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Lições Bíblicas Jovens - 2º Trimestre 2021 2

O cuidado de Deus com o corpo de Cristo


Lições da Carta do Apostolo Paulo aos Coríntios Para os Nossos Dias
Lições Bíblicas Jovens - 2º Trimestre 2021 3

EBD IEADTC

Encontro Didático Para


Professores da EBD na IEADTC
Jovens

O cuidado de Deus com o corpo de Cristo


Lições da Carta do Apostolo Paulo aos
Coríntios Para os Nossos Dias

Fortaleza
Março de 2021

O cuidado de Deus com o corpo de Cristo


Lições da Carta do Apostolo Paulo aos Coríntios Para os Nossos Dias
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O cuidado de Deus com o corpo de Cristo


Lições da Carta do Apostolo Paulo aos Coríntios Para os Nossos Dias
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Sumário
Lição 1 ......................................................................................................... 11
A Primeira Carta de Paulo à Igreja de Corinto .......................................... 11
Lição 2 ......................................................................................................... 21
Ação de Graças Pela Igreja de Corinto ...................................................... 21
Lição 3 ......................................................................................................... 28
Divisões na Igreja ....................................................................................... 28
Lição 4 ......................................................................................................... 33
A Sabedoria Divina ..................................................................................... 33
Lição 5 ......................................................................................................... 38
O Caráter da Pregação de Paulo ................................................................ 38
Lição 6 ......................................................................................................... 47
A Imaturidade Espiritual dos Coríntios ..................................................... 47
Lição 7 ......................................................................................................... 55
É Deus Que da o Crescimento.................................................................... 55
Lição 8 ......................................................................................................... 60
A Impureza da Igreja em Corinto: Repreensões e Exortações ................. 60
Lição 9 ......................................................................................................... 68
Paulo Censura a Contenda Entre Irmãos................................................... 68
Lição 10 ....................................................................................................... 76
Seu Corpo é Membro de Cristo ................................................................. 76
Lição 11 ....................................................................................................... 86
Paulo Responde a Questões a Respeito do Casamento ........................... 86
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Lição 12 ....................................................................................................... 95
Da Circuncisão e dos Alimentos Sacrificados aos Ídolos .......................... 95
Lição 13 ..................................................................................................... 103
A Santa Ceia, o Amor e a Ressurreição ................................................... 103

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Apresentação da Presidência

Com a graça de Deus, com esse subsídio, já estamos na


segunda “fonte de pesquisa” para os professores de Jovens da Escola
Bíblica Dominical – Uma escola acolhedora (especificamente para o
2º trimestre de 2021), além de estudantes e leitores da Bíblia em
geral.
Nesse trimestre estudaremos a Primeira Carta aos Coríntios
com o seguinte tema: O CUIDADO DE DEUS COM O CORPO
DE CRISTO. O objetivo de Paulo, inspirado pelo Espírito de Deus,
era orientar os Crentes de Corinto a respeito de vários assuntos
referentes a fé cristã, o inicio da vida em Jesus Cristo, temos como
exemplo, a Santa Ceia , os dons espirituais , casamento e
ressurreição.

Boa leitura.
Pastor Antônio José Azevedo Pereira
Em Cristo Jesus, e por que Ele vive!

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Uma palavra do SUPERITENDENTE

Apresentamos um subsídio elaborado por vários professores de


Jovens de nossas igrejas, para auxiliar o corpo docente da ESCOLA
BÍBLICA DOMINICAL, visando à melhoria da prática de ensino.
Gostaria também de agradecer ao professor Nicolas pela grande
ajuda na elaboração desse subsidio.
O objetivo principal, desse trabalho, é trazer um conteúdo
complementar de cada lição. Buscando proporcionar ao docente um
melhor entendimento do tema principal referente ao conteúdo do 2º
Trimestre de 2021: “O CUIDADO DE DEUS COM O CORPO
DE CRISTO”.
Alinhados com a visão geral da igreja, estabelecemos como
enfoque a seguinte temática: “EBD- Uma escola acolhedora”.
Como missão, temos a seguinte proposição:
“o ensino como amar a Deus, ao próximo e servir a sociedade”.

Bom trimestre!
Pastor Antônio Sérgio Costa Lima

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Lição 1
A Primeira Carta de Paulo à Igreja de Corinto
Prof. José Nicolas

Com alegria e boa vontade comento mais uma lição da EBD.


Outra vez, a lição introdutória da revista destinada aos jovens. O
assunto em pauta faz parte daquilo que chamamos “Teologia
Bíblica”. A Teologia Bíblica se debruça sobre os livros e cartas que
compõem nossa bíblia.

Texto do dia
“Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a
Deus no vosso corpo e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus”
(1ªCo 6.20. ARC).

Síntese
A verdadeira maturidade espiritual gera relacionamentos
saudáveis firmados no amor e promove a unidade da igreja.

Objetivos
- Expor e explicar a autoria, data, local e propósito da Primeira
Carta aos Coríntios;
- Descrever o contexto histórico e cultural da cidade de
Corinto, os destinatários da Carta;
- Mostrar as principais características da Primeira Carta aos
Coríntios.

Orientação pedagógica
Esboce ou exponha visualmente a epístola de forma simples e
didática. A revista de professores possui um modelo.

Introdução
A epístola é endereçada à igreja de Deus que está em Corinto.
Ekklêsía, igreja, é uma palavra que em grego comum podia aplicar-
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se a qualquer assembleia secular (é empregada para designar os
amotinados efésios em At 19.32,41 - ARA). Os cristãos se apossaram
das palavras gregas normais em uso para as irmandades religiosas, e
fizeram desta o nome característico que dão aos crentes.
Provavelmente foram influenciados também pelo fato de que ela é
empregada na LXX com referência à assembleia dos israelitas. Indica
o fato de que a igreja não é apenas um grupo religioso entre muitos.
Ela é única. As palavras comuns não o especificam. Mas ela não é
qualquer “assembleia”; é a ekklêsía de Deus.

I. Autoria, Data, Local e Propósito.


A ocasião imediata da epístola foi a correspondência que Paulo
recebera da igreja coríntia, e à qual uma réplica era necessária.
Consequentemente ele escreveu, respondendo questões que lhe foram
levantadas, perguntas sobre casamento e celibato, sobre alimento
oferecido a ídolos, e provavelmente também sobre o culto público e
sobre os dons espirituais. Havia dificuldades na mente dos cristãos
coríntios. Paulo escreveu para resolver essas dificuldades.
1. Paulo o autor da carta. A prova interna aponta para Paulo.
O estilo e a linguagem são os dos escritos paulinos universalmente
aceitos como tais. As Cartas confirmam que Paulo nascera Judeu,
pois fora circuncidado ao oitavo dia do seu nascimento, era filho de
Judeus, pertencia a tribo de Benjamim, era Israelita e falante de
Aramaico (Fl 3.4-5; Rm 9.3b-5; 11.1; 2ªCo 11.22), ora, tudo é
historicamente compatível com a ação do apóstolo. Ao contrario do
que se passa com Jerusalém (Rm 15.19,25,31; 1ªCo 16.3; Gl 1.17;
2.1; 4.25), Corinto (1ªCo 1.2; 2ªCo 1.1,23), Éfeso (1ªCo 15.32; 16.8),
Damasco (2ªCo 11.32; Gl 1.17) ou Antioquia (Gl 2.11), nenhuma das
Cartas refere uma única vez Tarso nem sequer como cidade por onde
Paulo tivesse pasado, quanto mais nascido. Apenas com base nas
Cartas, a hipótese “Tarso” é tão verosímil como a hipótese “Giscala”
ambas são omitidas. E não é esta a única omissão nas Cartas: nos
textos do próprio Paulo também nunca vem referidas nem a sua
cidadania romana nem a sua cidadania em Tarso nem a sua educação
≪aos pês de Gamaliel≫.
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2. Ocasião, local e data da carta. Quando Paulo chegou em
Corinto pela primeira vez (55 d.C.?), estava experimentando grande
desânimo. Tivera em Filipos um começo prometedor esmagado pela
oposição de judeus fanáticos. A mesma coisa acontecera em
Tessalônica e em Beréia. Em Atenas tivera pouco sucesso. Não
admira que quando foi para a ocupada, orgulhosa e intelectual
Corinto, fosse “em fraqueza, temor e grande tremor” (1ªCo 2.3).
Seus companheiros nessa viagem missionária, Silas e Timóteo,
estavam ocupados na Macedônia, de modo que, provavelmente,
Paulo estava sozinho, o que não tornaria as coisas nada mais fáceis.
Chegado a Corinto, hospedou-se com Áquila e Priscila, judeus
que tinham sido expulsos de Roma mediante um decreto do
imperador Cláudio, e, como Paulo, fabricantes de tendas por
profissão. Quando Silas e Timóteo se juntaram de novo a ele,
trouxeram-lhe notícias de que, a despeito de toda a oposição, os
conversos de Paulo em Tessalônica permaneciam firmes. As notícias
lhe deram novo ânimo, e ele se entregou à proclamação do
Evangelho com renovada energia. “Paulo se entregou totalmente à
palavra, testemunhando aos judeus que o Cristo é Jesus” (At 18.5).
O lugar de origem da epístola é indicado com bastante clareza
pela afirmação de Paulo, “Ficarei, porém, em Éfeso até a festa de
Pentecoste” (1ªCo 16.8). Mas em que exato ponto durante a sua
permanência em Éfeso ele escreveu, não é imediatamente óbvio.
Um dos pontos mais importantes para a cronologia do Novo
Testamento é dado pela afirmação histórica registrada em Atos 18.12
de que Gálio era procônsul da Acaia quando Paulo estava em
Corinto. Uma inscrição em Delfos dá a decisão do imperador sobre
uma questão remetida a ele por Gálio, e pela data da inscrição parece
que Gálio assumiu o seu cargo durante o início do verão de 51 a.C.
3. Propósitos da carta. Importava muito para Paulo as
informações que lhe chegara através de notícias e cartas. Havia
inquietantes irregularidades na conduta dos cristãos de Corinto. Paulo
estava preocupado com a “tendência da parte de alguns membros de
tornar a ruptura com a sociedade pagã tão indefinida quanto

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possível. A igreja estava no mundo, como tinha de estar, mas o
mundo estava na igreja, como não devia estar”.
Tanto efeito essa questão causou a Paulo, que ele gastou seis
capítulos tratando dela antes de sequer tocar nas questões sobre as
quais lhe tinham escrito. Ele estava preocupado com as divisões
dentro da igreja. Os partidos se haviam formado ligando-se aos
nomes de Paulo ou Apolo ou Pedro, ou até de Cristo.
Paulo passa um tempo enorme tratando disso, e é evidente que
o julgava coisa séria. Depois, havia um caso de incesto na igreja. A
igreja, porém, não censurava o ofensor. Provavelmente, como o
coloca L. Pullan (séc XIX), “Eles achavam difícil odiar o
sensualismo que anteriormente o consideravam divino”. Havia
também um espírito contencioso. Alguns membros da igreja tinham
de fato buscado a lei com outros, e Paulo achava que isso tinha de ser
corrigido. Em seguida, a sua atenção se volta para a impureza sexual.
Não se podia permitir a continuação de pecados grosseiros dessa
espécie. Primeiramente e antes de tudo, 1ªCoríntios é uma carta que
visa à reforma do comportamento.
II. Quem Foram os Destinatários da Carta.
Os destinatários são os irmãos em Corinto. Paulo considerava
aquela igreja uma das provas palpáveis do seu ministério apostólico.
Por causa da penetração de certos problemas ali, como praticas más e
vis, contendas e divisões, que vieram a ameaçar a sua aceitação,
como apostolo de Cristo por aquela igreja, que Paulo lhes escreveu
com consternação mesclada com repreensão e demonstrações de
afeto. (cf. 1ªCo 3.10; 4.15; 9:2; 2ªCo 7.3-5; 12.15; 7.8; 3.1). Os textos
relacionados demonstram a relação existente entre a igreja de Corinto
e o apóstolo dos gentios.
1. A cidade de Corinto. A posição geográfica de Corinto, numa
estreita faixa de terra entre o Golfo de Corinto e o Golfo Sarônico,
era a sua garantia de prosperidade comercial. Os comerciantes e os
navegantes preferiam enviar as suas mercadorias através do istmo a
arriscar-se à longa viagem rodeando os cabos rochosos e invadidos
por tempestades ao sul do Peloponeso. Era um ponto de parada

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natural na rota de Roma para o Oriente, e o lugar onde se
encontravam várias rotas do comércio.
A antiga Corinto foi totalmente destruída pelo romano L.
Mummius Achaicus, em 146 a. C. Mas quando, um século mais
tarde, a cidade foi reerguida como colônia romana, reconquistou
rapidamente muito da sua grandeza anterior.
Como a nova cidade era colônia romana, naturalmente os seus
habitantes eram romanos, no início. Os gregos pareciam por um
tempo relutante em estabelecer-se ali, mas eventualmente retornaram
em grande número. A cidade atraiu também homens de muitas raças
orientais. Incluía-se entre eles uma população judia bastante
numerosa para ter uma sinagoga (At 18.4). O elemento romano da
população é ilustrado pelo número de nomes latinos associados a
Corinto no Novo Testamento, tais como Lúcio, Gaio, Tércio, Erasto,
Quarto (Rm 16.21-23), Crispo, Tício Justo (At 18.7,8), Fortunato e
Acaico (16.17).
2. A comunidade judaica de Corinto. Não é possível contar a
história de Corinto detalhadamente. É suficiente dizer que ela entrou
em conflito com Roma durante o século II a.C., foi finalmente
destruída pelos romanos em 146 a.C., e permaneceu virtualmente
desabitada ate que Júlio Cesar fundou-a novamente em 44 a.C. O
crescimento de Corinto foi rápido e, na época de Paulo, ou logo
depois, a cidade se tornou o maior e mais prospero centro no sul da
Grécia. Ela serviu como a capital da província romana da Acaia, com
uma população que variava entre 100.000 a varias centenas de
milhares de pessoas.
Quanto aos aspectos não físicos de Corinto, deve ser observado
que uma grande parte da população era muito inconstante
(navegadores, negociantes, oficiais do governo, etc.) e estavam,
portanto, excluídos dos habitantes da sociedade estabelecida. Para
tornar as coisas piores, a prostituição religiosa era comumente
praticada em conexão com os templos da cidade. Por exemplo, de
acordo com Strabo (63 a.C. - 23 d.C.), 1000 sacerdotisas ou jovens
escravas do Templo de Afrodite, na acrópole, eram empregadas na
prostituição religiosa.
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3. A Igreja em Corinto. Paulo chegou a Corinto proveniente de
Atenas, sentindo-se muito desencorajado, porquanto seus esforços ali
haviam dado bem pouco fruto. Parece-nos que ele não estava nada
confiante. (1ªCo 2.3). Ficou em companhia de um casal de judeus,
Áquila e Priscila, que eram cristãos e tinha vindo de Roma, em face
da expulsão dos judeus da capital do império, por decreto do
imperador Claudio. A igreja de Corinto, por conseguinte, teve inicio
na casa deles; e Silas e Timóteo não se demoraram a vir reunir-se a
Paulo em Corinto, trazendo boas noticias sobre o ministério do
evangelho na Macedônia. Assim, pois, renovado em suas forcas e em
seu ânimo, Paulo iniciou seu trabalho com grande intensidade em
Corinto (1ªTs 3.6). Contudo, a oposição, especialmente da parte dos
lideres eclesiásticos dos judeus, se tornou intensa. É possível que à
esse tempo é que Priscila e Áquila arriscaram suas vidas em favor de
Paulo (Rm 16.3). Paulo foi protegido por Gálio, que não se deixara
influenciar pelos judeus radicais, que haviam apresentado uma queixa
falsa contra o apóstolo.
A permanência de Paulo em Corinto se prolongou por dezoito
meses (At 18.10), o que, para ele, representou uma longa
permanência em qualquer lugar. Em Éfeso, Paulo ficou por três anos,
Corinto foi o lugar onde mais o apostolo permaneceu, durante todo o
seu período de atividades missionarias. Ora, isso lhe deu a
oportunidade de desenvolver um ministério mais profundo do que já
pudera efetuar em outros lugares, o que também fica implícito em 1ª
Coríntios (3.6). E, fazendo contraste com Atenas, parece que em
Corinto o cristianismo prosperou grandemente, pelo menos
numericamente falando, razão pela qual a cidade de Corinto se tomou
um dos mais importantes centros da primitiva igreja cristã. Com os
crentes de Corinto o apóstolo manteve a sua mais extensa
correspondência; e da cidade de Corinto pelo menos três das epistolas
de Paulo foram escritas, a saber; Romanos e 1ª e 2ª Tessalonicenses.
III. As Principais Características da Primeira Carta
A primeira epistola aos Coríntios é um dos escritos “clássicos”
de Paulo; acima de tudo ela preserva para nós não tanto a doutrina
cristã, e, sim, o padrão da ética cristã. Nesta carta encontramos os
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problemas enfrentados pelos primeiros cristãos gentios, e como Paulo
deu solução a esses problemas. As epistolas aos Romanos e outras
revelam com maior aptidão a elevada mente de Paulo; mas nenhuma
delas revela mais claramente do que 1ªCorintios aquilo que os
psicólogos modernos gostam de chamar de “situações de vida real”.
Diferentemente daqueles problemas que Paulo tentou solucionar para
os crentes da Galácia, que eram, sobretudo questões de opinião
religiosa, esta carta aborda antes questões relativas a conduta crista,
questões morais da mais séria natureza. Paulo, homem de formação
essencialmente judaica, tendo recebido ideias ainda mais elevadas
por causa das revelações que recebeu acerca do cristianismo, ficava
perplexo ante os costumes tolerados na igreja em Corinto, e que eram
praticados por membros firmes da mesma.
1. As cartas de Paulo à Igreja em Corinto. O relacionamento
de Paulo com os cristãos coríntios estendeu-se por um período de
vários anos (cerca de 50-57 d.C.), e foi uma questão bastante
complexa. O apóstolo visitou Corinto três vezes. Emissários de Paulo
visitaram Corinto e membros da congregação coríntia visitaram
Paulo, quando este ministrava em Éfeso. Além disso, Paulo enviou
várias cartas aos coríntios durante este período, tendo recebido pelo
menos uma deles (1ªCo 7.1).
Estas cartas pertencem ao segundo grupo dos escritos de Paulo,
geralmente consideradas soteriológicas por causa de sua preocupação
com a mensagem da salvação. As outras, no mesmo grupo, são
Gálatas e Romanos. No curso de sua missão europeia, Paulo veio a
Corinto vindo de Atenas e começou seus trabalhos na sinagoga. Sem
duvida, Priscila e Áquila o ajudaram. Mais tarde, Silas e Timóteo
ajudaram no trabalho (2ªCo 1.19). Após a partida de Paulo, no final
de 18 meses. Apolo veio e continuou por certo tempo (At
18.24,27,28; 1ªCo 3.5), A igreja parece ter sido formada
principalmente por gentios, pois o testemunho na sinagoga foi logo
interrompido pela oposição dos judeus (At 18.6,7). Esta conclusão é
apoiada em vários aspectos pela primeira epístola (por exemplo, 1ªCo
12.2). Conforme o seu costume, Paulo fez contato com a igreja após
sua partida. O conhecimento da condição entre os seus convertidos
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chegou até ele pelos da casa de Clóe (1ªCo 1.11), por meio de uma
carta que lhe fora enviada pela congregação (1ªCo 7.1) e pela
chegada de três homens (1ªCo 16.17). Além disso, Apolo, que havia
retomado a Éfeso antes de Paulo ter escrito 1ªCorintios, pode ter
fornecido informações (1ªCo 16.12). Paulo havia escrito uma carta,
provavelmente breve e limitada em seu alcance, e que não foi
preservada (1ªCo 5.9). Levando-se tudo em consideração, a igreja em
Corinto trouxe ao apostolo mais problemas do que qualquer outra que
ele havia fundado. As cartas do apóstolo a esta congregação o
demonstram claramente. Apesar da necessidade de correção e
advertência, Paulo não deixa de misturar à estas sua garantia de amor
e preocupação.
2. Imaturidade espiritual (1ªCo 2.6; 14.20). O tratamento dado
aos irmãos coríntios é mais uma lembrança do afeto de Paulo. O
apóstolo pede: “parai de ser meninos no entendimento”. A tradução
da palavra “entendimento”, ou “juízo” não é a mesma palavra até aqui
empregada por Paulo, mas é o plural grego de “ephren”, “peito”,
“diafragma”. Os antigos localizavam o pensamento nesta parte do
corpo, de sorte que a palavra veio a significar a mesma coisa que a
nossa “mente”. Não há realmente muita diferença entre esta palavra e
“nous”, que Paulo usou até aqui. Paulo exorta os seus leitores a não
mais serem infantis em seu pensar. Godet (1812-1900) comenta. “Na
verdade, é característico da criança preferir o divertido ao útil, o
brilhante ao sólido. E é isso que faziam os coríntios, com o seu
assinalado gosto pela glossolalia” (glossolalia - falar com línguas).
Sim é a forte adversativa grega “ala”.
Em contraste com o precedente, é o estado de coisas que Paulo
deseja ver. “Sede crianças” é uma expressão um pouco mais forte do
que a da primeira parte do versículo, “não sejais crianças... sede
bebês” . O ponto abordado por Paulo é que há lugar para a atitude
infantil, mas é com respeito à malícia, não ao pensamento. “Sede
homens” é “teleioi ginesthe”. Provavelmente não seria direito
exagerar a força da significação de ginesthe como “tornai-vos” em
vez de “sede” (é o mesmo verbo da primeira parte do versículo). Mas
“teleioi” é: sede homens amadurecidos. Indica aquilo que alcançou
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seu fim ou seu objetivo, e a palavra é empregada muitas vezes para
contrastar o amadurecido com o imaturo.
3. O contraste entre a loucura da cruz e a sabedoria do
mundo. Paulo descreve o contraste entre a sabedoria do mundo e a
sabedoria de Deus. Da maneira como ele emprega o termo
“sabedoria”, deduzimos que alguns coríntios tinham dado grande
ênfase a esta qualidade. Com linguagem ousada e enfática, Paulo
contrasta o método de Deus, que parece loucura aos cristãos
sofisticados, com a ineficácia daquilo que o mundo toma por
sabedoria. O termo é tal que é um pouco incomum numa passagem
como esta. Ele dirige a atenção tanto para o modo como para a
matéria da pregação apostólica.
A mensagem não agrada os que “perecem” mais que a absoluta
simplicidade com que ela era apresentada. Em sua sabedoria
mundana, eles não veem nada nela, senão “loucura” (“absurdo”,
como Phillips o traduz). “Os que se perdem e os que somos salvos”
representam um par de particípios presentes. O presente dá ideia de
um processo que está em andamento. Poderíamos “traduzir assim:
“os que se estão perdendo” e “nós”, que estamos sendo salvos. Há
um agudo contraste. Em última instância, todos teremos que cair, ou
na classe dos salvos, ou na dos perdidos. Não há outra. Os que estão
sendo salvos não têm ainda toda a sabedoria do céu, mas foram
introduzidos numa novidade de vida que os habilita a avaliar as
coisas espirituais. Como resultado, penetram a verdadeira grandeza
do Evangelho, ao passo que os que perecem são cegos para tudo,
menos para o superficial. “Sabedoria” é o oposto de “loucura”, e,
consequentemente, esperaríamos que Paulo falasse do Evangelho
como “a sabedoria de Deus”.
Conclusão
O lugar de 1ª Coríntios no cânon dos livros sagrados é tão
antigo como o de qualquer das demais epistolas paulinas, fazendo
parte integrante das primeiras coletâneas de escritos paulinos,
segundo eram conhecidas pelos pais da igreja desde o ano de 150
d.C. Seu lugar no cânon, por conseguinte, é tão antigo como qualquer
dos livros do N.T., visto que algumas das epístolas de Paulo foram
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escritas antes de qualquer dos quatro evangelhos, e quase todas elas
foram escritas antes de qualquer desses evangelhos, com a única
exceção do evangelho de Marcos. Paulo responde as indagações das
Igrejas no primeiro século cristão. As respostas aos problemas dos
humanos naquele tempo são os mesmos da humanidade hoje.

Bibliografia
Pearlman, Myer. Eurico. Epístolas Paulinas. Rio de Janeiro: CPAD.
2012.
Pffeifer, Charles F. Dicionário Bíblico Wicliffe. Rio de Janeiro:
CPAD, 2006.
Pearlman, Myer. Conhecendo as Doutrinas da Bíblia. Rio de
Janeiro: CPAD, 1984.
Champlin, Russell Norman, O NT interpretado, 1ªCoríntios, 2ª
Edição, São Paulo: Hagnos, 2001.
Léxico do N.T. Grego/Português. ? edição. São Paulo, SP.
Sociedade Religiosa Edições Vida Nova. 1984. p. 178.
Oliveira, Jose Nicolas de. Apostila de Epístolas Paulinas. 2000.

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Lição 2
Ação de Graças Pela Igreja de Corinto
Prof. Márcio Renee Rodrigues

Texto do dia
“Sempre dou graças ao meu Deus por vós pela graça que vos
foi dada em Cristo Jesus” (1ªCo 1.4).

Síntese
A oração de Paulo em favor dos coríntios era uma forma de
revelar seu amor a eles.

Objetivos
- Expor a saudação de Paulo na Primeira Carta aos Coríntios.
- Mostrar o contentamento de Paulo pela obra de Cristo na vida
dos coríntios.
- Ressaltar que a igreja em Corinto era marcada pelos dons
espirituais.

Interação
Devemos iniciar a aula advertindo que não existe igreja
perfeita. Toda congregação é formada por seres humanos, que,
mesmo regenerados, não são perfeitos. A igreja situada em Corinto,
em especial, é prova disso. E, Paulo, mesmo escrevendo a uma
congregação tão imperfeita, faz questão de enfatizar os pontos
positivos, antes de atacar os aspectos negativos. Portanto, devemos
ser cuidadosos: toda igreja, por mais problemática que seja, constitui-
se numa reunião de pessoas que foram compradas e remidas com o
sangue de Jesus Cristo.

Orientação Pedagógica
Neste trimestre, é ideal que o professor não utilize somente o
método expositivo. Estamos tratando de uma carta, um documento
que visa, estabelecer a comunicação de ideias. Toda carta tem
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remetente, destinatário e mensagem, por isso é importante que os
alunos entendam que Paulo tinha um público a alcançar, e tinha
instruções a dar a essas pessoas. Nesse sentido, recomendamos que a
cada aula, um slide deva apresentar as principais informações da
Primeira Carta aos Coríntios, fazendo com que os alunos associem a
exposição da aula com as informações básicas acerca do contexto em
que esse documento foi escrito.

Introdução.
O NT contém diversas cartas. Dentre essas, a Primeira Carta de
Paulo aos Coríntios é, sem dúvida, dirigida à congregação mais
problemática de que temos conhecimento. Havia muitos tipos de
conflitos e questões polêmicas ali, desde imoralidade e questões
relacionadas ao culto. Apesar da antiguidade dessa carta, os seus
ensinamentos são bastante atuais, e devemos estuda-los com
seriedade. Suas instruções contemplam questões doutrinárias
relacionadas à nossa fé, representam conselhos práticos aplicáveis a
nossa vida diária e revelam também a necessidade de a igreja ser
instruída através do ensino da Palavra de Deus.

I. Saudações de Paulo à Igreja (1.1-3).


Paulo se apresenta e justifica o seu chamado (v.1). A
saudação apresentada em I aos Coríntios segue o padrão de uma carta
do século I, mas contendo diversos elementos característicos do
cristianismo, como o fato de Paulo enfatizar seu apostolado. Vale
ressaltar que somente em Filipenses, 1ª e 2ª Tessalonicenses e
Filemom, Paulo não utiliza na sua saudação inicial o termo
“apóstolo”, com o propósito de defender seu chamado. Na
composição de 1ª Coríntios, era muito importante que Paulo
enfatizasse sua autoridade apostólica, tendo em vista a correção
urgente de muitos problemas que estavam ocorrendo naquela igreja.
Sabemos pelo livro de Atos que Paulo foi chamado
pessoalmente pelo próprio Jesus para ser apóstolo dos gentios (At
9.15; 13.2). Ele não deu esse título a si mesmo ou foi investido por
alguma igreja, mas pelo próprio Senhor. O conhecido passado de
O cuidado de Deus com o corpo de Cristo
Lições da Carta do Apostolo Paulo aos Coríntios Para os Nossos Dias
Lições Bíblicas Jovens - 2º Trimestre 2021 23
Saulo como perseguidor da igreja deveria se constituir num
testemunho de sua regeneração e fé genuína. A partir do episódio no
caminho de Damasco, o apóstolo recebeu autoridade divina para
pregar o Evangelho e dirigir-se pessoalmente a todas as igrejas (4.17;
7.17; 14.33; 16.1).
Reconhecimento do chamado de seus leitores (v.2). Paulo
escreve “à igreja de Deus que está em Corinto” (ARA). Já no início,
o apóstolo apresenta o caráter duplo da igreja: pertencente a Deus
(aspecto espiritual), mas localizada num lugar geográfico (aspecto
físico). Por si só, isso demonstra que a igreja foi chamada para
refletir o caráter de Deus no meio de uma sociedade corrompida pelo
pecado, sendo o “sal da terra” e “luz do mundo”.
O texto acrescenta duas informações importantes sobre os
destinatários: “santificados em Cristo Jesus” e “chamados para ser
santos” (ARA). Não devemos esquecer a introdução, quando
dissemos que essa igreja tinha muitos problemas, inclusive de
natureza moral. Esclarecendo a aparente contradição: os coríntios,
como todos os cristãos autênticos foram santificados em Cristo
(aspecto posicional, o ponto de partida da santificação, garantido na
cruz); no entanto, a santificação não é apenas um ato, é também um
processo, que envolve a responsabilidade do homem de buscar a
separação do pecado e a consagração a Deus (2ªCo 5.17; 1ªTs 4.1-7).
Então sejamos enfáticos: se os crentes de Corinto levavam uma vida
pecaminosa, isso era culpa exclusiva deles.
A saudação fraternal de Paulo (v.3). Paulo utiliza sua
saudação usual, que faz a junção de duas palavras bastante
conhecidas: “graça e paz”. Nas línguas originais, essas palavras são
notáveis. “Charis” (grego) designa favor imerecido de Deus ao
homem; “shalom” (hebraico) tem um sentido mais amplo do que a
mera ausência de conflito, indicando prosperidade integral do
homem, bênçãos materiais e espirituais. Alguns estudiosos sustentam
que a graça sempre vem antes, talvez indicando que ela é a fonte da
verdadeira paz.
II. Paulo dá Graças a Deus Pela Obra de Cristo na Vida dos
Coríntios (1.4-9).
O cuidado de Deus com o corpo de Cristo
Lições da Carta do Apostolo Paulo aos Coríntios Para os Nossos Dias
Lições Bíblicas Jovens - 2º Trimestre 2021 24
Paulo era grato pela conversão dos coríntios (vs.4-6). Paulo
revela seu coração pastoral ao orar por essa comunidade de crentes e
muitas outras no Novo Testamento (Ef 1.15-23; Fp 1.3-11; etc.). O
caso de Corinto é especial, pois os crentes dessa cidade foram
resgatados em meio a uma cultura bastante pecaminosa, conforme já
dissemos. A gratidão consiste exatamente nisto: reconhecer que pela
graça de Deus, derramada por meio de Cristo Jesus, aquelas pessoas
receberam o Evangelho da salvação (v.4).
Não somente foram salvas, mas também enriquecidas (v. 5).
Não devemos duvidar que naquela igreja havia crentes abastados
materialmente, mas certamente o foco de Paulo não são riquezas
materiais (3.21-23). No sentido espiritual, os coríntios receberam
bastante, “em tudo” e “em toda a palavra e conhecimento”.
Apesar de todos os problemas que essa igreja apresentava, o
testemunho de Cristo havia sido confirmado neles (v.6). Ou seja, a
Palavra pregada ali havia sido crida, naquela congregação existiam
muitos cristãos genuínos, que, mesmo vivendo um momento de
declínio espiritual, eram capazes de se arrepender e retomar o
processo de santificação e comunhão com Deus. Devemos lembrar
que momentos de fraqueza espiritual não são estranhos ao texto
bíblico. Pelo contrário, muitos dos “gigantes das Escrituras”
passaram por longos períodos de crise espiritual e moral.
As palavras amáveis de Paulo (v.8). Naquela igreja não
faltavam dons (v.7). Os dons aqui não são apenas capacitações
naturais e ministeriais, mas devem ser vistos também no sentido
amplo, englobando operações sobrenaturais, que serão detalhadas no
decorrer da carta. Essa comunidade de salvos, que exerce dons, é a
mesma que aguarda a revelação (apocalupsin) de Cristo Jesus.
No versículo seguinte (8), o verbo confirmar é repetido,
portanto ocorre duas vezes no parágrafo que vai dos versículos 4-9
(as iniciais são destacadas em negrito). O agente desse parágrafo é
Deus, e a ênfase é no aspecto futuro, quando aqueles crentes serão
aperfeiçoados e livre de todas as culpas. Precisamos fazer duas
observações aqui:

O cuidado de Deus com o corpo de Cristo


Lições da Carta do Apostolo Paulo aos Coríntios Para os Nossos Dias
Lições Bíblicas Jovens - 2º Trimestre 2021 25
i) não há mérito, a glorificação final é por meio da morte do
corpo físico de Jesus Cristo, reconciliando o pecador com Deus e o
declarando sem culpa (Cl 1.22);
ii) o Dia do Senhor Jesus Cristo alude ao retorno de Jesus
para buscar sua igreja sobre a terra (Fp 1.6,10; 2.16; 1ªTs 5.2).
A expectativa de Paulo estava alicerçada na fidelidade de
Deus (v.9). Não se pode duvidar das promessas mencionadas no
texto, pois fiel é Deus que chamou aqueles crentes à comunhão de
Cristo Jesus. Isso não é questão de presunção por dois motivos:
primeiro, nossa comunhão é resultado de crer no sacrifício de Jesus, o
único homem imaculado, capaz de restaurar nosso relacionamento
com Deus (Cl 2.13,14); segundo, o Deus que se dá a conhecer por
meio de sua Palavra e por meio de seu Filho é poderoso para fazer
cumprir todo o seu plano.
III. Uma Igreja Marcada Pelos Dons.
Os dons espirituais. Devemos reprisar: não faltavam dons na
igreja de Corinto (1.7). Na sequência da carta, Paulo diz o seguinte:
“A respeito dos dons espirituais não quero, irmãos, que sejais
ignorantes” (1ªCo 12.1, ARA). Logo, fica subentendido que os dons
eram frequentes naquela congregação. Os dons espirituais, como o
próprio nome indica, são faculdades outorgadas pelo Espírito Santo, e
isso pode ser visto no fato de que no texto de 1ªCo 12, a Terceira
Pessoa da Trindade é mencionada onze vezes. No mesmo capítulo, os
quatro primeiros versículos mencionam as três pessoas da Trindade.
A palavra “charismata” dá a ideia de “dom gratuito”, algo que foi
outorgado a outrem, não por merecimento, mas por graça.
Normalmente, os estudiosos dividem as nove operações presentes no
capítulo 12 em três grupos: dons de revelação, que manifestam a
onisciência de Deus e agem na mente (sabedoria, conhecimento e
discernimento de espíritos); dons de poder, que manifestam a
onipotência de Deus e agem sobre a natureza (fé, curas e operação de
maravilhas); e os dons orais, que manifestam a onipresença de Deus e
agem no serviço (profecia, variedade de línguas e interpretação). Os
dons são promessa para a Igreja em todas as épocas, não havendo
motivos sólidos para se crer que eles cessaram na época apostólica.
O cuidado de Deus com o corpo de Cristo
Lições da Carta do Apostolo Paulo aos Coríntios Para os Nossos Dias
Lições Bíblicas Jovens - 2º Trimestre 2021 26
Os dons espirituais não definem nossa espiritualidade. Antes
de qualquer coisa, devemos ser conscientes de que os dons não são
dados por merecimento (“charismata” é dom gratuito). O próprio
Paulo é claro: o Espírito Santo reparte a cada um como quer (1ªCo
12.11). Uma leitura superficial da carta de Paulo aos Coríntios não
deixa dúvida de que a concessão de dons não significa
necessariamente espiritualidade sadia, pois aquela igreja recebeu uma
das mais duras exortações do NT (1ªCo 1.7; 3.3; 5.1). Infelizmente, a
própria experiência cotidiana tem demonstrado essa realidade.
Os dons são capacitações para o serviço. De início, cabe
reconhecer que existem talentos naturais e dons espirituais. É muito
pouco provável que Paulo estivesse falando da primeira categoria,
visto que estes até mesmo os ímpios possuem. Quanto à importância
dos dons, a edificação da igreja representa caráter coletivo, por isso
Paulo coloca a variedade de línguas como secundário em relação ao
dom de profecia (1ªCo 14.1-3).
A edificação individual, apesar de ter sua importância, não é o
foco quando tratamos da operação dos dons na igreja. Isso fica claro
numa série de regulamentos que Paulo apresenta ao tratar dos dons de
línguas e profecias, no capítulo 14: o dom de profecia tem valor
proporcional maior (vs.5-10); o foco deve ser a edificação da igreja
(vs.12,13); a igreja deve utilizar os dons com sabedoria (v.20); o
portador do dom deve exercer autodomínio (v.32); tudo o que ocorre
no culto deve ser executado com decência e ordem (v.40).

Bibliografia
Autores Diversos. Teologia Sistemática Pentecostal. Rio de Janeiro
– RJ. CPAD. 1ª Edição, 2013.
GILBERTO, Antônio. Mensagens, Estudos e Explanações em I
Coríntios. Rio de Janeiro – RJ. CPAD. 1ª Edição, 2009.
______________. A Escola Dominical. Rio de Janeiro – RJ. CPAD.
2ª Edição, 2001.
MORRIS, Leon. I Coríntios, Introdução e Comentário. São Paulo –
SP. Vida Nova. 1º Edição, 1958.

O cuidado de Deus com o corpo de Cristo


Lições da Carta do Apostolo Paulo aos Coríntios Para os Nossos Dias
Lições Bíblicas Jovens - 2º Trimestre 2021 27
KISTEMAKER, Simon J. Exposição da Primeira Epístola aos
Coríntios. São Paulo – SP. Cultura Cristã. 1ª Edição, 2003.
HENRY, Mathew. Comentário Bíblico, Novo Testamento, Atos a
Coríntios, Edição Completa. Rio de Janeiro – RJ. CPAD. 1ª
Edição, 2008.
FERREIRA, João Ferreira de. Bíblia Sagrada Revista e Atualizada
no Brasil. Barueri – SP. SBB. 2ª Edição, 2010.

O cuidado de Deus com o corpo de Cristo


Lições da Carta do Apostolo Paulo aos Coríntios Para os Nossos Dias
Lições Bíblicas Jovens - 2º Trimestre 2021 28

Lição 3
Divisões na Igreja
Prof. Márcio Renee Rodrigues

Texto do dia
“Está Cristo dividido? Foi Paulo crucificado por vós? Ou
fostes batizados em nome de Paulo?” (1ªCo 1.13).

Síntese
As divisões e partidarismos demonstravam a imaturidade
espiritual dos membros da igreja de Corinto.

Objetivos
- Ressaltar os prejuízos que as dissensões causam na igreja.
- Mostrar que na igreja de Corinto havia partidarismo.
- Advertir a respeito dos perigos das divisões na igreja.

Interação
Hoje, com o a popularidade da internet e das redes sociais,
muitas pessoas têm alcançado fama e visibilidade, inclusive dentro
do segmento cristão-evangélico. Não há nada de errado em buscar
bons referenciais para a nossa vida cristã. No entanto, não era isso o
que estava ocorrendo na igreja de Corinto. Um dos grandes
problemas daquela congregação consistia na exaltação a líderes, a
ponto de promover dissensões e contenda entre os irmãos.

Orientação Pedagógica
Um bom método para utilizar nesse tipo de lição é a discussão
ou debate orientado. Para que esse método dê certo, os alunos devem
ter certo conhecimento do assunto, e por isso o ideal é propor uma
discussão sobre algo bem geral, por exemplo, a importância de uma
liderança na vida espiritual dos membros da igreja. O professor pode
desenvolver um pouco o assunto, lançar perguntas e determinar um
tempo para que os alunos reflitam. O professor deve tomar cuidado
O cuidado de Deus com o corpo de Cristo
Lições da Carta do Apostolo Paulo aos Coríntios Para os Nossos Dias
Lições Bíblicas Jovens - 2º Trimestre 2021 29
com a quantidade de respostas e o tempo dado a cada aluno ou grupo
de alunos que irão responder.

Introdução
Ao continuar a leitura do capítulo 1 da Primeira Carta aos
Coríntios, a partir do versículo 10, somos informados do primeiro
grande problema que Paulo deseja corrigir naquela igreja: as
divisões. É normal que no interior de uma congregação haja a
formação de grupos de amigos com interesses comuns. Porém, em
Corinto, grupos estavam se formando em torno de homens. O pior é
que esses grupos se tornaram rivais entre si, gerando duas
consequências graves: a exaltação de homens e a supervalorização da
sabedoria humana.

I. As Dissensões e Seus Prejuízos Para a Igreja (1.10,11).


Uma exortação para não causar dissensões. Muita gente se
ilude com o pastorado. Há jovens que desejam pastorear
congregações achando que o púlpito é lugar de se pregar apenas
mensagens inspiradoras. Grande engano! A liderança, por vezes,
requer apontar o dedo para erros graves cometidos pelos membros.
No caso de Paulo, ele sabia que precisava agir, ser enérgico. Ele fez
tudo isso, mas não deixou de lado o seu amor para com os crentes de
Corinto. Utilizando-se de um modo pastoral, o apóstolo primeiro
reconheceu que aqueles crentes eram irmãos em Cristo (v.10). Na
sequência, os pedidos contidos nesse versículo foram feitos em nome
de Jesus. O primeiro tinha como alvo, não uma uniformidade de
opinião (algo impossível), mas uma atitude de amor e empenho por
harmonia e paz (cf.: Fp 2.1,2). O segundo pedido também é bastante
claro: os crentes não devem formar partidos dentro da igreja,
evitando com isso discussões e rivalidades.
As dissensões prejudicavam a unidade da igreja. Prosseguindo
no versículo 10, Paulo ainda solicita que haja unidade na igreja, tanto
em disposição mental (intenções) quanto no mesmo parecer. O verbo
utilizado na expressão “inteiramente unidos” é significativo, pois dá
a ideia de que algo precisa ser restaurado à condição correta. Um
O cuidado de Deus com o corpo de Cristo
Lições da Carta do Apostolo Paulo aos Coríntios Para os Nossos Dias
Lições Bíblicas Jovens - 2º Trimestre 2021 30
bom exemplo dessa aplicação está em Mt 4.21, em que o mesmo
verbo é aplicado no conserto de redes de pesca que estavam
provavelmente desgastadas.
Claramente, os coríntios precisavam retornar ao primeiro amor,
deixando de lado a sugestão de que a igreja pertence a homens, e que
a mesma pode ser segmentada de acordo com a vontade dos seus
membros. Essas lições não são exclusivas para os coríntios, servem
para nós hoje, de modo que evitemos o extremismo e o exclusivismo
religioso sob a falsa premissa de que somente nós estamos certos.
Paulo identifica a fonte de suas informações (v.11). A fonte
das informações é uma família, provavelmente da igreja de Corinto,
cujo nome da representante principal era Cloe. Essas pessoas não
eram mensageiras da igreja, e procuraram Paulo por livre iniciativa.
Esse fato por si só sugere que a situação estava se tornando
preocupante e que algo deveria ser feito para que não houvesse
ruptura total entre os membros daquela congregação. Uma
observação que deve ser feita é que, apesar de a autoridade apostólica
de Paulo ter sido contestada nessa igreja, existiam membros que
reconheciam o chamado do apóstolo e sua capacidade de instruir os
crentes no caminho do Senhor.
O Partidarismo na Igreja (1.12). “Refiro-me ao fato” (ARA).
Paulo recebeu informações detalhadas, sabia, de fato, de que se
tratavam essas divisões. A questão principal é que os coríntios
haviam criado grupos dentro da igreja, relacionando esses grupos a
pessoas específicas: Paulo, Apolo, Cefas e Cristo. A ironia é que
nenhum desses líderes foi a Corinto a fim de estabelecer seu próprio
partido.
Primeiro grupo: “Eu sou de Paulo”. O apóstolo pregou o
Evangelho aos coríntios e era o pai espiritual deles na fé (1ªCo 4.15),
mas claramente o seu objetivo não era ser exaltado por algum grupo
de crentes. Ele mesmo, rejeitando o espírito sectário dos coríntios,
defendeu a integridade de Apolo, demonstrando respeito e apreciação
por ele (1ªCo 3.4,5,6,22; 4.6; 16.12).
Segundo grupo: “Eu sou de Apolo”. Esse homem era natural
de Alexandria, que era um dos grandes centros acadêmicos da época.
O cuidado de Deus com o corpo de Cristo
Lições da Carta do Apostolo Paulo aos Coríntios Para os Nossos Dias
Lições Bíblicas Jovens - 2º Trimestre 2021 31
Tornou-se o sucessor de Paulo em Corinto (At 18.24-28) e era orador
eloquente (uma qualidade muito apreciada pelos gregos).
Terceiro grupo: “Eu sou de Cefas”. Não há indício confiável
de que Cefas (Pedro) tenha visitado Corinto na ausência de Paulo.
Naqueles dias, Pedro era o porta-voz dos apóstolos e altamente
respeitado entre eles. Os coríntios certamente sabiam quem era Pedro
(1ªCo 9.5). De qualquer forma, Pedro não aprovaria ter seu nome
associado a uma facção em Corinto.
Quarto grupo: “Eu sou de Cristo”. Não se sabe se esse
partido era formado pelos demais crentes que não se identificavam
com os três anteriores. Alguns sugerem que esse era o partido mais
problemático, em vista de usar o nome de Cristo para não se
submeter a qualquer liderança humana.
Muitos estudiosos têm tentado extrair detalhes sobre esses
grupos a partir seus nomes. Essa, no entanto, é uma tentativa
engenhosa de buscar saber de coisas que a própria Bíblia não revela.
O que sabemos com certeza é que a existência desses grupos estava
prejudicando a comunhão e unidade daquela congregação.
II. As Divisões e Seus Perigos (1.13-17).
O perigo de abafar os méritos da cruz de Cristo (v.13). Na
sequência, Paulo faz três perguntas retóricas que demonstram três
verdades importantes. A primeira: “Cristo está dividido?”. Ora, Jesus
é a Cabeça da Igreja, que é seu corpo. A relação é de unidade entre
ambos, apesar da diversidade de membros. Um corpo só possui uma
cabeça, e uma cabeça governa apenas um corpo. A segunda pergunta:
“Foi Paulo crucificado em favor de vós?”. A indagação pode parecer
absurda, mas retrata exatamente a loucura de tentar substituir a
centralidade da cruz de Cristo pelas qualidades de qualquer homem
pecador. Terceira pergunta: “fostes, porventura, batizados em nome
de Paulo?”. Nesse questionamento, Paulo apela para a história
daqueles crentes, que receberam o batismo em nome de Jesus e,
portanto, deviam lealdade somente a Ele.
O perigo de ser um narcisista (vs.14-16). O fato é que para não
fortalecer o erro de diversos crentes daquela igreja, Paulo demonstra
satisfação por não ter batizado mais pessoas ali. Isso não era
O cuidado de Deus com o corpo de Cristo
Lições da Carta do Apostolo Paulo aos Coríntios Para os Nossos Dias
Lições Bíblicas Jovens - 2º Trimestre 2021 32
incomum naqueles dias, pois o próprio Jesus delegou o batismo a
seus discípulos (Jo 4.1,2).
Paulo faz a observação de que batizou apenas algumas pessoas.
A primeira delas é Crispo, que provavelmente foi um dirigente da
sinagoga em Corinto, o qual, junto com todos os membros de sua
casa, creu em Jesus (At 18.8). Batizou também Gaio, que pode ser o
mesmo de Rm 16.23, o qual hospedou Paulo em Corinto, na ocasião
em que o apóstolo escreveu a Epístola aos Romanos. Paulo menciona
que também batizou a casa de Estéfanas, certamente a mesma família
que veio a ser pioneira entre os cristãos da Acaia (1ªCo 16.15).
O perigo de pregar o Evangelho por ostentação (v.17). Paulo
não está desmerecendo o batismo. Antes, está reconhecendo sua
responsabilidade principal: pregar o Evangelho. Batizar pessoas é ato
importante, uma ordenança com bastante significado para a vida
cristã, mas não essa a responsabilidade principal dos apóstolos. Expor
a mensagem requer vocação, preparo constante e disciplina. E, por
fim, a pregação de Paulo era muito diferente dos discursos elaborados
pelos filósofos da época, uma vez que o apóstolo utilizava de
simplicidade, a exemplo do que fazia Jesus.

Bibliografia
Autores Diversos. Teologia Sistemática Pentecostal. Rio de Janeiro
– RJ. CPAD. 1ª Edição, 2013.
GILBERTO, Antônio. Mensagens, Estudos e Explanações em I
Coríntios. Rio de Janeiro – RJ. CPAD. 1ª Edição, 2009.
______________. A Escola Dominical. Rio de Janeiro – RJ. CPAD.
2ª Edição, 2001.
MORRIS, Leon. I Coríntios, Introdução e Comentário. São Paulo –
SP. Vida Nova. 1º Edição, 1958.
KISTEMAKER, Simon J. Exposição da Primeira Epístola aos
Coríntios. São Paulo – SP. Cultura Cristã. 1ª Edição, 2003.
HENRY, Mathew. Comentário Bíblico, Novo Testamento, Atos a
Coríntios, Rio de Janeiro – RJ. CPAD. 1ª Edição, 2008.
FERREIRA, João Ferreira de. Bíblia Sagrada Revista e Atualizada
no Brasil. Barueri – SP. SBB. 2ª Edição, 2010.
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Lição 4
A Sabedoria Divina
Profª Dorcas Souza

Texto do dia
“Visto como, na sabedoria de Deus, o mundo não conheceu a
Deus pela sua sabedoria, aprouve a Deus salvar os crentes pela
loucura da pregação” (1ªCo 1.21).

Síntese
A mensagem da cruz é loucura para os que não conhecem a
Cristo, mas é a manifestação do poder e sabedoria Deus para a
salvação de todo aquele que crê.

Objetivos:
- Ressaltar a cruz de Cristo e a sabedoria de Deus.
- Mostrar que a vida eterna e a verdadeira sabedoria vêm de
Deus.
- Saber que a verdadeira sabedoria está em conhecer a Cristo
crucificado.

Orientação pedagógica
A revista dos professores orienta um esquema fazendo relação
entre sabedoria humana e sabedoria divina. Utilize esse quadro para
iniciar a aula.

Introdução
Nesta lição estudaremos sobre a sabedoria divina que difere da
sabedoria A compreensão da sabedoria divina não depende da
capacidade e dos processos humanos, mas da graça de Deus revelada
em Cristo. No AT o principal vocábulo para sabedoria é “chokmã”, e
nas páginas do NT é “Sophia”.
Os dois termos são usados para descrever vários tipos de
sabedoria. Assim, temos a “sabedoria” do ourives (Êx 31.3), a
O cuidado de Deus com o corpo de Cristo
Lições da Carta do Apostolo Paulo aos Coríntios Para os Nossos Dias
Lições Bíblicas Jovens - 2º Trimestre 2021 34
“sabedoria do orador” (1ªCo 2.4). Hoje, a lição coloca a sabedoria
divina em oposição à humana.

I. A Cruz de Cristo e a Sabedoria de Deus


1. A cruz de Cristo é loucura para o mundo. Os gregos, com
sua filosofia, buscavam a sabedoria (1ªCo 1.22) e produziram grandes
homens como Platão e Aristoteles, mas não vieram a conhecer a
Deus. Em contraste, Deus, em sua infinita sabedoria usou a Palavra
da Cruz para revelar o modo como o homem pode ser salvo. O
evangelho provou ser um tropeço para os judeus, que estavam
tentando obter a salvação através das boas obras; e uma loucura ou
insensatez para os gregos cultos. Os judeus ficavam ofendidos com o
pensamento da crucificação, e por serem tão impotentes a ponto de
precisarem que alguém morresse pelos seus pecados. Os gregos
consideravam a simples fé em uma expiração substitutiva um modo
fácil demais para a salvação. Contudo, a morte expiatória do Senhor
Jesus Cristo é o epítome de toda a sabedoria (Ef 3.10), uma vez que
ela resolve o maior problema do mundo e do homem, isto, o pecado.
2. A cruz de Cristo é poder de Deus para os salvos. Não há
como pregar o evangelho autenticamente sem falar de Cristo e sua
morte na cruz. É poder de Deus para os salvos. “Cruz” aqui é uma
metonímia, ou seja, é um símbolo da obra redentora de Cristo,
mediante sua morte no Calvário. Não se trata de uma cruz qualquer,
mas da “cruz de Cristo” (Jo 19.25; 1ªCo 1.17; Gl 6.12,14; Fp 3.18).
A palavra “cruz” evoca o indizível sofrimento de nosso Senhor, sua
paixão e morte, e todas as bençãos proporcionadas por seu sacrifício:
a expiação, a redenção, a reconciliação, o perdão e a remoção da
maldição da lei (Rm 3.24,25; Gl 3.10-13; Ef 2.16; Cl 1.20; Hb 12.2).
A mensagem da cruz de Cristo aniquila qualquer discurso de
sabedoria e filosofia humanas a respeito da salvação. Deus só tem
compromisso com a “palavra da cruz”, o “evangelho da vossa
salvação” (Ef 1.13) Poder de Deus.
3. A sabedoria de Deus prevalecerá sobre a sabedoria do
mundo. A sabedoria deste mundo é deste mundo é de caráter
negativo. Em Tg 3.15,16, a Bíblia fala da sabedoria deste mundo
O cuidado de Deus com o corpo de Cristo
Lições da Carta do Apostolo Paulo aos Coríntios Para os Nossos Dias
Lições Bíblicas Jovens - 2º Trimestre 2021 35
como sendo “terrena, animal e diabólica”. O mesmo texto que alude
a esta sabedoria afirma suas qualidades: “inveja, espírito faccioso,
perturbação e toda obra perversa”. Esta falsa sabedoria predominava
nos crentes neófitos que se congregavam na igreja de Corinto. A
sabedoria de Deus, embora superior à humana, é subestimada e
preterida pelo crente carnal, além de ser ignorada pelo homem
natural. Esta é a razão pela qual os cristãos e mestres carnais da igreja
de Corinto não compreendiam o mistério da cruz – escândalo para os
judeus e loucura para os gregos (1ªCo 1.23). Assim também, os
incrédulos, sábios segundo a carne, rejeitam o evangelho por
desconhecerem a sabedoria de Deus revelada na cruz de Cristo.
Todavia, a verdadeira sabedoria do Altíssimo é personalizada em
Cristo (1ªCo 1.30) Assim sendo, a compreensão e assimilação dá
sabedoria divina não depende primariamente da capacidade e de
processos humanos, mas da graça de Deus revelada em Cristo.
II. A Vida Eterna e a Verdadeira Sabedoria Vêm de Deus
1. Não podem ser obtidas por meio de legalismo religioso. Os
gregos da antiguidade se vangloriavam por sua sabedoria.
Naturalmente, não é pecado buscar a verdade e a sabedoria. É
pecado, contudo, acreditar que os seres humanos podem chegar até
Deus e saber o que é bom mediante a sua própria sabedoria. Paulo
usa linguagem forte em 1.27,28. As coisas loucas do mundo irão
envergonhar os sábios e as coisas fracasso mundo irão envergonhar
as fortes.
2. A verdadeira sabedoria não se revela por determinação
humana. A sabedoria de Deus é revelada pelo Espírito. Em 1ªCo
2.10-16 vemos que o Espírito Santo é citado várias vezes nas suas
infinitas operações no ser humano. Por Ele Deus revela a sua
sabedoria. Ele conhece os pensamentos de Deus. Ele ensina a
sabedoria de Deus. Ele é o Espírito de Deus.
3. Cristo, a verdadeira sabedoria que garante a vida eterna. A
morte de Cristo e a proclamação dessa morte pareciam totalmente
absurdas aos gentios. Mas, se Paulo tentasse tornar mais atrativa sua
pregação por meio do uso de palavras de sabedoria e eloquência
humanas, estaria atraindo os ouvintes a si, e era isso mesmo que
O cuidado de Deus com o corpo de Cristo
Lições da Carta do Apostolo Paulo aos Coríntios Para os Nossos Dias
Lições Bíblicas Jovens - 2º Trimestre 2021 36
desejava evitar. Ele queria tomar seus ouvintes seguidores de Jesus
Cristo, e não líderes humanos. Cristo é a verdadeira sabedoria que
garante a vida eterna.
III. A Verdadeira Sabedoria Está em Conhecer a Cristo
Crucificado
1. O orgulho humano é derrotado na cruz de Cristo (I Co
1.26,27). A salvação da humanidade através da cruz de Cristo não
resulta de méritos humanos, é sim, da graça de Deus e da resposta
humana da fé. O orgulho é derrotado pela humanidade quando esta
reconhece que a salvação trazida por Jesus Cristo na cruz do
Calvário, foi o maior milagre propiciado por Deus ao ser humano. As
curas, as maravilhas, a sua mensagem, tudo foi usado por Ele para
despertar o homem para aceitar o dom de Deus, a salvação.
2. O salvo alcança sabedoria de Deus na cruz de Cristo
(1.28,29). A cruz de Cristo é o meio pelo qual o salvo alcança a
sabedoria. Essa sabedoria é entendida como a aplicação correta do
conhecimento em nosso dia a dia. Em provérbios, ela é vista como
um antídoto contra o orgulho. Daí a insistência do sábio em que se
busque a sabedoria (Pv 16.16). A sabedoria retratada em Provérbios
demonstra ser eficaz contra a arrogância e a soberba, pois quem é
sábio age com humildade (Pv 11.2). Em o NT, o apóstolo Paulo sabia
dessa verdade e, por isso orou para que o Senhor concedesse aos
crentes “espírito de sabedoria e de revelação” (Ef 1.17). A sabedoria
divina é um remédio para o orgulho. O que caracteriza o sábio é a sua
atitude de humildade e sensatez; mas o insensato é altivo e arrogante,
desprovido de qualquer lucidez e bom senso.
3. A glória de Deus revelada na cruz de Cristo. Só
encontramos a verdadeira sabedoria através da cruz de Cristo
mediante a fé. Cristo, em sua natureza humana, cresceu em
sabedoria, e em estatura, e em graça para com Deus e os homens (Lc
2.52), mas em sua natureza divina, repousava sobre ele o Espírito
sétuplo cujo principal atributo é a sabedoria (Is 11.2). Como
resultado os homens perguntaram, “Donde veio a este sabedoria”
(Mt 13.54; Mc 6.2) não percebendo que alguém maior que Salomão
estava ali (Mt 12.42). O apóstolo Paulo escreve que Ele é o poder e a
O cuidado de Deus com o corpo de Cristo
Lições da Carta do Apostolo Paulo aos Coríntios Para os Nossos Dias
Lições Bíblicas Jovens - 2º Trimestre 2021 37
sabedoria de Deus, destacando que a vida e a morte de Cristo eram o
sábio plano de salvação de Deus (1ªCo 1.24). Paulo deixa bem claro
para os Coríntios que o homem jamais poderá encontrar a verdadeira
sabedoria se não for através da cruz de Cristo. É preciso termos
maturidade e humildade para reconhecer que todo o trabalho que
realizamos é para a glória de Deus. Todas as coisas é dele, por ele e
para ele – Jesus.
Conclusão
Os doutores judeus e filósofos gregos em Corinto tentavam,
sem sucesso, compreender e explicar o mistério da “cruz de Cristo”
através da sabedoria humana. Todavia, quanto mais estudavam,
menos compreendiam (1ªCo 1.20-22). Lembremos que a Bíblia não
se opõe ao estudo e à pesquisa de sua mensagem (Jo 5.39), muito
menos ao uso legítimo do conhecimento para compreendê-la. Porém,
os recursos retóricos da filosofia dos gregos e o misticismo dos
judeus daquela cidade, eram incapazes de explicar o mistério de Deus
revelado na cruz de Cristo (1ªCo 1.20-22). A sabedoria humana, à
parte da ação do Espírito, é incapaz de compreender os Santos
mistérios divinos.
Aprendemos nesta lição que a mensagem da cruz de Cristo
supera toda capacidade humana em palavra e sabedoria, em todos os
tempos, lugares e assuntos. Nossa fé não está fundamentada na
eloquência humana, mas no poder de Deus, revelado através da
pessoa e Obra vicária de nosso Senhor Jesus. Devemos, pois, ter
ampla, perene e profunda comunhão com o Espírito Santo, a fim de
que possamos compreender o mistério de Deus: “Cristo em vós,
esperança da glória” (Cl 1.27)

Bibliografia
HOOVER, T. R. Comentário Bíblico. Rio de Janeiro: CPAD
Dicionário Bíblico Wycliffe. 1.ed.Rio de Janeiro: CPAD

O cuidado de Deus com o corpo de Cristo


Lições da Carta do Apostolo Paulo aos Coríntios Para os Nossos Dias
Lições Bíblicas Jovens - 2º Trimestre 2021 38

Lição 5
O Caráter da Pregação de Paulo
Prof. Gleidson Costa de Oliveira

Texto
“A minha palavra e a minha pregação não consistiram em
palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração
do Espírito e de poder” (1ªCo 2.4).

Interação:
Professor, essa é uma excelente aula para estimular o
nascimento de vocações para pregadores do evangelho.
Mostre como uma pregação bem estudada, preparada e bem
entregue pode fazer a diferença na vida da comunidade, trazendo
conhecimento para santificação do povo de Deus e trazendo novos
convertidos para a igreja.
Mostre como pregações despreparadas ou vazias de conteúdo
bíblico trazem prejuízos terríveis para a comunidade cristã. Acima de
tudo não se esqueça de dizer que em todas as coisas somos
totalmente dependentes do Espirito Santo.

Orientação pedagógica
Professor, leia a seguinte frase para seus alunos “PORQUE A
LETRA MATA, MAS O ESPÍRITO VIVIFICA”. Essa frase se encontra
em 2ªCo 3.6 e pergunte qual interpretação eles dão. Muitas
interpretam como uma oposição entre os que estudam a Bíblia em
seminários (letra que mata) e aqueles que não preparam nada para
pregar, apenas oram e esperam no “Espirito”.
Mostre que uma má interpretação pode trazer prejuízos em
todas as áreas do crente. Imagine uma má interpretação para um
problema familiar, para com relações entre pastores e ovelhas. Há! A
interpretação correta dessa passagem segundo o contexto é que a letra
é a LEI – o antigo pacto – que os israelitas foram incapazes de
guardar em seus corações e o ESPIRITO é o novo pacto realizado por
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Lições Bíblicas Jovens - 2º Trimestre 2021 39
Cristo Jesus e com ajuda da graça divina podemos guardar em nossos
corações.

Objetivos
- Mostrar como foi o preparo do Apostolo Paulo para o seu
ministério.
- Entender que precisamos da unção de Deus além de nosso
preparo.
- Discorrer como podemos criar jovens pregadores e
discipuladores nestes tempos.

Introdução
Já na igreja primitiva muitos encaravam a pregação da
mensagem do evangelho de forma distorcida. Alguns queriam para
mostrar toda a sua capacidade intelectual no conhecimento ou na
oratória, outros para lucro pessoal e outros trazendo heresias e
doutrinas falsas gerando prejuízo no povo de Deus. Paulo não
esperava reconhecimento de sua capacidade ou inteligência, não
queria dominar ninguém, mas o único compromisso era a pregação
genuína dos mistérios de Deus outrora escondido, mas agora revelada
pelo Filho e aplicada nos corações humanos pelo Espirito Santo de
Deus. Nessa lição que possamos compreender que devemos realizar
todos esforços necessários para que o evangelho seja levado de forma
clara a todos os homens e ao mesmo tempo entender que dependemos
completamente do Espirito Santo nessa tarefa grandiosa.

I. Paulo Era Capacitado e Chamado Por Deus


Ponto de contato: Aproveite o relato da vida de Paulo e todo o
seu preparo para estimular seus alunos a dedicarem nos estudos, mas
principalmente com literaturas cristãs e a Bíblia. Mostre que na
faculdade eles sofrerão muitos ataques e que precisam já fortalecer
sua fé para ficarem firmes.
1. A formação religiosa de Paulo no judaísmo. Um breve
histórico sobre Paulo. Saulo, (posteriormente chamado de Paulo),
nasceu em Tarso, uma cidade da Cilicia, de pais judeus, que
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Lições Bíblicas Jovens - 2º Trimestre 2021 40
possuíam o direito de cidadãos romanos (At 22.28) que, quando
jovem, ele foi enviado a Jerusalém com o propósito de receber uma
educação judaica; que ele foi colocado sob a tutela do famoso Rabino
Gamaliel, e foi incorporado à seita dos fariseus, de cujo sistema ele
absorveu todo o orgulho, autoconfiança e intolerância; e se distinguiu
como um dos mais inveterados inimigos da causa cristã; mas, sendo
convertido por uma interposição mais singular da Divina Providência
e graça, ele se tornou um dos mais zelosos promotores e defensores
bem-sucedidos da causa que ele havia antes tão inveteradamente
perseguido. Saulo seguia os fariseus, uma seita que começou após o
exilio babilônico, alguns pontos de sua fé eram a crença nos anjos
bons e maus, na vinda do Messias e na ressurreição dos mortos e
divergiam dos Saduceus nesses pontos assim como divergia dos
samaritanos sobre a origem do Messias, o cânon sagrado (os fariseus
criam em todo velho testamento enquanto os samaritanos somente no
pentateuco) e no lugar onde deveria adorar a Deus. Analisando todos
os dados podemos entender que Paulo teve acesso a uma educação
boa para a época na cultura romana já que Tarso era uma cidade
importante e um centro cultural grego e que teve uma formação
excelente na religião judaica e que esses pontos foram extremamente
importantes em seu trabalho apostólico sendo usado por Deus.
2. A formação educacional e ministerial de Paulo. O início da
fé de Paulo está registrado em Atos 9, o famoso caminho para
Damasco. Logo após o encontro, Jesus envia um discípulo por nome
Ananias que ora por Saulo para restaurar a vista do novo convertido e
depois o batiza (At 9.17-18). Após a conversão de Paulo, conforme
escrito em Gálatas no capitulo 1, ele enfatizou que não recebeu sua
mensagem de homens antes ou na época de sua conversão. Ele
afirmou está livre de influências humanas. Embora Paulo tenha
conhecido outros cristãos após sua conversão, ele não os consultou
sobre a doutrina. Se ele não tivesse certeza sobre o evangelho,
poderia prontamente ter ido a Jerusalém para um seminário com os
apóstolos, mas não o fez. Em vez disso, ele foi imediatamente para a
Arábia. É duvidoso que ele tenha ido lá para evangelizar, mas antes
para ficar longe dos homens e sozinho com o Senhor para estudo
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pessoal, meditação e para receber mais revelações. Este zeloso
estudante da Lei meditou agora sobre o significado da sua conversão
e procurava as coisas concernentes a Cristo no AT (cf. Lc 24.27). O
produto desses dias na Arábia foi a teologia cristã que Paulo explicou
em sua epístola aos Romanos. O ponto da declaração de Paulo é
claro. Ele formou sua teologia não consultando outros, mas de forma
independente enquanto buscava a orientação de Deus.
3. A autoridade do apostolado. Em toda sua trajetória o
apóstolo Paulo teve que conviver com a acusação de que ele era uma
fraude e não poderia ser classificado como apóstolo como os demais.
Em 2ªCo 12, o apóstolo faz um discurso, em oposição aos falsos
apóstolos, que eram muito diligentes para diminuir seu interesse e
reputação entre os coríntios, e haviam prevalecido demais por suas
insinuações.
a) Ele se desculpa por se esforçar para elogiar a si mesmo e
dá a razão porque seguiu essa linha de raciocínio (2ªCo 11.1-4);
b) Ele menciona, em sua própria defesa, sua igualdade com
os outros apóstolos, e no caso dos falsos apóstolos, se diferencia por
pregar o evangelho aos coríntios gratuitamente, sem salários (2ªCo
11.5-15);
c) Ele faz outro prefácio para o que ele estava prestes a dizer
em sua própria justificação (2ªCo 11.16-21);
d) Ele dá um grande relato de suas qualificações, labores e
sofrimentos, nos quais ele superou os falsos apóstolos (2ªCo 11.22
até o fim). Todos estes subpontos trazem aplicações importantes para
os jovens, principalmente para aqueles que sonham com o ministério
da palavra:
- Precisamos ser dedicados nos estudos bíblicos e todas as
matérias que venham auxiliar no conhecimento e na exposição de tal
ensino;
- A dedicação deve ser acompanhada de uma vida
piedosa e de oração;
- Buscar a instrução dos homens é importante, mas não
devemos ter uma obediência cega, todo conselho e ensino humano
deve estar subordinado a palavra de Deus, sendo assim, sempre
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devemos consultar a Bíblia e no exercício da exegese, consultar mais
de uma fonte;
- Aprofundar nos estudos bíblicos sem levar a prática da
vida cristão como auxílio aos crentes e evangelização dos perdidos
pode nos empurrar para um intelectualismo sem frutos, sendo assim,
sempre nossos esforços devem conduzir a uma prática de vida
piedosa;
- Devemos ansiar por agradar ao Senhor e obedece-lo em
seu chamado para conosco e não correr atrás de poder e influência.
II. A Confiança de Paulo Não Estava em Seu Intelecto
Ponto de contato: Aproveite esse ponto para esclarecer aos
alunos a necessidade de uma vida de oração e devoção fervorosa, que
eles possam sempre serem humildes e reconhecerem a necessidade de
uma vida de estudo enquanto estiverem aqui na terra, que devem
sempre buscar a Deus pedindo que ELE fortaleça em suas almas na
verdade do evangelho.
1. Paulo reconhecia que sua capacidade vinha de Deus. Um
breve resumo desse capitulo para compreender que a origem de todo
conhecimento do alto vem de Deus. O apóstolo pede “desculpas” por
sua maneira de pregar (1ªCo 2.1). E dá a razão pela qual ele adotou
essa maneira (1ªCo 2.2-5). Ele mostra que esta pregação, apesar de
não ser com excelência da fala ou sabedoria humana, ainda era a
misteriosa sabedoria de Deus, que os príncipes deste mundo não
conheciam, e que só o Espírito de Deus poderia revelar (1ªCo 2.6-
10). É o Espírito de Deus somente que pode revelar as coisas de Deus
(1ªCo 2.11). Os apóstolos de Cristo conhecem as coisas de Deus pelo
Espírito de Deus e as ensinam, não nas palavras da sabedoria do
homem, mas nas palavras daquele Espírito (1ªCo 2.12; 2.13). O
homem natural não pode discernir as coisas do Espírito (1ªCo 2.14).
Mas o homem espiritual pode discernir e ensiná-los, porque ele tem a
mente de Cristo (1ªCo 2.15; 2.16).
2. Paulo não usava de ostentação humana. Paulo era um
expositor brilhante. Podia manter cativados a seus ouvintes com seus
argumentos intelectuais. Mas preferia anunciar a mensagem singela
do evangelho de Jesus Cristo, deixando que o Espírito Santo guiasse
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Lições Bíblicas Jovens - 2º Trimestre 2021 43
suas palavras. Ao pregar o evangelho a outros, deveríamos seguir o
exemplo de Paulo e manter nossa mensagem Cristocentrica e singela.
O Espírito Santo dará poder a nossas palavras e as usará para
glorificar a Jesus. A confiança de Paulo não radicava em seu agudo
intelecto ou em sua habilidade para falar, a não ser no
reconhecimento de que o Espírito Santo o ajudava e o guiava. Paulo
não negava a importância do estudo e a preparação para pregar; ele
teve uma instrução profunda das Escrituras. A pregação efetiva deve
combinar a preparação e o estudo com a obra do Espírito Santo. Não
use a asseveração de Paulo como uma desculpa para não estudar ou
preparar-se.
3. Paulo confiava na revelação dos mistérios da sabedoria de
Deus. “Nós” se refere a Paulo e seus companheiros pregadores.
Embora o evangelho abjurasse a sabedoria carnal, ainda assim ele
tem uma sabedoria própria, uma sabedoria divina, que é transmitida e
reconhecida por aqueles que se tornaram cristãos maduros. “Os
perfeitos” são os adultos em Cristo, em vez de bebês. Os bebês
devem ser alimentados com leite, mas os adultos podem suportar uma
carne forte. Para esses, há uma profundidade de sabedoria revelada
no evangelho, mas não a sabedoria deste mundo. Falamos a sabedoria
de Deus em um mistério. Os gregos tinham seus mistérios nos quais
os segredos eram transmitidos aos iniciados. Um mistério é um
segredo que ainda não foi divulgado. A sabedoria de Deus no
evangelho era um mistério oculto até a vinda de Cristo, e desde então
totalmente compreendido apenas pelos “iniciados”, os cristãos
maduros. O sentido apostólico de “mistério” é aquele que estava
oculto, mas agora é revelado para aqueles que aceitam o evangelho.
Aqueles que não querem receber o evangelho não podem
compreender essa sabedoria. Veja Rm 16.25-26; Ef 3.6; 1ªTm 3.16.
III. Tudo o Que Precisamos Saber Para Receber a Salvação
Ponto de contato: Quero aproveitar esse ponto e conduzir os
próximos tópicos em caminho mais prático. A pregação do evangelho
é a mais sublime de todas as tarefas que o homem pode realizar, pois
nela abre-se o caminho para salvação dos perdidos. Por isso
deveríamos ter um cuidado grande na formação dos sermões e na
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Lições Bíblicas Jovens - 2º Trimestre 2021 44
preparação dos mensageiros. Hoje vemos muito distorção nas
mensagens colocando ideias que não estava no contexto original do
autor, elementos de superstições, paganismo e especulações diversas.
Chegou o momento da nova geração se voltar mais para a mensagem
original da Bíblia.
1. A revelação do Espírito Santo a respeito da mensagem da
cruz. Como diz Pedro (2ªPe 1.20-21) todos os escritores bíblicos
foram usados pelo Espírito Santo no ato em que eles escreviam suas
obras (Evangelho, Epistolas, Salmos, Sabedoria, Relatos históricos e
revelações). O segundo ponto é a exposição do evangelho e tem a ver
com o oficio da pregação, sobre isto exponho algumas observações:
a) Para ser usado pelo Espirito Santo é necessário que os
homens/mulheres tenham nascido de novo (da água e do Espirito) e
tenham uma vida devocional fervorosa e em constante oração;
b) Precisa ser dedicado no estudo bíblico e em outras
literaturas de estudo acadêmico e devocional para ampliar seu
vocabulário e formas de literatura e assim ampliar sua capacidade de
entendimento, preparação e transmissão da verdade bíblica;
c) Precisa se libertar das filosofias humanas e buscar, usando
as técnicas de exegese, encontrar o sentido original do autor bíblico e
assim manter-se fiel a mensagem original;
d) Precisa se aprofundar em todas as técnicas de
interpretação bíblica (hermenêutica) como contexto literário,
contexto imediato, contexto mediato e como a mensagem pode ser
contextualizada para ser eficaz nos dias atuais;
e) Precisa se esforçar nas técnicas de oratória para levar uma
mensagem que tenha clareza, que use de simbolismo que o ouvinte
possa entender, com tópicos que se complementem e que não seja
longo ou contenha muitos pontos, para que prendam a atenção do
ouvinte ao invés de dispersa-lo. Alguns poderão perguntar: por que
tudo isso? Reposta: Porque existe muitas barreiras entre a mensagem
original e os ouvintes atuais como diferenças de culturas, tempo entre
a escrita e a leitura atual, limite intelectual dos ouvintes, suas
vivências e outros fatores. Com tudo isso, faz-se necessário nosso
esforço para superar essas barreiras e o Espirito Santo espera nosso
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Lições da Carta do Apostolo Paulo aos Coríntios Para os Nossos Dias
Lições Bíblicas Jovens - 2º Trimestre 2021 45
esforço e assim conseguindo teremos sua contribuição mais
abundante no coração do ouvinte.
2. Disposição para receber o Espírito de Deus. Em Mt 13.1-23
temos uma simbologia que explica o que acontece no mundo
espiritual quando o evangelho é pregado e quais as reações dos
receptores. Existem aqueles que nada retém, também existe aqueles
que recebem mas deixam morrer por causas das
tribulações/perseguições ou por causa dos apegos a este mundo
(prazer, riquezas). Mas existem aqueles que deixam a palavra entrar e
gerar fruto, nesses casos qual deve ser a nossa posição? Reposta:
Discipulado (Mt 28.19-20). Muitas vezes deixamos as pessoas
alcançadas pelo evangelho a sua própria sorte, mas essa não é a
orientação bíblica. Devemos iniciar o processo de discipulado
ensinando sobre nossa confissão de fé, questões morais essências que
se encontra nos evangelhos e nas cartas, a pessoa deve ser ensinada e
introduzida na vida de oração, devoção e adoração a Deus e assim o
Espirito Santo irá conduzi-lo no caminho da santificação, uma obra
para toda a vida do crente. Lembre-se, o Espirito Santo usa a igreja
para promover o crescimento da igreja, é por isso que ELE distribui
dons espirituais e ministeriais para edificação da igreja.
3. O salvo tem a mente de Cristo. O homem natural é o não
regenerado, aquele que tem o espírito do mundo, aquele que não
nasceu de novo da água e do Espírito. O homem é um ser triuno -
corpo, alma e espírito. O homem natural está sob o domínio da alma,
a vida animal. O espírito deve ser despertado de sua condição
dormente e nascer de novo, antes que se possa compreender as coisas
do Espírito. Isso é tolice para alguém que está sob o domínio da vida
animal, como os escribas judeus e os “disputadores” gregos, pois só
podem ser discernidos pelo espírito do homem. É somente quando
uma fome espiritual é sentida, quando alguém nasce de novo é
quando o homem se torna um ser espiritual em vez de animal, é que
ele pode compreender “as coisas profundas do Espírito”. Por isso
que todo o processo descrito anteriormente sobre o preparo da
pregação e o discipulado não são garantia de mudança nos homens,
eles são instrumentos importantes nesse trabalho da igreja, mas
O cuidado de Deus com o corpo de Cristo
Lições da Carta do Apostolo Paulo aos Coríntios Para os Nossos Dias
Lições Bíblicas Jovens - 2º Trimestre 2021 46
precisa haver a atuação do Espirito Santo na vida interior, bem como
uma entrega total do pecador para que ele saia da condição de homem
natural para homem espiritual. Julgue todas as coisas - O homem
espiritual, ajudado pela habitação do Espírito, está preparado para
estudar as verdades mais profundas do Espírito.
Conclusão
Nos dias atuais vemos um enfraquecimento do testemunho da
igreja. Uns dos motivos são os púlpitos perderem o poder com
pregações frívolas e sem conteúdo, trazendo superstições e magias
para o povo ao invés da verdadeira mensagem de CRISTO. Se faz
urgente que a juventude de hoje possa assumir um compromisso de
mudar essa realidade para a próxima geração, se comprometendo a
trazer um conteúdo bíblico para os alteres e assim restaurar o
testemunho cristão no Brasil. Nós podemos ajudar essa nova geração
no preparo para esses desafios.

Bibliografia
Dicionário BDB, Thayer e TVM
Matthew Henry’s Commentary on the Whole Bible
Comentários da Bíblia Diário Vivir
The People’s New Testament

O cuidado de Deus com o corpo de Cristo


Lições da Carta do Apostolo Paulo aos Coríntios Para os Nossos Dias
Lições Bíblicas Jovens - 2º Trimestre 2021 47

Lição 6
A Imaturidade Espiritual dos Coríntios
Pr. Francisco Maia

Texto do dia
“E eu, irmãos, não vos pude falar como as espirituais, mas
como a carnais, como a meninos em Cristo” (lªCo 3.1).

Síntese
A imaturidade espiritual traz muitos prejuízos para a Igreja,
como as dissensões.

Objetivos:
- Mostrar que os coríntios eram imaturos na vida cristã;
- Refletir a respeito do que pode nos impedir de crescer na fé;
- Compreender o perigo da estagnação na fé.

Interação
A leitura nos parece o centro de toda a atividade como
construção de sentido intelectual, quer na escola quer fora dela; o
ensino da leitura tem sido considerado como uma das principais
funções da escola desde os níveis mais elementares da escolarização.
Na escola, especialmente, dependemos da leitura a todo instante, para
tudo, em qualquer disciplina. Eis uma das razões por que devemos
cuidar da leitura com toda a dedicação e todo o cuidado que ela
merece. A EBD contribui com a leitura do Texto Bíblico, Literatura
Cristã, e outros.

Introdução
Os cristãos de Corinto viveram uma luta contra dois inimigos: o
mundanismo e a carnalidade. O primeiro é exterior, e o segundo,
interior. Os crentes de Coríntio algumas vezes eram aliciado por um
ou até mesmo pelos dois inimigos.

O cuidado de Deus com o corpo de Cristo


Lições da Carta do Apostolo Paulo aos Coríntios Para os Nossos Dias
Lições Bíblicas Jovens - 2º Trimestre 2021 48
Seduzidos pelos dois inimigos ele cometiam sérios pecados, um
após outro. O pecado das divisões na igreja de Coríntio era
acompanhado de outros pecados. Não existe pecado isolado - um leva
a outro, e o segundo reforça o primeiro. Cada pecado é uma
combinação de pecados.

I. Os Coríntios Eram Imaturos na Vida Cristã


Após a saída do apóstolo, a igreja de Corinto desceu de forma
alarmante quanto ao seu nível moral e espiritual. Estouraram divisões
amargas, permitiram os vícios mais baixos entre eles, abusaram da
liberdade cristã, deixaram-se influenciar por mestres legalistas, que
ensinavam de modo contrário aos ensinos Paulo, corromperam as
formas cristãs de adoração, agindo de forma ultrajante, até mesmo
quando da participação na Ceia do Senhor, comendo em excesso,
deixando-se embriagar e negligenciando os pobres da igreja, que
ficavam famintos e esquecidos. Essas atitudes demonstravam a
imaturidade dos irmãos da igreja em Corinto.
1. Os cristãos em Corinto ainda eram carnais (1ªCo 3.1).
Entre outras celebrações da comunidade, a celebração da Ceia do
Senhor, naquela época, incluía a “ágape” ou “festa de amor”,
imitação da refeição da páscoa, o que nos explica a oportunidade de
alguns terem um abastado banquete, ao passo que outros ficavam
famintos. Além disso, os cristãos de Corinto se mostravam
extremamente ativos no uso dos dons miraculosos; entretanto,
abusavam desses dons, criando a desordem nos cultos da igreja.
Também surgiram falsas doutrinas entre eles, sendo tolerados os
falsos mestres, sobretudo aqueles que pervertiam o ensino acerca da
ressurreição.
2. Os coríntios são chamados de crianças espirituais. “Eu,
porém, irmãos, não pude falar a vocês como a pessoas espirituais, e
sim como a pessoas carnais, como a crianças em Cristo” 1ªCo 3.1.
A palavra grega aqui traduzida por “crianças” é “nêpíois”. Esse
vocábulo usualmente indica alguém que ainda não sabe falar
(derivado de “ne”, o negativo, e de “epós”, palavra), ou seja, uma
criança tão pequena que ainda não aprendeu a falar, isto é, com
O cuidado de Deus com o corpo de Cristo
Lições da Carta do Apostolo Paulo aos Coríntios Para os Nossos Dias
Lições Bíblicas Jovens - 2º Trimestre 2021 49
menos de dois anos de idade. Notemos, pois, quão severa é a
repreensão de Paulo. Eram virtuais “recém-nascidos”, como cristãos,
totalmente destituídos de outras experiências cristãs válidas. Eram
cristãos imaturos, sem espiritualidade, embora se julgassem
altamente espirituais.
3. O cristão infantil não pode se alimentar de alimento sólido
(1ªCo 3.2). A menção que Paulo faz das crianças espirituais, no
versículo anterior, que eram cristãos tão recém-convertidos que ainda
não tinham experiências com o Senhor, sugeriu-lhe a menção de uma
dieta que ele aqui alude. Crianças muito pequenas só se alimentam de
leite, porque nem mesmo tem a capacidade de digerir alimento mais
sólido. É impossível alimentar tais crianças com alimento mais
sólido, como a carne.
Quando o apóstolo Paulo fala aqui em alimento solido, referia-
se a sabedoria divina, especialmente aquilo que se conhece sobre o
“mistério” por ele aludido em 1ªCo 2.6. Ali ele já havia declarado
que a sabedoria divina ele ensinava aos cristãos “experimentados” ou
maduros em Cristo. Não há que duvidar que nesse “mistério” ele
incluía a elevadíssima doutrina da transformação dos remidos
segundo a imagem de Cristo, tanto em seu aspecto moral como em
seu aspecto metafisico. Contudo, naquele versículo e aqui, são
destacadas, sobretudo as obrigações morais. (cf. Rm 8; Ef 1).
II. O Que Pode nos Impedir de Crescer na Fé.
Paulo demonstrara que buscar e ensinar somente a “sabedoria
humana” impediria o crescimento sadio da igreja corintiana; e que
aqueles que assim estavam agindo, na realidade não eram homens
espirituais, mas antes, carnais. E agora ele passa a demonstrar que a
carnalidade daquele grupo de cristãos que permitiam que tais
retóricos e sofistas os desviassem da simplicidade do evangelho, era
o fator que causara tantas divisões naquela congregação cristã. Era
necessário, pois, que aqueles crentes reconhecessem ser isso
resultado de sua carnalidade. E, assim sendo, não somente a classe
dos intelectuais exibira a sua carnalidade, por buscarem como seu
alvo coisas meramente terrenas, mas também a igreja de Corinto em
geral se tornara culpada, por permitir a existência de tal condição,
O cuidado de Deus com o corpo de Cristo
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Lições Bíblicas Jovens - 2º Trimestre 2021 50
chegando ao extremo de selecionar partidos, contra e a favor de
certos líderes, que passaram a ser considerados os “heróis” ou os
campeões dos vários grupos, como Apolo, Paulo, Pedro e outros.
1. Alimentar o sentimento de inveja (1ªCo 3.3). “O coração
tranquilo é a vida da carne; a inveja, porém, é a podridão dos ossos”
(Pv 14.30). A pessoa invejosa não sabe amar, sabe apenas dominar,
possuir. A inveja fez com que “o sumo sacerdote e todos os que
estavam com ele” lançassem os apóstolos na prisão (At 5.17),
Também, “os patriarcas, movidos de inveja, venderam a José para o
Egito”. Caim assassinou seu irmão movido de inveja profunda,
descaindo-lhe o semblante (Gn 4.6). A inveja se oculta, por vezes,
atrás de uma face de boa vontade. Reveste-se de palavras, como:
“Sim, ele fez bem, mas...,” e: “Não gosto de dizer isto dele, mas...,” e
nova chama irada surge. A inveja e própria de imaturidade. É
maligna, diabólica e destruidora. Procede do próprio Satanás, que no
princípio foi chamado de “Lúcifer” (filho da manha). Ele é o nosso
adversário, o enganador, e devemos nos precaver contra as investidas
que faz, tentando corromper nossa moral e nosso caráter.
2. Promover contendas e dissensões (1ªCo 3.3). O apóstolo
mostrou aos crentes a causa de existirem divisões na igreja de
Corinto, o mundanismo - eles prezavam a sabedoria humana, e
aponta a carnalidade como a razão de criarem partidos. A existência
do partidarismo -vs.1-3. O partidarismo não era somente externo (o
mundanismo); mas também interno (a carnalidade). Os crentes de
coríntios haviam sido seduzidos pela própria carne. Paulo os chama
de “irmãos”, mas não podia diminuir a gravidade do pecado que
haviam cometido. E se dirigir a eles como “... a carnais, como a
crianças em Cristo” (v.1). O crente espiritual é controlar pelo
Espírito Santo, enquanto o crente carnal é controlado pela natureza
carnal (Rm 8.9,14). A carnalidade não é um estado que permanece,
mas um comportamento ocasional, quando prevalece o comando da
carne (Rm 8.5-14).
3. A falta de unidade. A carnalidade não é inevitável. Os
cristãos de Corinto não cresciam, alimentavam os apetites carnais,
colocavam em evidência os ciúmes e as contendas. O ciúme é a
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Lições da Carta do Apostolo Paulo aos Coríntios Para os Nossos Dias
Lições Bíblicas Jovens - 2º Trimestre 2021 51
atitude emocional interna; e a contenda é sua expressão exterior. O
ciúme se revela como forma de egoísmo, característica comum às
crianças, e não aos adultos. Os crentes de Corinto desenvolveram
uma lealdade em torno de indivíduos, e isto se manifesto com ciúme
entre os grupos, e surgiram as contendas - v.4. Devemos mudar o
foco - vs.5-9. Evitamos as divisões quando olhamos fixo para o
Senhor, o único que deve ser exaltado. Focando nossa atenção no
Senhor, eliminamos o perigo da formação dos partidos na igreja.
III. O Perigo da Estagnação na Fé.
A infantilidade em coríntio aponta para o fato de que não
cresceram como cristãos e ainda precisavam receber instrução de
coisas como “não briguem, vocês são…”. Eles se achavam os mais
sábios e mais espirituais, mas, na verdade, eram infantis e ainda não
podiam suportar alimento sólido, um conteúdo cristão doutrinário e
ético mais profundo. Os coríntios deveriam deixar a infantilidade de
só quer seguir um mestre específico, e compreender que Deus usa
diferentes mestres em sua igreja, cada qual com suas características
peculiares, mas todos capacitados pelo mesmo Deus.
1. Substituir o verdadeiro fundamento imobiliza a fé (1ªCo
3.10,11). Apolo e Paulo eram simplesmente servos do Senhor, usados
para a instrução dos coríntios, de acordo com os dons e habilidades
que Deus havia concedido a cada um. Paulo plantou, Apolo regou.
Era inútil, portanto, que atribuíssem qualquer glória a Paulo ou a
Apolo. Eles foram simples instrumentos da fiel ação divina, que
trouxe os crentes de Corinto à comunhão do Filho de Deus (1ªCo
1.9). Paulo usou uma ilustração do que acontece na agricultura para
demonstrar a dependência de cada servo ao seu Senhor. “Plantar” e
“regar” são ações humanas, mas “dar o crescimento” é obra de Deus.
Ambas as funções são inúteis, se Deus não fizer crescer.
Qual é fundamento? O único fundamento verdadeiro é Jesus
Cristo, a sua Palavra. Ninguém pode por outro fundamento como se
fosse de alguém em particular, por isso Paulo, adverte: quem diz
pertencer a Paulo ou Apolo comete pecado porque diz estar debaixo
da doutrina e domínio deles e não de Cristo. Quando estão dizendo
“eu sou de...”, eles estavam dizendo “eu pertencem” “são de”, a
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Lições Bíblicas Jovens - 2º Trimestre 2021 52
homens e não Cristo. Ainda, sutilmente, na intenção real do espírito
dessa estranha conversa, Paulo e Apolo tornam-se exaltados e
vangloriados acima de Cristo, como se a glória fosse deles e não de
Cristo.
O que é edificar sobre o verdadeiro fundamento. Paulo
plantou e Apolo regou e o crescimento da obra foi dado por Deus.
Paulo diz que, segundo a graça de Deus que lhe foi dada, plantou, ou
seja, ele plantou o verdadeiro fundamento, a única doutrina para
edificação da Igreja. Paulo havia falado sobre o problema enfrentado
pelos coríntios nos versos 1.10-17. Depois ministrou remédios contra
os problemas enfrentados na igreja de Coríntios:
1) Ele afirmou que não havia motivo de orgulho, porque a
mensagem da cruz é humilhante (1ªCo 1.18-25);
2) Diz que Deus escolhe as coisas desprezadas para
envergonhar as grandiosas (1ªCo 1.26-31);
3) Ele apresentou seu exemplo de não depender de sabedoria
humanas em sua pregação em Corinto (1ªCo 2.1-5);
4) Ele afirmou que a sabedoria do mundo e a de Deus são de
naturezas diferentes (1ªCo 2.6-9);
5) Ele diz que somente quem tem o Espírito de Deus pode
entender as coisas de Deus (1ªCo 2.10-16). Paulo volta ao problema e
apresenta o diagnóstico - eles estão vivendo em ciúmes e contendas
(3.3) e estão se colocando como seguidores de homens em vez de
seguirem a Cristo (3.3-4).
2. Ignorar o juízo divino pode comprometer a vida eterna com
Deus. Quanto ao fato que os obreiros ocupam um mesmo nível no
serviço, sendo elementos mutuamente interdependentes, e não rivais
entre si. Mediante da ousada metáfora, que Paulo expandiu, ficou
demonstrado que tanto aquele que planta como aquele que rega
trabalha juntos. Se ninguém plantasse, regar seria uma atividade
inútil. Se ninguém regasse, a planta daria em nada... Deus conferirá a
cada qual o que seu trabalho merece. Esse é o pagamento que o
pregador certamente receberá. Poderá obter pouco demais ou muito
demais neste mundo, por parte dos homens. Porém, a devida

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Lições da Carta do Apostolo Paulo aos Coríntios Para os Nossos Dias
Lições Bíblicas Jovens - 2º Trimestre 2021 53
recompensa virá de Deus. Essa recompensa é infalível, e será
adequada.
3. O perigo de se gloriar na sabedoria humana (1ªCo 3.18-
23). Alguma sabedoria divina, se existente nesses “... poderosos...”,
tê-los-ia feito reconhecer a presença do Senhor da gloria entre eles,
personificada no Senhor Jesus Cristo.
Contudo, faltava-lhes inteiramente essa sabedoria; e, por esse
motivo, praticaram o pior crime da presente dispensação, a
crucificação do próprio Messias. Foram os sábios da terra, sobretudo
as autoridades religiosas da Palestina, que provocaram as agonias e a
paixão de Cristo. E porventura os cristãos, para detrimento do nome
de Cristo e da unidade da igreja cristã, haveria novamente de buscar
tal sabedoria, ao invés de se contentarem com a superior mensagem
da cruz? É incrível, mas assim e que estava acontecendo na igreja
crista de Corinto. A sabedoria mundana não havia impedido, mas
antes, havia provocado o maior de todos os crimes, e a ausência de
sabedoria divina fez com que não houvesse qualquer proteção para
aqueles que caíram nesse hediondo pecado.
Poderia, pois, a igreja cristã inquirir por essa sabedoria
mundana, ao mesmo tempo em que negligenciaria e até mesmo
desprezaria a verdadeira e celestial sabedoria? Nenhum cristão
“experimentado” ou maduro, embora fraco, poderia fazer isso. Mas
os cristãos infantis e carnais se inclinavam por tão grande equívoco,
chegando mesmo a ufanar-se de sua suposta sabedoria superior.
Conclusão
Pessoas são influenciadas por pessoas. Assim como cristãos são
desenvolvidos por outros cristãos. A vida exige muito mais que
conceitos; exige exemplos. É difícil definir o poder que pessoas
exercem sobre outras, tanto para o bem como para o mal. É comum
falar: não olhe para mim, olhe para Cristo. Essa frase agrada, porque
me liberta de um grande peso e responsabilidade. Não desejo
ninguém se espelhando em mim e com isso deixando-me ainda mais
preocupado com meu estilo de vida. Mas estou errado e se você é
como eu também estou errado. Somos chamados a ser exemplos,
bons exemplos. Exemplos a serem seguidos.
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Lições da Carta do Apostolo Paulo aos Coríntios Para os Nossos Dias
Lições Bíblicas Jovens - 2º Trimestre 2021 54

Bibliografia
Pearlman, Myer. Eurico. Epístolas Paulinas. Rio de Janeiro: CPAD.
2012.
Pffeifer, Charles F. Dicionário Bíblico Wicliffe. Rio de Janeiro:
CPAD, 2006.
Pearlman, Myer. Conhecendo as Doutrinas da Bíblia. Rio de
Janeiro: CPAD, 1984.
Champlin, Russell Norman, O NT interpretado, 1ªCoríntios, 2ª
Edição, São Paulo: Hagnos, 2001.

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Lição 7
É Deus Que da o Crescimento
Profª Dorcas Souza

Texto do dia
“Eu plantei, Apolo regou; mas Deus deu o crescimento” (1ªCo
3.6)

Síntese
Nós podemos plantar a melhor semente, adubar, limpar e podar,
mas somente Deus é que da o crescimento à plantação.

Objetivos:
- Mostrar que Paulo plantou a semente das boas novas em
Corinto
- Saber que Apolo regou a semente plantada por Paulo;
- Compreender que a obra de Deus envolve muitos
cooperadores.

Interação
Querido professor, nossa oração a Deus é que você continue
sempre cheio do Espírito Santo. Afinal, estar cheio do Espírito faz
toda diferença quando ministramos a Palavra de Deus! O Senhor
Jesus, quando ensinava as Escrituras, estava repleto do Santo Espírito
(Lc 4.14-21). Ele próprio concedeu-nos o seu Espírito, a fim de
ensinarmos com ousadia, desembaraço e unção (At 1.8). Não são as
nossas belas palavras que vencem o mal e transformam a vida de
nossos alunos, mas a Palavra do Senhor transmitida “em
demonstração de Espírito e de poder” (1ªCo 2.4). Seja, professor,
continuamente “cheio do Espírito” (Ef 5.18)

Introdução
Sejamos fiéis no desempenho do labor que Deus nos dispõe e
no emprego daquilo que nos confia – o evangelho, os talentos, nosso
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tempo, as finanças, as oportunidades e qualquer coisa que tivermos a
nossa disposição. Almejemos recusar fielmente qualquer tentação de
cultuar a nossa própria glória. Desejemos edificar com presteza a
Igreja de Cristo para glória de Deus, sendo dignos de exemplo para
os demais. Vejamos o que Paulo afirma aos Coríntios: “Eu plantei,
Apolo regou; mas Deus deu o crescimento”. O crescimento só Deus
pode dá.

I. Paulo Plantou a Semente de Boas Novas em Corinto


1. Paulo foi o pioneiro na igreja de Corinto. Paulo foi pastor
fundador da igreja de Corinto e cuidou dela durante seus primeiros
dezoito meses. Algumas conversões vieram nesse período. Paulo
trabalhou fortemente na obra de evangelização, quando imperava
Cláudio no fim da sua segunda viagem missionária (At 18.18); ali
foram escritas as duas epístolas aos Tessalonicenses; aos seus
trabalhos nesta cidade há referências em At 18.27; 19.1; 1ªCo 3.6. Foi
a igreja de Corinto, composta de gentios e judeus convertidos.
2. Paulo não parou de plantar mesmo na ausência. Mesmo
estando em Éfeso na sua terceira viagem missionária, Paulo
acompanhava os Coríntios e os orientavam através de Timóteo que
enviara para lá. Ao ser informado dos muitos e graves problemas dos
crentes de Corinto, Paulo escreveu-lhes uma carta, não para
envergonhá-los, mas para admoestá-los como filhos amados (1ªCo
1.11). O propósito do apóstolo era tríplice:
a) Exortá-los a mudar sua conduta (desunião, imoralidade,
processos judiciais, culto escandaloso, etc.;
b) Doutriná-los sobre assuntos gerais e comuns da vida
cristã (matrimônio, amor ao próximo, a consciência e a liberdade
cristã);
c) Explanar a doutrina fundamental da ressurreição de Cristo
e corrigir os falsos ensinos. Também doutrinar sobre o arrebatamento
da Igreja por Cristo, começando com a ressurreição em glória dos
mortos salvos, e a transformação dos vivos e sua trasladação para o
céu.

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Lições Bíblicas Jovens - 2º Trimestre 2021 57
3. Paulo deu graças pelo crescimento solidário dos Coríntios.
O amadurecimento espiritual dos Coríntios é reconhecido por Paulo e
Paulo se alegra agradecendo a Deus! É Deus que da o crescimento.
Os crentes de Corinto melhoraram à medida que o apóstolo e pai na
fé, Paulo, os admoestava biblicamente (1.1,2). Apesar da última carta
ser escrita de uma forma dura os Coríntios receberam a mensagem
com respeito e consideração. Paulo dava “graças ao meu Deus” pelos
crente de Corinto, apesar de seus problemas. Paulo os chama de
“irmãos”, apesar de muitos deles, na segunda epístola, falarem mal
da pessoa de Paulo e do seu ministério.
II. Apolo Regou a Semente Plantada Por Paulo
1. Apolo, um homem cheio de sabedoria. Eloquente judeu de
Alexandria, que veio a Éfeso durante a ausência de Paulo. Apolo se
destacava por sua oratória e conhecimento nas escrituras judaicas.
2. Apolo sucede a Paulo em Corinto. Ao chegar em Éfeso, na
ausência de Paulo, Apolo foi perfeitamente instruído na doutrina de
Jesus Cristo por Áquila e Priscila. Por conselho destes foi a Corinto,
onde foi bem-sucedido no seu trabalho, especialmente nas discussões
com os Judeus (At 18.24-28). Quando Paulo escreveu a sua primeira
epístola aos Coríntios, a igreja de Corinto estava dividida em diversas
parcialidades; uns cristãos eram do partido de Apolo em oposição a
outros, que arrogavam a si próprios os nomes de Paulo, de Cefas, e
de Cristo (1ªCo 1.12; 3.4 a 6.22; 4.6). Apolo não era de modo algum,
responsável por aquele cisma, pois é certo que Paulo tinha inteira
confiança nele (1ªCo 16.12).
3. Apolo ajudou os cristãos de Corinto a se fortalecerem na
fé. Paulo reconhece o trabalho de Apolo ao afirmar em 1ªCo 3.6 “Eu
plantei, Apolo regou; mas Deus deu o crescimento”.
III. A Obra de Deus Envolve Muitos Cooperadores
1. A obra de Deus é feita por cooperadores. A igreja de Cristo
é um organismo vivo e sua função não se limita à proclamação do
Evangelho. Ela serve ao Pai e ao próximo. Todos são cooperadores
na obra de Deus. O serviço na igreja consiste em ajudar, suprir as
necessidades dos filhos e filhas de Deus. A igreja local, portanto,
deve socorrer os necessitados, as viúvas e os desamparados. Suas
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obras sociais confirmam e legitimam a sua pregação. A prática do
serviço através do “Corpo de Cristo” é um mandamento do Senhor:
“Ama o teu próximo como a ti mesmo” (Mc 12.31). A proclamação, a
comunhão e o serviço farão da igreja uma autêntica expressão do
Reino de Deus (1ªTm 2.14-26). A exemplo de Paulo e Apolo,
cooperadores na obra de Deus, devemos como servos de Deus
cooperar na obra de Deus com amor e dedicação.
2. Os cooperadores plantam e regam, mas somente Deus dá o
crescimento. Para colhermos frutos precisamos plantar. Mais do que
simplesmente plantar, precisamos preparar a terra, abrir o solo,
cobrir, regar e esperar pelo milagre da germinação e crescimento.
Assim é na obra de Deus e o que Paulo ensinou aos Coríntios. O
plantio e o cuidado é nosso, mas o crescimento só através de Cristo.
É ele que garante o crescimento e amadurecimento espiritual. Que
possamos deixar de lado as divisões e venhamos a plantar no coração
do mundo a semente do evangelho enquanto há tempo.
3. Disposição para servir. O maior no Reino de Deus é o servo
de todos (Lc 22.26,27). É o que serve aos enfermos, aos necessitados
e aos feridos sem esperar nada em troca (Tg 1.27). Nisto, Cristo Jesus
é o nosso supremo exemplo. Sendo Ele o Deus “bendito
eternamente” (Rm 9.5), por amor de todos nós, humilhou-se e
entregou-se a si mesmo como sacrifício expiador dos pecados do
mundo (Ef 5.2; Fp 2.5-11). Quanto poderíamos influenciar o mundo
se vivêssemos, de fato, como servos de todos, assim como nos
reivindica a Palavra de Deus.
Conclusão
A igreja de Cristo tem a responsabilidade de proclamar e
demonstrar as virtudes do Reino de Deus a toda criatura (1ªPe 2.9).
Neste mundo, nós os salvos, aqui estamos para servir ao Senhor e ao
próximo (Fp 2.3,4). Um dia, estaremos para todo o sempre com o
Senhor. Mas enquanto esse dia não chega, sigamos o exemplo de
Cristo, que sendo Deus, tomou a forma de servo (Fp 2.5-11). Que
venhamos como igreja do Senhor Jesus plantar o evangelho da
salvação no mundo, regar com a Palavra Deus. Com certeza Deus
fará germinar e dará o crescimento saudável.
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Bibliografia
HENRY, M. Comentário bíblico: Novo Testamento, Atos a
Apocalipse. Rio de Janeiro: CPAD.
STRONSTAD, Roger. Comentário Bíblico Novo Testamento. 1.
Ed. Rio de Janeiro:CPAD.

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Lição 8
A Impureza da Igreja em Corinto: Repreensões e Exortações
Prof. José Nicolas

Texto do dia
“Alimpai-vos, pois, do fermento velho, para que sejais uma
nova massa, assim como estais sem fermento. Porque Cristo, nossa
páscoa, foi sacrificado por nós” (1ªCo 5.7. ARC).

Síntese
A disciplina no corpo de Cristo é necessária para a restauração
daqueles que cometem pecado.

Objetivos
- Compreender o significado e a necessidade da disciplina na
Igreja em Corinto;
- Mostrar a disciplina como preservação da santidade da igreja;
- Conscientizar do cuidado com a pessoa depois da disciplina.

Interação
Quanto mais aprendemos, potencialmente, em tese, melhores
são os nossos atos. Por conseguinte, as ações convergiriam para o
bem em nosso entorno. Assim, o ensino religioso, especialmente a
bíblica, permite-nos conhecer o Criador, a criação, as criaturas.
Permite-nos conhecer os homens e, com isso, aprender também com
eles, em consonância com sua história, suas atitudes, seus exemplos.
É possível também aprender e apreender sobre as Instituições, seus
valores, sua missão. Aprendamos pois!

Orientação pedagógica
Esboce ou exponha visualmente a epístola de forma simples e
didática. A revista de professores possui um modelo.

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Introdução
Que é disciplina. Definição do Dicionário Aurélio Básico da
Língua Portuguesa: 1. Regime de ordem imposta ou livremente
consentida. 2. Ordem que convém ao funcionamento regular duma
organização (militar, escolar, etc.). 3. Relações de subordinação do
aluno ao mestre ou ao instrutor. 4. Observância de preceitos ou
normas. 5. Submissão a um regulamento. 6. Qualquer ramo do
conhecimento (artístico, científico, histórico, etc.). 7. Ensino.
Instrução, educação. 8. Conjunto de conhecimentos em cada cadeira
dum estabelecimento de ensino; matéria de ensino. (p. 224).

I. O Significado e a Necessidade de Disciplina.


O termo disciplina vem do “lat[im] disciplina”, a e ação de se
instruir, educação, ciência, disciplina, ordem, sistema, princípios de
moral, cog[nato] de discipulus. Significa, como diacronismo antigo,
“ensino e educação que um discípulo recebia do mestre” ou
“obediência às regras e aos superiores”. Trata-se, ainda, de
“regulamento sobre a conduta dos diversos membros de uma
coletividade, imposto ou aceito democraticamente, que tem por
finalidade o bem-estar dos membros e o bom andamento dos
trabalhos”. Por extensão de sentido, é “obediência a regras de cunho
interior; firmeza, constância”.
1. Respeito e cuidado com o Corpo de Cristo (1ªCo 5.1-3). Não
é muito provável que a sociedade local de Corinto tivesse pensado
haver qualquer coisa de especialmente prejudicial no fato de um
homem chegar a ter como sua “esposa” aquela que fora esposa ou
mesmo concubina de seu próprio pai. E é mesmo possível que tais
mulheres fossem transferidas de um para outro, sem qualquer ideia de
que assim se cometia um gravíssimo pecado. “... imoralidade...”
talvez possa ser traduzida por “formicação”, como usualmente
sucede, a fim de dar a entender qualquer contato sexual ilícito, não
apenas de pessoas “solteiras”, conforme no original grego, o
vocábulo é algumas vezes usado, em sentido mais restrito. O termo
grego aqui usado, “porneía”, significa “prostituição”, “falta de
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castidade”, “formicação”, etc. E essa palavra era constantemente
usada na literatura grega a fim de indicar qualquer contato sexual
proibido. O vocábulo “moikheía” é um termo de sentido mais restrito,
dando a entender o pecado de “adultério”, os contatos sexuais ilícitos
dos casados, com outras pessoas casadas ou com solteiros, mas que
envolve pelo menos uma pessoa comprometida em matrimonio. O
vocábulo grego “porneía” algumas vezes serve de sinônimo, mas
pode ser usado para referir-se a todas as formas de “imoralidade”.
Essa tradução é boa porque expressa a mesma ideia “geral” que o
termo grego.
Paulo não usa a palavra “adultério”, e isso talvez indique que
seu pai já era falecido. Mas já sabemos que, em vista do termo grego
“porneía” ter um sentido tão geral, que é possível que esteja aqui em
vista o adultério. O pai daquele homem, assim sendo, poderia ainda
estar vivo; e diversos interpretes tem usado o trecho de 2ªCo 7.12 a
fim de mostrar que ele realmente ainda vivia, tendo sido a pessoa
ofendida nesse pecado.
2. A disciplina é uma decisão que deve ser tomada em
conjunto (1ªCo 5.4). O pecado é uma coisa sutil, e a medida da
responsabilidade nem sempre é fácil de medir, de admoestar ou
resolver formalmente. Joio e trigo em algumas fases não são fáceis de
distinguir. Isto não é para desculpar negligência criminosa, ou
fraqueza, ou infidelidade ao ideal de uma Igreja. A obrigação
encontra-se em realizar a correção com amor e justiça. Sempre que se
oferece oportunidade justa, como em Corinto caso claro, abundante
evidente, nenhum momento de hesitação deve ser permitida. Agir,
prontamente, definitivamente, é necessário. Sempre que possível, a
“comunidade” igreja deve declaradamente deixar claro a não
cumplicidade com o pecado.
Essa disciplina deveria ser executada pela congregação inteira,
o que subentende uma ação democrática. Outro tanto se aprende no
trecho de Mt 18.15-17, onde é lançada luz sobre a questão da
disciplina no seio das congregações cristãs locais. Nenhuma pessoa
isolada, e nem mesmo alguma junta de anciãos ou diáconos pode
arrogar-se o direito de dar solução a um caso desses, por tratar-se de
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questão seríssima. A solução deve ser encontrada pela igreja inteira.
Somente se houver um julgamento apropriado, em que o acusado
recebe o direito de defender-se, e que as instruções de Paulo, aqui
dadas, podem ser cumpridas de forma satisfatória, no que tange aos
casos de exclusão de membros. O voto conjunto da congregação local
inteira impressiona ao acusado, e pode leva-lo ao seu
arrependimento. E perceberá o tal que não se tratava de um pequeno
grupo de dirigentes, dentro da congregação, que tomou tal
deliberação, sem o apoio da congregação inteira.
3. A disciplina é um tratamento para a cura espiritual (1ªCo
5.5). A sentença baixada por Paulo foi extremamente severa, e só
pode ter sido sugerida e proferida mediante a sua autoridade
apostólica. Essa sentença e virtual condenação a morte, às mãos de
Satanás. (cf. v.5). Podemos concluir que a menos que Deus nos
envolva com a sua proteção, as forcas do mal certamente nos
consumiriam.
O poder satânico tem a capacidade de atingir adversamente as
vidas dos homens, podendo até mesmo levar os homens a morte
física. Esse poder será certamente exercido pelos espíritos malignos,
exceto quando um homem está sob a proteção do Senhorio de Cristo.
Desfrutamos dessa proteção quando aceitamos a Jesus Cristo como
nosso Senhor; e podemos perdê-la quando desconsideramos o
senhorio de Cristo. Por essa razão é que, em Corinto, Paulo disse que
esse membro da igreja cristã local perderia a proteção de Cristo, e
que a sua vida física ficaria a mercê dos poderes malignos,
controlados por Satanás, a fim de que aquela comunidade crista fosse
purificada e santificada, ao mesmo tempo em que aquele indivíduo
culpado seria poupado da perdição eterna.
II. A Disciplina Como Preservação da Santidade da Igreja
O conceito básico de santidade, é exposto pela primeira vez
texto bíblico no episódio da sarça ardente: “Então disse [Moisés]
consigo mesmo: Irei lá e verei essa grande maravilha; por que a
sarça não se queima? Vendo o SENHOR que ele se voltava para ver,
Deus, do meio da sarça, o chamou e disse: Moisés, Moisés! Ele
respondeu: Eis‐me aqui! Deus continuou: Não te chegues para cá;
O cuidado de Deus com o corpo de Cristo
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Lições Bíblicas Jovens - 2º Trimestre 2021 64
tira as sandálias dos pés, porque o lugar em que estás é terra santa”
(Êx 3.3‐5). A santidade em nós é a cópia ou a transcrição da
santidade de Cristo. Assim como a cera duplica cada detalhe do selo,
e o filho tem a mesma aparência do pai, assim a santidade em nós é
como a dele. Philip Henry.
1. A metáfora do fermento velho (1ªCo 5.6-7). A conexão entre
o fermento e o pecado e sua remoção, tudo o que tipificava a
purificação, se alicerçava nos costumes das festas religiosas dos Paes
Asmos e da páscoa. A primeira dessas festividades era de natureza
agrícola, celebrada durante os sete dias que se seguiam
imediatamente a páscoa. No texto de Êx 12.15-20, lemos as
instruções acerca da busca pelas casas, visando a remoção de todo o
vestígio de fermento.
Nenhum cereal capaz de fermentar podia ser encontrado nas
casas, durante essa festividade religiosa. Na festa original dos Paes
Asmos, isso servia para lembrar ao povo de Israel quão
precipitadamente tinham partido do Egito, quando, sem esperarem
que o pão fermentado fosse cozido, levaram consigo a massa ainda
sem fermento. E assim, essa festa fazia com que se lembrasse de sua
posição de peregrinos. O fermento tornou-se, dessa forma, símbolo
de desintegração e corrupção (Lv 2.11). E, para as mentes judaicas,
qualquer coisa que estivesse em estado de decomposição lembrava a
“imundícia”. Por essa razão também é que os rabinos judeus com
frequência usavam o fermento como símbolo do mal, e ate mesmo da
corrupção hereditária do homem (cf. Êx 12.8 e 15.20).
Outras culturas também preservavam tal ideia. Como exemplo
disso, Plutarco declarou: “O próprio fermento é a fonte originária da
corrupção, corrompendo a massa com a qual foi misturado”. E em
Persius (Sat. 1.24) vemos que a fermentação é empregada como
símbolo de “corrupção”.
Por causa de tais vinculações de ideias, o fermento era
inteiramente excluído das ofertas oferecidas sobre o altar de Jeowáh,
porquanto somente bolos feitos de massas asmas, isto é, sem
fermento, podiam ser oferecidos ali. (cf. Lv 10.12). Não obstante,
essa mentalidade tinha exceções, porquanto pão levedado
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acompanhava as ofertas pacíficas e as ofertas movidas (quando da
festa de Pentecoste; Lv 7.13 e comparar com Am 4.5). Não parece
que o Cristo tinha usado o fermento, em suas ilustrações em Mt 13.33
e ss. (paralelos em Lc 13.20, 21), em qualquer sentido mau.
3. Paulo já havia advertido por Carta a igreja a respeito da
prostituição (1ªCo 5.9-11). As orientações que Paulo dera na carta
anterior tinham sido mal compreendidas ou deturpadas. Não fora sua
intenção que eles não tivessem nenhum contato com os maus homens
deste mundo, para o que precisariam sair do mundo. “Não
propriamente” significa, no original grego, “não em todas as
circunstâncias”. Surgiriam circunstâncias em que teriam que se
encontrar com crassos pecadores. Ele estende a lista, abrangendo
outros, além dos “fornicários” ou “impuros”.
Os avarentos, “pleonektai”, são os dominados pelo desejo de
ter mais (“cobiçosos”), pelo espírito de engrandecimento próprio. Do
espírito Paulo passa para as ações. Roubadores, “harpages”, sãò os
que agarram alguma coisa, isto é, ladrões de qualquer tipo e forma.
Ambos são postos juntos como uma classe, sendo que os dois
substantivos são unidos sob um só artigo e ligados pelo artigo grego
“kai”, ao passo que são separados dos outros por “ê”. Estes pecadores
mantêm errônea relação com o homem, e Paulo inclui idólatra, que
mantêm errônea relação com Deus. Homens maus assim são
numerosos. É impossível viver sem ter algum contato com eles.
Paulo não tinha pretendido censurar isso.
III. O Cuidado Com a Pessoa Depois da Disciplina.
Longe de ser motivo do pecado, o seguidor de Jesus se oporá a
ele. Quando alguém peca, repreende-o. Não se quer dizer que adotará
uma atitude de censura, porque os ensinos de Jesus ressaltam o
perdão. Significa que será compassivo, mas não fraco. Não pode ser
indiferente diante do mal, mas isto não significa que guardara
ressentimentos. Se quem transgrediu se arrepender, o cristão deve
perdoar-lhe. E seu perdão deve ser sem limites. Quando Jesus fala de
“sete vezes” no dia não quer dizer, naturalmente, que uma oitava
ofensa não será perdoada (cf. Mt 18.21-22). Cristo está ensinando
que o perdão deve ser habitual. Do ponto de vista do mundo, a
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sétupla repeticão de uma transgressão num só dia deve lançar duvidas
sobre a veracidade do arrependimento do pecador. Mas esta não é a
preocupação do cristão. O dever do cristão é perdoar.
1. O cristão deve amar o pecador e odiar o pecado. Tenham
cuidado. Se o seu irmão pecar, repreenda-o; se ele se arrepender,
perdoe-lhe. Se pecar contra você sete vezes num dia e sete vezes vier
para lhe dizer: “Estou arrependido”, “perdoe-lhe” (Lc 17.3-4 NA). O
texto acima mostra o apóstolo empenhado na recuperação do irmão
que havia pecado e atingido toda a comunidade cristã de Corinto.
Há mais a amar o filho pródigo arrependido, com toda a sua
“vida desregrada”, e os resíduos do seu patrimônio, do que o irmão
mais velho de má vontade, cuja vida é inocente, para salvar o único
pecado ao longo da vida de um coração sem amor. O irmão de
Corinto pecara grosseiramente, mas arrependeu-se graciosamente. O
pecado precisava de cada palavra de repreensão mais severa que
Paulo havia escrito; o bom nome da Igreja e de Cristo deve a todo
custo ser mantida clara perante o mundo.
Terrível foi o pecado deste homem, entretanto, havia também
muita graça naquele homem, havia esperança para o homem, que tão
prontamente e sem reservas, com lágrimas e coração partido, se
curvara diante da censura de seu pastor e seus irmãos, e em quem
consciência era tão facilmente despertada e tão inteiramente
obedecida.
2. A disciplina deve ser aplicada em um ambiente de perdão e
graça. “Basta-lhe a punição imposta pela maioria. De modo que,
agora, pelo contrário, vocês devem perdoar e consolar, para que
esse indivíduo não seja consumido por excessiva tristeza. Por isso,
peço que vocês confirmem o amor de vocês para com ele” (2ªCo 2.6-
8. NA). E, mais uma vez, como no caso do penitente malfeitor de
Corinto, fica a lição pra sermos muitos cautelosos no disciplina.
Naturalmente, não é fácil para quem está sofrendo sob o chicote, a
pensar coisas muito gentis da parte dele. A criança dificilmente
aprecia no momento em que o amor ou a sabedoria que acusa
nitidamente ou pune severamente. Mas o amor está lá. Foi assim a
atitude do apóstolo para com o irmão transgressor.
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3. A disciplina não significa abandono da pessoa disciplinada.
Paulo, como bom apóstolo de Cristo, necessariamente reproduz mais
ou menos perfeitamente o padrão do mestre, porque o Espírito de
Cristo está dentro de si, moldando seu caráter. E “aquele que tem
visto” Cristo nos lembra como Ele, uma vez pelo menos, “olhou em
volta” em um encontro em uma sinagoga de Cafarnaum com uma
“raiva” santa em seus olhos (cf”. Mc 3.5). É entristecido com a
dureza dos corações o lamento de gritos de amor decepcionado:
“Quantas vezes quis eu ajuntar...”. Ao ver a rejeição que Jerusalém
lhe fizera, Jesus chora por amor, pois a raiva e a decepção nunca
devem estar distantes de da graça de Deus Pai. O cristão não deve
sentir nenhum prazer por infligir dor (da disciplina). Ele deve ter
amor pelas criaturas pecadoras iguais a si.
Conclusão
“Pelo contrário, sejam bondosos e compassivos uns com os
outros, perdoando uns aos outros, como também Deus, em Cristo,
perdoou vocês” (Ef 4.32. NA). O exemplo e o motivo supremos para
todo perdão da parte do cristão é o perdão do próprio Deus. Deus em
Cristo vos perdoou (2ªCo 5.19). Isto Ele já o fez de uma vez por
todas. Portanto, os homens devem perdoar-se por amor e gratidão a
Ele. Os próprios evangelhos enfatizam que o coração que não está
perdoando não pode receber o perdão de Deus (Mt 6.12, 14; 18.21-
35). Mas o como também (kathós) significa mais do que “porque”,
pois deve haver uma semelhança real entre o perdão de Deus e o ato
cristão de perdoar. Este último deve ser tão livre e completo como o
dEle, que coloca os pecados do homem tão longe quanto o Oriente
dista do Ocidente, e nunca mais os põe diante dele.

Bibliografia
Pearlman, Myer. Eurico. Epístolas Paulinas. Rio de Janeiro: CPAD.
2012.
Pffeifer, Charles F. Dicionário Bíblico Wicliffe. Rio de Janeiro:
CPAD, 2006.
Foulkes, Francis. Comentário de Mateus. São Paulo : Vida Nova,
1981.
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Lição 9
Paulo Censura a Contenda Entre Irmãos
Prof. José Nicolas

Texto do dia
“Na verdade, é já realmente uma falta entre vós terdes
demandas uns contra os outros. Por que não sofreis, antes, a
injustiça? Por que não sofreis, antes, o dano?” (1ªCo 6.7. ARC).

Síntese
Devemos evitar as contendas judiciais entre os membros da
igreja, pois o acerto amigável é melhor que uma contenda jurídica,
principalmente com um irmão na fé.

Objetivos
- Mostrar o poder de julgamento da igreja local;
- Apontar a estrutura de funcionamento das igrejas cristãs e dos
tribunais romanos;
- Conscientizar de que os conflitos e disputas podem
comprometer a vida eterna com Deus.

Interação
Acreditamos e enfatizamos que o uso de textos bíblicos em sala
de aula da EBD oferece um contexto propício não somente para o
desenvolvimento de habilidades de leitura por parte dos alunos, mas
também para a vivência com experiências agradáveis e prazerosas da
leitura da bíblia.

Orientação pedagógica
Esboce ou exponha visualmente a epístola de forma simples e
didática. A revista de professores possui um modelo.

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Lições Bíblicas Jovens - 2º Trimestre 2021 69
Introdução
O apóstolo Paulo censura a noção inteira dos “processos
legais”, movidos por irmãos na fé uns contra outros na igreja de
Corinto, sendo esse um argumento forte dentre os vários aspectos
negativos mencionados por ele (no versículo anterior), entre os
abusos condenados por ele. Ao invés disso, Paulo preferia que
houvesse o simples “arbítrio” entre os cristãos, no seio da própria
igreja cristã. Com base nisso ficamos sabendo que a principal
preocupação de Paulo não é que fosse feita a “justiça”, porquanto, na
realidade, para ele isso era questão bem secundaria. Antes, aqueles
que tanto apreciavam o litigio, não hesitando em participar
pessoalmente das contendas, dentro ou fora da igreja cristã,
permitindo que tais questões fossem julgadas por incrédulos, não
haviam ainda aprendido um dos primeiros princípios da moralidade
crista.

I. O Poder de Julgamento da Igreja Local.


“Quando algum de vocês tem uma questão contra o outro,
como se atreve a submeter isso a juízo diante dos injustos e não
diante dos santos? Ou vocês não sabem que os santos hão de julgar o
mundo? Ora, se o mundo deverá ser julgado por vocês, será que
vocês não são competentes para julgar as coisas mínimas?” (1ªCo
6.1-3. NA).
Não haviam ainda aprendido a fazer o que Jesus recomendara,
no tocante a voltar também a outra face (cf. Mt 5.39; 1ªPe 2.23).
Também desconheciam inteiramente o princípio que nos ensina a
retomar o mal com o bem (cf. Rm 12.17-21). Antes, retornavam o
mal com o mal, permitindo que o bem fosse vencido pelo mal.
Vingavam-se, cuidando por que o mal por eles recebido fosse
devidamente retribuído com a mesma dose de mal, se é que não
injuriavam muito mais do que haviam sido injuriados. (cf. Rm
12.19). E que pouco ou nada conheciam sobre a mansidão e gentileza
de Cristo. Ao invés de serem bons, passiva ou ativamente,
mostravam-se ativamente maus, prejudiciais aos próprios irmãos na
fé.
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1. A organização da igreja local. No plano conceitual, todo
aquele que crê em Cristo se entende na interação de três perspectivas
de identificação. Como acontecia no primeiro milênio, um cristão é
definido antes de tudo pela “identidade cristã”, como a união com
Cristo, fundada sobre o dom do batismo, vivida na fé trinitária,
alimentada pela palavra de Deus e, finalmente, pela “identidade
eclesial”, como é apresentada nos credos. Esses dois traços
permanecem comuns e unitários quanto à essência em todas as
igrejas cristãs; contudo, no segundo milênio, configura-se um terceiro
plano de definição para o cristão: a “identidade confessional”, que
diz respeito à forma específica com que cada igreja confessa sua fé e,
portanto, o modo particular – historicamente, culturalmente,
doutrinalmente definido - de viver a identidade cristã e eclesial, que a
distingue com respeito às outras.
2. Paulo Propõe um Modelo de Conciliação Para a Igreja
Cristã (1ªCo 6.1-6). O apóstolo interrompe sua discussão sobre a
imoralidade para instruir os coríntios sobre o caminho que devem
seguir com respeito a demandas na justiça. Os gregos tinham paixão
por ouvir os advogados debater as causas na corte perto do local do
mercado em cada cidade. Os judeus em Israel e na Dispersão tinham
suas próprias cortes, uma vez que, de acordo com o Talmude, era
proibido ir perante juízes gentios. Os processos que envolviam dois
judeus eram resolvidos numa corte judaica. Na opinião de Paulo, os
cristãos também deveriam resolver suas diferenças dentro dos limites
de sua própria comunidade. A Igreja que se desenvolvia num mundo
gentio deveria tomar emprestada uma página do caderno judeu sobre
como processar questões litigiosas dentro de seu próprio círculo.
II. A Estrutura de Funcionamento das Igrejas Cristãs e dos
Tribunais Romanos
O Império Romano nasceu oficialmente em 27 a.C. e terminou
– dependendo do ponto de vista – com a conquista de Roma pelos
godos, chefiados por Alarico, em 410 d.C., ou em 476 d.C., data da
queda do último imperador do Ocidente, em consequência dos
repetidos assaltos dos povos germânicos. Considerados todos os
fatos, é difícil circunscrever com precisão uma faixa histórica cuja
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Lições Bíblicas Jovens - 2º Trimestre 2021 71
compreensão não dependa de uma série de referências ao período da
república romana que se seguiu à Segunda Guerra Púnica; portanto,
seu começo só pode ser entendido mediante o estudo de uma história
política que fluiu como uma unidade ininterrupta. Originariamente,
quem era responsável por julgar e conhecer pessoalmente as
controvérsias, era o rex, chefe religioso e político da época. Depois
com a introdução da legis actio per iudicis arbitrive postulationem,
esta incumbência é passada para o juiz e o árbitro laicos, que eram
escolhidos entre patrícios senadores e mais tarde entre pebleus. Com
a criação do pretor urbano e com a bipartição do processo é estendida
a legis actio sacramento. (Roux, Le Patrick. L&M Poucket 2001).
1. O funcionamento da igreja em Corinto. Paulo salienta que
somente o Senhor tem o direito de “julgar corretamente” aos seus
servos. Os conservos não tem o direito de se julgarem uns aos outros.
O verdadeiro Juiz virá, e então a natureza verdadeira das obras
humanas será sondada e manifestada. Porém, Paulo mostra também
que nenhum mero homem é capaz de apresentar um julgamento
apropriado, nem mesmo de sua própria pessoa, quanto mais dos seus
semelhantes. Um homem conhece a si mesmo muito melhor do que
conhece à outros; contudo, essa visão de si mesmo pode ser
obscurecida pelo egoísmo e pelo orgulho, de tal modo que nem ao
menos pode mais avaliar a si próprio. Ora, se o individuo não pode
fazer nem mesmo isso, como pode ele ser tão sábio ao ponto de
avaliar apropriadamente os motivos e ações de outrem? Somente o
Criador pode fazer isso.
2. O poder de julgamento da igreja estava condicionado à
prática da justiça (1ªCo 6.7,8). Os ensinos de Cristo no evangelho de
Mateus têm por finalidade apresentar o “Reino dos céus” baseado na
fé, no amor e na justiça (Mt 23.23). “Desde então começou Jesus a
pregar, e a dizer: Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos
céus” (Mt 4.17. ACF). Esse reino anunciado, não é libertação deste
ou daquele mal, da opressão política dos romanos, das dificuldades
econômicas do povo ou só do pecado. Reino dos céus não pode ser
privatizado a este ou àquele aspecto: ele abarca tudo, mundo, homem

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Lições Bíblicas Jovens - 2º Trimestre 2021 72
e sociedade; a totalidade da realidade deve ser transformada por
Deus.
Essa transformação começa comigo, em mim. Depois em você.
Depois no outro. Reino dos céus, ao contrário do que muitos cristãos
pensam, não significa algo de puramente espiritual ou fora deste
mundo. É a totalidade desse mundo material, espiritual e humano
agora introduzido na ordem de Deus. “Venha o teu reino, seja feita a
tua vontade, assim na terra como no céu” (Mt 6.10. ACF).
3. O modelo de funcionamento dos tribunais romanos nos
dias de Paulo. O mais antigo dos sistemas de processo civil romano é
o das ações da lei (legis actiones), do qual a maior parte das
informações provém das Institutas de Gaio. As ações da lei eram
instrumentos processuais exclusivos dos cidadãos romanos tendo em
vista a guarda de seus direitos subjetivos previsto no “ius
quiritarium”, e este sistema processual possuía uma estrutura
individualizada para situações expressamente reconhecidas. O
processo nesta época histórica era marcado pela extrema rigidez de
seus atos, onde as ações tomavam a forma da própria lei,
conservando-se imutáveis como esta. Durante este período, o direito
em Roma vinha de hábitos, costumes, e o conhecimento das regras
jurídicas era monopólio dos sacerdotes, que detinham o
conhecimento do calendário e das normas jurídicas. Conjugavam-se o
“ius” e o faz, ou seja, o elemento laico e o elemento religioso.
Cercada de formalismo, solenidade e oralidade, com um ritual de
gesto e palavras pré-estabelecidas.
A justiça romana passa por um processo de secularização,
provocada por alguns aspectos como: a) pela Lei das XII tábuas,
consolidando o direito consuetudinário antigo; b) pela bipartição do
procedimento; c) pela criação do pretor urbano em 367 a.C.; d) por
dois personagens: Appio Cláudio, o Cego (cônsul em 307 e 296 a.C.)
e seu escriba Gneo Flavio, que tornou público aos cidadãos o
formulário das ações da lei, antes detidos pelos pontífices e pelo rex,
únicos conhecedores das palavras sacramentais de cada actio. (Roux,
Le Patrick. L&M Poucket 2001).

O cuidado de Deus com o corpo de Cristo


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III. Conflitos e Disputas Podem Comprometer a Vida Eterna
Com Deus
Neste momento da carta (1ªCo 6.9-11), está em foco a era
escatológica que se seguirá a ressurreição. Há aqui também alusão ao
reino milenar de Cristo, ou então a vida eterna que é necessária para
que alguém seja herdeiro do reino de Deus, bem como do período se
seguirá. Paulo se refere à participação na vida divina necessária (vida
por meio da salvação), que permite ao indivíduo entrar no reino de
Cristo, quando inaugurar-se a era vindoura eterna. A expressão
“reino de Deus” (que em alguns trechos aparece como “reino dos
céus”) é um termo extremamente complexo, usado de diversas
maneiras, por diferentes autores sagrados, ou mesmo por um único
desses autores.
1. Os injustos não irão herdar o Reino de Deus (1ªCo 6.9).
Uma nota geral é dada nessa referência sobre a ideia bíblica de
“herança”. Ora, a “herança” implica em “adoção” (cf. Rm 8.15) e
em “filiação” (Rm 8.14,16). Existem indivíduos que são autênticos
“filhos de Deus”, que estão sendo transformado segundo a imagem de
Cristo, “o Filho de Deus”. Esses haverão de finalmente compartilhar
de suas características morais; porque, do contrário, não são legítimos
filhos de Deus. É dentro deste perfil de justiça que os cristãos em
Corinto corriam o risco de não se encaixarem.
Vários moralistas antigos prepararam listas de vícios que os
virtuosos precisam evitar. Aqui o apostolo Paulo novamente
apresenta uma lista de certos vícios, seguindo esse costume dos
ensinos morais da filosofia helênica, costume esse incorporado no
judaísmo posterior, embora não se possa vê-lo nem nas paginas do
A.T. e nem nas interpretações talmúdicas dos judeus.
2. Os irmãos fraudulentos igualmente são condenáveis como
os juízes injustos (1ªCo 6.10). É possível que certos membros da
igreja de Corinto tivessem aplicado erroneamente e houvesse
abusado do ensino paulino sobre a graça divina, imaginando os tais,
que o sistema da graça divino permitiria atitudes e ações injustas uns
com os outros. Bem pelo contrário, entretanto, o sistema da graça
exigia a conversão, a santificação e a transformação do cristão
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segundo a imagem de Cristo, mediante a influência mística do
Espírito Santo.
3. Disputas diante de juízes pagãos (1ªCo 6.11). A comunidade
cristã inteira de Corinto sofrera perda naquela questão, sem importar
quem recebera o julgamento favorável. O cristão em favor de quem
houvera parecer favorável, em tribunal pagão, talvez imaginasse ter
conquistado uma vitória; mas na realidade, tanto ele mesmo como a
congregação inteira recebera um rude golpe, tendo perdido muito
mais do que a vantagem de ter recebido veredito favorável, em torno
de alguma questão material. Pois quando a solidariedade e a
irmandade da igreja cristã são perturbadas, então a comunidade cristã
inteira é prejudicada.
É possível amar o irmão que contende? “Eu, porém, vos digo:
Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos
que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem;
para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus;” (Mt 5.44.
ACF). Todos os gestos, palavras e atitudes de Jesus Cristo são um
chamado à conversão / mudança das relações humanas. A práxis de
Cristo é pragmática.
Antes de chegar a esse preceito, começamos lendo o começo do
Sermão da Montanha. “E Jesus, vendo a multidão, subiu a um monte,
e, assentando-se, aproximaram-se dele os seus discípulos; E, abrindo
a sua boca, os ensinava, dizendo:” (Mt 5.1. ACF).
Os ensinos de Cristo no evangelho de Mateus têm por
finalidade apresentar o “Reino dos céus”. “Desde então começou
Jesus a pregar, e a dizer: Arrependei-vos, porque é chegado o reino
dos céus” (Mt 4.17. ACF). Esse reino anunciado, não é libertação
deste ou daquele mal, da opressão política dos romanos, das
dificuldades econômicas do povo ou só do pecado. Reino dos céus
não pode ser privatizado a este ou àquele aspecto: ele abarca tudo,
mundo, homem e sociedade; a totalidade da realidade deve ser
transformada por Deus.
Conclusão
A transformação que evita a contenda, a desavença, a injustiça
começa comigo, em mim. Depois em você. Depois no outro. Reino
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dos céus, ao contrário do que muitos cristãos pensam, não significa
algo de puramente espiritual ou fora deste mundo. É a totalidade
desse mundo material, espiritual e humano agora introduzido na
ordem de Deus. “Venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim
na terra como no céu;” (Mt 6.10. ACF).

Bibliografia
Pearlman, Myer. Eurico. Epístolas Paulinas. Rio de Janeiro: CPAD.
2012.
Pffeifer, Charles F. Dicionário Bíblico Wicliffe. Rio de Janeiro:
CPAD, 2006.
Pearlman, Myer. Conhecendo as Doutrinas da Bíblia. Rio de
Janeiro: CPAD, 1984.
Champlin, Russell Norman, O NT interpretado, 1ªCoríntios, 2ª
Edição, São Paulo: Hagnos, 2001.

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Lições Bíblicas Jovens - 2º Trimestre 2021 76

Lição 10
Seu Corpo é Membro de Cristo
Profª Mirles Lino Alves

Objetivos
- Esclarecer a diferença existente entre a liberdade em Cristo e
a libertinagem;
- Evidenciar que o pecado afeta o corpo, o espírito e a alma;
- Destacar que a imoralidade, na vida do cristão, é uma
tentação, devendo ser, portanto, rejeitada e excluída.

Introdução
No referido trimestre, tem-se estudado, com bastante dedicação
e afinco, sobre o que é ser membro do corpo de Cristo, com base na
Primeira Epístola do Apóstolo Paulo aos Coríntios. Na atualidade,
infelizmente, há muitas pessoas, que se dizem cristãs, que não
valorizam o fato de ser um membro do corpo de Cristo, pois muitos
não conseguem resistir o pecado, a tentação e a adoração a outros
ídolos (leia-se amor ao dinheiro, relações sexuais ilícitas, desejo pelo
poder, por exemplo).
Como cristãos, fomos chamados para salgar este mundo
insípido; fomos chamados para alumiar um mundo obscurecido pelas
trevas e pelo pecado, conforme destaca Jesus, em Mt 5.13-16. Como
cristãos, devemos compreender que somos membros do corpo de
Cristo, que somos templo e morada do Espírito Santo de Deus, que
somos parte do propósito de Deus. Portanto, precisamos entender que
somos peregrinos, que estamos exilados no mundo, que o nosso lar é
a Pátria Celeste.
Desse modo, como somos membros do corpo de Cristo,
devemos honrá-lo, obedecê-lo, amá-lo, pois Ele entregou a própria
vida em favor de nossas vidas, livrando-nos do pecado, da morte e da
condenação eterna. Como membros do Corpo de Cristo, somos
chamados para andar em novidade de vida, estando sempre com o
foco no Alvo, que é Jesus Cristo.
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Lições Bíblicas Jovens - 2º Trimestre 2021 77
Assim, creio que Deus falará conosco por meio da referida
lição, que está embasada em 1ªCo 6.12-20. Para tanto, que o nosso
coração esteja aberto para entender, cada vez mais, que somos novas
criaturas em Cristo (2ªCo 5.17), pois fomos chamados para viver em
comunhão com Deus e com os irmãos, como verdadeiros membros
do corpo do Senhor Jesus Cristo.
I. A Liberdade em Cristo Não Pode Ser Confundida Com
Libertinagem
1. Fazer tudo o que se deseja não é liberdade, mas escravidão
(1ªCo 6.12). Na época do Apóstolo Paulo, alguns cristãos da igreja de
Corinto acreditavam que, por terem liberdade em Cristo, podiam
fazer o que quisessem com os seus corpos, pois, na mente de tais
cristãos (sendo que muitos estavam sob a influência do Gnosticismo,
que sincretiza elementos do Cristianismo, do misticismo e de
interpretações filosóficas diversas), isso não seria capaz de interferir
na vida espiritual deles (que é uma ideia, totalmente, perigosa e
errônea). Naquela época, tais cristãos estavam embebidos por paixões
carnais e desordenadas, pois ainda estavam dominados pela velha
natureza.
Em tempos hodiernos, o referido pensamento ainda reverbera
na mente de muitos cristãos que, com a finalidade de justificar suas
práticas pecaminosas e antibíblicas, utilizam, como pretexto, a
liberdade em Cristo como forma de se escusar de um viver que não
agrada a Deus. Assim, para dizer não ao pecado e à tentação, é
preciso estar alicerçado na Palavra de Deus, na doutrina bíblica e na
oração.
2. Livre é quem está “em Cristo”. A Bíblia nos diz que a
verdadeira liberdade é proveniente de Cristo, pois aqueles que estão
firmados em Jesus Cristo são redimidos, são livres da opressão do
mal, e o pecado já não pode mais dominar as mentes e os corações
daqueles que estão em Deus. Para tanto, aqueles cristãos que vivem
na impureza sexual (com relações sexuais antes do casamento, por
exemplo), na lascívia (com o vício da pornografia, por exemplo) e no
adultério (com relações sexuais com outra pessoa, que não é o
cônjuge) estão pecando contra o próprio corpo, estão profanando o
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Lições Bíblicas Jovens - 2º Trimestre 2021 78
templo de Deus, que é o corpo (1ªCo 6.19), estão colocando o nome
de Jesus Cristo sob o escárnio e a vergonha, estão maculando aquilo
que é propriedade de Deus, que é o corpo.
Assim, viver em liberdade não é fazer tudo aquilo que o corpo
deseja, pois isso seria escravidão da própria vontade. Viver em
liberdade é glorificar a Deus no próprio corpo, não dando cabimento
às paixões carnais e mundanas, pois foi para a liberdade que Cristo
nos libertou, conforme nos diz, com bastante ênfase, o Apóstolo
Paulo, em Gl 5.1. Afinal, onde o Espírito do Senhor está, há liberdade
ali (2ªCo 3.17), há vida, há renovo, há regeneração.
3. O oposto de estar em Cristo. O que significa o oposto de
estar em Cristo? Significa estar em trevas, estar dominado pela velha
natureza, isto é, significa estar “em Adão”. Destaca-se que o
Apóstolo Paulo nos diz, em 1ªCo 15.22, que da mesma forma como
em Adão todos morrem, em Cristo, todos serão vivificados. Para
estar alicerçado em Jesus, é preciso buscá-lo, é necessário mortificar
a própria carne, crucificando o ego caído, depositando toda a
confiança e esperança em Deus, que é a Âncora de nossas almas (Hb
6.19a).
Logo, o não estar em Jesus Cristo é o mesmo que estar no
pecado, no erro, na morte, na condenação. Porém, estar em Cristo é
viver em liberdade, é buscar fazer o que é correto, é estar na plena
vida, é poder celebrar a alegria da salvação, que é o maior milagre,
que é a maior vitória em Cristo.
II. O Pecado no Corpo Afeta a Alma e o Espírito (1ªCo 6.13-19)
1. O pecado no corpo. O pecado é algo que faz parte da
natureza caída do homem, que domina sobre a velha natureza, que
impede o ser humano de ter um relacionamento verdadeiro e pleno
com Deus. Para isso, o Apóstolo Paulo nos exorta a mortificarmos a
carne, a fim de que a glória de Cristo se manifeste em nosso corpo
mortal. De acordo com o pastor e escritor norte-americano John
Piper, em seu livro “Vivendo na luz: dinheiro, sexo & poder: fazendo
o melhor uso de três oportunidades perigosas”, especificamente, na
página 18, o fato de o pecado estar no corpo do homem faz que ele
transforme as dádivas de Deus em coisas más, pois os instrumentos
O cuidado de Deus com o corpo de Cristo
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da graça de Deus acabam se tornando em instrumentos do pecado,
em altares a deuses falsos, por causa de um ego caído e orgulhoso.
Destaca-se, porém, que aquele que está em Cristo não se deixa
dominar pela maldade, pelo pecado, pelo desejo desenfreado por
coisas ilícitas. Afinal, é como o Apóstolo Paulo nos fala em 1ªCo
10.23, a saber: “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as
coisas convêm; todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as
coisas edificam”. Logo, face a afirmação anterior, devemos buscar
compreender que o verdadeiro cristão deve ponderar aquilo que
edifica e aquilo que não edifica. E como isso pode ser feito? Por meio
da leitura da Palavra de Deus e da oração, que nos dará discernimento
espiritual, que nos fará firmes contra as astutas ciladas do diabo.
2. Corpo, alma e espírito no Novo Testamento. Vale ressaltar
que as Escrituras Sagradas veem o ser humano em sua totalidade, em
sua integralidade, isto é, não se pode separar a alma do corpo nem o
corpo do que é espiritual. Afinal, na criação, o ser humano é visto de
forma integral. É interessante salientar que o Apóstolo Paulo nos diz
que aquele que quiser preservar a sua alma deve guardar, também, o
seu corpo. Aqueles que profanam o corpo com ilicitudes, com
imoralidades, com marcas mundanas, com condutas reprováveis
estão enfraquecidos, também, no espírito, pois Deus, realmente, está
interessado na pureza e na preservação do corpo do cristão. É
necessário evidenciar que não se deve dar ouvidos a pregações
duvidosas, que afirmam que “Deus só quer o coração e a alma” ou
“que Deus não se importa com o que a pessoa vai fazer com o
próprio corpo”, pois isso é uma grande mentira, é algo diabólico, é
bastante falacioso, é algo que fere, completamente, os princípios
bíblicos. Sem dúvidas, isso deve ser combatido, pois muitas pessoas,
principalmente, jovens têm se deixado levar por mensagens que só
pregam o amor de Deus, mas que não pregam a pureza, a ira e a
justiça de Deus, que são atributos gloriosos do Altíssimo e Soberano
Deus.
Há quem diga que resguardar o corpo de influências mundanas
é legalismo, mas, na realidade, buscar proteger o corpo de tais
padrões anticristãos é viver de acordo com a verdade bíblica, é andar
O cuidado de Deus com o corpo de Cristo
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Lições Bíblicas Jovens - 2º Trimestre 2021 80
em conformidade com a doutrina da santificação, isto é, abster-se de
qualquer tipo de ideologia ou pensamento que contraria,
expressamente, aquilo que Jesus nos ensinou.
3. O corpo como templo do Espírito Santo (vs.13-19). Em
1ªCo 6.13-19, o Apóstolo Paulo exorta e adverte sobre o perigo das
relações sexuais imorais e promíscuas adentrarem nas igrejas,
destacando que aquele que se prostitui peca contra o próprio corpo,
maculando a própria alma. Ademais, é interessante destacar que o
pastor e escritor norte-americano John Piper, em seu livro “Vivendo
na luz: dinheiro, sexo & poder: fazendo o melhor uso de três
oportunidades perigosas”, precisamente, na página 40, fala que o
pecado sexual decorre do fato de o cristão não entender que é
membro do corpo de Cristo, rebaixando-se, assim, ao nível da
prostituição. Logo, para o Apóstolo Paulo, as relações sexuais que
não sejam com o cônjuge trazem efeitos terríveis e avassaladores,
pois isso é um ato de profanação contra o corpo e contra Deus.
Além disso, na referida obra, o pastor Piper destaca que os
cristãos são propriedades de Deus, pois foram comprados com o
valioso e precioso sangue de Cristo. Assim, quando um cristão trata o
corpo como se tivesse o direito de fazer o que quiser com ele, tal
cristão age pelos próprios impulsos, tratando o valor de Cristo e a
glória de Deus com desprezo. É necessário dizer, também, que as
paixões carnais têm o objetivo de destruir a alma, e, se não houver
arrependimento, isso pode trazer vergonha e morte eterna. Portanto, é
como está escrito em Pv 28.13, a saber: “O que encobre as suas
transgressões jamais prosperará; mas o que as confessa e deixa
alcançará misericórdia”. Para ser salvo, é necessário
arrependimento, pois sem arrependimento, não há remissão de
pecados.
Diante disso, se o nosso corpo é templo e morada do Espírito
Santo de Deus, ele deve ser consagrado a Deus; o nosso corpo deve
ser um instrumento de adoração a Deus, de santificação, de separação
das coisas mundanas e transitórias, de louvor ao Pai, de devoção ao
Rei dos reis. Portanto, jovem, não venda o seu corpo aos prazeres de
um mundo vil, não troque o brilho da glória celeste pelas faíscas de
O cuidado de Deus com o corpo de Cristo
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um fogo enganador, mas deposite sua vida, sua alma, sua mente, seu
espírito, seu corpo diante de Deus, a fim de que Ele reine,
soberanamente, sobre você.
III. A Imoralidade é Uma Tentação na Vida do Crente
1. Fomos comprados por bom preço: diga não à tentação
(v.20a). Paulo, ao orientar os cristãos a fugirem da tentação, torna
evidente a doutrina da justificação, que expressa a mensagem do agir
de Deus para a salvação da humanidade. Assim, compreende-se que
quem busca a sua própria justiça não é justificado, pois a salvação
não é por obras, mas é pelos méritos de Cristo, conforme está escrito
em Ef 2.8-9, a saber: “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé;
e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que
ninguém se glorie”.
Assim, o verdadeiro cristão já foi justificado por Cristo, que é a
propiciação pelos nossos pecados (1ªJo 2.2), buscando viver, agora,
em santificação. Para tanto, a doutrina da justificação nos diz que
Cristo nos salvou, com preço de sangue. Ademais, quando nos
arrependemos de nossos pecados, somos remidos por Cristo, e, agora,
o pecado já não pode mais nos dominar, pois fomos redimidos por
Cristo (de acordo com Ef 1.13b,14). Na propiciação, Cristo se fez
sacrifício por nós, a fim de satisfazer a justiça de Deus, e, ao
satisfazer a justiça de Deus, a ira de Deus é apaziguada, conforme
explica o pastor, missionário e escritor norte-americano Paul Washer,
em seu livro “O Evangelho de Deus & o evangelho do homem”,
especificamente, na página 62.
Agora, quem está buscando a santificação deve dizer não à
tentação, firmando-se, cada vez mais em Cristo. Afinal, é como está
escrito em Tg 4.7, a saber: “Sujeitai-vos, pois, a Deus; resisti ao
diabo, e ele fugirá de vós”. Então, o segredo é rejeitar a tentação,
resistindo as propostas do diabo, a fim de que ele fuja do caminho do
cristão. Melhor é estar com Cristo sempre.
2. Resistir à tentação e glorificar a Deus com o corpo e o
espírito (v.20b). Em Jesus Cristo, o ser humano pode ter uma nova
vida, podendo ser reconciliado por meio de Seu sacrifício vicário. É
interessante ressaltar que alguns membros da igreja de Corinto
O cuidado de Deus com o corpo de Cristo
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continuavam a visitar prostitutas, sob o argumento que não seriam
afetados por tal conduta, visto que isso envolvia somente o corpo.
Assim, o Apóstolo Paulo contra-argumentou, fortemente, que aquilo
que o cristão faz com o seu corpo, na intimidade, afeta o estado
espiritual de sua alma (A Bíblia da Mulher: Leitura, Devocional,
Estudo). No caso, Paulo cerceia os cristãos de Corinto a
abandonarem as práticas sexuais ilícitas, a fim de viverem na pureza,
pois o cristão que busca a santificação e a purificação almeja
glorificar a Deus em sua conduta, em suas palavras e atitudes.
Além disso, o Apóstolo Paulo está nos dizendo, em 1ªCo 6.19-
20, que o Espírito Santo não pode morar em santuário poluído, pois
Deus comprou cada crente de forma individual, e a Igreja toda, que é
o Corpo de Cristo, para habitação de Cristo, por meio do Espírito
Santo (Bíblia Shedd: Antigo e Novo Testamentos). Portanto, não
podemos agir da forma como queremos, pois isso seria libertinagem.
No caso, devemos agir para a glória de Deus, pois temos um grande
exemplo para ser seguido, que é Jesus Cristo, que viveu, totalmente,
submisso ao Espírito de Deus (Bíblia Shedd: Antigo e Novo
Testamentos).
3. Quem resiste à tentação da imoralidade pertence a Deus
(v.20c). O cristão vive, constantemente, em uma luta travada contra o
pecado e as tentações, de acordo com o que está expresso em Gl 5.17,
a saber: “Porque a carne milita contra o Espírito, e o Espírito, contra
a carne, porque são opostos entre si; para que não façais o que,
porventura, seja do vosso querer”. Face ao exposto, é necessário que
o cristão busque mortificar a carne diariamente, conforme está escrito
em 2ªCo 4.11, a saber: “E assim nós, que vivemos, estamos sempre
entregues à morte por amor de Jesus, para que a vida de Jesus se
manifeste também na nossa carne mortal”. Logo, a mortificação da
carne é indispensável para que a vida de Cristo se manifeste na vida
do cristão genuíno.
Em seu livro “Doce e Amarga Providência: sexo, raça e
soberania de Deus”, o pastor e escritor norte-americano John Piper
destaca, precisamente, na página 75, que os jovens cristãos devem
buscar viver uma vida de pureza e de santificação por amor da justiça
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de Deus, mesmo que o sangue esteja pulsando fortemente, mesmo
que os hormônios estejam à flor da pele, é preciso mortificar a carne
por amor e obediência aos princípios divinos. Então, na referida obra,
o autor cita um modelo de pureza sexual a ser seguido: Rute e Boaz,
que esperaram pelo momento certo, não dando vasão aos impulsos
sexuais, mas preservando a pureza sexual por amor da justiça de
Deus e de Sua Santa Palavra.
Dessa forma, aqueles que decidem resistir à tentação da
imoralidade, da impureza, da ilicitude são bem-aventurados por
Deus, visto que entenderam o valor do sacrifício de Cristo por suas
vidas. Ser um cristão autêntico exige renúncia, exige abnegação, pois,
muitas vezes, o cristão será visto como louco pelo mundo. Afinal, a
Palavra de Deus é loucura para os que perecem, mas, para os que são
salvos, é o poder de Deus (1ªCo 1.18). Evidencia-se que ser cristão
incluirá ser rejeitado e ridicularizado pelo mundo, mas não devemos
desanimar, pois a Bíblia é o nosso baluarte, e ela é inerrante, infalível
e absoluta, e Deus honrará com uma coroa de glória, no Grande Dia,
aqueles que forem firmes até o fim (Ap 2.10b). Para tanto, seremos
vitoriosos se orarmos, se estivermos firmados na Palavra de Deus, se
estivermos em comunhão com o Pai Celestial e com os nossos irmãos
em Cristo.
Conclusão
Conclui-se que ser membro do corpo de Jesus Cristo significa
estar alicerçado em Seus propósitos, em Sua maravilhosa Palavra,
rejeitando toda e qualquer filosofia vã, acautelando-se das vãs
doutrinas, das pregações enganosas e dos falsos mestres. Ser membro
do corpo de Cristo é buscar viver em constante comunhão com Deus,
é buscar agradá-lo, honrá-lo, amá-lo e obedecê-lo, a fim de viver para
a glória de Deus.
Ademais, ser membro do corpo de Cristo é sinônimo de rejeitar
a impureza sexual, a imoralidade, a perversão do corpo,
resguardando-se para viver uma vida de pureza, de santidade, de
modo que a vida de Cristo seja manifesta na vida do crente. Ressalta-
se, também, que o Apóstolo Paulo nos exorta, em Tito, a sermos bons
exemplos, conforme está explicitado em Tt 2.7-8, a saber: “Em tudo
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te dá por exemplo de boas obras; na doutrina mostra incorrupção,
gravidade, sinceridade, linguagem sã e irrepreensível, para que o
adversário se envergonhe, não tendo nenhum mal que dizer de nós”.
É imprescindível notar que Jesus nos prometeu a vida eterna,
portanto, as coisas que o mundo oferece não valem a pena, pois
trazem somente dor, morte, engano e condenação. O Pai Celestial nos
ama e deseja que nós o conheçamos plenamente, prosseguindo para
viver, dignamente, na presença Dele. Como servos de Deus,
necessitamos entender que a medida em que vamos conhecendo o
Senhor, passamos a amá-lo mais, a compreendê-lo melhor. Logo, ser
membro do corpo de Cristo é um privilégio, e devemos prosseguir
em conhecer o Senhor (Os 6.3).
Então, como o cristão pode ser vitorioso sobre a impureza e
sobre a imoralidade? Por meio do conhecimento da Palavra de Deus,
por meio de uma vida de oração, de comunhão com Deus, pois quem
ama o Senhor terá prazer e alegria em obedecê-lo. O verdadeiro
membro do corpo de Cristo obedecerá os comandos do Mestre, e a
rebeldia não terá espaço no coração do cristão que foi regenerado,
transformado por Cristo Jesus e que compreendeu o poder da
membresia. No livro “O Peso da Glória”, do escritor e apologista
cristão britânico C. S. Lewis, especificamente, na página 159, o autor
fala que o cristão não é chamado ao individualismo, mas a se tornar
membro do corpo místico, ou seja, o cristão é chamado para viver em
unidade com o Senhor Jesus Cristo.
Afinal, é como está escrito no Evangelho de João,
precisamente, no capítulo 14, versículo 21: “Aquele que tem os meus
mandamentos e obedece a eles, esse é o que me ama; e aquele que
me ama será amado por meu Pai, e Eu também o amarei e me
revelarei a ele”. Assim, Deus ama Seus filhos e deseja usá-los para o
louvor de Sua glória, e, para ser usado por Ele, é preciso estar em
comunhão constante com Deus. Portanto, o cristão deve fugir da
imoralidade sexual e da prostituição, consagrando sua própria vida e
seus planos a Deus, pois a santificação vale a pena, e, sem santidade,
ninguém poderá ver a face do Senhor (Hb 12.14). Avante sempre,

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cristãos, em viver para a glória do bondoso, gracioso, justo e
misericordioso Deus.

Bibliografia
A Bíblia da Mulher: Leitura, Devocional, Estudo.
Bíblia Shedd: Antigo e Novo Testamentos.
LEWIS, C. S.. O Peso da Glória. [tradução: Estevan Kirschner]. Rio
de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2017.
PIPER, John. Vivendo na luz: dinheiro, sexo & poder: fazendo
melhor uso de três oportunidades perigosas. [tradução: Susana
Klassen]. São Paulo: Vida Nova, 2019.
PIPER, John. Doce e Amarga Providência: sexo, raça e soberania
de Deus. [tradução: Elizabeth Stowell Charles Gomes]. São
Paulo: Hagnos, 2012.
WASHER, Paul. O Evangelho de Deus & o evangelho do homem.
São Paulo: Hagnos, 2018.

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Lição 11
Paulo Responde a Questões a Respeito do Casamento
Pr. Francisco Maia

Texto do dia
“Mas, se não podem conter-se se casem. Porque é melhor
casar do que abrasar-se” (1ªCo 7.9. ARC).

Síntese
O casamento deve ser no Senhor, bem planejado e realizado de
forma segura para amenizar as dificuldades de uma vida a dois.

Objetivos
- Conscientizar que o casamento é bom;
- Mostrar a indissolubilidade do casamento;
- Saber que o casamento não deve ser usado como fuga.

Orientação pedagógica
Esboce ou exponha visualmente a epístola de forma simples e
didática. A revista de professores possui um modelo.

I. O Casamento é Bom.
1. Ser ou Não Ser - Casar ou Não Casar? (1ªCo 7.1,2). O
casamento está caindo em desgraça. Muitos desses belos casamentos
são apenas máscaras de algo que já iniciou a meses. As relações
sexuais que deveriam ter início após as bênçãos de Deus já se
iniciaram há muito tempo, às escondidas, em segredo, sob maldição.
Muitos jovens estão se destruindo por preferirem o prazer proibido à
obedecerem as normas de Deus para a união do casal.
2. O relacionamento sexual é para o casamento heterossexual
e monogâmico (1ªCo 7.1). O casamento. É uma instituição criada
por Deus para a formação da família, procriação, proteção e
felicidade do casal está, a cada dia, perdendo a sua importância na
sociedade. O tempo está passando e as pessoas estão olhando para o
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casamento com descrédito e desrespeito cada vez maior. Muitos o
tratam como algo desnecessário. A união sagrada de um homem e
uma mulher, na presença de Deus, fazendo votos de fidelidade e
cuidada mútuo, prometendo permanecerem juntos enquanto
estiverem vivos tem deixado de existir para muitos e sua união tem
acontecido em motéis, dentro de carros em cantos escuros, sempre
como algo sem compromisso, apenas comprometidos com o prazer
do momento.
3. Paulo recomenda o casamento (1ªCo 7.6-9). A banalização
do casamento. O casamento se tornou uma forma de dar satisfação à
sociedade. Deus criou o casamento para o bem do casal. O sexo no
casamento é puro e santo. Traz alegria e prazer sem constrangimento.
Enquanto isso o sexo fora do casamento traz tristeza, angústia,
vergonha, doenças e consequências perniciosas que acompanharão o
casal por toda a sua vida. O casal quer o prazer do sexo, porém não
quer compromisso com o parceiro. Um e outro servem para o sexo,
mas não serve para o casamento. Isso não dá para entender. Não é
coisa nova. Desde os povos antigos o compromisso para a união de
corpos tem sido tratado com desprezo. Os romanos não davam muita
importância ao casamento. Uniões homossexuais, incestuosas, sexo
grupal, estupros, sexo com animais e as piores aberrações e
barbaridades eram cometidas por eles sem pudor ou constrangimento.
Diante de um mundo absolutamente pervertido e desse desrespeito
com Deus e suas leis, como é que a igreja deve agir? Como é que os
casais de jovens crentes devem agir? Copiar o mundo em seu
comportamento pervertido ou bater de frente, obedecendo a Deus?
Paulo reconheceu que, na atual situação, não dá para não casar:
“Mas, por causa da impureza [...] Caso, porém, não se dominem, que
se casem; porque é melhor casar do que viver em brasas” (1ªCo 7.9).
A princípio Paulo mostrou que seria bom aos jovens permanecessem
solteiros. Isso evitaria sofrimentos ligados às perseguições e também
evitaria que eles dessem mais atenção às esposas do que a obra.
Porém Paulo vê a quase impossibilidade de homens permanecerem
solteiros sem ser tentados. Como pecamos até por pensamento, o

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Lições Bíblicas Jovens - 2º Trimestre 2021 88
homem solteiro não teria como se dedicar a obra do Senhor pensando
“naquilo”.
4. A prática da abstinência sexual e do celibato é para
solteiros. Não adiantaria não ter esposa para evitar sofrimento, pois a
falta de sexo e o desejo não satisfeito seriam outra forma e
sofrimento. O desejo do corpo os levaria a tentações e as tentações os
fariam pecar, mesmo que fosse por pensamento. O pecado os deixaria
com sentimentos de culpa e a culpa os afastaria de Deus. Já que a
impureza que vivenciavam os deixava “abrasados”. Paulo os induziu
ao casamento.
A impureza do mundo da época de Paulo o levou a induzir os
homens solteiros ao casamento. A impureza os induz ao sexo
descomprometido, quando na verdade Deus criou o sexo como algo
santo. Paulo disse que: “... seria melhor não casar”, mas logo
reconheceu que: “não dá para não se casar”.
II. A Indissolubilidade do Casamento
1. Fora ou dentro do casamento. Qual a decisão (1ªCo 7.7-9).
O sexo é proibido fora do casamento. Paulo alertou: aos solteiros que
não são livres para fazerem o que quiserem. Dos solteiros é exigido
que levassem vida casta, sem nenhuma experiência sexual, já que o
sexo foi deixado para o casal, casado. Se escolhessem ficar solteiros
as suas alegrias teriam de serem outras. Sexo? De jeito nenhum! A
menos que resolvessem se casar.
2. O ideal original do casamento (1ªCo 7.10-11). A primeira
exortação de Paulo é que a pessoa só pode ficar solteira por opção se
tiver de Deus o dom: “Quero que todos os homens sejam tais como
também eu sou; no entanto, cada um tem de Deus o seu próprio Dom;
um, na verdade, de um modo; outro, de outro”. Esse “dom” é a
capacitação de Deus para que o solteiro viva sozinho sem pecar por
causa da falta de sexo. A maioria deseja se casar. Possuem o desejo
sexual e o satisfazem num casamento.
O mundo oferece o prazer fácil, barato e sem algemas. Não
exige alianças e casamento. É prazer pelo prazer. Não exige a união
num lar, na mesma cama todos os dias e muito menos a fidelidade.
Cada um cuida da sua vida e tira dela o prazer que deseja.
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Lições Bíblicas Jovens - 2º Trimestre 2021 89
Homens e mulheres têm levado sua vida nessa libertinagem.
Como se sentem cômodos nessa vida de prazer livre não se casam. Se
tudo o que teriam no casamento já têm fora dele e sem prisões, para
que se casar?
Deus nunca exigiu dos seus servos que não se casassem para se
dedicar à Sua obra. Deus não exigiu isso dos seus servos. Esse é um
fardo muito pesado para o homem ou a mulher que se dedica ao
Senhor levar. Paulo mostrou que seria melhor não se casar, pois
assim sobraria mais tempo para se dedicar à obra. Porém não há uma
proibição quanto ao casamento.
É natural ao homem e à mulher se interessar pelo sexo oposto.
É ai que Paulo entra com o seu conselho. Só pode ficar solteiro por
opção aquela pessoa que nasceu sem a necessidade de um marido ou
esposa. A falta de necessidade sexual foi vista como um “dom” de
Deus. Ficar solteiro, mesmo que por opção, sem ter esse “dom” de
Deus é um risco. O desejo vai aflorar, mais cedo ou mais tarde, e se
ele for satisfeito fora das normas de Deus a pessoa estará pecando.
Portanto, todas as pessoas que tem o desejo por sexo deve procurar
um casamento, pois ficar solteiro seria um erro.
3. Casamento com descrente antes da conversão (1ªCo 7.12-
16). Quem decide ficar solteiro deve manter a mente ocupada: “E aos
solteiros e viúvos digo que lhes seria bom se permanecessem no
estado em que também eu vivo”. Uma coisa é o que desejamos ser e
outra é o que somos. Às vezes o mais puro dos homens ou a mais
casta das mulheres têm em seu interior uma terrível motivação
pecaminosa, que faria dele ou dela uma pessoa desprezível. Essa
motivação pecaminosa é contida porque há algo que, como um
cristão(ã), não deixa que ele seja dominado(a) por essa força. O
Espírito de Deus, que atua em nós, nos induz a agir corretamente e
quando ouvimos e obedecemos à sua voz não caímos em pecado.
Paulo disse: “Andai no Espírito e jamais satisfareis à concupiscência
da carne” (Gl 5.16). Ter desejos e inclinações para o pecado não está
no nosso controle, porém praticar o pecado é uma escolha pessoal.
Um ditado diz: “Mente vazia é oficina do diabo”. Todos os
homens têm o desejo pelo sexo e muitos que gostariam de ficar
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solteiro se casam para não pecar. Como vimos, há os que recebem de
Deus o “dom” e levam a vida de solteiro com naturalidade. A
preocupação de Paulo é que a pessoa que decidiu ficar solteira deve
manter a sua mente cheia de coisas boas, úteis, sadias e santas, para
não deixar que sua mente, estando vazia, se torne uma oficina de
Satanás. Mesmo tendo o “dom” de Deus, se deixasse a mente vazia
corria o risco de pecar. Em Ef 4.27, ele faz um alerta: “Não deis
lugar ao diabo”.
4. O divórcio não faz parte do plano original de Deus. A
opção para quem pensa em sexo é se casar: “Caso, porém, não se
dominem, que se casem; porque é melhor casar do que viver
abrasado”. Paulo explica a situação de um solteiro. Se há desejo
sexual a solução é satisfazê-lo. Mas se é um solteiro que está sentindo
esse desejo ele terá de supri-lo da forma correta – Se casando. Isso é
muito simples. A moça e o rapaz têm desejos. Eles precisam de uma
família. Eles precisam de companhia. Se ambos têm as mesmas
necessidades o correto é que supram juntos as suas necessidades de
uma maneira comprometida, que não traga angústias, segredos e
muito menos pecado.
A solução de Paulo é: “Que se casem”. O sexo é um prazer
proibido fora do casamento. Qualquer prática sexual fora do
casamento é ilícita e pecaminosa. Por mais que o mundo insista em
pregar a liberdade sexual, Deus continuará proibindo, pois o sexo
antes de um compromisso somente trará problemas e acarretará sérias
consequências para a vida do casal pecador.
III. O Casamento Não Deve Ser Usado Como Fuga
O sexo marca o início do casamento. Quando o rapaz pratica
sexo com a moça ele está se casando com ela. Esse foi o único ritual
deixado por Deus e apesar das mudanças ele continuará a ser a marca
do início do casamento. O casal deixa pai e mãe e se unem entre si,
tornando-se os dois uma só carne, ou seja, praticam o sexo e estão
casados (Gn 2.24). A partir da união de corpos eles são considerados
marido e mulher. Deus abençoa o sexo do casal quando a união de
corpos é feita em obediência a Ele. A prática do sexo dá início ao
casamento. Se uma pessoa faz sexo com outra, aos olhos de Deus, ela
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Lições Bíblicas Jovens - 2º Trimestre 2021 91
está se casando. O problema dos homens são as novidades, pois
afastam os homens do alvo. O sexo era tão importante para o
casamento que se um jovem se casasse ele não poderia ser mandado
para a guerra antes de fazer sexo com sua esposa. Deus lhe garantia,
na lei, esse direito.
1. O casamento não pode ser usado como fuga para a solidão.
Para confirmar que o sexo é proibido fora do casamento, tiramos do
texto bíblico três argumentos:
- Primeiro só posso ficar solteiro se tiver de Deus o “dom”:
“Quero que todos os homens sejam tais como também eu sou; no
entanto, cada um tem de Deus o seu próprio Dom; um, na verdade,
de um modo; outro, de outro”;
- Segundo quem decide ficar solteiro deve manter a mente
ocupada: “E aos solteiros e viúvos digo que lhes seria bom se
permanecessem no estado em que também eu vivo”;
- Terceiro, a opção para quem pensa em sexo é se casar:
“Caso, porém, não se dominem, que se casem; porque é melhor
casar do que viver abrasado”.
Deus nunca permitiu ou permitirá o sexo antes do casamento,
mesmo porque o sexo é o início da vida conjugal. Quem faz sexo se
casa. Esta é a melhor opção. Deixe o sexo para o casamento, o sexo é
um prazer proibido fora do casamento.
2. O casamento não pode ser usado como fuga da tentação
sexual. Carne, Queijo ou Misto - 1ªCo 7.12-14 Os jovens se recusam
a dar ouvidos aos mais experientes e a olhar para o futuro, acaba
contraído casamento misto. Eles olham apenas para “o aqui, o agora”.
O momento que vivem lhes parece único e de maior importância.
Não olhando para o futuro, perguntamos a quem vão servir? Como
Jesus disse que “ou se serve a Deus ou ao diabo”. Se um jovem não
serve a Deus, fatalmente ele servirá ao diabo, mesmo que
inconscientemente.
O perigo do casamento misto. Sabendo dos problemas de uma
união como esta, Paulo alertou aos crentes do perigo do casamento
misto, em 2ªCo 6.14-16, ele disse: “Não vos ponhais em julgo
desigual com os incrédulos; porquanto que sociedade pode haver
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entre a justiça e a iniquidade? Ou que comunhão, da luz com as
trevas? Que harmonia, entre Cristo e o Maligno? Ou que união, do
crente com o incrédulo? Que ligação há entre o santuário de Deus e
os ídolos? Porque nós somos santuário do Deus vivente...”. Ele
expõe aqui várias impossibilidades de um crente se casar com um não
crente e essa união dar certo.
3. O casamento não pode ser usado como fuga das
dificuldades da vida. A Bíblia alerta para os perigos de um
casamento com jugo desigual, ou seja, o casamento entre um crente e
uma incrédula, ou vice-versa. Mostra que essa união tem tudo para
destruir a vida do crente e trazer sérios prejuízos para sua vida
espiritual e particular. Muitas pessoas que sonham com a felicidade
acabam encontrando a tristeza num casamento misto. Projetam mal
sua vida e ignoram as “placas de aviso” deixadas na Palavra de Deus.
Os prejuízos virão sobre a vida desses rebeldes e isso é o que Paulo, o
seu pastor e os irmãos que te alertam, não desejam para você.
Procure namorar e casar “no Senhor”. Não se pode afirmar
que seu casamento com um crente será um mar de rosas, mas pelo
menos se houver um problema os dois podem ser corrigidos e
aconselhados “no Senhor”. Essa situação não acontece quando se está
casado com uma pessoa não crente, que anda segundo a sua própria
natureza pervertida e guiada por Satanás. Muitos crentes não
observam as placas de avisos e se casam com pessoas não crentes. Se
apesar de todos os avisos o crente insistir em se casar com a incrédula
ele terá de assumir os prejuízos e os problemas gerados por essa
união desaprovada por Deus. Ele não terá como alegar ignorância
sobre o assunto e o desconhecimento dos riscos de sua escolha.
Sendo assim, jovens solteiros procurem um companheiro(a) que seja
crente e que sirva a Deus. Esse é o melhor caminho para uma vida
feliz a dois. Não entre numa roubada com as tuas próprias ações ou
escolhas, seja esperto e ouça os conselhos dos que te amam e os
ensinamentos da Palavra de Deus.
O feitiço de Áquila do casamento misto. Situações que
envolvem os casamentos mistos, é que um é luz e o outro é treva -
“um é dia o outro é noite”. Não há como um ter comunhão com o
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outro. Você pode misturar água ao óleo e eles ficarão juntos por
alguns segundo, porém logo o óleo se separará da água, pois são
opostos, como o crente e o não crente.
A união mista traz problemas sérios. Acontece que num caso
de união mista ou casamento entre crente e não crente a parte crente
sempre sofre as consequências dessa união e se desgasta muito nessa
relação. Por causa dos sofrimentos a que se é exposto diariamente e o
fim da felicidade conjugal, o cônjuge crente passa a desejar o fim da
sua união como uma forma de pôr um fim ao seu sofrimento.
A união mista não aceita conselho. Na maioria das vezes o
cônjuge crente não tem condição de receber qualquer ajuda, seja do
pastor ou de qualquer irmão da igreja. Mesmo sendo testemunha dos
sofrimentos do irmão a igreja observará sua tristeza e não poderá
fazer nada. O cônjuge não crente não aceitará a intervenção da igreja
em seu casamento e muito menos em suas atitudes. Ele age como
quer e faz o que deseja sem se deixar abalar com o que os outros
pensam. O cônjuge crente sofre e não pode separar-se do não crente,
pois só Deus pode separá-los.
Pense muito antes de se unir num casamento misto. Deus fez
o casamento para unir o casal por toda a vida. Essa vida é curta para
viver num casamento feliz, mas é longa demais para viver num
casamento problemático. Se ainda estiver solteiro, ouça um conselho
amigo: “Case-se apenas no Senhor”.
Conclusão
Diz-me com que andas e te direi quem é. Os lugares que um
jovem não cristão frequenta são opostos aos lugares frequentados
pelo jovem crente. O prazer de um é difere do prazer do outro, os
projetos de vida se diferenciarão completamente. Um desejará se
fartar dos prazeres da carne, enquanto que o outro deseja se guardar
para o Senhor e reprimir os seus desejos carnais. Essas diferenças não
podem ser ignoradas, pois a união de pessoas assim tão diferentes
não pode acabar bem.

Bibliografia

O cuidado de Deus com o corpo de Cristo


Lições da Carta do Apostolo Paulo aos Coríntios Para os Nossos Dias
Lições Bíblicas Jovens - 2º Trimestre 2021 94
Davidson, F. Novo Comentário da Bíblia, São Paulo, Editora Vida
Nova, 1963.
Comentário Bíblico de Moody. 4ª Ed., São Paulo, Impressa Batista
Regular, 1993.
Meyer. F.B. Comentário Bíblico Devocional, Minas Gerais,
Betânia, 1993, 460 p.
Comentário Broadman – Allen, Clifton, Juerp, 1986, 554 p. vol 1
Manual Bíblico H. H. Halley – Um comentário Abreviado da
Bíblia, São Paulo, 1970,

O cuidado de Deus com o corpo de Cristo


Lições da Carta do Apostolo Paulo aos Coríntios Para os Nossos Dias
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Lição 12
Da Circuncisão e dos Alimentos Sacrificados aos Ídolos
Profª. Evalda R. S. Oliveira

Texto do dia
“Ora, no tocante às coisas sacrificadas aos ídolos, sabemos
que todos temos ciência. A ciência incha, mas o amor edifica” (1ªCo
8.1).

Síntese
O que salva o ser humano não são os rituais religiosos, mas a fé
no sacrifício vicário de Cristo Jesus.

Texto Bíblico: 1ªCo 7.18,19; 8.2-5.

Objetivos
- Mostrar a circuncisão no Antigo Testamento.
- Conhecer a circuncisão e o cristianismo.
- Saber a respeito dos alimentos sacrificados aos ídolos em
Corinto.

Introdução
A aliança de Deus com Abraão e sua descendência deveria ser
guardada por todas as gerações, sendo unilateral, eterna e graciosa.
O selo dessa aliança foi a circuncisão de todo macho, e isso incluía a
família de Abraão e todos os membros de sua casa, fossem livres ou
servos. Era efetuada no órgão de procriação em virtude de a aliança
pertencer aos descendentes separados para Deus. Entretanto, a
circuncisão na carne não teria nenhum valor espiritual se não fosse
acompanhada por um coração circuncidado, que era a realidade que
ela simbolizava (Dt 10.16; 30.6; Jr 4.4; Ez 44.7-9). Em Romanos
4.11,12, o Apóstolo Paulo deixa claro que a circuncisão era um ritual
físico, mas com um significado espiritual.

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Com respeito aos alimentos sacrificados aos ídolos em Corinto,
os aspectos sociais de idolatria traziam problemas na igreja de
Corinto. Nem sempre era fácil para eles separar a questão religiosa da
vida social ou cultural. A igreja sofreu um abalo da quebra de
comunhão devido a sua divisão em dois grupos: Uns achando que
não podiam comer carne de maneira nenhuma; outros achando que
podiam comer em qualquer circunstância. Paulo diz que comer carne
era um assunto amoral. Não era virtuoso nem pecaminoso (1ªCo 8.8),
ou seja, o ato de comer carne não era moral, como amar o próximo
nem imoral como cometer adultério. Porém, dependendo de certas
circunstâncias comer carne poderia tornar-se imoral. O princípio
ensinado por Paulo é que o amor ao seu irmão deve reger a sua
liberdade cristã.

I. A Circuncisão no Antigo Testamento


A circuncisão é a remoção cirúrgica do prepúcio. Os bebês
meninos são frequentemente circuncidados por uma questão de
higiene e de saúde, mas nos tempos bíblicos e nas modernas
comunidades judaicas, a circuncisão é um ritual que distingue os
descendentes de Abraão, os judeus, dos gentios. Quando Deus fez a
aliança eterna com Abraão, o pai da fé, ordenou a circuncisão como
sinal desse relacionamento de fé (Gn 17.11). A aliança eterna foi
acompanhada de um sinal físico permanente. Esse ato de obediência
também representou o abandono do mal (Dt 10.16; Jr 4.4).
Em Dt 10.16, a circuncisão é usada, metaforicamente, para
destacar a necessidade de eliminar qualquer afeição que
interrompesse a obediência completa ao Senhor. A circuncisão do
coração não seria um sinal exterior, mas uma atitude interior que se
manifestaria exteriormente nas ações do povo. Um coração
circuncidado é aberto e responsivo aos mandamentos do Senhor. Já
em Deuteronômio 30.6 vemos claramente uma referência à Nova
Aliança sobre a qual Jeremias e Ezequiel profetizaram (Jr 31.31-34;
Ez 36.24-32), em que Israel não mais será caracterizado por sua
teimosia, mas por seu amor a Deus (Dt 9.27), sendo assim
circuncidado para amar.
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Na circuncisão, cada individuo, e não só o povo como tal, está
comprometido com a aliança e deve levar a marca de seu
compromisso. Do contrário, “será eliminado de sua parentela” (uma
espécie de proscrição da comunidade sagrada). No exílio, a
circuncisão se tornou muito importante. Supridas as grandes
celebrações comunitárias, a religião tinha seu santuário na família.
A circuncisão era largamente praticada em povos primitivos da
África, América, Austrália, na Ásia Menor, no Egito, em Canaã. Mas
os indo-europeus não a praticavam, nem consequentemente os
filisteus, chamados depreciativamente “incircuncisos”. Tampouco era
praticada entre os semitas orientais (Assíria e Babilônia). Assim,
aconteceu que no exílio babilônico, e em toda a diáspora, a
circuncisão se converteu em uma confissão de fé.
Em se tratando da passagem de 1ªCo 7.17-24, parece que ela
trata de duas coisas: a circuncisão de um lado, e a escravidão, de
outro. Mas por que Paulo está falando sobre essas coisas aqui, no
meio de um capítulo sobre casamento e sexo? Para ilustrar um ponto
maior que deseja enfatizar: não tente mudar o estado em que você se
encontrava quando se tornou cristão. E o ponto em relação à
discussão maior é óbvio: ninguém deveria sentir-se pressionado a
casar se está solteiro, ou a se separar de seu cônjuge se já tem um.
E o que nós aprendemos com essas histórias menores
(circuncisão, escravidão) quando olhamos para elas em si, e também
como a ilustração de algo maior? Em Gl 3.28, Paulo expressa um de
seus princípios básicos para a vida na família cristã: não há mais
judeu ou grego; não há mais escravo ou livre; não há “homem e
mulher”, vocês são todos um no Messias, Jesus. Este capítulo atual é
sobre como a relação “homem e mulher” deve acontecer na
comunidade cristã e, para ilustrar isso, Paulo escolhe precisamente
dois binômios: “judeus e gregos” e “escravos e livres”. E o
argumento de Paulo é que as distinções sociais, culturais, étnicas e
até mesmo de gênero nada são em comparação à nova vida na qual
todos os cristãos são tornados um, através do evangelho. Paulo
estava dizendo que há um novo tipo de “obediência aos
mandamentos” que precisa nascer através do Messias e do Espírito.
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Lições Bíblicas Jovens - 2º Trimestre 2021 98
É isso que conta; portanto, não se deixe pressionar para mudar sua
posição, seja uma, seja outra. No Messias, você já tem toda a
condição de que precisa.
II. A Circuncisão e o Cristianismo
A grande lição do apóstolo baseia-se na obra expiatória de
Cristo que uniu judeus e gentios, formando um só povo, com uma só
fé, um só Senhor e uma só comunidade - a Igreja. A verdadeira
circuncisão que marca e distingue o povo de Deus hoje não é feita na
carne, mas no coração (Dt 10.16). Paulo não menospreza o rito da
circuncisão entre os judeus, mas o que importa agora é a circuncisão
espiritual, que implica abandono do pecado e obediência a Cristo
(Rm 2.25-29; Fp 3.2; Cl 2.11).
Hoje, Deus define seu povo não em termos da ascendência
física de Abraão, mas de sua relação com Jesus Cristo, o único
descendente de Abraão que cumpriu, sem transgressão, a aliança
divina. Além disso, Ele concede a Seu povo o Seu Santo Espírito e
escreve a lei em sua mente e em seu coração, garantindo sua
circuncisão (Jr 31.34-34; Rm 2.28,29; 2ªCo 3.2-6; Gl 6.15). A
circuncisão é o selo da justiça da fé (Rm 4.11,12) que marca a
entrada no pacto; nesse sentido, o circuncidado se torna membro da
comunidade com a qual Deus tem um relacionamento perpétuo.
“Ser circuncidado nada significa” é uma afirmação que, fora de
contexto, é uma “tapa na cara” do judaísmo, pois a circuncisão
confirma ao homem que ele é membro do povo de Deus sob a aliança
feita com Abraão. Mas, nesse contexto, o sentido é que, na
comunidade messiânica de Deus, judeus e gentios estão na mesma
posição diante de Deus (1ªCo 12.13; Rm 3.22,23,29,30; Gl 3.28, 5.6,
6.15; Cl 3.11). Para esse assunto, laços étnicos, expressões culturais,
costumes e condição social ou religiosa não se aplicam. Não importa
ser gentio ou judeu. O que importa é guardar os mandamentos de
Deus. Em contextos semelhantes isso é equivalente à “fidelidade
decorrente da confiança expressando a si mesma pelo amor” (Gl 5.6)
e “ser uma nova criação” (Gl 6.15).
Em Gl 6.15, Paulo desvenda, destrincha que a cruz de Cristo
cria um “novo homem” quando diz “Pois nem a circuncisão é coisa
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Lições Bíblicas Jovens - 2º Trimestre 2021 99
alguma, nem a incircuncisão, mas o ser nova criatura”. A
circuncisão é uma incisão na carne, não produz mudança interior.
Não somos aceitos por Deus pela circuncisão nem somos rejeitados
pela incircuncisão. O que importa para Deus é ser nova criatura, e
essa transformação interior é produzida pelo Espírito de Deus.
Aqueles que estão em Cristo hoje são “… a verdadeira circuncisão”
(Fl 3.3), “… descendentes de Abraão” (Gl 3.29) e “… o Israel de
Deus” (Gl 6.16).
Mapa mental da Epístola aos Gálatas. Elaborado por Felipe Morais (Canal:
Curso Bíblico Online).

III. Alimentos Sacrificados aos Ídolos


O crente é livre para comer carne que ele sabe, ou suspeita, ter
sido usada como oferta em um templo pagão? Essa questão se
estende pelos capítulos 8, 9 e 10 de 1ª Coríntios. Embora os detalhes
se relacionem com outro momento histórico, os princípios básicos
são muito relevantes para a vida no mundo de hoje. Nos versículos de
1 a 6 do capítulo 8 tem-se a apresentação da questão e o mau uso dos
novos elementos subjacentes: “conhecimento” e “liberdade” (1ªCo
6.12; 10.23).
Os ex-pagãos de Corinto que se tornaram crentes sabiam que,
embora tivessem adorado ídolos, oferecendo sacrifícios semelhantes
nos mesmos santuários, seus pecados tinham sido perdoados por
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Lições Bíblicas Jovens - 2º Trimestre 2021 100
Deus. Além disso, sendo crentes, eles não oferecem mais tais
sacrifícios; antes, eles sabem que os ídolos para os quais ofereciam
tais sacrifícios “não tem existência real no mundo”. Portanto, já que
eles tem esse “conhecimento” (1ªCo 8.1, 4-6), e sabendo que tudo é
permitido (1ªCo 6.12; 10.23), haveria razão para que eles tivessem
escrúpulos quanto a comprar carne nos açougues públicos? De fato,
alguns coríntios tinham tais escrúpulos, e esses Paulo considera
“fracos” (1ªCo 8.7-12). Na igreja de Corinto formaram-se dois
grupos opostos: Os abstinentes e legalistas, que tornaram-se
vegetarianos para não caírem no perigo de comer carne sacrificada
aos ídolos, e Paulo os batizou de fracos; Os permissivos e libertinos,
que comiam carne em quaisquer circunstâncias e diziam que o ídolo é
nada, e Paulo os chama de fortes.
O principal aspecto da resposta de Paulo (1ªCo 8.7-13; 10.23-
11.1) é fazer o que edifica ou o que é “construtivo”. O que edifica é
o amor, ao passo que o conhecimento – a menos que seja governado
pelo amor (1ªCo 13.2) – apenas incha, ou, pior, “edifica de forma
equivocada”. Da mesma maneira, temos liberdade graças à união
com o Messias. Portanto, em certo sentido, “tudo é permitido”; mas,
como Paulo coloca, “nem tudo edifica”. Paulo entende que o amor
(ágape) precisa controlar o conhecimento (gnosis). Conhecimento
sem amor não traz edificação, mas tropeço. O princípio de Paulo é
que o amor deve reger a nossa liberdade cristã. Ele identifica-se com
o grupo forte. Contudo, ele está disposto a abrir mão do privilégio de
comer carne para não escandalizar os irmãos fracos. O crente maduro
não é regido pelos seus direitos, mas pelo amor.
Paulo não se satisfaz em oferecer regras simples, um conjunto
de “faça ou não faça” para guiar os coríntios através das dificuldades
de viver como povo do verdadeiro Deus num mundo cheio de outros
deuses. Ele quer que eles sejam capazes de pensar sobre esses
assuntos por si mesmos, e isso significa levar a sério quem o Deus
verdadeiro é, e o que significa amá-lo e servi-lo. Essa ainda é uma
tarefa urgente hoje, assim como foi no primeiro século.
Conclusão

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Em Cristo, fomos feitos herdeiros das mesmas bênçãos
espirituais destinadas aos judeus por meio da promessa de Abraão:
“Em ti todas as famílias da terra serão benditas”. A partir desse ato
surge uma nova humanidade: a Igreja, “onde não há circuncisão e
nem incircuncisão” (Cl 3.11). Nele, as desigualdades foram
eliminadas, a acepção de pessoas desfeita, a etnia e a classe social
desapareceram (Rm 2.11; Gl 3.28).
As promessas divinas da aliança com Abraão foram totalmente
cumpridas por Jesus Cristo. Por isso, Paulo ensina que todos os
cristãos, tanto homens como mulheres, são circuncidados, não por
mãos humanas, mas em Cristo, quando a natureza pecaminosa é
substituída pela presença de Cristo (Rm 2.29; Cl 2.11). A
“circuncisão do coração” é o verdadeiro desejo de Deus, por meio
da qual alguém pode tornar-se interiormente o que o homem judeu é
exteriormente, ou seja, marcado como parte do povo de Deus.
Os judeus (não todos, há o remanescente: messiânicos,
discípulos de Jesus!) possuem apenas o sinal, não a realidade
significada pelo sinal. Apenas tiveram “a carne” circuncidada; seus
corações, porém, não foram transformados (Lv 26.41; Dt 10.16; 30.6;
Jr 4.4; Ez 44.7); nem seus ouvidos (Jr 6.10); e nem ainda seus lábios
(Êx 6.12,30). O significado real ou valor da circuncisão foi apagado
com a morte de Cristo na cruz. Ele é o Pai da circuncisão!
Com relação ao assunto dos alimentos sacrificados aos ídolos,
qual é o princípio que deve reger a questão da liberdade cristã? O
princípio geral de Paulo era: “… quem come não despreze o que não
come; e o que não come não julgue o que come, porque Deus o
acolheu” (Rm 14.3). A orientação é de que não devemos ser fiscais
da vida alheia. É preciso que o crente tenha sabedoria para adotar
uma postura coerente dentro da liberdade cristã.
Bibliografia
A BÍBLIA Sagrada. A Bíblia da Mulher: leitura, devocional,
estudo. Almeida Revista e Atualizada. Barueri, SP: Sociedade
Bíblica do Brasil; São Paulo: Mundo Cristão. 2003, 1728p.
IBANEZ ARANA, Andrés. Para compreender o livro do
Gênesis. São Paulo: Paulinas, 2003.
O cuidado de Deus com o corpo de Cristo
Lições da Carta do Apostolo Paulo aos Coríntios Para os Nossos Dias
Lições Bíblicas Jovens - 2º Trimestre 2021 102
LOPES, Hernandes Dias. 1 Coríntios: como resolver conflitos na
igreja. São Paulo: Hagnos, 2008.
LOPES, Hernandes Dias. Gênesis: o livro das origens. São Paulo:
Hagnos, 2021.
STERN, David H. Comentário judaico do novo testamento. São
Paulo: Atos, 2008.
WRIGHT, N. T. Paulo para todos: 1 Coríntios. Rio de Janeiro:
Thomas Nelson Brasil, 2020.

O cuidado de Deus com o corpo de Cristo


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Lição 13
A Santa Ceia, o Amor e a Ressurreição
Pr. Francisco Maia

Texto do dia
“O amor nunca falha; mas, havendo profecias, serão
aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência,
desaparecerá” (1ªCo 13.8. ARC).

Síntese
O sacrifício de Jesus na cruz foi o maior exemplo de amor
sacrificial.

Objetivos
- Mostrar as orientações de Paulo a respeito da celebração da
Ceia do Senhor;
- Conhecer o poema do amor;
- Saber a respeito da ressurreição e o destino do cristão salvo.

Interação
Quando lemos, empregamos uma série de estratégias para
construir o sentido do texto, para utilizar e avaliar as informações por
ele veiculadas. Ao ler, dialogamos com o texto e complementamos o
que não está dito nele, ou seja, ao ler, preenchemos vazios com base
nas características do próprio texto. Nos nossos conhecimentos
prévios. Professor estimule e auxilie seus alunos na leitura.

Orientação pedagógica
Esboce ou exponha visualmente a epístola de forma simples e
didática. A revista de professores possui um modelo.

Introdução
Lucas 22.14, retrata o momento em que Jesus e seus discípulos
se preparavam para um momento muito especial. Jesus tomou a
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palavra e disse que “desejava ansiosamente comer com eles aquela
Páscoa, antes do seu sofrimento”. Jesus mostrou que aquela Ceia
teria um sentido todo especial e Ele desejava muito participar dela
com seus discípulos. Estas palavras de Jesus mostram que a Ceia
seria de suma importância para todos os seus discípulos.
A participação de todos eles deveria ser analisada com cuidado,
temor e tremor. Devemos nos questionar constantemente sobre o
valor dessa Ceia, pois se ela foi desejada com tanta ansiedade pelo
próprio Salvador Jesus Cristo, então ela não pode ser tratada como
algo comum, normal, corriqueiro ou sem importância. Nossa atitude
em relação à Ceia mostrará o respeito que temos com Aquele que a
instituiu - Jesus Cristo.

I. Orientações a Respeito da Celebração da Ceia do Senhor.


(1ªCo 11.23-25).
É praticamente certo que esta epístola (1ªCoríntios), foi escrita
antes de qualquer dos evangelhos, o que significa que este é o mais
antigo relato que temos da instituição da Santa Comunhão. Na
verdade, é o mais antigo relato de quaisquer palavras de nosso
Senhor. É um dos bem poucos incidentes da vida terrena de nosso
Senhor que Paulo descreve pormenorizadamente. Há alguns traços
deste relato que não encontramos em nenhum outro lugar; por
exemplo, a ordem para continuar a ministração do ofício “até que ele
venha” (1ªCo 11.26).
1. Paulo repreende as dissensões durante a celebração da
Ceia do Senhor (1ªCo 11.17-22). A reputação dos coríntios era
péssima. Paulo acreditou na denúncia sobre confusões e sobre o
comportamento deles naquilo que antecedia a Ceia. Os coríntios
tinham uma queda natural para confusões e divisões. No início da
carta Paulo tratou sobre o partido dos “de Cristo, de Paulo, de Apolo
e de Cefas”. O partido do cristão é o partido de Cristo. A plataforma
de governo defendida pelos cristãos é a plataforma de Cristo, no qual
Ele busca discípulos que o sirvam em espírito e verdade.
A igreja de Corinto não era muito diferente das igrejas atuais.
Elas sofrem danos terríveis por causa dos partidarismos infundados e
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Lições da Carta do Apostolo Paulo aos Coríntios Para os Nossos Dias
Lições Bíblicas Jovens - 2º Trimestre 2021 105
muitas vezes interesseiros. As pessoas defendem seus pontos de vista
se esquecendo da vontade de Deus. Expõe com muito zelo sua
vontade, mas se calam diante da vontade de Deus. Esse partidarismo
foi condenado por Paulo e o é para a igreja atual também.
Nesse momento será colocado em teste o domínio próprio. Será
nesse momento que se provará se o opositor defende sua própria
vontade ou se ele está mesmo interessado no bem do Reino de Deus.
As discussões, contendas, debates e partidos sempre existirão, no
entanto o modo de lidar com eles é que definirá quem são os
aprovados ou os reprovados. Só os aprovados é que poderão cear
com o Senhor na glória e participar, sem culpa, da Ceia aqui na terra.
Paulo disse aos coríntios: “Quando, pois, vos reunis no mesmo lugar,
não é a ceia do Senhor que comeis. Porque, ao comerdes, cada um
toma, antecipadamente, a sua própria ceia; e há quem tenha fome,
ao passo que há também quem se embriague. Não tendes,
porventura, casas onde comer e beber? Ou menosprezais a igreja de
Deus e envergonhais os que nada têm?”. A Ceia deles era uma
bagunça. Seu comportamento mostrava que o culto que prestavam
não tinha o objetivo de glorificar a Deus. O cristão toma a Ceia como
algo sagrado e especial. E assim é que deve ser.
2. Um olhar para o passado: O modelo da Ceia do Senhor
(1ªCo 11.23-25). A narrativa de Lucas dá ao cálice o primeiro lugar,
ao invés do pão. É perfeitamente possível que ambos os sistemas
fossem usados. A maioria dos intérpretes acredita que o pão aparece
em primeiro lugar, sendo essa a maneira como aparece na narração na
maior parte das vezes, nas paginas do N.T. Na refeição pascal
judaica, vários cálices eram passados entre os presentes durante a
celebração da pascoa; além disso, de maneira geral, todo o cerimonial
era muito mais elaborado do que no cristianismo bíblico. É
interessante que o evangelho de Lucas fala sobre um “segundo”
cálice, após o partir do pão.
Vejamos qual era a atitude dos crentes de Coríntio antes de cear
e como Paulo se referiu a eles por causa dela. Estamos falando da
Ceia. Paulo demonstra a sua indignação com essa atitude de
desrespeito em relação à Ceia. Ele mostrou que a atitude deles não
O cuidado de Deus com o corpo de Cristo
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Lições Bíblicas Jovens - 2º Trimestre 2021 106
merecia louvor algum, ele diz em 11.17 e 22: “Nisso, porém, que vos
prescrevo não vos louvo”; “... vos ajuntais não para melhor, e sim
para pior”; “Que vos direi? Louvar-vos-ei? Nisto, certamente, não
vos louvo”.
Como não estavam respeitando o ritual sagrado da Ceia e muito
menos o culto a Deus estes não estavam melhorando em nada. Sua
vida não era diferente da vida de nenhum incrédulo. Paulo lhes disse:
“Porque vos ajuntais não para melhor, e sim para pior. Porque,
antes de tudo, estou informado haver divisões entre vós quando vos
reunis na igreja; e eu, em parte, o creio” (11.17,18).
3. Um olhar introspectivo: O autoexame preventivo para não
ser condenado (1ªCo 11.26-32). A Participação na ceia e suas
implicações. Nele veremos o cuidado que devemos ter nos momentos
que a antecedem, a reverência na hora de participar dela e as
implicações físicas e espirituais futuras quando participamos dela.
As nossas atitudes que antecedem a participação na Ceia são
levadas em conta na hora de cearmos. Tudo o que fazemos em nossa
vida é do interesse de Deus e ele exige pureza e santidade em todos
os nossos atos. Não pense você que poderá fazer o que desejar,
mesmo que isso seja pecado, e depois participar da Ceia como se
nada tivesse acontecido. Quem cuida desse particular é Deus e não a
liderança da igreja.
A necessidade do homem em fazer uma reflexão. Não fazer
uma reflexão pessoal e estando em rebeldia contra Deus tomar a Ceia
faz com que o crente se exponha ao juízo de Deus. O texto diz: “Pois
quem come e bebe sem discernir o corpo, come e bebe juízo para si.
Eis a razão por que há entre vós muitos fracos e doentes e não
poucos que dormem”. Por causa da falta de reverência ao sacramento
instituído por Jesus traz doenças e até morte os insubmissos. Isto
exige uma reflexão acurada.
II. O Poema do Amor
Conceito de amor. A palavra usada por Paulo para “amar” é o
verbo grego “agapáô”, que significa: amar, ter afeição por, gostar -
1. De pessoas: Deus (Jo 3.16); Jesus, (Mc 10.21); pessoas humanas
(2ªCo 12.15); amar, querer bem “adorar”, mostrar-se solícito, a mais
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típica e excelente virtude cristã [mais frequente e tipicamente cristã
do que filéô, mas, provavelmente equivalente a ele em (Jo 21.15-
17)]. Provar ou mostrar amor, (Jo 13.1; 1ªJo 3.18). - 2. Do amor a
coisas: amar, ansiar, valorizar, ter em alta estima, (Lc 11.43; Jo
12.43; 2ªTm 4.8).
Um equivalente em hebraico é: (’ahev), gostar, amar, (nifal)
digno de amor, querido; (’aheváh), amar, (substantivado) amor.
Moisés escreveu: “Porém o SENHOR teu Deus não quis ouvir
Balaão; antes o SENHOR teu Deus trocou em bênção a maldição;
porquanto o SENHOR teu Deus te amava.” (Dt 23.5. ACF).
No livro do Êxodo (20.3), encontramos no decalógo o primeiro
mandamento: “Não terás outros deuses diante de mim.”. Aqui está a
base e o princípio para um relacionamento com Deus. Três outros
mandamentos completam esse primeiro: “não fazer imagem dEle”
(Êx 20.4,5); “não tomar o Nome dEle em vão” (Êx 20.7); e, “guardar
um dia para Ele”, (Êx 20.10).
Esses quatro mandamentos, foram “arredondados” para um:
“Amarás, pois, o SENHOR teu Deus de todo o teu coração, e de toda
a tua alma, e de todas as tuas forças” (Dt 6.5. ACF). Os dez
mandamentos foram “arredondados”, para dois: “E, respondendo
ele, disse: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de
toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu
entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo” (Lc 10.27. ACF).
Etimologicamente, o termo “amor” surgiu a partir do latim “amor”,
palavra que tinha justamente o mesmo significado que atualmente
têm: sentimento de afeição, paixão e grande desejo.
1. A causa das divisões na comunidade de Corinto era a falta
de amor. A Ceia Foi Divinamente Instituída Por Jesus Cristo. A Ceia
tem o objetivo de nos lembrar do sacrifício de Jesus e que Cristo
morreu em nosso lugar porque nós o traímos e pecamos contra Deus.
Para nos lembrar de nossa traição consciente ou inconsciente Paulo
acrescentou essa observação na instituição da Ceia: “Na noite em que
foi traído” (11.23).
A Ceia deve servir para nos humilhar ainda mais diante de
Deus, pois assim como Judas nós também o traímos quando
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pecamos, cometendo os delitos tidos por leves, mas que por causa
deles o nosso Salvador teve de enfrentar a morte sangrenta na cruz.
2. A proeminência do amor sobre os dons (1ªCo 13.1-7). O
amor é o grande principio cristão de toda a ação, ultrapassando a
todos os muitos sistemas éticos que se tem olvidado do amor, ou que
tem menosprezado a sua importância. O amor cristão evidentemente
brilha muito acima da ideia da mutualidade, postulada pelo
pragmatismo; pois o amor cristão exige que se ame até mesmo aos
nossos inimigos, o que não é a experiência da mera mutualidade.
3. A perenidade do amor: Ele jamais passará (1ªCo 13.8-13).
Esse amor cristão ultrapassa a todo o amor humano possível, quando
este não é ajudado pelo Espírito de Deus. Mas até mesmo o amor
humano, quando é genuíno, é remanescente de uma expressão de
Deus, deixada na personalidade, a despeito da queda. O amor cristão,
como fruto do Espirito Santo, por conseguinte, é tanto uma
restauração como uma nova criação de ordem moral. Na medida em
que o Espírito Santo nos transforma, elevamo-nos para novas alturas
e expressões de compaixão e cuidado como nos ensina o próprio
mestre.
III. A Ressurreição e o Destino do Cristão Salvo (1ªCo 15.1-34).
Chegamos a este ponto naquilo que pode ser chamado de glória
coroadora desta epístola, a saber, a demonstração da verdade de uma
futura ressurreição. Esta passagem tem estado associada as memórias
mais ternas e sagradas. E ela nos fornece preciosas consolações
acerca de amigos desaparecidos, tendo lançado os alicerces de nosso
próprio triunfo na hora da morte. Não é de surpreender, por
conseguinte, que esta passagem tem sido sujeita a um estudo mais
intenso do que qualquer outra porção desta epístola, de tal modo que
cada linha e palavra da mesma têm sido pesquisadas em busca de
sentidos dourados. Felizes seremos se formos capazes de determinar
sua profunda significação naquilo que se aproxima de sua luz
verdadeira, e assim contribuirmos para o aumento e o fortalecimento
da fé da igreja.
1. A fé na ressureição de Jesus é a garantia da vida eterna
com Deus (15.1- 34). Paulo aqui reitera os elementos essenciais do
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evangelho que anunciava, imediatamente antes de iniciar seu longo
discurso acerca da realidade e da natureza da ressurreição.
Relativamente desde bem cedo, entretanto, na fé judaica, teve inicio o
ensinamento a respeito da ressurreição. E um pouco mais tarde ainda
no tempo dos chamados “profetas menores” a ideia da imortalidade
da alma se tornou amplamente aceita; porém, quando isso sucedeu
entre os hebreus, já fazia muitos séculos que esse conceito da
imortalidade da alma vinha sendo uma tradição honrada pela filosofia
grega e pelas religiões orientais. O cristianismo consolidou esta
verdade.
2. Deus dará aos crentes salvos um corpo glorioso (15.35-50).
Paulo cita aqui a passagem de Is 25.8, onde Deus diz que o Senhor
traga a morte, onde a morte aparece como uma alusão ao poder
ofensivo do exercito assírio. Paulo toma essa passagem, pois, e faz
com que ela ensine a esperança da imortalidade, e não a mera
esperança de livramento das mãos de um adversário brutal. Tais
modificações de sentido, de alguma maneira ou de outra, não são
infrequentes nos escritos de Paulo, porquanto algumas vezes ele cita
bem livremente as passagens do A.T., dando as suas palavras um
sentido bem diferente, e certamente mais elevado. Paulo via o poder
de Deus tragando a morte em favor de todos os homens que crerem,
conferindo-lhes em seguida a imortalidade, com a mesma facilidade
com que o profeta Isaias viu a derrota do exercito assírio. A
condenação proferida contra Adão (Gn 3.19) é aqui revertida. O
contexto é que define o uso dessa expressão: A vitória em foco será o
fim do poder exercido pela morte, pelo sepulcro; e então os homens
salvos serão revestidos pela imortalidade.
3. Os crentes salvos e que estiverem vivos na última hora
serão arrebatados (1ªCo 15.51-58). Para o apóstolo Paulo, um
mistério não era alguma verdade oculta que somente os iniciados
poderiam saber, conforme se dava no caso dos mistérios dos
gnósticos. Antes, eram “segredos abertos”, Essas palavras mostram-
nos que o apóstolo dos gentios esperava estar vivo crendo nas
verdades de Deus anteriormente ocultas, mas agora dadas a conhecer

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a quando da “parousia”. Para ele, pois, a segunda vinda de Cristo
deveria ser considerada como um acontecimento “iminente”.
Quando ocorrer a segunda vinda de Cristo, os crentes mortos
ressuscitarão; os crentes vivos serão “transformados” sem passar pela
morte física; e assim todos os crentes receberão o “corpo espiritual”,
recebendo assim a imagem de Cristo. Evidentemente essa expectação
deve perdurar no seio da igreja cristã por todos os séculos, porquanto
possui um poder purificador essa esperança. Esse é seu proposito; e
isso se verificara especialmente no caso daquela geração que estiver
viva na hora da volta do Senhor.

Subsídio suplementar sobre a ceia do Senhor


Os elementos da Ceia. Para o ritual Jesus usou dois elementos:
O Pão e o Vinho. Não acredito que Jesus tenha se preocupado em
servir o pão antes do vinho ou se o vinho tivesse sido servido
primeiro teria algum problema. Mas foi assim que ele serviu: “O
Senhor Jesus tomou o pão; e, tendo dado graças, o partiu e disse:
isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de
mim”.
O pão. É usado para simbolizar o alimento básico do homem.
Jesus é o alimento básico do cristão. Sem Jesus não há salvação. Ele
mesmo já havia se identificado como o “Pão da Vida”. Disse que
quem se alimentasse dele teria a vida eterna, mas se perderiam todos
aqueles que se recusassem a “comer a sua carne” (Jo 5.50,51).
O pão lembra o seu corpo que, como disse Jesus: “Isto é o meu
corpo, que é dado por vós”. Jesus não morreu à toa. Sua morte tinha
um objetivo definido - Se sacrificar por aqueles a quem desejou
salvar. Seu corpo foi moído para que o nosso não o fosse. Seu corpo
foi surrado, cuspido, ferido, estapeado para que o nosso não o fosse.
Por isso o Seu corpo foi dado “Por nós”.
O vinho. O vinho era símbolo de alegria, porém sua cor é igual
ao sangue. Jesus Tomou também o cálice, dizendo: “Este cálice é a
nova aliança no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que o
beberdes, em memória de mim”. Como Jesus disse: “Sangue da Nova
Aliança no Meu Sangue”. Não haveria mais morte de animais, pois o
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sacrifício foi perfeito e o sangue do próprio Deus foi vertido na cruz,
em favor de todos nós. O vinho deve ser tomado com essa figura em
mente.
Jesus instituiu a Ceia porque sabia que facilmente nos
esqueceríamos do seu sacrifício. Lembrando o sacrifício e também
anunciando Sua vinda. Jesus criou um ritual para refrescar nossa
memória e para promover o zelo evangelístico em todos os cristãos,
por isso disse: “Todas as vezes que comerdes este pão e beberdes o
cálice anunciais a morte do Senhor, até que ele venha”.
A importância da Ceia. A Ceia é importante para a igreja
porque é um Sacramento criado pelo próprio Salvador. Tua
participação nela deve ser um momento especial e que promova
quebrantamento, reflexão e mudança de vida. Ao participar dela
lembra-te sempre que o morto na cruz devia ser você, pois é quem
pecou. Jesus a instituiu como um modo de te aproximar dEle. Não
perca essa oportunidade deixando de participar dela por
probleminhas corriqueiros e sem importância. Priorize o sagrado.
Jesus quer você ceando com ele.
Advertências sobre o uso correto da ceia do Senhor. A
participação na Ceia traz consequências boas ou más, dependendo de
como acontece a sua participação nela. Veja o que o texto diz: “Por
isso, aquele que come o pão ou bebe o cálice do Senhor,
indignamente, será réu do corpo e do sangue do Senhor”.
Todas as nossas atitudes nos trazem consequências. Quanto à
Ceia isso também é verdadeiro. O ritual criado por Jesus Cristo tem
importância vital para a igreja e traz consequências boas para os que
participam dela com reverência e temor a Deus, porém traz
consequências más para aqueles que a tratam com desprezo ou
ignoram a sua importância espiritual.
Analise o texto com cuidado: “Por isso, aquele que come o pão
ou bebe o cálice do Senhor, indignamente, será réu do corpo e do
sangue do Senhor”. O que faz um homem ou mulher dignos de tomar
a Ceia? Sua obediência? Sua frequência? Sua fidelidade no dízimo e
nas ofertas? Seu bom testemunho? Não! Não é isto que faz o homem
ser digno de participar da Ceia.
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A dignidade do homem está ligada à sua dependência de
Cristo. A Ceia é para os cristãos, que passaram a depender da
salvação proposta e concretizada na cruz. Como consequência dessa
conscientização os crentes lutam por viver uma vida santa e repetir os
atos de Cristo. Por mais que um homem tente nunca será perfeito.
É por isso que Paulo faz um alerta pessoal: “Examine-se, pois,
o homem a si mesmo, e, assim, coma do pão e beba do cálice”. Ele
pede para que cada homem examine a si mesmo e, caso haja falhas
nessa dependência, busque imediatamente um quebrantamento e um
despojar de si mesmo se colocando debaixo dos pés do Senhor para
depender somente dEle. Espera-se que o cristão se conscientize de
que aquela morte foi em seu lugar. Tendo isto muito bem claro na
mente, depois de uma reflexão pessoal.

Bibliografia
Davidson, F. Novo Comentário da Bíblia, São Paulo, Editora Vida
Nova, 1963.
Comentário Bíblico de Moody. 4ª Ed., São Paulo, Impressa Batista
Regular, 1993.
Champlin, Russell Norman, O NT interpretado, 1ªCoríntios, São
Paulo: Hagnos, 2001.
Morris, Leon. 1ªCoríntios. São Paulo, Vida Nova, 1981
Comentário Broadman – Allen, Clifton, Juerp, 1986, 554 p. vol 1
Manual Bíblico H. H. Halley – Um comentário Abreviado da
Bíblia, São Paulo, 1970.

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