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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA


INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA GOIANO
CAMPUS IPORÁ - GOIÁS
PROCESSOS QUÍMICOS INDUSTRIAIS
PROFESSOR(A): Lidiane Michelini CURSO: Técnico em Química PERÍODO: 2ºC
AULA 2: INDÚSTRIA DE POLPA E PAPEL
ALUNO DATA

INDÚSTRIA DE POLPA E PAPEL


HISTÓRICO

Desde tempos remotos, o homem manifesta seu desejo de representar através de figuras ou desenhos a sua evolução.
Para isto, utilizou-se inicialmente de paredes de cavernas, superfície lisa de rochas, folhas de plantas, enfim, o que a
natureza tivesse a lhe oferecer. Com o tempo, desenvolvendo o raciocínio, o homem passou a preparar o seu próprio
suporte para representações gráficas, inicialmente com o barro cozido, logo passando para tecidos, depois papiros,
pergaminhos e em 105 d.C.
A primeira fabricação do papel é atribuído ao chinês Ts'ai Lum o advento do papel. Ts'ai Lum cozia fortemente as fibras
vegetais, logo depois as batia e esmagava, depurava a pasta obtida e formava as folhas sobre uma peneira de juncos
delgados unidos entre si por crina ou seda em uma armação de madeira. Ts'ai Lum secava as folhas comprimindo-as
sobre uma placa de material poroso, e depois as deixava secando ao ar. Depois foi verificada a eficiência do uso do trapo
como fonte de celulose para fabricação de papel. O trapo de algodão, por ser de difícil processamento, deixou de ser
utilizado como matéria prima, porém foi durante muitos anos um importante material, já que o algodão é composto
basicamente de celulose. O que o homem precisava era uma fonte de celulose o mais branca possível, e o algodão parecia
ser essa fonte. Hoje em dia, o processo de fabricação do papel ainda é basicamente o mesmo da época de Ts'ai Lum,
porém o conhecimento do homem chegou a um certo estágio em que é possível fabricar papel em alta escala, e com
qualidade infinitamente superior à daquele tempo, através do processamento da celulose, de seu branqueamento, da
formação da folha em superfície porosa e da secagem através de rolos aquecidos com vapor. O processo que será descrito
aqui pode ser muito bem comparado ao de Ts'ai Lum, porém em escala industrial e com recursos da tecnologia
desenvolvida ao longo dos anos.
No fim do século XVI, foi inventada na Holanda uma máquina que desfazia trapos para obter fibras. Conhecida como
batedeira holandesa ou máquina Fourdrinier, formava uma folha de papel sobre uma tela metálica móvel. Os trapos foram
largamente utilizados como matéria prima até a Revolução Industrial, quando se intensificou a oferta de matéria prima,
mas ao mesmo tempo aumentou a demanda por papel. Outro fator que fez crescer a demanda foi
o incremento dos meios de comunicação através de jornais impressos, e divulgação de conhecimento através de livros
didáticos e obras literárias. Foi usada até 1830 quando a máquina a cilindro foi inventada.

DEFINIÇÃO DE PAPEL
Segundo o dicionário (1999), o papel é uma pasta de matéria fibrosa de origem vegetal, refinada e quando necessário,
branqueada, contendo cola, carga e, às vezes, corantes, a qual se reduz, manual ou mecanicamente, a folhas secas finas
e flexíveis, bobinadas ou resmadas, usadas para escrever, imprimir, desenhar, embrulhar, limpar e construir.
Com base nestas definições e mais algumas considerações técnicas predominantes na linguagem papeleira atual, neste
curso, o papel é definido como uma pasta branqueada ou não, de origem vegetal (e/ou de trapos, nos processos mais
antigos), podendo conter outros componentes não fibrosos específicos para cada tipo de papel (colas, cargas, corantes,
agentes de resistência a seco e a amido etc), a qual se reduz, manual ou mecanicamente, a folhas secas e flexíveis (com
fibras unidas tanto fisicamente por estarem entrelaçadas a modo de malha como quimicamente por pontes de hidrogênio,
por ligações covalentes e por forças de Van Der Waals), bobinadas ou resmadas, usadas para escrever, imprimir,
desenhar, embrulhar, limpar, construir etc. A figura 1 apresenta amostras de papel ampliadas onde se pode constatar a
disposição das fibras nos três planos: direção MD (“Machine Direction”), direção CD (“Cross Direction Machine”) e direção
Z ou Zeta (espessura da folha).

Figura 1: Fibras de papel

A composição do papel apresenta características estruturais não homogêneas e que são dependentes, tanto de aspectos
químicos quanto físicos que se formam durante a fabricação do papel. Com relação aos aspectos químicos deste material,
as ligações existentes entre os constituintes da fibra são normalmente covalentes, por pontes de hidrogênio e forças de
Van Der Waals. As ligações mais fortes são as covalentes, cuja importância é bastante relevante para as propriedades do
papel, com Ênfase nas de resistência. Por outro lado, as forças de Van Der Waals são fracas e pouca influência exerce
sobre as propriedades do papel. Já, as ligações por pontes de hidrogênio, mesmo sendo de energia inferior às covalentes
(C-O-C), são passíveis de se formarem e serem incrementadas em grande número durante a formação de papel, enquanto
as ligações covalentes podem ser prejudicadas com o processo.

As interações químicas a serem estabelecidas entra as fibras, dependem da suficiente aproximação destas para ocorrer
atrações eletrostáticas. Portanto, o contato é necessário para a formação de um bom grau de ligações interfibras. Em
geral, os seguintes fatores influenciam a formação de ligações covalentes: o refino, a presença de finos, hemicelulose,
cargas minerais, lignina, a origem das fibras, as dimensões fundamentais da fibra, a espécie de madeira utilizada como
matéria-prima e ainda a formação da folha, prensagem e a tensão de secagem.

PRINCIPAIS TIPOS DE PAPÉIS

PARA IMPRESSÃO E ESCRITA

São os papéis a serem escritos, ou impressos por qualquer um dos processos existentes. Está também incluído neste
grupo o papel imprensa e revista. O papel para impressão e escrita foi o primeiro tipo de papel que surgiu. Talvez por isto
haja tanta referência bibliográfica falando sobre este tipo de papel.

PAPEL BÍBLIA

Papel muito fino, de baixa gramatura, branco, opaco e resistente, permanente e durável, fabricado com pasta química
branqueada e cerca de 20% de carga (dióxido de titânio, preferencialmente), com boa colagem interna e superficial,
podendo conter ou não linhas d'água. E utilizado para imprimir bíblias, missais, dicionários, enciclopédias e obras
volumosas em geral.

PAPEL CUCHÊ

Papel convertido a partir de papel-base, revestido de um ou de ambos os lados com cargas minerais aglutinadas com
ligantes (uma tinta à base de látex e pigmentos), na máquina de revestir ou na própria máquina que faz o papel-base,
podendo receber acabamento brilhante em supercalandra, texturizado (gofrado) ou mate. Por apresentar ótimas
características de nivelamento superficial, é empregado na reprodução de trabalhos de elevada qualidade (rótulos,
revistas, impressos comerciais, encartes etc.)

PAPEL IMPRENSA

Papel de impresão de jornais e periódicos, fabricado principalmente com pasta mecânica ou quimimecânica.

PAPEL LWC (“LIGHT WEIGHT COATED PAPER”)

Papel fabricado com pasta química branqueada (monolúcido de 1º), podendo conter pasta mecânica e aparas), cerca de
10% de carga, com boa colagem interna e brilho num dos lados produzido por cilindro monolúcido na própria máquina de
papel para impressão de sacolas, papéis fantasia, rótulos, etiquetas e laminados; não é recomendado para impressão
ofsete por não apresentar colagem superficial.

PAPEL MWC (“MEDIUM WEIGHT COATED PAPER”)

Papel similar ao LWC, revestido com duas ou três camadas, usado para imprimir revistas, catálogos e impressos
comerciais de alta qualidade.

PAPEL OFSETE (“OFFSET”)

Papel de impressão, com ou sem revestimento, fabricado com pasta química branqueada, conteúdo de carga mineral entre
10% e 15%, boa colagem interna e superficial. Os principais atributos exigidos pelo processo ofsete são: elevada
resistência superficial (para suportar a pegajosidade (“tack”) das tintas), força de ligação interna (para resistir à
delaminação), resistência ao arrancamento, resistência à água, estabilidade dimensional, planicidade, umidade relativa
controlada, boa rigidez e tendência ao encanoamento reduzida. No caso de impressoras rotativas, além destas, o papel
deve ter elevada resistência à dobra, à tração e ao calor, seu conteúdo de umidade deve ser menor.

PAPEL APERGAMINHADO

Papel de escrever, opaco, alisado por igual em ambas as faces na própria máquina fabricadora, fabricado com pasta
química branqueada, com ou sem aparas, com conteúdo de carga mineral em torno de 16%, colado internamente e sem
colagem superficial, alisado e com boa opacidade. Pode ter ou não marca d’água. Usado para correspondência em geral,
formulários, impressos, cadernos escolares e envelopes. Quando o papel apergaminhado é colorido, costuma-se chamá-
lo de “SUPER BOND”.
PAPEL DE SEGUNDAS-VIAS (“FLORPOST”)

Papel fino, fabricado com celulose química branqueada, com boa colagem interna e sem colagem superficial, acabamento
alisado ou monolúcido. É utilizado, sobretudo, para correspondência e segundas-vias de notas fiscais.

PAPEL PARA EMBALAGENS

Papéis utilizados para proteger, acomodar um produto. Como material de embalagem, o papel distingue-se pela grande
diversidade de tipos, formas de transformação e combinação com outros materiais.

É grande a diversidade de tipos de papel de embalagem. Os papéis tipo glassine apresentam gramaturas na ordem das
20 a 40 g/m² e são normalmente usados para envolver bolachas, biscoitos, chocolates ou produtos alimentares do gênero
‘fast food’. Para embalagem de gorduras existem papéis tipo ‘greaseproof’, com gramaturas superiores (40 a 75 g/m²) e
diferentes versões de tratamento no processo de fabricação, de forma a garantir a compatibilidade para contato direto com
alimentos, resistência à umidade, etc.

Um dos papéis de embalagem de uso mais extensivo é o papel Kraft, com gramatura predominantemente entre as 70 e
as 180 g/m², e que se apresenta na sua cor natural (castanha), branqueada ou mesmo impressa. Além da utilização como
matéria-prima para fabricação de cartão ondulado e para sacos de papel, o papel Kraft pode ser utilizado para envolvimento
direto de produtos ou combinado com outros materiais, designadamente filmes plásticos (para ganhar resistência mecânica
e à umidade), tratamentos químicos (para proteção contra umidade e corrosão), etc.

Papéis para embalagens leves e embrulhos

• Papéis estiva e maculatura


• Papel glassine, cristal ou pergaminho
• Papel .greaseproof.
• Papel manilha
• Papel manilhinha
• Papel seda

Papéis para embalagens pesadas

• Cartão
• Cartão duplex
• Cartão triplex
• Cartolina
• Papel .kraft.
• Papel .kraft. Branco ou em cores
• Papel .kraft. Extensível
• Papelão
• Papelão ondulado ou corrugado
• Miolo para papelão ondulado (.fluting.)
• Capa de 1ª para papelão ondulado (.kraftliner.)
• Capa de 2ª para papelão ondulado (.testliner.)
• Polpa moldada
• White top liner

PAPEL PARA FINS SANITÁRIOS

Os papéis para fins sanitários também são chamados de papéis “tissue”. Constituem-se de folhas ou rolos de baixa
gramatura e são empregados em domicílios, instituições e empresas, para a absorção e remoção de umidade, matérias
graxas e sujeira. A nomenclatura usual classifica os papéis sanitários em: papéis higiênicos (rolos usados nos toaletes,
em

folhas simples ou múltiplas), toalhas (em folhas única ou dupla e rolos); guardanapos (em folhas simples ou múltiplas) e
lenços (em caixas ou pacotes). A área de papéis tissue que estaremos abordando resume-se através dos seguintes
produtos encontrados pelo consumidor: higiênicos, guardanapos, toalhas e facial.

PAPEL HIGIÊNICO - Papel para fim específico (utilização em toaletes), nas gramaturas entre 25 e 35 g/m2.
GUARDANAPOS - Papel crepado ou não, fabricado com pasta química branqueada, incluindo ou não aparas de boa
qualidade tratadas quimicamente, para fim específico, nas gramaturas de 18 a 25 g/m2, para uso em folha única ou dupla,
branco ou em cores.

TOALHAS DE MÃO - Papel fabricado normalmente para uso comercial, natural, colorido ou branco, nas gramaturas entre
25 e 50 g/m2. Usado em rolos ou folhas intercaladas.

TOALHAS DE COZINHA - Papel fabricado normalmente para uso residencial, branco, nas gramaturas entre 44 e 50 g/m2,
em rolos, de folha simples ou dupla.

LENÇOS - Papel fabricado com pasta química branqueada, incluindo ou não aparas de boa qualidade tratadas
quimicamente, nas gramaturas de 15 a 18 g/m2, para uso em folhas múltiplas na confecção de lenços faciais e de bolso,
branco ou em cores.

LENÇOS HOSPITALARES - Papel fabricado com pasta química branqueada, incluindo ou não aparas de boa qualidade
tratadas quimicamente, nas gramaturas de 15 a 30 g/m2, para uso específico.

PAPÉIS ESPECIAIS

Além dos anteriores, consideramos ainda um terceiro grupo de papéis, onde se inserem os papéis especiais com grande
variedade de produtos, como papel carbono, papel vegetal, papel moeda, cigarro, autocopiativos, heliográfico, desenho,
mata-borrão, filtrante, base para laminados, base para carbonos, kraft absorvente para impregnação, ponteira de cigarros,
fórmica, kraft especiais para: condensadores, cabos elétricos, fios telefônicos, papel vegetal etc.

• Papéis auto-adesivos
• Papéis decorativos
• Papéis metalizados
• Papel absorvente base para laminados
• Papel autocopiativo
• Papel base para carbono
• Papel bastão
• Papel crepados
• Papel de segurança
• Papel filtrante
• Papel gofrado
• Papel heliográfico
• Papel .kraft. Especial para cabos elétricos
• Papel .kraft. Especial para condensadores
• Papel .kraft. Especial para fios telefônicos
• Papéis metalizados
• Papel para cigarro
• Papel para decalcomania
• Papel para desenho
• Papel para ponteiras de cigarros
• Papel pergaminho
• Papel supercalandrado
• Papel térmico
• Papel vergê
SIGLAS QUE IDENTIFICAM ALGUNS PRODUTOS DIFERENCIADOS (PAPEL)

MATÉRIAS PRIMAS FIBROSAS

Celulose: é um polissacarídeo linear, com um único tipo de unidade de açúcar (D-glucose ou anidrido- lucopiranose).
Hemiceluloses (polioses): também são polissacarídeos diferindo, no entanto, da celulose por conterem vários tipos de
unidades de açúcar (D-xilose, D-manose, D-glicose, L-arabinose,etc.)
Lignina: é constituída de polímeros amorfos, de composição complexa não totalmente caracterizada. Sua finalidade é
conferir firmeza à estrutura. É o ligante que mantém as fibras unidas na estrutura da madeira. É resistente à hidrólise ácida
e possui alta reatividade com agentes oxidantes.
Extrativos: representam ácidos livres: ácido acético, ácido fórmico; ácidos voláteis; ésteres; óleos voláteis (essenciais):
hidrocarbonetos, álcoois, cetonas, lactonas, terpenos, terebintina e óleo de pinho (em coníferas); ácidos resinosos: ácidos
abiético e pimáricos; ácidos graxos: ácidos oleico, linoleico, palmítico, esteárico, etc; esteróides e taninos
Compostos inorgânicos: são constituídos principalmente de sulfatos, fosfatos, oxalatos, carbonatos e silicatos de Ca, K
e Mg.

PROCESSOS DE FABRICAÇÃO DE OBTENÇÃO DE FIBRAS

Como foi dito, anteriormente, a madeira é uma matéria prima formada de fibras em múltiplas camadas, ligadas entre si por
forças interfibrilares e pela lignina que age como ligante. Para separação dessas fibras, unidas por forças coesivas
intermoleculares, é necessário despender uma certa quantidade de energia. A qualidade, as características e as utilizações
da pasta produzida serão funções da quantidade de energia aplicada. Deste modo, pode-se definir o processo de polpação
como sendo o processo de separação das fibras da madeira mediante a utilização de energia química e/ou mecânica. Os
diversos processos de polpação podem ser classificados de acordo com seus rendimentos em polpa ou de acordo com o
pH utilizado. São vários os processos utilizados para produção de polpas de celulose.
• Processos Mecânicos

Utilizam apenas energia mecânica, não envolvendo o emprego de reagentes químicos. Esses métodos permitem a
obtenção de materiais de baixo índice de cristalinidade e elevada superfície específica. Apesar da elevada eficiência
apresentada, este tipo de processamento requer um elevado consumo de energia, com consequentes implicações nos
custos operacionais. Os equipamentos típicos utilizados são: Moinho de Bolas, Moinho de Rolos e Extrusora.

• Processos Químicos
Utilizam agentes químicos específicos para cozinhar sob pressão, o material lignocelulósico. São os processos
comercialmente utilizados na indústria de celulose e papel. Estes processos podem ser classificados, de acordo com o pH
do tratamento químico ou com o tipo de substância empregada, conforme listado nas tabelas abaixo.

pH do tratamento químico.
Processo pH
Ácido 1,0 - 3,0
Bissulfito 4,5
Neutro 6,0 - 8,0
Alcalino 11,0 - 14,0

Substâncias químicas utilizadas no tratamento


Processo Substância Química
À Soda Hidróxido de sódio
Sulfato, ou Kraft Hidróxido de sódio + sulfeto de sódio
Sulfito Sulfitos Alcalinos
Domílio Cloro
Organosolv Organosulfônicos
PREPARO DA POLPA DE CELULOSE

Independente do processo adotado, as fases de preparação da polpa de celulose, são a seguir ilustradas:

Figura 2:Fases de preparação da polpa de celulose

PROCESSO KRAFT DE FABRICAÇÃO DE PAPEL

No Brasil, o processo Kraft é o mais utilizado em função das vantagens oferecidas, apesar das desvantagens
apresentadas.
Vantagens e Desvantagens do processo Kraft:

Vantagens:
• ciclos mais curtos de cozimento, se comparado a outros métodos;
• recuperação economicamente viável dos reagentes;
• produção de pastas de alto rendimento;

Desvantagens:
• baixo rendimento de polpação;
• alto custo de branqueamento;
• investimento necessário para montagem das fábricas é relativamente alto;
• odor dos gases produzidos.

Descrição das etapas envolvidas no processo Kraft:

O processo de produção da celulose é baseado na transformação da madeira em material fibroso (pasta, polpa ou celulose
industrial), incluindo as seguintes etapas: Descascamento; Picagem; Classificação; Cozimento; Depuração,
Branqueamento e Recuperação do licor.
Figura 3: Processo Kraft de Produção de Papel

• Descascamento

As cascas possuem um teor de fibras relativamente pequeno e afetam negativamente as propriedades físicas do produto,
portanto, a etapa de descascamento, tem por finalidade:

o Reduzir a quantidade de reagentes no processamento de madeira


o Facilitar a etapa de lavagem e peneiração

Tipos de descascadores utilizados industrialmente:

o Descascador a tambor; Descascador de bolsa


o Descascador de anel; Descascador de corte
o Descascador hidráulico; Descascador de faca

O resíduo industrial, as cascas, constituem de 10 a 20% da madeira total processada, podendo ser utilizado, como
combustível para geração de vapor necessário ao processo.

• Picagem

O objetivo desta etapa é reduzir as toras à fragmentos, cujo tamanho facilite a penetração do licor de cozimento, utilizados
nos processos químicos. Adicionalmente, os cavacos de madeira, constituem um material de fácil transporte (por correias
ou pneumaticamente).
Figura 4: Transporte dos cavacos
• Classificação

Após a picagem, os cavacos são classificados com o objetivo de separar os cavacos com as dimensões padrões para o
processamento (os aceites), dos cavacos superdimensionados, que retornam ao picador e dos finos, que podem ser
processados separadamente, ou então queimados na caldeira.

• Cozimento

Cozimento ou digestão da madeira se processa em vasos de pressão, conhecidos como cozedor ou digestor, podendo
ser efetuado, em regime de batelada (descontínuo) ou contínuo.

No processo de cozimento descontínuo, o aquecimento é realizado de acordo, com um programa pré-determinado, no


qual, a temperatura é elevada gradualmente, durante 50 a 90 min, até atingir um determinado valor (geralmente 170 °C),
sendo mantido durante um certo período de tempo.

No processo contínuo, os cavacos e o licor são alimentados continuamente no digestor e atravessam zonas de
temperaturas crescentes, até atingir a zona de cozimento, onde a temperatura é mantida constante. O período de tempo
é determinado pelo tempo que os cavacos atravessam a zona, até serem descarregados continuamente do digestor.

Figura 5: Ilustração de um digestor

No processo Kraft, os produtos químicos utilizados são: licor branco e licor negro

o Licor Branco: Hidróxido de sódio + sulfeto de sódio + outros tipos de sais de sódio em pequenas
quantidades.
o Licor Negro: Licor do cozimento anterior, contendo constituintes de madeiras dissolvidos, bem como
reagentes não consumidos. Este licor é usado como diluente para assegurar uma boa circulação da carga,
sem introduzir uma quantidade extra de água.
• Depuração

A massa cozida é transferida para o sistema de depuração, que por processo mecânico, separa os materiais estranhos
às fibras (nos de madeira, pequenos palitos). O material de aceite é transferido para os filtros lavadores, que tem por
finalidades lavar a massa, separando todos os solúveis das fibras de celulose. A celulose é então encaminhada para o
branqueamento ou então, para fabricação de papel Kraft. O filtrado recebe o nome de licor negro e é transferido para o
sistema de recuperação.

• Recuperação do Licor Preto

É considerada a unidade mais importante na fabricação de celulose, estando diretamente relacionada com a viabilidade
econômica de todo o processo. Basicamente processo de recuperação do licor preto consiste na queima do Licor Preto
previamente concentrado. No aquecimento a matéria química gera calor e os reagentes químicos fundem-se, sendo em
seguida recuperados. A sequência de equações ilustra o desenvolvimento desta etapa no processo Kraft.

O licor preto fraco vem do cozimento com 14% de sólidos e entrará por um sistema de evaporadores de múltiplos efeitos.
Na saída dos evaporadores o licor estará a uma concentração de 80% de sólidos e passará a ser chamado de licor preto
forte, este é mandado para a caldeira de recuperação para ser usado como combustível pois é muito rico em material
orgânico. Após a queima sobra apenas a parte inorgânica que será enviada para o processo de caustificação, onde ocorre
a calcinação e é recuperada a soda cáustica (fluxograma completo do processo Kraft, incluindo a etapa de recuperação
do licor).

Figura 6: Evaporadores

BRANQUEAMENTO DO PAPEL

É a purificação da celulose, pois dependendo do grau de cozimento efetuado a pasta pode conter até 5% de lignina. O
teor de lignina presente é responsável pela tonalidade da polpa, que pode variar do marrom ao cinza. A remoção da lignina
é necessária não só para se obter uma celulose pura, mas também para dar um aspecto de alvura elevado, característica
fundamental para proporcionar alta qualidade ao produto final.

Branquear a celulose é levar a fibra ao seu estado natural de alvura que é branco. Em função do grau de alvura desejado,
a eliminação da lignina se faz em vários estágios, tanto por razões técnicas como econômicas. Um maior grau de alvura
com menor degradação da fibra, pode ser alcançado, ao se aplicar quantidades menores de reagentes de branqueamento
em etapas sucessivas, com lavagens intermediárias. Os principais agentes de branqueamento e a simbologia das etapas
de branqueamento são descritos na Tabela.
ESTÁGIOS CÓDIGO PRODUTO QUÍMICO

Cloração C Cloro gasoso


Extração alcalina E Soda cáustica
Hipocloração H Hipoclorito de Na ou Ca
Dióxido de cloro D Dióxido de cloro
Peróxido P Peróxido de hidrogênio
Oxigênio O Oxigênio (O2)
Ozônio Z Ozônio (O3)
Extração oxidativa EO Soda cáustica e Oxigênio (O2)
Extração alcalina com EP Soda cáustica e peróxido de
peróxido hidrogênio

Desta forma, o branqueamento pode ser definido como um tratamento físico-químico, que tem por objetivo melhorar as
propriedades da pasta celulósica. Algumas propriedades relacionadas com este processo são: alvura, limpeza e pureza
química. Os parâmetros usuais que medem a eficiência do branqueamento são as propriedades ópticas da pasta (alvura,
brancura, opacidade e estabilidade de alvura), relacionadas com a absorção ou reflexão da luz.

As seqüências de branqueamento variam em função da disponibilidade de produtos alvejantes e do grau de alvura


desejado, podendo variar de simples seqüências como a convencional CEH até seqüências mais complexas como
CEHDED.

ADIÇÃO DE ADITIVOS

• Propriedades conferidas pelos aditivos

o Colagem
o Cor
o Impermeabilização a vapor d'água
o Impermeabilização a odores
o Resistência à umidade
o Resistência mecânica
o Opacidade
o Transparência
o Brilho
o Alvura

• Tipos de aditivos

o Carga mineral: Caulim, talco e dióxido de titânio, têm efeitos positivos no melhoramento da:
✓ Opacidade
✓ Alvura
✓ Lisura
✓ Maciez

o Cola: Breu saponificado, apresenta os efeitos: Aumenta a retenção de fibras cargas.


✓ Previne o espalhamento de tintas
✓ Resistência à penetração de umidade

o Sulfato de alumínio

É adicionado após a cola, para precipitar a cola sobre a fibra

o Amido (milho ou mandioca)

É adicionado na massa normalmente cozida, tendo como efeitos: Aumentar a retenção de finos e melhorar a união entre
as fibras
o Corantes
Melhoram a alvura e Tingem o papel

o Aditivos diversos: Preservativos, auxiliares de retenção, antiespumantes, plastificantes.

MÁQUINAS DE PAPEL

As máquinas de papel são constituídas por várias seções independentes, cada seção com sua característica própria e
com funções definidas.

Seção de Formação

Seção de Prensagem

Seção de Secagem

Seção de Enrolamento ou Corte

Seção de Acionamento

Seção de Poços e Fundações

Seção de Tratamentos de Superfície e Aplicações

Das seções que constituem uma máquina para fabricação de papel, infere-se sua função no processo produtivo: retirar a
água na qual encontram-se os componentes do papel (fibras, minerais, colas, aditivos) de forma a produzir uma folha de
largura determinada, comprimento indefinido, espessura especificados com aplicação eventual de tratamentos superficiais
seja por alisamento, seja por deposição de tintas, amidos, etc.

A retirada da água que é usada como veículo para os componentes do produto é efetuada progressivamente, inicialmente
por gravidade, em seguida por sucção e prensagem e finalmente por evaporação, respectivamente nas seções de
formação, prensas e baterias de secagem.

Reciclagem de Papel
Efeitos Positivos da Reciclagem de Papel

Segundo dados levantados pelo Green Peace, a reciclagem de papel tem efeitos positivos, não só, em termos, da redução
da poluição provocada pelas indústrias de papel e celulose, como também, pode ocasionar, um aumento na economia do
processo, como descrito abaixo:

Redução de 74% da poluição do ar

Redução de 35% da poluição da água

Redução dos gastos operacionais em 64%

Esses dados foram confirmados pelo IPT, onde ficou demonstrado que a reciclagem pode reduzir o consumo de energia
do processo em aproximadamente 50 %. Segundo esta mesma fonte, reciclar 500 mil toneladas de papel equivale a uma
economia de 40 mil toneladas de petróleo.

No Brasil, a produção de papel reciclado é da ordem de 30,3% do total produzido, dos quais:

80% é destinado para papel de embalagem

18 % para fins sanitários

2% para papel de impressão


Estes dados são bem inferiores, quando comparados com outros países, mais preocupados com a questão do meio
ambiente, como por exemplo, Canadá, Alemanha, Reino Unido, e de países que não possuem disponibilidade de matéria
prima, como Taiwan e Coréia do Sul, conforme pode ser melhor observado na tabela abaixo, que relaciona a produção
total de papel e porcentagem de papel reciclado de diversos países.

Produtores de papel/ reciclagem


País Produção em 1000 ton Índice
(em %)
Japão 29.068 52,6
Canadá 16.571 52,6
China 14.787 32,4
Alemanha 12.762 50,3
França 7.322 45,9
Reino Unido 4.951 59,6
Coréia do Sul 4.951 73,3
Brasil 4.888 30,3
Taiwan 3.746 95,6

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

SHREVE, R. N.; BRINK JR., JOSEPH A. Indústrias de Processos Químicos, 4 edição, Editora Guanabara Koogan S. A.,
1997.
CAMPOS, E. S. Curso Básico de Fabricação de Papel, ABTCP, São Paulo, SP, 2009.

CASTRO, H. F., Apostila 4: Papel e Celulose, Processos Químicos Industriais II, Universidade de São Paulo, 2009

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