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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE ANGOLA

FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS

MANUAL PARA A ELABORAÇÃO DE TRABALHOS CIENTÍFICOS


APRENDER, PENSAR, DECIDIR E PRATICAR...

Autoria: Professor Doutor Samuel Tumbula

2022
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Índice

Advertência.................................................................................................................................................. 4

Introdução.................................................................................................................................................... 5

CAPÍTULO 1: A MISSÃO DA UNIVERSIDADE.......................................................................................8


1.1. O ensino............................................................................................................................................. 8
1.2. A investigação....................................................................................................................................9
1.3. A extensão universitária..................................................................................................................10
1.4. Importância da investigação...................................................................................................................10
1.5. A metodologia de investigação científica................................................................................................12

CAPÍTULO 2: TIPOS DE CONHECIMENTO......................................................................................... 13


2.1. Conhecimento popular ou empírico........................................................................................................15
2.2. Conhecimento filosófico..........................................................................................................................16
3.3. Conhecimento religioso ou teológico......................................................................................................18
2.4. Conhecimento científico..........................................................................................................................20
2.4.1. Características do conhecimento científico...................................................................................21
2.4.2. O método dedutivo e indutivo........................................................................................................22

CAPÍTULO 3: FONTES DE PESQUISA DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO....................................24


3.1. Biblioteca tradicional..............................................................................................................................24
3.2. Biblioteca virtual.....................................................................................................................................29

CAPÍTULO 4: CITAÇÕES NO TRABALHO CIENTÍFICO....................................................................30


4.1. Citação direta..........................................................................................................................................31
4.2. Citação indireta.......................................................................................................................................33
4.3. Citação de citação...................................................................................................................................35
4.4. Citação de mais de uma obra do mesmo autor do mesmo ano...............................................................35
4.5. Fichas bibliográficas e fichas de conteúdo.............................................................................................36
4.6. Conceito de ficha.....................................................................................................................................36
4.7. A configuração física da ficha bibliográfica..........................................................................................36
4.8. A configuração física da ficha de conteúdo............................................................................................37
4.9. Tipologia de fichas bibliográficas...........................................................................................................37
4.10. Plágio e autoplágio................................................................................................................................37

CAPÍTULO 5: ELABORAÇÃO DAS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS (NORMAS APA 7ª ED.)....39


5.1. Elementos que constam na bibliografia..................................................................................................39
5.2. Normas para elaboração de uma bibliografia........................................................................................39
5.3. Grafia...................................................................................................................................................... 41
5.4. Interpontuação........................................................................................................................................42

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5.5. Diversos tipos de obras quanto ao autor.................................................................................................42
5.5.1. Obras de um só autor.....................................................................................................................42
5.5.2. Obras de dois autores.....................................................................................................................43
5.5.3. Obras de três ou mais autores........................................................................................................43
5.5.5. Autor-instituição.............................................................................................................................43
5.5.6. Obras sem autor..............................................................................................................................44
5.6. Diversos tipos de obras quanto a natureza..............................................................................................44
5.6.1. Coletânea (referência de parte da obra)........................................................................................44
5.6.2. Dicionários de especialidade...........................................................................................................45
5.6.3. Artigos de revista............................................................................................................................45
5.6.4. Artigos de jornais............................................................................................................................46
5.6.5. Monografias, dissertações e teses...................................................................................................46
5.6.6. Legislação........................................................................................................................................47
5.6.7. Documentos do Magistério da Igreja Católica..............................................................................47
5.6.8. Documentos eletrónicos..................................................................................................................47
5.7. Abreviaturas na lista das referências bibliográficas...............................................................................48
5.8. Outras abreviaturas.................................................................................................................................48

CAPÍTULO 6: TIPOLOGIA DE TRABALHOS CIENTÍFICOS..............................................................49


6.1. Resumo....................................................................................................................................................49
6.2. Recensão..................................................................................................................................................50
6.3. Trabalhos das unidades curriculares......................................................................................................51
6.4. Trabalhos de fim de curso: Monografia, Dissertação e Tese.................................................................51
6.5. Comunicação científica...........................................................................................................................53
6.6. Artigos de revista.....................................................................................................................................54

CAPÍTULO 7. ETAPAS DA ELABORAÇÃO DO TRABALHO CIENTÍFICO (MONOGRAFIA,


DISSERTAÇÃO, TESES).......................................................................................................................... 54
7.1. Escolha do tema......................................................................................................................................54
7.2. Definição da pergunta de partida e objetivos da investigação................................................................55
7.3. Escolha do orientador.............................................................................................................................56
7.4. Levantamento bibliográfico....................................................................................................................58
7.5. Elaboração do projeto do trabalho científico..........................................................................................60
7.6. Aprovação do projeto de investigação pelo Comité de Ética da Instituição de Ensino Superior...........61
7.7. Recolha do material bibliográfico...........................................................................................................62
7.8. Escolha/elaboração dos instrumentos de recolha de dados....................................................................63
7.9. Recolha de dados empíricos....................................................................................................................63
7.10. Tratamento dos dados empíricos...........................................................................................................64
7.11. Redação do relatório.............................................................................................................................64

CAPÍTULO 8: APRESENTAÇÃO DOS TRABALHOS CIENTÍFICOS (MONOGRAFIA,


DISSERTAÇÃO, TESES).......................................................................................................................... 65

CAPÍTULO 9: ÉTICA NA INVESTIGAÇÃO...........................................................................................65

CAPÍTULO 10: COMUNICAÇÃO DA INVESTIGAÇÃO.......................................................................68

3
REFERÊNCIAS......................................................................................................................................... 70

Apêndice 1: Dicas para elaboração do trabalho de fim de curso................................................................73

Apêndice 2: Dicas para elaboração do Trabalho Universitário (TU).........................................................86

Advertência

Este texto foi escrito obedecendo ao novo acordo ortográfico.

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Introdução

São notárias as dificuldades que muitos alunos apresentam na elaboração de


trabalhos universitários desde o primeiro até ao último ano de licenciatura e não
só. Na elaboração dos trabalhos universitários os alunos acabados de chegar ao
ensino superior tendem a recorrer facilmente ao plágio (muitas vezes sem o
saber) para se livrarem dos trabalhos solicitados pelos professores nas mais
variadas unidades curriculares. Na maior parte dos casos os estudantes recorrem
aos cibers café e outras empresas afins no intuito de comprar um trabalho feito
por terceiras pessoas, de identidade e idoneidade duvidosa. Muitas destas
pessoas, sem formação académica superior, nem um conhecimento aprofundado
das matérias de metodologia de investigação científica, procuram simplesmente
lucrar com a ingenuidade dos alunos, que acabam por não aprender a fazer um
trabalho científico ao longo dos anos da universidade.
Num momento em que se fala bastante da necessidade das universidades
angolanas melhorarem a qualidade do seu ensino e da importância de tornar a
unidade curricular de metodologia de investigação científica transversal a todos
os cursos, pensamos ser oportuno incentivar os alunos e professores a trabalhar e
a melhorar a qualidade dos seus trabalhos universitários.
O grande objetivo da metodologia científica consiste assim em fazer com que os
futuros profissionais, académicos ou cientistas que frequentam a universidade
sejam capazes de identificar problemas e encontrar respostas pertinentes para os
mesmos. Se pensarmos na complexidade das diferentes áreas de saber, tais como
a medicina, a educação, a economia, a contabilidade, a gestão, o direito, a
engenharia, a sociologia, a psicologia, a antropologia, as línguas, a teologia, a
filosofia, a política, a bioética, só para dar alguns exemplos, conviremos que
precisamos todos os dias de novas soluções para responder aos desafios
constantes colocados pela vida em sociedade. No momento em que escrevemos
estas páginas o mundo vive uma crise pandémica da Covid-19, sem precedentes,
5
que mata milhares de pessoas e a ameaça a vida de tantas outras. Graças aos
investigadores e especialistas de diversas áreas tem sido possível continuar a
viver e a manter a esperança. Alguns países como o Reino Unido, a China, a
Rússia, a Alemanha, EUA, com o trabalho dos seus investigadores, conseguiram
encontrar uma vacina para mitigar e controlar a Covid-19. Portanto, tudo isto
prova o quão importante é aprender a investigar através do método científico. O
desenvolvimento das pessoas e das sociedades requer cada vez mais um espírito
científico criativo comprometido com o bem-estar de todos.
Este livro foi pensado essencialmente para servir de apoio aos alunos dos cursos
de licenciatura, que algo titubeante sonham com a obtenção de uma formação
superior sólida. Portanto, este livro de metodologia de investigação científica
visa essencialmente fornecer aos estudantes um conjunto de ideias, conceitos,
técnicas, instrumentos e estratégias eficazes para a realização de uma
investigação científica que produza conhecimento novo e inovador. De modo
específico, pretende-se que os estudantes sejam capazes de dominar os vários
conceitos de metodologia científica, os diferentes tipos de conhecimento,
aprendam a usar a biblioteca física e virtual, a fazer citações diretas e indiretas, a
usar as fichas bibliográficas e fichas de conteúdo, a elaborar as referências
bibliográficas, a identificar os diferentes tipos de trabalhos académicos, a
dominar os passos a dar na elaboração do trabalho científico, saber fazer uma
pesquisa científica, dominar os vários métodos e técnicas de investigação
científica, aplicar os princípios éticos na investigação científica entre outros.
O livro contém elementos que poderão ajudar os estudantes a estruturar melhor
o trabalho escrito universitário (monografia, dissertação e tese) com uma base
científica. As várias unidades escalonadas aqui procuram oferecer regras,
técnicas e estratégias de elaboração de trabalhos científicos consistentes e que
cumprem os padrões internacionais. Antes de abordar os conteúdos relativos aos
métodos e técnicas de elaboração de trabalhos científicos importa falar um

6
pouco da missão da universidade. O conhecimento profundo da natureza e da
sua função social ajuda a perceber a pertinência da investigação científica.

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CAPÍTULO 1: A MISSÃO DA UNIVERSIDADE

A universidade desempenha um papel fundamental no desenvolvimento do


homem e da sociedade. Apesar de fortemente criticada ela continua a ser nos
nossos dias a instituição por excelência na formação profissional dos cidadãos.
Sendo uma instituição com tradição, a universidade é para todos os efeitos a
casa do conhecimento, o último degrau da formação dos estudantes. Enquanto
casa da ciência a universidade tem três missões essenciais: o ensino, a
investigação e a extensão universitária. Olhemos para cada uma delas:

1.1.O ensino

A graduação (1º ciclo da formação universitária), com quatro a cinco anos, é


uma sequência do ensino médio. O principal propósito da graduação
(licenciatura) que consiste em aprofundar os conhecimentos adquiridos no
ensino não superior e dotar os alunos de outros conhecimentos e competências
profissionais para desenvolverem através de um ramo do saber (pedagogia,
direito, medicina geral, medicina dentária, fisioterapia, psicologia, línguas e
administração, engenharia, sociologia, antropologia, história, enfermagem,
nutrição, contabilidade e auditoria, gestão e contabilidade, gestão e marketing,
gestão de recursos humanos, ciências da comunicação, jornalismo, cinema,
economia, etc.) uma atividade útil em prol do desenvolvimento das pessoas e
das sociedades.
Esta fase de estudos exige um aprofundamento rigoroso das várias unidades
curriculares que são lecionadas e, nalguns cursos, termina com a defesa de uma
monografia que nada mais é senão a investigação e discussão de uma questão de
interesse científico, atual, cuja solução representa um avanço para a ciência e
para a melhoria de qualidade de vida para as pessoas.

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Contudo, salienta-se que não é objetivo central formar investigadores na fase de
graduação mesmo se toda a formação universitária constitui um forte incentivo à
investigação. Por esse motivo muitos cursos não têm trabalho científico de
conclusão do curso. No mestrado e doutoramento, como veremos, a orientação é
claramente investigativa. Nenhum destes cursos é concluído sem a elaboração
cuidada de uma dissertação ou tese que deve ser defendida publicamente.
Na Europa, com a reforma de Bolonha, a maior parte dos cursos de licenciatura
tem a duração de três anos. Com mais dois anos obtém-se o mestrado. O curso
corrido de cinco anos leva a obtenção de um mestrado integrado. Neste formato
de Bolonha o aluno emerge como o principal protagonista da sua formação. O
professor assume um papel de guia, orientador ou facilitador.

1.2.A investigação

Embora seja importante iniciar os alunos dos cursos de licenciatura na pesquisa


científica de qualidade, o domínio da investigação está mais virado para os
cursos de pós-graduação: lato sensu (MBA e outras pós-graduações) e stricto
sensu (mestrado e doutoramento).
O MBA (Master of Business Administration) destinado aos
profissionais/trabalhadores licenciados, é um mestrado profissional em
Administração de Empresas contratado pelas empresas privadas e/ou entidades
públicas no sentido de proporcionar aos seus destinatários oportunidades
ímpares de aperfeiçoamento profissional apesar de não conferir qualquer tipo de
título ou grau académico. O MBA pode ser considerado lato sensu ou stricto
sensu. Depende da legislação de cada País. Em Angola o MBA está valorizado
no sentido lato sensu ou seja não confere título nem grau académico.
O mestrado (2º ciclo da formação universitária) é a 1ª etapa da pós-graduação
stricto sensu. Trata-se de estudos conducentes a uma investigação com alto
padrão de exigência científica que demanda alguma originalidade e destina-se

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geralmente aos licenciados. O mestrado está dirigido àqueles estudantes que
pretendam aumentar o seu nível de conhecimentos numa área concreta, aos
estudantes que tencionam e demonstram capacidades para dedicar-se à ciência e
outros que almejam altos cargos de liderança em instituições públicas, privadas
e público-privadas e não só.
O doutoramento (3º ciclo da formação universitária), a 2ª e última etapa da pós-
graduação stricto sensu forma pesquisadores de alto nível de qualidade. O
doutoramento conclui-se com a elaboração de uma tese que deve ser uma
investigação original que contribui para o avanço do tratamento de uma
questão/problema numa área de conhecimento. Este nível de estudos prepara
para a docência, a investigação e atuação no seu campo específico de formação
com elevado grau de autonomia. O doutoramento também prepara para o
exercício de altos cargos de gestão, mormente, no domínio académico.

1.3.A extensão universitária

Por último, extensão universitária é a ligação


universidade-comunidade/sociedade. Esta dimensão universitária ajuda a manter
uma relação produtiva entre a universidade e a comunidade, no sentido em que o
conhecimento produzido na universidade é colocado à disposição das pessoas e
da sociedade para que o mundo (as pessoas, as famílias, o Estado, as empresas,
as igrejas, as políticas) ganhe mais vida. Assim, a universidade tem a função
social de ajudar a sociedade a encontrar as soluções apropriadas para os
inúmeros problemas que a afligem.

1.4. Importância da investigação

Investigar significa indagar, conhecer, procurar o conhecimento ou a verdade


dos factos e acontecimentos, ir além do conhecimento percebido e recebido

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imediatamente, às vezes em contexto de sala de aulas. Investigamos para dar um
novo sentido à realidade. A investigação permite-nos descobrir a nossa
ignorância e as possibilidades de criar um mundo novo a partir de um novo olhar
sobre a realidade através dos métodos científicos.
A investigação serve essencialmente para levantar problemas e resolver
problemas. Consolidar o nosso conhecimento. Obter informações. Compreender
factos ou fenómenos. A investigação científica é uma condição de
desenvolvimento para as sociedades, pois nenhum corpo social, nem mesmo a
tecnologia evolui qualitativamente sem transformações provocadas pela ciência
e a inovação.
De um modo geral, a investigação começa com a escolha de um tema
delimitado, leitura de materiais relacionados com o tema escolhido, com o
delineamento dos objetivos gerais e específicos, e com o levantamento de um
problema de investigação:
O que é? quem? para quê? Por que? Como? Quais? Que? Será que?). Por
exemplo:

 Quais são os fatores de sucesso escolar no 1º ano da universidade na


perspetiva de professores e alunos?
 Quais são os fatores associados ao grau de stress dos estudantes que
perderam o emprego devido a pandemia do covid-19?
 Que razões levam os alunos do 1º ano da universidade a cabularem nos
exames?
 Será que há uma censura de tipo ideológica nos programas da TPA?
 Quais são os níveis de motivação dos funcionários da empresa A em pleno
período de pandemia da covid-19?
 Quais são as consequências legais do facto das mulheres grávidas serem
discriminadas no processo de seleção de novos funcionários numa
empresa?

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Cada uma destas questões pode constituir um projeto de investigação ambicioso
no nível da graduação ou pós-graduação, e a respetiva resposta ajudará
certamente a resolver um problema da sociedade. Nesta perspetiva, quem
aproveita mais o trabalho de investigação científica é toda a sociedade,
nomeadamente, o Estado, as universidades, as empresas, as famílias entre
outros.
Podemos afirmar que Angola tem dado passos importantes em prol de uma
investigação que dê respostas aos inúmeros problemas que surgem na sociedade
angolana e no mundo. A investigação nas nossas universidades tem melhorado
nos últimos anos. Já temos muitos académicos a investigar e a publicar
conhecimento científico.
Os desafios da investigação nas universidades angolanas passam pela
valorização do trabalho científico e dos investigadores através da criação de
políticas eficazes de financiamento da investigação científica. Outro desafio
passa pela criação de revistas académicas em todas as faculdades ou
departamentos das instituições de ensino superior onde os professores poderiam
publicar os seus artigos com regularidade. Outrossim, a investigação em Angola
irá aumentar na medida em que surgirem mais cursos de pós-graduação stricto
sensu, mestrado e doutoramentos.

1.5. A metodologia de investigação científica

O conceito de metodologia científica remete-nos para análise de dois termos:


metodologia e ciência. A palavra metodologia é de origem grega Methodos
(methà+odon) e significa: caminho para chegar a um fim. Ciência significa
conhecimento, e pode designar “o conjunto de conhecimentos precisos e
metodicamente ordenados em relação a determinado domínio do saber”
(Rampazzo, 2004, p. 13).

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Metodologia científica é o conjunto de técnicas, regras e procedimentos
estratégicos, rigorosos, devidamente sistematizados, que orientam e facilitam a
pesquisa e a elaboração de trabalhos científicos.
Segundo Rampazzo (2004, p. 13) a metodologia científica pode ser entendida
também como “aquela disciplina que ensina o ‘caminho’, quer dizer, as normas
técnicas que devem ser seguidas na pesquisa científica”.
A investigação científica pode ainda ser definido como “um processo
sistemático que assenta na colheita de dados observáveis e verificáveis, retirados
do mundo empírico, isto é, do mundo que é acessível aos nossos sentidos, tendo
em vista descrever, explicar, predizer ou controlar fenómenos” (Fortin, Côté &
Filion, 2009, p. 4).
O processo de investigação “consiste em examinar fenómenos com vista a obter
respostas a questões determinadas que se deseja aprofundar. A investigação
científica distingue-se de outros tipos de aquisição de conhecimentos pelo seu
carácter sistemático e rigoroso” (Fortin, Côté & Filion, 2009, p. 4).
Podemos ainda dizer que “a pesquisa é uma atividade de investigação capaz de
oferecer (e, portanto, de produzir) um conhecimento novo a respeito de uma área
ou de um fenómeno, sistematizando-o em relação ao que já se sabe a respeito da
área ou fenómeno” (Rampazzo, 2004, p. 14).

CAPÍTULO 2: TIPOS DE CONHECIMENTO

Segundo o dicionário francês Le Nouveau Petit Robert (1993), conhecer é


apreender pelo espírito, ter presente no espírito (um objeto de pensamento que
identificamos e que consideramos real); é poder afirmar a existência de algo.
De acordo o Dicionário de Língua Portuguesa (2013), podemos definir o
conhecimento como sendo a faculdade de conhecer, a relação direta que se toma
de alguma coisa, noção, informação, a experiência, o domínio teórico e/ou
prático de determinada área.

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Já de acordo com Lalande (1999), “conhecer e conhecimento designam, pois,
um género cujas espécies são constatar, compreender, perceber, conceber, etc.
Eles opõem-se a crer e a crença, não pela força da adesão, mas pelo fato de
estes dois últimos termos não implicarem necessariamente a ideia de verdade”
(p. 192).
O conhecimento é um conjunto de informações, saberes, habilidades e
competências adquiridos de forma espontânea, natural, e através de processos de
aprendizagem organizados e sistematizados por uma escola ou universidade.
O conhecimento pode resultar da interação dos homens entre si, da interação do
homem com o meio ambiente, da relação do homem com o transcendente e do
pensamento do próprio homem.
Para Lalande (1999), o conhecimento tem essencialmente quatro sentidos:
A. “Ato do pensamento que põe legitimante um objeto enquanto objeto, quer
se admita ou não uma parte de passividade neste conhecimento”
(Espinosa, Ética II apud Lalande, 1999, p. 193).
B. “Ato do pensamento que penetra e define o objeto do seu conhecimento.
O conhecimento perfeito de uma coisa é, neste sentido, aquele que,
subjetivamente considerado, não deixa nada obscuro ou confuso na coisa
conhecida; ou que, objetivamente considerado, não deixa fora dele nada
do que existe na realidade à qual se aplica” (Lalande, 1999, p. 193).
C. “Conteúdo do conhecimento no sentido A (pouco usado)” (Lalande, 1999,
p. 193).
D. “Conteúdo do conhecimento no sentido B. Muito frequente, sobretudo no
plural: os conhecimentos humanos, etc.” (Lalande, 1999, p. 193).
Lalande (1999), “distinguiria: 1º o ato de conhecer, subjetivo; 2º, o fato de
conhecer (relação entre o sujeito com o objeto); 3º, o resultado destacado por
abstração (objeto conhecido)” (p. 192). Não parece, refere o mesmo autor, que a
palavra conhecer seja utilizada alguma vez no sentido puramente subjetivo, pois,
conhecer implica sempre a relação do sujeito com o objeto, senão mesmo uma

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certa subordinação do primeiro em relação ao segundo. Neste sentido, ficam
apenas os sentidos 2º e 3º que correspondem respetivamente a A-B e C-D.

Para Kant, o conhecimento “não é fruto nem do sujeito nem do objeto, mas
síntese da ação combinada do sujeito e do objeto” (Mondin, 2003, p. 202).
O sujeito aproxima-se do objeto de várias formas usando vários caminhos: o
caminho empírico, o caminho da razão, o caminho da fé e o caminho da
experiência e verificação. Por isso, se fala em vários tipos de conhecimentos
como se pode ver na figura abaixo.

Tipos de
conhecimento

Popular/ empírico
Filosóifico
Teológico
Científico

Figura 1 - Tipos de conhecimento

Analisemos atentamente cada um destes tipos de conhecimento, começando pelo


conhecimento popular ou empírico.

2.1. Conhecimento popular ou empírico

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O conhecimento popular ou empírico é o conhecimento adquirido de forma
natural, a partir da vivência e da experiência quotidiana e que vai-se acumulando
ao longo dos anos e que permite às pessoas discernir e resolver determinados
problemas.
Se pensarmos nas nossas culturas africanas, de um modo geral, facilmente
poderemos encontrar exemplos de conhecimento popular ou empírico. Em
África muitas doenças que não são tratadas nos hospitais e com base na
medicina convencional moderna são tratadas pela medicina tradicional, não
convencional, “empírica”. Portanto, baseando-se numa certa tradição, em rituais
próprios da cultura, através de medicamentos naturais e outro tipo de
conhecimento empírico do mundo cultural africano, os médicos tradicionais
(sem formação médica universitária) conseguem curar certas doenças e afastar
certos perigos ou ameaças contra a comunidade.
O conhecimento empírico, “ametódico” e “assistemático”, usando as palavras de
Rampazzo (2004), embora de nível inferior ao conhecimento científico, ele não
deve ser ignorado, porque constitui a base do saber e é anterior à ciência. E
mais, o conhecimento empírico continua a ser uma fonte importante na
construção e desenvolvimento do conhecimento científico.
O conhecimento empírico passa a ser conhecimento científico quando se começa
a usar o método científico para verificar ou testar hipóteses provenientes da
experiência e do conhecimento empírico.

2.2. Conhecimento filosófico

Diferente dos outros tipos de conhecimento (conhecimento empírico,


conhecimento teológico e conhecimento científico) a filosofia não se interessa
por aspetos particulares, ela se ocupa de tudo, de toda a realidade, “por todas as
inúmeras questões que interessam a reflexão humana, iluminada pela razão, e

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em busca das causas mais profundas, indo além dos dados próximos e
experimentáveis” (Rampazzo, 2004, p. 22) (grifos do autor).
A filosofia é a ciência que estuda as causas últimas das coisas, ela procura
descobrir o sentido último de tudo por meio da razão. Segundo Rampazzo
(2004), “se as ciências procuram descobrir como agem as realidades materiais, a
filosofia tem como objectivo descobrir o porquê de tudo” (p. 22). Assim, a
análise filosófica interessa-se por uma variedade de problemas em que se
destacam os seguintes:

Problemas filosóficos
i) Cosmologia Estuda o mundo físico.
ii) Gnoseologia ou teoria Estuda o conhecimento.
do conhecimento
iii) Antropologia (está Estuda o homem (Quem é o homem? Para quê
subdivide-se em existimos? Qual é a finalidade da existência
antropologia cultural e humana?).
antropologia filosófica)
iv) Metafísica ou Estuda o ser e a realidade
ontologia (estuda o ser e a
realidade)
v) Ética (o bem e o mal Analisa e reflete o problema do bem e do mal.
moral)
vi) Política (organização Trata de questões relacionadas com a
da polis) organização da cidade “polis”.
vii) Pedagogia (educação) Procura analisar tudo o que pode tornar o
processo de ensino e aprendizagem uma mais
valia para o aprendente.
viii) Linguística Estuda a linguagem.
ix) Estética Estuda o belo, a natureza e a criatividade na arte.

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x) Lógica (subdivide-se Estuda a formação do conceito, o raciocínio
em lógica formal e lógica lógico e a argumentação.
material)
xi) Filosofia da Religião Estuda o problema de Deus e das religiões no
mundo.
xii) História da filosofia Procura estudar as várias correntes ou escolas
filosóficas que foram surgindo ao longo dos
tempos e o seu impacto no pensamento e no
desenvolvimento das sociedades.
Sociologia Sem ser propriamente uma ciência filosófica, a
sociologia ajuda a perceber a vida em sociedade e
analisar os factos e fenómenos sociais.

A filosofia estuda todas estas questões supramencionadas através do método


racional, indo até às causas últimas. É uma reflexão que vai além das conceções
das tradições culturais, da fé e crenças e do saber científico. Por isso, a filosofia
é a mãe de todas as ciências. Pois, ela se ocupa de todo o conhecimento e de
todas as ciências e procura ultrapassá-las no alcance da sua reflexão. Em suma,
o conhecimento filosófico ocupa-se de tudo por meio do método racional. A
filosofia é a ciência dos porquês, ela procura indagar o princípio e o fim último
de todas as coisas.

3.3. Conhecimento religioso ou teológico

O conhecimento teológico baseia-se na fé em Deus. Acredita-se num Deus Todo


Poderoso, Criador do Céu e da Terra e de tudo o que nela existe, que falou aos
homens, através de intermediários como Moisés, Abrahão, os profetas e
ultimamente através do próprio Filho, Jesus Cristo. “Havendo Deus antigamente
falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-
18
nos nestes últimos dias pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de tudo, por quem
fez também o mundo” (Hebreus, 1, 1-2).
Este conhecimento da história de Deus e da sua influência no mundo e nos
homens constitui o conhecimento religioso ou teológico. De acordo com
Rampazzo (2004, p. 23) “a teologia é uma reflexão racional e sistemática que,
porém, parte dos dados da fé, e, por isso, pressupõe a fé”.
A teologia cristã católica que é predominante em Angola e em grande parte dos
países do mundo tem o seu fundamento na Tradição Bíblica, na Bíblia, no
Magistério da Igreja e na História do Povo Santo de Deus.
O conhecimento teológico cristão tem uma veste científica no sentido de que é
racional, metódica e sistemática, basta pensar nas disciplinas de teologia
dogmática, teologia moral, ciência bíblica, história da igreja, direito canônico
entre outros, contudo, partindo sempre de um ato de fé. Neste sentido, o objeto
da teologia é a fé e o método consiste na procura da conciliação entre a fé e a
razão conforme ensinava João Paulo II, na sua obra intitulada Fides et Ratio.
Por outro lado, é preciso não perder de vista que a palavra fé não é
exclusivamente teológica e não se reduz ao âmbito religioso. A fé é uma
dimensão intrínseca ao homem e à vida em sociedade. Vivemos e nos movemos
em torno da fé. As nossas culturas apresentam-se como um conjunto de
costumes, tradições e crenças. Acredita-se no feitiço, no poder de bênção e
maldição dos mais velhos e dos mortos (antepassados). Outrossim, acredita-se
nas pessoas, nos negócios, nos contratos e não só. A boa fé é justamente um dos
princípios estruturantes do direito. E a falta dela pode indiciar a prática de um
crime. Por exemplo: agir de má fé num contrato de compra e venda ou num
contrato-promessa. Dar o dito pelo não dito.
Pode-se também afirmar que a fé está presente de alguma maneira na ciência,
pois, muitos cientistas avançam para determinados projetos de investigação
acreditando numa ideia que a priori não se pode comprovar... mas às vezes,
graças a fé, os mesmos projetos atingem níveis de sucesso inesperados. Num

19
projeto de investigação sobre as dificuldades de aprendizagem de computadores,
Gomes (2010) escreve o seguinte:

A realização dos estudos permitiu averiguar certas convicções a


fim de edificar uma nova proposta de ensino e aprendizagem de
programação. Assim, a grande motivação deste trabalho baseou-se
na crença de podermos interferir no processo de ensino da
programação com o intuito de melhorar o panorama. Desta forma,
cremos que os alunos podem ser ajudados nas suas tarefas de
aprendizagem de programação se as condições de ensino e
aprendizagem forem diferentes. Para tal, os professores e
instituições deveriam ter em consideração alguns aspectos que
consideramos relevantes, nomeadamente no que respeita à estrutura
lectiva e às características e conhecimentos dos alunos. (p. 227)
(grifos nossos).

Como se depreende deste texto a crença de que os alunos podem aprender a


programação apesar das inúmeras dificuldades que enfrentam constituiu uma
mola impulsionadora para os investigadores na realização da pesquisa sobre as
dificuldades de aprendizagem da cadeira de programação no curso de
engenharia informática. Se a fé em Deus é uma realidade tangível (S. Tomás de
Aquino, S. Agostinho) a não-fé em Deus também o é. Os ateus não acreditam na
existência de Deus. Dentre eles podemos destacar os três mestres da suspeita:
Nietzsche, Marx e Freud. Não sendo o lugar ideal para desenvolver estas ideias,
a referência a estes autores serve apenas para alertar o leitor sobre a
complexidade do conhecimento religioso ou teológico no mundo.

2.4. Conhecimento científico

O conhecimento científico é uma conquista recente da humanidade. Ela surge no


século XVII com Galileu (1564-1642). Isto não significa que não houvesse saber
rigoroso antes de Cristo, na Antiguidade e na Idade Média. Os homens sempre
procuraram e aspiraram por um conhecimento racional que se distanciasse do
20
mito e do conhecimento popular ou empírico. Este conhecimento até à Idade
Média era denominado de filosofia (Rmpazzo, 2004).
À medida que algumas ciências como a matemática, a biologia, a física, a
astronomia, se foram separando da filosofia (considerada a mãe das ciências) a
partir da Idade Média, o conhecimento científico foi se consolidando com um
novo método, o método científico-experimental.
Atenção:
É preciso abandonar a falsa ideia de que a ciência é a única explicação válida da
realidade, como se fosse um conhecimento certo e infalível. Existem muitas
teorias contraditórias em qualquer tipo de ciência. Imaginem os erros de
diagnósticos que são cometidos pelos médicos, pelos professores, pelos
psicólogos e dos pareceres contraditórios entre juristas...
Portanto, a ciência é falível e contém uma série de limites que acabam por ser,
de alguma forma, a janela de oportunidade para posteriores investigações, e por
isso mesmo, a causa do constante desenvolvimento e evolução das ciências.

2.4.1. Características do conhecimento científico

Na ótica de Almeida e Freire (2007), entre as caraterísticas do conhecimento


científico podemos destacar os seguintes:
i. Objetivo: descreve a realidade como ela é ou pode ser, mesmo que falível
e apenas temporariamente correto, mas nunca como gostaríamos que
fosse;
ii. Empírico: sempre baseado na experiência, nos fenómenos e factos;
iii. Racional: mais assente na razão e na lógica do que na intuição;
iv. Replicável: as mesmas condições, em diferentes locais e com diferente
experimentadores, devem replicar os resultados, ou a sua comprovação
pode ser feita por pessoas distantes e em circunstâncias diversas;

21
v. Sistemático: conhecimento organizado, ordenado, consistente e coerente
nos seus elementos, os quais formam uma totalidade coerente e integrada
num sistema mais amplo;
vi. Metódico: conhecimento obtido através de procedimentos e estratégias
fiáveis, mediante planos metodológicos rigorosos;
vii. Comunicável: conhecimento claro e preciso na sua significação,
reconhecido e aceite pela comunidade científica;
viii. Analítico: procura ir além das aparências, procura entrar na complexidade
e na globalidade dos fenómenos; e
ix. Cumulativo: conhecimento que se ensaia, constrói e estrutura a partir dos
conhecimentos científicos anteriores (p. 18).

Alves (2012), por seu lado, fala das seguintes caraterísticas do conhecimento
científico:
i. Clareza: exposição clara e simples;
ii. Objetividade: evitar afirmações sem fundamentos;
iii. Consistência lógica: argumentação lógica;
iv. Economia: evitar material e informações desnecessárias, que não
sustentam a argumentação;
v. Evidência: as afirmações devem ser fundamentadas;
vi. Originalidade: inovação.

2.4.2. O método dedutivo e indutivo

O método dedutivo mais usado em pesquisas quantitativas parte do geral para o


particular. Ele pertence à corrente filosófica do idealismo em que despontaram
Platão (com o mundo das ideias e o mundo sensível, com o primeiro a comandar
o segundo), Descartes, Hegel, Augusto Comte e outros cientistas positivistas.
Para o método dedutivo as ideias precedem a realidade sensível. Ele postula as
22
teorias e leis existentes, observa e testa as hipóteses extraídas das teorias e leis
para confirmá-las ou infirmá-las. Por exemplo, num estudo experimental, uma
teoria educativa é apologista de que o rendimento das crianças desnutridas é
muito inferior relativamente às crianças nutridas. Esta teoria pode ser uma
hipótese de trabalho que será testada através de instrumentos, técnicas e
estratégias científicas apropriadas. Pode-se escolher um grupo de crianças
desnutridas (grupo de experimento) e um grupo de crianças nutridas (grupo de
controlo). O teste consistiria em nutrir o grupo de experimento e ver se o seu
rendimento aumenta, se aproxima ou iguala o rendimento do grupo de controlo.
Portanto, graças a um procedimento dedutivo através do teste de hipóteses se
poderia confirmar ou infirmar aquela teoria.

Teorias/leis

Teste
Método Hipóteses
dedutivo

Observação

O método indutivo é comum em pesquisas qualitativas. Ele parte do particular


para o geral. Está na origem e desenvolvimento deste método científico
estudiosos como Aristóteles, Tomás de Aquino e Husserl com a sua
fenomenologia. Para estes autores, o conhecimento parte do mundo sensível que

23
é absorvido pelo sujeito cognoscere através dos sentidos. Trata-se de analisar a
realidade enquanto fenómeno para chegar às teorias. Usa-se muitas vezes o
método indutivo em estudos exploratórios e o que se pretende é explorar,
estudar o assunto em profundidade, e chegar às leis gerais ou teorias. Os dois
métodos podem ser utilizados separadamente ou em simultâneo. As opções
dependem do objeto e dos propósitos do estudo que se pretende desenvolver.

Realidade
sensível

Teorias/leis Método Atividade

indutivo
gerais sensorial

Construção do
conhecimento

CAPÍTULO 3: FONTES DE PESQUISA DO CONHECIMENTO


CIENTÍFICO

Terminado o ponto sobre os vários tipos de conhecimento e assumindo que o


grande o objetivo desta obra consiste em ajudar os estudantes a elaborar o seu
trabalho de fim de curso e outros trabalhos académicos, apresentamos agora as
principais fontes de pesquisa enquanto lugares ou dispositivos que podem ser
usados na recolha de informação bibliográfica para montar um trabalho
científico. No nosso entender e de forma resumida pode-se falar hoje de duas
fontes de pesquisa: a biblioteca tradicional e a biblioteca virtual.

24
3.1. Biblioteca tradicional

Existem vários espaços de interesse para a vida académica dentro de uma


universidade. Um desses espaços de relevo é a biblioteca. A biblioteca (do grego
bibliothéke, do latim bibliotheka) pode ser definida como o conjunto de obras
(livros, revistas, dicionários, enciclopédias, jornais, materiais digitais incluindo
vídeos e áudios...) que se encontram devidamente ordenadas e catalogadas no
sentido de puderem ser utilizadas pelos estudantes e investigadores no seu
estudo e pesquisa. A biblioteca é um acervo de livros físicos ou digitais e
material afim destinados para a consulta dos utentes. Os utentes no contexto
universitário são normalmente os alunos e os professores, mas em âmbito mais
alargado incluem os funcionários de instituições públicas, privadas e público-
privadas e outras pessoas ou entidades interessadas.

Relacionada com a biblioteca, hoje, tem-se falado também da mediateca. Em


termos globais não existem grandes diferenças entre as duas. A biblioteca
tendencialmente lida mais com livros fisícos e material afim enquanto a
mediateca para além dos livros físicos disponibiliza para os seus utentes
materiais audiovisuais e afins, e assume-se na generalidade como um espaço
cultural e de lazer para os utentes sobretudo os mais jovens.

As bibliotecas podem ser públicas ou privadas. As bibliotecas públicas são


acessíveis a todas as pessoas. Exemplo: as bibliotecas das universidades e
institutos estatais, as bibliotecas dos ministérios e outros órgãos do governo. As
bibliotecas privadas: o seu uso por parte de terceiros depende da boa vontade
dos seus proprietários. Exemplo: a biblioteca das universidades privadas.

25
Para além da biblioteca geral da universidade cada faculdade pode ter a sua
biblioteca específica ou setorial, com material bibliográfico próprio dos cursos
que leciona. Deste modo, a cada faculdade ou escola corresponde uma
biblioteca: biblioteca da faculdade de economia, biblioteca da faculdade de
direito, biblioteca da faculdade de psicologia, biblioteca da faculdade de
educação, biblioteca da faculdade de medicina, biblioteca da faculdade de
ciências humanas, etc.

Estrutura física da biblioteca

A biblioteca comporta vários espaços que importa conhecer para facilitar o


acesso aos seus serviços. Dentre estes espaços merecem destaque:

a) A sala de depósito. É a sala onde ficam armazenados através das várias


estantes os livros e material afim devidamente ordenados e catalogados.
De salientar que os livros só vão para o depósito depois de passarem pela
sala de tratamento e catalogação das obras.

b) Sala de catálogo. Nesta sala encontramos o catálogo por autor, título,


assunto, editora, ano, etc. Através do catálogo o estudante pesquisa o
material bibliográfico de que necessita para o seu estudo e/ou
investigação. Este catálogo pode ser consultado online em muitas
bibliotecas do mundo.

c) Sala de consultas rápidas. Esta sala contém normalmente revistas,


jornais, enciclopédias, dicionários que devem ser consultados rapidamente
em horas de intervalo ou lazer. Não se fica muito tempo na sala ou espaço
de consultas rápidas porque há sempre mais utentes interessados neste
serviço e nem sempre há exemplares suficientes para atender a demanda.

26
d) Sala de leitura. Sala reservada aos estudantes e investigadores desejosos
de aprofundar determinadas matérias de interesse académico ou pessoal.
Neste espaço os utentes estão proibidos de conversar, atender o telefone
ou fazer qualquer tipo de ruído. O silêncio é a palavra de ordem. É
fundamental que respeitemos os outros que querem estudar e/ou
investigar. Em muitas bibliotecas, normalmente, esta sala é alcatifada,
justamente para evitar o barulho dos sapatos sobretudo sapatos de sola
seca e as socas.

e) Área administrativa. Para além dos espaços já mencionados, a biblioteca


tem também uma área administrativa composta essencialmente pelo
gabinete do diretor da biblioteca, a secretária e a sala de tratamento e
catalogação das obras.

f) Sala virtual. A biblioteca oferece a determinados utentes que não têm um


computador a possibilidade de utilizar os computadores da sala virtual
para efeitos de pesquisa e elaboração dos trabalhos académicos. Trata-se
efetivamente de uma sala equipada com computadores ligados a internet,
disponíveis para todos os estudantes sobretudo para aqueles que
enfrentam mais dificuldades na aquisição de um computador pessoal.

g) Zona ou sala de lazer. A biblioteca pode também ter uma zona de lazer
destinada para fumadores e outros utentes que queiram descontrair um
pouco ou dar um intervalo no seu trabalho de estudo e investigação. Este
espaço pode também oferecer serviços mínimos de bar.

Uso da biblioteca

27
• Leitura. Podemos usar a biblioteca para ler material diverso até de forma
descontraída sem perturbar o silêncio dos demais utentes. A leitura pode
ser simples, diagonal ou mais profunda dependendo dos objetivos
perseguidos pelo estudante em cada fase da sua vida académica.
• Estudo. Refere-se ao estudo aprofundado de material de interesse
académico, estudo das unidades curriculares, preparação de exames, etc.
Muitos estudantes costumam usar com frequência a biblioteca para a
preparação das suas avaliações. Contudo, sublinhamos que não é um bom
hábito acelerar ou aprofundar o estudo pessoal apenas na época das
avaliações. No entanto, é perigoso e muito arriscado preparar as
avaliações na véspera ou procrastinar, estando na base dos muitos
insucessos escolares dos alunos universitários, referimo-nos aqui
sobretudo aos alunos do 1º ano. Para ter sucesso na universidade é
necessário estudar os conteúdos lecionados pelos professores todos os
dias. O sucesso escolar constrói-se quotidianamente com suor e sacrifício,
não é fruto do mero ocaso.
• Investigação. Esta talvez seja a utilização mais fina da biblioteca. Afinal,
o aparato bibliográfico da biblioteca permite percorrer vários autores para
construção do conhecimento. A ciência não nasce connosco, antes de nós
já muitos autores terão feitos ensaios e pesquisas sobre a problemática do
nosso estudo, ou, pelo menos, terão deixado algumas pistas que podem
interessar e engrossar o nosso trabalho. É neste sentido que se torna
crucial ler e procurar entender o pensamento dos autores que nos
antecederam. Porquê inventar a roda quando ela já existe? O melhor é
partir do que já existe em termos de ciência para construir o conhecimento
novo. A investigação deve ser um caminho que se faz com humildade, na
medida em que não sabemos nada e a descoberta na se faz com o
concurso do conhecimento produzido por outros cientistas. Investigar é
estar sempre a caminho, com os olhos bem abertos, para perceber o “real”

28
e o “irreal” que mora na ciência de outros autores. Uma atitude de
fechamento e indiferença ao saber de outros paralisa e bloqueia a cadeia
de conhecimentos.
• Consultas rápidas. Um dos serviços prestados pela biblioteca é colocar à
disposição dos utentes informações atualizadas sobre o mundo,
particularmente, Angola, através dos jornais e revistas que devem ser
consultados com brevidade. Para além dos jornais podem ser consultados
rapidamente os dicionários, enciclopédias, revistas entre outros.
• Empréstimo de livros. A biblioteca normalmente empresta livros aos
estudantes e professores. Em muitos contextos universitários por falta de
segurança jurídica evita-se o empréstimo de livros aos estudantes.
• Serviço de cópias. Por último, a biblioteca pode sempre oferecer aos seus
utentes um serviço personalizado de cópias. Pois, estes sempre que o
desejarem têm à sua disposição várias máquinas copiadoras para
reproduzir material bibliográfico do seu interesse sem ultrapassar o
número de páginas exigível por causa dos direitos autorais.

3.2. Biblioteca virtual

Vivemos imersos numa sociedade moderna alicerçada nos paradigmas da


ciência, tecnologia, informação e inovação. Esta moderna sociedade não se
contenta de visões tradicionalistas da realidade procurando nas diversas fases da
história trazer novos modus vivendi e de interpretação que acabam por
influenciar e desafiar a nossa maneira habitual de ver e refletir a realidade. O
surgimento dos computadores, smartphone e da internet criaram um novo
mundo no que a indústria livresca diz respeito. Através de um computador ou
smartphone ligados à internet podemos ter acesso a milhares de documentos
digitais úteis para desenvolver qualquer tipo de projeto investigativo. Acresce-se
ainda o facto de muitas universidades pelo mundo estabelecerem protocolos ou

29
contratos com empresas detentoras de grandes bases de dados ou repertórios
com vários livros e revistas científicas de top que podem ser consultados em
tempo real pelos professores e alunos.

Este novo cenário global trouxe consequências muito positivas para os


investigadores que não precisam deslocar-se, programar viagens para o exterior
do país, gastar soma avultadas com a compra de livros. Apesar de nem todos os
alunos e professores possuírem recursos financeiros para a aquisição de um
computador ou smartphone ligados à internet parece evidente que hoje o
conhecimento está mais ao dispor de todos do que no passado, não importando o
espaço físico ou geográfico nem o momento de consulta das obras.

Se o conhecimento está à disposição de todos, não é menos verdade que muitos


utentes (estudantes e pesquisadores) não conseguem encontrar o material
bibliográfico que procuram para o seu trabalho. Na verdade, a pesquisa exige
uma certa iniciação/aprendizagem que conduz os alunos a descobrir as fontes de
pesquisa e dos documentos importantes para o seu trabalho de investigação. E a
falta desta iniciação ou a falta de conhecimento e domínio das fontes
bibliográficas acarreta consequências negativas que se podem traduzir numa
pesquisa científica menos conseguida. Por outro lado, é fundamental ter algum
cuidado com a seleção do material bibliográfico numa pesquisa científica. Nem
tudo serve para a nossa pesquisa científica. Devemos selecionar os autores de
referência da área, os artigos e os livros mais recentes sobre a temática que
estamos a tratar. Uma estratégia seguida por muitos autores no intuito de tornar
a bibliografia da sua investigação de reconhecido valor consubstancia-se na
tomada de decisão de utilizar só e apenas obras de Revistas indexadas.

CAPÍTULO 4: CITAÇÕES NO TRABALHO CIENTÍFICO

30
As bibliotecas de um modo geral são lugares onde podemos encontrar o material
de precisamos para desenvolver um projeto de pesquisa. É lá onde se encontram
os livros e materiais afim que depois de selecionado de acordo com o tema da
nossa pesquisa fazer um levantamento bibliográfico.
Selecionado o material podemos elaborar as filhas bibliográficas e as fichas de
conteúdo. É nestas últimas que registamos a informação (textos ou ideias) útil
para a elaboração do trabalho científico. Assim, a citação acontece quando
utilizamos no nosso Trabalho Universitário ou Trabalho Científico textos e/ou
ideias extraídos da obra de um autor. Ela tem como principal objetivo enriquecer
a nossa investigação com argumentos de trabalhos já feitos na mesma área
temática por diferentes autores. As citações podem ser de duas formas: diretas e
indiretas conforme se pode ver na figura 1.

Citação direta
curta
Citação direta
Citação direta
longa
Citação
Citação indireta
por paráfrse
Citação indireta
Citação indireta
por condensação

Figura 2 - Citação no trabalho científico

4.1. Citação direta

31
A citação direta ocorre quando transcrevemos para o nosso trabalho científico
um texto retirado da obra de um autor sem alterar as suas caraterísticas originais.
Quanto a extensão a citação pode ser curta ou longa.
De acordo com as normas da APA (7ª edição), a citação direta curta deve ter
menos de 40 palavras e fica inserida no texto entre aspas duplas, com a
indicação da fonte. Com um número de 40 ou mais palavras a citação é
considerada como citação direta longa. “É inserida em parágrafo próprio (em
bloco) e em espaço simples de entrelinhamento, com recuo de 4 cm da margem
esquerda, com letra menor que a do texto, sem aspas, com a indicação da fonte
de onde foi retirada.” (Cornelsen, 2012, p. 43)

Nas citações diretas ter em conta o seguinte:

i. Transcrever as palavras ou frases como no original, respeitando-se a


grafia, pontuação e destaques tipográficos,
ii. Caso o destaque tipográfico seja do autor citado, usar a expressão
‘sublinhado do autor’[grifo do autor], após o sistema de chamada, entre
parênteses,
iii. Se o destaque tipográfico for do citador, usar a expressão ‘sublinhado
nosso’ [ou grifo nosso] após o sistema de chamada, entre parênteses,
iv. Substituir as aspas do trecho citado por aspas simples,
v. Usar reticências entre parênteses curvos (...) para a supressão de palavras
do texto citado,
vi. Acréscimos, interpolações ou comentários devem ser indicados entre
colchetes [ ],
vii. O ponto final de uma citação deve sempre ficar dentro das aspas,
viii. Caso o texto original apresente alguma incoerência, incorrecção
ortográfica ou gramatical, o citador deve transcrever o original tal como

32
se apresenta e acrescentar, imediatamente após o erro, o termo sic entre
parênteses (Cornelsen, 2012, p. 43).

Exemplo de citação direta curta


“Uma investigação inicia-se sempre pela definição de um problema” (Almeida
& Freire, 2007, p. 35).

Exemplo de citação direta longa

O setor do ensino superior lida com a tarefa


simultaneamente desafiadora e estimulante de criar
oportunidades estruturadas de aprendizagem e de
desenvolvimento académico, profissional e pessoal àqueles
que constituirão um grupo importante dos recursos
humanos e a elite social e intelectual das sociedades. Dadas
as mudanças significativas ocorridas nos últimos anos no
mundo económico e social, é desejo de muitos que a
educação superior concorra de modo mais efetivo para o
desenvolvimento de uma cultura científica, equipe os
jovens adultos com competências pessoais e de
participação social e estabeleça relações mais estreitas e
explícitas com o mudo do trabalho profissional. (Taveira,
2000, p. 51)

4.2. Citação indireta

Acontece quando transcrevemos para o nosso trabalho científico ideias retiradas


da obra de um autor. Diferente da citação direta aqui na citação indireta
reproduzimos no nosso trabalho científico apenas a(s) ideia(s) da obra do autor e
não o texto original com todas as suas caraterísticas. Dito de outro modo, na

33
citação indireta transcrevemos para o trabalho científico a(s) ideia(s) da obra de
um autor utilizando as nossas próprias palavras.
Não é fácil fazer uma citação indireta, porque, primeiro, temos de ler bem o
texto e o contexto do autor, interpretar as ideias do autor, tentar perceber quais
são realmente as ideias as suas, e só depois poderemos colocar as mesmas no
nosso trabalho científico. No entanto, a grande chamada de atenção que fazemos
aqui é a de que o citador nestes casos deve ser fiel ao pensamento ou às ideias
do autor contidos na sua obra sob pena de referir algo que o autor não disse. O
que seria um contrassenso ou desvirtuamento do pensamento do autor. Por isso,
todo cuidado é pouco ao fazer-se uma citação indireta.

Segundo Cornelsen (2012), a citação indireta pode ser apresentada de duas


formas: por paráfrase e por condensação.

A citação indireta por paráfrase permite expressar a ideia do autor mantendo a


citação praticamente com o mesmo número de palavras que o original.
Normalmente, ocorre quando se transforma uma citação direta curta em citação
indireta.

A citação indireta por condensação acontece quando se extrai de uma obra com
várias páginas, parágrafos ou frases uma ou mais ideias por meio de uma
síntese. Se é comum fazer-se a citação indireta por paráfrase com textos mais
curtos na citação indireta por condensação usamos textos mais longos.
Quer na citação indireta por paráfrase quer na citação indireta por condensação
pode-se citar vários autores que referem a(s) mesma(s) ideia(s) no(s) seu(s)
trabalho(s). Para conseguir fazer esse tipo ligação entre os autores é necessário
ler e interpretar convenientemente os vários autores para perceber em que
aspetos ou ideias eles coincidem.

34
Exemplo de citação indireta por paráfrase
Toda investigação começa sempre com o levantamento de um problema
(Almeida & Freire, 2007).

Exemplo de citação indireta por condensação


Quer o insucesso escolar, quer o abandono escolar, colocam-nos, de alguma
forma, perante o problema das desigualdades sociais existentes no sistema
educativo e de maneira ainda mais profunda diante da questão da origem e
diversidade sociocultural dos alunos (Weil, 2000; Cavaco, 2015).

4.3. Citação de citação

Para além das citações de acabamos de ver (citação direta e indireta) pode-se
também colocar no trabalho científico citação de citação.

A citação de citação pode ser considerada como a reprodução de um ou mais


textos ou ideias já citados na obra de um autor. Portanto, quando se transcreve
para o nosso trabalho científico uma informação ou ideia que um outro autor
citou na sua obra fazemos uma citação de citação.

A citação de citação pode ser direta (curta ou longa) e pode ser indireta (por
paráfrase ou por condensação).

Exemplo de citação de citação direta curta


A missão do Estado-Educador é “manter [através da escola] uma certa moral e
certas doutrinas que importam à sua conservação” (Discurso de Ferry em
Junho de 1879 apud Lelièvre, 1999, p. 56).

35
Porém, aconselha-se a evitar esse tipo de citações porque retiram alguma
qualidade ao trabalho científico na medida em que acabamos por citar obras que
não lemos e, às vezes, nem conhecemos, não tendo uma perceção mais
aprofundada das ideias do autor e do contexto da obra citada. O melhor será
sempre consultar a obra original e citá-la diretamente. Sobretudo em trabalhos
de mestrado e doutoramento desencoraja-se a utilização de citação de citação.

4.4. Citação de mais de uma obra do mesmo autor do mesmo ano

“Acrescentar, na remissão, letras minúsculas, a partir da letra (a) após o ano de


publicação, intercalado por vírgula” (Traldi & Dias, 2011, p. 93).

Exemplo:
Fernandes (2001a, 2001b, 2001c, 2001d) considera que...
Ou
Fernandes (2001c) afirma que...

4.5. Fichas bibliográficas e fichas de conteúdo

4.6. Conceito de ficha

Fisicamente, uma ficha, no contexto da metodologia de investigação, é um


pedaço de papel ou de cartolina, de formato retangular, destinado ao registo,
armazenagem e manuseamento de informações.
Na atividade académica usamos dois tipos de fichas: a ficha bibliográfica e a
ficha de conteúdo.
- A ficha bibliográfica serve para registar as referências bibliográficas de uma
obra: Autor, ano, título da obra (edição se não for a 1ª), cidade, editora.

36
- A ficha de conteúdo serve para escrever o conteúdo de uma obra que seja do
interesse do nosso estudo ou investigação. O conteúdo pode ser uma citação ou
uma referência (paráfrase).
Hoje as fichas ou ficheiros são guardados também no computador.

4.7. A configuração física da ficha bibliográfica

A ficha bibliográfica é retangular. Normalmente usam-se fichas de tamanho A7.


Designação de formato de papel. A4, A5, A6, A7; A3 é o dobro de A4…
Exemplo de ficha bibliográfica A7

Almeida, L. & Freire, T. (2007). Metodologia de


investigação em psicologia e educação (4ª ed.). Braga:
Psiquilíbrios edições.

4.8. A configuração física da ficha de conteúdo

A ficha de conteúdo tem um formato retangular. Normalmente usam-se fichas


de tamanho A6.
Exemplo de ficha de conteúdo A6
Fernandes, S. A. (2001). O insucesso escolar. In E. L. Pires,
A. S. Fernandes & J. Formosinho (Ed.), A construção social
da educação escolar (3ª ed., pp. 187-213). Porto: Asa.

“Se é relativamente fácil encontrar alguns indicadores visíveis do


insucesso escolar, mais complicada é a questão de analisar as causas e a
natureza deste fenómeno” (p. 187).

37
4.9. Tipologia de fichas bibliográficas

• Ficha bibliográfica de catálogo (Biblioteca)


• Ficha bibliográfica de seminário
• Ficha bibliográfica pessoal (uso pessoal)

4.10. Plágio e autoplágio

O plágio ocorre quando se copia e se coloca no trabalho científico uma ideia ou


um texto de outro autor sem a devida citação. É a apropriação indevida do
pensamento ou da obra de um outro autor. Portanto, por uma questão de
honestidade intelectual e académica não devemos escrever no nosso trabalho
científico ideias ou textos, sejam eles curtos ou longos, sem a devida indicação
da fonte dessa informação.

O autoplágio, por sua vez, traduz-se na reprodução de uma ideia ou texto já


publicado pelo próprio autor numa obra anterior sem a devida referência a esta
mesma obra.

O plágio pode ser:


a) integral – a cópia ou reprodução de uma obra completa.
b) parcial – a cópia ou reprodução de frases ou parágrafos de uma obra sem citar
a fonte.
c) conceptual – utilização das ideias da obra de outro autor expressando-as de
forma um pouco diferente sem citar a fonte.

38
Quer o plágio quer o autoplágio constituem uma fraude académica grave
estando em rota de colisão com os princípios da ética na investigação científica
e rutura total com os padrões internacionais de qualidade. Isto quer dizer que um
trabalho feito no âmbito universitário “plagiado” não tem qualidade e não tem
nenhum valor científico. O trabalho de fim de curso (monografia, dissertação,
tese) plagiado tem como consequência a anulação do trabalho por fraude e
desonestidade intelectual.

Nesta senda de ideias, temos vindo a insistir e apelar os alunos universitários no


contexto da sala de aulas para que tenham uma atitude de respeito pelo
pensamento e obra de outros autores. Não temos o direito de nos apropriarmos
daquilo que não nos pertence.

A Declaração dos Direitos do Homem, no seu artigo 27º, n.º 2 defende que
“todos têm direito à proteção dos interesses morais e materiais ligados a
qualquer produção científica, literária ou artística da sua autoria”. Portanto, em
nome dos direitos do autor fica vedada toda e qualquer tentativa de plágio e
autoplágio.
De acordo com a Unesco (1991), “todo indivíduo pode (...) reivindicar o
reconhecimento da sua qualidade de autor de uma dada obra, por exemplo em
caso de plágio, se um terceiro se atribuir indevidamente a paternidade” 1 (p. 32).

CAPÍTULO 5: ELABORAÇÃO DAS REFERÊNCIAS


BIBLIOGRÁFICAS (NORMAS APA 7ª ED.)

5.1. Elementos que constam na bibliografia

1
Ver também a Lei dos Direitos de Autor, art.º 31º e 32º.

39
Autor (Apelido, nomes), ano, título e subtítulo, número do volume (obras com
vários volumes) (número de edição caso não seja a 1ª). Cidade de edição:
Editora.

Exemplo:

Azevedo, M. (2008). Teses, relatórios e trabalhos escolares: Sugestões para


estruturação da escrita (6ª ed.). Lisboa: Universidade Católica Editora.

5.2. Normas para elaboração de uma bibliografia

Para a elaboração de qualquer bibliografia deve-se ter em conta duas regras


básicas: a ordem e a coerência:

a) Ordem

A bibliografia segue a ordem alfabética. Esta regra é muito importante porque


ajuda a localizar facilmente o(s) autor(es) das obras nas referências
bibliográficas. Aqui também é mister recordar que nenhum autor deve estar na
bibliografia sem ter sido citado ao longo do texto ou trabalho de investigação.

Exemplo:

Azevedo, M. (2008). Teses, relatórios e trabalhos escolares: Sugestões para


estruturação da escrita (6ª ed.). Lisboa: Universidade Católica Editora.

Bastos, L. R. et al. (2013). Manual para a elaboração de projetos e relatórios


de pesquisas, teses, dissertações e monografias (6ª ed.). Rio de Janeiro:
LTC.

40
Bell, J. (1997). Como realizar um projecto de investigação: Um guia para a
pesquisa em ciências sociais e da educação. Lisboa: Gradiva.

Cornelsen, J. M. (2012). Escrever... com normas: Guia prático para elaboração


de trabalhos técnico-científicos. Coimbra: Imprensa da Universidade de
Coimbra.

b) Coerência

De acordo com esta regra da coerência devemos seguir o mesmo padrão para
todas as referências bibliográficas.

Exemplo de uma bibliografia incoerente:

AZEVEDO, M. (2008). Teses, relatórios e trabalhos escolares: Sugestões para


estruturação da escrita (6ª ed.). Lisboa: Universidade Católica Editora.

Bastos, L. R. et al. (2013). “Manual para a elaboração de projetos e relatórios


de pesquisas, teses, dissertações e monografias” (6ª ed.). Rio de Janeiro:
LTC.

BELL, J. (1997). Como realizar um projecto de investigação: Um guia para


a pesquisa em ciências sociais e da educação. Lisboa: Gradiva.

Cornelsen, J. M. Escrever... com normas: Guia prático para elaboração de


trabalhos técnico-científicos. Coimbra: Imprensa da Universidade de
Coimbra, 2012.

Estas referências não respeitam a regra da coerência porque os nomes algumas


vezes aprecem com maiúsculas e outras vezes com minúsculas. Seguindo as

41
Normas da APA, o correto é escrever o sobrenome do autor com minúsculas,
exceto obviamente a primeira letra do sobrenome (Ex. Fernando). Os títulos e
subtítulos umas vezes aparecem com letras normais, outras vezes com o itálico e
outras ainda com o negrito. Seguindo as Normas da APA, o correto é escrever o
título e subtítulo em itálico e sem aspas.

5.3. Grafia
• Autor: sobrenome em minúsculas e o(s) nome(s) abreviados (e.g. Afonso,
S. D.)
• Título e subtítulo: em itálico
• Demais elementos: em escrita corrente (cursivo)

Exemplo:

Azevedo, M. (2008). Teses, relatórios e trabalhos escolares: Sugestões para


estruturação da escrita (6ª ed.). Lisboa: Universidade Católica Editora.

5.4. Interpontuação

- Entre o sobrenome e o(s) nome(s) insere-se uma vírgula (,)


- Depois do nome segue imediatamente o ano de publicação da obra entre
parentes (2016) e depois coloca-se um ponto (.)
- Entre o título e o subtítulo coloca-se dois pontos (:)
- Os restantes elementos vêm separados por vírgula (,)
- No fim colocamos um ponto (.)
Exemplo:

Azevedo, M. (2008). Teses, relatórios e trabalhos escolares: Sugestões para


estruturação da escrita (6ª ed.). Lisboa: Universidade Católica Editora.
42
5.5. Diversos tipos de obras quanto ao autor

5.5.1. Obras de um só autor

Azevedo, M. (2008). Teses, relatórios e trabalhos escolares: Sugestões para


estruturação da escrita (6ª ed.). Lisboa: Universidade Católica Editora.

Bardin, L. (2008). Análise de conteúdo (4ª ed.). Lisboa: Edições 70.

Citação no início ou citação narrativa

Citação no final

5.5.2. Obras de dois autores

Almeida, L., & Freire, T. (2007). Metodologia de investigação em psicologia e


educação (4ª ed.). Braga: Psiquilíbrios edições.

Alba, N., & Porlán, R. (2017). Capítulo 2: La metodologia de enseñanza. In R.


Porlán, J. Vázquez, E. Solís, R. M. Del Pozo, J. A. Pineda, O. Duarte, ... J.
A. Herrera Martín (Coords.), Enseñanza universitaria (pp. 37-53).
Madrid: Morata.

Bourdieu, P., & Passeron, J.-C. (1964). Les héritiers: Les étudients et la culture.
Paris: Éditions de Minuit.

Quivy, R., & Campenhoudt, L. (2003). Manual de investigação em ciências


sociais. Lisboa: Gradiva.

43
5.5.3. Obras de três ou mais autores

Gauthier, C. et al. (2013). Enseignement explicite et réussite des élèves: La


gestion des apprentissages. Québec: ERPI.
Abreu, M. V. et al. (1983). Da prevenção do insucesso escolar ao
desenvolvimento interpessoal. Revista Portuguesa de Pedagogia, 17,
143-170.

5.5.5. Autor-instituição

Ministério do Ensino Superior (Angola). (2014). Anuário estatístico 2014.


Luanda: Gabinete de estudos, planeamento e estatística.

Ministério do Ensino Superior (Angola). (2015). Quadro actual de legalidade


dos cursos de graduação ministrados nas instituições do ensino superior
públicas e privadas. Luanda: Centro de Documentação e Informação do
Ministério do Ensino Superior.

5.5.6. Obras sem autor

Dicionário da língua portuguesa (2013). Porto: Porto Editora.

Constituição da República de Angola (2010).

Lei n.º 17/16 de 8 de Outubro (Lei de Bases do Sistema de Ensino e Educação)

5.6. Diversos tipos de obras quanto a natureza

5.6.1. Coletânea (referência de parte da obra)

44
A coletânea é das obras mais complexas na elaboração de referências
bibliográficas. Uma coletânea contém várias obras menores que podem
corresponder a um capítulo ou um artigo, sendo que cada um deles tem o(s)
seu(s) próprio(s) autor(es). Ao elaborar esse tipo de referência devemos ter em
conta:

a) que os autores do capítulo ou artigo aparecem logo no início da referência,


seguido do ano de publicação da obra, o título do capítulo ou artigo, e só depois
disto segue o editor ou editores da coletânea (tida aqui como a obra maior na
qual estão contidas várias obras menores);

b) neste tipo de obras fica em itálico o título da obra maior e não o título do
capítulo ou parte da obra que podemos também chamar de obra menor.

Exemplo:

Afonso, A. J. (2011). Capítulo 5: Questões polémicas no debate sobre


políticas educativas contemporâneas: O caso da accountability baseada
em testes estandardizados e rankings escolares. In M. P. Alves & J.-M.
de Ketele (Orgs.), Do currículo à avaliação, da avaliação ao
currículo (pp. 83-101). Porto: Porto Editora.

Alarcão, I. (2000). Para uma conceptualização dos fenómenos de


insucesso/sucesso escolares no ensino superior. In J. Tavares & R.
Santiago (Orgs.), Ensino superior: (in)sucesso académico (pp. 13-23).
Porto: Porto Editora.

5.6.2. Dicionários de especialidade

45
Carvalho, A. D. (2006). Dicionário de filosofia da educação. Porto: Porto
Editora.

Petot, J.-M. (2001). Insucesso (neurose de). In R. Doron & F. Parot (Dir.),
Dicionário de Psicologia (p. 428) (Gabinete de Tradução da Climepsi
Editores, Trad.). Lisboa: Climepsi.

5.6.3. Artigos de revista

Aguiar, S., & Barroso, J. (2015). La triangulación de datos como estrategia en


investigación educativa. Revista de Medios y Educación, 47, 73-88.

Tumbula, S. H. & Costa, J. A. (2010), Culturas organizacionais e liderança nas


escolas: A direção por valores. Revista Portuguesa de Investigação
Educacional, 9, 193-204.

5.6.4. Artigos de jornais

Soares, M. N. (1990, Dezembro 23). Comunicado aos eleitores. O Público, pp.


1-3, 7, 32.

5.6.5. Monografias, dissertações e teses

António, I. M. (2013). A ética nos serviços públicos em Luanda. (Monografia).


Universidade Católica de Angola - Faculdade de Ciências Humanas,
Luanda, Angola.

Cortez, R. J. V. (2020). O papel do psicólogo nos cuidados paliativos: Uma


revisão sistemática. Universidade do Porto – Faculdade de Medicina,
Porto, Portugal.

46
Tumbula, S. H. (2010). Culturas organizacionais e liderança nas escolas: A
direção por valores em estudo de caso. (Tese de Mestrado). Universidade
Católica Portuguesa – Faculdade de Educação e Psicologia, Lisboa,
Portugal.

Tumbula, S. H. (2020). O (in)sucesso escolar no 1º ano dos cursos de


licenciatura em engenharia em Angola: Realidades, complexidades e
possibilidades segundo a perceção de professores e alunos. (Tese de
Doutoramento). Universidade Católica Portuguesa – Faculdade de
Educação e Psicologia, Porto, Portugal.

Trigo, M. L. (2012). Preparação académica, estatuto sociocultural, abordagens


à aprendizagem e envolvimento académico: Fatores de um modelo
explicativo do rendimento académico no primeiro ano da universidade.
(Tese de Doutoramento). Universidade do Minho - Instituto de Educação,
Braga, Portugal.

5.6.6. Legislação

Constituição da República de Angola de 2010


Lei 17/16 de 7 de Outubro (Lei de Bases do Sistema Educativo)

5.6.7. Documentos do Magistério da Igreja Católica

Catecismo da igreja católica. (1993, 3ª ed.). Petrópolis: Vozes.

Jean Paul II (1988). Constitution apostolique Pastor bonus. In ASS (841-930),


vol. 80.

47
Vatican II (1967). Constituição dogmática Lumen Gentium. In Concile
oecuménique Vatican II. Constitutions, Décrets, Déclarations. Paris:
Centurion.

5.6.8. Documentos eletrónicos

Adelman, C. (1999). Answers in the tool box: Academic intensity, attendance


patterns, and bachelor's degree attainment. Washington, D.C.: Office of
Education Research and Improvements, U.S. Department of Education.
https://files.eric.ed.gov/fulltext/ED431363.pdf

Almeida, A., & Vieira, M. (2008). Insucesso escolar: O caso das transições para
o ensino superior. Actas do Congresso da Associação Portuguesa de
Demografia (pp. 1-15). https://slidex.tips/download/insucesso-escolar-o-
caso-das-transioes-para-o-ensino-superior-actas-do-congresso

5.7. Abreviaturas na lista das referências bibliográficas

Abreviaturas Partes de livros e outras


publicações
ed. edition (edição)
Ed. Rev. Revised edition (edição
revisada)
2ª ed. second edition (segunda edição)
Ed. (Eds.) Editor(s) (editor[es])
Trad. (trads.) Translator(s) (tradutor[es])
n.d. (s.d.) no date (sem data)
p. (pp.) page(s) (página[s])

48
Vol. Volume [como em Vol. 4]
Vols. Volumes [como em Vols. 1-4]
Nº Number (número)
Pt. Part (parte)
Rel. Tec. Technical Report (relatório
técnico)
Supl. Supplement (suplemento)

5.8. Outras abreviaturas

Um editor (Ed.) Dois ou (Eds.)


mais

Um (Org.) Dois ou (Orgs.)


organizador mais

Um (Coord.) Dois ou (Coords.)


coordenador mais

Um (Comp.) Dois ou (Comps.)


compilador mais

Um diretor ou Dir. Dois ou Dirs.


sob direção mais
de... diretores

49
CAPÍTULO 6: TIPOLOGIA DE TRABALHOS CIENTÍFICOS
6.1. Resumo
O resumo “é a contracção de um texto, mantendo a ordem de sequência das suas
ideias e o sistema de enunciação, reformulando o discurso e salvaguardando
uma rigorosa objectividade” (Soares, 2001, p. 11).
O resumo é também a apresentação concisa, do conteúdo de um artigo, livro,
etc., a qual, precedida de sua referência bibliográfica, visa esclarecer o leitor
sobre a conveniência de consultar o texto original (Dicionário de Língua
Portuguesa, 1999, p. 1757).

Procedimentos a respeitar quando se faz um resumo:

i) Conservar a ordem sequencial das ideias.


ii) Salvaguardar o sistema de enunciação.
iii) Reformular o discurso sem tomar posição
iv) Proscrever as fórmulas do tipo “O autor pensa que...; mostra que...”.
v) Não copiar frases integrais do texto.
vi) Respeitar o número de palavras pedido (Soares, 2001).

6.2. Recensão

Recensão é a apreciação breve de um livro ou de um escrito; pode ser ainda a


resenha crítica de uma obra (O Dicionário de Língua Portuguesa, 1999, p. 1717).
Na recensão apresenta-se o conteúdo da obra seguida de uma crítica sobre as
principais ideias da obra.
“Uma recensão consiste na apresentação de uma obra, referindo aspetos
positivos da mesma e, eventualmente, considerados menos positivos. Para a
realização de uma recensão, o leitor deve fazer uma leitura muito atenta da obra
em apreço, no sentido de poder fazer a referida avaliação” (Alves, 2012, p. 27).
50
Elementos a ter em conta na elaboração de uma recensão:

i. Identificação da obra (título da obra, autor, local de edição e editora, ano


de edição, tradutores)
ii. Características do livro (número de páginas, peso, cor, estilo de
argumentação...)
iii. Conteúdo – deve incluir uma explicação objetiva do assunto. A exposição
dos conteúdos deve ser feita pela ordem da obra, assim como referir o
contributo da mesma dentro da área em que se enquadra. Deve incluir
ainda o ponto de vista do leitor da obra (recenseador), apresentando de
forma sucinta os pontos de concórdia ou discórdia com o autor e a sua
justificação. Esta avaliação passa pela análise do conteúdo, estrutura,
apresentação gráfica, entre outros aspetos.
Normalmente as recensões são publicadas em periódicos.

6.3. Trabalhos das unidades curriculares

São os trabalhos realizados no âmbito de cada disciplina curricular ao longo do


curso de licenciatura. Esses trabalhos, desde o primeiro ano universitário, devem
ser feitos com rigor científico, cumprindo todos os requisitos (na forma e na
matéria) e as etapas de elaboração de uma investigação científica.
Os trabalhos das unidades curriculares são feitos individualmente ou em grupo.
Normalmente, são trabalhos de poucas páginas (1, 2, 3... 15 páginas no
máximo), em que o principal objetivo é incutir nos alunos um espírito e uma
cultura de investigação científica, onde o aluno emerge como protagonista da
sua própria formação.
O estudante deve seguir as normas da metodologia científica, de um modo geral,
e as orientações do professor da unidade curricular.
51
6.4. Trabalhos de fim de curso: Monografia, Dissertação e Tese

a) Monografia

Trata-se da monografia que os estudantes universitários devem elaborar e


defender, publicamente, como requisito para obtenção do grau de licenciado.
Este género de trabalho visa essencialmente:
i. Averiguar as competências dos estudantes na sistematização de teorias de
vários autores sobre um assunto num determinado ramo do saber.
ii. Ver até que ponto o estudante domina as técnicas, instrumentos e
procedimentos de condução e realização de uma pesquisa científica.

Características da monografia:
 Trabalho escrito, sistemático e completo
 Tema específico ou particular de um ramo do saber ou parte dela
 Estudo pormenorizado e exaustivo, abordando vários aspetos e ângulos do
assunto em análise
 Tratamento extenso em profundidade, mas não em alcance, nesse caso é
limitado
 Utilização rigorosa dos procedimentos metodológicos
 Contribuição significativa para a ciência (Markoni & Lakatos, 2003, p.
235).

b) Dissertação

A dissertação de mestrado já é um pouco mais complexa que o trabalho de fim


de curso de licenciatura, não fosse pelo número de páginas. Sendo o mestrado
orientado para a especialização, a dissertação deve trazer alguma novidade

52
científica. Neste sentido, ela exige uma pesquisa mais profunda e rigorosa de
revisão de literatura e estudo empírico.
Normalmente, o estudante é acompanhado por um Professor Doutor que
acompanha todos os trabalhos de investigação e, no final, após a defesa, é
comum os dois publicarem um artigo científico conjunto sobre a mesma
dissertação do mestrado.

c) Tese

O doutoramento é reservado a estudantes que revelam uma grande inclinação


para a investigação de alto nível de exigência académica, basta olhar para as
médias exigidas no acesso a este nível de estudos nas mais diversas
universidades do mundo.
Mais do que trazer alguma novidade científica, a tese de doutoramento
distingue-se dos trabalhos de fim do curso e da dissertação de mestrado pelo seu
elevado grau de originalidade científica.
Como acontece com a dissertação de mestrado, os resultados da tese de
doutoramento devem ser divulgados através da publicação de artigos de revistas
e livro (s).
A elaboração da tese de doutoramento pode durar 2 à 4 anos, sem contar o ano
de frequência da parte curricular.
Tendo em conta a complexidade e a extensão da tese de doutoramento, o seu
financiamento é assegurado, geralmente, pelo Estado ou outras entidades
interessadas na pesquisa, através de bolsas de estudo.

6.5. Comunicação científica

Comunicação é a exposição oral ou escrita sobre determinado assunto (Novo


Aurélio Século XXI: O Dicionário de Língua Portuguesa, 1999, p. 517).

53
Trata-se de informações apresentadas em conferências, congressos, simpósios,
seminários internacionais ou não e que podem ser publicadas posteriormente em
atas ou revistas científicas. É comum as universidades organizarem esse tipo de
eventos para partilhar o conhecimento que nelas se produz.
A comunicação normalmente tem a seguinte estrutura:
Introdução
Desenvolvimento
Conclusões
Referências bibliográficas

6.6. Artigos de revista

O artigo de revista é um meio de divulgação de conhecimento científico. O


conhecimento produzido pelos cientistas responde a uma série de questões e
problemas levantados e vivenciados pelas pessoas e pelas nossas sociedades e,
por isso, deve ser partilhado com a comunidade humana para que a vida em
sociedade faça mais sentido para todos.
Cada revista estabelece as condições de edição e aceitação dos artigos
científicos que lhe são propostos. Cabe a ela a última palavra para a publicação
do artigo ou não.
O artigo científico tem normalmente a seguinte estrutura:
 Título
 Resumo (+ de 100 palavras) e palavras chave,
 Abstract (resumo em inglês, seguido das palavras chave)
 Introdução
 Metodologia
 Resultados e discussão
 Conclusões

54
CAPÍTULO 7. ETAPAS DA ELABORAÇÃO DO TRABALHO
CIENTÍFICO (MONOGRAFIA, DISSERTAÇÃO, TESES)
7.1. Escolha do tema

 Trata-se de encontrar um tema sugestivo, com pertinência teórica e prática


para a ciência e para a sociedade de um modo geral. Ao formular-se o
tema deve-se pensar na utilidade social do tema, ver até que ponto o
mesmo trará um avanço ou novidades para aquele domínio científico. O
grande objetivo de uma investigação científica é levantar um problema
(real e útil para o desenvolvimento da sociedade) e procurar encontrar a
solução correspondente. A solução nem sempre é definitiva. O que se
pretende com a investigação é ir desvendando pouco a pouco uma
realidade ou fenómeno complexo seja ele muito ou pouco estudado.
 O tema deverá estar ligado necessariamente a um domínio científico.
 A escolha do tema pode ser uma das etapas mais difíceis da elaboração
do trabalho científico, mas é fundamental que desde o início da
investigação tenhamos um tema bem definido. Para isso, precisamos
escolher bem as palavras que constituem o tema. O tema deve ser curto,
claro, conciso e concreto (CCCC).
 O tema torna-se claro quando a partir dele consegue-se vislumbrar a
problemática, os participantes do estudo e provavelmente o campo de
estudo.

Por exemplo:

Tema: O insucesso escolar no 1º ano dos cursos de licenciatura em


Angola: Realidades, complexidades e possibilidades segundo a

55
perceção dos professores e alunos.

Problemática: o insucesso escolar no 1º ano dos cursos de engenharia


em Angola
Participantes do estudo: professores e alunos
Campo de estudo: Universidade(s) de Angola

7.2. Definição da pergunta de partida e objetivos da investigação

No sentido de tornar o tema ainda mais claro, precisa-se definir com clareza uma
pergunta de partida que pode desembocar em tantas outras questões de
investigação ou hipóteses, correspondendo cada uma delas a um objetivo
específico de investigação. A pergunta de partida ou o problema de investigação
constitui o cerne de uma investigação. Investiga-se para responder a perguntas
que necessitam de uma solução.

Exemplo:

- Quais são os fatores que influenciam o insucesso escolar dos alunos no


primeiro ano da universidade em Angola?

 Formulada a questão de partida segue-se a definição dos objetivos da


investigação, nomeadamente, o objetivo geral e os objetivos específicos.
 Às vezes a escolha do tema só se torna evidente após uma rápida resenha
bibliográfica, que permitirá saber o estado de arte da questão de
investigação. Isso faz todo sentido na medida em que só depois de ler
vários autores que escreveram sobre o tema escolhido seremos capazes de

56
identificar os avanços, sombras, lacunas e recuos na investigação de um
determinado tema.

7.3. Escolha do orientador

Consoante o grau de complexidade do trabalho científico (monografia de


licenciatura, dissertação de mestrado, tese de doutoramento), o orientador
desempenha um papel crucial no desenrolar e no sucesso da investigação. Por
isso, o orientador deve ser escolhido de acordo com alguns critérios:
i. Ser especialista na área de estudos em que o investigador pretende
desenvolver a sua investigação,
ii. Ser um especialista de reconhecida competência,
iii. Disponibilidade para orientar o trabalho
iv. Ser uma pessoa de trato fácil,
v. É sempre bom que haja uma empatia entre o orientador e o investigador/
orientando.

Uma questão importante: Quem deve escolher o orientador? O orientador é


escolhido pelo aluno ou pela Universidade?
Esta questão tem gerado alguma polémica nas universidades angolanas. Na
maior parte dos casos entre nós cada estudante escolhe o seu orientador. Quando
isto acontece corre-se o risco de alguns alunos ficarem sem orientadores porque
dependendo do ano e do número de estudantes nem sempre os orientadores (que
só podem ter 5 orientandos no máximo) são suficientes para que cada aluno
consiga ter o seu orientador.
É prática em algumas universidades africanas e europeias ser a própria
instituição de ensino superior a escolher o orientador. Neste caso, cada estudante
pode indicar três nomes por ordem de preferência para que a universidade

57
indique o orientador tendo em conta a área ou linhas de investigação de cada
professor.
O orientador deve trabalhar com o aluno essencialmente os aspetos sobre a
problemática escolhida e sobre os aspetos técnicos que envolvem a metodologia
do trabalho científico. É importante referir isto porque muitos estudantes podem
pensar que o orientador é também o corretor do trabalho em termos de língua
portuguesa, o que não é verdade. Para as questões de correção do texto e outros
aspetos gráficos cada estudante deve procurar um amigo crítico (uma pessoa
formada que lê e corrige o trabalho) ou mesmo uma empresa para que se ocupe
destes detalhes gráficos do trabalho científico. Deste modo, aproveita-se melhor
o tempo do orientador que deve ser dedicado à leitura e compreensão das
diferentes teses defendidas no trabalho, discuti-las com o estudante, aprofundar
a bibliografia quando for necessário, e ajustar as questões técnicas e
metodológicas da investigação.
Por outro lado, é sempre possível e em qualquer momento pedir a substituição
do orientador por incompatibilidades de vária ordem (falta de tempo da parte do
orientador, falta de alinhamento entre estudante e orientador relativamente ao
tema escolhido e ao tipo de abordagem metodológica entre outros), assim como
o orientador também pode desistir do estudante pelos mesmos motivos ou
outros. A Faculdade/ Departamento no âmbito da sua gestão dos trabalhos finais
deverá estar preparada e precavida para eventuais situações de conflito e
desalinhamento através do seu Regulamento de Elaboração dos Trabalhos Finais
ou do seu Conselho Científico.
Uma última palavra sobre o orientador, este exerce um grande papel no
desenvolvimento do trabalho final, mas o verdadeiro artífice do trabalho final é
o estudante. Por mais que argumentemos o contrário, o estudante é insubstituível
e o sucesso da realização de todo o processo de investigação e da redação do
trabalho final dependem grandemente do seu envolvimento intelectual e
emocional. Salvo situações estranhas em que o orientador se transforma num

58
grande obstáculo ao avanço do trabalho científico do estudante porque não o
acompanha, não lê atempadamente os materiais que lhe são enviados pelo
estuante, retarda a aprovação dos instrumentos de recolha de dados, enfim,
quando o professor não se predispõe a dar um feedback regular e frequente ao
estudante relativamente às matérias relacionas com o trabalho científico de fim
de curso. Este comportamento do orientador para além de configurar falta de
profissionalismo é também anti-ético e contraproducente para o estudante a
comunidade científica local e universal.

7.4. Levantamento bibliográfico

Depois de definir o tema, os objetivos gerais e específicos da investigação, há


toda uma necessidade de procurar na biblioteca tradicional e na biblioteca
virtual o material pertinente sobre a temática escolhida. É o que chamamos de
levantamento bibliográfico.
Existem autores de referência no assunto que não devem ser negligenciados, sob
pena de sacrificar a pertinência teórica do trabalho.
Normalmente, no início do trabalho científico de fim de curso os estudantes não
estão muito rotinados para a pesquisa científica em profundidade. É comum
muitos alunos afirmarem que não encontram material apropriado para
desenvolver a sua investigação. Talvez não seja tanto a falta de material, mas
sim falta de conhecimento das bases de dados, falta de destreza, prática e hábitos
de pesquisa. Neste sentido é importante que o orientador, sendo um especialista
na área de investigação, ajude e ensine o aluno a localizar as bases de dados
necessárias e pertinentes para a prossecução do trabalho de investigação.
Hoje existem bases eletrónicas de dados como o RCAAP (Repositórios
Científicos Abertos de Portugal), a ERIC (Education Resurces Information
Center), PUBMED (Motor de buscas de artigos científicos em biomedicina),
SCOPUS (Banco de dados de artigos para Revistas Científicas, WEB OF
59
SCIENCE (Base de dados multidisciplinar), SciELO (Scientific Electronic
Library Online) entre outros que facilitam a busca de bibliografia científica de
grande relevância para a realização de trabalhos científicos.
É recomendável que nesta fase de levantamento bibliográfico o estudante faça
uma lista com diferentes obras (desde livros, artigos científicos, etc.) ou
organize um ficheiro (fichas bibliográficas) por autor, tema, título ou assunto
que permita ter uma visão a la longue das prováveis obras necessárias para a
elaboração do trabalho de investigação. Quanto mais extensa for esta lista/
ficheiro melhor, pois, deste modo, poder-se-á aos poucos ir selecionando o
material crucial da pesquisa usando a técnica do parafuso ou a técnica do funil.
Apesar da largueza do funil convém, desde o início, não perder tempo a recolher
e alistar material que dificilmente será útil para o trabalho. A regra de ouro é não
perder tempo com aquilo que não serve ou não servirá os interesses e objetivos
da pesquisa.
Uma vez que nos certificamos de que existe material suficiente para a realização
da investigação de que nos propomos podemos avançar para a elaboração do
projeto da pesquisa, que se apresenta como uma espécie de relatório de
viabilidade e exequibilidade da pesquisa em perspetiva.

7.5. Elaboração do projeto do trabalho científico

O projeto é um empreendimento temporário com o objetivo de criar um produto


ou serviço único. Trata-se de um instrumento que serve de guia, bússola de
orientação para toda a navegação investigativa. Segundo a PMBOK (2013),

Projeto é um esforço temporário empreendido para criar um


produto, serviço ou resultado exclusivo. A natureza temporária dos
projetos indica que eles têm um início e um término definidos. O
término é alcançado quando os objetivos do projeto são atingidos
ou quando o projeto é encerrado porque os seus objetivos não serão

60
ou não podem ser alcançados, ou quando a necessidade do projeto
deixar de existir. Um projeto também poderá ser encerrado se o
cliente (cliente, patrocinador ou financiador) desejar encerrá-lo.
Temporário não significa necessariamente de curta duração. O
termo se refere ao engajamento do projeto e à sua longevidade. O
termo temporário normalmente não se aplica ao produto, serviço ou
resultado criado pelo projeto; a maioria dos projetos é empreendida
para criar um resultado duradouro. Por exemplo, um projeto de
construção de um monumento nacional criará um resultado que
deverá durar séculos. Os projetos também podem ter impactos
sociais, econômicos e ambientais que terão duração mais longa que
os projetos propriamente ditos (p. 1).

Estrutura do projeto de investigação científica

i. Filiação institucional
ii. Identificação pessoal
iii. o tema,
iv. a pergunta de partida e outras questões de investigação ou hipóteses,
v. os objetivos gerais e específicos,
vi. o referencial teórico ou revisão de literatura
vii. Metodologia
viii. o campo de estudo,
ix. a população, a amostra e os informantes do estudo,
x. os resultados esperados e
xi. O esquema/ sumário provisório do trabalho
xii. o cronograma de atividades

Pequenas notas sobre o projeto de investigação:

 É recomendável que o projeto de investigação seja devidamente


negociado com o orientador e o professor de seminário de metodologia de
fim de curso,

61
 Ocasionalmente, o projeto da monografia de licenciatura poderá ser
apresentado e defendido publicamente pelo investigador, diante dos
colegas e do professor de seminário de fim de curso, fundamentalmente,
 Numa tese de doutoramento a defesa do projeto torna-se obrigatória e
condiciona a continuidade dos estudos de doutoramento,
 O projecto do trabalho científico é sempre provisório, contingente,
instável e alterável a qualquer momento, fruto das leituras e outras
novidades que possam surgir ao longo da investigação.

7.6. Aprovação do projeto de investigação pelo Comité de Ética da
Instituição de Ensino Superior

Em algumas universidades após a elaboração do projecto de investigação este é


submetido ao comité de ética para uma avaliação e validação dos aspectos e/ou
critérios éticos da investigação, sobretudo quando o estudo envolve seres
humanos. Existe um protocolo de ética que deve ser cuidadosamente seguido
pelo investigador.

7.7. Recolha do material bibliográfico

Está é a fase mais dura, mas também a mais emocionante e criativa do trabalho
científico. Trata-se de recolher todo o conteúdo disponível e de interesse
relevante para a investigação. Por outro lado, esta fase permite montar ou
adaptar os instrumentos de recolha de dados e sua aplicação no campo.
Esta fase do processo de investigação exige muita organização, domínio das
técnicas de leitura, interpretação, resumos e capacidade de análise de conteúdos
da parte do investigador. É fundamental saber selecionar e relacionar o material
bibliográfico para o trabalho científico. Normalmente, encontramos muitos
materiais em bibliotecas e várias bases de dados digitais, o que obriga o

62
pesquisador a fazer uma triagem de todos esses materiais selecionando aqueles
que mais interessam à pesquisa e que ajudam a responder a questão de partida.
Todo cuidado é pouco porque, tendencialmente, sobretudo quando não se tem
muita experiência em matéria de investigação, o pesquisador pensa que deve
aproveitar tudo. E isto não é possível. É necessário descartar sempre alguns
materiais do leque de conteúdos encontrados.
Para a organização dos elementos bibliográficos recolhidos pode-se usar as
fichas bibliográficas e as fichas de conteúdo ou armazenar todo o material no
computador. A experiência diz-nos que nem sempre será possível colocar
imediatamente todo o conteúdo no computador, por isso, as fichas ou cadernos
de apontamentos são sempre instrumentos úteis para o registo de informação
bibliográfica.
Quando bem feita a recolha de material bibliográfico conduz a elaboração da
revisão de literatura ou enquadramento teórico da investigação.

7.8. Escolha/elaboração dos instrumentos de recolha de dados

A elaboração de uma revisão de literatura ou referencial teórico e os objetivos


da pesquisa funcionam como uma espécie de bússola que orienta a construção
de instrumentos de recolha de dados que deverão auxiliar o pesquisador a
recolher os dados empíricos no campo de investigação. A seleção do
instrumento de recolha de dados depende dos objetivos da investigação,
metodologia a usar e tipo de estudo. Se a pesquisa for de natureza quantitativa
utilizar-se-ão instrumentos de recolha de dados tais como questionários,
documentos diversos como mapas estatísticos entre outros. Se a metodologia a
usar for de natureza qualitativa os instrumentos poderão ser a entrevista
individual ou coletiva (focus group), a observação (direta e indireta, participante
ou não), a grelha de análise documental, filmagens, fotografias entre outros. A
metodologia mista será uma junção de instrumentos de recolha de dados da

63
metodologia quantitativa e da metodologia qualitativa. Em cada uma das três
metodologias aqui apresentadas o investigador deverá decidir, com a ajuda do
seu orientador, que instrumentos de recolha de dados serão mais pertinentes,
úteis e eficazes para responder as questões de investigação levantadas.

7.9. Recolha de dados empíricos

A realização da pesquisa de campo normalmente é antecedida de vários


protocolos ou procedimentos: visita ao campo de estudo, pedir uma carta à
universidade que autorize o investigador a realizar a pesquisa ou a apresentar o
pesquisador à instituição onde será realizado o estudo. Depois da aceitação do
estudo pela instituição selecionada será necessário também negociar com os
participantes do estudo. Nesta ótica é bom recordar que por forma a cumprir os
critérios éticos do trabalho científico ninguém deve ser obrigado a participar do
estudo, a preencher questionários ou ser entrevistado. A participação no estudo
deve ser voluntária e exige um protocolo de confidencialidade dos dados
fornecidos.
Ultrapassados todos esses pressupostos administrativos e éticos, e uma vez o
investigador munido dos instrumentos necessários para a recolha de dados
apropriados, começa a etapa da recolha de dados empíricos. Em que consiste?
A recolha de dados consiste na realização das observações, preenchimento dos
questionários pelos participantes, entrevistas individuais ou coletiva com os
participantes do estudo. Para que esta recolha seja feita adequadamente
recomenda-se a leitura de materiais sobre essa temática: recolha de dados com
questionários, realização de entrevistas, focus group, etc.
7.10. Tratamento dos dados empíricos

O que fazer com os dados recolhidos?

64
Depois de recolher os dados e armazena-los no computador ou pen drive vem a
etapa do tratamento dos dados. Este tratamento depende da metodologia usada
para o estudo. É muito comum usar-se o SPSS para a organização e tratamento
dos dados quantitativos e o MAXQDA e o Nvivo e também o Excel, para o
tratamento de dados qualitativos. Seja qual for a metodologia e software
utilizados no tratamento de dados empíricos o mais importante é nunca perder
de vista os objetivos ou as questões de investigação que orientam toda a
pesquisa. Portanto, os dados devem ser apresentados na sua forma original,
conforme foram coletados, categorizados e discutidos em função da revisão de
literatura efetuada, antes de retirar as conclusões que daí se depreendem.

7.11. Redação do relatório

A redação do relatório pode acontecer em simultâneo com a recolha de material


bibliográfico e empírico, tudo depende da opção do investigador.
No que a redação diz respeito é fundamental:
i. Respeitar as regras de metodologia científica nas citações e referências no
texto, evitando a todo o custo o plágio. Nunca incluir conteúdo
bibliográfico sem citar a fonte. Nunca colocar na bibliografia autores que
não tenham sido citados ao longo de todo o trabalho científico,
ii. Escrever o texto na terceira pessoa do singular e/ ou na primeira pessoa do
plural,
iii. Usar frases curtas e claras. As frases longas deixamo-las para autores com
mais tarimba na escrita...
iv. Criar nexo entre as partes e vários capítulos do trabalho.

CAPÍTULO 8: APRESENTAÇÃO DOS TRABALHOS CIENTÍFICOS


(MONOGRAFIA, DISSERTAÇÃO, TESES)

65
Parte pré-textual – capa (sem paginação), folha de rosto, termo de compromisso,
dedicatória, agradecimentos, resumo, abstract, índice, lista de tabelas, lista de
figuras, siglas e abreviaturas. Aqui a numeração das páginas é romana e começa
com a folha de rosto (i).
Parte textual – começa com a introdução e termina com a conclusão da pesquisa
e as referências bibliográficas. A numeração é árabe (1) e vai até a última página
das referências bibliográficas. Nesta parte do trabalho encontramos a revisão de
literatura ou enquadramento teórico, a metodologia de investigação, os
resultados, a discussão dos resultados e as conclusões.
Parte pós-textual –apêndices (elaborado pelo próprio autor) e anexos (elaborado
por terceiros). Os apêndices e anexos não devem conter número de páginas.

CAPÍTULO 9: ÉTICA NA INVESTIGAÇÃO

Princípios éticos elementares a ter em conta numa investigação científica,


nomeadamente:
i. Aceitabilidade do estudo. Ninguém deve ser forçado a participar de um
experimento sem o seu devido consentimento.
ii. Direito a autodeterminação. Segundo este princípio a pessoa tem o direito
de optar pela participação ou não participação num projeto de pesquisa
(Fortin, 2009). Havendo uma violação do direito a autodeterminação da
pessoa humana há também de igual modo o desrespeito pelo princípio da
liberdade e da dignidade da pessoa humana.
iii. Quando uma investigação envolve riscos que se podem prolongar na vida
futura dos participantes (como transtornos psicológicos diversos) exigia-
se um contrato/protocolo onde devem estar clarificadas as obrigações, os
direitos e as responsabilidades de todas as partes envolvidas (Almeida &
Freire, 2007).
iv. A utilização do engano como estratégia de pesquisa. Os participantes
devem receber uma explicação sobre os pormenores do estudo. Quando se
66
usa o “engano” como estratégia de investigação é fundamental assegurar-
se que se trata de um engano necessário, mas depois do estudo é exigível
uma entrevista pós-experimental com todos os participantes explicando os
objetivos do estudo e os motivos que levaram o investigar a não revelá-los
mais cedo ou antes da experimentação (Almeida & Freire, 2007).
v. Estudos que colocam em risco a integridade física, emocional, mental e
moral dos participantes não são recomendados (Almeida & Freire, 2007).
Estudos desta natureza, que podem comprometer o estado psicológico e
emocional dos participantes devem ser evitados, pois, “ao estudarem
fenómenos biopsicossociais, os investigadores podem provocar danos, de
forma consciente ou não, na integridade das pessoas com quem entram
em relação ou na sua vida privada, ou ainda causar-lhes prejuízos” (Fortin
et al., 2009, pp. 180-181).
vi. Por fim, o princípio da confidencialidade dos dados. Os dados das
pessoais são confidenciais e não podem ser divulgados por qualquer meio
sem a autorização dos implicados. Deve haver um protocolo entre o
investigador e os participantes sobre a gestão dos dados da investigação
que protege a confidencialidade dos dados, respeitando-se assim o direito
à intimidade (Almeida & Freire, 2007; Fortin, 2009).

Partilhamos algumas questões que achamos interessantes para a análise crítica


de aspetos éticos em estudos com seres humanos na senda de Polit e Beck
(2019):

1. O estudo foi aprovado e monitorizado por um comité de ética ou outro órgão


similar de revisão ética?
2. Os participantes do estudo foram submetidos a algum dano físico, desconforto
ou estresse psicológico? Os pesquisadores tomaram medidas adequadas para
eliminar ou prevenir os danos?

67
3. Os benefícios aos participantes foram superiores a algum risco potencial ou
desconforto real que eles experimentaram? Os benefícios para a sociedade foram
maiores do que o risco para os participantes?
4. Algum tipo de coerção ou influência danosa foi utilizada no recrutamento dos
participantes? Eles tiveram o direito de recusar-se a participar ou de desistir sem
qualquer punição?
5. Os participantes foram enganados de algum modo? Eles estavam totalmente
cientes de que estavam participando de um estudo, e compreenderam a
finalidade e a natureza do estudo?
6. Os procedimentos de consentimento informado utilizados para todos os
participantes foram apropriados? Se não, as razões foram válidas e justificáveis?
7. Foram tomadas medidas válidas para proteger a privacidade dos
participantes? Como foi mantida a confidencialidade? Foi obtido um certificado
de confidencialidade – e, se não, deveria ter sido obtido algum?
8. Os grupos vulneráveis foram incluídos na pesquisa? Se sim, foram tomadas
precauções especiais devido à vulnerabilidade deles?
9. Foram omitidos grupos na pesquisa sem uma justificativa racional, como
mulheres (ou homens) ou minorias?

A nossa constituição da República consagra vários números relativamente à


integridade da pessoa humana que devem ser respeitados pelos investigadores
durante o processo de investigação:
Art. 31, n.º 1: “A integridade moral, intelectual e física das pessoas é
inviolável”.
Art. 31, n.º 2: “O Estado respeita e protege a pessoa e a dignidade humanas”.
Art. 32, n.º 1: “A todos são reconhecidos os direitos à identidade pessoal, à
capacidade civil, à nacionalidade, ao bom-nome e reputação, à imagem, à
palavra e à reserva de intimidade da vida privada e familiar”.

68
Art. 32, n.º 2: “A lei estabelece as garantias efectivas contra a obtenção e a
utilização, abusivas ou contrárias à dignidade humana, de informações relativas
às pessoas e às famílias”.
Art. 36, n.º 1: “Todo o cidadão tem direito à liberdade física e à segurança
individual”.
Art. 36, n.º 2: “Ninguém pode ser privado da liberdade, excepto nos casos
previstos pela Constituição e pela lei”.
Art. 36, n.º 3: “O direito à liberdade física e à segurança individual envolve
ainda:
a) o direito de não ser sujeito a quaisquer formas de violência por
entidades públicas ou privadas; (...)
c) o direito de usufruir plenamente da sua integridade física e psíquica;
d) o direito à segurança e controlo sobre o próprio corpo;
e) o direito de não ser submetido a experiências médicas ou científicas
sem consentimento prévio, informado e devidamente fundamento”.

CAPÍTULO 10: COMUNICAÇÃO DA INVESTIGAÇÃO

O trabalho científico produzido com rigor e ciência deve ser divulgado e deve
estar ao serviço da comunidade. Se entendermos que uma investigação procura
sempre resolver um problema ou responder uma questão que suscita dúvidas e
preocupações da parte da sociedade ou de uma organização, pessoa, entre
outros, o descobrimento da solução não pode ser ocultado. Imaginem, no
contexto da covid-19, descobrir uma vacina muito mais eficaz do que as que até
agora foram administradas e não comunicar esse resultado a toda comunidade.
Seria, no mínimo, irracional e sem sentido. Por este e outros motivos o
conhecimento científico deve ser partilhado com todos. A produção e a
comunicação de novos conhecimentos geram debates nos circuitos académicos e

69
é a partir daí que emergem novos investigadores e novas soluções para os
problemas suscitados pela sociedade complexa em que vivemos. As principais
vias de comunicação de conhecimento são os repertórios universitários onde são
colocados os trabalhos finais defendidos pelos estudantes, as bibliotecas, as
revistas científicas, os congressos, seminários ou colóquios, os jornais, entre
outros. Mais atrás debruçamo-nos sobre a tipologia dos trabalhos científicos que
são os meios privilegiados de transmissão e comunicação de conhecimentos.

70
REFERÊNCIAS

Almeida, L. S. & Freire, T. (2007). Metodologia da investigação em psicologia


e educação (4ª ed.). Braga: Psiquilíbrios.

Alves, M. P. (2012). Metodologia científica. Lisboa: Escolar Editora.

Azevedo, M. (2008). Teses, relatórios e trabalhos escolares: Sugestões para


estruturação da escrita (6ª ed.). Lisboa: Universidade Católica Editora.

Bastos, L. R. et al. (2013). Manual para a elaboração de projetos e relatórios


de pesquisas, teses, dissertações e monografias (6ª ed.). Rio de Janeiro:
LTC.

Bell, J. (1997). Como realizar um projecto de investigação: Um guia para a


pesquisa em ciências sociais e da educação. Lisboa: Gradiva.

Cornelsen, J. M. (2012). Escrever... com normas: Guia prático para elaboração


de trabalhos técnico-científicos. Coimbra: Imprensa da Universidade de
Coimbra.

Declaração dos Direitos do Homem (1948).

Eco, U. (2015). Como se faz uma tese em ciências humanas (A. F. Bastos & L.
Leitão, Trads.) (19ª ed.). Lisboa: Editorial Presença.

Fortin, M.-F. (2009). O processo de investigação: Da concepção à realização


(5ªed.) (N. Salgueiro, Trad.). Lusociência.

Fortin, M.-F., Côté, J., & Filion, F. (2009). Fundamentos e etapas do processo
de investigação (N. Salgueiro, Trad.). Lusodidacta.

71
Gomes, A. J. (2010). Dificuldades de aprendizagem de computadores:
Contributos para a sua compreensão e resolução, Tese de doutoramento.
Universidade de Coimbra: Faculdade de Ciências e Tecnologia –
Departamento de Engenharia Informática. Coimbra, Portugal.
Le Nouveau Petit Robert (1993). Paris : Dictionnaires Le Robert.

Markoni, M. A. & Lakatos, E. M. (2003). Fundamentos de metodologia


científica (5ª ed.). São Paulo: Atlas.

Markoni, M. A. & Lakatos, E. M. (2008). Técnicas de pesquisa: Planejamento e


execução de pesquisas, amostragens e técnicas de pesquisa, elaboração,
análise e interpretação de dados (7ª ed.). São Paulo: Atlas.

Novo Aurélio Século XXI: Dicionário de Língua Portuguesa (1999, 3ª ed. Rer. e
Ampl. ). Rio de Janeiro: Nova Fronteira.

Oliveira, L. B. C. (2003). Manual para apresentação de monografias,


dissertações e teses da universidade Católica de Brasília. Brasília:
Universa.
Polit, D. F. & Beck, C. T. (2019). Fundamentos de pesquisa em enfermagem:
Avaliação de evidências para a prática de enfermagem (9ª ed.) (M. G. F
S. Toledo, Trad.). Artmed.
Rampazzo, L. (2004). Metodologia científica: Para alunos de cursos de
graduação e pós-graduação (2ª ed.). São Paulo: Loyola.

Romero, A. (1991). Análise de conteúdo. Lisboa: Universidade Católica


Portuguesa.

Soares, M. A. (2001). Como fazer um resumo – Orientações e exercícios.


Lisboa: Presença.

72
Torre, M. (2010). Metodologia do trabalho científico (Fascículo, inédito).
Luanda: Universidade Católica de Angola.

Traldi, M. C. & Dias, R. (2011). Monografia passo a passo (7ª ed. Rev. Amp.).
Campinas: Alínea.

Unesco (1991). ABC do direito de autor (W. Ramos, Trad.). Lisboa: Presença.

73
Apêndice 1: Dicas para elaboração do trabalho de fim de curso

Cada instituição de ensino superior determina o número de páginas que deverá


ter a monografia. No nosso entender a monografia poderá ter entre 30 (mínimo)
a 50 (máximo) páginas em papel A4.
Tipo de letras a utilizar: Times New Roman ou Arial.
Tamanho das letras: 12.
As citações são feitas no interior do texto seguindo as normas da APA.
As citações curtas (menos de 40 palavras) devem ser incorporadas no texto e
ficar entre aspas; já as citações longas (até 40 ou mais palavras) ficam separadas
do texto, em linhas retraídas (2 cm), com espaço simples e não necessitam de
aspas.

Estrutura da monografia
A monografia pode ter a seguinte estrutura:

i. Parte pré-textual: Capa, folha de rosto e paginas iniciais

Fazem parte das páginas iniciais: O Termo de compromisso, os


Agradecimentos, o Resumo em português e inglês (Abstract) com um máximo
de 200 palavras (com 5 palavras-chave no máximo), o Índice geral, o Índice de
quadro e Índice de figura. Para o Resumo, o texto deve ser escrito em Times
New Roman ou Arial 12, alinhamento justificado, espaço simples entre as
linhas.
A numeração das páginas iniciais é romana, com letra minúscula. A partir da
introdução a numeração é árabe, sendo a introdução a página 1. A paginação
faz-se no canto superior direito.

74
ii. Parte textual: Corpo do trabalho
Introdução
Parte I: Revisão de literatura
Parte II: Metodologia
Parte III: Resultados
Conclusão
Referências Bibliográficas

iii. Parte pós-textual: Apêndices e Anexos (se for necessário)

Para os alunos que optam por fazer apenas uma monografia de cariz teórico, não
precisam apresentar o trabalho de investigação com a estrutura que acabamos de
indicar. A monografia de cariz teórico poderá ter a seguinte estrutura:

i. Parte pré-textual: Capa, folha de rosto e paginas iniciais


Fazem parte das páginas iniciais: O termo de compromisso, os agradecimentos,
o resumo em português e inglês com um máximo de 200 palavras (com 5
palavras-chave no máximo), o índice geral, os índices de quadros e índices de
figuras. A numeração das páginas iniciais é romana, com letra minúscula. A
partir da introdução a numeração é árabe, sendo a introdução a página 1. A
paginação faz-se no canto superior direito.

ii. Parte textual: Corpo do trabalho


Introdução
Revisão de literatura
Conclusão
Referências Bibliográficas

iii. Parte pós-textual: Apêndices e Anexos (se for necessário)

75
76
CAPA

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE ANGOLA


FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS

TÍTULO DA MONOGRAFIA EM MAIUSCULAS

Monografia apresentada à Universidade Católica de Angola


para obtenção da Licenciatura em Psicologia Clínica

Por

(Nome do estudante)

77
Mês, Ano

78
ROSTO

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE ANGOLA


FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS

TÍTULO DA MONOGRAFIA EM MAIUSCULAS

Monografia apresentada à Universidade Católica de Angola


para obtenção da Licenciatura em Psicologia Clínica

Por (Nome do estudante)


Orientador (Nome do orientador)

79
Mês, Ano
Termo de compromisso

O estudante......................................................................................., abaixo
assinado, do curso de Licenciatura em......................................................,
matriculado na Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica de
Angola, sob o nº.........................., declara que o conteúdo do Trabalho de
Conclusão do Curso intitulado (título da
monografia).........................................................................., é autêntico, original
e de sua autoria.

Luanda, aos 21 de Abril de 2016

Samuel Helena Tumbula


________________________________________

80
Dedicatória

Aos meus pais

81
Agradecimentos

82
Resumo (máximo 200 palavras)

Palavras chave (5 no máximo)

83
Abstract

Key Words

84
ÍNDICE GERAL

Termo de
compromisso............................................................................................................
i
Agradecimentos
Dedicatória
Resumo....................................................................................................................
.................iv
Abstract
Índice de quadros
Índice de figuras
Abreviaturas
siglas..............................................................................................................viii

Introdução................................................................................................................
.................1

Parte I: Revisão de
literatura...................................................................................................4

1.
2.
3.

Parte II:
Metodologia.............................................................................................................
.25

85
1.
2.
3.
4.

Parte III:
Resultados...............................................................................................................
32

1.
2.
3.
4.

Conclusão................................................................................................................
................48

Referências
Bibliográficas.....................................................................................................50

Apêndices (documentos da nossa autoria, por exemplo: o guião de entrevista,


grelhas de observação)
Anexos (legislação, guiões de entrevista, grelhas de observação, cartas,
documentos diversos que não sejam da nossa autoria).

86
Apêndice 2: Dicas para elaboração do Trabalho Universitário (TU)

Tipo de letras a utilizar: Times New Roman ou Arial.


Tamanho das letras: 12.
Número de páginas: a determinar pelo professor da cadeira ou disciplina. Um
TU de licenciatura realizado no âmbito de uma cadeira, normalmente, não
ultrapassará as 15 páginas. A numeração das páginas é árabe, sendo a introdução
a página 1. A paginação faz-se no canto superior direito.
As citações são feitas no interior do texto seguindo as normas da APA.
As citações curtas (até 40 palavras) devem ser incorporadas no texto e ficar
entre aspas; já as citações longas (com mais de 40 palavras) ficam separadas do
texto, em linhas retraídas (2 cm), com espaço simples e não necessitam de aspas.

Estrutura do TU
O TU pode ter a seguinte estrutura:

Parte pré-textual: Capa (a partir de 5 páginas)


Parte textual: Corpo do trabalho
- Introdução
- Revisão de literatura
- Conclusão
- Referências Bibliográficas
Parte pós-textual: Apêndices e Anexos (se for necessário)

87
CAPA

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE ANGOLA


FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS
Curso de Psicologia

TÍTULO DO TRABALHO EM MAIUSCULAS

(Nome do estudante ou membros do grupo)

88
Mês, Ano
ROSTO

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE ANGOLA


FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS
Curso de Psicologia

TÍTULO DO TRABALHO EM MAIUSCULAS

Trabalho da cadeira de Metodologia de Investigação Científica


Sob tutoria do Professor Doutor Samuel Helena Tumbula

(Nome do estudante ou membros do grupo)

89
Mês, Ano

90

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