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PDV
AULA 2
CONTEXTUALIZANDO
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produtos de alimentos e bebidas. Em se tratando de importações para o mesmo
ano, houve um movimento de um total de US$ 631,9 milhões (ABRE, 2019).
Além dos aspectos projetuais e econômicos, a escolha de materiais traz
consigo um outro de igual importância, alvo de muitas pesquisas recentes no
projeto de embalagem: seu desempenho tátil durante o seu uso. Se a
embalagem é vista, ela também é sentida. Dessa forma, uma estimulação tátil é
associada à percepção visual da embalagem, ampliando a experiência total do
consumidor. Essa experiência sensorial complexa interfere na percepção do
produto ou marca, associando-os a conceitos intangíveis e tornando-se um fator
importante em uma nova compra.
Por meio de treinamento e da experiência, os designers podem aprender
muito a respeito dos materiais, suas características e métodos de manufatura.
Mesmo assim, para que escolha do material a ser utilizado seja completamente
adequada, é essencial contar com a expertise de fornecedores e especialistas.
A seguir, veremos as cinco principais categorias de materiais utilizados
em produção de embalagens, suas aplicações e seus principais processos de
fabricação de embalagens.
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Os recipientes de vidro podem ser esterilizados, suportam o
processamento de alimentos à alta temperatura e podem ser 100% reciclados.
As desvantagens do vidro são: seu peso, sua fragilidade a elevadas
temperaturas (resiste em torno de 300 a 400 °C) e a choques térmicos. Essa
desvantagem pode ser melhorada na utilização da técnica de têmpera, que
também colabora para o aumento de sua resistência mecânica.
Um recipiente de vidro geralmente passa uma imagem de alta qualidade,
por isso são utilizados em alimentos de alto nível, como vinhos e cervejas
premium, perfumes e condimentos. Comumente essas embalagens de vidro são
reutilizadas no ambiente doméstico.
Os ingredientes utilizados na fabricação do vidro são de baixo custo e não
mudaram no decorrer dos séculos: o principal é a sílica (areia), com soda e cal
em pequenas quantidades. Quando reciclado, o vidro é moído em cacos e
refundido, podendo-se acrescentar ou não uma carga da sílica.
Para o derretimento e moldagem dos ingredientes, é necessária uma
grande quantidade de energia, fato que influencia diretamente no custo
econômico e ambiental na produção do vidro. Para reduzir o uso de energia,
várias técnicas têm sido desenvolvidas, incluindo a pré-mistura e o pré-
aquecimento da matéria-prima, o uso de cacos de vidro (são consideravelmente
mais fáceis para amolecer) e o melhor monitoramento e controle dos processos.
A indústria do vidro tem concentrado grandes esforços e recursos para
incentivar a reciclagem e reúso de recipientes de vidro, por razões econômicas,
ambientais e relacionais com o seu público, neste último caso promovendo
conceitos importantes a respeito da marca – que passa a estar ligada a uma
preocupação da empresa com o meio ambiente – mas também em relação à
fidelização do consumidor ao produto. É o exemplo de garrafa de refrigerante
retornável, que, quando levada vazia ao estabelecimento de compra, garante um
desconto na compra de uma nova garrafa cheia.
Um dos maiores problemas na indústria de embalagens de vidro é a sua
avaria devido a choques na produção, envase e transporte. Uma das soluções
aplicadas atualmente consiste no revestimento externo no recipiente com uma
camisa termoencolhível de poliestireno expandido (PS). Como o revestimento é
imprimível, é um recurso bastante interessante para ser explorado pelo designer,
além de oferecer outros benefícios como aquisição de alguns graus de proteção
térmica do produto, a diminuição do barulho durante o envase e um melhor e
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mais seguro contato para o consumidor ao segurar o recipiente. No caso de
quebra, o revestimento ainda previne o espalhamento de cacos de vidro.
Processo Aplicação
Prensagem Pratos, copos simples, baixelas, bandejas etc.
Sopro Garrafas, jarros e outros recipientes
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na bobina. Ela influencia diretamente no processo de corte, vinco e dobra na
embalagem. São as fibras que oferecem resistência a rachaduras e ao impacto.
O fabricante de papel sempre deverá fornecer essas informações, juntamente
com a matéria-prima.
Por essa mesma característica, o papel descartado não pode ser
reciclado indefinidamente, como o alumínio, já que o comprimento das fibras se
reduz durante o processo, a ponto de o papel não oferecer uma performance
satisfatória. Pode-se prolongar a sua vida útil adicionando-se material virgem ou
outros materiais fibrosos à massa, ou ainda combinando materiais reciclados e
virgens em uma estrutura multilaminar. Há muitos anos a indústria de papelão
tem produzido miolos a partir de papel reciclado, associado a uma capa de
material virgem, para obter resistência satisfatória.
Um outro fator que limita o uso do papel reciclado é a presença de tintas
de impressão contaminantes, adesivos, laminação polimérica ou metálica entre
seus ingredientes. Alimentos, por exemplo, não podem ser embalados
diretamente com papéis reciclados que contenham contaminantes
Processo Aplicação
Vincadeira/dobradeira/coladeira e Caixas de transporte, acessórios e
corte-vinco para papelão displays
Corte-vinco/dobradeira associadas Embalagens, cartuchos, sacos,
ou não à impressoras de papel envelopes
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tanques; e diferentes combinações de plástico foram utilizadas em capacetes,
em substituição aos de metal, que eram mais pesados.
Desde então, seu progresso tecnológico vem ocorrendo de forma
galopante, associado à invenção de novas utilidades, contribuindo assim para o
crescimento exponencial da indústria plástica.
Considerado o material mais versátil à disposição de um projetista, por
sua facilidade de transformação, em especial, a capacidade de adquirir
diferentes formas, texturas e cores, encontra-se presente na maioria das
embalagens, em maior ou menor quantidade, e é alvo de constante
questionamentos acerca do seu desempenho ambiental, como veremos adiante.
O termo plástico é a maneira mais popular e também comercial de se
chamar um material polimérico (ou simplesmente polímero). O nome polímero
se origina da formação de um conjunto de moléculas (poli) compostas pela
repetição de milhares de unidades básicas (meros).
Os plásticos apresentam inúmeras propriedades muito interessantes,
como baixa densidade, resistência química e capacidade de isolamento elétrico
e térmico, transparência e facilidade de impressão e, portanto, podem, com muita
facilidade, substituir metais, papel e vidro. Em contrapartida, são tipicamente
pouco resistentes a esforços mecânicos, temperaturas elevadas e intempéries.
É um material altamente multifuncional e barato na maioria das aplicações
em embalagens, e por isso podemos constatar que existe uma dependência
humana por produtos plásticos, fato que gerou um problema ambiental grave:
verifica-se uma sobrecarga de resíduos plásticos no meio ambiente, sobretudo
nos oceanos, local de destino de grande parte dos produtos descartados, onde
eles permanecem por décadas ou séculos.
Muitas embalagens são formadas por uma complexa combinação de
materiais, plásticos e não plásticos, conseguidos por coextrusão, laminação com
camadas, pigmentos, lubrificantes e plastificantes. Um exemplo são as
embalagens flexíveis de biscoito e de salgadinhos. Não existe uma categoria
compatível para o reprocessamento destas embalagens pós-consumo,
dificultando a reciclagem. Por isso elas são incineradas, para pelo menos serem
fonte de energia para outros processos.
Em um projeto, o designer deve compreender que, ao escolher o plástico,
nem sempre uma reciclagem viável acompanha a escolha. Por isso deve-se
examinar o ciclo de vida da embalagem cuidadosamente, conversar com
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fornecedores, conhecer os resultados das constantes pesquisas na área e
acompanhar as demandas do mercado consumidor.
Cabe também aos designers, em conjunto com toda a equipe técnica e
administrativa da empresa, pensar e criar novas soluções para amenizar o efeito
ambiental do descarte incorreto dos polímeros, apresentando produtos com
desempenho igual ou superior, sem que haja degradação do meio ambiente
Processo Aplicação
Laminação Bobinas para embalagens flexíveis
Vacuum forming Blister, embalagens para produtos eletrônicos, de alimentos,
bandejas, kits/produtos promocionais, pratos/copos para
festas, descartáveis etc.
Injeção Potes, frascos, garrafas etc.
Sopro Peças ocas como frascos para indústria de cosméticos,
farmacêutica, produtos de limpeza entre outras, bombonas,
regadores, reservatórios.
Injeção-sopro Peças ocas (geralmente com bocas largas) como frascos
mais refinados para indústria de cosmético, farmacêutica,
alimentícia, reservatórios, garrafas de refrigerantes e outros
recipientes
Rotomoldagem Peças ocas, com geometria complexa (formas intrincadas)
podendo ser pequenas, médias ou grandes, como displays,
embalagens para líquidos etc.
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juntamente com o aço inoxidável, é o metal mais utilizado em embalagens
metálicas. Além de proteger os alimentos dos contaminantes externos, fazendo-
os durar pelo menos por três anos, as embalagens metálicas dispensam grandes
embalagens secundárias para o transporte.
Assim como o vidro, o aço e alumínio, quando reciclados, esses materiais
apresentam qualidades comparáveis ao material virgem, e sua separação do
fluxo de descarte é relativamente fácil. Ao se fundir e refinar o metal, a maioria
dos contaminantes é removida, e as altas temperaturas asseguram a garantia
da destruição dos organismos, ajudando na pureza do material para reusá-lo na
produção de novas embalagens.
Apesar do alto índice de energia requerido para reciclar metal usado, as
embalagens de metal são bastante valorizadas pelo fato de que podem se
submeter a repetidas reciclagens sem perdas das propriedades. Algumas das
desvantagens das embalagens metálicas envolvem corrosão do metal e a
deterioração dos alimentos quando a embalagem é avariada, além da
impossibilidade de ver o seu conteúdo e a acessibilidade para abri-las.
As latas podem ser feitas em duas partes (corpo e tampa – em que o
fundo e o corpo formam uma só estrutura sem emendas) ou três partes (com
tampa, corpo e fundo). Neste último caso, a lata é feita a partir de folha plana
enrolada, com uma pequena dobra em sua boca, para permite seu fechamento
hermético. Esse tipo de fechamento é conhecido como recravação e é feito após
o enchimento da lata. O fundo é colocado antes, apertando-se as extremidades
para encaixe.
As latas ganharam variação de forma nos últimos anos, por meio de
cinturas, ondas e volumes, que, aliadas a grafismos inovadores, tornaram-se um
gigantesco propulsor de vendas desses produtos. A impressão em latas tem uma
dupla função: a de comunicação visual e a de proteção. Durante a impressão
do metal, é aplicado um verniz contra a corrosão e oxidação, prevenindo que o
metal e produto embalado entrem em contato. Esse processo pode ser feito
antes de se tornar um recipiente curvo, ou após a embalagem final.
Processo Aplicação
Folha de alumínio Latas, blister, selos
Folha de Flanders Latas
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TEMA 5 – MATERIAIS E PROCESSOS INOVADORES
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5.2 Matéria-prima proveniente de fontes renováveis
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reutilização ou reciclagem. Cabe também à indústria reciclar os materiais
devolvidos pelos consumidores, exigindo-se, dessa forma, a implantação de um
sistema de recebimento dos produtos pós-consumo. Isso pode ser feito por meio
da disponibilidade de pontos de entrega ou parcerias com cooperativas ou
associações de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis.
Da parte governamental, as prefeituras precisam estabelecer a coleta
seletiva nos municípios por meio da participação organizada de catadores. Essa
coleta pode ser feita tanto pelo sistema porta a porta quanto por meio de pontos
ou locais de entrega voluntária.
Aos consumidores cabe a responsabilidade de separar e dispor os
resíduos passíveis de reuso e reciclagem adequadamente para devolução ou
coleta seletiva e, se for o caso, entregá-los nos pontos de coleta.
É uma prática complexa, que envolve um esforço conjunto de vários
atores, mas que vem gerando resultados positivos em relação à economia e ao
meio ambiente em vários países.
Saiba mais
5.4 Os 3Rs
Essa é uma sigla que determina as três possíveis ações pós consumo
para desacelerar o acúmulo indevido do lixo: reduzir, reusar e reciclar.
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Para que não haja o esgotamento dos recursos naturais, a aplicação dos
3Rs deve ser o fio condutor de toda cadeia produtiva e de consumo, a chamada
responsabilidade compartilhada, a qual é regulamentada pela Política Nacional
de Resíduos Sólidos (PNRS) e estabelece uma hierarquia para resíduos
reaproveitáveis: a prioridade deve ser a redução, pois sua execução é mais
simples, barata e com resultados expressivos.
Em segundo lugar vem a reutilização, que exige mais insumos e
participação. Em último lugar, a reciclagem, pois esta demanda gastos maiores
para implementação e operação, podendo não alcançar os resultados
esperados.
5.4.1 Redução
5.4.2 Reutilização
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5.4.3 Reciclagem
TROCANDO IDEIAS
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NA PRÁTICA
FINALIZANDO
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REFERÊNCIAS
HINE, T. The total package: the secret history and hidden meanings of boxes,
bottles, cans and other persuasive containers. New York: Little, Brown and
Company, 1995.
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