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RESENHA

DOI: http://dx.doi.org/10.17765/2176-9184.2015v15n1p9-39
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NERY DA SILVA, Rogério Luiz; TRAMONTINA, Robson; SAIBO, Neli Lino. A
dignidade humana e a eficácia dos direitos fundamentais sociais. Revista Jurídica
Cesumar Jan./Jun. 2015, v. 15, n. 1, p. 9-39

Fabiana Santana Silva1

Em “A dignidade humana e a eficácia dos direitos fundamentais sociais”, os autores Rogério


Luiz Nery da Silva, Robison Tramontina e Neli Lino Saibo, tiveram como o objetivo de analisar o
princípio da dignidade humana, voltando ao conceito e sua aplicação como princípio norteador do
Estado de Direito.
O referido artigo é expositivo, estruturado em capítulos. Em seu primeiro capítulo os
autores, discutem o aspecto conceitual do termo “dignidade”, o qual procuram analisar a efetividade
do princípio da dignidade humana, com objetivo de garantir os direitos fundamentais civis e sociais,
a fim de proporcionar melhores condições de vida à população.
Os autores abordam distintas teorias sobre conceito de dignidade humana. Uma delas
atribuída a Kant, “que desenvolve a tese de que todos os seres humanos, quaisquer que sejam, são
igualmente dignos de respeito, sendo que o traço distintivo do homem, como ser racional, está no
fato de existir como um fim em si mesmo. Por essa razão, o ser humano não pode ser usado, nem

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Graduada em Administração de Empresas pela Universidade de Rio Verde - UNIRV (2004) - Especialista em
Marketing Ambiental pela Faculdade de Tecnologia de Piracicaba - FATEP (2011). Graduada em Direito pela
Universidade de Rio Verde - UNIRV (2013). Especialista em Direito e Justiça do Trabalho pela Faculdade Sul-
Americana - FASAM (2015). Membro da Comissão Social da OAB GO, Subseção de Quirinópolis - GO. Instrutora de
Curso de curta duração para graduação de Direito, na Faculdade Quirinópolis - GO - FAQUI. Atualmente trabalha
como Advogada, escritório CJur Centro Jurídico de Advogados.
manipulado como coisa, como um simples meio, compreensão que, em certa medida, limita o uso
arbitrário da vontade”. A outra teoria para o conceito de dignidade, teria a inspiração jus naturalista
é de Comparato, segundo a qual: “a dignidade de cada pessoa existe pelo simples fato de ela ser,
existir, e por conta disso, nada pode justificar ou legitimar a sua violação. Sendo essa proposição
teórica, tem-se certo determinismos operante que faz com que independente de qualquer outro fator,
basta nasce para se titular da dignidade humana como um outro direito. Trazendo ainda a explicação
funcional, tal como Kirste, para quem a dignidade determina e assegura, sob a ótica jurídica, o
direito a ter direitos. Onde a liberdade é o ponto ético máximo da personalidade humana, a
dignidade é o ponto máximo do gozo ou exercícios dos direitos por determinada pessoa.
No segundo capítulo, os atores abordam sobre o percurso cronológico do reconhecimento do
termo “dignidade humana”, relacionando com os textos constitucionais. Relatam problemática
terminológica, em estabelecer uma síntese conceitual acerca dos direitos fundamentais e dos
direitos humanos. Os autores enfatizam sobre a criação da Declaração Universal dos Direitos
Humanos, que trouxe em seu bojo o reconhecimento do princípio da dignidade humana,
intensificando a promoção dos direitos humanos, que uma vez positivados, são recepcionados no
âmbito dos Estados, como direitos fundamentais.
Os autores discorrem sobre a evolução do reconhecimento do princípio da dignidade da
pessoa humana, pelo aporte à concepção de dignidade humana, que passaram a integrar o texto
constitucional. Os autores trazem referência aos fundamentos do princípio da dignidade da pessoa
humana, contidos em outras ordens constitucionais, como na Alemanha, México, Itália e Espanha.
Já no terceiro capítulo, os autores tratam os óbices para efetivação do termo “dignidade”,
mesmo tratando-se de um princípio basilar, para os autores, existem inúmeros óbices para sua plena
efetividade.
Segundo os autores, destacam como óbices determinadas forças políticas autoritária, que
embora busquem contribuir para propiciar a segurança e igualdade na sociedade, muitas vezes
interferem nas vidas dos cidadãos de forma tão invasiva e diretiva, ao ponto de restringir-lhes a
liberdade. Paralelamente, apontam como óbices à efetividade dos direitos fundamentais sociais, o
fato da própria sociedade, em si, não compreender seus direitos subjetivos e ou não ter condições
intelectuais para maneja-los processualmente.
Diferencial do presente artigo está na visão dos autores, quanto a efetividade aos direitos
fundamentais, apontando fatos reais, onde as sociedades simplesmente não têm acesso à educação
formal e desconhecem as normas que beneficiem seus interesses, seja por falta de circulação social,
seja por acesso à informação de existência da norma, seja por falta de condições pessoais de
compreender-lhe o conteúdo, a aplicação e o alcance. Apontando como outra discussão acerca da
efetividade dos direitos social, repousa sobre o controle judicial das políticas públicas sociais,
trazendo a discussão se seria lícito ao Judiciário intervir diante de casos de descumprimento de
direitos fundamentais.
Presente artigo, discorre atuação dos tribunais superiores, notadamente o STF e o STJ
consolidaram o emprego da dignidade humana como argumento de justificação das decisões
concessivas de direitos sociais. Traz o exemplo, da decisão sobre aborto de fetos anencéfalos, o
Min. Cezar Peluso afirmou que a aplicação dos dispositivos do código de penal em processual
penal, sobre tudo ao abordou em caso de aborto de fetos anencéfalos, ofende a dignidade da
gestante, fundamentando sua decisão no artigo 1°, III, CF. No mesmo julgado, o Min. Rosa Weber
(STF) destacou que a dignidade humana deveria assumir o status de elevada importância no
julgamento da ADPF. A justificação do voto aduz que conforme o princípio da dignidade da pessoa
humana, a continuidade da gestão cujo feto no estágio atual do conhecimento não terá vida, afetará
de tal modo a personalidade dos pais, que não pode ser admissível atribui-lhe situação de
criminalidade.
Por fim, os autores concluem que cada indivíduo é titular de direitos sociais por ter a
dignidade humana dentro de si e todos os indivíduos, ao receberem a tutela dos direitos sociais, têm
por observada e garantida a dignidade extrínseca, que vem a ser a vida em condições dignas.

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