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P.O. Box 30178, Salt Lake City Utah 84130. This work is not an official publication of The Church of
Jesus Christ of Latter-day Saints. The views expressed herein are the responsibility of the author and do
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© 2014 Jeffrey R. Holland
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida, independente da forma
ou meio, sem permissão escrita da Deseret Book Company, P. O. Box 30178, Salt Lake City, Utah
84130. Esta não é uma publicação oficial de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Os
pontos de vista aqui expressos são de responsabilidade do autor e não necessariamente representam a
posição da Igreja ou da Deseret Book Company.
Para Pat
Salmos 55:14
Table of Contents
Prefácio
Introdução
Seção 1 Meditações
Seção 1 Meditações
"As Ânsias do Meu Coração"
Salmos 56:9
Salmos 1:1-3
Salmos 3:2-5
Salmos 4:1
Salmos 4:4; 27:14; 46:10
Salmos 4:6-7
Salmos 5:1; 119:15, 48
Salmos 5:11-12
Salmos 6:2-4, 6, 8; 57:1
Salmos 8:2
Salmos 11:1
Salmos 15:1-3; 17:3; 34:13
Salmos 17:8
Salmos 18:2, 30; 61:2; 62:6
Salmos 18:36; 94:18-19
Salmos 19:1-3; 8:3-6
Salmos 19:13
Salmos 20:7
Salmos 22:4-5
Salmos 24:3-4; 51:10
Salmos 25:7
Salmos 27:4-5
Salmos 27:10
Salmos 30:5; 42:5; 130:6
Salmos 31:12; 34:18; 51:10, 17
Salmos 32:7
Salmos 34:7
Salmos 36:9
Salmos 37:16; 49:16-17; 73:3
Salmos 37:23-24
Salmos 40:10
Salmos 41:1
Salmos 55:16-17
Salmos 57:7; 26:1-2, 11
Salmos 61:2
Salmos 69:3
Salmos 71:9, 18.
Salmos 77:10-12
Salmos 78:5-8; 145:4
Salmos 85:11
Salmos 86:3-6; 103:8-11, 17-18; 119:58
Salmos 89:9
Salmos 89:30-34
Salmos 94:9-10; 100:3, 5; 119:99-100
Salmos 105:15
Salmos 113:9
Salmos 116:15
Salmos 118:6
Salmos 118:24
Salmos 119:19
Salmos 119:59-60
Salmos 119:67, 71-72.
Salmos 119:94
Salmos 119:103, 105; 12:6; 18:28
Salmos 119:108
Salmos 127:1
Salmos 127:3-5
Salmos 133:1
Salmos 139:23
Salmos 141:3
Salmos 141:5
Salmos 144:12
Seção II O Messias
Seção II O Messias
Salmos 145:14; 146:8
Salmos Messiânicos
Salmos 2
Salmos 8
Salmos 16
Salmos 21
Salmos 45
Salmos 68
Salmos 72
Salmos 89
Salmos 102
Salmos 110
Salmos 118
A Crucificação e a Expiação
Seção III O Vigésimo Terceiro Salmo
Seção III O Vigésimo Terceiro Salmo
Salmos 23
Verdes Pastos, Águas Tranquilas e o Bom Pastor
Vídeos
Prefácio
Neste livro, você encontrará minhas reflexões e meditações pessoais
sobre um conjunto bastante eclético dos salmos. Foram raras as vezes em que
incluí um salmo na íntegra; em geral, fiz comentários sobre um versículo aqui
e outro ali ou então sobre versículos retirados de salmos diferentes. Bem
pouco do que escrevi reflete a opinião de estudiosos que conhecem o idioma,
a cultura e a história da época do Velho Testamento, quando os salmos foram
escritos. Ocasionalmente, mas com pouca frequência, incluí um pensamento
ou citação de outras pessoas. Por ser um livro mais voltado para a adoração
do que para a compreensão, não mencionei certos elementos doutrinários que
seriam apropriados em uma abordagem mais minuciosa, por exemplo, não
focalizei a Tradução de Joseph Smith da Bíblia, nem passagens que fazem
parte da liturgia de outras religiões.
Por serem prioritariamente ponderações, os comentários feitos aqui
refletem apenas o meu pensamento e, portanto, não devem ser considerados
como o único, nem como o melhor, ponto de vista a ser veiculado em um
livro como esse. A natureza pessoal destes ensaios deixa claro que esta
coletânea não é uma publicação oficial de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos
dos Últimos Dias. Eu sou o único responsável por estes ensinamentos. Se
houver erros de julgamento, análise ou ponto de vista, eles são de minha
responsabilidade e de ninguém mais.
Uma palavra a respeito da autoria dos salmos é relevante neste prefácio.
Esses poemas/canções/orações são geralmente atribuídos a Davi, o menino
pastor que se tornaria o mais popular rei da história da antiga Israel. No
entanto, é quase certo que não tenha sido Davi quem escreveu todos os
salmos reunidos na Bíblia. A opinião dos estudiosos contemporâneos não é
unânime nem definitiva a respeito do assunto, mas basta-nos saber que Davi
escreveu muitos dos salmos, e talvez a maioria deles. Felizmente, para os
propósitos deste livro, a autoria de quaisquer dos salmos não representa
problema algum. Para deixar as controvérsias de lado, ao longo do livro
simplesmente refiro-me ao autor como “o Salmista”.
A seleção que fiz é praticamente sequencial, seguindo a ordem da
compilação como aparece hoje na Bíblia. Entretanto, o arranjo escolhido não
possui nenhuma relevância em particular. Por exemplo, usei o Salmos 56
como introdução simplesmente porque senti que tinha a mensagem certa para
começar o livro. Além disso, tomei a liberdade de agrupar passagens de
salmos diferentes cujas ideias se relacionam ou são semelhantes.
Como sempre, agradeço a Randi Greene, minha fiel secretária há mais
de 25 anos. Ela digitou as numerosas e dispersas anotações que resultariam
neste livro, sempre demonstrando otimismo, mesmo diante de pensamentos
fragmentados e impulsos literários que talvez não fizessem muito sentido
quando foram postos sobre sua mesa. É triste pensar que, quando este livro
for finalmente publicado, Randi não estará mais trabalhando conosco. Minha
família e os colegas de escritório sentirão saudades dela.
Também expresso gratidão ao profissionalismo e incentivo de meus
amigos na Deseret Book Company, especialmente a Sheri Dew, Cory
Maxwell, Emily Watts, Richard Erickson e, neste livro em particular, a Lisa
Roper e Allison Mathews. Eles toleraram mais caos, interrupções e prazos
perdidos do que qualquer editor ou editora merece, mas sempre com um
sorriso no rosto e sem reclamar.
Por fim, agradeço a minha esposa, Pat, que se pergunta por que eu
concebo tais projetos, mas ainda assim me ajuda a concretizá-los. Boa parte
do tempo despendido para escrever este livro foi tirado do meu tempo com
ela, mas, como sempre, Pat não reclamou nem se queixou daquelas noites em
que a luz ficava acesa até mais tarde. Só alguém com o talento de um salmista
conseguiria captar seu esplendor. Este livro é dedicado a ela.
Jeffrey R. Holland
Salt Lake City, Utah
2012
Introdução
Ou essa:
Ou então essa:
Ou essa outra:
Notas
^1. William Shakespeare, Hamlet, Príncipe da Dinamarca, ato 3, cena 1,
linha 60; tradução livre.
^2. Ver Harold S. Kushner, The Lord Is My Shepherd: Healing Wisdom
of the Twenty-Third Psalm, 2003, pp. 102.
^3. 2 Néfi 2:11.
^4. Ver Malaquias 4:2; 2 Néfi 25:13; 3 Néfi 25:2.
^5. Salmos 22:11.
^6. Salmos 25:16–18.
^7. Salmos 69:1–3, 14–17.
^8. Salmos 107:26-31.
^9. Ver Thomas Paine, The American Crisis, 1819, pp. 16; tradução
livre.
^10. C. Hassell Bullock, Encountering the Book of Psalms, 2001, p. 15.
^11. Lucas 24:44–45; grifo do autor.
^12. Esse status elevado dos salmos também é sugerido pela divisão
geralmente aceita da coletânea em cinco partes (1–41, 42–72, 73–
89, 90–106, 107–150), um lembrete intencional da divisão dos
cinco livros de Moisés.
^13. O professor John W. Welch da Brigham Young University escreveu
extensamente sobre isso no livro The Sermon on the Mount in the
Light of the Temple, 2009.
^14. Salmos 1:1; grifo do autor.
^15. Mateus 5:1.
^16. Isaías 2:3.
^17. Mateus 5:8.
^18. A Septuaginta é a tradução da Bíblia em hebraico para o grego, feita
entre o terceiro e o primeiro século A.C. É assim chamada porque
70 tradutores judeus realizaram o trabalho. O Apóstolo Paulo e os
primeiros Pais da Igreja frequentemente faziam citações da
Septuaginta.
^19. Para mais detalhes sobre essa conexão entre os salmos e as bem-
aventuranças, veja Andrew C. Skinner, “Israel’s Ancient Psalms:
Cornerstone and the Beatitudes”, em The Sermon on the Mount in
Latter-day Scripture, 2010. Esse salmo propriamente dito é
discutido com mais detalhes nas páginas (57) a (59) deste livro.
^20. Mateus 5:5.
Salmos 56:9
Notas
^21. Alma 42:25.
^22. Romanos 8:31, 37.
Salmos 1:1–3
Antes tem o seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia
e de noite.
Notas
^23. Ver 1 Néfi 8.
^24. João 14:6.
^25. Ver Gênesis 39:7–12.
Salmos 3:2–5
Notas
^26. Alma 8:14–15.
^27. João 4:35.
^28. William Shakespeare, MacBeth, ato 2, cena 2, linha 37; tradução
livre.
^29. Isaías 30:15.
Salmos 4:1
Notas
^30. Isaías 40:28–31.
Salmos 4:4; 27:14; 46:10
_______________
_______________
Notas
^31. Jó 38:2, 4, 6, 8, 11.
^32. Jó 40:8.
^33. Jó 40:9.
^34. Jó 42:3, 6
^35. Doutrina e Convênios 5:34.
^36. Doutrina e Convênios 123:17.
^37. Robert D. Hales, “Esperar no Senhor: Seja Feita a Tua Vontade”, A
Liahona, novembro de 2011, p. 72.
Salmos 4:6–7
Muitos dizem: Quem nos mostrará o bem? Senhor, exalta sobre nós
a luz do teu rosto.
_______________
Notas
^38. Salmos 4:4.
^39. William Wordsworth, “Personal Talk”, em The New Oxford Book of
English Verse, seleção e edição por Helen Gardner, 1972, p. 507;
tradução livre.
^40. Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: David O. McKay, 2003, p.
35.
Salmos 5:11–12
Leí declarou a Jacó: “Os homens existem para que tenham alegria”,41
mas há dias em que a alegria parece estar em falta. No entanto, o salmista nos
dá o melhor conselho possível para obtermos e conservarmos uma
indescritível felicidade. Precisamos colocar nossa confiança no Senhor e
gritar de alegria por ser Ele o nosso defensor, o nosso protetor, o nosso
benfeitor, o nosso Deus. O simples fato de ouvir Seu nome é suficiente para
despertar a lembrança de Seu caráter e de Sua bondade. Um nome é capaz de
fazer isso quando nos faz pensar em pessoas que amamos. O santo nome de
Deus, o qual somos ordenados a não tomar em vão, é fonte de alegria sem
par, pois nos traz o sentimento de que somos amados e que estamos seguros e
protegidos “como [que por] um escudo”.
Santo Agostinho observou certa vez que os homens desejam ser felizes,
mesmo quando vivem de modo a tornar impossível a felicidade. Que bênção
é — ou deveria ser — recebermos a chave que abre as portas à felicidade.
Frequentemente encaramos a felicidade da mesma forma que uma criança
diante de uma vitrine, triste por não ter as moedas para comprar algo que, na
verdade, é gratuito. É uma dádiva que qualquer comprador pode levar. “Os
que não tendes dinheiro, vinde, comprai, e comei; sim, vinde, comprai, sem
dinheiro e sem preço, vinho e leite.”42 A verdadeira alegria está disponível
pelo mesmo preço. Ponha sua confiança em Deus. Ame-O e ame Seu nome.
Ouça-O com diligência.
“A verdadeira alegria é o penhor [dinheiro] que recebemos dos céus”,
escreveu um dos maiores sacerdotes/poetas da Inglaterra. “É o tesouro da
alma e, portanto, deve ser guardado em um lugar seguro; mas não há lugar
seguro neste mundo para guardá-lo.”43 Se desejamos a alegria verdadeira,
precisamos confiar em Deus. O retorno desse investimento é a alegria e a
proteção como que de um escudo, junto com o crescimento eterno que
acompanha o processo.
Notas
^41. 2 Néfi 2:25.
^42. Isaías 55:1.
^43. Sermões de John Donne, nº 28; tradução livre.
Salmos 6:2–4, 6, 8; 57:1
Até a minha alma está perturbada; mas tu, Senhor, até quando?
_______________
Notas
^44. Doutrina e Convênios 121:3.
^45. Salmos 13:1.
^46. Doutrina e Convênios 121:1-3.
^47. Doutrina e Convênios 121:7.
^48. Doutrina e Convênios 121:9.
^49. Doutrina e Convênios 121:10.
^50. 2 Néfi 33:3.
^51. Apocalipse 21:4.
Salmos 8:2
Notas
^52. 3 Néfi 17:21–23.
^53. 3 Néfi 26:14, 16.
^54. 3 Néfi 26:14.
^55. Alma 32:23.
^56. Mateus 19:14.
^57. William Wordsworth, “Ode: Intimations of Immortality from
Recollections of Early Childhood”, em New Oxford Book of
English Verse, p. 509; tradução livre.
Salmos 11:1
E novamente:
E outra vez:
Notas
^58. Mateus 14:23.
^59. Lucas 4:42.
^60. Marcos 1:35–37.
^61. Lucas 6:11–12.
Salmos 15:1–3; 17:3; 34:13
Aquele que não difama com a sua língua, nem faz mal ao seu
próximo, nem aceita nenhum opróbrio contra o seu próximo;
_______________
_______________
Notas
^62. Lectures on Faith, 1985, pp. 72–73; grifo do autor.
^63. Doutrina e Convênios 63:64.
^64. Eclesiásticos 28:17.
^65. Tradução alternativa do grego
^66. Tiago 3:2–10; grifo do autor
^67. Efésios 4:29–32
Salmos 17:8
_______________
_______________
Notas
^68. Helamã 5:12.
^69. I Samuel 2:2
^70. Doutrina e Convênios 6:34.
Salmos 18:36; 94:18–19
_______________
Nota
^71. Mosias 24:15.
Salmos 19:1–3; 8:3–6
_______________
Quando vejo os teus céus, obra dos teus dedos, a lua e as estrelas
que preparaste;
Fazes com que ele tenha domínio sobre as obras das tuas mãos;
tudo puseste debaixo de seus pés.
Notas
^72. Alma 30:44.
^73. Moisés 1:33.
^74. C. S. Lewis, The Weight of Glory, HarperCollins: 2001, p. 45;
tradução livre.
^75. “Come unto Him”, Hymns of The Church of Jesus Christ of Latter-
day Saints, 1985, nº 114.
Salmos 19:13
Nota
^76. Hebreus 6:6.
Salmos 20:7
Notas
^77. Regras de Fé 1:4.
^78. Mateus 16:19–21.
Salmos 22:4–5
Notas
^79. 1 Néfi 4:2.
^80. “Vinde, Ó Santos”, Hinos, nº 20.
Salmos 24:3–4; 51:10
_______________
Notas
^81. Morôni 7:48.
^82. Tiago 3:17.
^83. Doutrina e Convênios 43:14, 9.
Salmos 25:7
Nota
^84. Doutrina e Convênios 58:42.
Salmos 27:4–5
Para os santos dos últimos dias, o lugar mais santo da Terra é o templo
de Deus, a casa do Senhor. Por definição e por dedicação, é um lugar santo,
um local onde Deus está presente; uma estrutura terrena que nos permite ter
uma experiência celestial. Já foi dito que, no evangelho restaurado, todas as
estradas levam ao templo e que o templo nos leva à eternidade. De todas as
maneiras, o templo é um local de beleza estonteante, onde nos é possível
“contemplar a formosura do Senhor”. Não é à toa que dentre os pouquíssimos
atos de ira registrados acerca de Jesus, os dois maiores se deram em resposta
à profanação do templo, a “casa de [Seu] Pai”,85 o lugar onde Deus desce ao
homem, e o homem ascende a Deus.
O templo é uma bênção para nós, especialmente “em tempos de
angústia”. Quando nos sobrevêm momentos difíceis ou quando temos
decisões importantes a tomar, instintivamente vamos ao templo. Lá
encontramos paz e respostas. É um local de tranquilidade, pureza e revelação.
O emaranhado de complexidades da vida se desfaz e o caminho que devemos
percorrer, o curso de ação que devemos tomar — ou apenas a segurança e a
paz que desesperadamente buscamos — tornam-se evidentes. O templo
verdadeiramente é uma rocha sobre a qual Deus nos coloca quando as ondas
e os ventos sopram mais fortes.
Literalmente, não podemos estar sempre no templo, nem vamos até lá
para nos “esconder”. Depois de passarmos um tempo em seus recintos
sagrados, voluntariamente saímos de lá e entramos novamente na vida, para
enfrentar as questões da mortalidade. Contudo, em nosso coração, podemos
acalentar essa experiência e nos apegar ao desejo de que, se pudéssemos,
iríamos “morar na casa do Senhor todos os dias da [nossa] vida, para
contemplar a formosura do Senhor”. Ao fazer isso, encontraremos beleza e
alegria em outros locais e circunstâncias.
Nota
^85. Lucas 2:16; ver também Mateus 21:13.
Salmos 27:10
O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã.
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_______________
Notas
^86. Ver I Coríntios 13:13.
^87. Eclesiastes 1:5.
^88. Apocalipse 22:16.
Salmos 31:12; 34:18; 51:10, 17
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_______________
Notas
^89. Ver João 12:24.
^90. Doutrina e Convênios 59:8.
Salmos 32:7
Não sou músico, mas amo música. Fui grandemente abençoado por ter
casado com uma musicista magnífica. Ela fez com que a música se tornasse
uma parte constante e inseparável de nosso lar e de nossa vida. Além disso,
pela minha experiência na Igreja, sei que nada contribui mais plenamente
para trazer o Espírito do Senhor a uma reunião do que a boa música ou os
“cantos de livramento”, se preferir. Um dos primeiros conselhos que recebi
como Autoridade Geral foi que precisávamos aumentar a qualidade e a
quantidade das músicas na Igreja; e, ao mesmo tempo, aumentar a qualidade,
mas diminuir a quantidade de discursos.
A música não só tem o encanto de “acalmar o coração selvagem,
amolecer as pedras ou fazer um nodoso carvalho se curvar”,91 mas também
tem o poder de edificar e elevar o espírito que já é elevado. Na verdade,
poderíamos dizer que, quanto mais elevado for um espírito, maior será o
impacto que a boa música terá sobre ele. E quando enfrentamos dificuldades,
não há nada que toque mais fundo em nosso coração do que uma melodia que
parece ter sido enviada diretamente dos céus. Alguém disse — e creio que
seja verdade — que no compêndio de textos sagrados da Igreja, os hinos de
Sião tomam seu lugar de direito ao lado das escrituras e dos ensinamentos
dos profetas vivos. Seja pela grandiosa atuação do Coro do Tabernáculo ou
pelo caloroso testemunho musical de um nervoso solista na unidade mais
distante da Igreja, os “cantos de livramento” sempre são uma fonte de
inspiração ao aflito, de consolo aos que estão sobrecarregados. Não é de
surpreender que nossos antepassados pioneiros, ao enfrentarem angústias e
fardos, cantassem: “Mas não deveis desanimar Se tendes Deus para vos amar;
Podeis agora proclamar: Tudo bem! Tudo bem!”92 Graças damos ao Senhor
por todo tipo de boa música — das músicas de raiz até Bach, Beethoven e os
hinos de Sião. Encontramos alegria na melodia, na harmonia, na eloquência
orquestrada pelos “cantos de livramento” que falam à alma.
Aparentemente, o Salvador do mundo também compreendia a grande
bênção da música, pois em Sua hora de libertação eterna, Ele instituiu o
sacramento da Ceia do Senhor, cantou um hino com Seus discípulos e partiu
resolutamente para a agonia do Getsêmani e para a dor do Calvário.93
Faríamos bem em acreditar que aquele hino trouxe força adicional durante
aquele que foi o maior momento de aflição da história da humanidade. Em
tempos de angústia, a música inspiradora pode fazer o mesmo por nós.
Notas
^91. William Congreve, A Noiva Enlutada, ato 1, cena 1, versos 1–2;
tradução livre.
^92. “Vinde, Ó Santos”, Hinos, nº 20.
^93. Ver Mateus 26:30.
Salmos 34:7
Notas
^94. Ver Moisés 5:6–8.
^95. Ver Lucas 1:11–38.
^96. Ver Mateus 2:13–23.
^97. Ver, por exemplo, Mateus 4:11; 28:2; Lucas 22:43; 24:23.
^98. Hebreus 13:2.
^99. Morôni 7:35–37; 30.
Salmos 36:9
Notas
^100. Ver Doutrina e Convênios 84:46.
^101. Ver I Coríntios 15:40–42; também Doutrina e Convênios 76:50–
112.
^102. Joseph Smith–História 1:16; grifo do autor.
^103. Mosias 16:9.
Salmos 37:16; 49:16–17; 73:3
_______________
_______________
Notas
^104. Jacó 2:17–19.
^105. 3 Néfi 14:20.
^106. Alexander Pope, “An Essay on Criticism”, parte II, 1709; tradução
livre.
^107. Êxodo 20:17.
Salmos 37:23–24
Ainda que caia, não ficará prostrado, pois o Senhor o sustém com
a sua mão.
Observe que esse salmo fala sobre um “homem bom”, cujos passos são
sancionados pelos céus e agradáveis a todos. Ainda assim, ele (ou ela) pode
momentaneamente tropeçar ou errar a pisada, assim como qualquer pecador.
Uma das verdades mais encorajadoras do evangelho de Jesus Cristo
certamente está na noção de que, ainda que todo homem venha a cair — seja
ele bom ou mal — “não ficará prostrado, pois o Senhor o sustém com a sua
mão”. Essa é a essência das “boas novas” declaradas por Jesus. Os erros
podem ser sobrepujados, os pecados, perdoados, a morte não será vitoriosa e
o inferno não será nosso destino. Tudo o que Cristo e os profetas ensinaram
aponta para a verdade de que por meio do desejo e da obediência, todos
podem ser perdoados de seus pecados. Tudo o que poderia ter sido — e muito
mais — ainda pode vir a ser.
Talvez haja momentos em que pensemos ser os únicos a terem
tropeçado e caído, momentos em que compreensivelmente poderíamos nos
perguntar: “Como isso pôde acontecer comigo?” Mas só houve um homem
em toda a história deste mundo que foi perfeito. Todos os demais “pecaram e
destituídos estão da glória de Deus”.108 No entanto, apesar dessa escritura
confirmar que não estaremos sozinhos à mesa dos transgressores, isto jamais
deveria servir de desculpa para que tenhamos um comportamento inadequado
ou justifiquemos nossos pecados. Pelo contrário: o fato de sabermos que
todos — bons ou maus — estão se esforçando para recuperar-se de algum
tipo de erro, e que nesse processo contamos com auxílio divino, deveria ser
um estímulo para nós.
Felizmente, a maioria desses “tropeços” são pequenos escorregões. Mas
alguns podem ser bastante graves. Contudo, sejam tropeços grandes ou
pequenos, de curta ou longa duração, a promessa é a mesma. Se estivermos
procurando ser bons — ou se estivermos tentando voltar a ser bons após
termos nos desviado do caminho — esses passos em direção à recuperação
“são confirmados pelo Senhor” e Ele Se deleita conosco. Não há nada que
toque mais profundamente o coração dos pais do que um filho ou uma filha
se esforçando para retornar a eles e a Deus. Não há pais que consigam
conviver com a ideia de que não há esperança, de que seu filho ou filha esteja
irrecuperavelmente “prostrado”, sem mãos auxiliadoras que o possam
sustentar.
Felizmente, como sempre acontece com o evangelho de Jesus Cristo, há
uma mão estendida. Ela nunca se recolhe. Ela sempre está lá.
Nota
^108. Romanos 3:23.
Salmos 40:10
Notas
^109. Ver 1 Néfi 8:12–13.
^110. Ver Enos 1:9, 11.
^111. Ver Alma 5:19.
Salmos 41:1
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Disse-lhe Jesus: Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e
dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, e segue-me.117
_______________
Pois eis que não somos todos mendigos? Não dependemos todos do
mesmo Ser, sim, de Deus, para obter todos os bens que temos, tanto
alimentos como vestimentas e ouro e prata e todas as riquezas de toda
espécie que possuímos?118
_______________
_______________
_______________
_______________
Sim, e persistireis em voltar as costas aos pobres e aos necessitados
e a negar-lhes vossos bens?122
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_______________
Pois eis que amais o dinheiro e vossos bens e vossos trajes finos e o
adorno de vossas igrejas mais do que amais os pobres e os necessitados,
os doentes e os aflitos.124
_______________
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Mas eis que não aprenderam a ser obedientes às coisas que exigi de
suas mãos, mas estão cheios de toda sorte de maldades e não repartem
seu sustento com os pobres e aflitos dentre eles, como convém a
santos.126
_______________
Talvez nada prejudique mais o espírito humano do que a pobreza. Que
nunca seja dito que nós “[esmagamos] o [povo de Deus] e [moemos] as faces
dos pobres”.127 Verdadeiramente, o Senhor livrará, no dia da angústia, o
homem ou mulher que houver estendido a mão para o pobre.
Notas
^112. Salmos 12:5.
^113. Êxodo 23:11.
^114. I Samuel 2:8
^115. Provérbios 17:5.
^116. Provérbios 28:27.
^117. Mateus 19:21.
^118. Mosias 4:19.
^119. Mosias 4:26.
^120. Alma 1:27.
^121. Alma 4:13.
^122. Alma 5:55.
^123. Alma 34:28.
^124. Mórmon 8:37.
^125. Doutrina e Convênios 42:31.
^126. Doutrina e Convênios 105:3.
^127. Isaías 3:15.
Salmos 55:16–17
Notas
^128. Ver Alma 33:3.
^129. 3 Néfi 18:18; Doutrina e Convênios 20:33; 61:39.
^130. Alma 34:27.
^131. Alma 37:36.
^132. Alma 34:21.
^133. Daniel 6:10.
^134. Doutrina e Convênios 52:14.
^135. 3 Néfi 18:18.
^136. “Ó Doce, Grata Oração” Hinos, nº 79.
Salmos 57:7; 26:1–2, 11
_______________
Notas
^137. Martinho Lutero, “Before the Diet of Worms”; tradução livre.
^138. Jó 27:3–5, 31:6.
^139. “Come, Thou Fount of Every Blessing”, Hymns, 1948, nº 70.
^140. Isaías 22:23.
Salmos 61:2
Notas
^141. Atos 3:4, 6–7.
^142. Harold B. Lee, “Stand Ye in Holy Places”, Ensign, julho de 1973,
p. 123.
Salmos 69:3
Notas
^143. Moisés 7:28, 29, 32, 37.
^144. Ver, por exemplo, João 11:35; 3 Néfi 17:14, 21–22.
^145. Ver Lucas 19:41-44.
^146. Salmos 126:5.
^147. Doutrina e Convênios 6:33.
Salmos 71:9, 18.
Nota
^148. Ralph Waldo Emerson, “Experience”, em Essays: Second Series,
1841; tradução livre.
Salmos 77:10–12
Porém, perceba que este salmo nos aconselha a fazer coisas além de
simplesmente relembrá-las ou enumerá-las de forma passiva ou
negligentemente. Ele nos aconselha a “medita[r] [sobre] todas as obras [de
Deus] e fala[r] de [todos os Seus] feitos”. Essas duas atividades — meditar
sobre a bondade de Deus e falar sobre ela — estão entre os maiores passos
que podemos dar em direção à cura de um coração angustiado. Pensar sobre
Deus — Sua natureza, Seu amor, Sua compaixão, Suas bênçãos — é em si e
por si só uma experiência espiritual. Tais pensamentos têm o poder de
rechaçar sentimentos negativos e lembranças tristes. Falar sobre essas
bênçãos — na prática, “prestar nosso testemunho” delas, nem que seja para
nós mesmos ou para quem nos é mais próximo — fixa sentimentos espirituais
em nosso coração e confere-lhes uma existência própria e tangível. Aquilo
que verbalizamos ganha vida,153 por isso, quando falamos em voz alta sobre
as bênçãos que recebemos, sua existência se torna mais óbvia, mais poderosa,
mais permanente.
Quando os problemas chegarem, lembre-se da destra do Altíssimo.
Lembre-se das maravilhas da Antiguidade. Medite sobre suas bênçãos — fale
sobre elas — “dize-as de uma vez”. E lembre-se do conselho de Amuleque:
“Que vivais rendendo graças diariamente pelas muitas misericórdias e
bênçãos que [Deus] vos concede”.154
Notas
^149. Ver 2 Néfi 2:25.
^150. 2 Néfi 31:20.
^151. Alma 42:16.
^152. “Conta as Bênçãos”, Hinos, nº 57.
^153. Por isso é muito importante não cultivar o hábito de verbalizar
sentimentos negativos e temores. Ao expressá-los de maneira
indevida, permitimos que eles passem a existir, o que não lhes é
merecido.
^154. Alma 34:38.
Salmos 78:5–8; 145:4
_______________
Notas
^158. Moisés 7:61.
^159. Moisés 7:62.
^160. Doutrina e Convênios 128:22-23.
Salmos 86:3–6; 103:8–11,
17–18; 119:58
_______________
Pois assim como o céu está elevado acima da terra, assim é grande
a sua misericórdia para com os que o temem. ( . . .
) Mas a misericórdia do Senhor é desde a eternidade e até a
eternidade sobre aqueles que o temem, e a sua justiça sobre os filhos
dos filhos;
_______________
Roguei deveras o teu favor com todo o meu coração; tem piedade
de mim, segundo a tua palavra.
Notas
^161. Marcos 4:37.
^162. Marcos 4:38.
^163. Marcos 4:39.
^164. Marcos 4:40–41.
^165. “Mestre, o Mar Se Revolta”, Hinos, nº 72.
Salmos 89:30–34
Não quebrarei a minha aliança, não alterarei o que saiu dos meus
lábios.
Notas
^166. Doutrina e Convênios 1:38.
Salmos 94:9–10; 100:3, 5; 119:99–100
Aquele que fez o ouvido não ouvirá? E o que formou o olho, não
verá?
_______________
Sabei que o Senhor é Deus; foi ele que nos fez, e não nós a nós
mesmos; somos povo seu e ovelhas do seu pasto. ( . . .
_______________
Essas passagens são uma branda reprovação a todos aqueles que, por seu
brilhantismo, talvez sejam tentados a considerarem-se mais inteligentes que
Deus. É bem possível que os maiores riscos do mundo de conquistas
acadêmicas sejam o orgulho e a vaidade que as acompanham, a arrogância de
uns poucos que dizem, não à mão ou ao pé, mas ao próprio Deus: “Não tenho
necessidade de ti”.167 A vaidade de uma pessoa brilhante torna-se, no fim das
contas, uma tragédia, se essa dádiva a afasta daquele Deus que a concede. Na
maravilhosa jornada da busca por conhecimento, talvez a única advertência
que realmente precisemos nos lembrar é que “é bom ser instruído, quando se
dá ouvidos aos conselhos de Deus”.168 Se ouvimos verdades filosóficas ou
científicas, é porque “aquele que fez o ouvido” primeiramente também as
ouviu — e, na verdade, as declarou. Se contemplamos a beleza de uma obra
de arte ou de literatura, é porque aquele “que formou o olho” primeiramente a
contemplou e a compartilhou com o artista ou escritor. Será que não podemos
ter a humildade de reconhecer que há ouvidos melhores que os nossos ou que
há olhos mais perceptivos que os nossos? Seria tão difícil reconhecermos que
Aquele que nos ensina, que é o receptáculo de todo o conhecimento, sabe as
verdades que sabemos e muitas outras? Algumas dessas verdades adicionais
incluem questões de fé e devoção que salvarão nossa alma na eternidade.
Todos precisamos nos proteger contra a vaidade e a arrogância, mas em
especial aqueles que são talentosos e brilhantes; afinal, verdade seja dita, eles
possuem mais razões para se tornarem arrogantes. A história nos mostra que
isso não é uma tarefa fácil — a vaidade sempre está em guerra com a
humildade e, com frequência, ganha muitas batalhas.
O fato é que quanto mais capazes nós somos, mais humildes deveríamos
ser. Deus “é Deus; foi ele que nos fez”. Deveríamos inclinar a cabeça e
dobrar os joelhos diante de Sua grandeza, em parte porque Ele concedeu uma
pequena medida dela a cada um de nós.
Notas
^167. I Coríntios 12:21.
^168. 2 Néfi 9:29.
Salmos 105:15
Notas
^169. John Wesley Hill, Abraham Lincoln: Man of God, 1927, p. 402;
tradução livre.
^170. I João 2:20.
Salmos 113:9
Faz com que a mulher estéril habite em casa, e seja alegre mãe de
filhos. Louvai ao Senhor.
Notas
^171. Doutrina e Convênios 42:45.
^172. Mateus 25:21.
Salmos 118:6
Notas
^173. “Quem Segue ao Senhor?” Hinos, nº 150.
^174. Atos 7:55–60.
^175. “Quem Segue ao Senhor?” Hinos, nº 150.
Salmos 118:24
Uma das grandes tentações na vida é passar tanto tempo olhando para o
passado ou para o futuro, que deixamos de ver as oportunidades presentes.
Devemos estudar o passado, com toda a certeza. Todos precisamos aprender
as lições da história. Muitas escrituras foram dadas para nos ensinar sobre os
desafios que outras pessoas enfrentaram no passado, a fim de que possamos
evitá-los, caso se apresentem diante de nós. Além disso, precisamos planejar
nosso futuro. Todos precisamos olhar para frente. Nenhum de nós deve se
surpreender quando o amanhã chegar e com ele novas circunstâncias. Ao
aprendermos com o passado e planejarmos para o futuro, na verdade estamos
lidando unicamente com o presente. A vida precisa ser vivida no tempo
presente. A hora atual é a única de que dispomos.
É significativo que o temeroso Moisés tenha perguntado ao Senhor,
quando estava prestes a resgatar os escravos israelitas: “Eis que quando eu
for aos filhos de Israel, e lhes disser: O Deus de vossos pais me enviou a vós;
e eles me disserem: Qual é o seu nome? Que lhes direi?” E o Senhor
respondeu a Seu profeta: “EU SOU O QUE SOU. ( . . . ) Assim dirás aos
filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós”176 Gramaticalmente (e
teologicamente) falando, essa é uma declaração divina de Deus no presente
do indicativo. (Ele tinha acabado de dizer a Moisés: “Eu sou o Deus de teu
pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó”.177) Sim, Ele
esteve conosco no passado e, sim, estará conosco no futuro. Ele é o Alfa e o
Ômega, o Princípio e o Fim, o Primeiro e o Derradeiro. Todos esses são
títulos aplicáveis ao Senhor. Mas quando precisamos urgentemente Dele,
quando precisamos Dele com grande fé, quando os desafios são imediatos e
estão nos sobrepujando, Ele está conosco no presente.
EU SOU, EU SOU, EU SOU. Deus, com certeza, está tentando nos
ensinar uma grande verdade com isso. Ele é. Ele realmente vive. Ele
realmente age em nossa vida. Ele está comprometido conosco na primeira
pessoa do singular, no presente do indicativo, na voz ativa. Não pode haver
nada mais reconfortante do que isso.
Notas
^176. Êxodo 3:13–14.
^177. Êxodo 3:6; grifo do autor.
Salmos 119:19
Notas
^181. Alma 32:8, 13.
^182. Alma 32:14, 16; grifo do autor.
Salmos 119:94
Nota
^183. Isaías 49:16; 1 Néfi 21:16.
Salmos 119:103, 105; 12:6; 18:28
Oh! quão doces são as tuas palavras ao meu paladar, mais doces
do que o mel à minha boca.( . . .
_______________
_______________
Notas
^184. Mosias 1:5.
^185. Ver Doutrina e Convênios 84:95.
^186. Amós 8:11.
^187. 2 Néfi 32:3.
^188. 1 Néfi 1:12.
Salmos 119:108
Uma das lições que certamente aprendemos ao longo da vida é que, sem
a ajuda do Senhor, não obteremos nenhum sucesso significativo. Este salmo
fala sobre a edificação de uma casa, mas bem que poderia estar falando sobre
o estabelecimento de uma família, uma carreira, um governo ou uma filosofia
de vida. Esses esforços — por mais nobres e trabalhosos que possam ser —
no final não serão bem-sucedidos sem a ajuda, a sanção, a proteção e a
aprovação do Senhor. Não conseguiremos edificar nem defender uma
instituição, qualquer que seja, sem Seu auxílio.
É provável que o melhor poema escrito por Percy Bysshe Shelley seja o
melancólico soneto chamado “Ozymandias”. É um soneto composto em
resposta a uma inscrição entalhada na base dos restos de uma estátua
quebrada do período do grande Ramsés II do Egito, que dizia: “Rei dos Reis
sou eu, Osymandias. Se souberes quão grande sou e onde me deito, tente
sobrepujar uma de minhas obras”. A grande ironia é que o rei e sua estátua —
sem contar sua fama e seu império — agora não passam de ruínas, para que
todos possam ver exatamente “onde me deito”. O poema de Shelley diz o
seguinte:
Nota
^189. Percy Bysshe Shelley, “Ozymandias”, em New Oxford Book of
English Verse, p. 580; tradução livre.
Salmos 127:3–5
Nosso corpo, nossa alma e nossa psique existem para estar em paz.
Todos conhecemos a fragilidade de nosso corpo físico quando nossa saúde
está em desordem, quando alguma coisa não está em harmonia com o todo.
Tudo fica ainda mais triste quando a desarmonia é na mente ou no espírito.
Por exemplo, uma enfermidade real pode advir da culpa que nos
acompanha quando não vivemos de acordo com nossas crenças, quando
vamos contra a sinceridade de nosso compromisso moral. Todos já vimos
exemplos de falta de união num casamento, numa família, numa equipe
esportiva ou numa comunidade.
Paulo ensinou que o corpo — quer seja de um indivíduo, de uma igreja
ou de uma nação — não pode guerrear contra si mesmo, que uma parte não
pode ser antagônica em relação às demais, que o todo não subsistirá se um
elemento disser aos outros que deles não necessita.190 A vida será mais feliz,
em todos os sentidos, se formos unos e harmoniosos, permitindo que haja
diferenças de opinião e personalidade, mas sem deixar que divergências e
singularidades legítimas tragam dores e descontentamentos tão sérios que
comprometam a saúde.
Deus espera que sejamos unos como Seus filhos e como Sua Igreja. Ele
espera que “[vivamos] em união”.
Na verdade, uma das grandes características da Sião dos últimos dias é
que seus habitantes serão “unos de coração e vontade e [viverão] em
retidão”.191 Em Sua magnífica Oração Intercessória, Cristo suplicou para que
Seus discípulos fossem unos.192 Posteriormente, “o coração e a alma” dos
Santos do Novo Testamento creram e se tornaram um.193
Como membros da Igreja, somos o corpo de Cristo. Quando a saúde do
corpo todo está em jogo, Ele espera união de propósito e a superação do
egoísmo. Isso ajuda a empreitada toda — bem como os indivíduos que dela
participam — a sobrepujar tempos difíceis. Verdadeiramente, se não somos
um na família de Deus, não pertencemos a Ele.194
Notas
^190. Ver I Coríntios 12:12–27.
^191. Moisés 7:18.
^192. Ver João 17.
^193. Atos 4:32.
^194. Ver Doutrina e Convênios 38:27.
Salmos 139:23
Uma antiga tradição na Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos
Dias é a realização de entrevistas. Com regularidade, somos convidados a nos
apresentar diante de nossos líderes (e eles diante dos líderes deles) para que
se certifiquem de que somos dignos de nossa designação e privilégio. Na
infância, isso envolve a preparação para o batismo e a confirmação. Na
adolescência, essa experiência pode estar associada à ordenação ao
Sacerdócio Aarônico ou ao programa de metas das Moças. Esse momento de
autoexame ganha mais importância com o passar dos anos, à medida que as
complexidades da vivência do evangelho se desenrolam. Conforme as
tentações aumentam, as entrevistas ficam mais rigorosas — como na
preparação para a missão, para a experiência do templo ou para outros
momentos sagrados da vida. À medida que participamos plenamente da
Igreja, teremos muitas oportunidades de ser entrevistados em relação à nossa
posição diante do Senhor.
Porém, muito mais importante e pessoal que as entrevistas que temos
com nossos líderes na Igreja, são as entrevistas que temos — a cada dia, a
cada hora, a cada momento — com o Senhor. Pelas escrituras, sabemos que
Ele vê tudo, que “todas as coisas estão presentes diante de [Seus] olhos” e
que Ele está sempre no meio de nós.195 Assim, como é importante estarmos
sempre prontos, a cada instante de nossa vida e de nosso discipulado, para
dizer com sinceridade: “Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-
me, e conhece os meus pensamentos”. Essa é uma entrevista que o Senhor
sempre faz conosco (se concordarmos com isso ou não). Ele sonda nosso
coração e certamente conhece nossos pensamentos. Faríamos bem em estar
preparados para esse exame “em todos os momentos e em todas as coisas e
em todos os lugares”.196
Notas
^195. Doutrina e Convênios 38:2, 7.
^196. Mosias 18:9.
Salmos 141:3
Notas
^197. Mateus 5:38; ver também Levítico 24:20.
^198. I Pedro 2:23.
Salmos 141:5
Essa frase do salmista evoca uma das mais belas imagens escriturísticas
em relação aos filhos. Todos queremos que nossos filhos sejam o melhor que
podem ser e queremos que sejam melhores do que fomos. Os pais esperam
que seus filhos estejam protegidos, que sejam puros, fortes e justos. Seria
estranho que um pai não desejasse que seu filho fosse bom, honesto e
responsável, que não quisesse que seu filho fosse um cidadão que contribui
para edificar a família, a Igreja e a nação.
Boa parte da tradição hebraica das escrituras trata dos filhos e dos
princípios do sacerdócio. Contudo, frequentemente esquecemo-nos de
reconhecer as coisas belas e fascinantes que são ditas sobre as mulheres —
sejam mães, filhas ou irmãs. O que poderia ser mais inspirador do que a
imagem de nossas filhas como pedras de esquina de um palácio, ou mesmo
de um templo — assim como Cristo, que é “a principal pedra da esquina” da
Igreja e de nossa vida.199
Deus não tem preferidos. Ele não ama Seus filhos mais do que Suas
filhas; na verdade, com muita frequência, Suas filhas dão o exemplo e
estabelecem o padrão — tão necessário — para Seus filhos. As mulheres já
provaram ser a salvação de muitos homens. Em nossa vida, elas
verdadeiramente são sólidas pedras fundamentais — preciosas joias de fé e
fidelidade, que tornam nossa vida, nosso lar, nossa igreja e comunidades mais
puras e brilhantes. Elas são “à moda de palácio”, e damos graças aos céus
pela piedade que há nelas.
Nota
^199. Efésios 2:20.
Seção II O Messias
Salmos 145:14; 146:8
_______________
Talvez Jesus tenha citado os Salmos mais do que qualquer outro livro do
Velho Testamento porque encontrou neles um claro registro de Seus
ensinamentos, Sua missão e Sua majestade. Sendo assim, Ele certamente
mostrou a preeminência deste belo livro sobre todos os textos mais antigos
que testificavam de Sua divindade. De certo modo, tudo no Velho
Testamento, como a lei de Moisés, “serviu de aio, para nos conduzir a
Cristo”, como disse o Apóstolo Paulo.200 Contudo, a despeito dos
ensinamentos fundamentais sobre o Messias encontrados nos outros livros
desse antigo registro — em alguns mais do que em outros — os salmos se
destacam. No que diz respeito à metáfora de Paulo, essas declarações
poéticas parecem nos levar direto para a compreensão da natureza
misericordiosa e da compaixão do Salvador do mundo.
Ainda que não seja literalmente assim, temos a impressão de que quase
todos os “150 capítulos” fazem referência à vida e à missão do Filho de Deus
ou têm uma aplicação ou significado nela. Lucas afirma que, quando Jesus
ressurreto uniu-Se aos dois irmãos na estrada para Emaús, Ele começou “por
Moisés, e por todos os profetas” e “explicava-lhes o que dele se achava em
todas as Escrituras”.201 Sabemos, como Ele mesmo afirmou, que os salmos
estavam entre os principais textos aos quais Ele faria menção nessa ocasião,
pois já os havia usado em outras circunstâncias. Quando apareceu aos
apóstolos pouco antes de ascender aos céus, Jesus “disse-lhes: São estas as
palavras que vos disse estando ainda convosco: Que convinha que se
cumprisse tudo o que de mim estava escrito na lei de Moisés, e nos profetas e
nos Salmos. Então abriu-lhes o entendimento para compreenderem as
Escrituras”.202
Talvez seja suficiente fazer alusão a alguns dos salmos messiânicos mais
óbvios, com o intuito de convidar o leitor a procurar e ponderar sobre os
muitos outros onde se encontram referências, analogias e símbolos da vida,
da missão e da mensagem de Jesus Cristo.
Notas
^200. Gálatas 3:24.
^201. Lucas 24:27.
^202. Lucas 24:44–45; grifo do autor.
Salmos 2
Eu, porém, ungi o meu Rei sobre o meu santo monte de Sião.
Notas
^203. No mesmo sentido, os salmos a partir do 146 até o 150 são
tradicionalmente vistos como a conclusão da coletânea de salmos.
^204. Mateus 22:15.
^205. Mateus 27:1.
^206. Mateus 27:7.
^207. Ver Atos 13:33.
Salmos 8
Quando vejo os teus céus, obra dos teus dedos, a lua e as estrelas
que preparaste;
Fazes com que ele tenha domínio sobre as obras das tuas mãos;
tudo puseste debaixo de seus pés:
Notas
^208. Mateus 21:16.
^209. Moisés 7:35.
^210. Ver I Coríntios 15:27; Hebreus 2:6–8.
^211. Romanos 8:16–17; grifo do autor.
Salmos 16
Notas
^212. Atos 2:22–27, 29–32; grifo do autor.
^213. Atos 13:32–37; grifo do autor.
^214. Ver Salmos 16:1.
^215. Ver Salmos 16:5.
^216. Ver Salmos 16:6–7.
^217. Ver Salmos 16:8.
^218. Salmos 16:9.
^219. Ver Atos 2:34.
^220. Salmos 16:11.
Salmos 21
Notas
^221. Doutrina e Convênios 121:36, 46.
^222. Hebreus 1:9.
^223. 2 Néfi 2:25.
Salmos 68
Cantai a Deus, cantai louvores ao seu nome; louvai aquele que vai
montado sobre os céus, pois o seu nome é Senhor, e exultai diante dele.
Deus faz que o solitário viva em família; liberta aqueles que estão
presos em grilhões; mas os rebeldes habitam em terra seca.
Àquele que vai montado sobre os céus dos céus, que existiam desde
a antiguidade; eis que envia a sua voz, dá um brado veemente.
Notas
^224. Um debate útil sobre os nomes de “Deus” nos salmos (de maneira
específica) e no Velho Testamento (de forma geral) pode ser
encontrado em Richard P. Belcher, Jr., The Messiah and Psalms,
2006, principalmente nas páginas 8 e 159.
^225. Tiago 1:27.
^226. Efésios 4:8–9; ver também Doutrina e Convênios 122:8–9.
Salmos 72
Ele julgará ao teu povo com justiça, e aos teus pobres com juízo.
(...
Notas
^227. Ver Salmos 72:20.
^228. Ver Mateus 1:1.
Salmos 89
Este salmo sugere uma época nos últimos dias ou no milênio, em que
chegará o dia em que o Senhor Se compadecerá de Sião e “todos os reis da
terra” reconhecerão o Único Rei Verdadeiro, Jesus Cristo, que “aparecerá na
sua glória”. Como sempre, o Rei estará particularmente preocupado com o
pobre e o “desamparado”. De uma maneira muito evidente, o versículo 20 —
que diz que esse Libertador “[ouvirá] o gemido dos presos” e “[soltará] os
sentenciados à morte” — faz eco à grandiosa passagem messiânica registrada
em Isaías (uma das mais belas do Velho Testamento), que começa assim: “O
Espírito do Senhor Deus está sobre mim; porque o Senhor me ungiu, para
pregar boas novas aos mansos; enviou-me a restaurar os contritos de coração,
a proclamar liberdade aos cativos, e a abertura de prisão aos presos”.229
Esses versículos se revestem de seu maior significado — e foram
cumpridos — quando Jesus foi até Nazaré, Seu lar na infância, entrou na
sinagoga no sábado e citou essas palavras de Isaías 61, conforme registrado
em Lucas 4: “O Espírito do Senhor é sobre mim, Pois que me ungiu para
evangelizar os pobres. Enviou-me a curar os quebrantados do coração, a
pregar liberdade aos cativos, e restauração da vista aos cegos, a pôr em
liberdade os oprimidos”.
Com isso, sentou-Se, olhou para todos na sinagoga (que certamente
olhavam para Ele!) e disse-lhes: “Hoje se cumpriu esta Escritura em vossos
ouvidos”.230
Obviamente, essa era uma declaração pública de que Jesus era o
Messias, afinal todos na sinagoga — e praticamente todas as pessoas,
segundo a cultura popular judaica — teriam reconhecido o versículo de Isaías
(e do salmista também?), que há muito entendia-se ser aplicável unicamente
ao Messias, quando viesse na carne. Cheios de ira, os ouvintes expulsaram
Jesus e o levaram ao cume do monte “para dali o precipitarem”. Porém, numa
escritura maravilhosamente simples, Lucas diz apenas que “Ele [Jesus],
porém, passando pelo meio deles, retirou-se”.231
Notas
^229. Isaías 61:1.
^230. Lucas 4:18, 21.
^231. Lucas 4:29–30.
Salmos 110
Notas
^232. Ver Mateus 26:64; Marcos 16:19; Atos 2:33; 7:55; e I Pedro 3:22,
apenas cinco das dezesseis ocasiões em que essa relação “à mão
direita” é mencionada nas escrituras.
^233. Ver Hebreus 5:6; 7:17.
^234. Ver Alma 13:14–19.
^235. Alma 13:19.
^236. Doutrina e Convênios 107:1–5; grifo original.
Salmos 118
Notas
^237. Isaías 8:11, 13–16; 28:16.
^238. Atos 4:7–12.
^239. I Pedro 2:4–8.
^240. Mateus 21:42-46.
^241. Moisés 7:53.
^242. Mateus 07:24-27.
A Crucificação e a Expiação
Como vimos antes, uma das coisas mais comoventes que podemos
perceber ao ler os salmos é a frequência com que o Salvador fez referência a
eles em Seu ministério mortal, e a regularidade com que os autores dos
Evangelhos do Novo Testamento testificaram que Jesus era o Messias, por
meio dos salmos messiânicos. Além disso, não há referências mais pungentes
do que aquelas que se originam ou destacam as horas finais da vida do
Salvador, à medida que Ele Se preparava para Sua crucificação. Aqui estão
algumas dessas referências:
Salmo 41:9 “Até o meu próprio amigo íntimo, em quem eu tanto
confiava, que comia do meu pão, levantou contra mim o seu calcanhar”.
Com algumas das palavras mais tristes já escritas, esta passagem prevê a
traição e a infidelidade de Judas para com o Mestre. Sobre esse incidente (e
esta passagem), Jesus diria na noite da Última Ceia: “Não falo de todos vós;
eu bem sei os que tenho escolhido; mas para que se cumpra a Escritura: O
que come o pão comigo, levantou contra mim o seu calcanhar”. Pouco
depois, Judas recebeu o bocado das mãos de Jesus e “entrou nele Satanás.
( . . . ) [E] saiu logo. E era já noite”.243 Tememos que, para Judas, a noite
dure para sempre.
Salmo 69:4 “Aqueles que me odeiam sem causa são mais do que os
cabelos da minha cabeça; aqueles que procuram destruir-me, sendo
injustamente meus inimigos, são poderosos”.
O Salmo 35 já registrava: “Não se alegrem os meus inimigos de mim
sem razão, nem acenem com os olhos aqueles que me odeiam sem causa”.244
Durante o tempo que passou ensinando os Doze, após a Última Ceia da
Páscoa, Jesus disse:
“Aquele que me odeia, odeia também a meu Pai.
Se eu entre eles não fizesse tais obras, quais nenhum outro tem feito, não
teriam pecado; mas agora, viram-nas e me odiaram a mim e a meu Pai.
Mas é para que se cumpra a palavra que está escrita na sua lei: Odiaram-
me sem causa”.245
Salmo 110:1 “Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha mão
direita, até que ponha os teus inimigos por escabelo dos teus pés”.
Quando Jesus Se apresentou diante de Caifás e recusou-Se a responder-
lhe, o sumo sacerdote irou-se e disse: “Conjuro-te pelo Deus vivo que nos
digas se tu és o Cristo, o Filho de Deus”. Ao que Jesus pronunciou Suas
únicas palavras naquela ocasião: “Tu o disseste; digo-vos, porém, que vereis
em breve o Filho do homem assentado à direita do Poder, e vindo sobre as
nuvens do céu”.246
Salmo 69:21 “Deram-me fel por mantimento, e na minha sede me
deram a beber vinagre.”
Ao se prepararem para crucificar Jesus, lemos que os soldados romanos
“Deram-lhe a beber vinagre misturado com fel; mas ele, provando-o, não
quis beber”.247
Salmo 22:18 “Repartem entre si as minhas vestes, e lançam sortes sobre
a minha roupa.”
João, que estava presente quando os soldados romanos retiraram as
vestes de Jesus e preparavam-se para pregá-Lo na cruz, registra que:
“Tendo, pois, os soldados crucificado a Jesus, tomaram as suas vestes, e
fizeram quatro partes, para cada soldado uma parte; e também a túnica. A
túnica, porém, tecida toda de alto a baixo, não tinha costura.
Disseram, pois, uns aos outros: Não a rasguemos, mas lancemos sortes
sobre ela, para ver de quem será. Para que se cumprisse a Escritura que diz:
Repartiram entre si as minhas vestes, E sobre a minha vestidura lançaram
sortes. Os soldados, pois, fizeram estas coisas”.248
Salmo 22:16–17 “Pois me rodearam cães; o ajuntamento de malfeitores
me cercou, traspassaram-me as mãos e os pés. Poderia contar todos os meus
ossos; eles veem e me contemplam.”
Mateus diz o seguinte a respeito desse terrível momento: “E, havendo-o
crucificado ( … ) e, assentados, o guardavam ali”.249
Salmo 22:7–8 “Todos os que me veem zombam de mim, estendem os
lábios e meneiam a cabeça, dizendo: Confiou no Senhor, que o livre; livre-o,
pois nele tem prazer.”
Mateus registra que “os que passavam blasfemavam dele, meneando as
cabeças, e dizendo ( … ) salva-te a ti mesmo. Se és Filho de Deus, desce da
cruz. E da mesma maneira também os príncipes dos sacerdotes, com os
escribas, e anciãos, e fariseus, escarnecendo, diziam: Salvou os outros, e a si
mesmo não pode salvar-se. Se é o Rei de Israel, desça agora da cruz, e
creremos nele. ( . . . ) E o mesmo lhe lançaram também em rosto os
salteadores que com ele estavam crucificados”.250
Salmos 22:1–2 “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? Por
que te alongas do meu auxílio e das palavras do meu bramido? Deus meu, eu
clamo de dia, e tu não me ouves; de noite, e não tenho sossego.”
Este versículo contém a frase mais excruciante do Sacrifício Expiatório
do Salvador, talvez o clamor mais excruciante da história. Mateus nos
relembra deste que foi o ponto de maior agonia durante toda a Crucificação:
“E desde a hora sexta houve trevas sobre toda a terra, até à hora nona. E perto
da hora nona exclamou Jesus em alta voz, dizendo: Eli, Eli, lamá sabactâni;
isto é, Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?”251
Salmos 22:14–15 “Como água me derramei, e todos os meus ossos se
desconjuntaram; o meu coração é como cera, derreteu-se no meio das minhas
entranhas. A minha força se secou como um caco, e a língua se me pega ao
paladar; e me puseste no pó da morte.”
João registra a necessidade física sentida pelo Salvador durante a
Crucificação: “Depois, sabendo Jesus que já todas as coisas estavam
terminadas, para que a Escritura se cumprisse, disse: Tenho sede. Estava,
pois, ali um vaso cheio de vinagre. E encheram de vinagre uma esponja, e,
pondo-a num hissope, lha chegaram à boca”.252
Salmos 31:4–5 “Tira-me da rede que para mim esconderam, pois tu és a
minha força. Nas tuas mãos encomendo o meu espírito; tu me redimiste,
Senhor Deus da verdade.”
Lucas registra aquela que talvez seja a súplica mais agradável do longo e
indescritível Sacrifício Expiatório: “E era já quase a hora sexta, e houve
trevas em toda a terra até à hora nona, escurecendo-se o sol; Escurecendo-se
o sol, e rasgou-se ao meio o véu do templo. E, clamando Jesus com grande
voz, disse: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito. E, havendo dito isto,
expirou”.253
Salmos 34:19–20 “Muitas são as aflições do justo, mas o Senhor o livra
de todas. Ele lhe guarda todos os seus ossos; nem sequer um deles se
quebra.”
Em seu relato da Crucificação, João observa que “os judeus, pois, para
que no sábado não ficassem os corpos na cruz, visto como era a preparação
(pois era grande o dia de sábado), rogaram a Pilatos que se lhes quebrassem
as pernas, e fossem tirados.
Foram, pois, os soldados, e, na verdade, quebraram as pernas ao
primeiro, e ao outro que como ele fora crucificado;
Mas, vindo a Jesus, e vendo-o já morto, não lhe quebraram as pernas.
Contudo um dos soldados lhe furou o lado com uma lança, e logo saiu
sangue e água.
E aquele que o viu testificou, e o seu testemunho é verdadeiro; e sabe
que é verdade o que diz, para que também vós o creiais.
Porque isto aconteceu para que se cumprisse a Escritura, que diz:
Nenhum dos seus ossos será quebrado”.254
É comovente perceber que a única coisa a ser dita em favor dos soldados
que testemunharam o maior ato de amor jamais realizado na história da
humanidade é que eles não quebraram os ossos do Salvador. Isto porque,
como observado por João, Jesus já estava morto e, portanto, não era
necessário que Sua morte fosse apressada por meio de asfixia, como era de
costume, processo que era feito quebrando-se o osso das pernas, de forma
que a vítima não conseguisse mais apoiar-se nos cravos em seus pés para se
“erguer” e aliviar a pressão sobre seus pulmões.
De que, então, Cristo morreu? Ele morreu pelo peso do pecado e da dor,
da doença e da tristeza, dos males e angústias do mundo, desde Adão até o
fim dos tempos. Tudo o que é de alguma forma moralmente errado, ou
pessoalmente doloroso e angustiante, desde o início dos tempos, foi reunido e
posto sobre os ombros de Jesus — Dele e de ninguém mais. Aquele que tinha
poder para salvar, de fato, operou a salvação, ao pisar sozinho o lagar da
Expiação.
Como registrado pelo salmista a respeito do Messias: “Afrontas me
quebrantaram o coração, e estou fraquíssimo; esperei por alguém que tivesse
compaixão, mas não houve nenhum; e por consoladores, mas não os
achei”.255 Afrontas me quebrantaram o coração. Essa foi a causa final de Sua
morte.
Devemos nos lembrar, obviamente, de que Jesus entregou Sua vida
voluntariamente. Ele tinha vida divina dentro de Si e, portanto, nenhum
homem ou poder conseguiria tirar Sua vida. No entanto, “houve
necessariamente uma causa física direta para o desenlace” de Sua morte,
como disse o Élder James E. Talmage,256 causa essa que constituiu-se de um
coração irreversivelmente ferido.
Seu coração parou devido à dor, à angústia e ao sofrimento. A parada
cardíaca veio após uma parada respiratória, em que uma mistura de água com
sangue fluiu para dentro da cavidade pleural que envolve o pulmão. É por
isso que sangue e água saíram de Seu lado, quando foi furado pela lança de
um soldado. Apesar de todo o Seu sofrimento físico e espiritual, Jesus não
havia sofrido nenhum tipo de trauma ou lesão nos órgãos internos. Sua
indescritível dor redentora não foi resultado de ferimentos que, em outras
circunstâncias, teriam causado hemorragia interna ou descarga amniótica. Ele
foi uma singular vítima de um coração “quebrantado”. “Como água me
derramei, e todos os meus ossos se desconjuntaram; o meu coração é como
cera, derreteu-se no meio das minhas entranhas.”257
Por causa do significado singular e das consequências eternas desse
processo de vitória sobre a morte e o inferno, daquele momento em diante,
nós — e todos os que nascerem até que Cristo retorne — adotamos um novo
símbolo para o convênio que fizemos de sacrifício. Pequenos cordeiros não
seriam mais oferecidos após o grande Cordeiro de Deus ter vindo. Em vez
disso, nosso símbolo seria diferente, mais pessoal, com um significado mais
profundo do que o possuído por aquele da época do Velho Testamento. Para
nós hoje, o significado da grande dádiva da Expiação, que inclui a
Ressurreição, foi tirado da cruz de Cristo. Como o Salvador ressurreto
afirmou aos nefitas no Novo Mundo:
“Eis que eu sou Jesus Cristo, o Filho de Deus. ( . . .
) Eu sou a luz e a vida do mundo, Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio
e o fim.
E vós não me oferecereis mais derramamento de sangue; sim, vossos
sacrifícios e holocaustos cessarão, porque não aceitarei qualquer dos vossos
sacrifícios e holocaustos.
E oferecer-me-eis como sacrifício um coração quebrantado e um
espírito contrito. E todo aquele que a mim vier com um coração quebrantado
e um espírito contrito, eu batizarei com fogo e com o Espírito Santo. ( . . .
) Eis que vim ao mundo para trazer redenção ao mundo e salvar o
mundo do pecado”.258
Essa orientação foi mais uma vez repetida nesta grande e última
dispensação:
“Sim, bem-aventurados aqueles cujos pés estão sobre a terra de Sião,
que obedeceram a meu evangelho; pois receberão como recompensa as coisas
boas da terra e ela produzirá com sua força.
E também serão coroados com bênçãos do alto, sim, e com
mandamentos, não poucos. ( . . .
) Oferecerás um sacrifício ao Senhor teu Deus em retidão, sim, um
coração quebrantado e um espírito contrito”.259
Dada a preocupação do salmista com símbolos e representações do
Messias, não é de se surpreender que ele tenha previsto acertadamente essa
grande transição na forma como os sacrifícios eram feitos segundo a lei do
Velho Testamento e segundo o evangelho do Novo Testamento. Ele declarou:
“Cria em mim, ó Deus, um coração puro, e renova em mim um espírito reto.
Não me lances fora da tua presença, e não retires de mim o teu Espírito
Santo. ( . . . ) Pois não desejas sacrifícios, senão eu os daria; tu não te deleitas
em holocaustos. Os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; a um
coração quebrantado e contrito. ( . . . ) Perto está o Senhor dos que têm o
coração quebrantado, e salva os contritos de espírito”.260
Parece que a compreensão do salmista sobre o mais alto símbolo da
salvação nos últimos dias, um símbolo que só foi instituído após a
Crucificação e a Expiação serem consumadas, era maior do que a de qualquer
outro escritor bíblico — tanto no Velho quanto no Novo Testamento.
Notas
^243. João 13:18, 27, 30; grifo do autor.
^244. Salmos 35:19.
^245. João 15:23–25; grifo do autor.
^246. Mateus 26:63–64; grifo do autor.
^247. Mateus 27:34; grifo do autor.
^248. João 19:23-24; grifo do autor.
^249. Mateus 27:35-36; grifo do autor.
^250. Mateus 27:39–42, 44; grifo do autor.
^251. Mateus 27:45-46; grifo do autor.
^252. João 19:28-29; grifo do autor.
^253. Lucas 23:44–46; grifo do autor.
^254. João 19:31-36; grifo do autor.
^255. Salmos 69:20.
^256. James E. Talmage, Jesus, o Cristo, 1998, p. 646, nº 8.
^257. Salmos 22:14. Para mais evidências a respeito dessa questão
médica, ver “On the Physical Death of Jesus Christ” Journal of the
American Medical Association, 21 de março de 1986, p. 1455.
^258. 3 Néfi 9:15, 18–21; grifo do autor.
^259. Doutrina e Convênios 59:3–4, 8; grifo do autor.
^260. Salmos 51:10–11, 16–17; 34:18; grifo do autor.
Seção III O Vigésimo Terceiro Salmo
Salmos 23
“Nada me faltará”
Imediatamente, reconhecemos pelo menos duas interpretações para a
palavra faltará. A primeira diz respeito às coisas de que necessitamos, mas
que nos faltam: um estado de privação e insuficiência. Por definição, se nada
“faltará” às ovelhas, isso significa que não ficarão sem os elementos básicos
para seu bem estar. Além disso, sendo que o verbo está no futuro (faltará),
isso significa que as necessidades das ovelhas serão supridas, que elas serão
protegidas contra a miséria e a indigência, nos dias que estão por vir. Em face
aos medos e preocupações do salmista, essa é a maneira mais reconfortante e
consoladora de se interpretar essa frase. Obviamente, isso não significa que
não haverá tempos difíceis ou períodos de escassez, quando os recursos
financeiros se esgotam ou as necessidades familiares não são satisfeitas. Mas,
certamente, o que não pode se esgotar ou ficar escassa é nossa fé — fé em
Deus, fé no futuro, fé em que as coisas darão certo. O Senhor declarou: “O
que eu, o Senhor, disse está dito e não me desculpo; e ainda que passem os
céus e a Terra, minha palavra não passará, mas será toda cumprida”.270
Precisamos nos lembrar e sempre acreditar que “Deus é poderoso para
cumprir todas as suas palavras. Pois ele cumprirá todas as promessas que te
fizer”.271 Sua promessa é que não passaremos necessidades para sempre. Sua
promessa é que, se tivermos os olhos fitos Nele e em Sua glória, somos e
continuaremos sendo cuidados.
Isso nos leva à segunda interpretação que podemos fazer do verbo
faltará, que diz respeito às coisas que desejamos e pelas quais ansiamos. Essa
interpretação me faz lembrar de uma jovenzinha numa classe da Escola
Dominical, que citou uma versão equivocada — ou melhorada — deste
salmo: “O Senhor é o meu pastor. Tudo me sobrará”. Reconheço que
precisamos desejar algumas coisas. Nossa última regra de fé diz: “Se houver
qualquer coisa virtuosa, amável, de boa fama ou louvável, nós a
procuraremos”.272 Fica claro que há muitas coisas nobres e desejáveis, que
vale a pena buscarmos.
Porém, no contexto dos salmos e das angústias que enfrentamos
diariamente, parece óbvio que a mensagem aqui é que não devemos desejar
constantemente o que não temos, nem almejar aquilo que não é nosso. Em
sua pior forma, isso se chama cobiça, avareza ou ganância. Mas mesmo que
seja de maneira branda, não passa da desagradável e inútil inveja. A literatura
clássica está repleta de personagens que partiram em uma aventura, seja em
busca do Santo Graal, do pote de ouro no fim do arco-íris ou para conquistar
mundos, apenas para descobrir que seu prêmio (e, certamente, sua felicidade)
estava o tempo todo ao alcance de suas mãos — já fazia parte de sua vida, de
seu lar ou de suas circunstâncias simples e humildes. Nesse sentido, sofremos
muito e desnecessariamente por desejar, desejar e desejar — em especial
quando esses desejos estão focalizados em coisas mundanas ou indignas.
Deus incentiva a busca por coisas boas. Ele quer que tenhamos “fome e sede
de justiça”.273 E com certeza ele fica cansado de nos ver desejar tantas coisas
que “a traça e a ferrugem consomem”.274 O salmista, ao afirmar que nada lhe
faltaria, quis dizer que não pediria excessiva ou incessantemente as coisas do
mundo, o que prenunciou o conselho dado por Jacó, no Livro de Mórmon:
“Portanto não despendais dinheiro naquilo que não tem valor, nem vosso
trabalho naquilo que não pode satisfazer”.275 Nada me faltará.
Notas
^261. Kushner, The Lord Is My Shepherd, p. 9; tradução livre.
^262. Ver Moisés 5:5–8, 17–33.
^263. Isaías 53:6.
^264. Salmos 95:7.
^265. Mosias 18:9.
^266. Isaías 40:11.
^267. Ezequiel 34:11–16
^268. João 10:11–15.
^269. Hebreus 13:20.
^270. Doutrina e Convênios 1:38.
^271. Alma 37:16–17.
^272. Regras de Fé 1:13.
^273. Mateus 5:6.
^274. Mateus 6:19.
^275. 2 Néfi 9:51.
^276. W. Phillip Keller, A Shepherd Looks at Psalm 23, 1970, pp. 41–42.
^277. João 3:5.
^278. João 4:14.
^279. Kushner, The Lord Is My Shepherd, p. 65; tradução livre.
^280. João 4:14.
^281. João 6:35, 33.
^282. Keller, A Shepherd Looks at Psalm 23, p. 70.
^283. I Coríntios 10:12.
^284. João 15:2.
^285. Mosias 3:19.
^286. João 14:6.
^287. 2 Néfi 4:32–33.
^288. 2 Néfi 31:21; grifo do autor.
^289. Por exemplo, leve em consideração o fato de o Senhor ter mudado
o nome de Abrão para Abraão, e o nome de Jacó para Israel (ver
Gênesis 17:1–5; 32:28; também Isaías 62:2; Apocalipse 2:17; 3:12;
Doutrina e Convênios 130:11).
^290. Ver 3 Néfi 27:7–8.
^291. Ver Doutrina e Convênios 20:37.
^292. Ver Doutrina e Convênios 20:77.
^293. Ver Doutrina e Convênios 107:1–4.
^294. Êxodo 3:12.
^295. “No Monte a Bandeira”, Hinos, nº 4.
^296. Salmos 56:9.
^297. Isaías 11:4.
^298. Isaías 55:1-2.
^299. 1 Néfi 22:25–26; grifo do autor.
^300. Ver Apocalipse 19:9.
^301. Isaías 61:1-3.
^302. Lucas 4:21.
^303. Lucas 7:36–50.
^304. “Deus Vos Guarde”, Hinos, nº 85
^305. Ver Morôni 7:36.
^306. Lucas 10:37.
^307. Atos 10:38.
^308. Gênesis 2:23.
^309. Gordon B. Hinckley, “Por Que Há Templos?” A Liahona, outubro
de 2010, p. 21.
^310. 2 Néfi 31:20.
^311. Apocalipse 7:13–15.
^312. II Coríntios 1:3.
^313. Alma 37:36-37.
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