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A CONSTRUÇÃO E ESTUDOS PSICOMÉTRICOS DA ESCALA DE AVALIAÇÃO DA

GARRA: VERSÃO INTERNACIONAL EM LÍNGUA PORTUGUESA

(EAGrIt-LP)

Ana Paula Porto Noronha1

Leandro S. Almeida2

Resumo

Este artigo relata três estudos sequenciais centrados na construção e na validade de conteúdo da
Escala de Avaliação da Garra: Versão Internacional em Língua Portuguesa (EAGrIt-LP). Partindo da
literatura de instrumentos na área, um conjunto de itens foram construídos pelos autores, aos quais
se acrescentaram outros sugeridos por pequenos grupos de estudantes. Realizou-se uma análise
da relevância e compreensão dos itens por um grupo de juízes, ao que se seguiu um pequeno
estudo piloto com estudantes e recém graduados para finalizar a análise do conteúdo. Apresenta-
se, assim, a versão da escala formada por 12 itens em duas dimensões: Consistência de Interesses
e Perseverança do Esforço. Apontam-se futuros estudos de construção e de validação de uma
versão final da escala.

Palavras-chave: Grit, garra, construção de escala, validade de conteúdo, versão Portuguesa.

1
Psicóloga, Mestre em Psicologia Escolar e Doutora em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de
Campinas. Docente do Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Psicologia da Universidade São
Francisco, Brasil. Bolsista produtividade em pesquisa 1A – do CNPq. E-mail: ana.noronha8@gmail.com
2
Psicólogo, Doutor em Psicologia pela Universidade do Porto. Professor catedrático do Instituto de Educação
da Universidade do Minho. Investigador do Centro de Investigação em Educação (CIEd). E-mail:
leandro@ie.uminho.pt

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Introdução

Muito se tem discutido atualmente sobre a obtenção de bons resultados que evidenciem
sucesso, embora a temática não seja recente. Após várias décadas enfatizando as habilidades
cognitivas, nos últimos anos, a investigação tem apontado para o contributo decisivo de variáveis
não cognitivas na explicação do desempenho, seja na área acadêmica seja na área profissional
(Areepattamannil & Khine, 2017; Clark & Malecki, 2019; Collantes-Tique et al., 2021; Credé et al.,
2016; Li et al., 2018; Marentes-Castillo et al, 2019). Particularmente nos contextos de realização,
educacional ou de trabalho, merece destaque a compreensão do que leva o indivíduo a ter um
desempenho que signifique o atendimento de suas metas pessoais e a sua persistência mesmo
diante de adversidades.

Garra, entendida como tradução para português do termo Grit usado em inglês, e adotado
neste estudo, é um constructo relacionado à personalidade, sendo assumido como relativamente
estável e relevante em processos de conquista de realizações (Cormier et al., 2019). Ele define
também a Perseverança para o alcance de metas, ainda que em situações adversas; e a paixão,
retratada pela Consistência de Interesses, por um logo prazo temporal (Duckworth et al., 2007). É
nesse ensejo que se apresenta a presente pesquisa, cujo objetivo é descrever o processo de
construção de uma escala psicológica de garra e os estudos de análise de juízes e piloto. Assim,
neste artigo, apresentamos as atividades e as análises realizadas a propósito da construção e da
validação de conteúdo deste novo instrumento de avaliação. Pela sua relevância, também em parte
decorrente dos avanços da Psicologia Positiva enfatizando as fortalezas pessoais dos indivíduos no
seu desenvolvimento psicossocial e história de vida, faz sentido o desenvolvimento de instrumentos
com qualidades psicométricas comprovadas tendo em vista a sua avaliação.

Duckworth et al. (2007) e Duckworth e Quinn (2009) construíram duas escalas para a
avaliação de Garra, a original e a reduzida, respectivamente, com 12 e 8 itens. Em ambas, há uma
estrutura de dois fatores, nomeados de Consistência de Interesses e Perseverança do Esforço. Por
Consistência de Interesses deve ser entendida a manutenção das metas e das preferências; mais
especialmente, refere-se à sustentação do compromisso em manter o foco naquelas metas por um
período prolongado de tempo. Por sua vez, Perseverança do Esforço diz respeito à sustentação do
empenho em direção a uma realização ou concretização (Duckworth & Gross, 2014).

Embora o conceito se assemelhe a outros construtos da ciência psicológica, não faltam


tentativas teóricas de sua diferenciação face a conceitos com alguma proximidade, por exemplo o
construto de Resiliência e o traço Conscienciosidade. No que se refere ao primeiro, na diferenciação
entre os conceitos Garra e Resiliência, tal como defendido por Perkins-Gough (2013), Garra não

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implica apenas transpor dificuldades, mas a manter-se fiel aos seus planos, por anos se necessário,
ainda que o indivíduo sofra reveses.

Quanto à personalidade, em uma meta-análise, Credé et al. (2016), ao revisitarem 88


amostras, totalizando 66.807 participantes, afirmaram que existe forte correlação entre a
Conscienciosidade e a Garra. Analisando esta relação, Schmidt et al. (2018) apontam para
fragilidades metodológicas em várias pesquisas investigadas na meta-análise por Credé et al.
(2016). Mais concretamente, relacionando a versão alemã da Grit Scale Short e o NEO PI-R em uma
amostra de 943 pessoas, os autores verificaram que essa relação parece ser explicada pela
proximidade de certas facetas de Conscienciosidade do NEO PI-R (competência, ordem, dever,
esforço de realização, autodisciplina, deliberação) e não pelo constructo da conscienciosidade no
seu todo. Especialmente, a Persistência do Esforço (Grit) esteve grandemente representada pela
autodisciplina, enquanto a Consistência de Interesses (Grit) apresentou forte relação com a faceta
diligência (Schmidt et al., 2018).

Um dos temas que suscita controvérsia entre os investigadores refere-se à estrutura


dimensional da escala de Grit na versão original e reduzida propostas pelos autores (Duckworth et
al., 2007; Duckworth & Quinn, 2009). Disabato et al. (2018) fizeram uma pesquisa com ampla
amostra de 7.617 pessoas, entre adolescentes e adultos, de 109 países, pertencentes a sete
continentes (excetuando-se a Antártida). Testando vários modelos fatoriais, verificaram que o
modelo de um fator geral de Garra mostrou índices muito pobres de ajuste. O modelo de dois
fatores, sem a introdução de modificações através de cargas cruzadas e de erros relacionados,
também gerou coeficientes pobres de ajuste. Por último, um modelo bifatorial, assumindo
especificidades e comunalidade dos valores nas duas dimensões, apresentava níveis aceitáveis de
ajuste, embora não tenham sido excelentes.

A controvérsia na área tem originado o aparecimento de novos instrumentos de avaliação,


nomeadamente procurando medidas mais próximas das realidades culturais das pessoas. Por
exemplo, a Multi-dimensional Scale of Grit, elaborada para a Índia por Singh e Chukkali (2021),
formada por 12 itens distribuídos em quatro fatores (adaptabilidade a situações, perseverança do
esforço, capacidade de enfrentar situações com energia positiva e iniciar ações, e perseverança), é
defendida por seus autores no sentido de que esta escala atende melhor à realidade cultural das
populações orientais, tendencialmente com culturas mais coletivistas.

Em uma direção diferente de Singh e Chukkali (2021), está a pesquisa de Areepattamannil


e Khine (2017). Os autores também se preocuparam com a investigação de Garra em um estado
árabe, de cultura coletivista, o Golfo Pérsico. Para tanto, eles usaram a escala original de Duckworth

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et al. (2007), composta por 12 itens, e aplicaram o Modelo de Rash. Os autores sugeriram a
unidimensionalidade da escala, embora tenham encontrado índices adequados para evidenciar sua
qualidade. Alertam, no entanto, que um item não apresentou resultado satisfatório (item 11), o
que levou os autores a sugerirem novas investigações, sobretudo aquelas que comparam culturas
diferentes. Como implicações futuras, eles sugerem que métodos de Teoria de Resposta ao Item
sejam usados em novas análises, em detrimento da Teoria Clássica dos Testes.

A validação da Short Grit Scale para Espanha foi realizada por Arco-Tirado et al. (2018). Os
autores realizam a tradução e adaptação e, em seguida, testaram a estrutura fatorial. No tocante
aos índices de precisão, o relativo ao fator Consistência de Interesses gerou valor aceitável (α = .77),
mas o mesmo não aconteceu com o fator Perseverança do Esforço (α = .48). Quanto à análise
fatorial confirmatória, o modelo de dois fatores gerou índices aceitáveis, mas quando covariâncias
foram associadas aos itens 4 (soy muy trabajador) e 8 (soy diligente), o modelo que melhor se
ajustou foi o unifatorial.

Um estudo com amostra polonesa foi realizado Wyszyńska et al. (2017). Foram usadas Grit
Scale – Original e Grit Scale – Short e foi testada a Análise Fatorial Confirmatória, em um modelo
unidimensional e de dois fatores. Os autores concluíram que a estrutura de dois fatores apresentou
índices de ajustes mais adequados do que o unidimensional. Em acréscimo, foi investigada a
validade por meio da relação com um instrumento de avaliação da procrastinação. Os coeficientes
foram moderados e negativos para ambos os fatores, sendo r = -.61 com Perseverança do Esforço
e r = -.56 com Consistência de Interesses.

Datu e Zhang (2020) pesquisaram a Triarchic Model of Grit Scale (TMGS) com estudantes
chineses para avaliação da Consistência de Interesses, da Perseverança do Esforço e da
adaptabilidade para objetivos de longo prazo. Foram testados dois modelos, um de três fatores e
outro unidimensional. Os índices de ajustes para o primeiro foram bons, mas não foram para a
solução de um fator. O estudo também comparou os fatores com os componentes do Bem-estar
Subjetivo (satisfação com a vida, afetos positivos e afetos negativos). O maior coeficiente
encontrado foi entre afetos negativos e Consistência de Interesses (r = 0,33), seguido de afetos
positivos e Adaptabilidade (r = 0,30).

A Garra também vem sendo investigada em contextos específicos, como o esporte (e.g.
Mosewich et al., 2021, Rumbold et al., prelo). Presentemente, importa-nos relatar o estudo de Clark
e Malecki (2019), cujo objetivo foi analisar as propriedades psicométricas da Academic Grit Scale
(AGS) para jovens. Foram elaborados 30 itens, que foram descartados ao longo das análises.
Embora o pressuposto teórico dos autores fosse de uma estrutura de três fatores, a saber,

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determinação, resiliência e foco, a análise fatorial confirmatória indicou a solução unifatorial como
a mais adequada. As análises de correlação entre a AGS e medidas de desempenho acadêmico e de
bem-estar subjetivo indicaram coeficiente de r = .42 com GPA (grade point average), r = .51 com a
satisfação com a escola e r = .63 com a Grit Scale – Short.

Outro exemplo de novo instrumento é a Oviedo Grit Scale para o contexto espanhol,
proposta por Postigo et al. (2020), a qual foi já adaptada e estudada em Portugal (Mendes, 2022;
Mendes & Almeida, 2022). Esta última escala possui 10 itens abarcando as duas dimensões usuais
de Garra e as análises fatoriais confirmam a existência de um único fator, defendendo os autores
que isso ocorre porque todos os itens estão formulados pela positiva enquanto a escala de
Duckworth et al. (2007), ao possuir uma dimensão avaliada através de itens formulados pela
positiva e outra avaliada por itens formulados pela negativa, faz emergir dois fatores (Postigo et al.,
in press).

Isto posto, o que se observa até aqui é que as escalas Duckworth et al. (2007) e Duckworth
e Quinn (2009) foram testadas para contextos culturais distintos. No entanto, os achados não foram
consensuais: foram encontradas soluções unifatorias e de dois fatores. Assim, com o presente
estudo pretende-se construir uma escala de Garra, a qual possa servir investigadores e profissionais
dos campos da Psicologia e da Educação nos países de Língua Portuguesa. O objetivo geral deste
artigo é, então, apresentar o processo de construção da Escala de Avaliação da Garra: Versão
Internacional em Língua Portuguesa (EAGrIt-LP), envolvendo análises de estudantes do Brasil e de
Portugal, assim como profissionais (juízes) desses dois países e igualmente de Angola e de
Moçambique.

Método

Estudo 1 – Construção da versão preliminar da escala

Foram elaborados pelos autores uma versão preliminar da escala com 16 itens, dos quais 8
para avaliar a Consistência de Interesses e 8 para avaliar a Perseverança do Esforço, com base nos
pressupostos de Duckworth et al. (2007). Foram seguidas as orientações da AERA et al. (2014) e da
International Test Comission (ITC, 2010) relativas à construção e validação de instrumentos de
avaliação psicoeducacional. Mais especificamente, os itens deveriam estar centrados na avaliação
de cada uma das dimensões da escala, as frases deveriam estar formuladas pela positiva, redigidas
de forma compreensível e curtas.

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Participantes

Procurando integrar frases que pudessem estar mais próximas das vivências dos estudantes
do ensino superior, solicitou-se a um grupo de mestrandos a sua colaboração. Participaram 12
estudantes de um mestrado na área da educação de uma instituição pública de ensino superior de
Portugal. As idades variaram de 21 a 45 anos (M = 26.9, DP = 7.37), sendo todas do sexo feminino.

Procedimento

Durante uma aula de metodologia de investigação, com a autorização do docente, os


pesquisadores explicaram às alunas o objetivo da tarefa e conceituaram o construto em avaliação,
definindo as dimensões Consistência de Interesses e Perseverança do Esforço. Foram organizados
quatro grupos de trabalho (com três pessoas em cada grupo), de modo que dois deles deveriam
escrever seis itens para Consistência de Interesses e outros dois grupos escreveriam seis itens para
Perseverança do Esforço. Foram necessários 25 minutos para a finalização desta tarefa.

Estudo 2 – Análise da validade dos itens por juízes

Um segundo passo no processo de construção e de validade de conteúdo da escala passou


pela análise de juízes. Neste caso, o objetivo da avaliação passava pela recolha das suas opiniões
sobre a relevância, representatividade e compreensão dos itens da versão da escala em construção.

Participantes

Participaram seis juízes, dos quais cinco homens, sendo três deles professores de pós-
graduação de instituições de ensino brasileiras, um doutor em psicologia que atua como psicólogo
clínico no Brasil, uma psicóloga de um serviço de orientação de estudantes universitários de
Portugal, com Mestrado em Psicologia, e um docente de curso de formação de professores de
Angola.

Instrumentos

Foi elaborada uma grelha destinada à avaliação dos juízes. Nela, foram dispostos os itens
na primeira coluna e outras duas colunas, de modo que, após os itens, foi solicitado que o juiz
indicasse se o item era referente à Consistência de Interesses ou Perseverança de Esforço (segunda
coluna). Na última coluna, por sua vez, eles deveriam indicar se o item permaneceria ou não face à
sua relevância e compreensão.

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Procedimentos

Após a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade São Francisco, deu-se


início à coleta de dados. Os juízes foram convidados por e-mail. Após o aceite, receberam o Termo
de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e a grelha de avaliação dos itens. O tempo médio de
devolução da resposta foi de dois dias.

Os dados foram inseridos em uma planilha. Foram realizadas estatísticas descritivas básicas
para apreciar as percentagens de acordo dos juízes relativamente às três colunas constantes da
grelha.

Estudo 3 – Estudo piloto com estudantes

Novo estudo foi conduzido procurando auscultar a opinião de estudantes sobre a


relevância dos itens na descrição das duas dimensões e sua compreensão.

Participantes

Fizeram parte deste novo estudo 19 pessoas, das quais, três estudantes universitários e
dois psicólogos recém-formados, brasileiros, e 13 estudantes de mestrado de instituição de ensino
superior pública de Portugal. Do total de participantes, 89.5% (n= 17) eram mulheres e 10.5% (n=
2) eram homens. A média de idade foi de 28 anos (DP = 7.70), variando as idades entre 21 e 45
anos.

Instrumento

Foi construído um formulário que continha na primeira coluna os itens e, na segunda, os


participantes deveriam indicar a que dimensão do constructo pertenciam os itens e se
compreendiam adequadamente o conteúdo do item. Adicionalmente, havia um campo para que
eles fizessem sugestões para o aprimoramento da redação, caso julgassem necessário.

Procedimentos

Para este estudo piloto, dois procedimentos diferentes foram realizados. Foram enviados
e-mails para os participantes brasileiros e, em Portugal, fez-se uso da aplicação presencial num
espaço de aula, em lápis e papel. Para ambos, contou-se com um formulário ou guião para o estudo
piloto, sendo apresentado aos estudantes após a sua concordância em participar preenchendo o
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Na aplicação presencial o tempo médio de resposta
foi 10 minutos. As respostas ao formulário foram analisadas em duas direções. Na primeira,

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verificou-se o acordo com a dimensão em avaliação por cada item e, em seguida, computou-se os
itens que receberam sugestões de exclusão. As sugestões dadas foram qualitativamente analisadas.

Resultados

Estudo 1 – Construção da versão preliminar da escala

Tomando as produções das alunas, foram selecionados 24 itens, sendo 12 para cada uma
das dimensões. Do total, seis itens não obedeceram às orientações para redação, pois
apresentavam frases gerais e não relacionadas à Consistência de Interesses ou à Perseverança do
Esforço (‘a manter uma perspectiva do meu projeto é real e palpável’, ‘a continuidade é
independente das dificuldades do processo’, ‘a disponibilidade de tempo e financeira intervém no
processo e resultado’, ‘a organização é fundamental para o desenvolvimento do projeto, ‘manter-
se focado até atingir os objetivos’, ‘consigo estabelecer prioridades quando estou sobrecarregada
de trabalho.’). Além disso, três itens estavam construídos focando na ausência do construto e não
na sua presença, apesar da recomendação para que não ocorresse. A consistência de interesses
indica estabilidade dos interesses, diferente do exposto nos exemplos ‘mudar as escolhas que
fizeste de modo a atingir o teu objetivo’, ‘em algum momento reformulaste as tuas opções
acadêmicas’ e ‘durante o percurso acadêmico alternam os objetivos que definiste’.

Outro agrupamento de oito itens que não puderam ser aproveitados refere-se àqueles que
inseriram construtos distintos do objeto de investigação, como motivação, estratégias de
enfrentamento e autorregulação, entre outros. São exemplos: ‘em situações de conflito sou capaz
de manter a calma e focar-me na solução do problema’, ‘consigo-me desligar de opiniões contrárias
para continuar a seguir com os meus objetivos, ‘a minha motivação influencia a execução de
tarefas’, ‘procuro alternativas para lidar com obstáculos’, ‘o meu interesse pelas disciplinas
(matérias) influencia o meu desempenho escolar’, ‘atinjo meus objetivos no tempo estipulado’,
‘quando me deparo com impasses sou capaz de os ultrapassar face aos meus objetivos’ e ‘preciso
estar motivado para concretizar as metas’.

Por fim, foram incorporados à escala redigida pelos autores três itens decorrentes do
trabalho das alunas: ‘planeio tarefas para cumprir os meus objetivos’ (dois grupos escreveram o
mesmo item), ‘quando inicio uma pesquisa sou capaz de a levar até ao fim’, ‘procuro alternativas
para lidar com obstáculos’ (redigido por dois grupos). Ainda, dois itens foram incluídos, mas as
redações deles foram modificadas; a saber, ‘sou capaz de me manter focada, mesmo quando a
tarefa é complexa’ e ‘os teus objetivos pessoais mantiveram-se ao longo da vida’. Os cinco itens

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foram reunidos com os 16 elaborados previamente pelos autores, totalizando nesta etapa, 21 itens
que foram objeto de análise por juízes.

Estudo 2 – Análise da validade dos itens por juízes

As respostas dos juízes foram comparadas à grelha de cotação estabelecida pelos autores.
Assim, para cada item, computou-se a porcentagem de concordância entre todos os juízes. Aqueles
itens que tiveram concordância menor que 80% foram descartados (n= 4), como exemplo: ‘eu
presto atenção no que é relevante para alcançar meus objetivos educacionais’. Após esta redução
com base na identificação pelos juízes da dimensão a que os itens pertenciam, a escala passou a
totalizar 17 itens. Destes, 8 tiveram concordância total entre os juízes (exemplo: ‘sou constante nos
meus objetivos’), enquanto 9 tiveram 80% de concordância (exemplo: ‘diante das dificuldades, eu
persisto’).

As maiores concordâncias foram entre os juízes 1 e 2 (r= .91) e 1 e 4 (r= .82). O juiz 5 foi o
que apresentou correlações mais baixas com os demais. Em seguida, investigou-se a precisão dos
avaliadores. Confirmando os resultados anteriores, o juiz 5 apresentou α= 0.185, sendo o valor mais
baixo, antecedido pelo juiz 6 (α= .565). Por seu lado, a coeficiente mais alto foi relativo ao juiz 2 (α=
.863), seguido do 1, cujo α= .811.

Em seguida, foram consideradas as sugestões quanto à redação dos itens pelos autores.
Houve a sugestão de que o item ‘mantenho ao longo do tempo uma linha coerente de objetivos’,
fosse alterado para ‘mantenho uma linha coerente de objetivos ao longo do tempo’. Ainda, a
redação do item ‘sigo meus planos educacionais, ainda que tenha adversidades para executá-los’
fosse modificada para ´sigo meus planos educacionais, ainda que tenha dificuldades para executá-
los’. Adicionalmente, foi sugerido que o item ‘sempre que penso nos meus objetivos, sinto que eles
estão cada vez mais claros e consolidados’ ficasse com a seguinte redação: ‘sempre que penso nos
meus objetivos, sinto que eles estão cada vez mais consolidados’. Por fim, a sugestão foi substituir
a palavra atender no item ‘continuo tentando mesmo se falho em atender uma tarefa’. Todas as
sugestões foram acatadas.

Resultados

Os participantes identificaram conteúdos muito próximos entre dois itens (‘meus interesses
educacionais são estáveis’ e ‘sou constante nos meus interesses), razão pela qual os autores
decidiram excluir o último). Também dois itens foram excluídos: ‘continuo tentando mesmo se
falho em atender uma tarefa’ e ‘sou motivado para concretizar minhas metas’, porque o conteúdo

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já estava representado em outros itens. Além das indicações de remoção de itens, houve sugestões
para a redação de outros. Como foram muitas as sugestões recebidas, os dados estão organizados
nas tabelas 1 e 2 com o intuito de facilitar a compreensão dos resultados obtidos e decisões
tomadas.

Tabela 1. Síntese dos estudos de juízes e piloto e redação final dos autores para itens de Consistência de
interesses

Concordância Itens Sugestões estudo Redação final dos


entre juízes excluídos piloto autores
Sempre que penso nos 83,3% Sempre que penso Sempre que penso nos
meus objetivos, sinto nos meus objetivos, meus objetivos, sinto
que eles estão cada sinto que eles estão que eles estão cada vez
vez mais claros e cada vez mais mais consolidados
consolidados consolidados
Tenho os meus 83,3% Tenho os meus
objetivos definidos objetivos de vida
para os próximos anos definidos para os
próximos anos
Pondero bem os meus 50% Excluído Excluído Excluído
objetivos nas decisões
de vida que vou
tomando
Mantenho ao longo do 100% Mantenho uma linha Mantenho uma linha
tempo uma linha coerente de objetivos coerente de objetivos
coerente de objetivos ao longo do tempo ao longo do tempo
Eu presto atenção no 66,7% Excluído Excluído Excluído
que é relevante para
alcançar meus
objetivos educacionais
Sou constante nos 100% Excluído
meus interesses
Planeio tarefas para 83,3% Planejo tarefas para Procuro-me
cumprir os meus cumprir os meus comprometer-me em
objetivos objetivos atingir meus objetivos
Meus interesses 100% Meus interesses são
educacionais são estáveis
estáveis
Tenho claro meus 83,3% Excluído
objetivos de realização
profissional
Tenho clareza do que 100% Tenho definido o que
pretendo fazer durante pretendo fazer na
minha formação minha vida
Fonte: autores

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Tabela 2. Síntese dos estudos de juízes e piloto e redação final dos autores para itens de
Perseverança do Esforço
Concordância Itens Sugestões estudo Redação final dos
entre juízes excluídos piloto autores
Mesmo que alguma 100% Mesmo que alguma
atividade importante atividade importante
para minha formação seja difícil, insisto até
seja difícil, insisto até conseguir realizá-la
conseguir realizá-la
Sigo meus planos 83,3% Sigo meus planos Sigo meus planos,
educacionais, ainda que educacionais, ainda ainda que tenha
tenha adversidades para que tenha adversidades para
executá-los adversidades para executá-los
executá-los
Se começo uma tarefa, 100% Se começo uma
eu foco na sua tarefa, eu foco na sua
finalização concretização
Continuo tentando 83,3% Continuo tentando Excluído
mesmo se falho em mesmo se falho em
atender uma tarefa realizar uma tarefa
Persisto para alcançar 100% Persisto para alcançar
minhas metas minhas metas
Diante das dificuldades, 83,3% Excluído
eu persisto
Quando inicio uma 83,3% Quando inicio um
pesquisa sou capaz de a projeto sou capaz de a
levar até ao fim levar até ao fim
Procuro alternativas 83,3% Excluído
para lidar com os
obstáculos que encontro
Sou capaz de me manter 50% Excluído Excluído Excluído
focada, mesmo quando
a tarefa é complexa
Sou motivado para 66,7% Excluído Excluído Excluído
concretizar minhas
metas
Eu sou um estudante 83,3% Persevero no meu
perseverante esforço para
concretizar as minhas
metas
Fonte: autores

Após o estudo piloto, outros cinco itens foram excluídos. A avaliação da Garra, por meio da
Escala de Avaliação da Garra: Versão Internacional em Língua Portuguesa, deveria previlegiar, no
conteúdo dos seus itens, as situações de vida em geral, o que resultou na revisão da redação de
quatro itens, como exemplo ‘Tenho clareza do que pretendo fazer durante minha formação’ ficou
‘Tenho definido o que pretendo fazer na minha vida’. Por fim, uma última preocupação dos autores
foi no sentido de retirar palavras que expressassem preconceito ou apresentassem viés de gênero
(exemplo: a palavra ‘clareza’ no item ‘tenho clareza do que pretendo fazer durante minha

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formação’ e ‘eu sou um estudante perseverante’ ou ‘eu sou uma estudante perseverante’).
Tomando este conjunto de considerações e decisões, a Escala de Garra ficou composta por 12 itens,
sendo seis para cada dimensão do construto em avaliação.

Discussão

Este artigo relata os passos sucessivos tendo em vista a construção de uma escala de
avaliação de Garra, que contemplasse um fator para avaliar Consistência de Interesses e outro para
medir Perseverança do Esforço. Neste aspeto, a escala em construção segue a definição de Grit por
Duckworth et al. (2007) e Duckworth e Quinn (2009), embora tenha sido adotado Garra como a
melhor tradução para a Língua Portuguesa.

Garra, entendida como caraterística de personalidade, ganhou proeminência em razão da


obra de Duckworth, tendo as suas escalas sido traduzidas e apreciadas nos seus parâmetros
psicométricos em diferentes idiomas e culturas. Schmidt et al. (2018), por exemplo, traduziram a
escala para o alemão, enquanto Disabato et al. (2018) estudaram uma ampla amostra advinda de
sete continentes. Outros estudos relevantes foram realizados na India (Singh & Chukkali, 2021),
Espanha (Arco-Tirado et al., 2018), Polonia (Wyszyńska et al., 2017) e China (Datu & Zhang, 2020),
entre outros, sendo que em vários deles alguma controvérsia se instalou a propósito da
dimensionalidade do constructo avaliado. Esta controvérsia poderá estar associada ao pouco
trabalho dos autores em compreender o processo de construção dos itens e a sua adequação às
realidades culturais das pessoas, pois em várias destas pesquisas os seus autores limitaram-se a
traduzir as escalas originais e ao estudo da estrutura fatorial dos seus itens. Assim, importou aos
autores construir itens que retratassem uma estrutura de dois fatores, de modo concordante aos
achados de Areepattamannil e Khine (2017), Disabato et al. (2018), e Wyszyńska et al. (2017), como
exemplos.

Outra preocupação dos autores foi no sentido de elaborar itens que representassem
fielmente a Consistência de Interesses e a Perseverança do Esforço (Duckworth et al., 2007). Os
resultados da meta-análise de Credé et al. (2016) indicaram forte associação entre Garra e
Conscienciosidade. Schmidt et al. (2018), no entanto, identificaram fragilidades metodológicas nas
pesquisas que fizeram parte do rol das análises de Credé et al. (2016). Assim, neste estudo foi
priorizada a rigorosa construção dos itens, e a realização de vários estudos, com o objetivo de
aprimorá-los.

Tomando as orientações de organismos internacionais a propósito da construção e


validação de instrumentos de avaliação psicológica e educacional, o processo de construção das

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escalas representa uma etapa relevante e que interfere na qualidade psicométrica dos testes. A
título de exemplo, ambiguidades na redação dos itens podem impactar na validade da
representação do conceito teórico (Jacobs, 2004). O desenho do teste e os procedimentos
desenvolvidos suportam a validade da medida. Por exemplo, os itens devem descrever
assertivamente o contexto, o conteúdo e suas categorias, quando necessário (AERA et al., 2014).

No caso do presente artigo, centrado na construção e validade de conteúdo de uma nova


escala em Língua Portuguesa, relatam-se três estudos sequenciais: um primeiro centrado na
construção de uma versão preliminar da escala, um segundo em que juízes apreciarem a relevância
e compreensão dos itens, e, por fim, um pequeno estudo piloto com estudantes e recém graduados
para recolha de sugestões finais em termos de exclusão e melhoria da redação dos itens.

Assim, um grupo de estudantes na fase inicial de construção deu sugestões de itens a incluir
na escala. Mais concretamente cinco itens por eles sugeridos foram integrados na versão inicial da
escala elaborada pelos autores. Esta auscultação dos estudantes traduz a preocupação dos seus
autores com a relevância e compreensão dos itens na perspectiva dos estudantes, futuros
destinatários da escala. Ainda neste processo de construção, importa destacar o cuidado havido
com a análise dos itens pelos juízes, tendo esta sua análise confirmado a evidência de validade com
base no conteúdo (ITC, 2010). A concordância entre os juízes e a grelha preparada pelos autores
reuniu os itens que mais descreviam cada um dos domínios teóricos, minimizando a possibilidade
de itens dúbios. Foram mantidos apenas aqueles itens cuja concordância foi igual ou superior a
80%, como sugerido na literatura (AERA et al., 2014; Peixoto & Ferreira-Rodrigues, 2019).

Num terceiro momento, um estudo piloto foi conduzido. Tal como proposto por Borsa et
al. (2012), a aplicação prévia em uma amostra com características do público-alvo retrata como os
itens serão entendidos e quais aspectos precisam ser corrigidos. Os resultados do estudo piloto
corroboraram parcialmente a análise de juízes, especialmente no que se refere à exclusão de três
dos quatro itens, cujas concordâncias entre os juízes foram inferiores a 80%. Por se tratar de uma
escala em língua portuguesa que poderá ser respondida oportunamente por pessoas de várias
nacionalidades, houve a preocupação com o entendimento de todas as palavras. Assim, por
exemplo, que a palavra ‘planeio’ não foi entendida pelos estudantes e recém-formados brasileiros.

A falta de rigor nos processos de construção e tradução da Grit Scale – Short e Grit Scale
podem gerar resultados questionáveis na investigação disponível. Por exemplo, Collantes-Tique et
al. (2021) traduziram a Grit-O para estudantes colombianos e investigaram as evidências de
validade, mas não foram mencionados os procedimentos de tradução e adaptação. O mesmo
ocorreu na pesquisa de Sordia (2020), que investigou evidências de validade no estado da Geórgia

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da Grit-O. A escala foi traduzida por dois experts independentes, mas não foram realizados outros
estudos de evidências de validade de conteúdo. Por tudo isto, acredita-se que este estudo
representa um processo mais rigoroso de construção e de busca de evidência de validade de
conteúdo da nova escala.

A busca de evidências de validade com base na estrutura interna e a relação com construtos
relacionados devem compor pesquisas futuras. A escolha de variáveis de critério que permitam
avançar nas discussões já iniciadas em torno do construto da Grit/Garra é um cuidado importante
dos próximos estudos. Estes devem ser já conduzidos junto de amostras mais amplas em termos
de número de estudantes e abrangentes de uma adequada diversidade de estudantes que hoje
frequentam as instituições de ensino superior.

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CONSTRUCTION AND PSYCHOMETRIC STUDIES OF THE GARRA

ASSESSMENT CCALE: INTERNATIONAL VERSION IN PORTUGUESE

LANGUAGE (EAGrIt-LP)

Abstract

This paper reports three sequential studies focused on the construction and content validity of the
Grit Scale: International Version in Portuguese Language (EAGrIt-LP). Starting from the literature
and assessment instruments in the area, a set of items were built by the authors, to which others
suggested by small groups of students were added. This was followed by an analysis of the
relevance and understanding of the items by a group of judges, followed by a small pilot study with
students and recent graduates to finalize the analysis of the content of the items and the finalization
of an experimental version of the scale. Thus, it´s present the experimental version of the scale
formed by 12 items divided equally by the two dimensions of the grit construct: Consistency f
Interests and Perseverance of Effort. Future studies of construction and validation of a final version
of the survey are indicated, which aims to serve research with higher education students from
Portuguese-speaking countries.

Keywords: Grit, scale construction, content validity, Portuguese version.

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