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All content following this page was uploaded by Vicente de Paula Queiroga on 06 July 2021.
REVISTA CIENTÍFICA
PITAHAYA (Hylocereus spp.)
1ª Edição
CENTRO INTERDISCIPLINAR DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO E DIREITO
CONSELHO EDITORIAL
1ª Edição
2021
©Copyright 2021 by
Organização do Livro
VICENTE DE PAULA QUEIROGA, ÊNIO GIULIANO GIRÃO, JOSIVANDA PALMEIRA GOMES,
ALEXANDRE JOSÉ DE MELO QUEIROZ, ROSSANA MARIA FEITOSA DE FIGUEIRÊDO,
ESTHER MARIA BARROS DE ALBUQUERQUE
Capa
WIKIPÉDIA; www.edpsciences.org/fruits..
Editoração
ESTHER MARIA BARROS DE ALBUQUERQUE
Diagramação
ESTHER MARIA BARROS DE ALBUQUERQUE
ISBN 978-65-87070-17-9
Ficha Catalográfica Elaborada pela Direção Geral da Revista Eletrônica A Barriguda - AREPB
Todos os direitos desta edição reservados à Associação da Revista Eletrônica A Barriguda – AREPB.
Foi feito o depósito legal.
O Centro Interdisciplinar de Pesquisa em Educação e Direito – CIPED,
responsável pela Revista Jurídica e Cultural “A Barriguda”, foi criado na cidade de
Campina Grande-PB, com o objetivo de ser um locus de propagação de uma nova maneira
de se enxergar a Pesquisa, o Ensino e a Extensão na área do Direito.
A ideia de criar uma revista eletrônica surgiu a partir de intensos debates em torno
da Ciência Jurídica, com o objetivo de resgatar o estudo do Direito enquanto Ciência, de
maneira inter e transdisciplinar unido sempre à cultura. Resgatando, dessa maneira,
posturas metodológicas que se voltem a postura ética dos futuros profissionais.
Os autores
SUMÁRIO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................188
C a p í t u l o I | 10
CAPÍTULO I
(Editores)
C a p í t u l o I | 11
INTRODUÇÃO
Nos últimos anos, a fruticultura tem sido impulsionada por uma conscientização da
população, que passou a optar por fontes de alimentos mais saudáveis (VITTI et al.,
2003). As frutas são alimentos funcionais, devido à sua composição nutricional, e
disponibilizam vitaminas, proteínas, minerais e outras substâncias essenciais para o
organismo daqueles que a consomem (GOTO; HORA, 2010). Essa característica abre
espaço para a produção e a comercialização das mais diferentes espécies frutíferas,
inclusive as exóticas.
Dentre as frutas exóticas com maior potencial para comercialização destaca-se a pitahaya.
O termo genérico 'pitahaya' inclui várias espécies diferentes e isso pode ser uma fonte de
confusão. Atualmente, apenas algumas espécies de pitahaya são normalmente
encontradas no mercado: pitahaya yellow (Selenicereus megalanthus (Schum.) Britt &
Rose], fruta com casca amarela e polpa branca, e pitahaya red (Hylocereus spp. Britt &
Rose), fruta com casca vermelha e polpa branca ou vermelha, dependendo da espécie.
Essas espécies são endêmicas das florestas tropicais do México e das Américas Central e
Sul (HERNÁNDEZ, 2000), sendo encontrada na Costa Rica, Venezuela, Panamá,
Uruguai, Brasil, Colômbia e México, sendo os dois últimos países os principais
produtores mundiais (CANTO, 1993).
vem ganhado espaço a cada ano nos centros de comercialização, devido ao aspecto
exótico e ás propriedades organolépticas apresentadas (MARQUES et al., 2011;
MOREIRA et al., 2011).
Além disso, seus frutos são extremamente vermelhos e atraentes aos consumidores,
possuindo uma polpa esbranquiçada de sabor agradável, levemente adocicado, e
numerosas sementes minúsculas de cor preta (ANDRADE et al., 2005). Enquanto suas
flores são grandes, andróginas e muito marcantes (GUNASENA et al., 2007), sendo
polinizadas por morcegos e mariposas (MERTEN, 2003). As abelhas não são
polinizadores eficientes de Hylocereus spp. (WEISS et al., 1994) devido ao tamanho das
flores e à disposição de suas partes (MERTEN, 2003). Possui antese noturna com duração
aproximada de 15 horas e inicia o fechamento nas primeiras horas da manhã (MARQUES
et al., 2011). Após a polinização, observa-se o início do desenvolvimento do fruto,
caracterizado pela dessecação dos restos florais (MARQUES et al., 2011).
IMPORTÂNCIA ECONÔMICA
A introdução de frutas nas práticas alimentares diárias abriu espaço para o consumo de
diferentes espécies frutíferas, inclusive as exóticas, que possuem sabor diferenciado e
interessante conteúdo de minerais, fibras e compostos antioxidantes (JERÔNIMO, 2016).
Assim, é demonstrado o quão grande é o potencial de cultivo de frutas exóticas no Brasil,
o que contribui não somente para a melhoria da economia, mas no desenvolvimento social
e humano de cada uma das regiões produtoras. Dentre as várias opções de espécies
frutíferas exóticas com boas perspectivas de comercialização, encontra-se a pitahaya,
cactácea nativa das florestas tropicais da América Central e do Sul (CANTO et al., 1993;
NERD; MIZRAHI, 1998).
De todas as partes da planta, os frutos são os que apresentam mais importância econômica
e são boa fonte de vitaminas e minerais, apresentando alto teor de potássio (ABREU et
al., 2012). Podem ser consumidos tanto ao natural, como transformado numa gama de
produtos industrializados como sorvetes, geleias, sucos, caldas e doces (NURUL;
ASMAH, 2014; Figura 1).
A pitahaya vermelha (Hyloceurus spp.) é uma espécie exótica no Brasil, ou seja, foi
introduzida por ação humana, de maneira acidental ou intencional. Apresenta boa
aceitação para consumo “in natura”, não apenas pelo exotismo de sua aparência, mas em
virtude de suas características sensoriais.
Somado a isso, há evidências de que alguns corantes naturais podem ser importantes
antioxidantes e a ingestão dos mesmos, particularmente os flavonoides e antocianinas,
mostram uma grande capacidade para captar radicais livres causadores de estresse
oxidativo, sendo preventores de enfermidades cardiovasculares, câncer e outras
desordens associadas com a idade (FIGUEROA et al., 2011). Suas flores apresentam
grande quantidade de flavonoides, e é relatado que a maior quantidade destes
antioxidantes é encontrada nas pétalas (YI et al., 2012). Dos flavonoides, kaempferol é o
principal componente bioativo, e exerce efeito através da quelação metálica (LI et al.,
2013).
A casca do fruto pode ser utilizada como corante natural em bebidas ou agente espessante
ou consistência em cremes hidratantes (HARIVAINDARAM et al., 2008; STINTZING
et al., 2002), além de apresentar alto teor total de fibras alimentares (JAMILAH et al.,
2011). Alguns componentes obtidos da casca da pitahaya vermelha e da polpa branca
(Hylocereus undatus), também demonstraram capacidade de inibir o crescimento de
células cancerígenas (WU et al., 2006; KIM et al., 2011).
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Como forragem, os cladódios são bem aceitos por gado, ovinos, caprinos e também por
frangos e patos (CASTILLO MARTÍNEZ; CÁLIX DE DIOS, 1997). Os cladódios
imaturos de pitahaya apresentam maiores conteúdos de fibra e proteína do que talos de
Opuntia spp., além de apresentarem grande quantidade de P, K, Mg e Cu (JUÁREZ-
CRUZ et al., 2012), e conteúdo de vitamina C variando entre 63,71-132,95 mg/L
(JAAFAR et al., 2009).
ORIGEM E HISTÓRIA
Nativa das Américas, as cactáceas compreendem cerca de 1.600 espécies, onde mais de
70% ocorrem em regiões áridas e semiáridas do México, Peru, Argentina e Chile
(WALLACE; GIBSON, 2002). No Brasil, as cactáceas estão representadas por 37
gêneros, ocorrendo em ambientes diversos como Cerrados, a Caatinga e a Mata Atlântica
(CALVENTE, 2010). Do total de espécies de cactáceas, cerca de 130 são cactáceas
epífitas, na qual se acham as pitahayas, encontradas em florestas neotropicais e bosques.
As pitahayas são denominadas epífitas secundárias ou epífitas facultativas, uma vez que
inicialmente enraízam no solo, e depois se tornam totalmente epífitas (WALLACE;
GIBSON, 2002). São encontradas desde a costa da Flórida até o Brasil (ORTIZ
HERNANDÉZ; CARILLO SALAZAR, 2012), em regiões úmidas situadas a latitudes de
10º Sul a 25º Norte. A maior diversidade do gênero Hylocereus pode ser encontrada em
países como México, Colômbia, Guatemala, Panamá, Costa Rica, Venezuela, Nicarágua,
Cuba, República Dominicana e Martinica (CASTILLO et al., 1996, citados por
GRIMALDO JUAREZ, 2001).
Esta fruta foi originalmente domesticada pelas culturas pré-colombianas, que a coletaram
silvestremente para alimentação e remédio, mas ainda era desconhecida para muitos. O
primeiro registro que se tem escrito sobre as pitahayas data de 1494, onde Pedro Mártir
de Anglería, historiador do descobrimento das Américas pelos espanhóis, relata: “Há
outra árvore que cresce nas fendas das pedras, não em solo bom; a qual é chamada de
pytahaya”. Já a primeira representação em desenho é datada de 1535, por Gonzalo
Fernández de Oviedo y Valdés, colonizador espanhol, em seu relato ao rei Carlos I,
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“Historia geral e natural das Índias, ilhas e continente do mar oceânico” (RODRÍGUEZ
CANTO, 2013).
Foi até meados da década de 1990 que essa superfruta ganhou destaque (LE BELLEC;
VAILLANT, 2011). A pitahaya é atualmente uma fruta exótica bastante conhecida,
atrativa por sua forma e cor, bem como por suas novas propriedades nutricionais que
chamam a atenção do setor alimentício e comercial. Além disso, é uma planta ornamental
de floração noturna e frutífera (KUMAR et al, 2018). Seu nome significa "fruta
escamosa" e se refere tanto à planta pitahaya quanto a seus frutos (ZEE et al., 2004).
Por outro lado, Medina (2015) menciona que a pitahaya amarela é uma epífita facultativa
que evoluiu no sopé da Amazônia andina no Peru, Equador e Colômbia; o que explica
seu comportamento trepador e haste segmentada com facilidade de emissão de raízes
secundárias. Manzanero et al. (2014) argumentam que a pitahaya é uma espécie de cultura
dispersa nos trópicos e subtrópicos que apresenta alto polimorfismo. A espécie sofreu
seleção humana devido à ação de coleta de frutos, situação que promoveu a diversidade
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de frutos em forma, tamanho, cor e qualidade organoléptica, portanto, hoje mais de uma
espécie de pitahaya é conhecida.
O cultivo comercial da pitahaya teve inicio no Vietnã. Na década de 90, foi o primeiro
país a vender a fruta para outras regiões do mundo. Atualmente, mais de 20 países
cultivam e comercializam a fruta (MIZHARI et al., 2004). A maioria dos clones existentes
hoje é oriunda dos clones vietnamitas, porém, melhorados, principalmente para a
obtenção de mais frutos, e mais saborosos, uma vez que possuíam sabor muito brando.
Com a crescente demanda por frutos exóticos, mundialmente, o mercado da pitahaya tem
sido favorecido. Graças a sua rusticidade tem sido vista como alternativa promissora para
cultivo em regiões de solos menos propícios a outras culturas, como solos pedregosos,
arenosos e maciços rochosos (ANDRADE et al., 2008). O alto valor pago pelo quilo da
fruta, também constitui um grande atrativo para o plantio dessa frutífera (JUNQUEIRA
et al., 2002; SOUZA et al., 2006).
A produção da cultura está concentrada na região Sudeste, com cerca de 812,64 toneladas
produzidas em 2017, contribuindo com 54,42% da produção nacional. A região Sul com
502,08 toneladas, responde por 33,62% da produção e a Norte, com 157,01 toneladas, por
10,52% da produção nacional, são as três regiões mais representativas nesse cultivo,
conforme dados apresentados na Tabela 1.
Em 2017, o Estado de São Paulo foi o maior produtor nacional da cultura com 516,20
toneladas no ano, seguido por Santa Catarina (328,49 toneladas), Minas Gerais (185,91
toneladas) e o Estado do Pará (156,39 toneladas; 99,60% da Região Norte). O Rio de
Janeiro ocupa a 5ª posição, com uma produção de 55 toneladas a menos que o Pará, como
observado na Figura 3 (IBGE, 2019).
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Por outro lado, a espécie Hylocereus undatus (Figura 4), com a maior área cultivada
(BETANCOURT et al., 2010), é nativa da América Central e parte da América do Sul
(MERTEN, 2002). No Brasil, segundo Nunes et al. (2014) a espécie Hylocereus undatus
passou a ser cultivada na década de 1990, no Estado de São Paulo. Em 2000, outras
espécies como a Hylocereus polyrhizus foram introduzidas, também sendo reportada por
Junqueira et al. (2002) a espécie Selenicerus setaceus. Mundialmente, a distribuição desta
espécie é dada da seguinte forma: 7.350 ha no Vietnã, 1.050 ha na Tailândia
(BETANCOURT et al., 2010), 927 ha na Malásia (MASYAHIT et al., 2009), 504 ha no
México ( SAGARPA, 2009), 125 ha em Israel e áreas menores no Brasil e nos Estados
Unidos (BETANCOURT et al., 2010).
Figura 4. Fruto com casca vermelha e polpa branca da pitahaya Hylocereus undatus
(Haw.) Britton & Rose. Foto: Arquivo divulgado na Wikipédia.
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-Aspecto Botânico
Desde 1980, o esforço tem sido feito para cultivar cactos trepadeiras dos gêneros
Hylocereus e Selenicereus e cactos colunares dos gêneros Cereus e Stenocereus (que
incluem nomes comuns de origem étnica ou criados por produtores; Tabela 2), sendo que
a espécie Stenocereus queretanoensis é a mais cultivada, embora a área de crescimento
das plantações desta pitaya está ainda em fase embrionária.
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Nas Américas, muitas espécies e diferentes frutas cultivadas são chamadas de pitahaya,
um nome genérico e popular que torna sua classificação botânica difícil. No entanto, todas
as frutas da PITAHAYA são agrupadas em dois gêneros principais: Hylocereus Britton
& Rose e Selenicereus (A. Berger) Riccob (cactos trepadeiras), enquanto as frutas da
PITAYA também são agrupadas em dois gêneros: Stenocereus Britton & Rose, e Cereus
Mill. (cactos colunares) (BRITTON; ROSE, 1963; MIZRAHI et al., 1997). Mesmo assim,
é necessário focar especificamente nas espécies Hylocereus por serem mais cultivadas.
A taxonomia dos cactos tem sido muito confusa, muitos sinônimos são encontrados. Em
1984, o "The International Cactaceae Systematics Group" apoiado pelo "Royal Botanic
Garden" (ICSG) de Kew (Tabela 4), realizou a classificação para o gênero Selenicereus
(ANDERSON, 2001).
Por outro lado, os cactos colunares são muito menos cultivados do que os cactos
trepadeiras, e pouco se sabe sobre sua flexibilidade ambiental (MIZRAHI et al., 1997).
Dentre eles, as espécies Stenocereus spp são as mais cultivadas. Elas são plantadas no
México em ou perto de seus habitats naturais, que têm um clima semitropical com chuvas
de verão (cerca de 65%) e de inverno em um total de 400 a 800 mm anuais (PIMIENTA-
BARRIOS; NOBEL, 1994; PIMIENTA-BARRIOS, 1997; Figura 8). Vale destacar que
os cactos colunares não fazem parte do presente trabalho.
Figura 8. Pomar de Cereus peruvianus (cactos colunares) com três anos de idade
estabelecidos próximo à costa sul de Israel. Foto: Nerd, A.; Tel-Zur, N.; Mizrahi, Y.
(2002).
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-Aspecto Morfológico
Planta – Os cactos trepadores do gênero Hylocereus são nativos das regiões tropicais da
América do Norte, Central e América do Sul (ESQUIVEL, 2004). A planta pitahaya é
uma espécie frutífera perene e de hábito epífita secundária (trepadeira), pertencente à
familia das cactáceas e ao gênero Hylocereus, e está dentro da ordem das Caryophyllales,
que é caracterizada pela presença de aréolas contendo espinhos. As plantas destas
espécies desenvolveram o metabolismo das classuláceas para adaptar-se a situações de
baixa disponibilidade de água, abrindo os estômatos à noite para evitar perda de água
durante o dia (FAO, 2001).
Figura 9. Morfológica da pitahaya: raízes, cladódio principal, flor, fruto e semente. Foto:
Arquivo divulgado por infoagronomo.net.
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Raiz – Seu sistema radicular é fasciculado e superficial, podendo se estender até 4 metros
horizontalmente e se aprofundar até 30 cm (MEDINA et al., 2013), além de assimilar
baixos teores de nutrientes (LE BELLEC et al., 2006).
A planta de pitahaya originada por semente apresenta dois tipos de raízes: uma principal,
que se desenvolve a partir da radícula e, depois de algum tempo se atrofia, e forma as
raízes adventícias, basais e aéreas. As raízes adventícias basais são compridas, delgadas,
ramificadas e se distribuem superficialmente sobre o solo e são originárias de parte do
cladódio que está abaixo do substrato. As aéreas aparecem distintamente ao longo dos
cladódios, preferencialmente em sua base mais plana (Figura 10), as quais servem,
principalmente, para a planta se segurar ao tutor no qual está apoiada, mas também
absorvem água e nutrientes, e algumas chegam ao solo (HERNÁNDEZ CRISANTO,
2006). As pitahayas propagadas vegetativamente por meio de estacas apenas
desenvolvem raízes adventícias, carecendo de raiz principal. As raízes são originadas da
região do periciclo, e se dirigem à epiderme, passando pelo córtex (CAVALCANTE,
2008).
Figura 10. Destaque da aréola, espinhos e raiz adventícia no cladódio. Foto: Arquivo
divulgado por agroflorestapedras.wixsite.com.
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Figura 11. a) Medida da distância entre aréolas (b), altura da margem das costelas ou
bordas (c) Aréola na margem do cladódio, (d) Cladódio de Hylocereus polyrhizus, (e)
Cladódio de Hylocereus undatus. Fotos: Adriana de Castro Correia da Silva (2014) e
Patrícia Graosque Ulguim Züge – (d;e) (2019).
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Figura 12. a-b) Emissão de gema florífera (botões florais) na axila dos espinhos. Fotos:
Arquivo divulgado por ID 32472798 © Klodien|Dreamstime.com e Adriana de Castro
Correia da Silva (2014).
As pitahayas são plantas cujos caules ou cladódios abrem seus estômatos apenas pela
noite, o que constitui uma adaptação fisiológica para evitar a perda de água por
transpiração durante o dia, quando as temperaturas são elevadas. Devido a essa
característica, eles estão situados no grupo de plantas CAM (Metabolismo Ácido das
Crassuláceas), ao que pertencem todos os cactos e muitas espécies epífitas das zonas
tropicais (CUSHMAN, 2001).
estiletes de cor creme. As brácteas são totalmente verdes ou verdes com bordas vermelhas
e pétalas brancas, amarelas ou rosadas (GARCÍA, 2003). O pólen é abundante e de cor
amarela (DONADIO, 2009; Figura 14). A coloração das sépalas é variável com a espécie,
podendo ser totalmente esverdeadas ou apresentar os ápices avermelhados. Os estames e
estigmas lobulados são de cor creme. De modo geral, os estigmas apresentam tamanhos
superiores às anteras, impedindo a autopolinização, com abertura durante a noite,
mantendo-se abertas até as primeiras horas do dia. A antese ocorre à noite, iniciando-se
no fim da tarde e mantendo-se abertas até as primeiras horas do dia, e as flores só abrem
uma vez. Ou seja, o fechamento ocorre na manhã seguinte, sendo que em dias nublados
leva-se mais tempo para que ocorra seu fechamento. As primeiras floradas ocorrem no
início das chuvas, após serem polinizadas ficam em posição pendente (JIRÓN, 1997).
Esses cactos trepadeiras caracterizam-se por apresentarem flores solitárias, formando
somente uma flor por extremidade de cladódio.
Figura 13. Flor aberta de pitahaya, destacado o estigma (seta vermelha). Fotos: Jonathan
H. Crane (2005).
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Figura 17. Aborto floral (queda de flores) provocado pelo excesso de chuvas. Fonte:
Engenheiros Agrônomos SAS.
No hemisfério Sul, o florescimento ocorre de novembro a abril, com cinco a seis fluxos
de floração, enquanto, no hemisfério norte o período de florescimento acontece de maio
a outubro (LE BELLEC et al., 2006; JIANG et al., 2012), sendo possível observar plantas
com botões florais em estágio inicial, botões em desenvolvimento, fruta verde e fruta
madura em um único período (MARQUES et al., 2011). No Brasil, o período reprodutivo
tem sido entre os meses de novembro e maio, com até cinco fluxos de florada por safra e
com curto período entre o aparecimento do botão floral e a maturação do fruto, variando
de 50 a 60 dias (MARQUES et al., 2011). Esse tempo pode ser maior ou menor,
dependendo da região de cultivo, pois, nas condições mexicanas, esse ciclo tem
apresentado variação de 39 a 52 dias (CASTLLO; ORTIZ, 1994).
Na região de Jaboticabal, ocorrem nove fluxos floríferos, com maior emissão de flores no
mês de dezembro (SILVA, 2011), enquanto em Lavras, MG, são relatados entre 3 a 5
fluxos de flores (MARQUES et al., 2011a). O desenvolvimento dos frutos é relativamente
curto, de 34 a 43 dias após a antese, ocorrendo antecipação da maturação em condições
de temperaturas mais elevadas (SILVA, 2011).
pela busca de luz. Uma boa floração está em função de alguns fatores como a umidade,
luz, temperatura e condição nutricional da planta.
Para que ocorra a polinização cruzada ou autopolinização é necessário que a flor se abra,
o que ocorre à noite, sendo sua abertura precedida de várias etapas. A partir das 12 horas
há um inchamento do bulbo floral e o início da deiscência das anteras. No início da noite
(após as 19 horas), se dá a abertura floral, com separação do perianto e das brácteas,
estágio no qual as anteras já estão com sua máxima deiscência. A abertura máxima da
flor acontece entre 23h do primeiro dia até à 1h do dia seguinte. Os lóbulos do estigma se
estendem, mas como há uma separação dos estames e uma diferença de altura entre os
órgãos, a autopolinização é dificultada (DELGADO et al., 2010; MARQUES, 2010). É
importante destacar que muitas das espécies de pitahaya requerem agentes externos para
que realizem a polinização cruzada, mas como só abrem em uma única noite, então são
necessários agentes efetivos na polinização. Embora as formigas e as abelhas participem
dessas ações, mesmo assim sua eficiência é muito baixa.
Fruto – O fruto é caracterizado como baga indeiscente, geralmente oblongo a oval, com
10 a 12 cm de diâmetro (tamanho médio a grande). Os frutos são de coloração com
tonalidades amareladas à vermelhas com escamas foliares (brácteas distribuídas
helicoidalmente), protegendo o fruto, contendo espinhos nas espécies Selenicereus
megalantus e Selenicereus setaceus. No caso do Selenicereus megalanthus, a casca é
coberta por tubérculos espinhosos, mas os espinhos são facilmente removíveis quando os
mesmos se encontram maduros (Figura 18). Enquanto as cascas finas da espécie
Hylocereus spp possuem escamas que contribuem para o aspecto atraente dos frutos, que
também são utilizadas de forma decorativa. Os frutos das produções de espécie
Hylocereus spp são geralmente grandes (até 1.000 g), duas a três vezes mais pesados do
que os de Selenicereus megalanthus. O seu desenvolvimento ocorre entre 34 a 43 dias
após a antese, ou seja, após a abertura do botão floral, sua maturação pode ser antecipada
sob condições de altas temperaturas. Os frutos são sensíveis a injúrias causadas pelo frio
(“chilling”); são classificados não climatérios (ZEE et al. 2004); e são colhidos quando
atingem a sua maturidade fisiológica (NERD; MIZRAHI, 1998; NERD et al., 1999).
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Figura 19. Fruto da pitahaya vermelha, (b) sementes e (c) óleo extraído das sementes.
Fotos: Villalobos-Gutiérrez et al. (2012).
-Aspecto Fisiológico
germinativo (CORREA, 1997), visto que o processo foi completado em 80% das
sementes entre os dias quatro e cinco (CORREA, 1997).
BIOLOGIA FLORAL
Poucos estudos foram realizados sobre a biologia floral das espécies Hylocereus undatus
e Hylocereus costaricensis, visando melhorar o potencial de cultivo dessa fruta, as quais
são consideradas as mais cultivadas no mundo (WEISS et al., 1994; MIZRAHI et al.,
1997). Além disso, o gênero Hylocereus é endêmico da Costa Rica e do México
(DAUBRESSE BALAYER, 1999; CASTILLO et al., 2003).
As flores dessas duas espécies aparecem sob as aréolas; são grandes (mais ou menos 30
cm), em forma de funil, e noturnal (flor é aberta a noite). O ovário está localizado na base
de um longo tubo que leva as escamas foliáceas para o exterior. Existem numerosos
estames em uma haste delgada de antera. O estilo tubular incomumente grande tem 20
cm de comprimento e 0,5 cm de diâmetro; os estigmas têm 24 lóbulos delgados, de cor
verde cremosa (DAUBRESSE BALAYER, 1999; LUDERS, 1999). O aumento floral não
depende da disponibilidade de água, mas da duração do dia; no Vietnã, a indução floral
costuma ser acionada com luz artificial para aumentar a duração do dia. Na Ilha da
Reunião, foi demonstrado que o número de flores obtidas com luz artificial à noite é
proporcional à distância entre o ponto de recebimento e a fonte de luz (LAVIGNE, 2003).
Os botões florais podem permanecer no estágio latente por várias semanas
(DAUBRESSE BALAYER, 1999), e o início da floração geralmente ocorre após a
estação das chuvas (BARBEAU, 1990).
A deiscência ocorre algumas horas antes da abertura completa da flor. O pólen é muito
abundante, pesado e não pulverulento. As flores abrem entre às 19:00 h e às 20:30 h
(Figura 23); o estigma domina os estames (a posição do estigma nesta fase incentiva a
alogamia). As flores desabrocham apenas por um dia e fecham (fertilizadas ou não) na
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manhã do dia seguinte à antese. No dia seguinte, as pétalas amolecem e secam lentamente.
A parte inferior de uma flor não fertilizada torna-se amarelada e toda a flor cai 4 a 6 dias
depois, enquanto a parte inferior de uma flor fertilizada permanece esverdeada e aumenta
enormemente em volume, indicando que o fruto se consolidou (LE BELLEC et al., 2006).
Figura 23. Abertura da flor de pitahaya ocorre na parte da noite: a) Um minuto antes da
abertura da flor e b-c) A flor iniciando a abertura. Fotos: Arlete M. Moraes Bueno e
Wikipédia.
As flores, uma vez polinizadas, começam a secar e a ficar pendentes (Figura 24), dando
origem à formação do fruto na base (POZO, 2011).
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Figura 24. Após a polinização natural (antese) da pitahaya, as pétalas da flor amolecem
e secam lentamente.
Em alguns países (Israel, África do Sul, Madagascar, Ilha da Reunião e Índias Ocidentais
Francesas), a produção natural de frutos de clones introduzidos de Hylocereus undatus e
Hylocreus costaricensis é praticamente inexistente (ERWIN, 1996). A auto-
incompatibilidade (RAVEH et al., 1993) dos clones dessas espécies e a ausência de
polinizadores eficientes - é possível o cruzamento interespecífico (WEISS et al., 1994) -
parecem ser os responsáveis por esta falta de produtividade. Abelhas são muito atraídas
pelo pólen dessas flores e as repetidas visitas desses insetos podem contribuir para a
polinização (WEISS et al., 1994; MIZRAHI et al., 1997 ). No entanto, a qualidade dos
frutos resultantes da polinização livre geralmente é inferior àquela obtida pela polinização
cruzada manual (LE BELLEC, 2004). A origem do pólen também pode influenciar o
lapso de tempo entre a polinização e a colheita do fruto (conhecido como fenômeno de
metaxenia, anteriormente observado apenas em Hylocereus polyrhizus) (MIZRAHI et al.,
2004).
C a p í t u l o I | 44
POLINIZAÇÃO
Figura 25. Aparecimento de flores de pitahaya após a polinização (A: flor recém-
polinizada; B: flor 24 h após a polinização; C: flor 48 h após a polinização). Foto:
Salvador Magraner Mifsud (2020).
C a p í t u l o I | 45
Em seus países de origem, a polinização dessas duas espécies alogâmicas é realizada por
morcegos à noite (NERD; MIZRAHI, 1997; HERRERA; MARTINEZ DEL RIO, 1998)
ou por uma borboleta da família Sphingideae, do gênero Manduca (DAUBRESSE
BALAYER, 1999; Figura 26). Portanto, parece não haver grandes problemas
relacionados com a produção de frutas nos principais países produtores da América Latina
e da Ásia (N’GUYEN, 1996; JACOBS, 1998; BARBEAU, 1990; BECERRA OCHOA,
1990). Também é reportado que em muitos países, onde esta cultura foi introduzida, a
polinização é pobre devido à falta de polinizadores naturais e \ou diversidade genética, os
quais são encontrados apenas em seu habitat natural (vegetação nativa), sendo sugerida a
polinização manual para se contornar esse problema, podendo assim incrementar a
frutificação e a massa dos frutos (WEISS et al., 1994; CASTILLO et al., 2003; LE
BELLEC, 2004; PUSHPAKUMARA et al., 2005). Ou seja, para se reduzir a baixa
frutificação e a ocorrência de frutos pequenos, sem valor comercial, o ideal seria o plantio
de diversos genótipos e a realização da polinização cruzada, manualmente. Na Califórnia,
um dos principais problemas com o crescimento de novas regiões de pitahaya é a ausência
de polinizadores (MERTEN, 2003). Assim, a polinização manual tem sido sugerida com
o objetivo de aumentar a produtividade dos frutos (GUNASENA et al., 2007).
C a p í t u l o I | 46
Figura 27. Coleta de pólen e polinização manual de Hylocereus spp, passando o pincel
com pólen sobre o estigma da flor. Fotos: Arquivo do projeto Pitaya da Serra; Subandi et
al. (2018) e Arquivo divulgado por ww.edpsciences.org/fruits.
Para aumentar o potencial de produção de frutas, plante dois ou três tipos genéticos
diferentes (não o mesmo clone ou variedade). A polinização cruzada entre os diferentes
tipos de plantio garantirá uma melhor frutificação e tamanho. As mariposas, abelhas
mamangavas e os morcegos são bons polinizadores, porque as flores abrem à noite,
quando não há atividade das abelhas. No entanto, a polinização por mariposas e morcegos
não tem sido comumente observada na Flórida (CRANE; BALERDI, 2005). As flores de
alguns cultivares permanecem abertas durante as primeiras horas da manhã e podem ser
visitadas pelas abelhas. Como alternativa, a polinização manual pode ser feita durante a
noite e nas primeiras horas da manhã, coletando pólen (ou estames inteiros) de uma flor
e aplicando-o ao estigma de outras flores.
Em estudos sobre floração e polinização em pitahaya, Weiss et al. (1994) relataram que
flores de polinização em estágio aberto são visitadas por abelhas e que a transferência de
pólen é resultado da atividade desses insetos. No entanto, os autores observaram que os
frutos resultantes da polinização cruzada manual foram maiores e mais pesados em
relação aos frutos da polinização aberta. Le Bellec (2004), corroborando os resultados
citados acima, relata que a qualidade dos frutos resultantes da polinização natural
geralmente é inferior à dos frutos provenientes da polinização cruzada manual.
C a p í t u l o I | 48
FENOLOGIA
O período do surgimento dos botões florais da espécie Hylocereus undatus (Haw.) Britton
& Rose até a antese foram de 25 a 35 dias nas condições de Planaltina, DF (Tabela 6). Na
expansão da gema florífera, os botões apresentavam 0,5 cm de comprimento e largura e
no dia anterior a antese, apresentavam 28 a 33 cm de comprimento e 5,1 a 6,0 cm de
diâmetro (medindo a maior largura do botão floral) (Figura 28 A-E). A antese das flores
ocorre no período noturno e nas primeiras horas do período vespertino começa o
inchamento do bulbo floral e o início da deiscência das anteras. Aproximadamente às 21
horas a abertura floral se inicia, com separação do perianto e das brácteas, estágio no qual
as anteras já estão com sua máxima deiscência. Os lóbulos do estigma se estendem. A
abertura total da flor ocorre aproximadamente à meia noite e o fechamento nas primeiras
horas do dia podendo se estender até ao meio dia em dias nublados (Figura 28 F-H)
(LIMA, 2013). Enquanto nas condições de Larvas, MG, tempo necessário para
desenvolvimento do botão floral foi de 19 a 21 dias para a espécie Hylocereus
undatus (Haw.) Britton & Rose e as flores apresentaram antese noturna que dura
aproximadamente 15 horas, com o máximo da abertura das 23 horas a 01 hora e o
fechamento se inicia nas primeiras horas da manhã (MARQUES et al., 2011; Figura 29).
Estádios fenológicos
Estádios reprodutivos Período (dias) após gemas intumescidas
Florescimento Espécie Hylocereus undatus
Gemas intumescidas, primeiros indícios de 1-3
diferenciação das gemas florais.
Formação dos botões florais 4-18
Desprendimento das sépalas 20-27
Flores em pré-antese – inchamento dos bulbos 21-29
florais no dia da antese.
Abertura das flores – antese (15 horas) 25 – 35
Frutificação Espécie Hylocereus undatus
Início do crescimento dos frutos 30-35
Frutos verdes e restos florais secos 35-45
Início da maturação dos frutos - Tamanho final 40-45
e mudança da coloração dos frutos
Fruto “de vez” 45-55
Colheita Espécie Hylocereus undatus
Maturação fisiológica dos frutos 60-80
Fonte: Cristiane Andréa Lima (2013).
C a p í t u l o I | 49
Figura 28. Sequência dos eventos fenológicos que ocorrem durante o período reprodutivo
da espécie Hylocereus undatus: (A) Gema intumescida, primeiros indícios de diferenciação da gema
floral; (B, C, D) Formação do botão floral; (E) Flor em pré-antese - inchamento do bulbo floral no dia
anterior a antese; (F, G) Flor aberta, liberação do pólen; (H) Flor senescente, após liberação do pólen e
fecundada; (I) Frutificação efetiva, início do crescimento do fruto; (J, K. L, M) Crescimento do fruto; (N)
Final do período de crescimento dos frutos, fruto “de vez”; (O, P) Fruto maduro. As barras vermelhas, de
todas as figuras, correspondem a 2 cm de comprimento. Planaltina, DF. Fotos: Cristiane Andréa Lima
(2013).
C a p í t u l o I | 50
Após a retirada do fruto, a gema de onde ele se originou perde a função de se diferenciar
e não pode mais dar origem a nenhum outro órgão, seja vegetativo ou reprodutivo,
restando uma cicatriz no lugar. Por ser uma cultura perene, os eventos fenológicos
observados se repetem a cada ano (MARQUES et al., 2011).
Figura 31. Metabolismo Ácido Crassuláceo (CAM) apresentado nas plantas das espécies
Hypocereus spp e Selenicereus spp.
C a p í t u l o I | 54
Em estudos realizados por Nobel et al. (2002) a pitahaya vermelha (Hylocereus undatus),
obteve maior eficiência na absorção de CO2 quando a temperatura média da noite é de 20
ºC. Adicionalmente, Weiss et al. (2010), quando cultivou espécies de pitahaya em
ambiente enriquecido com CO2 , observaram que as espécies Hylocereus undatus e
selenicereus megalanthus (pitahaya amarela) responderam positivamente, resultando em
aumento da biomassa e alongamento de ramos, além de haver incrementado na produção
de gemas reprodutivas. É interessante destacar que as cactáceas em seu habitat natural,
realizam predominantemente metabolismo CAM, contudo em condições de
sombreamento, têm capacidade de efetuar o CAM cíclico (ORTIZ-HERNÁNDEZ et al.,
1999) que segundo Silvera et al. (2010) o CAM cíclico pode ser considerado um passo
evolutivo intermediário entre a fotossíntese C3 e CAM.
MELHORAMENTO
Os impactos negativos na produtividade das culturas, provocados por estresses
ambientais, podem ser reduzidos, em parte, pelo melhoramento convencional de plantas
(BORÉM et al, 2017), a exemplo do melhoramento da cultura da pitahaya, via processo
de hibridação (TEL-ZUR et al., 2004, TEL-ZUR 2013).
As espécies Hylocereus spp são sensíveis a extremos como frio (WANG et al., 2018),
altas temperaturas e alta radiação (MIZRAHI et. al., 1997; RAVEH et al., 1995; 1998),
C a p í t u l o I | 55
com uma grande variação de sensibilidade entre espécies e genótipos (TEL-ZUR, 2013).
Entre as espécies do gênero Hylocereus, H. undatus apresenta maior sensibilidade à alta
temperatura com a presença de cladódios marrons e liquefação dos mesmos a 45 °C,
enquanto outras espécies apresentam maior tolerância sob condições similares
(MIZRAHI; NERD, 1999). Além disso, sob temperaturas extremas de verão (45 °C), a
produção anual de flores é reduzida e o tempo de floração é adiado (MIZRAHI; NERD,
1999).
A descendência produzida por hibridação pode ter melhor desempenho pela supressão de
alelos recessivos indesejáveis de um dos pais por alelos dominantes do outro (PRADHAN
et al., 2012). Tem sido demonstrado em muitos estudos que híbridos apresentam melhor
desempenho sob estresse em comparação com as espécies parentais (ABRAHAM et al.,
2008; HADZHIIVANOVA et al., 2012).
As espécies Hylocereus spp possuem alta variabilidade genética e podem ser utilizadas
como uma valiosa plataforma para melhoramento genético da cultura, possibilitando o
desenvolvimento de um programa de melhoramento efetivo e racional com base no
processo de hibridação (TEL-ZUR, 2013), a exemplo do programa melhoramento da
cultura da pitahaya, desenvolvido há mais de trinta anos na Ben-Gurion University of the
Neguev, em Israel (MIZRAHI, 2014). No Brasil, trabalhos de seleção genética têm sido
realizados pela UNESP Jaboticabal e pela EMBRAPA Cerrados (JUNQUEIRA et al.,
2010ab).
C a p í t u l o I | 56
As pitahayas apresentam base genética estreia, o que permite que sejam realizadas
hibridações interespecíficas facilmente (TEL-ZUR et al., 2004), permitindo, portanto, que
se agreguem, a partir destes cruzamentos controlados, as possíveis características
favoráveis de duas espécies diferentes, podendo-se obter novas variedades com diferente
qualidade de frutos, incluindo coloração de polpa, doçura, sabor, aroma, etc., permitindo
uma maior diversificação aos produtores e possibilidade de escolha pelos consumidores.
A seleção dos materiais pode ser realizada através da seleção massal, que é baseada na
observação visual do fenótipo da planta, permitindo identificar indivíduos potencialmente
interessantes. É um dos métodos mais antigos utilizados para o melhoramento de plantas,
além de simples, pouco dispendioso e eficiente.
ESPÉCIES DE PITAHAYA
GÊNERO HYLOCEREUS
futuro promissor e são cultivadas em grande escala na Austrália (JACOBS, 1998), Israel
(NERD; MIZRAHI, 1997) e na Ilha da Reunião (LE BELLEC; JUDITH, 2002).
Espécie Hylocereus undatus (Haw.) Britton & Rose: Caracteriza-se por seu caule longo
e verde, mais ou menos rígido ao atingir o estádio de maturação (Figura 32). As flores
são muito longas (até 29 cm), os segmentos externos do perianto são verdes (ou amarelo-
esverdeados) e os internos do perianto branco puro (o cálice e a corola formam juntos
o perianto). Seu fruto vermelho-rosado (comprimento: 15–22 cm; peso: 300–800 g) é
oblongo e coberto com escamas grandes e longas, vermelhas e verdes nas pontas; tem
polpa branca com muitas sementes pequenas e pretas, polpa de textura agradável e bom
paladar (BRITTON; ROSE, 1963).
Figura 32. Pitahaya-vermelha com fruto de polpa branca (Hylocereus undatus). Fotos:
(a-b) Cristiane Andréa de Lima (2013) e (c) arquivo divulgado por
www.edpsciences.org/fruits.
C a p í t u l o I | 59
Espécie Hylocereus polyrhizus (Web.) Britton & Rose: Caracterizam-se por suas flores
muito longas (25–30 cm) com margens; segmentos externos avermelhados do perianto,
especialmente nas pontas; e lóbulos de estigma bastante curtos e amarelados. Seu fruto
escarlate (comprimento: 10–12 cm; peso: 130–350 g; Figura 33) é oblongo e coberto com
escamas (brácteas) que variam em tamanho; tem polpa vermelha com muitas sementes
pequenas e pretas, polpa de textura suave e sabor doce. A espécie Hylocereus
venezuelensis Britton & Rose está intimamente relacionado com Hylocereus polyrhizus,
a única diferença está no estigma com lobos inteiros (Hylocereus polyrhizus) ou bífidos
(Hylocereus venezuelensis) (BRITTON; ROSE, 1963). É importante destacar que os
frutos de Hylocereus polyrhizus têm casca vermelha, assim como o Hylocereus
costaricensis, mas difere por apresentar uma polpa vermelho-violeta. A cultura é plantada
em Israel como polinizador de Hylocereus undatus. Normalmente, os pomares de
pitahaya vermelha trepadeira consistem em 20% de Hylocereus polyrhizus e 80% de
Hylocereus undatus. Por causa do sabor azedo da fruta, Hylocereus polyrhizus tem atraído
mais consumidores do que Hylocereus undatus. Os híbridos selecionados produzidos por
cruzamentos inter ou intra-específicos também são cultivados, geralmente em uma base
local e em pequena escala (MIZRAHI; NERD, 1999; ORTIZ- HERNÁNDEZ, 1999;
CANTO, 2000).
Espécie Hylocereus purpusii (Weing.) Britton & Rose: Caracterizam-se por apresentar
flores muito grandes (25 cm) com margens (Figura 34); os segmentos externos do
perianto são mais ou menos avermelhados; segmentos médios do perianto dourados e
segmentos internos do perianto brancos. Apresenta frutos escarlates e oblongos cobertos
por escamas grandes (comprimento: 10–15 cm; peso: 150–400 g); polpa vermelha com
muitas pequenas sementes pretas; textura de polpa agradável, mas não muito
pronunciada. Hylocereus purpusii está intimamente relacionado com Hylocereus
ocamponis (S.D.) Britton & Rose, os dois sendo distinguidos apenas pelos espinhos
aciculares e delgados de Hyloceres ocamponis (BRITTON; ROSE, 1963).
Espécie Hylocereus costaricensis (Web.) Britton & Rose: Caracteriza-se por apresentar
um caule de coloração branca pálida como cera e as flores são quase iguais à espécie
Hylocereus polyrhizus; seu fruto escarlate (diâmetro: 10-15 cm; peso: 250-600 g) é
ovoide e coberto com escamas que variam em tamanho; possui polpa avermelhada com
muitas pequenas sementes pretas, polpa de textura agradável e bom paladar (BRITTON;
ROSE, 1963). Os frutos amadurecem durante a estação chuvosa e a maior parte da
produção está fortemente infestada de insetos, bactérias e fungos, de modo que apenas
uma pequena fração da fruta colhida pode ser vendida como fruta fresca. A exportação é
C a p í t u l o I | 61
principalmente para a Europa sob a marca comercial “Pitanica”. Hoje a maior parte dos
6.000 ha cultivados é destinada à produção de polpa, altamente demandada pela indústria
de alimentos nos Estados Unidos e Europa como um ingrediente alimentar natural e um
corante (ORTIZ- HERNÁNDEZ, 1999; CANTO, 2000). A Guatemala também está
produzindo quantidades significativas dessa fruta, com vários outros tipos de pitahaya
trepadeira de casca vermelha/ polpa vermelha.
Espécie Hypocereus trigonus (Haw.) Saff.: Apresenta-se um caule esguio, verde com
margens e não rígidas. As aréolas estão localizadas no topo da ondulação da aresta. Os
espinhos, a princípio esverdeados, logo se tornam marrom-escuros. Seus frutos vermelhos
(diâmetro: 7–9 cm; peso: 120–250 g) são ovoides ou oblongos, tornando-se quase lisos
(Figura 35 ); a polpa branca tem muitas sementes pequenas e pretas e textura de polpa
agradável, mas um sabor não muito pronunciado.
Figura 35. Fruto da espécie Hylocereus trigonus. Foto: Arquivo divulgado por
www.edpsciences.org/fruits.
C a p í t u l o I | 62
Espécie Hylocereus monacanthus: Fruto com casca vermelha, sua polpa também é
vermelha e de textura firme (Figura 36 ). Sabe-se que o fruto está maduro, quando suas
brácteas ficam amarelas. Em todos os casos a polpa é muito aromática e podem ser
observadas numerosas sementes pretas, aproximadamente 60% do fruto é semente. A
variedade vermelha é maior que a amarela. Seu sabor é requintado, doce, muito fino e
delicado.
GÊNERO SELENICEREUS
.
Figura 37. Fruto de casca amarela, com espinhos, e de polpa branca da pitahaya
Selenicereus megalanthus (Schumann ex. Vaupel, Moran). Foto: Vargas et al. (2020).
C a p í t u l o I | 64
Cultivar Golden de Israel. Esta é uma variedade ainda muito rara e praticamente
desconhecida no Brasil. O cultivar Golden é uma nova variedade que foi desenvolvida da
hibridação de duas variedades comerciais selecionadas, e difere-se principalmente pela
casca amarela sem espinhos, e o sabor mais doce que às demais. É muito rústica, vigorosa
e de crescimento rápido. Golden é uma variedade do gênero Hylocereus. A fruta é
C a p í t u l o I | 65
semelhante à típica casca rosa Hylocereus Undatus, mas com a pele amarela (Figura 39).
A fruta pesa até 1 quilo com polpa branca doce.
Figura 39. Pitahaya da variedade Golden de Israel sem espinho. Foto: Biten-fruits.
As mudas passam por um determinado tempo em ambiente escuro até chegar ao seu
destino, por isso se faz necessário deixá-las em algum lugar com sombra por
aproximadamente dois dias para a ambientação. Por mais que seja um cacto, seu
desenvolvimento é otimizado com irrigação, para isso o fornecimento de água se faz
necessário a partir do plantio.
Variedade Pink. Conhecida assim na região sul do Brasil. Pitahaya muito utilizada no
Brasil para produção de polém para polinização cruzada com outras variedades/híbridos
(Figura 43). No exterior é conhecida como Hylocereus Purpusii, no Japão como variedad
Red Hybrid
Vermelha do Pará. Conhecida por esse nome ou também por Roxa do Pará ou Costa
Rica, essa variedade é possivelmente uma variedade hibrida natural que conseguiu se
aclimatar muito bem na região norte do Brasil, é muito produtiva (Figura 44). O seu
crescimento muito vigoroso causa rachaduras na casca, isso faz com que ela costume ser
colhida um pouco antes do ponto ideal de maturação, lhe conferindo um teor baixo de
sólidos solúveis, expresso em graus Brix, mas que não compromete o seu sabor. Também
pela distância que a fruta precisa percorrer para chegar ao consumidor precisa ser colhida
uns 3 dias antes do ponto ideal.
Variedade Valdivia Roja. É uma variedade pitahaya com casca vermelha e polpa
vermelha. A pele é fina com pequenas barbatanas verdes (Figura 45). Os cladódios têm
espinhos de tamanho médio. Os cladódios podem tolerar o calor e o frio bastante bem,
dando-lhe uma classificação de crescimento excelente. No entanto, é um produtor lento,
como muitos Hylocereus ocamponis. Os resultados do teste de DNA mostram que ela
está intimamente relacionada com a pitahaya da variedade El Grullo, boa resistência ao
calor e frio, porem tem inconsistência na frutificação.
C a p í t u l o I | 68
Segundo Pozo (2011), as flores de pitahaya da variedade Amarela têm formato tubular,
ovário com lobo único, numerosos estames, brácteas totalmente verdes ou verdes com
bordas vermelhas e pétalas brancas brilhantes. A flor pode atingir 40 cm de comprimento,
só abre à noite, razão pela qual tem o apelido de "rainha da noite". Anderson (2001) indica
que as flores são inicialmente sem fragrância, mas depois se tornam muito perfumadas.
As flores, uma vez polinizadas, começam a secar e a ficar pendentes, dando origem à
formação do fruto na base (POZO, 2011).
Variedade Rosa. O caule é verde claro, suculento e alongado; os frutos são redondos
(Figura 51), com peso médio de 450 a 500 gramas. Sua polpa é vermelha e casca rosa
avermelhada com brácteas finas separadas e às vezes o fruto racha quando está maduro.
A fruta é muito saborosa com uma relação agradável de doçura com acidez. O cladódio
tem uma cor verde-acinzentada que possui vários espinhos. O revestimento cinzento na
haste ajuda a proteger a planta do calor no verão e frio no horário de inverno.
Variedade Lisa. É uma planta de caule comprido e muito delgado, de cor verde pálido.
O fruto é ovalado (Figura 52) e de polpa vermelha, sabor acima da média, tamanho, com
peso que varia entre 400 a 450 gramas. A sua casca é de cor vermelha escura com poucas
e grossas brácteas, sendo esta uma boa característica uma vez que resiste ao transporte.
Este clone é pouco resistente a doenças, principalmente à bactéria (Erwinia carotovora
Jones) que ocasiona grandes prejuízos se não forem tomadas medidas fitossanitárias de
controle preventivo. É a variedade mais produtiva das pitahayas nicaraguenses, apresenta
tolerância para frio e calor acima da média, e ótimo potencial comercial.
C a p í t u l o I | 72
Variedade Amarela. É uma planta que apresenta caules suculentos de cor verde intenso
e espinhos de cor cremoso na extremidade apical. Seu fruto é arredondado, a parte externa
é de cor amarela (quando maduro), polpa branca e com numerosas sementes pretas, com
sabor agridoce (mescla ácido e doce), com peso médio de 400 a 480 gramas e alcança até
19 grau Brix (Figura 54).
As espécies Hylocereus spp com polpa branca apresentam maiores teores de sólidos
solúveis do que aquelas com frutos de polpa vermelha (WU; CHEN, 1997), e a
distribuição dos sólidos solúveis na polpa do fruto não é homogênea, sendo a parte central
mais rica em açúcares do que a periférica. Os sólidos solúveis consistem principalmente
de açúcares redutores, e mais especificamente glicose e frutose, com teores variando de
30 a 55 g.L–1 e 4 a 20 g.L–1, respectivamente, dependendo da variedade cultivada (Tabela
7). Usando métodos de HPLC para a determinação de açúcares, Stintzing et al. (2003) e
Vaillant et al. (2005) não detectaram a presença de sacarose, mas, usando métodos
enzimáticos, Wu e Chen (1997) descobriram que a sacarose é responsável por 2,8 a 7,5%
dos açúcares totais.
A acidez da polpa é geralmente baixa, entre 2,4 e 3,4 g.L–1, o que resulta em uma alta
proporção de açúcar para ácido, dando uma qualidade sensorial ruim quando o sumo é
consumido de forma isolado. Tradicionalmente, a qualidade sensorial é
consideravelmente melhorada pela mistura do sumo da pitahaya puro com um sumo da
fruta mais ácido; limão, por exemplo. Os principais ácidos orgânicos presentes no sumo
da pitahaya são o ácido cítrico e o ácido L-láctico (STINTZING et al., 2003).
O teor de proteína varia consideravelmente de 0,3 a 1,5%, dependendo dos autores citados
na Tabela 7. Essas diferenças podem ser devidas às metodologias aplicadas ou à possível
interferência da betalaína, o pigmento contendo nitrogênio responsável pela cor vermelha.
O principal aminoácido presente no sumo da pitahaya parece ser a prolina, com um teor
significativamente alto de 1,1 a 1,6 g.L–1 do sumo (STINTZING et al., 2001; STINTZING
et al., 2003). O teor mineral é relativamente alto com potássio, o íon mais prevalente,
seguido por magnésio e cálcio (Tabela 7). As espécies de Hylocereus spp parecem ser
surpreendentemente pobres em vitamina C com menos de 11 mg.L–1, enquanto outras
espécies de cactos, por exemplo, figo da Índia, têm um teor de vitamina C muito mais
alto comparável ao dos cítricos. Outras vitaminas podem estar presentes, mas não foram
relatadas.
STRACK et al., 2003). O sumo de pitahaya possui alta atividade antirradical (cerca de 10
μmol equivalente Trolox (6-hydroxy-2,5,7,8-tetramethylchroman-2-carboxylic acid)
avaliado pelo método ORAC (Oxygen Radical Absorbance Capacity) com fluoresceína,
valor muito semelhante ao da beterraba; VAILLANT et al. 2005). A pitahaya também
pode conter outros compostos fenólicos (6 a 7,5 μmol equivalente do ácido gálico.g –1),
mas a sua caracterização ainda não foi relatada.
PROPAGAÇÃO
Portanto, quando se deseja multiplicar uma planta de forma a manter suas características,
deve-se utilizar a propagação por via vegetativa, sendo a estaquia e a enxertia (Figura 55)
as formas mais utilizadas. Também pode ser realizada a propagação “in vitro”, sendo
indicado em ocasiões quando o material vegetativo que se deseja multiplicar é muito
escasso e de grande importância, uma vez que é um método relativamente caro e que
necessita de uma estrutura especializada, podendo ser um método útil para a conservação
C a p í t u l o I | 77
de germoplasma. Vários autores relatam que é possível a propagação “in vitro”, com
sucesso, de Hypocereus undatus (MOHAMED-YASSEN, 2002; DAHANAYAKE;
RANAWAKE, 2011), Hypocereus polyrhizus (KARI et al., 2010), Hypocereus
costaricensis (VIÑAS et al., 2012) e Selenicereus megalanthus (PELAH et al., 2002;
CREUCÍ et al., 2011).
Figura 55. Enxertia do tipo inglês simples com amarrio com arame e proteção com
parafilme. a) preparo do garfo e do porta-enxerto; b) amarrio com arame; c) detalhe do
amarrio; d) vista lateral da enxertia; e) proteção da enxertia com parafilme; f) vista lateral
da enxertia após o amarrio e a proteção. Após a enxertia as plantas foram mantidas em
condições de telado, com 50% de sombreamento. FCAV, UNESP, Jaboticabal, 2014.
Fotos: Adriana C. C. Silva.
A propagação da pitahaya é comumente realizada por meio de estacas, por ser uma forma
rápida e barata de propagação (Figura 56), utilizando-se, muitas vezes, materiais residuais
da poda. Geralmente, os próprios produtores realizam a multiplicação de suas plantas
quando desejam aumentar a área de cultivo, selecionando materiais de plantas que
apresentem as características desejadas.
C a p í t u l o I | 78
Figura 56. Propagação por estaquia ou estaca da planta de pitahaya. Fotos: Almeida et al
(2016) e Arquivo do projeto Pitaya da Serra.
Marques et al. (2011b) avaliaram diferentes comprimentos (5, 10, 15, 20, 25 cm) de
cladódios no enraizamento de pitahaya (Hylocereus undatus) e concluíram que os
cladódios de 15 a 25 cm são favoráveis para o enraizamento e formação de plantas. Já
Bastos et al. (2006), relatam que cladódios de 25,0 cm de comprimento foram os mais
promissores para a produção de plantas. De maneira geral, observou-se que as estacas
formadas de cladódios a partir de 15 cm são aptas à propagação por estaquia de pitahaya
vermelha, por apresentarem 100% de enraizamento, proporcionaram a formação de
sistema radicular com maior massa e maior comprimento de raízes (Figura 57). É
importante destacar que as pitahayas propagadas vegetativamente, por meio de estacas,
C a p í t u l o I | 79
Figura 57. Cladódios enraizados de pitahaya vermelha por estacas (Hylocereus undatus
(Haw.) Britton & Rose) de diferentes tamanhos (5; 10; 15; 20 e 25 cm). Foto: MARQUES
et al. (2011).
O substrato é um dos principais fatores que interferem na formação de mudas, pois deve
garantir o desenvolvimento e manutenção do sistema radicular, estabilidade da planta e
suprimento de água, nutrientes e oxigênio (NASCIMENTO, 2011). Para Fachinello et al.
(2005), substrato é qualquer material usado como base para o desenvolvimento de uma
planta até sua transferência para o viveiro ou área de produção. Não funciona apenas
como suporte físico, mas também como fornecedor de nutrientes para a muda em
formação.
C a p í t u l o I | 80
A escolha pelo tipo de substrato é importante tanto para a propagação vegetativa quanto
por sementes, e constitui um dos fatores de maior influência no enraizamento de estacas,
pois, além de sustentá-las durante o enraizamento, mantém a base úmida, protegida da
luz e devidamente aerada (SCHÄFFER et al., 2005).
Conforme Le Bellec et al. (2006), o substrato ideal para o enraizamento vai depender da
espécie, do tipo de estaca, da época, do sistema de propagação, do custo e da
disponibilidade de seus componentes. O sistema radicular da pitahaya é fasciculado e,
portanto, absorve rapidamente pequenos teores de elementos no solo. O uso de substratos
regionais ou formulados com componentes regionais é uma medida que reduz os custos
de produção. Restos de vegetais, casca de arroz carbonizada e pó da casca de coco são
alguns exemplos (NASCIMENTO, 2011).
Diversos substratos são utilizados para o enraizamento da pitahaya. Para Santos et al.
(2010a), a mistura de areia e esterco bovino curtido proporciona mudas mais vigorosas e
de boa qualidade, com grande acúmulo de fitomassa na parte aérea e no sistema radicular
de pitahaya. Já para Galvão (2015), a utilização de areia como substrato promove maior
enraizamento das mudas, assim como para Santos et al. (2010a), substratos com a
presença de areia são os mais adequados para a formação de mudas vigorosas e de boa
qualidade.
Figura 58. Agregação das raízes ao substrato e formação de raízes em mudas de pitahaya
(Hylocereus polyrhizus) crescidas em diferentes substratos aos 120 dias após o plantio.
Fortaleza, CE, 2014. Barra = 1 cm. Fotos: João Paulo Saraiva Morais (2016).
O substrato satisfatório para propagação de pitahaya é aquele que possui boa aeração,
fornece oxigênio, consegue suprir a muda em nutrientes e água, favorece sua sustentação
e tem uma boa sanidade. Além disso, é importante que seja de baixo custo. Esses
requisitos são recomendáveis para obtenção de mudas mais vigorosas, saudáveis e quando
forem levadas ao campo, possam se adaptar mais rapidamente, tendo bom
desenvolvimento das plantas, para que, futuramente, tenham uma boa produção e
longevidade.
C a p í t u l o I | 82
MICROPROPAGAÇÃO
-No meio M4 suplementado com ANA (4,0 μM), apresentou-se o maior percentual de
calos (98%), que são descritas por suas características externas, principalmente
consistência e cor, como friáveis, compactas, brancas e clorofílicas. Os calos
desenvolveram-se na base do explante e na maioria dos pontos vegetativos dos cladódios
(aréolas) a partir de explantes basais do filocladódio. Nos demais meios, principalmente
nos meios M1 e M5, também se formaram calos, mas em menor proporção (20%).
-Na etapa de climatização das vitroplantas com uma idade média de 60 dias, foram
observadas diferenças no peso das plântulas, no número e comprimento dos brotos
emitidos e no comprimento das raízes, dependendo do substrato avaliado. Os ambientes
com um umidade relativa de 100% favoreceram o aumento de peso e a brotação. Nos
substratos areia, solo e mistura (areia: solo: turfa -v/v) as plântulas alcançaram maior
brotação; as raízes mais longas desenvolveram-se em areia e vermiculita. Em todos os
substratos, a sobrevivência foi de 100%.
CONDIÇÕES EDAFOCLIMÁTICAS
Requerimentos ambientais
temperaturas abaixo de 12 °C podem causar necrose dos caules (ERWIN, 1996). Para
Hylocereus undatus, temperaturas abaixo de -2,5 ºC e acima de 45 ºC são limitantes,
causando a morte das plantas (NOBEL et al., 2002). As pitahayas podem ser danificadas
pela exposição a temperaturas abaixo de zero (-2 ° C) de longa duração. No entanto, elas
se recuperam rapidamente de lesões leves de congelamento. O desenvolvimento da
espécie é melhor quando cultivadas em condições de temperaturas médias diurnas de 30
ºC e noturnas de 20 ºC (NOBEL; DE LA BARRERA, 2002). Altas temperaturas também
afetam a produção de flores. Nerd et al. (2002a) observaram que a temperatura média de
39 ºC reduziu de 15 a 20% a quantidade de flores de Hylocereus undatus.
Luz: É uma planta que precisa crescer em plena exposição solar, pois a luz é essencial
para o desenvolvimento dos processos fisiológicos. As pitahayas podem ser prejudicadas
pela luz solar extrema e toleram alguma sombra, apesar de ser uma cultura de plena luz
do sol em seus países nativos (habitats). Mesmo que as espécies de Hylocereus spp sejam
semiepífitas e, consequentemente, prefiram normalmente crescer na meia-sombra
(condições fornecidas na natureza pelas árvores), certas espécies podem crescer
perfeitamente bem ao sol (Hylocereus undatus, Hylocereus costaricensis e Hylocereus
purpusii, por exemplo). Ou seja, a pitahaya necessita de luz forte para seu crescimento.
Normalmente são necessários 8.000 lux (pitahaya amarela Selenicereus magalanthus,
requer sombreamento de 40% a 60%) a 12.000 lux (pitahaya vermelha Hylocereus spp,
20% a 40% de sombreamento. É importante salientar que a pitahaya é um tipo de cacto
que pode crescer com aproximadamente 2.000 lux. Mas com apenas 2.000 lux, a pitahaya
não pode florescer para produzir frutos. No entanto, sol muito quente e água insuficiente
podem causar queimaduras dos caules. No deserto de Neguev, em Israel, as condições
mais favoráveis para o crescimento e produção de frutos foram 30% de sombra para
Hylocereus polyrhizus (RAVEH et al., 1998). Nas Índias Ocidentais Francesas
(Guadalupe e Saint-Martin), o cultivo de Hylocereus trigonus só é possível com cerca de
50% de sombra. O excesso de água resulta sistematicamente na abscisão de flores e frutos
jovens (BARBEAU, 1990; LE BELLEC; RENARD, 1997). Graves danos ao caule foram
relatados por queimaduras solares em algumas regiões de cultivo com baixa umidade ou
alta altitude (Figura 60). Cerca de 30% de sombreamento é recomendado durante os
primeiros 3 a 4 meses após o plantio e onde a insolação está em níveis prejudiciais. No
entanto, muita sombra resulta em baixa produção e frutas de baixa qualidade.
C a p í t u l o I | 85
Altura: O pitahaya cresce adequadamente desde o nível do mar até 800 metros acima do
nível do mar, mas também em altitudes de até 2.750 m acima do nível do mar (DE DIOS,
2004).
Quando mantida em condições de seca por seis semanas, a espécie Hylocereus undatus é
capaz de reverter condições de firmeza dos ramos e comprimento de células, reduzidos
durante a seca, em apenas sete dias após a reumidificação. Esta rápida reidratação, cinco
vezes mais rápida que a desidratação dos cladódios, aparentemente reflete em uma maior
habilidade na capacidade de absorção de água pelas raízes, uma vez que cada segmento
de cladódio pode desenvolver raízes adventícias, atuando como unidades individuais de
absorção (NOBEL, 2006).
C a p í t u l o I | 86
Vento: Essas plantas, pela sua rusticidade, suportam ventos fortes. No seu local de
origem, em diferentes épocas do ano podem ocorrer ventos fortes ou furacões que podem
causar danos às estruturas sobre as quais estão apoiados (tutores) e, consequentemente,
danificar as plantas. Além disso, na época de floração, ventos fortes acompanhados de
baixa umidade relativa afetam o processo de fertilização e de pegamento dos frutos, pois
reduzem a receptividade do estigma e a viabilidade do pólen.
Condições edáficas
As espécies de Hylocereus spp podem se adaptar a diferentes tipos de solo bem drenado
(BARBEAU, 1990; BÁRCENAS, 1994; N’GUYEN, 1996). Ou seja, os solos adequados
para cultivo devem ter boa drenagem, com boa disponibilidade de umidade. Solos
argilosos e arenosos são os melhores. A profundidade efetiva do solo deve ser de 50 cm
ou mais, para facilitar o bom desenvolvimento das raízes. O pH preferido pela pitahaya é
o de solos levemente ácidos com variações de 5,5 a 6,5 (ASISTENCIA
AGROEMPRESARIAL AGRIBUSINESS, 1992). Algumas referências classificam-os
de moderados a altamente tolerantes a sais. O solo deve ter um alto teor de matéria
orgânica para o ótimo desenvolvimento da pitahaya (INSTITUTO COLOMBIANO
AGROPECUARIO, 2012).
C a p í t u l o I | 87
SISTEMA DE PRODUÇÃO
ESCOLHA DA ÁREA
Com relação à habilidade do operador que vai retirar a amostra, o ideal é que ele seja
capaz de tomar pequenos, suficientes e iguais volumes de solo em cada ponto de
amostragem. A pá de corte ou trado deve ser de aço inoxidável, para evitar contaminações
principalmente de micronutrientes. Cada amostra composta representará as características
químicas de cada talhão, portanto deve-se ter o cuidado de coletar as amostras simples,
procurando cobrir a totalidade do talhão. Recomenda-se fazer a coleta caminhando em
ziguezague. Para a amostragem de solo são necessários os seguintes materiais: trados ou
com pá de corte, balde plástico e saco plástico. O trado torna a operação mais fácil e
rápida. Além disso, ele permite a retirada da amostra na profundidade correta e da mesma
quantidade de terra de todos os pontos amostrados. Na Figura 61 estão representados os
tipos de ferramentas que podem ser utilizadas na amostragem de solo.
C a p í t u l o I | 88
Figura 61. Ferramentas que podem ser utilizadas na amostragem de solo. Fonte: Agrolink
(2011).
A pesquisa já demonstrou que quanto maior o número de amostras simples tomadas para
compor uma amostra composta, maior é a possibilidade de se ter uma amostra
representativa (Figura 62). O número no qual o erro amostral é bastante reduzido é de 20
amostras simples compondo uma amostra composta. Em cada ponto, retirar os detritos na
superfície do solo. Devem-se evitar pontos próximos a cupins, formigueiros, casas,
estradas, currais, estrume de animais, depósitos de adubo, calcário ou manchas de solo.
Essas subamostras devem ser armazenadas em balde plástico e, ao final da coleta, serem
homogeneizadas, gerando uma única amostra de um quilo. Em seguida, deve-se secar o
solo, armazená-lo em saco plástico ou caixa de papelão, identificar corretamente a
embalagem e enviá-la para laboratório de confiança.
C a p í t u l o I | 89
A análise de solo é uma ferramenta básica para recomendações de calagem. Sua aplicação
tem sido reconhecida como uma das principais técnicas na agricultura para controlar a
acidez dos solos, reduzir os níveis de Al+3 e atuar como fonte de Ca+2 e Mg+2 para as
culturas agrícolas. É importante ressaltar que a pesquisa orienta que a aplicação do
calcário, se for necessária, deverá ser feita dois meses antes do plantio, para que o calcário
tenha produzido a correção pretendida ou a disponibilização de Ca e Mg na quantidade
esperada. Contudo, mesmo que não dê para aplicar calcário com a antecedência
recomendada, apurando-se a necessidade de calagem através da análise de solo, deve-se
fazer a calagem a qualquer tempo, pois os efeitos benéficos da calagem serão alcançados
no decorrer do desenvolvimento da cultura.
O produtor pode também realizar uma calagem na cova de plantio. O calcário na cova de
plantio tem efeito localizado e contribui de forma mais significativa para o crescimento
radicular em profundidade. Sua utilização baseia-se em critérios agronômicos bem
C a p í t u l o I | 90
consolidados e não deve ser feita sem prévia análise de solo. Vale lembrar que a falta ou
excesso de calcário podem prejudicar a nutrição das plantas.
PREPARAÇÃO DO SOLO
Figura 63. Suqueando para plantio da pitahaya. Foto: Oliveira F. T., 2008.
C a p í t u l o I | 91
A preparação da terra deve ser feita um mês antes do plantio e inclui também as seguintes
atividades laborais: retirada de cladódios da planta mãe, preparação de estacas e
coveamento nos locais de implantação dos tutores.
contato com o solo provoca danos nas plantas (LE BELLEC, 2003). A pitahaya é,
portanto, melhor cultivada em suportes vivos ou mortos (BARBEAU, 1990; DE DIOS;
CASTILLO MARTINEZ, 2000).
Quanto à escolha do tipo de tutor a ser utilizado, deve-se levar em conta a vida útil da
pitahaya, que pode ser superior a vinte anos, o custo e a manutenção exigida pelo tutor,
além de que o mesmo deve ser forte o suficiente para aguentar a grande massa verde
produzida pela cultura.
A) Tipos de tutores.
A1.Tutores vivos. Os tutores vivos são estacas de árvores que possuem características
adequadas, para servir de suporte e facilitar o desenvolvimento e escoramento da planta
pitahaya. Suas principais características são:
Como foram abordados anteriormente, os tutores vivos devem ser podados com
frequência (Figura 65), para evitar que os galhos compitam pela luz do sol com a pitahaya.
C a p í t u l o I | 93
Figura 65. Exemplo de tutor vivo individual para pitahaya. Fonte: Procomer – Costa Rica
Exporta.
A2.Tutores mortos. Como tutores mortos podem ser utilizados vários tipos de tutores
desde postes de concreto, troncos de árvore secos, aglomerados de pedra individuais,
paredes de pedra, etc.; sendo que o tronco de gliricídia é mais usado na prática
(CARDOZO et al., 2013). Ao usar tutor morto, é recomendado retutorar quantas vezes
forem necessárias, para evitar que a muda de pitahaya caia no chão. A continuação,
algumas características que um bom tutor morto deve apresentar:
SISTEMAS DE CONDUÇÃO
polegadas de diâmetro), colocando um a dois deles nos locais indicados pelas estacas ou
hastes de cladódios. As plantas nesse sistema se dispõem de forma oposta (Figura 67).
Em áreas íngremes, os caules são plantados no lado mais alto. O espaçamento de plantio
é de 3,0 m - 3,3 m entre fileiras m x 2,0 m - 2,5 m entre plantas, para uma população
aproximada de 1.350 plantas. ha-1, sendo um caule de cladódio semeado ao pé de cada
tutor. Ou seja, em cada um dos tutores vivos plantam-se 1 a 2 estacas de pitahaya,
imediatamente depois de cortá-las da planta mãe, utilizando a semeadura direta.
Figura 67. Espaçamento de plantio de plantas e\ou de tutores no sistema tradicional. Foto:
INTA.
Figura 69. Sistema tecnificado de espaldeira dupla em “triângulo A”. Foto: Arquivo do
Projeto CEE-ALA 86\30 (1994).
C a p í t u l o I | 98
Figura 70. Sistema de tutores de “espaldeira em T”. Foto: Moreira et al., 2012.
Para ligar os tutores na mesma linha de plantio, são esticadas ao menos de 2 a 4 linhas de
arame galvanizado liso nº 12 ou varas de bambu (Figura 71). As linhas de arame servirão
para sustentar a copa da pitahaya futuramente. Recomenda-se a utilização de esteios no
início e no final da linha de plantio (Figura 72).
Figura 71. A) Esteio (tensiona o fio de arame) no início da linha de plantio no sistema de
cultivo da pitahaya em “espaldeira em "T"; e B) Dois fios de arame ligam os tutores na
mesma linha ou fileira de plantio da pitahaya.
C a p í t u l o I | 100
Figura 72. Quatro varas de bambu interligando os tutores na linha de plantio. Foto:
Adriana de Castro Correia da Silva.
Figura 73. Fitilho plástico usado para amarrar o caule principal da planta de pitahaya ao
tutor. Foto: Ferramentas Kennedy.
d) Espaldeira com uso de pneus: É a condução feita com o uso de tutores de eucalipto
tratado ou postes de concreto e pneus velhos. Cada tutor pode ter de 1,6 a 2 m de altura a
partir do nível do solo e na sua ponta superior são colocadas cruzetas de vergalhão de
meia polegada para servirem de fixação para o pneu. Se for de eucalipto tratado, optar
C a p í t u l o I | 101
por estacas de diâmetros maiores que 14 ou 16 cm. Os postes de concreto com diâmetro
de 10 cm x 10 cm ou 12 cm x 12 cm, deixando dois furos em diferentes lados para
introduzir os dois vergalhões (Figura 74) ou por duas traves cruzadas de madeira (Figura
75), encarecem a implantação do cultivo da pitahaya, porém têm maior vida útil.
Figura 74. Espaldeira com uso de pneus, mostrando os dois furos no poste para
introdução dos vergalhões.
C a p í t u l o I | 102
Figura 75. Espaldeira com uso de pneus, mostrando as duas traves cruzadas de madeira
no topo de cada tutor.
Figura 76. (A) Eliminação de brotações laterais, permitindo que um ou dois ramos
alcancem a altura do pneu ou trave. (B) Arqueamento dos ramos laterais após atingirem
a altura ideal. Fotos: Felipe Camargo de Paula Cardoso; Geraldo Magela Gontijo.
Figura 77. Suporte inclinado de grade de ferro usado nas plantações de Hylocereus
undatus com nove meses de idade (A) e de Hylocereus costaricensis com dois anos de
idade (B). Fontes: Procomer - Costa Rica Exporta e www.edpsciences.org/fruits.
Um trabalhador faz a abertura manual ou mecanizada das covas para implantação dos
tutores e das mudas de pitahaya com auxílio de uma draga (Figura 78). As mudas de
pitahaya são plantadas diretamente nas covas, após cicatrização, sem enraizamento
prévio. Para o plantio é realizada a amontoa, deixando a superfície onde o cladódio foi
enterrado 5 cm acima da superfície do terreno, evitando encharcamento na base das
mudas (Figura 79). No momento de colocar a muda na cova deve-se ter o cuidado de
apertar bem, evitando deixar espaços vazios (MOREIRA et al., 2012). Como os tutores
são posicionados ao lado do local das mudas de cladódios, portanto, as suas covas
possuem dimensões diferentes de acordo com o diâmetro do tutor. À medida que vão
crescendo os cladódios, recomenda-se prendê-los à estaca com um fitilho de plástico, para
ajudar a planta a aderir facilmente à estaca.
Figura 78. Abertura mecânica e manual de covas com auxílio de uma draga. Fotos: Senar
(2018) e Antônio Menezes.
.
C a p í t u l o I | 106
Figura 79. Altura do plantio a cinco centímetros do nível do solo. Fonte: Moreira et al.,
2012.
A pitahaya é uma planta perene e com expectativa de produção ao longo de 15-20 anos.
Por isso é importante fazer um planejamento inicial do cultivo, em especial no que diz
respeito à implantação e à forma de condução.
a) Escolha das mudas: o plantio da pitahaya é feito com o caule da planta retirado de
uma planta mãe para se iniciar um cultivo (Figura 80). A escolha da planta mãe é muito
importante, pois o novo plantio mantem as características da planta mãe e ainda permite
a precocidade na produção. Assim, deve-se optar por uma planta mãe em pleno período
produtivo (4 anos), de boa produção, sadia sem sintomas de doenças, com tolerância a
pragas e doenças, vigorosa e com haste adulta em média 80 cm de comprimento. As
mudas retiradas da planta mãe (Figura 81) podem ser levadas diretamente ao campo (de
C a p í t u l o I | 107
Figura 80. Matriz ou planta-mãe de pitahaya, da qual se obtém o material vegetativo para
a propagação. Foto B: INIAP.
Ou seja, a propagação da pitahaya pode ser realizada tanto por estacas enraizadas em
sacos plásticos, quanto por semeadura direta dos cladódios no campo definitivo, embora
não haja diferenças em termos de produtividade de frutos (BOLAÑOS, 1993). Portanto,
as mudas enraizadas em sacos de polietileno são transplantadas para o campo em
Nicarágua no inverno (maio-junho) e em meados de abril ou início de maio, quando os
cladódios, com aproximadamente 80-85 cm de comprimento e previamente desinfetadas,
são usados na semeadura direta.
C a p í t u l o I | 108
b) No viveiro. É uma etapa transitória realizada em casa de vegetação e que tem por
objetivo a propagação do material que posteriormente será instalado de maneira definitiva
no campo. A propagação da pitahaya é feita por meio de material vegetativo (estacas)
obtido de caules de plantas que apresentam ótimas condições fitossanitárias, de adaptação
e de produção (Figura 82).
A estaca responde mais rapidamente à formação de botões florais e frutos quando se trata
de caules delgados e de comprimento de 25 cm a 30 cm (Figura 83). Deve ser deixado à
sombra por 7 dias, após o qual são plantados em sacos plásticos (20 cm x 30 cm) com a
mesma orientação que se tinha na planta-mãe. É conhecido como cura a atividade de
deixar as mudas cortadas por 7 a 10 dias em local sombreado e arejado para que a parte
onde os cladódios foram cortados possa cicatrizar e não entrar em contato direto com o
solo, o que provocaria o seu apodrecimento. Antes do seu plantio, o material vegetativo
é embebido na solução por 5 minutos e depois seco à sombra (Figura 84).
C a p í t u l o I | 109
Figura 83. Tamanho da estaca de pitahaya (acima de 25 cm). Fonte: Procomer – Costa
Rica Exporta.
O plantio de pitahaya deve ser feito com mudas maiores que 30 cm, pois estudos mostram
que o tamanho da muda favorece o enraizamento e o pegamento (Figura 85). Os
espaçamentos utilizados são de 3 m x 3 m ou 3 m x 2 m, pois favorecem os manuseios
futuros na cultura como podas e colheita. Para as hastes enraizadas em saco plástico, as
covas feitas no campo devem ter 30 centímetros de diâmetro e 40 centímetros de
profundidade. Antes de receber a muda no campo deve ser feito a adubação por cova,
geralmente é utilizado adubo orgânico como esterco de curral ou esterco de frango,
podendo também utilizar a adubação química como o supersimples e micronutriente.
Após isso, deve ser colocada a muda a cinco centímetros a cima do nível do solo.
C a p í t u l o I | 111
-Malathion (Malathion) 100 cc + [Maneb + Zineb (Dithane M 45® ‚)] 100 cc, em 100
litros de água.
ser a primeira a ser recolocada dentro das covas. Recomenda-se a adubação das covas de
plantio com:
São plantadas duas mudas de cladódio, sem raízes na sua base, e ao pé do tutor, enterrando
15 cm a ponta lenhosa onde foi feito o corte (Figura 86). Em áreas íngremes, os caules
são plantados no lado mais alto. À medida que vão crescendo os cladódios, recomenda-
se prendê-los à estaca de pitahaya com um fitilho de plástico, para ajudar a planta a aderir
facilmente ao tutor.
Figura 86. a) Plantio direto dos cladódios e estacas enraizadas de pitahaya. Fotos:
LÓPEZ, H.; GUIDO, A. (2014) e Procomer – Costa Rica Exporta.
C a p í t u l o I | 113
Após o plantio da muda, deve-se amarrar com fitilho para prendê-la ao tutor, pois a
pitahaya é uma planta trepadeira e o tamanho do tutor varia, mas geralmente é feito de
madeira ou cimento. A condução da pitahaya é simples devendo apenas ser feito podas
eventuais de cladódios pouco produtivos quando necessário para que não saia do perfil
do tutor, o que poderá dificultar a operação de colheita.
e) Propagação por sementes. A pitahaya pode ser propagada a partir da semente, mas
as características do fruto e do caule são variáveis, e o tempo desde o plantio até a
produção do fruto pode ser de até 7 anos (Figura 87). A propagação assexuada é preferida
e o uso de estacas de caule é amplamente difundido. Normalmente, segmentos inteiros da
haste de 12 a 38 cm são usados (Figura 88). Um corte inclinado é feito na base do caule,
então as mudas são tratadas com um fungicida e deixadas para curar (secar e sarar) por
7–8 dias em um local seco e sombreado antes de serem plantadas diretamente no campo.
Alguns propagadores aplicam um hormônio na parte da raiz das mudas após a cura, mas
antes de plantá-las. As mudas crescem muito rápido (3 cm por dia) e muitas produzem
frutos de 6 a 9 meses após o plantio. Os cortes mais longos geralmente alcançam os
suportes da treliça (parte superior do tutor) mais rápido do que os mais curtos. As
pitahayas também podem ser enxertadas, mas essa prática não é comum. A enxertia tem
potencial para fazer seleção de porta-enxertos adaptáveis a vários tipos de solo e
problemas. As mudas enxertadas de cladódios levam cerca de 4 a 6 meses para
desenvolver um bom sistema radicular em sacos de plástico e estar prontas para o plantio
em local definitivo.
Figura 89. Plantio adensado com três cladódios (ou ramos principais) por suporte vertical
(tutor). Foto: MFRURAL.
Figura 91. Plantio de pitahaya com tutoramento de 1,60 de altura com 1 metro a cada
duas plantas e 1,50 metros na fileira (Facilidade no manejo).
Outra técnica tradicional no México é a forma como é feito a divisão dos lotes (Figura
92), no terreno escolhido para o plantio de pitahaya com tutores vivos, os quais são
traçados 25 quadrados de 20 m x 20 m (400 m2) por hectare e são medidas de organização
esquemática da agricultura tradicional da época Maia.
C a p í t u l o I | 117
Figura 92. Estabelecimento e traçados das 25 parcelas de pitahaya por ha. Foto: Héctor
Cálix de Dios et al. (2014).
Figura 93. Campo de pitahaya com duas variedades plantadas em fileiras alternadas:
Variedade Golden de Israel (fruto de casca amarela e polpa branca) e Variedades da
espécie Hylocereus undatus (fruto de casca vermelha e polpa branca).
IRRIGAÇÃO
Mesmo que a pitahaya possa sobreviver com poucas chuvas (LE BELLEC, 2003) - muitos
meses de estiagem -, mas quando as frutas de boa qualidade são exigidas pelo mercado,
um abastecimento regular de água é necessário. A irrigação regular é importante, pois
permite à planta formar reservas suficientes não só para florescer na época mais favorável,
mas também para garantir o desenvolvimento dos frutos. Recomenda-se a microirrigação
local (gotejamento). Além da eficiência do abastecimento de água por esse sistema, a
microirrigação evita regas desiguais e excessivas que podem resultar na queda das flores
e dos frutos jovens (BARBEAU, 1990; Figuras 94, 95 e 96). No caso da irrigação
convencional, instale anéis de irrigação a cerca de 30 cm do poste, para distribuir
adequadamente a água de irrigação. A frequência da irrigação é determinada de acordo
com a textura do solo.
C a p í t u l o I | 119
Figura 94. Irrigação por gotejamento de plantas de pitahaya com tanque de água
posicionado na parte mais elevada do terreno. Fotos: Vaneide Pereira Reinaldo Alves
(2020).
Figura 95. Irrigação por goteamento com os canos suspensos, sendo dois metros entre
postes de cimento (altura do poste de 1,60 m + 0,50 m enterrado). Arquivo de campo em
Taiwan.
C a p í t u l o I | 120
Figura 96. Irrigação auxilia na produção dos frutos de pitahaya ou um sistema antigeada
por meio de irrigação por microaspersão. Foto: Roger Terra de Moraes/Emater-RS.
Embora as pitahayas sejam membros da família dos cactos e possam resistir a períodos
de estiagem, elas precisam de bastante água. Becerra (1992) recomenda a aplicação de
irrigação principalmente em épocas de estiagens muito prolongadas. De acordo com o
experimento realizado na Colômbia, observou-se que a aplicação de irrigação após um
período de estiagem não teve impacto imediato sobre a floração (POZO, 2011). Por outro
lado, a umidade excessiva do solo resultará no desenvolvimento de doenças bacterianas
e fúngicas. Um período seco (inverno e início da primavera) é necessário para a indução
de floração abundante, mas uma vez que as plantas florescem (final da primavera e verão),
os períodos de seca podem resultar em produção pobre. Portanto, a rega periódica é
recomendada desde a floração até a colheita.
Le-Bellec et al. (2006) propõem duas irrigações por semana durante a produção. Embora
eles indiquem que a pitahaya pode sobreviver com precipitações muito baixas e em
condições de muitos meses de estiagem. A quantidade de água vai depender do tipo de
solo, por exemplo, no sul da Califórnia, as plantas jovens respondem bem a 1 litro de
água por dia, em irrigação por gotejamento (MERTEN, 2003). Enquanto Lichtenzveig
(2000) sugeriu o uso de 2 litros de água por planta a cada semana, durante a estação úmida
C a p í t u l o I | 121
e fria (novembro a abril) e na estação quente (maio a outubro), propõe a aplicação de 2,5
litros por planta, duas vezes por semana, com a incorporação de nutrientes como: N – 70
ppm, P - 9 ppm e K -70 ppm. Esta adição de água e nutrientes é proposta para ser feita
em irrigação por gotejamento (Figura 97).
CONSORCIAÇÃO
A pitahaya é uma fruta relativamente nova no Brasil e que possui total chance de
crescimento por apresentar alta adaptabilidade com relação aos diversos climas, bem
como a possibilidade de ser feito um consórcio com outras frutíferas, como exemplo da
Colômbia que cultiva a pitahaya em consorcio com culturas permanentes cacau, pimenta
C a p í t u l o I | 122
do reino, e café ou com culturas temporárias com feijão, milho, gergelim, etc (Figuras 98
e 99), produzindo dessa forma mais uma possibilidade de os produtores gerarem renda
para a sua propriedade (ORTIZ-HERNÁNDEZ; CARRILLO-SALAZAR, 2012).
Figura 98. Plantio de pitahaya em consócio com feijão-fava (Phaseolus lunatus L.). Foto:
UNA\FAGRO.
Figura 99. Plantio consorciado de milho entre os postes (ou fileiras) para que sirva de
sombreamento da pitahaya e irrigação. Foto: Jason C. S. Wu (ICTA; Guatemala).
C a p í t u l o I | 123
Figura 100. Pitahaya sob SAF com Erythrina poeppigiana. Foto: INIAP.
Figura 101. Pitahaya sob SAF com Gliricidia sepium. Foto: INIAP.
C a p í t u l o I | 125
Nestes sistemas de produção, foi encontrada maior quantidade de minhocas (117 e 103
minhocas/m2) em relação às monoculturas. Além disso, a abundância e a biomassa das
minhocas aumentaram 56% na época de chuva máxima em relação à época de chuva
mínima. Este comportamento pode ser decorrente principalmente do manejo agronômico
da cultura (fertilização, rotação e uso de agroquímicos), variáveis ambientais
(temperatura), fatores edáficos (nutrientes) e sazonais (chuvas e secas).
Figura 102. Plantio de pitahaya amarela com o sombreamento de 40%, obtido por meio
da cobertura de sombrite e irrigação. Foto: Jason C. S. Wu (ICTA; Guatemala).
Figura 103. Espécie Hylocereus spp cultivada sob rede de sombra (sombrite) de forma
total e parcial. Foto: MF Rural.
C a p í t u l o I | 127
Figura 104. Sombreamento total (A) e sombreamento parcial das plantas de pitahaya (B-
C-D). Fotos: Ribamar Neto (UFC) e Almeida et al. (2016)
Algumas espécies do gênero Hylocereus, no entanto, são mais tolerantes à luz, pois
apresentam uma cobertura de cera na extensão dos cladódios, que evita a exposição direta
dos estômatos à radiação solar. No Ceará, a pitahaya vermelha é cultivada
comercialmente sob condições de pleno sol e nas épocas mais quentes do ano,
evidenciam-se plantas com cladódios amarelados, que consistem em sintomas de efeitos
pouco conhecidos sobre a produção de frutos. Almeida et al. (2016) explicaram que se
trata de um eficiente mecanismo foto-protetor que, dentre outras modificações (na
anatomia e trocas gasosas), resulta em boa aclimatação da cultura ao ambiente de cultivo
sob plena radiação solar.
C a p í t u l o I | 128
ADUBAÇÃO
Os solos que oferecem melhores condições para o desenvolvimento das plantas possuem
pH entre 5,5 e 6,5, são não compactados, ricos em matéria orgânica, bem drenados e de
textura bem solta (LIMA, 2013). Além disso, a utilização de fontes alternativas de
nutrientes pode minimizar os custos com boas perspectivas de produtividade para a
pitahaya (MARQUES et al., 2012).
Nas condições edafoclimaticas de Bom Jesus, PI, a utilização de 20 litros de esterco cova -
1
foi recomendada na ocasião do plantio de pitahaya, por aumentar o crescimento da parte
aérea (CAVALCANTE et al., 2011). Na Califórnia, a adubação à base de compostos
C a p í t u l o I | 129
orgânicos e estercos de origem animal têm sido realizados com sucesso, inclusive sem a
necessidade de suplementação com adubos minerais (THOMSON, 2002).
O P é exigido, na maioria das vezes, na fase inicial do desenvolvimento das plantas, por
ser um elemento essencial na divisão celular, exercer funções na fotossíntese e
proporcionar a formação inicial e o desenvolvimento do sistema radicular
(MALAVOLTA et al., 1997; EPSTEIN; BLOMN, 2006; TAIZ; ZEIGER, 2004). Quando
disponível em quantidades satisfatórias, aumenta a tolerância das plantas a situação de
estresse, por favorecer o desenvolvimento do sistema radicular. Entretanto, a deficiência
causa redução do crescimento, atraso no início do florescimento e redução no número de
frutos produzidos (MALAVOLTA et al., 1997).
Mesmo assim, a adubação deve ser feita obedecendo aos resultados da análise de solo e
às necessidades da cultura. Para assegurar um bom desenvolvimento da planta,
recomenda-se a utilização de matéria orgânica (20 L de esterco de curral), calcário
dolomítico (500 g) e adubação química com 300 g de superfosfato simples e
micronutrientes (50 g de FTE BR 12) por cova.
Figura 107. Aplicação de adubo em redor da planta de pitahaya. Fonte: Procomer – Costa
Rica Exporta.
C a p í t u l o I | 132
Há indicações de que este tipo de aplicação seja realizado antes das primeiras chuvas e
da floração, porque reduz a queda das flores. Os fertilizantes foliares que podem ser
utilizados são: Bayfolán; Kinfol, Newffol e ureia 46%. Os dois primeiros corrigem
deficiências de elementos menores como Zn, Cu, Mg, etc., o terceiro fornece aminoácidos
essenciais para os processos fisiológicos da planta e o último fornece Nitrogênio. As
doses por hectare são: - Bayfolán: 2 litros dissolvidos em 200 litros de água; - Kinfol: 2
litros dissolvidos em 200 litros de água; - Newffol: 1 litro dissolvido em 200 litros de
água; e - ureia 46%: 5 libras dissolvidas em 200 litros de água (LÓPEZ; GUIDO, 2014).
O manejo de plantas daninhas deve ser feito com intuito de não haver concorrência com
a planta por água ou nutrientes, visando um desenvolvimento rápido, gerando um fruto
maior de diâmetro e melhor qualidade. Ou seja, em qualquer cultivo agrícola, o controle
de plantas daninhas é indispensável, visando à obtenção de plantas sadias e produtivas,
principalmente em relação às seguintes operações de campo: capina manual entre fileiras
e entre plantas de pitahaya, coroamento e cobertura morta ou a utilização de filme plástico
(Mulching).
Capina. O controle de plantas daninhas no pomar de pitahaya deve ser realizado levando
em consideração as especificidades da planta, do clima e do terreno, pois a ocorrência de
plantas invasoras pode prejudicar o desenvolvimento das pitahayas, afetando a
produtividade e dificultando os tratos culturais. As plantas daninhas concorrem com o
pitahaya, notadamente, até os primeiros 6 a 8 meses de implantado. O seu controle pode
ser realizado de forma manual e mecânica. O controle manual consiste no arranquio das
plantas daninhas localizadas a 40 cm de distância do caule, região esta, onde se encontra
a maior concentração de raízes e pêlos radiculares, evitando a competição por nutrientes
e água entre a invasora e a planta cultivada.
C a p í t u l o I | 133
O controle mecânico deve ser realizado nas entre linhas das plantas, sendo indicado a
manutenção de cobertura vegetal nas linhas, visando minimizar as perdas de umidade do
solo, além de protegê-lo contra erosões e processos de compactação devido ao uso de
maquinários. Este controle deve ser feito com o auxílio de implementos agrícolas como
roçadeiras, rolos de faca, foices e até mesmo enxada, sempre que a cobertura vegetal
alcançar um crescimento acentuado.
Coroamento. O coroamento deve ser feito à enxada, e tendo-se o cuidado de não causar
injúrias mecânicas ao caule e de não formar bacias em volta da muda, o que propiciaria o
acúmulo de água durante o período chuvoso e, consequentemente, o encharcamento e
riscos de morte para a planta. Por ser uma cultura rústica dificilmente possui alguma
doença ou praga, no entanto pode ocorrer a bacteriose, que é causada por Pectobacterium
carotovora, ocasionando o apodrecimento dos cladódios, (COSTA, 2012),
principalmente quando é facilitada a entrada através de corte em bisel feito para produzir
mudas de ramos ou provavelmente pelas injúrias no caule durante as operações de capina.
A cobertura morta é uma prática muito importante nos cultivos agrícolas, por promover
vários benefícios, como: aumento da atividade microbiológica do solo; incorporação de
nutrientes, principalmente de nitrogênio, graças à decomposição da matéria orgânica; e
controle da perda de água do solo pela incorporação e consequente manutenção hídrica
do solo (EMBRAPA AMAZÔNIA ORIENTAL, 2009), porque muita água aplicada com
muita frequência pode causar apodrecimento das raízes da planta de pitahaya. Mantenha
a cobertura morta de 20 a 30 cm de raio em redor da base do caule da planta.
invasoras. O plástico preto é mais barato e, ao aquecer o solo, impede o crescimento das
espécies invasoras e não permite a passagem da luz (Figura 108). Enquanto o plástico
branco é empregado para refletir a luz e não elevar muito as temperaturas do solo.
Figura 108. Cobertura do solo com filme plástico (Mulcing) para controle de plantas
daninhas. Foto: Arquivo de campo de Taiwan.
Controle químico. Deve-se evitar o controle químico, que embora possa ser bastante
eficiente no controle das plantas daninhas, possa acarretar problemas de fitotoxidade das
plantas de interesse, além de danos aos aplicadores e ao meio ambiente.
O controle de pragas e doenças na cultura da pitahaya é feito basicamente por meio das
práticas culturais, como adubação adequada e o manejo das podas. Os cladódios e os
frutos infectados devem ser removidos da área de cultivo, de modo a retirar a fonte de
inoculo.
PRAGAS
Figura 109. Danos em frutos ainda verde, apresentando as brácteas raspadas pelas
abelhas irapuã (a) e fruto com ataque severo de abelhas irapuãs, apresentando necrose dos
locais afetados e furos (b). Fotos: João Paulo de Oliveira Muniz (2017) e Adriana C. C.
Silva (a-b).
A irapuã também causa danos aos botões florais e flores, roubando o néctar dos botões
florais, através de furos e do pólen das flores abertas. Vale salientar que esta espécie não
exerce nenhuma atividade polinizadora, e é relatada causando danos em diversas outras
culturas além da pitahaya, porém, por ser uma espécie nativa, seu controle não é
permitido. Assim, para se evitar os danos que podem causar, deve-se lançar mão de
controle cultural, ensacando-se os frutos (Figura 110). Para tanto, o uso de jornal ou saco
de TNT são mais eficiente, por serem resistentes ao tempo, permanecendo íntegros por
mais tempo (COSTA, 2012).
C a p í t u l o I | 137
Figura 110. Sacos em TNT para proteção de frutas contra pragas, sobretudo produção
orgânica, já vem acompanhado com cordão para amarrar.
Percevejo de patas laminadas (Leptoglossus zonatus). É uma praga que afeta a pitahaya
durante os meses secos. Tanto as larvas (ninfas) quanto os adultos causam danos ao se
alimentarem dos frutos, através da sucção da seiva dos cladódios, causando clorose. Além
disso, também afetam os botões florais, cujos sintomas se manifestam com certa cor
avermelhada (MEDINA; KONDO, 2012; Figura 111). Por outro lado, também causam
danos indiretos, uma vez que as lesões ou rachaduras nos frutos que se originam, tornam-
se portas de entrada de fungos e bactérias, inviabilizando o comércio, podendo levar até
à morte da parte afetada.
Figura 112. Mosca do botão floral (Dasiopis saltans). Foto: Kondo, T., en: Delgado et
al. (2010).
C a p í t u l o I | 139
Controle. O controle químico para combater essa praga não é muito eficaz devido ao
rápido surgimento de resistência. Portanto, recomenda-se o monitoramento da praga,
além do uso de armadilhas com atrativos proteicos hidrolisados à base de milho e soja.
São também relatadas outras pragas que podem causar danos à cultura da pitahaya de
maneira esporádica, como pulgões, cochonilhas (Figura 113), lesmas e caracóis, que
apresentam preferência por tecidos mais jovens, principalmente o ápice de crescimento
da planta.
C a p í t u l o I | 140
Figura 113. Sépalas das flores de pitahaya com pulgões (a) e cochonilhas em cladódio
jovem (b). FCAV, UNESP, Jaboticabal, 2014. Foto: Adriana C. C. Silva.
Controle. Para o controle de pragas é muito utilizado o óleo de nem, principalmente para
pulgões e cochonilhas, para as demais pragas podem ser utilizados produtos à base
Beauveria bassiana.
Trichoderma sp.. É importante que a cultura tenha um bom sistema de drenagem, para
diminuir a mobilidade dos nematoides (ICA, 2012).
DOENÇAS
Uma das doenças fúngicas mais graves para a cultura da pitahaya é a antracnose, que
pode reduzir gravemente a produção, por reduzir a área fotossintética da planta (CRANE;
BALERDI, 2009; MASYAHIT et al., 2009). A antracnose é uma doença causada pelo
fungo Colletotrichum gloeosporioides (SUÁREZ et al., 2019ª), a qual ataca os cladódios
e os frutos da planta, apresentando manchas circulares de coloração marrom-
avermelhada, que ao avançar no tecido apresentam lesões de cor preta, com aspecto
encovado seco, circundadas por um halo avermelhado e na parte externa de cor amarelo
(ICA, 2012). Este patógeno pode infectar tanto o fruto imaturo no campo quanto o maduro
na pós-colheita (ALI et al., 2013; HU et al., 2019). Iskandar et al. (2015) identificaram
também o patógeno Colletotrichum truncatum provocando sintomas nos cladódios de
pitahaya de polpa vermelha na forma de lesões marrom-avermelhadas, marrom-escuras
ou pretas, com diâmetro de 20 mm a 30 mm, com halos cloróticos e acérvulos pretos
foram frequentemente observados em lesões maduras (Figura 114).
C a p í t u l o I | 142
Figura 114. Síntomas de antracnosis – Villarica (Tol.) – I.A. Diana Paola Mora Castro
Controle: • Use material de propagação livre do fungo; • Expor ao sol os locais de plantio;
• Semear de preferência em leirões; • Drenar o solo; • Controle oportuno de plantas
daninhas; • Fertilizar adequadamente; • Realizar podas sanitárias; • Eliminar as plantas
infectadas; • Aplicar o fungo Trichoderma sp., como um biocontrolador; • Aplicar
fungicidas, preventivos e / ou curativos, se necessário.
C a p í t u l o I | 144
Podridão branda do cladódio (Erwinia carotovora pv). É uma doença causada pela
bactéria Erwinia carotovora que afeta principalmente os cladódios (Figura 116). A
podridão pode ocorrer 15 dias após sua infestação inicial na planta e a suscetibilidade se
deve à deficiência de cálcio e nitrogênio. A alta temperatura e umidade relativa favorecem
o desenvolvimento dessa bactéria (MORA, 2011). Sintomas: Manchas amarelas nos
cladódios; Manchas de aspecto húmido (podridão aquosa) com um forte odor
desagradável; e em estados de danos avançados, atingem o apodrecimento de toda a
planta.
Figura 116. Podridão branda do cladódio (Erwinia) – Villarica (Tol.). Foto: Diana Paola
Mora Castro.
fungo causa deterioração da epiderme e na polpa pode ou não ocorrer sintomas visíveis.
Isso leva muitos consumidores a descartarem a epiderme e consumirem a polpa, o que
gera grande preocupação para a saúde humana no consumo de alimentos com possível
presença de micotoxinas (FAO, 2017).
Nesses casos, faz-se necessário o uso de defensivos alternativos que podem ser de
preparação caseira, a partir de substâncias não prejudiciais à saúde humana e ao meio
ambiente. Pertencem a esse grupo as formulações que têm como características
principais: baixa ou nenhuma toxicidade ao homem e à natureza; eficiência no combate
aos artrópodes e microrganismos nocivos; não favorecimento à ocorrência de formas de
resistência desses fitoparasitas; disponibilidade; e custo reduzido. Estão incluído na
categoria, entre outros, os diversos biofertiIizantes líquidos, as caldas (Sulfocálcica e
Bordalesa), os extratos de plantas e os agentes de biocontrole (PENTEADO, 1999).
Biofertilizantes líquidos
Após o resfriamento, deverá ser coada em pano ou peneira fina para evitar entupimento
dos pulverizadores. A borra restante pode ser empregada para caiação de troncos de
arbóreas. A calda pronta deve ser estocada em recipiente de plástico opaco ou vidro
escuro e armazenada em local escuro e fresco, por um período relativamente curto, sendo
ideal sua utilização até, no máximo, 60 dias após a preparação.
Para melhor aderência da calda na planta pode-se utilizar espalhantes adesivos naturais,
tais como 1 colher de sopa rasa de açúcar (10 a 15 gramas) ou 1 copo de leite desnatado
(200 ml) ou 50 gramas de sabão neutro dissolvido em água quente. Estas dosagens são
para 10 litros de calda. É importante que o equipamento pulverizador seja capaz de
propiciar uma distribuição uniforme das gotículas sobre a planta ou as parte podadas dos
cladódios, inclusive na parte inferior dos cladódios, promovendo uma boa cobertura da
calda sulfocálcica, desta forma sendo mais eficiente no controle de pragas e doenças.
Possui ação inseticida contra insetos sugadores, como tripes e cochonilhas, entre outros.
Tem também efeito acaricida e fungicida (principalmente no controle de oídios e
ferrugens). Para aplicação em estágio vegetativo, geralmente utiliza-se em concentrações
de 0,5 a 1,0 º Bé.
A calda sulfocálcica é obtida pelo tratamento térmico do enxofre e da cal. O efeito tóxico
da calda aos insetos e ácaros é causado pela liberação de gás sulfídrico (H2 S) e enxofre
coloidal, quando aplicado sobre as plantas (ABBOT, 1945). Resultado de testes obtidos
com o ácaro-vermelho em outras culturas tem sido promissor.
b) Calda Bordalesa: é uma suspensão coloidal, de cor azul-celeste, obtida pela mistura
de uma solução de sulfato de cobre com uma suspensão de cal virgem ou hidratada. A
formulação a seguir é para o preparo de 10 litros; para fazer outras medidas, é só manter
C a p í t u l o I | 148
Azadirachta indica, conhecida pelos nomes comuns de amargosa e neem, é uma árvore
da família Meliaceae, com distribuição natural no sul da Ásia (Índia) e utilizada na
produção de madeira e para fins medicinais. Os produtos derivados do nim são
biodegradáveis, portanto, não deixam resíduos tóxicos nem contaminam o ambiente,
possuem ação inseticida, acaricida, fungicida e nematicida (SCHUMUTTERER, 1990;
MARTINEZ, 2002).
O rendimento dos frutos do neem varia entre 25 e 50 kg por árvore, de acordo com a
temperatura, umidade, tipo de solo e genótipo da planta. Normalmente, 50 kg de frutos
maduros têm cerca de 30 kg de sementes, as quais produzem em média 6 kg de óleo e 21
kg de pasta. Cada quilograma de sementes secas contém aproximadamente 3.000
unidades (SOARES et al., 2003).
• -Indicações:
• -Controle de pragas da pitahaya em geral e pode ser utilizada como adubo foliar.
• -Ingredientes:
• -* 80 folhas fresca de mamona;
C a p í t u l o I | 150
• -* 20 litros de água;
• -Modo de preparo e uso:
Triturar ou macerar as folhas, depois colocar na água e deixar em repouso por doze horas,
num local escuro. Depois coar e utilizar, mas dever-se ser armazenada, no máximo 3 dias.
Aplicar a calda ou macerado com o pulverizador costal.
Figura 118. Planta de mamona usada como macerado para preparação de bioinseticida.
Figura 119. Preparação dos bioinseticidas para combater as pragas na cultura da pitahaya.
Foto: Vicente de Paula Queiroga.
Materiais de uso:
Modo de preparo: Antes de fazer a calda de fumo é necessário fazer a calda adesiva ou a
calda de sabão.
Essa solução servirá para fixar a calda de fumo, ou qualquer outra solução às plantas. Em
alguns casos, o uso apenas dessa calda já é o suficiente para eliminar alguns tipos de
infestações, como as cochonilhas, por exemplo.
Para o preparo da calda adesiva, coloque em fogo brando a barra de sabão de coco em 2
½ litros de água. Aqueça até o sabão dissolver completamente. Deixe esfriar e reserve.
Esse procedimento consiste em picar o sabão. Coloque 2½ litro de água para aquecer,
depois coloque o sabão na panela e aqueça até dissolver, para passar por uma peneira fina
num balde com mais 5 litros de água. Está pronta a mistura para receber a calda.
C a p í t u l o I | 152
Depois da calda adesiva pronta, inicia-se o preparo da calda de fumo, picando bem o fumo
de rolo e colocando-o em 01 litro de água ainda fria. Coloque-a no fogo para ferver.
Levantando fervura deixe por 20 minutos mexendo sempre para não subir e transbordar.
Depois de fervido, passe por uma peneira fina já misturando à calda adesiva de sabão.
Depois de frio, adicione uma colher de cal hidratada.
Os percevejos sugam a seiva das plantas. Alguns deles são insetos muito sensíveis e
morrem facilmente quando expostos a qualquer substância tóxica. Recomenda-se colocar
100 g de folhas de urtiga frescas em 01 litro de água e deixe amolecer por 3 dias. Coe e
misture com mais 10 litros de água. Pulverize sobre as partes atacadas.
próximo ao campo, sendo que essas misturas de feromônio (areia com cheiro distinto)
deixam as formigas desorientadas e terminam abandonando tal formigueiro.
Dominância apical. As gemas axilares das cactáceas são representadas como aréolas
ovaladas dois milimetros abaixo da superficie da casca. Sob condições ambientais
adequadas, surgem novos cladódios, flores e raízes a partir do tecido meristemático das
mesmas (FAO, 2001).
Além disso, para a condução das plantas de pitahaya, são utilizados postes mortos
(cimento, eucalipto, etc) ou vivos (gliricídia) com altura de 1,60 m e 11,5 cm de diâmetro.
Na extremidade de cada poste é posicionado um caibo com 1 m de comprimento,
formando uma estrutura tipo “T” (Figura 120). As plantas são conduzidas em haste única,
até atingirem a altura do tutor. Ou seja, as hastes principais das 2 a 3 plantas instaladas
ao redor do poste devem ser guiadas de forma reta, seguindo o trajeto do poste, até atingir
1,60 m. São fixadas com fitilhos ou qualquer outro material biodegradável, evitando o
uso de arame para não danificar as hastes. Uma vez as hastes principais, tendo atingido
esta altura (1,60 m) e estando distribuídas no centro do pneu, que serve de suporte, devem
continuar seu crescimento no pneu, deixando de 3 a 4 filocladódios por planta, para que
se espalhem e continuem seu crescimento, após a operação de poda apical de cada haste
principal (3 a 4 hastes principais por poste), dando lugar para os ramos laterais ou cachos
de ramos secundários de comportamento decumbente (pendente), formando uma espécie
de guarda-chuva ou guarda-sol. Qualquer novo rebento lateral que não surja na parte
C a p í t u l o I | 155
apical deve ser retirado, pois não terá suporte e pode se quebrar facilmente, danificando
a haste principal.
Figura 120. Pitahaya com brotações laterais (A); pitahaya com as brotações laterais
podadas (B) e condução dos cladódios acima da trave em T do poste (C). Fonte: Moreira
et al., (2012b).
contaminação por fungos (CARDOZO et al., 2013). Nas Figuras 122 e 123, observa-se a
poda apical do cladódio principal que é efetuada para induzir a formação da copa da
pitahaya.
Figura 121. Tesoura de poda usada na poda de formação da haste principal. Foto:
LÓPEZ, H.; GUIDO, A. (2014).
C a p í t u l o I | 157
Figura 122. a) Pitahaya com cladódio principal podado um pouquinho abaixo do tutor (5
cm; seta vermelha; poda apical) para estimular a formação da copa e b) Copa ou cachos
de ramos secundários bem distribuídos brotados a partir do ramo principal podado (seta
vermelha).
Figura 124. a). Poda fitossanitária de cladódios de pitahaya afetados por bacteriose. e b)
Enterrando os cladódios doentes fora da área de plantio. Fotos: Proyecto CEE-ALA
86/30, 1994.
C a p í t u l o I | 159
Figura 126. Podas de desponte (ou poda apical ou desponte dos ramos terciários com 70
cm acima da trave em T, realizada no início de outubro) dos cladódios para estimular a
frutificação da pitahaya. Foto: Reinaldo Alves (2020).
Por outro lado, a poda de desbaste consiste em eliminar os botões improdutivos que
estão na parte interna da planta, região que recebe menor incidência de luz e limitação de
espaço, devido ao alto número de cladódios que se concentram nessa região, quando não
se realiza o desbaste (Figura 128). Além disso, melhora a circulação de ar entre os ramos
secundários, reduz a densidade de ramos secundários, evitando peso excessivo que pode
derrubar o tutor ou mesmo a própria planta e diminuindo os ataques de doenças fúngicas
e bacterianas durante o período das chuvas (LÓPEZ; GUIDO, 2014). Devem ser
eliminados, também, todos os cladódios que apresentam danos severos devido ao ataque
de pragas e doenças. Isso é confirmado por Téllez (2016), ao indicar que deve ser
realizada poda de desbaste, poda fitossanitária e se forem utilizados tutores vivos, também
deve ser feita poda.
Segundo Costa et al. (2014), trabalhando com Hylocereus undatus, verificou que 96%
dos cladódios que já haviam produzido frutos em anos anteriores, produziram frutos
novamente, com média de 2,89 frutos por cladódio, e os cladódios novos, emitidos devido
o ciclo vegetativo natural, produziram neste mesmo ano, uma média de 2,15 frutos por
cladódio, deduzindo-se que a possibilidade de uma poda de renovação em distintas
intensidades para planta de pitahaya pode se tornar benéfica, não representando perdas
acentuadas de produção de um ano para o outro.
fisiológica; 3- Os riscos de danos por pragas e doenças são reduzidos, uma vez que os
sugadores dos tutores vivos servem como hospedeiros de doenças fúngicas e esconderijos
de insetos-praga; e 4- Facilita os tratos culturais na lavoura (aplicações foliares em geral)
(LÓPEZ; GUIDO, 2014).
C a p í t u l o I I | 165
Capítulo II
Estudos em Israel (WEISS et al., 1994b; NERD; MIZRAHI, 1998, 1999; NERD et al.,
1999) mostram que o crescimento de frutos para as espécies Hylocereus costaricensis,
Hylocereus polyrhizus, Hylocereus undatus e Selenicereus megalanthus segue um padrão
sigmoide, com uma taxa de crescimento baixa ou desprezível durante a última fase
quando ocorre o amadurecimento. Uma mudança na cor da casca (alteração de cor) indica
o início da última fase. Para a espécie Hylocereus polyrhizus, que possui polpa vermelho-
violeta, o acúmulo de pigmentos na polpa ocorre paralelamente ao desenvolvimento da
cor da casca. Durante a última fase, o teor da polpa (como uma porcentagem do peso
fresco da fruta) aumenta acentuadamente (de 20 - 30% no início para 60 - 80% no final
da fase), a acidez titulável da polpa diminui e os teores da polpa de açúcares solúveis
e sólidos solúveis aumentam atingindo níveis máximos de 7-9% e 14 - 18%,
respectivamente, do peso fresco em plena cor. A degradação do amido, que aumenta na
polpa antes do amadurecimento, é responsável parcialmente pelo acúmulo de açúcares
solúveis. Para a espécie Hylocereus undatus, a atividade da amilase e da invertase está
C a p í t u l o I I | 167
Como se pode deduzir, o processo de amadurecimento não será o mesmo para todas as
frutas e, dependendo de seu comportamento fisiológico, elas podem ser divididas em dois
grupos (AGUSTÍ et al. 2012):
Assim, as pitahayas pertencem ao grupo das frutas não climatéricas. Esta condição, aliada
ao fato de o fruto da pitahaya não ter um sabor muito intenso, torna muito importante
coletar o fruto no estado ideal de maturação. Testes de palatabilidade em frutos colhidos
em diferentes estágios de maturação (determinados de acordo com o número de dias após
a antese ou o aparecimento da cor da casca) indicam que os frutos são mais palatáveis nos
estágios avançados de maturação ou com a completa mudança de cor. Semelhante a
muitas outras frutas carnudas, os produtores tendem a colher os frutos dos cactos
trepadeiras antes do amadurecimento total, quando a casca ainda está quase toda verde, a
fim de prolongar a vida de comercialização da fruta (BARBEAU, 1990; CACIOPPO,
1990). No entanto, o amadurecimento dessas frutas não é tão bom em comparação com
aqueles deixados para amadurecer na trepadeira. Por exemplo, frutos de Selenicereus
megalanthus colhidos na mudança de cor e mantidos a 10 a 20 ºC atingem a aparência
física de frutos amadurecidos na planta e sua acidez diminui, mas os açúcares solúveis
permanecem baixos e os sabores são pobres (NEERD; MIZRAHI, 1999).
Consequentemente, o estágio ideal para a colheita de frutos de cacto trepadeira para alto
C a p í t u l o I I | 168
Conhecer o estado de maturação ideal (firmeza, tamanho, cor e sabor) nas localidades que
produzem esta fruta é importante, pois a qualidade organoléptica, nutricional e de manejo
pós-colheita da fruta depende principalmente do grau de maturação na época do corte
(THOMPSON, 1998). Na Tabela 8, são apresentados os índices de maturidade mínima
para a realização do processo de colheita.
Variáveis Índice
Sólidos solúveis totais 18,00 a 20,00
Acidez total (meq\100 mL de sumo) 2,5 a 4,0
Firmeza da polpa (N) 19,6
Índice de madures (Grau Brix\meq\100 ml de 4a7
sumo)
Cor da casca Verde-amarela a amarela com brácteas verdes
Teste de amido Que seja parcialmente negativa
Fonte: Gallo (1997).
Vasquez et al. (2016) mencionam que à medida que os frutos se aproximam da maturidade
fisiológica, os sólidos solúveis aumentam e os ácidos málico e ascórbico diminuem. A
Tabela 9 mostra as características físicas e químicas de duas variedades de pitahaya
cultivadas no noroeste de Pichincha (Equador).
Tabela 9. Massa, sólidos solúveis totais (SST), firmeza e diâmetro dos frutos em dois
ecótipos de pitahaya (± desvio padrão).
Ecotipos Massa (g) SST Firmeza (kg\f) Diâmetro polar
(mm)
Palora 331,6 ± 53,2a 20,1 ± 0,3 a 73,3 ± 24,3 73,3 ± 9,7a
Nacional 204,2 ± 12,7b 17,9 ± 0,1b 72,4 ± 9,1 70,8 ± 5,0b
OBS: Médias com letras diferentes indicam diferença significativa de acordo com o teste de Tukey
(P≤0,05). Fonte: Vásquez-Castillo et al. (2016).
C a p í t u l o I I | 169
A coloração da casca do fruto ocorre muito tarde na fase de maturação, passando de verde
a vermelho ou rosado de 25 ou 27 dias, dependendo da espécie após a antese e quando a
casca fica totalmente vermelha (NERD et al., 1999; LE-VAN et al., 2002). Quatro ou
cinco dias depois, os frutos atingem a coloração máxima. Após essa etapa, os frutos de
Hylocereus costaricensis arrebentam sem se estragar ou deteriorar. A primeira colheita
inicia-se a partir do 18º mês após o plantio das mudas; o período de tempo varia apenas
ligeiramente, de 27 a 33 dias dependendo da ecologia (BARBEAU, 1990; LE BELLEC,
2004). O rendimento depende da densidade de plantio e fica em torno de 10 a 30 t.ha –1
(BARBEAU, 1990; MIZRAHI et al., 1997; LE BELLEC, 2003). A ausência de
pedúnculo dificulta a colheita.
Aos 25 dias após a abertura floral (Hylocereus undatus), os frutos apresentavam coloração
verde claro mesclada com vermelho incipiente, e 2 dias depois mudou para verde-
amarelado com áreas vermelhas em 10 a 20% da superfície; aos 29 dias o fruto era
vermelho vivo em 70%, e aos 31 dias toda a casca apresentava um vermelho-púrpura
(CENTURIÓN et al., 1999; 2008; Figura 130).
Figura 130. A) Mudanças na cor durante a maturação dos frutos de pitahaya na planta
(da esquerda para a direita corresponde aos frutos com 25, 27, 29 e 31 dias após a abertura
floral). Foto: CENTURIÓN et al., 2008.
Segundo Ortiz e Takahashi (2020), a evolução da coloração dos frutos de pitahaya de 21º
a 32º DAA através do pericarpo externo e interno do fruto (Figura 131) mostra a redução
do verde no pericarpo e o início da coloração típica da espécie Hylocereus undatus a partir
do 28º DAA, tornando-se completamente vermelho aos 30 DAA. O aparecimento da cor
C a p í t u l o I I | 170
típica desta espécie analisada é indicativo do estágio de maturação dos frutos e do ponto
de colheita.
Uma vez que o estádio de maturação é alcançado, as frutas podem ser armazenadas por
3-4 dias à temperatura ambiente (BARBEAU, 1990) e 1-2 semanas a 20 °C ou 14 °C,
respectivamente (NERD et al., 1999). A pitahaya não é uma fruta climatérica e nenhum
pico de produção de etileno ou de CO2 foi observado; suas características físico-químicas
e propriedades sensoriais começam a diminuir ligeiramente após a colheita (NERD et al.,
1999). Os frutos colhidos 1–2 dias antes da coloração total da casca podem ser
preservados por até 1 mês a 10 °C sem qualquer diminuição observada na qualidade plena
(LE BELLEC, 2003). Colher frutos de pitahaya 5–8 dias após a coloração completa reduz
ligeiramente seu tempo de armazenamento, embora as propriedades sensoriais dos frutos
sejam melhoradas, dando um sabor mais doce e um sabor de amora-preta no caso de
pitahaya vermelha (Hylocereus costaricensis).
Figura 132. Graus de maturação da pitahaya variedade Amarela de acordo com a Norma
Técnica Colombiana (NTC-3554). O estágio de maior maturidade corresponde ao número
6 e o menor ao zero. Foto: Vargas et al. (2020).
COLHEITA DO FRUTO
O índice de maturação mais utilizado para o corte dos frutos é quando o mesmo começa
a mudar de cor, ou seja, do verde ao vermelho. É importante informar que a simples
técnica de torcer os frutos, muitas vezes provoca a rachadura da casca, o que pode
C a p í t u l o I I | 172
Figura 133. Forma de corte manual do pedúnculo do fruto da pitahaya, realizado com
tesoura de poda ou com faca amolada. Fotos: Reprodução\ TV TEM; UNA\ FAGRO e
Claudio Posay/ PMC.
Recomenda-se o uso de luvas de couro para evitar espinhadas nas mãos e uma pequena
escada dupla de madeira ou alumínio para cortar os frutos fora do alcance do coletor.
Uma vez cortados, os frutos devem ser depositados dentro da caixa de plástico limpa de
um carro de mão (Figura 134), evitando colocá-los em contato com o solo, devido a sua
contaminação por microrganismo do solo. Também o fruto não pode ficar exposto ao sol,
C a p í t u l o I I | 173
o que provoca a elevação do seu calor e isso pode acelerar o amadurecimento do mesmo.
De maneira geral, os frutos não são muito frágeis, mas para garantir um produto de boa
qualidade alguns cuidados devem ser tomados; por exemplo, manuseio cuidadoso durante
o processamento e armazenamento, especialmente para Hylocereus costaricensis cujas
escamas foliadas são quebradiças.
Figura 136. Escova utilizada na Colômbia para retirar os espinhos do fruto da espécie
Selenicereus megalanthus, mas não é uma ferramenta bastante eficaz. Fotos: Maria
Cristina García (2003).
A escovação deve ser feita da base do fruto em direção ao final (MARTÍNEZ et al., 2013).
Devido à presença de espinhos, se faz necessário o uso de luvas e de camisas de manga
comprida. Tesouras para cortar manualmente também devem ser usadas para remover as
frutas das plantas (INSTITUTO COLOMBIANO AGROPECUARIO, 2012). Deve-se ter
o cuidado para não danificar a fruta e remova qualquer toco na fixação do caule, ao cortar
o pedúnculo da fruta rente à superfície do caule. Colham apenas as frutas maduras e bem
coloridas. A fruta pode ser guardada por 4 a 5 dias em temperatura ambiente ou várias
semanas em sacos plásticos na geladeira (CRANE; BALERDI, 2005).
PÓS-COLHEITA
O bom manejo da fruta para exportação é essencial para garantir sua qualidade e aceitação
pelo mercado. Então, deve-se ter muito cuidado durante as etapas de manuseio,
armazenamento e condições de transporte.
baixo, isso se consegue com um bom manejo pré-colheita e pós-colheita, bem como as
condições ambientais favoráveis onde se cultiva a pitahaya.
.
C a p í t u l o I I | 177
Figura 138. Carretinha tracionada para Microtrator Tobata usada no transporte dos frutos
da pitahaya. Foto: Portaldapitaya.com.br
mantendo sempre a metade do tambor submerso na banheira de inox (Figura 139). Isso
facilita o contato entre a solução e os frutos da pitahaya. Em seguida, os frutos são secos
no mesmo equipamento, retirando-se a água da banheira de inox e pondo em
funcionamento o ventilador que se encontra na parte superior da estrutura. Portanto, nessa
estrutura, o pré-resfriamento, a desinfecção e a secagem da pitahaya podem ser realizados
simultaneamente (GARCÍA, 2003).
Figura 139. Equipamento em aço inoxidável usado nos seguintes processos de pós-
colheita: pré-resfriamento, lavagem, desinfecção e secagem de frutos de pitahaya com o
ventilador posicionado na parte superior do equipamento. Foto: Maria Cristina García
(2003).
Figura 140. Fruto de pitahaya não limpo e limpo. Fotos: Maria Cristina García (2003).
Se o produto for altamente suscetível a danos por umidade, ventilação forçada com ar
quente ou túnel de secagem pode ser usada (GARCÍA, 2003).
6.Encerado: A aplicação da cera pode ser feita por imersão, escovagem, pulverização ou
nebulização, envolvendo a cobertura do fruto com uma camada extra de cera aplicada
para protegê-lo contra organismos que causam apodrecimento e também para realçar o
seu brilho natural.
Dimensões Categorias
I II
Diâmetro, cm 20 -25 25 -30
Peso, g. 250 - 300 400 - 450
Frutos por caixa 9 12
Peso líquido da caixa, kg. 3,0 -3,5 3,6 – 3,8
Fonte: Téllez, 1998.
Durante o armazenamento, sugere-se monitorar a maturação dos frutos para não enviar
aqueles que podem entrar em decomposição durante o trajeto, pois a maturação
fisiológica diminuiu com o tempo (JIMÉNEZ et al., 2017).
Para Nerd et al. (1999), a vida útil dos frutos da espécie Hylocereus spp é de cerca de 7 a
10 dias à temperatura ambiente (cerca de 20ºC). O tempo de vida útil é limitado pelos
sintomas de senescência, como um declínio acentuado na acidez e nos açúcares,
amarelecimento e murchamento da escama e amolecimento da fruta. As frutas podem ser
armazenadas por 14 dias a 10 a 12 ºC e mais em temperaturas mais baixas (4-6 ºC), mas
ao serem transferidas para a temperatura ambiente tendem a desenvolver sintomas de
injuria por frio, como escurecimento da casca e apodrecimento. Da mesma forma, os
frutos de Selenicereus megalanthus são sensíveis às temperaturas de frio, mas o tempo de
armazenamento (a 10-12 ºC) é pelo menos duas vezes maior do que os frutos de
Hylocereus (NERD; MIZRAHI, 1999).
PRODUTIVIDADE
Meráz et al. (2003) acreditam que os registros de produção de pitahaya são variáveis e
difíceis de estimar. Os fatores que afetam a produtividade das plantas são idade, manejo,
sistemas de plantio e distâncias, incompatibilidade sexual e clima (MIZRAHI; NERD,
1999; NERD et al., 2002; MERÁZ et al., 2003; CASTILLO, 2006). Nos primeiros dois
anos, uma planta de pitahaya produziu 1,0 kg (1,0 Mg ha-1); entre o quinto e o sexto ano,
o rendimento se estabiliza em 18 kg por planta e 20 Mg ha -1 (MERÁZ et al., 2003). Nesse
sentido, Castillo et al. (1996) indicam que as plantas de pitahaya de 3, 4 e 5 anos tiveram
rendimentos de 2,5, 5,6 e 9,5 Mg.
A irrigação nos períodos mais secos, desde que sem encharcamentos, também acelera o
desenvolvimento da planta (FAZENDA CITRA, 2010).
INDUSTRIALIZAÇÃO
A polpa de algumas espécies de pitahaya pode ser industrializada, mas também é possível
extrair os corantes contidos na casca e na polpa dos frutos de várias espécies.
Figura 144. Despolpadora de frutas que poderá ser adaptada para a separação de
sementes da polpa de pitahaya. Foto: Vicente de Paula Queiroga.
C a p í t u l o I I | 186
A polpa (sem sementes) pode ser concentrada para reduzir seu teor de água e, portanto,
seu volume, em concentrações que variam de 10 a 30% de sólidos solúveis, o que significa
diminuição de seu volume para um terço do original.
Os concentrados de polpa, por sua vez, podem ser submetidos a outros processos, como
o de congelamento ou liofilização. A polpa também pode ser desidratada ou seca para
convertê-la em pó, isso pode ser feito em fatias ou rodelas: a desvantagem é o alto teor
de água. As fatias de frutas podem ser desidratadas e vendidas dessa forma (DIOS et al.,
2001).
Os diferentes produtos obtidos através dos procedimentos acima podem ser utilizados
para diversos fins: preparação de refrigerantes, xaropes, marmeladas, sorvetes, saladas de
polpa congelada, geleias, vinhos, vinagres, etc.
Os corantes da pitahaya estão contidos na parede interna da casca e na polpa dos frutos
de diversas espécies, sendo possível extraí-los para uso na indústria alimentícia, aonde os
corantes naturais vêm ganhando cada vez mais valor.
e agregar maior valor ao produto agrícola, o que deve resultar em maiores benefícios para
os produtores e maior desenvolvimento para as áreas de cultivo (DIOS et al., 2001).
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