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A tecnologia futurista
para levar a
humanidade em uma
viagem interestelar
No futuro, poderemos viajar entre as
estrelas a um décimo da velocidade da
luz - ou mais rápido. A seguir, seguem
três exemplos de como isso será
possível.

colaboradores 7 anos atrás

Cientistas e engenheiros vêm se


esforçando muito para conceber
tecnologias futuristas que permitam viajar
quase à velocidade da luz. Vai demorar
muitos séculos para os humanos
realizarem qualquer uma dessas ideias, eu
acho. Mas elas me convencem de que
civilizações ultra-avançadas
provavelmente viajarão entre as estrelas
a um décimo da velocidade da luz – ou
mais rápido.

Abaixo, seguem três exemplos bem


intrigantes de propulsão quase à
velocidade da luz.

Este post foi extraído do livro A Ciência do


Interestelar, escrito por Kip Thorne.

>>> Interestelar: largue o que você


estiver fazendo e vá assistir

Fusão termonuclear
A fusão termonuclear é a mais
convencional das três ideias. A pesquisa e
desenvolvimento para criar usinas de
fusão controlada na Terra começou nos
anos 1950, e um sucesso total não virá
antes de 2050. Um século inteiro de P&D!
Isso mostra, de forma realista, como as
dificuldades são grandes.

E o que usinas de fusão em 2050


significam para espaçonaves movidas a
fusão? Os designs mais práticos podem
atingir 350.000 km/h, e possivelmente
1.000.000 km/h até o final deste século.
Será necessária uma abordagem
totalmente nova para aproveitar a fusão e
chegar perto da velocidade da luz.

Um cálculo simples mostra as


possibilidades da fusão. Quando dois
átomos de deutério (hidrogênio pesado)
são fundidos para formar um átomo de
hélio, 0,0064 da sua massa restante (quase
1%) é convertida em energia. Se tudo isso
for transformado em energia cinética
(movimento) no átomo de hélio, ele se
moveria a cerca de um décimo da
velocidade da luz, ou 100.000.000 km/h.

Isto sugere que, se pudéssemos converter


toda a energia de fusão no combustível de
deutério em movimento numa nave
espacial, ela poderia atingir uma
velocidade de cerca de 1/10 da velocidade
da luz – um pouco mais, se formos
espertos.

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Imagem por University of


Washington/MSNW

Em 1968, Freeman Dyson, um físico


brilhante por quem tenho grande respeito,
descreveu e analisou um sistema de
propulsão simples que, nas mãos de uma
civilização suficientemente avançada,
poderia conseguir isso.

Nesse sistema, bombas termonucleares


(“bombas de hidrogênio”) são detonadas
logo atrás de um amortecedor hemisférico
de 20 km de diâmetro. Os detritos da
bomba empurram a nave para a frente e
ela consegue, na estimativa mais otimista
de Dyson, chegar a 1/30 da velocidade da
luz (ou 36.000.000 km/h). Um projeto mais
complexo poderia se sair um pouco
melhor.

Em 1968, Dyson estimou que um sistema


de propulsão desses só seria possível no
final de século XXII, 150 anos a partir de
agora. Eu acho que isso ainda é muito
otimista.

Raio laser e vela solar


Em 1962, Robert Forward – outro físico
que respeito muito – escreveu um
pequeno artigo em uma revista popular
sobre uma nave espacial com vela,
empurrada por um feixe de laser focado e
distante. Em um artigo técnico de 1984,
ele deixou este conceito mais sofisticado e
preciso.

Um conjunto de lasers movidos a energia


solar no espaço ou na Lua gera um feixe de
laser com 7,2 terawatts de energia. (Isso é
cerca de 20 vezes o consumo anual de
energia do Brasil, ou o dobro do consumo
anual nos EUA.) Este feixe é focado por
uma lente Fresnel com 1.000 km de
diâmetro.

Imagem por NASA/Marshall Space Flight


Center via Wikipédia

Ele é focado em uma vela distante, com


100 km de diâmetro e pesando cerca de
1.000 toneladas, que está ligada a uma
sonda de massa menor. (A direção do feixe
deve ser precisa em quase quatro
milionésimos de grau.) A leve pressão do
feixe empurra a vela e a nave espacial a
cerca de 1/5 da velocidade da luz, no meio
de uma viagem de quarenta anos à estrela
anã Proxima Centauri.

Uma modificação desse esquema então


diminui a velocidade da nave durante a
segunda metade da viagem, para que ela
chegue ao seu destino com uma velocidade
baixa o suficiente para pousar em um
planeta.

Forward, assim como Dyson, imaginou que


sua ideia seria possível no século XXII.
Olhando para os desafios técnicos, acho
que isso deve demorar mais tempo.

Estilingue gravitacional
em um buraco negro
binário
Meu terceiro exemplo é uma variação
própria – e ambiciosa – de uma ideia de
Dyson (1963).

Suponha que você queira voar bem longe


no universo – não apenas uma viagem
interestelar, mas uma viagem
intergaláctica – próximo à velocidade da
luz, em poucos anos de sua própria vida.
Você pode fazer isso com a ajuda de dois
buracos negros orbitando um ao outro: um
buraco negro binário. Eles devem estar em
uma órbita altamente elíptica e devem ser
grandes o suficiente para que suas forças
de maré não destruam sua nave.

Usando combustível químico ou nuclear,


você leva sua nave em uma órbita que se
aproxima de um dos buracos negros. Sua
nave então gira em torno do buraco negro
algumas vezes, e depois – quando ele
estiver indo quase diretamente em direção
ao outro – a nave se afasta, cruza para o
outro buraco negro, e gira em torno dele.

Se os dois buracos ainda estiverem indo


um para o outro, o giro é rápido: você volta
a orbitar o primeiro buraco. Caso
contrário, o giro é muito maior; você
precisa esperar até que eles se aproximem,
para então voltar a orbitar o primeiro
buraco.

Dessa forma, sempre viajando entre um


buraco negro e outro, sua nave é
impulsionada a velocidades cada vez mais
altas, aproximando-se o mais perto que
você quiser da velocidade da luz, se o
buraco negro binário for suficientemente
elíptico.

Para controlar quanto tempo você demora


em torno de cada buraco negro, só é
necessária uma pequena quantidade de
combustível de foguete – isso é notável. É
essencial navegar na órbita crítica do
buraco negro, e lá fazer seu giro
controlado. Mas digamos que esta é uma
órbita altamente instável.

É mais ou menos como andar de moto na


borda plana de um vulcão. Se você
mantiver o equilíbrio, pode ficar na borda
o quanto quiser. Quando desejar sair, uma
ligeira virada da roda dianteira fará você
descer pela montanha do vulcão. Da
mesma forma, quando você quiser sair da
órbita crítica ao redor do buraco negro, um
ligeiro impulso do foguete permitirá que
as forças centrífugas enviem sua nave para
o outro buraco negro.

Quando você estiver perto da velocidade


da luz, pode sair da órbita crítica em
direção a seu alvo – uma galáxia no
Universo distante. Mas aí você precisa
encontrar outro buraco negro binário para
fazer o processo inverso e reduzir sua
velocidade…

A viagem pode ser longa, com uma


distância de até 10 bilhões de anos-luz.
Mas quando você se move quase à
velocidade da luz, o tempo flui mais
lentamente do que na Terra. Estando perto
o suficiente da velocidade da luz, você
pode chegar ao seu alvo em poucos anos.
Isso, claro se você encontrar um buraco
negro binário!

Você pode voltar para casa com o mesmo


método. Mas o seu regresso pode não ser
agradável. Bilhões de anos terão passado
em casa, mas você terá envelhecido apenas
alguns anos. Imagine o que você vai
encontrar.

Este tipo de estilingue poderia fornecer


um meio de difundir uma civilização
através dos grandes confins do espaço
intergaláctico. O principal obstáculo (que
talvez seja intransponível!) é encontrar –
ou criar – os buracos negros binários. Os
buracos negros de lançamento podem não
ser um problema para uma civilização
suficientemente avançada, mas o binário
para reduzir a velocidade é outro assunto.

O que acontece com você se não houver


um binário para reduzir a velocidade, ou se
você encontrar um deles mas errar o alvo?
Esta é uma pergunta complicada, por
causa da expansão do universo.

Estes três sistemas de propulsão podem


parecer emocionantes, mas estão
realmente em um futuro longínquo.
Usando tecnologia do século XXI,
precisamos de milhares de anos para
chegar a outros sistemas solares. A única
esperança para uma viagem interestelar
rápida, no caso de um desastre terrestre, é
um buraco de minhoca – assim como no
filme Interestelar – ou alguma outra forma
extrema para dobrar o espaço-tempo.

Adaptado de The Science of Interstellar, por


Kip Thorne. Copyright © 2014 por Kip
Thorne. Com a permissão da editora WW
Norton & Company, Inc. Todos os direitos
reservados.

Categorias: Espaço

Tags: espaço, interestelar

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