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Protocolo de Urgências Ginecológicas e Obstétricas

Centro Integrado de Saúde Amaury Medeiros

CISAM – UPE
Recife – PE
2023
UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO – UPE
REITORA Profa. Dra. Maria do Socorro de Mendonça Cavalcanti
VICE-REITOR Prof. José Roberto de Souza Cavalcanti

CONSELHO EDITORIAL DA EDITORA UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO – EDUPE


Membros Internos
Prof. Dr. Ademir Macedo do Nascimento Prof. Dr. Mário Ribeiro dos Santos
Prof. Dr. André Luis da Mota Vilela Prof. Dr. Rodrigo Cappato de Araújo
Prof. Dr. Belmiro Cavalcanti do Egito Vasconcelos Profa. Dra. Rosangela Estevão Alves Falcão
Prof. Dr. Carlos André Silva de Moura Profa. Dra. Sandra Simone Moraes de Araújo
Profa. Dra. Danielle Christine Moura dos Santos Profa. Dra. Silvânia Núbia Chagas
Profa. Dra. Emilia Rahnemay Kohlman Rabbani Profa. Dra. Sinara Mônica Vitalino de Almeida
Prof. Dr. José Jacinto dos Santos Filho Profa. Dra. Virgínia Pereira da Silva de Ávila
Profa. Dra. Márcia Rejane Oliveira Barros Carvalho Macedo Prof. Dr. Waldemar Brandão Neto
Profa. Dra. Maria Luciana de Almeida

Membros Externos
Profa. Dra. Ester Fraga Vilas-Bôas Carvalho do Nascimento - Universidade Tiradentes (Brasil)
Profa. Dra. Gabriela Alejandra Vasquez Leyton - Universidad Andres Bello (Chile)
Prof. Dr. Geovanni Gomes Cabral - Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Brasil)
Profa. Dr. Gustavo Cunha de Araújo - Universidade Federal do Norte do Tocantins (Brasil)
Prof. Dr. José Zanca - Investigaciones Socio Históricas Regionales (Argentina)
Profa. Dra. Letícia Virginia Leidens - Universidade Federal Fluminense (Brasil)
Prof. Dr. Luciano Carlos Mendes de Freitas Filho - Instituto Federal da Bahia (Brasil)
Prof. Dr. Pedro Gil Frade Morouço - Instituto Politécnico de Leiria (Portugal)
Prof. Dr. Rosuel Lima-Pereira - Universidade da Guiana - França Ultramarina (Guiana Francesa)
Profa. Dra. Verónica Emilia Roldán - Università Niccolò Cusano (Itália)
Prof. Dr. Sérgio Filipe Ribeiro Pinto - Universidade Católica Portuguesa (Portugal)

DIRETOR CIENTÍFICO E COORDENADOR Prof. Dr. Carlos André Silva de Moura


SECRETÁRIO EXECUTIVO Felipe Ramos da Paixão Pereira Rocha
ASSISTENTE ADMINISTRATIVO Renan Cortez da Costa
DIAGRAMAÇÃO Danilo Catão
REVISÃO Os Autores

Este livro foi submetido à avaliação do Conselho Editorial da Universidade de Pernambuco.

Todos os direitos reservados.


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e não a posição oficial da Editora da Universidade de Pernambuco – EDUPE

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Universidade de Pernambuco
Núcleo de Gestão de Bibliotecas e Documentação - NBID

C397p Centro Integrado de Saúde Amaury Medeiros Protocolo de


urgências ginecológicas e obstétricas / Centro Integrado de Saúde
Amaury Medeiros / Edição Geral de Hélio de Lima Ferreira Fernandes
Costa, Simone Angélica Leite de Carvalho Silva e Lizia de Moraes
Siqueira Peixoto. -- Recife : EDUPE, 2023.
291

[recurso eletrônico]

ISBN: 978-65-85651-09-7

1. Protocolos médicos. 2. Emergências médicas. 3. Ginecologia. 4.


Obstetrícia I.Costa, Hélio de Lima Ferreira Fernandes. II.Silva , Simone
Angélica Leite de Carvalho. III.Peixoto, Lizia de Moraes Siqueira. IV.
Título.

CDD: Ed. 23 -- 618.1

Elaborado por Claudia Henriques CRB4/1600


Protocolo de Urgências Ginecológicas e Obstétricas

Mensagem de Agradecimento:
A elaboração deste protocolo não teria sido possível sem a colaboração, estímulo e empenho de diversas pessoas. Gostaríamos
de expressar nossa gratidão e apreço a todos aqueles que, direta ou indiretamente, contribuíram para que esta tarefa se
tornasse possível. A todos quero manifestar os nossos sinceros agradecimentos.

Autores da Obstetrícia: Autores da Ginecologia:


Simone Angélica Leite de Carvalho Silva 2
Hélio de Lima Ferreira Fernandes Costa 1
Maria Carolina Pessoa Valença Rygaard 2 Laura Olinda Bregieiro Fernandes Costa 1
Olímpio Barbosa de Moraes Filho 1 Maria Luíza Bezerra de Menezes 1
Hélio de Lima Ferreira Fernandes Costa 1 Catharina Cavalcanti Pessoa Monteiro Lira 2
Maria Luiza Bezerra Menezes 1
Maria Carolina Pessoa Valença Rygaard 2
Pedro Pires Ferreira Neto 1 Carlos André de Carvalho Godoy 2
Luiz André Marinho Lippo 2 Elísio Rodrigues Coelho Júnior 2
Stevam de Barros Melo Rios 2 Laís Pereira de Medeiros 2
Carlos Reinaldo Carneiro Marques Lizia de Moraes Siqueira Peixoto 3
Lorena Costa Corrêa 2 Melina de Moraes Guerra Novelino 3
Thaís Valéria e Silva Marcela Maria Pimentel de Oliveira 3
João Paulo Bernardo Dante de França Stella das Chagas Crisostomo 3
Pryscila Correia de Queiroz e Silva 3 Júlia Lacerda da Cunha Cavalcanti 3
Gabriela Lemos de Almeida Melo 3 Aluska Veiga de Farias 3
Talinni Tavares de Lima 3 Gabriela Cavalcanti Campos Gouveia 3
Lizia de Moraes Siqueira Peixoto 3
Ryane Oliveira de Alcântara 3
Catarina de Moraes Braga 3 Ruanna Schields da Câmara Bezerril 3
Vitor Modesto Farias de Oliveira 3 Denise Quental Callou 3
Maria Beatriz Batista Ferreira 3 Samila Fernandes dos Santos Anjos 3
Mateus Glasner de Maia Lyra Cardoso 3 Mateus Glasner de Maia Lyra Cardoso 3
Isis Queiroga Bezerra 3 Camilla Karlla Silva Lins 3
Vinícius Ulisses Marinho Mendes 3
Vanêssa Cavalcanti Aulette Neves 3
Bianca Buriti de Vasconcelos Porto 3 Maria Beatriz Batista Ferreira 3
Lara Souto Maior Paula Aguiar 3
Manoelly Karolina de França 3 Edição Geral:
Aline Sales Guerra 3 Hélio de Lima Ferreira Fernandes Costa 1
Isabella Regina da Cunha Barros 3
Simone Angélica Leite de Carvalho Silva 2
Raissa Freitas Cabral Porto 3 Lizia de Moraes Siqueira Peixoto 3

Legenda:
1
Docente da Disciplina de Ginecologia e Obstetrícia da Universidade de Pernambuco
2
Médico(a) assistente do Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros - CISAM
3
Médica Ginecologista e Obstetra, ex-residente do CISAM

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Protocolo de Urgências Ginecológicas e Obstétricas

ÍNDICE

# OBSTETRÍCIA:
Assistência Pré-natal de Baixo Risco 7
Abortamentos (tipos) 14
Indução do parto (protocolo da FIGO e diferentes métodos) 15
ANTEPARTO
Gravidez ectópica 18
Doença trofoblástica gestacional 20
Incompetência ístmocervical e colo curto 24
Prematuridade:
· Trabalho de parto prematuro 25
· Rotura prematura das membranas 27
· ATBprofilaxia Intraparto 28
· Neuroproteção fetal com MgSO4 29
TRABALHO DE
Sofrimento fetal:
PARTO E PARTO
· Cardiotocografia 30
· Restrição de crescimento intra-uterino e Sofrimento Fetal Crônico 32
Gemelaridade 36
Assistência ao parto vaginal 38
Indicações de cesárea baseadas em evidências 41
Cefaléia pós-raquianestesia 44
Infecção de ferida operatória 45
Mastites 49
PUERPÉRIO Endometrite 51
Corioaminionite 52
Tromboflebite pélvica séptica 53
Sepse e choque séptico 54
· Placenta prévia e acretismo placentário 56
· Descolamento Prematuro da Placenta 58
· Hemorragia pós-parto e transfusão 59
COMPLICAÇÕES
· Uso de hemocomponentes na obstetrícia e na ginecologia 60
OBSTÉTRICAS
· Ferroterapia 68
· CIVD 69
· Tromboprofilaxia na obstetrícia 70
Tromboembolias 73
Trombofilias - SAAF 77
Hiperêmese gravídica 78
Diabetes e cetoacidose diabética 79
D. pulmonares
· Asma, PNM e EAP 90
· COVID 93
COMPLICAÇÕES D. cardiovasculares:
CLÍNICAS NA · Endocardite bacteriana, IAM e PCR 101
GRAVIDEZ · HASC, HASG, Pré-eclâmpsia e Eclânpsia 106
· HELLP 114
D. neurológicas (Estado de mal epiléptico) 115
D. psiquiátricas (Humor, Depressão, Sintoma Psicótico e Agitação) 116
D. urinárias (Pielonefrite) 118
HIV 119
Sífilis 122
Usuárias de Drogas Ilícitas 124

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# GINECOLOGIA:
Protocolo de atendimento médico às vítimas de violência 127
sexual
Contracepção 130
· Contraceptivos hormonais combinados 131
· Contraceptivos hormonais só de progesterona 137
· Contraceptivos intrauterinos 139
· Manejo dos efeitos adversos dos contraceptivos hormonais 145
· Contracepção de emergência 147
· Interação medicamentosa 149
· Como trocar MAC 152
Tumores das glândulas de Bartholin 155
Corrimento vaginal 157
Doença inflamatória pélvica 162
GINECOLOGIA Sangramento Uterino Anormal 166
GERAL Sangramento uterino grave e/ou prolongado 170
Miomas uterinos 174
Pólipos cervicais 177
Pólipos endometriais 177
Hiperplasias endometriais 179
Neoplasia de endométrio – rastreio e diagnóstico precoce 180
Endometriose pélvica 181
Massas anexiais 187
Abdome agudo em ginecologia – abordagem diagnóstica 193
Patologia cervical 197
· Patologia do colo uterino e vagina 198
· Patologia vulvar 202
· Patologia anal 205
· Vacinação contra HPV 206
Amenorréia 208
Síndrome dos ovários policísticos 217
ENDOCRINOLOGIA
Atendimento aos homens transgênero 227
REPRODUTIVA
Propedêutica reprodutiva e tratamento de baixa complexidade 228
Climatério 231
Incontinência urinária 239
· Incontinência urinária de esforço 239
UROGINECOLOGIA · Bexiga hiperativa 242
· Incontinência urinária mista 244
Prolapso dos órgãos pélvicos 247
Cuidados pré-operatórios em ginecologia 253
Manejo das doenças crônicas no perioperatório 257
Cuidados pós-operatórios 261
CIRURGIA Tromboprofilaxia em cirurgia ginecológica 264
GINECOLÓGICA Endoscopia Ginecológica: 267
· Histeroscopia diagnóstica 267
· Histeroscopia cirúrgica 269
Videolaparoscopia Ginecológica 272

Referências Bibliográficas 275

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ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL DE RISCO HABITUAL

# AVALIAÇÃO PRÉ-CONCEPCIONAL:
OBJETIVOS: identificar fatores de risco ou doenças que possam alterar uma futura gestação
CONDUTA: anamnese e exame físico e ginecológico, além de exames laboratoriais e orientações.
• História clínica: DM pré-gestacional, HAS, cardiopatias, distúrbios da tireoide e infecções, incluindo as IST, uso de
medicamentos, hábito de fumar e uso de álcool e drogas ilícitas.
• História familiar: doenças hereditárias, pré-eclâmpsia, hipertensão e diabetes.
• História obstétrica: paridade e tipo de parto, nº de partos pré-termo, intervalo entre os partos, peso ao nascimento e
complicações das gestações anteriores, como abortamento, perdas fetais e hemorragias e malformações congênitas.
• Exame físico: PA, peso, altura e IMC.
• Exame clínico das mamas (ECM) e do exame preventivo do câncer do colo do útero (1x/ano e, após 2 exames normais,
a cada 3 anos, principalmente de 25 a 64 anos)
• Administração preventiva de ácido fólico: 0,4mg, VO/dia, durante 60 a 90 dias antes da concepção
• Registro sistemático das datas das menstruações e intervalo entre as gestações de ≥ 2 anos.
• Vacinação: tomar vacina tríplice viral, caso não seja imune, engravidar após 3 meses.

# DIAGNÓSTICO DE GRAVIDEZ:
• Teste Imunológico de Gravidez (TIG): > 10 dias de atraso menstrual, detecta hCG na urina
• Dosagem sérica do β-hCG: 8-11 dias pós-concepção e > 3-5 dias de atraso menstrual
• Sinais de certeza:
– Batimentos cardíacos fetais (BCF) no Sonar > 12 semanas ou Pinard > 20 semanas
– Percepção dos movimentos fetais com 18 a 20 semanas
– Ultrassonografia: saco gestacional na USG TV 4-5 semanas e a BCE com 6 semanas.

# CÁLCULO DA IG: 1ª USG, DUM ou Regra de Mac Donald (MCD: AFU x 8 ÷ 7)

# CÁLCULO DA DPP: DUM + 280 dias ou 40 semanas ou Regra de Näegele + 7 DIAS e 9 MESES. Se os dias somados
forem maiores que os dias do mês, passe para o mês seguinte, e adicione 1 ao mês.

# INTERVALO DE CONSULTAS PRÉ-NATAL: no mínimo 6 consultas.

Quando o parto não ocorre até a 41ª semana, é necessário encaminhar a gestante para a maternidade para avaliação do
bem-estar fetal, avaliação do líquido amniótico e monitoramento cardíaco fetal.
Não existe alta do pré-natal. O pré-natal é finalizado com parto, e posteriormente, a consulta puerperal.

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# CLASSIFICAÇÃO DE RISCO GESTACIONAL:


PERMITEM MANTER PN BAIXO RISCO:
Fatores relacionados às características individuais e às condições sociodemográficas desfavoráveis
• Idade < 15 e > 35 anos;
• Situação familiar ou conjugal insegura e não aceitação da gravidez, especialmente adolescente;
• Baixa escolaridade (< 5 anos de estudo regular) ou condições ambientais desfavoráveis;
• Altura menor do que 1,45m ou IMC que evidencie baixo peso, sobrepeso ou obesidade.
• Ocupação: esforço físico excessivo, carga horária extensa, rotatividade de horário, exposição a agentes físicos, químicos
e biológicos, estresse;
Fatores relacionados à história reprodutiva anterior:
• Recém-nascido com restrição de crescimento, pré-termo ou malformado ou Macrossomia fetal;
• Síndromes hemorrágicas ou hipertensivas;
• Intervalo interpartal < 2 anos ou > 5 anos ou nuliparidade e multiparidade (≥ 5 partos);
• Cirurgia uterina anterior ou ≥ 3 cesarianas.

ENCAMINHAR AO PN ALTO RISCO:


Fatores relacionados às condições prévias:
• Cardiopatias ou HAS e/ou uso de anti-HAS (PA>140/90mmHg antes de 20 semanas de IG);
• Nefropatias graves (IRC transplantados) ou pneumopatias graves (incluindo asma brônquica);
• Endocrinopatias (especialmente diabetes mellitus, hipotireoidismo e hipertireoidismo);
• Doenças hematológicas (inclusive doença falciforme e talassemia);
• Doenças neurológicas (como epilepsia) ou psiquiátricas que necessitam de acompanhamento (psicoses, depressão grave
etc.) ou dependência de drogas lícitas ou ilícitas;
• Doenças autoimunes (LES, outras colagenoses) ou antecedente de TVP ou embolia pulmonar;
• Alterações genéticas ou ginecopatias (malformação uterina, miomas, tumores anexiais);
• Portadoras de doenças infecciosas como hepatites, toxoplasmose, infecção pelo HIV, sífilis terciária (USG com malformação
fetal) e outras DSTs (condiloma); Hanseníase; Tuberculose;
Fatores relacionados à história reprodutiva anterior:
• Morte intrauterina ou perinatal em gestação anterior, principalmente de causa desconhecida;
• História prévia de doença hipertensiva da gestação, com mau resultado obstétrico e/ou perinatal (interrupção prematura
da gestação, morte fetal intrauterina, síndrome Hellp, eclâmpsia, internação da mãe em UTI);
• Abortamento habitual ou esterilidade/infertilidade.
Fatores relacionados à gravidez atual:
• Restrição do crescimento intrauterino ou Malformações fetais ou arritmia fetal;
• Polidrâmnio ou oligoidrâmnio ou Gemelaridade;
• Distúrbios hipertensivos da gestação (HASC, HASG ou transitória)
• Evidência laboratorial de proteinúria;
• Infecção urinária de repetição ou ≥ 2 episódios de pielonefrite;
• Anemia grave ou não responsiva a 30-60 dias de tratamento com sulfato ferroso;
• Infecções como a rubéola e a citomegalovirose adquiridas na gestação atual;
• DM gestacional ou desnutrição materna severa ou baixo peso ou obesidade mórbida;
• NIC III ou Alta suspeita clínica de câncer de mama ou mamografia com Bi-rads III ou mais
• Adolescentes com fatores de risco psicossocial.

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# ROTEIRO DA PRIMEIRA CONSULTA:


Anamnese: guia é o cartão PN, começar o PN o mais precoce possível, antes de 12 semanas.
1. Pesquisar os aspectos socioepidemiológicos, os antecedentes familiares, os antecedentes pessoais gerais, ginecológicos
e obstétricos, e situação da gravidez atual.
• data precisa da última menstruação e regularidade dos ciclos;
• paridade e detalhes de gestações prévias e gemelaridade anterior;
• intercorrências clínicas, obstétricas e cirúrgicas;
• hospitalizações anteriores e reações alérgicas e vacinações prévias;
• fatores socioeconômicos e exposição ambiental ou ocupacional de risco;
• história prévia de DST e história de violências; atividade sexual;
• uso de medicações e anticoncepcionais; uso de tabaco, álcool ou outras drogas;
• história pessoal ou familiar de doenças hereditárias/malformações;
2. Pesquisar sintomas: náuseas, vômitos, dor abdominal, constipação, cefaleia, síncope, sangramento ou corrimento vaginal,
disúria, polaciúria e edemas.
3. Informações sobre alimentação, hábito intestinal e urinário, movimentação fetal, assim como presença de corrimentos
ou outras perdas vaginais ajudam a identificar situações de risco.

Exame físico geral:


1. Inspeção da pele e das mucosas; palpação da tireóide, região cervical, supraclavicular e axilar;
2. Ausculta cardiopulmonar; exame do abdome e dos membros inferiores; pesquisa de edema;
3. Sinais vitais: aferição do pulso, FC, FR, Temp. axilar, medida da pressão arterial;
4. Antropometria e Cálculo do IMC; avaliação do estado nutricional e ganho de peso estacional.

Exame físico específico (gineco-obstétrico):


1. Palpação obstétrica; Medida e avaliação da AFU; Ausculta dos BCF; Registro dos MF
2. Exame clínico das mamas e ginecológico (inspeção dos genitais externos, exame especular, coleta de material para
exame colpocitopatológico, toque vaginal).

Solicitar exames complementares: 1ª consulta ou 1º trimestre


1. Tipagem sanguínea e fator Rh; Coombs indireto (se gestante Rh negativo);
2. Hemograma e Glicemia de jejum;
3. Teste rápido de triagem para sífilis e/ou VDRL/RPR;
4. Teste rápido de diagnóstico anti-HIV e Anti-HIV
5. Sorologias para hepatite B (HbsAg);
6. Exame de urina e urocultura/antibiograma;
7. USG obstétrica, para verificar a IG e TN, 11sem-13s6d, preferencialmente 12sem;
8. Citopatológico de colo de útero (SN) e Exame da secreção vaginal e EPF (se indicação clínica);
9. Eletroforese de hemoglobina (se a gestante for negra, tiver antecedentes familiares de anemia falciforme ou apresentar
história de anemia crônica).

Orientações:
1. Orientação sobre a atualização situação vacinal e atendimento odontológico.
2. Prescrever sulfato ferroso 200mg/dia (40mg Fe elementar/dia) e ácido fólico 400mcg/dia;
3. Orientação sobre as consultas subsequentes, as visitas domiciliares e as atividades educativas.

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# ROTEIRO DAS CONSULTAS SUBSEQUENTES:


Anamnese: guia é o cartão PN
1. Pesquisa das queixas mais comuns na gestação e dos sinais de intercorrências clínicas e obstétricas, com o propósito
de se reavaliar o risco gestacional e de se realizar ações mais efetivas;
Exame físico geral:
1. Exame físico direcionado (deve-se avaliar o bem-estar materno e fetal);
2. Verificação do calendário de vacinação;
3. Deve-se avaliar o resultado dos exames complementares;
4. Devem ser feitas a revisão e a atualização do Cartão da Gestante e da Ficha de Pré-Natal.

Exame físico específico (gineco-obstétrico):


1. Cálculo e anotação da IG;
2. Determinação do peso e cálculo do IMC: avaliação do gráfico do peso.
3. Medida da PA e pesquisa de edema;
4. Exame clínico das mamas para observação do mamilo e ginecológico.
5. Palpação obstétrica; Medida e avaliação da AFU; Ausculta dos BCF; Registro dos MF.

Solicitar exames complementares:


2º trimestre:
1. Teste Oral de Tolerância à Glicose 75g (jejum, 1h e 2h após glicose – realizar com 24-28sem);
2. Coombs indireto (se gestante Rh negativo):
3. se negativo, repetir a cada 4 semanas, a partir de 24sem;
4. se positivo: sensibilizada, deve encaminhar ao PNAR;
5. USG obstétrica morfológica com Doppler das aa. uterinas e avaliação da medida do colo uterino por via TV, 20-24sem,
preferencialmente com 22sem;
3º trimestre:
1. Coombs indireto (se for Rh negativo);
2. Hemograma e Glicemia de jejum;
3. VDRL/RPR;
4. Anti-HIV;
5. Sorologias para hepatite B (HbsAg);
6. Exame de urina e urocultura/antibiograma;
7. Cultura de secreção reto-vaginal para pesquisa de Estreptococos B entre 35 - 37 sem;
8. USG obstétrica com dopplerfluxometria, 34-36sem;

Orientações:
1. Interpretação dos dados da anamnese e do exame clínico/obstétrico e resultados de exames;
2. Prescrever sulfato ferroso 200mg/dia (40mg de ferro elementar/dia);
3. Orientação sobre a atualização situação vacinal e atendimento odontológico.
4. Incentive o aleitamento materno exclusivo até os seis meses;
5. Oriente a gestante sobre os sinais de risco e a necessidade de assistência em cada caso;
6. Orientação sobre as consultas subsequentes, as visitas domiciliares e as atividades educativas.

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# AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL E GANHO DE PESO ESTACIONAL:


Avaliação do estado nutricional da gestante segundo o IMC por semana gestacional

Ganho de peso recomendado em kg na gestação segundo o estado nutricional inicial:

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#VACINAÇÃO:
Vacina 1ª dose 2ª dose 3ª dose Reforço
Vacina dupla bacteriana adulto – precoce em não 30-60dias após 30-60dias após 5-10 anos após a data
dT (difteria e tétano) vacinadas ou >10anos a 1ª dose a 2ª dose da última dose
Vacina tripla bacteriana adulto –
uma dose de 20 semanas até 36 semanas por gestação
DTPa (difteria e tétano)
Vacina contra a influenza uma dose no período da campanha anual
após o 1º trimestre de 30 dias após a 180 dias após a 5 anos após a data da
Vacina contra a hepatite B
gestação 1ª dose 1ª dose última dose

VACINA DUPLA BACTERIANA ADULTO – DT (DIFTERIA E TÉTANO)


Contraindicações: A vacina está contraindicada nas seguintes situações:
• Ocorrência de hipersensibilidade após dose anterior ou História de hipersensibilidade aos componentes de qualquer
um dos produtos ou choque anafilático após vacina;
• Sínd. de Guillain-Barré nas 6 semanas após a vacinação anterior contra difteria e tétano.
VACINA TRIPLA BACTERIANA ADULTO – DTPa (DIFTERIA, TÉTANO e COQUELUCHE)
A gestante pode fazer 2 doses dT e 1 dose DTPa, de > 20 semanas de gestação até 45 dias pós- parto.
VACINA CONTRA INFLUENZA (FRAGMENTADA)
Contraindicações:
• História de alergia severa à proteína do ovo e seus derivados, ou componente da vacina;
• Pessoas que apresentaram reações anafiláticas graves a doses anteriores da vacina.
VACINAÇÃO CONTRA HEPATITE B (RECOMBINANTE)
Na impossibilidade de realizar a sorolodia anti-HBs completar o esquema vacinal.

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#ORIENTAÇÕES GERAIS:
• Aparecimento de estrias: O fator genético é uma variável importante, oriente evitar o ganho excessivo de peso e manter
a hidratação sistêmica adequada com creme ou óleo hidratantes.
• Depilação e drenagem linfática: liberadas, não há evidências de danos na gravidez.
• Tintura para cabelo e escova progressiva: contraindicados durante a gravidez, pela presença de amônia e benzeno,
que podem alterar alguns setores do organismo materno, como a tireóide e o SNC, se absorvidos pelo couro cabeludo.
Após o 1º trimestre, estão liberadas colorações que não contenham chumbo ou amônia. Mechas, luzes e o uso de hena
estão liberadas após a 1ª metade da gestação.
• Varizes: repouso com as pernas elevadas ao longo do período de vigília. Recomenda-se o uso de meias elásticas de
média compressão, vestindo-as ao acordar, antes de levantar da cama.
• Cloasma: evitar a exposição solar de 10-16 horas, usar cremes fotoprotetores (fator de proteção solar, FPS 30 a 35,
reaplicado pelo menos 3x/dia, mesmo sem exposição ao sol), chapéu, sombrinha.
• Dentes e gengivas: estimular a escovação e o uso do fio dental, além de orientar a possibilidade de hipertrofia gengival
epúlide) e a facilidade de sangramento gengival. Se houver necessidade, deve ser avaliada por um dentista e, se preciso,
realizar algum procedimento, recomendar a utilização de anestésico local sem vasoconstritor e exames radiológicos,
com proteção do avental de chumbo.
• Exercícios físicos: são seguros. Os exercícios mais aconselhados são: caminhada, natação, hidroginástica, ioga e
alongamento. Devem ser evitados exercícios como a musculação por flexão de coluna e por impacto. A OMS recomenda
a prática de exercícios moderados, por 30 minutos/dia.
• Amamentação: deve-se investir na parte pedagógica do valor da amamentação em todos os sentidos, entre outros, os
aspectos nutricionais e de relacionamento com o recém-nascido. Depois que a gestante compreender a importância
da amamentação, ficará mais fácil aceitar as medidas de preparo das mamas para o aleitamento: exposição diária das
mamas à luz solar ou à luz artificial de 40 watts (por 20 minutos/dia, à distância de 20 cm). Atenção também para
mamilo invertido ou plano. Nesses casos, estão indicados os exercícios de Hoffman para forçar a extrusão mamilar após
o parto. Evitar amamentar durante a gravidez e usar óleos, cremes ou pomadas na região aréolo-mamilar.
• Trabalho de parto e parto vaginal: para gestantes na 2ª metade da gravidez.
• Viagens: As viagens terrestres estão permitidas (incluindo a direção de veículos), desde que com a movimentação
frequente dos membros inferiores para evitar a formação de trombos. Deve-se incentivar a gestante a usar sempre o
cinto de segurança de quatro pontos. Não há restrição de viagens aéreas até a 34a semana de gravidez.

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ABORTAMENTOS

# AMEAÇA DE ABORTAMENTO:
EXAMES: USG endovaginal
CONDUTA: Sintomáticos ± Progesterona micronizada 200mg, VV, 2x/dia, ≤ 10 sem (se insuf lútea)

# ABORTAMENTO COMPLETO:
EXAMES: USG endovaginal (se necessária) + Classificação sanguínea (se necessária)
CONDUTA: Orientação e Sintomáticos

# ABORTAMENTO INCOMPLETO:
EXAMES: USG endovaginal (se necessário) + Classificação sanguínea (se necessário)
CONDUTA:

IG Colo ECO endom Conduta


< 15mm Expectante: repetir USG TV em 4sem
fechado < 9 sem: Misoprostol 600mcg VV dose única
< 12 sem ≥ 15mm
≥ 9 sem: AMIU + ATBprofilaxia*
aberto --- AMIU + ATBprofilaxia*
≥ 12 sem --- --- Cureta

*AMIU: sempre fazer Doxiciclina 200mg VO dose única, antes do procedimento

# ABORTAMENTO INEVITÁVEL:
EXAMES: USG endovaginal (se necessário) + Classificação sanguínea (se necessário)
CONDUTA: Se ≤ 12 semanas: AMIU + Doxiciclina 200mg VO dose única, antes do procedimento
Se > 12 semanas: vide conduta de aborto retido em tabela FIGO

# ABORTAMENTO INFECTADO:
EXAMES: USG endovaginal (se necessário) + Classificação sanguínea (se necessário)
CONDUTA:
• Antibioticoterapia sem sepse:
Clindamicina 900mg (SF0,9% 100ml) EV 8/8h + Gentamicina 240mg (SF0,9% 100ml) EV 1x/dia
• Antibioticoterapia com sepse:
Esquema sem sepse + Ampicilina 01g EV 6/6h
• Curetagem uterina após início da antibioticoterapia
- Suspender ATB 48h após ausência da última evidência clínico-laboratorial de infecção
- Alta hospitalar após suspensão do ATB
CRITÉRIOS DE SEPSE: Foco identificado ou presumido, mais 2 dos critérios abaixo:
1. FC > 90
2. FR > 20 ou PCO2 (gasometria) < 32
3. Temp > 38,2 ou < 35
4. Leucograma > 12mil ou < 4mil ou bastão > 10%
*Obs: Nos critérios 2, 3 e 4, não precisa de todos os itens para pontuar.

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INDUÇÃO DO PARTO

AVALIAÇÃO PRÉ-INDUÇÃO DE FETO VIVO:


• Recalcular IG pela 1ª USG, DUM ou Regra de Mac Donald (MCD: AFU x 8 ÷ 7);
• Avaliar apresentação e estimar peso fetal;
• Examinar cérvix com TV e calcular Bishop (tabela abaixo);
• Avaliar padrão de freqüência cardíaca fetal - CTG.

Índice de Bishop:

PONTUAÇÃO 0 1 2 3
Altura da apresentação -3 -2 -1 / 0 ≥+1
Dilatação do colo 0 1-2 cm 3-4 cm ≥ 5 cm
Apagamento (%) 0-30 40-50 60-70 ≥ 80
Posição do colo Posterior Intermediária Anterior --
Consistência do colo Firme Intermediário Amolecido --

MÉTODOS:
1. Misoprostol:
Dose: 25mcg, vaginal, 6/6h. Máximo 8 comp. Na ausência de resposta, reexaminar a paciente:
• Se colo favorável (BISHOP > 6) – ocitocina
• Se colo desfavorável (BISHOP ≤ 6) – considerar falha de indução e indicar de cesárea
Contra-indicações:
• Gemelaridade.
• Cicatriz uterina por cesárea anterior ou cirurgia uterina corporal prévia.
• Paciente asmática.
• Placenta prévia.
• Uso concomitante com ocitocina.
• Contra-indicações ao parto vaginal.

2. Sonda Vesical de Demora


USO: Realizar EE e introduzir no canal cervical após assepsia, uma sonda vesical de demora nº 16 e insuflar o balão
com 30ml (Máx 80ml) de água destilada (ou solução fisiológica). Tracionar a sonda e auscutar BCF a cada 2 horas
até expulsão. Ao expulsar a sonda, reavaliar o colo.
Ou se após 12h da introdução da sonda, não houver expulsão, retirar a sonda e reavaliar o colo:
• Se colo favorável (BISHOP > 6) – ocitocina
• Se colo desfavorável (BISHOP ≤ 6) – considerar falha de indução e indicar de cesárea
Indicação: Uma cesárea anterior
Contra–indicação: Rotura prematura de membranas, placenta de inserção baixa (CI relativa)

3. Amniotomia precoce:
Indicação: Só se a cabeça estiver bem oposta ao colo do útero. Deve ser associada à infusão de ocitocina.
Complicações: ruptura de vasa prévia e prolapso do cordão umbilical

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4. Ocitocina:
Dose: 01 ampola + SF 0,9% 500ml IV 8 gotas/minuto (ou 24ml/h em BIC).
- Dobrar o gotejamento, gradualmente, a cada 30 min, até 32 gotas/minutos (ou 96ml/h em BIC) até obtenção de
contração eficaz. Sempre reavaliar para continuar/descontinuar ou aumentar /reduzir o uso da ocitocina.
Efeitos colaterais: Taquissistolia (> 5 contrações em 10 minutos)
Falha de indução: ocitocina por > 12h após a amniotomia sem DU efetiva e alteração cervical.

AVALIAÇÃO PRÉ-INDUÇÃO DE FETO MORTO:


• Recalcular IG pela 1ª USG, DUM ou Regra de Mac Donald (MCD: AFU x 8 ÷ 7);
• Avaliar apresentação e estimar peso fetal;
• Examinar cérvix com TV e calcular Bishop (tabela abaixo);
• Avaliar cicatriz uterina anterior.

MÉTODOS:
1. Misoprostol: Vide tabela da FIGO a seguir

2. Sonda Vesical de Demora:


USO: semelhante ao feto vivo
• Se colo favorável (BISHOP > 6) – ocitocina
• Se colo desfavorável (BISHOP ≤ 6) – avaliar outro método de indução (considerar uso de misoprostol, lembrar de
fazer metade da dose se > 26 sem)
Indicação: Cicatriz uterina

3. Amniotomia precoce:
Indicação: Só se a cabeça estiver bem oposta ao colo do útero. Deve ser associada à infusão de ocitocina.
Complicações: ruptura de vasa prévia

4. Ocitocina:
Dose: semelhante ao feto vivo.
Efeitos colaterais: Taquissistolia (> 5 contrações em 10 minutos)
Falha de indução: ocitocina por > 12h após a amniotomia sem DU efetiva e alteração cervical.

* Regra de SICCA-BLANCO para infusão de ocitocina para esvaziamento uterino:


Calcular a IG pela Regra de Mac Donald e infundir ocitocina abaixo:
• 16-22 sem  16 ampolas
• 22-28 sem  8 ampolas
• 28-32 sem  4 ampolas Iniciar 8 gotas/minuto
• 32-36 sem  2 ampolas
• > 36 sem  1 ampola

Lembrar de suprimir a lactação com Cabergolina 1,0 mg (2 comprimidos de 0,5 mg) VO em dose única (a partir do 2º trimestre,
se necessário).

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INDUÇÃO COM MISOPROSTOL (FIGO, 2017)

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GRAVIDEZ ECTÓPICA

# TRATAMENTO EXPECTANTE:
Critérios de inclusão:
1. Imagem anexial < 5 cm
2. Ausência de batimentos cárdio-embrionários
3. Níveis de β-hCG inferiores a 200 mIU/ml
4. Sem líquido livre na cavidade, hemodinamicamente estáveis e assintomáticas ou com sintomatologia mínima.

- Em regime de internamento com repetição dos exames após 48 horas.


• Caso tenha havido redução de pelo menos 15% dos níveis de β-hCG, sem sinais de rotura ao USG, podem receber alta
e continuar o seguimento ambulatorial semanal com USG e β-hCG.
* Obs: O tratamento expectante é restrito às pacientes orientadas e com fácil acesso ao serviço hospitalar, caso haja alguma
complicação.

# TRATAMENTO CLÍNICO:
Critérios de inclusão:
1. Níveis de β-hCG inferiores a 5000 mIU/ml
2. Massa anexial com diâmetro < 3,5 cm
3. Ausência de batimentos cárdio-embrionários, sem líquido livre na cavidade
4. Hemodinamicamente estáveis e assintomáticas ou com sintomatologia mínima
5. Sem doença hepática ou renal prévia ou supressão da medula óssea.
6. Exames pré-QT: TGO, TGP, Tempo de Protrombina, Hemograma com plaquetas e Creatinina.

- Monitoriza-se o β-hCG no dia “4” e no dia “7”.


• Queda > 15% do β-hCG entre esses dias (no D7) indica o sucesso do tratamento e a alta hospitalar pode ser concedida,
com acompanhamento através do β-hCG e USG semanais.
• Queda < 15% do β-hCG, uma nova dose do Metotrexato deverá ser realizada.

• Aumento do β-hCG, indica-se cirurgia.

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# TRATAMENTO CIRÚRGICO CONSERVADOR:


Critérios de inclusão:
1. Em pacientes ainda desejosas de engravidar, estando a GE íntegra
2. Contra-indicação ou falha do tratamento clínico
3. Na ectópica rota, quando a trompa não está excessivamente danificada pode-se tentar realizar o tratamento, preservando-
se a trompa.
Salpingostomia linear (padrão): realiza-se uma incisão longitudinal de 1-2 cm na face anti-mesossalpingeal com
remoção do tecido trofoblástico.
- A hemostasia deve ser realizada cuidadosamente, com bisturi elétrico micro-bipolar, e a sutura dos bordos é desnecessária.
- A persistência do trofoblasto pode ser reduzida com a administração de metotrexato profilática, em dose única, no
pós-operatório na dose de 50 mg/m2 IM.
- A via laparoscópica é a preferida, se houver, profissionais habilitados.

# TRATAMENTO CIRÚRGICO RADICAL:


Critérios de inclusão:
1. Quando a paciente tiver a prole definida
2. Quando o dano tubário tiver sido extenso.
Salpingectomia total (opção): impõe-se estabilizar hemodinamicamente a paciente, presente o colapso circulatório, e
proceder de imediato a laparotomia.
- O cirurgião remove os coágulos, aspira o sangue derramado e, após assegurar a hemostasia, considera-se a conduta
mais adequada para cada caso.
- Nas grandes multíparas, a esterilização tubária está indicada pelo risco aumentado de gravidez ectópica subsequente.
Na ausência do comprometimento hemodinâmico, a via laparoscópica deve ser preferida.

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DOENÇA TROFOBLÁSTICA GESTACIONAL

Fatores de risco para efeito de estadiamento:


1. hCG > 100.000 mIU/ml
2. Duração da doença superior a seis meses

TRATAMENTO DO ABORTAMENTO MOLAR (INTERNAMENTO DE URGÊNCIA)


Feito o diagnóstico de mola hidaditiforme, o tratamento cirúrgico será procedido de uma das formas:
1. Curetagem uterina: a maioria das pacientes, exceto aquelas candidatas a histerectomia.
• Antes de curetar, colher sangue para dosagem do β-hCG e solicitar reserva de sangue.
• O procedimento deve ocorrer com gotejamento de ocitocina diluída em soro glicosado.
• Dilatar com vela de Hegar o colo até 8mm para depois iniciar o esvaziamento uterino através de vácuo-aspiração,
(aspirador elétrico ou aspiração manual- AMIU), se possível.
• A aspiração deverá ser OBRIGATORIAMENTE seguida da curetagem com curetas fenestradas e/ou rombas.
• Todo material colhido deve ser enviado para estudo histopatológico.
2. Histerectomia de urgência (excepcional), justificável nos seguintes casos:
• Como primeira opção nas pacientes com prole definida e/ou idade ≥ 38 anos e sem condições de acompanhamento
posterior.
• Hemorragia de grande vulto + ameaça à vida da paciente e de elevado risco para curetagem.
• Mola invasora com sangramento peritoneal.
3. Quimioterapia profilática: CONTROVERSA.
• Dificuldade para o seguimento
• Quando se faz curetagem por via alta
• Quando ocorre perfuração uterina
• Fatores de risco presentes (β-hCG plasmático > 100.000 mUI/mL, idade > 40 anos)
• Quando indicado histerectomia

SEGUIMENTO AMBULATORIAL:
A paciente receberá alta hospitalar no dia seguinte ao esvaziamento uterino, desde que lóquios normais, pequeno volume
ovariano e uterino e bom estado geral.
Conscientização da gravidade da doença e em uso de contracepção hormonal combinada oral.
Durante internamento, solicitar RX de tórax em PA e perfil, ecografia pélvica/transvaginal, hemograma completo, dosagem
de β-hCG.
O follow-up ambulatorial consistirá de:
• Prescrição de método contraceptivo hormonal oral (pílula combinada) durante todo o seguimento. Não indicar DIU.
• Exame ginecológico mensal.
• RX do tórax mensal, até negativar o hCG.
• Dosagem de β-hCG plasmático (vide figura abaixo)
Uma vez indicada a quimioterapia durante o seguimento ambulatorial, a paciente será reinternada e os níveis de hCG serão
solicitados semanalmente.
Solicitar acompanhamento da Oncologia clínica.

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SEGUIMENTO PÓS MOLAR – β-hCG

Semanal Mensal
Normal em Normal em CURA
3 semanas consecutivas 6 meses consecutivos

CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS PARA NEOPLASIA TROFOBLÁSTICA GESTACIONAL


1. O platô de β-hCG persiste por 4 dosagens ao longo de 3 semanas ou mais (dias 1, 7, 14 e 21)
2. Aumento de β-hCG em 3 dosagens semanais consecutivas ou com intervalo maior ao longo de 2 semanas ou mais
(dias 1, 7, 14)
3. β-hCG se mantém elevada por 6 meses ou mais
4. Diagnóstico histológico de Coriocarcinoma

SISTEMA PROGNÓSTICO MODIFICADO DA OMS ADAPTADO PELA FIGO:

PONTOS 1 2 3 4
Idade (anos) < 40 ≥ 40 - -
Gravidez anterior Mola Aborto A Termo -
Meses de intervalo da gestação
<4 4–6 7 – 12 >12
índice
β-hCG sérico pré tratamento < 10 3 10 3 < 10 4 10 4 < 10 5 ≥ 10 5
Maior tamanho do tumor
< 3 cm 3 – 4 cm ≥ 5 cm -
(incluindo o útero)
Local de matástases - Baço, Rim GI Fígado, Cérebro
Nº de metástases - 1– 4 5– 8 >8
QTX sem êxito anterior - - 1 ≥2

• BAIXO RISCO: 0 A 6
• ALTO RISCO: ≥ 7

ESQUEMA QUIMIOTERÁPICO DE ELEIÇÃO


Monoquimioterapia com o methotrexate (MTX) é o agente antineoplásico de eleição na dose de 1mg/Kg peso/dia/ IM em
associação com o ácido folínico (citrovorum fator, FC) na dose de 0,15 mg/kg de peso/dia / IM.
Antes de se iniciar a quimioterapia, fazer avaliação laboratorial com o hemograma completo (HC), contagem de plaquetas
(PL), dosagem de uréia (U), creatinina (C) e aminotransferases (TGO).
Quando existir alteração laboratorial, é preferível dar doses menores do quimioterápico do que interromper ou prolongar os
intervalos entre os ciclos.
Para tanto, usar os critérios de Brucker, 1978/9/81 e Grego, 1981, para modificação da dose:

Laboratório x Dose 100% da dose 75% da dose 50% da dose Esperar 1 sem
Leucócitos > 4.000 3.000-4.000 2.500-3.000 < 2.500
Plaquetas >150.000 100.000-150.000 75.000-100.000 < 75.000
Cr (↑ de ... da 1ª dosagem) 0,6 mg 0,6-0,8 mg 0,8-1,2 mg > 1,2 mg
A quimioterapia será feita conforme o esquema abaixo (Bagshawe KD, Wilde CE, 1964, primeiros a utiliza-la na NTG com o
intuito de reduzir a toxicidade):

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DIA HORA Avaliar EXAMES HORA DROGA DOSE


1 08 HC, PL, UC, TGO 16 MTX 1,0 mg/kg/IM
2 08 --- 16 ácido folínico 0,12 mg/kg/IM
3 08 HC, PL, UC, TGO 16 MTX 1,0 mg/kg/IM

4 08 --- 16 ácido folínico 0,12 mg/kg/IM

5 08 HC, PL, UC, TGO 16 MTX 1,0 mg/kg/IM


6 08 --- 16 ácido folínico 0,12 mg/kg/IM
7 08 HC, PL, UC, TGO 16 MTX 1,0 mg/kg/IM
8 08 --- 16 ácido folínico 0,12 mg/kg/IM

Os efeitos colaterais mais comuns do Methotrexate são a estomatite, mieolodepressão, náuseas e vômitos, hepato e nefrotoxidade,
dermatite e alopecia.
O nível sérico de hCG é determinado semanalmente após cada curso de quimioterapia, e a curva de regressão de HCG serve
como base primária para determinar a necessidade de tratamento adicional.

Após o primeiro curso de tratamento:


1. A quimioterapia adicional é suspensa, desde que o nível de hCG esteja caindo progressivamente
2. A quimioterapia adicional com agente único não é administrada em qualquer intervalo de tempo predeterminado ou fixo.

UM SEGUNDO CURSO DE QUIMIOTERAPIA SERÁ ADMINISTRADO, SE:


1. O nível de hCG se estabilizar por > 3 semanas consecutivas, ou aumentar novamente.
2. O nível de hCG NÃO diminuir em 1 log dentro de 18 dias após todo o primeiro tratamento.

- Se necessário um segundo curso de MTX-AF, a posologia de MTX é inalterada, se a resposta ao primeiro tratamento for
adequada (queda de 1 log em 18 dias, após um curso de quimioterapia).
- Se a resposta ao primeiro curso de tratamento for inadequada, a dose deverá ser aumentada para 1,5mg/Kg peso/dia. Se
a resposta a 2 cursos de tratamento for inadequada, a paciente será considerada resistente ao MTX e a actinomicina D (12
mcg/kg/dia/IV) deverá substituir o MTX. A Actinomicina D, que é um antibiótico antitumoral, na dose de 12 mg/kg/dia/IV
durante 5 dias consecutivos.
- Se os níveis de hCG não diminuírem em 1 log após o tratamento com actinomicina D, a paciente também é considerada
resistente a actinomicina D.
• Realizar US de rotina após 72 horas de curetagem uterina.
• Em caso de ecos intracavitários, recuretar e repetir a US em igual período.
• Se houver continuação do sangramento até após 7 dias, recuretar, mesmo com US normal.

# METÁSTASES
• Vagina = 30%
• Hepática = 10% daquelas com metástases disseminadas
• Cérebro = 10% dos casos avançados.
Se o exame pélvico e RX de tórax forem negativos, são raras as metástases para outros órgãos.

Cursos de tratamento com MTX como agente único.


Respostas:
• das 185 pacientes tratadas 87,6% (162 pacientes) houve remissão completa.

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• 81 % dessas pacientes (132 pacientes) necessitaram de apenas um curso de MXT e ácido folinico para atingerem a
remissão completa.
• O MTX e acido folinico, induziu a remissão completa em 90,2% das 167 pacientes com doença no estagio I (147 pacientes).
• O MTX e acido folinico, induziu a remissão completa em 68,2% das 22 pacientes com doença no estagio II e III (15
pacientes).

Histerectomia: Malogro do tratamento quimioterápico.

MONITORAMENTO PÓS-TRATAMENTO
• BAIXO RISCO: dosagem semanal de β-hCG até indetectável por 3 semanas consecutivas.
A seguir, dosagens mensais até permanecer indetectável por 12 meses para conceder alta.
• ALTO RISCO: são acompanhadas por 24 meses por maior risco de recidiva.

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INCOMPETÊNCIA ISTMO-CERVICAL E COLO CURTO

Baseado: Diagnóstico Conduta


Na história ≥ 2 perdas consecutivas no 2º tri, cada vez 1. Cerclagem ELETIVA 12 a 14sem
mais precoces, associadas a uma dilatação 2. Progesterona micronizada 100 a 200mg/
cervical relativamente indolor dia VV entre 16 e 36sem

OU *Obs: não há indicação de USG para mensuração de


colo
≥ 3 partos prematuros precoces < 34s (sem
causas justificada)
Na história e USG 1 perda anterior no 2º trimestre ou 1 ou 2 1. Progesterona micronizada 100 a 200mg/
partos prematuros (sem causas justificada) dia VV de 16-36 semanas
2. Seriar comprimento cervical (CC) iniciando
*Obs: Se perda de 2º trimestre com história com 14-16semanas até 24sem:
típica, a critério clínico, realizar cerclagem.
- Se CC ≥ 30mm, USG a cada 2 semanas;

- Se CC 26-29mm, USG semanal;

- Se CC ≤ 25 mm, realizar cerclagem


No exame físico Alterações cervicais avançadas no exame 1. Cerclagem de EMERGÊNCIA (a depender
físico < 24 semanas do julgamento clínico)

*Obs: > 24sem não se recomenda cerclagem.


No Colo Curto Mulheres sem parto prematuro prévio 2. USG entre 18 e 24sem

- Se CC ≤ 25mm: Progesterona micronizada 100-


200mg/dia VV até 36sem

PRÉ-OPERATÓRIO:
1. USG para avaliação fetal + TN
2. Excluir infecção, sangramento, RPM e TPP

PÓS-OPERATÓRIO:
1. USG para documentar vitabilidade fetal e LA antes da alta
2. Analgésicos de baixa potência, se necessário
3. Orientações gerais sobre perda de LA e TPP

TÉCNICA CIRÚRGICA:
1. De McDonald
2. Deixa a sutura 1,5 a 2 cm do fio ao OCE
3. Usar fio inabsorvível e deixar ponta longa (aproximadamente 3 cm)

SEGUIMENTO:
1. Corticoterapia entre 24 e 34 sem.
2. Pré-natal em ambulatório de Alto Risco
3. Retirada da cerclagem: ambulatorialmente entre 36-37s, podendo ser postergado para um parto normal planejado, ou
no momento de uma cesárea eletiva.

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TRABALHO DE PARTO PREMATURO

EXAMES
1. Hemograma e Sumário de urina
2. Urocultura
3. Exame especular e Exame a fresco da secreção vaginal
4. USG obstétrica
5. Cardiotocografia fetal anteparto, se IG > 32 semanas
6. Coleta da CSV para Estreptococos B

CORTICOTERAPIA: entre 24-34 semanas


Droga de escolha: Betametasona – 12mg IM, 1x/dia, e repete após 24h.
Opção: Dexametasona – 6mg IM, 12/12h, por 2 dias, sendo 4 doses.
* Obs: no caso de recidiva do trabalho de parto prematuro dentro de 15 dias, e quando a administração foi IG < 28 semanas,
repetir a corticoterpia (1 ciclo completo).

ANTIBIOTICOTERAPIA: TPP com ou sem bolsa rota, de 24-36 sem


Droga de escolha: Ampicilina Dose de ataque 2g EV // Manutenção 1g EV 4/4h, até o parto / inibição

TOCOLÍTICO (inibição): entre 24 a 34 semanas, mesmo com dilatação avançada.


Na dúvida do diagnóstico, observar durante 1hora para confirmação do diagnóstico do trabalho de parto prematuro, durante
esse período pode ser usado Escopolamina.
Contra-indicações do tocolítico:
1. Feto morto
2. Corioamnionite
3. Sofrimento fetal agudo
4. Sangramento genital intenso
Drogas:
1. NIFEDIPINA (primeira droga de escolha)
Dose de ataque: 30mg VO // Dose de manutenção: 20mg 4/4h VO, iniciar 4h após o ataque.
Duração do tratamento: 24h (mínimo) – 48h (máximo)
Momento da suspensão da droga: se 6 – 12h sem dinâmica. Observar 24h após suspender a droga
Contra-indicação à Nifedipina: HAS
Outras drogas (Falha do tratamento ou contra-indicação à Nifedipina)
1. IG < 32 semanas - Indometacina 100mg VR (ataque) + 25mg VO 6/6h por 48h (manutenção)
2. IG > 32 semanas - Atosiban* (resumo a seguir)

ORIENTAÇÃO PARA ALTA


Repouso físico relativo e sexual
Retorno ao pré-natal de alto risco com 7-15 dias.
Progesterona natural micronizada 200mg/dia, VV, até 36 semanas, se:
- antecedente de parto prematuro em gestação anterior
- colo uterino curto (< 2,5cm)

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*APLICAÇÃO TERAPÊUTICA DE ATOSIBAN


Forma farmacêutica
ATOSIBAN está disponível na concentração de 7,5 mg/ml de acetato de atosiban acondicionado em:
Frasco-ampola com 0,9 ml para injeção em bolus IV (solução para injeção).
Frasco-ampola com 5 ml para infusão IV (solução concentrada para infusão).
Dose e administração
Curso completo: 1 frasco-ampola de 0,9 ml, mais 4 frascos-ampola de 5,0 ml, durante um período total de 18 horas.
Injeção inicial
Uma injeção em bolus inicial de 6,75mg (correspondente a 1 ampola com concentração de 7,5mg/ml x 0,9ml). Ou seja, injeção
IV em bolus lento 0,9 ml de Tractocile Sol. de Injeção (7,5mg/ml) em 1min.
Infusão rápida: Seguida por infusão contínua alta dose igual a 300 mcg/min (taxa de 24 ml/hora) durante 3 horas.
Infusão lenta: Manter infusão a uma taxa de 8ml/h, por no máximo 45 horas.

# Fluxograma de Assistência ao Trabalho de Parto Prematuro:

Paciente em TPP sem contra-indicações


e feto com boa vitalidade

IG ≤ 34 sem IG > 34 sem

Assistência ao TPP
Dilatação Cervical ≥ 3 cm Dilatação Cervical < 3 cm
1. Não fazer tocólise
2. Não fazer Corticoterapia
Dosagem de fibronectina fetal
por swab vaginal, se possível
+
Comprimento cervical por USG

< 2cm 2-3cm > 3cm

Dosar fibronectina fetal Improvável TPP


Fibronectina fetal (+) Fibronectina fetal (+) 1. Observar por 4-6h
2. Alta hospitalar, sem não mudar o colo
3. Ao Pré-natal com 15 dias.
Provável TPP Improvável TPP
1. Tocólise 1. Observar por 6-12h
2. ATBprofilaxia para estreptococos 2. Alta hospitalar, sem não mudar o colo
3. Neuroproteção com MgSO 4 (24-32s) 3. Ao Pré-natal com 15 dias.
4. CE entre 24-34s.

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ROTURA PREMATURA DAS MEMBRANAS (RPM)

1. Admissão (Rastreio infeccioso): Hemograma, PCR e Sumário de urina


2. Leucograma e Exame especular 3/3 dias. Caso leucocitose > 15.000  leuco diário
• Exame a fresco da secreção vaginal 3/3 dias
• Teste da cristalização – colher o L.A do FSP, colocar em lâmina. Secar e fazer a leitura. Teste positivo = formam-se
folhas de samambaia.
• Teste de fenol vermelho – introduzir um chumaço de algodão no FSP e deambular. Após 20 minutos, pingar o corante
fenoftaleína no algodão. Teste Positivo = se róseo-avermelhado.
3. Coleta da CSV para Estreptococos B
4. USG obstétrica semanal – avaliar volume de líquido amniótico (VLA)
5. Cardiotocografia fetal anteparto, se IG > 32 semanas

RPMO

IG < 24 sem IG ≥ 24 sem

Conduta Conservadora
IG < 22 sem IG 22-23,6 sem 1. HMG, PCR, SU, EE, USG obstétrica
2. ATB (azitromicina + ampicilina)
3. CE, se não fez, fazer em < 36sem
4. Neuroproteção com MgSO 4, se IG < 32sem
Conduta ativa 5. Tocólise, se TPP em < 34sem, inibir só se não fez CE.
Indução do aborto
Seguimento: Paciente HIV
Negativo Positivo
Conduta Expectante
1. SSVV 1. SSVV
1. HMG, PCR, SU, EE, USG 2. Leuco 3/3d 2. Leuco diário
2. Alta e retorno com 24sem 3. USG semanal 3. USG semanal
4. Carga viral

Anidrâmnio Carga Viral


Ausente Presente Detectável Indetectável

Conduta ativa Conduta ativa Conduta ativa


Interrupção 36sem Interrupção 34sem Interrupção 36sem
(via obstétrica) (via obstétrica) (via obstétrica)

CONDUTA CONSERVADORA: Se 24-36sem


1. Dieta livre com maior aporte hídrico
2. Corticoterapia: Betametasona 12mg IM, 1x/dia, e repete após 24h.
3. Inibir TPP 24-34sem pra fazer CE; não inibir, se >34sem ou CE já administrado + RPMO.
4. Azitromicina 1g VO dose única
5. Ampicilina 2g IV 6/6h por 2 dias. A seguir, 500mg VO por 5 dias.

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ANTIBIOTICOTERAPIA PROFILÁTICA NO INTRAPARTO

INDICAÇÕES (CDC, 2010):


1. Gestação com TPP com ou sem bolsa rota
2. RPM > 18h
3. Temperatura materna > 38ºC intraparto
4. Bacteriúria por Estreptococos beta-hemolítico do grupo B na gestação atual
5. Filho de gestação anterior com doença neonatal por Streptococcus beta-hemolítico do grupo B

ESQUEMA INTRAPARTO
1. Primeira escolha – Penicilina cristalina
Dose de ataque – 5.000.000UI + SF 0,9% 100ml EV
Manutenção – 2.500.000UI + SF 0,9% EV 4/4h, até o parto
2. Alternativa: Ampicilina
Dose de ataque – 2g EV
Manutenção – 1g EV 4/4h, até o parto
3. Alergia à Penicilina – baixo risco de anafilaxia – Cefazolina
Dose de ataque – 2g EV
Manutenção – 1g EV 8/8h, até o parto
4. Alergia à Penicilina + alto risco de anafilaxia + Streptococcus não resistente à Clindamicina ou Eritromicina
Clindamicina – 900mg EV 8/8h, até o parto
Eritromicina – 500mg 6/6h, até o parto
5. Alergia à Penicilina + alto risco de anafilaxia + Streptococcus resistentes à Clindamicina ou Eritromicina ou sensibilidade
desconhecida - Vancomicina
Vancomicina – 1g EV 12/12h

ESQUEMA NA CESÁREA (Profilaxia para endometrite)


1. Cefazolina – 2g EV dose única antes da indução anestésica
2. Fazer Cefazolina, mesmo que tenha feito Penicilina Cristalina

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NEUROPROTEÇÃO FETAL COM MgSO4

INDICAÇÕES:
1. IG > 23 semanas e < 32 semanas +
2. TPP com dilatação ≥ 4cm com ou sem bolsa rota

CONTRA-INDICAÇÕES:
1. Pré-eclâmpsia grave
2. Óbito fetal
3. Anomalia fetal incompatível com a vida
4. Contraindicações maternas ao Sulfato de Magnésio (Miastenia gravis, falência renal, etc)

ESQUEMA:
• Ataque: MgSO4 50% 12ml (6g) + SF 0,9% ou SRL 100ml EV em 20-30 minutos.
• Manutenção: MgSO4 50% 24ml (12g) + SF 0,9% ou SRL 500ml em BIC (84ml/h) 6/6h.

Tempo de uso:
1. Até o parto (quando não se consegue inibir)
2. Caso seja inibido, suspender imediatamente
3. Iniciar, no mínimo, até 4h antes da interrupção eletiva

Início do tratamento:
A INFUSÃO DEVE SER INICIADA NA SALA DE PARTO
Junto com o tocolítico (Nifedipina) ou sem, quando o parto for irreversível.

REPETIÇÃO DA DOSE:
1. Ataque + manutenção, se > 6h do esquema inicial e persistência do risco de PP iminente
2. Manutenção, se < 6h do esquema inicial e persistência do risco de PP iminente

MONITORIZAÇÃO:
Ao término de cada fase avaliar parâmetros: FR, FC, PA, diurese, reflexos

TRANSFERÊNCIA PARA O ALTO RISCO:


1. Paciente sem contrações
2. Ao término da infusão do Sulfato de Magnésio

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CARDIOTOCOGRAFIA

# Fluxograma de indicação da CTG:

Anteparto CARDIOTOCOGRAFIA Intraparto

Indicação Não fazer sem indicação! Indicação


(gestante de baixo risco
1. Gravidez de alto risco e/ou FCF intraparto 1. Indução em Gravidez de
2. IG > 32 semanas normal ao sonar) alto risco e com FCF não
3. Semanalmente tranquilizadora

# AVALIAÇÃO ANTEPARTO
Objetivo: Ver a atividade (antes do estímulo sonoro) e reatividade (após estímulo sonoro)
Como fazer:
1. Tocodinamômetro – fixar no fundo uterino (sem gel). Ajustar no tono de 10 (fisiológico)
2. Sonar – fixar no foco de ausculta com a cinta elástica
3. Orientar a paciente a pressionar a cigarra a cada movimentação fetal
4. Iniciar registro gráfico
5. Após 10 minutos, fazer estímulo sonoro suprapúbico com buzina por 5 seg e registrar + 10min.

INTERPRETAÇÃO:
• Antes do estímulo sonoro:

PARÂMETRO NORMAL PONTOS Total: 5 pontos


LINHA DE BASE (BCF ou FCF) 110-160 1
VARIABILIDADE
ausente;
mínima (<6bpm); 6-25 bpm 1
Feto ativo: 4-5
normal (6-25bpm);
Feto hipoativo: 2-3
marcada/saltatória (> 25bpm)
Feto inativo: 0-1
ACELERAÇÃO TRANSITÓRIA (AT)
≥1 2
(IG>32sem): aumento de ≥ 15bpm na FCF por ≥ 15”
DESACELERAÇÃO*
AUSENTES 1
≥15bpm abaixo da linha de base com duração 15”a 2´
* Desaceleração:
Tipo 1 – a desaceleração > 15bpm que dura < 15 segundos entre o início e o nadir (fisiológica)
Tipo 2 – a desaceleração > 15bpm que dura > 30 segundos entre o início e o nadir (patológica)
Variáveis: não complicadas (rápidas) e complicadas (< 70bpm e duração > 60 segundos)

• Após estímulo sonoro:


Realizar nos fetos hipoativos e inativos
– Feto reativo: se presentes todos os parâmetros
– Feto hiporreativo: se ausente 01 parâmetro
– Feto inativo: ausentes todos os parâmetros

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# AVALIAÇÃO INTRA-PARTO

Recomendado apenas em gestações de alto risco

Monitoramento Intraparto

Indicação: FCF não tranquilizadora. Realizar CTG por 10 min e classificar a categoria

Categoria I da FCF Categoria II da FCF Categoria III da FCF

Conduta de rotina Aceleração (+) Aceleração (-) Preparar


e variabilidade e variabilidade para o parto
moderada (6-25bpm) Ø/mínimo (< 5bpm) via alta
1º período 2º período
Continuar com CTG Reanimar intraútero
Reavaliar Reavaliar Se não
com sonar com sonar Aventar possível Se não melhorar melhorar
30/30min 15/15min parto via alta parto via alta parto via alta

• Categoria I:
FCF entre 110-160bpm, variabilidade moderada, presença de desacelerações ocasionais moderadas não complicadas ou
precoces e acelerações espontâneas.

• Categoria II:
taquicardia ou bradicardia durante 30-80 segundos, desacelerações variáveis não complicadas repetidas, desacelerações
tardias ocasionais ou desaceleração prolongada única < 3 minutos ou/e ausência de aceleração ao estímulo do couro
cabeludo.

• Categoria III:
taquicardia ou bradicardia, desacelerações variáveis complicadas ou tardias recorrentes, ou ausência de acelerações,
variabilidade mínima por mais de 80 segundos, variabilidade marcada ou saltatória por mais de 10 minutos, ou padrão
sinusoidal.

* Reanimação intrauterina – hidratação venosa com SRL, posição materna em DLE, oxigenoterapia, suspensão de drogas
uterotônicas

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CIUR
Diagnóstico e Assistência Perinatal

# Diagnóstico e classificação:
A restrição do crescimento fetal intra – uterina (RCIU) é definida como falha do feto para atender ao seu potencial de crescimento
devido a um fator patológico, mais comumente disfunção placentária. O feto PIG é o pequeno constitucional, que terá seu peso
abaixo do percentil 10 para a idade gestacional, porém atingiu sua capacidade de crescimento, sendo essa biotipicamente
pequena, sem alteração dopplervelocimétrica, hemodinamicamente normodistribuído, e sem aumento de morbimortalidade.

– Adequada datação da gestação (DUM se for conhecida pela paciente e diferir apenas cinco dias da USG de primeiro
trimestre - até 13s6d).
– Ganho ponderal insuficiente associado a altura de fundo uterino (AFU) insatisfatória (menos de 3cm abaixo do esperado
indica a necessidade da realização de uma USG)

MELAMED, Nir et al. FIGO (international Federation of Gynecology and obstetrics) initiative on fetal growth: best practice advice for screening,
diagnosis, and management of fetal growth restriction. International Journal of Gynaecology and Obstetrics, v. 152, n. Suppl 1, p. 3, 2021.

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Protocolo de Urgências Ginecológicas e Obstétricas

Dividido em 4 estágios, baseado no PFE (peso fetal estimado), curva de Hadlock, USG e o padrão Doppler, sendo eles:
• Estágio I: Inclui os critérios para diagnóstico de RCIU precoce e tardio, segundo o Procedimento Delphi, podendo ter
alteração dopplervelocimétrica excetuando-se a diástole zero ou reversa na artéria umbilical.
• Estágio II: Presença de diástole zero na artéria umbilical. Deve-se avaliar mais de 50% dos ciclos em alça livre de
cordão umbilical.
• Estágio III: Presença de diástole reversa na artéria umbilical em mais de 50% dos ciclos em alça livre de cordão umbilical
ou IP do ducto venoso acima do percentil 95 para a IG.
• Estágio IV: Caracterizado pela presença de desacelerações espontâneas da frequência cardíaca fetal (FCF) observadas
à cardiotocografia anteparto convencional (CTG) ou pela presença da onda “a” zero ou reversa à análise Doppler do
ducto venoso

Nota: As alterações nas avaliações dopplervelocimétricas da ACM, AU, RCP e DV devem persistir por mais de doze horas para
que possam ser levadas em consideração.

# Fluxogramas e conduta:

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INTERVALOS DE REFERÊNCIA DE PESO FETAL

Adaptado de: FP Hadlock, RB Harrist, J Martinez-poyer. In utero analysis of fetal growth: A sonographic weight standard. Radiology
1991;181:129-33

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GEMELARIDADE

INTERRUPÇÃO:
- Dicoriônica/Diamniótica (sem complicações): 38s0d a 38s6d
- Monocoriônica/Diamniótica: 36s0d a 36s6d
- Monocoriônica/Monoamniótica: 32s0d a 34s0d

VIA DE PARTO:
Apresentação:
- Cefálico/Cefálico: parto vaginal;
- Cefálico/Não-cefálico: cesariana de ambos os fetos.
* Opções:
1) parto vaginal do 1º feto, seguido de versão podálica interna com extração pélvica do 2º feto;
2) VCE do 2º feto;
- Pélvico/Cefálico: cesariana;
- 1º não-cefálico: cesariana;
Placenta/ LA:
- Monocoriônica/Monoamniótica: cesariana;
- Monocoriônica/Diamniótica: via de parto definida pela apresentação fetal;

CONTRAINDICAÇÃO À EXTRAÇÃO PÉLVICA DO 2º FETO:


- 2º gemelar com PFE ≥ 20% do 1º gemelar;
- 2º período de parto prolongado ou bossa serossanguinolenta do 1º gemelar;
- IG < 28s ou PFE < 1500g: cesariana de ambos.

GESTAÇÃO GEMELAR E CESÁREA ANTERIOR:


Prova de trabalho de parto, desde que entrem em TP espontâneo, com monitorização fetal continua (sinal inicial mais comum
de rotura uterina: alteração dos batimentos fetais). Se a monitorização continua não for possível, é preferível a cesariana.

PARTICULARIDADES NO MANEJO:
- Clampeamento imediato após nascimento do 1º gemelar Monocoriônico;
- Clampeamento com 30-60s após nascimento do 1º gemelar Dicoriônico;
- Evitar amniotomia precoce do 2º gemelar até ajuste da apresentação fetal;
- Ausculta intermitente não é prática e pode não distinguir com segurança um gemelar do outro;

CONDUTA NO ÓBITO DE UM DOS GEMELARES:


- Dicoriônico: interrupção se a condição subjacente afetar ambos os fetos (ex.: corioamnionite, PE)
- Monocoriônico: >26s + morte iminente/óbito de um dos fetos: interrupção

SÍNDROME TRANSFUSÃO FETO-FETAL:


• Monocoriônicas
• Assintomáticas ou sintomas devido ao polidrâmnio;

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Protocolo de Urgências Ginecológicas e Obstétricas

Classificação de Quintero
Estágio I Sequência oligo / polidrâmnio.
Discordância entre os líquidos amnióticos.
Estágio II Sequência oligo / polidrâmnio.
Não visualização da bexiga do doador.
Doppler normal.
Estágio III Sequência oligo / polidrâmnio.
Não visualização da bexiga do doador.
Doppler anormal, em qualquer um dos gêmeos.
Estágio IV Hidropsia em um ou ambos os fetos.
Estágio V Morte de um ou ambos os fetos.

MANEJO:
- Estagio I (oligossintomática) + colo > 25mm: Expectante. Doppler semanal. Se estável, interrupção com 36-37s;
- Estágio I polissintomática ou colo < 25mm: Ablação por Laser se 16s- 26s. Amniorredução > 26s. Doppler semanal. Interrupção
com 36-37s se ausência de complicações;
- Estágio II-IV e 16-26s: Laser ablação
- Estágio II-IV e > 26s: Amniorredução seriada
- Estágio V: manejo como óbito de gemelar Monocoriônico.

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ASSISTÊNCIA AO PARTO VAGINAL

ORIENTAÇÕES DE HUMANIZAÇÃO:
1. Priorizar o aspecto emocional, ouvindo a parturiente e só intervir se realmente necessário.
2. Não basta criar técnicas, é preciso criar laços afetivos, ser mais humano.
3. Proteger a sua dignidade, privacidade e confidencialidade, para evitar danos e maus tratos, com respeito à sua autonomia
e com apoio contínuo em todas as fases do trabalho de parto.
4. Toda intervenção só pode ser realizada com recomendação baseada nas evidências científicas.

QUANDO INTERNAR TP:


Se gestante com gravidez de alto risco com TP: Contrações rítmicas (no mínimo duas de 40 segundos ou três de 30 segundos
a cada 10 minutos) mais 4 a 6 cm de dilatação cervical.
Se gestação de baixo risco, regular transferência pela central de leitos: 0800 2813 555 (CISAM 35).

ROTINA NA ADMISSÃO:
1. Anexar ao prontuário a 1ª USG para estimar IG, ou DUM, ou regra de MCD: AFU x 8 ÷ 7
2. Anexar ao prontuário cartão de pré-natal para antecedentes pessoais e obstétricos, consultas de PN (se HASC / HASG)
e exames como glicemias, sorologias e CS.
3. Verificar sinais vitais como PA, FC e respiratória, temperatura e peso.
4. Solicitar exames de rotina como teste rápido de HIV, HBsAg e VDRL e CS.
5. Preencher documentos da internação, evitando campos vazios.
6. Oferece-se banho de chuveiro e depois troca das vestes por avental simples.
7. A parturiente é encaminhada para o Centro Obstétrico, onde ficará nos períodos do parto.

Períodos do Parto: qualquer intervenção deve ser explicada e discutida com a paciente.

# PRIMEIRO PERÍODO: DILATAÇÃO: início do trabalho de parto até a completa dilatação.

1. EXAME VAGINAL: em intervalos de 4 horas, se conduta expectante, e 2h, se conduta ativa.


2. DIETA: baixo risco para cesárea, ingestão de líquidos e alimentos leves
3. APOIO EMOCIONAL: pessoa em quem confia e com quem se sinta à vontade: parceiro, mãe, melhor amiga ou uma doula.
Consiste de elogios, reafirmação, medidas para aumentar o conforto materno, contato físico, como friccionar as costas
da parturiente e segurar as mãos, dar as informações e explicações que esta deseje e necessite.
4. POSIÇÃO E MOVIMENTO: Respeitar a preferência da paciente. Estimular a deambulação, exercícios respiratórios e
técnicas de relaxamento. Se deitada, em decúbito lateral esquerdo.
5. CONTROLE DA DOR:
Não farmacológico: liberdade para posição, no leito ou não; posturas verticalizadas, sentada, em pé, ou deambular;
toques, massagens, compressas quentes, banho de chuveiro ou de imersão; respiração ritmada, música e relaxamento,
que desviam a atenção da dor.
Farmacológico: bloqueios regionais:
• Raquianestesia: apenas no expulsivo (bloqueio da musculatura e perda da prensa abdominal).
• Peridural contínua: permite intervenção logo no início do TP (modulação do nível analgésico para cada fase, sem
interferir com a motricidade da paciente, se necessária uma cesariana de urgência, basta completar a dose do
anestésico sem a necessidade de nova punção espinhal).

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• Raquianalgesia com opióide (sufentanil, 5 a 7,5 mg, ou fentanil): uma analgesia imediata, não induz alterações
hemodinâmicas significativas e nem na dinâmica uterina. Ela pode deambular (sem bloqueio motor). Pode associar
ao cateter peridural para complementar a analgesia.
6. PARTOGRAMA: obrigatório preenchimento por lei, faz parte do prontuário, só deve ser iniciado quando a dilatação
cervical for ≥ 6 cm e DU efetiva.
7. AMNIOTOMIA: Quando houver discinesia uterina e indicação de abreviar o parto.
8. MECÔNIO: Não recomendar cesariana apenas pela eliminação isolada de mecônio no TP.
• Líquido amniótico tinto de mecônio: um alerta para o SFA - BCFs entre 15/15 ou 30/30 minutos.
• Mecônio espesso: relação com SFA e asfixia perinatal (aspiração de mecônio) – CTG.
9. MONITORAMENTO DA VITALIDADE FETAL: a cada 30min até 10cm, e a cada 5min no expulsivo. Por 1 minuto; se BCF
alterado (nl: 110-160 bpm), auscultar na contração uterina e continuar por pelo menos 30 segundos depois para
registrar acelerações e desacelerações.
10. OCITOCINA: somente se diagnóstico preciso de hipoatividade uterina.
• Ocitocina 1amp + SG 5% 500ml EV em BIC, iniciando com 24 ml/h (8 gotas/min).
• Após 30min sem resposta, gotejamento poderá ser duplicado para 48 ml/h (16 gotas/min).
• Após 30min sem resposta, gotejamento será duplicado na dose máxima de 96 ml/h (32 gotas/min).
11. ANTIESPASMÓDICOS: O uso de agentes antiespasmódicos (atropina) para prevenir o TP prolongado ou facilitar a
dilatação do colo não é recomendado.

# SEGUNDO PERÍODO: EXPULSÃO: dilatação completa até desprendimento do feto.

1. POSIÇÃO: A mulher deve ser incentivada verticalizar ou qualquer posição que ela achar mais confortável. Deve-se
desencorajar a posição supina ou semi-supina, decúbito dorsal horizontal.
2. AVALIAÇÃO DA VITALIDADE FETAL: A cada 5 minutos antes, durante uma contração uterina e continuar por pelo menos
30 segundos depois.
3. PUXOS: Nada de puxos dirigidos. Encorajadas e apoiadas nos puxos voluntários.
4. PROTEÇÃO DO PERÍNEO: Compressas mornas e proteção do períneo são recomendadas.
5. EPISIOTOMIA:
• O uso rotineiro ou liberal de episiotomia não é recomendado para parto vaginal espontâneo.
• Indicações de episiotomia abreviar o parto por diagnóstico de SFA. Com tesoura ou bisturi, preferência pelas incisões
médios-laterais e só após a rotação interna da cabeça fetal.
• Quando indicada a episiotomia, faz-se a antissepsia da região perineal, das coxas e hipogástrico. Fazer uma infiltração
em leque com anestésico local sem vasoconstrictor.
6. KRISTELLER: NUNCA FAZER, dar preferência ao fórcipe de alívio ou vácuo extrator.
7. DESPRENDIMENTO DO CONCEPTO:
• Após o desprendimento da cabeça, limpar boca e nariz do feto com gazes/compressas, s/n.
• Se o desprendimento dos ombros não se der espontaneamente, a cabeça fetal é segura com ambas as mãos e
tracionada delicadamente para baixo, juntamente com uma flexão e abdução máxima dos membros inferiores da
parturiente a fim de liberar o ombro anterior; em seguida, uma leve tração para cima desprenderá o ombro posterior.
• Logo após o desprendimento o recém-nascido deve ser entregue à sua mãe para estabelecer o contato pele a pele,
se ambos estiverem estáveis clinicamente.

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# TERCEIRO PERÍODO: DEQUITAÇÃO: expulsão do feto até expulsão da placenta.

A dequitação fisiológica se dá entre 5 a 10 minutos após expulsão fetal.


1. UTEROTÔNICOS: prevenção da hemorragia pós-parto (HPP) é para todos os partos.
• A ocitocina 10 UI, IM/IV (2amp de 5UI).
• Mais uterotônicos injetáveis (ergometrina/metilergometrina) ou retal (misoprostol 600µg).
2. CLAMPEAMENTO DO CORDÃO UMBILICAL:
• É tardio, depois de cessada a pulsação do cordão, cerca de 3 a 4 minutos.
• O MS recomenda clampeamento precoce no casos de HIV, sífilis e hepatites viras.
• Para acelerar a dequitação e diminuir a perda sanguínea no pós-parto, realizar a drenagem placentária, até a
dequitação.
3. TRAÇÃO CONTROLADA DO CORDÃO Só se necessário reduzir do 3º período.
4. MASSAGEM UTERINA: Não é recomendada.
5. EXAME DA PLACENTA Minuciosa inspeção dos anexos.
6. SUTURA DAS LACERAÇÕES E EPISIORRAFIA: Devem ser suturadas as lacerações musculares com categute cromado 00
e os demais tecidos com categute simples 00.

# QUARTO PERÍODO: 1ª hora após a expulsão da placenta.

Observar os sinais vitais, o grau de contratura uterina (globo de segurança de Pinard) e a presença ou não de hemorragia vaginal.
1. CUIDADOS COM O RECÉM-NASCIDO ASPIRAÇÃO NASAL OU ORAL DE ROTINA: Em neonatos nascidos com líquido
amniótico claro que começam a respirar por conta própria, a aspiração da boca e do nariz não deve ser realizada.
2. CONTATO PELE A PELE: Todas, mesmo se mãe HIV + (nesse caso, não oferecer o peito).
3. ALEITAMENTO: Todos os recém-nascidos, incluindo os com baixo peso ao nascer e/ou prematuros, que estejam
clinicamente estáveis, devem ser colocados no peito logo que possível após o nascimento.
4. VITAMINA K: Todos os RN devem receber vitamina K 1mg IM logo após o nascimento.
5. BANHO E OUTROS CUIDADOS IMEDIATOS: 24 horas após o nascimento, exceto nos casos de gestantes HIV+ , cujo banho
do RN deve ser imediato, associado ao uso de AZT oral, quando recomendado, preferencialmente ainda na sala de
parto. Se isto não for possível devido a razões culturais, o banho deve ser atrasado por pelo menos seis horas. Roupas
apropriadas do bebê para a temperatura ambiente são recomendadas. Isso significa de uma a duas camadas de roupas
mais do que os adultos e o uso de chapéus / bonés. A mãe e o bebê não devem ficar separados e devem permanecer
no mesmo quarto 24 horas por dia.

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INDICAÇÕES DE CESÁREA BASEADAS EM EVIDÊNCIAS


(em casos de fetos vivos) - Fonte: FEBRASGO, 2018 (adaptado)

A cesariana deve ser praticada rotineiramente


Grau de Qualidade da
Indicação
evidência evidência
Apresentação pélvica a termo A Boa
Cesárea prévia (= 2 cicatrizes uterinas) B Razoável
Crescimento intrauterino restrito (só se diástole zero ou reversa da artéria umbilical) D Pobre
Descolamento prematuro da placenta B Pobre
Gravidez gemelar com 1o feto não cefálico D Razoável
Gravidez gemelar (sabidamente) monoamniótica B Pobre
Herpes genital ativo no momento do parto B Boa
Herpes genital (infecção primária) no 3o trimestre D Razoável
HIV+ (carga viral > 1000 cópias/mL ou desconhecida) A Boa
Estimativa de peso fetal > 4.500g D Razoável
Placenta prévia total e parcial D Pobre
Placenta prévia com distancia < 2cm entre o bordo placentário e o orifício interno do
D Razoável
colo
Prolapso de cordão B Razoável
A cesariana NÃO deve ser praticada rotineiramente

Grau de Qualidade da
Indicação
evidência evidência

Cesárea a pedido B Razoável


Cesárea prévia (1 cicatrize uterina) B Boa
Cesárea prévia (2 cicatrizes uterinas com parto vaginal prévio) D Razoável
Circular de cordão B Razoável
Crescimento intrauterino restrito após 34 semanas D Razoável
Descolamento prematuro da placenta com feto morto D Pobre
Gravidez gemelar com 1o feto cefálico A Pobre
Hipertensão/pré-eclâmpsia B Razoável
HIV+ (carga viral < 1000 cópias/mL) B Razoável
Estimativa de peso fetal > 4.000g B Razoável
Prematuridade extrema (<28 semanas) B Razoável

TERMO DE CONSENTIMENTO INFORMADO


Um termo de consentimento informado deve ser obtido de todas as mulheres que sejam submetidas a cesariana. Quando a
decisão pela cesariana for tomada, devem ser registrados os fatores que a influenciaram na decisão e qual deles foi o mais
influente. Igualmente, é recomendada a obtenção de um termo de consentimento pós-informação para um parto vaginal na
presença de uma ou mais cicatrizes de cesárea anterior.

COMENTÁRIOS CONFORME A SITUAÇAO MATERNA OU FETAL:


• Acretismo placentário: um exame ecográfico com Doppler é recomendado em mulheres com cesariana prévia e suspeita
de placenta de inserção baixa entre 32-34 semanas para investigação de acretismo placentário. Caso o diagnóstico de
placenta acreta seja sugerido, é recomendada RNM sem contraste com a finalidade de investigar a extensão da invasão.

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Protocolo de Urgências Ginecológicas e Obstétricas

No acretismo placentário é recomendado programar a cesariana com a presença de 2 obstetras, além do anestesista
e pediatra, e com tipagem sanguínea e reserva de hemoderivados para eventual necessidade durante o procedimento.
• Apresentação pélvica: gestantes a termo com apresentação pélvica, a cesariana é recomendada devido à redução
da mortalidade perinatal e morbidade neonatal. Deve-se aguardar o termo completo (pelo menos 39 semanas) e
preferentemente o desencadeamento do trabalho de parto.
• Cesariana a pedido: a informação sobre cesariana, o procedimento, seus riscos e repercussões para futuras gestações
devem ser claros e acessíveis respeitando as características socioculturais e individuais da gestante. Se não há indicação
médica, deve-se discutir as razões da preferência por cesariana. É recomendado que a gestante converse antes do início
do trabalho de parto, sobre sua preferência com os profissionais (anestesista, outro obstetra, enfermeiras obstétricas,
obstetrizes). Em caso de ansiedade relacionada ao parto ou partofobia, é recomendado apoio psicológico multiprofissional.
Se após informação (e apoio psicológico, quando indicado) a gestante mantiver seu desejo por cesariana, o parto vaginal
não é recomendado. Quando a decisão pela cesariana for tomada, devem ser registrados os fatores que a influenciaram na
decisão, e qual deles é o mais influente. A cesariana programada não é recomendada antes de 39 semanas de gestação.
• Cesariana prévia: a via de parto em gestantes com cesariana prévia deve considerar as preferências e prioridades, os
riscos e benefícios de uma nova cesariana, de um parto vaginal após uma cesariana, e o risco de uma cesariana não
planejada. As mulheres com 3 ou mais cesáreas anteriores devem saber do aumento do risco de ruptura uterina com o
parto vaginal, porém deve ser pesado contra os riscos de iteratividade. Trabalho de parto e parto vaginal em mulheres
com cesariana prévia é recomendado na maioria das situações. De maneira geral, a cesariana é recomendada em
mulheres com 3 ou mais cesarianas prévias, exceto em situação de óbito fetal. O trabalho de parto e parto vaginal não é
recomendado para mulheres com cicatriz uterina longitudinal de cesariana anterior. E em mulheres com cesariana prévia,
pode ser realizado independentemente do intervalo interpartal. Para as gestantes que desejam um parto vaginal após
cesariana é recomendada a monitorização fetal intermitente e assistência que possibilite acesso imediato à cesariana.
É recomendado o uso prudente de balão cervical ou ocitocina para indução de trabalho de parto em gestantes com
uma cesariana prévia, apenas se houver indicação médica, não se devendo realizar indução eletiva por conveniência
do médico ou da gestante. O misoprostol para indução do parto em mulheres com cicatriz de cesárea anterior, não é
recomendado.
• Fetos com restrição do crescimento intra-uterino: a cesariana não é recomendada de rotina.
• Gestação múltipla: em gestação gemelar não complicada cujo primeiro feto tenha apresentação cefálica, a cesariana
não é recomendada de rotina. No caso de gestação gemelar não complicada cujo primeiro feto tenha apresentação
não cefálica, a cesariana é recomendada.
• Hepatite B/C: a cesariana programada não é recomendada para prevenir a transmissão vertical em gestantes com
infecção pelo vírus da hepatite B/C. Ela é recomendada para prevenir a transmissão vertical do HIV e Hepatite B/C em
mulheres que estão co-infectadas HIV/hepatite.
• Herpes simples: a cesariana é recomendada nas mulheres com infecção primária do vírus do Herpes simples ativa
(visível clinicamente) durante o momento do parto por reduzir risco de infecção neonatal do HSV, considerando, no
entanto que a bolsa deve estar íntegra ou não possuir tempo de rotura > 4h. A cesariana não é recomendada de rotina
para mulheres com infecção ativa recorrente do vírus do Herpes simples. Em casos de dúvida da origem da lesão ativa
(se primária ou recidiva) recomenda-se a cesárea (exceto se a bolsa estiver rota > 4h).
• Infecção pelo HIV: a cesariana não é recomendada para prevenir transmissão vertical, em gestantes HIV positivas quando
a gestante faz uso de antirretroviral (TARV) com carga viral < 1000 cópias/mL. A cesariana é recomendada nas gestantes
HIV positivas sem uso de antirretrovirais ou com carga viral > 1000 cópias/mL ou desconhecida, ainda que em início
de trabalho de parto, com bolsa íntegra e com 3 cm ou menos de dilatação cervical. Nesta situação, é recomendado
iniciar a profilaxia EV com antirretroviral (AZT) 3 horas antes do procedimento.
• Obesidade: a cesariana programada não é recomendada de rotina para mulheres obesas.
• Placenta prévia: a cesariana programada é recomendada nas placentas centro-total ou centro-parcial.
• Preditores da falha de progressão do trabalho de parto por desproporção cefalopélvica: altura materna e estimativa de
tamanho fetal (clínica ou ecográfica) não são recomendados para predizer a falha de progressão de trabalho de parto.
• Trabalho de parto pré-termo: a cesariana não é recomendada de rotina.

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TÉCNICA DA CESÁREA
Recomenda-se a cirurgia minimamente invasiva acompanhada do uso de antibiótico profilático, que juntas associam-se a
menores riscos de complicações como hemorragia e infecção, e consiste em:
• Antibiótico profilático: Cefazolina ou Cefalotina 1-2 g IV é recomendada antes da incisão na pele na intenção de reduzir
infecção materna. A escolha destes antibióticos dá-se por serem efetivos para endometrite, infecção urinária e infecção
de sítio cirúrgico.
• Técnica: recomenda-se preferencialmente a de Misgav-Ladach que consiste em:
1. incisão da pele de Joel-Cohen (transversa e retilínea, pouco acima da Pfannenstiel),
2. acesso à cavidade abdominal por dissecção romba (digital),
3. histerotomia por divulsão bidigital,
4. remoção da placenta por tração controlada do cordão e não por remoção manual,
5. histerorrafia contínua em camada única e não fechamento dos peritônios, útero intrapélvico,
6. sutura da aponeurose, ligadura/hemostasia de tecido adiposo (não é recomendada de rotina em gestantes com <
2 cm TCS), sutura da pele.
• Aleitamento materno: é recomendado suporte adicional para a mulher que foi submetida à cesariana para ajudá-las a
iniciar o aleitamento materno tão logo após o parto.
• Esterilização tubárea: a cesariana não é recomendada para realização de laqueadura tubária. Entretanto naquelas que
tenham indicação de esterilização cirúrgica ou tenham solicitado livremente e respeitado os critérios da Lei, a ligadura
tubária deve ser realizada na cesárea.

ASSISTÊNCIA AO NEONATO:
É recomendada a presença de médico treinado em reanimação neonatal em qualquer cesárea. Recomenda-se o cuidado térmico
para o recém-nascido (RN) de cesariana. É recomendado clampeamento tardio do cordão umbilical para o RN a termo com
ritmo respiratório normal, tônus normal e sem líquido meconial. Nos casos de mães isoimunizadas, ou portadoras dos vírus
HIV, HBV, HCV ou HTLV, o clampeamento deve ser imediato. Colocar o RN em contato pele a pele, nos primeiros 5 minutos, por
pelo menos 01 hora (orientar o uso do TOP).

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CEFALÉIA PÓS-RAQUIANESTESIA

CONDUTA
1. Internamento com repouso sem travesseiro e sem elevação de decúbito
2. Hidratação vigorosa: SRL ou SF 0,9% 3.000ml EV em 24h
3. Analgesia
4. Cafeína 100mg 1 comp (ou 10ml de suspensão 10mg/ml) VO 6/6h por 3 dias
5. Prednisona 20mg 1 comp VO 12/12h por 3 dias.

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INFECÇÃO DE FERIDA OPERATÓRIA

• Definição: Ocorre em até 30 dias após procedimento cirúrgico, infecção associada a assistência a saúde mais comum após
cirurgia, podendo causar maior morbidade e mortalidade, além de hospitalização prolongada e readmissão hospitalar.
Pode ser classificada como incisional (superficial ou profunda) e de órgãos.
• Fatores de risco: tabagismo, idade avançada, doença vascular, obesidade, desnutrição, diabetes, terapia imunossupressora,
ausência de profilaxia antibiótica, cirurgias de emergência.
• Características clínicas:
– Infecção incisional superficial: atinge pele e tecido subcutâneo. Dor + edema + calor ao redor da incisão. Pode haver
drenagem de secreção purulenta + cultura positiva.
– Infecção incisional profunda: atinge tecidos moles profundos, como fáscia e camadas musculares. Febre + dor.
Drenagem de secreção purulenta através da incisão + deiscência da ferida + cultura positiva.
– Infecção de órgãos: atinge qualquer parte do corpo mais profunda que foi manipulada durante procedimento. Febre
+ hipotensão + náuseas/vômitos + dor abdominal + elevação de transaminases + icterícia. Drenagem de secreção
purulenta através de dreno + cultura positiva + abscesso + exames de imagem.
• Diagnóstico
– infecção superficial pode ser totalmente avaliada apenas pela observação direta da ferida.
– houver dúvida de infecção profunda (presença de sinais e sintomas sistêmicos) deve-se utilizar exames de imagem.
USG pode identificar presença de líquido nos tecidos subcutâneos. Em caso de infecção profunda ou de órgãos a
TC ou RNM fornecem uma melhor avaliação.
– cultura: importante para documentar os micro-organismos causadores. Do local da ferida, se amostra for da
pele circulante, pode haver crescimento polimicrobiano dificultando a distinção entre a colonização e a infecção
verdadeira. Culturas negativas em ferida obviamente infectada é um sinal de infecção atípica (BAAR ou infecção
fúngica). Sinais sistêmicos de infecção devem ser obtidas hemoculturas.
• Diagnóstico diferencial
– eritema na pele após a cirurgia pode ser reação ao material da sutura, hipersensibilidade ao curativo ou material
de preparo da pele, hematoma ou seroma.
– hematoma significativo se desenvolve de forma repentina, há queda de HB e drenagem de aguda de sangue através
da incisão.
– seroma: a palpação da ferida produz uma onda de fluido com ausência de dor significativa, eritema pode estar
presente ou não.
– a USG e TC podem facilitar a identificação de hematoma e seroma e podem distinguir sangue de líquido seroso
ou purulento.
– a reabsorção do hematoma/seroma é possivel ao longo do tempo com tratamento conservador.

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Tratamento

Tabela 1 Superficial
Não diabético Cefalotina 1g, IV, 6/6h
Não imunossuprimido Ou 7 a 10 dias
Não uso de ATB Cefazolina 1g, IV, 6/6h
Preferir menor tempo – descalonar para vo se 48h sem febre ou taquicardia
Cefalexina 500mg, VO, 6/6h ou Clindamicina 600mg, VO, 8/8h ou
Sulfa/trimetropim 400/80mg, VO, 02cps 8/8h
Diabético ou Ceftriaxona 2g, IV, 24/24h
Imunossuprimido ou Ou 5 a 10 dias
Uso de ATB Ciprofloxacino 400mg, IV, 12/12h
Preferir menor tempo – descalonar para vo se 48h sem febre ou taquicardia
Ciprofloxacino 500mg, VO, 12/12h ou Sulfa/trimetropim 400/80mg, VO, 02cps, 8/8h ou
Cefuroxima 750mg, VO, 12/12h ou Amoxacilina/clavulanato 875/125mg, VO, 12/12h

Tabela 2 Profunda
Não diabético Ceftriaxona 2g, IV, 24/24h
Não imunossuprimido Ou 7 a 10 dias
Não uso de ATB Ciprofloxacino 400mg, IV, 12/12h
Diabético ou Adiciona
Imunossuprimido ou Clindamicina 600mg, IV, 8/8h Ou 7 a 10 dias
Uso de ATB Metronidazol 500mg, IV, 8/8h
Preferir menor tempo – descalonar para vo se 48h sem febre ou taquicardia
Ciprofloxacino 500mg, VO, 12/12h + clindamicina 600mg, VO, 8/8h ou
Cefuroxima 750mg, VO, 12/12h + metronidazol 400mg, VO, 8/8h

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Tabela 3 Cavidade
Gentamicina 5mg/kg 24/24h +
Clindamicina 600mg, IV, 8/8h
Ou
Envolve útero 7 dias
Ceftriaxona 2g, IV, 24/24h +
Metronidazol 500mg, IV, 8/8h +
Doxiciclina 100mg, VO, 12/12h
Ceftriaxona 2g, IV, 24/24h +
Não envolve útero 7 dias
Metronidazol 500mg, IV, 8/8h
Se paciente já tiver feito uso de ATB, consultar esquema com CCIH

• Profilaxia
Antimicrobiano:
– cefalozina 2g, IV (até 120kg) e 3g, IV (>120kg) – histerectomia; reconstrução pélvica; sling; cesariana
– cefazolina 2g, IV + azitromicina 500mg, IV – cesariana (trabalho de parto + BR)
– fazer uso 60min antes da incisão cirúrgica.
– a repetição da dosagem intraoperatória deve ocorrer quando o procedimento dure mais que 2 meias-vidas da droga
(> 4h) ou perda excessiva de sangue (>1500ml).

Cirurgia ATB 1ª escolha ATB 2ª escolha Duração


Histerectomia vaginal ou
Cefazolina 4/4h Cefalotina 2/2h Intraoperatório
abdominal, ooforectomia
Retocele, cistocele,
Cefazolina 4/4h + Ampicilina – sulbactam
uretrocistopexia, Intraoperatório
metronidazol 6-8/6-8h 2/2h
perineoplastia
Cirurgia de mama:
estética ou reconstrutiva
com ou sem protese, Cefazolina 4/4h Cefalotina 2/2h Intraoperatório
mastectomia, nodulectomia,
quadrantectomia
Parto vaginal cirúrgico Cefazolina 4/4h Cefalotina 2/2h Uma dose até 6h pós parto
Doxiciclina 200mg + Clindamicina 600mg + Uma dose até 2h antes do
Aborto cirúrgico
metronidazol 400mg vo gentamicina 3mg/kg procedimento
Laceração de iii/iv grau
Cefazolina 4/4h Cefalotina 2/2h Intraoperatório
durante o parto

– em caso de alergia a cefalosporina, fazer clindamicina 600mg ou vancomicina 1g, IV.


– mesmo que o paciente esteja em uso de antibioticoterapia, deverá ser feito esquema profilático.
– Higiene das mãos, vestimentas adequadas
– Depilação: apenas se necessário, deve ser realizada imediamente antes da incisão cirúrgica
– Preparação da pele: corpo lavado com sabão ou agente antisséptico + intraoperatório – clorexidina a 4% com
álcool isopropílico a 70%
– Preparação vaginal: clorexidina com baixa concentração de álcool isopropílico

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Cuidados com paciente:


• Controlar glicemia (manter menor que 180)
• Cessar tabagismo 30 dias antes e 30 dias depois
• Não operar paciente que apresente infecção ativa
• Paciente portador do HIV com cirurgia eletiva operar apenas se CV indetectável e CD4 maior que 350

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MASTITES

# MASTITE INICIAL:

1. Início: 12-24 horas


2. Clínica: Ingurgitamento mamário associado a eritema, edema e dor, ausência de sintomas sistêmicos (febre, astenia,
leucocitose)
3. Exames: Hemograma
4. Tratamento:
- Direcionar ao banco de leite para ordenha e esvaziamento manual
- Iniciar anti-inflamatório (Ibuprofeno 600mg 8/8hs ou Cetoprofeno 100mg 12/12hs)

# MASTITE NÃO COMPLICADA:

1. Início: maior que 24 horas


2. Clínica: sinais e sintomas de toxemia e ausência de melhora com medidas de suporte
3. Exames: hemograma
4. Tratamento: antibioticoterapia (evitar Cefalexina e Amoxicilina/Clavulonato, empiricamente, por maior resistência
bacteriana)
1° opção: Cefadroxila 500mg VO a cada 12 horas por 7 a 10 dias
2° opção: Clindamicina 300mg 2 comp VO a cada 8 horas por 7 a 10 dias
- Reavaliar em 7 dias:
*se melhora do quadro, finaliza antibioticoterapia e alta com orientações de suporte: pega do bebê; ordenha;
manutenção das mamadas em livre demanda; promover o esvaziamento completo alternando as mamas a cada
mamada; evitar uso de cremes ou pomadas nos mamilos; usar o próprio leite materno como cicatrizante nos casos
de fissuras do mamilo
* se manutenção ou piora do quadro, solicita USG e novo hemograma

# MASTITE COMPLICADA / ABCESSO MAMÁRIO:

1. Clínica: USG evidencia loja de abscesso ou paciente apresenta ponto de flutuação na pele
2. Tratamento: Internamento para antibioticoterapia venosa emprírica e drenagem
1° opção: Cefalotina 1g IV a cada 6hs
2° opção: Cefuroxima 500mg IV a cada 8hs
3° opção: Clindamicina 600mg IV a cada 8hs (associar ceftriaxona 1g 12/12hs, se não melhora em 48hs)

# Abscesso sem ponto de flutuação


• Drenagem percutânea (punção guiada por USG) se loja única de até 5cm de diâmetro
• Drenagem cirúrgica se loja maior que 5cm ou se abscesso multiloculado

# Abscesso com ponto de flutuação


• A incisão deve ser realizada sobre a área da pele comprometida para evitar formação de fístulas
• Respeitar uma distância de 2cm da aréola para não comprometer a amamentação mesmo nos abcessos sem flutuação

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Protocolo de Urgências Ginecológicas e Obstétricas

• Colocar dreno laminar (Penrose) por 24hs após a drenagem cirúrgica em qualquer situação
• Dar alta após 48hs, se melhora do quadro, com antibioticoterapia oral para completar os 7dias
Obs: sempre coletar a secreção e enviar para cultura, seja na drenagem percutânea ou cirúrgica

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ENDOMETRITE

CRITÉRIO DIAGNÓSTICO
1. Temperatura ≥ 38º C em 2 ou + dias dos primeiros 10 dias pós-parto, excluindo as 24h.
2. Outros sintomas: dor abdominal, sensibilidade uterina, lóquios purulentos.

CRITÉRIOS DE GRAVIDADE MATERNA

CRITÉRIO ACHADO
PAS < 90 OU > 160
PAD >100
FC <50 OU >120
SAT O2 <95
OLIGÚRIA, mL/h por 2h <35
CONSCIÊNCIA AGITAÇÃO, CONFUSÃO, SEM RESPOSTA

EXAMES
1. Hemograma
2. Hemocultura, se sepse
3. Sumário de urina
4. USG TV

CONDUTA
1. Venóclise + Hidratação
2. Curetagem uterina se restos placentários
3. Antibioticoterapia inicial:
* Clindamicina 900mg (SF0,9% 100ml) EV 8/8h + Gentamicina 240mg (SF0,9% 100ml) EV 1x/dia
4. SE, terapia > 48h:
- Piora do quadro – USG TV + HMG + associar Ampicilina 01g EV 6/6h
- Se piora do quadro após administração de Ampicilina – suspeitar de tromboflebite pélvica ou abscesso pélvico.
- Melhora do quadro – suspender antibiótico 48h após melhora dos sintomas. Alta hospitalar com 24 horas da suspensão do ATB.
- Em casos de sepse, fazer antibioticoterapia oral para casa por 7 dias, de acordo com resultado da hemocultura.

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CORIOAMNIONITE

EXAMES:
• Hemograma com plaquetas
• Gasometria arterial (casos mais graves ou suspeita de quadro séptico)

DIAGNÓSTICO - CLASSIFICAÇÃO DO TRIPLO I:

TERMINOLOGIA CARACTERÍSTICAS
Febre materna isolada TAx materna ≥ 39ºC em qualquer ocasião ou
(documentada) TAx materna ≥ 38ºC em + 2 ocasiões
Triplo I suspeito Febre sem outro foco claro + 1 ou mais dos seguintes achados:
• Taquicardia fetal persistente por + 10 min
• Leucocitose > 15.000 na ausência de corticóide
• Saída de LA purulento pelo OCE
Triplo I confirmado Todos os sinais acima + achados laboratoriais confirmatórios para infecção:
• GRAM positivo no LA
• Cultura positiva no LA
• Evidência histopatológica de infecção ou inflamação da placenta, membranas fetais
ou cordão umbilical

CONDUTA
INDICAÇÃO: NO TRIPLO I SUSPEITO
1. Antibioticoterapia – iniciar no pré-operatório
• Gentamicina 240mg + SF 0,9% 100ml EV ao dia +
• Ampicilina 2g EV 6/6 horas +/-
• Clindamicina 900mg + SF 0,9% 100ml EV 8/8 horas (se a interrupção for por cesárea)

2. Tempo de uso do antibiótico – até paciente se apresentar afebril por 48h


3. Via de parto: vaginal – preferencial
4. Se Cesárea: Cuidados - proteger a cavidade com compressas, lavar cavidade peritoneal, realizar sutura com pontos
separados, trocar luvas após dequitação.

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TROMBOFLEBITE PÉLVICA SÉPTICA

DIAGNÓSTICO: diagnóstico é de exclusão. Não há exame específico diagnóstico.


Suspeita-se quando paciente persiste com febre após antibioticoterapia.

EXAMES
1. Hemograma + Coagulograma (TPAE, INR, TTPA, TS, TC)
2. Não existe exame de imagem com boa acurácia para seu diagnóstico. A TC e RNM podem auxiliar nos casos de
tromboflebite da veia ovariana.
3. Parecer do vascular

CONDUTA
1. Admissão em UTI
2. Manter antibioticoterapia EV
3. Associar heparinização plena como teste terapêutico
• Heparina não fracionada
– Dose de ataque: 5000 a 10.000 EV em bolos
– Dose de manutenção: 16 a 18U/Kg até TTPA 1,5 a 2 vezes o valor basal
OU
• Enoxaparina – 1mg/Kg SC 12/12h
4. Duração da heparinização
• Sem evidência radiológica de trombose - até paciente permanecer 48h afebril
• Com evidência de trombose – enoxaparina por 2 semanas
• Com evidência de embolia séptica ou evidência radiológica de trombose extensa (envolvendo veia ovariana, veia
ilíaca ou veia cava) – enoxaparina ou wafarin por 6 semanas e avaliação do hematologista.

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SEPSE E CHOQUE SÉPTICO

Fases clínicas do choque séptico:

Débito Estado
Fase Hipotensão Temp Estado mental Pele
Urinário metabólico

“QUENTE” Alcalose
Leve e Leve letargia,
(vasodilatação Febre Normal Quente, seca respiratória,
calafrios confusão
hiperdinâmica) hiperglicemia

“FRIA” Confusão
Febre,
(vasoconstricção e progressiva,
Progressiva hipotermia Reduzido Fria, úmida Acidose severa
diminuição do débito perda de
tardia
cardíaco) consciência
Vasocons-
Hipoxemia,
Irreversível Grave Hipotermia Insuf. Renal Coma tricção
hipoglicemia
profunda

ACHADOS CLÍNICOS NO CASO GRAVE – CRITÉRIOS DE SIRS


1. Febre – temperatura corporal > 38º ou < 36º
2. Taquicardia – FC > 90bpm
3. Taquipnéia – FR > 20ipm ou PaCO2 < 32mmHg
4. Leucocitose ou leucopenia – leucócitos > 12.000cels/mm3 ou < 4.000cels/mm3, ou presença de > 10% de formas jovens
(bastões).
* são necessários 2 ou mais critérios

• Para SEPSE: identificação da fonte de infecção


• Critério de Sepse grave: disfunção de órgão alvo, hipotensão ou hipoperfusão – acidose lática ou PAS < 90mmHg ou
queda maior ou igual 40mmHg do normal
• Choque séptico: Sepse severa + hipotensão sem resposta à ressuscitação volêmica
• Síndrome da Disfunção de múltiplos órgãos: mais de 2 órgãos com disfunção

EXAMES
1. Hemograma com plaquetas e Coagulograma (TP, TTP, Fibrinogênio)
2. Uréia e creatinina
3. Gasometria arterial e eletrólitos
4. Sumário de urina
5. ECG
6. RX tórax
7. Exames de imagens (USG, TC, RNM), se necessário

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Protocolo de Urgências Ginecológicas e Obstétricas

CONDUTA
1. UTI
2. Manter oxigenação adequada – manter PaO2 > 60mmHg e Sat O2 entre 92% - 94%, com cateter nasal ou máscara de O2,
podendo ser necessária ventilação assistida (indicação do intensivista)
3. Oximetria de pulso
4. Manter volemia adequada – expansão do volume intravascular: com agulha de grosso calibre, infundir 250 – 300ml de
SF 0,9% em 15 minutos. Infusões adicionais até o máximo de 2 litros.
5. Monitorização da volemia (risco de edema agudo de pulmão e SARA) – Pressão venosa central (manter entre 8 – 12
cm/H20) e controle de diurese com SVD (manter débito urinário > 30ml/h)
6. Terapia vasopressora ou inotrópica para melhorar o débito cardíaco – indicada quando a infusão de líquidos não restaura
o volume – droga de escolha: Dopamina

Utilização da Dopamina:
• Em baixas doses (1-3mg/kg/min) – ativa receptores dopaminérgicos, causando vasodilatação e aumentando o fluxo
renal, mesentérico, coronariano e cerebral.
• Em doses intermediárias (3-10mg/kg/min) - ativa receptores beta-adrenérgicos, com aumento da contratilidade
miocárdica e melhora da função cardíaca.
• Em doses altas (>10mg/kg/min) – ativa receptores alfa-adrenérigicos, causando vasoconstricção em todos os leitos
vasculares.

7. Persistência da depressão miocárdica: Dobutamina 2-20mg/kg/min // Epinefrina 1-8mg/kg/min


8. Vasodilatação persistente – Fenilefrina 20-200mg/min ou Norepinefrina 2-8mg/min
9. Antibioticoterapia:

Esquemas terapêuticos:
• REGIME 1: Clindamicina ou Metronidazol Associado a Gentamicina ou Amicacina
• REGIME 2: Regime 1 Associado a Ampicilina ou Penicilina

Antibiótico Dose Via Duração


Gentamicina 1,5mg/kg/dose 8/8h EV 7 – 10 dias
Clindamicina 600 a 900mg a cada 6 a 8h EV 7 – 10 dias
Amicacina 15mg/kg/dia a cada 8 a 12h EV 7 – 10 dias
Metronidazol 500mg a 1g a cada 6h EV 7 – 10 dias
Ampicilina 500mg a 1g a cada 6h EV 7 – 10 dias

10. Infecção hospitalar – Imipenem/Cislatina 500mg 6/6h ou Cefalosporina de 3º geração + Aminoglicosídeo


11. Suspeita de Pseudomonas – incluir Amicacina 5mg/kg 8/8h ou 7,5mg/kg 12/12h e Cefotaxima 2g 8/8h ou Ceftriaxona
2g a cada 12–24h
12. Tratamento cirúrgico – reservada quando foco é uterino

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PLACENTA PRÉVIA E ACRETISMO PLACENTÁRIO

EXAMES
1. Exame especular. NÃO TOCAR;
2. USG obstétrica com Doppler, complementado por via vaginal;
3. RNM (quando a USG não afasta acretismo placentário);
4. Hemograma e Classificação sanguínea.

INTERRUPÇÃO: 36-37 semanas (SEM acretismo); 34-36 semanas (COM acretismo)


VIA DE PARTO: preferencialmente cesárea

CONDUTA CONSERVADORA
Indicação:
Gestação prematura ou assintomática ou sangramento de pequena intensidade.

Medidas:
1. Solicitar reserva sanguínea diária
2. Repouso no leito sob regime de internamento hospitalar
3. Corticoterapia para acelerar maturidade pulmonar fetal (vide TPP).
4. Tocólise – se TPP e sangramento de pequena quantidade: Nifedipina 30mg agora + 20mg 4/4h
5. Tratamento da anemia: A hemotransfusão está indicada nos casos de anemia severa com descompensação volêmica
(vide critérios de hemotransfusão).

CONDUTA ATIVA
Indicação:
1. Gestação a termo – mesmo em assintomáticas
2. Sangramento de grande quantidade após 34 semanas
3. FCF não tranquilizadora mesmo após manobras de reanimação
4. Hemorragia materna com risco de morte materna refratária às intervenções padrão (transfusão, tocólise, repouso),
independente da idade gestacional

Medidas:
1. Punção de veia calibrosa c/ infusão de volume e cateterização vesical de demora
2. Acionar Agência Tranfusional e Dispor de 2 - 4 concentrados de hemácias no bloco cirúrgico
3. Via de parto:
• Se a localização placentária permitir e paciente em TP, realizar a amniotomia.
• Se indicada cesárea, realizar incisão segmentar a Fuchs–Marshall.
4. Após dequitação placentária:
• Realizar curagem uterina e fazer imediatamente ocitocina EV ou Metilergonovina (methergin ®) 0,2mg (1ml) IM
para auxiliar a contratilidade.
• Se o sangramento do sítio placentário abundante, não cessando com compressão mecânica, realizar sutura dessa
região com catgut cromado 2-0.

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Protocolo de Urgências Ginecológicas e Obstétricas

• Persistindo sangramento, fazer tamponamento uterino com balão de Bakri com 300-500ml, inserido com a
histerotomia aberta, saindo pela vagina.
5. No caso de acretismo placentário, diagnosticar o grau de invasão.
• Se grande área de incretismo ou percretismo, a extração manual apenas fragmentará a placenta, aumentando a
área de sangramento. Se a paciente não estiver sangrando e o útero estiver contraído, pode-se fazer a histerorrafia.
Se a área de invasão for parcial ou pequena, querendo-se preservar o útero, pode-se, excepcionalmente, a ressecar
a porção uterina acometida e sutura posterior.
• Havendo percretismo, pode ocorrer invasão de órgãos vizinhos, principalmente bexiga e reto. Se o percretismo for
focal, pode-se retirar o útero e cauterizar ou ligar o ponto de invasão. Se for total, implicará decisões cirúrgicas que
devem ser, ao mesmo tempo, rápidas e prudentes, havendo necessidade de urologista ou cirurgião-geral.
• A histerectomia é o tratamento padrão-ouro nos casos de incretismo e percretismo.
6. Se após histerectomia, persistir sangramento pélvico, avaliar a ocorrência de CIVD, e sangramento de ligaduras, de
cúpula vaginal, etc. Em último caso, ligadura das artérias hipogástricas.
7. Infusão de pelo menos 2.000ml de volume de sangue (incluindo concentrado de hemácias, plasma fresco congelado
e plaquetas).

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DESCOLAMENTO PREMATURO DA PLACENTA - DPP

EXAMES
1. Hemograma com plaquetas
2. Classificação sanguínea
3. Uréia e Creatinina
4. Coagulograma
5. Dosagem de fibrinogênio

CONDUTA
Medidas gerais:
1. Acesso venoso (veia calibrosa) para infusão de volume: cristalóides 2.000ml em infusão rápida.
2. Se maior necessidade de volume, instalar PVC.
3. Cateterização vesical de demora para medir o fluxo urinário (≥ 30ml/h)
4. Monitorização cardíaca

Conduta no parto:
1. Feto vivo: o parto deve ocorrer pela via mais rápida. Sempre realizar amniotomia por diminuir a área de sangramento,
prevenindo a passagem de tromboplastina tecidual à circulação materna. Feto vivo fora do período expulsiVO, cesárea
de imediato.
2. Feto morto: se a condição materna permitir e a evolução do trabalho de parto for rápida, pode-se aguardar algumas horas
(4-6h) para uma resolução por via vaginal. Pode administrar ocitocina para acelerar a evolução do trabalho de parto.
3. Hemocomponentes podem e devem ser administrados durante a evolução do trabalho de parto ou da cesárea.
4. Útero de Couvelaire – tentar de medidas compressivas e uterotônicas antes de decidir uma histerectomia.

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HEMORRAGIA PÓS-PARTO

# Algoritmo do manejo da hemorragia pós-parto:

Manejo ativo do terceiro período:


Ocitocina 10 UI, IM/IV (2amp de 5UI) após desprendimento dos ombros
Clampeamento do cordão tardio em 1-3 minutos
Tração controlada do cordão umbilical

Pesagem das compressas: 1g = 1ml

Massagem uterina bimanual


+ retirada de coágulos Perda de sangue > 500ml, Medidas de reanimação:
sangramento vivo, 2 acessos venosos calibrosos (14-16)
+
queda de PA, aumento com SRL 1500ml em 1h (morno)
Ocitocina 20UI (10-40) + SF 0,9% 500ml
de FC e/ou sintomas HPP Hb, Ht, coagulog, TS, prova cruzada
IV infundir em 30min
= Oxigênio por máscara 8L/min
+ Elevar membros e aquecer
Ác tranexâmico 1g + SF 0,9% 100ml Abordagem em equipe
Monitorar PA, FC, débito urinário
IV infundir em 10min

Determinar a causa: Quatro Ts

Útero amolecido, embebido Lesão no canal de parto Retenção de placenta Sangue não coagula
TÔNUS 70% Inversão uterina TECIDO TROMBINA
TRAUMA

Metilergonovina* 0,2mg IM Revisão canal de parto: Inspecionar a placenta Checar coagulograma


ou Ergometrina 0,5mg IM Sutura de lacerações Remoção manual (analgesia) Repor fatores
(exceto de HAS) Drenar hematomas > 5cm Curetagem Plasma fresco Congelado
+ Reposicionar útero invertido Acretismo e Plaquetas
Misoprostol 800 a 1000mcg Rotura Uterina
VO/VR (ação 20min)

Perda de sangue >1000ml - HPP GRAVE:


Calcular Índice de Choque: FC / PAS
Se > 1.3 Transfundir CH, plaquetas, fatores de coagulação
Avaliação anestesia e cirurgia

Perda de sangue >1500ml:


Balão de Bakri / B-Lynch / Ligaduras hipogástrica / Embolização uterinas / Histerectomia
+
Instituir Protocolo de transfusão maciça: Fator VIIa recombinante
Manter PA com drogas vasoativas
Considerar unidade de terapia intensiva

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TRANSFUSÃO E HEMORRAGIA PÓS-PARTO

Define-se como hemorragia pós-parto a perda de 500ml ou mais de sangue em partos vaginais ou 1000ml ou mais em partos
cesáreos.4,5although the lack of a precise definition precludes accurate data of the absolute prevalence of PPH.\\n\\nSTUDY
DESIGN AND METHODS: An international expert panel in obstetrics, gynecology, hematology, transfusion, and anesthesiology
undertook a comprehensive review of the literature. At a meeting in November 2011, the panel agreed on a definition of
severe PPH that would identify those women who were at a high risk of adverse clinical outcomes.\\n\\nRESULTS: The panel
agreed on the following definition for severe persistent (ongoing

Em situações de risco de hemorragia pós-parto:


Avisar à agência transfusional (AT) pelo telefone 31827769 (Ref. Cisam)
A agência transfusional deve ser AVISADA SEMPRE que houver o internamento de pacientes de alto risco conhecido antes do
parto e durante o parto6 (ver tabelas abaixo).

Tabela 4. Avaliação de risco de hemorragia pós-parto (antes do parto)

Avaliação de risco de hemorragia pós – parto (antes do parto)


Médio risco Alto risco
Cesárea prévia , cirurgia uterina ou múltiplas laparotomias Placenta prévia / inserção baixa
Gestação múltipla Acretismo placentário ou suspeita
>4 nascimentos prévios Contagem de plaquetas <70mil
Hemorragia obstétrica prévia Sangramento ativo
Grandes miomas Coagulopatia conhecida
Feto > 4000g 2 ou mais critérios de médio risco
Obesidade (IMC>40)
Hematócrito <30
Segundo estágio prolongado
Sulfato de Magnésio
Fonte : Maternal Safety Bundle for Obstetric Hemorrhage,2015

Tabela 5. Avaliação de risco de hemorragia pós – parto (intra-parto)

Avaliação de risco de hemorragia pós-parto (intraparto)


Médio risco Alto risco
Corioamnionite Novo episódio de sangramento ativo
Uso prolongado de ocitocina (>24h) 2 ou + critérios de médio risco (pré-parto ou intraparto)
Trabalho de parto prolongado
Sulfato de magnésio
Fonte : Maternal Safety Bundle for Obstetric Hemorrhage,2015

# HEMORRAGIA PÓS – PARTO

Além das medidas protocolares já existentes no CISAM /UPE para manejo de hemorragia pós – parto, todas as pacientes com
diagnostico de hemorragia pós – parto DEVEM USAR Ácido Tranexâmico (Transamin) 1g via venosa até 3horas do inicio da
hemorragia7.
Para aquelas que voltam a sangrar em 30minutos, outra dose do Transamin deve ser oferecida.
Caso estas pacientes voltem a sangrar após 24 horas do início do sangramento, outra dose de Transamin deve ser oferecida.

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# PROTOCOLO DE HEMOTRANSFUSÃO MACIÇA

Todos os casos de ativação de protocolo de transfusão maciça serão objeto de análise do responsável técnico pela AT e do
Comitê Transfusional do CISAM.
A taxa de transfusão CH: PFC: PLAQUETAS deverá ocorrer de acordo com a regra 1:1:1. Ou seja, após a infusão de 4 CH, infundir
04 PFC e 01 plaquetaférese ou 07 UI CP randômicas.

Todos os casos de ativação de protocolo de transfusão maciça serão objeto de análise do responsável técnico pela AT e do
Comitê Transfusional do CISAM.
A taxa de transfusão CH: PFC: PLAQUETAS deverá ocorrer de acordo com a regra 1:1:1. Ou seja, após a infusão de 4 CH, infundir
04 PFC e 01 plaquetaférese ou 07 UI CP randômicas.

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INDICAÇÕES GERAIS DE USO DE HEMOCOMPONENTES

# CONCENTRADO DE HEMÁCIAS:

O objetivo da transfusão do concentrado de hemácias (CH) deve ser tratar ou prevenir inadequada liberação de oxigênio (O2)
aos tecidos.1
Em anemias, as hemotransfusões são indicadas quando há aporte inadequado de O2 aos tecidos.
Desta forma, quando não há sintomas cardiovasculares (hipotensão postural, hipotensão ou choque hipovolêmico, arritmia
cardíaca, síndrome coronariana aguda ou sintomas de insuficiência cardíaca), em pacientes com anemia aguda ou crônica, a
indicação de hemotransfusão é improvável. 1

• Anemia na hipovolemia:
A hipovolemia é caracterizada pela perda de grande volume de líquidos pelo organismo.
Em situações de hemorragia, isto levará à anemia aguda. Em geral, em situações de hemorragia aguda, para indicações de uso
de CH, deve-se utilizar os critérios de Baskett2. (Tabela 1)

Tabela1. Critérios de Baskett

Classificação da Perda volêmica Sinais clínicos associados


Hemorragia estimada
Classe I 15% da volemia Vasoconstrição e taquicardia (Equivalente à doação de sangue)
Classe II 15-30% da volemia Taquicardia e hipotensão postural responsiva à reposição hídrica
Classe III 30-40% da volemia Taquicardia, taquipnéia e hipotensão que não responde à reposição hídrica
Classe IV >40% da volemia Sinais de má perfusão orgânica (Choque hipovolêmico) Taquicardia,
hipotensão, pulso rápido e filiforme, pode haver redução do débito urinário e
alteração do status mental

Hemorragia classe III e IV devem receber hemotransfusão no CISAM, pois não temos alternativas rapidamente eficientes no
serviço.
Isto deve ocorrer mesmo na existência de hemograma normal ou na ausência de exames laboratoriais, pois em pacientes
instáveis, os parâmetros clínicos devem ser os balizadores da indicação de hemotransfusão de CH.2,3

Indicações de hemotransfusão de CH no CISAM /UPE, relacionadas à escala de Baskett

Classificação da Hemorragia Hemotransfusão de CH


Hemorragia Classe I Não indicada
Hemorragia Classe II Não indicada
Hemorragia Classe III Indicada e deve ser realizada, se não houver medidas alternativas rapidamente acessíveis
Hemorragia Classe IV Indicada e deve ser realizada sempre

Os exames laboratoriais devem ser solicitados e os valores da hemoglobina (Hb) devem ser analisados em conjunto com a
situação clínica e estabilidade cardiovascular do paciente.

• Anemia na normovolemia:
Pacientes que são normovolêmicos, NÃO DEVEM RECEBER HEMOTRANSFUSÃO. Valores de hemoglobina (Hb) isolados, sem
associação com parâmetros clínicos, NÃO SÃO CRITÉRIOS PARA INDICAR HEMOTRASNFUSÃO.

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NO CISAM, só deverão ser hemotransfundidas com CH, as pacientes com qualquer dos critérios abaixo e que e que preencham
critérios de instabilidade cardiovascular ocasionada pelo sangramento, segundo classificação de Baskett:
- hemorragia aguda após parto ou pós-operatória;
- sangramento uterino agudo, de qualquer etiologia com paciente instável;
Atenção:
• Pacientes normovolêmicas, mesmo que sangrando ou com baixos valores de hemoglobina e anemia carencial ferropriva
NÃO DEVEM SER HEMOTRANSFUNDIDAS, devendo-se utilizar ferroterapia venosa (ver item xx) seguida de ferroterapia
oral com supressão do sangramento vaginal/menstrual crônico.
• Pacientes em pré-operatório não tem indicação de hemotransfusão de CH

As indicações de hemotransfusões atuais estão elencadas na tabela 3 abaixo.

Tabela 3. Indicações de CH nos pacientes com anemia normovolêmica (Protocolo restritivo)

Hemoglobina (Hb) Hemotransfusão de CH/ características clínicas dos pacientes


Hb < 7,0g/dL Pacientes hemodinamicamente estáveis
Hb <8,0g/dL Pré-operatório cirurgia: ortopédica, cardíaca ou doença cardiovascular prévia
Hb< 9,0g/dL Raramente

# CONCENTRADO DE PLAQUETAS1

Para definir hemotransfusão de concentrado de plaquetas (CP) será necessário:


• Determinar a causa
• Contagem laboratorial recente
• Controle após transfusão
• Pode-se utilizar plaquetas por aférese ou CP randômicas, tendo ambas o mesmo efeito
• Para mulheres em idade fértil – utilizar componentes Rh(D) negativos ou utilizar globulina anti-D em mulheres que
recebem transfusões RH (D) +
• Para transfusões pré-cirúrgicas: transfundir imediatamente antes do procedimento

Abordagem mais conservadora


Disfunção Plaquetária: congênitas ou adquiridas
Avaliar individualmente
Utilizar medidas hemostáticas gerais, se necessário considerar retirada da droga (exceto AAS)
Considerar uso ácido tranexâmico após avaliação de risco x benefício.
Considerar transfusão de plaquetas para prevenir sangramentos graves se plaquetas ≤ 1.000/mm3 secundária ao abciximab
(Reopro®)

PROCEDIMENTO Contagem de plaquetas


Anestesia epidural – inserir e remover 80
Biópsia hepática percutanea 40-50
Broncospia sem e com biopsia 20-50
Cirugia com circulação extra-corporea (CEC) 100
Cirugia de grande porte 50
Cirurgia SNC e oftalmológica 100

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EDA sem e com biópsia 20-50


Extração dentária 50
Inserção de cateter venoso central (cvc) 20
Punção venosa central 20
Punção lombar em adultos 40
Plaquetopenia por transfusão maciça 50
Procedimentos invasivos em cirróticos 30-50

# PLASMA FRESCO CONGELADO1

Sangramento cirúrgico: RNI, TTPa ou TP >1,8 x ao valor normal na ausência de fatores de coagulação industriais
Pacientes cirróticos pré ou durante procedimentos: se RNI >2,5 após alternativa (Vit K e/ou fibrinogênio)
Transfusão maciça na ausência de testes point of care e/ou de hemoderivados
Reversão rápida de efeitos dos anticoagulantes cumarínicos na ausência de complexo protrombínico
Plasma não está indicado
Primeira escolha na reversão de anticoagulação oral;
TTPa elevado com RNI normal;
RNI elevado em pacientes sem sangramento;
Reversão da ação da heparina e da Heparina/LMWH;
Reversão da ação de inibidor de Fator Xa ou Fator IIa; e
Procedimento e RNI<1,8.

# CRIPOPRECIPITADO

Repor fibrinogênio em pacientes com hemorragia ou procedimento invasivo na deficiência isolada quando não houver
disponibilidade do concentrado de fibrinogênio industrial
Repor fibrinogênio em transfusões maciças se fibrinogênio < 1,5g/L, na ausência de fibrinogênio industrial
Repor Fator XIII em pacientes com hemorragia ou com indicação de procedimento invasivo por deficiência deste fator, quando
não se dispuser do concentrado de fator XIII industrial

Hemorragia intracraniana secundária ao uso de ativador tissular do plasminogênio, caso a concentração de fibrinogênio seja
<2g/L

# TIPOS DE LÍQUIDOS

1. SOLUÇÕES CRISTALÓIDES: isotônicas e hipotônicas


1.1 Isotônicas: soros comuns (fisiológico, ringer simples, ringer lactato). Do volume infundido, apenas 25% permanecem
no espaço intravascular, devendo-se ter cuidado com edema agudo de pulmão e acidose dilucional hiperclorêmica.
1.2 Hipotônicas (solução salina a 7,5%). Risco de hiperosmoralidade.

2. SOLUÇÕES COLÓIDES: protéicos (albumina e PFC) e as não-protéicas (gelatinas e dextrans).


2.1 Protéicas: albumina e plasma congelado
• Albumina: Resulta numa resposta hemodinâmica melhor que os cristalóides.

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* A infusão de 100ml de albumina a 25% aumenta o volume plasmático em 465ml. Pode ser associado à solução salina para
melhorar os resultados. Bons resultados também são conseguidos com a associação com o ringer lactato (450ml Ringer
lactato + 50ml de albumina a 25%).
Tipos de albumina: a 5%, 20% (10g de alb em 50ml) e a 25% (12,5g de alb em 50ml)
• Plasma fresco congelado: deve ser usado como reposição de fatores de coagulação e não como expansor de
volume.
2.2 Não-protéicos: gelatinas e dextrans
• Gelatinas: podem desencadear reações anafiláticas. Permanece no plasma por 4-5h.
• Dextrans: Dextran-40 e Dextran-70.
A infusão de 1 litro de Dextran-70 aumenta em 800ml o volume plasmático. O Dextran-40 aumenta o volume plasmático em
maior quantidade, mas seus efeitos colaterais são maiores.
* Nos casos de hemorragias com perda aguda de aproximadamente 25% da volemia, deve-se administrar solução isotônica.
A reposição de cristalóides costuma ser de 3ml para cada ml de sangue perdido. Portanto, se a puérpera apresentar sinais e
sintomas de hipovolemia, a perda de sangue deve ser superior a 1000ml, e assim sendo, a reposição de solução salina isotônica
deverá ser de 3000ml. Se a perda aguda for superior a 25%, administrar cristalóides e colóides.

3. HEMOCOMPONENTES: a ausência de resposta à infusão de 3000ml de soro fisiológico sugere uma hemorragia equivalente
a 20 a 25% do volume de sangue total. Após a melhora, com o uso de cristalóides, a reposição de sangue deverá ser de
acordo com os dados clínicos e pelos níveis de hemoglobina (< 8d/dl) e HTC < 25%.
3.1 Concentrado de hemáceas: o objetivo é manter o HTC entre 25-30%. Cada unidade de concentrado de hemácias
aumenta a HB em 1,5g e o HTC em 3%.
3.2 Plasma fresco congelado: para correção dos fatores de coagulação V, VII e fibrinogênio, e não para correção de
volume. Confirmada a coagulopatia, iniciar plasma fresco congelado.
• Dose de ataque: 10ml/Kg de peso
• Dose de manutenção: 10-30ml/Kg/dia dividido em 4 doses. Para cada 4 ou 5 bolsas de concentrado de hemáceas
transfundidas, recomenda-se transfundir 1 bolsa de PFC.
3.3 Crioprecipitado: em pacientes obstétricas o uso de crioprecipitado é infrenquente e sua principal indicação é no
manejo da CIVD. O objetivo é aumentar a concentração de fibrinogênio, caso este não aumente com o PFC. Dose:
1U/7-10Kg/dia.
3.4 Concentrado de plaquetas: indicado quando contagem de plaquetas < 20.000/mm3 ou quando for < 50.000/mm3
e a paciente estiver apresentando sangramento grave ou se for submetida a procedimento cirúrgico.
• Dose: 1U/10 de peso 1 ou 2X/dia . Cada bolsa de 50-70ml aumenta sua contagem em 5.000-10.000 plaquetas
por unidade transfundida.

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INDICAÇÕES DE USO DE HEMOCOMPONENTES EM PACIENTES DOM PATOLOGIAS GINECO-


LÓGICAS

Pacientes com patologias gerais ou ginecológicas que cursam com perda crônica de sangue raramente necessitam
hemotransfusão.

Para aquelas com:


- perda crônica de sangue; e
- sem sinais clínicos de instabilidade cardiovascular (ver critérios de Baskett)
Deve-se preferir a reposição oral ou venosa de ferro e resolução do problema causador do sangramento ou supressão menstrual
até que se possa resolver o problema ginecológico.

Para pacientes com:


- perda crônica de sangue; e
- com sinais de instabilidade ou descompensação hemodinâmica; e
- independente do valor de hemoglobina (Hb)
A hemotransfusão de 01 CH deve ser realizada. Deverá ser realizada outra unidade de CH, mediante avaliação clínica e
manutenção da instabilidade hemodinâmica.

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FERROTERAPIA

# FERROTERAPIA ORAL

Deverá ser administrada dose de 100mg a 180mg de ferro elementar (Fe III) ao dia por via oral para tratamento da anemia
carencial ferropriva pela perda crônica de sangue sem instabilidade clinica.
• Sullfato ferroso 150mg – contém 30mg de FIII
• Sullfato ferroso 300mg – contém 60mg de FIII
• Noripurum 300mg ---_--- contém 100mg de FIII

É possivel manipular compostos como ferro quelato com quantidade suficiente para 100mg de ferro elementar/comprimido.
Para definir a periodicidade de uso de cada composto deve-se atentar para a quantidade de ferro elementar que deve ser
oferecida por dia de tratamento.
O tratamento: 3 meses para normalização da Hb e mais 3 meses para normalização da ferritina.

# FERROTERAPIA VENOSA

A via oral é a preferencial para a reposição de ferro.


Ferroterapia venosa poderá ser utilizada para reposição mais rápida de ferro e correção da hemoglobina em pacientes com
anemia por sangramento crônico e sem sinais clínicos de instabilidade hemodinâmica.
No CISAM, o composto disponível é o Noripurum 100mg/5ml .
A dose máxima diária a ser utilizada deve ser 200mg ao dia e seu uso deve ocorrer em dias alternados. Não deverá ser
administrado em concomitância com ferroterapia oral.

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CIVD

CONDUTA:
1. Reposição volêmica e expansão (cristalóides, plasma, albumina).
2. O tratamento sempre começa com reposição de volume com cristalóides, e só depois com hemocomponentes (concentrado
de hemácias, plasma fresco congelado, concentrados de hemácias, crioprecipitado)
3. Tratar ou remover o evento casual
• Esvaziar o útero: a interrupção da gestação será feita da maneira menos traumática possível. Se a cesárea, a incisão
mediana da parede implica menor manipulação e descolamento de tecidos.
• Em cesariana com coagulopatias graves, sempre deve ser feita drenagem da parede e cavidade abdominal, com
drenos saindo por contra-abertura.
• Em parto vaginal, deve-se evitar o fórcipe. Quando usá-lo, deve-se revisar o canal do parto, suturando as lacerações
de colo e mucosa vaginal, mesmo sem sangramento visível.
• Caso a episiotomia seja realizada, deve-se fazer sutura cuidadosa, sem deixar espaço morto, podendo-se colocar
dreno de Penrose

* Terapia com componente:


• Plasma fresco congelado: para correção dos fatores de coagulação V, VIII e fibrinogênio. Não deve ser utilizado para
correção de volume.
– Dose de ataque: 10ml/Kg de peso;
– Dose de manutenção: 1 bolsa ou 0-30ml/Kg/dia, divido em 4 doses. Para cada 4 ou 5 bolsas de concentrado de
hemácias transfundidas, recomenda-se transfundir 01 bolsa de PFC.
• Criprecipitado: se fibrinogênio < 50mg%.
– Dose: 1U/10Kg/dia
• Plaquetas: deve ser realizada somente se plaquetas < 20.000/mm3 ou quando for < 50.000/mm3 e a paciente
estiver apresentando sangramento grave ou se for submetida a procedimento cirúrgico.
– Dose: 1U/10Kg de peso 1 ou 2x/dia
– Cada bolsa de 50 a 70ml aumenta sua contagem em 5.000-10.000 plaquetas por unidade transfundida
• Concentrado de hemácias: manter hematócrito entre 25-30% (cada unidade de concentrado de hemácias aumenta
a hemoglobina em 1,5g e o HTC em 3%. Em casos emergenciais, pode transfundir sangue o negativo.

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TROMBOPROFILAXIA NA OBSTETRÍCIA
Pré-Parto, Parto e Puerpério

1. AVALIAÇÃO DO RISCO DE TROMBOSE


• Avaliar fatores de risco e realizar cálculo do escore em todas as pacientes na admissão/hospitalização na triagem
obstétrica
• Avaliar possível história familiar de trombofilias
• Interrogar acerca do uso de medicamentos ou histórico pessoal de TEV além do risco para sangramento
• Considerar planejamento e prognóstico do internamento e tempo previsto de internação. Caso internamento para
interrupção, considerar via de parto e calcular risco de hemorragia pós-parto
• Realizar avaliação do risco estimado

2. AVALIAÇÃO DO RISCO DE TROMBOSE ESTIMADO - PROTOCOLO FEBRASGO

AVALIAÇÃO
Fatores de risco para TEV na hospitalização de gestantes e puérperas (CNE TEV FEBRASGO 2021) Pontos
FATORES DE ALTO RISCO (OR > 6) 3
TEV PRÉVIO
( ) Na gestação ou no pós-parto ( ) Em uso de hormônios ( ) Sem fator desencadeante
TROMBOFILIAS DE ALTO RISCO
( ) Sínd. antifosfolípide ( ) Homozigose fator V Leiden ( ) Homozigose protrombina mutante ( ) Defic. de
antitrombina
MORBIDADES CLÍNICAS
( ) COVID-19: casos graves e moderados ( ) Anemia falciforme ( ) Proteinúria nefrótica (≥ 3,5 g/24 h) ( ) Algumas
cardiopatias ( ) Neoplasias malignas (pâncreas, estômago, pulmão) ( ) Doenças reumatológicas ou intestinais
inflamatórias em atividade com necessidade de internação
CONDIÇÕES CLÍNICAS
( ) Imobilidade no leito por período superior a quatro dias com índice de massa corporal (IMC) ≥ 30 kg/m2
FATORES DE MÉDIO RISCO ( OR > 2 E <6) 2
TEV Prévio
( ) Associado a fator desencadeante (No puerpério, TEV + fator desencadeante é considerado fator de alto risco)
TROMBOFILIAS DE BAIXO RISCO
( ) Deficiência de proteína S ( ) Deficiência de proteína C ( ) Heterozigose protrombina mutante ( ) Heterozigose
fator V Leiden ( ) Anticorpos antifosfolípides
MORBIDADES CLÍNICAS
( ) Câncer (últimos 6 meses) ( ) QTx (últimos 6 meses) ( ) Infecções graves ( ) Patologias cianóticas específicas
CONDIÇÕES CLÍNICAS
( ) Idade ≥ 40 anos ( ) IMC ≥ 40 kg/m2 ( ) Imobilidade no leito superior a 4 dias (IMC < 30 kg/m2)
( ) Hemorragia superior a 1 L/necessidade de transfusão
FATORES DE BAIXO RISCO ( OR >1,7 E <2) 1
MORBIDADES CLÍNICAS OU CIRÚRGICAS
( ) Desidratação/hiperêmese ( ) Qualquer procedimento ( ) Varizes de grosso calibre ( ) Fumante > 10 cigarros/
dia
CONDIÇÕES CLÍNICAS
( ) Gestação múltipla ( ) Multiparidade (≥ três partos prévios) ( ) Pré-eclâmpsia grave ( ) Natimorto sem causa
aparente ( ) Cesárea de urgência ( ) Hiperemese Gravidica
TOTAL DE PONTOS

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PONTOS RISCO MEDIDA


0-1 BAIXO DEAMBULAÇÃO
2 MODERADO MEIAS COMPRESSIVAS
3 OU + ALTO ENOXAPARINA OU HEPARINA NÃO FRACIONADA ( HNF) + PROFILAXIA MECÂNICA

BAIXO RISCO
• Estimular deambulação durante internamento e pós-parto, independente da via
• Reavaliar risco conforme surgimento de novas comorbidades obstétricas ou clínicas a cada 48h

MODERADO RISCO
• Orientar uso de meias compressivas ajustadas no pré e pós-parto, independente da via de parto
• Reavaliar risco conforme surgimento de novas comorbidades obstétricas ou clínicas a cada 48h

ALTO RISCO
• Orientar deambulação durante internamento e pós-parto
• Iniciar profilaxia farmacológica com Enoxaparina (droga de escolha) ou HNF ( 2ª opção)
• Orientar uso de meias compressivas ajustadas
• Avaliar risco de sangramentos

3. POSOLOGIA DA ENOXAPARINA

PESO ( KG) DOSE DE ENOXAPARINA ( MG)


< OU IGUAL 50 20
51-90 40
91-130 60
131-170 80
>170 0,6mg/kg/dia

• Contraindicações à Enoxaparina - Insuficiência renal (ClCr < 30), reação anafilática.

TRIMESTRE DOSE DA HNF( UI) E POSOLOGIA


1º 5.000, 12/12h
2º 5.000 à 7.500, 12/12h
3° 10.000

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4. CONTRAINDICAÇÕES À TROMBOPROFILAXIA FARMACOLÓGICA

PRINCIPAIS CONTRAINDICAÇÕES RELATIVAS


( ) Sangramento ativo
( ) Coagulopatia (plaquetas <70mil OU INR >1,5)
( ) Alergia ou plaquetopenia por heparina
( ) Insuficiência renal (creatinina >1,5mg/dL)
( ) Hipertensão não controlada (>180 x 110mmHg)
( ) Metástase hepática ou cerebral
( ) Uso de fármacos que potencializam anticoagulação: prednisona, cloroquina, AAS, antidepressivos (inibidores seletivos da
recaptação de serotonina), anti-inflamatórios
( ) Placenta prévia centro total
( ) Amniorrexe prematura

• Uso de meias compressivas ajustadas (MCG) no peri-operatório


• Dispositivos de compressão pneumática intermitente (CPI) - Intra e o pós-operatório (por até 24 horas)
• Retornar à tromboprofilaxia farmacológica assim que a contraindicação for suprimida/controlada
• Atenção às contraindicações à profilaxia mecânica ( impossibilidade de ajuste das botas, doença arterial periférica)

5. MANEJO PERIPARTO E MANUTENÇÃO DA PROFILAXIA


• Suspender agende anticoagulante antes de anestesia ou analgesia neuroaxial - 12 h para Enoxaparina e 6h para HNF
• Caso parto programado, interromper heparina 24 horas antes do parto.
• Reiniciar ou iniciar anticoagulação 8 a 12 h pós parto tendo passado, após retirada do catéter/anestesia, pelo menos
1h para Enoxaparina e 4h para HNF
• Internações clínicas que pontuam alto risco para TEV - Manter até 10 a 15 dias após alta
• Pós-parto - Manter até 10 a 15 dias após alta*
* Manter anticoagulação por 6 semanas para todas aquelas que tiverem fator de alto risco mantido no puerpério
(trombose venosa prévia, trombofilias de alto risco, doença autoimune em atividade no final da gravidez etc)

6. PACIENTES EM ANTICOAGULAÇÃO PRÉVIA


• Paciente em uso de dicumarínicos ou DOACS (anticoagulantes orais de ação direta) devem fazer substituição para
Heparina tão logo a gestação seja descoberta, através de terapia ponte
• Warfarina pode ser reiniciada pós-parto com controle, mantendo heparina até INR >2. Manter DOACS suspensos até
40 dias pós-parto
• Atenção às pacientes com uso de enoxaparina durante todo pré-natal. Orientar ingesta adequado de cálcio e vitamina
D ou reposição caso não seja possível.
• ANTÍDOTO (Sulfato de protramina) - Reversão pequena da HBPM. Não indicado.

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TROMBOEMBOLISMOS E GRAVIDEZ

# TROMBOFLEBITE SUPERFICIAL

Conduta
1. Deambulação livre intercaladas por períodos de repouso com membros elevados
2. Compressas mornas
3. Analgésicos
4. Anticoagulantes – se grande extensão
5. Antibióticos – sem indicação
6. Crocectomia – se acometimento próximo à crossa da Safena

# TROMBOSE VENOSA PROFUNDA

Diagnóstico clínico
1. Dor intensa no local
2. Edema
3. Aumento da temperatura cutânea
4. Dor provocada à compressão
5. Empastamento muscular
6. Presença de circulação colateral

Diagnóstico complementar
1. USG com Doppler
2. Hemograma com plaquetas
3. Coagulograma

Conduta: Repouso no leito, mantendo o membro elevado


FASE AGUDA:
1. Heparina por via endovenosa
• Dose de ataque – 5.000 a 10.000U “em bolus”
• Dose de manutenção endovenosa - a dose total diária deve ser entre 500 a 1.000/kg. A infusão deve ser mantida
por 7-14 dias. Caso ultrapasse 7 dias, há risco de plaquetopenia, devendo-se usar heparina de baixo peso molecular
na dose de 0,3 a 0,5U/ml de plasma. De forma alternativa à heparina de alto peso molecular, pode ser usada a de
baixo peso molecular (Enoxaparina, Nadroparina) na dose de 1mg/kg/12h, nos 10 primeiros dias de tratamento.
• Controle laboratorial da heparinização: TTPA, que deve ser mantido entre 1,5 a 2 vezes superior ao valor normal.
O exame deve ser feito a cada 1 a 3 horas após início da terapêutica ou mudança da dose. Outra opção é a coleta
do TC, que deve ser mantido acima de 15 minutos.

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FASE DE MANUTENÇÃO
1. Heparina por via subcutânea
• Após o tratamento endovenoso, a heparina pode ser administrada por via SC na dose de 8.000-10.000U a cada 8h ou
10.000-15.000U a cada 12h. *Heparina SC: ampolas de 5.000 = 0,25ml
• Anticoagulação no parto: manter a heparina até 6-8 horas antes do parto, quando deve ser suspensa para desaparecer
seu efeito anticoagulante até o momento do procedimento.
• Anticoagulação no puerpério: após o parto, a anticoagulação deve ser reiniciada em 6-8 horas. Retorna-se à dosagem já
usada da heparina endovenosa ou SC, mantendo-a por 48-72h. Após o 1º dia já pode ser introduzido o anticoagulante
oral (Warfarina), que pode ser mantida no período de amamentação.
• A substituição da heparina pelo anticoagulante oral não pode ser abrupta. Fazer o esquema de 3:2:1 (no primeiro
dia usa-se a heparina e 3 comprimidos do anticoagulante oral; no segundo dia usa-se a heparina e 2 comprimidos
do anticoagulante oral; no terceiro dia usa-se a heparina e 1 comprimido de anticoagulante oral; a partir daí, usa-se
apenas o anticoagulante oral
• Controle do anticoagulante oral – TP (Tempo de Protrombina) e INR deve ser mantido entre 2 a 3 (valor normal=1)
• Antídotos de:
– Heparina  Sulfato de Protamina 1mg/100U de heparina nas últimas 4h EV em 20 min
– Anticoagulante oral  Vitamina K 0,5mg EV (1 amp = 10mg; diluir em 20ml e aplicar 1ml)

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TROMBOFILIAS NA GESTAÇÃO

EM QUEM RASTREAR:
1. TEV em uso de ACHO ou gestação ou idiopático ou recorrente;
2. TEV com fator de risco não recorrente (fratura, cirurgia ou imobilização);
3. Assintomáticas com parentes de 1o grau com histórico de trombofilia de alto grau;
4. >1 óbito fetal inexplicado > 10 semanas:
5. >1 parto PP < 34 semanas, devido a: PE/eclampsia OU Insuf. placentária: alteração em testes de vitalidade, Doppler,
CIUR, oligohidrâmnio
6. >3 perdas gestacionais inexplicadas, consecutivas e espontâneas < 10 semanas após exclusão de causas anatômicas
maternas, hormonais ou anormalidades cromossômicas;
7. Exceção à regra: pacientes > 35 anos considerar a partir de >2 perdas gestacionais.

O QUE INVESTIGAR
• Trombofilias hereditárias: * Não se recomenda a pesquisa da mutação da MTHFR
– Fator V de Leiden (FVL)
– Mutação do gene da protrombina (PGM) e Def. da antitrombina
– Proteina C e Proteina S (< 41UI/dL) e Homocisteina
• Trombofilia adquirida (SAAF)
– Anticardiolipina IgG ou IgM > 40 GPL ou MP ou > percentil 99 (Elisa)
– Anti-Beta 2 glicoproteina 1 IgG ou IgM > percentil 99 (Elisa)
– Anticoagulante lúpico - diretriz Socied. Internacional Trombose e Hemostasia (2 testes)

QUANDO INVESTIGAR:
1. Fase aguda, não investigar. Ocorre elevação do fator VIII, redução da proteína C, S e AT
2. Não investigar provas funcionais na gestação
3. Não sofre interferência na fase aguda – Testes genéticos para Fator V de Leiden, pesquisa de mutação da protrombina,
Anticoaguante Lúpico e Anticardiolipina
4. Sem gestação e sem hormonioterapia
5. Duas ou mais ocasiões com intervalo de 12 semanas entre as dosagens
6. Intervalo entre o evento clínico e a dosagem não deve ser < 12 sem nem > 5 anos

CHEST, 2012: definições dos regimes de anticoagulação


1. Dose ajustada de heparina não fracionada (HNF)
• HNF SC 12/12h. TTPa após 12h atpe nível terapêutico
2. Dose profilática de heparina de baixo peso (HBPM) – preferível
• Dalteparina 5000UI SC 24/24h
• Enoxaparina 40mg SC 24/24h (peso > 90kg, modificar a dose)
3. Dose intermediária de HBPM
• Dalteparina 5000UI SC 12/12h
• Enoxaparina 40mg SC 12/12h

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4. Dose ajustada de HBPM


• Ajuste para o peso ou dose terapêutica de HPB SC 1x ou 2x/dia
• Dalteparina 200UI/Kg SC 1x/dia ou 100UI/Kg SC 12/12h
• Enoxaparina 1mg/Kg SC 12/12h

SITUAÇÕES X PROFILAXIA
Paciente com múltiplos episódios de TE (usuárias de anticoagulação plena fora da gestação)
• Gravidez: HBPM - dose ajustada (esquema terapêutico) ou 75% da dose terapêutica
• Pós-parto: retornar para anticoagulação oral
• Profilaxia intra e pós-operatória
• Compressão pneumática intermitente
Paciente com TE prévio – episódio único, associado a risco transitório, sem relação com gravidez ou anticoncepção
• Período anteparto: vigilância
• Puerpério: profilaxia por 6 semanas
– HBPM – dose profilática ou intermediária
– Antagonistas da vitamina K (INR 2-3)
Paciente com TE prévio – associado com gestação e contracepção
• Período anteparto: dose profilática ou intermediária
• Puerpério: profilaxia por 6 semanas
– HBPM – dose profilática ou intermediária
– Antagonistas da vitamina K (INR 2-3)
Paciente com trombofilia sem TE prévio – homozigose FVL ou protrombina mutante e com história familiar de trombose
• Período anteparto: dose profilática ou intermediária
• Puerpério: profilaxia por 6 semanas
– HBPM – dose profilática ou intermadiária
– Antagonistas da vitamina K (INR 2-3)
Paciente com trombofilia e sem TE prévio – mesmo homozigose FVL ou protrombina mutante e SEM histórico familiar de
trombose
• Período anteparto: vigilância
• Puerpério: profilaxia por 6 smananas
– HBPM – dose profilática ou intermediária
– Antagonistas da vitamina K (INR 2-3)
Paciente com trombofilia e sem TE prévio – todas as outras trombofilias (exceto FVL e 20210A homozigotas), COM história
familiar de trombose
• Período anteparto: vigilância
• Puerpério: profilaxia por 6 semanas
– HBPM – dose profilática ou intermadiária
– Antagonistas da vitamina K (INR 2-3)
Paciente com trombofilia e sem TE prévio – todas as outras trobofilias (exceto FVL e 20210A homozigotas), SEM história
familiar de trombose
• Período anteparto: vigilância
• Puerpério: vigilância

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# SAAF:

Critérios clínicos:
1. Trombose vascular: venosa ou arterial (excluindo trombose superficial)
2. Morbidade obstétrica
• 1 ou + perda fetal (> 10 sem)
• 1 ou + parto pré-termo (< 34 sem) por PE grave/eclampsia ou insuficiência placentária
• 3 ou + abortos espontâneos (< 10 sem)

Critérios laboratoriais:
1. Anticoagulante lúpico
2. Anticorpos anticardiolipina
• Elisa – IgG ou IgM > 40 GPL ou MPL, ou percentil > 99
3. Anti-β2 glicoproteína-I
• Elisa – IgG ou IgM > percentil 99
4. É necessário realizar 2 exames com intervalo de 12 sem
5. Diagnóstico = 1 achado clínico + 1 laboratorial
6. 3 ou + perdas < 10 sem – pesquisar SAAF
7. Tratamento: HBPM profilático + AAS

VIA DE PARTO: Obstétrica


Indução do parto:
1. GESTANTE SEM USO DE ANTICOAGULANTE: Pode aguardar o TP.
• GESTANTE USANDO O ANTICOAGULANTE: < 39 sem / < 37s: com comorbidades

PARTO:
1. Analgesia Regional (raqui) 12h após última dose profilática ou 24h após última dose terapêutica de Enoxaparina;
2. Evitar anticoagulação durante o trabalho de parto (TP);
3. Suspender anticoagulação após início de TP ou 24-36 h antes da indução;
* Se paciente possuir risco muito elevado, suspender 4-6h antes. Se o parto acontecer com anticoagulação, colocar filtro
de veia cava.
4. Paciente em TP usar de anticoagulação na vigência de sangramento: SULFATO DE PROTAMINA
* Protamina 1.000U em amp. de 5ml, sendo que cada 1 ml inativa 1.000UI de heparina

PÓS PARTO IMEDIATO: Reiniciar heparina, 12 h após a cesárea e 4-6 h após o parto vaginal, sem existir sangramento significativo.

PUERPÉRIO:
1. Enoxaparina - dose profilática por 6 semanas.
2. Não há necessidade de anticoagulação profilática apenas pelo fato da paciente ter sido submetida à cesárea

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HIPERÊMESE GRAVÍDICA

# Investigação diagnóstica e diagnóstico diferencial:

- Hemograma e Glicose;
- Transaminases, amilase, lipase e bilirrubinas;
- Ureia e creatinina;
- Perfil eletrolítico (Na, k, Cl);
- Hormônios tireoidianos;
- Sumário de urina;
- Ultrassom pélvico (avaliar gestação múltipla, DTG) e abdominal (afastar doenças do TGI);
Obs: importante afastar intoxicações exógenas, síndromes hipertensivas e distúrbios metabólicos.

# Abordagem terapêutica:

- Internação hospitalar: controle de peso e diurese diários;


- Apoio psicoemocional;
- Avaliar necessidade de tromboprofilaxia com Enoxaparina (preencher escore TEV);
- Medidas alimentares: jejum por 24-48h, progredindo de líquidos para sólidos;
- HV: 2000-4000ml SRL/SF em 24h (cautela com soluções glicosadas - risco de sínd. de Wernick);
- Medicamentos: 1ª escolha é o uso de Ondansetrona 8mg a cada 8h por via venosa, a 2ª escolha é a Metoclopramida 10mg
a cada 8h também por via venosa. Em situações refratárias, usa-se Corticosteróides (Prednisona 10 mg via oral de 12 em 12
horas, Hidrocortisona 50mg via oral de 12 em 12 horas, por 24 a 48 horas ou Dexametasona 50 mg IV de 12 em 12 horas
por 24 a 48 horas);
- Reposição iônica: reposição de potássio quando inferior a 3,5mEq/L;

Reposição de Potássio
Hipocalemia leve e
Reposição por VO de 10-20mEq por dose, em 2-4x por Sugestão: Xarope cloreto de
moderada (3,0 a 3,4 mEq
dia (máx 40-80mEq/dia), por dias a semanas potássio 6%: 15ml, VO, 8/8h
/ L)
Hipocalemia grave ou Reposição venosa de 10 a 20 mEq / hora em veia Sugestão: 01 amp KCl 19,1% +
sintomática periférica 100ml SF, EV, correr em 3h
Medir o potássio sérico a cada 2-4h se hipocalemia grave/sintomática, e manter o regime de reposição até que este
esteja persistentemente acima de 3-3,5 mEq/L e os sintomas ou sinais atribuíveis à hipocalemia tenham sido resolvidos.
Posteriormente, a dose e a frequência de administração podem ser reduzidas às usadas na hipocalemia leve a moderada

EX: Formulações do potássio:


1. Xarope cloreto de potássio 6%: 12mEq/15ml
2. Cápsula: 8mEq/600mg
3. Ampola KCl 19,1% - 25mEq
Obs: Redução de 0,27 mEq/L sérico = perda de 100 mEq dos estoques corporais que precisam ser administrados ao longo da
reposição;
Obs: Realizar ECG se hipocalemia moderada a grave, e manter monitoramento contínuo se anormalidades de ECG atribuíveis
à hipocalemia (depressão do segmento ST, onda T achatada, maior amplitude da onda U); problemas cardíacos subjacentes
que predispõem à arritmia no cenário de hipocalemia (IAM, por exemplo), infusão >10 mEq por hora.

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DIABETES E GRAVIDEZ

# ACOMPANHAMENTO PRÉ-CONCEPCIONAL:

DM pré gestacional e DM diagnosticado na gestação


• PLANEJAMENTO DA GESTAÇÃO
– Pacientes com HBA1C >9% devem ser desencorajadas de engravidar até que alcancem controle glicêmico.;
– Pacientes com complicações crônicas do DM que podem levar a risco de vida materno (cardiopatia grave e DRC
avançada), devem ser desaconselhadas a engravidar.
– Modificar medicações de uso prévio (ex.: IECA, BRA, estatinas e os novos antidiabéticos).
• RASTREAMENTO DAS COMPLICAÇÕES CRÔNICAS DO DM:
– Início: no primeiro trimestre da gestação ou quando o diagnóstico for confirmado;
– Periodicidade: a cada trimestre e no puerpério.

Tabela 1. Rastreamento das complicações crônicas do DM pré-gestacional

Fonte: Cuidados obstétricos em DMG no Brasil MS

• Retinopatia diabética (RD): a gestação e o rápido controle glicêmico em pacientes cronicamente mal controladas
podem agravar o quadro de RD.
– Orientações para a gestação: rastreio pré-gestacional com controle glicêmico, acompanhamento conjunto com
oftalmologista, controle pressórico adequado, ajuste lento da glicemia e tratamento da anemia.
• Doença renal diabética: tendência a melhora de parâmetros no 1º trimestre e piora no 3º trimestre. Para confirmar a
presença de DRD, além do cálculo da TFGe, são necessárias pelo menos duas amostras de urina aleatórias para dosagem
de albumina e para estimar a rel prot/cr
– Controle pressórico mais rigoroso no 3º trimestre.
• Neuropatia diabética: diagnóstico por exame clínico. Alteração na sensibilidade tátil, térmica, vibratória e à dor dos
MMII deve ser avaliada.
• Doença cardiovascular: avaliar fatores de risco como idade avançada, DRD, hipertensão, tabagismo, história familiar
de DAC prematura.
– Realizar ECG e eco de esforço ainda no primeiro trimestre.

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PREVENÇÃO E RASTREAMENTO DAS COMPLICAÇÕES AGUDAS DO DM


• Hipoglicemia: mais frequente na madrugada e no primeiro trimestre.
– Para prevenção, deve-se ingerir pelo menos 25g de carboidratos na ceia noturna e evitar situações que predispõem
a essa complicação (períodos longos de jejum, exercício físico sem ajuste da terapêutica, uso excessivo de insulina
e redução na frequência do monitoramento da glicose).

• Avaliação da função tireoidiana: dosagem de TSH. Gestantes com diagnóstico de hipotireoidismo pré-gestacional ou
que tenham feito diagnóstico no primeiro tri devem realizar medida de TSH a cada 5-6 semanas até controle, seguindo
trimestralmente.

# FLUXOGRAMA DE RASTREAMENTO E DIAGNÓSTICO:

Início do Pré-Natal em:

IG < 20 sem IG 20-28 sem IG > 28 sem


Glicemia de Jejum imediatamente
24-28 sem Imediatamente

≥ 126mg/dL 92-125mg/dL < 92mg/dL TOTG 75g


(Jejum, 1ª hora e 2ª hora)

Ao menos 1 valor de:


Diabetes Ao menos 1 valor de:
Diabetes Jejum: 92-125mg/dL Jejum ≥ 126mg/dL
Melitus 1ª hora ≥ 180mg/dL
Melitus 2ª hora ≥ 200mg/dL
Gestacional 2ª hora: 153-199mg/dL

CONDUTA NA GRAVIDEZ
1. DIETOTERAPIA
Tabela 2. Ganho de peso gestacional semanal e total (Kg) recomendado até o termo da gestação, conforme o IMC pré-gestacional

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• Composição da dieta: Fracionada em 6 refeições.


– Carboidratos: 40 – 55%;
– Proteínas: 15-20%
– Gorduras: 30 –40%
• Edulcorantes:
Podem ser usados como alternativa para a substituição do açúcar, entretanto de forma moderada, não ultrapassando as
quantidades máximas de 6 sachês ou 15 gotas/dia.

Retirado de Protocolo da Sociedade Brasileira de Diabetes e Tratamento da DMG no Brasil, 2019

2. PERFIL GLICÊMICO (PG por HGT)


• Objetivo: euglicemia (GJ entre 70 a 90mg/dl e GPP entre 100 a 120mg/dl)
• Realizar o primeiro PG = 1 semana após dieta
• Suspender corticóide e Anti – diabético oral (ADO) pelo menos 7 dias antes do PG.

Controle glicêmico Perfil glicêmico IG < 32 sem Até interrupção


Dieta ambulatório 21 / 21 dias 15 / 15 dias
Insulina +/- ADO Internamento 15 / 15 dias 7 / 7 dias

Valores do hematócrito exercem influência no resultado das glicemias capilares. Na presença de HT <30% pode haver superestimação da
glicemia capilar e nos valores de HT >55% pode haver subestimação.

3. INSULINOTERAPIA: NPH e Regular


• Indicação – se perfil glicêmico alterado, sendo:
– VN: Jejum-95 // VN: 2h Pós-café / almoço / jantar: 120
– Gestantes em uso de insulina devem manter a GJ > 70 e as pós-prandiais não inferiores a 100mg/dL.

• Regras para uso da insulina:


A. Introdução de insulina: ≥ 6UI/horário.
B. E ajuste (se já faz uso): se ≥ 4UI/horário, a cada PG.
C. Sempre número par: 4/6/8/10.
Ex: Cálculo = 7,5,
Ajustar 6UI (Próximo valor par, abaixo de 7,5)
D. Se > 10UI de introdução/ajuste, ajustar somente 10UI e deixar insulina regular de resgate S/N.

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E. Após Introdução/ajuste de insulina, aguardar 24h para novo PG.


F. Se PG normal (euglicemia) ou ajuste ≤ 10UI, realizar o PG simplificado ambulatorialmente (PNARD).

• Tipos de insulina e tempo de ação

• Correlação insulina versus valor alterado do perfil:


Exemplo: Paciente com PG: Jejum: 165 / Pós-prandial: 162

Exemplo de Cálculo de Dose da Insulina para iniciar ou ajustar:

Valor HGT - VN = ≤ 30 mg/dL __ valor : 4 = X


> 30 mg/dL __ valor : 8 = Y X + Y = W (dose de insulina)

Jejum: VN < 95mg/dl Pós-Prandial: VN < 120mg/dl


Jejum paciente: ≤ 125mg/dl PP paciente: ≤ 150mg/dl
X = 125 (Pac) - 95 (VN) X = 150 (Pac) - 120 (VN)
4 (Constante) 4 (Constante)

X = 30 Jejum paciente: > 125mg/dl X = 30 PP paciente: > 150mg/dl


4 4
Y = 165 (Pac) - 125 (Excedente) Y = 162 (Pac) - 150 (Excedente)
X = 7,5 8 (Constante) X = 7,5 8 (Constante)
Y = 40 Y = 12
8 8
Y=5 Y = 1,5
Dose da Insulina: W = X + Y = 12,5 UI Dose da Insulina: W = X + Y = 9 UI
Conferir as regras e qual insulina corrigir Conferir as regras e qual insulina corrigir

• Tabela de Fácil cálculo de manejo de insulina segundo PG:

Horário Normal Valor alterado UI a corrigir Insulina a corrigir Horário a corrigir


≤110 0
111-118 4UI
Jejum 95 119-128 6UI NPH ao deitar (22h)
129-144 8UI
≥145 10UI
Pós-café 120 ≤135 0 Regular 30 min antes do café
Pós-almoço 120 136-143 4UI NPH 30 min antes do café
144-153 6UI
Pós-jantar 120 154-169 8UI Regular 30 min antes do jantar
≥170 10UI

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7. ANTI - DIABÉTICOS (Metformina)


• Indicação: Gestante que atingiu sua necessidade diária de insulina para a época da gestação:
– 0,8UI/kg/dia no 1º trimestre;
– 0,9UI/kg/dia no 2º trimestre;
– 1UI/kg/dia no 3º trimestre.
• Deve ser realizada em associação com a insulina após Termo de Consentimento Livre e esclarecido assinado
• NÃO se recomenda como primeira escolha quando há disponibilidade de insulina.

# Associação de metformina e insulina p/ tratamento de diabetes na gestação sob consentimento:

Insulinoterapia máxima

Introdução da metformina de acordo com perfil glicêmico

1 valor alterado 2-3 valores alterados 4 valores alterados

Metformina 500mg fracionada Metformina 1500mg fracionada Metformina 2550mg fracionada


em 2 tomadas: após almoço e jantar em 3 tomadas: após as refeições em 3 tomadas: após as refeições

Novo perfil glicêmico 7 dias após introdução da metformina

1 valor alterado 2-3 valores alterados 4 valores alterados


Aumentar para dose máxima:
Acrescentar 500mg de Acrescentar 250mg de
Metformina 2550mg em 3
Metformina após o café Metformina após almoço e jantar
tomadas: após as refeições

OBS:
• Se PG normal, realizá-lo conforme tabela.
• Se PG alterado, realizá-lo semanalmente.
• Pacientes com dose máxima de Metformina que apresentem PG ainda alterados ou hipoglicemia, deve-se retornar o
reajuste para a dose da insulina.
• Se uso de ADO consentido, solicitar assinatura da paciente em prontuário pelo uso off-babel.

MONITORIZAÇÃO FETAL
1. USG Obstétrica:
• 11-14 semanas: avaliar translucência nucal
• 22-24 semanas: morfológico (se DM pré-gestacional)
• > 24 semanas: mensalmente (ambulatorial) ou 15/15 dias (se em regime de internamento ou desvios do crescimento
fetal) até o parto
2. USG obstétrica com Doppler 15/15 dias:
• se > 32 semanas + DM pré-gestacional + vasculopatia
3. Ecocardiografia fetal:
• 24-26sem (se DM pré-gestacional)
4. CTG:
• 7/7dias em pacientes internadas + Mobilograma: se > 32 semanas.
• 2X/sem em pacientes com diabetes descompensada.

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INTERRUPÇÃO:
• DMG
– DMGA1 com bom controle glicêmico: 39s - 40s6d
– DMGA2 com bom controle glicêmico: 39s
– DMGA1/2 sem controle glicêmico: 37s – 38s6d
(individualizar via de parto, considerando PFE e risco materno)
• DM pré-gestacional ou diagnosticada na gestação
(individualizar via de parto, considerando PFE e risco materno)
– Bom controle glicêmico ou sem vasculopatia: 38s - 39s6d
– Sem controle glicêmico com ou sem vasculopatia: considerar até 37s
(Considerando resolução imediata da gestação se PFE ≥ 4Kg)

VIA DE PARTO: indicação obstétrica.


• CESARIANA se:
1. Macrossomia fetal
2. Péssimo controle glicêmico fetal (indicação absoluta se PFE > 4.500 g)
3. História de natimortalidade prévia
4. Paciente com vasculopatia hipertensiva

PARTO PROGRAMADO (CESÁREA)


• Zerar dieta às 23h (jejum 8h) e realizar cesárea eletiva pela manhã
• Rotina normal na noite anterior com insulina e omissão da insulina no desjejum
• HGT 1/1h
• Objetivo da glicemia: 70-120mg/dl (preferencialmente entre 100-120mg/dL)
• SG 7,5% (SG 5% 1000ml + glicose 50% 50ml) – 125ml/h em BIC: 1h antes da cesárea ou na indução
• Insulinoterapia concomitantemente
– 25UI insulina regular + SF 0,9% 250ml (BIC), conforme HGT
– Suspender insulina após parto

HGT (mg/dl) IR (UI/h) SF 0,9% em BIC (ml/h)


< 70 não infundir não infundir
70-110 1 10
111-150 2 20
151-180 3 30
181-210 4 40
> 210 5 50

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HGT (mg/dl) Insulina Regular


< 150 não fazer
150-200 2 UI/h
Na impossibilidade de BIC, fazer resgate com 201-250 4 UI/h
insulina regular de acordo com o HGT. 251-300 6 UI/h
301-350 8 UI/h
351-400 10 UI/h
> 400 12 UI/h, e avisar o plantão

PARA PARTO INDUZIDO


• Diabetes gestacional com dieta (DMGA1)
– Manter a dieta para diabético
– HGT – não há necessidade de monitorização capilar da glicemia
– Na presença de trabalho de parto – vide monitorização capilar da glicemia no trabalho de parto

• Diabetes gestacional com insulina (DMGA2) com bom controle


– Manter a dieta para diabético
– Manter esquema de insulina
– HGT – jejum, 2 horas após café, almoço e jantar (4 medições)
– Alvo:
a. Jejum – 60 a 99mg/dL
b. 1 horas após início das refeições – 100 a 129mg/dL
c. Ao deitar e durante a noite – 80 a 120mg/dl
d. Glicemia média diária - < 110mg/dL
Na presença de trabalho de parto – vide monitorização capilar da glicemia no trabalho de parto

• Diabetes pré-gestacional 1 e 2 com bom controle


– Manter a dieta para diabético
– Manter esquema de insulina
– HGT – jejum, antes do almoço e jantar, 2 horas após café, almoço e jantar (6 medições)
– Alvo:
a. Jejum – 60 a 99mg/dL
b. 1 horas após início das refeições – 100 a 129mg/dL
c. Ao deitar e durante a noite – 80 a 120mg/dl
d. Glicemia média diária - < 110mg/dL
Na presença de trabalho de parto – vide monitorização capilar da glicemia no trabalho de parto

• Diabetes gestacional com insulina e pré-gestacional 1 e 2 com mau controle


– Desaconselha – se indução do parto
– Vide monitorização capilar glicêmica para cesárea eletiva

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• Diabetes gestacional sem classificação (DG A/C)


– SG 7.5% e Insulinoterapia em BIC conforme a tabela anterior
– Na impossibilidade de BIC, fazer resgate com insulina regular de acordo com o HGT

PARTO EMERGENCIAL (CESÁREA OU ESPONTÂNEO)


• Paciente fez a dose de insulina diária habitual
• HGT imediato e 1/1h  Alvo da Glicemia: 70-120mg/dl
• SG 7,5% (SG 5% 1000ml + glicose 50% 50ml) – 125ml/h em BIC
• Insulinoterapia concomitantemente – 25U insulina regular + SF 0,9% 250ml (BIC)
• Conforme HGT (idem de parto programado) e suspender insulina após parto

CONDUTA NO PÓS-PARTO
• Pós-operatório imediato:
– insulina regular conforme HGT 6/6h.
– DMG: dieta normal
– DM clínico: dieta para diabético

• 1o DPO:
– DMGA1: dieta normal
– DMGA2: dieta normal + HGT PÓS REFEIÇÕES
– DM I: dieta para diabético + 1/3 da dose total de insulina pré-gravídica administrada na forma NPH pela manhã +
HGT PRÉ PRANDIAL E PÓS PRANDIAL
– DM II: dieta para diabético + HGT PRÉ PRANDIAL E PÓS PRANDIAL.

Se HGT alterado, fazer ADO:


Glibenclamida 5mg pela manhã OU Metformina 500mg 8/8h
· As pacientes com DM2 serão orientadas a retornarem o uso de Metformina, se necessário;
· É importante a reclassificação do DMG pelo do TOTG 75 g de sobrecarga de glicose anidra ou pela glicemia de
jejum em 6-8 semanas após o parto;
· Em mulheres que não realizaram teste diagnóstico para hiperglicemia durante a gestação e cujo neonato
apresentou-se macrossômico (peso maior ou igual a 4.000 g), como janela de oportunidade de identificação
de disglicemia após o parto, sugere-se a avaliação da glicemia de jejum ou, se disponível, a realização do TOTG
75 g em seis a oito semanas de puerpério;

SEGUIMENTO NO PUERPÉRIO
• As pacientes devem ser encaminhadas para o ambulatório de egresso para acompanhamento com endocrinologista
do serviço;
• Deve ser feito TOTG ou glicemia de jejum após 6 a 8 semanas pós-parto;
• Nas mulheres com DM1, as doses e horários de aplicação de insulina devem ser adaptados aos horários de amamentação
para evitar episódios de hipoglicemia.

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ORIENTAÇÃO ALIMENTAR PARA GESTANTES COM OBESIDADE E DIABETES:


O ganho de peso excessivo durante a gestação aumenta o risco de diabetes gestacional, hipertensão, pré-eclâmpsia, além de
riscos de cesarianas e prematuridade, dentre outros problemas.
Diante disso, não precisa entrar em pânico, nem sair fazendo dietas malucas que podem comprometer ainda mais sua saúde.
Basta seguir os 10 passos abaixo para controlar direitinho sua glicose e seu ganho de peso e ter uma gestação saudável e
sem neuras! Ao final, disponibilizamos um modelinho de dieta que também irá te ajudar nesse processo.

10 PASSOS DA ORIENTAÇÃO ALIMENTAR


Substitua açúcar por adoçante ou tente se acostumar com o sabor natural dos
1 alimentos. Cuidado com os alimentos ricos em açúcar, como achocolatado, paçoca
e biscoitos, por exemplo. Leia a lista de ingredientes dos rótulos!
Coma de 2 a 4 frutas por dia. Não tenha medo delas, todas podem ser consumidas
2 desde que em quantidades moderadas, ex.: uma maçã, uma goiaba, um cacho de
uvas, etc. Prefira sempre comer a fruta no lugar de tomar o suco!
Não lanche biscoitos, bolachas, pão, torrada, tapioca, etc. Substitua por fruta ou um
3 copo de leite ou ovo cozido ou uma fatia de pão integral com queijo branco ou um
punhado de amendoim/castanha naturais.
Aumente a quantidade de verdura colocada no prato e acrescente umas gotinhas
4 de limão ou uma rodela de abacaxi. Peça hipoclorito no seu posto de saúde para
higienizar frutas e verduras!
5 Tome água ao invés de sucos artificiais e refrigerantes.
Evite comer alimentos muito calóricos, como pizza, hambúrguer, salgadinhos,
6 refrigerantes, sucos artificiais, danoninho e frituras, pois você precisa manter seu
peso saudável. Use o mínimo de óleo possível para preparar os alimentos.
Alimentos como inhame, batata-doce, cará, batata inglesa e arroz são saudáveis e
7 nutritivos, você pode comê-los todos os dias, mas diminua a quantidade, ok? Em
excesso podem alterar a glicose e o peso!
Evite comer salsicha, linguiça, mortadela e carne processada, pois são cheios de sal,
8 gordura e aditivos, além de não ter quase nada de nutrientes. Prefira ovos, carnes,
frango, peixe ou queijo no lugar!
Se possível, acrescente fígado pelo menos uma vez por semana e peixe de 2 a 4
9
vezes por semana, pois são fontes de nutrientes importantes para gestação;
10 Coma devagar e após comer, espere no mínimo 30 minutos para deitar-se.

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MODELO DE CARDÁPIO PARA GESTANTE COM DIABETES

Café da manhã
Refeição Quantidade Substituição
Mamão 1 fatia Qualquer fruta em quantidade moderada
Café (com ou sem leite) 1 xícara Chá de erva-doce ou erva-cidreira ou camomila ou capim-limão
Cuscuz 1 prato pequeno Batata ou inhame ou macaxeira ou pão integral (2 fatias)
Ovo 1 unidade Queijo branco ou frango ou carne magra ou peixe

Lanche da manhã
Refeição Quantidade Substituição
Laranja 1 unidade Qualquer fruta em quantidade moderada

Almoço
Refeição Quantidade Substituição
Salada de verdura crua 1 prato pequeno Legumes no vapor ou no forno
Carne magra 1 porção (180g) Frango ou fígado ou peixe ou ovos
Arroz integral 5 colheres de sopa Macarrão integral
Feijão 1 concha Ervilha ou grão de bico ou lentilha

Lanche da tarde
Refeição Quantidade Substituição
Iogurte natural 1 copo 200mL Leite desnatado ou coalhada ou leite de soja
Banana 1 unidade Qualquer fruta em quantidade moderada
Aveia 1 colher de sopa Granola sem açúcar ou gergelim ou linhaça ou chia

Jantar
Refeição Quantidade Substituição
Inhame 1 fatia média Batata ou macaxeira ou cuscuz
Galinha 1 porção (180g) Carne vermelha ou peixe ou ovos ou queijo branco

Ceia
Refeição Quantidade Substituição
Maçã 1 unidade Qualquer fruta em quantidade moderada

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CETOACIDOSE DIABÉTICA NA GRAVIDEZ

CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS
1. Glicemia > 250mg/dl
2. pH arterial < 7,3
3. Bicarbonato sérico < 15mEq/l
4. Cetonúria e cetonemia moderadas

EXAMES
1. Hemograma completo
2. Gasometria
3. Sumário de urina
4. Glicemia plasmática
5. Uréia, creatinina
6. Eletrólitos

CONDUTA: INTERNAR NA UTI


1. Fluidoterapia – NaCl 0,9% - 15 a 20ml/Kg/hora
2. Insulinoterapia:
• Via EV: Insulina regular – 0,15U/Kg (in bolus) ou
• Via SC ou IM: Insulina regular 0,3U/Kg – ½ por via EV e ½ por via SC ou IM
– Se glicemia não diminuir 50 a 70mg/dl em 1 hora:
a. dobrar infusão insulina/hora até glicose cair 50 a 70mg/dl em 1 hora ou
b. Insulina EV 10U/hora em bolo até glicose 50 a 70mg/dl em 1 hora
– Quando glicemia ≤ 250mg/dl:
a. Dextrose 5% em 0,45% SF – 100 a 200ml/hora
b. Insulina – 0,05 a 0,1U/Kg/hora EV ou 10U SC 2/2 horas
c. Manter glicemia em 150 a 200mg/dl até controle metabólico
d. Avaliar eletrólitos a cada 2 a 4 horas até paciente estável
e. Após o controle: glicemia – 4/4 horas
Insulina regular – 5U SC para cada aumento de 50mg/dl acima de 150mg/dl, até o máximo de 20U.

INDICAÇÕES DE HOSPITALIZAÇÃO
1. Perda de peso > 5%
2. FR > 35ipm
3. Hiperglicemia incontrolável
4. Alterações mentais
5. Febre, náuseas e vômitos.

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ASMA AGUDA E GRAVE NA GRAVIDEZ

Aquela que não responde ao tratamento de ataque após 30-60 minutos

EXAMES
1. Hemograma
2. Dosagem de eletrólitos e pH do sangue
3. Gasometria arterial
4. RX de tórax

CONDUTA
1. Internar em UTI
2. Oxigenoterapia em cateter nasal ou máscara.
Nos casos severos (PaCO2 abaixo de 60-65mmHg persistente, PaO2 < 40mmHg e exaustão materna) é indicada intubação
e ventilação mecânica

3. Esquema Inicial:
• Beta-2 agonistas
– Inalatórios: Fenoterol 0,5% 2,5mg (0,5ml)/3ml salina OU Salbutamol 0,5% 2,5mg (0,5ml)/3ml salina
– Subcutâneo: Epinefrina 1:1000 - 0,3 a 0,5ml
– Intravenoso: Salbutamol: Ataque: 250mcg em 10 minutos
Manutenção: 3-20mcg/minuto (com a resposta e frequência cardíaca)
– Terbutalina: Ataque: 250mcg em 10 minutos
Manutenção: 1,5 a 5mcg/min. (de acordo com a resposta e FC)

• Aminofilina EV:
– Dose de ataque: 5 -6mg/Kg (se não usou nas últimas 24h) ou 2,5-3mg/Kg (se usou e sem sinais de toxicidade),
diluído em SF em 30 minutos. Manutenção: 15 a 20mg/Kg/24h

• Corticóides EV:
– Hidrocortisona: 3 – 4mg/Kg de 6/6h
– Metilprednisolona – 40 – 80mg 6/6 ou 8/8h. Nos casos graves, até 125mg 6/6h

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PNEUMONIA NA GRAVIDEZ

EXAMES
1. RX de tórax
2. Hemograma completo e Hemocultura
3. Exame do escarro por bacterioscopia direta e Cultura do escarro
4. Coleta do material broncopulmmonar
5. Punção do líquido pleural e Punção aspirativa transtorácica

CONDUTA
1. Antibioticoterapia
• Ceftriaxona 02g + SF 0,9% 100ml IV 24/24h + Azitromicina 500mg VO por 7 dias
• Alérgica à Penicilina: Clindamicina + Aztreonam
• Pneumonia severa: Vancomicina + Azitromicina + Aztreonam
2. Cuidados gerais – oxigenoterapia, hidratação venosa

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EDEMA AGUDO DE PULMÃO NA GRAVIDEZ

DIAGNÓSTICO CLÍNICO
1. Quadro moderado: tosse seca e persistente, taquicardia, taquipnéia e poucos estertores crepitantes pulmonares. O RX
de tórax pode mostrar apenas aumento da trama vascular, com acentuação da circulação no ápice e ingurgitamento
das artérias pulmonares. A gasometria é normal ou evidencia alcalose respiratória.
2. Quadro grave: tosse produtiva, franca dispnéia, estertoração até ápice pulmonar, secreção rósea e bolhosa pela boca
e nariz. RX de tórax mostra opacidade pulmonar difusa e gasometria arterial evidencia hipoxemia, retenção de CO2 e,
nos casos mais graves, acidose respiratória.

EXAMES:
1. Eletrólitos – sódio e potássio
2. Uréia e creatinina
3. Gasometria arterial
4. ECG
5. RX de tórax

CONDUTA:
1. Paciente sentado ou elevação da parte superior do tronco e cabeça a 45º
2. Máscara facial de O2, procurando manter a PO2 > 60mmHg
3. Sulfato de Morfina – para reduzir a ansiedade, reduzir o gasto de energia respiratória, diminuir a pressão atrial direita
e diminuir as catecolaminas maternas.
Forma de administração: solução diluída (1mg/ml) dada a velocidade de 1mg/min até atingir a dose 3-5mg. Pode ser repetida
em intervalos de 15 minutos até um máximo de 10-15mg. Em caso de depressão respiratória, usar Naloxone 0,4mg EV e
repetidos a intervalos de 2 a 3 minutos S/N.
4. Meperidina: 01 ampola em 8ml de SF, fazer 1-2ml EV, 5/5 minutos até melhora da ansiedade
5. Diuréticos (Furosemida): 40-80mg EV
6. Nitratos: 10mg SL a cada 3 horas
7. Digitálicos: não são drogas de 1º escolha
8. Beta-bloqueadores: droga de escolha nos casos de EAP por estenose mitral.
Metoprolol – 5mg EV a cada 5 minutos até atingir 15mg. A seguir, Metoprolol 50mg VO 2x/dia nas 1as 24 horas, e depois
100mg 2x/dia.
9. Nitroprussiato de sódio: em casos de hipertensão arterial grave, descartando-se IAM
10. Assistência ventilatória mecânica
Indicações: PO2 < 60mmHg ou PCO2 > 45mmHg em ar ambiente OU PO2 < 70mmHg ou PCO2 > 55mmHg com máscara de O2.

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COVID-19

# PREVENÇÃO:

1) MEDIDAS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL:


Máscaras, distanciamento social, higienização frequente das mãos com água e sabão ou álcool gel 70%.

2) MEDIDAS PARA O CONTROLE DA INFECÇÃO DENTRO DA UNIDADE DE SAÚDE:


• Vacinação para todos os profissionais de saúde, incluindo estudantes e voluntários
• Uso de EPI apropriado pelos profissionais de saúde ao entrar em área de isolamento de paciente doente ou em contato
com casos suspeitos ou confirmados.
• Máscaras cirúrgicas no ambiente hospitalar e N95 se maior risco de transmissão de aerossóis
• Utilizar proteção dos olhos com óculos ou face shield quando em procedimentos invasivos

Manual de recomendações para a assistência à gestante e puérpera frente à pandemia de Covid-19 / MS

3) VACINAÇÃO: Todas as mulheres que planejam engravidar e as gestantes devem receber a vacina e suas doses de reforço
independente se já foram infectadas pelo vírus Sars-CoV-2.

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Protocolo de Urgências Ginecológicas e Obstétricas

# FATORES DE RISCO PARA GRAVIDADE EM GESTANTES:

>35 anos obesidade HASC DM2 gestantes não vacinadas

# CLASSIFICAÇÃO CLÍNICA DA COVID-19 SEGUNDO A GRAVIDADE:

A. LEVE (Síndrome Gripal – SG): tosse, odinofagia, coriza, seguida ou não de: Anosmia e Ageusia. Ainda podem estar
presentes: diarreia, dor abdominal, febre, calafrios, mialgia, fadiga, cefaleia

B. MODERADO:
Tosse persistente + Febre persistente diária
OU Tosse persistente + Piora progressiva de outro sintoma relacionado à COVID (Astenia, prostração, hipotermia, diarreia)
OU Pelo menos 1 sintoma acima + presença de fator de risco

C. GRAVE (Síndrome Respiratória Aguda Grave - SRAG): Síndrome Gripal +


Dispnéia / desconforto respiratório
OU Pressão persistente no tórax
OU SPO2 menor ou igual a 95% em ar ambiente
OU Cianose em lábios ou rosto

D) DOENÇA CRÍTICA

Disfunção de múltiplos órgãos OU Choque séptico OU Falência Respiratória

• GESTANTES QUE APRESENTAM TAQUIPNEIA OU DISPNEIA:


-Aplicar o Escore de Alerta Obstétrico Modificado (MEOWS):
Dois ou mais sinais de alerta amarelo OU um ou mais sinais de alerta vermelho OU síndrome respiratória aguda
grave (SRAG) = CUIDADOS INTENSIVOS.

Manual de recomendações para a assistência à gestante e puérpera frente à pandemia de Covid-19 / Ministério da Saúde

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# DIAGNÓSTICO:

1. RT -PCR
• Diagnostica infecção vigente (swab de naso e orofaringe): Alta sensibilidade e especificidade, o resultado depende
da duração da doença.
• Colher assim que surgirem os sintomas.
• Teste preferível quando sintomático
• Limitação - baixo valor preditivo negativo
2. SOROLOGIA (ANTICORPO)
• Diagnostica infecção prévia ou infecção com 3-4 semanas de duração.
• IgG positiva a partir do 14º dia do início dos sintomas e IgM positiva após o 7º dia.

3. ANTÍGENO
• Diagnostica infecção vigente (Swab nasofaríngeo ou nasal / testes rápidos), colher imediatamente após a suspeita
• Menos sensível do que o RT PCR: a sensibilidade é maior em sintomáticos dentro de 5-7 dias, mas já pode ser
identificado dentro de 1-5 dias. Exame de triagem
• Limitação - baixo valor preditivo negativo.
• Deve ser realizado em toda paciente com indicação de internamento.

Notificação compulsória: Todos os casos suspeitos de síndrome gripal (SG) ou síndrome


respiratória aguda grave (SRAG) devem ser notificados ao núcleo de epidemiologia em até
24h. A notificação à base de dados do SUS deve ser feita por meio do sistema e-SUS-Notifica
- https://notifica.saude.gov.br e https://www.cievspe.com/notifique-aqui

# INTERPRETAÇÃO EXAMES DA COVID-19:

Manual de recomendações para a assistência à gestante e puérpera frente à pandemia de Covid-19 / Ministério da Saúde

# ASSISTÊNCIA CLÍNICA À GESTANTE COM COVID-19:

1. ASSINTOMÁTICAS:
• Orientar o automonitoramento dos sintomas + isolamento social.
• O pré-natal pode ser realizado por telemedicina até que o isolamento finalize.

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Protocolo de Urgências Ginecológicas e Obstétricas

2. SINTOMÁTICAS:
• Avaliação inicial ambulatorial + instruções sobre transmissibilidade.
• Se Início dos sintomas há <48 horas em casos moderados/graves:
– Oseltamivir 75mg 12/12h por 5 dias
• Fisioterapia respiratória

• ATENÇÃO: Paxlovid não é indicado na gestação.

3. INDICAÇÕES DE HOSPITALIZAÇÃO:

SpO2 <95% FR >30 ipm IO: PaO2/FiO2 <300mmHg Infiltrado pulmonar >50%

4. INDICAÇÕES DE CUIDADOS INTENSIVOS (UTI):


Quando a gestante apresenta ao menos um dos critérios abaixo:

• Sem melhora da saturação de oxigênio apesar da oferta de O2 (SatO2 <95% com oferta de6 L/min;
• Esforço ventilatório (uso de musculatura acessória, tiragem intercostal, batimento de asa nasal) apesar da oferta
de O2;
• Necessidade de ventilação mecânica
• Relação pO2/FiO2 < 300;
• Hipotensão arterial (PAS) < 100mmHg ou pressão arterial média (PAM) < 65mmHg;
• Alteração da perfusão periférica (tempo de enchimento capilar);
• Alteração do nível de consciência;
• Oligúria
• Aumento do SOFA EM 2+ pontos em relação a avaliação basal

# AVALIAÇÃO DA PACIENTE INTERNADA:

1. SATURAÇÃO ALVO: SatO2>95%

Se menor que o alvo, colher gasometria arterial:


- PaO2> 70mmHg é o alvo para garantir um bom gradiente de difusão de O2 através da placenta;
- Pacientes em suporte de O2 devem manter SpO2 entre 92-96%.

2. SUPORTE RESPIRATÓRIO:
• MANEJO DO BRONCOESPASMO:
Salbutamol 100 mcg 2-4 jatos de 6/6h com espaçador

→ Se história de asma ou DPOC:


Broncodilatador de longa ação: - Formoterol+ budesonida ou formoterol+ beclometasona 100/6 mcg 2 jatos 12/12h

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OXIGENIOTERAPIA:

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3. CORTICOTERAPIA:
Deve ser considerada após 7 dias do início dos sintomas se a paciente mantiver quadro de comprometimento pulmonar
importante:

Obs: Se assintomática ou ambulatorial - não indicada

4. PROFILAXIA PARA TEV:


• Em todas as pacientes internadas e/ou sintomáticas
• Profilaxia mecânica deve ser realizada se a farmacológica for contraindicada
• Assintomáticas: não é indicada a não ser em casos específicos como passado de TEV
• Descontinuar na alta
• HNF é preconizada devido a fácil reversão em comparação HBPM se o parto estiver próximo:

ANTÍDOTO: SULFATO DE PROTAMINA: 1 ampola de 5ml com 50mg (1ml = 10mg).


*Cada 1 mL de Protamina1000® neutraliza 1.000 U de heparina

• Para pacientes que não tem o parto planejado dentro de poucos dias:

Obs: Se assintomática ou ambulatorial - não indicada

5. ANTIBIOTICOTERAPIA:
- Se critérios clínicos e radiológicos de pneumonia bacteriana
e/ou
- Febre > 72h

• Esquema inicial proposto:


- Esquema Oral:
Cefuroxima(500mg 12/12h) + Azitromicina (500 mg VO 1 x/dia)
Ou Amoxicilina(500mg 8/8h)+ azitromicina ( 500 mg VO 1 x/dia)

• - Esquema EV:
Ceftriaxona (2 gramas EV, 1 vez ao dia) + Azitromicina 500 mg VO 1x/dia por 5 dias

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Protocolo de Urgências Ginecológicas e Obstétricas

CONDUÇÃO CLÍNICA:

→ Raio x de tórax é suficiente para avaliação inicial de complicações pulmonares


→ TC pode ser realizada (sem contraste) nos seguintes casos:

• Paciente com RT PCR e Influenza negativos, mas com suspeita clínica


• Suspeito com Derrame Pleural, Caverna, Cavitações ou nódulo pulmonar ao RX tórax
• Mais de 7 dias de evolução da doença
• Contactante de caso de TB
• Paciente positivos ou suspeitos que estão evoluindo desfavoravelmente

A USG de tórax pode substituir os métodos com radiação se houver profissional capacitado

MANEJO OBSTÉTRICO:

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Protocolo de Urgências Ginecológicas e Obstétricas

INTRAPARTO:
- Testar todas as gestantes admitidas na unidade: buscar manifestações clínicas, diagnóstico de COVID19 há menos de 10 dias
e contatos próximos de caso confirmado

- Oferecer máscara cirúrgica à paciente


- Devem permanecer em sala de isolamento durante todo o período de pré parto, parto e puerpério
- Se procedimentos cirúrgicos: recuperação pós-anestésica deverá ser feita na própria sala cirúrgica
• O vírus é incomum na secreção vaginal e no líquido amniótico, então ruptura das membranas não é contraindicada.
• O puxo dirigido não é recomendado uma vez que aumenta as partículas no ar e pode ocasionar perda fecal, que
geralmente contém o vírus e aumenta a chance de transmissão.
• O ideal é que a paciente use máscara cirúrgica, mas se ficar desconfortável, pode retirá-la
• O clampeamento do cordão umbilical deve ser oportuno
• Contato pele a pele + aleitamento materno deve ser estimulado.
• Não é recomendado separar mãe e bebê durante o puerpério imediato

# CUIDADO PUERPERAL DA PACIENTE INFECTADA

• DISPNEIA E HIPOXEMIA PÓS PARTO


- Realizar diagnóstico diferencial com sepse, evolução para doença pulmonar grave relacionada à COVID, influenza,
cardiomiopatia, TEP + monitoração contínua em UTI

• FEBRE PÓS PARTO


- Realizar diagnóstico diferencial com endometrite, infecção de sítio cirúrgico, mastite, influenza, pielonefrite, colite
pseudomembranosa devido ao Clostridium difficile.

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ENDOCARDITE BACTERIANA NA GRAVIDEZ


Fonte: Posicionamento da SBC para gravidez e planejamento familiar na mulher com cardiopatia, 2020

INDICAÇÃO DE PROFILAXIA: nos casos de manipulação dentária ou periodontais, ou do trato gênitourinário, ou nas cardiopatas
de alto risco para endocardite:
• Próteses valvares
• Próteses implantadas transcateter
• Material protético usado para plastia valvar, como anéis para anuloplastia e corda artificial
• Endocardite infecciosa prévia
• Cardiopatia congênita
• Cianogênica não operada: cardiopatia complexa com lesão residual (shunts, regurgitação)

Drogas: 1h antes do procedimento fazer:


• Ampicilina 2g EV/IM + Gentamicina 1,5mg/Kg VO/EV/IM
*Alérgicos a penicilina/ ampicilina/ amoxacilina: trocar a ampicilina por: Vancomicina 1g EV em 1h

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INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO NA GRAVIDEZ

EXAMES
1. RX de tórax: para avaliar área cardíaca e descartar outras causas de dor
2. ECG: o achado mais significativo é a elevação do segmento ST, decorrente da oclusão coronariana. O surgimento de
ondas Q reflete a existência de necrose do músculo cardíaco. Em fases mais avançadas, ocorre desaparecimento do
supredesnivelamento e inversão de onda T.
3. Dosagem dos marcadores de necrose miocárdica séricos: Mioglobina/Troponina/CPK/CKMB.
4. Ecodopplercardiograma
5. Cintilografia miocárdica, não é um método recomendado na vigência de gestação

CONDUTA:
1. Acesso venoso, monitorização cardíaca, tanto materna quanto fetal
2. Oxigênio: 2 a 4 litros/min sob cateter ou máscara
3. Aspirina 200mg VO ataque. Manutenção: 100mg/dia
4. Nitrato – Dinitrato de Isossorbida ou Propilnitrato 10mg SL a cada 3h nas 1º 48h.
5. Nitroglicerina, em caso de falha do Nitrato
6. Β-bloqueador, se sem contraindicação (hipotensão, ICC, asma, ↓FC e bloqueio cardíaco)
a. Metoprolol 5mg EV a cada 5 minutos até máximo de 15mg. A seguir, 50mg VO 2x/dia por 24h e depois, 100mg 2x/dia.
7. Sulfato de Morfina – ampolas de 5 e 10mg. Aplicar 2 a 4 mg EV a cada 5 minutos se falha do Dinitrato de Isossorbida
no controle da dor
8. Terapia trombolítica (Estreptoquinase) – É contraindicação relativa na gestação
9. Angioplastia primária – relativamente segura na gestação, sobretudo em fases mais tardias.
10. Revascularização cirúrgica, em casos mais graves, por indicação do cardiologista.

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PARADA CARDIORESPIRATÓRIA NA GESTANTE

# DEFINIR PCR COM:

• FIBRILAÇÃO VENTRICULAR/TAQUICARDIA VENTRICULAR (sem pulso)


1. PC confirmada
2. Ausência de pulso
3. Golpe pré-cordial
4. Ausência de pulso
5. Ressuscitação cardiopulmonar até ter desfribilador
6. Ver ritmo cardíaco. Se persiste FV
7. Desfibrilar: 200 joules (b)
8. Desfibrilar 200-300 joules
9. Desfibrilar com mais 360 joules
10. Ressuscitação cardiopulmonar, se pulso ausente
11. Estabelecer acesso venoso
12. Adrenalina 1:10.000 – 0,5 – 1,0ml EV (c)
13. Entubar se possível (d)
14. Desfibrilar com > 360 joules
15. Lidocaína – 1mg/Kg EV bolus (e)
16. Desfibrilar com > 360 joules (b)
17. Lidocaína – 1mg/Kg EV push (e)
18. Considerar uso de bicarbonato (f)
19. Desfibrilar com > 360 joules (b)
20. Lidocaína – 1mg/Kg (e)
21. Desfibrilar com > 360 joules
22. Repetir lidocaína
a. Ver pulso radial e ritmo cardíaco antes de cada choque
b. Adrenalina deve ser repetida a cada 5 minutos
c. A entubação é o ideal. Mas a desfibrilação e a adrenalina são mais importantes inicialmente.
d. Pode ser repetida a lidocaína 0,5mg/Kg em bolo a cada 8 minutos até total de 3mg/Kg
e. O valor do bicarbonato de sódio é questionável durante a parada cardíaca. Considerar seu uso neste momento
numa dose de 1MEq/Kg. Metade da dose pode ser repetida a cada 10 minutos.

• ASSISTOLIA
1. Se assistolia presente (a)
2. Continuar ressuscitação cardiopulmonar
3. Estabelecer acesso venoso
4. Adrenalina 1:10.000 – 0,5 – 1ml EV push (b)
5. Entubar (c)
6. Atropina
7. Considerar bicarbonato de sódio (d)

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8. Considerar uso de marcapasso


a. Confirmar assistolia em 2 derivações
b. Repetir adrenalina a cada 5 minutos
c. Se for possível entubar. Caso contrário, RCP e adrenalina são mais importantes inicialmente.
d. Valor do bicarbonato de sódio é questionável como rotina. Seu uso neste momento seria na dose de 1MEq/Kg

PCR EM GESTANTE

Tempo de PCR Chances


< 4 minutos Boa chance com ressuscitação imediata
4-6 minutos Possível dano cerebral
> 6 minutos Dano cerebral quase sempre irreversível

1. Definir a PCR;
2. Todas as pacientes devem ser estratificadas quanto a morbidade materna aguda grave, utilizar o Modified Early Obstetric
Warning Score (MEOWS), disponível no Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP);
3. Planejamento pré-evento:
a. Desfibrilador e drogas para PCR disponíveis no setor, material para PCPM e drogas para manejo de complicações
obstétricas,
4. Na confirmação de PCR seguir fluxograma abaixo;
5. Parto cesáreo perimortem (PCPM):
a. Não remover a paciente de setor;
b. Iniciar até 4min após estabelecimento da PCR;
c. Não realizar assepsia;
d. Não realizar monitoramento fetal;
e. Incisão na pele e histerotomia devem ser realizadas de acordo conforme familiaridade do médico assistente,
preferencialmente, incisão mediana e histerotomia logitudinal;
f. Após dequitação, realizar histerorrafia sem toalete uterino e fechamento da cavidade abdominal por planos.
g. Antibioticoterapia e ocitocina só devem ser administradas se a RCP for bem sucedida.
6. Cuidados pós-PCR:
a. Elucidar causa de PCR na gestante;
b. Se gestante: manter em DLE, com monitorização fetal e materna contínuas;
c. Encaminhar para Unidade de Terapia Intensiva (gestante ou puérpera).

Recomendações de nº de Ventilações (V)


e nº de compressões torácicas

2V:15C 1V:5C
se houver, 1 ressuscitador se, 2 ressuscitadores
Total: 80-100 compressões torácicas/min

Tempo de 4-5min para realização de PCPM

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Definir PCR

Chamar ajuda

AVP acima Ventilação com Monitorização Se uso de MgSO 4: Se AFU ao nível


do diafragma AMBU a 100% parar infusão e do umbigo, manter
O2 15L/min fazer Gluconato desvio lateral E do
de Cálcio 10% útero durante
Ritmo chocável? 30ml EV bolus toda reanimação

SIM NÃO

Desfibrilação
RCP por 2min
RCP por 2min Epinefrina 1mg a cada 3-5min
Ritmo chocável?

SIM NÃO

RCP por 2min


Desfibrilação
Epinefrina 1mg a cada 3-5min
Ritmo chocável?
RCP por 2min
Epinefrina 1mg a cada 3-5min
SIM NÃO
Ritmo chocável?

Desfibrilação

RCP por 2min


Epinefrina 1mg a cada 3-5min
SIM Amiodarona 300mg (1º ciclo) e
150mg (ciclos subsequentes) NÃO
Ritmo chocável?

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HIPERTENSÃO ARTERIAL CRÔNICA

Dx: PAS ≥ 140mmHg e/ou PAD ≥ 90mmHg com IG < 20 semanas, e persiste > 42 dias pós-parto.

CONDUTA:
1. Pacientes com PA controlada e habituada a atividades físicas, permite-se exercícios moderados e seguimento ambulatorial
2. O uso de anti-hipertensivo é indicado, se PAS > 160mmHg ou PAD > 105mmHg persistente
3. Manter PAS: 120-140mmHg, e PAD: 85-90mmHg
4. Pré-eclâmpsia superposta < 34 sem - fazer o corticóide para amadurecimento pulmonar fetal.
5. Pré-eclâmpsia superposta com gravidade - fazer MgSO4 (prevenção da eclâmpsia).

DROGA DE ESCOLHA:
• 1º escolha: Metildopa – dose inicial 750mg/dia e máxima 2 a 3g/dia, 2-4 tomadas por dia
• 2º escolha: Nifedipina – dose inicial 30mg/dia e máxima 120mg/dia, 2-3 tomadas por dia
• 3ª escolha: Metoprolol – dose inicial 25mg/dia e máxima 100mg/dia, 1- 4 tomada por dia

INTERRUPÇÃO:
• IG ≥ 38 semanas  HASC controlada
• IG ≥ 37 semanas  PE superposta controlada e HASC de difícil controle
• IG ≥ 34 semanas  PE superposta severa

- Nas situações abaixo, a interrupção mais breve independente da IG ou ciclo do corticóide:


• PE superposta + HAS maligna
• Eclâmpsia
• EAP
• DPPNI
• SFA
• CIVD.

VIA DE PARTO: indicação obstétrica.

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HIPERTENSÃO GESTACIONAL

Dx: PAS ≥ 140 e/ou PAD ≥ 90mmHg com IG > 20 semanas, e resolve-se antes da 6ª semana pós-parto.

CONDUTA: Formas leves, não há necessidade de anti-hipertensivo, nem repouso restrito na cama. Permite seguimento
ambulatorial.

INTERRUPÇÃO: ≥ 37 semanas

VIA DE PARTO: indicação obstétrica.

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PRÉ-ECLÂMPSIA

# DIAGNÓSTICO (ACOG, 2014):

CRITÉRIOS PARA PRÉ-ECLÂMPSIA: Item 1 + (Itens 2 ou 3)


1. PRESSÃO SANGUÍNEA:
• PAS ≥ 140mmHg e/ou PAD ≥ 90mmHg em 2 ocasiões num intervalo mínimo de 4h com IG > 20 semanas em
pacientes previamente normotensa
• PAS ≥ 160mmHg e/ou PAD ≥ 110mmHg, podendo ser confirmada 20 – 30 minutos após DLE
E
2. PROTEINÚRIA
• ≥ 300mg ou
• Relação Proteína/Creatinina ≥ 0,3 ou
• Labstix de 1+ (usado apenas quando não se dispõe de método quantitativo)
* LABSTIX NÃO DEVE SER USADO ROTINEIRAMENTE PARA FECHAR DIAGNÓSTICO
OU
3. Na ausência de proteinúria, instalação de hipertensão associado a um dos seguintes achados:
• Plaquetopenia – plaquetas < 100.000
• Creatinina sérica ≥ 1,1mg/dl ou 2x o valor da creatinina sem insuficiência renal
• Elevação das transaminases hepáticas em 2x o valor normal
• Edema pulmonar
• Sintomas visuais ou cerebrais

CRITÉRIOS PARA PRÉ-ECLÂMPSIA GRAVE (QUALQUER UM DOS ACHADOS)


1. PAS ≥ 160mmHg e/ou PAD ≥ 110mmHg em 2 ocasiões
2. Plaquetopenia (< 100.000)
3. Insuficiência renal progressiva:
4. Creatinina > 1,1mg/dl ou 2x o valor sem doença renal
5. Sinais de dano hepático:
6. Elevação das enzimas hepáticas séricas em 2x o valor normal, dor persistente em quadrante abdominal superior sem
resposta à medicação analgésica
7. Edema pulmonar
8. Instalação de distúrbios visuais ou cerebrais
* O CRITÉRIO DE PROTEINÚRIA MACIÇA E CIUR FORAM ABANDONADOS PARA DIAGNÓSTICO

EXAMES COMPLEMENTARES (ROTINA DE PE SEMANAL)


1. Hemograma com plaquetas
2. Uréia e Creatinina e Ácido Úrico
3. TGO, TGP e BT e frações
4. DHL
5. Relação albumina/creatinina na urina (fazer apenas 1x – para diagnóstico)
6. USG Obstétrica com Doppler semanal (se normal)

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7. CTG semanal (se normal)


8. Monitorização da diurese de 24h e peso em jejum

# CONDUTA

• PRÉ-ECLÂMPSIA SEM GRAVIDADE


1. Dieta normossódica
2. Repouso em decúbito lateral esquerdo (DLE) intermitente. Sem repouso restrito no leito.
3. Exames complementares (Rotina de PE) semanal no PNARD.
4. Não há necessidade de anti-hipertensivo, corticóide, MgSO4 para prevenção da Eclâmpsia.
INTERRUPÇÃO: ≥ 37 semanas
VIA DE PARTO: indicação obstétrica.

• PRÉ-ECLÂMPSIA COM GRAVIDADE


1. Dieta normossódica
Anti-hipertensivo, se PAS ≥160 e/ou PAD ≥110mmHg (Objetivo: PAD 85-90 mmHg)
- 1º escolha: Metildopa – dose inicial 750mg/dia e máxima 2 a 3g/dia, 2-4 tomadas por dia
- 2º escolha: Nifedipina – dose inicial 30mg/dia e máxima 120mg/dia, 2-3 tomadas por dia
- 3ª escolha: Metoprolol – dose inicial 25mg/dia e máxima 100mg/dia, 1 – 4 tomadas por dia
2. Corticoterapia: Betametasona 12mg IM. Repete com 24h.
3. Profilaxia anticonvulsivante: Sulfato de magnésio (MgSO4)
- Ataque: MgSO4 50% - 12ml (6g) + SF 0,9% ou SRL 100ml EV em 20-30 minutos.
- Manutenção: MgSO4 50% - 12ml (6g) + SF 0,9% ou SRL 500ml em BIC (84ml/h) 6/6h.
- Duração da manutenção: até estabilização da PA
4. Terapia da crise hipertensiva:
- Hidralazina 1amp + 9ml ABD – fazer 2,5ml (5mg) EV 20/20 minutos, se PAS ≥ 160mmHg e/ou PAD ≥ 110mmHg.
Dose máxima: 10ml da solução (20mg/dia)
- Se crise hipertensiva, hidratação venosa com SRL ou SF 0,9% 500ml nas 24h. Máximo: 150ml/hora.

INTERRUPÇÃO:
1. IG > 34 semanas: Mãe e feto com boas condições. Só se permite prolongar a gestação (até, no máximo, 36 sem)
enquanto se aguarda estrutura para um prematuro (ex. vaga de UTI).
2. IG < 34 semanas:
- Sempre após 48h do uso corticóide, se mãe/feto permitirem, na presença das seguintes situações:
• TPP
• Plaquetopenia < 100.000
• Elevação persistente (2x o valor normal) das enzimas hepáticas
• Diástole reversa no Doppler da artéria umbilical
• Instalação ou piora da disfunção renal
- Não se posterga a interrupção após o uso do corticóide nas seguintes situações:
• HAS severa incontrolável
• Eclâmpsia
• EAP

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Protocolo de Urgências Ginecológicas e Obstétricas

• DPPNI / CIVD
• SFA / Óbito fetal.
3. IG qualquer, após estabilização materna: Mãe e/ou feto em condições instáveis.
* Não decidir a interrupção baseada no quantitativo ou piora da relação albumina/creatinina.
• PÓS-PARTO NA PE COM GRAVIDADE
1. Exames complementares (Rotina de PE)
2. Liberação da dieta após estabilização da PA
3. Dieta normossódica
4. Profilaxia anticonvulsivante: manter por 24 horas após o parto.
5. Profilaxia de tromboembolismo: Enoxaparina 40mg/dia SC até alta hospitalar (se preencher critérios de
risco para TEV – VIDE capítulo)
6. Proteção gástrica – Pantoprazol 40mg/dia EV
7. Terapia da crise hipertensiva, se PAS ≥ 160mmHg e/ou PAD ≥ 110mmHg:
- 1º escolha: Captopril 25mg VO
- 2º escolha: Nifedipina 10mg VO
- Se crise hipertensiva, SRL ou SF 0,9% 500ml nas 24h. Dose máxima: 150ml/hora.
8. Anti-hipertensivo de manutenção – iniciar 24h pós-parto, se crise hipertensiva persistente
- 1º escolha: Captopril – dose inicial: 75mg/dia VO e dose máxima: 150mg/dia VO
- 2º escolha: Nifedipina Retard – dose inicial: 10mg 12/12h e dose máxima: 120mg/dia
9. Monitorização da diurese de 24h
10. Evitar o uso de AINH
11. Parecer cardiológico
12. Alta hospitalar – estabilização da PA.
13. Reavaliação com 7-10 dias
14. Nas pacientes onde se instala quadro de HAS severa, associado à cefaléia, escotomas no pós-parto, fazer
terapia anticonvulsivante com MgSO4

# PREVENÇÃO DA PRÉ-ECLÂMPSIA

INDICAÇÃO:
Alto risco: um dos critérios presentes
• Doença hipertensiva em gravidez prévia ou HASC
• Doença hepática crônica
• Doenças auto-imunes (LES ou SAAF)
• Diabetes I ou II
Moderado risco: dois ou mais dos critérios presentes
• Primeira gravidez ou gravidez com intervalo > 10 anos
• Idade > 40 anos
• IMC> 35Kg/m3
• Hist familiar de PE
• Gestação múltipla
• Alt. fluxo das aa. uterinas
• Adolescente

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O QUE FAZER:
1. Usar ASS 100 a 150mg/dia, de 11-14 semanas até 36 semanas
2. Reposição de Cálcio em pacientes com ingesta diminuída <600mg/dia – 1,5g/dia
3. Não usar vitamina C ou E
4. Dieta normossódica

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ECLÂMPSIA

EXAMES
1. Hemograma com plaquetas
2. Uréia, Creatinina e Ácido Úrico
3. TGO, TGP
4. BT e frações
5. DHL
6. Proteinúria de 24h

CONDUTA NA GRAVIDEZ
1. Garantir permeabilidade de via aéreas
2. Oxigenoterapia
3. Venóclise
4. Não fazer anti-hipertensivo IV antes da interrupção - risco de hipoperfusão fetoplacentário
5. Não interromper a gestação durante as crises convulsivas. Estabilizar a paciente primeiro
6. Terapia anticonvulsivante:
- Ataque: MgSO4 50% 12ml (6g) + SF 0,9% ou SRL 100ml EV em 20-30 minutos.
- Manutenção: MgSO4 50% 24ml (12g) + SF 0,9% ou SRL 500ml em BIC (84ml/h) 6/6h.
7. Avaliação clínica e obstétrica
8. Terapia da crise hipertensiva:
- Hidralazina 1amp + 9ml ABD – fazer 2,5ml (5mg) EV 20/20 minutos, se PAS ≥ 160mmHg e/ou PAD ≥ 110mmHg. Dose
máxima: 10ml da solução (20mg/dia)
- Se crise hipertensiva, hidratação venosa com SRL ou SF 0,9% 500ml nas 24h. Máximo: 150ml/hora.
9. Estabilização do quadro clínico
10. Interrupção da gravidez

CONDUTA PÓS-PARTO
1. Repetição da bioquímica e hematologia
2. Liberação da dieta após estabilização da PA
3. Dieta normossódica
4. Profilaxia anticonvulsivante: manter por 24 horas após última crise convulsiva.
5. Profilaxia de tromboembolismo: Enoxaparina 40mg/dia SC até alta hospitalar (se preencher critérios para profilaxia
para TEV – VIDE capítulo)
6. Proteção gástrica: Pantoprazol 40mg/dia EV
7. Evitar o uso de AINH
8. Terapia da crise hipertensiva, se PAS ≥ 160mmHg ou PAD ≥ 110mmHg:
- 1º escolha: Captopril 25mg VO
- 2º escolha: Nifedipina 10mg VO
- Se crise hipertensiva, SRL ou SF 0,9% 500ml nas 24h. Dose máxima: 150ml/hora.

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Protocolo de Urgências Ginecológicas e Obstétricas

9. Anti-hipertensivo de manutenção – iniciar 24h pós-parto, se PAS > 150 e/ou PAD > 100mmHg
- 1º escolha: Captopril – dose inicial: 75mg/dia VO e dose máxima: 150mg/dia VO
- 2º escolha: Nifedipina Retard – dose inicial: 10mg VO 12/12h e dose máxima: 120mg/dia
10. Monitorização da diurese de 24h
11. Parecer cardiológico
12. Alta hospitalar – após estabilização da PA.

CONDUTA NA RECORRÊNCIA
1. Primeira recorrência
- Ataque : MgSO4 50% - 6ml (3g) + ABD 12ml EV em 20 a 30 minutos
- Manutenção : MgSO4 50% - 24ml (12g) + SF 0,9% ou SRL 500ml em BIC (84ml/h) 6/6h
- Duração: 24h após última crise convulsiva
2. Segunda recorrência:
- Dose inicial (hidantalização): 15-20mg/kg ou 1000mg
Apresentação: Fenitoína - ampola 5ml = 250mg
Diluição: SF 0,9% 100ml
Velocidade de infusão: 1 hora
- Dose suplementar:
Fenitoína 500mg + SF 0,9% 500ml EV em 4h. Repete com 12 h.
- Dose de manutenção:
Fenitoína 100mg VO 8/8h por 24h.
3. Cuidados
- Monitorização com cardioscópio
- Transferência para UTI

Exames:
1. RNM ou Tomografia computadorizada contrastada do crânio
2. Avaliação neurológica

MONITORIZAÇÃO DA TERAPIA ANTI–CONVULSIVANTE


PARÂMETROS DE MONITORIZAÇÃO (a cada 6 horas)
1. FR – suspender a droga se FR < 14ipm e fazer antídoto (Gluconato de cálcio a 10% in bolus). Não retornar o MgSO4
2. Reflexos patelares – suspender a droga, se reflexos ausentes. Retornar a infusão, quando presentes novamente.
3. Diurese – suspender a droga, se oligúria (diurese < 25ml/h). Hidratar. Retornar se diurese normal.
4. FC
5. PA

ANTÍDOTO DO MgSO4 50%: Gluconato de Cálcio 10% - 1amp EV in bolus


INDICAÇÃO: nos casos de depressão ou parada respiratória.

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SÍNDROME HELLP

EXAMES
1. Hemograma com plaquetas e Coagulograma
2. Bioquímica: Uréia e Creatinina, Ácido Úrico, TGO, TGP, BT e frações e DHL
3. Relação albumina/creatinina na urina

CONDUTA
1. Premissas básicas
• A conduta de toda Síndrome HELLP visa evitar a morte materna e consiste na interrupção da gestação, após avaliada
e corrigida a plaquetopenia e o déficit nos fatores de coagulação.
• É permitido realizar o corticóide para acelerar a maturidade fetal, se condições materno/fetais permitirem. E, a
seguir, indicar a interrupção da gestação.
• Toda paciente com Síndrome HELLP deve ter uma avaliação hepática por USG ou TC para excluir hematoma hepático.
Em caso de hematoma hepático, o parto vaginal está contraindicado.
• Eventualmente, em gestações com prematuridade extrema e condições maternas estáveis, o parto poderá ser
postergado por alguns dias.
2. Conduta prévia à interrupção:
• Avaliação pré-operatória da crase sanguínea
• Transfusão de plaquetas

Plaquetas Via de parto Sinais de sangramento


< 20.000 Independente Independente
< 50.000 Cesárea Presente
• Dose: 01 unidade para cada 10Kg de peso
• Tratamento da CIVD – o plasma fresco congelado é administrado para tratamento dos fatores de coagulação;
concentrado de hemácias é utilizado para os casos de choque hemorrágico.
• Anti-hipertensivo: Hidralazina EV 5-40mg
• MgSO4 50% - mesma dose preconizada para a forma grave da pré-eclâmpsia
• Hidratação venosa, se crise hipertensiva.
• Controle rigoroso da diurese
3. Conduta conservadora (se paciente estável para fazer o corticóide)
• Anti-hipertensivo: Vide pré-eclâmpsia grave
• MgSO4 50% por 24h
• Monitorização fetal diária
• Betametasona 12mg IM. Repete com 24h
• Rotina de PE laboratorial
4. Conduta no pós-parto
• Manter o MgSO4 50% 24h após o parto ou última convulsão
5. Conduta no hematoma hepático
• Via de parto: cesárea
• Se diagnóstico pós-parto: observar com USG seriada
• Se rotura: laparotomia exploradora + transfusão de grandes volumes + cirurgião com experiência em cirurgia hepática.

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ESTADO DE MAL EPILÉPTICO NA GRAVIDEZ

EXAMES
1. Hemograma
2. Eletrólitos
3. Glicemia
4. Função renal e Função hepática
5. Gasometria arterial
6. Sumário de urina
7. Avaliação toxicológica
8. TC, líquor e EEG – após estabilização do quadro

MEDIDAS GERAIS
1. Manutenção das vias aéreas e oxigenação
2. Monitorização de sinais vitais (ECG e oximetria de pulso)
3. Evitar hipertermia
4. Acesso venoso

MEDIDAS ESPECÍFICAS
1. Manutenção das funções vitais
2. Controle da hipoglicemia – glicose 25% ou 50%
3. Controle do alcoolismo – Tiamina 100mg/Kg EV
4. Tratamento anticonvulsivante:
• Diazepan – dose inicial: 5-10mg EV / manutenção: 0,15 a 0,25mg/Kg EV
1. Caso não cesse – Fenitoína 1,8mg/Kg EV (infusão de 50mg/min)
2. Caso não cesse – Fenitoína mais 7 a 10mg/Kg EV
3. Caso não cesse – Fenobarbital 20mg/Kg EV, dividido em 3 doses, sendo a 1º de 5mg/Kg (infusão de 100mg/min)
4. Caso não cesse – Midazolam 0,2ng/Kg EV
5. Caso não cesse – Tiopental 2 a 4 mg/Kg EV
6. Caso não cesse – anestesia com halotano ou curare
7. CASO CESSE (em algum momento) – Manutenção com Fenitoína

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ABORDAGEM PSIQUIÁTRICA NA GRAVIDEZ

# SINTOMAS DE HUMOR:

NA GRAVIDEZ:
1. Se paciente apresenta depressão leve, é possível encaminhar para psicoterapia.
2. Avaliar história prévia de depressão e medicações em uso. Se paciente apresenta história de boa resposta a uma
medicação específica, em geral, reintroduzimos essa mesma medicação prévia caso seja relativamente segura na
gestação (mais comentários abaixo).
3. Evitar suspender as medicações psiquiátricas de forma abrupta. Boa parte dos antidepressivos são relativamente
seguros na gravidez. Os benzodiazepínicos serão descontinuados lentamente (a depender do tempo e da dose, até em
semanas ou meses).
4. Apesar da baixa teratogenicidade, evitar benzodiazepínicos na gravidez, em especial no último trimestre, uma vez que
estão implicados em adaptação neonatal prejudicada e síndrome de abstinência no RN
5. Se paciente estiver deprimida e sem resposta a medidas não-farmacológicas, iniciar sertralina 50mg/dia pela manhã
(meio comprimido nos primeiros 4 dias) ou escitalopram 10mg/dia pela manhã (meio comprimido nos primeiros 4
dias). Ambas as opções são eficazes relativamente seguras na gravidez e na lactação.
6. Eletroconvulsoterapia (ECT) é uma medida eficaz e relativamente segura para depressão refratária, quadros catatônicos
e quadros de mania durante a gravidez.

NO PUERPÉRIO: Quando a paciente apresentar humor deprimido, avaliar se é um caso de depressão pós-parto ou blues puerperal.
Blues puerperal:
1. Sintomas iniciam-se nos primeiros dias após o nascimento do bebê.
2. Paciente necessita de orientações e acolhimento a respeito da nova fase que se inicia.
3. Reforçar apoio da família e da equipe.
4. Sintomas se resolvem de forma espontânea nas primeiras duas semanas.
Se não houver remissão dos sintomas, avaliar possível depressão pós-parto.

# DEPRESSÃO PÓS-PARTO:

1. Em geral, o tratamento medicamentoso é necessário.


2. Associação com psicoterapia e aumento do suporte familiar.
3. Avaliar risco de suicídio e se necessário orientar familiares a respeito de vigilância e afastar meios letais.
4. Preferir medicações seguras na lactação, como sertralina 50mg/dia, paroxetina 10mg/dia, escitalopram 10mg/dia,
fluvoxamina 50mg/dia (iniciar com meio comprimido por 4 dias).
Manter o antidepressivo que a paciente está usando, caso esteja sendo eficaz. Apenas caso seja iniciado no pós-parto, evitar
fluoxetina, venlafaxina, citalopram e hipérico, já que estão mais associados aos efeitos colaterais no RN.

Características Blues Depressão


Início Primeiros dias Depressão pode iniciar na gravidez e qualquer
momento depois do parto
Remissão Espontânea em até 2 Sem tratamento pode durar meses
sem
História de transtorno do humor Rara Frequente
Sentimento de culpa Ocasional Frequente

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Anedonia (falta de prazer) Raro Frequente


Choro Presente Presente
Pensamentos suicidas / machucar o bebê Ausentes Frequente
Alteração do sono Ocasional Frequente

# SINTOMAS PSICÓTICOS E AGITAÇÃO PSICOMOTORA

Psicose puerperal: Transtorno psicótico ocorrido em puérperas, constituída por quadros de agitação psicomotora e desorganização
comportamental e de discurso. Frequentemente secundários a transtorno afetivo bipolar. Podem ser provocadas por desordens
mentais (quadros dissociativos, esquizofrenia, transtorno bipolar) ou por outras causas clínicas, de início agudo.
Clínica: desorganização comportamental, irritabilidade, agitação psicomotora, delírio, pensamentos de causar danos a si mesma
ou ao bebê, prejuízo funcional, risco de suicídio e infanticídio.
• Paciente pode ver o recém-nascido se desejar, mas as visitas devem ser supervisionadas.
• O manejo de pacientes com psicose puerperal pode incluir medicamentos antipsicóticos (como a risperidona, olanzapina,
haloperidol, quetiapina) e/ou lítio.

MANEJO DO PACIENTE COM AGITAÇÃO PSICOMOTORA:


1. Tentar conversar e acolher paciente, em local tranquilo, para tentar entender a situação (muitas vezes a agitação
psicomotora pode ser por quadro ansioso ou dissociativo).
2. Utilizar o diálogo para tentar coibir comportamento agitado.
3. Caso persista agitação intensa ou o diálogo seja impossível, oferecer medicação via oral (haloperidol 5 mg + prometazina
25mg).
* Benzodiazepínicos, como Diazepam 10mg via oral, podem ser utilizados se agitação for devida a quadro de ansiedade extrema.
4. Caso recuse medicação via oral, aplicar haloperidol 5mg/ml (1 amp) + prometazina 50mg/2ml (1 amp), intramuscular.
5. Evitar diazepam IM, pois apresenta absorção errática, e não fazer clorpromazina IM inicialmente pelo risco de hipotensão.
6. Após resolução da urgência, é importante avaliação especializada para estabelecer necessidade de esquema fixo e
avaliação de risco de suicídio.
* Referência: emergência do Hospital Ulysses Pernambucano.

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Protocolo de Urgências Ginecológicas e Obstétricas

PIELONEFRITE NA GRAVIDEZ

SINTOMAS:
1. febre (>38 C - obrigatório)
2. dor no flanco
3. náuseas/vômitos
4. calafrios e/ou sensibilidade do ângulo costovertebral
5. com ou sem sintomas típicos de cistite.

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: nefrolitíase (febre é incomum).

MANEJO: internação hospitalar e antibióticos parenterais.

# Fluxograma de Tratamento na Pielonefrite:

Pielonefrite Confirmada com Garantia de urocultura


colhida na admissão e entregue ao laboratório

Primeiro episódio Se repetição ou complicada:


e não complicada Graves, obstrução do TU, Uso ATB em
até 3 meses antes (bactrin, B-lactâmico
de largo espectro e fluorquinolona)
Hidratação + HMG, SU, Urocultura + ATB
CEFUROXIMA 1,5g + 100ml SF 0,9% EV 8/8h por 48h

Hidratação + HMG, SU, Urocultura + ATB


SIM Melhora Clínica após 48h ATB EV NÃO

1. Alta Hospitalar com ATB oral (tabela abaixo) por 14d Repetir Urocultura
2. Retorno com 1 semana com resultado de Urocultura e ATBgrama
3. Urocultura de controle (fazer 7 dias após o término do tratamento)
4. Profilaxia: Nitrofurantoína 100mg a noite até 36 sem Solicitar USG Rins e VVUU
CEFTRIAXONA 1g + 100ml SF 0,9% EV 1x/dia por 10 dias

ATB oral (seguir a ordem de opções): SIM Melhora Clínica após 48h ATB EV NÃO
1. Cefuroxima 500mg 12/12h
2. Cefalexina 500mg 6/6h Hidratação + Monitorização
3. Bactrin (2º trimestre) + HMG, PCR, iono, Ur/Cr, SU,
4. Amoxacilina Urocultura e ATBgrama, hemocultura
5. Nitrofurantoína 100mg (até 36 sem) (se Tax >39, sepse, SRDA ou d. sistêmica) + ATB
6. Norfloxacina (classe C) MEROPENEM 1g + 100ml SF 0,9% EV 8/8h por 7 dias

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HIV E GRAVIDEZ

RASTREAMENTO:
Durante a gravidez: Todas as gestantes deverão ser submetidas, na 1ª consulta pré-natal e no 3º trimestre, ao teste anti-HIV
após aconselhamento pré-teste e consentimento, ressaltando o caráter voluntário e sigiloso do teste.
1. Considerar o exame negativo, se o primeiro teste da primeira amostra for não reagente.
2. Considerar o exame positivo, se o primeiro e o segundo testes da primeira amostra forem positivos, e deverá ser colhida
a segunda amostra para confirmação.
3. Quando o primeiro teste for positivo e o segundo negativo, deverá ser colhida uma segunda amostra imediatamente
e realizado novo teste.
4. Nos resultados indeterminados deve-se colher a uma segunda amostra após 30 dias e a profilaxia para o RN tem
indicação individualizada para cada caso.

Durante o internamento: Deverão ser submetidas ao teste rápido para o HIV todas as gestantes que:
1. Não fizeram pré-natal ou não realizaram o exame para o HIV durante o pré-natal.
2. Não dispões do resultado do exame ou do registro do mesmo no cartão de pré-natal.
3. Não fizeram o exame no terceiro trimestre ou não dispõem do resultado.
4. Situação de risco + troca de parceiro na gravidez, parceiro HIV positivo, profissionais do sexo, usuárias de álcool ou
outras drogas, DST na gestação ou parceiro com DST.
* O exame será precedido de consentimento informado e do aconselhamento pré e pós-teste.

INTERPRETAÇÃO DO TESTE RÁPIDO:

ENSAIOS REALIZADOS
RESULTADO OBS
TR1 TR2
Em caso de suspeita de infecção por HIV, uma nova
NR - Amostra NR para HIV amostra deverá ser coletada 30 dias após a data da
coleta desta amostra
Reagente Reagente Amostra reagente para HIV Iniciar profilaxia
Repetir os 2 TR. Permanecendo discordante, fazer coleta
Reagente NR -
venosa para sorologia

CONDUTA NA GRAVIDEZ:
1. De acordo com o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Manejo da Infecção pelo HIV em Adultos (2013) e o
Ministério da Saúde (2010), recomenda-se início da Terapia Anti-retroviral (TARV) entre todas as gestantes diagnosticadas,
independentemente do nível de LT-CD4+, mas principalmente, quando o nível for < 500céls/mm3 (e não mais < 350céls/
mm3).
2. Iniciar profilaxia da transmissão vertical, após 14 sem ou mantê-la, caso já vinha fazendo uso.
3. Manter a TARV durante toda gestação e também, após a mesma.
4. Profilaxia (3 antiretrovirais), preferencialmente: zidovudina + lamivudina + lopinavir/ritonavir
1º escolha - TDF + 3TC (dose fixa combinada 300/300mg, 1x ao dia) + RAL ( 400mg 2x ao dia)
2º escolha - (AZT + 3TC) – 01 comprimido VO 12/12h + (LPV/r) – 02 comprimidos VO 12/12h
5. Evitar procedimentos invasivos como amniocentese, biópsia de vilocorial.

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Protocolo de Urgências Ginecológicas e Obstétricas

VIA DE PARTO:
1. Gestantes IG > 34 semanas, com carga viral desconhecida ou > 1.000cópias/mL e naquelas que não realizaram TARV
durante a gravidez ou usaram monoterapia com AZT: indicar cesárea eletiva com 38 semanas.
2. Gestantes em uso de TARV e CV-HIV sustentada ou < 1.000cópias/mL, pode ser realizado o parto vaginal.
3. Gestantes em TARV com carga viral indetectável em exame realizado após as 34 semanas: o parto normal pode ser
tentado e não precisa fazer AZT prévio.
4. Caso a gestante tenha indicação de cesárea eletiva e inicie o TP antes da data prevista da cirurgia e chegue à maternidade
com dilatação mínima (< 4cm), o obstetra deve iniciar AZT IV e tentar fazer a cesárea 3 horas após a infusão.

TERAPIA ANTIRETROVIRAL:
* Administrar AZT EV em todas as parturientes, inclusive em inibição do trabalho de parto prematuro. Naquelas com indicação
de cesárea eletiva, fazer AZT 3h antes e até o clampeamento do cordão.

Medidas 2017
TARV Iniciar no pré-natal e não suspender no puerpério, independente do LT-CD4+
AZT periparto Dispensável, se CV indetectável a partir da 34ª semana gestacional
Cesária eletiva na 38ª Se CV detectável > 1.000cópias/mL ou desconhecida a partir da 34ª sem
sem
QP no RN AZT 4mg/kg a cada 12h por 4 semanas + NVP (3 doses)

ESQUEMA RECOMENDADO: AZT: 1 frasco-ampola de 20 ml tem 200 mg (10 mg/ml) diluída em soro glicosado a 5%. Iniciar
2mg/kg na 1ª hora, seguindo infusão contínua de 1mg/kg/hora em BIC.

Peso da Ataque: Manutenção:


paciente AZT + SG 5% 100ml em 1h AZT + SG 5% 100ml em 1h
Diluição Gotejamento Diluição Gotejamento
40Kg 8 ml de AZT 36 gts/min BIC 4 ml de AZT 35 gts/min BIC
50Kg 10 ml de AZT 37 gts/min BIC 5 ml de AZT 35 gts/min BIC
60Kg 12 ml de AZT 37 gts/min BIC 6 ml de AZT 37 gts/min BIC
70Kg 14 ml de AZT 38 gts/min BIC 7 ml de AZT 36 gts/min BIC
80Kg 16 ml de AZT 39 gts/min BIC 8 ml de AZT 36 gts/min BIC
90Kg 18 ml de AZT 39 gts/min BIC 9 ml de AZT 36 gts/min BIC

* Na indisponibilidade do AZT injetável, fazer 300 mg de AZT oral no início do trabalho de parto e repetir a cada 3 horas até o clampeamento
do cordão.

CUIDADOS NO PARTO NORMAL


1. Manter a integridade da bolsa amniótica
2. Clampeamento do cordão umbilical imediatamente após o nascimento sem realizar ordenha.
3. Evitar fórceps, vácuo-extrator, episiotomia e toques repetidos.

CUIDADOS NA CESÁREA
1. Uso EPI, independente do diagnóstico presumido ou definido de infecção. Preferir seringas de plástico, cortes com
tesouras ao bisturi, evitar lâminas desmontadas, utilizar pinças auxiliares na suturas, evitando os dedos, evitar sutura
por dois cirurgiões simultaneamente, passagem de pérfuro-cortante do instrumentador para o cirurgião por meio de
cubas após aviso verbal.

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Protocolo de Urgências Ginecológicas e Obstétricas

2. Hemostasia de todos os vasos sangrantes da parede abdominal e trocar as compressas antes de realizar a histerotomia,
minizando o contato do RN com o sangue materno.
3. Se possível realizar a cesárea empelicada (retirado do concepto com membranas íntegras).
4. Clampeamento do cordão umbilical imediatamente após o nascimento. Não ordenhar o cordão.
5. Realizar antibioticoprofilaxia antes do início do procedimento conforme protocolo da CCIH.
6. Gestantes em TP com indicação de cesárea, aguardar 3h do início do AZT para iniciar cesárea.

CUIDADOS NO PUERPÉRIO
1. Proibir o aleitamento materno.
2. Suprimir a lactação com Cabergolina 1,0 mg (2 comprimidos de 0,5 mg) VO em dose única (a partir do 2º trimestre).
3. Oferecer enfaixamento para as mamas ou sutiã apertado e evitar manipulação mamária.
4. Encaminhar puérpera ao SAE.

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PROTOCOLO DE PREVENÇÃO DA TRANSMISSÃO VERTICAL DA SÍFILIS

RASTREAMENTO:
• Durante a gravidez: Toda gestante deverá realizar um teste de triagem não treponêmico (VDRL) no início da gravidez
e no 3º trimestre.
• Durante o internamento: Toda gestante que não apresentar um teste de triagem (VDRL) realizado no 3º trimestre da
gravidez deverá se submeter a um VDRL ou teste treponêmico (teste rápido) na admissão.

DIAGNÓSTICO:
Para o diagnóstico da Sífilis são necessários testes treponêmicos e não treponêmicos.
A ordem fica a critério do serviço de saúde.

TRATAMENTO:
O Tratamento para sífilis está indicado nas seguintes condições:
1. VDRL positivo no momento da admissão em pacientes nunca tratadas de sífilis.
2. VDRL anterior positivo sem tratamento adequado
3. Paciente adequadamente tratada de sífilis com elevação de duas titulações do VDRL em dois exames consecutivos.

ESQUEMA RECOMENDADO:
* Penicilina Benzatina: 1 frasco-ampola de 1.200.000UI, diluir um FA em 4ml de AD e fazer IM (intramuscular) no glúteo.

Estadiamento Esquema Terapêutico com Penicilina Alternativa* (exceto Seguimento (Teste não
gestantes) treponêmico)
Sífilis recente (primária e P. G Benzatina 2,4 milhões UI, IM, dose Doxiciclina 100mg VO Teste não treponêmico
secundária) e latente recente única (1,2 milhões UI em cada nádega) 12/12h, 15 dias trimestral
(< 2 anos de evolução)
Sífilis latente tardia (com P. G Benzatina 2,4 milhões UI, IM, Doxiciclina 100mg VO Teste não treponêmico
mais de 2 anos de evolução) semanal (1,2 milhões UI IM em cada 12/12h, 30 dias trimestral
ou latente com duração nádega) por 3 sem.
ignorada e Sífilis terciária
Dose total: 7,2 milhões UI.
Neurossífilis P. G Cristalina 18-24 milhões UI/dia IV Cefitriaxona 2g IV/dia, Exame de LCR
administrada em doses de 3-4 milhões 10-14 dias por 6 meses até
UI 4/4h ou infusão contínua, 14 dias. normalização

* O parceiro deverá ser encaminhado para o tratamento.

» A Penicilina é a única opção terapêutica que trata o feto, quando ministrada antes de 30 dias do término da gestação
» Reação de Jarish-Herxheimer consiste em uma endotoxemia causada pela destruição maciça dos treponemas com liberação
de lipopolissacárides bacterianos. Ocorre mais na fase exantemática da sífilis recente após a primeira dose do antibiótico.
Geralmente exige apenas medicações sintomáticas como analgésicos e antitérmicos comuns, involuindo espontaneamente
em 12 a 48 horas não justificando a interrupção do esquema terapêutico. Expressa-se como exacerbação das lesões, febre,
calafrios, cefaléia, náuseas e artralgias. Mesmo não se tratando de uma reação de hipersensibilidade (alérgica) à penicilina,
é extremamente importante diferenciá-la de outras farmacodermias. Observa-se que todo paciente com sífilis deve ser
alertado quanto a essa possível reação quando instituído a terapêutica, em especial se for com penicilina. Em gestantes
ter alerta para possibilidade de desencadeamento de trabalho de parto pré-termo pela liberação de prostaglandinas.
» Nas gestantes deve ser empregar os mesmos esquemas com penicilina G benzatina, ressaltando que está contra-indicado
o uso da droga alternativa – doxiciclina.

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Protocolo de Urgências Ginecológicas e Obstétricas

SEGUIMENTO
1. Realizado pelo VDRL:
• Gestantes: VDRL mensal
• Não gestante: 3/3 meses (1º ano); 6/6 meses (2º ano)
2. Critérios de cura:
• VDRL negativo ou
• Queda de 2 titulações em 6 meses (Sífilis recente) ou em 12 meses (Sífilis tardia).

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Protocolo de Urgências Ginecológicas e Obstétricas

ABORDAGEM TERAPÊUTICA PARA PACIENTES USUÁRIAS DE DROGAS ILÍCITAS

INTOXICAÇÃO AGUDA
Abordagem não farmacológica
1. Repouso em ambiente tranquilo
2. Dieta leve ou jejum
3. Monitorização da hidratação e temperatura
4. Monitorização dos SSVV
5. Exame: hemograma, TPAE, INR, Na, K, uréia, creatinina, cloreto, glicemia, TGP, TGO, GGT, FA, BT e Fr, CPK, CPK-MB, Rx
tórax, ECG

Abordagem farmacológica:

# AGITAÇÃO

1. Haloperidol (Comp e Amp = 5mg)


- Dosagem: 10-15mg/dia VO ou IM dividir 2-3x/dia
2. Risperidona (Comp = 2mg) - substituto do haloperidol
- Dosagem: 4-8mg/dia VO divididos 2x/dia
- Vantagem: Menor efeito colateral e metabolismo hepático
3. Biperideno (Comp ou Amp = 2mg)
- Dosagem: 2-6mg/dia VO ou IM dividir 2-3 doses
- Indicação: evitar efeitos extrapiramidais do antipsicótico
4. Prometazina(Comp ou Amp.= 25mg) - substituto do biperideno
- Dosagem: 25-75mg/dia VO ou IM dividir 2-3doses
- Indicação: evitar efeitos extrapiramidais
5. Diazepam (Comp ou Amp = 10mg)
- Dosagem: 01comp VO 1h/1h até 60mg/dia, controle dos sinais vitais + decúbito elevado
6. Lorazepam (Comp = 2mg) - substituto do diazepan
- Dosagem: 2mg de 1h/1h até 12 mg/dia VO com retirada gradual
- Indicação: Hepatopatas e Idosos

# CONVULSÃO

1. Diazepan: 01amp/2ml + 08ml de AD. EV lento em 3 minutos até cessar convulsão, controle dos sinais vitais + aparato
em caso de complicações, e depois 10-30mg/dia VO por 7dias
2. Fenitoína (Amp.=100mg)
- Dosagem: 01amp. IM 8/8h, se convulsões múltiplas

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Protocolo de Urgências Ginecológicas e Obstétricas

# ALUCINOSE

1. Haloperidol (Comp e Amp = 5mg)


- Dosagem: 10-15mg/dia VO ou IM dividir 2-3x/dia
2. Prometazina (Comp = 25mg ou Amp = 50mg)
- Dosagem: 25-75mg/dia VO ou IM dividir 2-3doses
- Indicação: evitar efeitos extrapiramidais
3. Risperidona (Comp = 2mg)-substituto ao haloperidol
- Dosagem: 4-8mg/dia VO divididos 2x/dia
- Vantagem: Menor efeito colateral e metabolismo hepático
4. Biperideno (Comp ou Amp = 2mg) - substituto da prometazina
- Dosagem: 2-6mg/dia VO ou IM dividir 2-3 doses
- Indicação: evitar efeitos extrapiramidais do antipsicótico

# CARDIOPATIAS

1. Bloqueadores alfa/beta adrenégicos, dos canais de cálcio e até cardioversão (nas arritmias)

# HIPERTERMIA GRAVE

1. Medidas de resfriamento
2. Diazepan (Comp = 5 ou 10mg)
- Dosagem: 5-10mg/dia VO
3. Tiamina (Comp =100mg)
- Dosagem: 100-300mg/dia VO
4. Acetaminofeno (Paracetamol)
- Dosagem: 01supositório retal 12h/12h
- Se falha do diazepan no controle térmico

# SÍNDORME DE ABSTINÊNCIA

A. Bloqueio do receptor dopaminérgico


1. Amitriptilina (Comp =25-75mg)
- Dosagem: 25-100mg/dia VO de 8h/8h
2. ou Imipramina (Comp = 25-75mg)
- Dosagem: 25-100mg/dia VO de 8h/8h
3. ou Bupropiona (Comp = 150mg)
- Dosagem: 150-300mg/dia VO 2x/dia, sendo a última dose até 16h

B. Bloqueio da recaptação de serotonina


1. Fluoxetina (Comp = 20mg)
- Dosagem: 20-40mg/dia VO, dividir em 2x/dia

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Protocolo de Urgências Ginecológicas e Obstétricas

C. Anticonvulsivantes
1. Carbamazepina (Comp = 200mg ou Xarope = 20mg/ml)
- Dosagem: 200-1200mg/dia VO dividir em3x/dia
2. ou Ácido Valpróico/Divalproato (Comp = 250mg e 500mg ou Xarope = 250mg/5ml)
- Dosagem: 250-1000mg/dia VO 8h/8h

D. Benzodiazepínicos:
1. Clonazepan (Comp = 0.5mg e 2mg)
- Dosagem: 0.5-2mg/dia VO à noite por 7-14 dias
2. ou Diazepan (Comp = 5mg e 10mg)
- Dosagem: 5-10mg/dia VO à noite por 7-14 dias

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Protocolo de Urgências Ginecológicas e Obstétricas

PROTOCOLO DE ATENDIMENTO MÉDICO FRENTE ÀS VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA SEXUAL

A prevenção das infecções sexualmente transmissíveis deverá ser realizada nos primeiros 3 dias e a anticoncepção de
emergência nos primeiros 5 dias após a violência

1. Solicitar exames: VDRL; Anti-HIV; HBsAg; Anti-HBc (nas vacinadas Anti-HBs); Anti-HCV
2. Imunoprofilaxia da Hepatite B (vacina + Imunoglobulina), caso não vacinada ou não se lembre:

VACINA ANTI-HEPATITE B (imunização ativa)


Aplicar vacina IM em deltóide 0, 1 e 6 meses após a violência sexual
IMUNOGLOBULINA HUMANA ANTI-HEPATITE B ( imunização passiva)
Aplicar 0,06 ml/Kg IM em glúteo dose única

3. Profilaxia contra o HIV por 28 dias (dar receita tratamento completo e supervisionar 1ª dose):
• Critérios para recomendação de profilaxia pós-exposição sexual ao HIV
Recomendada Violência sexual com penetração vaginal e/ou anal desprotegida com ejaculação sofrida há
menos de 72 horas
Individualizar decisão Penetração oral com ejaculação
Não recomendada Penetração oral sem ejaculação
Abuso crônico pelo mesmo agressor
Agressor sabidamente HIV negativo
Uso de preservativo durante toda a agressão
Violência sofrida há mais de 72 horas

• Esquema para adultos >45 Kg:


1ª escolha Apresentação Via Posologia
ZIDOVUDINA (AZT) + LAMIVUDINA (3TC) 300mg/150mg VO 01 comp 12/12h
TENOFORVIR 200mg/50mg VO 02 comp 12/12h
1ª escolha Apresentação Via Posologia
ZIDOVUDINA (AZT) + LAMIVUDINA (3TC) 300mg/150mg VO 01 comp 12/12h
LOPINAVIR/ RITONAVIR (LPV/r) 200mg/50mg VO 02 comp 12/12h

• Profilaxia do HIV para crianças


Medicação Apresentação Via Posologia
Solução oral: 10mg/ml 180mg/m2/dose, de 12/12h
ZIDOVUDINA (ZDV) VO
Cápsula: 100mg Dose máxima: 300mg/dose
4 mg/kg – dose – 12/12h
Solução oral: 10mg/ml Dose máxima: 150 mg – 12/12h
LAMIVUDINA (3TC) VO
Comprimidos 150mg > 12 anos: 150 mg 12/12 h ou 300 mg em dose
única diária
Crianças < 2 anos: 300 mg/m2 – 12/12h
LOPINAVIR/ Solução oral: 80mg/20mg/mL Crianças > 2anos: 230 mg/m2 – 12/12h
VO
RITONAVIR (LPV /r) Comprimidos: 200mg/50mg Dose máxima: 200mg – 12/12h
Adolescentes: 400 mg - 12/12 h
Fórmulas para cálculo da superfície corporal em m2 (SC):
SC = √ [peso (kg) x est. (cm)] /3600 (√ = raiz quadrada)
SC = {[peso (kg) x 4] + 7}/[peso (kg) + 90]

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Protocolo de Urgências Ginecológicas e Obstétricas

4. Profilaxia das DST não-virais:


• em adultos e adolescentes com mais de 45 Kg, gestantes ou não:
Medicação Apresentação Via Posologia
1ª op: P. G benzatina 1,2 milhão UI IM 2,4 milhões UI (1,2 milhão / nádega), dose única
2ª op: Ceftriaxona 250mg IM 250mg. dose única
Ou Ciprofloxacina* 500mg VO 01 comp. dose única
3ª op: Azitromicina 500mg VO 02 comp. dose única

* Contra-indicada em gestantes. A administração profilática do metronidazol e de suas alternativas será postergada ou evitada em casos de
intolerância gastrintestinal conhecida. Também será postergada se houver prescrição de contracepção de emergência e de profilaxia antirretroviral

• em crianças e adolescentes com < 45 kg:


Medicação Apresentação Via Posologia
Penicilina G Frasco-amp. Com 150.000UI, 300.000UI, 50 mil UI/kg (dose máx: 2,4 milhões UI), dose única
IM
benzatina 400.000UI
Ceftriaxona 250mg (diluente de 2ml) IM Aplicar 125mg (1ml)
Azitromicina 600mg/15ml ou 900mg/22,5ml VO 20mg/kg (dose máx: 1g), dose única

* Caso opte pela prescrição com metronidazol, a dose recomendada para crianças é 15mg/kg/dia (dose máxima: 2g), VO, de 8/8h, por 7 dias.

5. Prescrever contracepção de emergência, caso o estupro tenha ocorrido há menos de 72h:

LEVONORGESTREL 0,75mg de levonorgestrel por comprimido Oral 2 comp - dose única

Primeira Escolha 1,5mg de levonorgestrel por comprimido Oral 1 comp dose única
AHOC: 0,05mg de etinilestradiol e Oral 2 comp 12/12h – total de
4 comp
MÉTODO DE YUZPE 0,25 mg de levonorgestrel por comprimido
Segunda Escolha AHOC com 0,03 Mg de etinil-estradiol e Oral 4 comp 12/12h – total de
8 comp
0,15 mg de levonorgestrel por comprimido

6. Indução do abortamento previsto em lei, em gravidez indesejada e confirmada, há menos de 9 semanas, poderá ser
feita domiciliar, se a paciente em condições de fazê-la.
Se > 9sem, vide protocolo de abortamento.

1ª dose: 800mcg
MISOPROSTOL 200mcg por comprimido Vaginal
2ª dose: 800mcg (3h após)

OBS: Serão entregues os comprimidos à paciente após atendimento presencial e será agendado para triagem um retorno
com 3 dias. Agendar USG e registrar em livro ata o desfecho/resolução do caso. Caso não tenha expulsado, repetir o esquema
com novo retorno com 3 dias na triagem.

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Protocolo de Urgências Ginecológicas e Obstétricas

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO E DE RESPONSABILIDADE


PELO USO DOMICILIAR DO MEDICAMENTO MISOPROSTOL
Por meio deste instrumento eu, _________________________________________________________
___________ _____________________________________________________ (paciente), registro hospitalar
nº___________________, e/ou meu representante legal/responsável ______________________________________
___________________________, documento de identificação tipo ______________, nº______________________,
com telefone _____________________; mediante avaliação clínica e autorização da equipe multiprofissional de saúde,
declaro minha opção pela realização do procedimento de interrupção legal da gestação na modalidade de telessaúde, nos
termos da Lei nº 13.989/2020 e Portaria nº 467/2020 do Ministério da Saúde.
Declaro estar esclarecida de que o método de escolha para interrupção da gravidez é o de abortamento medicamentoso,
que consiste na inserção de comprimidos na via vaginal, em doses intercaladas, para expulsão do produto da concepção.
Estou ciente de que o procedimento deverá ocasionar cólicas e sangramento, e de que a eficácia do abortamento depende
de que sejam administradas todas as doses da medicação, em horários previamente determinados, conforme orientação
médica.
Declaro ter recebido da farmácia hospitalar credenciada, conforme receita aviada pelo/a médico/a, o medicamento
MISOPROSTOL, para a administração em domicílio, em ____ (___________) doses, compostas por ____ (___________)
comprimidos cada, em um total de ____ (___________) comprimidos.
Declaro ter ciência de que o medicamento recebido (misoprostol) deverá ser por mim utilizado com o fim único e
exclusivo de interromper de forma legal a minha gestação, e que farei uso da medicação conforme a orientação médica
que me foi passada e as instruções em documento impresso que me foram fornecidas.
Declaro ter sido informada de possíveis efeitos secundários da medicação, como náuseas, vômito, diarreia, dor de
cabeça, febre e calafrios.
Declaro que, conforme atestado à equipe médica, possuo meio de comunicação (telefone ou smartphone/
computador conectado à internet) disponível em minha casa para acompanhamento remoto pela equipe de saúde durante
toda a duração do procedimento, até avaliação final, e que as informações de contato por mim fornecidas são verídicas.
Comprometo-me, ainda, a contactar/acionar a equipe de saúde pelos contatos que me foram indicados assim que receber
a medicação e em caso de urgência ou emergência.
Declaro ter sido advertida de que não posso vender, expor à venda, oferecer, guardar, prescrever, entregar a
consumo, ou ministrar em terceiros a medicação fornecida, sob pena de incorrer nos crimes previstos nos art. 278 e 280
do Código Penal brasileiro ou, ainda, no crime previsto no art. 33 da Lei nº 11.343/2006.
Declaro ter sido esclarecida de que me é garantido o direito ao sigilo das informações prestadas, bem como o sigilo
das comunicações realizadas via telefone, mensagem de texto ou chamada de vídeo que tenham sido efetuadas durante o
período de duração do procedimento.
Declaro, ainda, que após convenientemente esclarecida pelos profissionais de saúde e ter entendido o que me foi
explicado, solicito de forma livre e esclarecida o fornecimento de medicação para interrupção legal da gestação.

Recife, _______ de_________________ de ____________

_________________________________________________ _______________________________________________

Assinatura da paciente Assinatura do responsável legal (________________)

A paciente encontra-se em condições físicas, psicológicas e emocionais para expressar seu consentimento.

_________________________________________________ _______________________________________________

Carimbo ou nome e número do conselho Carimbo ou nome e número do conselho

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CONTRACEPÇÃO

Alguns aspectos precisam ser considerados para cada mulher, individualmente, na escolha do método anticoncepcional (MAC)
mais apropriado. Alguns desses aspectos incluem segurança, efetividade, acessibilidade e aceitabilidade por questões éticas
e culturais.

Tabela 1: Eficácia dos MAC (uso típico e uso perfeito)

Risco de gestação em 100 Risco de gestação em 100


Método
mulheres/ano (uso típico) mulheres/ano (uso perfeito)
Nada 85 85
Preservativo 18-21 2-5
Pílula / anel / adesivo 9 0,3 (3 em 1000)
Injetáveis 6 0,2 (2 em 1000)
DIU cobre 0,8 (8 em 1000) 0,6 (6 em 1000)
Laqueadura tubárea 0,5 (5 em 1000) 0,5 (5 em 1000)
Vasectomia 0,15 (1,5 em 1000) 0,1 (1 em 1000)
SIU-LNG 0,2 (2 em 1000) 0,2 (2 em 1000)
Implante de etonogestrel 0,05 (5 em 10.000) 0,05 (5 em 10.000)

Embora a maioria dos MAC sejam seguros para a maioria das mulheres, a Organização Mundial de Saúde (OMS)1 tem publicado
desde 1996, com atualizações periódicas, um guia de recomendações, baseado em evidências, para o uso seguro dos MAC em
situações específicas relacionadas a características clínicas e condições de saúde das mulheres que buscam a contracepção .
De acordo com as características clínicas e condições específicas de saúde da mulher, os critérios médicos de elegibilidade
(MEC) para o uso dos métodos anticoncepcionais são categorizados em:

Categoria Condições
1 Condição na qual não há nenhuma restrição para o uso dos MAC

2 Condição na qual as vantagens, geralmente, ultrapassam os riscos teóricos ou comprovados do uso do MAC

3 Condição na qual os riscos teóricos ou comprovados ultrapassam as vantagens do uso do MAC

4 Condição que representa um risco a saúde inaceitável pelo uso do MAC

Link para acessar os Critérios Médicos de Elegibilidade dos Métodos Anticoncepcionais – OMS - MEC, 5ª edição, 2015: https://www.who.int/
reproductivehealth/publications/family_planning/MEC-5/en/

Outros MECs, baseado em evidências, para o uso seguro dos MAC têm sido publicados como o MEC do Central of Diseases Control (CDC)2 e o
UK-MEC United Kingdom Medical Eligibility Criteria for Contraceptive Use3.

AVALIAÇÃO CLÍNICO-LABORATORIAL ANTES DA PRESCRIÇÃO DOS MAC


Em mulheres saudáveis, além da anamnese, mínima avaliação clínica e laboratorial é necessária antes da indicação e início
dos MAC. Caso seja necessário, para início imediato dos MAC, quase nenhuma avaliação clínico-laboratorial deve ser realizada.
Durante o acompanhamento algumas particularidades de cada método podem ser conferidas na tabela 2.

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Tabela 2: Avaliação clínica e laboratorial antes do início dos MAC

Avaliação clínico-laboratorial CHC POP DEPO IMPLANTE SIU-LNG DIU Cu CE oral


Pressão arterial S N C N N N N
IMC & & & & & & N
Exame mamas C C C C C N N
Inspeção colo útero e TVC N N N N S S N
Glicemia jejum N N N N N N N
Lipidograma N N N N N N N
Enzimas hepáticas N N N N N N N
Hemoglobina N N N N N N N
Screening para trombofilias N N N N N N N
Colpocitologia oncótica N N N N N N N
Screening laboratorial para IST N N N N * * N

CHC: contracepção hormonal combinada;

POP: pílula só com progestágeno;

SIU-LNG: sistema intrauterino com levonorgestrel;

CE: contracepção de emergência.

S: sim, essencial e obrigatória para garantir a eficácia e/ou segurança do MAC

N: não, não contribui substancialmente para garantir a eficácia e/ou segurança do MAC

C: contribui para garantir a eficácia e/ou segurança do MAC, mas deve ser feita uma criteriosa ponderação entre o benefício e os riscos de não
realizar esta avaliação no momento da prescrição / inserção dos MAC.

&: IMC basal ajuda a monitorar e orientar as pacientes sobre o ganho de peso que pode ocorrer durante uso dos MAC

* se a paciente tiver fatores de risco par IST, o rastreio laboratorial, quando indicado pode ser realizado no momento da inserção do SIU/DIU.
Presença de cervicite muco-purulenta contraindica a inserção, devendo ser realizada após a conclusão do tratamento.

# CONTRACEPTIVOS HORMONAIS COMBINADOS

1. COMPOSIÇÃO:
a. estrógenos: etinilestradiol (EE), em doses de 15, 20, 30, 35 e 50 mcg por pílula (50 mcg é usado excepcionalmente) ou
valerato de estradiol (VE) em doses de 1,5 mg por pílula em esquemas contínuos e de 2 a 3 mg por pílula em esquemas
cíclicos, associados aos
b. progestágenos de diferentes gerações, com redução progressiva da atividade androgênica:
• Primeira : noretisterona (NET)
• Segunda: levonorgestrel (LNG)
• Terceira: desogestrel (DSG), gestodene (GTD), norgestimato (NGT)
• Outras: drospirenone (DRSP), dienogeste (DNG), acetate de nomegestrol (NOMAc), acetato de ciproterona (CIP)

2. APRESENTAÇÃO:
a. contraceptivos orais combinados (inúmeras formulações),
b. adesivos transdérmicos (150 µg of norelgestromin e 20 µg EE/dia),
c. anel vaginal (15 µg EE e 120 µg etonogestrel / dia)
d. Injetáveis mensais (ACI): 150 mg de algestona acetofenida + 10 mg de enantato de estradiol
50 mg de enantato de noretisterona + 5 mg VE

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3. ESQUEMAS DE USO:

Intervalo livre de
Esquema Período de uso do CHC
CHC
Padrão* 21 dias (21 pílulas ativas ou um anel ou um adesivo) 7 dias

Uma injeção mensal a cada 28 dias


Pausa curta 21-24 dias (24 pílulas ativas ou um anel ou um adesivo) 4 dias
Estendido 63 ou 84 dias (63 ou 84 pílulas ativas ou 3 anéis ou 9 a 12 adesivos) 4 ou 7 dias
Estendido Uso contínuo (≥21 dias de pílulas ativas, anel ou adesivo) até iniciar sangramento de 4 dias
flexível escape por 3 a 4 dias
Contínuo* Uso contínuo de pílulas ativas, anel ou adesivo nenhum

Desvantagens do esquema padrão:


• Sangramento por suspensão hormonal pode ser volumoso ou indesejado.
• Cefaleia, mastalgia ou alterações de humor no período de pausa.
• Supressão ovariana é reduzida e o crescimento folicular pode ocorrer nos períodos de pausa, principalmente nos COC
com baixas doses de EE.
Desvantagem do esquema contínuo:
• Sangramento de escape imprevisível durante o uso do COC.

4. QUANDO INICIAR OS CHC


a. Os CHC com EE podem ser iniciados até o 5º dia da menstruação, sem necessidade de proteção contraceptiva adicional.
b. Os CHC com EE podem ser iniciados em qualquer fase do ciclo menstrual (INÍCIO IMEDIATO), sendo necessária proteção
contraceptiva adicional (preservativo ou abstinência) por 7 dias, desde que exista uma RAZOÁVEL EVIDÊNCIA DE QUE
A MULHER NÃO ESTEJA GRÁVIDA (Tabela 3). Neste caso é necessário um novo teste de gravidez (TG) confirmatório a
ser realizado pelo menos 21 dias após a última relação sexual desprotegida
c. Nas mulheres com ciclos menstruais menores que 21 dias ou quando o componente estrogênico do CHC escolhido for
o VE, o CHC deverá ser iniciado no 1º dia do ciclo menstrual, sem necessidade de proteção contraceptiva adicional. Se
iniciados após o 1º dia, é necessária proteção contraceptiva adicional (preservativo ou abstinência) por 7 dias.

Se um ou mais critérios da tabela abaixo estiverem presentes, na ausência de sinais ou sintomas, pode-se afirmar que há uma
razoável evidência de que a mulher não esteja grávida.

Tabela 3: Critérios para excluir gravidez com razoável evidência

1. Não ter tido relações sexuais desde o início do último período menstrual, parto, aborto, prenhez ectópica ou curetagem
uterina.
2. Estar usando regular e corretamente um MAC confiável (para este propósito os métodos de barreira são considerados
confiáveis se utilizados em todas as relações sexuais).
3. Ter iniciado o período menstrual natural há no máximo 7 dias
4. Estar no puerpério, sem amamentação, há menos de 21 dias de pós parto.
5. Estar amamentando exclusivamente ou pelo menos 85% das mamadas diretamente no peito, amenorreia e menos de 6
meses de pós parto.
6. Estar há no máximo 7 dias de um aborto, ectópica ou curetagem para abortamento.
7. Não ter tido relações sexuais há mais de 21 dias e teste de gravidez negativo

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Tabela 4: Quando iniciar os CHC – situações especiais

Necessidade de teste de
Proteção contraceptiva
gravidez 21 dias após
Situações Quando começar adicional por mínimo 7 dias
a última relação sexual
(preservativo ou abstinência)
desprotegida
Amenorréia por Qualquer fase do ciclo menstrual Sim# Sim
anovulação crônica desde que exista razoável
evidência de que a mulher não
esteja grávida ou TG negativo
Após AE com LNG Imediato Sim Sim
Pós-parto com Após 6 meses pós-parto Não: se parto há menos de 6 Não
amamentação meses, amamentação exclusiva
e amenorreia.

Sim: se amamentação não


exclusiva e amenorreia#, ou se
fluxo tiver retornado > 5 dias.
Pós-parto sem Fator risco p/ TEV*: Sim: se parto há mais de 21 Não
amamentação dias e amenorreia#, ou se fluxo
Sim: 6 semanas pós parto tiver retornado > 5 dias.
Não: 3 semanas pós parto
Pós-aborto ou pós- Até 5 dias após o tratamento Não Seguimento conforme
mola Após 5 dias do início do Sim protocolo do serviço
tratamento, desde que exista
razoável evidência de que a
mulher não esteja grávida ou TG
negativo
* imobilização prolongada, transfusão de sangue no parto, IMC> 30 Kg/m2, hemorragia pós-parto, pós-cesárea, pré-eclâmpsia, tabagismo.

# Se gravidez não puder ser descartada, considerar fazer contracepção de emergência (CE).

Em algumas situações nas quais não se pode ter certeza de que a mulher não esteja grávida, o benefício de iniciar os CHC
provavelmente excedem quaisquer riscos. Portanto, recomenda-se iniciar os CHC em qualquer momento e fazer um teste de
gravidez 3 a 4 semanas após o início do método anticoncepcional.

5. USO INCORRETO DOS CHC


Mulheres que frequentemente esquecem pílulas ou repetem erros no modo de usar do anel vaginal ou adesivos transdérmicos,
devem ser orientadas a considerar o uso de outro MAC que seja menos dependente da usuária para ser eficaz, como os métodos
contraceptivos reversíveis de longa duração (LARCs).

Tabela 5: uso incorreto dos Contraceptivos Orais Combinados (COC):

Reinício tardio de nova cartela de COC (além da pausa de 7 dias)


- Tome a última pílula o mais cedo possível

Usar a Anticoncepção de - Continuar uso do COC


≥ 9 dias após a tomada da última Emergência (AE) se relação - Usar preservativo ou abstinência por 7 dias
pílula ativa sexual desprotegida na pausa consecutivos.
do COC.
- Fazer β-hCG no mínimo 21 dias após a última
relação sexual desprotegida.
Uma pílula esquecida até 72 horas
- Tome a última pílula o mais cedo possível
Uma pílula esquecida na 1ª semana
após a pausa (desde que a 1ª pílula Não precisa AE* - Continuar uso do COC
após a pausa tenha sido tomada)
- Não precisa proteção contraceptiva adicional*

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*desde que uso correto e regular antes da pausa e a 1ª pílula após a pausa tenha sido tomada
Uma pílula esquecida na 2ª ou - Tome a última pílula o mais cedo possível
3ª semana após a pausa (ou nas
Não precisa AE** - Continuar uso do COC
semanas seguintes, no esquema
contínuo/estendido) - Não precisa proteção contraceptiva adicional**
**desde que uso correto e regular nos sete dias que antecederam o esquecimento
Duas ou mais pílulas esquecidas há mais de 72 horas
- Tome a última pílula o mais cedo possível

2 a 7 pílulas esquecidas na 1ª - Continuar uso do COC


semana após a pausa Usar a AE se relação sexual
desprotegida na pausa ou na 1ª - Usar preservativo ou abstinência por 7 dias
(desde que a 1ª pílula após a pausa semana pós-pausa do COC consecutivos.
tenha sido tomada)
- Fazer β-hCG no mínimo 21 dias após a última
relação sexual desprotegida.
- Tome a última pílula o mais cedo possível

2 a 7 pílulas esquecidas na 2ª ou - Continuar uso do COC


3ª semana após a pausa (ou nas - Usar preservativo ou abstinência por 7 dias
Não precisa AE**
semanas seguintes, no esquema consecutivos.
contínuo/estendido)
- Se pílulas esquecidas são da última semana antes
da pausa, não fazer a pausa.
- Conduzir como início da contracepção

- Solicitar β-hCG

- Início imediato do MAC


Mais de 7 pílulas esquecidas em
Fazer AE
qualquer semana da cartela. - Usar preservativo ou abstinência por 7 dias
consecutivos.

- Repetir β-hCG no mínimo 21 dias após a última


relação sexual desprotegida.

Tabela 6: uso incorreto do anel vaginal:

Reinserção tardia de novo anel (além da pausa de 7 dias)


- Insira o anel o mais cedo possível.

- Manter o novo anel até o dia previsto para remoção,


Usar a Anticoncepção de conforme esquema preconizado (3 semanas)
≥ 8 dias de pausa após a remoção Emergência (AE) se relação
do anel. sexual desprotegida na semana - Usar preservativo ou abstinência por 7 dias
de pausa ou após. consecutivos.

- Fazer β-hCG no mínimo 21 dias após a última


relação sexual desprotegida.
Remoção não programada do anel há menos de 48 horas
- Insira novo anel o mais cedo possível

- Manter o novo anel até o dia previsto para remoção,


Na 1ª semana após a pausa Não precisa AE*
conforme esquema preconizado (3 semanas).

- Não precisa proteção contraceptiva adicional*


*desde que uso correto antes da pausa e o novo anel tenha sido inserido no 1º.dia após a pausa

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- Insira novo anel o mais cedo possível

- Manter o novo anel até o dia previsto para remoção,


Nas 2ª ou 3ª semanas após a pausa conforme esquema preconizado (3 semanas).
(ou nas semanas seguintes, no Não precisa AE** - Se o anel foi retirado na última semana antes da
esquema contínuo/estendido) pausa, não fazer a pausa.

- Usar preservativo ou abstinência por 7 dias


consecutivos.
**desde que uso correto nos sete dias que antecederam a retirada do anel
Remoção não programada do anel há mais de 48 horas
- Insira novo anel o mais cedo possível

- Manter o novo anel até o dia previsto para remoção,


Usar a Anticoncepção de conforme esquema preconizado (3 semanas).
Emergência (AE) se relação
Na 1ª semana após a pausa
sexual desprotegida na semana - Usar preservativo ou abstinência por 7 dias
de pausa ou após consecutivos.

- Fazer β-hCG no mínimo 21 dias após a última


relação sexual desprotegida.
- Insira novo anel o mais cedo possível

- Manter o novo anel até o dia previsto para remoção,


Nas 2ª ou 3ª semanas após a pausa conforme esquema preconizado (3 semanas).
(ou nas semanas seguintes, no Não precisa AE** - Se o anel foi retirado na última semana antes da
esquema contínuo/estendido) pausa, não fazer a pausa.

- Usar preservativo ou abstinência por 7 dias


consecutivos.
Uso acidental do mesmo anel além das 3 semanas preconizadas

Uso do mesmo anel por até 7 dias Não precisa AE (se o anel - Retirar o anel antigo e inserir novo anel
além das 3 semanas preconizadas permaneceu in situ na semana - Não é necessária contracepção adicional se o anel
(uma semana a mais) adicional) permaneceu in situ na semana adicional.
- Não fazer pausa
Uso do mesmo anel por até 14 dias Não precisa AE (se o anel
- Inserir novo anel o mais cedo possível
além das 3 semanas preconizadas permaneceu in situ nos últimos
(duas semanas a mais). 7 dias - Usar preservativo ou abstinência por 7 dias
consecutivos.
- Solicitar β-hCG

- Não fazer pausa


Uso do mesmo anel por mais
Usar a AE se relação sexual - Inserir novo anel o mais cedo possível.
de 14 dias além das 3 semanas
desprotegida durante os
preconizadas (> de duas semanas a - Usar preservativo ou abstinência por 7 dias
últimos 7 dias.
mais). consecutivos.

- Repetir β-hCG no mínimo 21 dias após a última


relação sexual desprotegida.

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Tabela 7. Uso incorreto dos adesivos anticoncepcionais:

Aplicação tardia de novo adesivo (além da pausa de 7 dias)


- Aplique novo adesivo o mais cedo possível.

- Manter o novo adesivo por uma semana, conforme


Usar a Anticoncepção de esquema preconizado.
≥ 8 dias de pausa após a remoção Emergência (AE) se relação
do último adesivo. sexual desprotegida na semana - Usar preservativo ou abstinência por 7 dias
de pausa ou após. consecutivos.

- Fazer β-hCG no mínimo 21 dias após a última


relação sexual desprotegida.
Remoção não programada do adesivo há menos de 48 horas ou uso acidental do mesmo adesivo por até 48 horas
adicionais
- Aplique novo adesivo o mais cedo possível

- Manter o novo por uma semana, conforme


Na 1ª semana após a pausa Não precisa AE*
esquema preconizado.

- Não precisa proteção contraceptiva adicional*


*desde que uso correto antes da pausa e o novo adesivo tenha sido aplicado no 1º.dia após a pausa
- Insira novo adesivo o mais cedo possível
Nas 2ª ou 3ª semana após a pausa
- Manter o novo adesivo por uma semana, conforme
(ou nas semanas seguintes, no Não precisa AE**
esquema preconizado.
esquema contínuo/estendido)
- Não precisa proteção contraceptiva adicional**
**desde que uso correto nos sete dias que antecederam a remoção do adesivo
Remoção não programada do adesivo há mais de 48 horas ou uso acidental do mesmo adesivo por mais de 48 horas
adicionais
- Aplicar novo adesivo o mais cedo possível

- Manter o novo adesivo por uma semana, conforme


Usar a Anticoncepção de esquema preconizado.
Emergência (AE) se relação
Na primeira semana após a pausa
sexual desprotegida na semana - Usar preservativo ou abstinência por 7 dias
de pausa ou na semana 1. consecutivos.

- Fazer β-hCG no mínimo 21 dias após a última


relação sexual desprotegida.
- Aplique novo adesivo o mais cedo possível

- Manter o novo adesivo por 1 semana, conforme


Nas 2ª ou 3ª semanas após a pausa
Não precisa AE (se o adesivo esquema preconizado.
(ou nas semanas seguintes, no
esquema contínuo/estendido) permaneceu in situ nos últimos - Se o adesivo foi removido na última semana antes
7 dias da pausa, não fazer a pausa.

- Usar preservativo ou abstinência por 7 dias


consecutivos.

Tabela 8: uso incorreto dos Injetáveis Mensais:

Aplicação tardia da nova injeção mensal


- Aplique injeção o mais cedo possível.
Usar a Anticoncepção de
≥ 8 dias após o intervalo - Usar preservativo ou abstinência por 7 dias
Emergência (AE) se relação
recomendado entre as injeções consecutivos.
sexual desprotegida na semana
(habitualmente a cada 28-30 dias)
de atraso ou após. - Fazer β-hCG no mínimo 21 dias após a última
relação sexual desprotegida.

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# CONTRACEPTIVOS HORMONAIS DE PROGESTÁGENOS

1. COMPOSIÇÃO:
a. Progestágenos, apenas: noretisterona (NET), levonorgestrel (LNG) ou desogestrel (DSG)/ etonogestrel, acetato de
medroxiprogesterona e drospirenona. Não contém estrógenos.

2. APRESENTAÇÃO E ESQUEMA DE USO:


a. Via oral (POP): 1 pílula ao dia, uso contínuo
- Noretisterona 0,35 mg,
- Levonorgestrel 0,30 mg,
- Desogestrel 75 mcg (mais utilizado)
- Drospirenona 4 mg
b. Contracepção de emergência (CE): 1 cp 1500 mg ou 2 cp 750 mg, dose única
- Levonorgestrel 750 mg ou 1500 mg
c. Implante subdérmico: 1 implante subdérmico, por 3 anos
- etonogestrel (metabólito do desogestrel) – 68 mg
A taxa de liberação é de aproximadamente 60-70 mcg/dia na 5-6ª semana e reduz a 35-45 mcg/dia no final do primeiro ano,
30-40 mcg/dia no final do segundo ano e 25-30 mcg/dia no final do terceiro ano.
d. Injetável trimestral (AMP 150): 1 ampola IM a cada 3 meses
- Acetato de medroxiprogesterona 150 mg por ampola de uso intramuscular

3. QUANDO INICIAR OS CONTRACEPTIVOS DE PROGESTÁGENOS


a. Os contraceptivos hormonais de progestágenos podem ser iniciados até o 5º.dia da menstruação, sem necessidade de
proteção contraceptiva adicional.
b. Os contraceptivos hormonais de progestágenos podem ser iniciados em qualquer fase do ciclo menstrual (INÍCIO
IMEDIATO), sendo necessária proteção contraceptiva adicional (preservativo ou abstinência) por 7 dias, desde que exista
uma RAZOÁVEL EVIDÊNCIA DE QUE A MULHER NÃO ESTEJA GRÁVIDA (tabela 3). É necessário um novo teste de gravidez
(TG) confirmatório a ser realizado pelo menos 21 dias após a última relação sexual desprotegida.
c. Nas mulheres com ciclos menstruais < 21 dias os CHP deverão ser iniciados no 1º.dia do ciclo menstrual, sem necessidade
de proteção contraceptiva adicional. Se iniciados após o 1º dia, é necessária proteção contraceptiva adicional (preservativo
ou abstinência) por 7 dias.

Tabela 9: Quando iniciar os contraceptivos hormonais de progestágenos - Situações Especiais

β-hCG 21 dias após


Proteção adicional por mínimo 7
Situações Quando começar a última relação
dias (preservativo ou abstinência)
desprotegida
Amenorreia Qualquer fase do ciclo menstrual desde Sim Sim
por anovulação que exista evidência de que a mulher não
crônica esteja grávida ou TG negativo*
Após AE com LNG Imediato Sim Sim
Pós-parto com - POP e implante podem ser iniciados/ Não: parto < 6 meses, Não
amamentação inseridos a qualquer momento, incluindo amamentação exclusiva e
no pós parto imediato. amenorreia.

- DEPO 150: Após 6 semanas pós-parto. Sim: parto > 21 dias, amamentação
não exclusiva e amenorreia*, ou se
fluxo tiver retornado > 5 dias.

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Pós-parto sem - POP, implante e DEPO 150 podem ser Não: parto < 21 dias. Sim
amamentação iniciados/inseridos a qualquer momento,
incluindo no pós parto imediato. Sim: parto ≥ 21 dias e amenorreia*,
ou se fluxo tiver retornado > 5 dias.
Pós-aborto ou pós- Até 5 dias após o aborto Não Seguimento
mola Após 5 dias do aborto, desde que exista Sim* conforme
evidência de que a mulher não esteja protocolo do
grávida ou TG negativo serviço

* Se gravidez não puder ser descartada, considerar fazer anticoncepção de emergência (AE).

Em algumas situações nas quais não se pode ter certeza de que a mulher não esteja grávida, o benefício de iniciar os CHC
provavelmente excedem quaisquer riscos. Portanto, recomenda-se iniciar os CHC em qualquer momento e fazer um teste de
gravidez 3 a 4 semanas após o início do método anticoncepcional.

4. USO INCORRETO DOS CONTRACEPTIVOS HORMONAIS DE PROGESTÁGENOS


O uso incorreto e irregular das pílulas anticoncepcionais é a principal razão das falhas contraceptivas. Mulheres que
frequentemente esquecem as pílulas devem ser orientadas a utilizar um contraceptivo de longa duração.

Tabela 10: uso incorreto dos Contraceptivos Hormonais de Progestágenos

CHP TEMPO ESQUECIMENTO O QUE FAZER


- Tome a última pílula o mais cedo possível.
POPs tradicionais
>3 horas de atraso ( mais de 27 - Se esquecer mais de uma pílula, apenas uma deve ser
horas após a última pílula) tomada.

- A próxima pílula deve ser tomada no horário habitual


(duas pílulas no mesmo dia)

- Usar preservativo ou abstinência por 7 dias consecutivos.

- Considerar AE se relação sexual desprotegida no período


>12 horas de atraso ( mais de de esquecimento ou nas primeiras 48h após o reinício.
36 horas após a última pílula)
POP com desogestrel - Considerar β-hCG no mínimo 21 dias após a última
relação sexual desprotegida.
- Trocar o implante o mais cedo possível

- Se troca além de 3 anos: AE


Implante com etonogestrel Uso além de 3 anos*
- Considerar β-hCG no mínimo 21 dias após a última
relação sexual desprotegida
*Estudos recentes têm mostrado uma eficácia contraceptiva por mais um ano, além dos 3 anos previstos em bula.
Se nova dose atrasar até 2 - Nada a fazer
semanas (15 semanas após
dose anterior): - Não há necessidade de proteção contraceptiva adicional.

DEPO 150 - Administrar nova DEPO 150 o mais cedo possível, desde
que exista razoável evidência de que a mulher não esteja
grávida.

- Usar preservativo ou abstinência por 7 dias consecutivos.

Se nova dose atrasar mais de 2 - Considerar AE se relação sexual desprotegida no


semanas: período de esquecimento ou nas primeiras 48h após a
administração na nova DEPO 150.

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5. POTENCIAIS COMPLICAÇÕES NA INSERÇÃO / REMOÇÃO DO IMPLANTE


a. Não inserção: É importante checar a presença do implante dentro do aplicador antes de inseri-lo, palpar a pele após
a inserção e pedir para a paciente também palpar e checar o aplicador imediatamente após a inserção para assegurar
que o implante foi inserido. A agulha deve estar completamente retraída.
b. Inserção profunda: O implante, após corretamente inserido, deve situar-se na região subdérmica. Técnica incorreta pode
levar a inserção profunda do implante o que poderá levar a dificuldade de localizar e remover o implante quando
necessário, maior risco de lesão neuro vascular, infecção e cicatriz. A migração espontânea não é frequente. Caso não
seja possível a localização do implante pela palpação, é possível localizá-lo através de exame radiológico simples. O
implante, nesse caso deve ser retirado por um profissional habilitado.
c. Lesão neuro vascular: podem ocorrer no momento da inserção ou remoção do implante. Recomenda-se inserir 4 a 5
cm acima do epicôndilo medial do úmero e 3 a 4 cm baixo do sulco entre o bíceps e o tríceps para evitar a lesão de
vasos e nervos que se situam no tecido conectivo entre os músculos bíceps e tríceps.
d. Outras complicações: fibrose ao redor do implante ou fratura espontânea tem sido documentadas, geralmente
assintomáticas, eventualmente com sintomas de dor / alteração na sensibilidade da pele.
e. Sangramento irregular: ver seção “ sangramento durante o uso de contraceptivos hormonais”.

# CONTRACEPTIVOS INTRAUTERINOS

1. APRESENTAÇÕES E COMPOSIÇÃO:
a. DIU de cobre 380 A: 380 mm2 de cobre. Formato de T, dimensões de 35 mm na haste vertical e 32 mm de largura na
horizontal
b. DIU de cobre 375: 375 mm2 de cobre. Formato de “Âncora” / “Ferradura” , dimensões de 35 mm na haste vertical e 20
mm de largura na horizontal (braços flexíveis).
c. DIU de cobre e prata: 380 mm2 de cobre. O fio de cobre tem um núcleo de prata.
d. Sistema intrauterino com levonorgestrel (SIU-LNG): medicado com 52 mg de levonorgestrel na haste vertical, com
liberação de 20 mg de levonorgestrel por dia, dimensões de 32 mm na haste vertical e 30 mm de largura na horizontal.
Único disponível no mercado brasileiro: MIRENA
e. Sistema intrauterino com levonorgestrel (SIU-LNG): medicado com 19,5 mg de levonorgestrel na
haste vertical, com liberação de 12 mg de levonorgestrel por dia, dimensões de 30 mm na haste
ver tical e 28 mm de largura na horizontal. Único disponível no mercado brasileiro: KYLEENA

2. QUANDO INSERIR O DIU DE COBRE OU SIU-LNG


O DIU de cobre ou o SIU-LNG 52mg (Mirena) podem ser inseridos durante o período menstrual, até o 7º. dia do ciclo menstrual
ou em qualquer fase do ciclo, desde que exista uma RAZOÁVEL EVIDÊNCIA DE QUE A MULHER NÃO ESTEJA GRÁVIDA (tabela 3).
O DIU de cobre e o SIU-LNG 52mg (Mirena), como CONTRACEPÇÃO DE EMERGÊNCIA (CE), devem ser inseridos ATÉ 120 HORAS
(5 dias) após a primeira relação sexual desprotegida ou até o 5º. dia mais próximo da data provável da ovulação. Tanto o DIU
de cobre quanto o SIU-LNG, como CONTRACEPÇÃO DE EMERGÊNCIA (CE), não deve ser inserido se houver risco de gravidez
fora dos contextos acima recomendados.

Tabela 11: Quando inserir o DIU de cobre ou SIU-LNG

Proteção adicional por


Situações Tipo de DIU Quando começar mínimo 7 dias (preservativo
ou abstinência)

DIU – Cu Durante a menstruação, até o 7º. dia do ciclo


Sim, por 7 dias, se foi inserido
Durante o ciclo menstrual ou em qualquer fase do ciclo, desde
ou após o 7º. dia do ciclo
menstrual que exista uma RAZOÁVEL EVIDÊNCIA DE QUE A
menstrual
SIU-LNG MULHER NÃO ESTEJA GRÁVIDA.

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Deve ser inserido ATÉ 120h (5 dias) após a Não é necessária


primeira relação sexual desprotegida ou até o 5º
dia mais próximo da data provável da ovulação.

DIU – Cu
Fora desses critérios, o DIU de cobre não deve
Após CE com LNG ser inserido até descartar gravidez com teste de
Não se aplica
gravidez realizado < 3 semanas após a última
relação sexual desprotegida.
SIU-LNG

NÃO deve ser inserido até descartar gravidez Não se aplica


como orientado acima.
Pode ser inserido até 48h pós-parto ou após
4 semanas pós parto, desde que exista uma
RAZOÁVEL EVIDÊNCIA DE QUE A MULHER NÃO Não
ESTEJA GRÁVIDA ou sob risco de gravidez (a
DIU – Cu menos que a paciente seja elegível para a CE).
Pós-parto
(incluindo Não
pós-cesárea e Até 48 h pós-parto
amamentação)

SIU-LNG A partir de 4 semanas pós-parto, desde que


exista uma RAZOÁVEL EVIDÊNCIA DE QUE A Sim, por 7 dias, se foi inserido
MULHER NÃO ESTEJA GRÁVIDA ou sob risco de após o 7º. dia do ciclo
gravidez. menstrual.
Deve ser inserido logo após o procedimento Não
Após aborto < (Curetagem ou AMIU)
24 semanas, DIU-Cu
espontâneo ou SIU-LNG Sim, por 7 dias, se o SIU-LNG
induzido Se aborto induzido com misoprostol, inserir após foi inserido após o 7º. dia
segurança de que todo conteúdo foi retirado pós-aborto.

3. AVALIAÇÃO PRÉ-INSERÇÃO DO DIU


a. Avaliação clínica: colher história completa e avaliar critérios de elegibilidade e a história sexual para avaliar risco de
infecções sexualmente transmissíveis (idade menor 25 anos, mais de um parceiro sexual no último ano, novo parceiro
sexual nos últimos 3 meses, parceiro sexual que se relaciona com outras parceiras, história de IST, uso abusivo de
álcool e / ou outras drogas.
b. Oferecer rastreio para IST para mulheres com os fatores de risco citados. O recomendado é solicitar teste de biologia
molecular para Chlamydia trachomatis e Neisseria gonorrhoeae , embora não seja possível a realização deste teste
nos serviços públicos em geral. Caso seja possível, oferecer outro MAC enquanto investiga. Não sendo possível oferecer
o rastreio, o uso profilático de antibiótico antes da inserção do DIU, para reduzir o risco de desencadear uma doença
inflamatória pélvica aguda (DIPA), não é uma medida com boa relação custo/benefício. O risco de a paciente desenvolver
a DIPA pela inserção do DIU é baixa com ou sem a antibioticoprofilaxia.
c. Rastreio positivo para Chlamydia trachomatis e Neisseria gonorrhoeae em mulheres assintomáticas com tratamento
completo com antibiótico específico, o DIU pode ser inserido. Rastreio positivo em mulheres assintomáticas, em situação
de emergência, o DIU pode ser inserido no mesmo dia que o tratamento com antibióticos for iniciado.
d. Mulheres com sintomas de IST e/ou DIPA devem ser tratadas e a inserção do DIU deve ser postergada até completarem
o tratamento e não apresentarem sinais clínicos de infecção. Oferecer outro MAC durante o tratamento, se for necessário.
Orientar, abstinência sexual até que a paciente e o parceiro sexual tenham completado o tratamento.
e. Não é necessário, a pesquisa de Vaginose Bacteriana ou Candidíase Vaginal em mulheres assintomáticas. Caso haja
suspeita, tratar e inserir o DIU no mesmo momento. Sífilis e HIV devem ser oferecidos rotineiramente.

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f. A antibioticoprofilaxia não é indicada, rotineiramente, para a inserção ou remoção do DIU em mulheres com condições
clínicas que aumentam o risco de endocardite bacteriana (ex. prótese valvulares, prolapso de válvula mitral etc.).

4. MANEJO DAS COMPLICAÇÕES E EFEITOS ADVERSOS


a. Perfuração uterina durante a inserção
A perfuração uterina, durante a inserção de um DIU/SIU, é rara, mas é possível.
A perfuração pode ocorrer com a passagem do histerômetro, antes da inserção ou durante a inserção do DIU/SIU. A maioria
das perfurações são diagnosticadas no seguimento das mulheres, usualmente nos primeiros 2 meses após a inserção do DIU/
SIU. Poucas são reconhecidas no momento da inserção (menos de 20% dos casos).
São fatores de risco para perfuração uterina durante a inserção o OCI muito fechado, amamentação independente do tempo
após o parto, parto há menos de 9 meses e úteros com anteverso ou retroversoflexão acentuadas, que podem cursar com
dificuldade de passagem do histerômetro e/ou do insertor do DIU/SIU. Essa dificuldade associada às inserções do DIU/SIU,
se isolada, sem outras evidências não significa que houve perfuração e não necessita de exames adicionais. Mais de 70% das
perfurações uterinas levam a sintomas leves como sangramento anormal ou dor abdominal mantida. Geralmente os fios não
são visualizados no colo uterino. No entanto, até 30% das perfurações assintomáticas (sem sintomas) são descobertas pelo
exame clínico mostrando fios do DIU/SIU não visualizados.
Frente a suspeita de perfuração uterina no momento da inserção do DIU/SIU, a abordagem deve ser imediata, com a parada do
procedimento e não inserção do DIU/SIU, caso ele não tenha sido inserido ou tentativa de retirada dele, caso os fios estejam
visíveis. Deve-se ser instituída vigilância clínica no serviço de saúde no qual o DIU/SIU estava sendo inserido, com observação
da mulher em posição de decúbito (deitada) por 1 a 2 horas, observando sinais vitais (a cada 10 minutos) e dor abdominal. Se
a dor diminuir e a mulher estiver estável, poderá ser mandada para casa, com orientação de qual local de atendimento deverá
procurar em caso de piora da dor, fraqueza, desmaio ou febre. Em caso de instabilidade dos sinais vitais ou com piora da dor
abdominal (ou sem melhora em durante a observação), referenciar para realização de exames e observação intra-hospitalar.
Se a perfuração foi detectada no dia da inserção, mas não é possível retirar o DIU (fios não visíveis), a mulher deve ser refe-
renciada para a urgência para realização de exames de imagem e retirada cirúrgica do DIU/SIU. (FIGURA 1)

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b. Fios não visíveis


Os fios do DIU/SIU podem não estar visíveis na vagina como consequência da expulsão, perfuração, gravidez e mais
frequentemente pela retração do fio dentro do canal cervical ou da cavidade uterina. Se os fios não estiverem visíveis, deve-
se excluir gravidez e solicitar um ultrassom pélvico endo-vaginal para avaliar a posição do DIU/SIU. Enquanto se aguarda o
ultrassom, oferecer outro MAC e avaliar a necessidade de CE. Se o DIU/SIU estiver in situ, mantê-lo na cavidade uterina até o
momento de retirar o DIU (por desejo da paciente ou vencimento da validade). Se não estiver na cavidade uterina, solicitar Rx
de abdome total. Lembrar que tanto o DIU-Cu como o de LNG são radiopacos e aparecem no exame de raio X. Desta forma, o
USTV e o RX são suficientes para o diagnóstico da perfuração uterina, ficando a ressonância nuclear magnética e a tomografia
computadorizada reservadas para situações de exceção, como suspeita de lesão de órgãos abdominais ou falha do USTV e
do RX em fornecer a localização do DIU). Se for localizado pelo raio x, programar videolaparoscopia eletiva para retirada do
DIU/SIU, salvo se houver suspeita de perfuração de alça intestinal ou risco de rotura vascular. Em casos em que o DIU esteja
parcialmente perfurando o útero (ou seja, o DIU está no miométrio, não ultrapassando a serosa do útero), ele pode ser removido
com histeroscopia cirúrgica. Se não for localizado, considerar expulsão do DIU/SIU. (FIGURA 2).

c. DIU/SIU mal posicionado


A inserção correta do DIU/SIU até o fundo uterino é necessária para a máxima eficácia e para reduzir o risco de expulsão, embora
haja divergências na literatura sobre esta questão. A eficácia do SIU-LNG parece ser menos afetada pela posição intrauterina
do que o DIU de cobre, pela liberação local de progesterona. Mas, quando o SIU está posicionado no canal cervical, associa-se
a menor atrofia endometrial e mais dias de sangramento ou escape comparados ao DIU no fundo uterino.
A conduta no DIU/SIU mal posicionado vai depender da posição intrauterina do dispositivo e dos sintomas da paciente, como
sangramento aumentado e cólicas uterinas persistentes (FIGURA 3). Os DIU/SIU mal posicionados estão mais frequentemente
no segmento inferior do útero ou no canal cervical. Estes últimos, pelo maior risco de expulsão, devem ser removidos e, se for
interesse da paciente, um outro dispositivo deve ser inserido. A conduta no DIU/SIU localizado no segmento inferior do útero é

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discutível, porque não há comprovação de um maior índice de falha do DIU/SIU se estiver baixo, mas acima do orifício interno
do útero, o que pode levar a remoções desnecessárias dos dispositivos. Além disso, o DIU/SIU pode se mover, ajustando-se a
cavidade e assumir a posição fúndica. Portanto, se a paciente estiver assintomática, uma conduta recomendada é aguardar o
período de adaptação e reavaliar a posição do DIU/SIU três meses da inserção.
Outros guidelines opinam que a eficácia contraceptiva do DIU/SIU não pode ser garantida se não estiver posicionado no fundo do
útero, especialmente se a distância ultrassonográfica entre o limite superior do DIU/SIU e o fundo do útero for maior que 2 cm.
A decisão de remover, reposicionar ou trocar o dispositivo deve ser individualizada e discutida com a paciente. A CE deverá ser
considerada a depender do caso. Se for removido, oferecer outro método contraceptivo ou inserir outro DIU/SIU no mesmo
momento da remoção.

*a eficácia contraceptiva do DIU/SIU não pode ser garantida se a distância ultrassonográfica entre o limite superior
do DIU/SIU e o fundo do útero for maior que 2 cm.
** decisão de manter ou remover deve ser individualizada e discutida com a paciente.

d. Expulsão
A expulsão do DIU/SIU parece ocorrer em aproximadamente 5% das pacientes e é mais comum nos primeiros 3 meses após
a inserção.
Ocorre frequentemente durante a menstruação, sobretudo nas usuárias do DIU de cobre quando há aumento do volume do
fluxo menstrual após a inserção.
A expulsão do DIU/SIU aumenta a chance de outros dispositivos inseridos também serem expulsos.
Outros fatores de risco para a expulsão incluem dismenorreia, distorções da cavidade uterina e idade inferior a 20 anos. A
nuliparidade e a posição do útero não aumentam o risco de expulsão.
A expulsão pode ser total quando a extremidade inferior ou o próprio DIU/SIU é visível através do orifício cervical externo ,
ou parcial, quando a extremidade inferior do DIU/SIU está no canal cervical (ou DIU/SIU mal posicionado).
O DIU/SIU deve ser imediatamente retirado, oferecer inserção de novo dispositivo ou outro MAC no mesmo momento. (FIGURA 3).

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e. DIPA
Se a paciente desejar permanecer com DIU/SIU e estiver com sinais e sintomas de DIPA, não há necessidade de remover o
DIU/SIU.
A antibioticoterapia indicada deve ser iniciada imediatamente. Se não for observada melhora clínica em até 72 horas, o DIU/
SIU deve ser removido.
Se a paciente não desejar permanecer com DIU/SIU, seguir o mesmo protocolo descrito acima e, após a conclusão do tratamento,
a remoção do DIU/SIU poderá ser feita.

f. Gravidez
A falha contraceptiva do DIU/SIU aumente o risco de complicações na gravidez como abortamento espontâneo, parto prematuro,
rotura prematura das membranas, abortamento séptico ou corioamnionite.
Prenhez ectópica deve sempre ser descartada. No caso de uma gestação intrauterina, é importante retirar o DIU o mais rápido
possível, caso o fio seja visível.
Não se deve fazer nenhuma tentativa invasiva de retirar o DIU, apenas puxá-lo se o fio for visível.
A remoção em fases bem iniciais melhora o prognóstico, mas não elimina os riscos.
Se não for possível remover o DIU/SIU ou confirmar sua localização durante a gestação ou não for encontrado no parto ou
aborto, é recomendado excluir perfuração uterina através do Rx abdominal (vide acima). (FIGURA 4)

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# MANEJO DOS EFEITOS ADVERSOS DOS CONTRACEPTIVOS HORMONAIS

1. Sangramento desfavorável durante o uso dos contraceptivos hormonais


O mecanismo exato do sangramento desfavorável associado ao uso dos contraceptivos hormonais não é totalmente conhecido.
É possível que uma fragilidade de vasos superficiais do endométrio, alterações endometriais na resposta aos esteróides sexuais,
alteração na perfusão tecidual e fatores angiogênicos locais.

Os principais padrões de sangramento durante os contraceptivos combinados estão listados na tabela 12:

TABELA 12: Padrões de sangramento em mulheres usuárias de Contracepção Hormonal (CH)

Padrão de sangramento Descrição


Sangramento regular Sangramento regular após a pausa dos CHC
Sangramento frequente Mais de 5 episódios2 no período de referência1
Sangramento infrequente Menos de 3 episódios2 no período de referência1
Sangramento prolongado Duração igual ou superior a 14 dias
Spotting Pequeno sangramento que NÃO requer o uso de absorventes
Escapes Sangramento imprevisível durante o uso dos CH
Amenorreia Ausência de sangramento ou spotting no período de referência*
1
período de 90 dias de uso dos CH
2
um ou mais dias consecutivos de sangramento

Antes de iniciar qualquer CH, as pacientes devem ser esclarecidas sobre os padrões de sangramento esperados no início
do uso e a longo prazo. Os padrões de sangramento esperados associados ao uso dos CH estão apresentados na tabela 13.

TABELA 13: Padrões de sangramento associados ao uso dos CH

Método Padrão de sangramento nos Padrão de sangramento a longo prazo


contraceptivo primeiros 3 meses
CHC (pílulas, anel, - Até 20% das mulheres tem - Maioria tem melhora
adesivo) sangramento irregular
- Sem diferença entre pílulas e adesivo.
- Anel costuma dar melhor controle do ciclo
- CHC tem sangramento < em quantidade e duração e
frequente ausência de sangramento na pausa.
CHP (minipílula) - Sangramento imprevisível - Sangramento pode não resolver
- Presente em 1/3 dos casos - Padrão de sangramento, geralmente:
- Mais frequente com DSG . 50% amenorreia ou sgto infrequente
. 30% regular (3 a 5 episódios em 90 dias)
. 20% sangramento prolongado/frequente
Implante - Sangramento desfavorável é - Sangramento pode não resolver
subdérmico comum.
- Padrão de sangramento, geralmente:
- Padrão de sangramento nos 1os 3
. 50% amenorreia ou sgto infrequente
meses é preditor do sangramento a
longo prazo . 30% regular (3 a 5 episódios em 90 dias)
. 20% sangramento prolongado/frequente

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SIU – LNG - Sangramento frequente e spotting - Há uma redução na frequência do sangramento e de spotting
são frequentes ao longo do tempo
(52mg LNG)
- Há uma redução de 90% da perda sanguínea após 12 meses de
uso (infrequente ou amenorreia).
- 25% de amenorreia após 3 anos de uso
DEPO 150 IM e - Todos os padrões menstruais - Taxas de amenorreia aumentam com o uso
DEPO 104 SC podem ocorrer.
- Em um ano 50% estarão amenorreicas
- 1/3 podem ter amenorreia

Portanto, são medidas importantes para adesão da paciente aos métodos contraceptivos hormonais:
a. Antes de iniciar o método: esclarecer padrões de sangramento inicial / longo prazo.
b. Mesmo sangrando nos primeiros 3 meses, poderão sangrar pouco ou nada.
c. Nunca garantir que terão amenorreia (65-70% terão uma redução do sangramento).
d. O sangramento inesperado não reduz a eficácia do método
e. Refletir: pesar os benefícios contraceptivos e a inconveniência dos sangramentos não programados.
f. Aconselhamento antes do método pode reduzir as preocupações e encorajar a continuidade do uso.

Após os 3 primeiros meses, se o sangramento desfavorável persistir uma avaliação clínica deve ser feita, incluindo:
a. Questionar uso correto e regular dos MAC
b. Uso de medicações concomitante (lembrar da interação medicamentosa)
c. Condições que possam interferir na absorção dos CH orais,
d. Fatores de risco para IST (< 25 anos, novo parceiro há < 3 meses, mais de um parceiro no último ano)
e. Outros sintomas como dispareunia, dor pélvica, sinusiorragia, secreção vaginal anormal.
f. Descartar gravidez.

Opções terapêuticas para sangramento desfavorável durante o uso dos CH


Excluídas as causas citadas, algumas opções terapêuticas podem ser utilizadas, apesar de não existirem evidências que
demonstrem real eficácia dessas medidas para a prevenção ou tratamento do sangramento desfavorável durante o uso dos
anticoncepcionais hormonais (FIGURA 5).

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# CONTRACEPÇÃO DE EMERGÊNCIA

Contracepção de emergência (CE) tem o objetivo de evitar uma gestação indesejada após uma relação sexual desprotegida
(RSD). Não substitui o uso correto e regular de um MAC.

Tipos de contracepção de emergência:


1. DIU de Cobre e SIU-LNG 52mg
- É o método mais eficaz e de primeira escolha, sempre que possível, para todas as mulheres que tiveram uma RSD e não
desejam engravidar.
- É muito eficaz mesmo depois da ovulação, mas deve ser inserido até o 5º. dia após a ovulação, quando for possível
identificá-la. Caso tenha ocorrido há mais de 5 dias ou não seja possível identificar a ovulação, há um risco de interromper
o processo da implantação ovular.
- Pode ser inserido até 5 dias após a primeira RSD ou até o 5º. dia após a ovulação, quando for possível identificá-la. A
proteção contraceptiva se inicia imediatamente após a inserção.

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2. Levonorgestrel (LNG) – pílula via oral


- Deve ser oferecida o mais precocemente possível após a RSD se o DIU de cobre não for elegível ou da escolha pessoal
da paciente.
- Dose de 1500 mg dose única (1 comprimido de 1500 ou dois de 750 mg). Deve ser administrado até 120 horas após a
última RSD, já que a viabilidade dos espermatozoides no trata genital superior é de 5 dias após a última RSD.
- O principal mecanismo de ação é a inibição ou retardo na ovulação. Assim, a CE oral não é efetiva após a ovulação. A
efetividade da CE com LNG pode ser reduzida associada ao uso de drogas indutoras da enzima Citocromo P 450, CYP3A4.
Recomenda-se dobrar a dose de LNG nesta situação, mas a eficácia não é garantida.

* se a paciente referir que a penúltima relação também foi desprotegida e há mais de 5 dias de uma provável data da ovulação,
oferecer um teste de gravidez 21 dias após a penúltima relação sexual.
** a CE ideal para uso após a ovulação é o Acetato de Ulipristal, mas não é disponível no Brasil.

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# INTERAÇÃO MEDICAMENTOSA

A principal enzima envolvida no metabolismo hepático dos contraceptivos hormonais e de outras drogas também, é a Citocromo
P 450, CYP3A4. Drogas que inibem ou induzem a enzima podem afetar a eficácia dos contraceptivos hormonais (tabelas abaixo).
Tais drogas podem induzir ou inibir a P 450 dois dias após o início do tratamento. O efeito máximo é atingido em uma semana
e a atividade enzimática retorna aos níveis pré-tratamento em 4 semanas.
Mulheres que estiverem usando drogas indutoras da enzima P 450 CYP3A4 devem ser informadas que a eficácia contraceptiva
dos CHC pode ser reduzida durante o uso e por 4 semanas após o término do tratamento.
* link para maiores detalhes: https://www.hiv-druginteractions.org/checker

TABELA 14: drogas que reduzem a eficácia dos Contraceptivos Hormonais

Classes das drogas Drogas Significado clínico


Carbamazepina

Oxcarbamazepina
Moderada a intensa redução dos níveis de EE e
Fenobarbital
progestágenos. Redução da eficácia contraceptiva.
Antiepiléticos
Fenitoina

Topiramato
Redução moderada do EE. Em baixas doses > 200 mg
Lamotrigina
pode afetar o efeito contraceptivo.
Intensa redução dos níveis de etinilestradiol (EE) e
Antibióticos Rifampicina progestágenos (≥40%)

Redução da eficácia contraceptiva


Antiretrovirais
Tenofovir (TDF)

Zidovudina (AZT)
Inibidores de Transcriptase Reversa
Efeitos variáveis de indução e inibição da enzima P
Análogos de Nucleosídeos/ Lamivudina (3TC)
450.
Nucleotídeos
Abacavir

Stavudina (D4T)
Inibidores da Transcriptase Reversa Efavirenz Modesta redução nos níveis de EE.
Análogos de não-Nucleosídeos/
Nucleotídeos Nevirapina Não interfere nos níveis de DEPO 150
Ritonavir

Ritonavir/atazanavir Redução do EE e dos progestágenos.

Ritonavir/tipranavir Sem efeito nos progestágenos.


Inibidores de proteases Potencial interação com redução da eficácia
Ritonavir/saquinavir
contraceptiva.
Ritonavir e outros
(darunavir, nelfinavir,
fosamprenavir, lopinavir)
Dolutegravir Não interage com os CH
Inibidores de integrases
Raltegravir

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TABELA 15: recomendações para usuárias das drogas indutoras em uso de CH

Método USO DAS DROGAS POR ≤ 2 MESES USO DAS DROGAS POR > 2 MESES
Contraceptivo
CHC Opção recomendada: Opção recomendada:

- Contraceptivos - Trocar os CHC por outros métodos que não tenham - Trocar os CHC por outros métodos
orais combinados interação medicamentosa com as drogas. que não tenham interação
medicamentosa com as drogas
- Adesivo - Suspender temporariamente o uso dos CHC e oferecer citadas.
transdérmico uma dose do método injetável trimestral de acetato de
medroxiprogesterona (AMPD) para garantir a contracepção
- Anel vaginal nos 2 meses de tratamento com drogas indutoras da enzima
P 450 e os 28 dias seguintes. Alternativas: - Usar COC com pelo
- Injetáveis mensais menos 50 mcg de EE (ex: COC 20mcg
+ COC 30 mcg EE no esquema
estendido com pausa de apenas 4
Alternativas: dias.
- Usar COC com pelo menos 30 mcg de EE, ou um anel Medida não recomendada durante o
vaginal ou adesivo no esquema estendido com pausa de uso da rifampicina.
apenas 4 dias.

Uso de dois anéis ou dois adesivos


Mais: Usar contracepção adicional pelo tempo que durar o não são recomendados
tratamento com a droga indutora da enzima P 450 e por 28
dias após o tratamento.

Ou

Usar 2 pílulas de COC durante todo o tratamento com da


droga indutora da enzima P 450. Medida não recomendada
durante o uso da rifampicina
CHP Opção recomendada: Opção recomendada:

- POP - Trocar os CH por outros métodos que não tenham - Trocar os CHC por outros métodos
interação medicamentosa com as drogas. que não tenham interação
- Implantes medicamentosa com as drogas
Oferecer uma dose do DEPO 150 para garantir a citadas.
contracepção nos 2 meses de tratamento com drogas
indutoras da enzima P 450 e os 28 dias seguintes.

Alternativas:

Alternativas: Continuar usando POP /Implante, - Usar COC com pelo menos 50 mcg
de EE (ex: COC 20mcg + COC 30mcg)
EE no esquema estendido com pausa
de apenas 4 dias.
Mais: Usar contracepção adicional pelo tempo que durar o
tratamento com a droga indutora da enzima P 450 e por 28 Medida não recomendada durante o
dias após o término do tratamento uso da rifampicina.

Uso de 2 anéis ou 2 adesivos não são


recomendados
CHP Nada a fazer.

- DEPO 150 A eficácia do DEPO 150 e do SIU com levonorgestrel não são
afetadas pelas enzimas P 450.
- SIU-LNG

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TABELA 16: drogas que reduzem a absorção dos Contraceptivos Hormonais


(podem reduzir a eficácia dos CH)

Droga Significado clínico O que fazer


Orlistat Pode afetar a absorção dos CHC por Recomendar proteção contraceptiva adicional.
induzirem diarréia.
(droga anti- Se vômitos ocorrerem até 2 h após a tomada do CHC, orientar
obesidade) repetir a dose do dia. Se vômitos persistirem por mais de 24h,
orientar seguir o protocolo de esquecimento das pílulas (acima).
Também podem induzir os vômitos.

TABELA 17: drogas afetadas pelo uso dos Contraceptivos Hormonais Combinados
(podem reduzir os níveis sanguíneos ou os efeitos clínicos)

Drogas Significado clínico O que fazer


Antiepiléticos EE reduz a concentração plasmática de Considerar o aumento da dose de lamotrigina. Para
lamotrigina. Possível aumento do risco de evitar a toxicidade na pausa, dar preferência ao
convulsões. esquema contínuo.

EE também pode reduzir discretamente os níveis de


valproato.
Anti-HAS Efeito hipotensor pode ser atenuado ou Monitorar efeito.
antagonizado pelo EE.
Antidiabéticos EE e progestágenos podem atenuar ou Monitorar efeito.
antagonizar o efeito hipoglicemiante dos
antidiabéticos.
Diuréticos Efeito diurético pode ser atenuado ou Monitorar efeito.
antagonizado pelo EE.

Hormônios Pode ser necessária o aumento da dose de Monitorar função tireoidiana


tireoidianos hormônios tireoidianos no hipotireoidismo.

TABELA 18: drogas que aumentam os níveis dos Contraceptivos Hormonais

Drogas Significado clínico O que fazer


Moderada a intensa aumento dos níveis de EE e dienogest. Orientar a paciente ou usar antibiótico
Eritromicina
Possível aumento dos efeitos adversos dos contraceptivos. alternativo.
Fluconazol
Moderado aumento dos níveis de EE e P.
Itraconazol Orientar a paciente
Pode haver sangramento de escape durante o uso.
Cetoconazol
Doses de Etoricoxib ≥ 60 mg pode aumentar os níveis de EE
Orientar a paciente ou usar anti-
Etoricoxib em 40% ou mais. Possível aumento dos efeitos adversos dos
inflamatório alternativo.
contraceptivos.
Atorvastatina Modesto aumento dos níveis de etinilestradiol (EE) e
Esclarecer a paciente
Rosuvastatina progestágenos. Efeito clínico não significativo.

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Protocolo de Urgências Ginecológicas e Obstétricas

# COMO TROCAR MAC

TABELA 19: COMO TROCAR OS MAC

MAC ATUAL Trocar por:


CHC DEPO 150/
CHC POP Implante SIU-LNG DIU-Cu
(se uso correto) 104 SC
Na 2-3ª semana,
Início Início Início Inserção Inserção Inserção
ou
imediato imediato imediato imediata imediata imediata
No 1º-2º dia pausa
Na 1ª semana Ou Início Início Início Inserção Inserção

No 3-7º dia pausa Imediato Imediato Imediato Imediata Imediata


Inserção
E + + + + +
imediata
Sem RSD desde o Condon por Condon por Condon por 7 Condon por 7 Condon por 7
início da pausa 7 dias 2 dias dias dias dias
Na 1ª semana Ou

No 3-7º dia pausa


Continuar o CHC por mais 7 dias e seguir orientações da troca nas Inserção
E semanas 2 ou 3 da cartela. imediata
Com RSD desde o
início da pausa
MAC ATUAL Trocar por:

Métodos com DEPO 150/


CHC POP Implante SIU-LNG DIU-Cu
progestágenos 104 SC

Implante inserido < de Início Início Início Inserção Inserção Inserção


4 anos imediato imediato imediato imediata imediata imediata

DEPO 150 IM/


Inserção
104 SC < 14 sem após Início Início Início Inserção Inserção
imediata
última injeção Imediato Imediato Imediato Imediata Imediata
DEPO 150 IM/ Início Início Início Inserção Inserção

104 SC > 14 semanas Imediato Imediato Imediato Imediata Imediata


Inserção
após última injeção
+ + + + +
imediata
E
Condon por Condon p/ Condon por 7 Condon por 7 Condon por 7
SEM RSD 7 dias 2 dias dias dias dias
Inserção
Iniciar MAC Iniciar MAC
DEPO 150 IM/ Início Início Imediata, se RSD foi
provisório + provisório + Não Inserir* nos 1os 5 dias após
104 SC > 14 semanas Imediato Imediato Condon por 7 Condon por 7 + vencimento.
após última injeção dias dias
+ + +
Iniciar MAC
E + +
Condon por Condon p/ Se > 5 dias, Iniciar
provisório
COM RSD 7 dias 2 dias β-hCG em 3 β-hCG em 3 MAC
sem sem
provisório
POP (DSG) Início Início Início Inserção Inserção Inserção

(se uso correto Imediato Imediato Imediato Imediata Imediata imediata


MAC ATUAL Trocar por:

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Contracepção DEPO 150/


CHC POP Implante SIU-LNG DIU-Cu
intrauterina 104 SC
Início Início Início Inserção

SIU-LNG na validade Imediato Imediato Imediato Imediata


Inserção Inserção
SEM RSD nos últimos + + + +
Imediata imediata
7 dias
Condon por Condon por Condon por 7 Condon por 7
7 dias 2 dias dias dias
Manter o Manter o
Manter o
SIU-LNG na validade SIU-LNG SIU-LNG Manter o SIU- Idealmente, abstinência por 7 dias
SIU-LNG por
por 7 dias por 7 dias LNG por 7 dias antes da troca, para o caso de, por
COM RSD nos últimos 7 dias após a
após o após o após o início qualquer razão, o novo dispositivo
7 dias inserção do
início do início do do DEPO. não poder ser inserido.
implante
CHC. POP.
DIU Cu até Início Início Início Inserção Inserção
Inserção imediata
5º. dia ciclo Imediato Imediato Imediato Imediata Imediata

DIU Cu após 5º. dia Início Início Início Início Inserção


ciclo Imediato Imediato Imediato Imediato Imediata
Inserção
E + + + + +
Imediata
SEM RSD nos últimos Condon por Condon p/ Condon por 7 Condon por 7 Condon por 7
7 dias 7 dias 2 dias dias dias dias
Fazer

DIU Cu após 5º. dia abstinência Idealmente,


ciclo Manter o Manter o Manter o por 7 dias
Manter o DIU abstinência por 7
DIU Cu por DIU Cu por DIU Cu por 7 antes da
Cu por 7 dias dias antes da troca,
E 7 dias após 7 dias após dias após a troca
após o início para o caso de o
o início do o início do inserção do
COM RSD nos últimos do DEPO. + novo dispositivo não
CHC. POP. implante
7 dias poder ser inserido.
Condon por 7
dias
MAC ATUAL Trocar por:
DEPO 150/
AE CHC POP Implante SIU-LNG DIU-Cu
104 SC
Início Início Não inserir
Início Início Mirena Inserção Imediata,
Imediato Imediato
SE RSD nos últimos
Imediato Imediato de método de método +
5 dias
provisório provisório
+ + Início
Ou RSD há ≤ 5 dias
LNG oral + +
Condon por Condon por Imediato da data provável da
(1500 mg) 7 dias 2 dias Condon por 7 Condon por 7 de método ovulação.
dias dias provisório
+ + SE NÃO,
+ + +
β-hCG em 3 β-hCG em 3 Início Imediato de
sem sem β-hCG em 3 β-hCG em 3 β-hCG em 3 método provisório.
sem sem sem
MAC ATUAL Trocar por:
Uso incorreto MAC DEPO 150/
Hormonal ou fora CHC POP Implante SIU-LNG DIU-Cu
validade 104 SC

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Protocolo de Urgências Ginecológicas e Obstétricas

Início Início Início Inserção Inserção

+ SEM RSD nas Imediato Imediato Imediato Imediata Imediata


Inserção
últimas 3 semanas +
+ + + + +
imediata
β-hCG negativo
Condon por Condon p/ Condon por 7 Condon por 7 Condon por 7
7 dias 2 dias dias dias dias
Início Não inserir
Mirena
Imediato
Início
de método +
Início Início Inserção Imediata,
provisório Imediato
Início
Imediato Imediato de método SE RSD nos últimos
+
provisório Imediato 5 dias
+ +
+ COM RSD nas Condon por 7 de método
+ ou RSD há ≤ 5 dias
últimas 3 semanas + Condon por Condon por dias provisório
7 dias 2 dias Condon por 7 da data provável da
β-hCG negativo + + ovulação
dias
+ +
β-hCG em 3 Condon por 7
+
β-hCG em 3 β-hCG em 3 sem dias
sem sem β-hCG em 3
+
sem
β-hCG em 3
sem

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Protocolo de Urgências Ginecológicas e Obstétricas

TUMORES DAS GLÂNDULAS DE BARTHOLIN


(ou glândulas vestibulares maiores)

# ANATOMIA:

As glândulas de Bartholin ou glândulas vestibulares maiores tem seus orifícios


localizados entre os pequenos lábios e o anel himenal (ver figura 1) e sua função
é secretar muco para lubrificação vulvar e vaginal.
Os dois tipos de tumores mais comuns nas glândulas de Bartholin são cistos e
abscessos; havendo mais raramente aparecimento de tumores benignos e carcinoma.

• CISTO: são formados pela obstrução do orifício glandular;


• ABSCESSOS: se formam a partir da infecção do conteúdo acumulado pela
obstrução. Diferentemente do cisto, costuma cursar com dor local

# DIAGNÓSTICO:

É clínico, não havendo indicação alguma de exames de imagem. Entretanto pode-se realizar cultura do material drenado ou
biópsia em caso de suspeita de malignidade (principalmente se houver componente sólido).

# TRATAMENTO:

Tem o intuito de drenar o conteúdo e manter o orifício da glândula aberto, visando a não recorrência da tumoração. Pode ser
realizados através de um dos métodos abaixo:
• Drenagem simples: indicada nos casos de abscesso, no atendimento de urgência. As demais são mais apropriadas para
os cistos, preferencialmente no ambulatório de pequenos procedimentos, de forma eletiva.
• Drenagem e inserção de catéter de word adaptado com sonda de foley: Apropriada para os cistos , preferencialmente
realizada no ambulatório de pequenas cirurgias.
• Marsupialização: Também indicada para os cistos e igualmente de realização ambulatorial
• A antibioticoterapia está indicada em casos de abscesso e deve ser ampla para cobrir patógenos sexualmente
transmissíveis, como Neisseria gonorroeae e Clamydia trachomatis, principais agentes etiológicos.
Recomenda-se:

Ceftriaxona 500mg, IM dose única


+
Doxiciclina 100mg, VO de 12/12h por 07 dias
OU Azitromicina 1g VO dose única.
FLUXOGRAMA DE CONDUTA PARA TUMORAÇÃO NA GLÂNDULA DE BARTHOLIN:

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Protocolo de Urgências Ginecológicas e Obstétricas

Massa de glândula de Bartholin não-complicada

Abcesso Cisto Sólido

Drenagem + ATB < 3cm > 3cm Biópsia


Ceftriaxona 500mg IM dose única
+
Doxiciclina 100mg VO 12/12h 07 dias
OU Azitromicina 1g VO dose única
Tratamento Drenagem + Cateter de Word
conservador adaptado* ou Marsupialização**

Recorrência Resolução

Nova Drenagem + Cateter de


Word adaptado* ou Marsupialização**

Recorrência Resolução

Bartholinectomia

Importante:
*Adaptado por sonda de Foley
*ontraindicado se a pessoa for alérgica ao látex
*Manter a sonda por 2 semanas para formação do epitélio
**Marsupializar quando não for possível encher a sonda de Foley

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Protocolo de Urgências Ginecológicas e Obstétricas

CORRIMENTO VAGINAL

# DEFINIÇÃO:

• Vulvovaginite e vaginose são as causas mais comuns de corrimento vaginal patológico. Os agentes etiológicos mais
frequentes são fungos, principalmente a Candida albicans; bactérias anaeróbicas, em especial a Gardnerella vaginalis e
o protozoário Trichomonas vaginalis.
• Cervicite mucopurulenta ou endocervicite é a inflamação da mucosa endocervical (epitélio colunar do colo uterino). Os
agentes etiológicos mais frequentes são Chlamydia trachomatis (CT) e Neisseria gonorrhoeae (NG).

# CANDIDÍASE VULVOVAGINAL (CVV):

Classifica-se em CVV não complicada e CVV complicada. Considera-se não complicada quando presentes todos os critérios a
seguir: sintomas leves/moderados, frequência esporádica, agente etiológico C. albicans e ausência de co-morbidades.E considera-
se CVV complicada quando presente pelo menos um dos seguintes critérios: sintomas intensos, frequência recorrente (CVVR),
agente etiológico não albicans (glabrata, kruzei, ...), presença de co-morbidades (diabetes, HIV, ...) ou gestação.
Sintomas: prurido, ardência, corrimento geralmente grumoso, sem odor, dispareunia de introito vaginal e disúria externa.
Sinais: eritema e fissuras vulvares, corrimento grumoso, com placas aderidas à parede vaginal, de cor branca, edema vulvar,
escoriações e lesões satélites, por vezes, pustulosas, pelo ato de coçar.
O diagnóstico deve ser confirmado com uma citologia a fresco utilizando soro fisiológico e hidróxido de potássio a 10% para
visibilizar a presença de hifas e /ou esporos dos fungos. Além disso, a CVV está associada a pH normal vaginal (< 4.5).
Diante de forte suspeita de CVV, mas se a citologia a fresco for negativa, cultura vaginal específica em meios Sabouraud,
Nickerson´s ou Microstix-candida deve ser realizada. Para o diagnóstico diferencial da CVVR deve-se lembrar do líquen escleroso,
vulvovestibulite, dermatite vulvar, vulvodinea, vaginite citolítica, vaginite inflamatória descamativa, formas atípicas de herpes
genital e reações de hipersensibilidade.

# VAGINOSE BACTERIANA ANAERÓBICA (VB):

É a desordem mais frequente do trato genital inferior, entre mulheres em idade reprodutiva (grávidas e não grávidas) e a
causa mais prevalente de corrimento vaginal com odor fétido.
Os critérios de Amsel ainda são muito utilizados e firmam o diagnóstico quando presentes três mais: corrimento vaginal
homogêneo, pH > 4,5, presença de clue cells no exame de lâmina a fresco, whiff teste positivo (odor fétido das aminas com
adição de hidróxido de potássio a 10%).
Mas a coloração pelo Gram, do fluido vaginal é o método considerado padrão ouro para VB. Quantifica-se o número de
lactobacillus e de bactérias patogênicos, resultando em um escore que determina se há infecção. O mais comumente utilizado
é o sistema de NUGENT (Tabela 1).
O critério para ser VB é um escore de 7 ou mais. De 4 a 6 é intermediário e de zero a três é normal.

Tabela 1 - Sistema de Nugent para diagnóstico de VB

Escore Lactobacilos Gardnerella Bacteróides, etc. Bacilos curvos Quantificação


0 4+ 0 0 0 ausência de bactérias
1 3+ 1+ 1+ ou 2+ 1+ <1 bactéria/campo
2 2+ 2+ 3+ ou 4+ 2+ 1 a 5 bactérias/campo
3 1+ 3+ 3+ 6 a 30 bact./campo
4 0 4+ 4+ > 30 bactérias/campo
NOTA: Interpretação do resultado: 0 a 3 negativo para VB, 4 a 6 microbiota alterada, 7 a 10 VB

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Protocolo de Urgências Ginecológicas e Obstétricas

# TRICOMONÍASE:

Vulvovaginite menos frequente nos dias atuais.


Sintomas: Intensa descarga vaginal amarelo esverdeada, bolhosa, espumosa, por vezes acinzentada, acompanhada de odor fétido
lembrando peixe na maioria dos casos e prurido eventual, que pode ser reação alérgica à afecção. Quando ocorre inflamação
intensa, o corrimento aumenta e pode haver sinusiorragia e dispareunia. Pode haver também edema vulvar e sintomas urinários,
como disúria. Em 30% dos casos são assintomáticas, mas algum sinal clínico pode aparecer.
Sinais: No exame especular percebe-se o colo uterino com micro ulcerações que dão um aspecto de morango ou framboesa
(teste de Schiller “onçóide”). A transudação inflamatória das paredes vaginais eleva o pH para 6,7 a 7,5, e neste meio alcalino,
pode surgir variada flora bacteriana patogênica, inclusive anaeróbica, estabelecendo- se a vaginose bacteriana associada, que
libera as aminas com odor fétido, além de provocar as bolhas na descarga vaginal purulenta.
Diagnóstico laboratorial: o mais comum é o exame a fresco, com gota do conteúdo vaginal e soro fisiológico, observando-se
o parasita ao microscópio, visibilizando-se o movimento do protozoário, que é flagelado e há grande número de leucócitos.
O pH quase sempre é maior que 5,0. Na maioria dos casos o teste das aminas é positivo.
A bacterioscopia com coloração pelo método de Gram observa o parasita Gram negatiVO, de morfologia característica. A cultura
pode ser requisitada nos casos de difícil diagnóstico. Os meios de cultura são vários e incluem Diamond´s, Trichosel e In Pouch TV.

# VAGINOSE CITOLÍTICA:

Consiste no aumento exacerbado do microbiota vaginal composto por lactobacilos. Por vezes incomoda as pacientes e torna-se
queixa principal, apesar de ser apenas aumento do resíduo vaginal fisiológico. Pode-se aliviar os sintomas da paciente com
creme vaginal com tampão borato pH 8, por 10 dias e depois manter duas vezes por semana por 2 meses ou alcalinizar o meio
vaginal com seringas de água bicarbonatada, em vários esquemas, porém são terapias alternativas ainda sem base científica.

# VAGINITE DESCAMATIVA INFLAMATÓRIA DESCAMATIVA:

Caracteriza-se por corrimento persistente amarelado, associado à dispareunia e intenso processo inflamatório das paredes
vaginais, cuja propedêutica usual não identifica os microrganismos frequentes. O pH é alto (> 4,5), o teste das aminas é
negatiVO, colpite macular pode estar presente e à microscopia observa-se reduzida quantidade de Lactobacilos, aumento de
bactérias, polimorfonucleares e células parabasais, e ausência de elementos fúngicos. Difere da VB pela inflamação presente.
Infecção estreptocócica concomitante é relatada. Surge predominantemente após a 4a década de vida e apresenta boa resposta
ao uso de creme vaginal de clindamicina a 2% durante 2 semanas.

# CERVICITE:

São frequentemente assintomáticas (em torno de 70% a 80%).


Sintomas: corrimento vaginal, sangramento intermenstrual, dispareunia e disúria.
Sinais: dor à mobilização do colo uterino, material mucopurulento no orifício externo do colo, edema cervical e sangramento
ao toque da espátula ou swab.
A infecção gonocócica ou por clamídia durante a gravidez poderão estar relacionadas a partos pré-termo, ruptura prematura de
membrana, perdas fetais, retardo de crescimento intrauterino e endometrite puerperal, além de conjuntivite e pneumonia do RN.
Diagnóstico laboratorial: A cervicite gonocócica pode ser diagnosticada pela cultura do gonococo em meio seletivo (Thayer-
Martin modificado), a partir de amostras endocervicais. O diagnóstico laboratorial da cervicite causada por CT e NG pode ser
feito por um método de biologia molecular (NAAT).
A captura híbrida é outro método de biologia molecular; embora menos sensível que os NAAT avalia qualitativamente a
presença do patógeno. Há grande limitação de custo para uso dessas técnicas.

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Protocolo de Urgências Ginecológicas e Obstétricas

EXAME GINECOLÓGICO:
O exame ginecológico é a propedêutica essencial da abordagem das vulvovaginite, vaginose e cervicite e deve ser realizado
seguindo os passos:

• Examinar a genitália externa e região anal;


• Separar os lábios vaginais para visualizar o introito vaginal integralmente.
• Introduzir o espéculo para examinar a vagina, suas paredes, fundo de saco e colo uterino.
• Fazer o teste de pH vaginal, colocando, por um minuto, a fita de papel indicador na parede vaginal lateral (evitar
tocar o colo).
• Colher material para o teste de whiff (teste das aminas ou do “cheiro” – em lâmina ou no chumaço de gaze
acrescentar uma gota de KOH 10% sobre o conteúdo vaginal coletado, sendo positivo se presente cheiro de peixe
podre) e para realização da bacterioscopia, quando disponível.
• Havendo possibilidade de realização no local ou em referência, coletar material endocervical para cultura de
gonococos em meio de transporte e pesquisa de clamídia (captura híbrida ou PCR), podendo, no caso da PCR ser
substituída pela urina de 1º jato (armazenada na bexiga por no mínimo 4h), seguindo as orientações da coleta e
armazenamento, conforme o meio a ser utilizado.

A colpocitologia oncótica (Papanicolaou) e a colposcopia não devem ser realizadas com o intuito de diagnosticar
vulvovaginite, vaginose e cervicite.
Quando indicadas, para rastreio de neoplasia intraepitelial cervical, p. ex., devem preferencialmente ser realizadas
após tratamento das ITR.

# TRATAMENTO:

O tratamento para cada uma das infecções deve ser realizado de acordo com os quadros abaixo:

Tratamento para gonorreia e clamídia:

Infecção gonocócica NÃO complicada (uretra, colo Ceftriaxona 250 mg, IM, dose única +
do útero, reto e faringe) Azitromicina 500 mg, 2 comprimidos, VO, dose única
Ceftriaxona 1g IM ou IV /dia, completando ao menos 7 dias de
Infecção gonocócica disseminada
tratamento
Conjuntivite gonocócica no adulto Ceftriaxona 1g, IM, dose única

Azitromicina 500 mg, 2 comprimidos, VO, dose única OU Doxiciclina


Infecção por clamídia 100 mg, VO, 2xdia, 7 dias (exceto gestantes)
OU Amoxicilina 500 mg, VO, 3xdia, 7 dias

Prevenção e tratamento da oftalmia neonatal:

Condição clínica Tratamento


Prevenção da oftalmia Nitrato de prata a 1% (método de Crede), aplicação única, na 1ª hora após o nascimento;
neonatal OU Tetraciclina a 1% (colírio), aplicação única, na 1ª hora após o nascimento
Tratamento da oftalmia Ceftriaxona 25-50 mg/kg/dia, IM, no máximo 125 mg em dose única
neonatal
Recomendações gerais para o manejo da oftalmia neonatal:
• Instilação local de solução fisiológica, de hora em hora;
• Não se indica a instilação local de penicilina;
• Nos casos de resposta terapêutica não satisfatória, considerar a hipótese de infecção simultânea por clamídia.

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Protocolo de Urgências Ginecológicas e Obstétricas

Tratamento para vulvovaginite e vaginose:


# Candidíase vulvovaginal:
Primeira opção: Miconazol creme a 2% ou outros derivados imidazólicos, via vaginal, um aplicador cheio, à noite ao deitar-
se, por 7 dias OU Nistatina 100.000 UI, uma aplicação, via vaginal, à noite ao deitar-se, por 14 dias
Segunda opção: Fluconazol 150 mg, VO, dose única OU Itraconazol 100 mg, 2 comprimidos, VO, 2x/dia, por 1 dia.
Tratamento em gestantes e lactantes: Somente por via Vaginal. Oral está contraindicado.
Casos recorrentes
• Indução: Fluconazol 150 mg, VO, 1x/dia, dias 1, 4 e 7. OU
Itraconazol 100 mg, 2 comprimidos, VO, 2x/dia, por 1 dia. OU
Azol tópico diário durante 10 a 14 dias.
• Manutenção: Fluconazol 150mg, VO, 1x/semana, por 6 meses. OU
Azol tópico creme, 2x/semana OU óvulo vaginal, 1x/semana, por 6 meses
Comentários: As parcerias sexuais não precisam ser tratadas, exceto as sintomáticas.
É comum durante a gestação, podendo apresentar recidivas pelas condições propícias do pH vaginal que se estabelecem
nesse período.

# Vaginose Bacteriana:
Primeira opção: Metronidazol 250 mg, 2 Comprimidos VO, 2x/dia, por 7 dias OU Metronidazol gel vaginal 100 mg/g, um
aplicador cheio via vaginal, à noite ao deitar- se, por 5 dias.
Segunda opção: Clindamicina 300 mg, VO, 2x/dia, por 7 dias.
Tratamento em gestantes e lactantes: Primeiro trimestre: Clindamicina 300 mg, VO, 2xdia, por 7 dias. Após primeiro trimestre:
Metronidazol 250 mg, 1 Comprimido VO, 3x/dia, por 7 dias.
Casos recorrentes: Metronidazol 250 mg, 2 comprimidos VO, 2x/dia, por 10 a 14 dias OU Metronidazol gel vaginal 100
mg/g, um aplicador cheio via vaginal1xdia por 10 dias, seguido de tratamento supressivo com óvulo de ácido bórico
intravaginal de600mg ao dia por 21 dias e Metronidazol gel vaginal100 mg/g duas aplicações semanais, por 4 a 6 meses.
Comentários: O tratamento das parcerias sexuais não está recomendado. Para as puérperas, recomenda-se o mesmo
tratamento das gestantes.

# Tricomoníase:
Primeira opção: Metronidazol 400 mg, 5 comprimidos, VO, dose única (dose total de tratamento 2g). OU Metronidazol 250
mg, 2 comprimidos, VO, 2x/dia, por 7 dias.
Segunda opção:
Tratamento em gestantes e lactantes: Primeiro trimestre: Clindamicina 300 mg, VO, 2x/dia, por 7 dias. Após primeiro
trimestre: Metronidazol 250 mg, 1 Comprimido VO, 3x/dia, por 7 dias.
Casos recorrentes
Comentários O tratamento das parcerias sexuais é com o mesmo esquema. O tratamento pode os sintomas aliviar de
corrimento vaginal em gestantes, além de prevenir Infecção respiratória ou genital em RN.
Para as puérperas, recomenda-se o mesmo tratamento das gestantes.

Observações:
• Durante o tratamento com Metronidazol, deve-se evitar a ingestão de álcool (efeito antabuse, devido interação de
derivados imidazólicos com álcool, caracterizado por mal-estar, náuseas, tonturas e “gosto metálico na boca”).
• Durante o tratamento, devem ser suspensas as relações sexuais.
• Manter o tratamento se a paciente menstruar.

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Protocolo de Urgências Ginecológicas e Obstétricas

• O tratamento do parceiro, quando indicado, deve ser realizado na sua presença, com o devido aconselhamento, solicitação
de exames de outras IST (sífilis, HIV, hep. B e C) e identificação, captação e tratamento de outas parcerias sexuais,
buscando a cadeia de transmissão.

Tricomoníase:
• Portadoras do HIV: devem ser tratadas com os mesmos esquemas. Mas deve-se ter atenção com a interação medicamentosa
do metronidazol e ritonavir, que pode elevar a intensidade de náuseas e vômitos, reduzindo a adesão aos antirretrovirais.
Para evitar tal ocorrência, recomenda-se intervalo de tempo de 2h entre as ingestas do metronidazol e ritonavir.
• A tricomoníase vaginal pode alterar a classe da citologia oncológica. Por isso, nos casos em que houver alterações
morfológicas celulares e tricomoníase, deve-se realizar o tratamento e repetir a citologia após 3 meses, para avaliar
se as alterações persistem.

Vaginose bacteriana:
• VB recorrente: parece encorajador o triplo regime (metronidazol gel 10 dias + ácido bórico 21 dias + metronidazol gel
2x/ semana, por 4 a 6 meses), porém requer validação com estudo prospectivo randomizado e controlado. O papel do
ácido bórico é remover o “biofilme” vaginal que facilitaria a persistência das bactérias patogênicas.
• Uso de antissépticos, pré-bióticos, pró-bióticos, e reposição de lactobacilos vem sendo estudada, mas há ainda longo
caminho a percorrer, pois a reposição tem que ser com as espécies que habitam a vagina e produzem H2O2, características
primordiais para a proteção contra várias infecções, inclusive VB.
• Portadoras do HIV: devem ser tratadas com os mesmos esquemas. Mas deve-se ter atenção com a interação medicamentosa
do metronidazol e ritonavir, que pode elevar a intensidade de náuseas e vômitos, reduzindo a adesão aos antirretrovirais.
Para evitar tal ocorrência, recomenda-se intervalo de tempo de 2h entre as ingestas do metronidazol e ritonavir.

Candidíase:
• Nos casos recorrentes ou de difícil controle deve-se investigar causas sistêmicas predisponentes (diabetes, imunodepressão,
inclusive a infecção pelo HIV e uso de corticoides).
• Dentre as reações adversas raras (entre 0,01% e 0,1%) do uso do Fluconazol citam-se dentre outros agranulocitose,
leucopenia, neutropenia, trombocitopenia, anafilaxia, angioedema, hipertrigliceridemia, hipercolesterolemia, hipocalemia,
toxicidade e insuficiência hepática.
• Portadoras do HIV: devem ser tratadas com os mesmos esquemas.

Tratamento de Candidas não-albicans:


• C. glabrata: ácido bórico 600 mg intravaginal diariamente, por 14 dias (ALERTA: PODE SER FATAL SE INGERIDO).
• Se falhar, Flucytosine creme 17% tópico 5g/noite, por 14 dias.
• C. krusei: Clotrimazol, miconazol ou terconazol intravaginal durante 7 a 14 dias.
• Todas as outras espécies: Fluconazol dose habitual

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Protocolo de Urgências Ginecológicas e Obstétricas

DOENÇA INFLAMATÓRIA PÉLVICA (DIP)

Introdução:
Síndrome aguda, clínica ou subclínica do sistema reprodutor feminino superior, ou seja, acima do orifício cervical interno, de
caráter infeccioso polimicrobiano. Causado pela ascensão de microorganismos do trato inferior ou após manipulação uterina
(curetagem, inserção de DIU, outros).

Etiologia:

MICRORGANISMOS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS


› Chlamydia trachomatis
› Neisseria gonorrhoeae
› Herpes simplex virus
› Trichomonas vaginalis
ORGANISMOS ENDÓGENOS
Micoplasmas do trato genital:
» Mycoplasma genitalium
» Mycoplasma hominis
» Ureaplasma urealyticum
BACTÉRIAS ANAERÓBICAS
Bacteroides spp. e fragilis
› Peptoestreptococcus spp.
› Prevotella spp.
BACTÉRIAS FACULTATIVAS (AERÓBICAS)
› Escherichia coli
› Gardnerella vaginalis
› Haemophilus influenzae
› Streptococcus spp. e agalactieae

Diagnóstico:
O exame clínico deve incluir:
• Aferição de sinais vitais;
• Exame abdominal;
• Exame especular vaginal, incluindo inspeção do colo de útero para friabilidade (sangramento fácil) e corrimento
mucopurulento cervical;
• Exame bimanual, com mobilização do colo e palpação dos anexos.
• Para o diagnóstico são considerados os critérios MAIORES, MENORES e ELABORADOS e presume-se o diagnóstico nas
duas situações a seguir (figura 1 e tabela 1):

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Figura 1 Presunção diagnóstica de Doença Inflamatória Pélvica

Tabela 1 Critérios diagnósticos de Doença Inflamatória Pélvica

CRITÉRIOS MAIORES
Dor no hipogástrio
Dor a palpação dos anexos
Dor a mobilização do colo do útero
CRITÉRIOS MENORES
Temperatura axilar 37.5ºC
Conteúdo vaginal ou secreção endocervical anormal
Massa pélvica
Mais de cinco leucócitos por campo em material de imersão
Leucocitose de sangue periférico
Proteína C reativa (PCR) ou velocidade de hemossedimentação (VHS) elevada
Comprovação laboratorial de infecção por gonococo, clamídia ou micoplasma
CRITÉRIOS ELABORADOS
Evidência histopatológica de endometrite
Presença de abscesso tubo-ovariano ou de fundo de saco de Douglas em exame de imagem
Laparoscopia com evidência de DIP

Estadiamento da DIP
Grau I Salpingite sem peritonite
Grau II Salpingite com peritonite
A: Hidrossalpinge
Grau III Presença de complexo tubo-ovariano
B: Abscesso tubo-ovariano
Grau IV Abscesso tubo-ovariano roto
Grau V Qualquer dos graus acima associado à tuberculose genital

Exames complementares iniciais:


• Laboratório: Leucograma, PCR e VHS
• USG pélvica (preferência endovaginal)
• Ressonância magnética pélvica (em caso de persistência dos sintomas ou USG inconclusiva)

Tratamento: Iniciado imediatamente. Almeja a melhora clínica, o fim do processo infeccioso e visando evitar complicações
tardias da DIP. Feito ambulatorialmente para casos sem peritonite (grau I). Os demais estádios e os critérios resumidos na
Tabela 2 requerem tratamento hospitalar.

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Tabela 2- Critérios de tratamento hospitalar para Doença Inflamatória Pélvica

Critérios de tratamento hospitalar


1. Abscesso tubo ovariano
2. Gravidez
3. Ausência de resposta clínica após 72h do início do tratamento com antibioticoterapia oral
4. Estado geral grave (náusea vômitos e febre)
5. Dificuldade na exclusão de emergência cirúrgica
6. Intolerância antibióticos orais ou dificuldade em seguimento ambulatorial

Os esquemas terapêuticos devem apresentar cobertura antimicrobiana para os agentes etiológicos de DIP, conforme a Tabela 3.

Tabela 3- Tratamento antimicrobiano para Doença Inflamatória Pélvica

TRATAMENTO 1ª OPÇÃO 2ª OPÇÃO 3ª OPÇÃO


Cefotaxima 500mg, IM, dose
Ceftriaxona 500mg, IM, dose única
única
+
+
Doxiciclina* 100mg, 01comp
Doxiciclina 100mg, 01 comp
AMBULATORIAL 12/12h por 14 dias
12/12h por 14 dias
+
+
Metronidazol 250mg, 02 comp
Metronidazol 250mg, 02 comp
12/12h por 14 dias
12/12h por 14 dias
Ceftriaxona 1g, IV, 1x/dia por 14
Ampicilina/ sulbactam 3g,
dias Clindamicina 900mg, IV, 3x/ dia,
IV, 6/6h por 14 dias
+ por 14 dias
+
HOSPITALAR Doxiciclina* 100mg, 01 comp +
Doxiciclinaa 100mg, 1
12/12h por 14 dias Gentamicina (IV/ IM): 3-5 mg/
comp, VO, 2x/dia, por 14
+ kg, 1x/dia, por 14 dias
dias
Metronidazol 400mg, IV, 12/12h

São indícios de falha no tratamento clínico:


1. Novo episódio de febre ou febre persistente;
2. Aumento ou persistência de enrijecimento abdominal;
3. Aumento da massa pélvica;
4. Leucocitose persistente ou ascensão dos leucócitos;
5. Suspeita de SEPSE.
6. Aumento da PCR

Indicações de tratamento cirúrgico:


- Se houver piora do quadro, deve-se considerar laparoscopia ou laparotomia;
- Geralmente indicadas em massas anexiais não responsivas ao tratamento ou que se rompem.
- Culdotomia pode ser realizada no caso em que o abscesso ocupe o fundo de saco de Douglas. Em casos particulares,
abscessos tubo-ovarianos podem ser esvaziados com punção guiada por ultrassonografia.

SITUAÇÕES ESPECIAIS:
- Gestantes devem sempre ser internadas pelo risco aumentado de abortamento e corioamnionite. Lembrando que
quinolonas e doxicilina é contraindicado na gestação.
- Em caso de crianças e adolescentes não há obrigatoriedade em internamento hospitalar. E paciente imunossuprimidas
tem maior chance de desenvolver abscesso tubo-ovariano, porém seu tratamento não difere da população geral.

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- Para mulheres com DIU não há necessidade para retirar o dispositivo. Porém é indicada se for o desejo da usuária, DIP
severa ou sem melhora clínica após 72h de antibiótico. É importante ressaltar que sendo indicada retirada do DIU, o
procedimento deve ser feito após as duas primeiras doses da antibióticoterapia. E orientar um novo método contraceptiVO,
incluindo uso de condom.

RECOMENDAÇÕES e ACOMPANHAMENTO PÓS TRATAMENTO:


1. Doxiciclina é contraindicada na gestação;
2. A melhora clínica deve acontecer com 72h após início do tratamento;
3. Havendo piora do quadro considerar outros exames de imagem como ressonância magnética
4. O uso parenteral deverá ser suspenso 24 horas após a cessação dos sintomas e a continuação terapêutica antimicrobiana
por via oral deve se estender até 14 dias;
5. Após a alta hospitalar retornar na primeira semana para avaliação ambulatorial;
6. Orientar abstinência sexual com penetração vaginal até melhora clínica;
7. Tratar as parcerias sexuais dos últimos dois meses anteriores ao diagnóstico com Ceftriaxona 500mg, IM, dose única
+ Azitromicina 1g, VO, dose única.
8. Oferecer testagem para paciente e parceria sexual: HIV, sífilis, hepatite B e hepatite C.

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SANGRAMENTO UTERINO ANORMAL

Qualquer desvio menstrual, em mulheres não grávidas, para mais em relação à frequência, duração, volume ou regularidade.
A menstruação normal tem duração de até 8 dias, frequência entre 24 e 38 dias e volume igual ou inferior a 80 ml.
• Agudo: Sangramento em quantidade suficiente para demandar intervenção imediata para evitar mais sangramento
(conduta em capítulo próprio)
• Crônico: Sangramento presente na maioria dos ciclos nos últimos 6 meses (conduta nos capítulos específicos)

Parâmetro Nova nomeclatura Nomeclatura antiga Limites


Frequência Amenorréia Amenorréia (3 ciclos) > 6 meses

Sgto Uterino Infrequente Oligomenorréia (>35 dias) > 38 dias

Normal Eumenorréia 24 a 38 dias

Sgto Uterino Frequente Polimenorréia (<21 dias) < 24 dias


Regularidade Regular Regular Variação ≤ 7 a 9 dias

Irregular Irregular Variação > 7 a 9 dias


Duração Normal Normal 4 a 8 dias

Sgto Uterino Prolongado Hipermenorréia > 8 dias

Sgto Uterino Encurtado Hipomenorréia < 4 dias


Volume (*) Sgto Uterino Abundante Menorragia > 80 mL

Normal Normal 5 a 80 mL

Sgto Uterino Escasso Hipomenorréia < 5 mL


Ciclicidade Sgo intermenstrual Sgto intermenstrual (escasso)

1.do meio do ciclo Metrorragia (abundante)

2. pré ou pós menstrual

3. acíclico
* a. Definição clínica: Quando interfere no bem estar físico, social, emocional ou na qualidade de vida.

* b. Indicadores: Sangramento vermelho vivo rutilante, com coágulos, anemia, mudança no padrão habitual

Etiologias:
Com anomalia estrutural do útero Sem anomalia estrutural do útero

a. O diagnóstico deverá ser realizado por histopatológico ou exame de imagem


b. Os sangramentos por disfunção ovulatória, disfunção endometrial (menorragia essencial) e iatrogênica se enquadram
na antiga nomenclatura de sangramento uterino disfuncional

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Anamnese
Pesquisar padrão menstrual prévio e mudança do padrão. Características do sangramento (vermelho vivo com coágulos),
duração, forma de evolução, tratamentos realizados, sintomas associados.
Pesquisar antecedentes sexuais e métodos contraceptivos para descartar sangramentos do primeiro trimestre e decorrentes
do uso de anticoncepcionais.
Indagar sobre sangramentos não genitais e antecedentes patológicos para descartar coagulopatias e doenças sistêmicas.

Estratégia propedêutica:

Diagnóstico das principais causas estruturais:


• PÓLIPOS ENDOMETRIAIS OU CERVICAIS
a. Histeroscopia ou histerossonografia (com ou sem histopatológico)

• ADENOMIOSE
a. Diagnóstico de certeza: Histopatológico – glândulas endometriais situadas mais de 2,5 mm da junção endo-miometrial
b. Diagnóstico operacional: Clínica + ultrassom ou ressonância

• MIOMA
a. Diagnóstico: Exame físico + ultrassom (número, diâmetros, localização e camada uterina).

• MALIGNIDADE
a. Cogitar possibilidade em mulheres acima de 40 anos
b. Propedêutica inicial: biópsia do endométrio. Opções: histeroscopia, curetagem.
Diagnóstico das principais causas não estruturais:

• COAGULOPATIAS
a. Presente em 20% das mulheres com sangramento abundante, principalmente: variante da dça de Von Willebrand
(13%), disfunções plaquetárias, trombocitopenias auto-imunes, leucemias.
b. Triagem clínica para testes hematológicos
– Sangramento uterino anormal desde a menarca
– Uma dentre as seguintes condições: Hemorragia pós-parto, Sangramento relacionado a cirurgia ou a tratamentos
dentários

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– Dois ou mais das seguintes condições: hematomas ou equimoses (1x ou mais por mês), Epistaxe (1x ou mais
por mês), sangramento gengival ou história familiar de sintomas hemorrágicos.
c. Propedêutica (a critério da hematologia): Hemograma com plaquetas, TTPA, TPAE, Fibrinogênio, Antígeno do fator
de von Willebrand, Ensaio do cofator Ristocetina e Fator VIII

• DISFUNÇÕES OVULATÓRIAS
a. Distúrbios que cursam com anovulação ou defeitos da fase lútea, como: stress psicológico, perda ou ganho de peso,
exercícios excessivos ou anormalidades endócrinas como ovários policísticos, hiperprolactinemia, tireoidopatias,
perimenopausa, imaturidade pós-menarca, disfunção hipotalâmica.
b. Suspeitar principalmente (mas não exclusivamente) quando houver ciclos irregulares
c. Propedêutica clínica: Anamnese (pesquisar hábitos e emoções) Exame físico geral e ginecológico (peso, IMC,
hirsutismo, acne, seborréia, galactorréia.
d. Propedêutica laboratorial: Diagnóstico sindrômico: Progesterona na segunda fase do ciclo. Diagnóstico etiológico:
ultrassom transvaginal, dosagem de FSH, Prolactina, TSH. Outros hormônios se necessário em cada caso.

• DISFUNÇÃO ENDOMETRIAL
a. Diagnóstico: De exclusão. Sangramento menstrual abundante em paciente com ciclos menstruais regulares, sem
anomalias estruturais do útero, sem disfunção hormonal ou da coagulação.
b. Propedêutica mínima: Anamnese, exame físico, ultrassom transvaginal e, caso o ultrassom não descarte alteração
endometrial, biópsia do endométrio.
c. Conduta:
– Primeira escolha: DIU de progestagênio
– Tratamentos não hormonais (pacientes com desejo de engravidar ou com contraindicação aos hormônios
esteróides): ácido tranexâmico (1,5 a 4,0 g por dia) ou anti-inflamatórios não hormonais. Usados apenas no
período menstrual
– Outros tratamentos hormonais (pacientes sem desejo de engravidar e sem contraindicação aos hormônios
esteróides): Anticoncepcionais orais combinados ou progestagênios (eficazes apenas se usados por mais de 21
dias a cada mês ou de forma contínua)
– Tratamento cirúrgico: Ablação endometrial histeroscópica ou histerectomia. Na falha do tratamento clínico

• IATROGÊNICO
a. Hormônios esteroides, análogos do GnRH, inibidores da aromatase, SERMs, dopaminérgicos e antidopaminérgicos,
anticoagulantes, dispositivos intrauterinos.

• NÃO CLASSIFICADAS
a. Malformação arteriovenosa, istmocele de cicatriz de cesárea, congestão pélvica.
b. Propedêutica: ultrassom transvaginal.

Conduta:
• A conduta frente às anomalias estruturais do útero, das disfunções ovulatórias e das lesões não classificadas deve ser
individualizada para cada anomalia e as mais frequentes estão explicitada nos capítulos correspondentes desse manual
• A conduta em relação à coagulopatias será a critério da hematologia, para onde a paciente deverá ser referenciada.
• Conduta na disfunção endometrial
a. Primeira escolha: DIU de progestagênio
b. Tratamentos não hormonais (pacientes com desejo de engravidar ou com contraindicação aos hormônios esteróides):
ácido tranexâmico (1,5 a 4,0 g por dia) ou anti-inflamatórios não hormonais. Usados apenas no período menstrual

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Protocolo de Urgências Ginecológicas e Obstétricas

c. Outros tratamentos hormonais (pacientes sem desejo de engravidar e sem contraindicação aos hormônios esteróides):
Anticoncepcionais orais combinados ou progestagênios (eficazes apenas se usados por mais de 21 dias a cada mês ou
de forma contínua)
d. Tratamento cirúrgico: Ablação endometrial histeroscópica ou histerectomia. Na falha do tratamento clínico
• A conduta no sangramento iatrogênico deverá ser, sempre que possível, o ajuste da dose da medicação, sua substituição
ou retirada.

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SANGRAMENTO UTERINO GRAVE OU PROLONGADO

É o sangramento que requer intervenção em regime de urgência ou emergência.


• Sinais de sangramento abundante: Sangramento vermelho vivo, eliminação de coágulos, extravasamento para roupas
ou cama, comprometimento da hematimetria
• Sinais de sangramento grave: Anemia sintomática (dispneia, fadiga, tontura, síncope, náusea), sinais e sintomas de
hipovolemia (taquicardia, hipotensão).

Abordagem inicial:
• Avaliar o estado hemodinâmico e corrigir volemia se necessário
Infundir 1 a 2 litros de cristalóide e reavaliar em seguida
• Avaliar coagulopatias, se presentes os critérios abaixo:
◊ Critérios para triagem hematológica
a. Sangramento uterino anormal desde a menarca
b. Um ou mais: Hemorragia pós-parto, Sangramento relacionado a cirurgia ou tratamentos dentários.
c. Dois ou mais: Hematomas ou equimoses (1x ou mais por mês), Epistaxe (1x ou mais por mês), sangramento
gengival ou história familiar de sintomas hemorrágicos.
◊ Exames necessários (a critério da hematologia)
a. Hemograma com plaquetas
b. TTPA, TPAE
c. Fibrinogênio
d. Antígeno do fator de von Willebrand
e. Ensaio do cofator Ristocetina
f. Fator VIII
• Avaliar hematimetria e corrigir anemia se grave e sintomática
Transfusão de hemoconcentrados
• Exame físico geral e ginecológico (pp exame especular)
a. Quantificar a magnitude do sangramento no momento
b. Investigar o trato genital inferior e confirmar a origem uterina do sangramento
c. Avaliar útero e anexos buscando a etiologia do sangramento
• Descartar gravidez

Abordagem complementar
• Teste de gravidez
• Método de imagem: ultrassonografia
• Biópsia do endométrio ou curetagem uterina
a. Suspeita de neoplasia de endométrio
b. Acima de 40 anos quando define tratamento conservador e sem descartar neoplasia

Manejo da anemia:
Para a administração de preparados de ferro ou de hemocomponentes deverá ser consultado o manual de hemoterapia do
CISAM. Aqui, faremos apenas um resumo.

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Protocolo de Urgências Ginecológicas e Obstétricas

a. Primeira opção: Preparados de ferro oral (até 200 mg de Fe elementar/dia).


b. Segunda opção: Preparados de ferro IV. Sacarato de hidróxido férrico (Noripurum) ou carboximaltose férrica (Ferinject) ver
esquema abaixo. A opção pelo ferro IV levará em consideração: Magnitude e duração do sangramento, status performance,
perspectiva de novos episódios de sangramento, perspectiva de tratamento cirúrgico (Prazo de melhora) e custo
c. Hemotransfusão: Apenas em casos de anemia grave e sintomática. Em pacientes com sangramento incoercível com
indicação de cirurgia, a hemotransfusão prévia à cirurgia pode ser cogitada, individualizando-se caso a caso. Ver
fluxograma no final.

B1: Noripurum
Tabela de cálculo da dose total de Noripurum de acordo com o nível de hemoglobina e o peso

Hb 6,0 7,5 9,0 10,5

Peso mL amp mL amp mL amp mL amp

(5mL)
50 79 16 70 14 61 12 52 10,5
55 84 17 75 15 65 13 55 11
60 90 18 79 16 68 13,5 57 11,5
65 95 19 84 16,5 72 14,5 60 12
70 101 20 88 17,5 75 15 63 12,5
75 106 21 93 18,5 79 16 66 13
80 111 22,5 97 19,5 83 16,5 68 13,5
85 117 23,5 102 20,5 86 17 71 14

Infusão endovenosa de Noripurum (somente em S. Fisiológico a 0,9%)

Qtde de Fe 100 mg 200mg 300 mg 400 mg 500 mg


5mL 10 mL 15 mL 20 mL 25 mL
Vol de Noripurum
1 amp 2 amp 3 amp 4 amp 5 amp
Vol MÁXIMO de diluição 100 mL 200 mL 300 mL 400 mL 500 mL
Tempo MÍNIMO de infusão 15 min 30 min 1,5 h 2,5 h 3,5 h

A dose máxima (7mg de Fe/kg de peso), deverá ser administrada em pelo menos 3,5 horas

B2: Ferinject:
Ampolas de 10 ml com 50 mg/ml de Fe. Total= 500 mg de Fe por ampola.
Dose cumulativa de Fe a ser reposta por meio de Ferinject

Hemoglobina (g/dl) Peso corporal entre 30 e 70 kg Peso corporal acima de 70 kg


< 10 1500 mg (3 ampolas) 2000 mg (4 ampolas)
> 10 1000 mg (2 ampolas) 1500 mg (3 ampolas)

Obs: 1. A dose máxima diária é de 1000 mg de ferro. Não fazer mais de 1000 mg por semana.
2. A quantidade de 500 a 1000 mg de Fe (1 a 2 ampolas) deve ser diluída em no máximo 250 ml de SF a 0,9% e infundidos
IV em um tempo mínimo de 15 minutos.

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Protocolo de Urgências Ginecológicas e Obstétricas

Manejo do sangramento:
• Sangramento ativo de grande volume com instabilidade hemodinâmica:
a. Tamponamento intra-uterino com sonda de Foley, insuflando o cuff até resistência moderada. Usar antiespasmódicos
e antibioticoprofilaxia e retirar com no máximo 24h
b. Curetagem uterina em mulheres com cavidade uterina não distorcida (ao ultrassom) e com mais de 40 anos. Dar
preferência à curetagem em relação à AMIU.
c. Histerectomia de urgência. Na falha dos métodos acima

• Sangramento ativo de grande volume, sem instabilidade hemodinâmica.


a. Ácido tranexâmico (VO ou IV) na dose de 1g 3 a 4 vezes por dia.
Tempo de ação: 2 a 3 horas.
Efeitos colaterais: náuseas, tontura e diarreia.
Contraindicação: Doença tromboembólica ativa, alto risco trombogênico e uso concomitante de ACO e outras drogas
trombogênicas. Não há contraindicação em pré-operatório
a. Estrogênio oral (valerato de estradiol) 2 mg até de 6 em 6 horas até sangramento ausente ou mínimo (esperado
dentro de 10 horas do início do tratamento). Em seguida continuar o tratamento com pílula combinada de 30ug
de etinilestradiol até completar 21 dias. Prescrever um antiemético concomitantemente pela elevada incidência
de náuseas e vômitos.
Contraindicações: risco aumentado de trombose, câncer de mama, doença hepática. Precaução em mulheres
com elevado risco cardiovascular e em pós-operatório (ver capítulo de tromboembolismo)
b. Pílula combinada na dose de 60 a 90 ug de etinilestradiol por dia até sangramento ausente ou mínimo (esperado
em até 48 horas após o início da terapia). Quando não for possível aguardar esse tempo, dar preferência ao
estrogênio isolado. Após a parada do sangramento, reduzir a dose da pílula de forma escalonada até completar
pelo menos 21 dias de tratamento.
Contraindicação: risco aumentado de trombose, câncer de mama, doença hepática, fumantes acima de 35 anos,
enxaqueca com aura, diabete com lesão vascular. Precaução em mulheres com elevado risco cardiovascular e
em pré-operatório
c. Progestagênio: Acetato de Medroxiprogesterona (10 mg), Desogestrel (75 mg) ou Dienogest (2 mg). Iniciar com
3comp por dia até parar o sangramento, e manter com 1comp por dia
Indicações: Pacientes com anovulação crônica ou sangramento agudo (menos eficaz que o ácido tranexâmico
e que os preparados com estrogênio).
Contraindicações: câncer de mama, doença hepática. Menor risco trombogênico que os estrogênios

• Condições especiais
a. Pré-operatório: Preferência pelas seguintes condutas:
– Intervenções não medicamentosas (tampão, curetagem)
– Ácido tranexâmico
– Progestagênio
– Estrogênio puro ou combinado (não contraindica a cirurgia, mas exige uso de heparina até 7 dias de
pós-operatório)

b. Tromboembolismo atual, recente ou alto risco de trombose


– Intervenções não medicamentosas (tampão, curetagem)
– Ablação endometrial

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Resumo da conduta:

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MIOMAS UTERINOS

Neoplasia benigna da musculatura lisa do miométrio, cujo diagnóstico ultrassonográfico é suficiente para definir a conduta,
havendo apenas excepcionalmente necessidade de outros exames de imagem como a Ressonância Magnética.

# Quando não devo operar os miomas?

Quando os miomas forem assintomáticos.


• Operar se, sintomas compressivos.
• Não há indicação de cirurgia baseada no volume do útero.

Quando existem sintomas, mas os sintomas não são atribuídos aos miomas.
• Motivos pelos quais o mioma sangra:
a. Distorção e compressão dos vasos subendometriais, levando a estase nesse território.
b. Aumento da cavidade endometrial e, conseqüentemente, da superfície de sangramento.
c. Alteração da arquitetura das miofibrilas miometriais, dificultando a contratilidade uterina.
d. Degeneração e ulceração de miomas submucosos, redundando em rotura de espaços vasculares.
e. Aumento da vascularização uterina por indução de fatores angiogênicos (fator de crescimento endotelial-EGF, fator
de crescimento endotelial vascular-VEGF)

# Quando devo operar os miomas?

Quais os miomas que podem ser considerados causa de sangramento e como abordá-los?

Depende da Localização:
Tipo 0: Miomectomia Histeroscópica.
Mesmo pequenos submucosos podem ser sintomáticos.
Tipo 1: Miomectomia Histeroscópica
Tipo 2: Miomectomia por via alta, Histeroscópica em 2 tempos ou Histerectomia
Tipo 3: Miomectomia por via alta ou HTA
Tipo 4: Miomectomia por via alta ou histerectomia.

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Protocolo de Urgências Ginecológicas e Obstétricas

Os mioma intramurais serão causa de sangramento dependendo da proximidade da cavidade endometrial, do diâmetro, do
número de miomas. Raciocinar em relação ao aumento da cavidade endometrial e distorção dos vasos subendometriais.

# CRITÉRIOS PARA INDICAÇÃO DE MIOMECTOMIA HISTEROSCÓPICA

Todos os critérios devem estar presentes:


1. Miomas tipo 0 ou 1 (pode haver outros miomas, desde que não sejam relevantes)
2. Diâmetro do(s) mioma(s) inferior a 4,5 cm.
3. Manto miometrial externo ao mioma de pelo menos 5 mm.
4. Miomas com componente submucoso que não respeitem os critérios acima poder ser retirados em 2 tempos.

CONDUTA NAS PACIENTES > 45 ANOS - RISCO DE NEOPLASIA DE ENDOMÉTRIO


a. Sintomas leves ou moderados, ausência de anemia ou anemia leve e menopausa iminente:
Anti-fibrinolíticos, Mirena, Reposição de ferro.
b. Sintomas importantes (anemia, prejuízo da qualidade de vida) ou falta de resposta:
Cogitar cirurgia

Obs: Há necessidade de avaliação prévia do endométrio para afastar neoplasia ?


1. Sem evidência clínica ou ecográfica de risco elevado de ca de endométrio: não há necessidade de avaliação adicional.
Mesmo se houver câncer, a histerectomia somente será insuficiente se o estadiamento for superior a IA.
2. Com evidência de risco elevado de neoplasia: fazer biópsia do endométrio ambulatorial. Não retardar a cirurgia aguardando
a histeroscopia. Não há justificativa de realização de histeroscopia em paciente com indicação de histerectomia.
3. Na opção de preservação do útero: Se a ultrassonografia não assegura a normalidade endometrial (eco endometrial >
8 mm) fazer biópsia do endométrio.

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Protocolo de Urgências Ginecológicas e Obstétricas

Como conduzir as pacientes com mioma?

Sintomas?

Ausentes Leves Importantes

Expectante Tratamento Clínico Prole definida?

SIM NÃO

Miomectomia ressecável por Histeroscopia?


Miomectomia

NÃO SIM Tipo 0 e 1 Tipo 2-4

Laparoscópica ou
Histerectomia Histeroscópica Laparotômica

# RECOMENDAÇÕES PARA MIOMECTOMIA POR VIA ALTA.

1. A via de acesso será a que o cirurgião estiver melhor habilitado a realizar. Quando houver até 3 miomas, com diâmetro
inferior a 5 cm, instrumental adequado e cirurgião habilitado, a via laparoscópica tem melhores resultados

2. Para miomas grandes e numerosos recomenda-se reduzir a perda sanguínea através de um ou ambos os métodos:
a. Torniquete nas artérias uterinas com sonda de Foley 12 ou 14 passada através de aberturas nos ligamentos largos e
pinçada com pinça de Kelly
b. Injeção de vasopressina: 20 U (1 ampola de 1ml = 20 U) diluída para 200 mL de Soro Fisiológico a 0,9%, aplicado até
no máximo 50 mL (5U) no miométrio que será incisionado e abaixo da pseudo-cápsula do mioma.

3. Incisão do útero transversal para respeitar o percurso das artérias arqueadas, com bisturi elétrico no modo coagulação.
Dissecção romba dos miomas, sutura do miométrio em 1 ou 2 planos de acordo com o diâmetro e profundidade dos miomas
com fio no mínimo 0, de preferência com agulha mais fina do que o fio. Aposição de membranas anti-reabsortivas após o
fechamento

4. Se houver abertura da cavidade endometrial, agendar histeroscopia após 2 meses para rever e desfazer eventuais sinéquias.

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Protocolo de Urgências Ginecológicas e Obstétricas

PÓLIPOS UTERINOS

PÓLIPOS CERVICAIS

A. Os pólipos cervicais assintomáticos com colpocitologia negativa devem receber conduta expectante.
B. Os pólipos cervicais sintomáticos sem suspeita de atipia colposcópica ou citológica devem ser retirados por torção no
ambulatório geral.
C. Os pólipos cervicais com suspeita de atipia devem ser retirados por torção no ambulatório geral, se a base for visualizada
ou por histeroscopia cirúrgica se a base não for visualizada.

PÓLIPOS ENDOMETRIAIS
• ABORDAGEM INICIAL
A. Os pólipos endometriais diagnosticados pela ultrassonografia, únicos, com diâmetro ≤ 10 mm, em pacientes
assintomáticas (sangramento e infertilidade), < 40 anos e sem fatores de risco para neoplasia de endométrio devem
receber conduta expectante com repetição anual da ultrassonografia.
B. Os demais pólipos deverão receber abordagem histeroscópica como a seguir:
a. Os pólipos diagnosticados pela ultrassonografia e maiores de 15 mm podem ser encaminhados diretamente
para histeroscopia cirúrgica, havendo confiabilidade no diagnóstico ecográfico.
b. Os pólipos diagnosticados pela ultrassonografia, com diâmetro ≤ 15 mm ou > 15 mm com diagnóstico ecográfico
duvidoso, devem ser encaminhados para a histeroscopia diagnóstica para confirmação do diagnóstico.

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Protocolo de Urgências Ginecológicas e Obstétricas

• CONDUTA CIRÚRGICA
A. O tratamento cirúrgico de eleição dos pólipos endometriais é a histeroscopia cirúrgica, que poderá ser realizada
em regime de Day Clinic.
B. Mulheres com sangramento do tipo menorragia e pólipo endometrial, com prole definida, o tratamento deverá
ser, preferencialmente, a ressecção histeroscópica + inserção de DIU medicado com progestagênio ou ablação
endometrial.
C. Na concomitância com outras doenças uterinas com indicação de histerectomia (miomas, adenomiose), a histerectomia
deverá ser indicada, sem a necessidade de histeroscopia diagnóstica ou cirúrgica prévia.
D. Pacientes com pólipo endometrial, na vigência de sangramento uterino anormal grave, deverá ser submetida a
curetagem uterina. Se houver a concomitância de outras doenças com indicação de histerectomia, realizar a cirurgia
após estabilização hemodinâmica e hematimétrica.

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HIPERPLASIAS ENDOMETRIAIS

# DEFINIÇÃO: Proliferação anormal das glândulas endometriais, resultando numa proporção glândulas / estroma superior
aquela encontrada em um endométrio proliferativo periovulatório (>50%)

# DIAGNÓSTICO: Histopatológico da cavidade endometrial obtido por biópsia ambulatorial com cureta de Novak ou cânula
de AMIU, curetagem uterina ou biópsia histeroscópica. Quando a biópsia revelar material insuficiente ou caso exista estenose
cervical, optar por realizar procedimento sob anestesia (curetagem ou biópsia histeroscópica). Não fazer estrogênio para
preparo do colo.

# CLASSIFICAÇÃO DA HIPERPLASIA ENDOMETRIAL (OMS, 2014):


Sem atipia (não neoplásica): Risco de progressão para câncer < 5% em 20 anos
Atípica (neoplasia endometrial intraepitelial): Risco de progressão para Ca de 8-27% em 20 anos. Risco de adenocarcinoma
concomitante de 25-43%

# CONDUTA:
# Hiperplasia endometrial sem atipia
1. Tratamento clínico com progestagênio:
Primeira escolha Lng DIU: Maior taxa de cura, menos efeitos colaterais, menos sgto de escape
Outras opções: Acetato de Medroxiprogesterona (10 a 20 mg/dia); Noretindrona/Noretisterona (5 a 15 mg/dia); Progesterona
micronizada (200-300 mg/dia), Acetato de medroxiprogesterona Depot (150mg a cada 2-3 meses)
• Duração do tratamento: Mínimo de 6 meses.
• Contraindicações: Tumores sensíveis aos progestagênios, antecedente de tromboembolismo/AVC, insuficiência
hepática.
• Controle de cura: Nas pacientes tratadas com Lng DIU, não é necessária biópsia de controle. Naquelas tratadas com
P oral, fazer nova biópsia após pelo menos 1 mês do final do tratamento.
• Manutenção: Nas pacientes tratadas com Lng DIU, próprio DIU é o tratamento de manutenção. Nas pacientes com
fatores de risco para hiperplasia (obesidade, anovulação, uso de estrogênios) os fatores de risco devem ser afastados,
e caso isso não seja possível, manter progestagênio na segunda fase do ciclo.

2. Indicação de Histerectomia:
• Progressão para atipia
• Ausência de regressão após 12 meses
• Recidiva da hiperplasia após a remissão
• Recusa, intolerância ou contraindicação ao tratamento clínico ou seguimento improvável.
• Paciente com > 5 anos de menopausa, sem fonte estrogênica identificável ou com fatores de risco não modificáveis

# Hiperplasia endometrial atípica


1. Tratamento cirúrgico: Histerectomia total (evitar subtotal). Não há indicação de histopatológico intraoperatório ou
linfadenectomia.
2. Em casos selecionados de pacientes desejosas de engravidar o tratamento clínico com progestagênios pode ser uma
opção, sendo o Lng DIU o de maior eficácia.

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NEOPLASIA DE ENDOMÉTRIO
Rastreio e diagnóstico precoce

# RASTREIO DAS NEOPLASIAS

• Não há recomendação de rastreio na população geral


• MULHERES COM RISCO MODERADAMENTE AUMENTADO: Anovuladoras crônicas, terapia estrogênica isolada, usuárias
de tamoxifeno, menopausa tardia, nuliparidade, infertilidade, obesidade, diabete e hipertensão.
Recomendação: NÃO rastrear: Esclarecer sobre riscos e sintomas e retornar ao médico se sintomas.
• MULHERES COM RISCO ACENTUADAMENTE AUMENTADO: Portadoras da síndrome de Lynch II (câncer colo-retal não
polipóide hereditário); Parentes de portadores não testados; Famílias que preenchem os critérios Clínico/epidemiológicos
(Amsterdam).
Recomendação: BIÓPSIA de endométrio (se possível com PIPELE) anualmente, a partir dos 35 anos.

# DIAGNÓSTICO PRECOCE EM PACIENTES COM SANGRAMENTO GENITAL

A. NA PÓS-MENOPAUSA: EE + TV + USG TV:


• Eco endometrial ≤ 3 mm : Considerar atrofia endometrial e orientar
• Eco endometrial > 3 mm: Encaminhar para histeroscopia diagnóstica com biópsia
• Sangramento persistente ou não responsivo ao tratamento: Encaminhar para histeroscopia diagnóstica

B. NA PERI-MENOPAUSA (>40 anos): EE + TV + USG TV:


• Com indicação de histerectomia: Não fazer histeroscopia, SEM suspeita de neoplasia ao USG
• Sem indicação de histerectomia,
◊ USG até o 8º dia do ciclo:
– Se eco ≤ 8 mm SEM anormalidade do endométrio/cavidade ao US: procurar outras causas
– Se eco ≤ 8 mm COM anormalidade do endométrio/cavidade ao US: histeroscopia
– Se eco > 8 mm : histeroscopia
◊ USG após o 8º dia do ciclo: Ideal é repetir USG
– Se eco > 14 mm ou anormalidade de endométrio/cavidade ao US: histeroscopia
• Sangramento persistente e inexplicado e/ou não responsivo ao tratamento: histeroscopia

C. SANGRAMENTO PERSISTENTE QUE IMPEÇA/DIFICULTE A HISTEROSCOPIA (Em qualquer idade): Biópsia do endométrio
às cegas (cureta de Novak, AMIU, outros instrumentos)

D. SANGRAMENTO MODERADO A INTENSO (Em qualquer idade): Curetagem uterina fracionada (CUF), sob internação.

# CONDUTA DIANTE DE ULTRASSONOGRAFIA REALIZADAS POR OUTROS MOTIVOS EM MULHERES NA MENOPAU-


SA SEM SANGRAMENTO GENITAL

A. Se eco endometrial < 6,0 mm sem outra anormalidade endometrial: Orientação


B. Se eco endometrial ≥ 6,0 mm: Histeroscopia

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ENDOMETRIOSE PÉLVICA

# Conceito: Endometriose é uma doença ginecológica crônica hormônio-dependente caracterizada pela presença de implantes
endometriais (glândulas/estroma) fora da cavidade endometrial, que respondem às alterações hormonais cíclicas do eixo
hipotálamo - hipófise ovariano.

# Diagnóstico:

Exames de Imagem / laboratório


Manifestações clínicas Exame Físico
(diagnóstico e estadiamento)
- Dismenorreia, dor pélvica crônica, Exame especular: - USG pélvico e transvaginal com
dor acíclica. preparo intestinal*
. nódulos/rugosidades escurecidas em fundo
- Dispareunia profunda de saco posterior - RNM com protocolos
especializados*
- Alterações intestinais cíclicas: . nódulos escurecidos no colo do útero/vagina
- Ca-125**
. distensão abdominal Toque vaginal:
- Anatomopatológico
. disquezia/ hematoquezia cíclica . útero pouca mobilidade
. dor ano/retal e sintomas . anexos fixos/ dolorosos
urinários no período menstrual . massas anexiais
. infertilidade . nódulos dolorosos em FS posterior

Endometriose superficial Endometriose profunda (lesão que


Sem sinais clínicos ou de penetra no espaço retroperitoneal
(implantes superficiais no Endometrioma
imagens específicos*** / parede dos órgãos pélvicos, com
peritônio) profundidade ≥ 5 mm)

* O radiologista deverá avaliar o útero, a região retro e a paracervical, os ligamentos redondos e os uterossacros, o fórnice
vaginal posterior, o septo retovaginal, o retossigmoide, o apêndice, o ceco, o íleo terminal, a bexiga, os ureteres, os ovários, as
tubas e as paredes pélvicas – que são locais mais frequentes da doença; se suspeita de estenose intestinal pode ser necessário
colonoscopia; e cistoscopia pode ser necessária para avaliar trígono vesical
** especialmente para seguimento
*** Ausência de imagens específica de endometriose não afasta a doença. Se exames de imagem normais e manifestações
clínicas altamente sugestivas, considerar o diagnóstico de presunção (diagnóstico clínico) para a abordagem terapêutica.
Obs: A videolaparoscopia é indicada, para o diagnóstico em pacientes que apresentam exames normais e falha no tratamento
clínico e que desejam gravidez.

# Classificação:
• ENZIAN:
https://www.google.com/imgres?imgurl=https%3A%2F%2Fobgyn.onlinelibrary.wiley.com%2Fcms%2Fasset%2Fbaea-
f6ff-15ad-42c2-9132-fbb2be86187f%2Faogs14099-fig-0001-m.jpg&imgrefurl=https%3A%2F%2Fobgyn.online-
library.wiley.com%2Fdoi%2F10.1111%2Faogs.14099&tbnid=YwkeosJstfkLPM&vet=1&docid=XcA6yUEpartNmM&-
w=2128&h=1507&itg=1&source=sh%2Fx%2Fim
• EFI:
https://www.google.com/imgres?imgurl=https%3A%2F%2Fwww.researchgate.net%2Fpublication%2F339643
078%2Ffigure%2Ffig2%2FAS%3A864885692973056%401583216226129%2FEndometriosis-fertility-index-
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qhkM&w=850&h=610&source=sh%2Fx%2Fim

• rASRM: Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva, revisada 1996:


Estádio I (mínima): 1 - 5
Estádio II (leve): 5 - 15
Estádio III (moderada): 15 - 40
Estádio IV (severa): > 40

ENDOMETRIOSE < 1 cm 1 – 3 cm > 3 cm


PERITÔNIO Superficial 1 2 4
Profunda 2 4 6
OVÁRIO DIREITO Superficial 1 2 4
Profunda 4 16 20
OVÁRIO ESQUERDO Superficial 1 2 4
Profunda 4 16 20

OBLITERAÇÃO DO FUNDO DE SACO POSTERIOR Parcial Completa


4 40

ADERÊNCIAS <1/3 evolvido 1/3 a 2/3 envolvido >2/3 envolvido


OVÁRIO Velamentosa 1 2 4

DIREITO Densa 4 8 16

OVÁRIO Velamentosa 1 2 4

ESQUERDO Densa 4 8 16

TROMPA DIREITA Velamentosa 1 2 4


Densa 4* 8* 16
TROMPA Velamentosa 1 2 4
ESQUERDA Densa 4* 8* 16

* Se as fímbrias estiverem envolvidas

# Fluxograma para manejo terapêutico da paciente com endometriose

A partir de 4 características é possível dividir as pacientes em 9 classes para definição de terapêutica adequada. Sendo as
características:
1. Diferenciar entre endometriose peritoneal, ovariana e endometriose profunda -a peritoneal caracteriza-se pela presença
de implantes superficiais no peritônio; a ovariana, por implantes superficiais no ovário ou cistos (endometriomas); e
endometriose profunda é definida como uma lesão que penetra no espaço retroperitoneal ou na parede dos órgãos
pélvicos, com profundidade de 5 mm ou mais;
2. Dor e infertilidade (definir o que incomoda a paciente);
3. Status reprodutivo da mulher e seu parceiro: infértil ou subfértil sendo este o casal com nível de hormônio anti mulleriano
(HAM), histerossalpingografia e espermograma normais, mas que não conseguem engravidar;
4. Classificação da ASRM (I mínima II leve III moderada IV grave)

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As pacientes são classificadas nas seguintes classes:


A - Pacientes com envolvimento de órgãos devido endometriose profunda
indicação de cirurgia
A1 - Envolvimento superficial de intestino, bexiga e ureteres - 3 meses de terapia com análogo de GNRH antes da cirurgia

A2 - Infiltração severa ou estenose de intestino e bexiga, ou nervos pélvicos - indicação de cirurgia

B - Pacientes sintomáticas com endometriose superficial ou profunda


terapia medicamentosa seguida de cirurgia em caso de falha.
B1 - dismenorreia, dispareunia, e dor pélvica crônica quando há acometimento de reto, vagina ou septo retovaginal (SRV)
- progestágeno ou estrogênio/progestágeno, não há diferença significativa entre terapia hormonal isolada ou conjugada,
sendo consenso o uso inicial de progestágeno por administração oral, IM, SC, Intrauterino; os mais estudados são dienogest
e noretisterona ambos com benefício similar, sendo o dienogest mais bem tolerado; desogestrel pode ser considerado para
alívio da dor em pacientes com endometriose de septo retovaginal e relato de dor leve (escala de dor 2/10 na EVA); SIU
para endometriose de SRV e adenomiose, evitar nos casos de endometrioma; acetato de medroxiprogesterona é pouco
usado pelos efeitos adversos (diminuição da massa mineral óssea); hormônios combinados com pequena porcentagem de
etinilestradiol e progestágeno de segunda geração administrados de forma cíclica ou contínua, sendo preferido continua para
dismenorreia. Análogos de GNRH são segunda linha de tratamento e nunca devem ser usados por período prolongado sem
adição de estrógeno. Em mulheres com endometriose de SRV refratárias a tratamento medicamentoso e cirúrgico para alívio
da dor pode ser considerado tratamento com inibidores da aromatase e progestágeno/estrogênio ou progesterona + análogo
de GNRH. Terapias complementares podem ser indicadas como acupuntura, fisioterapia do assoalho pélvico, psicoterapia
e uso de analgésicos, como gabapentina e amitriptilina, entre outros, ou seguimento, em conjunto com especialista no
manejo da dor, para otimizar a analgesia.

B2 - pacientes que não respondem ao tratamento clínico, sendo excluídas outras causas de dor, ou possuem contraindicação
ao uso de hormônios são candidatas a cirurgia sendo superior a laparoscopia à laparotomia independente da gravidade
da endometriose tendo em vista a realização do procedimento em centros especializados em cirurgia endoscópica (3A). O
objetivo da cirurgia é remover focos endometrioides, restaurar anatomia e preservar a inervação dos órgãos e a fertilidade;
cirurgias não conservadoras (Histerectomia com anexectomia) são indicadas para dor refratária à cirurgia conservadora e
mulheres na perimenopausa sem desejo reprodutivo.

B3 - após a cirurgia a terapia hormonal pode ser considerada para prolongar os benefícios obtidos e prevenir recorrência. (A)

C - Pacientes subférteis (inférteis com screening para fertilidade normal) com endometriose em estágio inicial
C1 - fracas evidências para condução desses casos não sendo recomenda terapia hormonal para supressão ovariana
com objetivo de melhorar a taxa de gravidez espontânea, podendo ser usada para alívio de dor - A única medicação que
pode auxiliar na melhora das taxas de gestação são os análogos de GnRH, quando utilizados por até três meses, porém
especificamente antes da fertilização in vitro (FIV)

C2 - com grau I/II de endometriose se realizada ablação ou excisão laparoscópica das lesões há aumento da taxa de gestação
sendo mais sensível para pacientes jovens ( < 37 anos), com breve duração de infertilidade (<4anos), ciclos ovulatórios,
espermograma do parceiro normal.*
*Não realizar tratamento clínico ou expectação se estes critérios não estiverem presentes.

C3 - se após 6 meses da cirurgia a gestação espontânea não acontecer medidas de reprodução assistida devem ser
aconselhadas - ciclo de estimulação ovariano com inseminação intrauterina.

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D - Pacientes inférteis com endometriose e/ou subférteis em estágios avançados III/IV


Não existe consenso se é indicada abordagem cirúrgica apenas para tratamento da infertilidade. Alguns trabalhos indicam
melhora das taxas de sucesso da fertilização in vitro, quando precedida por cirurgia, no entanto não foi estabelecido uma
comparação com os casos de manejo expectante antes da fertilização in vitro. Não há evidências que o uso de GnRh antes
da fertilização assistida melhore as taxas de gravidez.

E - Pacientes sintomáticas com endometrioma > 3cm e testes de fertilidade normais


E1 - tratamento hormonal pré-operatório é sintomático e não citorredutor, pois as lesões não regridem completamente e
retomam sua atividade metabólica quando o tratamento é pausado.

E2 – Propõe se a enucleação de endometrioma ›3 cm em mulheres sintomáticas com reserva ovariana intacta, grandes cistos
unilaterais ou cistos radiologicamente ou clinicamente suspeitos, sendo preferível realizar exérese da cápsula do cisto em
vez de drenagem e eletrocoagulação da parede do cisto, pois há diminuição das taxas de recidiva, melhora da chance de
gestação e da dor pélvica associada ao endometrioma ovariano. Por outro lado, a retirada do endometrioma, em mulheres
que desejam gravidez devem ser avaliadas com cuidado, pelo risco de reduzir a reserva ovariana, pelo dano ovariano.

E3 - Nas pacientes sem desejo reprodutivo é indicada terapia hormonal pós-operatória independentemente do tipo de
progestágeno usado.

F - pacientes sintomáticas com endometrioma > 3cm e exames de fertilidade anormais


A laparoscopia reduz a reserva ovariana e os riscos da cirurgia podem ser maiores do que o benefício sendo necessário
deixar isso claro a paciente (história prévia de cirurgia ovariana e nível de HAM próximo de 1ng/ml pioram o prognóstico)
e pode ser mais vantajoso congelação de óvulos para preservação da fertilidade.
Obs: pacientes com endometrioma possuem níveis mais baixos de HAM e respondem menos a estimulação ovariana

G - sintomáticas com endometrioma < 3cm


Terapia expectante e medicações sintomáticas para dor são recomendadas

H - pacientes subférteis com endometrioma


Mulheres jovens com ciclo menstrual regular e com achado acidental de endometrioma sem sinais de malignidade e boa
reserva ovariana podem ser estimuladas a concepção natural, se houver falha, e for planejado concepção assistida a excisão
cirúrgica do endometrioma pode facilitar o acesso aos óvulos

I - pacientes inférteis com endometrioma


Não há evidência que a exérese do endometrioma antes da terapia assistida melhore as chances de gestação.

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MASSAS ANEXIAS

# Possibilidades diagnósticas:

• Tumorações funcionais: cisto folicular, cisto de corpo lúteo (hemorrágico ou não) e cisto teca-luteínico
• Tumorações inflamatórias: Endometriomas, Abcessos tubo-ovarianos
• Tumorações neoplásicas
– Beningnas: Miomas subserosos pediculados e Neoplasias benignas de ovário, trompa e peritônio pélvico
– Malignas: Neoplasias malignas de ovário, trompa e peritônio pélvico
• Cistos de inclusão e residuais: Ovarianos, para-oóforos (para-tubários) ou peritoneais e Hidrosalpinge.
• Tumorações obstétricas: Gestação ectópica, cistos teca-luteínicos e luteomas

# Diagnóstico:

Anamnese: em geral pobre nos estadios iniciais. Atentar para idade, status menopausal e história pessoal e familiar de câncer
(pp ovário, útero, mamas e cólon)
• Em neoplasias avançadas: dor abdominal vaga (pode ser aguda na torção, rotura ou hemorragia), distensão abdominal,
empachamento, dispepsia, náuseas, constipação.
• Nos casos agudos: Dor aguda, febre e corrimento (abscessos), sangramento genital (gestação ectópica)

Exame físico:
• Palpação abdominal para identificar volume da massa, localização, mobilidade, consistência, presença de ascite.
• Toque vaginal: volume, sensibilidade, consistência, bilateralidade, aderência a outros órgãos pélvicos, deslocamento
desses órgãos.

Exames de imagem
• Ultrassonografia: Transvaginal ou pélvica, dependendo do volume da massa. Primeiro exame e método de escolha.
• Ressonância Magnética: Útil apenas em alguns casos:
– Avaliar metástases à distância em casos com alta suspeita de malignidade
– Avaliar o conteúdo da massa (protéico, gorduroso)

Exames laboratoriais:
• Hemograma e beta-hCG para casos agudos. CA 125 em todas as mulheres na pós-menopausa e para suspeita de
neoplasia na pré-menopausa.

# Ultrassonografia

O exame deverá ser realizado por profissional experiente e os achados ecográficos descritos de acordo com o sistema O-RADS
(Ovarian-Adnexal Reporting Lexicon for Ultrasound)

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CATEGORIAS:
• FISIOLÓGICAS
– Folículo: Cisto simples ≤ 3 cm em mulheres na pré-menopausa
– Corpo lúteo: Cisto de paredes espessadas ≤ 3 cm que pode ter margens crenadas, ecos internos e fluxo intenso
periférico ao Doppler ou área hipoecóica com fluxo periférico

• LESÕES
a. Cisto unilocular sem componente sólido: lesão cística unilocular podendo conter 1 ou mais septos incompletos,
irregularidade de parede < 3 mm de altura ou ecos internos. É chamado de cisto simples quando tem parede fina
e lisa, reforço acústico posterior e ausência de ecos internos.
b. Cisto unilocular com componente sólido: Igual ao anterior, porém com 1 ou mais componentes sólidos de > 3 mm
de altura
c. Cisto multilocular sem componente sólido: lesão cística com mais de um compartimento (pelo menos um septo
completo) sem componente sólido > 3mm.
d. Cisto multilocular com componente sólido: Igual ao anterior, porém com 1 ou mais componentes sólidos > 3 mm
de altura
e. Massa sólida (≥ 80%): lesão com ecogenicidade sólida em sua totalidade ou em 80% ou mais de seu volume.

TAMANHO
• Diâmetro(s) máximo(s) da lesão: Maior diâmetro em qualquer plano da lesão ou em 3 eixos de dois planos perpendiculares.
Pode ser calculado o volume a partir dos 3 diâmetros
• Diâmetro máximo da maior parte sólida.

COMPONENTE SÓLIDO
• Contorno externo:
– Liso: Contorno regular
– Irregular: Margem externa irregular ou lobulada
• Conteúdo sólido interno
– Hipo, iso ou ou hiperecóico: comparado com a ecogenicidade do estroma ovariano normal
– Calcificação: componente de alta ecogenicidade com sombra acústica posterior dentro de uma parte sólida
– Sombra acústica: Artefato produzido atenuação dos ecos por trás de uma estrutura que “absorve” a onda sonora

LESÕES CÍSTICAS
• Contorno interno
– Liso: regular e uniforme
– Irregular: por septações incompletas, componentes sólidos < 3 mm em altura ou projeções papilares (componente
sólido ≥ 3 mm em altura)
– Calcificação

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• Conteúdo interno
– Conteúdo anecóico: ausência de ecos ou estruturas de qualquer tipo
– Aspecto de vidro moído: ecos de baixa amplitude homogeneamente distribuídos dentro do cisto (típico de
endometrioma)
– Ecos de baixa amplitude dispersos ou heterogeneamente distribuidos (mucinoso)
– Nível liquido: (habitualmente relacionado a coágulo (hiperecóico) e sobrenadante (hipoecóico) ou conteúdo gorduroso
– Descritores de dermóide: Componente sólido com sombra acústica; linhas e pontos ecogênicos brilhantes (representa
tufo de cabelo); estruturas esféricas ecogênicas com ou sem sombra acústica (bolas dermóides)
– Descritores hemorrágicos:
◊ Faixas de fibrina: ecos reticulares finos com aspecto de teia de aranha
◊ Coágulo retraído: componente avascular com margens retas/angulares/côncavas.
– Septações (completas ou incompletas): faixas de tecido se extendendo de uma parede interna a outra em todos os
planos. Tipos: Finos (≤ 3 mm) ou Espessos (> 3 mm)
• Componente sólido: Projeção papilar ou nódulo: Componente sólido com altura ≥ 3 mm originando-se a partir da parede
interna do cisto ou de septo e protruindo para dentro do cisto. Deve ser descrito número de papilas e se o contorno é
liso ou irregular.

VASCULARIDADE
• Fluxo parietal circunferencial: fluxo restrito à parede e incluindo a maior parte da circunferência do cisto (tipicamente
associado ao corpo lúteo)
• Fluxo interno: fluxo detectado internamente em componente sólido, nódulo mural ou em septação com ou sem fluxo
parietal

ESCORE DE CORES: Avaliação subjetiva dos fluxos em toda a lesão


• Escore de cor 1 = nenhum fluxo
• Escore de cor 2 = fluxo mínimo
• Escore de cor 3 = fluxo moderado
• Escore de cor 4 = fluxo intenso

ACHADOS EXTRA-OVARIANOS
• Cistos
– Cistos de inclusão peritoneal: Sem efeito de massa, “maleáveis” tipicamente com finas septações. Associados a
aderências, cirurgias prévias ou endometriose
– Cistos para-ovarianos ou para-tubários: cistos simples separados dos ovários e que se deslocam independentemente
• Descritores tubários
– Septações incompletas: resultantes de dobramento da parede da trompa distendida sobre si própria
– Tubular: lesão cística alongada

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Pregas endosalpingeais arredondadas


• Descritores de fluido livre extra-ovariano (anecóico ou com ecos)
– Em fundo de saco de Douglas: não ultrapassa o fundo uterino ou o recesso útero-vesical
– Ascite: Se estende além do fundo uterino
• Outros: Espessamentos ou nódulos peritoneais e adenopatia

CRITÉRIOS ECOGRÁFICOS SUGESTIVOS DE MALIGNIDADE


1. Diâmetro > 8 a 10 cm
2. Bilateralidade
3. Componente sólido e projeções papilares
4. Septos múltiplos, espessos (≥4mm) e vascularizados
5. Calcificações
6. Ascite
7. Irregularidade de contornos
8. Vascularização exuberante e de baixa resistência

# Conduta nas lesões benignas clássicas (típicas)

Lesão Diâmetro Conduta


Pré-menopausa Pós-menopausa
≤ 5 cm Nenhuma Reavaliar (RNM ?)
Cisto hemorrágico
> 5 cm Reavaliar em 8 a 12 sem Cirurgia com ginecologista
Cirurgia com ginecologista ou reavaliação periódica. Se aumentar ou mudar
Cisto dermóide < < 5 cm
morfologia/vascularização, cirurgia
10 cm
> 5 cm Cirurgia com ginecologista
< 5 cm Conduta conservadora. Cirurgia se indicada conforme capítulo de endometriose
Endometrioma Cirurgia se sintomático ou em
> 5 cm Reavaliação a cada 6 meses
crescimento
Cisto para-ovariano Nenhuma (se não for simples, ver Reavaliar com 6 meses (se não for simples,
Qualquer
simples conduta geral) ver conduta geral)
Cisto de inclusão
Qualquer Nenhuma
peritoneal
Hidrossalpinge Qualquer Nenhuma. Cirurgia se sintomática (avaliar outras causas dor pélvica)

Baseada no risco de malignidade e diagnóstico clínico-ecográfico de suspeição. Para o cálculo do risco de malignidade, utilizar
o escore IOTA-ADNEX disponível no endereço eletrônico: https://www.iotagroup.org/sites/default/files/adnexmodel/IOTA%20
-%20ADNEX%20model.html.
Sugestão de conduta baseada no Escore 0-RADS e na categoria de risco IOTA-ADNEX

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Protocolo de Urgências Ginecológicas e Obstétricas

Conduta
Escore Categoria de Conduta
Descrição da lesão na pós-
O-Rads risco (IOTA) na pré-menopausa
menopausa
Folículo (cisto simples ≤ 3cm) Não se
1 Ovário normal Nenhuma
Corpo lúteo ≤ 3 cm aplica
≤ 3 cm Nenhuma Nenhuma
Quase Reavaliar
certamente 3 a 5 cm Nenhuma
Cisto simples em 6 meses
2 benigno
5 a 10 cm Reavaliar em 8 a 12 sem
(< 1%) Lesões benignas
Ver tabela abaixo Ver tabela abaixo
clássicas
Cisto unilocular ≥ 10 cm
Cisto dermóide, endometrioma ou hemorrág ≥ 10cm Conduta
Baixo risco de Cisto unilocular de qualquer diâmetro c/ irregularidade de
parede < 3mm cirúrgica
3 malignidade
Cisto multilocular < 10 cm c/ paredes e septos lisos e finos com
(1 a 10 %)
e escore de cor 1 a 3.
ginecologista
Lesões sólidas de qualquer diâmetro de contorno liso e
escore de cor = 1
Parede lisa, ≥ 10cm, escore de cor 1 a 3
Cisto
Parede lisa, qualquer diâmetro, escore
multilocular sem
de cor=4
componente
sólido Parede ou septação irregular, qualquer
diâmetro/ escore de cor Conduta
Risco Cisto unilocular Qualquer diâmetro c/ 1 a 3 projeções
cirúrgica
4 Intermediário com componente papilares ou componente sólido,
sólido qualquer escore de cor com
(10 a 50%)
Cisto
oncologista
multilocular com
Qualquer diâmetro, escore de cor 1 a 2
componente
sólido
Qualquer diâmetro, contorno liso,
Lesão sólida
escore de cor 2 a 3
Cisto unilocular ≥ 4 papilas qualquer diâmetro ou escore
de cor
Cisto multilocular com componente sólido, qualquer Conduta
diâmetro, escore de cor = 3 a 4
Alto Risco cirúrgica
5 Lesão sólida de contorno liso, qualquer diâmetro, escore de
(> 50%) cor = 4 com
Lesão sólida de contornos irregulares, qualquer diâmetro oncologista
ou escore de cor
Ascite ou nódulo peritoneal

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Protocolo de Urgências Ginecológicas e Obstétricas

RECOMENDAÇÕES PARA ABORDAGEM CIRÚRGICA DE MASSAS PÉLVICAS BENIGNAS PELO GINECOLOGISTA


• Endometriomas: Drenagem e exérese da cápsula por via laparoscópica. Em casos graves: ooforectomia pela via julgada
conveniente
• Cistos dermóides: Cistectomia por via laparoscópica
• Gravidez ectópica:
– Prole definida: Salpingectomia unilateral laparoscópica (LT contralateral se houver indicação)
– Prole não definida: Salpingoplastia linear laparoscópica
• Hidrosalpinge: Salpingectomia laparoscópica
• Abcesso tubo-ovariano: Exérese do abscesso e de todo tecido comprometido por via laparotômica e lavagem exaustiva
da cavidade
• Cisto de ovário (aspecto de neoplasia benigna): Ooforectomia unilateral no menacme e bilateral na pós-menopausa. A
via de abordagem dependerá do diâmetro e do aspecto ecográfico da lesão.

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ABDOME AGUDO EM GINECOLOGIA


Abordagem diagnóstica

# Definição

Quadro potencialmente grave, caracterizado por dor abdominal aguda, presente há menos de 7 dias, envolvendo o trato genital
(diretamente ou como diagnóstico diferencial) que requer uma abordagem imediata, seja ela clínica ou cirúrgica.
A dor em geral se origina ou é mais intensa na pelve e pode corresponder a agudização de uma dor relacionada a uma
condição crônica.

# Etiologia

Ginecológicas infecciosas: DIPA, abscesso tubo-ovariano.


Ginecológicas não infecciosas: dismenorreia, torção anexial, Mittelschmerz (dor na ovulação), prolapso de leiomioma,
degeneração de leiomioma uterino, endometriose, adenomiose, perfuração uterina, neoplasia.
Relacionadas à gravidez: gravidez ectópica, abortamento, corioamnionite, trabalho de parto prematuro, descolamento de
placenta, alongamento do ligamento redondo, endometrite, trombose de veia ovariana ou tromboflebite pélvica séptica.
Gastrointestinais: apendicite, gastroenterite, doença inflamatória intestinal, síndrome do intestino irritável, diverticulite,
linfadenite, constipação, obstrução intestinal, isquemia mesentérica.
Urológicas: cistite, pielonefrite, litíase urinária, abscesso perinéfrico, síndrome da bexiga dolorosa, retenção urinária.
Musculoesqueléticas: hérnia, peritonite, trauma de parede abdominal.
Outras: herpes-zoster, crise falcêmica, hipercalcemia, vasculite, ruptura de aneurisma da aorta abdominal, dissecção de aneurisma
da aorta abdominal, porfiria, toxicidade por metais pesados, abstinência de opióides, depressão, distúrbio de somatização,
abuso sexual.

# Diagnóstico

Anamnese
• Localização da dor
– Pélvica lateral: pode estar relacionada a processo no ovário ou nas trompas, urolitíase, apendicite (dor à direita),
diverticulite ou colite (dor à esquerda).
– Pélvica central: é observada em distúrbios do útero, de ambos os anexos ou da bexiga.
– Difusa: pode ocorrer em peritonite por hemorragia intra-abdominal ou infecção ou por processo bilateral ou central
como doença inflamatória pélvica (DIP).
– Irradiação para o reto: pode ocorrer quando há acúmulo de líquido ou sangue em fundo de saco ou em endometriose
retovaginal.
• Momento do início da dor
– Início repentino: sugere um processo agudo, como hemorragia intrapélvica, torção ovariana, urolitíase ou ruptura
de cisto ovariano.
– Início gradual: é mais comum em processos inflamatórios ou infecciosos, como DIP ou apendicite.
• Sintomas associados
– Febre e calafrios: processos infecciosos ou inflamatórios (DIP, ITU ou diverticulite).
– Náuseas e vômitos: processo gastrointestinal, quadros de dor intensa ou qualquer dor de origem visceral (ex: cólica
ureteral, torção ovariana).

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– Sangramento vaginal e dor pélvica aguda: abortamento, gravidez ectópica, degeneração de mioma submucoso,
perfuração uterina, trauma e neoplasia
– Corrimento vaginal: infecção, trauma pélvico (ex: agressão sexual traumática) ou corpo estranho retido.
– Constipação: processos gastrointestinais, dismenorreia grave.

Exame físico: Identificar condições ameaçadoras à vida, como choque hipovolêmico e sepse.
• Avaliar:
• Frequencia cardíaca
• Frequência respiratória e padrão respiratório
• Pressão arterial
• Perfusão capilar
• Estado mental
• Diurese
• Temperatura
• Oximetria

Choque hipovolêmico
Classificação do sangramento:

Classe II
Classe I (Leve) Classe III (Grave) Classe IV (Grave)
(Moderado)
Perda de até 15% Perda de 15-30% Perda de 30-40% Perda >40%
Volume sanguíneo
(<750ml) (750-1500ml) (1500-2000ml) (>2000ml)
Frequência cardíaca Pouco ↑ ou normal 100-120 bpm ≥120 bpm ≥120 bpm

Frequência respiratória Normal 20-24 irpm >30 irpm >30 irpm

Pressão arterial Normal Diminuída Diminuída Diminuída

Pressão de pulso Normal Diminuída Diminuída Diminuída

Débito urinário Normal Diminuído Diminuído ou ausente Ausente


Moderadamente
Estado neurológico Levemente ansioso Ansioso, confuso Confuso, letárgico
ansioso

Sepse
• Quick SOFA (qSOFA): score que avalia o risco da paciente infectado desenvolver sepse.

Critérios qSOFA Pontuação

Frequência respiratória ≥ 22irpm/minuto 1 ponto

Estado mental alterado 1 ponto

Pressão arterial sistólica ≤100 mmHg 1 ponto

Pontuação ≥ 2 indica alteração, deve-se realizar o SOFA.


• SOFA: score que avalia presença de disfunção de órgãos.

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Critérios SOFA 0 ponto 1 ponto 2 pontos 3 pontos 4 pontos


<200 com suporte <100 com suporte
PaO2/FiO2 ≥400 <400 <300
ventilatório ventilatório
Plaquetas (x10³) ≥150 <150 <100 <50 <20

Bilirrubina <1,2 1,2-1,9 2-5,9 6-11,9 ≥12


Dopamina <5 Dopamina (5,1-15) ou Dopamina >15
Cardiovascular PAM ≥ 70 PAM < 70 ou dobutamina adrenalina ou adrenalina ou
(qualquer dose) ou noradrenalina ≤0,1 noradrenalina >0,1
Glasgow 15 14-13 12-10 9-6 <6
Creatinina ou débito
<1,2 1,2-1,9 2-3,4 3,5-4,9 ou DU<500 >5 ou DU<200
urinário (mL/dia)

Pontuação ≥ 2 indica quadro séptico.

Descartando-se tais achados a avaliação deverá ocorrer de forma mais detalhada.

Exame do abdome
• Massa palpável: gravidez, leiomioma, cisto ovariano, abscesso tubo-ovariano, neoplasia;
• Irritação peritoneal: sangramento intra-abdominal, gravidez ectópica, abscesso tubo-ovariano, torção ovariana, apendicite.

Exame da região pélvica


• Exame especular
– Corrimento vaginal ou cervical anormal: cervicite, endometrite, DIP, vaginite, corpo estranho vaginal retido.
– Sangramento: pode resultar de aborto incompleto, ameaçado ou completo, gestação ectópica, mioma submucoso,
perfuração uterina, trauma e neoplasia.
– Orifício cervical aberto: aborto inevitável ou incompleto, gravidez ectópica.

• Toque vaginal isolado e bimanual


– Sensibilidade à mobilização do colo, útero e/ou anexos: pode refletir peritonite do trato reprodutiVO, como a DIP,
ou também irritação de estruturas adjacentes (por exemplo, bexiga, cistite, apendicite).
– Volume uterino: aumentado pode refletir gravidez ou leiomioma. Massas anexiais: podem indicar gravidez ectópica,
abscesso tubo-ovariano, cisto ovariano ou torção ovariana.

• Exame retal
– Dor retal: hemorróidas trombosadas, fissura anal, endometriose infiltrativa profunda do intestino ou fundo de saco,
sangue livre na pelve.
– Massa retal: malignidade ou endometriose retal.

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Protocolo de Urgências Ginecológicas e Obstétricas

Exames complementares

Deve ser realizado em todas as mulheres em idade reprodutiva.


Beta-hCG
Positivo: gravidez intra-uterina ou ectópica atual ou recente, gravidez molar ou câncer.

Nitratos ou piúria: podem indicar ITU. Pode-se observar piúria leve com apendicite.
Sumário de urina
Hematúria: ITU, urolitíase ou cistite hemorrágica.

Anemia: quadros hemorrágicos agudos, condições crônicas (ex: neoplasias).


Hemograma
Leucocitose: processos infecciosos (DIP, ITU, apendicite).

VHS e PCR podem estar elevados em processos infecciosos.

Hemocultura Se suspeita de infecção disseminada.

Líquido livre intra-abdominal ou pélvico: sugere sangramento intracavitário


(exs: gravidez ectópica rota, cisto ovariano rompido, trauma).
USG abdominal, pélvica Massa anexial: abscesso tubo-ovariano, cisto ovariano, gravidez ectópica (se beta-hCG positivo),
ou transvaginal neoplasia.

Massa pélvica: leiomioma, neoplasia.

Em suspeita de causas não ginecológicas (ex: achados sugestivos de obstrução intestinal,


TAC
apendicite, nefrolitíase, diverticulite).

RNM Em caso de malignidade anexial, mioma degenerado.

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PATOLOGIA DO TRATO GENITAL INFERIOR

COLHEITA DA COLPOCITOLOGIA ONCÓTICA CÉRVICO-VAGINAL

Antes da colheita:
• Fazer exame especular
• Tratar corrimentos genitais de acordo com a etiologia; orientar retornar para colher 15 dias após o tratamento
• Preparo estrogênico local em pacientes com hipotrofia genital
– Promestrieno 10mg/g: 01 aplicação vaginal ao deitar-se por 21 dias consecutivos e colher 05 dias após a última
aplicação
OU
– Estriol 1mg/g: 01 aplicação vaginal ao deitar-se por 10 dias consecutivos e colher 05 dias após a última aplicação
• Verificar se a última relação sexual foi há 3 dias ou mais
• Excluir sangramento menstrual
• Pacientes com lesão macroscópica sugestiva de câncer invasor encaminhar diretamente para Colposcopia e biópsia

Quando colher:
• Pacientes com vida sexual ativa ou que já tiveram relações entre 25 e 65 anos
• Pode colher: pacientes fora faixa etária anterior com queixa ou diagnóstico de IST ou que já iniciaram a vida sexual
há mais de 2 anos
• Pacientes com apenas um exame anterior com um ano ou mais
• Pacientes que não sabem quando ou se realizou o exame
• Pacientes que estão em consulta ginecológica de rotina (aproveitar a oportunidade)
• Pacientes com mais de 65 anos que não sabem quando fizeram exame – ver preparo (1.a.3)
• Não colher pacientes já submetidas a histerectomia por doença benigna (miomatose, adenomiose) e com dois exames
normais nos últimos 5 anos

Como colher:
• Material: lâmina fosca, lápis para identificação da lâmina, escova citológica, espátula de Ayre, fixador celular ou álcool,
tubo para colocar a lâmina
• Preencher devidamente o formulário de identificação com o mesmo registro colocado na lâmina
• Seguir as orientações da imagem abaixo de coleta e montagem da lâmina (coleta dupla)
OBS: na coleta cervical em gestantes, ter cuidado com introdução a intensidade do raspado com a escova endocervical.

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PATOLOGIA DO COLO UTERINO E VAGINA

Colposcopia e biópsia de colo uterino e vagina


1. Indicações:
a. Na presença de lesão macroscópica sugestiva de tumor de colo uterino ou paredes vaginais
b. Na presença de colpocitologia oncótica com resultados de: ASC-US, ASC-H, AGUS, LIEBG, LIEAG, LIEAG que não se
pode afastar microivasão, carcinoma epidermoide invasor, AIS, adenocarcinoma invasor
c. Material: Colposcópio; luvas; espéculos; pinças de Cheron; explorador de Chrocak (endocervical); pinça Professor
Medina de tamanhos variados; pinça Allis de tamanhos variados; pinça Pozzi; soro fisiológico, ácido acético (AA 3%
ou 5%); lugol 5%; bolinhas de algodão e gaze estéreis; frascos para material para histopatológico com formol a
10%; tampão vaginal; solução de Monsel; vaselina sólida.
d. Técnica: visualizar o colo uterino e paredes vaginais com a ajuda do COLPOSCÓPIO; limpar com SF 0,9% S/N; olhar
antes de aplicar o AA; aplicar o AA com a ajuda de bolinhas de algodão e observar a presença de áreas acetorreativas;
visualizar a zona de transformação e a JEC; identificar áreas de epitélio acetobranco, mosaicos, pontilhados, vasos
irregulares – classificar de acordo com os critérios de Reid (ver tabela e esquema abaixo); colocar solução de
lugol em colo e paredes vaginais pra avaliar áreas iodo negativas, parcialmente coradas e coradas nas áreas de
acetorreatividade, nos fundos de saco e paredes vaginais; usar filtro verde para identificação de áreas vasculares e
avaliação de pontilhados e mosaicos; fazer a biópsia para confirmar o diagnóstico em áreas suspeitas.

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Protocolo de Urgências Ginecológicas e Obstétricas

e. Biópsia:
• Fazer preferencialmente na primeira fase do ciclo menstrual; pacientes com anticoncepção contínua ou SIU-LNG pode
fazer em qualquer dia; pacientes que não menstruam e em idade reprodutiva sem MAC, fazer mediante apresentação
de BETA HCG datado até 2 dias antes do procedimento
• Técnica: apreensão e torção do tecido da região escolhida (dar preferencia a área de suposta maior gravidade guiada
pela Colposcopia – lembrar que essa área na maioria das vezes é próxima à JEC - vide foto abaixo); colocar em frasco
com formol a 10%; preencher formulário específico para solicitação do histopatológico com as informações solicitadas;
atenção na identificação do frasco coincidente com a identificação do formulário e do prontuário.

f. Exérese de pólipo cervical: Pinças Allis para apreensão de pedículo o mais proximal possível e retirada por torção
(não puxar); enviar material retirado em frasco com formol a 10% para histopatológico; preencher formulário
específico com as informações solicitadas para histopatológico; atenção na identificação do frasco coincidente com
a identificação do formulário e do prontuário

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Protocolo de Urgências Ginecológicas e Obstétricas

g. Orientar a paciente: retirada do tampão em 4 horas; não fazer esforço físico por 24 horas; abstinência sexual por
até 7 dias; caso necessário, prescrever medicação vaginal ou para dor; orientação quanto ao resgate do resultado
e retorno para consulta médica e seguimento a depender do resultado do histopatológico.

MAIA, 1998

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Protocolo de Urgências Ginecológicas e Obstétricas

Tratamento das lesões de colo uterino comprovadas por histologia:


1. LIEBG (NIC 1):
• Paciente com condições de seguimento semestral, assim proceder por até 2 anos
• Evitar cauterizações químicas ou eletrocirúrgicas
2. LIEAG (NIC 2/3): tratamento excisional da lesão após avaliação da ZT (vide figura abaixo)
• EZT tipo 1: retirar até 1 cm do colo, sob anestesia local e visão colposcópica; casos excepcionais encaminhar para
fazer no bloco cirúrgico.
• EZT tipo 2: a depender do tamanho do colo e anatomia, tamanho da lesão, vascularização do colo, fazer ambulatorial
ou não
• EZT tipo 3 ou em caso de LIEAG com comprometimento glandular: Encaminhar para fazer por CAF ou a frio no
bloco cirúrgico
• EZT à FRIO: na impossibilidade técnica ao uso da CAF: impossibilidade anatômica, lesão que se extende às paredes
vaginais;
• HTA simples: impossibilidade técnica anatômica a qualquer tipo de procedimento de EZT por CAF ou a FRIO

Realizar a EZT tipo 1/2/3 conforme acima, com passagem única ou múltipla da alça (FIGURAS ESQUEMÁTICAS ENSINO DA OMS);

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Protocolo de Urgências Ginecológicas e Obstétricas

• Colocar cada peça retirada, devidamente marcada, em um frasco


com formol a 10%; a marcação pode ser com um ponto de sutura,
alfinete ou agulha ou um corte vertical na peça, sempre às 12 horas.
Em caso de mais de um tempo, fazer identificação às 06 horas (se
em lábio posterior) e às 12 horas (se em lábio anterior).
• Preencher formulário específico para solicitação do histopatológico
de colo do útero com as informações solicitadas; atenção na
identificação do frasco coincidente com a identificação do
formulário e do prontuário. Se houver mais de um frasco, identificar
cada tempo na sequência de realização e explicando a localização
de cada um no frasco do material retirado e no formulário de
solicitação.
• Orientar a paciente: retirada do tampão em 4 horas; não fazer
esforço físico por 24 horas; abstinência sexual por até 7 dias;
abstinência sexual de 30 dias. Caso necessário, prescrever medicação vaginal ou para dor; orientação da importância
do retorno para consulta médica e verificação do histopatológico.
• Marcar retorno da paciente para 45 dias no ambulatório para verificação do histopatológico e programar exames de
seguimento
• No histopatológico: atenção para tamanho da peça, profundidade, se veio o estudo e se há comprometimento de
margens, se há mais de 02 quadrantes acometidos, idade da paciente se maior de 50 anos, se há comprometimento
glandular – fatores de maior recidiva da lesão)
• Seguimento semestral com Colposcopia e citologia por até 2 anos;
• Se nesse período citologia alterada ou Colposcopia apresentando lesão maior: rebiopsiar e tomar conduta específica
de acordo com o resultado do histopatológico;
• Após 02 anos: anual por dois anos consecutivos e se todos normais, colocar a paciente no rastreio trienal.

TRATAMENTO DAS LESÕES DE VAGINA:


LIEBG (NIVa 1): vigilância semestral com Colpocitologia e Colposcopia por até 2 anos
LIEAG (NIVa 2/3):
• Lesão multifocal: terapias ablativas (CAF – Eletrodo em esfera, com baixa calibragem, sob visão colposcópica)
• Lesão focal: retirada por multifragmentação ou excisão cirúrgica, de preferência sob visão colposcópica

APÓS A RETIRADA DA LESÃO:


• Seguimento semestral com Colposcopia e citologia por até 2 anos;
• Se nesse período citologia alterada ou Colposcopia apresentando lesão maior: rebiopsiar e tomar conduta específica
de acordo com o resultado do histopatológico;
• Após 02 anos: anual por dois anos consecutivos e se todos normais, colocar a paciente no rastreio trienal.

PATOLOGIA VULVAR

Avaliação inicial da paciente com queixa vulvar – caracterizar:


• Tempo de lesão; início repentino ou gradual; teve trauma no local ou outro “gatilho”; se já teve lesões semelhantes
anteriormente; se a lesão agora é diferente de outras anteriores;
• Sintomas associados à(s) lesão(s): coceira, queimação, dor, picada, sangramento e corrimento; algo que melhora ou
exacerba os sintomas; se outros sintomas não-vulvares (febre, sintomas do trato urinário ou intestino, sangramento
uterino anormal, perda de peso ou artralgia);
• Presença de outras lesões de pele, lesões orais, vaginais ou anal;
• Incontinência urinária ou fecal;

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Protocolo de Urgências Ginecológicas e Obstétricas

• História de doença dermatológica na família ou na própria paciente (psoríase, LE, hidradenite supurativa);
• Caracterizar como é feita a higiene da vulva e os produtos que usa;
• Hábitos de vestuários e tipos de tecido de roupa íntima, assim como a higiene dessa vestimenta; se usa lenços para
higiene íntima ou sabonetes específicos; hábitos de absorvente, tempo de troca dos absorventes; se usa produtos ou
artefatos para atividades sexuais; se considera as práticas sexuais seguras;
• Avaliar se tem comportamento sexual de risco; perguntar se há lesões no parceiro;
• Uso de medicações tópicas ou oral;
• Se viajou recentemente;
• Se usou tratamentos anteriores prescritos ou por conta própria;
• Avaliar se a lesão afeta a vida diária e atividade sexual;
• Se já tem exames da vulva ou biópsias anteriores;
• Se a queixa é dor vulvar: avaliar VULVODÍNEA na exclusão de doenças clínicas evidentes da vulva.

Vulvoscopia
1. Se possível, tratar vulvovaginites antes da realização do exame;
2. Saber identificar a anatomia da vulva: monte pubiano, grandes lábios, pequenos lábios, sulco interlabiais, prepúcio do
clitóris, clitóris, frênulo do clitóris, vestíbulo, carúncula himenal, fúrcula, períneo, orifícios das glândulas de Skene e
Bartholin, meato uretral, linha de Hart (define os limites exteriores do vestíbulo).
3. Indicações e objetivos:
• Pacientes com diagnóstico de LIEAG ou câncer no TGI; mulheres com condilomas, HIV positivas, transplantadas de
órgão sólidos;
• Definir extensões das lesões; dirigir biópsias para áreas clinicamente mais graves; excluir câncer invasiVO, realizar
tratamento dirigido pela visualização de referências anatômicas;
4. Achados variantes normais: coloração de pele e mucosa/hiperpigmentação fisiológica, grânulos de Fordyce, papilas
vulvares (dérmicas ou vestibulares) fisiológicas, hipertrofia fisiológica dos pequenos lábios, origem anterior bífida dos
pequenos lábios;
5. Analisar:
• Morfologia da lesão (mácula, pápula, adesiVO, nódulo, úlcera, tumor, placa, vesícula, bolha, pústula, cisto)
• Lesões hipercrômicas: USAR REGRA DO ABCDE da SBD

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Protocolo de Urgências Ginecológicas e Obstétricas

• Número, localização e distribuição de lesões múltiplas (dispersas, agrupadas, lineares etc.)


• Consistência e sensação (sensibilidade, espessura, rigidez / elasticidade / firmeza / flutuação)
• Presença de alterações secundárias (escoriação, liquenificação, edema, escama, crosta, fissura, erosão, sangramento, hipo
/ hiperpigmentação, atrofia, cicatriz)
• Inflamação aguda (edema, dor, ulceração e eritema): evitar o AA 5%
Exames anatômicos relacionados: região perianal, ânus, vagina, colo do útero, regiões intertriginosas, olhos, boca e narinas
devem ser examinados quando o diagnóstico é incerto

Vias carcinogênicas principais na vulva e suas características:

CCE relacionados ao HPV CCE não relacionados ao HPV


Etiologia Infecção persistente pelo HPV de alto risco, Líquen escleroso ou líquen plano de longa
geralmente 16 duração
Frequência 40% dos casos 60% dos casos
Idade ao diagnóstico Mulheres mais jovens Mulheres mais velhas
Lesões precussoras LIE – NIV NIV diferenciada
Tempo de progressão Mais lento Mais rápido
Prognóstico Melhor* Pior*
Prevenção Vacinação contra HPV Controle da dermatose subjacente

Vulvoscopia em pacientes com LEAG no TGI Vulvoscopia anual


*depende do estadiamento no
diagnóstico do tumor

6. Técnica:
• Aplicar ácido acético a 5%. Esperar 1-3 minutos para aparecimento de áreas acetorreativas;
• Descrever achados em laudo adequado. Anotar se realizado biópsia e especificar a área biopsia da; se necessário,
colocar lesões distintas em frascos diferentes, com formol a 10%

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Protocolo de Urgências Ginecológicas e Obstétricas

TRATAMENTO DAS LESÕES DE VULVA:


Em lesões de tratamento clínico: tratar de acordo com o diagnóstico;
Encaminhar para ambulatório de Dermatologia se caso indicado;
Em pacientes submetidas a biópsia, tratar ou acompanhar de acordo com o resultado do histopatológico.

PATOLOGIA ANAL

NIA (Neoplasia Intra-Epitelial) anal: Mais comuns na ZT anal. Descritas na classificação de Bethesda. Relevância: Os canais
anal e cervical compartilham características embriológicas, histológicas e patológicas (desenvolvem-se a partir da membrana
cloacal embrionária e são locais de fusões de tecido endodérmico e ectodérmico para formar uma JEC, onde podem apresentar
alterações metaplásicas normais e alterações displásicas anormais relacionadas à infecção HPV)
Correspondência Histopatológica: LIEBG = NIA 1 / LIEAG = NIA 2 ou 3
População alvo para rastreio de NIA:
• Pacientes com diagnóstico de LIEAG ou câncer no TGI;
• Indivíduos com história de condilomas anal ou perianal;
• Indivíduos com imunossupressão iatrogênica (transplantados de órgão sólido, usuárias crônicas de corticoides ou
outras drogas imunossupressoras);
• Indivíduos HIV positivos;
• Mulheres HIV negativas com mais de 45 anos quando sabe-se ser portadora do HPV 16;
• Homens que fazem sexo com Homens (HSH);
*Não há consenso sobre o momento inicial da triagem nem da frequência de realização dos exames – individualizar cada
caso de acordo com o paciente

Colpocitologia oncótica do canal anal – orientações para colheita:


1. Material: luvas de procedimento, lâmina fosca, lápis para identificação da lâmina, escova citológica, fixador celular ou
álcool, tubo para colocar a lâmina
2. Instruções para coleta:
• Abstinência sexual anal, enemas, duchas ou introdução de qualquer outro objeto ou substância excluídos nas 24
horas antes da coleta
• Não usar lubrificantes ou não fazer o toque retal antes da coleta citológica
• Introduzir 5 a 7 cm da escova citológica no canal anal com o paciente em decúbito lateral esquerdo (posição de
Sims modificada); fazer movimentos de rotação e translação da escova, fazendo pressão firme e às cegas das paredes
do canal anal, durante 10 a 20 segundos
• Retirar a escova e fazer o esfregaço do material colhido em lâmina fosca previamente identificada; colocar fixador
celular ou em frasco com álcool;
• Preencher devidamente o formulário de identificação com o mesmo registro colocado na lâmina e todas as
informações clínicas necessárias

Anuscopia de Alta Resolução (AAR):


a. Material: Colposcópio, luvas, anuscópios, pinças de Cheron, soro fisiológico; ácido acético (AA 5%), lugol 5%, bolinhas de
algodão e gaze estéreis, frascos com formol a 10% para histopatológico, solução de Monsel, vaselina sólida, Lidocaína
gel 5%, pinças para biópsia Professor Medina de tamanhos variados;
b. Objetivo: estudar o canal anal da JEC até a borda distal do reto: avaliar ZT anal, canal anal distal, margem anal e periânus
com o auxílio do Colposcópio em vários aumentos; identificar áreas de epitélio acetobranco, mosaicos, pontilhados,
vasos irregulares ou áreas sugestivas de invasão; usar filtro verde para avaliação vascular; fazer a biópsia para confirmar
o diagnóstico quando necessário.

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Protocolo de Urgências Ginecológicas e Obstétricas

c. Técnica:
• Paciente em posição de Sims modificada
• Realizar toque retal digital
• Introdução de anuscópio com vaselina; retirada do êmbolo do anuscópio; realizar observação com o uso Colposcópio
do canal anal e periânus com a aplicação de AA 5% e lugol
• As alterações vistas ao exame são as mesmas vistas na Colposcopia do colo uterino que possam ser sugestivas de
LIEAG e LIEBG;
• Biópsia quando necessário: anestesia local com Lidocaína gel a 5%; apreensão e torção do tecido da região escolhida;
colocar em frasco com formol a 10%; preencher formulário específico para solicitação do histopatológico com as
informações necessárias; atenção na identificação do frasco coincidente com a identificação do formulário e do
prontuário; informar que pode apresentar pequeno sangramento espontâneo ou nas primeiras evacuações a seguir.

Conduta na presença de nia:


NIA DE ALTO GRAU:
• Lesões individualizadas e difusas ou lesões que representam menos de 50% da circunferência da ZT anal: ATA 80% ou
ablação por radiofrequência ou eletrocautério (guiados por AAR);
• Lesões com mais de 50% da circunferência da ZT: para diminuir o risco de estenose: realizar gradualmente, com não
mais de 50% da circunferência da ZT, em seções sequenciadas;
• Alternativamente: IMIQUIMODE 5% ou FLUORACIL a 5% intra-anal (pode resultar na resolução completa das lesões ou
na redução do tamanho para onde as terapias locais podem ser usadas – recomendações off label).
NIA DE BAIXO GRAU:
• Lesões pequenas: ATA 80%;
• Doença disseminada: Encaminhar para ambulatório de proctologia específico
• Efeitos colaterais potenciais das terapias locais: eritema, ulceração e sangramento, com sintomas associados: irritação
/ queimação e dor, e ocasionais sintomas sistêmicos compatíveis com síndrome gripal no uso do Imiquimode.
NIPA (PERI-ANAL) DE ALTO GRAU:
• Lesões discretas pequenas: ablação local ou excisão cirúrgica; encaminhar para tratamento em ambulatório de
proctologia específico
• NIPA DE BAIXO GRAU: lesões sugestivas de condiloma: opcional – seguir recomendações para biópsia de condilomas,
quando indicado; seguir tratamento convencional para condilomas
• Lesões em acompanhamento: prosseguir o acompanhamento semestral e biópsia e intervenção se necessário;
• Paciente sem opção de decidir pelo tratamento (queimação, coceira, sangramentos, ansiedade pela presença da doença)
• Sempre: avaliação completa para excluir câncer anal/TGI

VACINAÇÃO CONTRA HPV – Disponibilidade no SUS

Vacina quadrivalente recombinante contra os tipos de HPV 06, 11, 16, 18 – previne cânceres de colo de útero, vagina, vulva,
perianal, anal e orofaríngeo causados pelos HPV de cobertura da vacina.
1. Encaminhar para postos de vacinação:
• População do sexo feminino de nove a 14 anos de idade (14 anos, 11 meses e 29 dias) - esquema vacinal de 2 (duas)
doses (0 e 6 meses)
• População do sexo masculino de 11 a 14 anos de idade (14 anos, 11 meses e 29 dias) com esquema vacinal de 2 (duas)
doses (0 e 6 meses)
• População do sexo feminino e masculino de nove a 26 anos de idade vivendo com HIV/Aids, submetidos a transplantes
de órgãos sólidos ou de medula óssea e pacientes oncológicos - deverão receber o esquema de 3 (três) doses (0, 2 e 6
meses) – essa população deverá levar documentação comprobatória do estado de saúde

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2. Testes moleculares para pesquisa de HPV (captura híbrida/hibridização molecular ou pcr/genotipagem): não disponíveis
no SUS

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AMENORRÉIA

# Conceito e classificação: É a ausência de menstruação. Classificada:

• PRIMÁRIA: quando a menstruação estiver ausente aos 15 anos, na presença dos caracteres sexuais secundários, ou
aos 13 anos, quando não houver desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários e/ou estirão do crescimento
pondo-estatural.
• SECUNDÁRIA: quando houver atrasos menstruais > 60 dias, ou ausência de menstruações por 3 ou mais ciclos.
A incidência da amenorréia, excluídas as causas fisiológicas, tais como gestação, amamentação ou menopausa, é de
aproximadamente 5% dos casos novos atendidos nos ambulatórios da especialidade.

# Causas de amenorréia

1. Defeitos anatômicos
a. Agenesia Mulleriana (Síndrome Mayer-Rokitansky-KusterHauser)
• Ausência do útero e 1/3 superior da vagina e características sexuais secundárias femininas.
• Em 10% dos casos de amenorreia primária
• Acompanhada de malformações urogenitais, tais como, duplicação ureteral, rim em ferradura, rim pélvico, hidronefrose.
Mais raramente, mal-formações esqueléticas da coluna lombar podem ser encontradas.
• Função ovariana normal.
• O desenvolvimento dos ductos de Muller pode ser parcial, com diferentes formas de apresentação da genitália
interna feminina.
• Diagnóstico diferencial com a Síndrome da Insensibilidade aos Androgênios.
• Opções terapêuticas: neovaginoplastia com os exercícios com moldes de diâmetros progressivamente maiores
para ampliação e criação da cavidade vaginal, como primeira escolha ou criação cirúrgica da vagina utilizando a
membrana amniótica como revestimento da cavidade neoformada.

b. Síndrome da Insensibilidade aos Androgênios


• A insensibilidade completa aos androgênios é rara, cerca de 1:60.000.
• 5% dos casos de amenorréia primária.
• Diagnóstico: história familiar, ausência de pelos pubianos e axilares e, às vezes, pela presença de massas na região
inguinal, correspondentes aos testículos ectópicos.
• Diagnóstico diferencial deve ser feito com a Agenesia Mulleriana através da dosagem de testosterona, que, na
insensibilidade aos androgênios está nos padrões normais masculinos.
• Níveis de FSH normais e os de LH ↑ na ausência de feed-back negativo da testosterona.
• Níveis de estradiol podem estar aumentados para o padrão masculino devido à aromatização periférica da
testosterona a estradiol.
• Confirmação diagnóstica: cariótipo 46 XY.
• Terapêutica ideal: remoção dos testículos após o desenvolvimento puberal, nas formas completas e antes da
puberdade nas formas incompletas.
• Após a remoção das gônadas: a terapia hormonal deve ser instituída.
• Reconstituição da vagina funcional é semelhante a realizada na síndrome de Rokitanski.

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c. Criptomenorréia: Outros defeitos anatômicos que cursam com amenorréia primária compreendem o hímem imperfurado
e o septo vaginal transverso, em incidências de 1:1000 e 1: 80.000, respectivamente. Nestas duas situações é comum
a ocorrência de dores cíclicas, pelo acúmulo de sangue menstrual a montante da obstrução, podendo refluir até a
cavidade abdominal, favorecer o aparecimento de endometriose e aderências pélvicas. A remoção dos septos ou a
abertura himenal devem ser realizadas via vaginal.

d. Aderências intrauterinas: Amenorréia secundária de sinéquias endometriais/miometriais.


• Causas: Complicação de procedimento cirúrgico/ infeccioso envolvendo o útero.
– Curetagem pós-aborto ou pós-parto.
– Miomectomia única ou múltipla por via histeroscópica.
– Suturas de compressão uterina, em geral, a sutura B-Lynch, para tratamento da hemorragia pós parto.
– Infecções endometriais e outras situações que causem danos a camada basal do endométrio.
– Sinéquias intrauterinas mais amenorreia e infertilidade: Síndrome de Asherman.
• Manifestações clínicas:
– Amenorreia ou redução do fluxo menstrual.
– Dor pélvica cíclica ou dismenorreia.
– Perda fetal recorrente.
• Diagnóstico:
– Introdução de uma sonda ou um histerômetro pelo canal endocervical pode confirmar a presença ou não de
uma obstrução.
– Histerossalpingografia, histero-sonografia ou histeroscopia podem ser necessárias. A histeroscopia, além do
diagnóstico pode classificar e, em alguns casos, estimar o prognóstico reprodutivo da paciente.
• Tratamento:
– Lise das aderências via histeroscópica e, após o procedimento cirúrgico, inserção de uma sonda vesical pediátrica
ou um DIU de cobre e estímulo com estrógenos contínuos por 30 dias e progestágenos associados nos últimos 10
dias do tratamento com estrógenos. Em casos de aderências graves, é aconselhável a repetição da histeroscopia
para confirmar a cura ou recorrência das sinéquias.

2. Níveis elevados de FSH:


a. Disgenesias gonadais: A falência gonadal pode ocorrer em qualquer fase da vida, inclusive intra-útero, quando é o
resultado da agenesia ou disgenesia ovariana.
• Classificação:
– Disgenesia gonadal com cariótipo 46 XX: caracterizada por amenorréia primária e infantilismo sexual.
– Disgenesia gonadal com o cariótipo 46 XY: genitália interna feminina porque não podem ser produzidos nem o
MIF (Fator Inibidor do desenvolvimento dos ductos de Muller), nem a testosterona (estimulador dos ductos de
Wolf). A genitália externa também é feminina pela ausência de estímulo da testosterona/Dihidrotestosterona.
– Disgenesia gonadal com cariótipos normais (46 XX, 46 XY): as alterações são gênicas.
– Disgenesia gonadal com cariótipos anormais: 45XO é a forma mais comum (Síndrome de Turner). O cariótipo
45X0 está presente em 10% dos abortamentos espontâneos.
– Disgenesia gonadal com cariótipo em mosaico: Cerca de metade dos casos de Síndrome de Turner pode
apresentar, também, outros cariótipos, além do 45 X0. Aproximadamente 10 a 12% dos indivíduos com a
Síndrome de Turner tem, no complemento cromossômico em mosaico, uma linhagem celular com o cromossoma
Y, o que representa um maior risco de gonadoblastoma.
• Manifestações clínicas:
– Infantilismo sexual e amenorreia
– Síndrome de Turner clássica: estigmas turnerianos, a baixa estatura, o pescoço alado, a implantação baixa de
cabelos e orelhas, tórax em escudo, encurtamento do quarto metacarpo, cúbito valgo e mal formações cardíacas.

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– Síndrome de Turner com cariótipo em mosaico: pode estar associado a uma variedade de fenótipos que variam
desde a apresentação clínica típica da Síndrome de Turner, um desenvolvimento sexual anormal com genitália
ambígua, até um fenótipo masculino com infertilidade.
– Mal formações cardíacas: variam dependendo do tipo e do método diagnóstico utilizado. Cerca de 50% das
pacientes apresentam algum tipo de cardiopatia congênita, das quais metade delas é representada pelas
alterações no arco e na válvula aórtica, assim como, em menor proporção, anormalidades venosas sistêmicas e
pulmonares e defeitos nos septos atriais e ventriculares.
– Maior risco de osteoporose.
– Alterações oculares.
– Distúrbios metabólicos.
– Doenças autoimunes.
• Diagnóstico:
– Síndrome de Turner clássica é frequentemente diagnosticada ainda na infância pelos estigmas característicos.
Clinicamente pelo infantilismo sexual. Níveis de FSH elevados e estradiol muito baixo.
– Cariótipos em mosaico: se gônadas não funcionantes, níveis de FSH são elevados e os níveis de estradiol muito
baixos.
• Tratamento:
– Estimular o desenvolvimento das características sexuais secundárias. O objetivo é mimetizar o desenvolvimento
puberal com baixas doses de estrogênio, aumentando gradualmente as doses para estimular o crescimento
mamário e o crescimento pondo-estatural, sem provocar a soldadura precoce das epífises ósseas. Deve-se
evitar a associação com progestágenos até que o parênquima mamário e a aréola tenham se desenvolvido e o
sangramento endometrial tenha ocorrido.
– Estrógenos devem ser, preferencialmente, naturais e a via transdérmica. Na mulher adulta, usar os mesmos
esquemas da TRH em mulheres com Insuficiência Ovariana prematura.
– Contraceptivos hormonais orais devem ser evitados porque a paciente com síndrome de Turner parece ter um
risco aumentado de tromboembolismo venoso.

b. Insuficiência Ovariana Prematura (IOP): síndrome decorrente da perda da atividade ovariana antes dos 40 anos de
idade. Pode ocorrer em 1% das mulheres.
• Etiologia: Na maioria dos casos não se consegue identificar uma causa.
– Alterações genéticas ainda não são claras. As mais frequentes são anomalias numéricas ou estruturais do
cromossomo X, tais como síndrome de Turner e deleções completas/parciais, translocações e outras alterações
envolvendo o cromossomo X. Mulheres com IOP e menos de 30 anos de idade devem ser submetidas a um
exame cariótipo para descartar problemas cromossômicos com a presença do Y, que está associado a um
risco aumentado de tumores ovarianos. A pré-mutação do gene FMR1, associada à síndrome do X frágil é a
causa mais comum de retardo mental hereditário e está presente em até 13% dos casos de IOP familiar. Não
causa retardo mental na portadora, mas pode levar, na geração seguinte, à mutação completa do gene com
expressão completa da síndrome. Por isso, a pesquisa dessa mutação em pacientes com IOP destina-se também
à aconselhamento genético da família.
– Alterações auto-imunes são sugeridas pela freqüente associação com outras desordens autoimunes. Cerca de
40% das mulheres com IOP tem outras alterações auto-imunes associadas, como tireoidite, diabete mellitus
tipo I, miastenia gravis, Lúpus Eritematoso Sistêmico, artrite reumatoide, anemia perniciosa, vitiligo, doença de
Crohn ou doenças da paratireóide. Alguns anticorpos antiovário já forma identificados, mas o papel patogênico
desses anticorpos tem sido questionado.
– Intervenções terapêuticas, utilizadas principalmente no tratamento coadjuvante de algumas neoplasias, como
a radioterapia e a quimioterapia. Muitos quimioterápicos são tóxicos para os oócitos e células da granulosa,
podendo causar depleção dos folículos primordiais e/ou danos na maturação folicular. Os agentes alquilantes são
as drogas mais associadas a disfunção gonadal e podem destruir tanto os oócitos quanto as células dos folículos
primordiais. Nessa categoria estão ciclofosfamida, ifosfamida, dacarbazina, bussulfano, melfalano e clorambucil.

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– Procedimentos cirúrgicos pélvicos envolvendo e comprometendo a vascularização ovariana, como cistectomia


ovariana, laqueadura tubárea e a histerectomia podem levar a IOP. A embolização da artéria uterina assim como
a perfuro-cauterização dos ovários para tratamento da SOP, têm sido, em alguns estudos, associadas a risco de
insuficiência ovariana devido às alterações na circulação sanguínea ovariana. A função ovariana pode oscilar
no início da doença, sendo frequente um período de irregularidade menstrual tipo oligomenorreia precedendo
a amenorreia definitiva.
• Diagnóstico:
– Diagnóstico clínico: associação de amenorréia secundária antes dos 40 anos.
– Dosagens hormonais: níveis de FSH acima de 25 mUI/ml, em duas dosagens com intervalo superior a 4 semanas.
Estradiol baixo. Em função da alta associação com doenças auto-imunes, é recomendável a avaliação do TSH,
anticorpos anti-tireóide, glicemia jejum e eletrólitos.
– Exames de imagem: A ultra-sonografia transvaginal também não é útil para o diagnóstico.
– Estudo histopatológico: Não tem indicação de biópsia ovariana, já que os fragmentos não são representativos
de todo o ovário.
– Estudo genético: cariótipo deve ser solicitado se IOP abaixo de 30 anos (pesquisa de cariótipo em mosaico com
cromossoma Y). A pesquisa da pré-mutação do gene FMR1, associada à síndrome do X frágil deve ser solicitada
para aconselhamento genético familiar.
• Tratamento:
– Terapia estroprogestativa mantem características sexuais secundárias e evitar complicações, a longo prazo, do
hipoestrogenismo, com/sem sinais e sintomas de hipoestrogenismo.
– Manter TRH até os 50 anos, a idade habitual da menopausa. A continuação do uso, após 50 anos, deve ser
discutida com a mulher, levando-se em consideração suas condições clínicas, presença ou não de sintomas e
relação risco-benefício.
• Prognóstico reprodutivo:
– Raros casos de gravidez em mulheres portadoras de IOP, possivelmente, por ressensibilização de algum folículo
remanescente, ao estímulo pelo FSH, durante a terapia com estrogênios.
– Tratamento para a infertilidade tem como opção a FIV com doação de ovócitos, e para as mulheres que irão se
submeter a tratamentos oncológicos, a criopreservação de embriões, ovócitos ou mesmo de tecido ovariano,
ainda experimental, podem ser uma alternativa.

c. Outras Causas: causas mais raras de amenorréia hipergonadotrófica incluem deficiências enzimáticas com a de 17
hidroxilase, 21-hidroxilase, aromatase, galactosemia.

3. Níveis normais ou reduzidos de FSH:


Causas mais comuns: anovulação hipotalâmica e a anovulação hiperandrogênica (Síndrome dos Ovários Policísticos), quando
os sinais clínicos de hiperandrogenismo não estão tão evidentes.
a. Amenorreia psicogênica:
– Desordens funcionais hipotalâmicas ou supra-hipotalâmicas pelo estresse psicogênico.
– Amenorreia secundária é de curta duração, associada a circunstâncias estressores pontuais.
– Fisiopatologia envolve uma alteração na pulsatilidade do GnRH que resulta num desenvolvimento folicular anormal
e ausência de pico de LH.
– Dosagens hormonais: Níveis de FSH, LH e estradiol, habitualmente, normais. É, geralmente, diagnóstico de exclusão.
Na maioria das vezes tem evolução favorável e os ciclos menstruais retornam ao padrão normal em poucos meses.
b. Exercício físico excessivo e perda de peso
– Aproximadamente 10% abaixo do peso ideal: associa-se à anovulação hipotalâmica e amenorreia, sugerindo que
a manutenção de ciclos menstruais normais depende de uma ingesta calórica compatível com o gasto energético.
– Tríade da mulher atleta é definida pela presença de amenorreia, baixa ingestão calórica e osteopenia, que tende
a estar associada a baixo peso corporal observado em corredoras de maratonas, ginastas olímpicas e bailarinas.

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Mulheres envolvidas em atividades físicas com caráter competitivo têm três vezes mais risco de desenvolver
amenorréia secundária, comparadas às não atletas.
– Fisiopatologia: baixa ingesta calórica e secreção anormal de GnRH hipotalâmico com redução dos pulsos de
gonadotrofinas.
– Anorexia nervosa: grau extremo de anovulação hipotalâmica, na qual a desnutrição e a perda de peso atingem
graus extremos, além de um componente psicogênico importante.
Dosagens hormonais: níveis de FSH normais ou baixos, frequentemente maiores que os níveis de LH, semelhante ao
padrão pré puberal e baixa produção de estradiol. Pode ser observado um aumento nos níveis de prolactina relacionado
ao estresse psicogênico das atletas profissionais.
Densitometria óssea (DO): A avaliação basal da densidade mineral óssea (DMO) pela DO da coluna lombar, colo do
fêmur e fêmur total deve ser feita se a amenorreia persistir por mais de 6 meses, se houver perda acentuada de peso
ou história de fraturas por fragilidade (após mínimo trauma ou pequena queda). Se DMO estiver comprometida, avaliar
níveis plasmáticos de vitamina D e repetir a cada um ou dois anos ao longo do acompanhamento.
– Classificação da DMO baseada na DO, recomendada pela OMS, não deve ser utilizado para o diagnóstico de
osteoporose em mulheres na pré-menopausa porque a relação entre a DMO e o risco de fratura não é bem definida
nessa população. Utilizar o Z score, o desvio padrão da média da massa óssea comparada à média da massa óssea
de uma mulher da mesma faixa etária. O diagnóstico de osteoporose pode ser feito pela presença de fratura por
fragilidade ou quando há baixa DMO (Z score abaixo de -2) e fatores de risco para fratura.
Tratamento:
• Restauração da função ovariana: Mudanças nos hábitos é a primeira medida e baseia-se na recuperação do peso
corporal / IMC, através do aumento da ingestão calórica de acordo com o gasto energético, sob orientação nutricional,
e redução da atividade física, além de controlar o fator etiológico (exercício físico acentuado, perda de peso excessiva
ou distúrbios alimentares). A redução do estresse psicogênico ou a resistência a redução da atividade física e ganho
de peso, quando presentes, devem ser abordadas, por profissionais da saúde mental, e tem sido baseada da terapia
cognitivo- comportamental (TCC).
• Tratamento hormonal: o tratamento hormonal, com estrógenos e progestágenos, deve ser instituído se não houver
retorno da função menstrual após 6 a 12 meses de intervenções no estilo de vida e TCC, visando, sobretudo, a
redução da perda ou recuperação da massa óssea. A primeira escolha é o uso contínuo de estradiol 100 mg ou 1
mg, em adesivo trandérmico, ou gel, respectivamente, associados a 200 mg de progesterona micronizada por 12
dias do mês, para proteção endometrial.
• Infertilidade: A ingesta calórica adequada e redução da atividade física podem levar a restauração espontânea da
função menstrual e até mesmo a ovulação e gestação espontâneas. A indução da ovulação, quando necessária, deve
ser iniciada quando a paciente tiver alcançado o peso ideal (IMC≥18.5 kg/m2) e ter compreendido a necessidade
de uma ingesta calórica adequada para redução de intercorrências obstétricas como baixo peso ao nascer ou
prematuridade. O citrato de clomifeno é a droga de escolha para a indução da ovulação se os níveis de estrogênios
normalizarem.
Perda óssea: A recuperação da massa óssea requer redução da intensidade da atividade física e incremento da ingesta
calórica para o estímulo da formação óssea e ativação do eixo hipotálamo-hipófise-ovariano. A ingestão de vitamina D, na
dose de 2000 UI/dia deve ser estimulada para manter os níveis plasmáticos entre 35 e 50 ng /ml, embora isoladamente
não seja suficiente para prevenir ou tratar a perda óssea. Terapias antireabsortivas, como os bisfosfonatos, devem ser
evitadas pois podem permanecer no osso por anos e, no caso dessas pacientes engravidarem, os efeitos dos bifosfonatos
sobre a massa óssea do feto são desconhecidos.

c. Doenças crônicas debilitantes como Síndrome da Má-absorção, Síndrome da Imuno-Deficiência Adquirida, Diabete
Juvenil de difícil controle, neoplasias, insuficiência renal. Aproximadamente 40% das mulheres com doença celíaca sem
tratamento podem apresentar alterações do ciclo menstrual e outros problemas reprodutivos como, menarca tardia,
infertilidade, maior risco de abortamento e complicações na gravidez. Tratamento da causa específica.
d. Outras causas raras de anovulação hipotalâmica que cursam com baixos níveis de FSH e estradiol são:
– Deficiência isolada de gonadotrofinas, mais freqüentemente devido à Síndrome de Kallmam, caracterizada por
anosmia, amenorréia e níveis baixos de gonadotrofinas, principalmente dos níveis de FSH.
– Síndrome de Sheehan que é a necrose hipofisária após episódios de hemorragia no parto.

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– Tumores do SNC, como os craniofaringeomas, os hamartomas e os tumores metastáticos, que devem ser sempre
excluídos em casos de amenorréia secundária e níveis muito baixos de gonadotrofinas.
– Síndrome da Sela Vazia.
• Diagnóstico: A ressonância magnética da sela túrcica está indicada em todas as mulheres com hipogonadosmo
hipogonadotrófico sem causa aparente e na presença de sintomas relacionados a disfunções do sistema nervoso
central, como comprometimento da acuidade visual ou do campo visual, cefaléia ou deficiências de outros hormônios
hipofisários.
• Tratamento: Deve ser dirigido às causas primárias da amenorréia. Na Sindrome de Kalmann ou Síndrome de Sheeran,
quando a gravidez for desejada, a indução da ovulação com gonadotrofinas exógenas ou a utilização do GnRH,
através de bomba pulsátil também deve ser oferecida.

4. Sindromes hiperprolactinemicas: Prolactina causa amenorreia por supressão hipotalâmica da secreção de GnRH, levando
a redução das gonadotrofinas e do estradiol.
• Etiologia:
– Uso de drogas, tais como o estrogênio, antidepressivos tricíclicos, antagonistas dopaminérgicos e principalmente
os antipsicóticos. Embora as drogas possam causar hiperprolactinemia, não estão relacionadas ao aparecimento
de adenomas hipofisários. Nas hiperprolactinemias induzidas por drogas, os níveis de prolactina geralmente
estão entre 25 e 100 ng/ml, exceto com o uso de risperidona, que pode estar associado a níveis em torno de
200 ng/ml. Os níveis séricos de prolactina aumentam algumas horas após a administração da droga e retornam
ao normal 2 a 4 dias após a interrupção do tratamento.
– Cirurgias ou outras formas de traumas na parede torácica, herpes zoster no tórax,
– Distúrbios tireoidianos
– Tumores hipofisários, incluindo o adenoma produtor de prolactina- prolactinoma, considerado microprolactinoma
quando até 1 cm e macroprolactinoma se maior que 1 cm. Representa 50 a 60% dos casos de hiperprolactinemia.
– Hiperprolactinemia Funcional.
– Macroprolactinemia
– Insuficiência renal: redução do clearance de prolactina
• Manifestações clínicas:
– Amenorreia ou oligomenorreia -
– Galactorreia – não se correlaciona com os níveis de prolactina
– Infertilidade: Hiperprolactinenia leve pode causar infertilidade mesmo quando não há repercussões na
regularidade do ciclo menstrual.
– Hirsutismo leve.
– Distúrbios do campo visual e cefaléia no caso de macroprolactinomas ou outros tumores hipofisários.
– Manifestações relacionadas ao hipoestrogenismo: Perda óssea (osteopenia/osteoporose), sintomas vasomotores,
ressecamento vaginal.
• Diagnóstico:
– Dosagem de prolactina: níveis normais de prolactina – 5 a 20 ng/ml. Os níveis de prolactina, geralmente
correlacionam-se positivamente com a gravidade do distúrbio menstrual. Níveis de prolactina inferiores a 50
ng/ml, geralmente estão associados apenas a insuficiência do corpo lúteo e, portanto, a encurtamento dos
ciclos menstruais.
– Dificuldades diagnósticas:
◊ Efeito gancho: pode ser observado quando os níveis de prolactina estão entre 20 e 200 ng/ml na presença
de um macroprolactinoma, que geralmente cursam com níveis mais elevados de prolactina. Isso ocorre
porque as moléculas de prolactina saturam os sítios de ligação dos anticorpos de captura e de sinalização
radioimunológica, dificultando, assim, a ligação dos dois anticorpos como um “sanduiche” e, resultando num
aumento moderado dos níveis de prolactina, sugestivos de adenoma não funcionante. Na suspeita do efeito
gancho a dosagem de prolactina deve ser repetida usando diluições do plasma.

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Protocolo de Urgências Ginecológicas e Obstétricas

◊ Macroprolactina: prolactina ligada a uma imunoglobulina de alto peso molecular, sem atividade biológica e,
portanto, sem significado clínico. O preparo prévio do plasma com polietileno glicol, provoca a precipitação
da macroprolactina, tornando mais confiável a dosagem da prolactina na porção sobrenadante do plasma.
– Investigação radiológica: Ressonância magnética com contraste (RM) é considerada o método de imagem de
escolha para o diagnóstico. A RM está indicada nos casos de hyperprolactinemia acima de 50 ng/ml para descartar
adenomas, exceto quando houver uso de drogas que reconhecidamente aumentem os níveis de prolactina ou
insuficiência renal. Nesses casos, solicitar a RM se os níveis de prolactina forem superiores a 150 ng/ml ou
acima de 300 ng/ml se a droga usada for a risperidona.
• Tratamento:
– Restabelecer a função ovariana,
– Diminuir os níveis de prolactina,
– Aumentar as chances de gravidez.
– Drogas de escolha: agonistas dopaminérgicos
– Cabergolina é a droga de primeira escolha, Bromoergocriptina de 2ª escolha.
– Cabergolina: mesma eficácia ou superior e menor incidência de efeitos colaterais.
– Normaliza a função menstrual em cerca de 80% dos casos, reduz tamanho do prolactinoma em 90% das pacientes,
– Dose inicial: 0,25 a 0,5mg duas vezes por semana, para a hiperprolactinemia idiopática, micro e mcroprolactinomas.
– A reavaliação inicial dos níveis de prolactina, da galactorreia e do padrão menstrual deve ser realizada um a
dois meses após o início do tratamento, ajustando a dose, lentamente, até a obtenção do retorno do padrão
menstrual normal, desaparecimento da galactorreia e normalização dos níveis de prolactina. Os níveis de
prolactina começam a cair nas primeiras duas a três semanas de tratamento. Quando os ciclos voltarem ao
normal com níveis de prolactina normais ou ligeiramente aumentados, a dose deve ser mantida. Dose acima de
2,0 mg por semana impõe a realização de ecocardiografia, pelo risco aumentado de doença cardíaca valvular,
observada em pacientes com doença de Parkinson que, habitualmente, usam doses significativamente maiores
que no tratamento dos micro ou macroadenomas. Após a normalização dos níveis de prolactina, o tratamento
deve ser mantido por no mínimo um ou dois anos.
– Alterações visíveis no tamanho dos prolactinomas são observadas nos primeiros seis meses. A redução dos
prolactinomas é mais aparente nos macroprolactinomas. Nova ressonância magnética deve ser feita após um
ano de tratamento e durante o acompanhamento manter a frequência anual da RM.
– Na presença de ciclos regulares, níveis normais de prolactina e marcada redução dos microadenomas ou
macroprolactinomas de até 1,5 cm, o tratamento pode ser descontinuado, com redução gradual da dose até a
retirada total da cabegolina. Após a suspensão do tratamento, os níveis de prolactina devem ser avaliados a cada
três meses no primeiro ano e depois anualmente. Nos macroprolactinomas com mais de 2 cm antes do início
do tratamento, a redução gradual da dose até a suspensão completa da cabergolina deve ser feita quando não
for observado mais nenhuma imagem sugestiva de adenomas na ressonância magnética, além da restauração
da função menstrual e normalização dos níveis de prolactina.
– Os agonistas dopaminérgicos devem ser suspensos quando a paciente engravidar.
– Efeitos adversos: náuseas.
– Nos casos de intolerância aos agonistas dopaminergicos ou na ausência de resposta dos macroadenomas ao
tratamento clínico, a ressecção transesfenoidal está indicada.
– Tratamento da hiperprolactinemia induzida por drogas: se a hiperprolactinemia for assintomática, não é
necessário tratamento. Se for induzida por antipsicóticos e houver sintomas, deve-se decidir, conjuntamente
com o psiquiatra, a administração da cabergolina ao antipsicótico, já que há um risco do agonista dopaminérgico
atenuar ou anular o efeito do antipsicótico; ou a troca para um antipsicótico que não aumenta a prolactina, como a
quetiapina; ou associar ao tratamento psiquiátrico inicial o aripiprazol, um antipsicótico que, por ter propriedades
antagonistas e agonistas dopaminérgicas, pode atenuar ou anular o aumento da prolactina. Tratamento com
estradiol e progesterona pode ser associado ao uso dos antipsicóticos nos casos em que a hiperprolactinemia
esteja causando uma redução significativa dos níveis de estrogênios.

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5. Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP): Quando a amenorréia vem acompanhada de sinais de hiperandrogenismo, o
diagnóstico mais provável é a SOP. Outras Síndromes Hiperandrogênicas que podem cursar com amenorréia secundária
são as Síndromes Hiperprolactinêmicas, a Síndrome de Cushing, a Hiperplasia Adrenal de Início Tardio. Maiores detalhes
sobre a SOP serão encontrados no capítulo correspondente.
Abaixo, os fluxogramas para diagnóstico das amenorréias primária e secundária.

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Amenorréia Secundária

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SÍNDROME DOS OVÁRIOS POLICÍSTICOS

A Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) é uma das síndromes hiperandrogênicas mais comuns que afetam cerca de 5% a
15% das mulheres em idade reprodutiva e envolve inúmeros distúrbios reprodutivos, endócrinos e metabólicos, num ciclo
vicioso que se autoperpetua.

# MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

As manifestações clínicas da SOP podem ser divididas em três categorias:


• Manifestações hiperandrogênicas:
– Hirsutismo, avaliado e diagnosticado pelo índice de Ferriman e Galleway quando somatório for ≥ 6 (figura 1),
– Acne, seborréia ou alopecia (estímulo androgênico na unidade pilo-sebácea).
– Sinais severos de virilização (clitorimegalia, calvície temporal e engrossamento de voz) são infrequentes e sugerem
uma investigação para tumor de ovário.

Figura 1: Escala de Ferriman e Gallwey

• Manifestações da anovulação crônica:


– Oligomenorreia ou amenorreia intercaladas ou não de sangramento uterino disfuncional.
– Infertilidade.
• Manifestações das alterações metabólicas: síndrome metabólica, acúmulo de gordura visceral, acantose nigricans,
esteatose hepática não alcoólica, apneia do sono relacionada a obesidade e, a longo prazo, a intolerância à glicose,
diabete tipo II, dislipidemia, hipertensão arterial , disfunção endotelial e, maior risco de doenças cardiovasculares.

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# DIAGNÓSTICO

Há diferentes critérios propostos para o diagnóstico de SOP (tabela 1).


• Critério de Rotterdam: o mais utilizado. Presença de pelo menos dois dos três critérios: oligo-amenorreia, hiperandrogenismo
clínico e/ou laboratorial e morfologia ultrassonográfica de microcistos ovarianos.
• Independente do critério diagnóstico, outras síndromes hiperandrogênicas devem ser obrigatoriamente excluídas,
como hiperplasia adrenal de início tardio, hiperprolactinemia, distúrbios da tireoide, tumores secretores de androgênios
(tabela 2).

Tabela 1: Critérios Diagnósticos de SOP*

CONSENSO CRITÉRIOS UTILIZADOS DIAGNÓSTICO


NIH (1990) Hiperandrogenismo Clínico e/ou Laboratorial (HA) - HA + oligoamenorréia obrigatórios

Oligo-amenorreia - Ultrassom opcional

Critérios Ultrassonográficos**
Rotterdam Hiperandrogenismo Clínico e/ou Laboratorial (HA) - Presença de 2/+ dos 3 critérios
(2003; 2012)
Oligo-amenorreia - Nenhum obrigatório

Critérios Ultrassonográficos**
AE-PCOS Society Hiperandrogenismo Clínico e/ou Laboratorial (HA) - Obrigatório HA associado a mais um
(2009) dos 2 critérios
Oligo-amenorreia
- Nenhum obrigatório
Critérios Ultrassonográficos**

*Para adolescentes, de acordo com consenso entre experts, os critérios diagnósticos da SOP NÃO incluem a
morfologia ovariana se a menarca tiver ocorrido há menos de 8 anos; o hirsutismo ou hiperandrogenemia DEVEM
estar presentes. O diagnóstico de SOP, quando feito na adolescência deve ser revisto após oito anos da menarca.
** segundo as novas recomendações da NHMRC/ ASRM/ESHRE de 2018: presença de 20 ou mais folículos com
diâmetro médio de 2 a 9 mm e/ou volume ovariano total maior ou igual 10cm³ em um ou ambos os ovários. Se
houver cisto funcional, deve-se repetir o exame no ciclo seguinte, na fase folicular precoce do ciclo menstrual.

Tabela 2: Diagnósticos diferenciais dos quadros de hiperandrogenismo

DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS PROPEDÊUTICA COMPLEMENTAR


Hiperprolactinemia Dosagem de prolactina, se elevada repetir em nova amostra
Dosagem de TSH, se alterado repetir a dosagem em nova amostra, juntamente com T4
Disfunções tireoidianas
livre.
Tumor ovariano produtor de Dosagem de testosterona total ou livre
androgênio
Tumor adrenal Dosagem de deidroepiandrosterona sulfatada (DHEA-S)

Hiperplasia adrenal congênita Dosagem de 17-alfa-hidroxiprogesterona (17OHP), dosado na fase folicular do ciclo.
(HAC). Em casos suspeitos confirma-se o diagnóstico através do teste da cortrosina

– Se manifestações hiperandrogênicas ausentes ou muitos discretas: fazer diagnóstico diferencial com outras causas de
anovulação crônica, como as síndromes hiperprolactinemicas, as anovulações de origem hipotalâmica e a insuficiência
ovariana prematura com história clínica, sinais, sintomas e dosagens séricas de prolactina e FSH.
– As combinações de critérios diagnósticos identificam quatro fenótipos clínicos da SOP com repercussões endócrinas,
reprodutivas e metabólicas distintas. A identificação do fenótipo estima o risco cardiometabólico nas portadoras
da SOP (tabela 3).
– Fenótipos com disfunção ovulatória e hiperandrogenismo, particularmente bioquímico, independente da presença
de ovários policísticos ao ultrassom: repercussão endócrina, reprodutiva e metabólica maia grave.

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– Fenótipo menos grave é o não hiperandrogênico (mulheres com disfunção ovulatória e ovários policísticos ao
ultrassom).

Tabela 3: Distúrbios reprodutivos e metabólicos de acordo com o fenótipo da SOP

Distúrbios reprodutivos e
Fenótipos Critérios diagnósticos
metabólicos
Fenótipo A Hiperandrogenismo + Anovulação + Ovários Policísticos +++
Fenótipo B Hiperandrogenismo + Anovulação +++
Fenótipo C Hiperandrogenismo + Ovários Policísticos ++
Fenótipo D Anovulação + Ovários Policísticos +/-

# AVALIAÇÃO HORMONAL

– Diagnóstico da SOP é basicamente clínico. As dosagens hormonais, na maioria das vezes são utilizadas para exclusão
de outras causas de hiperandrogenismo (tabela 2).
– Em cerca de 10 a 15% das mulheres com SOP, os valores de prolactina estão elevados.
– Níveis de FSH próximos do limite inferior de normalidade (alta produção de inibina).
– Níveis de LH aumentados em menos de 50% das portadoras de SOP.
– Não há necessidade de dosar as gonadotrofinas na avaliação hormonal da SOP.
– Dosagem de TSH, para exclusão de outras síndromes hiperandrogênicas. Pode estar relacionada à pior perfil metabólico
nestas pacientes.
– Avaliação do hiperandrogenismo bioquímico:
◊ Dosagens de Testosterona total: principal androgênio circulante.
◊ Dosagem de Testosterona livre: tem limitações técnicas laboratoriais, sendo recomendado que seja calculada através
do nível de testosterona total e da proteína carreadora dos hormônios sexuais (SHBG). Por isso, é possível observar
manifestações clínicas de hiperandrogenismo com níveis normais dos androgênios circulantes.
◊ Dosagens de Androstenediona, DHEA e SDHEA: são menos frequentemente alterados, não se recomenda seu uso
rotineiro.
◊ Dosagem de 17 hidroxiprogesterona deve ser realizada na fase folicular do ciclo menstrual, na suspeita de hiperplasia
da adrenal de início tardio.

# AVALIAÇÃO DOS DISTÚRBIOS METABÓLICOS

É mais relevante em pacientes portadoras da SOP com sobrepeso e obesas, porém, as pacientes com peso adequado também
devem ser avaliadas sobretudo aquelas com fenótipo hiperandrogênico.
1. Avaliação da resistência à insulina (RI):
1.1. Métodos Clínicos
– Acantose nigricans: hiperpigmentação espessa com textura aveludada (sensibilidade de 80 a 90%) nas axilas, virilha,
pescoço, cotovelos e principalmente na região posterior do pescoço.
1.2. Métodos Laboratoriais
– “Clamp” euglicêmico: melhor teste para o diagnóstico, mas tecnicamente complexo. difícil sua aplicação na prática clínica.
– Insulina de jejum: RI se ≥ 23 mU/ml (confirmar em outras dosagens para compensar a variabilidade diária).
– Relação entre glicemia e insulina (G/I) de jejum: RI se < que 4,5 (sensibilidade de 95%).
– Índice HOMA, medida da insulina em mUI/L x glicemia em mmol/dL / 22,5: RI se ≥ 2,7.
– Teste de tolerância oral à glicose (administração de 75 g de glicose e, glicemia e insulina nos tempos 0, 30 minutos,
1 e 2 horas: RI se pelo menos 2 valores de insulina > 150 um/ml.

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2. Intolerância a glicose: pode ser identificada:


• avaliação da glicemia de jejum: entre 100 e 125 mg/mL
• hemoglobina glicada entre 5,7 e 6,4%
• Glicemia após duas horas da sobrecarga glicêmica com 75 g de glicose (TTOG): entre 140 e 199 mg/ml.
Diretrizes internacionais recomendam o TTOG em mulheres com SOP se presentes um ou mais dos critérios abaixo. Se normais,
repetir a cada dois anos ou se outros fatores de risco forem identificados.
• índice de massa corporal > 25 kg/m2.
• história de intolerância à glicose ou diagnóstico recente;
• diabetes gestacional;
• história familiar de diabete melito do tipo 2;
• hipertensão arterial sistêmica;
• idade ≥ 40 anos
• Em mulheres com SOP que estão planejando uma gravidez ou buscando tratamento para infertilidade pelo maior
risco de complicações na gestação.

3. Dislipidemias
• Deve ser pesquisada nas pacientes com SOP / fenótipo clássico (hiperandrogenismo clínico/laboratorial e anovulação,
com ou sem aparência policística dos ovários).
• Valores alterados, segundo Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose (2017):
– Colesterol total > 190 mg/dL;
– HDL-colesterol < 40 mg/dL;
– LDL-colesterol > 130 mg/dL;
– Triglicérides > 150 mg/dL ou > 175 mg/dL, respectivamente, com ou sem jejum.
– Colesterol não-HDL corresponde à subtração do colesterol HDL do valor do colesterol total.
• Recomenda-se a realização do perfil lipídico no momento do diagnóstico e, se normal, repetir a cada 2 anos ou antes,
se outros fatores de risco forem identificados.

4. Síndrome Metabólica (SM): Diagnóstico: 3/+ dos seguintes critérios, de acordo ATP-III:
• aferição da cintura abdominal maior que 88 cm;
• HDL menor do que 50 mg/dL;
• triglicerídeos superior a 150 mg/dL;
• Pressão arterial sistêmica maior do que 135/85 mm Hg ou uso de anti-hipertensivos;
• glicose superior a 100 mg/dL.
– Mulheres com SOP e SM são consideradas de risco alto para doença cardiovascular e esteatose hepática não
alcoólica. Solicitar enzimas hepáticas e ultrassonografia de abdome superior, bem como avaliação cardiológica.

# TRATAMENTO

Objetivos:
1. Restaurar a função ovulatória, a regularidade dos ciclos menstruais e a fertilidade.
2. Reduzir a produção excessiva dos androgênios e as manifestações clínicas de hiperandrogenismo.
3. Reduzir a resistência periférica à insulina e, a longo prazo, uma proteção ao sistema cardiovascular.

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A. MUDANÇAS DO ESTILO DE VIDA (MEV)


• Dieta, atividade física e mudanças comportamentais devem ser recomendadas para todas as pacientes portadoras da SOP,
sobretudo as obesas ou com sobrepeso para redução do peso corporal, da obesidade central e da resistência à insulina.
• Perda de peso (5 a 7%) melhora perfil hormonal e metabólicos, aumenta as chances de ovulação, restaura regularidade
menstrual, e melhora o perfil metabólico.
• Alterações psicológicas, como a ansiedade, sintomas depressivos, insatisfação com a imagem corporal e distúrbios
alimentares precisam ser tratados para melhorar a saúde mental e aumentar a aderência as intervenções nos hábitos
de vida.
• Recomenda-se para perda de peso, uma redução de 30% a 50% na ingesta calórica diária ou uma dieta de 1200 a
1500 kcal/dia, considerando as necessidades calóricas e o nível de atividade física. Desaconselhar a gravidez durante
a fase de perda de peso.
• Não há recomendação de um tipo específico de dieta. A dieta mediterrânea tem mostrado benefício em pacientes com
risco aumentado para eventos cardiovasculares.
• Em adultos recomenda-se no mínimo 150 minutos por semana de atividade física moderada ou 75 minutos por semana
de atividade intensa ou equivalência entre os dois, incluindo atividades de força muscular em 2 dias não consecutivos
por semana.
• Como atividade física também devem ser incluídas as atividades de lazer, andar ou pedalar para o trabalho e atividades
domésticas. Idealmente, recomenda-se 10.000 passos por dia, incluindo atividades habituais ou 30 minutos de atividade
física estruturada.
• Para o planejamento da atividade física é importante considerar a rotina pessoal e familiar e as preferencias individuais
para obtenção de êxito na programação.
• É interessante a utilização, se possível, de dispositivos, aplicativos ou outro recurso tecnológico para um automonitoramento
da atividade física e incentivo a um estilo de vida ativo.

B. TRATAMENTO FARMACOLÓGICO
1. CONTRACEPTIVOS HORMONAIS COMBINADOS (CHC)
• São utilizados nas mulheres adultas ou adolescentes que não desejam engravidar, com o objetivo de regular os ciclos
menstruais e minimizar os sinais de hiperandrogenismo.
• Os níveis de testosterona podem ser reduzidos de forma eficaz com qualquer tipo de anticoncepcional hormonal,
inclusive os de baixa dosagem.
• Aumentam os níveis da proteína carreadora dos hormônios sexuais, o que resulta numa redução na concentração de
testosterona livre.
• CHC com 35 microgramas de etinilestradiol combinadas com o acetato de ciproterona não devem ser considerados
como tratamento de primeira escolha na SOP pelos efeitos adversos, sobretudo o maior risco de tromboembolismo
venoso, comparado aos demais.
• CHC de baixa dose (20 -30 mcg de etinilestradiol) e estrógeno natural são os de primeira escolha quando se compara
a eficácia, o perfil de riscos metabólicos, os efeitos colaterais, custo e disponibilidade.
• Recomenda-se não usar os CHC com progestágenos de elevada atividade androgênica, como o levonorgestrel, quando
comparada a do desogestrel, gestodene, acetato de ciproterona (progestágeno antindrogênico) e drospirenona
(progestágeno com ação antimineralocorticóide).
• O efeito benéfico dos CHC no hiperandrogenismo é negativamente influenciado pelo elevado índice de massa corporal.
• Com a interrupção dos CHC, a recidiva ocorre em cerca de 80% das pacientes, cerca de 6 meses após o término desse
tratamento.
• Os CHC podem ser associados a outras drogas antiandrogênicas.
• CHC podem reduzir a sensibilidade à insulina, com possível incremento do risco de diabetes tipo II em mulheres com
SOP. Esses efeitos metabólicos dos CHC carecem de confirmação.
• Fatores de risco cardiovasculares comuns em pacientes com SOP devem ser considerados, individualmente, para o
uso dos CHC.

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2. ANTIANDROGÊNIOS
a. Acetato de ciproterona
– Progestágeno com potente ação antiandrogênica e antigonadotrófica, considerado de primeira escolha dentre os
antiandrogênicos.
– Recomenda-se administrar o acetato de ciproterona em associação com os estrógenos, já que, isoladamente, pode
causar atrofia endometrial e amenorréia.
– Pode causar masculinização incompleta da genitália, em fetos do sexo masculino, caso ocorra uma gestação. Assim,
recomenda-se associar a ciproterona aos anticoncepcionais hormonais orais, na dose de 50 a 100 mg/dia do 1º ao 10º
dia da cartela do CHC (esquema sequencial invertido), por pelo menos 1 ano.
– Efeitos antiandrogênicos podem ser vistos nos primeiros 3 a 4 meses de tratamento.
– Efeitos colaterais mais comuns: fadiga, ganho de peso, diminuição da libido.

b. Espironolactona
– Antagonista da aldosterona com efeito antiandrogênico, atribuido à inibição da síntese ovariana de androgênios, à
competição com os receptores androgênicos na unidade pilosebácea, à inibição da 5 alfa redutase, e ao aumento do
clearance hepático da testosterona.
– Recomenda-se doses de 100 a 200 mg/dia, podendo ser reduzidas a 25 a 50 mg/dia após algum resultado terapêutico,
geralmente conseguido cerca de 6 meses após o início do tratamento.
– Usar a espironolactona associada aos contraceptivos orais, já que, isoladamente, pode levar a irregularidade menstrual.
– Espironolactona é superior à finasterida, à baixas doses de acetato de ciproterona e à metformina.
– Efeitos colaterais como aumento da diurese ou hipotensão são pouco frequentes.

c. Finasterida
– É um inibidor seletivo da 5 alfa redutase 2.
– Mais indicada para os casos de hipersensibilidade da unidade pilosebácea.
– Em doses de 5 mg/dia reduz em 80% os níveis de Di-hidrotestosterona, sem efeitos sobre a produção de estrogênios.
Parece ser similar a outros anti-androgênios, sem efeitos colaterais importantes.
– Recomenda-se cautela no uso dessa droga em mulheres durante o período fértil, sem práticas contraceptivas, devido
ao risco de masculinização imperfeita da genitália de fetos do sexo masculino.

d. Flutamina
– É um antiandrogênio não esteróide puro, pois atua apenas no receptor dos androgênios.
– Devido ao seu efeito hepatotóxico, em nosso país foi proibida para uso no tratamento do hirsutismo.

3. CHC ASSOCIADO AOS ANTI-ANDROGÊNIOS


• Quando não for observada melhora expressiva dos sintomas após seis meses ou mais de tratamento com CHC isolado
e terapia cosmética.
• Para tratamento da alopécia relacionada a hiperandrogenemia em mulheres com SOP.
• Devem ser prescritos, para mulheres com SOP, associados a um método contraceptivo seguro para evitar masculinização
incompleta da genitália em fetos masculinos.

4. METFORMINA
• Parece melhorar da irregularidade menstrual não há indicação rotineira para esse fim .
• Reduz a concentração sérica de testosterona, mas não é recomendado o uso de metformina como monoterapia para
o tratamento de hirsutismo.

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• Não há efeito significativo da metformina em peso, IMC, circunferência abdominal e relação cintura-quadril, na pressão
arterial, colesterol total, HDL, LDL, colesterol não-HDL.
• Utilizar em mulheres adultas ou adolescentes portadoras da SOP com IMC> 25 kg/m2 para controle do peso corporal
e efeitos metabólicos adversos, quando as modificações de estilo de vida como dieta, exercício físico e medidas
comportamentais não foram suficientes para levar a perda de 5 a 10% do peso corporal em 6 meses.
• Associada a MEV, pode beneficiar as portadoras de SOP, sobretudo aquelas com fenótipo clássico hiperandrogênico e
fatores de risco para diabete, intolerância a glicose e obesidade central.
• Posologia habitual: 1.000 a 1.500 mg/dia (2 ou 3 comprimidos de 500 mg de liberação normal ou prolongada) divididos
em 2 ou 3 tomadas, podendo chegar até a 2.000 mg . Aconselha-se iniciar o tratamento com dose baixa (1 comprimido
de 500 mg/dia) e aumentar gradualmente a dose (1 comprimido de 500 mg a cada semana) até atingir a posologia
desejada. O aumento gradual da dose e o comprimido de liberação prolongada podem atenuar os efeitos colaterais.
• Uso crônico de metformina pode estar associado a menores níveis séricos de vitamina B12. Recomenda- -se que as
concentrações de vitamina B12 séricas sejam monitoradas.

5. METFORMINA ASSOCIADA A CHC


• Pode ser utilizada em combinação com os CHC para controle dos efeitos metabólicos adversos quando o CHC e as
alterações no estilo de vida não alcançarem as metas desejadas.
• Pode ser utilizada em combinação com os CHC em mulheres adultas ou adolescentes com SOP e com IMC > 25 kg/
m2 para controle dos efeitos metabólicos adversos quando o CHC e as alterações no estilo de vida não alcançarem as
metas desejadas.
• Pode ser utilizada em combinação com os CHC em mulheres com SOP, sobretudo aquelas com fenótipo clássico
hiperandrogênico e alto risco metabólico, , incluindo fatores de risco para diabete, intolerância a glicose, obesidade
central.

6. DROGAS HIPOLIPEMIANTES
A tabela 4 resume as metas em pacientes portadoras de PCOS de acordo com o guideline da AE-PCOS Society.

Tabela 4: Metas para o perfil lipídico nas pacientes com PCOS segundo a AE-PCOS Society.

Metas para o perfil lipídico Meta para LDL (mg/dl) Meta para não HDL (mg/dl)
SOP sem Fatores de Risco (FR) ≤ 130 ≤ 160
SOP + pelo menos um FR A ≤ 130 ≤ 160
SOP + SM ≤ 100 ≤ 130
SOP + SM+ pelo menos um FR B ≤ 70 ≤ 100
SOP + pelo menos um FR C ≤ 70 ≤ 100
Obesidade, hipertensão arterial, dislipidemia, tabagismo,
Fatores de risco A
intolerância à glicose, doença vascular subclínica
Tabagismo, dieta inadequada, sedentarismo, obesidade, doença vascular
Fatores de risco B
subclínica, história familiar de DCV prematura
Fatores de risco C DM2, doença renal estabelecida, doença vascular estabelecida

• Terapia farmacológica deve ser reservada àquelas pacientes que não atingiram as metas lipídicas após 3 meses de
intervenção dietética e de atividade física.
• Estatinas: principal classe de drogas recomendadas para redução do LDL, podendo ter efeito discreto no aumento de
HDL e redução de triglicerídeos.
• Não usar a terapia farmacológica na prevenção primária de eventos cardiovasculares em pacientes com SOP com
menos de 40 anos.
• Devem ser usadas concomitantemente com métodos contraceptivos devido ao potencial teratogênico.

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• Doses: sinvastatina 20-40 mg, atorvastatina 20 mg ou rosuvastatina 5-10 mg por dia. Para a maioria das pacientes, esta
dose é suficiente para atingir as metas lipídicas e reduzir o risco cardiovascular.
• Estatinas com menor meia-vida, como é o caso da sinvastatina, devem ser administradas preferencialmente à noite.
• Miopatia pode ocorrer com o uso de estatinas, estando relacionada à dose e ao tipo de estatina utilizada, sendo maior
com sinvastatina e menor com rosuvastatina.
• Uso de fibratos deve ser reservado especialmente para as pacientes com hipertrigliceridemia moderada a severa (>500
mg/dL) pelo risco de pancreatite. O fenofibrato é preferível pelo menor índice de interação medicamentosa e menor
risco de miopatia, podendo ser iniciado com uma dose de 200 a 250 mg durante o almoço ou jantar.

C. INDUTORES DA OVULAÇÃO
Perda de peso: primeira medida nos casos de SOP associada à obesidade, antes do tratamento farmacológico com indutores
da ovulação porque a resposta aos indutores da ovulação costumam ser melhores com prévia redução do peso corporal.
a. Inibidores da Aromatase (IA)
– IA: primeira opção em mulheres portadoras de SOP com anovulação, sem outros fatores de infertilidade, para melhorar
as taxas de ovulação, gestação e nascidos vivos em tratamentos de baixa complexidade, embora a indicação não conste
em bula.
– O Letrozol (comprimidos de 2,5mg) é o IA mais estudado para esse fim.
– Se o Letrozol não puder ser utilizado, por indisponibilidade ou custo elevado, o citrato de clomifeno é a próxima opção.
– Letrozol parece ser superior ao citrato de clomifeno em ao menos um dos seguintes aspectos: espessura endometrial,
taxa de ovulação, taxa de gravidez clínica e taxa nascidos vivos, mas sem diferenças nas taxas de hiperestimulação
ovariana, gravidez múltipla e perdas gestacionais.
– Esquema de indução da ovulação: a dose diária pode variar de 2,5mg a 7,5 mg/dia. Iniciar com 2,5mg por dia, por 5 dias,
a partir do 3º., 4º. ou 5º. dia de um ciclo natural ou induzido com progestágeno. Se a ovulação não ocorrer, a dose pode
ser aumentada até um máximo de 7,5 mg/dia. A ovulação em cerca de 70% das mulheres em resposta ao tratamento
com 5 mg/dia em protocolo semelhante ao utilizado para o citrato de clomifeno (Figura 1).
– Doses maiores que 7,5 mg/dia podem associar-se a redução da espessura endometrial, a exemplo do que pode ser
observado em ciclos induzidos pelo citrato de clomifeno.
– Letrozol, como o citrato de clomifeno é contra-indicado na gestação.

b. Citrato de Clomifeno (CC)


– Esquema de indução da ovulação: CC é disponível em comprimidos de 50 mg. A dose inicial é de 50 mg/dia, por 5 dias,
a partir do 2º.3º. 4º. ou 5º. dia de um ciclo natural ou induzido com progestágeno.
– Quanto mais tarde for o início do tratamento, maior será o efeito antiestrogênico do CC na produção de muco cervical
e a nível de endométrio, o que poderia comprometer a fertilização e a implantação do embrião, respectivamente.
– Acompanhamento do ciclo induzido se faz da mesma forma, tanto com o Letrozol como com o Citrato de Clomifeno e
está representado na figura 2.

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Figura 2: Esquema de indução da ovulação:

– Monitorização ultrassonográfica: uma avaliação antes da indução da ovulação, sobretudo no 1º ciclo de tratamento,
uma entre o 11º. e 13º dia , com o objetivo de identificar o folículo pré-ovulatório, e uma após 48 a 72 horas, para a
identificação dos sinais ultra-sonográficos da ovulação.
– Na presença de folículo dominante pré-ovulatório (diâmetro médio ≥ 17 mm), é facultativo o de 5.000 UI de gonadotrofina
coriônica altamente purificada (hCGu) ou 250 mg de gonadotrofina coriônica recombinante (hCGr) para desencadear
a ovulação.
– Monitorização da resposta ovulatória: dosagem de progesterona duas semanas após o último comprimido do CC ou
Letrozol e monitorização ultra-sonográfica do crescimento folicular.
– Confirmada a resposta ovariana: coito regular, diário ou em dias alternados, a partir do 11º. dia do ciclo e até o 2º. ou
3º. dia após o dia provável da ovulação.
– Se não ocorrer a ovulação, a dose do CC ou Letrozol pode ser aumentada, gradativamente, até 150 mg/dia ou 7,5 mg/
dia, por 5 dias, respectivamente.
– Ao alcançar a dose ovulatória, com uma fase lútea normal: não melhora resultados , se a dose for aumentada.
– Recomenda-se pelo menos 3 ciclos de tentativa a cada mudança de dose.
– É recomendável uma avaliação ultra-sonográfica antes de reiniciar um novo ciclo de tratamento, pela alta prevalência
de cistos ovarianos funcionais após um ciclo sem sucesso. Nova tentativa deve ser adiada até a regressão completa
dos cistos.

c. Metformina
– Quando usada isoladamente, aumenta a regularização dos ciclos menstruais, os índices de ovulação, mas não aumenta
os índices de gestação ou nascidos vivos, quando comparada ao citrato de clomifeno ou ao letrozol isolados.
– Em situações de risco elevado metabólico, embora controverso, recomenda-se permanecer com a metformina durante
a gravidez para reduzir o risco de diabete gestacional

d. Associação Citrato de Clomifeno / Letrozol mais Metformina


– Associar metformina ao CC ou Letrozol em pacientes inférteis com SOP, quando não houver resposta ovulatória com o
uso desses indutores da ovulação isoladamente. Iniciar a indução com o CC ou Letrozol, como descrito anteriormente,
até uma dose máxima de 150 mg/dia ou 7,5 mg, respectivamente, por 3 ciclos. Se a resposta for ovulatória, manter por
até 6 ciclos. Se não houver resposta ovulatória, associar Metformina ao CC ou Letrozol.

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Protocolo de Urgências Ginecológicas e Obstétricas

– Em pacientes OBESAS (IMC ≥ 30 kg/m2) com SOP, se não for possível a perda de peso, previamente, a associação da
metformina ao esquema de indução da ovulação com o CC ou Letrozol melhora as taxas de ovulação, gestação e
nascidos vivos.
– O uso prévio da metformina isolada, por pelo menos 3 meses, seguido pela indução da ovulação com citrato de clomifeno
ou letrozol é outra opção para aumentar, em até três vezes, a taxa de nascidos vivos.
– A metformina pode ser associada à indução da ovulação com gonadotrofinas.
– Recomenda-se, em qualquer dos esquemas acima, iniciar a metformina em baixas doses, com incremento gradual da
dose, a cada 3 a 4 semanas, já que os efeitos indesejáveis, como náuseas, flatulência, diarréia são dose dependentes.
Doses iniciais de 500 mg/dia, ingeridos após o jantar, são bem toleradas, procurando atingir, gradualmente, a dose de
pelo menos 1.500 mg/dia.
– Suplementar com vitamina B12 e ácido fólico, devido ao comprometimento da absorção intestinal com o uso da
metformina.

e. Gonadotrofinas
– Segunda linha de tratamento da infertilidade anovulatória em pacientes com SOP, não responsivas às medidas de perda
de peso, CC ou Letrozol com ou sem metformina.
– Preparações disponíveis: compostos com quantidades semelhantes do LH e FSH, o FSH purificado, a gonadotrofina
coriônica humana (hCG), ou as gonadotrofinas recombinantes, FSH, LH e o hCG, aplicadas via subcutânea, que tem maior
bioatividade, resultando em ciclos de tratamento mais curtos e com menores doses.
– Doses iniciais de FSH de 50 UI/dia a 75 UI/dia; na ausência de resposta após 14 dias, aumenta-se a dose diária em 12,5
UI a 37,5 UI e, depois, a cada 7 dias (regime step-up).
– Monitorização rigorosa, devido aos riscos de gravidez múltipla e da síndrome da hiperestimulação.

f. Eletrocauterização laparoscópica dos ovários


– Segunda linha de tratamento da infertilidade anovulatória em pacientes com SOP, não responsivas às medidas de perda
de peso, CC ou Letrozol com ou sem metformina.
– Taxas de ovulação e gravidez são comparáveis às observadas no tratamento com gonadotrofinas.
– Riscos incertos: Aderências, que parece não comprometer os índices de gestação e Insuficiência Ovariana prematura.

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Protocolo de Urgências Ginecológicas e Obstétricas

ATENDIMENTO AOS HOMENS TRANSGÊNEROS


Ambulatório de Endocrinologia Ginecológica

1. Abordagem do indivíduo pela equipe multidisciplinar integrada, ou seja, assistente social, profissionais de saúde mental
(psiquiatra e psicólogo) e, então encaminhada ao ambulatório de endocrinologia ginecológica, para avaliação clínica e,
posteriormente, a terapia hormonal androgênica para iniciar o processo de redesignação de gênero. Será acompanhado
durante todo o processo transsexualizador. Dois anos após o início da hormonioterapia, se for de seu desejo, poderá
submeter-se a mastectomia.

2. A androgenização será prescrita a homens transgêneros com idade ≥ 18 anos, após a avaliação pelos profissionais da saúde
mental, com capacidade plena de decidir pelo tratamento após os esclarecimentos, de forma individualizada, baseada
na relação risco/benefício, nas questões sociais e econômicas, e nas necessidades específicas de cada um. O objetivo do
tratamento hormonal é induzir o aparecimento de características sexuais masculinas secundárias por administração da
testosterona.

3. Antes de iniciar o tratamento, ele é informado sobre as limitações e possíveis efeitos adversos da androgenização, como as
alterações físicas irreversíveis e possível comprometimento da fertilidade. Uma avaliação clínica basal, é feita, rigorosamente,
em todos os indivíduos, antes de iniciar a hormonioterapia com testosterona. São realizadas provas de função hepática
(enzimas hepáticas, albumina), função renal (uréia, creatinina, ácido úrico), hemograma completo, perfil lipídico, glicemia
de jejum, função da tireóide (TSH, T4 livre), testosterona total e sorologias para DST (HIV, hepatite B e Lues). A citologia
oncótica é indicada nos casos onde houver práticas sexuais atuais ou prévias com penetração peniana vaginal (relações
geradoras de esperma).

4. A preparação mais utilizada no serviço são os ésteres da testosterona, o cipionato ou enantato de testosterona, 200mg
em injeções intramusculares, aplicadas a cada duas ou três semanas (nome comercial mais encontrado: Deposteron®). A
monitorização dos homens transgênero durante o tratamento é feita a cada 3 meses durante o 1º ano de acompanhamento
e a seguir a cada 6 a 12 meses. Os níveis plasmáticos de testosterona devem manter-se dentro dos limites fisiológicos
para o sexo masculino (300 a 1000 ng/dl) durante a hormonização dos homens transgênero.

5. Do ponto de vista clínico-metabólico, recomenda-se o exame das mamas a cada 06 meses, exame ginecológico quando
houver queixas, monitorização da pressão arterial e avaliação do perfil lipídico, glicemia de jejum, do hematócrito, dos
níveis de testosterona, estradiol e FSH. Os níveis de FSH e estradiol devem ser avaliados nos primeiros seis meses de
tratamento, a cada 3 meses, ou até a ocorrência da amenorreia, para comprovar supressão hipotálamo-hipofisária. Valores
compatíveis com hipoestrogenismo (Estradiol<50 pg/mL) e FSH menor que 5 mUI/ml, na presença de amenorreia sugerem
bloqueio do eixo hipotálamo-hipófise-ovariano (HHO).

6. Reforça-se a importância da orientação anticoncepcional para os homens transgênero que praticam coito com penetração
peniana vaginal (relações geradoras de esperma), principalmente nos casos em que não se observar bloqueio da atividade
funcional do eixo HHO.

7. Recomenda-se realizar a dosagem de testosterona 24 a 48 horas após a injeção intramuscular do cipionato de testosterona,
durante a monitorização do tratamento.

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Protocolo de Urgências Ginecológicas e Obstétricas

PROPEDÊUTICA REPRODUTIVA E TRATAMENTO DE BAIXA COMPLEXIDADE

1. DEFINIÇÃO: Ausência de gravidez no período de um ano de tentativa, com o mesmo parceiro, relações sexuais frequentes
(2 a 3 vezes/semana) e sem proteção contraceptiva.

2. ETIOLOGIA: Causas femininas e masculinas (sempre investigar o casal)


• Causas femininas (35%): Fator ovulatório 6%; Diminuição da reserva 6%, Fator uterino 1%; Fator tubário 14%;
Endometriose 7%, Múltiplas causas 13%
• Causas Masculinas (30%)
• Ambos (mistas) (20%)
• Sem diagnóstico (15%)

3. QUANDO ENCAMINHAR PARA O SETOR DE REPRODUÇÃO HUMANA:


• Após 1 ano de tentativa: mulheres até 35 anos;
• Após 6 meses de tentativa: Mulheres acima de 35 anos
• Imediatamente: Mulheres acima de 40 anos, Mulheres com ciclos menstruais irregulares, história de doença inflamatória
pélvica, diagnóstico ou suspeita de endometriose, abortamento de repetição, cirurgias pélvicas anteriores e problemas
masculinos conhecidos.

4. ANAMNESE E EXAME FÍSICO (detalhados):


• Anamnese: Especial atenção para: Idade da mulher e do parceiro, profissão, tempo de infertilidade, tratamentos realizados
e resultados prévios, gestações anteriores (número, intercorrências e abortamentos), menarca e característica dos ciclos
posteriores (DUM, regularidade, fluxo sanguíneo, dor ovulatória, dismenorréia, muco), história sexual (início da vida sexual,
número de parceiros, frequência das relações sexuais desprotegidas, dispareunia, uso de contraceptivos, DSTs, DIPs),
hábitos (tabagismo, álcool, drogas ilícitas, dieta, atividade física), medicações em uso, doenças endócrinas e imunológicas.
• Exame físico: Especial atenção para:
IMC e distribuição de gordura, sinais de hiperandrogenismo, galactorréia, anomalias anatômicas da genitália, massas
anexiais, nodulações no compartimento posterior da pelve, aderências e dor à mobilização do órgão pélvicos

5. EXAMES COMPLEMENTARES PARA PESQUISA DO FATOR HORMONAL E OVARIANO:


• Idade da mulher
• Avaliar regularidade do ciclo menstrual (se ciclo regular, provavelmente está ovulando)
• Avaliar perfil hormonal em mulheres acima de 35 anos e/ou ciclos irregulares:
– FSH, LH, Estradiol (Avaliar reserva ovariana / Colher entre 3º - 5º dia do ciclo);
– TSH, T4 livre e prolactina (Descartar alterações tiroideanas e de prolactina);
– Hormônio Antimulleriano - HAM (Avaliar reserva ovariana / Colher em qualquer fase do ciclo menstrual / Não faz
no SUS / Individualizar cada caso);
– Progesterona: coleta entre 20 - 22º dia do ciclo (Avaliar ovulação em ciclos regulares);
– Perfil androgênico: Testosterona, androstenediona, SHBG, S-DHEA (Individualizar).
• Ultrassonografia endovaginal
– Contagem de folículos antrais – CFA (folículos entre 2 – 10mm) = 5º ao 8º dia do ciclo menstrual (avalia reserva
ovariana)
– Monitorização do crescimento folicular (1º USG= 5 - 8º dia do ciclo; 2º USG= 12º - 15º dia do ciclo; 3º USG= 20º -
22º dia do ciclo) (avalia ovulação)

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Protocolo de Urgências Ginecológicas e Obstétricas

• Não recomendados: dosagem sérica de Inibina B, Dosagem sérica de progesterona, Curva de temperatura basal, Análise
do muco cervical, Biópsia endometrial e Teste do Clomifeno.
(Podem ser utilizados de forma individualizada).
• Exames genéticos serão individualizados.

6. EXAMES COMPLEMENTARES PARA PESQUISA DO FATOR UTERINO E TUBÁREO:


• Ultrassonografia endovaginal: Avalia endométrio, mioma, pólipo, adenomiose, malformação mulleriana, hidrossalpinge.
Realizar na 1ª fase do ciclo menstrual;
• Pesquisa de Clamídia: cultura de secreção endocervical ou sorologia IgG para Clamydia trachomatis (rastreio das
mulheres com risco de doença tubária).
• Histerossalpingografia (HSG): Avalia a cavidade uterina, permeabilidade e anatomia tubárea. Realizar entre o 6º - 11º dia
do ciclo menstrual e na ausência de infecções pélvicas. Na impossibilidade do rastreio de Clamídia, sugerido profilaxia
com Azitromicina 1g em dose única previamente ao exame;
• Histeroscopia diagnóstica: visualização direta da cavidade uterina. Reservada para confirmação de achados de outros
métodos;
• Videolaparoscopia (VLP): Visualiza cavidade peritoneal e pélvica, confirma achados da HSG e realiza cromotubagem
para determinar a permeabilidade tubária (tratamento concomitante);
• Ressonância Nuclear Magnética (RNM) da pelve com contraste: Avalia Adenomiose, Miomas uterinos grandes e
Endometriose grave. Solicitação individualizada.

7. EXAMES COMPLEMENTARES PARA PESQUISA DO FATOR MASCULINO:


• Espermograma (coleta com 3 a 5 dias de abstinência sexual);
• Taxa de fragmentação do DNA espermático (não é realizado de rotina / alto custo/ não
• disponível no SUS / Individualizar).

8. Valores de referência:
• FSH (3º ao 5º dia do ciclo): se <10 UI/L = Reserva ovariana adequada;
• Estradiol (3º ao 5º dia do ciclo): se 50 – 70 pg/ml = Reserva ovariana adequada;
• LH (3º ao 5º dia do ciclo): < 10 UI/L = Fase folicular adequada;
• Hormônio Antimulleriano (qualquer fase do ciclo): 1 – 2,8 ng/ml = reserva ovariana adequada;
• Progesterona: se > 3ng / mL = Provável ovulação; se >10 ng/mL = Fase lútea adequada;
• CFA (5º ao 8º dia do ciclo): se < 4 folículos antrais (2 a 10mm) entre o 5º e 8º dia de ciclo menstrual = baixa reserva
ovariana;
• Espermograma:
– Vol³ 1,5 ml;
– Ph³ 7,2;
– Concentração³ 15 milhões /ml;
– Total ejaculado³ 40 milhões;
– Motilidade progressiva A + B³ 32%;
– Vitalidade³ 58%;
– Morfologia Kruger³ 4%;
– Leucócitos < 1 milhão / ml (Se espermograma alterado, repetir em 3 meses; em casos de Azoospermia, não precisa
esperar 3 meses).

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Protocolo de Urgências Ginecológicas e Obstétricas

9. PROTOCOLO DE REPRODUÇÃO ASSISTIDA DE BAIXA COMPLEXIDADE NO CISAM:


No CISAM realiza-se o Coito Programado e orienta-se sobre Inseminação Intraútero, Fertilização in Vitro, Ovodoação e
Preservação da Fertilidade.

• Coito programado
a. Indicações no serviço: Fator ovulatório, Fator tubáreo leve, Fator masculino leve, Infertilidade sem causa aparente,
Abortamento de repetição.
b. Melhor prognóstico: Idade materna ≤ 35 anos, ≤ de 3 anos de infertilidade conjugal e as duas trompas pérvias sem
comprometimento anatômico na Histerossalpingografia, IMC entre 18-25.
c. Recomendações:
– Ácido fólico pré-concepcional;
– Exames: CS, Hemograma, Glicemia, Hepatite B e C, Sífilis, HIV 1 e 2, HTLV 1 e 2, Rubéola, Toxoplasmose, Citomegalovírus.
Individualizar pesquisa para trombofilia adquirida e hereditária e exames genéticos.
– Sincronizar ciclo menstrual com contraceptivo oral, se necessário (não exceder 30 dias de uso);
– Realizar monitorização com USG EV do ciclo Natural, Ciclo induzido com medicação oral ou Ciclo induzido com
medicação injetável. Se ciclo Natural ou com medicação oral, realizar ao menos uma ultrassonografia no período
ovulatório do 1º ciclo de tratamento para avaliar resposta a medicação e, se medicamento injetável, no mínimo duas
ultrassonografias (não realizar ciclo com medicamento injetável se não houver possibilidade de realizar ultrassom
pelo risco de Hiperestímulo). Cancelar o ciclo de indução, se houver o desenvolvimento de mais de 3 folículos ≥ 15
mm e orientar a paciente a abster-se de relações sexuais desprotegidas (risco de gravidez múltipla);
Conduta de acordo com a idade:
– Até 35 anos: Tentar no máximo até 4 ciclos de indução
– Entre 35 e 39 anos : Tratamento individualizada podendo ser Coito Programado ou não;
– A partir de 40 anos: Sugerir Fertilização in Vitro

d. Tipos de Coito programado:


CICLO NATURAL (sem medicamento indutor): monitorar, identificar o período ovulatório, realizar prescrição de hCG ou não
para romper o folículo, orientar o período de relações e solicitar exame de gravidez com 15 dias;
CICLO COM MEDICAÇÃO ORAL
– Citrato de Clomifeno (50mg)= 50 – 150mg/dia por 5 dias, entre 3º e 7º dia do ciclo menstrual, com ou sem hCG no
período ovulatório (folículo 20 – 22mm);
– Letrozol (2,5 mg)= 2,5 – 7,5mg (dia por 5 dias, entre 3º e 7º dia do ciclo menstrual, com ou sem hCG no período
ovulatório (folículo 20 – 22mm);
CICLO COM MEDICAÇÃO INJETÁVEL (subcutâneo)
– Menotropina (HMG) ou FSH recombinante= 75 - 150 UI no 3º, 5º e 7º dia do ciclo ou 5º, 7º e 9º dia do ciclo e sempre
usar hCG, quando pelo menos 1 folículo > 18 mm.
– hCG urinário 5000 UI subcutâneo para simular pico de LH, quando indicado;
– Suporte de fase lútea:
◊ Fazer progesterona não é obrigatório;
◊ Iniciar 4 dias após a última relação do período fértil;
◊ Progesterona micronizada, 200 mg via vaginal uma vez ao dia (noite);
◊ Ou Diidrogesterona, 20 mg via oral uma vez ao dia.
– Beta hCG deverá ser realizado 15 dias após a última relação do período fértil;
– Em caso de gravidez, manter a progesterona até 8 - 12 semanas de gestação.

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Protocolo de Urgências Ginecológicas e Obstétricas

CLIMATÉRIO

1. Abordagem clínica:

1.1 Anamnese: Interrogar: Sinais e sintomas relacionados ao hipoestrogenismo, DUM, ciclos menstruais, paridade;
interrogatório sobre os diversos aparelhos: cardiovascular, respiratório, gastrointestinal, genito-urinário neurológico,
pele, hábitos alimentares e de vida (tabagismo, drogas, álcool, sedentarismo, parceiros sexuais); antecedentes pessoais;
antecedentes familiares.

1.2 Exame físico:


• Geral: peso, altura, IMC, medida da cintura (nl: > 80 cm nas mulheres), PA
• Exame ginecológico:
– avaliação mamária: com inspeção e palpação
– palpação abdominal e da pelve
– inspeção da vulva: trofismo de grandes e pequenos lábios, introito vagina e meato uretral, avaliação de distopias
genitais.
– exame especular: rugosidade da mucosa vaginal e aspecto do colo uterino
– toque vaginal combinado

1.3 Avaliação hormonal: Habitualmente, não há necessidade de dosagens hormonais para o diagnóstico do climatério, tendo
em vista que as manifestações clínicas, sobretudo as alterações menstruais e sintomas vasomotores, são altamente
sugestivos de falência ovariana. Quando a menopausa for cirúrgica e/ou houver dúvidas em relação ao quadro hormonal,
a dosagem do FSH é suficiente para o diagnóstico de hipofunção ou falência ovariana, quando o resultado for maior
do que 25 mUI/ml. A dosagem de TSH pode ser realizada tanto para rastreio dos distúrbios tireoidianos, como para
diagnóstico diferencial, caso as queixas sejam inespecíficas.

2. Abordagem preventiva e terapêutica:

2.1 Abordagem preventiva: na abordagem preventiva, o papel do ginecologista assemelha-se ao de um clínico geral, nos
cuidados com a saúde global da mulher climatérica.
• Orientação, se possível e quando necessária, multiprofissional em relação aos hábitos de vida (dieta saudável,
realização de atividade física, cessação do tabagismo e etilismo).
• Rastreio para neoplasias (ginecológicas e do trato gastrointestinal), doenças cardiovasculares, doenças crônico-
degenerativas (diabetes mellitus, e osteoporose) e doenças da tireoide.

A. Câncer de mama
– Exame clínico da mama anual para as todas as mulheres
– Mamografia bienal para todas as mulheres entre 40 e 69 anos sem fatores de risco e sem alteração ao exame
clínico de mama, conforme recomendações abaixo (tabela 2).
– Anual a partir dos 35 anos de idade para mulheres risco elevado para câncer de mama.

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Protocolo de Urgências Ginecológicas e Obstétricas

Tabela 1: risco elevado para o desenvolvimento do câncer de mama

-Mulheres com história familiar de pelo menos um parente de 1º grau (mãe, irmã ou filha) com diagnóstico de câncer de
mama, abaixo dos 50 anos de idade;
-Mulheres com história familiar de pelo menos um parente de 1º grau (mãe, irmã ou filha) com diagnóstico de câncer de
mama bilateral ou câncer de ovário, em qualquer faixa etária;
-Mulheres com história familiar de câncer de mama masculino;
-Mulheres com diagnóstico histopatológico de lesão mamária proliferativa com atipia ou neoplasia lobular in situ.

Tabela 2: Rastreamento do câncer de mama:

Faixa etária Realização da mamografia (MS - INCA, 2015) na população geral


< de 50 anos Recomendação contrária forte: os possíveis danos claramente superam os possíveis benefícios.
50 a 59 anos Recomendação favorável fraca: os possíveis benefícios e danos provavelmente são semelhantes
60 a 69 anos Recomendação favorável fraca: os possíveis benefícios provavelmente superam os possíveis danos
70 a 74 anos Recomendação contrária fraca: entre possíveis danos e benefícios é incerto
≥ 75 anos Recomendação contrária forte: os possíveis danos provavelmente superam os possíveis benefícios
Periodicidade MS recomenda que a periodicidade do rastreamento com mamografia nas faixas etárias recomendadas
seja a bienal: recomendação favorável forte

B. Câncer do Colo do Útero (Protocolo prevenção e detecção precoce do Ca colo do Útero)

C. Câncer de endométrio
A indicação da investigação ultrassonográfica endometrial na rotina está relacionada a sintomas genitais como sangramentos
irregulares na pré, durante ou após a instalação da menopausa. A espessura do eco endometrial normal em mulheres
menopausadas com sangramento é de até 3mm. Para valores acima de 3,1mm encaminhar para investigação através da
videohisteroscopia. As mulheres menopausadas em utilização de terapia hormonal, que estão em uso de tamoxifeno, as
obesas (IMC>=30kg/m2) e as com antecedentes de hiperplasia endometrial devem ser avaliadas através de ultra-sonografia
da pelve anualmente.

D. Câncer de ovário:
O rastreio de patologias ovarianas é feito por meio da anamnese e do exame físico, e investigação de antecedentes familiares.
A presença dos critérios de Amsterdã, ou de parente de primeiro grau com câncer de ovário e/ou câncer de mama, requerem
avaliação anual com ultrassonografia transvaginal e a dosagem do CA 125 para identificação precoce de casos de câncer de
ovário e redução da mortalidade, havendo, portanto, mais benefícios que risco em aplicar o rastreamento nessa população.

E. Câncer colorretal
A partir dos 50 anos, o rastreamento pode ser feito na população geral com pesquisa de sangue oculto nas fezes (PSOF) anual
com retossigmoidoscopia a cada 5 anos ou colonoscopia a cada 5 anos.

F. Avaliação tireoidiana
A avaliação da função tireoidiana é feita com dosagem de TSH recomendado a cada 5 anos em indivíduos a partir dos 35
anos e anualmente na presença de fatores de risco (história prévia de doença tireoidiana, bócio, história prévia de cirurgia
tireoidiana, radioterapia cervical, história pessoal de outras doenças auto-imunes, história familiar de doenças tireoidianas
ou auto-imunes, uso de medicações como lítio, amiodarona). Solicitar ultrassom de tireóide se forem observadas alterações
no exame físico da paciente, disfunção tireoidianas ou alto risco para câncer de tireoide.

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Protocolo de Urgências Ginecológicas e Obstétricas

G. Rastreamento para Diabetes Mellitus / dislipidemias


O rastreamento deve ser feito em toda mulher climatérica acima de 45 anos. Se rastreio normal realizar novo teste em 3
anos e, anualmente na presença de fatores de risco para Doença Cardiovascular ou Diabetes Mellitus (DM) como sobrepeso,
sedentarismo, familiar de primeiro grau com DM ou dislipidemia, antecedente de diabetes gestacional ou histórico de
macrossomias, história de SOP, história familiar de doença cardiovascular antes dos 60 anos em mulheres, tabagismo e
hipertensão. Rastreamento do DM é feito com glicemia de jejum, teste de tolerância oral a glicose 75g e/ou hemoglobina
glicosilada (HbA1c) e para as dislipidemias, colesterol total e frações, triglicerídeos, TGO e TGP.

H. Rastreamento para Osteoporose


Realizar a densitometria óssea (DO) nas mulheres após a menopausa que apresentam um ou mais fatores de risco e após os
65 anos independentemente da presença de fatores de risco.

Tabela 3: Fatores de risco para Osteoporose

Maiores
Sexo feminino

Fratura anterior causada por pequeno trauma

Baixa massa óssea;

Raça branca ou asiática;

Idade avançada

História familiar de osteoporose ou fratura do colo do fêmur

Menopausa precoce (antes dos 40 anos) não tratada

Uso de corticoides

Baixa estatura e peso (IMC <19kg/m²)


Menores
Doenças que induzam à perda de massa óssea (heparina, ciclosporina, hormônios tireoidianos, anticonvulsivantes e lítio)

Baixa ingestão de cálcio, alta ingestão de sódio

Alta ingestão de proteína animal

Pouca exposição ao sol

Imobilização prolongada

Quedas frequentes

Sedentarismo, Tabagismo e alcoolismo

Alto consumo de xantinas (café, refrigerantes à base de cola, chá preto)

Tabela 4: Indicações de Realização de Densitometria Óssea

Mulheres acima de 65 anos


Mulheres peri e pós-menopausa com fatores de risco (um maior ou dois menores)
Mulheres com deficiência estrogênica com menos de 45 anos
Antecedente fratura por trauma mínimo ou atraumática
Mulheres com evidência radiológica de osteopenia ou fraturas vertebrais
Mulheres que apresentem perda de estatura (maior do que 2,5cm) ou hipercifose torácica
Mulheres em uso de corticosteróides, por três meses ou mais (doses superiores ao equivalente de 5mg de prednisona)
Mulheres com índice de massa corporal abaixo de 19kg/m2

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Protocolo de Urgências Ginecológicas e Obstétricas

Mulheres portadores de doenças ou uso de medicações associadas à perda de massa óssea


Monitoramento de tratamento da osteoporose.

2.2 Abordagem Terapêutica:


A. Terapia de reposição hormonal (TRH)
Indicação
• Presença de sinais e sintomas sistêmicos de hipoestrogenismo
• Manifestações clínicas da Síndrome Genito Urinária da Menopausa (SGUM).
Contra indicações:
• Câncer de Mama;
• Câncer de Endométrio;
• Doença Hepática Grave;
• Sangramento Genital Não Esclarecido;
• História de Tromboembolismo Agudo e Recorrente;
• Porfiria.

Na maioria das vezes, a indicação da TRH deve ser individualizada a partir dos riscos relativos e benefícios
comprovados que o tratamento poderá oferecer à paciente. Reavaliações periódicas dos riscos e benefícios devem
ser realizadas para durante a TRH.

Quando iniciar
• Em pacientes abaixo de 60 anos e que tiveram a menopausa < 10 anos (janela de oportunidade).
• Se acima desses limites, a TRH pode aumentar o risco de eventos coronarianos, TVP e de acidentes vasculares
cerebrais.
Até quando usar a TRH
• O tempo de uso da TRH deve ser individualizada e definida com base no desejo da paciente, na persistência dos
sintomas vasomotores, perda de qualidade de vida ou perda óssea, em decisão compartilhada com a paciente.
• Interrupção da TRH deve ser sugerida, habitualmente, aos 60 anos de idade.
• Não é obrigatória a descontinuação da TRH após 60 anos de idade, desde que, baseados em evidências científicas,
sejam realizados um aconselhamento e uma reavaliação periódica dos riscos e benefícios.
Esquemas de TRH: Consultar tabela para escolha do esquema de TRH mais adequado para paciente.

Tabela 5: Esquemas de Terapia de Reposição Hormonal

Nome comercial Estrógenos Progestágenos Posologia Apresentação


Via oral
Estrofem 2mg Estradiol 2mg - 1cp/dia contínuo Blister 28 cps
Merimono Estradiol 1mg - 1cp/dia contínuo Blister 28 cps
Primogyna Estradiol 1mg - 1cp/dia contínuo Blister 28 dgs
Angelic Estradiol 1mg Drosperinona 2mg 1cp/dia contínuo 28 cps (contínuo)
Bifásico (16/12) 28
Mericomb Estradiol 1mg Noretisterona 1mg 1cp/dia contínuo
cps
Merigest Estradiol 2mg Noretisterona 0,7mg 1cp/dia contínuo Blister 28 cps
30cps alternar 3x
Prefest Estradiol 1mg Norgestimato 90mcg 1cp/dia contínuo
3dias

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Protocolo de Urgências Ginecológicas e Obstétricas

Suprelle Estradiol 1mg Noretisterona 0,5mg 1cp/dia contínuo Blister 28 cps


Suprema Estradiol 2mg Noretisterona 1mg 1cp/dia contínuo Blister 28 cps
Totelle Estradiol 1mg Trimegestona 0,125mg 1cp/dia contínuo 28 dgs (contínuo)
Totelle Ciclo Estradiol 1mg Trimegestona 0,250mg 1cp/dia contínuo 28dgs (14/14) cíclico
Progesterona
28 cápsulas
Utrogestan - micronizada 100mg e 1cp/dia contínuo
gelatinosas
200 mg
Dihidrogesterona 10
Duphaston - 1cp/dia contínuo Blister 28 cps
mg .
Via transdérmica adesivo*

Estraderm Matrix ½ a 1ades. Transdérmico


Estradiol 25,50,100 -
25, 50, 100 2 x/sem contínuo Monofase

Estraderm TTS 25, ½ a 1ades. Transdérmico


Estradiol 25,50,100 -
50, 100 2 x/sem contínuo Monofase

Fem 7 Estradiol - ½ a 1ades. /sem contínuo Transdérmico Semanal


Lindisc 50 Estradiol 50mcg/dia - ½ a 1ades. /sem contínuo Transdérmico Semanal
½ a 1ades. 2x/sem Transdérmico
Systen 25/50/100 Estradiol 25,50,100 -
contínuo Monofase
½ a 1ades. 2x/sem Transdérmico
Estalis Estradiol 50mcg/dia Noretisterona 140mcg/d
contínuo Monofase
½ a 1ades. 2x/sem
Estalis SQ Estradiol 50mcg/dia Noretisterona 250mcg/d Transdérmico Bifásico
contínuo
½ a 1ades. 2x/sem
Estracomb TTS Estradiol 50mcg/dia Noretisterona 250mcg/d Transdérmico Bifásico
contínuo
Transdérmico
Estragest TTS Estradiol 25mcg /dia Noretisterona 125mcg/d 1ades. 2x/sem contínuo
Monofase
½ a 1ades. 2x/sem
Lidisc DUO Estradiol 50mcg/dia Levonorgestrel Transdérmico Bifásico
contínuo
½ a 1ades. 2x/sem Transdérmico
Systen Conti Estradiol 50mcg/dia Noretisterona 170mcg/d
contínuo Monofase
½ a 1ades. 2x/sem
Systen Sequi Estradiol 50mcg/dia Noretisterona 170mcg/d Transdérmico Bifásico
contínuo
Via transdérmica gel
Estreva Gel Estradiol 0,5mg/dose - 0,5-1,5 mg/dia contínuo Transdérmico Gel
Estradiol 75mcg/
Hormodose - 1 aplicação diária Transdérmico Gel
dose
Sandrena Gel Estradiol - 1 sachê diário 28 sachês c/ 0,5 e 1g
Estradiol 75mcg/
Oestrogel - 1 aplicação diária Transdérmico em Gel
dose
Via vaginal (todos são creme vaginal)
Colpotrofine Promestrieno - 1aplicação 2 a 3 x/sem 30g c/ aplicador
Antrofi Promestrieno - 1aplicação 2 a 3 x/sem 30g c/ aplicador
Ovestrion Estriol - 1aplicação 2 a 3 x/sem 50g c/ aplicador
Stele Estriol……… - 1aplicação 2 a 3 x/sem 50g c/ aplicador
Sistema intra uterino (SIU)**
Mirena - levonorgestrel DIU (7 anos) SIU 52mg/ 20mcg/dia
SIU 19,5mg /12mcg/
Kyleena - levonorgestrel DIU (5 anos)
día

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Tibolona
Libiam 1,25;
Tibolona 2,5mg 1 cp /dia contínuo 28 cps.
2,5mg
Livial Tibolona 2,5mg 1 cp /dia contínuo Blister 28 cps.
Livolon 1,25;
Tibolona 2,5mg 1 cp /dia contínuo 30 cps.
2,5mg

*disponibilildade no comércio questionável


** off label

Evidências atuais indicam que o esquema que proporciona benefícios comprovados e menor risco de TVP, AVC
e câncer de mama é o ESTRADIOL em baixas doses, via transdérmica, isolado em mulheres histerectomizadas e
associado a PROGESTERONA MICRONIZADA em mulheres com útero.

Androgenioterapia: Não há preparações farmacológicas disponíveis para o uso da androgenioterapia no climatério. As


medicações manipuladas em farmácias magistrais não são recomendadas na TRH.

Recomendações gerais:
• Doença cardiovascular e diabete
– TRH não é recomendada para prevenção da doença cardiovascular.
– TRH não é recomendada para prevenção da diabete. Em mulheres já diagnosticadas o uso da TRH deve
ser individualizado, com base na idade, tempo de menopausa e presença de fatores de risco metabólicos e
cardiovasculares (figura 1).
• Trombose Venosa Profunda (TVP)
– Estrógenos sistêmicos transdérmicos devem ser a primeira escolha em mulheres sintomáticas com fatores
de risco para TVP (obesidade, varizes, antecedente de eventos tromboembólicos, outros).
– Estrogenioterapia oral está contraindicada em mulheres com antecedente pessoal de tromboembolismo
venoso.
– O screening laboratorial para trombofilias não é recomendado para o início da TRH.
– O risco de trombofilia deve ser estimado pela história pessoal e familiar.
– Alguns progestágenos podem aumentar o risco de TVP: AMP, trimegestrona e acetato de nomegestrol.
• Síndrome Geniturinária da Menopausa (SGUM)
– Para a SGUM da menopausa, a TRH TÓPICA é a indicada.
– A TRH sistêmica pode aumentar o risco ou piorar a IUE, a urgência miccional e não é eficaz na prevenção
de infecção urinária de repetição.
– O tratamento deve ser feito a longo prazo para reduzir risco de recidiva.
– Não há necessidade de associar o progestágeno ao estriol tópico.
– A associação do estriol tópico com os antimuscarínicos são a primeira escolha no tratamento da bexiga
hiperativa, assim como a associação do estriol com a fisioterapia do assoalho pélvico para a IUE.
• Osteoporose: TRH é a primeira escolha para tratamento da osteoporose e prevenção de fraturas em mulheres
com menopausa recente (<5 anos).
• Câncer de mama:
– Para minimizar risco nos esquemas combinados, usar preferencialmente o estradiol transdérmico associado
a progesterona micronizada ou a dihidrogesterona. Não usar progesterona sintética.
– TRH é contraindicada em mulheres tratadas de câncer de mama.

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• Alterações do humor/ função cognitiva


– TRH está indicada para depressão ou sintomas depressivos que surgem ou pioram na transição menopausal.
– TRH não deve ser prescrita para aumentar a função cognitiva.
• Insuficiência Ovariana Prematura: ver capítulo de amenorreia.

B. Terapia não hormonal


Indicações:
• Mulheres que não desejam a hormonioterapia
• Mulheres que apresentam efeitos colaterais durante a TH ou contraindicação à TRH
• Para mulheres sintomáticas com resposta insatisfatória à TRH.

Tabela 6: Terapia não hormonal disponível

Classe medicamentos Medicamento Dose


ISRS* Fluoxetina 20 mg/dia, contínuo

Sertralina 50 mg/dia, contínuo

Paroxetina 10 mg/dia, contínuo

Escitalopram 10 mg/dia, contínuo


IRSN** Venlafaxina 37,5 a 75 mg / dia, contínuo

Desvenlafaxina 50 mg/dia, contínuo


Antidepressivo tricíclico Amitriptilina 25 mg/dia, contínuo

Nortriptilina 10-25 mg/dia, contínuo


Anticonvulsivante Gabapentina 300 mg/dia, contínuo
Fitoestrogenios Cimicífuga racemosa 40-80 mg/dia, contínuo

Glycine max 50-180 mg/dia, contínuo

Hiperico perforatum 300-900 mg/dia, contínuo

* inibidores da recaptação da serotonina


** inibidores da recaptação da serotonina e noradrenalina

Em pacientes com câncer de mama, tratadas com Tamoxifeno, a Fluoxetina e a Paroxetina NÃO devem
ser utilizadas porque inibem a eficácia do tamoxifeno (bloqueio enzimático) em reduzir a recorrência da
neoplasia mamária. Escitalopram, Venlafaxina, Desvenlafaxina são recomendados por não influenciarem
o metabolismo e a eficácia clínica do Tamoxifeno.

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Abaixo, um fluxograma para nortear o manejo da mulher climatérica sintomática.

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INCONTINÊNCIA URINÁRIA

INCONTINÊNCIA URINÁRIA DE ESFORÇO

1. DEFINIÇÃO: É a perda involuntária de qualquer volume de urina que ocorre com o aumento da pressão abdominal
na ausência de contração da bexiga. Habitualmente ocorre aos esforços de tosse, espirro, manobra de Valsalva ou
penetração durante ato sexual

2. CLASSIFICAÇÃO
a. IUE por hipermobilidade do colo vesical
b. IUE por deficiência esfincteriana intrínseca

3. DIAGNÓSTICO
3.1 Anamnese: Investigar especialmente:
a. Detalhes da queixa de perda urinária (circunstâncias e manobras em que ocorre a perda, quantidade perdida de urina)
b. Comprometimento da qualidade de vida
c. Outras queixas urinárias (frequência, disúria, gotejamento pós-miccional, tenesmo, etc)
d. Idade, status menopausal e antecedentes obstétricos
e. Uso de medicações(alcool, bloqueadores α-adrenérgicos, inibidores da ECA, diuréticos),
f. fatores de risco (tosse crônica, constipação, cirurgias pélvicas)

3.2 Exame físico


a. avaliação da pele vulvar, trofismo genital e do meato uretral; avaliação neurológica detalhada do períneo; presença
de prolapso de órgãos pélvicos.
b. Teste de esforço:Manobras de tosse e Valsava: observa-se a perda urinária concomitante ao esforço solicitado.
c. Toque bimanual: Pode revelar massa pélvica ou útero aumentado por leiomiomas ou adenomiomatose, que podem
causar incontinência em razão de aumento da pressão externa transmitida à bexiga.

3.3 Avaliação complementar:


a. sumário de urina e urocultura, para descartar infecção do trato urinário.
b. Exame urodinâmico: visa identificar, contrações não inibidas do músculo detrusor, alterações no mecanismo de
esvaziamento vesical, entre outros distúrbios urinários. Indicada quando o tratamento conservador inicial não seja
bem-sucedido e se esteja antecipando a necessidade de tratamento cirúrgico ou, adicionalmente, se os sintomas e
os achados físicos forem incongruentes.

No estudo urodinâmico, a IUE é definida pela cistometria como toda perda involuntária de urina pelo meato externo
da uretra, que ocorre quando a pressão intravesical excede a pressão máxima de fechamento uretral, na ausência de
contração do músculo detrusor.
• Defeito esfincteriano intrínseco: pressão de perda uretral < 60 cmH2O
• Hipermobilidade do colo vesical: pressão de perda uretral > 90 cmH2O

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4. TRATAMENTO
• TRATAMENTO CONSERVADOR:
É a terapia inicial na maioria das pacientes:
a. Intervenções comportamentais, incluindo modificações do estilo de vida: que levem à perda ponderal e treinamento
vesical.
b. Fisioterapia através do Treinamento Muscular do Assoalho Pélvico (TMAP) é o tratamento de primeira escolha. Pode
ser complementada por dispositivos de biofeedback, estimulação elétrica e cones vaginais com peso. É recomendado
manutenção do tratamento conservador por pelo menos 6 semanas antes de considerar outros tipos de terapia.

• TRATAMENTO CLÍNICO OU FARMACOLÓGICO


Tem papel secundário no tratamento da IUE: nas pacientes menopausadas com atrofia genital está indicado o estrogênio
tópico (estriol) duas vezes por semana.

• TRATAMENTO CIRÚRGICO
É o passo seguinte para as pacientes que não apresentarem melhora ou não desejarem tratamento conservador.
O procedimento padrão é o SLING de uretra média com alça livre de tensão, que permite a correção de prolapsos genitais
no mesmo ato.
a. TVT (tension free vaginal tape) retropúbico: Indicado para os casos mais graves de IUE (defeito esfincteriano
intrínseco), particularmente nas pacientes mais jovens. E necessária a cistoscopia intraoperatória para evitar/afastar
lesões vesicais
b. TVT (tension free vaginal tape) transobturador: Indicado nos casos de hipermobilidade do colo vesical.
c. Cirurgia de Burch: Quando houver indicação de cirurgia aberta concomitantemente.
d. Injeção de agentes de preenchimento uretral: Alternativa para mulheres com IUE que que não desejam se submeter
a cirurgia, idosas, ou com alto risco para complicações anestésicas, apresentando baixa taxa de complicações.
Os agentes são injetados na submucosa uretral para levantar a mucosa e melhorar a coaptação e podem trazer
melhorias à qualidade de vida da paciente

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BEXIGA HIPERATIVA

1. DEFINIÇÃO: síndrome da bexiga hiperativa caracteriza-se por urgência miccional, com ou sem urgeincontinência, em
geral acompanhada de noctúria e aumento da frequência urinária, na ausência de fatores infecciosos, metabólicos ou
locais. A hiperatividade do detrusor refere-se a uma observação urodinâmica caracterizada por contrações involuntárias
do detrusor durante a cistometria.

2. CLASSIFICAÇÃO
a. Idiopática: Contrações não inibidas do detrusor durante a fase de enchimento, sem que haja uma causa definida.
Representa a causa mais comum de bexiga hiperativa, responsável por cerca de 90% dos casos,
b. Neurogênica: Ocorrem contrações não inibidas do detrusor consequentes à lesão neurológica associada.

3. QUADRO CLINICO
Os sintomas da bexiga hiperativa são variados, sendo o aumento da frequência miccional o sintoma mais frequente. Também
são referidos outros sintomas, como urgência e urge incontinência, enurese noturna.

4. DIAGNÓSTICO
• O diagnostico da bexiga hiperativa é eminentemente clinico (Anamnese + exame físico)
• Estudo urodinâmico: Não é realizado em uma avaliação inicial. Tem papel nas pacientes em que os sintomas
persistem apesar da aderência à terapia inicial adequada ou para descartar outras condições. Permite diagnosticar a
hiperatividade do detrusor, caracterizada por contrações involuntárias durante o enchimento vesical, de aparecimento
espontâneo ou após manobras provocativas.
• Realizar sumário de urina e urocultura, de forma a descartar infecção do trato urinário.

5. TRATAMENTO
• TERAPIA COMPORTAMENTAL
A terapia comportamental com o Treinamento Muscular do Assoalho Pélvico (TMAP) é considerada primeira linha de tratamento
para pacientes com Síndrome da Bexiga Hiperativa. Deve-se incluir, além das orientações quanto a treinamento vesical e
dos músculos do assoalho pélvico, orientações quanto ingesta hídrica, diminuição do consumo de frutas cítricas, vinagre e
bebidas alcoólicas em excesso.
• TERAPIA FARMACOLÓGICA SISTÊMICA
O tratamento medicamentoso é considerado terapia de segunda linha.
– Primeira escolha: Anticolinergicos. Devem ser sempre indicados como adjuvantes ao tratamento comportamental,
com eficácia em torno de 60-80%. São inibidores competitivos da acetilcolina e atuam sobretudo na fase de
enchimento vesical, diminuindo o tônus do detrusor e aumentando a capacidade cistométrica.
◊ Cloridrato de oxibutinina: A dose preconizado é de 5 a 20 mg/dia. Seu uso clínico é limitado pelos efeitos
colaterais, incluindo boca seca, constipação, visão turva e prejuízo cognitivo que podem determinar baixa
adesão ao tratamento.
◊ Tartarato de tolterodina: A dose preconizada é de 1 a 4 mg/dia. menor incidência de boca seca
◊ Outras opções : Darifenacina (afinidade maior pelo receptor M3, o que reduz os efeitos colaterais relacionados
à cognição e cardíacos, sendo bem tolerado por pacientes mais idosas) e succinato de solifenacina (ação
anticolinérgica sobretudo sobre os receptores M3. Administrada por via oral, em doses de 5 ou 10 mg/dia)
– Segunda escolha: Agonistas beta-3 adrenergicos. Reduzem a frequência das contrações rítmicas da bexiga
durante a fase de enchimento, sem suprimir a amplitude da contração vesical durante a micção.Indicada em
pacientes que não toleram os efeitos colaterais dos antimuscarínicos)
◊ Mirabegrona: Dose inicial de 25 mg/dia, podendo ser aumentada até 50 mg/dia após duas a quatro semanas.

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• ADMINISTRAÇÃO INTRAVESICAL DE TOXINA BOTULÍNICA


Indicada para casos refratários à terapia de primeira e segunda linha.
A aplicação é realizada através da cistoscopia e a toxina injetada em uma série de 20 a 30 locais ao longo da parede posterior
da bexiga, acima do trígono. O efeito terapêutico ocorre dentro de 7-10 dias após a injeção e pode durar até 12 meses.

• NEUROMODULAÇÃO
Indicado para Bexiga hiperativa refratária à terapia de primeira e segunda linha.
A neuromodulação é a prática de alterar os reflexos neurais que influenciam a bexiga, o esfíncter uretral e a musculatura do
assoalho pélvico.
Envolve a estimulação neural aferente que controla a função da bexiga através do plexo sacral, a fim de restaurar o
armazenamento normal e a função de esvaziamento.

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INCONTINÊNCIA URINÁRIA MISTA

1. DEFINIÇÃO: Definida como IUE associada a urgência miccional, hiperatividade detrusora ou contração involuntária do
detrusor sem perda.

2. DIAGNÓSTICO
a. Anamnese: Investigar história de perda urinária relacionada aos esforços associada a sintomas irritativos, como
urgência, urgeincontinência, frequência miccional aumentada e/ou noctúria.
b. Exame físico: Inclui avaliação genital, teste de esforço, toque bimanual,
c. Estudo urodinâmico: Padrão-ouro na investigação diagnóstica. Na IUM é possível observar:
– Perda urinária em ortostatismo coincidente com manobras provocativas (Tosse, Valsalva) aos 200 ml ou na
capacidade cistométrica máxima, sem aumento de pressão detrusora; e
– Queixa de urgência miccional ou urgeincontinência provocada pelo enchimento vesical; ou
– Contrações involuntárias do detrusor durante fase de enchimento.

3. TRATAMENTO
• Primeira linha: tratamento clínico conservador, visando controle da urgência e/ou urgeincontinencia.
• Após reavaliação, indicar tratamento da incontinência urinária de esforço, que é principalmente cirúrgico.

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PROLAPSO DOS ÓRGÃOS PÉLVICOS

1. DEFINIÇÃO: É a descida da parede vaginal anterior, posterior e/ou ápice da vagina (cérvice, útero ou cúpula vaginal, em
pacientes histerectomizadas).

2. DIAGNÓSTICO: Anamnese completa associado com exame físico detalhado.


• Sintomas: sensação de bola na vagina, sensação de peso na região pélvica ou desconforto vaginal que piora ao
esforço físico e com o decorrer do dia, e alivia com repouso.
Podem sobrepor-se queixas urinárias, intestinais e sexuais, como IUE, polaciúria, ITU de repetição, esvaziamento
urinário ou fecal incompleto e dispaurenia.
• Antecedentes: importante questionar sobre:
a. Procedimentos cirúrgicos prévios (histerectomia, correção de prolapsos anteriores ou tratamentos radioterápicos)
b. Fatores de risco: Parto vaginal, Paridade, Idade avançada (>60 anos), Menopausa, Aumento da pressão intra-
abdominal (obesidade, constipação, tosse crônica e levantamento repetitivo de peso), Raça (mulheres brancas
e latinas), Fatores obstétricos (uso do fórceps, peso do RN > 4500g, segundo estágio do trabalho de parto
prolongado, idade materna no primeiro parto <25 anos), Doenças genéticas com alterações do metabolismo
do colágeno (síndrome de Ehlers-Danlos, sínd. de Marfan e hipermobilidade articular), Afecções neurológicas
(esclerose múltipla, doença de Parkinson, demência, acidentes cerebrovasculares secundários, trauma lombar,
estenose medular, neuropatia periférica e lesões aos nervos pélvicos), Hist familiar de prolapso (parente de 1º
grau)
• Exame pélvico: Inicia-se pela inspeção estática da vulva, períneo e região anal, com a paciente em posição de
litotomia, podendo também ser examinado em posição de ortostase. A inspeção primeiramente deve ser realizada
com a paciente em repouso e, após, durante o esforço. Deve ser avaliado sinais de atrofia, ulcerações ou tumorações
da mucosa vaginal. O exame do prolapso deve ser realizado pelo sistema POPQ (abaixo). Deve ser realizado o toque
bimanual para avaliar a intensidade da dor e descartar massas pélvicas. O exame retal é útil para analisar o tônus
do orifício anal externo em repouso e durante a contração.

Tabela de Classificação funcional da musculatura do assoalho pélvico pela palpação digital:

AFA Observação Clínica


0 Sem função perineal objetiva, nem à palpação;
1 Função perineal objetiva ausente, reconhecível somente à palpação;
2 Função perineal objetiva débil, reconhecível à palpação;
3 Função perineal objetiva, sem resistência opositora à palpação;
4 Função perineal objetiva e resistência opositora não mantida à palpação;
5 Função perineal objetiva e resistência opositora mantida à palpação por mais de 5 segundos.

3. CLASSIFICAÇÃO: Sistema de quantificação POP-Q da Associação internacional de Uroginecologia. Apresenta nove


parâmetros e tem como marco zero as referências carúnculas himenais e meato uretral externo. Quando o prolapso
está proximal ou acima do hímen são consideradas negativas e quando distal ou abaixo do hímen são consideradas
positivas. Todas essas medidas são feitas em centímetros.

POP – Q (Pelvic Organ Prolapse Quantification System)

1. O examinador deve observar qual o ponto de maior prolapso através de manobra de valsalva ou leve tração.
2. O hímen é o ponto de referência (0 cm). Todo valor dentro da vagina recebe sinal negativo e fora sinal positivo.

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Protocolo de Urgências Ginecológicas e Obstétricas

Ponto Descrição Variação


Localizado a 3 cm para dentro do hímen na linha média da parede anterior da
Aa vagina. Marca-se um ponto a -3cm em repouso e observa-se onde ele se localiza -3cm até +3cm
quando a paciente faz esforço.
Ap Localizado na linha média da parede vaginal posterior, análogo ao ponto Aa. -3cm até +3cm
Representa o ponto de maior prolapso na parede vaginal anterior. Na ausência de
Ba prolapso localiza-se em -3cm e, se há prolapso total ele equivale ao comprimento -3cm até +tvl
vaginal total.
Representa o ponto de maior prolapso na parede vaginal posterior, análogo ao
Bp -3cm até + tvl
ponto Ba.
Ponto mais distal do colo uterino (ou da cúpula vaginal pós-histerectomia). Passa-
se o espéculo e localiza-se o colo, encosta-se uma régua no colo e pede-se para
C --
a paciente fazer esforço. Determina-se a distância entre o hímen e o colo durante
esforço.
Localizado no fórnice vaginal posterior, no nível de inserção dos ligamentos
uterossacrais. Coloca-se a marcação e pede-se a paciente para que faça esforço e
D com isso encontra-se o ponto D. --

Na ausência do útero esse ponto é omitido.


gh Medida em repouso do meato uretral externo até a linha posterior do hímen ou
--
(hiato genital) fúrcula.

pb
Medida em repouso da fúrcula até o centro do orifício anal. --
(corpo perineal)
tvl Medida em repouso da maior profundidade vaginal. --
Classificação Descrição
Ausência de prolapso. Os pontos Aa, Ap, Ba, Bp estão em -3cm e os pontos C e D estão entre o CVT até
Estadio 0
CVT-2cm
O ponto de maior prolapso está localizado até 1cm pra dentro do hímen (-1cm) e não corresponde ao
Estadio 1
Estadio 0
O ponto de maior prolapso está localizado entre -1cm e +1cm (entre 1cm acima do hímen e 1cm
Estadio 2
abaixo do hímen)
Estadio 3 O ponto de maior prolapso está a mais de 1cm pra fora do hímen, porém sem eversão total
Estadio 4 Eversão total do órgão prolapsado. O ponto de maior prolapso fica no mínimo no CVT-2cm

Aa Ba C
Parede anterior Parede anterior Cérvix ou cúpula
hg cp Cvt
Hiato genital Corpo perineal Comprimento vaginal total
Ap Bp D
Parece posterior Parede posterior Fundo de saco posterior

4. TRATAMENTO: Realizado para pacientes sintomáticas com terapia


expectante, conservadora ou cirúrgica. A escolha do tipo de tratamento
é individualizada, dependendo das preferências da paciente, condição
clínica, o impacto na qualidade de vida e grau de prolapso.

• TRATAMENTO EXPECTANTE: Opção para mulheres que toleram bem os sintomas e recusam o tratamento ativo. Um
acompanhamento periódico deve ser feito, principalmente para aquelas com estágio III ou IV, avaliando agravamento
do prolapso ou desenvolvimento de sintomas urinários ou evacuatórios associados.

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Protocolo de Urgências Ginecológicas e Obstétricas

• TRATAMENTO CONSERVADOR: Considerado de primeira linha para todas as mulheres com POP pelas vantagens de
ter baixo custo e menor índice de efeitos colaterais. Devem ser disponibilizadas a todas as pacientes e incluem o
uso de pessários, modificações do estilo de vida e exercícios do assoalho pélvico.
a. PESSÁRIOS: É a base da abordagem não cirúrgica. São dispositivos de silicone (mais comum) ou látex, que variam
de formas e tamanhos, introduzidos na vagina para fornecer suporte aos órgãos pélvicos. Os mais comumente
usados são o anel, anel com suporte, Gellhorn e donut. É aconselhado o preparo prévio da mucosa vaginal
antes de iniciar o uso de pessários com pomadas à base de estrogênio, principalmente para as mulheres após
a menopausa, com o intuito de melhorar o trofismo vaginal.

INDICAÇÕES CONTRAINDICAÇÕES
Paciente não deseja tratamento cirúrgico Infecção local
Comorbidades que contraindicam procedimento cirúrgico Impossibilidade de seguimento
Necessidade de postergar a cirurgia em semanas ou meses Incapacidade de manipulação do pessário durante
atividade sexual
Paciente que não deseja ser submetida à nova cirurgia após recorrência Alergia ao látex (para pessário de látex)
de prolapso
Gestação
Desejo reprodutivo

b. EXERCÍCIOS DO ASSOALHO PÉLVICO: A fisioterapia dos músculos do assoalho pélvico ameniza os sintomas e o
grau do prolapso, principalmente se estágios I e II. Apesar de melhorar a função muscular do assoalho pélvico,
este treinamento não consegue diminuir anatomicamente o prolapso severo. Além disso, a adesão ao treinamento
é a principal razão para o sucesso do tratamento.
c. MODIFICAÇÕES DO ESTILO DE VIDA:
– Evitar constipação
– Perder peso e evitar levantamento de peso e treinamentos de alto impacto
– Suspender tabagismo

• TRATAMENTO CIRÚRGICO: Tem como finalidade reconstituir a anatomia normal da vagina e restaurar as funções
urinárias, intestinais e sexuais das pacientes. Indicado em mulheres sintomáticas que falharam ou recusaram realizar
o tratamento conservador. Geralmente reservado para prolapso igual ou maior que estádio II.
a. Reparos sítios-específicos: utiliza a própria fáscia endopélvica para correção dos defeitos. Apresenta maior taxa
de recorrência.
b. Reparos com materiais sintéticos ou biológicos. Indica-se o uso telas quando há comprometimento grave dos
tecidos da própria paciente. No entanto, convém lembrar do risco de complicações com a utilização de telas,
como extrusão, erosão vesical, dor, dispaurenia e sangramento.O material sintético não pode ser aplicado no
reparo de compartimento posterior.

Tratamento reconstrutivo da parede vaginal anterior: Realizada quando suspeita de anormalidade central ou de
linha média da fáscia endopélvica.
– Colporrafia anterior: recomendada na suspeita de anormalidade central da fáscia endopélvica. Realiza-se
plicatura da fáscia endopélvica na região central da vagina diminuindo a cistocele. Em defeitos complexos,
o uso de telas pode ser vantajoso, porém esta conduta no reparo de compartimento anterior deve ser
individualizada.
– Correção do defeito paravaginal: Caso haja suspeita de anormalidade lateral ou quando se verifica um
desgaste da fáscia endopélvica na inserção do arco tendíneo, pode ser realizado a correção do defeito
paravaginal. Este reparo baseia-se na reintrodução da fáscia pubocervical no arco tendíneo (linha branca),
que é um espessamento da fáscia do musculo obturador interno. Pode ser realizada tanto por via vaginal,
abdominal ou laparoscópica com taxas de sucesso semelhantes.

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Tratamento reconstrutivo da parede vaginal posterior: Realizado quando as pacientes apresentam queixas
evacuatórias ou prolapso do compartimento posterior estádio III ou IV. Geralmente as técnicas são por via vaginal
ou transanal e as mais usadas são:
– Colporrafia posterior: principal procedimento para reparo de retocele. Tem como intuito restaurar a fáscia
retovaginal por meio de plicatura fibromuscular em linha média. A taxa de cura anatômica varia entre 76 e
96%. Pode ser realizada uma plicatura do músculo elevador do ânus, concomitante com o reparo posterior,
para corrigir a rotura perineal e reduzir o hiato genital alargado. Porém, esta técnica traz a maior taxa de
dispaurenia.
– Correção sítio específica: são identificadas malformações na linha média, laterais, distais ou superiores da
camada fibromuscular e assim feito os devidos reparos, refazendo a anatomia do septo retovaginal. Esta
técnica está com ampla aceitação, porém as taxas de cura anatômica variam de 56 a 100%.

Tratamento reconstrutivo do compartimento apical: O defeito apical raramente é um prolapso isolado. Geralmente
encontra-se associado com anormalidade do compartimento anterior e posterior. Todas as mulheres com prolapso
apical sem sintomas de incontinência urinária devem realizar um teste clínico de estresse urinário ou estudo
urodinâmico como exame pré-operatório, pois podem apresentar uma IUE oculta.
A histerectomia concomitante pode ser realizada por facilitar o emprego das técnicas de suspensão apical, no
entanto, ela isoladamente não representa tratamento para prolapso. Para pacientes que desejam gestar ou pretendem
preservar o útero, a histeropexia (suspensão uterina) também corresponde a uma boa opção cirúrgica. Vários
procedimentos cirúrgicos foram descritos, podendo ser realizados por via abdominal ou vaginal.
– Fixação ao ligamento sacroespinal /Colpofixação Sacroespinhosa (CFSE): Procedimento que suspende a
cúpula vaginal de forma unilateral ou bilateral ao ligamento sacroespinhoso por via vaginal. É infrequente
haver recidiva do prolapso apical, porém pode acontecer prolapso de compartimento anterior, em 6 a 28%
dos casos. As complicações associadas a este procedimento são decorrentes de lesões vasculares ou nervosas
devido à proximidade deste ligamento com a espinha isquiática.
– Fixação ao ligamento uterossacro (culdoplastia de McCall): consiste na suspensão do ápice vaginal aos
remanescentes do ligamento uterossacral ao nível ou acima das espinhas isquiáticas. Considera-se que esta
fixação seja capaz de posicionar o ápice vaginal de forma mais anatômica do que a CFSE, apresentando
melhores taxas de cura no compartimento anterior e índices de correção semelhantes nos compartimentos
apical e posterior. Por isso, este procedimento tem sido adotado nos casos de recorrência do prolapso de
compartimento anterior após CFSE. Realizada por via abdominal ou vaginal. É importante lembrar que é
obrigatória a realização de cistoscopia após o procedimento para assegurar a permeabilidade ureteral.
– Sacrocolpopexia abdominal: procedimento que fixa a cúpula vaginal até o promontório, usando telas
inabsorvível. Possui como vantagens, maior mobilidade do ápice vaginal, evita o encurtamento da vagina,
mantém a anatomia vaginal normal e permite o reparo definitivo do prolapso apical com altas taxas de
sucesso (90%). Essa técnica pode ser utilizada como abordagem primária ou secundária, após falha de
algum procedimento de correção de prolapso. Pode ser realizado via abdominal, laparoscópico ou robótico.
– Colpocleise de Le Fort: cirurgia pouco invasiva que consiste na obliteração das paredes vaginais. Indicada
nos casos de prolapso apical em mulheres idosas, incapazes de tolerar cirurgia extensas e com vida sexual
inativa. Propõe a ressecção de uma porção retangular de mucosa das paredes vaginais anterior e posterior
em espelho, suturando igualmente a região removida. É um procedimento altamente efetiVO, com baixas
taxas de complicações.

5. CUIDADOS PRÉ E PÓS-CIRÚRGICOS:


• CUIDADOS PRÉ-OPERATÓRIOS:
– Exames pré-operatórios: hemograma, coagulograma, uréia, creatinina, glicemia de jejum, classificação sanguínea,
VDRL, sumário de urina e urocultura, ionograma (se hipertenso e uso de diuréticos), parecer cardiológico, citologia
oncótica e USG TV.
– Estrogênio tópico por 14 dias antes da cirurgia, se mucosa vaginal atrófica.
– Avaliar queixas de IU e analisar necessidade de solicitar EUD (estudo urodinâmico)

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Protocolo de Urgências Ginecológicas e Obstétricas

• CUIDADOS PÓS-OPERATÓRIOS:
– SVD (introduzir após realização de antissepsia, assepsia e aposição de campos esteréis) e retirar geralmente após
24h, se diurese >25ml/h. Após retirada de sonda, a paciente poderá receber alta mediante diurese espontânea.
– Após a cirurgia, coloca-se tampão vaginal, que permanecerá aproximadamente por 24h.
– Profilaxia de TVP após cirurgia conforme protocolo específico
– Antibioticoprofilaxia com ciprofloxacino 500mg 12/12h por 7 dias, se inserção de telas
– Evitar exercícios físicos intensos, uso de absorventes internos e atividade sexual após 6 semanas da cirurgia.

TERMO DE CONSENTIMENTO INFORMADO PARA CORREÇÃO CIRÚRGICA DE DISTOPIA GENITAL

Eu, ___________________________________________________________ (paciente), prontuário


_______________ declaro para todos os fins legais, especialmente do disposto no artigo 39, VI, da Lei 8.078/90
que dá autorização ao médico que recebi do Dr(a): ________________________________ CRM:__________,
todas as informações pertinentes ao procedimento médico de correção cirúrgica de ☐ Prolapso genital e/ou ☐
Incontinência urinária com o procedimento designado: ________________________________________________
Motivo:_____________________________________

☐ Declaro, ainda, sobre a Correção de prolapso genital, estar devidamente informada quanto:

1. aos riscos presentes, e complicações inerentes ao quadro do procedimento Correção de prolapso genital:
hematoma intra-operatório, podendo ser necessário transfusão de sangue intra ou pós-operatório; lesão de bexiga e/ou de
alças intestinais, sendo necessário o concurso de cirurgião especializado; hematoma pós-operatório, isto é, acúmulo de
sangue no local cirúrgico, podendo ou não ser feita uma drenagem cirúrgica; infecção pós-operatória, local e sistêmica
que às vezes requer drenagem de coleções purulentas e uso de antibióticos; presença de secreções vaginais podendo
ser necessário uso de medicações; deiscência (abertura dos pontos) da ferida operatória com a perda dos pontos dados,
havendo algumas vezes necessidade de nova anestesia para refazer os pontos que abriram; dores lombares, cervicais e
de membros superiores devido à posição cirúrgica; trombose venosa; quelóides (cicatriz espessa e dolorida) e retração
cicatricial; formação de fístulas ginecológicas; alteração da forma e do tamanho da vagina, o que pode repercutir na
relação sexual.
2. Fui ainda informada que não existe técnica cirúrgica no momento que garanta 100% de sucesso, isto é, o
prolapso pode retornar parcial ou totalmente, imediatamente após a cirurgia ou no decorrer dos anos.

☐ Declaro, ainda, sobre a Correção de incontinência urinária, estar devidamente informada quanto:
3. aos riscos presentes, bem como de complicações inerentes ao quadro do procedimento cirúrgico Correção de
incontinência urinária: infecção de urina e retenção de urina; e excepcionalmente, abscesso na zona da ferida cirúrgica;
hematoma na zona da ferida cirúrgica; abertura nos pontos realizados na cirurgia; lesões de bexiga, uretra e ureter;
rejeição ou alergia ao material sintético utilizado; flebites e tromboflebites; embolia pulmonar.
4. E ainda, que poderá haver mudanças no hábito urinário com o aumento do número de micções, o enfraquecimento
da força do jato da urina, e desejo mais urgente de urinar, mudanças essas que podem ser temporárias ou permanentes e
que se eu já tivesse esses sintomsa antes da cirurgia, a mesma não tem objetivo de curá-los.
5. Fui ainda informada que não existe técnica cirúrgica no momento que garanta 100% de sucesso, isto é a
incontinência pode retornar parcial ou totalmente, imediatamente após a cirurgia ou no decorrer dos anos.

Fui informada do uso de sonda vesical no ato cirúrgico, podendo permanecerá por mais tempo, se necessário.
Ficou-me claro que durante a cirurgia, devido a algum fato inesperado, a equipe médica poderá modificar
a técnica cirúrgica programada, visando sempre o sucesso do procedimento.

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Protocolo de Urgências Ginecológicas e Obstétricas

Declaro e confirmo mais uma vez, que entendi todas as explicações que me foram fornecidas de forma clara e
simples por via oral e escrita, inclusive permitindo que eu realizasse todas as perguntas e fizesse todas as observações que
entendi pertinentes para entender o que ocorrerá na intervenção cirúrgica, não restando dúvidas sobre o procedimento
proposto. Assim, declaro que estou satisfeita com as informações recebidas de forma oral e escrita, em linguagem clara
e simples por parte de meu médico e sua equipe, e que compreendo o alcance e os riscos do tratamento. Por tal razão e
nestas condições CONSINTO que se realize a correção cirúrgica de meu PROLAPSO.

Recife, _______ de_________________ de ____________

_______________________________________________ _______________________________________________

Assinatura do paciente ou responsável Médico assistente

_________________________________________________ _______________________________________________

Testemunha Testemunha

Código de Ética Médica: Art. 59º É vedado ao médico deixar de informar ao paciente o diagnóstico, o prognóstico, os riscos e objetivos do tratamento,
salvo quando a comunicação direta ao mesmo possa provocar-lhe dano, devendo, nesse caso, a comunicação ser feita ao seu responsável legal. Lei
8.078 de 11/09/1990 – Código Brasileiro de Defesa do Consumidor: Art. 9º O fornecedor de produtos ou serviços potencialmente perigosos à saúde ou
segurança deverá informar, de maneira ostensiva e adequada, a respeito da sua nocividade ou periculosidade, sem prejuízo da adoção de outras medidas
cabíveis em cada caso concreto. Art. 39º É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços dentre outras práticas abusivas: VI –executar serviços sem a
prévia elaboração de orçamento e autorização expressa do consumidor, ressalvadas as decorrentes de práticas anteriores entre as partes.

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Protocolo de Urgências Ginecológicas e Obstétricas

CUIDADOS PRÉ-OPERATÓRIOS EM GINECOLOGIA

1. AVALIAÇÃO PRÉ – OPERATÓRIA


A avaliação pré-operatória tem como objetivo detectar doenças não reconhecidas e fatores de risco que podem aumentar
o risco cirúrgico acima da normalidade e propor estratégias para reduzir esse risco, bem como estabelecer expectativas
sobre a cirurgia e anestesia, reduzir o medo e a dor, melhorar a recuperação, reduzir o tempo de internamento e a adesão
às recomendações pós-operatórias deve identificar problemas que possam surgir no intra ou no pós-operatórios. Deverá ser
realizada pelo cirurgião, pelo anestesista e, quando necessário, por um especialista em interconsulta.
• Anamnese: deve incluir especialmente: Diagnóstico para a qual o procedimento é realizado; condições médicas,
uso de medicações e fatores de risco que aumentam o risco de complicações perioperatórias; história pessoal ou
familiar ou fatores de risco para tromboembolismo; história pessoal ou familiar de complicações relacionadas à
cirurrgia ou anestesia (dificuldades de entubação, hipertermia maligna, náuseas e vômitos, infecções e sangramentos).
• Idade: O impacto da idade nos resultados perioperatórios esta associado ao aumento das comorbidades, incluindo:
comprometimento pulmonar, cognitiVO, comprometimento funcional, desnutrição e fragilidade. Não deve ser usada
como único critério para orientar os testes pré-operatórios ou suspender um procedimento cirúrgico.
• Exame físico geral e específico, podendo ser repetido sob anestesia. Atenção à obesidade, que aumenta as taxas
de infecções de feridas, trombose venosa profunda pós-operatória e embolia pulmonar mas não afeta outras
complicações pós-operatórias
• Uso de medicações: O manejo de medicações de uso crônico no peri-operatório é apresentado no capítulo de manejo
de doenças crônicas no perioperatório.
• Alcoolismo: Pode aumentar o risco de infecções do sítio operatório, complicações cardiopulmorares, prolongar
o tempo de internação, UTI e necessidade de reoperação. O período ideal de cessação é desconhecido, mas são
necessárias pelo menos quatro semanas de abstinência para reverter as anormalidades fisiológicas
• Tabagismo: Está associado a um alto risco de complicações pós-operatórias como infecções da ferida operatória,
pulmonares, neurológicas e admissão em UTI. As complicações se reduzem após quatro semanas de cessação do
tabagismo.

2. EXAMES LABORATORIAIS: De forma geral, os exames considerados normais são confiáveis por 6 meses, a menos que haja
uma alteração no estado clínico do paciente.Pacientes saudáveis e jovens poderiam dispensar exames pré-operatório
de rotina, porém considerando o perfil das usuárias do serviço, a natureza multiprofissional do atendimento e questões
medico-legais, são preconizados os seguintes exames de rotina, afora outras que possam ser indicados em situações
clínicas específicas.
• Hemoglobina / hematócrito - para pacientes com 65 anos ou mais, pacientes submetidos à cirurgia de grande
porte ou que resultem em perda significativa de sangue e para todas. as pacientes com história pregressa de
anemia. Pacientes com sangramento ativo deverão repetir o exame próximo à cirurgia, dependendo da magnitude
do sangramento. Pacientes com hemoglobina < 10 deverão ser encaminhadas ao ambulatório de hematologia do
CISAM. O nível hematimétrico deverá ser analisado em conjunto com o status performance, o risco de sangramento
intra-operatório e a urgência do procedimento para definir a necessidade de terapia hematínica ou hemotransfusão
prévia, especialmente em pacientes com níveis de hemoglobina abaixo de 8.
• Classificação sanguínea: Sem prazo de validade. Em procedimentos cirúrgicos de grande porte com possibilidade
de perda sangüínea elevada deve ser acompanhada de reserva de sangue compatível ou O negativo
• Função renal - Dosagem sérica de creatinina em pacientes acima de 50 anos, hipertensas, nefropatas, cardiopatas,
diabéticas submetidos a cirurgia de risco intermediário ou alto,. Também deve ser solicitado quando houver quadro
de hipotensão aguda prévio à cirurgia ou quando foremutilizados medicamentos nefrotóxicos.
• Eletrólitos - não são recomendadas de foma rotineira Indicado em hipertensas em uso de diurético, inibidores da
enzima conversora da angiotensina ou bloqueadores dos receptores de angiotensina, portadoras de doença renal
e diabéticas. Validade: 3 meses.- Glicemia:Indicação controversa em pacientes assintomáticas e não diabéticas. Não
suspender cirurgia por hiperglicemia inferior a 180 mg/dL..

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• Coagulograma (TTPA, TPAE E TS): Indicação controversa em pacientes sem história de sangramentos ou uso de
medicações anticoagulantes. pacientes em uso de anticoagulantes, distúrbios da coagulação e doença hepática
está indicado coagulograma completo.
• Urina: Em casos sintomáticos tratar a infecção urinária e repetir o SU. A urocultura está indicada nos casos de SU
alterado ou casos de ITU de repetição ou naquelas pacientes que se submeterão a cirurgias para cura de incontinência
urinária e cirurgias de assoalho pélvico
• Teste de Gravidez: Deve ser realizado no momento da admissão cirúrgica em todas as mulheres em idade reprodutiva,
exceto naquelas em uso de método contraceptivo seguro, ou nas quais se possa afastar com segurança a possibilidade
de gravidez (ver capítulo de anticoncepção)
• Parecer cardiológico/ECG: Em pacientes com mais de 50 anos, gravemente obesos com pelo menos um fator de
risco para doença cardíaca coronária (diabetes, tabagismo, hipertensão ou hiperlipidemia) ou baixa tolerância ao
exercício. Naquelas com mais de 70 anos, ou portadoras de pneumopatias, deve-se acrescentar RX DE TÓRAX.
• Colpocitologia oncótica: Em pacientes com útero, vida sexual ativa, com mais de 25 anos e menos de 65 anos.
Validade de 3 anos.
• VDRL: Justifica-se pela sua importância epidemiológica. Caso seja reagente, não contraindicar cirurgia. Deve-se
proceder a investigação propedêutica e tratamento, se indicado, concomitante ao tratamento cirúrgico, lembrando-
se de captar e tratar também a parceria sexual

3. JEJUM: a aspiração pulmonar do conteúdo gástrico ou orofaríngeo durante a anestesia é um evento raro. Os pacientes
podem beber líquidos transparentes (água, sucos sem polpa, café ou chá sem leite e bebidas com carboidratos) em
pequenas quantidades até duas horas antes dos procedimentos eletivos que requerem anestesia ou sedação. Os
alimentos sólidos podem ser ingeridos até 8 horas antes do procedimento.

4. Profilaxia Antibiótica: devem ser administrados para prevenir infecção do sítio cirúrgico antes de cirurgias ginecológicas
ou procedimentos que entrem no trato reprodutivo ou que provavelmente contaminem a cavidade peritoneal da vagina.

CIRURGIA PRIMEIRA ESCOLHA SEGUNDA ESCOLHA


Histerectomia total ou subtotal Cefazolina 2g IV ou Ampicilina-sulbactam 3g IV
(qualquer via) Cefoxitina 2g IV ou OU
Cirurgias de assoalho pélvico Cefotetan 2g IV Clindamicina 900 mg IV +
(cura de prolapso ou incontinência Gentamicina 5 mg/kg IV ou Cipro 400 mg IV
urinária, incluindo sling) OU
Metronidazol 500 mg IV +
Gentamicina 5mg/kg IV ou Cipro 400 mg IV
Laparotomia Cefazolina 2g IV (opcional) ---

Não está indicada antibioticoprofilaxia nos seguintes procedimentos: Laparoscopia sem abertura da cavidade vaginal,
laqueadura tubárea, curetagem uterina não obstétrica, biópsia de endométrio, histeroscopia, inserção de DIU, biópsia de colo.
Nesses procedimentos, a antibioticoprofilaxia deverá ser considerada em pacientes de risco como: idade superior a 65 anos,
desnutridas, obesas, diabéticas, tabagistas, infecções concomitantes em outro sítio, imunossuprimidas, usuárias de corticóides,
cirurgias recentes, internamento pré-operatório prolongado.

5. Preparação da Pele:
• Na enfermaria: Todo o corpo deve ser lavado com sabão e água ou com um agente anti-séptico na noite anterior
à cirurgia. No dia da cirurgia, a paciente deverá tomar outro banho antes do procedimento com sabão antisséptico.
Se a remoção de pêlos for absolutamente necessária, pode ser realizada uma tricotomia de preferência até uma
hora antes da cirurgia, pois resulta em menores taxas de infecção do sítio operatório. Unhas postiças devem ser
retiradas antes do procedimento e unhas longas devem ser aparadas.
• No bloco cirúrgico (Assepsia e Antissepsia): Tanto a pele das mãos e braços dos membros da equipe cirúrgica como
a pele da paciente deverão ser lavadas com sabão antisséptico (clorexidina tensoativa) e posteriormente esfregados
com solução de clorexidina alcoólica. A antissepsia cirúrgica das mãos deve durar de 3 minutos a 5 minutos quando
o médico for fazer a sua primeira cirurgia do dia. Se ele for fazer mais de uma operação, a higienização cai para 2
minutos a 3 minutos para as cirurgias subsequentes.

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6. Manejo do stress emocional no pré-operatório


• A equipe deverá acolher a paciente com atenção, tratar pelo nome e explicar todo os procedimentos a que será
submetida. Será garantida a presença de um acompanhante à escolha da paciente.
• A paciente deverá receber Diazepam 10 mg VO na noite da véspera e Midazolam 7,5 mg VO, uma a duas horas antes
do procedimento.

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Nome: ___________________________________________________________________________ Prontuário:


_________________ CPF: ______.______.______-_____ Cidade/UF: _______________ Telefones: ( ____ ) ________
__________________________________________________________

FICHA PRÉ-OPERATÓRIA DO SERVIÇO DE GINECOLOGIA DO CISAM/UPE

Id: ________ DUM: _____ / _____ /______ G______ P______ (PN _____/ PC_____) A______
Vida Sexual: ⎕Ativa ⎕Inativa
Comorbidades: ⎕HAS ⎕DM ⎕Obesidade ⎕Outros:
Uso de medicações:
Alergias:
Cirurgias prévias:
Hábitos de vida: ⎕Tabagismo ⎕Etilismo ⎕Uso de drogas

Exame Data Resultado


CS Hb / Ht /Leuco /Plaq
Hemograma
Coagulograma TS / TC / TP / TTPA /AE /INR
Glicemia Jejum
Uréia
Creatinina
VDRL
SU
Urocultura
Citologia oncótica
Parecer do Cardio

USG TV

Urofluxometria= _______│_______│_______
Estudo Urodinâmico Cistometria= Sensib: /PPE: cmH2O /CNI:
Estudo P/F= Fluxo máx: /Pdet: cmH2O/ RPM: ml

⎕ Termo de consentimento livre e esclarecido


⎕ Consulta pré-anestésica: ____ / ____/ ____

HD: _______________________________________________
Cirurgia: ___________________________________________
Data: _____ / _____ /_________

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MANEJO DE DOENÇAS CRÔNICAS NO PERÍODO PERIOPERATÓRIO

Recomendação inicial: Em cirurgias eletivas o controle das morbidades deverá ser realizado pelo especialista antes do
internamento. Em alguns casos, particularmente nas urgências, o controle precisa ser realizado no momento da internação.

1. HIPERTENSÃO ARTERIAL CRÔNICA:


• Pacientes com pressão arterial inferior a 180 x 110 não costumam ter risco elevado de complicações cardíacas peri
operatórias e podem ser operadas com o controle na sala pelo anestesista.
• Pacientes com hipertensão acima desses limites deverão ser controladas com medicações preferencialmente
intravenosas. Evitar os inibidores da ECA e os bloqueadores dos receptores de angiotensina.
• A medicação sedativa conforme recomendação no capítulo de pré-operatório é imprescindível nas pacientes
hipertensas para reduzir o efeito do stress Peri operatório sobre a pressão arterial
• As medicações anti-hipertensivas em uso deverão ser manejadas conforme a seguir:
a. Betabloqueadores: Devem ser mantidos tendo em vista que sua retirada, aumenta o risco de arritmias e de
isquemia miocárdica secundária à liberação de catecolaminas perioperatórias. Os betabloqueadores não
seletivos podem interagir com a adrenalina, usada para anestesia por infiltração ou tratamento da anafilaxia
intraoperatória. Pacientes de alto risco para eventos cardiovasculares se beneficiam do uso de betabloqueadores
iniciando 7 a 30 dias antes da cirurgia
b. Inibidores da ECA, bloqueadores dos receptores de angiotensina II: Em geral, descontinuar na manhã da cirurgia,
pelo risco de hipotensão prolongada, exceto nas pacientes com insuficiência cardíaca ou hipertensão mal
controlada. A retomada desses agentes deve ser o mais rápido possível no pós-operatório, pois a falha em
reiniciar os BRA dentro de 48 horas após a cirurgia foi associada ao aumento da mortalidade em 30 dias.
c. Agonistas alfa 2: A retirada abrupta da clonidina pode precipitar a hipertensão rebote. orienta-se que sejam
continuado no período perioperatório, mas não iniciados.
d. Bloqueadores dos canais de cálcio: Devem ser continuados em pacientes que já faziam uso prévio. Não há
interações sérias entre bloqueadores dos canais de cálcio e agentes anestésicos.
e. Diuréticos: Suspender o uso no dia da cirurgia devido a preocupações com hipovolemia e hipocalemia que pode
aumentar o risco de arritmia perioperatória, potencializar o efeito dos relaxantes musculares e povocar íleo
paralitico . Podem ser retomados quando o paciente estiver em uso de líquidos orais Dosar os eletrólitos nas
usuárias de diuréticos no pré-operatório

2. DIABETE MELLITUS
• A glicemia alvo que reduz as complicações no perioperatório situa-se entre 80 e 180 mg/dL.
• As cirurgias das pacientes diabéticas deverão ser agendadas para o primeiro horário da manhã
• O controle da glicemia deverá ser realizado da forma a seguir
◊ DIABETE TIPO 2 em tratamento com dieta: Nenhuma terapia e correção de glicemia (2/2h) com insulina rápida
se necessário, conforme o esquema 1
◊ DIABETE TIPO 2 em tratamento com hipoglicemiantes: suspender os hipoglicemiantes na manhã do procedimento
e controlar glicemia a cada 2 h e corrigir com insulina se necessário, conforme o esquema 1
◊ DIABETE TIPO 1 com insulinoterapia:
a. Cirurgia pequenas no início da manhã (com provável reinicío da dieta no almoço), recomenda-se apenas adiar
a dose da insulina até o final da cirurgia e reinicio da dieta, controlando a glicemia a cada 2h e corrigindo
com insulina conforme o esquema 1:

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HGT (mg/dl) Insulina Regular

< 150 não fazer

150-200 2UI/h

201-250 4UI/h

251-300 6UI/h

301-350 8UI/h

351-400 10UI/h

> 400 12UI/h, e avisar ao plantonista

b. Cirurgias de médio porte (com provável cancelamento do café da manhã e almoço): suprimir qualquer
insulina de ação rápida (regular), administrar 1/3 a ½ da dose total de insulina sob a forma de insulina de
ação intermediária ou longa ação (NPH), iniciar soro glicosado a 5% a 125 mL/hora, controlando a glicemia
a cada 2 h e corrigindo com insulina. Preparar uma solução com 25 U de insulina regular + 250 mL de SF a
0,9% e infundir em bomba segundo o esquema:, conforme o esquema 2:

HGT (mg/dl) Insulina Regular (UI/h) SF 0,9% em BIC (ml/h)


< 70 não infundir não infundir
70-120 1 10
121-150 2 20
151-180 3 30
181-210 4 40
> 210 5 50

3. MANEJO DE OUTRAS MEDICAÇÕES DURANTE O PERÍODO PERIOPERATÓRIO


• MEDICAÇÕES CARDIOVASCULARES
◊ Hipolipêmicos: É recomendada a continuação das estatinas no perioperatório. Outros antilipêmicos descontinuados
pelo ↑ risco de miopatia e rabdomiólise no perioperatório.
• AGENTES GASTROINTESTINAIS
◊ Bloqueadores h2, inibidores da bomba de prótons: Manter por reduzirem os riscos à mucosa gástrica por stress
perioperatório e os riscos de possível aspiração gástrica.
• AGENTES PULMONARES
◊ Broncodilatadores: Os beta-agonistas devem ser mantidos por reduzir complicações pulmonares pós-operatórias
em asma ou DPOC. A teofilina deve ser descontinuada
◊ Glicocorticoides: Uso crônico de corticosteróides (> 3 semanas) ou em uso de altas doses (> 20mg de prednisona
ou equivalente) por 5 ou mais dias nos últimos 2 meses podem ter insuficiência adrenal e receber uma dose
de stress de corticoide, esquema abaixo:

Cirurgia pequena ou anestesia local Dose matinal usual


Cirurgia de médio porte Dose matinal usual + 50 mg de hidrocortisona IV antes da indução anestésica
+ 25 mg a cada 8h por 24 horas e depois voltar à dose usual
Cirurgia de grande porte Dose matinal usual + 100 mg de hidrocortisona IV antes da indução
anestésica + 50 mg a cada 8h por 24 horas e depois reduzir a dose em 50%
por dia até a dose usual

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Protocolo de Urgências Ginecológicas e Obstétricas

• AGENTES ENDOCRINOS
◊ Contraceptivos Orais: Idealmente, se possível, devem ser descontinuados 3 meses antes da cirurgia. Havendo
necessidade de continuação dos ACO, deve-se fornecer tromboprofilaxia perioperatória apropriada. Em pacientes
com maior risco de TEV submetidos a cirurgia de alto risco, interromper 4 semanas antes da cirurgia. Retomar após
a 1ª menstruação e não antes de 2 semanas. Orientar método alternativo e teste de gravidez antes da cirurgia.
◊ Terapia de Reposição Hormonal: no geral, o risco de continuar a TH é relativamente baixo. Idealmente, mulheres
submetidas a procedimentos associados a risco moderado a alto de TEV devem interromper a terapia hormonal
pelo menos quatro semanas antes da cirurgia eletiva e retomar o tratamento no pós-operatório após a resolução
do período de risco elevado de TEV. O uso da TH não contraindica a cirurgia ginecológica, porém a tromboprofilaxia
deverá ser considerada
◊ Drogas para doença tireoidiana: É recomendado a continuação no perioperatório.

• MEDICAÇÕES QUE ALTERAM A HEMOSTASIA


◊ AAS ou Clopidogrel: Suspender a medicação 7 dias antes da cirurgia. As pacientes com revascularização miocárdica
deverão, em geral, manter o AAS, exceto se o risco de sangramento maior for superior ao risco cardiovascular.
As medicações são reiniciadas quando o risco perioperatório de sangramento maior tiver passado.
◊ AINES: Quando possível, aconselha-se a interrupção 3 dias antes da cirurgia. O ibuprofeno afeta a função
plaquetária por apenas 24 horas, interrompido 24h antes da cirurgia.
◊ Anticoagulantes: Varfarina – Vide protocolo de profilaxia de tromboembolismo

• AGENTES PSICOTROPICOS
◊ Antidepressivos tricíclicos e tetracíclicos: Podem levar a insônia, náusea, cefaleia, aumento da salivação e sudorese
caso aconteça retirada abrupta do fármaco. Sendo orientado manter a medicação no período perioperatório.
◊ Inibidores seletivos da recaptação de serotonina: É recomendada a continuação dessas medicações no
perioperatório.
◊ Inibidores da monoamina oxidase (MAO)***: A decisão de continuar ou reter os inibidores não seletivos da MAO
antes da cirurgia requer uma estreita colaboração com o anestesista e o psiquiatra, visto que existe o risco
síndrome serotoninérgica maligna dependendo das drogas anestésicas de escolha. Geralmente mantido se 2
critérios são atendidos:
– Anestesiologista se sente confortável com o uso de procedimentos seguros para MAO.
– Psiquiatra acredita que a retirada temporária do agente exacerbara ou precipitará uma síndrome depressiva.

• MEDICAÇOES FITOTERÁPICAS: Podem ter efeitos deletérios no período perioperatório, incluindo distúrbios na
coagulação e interações com anestésicos e devem ser interromper pelo menos uma semana antes da cirurgia.

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Protocolo de Urgências Ginecológicas e Obstétricas

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Protocolo de Urgências Ginecológicas e Obstétricas

CUIDADOS PÓS-OPERATÓRIOS

1. HIDRATAÇÃO:
• Tem como objetivo manter o estado de hidratação, eletrólitos e ácido-base dentro da normalidade e evitar o
catabolismo em pacientes no que não conseguem tolerar a ingestão oral ou enteral. Deve-se como compensar
déficits relacionados ao pré ou intraoperatório, perdas para o terceiro espaço, perdas gastrointestinais e outros fluidos
corporais, tendo o cuidado de evitar administração excessiva de líquidos no peri operatório para não ocasionar
complicações cardiopulmonares, de motilidade intestinal e cicatrização de feridas.
• Repor aproximadamente 30 ml / kg / dia (1 a 1,5 ml / kg / hora) de volume de líquidos de manutenção e considerar
o tipo e o volume de fluido que foi perdido para orientar a o tipo, o volume e a velocidade do fluido de reposição.
Em geral a reposição deve ser realizada com solução Ringer Lactato, adicionando-se soro glicosado a 5% se a
paciente não conseguir ingestão via oral após 24 horas da cirurgia.

2. ÍLEO FISIOLOGICO X ILEO PROLONGADO:


• Definção: retorno da função intestinal após o dia 5 do pós-operatório ou ausência de flatos e/ou evacuação
prolongando a hospitalização por mais de 6 a 8 dias ou náusea e vômito no pós-operatório que requerem interrupção
da ingestão oral, suporte intravenoso ou colocação de sonda nasogástrica até o dia 5 do pós-operatório
• Avaliação Laboratorial :
a. Hemograma completo
b. Painel eletrolítico (incluindo magnésio) - hipocalemia piora o íleo; a depleção de magnésio pode levar à
hipocalemia.
c. Creatinina e ureia - A uremia pode levar ao íleo.
d. Testes de função hepática, amilase, lipase - a disfunção pós-operatória da vesícula biliar ou pancreatite podem
levar ao íleo.
• Exame de imagem: Radiografias simples de abdômen demonstrando ar no cólon e no reto, sem zona de transição
ou ar livre, apoiam o diagnóstico de íleo pós-operatório e podem ser adequadas para distinguir íleo pós-operatório
de obstrução do intestino delgado. Se houver suspeita de obstrução do intestino delgado ou outro diagnóstico,
realizar tomografia computadorizada (TC) do abdome.
• Diagnóstico diferencial: Sensibilidade localizada, febre, taquicardia, e sinais peritoneais sugerem isquemia ou
perfuração intestinal, indicando a necessidade de intervenção cirúrgica de urgência. Embora o íleo pós-operatório
e a obstrução intestinal não complicada possam ser manejados inicialmente de forma conservadora, a obstrução
prolongada ou agravada do intestino delgado requer cirurgia.
• Cuidados de apoio ao íleo pós-operatório prolongado
a. Manejo da dor - AINEs e outros analgésicos não-opióides (os opióides devem ser usados com
​​ moderação)
b. Hidratação - apenas para manter a normovolemia.
c. Reposição de eletrólitos incluindo potássio e magnésio se necessário (avaliação diária).
d. Descanso intestinal – Administrar goles de líquidos claros, se tolerado. Uma vez que a distensão abdominal se
resolva e os sons intestinais retornem, pode iniciar dieta líquida. Se houver aceitação, pode avançada a dieta
e o fluido IV descontinuado.
e. Descompressão intestinal - Se houver vômitos moderado a grave ou contínuo ou distensão abdominal significativa,
uma sonda nasogástrica pode ser colocada.
f. Suporte nutricional - Se a paciente estiver incapaz de tolerar o nutrição enteral necessitará de nutrição parenteral
total até que possam passar para a alimentação oral
g. Exame abdominal seriado - o exame abdominal deve ser realizado várias vezes ao dia para avaliar a quantidade
de distensão e o desconforto do paciente.

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Protocolo de Urgências Ginecológicas e Obstétricas

3. DEAMBULAÇÃO: Primeira deambulação assim que sentir as pernas firmes (geralmente depois de 6 horas da anestesia
regional) de preferência depois da alimentação.dentro de 3 horas de pós-operatório. Deambular pelo menos 3 vezes
por dia

4. ALIMENTAÇÃO NO PÓS OPERATORIO


• A realimentação oral deve ser o mais precoce possível. Liquidos claros podem ser oferecidos 2 horas após a cirurgia
se bem acordada e capaz de engolir. Dieta sólida pode ser oferecida em até 24h de pós-operatório desde que o
paciente esteja hemodinamicamente estável.

5. NÁUSEA E VÔMITO PÓS-OPERATÓRIO


• Profilaxia:
a. Controle multimodal da dor
b. Abreviação de jejum no pré-operatório
c. Evitar anestesia geral (se necessário, propofol em anestesia venosa total)
d. Antieméticos

Escore de risco para náusea e vômito no pós-operatório de adultos - (Escore de Apfel)

Fatores de risco Pontos Risco Pontos


Sexo feminino 1 Baixo 0a1
Não fumante 1 Moderado 2
Antecedentes de náuseas e vômitos 1
Elevado 3a4
Opióides no pós-operatório 1

Alto risco (04 fatores de risco): Preferir anestesia regional, ou venosa com propofol, analgesia sem opiódes e dexametasona
4 a 8 mg IV após a indução e ondansetrona 4 mg IV no final da cirurgia.
Risco moderado (02 ou 03 fatores de risco): Administrar de rotina antiemético no final da cirurgia.
Baixo risco (zero ou nenhum fator de risco): Em cirurgias com anestesia regional, não administrar antiemético e tratar
imediatamente se houver náuseas ou vômitos. Em cirurgias com anestesia geral ou que envolvem opioides, administrar
ondansetrona 4 mg IV ao fim da cirurgia.
• Terapia de resgate: Incluir um medicamento de classe diferente daquela que já foi administrada, a menos que o efeito
do primeiro medicamento tenha diminuído ou uma dose potencialmente inadequada foi administrado. Administrar
Naloxona (0,25 mcg / kg / hora IV) caso tenha havido uso de opioides.

Tipos de Antieméticos:

Medicação Dosagem Efeitos colaterais Classe farmacológica


Prolongamento dos intervalos do Antagonistas da serotonina de
Ondansetrona 4mg IV
ECG, principalmente o QT 1º geração
4mg IV após indução A glicose sérica pode aumentar de 6
Dexametasona Glicocorticóides
anestésica a 12 h a administração
1mg/kg IV, ou por via IM, Sedação, boca seca, tontura e
Dimenidrinato Anti-histamínicos
oral e retal. retenção urinária.
10mg IV 8/8h Hipotensão, taquicardia e raramente Antiemético: antagonista de
Metoclopramida
sintomas extrapiramidais. dopamina

6,25 a 12,5 mg IV na Em altas doses: sedação e efeitos


Prometazina Fenotiazinas
indução da anestesia extrapiramidais

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6. ANALGESIA
• Analgesia preventiva: Reduz a dor e a necessidade de analgesia pós-operatória através de medidas no intra ou
pós-operatório imediato
a. Anestesia local – Nas cirurgias abdominais em que não seja possível o uso da morfina intratecal ou em pacientes
com múltiplas alergias a medicações analgésicas injetar anestésico local no subcutâneo no fechamento da
parede abdominal.
b. Analgésicos: anti-inflamatórios não hormonais (AINES), paracetamol ou dipirona
• Analgesia oral ou venosa: Em pacientes com dor leve a moderada, preferir a dipirona, AINES ou o paracetamol. Os
AINES não devem ser tomados por pacientes renais ou nas pacientes em geral por mais de 5 dias

MEDICAÇÕES NÃO OPIOIDES: Dores leves a moderadas

MEDICAMENTO DOSE DOSE MÁXI- INFUSÃO


MA
ACETOMINOFENO VO 325 a 650 mg a cada 4 a 6 horas OU 3000mg ----------
1g mg 8/8h
(PARACETAMOL)
IBUPROFENO VO - 400 mg a cada 4 a 6 horas 3200mg ----------

DICLOFENACO POTÁSSICO VO 50 mg 8/8h. 150 mg ----------

CETOPROFENO IV 100 a 300mg/dia. 300mg 20min 100mg + 100 a 150ml


SF0.9% ou SG 5%

VO 100mg 12/12 h

IM 100 a 300 mg 02 a 03 X/dia.

Supositório: 100mg 12/12h --------------------


DIPIRONA IV 500mg/ml de até 6/6h 4g Diluir em 10 a 20 ml AD ou 100
mL SF0.9%

VO 500mg de até 6/6h IM ----------

OPIOIDES: Reservar para dores intensas e refratárias a AINEs/ analgésicos comuns

MEDICAMENTO DOSE MEIA-VIDA (H) DURAÇÃO DO EFEITO


(H)
FENTANIL 25 a 50 mcg se dor moderada ou 0,5 a 1 (IV)
1 a 2 (subcutâneo)
50 a 100 mcg se dor mais intensa IV 7 a 12

SC repita a cada 2 a 5 minutos, se necessário,


até um alívio da dor
MORFINA 1 a 3mg IV; repita a cada 5 minutos, se neces-
sário, até alívio da dor; então 1 a 3mg IV a cada
3 a 4 horas.
2a4 4a5
CODEÍNA 15 a 60mg por via oral a cada 4 a 6 horas, con- 2a4 4a6
forme necessário
PARACETAMOL + 500mg + 7,5mg OU ------- --------------------
CODEINA
500mg + 30mg VO de 4/4h

TRAMADOL 50 a 100 mg a cada 4 a 6 horas, se necessário 6 a 9 (inclui metaboli- 4a6


to ativo)

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TROMBOPROFILAXIA EM CIRURGIA GINECOLÓGICA

# AVALIAÇÃO DO RISCO DE TROMBOSE

• FATORES RELACIONADOS AO PROCEDIMENTO. Considerar:


a. Extensão e a duração da cirurgia
b. Via de acesso: Laparoscopia tem menor risco
c. Posicionamento no intraoperatório. Maior risco: Proclive, membros inferiores pendentes ou em flexão acentuada
(via baixa)
d. Tipo de anestesia. Atentar para restrições à tromboprofilaxia na anestesia espinhal
e. Mobilidade pós-operatória
• FATORES RELACIONADO AO PACIENTE:
TEV prévio, Idade , IMC , Uso de ACO, Mobilidade , Parestesia , Malignidade , Terapia de Câncer, gestação e puerpério,
Tabagismo , Doença Inflamatória Intestinal, Trombofilia hereditária ou adquirida

# AVALIAÇÃO DO RISCO BASAL ESTIMADO

ESCORE DE CAPRINI

1 PONTO 2 PONTOS 3 PONTOS 5 PONTOS


( )Idade 41-60 anos ( )Idade 61 a 74 anos ( )Idade ≥ 75 anos ( )AVC há < 1m
( )Pequena cirurgia (<45 min) ( )Cirurgia ≥ 45 m aberta/ ( ) História pessoal de ( )Artroplastia eletiva
laparoscop TEV
( ) IMC > 25 kg/m2. ( ) Imobilização com gesso ( )Trombofilia maior ( ) fratura MMII ou
congênita/adquirida quadril/pelve
( )Edema de MMII ou veias ( )Neoplasia maligna ( ) Trombocitopenia
varicosas induzida p/ heparina
( ) Gravidez ou puerpério ( )Acamado ≥ 72 h
( )História de abortamento ( ) Cateter venoso central /
inexplicado PICC
( )Uso de contraceptivo ou terapia
hormonal
( )Sepse, pneumonia, IAM ou ICC a
menos de 1 mês
( )Doença pulmonar grave ou
função alterada
( )História de doença inflamatória
intestinal
( ) IAM ou Insuficiência cardíaca
congestiva (<1m)
( ) Pacte clínico em repouso
relativo no leito

TOTAL DE PONTOS ( )
Risco de TEV PROFILAXIA SUGERIDA
Muito Baixo Risco (<0,5%) 0 ponto Deambulação precoce
Baixo Risco (1,5%) 1-2 pontos Profilaxia mecânica (compressão intermitente) *
Moderado Risco (3%) 3-4 pontos HBPM ou HNF + profilaxia mecânica
Alto Risco (6%) ≥ 5 pontos HBPM ou HNF + profilaxia mecânica

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Protocolo de Urgências Ginecológicas e Obstétricas

Baixo risco: Profilaxia mecânica


• Compressão pneumática intermitente (IPC).
• Meias de compressão graduada (GCS, também conhecidas como meias elásticas)
• Bomba de pé venoso (VFP).

Risco Moderado e Alto: HBPM (Heparina de baixo peso molecular):


• Enoxaparina: 40 mg por via subcutânea uma vez por dia começando 12 horas antes da cirurgia abdominal ou no pós
operatório, uma vez obtida a hemostasia adequada. Se tiver sido usado cateter na anestesia espinhal, aguardar pelo
menos 6 horas após a retirada do cateter. Dose de manutenção: 40 mg uma vez por dia.
• Duração:
– Risco moderado: Durante o internamento
– Alto risco: Até 10 dias após o procedimento.
– Muito alto risco: Até 4 semanas após o procedimento
• Pacientes obesos :
– IMC > 40 (40mg, duas vezes ao dia)

Heparina não fracionada (HNF) - A dose baixa de HNF subcutânea para profilaxia de TEV é geralmente dada como 5000
unidades a cada 12 horas, iniciando duas ou mais horas antes da cirurgia.
Obesos - UFH 5000 a 7500 unidades duas vezes ao dia
Não precisa ser ajustada para pacientes com insuficiência renal.

# SITUAÇÕES ESPECIAIS NA TROMBOPROFILAXIA EM CIRURGIA GINECOLÓGICA.

1. AVALIAÇÃO DO RISCO DE SANGRAMENTO


Sangramento maior: sangramento fatal, e / ou sangramento sintomático em área crítica ou órgão (talvez exigindo re-
exploração), e / ou sangramento causando uma queda na hemoglobina de ≥2 g / dL ou levando à transfusão de duas ou
mais unidades de sangue total ou hemácias.

Fatores de risco individuais para sangramento maior:


a. Sangramento ativo com indicação de cirurgia (por exemplo, sangramento gastrointestinal, trauma, aneurisma roto)
b. Pacientes com hemorragia intracraniana
c. Pacientes que desenvolvem uma coagulopatia moderada ou grave (por exemplo, pacientes com doença hepática)
d. Doentes com uma doença hemorrágica subjacente ou trombocitopenia (por exemplo, contagem de plaquetas <
100.000 / microL

Pacientes com risco para sangramento maior e moderado a Alto risco para TEV:
Meias de compressão graduada (GCS) – solicitar a paciente. Realizar a troca ou a adição de HBPM assim que o risco de
sangramento se tornar aceitavelmente baixo, 48 a 72 horas após o procedimento ou a diátese hemorrágica tiver sido revertida.
Os pacientes com contraindicações relativas: incluem aqueles com sangramento recorrente de múltiplas telangiectasias
gastrointestinais.
Obs: Epistaxe e sangramento menstrual não são contraindicações à tromboprofilaxia farmacológica*

2. PACIENTES EM USO DE MEDICAÇÕES PRO-COAGULANTES


– Interromper medicações estrogênicas 4 semanas antes da cirurgia nas pacientes com alto risco de tromboembolismo
segundo os critérios de Caprini.

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Protocolo de Urgências Ginecológicas e Obstétricas

– Nas pacientes com risco muito baixo, baixo ou moderado, não há necessidade de suspensão da medicação. Considerar
que o uso de medicação estrogênica corresponde a 1 ponto nos critérios de Caprini e efetuar a profilaxia, conforme
o escore estabelecido
– Pacientes em uso de Ácido Tranexâmico, não precisam suspender a medicação, nem modificar a estratégia de
tromboprofilaxia proposta

3. PACIENTES EM USO DE CUMARÍNICOS


– Pacientes em uso de Inibidores da vitamina K (warfarina) devem fazer terapia-ponte com HBPM
– As pacientes deverão ser internadas uma semana antes para suspender a medicação e monitorar o TPAE-INR.
– Quando o INR estiver abaixo de 2,0 iniciar HBPM. Realizar a cirurgia quando o INR estiver ≤ 1,4.
– Reiniciar Warfarina 24 horas após a cirurgia e monitorar o TPAE-INR. Quando o INR ultrapassar 2,0, suspender a HBPM

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ENDOSCOPIA GINECOLÓGICA

HISTEROSCOPIA DIAGNÓSTICA

1. INDICAÇÕES
• Sangramento genital na pós-menopausa quando:
a. a espessura do eco endometrial for superior a 3 mm ou
b. houver outras alterações ecográficas endometriais.

• Sangramento genital na pré-menopausa quando:


a. a espessura do eco endometrial, mensurada até o oitavo dia do ciclo, for superior a 8 mm em mulheres com idade
igual ou superior a 40 anos, ou
b. houver outras alterações ecográficas endometriais
c. não houver resposta ao tratamento clínico de sangramentos nos quais não se evidenciou, inicialmente, anomalia
estrutural do útero.

• Achado ecográfico de pólipo endometrial, com a seguinte ressalva:


a. Mulheres com menos de 40 anos, sem fatores de risco para câncer de endométrio, com pólipos endometriais
assintomáticos de diâmetro igual ou inferior a 10 mm deverão ser recomendadas a repetir a ultrassonografia a
intervalos anuais.
b. Pólipos endometriais diagnosticados pela ultrassonografia, com diâmetro superior a 15 mm, havendo confiabilidade
no diagnóstico ecográfico podem ser encaminhados diretamente para a histeroscopia cirúrgica.

• Achado ecográfico de mioma submucoso, com a seguinte ressalva:


a. Quando houver indicação de histerectomia, a histeroscopia não é necessária, exceto se houver suspeita de neoplasia
de endométrio concomitante.
b. Em mulheres assintomáticas, o achado ecográfico de mioma submucoso não indica necessidade de histeroscopia

• Infertilidade, quando:
a. Houver evidência, por exame de imagem, de patologia da cavidade endometrial (pólipo, mioma submucoso, sinéquias)
b. Infertilidade sem causa aparente, após a investigação básica (espermograma, fator ovulatório e histerosalpingografia).

• Achado ecográfico de espessamento endometrial igual ou superior a 6 mm em mulheres com mais de um ano de
menopausa, com a seguinte ressalva:
a. O rastreio ecográfico da neoplasia de endométrio não está indicada de rotina, sendo, os casos acima, referentes a
achado ocasional de espessamento endometrial em ecografia realizadas para outros objetivos.

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Nome: ___________________________________________________________________________ Prontuário:


_________________ CPF: ______.______.______-_____ Cidade/UF: _______________ Telefones: ( ____ ) ________
__________________________________________________________

TRIAGEM HISTEROSCÓPICA DO SERVIÇO DE ENDOSCOPIA GINECOLÓGICA

1. SANGRAMENTO GENITAL NA PÓS-MENOPAUSA, QUANDO:


ð Espessura do eco endometrial for superior a 3 mm
ð Outras alterações ecográficas endometriais.

2. SANGRAMENTO GENITAL NA PRÉ-MENOPAUSA, QUANDO:


ð Espessura do eco endometrial, mensurada até o oitavo dia do ciclo, for superior a 8 mm em mulheres com idade
≥ 40 anos
ð Outras alterações ecográficas endometriais
ð Ausência de resposta ao tratamento clínico de sangramentos, e sem evidencia, inicialmente, anomalia estrutural
do útero.

3. PÓLIPO ENDOMETRIAL, QUANDO:


ð Mulheres ≥ 40 anos
ð Presença de fatores de risco para câncer de endométrio
ð Sintomática (sangramento ou histórico de infertilidade)
ð Pólipos endometriais ≥ 10 mm
Ä NENHUM DOS CRITÉRIOS ACIMA: conduta expectante + rastreio com USG anual.
 Se pólipo endometrial com diâmetro > 15 mm, em USG TV de ____/____/________ realizada por Dr
______________________________, sendo indicada logo histeroscopia cirúrgica.

4. MIOMA SUBMUCOSO, QUANDO:


ð Suspeita de neoplasia de endométrio
Ä SEM SUSPEITA E COM INDICAÇÃO DE HISTERECTOMIA: realizar histerectomia.
ð Mulheres sintomáticas
Ä ASSINTOMÁTICAS E SEM HISTÓRICO DE INFERTILIDADE: conduta expectante.

5. INFERTILIDADE, QUANDO:
ð Exame de imagem com alteração endometrial (pólipo, mioma submucoso, sinéquias)
ð Sem causa aparente, pós-investigação (espermograma, fator ovulatório e histerosalpingografia)

6. ACHADO ECOGRÁFICO DE ESPESSAMENTO ENDOMETRIAL, QUANDO:


ð ECO endometrial ≥ 6 mm em mulheres assintomáticas com > 1 ano de menopausa

ð A HISTEROSCOPIA DIAGNÓSTICA NÃO ESTÁ INDICADA EM NENHUM DOS CRITÉRIOS


ACIMA, RETORNAR PARA O MÉDICO SOLICITANTE.
ð AGENDAR HISTEROSCOPIA DIAGNÓSTICA, INDICADA PELO ITEM DESTACADO.

Triagem realizada por: _______________________________________ Em: ____/ ____/ ________

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Protocolo de Urgências Ginecológicas e Obstétricas

# TÉCNICA:

1. Explicação da necessidade do exame e da técnica do procedimento em linguagem compreensível pela paciente


2. Assinatura de termo de consentimento.
3. Testagem e regulagem do equipamento. Usar soro fisiológico a 0,9% como meio distensor com pressão de distensão
inferior a 100 mmHg.
4. Posição de litotomia com as nádegas projetadas 3 dedos para fora da borda da mesa para permitir a báscula do
histeroscópio.
5. Toque vaginal combinado para definir posição e volume uterino
6. Antissepsia com clorexidina aquosa
7. Preferir técnica por vaginoscopia, se não for possível, colocar espéculo
8. Evitar o pinçamento do útero, realizando apenas quando houver acentuada flexão uterina ou estreitamento do canal
cervical.
9. Introdução do histeroscópio por 1 cm no canal cervical e esperar 10 segundos para observar distensão do trajeto.
10. Negociar a progressão do histeroscópio pelo canal cervical, mantendo o trajeto às 12 h (anteflexão) ou 6 h (retroflexão)
do campo de visão.
11. Entrada na cavidade endometrial evitando tocar as paredes.
12. Visualização do fundo uterino, óstios tubo-uterinos, paredes anterior, posterior e laterais girando a ótica dentro da
câmera. Anotar volume e forma da cavidade, coloração, vascularização, distribuição glandular do endométrio e lesões
volumétricas.
13. Testar a espessura do endométrio através do “cacifo” apenas se a ótica for de 4 mm ou mais e a visualização não indique
atrofia endometrial.
14. Retirar a ótica pelo canal cervical visualizando todas as suas paredes.
15. Realizar biópsia do endométrio com cureta de Novak ou cânula de Karmann.
16. Fazer relatório em duas vias, entregar o original à paciente e orientar sobre o resgate do exame histopatológico se houver.

HISTEROSCOPIA CIRÚRGICA

A histeroscopia cirúrgica é um procedimento endoscópico com visualização direta da cavidade uterina para tratamento das
principais anomalias desta região. Após realização da histeroscopia diagnóstica, a nível ambulatorial, as pacientes serão
recrutadas para o tratamento cirúrgico. Esta triagem ambulatorial visa o diagnóstico seguro e exclusão de neoplasias que
contraindicam o procedimento. A época adequada para data da cirurgia nas pacientes no menacme é na primeira fase do ciclo
menstrual, onde o endométrio se encontra na fase proliferativa diminuindo o risco de maiores sangramentos.
Momento importante antes da anestesia é a checagem de todo material a ser utilizado. Este procedimento exige três condições
para execução: boa imagem com iluminação, dilatação da cavidade uterina adequada e ressectoscopia com corte e coagulação
eficientes. Na falta de um desses tripés a técnica será prejudicada.
As pacientes deverão ser esclarecidas quanto a necessidade da cirurgia e sua técnica em linguagem compreensível, assim
como assinatura do termo de consentimento. Importante dizer que nos casos de miomas submucosos poderá ser necessário
mais de uma intervenção.

1. INDICAÇÕES DE HISTEROSCOPIA CIRÚRGICA:


A. POLIPECTOMIA
• Mulheres com menos de 40 anos, sem fatores de risco para câncer de endométrio, com pólipos endometriais
assintomáticos de diâmetro igual ou inferior a 10 mm deverão ser recomendadas a repetir a ultrassonografia a
intervalos anuais.
• Pólipos cervicais assintomáticos + colpocitologia negativa receber conduta expectante.

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Protocolo de Urgências Ginecológicas e Obstétricas

• Pólipos cervicais sintomáticos ou suspeitos de atipia deverão ser retirados por torção, se a base for visualizada ou
por histeroscopia, se a base não for visualizada.

B. MIOMECTOMIA
• Apenas em mulheres sintomáticas ou com infertilidade.
• São critérios de ressecabilidade: Localização predominantemente submucosa (> de 50% submucoso ou tipo 0 ou 1
da Classificação Européia); diâmetro inferior a 5cm; manto miometrial externo igual ou superior a 5 mm.

C. ABLAÇÃO ENDOMETRIAL (ENDOMETRECTOMIA)


• Mulheres com idade superior a 40 anos, com sangramento uterino sem anomalia estrutural do útero e sem alteração
hormonal ou de coagulação, que não responde ou não tolera o tratamento hormonal (incluindo, quando possível,
o endoceptivo de levonogestrel).

D. SEPTOPLASTIA
• Septo uterino visualizado por histeroscopia e confirmado por ultrassonografia tridimensional, ressonância ou
laparoscopia.

E. METROPLASTIA
• Mulheres com infertilidade e sinéquias uterinas diagnosticadas por histeroscopia.

2. EQUIPAMENTOS COMUNS
1. Monitor;
2. Câmera;
3. Fonte de luz – (Alógena ou xênon) utilizamos o Xênon, mais indicada para cirurgias por vídeo;
4. Cabo de luz – utilizamos o de fibra ótica maleável;
5. Videogravador ou fotoprint – para registro das imagens;
6. Histeromat ou Histeroirrigador - equipamento para promover a distensão da cavidade uterina por infusão de líquidos
com pressão e fluxo contínuos, através de tubos (mangueira histeroscópica). Recomenda-se o limite máximo de
pressão intrauterina igual a pressão arterial média da paciente.
7. Óticas – angulação de 30° e diâmetros de 2,8 ou 4 mm. Para a histeroscopia cirúrgica utilizamos a de 4 mm;
8. Eletrocautério – Monopolar (utilizando-se como meio distensor a Glicina, Manitol e Sorbitol diminuindo a dissipação
de energia) e Bipolar (utilizando-se como meio distensor o Soro Fisiológico por dissipar menos energia);
9. Ressectoscópio – formado pelo elemento de trabalho, camisas interna e externa com fluxo contínuo do meio
distensor e saída que drena da cavidade o liquido e sangue propiciando uma melhor imagem;
10. Instrumental histeroscópico acessório - camisa diagnóstica, alças de ressecção e coagulação, curetas de Novak e
AMIU para biópsias.

3. TÉCNICA CIRÚRGICA
1. A anestesia vai dependerá da avaliação do cirurgião e anestesista, optando-se na maioria das vezes por uma sedação
com bloqueio paracervical ou raquianestesia;
2. Paciente em posição de litotomia com as nádegas projetadas 3 dedos para fora da borda da mesa permitindo a
báscula do histeroscópio;
3. Antissepsia com clorexidina aquosa;
4. Sondagem vesical de demora nos procedimentos mais demorados como miomectomias e endometrectomias e de
alívio nas pacientes com bexiga repleta;
5. Montagem material cirúrgico com ajuste da imagem e sintonia do controle do branco;

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Protocolo de Urgências Ginecológicas e Obstétricas

6. Toque vaginal combinado para definir posição e volume uterino;


7. Introdução do espéculo vaginal e pinçamento do colo uterino com Pozzi de ponta romba às 9 h (destros) e 3 h
(sinistros). Pegada firme entre o OCE e prega cérvico-vaginal;
8. Introdução do histeroscópio com nova avaliação do canal endocervical e cavidade endometrial para orientação na
dilatação e tática cirúrgica a ser empregada;
9. Histerometria;
10. Dilatação cervical cuidadosa com velas de Heggar, iniciando-se com as mais finas 3 ou 4 até número 9 (9 mm),
diâmetro do calibre da camisa externa do ressectoscópio;
11. Introdução do ressectoscópio (mono ou bipolar) com técnica adequada de ressecção e cauterização para cada
patologia. Recolher todo material retirado para estudo histopatológico com identificação das peças;
12. Retirada de todo instrumental e tamponamento vaginal se necessário (sangramento no local do pinçamento cervical).
Corrigir lacerações de traumas no colo uterino ou vagina.

4. COMPLICAÇÕES
a. Traumáticas - Lesões no colo uterino e perfuração uterina. São as mais comuns e decorrem da tração do colo uterino
com Pinça de Allis, dilatação do colo uterino e ressecção na cavidade endometrial principalmente de miomas.
Suturas no colo uterino, laparoscopia e laparotomia poderão ser indicadas, mas pode-se tomar conduta expectante
observando-se sinais de hemorragias;
b. Complicações relacionadas ao meio de distensão - A passagem excessiva de líquido para o intravascular é também
conhecida como “overload” e ocorre em 1,1% das pacientes de alto risco, como nas ressecções de miomas submucosos.
É mais frequente quando se trabalha em regime de pressões elevadas mesmo com superfície endometrial intacta.
Durante a cirurgia deve-se ter um controle rígido do volume de líquido infundido e do volume que retorna da
paciente. Admite-se como limite tolerável o débito de 800 ml, acima do qual deve-se interromper a cirurgia. A
consequência da reabsorção é a hiponatremia e hiposmolaridade. Casos mais graves podem levar ao edema agudo
de pulmão, edema cerebral, coma e morte;
c. Complicações hemorrágicas – A hemorragia no transoperatório pode ser decorrente de lesão do miométrio. Medidas
como coagulação, tamponamento com balão de sonda de Folley e associação de medicamentos que diminuem
o sangramento podem ser utilizados. Medidas mais radicais são muito raramente tomadas, mas a histerectomia
poderá ser indicada;
d. Infecção – não são frequentes, mas nos procedimentos mais demorados indica-se o uso de antibiótico profilático
(cefazolina 2g EV);
e. Decorrentes do uso de corrente elétrica - Podem ocorrer com ou sem perfuração uterina, sendo a última mais rara e
geralmente acontecem na abordagem de miomas intramurais em úteros com paredes finas, nas regiões dos óstios
tubários e no local da histerotomia de cesáreas. Abordagem laparotômica ou laparoscópica poderão ser aventadas;
f. Outras complicações mais raras – Sinéquias e hematometra pós-cirurgia, complicações obstétricas tais como placenta
de inserção baixa, acretismo placentário e abortamentos de repetição, adenomiose pós ablação endometrial por
fragmentos endometriais que pela pressão, penetrariam na musculatura uterina e quebra de instrumental como
alças elétricas dentro da cavidade uterina.

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Protocolo de Urgências Ginecológicas e Obstétricas

VIDEOLAPAROSCOPIA GINECOLÓGICA

1. INDICAÇÕES E CONTRAINDICAÇÕES

INDICAÇÕES
- Exploração da cavidade peritoneal para diagnóstico de patologia pélvica, especialmente em caso de infertilidade ou de dor
pélvica.
- Suspeita de endometriose
- Avaliação e tratamento de tumores pélvicos (hidrossalpinge, cistos paratubários, tumores de ovário de baixo risco de
malignidade
- Drilling ovariano
- Doença inflamatória pélvica / Abscesso tubo-ovariano ou tubário
- Aderências pélvicas
- Malformações Mullerianas complexas
- Suspeita de gestação ectópica
- Suspeita de torção anexial
- Suspeita de perfuração uterina
- suspeita de corpo estranho em cavidade abdominal
- Laqueadura tubária
- Miomectomia
- Histerectomia
- Sacrocolpopexia
- Second look após cirurgia e quimioterapia nos carcinomas ovarianos

CONTRAINDICAÇÕES
ABSOLUTAS RELATIVAS
Antecedentes cardiovasculares Antecedentes de laparotomias
- Arritmias
- Insuficiência cardíaca

Oclusões intestinais agudas Hemoperitôneo se < 500 cc


Peritonite Obesidade
. Problemas anestésicos
. Problemas cardiorespiratorios
. Problemas técnico

Hemoperitônio abundante ( > 500 cc) Patologia broncopulmonar


Perturbação da hemostasia não corrigida Tumores abdominopélvicos muito volumosos
Hipertensão intracraniana / glaucoma agudo de ângulo Gravidez avançada
fechado
Abscesso da parede abdominal

2. MATERIAL
• Agulha de Veress - descartável ou reutilizável. Vários comprimentos ajustáveis ao biótipo das pacientes. Dois
componentes, um exterior com extremidade distal cortante, e outra interna com extremidade romba e retrátil.
• Insuflador eletrônico de CO2 – capacidade máxima de insuflação de 15 a 30 l/min. e manutenção das pressões
abdominais, preferencialmente sem exceder 12 a 18 mm.

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Protocolo de Urgências Ginecológicas e Obstétricas

• Trocartes – primeiro trocarte ajustável ao diâmetro do laparoscópio, preferencialmente colocado na região


periumbilical. Os demais trocartes acessórios ajustáveis aos instrumentos selecionados.
• Endoscópios – os preferidos pelos ginecologistas são os que proporcionam um ângulo de visão de 00, a outra opção é
a de 300. Disponíveis com vários diâmetros e comprimentos. Os de 10 mm são preferidos para laparoscopia cirúrgica
por oferecer melhor definição, imagens panorâmicas e com melhores detalhes à aproximação.
• Endocâmera – com ótima resolução e sensibilidade.
• Monitor de vídeo – pelo menos 800 linhas horizontais.
• Fonte de luz – Xénon (pelo menos 175 W, ideal pelo acima de 250-300 W).
• Fonte de energia – bipolar e monopolar
• Pinças de apreensão e tesouras
• Cânulas de sucção e aspiração
• Porta-agulhas
• Sacamiomas
• Morcelador
• Bolsas extratoras / safe bag / morsafe bag
• Manipulador uterino com ou sem cânula de cromotubagem e copo vaginal
• Lap ginecológico equipado com material básico de laparotomia e campos esterilizados, além de espéculo e pinça
de Pozzi.

3. ANESTESIA – preferência pela geral. A posição de Trendelemburg e o pneumoperitônio podem levar a alterações
ventilatórias, hemodinâmicas e metabólicas.

4. POSIÇÃO DA PACIENTE – ginecológica com os membros inferiores em posição baixa).

5. TÉCNICA
1. Introdução da agulha de Veress – área preferencial – umbilical. Inserida em ângulo oblíquo de 450 em direção ao
fundo uterino. (variável de acordo com o IMC, poderá ser superior a 450 em relação ao plano horizontal nas obesas,
levar em consideração IMC de 25-30 e >30).
# Ponto de Palmer – Portal de entrada da laparoscopia no quadrante superior esquerdo 3 cm abaixo da última costela esquerda
na linha media clavicular.
# Zona de segurança – inferior ao promontório sacral, limitado anteriormente pela bifurcação da aorta, posteriormente pelo
sacro e lateralmente pelos vasos ilíacos.
2. Instalação do pneumoperitônio – quatro parâmetros de insuflação que devem ser observados: pressão de insuflação
limite, pressão intra-abdominal, fluxo de gás e volume total de gás insuflado.
3. Introdução do primeiro trocarte – região umbilical em direção crânio-caudal, com ângulo de inclinação
perpendicularmente entre 30 a 450, com decalagem no subcutâneo.
4. Introdução do laparoscópio conectado à endocamera e à fonte de luz fria, ambos envolvidos em capa plástica
esterilizada, com inspeção de toda a cavidade peritoneal.
5. Introdução dos trocartes acessórios sob visão direta e com transiluminação da parede abdominal, a 2 cm da sínfise
púbica na linha media ou lateralmente na área de segurança delimitada pelas artérias umbilicais obliteradas.
6. Colocação da paciente em posição de Trendelemburg com avaliação meticulosa do abdome, e pélvis em especial,
realizando o procedimento cirúrgico necessário à resolução do caso clinico em questão.
7. Remoção dos instrumentos sob visualização laparoscópica, esvaziamento do pneumoperitônio, retirada do trocarte
umbilical com a ótica laparoscópica, e fechamento das incisões cirúrgicas.
# Recomendação de sonda nasogástrica e vesical previamente ao inicio do procedimento (instalação do pneumoperitônio).

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Protocolo de Urgências Ginecológicas e Obstétricas

6. COMPLICAÇÕES:

1- Relacionadas ao pneumoperitônio

. Insuflação extraperitoneal, enfisema mediastinico, pneumotórax e pneumo-omento

. Inserção da agulha de Verres com perfuração de órgãos e vasos, podendo levar a hemorragia e embolia gasosa.

2- Relacionadas à inserção dos trocartes

. Perfuração de órgãos e vasos com hemorragias na parede abdominal e intra-abdominal (exemplo: aorta abdominal, veia
cava inferior e artérias ilíacas).

3- Relacionadas à anestesia

. Arritmias cardíacas ocasionadas pela compressão do diafragma e aumento da pressão intracraniana, devido à posição de
Trendelemburg, pelo aumento da pressão intra-abdominal e pela absorção excessiva de CO2 (hipercarbia).

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Protocolo de Urgências Ginecológicas e Obstétricas

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D. psiquiátricas (Humor, Depressão, Sintoma Psicótico e Agitação)


1. Cantilino, Monteiro – Psiquiatria clínica: uma guia para médicos e profissionais de saúde mental, 1° edição
2. Kaplan, Sadock – Compêndio de psiquiatria, 11° edição
3. Meleiro – Psiquiatria: estudos fundamentais, 1° edição
4. Stahl – Psicofarmacologia: bases neurocientíficas e aplicações práticas, 4° edição

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3. CDC. Sexually transmitted diseases treatment guidelines 2002. MMWR. 2002;51(RR-6):1-80.

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Protocolo de Urgências Ginecológicas e Obstétricas

Doença inflamatória pélvica


1. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para atenção integral às pessoas com infecções sexualmente transmissíveis
(IST)- Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde- capítulo 10 (DIP)
2. Ribak R, Schonman R, Sharvit M, et al. Can the Need for Invasive Intervention in Tubo-ovarian Abscess Be Predicted?
The Implication of C-reactive Protein Measurements. J Minim Invasive Gynecol 2020; 27:541.
3. Lee SW, Rhim CC, Kim JH, et al. Predictive Markers of Tubo-Ovarian Abscess in Pelvic Inflammatory Disease. Gynecol
Obstet Invest 2015.
4. Reed SD, Landers DV, Sweet RL. Antibiotic treatment of tuboovarian abscess: comparison of broad-spectrum beta-lactam
agents versus clindamycin-containing regimens. Am J Obstet Gynecol 1991; 164:1556.
5. Dewitt J, Reining A, Allsworth JE, Peipert JF. Tuboovarian abscesses: is size associated with duration of hospitalization
& complications? Obstet Gynecol Int 2010; 2010:847041.

Sangramento Uterino Anormal


1. Munro MG, Critchley HOD, Fraser IS for the FIGO Menstrual Disorders Committee. The two FIGO systems for normal and
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2. National Institute for Health and Care Excellence (NICE) (2020). NICE guideline [NG88]. Heavy menstrual bleeding:
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3. Khafaga A, R Goldstein SR. Abnormal Uterine Bleeding. Obstet Gynecol Clin North Am. 2019; 46(4):595-605.

Sangramento uterino grave e/ou prolongado


1. Zacur HA. (2020) Managing an episode of severe or prolonged uterine bleeding [publicação online]; 2020 [acessado
em 15 Jul 2020]. Disponível em: https://www.uptodate.com/contents
2. American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG). ACOG committee opinion no. 785: screening and
management of bleeding disorders in adolescents with heavy menstrual bleeding. Obstet Gynecol. 2019;134(3):e71–e83
3. Mueller MM, Remoortel HV, Meybohm P for the ICC PBM Frankfurt 2018 Group. Patient Blood Management
Recommendations From the 2018 Frankfurt Consensus Conference. JAMA. 2019;321(10):983-997

Miomas uterinos
1. Guiliani E, As-Sanie S, Marsh EE. Epidemiology and management of uterine fibroids
2. Int J Gynecol Obstet 2020; 149(1): 3–9
3. Munro MG, Critchley HOD, Fraser IS for the FIGO Menstrual Disorders Committee. The two FIGO systems for normal and
abnormal uterine bleeding symptoms and classification of causes of abnormal uterine bleeding in the reproductive
years: 2018 revisions. Int J Gynecol Obstet 2018;143(3): 393–408
4. Costa, HLFF: Mioma Uterino In: Costa HLFF e Morais OB: Ginecologia e Obstetrícia. 1.ed. Recife: EDUPE, 2006

Pólipos endometriais
1. Sasaki LMP, Andrade KRC, Figueiredo ACMG, Wanderley MS, Pereira MG. Factors Associated with Malignancy
in Hysteroscopically Resected Endometrial Polyps: A Systematic Review and Meta-Analysis. J Minim Invasive
Gynecol.2018;25(5):777-785.
2. Lieng M, Istre O, Sandvik L, Engh V, Qvigstad E. Clinical effectiveness of transcervical polyp resection in women with
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Protocolo de Urgências Ginecológicas e Obstétricas

Hiperplasias endometriais
1. Emons G, Beckmann MW, Schmidt D, Mallmann P for the Uterus commission of the Gynecological Oncology Working
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2. Wildemeersch D, Dhont M. Treatment of nonatypical and atypical endometrial hyperplasia with a levonorgestrel-releasing
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3. Trimble CL, Method M, Leitao M, Lu K, Ioffe O, Hampton M et al for the Society of Gynecologic Oncology Clinical Practice
Committee. Management of endometrial precancers. Obstet Gynecol. 2012;120(5):1160-75.

Neoplasia de endométrio – rastreio e diagnóstico precoce


1. Jacobs I, Gentry-Maharaj A, Burnell M, Manchanda R, Singh N, Sharma A et al. Sensitivity of transvaginal ultrasound
screening for endometrial cancer in postmenopausal women: a case-control study within the UKCTOCS cohort. Lancet
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2. Gupta JK, Chien PFW, Voit D, Clark TJ, Khan KS. Ultrasonographic endometrial thickness for diagnosing endometrial
pathology in women with postmenopausal bleeding: a meta-analysis. Acta Obstet Gynecol Scand 2002: 81(9):799–816.
3. Feldman S. Overview of the evaluation of the endometrium for malignant or premalignant disease. [publicação online];
2020 [acessado em 20 Ago 2020]. Disponível em: https://www.uptodate.com/contents

Endometriose pélvica
1. Cosma S, Benedetto C. Classification algorithm of patients with endometriosis: Proposal for tailored management. Adv
Clin Exp Med. 2020 May;29(5):615-622. doi: 10.17219/acem/118849. PMID: 32437595.
2. Rolla E. Endometriosis: advances and controversies in classification, pathogenesis, diagnosis, and treatment. F1000Res.
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3. Schenken, R. (2022). Endometriosis: Treatment of pelvic pain. In Barbieri,R. & Eckler, K. (Ed.) UpToDate.
4. Andrew W Horne, Stacey A Missmer BMJ 2022;379:e070750 http://dx.doi.org/10.1136/ bmj‑2022‑070750

Massas anexiais
1. Hack K, Glanc P. The Abnormal Ovary : Evolving Concepts in Diagnosis and Management.
2. Obstetrics and Gynecology Clinics of North America. 2019; 46(4): 607-624.
3. Andreotti RF, Timmerman D, Benacerraf BR, Bennett GL, Bourne T, Brown DL et al. Ovarian-Adnexal Reporting Lexicon
for Ultrasound: A White Paper of the ACR Ovarian-Adnexal Reporting and Data System Committee. J Am Coll Radiol.
2018; 15(10):1415-1429
4. Timmerman D, Valentin L, Bourne TH, Collins WP, Verrelst H, Vergote I for The International Ovarian Tumor Analysis
(IOTA) Group. Terms, definitions and measurements to describe the sonographic features of adnexal tumors: a consensus
opinion from the International Ovarian Tumor Analysis (IOTA) Group. Ultrasound Obstet Gynecol. 2000;16(5):500-5

Abdome agudo em ginecologia – abordagem diagnóstica


1. Febrasgo. Abdome agudo em ginecologia. Protocolos Febrasgo. Ginecologia. Número 28. 2018
2. Hoffman BL, Schaffer JI, Halvorson LM, Bradshaw KD, Cunningham FG. Williams gynecology. USA: McGraw Hill; 2012.
3. Flasar MH, Goldberg E. Acute abdominal pain. Med Clin North Am. 2006;90(3):481–503.
4. Miller SK, Alpert PT. Assessment and differential diagnosis of abdominal pain. Nurse Pract. 2006;31(7):38-45, 47

Patologia cervical
1. Diretrizes brasileiras para o rastreamento do câncer do colo do útero / Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes
da Silva. Coordenação de Prevenção e Vigilância. Divisão de Detecção Precoce e Apoio à Organização de Rede. – 2. ed.
rev. atual. – Rio de Janeiro: INCA, 2016. Revisada em 2018.
2. FEBRASGO. Rastreio, diagnóstico e tratamento do câncer de colo de útero. São Paulo, 2017; 1(2).

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Protocolo de Urgências Ginecológicas e Obstétricas

3. Bornstein J et al. 2011 Terminology of the Vulva of the International Federation for Cervical Pathology and Colposcopy
- 2012, American Society for Colposcopy and Cervical Pathology. Journal of Lower Genital Tract Disease. 2012; 16(3):
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4. Ministério da saúde. Secretaria de vigilância em saúde departamento de vigilância das doenças transmissíveis.
coordenação-geral do programa nacional de imunizações. Informe técnico da ampliação da oferta das vacinas
papilomavírus humano 6, 11, 16 e 18 (recombinante) – vacina HPV quadrivalente e meningocócica C (conjugada);
BRASÍLIA, Março de 2018.

Amenorréia
1. Update on prolactinomas. Part 2: Treatment and management strategies Wong A, Eloy JA, Couldwell WT, Liu JK. Journal
of Clinical Neuroscience 2015; 22: 1568–1574.
2. Current evaluation of amenorrhea. The Practice Committee of the American Society for Reproductive Medicine Fertil
Steril 2006; 86(Suppl 4): S148 –55.

Atendimento aos homens transgênero


1. Hembree WC, PT Cohen-Kettenis, Gooren L, Hannema SE, Meyer WJ, Murad MH, Rosenthal SM, Safer JD. Endocrine
Treatment of Gender-Dysphoric/Gender-Incongruent Persons: An Endocrine Society* Clinical Practice Guideline. J Clin
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2. Standards of Care for the Health of Transsexual, Transgender, and Gender Nonconforming People. The World Professional
Association for Transgender Health. 2011 7th Version.

Síndrome dos ovários policísticos


1. Teede H, Misso ML, Costello MF et al. Recommendations from the international evidence-based guideline for the
assessment and management of polycystic ovary syndrome. Fertil Steril 2018;110:364–79.
2. ACOG PRACTICE BULLETIN Polycystic Ovary Syndrome. OBSTETRICS & GYNECOLOGY 2018; 131 (6): e157-e171.

Propedêutica reprodutiva e tratamento de baixa complexidade


1. Practice Committee of the American Society for Reproductive Medicine. Testing and interpreting measures of ovarian
reserve: a committee opinion. Fertil Steril. 2020;114(6):1151-1157. doi: 10.1016/j.fertnstert.2020.09.134.
2. The ESHRE Guideline Group on Ovarian Stimulation. ESHRE guideline: ovarian stimulation for IVF/ICSI. Hum Reprod
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3. Caetano JPJ, Marinho RM, Petraco A, Lopes JRC, Ferriani RA. Medicina Reprodutiva SBRH. São Paulo: Segmento Farma:
SBRH, 2018.
4. Lamaita RM, Amaral MC, Cota AM, Ferreira MC. Propedêutica Básica da Infertilidade Conjugal. São Paulo: Federação
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5. Fritz MA, Speroff L. Endocrionologia Ginecológica Clínica e Infertilidade. 8a edição.Rio de Janeiro: Revinter; 2015;
6. World Health Organization (WHO). Manual for standardized investigation and diagnostic of the infertile couple. 2nd
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7. Ministério da Saúde. Caderno de Atenção Básica – Saúde Sexual e Reprodutiva. 2013.

Climatério
1. A. Davey (2018). Menopausal hormone therapy: a better and safer future, Climacteric DOI: 10.1080/13697137.2018.1439915,
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COLLEGE OF ENDOCRINOLOGY POSITION STATEMENT Endocr Pract. 2017;23(7): 869-880.

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Protocolo de Urgências Ginecológicas e Obstétricas

Incontinência urinária
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2020
5. LUKACZ, E. S. Treatment of urgency incontinence/overactive bladder in females. 2020. Disponível em: https://www.
uptodate.com/contents/treatment-of-urgency-incontinence-overactive- bladder-in-females?source=history_widget
Acessado em: 01 de julho de 2020
6. JELOVSEC, J. E.; REDDY, J. Surgical management of stress urinary incontinence in women: Choosing a primary surgical
procedure 2020. Disponível em: https://www.uptodate.com/contents/ surgical-management-of-stress-urinary-
incontinence-in-women-choosing-a-primary-surgical- procedure?source=history_widget Acessado em: 04 de julho de
2020

Prolapso dos órgãos pélvicos


1. FASHOKUN, T.B; ROGERS, R.G. Pelvic organ prolapse in women: diagnostic evaluation. UpToDate. 2020. Disponível em:
https://www.uptodate.com/contents/pelvic-organ-prolapse-in-women-diagnostic-evaluation. Acessado em: 10 de junho
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2. FERNANDES, C. E. et al. Tratado de ginecologia Febrasgo. 1. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2019.
3. GIRÃO, M.J.B.C et al. Tratado de Uroginecologia e Disfunção do Assoalho Pélvico. 1. ed. São Paulo: Ed.Manole, 2015.
4. HOFFMAN, B. L. et al. Ginecologia de Williams. 2. ed. Porto Alegre: AMGH, 2014.
5. JELOVSEK, E. Pelvic organ prolapse in women: Choosing a primary surgical procedure. UpToDate. 2020.Disponível em: https://
www.uptodate.com/contents/pelvic-organ-prolapse-in-women-choosing-a-primary-surgical-procedure?search=R.G.%20
Rogers,%20T.B.%20Fashokun,%20Pelvic%20organ%20prolapse%20in%20women:%20An%20overview%20of%20
the%20epidemiology,%20risk%20factors,%20clinical%20manifestations,%20and%20management&source=search_
result&selectedTitle=2~150&usage_type=default&display_rank=2. Acessado em: 10 de junho de 2020

Cuidados pré-operatórios em ginecologia


1. Brady M, Kinn S, Stuart P. Preoperative fasting for adults to prevent perioperative complications. Cochrane Database
Syst Rev 2003; :CD004423.
2. Smith I, Kranke P, Murat I, et al. Perioperative fasting in adults and children: guidelines from the European Society of
Anaesthesiology. Eur J Anaesthesiol 2011; 28:556.
3. Practice Guidelines for Preoperative Fasting and the Use of Pharmacologic Agents to Reduce the Risk of Pulmonary
Aspiration: Application to Healthy Patients Undergoing Elective Procedures: An Updated Report by the American Society
of Anesthesiologists Task Force on Preoperative Fasting and the Use of Pharmacologic Agents to Reduce the Risk of
Pulmonary Aspiration. Anesthesiology 2017; 126:376.
4. Blumenthal RN. ERAS: roteiro para uma jornada segura no perioperatório. The oficial jornal of the anestesia patient
safety fouyndation 2016; vol 2, (1). Disponível em www.apsf.org
5. Martins MVD. Estamos realmente prontos para a implantação do protocolo ERAS? Rev. Col. Bras. Cir. vol.44 no.4 Rio de
Janeiro July/Aug. 2017
6. Nelson G, Altman AD, Nick A, et al. Guidelines for pre- and intra-operative care in gynecologic/oncology surgery: Enhanced
Recovery After Surgery (ERAS®) Society recommendations--Part I. Gynecol Oncol 2016; 140:313.
7. Nelson G, Altman AD, Nick A, et al. Guidelines for postoperative care in gynecologic/oncology surgery: Enhanced Recovery
After Surgery (ERAS®) Society recommendations--Part II. Gynecol Oncol 2016; 140:323.
8. Nelson G, Bakkum – Gamez J, Kalogera E, et at. Guidelines for perioperative care in gynecologic/oncology: Enhanced
Recovery After Surgery (ERAS) Society recommendations—2019 update

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Protocolo de Urgências Ginecológicas e Obstétricas

Manejo das doenças crônicas no perioperatório


1. Orlando MS, Chang OH, Luna Russo MA, Kho RM. Institutional protocols for COVID-19 testing in elective gynecologic
surgery across sites for the Society of Gynecologic Surgeons’ Surgical outcomes during the COVID-19 pandemic (SOCOVID)
study. Am J Obstet Gynecol 2021.
2. Pellegrini JE, Toledo P, Soper DE, et al. Consensus Bundle on Prevention of Surgical Site Infections After Major Gynecologic
Surgery. Obstet Gynecol 2017; 129:50.
3. ACOG Practice Bulletin No. 195: Prevention of Infection After Gynecologic Procedures. Obstet Gynecol 2018; 131:e172.
4. Berríos-Torres SI, Umscheid CA, Bratzler DW, et al. Centers for Disease Control and Prevention Guideline for the Prevention
of Surgical Site Infection, 2017. JAMA Surg 2017; 152:784.
5. Committee on Practice Bulletins--Gynecology, American College of Obstetricians and Gynecologists. ACOG Practice
Bulletin No. 84: Prevention of deep vein thrombosis and pulmonary embolism. Obstet Gynecol 2007; 110:429. Reaffirmed
2018.

Cuidados pós-operatórios
1. de Groot JJ, Ament SM, Maessen JM, et al. Enhanced recovery pathways in abdominal gynecologic surgery: a systematic
review and meta-analysis. Acta Obstet Gynecol Scand 2016; 95:382.
2. Nelson G, Altman AD, Nick A, et al. Guidelines for pre- and intra-operative care in gynecologic/oncology surgery: Enhanced
Recovery After Surgery (ERAS®) Society recommendations--Part I. Gynecol Oncol 2016; 140:313.
3. Nelson G, Altman AD, Nick A, et al. Guidelines for postoperative care in gynecologic/oncology surgery: Enhanced Recovery
After Surgery (ERAS®) Society recommendations--Part II. Gynecol Oncol 2016; 140:323.
4. Trowbridge ER, Dreisbach CN, Sarosiek BM, et al. Review of enhanced recovery programs in benign gynecologic surgery.
Int Urogynecol J 2018; 29:3.
5. Wijk L, Udumyan R, Pache B, et al. International validation of Enhanced Recovery After Surgery Society guidelines on
enhanced recovery for gynecologic surgery. Am J Obstet Gynecol 2019; 221:237.e1.

Tromboprofilaxia em cirurgia ginecológica


1. Gould MK , Garcia DA, Wren SM, Karanicolas PJ, Arcelus JI, Heit JA et al. Prevention of VTE in Nonorthopedic Surgical
Patients Antithrombotic Therapy and Prevention of Thrombosis, 9th ed: American College of Chest Physicians Evidence-
Based Clinical Practice Guidelines. CHEST 2012; 141(2)(Suppl):e227S–e277S
2. ACOG Committee on Practice Bulletins. ACOG Practice Bulletin: Prevention of Deep Vein Thrombosis and Pulmonary
Embolism. Obstet Gynecol 2007; 110(2pt1):429-40.
3. Nelson G, Bakkum-Gamez J, Kalogera E, Glaser G, Altman A, Meyer LA et al. Guidelines for perioperative care in gynecologic/
oncology: Enhanced Recovery After Surgery (ERAS) Society recommendations—2019 update. Int J Gynecol Cancer
2019;29(4):651-68.

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