Você está na página 1de 8

TEXTO ORIGINAL:

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1. Embalagens
Os sistemas de embalagem de alimentos desempenham múltiplas funções,
incluindo a provisão de informações ao consumidor, o armazenamento adequado do
produto e o apoio às estratégias de marketing (LANDIM et al., 2016). Entretanto, o
principal objetivo é assegurar a preservação das características do alimento, que é
alcançada mediante o emprego de propriedades de barreira que protegem o produto
contra fatores ambientais prejudiciais, tais como luz, umidade, oxigênio e
microrganismos. Essas barreiras são essenciais para manter a integridade do produto
durante o seu transporte e armazenamento, atuando como uma defesa inerte entre o
alimento e o ambiente, garantindo a segurança e permitindo uma ampla distribuição
(DEBEAUFORT; QUEZADA-GALLO; VOILLEY, 2010; FAKHOURI, 2009).
As embalagens plásticas sintéticas são amplamente utilizadas tanto em alimentos
quanto em produtos não alimentícios. Segundo a Associação Brasileira de Embalagens
(ABRE, 2021), os plásticos representam 37,1% do valor da produção. Várias razões
podem ser atribuídas ao uso de embalagens plásticas, tais como o baixo peso, facilidade
de processamento, excelentes propriedades físico-química, incluindo a flexibilidade,
além do baixo custo de produção (MOHAMED; EL-SAKHAWY; EL-SAKHAWY,
2020).
De acordo com a Associação Brasileira da Indústria do Plástico (ABIPLAST) os
polímeros mais consumidos atualmente são: Poli (etileno tereftalato) (PET); Polietileno
de alta densidade (PEAD); Poli (cloreto de vinila) (PVC); Polietileno de baixa
densidade (PEBD/PELBD); Polipropileno (PP); Poliestireno (PS);
Acrilonitrilaextireno/resina (ABS/SAN) e Espuma Vinílica Acetinada (EVA). Cada tipo
de plástico possui características próprias, como permeabilidade à luz, gases, vapores e
moléculas de baixa massa molar. No entanto, nenhum deles é oriundo de fontes
biodegradáveis e, como mostra a Tabela 1, podem levar mais de 400 anos para ser
completamente degradados pela natureza, levantando sérias preocupações ambientais,
visto que o acúmulo desses resíduos tem impacto negativos significativos no
ecossistema.
Tabela 1: Decomposição dos matériais usados como embalagem.
Material Tempo de decomposição na natureza
Papel 3 a 6 meses
Tecido 6 meses a 1 ano
Metal Mais de 100 anos
Alumínio Mais de 200 anos
Plástico Mais de 400 anos
Vidro Mais de 1000 anos

2.2. Mercado das embalagens


O mercado de embalagens no Brasil é um dos mais dinâmicos e relevantes do
mundo, abrangendo a produção e distribuição de materiais essenciais para proteger,
conservar e apresentar uma ampla gama de produtos. No centro dessa atividade está a
indústria de embalagens, encarregada de desenvolver e fabricar invólucros de diversos
materiais, tamanhos e formatos para atender às demandas de diferentes setores e
aplicações (FABRIS; FREIRE; REYES, 2006).
Nos últimos anos, o mercado brasileiro de embalagens tem experimentado um
crescimento constante, impulsionado por fatores como a crescente demanda por
embalagens para delivery e comércio eletrônico, uma tendência que foi ainda mais
acelerada pela pandemia de covid-19. Contudo, é importante reconhecer que esse
crescimento vem acompanhado de desafios significativos.
Segundo dados da Fundação Joaquim Nabuco (FUNDAJ, 2021) o Brasil é o 4º
maior produtor de lixo plástico do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, China e
Índia e recicla apenas 1,2% das embalagens plásticas. Esta realidade levanta
preocupações ambientais sérias, especialmente considerando que a poluição por plástico
gera mais de US$ 8 bilhões de prejuízo à economia global, como apontado pelo
levantamento do PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, 2019).
Setores como o pesqueiro, comércio marítimo e turismo são diretamente afetados por
essa poluição.
Com a conscientização ambiental em ascensão, há uma demanda crescente por
embalagens que reduzam o impacto ambiental, sejam recicláveis ou biodegradáveis
(FORLIN; FARIA, 2002). Além disso, a escassez de certos tipos de matéria-prima,
causada pela alta demanda e pela instabilidade do mercado global, representa outro
desafio significativo para a indústria de embalagens no Brasil (FARRIS et al., 2014).
2.3. Embalagens biodegradáveis
A crescente preocupação com o uso excessivo de embalagens sintéticas tem
impulsionado o interesse comercial e industrial na utilização dos filmes e coberturas
biodegradáveis, uma resposta necessária dada a alarmante quantidade de plásticos
produzidos (BANGAR; WHITESIDE; SURI, 2023; CHENG et al., 2021; GOEL et al.,
2023; MONDAL et al., 2022; ZHAO et al., 2019).
Os filmes e coberturas comestíveis biodegradáveis são derivados de materiais
biológicos, como polissacarídeos, proteínas, lipídios ou a combinação ente eles
(AZEREDO; FARIA; AZEREDO, 2000; HASSAN et al., 2018; MOHAMED; EL-
SAKHAWY; EL-SAKHAWY, 2020; SOARES et al., 2006). Esses materiais formam-se
sobre suportes e depois são aplicados como envoltórios de alimentos, enquanto que, as
coberturas são formadas por uma camada fina de material aplicado e formado
diretamente na superfície do alimento (BERTAN, 2003). Em ambos casos, a principal
função é proteger os produtos embalados de adversidades físicas e biológicas
(FALGUERA et al., 2011).
Dentre as técnicas de produção dos filmes poliméricos a base de gelatina,
destacam-se os métodos de extrusão, imersão ou aspersão e, principalmente, a técnica
de casting (MELLINAS et al., 2016). Em escala laboratorial, a técnica de casting, que
consiste na aplicação da solução filmogênica sobre uma superfície lisa, seguida de
secagem da solução, é comumente empregada pela sua praticidade e facilidade. Durante
o processo de secagem, ocorre a reorganização das moléculas, levando à solidificação e
formação da matriz que constitui o filme. No entanto, para produções em larga escala, a
técnica de casting não é viável, sendo a extrusão termoplástica seguida de sopro uma
alternativa mais adequada (FAKHOURI, 2009; MELLINAS et al., 2016).
Nos filmes biodegradáveis, a base de proteínas, a interação intermolecular
ocorre por meio de ligações de hidrogênio, pontes de dissulfeto e ligações hidrofóbicas.
Essa interação forma uma rede que pouco hidratada, constituindo o filme (PLÁCIDO,
2007). Devido à sua origem, esses filmes podem ser destinados à compostagem,
oferecendo uma alternativa sustentável para redução de resíduos em aterros sanitários
(KOLYBABA et al., 2003).
Comparados aos plásticos sintéticos, os filmes biodegradáveis apresentam
propriedades mecânicas e de barreira ao vapor de água inferiores. No entanto, seu
potencial desperta interesse na indústria devido à habilidade de controlar a migração de
gases, tais como oxigênio, dióxido de carbono, etileno, entre outros (CHARLES;
GUILLAUME; GONTARD, 2008).
O uso de aditivos plastificantes, como o glicerol, desempenha um papel importante na
redução da rigidez dos filmes produzidos a partir de proteínas. Esse aditivo modifica as
características reológicas dos filmes e aprimoram suas propriedades mecânicas,
proporcionando maior resistência e elasticidade aos filmes, desempenhando um papel
crucial na obtenção de filmes biodegradáveis com propriedades otimizadas (ANKER;
STADING; HERMANSSON, 2001).

INFORMAÇÕES OBTIDAS DE OUTROS AUTORES:


AUTOR A (Carvalho et al., 2021)
- Informação 1
É esperado que até 2050, a produção de embalagens plásticas excederá 250 milhões
toneladas métricas.

- Informação 2
Os impactos ambientais das embalagens de alimentos dependem do material utilizado e
de suas características. A definição do material e do design da embalagem são aspectos
fundamentais sob ponto de vista da sustentabilidade e influenciarão no desempenho
geral do produto.

AUTOR B (LUAN et al., 2024)


- Informação 3
Atualmente, os plásticos derivados de combustíveis fósseis ainda são responsáveis por
99% dos 390 milhões de toneladas de plásticos produzidos anualmente.

- Informação 4
Com o aumento contínuo das concentrações de gases de efeito estufa e o esgotamento
dos recursos petrolíferos, há um foco crescente na pesquisa de materiais mais
sustentáveis para a próxima geração de polímeros.

AUTOR C (Li et al., 2022)


- Informação 5
Atualmente, os plásticos derivados de recursos fósseis são os materiais de embalagem
de alimentos mais comuns, sendo que a maior parte do plástico (quase 40%), é usada
para embalagens.

- Informação 6
Estima-se que a reciclagem e o processamento de resíduos de embalagens plásticas
causem uma perda anual de US$ 80 a 120 bilhões em todo o mundo.

- Informação 7
Com a promoção do "desenvolvimento sustentável", novos materiais de embalagem de
alimentos funcionais que são verdes, ecológicos, biodegradáveis, renováveis e
sustentáveis se tornaram a direção de pesquisa de ponta no campo de embalagens de
alimentos.

AUTOR D (Adibi, Trinh e Mekonnen, 2023)


- Informação 8
A grande maioria dos materiais de embalagem plástica é considerada descartável,
constituindo uma grande porcentagem dos milhões de toneladas de detritos plásticos
anuais em aterros sanitários e cursos d'água (Adibi, Trinh e Mekonnen, 2023).

- Informação 9
A presença de resíduos plásticos no meio ambiente está ameaçando a vida marinha, a
água doce, o ambiente do solo e todo o ecossistema. Os estudos em andamento visam a
superar as preocupações ambientais associadas à produção, ao uso e ao descarte de
plástico. Isso tem incentivado a transição de produtos tipicamente descartáveis, não
biodegradáveis e derivados de petróleo para o projeto de sistemas de embalagens
sustentáveis.

AUTOR E (Kedzia et al., 2022)


- Informação 10
Observa-se um aumento notável na poluição global por resíduos plásticos. Esse grave
problema afeta diretamente os ecossistemas, desestabilizando sua homeostase e,
consequentemente, colocando em risco os componentes bióticos e não bióticos. Os
sistemas hídricos, que recebem cerca de 10 milhões de toneladas de resíduos
anualmente, estão especialmente ameaçados. Estima-se que 80% de todo o lixo em
águas salgadas seja plástico.

- Informação 11
O problema da poluição do ambiente natural por plásticos está intimamente relacionado
à exploração acelerada de recursos não renováveis para atender às necessidades de uma
população crescente e da sociedade de consumo.

- Informação 12
Prevê-se que o uso de plásticos, bem como a quantidade de resíduos plásticos quase
triplicará até 2060. A redução dessa velocidade exige o envolvimento de muitos setores,
especialmente o setor de embalagens, que é a principal fonte de resíduos plásticos na
União Europeia.

- Informação 13
Em particular, as embalagens plásticas são produzidas em grande parte para produtos
alimentícios. Portanto, as cadeias de suprimentos de embalagens de alimentos estão
buscando novas soluções de embalagens ecologicamente corretas. Consequentemente,
nos últimos anos, o potencial das embalagens biodegradáveis de base biológica,
incluindo as embalagens compostáveis, tem sido gradualmente reconhecido como a
alternativa ecológica às embalagens convencionais.

AUTOR F (Rios et al., 2022)


- Informação 14
No que diz respeito às embalagens, o mercado mundial ronda os 850 mil milhões de
dólares. Estes números são altamente representativos não só porque a grande maioria
dos produtos é embalada no final do processo de fabrico, mas também como estratégia
competitiva, pois embalagens que agreguem inúmeras características positivas serão
mais atrativas ao consumidor.

- Informação 15*
Entre os polímeros considerados biodegradáveis estão aqueles que são combinados com
polímeros sintéticos e substratos poliméricos naturais (polissacarídeos, lipídios e
proteínas), facilmente degradados por microrganismos.
- Informação 16*
Por serem produtos de origem animal e vegetal, esses substratos naturais são
biodegradáveis e potenciais substitutos das embalagens plásticas convencionais,
reduzindo os impactos ambientais causados por materiais não recicláveis.

- Informação 17*
Além dessa vantagem, possuem algumas funções relevantes para a indústria alimentícia
como proteção dos alimentos, barreira contra perda de umidade, retardamento da
deterioração dos alimentos e transporte de compostos ativos são alguns dos aspectos
favoráveis que os revestimentos e filmes biopoliméricos possibilitam.

- Informação 18
Neste cenário, a utilização de polímeros renováveis, também conhecidos como
biopolímeros, é essencial em detrimento de polímeros não degradáveis à base de
petróleo, como tereftalato de polietileno (PET), cloreto de polivinila (PVC), polietileno
(PE), polipropileno (PP), poliestireno (PS) e poliamida (PA), que estão sendo
restringidos porque não são totalmente recicláveis ou biodegradáveis.

- Informação 19*
Os biopolímeros podem apresentar algumas limitações dependendo do material a ser
utilizado. A base para sua elaboração é derivada de materiais contendo carboidratos,
proteínas e/ou lipídios. As proteínas possuem excelente capacidade de formação de
filmes, boas propriedades mecânicas e de barreira a gases devido à formação de redes
moleculares com fortes interações entre as moléculas e também são afetadas pela
umidade devido ao seu caráter hidrofílico.

- Informação 20*
A adição de diferentes concentrações e combinações de plastificantes ou outros aditivos
estruturais a fim de otimizar os parâmetros e a incorporação de diferentes concentrações
de antioxidantes para avaliar os efeitos nas propriedades dos filmes são formados para
minimizar algumas limitações que as embalagens de biopolímero apresentam.

- Informação 21*
Os produtos resultantes da degradação de uma embalagem contendo compostos
biodegradáveis devem ser água, dióxido de carbono e compostos inorgânicos (Rios et
al., 2022).

Categoria Embalagem:

Você também pode gostar