Você está na página 1de 66

Símbolo de risco

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.


Ir para: navegação, pesquisa

Os símbolos de risco são pictogramas representadas em forma quadrada, impressos em


preto e fundo laranja-amarelo, utilizados em rótulos ou informações de produtos
químicos. Eles servem para lembrar o risco do manuseio do produto, representando nos
pictogramas os primeiros sintomas com o contato com a substância.

Os símbolos de segurança estão de acordo com as normas da União Europeia, no anexo


II das diretivas 67/548/EWG. No Brasil, correspondem a norma NBR 7500 da ABNT.
Segundo elas, os símbolos e indicações de perigo que devem ser utilizados são:

 corrosivo : o símbolo de um ácido activo (C),


 explosivo : uma bomba detonante (E),
 comburente : uma chama acima de um círculo (O),
 inflamável : uma chama (F),
 tóxico : a representação de uma caveira sobre tíbias cruzadas (T),
 nocivo : uma cruz de Santo André (Xn),
 irritante : uma cruz de Santo André (Xi),
 perigoso para o meio ambiente : uma árvore seca e um peixe (N).

[editar] Resumo dos símbolos de risco

Símbolo de
Significado (Definição e Precaução) Exemplos
segurança e nome

Classificação: Estes produtos químicos


causam destruição de tecidos vivos e/ou
 Ácido clorídrico
materiais inertes.
 Ácido fluorídrico
Precaução: Não inalar e evitar o contato
com a pele, olhos e roupas.

C Corrosivo

Classificação: Substâncias que podem


 Nitroglicerina
explodir com choque físico ou calor.
 Pólvora
 TNT
Precaução: evitar batida, empurrão,
fricção, faísca e calor.

E Explosivo
Classificação: Substâncias que podem
 Oxigênio
acender ou facilitar a combustão,
 Nitrato de potássio
impedindo o combate ao fogo.
 Peróxido de
hidrogênio
Precaução: evitar o contato dele com
materiais combustíveis.
O Comburente

Classificação: Substâncias que podem


 Benzeno
pegar fogo com calor ou faísca.
 Etanol
 Acetona
Precaução: Evitar contato com materiais
ignitivos (fogo, calor, etc).

F Inflamável

Classificação: Líquidos e gases que


podem pegar fogo facilmente,às vezes até  Hidrogênio
abaixo de 0°C  Etino
 Gás natural
Precaução: evitar contato com materiais
ignitivos (fogo, calor, etc).
F+ Extremamente
inflamável

Classificação: Substâncias e preparações


que, por inalação, ingestão ou penetração  Cloreto de bário
cutânea, podem implicar riscos graves,  Monóxido de
agudos ou crónicos, e mesmo a morte. carbono
 Metanol
Precaução: todo o contato com o corpo
humano deve ser evitado.
T Tóxico

Classificação: após inalado, ingerido ou


absorção através da pele, provoca graves  Cianureto
problemas de saúde e até mesmo morte.  Trióxido de arsênio
 Nicotina
Precaução: todo o contato com o corpo
humano deve ser evitado.
T+ Muito tóxico
Classificação: Substâncias e preparações
não corrosivas que, por contacto
imediato, prolongado ou repetido com a
pele ou as mucosas, podem provocar uma  Cloreto de cálcio
reacção inflamatória.  Carbonato de sódio

Precaução: gases não devem ser inalados


e toque com a pele e olhos deve ser
Xi Irritante evitado.

Classificação: Substâncias e preparações


que, por inalação, ingestão ou penetração
cutânea, podem implicar riscos de  Etanal
gravidade limitada;  Diclorometano
 Cloreto de potássio
Precaução: deve ser evitado o contato
com o corpo humano, assim como a
Xn Nocivo inalação dessa substância.

Definição: A libertação dessa substância


na natureza pode provocar danos ao  Benzeno
ecossistema a curto ou longo prazo  Cianureto de
potássio
Manuseio: devido ao seu risco em  Sulfato de cobre
potencial, não deve ser liberado em
N Perigoso para o encanamentos, no solo ou no ambiente.
meio ambiente
Conheça a Nova Simbologia dos
Produtos Químicos
2011-07-06 12:00

Uma vez que os produtos químicos podem envolver potenciais efeitos adversos para os
seres humanos e para o meio ambiente, vários países e organizações regulamentaram a
sua classificação (identificação das propriedades perigosas) e rotulagem.
O Regulamento (CE) n.º 1272/2008, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 16
de Dezembro de 2008, relativo à Classificação, Rotulagem e Embalagem de
substâncias e misturas químicas (Regulamento CRE) introduz, em todo o espaço da
União Europeia, um novo sistema de classificação e rotulagem de produtos
químicos, baseado no Sistema Mundial Harmonizado das Nações Unidas (GHS da
ONU). Este regulamento já está em vigor para os produtos puros, como a acetona e o
amoníaco e, até 2015, vai ser aplicado progressivamente para os produtos que misturam
várias substâncias perigosas, como a maioria dos produtos de limpeza.

Principios Básicos do Regulamento CRE

O Regulamento CRE aborda os perigos inerentes às substâncias e misturas químicas e o


modo como informar terceiros sobre os mesmos, cabendo à indústria identificar os
respectivos perigos antes da sua colocação no mercado e classificá-las em
conformidade. No caso de uma substância ou mistura ser considerada perigosa, ela
deverá ser acompanhada de uma ficha de dados de segurança e rotulada de maneira que
os trabalhadores e os consumidores tenham conhecimento dos seus efeitos, antes de a
manusear.

Foram definidos três tipos de perigos principais:

 Perigos físicos (inflamáveis, explosivos, comburentes, substâncias/misturas auto-


reactivas);
 Perigos para a saúde (irritantes; nocivos, corrosivos, mutagénicos, tóxicos);
 Perigos para o meio ambiente(ex: toxicidade aquática aguda).
Equivalente às anteriores frases R, existem agora as chamadas frases H. São as
advertências de perigo que descrevem a natureza dos perigos de uma substância ou
mistura.

Equivalente às anteriores frases S, existem agora as chamadas frases P. São as


recomendações de prudência que descrevem as medidas recomendadas para minimizar
ou prevenir efeitos adversos.

Este regulamento introduz ainda novos pictogramas de aviso, caracterizados por um


fundo branco e um bordo vermelho, enquanto que os antigos símbolos da UE têm o
fundo laranja com um bordo preto.

Em seguída é possivel verificar a nova simbologia dos produtos químicos, em


comparação com a antiga:

Utilização Segura de Produtos Químicos na União


Europeia
Na União Europeia, foram desenvolvidas várias acções no sentido de sistematizar a
informação e de introduzir práticas para a protecção da saúde dos utilizadores de
produtos químicos e do ambiente. Entre estas acções, destacam-se as que visam o
conhecimento sobre os produtos químicos comercializados, regulamentação da
comercialização e utilização de produtos químicos perigosos e metodologias para
comunicação do risco.
Referem-se, de seguida, as principais acções desenvolvidas por ordem cronológica:

 1967: foi iniciado o processo de definição de critérios para:


o Classificação, embalagem e rotulagem dos produtos químicos perigosos;
o Notificação de substâncias e harmonização dos métodos de ensaio
(determinação das propriedades intrínsecas dos produtos químicos) e a
sua adaptação ao progresso tecnológico;
 1981: elaboração de uma base de dados sobre produtos químicos
comercializados na Europa;
 1992: início dos trabalhos para a harmonização dos critérios para classificação
de produtos químicos e para a comunicação de perigos: Global Harmonisation
System – Sistema Harmonizado Globalmente para a Classificação e Rotulagem
de Produtos Químicos (GHS);
 2001: livro Branco da Comissão Europeia sobre Estratégia para a política em
matéria de substância químicas, tendo por base um sistema único e integrado
para registo, avaliação e autorização de produtos químicos – Registry,
Evaluation, Authorization of Chemicals (REACH).

Critérios para Classificação, Embalagem e Rotulagem de Produtos Químicos

Na UE, foi reconhecido que a disparidade de regulamentação dos Estados-Membros


sobre classificação, embalagem e rotulagem dos produtos químicos perigosos colocava
entraves ao seu comércio, e, por outro lado, que qualquer regulamentação deveria ter
por objectivo a protecção da população, nomeadamente dos trabalhadores.

A eliminação destes entraves passa, numa primeira fase, pela aproximação das
disposições legislativas, regulamentares e administrativas respeitantes à
classificação, embalagem e rotulagem dos produtos químicos perigosos (substâncias e
preparações) e, posteriormente, pela aproximação das disposições relativas à
utilização das referidas substâncias e das preparações perigosas.

Neste contexto, surge uma primeira directiva comunitária – Directiva 67/548/CEE, de


27 de Junho – dirigida às substâncias químicas (classificação, embalagem e rotulagem
de substâncias perigosas, notificação de novas substâncias e métodos de ensaio). A
orientação legislativa relativa à classificação das substâncias e preparações químicas,
requisitos para a sua comercialização e informação sobre os seus perigos, prossegue
com vários documentos, nomeadamente:

 Directiva 91/155/CEE sobre a classificação, embalagem e rotulagem de


preparações perigosas;
 Directiva 93/67/CEE sobre a avaliação de risco para as novas substâncias
notificadas;
 Regulamentação n.º 793/93 sobre a avaliação e o controlo das substâncias
existentes;
 Regulamentação n.º 1488/94 sobre a avaliação de risco das substâncias
existentes;
 Directiva 1999/45/CE sobre preparações químicas;
 Directiva 2001/58/CE introduz alterações ao sistema de informação das
preparações perigosas e substâncias perigosas (fichas de dados de segurança).
Resumindo, pode-se considerar que a classificação, embalagem e rotulagem e sistemas
de informação de produtos químicos na Europa assenta em três instrumentos chave:

 Directiva 67/548/CEE: substâncias perigosas;


 Directiva 1999/45/EC: preparações perigosas;
 Directivas 91/155/CEE e 2001/58/EC: fichas de dados de segurança.

Ao longo do tempo, nas diferentes directivas base atrás referidas, foram introduzidas
alterações através das directivas: 88/379/CEE, 7 de Julho; 90/35/CEE, 19 de
Dezembro; 91/155/CEE, 5 de Março; 2001/60/CE, 7 de Agosto; 2006/8/CE, 23 Janeiro
(aproximação das disposições legislativas, regulamentares e administrativas dos
Estados-Membros respeitantes à classificação, embalagem e rotulagem das preparações
perigosas).

As directivas base e as sucessivas alterações foram integradas no direito português, na


forma de duas portarias. Estas portarias visam aprovar os princípios genéricos do
regime de notificação de substâncias químicas, a gestão da informação sobre riscos
potenciais para a saúde humana e o ambiente, e respectiva avaliação, assim como a
classificação, embalagem e rotulagem dos produtos químicos.

As referidas portarias aprovam respectivamente:

 Portaria n.º 732-A/96, de 11 de Dezembro: «Regulamento para a Notificação


de Substâncias Químicas e para a Classificação, Embalagem e Rotulagem de
Substâncias Perigosas» (alterações introduzidas pelos seguintes decretos-lei: DL
n.º 330-A/98, de 2 de Fevereiro; DL n.º 209/99, de 11 de Novembro; DL n.º
195-A/2000, de 22 de Agosto; DL n.º 222/2001, de 8 de Agosto; DL n.º
154-A/2002, de 11 de Junho e DL n.º 27-A/2006, de 10 de Fevereiro);
 Portaria n.º 1152/97, de 12 de Novembro: «Regulamento para a Classificação,
Embalagem e Rotulagem das Preparações Perigosas» (alterações introduzidas
pelos seguintes decretos-lei: DL n.º 120/92, de 30 Junho; DL n.º 189/99, de 2 de
Junho). Esta portaria foi revogada com a entrada em vigor do Decreto-lei n.º
82/2003, de 23 de Abril.

De toda a informação existente nestes regulamentos destaca-se, por se considerar como


mais relevante para protecção dos utilizadores de produtos químicos e também para os
profissionais de segurança e saúde, os aspectos ligados à identificação da substância
ou da sua preparação e reconhecimento da sua perigosidade.

A classificação de perigosidade de uma substância é feita de acordo com determinados


ensaios (referidos no Regulamento para a Notificação de Substâncias Químicas e para a
Classificação, Embalagem e Rotulagem de Substâncias Perigosas).

As substâncias classificadas como perigosas agrupam-se nas seguintes categorias:

 Explosivas;
 Comburentes;
 Extremamente inflamáveis;
 Facilmente inflamáveis;
 Inflamáveis;
 Muito tóxicas;
 Tóxicas;
 Nocivas;
 Corrosivas;
 Irritantes;
 Sensibilizantes;
 Cancerígenas;
 Mutagénicas;
 Tóxicas para a reprodução;
 Perigosas para o ambiente.

Cabe aos fabricantes, importadores ou distribuidores proceder à avaliação prévia dos


perigos que os produtos químicos, que colocam no mercado, podem apresentar.
Também é da sua responsabilidade a classificação do produto químico, numa das
categorias referidas. A cada uma destas categorias corresponde um símbolo e um
conjunto de indicações, conforme se apresenta no quadro seguinte.
Produtos químicos perigosos – símbolos e indicações

No sentido de fornecer maior informação e de criar mecanismos fáceis e universais para


identificar perigos e modos de os prevenir, foram criadas, na União Europeia, as
designadas frases de risco – frases (R) e frases de segurança – frases (S). Estas frases,
que devem ser utilizadas em todos os documentos referentes aos produtos químicos
perigosos, encontram-se no quadro que se apresenta.

Códigos Frases de Risco


R 1 Explosivo em estado seco.
R 2 Risco de explosão por choque, fricção, fogo ou outras fontes de ignição.
R 3 Grande risco de explosão por choque, fricção, fogo ou outras fontes de
ignição.
R 4 Forma compostos metálicos explosivos muito sensíveis.
R 5 Perigo de explosão em caso de aquecimento.
R 6 Explosivo em contacto e sem contacto com o ar.
R 7 Pode provocar incêndios.
R 8 Perigo de incêndio em caso de contacto com materiais combustíveis.
R 9 Perigo de explosão se misturado com materiais combustíveis.
R 10 Inflamável.
R 11 Facilmente inflamável.
R 12 Extremamente inflamável.
R 13 Gás liquefeito extremamente inflamável.
R 14 Reage violentamente com a água.
R 15 Reage com a água libertando gases extremamente inflamáveis.
R 16 Explosivo se misturado com substâncias comburentes.
R 17 Inflama-se espontaneamente em contacto com o ar.
R 18 Pode formar misturas de ar-vapor explosivas/inflamáveis durante a
utilização.
R 19 Pode formar peróxidos explosivos.
R 20 Nocivo por inalação.
R 21 Nocivo em contacto com a pele.
R 22 Nocivo por ingestão.
R 23 Tóxico por inalação.
R 24 Tóxico em contacto com a pele.
R 25 Tóxico por ingestão.
R 26 Muito tóxico por inalação.
R 27 Muito tóxico em contacto com a pele.
R 27 a Muito tóxico em contacto com os olhos.
R 28 Muito tóxico por ingestão.
R 29 Em contacto com a água liberta gases tóxicos.
R 30 Pode inflamar-se facilmente durante o uso.
R 31 Em contacto com ácidos liberta gases tóxicos.
R 32 Em contacto com ácidos liberta gases muito tóxicos.
R 33 Perigo de efeitos cumulativos.
R 34 Provoca queimaduras.
R 35 Provoca queimaduras graves.
R 36 Irritante para os olhos.
R 36 a Lacrimogéneo.
R 37 Irritante para as vias respiratórias.
R 38 Irritante para a pele.
Códigos Frases de Risco
R 39 Perigo de efeitos irreversíveis muito graves.
R 40 Possibilidade de efeitos irreversíveis.
R 41 Risco de lesões oculares graves.
R 42 Possibilidade de sensibilização por inalação.
R 43 Possibilidade de sensibilização em contacto com a pele.
R 44 Risco de explosão se aquecido em ambiente fechado.
R 45 Pode causar cancro.
R 46 Pode causar alterações genéticas hereditárias.
R 47 Pode causar malformações congénitas.
R 48 Risco de efeitos graves para a saúde em caso de exposição prolongada.
R 49 Pode causar cancro por inalação.
R 50 Muito tóxico para os organismos aquáticos.
R 51 Tóxico para os organismos aquáticos.
R 52 Nocivo para os organismos aquáticos.
R 53 A longo prazo pode provocar efeitos negativos no ambiente aquático.
R 54 Tóxico para a flora.
R 55 Tóxico para a fauna.
R 56 Tóxico para os organismos do solo.
R 57 Tóxico para as abelhas.
R 58 A longo prazo pode provocar efeitos negativos no meio ambiente.
R 59 Perigoso para a camada do ozono.
R 60 Pode comprometer a fertilidade.
R 61 Risco durante a gravidez com efeitos adversos para à descendência.
R 62 Possíveis risco de comprometer a fertilidade.
R 63 Possíveis riscos, durante a gravidez, de efeitos indesejáveis na
descendência.
R 64 Pode causar danos nos bebés alimentados com o leite materno.
R 65 Nocivo: pode causar danos nos pulmões se ingerido.
R 66 A exposição repetida pode causar pele seca e gretada.
R 67 Os vapores podem causar tonturas e sonolência.
R 14/15 Reage violentamente com a água, libertando gases extremamente
inflamáveis.
R 15/29 Em contacto com a água, liberta gases tóxicos e extremamente
inflamáveis.
R 20/21 Nocivo por inalação e contacto com a pele.
R 20/22 Nocivo por inalação e por ingestão.
R 20/21/22 Nocivo por inalação, por ingestão e em contacto com a pele
R 21/22 Nocivo em contacto com a pele e por ingestão.
R 23/24 Tóxico por inalação e contacto com a pele.
R 23/25 Tóxico por inalação e por ingestão.
R 23/24/25 Tóxico por inalação, por ingestão e em contacto com a pele.
R 24/25 Tóxico em contacto com a pele e por ingestão.
R 26/27 Muito tóxico por inalação e contacto com a pele.
R 26/28 Muito tóxico por inalação e por ingestão.
R 26/27/28 Muito tóxico por inalação, por ingestão e em contacto com a pele.
Códigos Frases de Risco
R 27/28 Muito tóxico em contacto com a pele e por ingestão.
R 36/37 Irrita os olhos e as vias respiratórias.
R 36/38 Irrita os olhos e a pele.
R 36/37/38 Irrita os olhos, a pele e as vias respiratórias.
R 37/38 Irrita as vias respiratórias e a pele.
R 39/23 Tóxico: perigo de efeitos irreversíveis muito graves por inalação.
R 39/24 Tóxico: perigo de efeitos irreversíveis muito graves em contacto com a
pele.
R 39/25 Tóxico: perigo de efeitos irreversíveis muito graves por ingestão.
R 39/23/24 Tóxico: perigo de efeitos irreversíveis muito graves por inalação e
contacto a pele.
R 39/23/25 Tóxico: perigo de efeitos irreversíveis muito graves por inalação e
ingestão.
Tóxico: perigo de efeitos irreversíveis muito graves por inalação,
R 39/23/24/25
contacto com a pele e ingestão.
R 39/26 Muito tóxico: perigo de efeitos irreversíveis muito graves por inalação.
R 39/27 Muito tóxico: perigo de efeitos irreversíveis muito graves em contacto
com a pele.
R 39/28 Muito tóxico: perigo de efeitos irreversíveis muito graves por ingestão.
Muito tóxico: perigo de efeitos irreversíveis muito graves por inalação e
R 39/26/26
contacto com a pele.
Muito tóxico: perigo de efeitos irreversíveis muito graves por inalação e
R 39/27/28
ingestão.
Muito tóxico: perigo de efeitos irreversíveis muito graves por inalação,
R 39/26/27/28
contacto com a pele e ingestão.
R 40/20 Nocivo: possibilidade de efeitos irreversíveis por inalação.
R 40/21 Nocivo: perigo de efeitos irreversíveis em contacto com a pele.
R 40/22 Nocivo: perigo de efeitos irreversíveis por ingestão.
Nocivo: perigo de efeitos irreversíveis por inalação e contacto com a
R 40/20/21
pele.
R 40/20/22 Nocivo: perigo de efeitos irreversíveis por inalação e ingestão.
R 40/21/22 Nocivo: perigo de efeitos irreversíveis em contacto com a pele e ingestão.
Nocivo: perigo de efeitos irreversíveis por inalação, contacto com a pele
R 40/20/21/22
e ingestão.
R 42/43 Possibilidade de sensibilização por inalação e contacto com a pele.
Nocivo: perigo de efeitos graves para a saúde em caso de exposição
R 48/20
prolongada por inalação.
Nocivo: perigo de efeitos graves para a saúde em caso de exposição
R 48/21
prolongada por contacto com a pele.
Nocivo: perigo de efeitos graves para a saúde em caso de exposição
R 48/22
prolongada por ingestão.
Nocivo: perigo de efeitos graves para a saúde em caso de exposição
R 48/20/21
prolongada por inalação e em contacto com a pele.
Nocivo: perigo de efeitos graves para a saúde em caso de exposição
R 48/20/22
prolongada por inalação e por ingestão.
R 48/21/22 Nocivo: perigo de efeitos graves para a saúde em caso de exposição
Códigos Frases de Risco
prolongada em contacto com a pele e por ingestão.
Nocivo: perigo de efeitos graves para a saúde em caso de exposição
R 48/20/21/22
prolongada por inalação, contacto com a pele e ingestão.
Tóxico: perigo de efeitos graves para a saúde em caso de exposição
R 48/23
prolongada por inalação.
Tóxico: perigo de efeitos graves para a saúde em caso de exposição
R 48/24
prolongada por contacto com a pele
Tóxico: perigo de efeitos graves para a saúde em caso de exposição
R 48/25
prolongada por ingestão
Tóxico: perigo de efeitos graves para a saúde em caso de exposição
R 48/23/24
prolongada por inalação e em contacto com a pele.
Tóxico: perigo de efeitos graves para a saúde em caso de exposição
R 48/23/25
prolongada por inalação e por ingestão.
Tóxico: perigo de efeitos graves para a saúde em caso de exposição
R 48/23/24/25
prolongada por inalação, em contacto com a pele e ingestão.
Muito tóxico para os organismos aquáticos, pode provocar a longo prazo
R 50/53
efeitos negativos no meio ambiente aquático.
Tóxico para os organismos aquáticos, pode provocar a longo prazo
R 51/53
efeitos negativos no meio ambiente aquático.
Nocivo para os organismos aquáticos, pode provocar a longo prazo
R 52/53
efeitos negativos no meio ambiente aquático.

De acordo com o anexo IV da Portaria n.º 732-A/96, de 11 de Dezembro, as frases S –


conselhos de prudência relativos a substâncias perigosas – são as seguintes:

Códigos Frases de Segurança


S 1 Conservar bem trancado.
S 2 Manter fora do alcance das crianças.
S 3 Conservar em lugar fresco.
S 4 Manter longe de lugares habitados.
S 5 Conservar em … (líquido apropriado a especificar pelo fabricante).
S 6 Conservar em … (gás inerte a especificar pelo fabricante).
S 7 Manter o recipiente bem fechado.
S 8 Manter o recipiente ao abrigo da humidade.
S 9 Manter o recipiente num lugar bem ventilado.
S 10 Manter o conteúdo húmido.
S 11 Evitar o contacto com o ar.
S 12 Não fechar o recipiente hermeticamente.
S 13 Manter longe de comida, bebidas incluindo os dos animais.
S 14 Manter afastado de … (materiais incompatíveis a indicar pelo fabricante).
S 15 Conservar longe do calor.
S 16 Conservar longe de fontes de ignição – não fumar.
S 17 Manter longe de materiais combustíveis.
S 18 Abrir manipular o recipiente com cautela.
S 20 Não comer nem beber durante a utilização.
S 21 Não fumar durante a utilização.
Códigos Frases de Segurança
S 22 Não respirar o pó.
S 23 Não respirar o vapor/gás/fumo/aerossol.
S 24 Evitar o contacto com a pele.
S 25 Evitar o contacto com os olhos.
Em caso de contacto com os olhos lavar imediata abundantemente em água e
S 26
chamar um médico.
S 27 Retirar imediatamente a roupa contaminada.
Em caso de contacto com a pele lavar imediata e abundantemente com …
S 28
(produto adequado a indicar pelo fabricante).
S 29 Não atirar os resíduos para os esgotos.
S 30 Nunca adicionar água ao produto.
S 33 Evitar a acumulação de cargas electrostáticas.
S 34 Evitar choques e fricções.
Eliminar os resíduos do produto e os seus recipientes com todas as precauções
S 35
possíveis.
S 36 Usar vestuário de protecção adequado.
S 37 Usar luvas adequadas.
S 38 Em caso de ventilação insuficiente usar equipamento respiratório adequado.
S 39 Usar protecção adequada para os olhos/cara.
Para limpar os solos e os objectos contaminados com este produto, utilizar …
S 40
(a especificar pelo fabricante).
S 41 Em caso de incêndio e/ou explosão não respirar os fumos.
Durante as fumigações/pulverizações, usar equipamento respiratório adequado
S 42
(denominação(ões) adequada(s) a especificar pelo fabricante).
Em caso de incêndio usar… (meios de extinção a especificar pelo fabricante.
S 43
Se a água aumentar os riscos acrescentar «Não utilizar água»).
Em caso de indisposição consultar um médico (se possível mostrar-lhe o rótulo
S 44
do produto).
Em caso de acidente ou indisposição consultar imediatamente um médico (se
S 45
possível mostrar-lhe o rótulo do produto).
Em caso de ingestão consultar imediatamente um médico e mostrar o rótulo ou
S 46
a embalagem.
S 47 Conservar a uma temperatura inferior a … º C (a especificar pelo fabricante).
S 48 Conservar húmido com … (meio apropriado a especificar pelo fabricante).
S 49 Conservar unicamente no recipiente de origem.
S 50 Não misturar com … (a especificar pelo fabricante).
S 51 Usar unicamente em locais bem ventilados.
S 52 Não usar sobre grandes superfícies em lugares habitados.
S 53 Evitar a exposição – obter instruções especiais antes de usar.
Obter autorização das autoridades de controlo de contaminação antes de
S 54
despejar nas estações de tratamento de águas residuais.
Utilizar as melhores técnicas de tratamento antes de despejar na rede de
S 55
esgotos ou no meio aquático.
Não despejar na rede de esgotos nem no meio aquático. Utilizar para o efeito
S 56
um local apropriado para o tratamento dos resíduos.
Códigos Frases de Segurança
S 57 Utilizar um contentor adequado para evitar a contaminação do meio ambiente.
S 58 Elimina-se como resíduo perigoso.
S 59 Informar-se junto do fabricante de como reciclar e recuperar o produto.
S 60 Elimina-se o produto e o recipiente como resíduos perigosos.
Evitar a sua libertação para o meio ambiente. Ter em atenção as instruções
S 61
específicas das fichas de dados de Segurança.
Em caso de ingestão não provocar o vómito: consultar imediatamente um
S 62
médico e mostrar o rótulo ou a embalagem.
Códigos Frases Combinadas
S 1/2 Conservar bem trancado e manter fora do alcance das crianças.
Conservar o recipiente num lugar fresco, bem ventilado e manter bem
S 3/7/9
encerrado.
S 3/9 Conservar o recipiente num lugar fresco e bem ventilado.
Conservar num local fresco, bem ventilado e longe de … (materiais
S 3/9/14
incompatíveis a especificar pelo fabricante).
Conservar unicamente no recipiente original num local fresco, bem
S 3/9/14/49 ventilado e longe de … (materiais incompatíveis a especificar pelo
fabricante).
Conservar unicamente no recipiente original, em lugar fresco e bem
S 3/9/49
ventilado.
Conservar em lugar fresco e longe de … (materiais incompatíveis a
S 3/14
especificar pelo fabricante).
S 7/8 Manter o recipiente bem fechado e num local fresco.
S 7/9 Manter o recipiente bem fechado e num local ventilado.
S 20/21 Não comer, beber ou fumar durante a sua utilização.
S 24/25 Evitar o contacto com os olhos e com a pele.
S 36/37 Usar luvas e vestuário de protecção adequados.
Usar luvas e vestuário de protecção adequados, bem como protecção para os
S 36/37/39
olhos/cara.
S 36/39 Usar vestuário adequado e protecção para os olhos/cara.
S 37/39 Usar luvas adequadas e protecção para os olhos/cara.
Conservar unicamente no recipiente original e a temperatura inferior a …º C
S 47/49
(a especificar pelo fabricante).

Para o manuseamento seguro de produtos químicos, é fundamental fornecer aos


utilizadores toda a informação que lhes permita não só identificar os produtos perigosos,
mas também conhecer os perigos que lhes estão associados, e, ainda, o aconselhamento
quanto à forma segura de os utilizar. Esta informação deve ser disponibilizada pelo
fornecedor, utilizando para essa comunicação duas vias: rótulo e fichas de dados de
segurança (ver quadros).
Campos obrigatórios de uma ficha de dados de segurança

 Identificação do produto, entidade responsável e telefone de emergência;


 Identificação dos perigos inerentes ao uso, com descrição de sintomatologia;
 Indicação de medidas de primeiros socorros;
 Condições de armazenamento e manuseamento seguro;
 Controlo da exposição e indicação de meios de protecção individual;
 Indicação de propriedades físicas, químicas e toxicológicas;
 Informação ecológica e das condições de eliminação do produto e contentor.

Exemplo

O exemplo de Ficha de Segurança que se segue consiste num mode lo adoptado no


Departamento de Saúde Ambiental e Toxicologia do Instituto Nacional de Saúde Dr.
Ricardo Jorge (Porto).

Formulário em anexo: FICHA DE SEGURANÇA (FS) / DSAT – INSA – PORTO


Base de Dados sobre Produtos Químicos

Considerando a importância que a utilização de produtos químicos assume na sociedade


moderna e, também, os efeitos dessa utilização na saúde humana e no ambiente, vários
organismos têm vindo a recolher informação vária sobre produtos químicos.

A primeira informação, fundamental para qualquer intervenção, é o conhecimento


sobre os produtos que estão a ser comercializados e, consequentemente, que devem
ser considerados como estando em utilização. Na UE, a informação existente foi
complementada e sistematizada, na forma de duas listagens:

 European Inventory of Existing Commercial Substances (EINEC);


 European List Notificated Commercial Substances (ELINCS).

A primeira lista – EINEC – engloba 100 106 registos, e refere-se ao inventário das
substâncias químicas existentes no mercado em 18 de Setembro de 1981. A outra lista –
ELINCS – actualizada anualmente pela Comissão Europeia, inclui todas as substâncias
químicas notificadas no mercado comunitário, após 18 de Setembro de 1981.

No controlo dos problemas inerentes à utilização de produtos químicos é muito


importante o processo de notificação das substâncias e preparações. Define-se
notificação como o acto pelo qual os documentos, contendo as informações exigidas por
lei, são apresentados pelo fabricante dos produtos químicos, ou por interposta pessoa, à
autoridade competente para esse acto, de um Estado-Membro.

Em Portugal, as entidades competentes para a notificação de produtos químicos são


duas:

 Direcção-Geral do Ambiente, para as substâncias;


 Direcção-Geral da Indústria, para as preparações.

Harmonização Global para Comunicação dos Perigos Associados aos Produtos


Químicos – Sistema GHS

Na Conferência sobre Ambiente e Desenvolvimento – Earth Summit – organizada


pelas Nações Unidas, que teve lugar em Junho de 1992, no Rio de Janeiro –
Conferência do Rio – foi aprovado o documento Agenda 21, que constitui um plano de
desenvolvimento sustentável a ser aplicado globalmente.

Neste plano está enquadrada a problemática dos produtos químicos e, no capítulo 19, é
referido expressamente que «um sistema globalmente harmonizado de classificação de
perigos e um sistema compatível de rotulagem, incluindo ficha de dados de segurança e
símbolos facilmente compatíveis, deve estar disponível, se possível, no ano 2000», para
garantia internacional de uma gestão segura dos produtos químicos.

Esta necessidade decorre da constatação de existência de informações divergentes


sobre o risco dos diversos produtos químicos, que implicam não só problemas de
segurança (e.g.: rótulos com informações diferentes), mas também de natureza
comercial (e.g.: substâncias restritas em apenas alguns países).
A existência de informação divergente sobre o risco associado aos produtos químicos
obriga as empresas a manter activos vários sistemas de informação sobre produtos
químicos, de modo a satisfazer as exigências legais e/ou normativas das entidades
reguladoras dos países para os quais exportam.

Por outro lado, o número de substâncias químicas existente, bem como a velocidade
com que novas substâncias são criadas, impede a regulamentação de todos os produtos
químicos perigosos. Estima-se que 99 % das substâncias não tenham sido
submetidas a ensaios de toxicidade.

Resumindo, poderá considerar-se que todos os países, organismos internacionais,


fabricantes de produtos químicos e utilizadores beneficiarão deste sistema
harmonizado, conseguindo:

 Aumentar a protecção nos seres humanos e no meio ambiente;


 Facilitar o comércio internacional dos produtos químicos;
 Reduzir a necessidade de ensaios e avaliações;
 Proporcionar ajuda aos diferentes países onde ainda não existe qualquer sistema
de protecção, na implementação das intervenções que visam a segurança
química.

A criação do sistema harmonizado para a classificação e rotulagem de produtos


químicos foi estabelecida pela Organização Internacional do Trabalho, em 1999,
quando a Convenção 170 e a Recomendação 177, que dizem respeito à segurança na
utilização de produtos químicos, foram elaboradas e adoptadas.

Os trabalhos com vista àquele processo foram assumidos por um grupo constituído por
várias organizações, com destaque para Organização das Nações Unidas (ONU, através
do Comittee of Experts on the Transport of Dangerous Goods – UNCETDG),
Organização Internacional do Trabalho (OIT) e Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Económico (OCDE).

Em 1993 iniciou-se o trabalho, do qual resultou o documento designado por Global


Harmonisation System – GHS, que visa a protecção dos utilizadores de produtos
químicos e do ambiente. O principal objectivo do GHS é identificar os perigos
intrínsecos das substâncias e preparações químicas e transmitir essa informação.

O GHS não pretende harmonizar nem procedimentos, nem decisões, sobre gestão de
risco. Pretende-se que a aplicação do GHS contribua não só para melhorar a protecção
da saúde humana e do ambiente, mas também que possa constituir uma base de trabalho
para ser desenvolvida regulamentação ajustada sobre produtos químicos, nos países
onde não existe qualquer sistema.

A coordenação do processo de harmonização ficou a cargo do Programa Inter-


Organizacional para a Gestão Segura de Produtos Químicos (Inter-Organization
Programme for the Sound Manegement of Chemicals – IOMC).

Assim, podemos destacar que o GHS constitui um sistema mundial, numa abordagem
simples e coerente, para a definição e classificação de perigos dos produtos químicos e a
sua comunicação através de rótulos, fichas de dados de segurança e placas. Esta
informação constitui a base sobre a qual assenta a metodologia da gestão do risco que
visa a utilização segura dos produtos químicos.

O GHS fornece também uma estrutura básica para o estabelecimento de programas


nacionais de segurança química. Este é um sistema para ser utilizado ao longo de
todo o ciclo de vida dos produtos químicos perigosos, e que compreende as seguintes
etapas:

 Concepção, projecto e desenvolvimento do produtos;


 Manufactura/produção;
 Transporte;
 Comercialização;
 Utilização e eliminação/deposição.

A primeira edição do GHS foi aprovada em 2002 e publicada em 2003, pelo Conselho
Económico e Social das Nações Unidas, seguindo-se uma revisão publicada em 2005.
Embora sem um cronograma definido para a sua adopção internacional, diversos
órgãos, nomeadamente o World Summit for Sustainable Development (WSSD) e o
Intergovernmental Forum for Chemical Safety (IFCS), encorajam os países a
implementar rapidamente o GHS de modo a que o sistema possa estar operacional em
finais de 2008. Na UE procura-se que a implementação deste sistema seja feita em
simultâneo com o programa REACH.

Não sendo uma regulamentação, o GHS comporta os requisitos técnicos de classificação


e de comunicação de perigos, incluindo as informações explicativas de como aplicar o
sistema. Este sistema pretende atingir os trabalhadores do sector de transporte de
produtos químicos, os locais de trabalho, os utilizadores em geral e, também, o
pessoal dos serviços de emergência, trazendo como benefícios maior protecção para os
seres humanos e para o meio ambiente, através da padronização da classificação dos
produtos químicos e da criação de uma forma de os rotular, baseada em pictogramas de
compreensão universal.

No caso particular das pessoas que manuseiam os produtos químicos (locais de trabalho
e utilizadores), o GHS serve como ferramenta para identificação dos perigos e também
para a rotulagem apropriada de reagentes e resíduos, contribuindo para um
armazenamento e uma gestão de resíduos seguros. Estas acções evitam a ocorrência
de acidentes pessoais patrimoniais e ambientais e o desenvolvimento de doenças
profissionais.

O conteúdo do sistema GHS está organizado em módulos (blocos) que visam a


classificação de perigos (perigos físicos e perigos para a saúde e para o meio ambiente)
e comunicação de perigos.

Classificação de perigos

A classificação dos perigos no GHS foi feita por grupos de especialistas (OIT e
UNCETDG – perigos físicos; OCDE – perigos para a saúde e ambiente), com base na
informação existente na bibliografia. Na classificação apenas são consideradas as
propriedades intrinsecamente perigosas das substâncias e das preparações.
 Perigos físicos: regra geral, os critérios para os perigos físicos são qualitativos
ou semi-quantitativos, com vários níveis de perigos dentro de cada classe, o que
poderá tornar a classificação do GHS mais consistente. O estabelecimento dos
critérios foi precedido pela definição dos estados físicos, assim:
o Gás é uma substância ou preparação que, a 50º C, tem uma pressão de
vapor superior a 300 kPascal, ou é completamente gasoso a 20º C e à
pressão padrão de 101,3 kPascal;
o Líquido é uma substância ou preparação que não é um gás e tem um
ponto de fusão ou ponto inicial de fusão inferior ou igual a 20º C, a uma
pressão padrão de 101,3 kPascal;
o Sólido é uma substância ou preparação que não se enquadra em qualquer
das outras definições (gás e líquido).

Na classificação dos perigos físicos do GHS constam as seguintes classes:

o Explosivos;
o Gases inflamáveis;
o Aerossóis inflamáveis;
o Gases oxidantes;
o Gases sob pressão;
o Líquidos inflamáveis;
o Sólidos inflamáveis;
o Substâncias e preparações auto-reactivas;
o Líquidos pirofóricos;
o Sólidos pirofóricos;
o Substâncias e preparações auto-aquecíveis;
o Substâncias e preparações que, em contacto com a água, emitem gases
inflamáveis;
o Líquidos oxidantes;
o Sólidos oxidantes;
o Peróxidos orgânicos;
o Corrosivos aos metais.
 Perigos para a saúde e meio ambiente: os critérios estabelecidos para cada
classe dos perigos para a saúde e meio ambiente tiveram por base as
classificações já existentes. No caso de as abordagens serem diferentes foi
procurada uma proposta de consenso. No caso de inexistência de informação
foram desenvolvidos novos critérios. Todos os critérios foram desenvolvidos
para serem aplicados a substâncias e a preparações.

As classes propostas para os perigos para a saúde e para o meio ambiente foram
as seguintes:

o Perigos para a saúde:


 Toxicidade aguda (5 classes de acordo com o LD50: classe 1,
mais severa, e classe 5, menos grave);
 Corrosão/Irritação da pele (3 classes: classe 1, mais grave, a
classe 3, irritação suave);
 Danos/Irritação grave das mucosas oculares (2 classes: classe 1,
dano sério nos olhos, e classe 2, irritação ocular);
 Sensibilização respiratória ou cutânea;
 Mutagenicidade em células germinativas;
 Carcinogenese (2 classes: classe 1, conhecido ou presumível
carcinogéneo, e classe 2, suspeito potencial carcinogéneo);
 Toxicidade para o aparelho reprodutivo;
 Toxicidade sistémica em órgão alvo – exposição única (2 classes:
classe 1, toxicidade significativa, e classe 2, presumivelmente
perigoso);
 Toxicidade sistémica em órgão alvo – exposição crónica (2
classes como no grupo anterior);
 Perigoso por aspiração (2 classes como no grupo anterior);
o Perigos para o meio ambiente:
 Perigoso para o meio aquático (3 classes: classe I, II e III, com
índices de gravidade decrescente):
 Toxicidade aquática aguda;
 Toxicidade aquática crónica:
 Potencial de bioacumulação;
 Degradabilidade rápida.

Comunicação de perigos

Como já foi referido, constitui objectivo fulcral do GHS a identificação dos perigos
intrínsecos dos produtos químicos perigosos e a divulgação dessa informação. Esta
divulgação é feita através do bloco da comunicação de perigos, peça fundamental para
a política de utilização segura de produtos químicos.

Como princípios orientadores para a comunicação dos perigos, foi estabelecido que as
informações devem ser fornecidas, através de pelo menos dois modos, nomeadamente
símbolos e texto, e que os termos a utilizar, para indicar o grau (severidade), devem ser
coerentes para todos os perigos.

Os elementos-chave são os seguintes:

 Símbolos (pictogramas de perigos): transmitem informação sobre perigos


físicos, ambientais e para a saúde, designada para uma categoria e classe;
 Palavras de advertência: «Perigo» (perigo mais severo) ou «Aviso» (perigo
menos severo). Esta informação é utilizada para enfatizar os riscos e indicar o
nível relativo de severidade, designado para uma categoria e classe;
 Indicações de perigos: frases padronizadas designadas para uma categoria e
classe de perigo, que descrevem a natureza do perigo;
 Identificação do produto químico / composição;
 Medidas preventivas.

Os elementos descritos constam nos meios de comunicação de perigos

 Rótulo;
 Ficha de dados de segurança;
 Placas.

Os símbolos utilizados no sistema GHS são os apresentados a seguir.


Rótulo

Para cumprimento do objectivo de um rótulo, a informação essencial a fornecer é a


seguinte:

 Identificação do produto químico e identificação do constituinte perigoso (texto


e símbolo);
 Símbolos dos perigos físicos e dos perigos para a saúde e ambiente, bem como
outras informações suplementares se necessárias;
 Palavras de advertência;
 Frases de indicação;
 Medidas de prevenção;
 Informações sobre primeiros socorros;
 Identificação do produtor/importador com número de telefone.

Ficha de dados de segurança

A ficha de dados de segurança é constituída por 16 campos contendo a seguinte


informação:

 Identificação da substância ou preparação e do seu fabricante/fornecedor;


 Identificação dos perigos;
 Composição química;
 Medidas de primeiros socorros;
 Medidas de combate a incêndio;
 Medidas em caso de derramamento;
 Condições de manuseamento e armazenamento;
 Controlo da exposição e protecção individual;
 Propriedades físicas e químicas;
 Estabilidade e reactividade;
 Informações toxicológicas;
 Informações ecológicas;
 Informações sobre condições de eliminação;
 Informações sobre condições de transporte;
 Informações regulamentares, se existentes;
 Outras informações, se necessárias.

Placas

As placas utilizadas fundamentalmente no transporte e, eventualmente, na sinalização


de espaços devem conter cores e desenhos que identifiquem os perigos da substância
ou preparação em causa. Os pictogramas utilizados nas placas, utilizadas
fundamentalmente para o transporte, constam do quadro seguinte.
O GHS está organizado em blocos que podem ser utilizados na sua totalidade ou
isoladamente conforme os destinatários. Na aplicação do GHS diferenciam-se como
destinatários principais os seguintes públicos-alvo:

 Trabalhadores nos locais de trabalho;


 Utilizadores em geral;
 Trabalhadores do sector do transporte;
 Pessoal dos serviços de emergência.

Assim, nos locais de trabalho, a comunicação dos perigos é feita através do rótulo e da
ficha de dados de segurança e de uma adequada sensibilização dos trabalhadores para
uma adequada atenção aos riscos. Já para os utilizadores, a informação sobre perigos é
veiculada pelo rótulo e, eventualmente, pela comunicação de risco através da autoridade
competente.

No caso do sector de transporte, a comunicação dos perigos é feita pelo rótulo, por
placas e pela documentação de transporte. Para o outro público-alvo, o pessoal dos
serviços de emergência, o reconhecimento dos perigos é preferencialmente feito através
do rótulo e das placas.

Regulamento REACH

Conforme atrás referido, os produtos químicos utilizados na UE encontram-se


divididos em dois grupos criados pelo cut-off do ano de 1981:

 O grupo «existentes» que consta na EINIC (comercializados entre Janeiro de


1971 a Setembro de 1981); e
 O grupo «novos», que engloba os produtos químicos introduzidos no mercado
depois de 18 de Setembro de 1981.

Existem regras diferentes para estes dois grupos: enquanto os novos produtos são
testados antes da sua comercialização, não existe informação semelhante para os
restantes produtos químicos.

Por outro lado, a alocação de responsabilidades sobre os riscos da introdução no


mercado de produtos químicos que tem vindo a vigorar também não é a mais adequada,
remetendo para as autoridades competentes a responsabilidade de desenvolver acções
de avaliação dos riscos, que têm sido muito dirigidas e visando usos específicos.

De referir que, desde 1993, apenas 141 produtos químicos de grande volume de
produção foram considerados prioritários para avaliação dos riscos e destes, só um
número limitado – 28 – tiveram o seu processo de avaliação completado.

Note-se ainda que os novos produtos químicos têm de ser notificados e testados a
partir de pequenos volumes de produção (10 kg/ano), facto este que tem sido uma
barreira à inovação na indústria química europeia, desencorajando o desenvolvimento
de novas substâncias e favorecendo o recurso ao desenvolvimento de novas aplicações
para as substâncias existentes.
Outra situação que merece destaque é o facto de, de acordo com o normativo que tem
estado em vigor, os produtores e importadores serem obrigados a veicular informações
sobre perigos e controlo do risco, mas de não se impor igual obrigação aos
utilizadores de primeira linha (industriais e revendedores), com excepção para as
substâncias que têm de ser classificadas e acompanhadas por ficha de dados de
segurança. A informação sobre práticas de utilização dos produtos químicos e exposição
decorrente do seu uso pelos utilizadores é, em geral, escassa e difícil de obter.

Por último, refira-se a dispersão legislativa existente na UE sobre produtos químicos,


com mais de 40 directivas e regulamentos.

Tendo em consideração o exposto, que pode ser resumido no assumir da necessidade de


maior controlo sobre os riscos associados aos produtos químicos e constatação de uma
legislação e normativo disperso, em Fevereiro de 2001, a Comissão da Comunidade
Europeia lançou o Livro Branco – «Estratégia para a futura política em matéria de
substâncias químicas» (COM, 2001, 88). Este documento reflectiu o resultado final de
uma revisão ao sistema existente e uma nova estratégia para assegurar um nível seguro
para a utilização de produtos químicos, pretendendo, também, ser uma contribuição para
uma indústria química europeia mais competitiva e inovadora.

O Livro Branco identifica sete objectivos que necessitam de ser harmonizados no


contexto do desenvolvimento sustentável:

 Protecção da saúde humana e do ambiente;


 Manutenção e desenvolvimento da competitividade da indústria química
europeia;
 Prevenção da fragmentação do mercado interno;
 Aumento da transparência;
 Integração em acções internacionais;
 Promoção do bemestar animal (evitar duplicação de ensaios experimentais e
promover métodos alternativos);
 Conformidade com as obrigações internacionais da UE no âmbito da
Organização Mundial do Comércio (World Trade Organization – WTO).

Na base deste documento, encontra-se o regulamento REACH, acrónimo de


Registration, Evaluation, Authorisation, Restriction of Chemicals: um sistema único
integrado para registo, avaliação e autorização e restrição de produtos químicos.
Este regulamento foi aprovado pelo Parlamento Europeu, em 13 de Dezembro de 2006,
tendo sido aprovado no Conselho do Ambiente, em 18 de Dezembro de 2006. A sua
entrada em vigor, a 1 de Junho de 2007, obriga à sua aplicação em todos os Estados-
Membros da UE.

Em 2007, é criada a nova Agência Europeia de Produtos Químicos (ECHA –


European Chemicals Agency), com sede em Helsínquia (Finlândia), com a incumbência
de gerir as novas bases de dados centralizadas e de garantir o funcionamento
eficiente do novo sistema, nomeadamente no aconselhamento da Comissão e orientação
dos Estados-Membros e das empresas. Toda a informação não confidencial gerada pelo
REACH será colocada à disposição dos utilizadores de produtos químicos e do grande
público em base de dados de acesso geral.
Os principais objectivos do regulamento REACH são os seguintes:

 Desenvolver uma nova política integrada para os produtos químicos que tenha
em consideração o princípio da precaução e o princípio de sustentabilidade;
 Modernizar a legislação para encorajar a inovação, competitividade e dinamizar
o mercado interno;
 Transferir o ónus da prova sobre a segurança dos produtos químicos, que recaia
nas autoridades competentes, para as empresas que fabricam ou importam os
produtos químicos;
 Aumentar a segurança humana e ambiental no manuseamento dos produtos
químicos;
 Aumentar a informação e a confiança dos utilizadores de produtos químicos e o
público em geral.

Nota:

O Princípio da Precaução, que consta da Declaração do Rio de 1992, sobre Ambiente


e Desenvolvimento, indica que quando existem indícios fundamentados, ainda que não
evidenciados cientificamente, de que uma actividade pode ter consequências negativas
no ambiente, ela deve ser prevenida através da sua proibição ou adiamento, cabendo aos
Estados adoptar medidas concretas para evitar ou minimizar o risco. O interessado em
desenvolver a actividade tem de demonstrar que não comporta riscos ambientais.

O Princípio da Sustentabilidade defende que a satisfação das necessidades das


gerações actuais não deve comprometer as das gerações futuras.

O principal desafio colocado foi encontrar um equilíbrio entre as obrigações a impor à


indústria e a necessária protecção da saúde e do ambiente.

O sistema REACH admite que a indústria está melhor posicionada para assegurar que
os produtos químicos que produz e coloca no mercado não afectam negativamente a
saúde humana e o ambiente.

Isto requer que a indústria tenha conhecimento das propriedades das substâncias que
manuseia e do controlo de potenciais riscos. A responsabilidade pela gestão dos
riscos associados às substâncias químicas caberá, portanto, às empresas que fabricam,
importam, colocam no mercado ou utilizam essas substâncias.

As autoridades públicas (Agência Europeia de Produtos Químicos e autoridades


competentes nacionais designadas pelos Estados-Membros) devem orientar os seus
recursos para assegurar que a indústria cumpre as suas obrigações e para intervir no
caso das substâncias que apresentem nível de preocupação elevado. Ou seja, no caso de
substâncias para as quais se julguem necessárias medidas regulamentares mais severas
para a redução dos riscos, ou para os casos em seja preciso uma intervenção a nível da
comunidade.

O REACH vai criar um só sistema para todas as substâncias designadas por


«existentes» e por «novas», conceitos criados em 1981 (EINEC e ELINCS – pontos já
antes tratados). A aplicação não é imediata para todas, podendo variar entre 3 e 11
anos.
Ficam excluídos do sistema REACH os seguintes casos:

 Substâncias radioactivas, porque abrangidas por outra legislação;


 Notificações já incluídas na Directiva 67/548/EEC;
 Substâncias utilizadas em produtos medicinais (saúde humana e veterinária);
 Substâncias utilizadas em produtos alimentares (humanos e animais);
 Substâncias utilizadas nos biocidas e na protecção das plantas;
 Polímeros (incluídos apenas caso a caso);
 Substâncias utilizadas nos processos de investigação e desenvolvimento (I&D),
com registo de utilizadores e na quantidade limitada para a finalidade da
investigação.

A investigação e inovação, áreas vitais para muitas PMEs do sector químico, serão
incentivadas com o regulamento REACH, uma vez que este permite que a investigação
e o desenvolvimento se possam realizar sem registo num período de 5 anos, extensível
para 10 anos.

Por outro lado, a entrada em vigor do REACH permitirá a divulgação de forma mais
eficaz da informação sobre produtos químicos e, consequentemente, a diminuição dos
ensaios necessários para estabelecer as suas características toxicológicas e
ecotoxicológicas.

De uma forma esquematizada, a metodologia do regulamento do sistema REACH pode


ser apresentada conforme figura seguinte.
Os blocos do sistema REACH são:

 Registo;
 Avaliação;
 Autorização;
 Restrição.

Registo do REACH

O registo constitui o elemento fundamental do sistema REACH. As substâncias


químicas devem obrigatoriamente ser registadas. Não havendo registo a substância
não pode ser nem fabricada nem importada, excepto para os casos atrás referidos (casos
em que não é aplicável o REACH).

Para todas as substâncias químicas fabricadas ou importadas, por si só, ou como


constituintes de preparações, em quantidades superiores a 1 tonelada/ano, o fabricante
ou importador tem de entregar um documento de registo junto da Agência Europeia de
Produtos Químicos.

No caso das substâncias químicas presentes nos artigos, o registo é obrigatório quando
as substâncias forem perigosas (substâncias CMR – cancerígenas, mutagénica e tóxicas
para a reprodução; PBTs – persistentes, bio-acumulativas e tóxicas; vPvBs – muito
persistentes e muito bio-acumulativas), ou se forem libertadas aquando da utilização
do artigo.

No caso da utilização do artigo não provocar emissão das substâncias, mas esta existir
inevitavelmente, apenas é obrigatória uma notificação simples, com base na qual a
Agência Europeia (ECHA) poderá solicitar um registo.

As substâncias recentes serão registadas antes do início da sua produção em série. As


outras substâncias, já lançadas no mercado, serão objecto de um regime transitório e o
seu registo será escalonado em 11 anos.

Os prazos para o registo das substâncias varia de acordo com a perigosidade da


substância e também com os volumes de produção ou importação. Assim, foram
definidos os seguintes períodos:

 3 anos: substâncias classificadas como cancerígenas, mutagénicas ou tóxicas


para o aparelho reprodutor (substâncias CMR) de acordo com as orientações da
Directiva 67/548/CEE e para as substâncias produzidas e/ou importadas em
quantidades superiores a 1 000 toneladas/ano;
 6 anos: substâncias produzidas e/ou importadas em quantidade superiores 100
toneladas/ano e inferiores ou igual a 1 000 toneladas/ano;
 11 anos: substâncias produzidas e/ou importadas em quantidades superiores a 1
toneladas/ano e inferiores a 100 toneladas/ano.

As empresas são obrigadas a obter conhecimentos pertinentes sobre as substâncias


que fabricam ou importam, a usar essa informação para avaliar os riscos relacionados
com as mesmas e desenvolver e recomendar medidas adequadas para a gestão dos
riscos. O documento para obtenção do registo, a apresentar à Agência Europeia
(ECHA), deve conter toda aquela informação.

A informação a transmitir na documentação de registo compreende os seguintes itens:

 Identificação do autor do registo (fabricante ou importador);


 Identificação da substância;
 Informação sobre as utilizações e dados sobre a produção;
 Aconselhamento sobre modo de utilização (coerentes com a informação da ficha
de dados de segurança, se exigível);
 Informação sobre propriedades físico-químicas;
 Informação sobre propriedades toxicológicas e ecotoxicológicas em função das
quantidades, incluindo os resultados detalhados dos estudos de base realizados;
 Proposta de ensaios, para as substâncias produzidas em quantidades iguais ou
superiores a 100 toneladas/ano;
 Classificação e rotulagem da substância (no imediato de acordo com a Directiva
67/548/EEC e a partir de 2008 de acordo com o GHS);
 Relatório sobre segurança química (resultante da acção de gestão do risco), para
as substâncias produzidas em quantidades iguais ou superiores a 10
toneladas/ano.

Os responsáveis pelo registo têm a obrigação de se munir de informação pertinente e


desenvolver os ensaios necessários para determinar as propriedades da substância que
querem registar. As informações exigidas sobre as propriedades toxicológicas e
ecotoxicológicas aumentam em função das quantidades fabricadas ou importadas;
estando conscientes que quanto maior for a quantidade manuseada, mais se aumenta a
exposição e, consequentemente, o nível de potencial risco.

O aumento de exigência em função da quantidade contribui para aliviar a carga


burocrática para as PMEs que, regra geral, lidam com menores quantidades de
produtos químicos, e resulta do balanço entre as vantagens para a saúde pública e o
ambiente e o impacto nos custos das empresas.

De referir que não é obrigatória a realização de ensaios experimentais (ensaios em


animais) se existem outros meios de obter a informação necessária, nomeadamente
através de:

 Ensaios in vitro;
 Modelos experimentais;
 Extrapolação a partir de substâncias já estudadas e com estrutura molecular
semelhante.

O relatório de segurança química compreende os elementos de uma avaliação dos


riscos (para a saúde humana e o ambiente) e uma descrição das medidas de gestão de
riscos que o responsável pelo registo utilizou e recomenda aos utilizadores. O processo
de avaliação e gestão dos riscos pode ser sintetizado no esquema apresentado na figura
que se apresenta.
A avaliação dos riscos, conforme a sua metodologia tradicional, comporta as seguintes
fases:

1. Identificação dos perigos da substância (a partir das suas propriedades) –


permite a classificação e rotulagem da substância.
2. Avaliação da exposição directa (trabalhadores, utilizadores em geral) e da
exposição indirecta (através do ambiente).

No registo deve constar o nível máximo de exposição a que o ser humano pode
estar exposto – DNEL (derived non effect level). Este nível é obtido aplicando
um factor de segurança ao NOAEL (no observed adverse effect – nível de dose
em que ainda não se verifica o efeito adverso). Este factor de segurança será
estabelecido de acordo com dados provenientes de estudos realizados.

Podem ser fixados vários DNEL, de modo a ter em consideração:

o As diferentes vias de exposição;


o A duração e frequência dessas exposições; e
o A sensibilidade do grupo alvo (e.g.: trabalhadores no local de trabalho e
público em geral).

Os DNEL devem figurar com os respectivos cenários de exposição na ficha de


dados de segurança. Se tiverem sido estabelecidos de forma adequada, a partir
dos efeitos potenciais na saúde, podem, em certos casos, funcionar como valores
limite de exposição profissional.

Neste caso, é consensual a utilização dos seguintes factores de segurança:

o 2 para substâncias irritantes;


o 10 para substâncias tóxicas.

No caso das substâncias carcinogéneas e mutagénicas não é possível


estabelecer um limite admissível, pois trata-se de efeitos quânticos (aparecem ou
não – a sua intensidade não depende da dose).

A avaliação da exposição é estabelecida na base de cenários, onde são descritas


as condições de utilização da substância (como tal, numa preparação ou num
artigo):

o Descrição do processo;
o Descrição da tarefa do operador;
o Duração;
o Frequência;
o Métodos utilizados;
o Exposição.

Para cada cenário, a que corresponde uma utilização e uma categoria de


exposição, o responsável do registo atribui um nível de exposição para cada via
de entrada da substância no organismo humano (principalmente, via inalatória e
cutânea). As medidas de controlo dos riscos permitem a sua hierarquização e
colocar o nível de exposição em valores inferiores ao DNEL.

Face à metodologia utilizada, o procedimento de análise de segurança


química é, para o responsável pelo registo, um processo interactivo que se deve
desenvolver até que os seus resultados demonstrem a eficácia das medidas
propostas. Os cenários são uma componente fulcral do processo para melhorar a
segurança química visada pelo regulamento REACH. De referir que no
documento do registo apenas figura a avaliação final.

3. Caracterização dos riscos com base no resultado da avaliação da exposição.

A componente de medidas de gestão dos riscos compreende o conjunto de medidas de


carácter primário e secundário que permitem controlar os riscos.

Os documentos apresentados são introduzidos pela agência numa base de dados central,
designada por REACH-IT. Esta base de dados, em desenvolvimento, será acessível na
sua totalidade às autoridades competentes designadas pelos Estados-Membros. Algumas
informações, cujo teor não atente contra interesses comerciais das entidades que
registaram as substâncias, serão tornadas acessíveis ao público em geral, via Internet.

A informação sobre segurança vai circular a jusante da cadeia de abastecimento, de


modo que os utilizadores de produtos químicos nos seus próprios processos de produção
para fabrico de outros artigos possam fazê-lo de forma segura, sem pôr em causa a
saúde dos trabalhadores, dos consumidores e sem prejudicar o ambiente.
Avaliação do REACH

O processo da avaliação permite às autoridades competentes verificar se foram


cumpridos os requisitos do registo, analisar as propostas de ensaios realizados para
garantir a utilização segura da substância, assegurando que os ensaios em animais são
minimizados, e também identificar qualquer possibilidade de risco para a saúde
humana e para o ambiente proveniente da utilização da substância em causa.

A avaliação fornece um meio para as autoridades requererem aos registadores, e, em


casos específicos e limitados, aos próprios utilizadores a jusante, informação adicional
sobre a substância.

O processo de avaliação que engloba duas acções (avaliação do documento e


avaliação da substância) encontra-se esquematizado na figura que se apresenta.

Avaliação no Regulamento REACH

A avaliação do documento é conduzida pela Agência Europeia dos Produtos Químicos


(ECHA) que verifica se estão cumpridos os requisitos de registo e analisa as propostas
de ensaio, de modo a assegurar a segurança química, tendo em atenção que não sejam
utilizados ensaios desnecessários em animais e que sejam racionalizados os custos.

A avaliação da substância, que está a cargo das autoridades competentes nomeadas


pelos Estados-Membros, constitui uma avaliação mais aprofundada, desenvolvida
selectivamente, sempre que há indícios que uma substância apresenta risco para a saúde
humana ou para o ambiente. Neste caso, todos os documentos de registo submetidos
para uma substância são examinados em conjunto e comparados com outra informação
existente.

A ECHA, em conjunto com os Estados-Membros, define os critérios de prioridades


que servirão de base a um programa de acção a nível da Comunidade Europeia. Este
plano único será estabelecido para 3 anos e selecciona as substâncias que devem ser
avaliadas, trabalho atribuído, numa base de voluntariado, a um Estado-Membro. A
autoridade competente desse Estado-Membro poderá recorrer os serviços
especializados.

Em qualquer um dos processos de avaliação (documental ou da substância) os seus


responsáveis podem solicitar informações complementares, harmonizar a
classificação e rotulagem e exigir medidas de controlo.

Autorização do REACH

O regulamento REACH está concebido numa óptica em que a utilização de substâncias


com propriedades perigosas e a sua colocação no mercado devem ser sujeitas a um
requerimento de autorização. Este requerimento de autorização assegura que os riscos
associados à utilização da substância estão controlados adequadamente ou então são
justificados por motivos socio-económicos, tendo sido tomado em consideração a
informação disponível sobre substâncias ou processos alternativos.

Nas substâncias que necessitam do requerimento de autorização estão incluídas:

 Substâncias carcinogéneas, mutagénicas e tóxicas para a reprodução (CMR


classe 1 e 2);
 Substâncias persistentes, bio-acumuláveis e tóxicas (PBT);
 Substâncias muito persistentes e muito bio-acumuláveis (vPvB).

Com o objectivo de proporcionar uma base de segurança, outras substâncias com


efeitos graves e irreversíveis e, portanto, merecedoras de igual nível de preocupação
podem ser identificadas caso a caso. Este pode ser o caso dos disruptores endócrinos,
que ainda não foram cobertos pelos critérios de classificação das substâncias CMR.

Este procedimento não se aplica aos seguintes casos:

 Actividades de investigação e desenvolvimento (I&D);


 Utilizações cobertas por outra legislação (produtos fitofarmacêuticos, biocidas,
carburantes);
 Utilização em cosmética e aditivos alimentares, excepto quando a substância
apresenta perigo para o ambiente.

As cláusulas de autorização exigem aos responsáveis pela introdução e utilização das


substâncias perigosas (CMR, PBT, vPvB) que requeiram uma autorização para cada
utilização, independentemente da quantidade utilizada, com datas limite fixadas pela
Comissão Europeia (Estados-Membros). Neste processo é também obrigatório a
apresentação de um «plano de substituição», tendo em vista a substituição da
substância em causa por alternativas menos perigosas, logo que seja tecnicamente e
economicamente possível.

A Agência Europeia para Produtos Químicos (ECHA), através dos seus grupos de
trabalho para Avaliação do Risco e Análise Socio-Económica, disponibiliza pareceres
sobre os requerimentos, que a Comissão Europeia utilizará para as suas decisões.

Em resumo, o processo de autorização assegura:


 O ónus da prova para demonstrar que os riscos da utilização de uma substância
estão adequadamente controlados ou então que os benefícios socio-económicos
da sua utilização são superiores aos riscos colocados;
 A Comissão e as autoridades dos Estados-Membros podem monitorizar o
processo;
 A Comissão, as autoridades dos Estados-Membros e a indústria focarão os seus
recursos nas substâncias consideradas mais perigosas.

Restrição do REACH

O processo de restrição funciona como um meio de segurança para as substâncias não


autorizadas, cujo fabrico, comercialização e utilização coloquem um risco inaceitável
para a saúde humana ou para o ambiente e que, por isso, necessitem de uma
intervenção a nível da Comunidade Europeia.

Neste caso, qualquer Estado-Membro pode propor, com base na avaliação dos riscos, a
limitação ao fabrico, comercialização e utilização da substância perigosa. A agência
(ECHA) coordena as acções a desenvolver, nomeadamente, solicitar novos estudos à
indústria para análise do benefício sócio-económico, e submete a proposta à Comissão
Europeia.
Todos os fabricantes, importadores ou utilizadores terão que classificar as suas
substâncias e misturas de acordo com os critérios do CRE, alterando os seus rótulos e
Fichas de Dados de Segurança e sempre que necessário, as respectivas embalagens.

Cuidados a Ter no Manuseamento de Produtos Químicos

- Leia o rótulo antes de abrir a embalagem e verifique se a substância é realmente a


desejada.

- Considere o perigo de reacções entre substâncias químicas e utilize equipamentos e


roupas de protecção apropriadas.

- Tome cuidado durante a manipulação e uso de substâncias químicas perigosas


utilizando métodos que reduzam o risco de inalação, ingestão e contacto com a pele,
olhos e roupas.

- Feche hermeticamente a embalagem após a utilização.

- Não coma, beba ou fume enquanto estiver manuseando substâncias químicas.

- Lave mão e áreas expostas regularmente, trocando as roupas contaminadas.

- Trate os derrames usando métodos e precauções apropriados, para as substâncias


perigosas.

- Se afectado por substâncias químicas, procure atendimento médico imediatamente, e


use os primeiros socorros apropriados até à sua chegada.

Como Agir em Caso de Acidente

- Se ocorrer uma intoxicação, ligue para o CIAV - Centro de Informações Antivenenos -


através do 808 250 143 ou para o 112. Tenha junto de si o produto ou o rótulo.

- Em caso de ingestão, não provoque o vómito. Limpe os lábios e o interior da boca com
uma gaze húmida e dê a beber alguns golos de água.

- Se uma substância corrosiva cair na sua roupa, retire-a de imediato e lave a pele com
água abundante durante 15 minutos. Não aplique pomadas, para o médico verificar a
ferida limpa.

- Caso haja contacto com os olhos, lave-os com água corrente durante 15 minutos
mantendo as pálpebras afastadas. Não aplique qualquer produto.
Elisabete Afonso (TSST)

Utilização Segura de Produtos Químicos na União


Europeia
Na União Europeia, foram desenvolvidas várias acções no sentido de sistematizar a
informação e de introduzir práticas para a protecção da saúde dos utilizadores de
produtos químicos e do ambiente. Entre estas acções, destacam-se as que visam o
conhecimento sobre os produtos químicos comercializados, regulamentação da
comercialização e utilização de produtos químicos perigosos e metodologias para
comunicação do risco.

Referem-se, de seguida, as principais acções desenvolvidas por ordem cronológica:

 1967: foi iniciado o processo de definição de critérios para:


o Classificação, embalagem e rotulagem dos produtos químicos perigosos;
o Notificação de substâncias e harmonização dos métodos de ensaio
(determinação das propriedades intrínsecas dos produtos químicos) e a
sua adaptação ao progresso tecnológico;
 1981: elaboração de uma base de dados sobre produtos químicos
comercializados na Europa;
 1992: início dos trabalhos para a harmonização dos critérios para classificação
de produtos químicos e para a comunicação de perigos: Global Harmonisation
System – Sistema Harmonizado Globalmente para a Classificação e Rotulagem
de Produtos Químicos (GHS);
 2001: livro Branco da Comissão Europeia sobre Estratégia para a política em
matéria de substância químicas, tendo por base um sistema único e integrado
para registo, avaliação e autorização de produtos químicos – Registry,
Evaluation, Authorization of Chemicals (REACH).

Critérios para Classificação, Embalagem e Rotulagem de Produtos Químicos

Na UE, foi reconhecido que a disparidade de regulamentação dos Estados-Membros


sobre classificação, embalagem e rotulagem dos produtos químicos perigosos colocava
entraves ao seu comércio, e, por outro lado, que qualquer regulamentação deveria ter
por objectivo a protecção da população, nomeadamente dos trabalhadores.

A eliminação destes entraves passa, numa primeira fase, pela aproximação das
disposições legislativas, regulamentares e administrativas respeitantes à
classificação, embalagem e rotulagem dos produtos químicos perigosos (substâncias e
preparações) e, posteriormente, pela aproximação das disposições relativas à
utilização das referidas substâncias e das preparações perigosas.

Neste contexto, surge uma primeira directiva comunitária – Directiva 67/548/CEE, de


27 de Junho – dirigida às substâncias químicas (classificação, embalagem e rotulagem
de substâncias perigosas, notificação de novas substâncias e métodos de ensaio). A
orientação legislativa relativa à classificação das substâncias e preparações químicas,
requisitos para a sua comercialização e informação sobre os seus perigos, prossegue
com vários documentos, nomeadamente:
 Directiva 91/155/CEE sobre a classificação, embalagem e rotulagem de
preparações perigosas;
 Directiva 93/67/CEE sobre a avaliação de risco para as novas substâncias
notificadas;
 Regulamentação n.º 793/93 sobre a avaliação e o controlo das substâncias
existentes;
 Regulamentação n.º 1488/94 sobre a avaliação de risco das substâncias
existentes;
 Directiva 1999/45/CE sobre preparações químicas;
 Directiva 2001/58/CE introduz alterações ao sistema de informação das
preparações perigosas e substâncias perigosas (fichas de dados de segurança).

Resumindo, pode-se considerar que a classificação, embalagem e rotulagem e sistemas


de informação de produtos químicos na Europa assenta em três instrumentos chave:

 Directiva 67/548/CEE: substâncias perigosas;


 Directiva 1999/45/EC: preparações perigosas;
 Directivas 91/155/CEE e 2001/58/EC: fichas de dados de segurança.

Ao longo do tempo, nas diferentes directivas base atrás referidas, foram introduzidas
alterações através das directivas: 88/379/CEE, 7 de Julho; 90/35/CEE, 19 de
Dezembro; 91/155/CEE, 5 de Março; 2001/60/CE, 7 de Agosto; 2006/8/CE, 23 Janeiro
(aproximação das disposições legislativas, regulamentares e administrativas dos
Estados-Membros respeitantes à classificação, embalagem e rotulagem das preparações
perigosas).

As directivas base e as sucessivas alterações foram integradas no direito português, na


forma de duas portarias. Estas portarias visam aprovar os princípios genéricos do
regime de notificação de substâncias químicas, a gestão da informação sobre riscos
potenciais para a saúde humana e o ambiente, e respectiva avaliação, assim como a
classificação, embalagem e rotulagem dos produtos químicos.

As referidas portarias aprovam respectivamente:

 Portaria n.º 732-A/96, de 11 de Dezembro: «Regulamento para a Notificação


de Substâncias Químicas e para a Classificação, Embalagem e Rotulagem de
Substâncias Perigosas» (alterações introduzidas pelos seguintes decretos-lei: DL
n.º 330-A/98, de 2 de Fevereiro; DL n.º 209/99, de 11 de Novembro; DL n.º
195-A/2000, de 22 de Agosto; DL n.º 222/2001, de 8 de Agosto; DL n.º
154-A/2002, de 11 de Junho e DL n.º 27-A/2006, de 10 de Fevereiro);
 Portaria n.º 1152/97, de 12 de Novembro: «Regulamento para a Classificação,
Embalagem e Rotulagem das Preparações Perigosas» (alterações introduzidas
pelos seguintes decretos-lei: DL n.º 120/92, de 30 Junho; DL n.º 189/99, de 2 de
Junho). Esta portaria foi revogada com a entrada em vigor do Decreto-lei n.º
82/2003, de 23 de Abril.

De toda a informação existente nestes regulamentos destaca-se, por se considerar como


mais relevante para protecção dos utilizadores de produtos químicos e também para os
profissionais de segurança e saúde, os aspectos ligados à identificação da substância
ou da sua preparação e reconhecimento da sua perigosidade.
A classificação de perigosidade de uma substância é feita de acordo com determinados
ensaios (referidos no Regulamento para a Notificação de Substâncias Químicas e para a
Classificação, Embalagem e Rotulagem de Substâncias Perigosas).

As substâncias classificadas como perigosas agrupam-se nas seguintes categorias:

 Explosivas;
 Comburentes;
 Extremamente inflamáveis;
 Facilmente inflamáveis;
 Inflamáveis;
 Muito tóxicas;
 Tóxicas;
 Nocivas;
 Corrosivas;
 Irritantes;
 Sensibilizantes;
 Cancerígenas;
 Mutagénicas;
 Tóxicas para a reprodução;
 Perigosas para o ambiente.

Cabe aos fabricantes, importadores ou distribuidores proceder à avaliação prévia dos


perigos que os produtos químicos, que colocam no mercado, podem apresentar.
Também é da sua responsabilidade a classificação do produto químico, numa das
categorias referidas. A cada uma destas categorias corresponde um símbolo e um
conjunto de indicações, conforme se apresenta no quadro seguinte.
Produtos químicos perigosos – símbolos e indicações

No sentido de fornecer maior informação e de criar mecanismos fáceis e universais para


identificar perigos e modos de os prevenir, foram criadas, na União Europeia, as
designadas frases de risco – frases (R) e frases de segurança – frases (S). Estas frases,
que devem ser utilizadas em todos os documentos referentes aos produtos químicos
perigosos, encontram-se no quadro que se apresenta.

Códigos Frases de Risco


R 1 Explosivo em estado seco.
R 2 Risco de explosão por choque, fricção, fogo ou outras fontes de ignição.
R 3 Grande risco de explosão por choque, fricção, fogo ou outras fontes de
ignição.
R 4 Forma compostos metálicos explosivos muito sensíveis.
R 5 Perigo de explosão em caso de aquecimento.
R 6 Explosivo em contacto e sem contacto com o ar.
R 7 Pode provocar incêndios.
R 8 Perigo de incêndio em caso de contacto com materiais combustíveis.
R 9 Perigo de explosão se misturado com materiais combustíveis.
R 10 Inflamável.
R 11 Facilmente inflamável.
R 12 Extremamente inflamável.
R 13 Gás liquefeito extremamente inflamável.
R 14 Reage violentamente com a água.
R 15 Reage com a água libertando gases extremamente inflamáveis.
R 16 Explosivo se misturado com substâncias comburentes.
R 17 Inflama-se espontaneamente em contacto com o ar.
R 18 Pode formar misturas de ar-vapor explosivas/inflamáveis durante a
utilização.
R 19 Pode formar peróxidos explosivos.
R 20 Nocivo por inalação.
R 21 Nocivo em contacto com a pele.
R 22 Nocivo por ingestão.
R 23 Tóxico por inalação.
R 24 Tóxico em contacto com a pele.
R 25 Tóxico por ingestão.
R 26 Muito tóxico por inalação.
R 27 Muito tóxico em contacto com a pele.
R 27 a Muito tóxico em contacto com os olhos.
R 28 Muito tóxico por ingestão.
R 29 Em contacto com a água liberta gases tóxicos.
R 30 Pode inflamar-se facilmente durante o uso.
R 31 Em contacto com ácidos liberta gases tóxicos.
R 32 Em contacto com ácidos liberta gases muito tóxicos.
R 33 Perigo de efeitos cumulativos.
R 34 Provoca queimaduras.
R 35 Provoca queimaduras graves.
R 36 Irritante para os olhos.
R 36 a Lacrimogéneo.
R 37 Irritante para as vias respiratórias.
R 38 Irritante para a pele.
Códigos Frases de Risco
R 39 Perigo de efeitos irreversíveis muito graves.
R 40 Possibilidade de efeitos irreversíveis.
R 41 Risco de lesões oculares graves.
R 42 Possibilidade de sensibilização por inalação.
R 43 Possibilidade de sensibilização em contacto com a pele.
R 44 Risco de explosão se aquecido em ambiente fechado.
R 45 Pode causar cancro.
R 46 Pode causar alterações genéticas hereditárias.
R 47 Pode causar malformações congénitas.
R 48 Risco de efeitos graves para a saúde em caso de exposição prolongada.
R 49 Pode causar cancro por inalação.
R 50 Muito tóxico para os organismos aquáticos.
R 51 Tóxico para os organismos aquáticos.
R 52 Nocivo para os organismos aquáticos.
R 53 A longo prazo pode provocar efeitos negativos no ambiente aquático.
R 54 Tóxico para a flora.
R 55 Tóxico para a fauna.
R 56 Tóxico para os organismos do solo.
R 57 Tóxico para as abelhas.
R 58 A longo prazo pode provocar efeitos negativos no meio ambiente.
R 59 Perigoso para a camada do ozono.
R 60 Pode comprometer a fertilidade.
R 61 Risco durante a gravidez com efeitos adversos para à descendência.
R 62 Possíveis risco de comprometer a fertilidade.
R 63 Possíveis riscos, durante a gravidez, de efeitos indesejáveis na
descendência.
R 64 Pode causar danos nos bebés alimentados com o leite materno.
R 65 Nocivo: pode causar danos nos pulmões se ingerido.
R 66 A exposição repetida pode causar pele seca e gretada.
R 67 Os vapores podem causar tonturas e sonolência.
R 14/15 Reage violentamente com a água, libertando gases extremamente
inflamáveis.
R 15/29 Em contacto com a água, liberta gases tóxicos e extremamente
inflamáveis.
R 20/21 Nocivo por inalação e contacto com a pele.
R 20/22 Nocivo por inalação e por ingestão.
R 20/21/22 Nocivo por inalação, por ingestão e em contacto com a pele
R 21/22 Nocivo em contacto com a pele e por ingestão.
R 23/24 Tóxico por inalação e contacto com a pele.
R 23/25 Tóxico por inalação e por ingestão.
R 23/24/25 Tóxico por inalação, por ingestão e em contacto com a pele.
R 24/25 Tóxico em contacto com a pele e por ingestão.
R 26/27 Muito tóxico por inalação e contacto com a pele.
R 26/28 Muito tóxico por inalação e por ingestão.
R 26/27/28 Muito tóxico por inalação, por ingestão e em contacto com a pele.
Códigos Frases de Risco
R 27/28 Muito tóxico em contacto com a pele e por ingestão.
R 36/37 Irrita os olhos e as vias respiratórias.
R 36/38 Irrita os olhos e a pele.
R 36/37/38 Irrita os olhos, a pele e as vias respiratórias.
R 37/38 Irrita as vias respiratórias e a pele.
R 39/23 Tóxico: perigo de efeitos irreversíveis muito graves por inalação.
R 39/24 Tóxico: perigo de efeitos irreversíveis muito graves em contacto com a
pele.
R 39/25 Tóxico: perigo de efeitos irreversíveis muito graves por ingestão.
R 39/23/24 Tóxico: perigo de efeitos irreversíveis muito graves por inalação e
contacto a pele.
R 39/23/25 Tóxico: perigo de efeitos irreversíveis muito graves por inalação e
ingestão.
Tóxico: perigo de efeitos irreversíveis muito graves por inalação,
R 39/23/24/25
contacto com a pele e ingestão.
R 39/26 Muito tóxico: perigo de efeitos irreversíveis muito graves por inalação.
R 39/27 Muito tóxico: perigo de efeitos irreversíveis muito graves em contacto
com a pele.
R 39/28 Muito tóxico: perigo de efeitos irreversíveis muito graves por ingestão.
Muito tóxico: perigo de efeitos irreversíveis muito graves por inalação e
R 39/26/26
contacto com a pele.
Muito tóxico: perigo de efeitos irreversíveis muito graves por inalação e
R 39/27/28
ingestão.
Muito tóxico: perigo de efeitos irreversíveis muito graves por inalação,
R 39/26/27/28
contacto com a pele e ingestão.
R 40/20 Nocivo: possibilidade de efeitos irreversíveis por inalação.
R 40/21 Nocivo: perigo de efeitos irreversíveis em contacto com a pele.
R 40/22 Nocivo: perigo de efeitos irreversíveis por ingestão.
Nocivo: perigo de efeitos irreversíveis por inalação e contacto com a
R 40/20/21
pele.
R 40/20/22 Nocivo: perigo de efeitos irreversíveis por inalação e ingestão.
R 40/21/22 Nocivo: perigo de efeitos irreversíveis em contacto com a pele e ingestão.
Nocivo: perigo de efeitos irreversíveis por inalação, contacto com a pele
R 40/20/21/22
e ingestão.
R 42/43 Possibilidade de sensibilização por inalação e contacto com a pele.
Nocivo: perigo de efeitos graves para a saúde em caso de exposição
R 48/20
prolongada por inalação.
Nocivo: perigo de efeitos graves para a saúde em caso de exposição
R 48/21
prolongada por contacto com a pele.
Nocivo: perigo de efeitos graves para a saúde em caso de exposição
R 48/22
prolongada por ingestão.
Nocivo: perigo de efeitos graves para a saúde em caso de exposição
R 48/20/21
prolongada por inalação e em contacto com a pele.
Nocivo: perigo de efeitos graves para a saúde em caso de exposição
R 48/20/22
prolongada por inalação e por ingestão.
R 48/21/22 Nocivo: perigo de efeitos graves para a saúde em caso de exposição
Códigos Frases de Risco
prolongada em contacto com a pele e por ingestão.
Nocivo: perigo de efeitos graves para a saúde em caso de exposição
R 48/20/21/22
prolongada por inalação, contacto com a pele e ingestão.
Tóxico: perigo de efeitos graves para a saúde em caso de exposição
R 48/23
prolongada por inalação.
Tóxico: perigo de efeitos graves para a saúde em caso de exposição
R 48/24
prolongada por contacto com a pele
Tóxico: perigo de efeitos graves para a saúde em caso de exposição
R 48/25
prolongada por ingestão
Tóxico: perigo de efeitos graves para a saúde em caso de exposição
R 48/23/24
prolongada por inalação e em contacto com a pele.
Tóxico: perigo de efeitos graves para a saúde em caso de exposição
R 48/23/25
prolongada por inalação e por ingestão.
Tóxico: perigo de efeitos graves para a saúde em caso de exposição
R 48/23/24/25
prolongada por inalação, em contacto com a pele e ingestão.
Muito tóxico para os organismos aquáticos, pode provocar a longo prazo
R 50/53
efeitos negativos no meio ambiente aquático.
Tóxico para os organismos aquáticos, pode provocar a longo prazo
R 51/53
efeitos negativos no meio ambiente aquático.
Nocivo para os organismos aquáticos, pode provocar a longo prazo
R 52/53
efeitos negativos no meio ambiente aquático.

De acordo com o anexo IV da Portaria n.º 732-A/96, de 11 de Dezembro, as frases S –


conselhos de prudência relativos a substâncias perigosas – são as seguintes:

Códigos Frases de Segurança


S 1 Conservar bem trancado.
S 2 Manter fora do alcance das crianças.
S 3 Conservar em lugar fresco.
S 4 Manter longe de lugares habitados.
S 5 Conservar em … (líquido apropriado a especificar pelo fabricante).
S 6 Conservar em … (gás inerte a especificar pelo fabricante).
S 7 Manter o recipiente bem fechado.
S 8 Manter o recipiente ao abrigo da humidade.
S 9 Manter o recipiente num lugar bem ventilado.
S 10 Manter o conteúdo húmido.
S 11 Evitar o contacto com o ar.
S 12 Não fechar o recipiente hermeticamente.
S 13 Manter longe de comida, bebidas incluindo os dos animais.
S 14 Manter afastado de … (materiais incompatíveis a indicar pelo fabricante).
S 15 Conservar longe do calor.
S 16 Conservar longe de fontes de ignição – não fumar.
S 17 Manter longe de materiais combustíveis.
S 18 Abrir manipular o recipiente com cautela.
S 20 Não comer nem beber durante a utilização.
S 21 Não fumar durante a utilização.
Códigos Frases de Segurança
S 22 Não respirar o pó.
S 23 Não respirar o vapor/gás/fumo/aerossol.
S 24 Evitar o contacto com a pele.
S 25 Evitar o contacto com os olhos.
Em caso de contacto com os olhos lavar imediata abundantemente em água e
S 26
chamar um médico.
S 27 Retirar imediatamente a roupa contaminada.
Em caso de contacto com a pele lavar imediata e abundantemente com …
S 28
(produto adequado a indicar pelo fabricante).
S 29 Não atirar os resíduos para os esgotos.
S 30 Nunca adicionar água ao produto.
S 33 Evitar a acumulação de cargas electrostáticas.
S 34 Evitar choques e fricções.
Eliminar os resíduos do produto e os seus recipientes com todas as precauções
S 35
possíveis.
S 36 Usar vestuário de protecção adequado.
S 37 Usar luvas adequadas.
S 38 Em caso de ventilação insuficiente usar equipamento respiratório adequado.
S 39 Usar protecção adequada para os olhos/cara.
Para limpar os solos e os objectos contaminados com este produto, utilizar …
S 40
(a especificar pelo fabricante).
S 41 Em caso de incêndio e/ou explosão não respirar os fumos.
Durante as fumigações/pulverizações, usar equipamento respiratório adequado
S 42
(denominação(ões) adequada(s) a especificar pelo fabricante).
Em caso de incêndio usar… (meios de extinção a especificar pelo fabricante.
S 43
Se a água aumentar os riscos acrescentar «Não utilizar água»).
Em caso de indisposição consultar um médico (se possível mostrar-lhe o rótulo
S 44
do produto).
Em caso de acidente ou indisposição consultar imediatamente um médico (se
S 45
possível mostrar-lhe o rótulo do produto).
Em caso de ingestão consultar imediatamente um médico e mostrar o rótulo ou
S 46
a embalagem.
S 47 Conservar a uma temperatura inferior a … º C (a especificar pelo fabricante).
S 48 Conservar húmido com … (meio apropriado a especificar pelo fabricante).
S 49 Conservar unicamente no recipiente de origem.
S 50 Não misturar com … (a especificar pelo fabricante).
S 51 Usar unicamente em locais bem ventilados.
S 52 Não usar sobre grandes superfícies em lugares habitados.
S 53 Evitar a exposição – obter instruções especiais antes de usar.
Obter autorização das autoridades de controlo de contaminação antes de
S 54
despejar nas estações de tratamento de águas residuais.
Utilizar as melhores técnicas de tratamento antes de despejar na rede de
S 55
esgotos ou no meio aquático.
Não despejar na rede de esgotos nem no meio aquático. Utilizar para o efeito
S 56
um local apropriado para o tratamento dos resíduos.
Códigos Frases de Segurança
S 57 Utilizar um contentor adequado para evitar a contaminação do meio ambiente.
S 58 Elimina-se como resíduo perigoso.
S 59 Informar-se junto do fabricante de como reciclar e recuperar o produto.
S 60 Elimina-se o produto e o recipiente como resíduos perigosos.
Evitar a sua libertação para o meio ambiente. Ter em atenção as instruções
S 61
específicas das fichas de dados de Segurança.
Em caso de ingestão não provocar o vómito: consultar imediatamente um
S 62
médico e mostrar o rótulo ou a embalagem.
Códigos Frases Combinadas
S 1/2 Conservar bem trancado e manter fora do alcance das crianças.
Conservar o recipiente num lugar fresco, bem ventilado e manter bem
S 3/7/9
encerrado.
S 3/9 Conservar o recipiente num lugar fresco e bem ventilado.
Conservar num local fresco, bem ventilado e longe de … (materiais
S 3/9/14
incompatíveis a especificar pelo fabricante).
Conservar unicamente no recipiente original num local fresco, bem
S 3/9/14/49 ventilado e longe de … (materiais incompatíveis a especificar pelo
fabricante).
Conservar unicamente no recipiente original, em lugar fresco e bem
S 3/9/49
ventilado.
Conservar em lugar fresco e longe de … (materiais incompatíveis a
S 3/14
especificar pelo fabricante).
S 7/8 Manter o recipiente bem fechado e num local fresco.
S 7/9 Manter o recipiente bem fechado e num local ventilado.
S 20/21 Não comer, beber ou fumar durante a sua utilização.
S 24/25 Evitar o contacto com os olhos e com a pele.
S 36/37 Usar luvas e vestuário de protecção adequados.
Usar luvas e vestuário de protecção adequados, bem como protecção para os
S 36/37/39
olhos/cara.
S 36/39 Usar vestuário adequado e protecção para os olhos/cara.
S 37/39 Usar luvas adequadas e protecção para os olhos/cara.
Conservar unicamente no recipiente original e a temperatura inferior a …º C
S 47/49
(a especificar pelo fabricante).

Para o manuseamento seguro de produtos químicos, é fundamental fornecer aos


utilizadores toda a informação que lhes permita não só identificar os produtos perigosos,
mas também conhecer os perigos que lhes estão associados, e, ainda, o aconselhamento
quanto à forma segura de os utilizar. Esta informação deve ser disponibilizada pelo
fornecedor, utilizando para essa comunicação duas vias: rótulo e fichas de dados de
segurança (ver quadros).
Campos obrigatórios de uma ficha de dados de segurança

 Identificação do produto, entidade responsável e telefone de emergência;


 Identificação dos perigos inerentes ao uso, com descrição de sintomatologia;
 Indicação de medidas de primeiros socorros;
 Condições de armazenamento e manuseamento seguro;
 Controlo da exposição e indicação de meios de protecção individual;
 Indicação de propriedades físicas, químicas e toxicológicas;
 Informação ecológica e das condições de eliminação do produto e contentor.

Exemplo

O exemplo de Ficha de Segurança que se segue consiste num mode lo adoptado no


Departamento de Saúde Ambiental e Toxicologia do Instituto Nacional de Saúde Dr.
Ricardo Jorge (Porto).

Formulário em anexo: FICHA DE SEGURANÇA (FS) / DSAT – INSA – PORTO


Base de Dados sobre Produtos Químicos

Considerando a importância que a utilização de produtos químicos assume na sociedade


moderna e, também, os efeitos dessa utilização na saúde humana e no ambiente, vários
organismos têm vindo a recolher informação vária sobre produtos químicos.

A primeira informação, fundamental para qualquer intervenção, é o conhecimento


sobre os produtos que estão a ser comercializados e, consequentemente, que devem
ser considerados como estando em utilização. Na UE, a informação existente foi
complementada e sistematizada, na forma de duas listagens:

 European Inventory of Existing Commercial Substances (EINEC);


 European List Notificated Commercial Substances (ELINCS).

A primeira lista – EINEC – engloba 100 106 registos, e refere-se ao inventário das
substâncias químicas existentes no mercado em 18 de Setembro de 1981. A outra lista –
ELINCS – actualizada anualmente pela Comissão Europeia, inclui todas as substâncias
químicas notificadas no mercado comunitário, após 18 de Setembro de 1981.

No controlo dos problemas inerentes à utilização de produtos químicos é muito


importante o processo de notificação das substâncias e preparações. Define-se
notificação como o acto pelo qual os documentos, contendo as informações exigidas por
lei, são apresentados pelo fabricante dos produtos químicos, ou por interposta pessoa, à
autoridade competente para esse acto, de um Estado-Membro.

Em Portugal, as entidades competentes para a notificação de produtos químicos são


duas:

 Direcção-Geral do Ambiente, para as substâncias;


 Direcção-Geral da Indústria, para as preparações.

Harmonização Global para Comunicação dos Perigos Associados aos Produtos


Químicos – Sistema GHS

Na Conferência sobre Ambiente e Desenvolvimento – Earth Summit – organizada


pelas Nações Unidas, que teve lugar em Junho de 1992, no Rio de Janeiro –
Conferência do Rio – foi aprovado o documento Agenda 21, que constitui um plano de
desenvolvimento sustentável a ser aplicado globalmente.

Neste plano está enquadrada a problemática dos produtos químicos e, no capítulo 19, é
referido expressamente que «um sistema globalmente harmonizado de classificação de
perigos e um sistema compatível de rotulagem, incluindo ficha de dados de segurança e
símbolos facilmente compatíveis, deve estar disponível, se possível, no ano 2000», para
garantia internacional de uma gestão segura dos produtos químicos.

Esta necessidade decorre da constatação de existência de informações divergentes


sobre o risco dos diversos produtos químicos, que implicam não só problemas de
segurança (e.g.: rótulos com informações diferentes), mas também de natureza
comercial (e.g.: substâncias restritas em apenas alguns países).
A existência de informação divergente sobre o risco associado aos produtos químicos
obriga as empresas a manter activos vários sistemas de informação sobre produtos
químicos, de modo a satisfazer as exigências legais e/ou normativas das entidades
reguladoras dos países para os quais exportam.

Por outro lado, o número de substâncias químicas existente, bem como a velocidade
com que novas substâncias são criadas, impede a regulamentação de todos os produtos
químicos perigosos. Estima-se que 99 % das substâncias não tenham sido
submetidas a ensaios de toxicidade.

Resumindo, poderá considerar-se que todos os países, organismos internacionais,


fabricantes de produtos químicos e utilizadores beneficiarão deste sistema
harmonizado, conseguindo:

 Aumentar a protecção nos seres humanos e no meio ambiente;


 Facilitar o comércio internacional dos produtos químicos;
 Reduzir a necessidade de ensaios e avaliações;
 Proporcionar ajuda aos diferentes países onde ainda não existe qualquer sistema
de protecção, na implementação das intervenções que visam a segurança
química.

A criação do sistema harmonizado para a classificação e rotulagem de produtos


químicos foi estabelecida pela Organização Internacional do Trabalho, em 1999,
quando a Convenção 170 e a Recomendação 177, que dizem respeito à segurança na
utilização de produtos químicos, foram elaboradas e adoptadas.

Os trabalhos com vista àquele processo foram assumidos por um grupo constituído por
várias organizações, com destaque para Organização das Nações Unidas (ONU, através
do Comittee of Experts on the Transport of Dangerous Goods – UNCETDG),
Organização Internacional do Trabalho (OIT) e Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Económico (OCDE).

Em 1993 iniciou-se o trabalho, do qual resultou o documento designado por Global


Harmonisation System – GHS, que visa a protecção dos utilizadores de produtos
químicos e do ambiente. O principal objectivo do GHS é identificar os perigos
intrínsecos das substâncias e preparações químicas e transmitir essa informação.

O GHS não pretende harmonizar nem procedimentos, nem decisões, sobre gestão de
risco. Pretende-se que a aplicação do GHS contribua não só para melhorar a protecção
da saúde humana e do ambiente, mas também que possa constituir uma base de trabalho
para ser desenvolvida regulamentação ajustada sobre produtos químicos, nos países
onde não existe qualquer sistema.

A coordenação do processo de harmonização ficou a cargo do Programa Inter-


Organizacional para a Gestão Segura de Produtos Químicos (Inter-Organization
Programme for the Sound Manegement of Chemicals – IOMC).

Assim, podemos destacar que o GHS constitui um sistema mundial, numa abordagem
simples e coerente, para a definição e classificação de perigos dos produtos químicos e a
sua comunicação através de rótulos, fichas de dados de segurança e placas. Esta
informação constitui a base sobre a qual assenta a metodologia da gestão do risco que
visa a utilização segura dos produtos químicos.

O GHS fornece também uma estrutura básica para o estabelecimento de programas


nacionais de segurança química. Este é um sistema para ser utilizado ao longo de
todo o ciclo de vida dos produtos químicos perigosos, e que compreende as seguintes
etapas:

 Concepção, projecto e desenvolvimento do produtos;


 Manufactura/produção;
 Transporte;
 Comercialização;
 Utilização e eliminação/deposição.

A primeira edição do GHS foi aprovada em 2002 e publicada em 2003, pelo Conselho
Económico e Social das Nações Unidas, seguindo-se uma revisão publicada em 2005.
Embora sem um cronograma definido para a sua adopção internacional, diversos
órgãos, nomeadamente o World Summit for Sustainable Development (WSSD) e o
Intergovernmental Forum for Chemical Safety (IFCS), encorajam os países a
implementar rapidamente o GHS de modo a que o sistema possa estar operacional em
finais de 2008. Na UE procura-se que a implementação deste sistema seja feita em
simultâneo com o programa REACH.

Não sendo uma regulamentação, o GHS comporta os requisitos técnicos de classificação


e de comunicação de perigos, incluindo as informações explicativas de como aplicar o
sistema. Este sistema pretende atingir os trabalhadores do sector de transporte de
produtos químicos, os locais de trabalho, os utilizadores em geral e, também, o
pessoal dos serviços de emergência, trazendo como benefícios maior protecção para os
seres humanos e para o meio ambiente, através da padronização da classificação dos
produtos químicos e da criação de uma forma de os rotular, baseada em pictogramas de
compreensão universal.

No caso particular das pessoas que manuseiam os produtos químicos (locais de trabalho
e utilizadores), o GHS serve como ferramenta para identificação dos perigos e também
para a rotulagem apropriada de reagentes e resíduos, contribuindo para um
armazenamento e uma gestão de resíduos seguros. Estas acções evitam a ocorrência
de acidentes pessoais patrimoniais e ambientais e o desenvolvimento de doenças
profissionais.

O conteúdo do sistema GHS está organizado em módulos (blocos) que visam a


classificação de perigos (perigos físicos e perigos para a saúde e para o meio ambiente)
e comunicação de perigos.

Classificação de perigos

A classificação dos perigos no GHS foi feita por grupos de especialistas (OIT e
UNCETDG – perigos físicos; OCDE – perigos para a saúde e ambiente), com base na
informação existente na bibliografia. Na classificação apenas são consideradas as
propriedades intrinsecamente perigosas das substâncias e das preparações.
 Perigos físicos: regra geral, os critérios para os perigos físicos são qualitativos
ou semi-quantitativos, com vários níveis de perigos dentro de cada classe, o que
poderá tornar a classificação do GHS mais consistente. O estabelecimento dos
critérios foi precedido pela definição dos estados físicos, assim:
o Gás é uma substância ou preparação que, a 50º C, tem uma pressão de
vapor superior a 300 kPascal, ou é completamente gasoso a 20º C e à
pressão padrão de 101,3 kPascal;
o Líquido é uma substância ou preparação que não é um gás e tem um
ponto de fusão ou ponto inicial de fusão inferior ou igual a 20º C, a uma
pressão padrão de 101,3 kPascal;
o Sólido é uma substância ou preparação que não se enquadra em qualquer
das outras definições (gás e líquido).

Na classificação dos perigos físicos do GHS constam as seguintes classes:

o Explosivos;
o Gases inflamáveis;
o Aerossóis inflamáveis;
o Gases oxidantes;
o Gases sob pressão;
o Líquidos inflamáveis;
o Sólidos inflamáveis;
o Substâncias e preparações auto-reactivas;
o Líquidos pirofóricos;
o Sólidos pirofóricos;
o Substâncias e preparações auto-aquecíveis;
o Substâncias e preparações que, em contacto com a água, emitem gases
inflamáveis;
o Líquidos oxidantes;
o Sólidos oxidantes;
o Peróxidos orgânicos;
o Corrosivos aos metais.
 Perigos para a saúde e meio ambiente: os critérios estabelecidos para cada
classe dos perigos para a saúde e meio ambiente tiveram por base as
classificações já existentes. No caso de as abordagens serem diferentes foi
procurada uma proposta de consenso. No caso de inexistência de informação
foram desenvolvidos novos critérios. Todos os critérios foram desenvolvidos
para serem aplicados a substâncias e a preparações.

As classes propostas para os perigos para a saúde e para o meio ambiente foram
as seguintes:

o Perigos para a saúde:


 Toxicidade aguda (5 classes de acordo com o LD50: classe 1,
mais severa, e classe 5, menos grave);
 Corrosão/Irritação da pele (3 classes: classe 1, mais grave, a
classe 3, irritação suave);
 Danos/Irritação grave das mucosas oculares (2 classes: classe 1,
dano sério nos olhos, e classe 2, irritação ocular);
 Sensibilização respiratória ou cutânea;
 Mutagenicidade em células germinativas;
 Carcinogenese (2 classes: classe 1, conhecido ou presumível
carcinogéneo, e classe 2, suspeito potencial carcinogéneo);
 Toxicidade para o aparelho reprodutivo;
 Toxicidade sistémica em órgão alvo – exposição única (2 classes:
classe 1, toxicidade significativa, e classe 2, presumivelmente
perigoso);
 Toxicidade sistémica em órgão alvo – exposição crónica (2
classes como no grupo anterior);
 Perigoso por aspiração (2 classes como no grupo anterior);
o Perigos para o meio ambiente:
 Perigoso para o meio aquático (3 classes: classe I, II e III, com
índices de gravidade decrescente):
 Toxicidade aquática aguda;
 Toxicidade aquática crónica:
 Potencial de bioacumulação;
 Degradabilidade rápida.

Comunicação de perigos

Como já foi referido, constitui objectivo fulcral do GHS a identificação dos perigos
intrínsecos dos produtos químicos perigosos e a divulgação dessa informação. Esta
divulgação é feita através do bloco da comunicação de perigos, peça fundamental para
a política de utilização segura de produtos químicos.

Como princípios orientadores para a comunicação dos perigos, foi estabelecido que as
informações devem ser fornecidas, através de pelo menos dois modos, nomeadamente
símbolos e texto, e que os termos a utilizar, para indicar o grau (severidade), devem ser
coerentes para todos os perigos.

Os elementos-chave são os seguintes:

 Símbolos (pictogramas de perigos): transmitem informação sobre perigos


físicos, ambientais e para a saúde, designada para uma categoria e classe;
 Palavras de advertência: «Perigo» (perigo mais severo) ou «Aviso» (perigo
menos severo). Esta informação é utilizada para enfatizar os riscos e indicar o
nível relativo de severidade, designado para uma categoria e classe;
 Indicações de perigos: frases padronizadas designadas para uma categoria e
classe de perigo, que descrevem a natureza do perigo;
 Identificação do produto químico / composição;
 Medidas preventivas.

Os elementos descritos constam nos meios de comunicação de perigos

 Rótulo;
 Ficha de dados de segurança;
 Placas.

Os símbolos utilizados no sistema GHS são os apresentados a seguir.


Rótulo

Para cumprimento do objectivo de um rótulo, a informação essencial a fornecer é a


seguinte:

 Identificação do produto químico e identificação do constituinte perigoso (texto


e símbolo);
 Símbolos dos perigos físicos e dos perigos para a saúde e ambiente, bem como
outras informações suplementares se necessárias;
 Palavras de advertência;
 Frases de indicação;
 Medidas de prevenção;
 Informações sobre primeiros socorros;
 Identificação do produtor/importador com número de telefone.

Ficha de dados de segurança

A ficha de dados de segurança é constituída por 16 campos contendo a seguinte


informação:

 Identificação da substância ou preparação e do seu fabricante/fornecedor;


 Identificação dos perigos;
 Composição química;
 Medidas de primeiros socorros;
 Medidas de combate a incêndio;
 Medidas em caso de derramamento;
 Condições de manuseamento e armazenamento;
 Controlo da exposição e protecção individual;
 Propriedades físicas e químicas;
 Estabilidade e reactividade;
 Informações toxicológicas;
 Informações ecológicas;
 Informações sobre condições de eliminação;
 Informações sobre condições de transporte;
 Informações regulamentares, se existentes;
 Outras informações, se necessárias.

Placas

As placas utilizadas fundamentalmente no transporte e, eventualmente, na sinalização


de espaços devem conter cores e desenhos que identifiquem os perigos da substância
ou preparação em causa. Os pictogramas utilizados nas placas, utilizadas
fundamentalmente para o transporte, constam do quadro seguinte.
O GHS está organizado em blocos que podem ser utilizados na sua totalidade ou
isoladamente conforme os destinatários. Na aplicação do GHS diferenciam-se como
destinatários principais os seguintes públicos-alvo:

 Trabalhadores nos locais de trabalho;


 Utilizadores em geral;
 Trabalhadores do sector do transporte;
 Pessoal dos serviços de emergência.

Assim, nos locais de trabalho, a comunicação dos perigos é feita através do rótulo e da
ficha de dados de segurança e de uma adequada sensibilização dos trabalhadores para
uma adequada atenção aos riscos. Já para os utilizadores, a informação sobre perigos é
veiculada pelo rótulo e, eventualmente, pela comunicação de risco através da autoridade
competente.

No caso do sector de transporte, a comunicação dos perigos é feita pelo rótulo, por
placas e pela documentação de transporte. Para o outro público-alvo, o pessoal dos
serviços de emergência, o reconhecimento dos perigos é preferencialmente feito através
do rótulo e das placas.

Regulamento REACH

Conforme atrás referido, os produtos químicos utilizados na UE encontram-se


divididos em dois grupos criados pelo cut-off do ano de 1981:

 O grupo «existentes» que consta na EINIC (comercializados entre Janeiro de


1971 a Setembro de 1981); e
 O grupo «novos», que engloba os produtos químicos introduzidos no mercado
depois de 18 de Setembro de 1981.

Existem regras diferentes para estes dois grupos: enquanto os novos produtos são
testados antes da sua comercialização, não existe informação semelhante para os
restantes produtos químicos.

Por outro lado, a alocação de responsabilidades sobre os riscos da introdução no


mercado de produtos químicos que tem vindo a vigorar também não é a mais adequada,
remetendo para as autoridades competentes a responsabilidade de desenvolver acções
de avaliação dos riscos, que têm sido muito dirigidas e visando usos específicos.

De referir que, desde 1993, apenas 141 produtos químicos de grande volume de
produção foram considerados prioritários para avaliação dos riscos e destes, só um
número limitado – 28 – tiveram o seu processo de avaliação completado.

Note-se ainda que os novos produtos químicos têm de ser notificados e testados a
partir de pequenos volumes de produção (10 kg/ano), facto este que tem sido uma
barreira à inovação na indústria química europeia, desencorajando o desenvolvimento
de novas substâncias e favorecendo o recurso ao desenvolvimento de novas aplicações
para as substâncias existentes.
Outra situação que merece destaque é o facto de, de acordo com o normativo que tem
estado em vigor, os produtores e importadores serem obrigados a veicular informações
sobre perigos e controlo do risco, mas de não se impor igual obrigação aos
utilizadores de primeira linha (industriais e revendedores), com excepção para as
substâncias que têm de ser classificadas e acompanhadas por ficha de dados de
segurança. A informação sobre práticas de utilização dos produtos químicos e exposição
decorrente do seu uso pelos utilizadores é, em geral, escassa e difícil de obter.

Por último, refira-se a dispersão legislativa existente na UE sobre produtos químicos,


com mais de 40 directivas e regulamentos.

Tendo em consideração o exposto, que pode ser resumido no assumir da necessidade de


maior controlo sobre os riscos associados aos produtos químicos e constatação de uma
legislação e normativo disperso, em Fevereiro de 2001, a Comissão da Comunidade
Europeia lançou o Livro Branco – «Estratégia para a futura política em matéria de
substâncias químicas» (COM, 2001, 88). Este documento reflectiu o resultado final de
uma revisão ao sistema existente e uma nova estratégia para assegurar um nível seguro
para a utilização de produtos químicos, pretendendo, também, ser uma contribuição para
uma indústria química europeia mais competitiva e inovadora.

O Livro Branco identifica sete objectivos que necessitam de ser harmonizados no


contexto do desenvolvimento sustentável:

 Protecção da saúde humana e do ambiente;


 Manutenção e desenvolvimento da competitividade da indústria química
europeia;
 Prevenção da fragmentação do mercado interno;
 Aumento da transparência;
 Integração em acções internacionais;
 Promoção do bemestar animal (evitar duplicação de ensaios experimentais e
promover métodos alternativos);
 Conformidade com as obrigações internacionais da UE no âmbito da
Organização Mundial do Comércio (World Trade Organization – WTO).

Na base deste documento, encontra-se o regulamento REACH, acrónimo de


Registration, Evaluation, Authorisation, Restriction of Chemicals: um sistema único
integrado para registo, avaliação e autorização e restrição de produtos químicos.
Este regulamento foi aprovado pelo Parlamento Europeu, em 13 de Dezembro de 2006,
tendo sido aprovado no Conselho do Ambiente, em 18 de Dezembro de 2006. A sua
entrada em vigor, a 1 de Junho de 2007, obriga à sua aplicação em todos os Estados-
Membros da UE.

Em 2007, é criada a nova Agência Europeia de Produtos Químicos (ECHA –


European Chemicals Agency), com sede em Helsínquia (Finlândia), com a incumbência
de gerir as novas bases de dados centralizadas e de garantir o funcionamento
eficiente do novo sistema, nomeadamente no aconselhamento da Comissão e orientação
dos Estados-Membros e das empresas. Toda a informação não confidencial gerada pelo
REACH será colocada à disposição dos utilizadores de produtos químicos e do grande
público em base de dados de acesso geral.
Os principais objectivos do regulamento REACH são os seguintes:

 Desenvolver uma nova política integrada para os produtos químicos que tenha
em consideração o princípio da precaução e o princípio de sustentabilidade;
 Modernizar a legislação para encorajar a inovação, competitividade e dinamizar
o mercado interno;
 Transferir o ónus da prova sobre a segurança dos produtos químicos, que recaia
nas autoridades competentes, para as empresas que fabricam ou importam os
produtos químicos;
 Aumentar a segurança humana e ambiental no manuseamento dos produtos
químicos;
 Aumentar a informação e a confiança dos utilizadores de produtos químicos e o
público em geral.

Nota:

O Princípio da Precaução, que consta da Declaração do Rio de 1992, sobre Ambiente


e Desenvolvimento, indica que quando existem indícios fundamentados, ainda que não
evidenciados cientificamente, de que uma actividade pode ter consequências negativas
no ambiente, ela deve ser prevenida através da sua proibição ou adiamento, cabendo aos
Estados adoptar medidas concretas para evitar ou minimizar o risco. O interessado em
desenvolver a actividade tem de demonstrar que não comporta riscos ambientais.

O Princípio da Sustentabilidade defende que a satisfação das necessidades das


gerações actuais não deve comprometer as das gerações futuras.

O principal desafio colocado foi encontrar um equilíbrio entre as obrigações a impor à


indústria e a necessária protecção da saúde e do ambiente.

O sistema REACH admite que a indústria está melhor posicionada para assegurar que
os produtos químicos que produz e coloca no mercado não afectam negativamente a
saúde humana e o ambiente.

Isto requer que a indústria tenha conhecimento das propriedades das substâncias que
manuseia e do controlo de potenciais riscos. A responsabilidade pela gestão dos
riscos associados às substâncias químicas caberá, portanto, às empresas que fabricam,
importam, colocam no mercado ou utilizam essas substâncias.

As autoridades públicas (Agência Europeia de Produtos Químicos e autoridades


competentes nacionais designadas pelos Estados-Membros) devem orientar os seus
recursos para assegurar que a indústria cumpre as suas obrigações e para intervir no
caso das substâncias que apresentem nível de preocupação elevado. Ou seja, no caso de
substâncias para as quais se julguem necessárias medidas regulamentares mais severas
para a redução dos riscos, ou para os casos em seja preciso uma intervenção a nível da
comunidade.

O REACH vai criar um só sistema para todas as substâncias designadas por


«existentes» e por «novas», conceitos criados em 1981 (EINEC e ELINCS – pontos já
antes tratados). A aplicação não é imediata para todas, podendo variar entre 3 e 11
anos.
Ficam excluídos do sistema REACH os seguintes casos:

 Substâncias radioactivas, porque abrangidas por outra legislação;


 Notificações já incluídas na Directiva 67/548/EEC;
 Substâncias utilizadas em produtos medicinais (saúde humana e veterinária);
 Substâncias utilizadas em produtos alimentares (humanos e animais);
 Substâncias utilizadas nos biocidas e na protecção das plantas;
 Polímeros (incluídos apenas caso a caso);
 Substâncias utilizadas nos processos de investigação e desenvolvimento (I&D),
com registo de utilizadores e na quantidade limitada para a finalidade da
investigação.

A investigação e inovação, áreas vitais para muitas PMEs do sector químico, serão
incentivadas com o regulamento REACH, uma vez que este permite que a investigação
e o desenvolvimento se possam realizar sem registo num período de 5 anos, extensível
para 10 anos.

Por outro lado, a entrada em vigor do REACH permitirá a divulgação de forma mais
eficaz da informação sobre produtos químicos e, consequentemente, a diminuição dos
ensaios necessários para estabelecer as suas características toxicológicas e
ecotoxicológicas.

De uma forma esquematizada, a metodologia do regulamento do sistema REACH pode


ser apresentada conforme figura seguinte.
Os blocos do sistema REACH são:

 Registo;
 Avaliação;
 Autorização;
 Restrição.

Registo do REACH

O registo constitui o elemento fundamental do sistema REACH. As substâncias


químicas devem obrigatoriamente ser registadas. Não havendo registo a substância
não pode ser nem fabricada nem importada, excepto para os casos atrás referidos (casos
em que não é aplicável o REACH).

Para todas as substâncias químicas fabricadas ou importadas, por si só, ou como


constituintes de preparações, em quantidades superiores a 1 tonelada/ano, o fabricante
ou importador tem de entregar um documento de registo junto da Agência Europeia de
Produtos Químicos.

No caso das substâncias químicas presentes nos artigos, o registo é obrigatório quando
as substâncias forem perigosas (substâncias CMR – cancerígenas, mutagénica e tóxicas
para a reprodução; PBTs – persistentes, bio-acumulativas e tóxicas; vPvBs – muito
persistentes e muito bio-acumulativas), ou se forem libertadas aquando da utilização
do artigo.

No caso da utilização do artigo não provocar emissão das substâncias, mas esta existir
inevitavelmente, apenas é obrigatória uma notificação simples, com base na qual a
Agência Europeia (ECHA) poderá solicitar um registo.

As substâncias recentes serão registadas antes do início da sua produção em série. As


outras substâncias, já lançadas no mercado, serão objecto de um regime transitório e o
seu registo será escalonado em 11 anos.

Os prazos para o registo das substâncias varia de acordo com a perigosidade da


substância e também com os volumes de produção ou importação. Assim, foram
definidos os seguintes períodos:

 3 anos: substâncias classificadas como cancerígenas, mutagénicas ou tóxicas


para o aparelho reprodutor (substâncias CMR) de acordo com as orientações da
Directiva 67/548/CEE e para as substâncias produzidas e/ou importadas em
quantidades superiores a 1 000 toneladas/ano;
 6 anos: substâncias produzidas e/ou importadas em quantidade superiores 100
toneladas/ano e inferiores ou igual a 1 000 toneladas/ano;
 11 anos: substâncias produzidas e/ou importadas em quantidades superiores a 1
toneladas/ano e inferiores a 100 toneladas/ano.

As empresas são obrigadas a obter conhecimentos pertinentes sobre as substâncias


que fabricam ou importam, a usar essa informação para avaliar os riscos relacionados
com as mesmas e desenvolver e recomendar medidas adequadas para a gestão dos
riscos. O documento para obtenção do registo, a apresentar à Agência Europeia
(ECHA), deve conter toda aquela informação.

A informação a transmitir na documentação de registo compreende os seguintes itens:

 Identificação do autor do registo (fabricante ou importador);


 Identificação da substância;
 Informação sobre as utilizações e dados sobre a produção;
 Aconselhamento sobre modo de utilização (coerentes com a informação da ficha
de dados de segurança, se exigível);
 Informação sobre propriedades físico-químicas;
 Informação sobre propriedades toxicológicas e ecotoxicológicas em função das
quantidades, incluindo os resultados detalhados dos estudos de base realizados;
 Proposta de ensaios, para as substâncias produzidas em quantidades iguais ou
superiores a 100 toneladas/ano;
 Classificação e rotulagem da substância (no imediato de acordo com a Directiva
67/548/EEC e a partir de 2008 de acordo com o GHS);
 Relatório sobre segurança química (resultante da acção de gestão do risco), para
as substâncias produzidas em quantidades iguais ou superiores a 10
toneladas/ano.

Os responsáveis pelo registo têm a obrigação de se munir de informação pertinente e


desenvolver os ensaios necessários para determinar as propriedades da substância que
querem registar. As informações exigidas sobre as propriedades toxicológicas e
ecotoxicológicas aumentam em função das quantidades fabricadas ou importadas;
estando conscientes que quanto maior for a quantidade manuseada, mais se aumenta a
exposição e, consequentemente, o nível de potencial risco.

O aumento de exigência em função da quantidade contribui para aliviar a carga


burocrática para as PMEs que, regra geral, lidam com menores quantidades de
produtos químicos, e resulta do balanço entre as vantagens para a saúde pública e o
ambiente e o impacto nos custos das empresas.

De referir que não é obrigatória a realização de ensaios experimentais (ensaios em


animais) se existem outros meios de obter a informação necessária, nomeadamente
através de:

 Ensaios in vitro;
 Modelos experimentais;
 Extrapolação a partir de substâncias já estudadas e com estrutura molecular
semelhante.

O relatório de segurança química compreende os elementos de uma avaliação dos


riscos (para a saúde humana e o ambiente) e uma descrição das medidas de gestão de
riscos que o responsável pelo registo utilizou e recomenda aos utilizadores. O processo
de avaliação e gestão dos riscos pode ser sintetizado no esquema apresentado na figura
que se apresenta.
A avaliação dos riscos, conforme a sua metodologia tradicional, comporta as seguintes
fases:

1. Identificação dos perigos da substância (a partir das suas propriedades) –


permite a classificação e rotulagem da substância.
2. Avaliação da exposição directa (trabalhadores, utilizadores em geral) e da
exposição indirecta (através do ambiente).

No registo deve constar o nível máximo de exposição a que o ser humano pode
estar exposto – DNEL (derived non effect level). Este nível é obtido aplicando
um factor de segurança ao NOAEL (no observed adverse effect – nível de dose
em que ainda não se verifica o efeito adverso). Este factor de segurança será
estabelecido de acordo com dados provenientes de estudos realizados.

Podem ser fixados vários DNEL, de modo a ter em consideração:

o As diferentes vias de exposição;


o A duração e frequência dessas exposições; e
o A sensibilidade do grupo alvo (e.g.: trabalhadores no local de trabalho e
público em geral).

Os DNEL devem figurar com os respectivos cenários de exposição na ficha de


dados de segurança. Se tiverem sido estabelecidos de forma adequada, a partir
dos efeitos potenciais na saúde, podem, em certos casos, funcionar como valores
limite de exposição profissional.

Neste caso, é consensual a utilização dos seguintes factores de segurança:

o 2 para substâncias irritantes;


o 10 para substâncias tóxicas.

No caso das substâncias carcinogéneas e mutagénicas não é possível


estabelecer um limite admissível, pois trata-se de efeitos quânticos (aparecem ou
não – a sua intensidade não depende da dose).

A avaliação da exposição é estabelecida na base de cenários, onde são descritas


as condições de utilização da substância (como tal, numa preparação ou num
artigo):

o Descrição do processo;
o Descrição da tarefa do operador;
o Duração;
o Frequência;
o Métodos utilizados;
o Exposição.

Para cada cenário, a que corresponde uma utilização e uma categoria de


exposição, o responsável do registo atribui um nível de exposição para cada via
de entrada da substância no organismo humano (principalmente, via inalatória e
cutânea). As medidas de controlo dos riscos permitem a sua hierarquização e
colocar o nível de exposição em valores inferiores ao DNEL.

Face à metodologia utilizada, o procedimento de análise de segurança


química é, para o responsável pelo registo, um processo interactivo que se deve
desenvolver até que os seus resultados demonstrem a eficácia das medidas
propostas. Os cenários são uma componente fulcral do processo para melhorar a
segurança química visada pelo regulamento REACH. De referir que no
documento do registo apenas figura a avaliação final.

3. Caracterização dos riscos com base no resultado da avaliação da exposição.

A componente de medidas de gestão dos riscos compreende o conjunto de medidas de


carácter primário e secundário que permitem controlar os riscos.

Os documentos apresentados são introduzidos pela agência numa base de dados central,
designada por REACH-IT. Esta base de dados, em desenvolvimento, será acessível na
sua totalidade às autoridades competentes designadas pelos Estados-Membros. Algumas
informações, cujo teor não atente contra interesses comerciais das entidades que
registaram as substâncias, serão tornadas acessíveis ao público em geral, via Internet.

A informação sobre segurança vai circular a jusante da cadeia de abastecimento, de


modo que os utilizadores de produtos químicos nos seus próprios processos de produção
para fabrico de outros artigos possam fazê-lo de forma segura, sem pôr em causa a
saúde dos trabalhadores, dos consumidores e sem prejudicar o ambiente.
Avaliação do REACH

O processo da avaliação permite às autoridades competentes verificar se foram


cumpridos os requisitos do registo, analisar as propostas de ensaios realizados para
garantir a utilização segura da substância, assegurando que os ensaios em animais são
minimizados, e também identificar qualquer possibilidade de risco para a saúde
humana e para o ambiente proveniente da utilização da substância em causa.

A avaliação fornece um meio para as autoridades requererem aos registadores, e, em


casos específicos e limitados, aos próprios utilizadores a jusante, informação adicional
sobre a substância.

O processo de avaliação que engloba duas acções (avaliação do documento e


avaliação da substância) encontra-se esquematizado na figura que se apresenta.

Avaliação no Regulamento REACH

A avaliação do documento é conduzida pela Agência Europeia dos Produtos Químicos


(ECHA) que verifica se estão cumpridos os requisitos de registo e analisa as propostas
de ensaio, de modo a assegurar a segurança química, tendo em atenção que não sejam
utilizados ensaios desnecessários em animais e que sejam racionalizados os custos.

A avaliação da substância, que está a cargo das autoridades competentes nomeadas


pelos Estados-Membros, constitui uma avaliação mais aprofundada, desenvolvida
selectivamente, sempre que há indícios que uma substância apresenta risco para a saúde
humana ou para o ambiente. Neste caso, todos os documentos de registo submetidos
para uma substância são examinados em conjunto e comparados com outra informação
existente.

A ECHA, em conjunto com os Estados-Membros, define os critérios de prioridades


que servirão de base a um programa de acção a nível da Comunidade Europeia. Este
plano único será estabelecido para 3 anos e selecciona as substâncias que devem ser
avaliadas, trabalho atribuído, numa base de voluntariado, a um Estado-Membro. A
autoridade competente desse Estado-Membro poderá recorrer os serviços
especializados.

Em qualquer um dos processos de avaliação (documental ou da substância) os seus


responsáveis podem solicitar informações complementares, harmonizar a
classificação e rotulagem e exigir medidas de controlo.

Autorização do REACH

O regulamento REACH está concebido numa óptica em que a utilização de substâncias


com propriedades perigosas e a sua colocação no mercado devem ser sujeitas a um
requerimento de autorização. Este requerimento de autorização assegura que os riscos
associados à utilização da substância estão controlados adequadamente ou então são
justificados por motivos socio-económicos, tendo sido tomado em consideração a
informação disponível sobre substâncias ou processos alternativos.

Nas substâncias que necessitam do requerimento de autorização estão incluídas:

 Substâncias carcinogéneas, mutagénicas e tóxicas para a reprodução (CMR


classe 1 e 2);
 Substâncias persistentes, bio-acumuláveis e tóxicas (PBT);
 Substâncias muito persistentes e muito bio-acumuláveis (vPvB).

Com o objectivo de proporcionar uma base de segurança, outras substâncias com


efeitos graves e irreversíveis e, portanto, merecedoras de igual nível de preocupação
podem ser identificadas caso a caso. Este pode ser o caso dos disruptores endócrinos,
que ainda não foram cobertos pelos critérios de classificação das substâncias CMR.

Este procedimento não se aplica aos seguintes casos:

 Actividades de investigação e desenvolvimento (I&D);


 Utilizações cobertas por outra legislação (produtos fitofarmacêuticos, biocidas,
carburantes);
 Utilização em cosmética e aditivos alimentares, excepto quando a substância
apresenta perigo para o ambiente.

As cláusulas de autorização exigem aos responsáveis pela introdução e utilização das


substâncias perigosas (CMR, PBT, vPvB) que requeiram uma autorização para cada
utilização, independentemente da quantidade utilizada, com datas limite fixadas pela
Comissão Europeia (Estados-Membros). Neste processo é também obrigatório a
apresentação de um «plano de substituição», tendo em vista a substituição da
substância em causa por alternativas menos perigosas, logo que seja tecnicamente e
economicamente possível.

A Agência Europeia para Produtos Químicos (ECHA), através dos seus grupos de
trabalho para Avaliação do Risco e Análise Socio-Económica, disponibiliza pareceres
sobre os requerimentos, que a Comissão Europeia utilizará para as suas decisões.

Em resumo, o processo de autorização assegura:


 O ónus da prova para demonstrar que os riscos da utilização de uma substância
estão adequadamente controlados ou então que os benefícios socio-económicos
da sua utilização são superiores aos riscos colocados;
 A Comissão e as autoridades dos Estados-Membros podem monitorizar o
processo;
 A Comissão, as autoridades dos Estados-Membros e a indústria focarão os seus
recursos nas substâncias consideradas mais perigosas.

Restrição do REACH

O processo de restrição funciona como um meio de segurança para as substâncias não


autorizadas, cujo fabrico, comercialização e utilização coloquem um risco inaceitável
para a saúde humana ou para o ambiente e que, por isso, necessitem de uma
intervenção a nível da Comunidade Europeia.

Neste caso, qualquer Estado-Membro pode propor, com base na avaliação dos riscos, a
limitação ao fabrico, comercialização e utilização da substância perigosa. A agência
(ECHA) coordena as acções a desenvolver, nomeadamente, solicitar novos estudos à
indústria para análise do benefício sócio-económico, e submete a proposta à Comissão
Europeia.

Você também pode gostar