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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

PROCURADORIA DA REPÚBLICA EM GOIÁS

ICP nº 1.18.000.002842/2018-43

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RECOMENDAÇÃO n° 60, de 10 de outubro de 2018

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O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL,
representado pela procuradora da República signatária, vem,
no exercício de suas atribuições constitucionais e legais, em
especial as consubstanciadas no artigo 129, II e IX da
Constituição Federal, e nos artigos 5º e 6º da Lei
Complementar nº 75, de 20 de maio de 1993, observando-se
ainda do disposto na Resolução CNMP nº 164, de 28 de março
de 2017, apresentar as seguintes considerações para, ao final,
expedir recomendação.
CONSIDERANDO que é função institucional
do Ministério Público promover o INQUÉRITO CIVIL e a
AÇÃO CIVIL PÚBLICA, para a proteção de direitos
constitucionais e de interesses difusos e coletivos (artigo 129,
incisos III e VI, da CF; artigos 6°, inciso VII, alíneas “a”, “c”
e “d”, 7°, inciso I, 8º, incisos I, II, IV, V, VII e VIII, da Lei
Complementar n° 75/93; Resolução nº 87/06 do Conselho
Superior do Ministério Público Federal e Resolução nº 23/07
do Conselho Nacional do Ministério Público);
CONSIDERANDO que também é função
institucional do Ministério Público zelar pelo efetivo respeito
dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos

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direitos assegurados na Constituição, promovendo as medidas
necessárias a sua garantia (art. 129, II, da CF; e art. 5º, V, “a”
e “b”, da Lei Complementar nº 75/93);
CONSIDERANDO que o artigo 6º, inciso XX,
da Lei Complementar n. 75/1993 autoriza o Ministério Público
a expedir Recomendações, “visando à melhoria dos serviços
públicos e de relevância pública, bem como ao respeito aos

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interesses, direitos e bens cuja defesa lhe cabe promover,
fixando prazo razoável para a adoção das providências
cabíveis”;
CONSIDERANDO que constituem patrimônio
cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial,
tomados individualmente ou em conjunto, portadores de
referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes
grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se
incluem as obras, objetos, documentos e edificações (art. 216,
IV, da CF);
CONSIDERANDO caber ao Poder Público, com
a colaboração da comunidade, a promoção e a proteção do
patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários,
registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de
outras formas de acautelamento e preservação (art. 216, §1º da
CF), sendo certo que tais bens muitas das vezes são
acautelados em instituições museológicas, arquivos e
bibliotecas;
CONSIDERANDO que os acervos de tais
Instituições são bens de matriz finita, ou seja, insubstituíveis,
verdadeiros elementos que compõem a memória de nossa
nação, sendo certo que há que se utilizar da melhor tecnologia

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para prevenir danos, como corolário dos princípios da
prevenção e da precaução;
CONSIDERANDO que há norma internacional
que traz os standards para que se produza o plano de
gerenciamento de riscos, intitulada Gestão de Riscos –
Princípios e Diretrizes – ISO 31.000:2018 , envolvendo o
diagnóstico e mitigação de riscos referentes aos possíveis

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agentes de deterioração a que estão submetidos os acervos
museais, tais como, forças físicas, atos criminosos, fogo, água,
pestes, poluentes, luz/UV, temperatura incorreta, umidade
relativa incorreta e dissociação;
CONSIDERANDO que o gerenciamento de
riscos possibilita “estabelecer prioridades e instruir tomadas
de decisão, baseando-se em estimativas científica e
estatisticamente fundamentadas da probabilidade de
ocorrência, da natureza e da magnitude de impactos futuros ”
(Hollós e Pedersoli, Gerenciamento de riscos: uma
abordagem interdisciplinar - confira em:
<https://portalseer.ufba.br/index.php/revistaici/article/vie
w/3314>);
CONSIDERANDO que a Lei Federal nº
13.425/2017 estabelece diretrizes gerais sobre medidas de
prevenção e combate a fatores de risco específicos, quais
sejam, a incêndio e desastres em estabelecimentos, edificações
e áreas de reunião de público, aplicando-se, portanto, aos
Museus e demais Instituições abertas ao Público;
CONSIDERANDO o encontro técnico
realizado na Procuradoria-Geral da República, nos dias 29 e
30 de junho de 2017, envolvendo representantes do Corpo de

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Bombeiros, IPHAN e MPF, na busca de maior interlocução
entre as Instituições e delimitação de normativa básica
daquela autarquia, a referenciar as exigências possíveis para
combate de incêndio e pânico em edificações protegidas,
culminando, no último dia 4 de setembro, com a publicação da
Portaria IPHAN nº 366/2018 (confira em
<http://portal.iphan.gov.br/noticias/detalhes/4180/prevenc

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ao-e-combate-a-incendios-e-tema-de-encontro-tecnico >);
CONSIDERANDO a Portaria IPHAN nº
366/2018, que dispõe sobre diretrizes a serem observadas para
projetos de prevenção e combate ao incêndio e pânico em bens
edificados tombados e nas respectivas áreas de entorno, serve
como um norte de atuação das mais diversas instituições que
abrigam tão importante acervo, apontando para a necessidade,
urgente, de produção do plano e sua submissão ao Corpo de
Bombeiros, para aprovação e emissão do Auto de Vistoria do
Corpo de Bombeiros (AVCB), na linha do quanto disposto na
Lei nº 13.425/2017;
CONSIDERANDO a Ação Coordenada Riscos
ao Patrimônio Cultural, conduzida pela 4ª CCR com apoio do
GT Patrimônio Cultural, a qual visa, em sua primeira fase, a
implementação do Plano de Prevenção e Proteção contra
Incêndios e Pânico e do Plano de Gerenciamento de
Riscos em cada uma das unidades museais vinculadas ao
IBRAM;
CONSIDERANDO caber ao IBRAM, autarquia
federal, “estabelecer e divulgar normas, padrões e
procedimentos”, bem como “propor medidas de segurança e
proteção de acervos, instalações e edificações das

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instituições museológicas, visando manter a integridade dos
bens culturais musealizados” (artigo 4º, incisos II e XI, da
Lei federal nº 11.906/2009);
CONSIDERANDO a informação de que o
MUSEU DE ARTE SACRA DA BOA MORTE:

a) não elaborou o Plano de Gestão de Riscos;

b) não possui Alvará de funcionamento; e

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c) não tem aprovação, pelo Corpo de Bombeiros, de seu
Plano de Prevenção e Proteção contra Incêndios e Pânico
e, portanto, não possui Auto de Vistoria do Corpo de
Bombeiros (AVCB).

RESOLVE RECOMENDAR ao MUSEU DE


ARTE SACRA DA BOA MORTE, na pessoa de seu diretor, para
que:
1. elabore, no prazo de 180 (cento e oitenta) dias (até
abril de 2019), o (a) Plano de Prevenção e Combate a
Incêndio e Pânico, submetendo-o ao crivo do Corpo de
Bombeiros e do IPHAN, e o (b) Plano de
Gerenciamento de Riscos; e
2. implemente esses 2 planos no prazo sucessivo máximo
de 180 dias (até outubro de 2019);
O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL adverte
que a presente recomendação dá ciência e constitui em mora o
destinatário quanto às providências solicitadas, podendo a
omissão na adoção das medidas recomendadas implicar o
manejo de todas as medidas administrativas e ações judiciais
cabíveis contra os que se mantiverem inertes.

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Nesse passo, com fundamento no art. 8º, II, da
Lei Complementar nº 75/93, requisita-se, desde logo, que
Vossa Excelência informe, em até 10 (dez) dias, se acatará
ou não esta recomendação, apresentando, em qualquer
hipótese de negativa, os respectivos fundamentos.
Em caso de acatamento desta recomendação,
deverá o Recomendado, no mesmo prazo de 10 (dez) dias ,

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informar quais medidas vêm sendo adotadas para elaborar e
implementar o Plano de Prevenção e Combate a Incêndios e
Pânico e o Plano de Gerenciamento de Riscos.
Proceda-se à disponibilização desta
recomendação no portal eletrônico do MPF, nos termos do
artigo 23 da Resolução CSMPF nº 87.
Goiânia, 10 de outubro de 2018.

LÉA BATISTA DE O. M. LIMA


Procuradora da República

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