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COSTA LIMA

INSETOS DO BRASIL
2.º TOMO

HEMÍPTEROS

ESCOLA NACIONAL DE AGRONOMIA


SÉRIE DIDÁTICA N.º 3 - 1940
INSETOS DO BRASIL
2.º TOMO

HEMÍPTEROS
A. DA COSTA LIMA
P r o f e s s o r Catedrático de E n t o m o l o g i a Agrícola da Escola Nacional de A g r o n o m i a
Ex-Chefe de Laboratório do I n s t i t u t o Oswaldo Cruz

INSETOS DO BRASIL
2.º TOMO
CAPÍTULO XXII

HEMÍPTEROS

ESCOLA NACIONAL DE AGRONOMIA


SÉRIE DIDÁTICA N.º 3 - 1940
CONTEUDO

CAPÍTULO XXII

PÁGINA
Ordem HEMÍPTERA ................................................................................................................................................ 3
Superfamília SCUTELLEROIDEA ............................................................................................................ 42
Superfamília COREOIDEA ............................................................................................................................... 79
Super família LYGAEOIDEA ................................................................................................................................. 97
Superfamília THAUMASTOTHERIOIDEA ............................................................................................... 124
Superfamília ARADOIDEA ................................................................................................................................... 125
Superfamília TINGITOIDEA .................................................................................................................................... 132
Superfamília REDUVIOIDEA ............................................................................................................................ 142
Superfamília POLYCTENOIDEA ................................................................................................................ 239
Superfamília CIMICOIDEA ........................................................................................................................... 242
Superfamília CRYPTOSTEMMATOIDEA ................................................................................................. 293
Superfamília HYDROMETROIDEA ............................................................................................................ 294
Superfamília GERROIDEA ........................................................................................................................ 297
Superfamília LEPTOPODOIDEA ................................................................................................................. 308
Superfamília OCHTEROIDEA ................................................................................................................... 310
Superfamília NEPOIDEA ................................................................................................................................. 314
Superfamília NOTONECTOIDEA ................................................................................................................ 327
Superfamília PLEOIDEA ............................................................................................................................. 330
Superfamília CORIXOIDEA .................................................................................................................... 331
Índice .................................................................................................................... 337
CAPÍTULO XXII

Ordem HEMIPTERA1
236. Caracteres - Os insetos das ordens Hemiptera e
Homoptera caracterizam-se essencialmente pela conformação
do aparelho bucal, que é representado por um rostro (haus-
tellum), consti t uído por um lábio segmentado, no qual se
alojam as demais peças bucais.
Os antigos autores reuniam tais insetos numa só ordem
- Hemiptera ou Rhynchota - dividindo-a em duas subor-
dens: Heteroptera e Homoptera.
Pertencem à ordem Hemiptera todos os insetos vulgar-
mente chamados percevejos, da antiga subordem Heteroptera,
portadores de um rostrum reclinado sobre o sternum, mais
ou menos alongado, retilíneo ou curvilíneo, porem sempre
articulado com a cabeça anteriormente aos olhos (Frontiros-
tria), apresentando, portanto uma gula.
Constituem a ordem Homoptera os Rincotos da antiga
subordem do mesmo nome, cujo rostro, curto ou muito curto,
se articula com a cabeça inferior e posteriormente aos olhos,
parecendo em muitos deles emergir da região esternal; não
ha região gular nestes insetos.
- Alem da conform ação do rostrum, os Hemipteros se
caracterizam pelo aspecto das antenas, que apresentam, quasi
sempre, um número reduzido de segmentos (3 a 5), pela
segmentação dos tarsos (geralmente trimeros) e, sobretudo,
pela configuração e estrutura características das asas ante-
riores, conhecidas pelo nome hemelitros.

1 Gr. hemi, meia; pteron, asa.


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Em geral os Hemipteros são insetos de pequenas dimen-


sões; ha, porem, alguns bem grandes, como as baratas dágua
(Lethocerus spp.), que têm mais de 100 mm .

Fig. 219 - Pachycoris torridus (Scopoli, 1772), fêmea (Scutelleridae), face ven-
tral; das pernas foram representadas apenas as ancas (quadris). 1, buccula;
2, gula; 3, propleura; 4, Dropleura; 5, mesosternum; 6, mesoepisternun; 7, me-
soepimeron; 8, orifício (ostiolo) e canal da glândula odorífera; 9, metaepis-
ternum; 10, luetaepimeron; 11, estigmas respiratórios dos urosternitos 2-6;
12, áreas estridulatórias; 13 e 14, segmentou da genitália; 15, 7º urosternito;
16, 6° urosternito; 17, 2º urosternito; 18, 4° segmento do labium; 19, 3° segmento
do labium; 20, 2º segmento do labium; 21, metasternum; 22, prothorax; 23, 1º
segmento do labium; 24, labrum; 25, tylus (clipeo).
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Alem das espécies terrestres, que constituem a maioria,


ha as aquáticas e semi-aquáticas.
Desenvolvem-se p o r p a u r o m e t a b o l i a .
237. Anatomia externa. - Cabeça.- Em geral pequena,
livre, porem pouco movel, de aspecto variavel nos diversos
gêneros, apresentando-se quasi sempre dividida em regiões
bem distintas, algumas sob a forma de lobos, limitadas por
sulcos longitudinais ou pregas mais ou menos aparentes, que
podem ser apreciadas nas figuras que aquí apresento.
Vê-se, assim, a região frontal, compreendendo toda a
parte superior da cabeça (anterior em Corixidae e Notone-
etidae), apresentando adiante 2 sulcos longitudinais diver-
gentes (ramos anteriores da sutura epicraneana), limitando
entre si uma região considerada como o epistoma ou clypeus,
sob a forma de lobo estreito e alongado, tambem chamado
tilus ou lobo central da fronte, mais ou menos distintamente
separado dos lobos laterais (processsos frontais) ou jugae
(impropriamente, genae de alguns autores). Em relação com
estas partes, adiante ou inferiormente e de cada lado do
segmento basal do rostro, por vezes mesmo ocultando-o late-
ralmente, ha expansões mais ou menos salientes (bucculae),
cujo aspecto e extensão têm certa importância na classifi-
cação de alguns grupos de Hemipteros.
Geralmente a região post-ocular da cabeça é relativa-
mente curta, ficando encaixada na escavação protoráxica
anterior. Ha, porem, Hemipteros que a apresentam prolon-
gada, formando um colo mais ou menos alongado, como se
vê em alguns Ligeideos e Reduviideos, ou consideravelmente
dilatada como nos Enicocefalideos.
Olhos, em geral, bem desenvolvidos, inteiros e sesseis.
Em algumas espécies, porem, muito salientes ou mesmo pe-
dunculados. Ausentes em Termitaphididae e Polyctenidae.
Ocelos (2) presentes na maioria das espécies e situados
entre os olhos ou para trás.
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Antenas de 3 a 5 segmentos, em geral filiformes ou


subfiliformes, inseridas aos lados da cabeça em tubérculos

Fig. 220 - Diactor bilineatus (Fabr., 1803) (Coreidae). Tipo de rostro de


Hemiptero sugador de seiva: 1, buccula; 2, labrum; 3, estiletes bucais fora do
labium, que é dividido em 4 segmentos; 4, tylus; 5, juga; 6, tubérculo antenífero.

anteníferos mais ou menos salientes, situados acima ou


abaixo de uma linha imaginária tirada do centro do olho
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ao ápice do clypeus. Nos Hemipteros terrestres e em muitos


aquáticos as antenas são perfeitamente visíveis por serem
mais longas que a cabeça (subordem Gymnocerata); na
maioria dos Hemipteros aquáticos ficam escondidas em fos-
setas situadas sob a cabeça (subordem Cryptocerata).
Aparelho bucal picador e sugador, representado por
um rostrum ou haustellum, de labium segmentado, mais ou
menos alongado nas espécies fitófagas, porem, curto, atin-
gindo apenas as ancas ou quadris anteriores, nas espécies
predadoras ou hematófagas.

Fig. 221 - Zelus leucogrammus (Perty, 1834) (Reduviidae). Tipo de rostro


de Hemiptero predador. Em linhas pontilhadas vêm-se os estiletes bucais e
adiante do olho a bomba salivar (seringa).

Nos Hemipteros predadores o rostro não raro se apre-


senta curvado em forma de gancho, formando-se entre a
gula e ele, em repouso, um ângulo curvilíneo de abertura
relativamente larga (fig. 221).
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Nos Hemipteros fitófagos e nas espécies hematófagas


o rostro é reto e, em repouso, fica mais ou menos paralelo
ou encostado à região gular (figs. 220 e 222).
O rostro é constituido pelo labium dividido em 3 a 4
segmentos, transversalmente enrolados em forma de goteira
ou bainha, e com os bordos laterais superiormente aproxi-

Fig. 222 - Triatoma sordida (Stal, 1809) (Reduviidae, Triatominae). Tipo de


rostro de Hemiptero hematófago

mados, exceto no segmento basal, onde cada vez mais se


afastam para a articulação com a cabeça, deixando um
espaço triangular que é ocupado pelo labrum. Este, no
extremo basal, como em todos os insetos, está em relação
com o clypeus, que, nos Hemipteros, é, chamado tylus. A
ponta do labrum geralmente não excede ou pouco excede
o primeiro segmento do labium; às vezes, porem (Corixi-
dae), estende-se até a ponta deste. Na bainha, formada pelo
lábio, alojam-se as outras peças do aparelho bucal (trophi),
que são estiliformes, duas externas, as mandíbulas, serradas
no ápice e duas internas, as maxilas, reduzidas à peça inter-
maxilar ou lacínia, de ponta simples.
As maxilas apresentam duas escavações ou sulcos lon-
gitudinais nas faces que se tocam, resultando, do seu encai-
xamento, a formação de dois canais paralelos, um superior
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(ou anterior) por onde passa o alimento líquido aspirado


pela faringe e outro inferior (ou posterior), por onde se
escoa a saliva. Em quasi todos os Hemipteros não ha pal-
pos, nem maxilares, nem labiais.
Dentro da cabeça, como em Thysanoptera, os estiletes
bucais divergem e se alargam para as respectivas bases, as
quais se acham em relação com músculos protratores e
retratores, cujas contrações rápidas e sucessivas determi-
nam, respectivamente, a penetração e a retirada dos esti-
letes.
No ato de picar e de sugar o labium não penetra nos
tecidos perfurados pelos estiletes mandibulares e maxila-
res. De início fica verticalmente disposto, porem, à pro-
porção que os estiletes vão entrando, dobra-se ao nivel das
articulações inter-segmentares, formando uma linha que-
brada. Em geral tais lancetas são pouco mais longas que
o rostrum, de modo que não podem ir muito alem da ponta
do mesmo; nos Hemipteros micetófagos, porem, elas se apre-
sentam consideravelmente alongadas, podendo, mesmo ter
5 a 6 vezes o comprimento do corpo. Neste caso, a parte
proximal do feixe de estiletes, que excede a que se acha no
rostrum, ou fica alojada na cabeça como uma mola de
relógio (Aradidae), ou se dispõe num grande diverticulo
membranoso na base do segundo segmento labial (Bozius
e Coplosomoides) (Plataspididae), ou num longo saco
(crumena), que se estende, internamente, da cabeça até a
base do abdomen (Tropidotylus) (Plataspididae) (CHINA,
1931).
Em Prolobodes (Cydnidae), segundo verifiquei (figura
276), observa-se t a m b e m a q u e l a disposição dos estiletes.
Relativamente aos tipos de aparelho bucal e de tubo
digestivo nos Hemipteros, conforme o regime alimentar que
apresentam, ha toda a conveniência em se ler o interessante
estudo de ELSON (1937).
Quando tratar da ordem Homoptera, apresentarei a
explicação dada por WEBER (1928, 1930, 1933), para o me-
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canismo da penetração e retração do feixe de estiletes


quando estes são extremamente alongados.
Torax. - Visto de cima e com as asas em repouso, é
quasi que exclusivamente representado pelo pronotum, ge-
ralmente trapezoidal, subtrapezoidal ou hexagonal, em rela-
ção imediata com um mesoscutellum triangular, às vezes
extraordinariamente desenvolvido (Scutelleroidea).
O pronotum pode ser simples ou provido de expansões
laterais ou de espinhos. Em algumas espécies de pronotum
hexagonal os ângulos laterais são consideravelmente desen-
volvidos, apresentando-se prolongados em espinho ou corno.
Tambem os ângulos anteriores e os posteriores podem ser
mais ou menos salientes, em tubérculo ou espinho. No disco
do pronotum, como no scutellum, pode haver tambem espi-
nhos mais ou menos alongados.
Esternitos bem desenvolvidos, em geral reunidos com
os respectivos pleuritos; estes com o episternum e o epime-
ron distintos ou fundidos.
Pernas, em geral, de tipo ambulatório ou gressório, às
vezes, porem, as anteriores ou as posteriores modificadas em
tipos especiais de adaptação (pernas anteriores fossórias ou
raptórias, posteriores saltatórias ou natatórias). Em algu-
mas espécies as tíbias do par posterior apresentam cons-
pícuas expansões foliáceas, como por exemplo no Coreideo
Diactor bilineatus (Fabr., 1803), do maracujá.
Tarsos geralmente de tres artículos, com o pretarso pro-
vido de duas garras curtas e recurvadas; entre elas pode
haver ou não um pulvilo ou arólio. Ha Hemípteros dí-
meros e alguns monomeros, isto é; com um artículo tarsal
apenas, em forma de garra simples.
Asas (4), como as pernas, de aspecto variavel.
As posteriores são membranosas com poucas nervuras.
As anteriores (hemielitros ou hemelitros), na maioria das
espécies, apresentam aspecto peculiar. Nelas se vêm duas
partes bem distintas: uma coriácea, basal, chamada corium,
e outra membranosa, apical, a membrana. O corium apre-
senta, ou não, nervuras mais ou menos salientes e uma peça
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do lado interno, separada do resto ou campo principal do


corium, por uma sutura ou sulco (sutura clavi), do ângulo
humeral ao ângulo basilar interno da membrana (angulus
internus). A esta espécie de apêndice do corium dá-se o
nome de clavus (figs. 223-225).
Em muitas espécies a parte externa do corium, em sua
maior extensão, pode ser nitidamente separada do resto, por
uma sutura longitudinal. A tal parte assim diferenciada
dá-se o nome de embolium (fig. 225).
Finalmente chama-se cuneus a uma porção triangular,
inferior, nitidamente separada do resto do corium, que,

Fig. 223 - Hemelitro de um Mirideo (X 15) (Desenho de Toledo, oferecido


por Cesar Pinto).

como uma cunha, penetra no ângulo basilar externo da


membrana.
A membrana ou não tem nervuras ou estas são mais
ou menos numerosas, formando ou não células. A forma
e as dimensões dos hemelitros, a disposição, das nervuras
e células na membrana, têm grande importância na sistemá-
tica dos Hemipteros.
As asas inferiores, em geral, não oferecem bons cara-
cteres taxionômicos.
Em repouso os hemelitros se entrecruzam, com as mem-
branas superpostas e o bordo, interno do clavo formando
um ângulo de abertura anterior, na qual se vê o escutelo.
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Em muitas espécies, conforme o desenvolvimento das


asas, pode haver tipos diferentes de adultos: macroptero,

Fig. 224 - Hemelitro de Pachylis pharaonis (Herbst, 1784) (Coreidae) (X4).


1, clavus; 2, cubitus; 3, sutura clavi (prega anal); 4, nerv. mediana; 5, angulus
clavi; 6, angulus internus; 7, nerv. r-m; 8, membrana; 9, sutura membranae;
10, corium: 11 e 12, ramos de radius; 13, embolium; 14, costa. (Desenho
oferecido por Cesar Pinto).
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intermediário ou braquíptero e áptero. Quando tal sucede


é quasi sempre a fêmea que apresenta esse polimorfismo.
Abdomen. - De 9 segm en tos no macho e 10 na fêmea
(1º segmento muito reduzido), geralmente plano ou côncavo
na face tergal, mais ou menos convexo na face esternal.
Os Hemipteros não possuem cercas e quasi sempre são des-
providos de outros apêndices abdominais; apenas algumas
espécies aquáticas apresentam apêndices respiratórios cau-
dais.

Fig. 225 - Hemelitro de um Antocorídeo (X 25) 1, clavus; 2, membrana;


3, embolium (Desenho de Toledo, oferecido por Cesar Pinto).

Apesar dos orgãos genitais externos, em ambos os sexos,


não serem tão conspícuos como em outros insetos, é facil
distinguir o macho da fêmea pela configuração dos segmen-
tos terminais do abdomen.
Vários Hemipteros apresentam um ovipositor bem de-
senvolvido, constituido por tres pares de gonapofises.
Em muitos Hemipteros as margens laterais do abdomen
apresentam-se achatadas e mais ou menos salientes. A essa
parte do abdomen dá-se o nome de connexivum.
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238. Anatomia interna. - Tubo digestivo. - O canal


sugador do rostrum, na parte proximal, continua-se com
o canal faringeo e este com o esôfago, em geral, curto. Na
região dorsal do faringe sugador, sempre bem desenvolvido,
inserem-se os músculos dilatadores, que se fixam à parede
do epicrâneo. Proventrículo ausente. Mesentério (enteron)
dividido em tres a quatro regiões distintas, as vezes nitida-
mente separadas por um estrangulamento.

Fig. 226 - Anasa tristis (De Geer, 1773) (Coreidae). Corte longitudinal me-
diano da cabeça. Br, cérebro; CMcl, músculos circulares da faringe; DICb, dila-
tadores do cibarium (bomba sugadora) Hphy, ipofaringe; Oes, esôfago; Phy, fa-
ringe; Pmp, bomba sugadora (ou cibarium); SID, canal salivar; SoeGng,
ganglioinfraesofagiano; Syr, seringa salivar; Tnt, tentorium (De Breakey, 1936).

As espécies fitófagas geralmente apresentam, na metade


posterior da região posterior do mesentério, cegos gástricos,
ora sob a forma de tubos mais ou menos alongados, em
número variavel segundo as espécies ou mesmo peculiar a
cada sexo, ora em grande número, com o aspecto de curtas
criptas. Dentro dos cegos gástricos ha sempre grande quan-
tidade de bactérias simbióticas, que passam de uma para
outra geração, como demonstrou GLASGOW (1914), a quem
HEMIPTERA 15

se deve um estudo notavel destes divertículos gástricos nos


Hemipteros.
Proctodaeum (intestino posterior) relativamente curto,
representado por uma pequena vesícula anterior, que recebe
quatro tubos de Malpighi (às vezes dois), e por uma grande
câmara rectal posterior.
Em alguns Hemipteros cada tubo de Malpighi é dife-
renciado em duas ou tres partes. WIGGLESWORTH (1931),
estudando os tubos de Malpighi de Rhodnius prolixus, veri-
ficou que cada um é constituído por uma ampola basal, em
relação com o intestino, e pela parte tabulosa, cuja estru-
tura bruscamente se modifica entre o terço proximal e os
dois terços distais. Alem desta diferença histológica ha
tambem diferenças notáveis no conteudo do lumen em
cada uma dessas porções. Tambem é interessante consi-
gnar, ainda segundo aquele autor, que as células da parede
de cada ampola se prolongam em finos processos, que se
projetam dentro da cavidade do proctodaeum.
Glândulas salivares ordinariamente bem desenvolvidas,
constituídas, de cada lado, pela glândula principal, geral-
mente acinosa e lobulada e por uma glândula acessória tubu-
losa, muito alongada nas espécies fitófagas, mais curta e
espaçosa nas predadoras e hematófagas, cujo canal excretor,
geralmente longo e sinuoso, se reune ao da glândula prin-
cipal num canal excretor único. Da reunião dos dois canais
excretores, da glândula direita e da esquerda, resulta o canal
excretor comum, que se abre na chamada bomba salivar ou
seringa (v. fig. 221) situada no hipofaringe. A cavidade
deste orgão está em comunicação com o canal salivar das
maxilas mediante um tubo de escoamento (canal da bomba
ou meato salivar) que se abre no ápice do hipofaringe. A
parte da seringa, em relação com o canal excretor das glân-
dulas salivares, é fortemente invaginada (diafrágma) e su-
porta um curto apodema (pistilo), no qual se inserem dois
músculos retratores, que se fixam nas partes laterais do
hipofaringe. Pela contração destes músculos e consequente
retração do pistilo a cavidade da seringa torna-se mais
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ampla; inversamente, pelo seu relaxamento, a parede da


seringa se invagina, determinando a penetração do pistilo
e estreitamento da cavidade da seringa. No primeiro tempo
a saliva é aspirada do canal excretor das glândulas salivares
e, no segundo, é expelida, através do canal da bomba, para
o canal salivar das maxilas. Em alguns Hemipteros, segundo
WEBER (1930), os orifícios de entrada e de saida da bomba
apresentam dispositivos valvulares que impedem o refluxo
da saliva.
A saliva, nas espécies fitófagas, hidroliza os hidratos
de carbono, sendo capaz de dissolver a celulose e de plas-
molizar as células vegetais, facilitando a penetração dos
estiletes do rostrum. Nas espécies hematófagas, alem da
ação irritante ou tóxica, apresenta uma anticoagulina, estu-
dada por CORNWALL & PATTOX (1914).
Aparelho respiratório ordinariamente em relação com
10 pares de estígmas: dois toráxicos e oito abdominais (do
1º ao 8º urômero). A posição dos estígmas ou espiráculos
abdominais, em relação com os bordos de cada segmento,
interessa particularmente na determinação dos vários gru-
pos de Hemipteros.
Nos Hemipteros aquáticos observam-se modificações
notáveis para o lado desses orgãos respiratórios, que se
apresentam fechados, atrofiados ou mesmo modificados em
estruturas especiais (falsos espiráculos), considerados ora
como orgãos respiratórios especiais (BUENO, 1916), ora como
orgãos sensoriais de função estática, sensíveis à variação de
pressão (BAUNACKE, 1912). Todavia, nos insetos que os apre-
sentam, ha tambem estígmas funcionais e abertos. Assim,
em Nepidae, cujas espécies têm falsos espiráculos no 3º, 4º
e 5º urômetros, o 7º urosternito apresenta-se prolongado em
dois longos processos, que, reunidos, formam um tubo alon-
gado em relação na base com o último par de estígmas.
O sistema circulatório dos Hemípteros tem sido pouco
investigado pelos autores. No velho trabalho de LOGY (1884)
sobre anatomia e fisiologia dos Nepideos, encontram-se in-
HEMIPTERA 17

dicações sobre o vaso dorsal em Lethocerus (barata dágua


da família Belostomatidae).
BROGHER (1909) fez um estudo interessante sobre os
orgãos ou membranas musculares pulsáteis nas pernas de
alguns hemipteros aquáticos, situados na base do 1º arti-
culo tarsal das pernas anteriores e na base tias tíbias das
demais pernas.
Glândulas odoríferas. Os Hemipteros, em sua maioria,
apresentam glândulas odoríferas cuja secreção geralmente
tem cheiro repugnante, aliás caracteristico de um grande
grupo de espécies ("cheiro de percevejo"). Entretanto ha
Hemipteros (Pachycoris) cuja secreção tem odor peculiar,
sinão, agradavel, pelo menos suportavel.
Nas formas jovens as glândulas odoríferas estão situa-
das no abdomen e os respectivos canais excretores termi-
nam em saliências ou tubérculos situados nos urotergitos
(bordo, anterior) 4-6, 4-5, 5-6 ou somente no urotergito 4.
Nos adultos ha uma glândula metatoráxica, geralmente vo-
lumosa, com dois canais excretores, cada um terminando
na superfície do tegumento, numa fenda (canal ostiolar)
ou orifício (ostiolo) bem visível adiante ou ao lado da anca
posterior (v. fig. 219). O aspecto destas fendas é aprovei-
tado na classificação, de vários grupos de Hemipteros.
Contrastando com o aspecto do resto do tegumento, em
geral mais ou menos polido, a superfície da metapleura,
em relação com o orifício secretor, apresenta-se fosca, ru-
gosa ou granulada, de modo a facilitar a evaporação rápida
do líquido secretado.
Sistema nervoso muito concentrado. Não raro os gân-
glios meso e metatoráxicos e abdominais se reunem num só
gânglio; em casos extremos, porem, observa-se maior con-
centração, dela resultando um só gânglio formado pela coa-
lescência de todos os gânglios ventrais. (Sobre o sistema
nervoso não só dos Hemipteros, como dos Homopteros, con-
vem ler o trabalho de BRANDT).
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Testículos constituidos por um feixe de folículos, cujo


número é variavel segundo as espécies, em relação com
vasos deferentes, dilatados em vesículas seminais na parte
proximal. Glândulas anexas sempre bem desenvolvidas, em
relação com o canal ejaculador.
Ovários compostos por alguns ovaríolos (4 a 7) de tipo
acrotrófico (telotrófico), isto é, providos de células nutri-
doras situadas na câmara terminal do ápice do ovaríolo,
que se mantêm ligadas aos oocytos em desenvolvimento,
mediante conexões protoplásmicas.
Anexas à vagina, que se abre no 8º urosternito, ha uma
espermateca e duas ou tres glândulas coletéricas.
239. Reprodução. - Os Hemipteros, em geral, reprodu-
zem-se por anfigonia e são ovíparos. Ha, entretanto, espé-
cies vivíparas (Polyctenidae).
Os ovos podem diferir no aspecto e no tipo de estru-
tura do chorion. Pode dizer-se, entretanto, e de um modo
geral, que possuem um chorion resistente, provido ou não
de canalículos ou de saliências de arejamento, e que são ou
não distintamente operculados.
Ora são postos separadamente, ora colados, um ao lado
do outro, formando grupos, tendo um número de ovos mais
ou menos constante.
As espécies fitófagas fazem as posturas sobre as folhas.
Muitas, porem, providas de ovipositor, fendem os tecidos
das plantas, depositando os ovos no fundo das incisões (pos-
turas endofíticas).
240. Desenvolvimento post-embrionário. - Os Hemi-
pteros são paurometabólicos. Observam-se, geralmente, cinco
ecdises, até o inseto atingir a fase adulta, que é assim pre-
cedida de cinco estádios de formas jovens, sendo as duas
primeiras apteras e as tres seguintes providas de tecas
alares. Estas, por alguns autores, são designadas ninfas e
aquelas larvas. Excepcionalmente pode observar-se um nú-
mero, maior de ecdises.
HEMIPTERA 19

É após a quinta ou última muda, quando o inseto fica


adulto, que os tarsos, até então de dois artículos, passam
a ter tres; é lambem nessa ocasião que desaparecem as
glândulas odoríferas abdominais, sendo substituidas pela
glândula metatoráxica.
241. Hábitos e importância econômica. - Os He mi-
pteros, em sua maioria, são insetos terrestres. Ha, porem,
muitas espécies aquáticas ou semiaquáticas. Estas são pre-
dadoras, como lambem o são algumas famílias de Hemi-
pleros terrestres c mesmo várias espécies pertencentes a fa-
mílias de Hemipteros filófagos.
Dentre os. Hemipteros fitófagos encontram-se algumas
que causam grandes danos às plantas cultivadas. Tais danos
resultam: das picadas feitas com as mandíbulas e maxilas,
que permitem a penetração de microorganismos saprogê-
nicos ou patogênicos; da sucção da seiva ou de cloroleu-
citos; da ação irritante, tóxica ou infectante da saliva quando
contenha toxinas ou esteja contaminada por agentes patogê-
nicos (v. CARTER (1939) e STOREY (1930).
Os Hemipteros predadores, em sua maioria, atacam
outros insetos para sugar o hemolinfa. Conhecem-se taro-
bem espécies fitófagas das familias Pentatomidae (subfam.
Asopinae), Coreidae, Lygaeidae, Pyrrhocoridae e Miridae,
que podem representar papel saliente no combate a insetos
inimigos das plantas.
Vários percevejos da subfam. Triatominae (Reduviidae)
e todos os da família Cimicidae, são hematófagos, alimen-
tando-se do sangue de mamíferos ou de aves. Daí a impor-
tância médica de alguns destes Hemipteros, que podem ser
os exclusivos transmissores de germes patogênicos, como,
por exemplo, os barbeiros (Triatoma spp.), que transmitem
o Trypanosoma da doença de CHAGAS.
242. Meios de combate . - No comb ate aos Hemipteros,
evidentemente, devem ser empregados os seguintes proces-
sos: aplicação de insecticidas que atinjam o corpo dos in-
20 INSETOS DO BRASIL

setos jovens (insecticidas externos), meios mecânicos, isto é,


colheita e destruição dos ovos, jovens e adultos, em certos
casos precedidos de processo destinado a reunir os insetos
(armadilhas), meios físicos, ou o emprego do fogo, meios
culturais e meios biológicos pelo aproveitamento de preda-
dores e de parasitos.
Os principais parasitos dos Hemipteros são, microime-
nopteros das superfamílias Chalcidoidea e sobretudo Ser-
phoidea (Proctotrypoidea).
De Chalcidoidea ha várias espécies parasitas de ovos
da família Mymaridae. De Serphoidea ha muitas espécies
da família Scelionidae que infestam ovos de vários Hemi-
pteros, algumas de grande importância econômica.
Citarei tambem moscas da família Gymnosomatidae
que parasitam principalmente Hemipteros das famílias Pen-
tatomidae, Scutelleridae e Pyrrhocoridae.
243. Classificação. - Na ordem Hemiptera ha cerca de
22.000 espécies descritas, que habitam principalmente as re-
giões tropicais, distribuidas em duas subordens: Gymnocerata
e Cryptocerata, que se distinguem, como já vimos, pelo aspe-
cto das antenas.
Em Gynmocerata, com a maioria das espécies (cerca
de 21.000), as antenas são perfeitamente visíveis, por serem
mais longas que a cabeça. Quasi todos os Hemipteros desta
subordem são terrestres e, quando aquáticos, vivem sobre
a água ou em local encharcado.
Em Cryptocerata as antenas raramente são expostas,
por ficarem escondidas sob a cabeça ou alojadas em uma
escavação perto dos olhos. Todos estes Hemipteros são
aquáticos.
Cada uma destas subordens compreende várias famí-
lias, que se distinguem pelos caracteres mencionados nas
chaves seguintes.
HEMIPTERA 21

Suordem GYMNOCERATA (Geocorizae)2

1 Cabeça mais curta que o torax em toda a sua extensão. 2


1' Cabeça tão ou mais comprida que o torax em toda a sua
extensão; corpo linear; pernas finas e muito longas;
espécies semi-aquáticas .........................................................................
............................................................... Hydrometridae (Limnobatidae)
2(1) Unhas, pelo menos as dos tarsos do par anterior, distinta-
mente preapieais; ápice do último artículo tarsal mais
ou menos dendido; espécies semi-aquáticas ........................................ 3
2' Todas as unhas apicais; último artículo tarsal inteiro. ................................ 4
3(2) Pernas médias e posteriores muito compridas, aproxi-
madas entre si, porem mui distantes das anteriores;
ocelos presentes, às vezes quasi invisíveis; rostro de
4 segmentos, sendo o 1º muito curto ......................................................
..................................................................... Gerridae (Hydrobatidae;
Pernas médias e posteriores não muito compridas; equi-
distantes entre si (exceto em Rhagovelia): ocelos obso-
letos ou ausentes: rostro de 3 segmentos ............................ Veliidae
4(2') Olhos ausentes; scutellum invisivel .................................... 5
Olhos presentes; scutellum sempre visivel ....................................... 6

Cabeça provida de etenídeos; rostro de 3 segmentos.


hemelitros esquamiformes, sem membrana; tarso do
3 artículos, embora aparentemente quadriarticulados; ....................
ectoparasitos de morcegos ...................................................... Polyctenidae
5' Cabeça sem etenídeos. rostro de 4 segmentos; totalmente
apteros; tarsos de 2 artículos; espécies termitófilas ......................
.................................................... Termitaphididae (Termitocoridae)

6(4') Hemipteros muito pequenos, os dois primeiros segmentos


antenais muito curtos, os 2 últimos longos, finos e
pilosos, o 3° dilatado na base; rostrum de 3 segmentos;
nervuras dos hemielitros formando células; arólios
(pulvilios; ausentes ..................................................................................
.............................. Cryptostemmatidae (Ceratocombidae; Dipsocoridae)
6' Hemipteros apresentando outra combinação de cara-
cteres ...................................................................................................... 7

2 Gr. gimnos, nú; ceras, corno.


Gr. gea, terra; coris, percevejo.
22 INSETOS DO BRASIL

7(6) Rostro do 4 segmentos, às vezes o basal muito curto; neste


caso, ver tambem 7' ........................................................... 8
7' Rostro de 3 segmentos .................................................................. 32
8(7) Hemelitros reticulados ou areclados ................................................ 9
8' Hemelitros não reticulados ou areolados .................................... 10
9(8) Pronoto prolongado atrás em um processo que cobre o
escutelo Tingitidae (Tingidae; Tingididae)
9' Pronoto não prolongado atrás; esculeto livre. Piesmidae
10(8) Ocelos ausentes .................................................................... 11
10 Ocelos presentes .................................................................. 17

11 (10) Arólios ausentes ..................................................................... 12


11 Arólios presentes .................................................................... 15

12(11) Hemelitros com cuneus ......................................................... 13


12' Hemelitros sem cuneus .......................................................... 14

13(12) Embolium distinto .............................................. Termatophylidae


13' Embolium indistinto ..................................... Miridae (Capsidae)

14(12') Corpo chato; tarsos geralmente de 2 artículos ........................


............................. Aradidae incl. Isodermidae e Disodiidae)
14, Gorpo não deprimido; larsos de 3 artículos .............. Nabidae
Membrana apresentando algumas nervuras longitudionais
.................................................. Lygaeidae (algumas espécies)
15' Membrana com as nervuras conspícuas formando células
basais ................................................................................. 16

16(15') Membrana apresentando 2 ou 3 grandes células basais,


das quais se originam várias nervuras que, em geral,
16' se anastomosam perto das células ................ Pyrrhocoridae
Membrana, na base, com 1 ou 2 células fechadas, sem
nervuras longitudinais, ou raramente, emitindo al-
gumas nervuras que não se anastomosam ...........................
................................................................. Miridae (Capsidae)

17(10) Arólios ausentes ..................................................................... 18


17' Arólios presentes .................................................................... 20

18(17) Cabeça vertical; hemelitros com cuneus; membrana com


1 ou 2 células ou uma nervura apenas ....... Isometopidae
18' Cabeça horizontal; hemelitros sem cuneus; membrana com
várias nervuras ................................................................. 19
19(18') Tarsos de 3 artículos .................................................. Nabidae
19' Tarsos de 2 artículos ............................................. Joppeicidae
HEMIPTERA 23

20(17') Articulação das antenas com a cabeça invisivel, quando


se examina o inseto pelo lado dorsal; eseutelo sempre
grande, às vezes cobrindo todo o abdomen; no mínimo
de c o m p r i m e n t o i g u a l à m e t a d e d o c o m p r i m e n t o d o
abdomen .............................................................................. 21
20' A r t i c u l a ç ã o das a n t e n a s c o m a e a b e ç a p e r f e i t a m e n t e v i -
sivel quando se examina o i nseto pelo lado dorsal; es-
cutelo geralmente pequeno ou mesmo invisivel ................................... 26

21(20) T í b i a s p r o v i d a s de f i l e i r a s de e s p i n h o s , m a i s ou m e n o s r o -
bustos; pernas anteriores fossórias .................................. 22
21' Tíbias desprovidas de espinhos robustos, embora às vezes
se apresentem densamente pilosas ................................... 23

22(21) Scutellum convexo cobrindo quasi todo o abdomen e os


hemelitros Thyreocoridae (Coriraelaenidae)
22' Seuteilum plano, deixando bem visíveis os hemelitros e,
sob estes, o abdomen .......................................... Cydnidae

23(21') Escutelo plano, deixando bem visíveis o abdomen e os


hemelitros ........................................................ Pentatomidae
23' Eseutelo convexo, cobrindo quasi todo o abdomen e os
hemelitros ........................................................................... 24

24 (23') Tarsos de 2 atículos ...................................................................


Plataspididae (Coptosomidae; Coplosomatidae; Platas-
pidae )
24' Tarsos de 3 artículos ............................................................ 25

25 (24') Lobos do protorax com um dente ou lobo saliente adiante


dos ângulos humerais e anteriores; olhos protube-
rantes; asas posteriores sem hamus ...........................................
.......................................... Podopidae (Graphosomatidae)
25' Lobos de prolorax sem dente ou lobo saliente adiante tios
ângulos humerais e anteriores; asas posteriores com
hamus ............................................................... Scutelleridae

26(20') Corpo muito estreito cabeça apresentando uma incisão


transversal adiante dos ocelos; primeiro segmento das
antenas e fêmures dilatados na extremidade distal;
membrana com 4 ou 5 nervuras longitudinais simples
............................................................ Neididae (Berytidae)
26' Insetos que não apresentam a combinação de caraeberes
acima mencionada ............................................................ 27

27 (26') Tarsos de 2 artículos; espécies pequenas, semi-aquáticas.


....................................................................................Hebridae
27' Tarsos de 3 artículos ........................................................... 28
24 INSETOS DO BRASIL

28(27') Membrana com multas nervuras salientes, em goral quasi


paralelas bifurcadas e originando-se do uma nervura
transversa basal ........................................................ 29
28' Membrana com poucas nervuras, dispostas de modo dife-
rente ao assinalado em 28, ou sem nervuras ............ 31

4º urotergito estrangulado no meio; aberturas das glân-


dulas metatorácicas obsoleta; quando visíveis, situadas
atrás das cavidades coxais posteriores e emitindo 2
sulcos divergentes ...................................... Corizidae
29' A margem basal do 4 ° e do 5º urotergitos sinuada; aber-
turas das glândulas metatorácicas sempre visíveis. 30

30(29') Cabeça muito mais estreita e mais curta que o protorax;


buculae extendendo-se para trás da inserção das an-
tenas ........................................................... Coreidae
30' Cabeça quasi tão larga e tão comprida quanto o protorax;
buculas pequenas, situadas adiante da inserção das
antenas ............................... Coryscidae (Alydidae;

31 (28') Membrana sem nervuras Colobathristidae


31' Membrana com 4 ou 5 nervuras longitudionais simples,
partindo da base; às vezes as 2 internas formam uma
célula perto da base .........................................................................
...................... Lygaeidae (Geocoridae; Myodochidae)
31' Membrana apresentando 3 grandes células basais das quais
se originam várias nervuras que se anastomosam (da
região Australiana) .............................. Hyocophalidae

32(7') Cabeça globosa atrás dos olhos; pronoto dividido em 3


lóbulos; hemelitros totalmente membranosos, com ner-
vuras longitudinais e poucas nervuras transversais;
tarsos anteriores de um artículo, posteriores de 3 .................
.......................... Enicocephalidae (Henicocephalidae)
32' Hemipteros que não apresentam a combinação de cara-
cteres assinalada em 32 ...................................................... 33

33(32') Pernas do par anterior curtas, robustas, raptatórias, de


conformação peculiar, anca muito alongada, femur
curto, consideravelmente dilatado e inferiormente ca-
naliculado, para alojar a tíbia tarso reduzido ou
ausente ............................... Phymatidae (Macrocephalidae)
33' Pernas do par anterior não do tipo descrito em 33 ................... 34
HEMIPTERA 25

Corpo mais ou menos oval e achatado; ocelos ausentes. 35


34' Corpo de forma diferente; ocelos geralmente presentes
(em algumas espécies de Saldidae ha um ocelo apenas
e nas formas apteras de Mesoveliidae os ocelos são
obsolescentes) ......................................................................... 36

35 ( 34) Hemelitros de aspecto normal, embora deixando o abdomen


descoberto aos lados e atrás; tarsos raramente com
mais de 2 artículos. ................................................ Aradoidea
35' Hemelitros representados por 2 escamas muito curtas,
sem membrana, deixando (3 abdomen todo descoberto;
tarsos de 3 artículos (percevejos do homem, dos mor-
cegos e das aves) ...........................................................................
.......................... Gimicidae (Acanthiidae auel.; Clinocoridae)

36(34) Hemelitros com cuneus .......................................................... 37


36 Hemelitros sem cuneus .......................................................... 39

37, 36 Embolium distinto ..................................................................... 38


37' Embolium indistinto .......................................................... Velocipedidae

38(37) Tarsos de 3 artículos ...................................................... Anthocoridae


38' Tarsos de 2 artículos .................................................... Microphysidae

Tarsos de 3 artículos .......................................................... 40


Tarsos, de todas as pernas, de 2 artículos .............................. 45

40 (39) Hemelitros muito curtos; asas ausentes; ocelos ausentes.


.................................................................................. Aepophilidae
Outros caracteces ........................................................................... 41

41(40') Membrana com 4 ou 5 células basais alongadas, uma ao


lado da outra (espécies com menos de 10 mm. de com-
primento). Saldidae (Acanthiidae de alguns autores)
41' Membrana de tipo diferente, ou insetos apteros .......... 42

42 (41') Hemelitros ausentes ou membrana sem nervuras; espécies


semi-aquáticas ....................................... Mesoveliidae
42' Hemelitros presentes e membrana com nervuras dis-
tintas ................................................................................ 43

43 (42') Prosternum sem sulco estridulatório; rostrum de 4 se-


gmentos ........................................................................ Nabidae
43' Prosternum em quasi todas as espécies com sulco estri-
dulatório; rostrum de 3 segmentos .............................. 44
26 INSETOS DO BRASIL

44 (43') Pernas anteriores com ancas ou quadris muito mais longos


que a cabeça, lembrando o aspecto das pernas raptórias
dos louva-deus; as demais muito finas e alongadas;
corpo linear, mais ou menos alongado; ocelos ausentes.
........................................................... Ploiariidae (Emesidae)
44' Pernas anteriores com as ancas não mais longos que a
cabeça, apenas com os fêmures um pouco mais dila-
lados que nas outras pernas, que em geral são mais
ou menos robustas; corpo não linear; ocelos geralmente
presentes ............................................................... Reduviidae

45 (39') Prosternum com sulco estridulatório .............................................


.......................................... Reduviidae (gen. Aradomorpha)
45' Prosgernum sem sulco estridulatório ........................... 46

46(45') Arólios ausentes; antenas de 4 segmentes.. Joppeicidao


46' Arólios presentes .............................................................. 47

47(46') Antenas de 4 segmentes ...............................................................................


.............................. Thaumastotheriidae (Thaumastoeoridae)
47' Antenas de 5 segmentes Hebridae ....................... (Nacogeidae)

Subordem CRYPTOCERATA (Hydrocorizae) 3

1 Ocelos presentes ................................................................. 2


1' Ocelos ausentes .................................................................. 3

2(1) Antenas expostas, olhos proeminentes; pernas anteriores


e médias semelhantes ......... Ochteridae (Pelogonidae)
2' Antenas escondidas, olhos mui protuberantes; pernas an-
teriores raptórias ....................................................................................
Nerthridae (Galgulidae ; Gelastocoridae; Mononychidae)

3(1') Pernas anteriores normais ou, quando de tipo diferente


das médias, com o tarso constituido por um grande
artículo achatado, provido de cerdas robustas e sem
unhas ................................................................................ 4
3' Pernas anteriores distintamente raptórias .............................. 7

3 Gr. cryptos, escondido; ceras, corno.


Gr. hidor, água; coris, percevejo.
HEMIPTERA 27

4(3) Cabeça, vista de cima, excedendo o prolorax; rostro muito


curto aparentemente não segmentado; tarsos do par
anterior representados por um artículo achatado pro-
vido de cerdas robustas e sem unhas (tarsos palae-
formes) ................................................................ Corixidae
4' Cabeça inserida no protorax; rostro livre, de 3 a 4 se-
gmentos; tarsos anteriores normais, provídos de 2
unhas ....................................................................................................... 5

5(4') Tíbias e tarsos posteriores fortemente ciliados; cabeça bem


destacada do pronotum; espécies geralmente com mais
de 5 mm. de comprimento .......................................... Notonectidae
5 Tíbias e tarsos posteriores coto 2 fileiras de cerdas ca-
beça e protorax mais ou menos fundidos; espécies de
corpo fortemente convexo, com menos de 5 mm. de
comprimento ................................................................. 6

6(5') Antenas de 3 segmentes; scutellum curto e largo; fêmea


com ovipositor distinto ................................................. Pleidae
6' Ant enas de 2 ou 1 segmentes; scutellum longo; fêmea sem
ovipositov ......................................................... Helotrephidae

7(3') Extremidade posterior do abdomen apresentando um


longo sifão respiratório, eonstituido por 2 apêndices
filiformes, não retracteis; antenas de 3 segmentos;
pernas posteriores não achatadas e sem franja de
longos pelos, não adaptadas, portanto para a natação.
...................................................................................... Nepidae
7' Extremidade, posterior sem sifão respiratório; antenas de
4 segmentos ................................................................................. 8

8(7) Extremidade posterior do abdomen apresentando um par


de apêndices curtos, chatos e retracteis; tíbias peste-
vieres achatadas e com franja de longos pelos; mem-
brana dos hemelitros reticulada ................. Belostomatidae
8´ Extremidade posterior do abdomen sem os apêndices
acima referidos; tíbias posteriores com franja de pelos,
porem não achat adas; membrana sem nervuras .................
Naucoridae e Aphelochiridae (esta sem representant es
na região neotrópica).
28 INSETOS DO BRASIL

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42 INSETOS DO BRASIL

Subordem GYMNOCERATA

Caracteres. - Os Hemipteros desta subordem apresentam


antenas mais ou menos alongadas e sempre visíveis quando
se os examina pela face dorsal. São insetos geralmente ter-
restres.

Superfamília SCUTELLEROIDEA4

(Pentatomoidea)

245. Caracteres e classificação. - Constituem esta grande


superfamília os "percevejos do mato" e espécies afins, geral-
mente com antenas de cinco segmentos, inseridas em proemi-
nências (tubérculos anteníferos) sob as margens laterais da
cabeça e um escutelo grande ou muito grande, pelo menos
atingindo a base da membrana.
Estão incluidas nesta superfamília as seguintes famílias:
Pentatomidae, Cydnidae, Thyreocoridae (Corimelaenidae),
Scutelleridae, Podopidae (Graphosomatidae) e Plataspididae
(Phataspidae, Coplosomalidae). As duas últimas não têm
representantes na América meridional.
Em Pentatomidae e Cydnidae os hemelitros são sempre
mais ou menos visíveis; em Scutelleridae e Thyreocoridae
o escutelo é extraordinariamente desenvolvido, cobrindo
completamente os hemelitros.
A superfamília Scutelleroidea é, na ordem Hemiptera, a
que tem o maior número de espécies. Calcula-se haver perto
de 7.000 espécies descritas.

Família P E N T A T O M I D A E 5
246. Caracteres e classificação. - Os Pentatomideos dis-
tinguem-se dos demais Hemipteros da superfamília Scutelle-
roidea pela seguinte combinação de caracteres: scutellum
geralmente plano e estendendo-se até a base da membrana,

4 Lat. scutella. escudela.,


5 Gr. pente, cinco; tomos, segmento.
PENTATOMIDAE 43

porem, quando mais desenvolvido, não cobrindo todo ou


quasi todo o, abdomen, como em Scutelleridae e em Thyreo-
coridae; tíbias raramente espinhosas; quando espinhosas, o
corpo não é completamente negro como em Cydnidae,

Fig. 277 - Euschistus triangulator (Herrich-Schäffer, 1842), (fêmea) (Fam.


Pentatomidae), face dorsal: 1, 1º segmento antenal; 2, olho; 3, ângulo anterior
do pronotum; 4, margem lateral (antero-lateral); 5, ângulo lateral (antero-la-
teral); 6, margem postero-lateral; 7, ângulo postero-lateral; 8, clavus; 9, sutura;
10, corium; 11, ponto terminal do frenum; 12, sutura, membranae; 13, membrana;
14, tylus; 15, jugum; 16, vertex; 17, ocelo; 18, ápice do pronotum; 19, disco do
pronotum; 20, base do pronotum; 21, scutellum; 22-26. uromeros 2-6; 27, seg-
mento genital

Da superfamília Scutelleroidea é esta a família que


possue o maior número de espécies, espalhadas por todo o
mundo porem mais abundantes nas regiões oriental, etiópica
e neotrópica.
As espécies da região neotrópica acham-se incluídas nas
subfamílias referidas na chave que apresento linhas adiante.
44 INSETOS DO BRASIL

Das subfamílias Tessarotominae e Acanthosomatinae ha


poucos representantes na citada região.
A subfamília Phyllocephalinae não tem espécies ameri-
canas.

1 Tarsos dímeros ............................................................................ 2


1' Tarsos trímeros ........................................................................... 3

2(1) Scutellum bastante desenvolvido, sem, todavia, cobrir os


hemelitros completamente, apresentando, na parte
dorsal, uma conspícua saliência cônica, mais ou menos
alongada ............................................................... Cyrtocorinae
2' Soutellum normal, plano .................................. Acanthosomatinae

3(1') Corpo achatado; cabeça, torax e abdomen prolongados em


lóbulos foliáceos e denticulados; antenas de 3 segmen-
Los, cobertas pelos prolongamentos foliáceos da cabeça.
............................................................................... Phloeinae
3' Aspecto diferente do corpos; antenas de 5 ou 4 segmentos.
bem visíveis quando se examina o insere pela face
dorsal ..................................................................................... 4

4 (3') Búculas pequenas, convergindo posteriormente sob a base


do rostrum; este inserido no ápice do tylus e apresen-
tendo o segmento basal curto, robusto e livre. Asopinae
Búculas longas, paralelas ou subparalelas; rostrum in-
serido um pouco para trás do ápice do tilus; se-
gmento basal geralmente delgado e em grande parte
encaixado entre as bucculae ......................................................... 5

5 (4') Espiráculos do urosternito basal expostos, não escondidos


pelo metasternum ............................................. Tessaratominae
5' Espiráculos do urosternito basal estendidos pela margem
posterior do metasternum .................................................................. 6

6(5') Scutellum relativamente curto, nunca prolongado alem


do meio do abdomen e com ápice largamente arre-
dondado; membrana dos hemelitros muito maior que
o corium .................................................................. Dinidorinae
6' Scutellum geralmente prolongado alem do meio do abdo-
men e com ápice geralmente ponteagudo ou estreita-
mente arredondado; membrana dos hemelitros não
muito maior que o corium .................................. Pentatominae
PENTAMIDAE 45

Subfamilia CYRTOCORINAE 6

247. Principais representantes. - As espécies que consti-


tuem esta subfamília são interessantes pelo aspecto curioso
do scutellum. De fato, qualquer Cirtocorineo, visto de cima,
dá-nos a impressão de uma minúscula máscara, cujo nariz
é representado por um apêndice que se eleva sobre o scutel-
lum.
Representam-na os gêneros Cyphothyrea Horváth, 1916,
Cyrtocoris White, 1842 e Ceratozygum Horváth, 1916, com
a espécie única C. horridum (Germar, 1839) (fig. 228).

Fig. 228 - Ceratozygum horridum (Germar, 1839), (fêmea) (Cyrtocorinae).

Esta espécie apresenta notavel dimorfismo sexual, pois,


nos machos, os jugos são prolongados em dois longos pro-
cessos, quasi tão alongados quanto o pronoto, tendo, cada
um, um conspícuo dente no bordo externo.
No Rio de Janeiro o Engenheiro Agrônomo ARISTOTELES
SILVA (1936) encontrou o Cyrtocoris gibbus (Fabr., 1803),
vivendo sobre galhos de bracatinga (Mimosa scabrella).
Alguns autores elevaram esta subfamília à categoria de
família (Cyrtocoridae).

6 Gr. cyrtos, curvo; coris, percevejo.


46 INSETOS DO BRASIL

Subfamília PHLOEINAE 7

248. Espécies que a constituem. - Esta subfamília, tam-


bem elevada por alguns autores à categoria de família
(Phloeidae), compreende os gêneros Phloea Le Peletier &
Serville, 1825, Phloeophana Kiraldy, 1908 e Serbana Dis-
tant, 1906.
Excetuando este último gênero, com uma espécie de
Borneo, as demais espécies de Phloea: Phloea corticata
(Drury, 1773) (fig. 230) (P. subquadrata Spinola, 1837), como
a espécie única de Phloeophana (P. paradoxa (Burmeister,
1835) (nec Hahn., 1834) (fig. 229), habitam o Brasil.

Figs. 229 e 239 (respectivamente) Phloeophana paradoxo (Burmeister, 1835)


(fêmea) e Phloea corticata (Drury. 1773) (fêmea) (Phloeinae).

Estes insetos foram estudados por PEREZ (1904), MAGA-


LHÃES (1909), R. VON IHERING (1909) e BRIEN (1930).
Vivem sobre o tronco ou galhos das plantas, em per-
feita homocromia com os liquens que as revestem.
BRIEN, após considerações sobre a morfologia e etologia
destes percevejos, em parte já estudadas por PEREZ e MAGA-

7 Gr. phloios, casca.


PENTATOMIDAE 47

LHÃES, comunicou algumas observações interessantes respeito


à biologia de P. paradoxa (= Phloea longirostris Spinola,
1837), por ele observada no Rio de Janeiro sobre a amen-
doeira (Terminalia catapa).
Tratando da proteção das formas jovens pela Phloea
mãe, escreve o seguinte trecho:

"La femeile de Phloea paradoxa pond huit à douze oculs,


eylindriques parfaitament blanes, alignés sur Fécoree comme
de petites perles qui seraient frés visibles. Mais la mère
reste appliquée contre ses ceufs, sans que sa présence soif
cependant nécessaire à leur éclosion. J'ignore to temps de
cette pseudo-incubation. Mais sitôt écloses, les larves s'acero-
chent aux sternites de la mère qui cache et porte sous le
ventre sa pelite famille. Ces larves (Figs. I, II, III el IV)
dissimulées sous la mére sont blanches, pareilles, du moins
à un certain stade de développement, à de petites outres gon-
flées (Fig. llI). Elles ne quitteront la mére qu'à un slade
avaneé (Fig. IV), stade ou elles ont acquis les caractères
mimétiques. Thomochromie, Taplatissement. les lobos foliacés
que nous avons signalé chez Tadulte.
Il semble done bien que la Phlée maternelle protège
ses petits. De plus il est bien probable qu'elle contribuo
à leur nutrition. En effet jusqu'au stade roprésenté par la
Fig. V. le rostre des larves est trop faible pour perforcer
Técoree du Terminale catapa. D'autre part, détachées de la
mére, les larves meurent d'inanition, Les larves se nourrirai-
ent-elles d'une exerétion maternelle, ou bien récolteraient-
elles le peu de séve qui suinte du rostre de la mère pen-
dant la succion. Je n'ai pu faire aucune observation à ce
sujet."

O meu auxiliar Charles Hathaway leve o ensejo de ve-


rificar a exatidão das observações de MAGALHÃES e de BRIEN,
com uma fêmea de P. paradoxa, que vivia agarrada ao
tronco de um cambuí.
48 INSETOS DO BRASIL

Subfamília ASOPINAE 8

(Cimicinae)

249. Espécies mais interessantes. - Os Pentatomideos


desta subfamília podem ser considerados como insetos fiteis
à agricultura, pois, em geral, são, predadores ,de ovos, larvas
e adultos de insetos pragas. As espécies mais conhecidas ou
atacam lagartas (larvas de Lepidópteros), ou ovos, larvas e
bezouros adultos da superfamília Chrysomeloidea (v. aspecto
do r o s t r u m na fig. 231).

Fig. 231 - Cabeça de A s o p i n a e : 1, b ú c u l a ; 2, 1º s e g m e n t o d o r o s t r u m .


Fig. 232 - Alcaeorrhynchus grandis (Dallas, 1851) (Asopinae).

As primeiras formas jovens de algumas espécies sugam


selva das plantas, enquanto que as ninfas e os adultos, ou
são exclusivamente predadores, ou têm um regime alimentar
mixto, isto é, são predadores e sugadores de seiva.
Aliás na subfamília Pentatominae, principalmente re-
presentada por espécies sugadoras de selva, ha algumas que
podem, facultativamente, comportar-se como fitófagas ou
como predadoras. É o caso do Euschistus variolarius (Pa-

8 Etimologia desconhecida.
PENTATOSMIDAE 49

lisot de Bauvois, 1805), percevejo que, nas Estados Unidos,


tem sido tambem observado sugando lagartas e a cochonilha
Pulvinaria inumerabilis.
Nos Asopineos, como nos Hemípteros essencialmente
predadores, o mesenteron não apresenta as criptas pigmen-
tadas onde se alojam bactérias simbióticas, presentes na
maioria das espécies fitófagas.

Fig. 233 - Apateticus (Eupodisus)


mellipes (Bergroth, 1891) (Asopinae).

Os nossos Asopineos mais interessantes, sob o ponto de


vista econômico, foram estudados num trabalho de ARISTO-
TELES SILVA (1933), que trata das seguintes espécies:
Oplomus (Catostyrax) catena (Drury, 1782) (fig. 234),
encontrado na natureza sugando lagartas de Actinote pelle-
nea (fam. Acraeidae), que vive em "erva de lagarta" (Eupa-
torium sp.). Até a primeira ecdise as formas jovens deste
percevejo sugam a selva da erva de lagarta.
Apatetieus (Eupodisus) mellipes (Bergroth, 1891) (fi-
gura 233). As formas jovens do primeiro estádio sugam
folhas de maracujá; as dos estádios seguintes são preda-
doras de lagartas da borboleta do maracujá, Dione juno
fam. Heliconiidae).
50 INSETOS DO BRASIL

Alcaeorhynchus grandis (Dallas, 1851) (fig. 232), encon-


irado na natureza depredando lagartas da borboleta do ma-
racujá, Dione juno.
Na República Argentina este mesmo inseto é predador
de lagartas de Papilio thoanthoides, Megalopyge urens e
Automeris coresus.
Lembro-me ter visto, ha tempos, uma espécie de Oplo.
nus sugando, lagartas de Alabama argillacea (curuquerê,
mariposa do algodoeiro).

Fig. 234 - Oplomus (Catostyrax) catena (Drury, 1.872) (Asopinae).


Fig. 235 - Coryzorhaphis leucocephala Spinola. 1837 (Asopinae).
Fig. 236 - Stirctrus (Stirelrus) smaragdalus (Lepeletier & Serville, 1328)
(A sopinae).
Fig. 237 - Stiretrus (Stictonotion) decastigma (Herrich-Schäffer, 1838) (Aso-
pinae).

Nas figuras 235, 236 e 237 estão representadas mais três


espécies, aliás das mais belas desta subfamília, a saber:
Sliretrus (Stiretrus) smaragdalus (Lepeletier et Serville,
1828) (= chalybaeus Herrich-Schaeffer, 1836; chrysopra-
sinus Herrich-Schaeffer, 1838) (fig. 236), de cor verde ou
PENTATOMIDAE 51

azul violácea brilhante; Stiretrus (Stictonotion) decastigma


(Herrich-Schäffer, 1838) (= septemguttatus Germar, 1839)
(fig. 237), de cor azul muito escura, com 10 máculas alaran-
jadas, tres no, pronotum, tres no escutelo e duas em cada
hemelitro e Coryzorhaphis leucocephala (Spinola, 1837)
(fig. 235), de cor geral vermelha, coral; a ponta do escutelo,
os largos aneis nos fêmures e nas tíbias e grande parte da
cabeça, em cima e em baixo, são de cor amarela-creme, as
partes restantes da cabeça e das pernas são de cor negra.

Fig. 238 - Cabeça de Pentatominae:


1, buccula; 2, 1º segmento do rostrum

Subfamilia DINIDORINAE9

250. Espécies que a constituem. - Desta subfamília ha


na região neotrópica apenas o gênero Dinidor Latreille, 1829,
aliás com poucas espécies.
No Brasil encontra-se mais frequentemente Dinidor ma-
ctabilis (Perty, 1833) (fig. 254).

Subfamília PENTATOMIDAE

251. Caracteres, etc. - É esta a subfamília de perce-


vejos do mato que abrange a maioria das espécies de Pen-
tatomidae.

9 Etimologia desconhecida.
52 INSETOS DO BRASIL

Vivem os Pentatomineos sobre as plantas, alimentan-


do-se, quasi todos, de seiva. Alguns, entretanto, são even-
tualmente predadores, sugando a hemolinfa de outros in-
setos.
Os ovos são colados a folhas em duas ou mais séries
ou carreiras paralelas, cada uma com um número variavel
de ovos. De forma variavel nas diferentes espécies, ora são
esféricos, ora cilíndricos, ou com a conformação de um
barril, apresentando o polo livre distintamente operculado.

Fig. 239-241 - Postura de Mecistorhinus (Antiteuehus) mixtus sobre caule de


Grevillea robusta: em cima, à esquerda, vista de face e consideravelmente au-
mentada: à direita a mesma postura vista de lado; em baixo, os mesmos ovos
das figuras anteriores, vendo-se, por transparência, a cabeça da forma jovem
prestes a sair (Foto Federman, ofer. Cezar Pinto).

Quando as formas jovens estão prestes a sair do ovo,


vê-se, através da casca (corion) e sobre a cabeça do em-
brião, uma peça em forma de T, usada para romper o ovo
(ruptor ovi). Tal peça, após a saida da forma joven, fica
aderente à casca vasia (v. figs. 241 e 242).
PENTATOMIDAE 53

252. Espécies mais interessantes. - Das várias tribus em


que se divide a subfamília Pentatominae, incontestavelmente
é Pentatomini a de maior importância, não somente pelo
número de espécies que a constituem, como tambem pelo in-
teresse agrícola de várias. Tambem algumas espécies das
tribus Edessini e Discocephalini podem, às vezes, causar danos
notáveis às plantas cultivadas.

Fig. 242 - Polo livre de um dos ovos da


figura anterior, fortemente aumentado,
vendo-se, através do corio, a cabeça da
forma jovem prestes a sair e o ruptor
ovi (Toledo del., Cezar Pinto ofer.)

Assim, Edessa meditabunda (Fabricius, 1794) (= E. glau-


cescens, Fabricius, 1796), em São Paulo, ataca o tabaco. No
Rio de Janeiro, FERREIRA LIMA observou-a sugando laran-
jeiras e JALMIREZ GOMES (1936), atacando Dhalia variabilis.
Em Minas Gerais MONTE (1932) encontrou Edessa rufo-
marginata (De Geer, 1773), espécie extremamente variavel,
atacando o tabaco e outras Solanáceas. Na República Argen-
tina BLANCHARD (apud BOSQ, 1932) observou-a causando sé-
rios danos na batatinha (Solanum tuberosum).
Da tribu Discocephalini os percevejos mais conhecidos
em nosso, território pertencem aos gêneros Mecistorhinus
Dallas, 1851, Neodine Kirkaldy, 1909 e Dinocoris Burmeis-
54 INSETOS DO BRASIL

ter, 1835 10 . Deste último as espécies mais comuns são:


Dinocoris histrio (Linne, 1758) (= peregrinator Linne, 1758),
D. variolosus (Linne, 1758) e D. maculatus Laporte, 1832;
geralmente polífagas.
Tambem as espécies de Discocephala e Platycarenus,
às vezes, causam danos apreciáveis; C. Reiniger teve o en-

Fig. 243 - Mecistorhinus (Antiteuchus)


mixtus (Fabr., 1787), (fêmea) (Dis-
cocephalini) .

sejo de observar, no Rio de Janeiro, forte infestação de


Bougainvillea por Piatycarenus vicinus (Signoret, 1851).
Na Baía, segundo BONDAR (1925), Neodine macraspis
(Perty, 1833) e Mecistorhinus amplus (Walker, 1876), dani-
ficam folhas e frutos de cacaueiro, atacando tambem o pri-
meiro o colaeiro. No Rio de Janeiro e São Paulo vêem-se fre-

10 No catálogo de Kirkaldy Dinocoris é citado na sinonimia de Empicoris


Hahn, 1834. Este nome, porem, não pode ser usado, por ser homônimo de Em-
picoris Wolff, 1811, empregado para espécies da família Ploiariidae (Redu-
vioidea).
PENTATOMIDAE 55

quentemente Mecistorhinus (Antiteuchus) mixtus (Fabricius,


1787)11 (figs. 243 e 244) e Mecistorhinus (Antiteuchus) me-
lanoleucus (Westwood, 1837) (figs. 257 e 258), sugando vá-
rias plantas.
Como espécies mais importantes de Pentatomini devo
citar, alem das pertencentes ao gênero Mormidea Amyot

Fig. 244 - Mecistorhinnus (Antiteuchus)


mixtus (Fabr., 1787): 1ª forma joven.

de Serville, 1843, mencionadas linhas adiante, as seguintes:


Arvelius albopunctatus (De Geer, 1773) (fig. 264), visto em
quasi toda a região neotrópica, atacando Solanáceas, prefe-
rencialmente o tomateiro.
Nezara (Nezara) viridula (Linne, 1758.) (fig. 250), per-
cevejo praga, hoje cosmopolita, encontrado sobre várias

11 Enviado um exemplar deste inseto ao British Museum, foi identificado


com Mecistorhinus variolosus (Westwood, 1837). A meu ver, a espécie de West-
wood parece ser uma variedade de mixtus (Fabr.).
56 INSETOS DO BRASIL

plantas, principalmente Leguminosas dos gêneros Crotalaria


e Phaseolus (v. trabalhos de JONES (1918), DRAKE (1920),
TURNER (1923), BOSELLI (1932), MALOUF (1933) e VAN HEER-
DEN (1933).

Fig. 240 - Edessa dallasi Distant. 1881 (fêmea) (Edessini).


Fig. 246 - Arocera (Arocera) acroleuca (Perty, 1833). (fêmea) (Pentatomini).
Fig. 247 - Evoplitus humeralis (Westwood, 1837), (fêmea) (Pentatomini)
Fig. 248 - Chlorocoris tau Spinola, 1837. (fêmea) (Pentatomini).

Ogmocoris reinigeri Costa Lima. 1935. No Rio Grande


do Sul ataca o arroz nas espigas, causando danos equiva-
lentes aos produzidos pelas espécies de Mormidea.
Piezodorus guildini (Westwood, 1837) (fig. 260). Em
Porto Rico WOLCOTT (lnsectae Borinquensis, 1936) encon-
PENTATOMIDAE 57

trou-o, sobre feijões e o u t r a s p l a n t a s . E m Minas Gerais ataca


Crotalaria, segundo observação de MONTE (1937).
Runibia perspicua (Fabricius, 1796) (fig. 266). Esta espé-
cie, cujo habitat se estende da América Central ao Brasil,
ataca a pereira, em Nova Friburgo.
Placocoris viridis Mayr, 1864 (fig. 267), Pentatomideo
bastante curioso, não somente pelo excessivo achatamento
do corpo, como pela configuração geral, que lembra a de

Fig. 249 - Peromatus notatus


(Burmeister, 1835), (fêmea) (Edessini).

um Cidnideo; todavia, se neste p e r c e v e j o os f ê m u r e s são


denteados em baixo, as tíbias são absolutamente despro-
vidas de espinhos.
253. Espécies de Mormidea. - Como mais frequente-
mente encontradas no Brasil, causando danos principalmente
às Gramíneas cultivadas, citarei as seguintes:
M. ypsilon (Linne, 1758), M. v-luteum (Lichtenstein,
1796), M. notulifera Stal, 1860 e M. exigua Berg, 1891 (figu-
ras 268-272).
Ha, todavia, uma que merece citação especial,
parece ser a causadora dos maiores estragos nos nossos arro-
zais; quero, refeir-me à Solubea poecila Dallas, 1851.
58 INSETOS DO BRASIL

espécie provavelmente existente em todo o Brasil pois tem


sido assinalada das Guianas ao Rio Grande do Sul.
No Norte chamam-na "pulgão", "pulga d'anta" e "chu-
pão". Em Mato Grosso apelidaram-na "chupador". No Rio
Grande do Sul, onde é a maior praga do arroz, é conhecida

Fig. 250 - Nezara ( N e z a r a ) viridula (L., 1758), fêmea) (Pentatomini)


Fig. 251 - Nezara (Acrosternum) marginata (Palisot, 1805), (fêmea) (Pen-
tatomini).
Fig. 252 - Euschistus latus Dallas, 1852, (fêmea) (Pentatomini).

pelo nome "frade". Em São Paulo e em Minas Gerais dão-


lhe o nome "tamanjuá".
Dentre as mais recentes publicações que tratam desta
praga citarei as de SQUIRE (1934), de REINIGER e FERREIRA
LIMA (1935). Na bibliografia cito tambem o interessante tra-
PENTATOMIDAE 59

balho de DAMPF (1927) sobre Mormidea angustata (Stal,


1862), que, no México, se comporta semelhantemente à
M. poecila em nosso pais.
São do trabalho de REINIGER e LIMA (1935) os trechos
seguintes:

"Biologia - A Mormidea sp. como a poecila, faz suas


posturas sobre as folhas, colmos e, algumas vozes, sobre os
próprios grãos nas panículas. Estes ovos são de forma cilín-
drica, de cor branco-amarelada e, à proporções que o em-

Fig. 253 - Dinocoris gibbus (Dallas, 1852), (fêmea) (Discocephalini).


Fig. 254 - Dinidor mactabilis Perty, 1833,) (fêmea) (Dinidorinae).
Fig. 255 - Proxys punctulatus (Palisot, 1805), (fêmea) (Pentatomini).
Fig. 256 - Euschistus sp., (fêmea) (Pentatomini).

brião vai se desenvolvendo, vão tornando-se escuros. Me-


dem, mais ou menos, sete décimos de milímetro de altura,
por cinco décimos de milímetro de diâmetro. São postos
em grupos, unidos uns aos outros, formando filas e, comu-
mente, em camadas superpostas, cobrindo, muita vez, toda
60 INSETOS DO BRASIL

a extensão de uma folha em ambos os lados. Nos colmos


as posturas são feitas ao redor dos mesmos, contornando-os
completamente e a certa altura do solo.
Dos ovos saem as formas jovens, pequeníssimas e escuras,
que se transportam de pé para pé em procura de alimento.
À proporção que sugam os grãos nas panículas, vão aumen-
tando de tamanho, lembrando sua forma a de um pequeno
percevejo de cama. São então apteras, aparecendo o abdo-
men de cor laranja-vermelhado ou castanho-claro, com man-
chas pretas em sua linha mediana O torax nesse estado
é de cor preta. Até chegar a adulto, sofre o inseto cinco-
mudas de pele.

Fig. 257 e 258 - Mecistorhinus (Mecistorhinus) melanoleucus (Westwood, 1837),


(fêmea e macho) (Discocephalini).
Fig. 259 - Mecistorhinus sepulcirales (Fabr., 1831), (fêmea) (Discocephalini).
Fig. 260 - Piezodorus guildini (Westwood, 1827), (fêmea) (Pentatomíni).
Fig. 261 - Beroaldus sp. (fêmea) (Discocephalini).

Essas formas jovens são voracíssimas, encontrando-se-as


cobrindo sempre quasi totalmente as panículas, sugando-lhes
os grãos.
Provocam com essa sucção o emurchimento das se-
mentes, tornando-as "chochas". ou deixando unicamente a
casca vasia, quando o amido ainda se apresente em estado
leitoso. Ha ocasiões em que não conseguem sugar o grão,
provocando então uma mancha característica de cor marron
escura, que muito o deprecia comercialmente Em certos
PENTATOMODAE 61

casos, notamos que, pelo orifício de penetração do rostrum


(tromba), começava a germinação do grão ainda no pé, de-
v i d o à e n t r a d a de u m i d a d e .
Nos dias nublados os insetos se apresentam em maior
atividade, pois o calor forte do sol, seguindo observações de
von Parseval, os aborrece. obrigando-os a protegerem-se nas
partes inferiores das plantas, junto ao solo. Os adultos, em

Fig. 262 - Loxa flaricollis (Drury, 3773), (macho) (Pentatomini).


Fig. 263 - Arocera (Euopta) spectabilis (Drury, 1782, (macho) (Pentatomini).
Fig. 264 - Arrelius albopun etatus (De Geer, 1773), (fêmea) (Pentatomini).
Fig. 265 - Edessa sp.

geral, têm por hábito, nos dias muito frios, abrigarem-se


nos montes de palha que por acaso haja nas taipas, em
medas velhas, nas frestas e nas cobertas dos depósitos e
choupanas do sapê, em restolhos e palhas dos antigos pontos
de trilhagem. No inverno, conforme observou o adminis-
trador da Granja Santa Rita Ltda., é nesses logares que se
62 INSETOS DO BRASIL

agasalham contra as inclemências das baixas temperaturas


e geadas, como que em estado de hibernação.

F i g . 266 - R u n i b i a p e r s p i c u a F i g . 267 - Placocoris viridis M a y r ,


( F a b r i c i u s , 1796), ( f ê m e a ) 1864, ( f ê m e a ) ( P e n t a t o m i n i ) .
(Pentatomini).

Como as formas jovens, os adultos sugam as sementes


e voando, percorrem grandes áreas dos arrozais, sempre
reunidos em verdadeiras nuvens. Seu vôo contínuo pode
a l c a n ç a r , a p r o x i m a d a m e n t e , de 20 a 50 m e t r o s .

Fig. 268 - Mormidea poecila Dallas, 1851 (Pentatomini).


Fig. 269 - Mormidea exigua Berg, 1891 (Pentatomini).
Fig. 270 - Mormidea ypsilon (Linne, 1758) (Pentatomini).
Fig. 271 - Mormidea v-luteum (Lichtenstein, 1796) (Pentatomini).
Fig. 272 - Mormidea notulifera Stal, 1860 (Pentatomini).
PENTATOMIDAE 63

Verificámos que esses insetos são polífagos, pois, alem


do arroz, alimentavam-se tambem de joá (Solanum sysim-
brifolium), pimenteira brava (Solanum sp), milhã (Pani-
cum sanguinalis) e capim arroz (Panicum crusgalli).
No arroz, notámos que eles sugavam tanto as sementes
verdes como as maduras, talvez porque na ocasião se apre-
sentassem as últimas amolecidas pelo tempo tímido que
ia fazendo, não dando preferência a esta ou àquela varie-
dade.

Oebalus

Fig. 272 - Solubea poecila


Dallas, 1851 ( P e n t a t o m i n i ) ( L a c e r d a del.).

Em um grande número de taboleiros de "Japonês", em


que a vegetação estava acamada por efeito de ventos fortes
anteriores, os danos causados se apresentaram em maior
vulto, ficando mesmo a maioria deles totalmente perdida.
Em outros, tambem da mesma variedade, em que, por terem
sido plantados em terras pobres, a cultura se apresentava
menos densa, notava-se que a percentagem de infestação era
bem menor.
64 INSETOS DO BRASIL

O "Blue Rose" foi bastante prejudicado, se não mais do


que o "Japonês", daí nossa afirmativa de não haver prefe-

Fig. 274 - Scaptocoris sp. (Cydnidae).

rência do inseto para uma dessas duas variedades. Seria


de grande proveito que isso se desse, pois poder-se-ia re-
solver assim, usando a variedade resistente, o sério problema
de prevenção e combate a essa terrível praga.

Fig. 275 - Prolobodes


giganteus (Burmeister, 1835)
(Cydnidae)

Medidas de combate - Apesar dos técnicos, em sua


maioria, indicarem as capinas aos vegetais hospedeiros, a
PENTATOMIDAE 65

apanha de posturas nas folhas, colmos e panículas, a caça


direta por meio de rede "caça-borboletas". armadilhas lumi-
nosas, julgamos, por ora, tais medidas complementares. Fa-
zem-se necessárias experiências detalhadas a respeito, afim
de se poder dizer da sua eficência. Achamos que somente
uma erradicação no começo, quando ainda existem os focos
iniciais, dará resultados satisfatórias. Esta deve ser feita
ou com aplicação de "'vassouras de fogo", ou contornando os
focos com palha seca e ateando-lhes fogo e, no caso dos
focos se acharem nos taboleiros. depois de se ter esvasiado
a água dos mesmos. É preciso não esquecer, no entretanto,
que somente com fiscalização direta e enérgica, se conse-
guirá fazer alguma coisa, pois, no geral, o agricultor recebe
mal os conselhos técnicos, por achar que devem ser apli-
cados meios de combate enérgicos que dizimem a praga de
um dia para o outro, o que é impossivel, dada a extensão
f o r m i d a v e l das c u l t u r a s do a r r o z .
Como combate auxiliar, podemos indicar a apanha das
posturas nas folhas, colmos e panículas, bem como a inci-
neração, nos meses de julho e agosto, dos pontos de hiber-
n a ç ã o de q u e falámos a n t e r i o r m e n t e .

Família CYDNIDAE12

254. Caracteres e espécies mais interessantes. - Consti-


tuída por cerca de 500 espécies, das quais, as maiores, não
atingem a dois centímetros; em geral são de cor negra ou
parda, providas de um escutelo com a forma típica, triangular,
dos Pentatomideos; em Cydnidae, porem, as tíbias são distin-
tamente espinhosas e as do par anterior, não raro fossoriais,
armadas de espinhos agudos ou obtusos na borda externa.
Estes Hemípteros são terrícolas, vivendo frequentemente
enterrados no solo ou escondidos sobre pedras.
Ao sugarem raizes, podem, eventualmente, tornar-se da-
ninhos.
De importância agrícola no Brasil ha apenas a referir
as espécies de Scaptocoris Perty, 1830 (fig. 274), especial-
mente Scaptocoris castaneus Perty, 1830, de cor parda e

12 Gr. cydnos, famoso.


66 INSETOS DO BRASIL

pernas dos pares anterior e posterior de conformação peculiar;


observado em Minas Gerais e São Paulo, sugando raizes de
arroz, algodoeiro e feijão.
Em Mendoza (República Argentina), Scaptocoris tergi-
nus Schioedte, 1849, segundo BOSQ (1934), causa danos nas
plantações de tomateiro (Solanum lycopersicum) e de pi-
menteira (Capsicum sp.).

Fig. 276 - Prolobodes giganteus (Burmeister, 1835). Vêm-se, por


transparência, as peças bucais estiliformes enroladas dentro do
2º segmento sacciforme (X 16) (Cydnidae).

Na figura 275 está representado Prolobodes giganteus


(Burm., 1835), um dos maiores Cidnideos que se conhece,
que apresenta, como as demais espécies de Prolobodes
Amyot & Serville, 1843 (= Lobostoma Amyot & Serville,
1843), um divertículo sacciforme no segundo segmento do
rostrum, lembrando, a bolsa apensa à maxila inferior dos
pelicanos. Dentro desse diverticulo, como se pode verificar
na figura 276, ficam enrolados os estiletes bucais.
Observa-se, pois, nestes insetos uma disposição seme-
lhante à que foi assinalada por CHINA (1931) para Bozius
(fam. Plataspididae). Conforme sugeriu aquele autor, o
extremo alongamento dos estiletes bucais parece indicar
tratar-se de uma adaptação para a sua penetração ao longo
do micélio dos fungos de que estes insetos se alimentam.
(Ler tambem a respeito o interessante estudo de ELSON
(1937).
THYREOCORIDAE 67

Família THYREOCORIDAE 13

(Corimelaenidae)14

255. Caracteres e espécies mais interessantes. - As espé-


cies que constituem esta pequena família (cerca de 200), de
alguns milímetros de comprimento e quasi sempre de cor
negra brilhante ou fosca, têm o escutelo grande, fortemente
convexo, cobrindo, todo ou quasi todo o abdomen. As tíbias,
como em Cydnidae, são tambem espinhosas (exceto em Me-
garidinae e Canopinae).
No meu 3° Catálogo (1936), citei apenas a Corimelaena
basalis (Germar, 1830), encontrada por BARBIELLINI em São
Paulo, sobre figueiras. Enviado o inseto a Mc ATEE, um dos
autores da mais recente revisão deste grupo, ele verificou
tratar-se de Galgupha (Acrotmetus) schulzii (Fabricius,
1781) e não daquela espécie, atualmente designada Galgu-
pha (Euryscytus) basalis (Germar, 1830).
As pequeninas espécies, genuinamente neotrópicas, das
subfamílias Megaridinae, com o gênero único Megaris Stal,
1862, e Canopinae, exclusivamente constituida pelo gênero
Canopus Fabricius, 1803 (= Claenocoris Burmeister, 1835),
são bem curiosos pela forma hemisférica do corpo, que lem-
bra a de uma "joaninha".

Família SCUTELLERIDAE 15

256. Caracteres e espécies mais interessantes. - Pelo


extraordinário desenvolvimento do escutelo estes percevejos
podem ser confundidos com os da família precedente. Nos
Thyreocorideos, porem, sempre de pequeno porte e de cor
negra, as tíbias são providas de espinhos mais ou menos
robustos.

13 Gr. thyreus, escudo; coris, percevejo.


14 Gr. coris, percevejo; melas, negro.
15 Lak. scutella, escudela.
68 INSETOS DO BRASIL

Os Pentatomideos do gênero stiretrus Laporte, 1832


(subfamilia Asopinae) (v. figs. 236 e 237), apresentam tam-
bem um grande escutelo, que quasi atinge o ápice do abdo-
men; neles, porem, alem do aspecto característico do ros-
trum e das búculas, ha um processo espiniforme na base
do abdomen, que se prolonga até as ancas médias, não
encontrado em Scutelleridae.
Em geral os Escutelerideos, na fase adulta, apresentam
cores mais ou menos vistosas.

Fig. 277 - Augocoris illustris (Fabricius, 1781)


(Scutelleridae, Scutellerinae).

Os jovens de Pachycoris Burmeister, 1835, no 1º instar,


são de cor vermelha brilhante e de um verde bronzeado,
com as partes laterais do, pronoto de cor alaranjada, nos
estádios seguintes.
A propósito da cor destes insetos devo lembrar a extrema
variabilidade de algumas espécies, não só no colorido, como
na forma dos desenhos toráxicos.
Assim, por exemplo, Pachycoris torridus (Scopoli, 1772),
percevejo do pinhão do mato (Jatropha curcas) (às vezes
tambem encontrado sugando goiabeira), fartamente conhe-
cido em toda a região neotrópica pelas variações extremas
com que se nos apresenta, já foi descrito umas oito vezes
como nova espécie.
SCUTELLERIDAE 69

Como tambem se observa com outros Pentatomideos,


as fêmeas deste inseto, depois da postura, assestam-se sobre
os ovos, como que os chocando, e, espontaneamente, so
abandonam as formas jovens depois de terem realizado a
1ª ecdise. Todavia, quando se obriga uma fêmea a largar
a ninhada que protege, ela não, mais voltará à posição pri-
mitiva, mesmo colocando-se-a sobre a respectiva ninhada.

Fig. 278 - Postura de Pachycoris torridus (Scopoli, 1778) (Scutelleridae,


Tetyrinae) (muito aumentado). Os ovos mais escuros são parasitados.

Walter Cruz, criando este inseto em laboratório, veri-


ficou ser necessário dar-lhe como alimento, alem de galhos
e folhas, sementes de pinhão. Estas, aliás, parecem ser o
alimento exclusivo procurado pelas primeiras formas jo-
vens.
Tambem, como sucede com os demais percevejos desta
grande superfamília, o Pachycoris torridus, quando excitado,
emite secreção odorante. Todavia, o cheiro, sui generis e
não de todo desagradavel, difere consideravelmente do
repugnante e bem conhecido "cheiro de percevejo do mato".
70 INSETOS DO BRASIL

Muito se tem escrito sobre este curioso inseto; dentre


os mais recentes artigos devo mencionar os de SMYTH (1919),
HUSSAY (1934) e MONTE (1937).
Não conheço espécie alguma desta família que dani-
fique as nossas plantas cultivadas.
257. Meios de combate aos percevejos do mato da super-
família Scutelleroidea. - Contra os percevejos na fase adulta
ou de ninfa é inutil o emprego de pulverizações de quais-
quer líquidos insecticidas. Estes - de preferência uma
emulsão sabonosa de querosene ou uma solução de nico-
tina - devem ser aplicados contra as primeiras formas jo-
vens.

Fig. 279 - A g o n o s o m a f l a v o l i n e a t u m L a p o r t e , 1832 ( S c u t e l l e r i d a e , T e t y r i n a e ) .


Fig. 280 - G a l e a c i u s m a r t i n i S c h o u t e d e n , 1901 ( S c u t e l l e r i d a e , T e t y r i n a e ) .

Uma boa medida profilática, não só aconselhavel no


combate aos percevejos do mato como aos demais hemi-
pteros sugadores de plantas, é manter o terreno, nas pro-
ximidades das plantas que se procura proteger, sempre
limpo de qualquer vegetação que possa servir de abrigo aos
insetos daninhos. Entretanto, em Flórida, onde a Nezara
viridula danifica consideravelmente às laranjas, segundo
WATSON (1926), a cultura de Crotalaria, como planta-arma-
dilha ou protetora, permite que se evitem tais danos, pois
os insetos, preferindo as favas dessa planta, podem ser mais
facilmente destruidos mediante o corte da planta realizado
antes de p o d e r e m p a s s a r p a r a as l a r a n j a s .
SCUTELLERIDAE 71

258. Inimigos naturais de Scutelleroidea - Os Hemi-


pteros da superfamília Scutelleroidea, como os demais in-
seios, são naturalmente controlados por vários predadores
e parasitos. Assim, os ovos de Pachycoris torridus são fre-
quentemente parasitados pelo microimenoptero Pseudotele-
nomus pachycoris Costa Lima, 1928 (fam. Scelionidae).
Dois outros Scelionideos, no Rio Grande do Sul, para-
sitam ovos de Mormidea poecila: Telenomus mormideae
Costa Lima, 1935 e Microphanurus mormideae Costa Lima,
1935.

Fig. 281 - Postura de Edessa sp.; ovos parasitados


por Neorileya sp. (cerca de X 4).

Os ovos de Piezodorus guildini são parasitados, em


Belo Horizonte, por Microphanurus scuticarinatus Costa
Lima, 1937.
O meu auxiliar CH. HATHAWAY teve o ensejo de observar
que os ovos de uma espécie de Edessa, aparentemente indis-
tinguivel de E. praecellens (Stal, 1862), são parasitados por
um microimenoptero, que me parece uma espécie de Neori-
leya, muito próxima de N. flavipes Ashmead, 1904, pos-
sivelmente nova. A fêmea deste inseto, depois de por um
72 INSETOS DO BRASIL

ovo dentro, de cada ovo, numa postura de Edessa, cobre-a


com uma espécie de teia ou teia, mais ou menos espessa,
de fios de seda (?), provavelmente secretada pelas glân-
dulas anexas à porção terminal da vagina (v. fig. 281).
0 inseto, caminhando lentamente, como que riscando
com o ápice do, abdomen a superfície em que pousa, vai
expelindo um fluido hialino, que se transforma em fio só-
lido depois de seco.
Às vezes os ovos de Edessa ficam completamente escon-
didos pelo tecido, feito pela Neorileya.

F i g . 282 - Nezara viridula portadora


de ovos da mosca. Trychopodopsis pen-
nipes (Fabr., 1794), que a parasita.

No Rio de Janeiro criam-se no corpo do Pachycoris


torridus o microimenoptero Hexacladia smithii Ashmead,
1891 (fam. Encyrtidae) e o Diptero Trichopodopsis penni-
pes (Fabr., 1794) (fam. Gymnosomatidae). Watson (1926)
cita tambem esta mosca como parasita de Nezara virídula
em Flórida (fig. 282).
SCUTELLERIDAE 73

No Rio Grande do Sul o Hemiptero Apiomerus flavi-


pennis Herrich-Schäeffer, 1848 (fam. Reduviidae) é um
eficiente predador de Mormidea poecila e as larvas da mosca

Fig. 283 - Diactor bilineatus (Fabr., 1803)


(Coreidae, Anisoscelini)

Beskia cornuta Brauer & Bergenstam, 1890, segundo obser-


vação de C. H. REINIGER, parasitam formas mais ou menos
desenvolvidas da mesma Mormidea (v. COSTA LIMA, 1935).
74 INSETOS DO BRASIL

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Superfamília COREOIDEA16

260. Caracteres e classificação. - Os Hemípteros que


constituem esta superfamília caracterizam-se, principal-
mente, pelo aspecto da membrana dos hemelitros, que se
apresenta, geralmente, com várias ou muitas nervuras, quasi
paralelas, mais ou menos salientes, algumas bifurcadas,
rodas, porem, partindo de uma nervura basal, curva, que
corre paralelamente ao bordo do corium (fig. 224). Antenas
de quatro segmentos, inseridas acima de uma linha imagi-
nária tirada da base do rostrum ao meio do olho (Supe-
ricornia, dos antigos autores); ocelos presentes; rostrum de
quatro segmentos; scutellum relativamente pequeno, nunca
atingindo a base da membrana; tarsos trímeros, providos
de arólios.
Esta superfamília compreende cerca de 2.000 espé-
cies, distribuidas nas tres famílias: Coreidae, Coriscidae
(= Alydidae) e Corizidae.

16 Gr. coris, percevejo.


80 INSETOS DO BRASIL

Família C O R E I D A E

261. Caracteres e classificação. - Búculas geralmente


longas, prolongadas até a inserção das antenas; pronotum,
na parte posterior, tres vezes ou, pelo menos, mais de duas
vezes a largura da cabeça; scutellum atingindo ou exce-
dendo a base do metanotum, geralmente mais largo que a

Fig. 284 - Hirilcus gracilis (Burmeister, 1835) (Merocorinae).


Fig. 285 - Meropachys nigricans (Laporte, 1832), (fêmea) (Merocorinae).
Fig. 286 - Athaumastus haematicus (Stal, 1859), (macho) (Mictini).
Fig. 287 - Machtima crucigera (Fabr., 1775), (fêmea) (Mictini)
Fig. 288 - Phthia picta (Drury, 1770), (fêmea) (Leptoscelini).
Fig. 289 - Acauthocerus clavipes (Fabr., 1803), (macho) (Mictini).

cabeça entre os olhos; orifícios metasternais (ostiolos) dis-


tintos; 1º u r o t e r g i t o t r u n c a d o p o s t e r i o r m e n t e ; 4 º e 5º uro-
tergitos com a margem basal (proximal) sinuada.
É esta a família que abrange a maior parte dos Corei-
deos descritos (perto de 2.000), nela tambem se encontrando,
não somente as espécies de cores mais brilhantes, como as
de porte mais avantajado.
COREIDAE 81

É formada por duas subfamílias, Merocorinae e Co-


reinae, que se distinguem pelos seguintes caracteres:

1 Tíbias posteriores tendo, no ápice e em baixo, um espinho ou


dente .............. subfam. Merocorinae Meropachydida Stal)
1' Tíbias posteriores, quasi sempre, mermes no ápice ................
............................................................................................ subfam. Coreinae

Fig. 290 - Pachylis pharaonis (Heibst, 1784). (fêmea) (Mictini).


Fig. 291 - Pachylis pharaonis (Herbst, 1784), (macho) (Mictini).
Fig. 292 - Leptoglossus dilaticollis Guérin, 1838, (fêmea) (Anisoscelini).
Fig. 293 - Corecoris fuscus (Thunberg. 1783 (Menenotini).
Fig. 294 - Crinocerus sanctus (Fabr., 1758), (machos) (Mictini).
Fig. 295 - Holymenia clavigera (Herbst, 1784), (fêmea) (Anisoscelini).
Fig. 296 - Chariesterus armatus (Thunberg, 1825), (macho) (Chariesterini).

A subfamília Merocorinae é representada por poucas espé-


cies, aliás sem valor econômico. As mais comumente encon-
tradas no Brasil pertencem aos gêneros Hirilcus Stal, 1862
(fig. 284) e Lycambes Stal, 1862.
82 INSETOS DO BRASIL

A subfamília Coreinae, incontestavelmente a mais impor-


tante, compreende várias tribus 17, das quais apenas as oito
seguintes têm representantes no Brasil: Acanthocephalini,
Mictini, Anisoscelini, Leptoscelini, Menenotini (= Corecorini),
Chariesterini, Coreini (= Centroscelidae) e Discogasterini.
262. Espécies mais interessantes. - As duas primeiras
tribus não têm representantes de interesse agrícola.
Da tribu Mictini devo mencionar, em primeiro logar,
Pachylis pharaonis (Herbst, 1781) (figs. 290 e 291), o maior
Coreideo encontrado no nosso território, com 35 mm. de
comprimento, menor, porem, que Thasus gigas (Burmeis-
ter, 1835), Micteneo do México e S. O. dos Estados Unidos,
cujo macho pode exceder de 50 mm. de comprimento.
O. MONTE (1937) observou Pachylis pharaonis e P. lati-
cornis (Fabr., 1798), sobre "cortiço" ou "pau rolha" (Mi-
mosaceae).
Um Mictineo frequentemente visto no Brasil é o Crino-
cerus sanctus (Fabr., 1775) (fig. 294), de cor-geral amarela-
tijolo, com a membrana, o clavus, uma mácula no meio do
bordo, externo do corium e as pintas dos fêmures de cor
negra. BONDAR observou-o, sugando folhas, rebentos e va-
gens de feijão de porco (Canavalia ensiformis). Em Minas
Gerais, segundo O. MONTE, ataca feijões do gênero Dolichos.
Na República Argentina BOSQ (1937) vi-o sobre Canavalia
e Cassia. O. MONTE (1937) criou Acanthocerus clavipes
(Fabr., 1803) (fig. 289) em guaco e mamoneira.
No Rio Grande do Sul, Athaumastus haematicus (Stal,
1859) (fig. 286) ataca a laranjeira, segundo material colhido
por A. MONTANO (C. LIMA det.).
Machtima crucigera (Fabr., 1775) (fig. 287), no Rio de
Janeiro, segundo observação de CINCINATO GONÇALVES, suga
brotos de roseira, fazendo-a secar. BRANDÃO FILHO viu o
mesmo inseto atacando dálias.

17 Algumas delas elevadas a categoria de subfamílias por vários autores.


COREIDAE 83

Da tribu Acanthocephalini ha a citar: Acanthocephala


latipes (Drury, 1782) (fig. 298), cujos machos têm quasi 30
milímetros de comprimento.
Várias são as espécies de Anisoscelini que atacam as
nossas plantas cultivadas.
Assim, Holymenia histrio (Fabr., 1803) e H. clavigera
(Herbst, 1784) (fig. 295), vivem sobre espécies de Passi-
flora. Este último inseto, que observei em Estrela (Estado
do Rio), sugando Passiflora edulis (1930), é parasitado pelo
microimenoptero. Hexacladia smithii Ashmead, 1891 (fam.
Encyrtidae).
As espécies de Holymenia, muito curiosos por terem o
fácies de um himenoptero, apresentam o 2 ° e o 3 ° segmentos
antenais dilatados, fêmures posteriores excedendo conside-
ravelmente o ápice do, abdome e as asas anteriores com-
pletamente transparentes, com o corium de estrutura idên-
tica a da membrana.
Um Coreideo assás conhecido em nosso país é o Diactor
bilineatus (Fabr., 1803) (fig. 283), vulgarmente conhecido
como "percevejo do maracujá", por se criar no, maracujá
comum (Passiflora quadrangularis), apresenta aspecto bem
característico, n ã o s o m e n t e pelas b r i l h a n t e s cores que apre-
senta nos vários estádios do desenvolvimento., como tam-
bem pela singular dilatação foliácea que possuem as tíbias
do par posterior.
Apresentam tambem dilatação foliácea nas tíbias poste-
riores, mais ou menos larga, as espécies de Leptoglossus
Guérin, 1838, que podem causar danos consideráveis às
plantas c u l t i v a d a s .
No Brasil as duas espécies mais conhecidas são: Lepto-
glossus gonagra (fig. 304) e L. stigma (fig. 302).
263. Leptoglossus gonagra (Fabr., 1775) e Leptoglossus
stigma (Herbst, 1784).
O primeiro, encontrado do México à Argentina, é facil-
mente reconhecivel pelos seguintes caracteres: tíbias poste-
riores sem anel pálido no ápice, pronotum apresentando
84 INSETOS DO BRASIL

uma faixa amarela, estreita e em arco e os ângulos laterais


proeminentes e subespinhosos, superfície inferior do corpo
com máculas e faixas amarelas.
Em Minas Gerais, como em Porto Rico (COTTON, 1918)
e outros logares, foi observado por O. MONTE (1932-1935)
sobre Cucurbitaceae.

Fig. 297 - Menenotus lunatus Laporte, 1832, (macho) (Menenotini).


Fig. 298 - Acanthocephala. latipes (Drury, 1782), (fêmea) (Acanthocephalini).
Fig. 299 - Leptoscelis sp., (fêmea) (Leptoscelini).
Fig. 300 - Phthia lunata (Fabr., 1787), (macho) (Leptoscelini).
Fig. 301 - Sephina erythromelaena (White, 1842), (fêmea) (Menenotini).

No Rio de Janeiro já o vimos sobre maracujás e CIN-


CINATO GONÇALVES encontrou-o sugando laranjas e melão de
São Caetano (Mormodica charantia).
LEONARD (1931), chamando a atenção para os danos
causados por este inseto em Porto Rico à laranjas e "grape
fruits", informa que nesse país Mormodica charantia é a
planta hospedadora.
O Leptoglossus stigma (Herbst, 1784) é facilmente reco-
nhecivel pela linha creme ou amarelada, transversal e em
COREIDAE 85

zig-zag, que se vê sobre os hemelitros. No Rio de Janeiro


encontra-se frequentemente sobre Mirtaceas, especialmente
araçazeiro (Psidium areca) e goiabeira (Psidium guajava).
Como a espécie precedente, sugando laranjas, mesmo ainda
verdes, ocasiona o seu apodrecimento. Segundo verificações
de CH. HATHAWAY o mesmo pode ocorrer com outras frutas:
abóbora, carambola, manga, romã e tangerina. Gomes
(1936), no Distrito Federal, observou L. stigma atacando
romãs.
Em meu 3° Catálogo cito mais duas outras espécies de
Leptoglossus: L. conspersus Stal, 1870, observado por O.
MONTE (1934, 1937) (C. Lima det.) sobre tomateiro, alimen-
tando-se principalmente dos frutos, e L. dilaticolis Guérin,
1838 (fig. 292), encontrado sobre cacaueiro, no Distrito
Federal, por J. DESLANDES (D. Mendes det.) e em Belo Ho-
rizonte sobre Magnolia sp., por O. MONTE (1937).
264. Phthia picta (Drury, 1770) (fig. 288). Da tribu
Leptoscelini Phthia Stal, 1862 é o único gênero interes-
sante sob o ponto de vista econômico, tendo como principal
representante Phthia picta (Drury, 1770), um dos Coreideos
mais frequentemente encontrados em todo o Brasil, que
ataca várias Solanaceas. Prefere, porem, o tomateiro. Em
Porto Rico, segundo COTTON (1919), as formas jovens, de
cor vermelha brilhante, congregam-se em grupos sobre os
frutos do tomateiro, deformando-os com as picadas. Em
Belo Horizonte O. MONTE (1932, 1934), assinalou, para a
mesma planta, idênticos estragos. No. Rio de Janeiro CH.
HATHAWAY observou-o sugando brotos de romanzeira.
HAMBLETON e SAUER (1938) assinalaram o ataque do
algodoeiro no Nordeste pela Phthia ornata Stal, 1865.
Da tribu Menenotini, alem de Menenotus Laporte,
1832, com o curioso M. lunatus Laporte, 1832 (fig. 297),
facilmente reconhecivel pelos ângulos laterais do pronotum
prolongados para diante em forma de meia lua, merecem
86 INSETOS DO BRASIL

mencionadas as seguintes espécies dos gêneros Corecoris


Hahn, 1834 (= Spartocera, Lap., 1832) e Sephina Amyot
& Serville, 1843.
265. Corecoris fuscus (Thunberg, 1783) (fig. 293). O
Corecoris mais encontradiço em quasi todo o Brasil; vive
sobre Solanaceas silvestres e tomateiro. Entretanto, em
Porto Rico, ataca principalmente a batata doce.

Fig. 302 - Leptoglossus stigma (Herbst, 1784), (fêmea) (Anisoscelini).


Fig. 303 - Anasa sp. (fêmea) (Coreini).
Fig. 304 - Leptoglossus gonagra (Fabr., 1775), (fêmea) (Anisoscelini).
Fig. 305 - Ugnius kermesinus (Linne, 1758), (macho) (Centroscelini.
Fig. 306 - Sphictyrtus chryscis (Lichtenstein), (macho) (Coreini).
Fig. 307 - Hypselonotus interruptus Hahn, 1831, (macho) (Coreini).
Fig. 308 - Hypselonolus fulvus (De Geer, 1775) (fêmea) (Coreini).

No Rio Grande do Sul O. SOARES observou Corecoris


brevicornis (Stal, 1870) atacando o fumo (DARIO MENDES
det.). BOSQ (1937) informa que na Argentina a planta hos-
pedadora desta espécie é a erva moura (Solanum nigram),
encontrando-se-a tambem sobre Solanaceas cultivadas.
Da mesma região recebi recentemente exemplares de
Corecoris dentiventris Berg, 1884, colhidos tambem sobre
COREIDAE 87

fumo. Este inseto, segundo me informou VON PARSEVAL, na


primavera de 1935 foi o maior inimigo da lavoura do fumo,
determinando o enrolamento das folhas novas, que depois
murcham.
266. Sephina erythromelaena (White, 1842) (fig. 301).
Espécie vistosa, de cor geral amarela, com pernas, antenas,
máculas do torax, do abdome, o pronotum, os hemelitros, em
quasi toda a sua extensão e o scutellum, de cor negra; em
Tracateua (Pará), segundo informação de H. BARRADAS, que
me enviou exemplares para determinação, ataca "maracujá"
e "angélica".
A tribu Coreini, conquanto constituída por um grande
número de espécies fitófagas, distribuídas em muitos gêne-
ros, não pode ser considerada como a mais importante sob
o ponto de vista econômico, pois bem poucas são as que
se conhece prejudiciais às plantas cultivadas.
Ha tempos recebi exemplares de Sphictyrtus chryseis
(Licthtenstein) (S. fasciatus (Burmeister, 1835)) (fig. 306),
colhidos sobre algodoeiro, no Rio Grande do Norte, por J.
DESLANDES.
As espécies de Sphictyrtus Stal, 1859, conquanto vis-
tosas pelas partes verdes e vermelhas do corpo, não são
tão belas como algumas do gênero Paryphes Burmeister,
1835, cujo corpo se apresenta, em baixo pelo menos, de cor
verde-ouro.
Duas espécies frequentemente vista em toda a região
neotrópica são: o Hypselonotus fulvus (De Geer, 1775)
(fig. 308) e o H. interruptus Hahn, 1831 (fig. 307).
A primeira foi encontrada por CH. HATHAWAY, sugando
brotos de abacateiro (Persea gratissima).
Da tribu Discogasterini a espécie que me parece mais
interessante, principalmente pelo achatamento consideravel
do corpo, é o Coryzoplatus rhomboideus (Burm., 1835).
Ha tempos F. HOFFMANN enviou-me de Nova Bremen
(Santa Catarina) um exemplar de um Coreineo (tribu Co-
88 INSETOS DO BRASIL

reini), que verifiquei ser o Plunentis porosus Stal, 1859


(fig. 309).
Faço do inseto uma menção especial porque o exem-
plar recebido, um macho, apresentava uns 20 ovos colados
à face inferior do abdomen. Abrindo um desses ovos, reti-
rei uma forma jovem seguramente de Plunentis. prestes a
nascer.

Fig. 309 - Plunenlis porosus Stal, 1859


(macho) com ovos colados à face
i n f e r i o r do a b d o m e n , ( C o r e i n i ) .

Ora, da família Coreidae, só sei de um outro inseto -


Phylomorpha laciniata - da Europa, cujo macho carrega
os ovos. Estes, porem, ficam dispostos no dorso escavado
do inseto, presos por espinhos implantados nos bordos do
torax e do abdomen.
Na espécie brasileira, conforme disse, os ovos ficam
colados aos urosternitos, como se pode ver na figura.
CORISCIDAE 89

Família CORISCIDAE

(Alydidae)

267. Caracteres e espécies mais interessantes. - Búculas


curtas, não prolongadas até a inserção das antenas; rostrum
de quatro segmentos, às vezes, porem (subfam. Micrelytri-
nae) parecendo ter tres, porque o 3° segmento é muito curto;

Fig. 310 - Megalotomus sp., ninfa,


vista de cima (X 3,5), (Coriscidae).
( L a c e r d a del. ).

pronotum, na parte posterior, não ou pouco mais largo que


a cabeça, raramente apresentando o dobro ou pouco mais
do dobro da cabeça; scutellum geralmente não atingindo a
base do metanotum e um tanto mais estreito que a largura
da cabeça entre os olhos; orifícios metasternais (ostíolos)
90 INSETOS DO BRASIL

presentes, às vezes, porem, obsoletos; nervuras da membrana


geralmente simples; 1º urotergito posteriormente arredon-
dado; 4° e 5° urotergitos com a margem basal ou proximal
sinuada.
Estes Coreideos, frequentemente vistos sobre vegetação
arbustiva, mormente onde ha Leguminosas, raramente são
encontrados em grande número; daí quasi não terem im-
portância sob o ponto de vista econômico.
As espécies de Megalotomus Fieber, 1861 (subfamília
Coriscinae) (figs. 310, 311 e 312), frequentemente encon-
tradas sobre Crotalaria, são bem interessantes, porque as
formas jovens mimetizam, de maneira admiravel, formigas

Fig. 311 - Megalotomus sp., ninfa vista de perfil (X 3,5), (Coriscidae).


( L a c e r d a d e l . ).

do gênero Camponotus. Ha anos, observando o fato (1920),


procurei mostrar que o inseto descrito por DISTANT (Biol.
Centr. Amer. Hem. Het 1:459; est. 39, fig. 223) como
Galeottus formicarius n.g.e n.sp. devia ser uma ninfa de
Megalotomus, provavelmente da espécie M. pallescens (Stal,
1860) (fig. 312).
Hoje, porem, se sabe que o referido inseto é o Hyaly-
menus tarsatus (Fabr., 1803), espécie extremamente varia-
vel, com área de distribuição dos Estados Unidos à Argen-
tina. Alias Hyalymenus Amyot & Serville, 1843 e Megalo-
tomus Fieber, 1861, são dois gêneros extremamente próxi-
CORISCIDAE 91

mos, diferindo este daquele por terminarem as tíbias poste-


riores num esporão agudo.
Idêntico mimetismo ocorre com as espécies de Trache-
lium Herr.-Schäeffer, 1853 (fig. 313), da subfamília Mi-
crelytrinae, que tambem muito se parecem com formigas,
mesmo na fase adulta. Na República Argentina ha uma
espécie de Micrelytrini - Myrmecalydus celeripes Berg,
1884, que, à primeira vista, pode ser confundida com uma
formiga do gênero Atta, não somente pela forma, como pela
ligeireza com que corre sobre o solo ou plantas rasteiras.

Fig. 312 - Megalotomus


palescens (Stal, 1860) (X 2),
(Coriscidae). F i g . 314 - Corizus (L i or hy s s us ) hy al i nus
Fig. 313 - Trachelium (Fabr., 1794) (X 29) (Corizinae)
sp., ( X 2 ) , ( C o r i s c i d a e ) . ( D e R e a d i o , 1928, e s t . 10, fig. 8 ) .

Curiosas são tambem as espécies da subfamília Lepto-


corisinae, de corpo extremamente delgado, filiforme, e per-
nas finas e alongadas, especialmente do gênero Leptocorisa
Latreille, 1825, que, à primeira vista, lembram Dipteros
da superfamília Tipuloidea.
Na República Argentina BOSQ (1937) observou Lepto-
corisa filiformis (Fabr., 1775), espécie que se encontra da
América Central à Argentina, sobre arroz e Panicum, ven-
do-a tambem destruir ovos de Solubea ypsilonoides (Berg,
1879) (Pentatomidae).
92 INSETOS DO BRASIL

Família CORIZIDAE18

268. Caracteres e espécies mais interessantes. - Distin-


guem-se das demais espécies da superfamília Coreoidea
pelos seguintes caracteres: orifícios metasternais (ostíolos)
geralmente obsoletos; quando presentes, colocados perto da

Fig. 315 - Corizus (Niesthrea) sidae (Fabr., 1794) (X 29) (Corizinae).


(De Readio, 1928, est. 11, fi g. 8 ) .

linha mediana, entre as ancas médias e posteriores, com


dois sulcos divergentes dirigidos para fora; 4° urotergito
estrangulado no meio, isto é, sinuado nas duas margens ou
apenas na margem posterior.

18 Gr. coris, percevejo.


CORIZIDAE 93

Família relativamente pequena, constituida por e spé-


cies com menos de 10 centímetros de comprimento, encon-
tradas sobre vegetação rasteira ou arbustiva, causando, às
vezes, danos apreciáveis a plantas cultivadas. Assim, MONTE
(1937) viu pés de alface definhando em consequência do
ataque de Corizus (Liorhyssus) hyalinus (Fabricius, 1794)
(subfam. Corizinae), espécie cosmopolita e polífaga (fi-
gura 314).
Outra espécie frequentemente encontrada no Brasil é
a Jadera sanguinolenta (Fabr., 1775) (fig. 316). BOSQ (1937),
na República Argentina, encontrou em abundância sobre

fig. 316 - Hemelitro de Jadera sanguinolenta (Fabr., 1775) (cerca de X 9)


(Corizidae, L e p t o c o r i n a e ) .

algodoeiro, prejudicando-o, não só esta espécie, como tam-


bem Corizus (Niesthrea) sidae (Fabricius, 1794), var. picti-
pes (Stal, 1859), cuja área de distribuição se estende da
América do Norte à Patagônia (fig. 315). DENIER (apud
BOSQ, 1937), tratando destes insetos, menciona a possibili-
dade de veicularem bactérias e fungos patogênicos.
Para o estudo dos insetos desta família, alem da obra
clássica de SIGNORET (1859), ha toda a vantagem em se con-
sultar os trabalhos de HAMBLETON (1908) e de READIO (1928).
94 INSETOS DO BRASIL

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LYGAEOIDEA 97

Superfamília LYGAEOIDEA 19

270. Caracteres e classificação. - Os Hemipteros gru-


pados nesta superfamília têm, como os da superfamília Co-
reoidea, antenas e rostrum de quatro segmentos e tarsos
de tres artículos, sendo o apical provido de arólios (ony-
chia) (daí o nome - Onychiophora 20 dado por Reuter);
distinguem-se, porem, daqueles insetos por apresentarem um
sistema de nervação na membrana muito, diferente do que
é característico dos Coreideos em geral. Ademais, em quasi
todos os Lygeideos, as antenas não se inserem acima da
linha imaginária tirada da base do rostrum ao meio do
olho; daí os nomes Infericornes ou Infericornia dados a
este grupo de Hemipteros pelos antigos autores.
As duas principais famílias que formam esta superfa-
mília são: Lygaeidae (= Geocoridae, Myodochidae) e Pyr-
rhocoridae. A família Hyocephalidae não tem representantes
na América.
Os autores modernos incluem em Lygaeoidea, Coloba-
thristidae e Neididae (= Berytidae), esta última família,
alguns anos atrás ainda considerada como subfamília de
Coreidae.
Ha cerca de 2.000 espécies de Lygaeoidea descritas, em
sua maioria sugadoras de seiva.

Dou a seguir a chave das famílias de Lygaeoidea:

1 Corpo muito estreito; pernas finas e alongadas; uma in-


cisão transversal adiante dos ocelos; 1ª segmento an-
tenal e femur dilatados na extremidade distal; mem-
brana com 4 ou 5 nervuras longitudinais, simples ......................
....................................................................................... Neididae
1' Outra combinação de caracteres .................................................... 2
2(1') Ocelos ausentes ........................................... Pyrrocoridae
2' Ocelos presentes (ausentes em Cnemodus Herrich-
Schaeffer, 1853, da família Lygaeidae) ................................. 3

19 Gr. lygaeus, obscuro.


20 Gr. onix, unha; pherein, trazer.
98 INSETOS DO BRASIL

3(2') Corpo muito delgado; antenas e pernas finas, mais ou


menos alongadas, porem o 1ª segmento antenal e os
fêmures não são dilatados na extremidade distal;
membrana sem nervuras .................. Colobathristidae
3' Corpo mais ou menos robusto; membrana com 4 ou 5 ner-
vuras simples, isoladas ou anastomosadas, partindo di-
retamente da margem do corium ..................... Lygaeidae

Fig. 317 - Jalysus sobrinus Stal, 1863 (cerca de X 10) (Metacanthinae)

Família NEIDIDAE 21

(Berytidae) 22

271. Caracteres e classificação. - Pequenos Hemípteros


de corpo linear ou sublinear, com antenas e pernas muito
finas e longas, aquelas com o artículo proximal muito mais
longo que a cabeça e clavado no ápice, estas com os fêmures
igualmente clavados na extremidade distal; cabeça com o
vertex apresentando, um sulco profundo, transversal de olho
a olho, adiante dos ocelos (fig. 317).

21 Etimologia desconhecida.
22 De Berytus, antigo nome de Beyrouth.
NEIDIDAE 99

Antenas, de quatro segmentos, inseridas em tubérculos


anteníferos situados acima da linha tirada do olho à base
do rostrum, este fino, de quatro segmentos.
Pronotum mais longo que largo, apresentando uma
carena mediana, mais ou menos perfeita e, em algumas
espécies, armado de espinhos; scutellum pequeno, às vezes,
tambem, provido de espinho, erecto; hemelitros longos e
estreitos, não raro apresentando a mesma estrutura em toda
a extensão; parte distal do corium prolongada alem do meio
da membrana; esta com algumas nervuras subretilíneas ou
subsinuosas; tarsos trimeros, providos de arólios.
272. Classificação. - Constituem esta família cerca de
80 espécies, distribuidas em duas subfamílias.

1 Cabeça alongada, vertex projetando-se anteriormente em


um processo curvo, porreto, sobre o tylus; hemelitros
com o clavus e o corium coriáceos, fortemente pon-
tuados; scutellum inerme ou mutico ........... Neidinae
1' Cabeça curta, sem o processo referido em (1); hemelitros
com o clavus e o corium membranosos, com algumas
pontuações; scutellum provido de uma apófise ou
espinho ereto ....................................... Metacanthinae
273. Espécies mais interessantes. - Desta família são
mais conhecidas em nosso país as espécies de Jalysus Stal,
1862 (subfam. Metacanthinae). No Rio encontra-se fre-
quentemente J. sobrinus Stal, 1863 (fig. 317). DUTRA (1903,
Contra os inimigos do fumo, Bol. Agric. S. Paulo, 4 (1):
111-122), relativamente ao comportamento deste inseto em
S. Paulo, escreveu o que se segue:

"O bichinho das cápsulas (Jalysus sobrinus Stal.) de-


terminado pelo Sr. O. Heidemann, por intermédio do Dr. L.
O. Howard, é um inseto delgado, provido de penas ou pe-
nugem, de antenas finas e longas, com 18,5 mm. de compri-
mento e somente 1,5 mm. de largura. É de cor castanho-
áurea, com tres listras claras longitudinalmente dispostas no
torax e mais claras na nuca.
Na extremidade posterior do torax ha tres espinhos, um
de cada lado e o terceiro no centro. A última articulação
das antenas, assim como a extremidade do femur, é um tanto
grossa.
100 INSETOS DO BRASIL

Ele frequenta, na época da maturidade das cápsulas, as


panículas e os botões das flores do fumo, perfurando aquelas,
sem causar à planta nenhum outro dano.
Estes insetos são, geralmente, pouco numerosos, mas ha
anos em que aparecem em grande número, de modo que as
cápsulas das sementes das plantas deixadas para porta-grãos
estão todas furadas, perdendo-se, com a agitação das paní-
culas pelo vento, uma boa parte das sementes maduras, já
porque caem no solo, já porque, com as chuvas, muitas cá-
psulas melam ou apodrecem.
Não ha tratamento possível."

Família COLOBATHRISTIDAE23

274. Caracteres, etc. - Hemípteros de corpo delgado,


tendo, no máximo, 20 mm. de comprimento; possuem ante-
nas longas e finas; asas (quando, presentes) muito estreitas
e sem nervuras; tarsos trímeros, providos de arólios, e abdo-
men estreitado na base.
Compreende esta pequena família cerca de 60 espécies
descritas, das regiões indomalaia-papuânica e neotrópica.
Dos gêneros que se encontram nesta última região devo
citar Colobathristes Burm., 1835 (= Curupira Distant, 1888)
e Peruda Dist., 1888, com as espécies principais: Coloba-
thristes chalcocephalus Burm., 1835 (= Curupira illustrata
Dist., 1888 (fig. 318) e Peruda typica Dist., 1888, ambas de
aspecto mirmecoide, encontradas no Rio de Janeiro.
POPPIUS e BERGROTH (1921), em seu interessante traba-
lho, apresentaram a figura de Trichocentrus gibbosus Hor-
váth, 1904, que tambem muito se parece com uma formiga,
principalmente as formas braquiptera e aptera do inseto e
quando ele está vivo.
Nenhuma espécie desta família, no Brasil, causa estra-
gos a plantas cultivadas. Em Java, entretanto, segundo VAN
DEVENTER (1906) Phaenacantha (Anorygma) saccharicida
(Karsch, 1888), ataca a cana de açucar.

23 Gr. colobathristes, que caminha com "pernas de pau".


COLOBATHRISTIDAE 101

275. Bibliografia.

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Família LYGAEIDAE

(Myodochidae) 24

276. Caracteres. - Hemipteros pequenos ou de tamanho


médio; as maiores espécies, em geral, não excedem de 20
mm. de comprimento.
Cabeça geralmente curta, por vezes, porem, prolongada
posteriormente em uma espécie de pescoço, mais ou menos
alongado, não raro mais longo que o pronotum (Myodocha);
tylus geralmente mais saliente, adiante, que os lobos late-
rais (jugae), que são acuminados e convergentes; antenas
de quatro segmentos, inseridas em tubérculos anteníferos,
mais ou menos salientes, geralmente situados abaixo da
linha tirada da base do rostrum ao meio do olho; ocelos
raramente ausentes; rostro de quatro segmentos.
Pronotum trapezoidal, subplano ou subconvexo, em
muitas espécies apresentando, no meio ou um pouco atrás

24 Gr. myia, mosca; doka, festim, iguarias.


102 INSETOS DO BRASIL

do meio, forte constrição que o divide em dois lobos dis-


tintos, anterior e posterior; scutellum curto; hemelitros ge-
ralmente cobrindo o abdomen, raramente atrofiados ou
incompletos e com a membrana rudimentar; esta apresen-
tando quatro ou cinco, nervuras simples, isoladas ou anas-
tomosadas, partindo diretamente da sutura da membrana
(figs. 319 e 320); fêmures anteriores normais ou mais ou

Fig. 318 - Colobathristes chalcocephalus Burmeister, 1835 (Colobathristidae).

menos dilatados e armados de dentes em baixo; tarsos tri-


meros; garras providas de arólios; orifícios das glandulas
odoríferas (ostiolos) distintos.
277. Classificação. - Ha na família Lygaeidae cerca de
1.500 espécies descritas, sendo as que se encontram no Brasil
distribuidas nas subfamílias referidas na chave seguinte,
organizada por BARBER (1917) segundo a anteriormente
apresentada por STAL (Enum. Hemipt., Parte 4, 1874).

1 3ª sutura ventral, entre o 3° e 4° urosternitos, retilínea,


atingindo as margens laterais, cabeça geralmente sem
cerdas perto dos olhos ............................................................... 2
1' 3ª sutura ventral, entre o 3° e 4° urosternitos, curvilínea,
sinuosa ou rota, não atingindo as margens laterais;
cabeça geralmente com 2 cerdas perto dos olhos; fê-
mures do par anterior notavelmente dilatados e ar-
mados de dentes em baixo ....................... Rhyparochrominae 25

2(1) Fêmuves do par anterior, comparados com os dos outros


pares, não muito dilatados e raramente armados em
baixo de dentes ou espinhos; borda posterior do pro-
notum, pelo menos na parte que fica adiante do
scutellum, convexa e voltada para baixo; todos os es-

25 Gr. rhyparos, sordido; chroma, cor.


LYGAEIDAE 103

tigmas abdominais situados dorsalmente, sobre o con-


nexivum ............................................................................................ 3
2' Fêmures anteriores relativamente curtos e dilatados, ar-
mados ou inermes; a margem posterior do pronotum
adiante do scutellum não é convexa nem voltada para
baixo; pelo menos o 6 ° urômero com os estigmas na
face ventral .................................................................................. 4
3(2) Hemelitros e, não raro, cabeça, pronotum e scutellum, não
ou indistintamente pontuados; borda posterior do pro-
notum, entre o scutellum e os ângulos laterais, com
impressão ou depressão distinta; as 2 nervuras in-
ternas da membrana geralmente anastomosados perto
da base ........................................................................ Lygaeinae26
3' Hemelitros, cabeça, pronotum e scutellum mais ou menos
p r o f u n d a m e n t e p o n t u a d o s ; b o r d a p o s t e r i o r do p r o n o -
tum, entre o scutellum e os ângulos laterais, indistin-
tamente deprimida ou sem impressão; as 2 nervuras
int ernas da membrana não anastomosas mediante uma
nervura transversal ............................................................... Cyminae
4(2') Nem todos os espiráculos abdominais situados ventral-
mente; com esta situação, no máximo, apenas os dos
3 segmentes apicais; fêmures anteriores, em geral,
moderadamente dilatados e geralmente inermes; rara-
mente (Ischnodemus) muito dilatados e armados ........... 5
4' Todos os espiráculos abdominais situados Ventralmente;
fêmures anteriores mais ou menos dilatados e sempre
armados em baixo com um ou mais dentes .......................... 6
5(4) Cabeça sempre mais estreita que a margem posterior do
pronotum; tylus não s ulcado; hemelitros não convexos,
quasi ou completamente sem pontuações; clavus não
se estreitando para o ápice; comissura distinta, pelo
menos tendo a metade do comprimento do scutellum:
fêmures anteriores por vezes muito dilatados (Ischno-
demus) .............................................................................. Blissinae27
5' Cabeça, ao nível dos olhos, muito larga, tão ou mais larga
que o bordo posterior do pronotum; tylus geralmente
sulcado; hemelitros convexos e completamente pon-
tuados; clavus estreitando-se para o ápice; comissura
ausente ou muito curta; fêmures anteriores modera-
damente dilatados e inermes ............................... Geocorinae28

26 Gr. lygaeus, obscuro.


27 Gr. blixo, eu sugo.
28 Gr. gea, terra; coris, percevejo.
104 INSETOS DO BRASIL

6(4') Fêmures anteriores fortemente dilatados e armados em


baixo de um ou mais dentes; corium não excedendo a
margem do abdomen, com a nervura externa não para-
lela ao bordo costal; ancas posteriores não largamente
se paradas; búculas curtas, ocupando a parte anterior
da cabeça ............................................................................................ 7
6' Fêmures anteriores menos dilatados, tendo em baixo um
dente apenas; corium expandido, excedendo a margem
do abdomen, com a nervura externa subparalela ao
bordo costal; ancas posteriores largamente separadas;
búculas estendendo-se até a base da cabeça .............................
..................................................................... Oxycareninae29
7(6) Membrana com as 2 nervuras internas anastomosadas
anteriormente, mediante nervuras transversais, for-
mando células basais; margem posterior do pronotum,
adiante do scutellum, muito côncava; fêmures ante-
riores armados de numerosos dentes. Heterogastrinae30
7' Membrana com as 2 nervuras internas não ligadas ante-
riormente, por uma nervura transversal; toda as ner-
vuras partindo da base, às vezes reticuladas poste-
riormente; margem posterior do pronotum, adiante da
scutellum, reta; fêmures anteriores muito dilatados e
armados de muitos dentes ................... Pachygronthinae31

278. Espécies mais interessantes. - A esta família per-


tence o Blissus leucopterus (Say, 1832) (subfam. Blissinae)
(fig. 321), o famoso "chinch bug" dos norte-americanos, que
causa vultuosos estragos às Gramíneas cultivadas, destruindo
principalmente o trigo e o milho, sendo mesmo considerado
nos Estados Unidos como uma das maiores pragas da agri-
cultura. Os prejuizos resultantes dos ataques do "chinch
bug" nesse pais, de 1850 a 1900, foram avaliados em cerca
de $350.000.000, sendo que, só no ano de 1874, excederam
de $100.000.000.
No Brasil, felizmente, ainda não foi assinalada a pre-
sença deste inseto. Na República Argentina, porem, segundo

29 G r . o x y s , a g u d o ; careun, carena.
30 Gr. heteros, outro; gaster, ventre.
31 Gr. pachys, grosso; gronthos, punho fechado.
LYGAEIDAE 105

BOSQ (1937), tem sido encontrado em Buenos Aires e arre-


dores desde 1931, quando foi descoberto por BLANCHARD.
Como outros Hemipteros que atacam folhas, os Ligei-
deos nelas determinam o aparecimento de pequenas man-
chas cloróticas nas partes picadas pelo rostro e, em conse-
quência destas lesões, as folhas secam e morrem.

Fig. 319 - Asa de Oncopellus sp. Fig. 320 - Asa de Orthaea sp.
( c e r c a d e X 10 (Lygaeinae). (X 10) ( R h y p a r o c h r o m i n a e ) .

Se algumas espécies, proliferando extraordinariamente,


podem causar danos apreciáveis às plantas cultivadas, pode
dizer-se que ainda não foi observada no Brasil uma que se
possa considerar como verdadeira praga.
Em São Paulo, observou-se Nysius simulans Stal, 1859
(subfam. Lygaeinae) (fig. 322), atacando algodoeiro, arroz
e milho.
106 INSETOS DO BRASIL

Na fig. 326 vê-se um desenho semi-esquemático de


Orthaea bilobata (Say, 1931) (subfam. Rhyparochrominae)

Fig. 321 - Blissus leucopterus (Say, 1859) (Blissinae): a-d, primeiros está-
dios; e, último estádio ninfal; f, adulto macroptero; g, adulto microptero;
h, ovos. (De Drake, Decker & Worthington, 1934)

(fig. 326), que em Belo Horizonte (Minas Gerais), segundo


O. MONTE, ataca o tabaco.
LYGAEIDAE 107

Uma outra espécie interessante é o Oxycarenus hyali-


nipennis (Costa, 1838) (subfam. Oxycareninae) (fig. 323),
percevejo de 3,5 a 4 mm. de comprimento, de corpo preto
e asas claras, frequentemente encontrado em algodoeiro e
outras Malváceas, às vezes em grande quantidade, mormente
depois da abertura dos capulhos, entre as fibras do algodão,
sugando as sementes. Sobre os hábitos deste inseto reco-
mendo a leitura do trabalho de KIRKPATRICK (1923).

Fig. 322 - N y s i u s s i m u l a n s Stal, 1859 ( c e r c a de X 13,5) (L ygaeinae).

ARISTOTELES SILVA (1936) verificou a presença de for-


mas jovens e adultas em frutos de quiabeiro (Hibiscus
esculentus).
Quanto aos danos que Oxycarenus pode causar, não so-
mente às sementes do algodoeiro, como ao próprio algodão,
que pode ficar manchando quando os insetos são esmagados
na colheita ou durante o beneficiamento, ainda não ha in-
formações detalhadas em nosso meio. Quando percorri o
Nordeste em 1917, fazendo investigações sobre a lagarta
108 INSETOS DO BRASIL

rosada, vários sertanejos informaram-me que o Oxycarenus


ataca as lagartas nos capulhos do algodoeiro, matando-as.
As espécies de Oncopeltus Stal, 1868 (subfam. Ly-
gaeinae), de porte relativamente grande, são frequentemente
vistas no Brasil, especialmente o Oncopeltus (Oncopeltus)
varicolor (Fabr., 1794) (fig. 324) e o Oncopeltus (Erythris-
chius) fasciatus (Dallas, 1852), sugando, "oficial de sala"
(Asclepias curassavica).

Fig. 324 - Oncopeltus


Fig. 323 - Oxycarenus hyalinipennis (Costa, ( Oncopeltus) varicolor
1 8 3 8 ) ( c e r c a d e X 16) ( O x y c a r e n i n a e ) . (Fabr., 1794) (Lygaeinae).
( c e r c a de X 2)

Nos Estados Unidos O. fasciatus foi observado e estu-


dado em outras espécies de Asclepias (v. ANDRÉ, 1934) e,
sugando o latex destas plantas, pode transmitir o flagelado
Herpetomonas elmassiani (Mignone), que aí vive.
BRUCH (1917) estudou os hábitos de Neoblissus parasi-
taster Bergroth, 1903 (subfam. Blissinae), espécie mirme-
LYGAEIDAE 109

cófila, que vive, na Argentina e no Brasil, em ninhos de


Solenopsis geminata (Fabr.).
Recentemente CASTRO FERREIRA e DEANE (1938) observa-
ram no Pará, vivendo em paredes de cabanas feitas de palha
de ubussú (Manicaria saccifera Gaertn.), um pequeno Hemi-
ptero, que verifiquei ser a Clerada apicicornis Signoret,
1863 (subfam. Rhyparochrominae) (fig. 325). Segundo

Fig. 325 - Clerada apicicornis Signoret, 1863 (Rhyparochrominae)


(cerca de X 1).

aqueles observadores, jovens e adultos deste inseto compor-


tam-se como os Hemipteros hematófagos da subfamília
Triatominae (Fam. Reduviidae), pois sugam sangue do ho-
mem e de animais de laboratório.
Confirmam-se, assim, as observações de BERGROTH (1914)
e de ILLINGWORTH (1917), relativas ao hematofagismo em
Clerada.
A nota de BE RGROTH refere-se à descoberta, em ninho
de uma gambá da Austrália (Trichosurus vulpecula Kerr.)
110 INSETOS DO BRASIL

de exemplares de Clerada nidicola alguns dos quais pare-


ciam estar cheios de sangue. Na de ILLINGWORTK verifica-se
que o autor, depois de ter apanhado, duas vezes, a Clerada
apicicornis em leitos, capturou-a uma vez sobre uma criança
adormecida, que apresentava uma picada semelhante a de
uma pulga.
Tratando-se de uma espécie hematófaga e, sobretudo,
por já terem CASTRO FERREIRA e DEANE (1938, 1939) verifi-
cado que ela se infecta experimentalmente pelo Schizotry-

Fig. 326 - Orthaea bilobata(Say, 1832) (pouco menos de X 7)


(Rhyparochrominae).

panum cruzi, podendo tambem transmití-lo experimental-


mente, compreender-se-á a importância de Clerada apici-
cornis na disseminação da doença de Chagas ou tripanoso-
mose americana. (Ler a crítica de LENT (1939) sobre o tra-
balho de CASTRO FERREIRA e DEANE.)
LYGAEIDAE 111

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Família PYRRHOCORIDAE 32

280. Caracteres e classificação. - Hemipteros muito


próximos dos Ligeideos, porem deles se distinguindo por
não terem ocelos e pelo aspecto da membrana dos heme-
litros, que apresenta as nervuras anastomosadas na base,
onde se formam algumas células, dividindo-se depois em
ramos que limitam as células menores (fig. 328).
Não raro se observa, devido principalmente à atrofia
da membrana, um dimorfismo alar mais ou menos pronun-
ciado; daí haver, numa mesma espécie, alem de formas ma-
cropteras, formas braquipteras ou micropteras.
Conquanto os Pirrocorideos geralmente pouco excedam
de 1 cm. de comprimento, é a esta família que pertence

32
Gr. pyrrhos, igneo, fogo; coris, percevejo.
PYRRHOCORIDAE 113

Macroceroea grandis (Gray, 1832), um dos maiores Hemi-


pteros que se conhece, encontrado na região Oriental. Os
machos deste inseto podem ter de 40 a 54 mm. de compri-
mento.
Ha descritos pouco menos de 400 Pirrocorideos, distri-
buidos em duas subfamílias: Euryophthalminae (= Larginae)
cujas espécies apresentam o 6° urosternito (na fêmea) divi-
dido na linha mediana e Pyrrhocorinae, com tal urosternito
inteiro.

Fig. 327- Epipolops frondosus Herrich- Schaeffer, (cerca de X 10)


(Lygaeidae, Geocorinae).

As espécies mais importantes, sob o ponto de vista agrí-


cola, pertencem aos gêneros Dysdercus Amyot & Serville,
1843 (subfam. Pyrrhocorinae) e Euryophthalmus Laporte,
1832 (subfam. Euryophthalminae).
281. Espécies de Dysdercus. Dysdercus ruficollis (L.,
1764). - Das espécies de Dysdercus Amyot & Serville,
1843, assinaladas no Brasil- albofasciatus (Berg, 1878),
clarki Distant, 1902, honestus Blöte, 1931, longirostris
Stal, 1861, maurus Distant, 1901, mendesi Blöte, 1937,
ruficeps (Perty, 1833) e ruficollis (L., 1764) esta última e
mendesi são as mais conhecidas, sendo abundantemente en-
114 INSETOS DO BRASIL

contradas sobre algodoeiro e Malváceas silvestres, especial-


mente do gênero Sida.

Fig. 328 - Asa de Dysdercus sp. (pouco mais de X 9) (Pyrrhocorinae).

D. ruficollis, como as espécies afins de outros paises,


que tambem vivem em Malváceas, causa, às vezes, danos
consideráveis ao algodoeiro, sugando capulhos ou maçãs,

Fig. 329 - Euryophthalmus humilis (Drury, 1782) (cerca de X 3,5)


(Euryophthalminae).
PYRRHOCORIDAE 115

quando ainda fechados, ou sementes, quando aqueles já


estão abertos.
Deve-se a HEMPEL (1908) a primeira notícia relativa aos
danos causados pelo Dysdercus ruficollis em nosso país.
Recentemente Mendes (1936) apresentou uma valiosa
contribuição ao estudo dos chamados "manchadores" do
algodão (Dysdercus spp.)33.
Nesse trabalho, que contem dados interessantes, citados
linhas a seguir, relativos ao comportamento desses insetos
em São Paulo, o autor assim se manifesta, respeito aos pre-
juizos que podem causar:

"O manchador» pode causar o estrago conhecido por


"podridão interna dos capulhos ou stigmatomycose", pela in-
trodução de baterias ou esporos do certos fungos, nos capulhos
A manifestação principal dessa moléstia é uma podridão in-
terna geral e a produção de uma coloração nas fibras, de
amarelo a pardo-amarelado.
Diretamente, o "manchador" pode ser causa dos seguintes
prejuizos à cultura algodoeira:
a) queda do maças novas, em virtude de ação mecânica de
suas picadas;
b) mau desenvolvimento das maçãs, principalmente ata-
cadas quando novas;
c) abertura defeituosa das maçãs atacadas em estado de
desenvolvimeto, com prejuizo parcial (em uma ou mais
lojas) ou total;
d) manchas nas fibras, causadas pela morte das células
e disseminação do conteudo protoplasmático no interior da
cavidade da maçã. Neste caso as fibras ficam tambem mais
fracas em virtude de interrupção no fornecimento regular de
seus componentes normais;
e) manchas nas fibras, causadas pelas dejeções dos in-
setos. No geral tal acontece quando um ataque intenso se ma-
nifesta por ocasião da abertura dos capulhos, sendo, entre-
tanto, pequena a proporção de fibra manchada por esta causa;

33 Em publicação ulterior (1938) Mendes informa, que, das espécies de


Dysdercus por ele observadas nos algodoeiros de São Paulo, alem de ruficollis e
honestus ha uma outra, tambem encontrada nos algodoeiros do Perú, que foi
classificada por Blöte como nova espécie - Dysdercus mendesi Blöte, 1937.
116 INSETOS DO BRASIL

f) mau desenvolvimento ou morte dos sementes atacadas,


que apresentam baixo poder germinativo e menor teor em
óleo.
Entretanto, não é pelos prejuizos diretos que Dysdercus
spp. são insetos perigosos à cultura algodoeira. Os prejuízos
acima citados, reunidos, apresentam menor valor econômico
que os que podem causar indiretamente, servindo de veículo
à transmissão de fungos e baterias causadores da referida
"podridão interna dos capulhos".
....................................................................................................
....................................................................................................
....................................................................................................
Alguns autores referem-se à transmissão da antrachnose
do algodoeiro, causada pelo fungo Glomerella gossypii, por
Dysdercus ruficollis L., o que ainda não está provado. O
que parece ser mais provavel é o desenvolvimento mais rá-
pido do fungo referido, nas lesões feitas pelo inseto, que lhes
serve de caminho a uma maior infecção."

Segundo MENDES, as fêmeas, em condições normais, pa-


recem ter uma longevidade maior que a dos machos, po-
dendo viver aproximadamente um mês após ter atingido a
fase adulta.
A cópula, de acordo com as observações de MENDES,
realiza-se tres dias depois da fêmea atingir a fase adulta,
ficando macho e fêmea, como aliás se observa com os de-
mais Pirrocoideos, unidos pelo ápice do abdomen e volta-
dos em direções opostas.
Tal ato neste inseto é sempre demorado, durando, se-
gundo MENDES, de 1 a 7 dias ou, em média, 3,5 dias.

"pelo que pudemos observar, os machos podem passar


mais de metade de sua vida copulando, desde que se encontrem
num meio que lhes proporcione alimentação abundante e fê-
meas virgens em número suficiente.
Cada cópula dura de 1 a 7 dias, com uma média de 3,5
dias.
Os machos parece procurarem se unir com maior fre-
quência às fêmeas virgens; entretanto, unem-se tambem às
PYRRHOCORIDAE 117

fêmeas já fecundadas, desde que estas estejam dispostas para


tal ou que o desenvolvimento de seu abdomen não impossi-
bilite ao macho alcançar seus orgãos genitais em posição con-
veniente.
As fêmeas, na sua maioria, copularam uma só vez, tendo
sido observados, entretanto, casos em que se sujeitaram a mais
de uma união. O número médio de uniões sexuais (com o
mesmo macho), por fêmeas, foi de 1,4."

A fêmea, depois de fecundada, prepara para a postura


um ninho no solo, onde deposita os ovos. Em várias pos-
turas uma fêmea põe, segundo MENDES, uma média de 246

Fig. 330 -Euryopthalmus humilis (Drury, 1782) (X 1,6)


(Euryophthalminae).
Fig. 331 - Dysdercus longirostris Stal, 1861 (X 1,6) (Pyrrhocorinae).

ovos. Destes, alguns dias depois, emergem as formas jovens.


Inicia-se assim o desenvolvimento post-embrionário, que se
realiza com mais quatro estádios jovens. Os resultados mé-
dios obtidos por MENDES para a mudança dos vários estádios
imaturos foram os seguintes: 1ª estádio 3,1 dias; 2ª -
4,3; 3° - 4,6; 4° - 6,8; 5° - 10,3; realizando-se o ciclo
vital, contado do dia em que é feita a primeira postura, até
se ter a primeira fêmea adulta, em pouco mais de 40 dias.
Para combater estes insetos são indicadas as seguintes
medidas: destruição das plantas imprestáveis que os hospe-
118 INSETOS DO BRASIL

dam (Sida, Hibiscus) 34 e apanha dos insetos, pela manhã,


em vasilhas contendo querosene, batendo as plantas infes-
tadas. É tambem indicado o método que consiste no em-
prego de armadilhas constituidas por bagaço de cana de
açucar, onde os insetos no fim de algum tempo se acumu-
lam em grande quantidade, podendo-se assim facilmente
destrui-los.
282. Dysdercus longirostris Stal, 1861 (figs. 331-333).
- Sobre esta espécie, bem característica pelo rostrum muito
alongado, que atinge aproximadamente o 5º urosternito,
GOMES (1938) escreveu interessante artigo, do qual transcre-
verei os seguintes trechos:

"Natureza dos danos - Como observei, esse percevejo


perfurando e introduzindo na laranja, através da casca, os
estiletes maxilares e mandibulares do seu rostro longo, suga-
lhe a polpa, chegando a permanecer em certos casos, num
só ponto cerca de 30 minutos, quando não perturbados. Um
único inseto fere, em geral, mais de uma vez a mesma fruta,
que pode apresentar tambem vários deles.
As laranjas lesionadas alteram, comumente, no fim de
pouco tempo, a cor da casca em torno das perfurações, bem
se acentuando nas de maturação ainda incompleta. Decor-
ridos 7-8 dias, em média, uma podridão sobrevem, caracteri-
zada pela frutificação de Penicillium (P. italicum Wehmer,
e P. digitatum Sac.).
No pomar em que presenciei o ataque deste hemíptero,
grande era o número de frutas podres no solo, tendo havido,
em relação à safra do ano anterior, uma perda em caixas
avaliada em cerca do 20%.

34 "Alem deste (Gossypium), tem sido notado tambem sobre outras plantas
da família Malvaceae: Urena sp. (Guaxima, Carrapicho ou Carapicú), Sida sp.
(Cuiteleiro), Hibiscus esculentus L. (quiabeiro) e da família Bombacaceae:
Chorisia sp. (paineira). Monte diz ter encontrado Dysdercus ruficollis L.
sobre representantes da família Bombacaceae: Pachira aquatica Aubl. (Cas-
tanheira do Maranhão, Mamorana, Embiruçú, ou Paina de Cuba) e Bombax
ventricosa. Arr. Cam. (B arriguda ou Paineira), e da família Cochlospermaceae:
cochlospermum insigne St. Hil. (Algodoeiro do campo, Butuá de Corvo. Rui-
bardo do campo, Periquiteira, Algodão Cravo, Samaúna do lgapó, Algodão do
Mato ou pacoté) . As ocurências citadas por esse autor referem-se assim o
acreditamos, ao Estado de Minas Gerais". (Mendes).
PYRRHOCORIDAE 119

O fato de não se alimentar de laranjas em decomposição,


caidas no terreno e mesmo nas árvores, faz que não seja
admitido como transmissor direto do mofo pela picada, sendo,
todavia, responsavel pela entrada dos espórios deste através
dos o r i f í c i o s f e i t o s n a c a s c a p e l a s p e ç a s b u c a i s .
O ataque das formas jovens em geral se acentua quando
nas fases mais adiantadas de desenvolvimento, próximas a
se transformarem em adultos.

Fig. 332 - Dysdercus longirostris Stal, 1861 (X 3,5) (De Gomes, 1938).

Dados biológicos - Das observações que fiz, pude ave-


riguar que este percevejo dá preferência pelas laranjeiras
pouco insoladas, situadas em lugares baixos e úmidos, apre-
sentando menor atividade nas horas mais quentes do dia,
quando se aglomeram em pontos sombrios, em geral, nas
partes baixas dos troncos e no chão. Pela manhã, ao contrário,
é sempre encontrado em maior quantidade sobre os frutos.
No ato de cópula, que pode durar mais de 2 horas, a fêmea
e o macho ficam em direções opostas, unindo-se pelas extre-
120 INSETOS DO BRASIL

midades dos abdomens. Durante a operação ambos se loco-


movem e se alimentam.
Diferentemente de outro hemiptero sugador de laranjas,
o coreideo Leptoglossus gonager (Fr.), que deposita os ovos,
segundo verificou C. H. Reiniger, nas folhas de Melão de
São Caetano (Mormodica charantia), a fêmea do D. longi-
rostris, depois de fecundada, procura no terreno um logar
próprio para efetuar a postura, em geral abrigado, entre
restos de vegetação terra fofa, fendas, etc. Uma vez encon-
trado escava uma cela, o suficiente para permitir a sua

Fig. 333 - Disdercus longirostris Stal, 1861, joven (cerca de X 4)


De Gomes, 1938).

entrada, colocando-se no interior em posição inclinada, com


o abdomen voltado para baixo, e assim permanece até com-
pletar a oviposição. Finda esta, que demora poucas horas,
retira-se da cela, cobrindo em seguida os ovos com cisco ou
terra para protege-los.
Estes são esféricos, brancos, ligeiramente amarelados,
dispostos em massa, tornando-se pardacentos à medida que
se aproximam da eclosão.
O fato de ter encontrado sobre frutos semente poucas
formas jovens em últimos estádios, levou-me a procurá-las
na vegetação adventícia do pomar, e certo é que em carurú
de espinho (Amaranthus spinosus) encontrei inúmeras, pa-
recendo exato que nesta fase procuram plantas mais tenras
para alimento.
PYRRHOCORIDAE 121

Medida de combate - Pelo pouco que acima ficou dito


com relação a certos pormenores do modo de vida do D. lon-
girostris, acho que, na defesa do laranjal contra o seu ataque,
devem ser tomadas as seguintes medidas:
1°, uma vez constatada a sua presença, proceder a des-
truição das formas adultas quando em repouso, durante as
horas quentes do dia, no chão, junto ao tronco ou sobre este,
procuran do o melhor meio de esmagá-las;
2°, efetuar a apanha das que se acharem sobre as la-
ranjeiras, acondicionando-as numa vasilha cont endo uma
solução inseticida (água e querosene, p. ex.). Por não
voarem os adultos logo assim se sentem molestados, esta ope-
ração não se torna de todo impossível;
3º, manter o terreno limpo, evitando a amontoa em torno
das laranjeiras dos restos de vegetação, proveniente da ca-
pina, entre os quais as fêmeas encontram, em geral logar
próprio para a postura. O tratamento superficial do terreno,
que em caracter experimental realizei, contra as larvas alo-
jadas na cobertura de t erra frouxa e vegetação seca, pela
rega com emulsão de bisulfureto de carbono, pode ser feito
com algum resultado, se bem que pouco econômico para
casos de infestação generalizada;
4º, finalmente, procurar melhorar o arejamente das
laranjeiras".

MENDES (1938) informa que M. DINIZ colheu este inseto


sobre sementes de paineira (Chorisia sp.).
As espécies de Dysdercus são parasitadas no Brasil por
várias moscas da fam. Gymnosomatidae descritas por TOWN-
SEND (1937-1938). Dentre elas, porem, a mais eficiente é a
Acaulona brasiliana Townsend, 1937, que ataca D. ho-
nestus Blöte, D. ruficollis (L.) e D. mendesi Blöte.
283. Outros Pirrocorideos interessantes. - Alem das espé-
cies de Dysdercus, encontram-se tambem frequentemente no
Brasil vários representantes de Euryophthalmus Laporie,
1932 (= Largus, 1831), dentre os quais devem ser citados:
Euryophthalmus humilis (Drury, 1782) (figs. 329 e 330), E.
lunaris (Gmelin, 1788) e E. rufipennis Laporte, 1832. No
Rio Grande do Sul, BRUCK e DESLANDES (1927), observaram
122 INSETOS DO BRASIL

esta última espécie atacando a batatinha e o fumo. Várias


espécies de Pyrrhocoridae, principalmente da subfamília
Euryophthalminae, mimetisam outros insetos, especialmente
formigas. Na fig. 334 apresento o desenho de HUSSEY (1927)
de uma dessas espécies - Thaumastaneis montandoni Kir-
kaldy & Edwards, 1902, encontrado em Goiaz e em Mato
Grosso (Chapada).

Fig. 334 - Thaumastaneis moutandoni Kirkaldy & Edwards, 1902 (Euryo-


phthaminae), ( f ê m e a ) v i s t a de p e r f i l ( D e H u s s e y , 1 9 2 7 ) .

Ha na coleção do Instituto Osvaldo Cruz uma interes-


sante espécie de Theraneis (Spinola, 1810), ainda não des-
crita, cujo aspecto lembra o de um Himenoptero da família
Mutilidae.

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Superfamília THAUMASTOTHERIOIDEA 35

Família THAUMASTOTHERIIDAE

(Thaumastocoridae)

285. Espécie mais interessante. - Compreende algumas


espécies da região australiana e uma encontrada em Cuba
e em Flórida de gênero Xylastodoris - X. luteolus Barber,
1920 (fig. 335), que ataca folhas novas da palmeira impe-
rial (Oreodoxa regia), causando às vezes grandes danos.
Neste grupo as garras tarsais são tambem providas de
arólios.

35 Gr. thaumastos, admiravel; therion, animal Selvagem; coris, percevejo.


ARADOIDEA 125

S u p e r f a m í l i a ARADOIDEA

286. Caracteres, etc. - Pertencem a esta superfamília


os Hemipteros da antiga família Aradidae, representada por
espécies de alguns milímetros a pouco mais de um centí-
metro de comprimento, de cor negra ou parda mais ou me-
nos escura e corpo ovalar, fortemente deprimido em cima
e em baixo.

Fig. 335 - Xylastodoris luteolus Barber, 1920 (Thaumastotheriidae (X 28)


(De Barber, 1920).

Cabeça horizontal com a fronte mais ou menos prolon-


gada entre as antenas; estas curtas, espessas, de quatro
segmentos, inseridas em tubérculos anteníferos geralmente
ponteagudos; ocelos ausentes; rostrum retilíneo, de quatro
segmentos (o segmento basal muito curto), ora recebido
entre as búculas em sulco rostral profundo, ora livre (Iso-
dermidae).
126 INSETOS DO BRASIL

Pronotum geralmente provido de carenas longitudi-


nais; scutellum variavel, triangular, medíocre ou largo e
neste caso ocultando grande parte dos tergitos abdomi-
nais.
Hemelitros, quando presentes, mais ou menos reduzidos,
deixando exposta, aos lados e atrás, grande parte da porção
marginal do abdomen que os enquadra; membrana geral-
mente provida de tres a quatro nervuras irregulares que se
anastomosam, porem, às vezes sem nervuras; em várias
espécies o corium e a membrana mal se distinguem na estru-
tura.
Como em outras famílias de Hemiptera, ha espécies
pterigo-polimórficas, com indivíduos mais ou menos braqui-
pteros, sem asas funcionais e com hemelitros mais ou menos
reduzidos.
Ostíolos raramente visíveis. Tarsos dimeros (bi-arti-
culados, raramente tri-articulados) e geralmente sem
arólios.
287. Classificação. - Ha cerca de 400 espécies descritas
em todo o mundo, distribuidas pelos autores modernos em
quatro famílias, que se distinguem pelos seguintes cara-
cteres:

1 Scutellum distinto; com olhos; tylus formando a pro-


jeção anterior da c abeça; bucculae geralmente for-
mando um sulco rostral; margem do corpo mais ou
menos unida ou com lóbulos irregulares ..................... 2
1' Scutellum invisivel; sem olhos; tylus no fim de uma in-
cisão profunda que se estende da margem anterior da
cabeça para trás; búculas não formando um sulco
rostral apreciavel; toda a margem do corpo lobulada,
com os lóbulos subiguais separados ou fundidos ........................
.......................................................................... Termitaphididae
2(1) Rostrum não emergindo do ápice da cabeça e disposto
num sulco entre as bucculae ............................... 3
2' Rostrum emergindo do ápice da cabeça e não disposto
num sulco rostral ................................................. Isodermidae
ARADOIDEA 127

3(2) Prosternum com um sulco mediano distinto; rostrum ge-


ralmente atingido ou excedendo o prosternum; ca-
beça estreitando-se para trás dos olhos; estes proje-
tando-se alem das genae; hemelitros não limitados
exclusivamente ao disco do abdomen, tendo o corium,
na base, uma expansão lateral; trocanteres soldados aos
fêmures; espiráculos abdominais situados perto da
margem basal ou proximal de cada urômero. Aradidae
3' prosternum sem sulcos; rostrum não excedendo a margem
posterior da cabeça: cabeça mais larga atrás que adi-
ante dos olhos; estes não se projetando alem das genae;
hemelitros incluidos nos limites do disco do abdomen;
trocanteres livres; espiráculos abdominais situados a
iguais distâncias das margens basal e apical dos urô-
meros ................................................................ Dysodiidae

Fig. 336 - Cabeça de Aradus sp.; Vêm-se, na parte anterior e atravez do te-
g u m e n t o diafanisado, os estiletes bucais e n r o l a d o s ( X 7 4 ) .

288. Hábitos. - Os Aradideos, manifestando quasi sem-


pre um tigmotropismo positivo e um fototropismo negativo,
vivem gregariamente em pequenas colônias, sob a casca ou
em fendas no caule das plantas. Daí os nomes Corticico-
lae 36 e Phloeobiotica 37 que lhes foram aplicados, respe-
ctivamente, por Amyot & Serville e Reuter.

36 Lat. cortex, casca.


37 Gr. phloios, casca; bioticos, que pertence a vida.
128 INSETOS DO BRASIL

Segundo informam os autores que os têm estudado,


normalmente se alimentam sugando os fungos que se encon-
tram em tais logares (micetófagos). As espécies de Termi-
taphididae vivem em simbiose com termitas.

38
Família ARADIDAE

289. Espécie mais interessante. - Esta família é repre-


sentada pelo gênero Aradus Fabr., 1803, com várias espé-
cies das regiões Paleártica e Neártica.

Fig. 337 - Dysodius lunatus Fig. 338 - Aneurus sp. (Dysodiidae)


(Fabr., 1794) (Dysodiidae) (cerca de X 1 0 ) . A s a s a s
( X 2,60). foram retiradas

Devo aquí chamar a atenção para a disposição interes-


sante dos estiletes bucais nas espécies deste gênero. Extra-
ordinariamente alongadas, pois medem cerca de cinco vezes
o comprimento do corpo, em repouso ficam enroladas em
dupla espiral vertical, como uma mola de relógio, numa

38 Gr. Arados, nome de uma antiga cidade da Síria.


DYSODIIDAE 129

grande câmara da cavidade preoral, situada pouco adiante


da bomba sugadora e formada, principalmente , pelo clypeus
e labrum fundidos (fig. 336).
Do Brasil a espécie mais conhecida é o Aradus (Ara-
dus) falleni Stal, 1860.

Família DYSODIIDAE39

(Brachyrhynchidae; Aneuridae; Meziridae)40

290. Espécies mais interessantes. - A esta família per-


tencem quasi todos os Aradideos da região neotrópica, dis-
tribuidos em vários gêneros, dentre os quais merecem cita-
dos Mezira Amyot & Serville, 1843, Neuroctenus Mayr, 1866
e Dysodius Lepeletier & Serville, 1825, este com algumas
espécies de aspecto curioso, como Dysodius lunatus (Fabr.,
1794) (fig. 337).
Na fig. 338 acha-se representada uma espécie do gênero
Aneurus Curtis, 1825 (provavelmente A. subdipterus Burm.,
1835), representado por espécies de corpo muito achatado,
laminado, asas rudimentares e hemelitros quasi que inteira-
mente membranosos e sem nervuras.
O inseto foi-me enviado do Rio Grande do Sul pelo
Dr. A. Ronna, com a informação de o ter encontrado em
abundância sob casca de videira. Trata-se provavelmente de
uma espécie micetófaga.

Família ISODERMIDAE41

291. Espécie mais interessante. - Desta pequena família,


que se distingue de Aradidae principalmente por terem as
suas espécies o rostrum terminal, livre, ha na região neo-
trópica o gênero Isodermus Erichson, 1812, com a espécie
I. gayi (Spinola, 1852), encontrada no Chile e na Patagônia.

39 Gr. dysodia. mau odor.


40 Gr. brachys, curto; rhyngchos, tromba.
Gr. neuron, nervura.
Hebreu, zor, zara, nauseabundo.
41 Gr. isos, mesma: derma. pele.
130 INSETOS DO BRASIL

Família TERMITAPHIDIDAE 42

(Termitocoridae)

292. Caracteres, etc. - Os i nsetos desta família têm


alguns milímetros de comprimento, corpo fortemente depri-
mido, de contorno elítico e com o dorso escondendo inteira-
mente as antenas, o rostrum e as pernas.
Evidentemente próximos dos Aradideos, têm tambem,
como mostrou CHINA (1931), grandes afinidades com os
Pentatomideos da família plataspididae.
Ha atualmente pouco mais de 10 espécies descritas, da
América. da África, da Austrália e da Ásia, quasi todas do
gênero Termitarardus Myers, 1921, com algumas espécies
da região neotrópica, encontradas em termiteiros de Hete-
rotermes e outros cupins.
Do gênero Termitaphis Wasmann, 1902, citarei T. cir-
cumvallata Wasm., 1902, encontrada na Colômbia em ter-
miteiros de Amitermes foreli Wasm.

"A biologia destes Hemipteros é por assim dizer desconhe-


cida, se bem que se possa supor, dada a conformação das
peças bucais, que sejam micetófagas (Myers), como a maior
parte dos Aradideus e dos Coptosomoides (Plataspidae) (W.
E. China, op. cit.)" (Poisson, 1938).

293. Bibliografia.

BERGROTH, E.
1886 - zur kenntniss der Aradiden.
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42 Gr. termes, cupim: aphyo, sugo; coris, percevejo.


ARADOIDEA 131

1932 - Observations on the f a m i l y T e r m i t a p h i d i d a e (He-


m i p t e r a : Heteroptera) with the description of a n e w
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Bull. Soc. E n t . F r . 43:13-17, 2 figs.
(Neste artigo o autor faz interessantes c o n s i d e r a -
ções sobre a f a m í l i a T e r m i t a p h i d i d a e ) .

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132 INSETOS DO BRASIL

Superfamília TINGITOIDEA

(Tingidoidea)

294. Classificação. - Constituem a superfamília Tingi-


toidea as famílias Tingitidae e Piesmidae. Esta, representada
pelo gênero Piesma Le Peletier & Serville, que tem como
representante no Brasil a P. cinerea (Say, 1832).
Rica em espécies é a família Tingitidae, que passo a
considerar.

43
Família TINGITIDAE

(Tingidae; Tingididae)

293. Caracteres, etc. - Insetos pequenos, de alguns mi-


límetros de comprimento, facilmente reconhecíveis pelo
aspecto reticulado ou alveolado do torax, principalmente
notavel nos hemelitros e no pronotum, que, não raro, apre-
senta expansões lobuladas ou vesiculares mais ou menos
conspícuas.
Antenas relativamente curtas, de quatro segmentos,
espessas ou delgadas; ocelos ausentes; vertex geralmente
provido de espinhos mais ou menos proeminentes (fig. 342);
rostrum retilíneo, de quatro segmentos, alojado num distinto
canal rostral, formado, na cabeça, pelas búculas muito sa-
lientes e no torax por um sulco que se estende do pros-
ternum ao, metasternum. Pronoto mais ou menos convexo,
prolongado posteriormente em um processo que cobre o
escutelo; a porção anterior pode ser mais ou menos proe-
minente, apresentando-se com o aspecto de um capús ou
dilatação empolácea ou visiculiforme que encobre a cabeça
(hood) (figs. 340 e 341). O disco do pronoto pode ter de
uma a tres rugas longitudinais (carinae) (figs. 342-3) e as

43 De Tingis Fabr., 1803, com etimologia incerta; Segundo Amyot e Serville,


nome da cidade de Tanger.
TINGITIDAE 133

partes laterais frequentemente se apresentam expandidas


em abas foliáceas, planas ou de bordos voltados para cima,
às vezes bem largas (paranota, de CHAMPION) (figs. 340,

Fig. 339 - Hemelitro de Tingitideo com as respectivas áreas e areolas: 1, área


costal (membrana costal de Stal ; 2, área subcostal (area costalis de Stal) ; 3, área
discoidal.

341 e 342). Hemelitros homogêneos, distintamente reticula-


dos, não se notando distinção estrutural entre o corium e
a membrana.
134 INSETOS DO BRASIL

As principais nervuras delimitam as seguintes regiões:


área costal (membrana costae de STAL) (figs. 339 -1); área
subcostal (area costalis de STAL) (figs. 339 -2); área discoi-
dal (area discoidalis de STAI.) (figs. 339 -3); área sutural,
correspondente à membrana, nas outras famílias.

Fig. 340 - Stephanitis olyrae Drake & Hambleton, 1935 (Tingitidae) (cerca
de X 26) (De Drake & Mambleton, 1935, Fig. 5). Os dois traços indicam uma
das paranota e a carena mediana.

Nos Tingitideos não são raros os casos de dimorfismo


alar, verificando-se a atrofia parcial ou total das asas pos-
teriores e o encurtamento dos hemelitros.
A família Tingitidae compreende mais de 600 espécies,
das quais cerca de 400 vivem nas Américas, quasi todas da
TINGITIDAE 135

subfamília Tingitinae. Bem poucas ha pertencentes às subfa-


mílias Cantacaderinae e Serenthiinae.
A literatura relativa aos nossos Tingitideos, alem do
que escreveram STAL (Ennumeratio, 3), DISTANT (Biol. Centr.
Amer.), GIBSON (1919 e 1922) e BERGROTH (1922), é princi-

Fig. 341 - D i c y s t a lauta D r a k e & H a m b l e t o n , 1935 ( T i n g i t i d a e ) ( c e r c a de X 2 6 )


( D e D r a k e & H a m b l e t o n , 1935, f i g . 6)

palmente representada pelos vários trabalhos de DRAKE,


alguns em colaboração com outros autores, citados na biblio-
grafia deste grupo e de MONTE.
295. Hábitos, importância econômica e meios de com-
bate. - Vivem os Tingitideos em colônias mais ou menos
136 INSETOS DO BRASIL

numerosas, na face inferior das folhas; aí fazem as postu-


ras, ficando os ovos colados à superfície das folhas pela
secreção das glândulas coletéricas ou embutidos no parên-
quima foliar. Deles saem formas jovens com o corpo em
geral fortemente espinhoso.

Fig. 342 - Liotingis aspidospermae Drake & Hambleton, 1935 (Tingitidae)


(cerca de X 26) (De Drake & Hambleton, 1935, fig. 3).

Dos danos causados pelos Tingitideos pode fazer-se uma


idéia lendo o trecho seguinte de BONDAR, em que ele des-
creve os estragos produzidos nas folhas do algodoeiro pela
Gargaphia torresi Costa Lima, 1922:

"As larvas e adultos vivem nas folhas, principalmente


na página inferior, chupando a seiva da planta e provocando
a "ferrugem". O centro da folha, atacado primeiro, envelhece
e morre queimado pelo sol, e a periféria frequentemente con-
serva-se verde. Examinando a página inferior da folha ata-
cada, notam-se grandes colônias deste inseto, larvas de di-
versas idades e adultos. No logar ocupado, a folha é amarela
TINGITIDAE 137

pela destribuição da chlorophylla e coberta com numerosas


manchas pretas, escrementos do inseto. Quando a folha está para
morrer os adultos abandonam-na e vão procurar folhas novas
para depositar ovos e alimentar-se. Alem do algodoeiro,
observamos o mesmo inseto em quiabeiros que se acharam
completamente estragados pelo inseto."

No meu "3º Catálogo dos insetos que vivem nas plantas


do Brasil", estão relacionadas as espécies cujas plantas hos-
pedadoras eram conhecidas, até 1934. Nos trabalhos de

Fig. 343 Psilobyrsa vriesiae Drake & Hambleton, 1935 (Tingitidae) (cerca
de X 26) (De D r a k e & H a m b l e t o n , 1935, fig 4 ) .

DRAKE, publicados de 1935 em diante, ha a citação de outras


espécies, com a indicação das plantas em que vivem.
DRAKE descreveu uma espécie do Congo Belga, Copium
hamadryas, que produz galhas em inflorescências de uma
espécie de Clerodendron.
138 INSETOS DO BRASIL

Os Tingitideos são combatidos mediante pulverizações


de quaisquer insecticidas externos (emulsão sabonosa de
querosene, extrato de tabacos, etc.).

296. Bibliografia.

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TINGITOIDEA 139

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142 INSETOS DO BRASIL

Superfamília REDUVIOIDEA

297. Caracteres e classificação. - Constituem esta super-


família Hemipteros terrestres que apresentam, como cara-
cteres principais e constantes, os seguintes: rostrum curto,
aproximadamente do comprimento da cabeça, ou pouco
mais longo, em repouso, porem, recurvado em gancho ou
retilíneo e, neste caso, disposto paralelamente à superfície
inferior da cabeça e dela mais ou menos afastado; pernas
anteriores distintamente de tipo raptorial ou, pelo menos,
com fêmures mais dilatados que nos outros pares; heme-
litros sem cuneus; garras sem arólia; espécies predadoras
ou hematófagas.
A superfamília Reduvioidea compreende seis f a m í l i a s ,
caracterizadas na chave seguinte, em parte baseada na que
foi apresentada por BLATCHLEY.

1 Pronotum dividido em 3 lobos; cabeça apresentando forte


constricção atrás dos olhos; hemelitros, excetuando as
nervuras, completamente membranosos; terço apical
das tíbias anteriores dilatado e comprimido; tarsos an-
teriores de 1 artículo, raptoriais; tarsos médios e pos-
teriores de 2 artículos. Comprimento não excedendo de
4 mm. Espécies terrestres, geralmente higrófilas;
voam em enxame ............................................. Enicocephalidae
1' Pronotum não dividido em 3 lobos. Com mais de 4 mm.
de comprimento. Espécies terrestres, tanófilas (que
habitam mato cerrado) ................................................... 2
2(1´) 4º segmento das antenas muito espessado, clavado ou fu-
siforme; fêmures anteriores extremamente robustos,
tíbias curtas e retrateis; corpo curto, robusto e aspera-
mente esculturado ................................. Phymatidae
2' 4º segmento das antenas fino, nem clavado, nem fusi-
forme; fêmures anteriores não muito espessados; corpo
de aspecto diferente. ............................................................... 3
3(2') Pronotum sem sulco estridulatório; rostrum de 4 se-
gmentos (o 1º muito curto, raramente de 3); cabeça
sem sulco transversal ........................................................... 4
3' Pronotum com sulco longitudinal entre os quadris ante-
riores com fina estriação (sulco estridulatório); ros-
REDUVIOIDEA 143

trum de 3 segmentos, o 1º geralmente robusto e mais


ou menos recurvado; cabeça geralmente com sulco
transversal interocular ou postocular ....................................... 5
4(3) Tarsos de 3 artículos .......................................................... Nabidae
4' Tarsos de 2 artículos ................................................... Joppeicidae
5(3') Corpo e antenas lineares ou extremamente finos; ocelos
ausentes; quadris anteriores muito alongados, atingin-
do ou excedendo o ápice da cabeça, respectivas cavi-
dades coxais abertas para diante e para baixo; heme-
litros, exceto as nervuras, membranosos, não divididos
em corium e clavus ....................................................... Ploiariidae
5' Corpo e antenas de forma diferente; ocelos geralmente
presentes; quadris anteriores não muito alongados, res-
pectivas cavidades coxais abertas para baixo; heme-
litros de aspecto normal, isto é, divididos em corium,
clavus e membrana. ................................................... Reduviidae

Apequena família Joppeicidae (= Elasmodemidae) per-


tence o gênero Elasmodema Stal, 1860, representado pela
espécie brasileira Elasmodema erichsoni Stal, 1860.

Família ENICOCEPHALIDAE44

(Henicocephalidae)

298. Caracteres, etc. - Esta família compreende espé-


cies de alguns milímetros de comprimento, facilmente reco-
nhecíveis pelo aspecto singular da cabeça, que é alongada,
porreta e consideravelmente dilatada ou globosa na parte
retro-ocular, onde se acham os ocelos (fig. 344). Antenas e
rostrum de quatro segmentos, este muito curto e relativa-
mente robusto, aquelas com o 1º, o 2° e o 3° segmentos se-
guidos de um segmento anelar.
Pronotum geralmente dividido, por duas constrições
transversais, em tres lobos. Hemelitros, completamente
membranosos, percorridos por nervuras distintas, longitu-
dinais e algumas transversais.

44 Gr. enikos, unica; kephale, cabeça.


144 INSETOS DO BRASIL

Tíbias do par anterior distintamente alargados na parte


apical (distal); tarsos anteriores de um artículo, com uma
ou duas garras, dimero nas outras pernas.
A forma do rostrum e o aspecto das pernas anteriores
indicam que estes insetos são predadores. Alguns são mir-
mecófilos.

Fig. 344 - Cabeça, pronotum e pernas anteriores de Enicocephalus sp. (Eni-


cocephalidae) (muito aumentado) (Tirado da figura de Enicocephalus concolor
C h a m p i o n , 1898, in Biol. C e n t r . A m e r . H e m , H e t . 2, est. 10, f i g . 1 ) .

Tem se observado espécies desta família voando, à


tarde, em grandes enxames, como o fazem certos dipteros
das famílias Chironomidae e Ceratopogonidae.
A família Enicocephalidae compreende perto de 30
espécies, distribuidas por todo o mundo, em tres gêneros,
dos quais apenas Enicocephalus Westwood, 1837 (= Heni-
cocephalus Westw., Stal emend., 1864), possue represen-
PHYMATIDAE 145

tantes brasileiros (E. rhyparus (Stal, 1858); E. spurculus


(Stal, 1850), ambos encontrados no Rio de Janeiro).
299. Bibliografia. - Alem do que se pode ler em traba-
lhos gerais, citados na parte "Sistemática" da bibliografia
de Hemíptera (BLATCHLEY, CHAMPION, STAL e outros), con-
sulte-se:

USINGER, R. L.
1932 - Miscellaneous studies in the Henicocephalidae (He-
miptera).
Pan-Pacific Ent. 8:145-156, 1 est.

45
Família PHYMATIDAE

(Syrtides; Spissipedes; Macrocephalidae)

300. Caracteres. - Hemípteros pequenos ou de tamanho


médio, de forma irregular e corpo mais ou menos recor-
tado, com o tegumento enrugado, granuloso, ou apresen-
tando cristas ou espinhos aguçados. Bem característico, po-
rem, é o aspecto das pernas anteriores destes insetos (v. figs.)
Cabeça pequena, porreta, provida de búculas bem de-
senvolvidas, que formam um profundo sulco rostral; ante-
nas de quatro segmentos, com o último geralmente mais
longo e mais grosso que os precedentes; ocelos presentes;
rostrum curto, aparentemente de tres segmentos (o verda-
deiro 1º segmento rudimentar), atingindo ou excedendo os
quadris anteriores.
Torax - Pronotum transversal, geralmente recortado
e com os bordos mais ou menos expandidos e obliquamente
levantados; scutellum de tamanho normal (Phymatinae) ou
extraordinariamente alongado, cobrindo a maior parte do
abdome (Macrocephalinae).
Hemelitros com clavus distinto do corium e da mem-
brana; esta multinervada, com as nervuras anastomosan-
do-se e não raro formando um retículo de células.

45 Gr. phyma, inchação.


146 INSETOS DO BRASIL

Pernas anteriores de tipo raptorial (preensil) peculiar,


com anca notavelmente saliente, femur extraordinariamente
espessado e internamente sulcado, para receber a tíbia em
repouso; esta falciforme, formando com o femur uma forte
pinça; tarso, ausente (Macrocephalinae) (fig. 348), ou muito

Fig. 345 - Phymata sp).; 1, processo preocelar; 2, ângulo anterior do pronotum;


3, processo lateral do pronotum; 4, crista longitudinal do pronotum; 5, conne-
xivum; 6, processo frontal; 7, processo ocelar; 8, lóbo anterior do pronotum;
9, lóbo posterior do pronotum; 10, ângulo posterior do pronotum; 11, scutellum
(cerca de X 11,5).

pequeno, de dois artículos (Phymatinae) (fig. 346), implan-


tando-se na tíbia um pouco antes do ápice; nas outras per-
nas, que são normais, os tarsos tambem são biarticulados.
Abdome com conexivum laminado, em geral considera-
velmente saliente e anguloso na linha média-transversal.
PHYMATIDAE 147

301. Hábitos, classificação e espécies mais interessantes.


- Os Phymatideos são insetos predadores, frequentemente
encontrados em flores de Compostas. Nelas aguardam a
chegada dos pequenos insetos que as visitam para capturá-
los e sugar-lhes a hemolinfa.

Fig. 347 - Phymata fortificata


Fig. 346 - Phymata sp)., perna (Herrich-Schaeffer, 1844)
anterior. ( c e r c a de X 4 ) . (Phymatinae)

Ha descritas nesta família cerca de 120 espécies, muitas


das quais da América Meridional, distribuidas em duas sub-
famílias, que se distinguem do modo seguinte:

1 Tarsos das pernas anteriores, conquanto muito pequenos,


sempre presentes, em repouso escondidos num sulco
no lado interno da tíbia; scutellum pequeno, trian-
gular, visivel entre os clavos dos 2 hemelitros ..................................
............................................................................................... Phymatinae
1' Pernas anteriores sem tarso; scutellum grande, prolon-
gado até o ápice do abdomen, cobrindo os hemelitros
em repouso e o abdomen em quasi toda a sua extensão.
................................................................................... Macrocephalinae
148 INSETOS DO BRASIL

Dentre as várias espécies encontradas no Brasil, men-


ciono, como mais encontradiças:
Phymata erosa (L., 1758), com algumas de suas varie-
dades;

Fig. 348 - Macrocephalus sp; Fig. 349 - Macrocephalus notatus


perna anterior. (Macrocephalinae) vê-se o escutelo
prolongado até o ápice do
abdomen (X 8).

Phymata acutangula (Guérin, 1857), que tem, como a


anterior, uma vasta distribuição geográfica, estendendo-se
de Flórida a República Argentina;
Phymata fortificata Herrich-Schäffer, 1844, de aspecto
bem curioso (fig. 347);
Macrocephalus affinis Guérin, 1838 e
Macrocephalus notatus Westwood, 1843 (fig. 349).

302. Bibliografia.
DUDICH, E.
1922 - Die Phymatiden des Hungarischen National-Museum.
Ann. Mus. Nat. Hung. 19:161-181, 8 figs.
PHYMATIDAE 149

EVANS, J. H.
1931 - A p r e l i m i n a r y revision of the ambush bugs of North
America (Hemiptera, P h y m a t i d a e ) .
A n n . Ent. Soc. Amer. 24:711-736, 2 ests.

HANDLIRSCH.
1897 - Monographie der P h y m a t i d e n .
Ann. N a t u r h . Hofmus. 12:127-230, 6 ests. 35 figs.

JENSEN-HAARUP.
1922 - Hemipterological notes and descriptions II.
Ent. Medd. 4, 4(?)5, 1-16, 4 figs.

LIMA, A. da COSTA.
1935 - Notas hemipterológicas.
Rev. E n t . , 5:23-25, 2 figs.

MELIN, D.
1931- H e m i p t e r a from South and Central America I I .
(Contribution to a revision of the genus P h y m a t a ) .
Ark. Zool. 22A(1), 40 p . , figs, 7 ests.

PENNINGTON, M. S.
1919 - Notas sobre las especies argentinas del género P h y -
m a t a Latr.
Physis, Buenos Aires, 4:523-526, 2 ests.

READIO, P. A.
1927 - Biological notes on P h y m a t a erosa subsp, fasciata
(Gray) (Phymatidae. H e m i p t e r a ) .
Bull. Brookl. Ent. Soc. 22:256-262, 1 est.

STAL, C.
1876 - E n u m e r a t i o P h y m a t i d a r u m , in E n u m e r a t i o Hemipte-
rorum. 5:131-136.

WESTWOOD.
1841 - Observations upon the Hemipterous Insects compos-
ing the genus Syrtis of Fabricius, or the famiIy
P h y m a t i t e s of Laporte, with a monograph o f the
genus Macrocephalus.
T r a n s . E n t . Soc. London, (1)3:18-31, 1 est.
150 INSETOS DO BRASIL

46
Família PLOIARIIDAE

(Emesidae)

303. Caracteres. - Hemípteros de tamanho variavel, de


alguns milímetros a quasi tres centímetros de comprimento,
bem caracterizados pelo aspecto geral do corpo, muito fino,

Fig. 350 - Gardena sp; (Ploiaridae) (pouco mais de 20 mm)

46 Gr. ploiarion, pequeno barco.


PLOIARIIDAE 151

bacilar ou linear, como o dos Fasmideos, providos de per-


nas médias e posteriores extremamente alongadas e fili-
formes e pernas anteriores relativamente curtas, raptórias,
de tipo muito parecido com o que se observa nos Mantideos
(fig. 350).
Cabeça porreta, mais ou menos alongada, ora mais
longa que a largura ao nivel dos olhos, ora o inverso; ge-
ralmente dividida por uma sutura, de olho a olho, em dois

Fig. 351 - C a b e ç a e p e r n a a n t e r i o r do e x e m p l a r d a f i g u r a 350.

lóbulos; sem ocelos; antenas de quatro segmentos, sendo o


1º e o 2º muito alongados; rostrum pouco mais longo que
a cabeça (tipo predador), de tres segmentos (v. fig. 351).
Torax - Pronotum trapezoidal, mais ou menos alon-
gado; scutellum pequeno, triangular; prosternum com sulco
152 INSETOS DO BRASIL

estridulatório entre as ancas anteriores. Hemelitros, quando


presentes, de estrutura uniforme, membranáceos. Pernas
anteriores raptórias (fig. 351), com as ancas muito alonga-
das, em posição normal dirigidas para diante, atingindo ou
excedendo o ápice da cabeça; cavidades coxais anteriores
abertas para diante e para baixo; fêmures tambem alon-
gados, apresentando, em baixo numerosos dentículos ou cer-
das espinhosas; igualmente armadas tambem se apresentam
as tíbias deste par de pernas; as outras pernas são muito
finas e alongadas, especialmente as do par posterior. Tarsos
das pernas anteriores de um a tres artículos.

Fig. 352 - Ploiariideo em postura (De Howes, 1918, Insect Behavior).

304. Hábitos. - Os Ploiariideos são hemípteros terres-


tres, de hábitos predadores. Ha tempos observei formas
jovens de uma pequena espécie (da qual não me foi pos-
sivel obter formas adultas) que viviam sugando Pinnaspis
minor (Mask.) (Homoptera-Coccoidea-Diaspididae).
Ha cerca de 160 espécies descritas, das quais muitas da
região neotrópica.
PLOIARIIDAE 153

305. Bibliografia.

BERGROTH, E.
1906 - Zur K e n n t n i s der P l o i a r i i n a e .
Ver. Zool.-bot. Ges. W i e n . 56:305-324.
1922 - The a m e r i c a n species of Ploiaria Reut.
Not. Ent. 2:49-51, 77-81.

DOHRN, A.
1860 - Beiträge zu einer m o n o g r a p h i s c h e n B e a r b e i t u n g der
F a m i l i e der E m e s i n a .
Lin. Ent. 14:206-355, 1 est.
1863 - Idem, ibid. 15:42-76.

Mc ATEE, W . L. & MALLOCH, J. R.


1925 - Revision of the A m e r i c a n bugs of the Reduviid sub-
family P l o i a r i i n a e .
Proc. U. S. Nat. Mus. 67(1), 2.573, 135 p., 9 ests.

PIZA J o r . , S. de TOLEDO.
1939 - Dois novos Ploiariideos do Brasil ( H e m i p t e r a ) .
Rev. Ent. 10:619-622, 8 figs.

Família R E D U V I I D A E47

(Nudirostri part.)

306. Caracteres, anatomia externa. - Hemípteros de ta-


manho médio, de alguns milímetros a alguns centímetros de
comprimento, cujo aspecto varia consideravelmente nos di-
ferentes grupos que constituem a família.
Cabeça livre, estreitando-se em pescoço para trás e ge-
ralmente dividida em dois lóbulos separados por um sulco
ou depressão transversa interocular.

47 ? Lat. reduviae, despojos. Possivelmente Fabricius aplicou para o gê-


nero típico destes insetos o nome Reduvius, porque eles vivem de presas, de
despojos. Pode-se tambem admitir que esta designação derive de reduvia (pe-
quena úlcera na raiz da unha), pela presença da fosseta, em forma de úlcera,
no ápice das tíbias anteriores.
154 INSETOS DO BRASIL

Rostrum mais ou menos robusto, representado por um


lábio de tres segmentos, geralmente recurvado em gancho,
de modo a formar, com o perfil inferior da cabeça, um ân-
gulo curvilíneo. (fig. 221), às vezes, porem, reto e, em re-
pouso, encostado à face inferior da cabeça ou dela pouco
afastado (fig. 222).

Fig. 353 - Linshcosteus carnifex Distant, 1904 (Triatominae) (De C. Pinto,


1931, f i g . 7 0 ) .

Excetuando Linshcosteus Distant, 1904 (Triatomineo


da Índia, cujo rostrum não chega à base da cabeça) e Caver-
nicola Barber, 1937 (fig. 353), a ponta do rostrum, em re-

Fig. 354 - Parte anterior e inferior do protorax de um Ectricodiineo, para se


ver o sulco estridulatório, indicado pela ponta do rostrum.

pouso, nos demais Reduviideos, atinge sempre um sulco


prosternal, transversalmente estriado, chamado sulco estri-
dulatório pela maioria dos autores (fig. 354). Tal sulco é,
sem dúvida, o caracter mais importante de Reduviidae, pois,
REDUVIIDAE 155

na superfamília Reduvioidea, só se o encontra tambem em


Ploiariidae e Phymatidae, insetos, aliás, facilmente reconhe-
cìveis pelo aspecto característico do corpo e, sobretudo, das
pernas anteriores.
Antenas, geralmente, de quatro segmentos, às vezes,
porem, com maior número, quando um ou dois desses se-
gmentos se apresentam subdivididos em dois ou mais sub-
segmentos (Microtominae).

Fig. 355 - Perna anterior de Piratinae, vendo-se, no ápice da tíbia, a fossula


esponjosa.

Ocelos ausentes em Saicinae, Tribelocephalinae, Chry-


xinae e Vesciinae; presentes nas demais subfamílias. To-
davia, em fêmeas apteras de algumas espécies das outras
subfamílias, especialmente em Ectrichodiinae, Piratinae e
Reduviinae, ou os ocelos se apresentam mais ou menos atro-
fiados, ou mesmo não ha ocelos.
Torax. - Protorax trapezoidal, na maioria das espécies
dividido por estrangulamento transversal em dois lobos,
anterior, mais estreito, e posterior. Nas espécies de Noto-
cyrtus Burmeister, 1835, apresenta-se consideravelmente
dilatado, como que insuflado, e em Arilus Hahn, 1831,
156 INSETOS DO BRASIL

ornado de uma crista vertical, semicircular e serrada.


Scutellum pequeno, triangular.
Pernas, em geral, pouco diferenciadas, do tipo ambula-
tório; as anteriores, entretanto, na maioria das espécies,
apresentam os fêmures consideravelmente dilatados e não
raro com estes e, às vezes, tambem, as tíbias, armados de
dentes ou espinhos em baixo.

Fig. 356 - Tíbia anterior de Spiniger ochripennis Stal, 1854, com longa fosseta
esponjosa.

Devido a este aspecto, são consideradas de tipo preen-


sil, apesar de não se apresentarem completamente diferen-
ciadas em verdadeiras pernas raptoriais, como as que se
encontram nas espécies de Ploiariidae, as quais se caracte-
rizam, principalmente, pelo extraordinário, alongamento dos
quadris anteriores.
Todavia em Bactrodinae os quadris anteriores são quasi
tão alongados como em Ploiariidae, porem, nesses Reduvii-
deos ha ocelos, que se não encontram nas espécies desta
família.
Em muitos Reduviideos as tíbias anteriores, e não raro
as médias, apresentam, no lado interno da parte distal, uma
espécie de sola oval, mais ou menos côncava e alongada,
chamada fossa, fóssula ou fosseta esponjosa (figs. 355 e 356).
REDUVIIDAE 157

Tarsos geralmente trímeros, excepcionalmente dímeros


(Aradomorpha); garras tarsais apicais. Ostíolos vestigiais
ou ausentes.
Hemelitros geralmente com corium, clavus e membrana
bem desenvolvidos; esta com as nervuras anastomosando-se
e formando duas ou tres grandes células alongadas (células
discoidais) (fig. 357).
Em algumas espécies os hemelitros e as asas são mais
ou menos atrofiados em ambos os sexos ou somente nas
fêmeas. Neste caso, as fêmeas se apresentam geralmente
fisogástricas e bem diferentes dos machos (Reduviinae,
Ectrichodiinae e Piratinae).

Fig. 357- Asa de Panstrongylus megistus (Burmeister, 1835) (Triatominae)

Como disse ha pouco, tal diferença compreende tambem


os ocelos, que se atrofiam consideravelmente, a ponto de
desaparecerem por completo. Vê-se isto muito bem em fê-
meas de alguns dos nossos Ectricodiineos e Piratineos.
Em espécies de outras regiões, alem de machos alados,
ha machos teleomorfos, apteros, semelhantes às fêmeas
apteras, extremamente diferentes, portanto, dos machos nor-
mais.
Abdome com connexivum, mais ou menos saliente.
307. Mimetismo. - Alguns dos nossos Reduviideos mi-
metizam Himenopteros da superfamília Ichneumonoidea
(espécies de Hiranetis Spinola, 1837 e de Graptocleptes
Stal, 1866), ou vespas caçadoras do gênero Pepsis (algumas
espécies de Spiniger Burm., 1835).
158 INSETOS DO BRASIL

As espécies miméticas de Spiniger, encontradas em todo


o Brasil, ainda mais se parecem com tais vespas, quando
pousam, pois movem então as asas exatamente como aqueles
Himenopteros (v. SEITZ, 1890).
308. Hábitos e importância econômica. - Os Reduvii-
deos vivem da hemolinfa de outros insetos (espécies pre-
dadoras) ou do sangue de aves e mamíferos (espécies he-
matófagas).

Fig. 358 - Ovo de Melanolestes picipes (Herrich-Schaeffer, 1848) (Piratinae);


à esquerda visto de lado e consideravelmente aumentado; a direita, visto de
cima, aqui ainda mais aumentado que na figura anterior. (De Readio, 1926,
est. 9).

Os primeiros, que podem desempenhar papel saliente


no combate aos insetos-pragas, ao atacarem uma vítima
qualquer, prendem-na com as pernas anteriores e, rapida-
mente, cravam-lhe no corpo o rostrum. Neste ato inoculam
uma saliva de ação paralizante tão violenta, que, imediata-
mente, determina a imobilização completa da vitima, a qual,
REDUVIIDAE 159

então, fica presa apenas pelo rostrum ao predador. Às vezes,


este, para saciar o apetite, introduz o rostrum noutra parte
do corpo da vítima.
Relativamente às posturas destes insetos (figs. 358-361),
como bem diz READIO (1926), variam consideravelmente.
Em geral, os ovos são encontrados nos logares em que são

Fig. 359 - Reduviideo em postura (De Howes, 1918. Insect behaviour)

vistos os adultos. E se muitas espécies põem-nos em grupos


ou massas compactas, de tres a mais de 150 ovos (espécies
de Arilus), colados às partes epígeas das plantas ou à pe-
dras, não poucas são as que os põem, um a um, isolada-
mente, ora soltos (espécies de Reduvius e da subfam. Tria-
tominae), ora colados a um suporte (espécies de Melano-
lestes e de Pselliopus).
A forma dos ovos é tambem um tanto variavel; em
geral, porem, são cilíndricos ou em ovoide alongado e sem-
160 INSETOS DO BRASIL

pre operculados. O opérculo, simples em muitas espécies,


apresenta-se em algumas com ornamentação mais ou menos
conspícua. Esta e a da zona do corium que circunda o opér-
culo dão ao ovo aspecto singular, às vezes, bastante curioso
(v. figs. 358, 360, 361 e 398).
Alguns Reduviideos predadores, como por exemplo,
Heza insignis, Melanolestes picipes, Zelus leucogrammus, etc.,
quando presos entre os dedos sem o devido cuidado, podem
fincar rápida e profundamente o rostrum na polpa, numa
picada tão dolorosa como a ferroada de um "marimbondo"
(Polistes), ficando a parte lesada mais ou menos dorida
durante alguns dias.

Fig. 360 - Ovos de um Reduviideo americano, de espécie ignota; nove ainda


se acham fechados e os cinco restantes, marcados pelas linhas pontilhadas,
completa ou incompletamente abertos (De Berlese, Gli Insetti, 1914, fig.,192,
segundo Sharp).

Quanto aos Reduviideos hematófagos, alem do dano


que causam diretamente aos animais atacados, pela sucção
do sangue, podem tambem, como sóe dar-se com certas
espécies de Triatominae, transmitir o Schizotrypanum cruzi
(Chagas, 1909), agente etiológico da "doença de Chagas"
ou tripanosomose americana.
309. Classificação. - A família Reduviidae, incontesta-
velmente o ramo mais importante da superfamília Redu-
REDUVIOIDEA 161

vioidea, compreende cerca de 3.200 espécies, em sua maioria


habitantes da região neotrópica.
As espécies de Reduviidae podem ser distribuidas em
17 subfamílias, das quais, duas apenas, Holoptilinae e Tri-
belocephalinae, constituidas por espécies das regiões indo-
australiana e etiópica, não têm representantes na região
neotrópica. A subfamília Chryxinae é exclusivamente repre-
sentada por uma espécie do Panamá. As subfamílias res-
tantes, porem, têm vários ou muitos representantes na região
neotrópica e especialmente em nosso território.

Fig. 361 - R u p t u r a e s a i d a d a f o r m a j o v e n dos o v o s a p r e s e n t a d o s n a fi-


g u r a a n t e r i o r (De B e r l e s e , loc. c i t . , f i g . , 193, s e g u n d o S h a r p ) .

São elas as seguintes: Bactrodinae, Saicinae, Stenopodi-


nae, Triatominae, Sphaeridopinae, Reduviinae, Cetherinae,
Salyavatinae, Vesciinae, Piratinae, Ectrichodiinae, Microto-
minae, Apiomerinae e Zelinae.
É facil distinguí-las mediante a seguinte chave:

1 Ocelos ausentes em ambos os sexos ................................. 2


1' Ocelos presentes em ambos os sexos, ou fêmeas com ocelos
rudimentares ou sem ocelos; neste caso, porem, tais
fêmeas são braquípteras ou ápteras e geralmente fiso-
gástricas ............................................................................. 4
162 INSETOS DO BRASIL

2(1) Corpo relativamente estreito, piloso ou seríceo; 1º se-


gmento antenal muito mais longo que a cabeça; pernas,
principalmente as médias e posteriores, muito finas,
alongadas e pilosas; 1º artículo tarsal geralmente mais
longo que o 2° (em Oncerotrachelus Stal, 1868, tão
longo quanto o 2°); corium e membrana com a mesma
estrutura .......................................................................... Saicinae
2' Corpo e pernas de aspecto normal; l° segmento antenal
mais curto que a cabeça; 1º artículo tarsal geralmente
mais curto que o 2°; corium e membrana normais, isto
é, de estrutura diferente ........................................................... 3

3(2') Pronotum com a constrição interlobular adiante do meio;


tíbias do par anterior normais ......................................... Chryxinae
3' Pronotum com o constrição interlobular, como em Pira-
tinae, isto é, situada atrás do meio; tíbias do par ante-
rior curvadas para dentro ou para trás no ápice e com
uma parte saliente alem da inserção tarsal. Vesciinae

4(1') Corpo estreito, fino; quadris anteriores consideravelmente


alongados, porem não atingindo o ápice da cabeça ....
.................................................................................. Bactrodinae
4' Outro aspecto ........................................................................................ 5

5(4') Scutellum bífido ou trífido no ápice .................................................... 6


5' Scutellum com uma só ponta no ápice ............................................. 7

6(5) 2° segmento antenal subdividido em 7 ou mais segmentos;


ocelos sempre presentes, situados pouco atrás de uma
linha imaginária passando pelo meio dos olhos ..............................
............................................................................... Microtominae
6' 2° segmento antenal simples; ocelos geralmente situados
atrás de uma linha imaginária tangenciando o bordo
posterior dos olhos; ausentes nas fêmeas ápteras ..........................
........................................................................... Ectrichodiinae
7(5') Cabeça transversal, isto é, mais larga que longa (largura
tomada ao nivel dos olhos); olhos mui salientes, quasi
pedunculados ............................................................ Cetherinae
7' Cabeça geralmente mais longa que larga; olhos não pe-
dunculados ................................................................................ 8

8(7') Tarsos anteriores de 2 artículos, médios e posteriores de


3; segmentos abdominais com espinho mais ou menos
alongado nos âgulos postlaterais ........................... Salyavatinae
8' Todos os tarsos com o mesmo número de artículos ....................... 9
REDUVIOIDEA 163

9(8') Cabeça bruscamente terminando adiante dos olhos, não


apresentando, pois, uma parte anteocular, mais ou
menos alongada; tubérculos anteníferos mais ou menos
salientes alem do bordo anterior dos olhos .................................
....................................................................... Sphaeridopinae
9' Cabeça mais ou menos prolongada adiante dos olhos ...... 10

10(9') Constrição interlobular do pronotum mais próxima da


base que do ápice; quadris das pernas anteriores rela-
tivamente robustos, mais alongados que os das outras
pernas e com a face externa plana ou ligeiramente
côncava; tíbias anteriores não raro dilatando-se con-
sideravelmente para o ápice e apresentando larga fossa
esponjosa ................................................................... Piratinae
10' Constrição interlobular do pronotum geralmente mais
próxima do ápice que da base, às vezes no meio ou in-
distinta; quadris das pernas anteriores semelhantes aos
das outras pernas; tíbias anteriores, na maioria das
espécies, não dilatadas, ou pouco dilatadas no ápice,
com fossa esponjosa mais ou menos alongada ou sem
fossa esponjosa ....................................................................... 11

11 (10´) Membrana com grande célula, via de regra pentagonal ou


hexagonal, perto do ângulo basal interno, imediata-
mente diante das duas grandes células, às vezes indis-
tintamente separada da célula menor, interna; antenas,
em geral, muito curtas e geniculadas na articulação do
2º com o 1º segmento; este mais ou menos espessado e
porreto, os demais segmentes antenais muito finos ......................
........................................................................... Stenopodinae
11' Membrana sem aquela célula, imediatamente adiante das
grandes células pode haver uma auréola ou célula pe-
quena, geralmente quadrangular, situada, porem, no
corium e não na membrana ..................................................... 12

12(11') Ocelos geralmente situados para fora de 2 paralelas ima-


ginárias tangenciando o bordo interno dos olhos; tíbias
anterior e média apresentando, no ápice, um sulco ou
fovéola para receber o tarso, que é retratil e, relativa-
mente, muito pequeno; pernas, em geral, densamente
pilosas; garras tarsais simples ............................. Apiomerinae
12' Outros caracteres ......................................................................... 13
164 INSETOS DO BRASIL

13(12') 1º segmento antenal geralmente muito mais longo que a


cabeça; garras tarsais, em geral, denticuladas ou apen-
diculadas .............................................................. Zelinae
13' 1º segmento antenal mais curto que a cabeça; garras
tarsais simples ............................................................. 14
14(13') Cabeça com impressão t ransversa ou constrição anular
atrás dos olhos; rostrum, na maioria das espécies, mais
ou menos incurvado ........................................... Reduviinae
14' Cabeça sem impressão transversa ou constrição atrás dos
olhos; rostrum sempre reto ............................... Triatominae

Fig. 262 - Saica sp, cabeça e torax (cerca de X 22) (Saicinae)

Subfamília BACTRODINAE 48

310. Caracteres, etc. - Pequena subfamília constituida


por espécies cujo aspecto lembra o dos Ploiariideos, destes,
porem, se distinguindo facilmente por terem ocelos e os
quadris anteriores menos alongados.
As espécies mais comuns pertencem ao gênero Bactro-
des Stal, 1858, aliás criado para uma espécie do Rio de
Janeiro - B.biannulatus Stal, 1858.

48 Gr. baktron, bastão.


SAICINAE 165

Subfamília SAICINAE49

311. Caracteres, etc. - Pequena subfamília representada


por vários gêneros com representantes no Brasil.
As espécies de Saica Amyot & Serville, 1843 (fig. 362),
as mais comumente encontradas no Brasil, são facilmente
reconhecíveis por terem os fêmures e principalmente as
tíbias anteriores incurvadas, pernas médias e posteriores
muito alongadas e torax armado de espinhos (dois prono-
tais, assestados pouco adiante dos ângulos posteriores do
pronotum e um ou mais escutelares).
As espécies desta subfamília, como os Ploiariideos, não
possuem ocelos, porem os quadris anteriores são muito
m e n o s d e s e n v o l v i d o s que n a q u e l e s insetos.

Subfamília STENOPODINAE50

312. Caracteres, etc. - As espécies que formam esta sub-


família (cerca de 50, distribuidas em 17 gêneros), são, em
geral, de corpo estreito, lados subparalelos e cor parda acin-
zentada (cor de terra); têm a cabeça e o 1º segmento das
antenas porretos, aquela com a região anteocular tão ou
bem mais longa que a postocular e estas, em geral, curtas,
com o segmento basal formando joelho com os demais se-
gmentos.
Das várias espécies encontradas no Brasil, nenhuma -
que eu saiba - tem importância, sob o ponto de vista eco-
nômico.
Devo, porem, mencionar especialmente uma espécie,
estudada por CEZAR PINTO (1927), ao meu ver pertencente
a esta subfamília, cujo aspecto difere consideravelmente do
geralmente observado nos demais Stenopodineos, lembrando,
até certo ponto, Reduviideos de outras subfamílias.

49 Árabe, shaïca, espinhoso.


50 Gr. stenos, fino; pous, pé.
166 INSETOS DO BRASIL

Quero referir-me a Otiodactylus signatus Pinto, 1927,


tipo do gênero Otiodactylus Pinto, 1927 51, Stenopodineo
tanto mais interessante, porque a célula discoidal do corium
(célula pentagonal), tão característica destes insetos, não

Fig. 363 - S t e n o p o d a c i n e r e a L a p o r t e , 1832 (Stenopodinae) (X 2).

apresenta nervura distal ou apical distinta que a feche, con-


fundindo-se, portanto, com a que lhe fica adjacente na
membrana.
Para um estudo minucioso dos Stenopodinae do Brasil
é indispensavel recorrer-se ao trabalho de BARBER (1930).

Fig. 364 - Asa de Stenopoda cinerea, vendo-se, indicada pela seta, a célula
pentagonal.

51 Kodormus Barber, 1930 é seguramente idêntico a Otiodactylus Pinto,


1927, e a respectiva espécie tipo K. bruneosus Barber, 1930, do Panamá, parece
ser tambem idêntica a O. signatus Pinto.
TRIATOMINAE 167

Subfamília TRIATOMINAE52

(Conorhiniidae53; Triatomidae; Triatomini)

313. Caracteres, etc. - Compreende esta subfamília in-


setos conhecidos no Brasil sob várias designações vulgares.
Em Minas Gerais, Goiaz e outros Estados são geralmente
denominados "barbeiros".

Fig. 365 - Otiodactylus signatus Pinto, 1927 (X 2) (Stenopodinae).

Trata-se de um grupo de real importância econômica,


pois, das espécies que o formam, aquelas cujos hábitos são
conhecidos, como normalmente sugam sangue do homem ou
de outros animais (mamíferos e aves), podem transportar
germes de doenças, os quais, não raro, passam parte do
ciclo evolutivo no corpo do inseto transmissor.
Em rigor esta subfamília e as duas que se seguem não
deveriam ser separadas de Reduviinae, seguindo-se, assim,

52 Gr. tria, tres; tome, secção.


53 Gr. konos, cone; rin, nariz, tromba.
168 INSETOS DO BRASIL

o critério de JEANNEL (1919), talvez o mais acertado, de con-


siderar Rcduviinae constituida pelas tribus Reduviini, Ce-
therini e Triatomini às quais associaria Sphaeridopini.

Fig. 366 - Cabana de paredes de barro ordinário, cheias de frestas, onde se


desenvolvem os "barbeiros" (De Pinto, 1930, "Arthropodos parasitos", etc.,
fig. 6 2 ) .

Exagera-se, pois, ao meu ver, a importância taxionô-


mica deste grupo de Hemípteros, quando se o eleva à cate-
goria de família.
TRIATOMINAE 169

O carater que se apresenta como mais importante para


diferenciar Triatominae de Reduviinae é o aspecto do ros-
trum: reto naquela subfamília e curvo nesta.
A prevalecer, porem, tal critério para a criação de no-
vas famílias, retirando-as de Reduviidae, os gêneros Lopho-
cephala Laporte, 1932, da índia e Madagascar e Phono-
libes Stal, 1854, da África, com espécies de rostrum rela-
tivamente fino e reto, deveriam formar grupo à parte dos
demais Harpactorini (subfamília Harpactorinae), cujas espé-
cies, como se sabe, apresentam rostrum espesso e curvo-

Fig. 367 - Ovos de Triatoma megista (Burmeister, 1835) (Triatominae);


A , exemplares de cor pérola, recentemente postos; B, exemplares róseos, indicando
que as larvas estão prestes a sair (De Pinto, 1930, "Arthropodos parasitos", etc.,
fig. 38).

Ora, que me conste, ninguem até agora achou vantajosa a


separação desses gêneros, siquer em tribu à parte. E o que
se faria, então, como as espécies de Aradomorpha, com cara-
cteres de Reduviinae, porem possuidores de um rostrum
reto e de tarsos biarticulados?
O fato dos Triatomineos pôrem ovos isoladamente, em
posturas parceladas e não aglutinados uns aos outros, presos
a uma superfície suporte, como se observa na maioria dos
Reduvideos, não é característico daqueles Hemípteros, por-
que, não somente alguns os põem isoladamente, colando-os,
porem, a uma superfície suporte, como Melanolestes picipes
(Herrich-Schaffer, 1848), Pselliopus cintus (Fabricius, 1777)
e mesmo em Triatomineos do gênero Rhodnius, como ha
170 INSETOS DO BRASIL

outros, cujos ovos e posturas são exatamente idênticos aos


das espécies de Triatoma. E é interessante consignar que

Fig 368 - Formas jovens de Triatoma infestans, primeiro e último estádio


(ninfa) (X 7).
TRIATOMINAE 171

isto se verifica com Reduvius personatus (L., 1758), precisa-


mente a espécie tipo da família Reduviidae.
Eis o que diz READIO (1926) sobre os ovos de Reduvius
personatus e de duas espécies de Triatoma, T. sanguisuga
(Le Conte, 1855) e T. protracta (Uhler, 1894):

"The eggs of these three species are similar and differ


from the eggs in other subfamilies in lacking the usual
ornamentation of the top of the egg and of the cap. In fact,
they are the simplest of the reduviid eggs studied".

O hematofagismo obrigatório é, sem dúvida, um bom


carater para a distinção etológica de Triatominae dos de-
mais Reduviideos, cujas espécies são exclusivamente preda-
doras. Todavia, como a hematofagia normal destes insetos
provavelmente evoluiu do predatismo, ainda observado em
espécies que lhes são afins, sugadoras da hemolinfa de ou-
tros insetos, compreender-se-á porque, na minha opinião,
tal carater etológico, mesmo Iigado a modificações para o
lado do aparelho digestivo (v. ELSON, 1937), por si só, é
insuficiente para justificar a criação de uma família dife-
rente de Reduviidae.
Aliás os Triatomineos eventualmente podem exercer o
canibalismo, conforme observação de A. MACHADO com o
Panstrongylus megistus (apud NEIVA, 1914).
A propósito BRUMPT (Précis de Parasitologie), diz o
seguinte:

"Ces Hémiptères sont hématophages, mais un certain


nombre d'espéces , poussées par la faim, peuvent être pre-
datrices et se nourrir de Punaises des lits, de certain Insects
ou encore être Cannibales. Ce cannibalisme est évidement un
souvenir ancestral de l'entomophagie normal chez les Ré-
duvidés non suceurs d e sang".

Convem lembrar que, mesmo em Hemíptera, ha famí-


lias constituidas por espécies fitófagas e predadoras (Pen-
tatomidae, Lygaeidae) cujo rostrum pode apresentar modi-
ficações estruturais notáveis, de acordo com o regime ali-
mentar do inseto.
172 INSETOS DO BRASIL

Em Lygacidae, por exemplo, se as espécies, em sua


maioria, são fitófagas, ha as da subfamília Rhyparochro-
minae que são predadoras e até mesmo Clerada apicicornis
Signoret, que suga sangue como qualquer "barbeiro" (v. a
citação desta espécie na secção 278).
Ademais, a se reunir Triatoma e gêneros afins em fa-
mília distinta de Reduviidae, seria imperioso elevar tam-
bem, à categoria de família, Reduviinae e demais subfa-
mílias, que constituem atualmente Reduviidae (Steph., 1829)
Saund., 1875.

Fig. 369 - Cabeça de Panstrongylus Fig. 370 - Cabeça de Panstrongylus


(vista de cima). (vista de perfil).

Isso importaria, obrigatoriamente, na promoção das fa-


mílias que formam Reduvioidea (Enicocephalidae, Phyma-
tidae, Reduviidae, etc.) à categoria de superfamílias. Con-
sequentemente, Reduvioidea passaria a ser considerada sub-
ordem e as demais subordens Gymnocerata (Geocorizae)
e Cryptocerata (Hydrocorizae), transformar-se-iam, natu-
ralmente, em ordens, equivalentes, portanto, a Orthoptera,
TRIATOMINAE 173

Coleoptera, Lepidoptera, etc., desaparecendo assim a ordem


Hemíptera.
314. Hábitos e importância econômica. - Nas linhas
que se seguem transcrevo o que sobre a biologia destes in-
setos escreveram NEIVA (1914) e PINTO (1930), especialistas
neste grupo de Hemípteros:

"Reunindo tudo quanto ha, pode-se sem dúvida concluir


que as espécies de Triatoma são hematófagas obrigadas; a
alimentação sanguínea procede de qualquer mamífero mesmo
de morcegos, conforme nos informaram; alguns observadores
têm verificado a T. rubrofasciata sugando percevejos (Acan-
thia lectularia) e, mais de uma vez, temos ouvido idêntica
acusação para algumas espécies brasileiras que frequentam
os domicílios, sem contudo termos observação pessoal a res-
peito. Algumas espécies podem exercer o canibalismo con-
forme a observação do A. Machado com a T. megista.
Sem o repasto sanguíneo não se dá a evolução, isto é,
as larvas, quando muito, farão apenas uma mudança de pele.
Nos estádios mais atrazados as refeições se amiudam; tambem
o tempo de sucção é menor; as ninfas e adultos, levam longo
tempo sem se alimentar, contudo, podem sugar durante 10-20.
Em qualquer estádio, a resistência ao jejum é muito
grande e basta lembrar a observação feita por Laboulbene de
una exemplar de T. infestans o qual, durante 7 meses, não se
alimentava.
Em regra, as triatomas sugam durante a noite: mas em
logares escuros podem alimentar-se durante o dia, sendo que,
quando acossadas pela fome, procuram a presa a qualquer
hora. A picada é muito pouco dolorosa e perfeitamente su-
portavel, provocando comichão local e algumas vezes empo-
lamento; a quem dorme profundamente, a picada é incapaz
de acordar; não ha parte de predileção para ser atacada e o
fato das mão e rosto serem as preferidas, não indica qualquer
tropismo, são as partes que durante o sono permanecem des-
cobertas e por isso de mais facil acesso.
Logo depois de picar, a triatoma dejecta: as dejeções
são líquidas e são de duas qualidades; uma é líquido amarelo
que rapidamente seca ao contato do ar; a outra de desecação
mais lenta, é uma substância negra. Lafont, Boname e De
174 INSETOS DO BRASIL

Sorny que estudaram a composição química das dejeções na


T. rubrofasciata acharam o seguinte resultado nas analises
que procederam:

Dejeção amarela ................................... Reação ácida


Água ........................................................... 12,72
Uréa ........................................................... 3,04
Urato de soda .................................... 41,73
Azoto combinado ................................. 7,53
Matérias indeterminadas ....................... 34,98

100,00

As dejeções negras têm reação neutra, não apresentam


ácido úrico e deixam resíduo ferruginoso. As matérias mine-
rais fornecem a seguinte composição:

Clorureto de sódio ............................ 47,36


Sesquióxido de ferro ............................... 42,10
Cal, ácido fosfórico, enxofre e indeter-
minados ........................................... 10,54

100,00

É m u i t o i m p o r t a n t e o p a p e l das fe zes na trans m i s s ã o


dos tripanosomas pois, segundo experiências realizadas por
Brumpt e por nós, conseguimos verificar a transmissão do
Trypanosoma cruzi e equinum pelas fazes das T. megista
infestans e sordida através da conjuntiva sã de cobaia e mu-
cosa nasal de camondongos.
Aliás estamos convencidos de que a moléstia de Chagas,
em regra, se transmite não pela picada, a qual só por exceção
será infetante, mas por intermédio das dejeções, quando estas
entram em contato com as mucosas ou através da própria
pele, penetrando o tripanosoma pelas escoriações ocasionadas
pelas unhas nas proximidades do logar da picada, acarretando
as dejeções contaminadas e entrando em contato com as
s o l u ç õ e s de c o n t i n u i d a d e d a p e l e .
Tres a cinco dias depois de nascidas, começam as larvas
a sugar; antes de picar, porem, secretam um líquido incolor
de reação alcalina o qual com o crescimento do inseto vai
adquirindo cheiro acre, sensiveI à distância nas ninfas e
adultos.
TRIATOMINAE 175

A cópula prolonga-se por muito tempo e um macho pode


copular várias vezes, porem não no mesmo dia; a cópula
pode verificar-se entre exemplares de espécies diferentes e
em laboratório; obtivemos que T. megista, sordida e infestans
copulassem entre si; todavia nenhum fenômeno de hibri-
dismo foi observado como consequência.
A fêmea é copulada um a só vez, acontece porem às vezes,
observar-se outra cópula de pequena duração. Uma vez
fecundada, começa a postura em alguns casos 20 dias após
a cópula como conseguimos verificar com a T. sordida; nas
nossas verificações com esta e outras espécies, representa
este tempo um espaço muito curto; comumente, porem,
antes dos 30 dias após a cópula, começam as posturas.
Fêmea não fecundada pode desovar, mas, alem dos ovos
serem estéreis, a postura começa tardiamente e nunca é tão
numerosa.
As posturas são sempre parceladas, podendo constar de
1-45 ovos e o número depende da espécie, assim como, o
total de ovos; na T. megista, por exemplo, podem-se observar
mais de quarenta posturas com o total acima de 220 ovos;
segundo Lafont a T. rubrofasciata põe no máximo 182 ovos;
a T. infestans nas nossas observações, pode atingir o total
de 163 ovos; certamente este número será ultrapassado
porquanto temos a impressão de ser exíguo, contudo, foi
este o resultado que obtivemos com o exemplar que forneceu
26 p o s t u r a s .
Os ovos são postos a granel em qualquer logar; todavia
observamos certa vez a T. megista desovar sobre folhas verdes
dum arbusto colocado no interior de um caixão, onde exis-
tiam muitos exemplares desta espécie; nesta ocasião obser-
vámos que os ovos se encontraram aglutinados, como é de
regra, para os representantes da família. Logo depois de
postos, são os ovos de colorido branco; rapidamente porem,
em contato com o ar, pela ação das oxidases vão amarelecendo.
Com o desenvolvimento do embrião, o colorido vai começando
a ficar róseo e a intensidade cresce até ao rubro, sinal da
proximidade da eclosão, a qual se realiza pelo polo opercular.
Heidemann tem sobre a estrutura dos ovos de hemipteros,
importante trabalho, onde o autor tambem se ocupa da T. san-
guisuga podendo a sua observação a respeito desta espécie,
se generalizar a todo o gênero como temos verificado em
várias espécies por nós estudadas.
A eclosão ou desalagamento, varia com a temperatura e
espécie; Lafont verificou que em alguns casos, os ovos da
176 INSETOS DO BRASIL

T. rubrofasciata podem desalagar de 8-10 dias; nós tra-


balhámos tambem com esta espécie sem contudo observar
tão rápida evolução; o mínimo que verificámos foi de 16
dias com a T. infestans. A larva sai do ovo completamente
rósea em todas as espécies; aos poucos vai escurecendo e
este fenômeno se repete toda a vez que se verifica as mu-
danças de pele que são em número de cinco; a imago ao sair do
estojo ninfal é completamente rósea levando aproximada-
mente cerca de 24 horas até adquirir o colorido definitivo;
sendo que a coloração do torax, principalmente nos lados
e porção anterior, leva dias até atingir a cor verdadeira.
O desconhecimento deste fato tem dado origem a erros
com a criação de espécies novas, como aconteceu com a T. ru-
broniger Stal e T. porrigens Walker.
O ciclo completo de ovo a imago é aproximado em rodas
as espécies; as nossas observações rejistam o mínimo de 210
dias para a espécie que nas nossas experiências se desen-
volveu mais rapidamente: a T. rubrofasciata; a que levou
mais tempo exijiu 260 dias; referimo-nos à T. megista; as
T. sordida e infestans ocupam posição intermediária.
Estes dados são obtidos em laboratório onde as condições
são ótimas; nas condições naturais, porem, acreditamos que
o desenvolvimento se efetue mais ou menos no espaço de
nove meses; no Brasil os adultos de todas as espécies começam
a aparecer em setembro; aos poucos, o número vai aumen-
tando e em janeiro, ao se examinar uma casa infestada por
triatomas, só por exceção se encontrarão larvas; os exem-
plares presentes estão no 2° estádio ninfal ou então adultos;
para os meiados do ano as condições variam predominando
os estádios larvais, enquanto os adultos vão rareando; to-
davia, em localidades favoráveis ao desenvolvimento das
triatomas e onde elas pululam, é possivel encontrar-se adultos
em qualquer mês embora em número escasso.
Devido às condições climatéricas, nos Estados Unidos
a T. sanguisuga aparece em maior abundância nos meses
de abril e maio; apesar disto, a evolução se faz mais ou menos
do mesmo modo já observado nas espécies tropicais. O ovo
leva a evolver cerca de 20 dias; segundo Bertha Kimball, a
T. sanguisuga é insetívora alimentando-se nas suas expe-
riências com moscas e afirmando que ataca os percevejos.
A biologia das triatomas norte-americanas é ainda muito
mal conhecida e o próprio Marlatt, ainda dá crédito à crença
vulgarizada por Burmeister a respeito dos primeiros estádios
da T. megista, quando afirmava que somente quando adulto,
TRIATOMINAE 177

era a T. megista hematófaga. Esta afirmação levou Riley e


Walsh a estender a verificação de Burmeister para a T. san-
guisuya, a qual, para eles, nos estádios larvais e ninfais sugam
"the juices of the insects". Nós nunca obtivemos durante a
nossa permanência nos Estados Unidos um único exemplar
vivo de espécie norte-americana, contudo, pelo conhecimento
da biologia do gênero Triatoma, podemos asseverar que, sem
nenhuma exceção, as espécies deste gênero são hematófagas
em todos as estádios.
O número de espécies domésticas já é muito grande;
algumas são estritamente caseiras como as T. megista, sor-
dida, sanguisuga, infestans, rubrofasciata, maculata, rubro-
varia; certamente este fato constitue adaptação relativamente
recente, pois se deu depois do descobrimento da Amércia,
excetuando a T. rubrovaria que, com toda a probabilidade.
tem a sua origem na Índia. Os reiterados esforços efetuados
com o fim de encontrarmos exemplares do T. megista fora
de casa, têm sido até hoje infrutíferos; muita gente afirma
ter encontrado a espécie em questão sobre árvores, distante
das moradas, mas todos os exemplares apanhados nestas
circunstâncias e que nos têm sido entregues, são represen-
tantes dos gêneros Apiomerus, Ectrichodia, Pachylis, Ham-
matocerus, etc. Fato análogo foi registrado por Lafont com
a T. rubrofasciata, em Maurícia. Até hoje as palhoças dos
índios não são frequentadas pela T. megista e a este respeito
ha observações recentes efetuadas pelo Dr. Murillo de Campos,
de modo que esta espécie se adaptou ao domicílio depois do
descobrimento do Brasil. Da T. brasiliensis, hoje hóspede
assídua dos domicílios dos Estados de Piauí, Ceará, Rio
Grande do Norte e Baía, podemos descobrir a habitação de
onde se difundiu para os domicílios; o habitat primitivo desta
espécie são as locas do macó (Ceredon rutpestris, Wied) onde
atualmente ainda se encontra em grande profusão. A espécie
norte-americana T. neotomae até hoje só foi encontrada no
ninho de um roedor o Neotoma micropus Baird. Espécie que
aos poucos vai invadindo as casas e é a T. geniculata, cujo
habitat, segundo as verificações de Chagas, são as tocas do
tatú (Dasypus novemcinctus, L.). Algumas espécies como
T. protracta Uhler, embora já por vezes encontradas no
interior das habitações humanas, não parecem ser ainda es-
tritamente domésticas.
Quando nos referimos a domicílios, compreendemos as
dependências frequentadas também por animais domésticos
como cavalariças, chiqueiros, galinheiros, currais, etc., onde
178 INSETOS DO BRASIL

as espécies de triatomas domésticas são também encontradas.


Todos os continentes possuem representantes do gênero, pois,
até, e m Açores (único l o g a r e u r o p e u onde t e m sido r e g i s -
trada) foi encontrada a T. rubrofasciata, aliás a única es-
pécie comospolita conhecida e que, na nossa opinião é de
origem asiática, tendo-se difundido com os antigos veleiros
que f a z i a m a n a v e g a ç ã o com as Í n d i a s .
Em todo o continente americano esta espécie é litorânea
e pelas informações de Lafont, o mesmo acontece em Mau-
rícia e Reunião; as outras localidades africanas, onde têm
sido encontrada, estão também no litoral.
A T. brasiliensis só é encontrada no Brasil central; a
T. sordida que possue vasta distribuição na América do Sul,
é encontrada sempre à beira dos cursos dágua; esta espécie
como a T. infestans, é encontrada desde cidades à beira-mar
como em Buenos Aires, até em povoações bolivianas situadas a
mais de 2 mil metros de altitude.
Geralmente, toda zona tem a sua espécie; todavia, po-
demos verificar no Piauí a presença simultânea nos domi-
cílios das T. megista, brasiliensis, sordida e maculata; é muito
comum a associação da T. megista e sordida ou destas e mais
T. infestans, nos Estados do Sul do Brasil.
No Norte do Brasil as triatomas são conhecidas pelas
denominações de "bicho de parede, chupão, fincão"; em Minas
e Sul de Goias, de "barbeiro"; em algumas zonas de Mato
Grosso de "chupança; as ninfas de "cascudos" ou ainda de
"borrachudos" nas localidades onde os representantes do
gênero Simulium, que são conhecidos em quasi todo o país
por esta designação, são chamados de "mosquitos". Na capital
de Goiaz, a denominação vulgar é de "Vum-vum", em lo-
calidades baianas como registrou Pirajá da Silva; ainda exis-
tem as d enominações de "percevejo francês", "percevejo do
sertão", "furão", "rondão"; em outras localidades baianas e
goianas verificamos as denominações de "percevejão", "per-
cevejo gauderio", ou simplesmente "percevejo", nos logares
onde a Acanthia lectularia é conhecida pelo nome de "fim-
fim", "percevejo da Baía" ou de "Comércio".
Nos paises hispano-americanos, a designação vulgar é de
"vinchuca", no México de "chincha-voladora", nos Estados
Unidos de "Blood-sucking cone nose", "Kissing-bug", "Mexican-
bedbug" (Texas) ou simplesmente "The big bedbug, monitor
bug", (Califórnia). Segundo Donovan, a T. rubrofasciata é
chamada na Índia por alguns de "mother of the bugs"; esta
mesma espécie é conhecida em Maurícia e Reunião pelas in-
TRIATOMINAE 179

formações de Lafont, pela designação de "Punaise maupin"


e "Punaise morpin", corruptela de nome do Governador Mau-
pin, o qual, em consequência da picada deste hemíptero, con-
traira um antraz.
Quanto à profilaxia, baseia-se em impedir o acesso às
fendas e brechas existentes não só nas casas de taipa, como
em construções de madeira. Em localidades infestadas pelas
triatomas, habitações bem construidas, podem abrigar estes
insetos, os quais se ocultam em qualquer frincha da parede,
assoalho ou forro. Das espécies por nós conhecidas, a mais
difícil de se combater é a T. sordida, a qual facilmente se
abriga até atrás dos quadros. Enquanto existir a prática tão
vulgarizada no Brasil, de construir casas de taipa ou adobes,
é ocioso falar-se em medidas profiláticas. O expurgo pelo
gás sulfuroso é certamente de real proveito para quem
quiser extinguir as triatomas domiciliadas. As formigas,
principalmente as do gênero Eciton, aranhas e ratos dão
raça intensa às triatomas.
A propagação se faz de proche en proche ou à distância,
quando acarretada pelas selas dos tropeiros, onde facilmente
as triatomas se abrigam como por várias vezes temos veri-
ficado. O inseto alado voa bem, e, facilmente, transpõe de uma
só vez toda a largura das ruas de qualquer cidade do interior;
nos meses em que ele pulula é facil apreciá-lo voando no
interior das habitações". (Neiva).
"55. Biologia - Os barbeiros vivem nos ranchos ou
cafuas rebocados com barro ordinário (fig. 366, pg. 168), pene-
trando pelas frestas das paredes ocasionadas pelo desseca-
mento. Aí constituem o seu viveiro predileto, efetuando as
posturas e saindo geralmente à noite, para exercerem o hema-
tofagismo indispensavel à vida desses insetos, que são hema-
tófagos obrigados.
É facil reconhecer-se um rancho infestado por barbeiros,
pela existência das fezes desses hemípteros que defecam nas
paredes, deixando manchas de tonalidade escura. Durante o
dia é raro observar-se um exemplar de barbeiro pela parede,
o mesmo não acontecendo à noite em obscuridade. Retirando-
se fragmentos de reboque das paredes dos ranchos infestados,
começam a aparecer os insetos (larvas, ninfas e adultos),
sempre dotados de grande agilidade e que procuram ocultar-
se na primeira fresta que encontram.
Segundo C. Pinto, em certos Estados do Brasil (Mato
Grosso e Estado do Rio), encontram-se hemíptros da subfa-
mília Reduviinae - Spiniger domesticus Pinto - e subfamí-
180 INSETOS DO BRASIL

lia Acanthaspidinae - Leogorrus litura (Fabr.), que vivem


nas frestas das paredes dos ranchos e procuram sugar outros
insetos (baratas). Aqueles hemípteros não podem ser con-
fundidos com os barbeiros, porque têm o rostro curvo e a
sua picada é muito dolorosa.
As larvas dos barbeiros nos primeiros meses de vida são
às vezes muito pequenas (Triatoma sordida, Rhodnius pro-
lixus, R. brumpti, etc.) e por isso relativamente difíceis de
se encontrarem, p o r q u e escondem-se mesmo no b ar r o p u l -
verizado que sai das paredes, quando se tiram os blocos de
argila. Os ranchos, quando infestados pelo Triatoma megista,
tambem o são pelo Triatoma sordida, este sempre em menor
quantidade (Chagas, Neiva, Torres e Pinto).
As palhoças dos índios do Brasil não são infestadas pelos
barbeiros (T. megista), segundo observações de Murilo de
Campos.
O Triatoma sordida é encontrado tambem nos galinheiros,
currais e montes de lenha, sendo ainda pouco adaptado à vida
doméstica.
O Triatoma infestans pode viver nas grandes altitudes
(3.000 metros), segundo observações de Neiva, na Argentina
e C. Pinto, em e x e m p l a r e s da Bolívia.
O T. chagasi só foi verificado nas locas de um roedor
(Cerodon rupestris), segundo Brumpt e Fl. Gomes. O T.
geniculata vive de preferência nas loucos dos tatús (Tatusia
novemcinctus, Cabassus unicinctus, etc.), onde foi verificado
por C. Chagas, podendo tambem habitar os domicílios, se-
gundo Neiva, Pinto e Travassos.
No Norte do Brasil (Estado do Ceará) o Rhodnius pro-
lixus vive no interior dos ranchos e na Venezuela foi obser-
vado nos buracos dos tatús, por Tejera. O Rhodnius brethesi
Matta foi encontrado por Alfredo da Matta, nas palmeiras do
Amazonas, observação interessante, porque indica os hábitos
primitivos desta espécie de barbeiro.
Segundo Gavião Gonzaga, no Ceará, durante as estações
secas os Triatomídeos (Triatoma brasiliensis e Rhodnius pro-
lixus) não podendo acompanhar a emigração do homem e dos
animais que lhes fornecem sangue e impelidos pela adaptação
ao meio, conservam-se em vida latente, secos e quasi imóveis.
O Triatoma megista é uma espécie completamente ada-
ptada aos domicílios, alimentando-se quasi que exclusiva-
mente no homem.
O Triatoma rubrofosciata é a única espécie cosmopolita,
vive de preferência nos portos marítimos, no interior das
habitações e no Brasil nunca se apresenta parasitado pelo
TRIATOMINAE 181

Trypanosoma cruzi, porque está afastado dos lugares onde se


possa infetar com o agente etiológico da trypanosomose ame-
ricana.
O T. vitticeps foi observado por C. Pinto e Martinho da
Rocha Júnior nos bairros do Leme e Copacabana (Rio de
Janeiro) à noite, em habitações luxuosas, atraidos pela luz.
O Triatoma brasiliensis Neiva já é uma espécie doméstica,
embora se encontre ainda nos chiqueiros de ovelhas e nas
locas de um roedor (Cerodon rupestris), fatos que lembram
os hábitos primitivos e a tendência para a domesticidade da-
quele barbeiro.
No Brasil os adultos destes insetos começam a aparecer
em setembro; no mês de janeiro, ao se examinar uma cafua
ou rancho infestado por Triatomídeos, só por exceção se
encontrarão larvas; os exemplares presentes estão no segundo
estádio ninfal ou então adultos; para meiados do ano as
condições variam, predominando os estádios larvais, enquanto
os adultos vão rareando. Todavia, em localidades favoráveis
ao desenvolvimento destes insetos e onde eles pululam é pos-
sivel encontrarem-se adultos em qualquer mês, em número
escasso (A. Neiva).
As larvas de Triatoma sordida Stal, pelas dimensões pe-
quenas que apresentam, podem viver atrás dos quadros, sob
os tapete, etc. (Neiva), frequentando tambem os ninhos de
pássaros, segundo Florêncio Gomes.
Os Triatomídeos alimentam-se em qualquer mamífero,
na falta de sangue exercem o canibalismo e o coprofagismo
(Astrogildo Machado e Magarinos Torres).
Nos primeiros dias de vida as larvas recusam alimento e
sugam geralmente do terceiro ou quinto dia em diante (Tri-
atoma megista, T. sordida, T. infestans, Rhodnius brumpti,
etc.).
Antes de picar os barbeiros secretam um líquido incolor,
de reação alcalina, o qual, com o crescimento do inseto vai
adquirindo cheiro acre, sensível à distância. Em todas as
fases do ciclo evolutivo, a alimentação é feita com maior
avidez em temperaturas altas; a 14°C. diminue de muito a
vontade de se alimentar e não possuem a atividade que exer-
cem no tempo quente (Neiva).
A picada dos Triatomídeos é indolor, sendo suportada
mesmo quando a pessoa dorme (Chagas e Neiva), provocando
apenas ligeiro prurido e às vezes empolamento no lugar onde
introduziram a trompa. A face, as mãos e os pés são geral-
mente as partes do corpo mais atingidas pela picada dos
barbeiros.
182 INSETOS DO BRASIL

Geralmente, após a picada, os hemípteros defecam, sendo


as dejeções de duas qualidades: uma é líquida amarelada,
que rapidamente seca ao contacto do ar; a outra, de dessecação
mais lenta, é uma substância negra (Neiva).
Cópula e postura. - A cópula entre estes insetos é de-
morada, sendo que um macho pode copular várias vezes,
porem, não no mesmo dia. O fenômeno sexual pode verificar-
se entre exemplares de espécies diferentes (Triatoma megista,
T. sordida e T. infestans), não havendo fenômeno de hibri-
dismo entre tais espécies, segundo Neiva, que fez experiên-
cias n e s s e s e n t i d o .
As fêmeas, geralmente, só copulam uma vez, depois de
fecundadas iniciam a postura, 30 dias depois da cópula (T.
sordida) ; as não fecundadas podem desovar, sendo a postura
tardia e os ovos resultantes são estéreis (Neiva). De acordo
com as observações deste autor, sabe-se que o Triatoma me-
gista pode efetuar mais de 40 posturas com um total de 220
ovos; o T. infestans pode atingir a 163 ovos em 26 posturas.
Segundo Lafont, o T. rubrofasciata, põe no máximo 182 ovos.
Segundo Neiva, o ciclo evolutivo do T. megista é o se-
guinte: ovos - de 1 a 10 dias, são esbranquiçados; de 12 a
20 d i a s c o l o r i d o s de r ó s e o ; de 20 a 30 d i a s são v e r m e l h o s .
Larvas - desalagamento entre 25 a 30 dias, nos meses
quentes; entre 30 a 40 dias, nos meses frios. Mudança de
pele ou ecdyse - 1ª muda, aos 45 dias; 2ª muda, com 2 a
3 meses; 3ª muda, com 4 a 6 meses.
Ninfas: a 4ª muda assinala o período ninfal, que é atin-
gido no fim de 190 dias. O período ninfal é do 42 dias, efe-
tuando-se a última muda ou 5 ª .
Adultos: após a última muda a ninfa transforma-se em
adulto e a primeira postura é feita 53 dias depois de abando-
nar o período ninfal.
O tempo para o ciclo evolutivo completo de ovo a in-
seto a d u l t o é de 271 d i a s e de o v o a ovo 324 d i a s .
56. Propagação dos Triatomídeos. - A propagação dos
Triatomídeos pode ser feita pelo voo dos insetos, que facil-
mente transpõem de uma só vez a largura das ruas de qual-
quer povoado, do interior, sendo relativamente facil apreciá-
los voando no interior das habitações, quando em grande nú-
mero. A disseminação pelas bagagens ou pelas selas dos tro-
peiros, onde facilmente se abrigam, foi observada por Arthur
Neiva.
A disseminação do Triatoma rubrofasciata e Triatoma
rubrovaria, aquele cosmopolita e este último existente em
TRIATOMINAE 183

Java e no continente sulamericano, segundo observação de


Pinto e Larrousse, é feita pelas embarcações marítimas.
57. Destruição. - Os Triatomídeos vivem nos ranchos,
habitações primitivas de taipa, nos buracos dos desipodídeos
(tatús) e o Rhodnius brethesi Matta, acoimado nas palmeiras
(Leopoldina piassaba) do Amazonas.
A profilaxia baseia-se em impedir o acesso destes in-
setos às fendas e brechas existentes nas casas de taipas e de
madeira. Na prática este método falha por completo e a
medida mais aconselhavel seria o expurgo por meio de um
inseticida de alto poder mortífero.
Os Triatomídeos são os insetos mais resistentes aos inse-
ticidas até hoje empregados em profilaxia. Segundo expe-
riências feitas em laboratório, por Ezequiel Dias, S. Libânio
e Marques Lisboa, os barbeiros resistem durante 10 minutos
ao ácido cianídrico; 15 horas aos vapores quasi negros de
naftalina; 21 horas ao gás acetileno experiências com larvas
e a d u l t o s ) e 24 h o r a s ao c l o r o .
Os gases de carvão mineral produzidos pelo aquecimento
de uma grama de carvão bruto foram inofensivos para as
larvas de barbeiros, durante 24 horas.
A ação do gás sulfuroso durante tres horas não os exter-
mina e, segundo Leocádio Chaves, 25% dos barbeiros de uma
cafua, resistem à ação deste gás, embora a habitação seja
envolvida em duplo manto de lona e papel.
Em experiências feitas em laboratório, Pinto observou
que o Cuprex mata os adultos de Triatoma megista e Triatoma
brasiliensis em 2 a 4 minutos, colocando uma gota de in-
seticida na face superior do abdome, por cima das asas
dos insetos. As larvas resistem muito menos e as ninfas são
mais resistentes que os próprios adultos. O poder de pene-
tração do Cuprex é verdadeiramente notavel, pois atravessa
a casca dos ovos daquelas espécies do barbeiros; impedindo
o nascimento das larvas em qualquer estádio de evolução.
58. Criação dos Triatomideos. - Estes insetos criam-se
facilmente em laboratório, sendo suficiente colocá-los em
cristalizadores grandes com um suporte de madeira (Fig. 64),
possuindo pequenos orifícios por onde saíam, afim de ali-
mentar-se em pequenos animais (cobaios). É conveniente
guardá-los em logar escuro, e se possivel, manter um certo
g rau de humidade no meio ambiente. Para o estudo da bio-
logia de uma dada espécie é preferivel colocar os exemplares
em pequenos vidros com um pedaço de papel no interior,
afim, de servir de suporte aos insetos. A alimentação deve
184 INSETOS DO BRASIL

ser feita de tres em tres dias ou semanalmente, sendo pre-


ferivel fazê-los sugar em pombos.
Os barbeiros podem jejuar por longo tempo, o que muito
facilita o transporte destes insetos de um país para outro.
Para este fim usam-se pequenas caixinhas contendo uma tampa
com tela de arame, devendo-se ter o cuidado de pregá-la
para que se não abra d u r a n t e a v i a g e m .
59. Formas evolutivas do "Trypanosoma cruzi" nos
Triatomideos. - De acordo com as pesquisas de Chagas e
Magarinos Torres, sabe-se que a idade do inseto trasmissor
têm relação direta com a infecção pelas formas evolutivas
do Trypanosoma cruzi.
Nos ranchos das regiões onde a doença é endêmica,
todos os adultos de Triatoma megista (Burm.) são parasitados
pelas formas evolutivas do agente etiológico da trypanoso-
mose americana, as ninfas, porem não o são de modo cons-
tante. Nas larvas que sofreram as últimas mudas ou ecdyses
a infecção é mais escassa e raríssima ou completamente nula
nas de primeira idade.
Os barbeiros só se infectam após correrem numerosas
possibilidades de infecção, isto é, nos últimos estádios lar-
vários ou nas idades de ninfa e adulto (M. Torres).
De acordo com as pesquisas feitas por Gomes Faria e
Oswaldo Cruz Filho, s abe-se que o Trypanosoma cruzi (Cha-
gas) pode penetrar no interior das células epitelias do intestino
posterior do Triatoma megista (Burm.), onde aparecem sob
a forma de Leishmanias (formas de Gaspar Vianna), isoladas
ou em número variavel (algumas dezenas). Em algumas
destas formas, Faria e Cruz Filho, verificaram a presença de
um aparelho flagelar rudimentar. Alem destes estádios evo-
lutivos, os autores citados observaram Tripanosomas com
caracteres seguintes: corpo longo e fino, núcleo principal
alongado em forma de faixa longitudinal; blefaroplasto co-
locado imediatamente para trás do núcleo principal ou na
extremidade posterior do Tripanosoma. Não foi verificada
a presença de membrana, envolvendo os aglomerados de
Tripanosomas intracelulares, como acontece com o Trypano-
soma lewisi.
O Trypanosoma cruzi localiza-se numa espécie de va-
cuolo do cytoplasma, sendo que nas células intestinais muito
parasitadas o protoplasma pode ser reduzido a uma verda-
deira trama reticular e os núcleos fortemente afastados para
u m a das paredes das células.
Os protozoários localizam-se ao nivel da camada epi-
thelial ou nas partes mais profundas. As formas intrace-
TRIATOMINAE 185

lulares do Trypanosoma cruzi já tinham sido observadas no


intestino de um carrapato (Ornithodorus moubata) por Meyer
e Rocha Lima.
Faria e Cruz Filho puderam demonstrar que tais formas
tambem existem no Triatoma megista, um dos hospedadores
habituais do agente etiológico da doença de Chagas.
As interessantes observações acima referidas demons-
tram que o Trypanosoma cruzi é dotado de um histotropismo
pronunciado, mesmo no inseto transmissor.
As figs 65 e 66 indicam as diferentes partes do aparelho
digestivo de um barbeiro e as formas evolutivas d o Trypano-
soma cruzi.
60. lnsetos nocivos aos Triatomideos. - São relativa-
mente raros os insetos que, em condições naturais, podem
destruir os barbeiros. Neiva observou que certas espécies de
formigas do gênero Eciton atacam estes hemípteros, des-
truindo-os. Os Triatomideos mantidos em criação no interior
de pequenos vidros são perseguidos pelas formigas, devendo-
se ter o cuidado de protegê-los colocando as gaiolas em su-
portes isolados por uma superfície dágua.
Costa Lima descobriu uma espécie de microimenoptero,
Telenomus fariai C. Lima, 1 927, que tem a interessante
particularidade de atacar in natura os ovos de barbeiros,
neles fazendo as posturas.
De acordo com as experiências devidas a Costa Lima,
sabe-se que o Telenomus fariai é muito ativo durante o dia,
â noite, pela manhã, ou quando a temperatura do ambiente
é pouco elevada, essa atividade diminue ou cessa de todo e
os microimenopteros se reunem, formando pequenos grupos
de alguns indivíduos aconchegados uns aos outros na tampa
dos frascos de criação ou em algum espaço entre ela e a pa-
rede do frasco. À proporção que a temperatura se vai ele-
vando eles se dispersam e entram novamente em atividade.
Costa Lima verificou que o Telenomus fariai pode per-
manecer vivo, sem se alimentar, durante dez dias. O tempo
que este inseto leva para depositar os seus ovos pode variar
entre seis a treze minutos. Uma fêmea, em quatorze dias
de vida, infestou dezeseis ovos de barbeiros, sendo oito de
Triatoma megista e oito de Triatoma sordida; uma outra
fêmea, em dezoito dias de vida, infestou vinte ovos, sendo
dez de Triatoma megista e dez de Triatoma sordida, tais
observações porem são consideradas ainda incompletas.
Em criações obtidas no laboratório, nos meses de maio
a setembro, com a temperatura média oscilando entre 19°
a 21° C., Costa Lima verificou que, entre a postura e a saida
186 INSETOS DO BRASIL

das formas adultas do Telenomus, decorrem vinte e sete a


trinta dias. A temperatura baixa, oscilando entre 4ªC a 5,5°C,
retarda ou talvez mesmo inhiba o desenvolvimento do mi-
croimenoptero nos ovos dos barbeiros. Numa experiência
feita por Costa Lima os ovos de Triatoma megista parasitados
pelo Telenomus fariai e mantidos na temperatura ambiente
deram os primeiros parasitos no fim de vinte e sete dias, ao
passo que os ovos mantidos na câmara frigorífica com a tem-
peratura de 4ªC a 5,5°C só deram os primeiros insetos alados
no fim de cincoenta e dois dias, a contar da postura". (Pinto).

315. Classificação. - NEIVA e LENT (1936) catalogaram


75 espécies de Triatominae, das quais 28 já encontradas no
Brasil.
Pinto, em seu mais recente trabalho sobre a sistemá-
tica destes insetos, distribuiu-os nos seguintes gêneros:
Linshcosteus Distant, 1901; Adricomius Distant, 1903; Psam-
molestes Bergroth, 1911; Belminus Stal, 1859 (= Marlianus
Distant, 1902); Eratyrus Stal, 1859; Rhodnius Stal, 1859; Tria-
toma Laporte, 1832 (= Conorhinus Laporte, 1832; Mecus
Stal, 1859); Eutriatoma Pinto, 1926; Neotriatoma Pinto, 1931
e Panstrongylus Berg, 1879 (= Lamus Stal, 1859; Mestor
Kirkaldy, 1904).
Alem destes gêneros, devem ser incluidos em Triato-
minae: Bolbodera Bruner & Fracker, 1926, com a espécie
B. scabrosa Bruner & Fracker, 1926, de Cuba; Cavernicola
Barber, 1937, com a espécie C. pilosa Barber, 1937, do Pa-
namá e Paratriatoma Barber, 1938, com a espécie P. hirsuta
Barber, 1938, da Califórnia e Arizona.
Depois de dar uma chave para a determinação dos
gêneros americanos de Triatominae, considerarei cada um
deles apresentando chaves das espécies observadas no Brasil
e das que se encontram em outras partes da região neo-
trópica.
Todavia, não tratarei das espécies até agora somente
observadas no México, nem do Triatoma coxo-rufa Campos,
1933, do Equador, de descrição deficiente.
TRIATOMINAE 187

Relativamente à bibliografia desta subfamília, deve-se


tambem consultar a que se acha no capítulo VIII do livro
de CEZAR PINTO (1930 (Anthrop. Parasit., etc., tomo I, pá-
ginas 224-234).

316. Chave dos gêneros americanos de Triatominae.

1 Cabeça mais ou menos dilatada atrás dos olhos .............................. 2


1' Cabeça não dilatada atrás dos olhos ............................................... 4
Jugae sob a forma de 2 processos porretos, ponteagudos,
2(1)
de cada lado do tilus; tubérculo antenífero com pro-
cesso e spiniforme apical, externo ............................................ 3
2' Jugae e tubérculos anteníferos normais; rostrum com o
1º segmento mais curto que o 2°; scutellum apresen-
tando na base um dentículo obtuso (quasi invisivel) ....................
.......................................................................... Psammolestes
3(2) Scutellum com denticulo obtuso de cada lado, perto da
base; rostrum com o 1º e o 2° segmentos subiguais
(o basal ou 1º mais longo) .......................................... Belminus
3' Scutellum sem o dentículo referido em 3 ............. Bolbodera54
4 (1') Antenas inseridas perto do ápice da cabeça; ponto de in-
serção 2 ou mais vezes distante do olho que do ápice
da ca,beça; 2º segmento do rostrum 3 a 4,5 vezes mais
longo que o 1º segmento (fig. 375, pág. 191) .... Rhodnius
4' lnserção das antenas mais afastada do ápice da cabeça;
2° segmento do rostrum, na maioria das espécies, com
menos de 3 vezes o comprimento do 1º segmento, às
vezes porem (algumas espécies de Eutriatoma), com
3 ou mais vezes esse comprimento ................................................... 5
5(4') ângulos postero-laterais do pronotum espinhosos ou
agudos; scutellum com o ápice terminando em processo
espiniforme mais ou menos alongado; parte anterior

54 Tenho a impressão de Bolbodera ser idêntico a Belminus. Infelizmente,


porem, não posso chegar a qualquer conclusão à respeito, porquanto a espécie
tipo de Belminus, B. rugulosus Stal, ainda examinada por Neiva quando vi-
sitou o Museu Zoológico de Berlim (Neiva, 1913), parece que se perdeu, segundo
se depreende da seguinte informação, que me foi comunicada por carta de 11 de
março de 1939 do Dr. Hans Sachtleben do Deutsches Entomologisches Institut:
"We have searched for it in vain in the coIlection of the Zoological Museum of
the University of Berlin".
188 INSETOS DO BRASIL

do pronotum com 2 longos espinhos, ou 2 tubérculos


cônicos discais, ou mesmo sem estes ........ Eratyrus
5' Ângulos postero-laterais do pronotum arredondados ou
obtusos; parte anterior do pronotum geralmente sem
espinhos ou tubérculos discais, às vezes, porem, com
tubérculos cônicos; antenas, dobradas na articulação do
1º com o 2º segmento, não ex cedendo o ápice do
scutellum .................................................................................... 6

6(5') Tubérculos anteníferos implantados imediatamente adi-


ante dos olhos; distância do ponto de inserção da an-
tena ao limite anterior do olho menor que a deste
ponto ao limite posterior; distância entre o limite
externo dos olhos (vista a cabeça de cima) sempre
maior que o comprimento da parte anteocular (tomado
do limite anterior do olho ao ápice do tylus); 2° se-
gmento do rostrum tendo menos de 2 vezes o compri-
mento do 1º ou basal (fig. 369, pg. 172) ................................... 7
6' Tubérculos anteníferos mais afastados dos olhos; dis-
tância do ponto de inserção da ant ena ao limite an-
terior do olho maior que a deste ponto ao limite pos-
terior; distância entre o limite externo dos olhos,
quasi sempre, menor que a parte anteocular da ca-
beça ........................................................................................... 8

7(6) Corium com as nervuras visíveis; prosternum com sulco


estridulatório distinto; fêmures com dentículos ou
espinhos em baixo ............................................ Panstrongylus
7' Corium sem nervuras; prosternum desprovido de sulco
estridulatório distinto; fêmures múticos ............... Cavernícola

8(6') 2° segmento do rostrum tão longo ou pouco mais curto


que o 3º ......................................................... Neotriatoma
8' 2° segmento do rostrum sempre mais longo que o 3º ................. 9

9(8') 2° segmento do rostrum tendo 2 ou mais vezes o compri-


mento do 1º (fig. 374) ............................... Triatoma (Eutriatoma)
9' 2° segmento do rostrum tendo menos de 2 vezes o com-
primento do 1°. .................................................................... 10

10 (9') Olhos (vista a cabeça de cima) muito afastados; espaço


entre eles 3 vezes maior que a altura de um olho .....................
...................................................................... Triatoma (Paratriatoma)
10' Olhos mais aproximados; espaço entre eles sempre infe-
rior a 3 vezes a altura de um olho (fig. 373) ...........................
............................................................... Triatoma (Triatoma)
TRIATOMINAE 189

Gênero Psammolestes Bergroth, 1911

317. Espécies que o constituem. - O gênero Psammo-


lestes compreende apenas duas espécies.
P. coreodes Bergroth, 1911, descrito de exemplares
encontrados na Argentina, foi por mim assinalado no Brasil
de exemplares colhidos pelo Dr. J. C. N. PENIDO em ninho
de Phacelodomus rufifrons (Wied.) em 1934 e ulteriormente
estudada por LENT (1935) e por PINTO e LENT (1935).

Fig. 371 - Cabeça de Triatoma (vista de cima).


Fig. 372 - Cabeça de Triatoma (vista de perfil).

Trata-se de uma espécie hematófaga, que normalmente


suga sangue de aves das famílias Dendrocolaptidae e Psita-
cidae (MAZZA e BASSO, 1936), recusando sugar sangue de
mamíferos, a não ser após prolongado jejum (LENT, 1935).
P. arthuri Pinto, 1926, descrito por PINTO, de exem-
plares da Venezuela, como espécie de Eutriatoma, foi de-
pois, por ele e por LENT (1926), classificado no gênero
Psammolestes. É uma espécie extremamente próxima de
P. coreodes, dela, porem, diferindo, principalmente, por
190 INSETOS DO BRASIL

apresentar os ângulos pronotais anteriores agudos e as par-


tes mais salientes da cabeça e do pronotum, polidas, bri-
lhantes.
Experimentalmente ambos se infestam pelo Schizotry-
panum cruzi, segundo verificaram TORREALBA (1937) com o
P. arthuri, na Venezuela e EMANUEL DIAS (apud PINTO, 1938),
em Manguinhos (Rio de Janeiro), com o P. coreodes.

Fig. 373 - Cabeça de Eutriatoma (vista de cima).


Fig. 374 - Cabeça de Eutriatoma (vista de perfil).

O aspecto geral destes insetos, a coloração, a forma da


cabeça, o tamanho relativamente curto das antenas e a pre-
sença de tubérculos setíferos na cabeça parecem indicar
estreit as afinidades das espécies deste gênero com as de
alguns gêneros de Stenopodinae.

Gênero Belminus Stal, 1859

318. Espécie única. - A espécie única deste gênero é o


B. rugulosus Stal, 1859, pequeno Triatomineo (10 mm. de
comprimento) encontrado na Colômbia, na Costa Rica e na
Venezuela, porem, de hábitos mal conhecidos.
PICADO (1913) referiu ter CALVERT encontrado, em Costa
Rica, uma ninfa desta espécie numa Bromeliácea.
TRIATOMINAE 191

Conquanto este inseto pareça diferente de Bolbodera


scabrosa Brunner & Fracker, 1926, tambem muito pequeno
(8 a 9 mm. de comprimento), representante único do gê-

Fig. 375 - Cabeça de Rhodnius (vista de cima).


Fig. 376 - Cabeça de Rhodnius (vista de perfil).

nero Bolbodera Brunner & Fracker, 1926, suspeito que este


último gênero, como Marlianus Distant, 1902, terá de ser
incluido na sinonímia de Belminus Stal (v. a nota 54, à

figs, 377-378 - Psammolestes coreódes Begroth, 1911 (Triatominae); macho à


e s q u e r d a ( 3 7 7 ) e f ê m e a à d i r e i t a ( 3 7 8 ) ( X 1,4) ( D e L e n t , 1935, f i g . 1 ) .

pág. 187); sobre a identidade de Belminus rugulosus Stal


e Marlianus diminutus Walker, 1873 (DISTANT, 1902), v. tra-
balho de NEIVA (1913).
192 INSETOS DO BRASIL

Gênero Rhodnius Stal, 1859

319. Chave (em parte segundo Larrousse (1927)).

1 Cabeça pouco mais longa que o pronotum; connexivum


excedendo amplamente os hemelitros, daí serem per-
feitamente visíveis as manchas que possue. domesticus
Neiva & Pinto, 1923; Minas Gerais e Rio de Janeiro.
1' Cabeça distintamente mais longa que o torax .............................. 2

2(1') Connexivum negro, com máculas vermelhas .................... brethesi


da Matta, 1919 (- prolixus Neiva & Pinto, 1923, non
Stal); Amazonia.
2' Connexivum de cor amarelada ou testácea, mais ou menos
escura, com manchas pardas ou enegrecidas ................................ 3

3(2') Tíbias, alem da parte apical enegrecida, com anel negro


perto do meio ................................................................ pictipes
Stal, 1872; Brasil (Amazônia), Colômbia, Guiana Fran-
cesa, G. inglesa, Venezuela.
3' Tíbias enegrecidas no ápice, porem, sem anel negro perto
do meio ....................................................................................... 4

4(3') 2° segmento do rostrum com m enos de 3 vezes o compri-


mento do 1º; connexivum com manchas oblongas
negras; 21 mm. de comprimento ................................... prolixus
Stal, 1859; Colômbia, Guiana Francesa, Guiana Inglesa,
S. Salvador, Venezuela; provavelmente encontrado
tambem no Brasil e no Panamá.
4' 2° segmento do rostrum com mais de 3 vezes o compri-
mento do 1º ............................................................................ 5

5(4') Cor geral testá cea escura; e spécie grande (21-22 mm.);
2° artículo do rostrum 5 vezes o comprimento do 1°
ou do último , que são subiguais; 1º e 2° segmentos an-
tenais de cor negra uniforme; pernas de cor castanha,
tíbias e tarsos negros no ápice ..................................... robustus
Larrousse, 1927; Brasil; G. Francesa.
5' Cor geral testácea clara; 2° artículo do rostrum com
menos de 5 vezes o comprimento do 1º ou do último,
que são subiguais; 1° segmento antenal ca stanho claro
ou testáceo pálido, 2° da mesma cor, porem, mais
escuro para o ápice .......................................................... 6
TRIATOMINAE 193

6(5') Espécie pequena (13-14 mm.); pernas de cor uniforme,


castanha clara, apenas as tíbias enegrecidas no ápice..
............................................................................................. nasutus
Stal, 1859 e brumpti Pinto, 1925, ambos do Nordeste,
aquele do Ceará e este do Rio Grande do Norte55.
6' Espécie grande (20-32 mm.), de cor geral testácea-pá-
lida; pernas com fêmures e tíbias sarapintados de
pardo ............................................................................ pallescens
Barber, 1932 (= dunni Pinto, 1932); Panamá.

As espécies deste gênero são tambem hematófagas.


Transmite m o Schizotrypanum cruzi: Rhodnius proli-
xus, segundo BRUMPT & GONZALEZ-LUG0 (1913) (transmissão
experimental) e TEJERA (1919) (infestação natural); Rho-
dnius brumpti, no Norte do Brasil, segundo PINTO (1925),
Rhodnius pallescens, no Panamá, segundo DUNN e Rhodnius
pictipes Stal, 1872, segundo CASTRO FERREIRA e DEANE (1938):
(1938):

"O Rhodnius brethesi, descrito por Alfredo da Matta em


1919, no Amazona.s, (região de Barcelos) foi encontrado na
palmeira Leopoldina piassaba; voando ataca os trabalhadores
que dormem em redes próximas dos piassabais, alimenta-se
tambem do sangue de aves, alem do de mamíferos atraidos
pelas macegas, ausência de lua e certo ambiente de calor que
as citadas palmeiras lhe fornecem conforme o próprio
Dr. Matta, informou recentemente ao Dr. Neiva. Já foi ve-
rificado, aliás, que os Rhodnius em cativeiro podem alimen-
tar-se em aves" (Lent, 1935).

Recomendo a leitura do trabalho de LARROUSSE (1927),


que contem dados interessantes sobre a biologia destes in-
setos.

Gênero Eratyrus Stal, 1859

320. Caracteres, etc. - De acordo com C. PINTO, acho


que o gênero Eratyrus Stal, 1859, tal como o definiu o
autor, deve compreender alem de E. mucronatus Stal, 1859

55 Com Larrousse, creio que R. brumpti seja idêntico a R. nasutus.


194 INSETOS DO BRASIL

e de E. cuspidatus Stal, 1859, a espécie que DEL PONTE


descreveu com o nome Triatoma eratyrusiforme , anterior-
mente incluida (in litt.) por este autor no gênero Eratyrus.
Vejo-me, porem, obrigado a modificar a definição de
Eratyrus para a seguinte diagnose:

"Gênero com caracteres de Triatoma , porem, com os ân-


gulos do lobo posterior do pronotum espinhosos ou agudos."

Sabendo-se, porem, como variam os espinhos pronotais


nas espécies de Spiniger e até m esmo nos dois sexos de
uma mesma espécie, como em Spiniger fulvo-maculatus ,
cujos machos têm os ângulos do lobo posterior do prono-
tum obtusos e as fêmeas os apresentam distintamente espi-
nhosos, compreender-se-á que tal carater perde o valor,
quando considerado exclusivamente para a constituição de
um gênero.
O alongamento das antenas, assinalado por C. PINTO,
não me parece que deva ser tomado em consideração na
diagnose genérica, a menos que se exclua de Eratyrus a
espécie de DEL PONTE, cujas antenas devem ser curtas como
em Triatoma .
Eis a chave das espécies incluidas neste gênero:

1 Ângulos posteriores do pronoto prolongados em espinho


dirigido para cima e um pouco para trás; parte anterior
do pronoto com 2 longos espinhos discais, eret os, algo
divergentes; scutellum prolongado em longo espinho,
quasi ereto, inclinando para trás ........................ mucronatus
Stal, 1859; Guiana Inglesa; Brasil.
1' Ângulos posteriores do pronoto em ponta aguda; lobo an-
terior do pronogo com 2 espinhos curtos e rombos ou
mesmo sem espinhos .......................................................... 2
2(1') Parte anteocular 1,5 vezes a largura da cabeça, entre o li-
mite externo dos olhos (vista a cabeça de cima); ante-
nas muito longas, com o ápice atingindo o meio do 4º
urômero; 2º segmento antenal, tendo mais de 5 vezes o
comprimento do 1º; scutellum terminando em longo es-
pinho agudo ........................................................ cuspidatus
Stal, 1872; Colômbia: Panamá; Uruguai.
TRIATOMINAE 195

2' Parte anteocular tendo pouco mais de 1 vez a largura da


cabeça, entre o limite externo dos olhos; antenas pro-
vavelmente curtas, como em Triatoma; 2° segmento
antenal tendo cerca de 4 vezes o comprimento do 1º;
scutellum terminando em espinho rombo ...............................
.................................................................... eratyrusiforme
(Del Ponte, 1929); Rep. Argentina.

Segundo PINTO (1938), TEJERA verificou que E. cuspi-


datus transmite o Schizotrypanum cruzi.
DUNN (1934), no Panamá, encontrou Eratyrus cuspidatus
naturalmente infectado pelo Schizotrypanum.

Gênero Panstrongylus Berg, 1879

321. Chave.

1 Distância entre o limite externo dos olhos (vista a ca-


beça de cima) quasi igual ou pouco maior que a parte
anteocular da cabeça; cor geral negra; connexivum
com pequenas máculas triangulares, te stáceo-averme-
lhadas, sobre os ângulos póstero-laterais dos segmentos.
......................................... chinai (Del Ponte, 1929); Perú.
Esta espécie foi incluida por Pinto neste gênero;
todavia, pelo aspecto da cabeça, lembra o Triatoma
rubrofasciata, que tem tambem a parte anteocular
relativamente curta. Somente a posição dos tubér-
culos anteníferos é que justifica a inclusão em
Panstrongylus.
1' Distância entre o limite externo dos olhos (vista a ca-
beça de cima) bem maior que a part e anteocular da
cabeça; aspecto do connexivum diferente do referido
em (1) ................................................................................... 2

2(1') Lobo anterior do pronotum com tubérculos cônicos la-


terais e distais, estes tão salientes quanto os tubérculos
pronotais anteriores; processo e scutelar curto mais
curto que o scutellum, de ponta romba, com um tubér-
culo em cima; tubérculos anteníferos sem saliência den-
tiforme apical; fêmures apenas com um par de tubér-
culos setíferos, em baixo e perto do ápice, aliás pouco
desenvolvidos ........................................................................ 3
196 INSETOS DO BRASIL

(Ao meu ver Mestor deveria ser mantido, como sub-


gênero, para as espécies deste grupo).
2' Lobo anterior do pronotum sem tubérculos laterais ou
com estes quasi invisíveis; os discais pouco desenvol-
vidos; processo escutelar, espiniforme, tão longo ou
quasi tão longo quanto o scutellum; tubérculo antení-
fero com saliência dentiforme perto do ápice; fêmures
anteriores e médios tendo, em baixo, alem de um par
de tubérculos setiferos distais bem desenvolvidos.
outros menores para dentro ............................................................. 5

3(2) Cor geral parda clara; pronoto com 5 faixas negras lon-
gitudinais relativamente estreitas; scutellum tambem
com faixas negras; corium com estrias negras irregu-
lares; membrana com partes claras e es curas; máculas
negras do connexivum, nos ângulos ântero-laterais,
triangulares ........................ lignarius (Walker, 1873)56; Guiana
Inglesa; Brasil (Pará).
3' Outro aspecto ................................................................................ 4

4(3') Espécie grande (27-32 mm.), com máculas no lobo pos-


terior do pronoto e no connexivum de cor vermelha;
fêmures unicolores, negros (págs. 380 e 381) ..........................
....................................... megistus (Burmeister, 1835) (= gigas
Burmeister, 1861, nec Fabricius; porrigens Walker,
1873; wernickei Del Ponte,, 1923; conorrhinus Hoff-
mann, 1923); Guiana Inglesa; Brasil; Paraguai.
4' Espécie menor (25 mm.), com máculas na cabeça, no
torax, no connexivum e nos fêmures, de cor averme-
lhada ou ocrácea-avermelhada .........................................
................................. rufotuberculatus (Champion, 1899); Panamá.

5(2') Pronotum de cor parda escura quasi uniforme; lobo an-


terior, em cima, apresentando duas bo ssas contiguas;
faixas escuras do connexivum mais ou menos dis-
tintas .......................................................................... guentheri
Berg, 1879; Argentina e larroussei (Pinto, 1925) 57 ;
Argentina.
5' Pronotum com outro aspecto e connexivum com máculas
negras, bem nítidas, nos ângulos ântero-laterais ............... 6

56 Esta espécie só era conhecida da Guiana Inglesa. Em fins de dezembro


de 1938, determinei um exemplar, que mefoi entregue pelo Dr. Evandro Chagas,
apanhado em Piratuba (Pará). Ulteriormente cedi este exemplar ao Dr. Cezar
Pinto, que o guardou na coleção em seu laboratório, no Instituto Oswaldo Cruz.
57 Não sei distinguí-las.
TRIATOMINAE 197

6(5') Cor geral oerácea ou amarelada; pronoto com faixa negra


transversal, de mar gem anterior mais ou menos ondu-
lada, acompanhando o bordo posterior .... geniculatus
(Latreille, 1811) (=lutulentus Erichson, 1848; corti-
calis Walker, 1873; fluminensis Neiva & Pinto, 1923);
Argentina; Brasil e tenuis (Neiva, 1914); Brasil58.
6' Cor geral testácea ou parda, mais ou menos escura; lobo
anterior do pronetum muito escuro, quasi negro; tu-
bérculos discais do lobo anterior, 2 grandes áreas me-
dianas prescutelares e 2 laterais, no lobo posterior, de
cor testácea; scutellum (exeto a ponta), hemelitros
(exceto o clavus, uma mácula basal e uma preapical,
de cor testácea), enfuscados ou enegrecidos .......................
.............. lutzi (Neiva & Pinto, 1923); Brasil.
6" Cor geral testácea avermelhada exceto o pronotum e
scutellum que são quasi totalmente negros; neste a
ponta e naquele a parte posterior do lobo anterior,
2 carenas divergentes do lobo posterior e os ângulos
posteriores são t, a mbem de cor testácea-avermelhada.
................ seai (Del Ponte. 1929); Argentina.
Não conheço esta espécie, que, não obstante menor
(fêmea 23,5 mm.) que lutzi (fêmea 27,5 mm.), deve
ser extremamente próxima.

Como espécies mais importantes deste gênero devo citar,


em primeiro logar, Panstrongylus megistus, Triatomineo de
hábitos domiciliares e um dos principais transmissores do
Schizotrypanum cruzi.
Foi CHAGAS O primeiro a demonstrar (1909) o papel
importante deste inseto em parasitologia, como transmissor
do agente etiológico da "doença de Chagas" (Schizotrypa-
num cruzi), tripanosomose americana que trás o nome do
descobridor.
A etologia do P. megistus foi estudada por NEIVA (1910).
Alem de P. megistus, tambem transmite aquele tripa-
nosoma o P. geniculatus, encontrado em buracos de tatús
(CHAGAS, 1912) e que, segundo NEIVA, PINTO e TRAVASSOS,
frequenta domicílios.
Tambem no Panamá esta última espécie é um dos trans-
missores do Schizotrypanum, segundo CLARK & DUNN (1932).

58 Não sei distinguir esta espécie de geniculatus.


198 INSETOS DO BRASIL

Gênero Triatoma subgen. Eutriatoma 59

322. Espécies que o constituem. - Deste gênero ha ape-


nas duas espécies descritas. N. circummaculata (Stal, 1859),
da Argentina e Uruguai e N. limai (Del Ponte, 1929), do
Brasil, que, pelas descrições, não sei exatamente como dis-
tinguir da espécie descrita por STAL.

Gênero Triatoma subgên. Eutriatoma59

323. Chave.

1 2° segmento do rostrum com mais de 3 vezes o compri-


mento do 1º. .............................................................................. 2
1' 2º segmento do rostrum, no máximo, com 3 vezes o com-
primento do 1º. ........................................................................ 3
2(1) 2° segmento do rostrum cerca de 4 vezes o comprimento
do 1º; antenas inseridas para trás do meio da região
anteocular, esta tão alongada quanto a distância entre
o limite externo dos olhos .............................................. venosa
(Stal, 1874); Bolívia, Colômbia, Costa Rica, Equador
e Panamá.
2' 2° segmento do rostrum com cerca de 3,5 vezes o compri-
mento do 1º; antenas inseridas no meio da região ante-
ocular, esta igual a 1,5 vezes a distância entre o limite
externo dos olhos ........................................... nigromaculata
(Stal, 1874) (= variegatus Stal, 1859; Venezuela.
3(1') Espécies de cor geral testácea ou pardacenta ................................. 4
3' Espécies de cor geral negra ou quasi negra ................................... 5
4(3) Lobo anterior do pronotum com tubérculos laterais;
tubérculos discais muito salientes; scutellum, em cima,
com 2 tubérculos espiniformes perto da base e com a
ponta voltada para diante; connexivum com faixas
escuras ou negras, relat ivamente largas, ocupando a
metade anterior de cada segmento ................................ flavida
Neiva, 1911; Cuba.
4' Lobo anterior do pronotum sem tubérculos laterais; tu-
bérculos discais indistintos; scutellum sem os tubér-
culos referidos em (4); connexivum com linhas negras

59 Eutriatoma pode ser conservado, apenas como subgênero.


TRIATOMINAE 199

ocupando o bordo de cada segmento, externamente di-


latadas em mácula, lembrando o aspecto de notas
musicais (fig. 382) .......................................................... sordida
(Stal, 1859); Argentina, Bolívia, Brasil, Uruguai.
5(3') Áreas claras do connexivum, como as demais do corpo,
de cor alaranjada, ocupando as partes adjacentes de
cada sutura intersegmental, isto é, a parte anterior de
cada segmento e a posterior do que fica imediatamente
adiante; 2° segmento do rostrum com 3 vezes o compri-
mento do 1º. .................................................................. carrioni
Larrousse, 1926: Equador.
5' Áreas claras do connexivum ocu pando o meio de cada
segmento, às vezes aproximadas do bordo posterior.
porem sem atingí-lo; as suturas intersegmentais ficam,
pois, incluídas nas áreas negras; 2° segmento do ros-
trum com menos de 3 vezes o comprimento do 1º ................... 6
6(5') 3° e 4° segmentos antenais, todas as tíbias (exceto a parte
apical), bordos laterais, parte mediante do bordo poste-
rior e 2 linhas divergentes sobre o disco do pronoto,
máculas arredondadas nos ângulos póstero-laterais dos
segmentos do connexivum e grandes faixas alongadas
no corium, de cor testácea-rósca; o resto do corpo de
cor negra (fig. 383) ............................................. tíbia-maculata
Pinto, 1926; Brasil.
6' Outro aspecto ................................................................................ 7
7(6') Pronotum de cor negra uniforme ............................................... 8
7' Pronotum com áreas claras, testáceo amareladas ou aver-
melhadas ................................................................................ 10
8(7) Manchas claras do connexivum de cor avermelhada ....
............................................................................................ oswaldoi
Neiva & Pinto, 1923; (= sordelli Dios e Zuccarini,
1925); Argentina; Brasil; Perú.
8'
Manchas claras do connexivum de cor amarelada .......................... 9
9(8') Hemelitros muito escuros, com uma mácula amarelada na
base do corium e outra menor perto do ápice; compri-
mento da cabeça igual à distância do bordo anterior do
pronoto ao meio do scutellum ................................... patagonica
Del P o n t e , 1929; A r g e n t i n a .
9 Hemelitros escuros, com 2 manchas negras no meio do
corium; este, na parte interna da base, de cor mais
clara; comprimento da cabeça "levemente maior que o
pronotum" (Lent) ............................................................. gomesi
Neiva & Pinto, 1923; Sul do Brasil.
200 INSETOS DO BRASIL

10(7') Parte anteocular, vista a cabeça de cima, igual ou mesmo


um pouco mais curta que o espaço entre o limite exter-
no dos olhos; lobo posterior do pronotum apresentando
6 ou 4 (quando as 2 externas confluem) máculas ama-
reladas ou alaranjadas, em relação com o bordo pos-
terior .......................................................................... maculata
(Erichson, 1848) ; Brasil; Guianas.
10' Parte anteocular consideravelmente mais longa que o es-
paço entre o limite externo dos olhos ..................................... 11
11 (10') 1º segmento antenal muito curto), o ápice não excedendo
o meio da distância do ápice do tubérculo antenífero ao
ápice do tylus; 2° mais curto que a parte anteocular
da cabeça; pronotum com algumas faixas amareladas
em relação com o bordo posterior .............................. petrochii
P i n t o e B a r r e t o , 1925; A r g e n t i n a ; B r a s i l (Rio G r a n d e
do N o r t e ) .
11' 1º segmento antenal de tamanho normal, com o ápice quasi
atingindo o ápice do tylus; 2° mais longo que a parte
anteocular; pronotum apresentando somente 2 distintas
áreas claras perto dos ângulos posteriores .............................. 12
12(11') Áreas claras do pronotum e do connexivum de cor aver-
melhada; hemelitros escuros, com áreas avermelhadas
na base e no ápice do corium .................................. rubrovaria
(Blanchard, 1843) (= phyllosoma Herrich-Schaeffer,
1848, nec Burmeister; rubroniger Stal, 1859); Argen-
tina; Brasil; Uruguai e Java.
12 Áreas claras do pronotum e do connexivum de cor ama-
relada; hemelitros uniformemente amarelados .............................
............................................................................ oliveirai
Neiva, Pinto & Lent, 1939; Brasil (Rio Grande do Sul).

Triatoma (Eutriatoma) flavida transmite experimental-


mente o Schizotrypanum cruzi, segundo HOFFMANN.
Triatoma (Eutriatoma) maculata, segundo EMANUEL
DIAS e J. F. TORREALBA (1936), na Venezuela, infesta-se na-
tural e experimentalmente pelo Schizotrypanum cruzi. Este
Trypanosoma pode ser tambem transmitido pelo Triatoma
(Eutriatoma) oswaldoi, segundo MAZZA (1936) e pelo Tria-
toma (Eutriatoma) rubrovaria, segundo GAMINARA (1923).
Esta última espécie, segundo PINTO (1938),
"vive nos muros e pedras e fre quenta os currais, sugando os
ovinos caprinos, canídeos e o homem no Rio Grande do Sul".
TRIATOMINAE 201

Triatoma (Eutriatoma) nigromaculata, não somente foi


encontrado infectado na natureza, como tambem é capaz de
transmitir, experimentalmente, o S. cruzi, conforme verifi-
caram LENT e PIFANO (1939).
CARINI e MACÍEL encontraram, na natureza, Triatoma
(Eutriatoma) sordida infestado pelo Schizotrypanum.

Fig. 379 - Rhodnius prolixus Fi.g. 380 - Panstrongylus megistus


Stal, 1859 (Triatominae) (Burmeister, 1835) ( T r i a t o m i n a e ) .
(X 1,6).
( X 1,16).

Gênero Triatoma subgên. Triatoma


324. Chave.

1
Anel submediano dos fêmures e parte apical das tíbias
de cor amarela ......................... brasiliensis Neiva, 1911; Brasil.
1' Femur e tíbias de cor uniforme, negra ou picea ..................... 2
2 (1')
Connexivum de cor uniforme ............................................... 3
2' Connexivum com partes claras (amareladas, alaranjadas
ou avermelhadas) e escuras (geralmente negras) ................. 5
3(2) Connexivum de cor clara ..................................................... 4
3'
Connexivum negro ................. mazzae Jörg, 1937; Argentina.
202 INSETOS DO BRASIL

4(3) Connexivum testáceo-amarelado; distância entre o limite


externo dos olhos quasi igual (pouco menor) a da to-
mada da reta tangenciando o limite anterior dos olhos
a ponta da cabeça (parte anteocular) .................... breyeri
Del Ponte, 1929; Argentina.
4' Connexivum rubro; distância entre o limite externo dos
olhos igual a 2/3 da tomada da reta tangenciando o
bordo anterior dos olhos a ponta da cabeça. spinolai60
Porter, 1933; Chile.
5(2') Margem do connexivum flavo-testácea ou testácea-aver-
melhada, as partes negras não atingindo o bordo ...................... 6
5' Margem do connexivum negra com máculas claras de cor
testácea, alaranjada ou avermelhada ....................................... 7
6(5) Margens laterais do pronotum de cor testácea-alaranjada
ou avermelhada, continuando-se, em linha da mesma

60 Quasi simultaneamente, Mazz, Tobar e Jörg (20 de março de 1940 e


Neiva & Lent (13 de abril de 1940) descreveram 2 novos gêneros sul-americanos
de Triatominae, ambos monobásicos, tendo, por tipos, barbeiros chilenos.

Os tres primeiros autores criaram Mepraia n. gên. para Triatoma spinolai


Porter, 1933, por terem chegado à conclusão de, nesta espécie, as fêmeas serem
totalmente ápteras, confirmando, assim, a observação anteriormente feita por
Tobar (1939) de que as fêmeas adultas de spinolai são apteras.
Neiva e Lent, tendo recebido de Porter 5 formas adultas, micrópteras
(3 machos e 2 fêmeas), apanhadas em Coquimbo por Tobar, e 1 macho de
Triatoma spinolai (alado) concluíram que Tobar, dizendo ter observado que as
fêmeas de T. spinolai não possuem asas e apresentam o conexivo desdobrado
em duas folhas, provavelmente teve em mãos duas espécies: a descrita por
Porter (spinolai) e a que descrevem com o nome de Triatomaptera Porteri n. sp.,
do novo género Triatomaptera Neiva e Lent, caracterizado "pela ausência de
asas nos dois sexos, pela forma do pronoto e o aspecto do escutelo e pelas di-
mensões proporcionais dos artículos do rostro, bem como pela disposição do
conexivo, em duas folhas, que faz lembrar o recente gênero Dipetalogaster
Usinger, 1939".
Graças à gentileza de Lent, que me mostrou o material referido no trabalho
publicado em colaboração com Neiva, pude, pela primeira vez, ver um exemplar
de Triatoma spinolai (macho, alado) e compará-lo com os machos e fêmeas
de Triatomaptera porteri. Tal cotejo me fez logo suspeitar que todas as formas
examinadas deviam ser de uma só espécie, ocorrendo, pois, em spinolai, preci-
samente o que Jeannel refere para Paredocla Jeannel, 1914, género africano de
Reduviinae, pelo menos com a espécie Paredocla decorsei Jeannel, 1914, repre-
sentada por fêmeas ápteras e machos de 2 tipos, alados e ápteros, estes abso-
lutamente semelhantes àquelas.
Imediatamente comuniquei a minha impressão, não somente a Neiva e Lent,
como a Mazza, na carta em que lhe agradeci a oferta do exemplar do seu tra-
balho.
Certamente, a questão será devidamente estudada pelos autores de Mepraia
e de Triatomaptera, de modo a se poder concluir si se trata realmente de uma
só espécie - como tudo parece indicar - ou se de espécies diferentes.
TRIATOMINAE 203

cor, sobre a parte proximal do corium; superfície do


torax granulada; ápice do scutellum não refletido .................
............................................. rubrofasciata (De Geer, 1773);
(= variegatus Drury, 1773; gigas Fabr. 1775; claviger
Gmelin, 1788; erythrozonias Gmelin, 1788; giganti
Klug, 1834; stalii Signoret, 1860); vários paises da
África, América, Ásia e Oceania. No Brasil foi assina-
lada em Belem, Baía, Rio de Janeiro e Santos.
6' Lobo posterior do pronotum fusco-testáceo; superfície do
torax não granulada; espinho apical do scutellum um
pouco refletido ........................... recurva (Stal, 1868); Brasil.

7(5') Margens laterais do pronotum de cor testácea-alaranjada


ou avermelhada ............................ sanguisuga (Leconte, 1855)
(=lecticularius Stal, 1859; lateralis Stal, 1859; lenti-
cularius Stal, 1868) (Panamá, Estados Unidos) e pintoi
Larrousse, 1926; Florida (Estados Unidos) 61 .
7' Margens laterais do pronotum de cor idêntica a do
disco ..................................................................................... 8

8(7') Cada segmento do connexivum apresenta a mácula negra


na base e a clara no ápice; assim, adiante de cada su-
tura intersegmental, a cor é clara e atrás é negra .................. 9
8' Cada segmento do connexivum apresenta uma mácula clara
entre duas partes negras, a posterior é, às vezes, relati-
vamente estreita, porem, sempre separando a mácula
clara da sutura intersegmental, que, nestas condições,
fica sempre incluida na parte negra ..................................... 10

9(8) Hemelitros claros, exceto a membrana, a parte basal do


c lavus, o ápice e um ponto negro do corium, que são de
cor negra ..................................................... dimidiata (Latreille, 1811):
América Central, Venezuela.
9' Hemelitros claros, exceto a membrana, o clavus em sua
maior extensão, o ápice e uma faixa transversa do
corium ............................ maculipennis (Stal, 1859) 62;
México e Nicaragua.

10(8') Pronotum de cor uniforme, negra ou parda escura .................... 11


10' Pronotum com áreas claras ........................................................ 12

61 T. pintoi, segundo Larrousse, distingue-se de T. sanguisuga por ser


menor e mais delgado e por ter o torax menos dilatado atrás.
62 Segundo Neiva (1914), provavelmente uma variedade de dimidiata.
204 INSETOS DO BRASIL

11(10) Áreas claras do connexivum pouco extensas, estranguladas


ou interrompidas; corpo revestido de densa pilosidade
dourada; pernas sem áreas claras .......................................
............................... platensis Neiva, 1913; Argentina
e rosenbuschi Mazza, 1936, Argentina63.
11' Áreas claras do corium mais extensas; corpo não tomen-
toso; trocanteres e base dos fêmures de cor amarela
(fig.384) ........................................... infestans (Klug. 1834);
(= renggeri Herrick-Schaeffer, 1848; sextuberculatus
Spinola, 1852; paulseni Philippi 1860; gracilipes Phi-
lippi, 1860; octotuberculatus Philippi, 1860; nigrova-
rius Railliet 1893); Argentina, Bolívia, Brasil, Chile,
Paraguai, Perú e Uruguai.
12 (10') Cabeça completamente negra; pronotum apresentando
apenas 2 máculas, claras, pequenas no lobo posterior ............
melanocephala Neiva & Pinto, 1923: Norte do Brasil.
12' Cabeça com faixa clara em cima, mais ou menos visivel,
pronotum com várias faixas ou máculas claras no lobo
posterior. ........................................... vitticeps Stal, 1859
(a meu ver chagasi Brumpt & Gomes, 1914 em nada
difere desta espécie).

PINTO afirma que Triatoma (Triatoma) dimidiata trans-


mite o Schizotrypanum, segundo SEGOVIA & HURTADO. LENT
(1939), porem, cita REICHENOW (1934) como sendo o autor
da verificação da infestação natural do inseto pelo Schizo-
trypanum.
Tambem LENT (1939) refere à CHAGAS e MACHADO, in
CHAGAS, 1912, a observação da infestação experimental de
T. infestans pelo Schizotrypanum, quando PINTO (1930) in-
forma que o citado "barbeiro" transmite-o segundo A. NEIVA,
CARINI & JESUINO MACIEL.
Podem tambem transmitir o Schizotrypanum cruzi:
Triatoma. (Triatoma) platensis, segundo MAZZA e SCH-
REIBER (1938); Triatoma (Triatoma) rosenbuschi, segundo
MAZZA (1936); Triatoma (Triatoma) rubrofasciata, segundo

63 Mazza (1936), distingue T. rosembuschi de T. platensis, principalmente,


pela ausência da pilosidade tão característica desta espécie. Neiva e Lent
(1936), porem, consideram-no idêntico a platensis. Mazza, em publicação ul-
terior, do mesmo ano, chama a atenção para as diferenças entre platensis e
rosenbuschi.
TRIATOMINAE 205

NEIVA, Triatoma (Triatoma) spinolai Porter, 1933, segundo


GAJARDO TOBAR (1939) e Triatoma (Triatoma) vitticeps, se-
gundo NEIVA (1914) e BRUMPT & GOMES (1914).

Fig. 381 - Panstrongylus megistus (Burmeister, 1835), fêmea (Triatimidae)


(X 3,5).
206 INSETOS DO BRASIL

A biologia do Triatoma brasiliensis, segundo NEIVA


encontrado em domicílios, nas locas de mocós (Cerodon
rupestris) e nos chiqueiros, foi estudada por C. PINTO (1924),
que antes (1923) já o encontrara infestado na natureza.

Fig. 382 - Triatoma Fig. 383 - Triatoma (Eutriatoma) tibiamaculata


(Eutriatoma) sordida (Stal, (Pinto. 1926) (Triatominaes) (X 1,6).
1859 ) ( T r i a t o m i n a e )
(x 2,5).

Subfamília SPHAERIDOPlNAE 64

(Sphaeridopidae)

325. Caracteres e espécies que a constituem. - Pequena


subfamília constituida exclusivamente por espécies da região
neotrópica, relativamente robustas, que lembram os Salia-
vatineos pelo aspecto da cabeça não prolongada adiante dos
olhos. Todavia, nos insetos desta subfamília, os segmentos
abdominais não são lateralmente espinhosos, o rostrum é
curto, reto e muito fino e os olhos são grandes, globulosos,
salientes, pouco afastados em cima e quasi se tocando em
baixo.

64 Gr. sphaira, espera; ops, olho.


REDUVIINAE 207

Das poucas espécies que constituem esta subfamília cita-


rei apenas: Sphaeridops amaenus Le Pelletier & Serville,
1825 (= S. pallescens, Walker, 1873); Veseris rugosicollis
(Stal, 1858) (= Sphaeridops inermis, Mayr, 1865 e Limaia
ruber Pinto, 1927), do Brasil e Volesus nigripennis Cham-
pion, 1899, da Costa Rica.

Subfamília REDUVIINAE

(Spongípedes, partim; Acanthaspididae 65, pro parte;


Reduviini)

326. Caracteres e espécies mais interessantes. - Espé-


cies, em geral, de porte médio (às vezes, porem, com alguns
milímetros de comprimento) e de forma oval mais ou me-
nos alongada.
Cabeça com impressão transversal ou constrição anu-
lar atrás dos olhos; antenas com o 1ª segmento mais curto
que o 2ª, rostrum mais ou menos robusto e, em repouso,
formando um ângulo, curvilíneo com o perfil inferior da
cabeça; scutellum geralmente terminando em processo ou
espinho mais ou menos alongado; hemelitros, quando bem
desenvolvidos, deixando visível o connexivum em toda a sua
extensão. Espécies exclusivamente predadoras.
A região neotrópica, conquanto não seja tão rica em
gêneros e espécies de Reduviineos como outras regiões fau-
nísticas, possue, entretanto, alguns gêneros que lhe são exclu-
sivos, como Spiniger Burmeister, 1835, com perto de 100
espécies, algumas bem interessantes por mimetizarem ves-
pas do gênero Pepsis (Fam. Psammocharidae).
Dentre as espécies mais interessantes deste gênero devo
mencionar ás pertencentes ao subgênero Opisthacidius
Berg.
Spiniger (Opisthacidius) domesticus Pinto, 1927, se-
gundo observação de CEZAR PINTO (1927) feita em Mato

65 Gr. acantha, espinho; aspis, escudo.


208 INSETOS DO BRASIL

Grosso, encontra-se nas frestas das paredes de barro de


ranchos situados na região do pantanal e aí vive sugando
baratas (Periplaneta americana).
L. TRAVASSOS observou, em Angra dos Reis (E. do Rio),
idênticos hábitos predadores do Spiniger (Opisthacidius)
rubropictus (Herrich-Schäffer, 1848).

Fig. 384 - Triatoma (Triatoma) infestans (Klug. 1834) (de Jörg, 1937, fig. 1)
( C e r c a de X 3).

Tive o ensejo de determinar formas jovens e adultas


de Spiniger steini, encontradas em São Paulo pelo Dr. LAURO
TRAVASSOS e pelo Eng. Agr. ARISTOTELES SILVA, dentro de
cupinzeiros de Cornitermes sp.
REDUVIINAE 209

O gênero Leogorrus Stal, 1859, com um menor número


de espécies, possue, entretanto, algumas, como L. litura
(Fabr., 1787) e L. formicarius (Fabr., 1803), frequentemente
encontrados em nosso país.

Fig. 385 - Sphaeridops amaenus (Le Pelletier & Serville, 1825) (Sphaeri-
dopinae); 1, cabeça, pronotum e scutellum; 2, cabeça de perfil (De Pinto, 1927).

Outros gêneros de menor importância, sob o ponto de


vista numérico das espécies que os constituem, apresentam
caracteres os mais díspares, verificando-se com eles o que
disse JEANNEL. (1919), relativamente às afinidades destes in-
setos:

"Le groupe des Reduviini est extrêmement complexe et


les affinités de chaque genre s'exercent toujours dans plu-
sieurs directions avec plusieurs genres à la fois."

Pertencem a esta subfamília o gênero Microlestria Stal,


1872 com espécies de pequeno porte (algumas, como M.
210 INSETOS DO BRASIL

fuscicollis (Stal, 1858), com cerca de 5 mm. de compri-


mento) e o gênero Aradomorpha, extremamente curioso,
pois as espécies que o formam, alem de apresentar o fácies
de Aradidae, diferem dos demais Reduviideos por terem,
em todos os tarsos, apenas dois artículos. Numa pequena
coleção de Reduviideos do Sul do Brasil, tive o ensejo de
encontrar um representante de Aradomorpha, diferente,
entretanto, de Aradomorpha crassipes Champion, 1899,
espécie tipo do gênero, encontrada no Panamá. Descrevi-a
com o nome Aradomorpha Chinai.

Fig. 386 - Telenomus fariai (Lima, 1928), fêmea (Hym., Scelionidae) (X 45).

Subfamília CETHERINAE66

(Cetherini)

327. Caracteres e representantes. - Pequena subfamília


com representantes na África e na América, de aspecto ca-
racterístico, por apresentarem cabeça transversal, olhos pe-
dunculados e fronte escavada entre eles (fig. 390).

66 Hebr. cether, diadema.


CETHERINAE 211

As espécies americanas pertencem ao gênero (Caridomma


Bergroth, 1891 (= Macrophthalmus Laporte, 1832, Macrops
Burm., 1845. ambos nomes preocupados; Sorglana Kir-
Kaldy, 1900).

Fig. 387. - Vescia spicula Stal, 1872, parte anterior


d o c o r p o , v i s t a de c i m a e de p e r f i l (X 12).

67
Subfamília SALYAVATINAE

328. Caracteres e representantes. - Esta subfamília, na


América, é exclusivamente representada pelo gênero Salya-
vata Amyot & Serville, 1843, com duas espécies: S. varie-
gata Amyot & Serville, 1843 e S. nigrofasciata Costa
Lima, 1935 (fig. 391).
Em ambas os tubérculos anteníferos apresentam-se mais
ou menos salientes adiante dos olhos; estes são relativa-
mente grandes, globulosos, porem, não tão grandes como
nas espécies de Sphaeridopinae, as quais, aliás, não têm os
tarsos anteriores dímeros como em Salyavatinae.

67 Sanser. salya, porco-espinho; vata, como.


212 INSETOS DO BRASIL

Subfamília VESCIINAE

329. Espécies que a constituem. - Esta subfamília foi


proposta por FRACKER e BRUNER (1924) para Vescia spicula
Stal, 1872, colocada por STAL em Reduviinae (= Acanthas-
pidinae) (fig. 387).
Alem da espécie genotipo, encontrada no Brasil e no
Perú, FRACKER e BRUNER (1924) estudaram mais uma espécie
- Vescia mínima, de Tefé (Amazonas) e HAVILAND (1931),
descreveu V. adamanta, da Guiana Inglesa.

Fig. 388 - Spiniger (Spiniger) femoralis Stal, 1854 (X 2,2) Reduviinae).

Subfamília PlRATINAE68

(Spongipèdes, p a r t i m ; Piratidae)

330. Caracteres e espécies mais interessantes. - Os Re-


duvideos desta subfamília distinguem-se dos demais por

68 Gr. peirates, pirata. O gênero tipo desta subfamília é Peirates Serville,


1831, nome cuja grafia foi reformada em 1835, por Burmeister, para Pirates
PIRATINAE 213

terem a constrição interlobular (sulco transversal do pro-


notum), mais aproximada da borda posterior que da ante-
rior (figs. 392 e 393).
As espécies mais frequentemente encontradas em nosso
meio pertencem aos gêneros Melanolestes Stal, 1866, Rasahus
Amyot & Serville, 1843 e Sirthenea Spinola, 1840.

Fig. 389 - Spiniger (Opisthacidius) rubropictus Herrich-Shaeffer) (X 2,2)


(Reduviinae).

Ao primeiro pertence Melanolestes picipes (Herrich-


Schäffer, 1818). Reduviideo todo negro, de vasta distribuição
geográfica e bem conhecido pela forte dor de suas picadas.
Do gênero Rasahus a espécie mais conhecida, de Fló-
rida a Argentina, é o R. hamatus (Fabr., 1781).
Outra espécie, não menos frequentemente observada
em quasi toda a América do Sul, é Sirthenea stria (Fabr.,
1794).
214 INSETOS DO BRASIL

Na fig. 393 reproduzo a figura de Rasahus limai Pinto,


1935, da República Argentina.
Recentemente TAUEBER (1934) descreveu Eldmannia atta-
phila n. gen., n. sp., encontrado na Bolívia, dentro de um
formigueiro de sauva.

Fig. 390 - Caridoma pallens (Laporte, 1832) (Cetherinae) (X 2,8)

Subfamília ECTRICHODIINAE69

(Ectrichodidae)

331. Caracteres e principais representantes. - Os Redu-


viideos desta subfamília, que, como os da subfamília se-
guinte, apresentam escutelo bífido ou trífido no ápice, ou,
como diz STAL, com o ápice emarginado ou truncado e late-
ralmente mucronado, são, em geral, insetos de corpo robusto
e glabro, cujas antenas, quando têm mais de quatro segmen-
tos (6, 7, 8), é porque apresentam o 3° ou o 4º segmentos,
subdivididos (fig. 394).
Subfamília de vasta distribuição geográfica com muitos
representantes em todas as regiões tropicais, alguns deles

69 Gr. ec, de; trix, pelo.


ECTRICHODIINAE 215

com fêmeas ápteras e sem ocelos, outros, porem, com ma-


chos e fêmeas ápteras.
No Brasil as espécies mais frequentemente encontradas
pertencem aos gêneros Pothea Amyot & Serville, 1843, Bron-
tostoma Kirkaldy, 1904 (= Mindarus Stal, 1859) e Rhiginia
Stal, 1859 (= Ectrichodia Stal, 1872).

Fig. 391 - Salyacata nigrofasciata Fig. 392 - Melanolestes picipes


Lima, 1935 (Salyavatinae) (X 4). (Herrich-Schaeffer, 1848)
(Piratinae); cabeça, pronotum
e scutellum (X 8).

70
Subfamília MICROTOMINAE

(Hammaloceridae71; Hammatocerinae; Hammacerinae)

332. Caracteres e representantes. - Subfamília bem ca-


racterística pelo aspecto das antenas, que apresentam o 2º
segmento subdividido em oito ou cerca de 40 pequenos artí-

70 Gr. micros, pequeno; tome, segmento.


71 Gr. hamma, nó; keras, corno (antena).
216 INSETOS DO BRASIL

culos, como nas antenas de uma barata, e pelo scutellum


bífido no ápice. É exclusivamente representada por espé-
cies americanas distribuidas em dois gêneros: Microtomus
Illiger, 1807 (= Hammacerus Laporte, 1832; Hammatocerus

Fig. 393 - Rasahus limai Pinto, 1935 Piratinae) (De Pinto, 1935).

Burmeister, 1835), com o segundo segmento subdividido em


cerca de 40 artículos e Homalocoris Perty, 1834, ambos com
poucas espécies (figs. 395 e 396).
Para o estudo de Microtomus, ver COSTA LIMA (1935).
APIOMERINAE 217

Subfamília APIOMERINAE72

(Apiomeridae)

333. Caracteres e espécies mais interessantes. - Nas


espécies desta subfamília os ocelos ficam atrás dos olhos,
porem muito afastados um do outro. Os tarsos anteriores,
como os demais, muito pequenos, são recebidos numa chan-
fradura ou fovéola situada no ápice das tíbias, que são rela-
tivamente longas e arqueadas. Geralmente as pernas e o
corpo são revestidos de pilosidade abundante, que dá a estes
insetos um aspecto aveludado (figs. 397 e 398).

Fig. 394 - Scutellum de Brontostoma


rubrum (Amyot & Serville 1843)
(Ectrichodiinae) (X 10).

No Brasil os gêneros mais importantes da subfamília,


pelo número de espécies que possuem, são Apiomerus Hahn,
1831 e Heniartes Spinola, 1840.
As espécies de Apiomerus (A. picipes, (Fabr., 1803),
A. lanipes (Fabr., 1803), são, em geral, Reduvídeos relativa-
mente robustos.
Umas são predadoras de insetos pragas, como Apio-
merus flavipennis Herrich-Schaeffer, 1848, que, segundo
observação de CARLOS REINIGER é um eficiente predador de
Mormidea poecila no Rio Grande do Sul. Outras tornam-se
nocivas por atacarem espécies úteis. Eis o caso de Apiomerus
nigrilobus Stal, 1872, segundo RONNA, um sério inimigo da
abelha Apis mellifica L.
URIBE conseguiu infestar experimentalmente Apiomerus
pilipes pelo Schizstrypanum cruzi.

72 Gr. a p i o s, longa; meros, coxa.


218 INSETOS DO BRASlL

Subfamília ZELINAE

(Reduviina; Harpactoridae73; Harpactorinae; Zelidae)

334. Caracteres e espécies mais interessantes. - É esta


a maior subfamília de Reduviidae, pois que a constituem
mais de 800 espécies, em grande parte habitantes da região
neotrópica.
Quasi todas apresentam o 1º segmento antenal muito
mais longo que a cabeça e as garras tarsais com apêndice
ou dente mais ou menos visivel.

Fig. 395 - Antena de Microtomus Pintoi Costa Lima, 1935 (Microtominae)

Alguns Zelineos têm alguma importância econômica, por


atacarem especialmente insetos pragas das plantas culti-
vadas.
Dentre as espécies mais frequentemente encontradas,
ha a citar:
Zelus (Diplocodus) armillatus (Lepeletier & Serville,
1825), Zelus (Diplocodus) leucogrammus (Perty, 1834),
ambas da tribu Zelini (figs. 399 e 400) e Heza insignis Stal,
1859, da tribu Harpactorini (fig. 401). Desta tribu são bem
interessantes as espécies de Arilus Burmeister, 1835 (A. ca-
rinatus (Forster, 1771) (= serratus Fabr., 1775), que são

73 Gr. arpacter, predador.


ZELINAE 219

bastante robustas e exibem uma crista conspícua, vertical,


no lobo posterior do pronotum, com número de dentes va-
riavel nas espécies 74 (fig. 403).
Não menos curiosas são as espécies de Notocyrtus Bur-
meister, 1835 (= Saccoderes Spinola, 1840) 75, pela dilata-
ção vesiculosa, mais ou menos conspícua, do lobo posterior
do pronotum. Em Sava Amyot & Serville a dilatação, torá-
xica prolonga-se até perto da extremidade do abdomen;
em Notocyrtus estende-se tanto para trás, sobre o escutelo,
como para diante, sobre o bordo anterior (fig. 402).

Fig. 396 - Scutellum de Microtomus conspicillaris (Drury, 1782) (Microto-


minae) (X 10).

Devo finalmente citar os gêneros Hiranetis Spinola, 1840


e Graptocleptes Stal, 1866, ambos exclusivos da região neo-
trópica e interessantes porque as respectivas espécies mime-
tizam Himenopteros da superfamília Ichneumonoidea.

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leucogrammus. Alguns dos ovos ainda
estão arolhados. Ao lado da postura,
vê-se, em maior aumento, o aspecto de
um operculo (a parte que fica ex-
posta, a chava-se um tanto deprimida,
Fig. 399 - Zellus (Liplocodus) normalmente, porem, é como se ve na
leucogrammus (Perty, 1834) postura, isto é, lembrando, a rolha de
(Zelinae) (X 2). uma garrafa) (X 8).

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NABIDAE 235

Família N A B I D A E76

(Nabididae)

336. Caracteres. - A família Nabidae compreende He-


mípteros terrestres, de porte pequeno ou médio, corpo
oblongo ou em oval alongada, que muito se assemelham
aos da família Reduviidae, porem, deles se distinguindo
facilmente por terem quatro segmentos no rostrum e não
apresentarem no prosternum um sulco transversalmente
estriado (sulco estridulatório).

Fig. 404 - Aphelonotus simplus Uhler, 1894 (Nabidae) (cerca de X 7).

Cabeça robusta, porem, mais curta que o pronotum;


ocelos aproximados, grandes (Nabinae) ou muito pequenos
(Prostemminae) às vezes, porem, ausentes em Carthasis
Champion, 1900, Neogorpis Barber, Pachynomus Klug, 1830
e mesmo em algumas espécies de Nabis; rostrum curto e

76 Lat. nabis, cordeiro selvagem.


236 INSETOS DO BRASIL

robusto, de quatro segmentos, sendo o l° muito curto, rara-


mente de tres; antenas de quatro (Nabinae) ou cinco segmen-
tos (Prostemminae).
Torax - Pronoto trapezoidal com constrição transver-
sal dividindo-o em dois lobos, anterior e posterior, às vezes
o lobo anterior apresenta uma outra constrição a alguma
distância da margem anterior (Nabinae); hemelitros mais
longos ou mais curtos que o abdomen. Algumas espécies
são dimórficas quanto ao desenvolvimento dos hemelitros,
possuindo formas macrópteras e micrópteras; naquelas o
hemelitro apresenta corium, clavus, membrana e algumas
vezes embolium; membrana apresentando geralmente algu-
mas nervuras longitudinais, às vezes formando tres longas
células, das quais partem nervuras curtas e divergentes
para a margem, limitando entre si várias células margi-
nais; em alguns gêneros, porem, não ha nervuras distintas
na membrana (v. fig. 405).

Fig. 405 - Asa de Arachnocoris alboannulatus Lima, 1927 (Nabidae) (X 18).

Pernas anteriores geralmente raptoriais, com fêmures


um tanto ou consideravelmente mais dilatados que nas ou-
tras pernas; tíbias providas de cerdas ou espinhos curtos;
estas, em muitas espécies, apresentando larga fossa espon-
josa no ápice; tarsos de tres artículos (em Carthasis os tar-
sos são uniarticulados)77.
337. Hábitos, classificação e espécies mais interessantes.
- Os Nabideos são hemipteros predadores; sugam a hemo-

77 Blatchley criou para este gênero uma nova subfamília - Carthasinae -


incluindo-a em Reduviidae. Harris (1928), porem, demonstrou tratar-se de mais
um grupo de Nabidae.
NABIDAE 237

linfa de outros insetos. Ha descritas cerca de 300 espécies.


As sul-americanas acham-se distribuidas nas duas subfamí-
lias Prostemminae e Nabinae, que se distinguem do seguinte
modo:

1 Antenas de 5 segmentos, o 2º, porem, muito curto; lobo


anterior do pronotum sem constrição subapical ou com
esta muito próxima da margem anterior; colarinho
apical ausente ou extremamente curto; corium e clavus
opacos, o último não alargado na parte distal, daí a
comissura ser mais curta que o scutellum ....................
............................................................................ Prostemminae
1' Antenas de 4 segmentos, o 2° longo; lobo anterior do pro-
notum com constrição subapical um tanto distante da
margem anterior; pronoto com longo colarinho apical;
corium e clavus membranosos, quasi translúcidos,
clavus alargado na parte distal ...................... Nabinae

Da primeira subfamília cito os gêneros: Pagasa Stal,


1862, com Pagasa pallidiceps Stal, 1860, Pagasa luteiceps
Walker, 1873) e Phorticus Stal, 1860, com Phorticus obs-
curiceps Stal, 1860 e Phorticus viduus Stal, 1860, todos
encontrados no Rio de Janeiro. Da segunda os gêneros:
Nabis Latreille, 1807, com várias espécies sul-americanas
e Arachnocoris Scott, 1884, com espécies que vivem em
ninhos de aranhas (v. trabalhos de MEYERS (1925) e COSTA
LIMA (1927).
Recentemente, HARRIS (1930) descreveu duas novas espé-
cies de Pachynomus Klug, 1830 s. gen. Casmarochilus Harris,
1930 (subfamília Pachynominae), uma do Panamá e outra
de Santarem (Pará, Brasil). Aliás são elas os únicos repre-
sentantes americanos de Pachynominae, subfamília consti-
tuida por espécies das regiões Etiópica e Oriental, caracte-
rizada principalmente por apresentar, distintamente, cinco
segmentos antenais e por não ter ocelos, nem orifícios me-
tasternais.
238 INSETOS DO BRASIL

338. Bibliografia.

HARRIS, H. M.

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POLYCTENIDAE 239

Superfamília POLYCTENOIDEA78

Família POLYCTENIDAE

339. Caracteres e espécies mais interessantes. - Família


representada por insetos de alguns milímetros de compri-
mento, que se encontram no pelo de certos morcegos. Os
exemplares mais desenvolvidos fazem lembrar, à primeira
vista, outros ectoparasitos de morcegos, especialmente as
espécies do gênero Strebla (Diptera: Streblidae), deles, po-
rem, se distinguindo por terem um haustellum segmentado.
Dos demais hemípteros os Polictenideos se diferenciam, so-
bretudo, pela presença de etenideos cefálicos e pela ausência
de olhos e ocelos. Como nos Cimicideos, os adultos desta
família apresentam o corpo achatado e hemelitros reduzidos
a um par de escamas, que mal encobrem a base do abdo-
men. Pernas anteriores curtas e relativamente robustas;
médias e posteriores geralmente alongadas; tarsos trímeros,
porem, aparentemente quadriarticulados, por ter o segmento
intermediário uma pseudo articulação na parte basal.
A cabeça apresenta o clipeo bem desenvolvido, no qual
se articula um labro grande, em forma de aba. Rostrum
ou haustellum de quatro segmentos, porem, aparentemente
constituido por tres segmentos subiguais, porque o segmento
basal é extremamente curto.
As fêmeas dos Polictenideos são vivíparas e as formas
imaturas que delas se originam, ao nascerem, apresentam-se
em estádio bem adiantado de desenvolvimento.
Ha descritas cerca de 16 espécies de Polyctenidae, dis-
tribuidas em cinco gêneros, dos quais Hesperoctenes Kir-
kaldy, 1906 é o único constituido por espécies americanas.
No Brasil, alem de Hesperoctenes fumarius (Westwood,
1874), encontra-se H. impressus Horvath, 1910 (? = H.

78 Gr. polys, numerosos; cteis, pente.


240 INSETOS DO BRASIL

fumarius, Costa Lima, 1920, ectoparasito de Molossus pe-


rotis (Wied).

Fig. 406 - Hesperoctenes sp; 1, labium; 2, foramen antenal; 3, ctenidio genal;


4, fosseta tentorial posterior; 5, região hipostomal; 6, ctenidio hipostomal; 7, con-
dilo ocipital; 8, prosternum; 9, apofise prosternal; 10, pronotum; 11, espirá-
culo; 12, mesosternum; 13, trocantino; 14, apofise mesosternaI; 15, pleurito;
16, trocantino; 17, apofise metasternal; 18, metasternum; 19, 2° urosternito;
20, labrum; 21, clypeus; 22; sutura genal; 23, músculos farigngeos; 24, ctenideo
ocipital; 25, pronotum; 26, mesopleura; 27, espiráculo; 28, metapleura; 29, qua-
dril II; 30, metanotum; 31, fragma; 32, quadril III 33, 2° urotergito (De Ferris
e U s i n g e r , 1939, f i g . 1 ) .
POLYCTENIDAE 241

340. Bibliografia.

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1, r e g i ã o h i p o s t o m a l ; 2. r e g i ã o p r o s t e r n a l ( D e F e r r i s e U s i n g e r , 1939, f i g . 2 1 ) .
242 INSETOS DO BRASIL

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Rec. Ind. Mus. 3:271-274.

Superfamília CIMICOIDEA
341. Caracteres, etc. - Os Hemípteros desta superfamília
distinguem-se dos demais por terem hemelitros providos
de cuneus e, quasi sempre, de embolium; a membrana, ora
se apresenta sem nervuras, ora com poucas nervuras, em
CIMICOIDEA 243

geral livres ou formando, na base, uma ou duas células


desiguais.
Não apresentam tal conjunto de caracteres os represen-
tantes da família Cimicidae, que alguns autores consideram
como verdadeiros e exclusivos representantes da superfa-
mília Cimicoidea, constituindo as espécies aladas acima re-
feridas, uma superfamília à parte - Miroideae Kirkaldy,
1906.
Antenas mais longas que a cabeça, de quatro segmentos,
sendo os dois últimos setiformes e vilosos, às vezes, porem,
distintamente espessados; ocelos presentes (Anthocoridae,
Isometopidae e Microphysidae), ou ausentes (Termatophy-
lidae e Miridae); rostrum geralmente de quatro segmentos
(de tres em Anthocoridae); scutellum distinto, triangular,
pequeno, às vezes, porem, em alguns (Isometopideos), esten-
dendo-se até o meio do abdomen; hemelitros das formas
macrópteras (figs. 223 e 225), apresentando cuneus e em-
bolium, este, porem, nem sempre distinto; membrana sem
nervuras, ou com poucas nervuras, livres ou formando uma
ou duas células basais desiguais; tarsos geralmente trímeros
(dímeros em Microphysidae) e, excetuando Miridae, des-
providos de arólio; nas fêmeas os últimos segmentos ven-
trais apresentam-se com fenda longitudinal, na qual se
aloja o ovipositor.
342. Classificação. - Esta superfamília, depois de Scutel-
leroidea, é a maior na ordem Hemíptera, compreendendo
cerca de 4.500 espécies, distribuidas nas seguintes famílias:
Velocipedidae, Cimicidae, Anthocoridae, Isometopidae, Micro-
physidae, Termatophylidae e Miridae.
A família Velocipedidae é constituida por algumas espé-
cies do gênero Velocipeda Bergr., habitantes da região
Indomalaia.
As famílias Termatophylidae, Microphysidae e Isometo-
pidae são tambem formadas por um pequeno número, de
espécies, das quais muito poucas vivem na América.
244 INSETOS DO BRASIL

Assim, apenas nos interessam Cimicidae, Anthocoridae


e Miridae, que se distinguem pelos caracteres mencionados
na chave seguinte:

1 Insetos de corpo ovalar, achatado, com os hemelitros ru-


dimentares, sob a forma de escamas, apresentando um
tylus robusto, oblongo, alargado na parte apical; per-
cevejos de cama e outras espécies hematófagas encon-
tradas em ninhos de morcego e de aves .... Cimicidae
1' Insetos com outros caracteres ...................................................... 2
2(1') Ocelos pr esentes; rostrum de 3 segmentos ........... Anthocoridae
2' Ocelos ausentes; rostrum de 4 segmentos .................. Miridae

Família CIMICIDAE

(Lecticolae 79; Acanthiidae 80; Cacodmidae 81;


Clinocoridae) 82

343. Caracteres. - Família dos chamados "percevejos


de cama" e de outras espécies hematófagas que habitam
ninhos de morcegos e de aves.
Corpo achatado, em oval arredondado, revestido de
cerdas, mais ou menos abundantes.
Cabeça grande, apresentando um tylus relativamente
robusto e alargado para diante; olhos bem salientes, quasi
pedunculados; ocelos ausentes; antenas relativamente curtas,
de quatro segmentos; rostrum, na maioria das espécies,
curto, robusto, de tres segmentos.
Protorax transversal, lateralmente expandido em bor-
dos arredondados e na margem anterior mais ou menos pro-
fundamente escavado; scutellum largo, em triângulo obtuso.
Hemelitros rudimentares, com o aspecto de duas esca-
mas; sem asas; tarsos de tres artículos; garras tarsais sem
arolia.

79 Lat. lectum, leito; colo, habito.


80 Gr. acanthia, espinho.
81 Gr. cacodmos, que cheira mal.
82 Gr. kline, leito; coris, percevejo.
CIMICIDAE 245

Abdomen arredondado; a face ventral, nas fêmeas, apre-


senta uma fenda (orgão de Ribaga) no bordo posterior do
5° esternito, na maioria das espécies situada no lado direito
da linha mediana, em algumas, porem (Cimex limai Pinto
e Haematosiphon inodora (Dugès), na linha mediana.
344. Orgãos de Ribaga e de Berlese. - O orgão copula-
dor penetra através da fenda ha pouco citada, que se acha
em relação com um corpo arredondado, chamado "bolsa"
ou "orgão de Berlese", que funciona como bolsa copuladora,
recebendo os espermatozoides por ocasião do coito.
Eis como PATTON e EVANS (1929) (v. indicação, no 1º
tomo: 32) descrevem os fenômenos que se passam durante
e após a cópula em Cimex, segundo as pesquisas realizadas
por CRAGG:

"Os espermatozóides de Cimex são extremamente longos,


medindo cerca de 800 micra (o diâmetro do orgão de Berlese).
São depositados pelo macho no orgão através de uma abertura
especial chamada orgão de Ribaga. O orgão de Berlese está
situado no hemocele, no lado direito do abdome da fêmea de
Cimex, na região do 4º e 5° esternitos. O orgão é esférico e
mede cerca de 0,8-1 mm., variando o tamanho de acordo com
o número de espermatozoides contidos no interior. Acha-se
preso à parede ventral do abdome pelo orgão de Ribaga, uma
estrutura ectodérmica constituido por células quitinógenas
extraordinariamente modificadaas, cada uma delas na extremi-
dade livre for mando um longo processo. Provavelmente os
espermatozóides atingem a substância do orgão de Berlese
passando através de cerdas longitudinalmente perfuradas. O
orgão de Berlese é uma glândula sem canais excretores, cuja
secreção passa para o hemocele quando os espermatozóides
o atravessam dirigindo-se para as espermatecas. Tal orgão
não se acha em relação com o sistema reprodutor. Os esper-
matozóides, em sua maioria, deixam o orgão passando através
da parede no primeiro dia após a cópula encontrando-se no
hemocele quatro horas depois deste ato.
Uma vez livres na haemolinfa, reunem-se em pequenos
feixes (v. fig. 307 B) facilmente reconhecíveis a olho nú.
Passam depois para a extremidade posterior do abdomen,
grupando-se em volta da parede de junção dos oviductos e
246 INSETOS DO BRASIL

espermatecas. Não ha canal algum comunicando as esperma-


tecas com o orgão de Berlese. As massas de espermatozoides
aderentes às paredes das espermatecas atravessam-nas, pe-
netrando nas paredes dos oviductos. O progresso último dos
espermatozoides é inteiramente inter ou intracelular; não
entrando no lumen do oviducto, sobem, passando em feixes
através do epitélio.
Eventualment e atingem, no pedicelo do ovário, a massa
protoplasmática que aí se encontra. Ulteriormente, quando esta
foi utilizada na extensão do epit élio coriógeno em volta do
ovo em crescimento, e quando este epitélio já se acha acha-
tado, envolv endo o ovo quasi maduro, dirigem-se para a
massa protoplasmática situada abaixo do ovo seguinte. Neste
percurso, não mostram qualquer sinal de degeneração.

Terminam aqueles autores, transcrevendo as seguintes


conclusões de CRAGG:

"Though Berlese's theory of hypergamesis has been


shown to be found on error, the necessity of accounting for
the enormous excess of spermatozoa which penetrate even-
tually into the ovariole remains. The spermatozoa have been
traced to a mass of protoplasm containing free nuclei which
are in an unstable condition. The enormous mass of proto-
plasm received by the female during the successive acts of co-
pulation, in the form of spermatozoa, leads one to doubt.
whether the latter have not some function obher than that of
fertilisation of the eggs."

345. Classificação. - A família compreende perto de 40


espécies, distribuidas em duas subfamílias: Cimicinae e
Haematosiphoninae. Esta é representada pelo gênero Hae-
matosiphon Champion, 1900, com espécie única H. inodora
(Dugès, 1892), cujo rostrum se estende alem das ancas mé-
dias, encontrada em galinheiros, no México e nos Estados
Unidos.
A subfamília Cimicinae é representada pelas demais
espécies cujo rostrum atinge apenas os quadris anteriores,
distribuidas pelo mundo em vários gêneros, dos quais ape-
CIMICIDAE 247

nas Cimex L., 1758 e Ornithocoris Pinto, 1927 têm repre-


sentantes no Brasil, com as seguintes espécies:
Cimex lectularius L., 1758 e Cimex hemipterus (Fabr.,
1803), ambos cosmopolitas, Cimex foedus (Stal, 1854) e
Cimex limai Pinto, 1927, este, encontrado em Pernambuco,
sugando morcegos, foi tambem observado no Pará em do-
micílios, sugando sangue humano (LENT e PROENÇA). Cimex
foedus, alem do Brasil, encontra-se tambem na Colômbia e
nas Filipinas, onde vive nos domicílios, sugando sangue
humano.
A espécie tipo de Ornithocoris, O. toledoi Pinto, 1927,
foi encontrada em São Paulo, em galinheiros, sugando san-
gue de Gallus domesticus. MORAES (1939) encontrou-a tam-
bem em Viçosa (Minas Gerais) (figs. 412 e 413).
CORDERO e VOGELSANG (1928), no Uruguai, descreveram
uma outra espécie deste gênero (Ornithocoris furnarii), que
vive nos ninhos de "João de Barro" (Furnarius rufus), e
Cimex passerinus, que suga sangue de Passer domesticus.
346. Cimex lectularius e C. hemipterus (figs. 408 e 409).
- No Brasil, como disse, encontram-se duas espécies cosmo-
politas de Cimex, Cimex lectularius (L., 1758) (= Acanthia
lectularia (L.), Clinocoris lectularius (L.)) e Cimex hemipte-
rus (Fabr., 1803) (= Acanthia hemiptera Fabr., 1803; A can-
thia rotundata Sign., 1852; Cimex rotundatus (Sign.)). Toda-
via, é a segunda espécie a que mais frequentemente se vê,
mesmo nos centros mais populosos. Na cidade de São Paulo,
porem, talvez devido à intensa imigração européia, parece ser
mais abundante o Cimex lectularius. BLATCHLEY, num dos
seus livros (1934), a ele se referiu, descrevendo o que obser-
vou ao passar por aquela cidade.
Ambas estas espécies têm hábitos noturnos; de dia en-
contram-se nas fendas e orifícios dos muros e móveis, prin-
cipalmente nas camas; à noite saem dos esconderijos para
sugar o sangue das pessoas em repouso.
248 INSETOS DO BRASIL

É facil distinguir-se as duas espécies, não somente pela


configuração do protorax, sobretudo pela reintrância do
bordo anterior, como pelo aspecto das cerdas que nele se
inserem e nos hemelitros. Em lectularius tais cerdas apre-
sentam rebarbas num dos bordos; em hemipterus ambos os
bordos das cerdas são lisos (fig. 410).
347. Cópula. Postura. Desenvolvimento embrionário. -
Os percevejos de cama copulam 24 a 48 horas depois de
atingida a fase adulta, começando as posturas uma semana
depois. Estas, no caso do Cimex hemipterus e segundo as
observações feitas por DUNN (1924) no Panamá, se efetuam
nos logares em que os percevejos se escondem, observan-
do-se os primeiros ovos do 3° ao 6° dia de vida adulta.
Os ovos (fig. 411), aliás muito semelhantes nas duas
espécies de Cimex, têm cerca de 1 mm. de comprimento
por 0,5 de largura.
A princípio de um branco-pérola, pouco a pouco mu-
dam de tonalidade, até adquirirem a cor branca-amare-
lada. Apresentam o cório distintamente reticulado e o opér-
culo um pouco voltado para o lado.
Podem aderir aos objetos em que são postos mediante
a secreção das glândulas coletéricas emitida na postura.
Um percevejo de cama, em toda a vida, põe de 75 a
200 ovos, em posturas parceladas, de um, dois, tres ou mais
ovos por dia.
CRAGG verificou que uma fêmea, acompanhada do ma-
cho, pôs 174 ovos em 105 dias, só interrompendo as posturas
com a aproximação do inverno. TITSCHACK (1930) teve o
ensejo de observar uma fêmea que pôs 541 ovos.
Com o Cimex lectularius, segundo DUNN (1924), o pe-
ríodo de postura varia de 40 a 94 dias, pondo o inseto, nesse
período, 89 ovos no mínimo e 439 no máximo. Em 24 horas,
porem, expele quasi sempre de seis a oito ovos, podendo o
número ascender a 10.
CIMICIDAE 249

O desenvolvimento embrionário (incubação), depedendo


principalmente da temperatura, realiza-se de quatro a 10
dias.
DUNN, no Panamá, com o C. hemipterus, observou um
período de incubação de cinco a seis dias.

Fig. 408 - Cimex lecturius L., 1758, macho (Cimicidae) (X 14)


(Fot. J. Pinto).

348. Desenvolvimento post-embrionário. Duração da vida.


- Em Cimex lectularius o desenvolvimento post-embrioná-
rio, de ovo a adulto, efetua-se mediante cinco ecdises ou
mudas, durando, segundo as experiências de JONES (1930)
(efetuadas em temperatura de 27°C. e com humidade rela-
tiva de 75%), cerca de 30 a 40 dias.
250 INSETOS DO BRASIL

Eis os dados colhidos:

N ú m e r o de
Duração
repastos
em dias
sanguíneos

4 a 8
1º e s t á d i o , 1ª f o r m a j o v e m ou l a r v a . . . . . . . . . . 1 ou 2

2º e s t á d i o , 2ª f o r m a j o v e m ou 1ª n i n f a . . . . . cerca de 1 3 a 4
semana
3º e s t á d i o , 3ª f o r m a j o v e m ou 2ª n i n f a . . . . . 5 a 9
2 a 4

4º e s t á d i o , 1ª f o r m a j o v e m ou 3 ª n i n f a . . . . . 5 a 8
3 a 4

5º e s t á d i o , 5ª f o r m a j o v e m ou 4ª n i n f a . . . . . 7 a 12 3 a 4

Relativamente ao Cimex hemipterus foram as seguintes


as observações feitas por DUNN:

Duração N ú m e r o do
em dias repastos
sanguíneos

1º e s t á d i o , 1ª f o r m a j o v e m ou l a r v a . . . . . . . . . . 3 a 5 2
2º e s t á d i o , 2ª f o r m a j o v e m ou 1ª n i n f a . . . . . 3 a 5 2 a 3

3º estádio, 3ª forma jovem ou 2ª ninfa ..... 3 a 5 2 a 3

4º e s t á d i o , 4ª f o r m a j o v e m ou 3ª n i n f a . . . . . 5 a 8 1 a 3

5º estádio, 5ª forma jovem ou 4ª ninfa ..... 5 a 8 3 a 5

O período post-embrionário pode prolongar-se princi-


palmente devido ao abaixamento da temperatura e à defi-
ciência de alimentação.
Quanto à duração da vida dos percevejos de cama:
A do Cimex hemipterus varia de tres a oito meses. Em
condições experimentais, DUNN verificou que as fêmeas du-
CIMICIDAE 251

ram de 23 a 167 dias, sugando sangue, no mínimo 22 vezes


e no máximo 168; quanto aos machos, vivendo de 94 a 189
dias, fazem 78 a 168 repastos sanguíneos.
A sucção de sangue, nas fêmeas, dura de quatro a 12
m i n u t o s e, n o m a c h o , de t r e s a oito m i n u t o s .

Fig. 409 - Cimex hemipterus (Fabr., 1803), fêmea (Cimicidae) (X 19


(Fot. J. Pinto).

Conquanto os percevejos de cama possam suportar lon-


gos períodos sem se alimentar (BACOT verificou que, numa
temperatura de 15° a 16°C, podem viver, sem sugar sangue,
cerca de 130 dias), nem sempre sobrevivem nos domicílios
252 INSETOS DO BRASIL

ha muito tempo desabitados, devido a essa resistência. Pro-


vavelmente, em tal emergência, sugam sangue de aves,
ratos, morcegos e outros mamíferos que aí se encontram.
349. Importância médica. - Os percevejos de cama, alem
dos danos que causam pelas picadas (v. trabalho de HASE,
1930), têm sido incriminados como capazes de transmitir
germes de várias doenças infecciosas. Entretanto, se está
verificado que, em condições experimentais, podem trans-
mitir, mediante as fezes, o bacilo da peste, o Schizotrypa-
num cruzi, agente etiológico da doença de Chagas, e outros

Fig. 411 - Ovo


de Cimex hemi-
pterus, a pós a
Fig. 410 - Parte lateral do elitro de Cimex lectularius L., eclosão da forma
(fêmea), p a r a se a p r e c i a r o a s p e t o c a r a c t e r í s t i c o das cer- joven (De Imms,
d a s , s e r a r d a s n o b o r d o c o n v e x o ( X 300) ( d e P i n t o , 1930, Textbook of En-
A r t h r o p o d o s p a r a s i t o s etc. f i g . 80) ( F e d e r m a n foto.). tom., fig 663).

germes, ainda não ha dados precisos que nos levem a con-


cluir que, normalmente, desempenhem papel preponde-
rante na transmissão, das doenças infecciosas, nem mesmo
daquelas cujos agentes etiológicos se acham frequentemente
no sangue periférico.
350. Meios de combate. - Os locais infestados pelos
Cimicideos devem ser expurgados pelo anídrido sulfuroso,
resultante da queima de enxofre ao ar livre (ao qual se
CIMICIDAE 253

adiciona um pouco de salitre, para facilitar a combustão),


à razão de 50 a 100 grs. por m 3, durante uma hora pelo me-
nos, pelo gás Clayton (SO 2 + O), resultante da queima de
enxofre em aparelho Clayton, ou pela aplicação de gás
cianídrico, segundo as técnicas indicadas nos manuais de
expurgo.

Figs. 412 e 413 - Ornithocoris toledoi, Pinto, 1937, macho, (Cimidae


(X 19) Aspectos dorsal e ventral. (De Pinto, 1927).

Os percevejos, que se escondem nos móveis ou em


quaisquer objetos, podem ser facilmente destruidos pelo
emprego de querosene, de piretro ou dos preparados inse-
ticidas do comércio, especialmente indicados para o com-
bate a estes insetos.
Quando possivel, o emprego de água numa tempera-
tura próxima da ebulição deve ser o método indicado na
destruição destes percevejos.
254 INSETOS DO BRASIL

Tambem, sendo possivel e econômico manter-se os com-


partimentos infestados numa temperatura de 50°, durante
seis horas, deve preferir-se este meio de combate a outro
qualquer, pois dele resultará uma destruição, dos percevejos
nos vários períodos do desenvolvimento.
Nas habitações, como medida preventiva no combate aos
percevejos de cama, as paredes devem ser pintadas ou
caiadas, visto como as revestidas de papeis pintados cons-
tituem um meio favoravel para a proliferação destes insetos.

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Família ANTHOCORIDAE83

352. Caracteres, etc. - Hemípteros pequenos, de alguns


milímetros de comprimento, cor castanha mais ou menos
escura e corpo geralmente achatado.
Cabeça quasi tão longa quanto o torax, geralmente sa-
liente adiante da inserção das antenas; estas de quatro se-
gmentos; ocelos presentes; bucculae ausentes; rostrum de
tres segmentos.
Pronotum trapezoidal, de ângulos posteriores não, sa-
lientes, scutellum pequeno, triangular; hemelitros, quando
bem desenvolvidos, com cuneus e embolium distintos e a
membrana provida de poucas nervuras longitudinais, ou
mesmo sem elas. Na classificação destes insetos importa
saber se ha ou não, nas asas posteriores, hamus, curta ner-
vura, às vezes ponteaguda, dirigida para dentro da célula
dessas asas.
Tarsos de tres artículos. Garras sem arólia.
353. Hábitos. - Os Antocorideos geralmente são vistos
nas partes epígeas das plantas, sendo mais frequentemente
encontrados nas flores e sobre caules infestados por pulgões
ou cochonilhas, ou neles escondidos sob a casca destacada

83 Gr. anthos, flor; coris, percevejo.


ANTHOCORIDAE 261

ou dentro da bainha das folhas. Aí atacam os pequenos


insetos que acham (alem dos já citados, trips, etc.) para
lhes sugar a hemolinfa. São, pois, predadores.
Ha, entretanto, espécies hematófagas, que habitam ni-
nhos de aves e algumas mesmo já observadas sugando san-
gue humano. No Brasil a espécie mais frequentemente obser-
vada em ninhos de aves (fig. 411) muito se assemelha a
Calliodis picturata Reuter, 1871 (fig. 414).
Em outros paises foram estudadas algumas espécies que
causam, pelas picadas, danos às plantas cultivadas.
354. Classificação. - Ha conhecidas, em todas as partes
do mundo, cerca de 300 espécies, distribuídas em tres subfa-
mílias: Anthocorinae, Lyctocorinae e Dufouriellinae.
Algumas espécies, observadas no Brasil, como Lycto-
coris campestris (Fabr., 1794) e Triphleps insidiosus (Say,
1831), são hoje cosmopolitas.

355. Bibliografia.
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Família MIRIDAE 84

(Capsidae)85

356. Caracteres, anatomia externa. - Compreende esta


grande família Hemípteros geralmente pequenos, exibindo
alguns cores vivas em desenhos variados, quasi todos, po-
rem, com tegumento pouco esclerosado; apresentam heme-

84 Etimologia desconhecida.
85 ? Lat. capsus, cofre.
262 INSETOS DO BRASIL

litros geralmente bem desenvolvidos, providos de cuneus


mais ou menos destacado do ápice do corium e membrana
com uma ou duas nervuras na base, curvas, formando uma
ou duas células (aréolas) desiguais.
Ha espécies que mimetizam, de modo perfeito, formi-
gas, microimenópteros da superfamília Ichneumonoidea ou
mesmo outros Hemípteros.

Fig. 415 - Mirideo, visto de cima: vêm-se a


Fig. 414 - Calliodis pi- porção anterior estreitada do p r o n o t u m (co-
c t u r a t a R e u t e r , 1871 ( A n - leira), a sutura transversa que separa o
thocoridae) (cerca X 20). cuneus do c o r i u (fratura) e, n a m e m b r a n a ,
apenas uma grande auréola (X 8).

Cabeça distinta; antenas de quatro segmentos, o basal,


em muitas espécies, consideravelmente dilatado; olhos sa-
lientes; sem ocelos; rostrum de quatro segmentos; scutellum
pequeno, triangular.
Hemelitros e asas relativamente grandes, aqueles tendo,
em algumas espécies, alem de cuneus, um embolium, aliás
não claramente separado do corium como em Anthocoridae.
MIRIDAE 263

Os Mirideos, em sua maioria, apresentam a parte distal


dos hemelitros dobrada para baixo, geralmente ao nivel da
base do cuneus (fig. 416).
Em vários Mirideos observam-se formas braquípteras e
apteras, sendo o macho geralmente macróptero. Em alguns,
porem, o macho tambem apresenta asas mais ou menos
atrofiadas.
Tarsos de tres artículos (exceto em Peritropis Uhler,
1891, cujos tarsos são dímeros), apresentando o último,
entre garras divaricadas, um par de apêndices (arolia), ora
setiformes, ora pulviliformes, cujo aspecto, combinado com
o da terminalia do macho, é aproveitado, não somente para
a distinção das subfamílias, como para averiguação das
relações filogenéticas existentes entre elas. Para dentro da
base das garras observa-se, em muitas espécies, outro par
de apêndices mais ou menos desenvolvidos (pseudarolia).

Fig. 416 - Mirideo, o mesmo da fig. 415 de perfil, para


se ver o dobramento característico do hemelitro
ao nível da fratura.

As fêmeas possuem, alojada numa fenda longitudinal


aberta nos tres últimos urosternitos, um ovipositor, que serve
para cortar os tecidos das plantas, para neles introduzir os
ovos.
357. Hábitos e importância econômica. - Os Mirideos,
em geral, são muito ativos; ha mesmo algumas espécies que
saltam muito bem.
264 INSETOS DO BRASIL

Vivem sobre Gramíneas e outras plantas herbáceas,


alimentando-se de seiva. Muitos, entretanto, se encontram
sobre arbustos e árvores.
Ha algumas espécies predadoras, que atacam pequenos
insetos (como Afideos) ou que lhes destroem os ovos. Como
exemplo deste último caso citarei Cyrtorrhinus mundulus
(Breddin), Mirideo da Austrália, Java, Filipinas e Fiji, in-
troduzido nas ilhas de Hawaii para realizar o combate bio-
lógico da cigarrinha Perkinsiella saccharicida; sugando-lhe
os ovos é atualmente o agente que mais eficientemente con-
trola a proliferação desta praga da cana de açucar.
Ha tambem alguns Mirideos que, facultativamente, se
tornam hematófagos.
O fato tem sido observado por vários autores em ou-
tros paises e ainda ha pouco tempo ESAKI (1934) a ele se
referiu, tratando especialmente do Mirideo asiático Cyrto-
rrhinus lividipennis Reuter, 1884.
Relativamente à natureza das lesões produzidas nas
plantas pelas picadas dos Mirideos ("stigmonose" e forma-
ção de "litíase" ou "pedras" nos tecidos picados), ha uma
série de trabalhos sobre espécies observadas no estrangeiro.
Do exame das conclusões nos mesmos apresentadas, de-
preende-se que, se os Mirídeos podem representar um papel
saliente na transmissão de virus ou de germes microbianos,
as lesões até agora observadas não parecem de uma doença
transmissivel e sim de substâncias, normalmente neles pre-
sentes, dotadas de ação mais ou menos tóxica para as plan-
tas que infestam. Convem ler, a respeito, os trabalhos de
SMITH (1920), PAINTER (1930), ROBERTS (1930), KING & COOK
(1932), CARTER (1939) e STOREY (1939), estes dois últimos
trabalhos já citados na bibliografia de Hemípteros.
358. Classificação e espécies mais importantes. - A fa-
mília Miridae, sob o ponto de vista da quantidade de espé-
cies que a formam, é das mais importantes na ordem Hemí-
ptera, pois, atualmente, compreende mais de 4.000 espécies,
MIRIDAE 265

havendo muitas ainda por descrever. Segundo KINIGTH (in


BRITTON, 1923 - Hemiptera of Connecticut) as espécies de
Miridae se distribuem nas seguintes subfamílias: Phylinae,
Dicyphinae, Bryocorinae, Cylapinae, Clivineminae, Deraeoco-
rinae, Orthotylinae, Mirinae e Capsinae.

Fig. 417 - Engytatus notatus (Distant,


1893) (Miridae) (De Moreira, 1925) (cerca de X 10).

Em quasi todos os paises, existem vários Mirideos mais


ou menos daninhos a certas culturas; basta citar o Lygus
pratensis (L., 1758), o assás conhecido, "tarnished plant
bug" dos norte-americanos. Na região neatrópica, entre-
tanto - aliás uma das mais ricas em espécies desta família
- bem poucas espécies foram até agora estudadas sob esse
ponto de vista econômico.
Linhas a seguir referirei o que de mais interessante se
escreveu sobre estes insetos em nosso País.
266 INSETOS DO BRASIL

359. Espécies de maior importância:

Subfamília DIGYPHINAE

Engytatus notatus (Distant, 1893) (fig. 417).


Neoproba notata Distant, 1893.
Engytatus geniculatus (Reuter, 1876) (fig. 418).
Neoproba varians Distant, 1884;
Cyrtopeltis varians (Dist., 1884).

Eis o que MOREIRA escreveu sobre estes dois Mirideos:

"Os hemípteros capsideos Engytatus notatus (Dist.) e


Engytatus geniculatus Reut., 86 são dos mais nocivos in-
setos que infestam o fumo, Nicotiana tabacum L., no Brasil
vivem em grande número nas folhas desta planta, picando-as
e sugando-as, causam alterações nos tecidos, produzindo
as manchas que Woods denominou stigmonose, juntam-se
principalmente na face inferior das folhas, manchando-as
e sinão inutilizando-as completamente, depreciam-nas gran-
demente.
Estes pequenos insetos têm vida curta, vivem apenas
uns vinte dias, mas as gerações sucedem-se ininterruptamente,
de modo que em pouco tempo, grande número infesta a plan-
tação. A espécie menor Engytatus notatus (Dist.) é um inseto
de, cabeça preta com área triangular amarela na parte pos-
terior interna de cada olho; os olhos são castanho-vermelhos,
as antenas fuliginosas, com as extremidades do segundo
artículo e a extremidade distal do terceiro segmento ama-
relos, o pronotum é amarelo esverdeado com a face dorsal
mais ou menos fuliginosa, as margens laterais e posterior,
negras, o escutelum é esverdeado tem uma faixa longitudinal
central e o vértice pretos; o abdomen é amarelo esverdeado,
na parte dorsal, nas extremidades tem pelos, é castanho-negro,
as pernas são amarelo-esverdeadas, têm pelos e cerdas, as
tíbias e tarsos são ligeiramente fuliginosas; as asas ante-

86
Este inseto foi descrito por Distant sol a designação de Neoproba notata,
e Uhler descreveu-o e denominou-o Dicyphus minimus, mas realmente é uma
espécie do género Engytatus e seu nome deve ser Engytatus notatus (Distant)
de acordo com a opinião abalizada de Horvath a quem devo a determinação
das duas espécies de percevejos do fumo. Champion prefere manter a designação
genérica de Distant como subgênero: Engytatus (Neoproba) notatus (Distant).
MIRIDAE 267

flores são amarelas, levemente fuliginosas, principalmente a


membrana, têm uma mancha preta na extremidade do cuneus
e outra próximo da extremidade do corium, as asas poste-
riores são hialinas com reflexos irrisados e a tromba é verde
e clara. O abdomen do macho é cilindroide e o inseto curva
os últimos segmentos ligeiramente para baixo. O inseto tem

Fig. 418 - Engytatus geniculatus Reuter, 1876 (Miridae) (cerca de X 16).


(De Moreira, 1925).

de comprimento da fronte a extremidade do abdomen, 2, mm4.


A fêmea tem o mesmo colorido do macho, tendo o abdomen
mais grosso na altura do sexto segmento a que se articula
o ovipositor; é ligeiramente maior do que o macho, tem de
comprimento da fronte à extremidade do abdomen, 2, mm5.
As asas de ambos os sexos excedem o comprimento do abdomen.
268 INSETOS DO BRASIL

OVO E POSTURA

O ovo deste hemíptero ainda no ovário prestes a ser posto,


tem 0, mm 67 de comprimento e 0, mm 06, na maior grossura é
levemente curvo, fusiformes com uma extremidade truncada
e guarnecida de cerdas. O ovo posto é branco com a casca
finamente reticulada, tem 0, mm 7 de comprimento e de gros-
sura a meio 0, mm 22 e na extremidade mais fina, 0, mm 11, é
curvo com a parte em que fica o opérculo por onde se dá
a eclosão, truncada sem as cerdas que o ovo antes da postura
apresenta. A fêmea para proceder à postura abre o ovi-
positor de traz para diante e enterra-o na nervura central da
face inferior da folha, contrae o abdomen em visivel esforço
e põe o ovo, que corre pelo ovipositor e penetra na fenda
feita por este no tecido da nervura da folha. O ovo fica
inclinado com a extremidade truncada fixa à epiderme da
nervura.
Dentro de 12 horas, depois da fecundação a fêmea começa
a pôr; põe dois a tres ovos muito espaçadamente, com umas
12 horas de intervalo. A postura dura pelo menos um minuto,
tempo em que o inseto fêmea mantem o ovipositor enterrado
na nervura da folha.
A postura não pode ser feita sinão na nervura central,
ou nas grossas nervuras laterais, porque só estas podem alo-
jar o ovo na posição em que é posto; o ovo inclinado na
posição conveniente precisa de tecidos da folha de 0, mm 35
de espessura que só se encontram na nervura mediana, ou em
grossas nervuras secundárias, o limbo da folha entre ner-
vuras tem de espessura, 0, mm 1 e a nervura central de uma
folha pequena tem 1 a 2 milímetros e meio de espessura.
O inseto procura por isto, instintivamente a nervura me-
diana, ou as grossas nervuras secundárias, porque somente
nestas pode alojar o ovo. A fêmea morre uns 5 dias depois
da postura do último ovo e o macho dentro de uns 4 dias
depois que fecundou a fêmea.

ECLOSÃO E METAMORFOSE DO INSETO

Sete dias depois de posto o ovo, dá-se a eclosão da larva,


ou jovem, que é aptero, nasce com 0, mm 35 de comprimento
amarelo, ingerindo alimento, seu abdomen que é mais
claro, torna-se escuro seus olhos são castanho-avermelhados,
depois da primeira muda começaram a nascer os rudimentos
de asa que se desenvolvem até a segunda muda que se dá
MIRIDAE 269

depois de tres dias e toma depois desta, a forma alada de


imago.
Quatro dias depois de chegada a fase de imago, depois
da última muda o inseto está apto para a reprodução. O
macho excita a fêmea por assaltos rápidos a esta, depois
unem-se e permanecem assim juntos mais de 20 minutos.
Doze horas depois começa a postura, a incubação dura sete
dias e da eclosão á última muda, à imago, de.correm pelo
menos nove dias, sendo a vida da imago de nove dias, a vida
do inseto desde a eclosão é de 18 dias. A temperatura os-
cilou de 26 ° a 32°C durante o tempo que fiz estas observações
da biologia deste inseto.

ESTRAGOS PRODUZIDOS

Este pequeno hemíptero, sendo as condições climatéricas


favoráveis, de seca e calor, desenvolve-se consideravelmente
e aglomerando-se na face inferior das folhas e picando-as
produzem alterações nos tecidos, modificando a clorofila e
o amarelecimento das folhas que secam prematuramente,
podendo t ambem o inseto com suas picadas e voando de umas
para outras plantas transmitir as moléstias que ocorrem no
tabaco. Alem destes danos, o Engytatus notatus defecando
sobre as folhas cobre-as de pintas pretas que lhe dão mau
aspecto, prejudicando sua qualidade.
Só tenho conhecimento da existência deste nocivo inseto
no México, no Brasil e nos Estados Unidos da América do Norte
em plantações de fumo, na Florida, na Carolina do Sul em
New México e na Califórnia. Tambem é encontrado em to-
mateiros.
Alem desta espécie de hemíptero capsídeo, ha uma outra
um pouco maior, do mesmo gênero que produz os mesmos
danos, é o Engytatus geniculatus Reuter, de cabeça amarela
com um colar castanho escuro na parte posterior, seus olhos
são castanho-negros, as antenas têm o primeiro artículo fu-
liginoso e a extremidade amarelo-clara, os segmentos se-
guintes são fuliginosos com pelos e cerdas, estas mais escuras
,do que aqueles, a tromba tem o segmento da base amarelo e os
terminais fuliginosos, as asas são amarelas, as superiores
com a membrana iridescente e as inferiores são hialinas,
as pernas são amarelo-claras os tarsos fuliginosos e corpo
amarelo esverdeado. Os dois sexos têm o mesmo colorido
e têm tres milímetros de comprimento.
270 INSETOS DO BRASIL

A biologia desta espécie é semelhante a do Engytatus


notatus, difere em pôr sete a oito ovos do mesmo tipo que os
da espécie menor um pouco mais alongados e curvos, com
um milímetro de comprimento e 0,mm4 na maior grossura. Esta
espécie é mais agil e rápida na fuga do que a menor. Tem sido
encontrada em plantas de fumo no Brasil e nos Estados Unidos
da América do Norte, na Califórnia, Texas e Florida.

Figs. 419 e 420 - Menalonion xanthonphilum (Walker, 1873), (Miridae);

Estes capsideos do fumo desenvolvem-se consideravel-


mente durante a época mais quente e mais seca do ano,
diminuindo à proporção que baixa a temperatura e as chuvas
são mais abundantes, mas naquela época prejudicam tanto
as plantas que devem ser tomadas medidas eficazes contra
seu excessivo desenvolvimento.
Os viveiros de plantas de tabaco devem ser feitos ao
abrigo de gaiolas guarnecidas de tela de arame de um milí-
metro, ou de gase e mesmo depois de transplantadas as mudas
devem ser protegidas até que alcancem uns 30 centímetros
MIRIDAE 271

de altura, sendo então tratadas com pulverizações de emulsão


de sabão e querozene e nicotina.
A emulsão deve ser bem preparada de modo que o
querozene fique completamente emulsionado com o sabão e
nunca deve ter mais de dois por cento de querozene. Emul-
sões com maior quantidade de querozene podem não ser
bastante estáveis e em um momento dado, parte do querozene
separando-se da emulsão queima e inutiliza as folhas do ta-
baco e isto deve ser evitado, pela dose baixa do petróleo, ou
querozene e sua perfeita emulsão.
Prepara-se a emulsão da seguinte forma:
Em qualquer vasilha que possa ir ao fogo deita-se um
litro dágua e oitocentas gramas de sabão duro ordinário co-
mum, cortado em pequenos pedaços, leva-se ao fogo e mexe-se
até completa solução de sabão, retira-se a vasilha do fogo e
ao líquido ainda quente junta-se um litro de querozene ou
petróleo e bate-se na própría vasilha ou em um aparelho
próprio até produzir perfeita e completa emulsão e dissol-
ve-se em cincoenta litros dágua. Pode-se conservar a emul-
são, que esfriando fica em massa como sabão, e dissolver na
ocasião de empregar. Neste caso dissolve-se em água quente
ou a fogo e deixa-se esfriar.

EXTRATO DE TABACO

Prepara-se o extrato da seguinte forma: toma-se um


quilo de f u m o , preto bem ú m i d o de rolo, c o r t a - s e em pe-
quenos pedaços e f e r v e - s e em uns dois a tres litros dágua
até extrair toda a nicotina dos pedaços de tabaco, retiram-se
estes do líquido, expremem-se e reduz-se o líquido pela eva-
poração a fogo lento, ou a banho-maria a um litro; com o
fumo em rolo úmido comum, de boa qualidade um extrato
preparado deste modo deve ter 0,82% (por 100 cc.) de nico-
tina.
Este extrato de fumo pode ser preparado na própria
plantação, de forma a ficar por um preço muito reduzido,
juntam-se dois atres litros deste extrato de fumo conforme
seu preço aos 50 litros de emulsão de sabão de querozene.
Com tres litros deste extrato de tabaco fica a emulsão com
2% de querozene e uns 0,05% de nicotina. Acidulando
com 10cc de ácido sulfúrico a água em que se deita o fumo
para ferver, obtem-se um extrato mais rico com sulfato de
nicotina.
272 INSETO DO BRASIL,

Aplica-se com pulverizador de pressão abundantemente,


procurando alcançar a face inferior das folhas, onde se
juntam os percenvejinhos. Pelas experiêneias que fiz com
o preparador de entomologia sr. Dario Mendes, verificámos
que uns 70 % de insetos alcançados pelo inseticida morrem
e verificamos que as formas aladas são mortas mais facil-
mente do que os jovens, ou larvas, porque a emulsão molha
as asas e o inseticida fica entre estas atuando sobre o inseto,
ao passo que os jovens embora mais tenros são molhados,
pelo inseticida que corre pelo corpo do inseto sem estagnar,
libertando-se o mesmo rapidamente da ação do inseticida.
As plantas tratadas pela emulsão de sabão depois de
alguns dias, mormente sobrevindo chuva não têm cheiro
algum de querozene ou sabão, por isto creio que este trata-
mento não deve prejudicar a qualidade do fumo, mas isto,
só na prática corrente poderá provar.
De nove em nove dias nascem insetos alados na planta
infestada e sendo estes mais vulneráveis pelo inseticida, o
tratamento deve ser repetido de dez em dez dias de modo a
atingir as formas aladas que vão nascendo, até extinção da
praga".

No meu "1° Catálogo sistemático dos insetos que vivem


nas plantas do Brasil", publicado no vol. VI (1922) dos
Archivos da Escola Superior de Agricultura e Medicina Ve-
terinária, vem assinalada, na família Miridae, uma espécie
que ataca as folhas de fumo no Distrito Federal.
O conhecimento que tive da mesma devo ao Dr. AR-
SÈNE PUTTEMANS, que me entregou, para determinar, alguns
especimens do inseto por ele colhidos em Deodoro sobre
folhas de fumo.
Nessa ocasião verifiquei que os mesmos pertenciam a
espécie Neoproba notata Distant, 1893. Ora, as espécies
do gênero Neoproba Dislant, 1804, segundo VAN DUZEE,
devem ser incluidas no gênero Engytatus Reuter, 1876,
daí concluir-se que o nome do inseto em questão deve ser
Engytatus notatus (Distant). Aliás é sob essa denominação
que este se encontra no referido Catálogo.
Ha, porem, um outro Mirideo ruja biologia se pode ler
descrita em trabalhos estrangeiros ( QUAINTANCE , Bull. 48,
MIRIDAE 273

Flórida Agric. Exp. Sta., 1898; HOWARD, L. O The principal


insects affecting the tabaco plant, Yearbook of the U. S.
Depart of Agric., for 1898-1899, pp. 134-136; MORGAN, A. C.
lnsects enemies of the tabacco in the United States, Year-
book of the U. S. Depart. for 1910-1911, pp. 294, etc.) e no
artigo do Dr. Gustavo D'Utra, indicado na "Bibliografia en-
tomológica do meu 3° Catálogo dos insetos que vivem nas
plantas do Brasil", no n. 399. Quero referir-me ao Dicyphus
mininms Uhler, 1899, considerado por MOREIRA sinônimo
de E. notatus.
Ora, os caracteres dos especimens que foram entregues
pelo Dr. PUTTEMANS, perfeitamente de acordo com a des-
crição de DISTANT para Neoproba notata, não combinam
exatamente com a diagnose de UHLER para o Dicyphus mi-
nimus. Aliás, poder-se-á verificar, lendo as descrições ori-
ginais de Dicyphus minimus e de Engytatus notatus, respe-
ctivamente no Entom. News, vol. X, p. 59 e na Biologia
Centrali Americana, Hem. Heteroptera, vol. I, p. 432, que
não correspondem a um mesmo inseto, e se a figura do
Dicyphus minimus (da qual ha uma cópia no citado tra-
balho de d'Utra) em muitos pontos se parece com o que se
vê em Engytatus notatus, não me parece razoavel concluir-se
pela identidade das duas espécies sem, pelo menos, se exa-
minar o tipo de UHLER, para se verificar se realmente o in-
seto por ele descrito oferece ou não os mesmos caracteres
assinalados para a Neoproba notata Distant. A ser pro-
vada tal identidade o nome do inseto será então o seguinte:
Engytatus notatus (Distant, 1893) (sin.: Neoproba notata
Distant, 1893; Dicyphus minimus Uhler, 1899).

Subfamília MIRINAE
360. Monalonion xantliophilum (Walker, 1873). - É
bem conhecido na zona cacaueira da Baía, onde, ha muitos
anos, é designado "chupança do cacau" (figs. 419 e 420).
Trata-se de um Hemíptero da família Miridae, que ataca
as partes epígeas do cacaueiro, produzindo nos frutos lesões
que caracterizam a chamada "bexiga do cacau".
274 INSETOS DO BRASIL

ZEHNTNER em colaboração com TORREND (1917) e BON-


DAR (1924, 1937), em interessantes comunicações, ocupa-
ram-se especialmente do inseto e das lesões por ele produ-
zidas.
ZEHNTNER, que anteriormente estudara os hábitos de Mi-
rideos do gênero Helopeltis, pragas do cacaueiro em Java
e Ceilão, não tendo podido determinar a espécie brasileira,
designou-a provisoriamente Mosquilla vastatrix.
Com exemplares do inseto remetidos por ZEHNTENER pude,
na ocasião, verificar que pertenciam a uma espécie de Mo-
nalonion.
Ultimamente BONDAR, retomando o estudo destes Hemí-
pteros, enviou-me para determinação as espécies que tem
observado na região cacaueira.

F i g . 421 - A s a de Monalonion x a n t h o p h i l u m ( W a l k e r , 1873) (Miridae) ( X 13).

No material recebido encontrei, alem de Monalonion


xanthophilum (Waiker, 1873), Monalonion atratum Distant,
1883 e mais duas outras espécies: Monalonion Bondari Costa
Lima e Monalonion parviventre bahiense Costa Lima.
Na Baía, segundo Bondar, M. atratum cria-se em em-
bauba (Cecropia sp.) e M. parviventre bahiense, alem do
cacaueiro, ataca a Rubiácea HameIia patens.
Sobre estas espécies BONDAR escreveu recentemente novo
artigo (1939). Enquanto não reexaminar o material que
MIRIDAE 275

anteriormente me enviou, nada poderei dizer a respeito.


Pretendo, porem, fazê-lo, logo que possa, dizendo então
sobre Monalonion flavosignatum Knight, 1939 e Monalonion
knighti Bondar, 1939.
A seguir transcrevo o que ZEHNTNER (1917) e BONDAR
(1937), escreveram sobre o Monalonion xanthophilum.

1. A MOSQUILLA

(Mosquilla vastatrix Torrend & Zehntner, in litteris)

"A mosquilla, inseto hemíptero, uma espécie de "perce-


vejo do mato", ataca os frutos de vários tamanhos como
tambem as pontas ainda verdes dos galhos. Estes insetos são
munidos de orgãos bucais em forma de estilete que se intro-
duzem nos tecidos das plantas para sugarem a selva que lhes
serve de nutrição. Como consequência dessas lesões ou
picadelas, os tecidos tocados morrem. Nos frutos, vê-se apa-
recer pequenas manchas ou pintas arredondadas, pretas de
dois a tres milímetros de diâmetro e até dois milímetros de
profundidade.
As larvas da mosquila atacam os frutos do mesmo modo
que o fazem os insetos adultos, com a diferença que as pintas
pretas por elas produzidas são menores, e de diversos tama-
nhos, conforme a idade que possuem.
Nas picadelas dos frutos a casca fica muito dura, derra-
mando-se delas, às vezes, quando novas, um líquido que,
depois de seco, deixa um pó esbranquiçado, cristalino de na-
tureza calcárea
É curioso notar-se a rapidez com que as manchas pro-
duzidas pelas picadelas surgem nos lugares lesados; em poucos
segundos depois de perfurados, os tecidos tocados tomam uma
cor verde-escura, que se estende visivelmente, tornando-se
mais carregada, enquanto o inseto se acha na ação de sugar,
parecendo até que os insetos segregam uma substância vene-
nosa que injetam no momento de introduzir os estiletes da
tromba, análoga à que se observa no caso das murissocas.
Si ha grande número desses insetos, os frutos atacados
aparecem em pouco tempo densamente pintados de preto,
terminando as pintas por confluírem e os referidos frutos to-
marem a cor preta mais unida. Isto se dá, principalmente e
em primeiro lugar na parte apical, sucedendo que, às vezes,
a cor preta estende-se sobre toda a superfície. Os frutos
276 INSETOS DO BRASIL

quando novos, secam em pouco tempo; os de mais ou menos


10 centímetros de comprimento em diante, resistem mais e,
quando não morrem, ficam deformados e não, têm grande
valor para a colheita. Nos casos em que as pintas confluem,
a camada lesada da casca endurece e não podendo acom-
panhar o crescimente das partes são, racha em sentido trans-
versal.

Fig. 422 - Frutos de cacaueiro com lesões produzidas


por Monalonion bondari Costa Lima, 1938 (Fot. Bondar).

As vezes, a casca, morta cai em pedaços, cicatrizando a


parte ainda viva; e em outras ocasiões as rechaduras apro-
fundam-se até o centro do fruto, produzindo o secamento
destes. Entretanto, si os frutos atingem o tamanho definito,
sofrem relativamente pouco e fornecem amèndoas aprovei-
táveis.
Muito mais sério é o ataque aos renovos isto é, às
pontas ainda verdes dos galhos, às pontas dos ramos, onde as
picadelas dos insetos provocam manchas maiores e menos
arredondadas, e m número reduzido. As picadelas acham-se
tambem nos pecíolos das folhas mas não se encontram no
MIRIDAE 277

limbo destas. Em consequência do ataque, ainda que mode-


rado, as folhas e pontas verdes dos galhos murcham e secam
dentro de poucos dias, ficando aquelas ainda aderentes por
algum tempo, nâo conseguindo assim as árvores atingidas
pelo mal, desenvolver folhas novas, apresentando o aspecto
de haverem sido tocadas pelo fogo ou "queimadas" donde se
deriva a denominação de "queima" para o fenómeno.
Finalmente as folhas caem, ao passo que as pontas dos
galhos persistem no estado de completa secura e triste nudez.
Os renovos menos tenros não fenecem pelo ataque, mas
apresentam as cicatrizes nos lugares das antigas picadelas,
ficando mais ou menos deformados e sem vigor.
Semanas ou meses depois de um tal ataque surgem outros
renovos, menores de que os primeiros, em maior número,
implantados pouco, abaixo da extremidade morta dos galhos,
que podem ser atacados por sua vez, e si os ataques se
repetem, as árvores perdem galhos mais compridos e podem
morrer, finalmente, por completo esgotamento. Apresso-me
em dizer que, até agora, isso não se deu entre nós no entanto,
em vista dos enormes estragos ocasionados nas Índias Orien-
tais por um inseto muito semelhante ao de que tratamos o
Helopeltis, é bem possivel que tambem a mosquila seja capaz
de matar os cacaueiros desta zona, caso que a praga continue,
o que é de recear.
Os insetos perfeitos têm sete a oito milímetros de com-
primento, quando do sexo masculino, e nove a 10 milimetros,
quando do sexo feminino, incluindo-se as asas. São de forma
alongada e têm as pernas e antenas compridas; sua cor é
um tanto variavel, sendo as fêmeas de cor mais viva, e de
um vermelho alaranjado, e os machos amarelos com umas
pintas pretas no lado do torax. As asas são fuliginosas, tendo
as anteriores duas pequenas manchas estreitas, amareladas,
na margem lateral; as pernas são amareladas e às vezes, em
parte, castanhas; as antenas são pretas e a face superior do
torax é de um vermelho-alaranjado.
Nos insetos machos observam-se, quasi sempre, duas
estrias castanhas, longitudinais, que ocupam às vezes quasi
todo o torax e que são tambem encontradas em algumas do
sexo feminino.
Pelo aspecto geral esses insetos fazem lembrar certas mu-
rissocas grandes do mato, razão por que receberam a denomi-
nação de "mosquila", que vem do Equador onde uma espécie
aparentada causa semelhantes estragos, com a que estudamos,
278 INSETOS DO BRASIL

havendo eu e o Revmo. Pe. Torrend combinado com tal de-


nominação, por já ter sido aceita em tratados modernos
sobre a cultura do cacaueiro.

F i g . 423 - Fragmentos de caule de Cecropia adenopus


com lesões resultantes das posturas de Monalonion
Knighti Bondar, 1939 (Foto Bondar).

As mosquilas perfeitas são bastante ágeis, principal-


mente quando o tempo é quente. Embora não voem muito
bem, são em todo o caso capazes de transportarem-se de uma
plantação a outra, sendo este o modo principal da propagação
da praga que se estende e alastra. As fêmeas poem os ovos
dentro da casca dos frutos e nas pontas verdes dos ramos,
MIRIDAE 279

no número de cerca de 30 cada uma. Os lugares onde são


postos os ovos são marcados do um ponto escuro cada um;
olhando de lado percebem-se dois ca belinhos esbranquiçados
que saem da casca e que são na verdade dois pequenos
tubos muito finos. dando acesso ao ar e garantindo assim a
respiração dos ovos, aliás completa e hermenticamente fe-
chados dentro da casca mucilaginosa.
Cousa semelhante observa-se no caso do Helopeltis, onde
os dois cabelinhos são de comprimento diferente entre si, ao
passo que são de igual comprimento nos ovos da mosquila.
Com espaço de 12 a 14 dias da postura saem as larvas
que começam a sugar a seiva e com desenvolvimento bas-
tante apreciavel no crescer, mudando cinco vezes de pele,
completando-se todo o desenvolvimento do ovo até o inseto
alado, em cerca de 30 dias. De um e meio milimetros de
comprimento que têm as larvas logo depois de nascidas,
alcançam até seis à sete milímetros no estado de ninfa, pos-
suindo pernas e antenas compridas e são de cor amarela, mar-
cadas de vermelho-alaranjado na cabeça, no torax, na base
do abdomen (face superior) e nos cantos laterais do corpo
inteiro, sendo as antenas e pernas de cor parda avermelhada.
Elas podem ser facilmente observadas nos frutos embora
sejam habeis em esconderem-se quando inquietadas. E para
serem encontradas convem que sejam examinadas primeira-
mente os frutos, quando as suas pintas estão frescas, e ainda
não tomaram a cor preto-escura.
Quando as larvas andam, conservam a extremidade pos-
terior do corpo voltada para cima.
As mosquilas mantêm-se de preferência nos frutos,
porque estes lhes oferecem melhores condições de vida do
que os renovos, sendo necessário notar-se que a casca su-
culenta de um fruto, quando grande, suporta muitas centenas
de picadelas, sendo a mesma quantidade suficiente para matar
grande parte dos renovos de uma árvore visto que seis à oito
picadelas bastam para fazer secar um renovo com todas as
suas folhas.
Por esta razão, nas plantações velhas, com abundância
de frutos, a praga espalha-se relativamente pouco, podendo
ela manter-se durante anos no mesmo grupo de árvores. quasi
sem ofender os renovos, encontrando-se destes focos talvez
em todas as plantações de uma certa extensão.
Nas plantações novas, de quatro à oito anos, havendo
menos frutos, as mosquilas, especielmente as de asas trans-
portam-se mais de pressa para os galhos e renovos, donde se
280 INSETOS DO BRASIL

espalham para as árvores vizinhas, continuando as duas da-


vastações, razão por que as plantações novas sofrem muito
mais, disseminando-se a praga por áreas maiores, atacando
plantações inteiras e tanto nos frutos quanto nos renovos.
É então que o quadro da zona flagelada oferece ao agricultor
um aspecto mais triste, mesmo desolador, podendo-se veri-
ficar que a praga já existe ha anos. Assim pode concluir-se
do estado dos galhos finos, da intensidade do mal que pro-
duziu a perda das pontas primitivas dos ramos, resultando
outras novas, atacadas por sua vez e que apresentam cica-
trizes de antigas picadelas Nas plantas protegidas por árvores
de boa sombra, o ataque é sempre muito menos violento e o
cacau da variedade "comum" é menos atacado do que as va-
riedades "Pará" e "Maranhão".
Conforme já disse no meu livro sobre o cacaueiro da
Baía, anteriormente citado, verifiquei a praga da mosquila
em 1909, nos dois municípios de Ilhéus e Itabuna, ainda em
pequeno número e atacando esclusivamente os frutos. Em
1911, os insetos já se tinham muito multiplicado e atacavam
tambem os galhos novos. Desde esta época a praga alastrou-
se cada vez mais, embora não na proporção que eu receiava,
em analogia ao desenvolvimento que observei nas Índias
Orientais, com relação à praga da Helopeltis, que, quanto ao
mais, se manifesta absolutamente como a da mosquila.
Meios de combate. O meio mais simples de matar rela-
tivamente muitas mosquilas é de esmagá-las passando-se as
mãos contra os frutos ocupados por elas, as quais por serem
tenras, morrem facilmente, não podendo ser praticado esse
precesso contra os frutos inacessíveis, por causa da incon-
veniência do torcimento dos pecíolos dos frutos na procura
dos insetos, o que produz murchamento de muitos frutos e
dá prejuízo talvez maior do que o causado pela mosquila.
Como tenho provado com experiências realizadas em
Java, os Helopeltis podem ser debelados com a emulsão de
querosene aplicada por pulverizadores. Não ha dúvida de que
tal meio serviria tambem no caso da mosquila, mas parece-me
que as pulverizações nâo poderão ser aplic adas economica-
mente nas condições de nossa cultura e em razão da grande
extensão atingida pelo mal.
O único método de facil emprego e relativamente eficaz
é o de destruir as mosquilas nos frutos, queimando-as ou
flamejando-as com fachos, podendo estes ser feitos como um
gomo de bambú fino, de tres a quatro centímetros de diâ-
metro.
MIRIDAE 281

Enche-se o bambú do combustivel, que é o querosene ou


o álcool, e fecha-se a extremidade por meio de uma torcida
bem comprimida, que pode ser feita de um pedaço de aniagem,
de seis a oito centímetros de comprimento. Convem que o
facho produza grande chama, capaz de envolver os frutos em
poucos instantes, No caso que não queime bem, vira-se o
facho de cima para baixo a fim de untar a torcida, e sendo
este bem colocado e firme, não deixará derramar o combus-
tivel. Na extremidade inferior, o bambú é cortado de modo
a formar uma ponta que sirva para fincá-lo na terra, quando
não se acha em uso. Alem disse, o pedaço oco, situado em
baixo do nó serve para colocar o facho numa vara, que lhe
permite atingir os frutos dos galhos mais altos das árvores.
Em Java verificou-se que um facho contendo tres a quatro
decilitros de querosene, funciona bem, durante seis horas.
Tomando-se portanto, isso por base, vê-se que com meio litro,
um homem poderia trabalhar quasi o dia inteiro.

Fie. 424 - Tenthecoris bicolor Scott, 1886


(Miridae) (X 4,2).

O álcool flameja melhor do que o querosene; entretanto,


é em geral mais caro e gasta-se quasi duas vezes mais do
que no emprego do querosene.
Basta flamejar os frutos durante tres a quatro segundos,
para dar em resultado a morte da maior parte dos insetos de
um fruto, mesmo daqueles que ficarem com as antenas ou
pernas chamuscadas que morrem pouco tempo depois.
Este processo serve principalmente nos casos em que a
praga se limita ainda em grupos de árvores, isolados os quais
podem ser tratados com todo o cuidado. Para o bter-se bom
resultado, torna-se preciso o conhecimento de todos esses
lugares, nas fazendas, e tratá-los com frequência
Somente assim será possível manter a praga dentro de
limites suportáveis. Si, pelo contrário, o mal já se tiver
estendido em plantações inteiras e até aos renovos, o com-
bate por meios diretos é dificílimo, sem resultados compen-
sadores. Neste caso, deve-se recorrer aos meios indiretos, dos
quais tratarei noutro capítulo.
282 INSETOS DO BRASIL

Como curiosidade, menciono que encontrei um caso iso-


lado em que uma mosquila, com asas, foi atacada e morta por
um fungo, cujo micélio branco se desenvolvia no corpo e apa-
recia na superfície, em todas as juntas do corpo e das pernas.
Si tivesse esse fungo virulência suficiênte para infeccionar
com facilidade outras mosquilas, provocando uma epidemia,
poderia formar-se ótimo auxílio no combate contra a praga.
Entretanto, não tenho muita esperança de que assim acon-
teça, e isso pelos resultados negativos ou incertos obtidos
ate agora com outros fungos semelhantes, observados em
insetos, noutros paises. Não obstante, vale a pena ter a aten-
ção fixada para este caso." (ZEHNTNER).

Agora as observações de BONDAR:


"Por várias vezes e de diversas zonas durante estes úl-
timos anos recebemos frutos de cacau doentes. Na maioria
dos casos trata-se de doenças comuns a toda a zona cacau-
eira, o cancro do fruto ou bexiga do cacau causado pelo in-
seto chupador e a ferrugem. Para divulgar os conhecimentos
mais detalhados sobre o cancro dos frutos do cacau uma das
denças mais graves desse produto vegetal, publicámos estas
linhas.
O inseto, que não é novo na literatura agronômica até
a data de nossas investigações não era conhecido pelo seu
verdadeiro nome científico nem sua posição na escola en-
tomológica.
Em 1914, o Dr. Zehntner, na sua obra "Le cacaoyer dans
l'Etat de Bahia", sem ter o nome do inseto, escreve a respeito
as seguintes previsões, comparando-o com a praga no ori-
ente - Helopeltis.
"Si este flagelo toma extensão, como parece tencionar,
ele pode ocasionar verdadeiro desastre para a cultura, pois
ele não semente ameaça as safras, mas as plantações mesmas,
as árvores não resistem aos ataques repetidos durante alguns
anos seguidos, como foi provado no caso de Helopeltis
Tendo em vista as perdas enormes que os Helopeltis oca-
sionam no Oriente, seria bom ocupar-se dum modo ativo,
a combater a praga e estudar os meios de destruição antes
que seja tarde demais".
Em 1917, o Padre C. Torvend e o Dr. Leo Zehntner, no
relatório sobre as moléstias do cacaueiro na Baía, tratam
longamente do inseto, denominado-o Mosquilla vastatrix.
Esta denominação não pode ser conservada, visto que a es-
pécie tem seu nome anterior.
MIRIDAE 283

O inseto pertence à ordem dos Hemípteros-Heteró-


pteros, família dos Capsídeos, género Monalonion. O gênero é
americano, propagado na região tropical.
Na lavoura do Equador o cacaueiro é perseguido por
duas espécies deste gênero: Monalonion atratum Dist. e Mo-
nalonion dissimulatum Dist. As duas são conhecidas com o
nome comum de "Mosquilla" e ocasionam à lavoura notáveis
prejuízos.
A nossa espécie, Monalonion xanthophyllum, Walk., é
propagada em toda a zona cacaueira da Baía. Tivemos ocasião
de verificar a sua presença e os danos causador nos cacauais
de Belmonte, Rio Pardo, Serra da Onça, em Itabuna e Ilhéus.
Não se pode admitir que o inseto foi importado junto
com o cacaueiro. A espécie deve ser nossa, indígena, crian-
do-se em plantas de nossa flora local. Quais são estas plantas?
Depois de vários anos de investigações, de procura pelas
matas, capoeiras e cacaueiras finalmente descobrimos a
planta natural da ceva deste inseto. É uma planta sub-ar-
bustiva das nossas florestas, frequente nos cacauais, não tendo
nome no vocabulário popular, e denomina-se Gica. Esperamos
a época da floração e frutificação para identificação cientí-
fica. Nesta ocasião daremos a descrição da planta para seu
facil reconhecimento pelos lavradores de cacau, visto a im-
portância que a plantinha poderá, ter na defesa da lavoura
cacaueira contra um dos seus mais sérios inimigos. Esta
planta, nas nossas observações em Água-Preta, raramente
se encontra sã. Geralmente se acha muito perseguida, atrofiada
pelo Monalonion. Nela, como no cacau, o inseto com as pi-
cadelas, provoca manchas, semelhantes a queimaduras. Os
estragos tambem são feitos na haste, ainda herbácea, que,
com as picadelas, forma cancros e nos pedúnculos foliais
que tambem racham, abrindo feridas cancerosas. É principal-
mente nas folhas que as larvas e os adultos se alimentam,
provocando queimaduras e aniquilamento do limbo. Os pés
têm sempre aparência doentia, atrofiada. As pontas das
hastes e dos ramos cancerosos, frequentemente se apresentam
mortos pela destruição das folhas novas. Nesta planta o
ínseto deposita ovos introduzindo-os na haste e nos gomos
foliais.
É curioso notar que onde existe este arbusto cheio de
insetos, os cacaueiros vizinhos têm frutas sadias. Evidente-
mente, enquanto o Monalonion tem a sua planta natural de
ceva, ele profere esta. É provavel que só na ocasião de
limpas do cacaual, quando se tiram estas plantinhas, o inseto
284 INSETOS DO BRASIL

privado de sua alimentação natural, passa ao cacaueiro, no


qual se adapta bem e continua a procriação.
Tirando o inseto da sua planta normal, e oferecendo-
lhe o cacau, ele no primeiro dia se abstem de alimentação.
Só no segundo dia, tanto as larvas como os adultos metem
o rostro nos "frutos do cacau, provocando as queima-
duras e os cancros. Estudando no cacaueiro a biologia do in-
seto, verificamos que as fêmeas depositam ovos tanto nas
hastes tenras dos renovos, como, e principalmente, nos frutos
verdes do cacau, introduzindo-os, um por um, no tecido da
planta. A fêmea deposita em média 4-5 ovos por dia, e
observamos posturas, iniciando este mister 3-4 dias após a
cópula, prolongando-se a oviposição cinco a seis dias se-
guidos, depositando um total, nas condições de cativeiro de
18 a 40 ovos por fêmea.
O logar de desova apresenta uma pequena elevaçâo, sem
queimadura do tecido, da qual sobresaem dois pequenos
filamentos brancos com meio milímetro de comprimento,
terminado cada filamento numa pequena cabecinha. São
tubos respiratórios pelos quais o ovo, mergulhado dentro
duma seiva mucilaginosa, se abastece de ar. O ovo medo
1,5 mm . de comprimento; é branco, translúcido, um tanto en-
curvado.
A larva nasce poucos dias depois; tem cerca de um mí-
limetro de comprimento e começa a se alimentar, chupando
a seiva do fruto do cacau. Cada muda aumenta o ta-
manho e os rudimentos das asas. Quando crescida, no estado
de ninfa, mede 7 mm . de comprimento. O corpo da larva em
todas as idades é amarelo-avermelhado. No lado dorsal da ca-
beça ha uma linha vermelha transversal, e entre os dois olhos.
Antenas vermelhas. Uma faixa vermelha atravessa o meso-
torax na margem anterior e continua para trás, colorindo
os rudimentos das asas. No metatorax ha uma outra faixa
vermelha, mais larga. Uma faixa vermelha atravessa o ab-
domen, que dos lados é tambem marginado de vermelho.
As pontas distantes do femur de rodas as patas, vermelhas.
As larvas e ninfas têm movimentos bastante desemba-
raçados, são bastante ágeis e correm de um logar para outro,
procurando ponto mais favoravel para enfiar o rostro, chu-
pando a seiva. Os adultos se formam no fim de cerca de
um mês desde a postura do ovo. As larvas que se criam em
sua planta natural são geralmente mais coloridas de ver-
melho, do que as que se criam em cacau.
MIRIDAE 285

Os insetos são bastante ágeis, voam facilmente evitando


serem apanhados. Todavia, o vôo é um tanto lento, pegando-
se estes, facilmente, com a mão, no vôo.
O inseto procria-se igualmente durante todo o ano.
mm
O inseto adulto mede 8 . no comprimento do corpo;
mm
as asas ultrapassam o corpo de 2 a 3 . A cabeça é escura,
olhos pretos, antenas escuras, avermelhadas na base. O pro-
torax e o abdomen de cor vermelho-alaranjada. O meso
e metatorax, amarelo-claros, do lado ventral. Asas fuligi-
nosas; as anteriores têm duas manchas estreitas amareladas
na margem lateral. Pernas amarelas; o par posterior com
tíbias na segunda metade e tarsos escuros.
As fêmeas diferem dos machos, principalmente pelo ab-
domen grosso, provido na metade posterior, de um ovopo-
sitor em forma de sabre, adjacente ao abdomen.
A cor vermelha da larva, discordando da casca verde de
frutos de cacau, suscitou-nos certas reflexões. Geralmente
os insetos moles, mal protegidos contra animais depredadores
possuem a coloração mimética do ambiente em que vivem.
O assunto ficou resolvido com a descoberta da planta na-
tural de ceva do Monalonion. Esta planta, que chamaremos
de Gica, tem manchas vermelhas nas folhas doentes, como
tambem parcialmente são avermelhados os peciolos e a ner-
vura principal. A haste, na inserção das folhas tambem é
vermelha, quando nova de modo que neste ambiente, o ver-
melho da larva constitue uma simulação protetora. É uma
cor mimética, cor de proteção.
Nas plantações de cacau o inseto encontra-se esporadi-
camente, e evidentemente não tem tendencia a generalizar-se.
Encontrâmo-lo em várias fazendas do município de Bel-
monte, Canavieiras, Itabuna, Jequié, Boa Nova e Ilhéus,
existindo mesmo nas plantações da Estação Geral de Expe-
rimentação. O inseto se manifesta num ou noutro pé ou
grupos de pés geralmente nas roças desom breadas e nos
aceiros, estragando uma ou todas as frutas, enquanto os pés
vizinhos estão isento do mal. Numas fazendas é frequente,
como na fazenda "Lombárdia", de Magnavita e na fazenda
do Dr. Francisco de Paiva, em outras como nas fazendas do
Coronel Hermelino de Assis e Dr. Paschoal Camelyer, o in-
seto não existia na ocasião das nossas visitas. Do mesmo
modo, o inseto é exporádico no município de Jequié; é fre-
quente e muito prejudicial numas fazendas, raro ou não
existente em outras.
286 INSETOS DO BRASIL

Os estragos causados por ele ao cacau são característicos.


O inseto, larvas e adultos, chupam a seiva da fruta de cacau
de preferência no lado mais exposto à luz. Introduzindo o
rostro nos tecidos da planta, o bichinho, evidentemente in-
jeta uma substância venenosa, pois os tecidos adjacentes à
picada num instante enegreeem e morrem, formando no prazo
de 21 horas uma ferida cancerosa, de 3 a 7 mm de diâmetro,
com tecidos amortecidos na profundidade de 5 a 8 mm . Por
causa destes cancros, o povo denominou esta doença de "be-
xiga de cacau". Cada indivíduo faz por dia, no cativeiro,
cerca de 40 picadelas, provocando outras tantas feridas can-
cerosas. A larva quando pequena faz de 10 a 15 picadelas,
aumentando o número à medida do crescimento. Poucas
feridas destas bastam para abortar um bilro de cacau. Como
numa fruta, geralmente, criam-se alguns individuos. No fim
do desenvolvimento deles a fruta fica coberta deste cancro,
seca externamente e racha. As amendoas não se desen-
volvem, e a fruta fica completamente imprestavel. As frutas
atacadas depois de crescidas mais da metade resistem melhor
e frequentemente, podem ser aproveitadas Na falta das
frutas, o inseto ataca os renovos, causando tambem estragos
notáveis; algumas picadelas bastam para provocar a morte
do renovo, interceptando-lhe a seiva pelos cancros formados
na haste.
Tratamento - Nas condições atuais quando relativa-
mente pouco conhecemos ainda a respeito desta praga, po-
de-se duvidar do resultado econômico de qualquer trata-
mento com pulverizações. A previsão do Dr. Zehntner, do
alastramento da praga não se realizou e podemos esperar
que não se realizará. O fato é que o cacau entre nós conta
mais de cem anos de existência, a lavoura extensa existe já
cerca de 50 anos, entretanto, o inseto até agora não tomou
conta das plantações, mas, se encontra assaz raramente,
prejudicando um ou outro cacaueiro desombreado. Qual é
o motivo pela qual o Monalonion não se alastra mais, tendo
a mesa largamente servida de vastos cacaueiros?
O inseto é do nosso meio biológico e tern seus inimigos
naturais que o guardam dentro de limites razoáveis conser-
vando sempre, certo equilíbrio. Uma vez que até agora, o
inseto não tomou proporções assustadoras podemos ter a
esperança de que ele não as tomará.
De certo, o lavrador tem interesse em reduzir o mal, tanto
quanto possivel, aproveitando todos os meios principalmente,
protejendo pássaros insetivos. O tratamento direto poderá
MIRIDAE 287

ser eficaz contra as larvas, que não vôam. É facil, passando


perto dos pés atacados, se passar a mão nas frutas cance-
rosas, com larvas na superfície, esmagando-as assim. As
frutas no alto, poderão ser atingidas com emulsão de quero-
sene, por meio de pulverizador. O Dr. Zehntner aconselha
o emprego de chamas para queimar os bichinhos. Os adultos
são insetos espertos ágeis e dificilmente podem ser comba-
tidos. Porem, matando as larvas não haverá adultos.
Na Estação Geral de Experimentação no ano de 1935,
fizemos experiências de tratamento contra o Monalonion com
pulverizações repetidas de calda bordalesa. Recorremos a
esta droga fungicida pela razão da sua adesão às frutas e
folhas de cacaueiro, não sendo lavada pelas chuvas cons-
tantes da zona. Os inseticidas conhecidos são facilmente
laváveis, de mode que a primeira chuva inutiliza o efeito
preventivo da pulverização.
O resultado, como era de esperar, não foi, bem claro.
É verdade que se diminuiu cerca de 50 por cento das frutas
doentes, no lote tratado em comparação com o não tratado,
porem depois de duas a tres pulverizações o inseto não foi
destruido. As razões são as seguintes: os ovos dentro da
fruta de cacau são dificilmente atingíveis. Os adultos fa-
cilmente vôam. Envez des larvas mortas, diretamente atin-
gidas pela droga, surgem outras nascendo dos ovos. O inseto
chupando o suco de dentro da fruta, não é sujeito a envene-
namento pela alimentação.
Economicamente, este tratamento é caro, devido à neces-
sidade de pulverizadores de drogas e de mão de obra. Poderá
ser empregado apenas em alguns trechos de cacauais, pois
dando sempre um pequeno resultado positivo contra o cancro,
preserva tambem o fruto contra a podridão pelo cogumelo,
Phytophlhora e m esmo contra a ferrugem causada pelo
Thrips.
Urn, problema de tratamento ainda não resolvido é o
emprego das nossas plantas espontâneas que alimentam o
bichinho. Si o Monalonion prefere plantas naturais de ceva,
da nossa flora, ao cacau, então, devem-se plantar nos cacauais
as plantas preferidas para atrair o inseto e destruí-lo. Si,
pelo contrário ele deixa as plantas espontâneas para passar
ao cacaueiro, entre será preciso extinguir estas plantas.
A verificação mais apurada deste problema se acha em es-
tudo na Estação Geral de Experimentação de Água-Preta,
onde um trecho de cacaual é cultivado com a planta natural
de ceva de Monalonion, intercalada no meio dos cacaueiros.
288 INSETOS DO BRASIL

Medida preventiva - Si a planta denominada gica for


a única em que o Monalonion se cria, alem do cacaueiro, com o
atualmente nos parece, seria facil ter as plantações livres
da doença de cancro das frutas. Para isto, bastará destruir
a plantinha um ano antes de instalar o cacaual, para assim
eliminar o inseto da zona de plantação e sendo as plantações
de cacau livres da doença do cancro da fruta, fiscalizar para
sempre eliminar a plantinha que cria o bicho. Nos trechos,
porem, onde o Monalonion se manifestou, cultivar pelo con-
trário a plantinha que o inseto, parece, prefere ao cacau.
O Padre Torrend e o Dr. Zehntner consideram este in-
seto como uma das causas principais da doença chamada
"queima". Para nós, parece, que os estragos produzidos pelo
Monalonion são bem caracterizados pelos cancros nas frutas
e nos renovos, e não devem ser confundidos com outros
males que têm o nome coletivo de queima. Para denominar
esta doença de cacau, propomos o home mais exato, mal de
chupança.
Nas plantações sombreadas com árvores altas, o inseto
é muito raro ou não se encontra. Daquí a orientação para
lavrador: querendo leer os frutos livres de cancros, conserve
as plantações de cacau sombreadas".

361. Collaria scenica (Stal, 1876) (= Trachelomiris sce-


nicus (Stal, 1876)).

Eis o que escreveu PUTTEMANS sobre este pequeno Mi-


rideo:

"Encontrei pela primeira vez o Trachelomiris scenicus,


cuja determinação devo ao Dr. Costa Lima, no Jardim de
Aclimação de S. Paulo, onde o inseto causava grandes danos
aos capinzais (Panicum numidianum) , que apresentavam o
facies das doenças conhecidas entre nós por queima. Tantos
os insetos adultos como as larvas, esvasiam as células paren-
quimatosas de um modo particular; depois de perfurarem a
cutícula de uma célula epidérmica, dobram o rostro e furam
as paredes celulares transversais, menos espessas, de uma
série de células enfileiradas, esvasiando-as sucessivamente;
repetem essa operação cinco ou seis vezes antes de se des-
locarem deixando assim as folhas salpicadas de grupos de
estrias descoradas, paralelas, de dois a tres milímetros, que
são muito características.
MIRIDAE 289

Encontrei o mesmo inseto no Distrito Federal em várias


gramineas entre as quais milho e aveia.
Ensaios de criação em cativeiro no intúito de estudos
e particularidades biológicas, não me deram resultados fa-
voráveis, pois os insetos morrem no fim de poucos dias."

Subfamília CAPSINAE

362. Horcias nobillelus (Berg, 1884). - HAMBLETON


(1938), chamou atenção para os estragos produzidos por
este inseto nos algodoeiros de São Paulo, principalmente
em capulhos e botões florais.
Encontra-se-o tambem em Malváceas silvestres, como
sejam: "guaxuma branca" (Sida cordifolia), Sida rhombi-
folia "picão" (Bidens pilosa) e uma Leguminosa não de-
terminada.

Subfamflia BRYOCORINAE

363. Tenthecoris bicolor Scott, 1886 (= Eccritotarsus


orchidearum Reuter, 1902) (fig. 421).
Causa nas orquideas e fetos estragos análogos aos pro-
duzidos pelas espécies anteriormente estudadas
Sobre este inseto devem ser consultados os trabalhos de
REUTER (1907), WEISS (1917) e MONTE (1932).
Apresenta a cabeça, o pronoto, o bordo externo do co-
rium e grande parte do cuneus, de cor vermelha-alaranjada.
O escutelo e a maior parte do cório são de um azul metá-
lico muito escuro. Membrana quasi totalmente enfuscada,
exceto na ponta. Face inferior do corpo amarelada. Tibias
enfuscadas. Antenas e olhos pretos.
Combate-se-o mediante aplicações de inseticidas exter-
nos: pulverizações de emulsão sabonosa de querosene, solu-
ção diluida de nicotina comercial ou decoto de folhas de
tabaco.
290 INSETOS DO BRASIL

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Superfamília CRYPTOSTEMMATOIDEA

(Dipsocoroidea)87

Família CRYPTOSTEMMATIDAE

(Ceratocombidae)88

365. Caracteres, etc. - Constituem esta super família


Hemípteros muito pequenos, apresentando o seguinte con-
junto de caracteres: cabeça fortemente refletida; ocelos
muito pequenos, antenas de quatro segmentos, sendo os dois
basais muito curtos e os últimos filiformes, pilosos; rostrum
de tres segmentos; pronotmn e scutellum visíveis, tarsos de
tres articulos.

87 Gr. cryptos, oculto; stemma, coroa, faixa.


88 Gr. keras, corno (antena); combos, nó.
294 INSETOS DO BRASIL

Hemelitros inteiramente coriáceos ou totalmente mem-


branosos, nunca, porem, apresentando membrana diferen-
ciada do corium. O sistema de nervação é tambem caracte-
rístico, pois, na parte correspondente ao corium, ha algumas
nervuras formando duas células, das quais se originam uma
ou duas nervuras longitudinais, que terminam na margem
apical do hemelitro.
A família Cryptostemmatidae, com pouco mais de 50 espé-
cies, compreende, segundo Mc ATEE & MALLOCH (1925), duas
subfamílias: Cryptostemmatinae (Ceratocombinae) e Schizo-
pterinae89, ambas com representantes brasileiros.
Vivem estes diminutos Hemípteros em logares húmidos,
geralmente no meio de folhas caidas em decomposição.

366. Bibliografia.
Mc ATEE, W. L. & MALLOCH, J. R.
1925 - Revision of Cryptostommatidae, in the United States
National Museum.
Proc. U. S. Nat. Mus. 67(13), 42 p., 4 e sts.
REUTER, O. M.
1 8 9 1 - Monographia Ceratocombidarum orbis terrestris.
Acta Soc. Sci. Fenn. 19:(6) p. 4, 1 est.

S u p e r f a m í l i a HYDROMETROIDEA

Família H Y D R O M E T R I D A E 90
(Limnobatidae)91

367. Caracteres. - Insetos semiaquáticos, pequenos, no


máximo com pouco mais de dois cm., de corpo muito, estreito,
linear, cabeça porreta, mais longa que o pronotum, dila-
tando-se para o ápice; antenas filiformes, de quatro se-
gmentos, inseridas perto, do ápice da cabeça; olhos laterais,
salientes, bem afastados do protorax; sem ocelos; rostrum
mais curto que a cabeça, de tres segmentos; hemelitros,
quando presentes, muito estreitos, semi membranosos; ostéo-

89 Gr. schizein, fender ; pteron, aza.


90 Gr. hydor, água; metreo, medir.
91 Gr. limne, pequena coleção d'agua; bates, marchador.
HYDROMETRIDAE 295

los presentes, porem rudimentares; tarsos de tres artículos;


garras apicais (fig. 425).
Em geral cada espécie apresenta uma forma macróptera
e outra braquíptera.
368. Hábitos. - Habitam coleções de águas tranquilas,
sendo vistos, ora nas margens, ora sobre as folhas flutuantes
de plantas aquáticas, deslocando-se lentamente ou com rela-
tiva facilidade.

Fig. 425 - Hydrometra sp, (Hydrometidae) (cerca de (X 3).

São insetos predadores, alimentando-se de Ostracodos


e larvas de insetos aquáticos quando vêm à tona dágua.
As vezes as formas desenvolvidas ou mais robustas são
canibais, atacando as mais fracas.
296 INSETOS DO BRASIL

A familia Hydrometridae, com cerca de 40 espécies, foi


subdividida por ESAKI (1927) em duas subfamílias - Hydro-
metrinae e Limnobatodinae, sendo a primeira representada
pelo gênero Hydrometra Lamarck, 1801, com mais de 20
espécies da região neotrópica. Destas, as mais conspícuas
são: H. caraiba Guérin, 1856, de Cuba, com 22 mm. e
H. melator B. White, 1879, da Amazônia, com 18 mm.
Esta nossa espécie, segundo TORRE-BUENO (1926), é bastante
interessante, por possuir antenas muito longas, tão compri-
das quanto o corpo.
Para o estudo das espécies desta família é indicada a
excelente monografia de TORRE-BUENO (1926).

369. B i b l i o g r a f i a .

ESAKI, T.

1927 - An interesting new ge nus and species of Hydrome-


tridae (Hem.) from South America.
Entomol. 60:181-184, 2 figs.

HUNGERFORD, H. B.
1919 - The biology and e cology of aquatic and semi-aquatic
Hemiptera.
Kansas Univ. Sci. Bull. 11 :1-328, 30 ests.

HUNGERFORD, H. B. & EVANS, N. E.


1934 - The Hydrometridae of the Hungarian National Mu-
seum and other st udies in the family (Hemiptera).
Ann.Mus. Nat. Hung. 28:31-112, 12 ests.

JACZEWSKI, T.
1928 - Hydrometridae from the State of Paraná.
Ann. Zool. Mus. Pol. 7:81-84, 1 est.

TORRE - BUENO, J. R. de la.


1926 - The family Hydrometridae in the western hemis-
phere.
Ent. Amer. (N. S.), 7:83-128.
GERROIDEA 297

Superfamília GERROIDEA

(Hydrobiotica)

370. Caracteres. Insetos aquáticos ou semiaquáticos,


de aspeto variavel, providos de antenas tão longas ou mais
longas que a cabeça; esta mais curta que o pronotum e o
mesonotum reunidos; antenas de quatro segmentos; ocelos
presentes, obsoletos ou ausentes; rostrum de quatro (Gerri-
dae e Hebridae) ou de tres segmentos (Veliidae e Mesove-
liidae); hemelitros, quando presentes, com o corium total
ou parcialmente membranoso, percorridos por nervuras lon-
gitudinais, que se anastomosam formando algumas célu-
las; ostéolos presentes; tarsos de dois ou tres artículos.
371. Classificação. - A superfamília Gerroidea com-
preende quatro famílias, assim diferenciadas:

Último artículo tarsal mais ou menos fendido e com as


garras - pelo menos nas pernas anteriores - inse-
ridas antes do ápice (garras anteapicais) ....................... 2
1' Último artículo tarsal não fendido e com as garras pre-
apicais .......................................................................... 3
2 (1) Fêmures posteriores excedendo consideravelmente o ápice
do abdome; pernas médias e posteriores finas e alon-
gadas, aproximadas, porem muito afastadas das ante-
riores; rostrum de 4 segmentos; espécies que deslisam
ou patinam na superfície dágua ............................... Gerridae
2' Fêmures posteriores não excedendo ou pouco indo alem
do ápice do abdome; pernas posteriores e médias não
muito alongadas, estas equidistantes daquelas e das
posteriores (exceto em Rhagovelia); rostrum de 3
segmentos; tarsos dimeros; espécies geralmente de
........................................................................................... Veliidae
3(1') Clavus e membrana de estrutura idêntica; rostrum de 4
segmentos; tarsos dímeros; espécies geralmente de
cor negra com partes prateadas .................................... Hebridae
3 Clavus e membrana de estrutura diferente; rostrum de
3 segmentos; tarsos trímeros; espécies de cor verde,
ou verde amarelada ........................................... Masoveliidae
298 INSETOS DO BRASIL

Família GERRIDAE92

(Hydrobatidae)

372. Caracteres. - Hemípteros aquáticos, tendo, no má-


ximo, pouco mais de dois centímetros de comprimento, de
aspecto muito característico, pois apresentam o corpo fusi-
forme, geralmente acuminado na parte trazeira, provido de
pernas médias e posteriores finas e alongadas, sendo as
ancas daquelas muito afastadas das ancas das pernas ante-
riores. Pernas anteriores mais curtas e robustas que as
outras. Fêmures do par posterior excedendo notavelmente
o abdomen; tarsos de dois artículos. Ocelos presentes, às
vezes, porem, quasi invisíveis. Rostrum de quatro segmentos.

Fig. 426 - Limnogonus aduncus Drake & Harris, 1933 (Gerridae) (X 3).

Respeito ao desenvolvimento dos hemelitros e das asas,


releva ponderar que se encontram nestes insetos quatro
tipos diferentes de formas a dultas: formas macrópteras, de

92 Lat. Gerris, nome de um pequeno peixe.


Gr. h y d o r , á g u a ; b a t e s, m a r c h a d o r .
GERRIDAE 299

asas e hemelitros completamente desenvolvidos; formas bra-


quípteras, de hemelitros, atingindo pelo menos a metade do
abdomen; formas pseudo-apteras, cujos hemelitros não exce-
dem a base do 2º urômero, e, finalmente, formas apteras,
sem asas e hemelitros. Numa mesma espécie, alem das for-
mas macrópteras, ha, pelo menos, uma das outras formas.
Todavia, em várias espécies, as formas macrópteras apare-
cem excepcionalmelte.
As formas braquipteras e apteras distinguem-se das
formas jovens, com as quais muito se parecem, pelo aspecto
dos tarsos, nas últimas de um artículo e naquelas dimeros.
373. Hábitos. - Os Gerrideos, em geral, são vistos em
agrupamentos, mais ou menos numerosos, deslocando-se
rapidamente na superfície das águas paradas e sombreadas.
Podem ser tambem encontrados em águas mais ou menos
movimentadas. Ha mesmo espécies que se deslocam no
meio dos riachos de curso um tanto rápido, deslizando em
sentido contrário ao da correnteza, de modo a se manterem
no mesmo logar. Ao executarem esses movimentos, me-
diante o impulso das pernas, fazem-no interruptamente, em
arrancos sucessivos, como de remadas.
Mantêm-se facilmente na superfície dágua graças ao
pouco peso que têm, à presença de pelos hídrofugos e à
uma secreção que reveste os tarsos das pernas locomotoras,
tornando-os imolháveis. Assim estes ficam aplicados à su-
perfície dágua pela tensão superficial, deprimindo a massa
líquida nos pontos de contacto.
As pernas médias são os principais orgãos propulsores
e as posteriores servem mais para frenar e dirigir os mo-
vimentos; as pernas de um mesmo par movem-se simulta-
neamente. Com as anteriores, de tipo raptorial, capturam
os pequenos insetos que caem nágua ou que frequentam
plantas aquáticas.
Os Gerrideos só se mostram muito ativos na superfície
dágua; fora dela movimentam-se mal, podendo, quando
muito, dar saltos irregulares e desordenados.
300 INSETOS DO BRASIL

374. Espécies mais interessantes. - A família Gerridae,


de distribuição mundial, compreende cerca de 200 espécies,
algumas das quais (do gênero Halobates Escbscholt, 1822),
exclusivamente pelágicas, são encontradas nos sargaços que
flutuam no oceano, em latitudes tropicais e subtropicais.
Os Gerrideos, da América Meridional, pertencem às
subfamílias Gerrinae e Halobatinae.
No Brasil, as espécies mais frequentemente encontradas
pertencem aos gêneros Limnogonus Stal, 1868 (fig. 426) e
Cylindrostethus Mayr, 1865.

375. B i b l i o g r a f i a .

DRAKE, C. J. & HARRIS, H. M.


1930 - Notes on some South American Gerridae (Hemi-
ptera).
Ann. Carneg. Mus. 19:235-239.
1933 - Some miscelaneous Gerridae in the collection of the
Museum of Comparative Zoology.
Psyche, 39 :107-112.
1934 - T h e Gerrinae of the Western Hemisphere (Hemi-
p tera).
Ann. Carneg. Mus. 23:179-240, 6 ests.
1935 - Notes on some American Gerrids (Hemiptera).
Ark. Zool. 28 B(2) 4 ps., 1 fig.
1935 - Notes on American water-striders.
Proc. Biol. Soc. Wash. 49:105-108.
1938 - "Veliidae y Gerridae" sudamericanos descritos por
Carlos Berg.
Not. Mus. La Plata. 3 (Zool. 13):199-204, 1 fig.
LICHE, H.
1936 - Beobaghtungen über das Verhalten der Wasserläufer
(Gerridae, Hemiptera, Heteroptera).
Bull. Intern. Acad. PoIon. Sci. Lettres, B (8-10):
525-546, 5 figs.

SCHROEDER, H. O.
1931 - The genus Rheumatobates and notes on the male ge-
nitalia of some Gerridae (Hemiptera, Gerridae).
Kansas Univer. Sci. Bull. 20:63-99, 6 ests.
VELIIDAE 301

Familia V E L I I D A E 93

376. Caracteres. - Hemípteros semi-aquáticos, com me-


nos de um centímetro de comprimento, facilmente reconhe-
cíveis pelo corpo alargado ao nivel dos ângulos umerais e
posteriormente atenuado. Pronotum em algumas espécies
prolongado, posteriormente em longo processo spiniforme.
Pernas médias equidistantes das anteriores e poste-
riores. Femures do par posterior não excedendo o ápice
do abdome; em algumas espécies apresentam-se denteados
em baixo e consideravelmente dilatados; tarsos anteriores
de um ou dois artículos, nas outras pernas de dois ou tres
artículos; garras preapicais.
Ocelos obsoletos ou ausentes. Rostrum de tres se-
gmentos.
Os Veliideos, na fase adulta, ou são alados ou apteros;
em geral, porem, são dimórficos, apresentando, cada espécie,
uma forma alada e uma aptera.
377. Hábitos. - Os Veliideos são encontrados nas mar-
gens ou na superfície dos pântanos e das águas correntes.
Excepcionalmente têm hábitos marítimos (Halovelia mari-
tima Bergroth, 1893 e Trochopus plumbeus (Uhler, 1894)
(Trochopus marinus Carpenter, 1898) de Flórida e Anti-
lhas.
Procuram quasi sempre logares sombreados. Saltam e
movem-se com rapidez na superfície dágua; às vezes, po-
rem, livremente ou apoiando-se num suporte qualquer, mer-
gulham. Há mesmo algumas espécies que nadam com faci-
lidade. Dentro dágua, no denso revestimento, aveludado que
possuem, mantêm uma certa quantidade de ar.
Alimentam-se da hemolinfa dos pulgões que vivem nas
plantas aquáticas e de outros pequenos insetos que frequen-
tam o meio em que vivem.

93 Etimologia desconhecida; talvez de Velia, uma colônia grega da Itália


Meridional.
302 INSETOS DO BRASIL

378. Espécies mais interessantes. - Ha mais de 100 Ve-


liideos descritos, pertencendo os do Brasil, principalmente,
aos gêneros Velia Latreille, 1804, Rhagovelia Mayr, 1865 e
Microvelia Westwood, 1834.
Encontra-se frequentemente no Rio de Janeiro Velia
basalis Spinola, 1837 (Velia bicolor Blanchard, 1837-1813)
e Velia brachialis Stal, 1860.

Fig. 428 - Rhagovelia sp., segmento


apical do tarso da perna média, visto
Fig. 427 - Velia sp. (Veliidae) de face e de perfil (fortemente
(X 7). aumentado).

Velia brasiliensis Herrich-Schaeffer, 1853, uma das


nossas mais comuns e conspícuas espécies de Veliidae, de
cor geral negra, com duas máculas amareladas nos heme-
litros, vive nas encostas dos morros, em logares em que está
sempre minando água, sobre terra ou pedras revestidas de
limo.
Rhagovelia, cuja espécie mais encontradiça no Brasil
é a Rhagovelia collaris (Burmeister, 1835), é um gênero de
Veliidae bem interessante pelo aspecto singular dos tarsos
VELIIDAE 303

das pernas médias, que apresentam o artículo apical com


profunda fenda, na qual se insere um tufo de cerdas pilo-
sas, que, segundo BUENO (1907), auxilia consideravelmente
a progressão do inseto em águas correntes (v. fig. 428).

379. Bibliografia.

COKER, R. E . , MILLSAPS, V. & RlCE, R.


1936 - S w i m m i n g p lu m e and claws of the b r o a d - s h o u l d e r e d
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DRAKE, C. J . & HARRIS, H. M.


1927 - Notes on the genus Rhagovelia, w i t h descriptions of
six new species.
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1931 - F u r t h e r notes on the genus Rhagovelia ( H e m i p t e r a
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1933 - New a m e r i c a n Veliidae ( H e m i p t e r a ) .
Proc. Biol. Soc. W a s h . 46:45-54.
1935 - Conccening neotropical specias of Rhagovelia (Ve-
liidae : H e m i p t e r a ) .
Proc. Biol. Soc. W a s h . 48:33-38.

GOULD, G. E .
1931 - The Rhagovelia of the w est er n hamisphere, w i t h
notas on the world d i s t r i b u t i o n (Hemiptera, Ve-
liidae).
Kansas U n i v . Sci. Bu l l . 20:5-61, 4 ests.
1933 - Some notes on the genus Rhagovelia with descri-
ptions of a new species.
Ann. Ent. Soc. A m e r . 26:465-471, est. 1.

HUNGERFORD, H. B.
1929 - Some new s e m i - a q u a t i c H e m i p t era from South A m e -
rica with a record of s t r i d u l a t o r y devices ( V e l i i d a e -
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J o u r . Kansas E n t . Soc. 2:50-59, 2 asts.
1929 - Two new species of H e m i p t e r a in the collections of
t h e Museum National of P a r i s .
Bull. Mus. Hist. Nat. 1:198-200.
1930 - T h r e e Velia from South A m e r i c a .
J o u r . Kansas E n t . Soc. 3:23-26, 1 ests.
304 INSETOS DO BRASIL

Mc KINSTRY, A. P.
1937 - Some new species of Microvelia (Veliidae-Hemi-
ptera).
Jour. Ka.nsas EnL. Soc. i0:30-4i.
TORRE-BUENO, J. R. de la
1907 - On Rhagovelia obesa l:hler.
Can. Ent. 39:333-34I.
1923 - Taxonomic characters in Microvelia WesLw.
Bull. Brookl. Ent. Soc. 18:138-143.

Família HEBRIDAE94

(Neogaeidae)

380. Caracteres. - Insetos semi-aquáticos, geralmente


com menos de tres mm. de comprimento, de contorno oval
e tegumento opaco, revestido de fina pubescência, que lhes
permite prender uma certa quantidade de ar quando mer-
gulham nágua.
Cabeça relativamente grande, porem mais curta que o
pronotum; olhos tocando ou quasi tocando o pronotum;
ocelos distintos; antenas delgadas, de cinco segmentos (He-
brus); em Merragata, porem, com quatro segmentos apenas,
porque o quarto e o quinto se fundem; rostrum longo, subre-
tilíneo, atingindo ou excedendo as ancas posteriores, de qua-
tro segmentos.
Pronotum trapezoidal com constrição adiante do meio;
na base mais largo, que o abdomen na parte mais larga;
scutellum em triângulo retângulo, com o vértice arredon-
dado ou bífido.
Hemelitros com o corium espesso, porem com o clavus
de textura idêntica à da membrana; esta sem nervuras.
Nas espécies de Merragata os insetos adultos são dimór-
ficos, coexistindo formas macrópteras e braquípteras.

94 De Hebre, um rio da Trácia.


HEBRIDAE 305

Pernas curtas, subiguais, com tarsos dímeros; garras


curtas, apicais, com pulvílios (arólia) distintos.
Abdomen com o conexivum pouco saliente.
381. Hábitos. - Os Hebrideos são Hemípteros higrófilos,
semi-aquáticos, que vivem em sociedades mais ou menos
nunerosas, em plantas flutuantes ou nas das margens dos
pântanos, lagos e rios. Alimentam-se de pulgões que vivem
nessas plantas e de outros animalculos que aí se encontram.

Fig. 429 - Hebrus concinnus Uhler,


1894 (fêmea) (Hebridae) (X 8)
(de Hungerford, 1919, est. 11, fig. 1).

Ha umas 30 espécies em todo o mundo, sendo as da


região neotrópica quasi todas pertencentes aos gêneros He-
brus Curtis, 1833 e Merragata B. White, 1877.
Relativamente aos hábitos de Merragata, eis o que escre-
veu DRAKE (1917):

"Os seus lugares prediletos são os recôncavos dos lagos


e pântanos, onde a água é rasa e ha plantas aquáticas em
abundância. Raramente os vi no solo úmido da beira dágua.
São pedestres aquáticos, capazes de se manter, andando ou
correndo, sobre a superfície da água, com o corpo todo coberto
de uma pilosidade aveludada, que o protege eficientemente,
evitando seja molhado. Podem mover-se, para diante, ou para
trás, porem o modo habitual de locomoção é um movimento
306 INSETOS DO BRASIL

seguro para a frente, no qual entram em ação os tres pares


de pernas.
Encontrei-os frequentemente sobre Lemna, Nymphaea e
várias outras plantas aquáticas. Não raro se os vê na página
inferior de folhas flutuantes ou mesmo entre as raises de
plantas flutuantes. Quando submersos, ficam envolvidos por
um film de ar, que, lhes permite permanecer mergulhados
durante longo tempo. Num aquário observei-os, parados ou
caminhando, durante uma hora ou pouco mais, sobre plantas
ou em fragmentos de erva submersos Ocasionalmente, an-
dando sobre as paredes de vidro do aquário, mergulham
nágua e, quando esta era pouco profunda, às vezes atingiam a
parede oposta passando sobre o fundo do aquário. Nada se
sabe relativamente aos hábitos alimentares e ao ciclo evo-
lutivo."

No Brasil uma das espécies mais conhecidas é o Hebrus


p a r v u l u s Stal, 1858.

Família MESOVELIIDAE

382. Caracteres, etc. - Hemípteros semi-aquáticos, de


alguns milímetros de comprimento no máximo, de forma
elíptica alongada e cor verde ou amarelo-esverdeada, alados
ou ápteros na fase adulta, com o tegumento glabro na parte
superior e piloso na inferior.
Cabeça relativamente grande, porem mais curta que o
pronotum; olhos tocando ou quasi tocando o pronotum;
ocelos medíocres, aproximados, situados entre os olhos; an-
tenas delgadas, de quatro segmentos; rostrum longo, subre-
tilíneo, atingindo, ou excedendo as ancas médias; de tres
segmentos, sendo o segundo bem mais longo que o primeiro
e terceiro reunidos.
Pronotum trapezoidal com fraca constrição adiante do
meio, na base não mais largo que o abdomen na parte mais
dilatada; scutellum subtriangular, com calosidade basal mais
ou menos saliente. Hemelitros mais ou menos desenvol-
vidos, sendo o corium com nervuras salientes, o clavus mem-
branoso e a membrana sem nervuras. Numa mesma espécie
podem coexistir formas adultas macrópteras, braquípteras
e ápteras.
MESOVELIIDAE 307

Pernas médias e posteriores alongadas, subiguais, as


anteriores mais curtas; tarsos de tres articulos, sendo o pri-
meiro muito curto, pouco visivel, garras apicais.
Abdomen com conexivum um tanto saliente.

Fig. 430 - Mesovelia mulsanti White, 1879;


fêmea macroptera (Mesoveliidae (X 15).
( D e H u n g e r f o r d , 1919, e s t . 14, f i g . 2 ) .

383. Hábitos. - Os Mesoveliideos, representados por uma


dezena de espécies do gênero Mesovelia Mulsant & Rey, 1852,
vivem em plantas flutuantes e nas das margens dos pân-
tanos, lagos e rios. Quando perseguidos correm rapidamente
sobre a água.
Alimentam-se sugando os pequenos insetos que ca-
pturam.
A biologia de Mesovelia mulsanti White, 1879, espécie
comumente observada na Amazônia, foi minuciosamente des-
crita por HUNGERFORD) (1919).
308 INSETOS DO BRASIL

384. Bibliografia.

HORVATH, G.
1915 - Monographie des Mesovéliides.
Ann. Mus. Nat. Hung. 13:535-556.
1929 - General Catalogue of the Hemiptera; fasc. 2, Meso-
veliidae.
Smith College, Northampton (Mass.), VIII + 24 ps.

HUNGERFORD, H. B.
1919 - The biology and ecology of aquatic and semiaquatic
Hemiptera.
Kansas U n i v . Sci. Bull. 11:3-328, 30 ests.

JACZEWSKI, T.
1928 - M e s o v e l i i d a e from the State of P a r a n á .
A n n . Zool. Mus. Pol. 7:75-80, I e st.
1930 - Notes on the american species of the genus Mesovelia
Muls. (Heteroptera; Mesoveliidae).
A n n . Zool. Mus. Pol. 9:3-12; 3 ests.

Superfamília LEPTOPODOIDEA 95

(Acanthides; Ocelatae; Riparii96; Acemthiiformes)

F a m í l i a S A L D I D A E 97

(Acanthiidae)

385. Caracteres. - Hemípteros semi-aquáticos, com al-


guns milímetros de comprimento, apresentando a seguinte
combinação de caracteres: corpo ovalar, cabeça relativa-
mente grande, porem curta e larga; antenas longas, de qua-
tro segmentos; olhos muito salientes; ocelos (dois) situados
entre os olhos; rostrum de tres segmentos, longo, atingindo

95 Gr. leptos, fino; pous, pé.


Não ha representantes da família Leptopodidae no Brasil.
96 Lat. riparius, que habita as margens dos rios.
97 Segundo Amyot de Serville, provavelmente Fabricius formou Salda do
salto (lat., eu salto); é possivel tambem que a palavra corresponda a um nome
próprio.
SALDIDAE 309

ou excedendo as ancas médias; pronotum trapezoidal de


margem anterior muito menor que a basal; scutellum rela-
tivamente grande, triangular; hemelitros, quando, bem de-
senvolvidos, cobrindo inteiramente o abdomen, sem cuneus,
com a membrana provida de nervuras longitudinais, para-
lelas, formando tres a seis células fechadas na parte distal
por uma nervura comum; margem costal do corium em
curva bem acentuada; tarsos trímeros.

Fig. 431 - Saldula ventralis (Stal, 1858)


( S a l d i d a e ) ( X de C h a m p i o n , B i o l . C e n t r .
Amer. Heter. 2, est. 20, fig. 9) (Lacerda cop).

386. Hábitos, etc. - Os Saldídeos são normalmente en-


contrados em solo muito húmido, nas proximidades dos
cursos dágua, lagos e pântanos, e mesmo perto do mar.
Alguns fazem escavações no solo, onde se escondem. Ha
tambem espécies que vivem nas praias, à beira mar, e ou-
tras que habitam logares secos, podendo mesmo ser arbo-
310 INSETOS DO BRASIL

rícolas. Todas, porem, sao predadoras, alimentando-se, prin-


cipalmente, de pequenos insetos vivos ou mortos.
Os Saldideos são Hemípteros muito ágeis; voam e sal-
tam bem, sendo, por isto, difícil capturá-los.
A família Saldidae, que estabelece o elo de ligação entre
os Hemípteros da subordem Gymnocerata com os da subor-
dem Cryptocerata, compreende cerca de 150 espécies des-
critas, distribuídas em vários gêneros.
No Brasil a espécie talvez mais conhecida é Saldula
ventralis (Stal, 1858) (fig.131).

Família A E P O P H I L I D A E

387. Espécie única. - Esta pequena família, represen-


tada na América do Sul pelo gênero Mendocinia Jensen-
Haarup, 1920, com a espécie única M. hygrobia Jensen-
Haarup, 1920, encontrada em Mendoza (República Argen-
tina), é colocada pelos autores mais recentes (CHINA e
outros) em Leptopodoidea. Alguns, porem, incluem-na em
Gerroidea, depois de Veliidae, enquanto que outros a estu-
dam em Cimicoidea.

Subordem C R Y P T O C E R A T A
388. Caracteres. - Os Hemípteros desta subordem apre-
sentam antenas muito curtas, geralmente escondidas em
sulcos ou cavidades (foveae) na parte inferior da cabeça
(fig. 438). São insetos aquáticos ou semiaquáticos.

Superfamília OCHTEROIDEA

(Litoralia)

389. Caracteres. - Distinguem-se dos demais Criptoce-


ratos por possuirem quasi sempre ocelos e por serem insetos
semiaquáticos. Daí o nome - Telmatobia 98 - dado por
alguns autores a este grupo de Hemípteros.

98 Gr. telma, pantano; bios, vida.


OCHTEROIDEA 311

São distribuidos em duas famílias, Ochteridae e Nerthidae


que se distinguem pelos seguintes caracteres:

1 Antenas expostas; pernas anteriores e médias semelhantes;


olhos não muito salientes ........................................ Ochteridae
1´ Antenas escondidas; pernas anteriores distintamente ra-
ptórias; olhos geralmente protuberantes ................................
............................................................................. Northridae

Família OCHTERIDAE99

(Pelogonidae)100

390. Caracteres, etc. - Insetos semiaquáticos, com alguns


milímetros de comprimento, de cor escura, geralmente re-
vestidos de uma pubescência preta, que dá ao tegumento
aspecto aveludado. Apresentam manchas amareladas nas
margens do pronoto e dos hemelitros.
Pela aparência e hábitos, estes Hemípteros fazem lem-
brar os Saldideos e os insetos da família seguinte (Nerthri-
dae). Daqueles, porem, se distinguem pelas antenas muito
curtas, e dos Nertrideos pelo rostrum, nestes curto e robusto,
nos Octerideos longo, como nos Saldideos.
Cabeça transversal, curta; olhos proeminentes, dois oce-
los; antenas de quatro segmentos, mais curtas que a cabeça,
porem, em repouso, não escondidas, sob ela, em sulcos ou
cavidades; rostrum longo atingindo ou mesmo excedendo
os quadris posteriores, com o segmento basal grosso e curto
e os demais finos.
Pronotum subtrapezoidal; scutellum triangular, aproxi-
madamente tão longo quanto o pronotum. Hemelitros nor-
mais, amplos, cobrindo todo o abdomen; membrana com
duas séries de células na parte basal. Pernas subiguais, de
tipo cursorial; fêmures anteriores normais ou pouco mais
dilatados que os outros.

99 Gr. (?)ochteros, clivoso, montanhoso


100 Gr. pelos, negro (lama); gone, raça (nascido).
312 INSETOS DO BRASIL

391. Hábitos, etc. - Os Octerideos vivem na vegetação


rasteira da margem dos pequenos lagos, pântanos e riachos.
Muito ágeis, correm e voam facilmente. São predadores;
sugam a hemolinfa das larvas de dípteros que vivem na
lama ou no solo húmido.
Ha pouco mais de 12 espécies descritas, todas do gênero
Ochterus Latreille, 1807 (= Pelogonus Latr., 1809).

Família NERTHRIDAE
(Gaigulidae101; Mononychidae102; Gelastocoridae)103

392. Caracteres. - Hemípteros semiaquáticos, com alguns


milímetros de comprimento, de corpo achatado, áspero e
olhos, em geral, muito protuberantes (sésseis, não proemi-
nentes em Nerthrinae); aspecto geral de pequeninos Batrá-
quios, mormente quando examinados de frente (fig. 432).

Fig. 432 - M o n o n y x r a p t o r i u s ( F a b r . , 1803), v i s t o de f a c e


(Nerthridae) ( c e r c a de X 10) ( L a c e r d a d e l . ) .

Não é muito, facil encontrá-los, pois a cor que apresen-


tam fá-los quasi desaparecer no meio em que vivem.
Ocelos geralmente presentes (ausentes ou muito peque-
nos em Nertha Say, 1832); antenas de tres ou quatro se-
gmentos, com o terceiro muito curto, mais curtas que a
cabeça e escondidas sob os olhos, como nos demais Hemí-

101 Lat. galgulus, nome de uma ave.


102 Gr. monos, única; onyx, unha.
103 Gr. gelastos, que faz rir; coris, percevejo.
NERTHRIDAE 313

pteros desta subordem; rostrum curto, robusto, de quatro


segmentos. Pronotum bem mais largo que longo. Heme-
litros com clavus, corium e membrana (Gelastocorinae), ou
sem membrana e totalmente coriáceos (Nerthrinae); em
Nertha soldados na linha mediana.
Pernas anteriores distintamente de tipo raptorial, com
fêmures fortemente dilatados; tarsos geralmente apresen-
tando a seguinte fórmula: 1-1-3; nos anteriores ha duas
garras (Gelastocorinae) ou apenas uma (Nerthrinae).

Fig. 433 - Mononyx sp., Fig. 434 - Gelastocoris sp.


visto de cima (X 3). (Nerthridae (X 4).

No Brasil encontram-se frequentemente: Gelastocoris


variegatus (Guérin, 1844), Gelaslocoris quadrimaculatus
(Guérin, 1844) (= G. nebulosus (Guérin, 1833)), Gelastocoris
vicinus (Champion, 1901), Mononyx nepaeformis (Fabr.,
1775) e M. raptorius (Fabricius, 1803) (fig. 432).
Na fig. 434 vê-se uma espécie de Gelastocoris que parece
ser a que CHAMPION designou como G. vicinus Montandon,
in litt.
314 INSETOS DO BRASIL

393. Habitos. - Os Nertrideos vivem gregariamente


nas margens dos riachos e dos pântanos. Correm e saltam
com facilidade.
As espécies de Mononyx Laporte, 1832, vivem enter-
radas na lama, daí se apresentarem com uma crosta de terra
dificil de se retirar. São tambem predadoras.
394. Espécies mais interessantes. - Ha descritas cerca
de 50 espécies de Nerthridae distribuídas nas duas subfamí-
lias - Nerthrinae (Mononychinae) e Gelastocorinae.

395. B i b l i o g r a f i a .

MELIN, D.
1930 - H emiptera from South and Central America. I (Re-
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Zool. Bidr. 12:151-198, 121 figs.
MARTIN, C. H.
1928 - An exploratory survey of c haracters of specific
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HUNGERFORD, H. B.
1922 - The life history of the toad bug, Gelastocoris oculatns
Fabr. (Gelastocoridae).
Kans. Univ. Sci. Bull. 14:145-171, ests. 13-14.

Superfamília NEPOIDEA

(Nepaeformes)

396. Caracteres. - Distinguem-se dos demais Criptoce-


ratos, sem ocelos, por apresentarem as pernas anteriores
distintamente raptórias e os tarsos posteriores providos de
garras normais.
Constituem esta superfamília as famílias Aphelochiridae,
Naucoridae, Belostomatidae e Nepidae.
NEPOIDEA 315

A família Aphelochiridae, por alguns autores ainda con-


siderada como subfamília de Naucoridae, compreende algu-
.
mas espécies das regiões paleártica, australiana e africana.
Tais insetos são bastante curiosos, pois neles as pernas
anteriores não apresentam fêmures dilatados e os tarsos
ainda possuem dois artículos e duas garras, e, provavel-
mente, a respiração é cutânea.
As outras famílias distinguem-se principalmente pelos
caracteres indicados na chave seguinte:

1 Membrana pouco diferenciada do resto do hemelitro; em-


bolium quasi sempre distinto; abdomen sem apêndices
caudais (respiratórios) ........................................... Naucoridae
1' Membrana bem diferenciada do resto do hemelitro e com
nervuras reticuladas; sem embolium; abdomen com
apêndices caudais ............................................................ 2
2(1') Apêndices caudais do abdomen curtos e chatos, retráteis;
pernas (excetuando às vezes as anteriores) da 2 ar-
tículos tarsais; posteriores mais ou menos adaptadas
à natação ....................................................... Belostomatidae
2' Apêndices caudais do abdomen longos e finos, não re-
tráteis; pernas de 1 artículo tarsal; posteriores, não
adaptadas à natação, ambulatórias ........................... Nepidae

104
Família NAUCORIDAE

397. Caracteres. - Hemípteros aquáticos, pequenos ou


de porte médio, de corpo elítico ou oval, geralmente depri-
mido e liso, apresentando pernas anteriores raptórias, com
fêmures fortemente dilatados como em Nerthridae e em
Belostomatidae. Os Nertrideos, porem, apresentam olhos
protuberantes (nos Naucorideos a margem externa do olho
continua-se com a margem da cabeça) e ocelos, quasi sem-
pre bem visíveis e os Belostomatideos possuem um par de
apêndices caudais.

104 Gr. naus, navio; coris, percevejo.


316 1NSETOS DO BRASIL

Antenas de quatro segmentos; rostrum de tres segmen-


tos. Os hemelitros apresentam um embolium distinto e mem-
brana sem nervuras.
Pernas anteriores raptórias, com femur consideravel-
mente dilatado e apresentando um sulco no bordo inferior.
no qual se encaixa a tíbia.
Pernas posteriores não adaptadas à natação. Os tarsos
apresentam geralmente a seguinte fórmula: 1-2-2; os ante-
riores sem garras.

Fig. 435 - Pelocoris bipustulatus


(Herrich-Schaeffer, 1853) (Nauco-
ridae) (X 4).

398. Hábitos. - Vivem os Naucorideos em águas esta-


gnadas ou correntes, porem de curso lento.
Nadam bem, batendo simultaneamente as pernas poste-
riores.
São predadores e muito vorazes; atacam pequenos ani-
mais aquáticos, inclusive outros Hemípteros.
Embora vivam de preferência no fundo dágua, ou
escondidos no meio das plantas aquáticas, vêm, de vez em
quando, à superfície para respirar o ar livre, levando, quando
NAUCORIDAE 317

descem, uma certa provisão entre as asas e a face superior


do abdome.
A noite podem sair dágua e voar, voltando, porem, no
fim de algum tempo, ao mesmo habitáculo, ou mergulhando
em outro pantano.
399. Espécies mais interessantes. - Ha cerca de 150 espé-
cies descritas, em grande parte da região neotrópica.

Fig. 436- Cryptocricus barozii ( S i g n o r e t , 1850) (Naucoridae).


( X 7) ( L a c e r d a d e l . ) .

As principais espécies brasileiras pertencem aos gêneros


Ambrysus Stal, 1862 (subfam. Cryptocricinae), Pelocoris
Stal, 1876 (subfam. Naucorinae) e Limnocoris Stal, 1860
(subfam. Limnocorinae). Na fig. 436 acha-se representado
um Cryptocricus (C. barozii (Signoret, 1850)), bem caracterís-
tico, pelo aspecto dos hemelitros, que ficam reduzidos ao
corium posteriormente truncado.
318 INSETOS DO BRASIL

400. Bibliografia.

CARL0, J. A. de
1935 - Hemipteros acúaticos y semiacúaticos.
I. Descripción de u n nuevo género y u n a n u e v a es-
pecie de la família Naucoridae, s u b f a m i l i a Cripho-
cricinae.
II. ESpecies no citadas p a r a la A r g e n t i n a .
Rev. Arg. Ent. 1:1-4, 3 figs.

KRAMER, H.
1935 - Beitrage zur Biologie von Naucoris mit besonderer
Berücksichtigung der A t m u n g .
Arch. Hydrobiol. 8:523-554, 10, figs.

MON'TANDON, A. L.
1897 - Hemiptera Cryptocerata. Fam. Nau coridae, s ubfam.
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Verh. k. k. zool.-bot. Ges. Wien, 47:6-23.
1898 - Hemíptera Cryptocerata. Fam. Nau coridae, subfam.
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Verh. k. k. zool.-bot. Ges. W i e n , 48:414-425.

MONTE, O .
1937 - Percevejos Nau corídeos.
Chac. Quint. 55:704-705, 6 figs.

Família B E L O S T O M A T I D A E 105

(Belostomidae)

401. Caracteres. - Hemípteros aquáticos, de tamanho


médio ou grande e aspecto característico, semelhante ao
das baratas, plenamente justificando a designação vulgar-
"baratas dágua".
Quasi todos apresentam cor castanha clara ou escura
e o tylus saliente entre os olhos.

105 Gr. belos, dardo; stoma, boca.


BELOSTOMATIDAE 319

Embora tenham muitas afinidades com os Hemípteros


da família precedente, deles entretanto, se distinguem, por
apresentarem pernas posteriores distintamente achatadas e
ciliadas, bem adaptadas, portanto, para a natação e um par

Fig. 437 - Lethocerus grandis (L., 1767) (Belostomatidae).


320 INSETOS DO BRASIL

de apêndices curtos achatados e retráteis, na extremidade


do abdomen, em relação com dois sulcos aeríferos (fig. 439).
Antenas de quatro segmentos com o, segundo e o terceiro
dilatados ou prolongados no lado interno; rostrum curto,
robusto (fig. 438).
Pernas anteriores raptórias, médias e posteriores nata-
tórias; tarsos dímeros. Membrana dos hemelitros com vá-
rias nervuras longitudinais.

Fig. 438 - Cabeça de Lethocerus, vista pela


f a c e i n f e r i o r , p a r a se v e r o a s p é t o d a s a n t e n a s
e como se alojam nos sulcos antenais (X 6).

É nesta família que se encontram os maiores Hemí-


pteros conhecidos (espécies de Lethocerus Mayr, 1854).
Assim o comprimento de Lethocerus maximus De Carlo,
1938, pode exceder de 100 mm. Lethocerus grandis (Linne,
1767) tem o comprimento um pouco menor (fig. 437).
402. Hábitos, etc. - Os Belostomatideos são grandes pre-
dadores. Atacam larvas de outros insetos, girinos e peque-
BELOSTOMATIDAE 321

nos peixes. DE CARLO (1938) observou uma fêmea de Letho-


cerus annulipes (Herrich-Schaeffer, 1844) que atacava rãs
(Leptodactylus ocellatus L.),

"Las ranas quedavan sin vida en menos de tres horas,


despues de luchar en forma tif anica para librarse de su ene-
migo.
Según mis observaciones, parece ser que las ranas mueren
por la constante pérdida de sangre."

Apanhando-se um Belostomatideo, deve-se evitar que,


com as pernas anteriores, prenda um dedo, porque as pi-
cadas destes insetos são sempre extremamente dolorosas.

Fig. 439 - Apice do abdo- Fig. 440 - Belostoma boscii


men de Lethocerus sp. (for- (Lepeletier & Serville, 1825
temente aumentado. (Belostomatidae); macho com
ovos colocados aos hemelitros)
(X 1,7) (Lacerda del.).

Como os Naucorideos, emigram à noite de um para o


outro pantano e é nessas excursões noturnas que esvoaçam
em torno das lâmpadas elétricas, às vezes em grande número.
Isto geralmente se observa em localidades, até então fraca-
mente iluminadas, que passam a ter luz elétrica, principal-
mente de lâmpadas de arco voltáico.
322 INSETOS DO BRASIL

As espécies dos gëneros Abedus e Belostoma (Zaitha)


são interessantes, porque as fêmeas colam os ovos (60 a
180) nas costas dos machos. Estes, ao serem agarrados pela
fêmea, procuram desvencilhar-se do amplexo, talvez por
lhes ser incômoda a carga que terão de suportar durante
longo tempo.
Ha cerca de 100 espécies de Belostomatideos, em sua
maioria habitantes da América do Sul. As espécies ameri-
canas acham-se bem estudadas nos trabalhos de DE CARLO.

403. Bibliografia.

CARLO, J. A. de
1930 - Familia Belostomatidae. Generos y especies para la
Argentina.
Rev. Soc. Ent. Arg. 3 : 101-124, 3 ests. 1 fig., no texto.
1931 - Hemipteros acuaticos e semiacuaticos.
Rev. Arg. Ent. 1 :1-4, 3 figs.
1933 - Nuevas especies de Belost omideos (Hemipt era).
Rev. Soc. Ent. Arg. 5:121-126, 1 est.
1933 - Família Belostomidae.
Bol. Mus. Nac. Rio de Janeiro, 9:93-98, 2 ests.
1934 - Descripción de e,species nuevas de Belostomideos
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Bol. Mus. Nac. Rio de Janeiro, 10:109-111, 2 figs.
1935 - Familia Belostomidae. Descripción de una nueva
especie y algunos sinonimios.
Rev. Soc. Ent. Arg. 7:203-205, I est.
1938 - Los Belostomidos americanos (Hemiptera).
Anal. Mus. Arg. Cien. Nat. "Bornardino Rivadavia',
39:189-260, 8 ests. (79 figs.).
1938 - I. Dos nuevas especies del genero Abedus Stal.
II. Nuevas consideraciones sobre Belosboma costa-
limai de Carlo y Lethocerus brincatus Cumings (Hem.
Belostomatidae).
Rev. Soc. Ent. Arg. 10:41-45, 2 ests.
1939 - Breves dados sobre los Belostomidae (Hemípteros.)
de la Argentina.
9ª Reun. Soc. Arg. Pat. Reg. 3:1471-1475, 2 ests.
BELOSTOMATIDAE 323

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1931 - T h e giant waterbugs (Belostomatidae-Hemíptera).


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324 INSETOS DO BRASIL

Família NEPIDAE 106

404. Caracteres, etc. - Hemípteros aquáticos, de porte


médio (podendo atingir 50 mm. de comprimento), corpo
alongado, alargado ou linear, apresentando, na extremidade
do abdome, dois longos filamentos caudais, não retráteis,
que, reunidos, formam um tubo ou sifão respiratório.

Fig. 441- Ranatra sp. (Nepidae) (X 1,3).

Antenas de tres segmentos; pernas anteriores raptórias,


de aspecto característico; médias e posteriores não adapta-

106 Gr. nepa, escorpião.


NEPIDAE 325

das à natação. Tarsos de um artículo, os do par anterior


sem garras.
405. Hábitos. - Vivem estes insetos no meio da vege-
tação submersa ou na lama do fundo dos pantanos, com
a qual se confundem.
Os ovos de Ranatra são inseridos, um a um, no tecido
de plantas flutuantes, vivas ou mortas, ficando expostos dois
longos prolongamentos respiratórios, apensos ao polo cefálico.
Os ovos de Curicta apresentam tambem tais filamentos,
porem sâo curtos, em maior número, formando uma coroa
no polo do ovo.

Fig. 442 - Perna de Curicta sp. (Nepidae).

Apesar dos Nepideos nadarem mal e andarem no fundo


lentamente, são bastante vorazes e, quasi sempre, estão ca-
pturando outros pequenos insetos aquáticos. As vítimas pre-
diletas são larvas de Dípteros, especialmente mosquitos da
família Culicidae.
À noite, como os Naucorideos e Belostomatideos, podem
e m i g r a r das coleções d á g u a em q ue se a c h a m p a r a o u t r a s .
406. Espécies mais interessantes. - A família Nepidae
compreende cerca de 130 espécies descritas.
Na região neotrópica ha apenas dois gêneros com algu-
mas espécies: Curicta Stal, 1860 e Ranatra Fabr., 1790.
As espécies do primeire, têm o corpo ovalar, alongado,
um tanto achatado e as ancas das pernas anteriores são
muito mais curtas que nas espécies de Ranatra. Estas apre-
sentam corpo estreito, linear, e os quadris e fêmures das
pernas anteriores muito alongados (v. figs. 441 e 442).
Encontra-se frequentemente no Brasil a Ranatra annu-
lipes Stal, 1861.
326 INSETOS DO BRASIL

407. Bibliografia.

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Canad. Ent 38:242-252.
NOTONECTIDAE 327

S u p e r f a m í l i a NOTONECTOIDEA

408. Caracteres. - Criptoceratos desprovidos de ocelos,


com pernas anteriores e médias normais; as posteriores,
adaptadas para a natação, têm as tíbias e os tarsos forte-
mente ciliados; garras tarsais indistintas, setiformes.
Adotando o critério de ESAKI e CHINA (1928), não incluo
nesta superfamilia as famílias Pleidae e Helotrephidae, as
quais, segundo aqueles autores, constituem uma superfamília
à parte - Pleoideae.
Fica, assim, No tonectoidea reduzida exclusivamente à
família Notonectidae.

Família N O T O N E C T I D A E 107

409. Caracteres. - Hemipteros aquáticos, pequenos ou


de porte médio, de corpo mais ou menos alongado, relativa-
mente estreito e fortemente convexo na parte dorsal. São
os únícos Hemípteros que, exclusivamente com as pernas pos-
teriores, nadam de costas.

Fig. 443 - Anisops sp. (Notonectidae) (cerca de X 6).

Cabeça, conquanto movel, bem destacada do ponoto;


antenas de quatro segmentos; olhos grandes, reniformes;
rostrum de tres a quatro segmentes. Pronoto mais largo ao

107
Gr. notos, dorso; nectos, nadador
328 INSETOS DO BRASIL

nivel dos ângulos humerais. Pernas posteriores natatórias,


providas de longos pelos; tarsos de dois artículos; os ante-
riores, às vezes, com um artículo.
Face inferior do abdome apresentando uma quilha ou
carena mediana e, de cada lado, uma franja de longos pelos
hidrófugos, dirigidos para a linha mediana e inseridos numa
prega marginal. Esta disposição permite, quando o inseto
se acha nágua, a formação de duas câmaras aéreas, uma
de cada lado da face ventral, em relação com as aberturas
estigmáticas.
410. Hábitos etc. - Os Notonectideos são facilmente
reconhecidos quando nágua, pois, como disse, nadam quasi
sempre de costas, isto é, com a face ventral voltada para
cima.
Vivem principalmente em águas tranquilas de pantanos
e até mesmo de poços, frequentando, de preferência, a ca-
mada mais próxima à superfície. Raramente são vistos em
riachos de curso um pouco rápido.
Sempre muito ativos, nadam rapidamente à custa de
movimentos simultâneos, como de remos, das pernas poste-
riores. Estas, quando o inseto repousa, ficam estendidas e
perpendicularmente dispostas em relação ao eixo. longitu-
dinal do corpo.
As anteriores e médias servem para capturar as presas
de que se nutrem estes insetos, representadas por um grande
n ú m e r o de espécies a q u á t i c a s .
Ha Notonectideos que põem os ovos à superfície dos ga-
lhos ou folhas de plantas submersas; outros, porem, os in-
troduzem, mediante um ovipositor, nos tecidos das plantas
aquáticas.
Sendo, em geral, insetos muito leves, para repousar pre-
cisam sempre prender-se a um suporte qualquer.
Como outros Criptoceratos, podem tambem sair do meio
em que se acham e, voando, atingir outra coleção dágua.
NOTONECTIDAE 329

Dizem que a picada destes insetos doe tanto como a


ferroada de uma abelha. Daí e nome "Wasserbienen" pelo
qual são conhecidos na Alemanha.
Ha cerca de 120 espécies descritas desta família. No
Brasil as espécies mais frequentemente encontradas perten-
cem aos gêneros Notonecta Linne, 1767 e Anisops Spinola,
1837.

411. Bibliografia.

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330 INSETOS DO BRASIL

Superfamília PLEOIDEA108

412. Caracteres. - H e m í p t e r o s aquáticos, de alguns


m i l í m e t r o s de c o m p r i m e n t o , a p r e s e n t a n d o os seguintes c a -
r a c t e r e s : c o r p o f o r t e m e n t e c o n v e x o , cabeça e p r o n o t o m ai s
ou m e n o s f u n d i d o s , r o s t r u m de q u a t r o segm ent os, sendo os
dois basais m u i t o c u r t o s ; h e m e l i t r o s m u i t o espessos, co-
b r i n d o todo o a b d o m e n ; p e r n a s a m b u l a t ó r i a s , o p a r poste-
r i o r u m t ant o m o d i f i c a d o p a r a a n a t a ç ã o , a p r e s e n t a n d o
d u as fileiras de c e r d a s nas tíbias e tarsos, estes, em t odas
as p e r n a s , c om duas g a r r a s .

Fig. 444 - Plea sp.., fêmea adulta com


o ovipositor saliente (Pleidae) (De
Hungerrord, 1919, est. 25,2).

C o n s t i t u e m esta p e q u e n a s u p e r f a m í l i a as duas f a m í l i a s
Pleidae e Helotrephidae, esta com al gum as espécies brasileiras,
a q u e l a com vá r i os r e p r e s e n t a n t e s do gênero, Plea L e a c h ,
1818, de vasta d i s t r i b u i ç ã o g e o g r á f i c a .
As espécies de Plea das regiões n e á r t i c a e n e o t r ó p i c a
p e r t e n c e m ao s u b g ê n e r o N eopl ea E saki & China, 1928.

413. Bibliografia.
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108 G r . pleo, n a v e g a d o r .
PLEOIDEA 331

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1940 - New south american Helotrephidae (Hemiptera-He-
teroptera).
Ann. Mag. Nat. Hist. (11)5:106-126, figs,

S u p e r f a m í l i a CORIXOIDEA

Família CORIXIDAE109

414. Caracteres, etc.- Hemípteros aquáticos, com alguns


milímetros de comprimento, geralmente de cor amarelada,
com riscas pardo-escuras transversais no pronotum e pintas
da mesma cor nos hemelitros. Muito parecidos com os No-
tonectideos, deles, porem, se distinguindo, principalmente,
por terem a cabeça tâo larga ou pouco mais larga que pro-
torax e por nadarem com dorso voltado para cima.
Corpo achatado na parte dorsal. Antenas de quatro
segmentos; olhos grandes, sem ocelos; rostrum excessiva-
mente curto, aparentemente não separado da face.
Devido à conformação peculiar do rostrum, BÖRNER
(1904) considerou estes insetos como constituindo uma subor-
dem à parte Sandaliorrhyncha. Tarsos das pernas ante-
riores (palae) de configuração peculiar (palaeformes), isto
é, em forma de colher, adaptados para a apreensão do ali-
mento.
Pernas médias longas e finas, funcionando como orgãos
fixadores; posteriores natatórias, isto é, achatadas e fran-
j a d a s de longos pel os .

109 Gr. coris, percevejo.


332 INSETOS DO BRASIL

Dentre os caracteres que servem para distinguir os dois


sexos nestes insetos, ha a assinalar, como mais interessantes,
a estrutura asimétrica dos tres últimos segmentos abdomi-
nais nos machos e a presença, no sexto urotérgito, de um
orgão de função duvidosa, chamado strigil, provido de den-
tes quitinosos. Os tarsos anteriores são tambem providos,
na face anterior, de uma ou duas fileiras de dentes. Do
atrito destes com uma área estridulatória no femur da
perna do lado, oposto, resulta a produção de um ruido. Nas
fêmeas não ha tais orgãos estridulatórios e os segmentos
abdominais são simétricos.

Fig. 445- Sigara sp. (Corixidae) (X 6).

415. Hábitos. - Os Corixídeos são encontrados mais fre-


quentemente em águas estagnadas ou em riachos de curso
lento.
Embora nadem bem, sâo geralmente vistos no fundo
dessas águas, em logares em que ha vegetação submersa e
onde penetram livremente os raios solares, ou agarrados às
plantas ou a quaisquer suportes submersos. À noite, porem,
podem sair dágua atraidos pela luz das lâmpadas de ilu-
minação.
Os ovos são colados em massa nos objetos mergulhados.
HUNGERFORD (1919) demonstrou que os Corixídeos se
alimentam da substância flocosa que se encontra em abun-
CORIXIDAE 333

dância no fundo dos pântanos. Embora tal matéria seja,


em grande parte, de origem vegetal, nela se encontram
muitos protozoários e outros animáculos, que são ingeridos.
Verificou tambem o mesmo autor que estes insetos se ali-
mentam da clorofila de Spirogyra.
Os Corixideos, de vez em quando, vêm à tona dágua
para respirar o ar livre e acarretam sempre uma tenue
camada de ar, que envolve quasi completamente.

F i g . 446 - Cabeça (vista frontal) e pernas


a n t e r i o r e s d o C o r i x i d e o d a f i g . 445, v e n d o - s e , n a
perna, esquerda, o aspecto característico da palea.

Provavelmente realiza-se tambem nestes insetos uma


respiração cutânea suplementar, que lhes permite a perma-
nência no meio aquático durante muito tempo, sem que
necessitem vir à tona dágua para respirar o ar livre.
334 INSETOS DO B RASIL

416. Classificação. Já foram descritas mais de 280


espécies desta família, distribuídas nas subfamílias Microne-
ctinae e Corixinae.
Da primeira só ha, como espécies brasileiras, o gênero
Tenagobia Bergroth, 1899 e da segunda o gênero Sigara
Fabr., 1775, aliás o que abrange o maior número de espé-
cies de Corixidae.

417. Bibliografia.

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ÍNDICE

Abacateiro, 87 AMYOT, 36
ABBOT, 37 ANDRÉ, 108, 111
Aboboreira, 85 Aneuridae, 129
ABRAHAM,254, 290 Aneurus, 128, 129
A canthaspididae, 207 subdipterus, 129
A canthia Angelica, 87
hemiptera, 247 Anisops, 327, 329
lectularia, 173, 178, 247 Anisoscelini, 82, 83
rotundata, 247 Anthocoridae, 13, 25 243, 244, 260
Acanthides, 308 Anthocorinae, 261
Acanthiidae, 25 244, 308 Apateticus
Acanthiiformes, 308 (Eupodisus) mellipes, 49
Acanthocephala Aphelochiridae, 27, 314
latipes, 83, 84 Aphelonotus
Acanthocephalini, 82, 83 simplus, 235
Acanthocerus Apiomeridae, 217
clavipes, 80, 82 Apiomerinae, 161, 163, 217
Acanthosomatinae, 44 Apiomerus, 177, 217
Acaulona flavipennis, 73, 217
brasiliana, 121 lanipes, 217, 221, 223
Actinote, 49 picipes, 217
pellenea, 49 Apis
Adricomius, 186 mellifica, 217
Aepophilidae, 25, 310 Araçazeiro, 85
Agnosoma Arachnocoris
flavolineatum, 70 albcannulatus, 236, 237
Alabama Aradidae, 22, 127, 128
argillacea, 50 Aradoidea, 25, 125
Alcaeorrhynchus Aradomorpha, 26, 157, 169, 210
grandis, 48, 50 Chinai, 210
Algodão cravo, 118 crassipes, 210
Algodão do mato, 118 Aradus, 127, 128
Algodoeiro, 85, 87, 94, 105, 107, 108, (Aradus) falleni, 129
114, 115, 136 Arilus, 155, 159, 218
Algodoeiro do campo, 118 carinatus, 218, 403
ALLEN, 255 serratus, 218
Alydidae, 24, 79, 89 Arocera
Amaranthus (Euopta) spectabilis, 61
spinosus, 120 Arroz, 56, 58, 63, 91, 105
Ambrysus, 317 Arvelius
Amendoeira, 47 albopunctatus, 55, 61
Amitermes Asclepias
foreli, 130 curassavica, 108
338 INSETOS DO BRASIL

Asopinae, 44, 48 Bolbodera, 186, 187, 191


Athaumastus seabrosa, 186, 191
haematicus, 80, 82 Bombacaceae, 118
ATKINSON, 290 Bombax
Atta, 91 ventricosa, 118
Augocoris BONAME, 173
illustris, 68 BONDAR, 54, 82, 94, 136, 138, 139,
Autcmeris 274, 275, 276, 278, 282, 290
coresus, 50 Borrachudos, 178
AUTUORI, 219 BOSELLI, 56
AWATI, 28, 290 BOSQ, 37, 53, 66, 82, 86, 91, 93
BACOT, 25l Bougainvillea, 54
Bactrodes, 164 Bozius, 9, 66
biannulatus, 164 Bracatinga, 45
Bactrodinae, 161, 162, 164 Brachyrhynchidae, 129
BAKER, 37 BRANDAO FILHO, 82
Baratas, 180, 208 BRANDT, 17, 28
Barbeiros, 167, 178 BREAKEY, 14, 28, 94
BARBER, 37, 74, 102, 111, 166, 220 BRIEN, 46, 47, 74
254 BRINDLEY, 28, 334
BARBIELLINI, 67 BRITTON, 37, 265
BARRADAS, 87 BROCHER, 17, 28
BARRETO, 220, 231 Brentostoma, 215
Barriguda, 118 rubrum, 217
BASSO, 189, 227 BRUCH, 108, 111
Batata doce, 86 BRUCK, 121
Batatinha, 53, 122 BRUMPT, 171, 174, 180, 193, 205, 220
BAUNACKE, 16 28, 326 BRUNNER, 74, 111, 138, 212, 220,221,
BEIER, 36 223, 290
Belminus, 186, 187, 190, 191 Brycorinae, 265, 289
rugulosus, 187, 190, 191 BUCHNER, 29, 254
Belostoma BUENO, V. TORRE-BUENO
boscii, 321 BUGNION, 29
Belostomatidae, 27, 314, 315, 318 BURMEISTER, 176, 177
Belostomidae, 318 Butuá de corvo, 118
BEQUAERT, 28, 220 BUXTON, 221
BERG, 36, 37 Cabassus
BERGROTH, 74, 100, 101, 109, 111, unicinctus, 180
130, 135, 138, 220, 290, 292 Cacaueiro, 85, 273, 274, 275
BERLESE, 245 Cacodmidae, 244
Bercaldus, 60 Calliodis
Berytidae, 23, 97, 98 picturata, 161, 262
Beskia CALVERT, 190
cornuta, 73 Camarochilus, 231
Bexiga do cacáo, 273 Cambui, 47
Bicho de parede, 178 Camponotus, 90
Bidens CAMPOS, 177, 180
pilosa, 289 Cana de açucar, 100
BLANCHARD, 53, 138 Canavalia,. 82
BLATCHLEY, 37, 142, 145, 236, 247 ensiformis, 82
254 Canopus, 67
Blissinae, 103 Canthacaderinae, 135
Blissus Capim arroz, 63
leucopterus, 104, 106 Capsicum, 66
BLOETE, 94, 115, 122 Capsidae, 22, 261
Blood-sucking cone nose, 178 Capsinae, 265, 289
BOERNER, 37, 331, 334 Caramboleira, 85
ÍNDICE 339

Carapicú, 118 Cimicinae, 246


Caridoma, 211 Cimicinae, 48
pallens, 214 Cimicoidea, 242
CARINI, 201, 204, 221 Claenocoris, 67
CARLO, 318, 321, 322 CLARK, 197, 222
Carrapicho, 118 Clerada,. 109
CARTER, 19, 29, 264 apmmornis, 109, 110, 172
Carthasinae, 236 nidicola, 110
Carthasis, 235, 236 Clerodendron, 137
Carurú de espinho, 120 Clinocoridae, 25, 244
Cascudos, 178 Clinocoris
Cassia, 82 lectularius, 247
Castanheiro do Maranhão, 118 Clivineminae, 265
Cavernicola, 154, 186, 188 Cnemodus, 97
pilosa, 186 Cochlospermaceae, 198
Cecropia, 274 Cochlospermum
adonopus, 278 insigne, 118
Centroscelidae, 82 COKER, 303
Ceratocombidae, 21, 293 Collaria
Ceratocombinae, 294 scenica, 288
Ceratozygum, 45 Colobathristes, 100
horridum, 45 chalcocephalus, 100, 102
Cerodon Colobathristidae, 24, 97, 98, 100
rupestris, 177, 180, 181,206 Conorhinidae, 167
Cetherinae, 161, 162, 210 Conorhinus, 186
Cetherini, 210 claviger, 203
CHAGAS, C., 19, 177, 180, 181, 184, corticalis, 197
197, 204, 222 gigas, 196
CHAGAS, E., 196 gracilipes, 204
CHAMPION, 133, 138, 145, 266, 313 lateralis, 203
Chariesterini, 82 lenticularius, 203
Chariesterus lutulentus, 197
armatus, 81 nigrovarius, 204
CHAVES, 183 octotuberculatus, 204
CHINA, 9, 29, 38, 66, 74, 130, 254, 310, paulseni, 204
327, 330, 331 phyllosoma, 200
Chinch-bug, 104 porrigens, 196
Chincha voadora, 178 renggeri, 204
Chorisia, 118, 121 sextuberculatus, 234
Chryxinae, 161, 162 stalii, 203
Chupança, 178 COOK, 264, 294
Chupança do cacáo, 273 Copium
Chupão, 178 hamadryas, 137
Cimex, 247 Coptosomatidae, 23, 42
erythrozonias, 203 Coptosomidae, 23, 42
foedus, 247 Coptcsomoides, 9
gigas, 203 CORDERO, 247, 2 5 5
hemipterus, 247, 248, 249, 250, Corecorini, 82
251, 252 Corecoris, 86,
lectularius, 173, 178, 247, 248, brevicornis, 86
249, 252 dentiventris, 86
limai, 245, 247 fuscus, 81, 86
passerinus, 247 Coreidae, 24, 79, 80
rotundatus, 247 Coreinae, 81, 82
variegatus, 203 Coreini, 82, 87
Cimicidae, 25, 243, 244 Coreoidea, 79
340 INSETOS DO BRASIL

Corimelaena, Dasypus
basalis, 67 novemcinctus, 177, 180
Corimelaenidae, 23, 42, 67 DAVIS, 37
Coriscidae, 24, 79, 89 DEANE, 109, 110, 111, 193, 223
Corixidae, 27, 331 DEAY, 94
Corixinae, 334 DEBAISIEUX, 329
Corixoidea, 331 DELONG, 37
Corizidae, 24, 79, 92 DENIER, 93
Corizus DESLANDES, 85, 87, 121
(Liorhynus) hyalinusi 91, 93 DEVENTER, van, 100, 101
(Niesthrea) sidae, 92, 93 Dhalia
pictipes, 93 variabilis, 53
Cornitermes, 208 Diactor
CORNWALD, 16, 29, 255 bilineatus, 6, 10, 73, 83
Corticicolae, 127 DIAS, EM., 190, 200, 222
Cortiço, 82 DIAS, EZ., 183
Coryzoplatus Dicyphinae, 265, 266
rhomboideus, 87 Dicyphus
Coryzorhaphis minimus, 266, 273
leucocephala, 50, 51 Dicysta
COTTON, 84, 85 lauta, 135
CRAGG, 245, 246, 248, 255 Dinidor, 51
CRAMPTON, 29 mactabilis, 51, 59
Crinocerus Dinidorinae, 44, 51
sanctus, 81, 82 DINIZ, 121
Crotalaria, 56, 57, 70, 90 Dinocoris, 53, 54
CRUZ, 69 gibbus, 59
CRUZ, Fº., 184, 185 histrio, 54
Cryptecerata, 20, 26, 310 maculatus, 54
Cryptocricus, 317 peregrinator, 54
barozii, 317 variolosus, 54, 55
Cryptostemmatidae, 21, 293 Dione, 49
Cryptostemmatinae, 294 juno, 49, 50
Cryptostemmatoidea, 293 Dipetalogaster, 202
Cucurbitaceae, 84 Dipsocoridae, 21, 293
Cuiteleiro, 118 Dipsocoroidea, 293
CUMMINGS, 323 Discccephala, 54
Curicta, 325 Discogasterini, 82, 87
Curuquêrê, 50 Disodiidae, 22
Curupira, 100 DISTANT, 33, 90, 135, 222,266, 290
illustrata, 100 Doença de Chagas, 160
Cydnidae, 23, 42, 65 DOHRN, 305
Cylapinae, 265 Doliehos, 82
Cyminae, 103 DONOVAN, 178
Cyphothyrea, 45 DRAKE, 56, 74, 135, 137, 138, 139,140,
Cyrtocorinae, 44, 45 300, 303, 305
Cyrtocoris, 45 DUDICH, 148
gibbus, 45 DUFOUR, 29, 323
Cyrtopeltis Dufouriellinae, 261
varians, 260 DUNN, 193, 195, 197, 222, 248, 249,
Cyrtorrhinus 250, 255
lividipennis, 264 DUTRA, 99, 273
mundulus, 264 DUZEE, van, 37, 38, 272
Dalia, 82 Dysdercus, 113, 114, 115, 116, 121
DALLAS, 38 albofasciatus, 113
DAMPF, 59, 74 clarki, 113
ÍNDICE 341

honestus, 113, 115, 121 Eutriatoma, 186, 187, 188, 189, 190,
longirostris, 113, 117, 118, 119, 198
120, 121 arthuri, 189
maurus, 113 carrioni, 199
mendesi, 113, 115, 121 flavida, 198, 200
ruficolis, 113, 114, 115, 116, gomesi, 199
121 maculata, 200
Dysodiidae, 127, 129
Dyscdius, 129 nigromaculata, 198, 201
lunatus, 128 oliveirai, 200
Eciton, 179, 185 oswaldoi, 199, 200
Ectrichodia, 177, 215 rubroyaria, 200
Ectrichodiidae, 214 sordida, 199, 200, 206
Ectrichodiinae, 154, 161, 162, 214 tibia-maculata, ]99, 200, 206
Edessa, 61, 71, 72 venosa, 198
glaucesens, 53 EVANS, 149, 245, 296
meditabunda, 53 FABRICIUS, 38
praecellens, 71 FARlA, 184, 185
Eidmannia, 214 FAURÉ-FREMIET, 30
attaphila, 214 Feijão, 82
EKBLOM, 29, 38 Feijão de porco, 82
Elasmodema, 143 FERREIRA, 109, 110, 111, 193, 223
erichsoni, 143 FERRIS, 240, 241, 242
Elasmodemidae, 143 FIEBER, 39, 334
ELSON, 9, 30, 66, 171 Figueira, 67
Embiruçu, 118 Fincão, 178
Emesidae, 26, 150 Fim-fim, 178
Empicoris, 54 FRACKER, 94
Engytatus, 272 FRACKER, 212, 221, 223
geniculatus, 267, 269, 272 Frontirostria, 3
notatus, 265, 266, 269, 273 Fumo, 86, 87, 100, 106, 122, 266
Enicocephalidae, 24, 142, 143 FUNKHOUSER, 37
Enicocephalus, 144 Furão, 178
concolor, 144 Furnarius
rhyparus, 145 rufus, 247
spurculus, 145 GABLER, 30
Epipolops Galeacius
frondosus, 113 martini, 70
Eratyrus, 188, 188, 193 Galeottus
cuspidatus, 194, 195 formicarius, 90
mucronatus, 193, 194 Galgulidae, 26, 312
eratyrusiforme, 194, 195 Galgupha
Erva de lagarta, 49
Erva moura, 86 (Acrotmetus) schulzii, 67
ESAKI, 264, 296, 327, 339 (Eurysytus) basalis, 67
ESSENBERG, 329 GALLIARD, 30, 223
ESTABLE, 74 Gallus
Eupatorium, 49 domesticus, 247
Euryophthalminae, 113 GAMINARA, 200, 223
Euryophthalmus, 113, 121 GARDENA, 150, 151
humilis, 114, 117, 121 Gargaphia
lunaris, 121 torresi, 136
rufipennis, 121 GEISE, 30
Euschistus, 59 Gelastocoridae, 26, 312
latus, 58 Gelastocorinae, 314
triangulator, 43 Gelastocoris, 313
variolarius, 48 nebulosus, 313
342 INSETOS DO BRASIL

quadrimaculatus, 313 HATHAWAY, 47, 71, 85, 87


variegatus, 313 HAVILAND, 212, 225
vicinus, 313 Hebridae, 23, 26, 297, 304
Gevcoridae, 24, 97 Hebrus, 304, 305
Geocorinae, 103 concinnus, 305
Geocorizae, 21 parvulus, 306
Gerridae, 21, 297, 298 HEERDEN, 56, 75
Gerrinae, 300 HEIDEMANN, 31, 99, 175
Gerroidea, 297 Helopeltis, 274, 280, 282
GIBSON, 94, 95, 135, 141 Helotrephidae, 27, 330
GILLETT, 36, 223 HEMPEL, 115, 123
GIRAULT, 94, 255 Heniartes, 217
GLASGOW, 14, 30 Henicocephalidae, 24, 143
Glomerella Henicocephalus, 144
gossypii, 116 Herpetomonas
GODGLUECK, 30 elmassiani, 108
Goiabeira, 68 HERRICH-SCHAEFFER, 39
GOMES, F., 180, 181,205, 220 Hesperoctenes, 239, 240
GOMES, J., 53, 74, 85, 118, 122 fumarius, 239, 240
GONÇALVES, 82, 84, 94 impressus, 239, 241
GONZAGA, 180 Heterogastrinae, 104
Gossypium, 118 Heteroptera, 3
GOULD, 303 Heterotermes, 130
Gramineae, 104, 264 Hexacladia
Grape fruir, 84 smithii, 72, 83
Graphosomatidae, 23, 42 HEYMONS, 31, 75
Graptocleptes, 157, 219 Heza
Grevillea insignis, 160, 218, 229
robusta, 52 Hibiscus, 118
Guaco, 82 esculentus, 107, 118
Guaxima, 118 Hiranetis, 175, 219
Guaxuma branca, 289 Hirilcus, 81
Gymnocerata, 20, 21, 42 gracilis, 80
Haematosiphon, 246 HOFFMANN, 87, 200, 225
inodora, 245, 246 HOKE, 31
Haematosiphoninae, 246 HOLDRIDGE, 95
HAGAN, 242 HOLMES, 123
HAHN, 39 Holoptilinae, 161
Halobates, 300 Holymenia, 83
Halobatinae, 300 clavigera, 81
marítima, 301 histrio, 83
Halovelia, 301 Homalocoris, 216
HAMBLETON, E, 85, 95, 139, 289, 291 HOOD, 31, 111
HAMBLETON, J., 93, 95 HOPPE, 329
Hamelia Horcias
patens, 274 nobillelus, 289
HAMILTON, 326
Hammacerinae, 215 HORVATH, 31, 75, 95, 101, 112, 141.
Hammacerus, 216 242, 256, 236, 308
Hammatoceridae, 215 HOWARD, 99, 273
Hammatocerinae, 215 HOWES, 152, 159
Hammatocerus, 177, 216 HUNGERFORD, 31, 296, 303, 307, 308,
HAMNER, 30, 75 314, 323, 326, 329, 332, 334
HANDLIRSCH, 30, 149 HUNTER, 291
HARNED, 255 HURTADO, 204
HARRm, 236, 237, 238, 300, 303 HUSSEY, 70, 75, 122, 123, 225. 323
HASE, 223, 224, 226, 252, 256 HUTCHINSON, 256
ÍNDICE 343

Hyalymenus, 90 Lamus, 186


tarsatus, 90 LAPORTE, 39, 219
Hydrobatidae, 21, 298 Laranjeira, 70, 82, 84, 118, 119
Hydrobiotica, 297 Larginae, 113
Hydrocorizae,26 Largus, 121
Hydrometra, 295, 296 LARROUSSE, 183, 192, 193, 203, 225
caraiba, 296 Lecticolae, 244
metator, 296 LEFEBVRE, 326
Hydrometridae, 21, 294 Leguminosas, 90, 289
Hydrometrinae, 296 Lemna, 306
Hydrometroidea, 294 LENT, 110, 112, 186, 189, 193, 199,
Hyocephalidae, 24, 97 201, 202, 20t, 226, 230, 232, 217,
Hypselonotus 257
fulvus, 86, 87 Leogorrus, 209
interruptus, 86, 87 formicarius, 209
IHERING, 46, 75 litura, 180, 209
ILLINGWORTH, 109, 112 LEON, 258
Infericorncs, 97 LEONARD, 84, 95
Infericornia, 97 Leopoldina
IRAGORRY, 225 piassaba, 183, 193
Ischnodemus, 103 Leptocorisa, 91
Isodermidac, 22, 126, 129 filiformis, 91
Isodermus, 129 Leptocorisinae, 91
gayi, 129 Leptodactylus
Isometopidae, 22, 243 ocellatus, 321
JACZEWSKL 31, 296, 308, 329, 334 Leptoglossus, 83, 85
Jadera conspersus, 85
sanguinelenta, 93 dilaticollis, 81, 85
Jalysus, 99 gonagra, 83, 86, 120
sobrinus, 98, 99 stigma, 83, 84, 85, 86
JANISH, 256 Leptopodidae, 308
Jatropha Leptopodcidea, 308
curtas, 68 Leptoscelini, 82, 85
JEANNEL, 168, 202, 209, 225 Leptoscelis, 84
JENSEN-HAARUP, 149, 256 LETHIERRY, 39
Joá, 63 Lethocerus, 4, 17, 320
João de barro, 247 annulipes, 321
JONES, 56, 75, 249, 257 grandis, 319
Joppeicidae, 22, 26, 143 maximus, 320
JORDAN, 242, 257 LIIBANIO, 183
JÖRG, 202, 225, 227, 228 LICHE, 300
KEMPER, 257 LIMA, COSTA, 73, 76, 95, 141, 149, 185,
KERSHAW, 33 186, 216, 226, 236, 237, 238, 242
KIMBALL, 176 LIMA, F., 53, 58, 59, 76
KING, 264, 291 Limaia
KIRKALDY, 31, 39, 75, 257, 329, 335 ruber, 207
KIRKPATRICK, 107, 112 Limnobatidae, 21, 294
Kissing-bug, 178 Limnobatodinae, 296
KNIGHT, 31, 37, 265, 291 Limnocoris, 317
Kodormus, 166 Limnogonus, 300
bruneosus, 166 aduncus, 298
KRAMER, 318 Linshcosteus, 154, 186
KUSKOP, 32, 76 carnifex, 154
LABOULBENE, 173 Liotingis
LAFONT, 173, 175, 177, 178, 179 aspidospermae, 136
Lagarta rosada, 108 LISBOA 183
LAMEERE, 32 LIST, 258
344 INSETOS DO BRASIL

Litoralia, 310 (Mecistorhinus) malanoleucus,


Lobostoma, 66 55, 60
LocY, 16, 32, 326 sepulchralis, 60
Lophocephala, 169 Mecus, 186
Loxa MEEK, 32
flavieollis, 61 Megalopyge
LUGO, 193, 220 urens, 50
LUNDBLAD, 335 Megalotomus, 89, 90,
Lycambes, 81 palescens, 90, 91
Lyctocorinae, 261 Megaris, 67
Lyctocoris Melanolestes, 159, 213
campestris, 261 picipes, 158, 160, 169, 213, 392
Lygaeidae, 22, 24, 97, 98, 101 Melão de S. Caetano, 84, 120
Lygaeinae, 103 MELIN, 149, 314
Lygaeoidea, 97 MELLANBY, 228, 258
Lygus MENDES, D., 272
pratensis, 265 MENDES, L., 86, 115, 116, 117, 121,
MACHADO, 171, 173, 181, 204 123
Machtima Mendo cinia, 310
crucigera, 80, 82 hygrobia, 310
MACIEL, 201, 204, 221 Menenotini, 82, 85
Macrocephalidae, 24, 145 Menenotus, 85
Macrocephalinae, 147 lunatus, 84, 85, 86
Macrocephalus, 148 Mepraia
affinis, 148 spinolai, 202, 205
notatus, 148 Merocorinae, 81
Macroceroea Meropachydida, 81
grandis, 113 Meropachys
Macrophthalmus, 211 nigricans, 80
Macrops, 211 Merragata, 304, 305
MAGALHÃES, 46, 47, 76 Mesovelia, 307
Mal de chupança, 288 mulsanti, 307
MALLOCH, 77, 153, 227, 294 Mesoveliidae, 25, 297, 306
MALOUF, 32, 56, 76 Mestor, 186, 196
Malvaceae, 107, 114, 118, 289 lignarius, 196
MAMMEN, 32 megistus (v. Pantrongylus)
Mamoneira, 82 rufotuberculatus, 196
Mamorana, 118 Metacanthinae, 99
Mangueira, 85 Mexican bed bug, 178
Manicaria Mezira, 129
saceifera, 109 Meziridae, 129
Maracujá, 83, 84, 87 MEYERS, 237, 238
MARLATT, 176 MICHALK, 32
Marlianus, 186, 191 Microlestria, 209
diminutus, 191 fuscicollis, 210
MARSHALL, 32, 326 Micronectinae, 334
MARTIN, 314 Microphanurus
MATTA, 180, 193, 227 mormideae, 71
MAULIK, 32, 326 scuticarinatus, 71
MAXSON, 37 Microphysidae, 25, 243
MAYR, 40, 323 Microtominae, 161, 162, 215
MAZZA, 189, 200, 202, 204, 227, 228 Microtomus, 216
MC ATEE, 67, 77, 153, 227, 294 conspicillaris, 219
MC KINSTRY, 304 pintoi, 218
Mecistorhinus, 53 Microvelia, 302
(Antiteuchus) amplus, 54 Mictini, 81
mixtus, 52, 55 Milhã, 63
INDICE 345

Milho, 104, 105 Nabididae, 235


MILLSAPS, 303 Nabinae, 237
Mimosa, 45 Nabis, 235, 237
scabrella, 45 Nacogaeidae, 26, 304
Mindarus, 215 Nauceridae, 27, 314, 315
Miridae, 11, 22, 243, 244, 261, 262: Neididae, 23, 97, 98
263 Neidinae, 99
Mirinae, 265, 273 NEISWANDER,326
Miroideae, 243 NEIVA, 171, 173, 179, 180, 181, 182,
MITIS, 335 183, 185, 186, 187, 191, 193,
Mocó, 177, 180, 181, 205 197, 202, 203, 204, 205, 228,
Molossus 229, 230
perotis, 240 Neoblissus
Monalonion, 274, 283, 286, 287, 288 parasitaster, 108
atratum, 274, 283 Neodine, 53
bondari, 274, 276 macraspis, 54
flavosignatum, 275 Neogorpis, 235
knighti, 275, 278 Neoplea, 330
parviventre bahiense, 274 Neoproba, 272
xanthophilum, 270, 273, 274, notata, 266, 272, 273
275, 283 varians, 266
Monitor bug, 178 Neorileya, 71, 72
Mononychidae. 26, 312, 314 flavipes, 71
Mononyx, 314 Neotoma
nepaeformis, 313 micropus, 177
raptorius, 312. 313 Neotriatoma, 186, 188, 198
MONTANDON,318, 323 circummaculata, 198
MONTANO, 82 limai, 198
MONTE, 53, 57, 70, 77, 82, 84, 85, 93,
95, 106, 123, 135, 141, 289, Nepaeformes, 314
291, 318 Nepidae, 27, 314, 315, 324
MOODY, 32, 96 Nepoidea, 314
MORAES, 247, 258 Nerthra, 312, 313
MOREIRA, 266, 291 Nerthridae, 26, 311, 312
MORGAN, 273 Nerthrinae, 314
Mormidea, 55, 56, 57, 73 Neuroctenus, 129
angustata, 59 Nezara
exigua, 57, 62 (Acrosternum) marginata, 58
notulifera, 57, 62 (Nezara) viridula, 55, 58, 70, 72,
poecila, 57, 59, 62, 63, 71, 73, 73
217 Nicotiana
v-luteum, 57, 62 tabacum, 86, 87, 100, 106, 122,
ypisilon, 57, 62 266
Mormodica NINO, 230
chrantia, 84, 120 Notocyrtus, 155, 219
Mosqailla inflatus, 232
vastatrix, 274, 275, 282 Notonecta, 329
Mosquitos, 178 Notonectidae, 27, 327
Mother of bugs, 178 Notonectoidea, 327
MUIR, 33 Nudirostri, 153
MURRAY, 258 Nymphaea, 306
MYERS, 33, 38, 123, 130, 254 Nysius
Myodocha, 101 simulans, 105, 107
Myodochidae, 24, 97, 101 Ocelatae, 308
Myrmecalydus Ochtheridae, 26, 311
celeripes, 91 Ochtheroidea, 310
Nabidae, 22, 25, 143, 235 Ochtherus, 312
346 INSETOS DO BRASIL

OEVERMANN, 33 guentheri, 196


Oficial da sala, 108 larroussei, 196
Ogmocoris lignarius, 196
reinigeri, 56 lutzi, 197
OMORI, 258 megistus, 157, 171, 172, 173,
Oncerotrachelus, 162 174, 175, 176, 177, 178, 180
Oncopeltus, 105, 108 181, 182, 183, 184, 185, 186,
(0ncopeltus) varicolor, 108 196, 197, 201, 205,
(Erythrischius) fasciatus, 108 rufotuberculatus, 196
Onychiophora, 97 seai, 197
Opisthacidus tenuis, 197
domesticus, 207 Papilio
rubropictus, 208, 213 thoanthoides, 50
Oplomus Paratriatoma, 186, 188
(Catostyrax), 50 hirsuta, 186
carena, 49, 50 Paredocla, 202
Orchideas, 289 decorsci, 202
Oreodoxa PARISH, 77
regia, 124 PARSEVAL. 77, 87
ORFILA, 258 PARSHLEY, 37, 40, 131, 292
Ornithocoris, 247 Paryphes, 87 -
furnarii, 247 Passer
toledoi, 247, 253
Orthaea, 105 domesticus, 247
bilobata, 106 Passiflora, 83
Orthotylinae, 265 edulis, 83
OSBORN, 33, 37 quadrangularis, 83
Otiodactylus, 166 PATCtI, 37
signatus, 166, 167 PATTON, 16, 245, 258
Oxycareninae, 104 Pari rolha, 82
Oxycarenus, 107, 108 PAYNE, 96
hyalinipennis, 107, 108 PEARSON, 124
Pachira Peiretes, 212
aquatica, 118 Pelocoris, 317
Pachycoris, 17, 68 bipustulatus, 316
torridus, 4, 68, 69, 71, 72 Pelogonidae, 26, 311
Pachygronthinae, 104 Pelogonus, 312
Pachylis, 177 Penicillium, 118
pharaonis, 12, 82 digitatum, 118
laticornis, 82 italicum, 118
Pachynominae, 237 PEYIDO, 189
Pachynomus, 235, 237 PENNINGTON, 40, 77, 96, 141, 149
Pacoté, 118 Pentatomidae, 23, 42
Pagasa, 237 Pentatominae, 44, 51
luteiceps, 237 Pentatomini, 53
pallidiceps, 237 Pentatomoidea, 42
Paineira, 118, 121 Pepsis, 157, 207
Paineira de Cuba, 118 Percevejão, 178
PAINTER, 112, 264, 292 Percevejo, 178
Palmeira imperial, 124 Percevejo da Baía, 178
Panicum, 91 Percevejo de cama, 244
crusgali, 63 Percevejo de comércio, 178
numidianum, 288 Percevejo do maracujá, 83
sanguinalis, 63 Percevejo do sertão, 178
Panstrongylus, 186, 188, 195 Percevejo francês, 178
chinai, 195 Percevejo gauderio, 178
geniculatus, 177, 180, 197 PEREZ, 46, 77
ÍNDICE 347

Periplaneta Pinnaspis
americana, 208 minor, 152
Periquiteira, 118 PINTO, 165, 173, 179, 180, 181, 183,
Peritropis, 263 186, 187, 189, 190, 193, 194, 195,
Perkinsiella 196, 197, 200, 204, 206, 207, 209,
saccharicida, 264 217, 228, 230, 231, 232, 259
Peromatus PIRAJÁ DA SILVA, 178
notatus, 57 Pirates, 212
Persea Piratidae, 212
gratíssima, 87 Piratinae, 155, 161, 163, 212
Peruda, 100 PIZA JR., 153
típica, 100 PIacocoris
PETTET, 326 viridis, 57, 62
PFLUGFELDER, 33 Plataspidae, 23, 42
Phacelocomus Plataspididae, 23, 42
rufifrons, 189 Platycarenus, 54
Phaenacantha vicinus, 54
(Anorygma) saccharicida, 100 Plea, 330
Phaseolus, 56 Pleidae, 27, 330
Phloea, 46 Pleoidea, 330
corticata, 46 Pleoideae, 327, 330
longirostris, 47 Ploiariidae, 26, 43, 150, 152
subquadrata, 46 Plunentis, 88
Phloeobiotica, 127 porosus, 88
Phloeinae, 44, 46 Podopidae, 23, 42
Phloeophana, 46 POISSON, 33, 130, 131, 335
paradoxa, 46, 47 Polistes, 160
Phonolibes, 169 Polyctenidae, 21, 239
Phorticus, 237 Polyctenoidea, 239
obscuripes, 237 PONTE, Del, 194, 232, 233
viduus, 237 POOR, 139, 140
Phthia, 85 POPOFF, 29
picta, 80, 85 POPPIUS, 100, 101, 238, 261, 292
lunata, 84 PORTER, 78, 202, 233
ornata, 85 Pothea, 215
Phylinae, 265 Prionotus, 219
Phylomorpha PROENçA, 247, 257
laciniata, 88 Prolobodes, 9, 64, 66
Phymata, 146, 147 giganteus, 66
Prosteminae, 237
acutangula, 148 Proxys
erosa, 148 punctulatus, 59
fortiticata, 147, 148 PRUTHI, 34
Phymatidae, 24, 142, 145 Psammolestes, 186, 187, 189
Phymatinae, 147 arthuri, 189, 190
Phytophtbora, 287 coreodes, 189, 190, 191
PICADO, 190, 230 Pselliopus, 159
Picão, 289 cinctus, 169
Piesma, 132 Pseudotelenomus
cinerea, 132 pachycoris, 71
Piesmidae, 22, 132 Psidium
Piezodorus araça, 85
guildini, 56, 60, 71 guajava, 85
PIFANO, 201, 226 Psilobyrsa
Pimenteira, 66 vriesiae, 137
Pimenteira brava, 63 Pulvinaria, 49
Pinhão do mato, 68 inumerabilis, 49
348 INSETOS DO BRASIL

Punaise maupin, 179 ROUSSEAU, 33


Punaise morpin, 179 Ruibarbo do campo, 118
PURI, 33, 259 Runibia
PUTTEMANS, 272, 288 perspicua, 57, 62
Pyrrhocoridae, 22, 97, 112 Saccoderes, 219
Pyrrhocorinae, 113 SACHTLEBEN, 187
QUAINTANCE, 272 Saica, 164, 165
Queima do cacao, 277 Saicinae, 161, 162, 165
Quiabeiro, 107, 118, 137 Saldidae, 25, 308
Ranatra, 324, 325 Saldula
annulipes, 325 ventralis, 309, 310
RANKIN, 323 Salyavata, 211
Rasahus nigrofasciata, 211, 215
hamatus, 213 variegata, 211
limai, 214, 216 Salyavatinae, 161, 162, 211
RAYMOND, 259 Samaúna de igap5, 118
READIO, 93, 96, 149, 158, 159, 171, 233 Sandaliorrhyncha, 321
Reduviidae, 26, 143, 153 SAUER, 85, 95
Reduviinae, 161, 164, 207 Sava, 219
Reduviini, 207 Scaptocoris, 64, 65
Reduvioidea, 142 castaneus, 65
Reduvius, 153, 159 terginus, 66
personatus, 171 Schizopterinae, 294
REICHENOW, 204 Schizotrypanum
REINttARD, 292 cruzi, 110, 160, 174, 181, 184,
REINIGER, 54, 58, 59, 73, 76, 120. 185, ]90, 193, 195, 197, 200, 201
217 204, 217, 252
REUTER, 40, 97, 238, 259, 261, 289,
292, 294 SCHMIDT, 96, 124
Rhagovelia, 21, 297, 302 SCHOUTEDEN, 78
collaris, 302 SCHREIBEn, 204
Rhiginia, 215 SCHROEDER, 300
Rhodnius, 169, 180, 186, 187, 191, SCHUMACHER, 78, 233
192 SCHWENK, 242
brethesi, 180, l&3, 192, 193 Scutelleridae, 23, 42, 67
brumpti, 180, 181, 193 Scutelleroidea, 42
domesticus, 192 SEABRA, 40
dunni, 193 SEGOVIA, 204
nasutus, 193 SEIDEL, 34, 124
pallescens, 193 SEITZ, 158, 233
pictipes, 192, 193 Sephina, 86
prolixus, 15, 180, 192, 193, 201 erythromelaena, 84, 87
robustus, 192 Serbana, 46
Rhynchota, 3 Serenthinae, 135
Rhyparoehrominae, 102 SERVILLE, 36
RIBAGA, 245, 259 SEVEnIN, 32, 39, 326
RICE, 303 SHARP, 34, 78
RILEY, 177 Sida, 114, 115, 118
Riparii, 308 cordifolia, 289
RIVNEY, 259 rhombifolia, 289
ROBERTS, 264, 292 Sigara, 327, 328, 334
ROCHA Jr., 181 SIGNORET, 78, 93, 96
Romanzeira, 85 SmVA, 45, 49, 78, 107, 208
Rondgo, 178 SILVESTRI, 131
RONNA, 129 Simulium, 178
Roseira, 82 SINGH-PRUTHI, 34
ROTHSCHILD, 257 SIOLI, 260
INDICE 349

Sirthenea, 213 chryzoprasinus, 50


stria, 213 septemguttatus, 51
SMITH, 34, 264, 292 (Stictonotion) decastigma, 50, 51
SMYTH, 70, 79 (Stiretrus) smaragdalus, 50
SOARES, 86 STOLL, 41
Solanaceas, 85, 86, 87 STONER, 79
Solanum, 63 STOREY, 19, 34, 264
lycopersicum, 66 STREBLE, 239
nigrum, 86 Supcricornia, 79
sysimbrifolium, 63 Syrtides, 145
tuberosum, 53 Tabaco, v. fumo
Solenopsis TANAKA, 34
geminata, 109 Tanjerineira, 85
So]ubea Tarnished plant bug, 265
Tatú, 177, 180, 197
ypsilonoides, 91 Tatusia
Sorglana, 211 novemcinctus, ]77, 180
SORNY, 174 TAUEBER, 214, 234
Spartocera, 86 TAYLOR, 34
SPEISER, 242 TEJERA, 180, 193, 195
Sphaeridopidae, 206 Telenomus
Sphaeridopinae, 161, 163, 206 fariai, 185, 186, 210
Sphaeridops mormideae, 71
amaenus, 207, 209 Telmatobia, 310
inermis, 207 Tenagobia, 334
pallescens, 207 Tenthecoris
Sphictyrtus, 87 bicolor, 281, 289
chryseis, 86, 87 Termatophylidae, 22, 243
fasciatus, 87 Terminalia
Spiniger, 157, 158, 194 catapa, 47
femoralis, 212 Termitaphididae, 21,126, 128, 130
fulvo-maculatus, 194 Termitaphis, 130
ochripennis, 156 circumvallata, 130
rubropictus, 208, 213 Termitaradus, 130
steini, 208 Termitocoridae, 21, 126, 130
SPINOLA, 40 Tessaratominae, 44
Spirogyra, 333 Thasus,
Spissipedes, 145 gigas, 82
Spongipedes, 207, 212 Thaumastancis
SPOONER, 34, 131
SQUIRE, 79 montandoni, 122
STAL, 40, 41, 79, 96, 102, 134, 135, Thaumastocoridae, 26, 124
145, 149, 198, 214, 234 Thaumastotheriidae, 26, 124
STEARNS, 37 Thaumastotherioidea, 124
Stenopoda THEODORO, 34, 35
cinerea, 166 Theraneis, 122
Thyreocoridae, 23, 42, 67
Stenopodinae, 16i, 163, 165 Tingidae, 22, 132
STEPANEK, 260 Tingididae, 22, 132
Stephanitis Tingidoidea, 132
olyrae, 134 Tingitidae, 22, 132, 133
STICHEL, 234 Tingitoidea, 132
Stigmonose, 264 Tingitinae, 135
Stiretrus, 68 TITSCHACK, 248, 260
chalybaeus, 50 TOBAR, 202, 205, 228, 234
350 INSETOS DO BRASIL

TODD, 234 sordida, 8, 174, 175, 176, 177,


Tomateiro, 55, 66, 85, 86 178, 179, 180, 181,182, 185,
TORREALBA, 190, 200, 222 199, 201, 205
TORRE-BUENO, 16, 35, 37, 41, 296, spinelai, 202, 205
303, 304, 323 tibia-maculata, 199, 200, 206
TORREND, 274, 278, 282, 288 variegata, 198,
TORRES, 180, 181, 184 venosa, 198
TOWER, 35 vitticeps, 180, 181, 204, 205
TOWNSEND, 121, 124 wernickei, 196
Trachelium, 91 Triatomaptera, 200
Trachelomiris porteri, 202
scenicus, 288 Triatomidae, 167
TRAVASSOS, 180, 197, 208 Triatominae, 161, 164, 167
Triatoma, 19, 170, 172, 173, 177, 186, Triatomini, 167
188, 189, 194, 195 Tribelocephalinae, 161
(Triatoma), 201 Trichocentrus
brasiliensis, 177, 178, 180, 181 gibbosus, 100
183, 201, 206 Trichopodopsis
breyeri, 202 pennipes, 72, 73
carrioni, 199 Trichosurus
ctlagasi, 180, 204 vulpecula, 109
coxo-rufa, 186 Trigo, 104
dimidiata, 203, 204 Triphleps
flavida, 198, 200 insidiosus, 261
fluminensis, 197 Trochopus
geniculata, 177, 180
gomesi, 199, marinus, 301
plumbeus, 301
infestans, 170, 173, 174, 175, 176,
177, 178, 180, 181, 182, 204, Tropidotylus, 9
208 Trypanosoma
maculata, 177, 178, 200 cruzi (v. Schizotrypanum)
maculipennis, 203 equinum, 174
mazzae, 201 lewisi, 184
megista (v. Panstrongylus) TULLGREN, 35
melano cephala, 204 TURNER, 56
neotomae, 177 Ubussú, 109
nigromaculata, 198, 201 Ugnius
oliveirai, 200 kermesinus, 86
oswaldoi, 199, 200 UHLER, 266, 273
patagonica, 199 URENA, 118
petrochii, 200 URIBE, 217, 234
piutoi, 203 USINGEa, 35, 131, 145, 234, 240, 241,
platensis, 204 242
porrigens, 176 Velia, 301, 302
protracta, 171, 177 basalis, 302
recurva, 203 brasiliensis, 302
rosenbuschi, 204 bicolor, 302
rubrofasciata, 173, 174, 175, 176, brachialis, 302
177, 178, 180, 182, 195, 203, Veliidae, 21, 297, 301
204 Velocipeda, 243
rubroniger, 176, 200 Velocipedidae, 25, 243
rubrovaria, 177, 182, 200 Vescia
sanguisuga, 171, 175, 176, 177 adamanta, 212
203 minima, 212
sordelli, 199 spicula, 211, 212
ÍNDICE 351

Vesciinae, 161, 162, 212 WEISS, 289, 293


Veseris WESTWOOD, 149
rugosicollis, 207 WIGGLESWORTH, 15, 36
VIANNA, 184 WILLE, 124
Videira, 129 WILSON, 37
Vinchuca, 178 WOLCOTT, 56
VOGELSANG, 247, 255 WOLFF, 41
Volesus WOODS, 266
nigripennis, 207 WOTZEL, 36
Vum-vum, 178 Xylastodoris, 124
WALKER, 41 luteolus, 124, 125
WALSH, 177 ZEHNTNER, 274, 275, 282, 286, 287,
WASMANN, 131 288, 293
Wasserbinen, 329 Zelinae, 161, 164, 218
WhTSON, 70, 72, 79, 293 Zelus, 218
WEBER, 9, 16, 35 armillatus, 218
WEDDE, 35 leucogrammus, 7, 160, 218, 399,
WEFELSCHEID, 33 400

FIM DO SEGUNDO TOMO

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