente maduras) quando são amarelas ou
vermelhas (dependendo da cultivar), mas muitos consumidores os consideram
adstringentes (devido ao alto teor de tanino). As tâmaras de outras cultivares colhidas
antes da maturidade total devem ser amadurecidas artificialmente. Além disso, as tâmaras
muito imaturas não podem ser adequadamente amadurecidas artificialmente e,
consequentemente, serão de má qualidade.

Uma série de mudanças físicas e químicas foram avaliadas como índices de maturidade
e colheita (YAHIA; KADER, 2011), incluindo o aumento de açúcares totais, sólidos
totais, mudanças de cor de verde para amarelo ou vermelho ou laranja ou roxo de acordo
com a cultivar, a rápida queda da firmeza dos frutos, a diminuição acentuada do teor de
umidade, o aumento dos açúcares redutores e a diminuição da sacarose, bem como a
diminuição da acidez e perda de taninos. A possibilidade de usar o aumento na produção
de etileno como um indicador fisiológico de maturidade em tâmaras de Hillawi também
foi avaliada, e os resultados mostraram que o aumento na produção de etileno começou
em 7-10 dias (dependendo do tipo de pólen parental usado na polinização às flores
femininas) antes do amadurecimento dos frutos (IBRAHIM, 1996).

1.Métodos de colheita

Na colheita manual, geralmente o acesso à copa da árvore é feito por meio de escalada ou
elevadores mecânicos. À medida que a palmeira cresce, a colheita das tâmaras torna-se
mais difícil, perigosa e mais cara. A colheita manual de tâmaras envolve o uso de escadas
de alumínio para palmeiras baixas e plataformas de colheita para palmeiras mais altas. As
escadas podem ser apoiadas na palmeira para facilitar a colheita ou vários tipos de
subidas, como escalada de árvore com cinto e plataforma elevatória autopropelida, são
usados para alçar os trabalhadores colhedores, visando facilitar a colheita. As frutas são
colocadas dentro de um balde e abaixadas até o solo, e então acondicionadas em caixotes
a granel e enviadas para o “packinghouse”.

-COLHEITA MANUAL

a. Colheita manual seletiva de frutos. Os frutos não amadurecem uniformemente,


mesmo no próprio cacho e, consequentemente, são necessárias várias colheitas (10-15)
durante a época de colheita (início de agosto a final de novembro). No entanto, apenas 30
C a p í t u l o I I | 251

a 40% do total de frutos podem normalmente amadurecer na árvore e os frutos restantes


não amadurecem, causando perdas econômicas. Assim, acelerar o amadurecimento dos
frutos dentro ou mesmo fora da árvore é um processo crítico. Geralmente, a taxa de
amadurecimento dos frutos é muito maior em agosto e declina acentuadamente em
setembro, outubro e novembro. A notável diminuição das temperaturas que ocorre
durante este período pode estar relacionada com tal falha de amadurecimento. Portanto,
o ensacamento dos cachos pode aumentar o acúmulo de unidades de calor ao redor da
fruta e acelerar o amadurecimento.

As tâmaras das variedades comercializáveis devem ser colhidas à medida que


amadurecem na árvore (coleta seletiva), especialmente aquelas com maturação
escalonada (Medjool, Boufeggous, etc). Essa colheita manual seletiva consiste em colher
as tâmaras uma a uma à medida que os frutos vão amadurecendo (Figura 134). Justifica-
se para variedades de boa qualidade comercializável com preço de venda muito
remunerador (caso da variedade Medjool). É também a melhor maneira de obter frutos
muito bonitos e ao mesmo tempo limitar os danos causados pelas aves. Esse processo é
incentivado apesar de dois inconvenientes: a mão de obra necessária e a impossibilidade
de controlar possíveis furtos em Marrocos.

Figura 134. Colheita manual: as tâmaras maduras individuais são colhidas diretamente
dos cachos para o balde de plástico. Foto: Hamdi Taher Altaheri (2019).
C a p í t u l o I I | 252

As tâmaras colhidas também podem ser recolhidas num cesto adequado ligado ao
apanhador por uma corda que lhe permite descer suavemente com o cesto cheio apenas
auxiliado por um apanhador que escala a palmeira (Figura 135) ou através de uma grande
escada de alumínio (Figura 136).

Figura 135. Apanhador escalador recolhendo as tâmaras num cesto. Foto: Ahmed
Nourani e Francesco Garbati Pegna (2022).

Figura 136. Escada de alumínio usada na colheita de tâmaras em cesto preso ao


pedúnculo do cacho. Foto: Fazendas de Woodspur Millicent Harvey.
C a p í t u l o I I | 253

Assim, a identificação e capacitação dos "coletores" nas regiões de produção sobre as


condições adequadas para a colheita de tâmaras devem conscientizá-los para um melhor
manejo das colheitas, a fim de preservar sua qualidade e garantir sua higiene.

b. Usando uma bolsa com manga. É uma bolsa de lona forte mantido aberta por uma
armação de metal estendida por uma manga comprida, transportada por um garfo de metal
com ganchos colocados em sua extremidade. O cacho é envolvido pela bolsa. Um
movimento de vai-e-vem transmitido ao garfo sacode o cacho e destaca as tâmaras
maduras. Estes últimos, recolhidos pela bolsa, são conduzidos pela manga comprida para
dentro de uma caixa (Figura 137). Este modo de colheita seletiva oferece vantagens, mas
só pode ser utilizado para cultivares com cachos suspensos (Figura 138). De qualquer
forma, a colheita da tâmara pode ser feita com alguns cuidados simples que podem trazer
bons resultados.

Figura 137. Bolsa coletora de manga comprida feito de tela de nylon instalada em cada
cacho durante a colheita para acumulação de frutos de tâmara, evitando seu contato com
o chão. Fotos: DESERT magazine (2017) Mona de Crinis
C a p í t u l o I I | 254

Figura 138. Colheita seletiva de tâmaras: Descida dos cachos em cesto e corda. Fonte:
Chabana & Al-Chariki (2000).

c. Colheita de cachos. A escala varietal de maturidade das tâmaras marroquinas é


variável. As tâmaras são classificadas como precoces, sazonais ou tardias.

- Para variedades com maturação simultânea, os cachos devem ser cortados quando
totalmente maduros.

-Para tâmaras de qualidade média, os cachos devem ser cortados quando 75% dos frutos
atingirem a maturidade.

-Uma vez no solo, agitam-se os cachos e recolhem-se as tâmaras maduras. As tâmaras


que permanecem nos cachos devem continuar a amadurecer em locais adequados.

Um procedimento usual para escalar as tamareiras é o uso de um cinto largo de tecido de


fibra de coco para apoiar as costas do escalador e cortar todo o cacho. Os cachos podem
ser abaixados por cordas ou passando o cacho de mão em mão. Os frutos também são
colhidos sacudindo o cacho e todos os frutos maduros que se desprendem facilmente e
caem em redes de tecidos espalhadas ao redor da palmeira. Frutas muito macias podem
ser danificadas neste processo. Equipamentos mecânicos para colheita têm sido
amplamente utilizados nos EUA, Arábia Saudita (AL-HAMDAN, 2006) e Emirados
Árabes Unidos. Apenas as tâmaras secas são adequadas para a colheita mecânica, pois as
C a p í t u l o I I | 255

tâmaras mais macias podem ser danificadas pela colheita inadequada. A frequência da
colheita depende de vários fatores, como tipo de tâmara (mole, seco ou semi-seco),
condições climáticas, demandas do mercado, métodos de manuseio, custo do manuseio e
disponibilidade e custo com os catadores.

Para tâmaras de boa qualidade como Medjool e Boufeggous, o cacho pode ser ensacado
antes de ser cortado e depois enviado por corda para o chão abaixo da árvore coberto com
uma lona.

Quando se trata de variedades de qualidade média, os cachos de tâmaras são cortados de


uma só vez e baixados ao solo por meio de uma corda em direção ao solo, mas abaixo da
copa da árvore está coberta com uma lona (Figura 139).

Figura 139. Colheita manual de tâmaras na Arábia Saudita (acima) e Egito (abaixo).
Fotos: Atef Elansari e Awad Hussein.

c) Ensacamento de cachos de frutas.

Mesmo que seja um encargo monetário adicional (essas práticas culturais aumentam os
custos de mão de obra), o ensacamento dos cachos com sacos de vários tipos (papel
especial, plástico, redes, etc.), tem efeitos benéficos na qualidade das tâmaras. Cachos de
C a p í t u l o I I | 256

tâmaras geralmente são cobertos (embalados) com papel kraft marrom, papel branco ou
sacos de malha de algodão ou nylon. Awad (2007) constatou que o uso de sacos de
polietileno preto e azul aumentou a taxa de amadurecimento dos frutos e elevou o
rendimento de Rutab por cacho. O ensacamento pode proteger os cachos de frutas da alta
umidade e chuva, minimizar os danos causados pelas queimaduras solares e diminuir as
perdas causadas pelas aves (NIXON E CARPENTER, 1978; ZAID; DE WET, 2002).

O ensacamento dos cachos também evita qualquer clima "sujo" para as tâmaras, tais
como: chuva e vento quente, seco e forte, o que pode evitar a fermentação das tâmaras, a
queda das tâmaras, os arranhões da pele, a quebra dos cachos, etc. Também promove o
crescimento de frutos jovens e permite várias vantagens no momento da maturação
(aparência homogénea, maturação agrupada, etc.) (Figuras 140 e 141).

Figura 140. Método tradicional de colheita de tâmaras. Fonte: Noé Ortiz-Uribe et al.
(2019).
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Figura 141. Empacotamento de frutas ('cobertura de cacho') auxiliado por uma grua.

Outra vantagem do ensacamento é a proteção das tâmaras contra o ataque da broca do


milho no campo (proteção por ensacamento dos cachos de tâmaras com sacos “rede” de
malha fina). Este meio de defesa permite bloquear a infestação, ou pelo menos
parcialmente (metade), de pragas e, assim, cobrir os cachos até que as tâmaras
amadureçam e sejam colhidas. A época de instalação ou instalação desses sacos de malha
é meados de junho (condições de Marrocos) ou no início do crescimento dos frutos para
todas as variedades em produção.

Além disso, o ensacamento de cachos de tâmaras com sacos de rede de malha muito fina
oferece um meio seguro de defesa contra pássaros e particularmente pardais, pois ambos
são as pragas de tâmaras durante este período. É muito justificado para variedades de
tâmaras de boa qualidade (Figura 142).
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Figura 142. Ensacamento de cachos. Foto: Hasnaâ Harrak.

O ensacamento de cachos com diferentes materiais como sacos de polietileno preto ou


azul, “agrisafe” branco (lã de polipropileno) e sacos de papel durante a estação de
crescimento aumentam significativamente a taxa de amadurecimento dos frutos e
aumentam o rendimento de Rutab por cacho, sendo os sacos de polietileno preto e azul
os mais eficazes (AWAD, 2007). A aplicação de ethrel pré-colheita por pulverização ou
injeção no pedúnculo do cacho aumentou a produção de frutos de Rutab por cacho em
comparação com os controles (AWAD, 2007).

d) Equipamento de colheita. Para o corte dos cachos, recomenda-se o uso de


instrumentos muito afiados (pequena foice, podadeiras, lâminas de serra, etc.) (Figura
143).

Figura 143. Corte do cacho de tâmaras com instrumento cortante (tipo foice pequena),
adaptado por um protetor no cabo da foice contra espinhos.
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e) Coleta de tâmaras. Para a coleta de tâmaras, a extensão das lonas no solo diretamente
sob as palmeiras é uma melhoria trazida ao processo de colheita. As tâmaras bem maduras
que sempre caem dos cachos durante a operação (durante o corte e a descida do cacho)
caem sobre essas lonas. Estas lonas evitam a mancha das tâmaras em contacto com o solo.
São lonas especiais, feitas de lona resistente, dotadas de uma rebaixa para a locação da
caixa de coleta e equipadas nos cantos com alças de corda para facilitar o manuseio.

Para a coleta, manuseamento e transporte das tâmaras durante a colheita, é preferível


utilizar caixas especiais com extremidades reforçadas e equipadas com pegadores. Estas
caixas limitam o tamanho da colheita, evitam danificar as tâmaras e facilitam o
carregamento (Figura 144).

Figura 144. Caixa plástica para coleta, manuseio e transporte de tâmaras. Fonte: Chabana
& Al-Chariki (2000).

-COLHEITA MECÂNICA

Há uma tendência positiva que está forçando o cultivo de tâmaras a desenvolver novas
soluções para enfrentar os desafios da produção moderna: a pontualidade das práticas
agrícolas, o aumento dos custos da mão-de-obra, a escassez de mão-de-obra qualificada,
a fadiga e os riscos inerentes a este trabalho fazem parte das principais questões a abordar.
De fato, o cultivo da tamareira é caracterizado por várias operações realizadas no nível
da fronde (agrupamento de folhas), que muitas vezes está a mais de 6 m acima do solo e
C a p í t u l o I I | 260

pode atingir até 20 m em plantações antigas. Na maioria das plantações o acesso ao nível
da folhagem ainda é feito de forma tradicional, onde os trabalhadores têm que subir no
tronco com a ajuda de cintos ou correias ou longas escadas ou de outras pessoas
empilhadas nos ombros uns dos outros (OPARA; EL-MARDI, 2003; GARBATI
PEGNA, 2008, NOURANI, 2016). Isso faz com que essas operações, entre as quais a
colheita é obviamente a mais importante, sejam muito difíceis e arriscadas,
principalmente quando a altura das tamareiras é superior a 6-8 m, causando muitas
vítimas anualmente ou o abandono das palmeiras mais altas (GARBATI PEGNA, 2008).

Uma grande mudança que ocorreu no cultivo de tâmaras nos Estados Unidos foi à
mecanização de algumas práticas de cultivo e, em particular, a época e o método de
colheita (BARREVELD, 1993; AKYURT, 2002). Durante as décadas de 1940 e 1950,
sob o impacto do aumento dos custos trabalhistas e da altura cada vez maior das
palmeiras, alguns produtores nos EUA construíram grandes torres de colheita puxadas
por trator, para evitar a necessidade de escadas (AKYURT, 2002); a partir de 1960,
experimentou-se o uso de máquinas de posicionamento de homem tipo guindaste
hidráulico montado em caminhão, a fim de mover trabalhadores de palma em palma
(AKYURT, 2002). Mesmo que nenhuma dessas tentativas tenha proporcionado um
aumento significativo na produtividade dos trabalhadores, a escassez de mão de obra era
tal que em 1966, 80% da safra de tâmaras nos EUA estavam sendo colhidas com o uso
desses dispositivos mecânicos (BROWN, 1983; AKYURT, 2002). Hoje em dia foram
desenvolvidas outras máquinas, que podem colher tâmaras sacudindo a planta ou que por
um mecanismo deslizante e uma força de pressão no caule podem subir o operador até a
folhagem, foram desenvolvidas, mas esses dispositivos não são adequados para a maioria
das variedades de tâmaras e ainda precisa de muitas melhorias (SHAMSI, 1998). Um dos
passos mais importantes na mecanização do acesso dos operadores às folhas, flores e
frutos das tamareiras tem sido uma grande plataforma aérea em forma de “U”, mantida
por uma lança telescópica movida hidraulicamente ou empilhadeira montada em um
transportador off-road, que pode fornecer suporte e espaço para vários trabalhadores
permitindo que eles trabalhem em uma palmeira ao mesmo tempo. Este sistema, que
oferece bons níveis de eficiência e segurança para os trabalhadores e permite um
reembolso mais rápido do investimento, é amplamente utilizado em grandes plantações
especializadas onde são cultivadas variedades valiosas. No entanto, os altos custos de
aquisição e manutenção deste equipamento o tornam inviável para as médias e pequenas
C a p í t u l o I I | 261

propriedades (GARBATI PEGNA, 2008; SHAMSI, 1998). Limites adicionais podem ser
identificados em dificuldades de manobra em espaços apertados causados por sistemas
de irrigação, disposição irregular de palmeiras, espaçamento insuficiente de árvores e
consórcio (SHAMSI, 1998). Em alguns destes casos, ou onde são utilizados
equipamentos diferentes, os operadores têm que saltar da plataforma para alcançar os
frutos se os cachos estiverem escondidos pelas frondes (agrupamento de folhas), anulando
assim o aspecto de segurança. Dispositivos de elevação menores também foram propostos
por vários fabricantes (GARBATI PEGNA et al., 2012), mas nenhum conseguiu
conquistar a confiança dos agricultores.

Com o objetivo de resolver os problemas de mecanização de fazendas menores ou


difíceis, fornecendo uma máquina flexível e leve para o acesso do operador às partes altas
das palmeiras, duas empresas italianas ERREPPI e CO.ME.T. desenvolveram a Xiraffe,
uma plataforma aérea leve off-road, facilmente adaptável a diversas condições de
operação, garantindo segurança e facilidade de trabalho mesmo em alturas consideráveis
(Figura 145). Essa máquina constitui uma novidade neste sector pelas suas características
e a sua aptidão para trabalhar em condições adversas, podendo representar uma solução
rentável, também susceptível de futuros desenvolvimentos, para operações de campo ao
nível das frondes (copa), oferecendo uma solução de mecanização especializada
adequada e acessível mesmo para as médias e pequenas fazendas.
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Figura 145. Equipamento Xiraffe desenvolvido por empresas italianas, que é uma
plataforma aérea leve off-road auto-movível para cultivo de tamareiras. Foto: Empresas
italianas ERREPPI e CO.ME.T.

Este estudo analisa o desempenho da plataforma Xiraffe com foco nas operações de
colheita; a investigação é baseada em dados coletados em 2017, durante testes de campo
em plantações de Medjool no Vale do Jordão (H.K. da Jordânia); estes ensaios, realizados
em palmeiras de diferentes alturas e características, visavam comparar a colheita
mecanizada e manual tradicional, que ainda é o método mais comum na região do
presente estudo.

A colheita do fruto da tamareira é muito crítica em termos de determinação da qualidade


do produto e, portanto, do preço final. O fruto da tâmara é colhido manualmente ou com
algum grau de mecanização, especialmente em grandes propriedades em Omã (Figura
146). O maquinário de colheita precisa ser eficiente e limpo, pois afetará o restante das
etapas posteriores, como processamento, embalagem e comercialização.
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Figura 146. Plataforma de colheita de frutos de tâmara em forma de U em atividade


operacional em grandes propriedades em Omã. Fonte: H. Jayasuriya.

Com o desenvolvimento subsequente da indústria de tamareiras em Omã, as estratégias


de colheita também sofreram avanços, e agora a colheita mecanizada (Figura 146) está se
tornando popular. Normalmente, os sistemas mecanizados de colheita de tâmaras
consistem em veículos equipados com vários braços longos com cestos na extremidade,
onde um trabalhador pode ficar no cesto para colher os frutos (MAZLOUMZADEHA et
al., 2008) (Figura 147).
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Figura 147. Modelo de plataforma elevatória de colheita. Fonte: H. Jayasuriya.

Nos USA, a colheita manual pode atingir até 45% dos custos operacionais e, portanto,
esforços foram feitos para desenvolver métodos de colheita mecânica para realizar a
colheita de forma mais conveniente e rápida do que o método tradicional (manual) (AL-
SUHAIBANI et al., 1991; IBRAHIM et al., 2007). Alguns ensaios foram realizados com
tâmaras Deglet Nour no Coachella Valley, Califórnia, usando plataformas construídas em
torres extensíveis, permitindo que o colhedor se movesse de uma tamareira para outra
(BROWN, 1982). Uma vez no topo da palmeira, a colheita é feita manualmente, usado o
mesmo procedimento de colheita manual. Mais tarde, desenvolveu-se o conceito de
colheita mecânica de cachos de frutos maduros, em que os cachos inteiros eram cortados
C a p í t u l o I I | 265

em duas ocasiões. Um desenvolvimento posterior foi o uso de agitadores mecânicos, nos


quais o eixo do cacho de frutos era agitado e os frutos coletados sob a árvore. Esta colheita
mecanizada reduziu em 25% o custo operacional da colheita, além de reduzir em 60% o
custo de manuseio e embalagem. Assim, o método de colheita mecânica de cortar os
cachos de frutas inteiros e, em seguida, usar agitadores mecânicos para remover a fruta
tornou-se o procedimento padrão no Coachella Valley, Califórnia.

Um desenvolvimento posterior foi à utilização de uma grua hidráulica construída sobre


um caminhão e a grua tinha um cesto utilizado pelo catador para alcançar o topo da árvore
(Figuras 148 e 149). O catador corta o cacho inteiro e o coloca na cesta, que é abaixada
pelo guindaste até um reboque agitador para sacudir. Após a agitação, as frutas caem nos
silos a granel colocados sob o reboque agitador. Os silos a granel são então levantados
por um “shuffle” e colocados em caminhões para serem transportados para o
“packinghouse”. Quase 80% das tâmaras produzidas nos EUA são colhidas por esse
método, o que reduziu os custos operacionais em 50% (RYGG, 1975; BROWN, 1982;
HODEL; JOHNSON, 2007).

Figura 148. Guindaste hidráulico construído sobre um caminhão utilizado pelo catador
para chegar ao topo da palmeira. Fotos: Davis Karp e Afron Machinery.
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Figura 149. Mulheres trabalhando na colheita da tâmara a bordo de uma plataforma


mecânica em forma de U, efetuando a operação de empacotamento de cacho antes da sua
colheita. Fonte: Noé Ortiz-Uribe et al. (2019).

Época de colheita. A época de colheita é baseada na aparência e textura da tâmara, as


quais estão relacionadas à umidade e teor de açúcar (YAHIA, 2004). A maioria dessas
características depende da experiência dos produtores e do uso e destino da tâmara. As
tâmaras para venda imediata são muitas vezes colhidas quando o teor de umidade ainda
é alto, enquanto as tâmaras que serão armazenadas são deixadas nas tamareiras para cura
natural e para perder o excesso de umidade. Embora algumas cultivares com baixo teor
de taninos e alto teor de açúcares possam ser colhidas no estágio Khalal, as tâmaras de
outras cultivares colhidas antes da maturidade total devem ser amadurecidas
artificialmente. Tâmaras muito imaturas não podem ser adequadamente amadurecidas
artificialmente e, consequentemente, serão de má qualidade. Os frutos da cultivar Deglet
Nour não devem ser colhidos antes do estágio de “viragem” (mudança de cor) em que a
textura é maleável e a cor é âmbar-canela. Frutos colhidos com anel avermelhado na
extremidade do perianto têm melhor potencial de armazenamento do que frutos deixados
na palma até que o anel se desvaneça com a maturidade mais avançada (RYGG, 1975).
Os frutos da variedade Halawi não devem ser colhidos antes do estágio de maturação
suave, mas também podem ser colhidos no estágio de Tamar. As frutas Maktoom e
Boufgouss podem ser colhidas quando 10 a 25% da superfície são translúcidas e depois
amadurecidas até uma qualidade aceitável.
C a p í t u l o I I | 267

O momento adequado da colheita reduz a incidência e a severidade de fraturas ou


rachaduras de tâmaras, desidratação excessiva, infestação de insetos e ataque de
microorganismos. As tâmaras são colhidas de julho a agosto no estágio Khalal ou de
setembro a dezembro nos estágios Rutab e Tamar nas regiões produtoras do Hemisfério
Norte. No Hemisfério Sul, a colheita ocorre em fevereiro, março e abril. As tamareiras
são colhidas várias vezes durante a época de colheita, uma vez que nem todas as tâmaras
amadurecem simultaneamente. Ou seja, as tâmaras são colhidas na maturidade ou perto
dela. O amadurecimento dos frutos depende da cultivar, das condições de calor durante a
estação de crescimento e do estágio em que os frutos são colhidos. Para cultivares de
maturação precoce, o fruto dentro do cacho pode levar de 3 a 4 semanas para completar
o amadurecimento, enquanto para cultivares de maturação tardia, o amadurecimento dos
frutos dentro do cacho ocorre em cerca de 8 a 12 semanas. A colheita antecipada é
comumente praticada para aproveitar os preços mais altos no mercado e evitar condições
climáticas adversas, fraturas ou rachaduras dos frutos, desidratação excessiva nos frutos
precoces, infestação de insetos e ataque de microrganismos. Como o amadurecimento das
tâmaras é progressivo no cacho, alguns frutos podem amadurecer demais, enquanto
outros ainda estão nos estágios Khalal ou Rutab. A colheita seletiva de tâmaras ou
espiguetas individuais é frequentemente praticada para boa qualidade na maturidade
primária. Quando essa estratégia é adotada, várias colheitas são feitas antes do
amadurecimento de todos os frutos. O método comum é colher por cacho quando a
maioria das tâmaras está amadurecida (Figura 150).

Figura 150. Presença de várias máquinas na época de colheita de tâmaras. Foto: AL-
OMRAN et al. (2018).
C a p í t u l o I I | 268

A maturação das tãmaras 'Medjool' ocorre gradualmente do final de agosto ao início de


outubro. Em palmeiras jovens, as tâmaras são colhidas do solo (Figura 151). À medida
que a planta fica mais alta, os operários sobem usando as fortes bases das folhas que
permanecem após a poda. Uma vez que chegam à parte da copa da planta, prendem-se
com um arnês (fitas resistentes), depois agitam o racemo e abrem a parte inferior do saco
para recolher as tâmaras, retirando-se do saco até o último fruto colhido. As tâmaras são
coletadas em uma bandeja circular, feita com um anel de metal e rede de pesca, então a
bandeja é abaixada até o chão onde as tâmaras são colocadas em bandejas plásticas de 2
polegadas de profundidade. Para árvores mais altas, uma empilhadeira com plataforma
redonda é utilizada para elevar de seis a oito trabalhadores ao nível do racemo, onde
coletam os frutos (ANGULO-ZUÑIGA et al., 2015; Figura 152b,c).

Figura 151. Em palmeiras jovens, as tâmaras são colhidas diretamente do solo.


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Figura 152. Mecanismo de colheita de tâmaras. (a) Escadas anexadas às tamareiras (b)
Grua mecânica com a plataforma em forma de U no nível de racemo. Fotos: Hamdi Taher
Altaheri (2019).

Algumas cultivares de tâmaras, como Barhi (Barhee, Berhi), Hayani, Samany e Zaghlol,
são colhidas no estágio Khalal (parcialmente maduras) quando são amarelas ou
vermelhas (dependendo da cultivar), mas muitos consumidores as consideram
adstringentes (devido ao alto teor de tanino). O amadurecimento das tâmaras do estágio
Khalal pode ser acelerado ensacando os cachos durante o crescimento dos frutos. Após
a colheita, essas tâmaras podem ser amadurecidas até o estágio Rutab por congelamento
rápido e manutenção a -18 ◦C ou temperaturas mais baixas por pelo menos 24 horas e
descongelamento, ou por exposição a vapores de acetaldeído ou etanol. A maioria das
tâmaras são colhidas nos estádios Rutab (marrom claro e macio) e Tamar (marrom
escuro e macio, semi-seco ou seco) totalmente maduros, quando apresentam teores bem
C a p í t u l o I I | 270

maiores de açúcares, menores teores de umidade e taninos (desaparecimento da


adstringência), e são mais suaves que as tâmaras do estágio Khalal. Os teores de umidade
das tâmaras Khalal, Rutab e Tamar são 45–65%, 30–45% e <30%, respectivamente
(KADER; HUSSEIN, 2009).

As tâmaras no estágio Khalal (Bisir) às vezes são comercializadas em espiguetas


(filamentos) ou cachos (Figura 153). Os cachos inteiros são colhidos quando as tâmaras
estão completamente amarelas e rebaixados ao nível do solo, depois pendurados em um
transportador para transporte para o “packinghouse” ou diretamente para o mercado.
Frutos verdes a amarelo-esverdeados e maduros (Rutab) são removidos dos cachos antes
de serem embalados para envio aos mercados. Os cachos de tâmaras são geralmente
cobertos com revestimentos de rede (tecido) para coletar os frutos maduros caídos.

Figura 153. Tâmaras da variedade Deglet Nour em estágio Khalal em espiguetas


(filamentos) ou em cachos para venda na Tunísia. Foto: E. M. Yahia.
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A taxa de maturação das tâmaras do estágio Khalal pode ser aumentada pela aplicação
de ethrel em pré-colheita, seja em pulverizaçao ou injetando no pedúnculo do cacho.
Além disso, a imersão pós-colheita de frutas no estágio Khalal em ethrel e ácido abscísico
ou vapor de etanol mostrou acelerar o amadurecimento da tâmara (AWAD, 2007).

As tâmaras nos estágios Rutab e Tamar são colhidas como cachos inteiros quando a
maioria das tâmaras estão maduras, os quais são rebaixados ao nível do solo e agitados
em uma caixa ou cachos colhidos são agitados para remover as tâmaras maduras (Figura
154). Alternativamente, tâmaras maduras individuais são colhidas em cachos e, em
média, são necessárias três colheitas durante vários dias. Os apanhadores usam diferentes
tipos de recipientes e auxiliares de colheita para baixar as tâmaras ao nível do solo.
Tâmaras caídas no solo, que estão sujeitas a maiores danos mecânicos, nunca devem ser
coletadas e vendidas para consumo humano devido às maiores chances de contaminação
microbiana e incorporação do solo no mesocarpo (polpa) quando as tâmaras tocam o solo
(KADER; HUSSEIN 2009).

Figura 154. As tâmaras da cultivar Deglet Nour no estágio de Tamar após a colheita em
cachos são agitadas em caixotes para remover os frutos maduros. Foto: Davis Karp.
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Cuidados durante a colheita das tâmaras:

-Reduzir o comprimento abrangente das folhagens, para instalar as lonas ao redor da


árvore.

- Podar as ventosas e as folhagens inferiores (primeira copa) para acessar os cachos de


tâmaras com menor risco.

-Elimine os espinhos próximos aos cachos.

-Após a colheita, podar as árvores: limpar as árvores eliminando os restos das espatas, os
pedúnculos dos cachos, as folhagens secas ainda presas ao tronco, principalmente as
atacadas pela cochonilha e destruí-las pelo fogo.

-As tâmaras que caem no chão ou as que ficam na árvore devem ser recolhidas o mais
rápido possível.

-Os rejeitos aéreos (folhagens) devem ser eliminados do campo.

Esse cuidado permite promover a saúde das palmeiras, evitando a acomodação de


diversos parasitas e facilitando certos trabalhos posteriores, principalmente a polinização
e a colheita.

TRANSPORTE

É preferível transportar as tâmaras colhidas para as unidades de processamento e de


embalagem em carretas puxadas por um veículo. Também é preferível usar carrinhos
engatados, reboques ou caminhões motorizados.

À chegada à unidade de processamento e de embalagem de tâmaras, a tâmara colhida é


armazenada durante um máximo de dois ou três dias antes de ser processada, de forma a
constituir uma reserva para assegurar o funcionamento contínuo da unidade de
processamento e de acondicionamento de tâmaras. A colheita também pode ser
armazenada até o processamento em armazéns equipados com dispositivos de ventilação
ou em câmaras frigoríficas.

TRIAGEM

As tâmaras destinadas a serem comercializadas ou armazenadas por muito tempo devem


estar livres de doenças e defeitos e, portanto, é necessária a triagem. Este último deve ser
realizado à medida que as tâmaras são colhidas.
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As tâmaras colhidas devem ser classificadas pelo produtor de tamareiras em diferentes


categorias de maturidade idêntica e em lotes homogêneos (de acordo com a cor, textura,
tamanho e teor de água). É necessário agrupar as tâmaras por variedade, eliminar as
tâmaras danificadas (podres ou parasitadas) e partenocárpicas e remover os corpos
estranhos. Os frutos de descarte podem ser usados em nível de fazenda para alimentação
do gado.

Para uma triagem higiênica e eficiente, é melhor prever áreas ou galpões especiais,
abertos, com telhado de zinco. As mesas de classificação permitem que os operários
trabalhem mais rápido, estejam eles sentados ou em pé. As mesas podem ser cobertas
com uma folha de polietileno, que é fácil de limpar e barata. A iluminação deve ser boa.
Os classificadores dispõem de caixas nas quais depositam as tâmaras por categoria. As
mesas de triagem podem ser providas de calhas metálicas ou plásticas, que conduzem às
caixas para facilitar o trabalho dos classificadores. Para refrescar o interior do galpão, o
telhado pode ser pintado de branco e irrigado (Figura 155).

Figura 155. Operação de triagem na empresa de tâmara nos Estados Unidos da América.
Foto: Hasnaa Harrak.
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Separação, lavagem, secagem e embalagem

A classificação das tâmaras é realizada manualmente. Um transportador de esteira


metálica dentada para classificação de tâmaras é mostrado na Figura 156. Durante esta
etapa, os trabalhadores separam e removem as tâmaras com qualquer indicação de
infestação, bem como outras partículas e tâmaras danificadas (OFTS, 2002).

Figura 156. Transportador de esteira metálica movendo as tâmaras no estágio Khalal


após a triagem. Foto: S. M. Aleid.

Limpeza

As tâmaras são frequentemente sujas por partículas de solo, grãos de areia, poeira, restos
de plantas, produtos de tratamento, parasitas, cochonilhas e ácaros em particular, apesar
das precauções tomadas durante o trabalho de colheita. Essas manchas aderem fortemente
à pele quando as tâmaras estão totalmente maduras e um pouco xaroposas.

Por este motivo, as tâmaras são normalmente lavadas em uma lavadora circular (tipo
tambor) por pulverização com jatos finos de água (aspersores) e são curadas e secas
usando um sistema de soprador de ar quente em um ambiente higiênico (SBI, 2010). Os
processadores de tâmaras geralmente contam com desinfetantes de água de lavagem para
reduzir as contagens microbianas para manter a qualidade e prolongar a vida útil do
produto final (GIL et al., 2009). A lavagem com desinfetantes é importante para remover
C a p í t u l o I I | 275

o solo e detritos e para a desinfecção da água para evitar a contaminação cruzada entre os
lotes de produção

a. Limpeza a seco com escova

Os pincéis devem ser macios para não danificar a pele das tâmaras; eles entopem
rapidamente. É preferível realizar a operação com rolos forrados com tecidos que possam
ser facilmente limpos durante a operação.

b. Lavagem

- Por pulverização: As tâmaras passam sob uma série de jatos finos. Este processo
também só é eficaz para a remoção de partículas leves, mas não remove os grãos de areia
embutidos (grudados) na pele.

- Por agitação: Os lavadores utilizados são geralmente do tipo tambor; as grades são
forradas internamente com tecido macio para evitar o efeito abrasivo das chapas
metálicas. Este método de lavagem é eficaz e dá excelentes resultados, desde que se
utilize água adoçada com açúcar ou xarope de tâmaras para evitar a difusão de açúcares
na água de lavagem; dependendo de sua qualidade, essa água adoçada pode ser reutilizada
após a decantação. A lavagem deve ser seguida de secagem ao ar livre (as tâmaras são
colocadas em prateleiras) ou em túnel de vento (Figura 157).

Figura 157. Secadora. Foto: Nazhat for Industry.


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Em ambos os métodos de lavagem (pulverização e agitação), água e uma solução


desinfetante de formaldeído podem ser usados nas primeiras etapas da lavagem. Esta
solução é removida lavando apenas com água nas etapas de estágios finais.

A lavagem pode diminuir a adequação das tâmaras destinadas para armazenamento. Para
isso, é preferível colher as tâmaras de acordo com os métodos corretos sem que sejam
muito sujas para limitar o tempo de lavagem. As variedades secas podem ser lavadas por
um longo tempo ou até mesmo embebidas em água para lavar e hidratar ao mesmo tempo.
Para tâmaras colhidas antes da maturidade, é preferível não as lavar para evitar sua rápida
fermentação. A lavagem com agitação não pode ser usada para variedades macias, mas
os jatos de pulverização dão bons resultados.

A máquina de lavar tâmaras deve ser lavada de tempos em tempos para evitar o
desenvolvimento de mofo em suas diferentes partes. A lavagem é realizada com a ajuda
de uma forte corrente de água quente que atinge todas as partes da máquina.

É preferível adicionar uma solução desinfetante à água de lavagem para facilitar a


lavagem e a destruição de microrganismos.

PADRÕES DE CLASSIFICAÇÃO

Os fatores de qualidade do padrão CODEX para tâmaras incluem o seguinte: (1) as


tâmaras devem possuir a cor e o sabor característicos da variedade, estar no estágio
adequado de maturação e estar livres de insetos vivos e ovos de insetos e ácaros; (2) Teor
de umidade de 26 a 30%, dependendo da variedade; (3) Tamanho mínimo do fruto de
4,75g (sem caroço) ou 4,0g (com caroço); (4) Ausência de defeitos, incluindo manchas,
danos mecânicos, não maduros, não polinizados, sujeira ou areia incorporada, fruto
danificado por insetos e/ou ácaros, azedamento, mofo e decomposição. As tâmaras e os
seus produtos devem estar isentos de matérias censuráveis e isentos de microrganismos
que representem um perigo para a saúde humana.

O padrão CODEX para tâmaras inclui três tamanhos com base no número de tâmaras por
500 g: pequeno (> 110 tâmaras sem sementes ou > 90 tâmaras com sementes), médio (90-
110 tâmaras sem sementes ou 80-90 tâmaras com sementes) e grande (<90 tâmaras sem
sementes ou <80 tâmaras com sementes).

Nos Padrões dos EUA para classificação de tâmaras, o índice de qualidade inclui 20
pontos para cor, 10 pontos para uniformidade de tamanho, 30 pontos para ausência de
C a p í t u l o I I | 277

defeitos e 40 pontos para caráter (bem desenvolvido, bem encorpado e macio). US classe
A ou US Longa são dados a tâmaras inteiras ou sem caroço de uma cultivar que atingem
uma pontuação de 90 ou superior. As notas menores incluem a Classe B dos EUA ou a
Seleção dos EUA e a Classe C dos EUA ou o padrão dos EUA. Defeitos que reduzem sua
pontuação incluem descoloração, pele quebrada, deformidade, deterioração, inchaço,
cicatrizes, queimaduras solares, lesão por insetos, hidratação inadequada, lesão mecânica,
falta de polinização, odor ruim, mancha lateral, escaldadura preta, amadurecimento
inadequado, azedamento, mofo, sujeira, e infestação de insetos.

Nos EUA, os produtores da Medjool usam um padrão de classificação que diferencia


quatro graus com base no tamanho do fruto e na ausência de defeitos, conforme a Tabela
10.

Tabela 10. Padrão de classificação adaptado nos USA para a tâmara cultivar Medjool.
Classificação Tâmaras por quilograma Descrição
Jumbo 35-42 Sem manchas, separação da
pele ou ressecamento.
Grande 44-51 Sem manchas, separação da
pele ou ressecamento.
Extra longa 44-53 Pequenos defeitos, embalados
todos os tamanhos juntos.
Longa 44-57 Alguma secura e separação da
pele, embalado todos os
tamanhos juntos.
Fonte: Adel A. Kader e Awad M. Hussein (2009).

EMBALAGEM

Para promover criteriosamente a produção de tâmaras e melhorar a embalagem das


tâmaras, é necessário:

- Que as cooperativas de tâmaras localizadas nas principais áreas de produção de tâmaras,


realizem o acondicionamento das tâmaras em embalagens apresentáveis.

-Reduza a parcela do volume em comparação com as tâmaras embaladas.

- Projetar especificações para embalagens adequadas com base no que cada variedade
exige para sua conservação e atratividade.

-Design de embalagens com base em diferentes materiais de acordo com as especificações


elaboradas pelos especialistas de variedades.
C a p í t u l o I I | 278

As tâmaras são embaladas em três formas: tâmaras ao longo da haste (pedicelo) do cacho,
tâmaras soltas com caroços e tâmaras soltas sem caroços. Elas são embaladas em unidades
de pesos diferentes, na maioria das vezes variando de 250 g a 10 kg. Vários tipos de
embalagens são recomendados e geralmente são realizados no nível da unidade de
embalagem. Estas embalagens garantem uma boa apresentação das tâmaras e protegem-
nas contra determinados efeitos do ambiente externo. Em todos os casos, a embalagem
escolhida deve ter a melhor relação custo/benefício e corresponder à demanda do
mercado.

A manutenção da qualidade e o prolongamento da vida útil da maioria das frutas frescas


podem ser alcançados pela embalagem em atmosfera modificada (MAP) e
armazenamento em atmosfera controlada (CA). O MAP é praticamente usado para
embalagens de varejo, enquanto o armazenamento CA é geralmente usado para
armazenamento em massa de longo prazo. O conceito do MAP é combinar a
permeabilidade do filme com a respiração da fruta. As tâmaras nos estágios Rutab e
Tamar, que são os estágios de colheita mais comuns, apresentam baixas taxas de
respiração (<5 mLCO2/kg a 20 ◦C) (KADER; HUSSEIN, 2009). Devido às suas baixas
taxas de respiração, a qualidade das tâmaras após a colheita muda lentamente em
comparação com outras frutas de alta respiração. O armazenamento de tâmaras frescas
sob baixa concentração de oxigênio mostrou prolongar a vida útil das tâmaras frescas.
Vários estudos demonstraram que a embalagem de tâmaras sob nitrogênio ou altos níveis
de dióxido de carbono atrasou as mudanças de qualidade das tâmaras (ALEID, 2012).
Existem estudos limitados envolvendo o efeito dos materiais de embalagem na retenção
da qualidade das tâmaras durante o armazenamento; normalmente, apenas filmes de
polietileno, polipropileno e celofane foram estudados anteriormente (SALARI et al.,
2008).

O teor de umidade das tâmaras naturais varia devido a vários fatores, incluindo estágios
de maturidade e de variedades. As tâmaras frescas podem conter naturalmente os níveis
de umidade desejados após a colheita ou geralmente são secas para preservar a fruta por
longos períodos sem refrigeração. A secagem ou desidratação de tâmaras frescas com teor
de umidade de cerca de 20% ou menos pode inibir processos microbianos, como
fermentação e azedamento e deterioração microbiana, bem como a cristalização do açúcar
(ZAID, 2002). As taxas de respiração também diminuem com a diminuição do teor de
umidade.
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As tâmaras secas e desidratadas são aparentemente os produtos mais antigos. A atividade


de água (aw) está relacionada à vida de prateleira dos produtos de tâmaras, pois está
diretamente relacionada à deterioração microbiana. A secagem e a desidratação reduzem
o teor de água nos produtos de tâmaras. A absorção de umidade tende a ocorrer em
produtos secos e desidratados durante o armazenamento, resultando em perda de textura
e deterioração. Tâmaras secas e desidratadas e pó de tâmaras, que são sensíveis à
umidade, devem ser embalados em uma barreira contra alta umidade para evitar a
absorção de umidade. Como descrito anteriormente, o oxigênio está envolvido em
reações de escurecimento enzimático e não enzimático (Maillard) de tâmaras. A barreira
de oxigênio desempenha um papel importante na prevenção de mudanças de cor da reação
de escurecimento enzimático, mas não da reação de Maillard (BARREVELD, 1993).

Há uma grande variedade de formas e materiais usados para embalagens de tâmaras no


varejo. Os tipos mais comuns incluem uma caixa de papel, uma bandeja de garra, uma
bandeja de plástico com tampa, um filme embrulhado ou selado a quente e uma bolsa de
plástico. Também existem diferentes estilos de caixas de papelão para tâmaras. Os estilos
mais comuns são caixa dobrável com saco plástico (Figura 158a), bandeja termoformada
com tampa plástica (Figura 158b) ou envoltório individual de tâmaras (Figura 158c). O
recipiente de design de telescópio completo é uma caixa de duas peças feita de duas
bandejas como corpo e tampa. Recipientes de papelão ocasionalmente possuem uma
“janela” para apresentar os produtos embalados. A impressão e o design das embalagens
de varejo têm um impacto significativo nas decisões de compra.

Figura 158. Embalagem de varejo de tâmaras em caixas de papelão: (a) como embalagem
secundária com tâmaras em saco plástico de alta barreira à umidade como embalagem
primária; (b) tâmaras em embalagem tipo concha/rígida e caixa com janela; e (c) tâmaras
embaladas individualmente em caixas com janela selada. Fonte: Chonhenchob et al.
(2014).
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O estilo de bandeja tipo concha (Figura 159) é o estilo mais comum usado recentemente,
pois fornece recursos de intertravamento para base e tampa para garantir o fechamento e
o empilhamento. Alguns designs podem fornecer dobradiças para unir a base e a tampa
para facilitar o manuseio, bem como abas para facilitar a abertura.

Figura 159. Bandejas articuladas em concha termoformadas com recurso de


intertravamento unindo a base e a tampa.

Também é possível encontrar no mercado as seguintes embalagens


-Pratos: As tâmaras são dispostas em um prato de papelão e embrulhadas em um papel
especial transparente ou em uma folha de plástico. Esta apresentação muito clássica
permite ver os frutos e facilita o seu manuseamento. Os pratos contêm 250 a 500 g de
frutas.

- Bandejas: São caixinhas com tampa com capacidade de 200 a 250 g feitas de papelão,
madeira e papelão ou plástico, nas quais as tâmaras são armazenadas ao longo dos
pedicelos do cacho.

-Caixas e bandejas: fechadas ou providas de janela plástica transparente, forrada com


papel ou plástico. As tâmaras (>1 a 5 kg) estão soltas ou armazenadas (Figura 160).
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Figura 160. Embalador de tâmaras em cartonagem (250 a 1000 g). Foto: Nazhat for
Industry.

-Sachês de papel especial ou material plástico contendo tâmaras soltas.

-Caixotes e caixas de papelão de 15 a 25 kg de tâmaras em embalagem de


apresentação. Essas embalagens podem ser revestidas internamente com plástico
especial ou envelope de folha-de-flandres selado. Esses pacotes permitem destinar e
comercializar tâmaras para regiões de clima úmido. Existem também embalagens de
papelão ou papel com uma camada de alumínio revestida com plástico; estas embalagens
hermeticamente fechadas protegem completamente o seu conteúdo da umidade e da
infestação de insectos parasitas e roedores. Elas são particularmente interessantes para os
comerciantes que estão mal equipados para armazenar suas mercadorias.

Para evitar o risco de danos às tâmaras por cortes, esmagamentos, choques e vibrações,
recomendam-se a utilização das embalagens forradas com papel e folhas, embalagens
rígidas, embalagens rasas (caso de variedades moles) e embalagens adequadas para fácil
C a p í t u l o I I | 282

manuseio. Para o transporte, deve ser fornecida uma sobrembalagem (embalagem


secundária ou terciária).

ARMAZENAMENTO

As tâmaras são:

-Ou vendidas diretamente nos diversos mercados consumidores;

-Ou armazenadas para venda no mercado nacional em períodos de elevado consumo


(Ramadan, cerimónias religiosas e casamentos). Esse armazenamento é praticado por
comerciantes intermediários que possuem os meios necessários para realizá-lo.

O armazenamento deve ser realizado em condições específicas para que as tâmaras


mantenham a integridade de suas qualidades. Portanto, para difundir e regularizar a
comercialização das tâmaras, recomendam-se manter as frutas em armazéns refrigerados.
Esta operação visa preservar a qualidade do fruto e evitar a sua fermentação e
escurecimento. De fato, a temperatura transforma a sacarose da tâmara em açúcares
redutores (glicose e frutose) e muda a cor da tâmara que se torna mais escura e isso
começa a uma temperatura de 27°C. O efeito da temperatura diminui quando a
temperatura está abaixo de 4,5°C.

Além disso, é preferível escolher um local fresco e seco, pois a deterioração microbiana,
principalmente por mofo, é consideravelmente acelerada pelo calor e pela umidade.

Ensaios de armazenamento a frio foram realizados nos EUA e permitiram definir as


temperaturas de armazenamento para as tâmaras da variedade Deglet-Nour para tempos
determinados (Tabela 11). Na França, o Instituto Internacional de Refrigeração
recomenda uma temperatura de armazenamento para tâmaras de -18°C para
armazenamento por um período de um ano.

Tabela 11. Temperaturas máximas de armazenamento e durações das tâmaras da


variedade Deglet-Nour para tempos determinados.
Temperatura de armazenamento Vida útil máxima de
conservação
26 / 27 °C 1 mês
15 / 16 °C 3 meses
4 / 5 °C 8 meses
-17 / -18°C Mais de um ano
Fonte: Munier (1973).
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O armazenamento a uma temperatura de 0°C - 21°C requer uma umidade relativa de 65


a 70% para evitar absorção de água com umidades mais altas e secagem de tâmaras com
umidades mais baixas. No entanto, a tendência das tâmaras de absorver umidade diminui
com a diminuição das temperaturas de armazenamento. Com as variedades macias, as
condições ideais seriam 0°C com umidade relativa de 75 a 80%.

Algumas tâmaras moles com alto teor de água deterioram-se rapidamente, apesar do
armazenamento em baixas temperaturas em torno de 0°C. Para isso, requerem
temperaturas abaixo de 0°C. Outras tâmaras são caracterizadas pela formação de manchas
de açúcar (após a solidificação de certas substâncias açucaradas na polpa de tâmara abaixo
do epicarpo) ou manchas de mofo (que se desenvolvem abaixo do epicarpo); estas tâmaras
devem ser conservadas entre -17 e -23°C.

As tâmaras armazenadas com outros produtos aromáticos podem absorver o aroma desses
produtos. Portanto, é importante que o ar nas salas de armazenamento não contenha
aromas estranhos. Os sabores de maçã, cebola e batata podem ser detectados em tâmaras
armazenadas com esses produtos em temperaturas normais de refrigeração. O aroma da
carne bovina pode ser muito marcante em tâmaras congeladas na mesma câmara onde se
encontra a carne.

Em todos os casos, deve-se tomar cuidado para garantir que as instalações cumpram os
requisitos de armazenamento de alimentos e que os métodos de armazenamento sejam
compatíveis com os requisitos de tâmaras.

TRATAMENTOS COMPLEMENTARES

Os tratamentos complementares visam melhorar a apresentação, aparência e consistência.


Entre esses tratamentos estão:

1-Secagem e umedecimento
2-Maturação adicional
3-Polimento
4-Revestimento (brilho).

1) Secagem e reumedecimento.

A consistência e o grau de estabilidade das tâmaras são embalados pela proporção de


açúcares em relação ao teor de água da polpa. Esses dois principais constituintes da
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tâmara são os que mais interessam ao embalador. O teor de água provavelmente parece
mais importante para o embalador porque o teor total de açúcar é invariável quando a
fruta chega até ele. O teor de água, por outro lado, pode ser modificado à vontade por
desidratação (ressecada) ou hidratação (reumedecimento). O índice de qualidade (relação
teor de açúcar e teor de água) deve ser próximo de 2. A exportação de tâmaras da
variedade Deglet-Nour, por exemplo, só é autorizada quando contiverem o dobro de
açúcares do que a água.

A quantidade de água a ser retirada ou a ser absorvida até a tâmara pode ser calculada
pelas seguintes fórmulas:

Água de secagem: Q = H * c - (S * c / a)

Água de reumidificação: Q = (S * c / a) - H * c

Onde,
Q: é a quantidade de água a evaporar ou absorver;
H: é a umidade da polpa;
S: é o teor de açúcar da polpa;
c: é a proporção de celulose na tâmara;
a: sendo a relação açúcares/umidade final.

a. Desidratação/secagem. A desidratação é uma etapa importante do processamento da


tâmara, pois condições como temperatura de secagem, umidade relativa e tempo de
secagem afetarão a cor, o sabor, o enrugamento, a separação da pele e da polpa e a
aceitabilidade geral (YANG; ATALLAH, 1985). A secagem convencional requer altas
temperaturas por um longo tempo, e o produto final é caracterizado por baixa porosidade
e altos valores de densidade aparente. Os materiais secos a vácuo são caracterizados por
uma melhor retenção de nutrientes e aromas voláteis. No entanto, o custo desse processo
é alto (TSAMI et al., 1998). Fornos de microondas também podem ser usados para
secagem rápida e uniforme. A uniformidade da secagem por micro-ondas, tempos de
secagem mais curtos e reduções tanto de microrganismos quanto do valor nutritivo dos
alimentos resultam de efeitos térmicos e não de energia de micro-ondas (SCHIFFMANN,
1995). Ao escolher o método e as condições de secagem mais adequados, a qualidade do
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produto final pode ser controlada. Frutas desidratadas, como as tâmaras, são utilizadas
como produtos alimentícios ou como ingredientes industriais no processamento de
diversos alimentos, como produtos de panificação e pós instantâneos de frutas (HUSSIN,
1995; MOHAMED et al., 2005).

A operação de secagem da tâmara reduz a proliferação microbiana, bem como as reações


de alteração química e enzimática. Ao nível do palmeiral, a secagem das tâmaras moles
pode ser feita por exposição ao sol. As tâmaras são exibidas em estrados telados durante
o dia. É necessário contar com 7,5 kg de tâmaras por metro quadrado de estrados telados.
O tempo de exposição é variável dependendo do teor de água dos frutos e das condições
climáticas.

Este método requer uma grande área de exposição com solo estabilizado e protegido dos
ventos que carregam poeira. Requer ter o pessoal necessário para abrigar as tâmaras em
caso de chuva e tempestades de areia.

O processo de secagem das tâmaras envolve a perda de peso devido à evaporação da


umidade dos frutos que é auxiliada pela alta temperatura e baixa umidade do ar em
movimento. O projeto da Casa de Secagem de Policarbonato (PDH) (Figura 161) é uma
tentativa de fornecer condições ideais para atingir os requisitos de secagem. Os estrados
telados geralmente são dispostos em suportes localizados a um metro do solo. Esse
método geralmente faz com que as tâmaras fiquem marrons. A secagem pode ser feita em
estufa envidraçada (Figura 162), forno solar ou forno industrial. Este último processo é o
mais utilizado e consiste em submeter às tâmaras a uma corrente de ar quente; as tâmaras
progridem em um forno túnel na direção oposta à do ar quente, cuja temperatura deve ser
inferior a 70°C para evitar fenômenos de escurecimento.

Figura 161. Estufa de Secagem de Policarbonato (PDH) de frutos de tâmaras colocados


sobre um estrado telado suspenso por cavaletes. Foto: Al-Shoaily et al. (2018).
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Figura 162. Estufa envidraçada para secagem de tâmaras. Fonte: Chabana & Al-Chariki,
2000.

A secagem pode ser realizada a (60 a 66 °C) por (3 a 4 horas) com uma umidade relativa
de (30 a 35%). Também pode ser realizado a uma temperatura de 54°C e umidade de 50%
para tâmaras semi-moles e para tâmaras suaves ou escuras, é preferível utilizar uma
temperatura de 60 °C.

Dependendo do teor de água das tâmaras, existe uma temperatura de secagem e umidade
relativa óptimas que não devem ser ultrapassadas e que dão bons resultados.

b. Reumedecimento. A re-umedecimento das tâmaras pode ser conseguida por:

-Imersão em água fria ou quente a 70 °C. Esta operação é seguida de drenagem e


limpeza. Este processo requer um longo tempo de processamento. Pode fazer com que as
tâmaras fermentem se o clima não for controlado; também pode levar à dissolução de
açúcares na água de re-umedecimento.

-Tratamento com vapor após vácuo preliminar. Esse processo, adotado nos Estados
Unidos e em outros países produtores de tâmara, consiste na injeção de vapor d'água após
submissão de vácuo no recinto de tratamento. Este processo tem a vantagem de permitir
uma reumidificação rápida a baixa temperatura. É de fácil manutenção e proporciona uma
C a p í t u l o I I | 287

espécie de pasteurização das tâmaras. As tâmaras também adquirem uma aparência


brilhante.

2) Maturação complementar

As tâmaras devem ser colhidas quando estiverem totalmente maduras (estágio Tamar).
Às vezes, as tâmaras são colhidas com maturação incompleta:

- ou porque a maturação é escalonada ao longo do cacho.

- ou que a colheita seja antecipada devido a determinadas condições climática (chuva).

Por estas razões, o amadurecimento é realizado artificialmente. Esta técnica tem a


vantagem de reduzir o tempo de maturação e evitar danos de infestação causados pela
chuva ou pela queda de frutos já maduros.

O amadurecimento artificial consiste em remover a adstringência e reduzir o teor de


umidade dos frutos. Pode ser realizado através do uso de agentes químicos ou físicos.
Para as tâmaras, o amadurecimento artificial só pode ocorrer se o fruto tiver já atingido
um certo grau de maturação, chamado de "momento crítico". O momento crítico antecede
em alguns dias o “veraison”, ou seja, o primeiro ponto escuro e mole que geralmente se
observa no topo da tâmara e que anuncia a passagem do estágio “Khalal” para o estágio
“Routab”. Esta passagem é geralmente marcada por um acúmulo significativo de
açúcares. Abaixo deste ponto, a estimulação térmica ou química não tem efeito. Por outro
lado, além disso, essa ação pode eliminar ou estimular o protoplasma das células do tecido
de modo a liberar as diástases anteriormente insolúveis ou inativas.

a. Tratamento com ácido acético. Este ácido atua sobre os taninos tornando-os
insolúveis. O tratamento pode ser feito por imersão em solução de ácido diluído a 3 ou
4% ou em vinagre de álcool comum. Após a imersão, as tâmaras são deixadas a escorrer
em estrado de telado e depois de marinar em recipiente fechado durante 20 a 24 horas.
Também pode proceder por fumigação com vapor de ácido acético em um recinto
aquecido. Após o tratamento, as tâmaras devem ser colocadas em prateleiras, no ar, para
perder o cheiro de vinagre. O tratamento com vapor de ácido acético tem um efeito
notável no amadurecimento das tâmaras. Outro método é aspergir as tâmaras em pé
(cacho) com vinagre.
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b. Fermentação. As tâmaras com maduração incompleta caracterizam-se por um elevado


teor de água e por uma adstringência que diminui com o progresso da maturação. Esta
adstringência é devida aos taninos em estado solúvel.

c) Secagem ao sol. É realizado expondo as tâmaras ao sol, mas a operação é longa e cara;
é tanto mais longo quanto o estado de maturação dos frutos é menos avançado. Esse
processo faz com que as tâmaras fiquem marrons. A maturação também pode ser obtida
em salas quentes. Esses processos são adequados apenas para tâmaras quase maduras.
Não permitem obter tâmaras de qualidade, completamente maduras. Observa-se, de fato,
que apenas a parte externa das tâmaras tratadas amadureceu, mas não a parte central ao
redor do caroço. As salas quentes devem estar equipadas com dispositivos para a
circulação do ar uniformemente em todas as partes da sala e para a introdução de ar fresco
conforme necessário. A temperatura e a umidade devem ser controladas (Figura 163).

Figura 163. Amadurecimento adicional das tâmaras por exposição ao sol. Fonte:
ORMVA de Tafilalet.
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d) Secagem industrial. A temperatura desempenha um papel decisivo no


amadurecimento das tâmaras. Torna possível aumentar a velocidade das reações químicas
em duas a três vezes para cada aumento de 10 °C. No entanto, a temperatura correta
depende de vários fatores: variedade da tâmara, teor inicial de água, teor de açúcar e
sólidos, velocidade do ar, umidade relativa do ar, etc. As tâmaras menos maduras
precisam de temperatura e umidade mais altas do que tâmaras mais maduras. Para a
variedade Deglet-Nour, recomenda-se não ultrapassar a temperatura de 35°C para
preservar sua fragrância e sua característica de cor dourado. Para este processo de cura
pode ser utilizado um secador solar ou um secador industrial (Figura 164).

Figura 164. Secador de tâmaras. Fonte: Chabana & Al-Chariki, 2000.


C a p í t u l o I I | 290

3) Polimento

É um tratamento de alta temperatura por um curto período de tempo com uma forte
corrente de ar. Isso permite a dissolução da camada de ceras na superfície das tâmaras.
Após o resfriamento, tem uma aparência brilhante e atraente.

A exposição das tâmaras ao calor (130 °C durante 5 minutos) espalha a cera da fruta na
superfície e dá-lhe um aspecto brilhante. O tratamento a vapor por 10 minutos também
dá bons resultados.

4) Revestimento (brilho)

O revestimento melhora a aparência das tâmaras, conferindo uma camada protetora e um


aspecto brilhante e reduzindo a adesão de tâmaras moles. É feito por imersão muito breve
em uma solução de xarope de glicose a 20 °Brix. Recomenda-se também praticar um
revestimento com uma solução contendo 6% de amido ou 3% de metilcelulose. Outras
técnicas oferecem uma solução contendo 2% de butil-hidroxianisol, 6% de butil-
hidroxitolueno e óleo vegetal. As tâmaras também podem ser embebidas em uma solução
concentrada de açúcar ou em uma solução composta por 15% de glicerina e 85% de
álcool.

TRATAMENTOS DE CONSERVAÇÃO

Alguns insetos que parasitam as tâmaras põem ovos na superfície ou dentro das tâmaras.
Esses ovos dão origem a larvas vulgarmente chamadas de vermes, que organizam
cavidades dentro da polpa que consomem, que contaminam com seus excrementos; então
eles se estabelecem em casulos. A presença dessas larvas, excrementos e casulos, deprecia
fortemente as tâmaras.

Esses insetos atacam as tâmaras nos cachos e põem ovos no palmeiral, durante as
operações de colheita e transporte, durante seu armazenamento antes de serem
processados e embalados. Nem sempre é possível lutar contra insetos adultos no
palmeiral, mas é possível se proteger contra seus ataques nas oficinas tomando as
precauções necessárias: disposição dos armazéns de armazenamento, tratamento das
instalações e colheita a granel, etc.
C a p í t u l o I I | 291

No entanto, recomenda-se tratar as tâmaras no palmeiral o mais rápido possível, para


eliminar larvas e ovos de insetos antes da eclosão.

Métodos de controle

Fumigação por brometo de metila ou fosfina, radiação ionizante, baixas e/ou altas
temperaturas e atmosferas modificadas podem ser usadas para controlar insetos em
tâmaras (PAULL; ARMSTRONG, 1994; YAHIA, 1998, 2009; YAHIA; KADER, 2011).

1) Desinsetização por fumigação. Esta operação é realizada tratando as tâmaras em


caixas dispostas de tal forma que sejam deixados intervalos para permitir uma boa
circulação do produto fumigante. O tratamento é realizado sob uma lona impermeável
cujas bordas são mantidas no solo por um cordão de terra (cobras de areia) para evitar
qualquer fuga do fumigante.

O produto fumigante é injetado sob a lona e deve permanecer em contato com as tâmaras
a serem tratadas pelo tempo necessário. O brometo de metila (CH3Br) a 30 g/m3 (30
ppm) por 12–24 horas em temperaturas acima de 16 °C é muito eficaz para desinfestação
de insetos (YAHIA; KADER, 2011). No entanto, embora o brometo de metila seja muito
eficaz no controle de insetos de produtos armazenados, suas emissões têm um efeito
deletério na atmosfera e é um tremendo perigo para a saúde humana; o Protocolo de
Montreal decidiu eliminar sua produção e uso até o final de 2015 em todo o mundo.

Um substituto potencial para o brometo de metila é o fluoreto de sulfurila a 34 g/m3 por


24 horas a 20-25 °C, que foi recentemente registrado pela Agência de Proteção Ambiental
dos Estados Unidos (USEPA), embora grupos ambientalistas estejam fazendo campanha
contra esse composto devido aos seus potenciais efeitos negativos. A fosfina (PH3) é um
fumigante eficaz, mas o tratamento leva de 3 a 5 dias a 20 °C e 60% de umidade relativa.
No entanto, o uso de fosfina como gás pode reduzir o tempo de tratamento necessário
para algumas horas. Os regulamentos atuais em cada país devem ser consultados antes
que esses fumigantes sejam usados. A fumigação mostrou-se mais eficiente quando
aplicada sob baixa pressão. Ahmed et al. (1982) compararam fumigação com brometo de
metila e irradiação de tâmaras Zahdi e relataram que ambas as técnicas são eficientes para
desinfestação durante o primeiro período de armazenamento (25 dias), mas a reinfestação
de tâmaras ocorreu durante o armazenamento levando à detecção de insetos vivos. Assim,
as tâmaras desinfestadas devem ser protegidas da reinfestação pelo armazenamento em
baixas temperaturas e em embalagens à prova de insetos.
C a p í t u l o I I | 292

A desinsetização mais rigorosa com fumigantes mais tóxicos só pode ser realizada em
unidades de fumigação equipadas com equipamentos adequados e operadas por pessoal
qualificado. Os gases utilizados são tóxicos e cancerígenos:

-Metil Brometo (BrCH2): Usado para processamento rápido e para uma grande
quantidade de armazenamento.

-Fósforo de hidrogênio (Phostoxyn): Usado quando o fator tempo não é muito importante
e para uma pequena quantidade de armazenamento.

A fumigação é um método muito eficaz, mas seu uso está sujeito a regulamentações muito
rígidas e até a proibição do brometo de metila em 2015. Entre as desvantagens da
fumigação estão também seu alto custo e o aparecimento de novas gerações de insetos
resistentes a produtos químicos. Isso tornou necessário buscar outros processos
alternativos tão eficazes quanto os fumigantes.

No palmeiral, como os trabalhadores não são técnicos especializados, é preferível que o


gás utilizado não seja tóxico. Para isso, é utilizada uma mistura de bissulfito de carbono
(CS2) e tetracloreto de carbono (CCl4). Se a quantidade de tâmaras a tratar for pequena
e não houver risco de incêndio próximo ao local da fumigação, o bissulfito de carbono
pode ser usado sozinho ou um pouco mais leve com ar para reduzir seu caráter inflamável.

2) Desinsetização por frio. As tâmaras são muito resistentes a baixas temperaturas e,


portanto, podem reduzir significativamente a infestação de insetos (YAHIA, 2004;
YAHIA; KADER, 2011). Temperaturas abaixo de 13 ◦C evitarão danos à alimentação e
reprodução, e temperaturas de 5 ◦C ou inferiores são eficazes no controle de diferentes
formas de insetos (BARREVELD, 1993). A larva da mariposa pode viver por 85 dias a
2–6 ◦C, mas o armazenamento a 0 ◦C pode resultar em mortalidade total da larva da
mariposa e do adulto do besouro após 15 e 27 dias, respectivamente (HUSSAIN, 1974).
Assim, tâmaras fumigadas embaladas podem ser mantidas livres de infestação a 4 ◦C por
até 1 ano (HUSSAIN, 1974). Congelar a –18 ◦C ou menos por pelo menos 48 h (a partir
do momento em que a temperatura da fruta atinge –18 ◦C ou menos) é suficiente para
matar todos os estágios de vida dos insetos dos produtos armazenados.

Portanto, o frio pode parar ou retardar reações biológicas e bioquímicas. Isso depende de:

-Características das tâmaras e da natureza dos microrganismos e insetos.

-Porcentagem de umidade de tâmaras.


C a p í t u l o I I | 293

-Temperatura: Temperaturas de 4°C ou ligeiramente inferiores impedem a atividade dos


insetos, mas não matam toda a vida dos insetos. Temperaturas bem abaixo de 0°C são
necessárias para garantir a morte completa.

3) Desinsetização por calor. A alternativa, que poderia ser o tratamento térmico como
meio de desinfestação, à fumigação com brometo de metila, poderia atender a demanda
do setor de tâmaras. A este problema de infestação de tâmaras, acrescenta-se o das
alterações enzimáticas e microbianas encontradas para tâmaras com alto teor de água.
Estas tâmaras devem ser estabilizadas por secagem para trazer o teor de água a um nível
que permita a conservação.

Como resultado, o tratamento térmico das tâmaras em escalas adequadas permite a


inativação das enzimas responsáveis pelo escurecimento enzimático, desidratação parcial,
preservação da composição da tâmara tratada, pasteurização parcial, melhora da
aparência das tâmaras tratadas e eliminação de todos os estágios da mariposa. Isso permite
a extensão da vida útil das tâmaras.

Para a secagem por convecção, foi demonstrado que uma temperatura “alta”, em torno de
74°C, modifica as características físico-químicas das tâmaras e reduz seu valor de
mercado.

Como resultado, o tratamento em fornos de corrente de ar quente pode ser realizado em


temperaturas em torno de 60°C, mantidas por menos de duas horas. No entanto, a
temperatura dentro da câmara de tratamento deve ser cuidadosamente monitorada para
que permaneça sempre abaixo de 70°C. Esta é a técnica adotada pelas cooperativas de
tâmaras no Marrocos usando fornos Gonet (Figura 165).
C a p í t u l o I I | 294

Figura 165. Forno Gonet usado para processamento de tâmaras em Marrocos. Fonte:
Harrak & Chetto (2001).

A pesquisa realizada pelo INRA sobre variedades marroquinas mostrou que os


tratamentos térmicos (em fornos) apresentados abaixo permitiram a destruição total da
traça e a preservação da qualidade das tâmaras:

-50°C por uma hora para a variedade Boufeggous;

-60°C por uma hora para as variedades Jihel, Najda, Bouskri e Bouittob.

Outros estudos mostraram que a uma temperatura de 60°C, a mortalidade dos ovos de
Ephestia cautella Walker é completa após 20 minutos.

Deve-se observar que a imersão em água fervente é uma técnica reservada para tâmaras
de qualidade seca ou secundária. Não é adequado para frutas destinadas à exportação.

O tratamento térmico das tâmaras a 60-70 ◦C por 2 horas matou 100% tanto da traça-da-
figueira quanto do besouro, mas resultou em uma aparência brilhante ou vitrificação da
fruta (HUSSAIN, 1974). A exposição de tâmaras a temperaturas de 65–80 ◦C por 30 min
a 4 horas em alta umidade controla insetos (YAHIA, 2004); no entanto, esta estrategia
nem sempre é muito eficiente para o controle de insetos em tâmaras com alto teor de
umidade, pois altas temperaturas por períodos prolongados podem causar escurecimento
e aparecimento de cor opaca e perda de sabor. Rafaeli et al. (2006) descreveram um
método eficaz, de curta duração e barato usando recipiente de aquecimento pós-colheita.
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Eles descobriram que o regime de temperatura ideal para o escape máximo de besouros
da fruta foi de 55 ◦C por 2,5 horas, atingido a uma taxa de 1,8 ◦C/min.

Ar aquecido a 50-55 ◦C por 2-4 horas (a partir do momento em que a temperatura da fruta
atinge 50 ◦C ou mais) é eficaz para desinfestação de insetos (NAVARRO, 2006), mas o
uso de temperaturas mais altas não é recomendado porque torna a cor das tâmras mais
escura. O ar quente forçado é recomendado para obter um aquecimento mais rápido e
uniforme das tâmaras. O resfriamento das tâmaras até a temperatura de armazenamento
desejada (0 ◦C) logo após a conclusão do tratamento térmico reduz a intensidade do
escurecimento da cor. Hussein et al. (1989) relataram que a água fervente é mais eficiente
no controle da infestação de insetos de tâmaras do que a exposição ao ar quente a 70 ◦C.
No entanto, a água muito quente também aumenta a perda de açúcar que pode chegar a
20%.

4) Ionização. O tratamento com radiação γ na dose de 50 Krad permite a destruição de


100% da mariposa (Ephestia cautella). O tratamento com radiação γ na dose de 25 Krad
permite interromper o desenvolvimento da mariposa nos diferentes estágios do seu ciclo.
Quanto ao tratamento na dose de 20 Krad, permite a destruição de 100% da Ephestia
cautella em todas estas fases de desenvolvimento excepto na última fase da idade de larva
que apresenta resistência à radiação.

Entre as vantagens da ionização

- Preservação do aroma inicial das tâmaras;

-Conservação da composição química e valor nutricional (açúcares, glicose, frutose,


sacarose, proteínas, aminoácidos, carotenoides, pectinas, etc.);

-Nenhuma alteração no sabor.

A combinação de ionização com fumigação, tratamento a frio ou calor permite minimizar


ao máximo as doses de radiação e beneficiar da complementaridade entre os tratamentos
para prolongar a vida útil das tâmaras.

A radiação ionizante em doses abaixo de 1 kGy (um nível atualmente aprovado para uso
em frutas e vegetais) tem potencial para desinfestação efetiva de insetos sem efeitos
negativos na qualidade das tâmaras (AHMED 1981; AL-TAWEEL et al., 1993). Ahmed
et al. (1982) verificaram que uma dose de 0,86 kGy foi adequada para a desinfestação de
pequenas embalagens de tâmaras envoltas em polietileno, causando completa inibição da
C a p í t u l o I I | 296

emergência de adultos tanto de Ephestia quanto de Oryzaephilus. Al-Taweel et al. (1990)


relataram que uma dose de 0,44 kGy por 30 minutos foi suficiente para desinfestar as
tâmaras e nenhum inseto vivo foi detectado após um período de armazenamento de 185
dias. Azelmat et al. (2005) encontraram que 0,3 kGy foi o mínimo necessário para evitar
danos causados pela alimentação e prevenir a emergência de adultos, e 0,45 kGy foi
necessário para matar o quarto instar de Plodia interpunctella (Huber) (Lepidoptera:
Pyralidae). Alguns estudos conduzidos por El-Sayed; Baeshin (1983), Grecz et al. (1986)
e Al-Khahtani et al. (1998) mostraram que os degustadores conseguiam discriminar entre
controle e tâmaras irradiadas de 0,2 a 6,0 kGy. No entanto, Aleid et al. (2013) mostraram
que a qualidade sensorial foi afetada em doses >3kGy.

Niakousari et al. (2010) expuseram tâmaras contaminadas com todas as fases de vida
(adultos, larvas e ovos) da traça da farinha indiana (Plodia interpunctella) e do besouro
dente-de-serra (Oryzaephilus surinamensis) ao ozônio gasoso (600, 1200, 2000 e 4000
ppm) por 1-2 horas. A exposição de amostras a concentrações de ozônio >2000 ppm por
2 horas resultou na mortalidade completa de larvas e adultos. A ozonização a 4000 ppm
causou 80% de mortalidade dos ovos, mas a exposição ao CO 2 antes da ozonização não
aumentou a mortalidade.

5) Microondas. Wahbah (2003) relatou que a radiação de microondas em 2540 MHz por
19 a 22 segundos foi suficiente para causar 50% de mortalidade das duas espécies
Oryzaephilus surinamensis e Tribolium castaneum, respectivamente, enquanto Al-Azab
(2007) indica que 20 segundos em 2450 MHz foram necessários para produzir 100% de
mortalidade para todos os estágios de Ephestia cautella; com sensibilidade sendo
pupas>adultos>ovos>larvas.

6) Radiofrequência. Alfaifi et al. (2013) relataram o potencial para o desenvolvimento


de tratamentos de radiofrequência contínuos e em larga escala (28,4-103,7 cm de
profundidade a 27 MHz) para o controle pós-colheita de insetos em frutas secas.

7) Atmosfera modificada (MA) e atmosfera controlada (CA). Embalar tâmaras


infestadas em sacos de polietileno com vácuo de 80-90% resultou em 100% de
mortalidade após dois dias (HUSSAIN, 1974). Uma exposição de 4 horas a 2,8% de O 2
em N2 a 26 ◦C resultou em mais de 80% das populações iniciais de besouros da família
Nitidulidae a emigrar das tâmaras secas infestadas (NAVARRO et al., 1998a, b). Al-Azab
(2007) usou uma mistura de atmosfera modificada (65% CO 2, 15% N2 e 20% O2) e
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descobriu que uma exposição por 24 horas a 34 ◦C e 65% de umidade relativa causa 100%
de mortalidade contra os adultos de Ephestia cautela. El-Mohandes (2009) descobriu que
100% de mortalidade foram alcançadas após 36 horas de exposição a concentrações de
CO2 de 75% a 25 ◦C e 55% de umidade relativa para os adultos de Oryzaephilus
surinamensis e Tribolium confusum. Além disso, a aplicação de CO2 em concentrações
de 75% com meia dose de PH3 a 28 ± 2 ◦C e 60 ± 5% de umidade relativa causou 100%
de mortalidade, de ambos os insetos testados, após 6 horas de exposição.
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