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Desenvolvimento de apresentações

com slides

Unidade 3: Cores

Professor: Jorge Oliveira

Realização: Secretaria Geral de Educação a Distância da Universidade Federal de São Carlos


Cores e Slides

O nosso dia-a-dia está impregnado por cores. Elas estão na


arquitetura, na fotografia, na arte, no cinema, na culinária, na publicidade e em
todas as formas de comunicação visual. Elas estão incorporadas inclusive em
expressões de nossa linguagem como roxo de raiva, dar branco, amarelar, verde
de ciúmes, conta no vermelho, sangue azul, ouro negro e vida cor-de-rosa!

Por tudo isso, é importante estarmos conscientes da maneira como


entendemos e usamos as cores, pois elas revelam muito da nossa personalidade e
da nossa compreensão de mundo.

Como já verificado cientificamente ao longo dos séculos, nossa visão é


responsável pelo ver e consecutivamente responsável por nossas
experimentações com as cores. A cor existe literalmente nos olhos do observador,
através da percepção da luz refletida por um objeto ou emitida por uma fonte.
Entretanto, as interpretações e significados das cores, não é dada por este
processo físico e biológico, mas sim, pelo nosso íntimo e por nossas bagagens.
Uma cor ou uma composição de cores podem assumir significados
diferentes para cada pessoa, conforme suas impressões e vivências. Estes
significados também podem ser influenciados e direcionados por aspectos
religiosos, cada religião possui sua própria paleta de cores fundamentada em suas
expressões de fé e de adoração, e por aspectos culturais, na Índia, por exemplo, as
cores são fundamentais para a organização social.
As profissões criativas, como arquitetura, publicidade e design, se
apoderam o tempo todo das cores para estabelecer laços emocionais com seus
públicos. Para entendermos este potencial emocional das cores, reflita um pouco
sobre o que seria da marca Coca-Cola sem a cor vermelha ou então como seria a
nossa nacionalidade sem o verde e amarelo. Além disso, busque em suas
memórias, situações onde a cor assumiu um papel de destaque e influência,
lembranças de infância são repletas de cores e pode ser um bom ponto de
partida!
A natureza também é outro reduto para as cores e muitas das suas
significações são apropriadas por nós. A reprodução de muitas espécies
dependem dos azuis, verdes e rosas exibidos nas plumas e pelagens durante o
período de acasalamento, já os vermelhos, laranjas e amarelos são sinais de alerta
frente a animais venenosos e peçonhentos e ainda há as camuflagens, mudanças
de cor que podem ser a linha entre a vida e a morte para inúmeros animais.
Enfim, natural ou construído pelo homem, vivemos em um mundo reinado
por cores e cheio de significações.

Como já dito, os slides são peças gráficas estruturadas basicamente por


textos, imagens e formas. Aplicar cores neste conjunto de elementos pode garantir
a atração e a emoção de seu público.
Já que reconhecemos o potencial das cores, a seguir vamos estudar como
e quando usá-las nas apresentações com slides.

Segundo Ellen Lupton e Jennifer Cole Phillips, no livro Os Novos Fundamentos


do Design, a cor tem o poder de exprimir e descrever uma atmosfera ou codificar
uma informação. Partindo desta afirmação, no campo do design gráfico, a cor é o
principal artifício para destacar, esconder, diferenciar e conectar elementos, em
síntese, usamos as cores para criar contraste.
De modo enxuto, quando pensamos em cor, devemos pensar em contraste,
independente da intensidade e da forma que ele vai se definir.
Nas próximas páginas, você encontrará um pouco sobre a teoria das cores e
pouco sobre como aplicá-las em suas criações.
É necessário frisar que este tema é bastante extenso e para criar este
material foi obrigatório se fazer recortes na abordagem. Outro aspecto a ser
salientado, é que não existem fórmulas prontas para trabalhar com cores , o que é
oferecido neste material são direcionamentos.
Cada proposta assume seus próprios partidos estéticos, por conta disso a
paleta de cor que funciona em um projeto, pode não funcionar em outros.
Desta forma a principal orientação que posso dar é experimente as cores,
sem medo de se colorir!
Teoria das cores

Círculo Cromático
Antes de pensarmos nas aplicações das cores é preciso estudar e entender
um pouco de teoria. Começaremos pelo círculo cromático. Para este curso, iremos
nos basear no círculo cromático mais popular, usado pelos artistas para trabalhar
com pigmentos tinta à óleo, aquarela, guache entre outros materiais de pintura.

Chute inicial: se tiver dúvidas, consulte* o círculo cromático e reveja as relações


estabelecida entre as cores.

*se não estiver com este material em mãos, use a internet! Busque por círculo cromático e
você encontrará informações suficientes para continuar sua criação.

O círculo cromático é formado por 12 cores

6 Cores
QUENTES

6 Cores
FRIAS

Além de Quentes e Frias, as cores deste círculo cromático pode ser classificadas em:

3 cores primárias 3 cores secundárias 6 cores terciárias


- vermelho - laranja - mistura entre as cores primárias e
- amarelo - verde as cores secundárias
- azul - violeta
Teoria das cores

Relações entre as cores

Segundo Ellen Lupton e Jennifer Cole Phillips, no livro Novos Fundamentos do


Design, as cores vizinhas são chamadas cores análogas e quando aplicadas
juntas produzem harmonia e equilíbrio, essas cores também possuem temperatura
de cor equivalente.

Já as cores opostas no círculo são chamadas de cores complementares,


possuem temperaturas contrárias (fria e quente) e quando aplicadas juntas criam
contrastes fortes.

Cores opostas ou Cores complementares


- criam contraste entre si quando usadas juntas

Cores vizinhas ou Cores análogas


- criam harmonia e equilíbrio
quando usadas juntas
Usando as cores

Agora que conhecemos uma maneira classificar as cores e verificamos que


elas estabelecem relações entre si, iremos estudar um pouco sobre como usá-las
nos slides.
Para começar, utilizarei dois experimentos físicos, para mostrar-lhe como
escolher cores é uma tarefa delicada e que exige atenção.
Sempre tenha em mente que as cores “conversam” entre si e como
consequência uma cor acaba influenciando a outra dentro da composição
gráfica.

Experimento: Efeito Bezold

O Efeito Bezold é uma ilusão de ótica que nos mostra como uma cor pode
influenciar a outra. Por incrível que possa parecer, a cor vermelha usada nas duas
imagens é a mesma, porém quando aplicada juntamente com a cor branca ela
parece mais clara e quando aplicada junto a cor preta parece ser mais escura.

Além da mudança de tonalidade, há outra interferência. Por conta da


relação com a cor vermelha os quadrados brancos parecem ser maiores que os
quadrados pretos, quando na realidade todos são de tamanhos idênticos.
Usando as cores

Experimento: Efeito Munker-White

Observe este conjunto de barras nas cores laranja e preta.


Na primeira imagem, as barras laranjas da esquerda estão visivelmente mais
claras do que as barras laranjas da direita. Entretanto, quando retira-se as barras
pretas, as duas colunas de barras laranjas passam ser da mesma cor (e realmente
são!). Esta ilusão de ótica conhecida como Efeito Munker-White revela mais uma
vez como as cores trabalham juntas.
Sempre que usar cores combinadas atente-se para as interferências visuais
que uma cor provoca na outra, pois dependendo da proposta estas interferências
podem ou não ser bem-vindas.
Usando as cores

Contraste entre cores opostas ou complementares

Os contrastes entre cores opostas ou complementares são fortes e criam


grandes destaques e pontos de atração. Entretanto, é necessário dosar as
quantidades de cada cor para que se consiga tirar proveito estético destas
combinações.

Esta dosagem vai depender das suas intenções e dos outros elementos que
serão usados em seu projeto. O principal cuidado que deve ser tomado com essas
combinações é para que elas não criem um efeito que incomode o olhar.
Respeitando este aspecto, é possível criar peças gráficas altamente
apelativas e atraentes.

Para visualizar as diferenças nas dosagens de cores, observe atentamente o


conjunto de imagens a seguir. Atente-se para a quantidade de cor em cada
quadrado e as sensações visuais que cada um deles proporciona ao olhar.

Diferentes relações entre as cores vermelha e verde, apenas


alterando as proporções de cada uma.
Usando as cores

Diferentes relações entre as cores azul e laranja, apenas


alterando as proporções de cada uma.

Diferentes relações entre as cores amarela e roxa, apenas


alterando as proporções de cada uma.
Usando as cores

Relações entre Cores Quentes e Cores Frias


A seguir, mais exemplos que apontam as relações existentes entre as cores
quentes e as cores frias (cores opostas ou complementares) e como é possível tirar
partido delas.
As palavras DESIGN e GRÁFICO receberam tratamentos diferentes, por meio
da aplicação das cores vermelha, azul e preta. Observe que a fonte e as
dimensões das palavras não foram alteradas de um exemplo para outro, somente
com diferentes aplicações das cores foi possível alterar as relações e sensações
visuais.

Aplicar a cor vermelha na palavra DESIGN faz com que ela se destaque
mesmo sendo menor do que a palavra GRÁFICO.

Aplicar a cor vermelha na palavra GRÁFICO reforça ainda mais seu


destaque e as dimensões, visualmente a palavra fica ainda maior se comparado
com a palavra DESIGN.

Aplicar a cor azul na palavra DESIGN faz com que ela perca contraste e
diminua visualmente em relação a palavra GRÁFICO.

Para se alcançar contraste com uma cor fria é necessário usá-la em uma
área grande.
Ao aplicar a cor azul na palavra maior, GRÁFICO, o contraste* é mantido
com a palavra menor DESIGN.

*importante lembrar que a percepção visual de um contraste provocado por uma


cor quente é diferente da percepção visual do contraste provocado por uma cor fria
(as temperaturas são diferentes).
Usando as cores

A cor dos fundos (background) dos slides também é um ponto


importante para a elaboração de uma apresentação. Os fundos podem
contribuir positiva ou negativamente com o visual, podendo favorecer ou
desfavorecer a legibilidade e compreensão das informações.
Vamos analisar alguns casos envolvendo fundos a fim de
entendermos a importância deles. Ressalto mais uma vez que não existem
fórmulas prontas, apenas orientações, a escolha dos fundos e das suas
respectivas cores será balizada pelas intenções projetuais.

Quadrado vermelho sobre fundos diversos

A cor vermelha sobre o fundo em cor preta


- a cor vermelha parece intensa e com bordas definidas

A cor vermelha sobre o fundo em cor branca


- a cor vermelha parece menos viva do que comparado a cor vermelha sobre o
fundo preto.

A cor vermelha sobre o fundo em cor ciano


- A área na cor vermelha parece ser menor visualmente quando está em contato
direto com a cor ciano, porém ao separá-la com contorno na cor preta ou
branca, essa sensação é reduzida.
Usando as cores

A cor vermelha sobre a cor marrom


- A cor vermelha se torna ainda mais opaca se comparada aos fundos branco
e preto.

A cor vermelha sobre a cor magenta


- As áreas das duas cores começam se confundir no olhar.

Mais fundos...
Geralmente elementos gráficos em cores escuras sobre fundo em cor clara
são melhor percebidos pelo olhar do que elementos gráficos claros sobre o fundo
em cor escura.

- elemento em cor escura sobre fundo em cor clara

- elemento em cor clara sobre fundo em cor escura


Usando as cores

Lembre-se que o fundo colorido pode provocar alterações nas cores que
estiverem sobrepostas a ele. Veja os exemplos a seguir, onde uma figura (círculo
com o ponto de exclamação) nas cores verde, marrom e cinza são sobrepostos
em fundos com cores diferentes.
Conforme a cor do fundo, a percepção do conjunto é alterada, às vezes as
diferenças são gritantes, às vezes são sutis e cada cor sobreposta se comporta de
uma maneira diferente.
Ao observar os exemplos, tente encontrar onde o contraste é forte, onde as
cores perdem destaque e onde se cria situações que não são agradáveis ao olhar.
Este raciocínio servirá de orientador quando você tiver que escolher as cores
que serão sobreposta em seus slides.

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figura na cor verde aplicada sobre fundos coloridos

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figura na cor marrom aplicada sobre fundos coloridos

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figura na cor cinza aplicada sobre fundos coloridos
Cores e Tipografia

Observe as duas situações a seguir:


- palavras em fontes diferentes, preenchidas com a mesma cor
amarela, ambas sobre um fundo na cor preta.

MEUS SLIDES mEUS sLIDES

Qual das duas frases é mais fácil de ser lida?


Com certeza a palavra da esquerda.

Quando usamos uma fonte com cor clara sobre fundo escuro, devemos nos
atentar para a tipografia escolhida. Este tipo de situação pede uma fonte grossa,
com volume e peso, pois o fundo escuro obrigatoriamente irá absorver a cor clara
da fonte, tornando-a visualmente menor.
Em caso de dúvida evite fontes muito finas e delgadas sobre fundo escuro.

Observe mais estes exemplos. Desta vez é aplicado sobre fundos coloridos,
palavras com tipografia diferentes nas cores cinza, preta e branca.
Ao analisar estes exemplos, é possível dizer que em sua maioria, as frases em
fonte mais grossa são mais fáceis de ler do que as de fonte fina.

MEUS SLIDES MEUS SLIDES MEUS SLIDES MEUS SLIDES MEUS SLIDES MEUS SLIDES

MEUS SLIDES MEUS SLIDES MEUS SLIDES MEUS SLIDES MEUS SLIDES MEUS SLIDES

MEUS SLIDES MEUS SLIDES MEUS SLIDES MEUS SLIDES MEUS SLIDES MEUS SLIDES

MEUS SLIDES MEUS SLIDES MEUS SLIDES MEUS SLIDES MEUS SLIDES MEUS SLIDES

MEUS SLIDES MEUS SLIDES MEUS SLIDES MEUS SLIDES MEUS SLIDES MEUS SLIDES

MEUS SLIDES MEUS SLIDES MEUS SLIDES MEUS SLIDES MEUS SLIDES MEUS SLIDES

MEUS SLIDES MEUS SLIDES MEUS SLIDES MEUS SLIDES MEUS SLIDES MEUS SLIDES

MEUS SLIDES MEUS SLIDES MEUS SLIDES MEUS SLIDES MEUS SLIDES MEUS SLIDES

MEUS SLIDES MEUS SLIDES MEUS SLIDES MEUS SLIDES MEUS SLIDES MEUS SLIDES

MEUS SLIDES MEUS SLIDES MEUS SLIDES MEUS SLIDES MEUS SLIDES MEUS SLIDES

MEUS SLIDES MEUS SLIDES MEUS SLIDES MEUS SLIDES MEUS SLIDES MEUS SLIDES

MEUS SLIDES MEUS SLIDES MEUS SLIDES MEUS SLIDES MEUS SLIDES MEUS SLIDES
Cores e Tipografia

Dica para apresentações em geral, banners, faixas entre outros.


Palavras em cores escuras sobre fundo na cor branca são geralmente
mais legíveis de longe do que palavras em cores claras sobre um fundo na cor
branca

MEUS SLIDES MEUS SLIDES

MEUS SLIDES MEUS SLIDES

MEUS SLIDES MEUS SLIDES


Cores-estampas

Para encerrarmos o tema cores, iremos praticar a sensibilização do olhar.


Observe as imagens a seguir, composta por 9 estampas.
À primeira vista todos parecem diferentes, mas ao observar mais
atentamente verifica-se que todas as 9 estampas possuem o mesmo desenho. A
diferença entre elas foi alcançada exclusivamente através das cores aplicadas. As
estampas foram coloridas usando basicamente as relações de contraste (cores
opostas ou complementares) e de harmonia/equilíbrio (cores vizinhas ou
análogas).
Mais uma vez, fica evidente como as cores conseguem alterar a percepção
e entendimento visual de qualquer elemento que nos cerca.
Apesar de se tratar de um exercício lúdico, a escolha e distribuição das cores
nestas estampas consideraram de forma consciente os elementos que seriam ou
não destacados.
Para qualquer projeto gráfico, esta linha de pensamento projetual é válida,
pois é importante sempre saber o que você quer dar destaque (dar contraste) e
aquilo que você não quer contrastar.
Jogo rápido – Cores

1- Trabalhar com cores exige prática e paciência, comece trabalhando


com poucas cores, duas ou três são suficientes e quando se sentir mais à vontade e
seguro insira mais cores.

2- Pode parecer escolar, mas usar o círculo cromático realmente funciona!


Ao surgir dúvidas, consulte-o.

3- Sempre que iniciar um projeto tenha em mente um cartela de cores que


você queira usar. Entretanto, se ao longo do projeto estas cores começarem a
atrapalhar ao invés de ajudar, troque sua cartela de cores. Não se intimide diante
disso!

4- Observe os objetos ao seu redor e busque entender porque suas cores te


atraem ou te repelem.

5- Lembre-se: se quiser criar contrastes, use as cores complementares. Se


quiser criar harmonia e equilíbrio, use as cores análogas! O pintor Marc Chagall,
tem uma frase graciosa para nos fazer lembrar disso: “TODAS AS CORES SÃO
AMIGAS DE SUAS VIZINHAS E AMANTES DE SUAS OPOSTAS.”

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FRASER, Tom. O essencial da cor no design. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2007.

FRASER, Tom. O guia completo da cor / Adam Banks e Tom Fraser. São Paulo: Editora Senac
São Paulo, 2007.

GOMEZ-PALACIO, Bryony. A Referência no Design Gráfico / Bryony Gomez-Palacio e Armin


Vit. São Paulo: Blucher Editora, 2011.

LUPTON, Ellen; COLE PHILLIPS, Jennifer. Novos fundamentos do design. São Paulo: Editora
Cosac Naify, 2008.

RIBEIRO, Milton. Planejamento Visual Gráfico. Brasília: LGE Editora, 2007.

WILLIANS, Robin. Design Para Quem Não é Designer: Princípios de Design e Tipografia Para
Iniciantes. São Paulo: Editora Callis, 1995.

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