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Novamente, quem nunca saiu da brilhante luz do sol do meio-dia para alguma abóbada
sombria e, tateando ao longo de suas paredes escuras, descobriu que tudo que lá estava era
apenas como o cadáver do dia envolto em uma mortalha de escuridão sem estrelas?
Fique! – e, por um momento, volte depressa, e traga consigo aquela pequena vela de junco
que deixamos balbuciando na prateleira da lareira do sono. Agora, tudo mais uma vez
desaparece, e do chão diante de nós se projetam para a terra das sombras da escuridão as
severas paredes cinzentas de rocha, as arquitraves envelhecidas, as colunas agrupadas e
todos os capitólios de Arte em ruínas, onde apenas os anos jazem encobertos adormecidos
em sua poeira e mofo – uma lembrança assustadora de dias há muito esquecidos.
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09/01/2024, 09:45 A Torre de Vigia Negra
Ó terra dos sonhos, de maravilha e mistério! como uma língua de ouro envolta em uma
chama azul, nós pairamos por um momento sobre o Poço da Vida; e então o vento
noturno cresce e nos leva para as profundezas da sepultura sem estrelas. Somos como
mosquitos pairando sob os raios do sol, e então a noite cai e nós partimos: e quem pode
dizer para onde e para que fim? Seja para a Cidade do Sono Eterno ou para a Mansão da
Música do Regozijo?
Ó meus irmãos! venham comigo! me sigam! Subamos as escadas escuras desta Torre de
Silêncio, desta Torre de Vigia da Noite; em cuja fronte negra nenhuma chama bruxuleante
queima para guiar o viajante fatigado pelos atoleiros da vida e pelas brumas da morte.
Venham, me sigam! Tateiem esses degraus gastos pelo tempo, escorregadios com as
lágrimas dos caídos e desgrenhados com o sangue dos vencidos e o sal da agonia do
fracasso. Venham, venham! Não parem! Abandonem tudo! Vamos subir. Ainda assim,
tragam consigo duas coisas, a pederneira e o aço – o fogo adormecido do Mistério e a
espada negra da Ciência; para que possamos lançar uma faísca e acender o farol da
Esperança que paira sobre nós no braseiro do Desespero; de modo que uma grande luz
possa brilhar através da escuridão e guiar os passos laboriosos do homem até aquele
Templo que é construído sem mãos, feito sem ferro, ou ouro ou prata, e no qual não arde
fogo; cujos pilares são como colunas de luz, cuja cúpula é como uma coroa de refulgência
posta entre as asas da Eternidade, e sobre cujo altar reluz a mística eucaristia de Deus.
Traduzido por Alan Willms em 2011; atualizado e anotado em maio de 2023. Foto
ilustrativa de Yan Ots no Unsplash.
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