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Viagem pela Hipnose, um bichinho que ganhou asas

A Hipnose sempre foi daqueles temas na minha vida que nunca partilhei com muitas
pessoas, talvez porque o meio em que cresci não o permitisse e para muitas das pessoas que me
rodeavam de nada mais se tratava que mitos.
Com o passar do tempo deixei que isso ficasse perdido pelo meu inconsciente, pelas longas
estradas da minha vida, mas na verdade, tudo o que queria era viver esse mundo para que me
ajudasse a ser cada vez melhor.
Quando fui para a faculdade, a minha caminhada inicial, em nada foi facilitada. Vi-me numa
cidade nova, distante de todos os que amo e de todos os meus amigos. Senti-me perdida. Ainda me
lembro daquela primeira noite em que mal dormi, mas que logo pela manhã na ida para a praxe, a
minha vida mudou para sempre. E, a partir daquele dia, nunca mais dali quis sair, por mais que nem
sempre tudo fosse fácil.
De entre várias pessoas, vários olhares, os sapatos pretos a bater nas calçadas e as capas
negras a percorrerem os doutores, finalmente conheci os meus colegas, mas foi apenas no fim do
primeiro ano, já vestida de negro que me identifiquei com aquela amiga que em tudo tinha a ver
comigo. Podem acreditar, depois daquele dia, do cortejo e das conversas partilhadas, começou ali a
nossa amizade que se mantêm até aos dias de hoje.
Ainda me lembro daquele dia como se fosse hoje. Uma desconhecida que se tornou uma
amiga e que para além de amiga, pode partilhar comigo sonhos que no tempo se perderam. Sim,
acredito que foram esses sonhos e tudo o que em comum tínhamos que nos manteve juntas mesmo
perante todas as dificuldades que persistiram no meio dessa nossa amizade.
Quando chegámos ao segundo ano de faculdade, para além da escrita e da leitura, começou a
despertar nela o gosto pela Educação Especial, foi assim que juntamente comigo fizemos dois
cursos de Língua Gestual Portuguesa. Mas as coisas não acabavam por ali, porque de entre tantas
coisas, os nossos bichinhos e medos que estavam adormecidos começaram a acordar e entre
passeios e conversas começamos a falar na Hipnose, no passado e até mesmo houve uma vez que
tentámos fazer o jogo do copo.
De geração em geração o jogo foi passando, mas a nossa vontade de dar resposta a
determinados acontecimentos como a morte, o ver pessoas parecidas com alguém que tinha partido,
o curar a ansiedade, fobias e até mesmo a procura de explicações para traumas do passado, fez com
que as conversas sobre Hipnose e a procura de ajuda surgissem.
Foi então que em 2016, através da nossa faculdade que nos surgiu a oportunidade de fazer
um workshop de Hipnose e a partir dali todos os dias uma com a outra navegavámos mais e mais
por esse mundo ainda meio desconhecido para nós.
Para o Doutor Alberto Lopes, a Hipnose trata-se do interesse de duas combinações
fundamentais, o relaxamento físico com a perspicácia mental. Recordo-me então da primeira vez
que tive um workshop com ele, onde ainda que meio que a medo lá fomos, eu e uma colega minha
de faculdade. Entramos naquela sala e, após ouvir o seu testemunho, o seu progresso com a técnica
desenvolvemos um grande interesse pela mesmo. Nesse dia, o Doutor Alberto propós uma sessão de
hipnose, onde entraríamos em estado de transe. Antes disso, avisou-nos que para que iosso
acontece-se teríamos que acredita, pois ele saberia quem naquela sala estaria totalmente ali. Assim
foi e, por incrivelmente estranho que pareça eu e a minha amiga fomos das poucas pessoas que
entrámos em transe, um total equilíbrio entre o descanso corporal e mental.
Depois disso, fomos chamadas juntamente com outras duas raparigas que se encontravam
também ali para uma pequena experiência. Confesso que o medo e a adrenalina faziam parte
daquele momento, mas a curiosidade por esta técnica era tão grande para podermos recusar o
desafio.
Primeiro aquelas duas raparigas. Ainda me recordo, ele colocou-as em estado de transe mais
uma vez e, à primeira disse ao seu incosciente que ao ouvir o número 3 que ficaria com as pernas no
ar e ao mesmo tempo os seus braços. Quando a fez voltar a nós ela não conseguia fazer com que as
pernas voltassem para o chão. Meia que a tremer, não teve medo da experiência e falou-nos do quão
estranhamente se estava a sentir, mas num estalar de dedos voltou ao normal. A segunda rapariga
teve uma experiência um pouco diferente. Depois de estar em estado de transe e de alguns
momentos de conversa com ela, fez com que o número sete (7) fosse apagado da sua mente. Ao
fazer com que “acorda-se”, pediu-lhe para que contasse os números até dez (10) e, quando chegou
ao sete (7) ela disse “não sei qual o número que era agora, é como se se tivesse apagado da minha
mente”. Ficamos assustados, mas num estalar de dedos ela voltou ao estado de transe e novamente
saberia todos os números.
Após esse dia, esse workshop, esse momento, recordo-me que fomos para casa e
pesquisamos tudo como se não houvesse amanhã. Entramos em contacto com o hipnoterapeuta para
que nós cede-se alguma material e, todos os dias, uma com a outra experimentamos e
desenvolvemos algumas das técnicas que existiam. Posso-vos dizer que é um grande mundo que
ainda pouca gente conhece, mas que verdadeiramente vale a pena, porque nos faz entrar no nosso
incosnciente, recordar, falar e melhorar tudo o que nos possa dar medo, simplesmente medo.
Juntas começamos esta etapa das nossas vidas. Confesso que depois que acabamos a
faculdade ela continuo a enverdar mais ainda por este mundo e eu, como segui um outro meio mais
complicado deixei meio que de lado, mas o bochinho nunca morreu. E, por esse mesmo motivo,
cada vez mais senti a necessidade de reavivar esse bichinho, a procurar mais e mais aumentar os
meus conhecimentos, a ler atigos, a ver vídeos, a experimentar em mim, a comversar com pessoas
que tinham o mesmo interesse e a trabalhar a técnica de relaxamento.
Em suma, a oportunidade que tive de explorar a técnica, experimentar com um grande
hipnoterapeuta e depois trabalhar a mesma com alguém que tinha o mesmo gosto que eu, permitiu-
me não só olhar para a vida de outra forma, como também fazer-me ter a necessidade de utilizar
esta técnica, um dia para poder voltar no passado e perceber porque determinadas coisas acontecem
na minha vida.
Positivismo e a crença são palavras fundamentais para este mundo, mas nada, nada mesmo
se conquista sem que exista uma boa comunicação, uma vontade de ser e ir mais além. Felizmente,
graças à minha preserverança e às experiências da vida, posso hoje poder partilhar com outras
pessos o meu conhecimento sobre o tema, mostrar a importânica da Hipnose e o quão positiva pode
ser na nossa vida, não só enquanto seres humanos com fragilidades, mas também como
profissionais e, é neste campo que a minha vontade de trabalhar a técnica aumentou, uma vez que o
meu trabalho com crianças com Necessidades Adicionais de Suporte, mostrou-me que esta técnica
pode ser ainda mais vantajosa na cura. Termino, a cura existe dentro de nós!

Por: Ana Isabel Correia (2019)

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