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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE ANGOLA

FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANA

MANUAL PARA A ELABORAÇÃO DE TRABALHOS CIENTÍFICOS


APRENDER, PENSAR, DECIDIR E PRATICAR...

Autoria: Professor Doutor Samuel Tumbula

Luanda, 2022

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Índice

Advertência .................................................................................................................................................. 4

Introdução .................................................................................................................................................... 5

1. A missão da universidade ....................................................................................................................... 7

2. Importância da investigação ................................................................................................................... 9

3. Noção de metodologia de investigação científica ............................................................................... 10

4. Tipos de conhecimento ......................................................................................................................... 11


4.1. Conhecimento popular ou empírico ..................................................................................................... 14
4.2. Conhecimento filosófico ........................................................................................................................ 14
4.3. Conhecimento religioso ou teológico ................................................................................................... 16
4.4. Conhecimento científico ........................................................................................................................ 18
4.4.1. Características do conhecimento científico .................................................................................... 18
4.4.2. O método dedutivo e indutivo na produção de ciência ................................................................. 19

5. Fontes de pesquisa................................................................................................................................. 21
5.1. Biblioteca tradicional ............................................................................................................................ 21
5.2. Biblioteca virtual ................................................................................................................................... 24

6. Citações no trabalho científico ............................................................................................................. 26


6.1. Citação direta ......................................................................................................................................... 26
6.2. Citação indireta ...................................................................................................................................... 28
6.3. Citação de citação .................................................................................................................................. 29
6.4. Citação de mais de uma obra do mesmo autor do mesmo ano ........................................................ 30

7. Fichas bibliográficas e fichas de conteúdo .......................................................................................... 30


7.1. Conceito de ficha .................................................................................................................................... 30
7.2. A configuração física da ficha bibliográfica....................................................................................... 31
7.3. A configuração física da ficha de conteúdo ........................................................................................ 31
7.4. Tipologia de fichas bibliográficas ........................................................................................................ 32

8. Plágio e autoplágio ................................................................................................................................ 32

9. Elaboração das referências bibliográficas (Normas APA 7ª ed.) ....................................................... 33


9.1. Elementos que constam na bibliografia .............................................................................................. 33
9.2. Normas para elaboração de uma bibliografia.................................................................................... 34
9.3. Grafia ....................................................................................................................................................... 35
9.4. Interpontuação........................................................................................................................................ 36
9.5. Diversos tipos de obras quanto ao autor ............................................................................................ 36
9.5.1. Obras de um só autor .................................................................................................................... 36
9.5.2. Obras de dois autores .................................................................................................................... 36
9.5.3. Obras de três ou mais autores ...................................................................................................... 37

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9.5.5. Autor-instituição ............................................................................................................................ 37
9.5.6. Obras sem autor ............................................................................................................................. 37
9.6. Diversos tipos de obras quanto a natureza ........................................................................................ 38
9.6.1. Coletânea (referência de parte da obra) ..................................................................................... 38
9.6.2. Dicionários de especialidade ....................................................................................................... 38
9.6.3. Artigos de revista ........................................................................................................................... 39
9.6.4. Artigos de jornais ........................................................................................................................... 39
9.6.5. Monografias, dissertações e teses................................................................................................ 39
9.6.6. Legislação ........................................................................................................................................ 40
9.6.7. Documentos do Magistério da Igreja Católica ......................................................................... 40
9.6.8. Documentos eletrónicos ............................................................................................................... 40
9.7. Abreviaturas na lista das referências bibliográficas......................................................................... 40
9.8. Outras abreviaturas ............................................................................................................................... 41

10. Tipologia de trabalhos científicos ...................................................................................................... 42


10.1. Resumo ................................................................................................................................................... 42
10.2. Recensão ................................................................................................................................................ 43
10.3. Trabalhos das unidades curriculares ................................................................................................. 43
10.4. Trabalhos de fim de curso: Monografia, Dissertação e Tese .......................................................... 44
10.5. Comunicação científica ....................................................................................................................... 45
10.6. Artigos de revista ................................................................................................................................. 46

11. Etapas da elaboração do trabalho científico (Monografia, dissertação, teses) ............................... 46


11.1. Escolha do tema .................................................................................................................................... 46
11.2. Definição da pergunta de partida e objetivos da investigação...................................................... 47
11.3. Escolha do orientador .......................................................................................................................... 48
11.4. Levantamento bibliográfico ................................................................................................................ 50
11.5. Elaboração do projeto do trabalho científico .................................................................................. 51
11.6. Aprovação do projeto de investigação pelo Comité de Ética da Instituição de Ensino Superior
.......................................................................................................................................................................... 52
11.7. Recolha do material bibliográfico ..................................................................................................... 53
11.8. Escolha/elaboração dos instrumentos de recolha de dados ........................................................... 53
11.9. Recolha de dados empíricos ................................................................................................................ 54
11.10. Tratamento dos dados empíricos ..................................................................................................... 55
11.11. Redação do relatório .......................................................................................................................... 55

12. Principais elementos da estrutura do trabalho científico (monografia, dissertação, teses) .......... 56

13. Apresentação dos trabalhos científicos (monografia, dissertação, teses) ....................................... 56

14. Ética na investigação............................................................................................................................ 56

17. Comunicação da investigação ............................................................................................................. 57

Referências ................................................................................................................................................. 59

Apêndice 1: Dicas para elaboração do trabalho de fim de curso........................................................... 61

3
Apêndice 2: Dicas para elaboração do Trabalho Universitário (TU) .................................................... 72

Advertência

Este texto foi escrito obedecendo ao novo acordo ortográfico.

4
Introdução

São notárias as dificuldades que muitos alunos apresentam na elaboração de trabalhos


universitários, desde o primeiro até ao último ano da licenciatura e não só. Na
elaboração dos trabalhos universitários os alunos acabados de chegar ao ensino
superior tendem a recorrer ao plágio (muitas vezes sem o saber) para se livrarem dos
trabalhos solicitados pelos professores. Nalguns casos os estudantes recorrem aos
cibers e outras empresas com a intenção de comprar um trabalho feito por terceiras
pessoas, de identidade e idoneidade duvidosa. Estas pessoas, na maior parte das
vezes, não têm formação académica superior nem um conhecimento aprofundado das
matérias de metodologia de investigação científica, e são animadas simplesmente pela
necessidade de montar um negócio que seja sustentável e rentável.
Num momento em que se fala bastante da necessidade das universidades angolanas
melhorarem a qualidade do seu ensino e da importância de tornar a cadeira de
metodologia de investigação científica transversal a todos os cursos, pensamos ser
oportuno incentivar os nossos alunos e professores a trabalhar ao nível da elaboração
dos trabalhos universitários com os padrões internacionais da metodologia científica.
A metodologia de investigação científica é uma unidade curricular para todos os
cursos universitários mesmo se isto ainda não é uma realidade nas instituições do
ensino superior angolanas onde encontramos muitos cursos sem esta componente
curricular.
O grande objetivo da metodologia científica consiste em fazer com que os futuros
profissionais, académicos ou cientistas que frequentam hoje a universidade sejam
criadores de conhecimento, capazes de identificar os problemas da sua área de
trabalho profissional e encontrem respostas pertinentes para os mesmos. Se pensarmos
nas diferentes áreas de conhecimento, tais como a medicina, a educação, a economia,
a contabilidade, a gestão, o direito, a engenharia, a sociologia, a psicologia, a
antropologia, as línguas, a teologia, a filosofia, a política, a bioética, só para dar alguns
exemplos, consentiremos que precisamos todos os dias de novas soluções para
responder aos desafios constantes colocados pela modernidade. No momento em que
escrevemos estas páginas o mundo vive uma crise pandémica do Covid-19, sem
precedentes, que a todos coloca em casa e desafia. Graças aos investigadores e
especialistas de diversas áreas tem sido possível continuar a viver e a manter a

5
esperança. Alguns países como o Reino Unido, a China, a Rússia, a Alemanha, EUA,
com o trabalho dos seus investigadores, conseguiram encontrar uma vacina para o
Covid-19. Portanto, tudo isto prova o quão importante é aprender a investigar através
do método científico.
Estes apontamentos foram elaborados pensando essencialmente nos alunos dos cursos
de licenciatura, que algo titubeante sonham com a obtenção de uma formação superior
sólida, e visam fornecer um conjunto de técnicas, procedimentos e estratégias de
realização de trabalhos de investigação científica no contexto universitário.
Estes apontamentos não deverão dispensar os alunos de consultarem outros materiais
de metodologia de investigação científica disponíveis nas bibliotecas. Não se tratando
de um trabalho acabado, esperamos receber o contributo de todos e de cada um no
intuito de melhorarmos estes apontamentos.
Este manual constitui uma primeira parte da unidade curricular de metodologia de
investigação científica. Contém elementos que poderão ajudar os estudantes a
estruturar o trabalho escrito universitário com uma base científica. As várias unidades
escalonadas aqui procuram oferecer regras, técnicas e estratégias de elaboração de
trabalhos científicos consistentes e que cumprem os padrões internacionais.

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1. A missão da universidade

A universidade desempenha um papel fundamental no desenvolvimento do homem


e da sociedade. Apesar de fortemente criticada ela continua a ser nos nossos dias a
instituição por excelência na formação profissional dos cidadãos. Sendo uma
instituição com tradição, a universidade é para todos os efeitos a casa do
conhecimento, o último degrau da formação dos estudantes. Enquanto casa da ciência
a universidade tem três missões essenciais: o ensino, a investigação e a extensão
universitária. Olhemos para cada uma delas:

i. ensino: a graduação (1º ciclo da formação universitária), com quatro a cinco anos, é
uma sequência do ensino médio. O principal propósito da graduação (licenciatura)
que consiste em aprofundar os conhecimentos adquiridos no ensino não superior e
dotar os alunos de outros conhecimentos e competências profissionais para
desenvolverem através de um ramo do saber (pedagogia, direito, medicina geral,
medicina dentária, fisioterapia, psicologia, línguas e administração, engenharia,
sociologia, antropologia, história, enfermagem, nutrição, contabilidade e auditoria,
gestão e contabilidade, gestão e marketing, gestão de recursos humanos, ciências da
comunicação, jornalismo, cinema, economia, etc.) uma atividade útil em prol da
sociedade. Esta fase de estudos exige um aprofundamento rigoroso das várias
unidades curriculares que são lecionadas e, nalguns cursos, termina com a defesa de
uma monografia que nada mais é senão a investigação e discussão de uma questão de
interesse científico, atual, cuja solução representa um avanço para a ciência.

ii. a investigação: embora seja importante iniciar os alunos dos cursos de licenciatura
na pesquisa científica de qualidade, o domínio da investigação está mais virado para
os cursos de pós-graduação: lato sensu (MBA e outras pós-graduações) e stricto sensu
(mestrado e doutoramento).

O MBA (Master of Business Administration) destinado aos


profissionais/trabalhadores licenciados, é um mestrado profissional em
Administração de Empresas contratado pelas empresas privadas e entidades públicas

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no sentido de proporcionar os destinatários oportunidades ímpares de
aperfeiçoamento profissional apesar de não conferir qualquer tipo de título ou grau
académico. O MBA pode ser considerado lato sensu ou stricto sensu. Depende da
legislação de cada País. Em Angola o MBA está valorizado no sentido lato sensu ou seja
não confere título nem grau académico.

O mestrado (2º ciclo da formação universitária) é a 1ª etapa da pós-graduação stricto


sensu. Trata-se de estudos conducentes a uma investigação com alto padrão de
exigência científica que demanda alguma originalidade e destina-se geralmente aos
licenciados. O mestrado está dirigido àqueles estudantes que pretendam aumentar o
seu nível de conhecimentos numa área concreta, aos estudantes que tencionam e
demonstram capacidades para dedicar-se à ciência e outros que almejam altos cargos
de liderança em empresas ou instituições públicas ou privadas.

O doutoramento (3º ciclo da formação universitária), a 2ª e última etapa da pós-


graduação stricto sensu forma pesquisadores de alto nível. O doutoramento conclui-se
com a elaboração de uma tese que deve ser uma investigação original que contribui
para o avanço do tratamento duma questão/problema numa área de conhecimento.
Este nível de estudos prepara para a docência, a investigação e atuação no seu campo
específico de formação com elevado grau de autonomia. O doutoramento também
prepara para o exercício de altos cargos de gestão, mormente, no domínio académico.

iii. a extensão universitária, por último, é a ligação universidade e


comunidade/sociedade. Esta dimensão universitária ajuda a manter uma relação
produtiva entre a universidade e a comunidade, no sentido em que o conhecimento
produzido na universidade é colocado à disposição das pessoas e da sociedade para
que o mundo (as pessoas, as famílias, o Estado, as empresas, as igrejas, as políticas)
ganhe mais vida. Assim, a universidade tem a função social de dar respostas aos
inúmeros problemas que surgem na sociedade.

A disciplina de metodologia de investigação científica inserida na grelha curricular do


1º ano da universidade visa essencialmente fornecer aos estudantes um conjunto de

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ideias, conceitos, técnicas, instrumentos e estratégias eficazes para a realização de uma
investigação científica que produza conhecimento novo e inovador. De modo
específico, pretende-se que os estudantes sejam capazes de dominar os vários
conceitos de metodologia científica, os diferentes tipos de conhecimento, aprendam a
usar a biblioteca física e virtual, a fazer citações diretas e indiretas, a usar as fichas
bibliográficas e fichas de conteúdo, a elaborar as referências bibliográficas, a identificar
os diferentes tipos de trabalhos académicos, a dominar os passos a dar na elaboração
do trabalho científico, saber fazer uma pesquisa científica, dominar os vários métodos
e técnicas de investigação científica, aplicar os princípios éticos na investigação
científica entre outros.
Assim, este trabalho que agora apresentamos está estruturado em cinco capítulos.... O
primeiro capítulo aborda ...

2. Importância da investigação

Investigar significa indagar, conhecer, procurar o conhecimento ou a verdade dos


factos e acontecimentos, ir além do conhecimento percebido e recebido imediatamente,
às vezes em contexto de sala de aulas. Investigamos para dar um novo sentido à
realidade. A investigação permite-nos descobrir a nossa ignorância e as possibilidades
de criar um mundo novo a partir de um novo olhar sobre a realidade através dos
métodos científicos.
A investigação serve essencialmente para levantar problemas e resolver problemas.
Consolidar o nosso conhecimento. Obter informações. Compreender factos ou
fenómenos. A investigação científica é uma condição de desenvolvimento para as
sociedades, pois nenhum corpo social, nem mesmo a tecnologia evolui
qualitativamente sem transformações provocadas pela ciência e a inovação.
De um modo geral, a investigação começa com a escolha de um tema delimitado,
leitura de materiais relacionados com o tema escolhido, com o delineamento dos
objetivos gerais e específicos, e com o levantamento de um problema de investigação:
O que é? quem? para quê? Por que? Como? Quais? Que? Será que?). Por exemplo:

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ü Quais são os fatores de sucesso escolar no 1º ano da universidade na perspetiva
de professores e alunos?
ü Quais são os fatores associados ao grau de stress dos estudantes que perderam
o emprego devido a pandemia do covid-19?
ü Que razões levam os alunos do 1º ano da universidade a cabularem nos exames?
ü Será que há uma censura de tipo ideológica nos programas da TPA?
ü Quais são os níveis de motivação dos funcionários da empresa A em pleno
período de pandemia da covid-19?
ü Quais são as consequências legais do facto das mulheres grávidas serem
discriminadas no processo de seleção de novos funcionários numa empresa?

Cada uma destas questões pode constituir um projeto de investigação ambicioso no


nível da graduação ou pós-graduação, e a respetiva resposta ajudará certamente a
resolver um problema da sociedade. Nesta perspetiva, quem aproveita mais o trabalho
de investigação científica é toda a sociedade, nomeadamente, o Estado, as
universidades, as empresas, as famílias entre outros.
Podemos afirmar que Angola tem dado passos importantes em prol de uma
investigação que dê respostas aos inúmeros problemas que surgem na sociedade
angolana e no mundo. A investigação nas nossas universidades tem melhorado nos
últimos anos. Já temos muitos académicos a investigar e a publicar conhecimento
científico.
Os desafios da investigação nas universidades angolanas passam pela valorização do
trabalho científico e dos investigadores através da criação de políticas eficazes de
financiamento da investigação científica. Outro desafio passa pela criação de revistas
académicas em todas as faculdades ou departamentos das instituições de ensino
superior onde os professores poderiam publicar os seus artigos com regularidade.
Outrossim, a investigação em Angola irá aumentar na medida em que surgirem mais
cursos de pós-graduação stricto sensu, mestrado e doutoramentos.

3. Noção de metodologia de investigação científica

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O conceito de metodologia científica remete-nos para análise de dois termos:
metodologia e ciência. A palavra metodologia é de origem grega Methodos
(methà+odon) e significa: caminho para chegar a um fim. Ciência significa
conhecimento, e pode designar “o conjunto de conhecimentos precisos e
metodicamente ordenados em relação a determinado domínio do saber” (Rampazzo,
2004, p. 13).
Metodologia científica é o conjunto de técnicas, regras e procedimentos estratégicos,
rigorosos, devidamente sistematizados, que orientam e facilitam a pesquisa e a
elaboração de trabalhos científicos.
Segundo Rampazzo (2004, p. 13) a metodologia científica pode ser entendida também
como “aquela disciplina que ensina o ‘caminho’, quer dizer, as normas técnicas que
devem ser seguidas na pesquisa científica”.
A investigação científica pode ainda ser definido como “um processo sistemático que
assenta na colheita de dados observáveis e verificáveis, retirados do mundo empírico,
isto é, do mundo que é acessível aos nossos sentidos, tendo em vista descrever,
explicar, predizer ou controlar fenómenos” (Fortin, Côté & Filion, 2009, p. 4).
O processo de investigação “consiste em examinar fenómenos com vista a obter
respostas a questões determinadas que se deseja aprofundar. A investigação científica
distingue-se de outros tipos de aquisição de conhecimentos pelo seu carácter
sistemático e rigoroso” (Fortin, Côté & Filion, 2009, p. 4).
Podemos ainda dizer que “a pesquisa é uma atividade de investigação capaz de
oferecer (e, portanto, de produzir) um conhecimento novo a respeito de uma área ou de
um fenómeno, sistematizando-o em relação ao que já se sabe a respeito da área ou
fenómeno” (Rampazzo, 2004, p. 14).

4. Tipos de conhecimento

Segundo o dicionário francês Le Nouveau Petit Robert (1993), conhecer é apreender pelo
espírito, ter presente no espírito (um objeto de pensamento que identificamos e que
consideramos real); é poder afirmar a existência de algo.

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De acordo o Dicionário de Língua Portuguesa (2013), podemos definir o conhecimento
como sendo a faculdade de conhecer, a relação direta que se toma de alguma coisa,
noção, informação, a experiência, o domínio teórico e/ou prático de determinada área.

Já de acordo com Lalande (1999), “conhecer e conhecimento designam, pois, um


género cujas espécies são constatar, compreender, perceber, conceber, etc. Eles opõem-
se a crer e a crença, não pela força da adesão, mas pelo fato de estes dois últimos termos
não implicarem necessariamente a ideia de verdade” (p. 192).

O conhecimento é um conjunto de informações, saberes, habilidades e competências


adquiridos de forma espontânea, natural, e através de processos de aprendizagem
organizados e sistematizados por uma escola ou universidade.

O conhecimento pode resultar da interação dos homens entre si, da interação do


homem com o meio ambiente, da relação do homem com o transcendente e do
pensamento do próprio homem.

Para Lalande (1999), o conhecimento tem essencialmente quatro sentidos:

A. “Ato do pensamento que põe legitimante um objeto enquanto objeto, quer se


admita ou não uma parte de passividade neste conhecimento” (Espinosa, Ética
II apud Lalande, 1999, p. 193).

B. “Ato do pensamento que penetra e define o objeto do seu conhecimento. O


conhecimento perfeito de uma coisa é, neste sentido, aquele que, subjetivamente
considerado, não deixa nada obscuro ou confuso na coisa conhecida; ou que,
objetivamente considerado, não deixa fora dele nada do que existe na realidade
à qual se aplica” (Lalande, 1999, p. 193).

C. “Conteúdo do conhecimento no sentido A (pouco usado)” (Lalande, 1999, p.


193).

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D. “Conteúdo do conhecimento no sentido B. Muito frequente, sobretudo no
plural: os conhecimentos humanos, etc.” (Lalande, 1999, p. 193).

Lalande (1999), “distinguiria: 1º o ato de conhecer, subjetivo; 2º, o fato de conhecer


(relação entre o sujeito com o objeto); 3º, o resultado destacado por abstração (objeto
conhecido)” (p. 192). Não parece, refere o mesmo autor, que a palavra conhecer seja
utilizada alguma vez no sentido puramente subjetivo, pois, conhecer implica sempre
a relação do sujeito com o objeto, senão mesmo uma certa subordinação do primeiro
em relação ao segundo. Neste sentido, ficam apenas os sentidos 2º e 3º que
correspondem respetivamente a A-B e C-D.

Para Kant, o conhecimento “não é fruto nem do sujeito nem do objeto, mas síntese da
ação combinada do sujeito e do objeto” (Mondin, 2003, p. 202).

O sujeito aproxima-se do objeto de várias formas usando vários caminhos: o caminho


empírico, o caminho da razão, o caminho da fé e o caminho da experiência e
verificação. Por isso, se fala em vários tipos de conhecimentos como se pode ver na
figura abaixo.

Popular/
empírico

Científico
Tipos de Filosóifico
conhecimento

Teológico

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Figura 1 - Tipos de conhecimento

Analisemos atentamente cada um destes tipos de conhecimento, começando pelo


conhecimento popular ou empírico.

4.1. Conhecimento popular ou empírico

O conhecimento popular ou empírico é o conhecimento adquirido de forma natural, a


partir da vivência e da experiência quotidiana e que vai-se acumulando ao longo dos
anos e que permite às pessoas discernir e resolver determinados problemas.
Se pensarmos nas nossas culturas africanas, de um modo geral, facilmente poderemos
encontrar exemplos de conhecimento popular ou empírico. Em África muitas doenças
que não são tratadas nos hospitais e com base na medicina convencional moderna são
tratadas pela medicina tradicional, não convencional, “empírica”. Portanto, baseando-
se numa certa tradição, em rituais próprios da cultura, através de medicamentos
naturais e outro tipo de conhecimento empírico do mundo cultural africano, os
médicos tradicionais (sem formação médica universitária) conseguem curar certas
doenças e afastar certos perigos ou ameaças contra a comunidade.
O conhecimento empírico, “ametódico” e “assistemático”, usando as palavras de
Rampazzo (2004), embora de nível inferior ao conhecimento científico, ele não deve
ser ignorado, porque constitui a base do saber e é anterior à ciência. E mais, o
conhecimento empírico continua a ser uma fonte importante na construção e
desenvolvimento do conhecimento científico.
O conhecimento empírico passa a ser conhecimento científico quando se começa a usar
o método científico para verificar ou testar hipóteses provenientes da experiência e do
conhecimento empírico.

4.2. Conhecimento filosófico

Diferente dos outros tipos de conhecimento (conhecimento empírico, conhecimento


teológico e conhecimento científico) a filosofia não se interessa por aspetos
particulares, ela se ocupa de tudo, de toda a realidade, “por todas as inúmeras questões

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que interessam a reflexão humana, iluminada pela razão, e em busca das causas mais
profundas, indo além dos dados próximos e experimentáveis” (Rampazzo, 2004, p. 22)
(grifos do autor).
A filosofia é a ciência que estuda as causas últimas das coisas, ela procura descobrir o
sentido último de tudo por meio da razão. Segundo Rampazzo (2004), “se as ciências
procuram descobrir como agem as realidades materiais, a filosofia tem como objectivo
descobrir o porquê de tudo” (p. 22). Assim, a análise filosófica interessa-se por uma
variedade de problemas em que se destacam os seguintes:

Problemas filosóficos
i) Cosmologia Estuda o mundo físico.
ii) Gnoseologia ou teoria do Estuda o conhecimento.
conhecimento
iii) Antropologia (está subdivide-se Estuda o homem (Quem é o homem? Para quê existimos? Qual
em antropologia cultural e é a finalidade da existência humana?).
antropologia filosófica)
iv) Metafísica ou ontologia (estuda o Estuda o ser e a realidade
ser e a realidade)
v) Ética (o bem e o mal moral) Analisa e reflete o problema do bem e do mal.
vi) Política (organização da polis) Trata de questões relacionadas com a organização da cidade
“polis”.
vii) Pedagogia (educação) Procura analisar tudo o que pode tornar o processo de ensino e
aprendizagem uma mais valia para o aprendente.
viii) Linguística Estuda a linguagem.
ix) Estética Estuda o belo, a natureza e a criatividade na arte.
x) Lógica (subdivide-se em lógica Estuda a formação do conceito, o raciocínio lógico e a
formal e lógica material) argumentação.
xi) Filosofia da Religião Estuda o problema de Deus e das religiões no mundo.
xii) História da filosofia Procura estudar as várias correntes ou escolas filosóficas que
foram surgindo ao longo dos tempos e o seu impacto no
pensamento e no desenvolvimento das sociedades.
Sociologia Sem ser propriamente uma ciência filosófica, a sociologia ajuda
a perceber a vida em sociedade e analisar os factos e fenómenos
sociais.

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A filosofia estuda todas estas questões supramencionadas através do método racional,
indo até às causas últimas. É uma reflexão que vai além das conceções das tradições
culturais, da fé e crenças e do saber científico. Por isso, a filosofia é a mãe de todas as
ciências. Pois, ela se ocupa de todo o conhecimento e de todas as ciências e procura
ultrapassá-las no alcance da sua reflexão. Em suma, o conhecimento filosófico ocupa-
se de tudo por meio do método racional. A filosofia é a ciência dos porquês, ela procura
indagar o princípio e o fim último de todas as coisas.

4.3. Conhecimento religioso ou teológico

O conhecimento teológico baseia-se na fé em Deus. Acredita-se num Deus Todo


Poderoso, Criador do Céu e da Terra e de tudo o que nela existe, que falou aos homens,
através de intermediários como Moisés, Abrahão, os profetas e ultimamente através
do próprio Filho, Jesus Cristo. “Havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de
muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias pelo
Filho, a quem constituiu herdeiro de tudo, por quem fez também o mundo” (Hebreus,
1, 1-2).
Este conhecimento da história de Deus e da sua influência no mundo e nos homens
constitui o conhecimento religioso ou teológico. De acordo com Rampazzo (2004, p.
23) “a teologia é uma reflexão racional e sistemática que, porém, parte dos dados da
fé, e, por isso, pressupõe a fé”.
A teologia cristã católica que é predominante em Angola e em grande parte dos países
do mundo tem o seu fundamento na Tradição Bíblica, na Bíblia, no Magistério da Igreja
e na História do Povo Santo de Deus.
O conhecimento teológico cristão tem uma veste científica no sentido de que é racional,
metódica e sistemática, basta pensar nas disciplinas de teologia dogmática, teologia
moral, ciência bíblica, história da igreja, direito canônico entre outros, contudo,
partindo sempre de um ato de fé. Neste sentido, o objeto da teologia é a fé e o método
consiste na procura da conciliação entre a fé e a razão conforme ensinava João Paulo
II, na sua obra intitulada Fides et Ratio.
Por outro lado, é preciso não perder de vista que a palavra fé não é exclusivamente
teológica e não se reduz ao âmbito religioso. A fé é uma dimensão intrínseca ao homem

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e à vida em sociedade. Vivemos e nos movemos em torno da fé. As nossas culturas
apresentam-se como um conjunto de costumes, tradições e crenças. Acredita-se no
feitiço, no poder de bênção e maldição dos mais velhos e dos mortos (antepassados).
Outrossim, acredita-se nas pessoas, nos negócios, nos contratos e não só. A boa fé é
justamente um dos princípios estruturantes do direito. E a falta dela pode indiciar a
prática de um crime. Por exemplo: agir de má fé num contrato de compra e venda ou
num contrato-promessa. Dar o dito pelo não dito.
Pode-se também afirmar que a fé está presente de alguma maneira na ciência, pois,
muitos cientistas avançam para determinados projetos de investigação acreditando
numa ideia que a priori não se pode comprovar... mas às vezes, graças a fé, os mesmos
projetos atingem níveis de sucesso inesperados. Num projeto de investigação sobre as
dificuldades de aprendizagem de computadores, Gomes (2010) escreve o seguinte:

A realização dos estudos permitiu averiguar certas convicções a fim de


edificar uma nova proposta de ensino e aprendizagem de programação.
Assim, a grande motivação deste trabalho baseou-se na crença de
podermos interferir no processo de ensino da programação com o intuito
de melhorar o panorama. Desta forma, cremos que os alunos podem ser
ajudados nas suas tarefas de aprendizagem de programação se as
condições de ensino e aprendizagem forem diferentes. Para tal, os
professores e instituições deveriam ter em consideração alguns aspectos
que consideramos relevantes, nomeadamente no que respeita à estrutura
lectiva e às características e conhecimentos dos alunos. (p. 227) (grifos
nossos).

Como se depreende deste texto a crença de que os alunos podem aprender a


programação apesar das inúmeras dificuldades que enfrentam constituiu uma mola
impulsionadora para os investigadores na realização da pesquisa sobre as dificuldades
de aprendizagem da cadeira de programação no curso de engenharia informática. Se
a fé em Deus é uma realidade tangível (S. Tomás de Aquino, S. Agostinho) a não-fé em
Deus também o é. Os ateus não acreditam na existência de Deus. Dentre eles podemos
destacar os três mestres da suspeita: Nietzsche, Marx e Freud. Não sendo o lugar ideal
para desenvolver estas ideias, a referência a estes autores serve apenas para alertar o
leitor sobre a complexidade do conhecimento religioso ou teológico no mundo.

17
4.4. Conhecimento científico

O conhecimento científico é uma conquista recente da humanidade. Ela surge no


século XVII com Galileu (1564-1642). Isto não significa que não houvesse saber
rigoroso antes de Cristo, na Antiguidade e na Idade Média. Os homens sempre
procuraram e aspiraram por um conhecimento racional que se distanciasse do mito e
do conhecimento popular ou empírico. Este conhecimento até à Idade Média era
denominado de filosofia (Rmpazzo, 2004).
À medida que algumas ciências como a matemática, a biologia, a física, a astronomia,
se foram separando da filosofia (considerada a mãe das ciências) a partir da Idade
Média, o conhecimento científico foi se consolidando com um novo método, o método
científico-experimental.
Atenção:
É preciso abandonar a falsa ideia de que a ciência é a única explicação válida da
realidade, como se fosse um conhecimento certo e infalível. Existem muitas teorias
contraditórias em qualquer tipo de ciência. Imaginem os erros de diagnósticos que são
cometidos pelos médicos, pelos professores, pelos psicólogos e dos pareceres
contraditórios entre juristas...
Portanto, a ciência é falível e contém uma série de limites que acabam por ser, de
alguma forma, a janela de oportunidade para posteriores investigações, e por isso
mesmo, a causa do constante desenvolvimento e evolução das ciências.

4.4.1. Características do conhecimento científico

Na ótica de Almeida e Freire (2007), entre as caraterísticas do conhecimento científico


podemos destacar os seguintes:
i. Objetivo: descreve a realidade como ela é ou pode ser, mesmo que falível e
apenas temporariamente correto, mas nunca como gostaríamos que fosse;
ii. Empírico: sempre baseado na experiência, nos fenómenos e factos;
iii. Racional: mais assente na razão e na lógica do que na intuição;
iv. Replicável: as mesmas condições, em diferentes locais e com diferente
experimentadores, devem replicar os resultados, ou a sua comprovação pode
ser feita por pessoas distantes e em circunstâncias diversas;

18
v. Sistemático: conhecimento organizado, ordenado, consistente e coerente nos
seus elementos, os quais formam uma totalidade coerente e integrada num
sistema mais amplo;
vi. Metódico: conhecimento obtido através de procedimentos e estratégias fiáveis,
mediante planos metodológicos rigorosos;
vii. Comunicável: conhecimento claro e preciso na sua significação, reconhecido e
aceite pela comunidade científica;
viii. Analítico: procura ir além das aparências, procura entrar na complexidade e na
globalidade dos fenómenos; e
ix. Cumulativo: conhecimento que se ensaia, constrói e estrutura a partir dos
conhecimentos científicos anteriores (p. 18).

Alves (2012), por seu lado, fala das seguintes caraterísticas do conhecimento científico:
i. Clareza: exposição clara e simples;
ii. Objetividade: evitar afirmações sem fundamentos;
iii. Consistência lógica: argumentação lógica;
iv. Economia: evitar material e informações desnecessárias, que não sustentam a
argumentação;
v. Evidência: as afirmações devem ser fundamentadas;
vi. Originalidade: inovação.

4.4.2. O método dedutivo e indutivo na produção de ciência

O método dedutivo mais usado em pesquisas quantitativas parte do geral para o


particular. Ele pertence à corrente filosófica do idealismo em despontaram Platão (com
o mundo das ideias e o mundo sensível, com o primeiro a comandar o segundo),
Descartes, Hegel, Augusto Comte e outros cientistas positivistas. Para o método
dedutivo as ideias precedem a realidade sensível. Ele postula as teorias e leis
existentes, observa e testa as hipóteses extraídas das teorias e leis para confirmá-las ou
infirmá-las. Por exemplo, num estudo experimental, uma teoria educativa é apologista
de que o rendimento das crianças desnutridas é muito inferior relativamente às
crianças nutridas. Esta teoria pode ser uma hipótese de trabalho que será testada

19
através de instrumentos, técnicas e estratégias científicas apropriadas. Pode-se
escolher um grupo de crianças desnutridas (grupo de experimento) e um grupo de
crianças nutridas (grupo de controlo). O teste consistiria em nutrir o grupo de
experimento e ver se o seu rendimento aumenta, se aproxima ou iguala o rendimento
do grupo de controlo. Portanto, graças a um procedimento dedutivo através do teste
de hipóteses se poderia confirmar ou infirmar aquela teoria.

Teorias/leis

Teste
Método Hipóteses
dedutivo

Observação

O método indutivo é comum em pesquisas qualitativas. Ele parte do particular para


o geral. Está na origem e desenvolvimento deste método científico estudiosos como
Aristóteles, Tomás de Aquino e Husserl com a sua fenomenologia. Para estes autores,
o conhecimento parte do mundo sensível que é absorvido pelo sujeito cognoscere
através dos sentidos. Trata-se de analisar a realidade enquanto fenómeno para chegar
às teorias. Usa-se muitas vezes o método indutivo em estudos exploratórios e o que se
pretende é explorar, estudar o assunto em profundidade, e chegar às leis gerais ou
teorias. Os dois métodos podem ser utilizados separadamente ou em simultâneo. As
opções dependem do objeto e dos propósitos do estudo que se pretende desenvolver.

20
Realidade
sensível

Teorias/leis Método Atividade

indutivo
gerais sensorial

Construção do
conhecimento

5. Fontes de pesquisa

Terminado o ponto sobre os vários tipos de conhecimento e assumindo que o grande


o objetivo desta obra consiste em ajudar os estudantes a elaborar o seu trabalho de fim
de curso e outros trabalhos académicos, apresentamos agora as principais fontes de
pesquisa enquanto lugares ou dispositivos que podem ser usados na recolha de
informação bibliográfica para montar um trabalho científico. No nosso entender e de
forma resumida pode-se falar hoje de duas fontes de pesquisa: a biblioteca tradicional
e a biblioteca virtual.

5.1. Biblioteca tradicional

Existem vários espaços de interesse para a vida académica dentro de uma


universidade. Um desses espaços de relevo é a biblioteca. A biblioteca (do grego
bibliothéke, do latim bibliotheka) pode ser definida como o conjunto de obras (livros,
revistas, dicionários, enciclopédias, jornais, materiais digitais incluindo vídeos e
áudios...) que se encontram devidamente ordenadas e catalogadas no sentido de
puderem ser utilizadas pelos estudantes e/ou investigadores no seu estudo e
pesquisa. A biblioteca é um acervo de livros físicos ou digitais e material afim

21
destinados para a consulta dos utentes. Os utentes no contexto universitário são
normalmente os alunos e os professores, mas em âmbito mais alargado incluem os
funcionários públicos e privados e outras pessoas ou entidades interessadas.

Relacionada com a biblioteca, hoje, tem-se falado também da mediateca. Em termos


globais não existem grandes diferenças entre as duas. Em todo caso, a biblioteca
tendencialmente lida mais com livros e material afim enquanto a mediateca para além
dos livros está muito disponibiliza para os seus utentes materiais audiovisuais e afins,
e assume-se na generalidade como um espaço cultural e de lazer para os utentes
sobretudo os mais jovens.

As bibliotecas podem ser públicas ou particulares. As bibliotecas públicas são acessíveis


a todas as pessoas. Exemplo: as bibliotecas das universidades e institutos estatais, as
bibliotecas dos ministérios e outros órgãos do governo. As bibliotecas particulares: o seu
uso por parte de terceiros depende da boa vontade dos seus proprietários. Exemplo: a
biblioteca das universidades privadas.

Para além da biblioteca geral da universidade cada faculdade pode ter a sua biblioteca
específica ou setorial, com material bibliográfico próprio dos cursos que leciona. Deste
modo, a cada faculdade ou escola corresponde uma biblioteca: biblioteca da faculdade
de economia, biblioteca da faculdade de direito, biblioteca da faculdade de psicologia,
biblioteca da faculdade de educação, biblioteca da faculdade de medicina, biblioteca
da faculdade de ciências humanas, etc.

Estrutura física da biblioteca

A biblioteca comporta vários espaços que importa conhecer para facilitar o acesso aos
seus serviços. Dentre estes espaços merecem destaque:

a) A sala de depósito. É a sala onde ficam armazenados através das várias estantes
os livros e material afim devidamente ordenados e catalogados. De salientar

22
que os livros só vão para o depósito depois de passarem pela sala de tratamento
e catalogação das obras.

b) Sala de catálogo. Nesta sala encontramos o catálogo por autor, título, assunto,
editora, ano, etc. Através do catálogo o estudante pesquisa o material
bibliográfico de que necessita para o seu estudo e/ou investigação. Este
catálogo pode ser consultado online em muitas bibliotecas do mundo.

c) Sala de consultas rápidas. Esta sala contém normalmente revistas, jornais,


enciclopédias, dicionários que devem ser consultados rapidamente em horas de
intervalo ou lazer. Não se fica muito tempo na sala ou espaço de consultas
rápidas porque há sempre mais utentes interessados neste serviço e nem
sempre há exemplares para atender a demanda.

d) Sala de leitura. Sala reservada aos estudantes e investigadores desejosos de


aprofundar determinadas matérias de interesse académico ou pessoal. Neste
espaço os utentes estão proibidos de conversar, atender o telefone ou fazer
qualquer tipo de ruído. O silêncio é a palavra de ordem. É fundamental que
respeitemos os outros que querem estudar e/ou investigar. Em muitas
bibliotecas, normalmente, esta sala é alcatifada, justamente para evitar o
barulho dos sapatos sobretudo sapatos de sola seca e as socas.

e) Área administrativa. Para além dos espaços já mencionados, a biblioteca tem


também uma área administrativa composta essencialmente pelo gabinete do
diretor da biblioteca, a secretária e a sala de tratamento e catalogação das obras.

f) Sala virtual. A biblioteca oferece a determinados utentes que não têm um


computador a possibilidade de utilizar os computadores da sala virtual para
efeitos de pesquisa e elaboração dos trabalhos académicos. Trata-se
efetivamente de uma sala equipada com computadores ligados a internet,
disponíveis para todos os estudantes sobretudo para aqueles que enfrentam
mais dificuldades na aquisição de um computador pessoal.

23
g) Zona ou sala de lazer. A biblioteca pode também ter uma zona de lazer destinada
para fumadores e outros utentes que queiram descontrair um pouco ou dar um
intervalo no seu trabalho de estudo e investigação. Este espaço pode também
oferecer serviços mínimos de bar.

Uso da biblioteca

• Leitura. Podemos usar a biblioteca para ler material diverso até de forma
descontraída sem perturbar o silêncio dos demais utentes.
• Estudo. Refere-se ao estudo aprofundado de material de interesse académico,
estudo das unidades curriculares, preparação de exames, etc.
• Investigação. Esta talvez seja a utilização mais comum da biblioteca. Afinal, o
aparato bibliográfico da biblioteca permite percorrer vários autores para
construção do conhecimento.
• Consultas rápidas. Um dos serviços prestados pela biblioteca é colocar à
disposição dos utentes informações atualizadas sobre o mundo,
particularmente, Angola, através dos jornais e revistas que devem ser
consultados com brevidade.
• Empréstimo de livros. A biblioteca normalmente empresta livros aos estudantes
e professores. Em muitos contextos universitários por falta de segurança
jurídica evita-se o empréstimo de livros aos estudantes.
• Serviço de cópias. Por último, a biblioteca pode sempre oferecer aos seus utentes
um serviço personalizado de cópias. Pois, estes sempre que o desejarem têm à
sua disposição várias máquinas copiadoras para reproduzir material
bibliográfico do seu interesse sem ultrapassar o número de páginas exigível por
causa dos direitos autorais.

5.2. Biblioteca virtual

Vivemos imersos numa sociedade moderna alicerçada nos paradigmas da ciência,


tecnologia, informação e inovação. Esta moderna sociedade não se contenta de visões

24
tradicionalistas da realidade procurando nas diversas fases da história trazer novos
modus vivendi e de interpretação que acabam por influenciar e desafiar a nossa maneira
habitual de ver e refletir a realidade. O surgimento dos computadores, smartphone e da
internet criaram um novo mundo no que a indústria livresca diz respeito. Através de
um computador ou smartphone ligados à internet podemos ter acesso a milhares de
documentos digitais úteis para desenvolver qualquer tipo de projeto investigativo.
Acresce-se ainda o facto de muitas universidades pelo mundo estabelecerem
protocolos ou contratos com empresas detentoras de grandes bases de dados ou
repertórios com vários livros e revistas científicas de top que podem ser consultados
em tempo real pelos professores e alunos.

Este novo cenário global trouxe consequências muito positivas para os investigadores
que não precisam deslocar-se, programar viagens para o exterior do país, gastar soma
avultadas com a compra de livros. Apesar de nem todos os alunos e professores
possuírem recursos financeiros para a aquisição de um computador ou smartphone
ligados à internet parece evidente que hoje o conhecimento está mais ao dispor de
todos do que no passado, não importando o espaço físico ou geográfico nem o
momento de consulta das obras.

Se o conhecimento está à disposição de todos, não é menos verdade que muitos utentes
(estudantes e pesquisadores) não conseguem encontrar o material bibliográfico que
procuram para o seu trabalho. Na verdade, a pesquisa exige uma certa
iniciação/aprendizagem que conduz os alunos a descobrir as fontes de pesquisa e dos
documentos importantes para o seu trabalho de investigação. E a falta desta iniciação
ou a falta de conhecimento e domínio das fontes bibliográficas acarreta consequências
negativas que se podem traduzir numa pesquisa científica menos conseguida. Por
outro lado, é fundamental ter algum cuidado com a seleção do material bibliográfico
numa pesquisa científica. Nem tudo serve para a nossa pesquisa científica. Devemos
selecionar os autores de referência da área, os artigos e os livros mais recentes sobre a
temática que estamos a tratar. Uma estratégia seguida por muitos autores no intuito
de tornar a bibliografia da sua investigação de reconhecido valor consubstancia-se na
tomada de decisão de utilizar só e apenas obras de Revistas indexadas.

25
6. Citações no trabalho científico

As bibliotecas de um modo geral são lugares onde podemos encontrar o material de


precisamos para desenvolver um projeto de pesquisa. É lá onde se encontram os livros
e materiais afim que depois de selecionado de acordo com o tema da nossa pesquisa
fazer um levantamento bibliográfico.
Selecionado o material podemos elaborar as filhas bibliográficas e as fichas de
conteúdo. É nestas últimas que registamos a informação (textos ou ideias) útil para a
elaboração do trabalho científico. Assim, a citação acontece quando utilizamos no
nosso Trabalho Universitário ou Trabalho Científico textos e/ou ideias extraídos da
obra de um autor. Ela tem como principal objetivo enriquecer a nossa investigação
com argumentos de trabalhos já feitos na mesma área temática por diferentes autores.
As citações podem ser de duas formas: diretas e indiretas conforme se pode ver na
figura 1.

Citação direta
curta
Citação direta
Citação direta
longa
Citação
Citação indireta
por paráfrse
Citação indireta
Citação indireta
por condensação

Figura 2 - Citação no trabalho científico

6.1. Citação direta

26
A citação direta ocorre quando transcrevemos para o nosso trabalho científico um
texto retirado da obra de um autor sem alterar as suas caraterísticas originais. Quanto
a extensão a citação pode ser curta ou longa.
De acordo com as normas da APA (7ª edição), a citação direta curta deve ter menos de
40 palavras e fica inserida no texto entre aspas duplas, com a indicação da fonte. Com
um número de 40 ou mais palavras a citação é considerada como citação direta longa.
“É inserida em parágrafo próprio (em bloco) e em espaço simples de entrelinhamento,
com recuo de 4 cm da margem esquerda, com letra menor que a do texto, sem aspas,
com a indicação da fonte de onde foi retirada.” (Cornelsen, 2012, p. 43)

Nas citações diretas ter em conta o seguinte:

i. Transcrever as palavras ou frases como no original, respeitando-se a grafia,


pontuação e destaques tipográficos,
ii. Caso o destaque tipográfico seja do autor citado, usar a expressão ‘sublinhado
do autor’[grifo do autor], após o sistema de chamada, entre parênteses,
iii. Se o destaque tipográfico for do citador, usar a expressão ‘sublinhado nosso’
[ou grifo nosso] após o sistema de chamada, entre parênteses,
iv. Substituir as aspas do trecho citado por aspas simples,
v. Usar reticências entre parênteses curvos (...) para a supressão de palavras do
texto citado,
vi. Acréscimos, interpolações ou comentários devem ser indicados entre colchetes
[ ],
vii. O ponto final de uma citação deve sempre ficar dentro das aspas,
viii. Caso o texto original apresente alguma incoerência, incorrecção ortográfica ou
gramatical, o citador deve transcrever o original tal como se apresenta e
acrescentar, imediatamente após o erro, o termo sic entre parênteses (Cornelsen,
2012, p. 43).

Exemplo de citação direta curta


“Uma investigação inicia-se sempre pela definição de um problema” (Almeida & Freire,
2007, p. 35).

27
Exemplo de citação direta longa

O setor do ensino superior lida com a tarefa simultaneamente desafiadora e


estimulante de criar oportunidades estruturadas de aprendizagem e de
desenvolvimento académico, profissional e pessoal àqueles que constituirão
um grupo importante dos recursos humanos e a elite social e intelectual das
sociedades. Dadas as mudanças significativas ocorridas nos últimos anos no
mundo económico e social, é desejo de muitos que a educação superior
concorra de modo mais efetivo para o desenvolvimento de uma cultura
científica, equipe os jovens adultos com competências pessoais e de
participação social e estabeleça relações mais estreitas e explícitas com o
mudo do trabalho profissional. (Taveira, 2000, p. 51)

6.2. Citação indireta

Acontece quando transcrevemos para o nosso trabalho científico ideias retiradas da


obra de um autor. Diferente da citação direta aqui na citação indireta reproduzimos
no nosso trabalho científico apenas a(s) ideia(s) da obra do autor e não o texto original
com todas as suas caraterísticas. Dito de outro modo, na citação indireta transcrevemos
para o trabalho científico a(s) ideia(s) da obra de um autor utilizando as nossas
próprias palavras.
Não é fácil fazer uma citação indireta, porque, primeiro, temos de ler bem o texto e o
contexto do autor, interpretar as ideias do autor, tentar perceber quais são realmente
as ideias as suas, e só depois poderemos colocar as mesmas no nosso trabalho
científico. No entanto, a grande chamada de atenção que fazemos aqui é a de que o
citador nestes casos deve ser fiel ao pensamento ou às ideias do autor contidos na sua
obra sob pena de referir algo que o autor não disse. O que seria um contrassenso ou
desvirtuamento do pensamento do autor. Por isso, todo cuidado é pouco ao fazer-se
uma citação indireta.

Segundo Cornelsen (2012), a citação indireta pode ser apresentada de duas formas: por
paráfrase e por condensação.

28
A citação indireta por paráfrase permite expressar a ideia do autor mantendo a citação
praticamente com o mesmo número de palavras que o original. Normalmente, ocorre
quando se transforma uma citação direta curta em citação indireta.

A citação indireta por condensação acontece quando se extrai de uma obra com várias
páginas, parágrafos ou frases uma ou mais ideias por meio de uma síntese. Se é comum
fazer-se a citação indireta por paráfrase com textos mais curtos na citação indireta por
condensação usamos textos mais longos.
Quer na citação indireta por paráfrase quer na citação indireta por condensação pode-
se citar vários autores que referem a(s) mesma(s) ideia(s) no(s) seu(s) trabalho(s). Para
conseguir fazer esse tipo ligação entre os autores é necessário ler e interpretar
convenientemente os vários autores para perceber em que aspetos ou ideias eles
coincidem.

Exemplo de citação indireta por paráfrase


Toda investigação começa sempre com o levantamento de um problema (Almeida
& Freire, 2007).

Exemplo de citação indireta por condensação


Quer o insucesso escolar, quer o abandono escolar, colocam-nos, de alguma forma,
perante o problema das desigualdades sociais existentes no sistema educativo e de
maneira ainda mais profunda diante da questão da origem e diversidade
sociocultural dos alunos (Weil, 2000; Cavaco, 2015).

6.3. Citação de citação

Para além das citações de acabamos de ver (citação direta e indireta) pode-se também
colocar no trabalho científico citação de citação.

A citação de citação pode ser considerada como a reprodução de um ou mais textos


ou ideias já citados na obra de um autor. Portanto, quando se transcreve para o nosso

29
trabalho científico uma informação ou ideia que um outro autor citou na sua obra
fazemos uma citação de citação.

A citação de citação pode ser direta (curta ou longa) e pode ser indireta (por paráfrase
ou por condensação).

Exemplo de citação de citação direta curta


A missão do Estado-Educador é “manter [através da escola] uma certa moral e certas
doutrinas que importam à sua conservação” (Discurso de Ferry em Junho de 1879
apud Lelièvre, 1999, p. 56).

Porém, aconselha-se a evitar esse tipo de citações porque retiram alguma qualidade ao
trabalho científico na medida em que acabamos por citar obras que não lemos e, às
vezes, nem conhecemos, não tendo uma perceção mais aprofundada das ideias do
autor e do contexto da obra citada. O melhor será sempre consultar a obra original e
citá-la diretamente. Sobretudo em trabalhos de mestrado e doutoramento desencoraja-
se a utilização de citação de citação.

6.4. Citação de mais de uma obra do mesmo autor do mesmo ano

“Acrescentar, na remissão, letras minúsculas, a partir da letra (a) após o ano de


publicação, intercalado por vírgula” (Traldi & Dias, 2011, p. 93).

Exemplo:
Fernandes (2001a, 2001b, 2001c, 2001d) considera que...
Ou
Fernandes (2001c) afirma que...

7. Fichas bibliográficas e fichas de conteúdo


7.1. Conceito de ficha

30
Fisicamente, uma ficha, no contexto da metodologia de investigação, é um pedaço de
papel ou de cartolina, de formato retangular, destinado ao registo, armazenagem e
manuseamento de informações.
Na atividade académica usamos dois tipos de fichas: a ficha bibliográfica e a ficha de
conteúdo.
- A ficha bibliográfica serve para registar as referências bibliográficas de uma obra:
Autor, ano, título da obra (edição se não for a 1ª), cidade, editora.
- A ficha de conteúdo serve para escrever o conteúdo de uma obra que seja do interesse
do nosso estudo ou investigação. O conteúdo pode ser uma citação ou uma referência
(paráfrase).
Hoje as fichas ou ficheiros são guardados também no computador.

7.2. A configuração física da ficha bibliográfica

A ficha bibliográfica é retangular. Normalmente usam-se fichas de tamanho A7.


Designação de formato de papel. A4, A5, A6, A7; A3 é o dobro de A4…
Exemplo de ficha bibliográfica A7

Almeida, L. & Freire, T. (2007). Metodologia de investigação em


psicologia e educação (4ª ed.). Braga: Psiquilíbrios edições.

7.3. A configuração física da ficha de conteúdo

A ficha de conteúdo tem um formato retangular. Normalmente usam-se fichas de


tamanho A6.
Exemplo de ficha de conteúdo A6

31
Fernandes, S. A. (2001). O insucesso escolar. In E. L. Pires, A. S.
Fernandes & J. Formosinho (Ed.), A construção social da educação
escolar (3ª ed., pp. 187-213). Porto: Asa.

“Se é relativamente fácil encontrar alguns indicadores visíveis do insucesso


escolar, mais complicada é a questão de analisar as causas e a natureza deste
fenómeno” (p. 187).

7.4. Tipologia de fichas bibliográficas

• Ficha bibliográfica de catálogo (Biblioteca)


• Ficha bibliográfica de seminário
• Ficha bibliográfica pessoal (uso pessoal)

8. Plágio e autoplágio

O plágio ocorre quando se copia e se coloca no trabalho científico uma ideia ou um


texto de outro autor sem a devida citação. É a apropriação indevida do pensamento
ou da obra de um outro autor. Portanto, por uma questão de honestidade intelectual e
académica não devemos escrever no nosso trabalho científico ideias ou textos, sejam
eles curtos ou longos, sem a devida indicação da fonte dessa informação.

O autoplágio por sua vez traduz-se na reprodução no trabalho científico de uma ideia
ou texto já publicado pelo próprio autor numa obra anterior sem a devida referência a
esta mesma obra.

O plágio pode ser:


a) integral – a cópia ou reprodução de uma obra completa.
b) parcial – a cópia ou reprodução de frases ou parágrafos de uma obra sem citar a
fonte.
c) conceptual – utilização das ideias da obra de outro autor expressando-as de forma
um pouco diferente sem citar a fonte.

32
Quer o plágio quer o autoplágio constituem uma fraude académica grave estando em
rota de colisão com os princípios da ética na investigação científica e rutura total com
os padrões internacionais de qualidade. Isto quer dizer que um trabalho feito no
âmbito universitário, plagiado, não tem qualidade e nem tem nenhum valor científico.
Se for uma monografia, uma dissertação de mestrado ou uma tese de doutoramento
pode haver lugar para anulação do trabalho por fraude.

Nesta senda de ideias, temos vindo a insistir e apelar os alunos universitários, nas salas
de aulas, para que tenham uma atitude de respeito pelo pensamento e obra de outros
autores. Não temos o direito de nos apropriarmos daquilo que não nos pertence.

A Declaração dos Direitos do Homem, no seu artigo 27º, n.º 2 defende que “todos têm
direito à proteção dos interesses morais e materiais ligados a qualquer produção
científica, literária ou artística da sua autoria”. Portanto, em nome dos direitos do autor
fica vedada toda e qualquer tentativa de plágio e autoplágio.
De acordo com a Unesco (1991), “todo indivíduo pode (...) reivindicar o
reconhecimento da sua qualidade de autor de uma dada obra, por exemplo em caso
de plágio, se um terceiro se atribuir indevidamente a paternidade” (p. 32).

Ver também a Lei dos Direitos de Autor, art.º 31º e 32º.

9. Elaboração das referências bibliográficas (Normas APA 7ª ed.)

9.1. Elementos que constam na bibliografia

Autor (Apelido, nomes), ano, título e subtítulo, número do volume (obras com vários
volumes) (número de edição caso não seja a 1ª). Cidade de edição: Editora.

Exemplo:

33
Azevedo, M. (2008). Teses, relatórios e trabalhos escolares: Sugestões para estruturação da
escrita (6ª ed.). Lisboa: Universidade Católica Editora.

9.2. Normas para elaboração de uma bibliografia

Para a elaboração de qualquer bibliografia deve-se ter em conta duas regras básicas:
a ordem e a coerência:

a) Ordem

A bibliografia segue a ordem alfabética. Esta regra é muito importante porque ajuda a
localizar facilmente o(s) autor(es) das obras nas referências bibliográficas. Aqui
também é mister recordar que nenhum autor deve estar na bibliografia sem ter sido
citado ao longo do texto ou trabalho de investigação.

Exemplo:

Azevedo, M. (2008). Teses, relatórios e trabalhos escolares: Sugestões para estruturação da


escrita (6ª ed.). Lisboa: Universidade Católica Editora.

Bastos, L. R. et al. (2013). Manual para a elaboração de projetos e relatórios de pesquisas, teses,
dissertações e monografias (6ª ed.). Rio de Janeiro: LTC.

Bell, J. (1997). Como realizar um projecto de investigação: Um guia para a pesquisa em ciências
sociais e da educação. Lisboa: Gradiva.

Cornelsen, J. M. (2012). Escrever... com normas: Guia prático para elaboração de trabalhos
técnico-científicos. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra.

b) Coerência

De acordo com esta regra da coerência devemos seguir o mesmo padrão para todas as
referências bibliográficas.

34
Exemplo de uma bibliografia incoerente:

AZEVEDO, M. (2008). Teses, relatórios e trabalhos escolares: Sugestões para


estruturação da escrita (6ª ed.). Lisboa: Universidade Católica Editora.

Bastos, L. R. et al. (2013). “Manual para a elaboração de projetos e relatórios de pesquisas,


teses, dissertações e monografias” (6ª ed.). Rio de Janeiro: LTC.

BELL, J. (1997). Como realizar um projecto de investigação: Um guia para a pesquisa


em ciências sociais e da educação. Lisboa: Gradiva.

Cornelsen, J. M. Escrever... com normas: Guia prático para elaboração de trabalhos técnico-
científicos. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2012.

Estas referências não respeitam a regra da coerência porque os nomes algumas vezes
aprecem com maiúsculas e outras vezes com minúsculas. Seguindo as Normas da
APA, o correto é escrever o sobrenome do autor com minúsculas, exceto obviamente
a primeira letra do sobrenome (Ex. Fernando). Os títulos e subtítulos umas vezes
aparecem com letras normais, outras vezes com o itálico e outras ainda com o negrito.
Seguindo as Normas da APA, o correto é escrever o título e subtítulo em itálico e sem
aspas.

9.3. Grafia
• Autor: sobrenome em minúsculas e o(s) nome(s) abreviados (e.g. Afonso, S. D.)
• Título e subtítulo: em itálico
• Demais elementos: em escrita corrente (cursivo)

Exemplo:

Azevedo, M. (2008). Teses, relatórios e trabalhos escolares: Sugestões para estruturação da


escrita (6ª ed.). Lisboa: Universidade Católica Editora.

35
9.4. Interpontuação

- Entre o sobrenome e o(s) nome(s) insere-se uma vírgula (,)


- Depois do nome segue imediatamente o ano de publicação da obra entre parentes
(2016) e depois coloca-se um ponto (.)
- Entre o título e o subtítulo coloca-se dois pontos (:)
- Os restantes elementos vêm separados por vírgula (,)
- No fim colocamos um ponto (.)
Exemplo:

Azevedo, M. (2008). Teses, relatórios e trabalhos escolares: Sugestões para estruturação da


escrita (6ª ed.). Lisboa: Universidade Católica Editora.

9.5. Diversos tipos de obras quanto ao autor

9.5.1. Obras de um só autor

Azevedo, M. (2008). Teses, relatórios e trabalhos escolares: Sugestões para estruturação da


escrita (6ª ed.). Lisboa: Universidade Católica Editora.

Bardin, L. (2008). Análise de conteúdo (4ª ed.). Lisboa: Edições 70.

Citação no início ou citação narrativa

Citação no final

9.5.2. Obras de dois autores

Almeida, L., & Freire, T. (2007). Metodologia de investigação em psicologia e educação (4ª
ed.). Braga: Psiquilíbrios edições.

36
Alba, N., & Porlán, R. (2017). Capítulo 2: La metodologia de enseñanza. In R. Porlán,
J. Vázquez, E. Solís, R. M. Del Pozo, J. A. Pineda, O. Duarte, ... J. A. Herrera
Martín (Coords.), Enseñanza universitaria (pp. 37-53). Madrid: Morata.

Bourdieu, P., & Passeron, J.-C. (1964). Les héritiers: Les étudients et la culture. Paris:
Éditions de Minuit.

Quivy, R., & Campenhoudt, L. (2003). Manual de investigação em ciências sociais. Lisboa:
Gradiva.

9.5.3. Obras de três ou mais autores

Gauthier, C. et al. (2013). Enseignement explicite et réussite des élèves: La gestion des
apprentissages. Québec: ERPI.
Abreu, M. V. et al. (1983). Da prevenção do insucesso escolar ao desenvolvimento
interpessoal. Revista Portuguesa de Pedagogia, 17, 143-170.

9.5.5. Autor-instituição

Ministério do Ensino Superior (Angola). (2014). Anuário estatístico 2014. Luanda:


Gabinete de estudos, planeamento e estatística.

Ministério do Ensino Superior (Angola). (2015). Quadro actual de legalidade dos cursos de
graduação ministrados nas instituições do ensino superior públicas e privadas. Luanda:
Centro de Documentação e Informação do Ministério do Ensino Superior.

9.5.6. Obras sem autor

Dicionário da língua portuguesa (2013). Porto: Porto Editora.

Constituição da República de Angola (2010).

Lei n.º 17/16 de 8 de Outubro (Lei de Bases do Sistema de Ensino e Educação)

37
9.6. Diversos tipos de obras quanto a natureza

9.6.1. Coletânea (referência de parte da obra)

A coletânea é das obras mais complexas na elaboração de referências bibliográficas.


Uma coletânea contém várias obras menores que podem corresponder a um capítulo
ou um artigo, sendo que cada um deles tem o(s) seu(s) próprio(s) autor(es). Ao
elaborar esse tipo de referência devemos ter em conta:

a) que os autores do capítulo ou artigo aparecem logo no início da referência, seguido


do ano de publicação da obra, o título do capítulo ou artigo, e só depois disto segue o
editor ou editores da coletânea (tida aqui como a obra maior na qual estão contidas
várias obras menores);

b) neste tipo de obras fica em itálico o título da obra maior e não o título do capítulo ou
parte da obra que podemos também chamar de obra menor.

Exemplo:

Afonso, A. J. (2011). Capítulo 5: Questões polémicas no debate sobre políticas


educativas contemporâneas: O caso da accountability baseada em testes
estandardizados e rankings escolares. In M. P. Alves & J.-M. de Ketele
(Orgs.), Do currículo à avaliação, da avaliação ao currículo (pp. 83-101). Porto:
Porto Editora.

Alarcão, I. (2000). Para uma conceptualização dos fenómenos de insucesso/sucesso


escolares no ensino superior. In J. Tavares & R. Santiago (Orgs.), Ensino
superior: (in)sucesso académico (pp. 13-23). Porto: Porto Editora.

9.6.2. Dicionários de especialidade

Carvalho, A. D. (2006). Dicionário de filosofia da educação. Porto: Porto Editora.

38
Petot, J.-M. (2001). Insucesso (neurose de). In R. Doron & F. Parot (Dir.), Dicionário de
Psicologia (p. 428) (Gabinete de Tradução da Climepsi Editores, Trad.). Lisboa:
Climepsi.

9.6.3. Artigos de revista

Aguiar, S., & Barroso, J. (2015). La triangulación de datos como estrategia en


investigación educativa. Revista de Medios y Educación, 47, 73-88.

Tumbula, S. H. & Costa, J. A. (2010), Culturas organizacionais e liderança nas escolas:


A direção por valores. Revista Portuguesa de Investigação Educacional, 9, 193-204.

9.6.4. Artigos de jornais

Soares, M. N. (1990, Dezembro 23). Comunicado aos eleitores. O Público, pp. 1-3, 7, 32.

9.6.5. Monografias, dissertações e teses

António, I. M. (2013). A ética nos serviços públicos em Luanda. (Monografia).


Universidade Católica de Angola - Faculdade de Ciências Humanas, Luanda,
Angola.

Cortez, R. J. V. (2020). O papel do psicólogo nos cuidados paliativos: Uma revisão sistemática.
Universidade do Porto – Faculdade de Medicina, Porto, Portugal.

Tumbula, S. H. (2010). Culturas organizacionais e liderança nas escolas: A direção por valores
em estudo de caso. (Tese de Mestrado). Universidade Católica Portuguesa –
Faculdade de Educação e Psicologia, Lisboa, Portugal.

Tumbula, S. H. (2020). O (in)sucesso escolar no 1º ano dos cursos de licenciatura em


engenharia em Angola: Realidades, complexidades e possibilidades segundo a perceção
de professores e alunos. (Tese de Doutoramento). Universidade Católica
Portuguesa – Faculdade de Educação e Psicologia, Porto, Portugal.

39
Trigo, M. L. (2012). Preparação académica, estatuto sociocultural, abordagens à aprendizagem
e envolvimento académico: Fatores de um modelo explicativo do rendimento académico
no primeiro ano da universidade. (Tese de Doutoramento). Universidade do Minho
- Instituto de Educação, Braga, Portugal.

9.6.6. Legislação

Constituição da República de Angola de 2010


Lei 17/16 de 7 de Outubro (Lei de Bases do Sistema Educativo)

9.6.7. Documentos do Magistério da Igreja Católica

Catecismo da igreja católica. (1993, 3ª ed.). Petrópolis: Vozes.

Jean Paul II (1988). Constitution apostolique Pastor bonus. In ASS (841-930), vol. 80.

Vatican II (1967). Constituição dogmática Lumen Gentium. In Concile oecuménique


Vatican II. Constitutions, Décrets, Déclarations. Paris: Centurion.

9.6.8. Documentos eletrónicos

Adelman, C. (1999). Answers in the tool box: Academic intensity, attendance patterns, and
bachelor's degree attainment. Washington, D.C.: Office of Education Research and
Improvements, U.S. Department of Education.
https://files.eric.ed.gov/fulltext/ED431363.pdf

Almeida, A., & Vieira, M. (2008). Insucesso escolar: O caso das transições para o ensino
superior. Actas do Congresso da Associação Portuguesa de Demografia (pp. 1-15).
https://slidex.tips/download/insucesso-escolar-o-caso-das-transioes-para-o-
ensino-superior-actas-do-congresso

9.7. Abreviaturas na lista das referências bibliográficas

40
Abreviaturas Partes de livros e outras
publicações
ed. edition (edição)

Ed. Rev. Revised edition (edição revisada)

2ª ed. second edition (segunda edição)

Ed. (Eds.) Editor(s) (editor[es])

Trad. (trads.) Translator(s) (tradutor[es])

n.d. (s.d.) no date (sem data)

p. (pp.) page(s) (página[s])

Vol. Volume [como em Vol. 4]

Vols. Volumes [como em Vols. 1-4]

Nº Number (número)

Pt. Part (parte)

Rel. Tec. Technical Report (relatório técnico)

Supl. Supplement (suplemento)

9.8. Outras abreviaturas

Um editor (Ed.) Dois ou (Eds.)


mais

Um (Org.) Dois ou mais (Orgs.)


organizador

Um (Coord.) Dois ou mais (Coords.)


coordenador

Um (Comp.) Dois ou mais (Comps.)


compilador

41
Um diretor ou Dir. Dois ou mais Dirs.
sob direção diretores
de...

Exercícios práticos
1. Escolher um tema sugestivo e pertinente na sua área de formação.
2. Procurar na biblioteca física e em bases eletrónicas de dados obras relacionadas com
o tema escolhido.
3. Produto final: elaborar uma lista com as referências bibliográficas de 10 obras
relacionadas com o tema escolhido.
N.B. As referências bibliográficas deverão estar redigidas segundo as Normas da APA
da 7ª edição.

10. Tipologia de trabalhos científicos


10.1. Resumo

O resumo “é a contracção de um texto, mantendo a ordem de sequência das suas ideias


e o sistema de enunciação, reformulando o discurso e salvaguardando uma rigorosa
objectividade” (Soares, 2001, p. 11).
O resumo é também a apresentação concisa, do conteúdo de um artigo, livro, etc., a
qual, precedida de sua referência bibliográfica, visa esclarecer o leitor sobre a
conveniência de consultar o texto original (Dicionário de Língua Portuguesa, 1999, p.
1757).

Procedimentos a respeitar quando se faz um resumo:

i) Conservar a ordem sequencial das ideias.


ii) Salvaguardar o sistema de enunciação.
iii) Reformular o discurso sem tomar posição
iv) Proscrever as fórmulas do tipo “O autor pensa que...; mostra que...”.
v) Não copiar frases integrais do texto.

42
vi) Respeitar o número de palavras pedido (Soares, 2001).

10.2. Recensão

Recensão é a apreciação breve de um livro ou de um escrito; pode ser ainda a resenha


crítica de uma obra (O Dicionário de Língua Portuguesa, 1999, p. 1717).
Na recensão apresenta-se o conteúdo da obra seguida de uma crítica sobre as
principais ideias da obra.
“Uma recensão consiste na apresentação de uma obra, referindo aspetos positivos da
mesma e, eventualmente, considerados menos positivos. Para a realização de uma
recensão, o leitor deve fazer uma leitura muito atenta da obra em apreço, no sentido
de poder fazer a referida avaliação” (Alves, 2012, p. 27).

Elementos a ter em conta na elaboração de uma recensão:

i. Identificação da obra (título da obra, autor, local de edição e editora, ano de


edição, tradutores)
ii. Características do livro (número de páginas, peso, cor, estilo de
argumentação...)
iii. Conteúdo – deve incluir uma explicação objetiva do assunto. A exposição dos
conteúdos deve ser feita pela ordem da obra, assim como referir o contributo
da mesma dentro da área em que se enquadra. Deve incluir ainda o ponto de
vista do leitor da obra (recenseador), apresentando de forma sucinta os pontos
de concórdia ou discórdia com o autor e a sua justificação. Esta avaliação passa
pela análise do conteúdo, estrutura, apresentação gráfica, entre outros aspetos.
Normalmente as recensões são publicadas em periódicos.

10.3. Trabalhos das unidades curriculares

São os trabalhos realizados no âmbito de cada disciplina curricular ao longo do curso


de licenciatura. Esses trabalhos, desde o primeiro ano universitário, devem ser feitos

43
com rigor científico, cumprindo todos os requisitos (na forma e na matéria) e as etapas
de elaboração de uma investigação científica.
Os trabalhos das unidades curriculares são feitos individualmente ou em grupo.
Normalmente, são trabalhos de poucas páginas (1, 2, 3... 15 páginas no máximo), em
que o principal objetivo é incutir nos alunos um espírito e uma cultura de investigação
científica, onde o aluno emerge como protagonista da sua própria formação.
O estudante deve seguir as normas da metodologia científica, de um modo geral, e as
orientações do professor da unidade curricular.

10.4. Trabalhos de fim de curso: Monografia, Dissertação e Tese

a) Monografia

Trata-se da monografia que os estudantes universitários devem elaborar e defender,


publicamente, como requisito para obtenção do grau de licenciado. Este género de
trabalho visa essencialmente:
i. Averiguar as competências dos estudantes na sistematização de teorias de
vários autores sobre um assunto num determinado ramo do saber.
ii. Ver até que ponto o estudante domina as técnicas, instrumentos e
procedimentos de condução e realização de uma pesquisa científica.

Características da monografia:
§ Trabalho escrito, sistemático e completo
§ Tema específico ou particular de um ramo do saber ou parte dela
§ Estudo pormenorizado e exaustivo, abordando vários aspetos e ângulos do
assunto em análise
§ Tratamento extenso em profundidade, mas não em alcance, nesse caso é
limitado
§ Utilização rigorosa dos procedimentos metodológicos
§ Contribuição significativa para a ciência (Markoni & Lakatos, 2003, p. 235).

b) Dissertação

44
A dissertação de mestrado já é um pouco mais complexa que o trabalho de fim de
curso de licenciatura, não fosse pelo número de páginas. Sendo o mestrado orientado
para a especialização, a dissertação deve trazer alguma novidade científica. Neste
sentido, ela exige uma pesquisa mais profunda e rigorosa de revisão de literatura e
estudo empírico.
Normalmente, o estudante é acompanhado por um Professor Doutor que acompanha
todos os trabalhos de investigação e, no final, após a defesa, é comum os dois
publicarem um artigo científico conjunto sobre a mesma dissertação do mestrado.

c) Tese

O doutoramento é reservado a estudantes que revelam uma grande inclinação para a


investigação de alto nível de exigência académica, basta olhar para as médias exigidas
no acesso a este nível de estudos nas mais diversas universidades do mundo.
Mais do que trazer alguma novidade científica, a tese de doutoramento distingue-se
dos trabalhos de fim do curso e da dissertação de mestrado pelo seu elevado grau de
originalidade científica.
Como acontece com a dissertação de mestrado, os resultados da tese de doutoramento
devem ser divulgados através da publicação de artigos de revistas e livro (s).
A elaboração da tese de doutoramento pode durar 2 à 4 anos, sem contar o ano de
frequência da parte curricular.
Tendo em conta a complexidade e a extensão da tese de doutoramento, o seu
financiamento é assegurado, geralmente, pelo Estado ou outras entidades interessadas
na pesquisa, através de bolsas de estudo.

10.5. Comunicação científica

Comunicação é a exposição oral ou escrita sobre determinado assunto (Novo Aurélio


Século XXI: O Dicionário de Língua Portuguesa, 1999, p. 517).
Trata-se de informações apresentadas em conferências, congressos, simpósios,
seminários internacionais ou não e que podem ser publicadas posteriormente em atas

45
ou revistas científicas. É comum as universidades organizarem esse tipo de eventos
para partilhar o conhecimento que nelas se produz.
A comunicação normalmente tem a seguinte estrutura:
Introdução
Desenvolvimento
Conclusões
Referências bibliográficas

10.6. Artigos de revista

O artigo de revista é um meio de divulgação de conhecimento científico. O


conhecimento produzido pelos cientistas responde a uma série de questões e
problemas levantados e vivenciados pelas pessoas e pelas nossas sociedades e, por
isso, deve ser partilhado com a comunidade humana para que a vida em sociedade
faça mais sentido para todos.
Cada revista estabelece as condições de edição e aceitação dos artigos científicos que
lhe são propostos. Cabe a ela a última palavra para a publicação do artigo ou não.
O artigo científico tem normalmente a seguinte estrutura:
• Título
• Resumo (+ de 100 palavras) e palavras chave,
• Abstract (resumo em inglês, seguido das palavras chave)
• Introdução
• Metodologia
• Resultados e discussão
• Conclusões

11. Etapas da elaboração do trabalho científico (Monografia, dissertação, teses)


11.1. Escolha do tema

§ Trata-se de encontrar um tema sugestivo, com pertinência teórica e prática para


a ciência e para a sociedade de um modo geral. Ao formular-se o tema deve-se

46
pensar na utilidade social do tema, ver até que ponto o mesmo trará um avanço
ou novidades para aquele domínio científico. O grande objetivo de uma
investigação científica é levantar um problema (real e útil para o
desenvolvimento da sociedade) e procurar encontrar a solução correspondente.
A solução nem sempre é definitiva. O que se pretende com a investigação é ir
desvendando pouco a pouco uma realidade ou fenómeno complexo seja ele
muito ou pouco estudado.
§ O tema deverá estar ligado necessariamente a um domínio científico.
§ A escolha do tema pode ser uma das etapas mais difíceis da elaboração do
trabalho científico, mas é fundamental que desde o início da investigação
tenhamos um tema bem definido. Para isso, precisamos escolher bem as
palavras que constituem o tema. O tema deve ser curto, claro, conciso e concreto
(CCCC).
§ O tema torna-se claro quando a partir dele consegue-se vislumbrar a
problemática, os participantes do estudo e provavelmente o campo de estudo.

Por exemplo:

Tema: O insucesso escolar no 1º ano dos cursos de licenciatura em Angola: Realidades,


complexidades e possibilidades segundo a perceção dos professores e alunos.

Problemática: o insucesso escolar no 1º ano dos cursos de engenharia em Angola


Participantes do estudo: professores e alunos
Campo de estudo: Universidade(s) de Angola

11.2. Definição da pergunta de partida e objetivos da investigação

No sentido de tornar o tema ainda mais claro, precisa-se definir com clareza uma
pergunta de partida que pode desembocar em tantas outras questões de investigação
ou hipóteses, correspondendo cada uma delas a um objetivo específico de
investigação. A pergunta de partida ou o problema de investigação constitui o cerne
de uma investigação. Investiga-se para responder a perguntas que necessitam de uma
solução.

47
Exemplo:

- Quais são os fatores que influenciam o insucesso escolar dos alunos no primeiro
ano da universidade em Angola?

§ Formulada a questão de partida segue-se a definição dos objetivos da


investigação, nomeadamente, o objetivo geral e os objetivos específicos.
§ Às vezes a escolha do tema só se torna evidente após uma rápida resenha
bibliográfica, que permitirá saber o estado de arte da questão de investigação.
Isso faz todo sentido na medida em que só depois de ler vários autores que
escreveram sobre o tema escolhido seremos capazes de identificar os avanços,
sombras, lacunas e recuos na investigação de um determinado tema.

11.3. Escolha do orientador

Consoante o grau de complexidade do trabalho científico (monografia de licenciatura,


dissertação de mestrado, tese de doutoramento), o orientador desempenha um papel
crucial no desenrolar e no sucesso da investigação. Por isso, o orientador deve ser
escolhido de acordo com alguns critérios:
i. Ser especialista na área de estudos em que o investigador pretende desenvolver
a sua investigação,
ii. Ser um especialista de reconhecida competência,
iii. Disponibilidade para orientar o trabalho
iv. Ser uma pessoa de trato fácil,
v. É sempre bom que haja uma empatia entre o orientador e o investigador/
orientando.

Uma questão importante: Quem deve escolher o orientador? O orientador é escolhido


pelo aluno ou pela Universidade?
Esta questão tem gerado alguma polémica nas universidades angolanas. Na maior
parte dos casos entre nós cada estudante escolhe o seu orientador. Quando isto

48
acontece corre-se o risco de alguns alunos ficarem sem orientadores porque
dependendo do ano e do número de estudantes nem sempre os orientadores (que só
podem ter 5 orientandos no máximo) são suficientes para que cada aluno consiga ter
o seu orientador.
É prática em algumas universidades africanas e europeias ser a própria instituição de
ensino superior a escolher o orientador. Neste caso, cada estudante pode indicar três
nomes por ordem de preferência para que a universidade indique o orientador tendo
em conta a área ou linhas de investigação de cada professor.
O orientador deve trabalhar com o aluno essencialmente os aspetos sobre a
problemática escolhida e sobre os aspetos técnicos que envolvem a metodologia do
trabalho científico. É importante referir isto porque muitos estudantes podem pensar
que o orientador é também o corretor do trabalho em termos de língua portuguesa, o
que não é verdade. Para as questões de correção do texto e outros aspetos gráficos cada
estudante deve procurar um amigo crítico (uma pessoa formada que lê e corrige o
trabalho) ou mesmo uma empresa para que se ocupe destes detalhes gráficos do
trabalho científico. Deste modo, aproveita-se melhor o tempo do orientador que deve
ser dedicado à leitura e compreensão das diferentes teses defendidas no trabalho,
discuti-las com o estudante, aprofundar a bibliografia quando for necessário, e ajustar
as questões técnicas e metodológicas da investigação.
Por outro lado, é sempre possível e em qualquer momento pedir a substituição do
orientador por incompatibilidades de vária ordem (falta de tempo da parte do
orientador, falta de alinhamento entre estudante e orientador relativamente ao tema
escolhido e ao tipo de abordagem metodológica entre outros), assim como o orientador
também pode desistir do estudante pelos mesmos motivos ou outros. A Faculdade/
Departamento no âmbito da sua gestão dos trabalhos finais deverá estar preparada e
precavida para eventuais situações de conflito e desalinhamento através do seu
Regulamento de Elaboração dos Trabalhos Finais ou do seu Conselho Científico.
Uma última palavra sobre o orientador, este exerce um grande papel no
desenvolvimento do trabalho final, mas o verdadeiro artífice do trabalho final é o
estudante. Por mais que argumentemos o contrário, o estudante é insubstituível e o
sucesso da realização de todo o processo de investigação e da redação do trabalho final
dependem grandemente do seu envolvimento intelectual e emocional. Salvo situações

49
estranhas em que o orientador se transforma num grande obstáculo ao avanço do
trabalho científico do estudante porque não o acompanha, não lê atempadamente os
materiais que lhe são enviados pelo estuante, retarda a aprovação dos instrumentos
de recolha de dados, enfim, quando o professor não se predispõe a dar um feedback
regular e frequente ao estudante relativamente às matérias relacionas com o trabalho
científico de fim de curso. Este comportamento do orientador para além de configurar
falta de profissionalismo é também anti-ético e contraproducente para o estudante a
comunidade científica local e universal.

11.4. Levantamento bibliográfico

Depois de definir o tema, os objetivos gerais e específicos da investigação, há toda uma


necessidade de procurar na biblioteca tradicional e na biblioteca virtual o material
pertinente sobre a temática escolhida. É o que chamamos de levantamento
bibliográfico.
Existem autores de referência no assunto que não devem ser negligenciados, sob pena
de sacrificar a pertinência teórica do trabalho.
Normalmente, no início do trabalho científico de fim de curso os estudantes não estão
muito rotinados para a pesquisa científica em profundidade. É comum muitos alunos
afirmarem que não encontram material apropriado para desenvolver a sua
investigação. Talvez não seja tanto a falta de material, mas sim falta de conhecimento
das bases de dados, falta de destreza, prática e hábitos de pesquisa. Neste sentido é
importante que o orientador, sendo um especialista na área de investigação, ajude e
ensine o aluno a localizar as bases de dados necessárias e pertinentes para a
prossecução do trabalho de investigação.
Hoje existem bases eletrónicas de dados como o RCAAP (Repositórios Científicos
Abertos de Portugal), a ERIC (Education Resurces Information Center), PUBMED
(Motor de buscas de artigos científicos em biomedicina), SCOPUS (Banco de dados de
artigos para Revistas Científicas, WEB OF SCIENCE (Base de dados multidisciplinar),
SciELO (Scientific Electronic Library Online) entre outros que facilitam a busca de
bibliografia científica de grande relevância para a realização de trabalhos científicos.

50
É recomendável que nesta fase de levantamento bibliográfico o estudante faça uma
lista com diferentes obras (desde livros, artigos científicos, etc.) ou organize um
ficheiro (fichas bibliográficas) por autor, tema, título ou assunto que permita ter uma
visão a la longue das prováveis obras necessárias para a elaboração do trabalho de
investigação. Quanto mais extensa for esta lista/ ficheiro melhor, pois, deste modo,
poder-se-á aos poucos ir selecionando o material crucial da pesquisa usando a técnica
do parafuso ou a técnica do funil. Apesar da largueza do funil convém, desde o início,
não perder tempo a recolher e alistar material que dificilmente será útil para o
trabalho. A regra de ouro é não perder tempo com aquilo que não serve ou não servirá
os interesses e objetivos da pesquisa.
Uma vez que nos certificamos de que existe material suficiente para a realização da
investigação de que nos propomos podemos avançar para a elaboração do projeto da
pesquisa, que se apresenta como uma espécie de relatório de viabilidade e
exequibilidade da pesquisa em perspetiva.

11.5. Elaboração do projeto do trabalho científico

O projeto é um empreendimento temporário com o objetivo de criar um produto ou


serviço único. Trata-se de um instrumento que serve de guia, bússola de orientação
para toda a navegação investigativa. Segundo a PMBOK (2013),

Projeto é um esforço temporário empreendido para criar um produto,


serviço ou resultado exclusivo. A natureza temporária dos projetos
indica que eles têm um início e um término definidos. O término é
alcançado quando os objetivos do projeto são atingidos ou quando o
projeto é encerrado porque os seus objetivos não serão ou não podem ser
alcançados, ou quando a necessidade do projeto deixar de existir. Um
projeto também poderá ser encerrado se o cliente (cliente, patrocinador
ou financiador) desejar encerrá-lo. Temporário não significa
necessariamente de curta duração. O termo se refere ao engajamento do
projeto e à sua longevidade. O termo temporário normalmente não se
aplica ao produto, serviço ou resultado criado pelo projeto; a maioria dos
projetos é empreendida para criar um resultado duradouro. Por
exemplo, um projeto de construção de um monumento nacional criará
um resultado que deverá durar séculos. Os projetos também podem ter
impactos sociais, econômicos e ambientais que terão duração mais longa
que os projetos propriamente ditos (p. 1).

51
Estrutura do projeto de investigação científica

i. Filiação institucional
ii. Identificação pessoal
iii. o tema,
iv. a pergunta de partida e outras questões de investigação ou hipóteses,
v. os objetivos gerais e específicos,
vi. o referencial teórico ou revisão de literatura
vii. Metodologia
viii. o campo de estudo,
ix. a população, a amostra e os informantes do estudo,
x. os resultados esperados e
xi. O esquema/ sumário provisório do trabalho
xii. o cronograma de atividades

Pequenas notas sobre o projeto de investigação:

§ É recomendável que o projeto de investigação seja devidamente negociado com


o orientador e o professor de seminário de metodologia de fim de curso,
§ Ocasionalmente, o projeto da monografia de licenciatura poderá ser
apresentado e defendido publicamente pelo investigador, diante dos colegas e
do professor de seminário de fim de curso, fundamentalmente,
§ Numa tese de doutoramento a defesa do projeto torna-se obrigatória e
condiciona a continuidade dos estudos de doutoramento,
§ O projecto do trabalho científico é sempre provisório, contingente, instável e
alterável a qualquer momento, fruto das leituras e outras novidades que
possam surgir ao longo da investigação.
§
11.6. Aprovação do projeto de investigação pelo Comité de Ética da Instituição de
Ensino Superior

52
Em algumas universidades após a elaboração do projecto de investigação este é
submetido ao comité de ética para uma avaliação e validação dos aspectos e/ou
critérios éticos da investigação, sobretudo quando o estudo envolve seres humanos.
Existe um protocolo de ética que deve ser cuidadosamente seguido pelo investigador.

11.7. Recolha do material bibliográfico

Está é a fase mais dura, mas também a mais emocionante e criativa do trabalho
científico. Trata-se de recolher todo o conteúdo disponível e de interesse relevante para
a investigação. Por outro lado, esta fase permite montar ou adaptar os instrumentos
de recolha de dados e sua aplicação no campo.
Esta fase do processo de investigação exige muita organização, domínio das técnicas
de leitura, interpretação, resumos e capacidade de análise de conteúdos da parte do
investigador. É fundamental saber selecionar e relacionar o material bibliográfico para
o trabalho científico. Normalmente, encontramos muitos materiais em bibliotecas e
várias bases de dados digitais, o que obriga o pesquisador a fazer uma triagem de
todos esses materiais selecionando aqueles que mais interessam à pesquisa e que
ajudam a responder a questão de partida. Todo cuidado é pouco porque,
tendencialmente, sobretudo quando não se tem muita experiência em matéria de
investigação, o pesquisador pensa que deve aproveitar tudo. E isto não é possível. É
necessário descartar sempre alguns materiais do leque de conteúdos encontrados.
Para a organização dos elementos bibliográficos recolhidos pode-se usar as fichas
bibliográficas e as fichas de conteúdo ou armazenar todo o material no computador.
A experiência diz-nos que nem sempre será possível colocar imediatamente todo o
conteúdo no computador, por isso, as fichas ou cadernos de apontamentos são sempre
instrumentos úteis para o registo de informação bibliográfica.
Quando bem feita a recolha de material bibliográfico conduz a elaboração da revisão
de literatura ou enquadramento teórico da investigação.

11.8. Escolha/elaboração dos instrumentos de recolha de dados

53
A elaboração de uma revisão de literatura ou referencial teórico e os objetivos da
pesquisa funcionam como uma espécie de bússola que orienta a construção de
instrumentos de recolha de dados que deverão auxiliar o pesquisador a recolher os
dados empíricos no campo de investigação. A seleção do instrumento de recolha de
dados depende dos objetivos da investigação, metodologia a usar e tipo de estudo. Se
a pesquisa for de natureza quantitativa utilizar-se-ão instrumentos de recolha de
dados tais como questionários, documentos diversos como mapas estatísticos entre
outros. Se a metodologia a usar for de natureza qualitativa os instrumentos poderão
ser a entrevista individual ou coletiva (focus group), a observação (direta e indireta,
participante ou não), a grelha de análise documental, filmagens, fotografias entre
outros. A metodologia mista será uma junção de instrumentos de recolha de dados da
metodologia quantitativa e da metodologia qualitativa. Em cada uma das três
metodologias aqui apresentadas o investigador deverá decidir, com a ajuda do seu
orientador, que instrumentos de recolha de dados serão mais pertinentes, úteis e
eficazes para responder as questões de investigação levantadas.

11.9. Recolha de dados empíricos

A realização da pesquisa de campo normalmente é antecedida de vários protocolos ou


procedimentos: visita ao campo de estudo, pedir uma carta à universidade que
autorize o investigador a realizar a pesquisa ou a apresentar o pesquisador à
instituição onde será realizado o estudo. Depois da aceitação do estudo pela instituição
selecionada será necessário também negociar com os participantes do estudo. Nesta
ótica é bom recordar que por forma a cumprir os critérios éticos do trabalho científico
ninguém deve ser obrigado a participar do estudo, a preencher questionários ou ser
entrevistado. A participação no estudo deve ser voluntária e exige um protocolo de
confidencialidade dos dados fornecidos.
Ultrapassados todos esses pressupostos administrativos e éticos, e uma vez o
investigador munido dos instrumentos necessários para a recolha de dados
apropriados, começa a etapa da recolha de dados empíricos. Em que consiste?
A recolha de dados consiste na realização das observações, preenchimento dos
questionários pelos participantes, entrevistas individuais ou coletiva com os

54
participantes do estudo. Para que esta recolha seja feita adequadamente recomenda-
se a leitura de materiais sobre essa temática: recolha de dados com questionários,
realização de entrevistas, focus group, etc.

11.10. Tratamento dos dados empíricos

O que fazer com os dados recolhidos?


Depois de recolher os dados e armazena-los no computador ou pen drive vem a etapa
do tratamento dos dados. Este tratamento depende da metodologia usada para o
estudo. É muito comum usar-se o SPSS para a organização e tratamento dos dados
quantitativos e o MAXQDA e o Nvivo para o tratamento de dados qualitativos. Seja
qual for a metodologia e software utilizados no tratamento de dados empíricos o mais
importante é nunca perder de vista os objetivos ou as questões de investigação que
orientam toda a pesquisa. Portanto, os dados devem ser apresentados na sua forma
original, conforme foram coletados, categorizados e discutidos em função da revisão
de literatura efetuada, antes de retirar as conclusões que daí se depreendem.

11.11. Redação do relatório

A redação do relatório pode acontecer em simultâneo com a recolha de material


bibliográfico e empírico, tudo depende da opção do investigador.
No que a redação diz respeito é fundamental:
i. Respeitar as regras de metodologia científica nas citações e referências no texto,
evitando a todo o custo o plágio. Nunca incluir conteúdo bibliográfico sem citar
a fonte. Nunca colocar na bibliografia autores que não tenham sido citados ao
longo de todo o trabalho científico,
ii. Escrever o texto na terceira pessoa do singular e/ ou na primeira pessoa do
plural,
iii. Usar frases curtas e claras. As frases longas deixamo-las para autores com mais
tarimba na escrita...
iv. Criar nexo entre as partes e vários capítulos do trabalho.

55
12. Principais elementos da estrutura do trabalho científico (monografia,
dissertação, teses)

Introdução
Parte I: Enquadramento teórico
Parte II: Estudo empírico
1. Metodologia
2. Resultados e sua discussão
Conclusões
Referências bibliográficas

13. Apresentação dos trabalhos científicos (monografia, dissertação, teses)

Parte pré-textual – capa (sem paginação), folha de rosto, termo de compromisso,


dedicatória, agradecimentos, resumo, abstract, índice, lista de tabelas, lista de figuras,
siglas e abreviaturas. Aqui a numeração das páginas é romana e começa com a folha
de rosto (i).
Parte textual – começa com a introdução e termina com a conclusão da pesquisa e as
referências bibliográficas. A numeração é árabe (1) e vai até a última página das
referências bibliográficas.
Parte pós-textual –apêndices (elaborado pelo próprio autor) e anexos (elaborado por
terceiros). Os apêndices e anexos não devem conter número de páginas.

14. Ética na investigação

A nossa constituição da República consagra vários números relativamente à


integridade da pessoa humana:

Art. 31, n.º 1: “A integridade moral, intelectual e física das pessoas é inviolável”.
Art. 31, n.º 2: “O Estado respeita e protege a pessoa e a dignidade humanas”.

56
Art. 32, n.º 1: “A todos são reconhecidos os direitos à identidade pessoal, à capacidade
civil, à nacionalidade, ao bom-nome e reputação, à imagem, à palavra e à reserva de
intimidade da vida privada e familiar”.

Art. 32, n.º 2: “A lei estabelece as garantias efectivas contra a obtenção e a utilização,
abusivas ou contrárias à dignidade humana, de informações relativas às pessoas e às
famílias”.

Art. 36, n.º 1: “Todo o cidadão tem direito à liberdade física e à segurança individual”.

Art. 36, n.º 2: “Ninguém pode ser privado da liberdade, excepto nos casos previstos
pela Constituição e pela lei”.

Art. 36, n.º 3: “O direito à liberdade física e à segurança individual envolve ainda:
a) o direito de não ser sujeito a quaisquer formas de violência por entidades
públicas ou privadas; (...)
c) o direito de usufruir plenamente da sua integridade física e psíquica;
d) o direito à segurança e controlo sobre o próprio corpo;
e) o direito de não ser submetido a experiências médicas ou científicas sem
consentimento prévio, informado e devidamente fundamento”.

17. Comunicação da investigação

O trabalho científico deve ser divulgado. Se entendermos que uma investigação


procura sempre resolver um problema ou responder uma questão que suscita dúvidas
e preocupações da parte da sociedade ou de uma organização, pessoa, entre outros, o
descobrimento da solução não pode ser ocultado. Imaginem, neste tempo da covid-19,
descobrir uma vacina muito mais eficaz do que as que até agora têm sido utilizadas e
não comunicar esse resultado a toda comunidade humana. Seria, no mínimo,
irracional e sem sentido. Por este e outros motivos o conhecimento científico deve ser
partilhado com todos. As principais vias de comunicação de conhecimento são os
repertórios universitários onde são colocados os trabalhos finais defendidos pelos

57
estudantes, as bibliotecas, as revistas científicas, os congressos, seminários ou
colóquios, os jornais, entre outros.

58
Referências

Almeida, L. S. & Freire, T. (2007). Metodologia da investigação em psicologia e educação (4ª


ed.). Braga: Psiquilíbrios.

Alves, M. P. (2012). Metodologia científica. Lisboa: Escolar Editora.

Azevedo, M. (2008). Teses, relatórios e trabalhos escolares: Sugestões para estruturação da


escrita (6ª ed.). Lisboa: Universidade Católica Editora.

Bastos, L. R. et al. (2013). Manual para a elaboração de projetos e relatórios de pesquisas, teses,
dissertações e monografias (6ª ed.). Rio de Janeiro: LTC.

Bell, J. (1997). Como realizar um projecto de investigação: Um guia para a pesquisa em ciências
sociais e da educação. Lisboa: Gradiva.

Cornelsen, J. M. (2012). Escrever... com normas: Guia prático para elaboração de trabalhos
técnico-científicos. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra.

Declaração dos Direitos do Homem (1948).

Eco, U. (2015). Como se faz uma tese em ciências humanas (A. F. Bastos & L. Leitão, Trads.)
(19ª ed.). Lisboa: Editorial Presença.

Fortin, M.-F., Côté, J. & Filion, F. (2009). Fundamentos e etapas do processo de investigação
(N. Salgueiro, Trad.). Loures: Lusodidacta.

Gomes, A. J. (2010). Dificuldades de aprendizagem de computadores: Contributos para a sua


compreensão e resolução, Tese de doutoramento. Universidade de Coimbra:
Faculdade de Ciências e Tecnologia – Departamento de Engenharia
Informática. Coimbra, Portugal.
Le Nouveau Petit Robert (1993). Paris : Dictionnaires Le Robert.

Markoni, M. A. & Lakatos, E. M. (2003). Fundamentos de metodologia científica (5ª ed.).


São Paulo: Atlas.

59
Markoni, M. A. & Lakatos, E. M. (2008). Técnicas de pesquisa: Planejamento e execução de
pesquisas, amostragens e técnicas de pesquisa, elaboração, análise e interpretação de
dados (7ª ed.). São Paulo: Atlas.
Novo Aurélio Século XXI: Dicionário de Língua Portuguesa (1999, 3ª ed. Rer. e Ampl. ). Rio
de Janeiro: Nova Fronteira.

Oliveira, L. B. C. (2003). Manual para apresentação de monografias, dissertações e teses da


universidade Católica de Brasília. Brasília: Universa.

Rampazzo, L. (2004). Metodologia científica: Para alunos de cursos de graduação e pós-


graduação (2ª ed.). São Paulo: Loyola.

Romero, A. (1991). Análise de conteúdo. Lisboa: Universidade Católica Portuguesa.

Soares, M. A. (2001). Como fazer um resumo – Orientações e exercícios. Lisboa: Presença.

Torre, M. (2010). Metodologia do trabalho científico (Fascículo, inédito). Luanda:


Universidade Católica de Angola.

Traldi, M. C. & Dias, R. (2011). Monografia passo a passo (7ª ed. Rev. Amp.). Campinas:
Alínea.

Unesco (1991). ABC do direito de autor (W. Ramos, Trad.). Lisboa: Presença.

60
Apêndice 1: Dicas para elaboração do trabalho de fim de curso

Cada instituição de ensino superior determina o número de páginas que deverá ter a
monografia. No nosso entender a monografia poderá ter entre 30 (mínimo) a 50
(máximo) páginas em papel A4.
Tipo de letras a utilizar: Times New Roman ou Arial.
Tamanho das letras: 12.
As citações são feitas no interior do texto seguindo as normas da APA.
As citações curtas (menos de 40 palavras) devem ser incorporadas no texto e ficar entre
aspas; já as citações longas (até 40 ou mais palavras) ficam separadas do texto, em
linhas retraídas (2 cm), com espaço simples e não necessitam de aspas.

Estrutura da monografia
A monografia pode ter a seguinte estrutura:

i. Parte pré-textual: Capa, folha de rosto e paginas iniciais

Fazem parte das páginas iniciais: O Termo de compromisso, os Agradecimentos, o


Resumo em português e inglês (Abstract) com um máximo de 200 palavras (com 5
palavras-chave no máximo), o Índice geral, o Índice de quadro e Índice de figura.
Para o Resumo, o texto deve ser escrito em Times New Roman ou Arial 12,
alinhamento justificado, espaço simples entre as linhas.
A numeração das páginas iniciais é romana, com letra minúscula. A partir da
introdução a numeração é árabe, sendo a introdução a página 1. A paginação faz-se no
canto superior direito.

ii. Parte textual: Corpo do trabalho


Introdução
Parte I: Revisão de literatura
Parte II: Metodologia
Parte III: Resultados
Conclusão

61
Referências Bibliográficas

iii. Parte pós-textual: Apêndices e Anexos (se for necessário)

Para os alunos que optam por fazer apenas uma monografia de cariz teórico, não
precisam apresentar o trabalho de investigação com a estrutura que acabamos de
indicar. A monografia de cariz teórico poderá ter a seguinte estrutura:

i. Parte pré-textual: Capa, folha de rosto e paginas iniciais


Fazem parte das páginas iniciais: O termo de compromisso, os agradecimentos, o
resumo em português e inglês com um máximo de 200 palavras (com 5 palavras-chave
no máximo), o índice geral, os índices de quadros e índices de figuras. A numeração
das páginas iniciais é romana, com letra minúscula. A partir da introdução a
numeração é árabe, sendo a introdução a página 1. A paginação faz-se no canto
superior direito.

ii. Parte textual: Corpo do trabalho


Introdução
Revisão de literatura
Conclusão
Referências Bibliográficas

iii. Parte pós-textual: Apêndices e Anexos (se for necessário)

62
CAPA

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE ANGOLA


FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS

TÍTULO DA MONOGRAFIA EM MAIUSCULAS

Monografia apresentada à Universidade Católica de Angola


para obtenção da Licenciatura em Psicologia Clínica

Por

(Nome do estudante)

Mês, Ano

63
ROSTO

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE ANGOLA


FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS

TÍTULO DA MONOGRAFIA EM MAIUSCULAS

Monografia apresentada à Universidade Católica de Angola


para obtenção da Licenciatura em Psicologia Clínica

Por (Nome do estudante)


Orientador (Nome do orientador)

64
Mês, Ano
Termo de compromisso

O estudante......................................................................................., abaixo assinado, do


curso de Licenciatura em......................................................, matriculado na Faculdade de
Ciências Humanas da Universidade Católica de Angola, sob o nº..........................,
declara que o conteúdo do Trabalho de Conclusão do Curso intitulado (título da
monografia).........................................................................., é autêntico, original e de sua
autoria.

Luanda, aos 21 de Abril de 2016

Samuel Helena Tumbula


________________________________________

65
Dedicatória

Aos meus pais

66
Agradecimentos

67
Resumo (máximo 200 palavras)

Palavras chave (5 no máximo)

68
Abstract

Key Words

69
ÍNDICE GERAL

Termo de compromisso............................................................................................................i
Agradecimentos
Dedicatória
Resumo.....................................................................................................................................iv
Abstract
Índice de quadros
Índice de figuras
Abreviaturas siglas..............................................................................................................viii

Introdução.................................................................................................................................1

Parte I: Revisão de literatura...................................................................................................4

1.
2.
3.

Parte II: Metodologia..............................................................................................................25

1.
2.
3.
4.

Parte III: Resultados...............................................................................................................32

1.
2.
3.
4.

70
Conclusão................................................................................................................................48

Referências Bibliográficas.....................................................................................................50

Apêndices (documentos da nossa autoria, por exemplo: o guião de entrevista, grelhas


de observação)
Anexos (legislação, guiões de entrevista, grelhas de observação, cartas, documentos
diversos que não sejam da nossa autoria).

71
Apêndice 2: Dicas para elaboração do Trabalho Universitário (TU)

Tipo de letras a utilizar: Times New Roman ou Arial.


Tamanho das letras: 12.
Número de páginas: a determinar pelo professor da cadeira ou disciplina. Um TU de
licenciatura realizado no âmbito de uma cadeira, normalmente, não ultrapassará as 15
páginas. A numeração das páginas é árabe, sendo a introdução a página 1. A paginação
faz-se no canto superior direito.
As citações são feitas no interior do texto seguindo as normas da APA.
As citações curtas (até 40 palavras) devem ser incorporadas no texto e ficar entre aspas;
já as citações longas (com mais de 40 palavras) ficam separadas do texto, em linhas
retraídas (2 cm), com espaço simples e não necessitam de aspas.

Estrutura do TU
O TU pode ter a seguinte estrutura:

Parte pré-textual: Capa (a partir de 5 páginas)


Parte textual: Corpo do trabalho
- Introdução
- Revisão de literatura
- Conclusão
- Referências Bibliográficas
Parte pós-textual: Apêndices e Anexos (se for necessário)

72
CAPA

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE ANGOLA


FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS
Curso de Psicologia

TÍTULO DO TRABALHO EM MAIUSCULAS

(Nome do estudante ou membros do grupo)

Mês, Ano

73
ROSTO
OO

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE ANGOLA


FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS
Curso de Psicologia/ Línguas e Administração/ Gestão de Recursos Humanos

TÍTULO DO TRABALHO EM MAIUSCULAS

Trabalho da cadeira de Metodologia de Investigação Científica


Sob tutoria do Professor Doutor Samuel Helena Tumbula

(Nome do estudante ou membros do grupo)

Mês, Ano

74

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