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CROMATOGRAFIA

GASOSA
Erros mais comuns e
como evitá-los

Bruno Marques
Carvalho
Bruno Marques Carvalho

CROMATOGRAFIA
GASOSA
Erros mais comuns e
como evitá-los
ÍNDICE
QUEM S O MOS
2

1 - N Ã O C UIDAR ADEQUADAMENTE DO I N L E T
3 Conhecendo o inlet

2 - NÃO C U I DAR ADEQ UADAMENTE DO INL E T


4 Seringa

3 - NÃO C U I DAR ADEQ UADAMENTE DO INL E T


6 Septo

4 - NÃO C U I DAR ADEQ UADAMENTE DO INL E T


9 Liner

5 -LIGA R O F ORNO CROMATOGRÁFICO AO I N S T A L A R U M A


11 COLU N A

6 - NÃO O T I MIZAR A V AZÃO DA FASE MÓ V E L


15

7 - NÃO O T I MIZAR O V OLUME DE INJEÇÃ O


19

8 - T R A B A LHAR COM PRESSÃO CONST A N T E C O M


25 VARI A Ç Ã O DA TEM PERATURA DO FORN O

9 - NÃO T A M PAR ADEQ UADAMENTE A CO L U N A A O


29 TÉRM I N O DA ANÁL ISE

10 - NÃO V E R IFICAR OS RESERVATÓRIOS DE F A S E S A N T E S


32 DA A N Á L ISE

REFE R Ê N CIAS
33

1
Thiago Magon Bruno M. Carvalho

O Chroma Class nasceu com o propósito


de levar o conhecimento para as pessoas,
somos pesquisadores. Desenvolvemos
métodos para ajudar a criar um mundo
melhor e uma ciência mais colaborativa.

Hoje apresentamos um método capaz de


conectar não apenas moléculas, mas
também pessoas. Criamos conexões, uma
conexão que não liga apenas o Thiago e o
Bruno, mas sim uma conexão que liga a
ciência às pessoas, uma conexão que liga
você com o mundo!

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Erros mais comuns em cromatografia gasosa e como evitá-los

1 - Não cuidar adequadamente do inlet

A função do inlet é introduzir uma porção representativa da amostra


como uma banda estreita na coluna cromatográfica – a falha em atingir
esse objetivo reduzirá significativamente a capacidade de separação da
coluna cromatográfica.

O inlet é uma das maiores fontes de erros e problemas em análises de


Cromatografia Gasosa (CG). Seja por desconhecimento de seus
componentes, seja por negligenciar sua importância ou pelo simples fato
de não se lembrar de verificar alguns itens importantes.

Mas antes de começarmos a falar do inlet, é muito importante entedê-lo


e seus principais componentes. A figura abaixo mostra uma represetanção
bem simples e clara de um dos inlets mais difundidos, o inlet para injeções
do tipo split/splitless.

Agulha da seringa

Septo

O-ring

Liner

Inlet
split/splitless

Selo de ouro
Ferrolho / Ferrule
Coluna capilar

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Erros mais comuns em cromatografia gasosa e como evitá-los

2 - Não cuidar adequadamente do inlet


Seringa
Na representação acima, vemos que a agulha de seringa perfura o septo e
injeta a mostra dentro do liner que, neste caso, não contém lá de vidro.
percebeu que, pra falar do inlet, falamos primeiro da seringa?! Pois é!
Grande parte dos problemas cromatográficos são originados no sistema de
injeção!

Antes de iniciar uma sequência de análises, certifique-se que a seringa é


adequada para a aplicação pretendida. Não utilize menos do 10% da
capacidade nominal da seringa, isso pode gerar problemas de recuperação
e repetibilidade!

Além disso, faça a limpeza manual da seringa periodicamente. Succione,


manualmente, o solvente de limpeza adequado e despeje-o em recipiente
apropriado. Dessa forma você perceberá se o êmbolo da seringa flui
naturalmente ou o movimento é difícil de se realizar. Quando o analista
executa esta etapa, ele toma cuidado para que êmbolo não entorte, certo!?
Pois bem, o equipamento não tem essa percepção. Se o êmbolo encontra
pontos de atrito, fatalmente ele entortará, como o da figura abaixo.

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Erros mais comuns em cromatografia gasosa e como evitá-los

2 - Não cuidar adequadamente do inlet


Seringa
A figura abaixo mostra como realizar a limpeza manual da seringa.

Para prolongar a vida útil da seringa e evitar com que situações de


êmbolo torto aconteçam, selecione bem os solventes de limpeza. Solventes
com baixo ponto de ebulição evaporam mais rapidamente e acabam
"secando" o corpo interno da seringa, por onde o êmbolo se movimenta.
Opte por solventes menos voláties!

Para limpar a seringa após sua utilização: enxágue-a após o uso com um
solvente apropriado (pode ser um solvente conhecido por ser eficaz na
solubilização da amostra). Os agentes de limpeza preferidos são à base de
não alcalinos, não fosfatados e não detergentes. Após o uso de um agente
de limpeza, lave a seringa com água deionizada e, finalmente, acetona.
Limpe as superfícies externas do cilindro da seringa e seque a agulha com
um tecido sem fiapos. Certifique-se de que não há agente de limpeza
residual na seringa antes de usar ou armazenar. Recomenda-se que a
seringa seja colocada na embalagem original depois de devidamente
limpa.

Jamais mergulhe a seringa inteira em nenhum agente de limpeza.


Isso danifica permanentemente a seringa!

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Erros mais comuns em cromatografia gasosa e como evitá-los

3 - Não cuidar adequadamente do inlet


Septo
Partindo do princípio que já sabemos cuidar da seringa, agora
precisamos observar outro ponto muito importante e que costuma ser
negligenciado. O Septo!
O septo isola a entrada do inlet da pressão atmosférica (permitindo que
o inlet se mantenha pressurizado).
Um erro muito comum é a seleção inadequado do tipo de septo, seja
pelo material, tamanho e até mesmo aplicação! Lembrando que o septo é
mantido sob pressão e elevadas temperaturas e, se isso não fosse suficiente,
ainda é perfurado constantemente pela seringa de injeção! Coitado ...
Para se ter uma ideia, veja este septo após sucessivas injeções:

N = número de injeções

A medida que o septo é perfurado, pequenos pedaços são desprendidos


do mesmo. Estes, por sua vez, podem sair do sistema pela parte superior e,
como na maioria das vezes acontece, pode acabar entrando no sistema de
análise, inclusive na coluna!
Além de não desempenhar sua principal função (manter a pressão do
inlet) ele ainda pode sujar o sistema cromatográfico e até mesmo gerar
sinais (picos fantasmas) no detector!!

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Erros mais comuns em cromatografia gasosa e como evitá-los

3 - Não cuidar adequadamente do inlet


Septo
Coluna: G1 - 30m x 0,53 mm x 1,0 µm
Forno Cromatográfico: 40-300 ºC - 15ºC/min
Temp. Injetor: 330ºC
Fase móvel: Hidrogênio a 40 cm/s

Perfil cromatográfico de uma injeção splitless com sangramento de septo


Split: 100:1
Coluna: G1 - 30m x 0,53 mm x 1,0 µm
Forno Cromatográfico: 100ºC
Temp. Injetor: 260ºC
Fase móvel: Hidrogênio a 50 cm/s

Perfil cromatográfico de uma injeção split com sangramento de septo

Veja os tipos de septos disponíveis comercialmente e lembre-se: não


existe o melhor septo de todos, apenas aquele que mais se adeque a sua
realidade de análises!

Material do septo Compatível com Incompatível com

Solventes clorados,
ACN, acetona, DMF, álcoois,
Borracha (natural/butílica) aromáticos, hidrocarbonetos,
dietilamina, DMSO, fenóis
dissulfeto de carbono

Resistência de PTFE até


PTFE/borracha natural ou perfurar, então os septos ou o
---
butílica forro terão compatibilidade de
borracha

ACN, THF, benzeno,


Silicone ou silicone/borracha Álcool, acetona, éter, DMF,
clorofórmio, piridina, tolueno,
natural ou butílica DMSO
hexano, heptano

Resistência de PTFE até


PTFE/silicone ou perfurado, então os septos
---
PTFE/silicone/PTFE terão compatibilidade de
silicone

Solventes clorados, benzeno, DMF, DMSO, MeCN, THF,


Viton TM tolueno, álcoois, hexano, piridina, dioxano, metanol,
heptano acetona

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Erros mais comuns em cromatografia gasosa e como evitá-los

3 - Não cuidar adequadamente do inlet


Septo
É necessário cuidado com o torque aplicado à porca do septo. O aperto
excessivo da porca comprimirá esse septo, fazendo com que ele perca sua
maleabilidade. Já, um aperto inadequado, permitirá com que o septo fique
solto, podendo causar vazamentos e falhas de pressão. Muitos fabricantes
de instrumentos recomendam não utilizar ferramentas para apertar a
porca do septo. Utilize as mãos.

Porca do septo,

Seguir um cronograma de manutenção preventiva pode evitar a


maioria dos problemas relacionados ao septo:
Substitua os septos regularmente;
Certifique-se de que a purga do septo do CG esteja na taxa de fluxo
adequada;
Use a seringa de injeção correta;
Certifique-se de que a porca do septo esteja corretamente apertada;
Certifique-se de que o liner esteja limpo.

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Erros mais comuns em cromatografia gasosa e como evitá-los

4 - Não cuidar adequadamente do inlet


Liner
A seleção e o uso correto de liners são de importância crítica para
análise de CG, e muitos problemas são causados por uma escolha incorreta
do tipo de liner, seja pela geometria ou pela aplicação! As principais
funções do liner nas análises cromatográficas são:
restringir os componentes volatilizados da amostra;
permitir que a injeção split aconteça de forma reprodutível e eficaz;
promover a homogeneização da fase móvel com a amostra volatilizada;
evitar que material não volátil suje a coluna do CG;
evitar contato com superfíceis mais quentes e minimizar a degradação
térmica do analito ;
diminuir a probabilidade de ocorrência do efeito Flash Back, que é a
contaminação do sistema cromatográfico devido a expansão do vapor
gerado!

Todos os itens acima são alcançados por meio de vários recursos da


geometria e desenho do liner. Se faça estas perguntas antes de selecionar
um liner. Se você conseguir responder todas, parabéns! Você está no
caminho certo!
Qual o diâmetro interno mais adequado?
Com ou sem lã de vidro?
Posição da lã de vidro?
Qual a geometria mais adequada do liner, visando a aplicação?

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Erros mais comuns em cromatografia gasosa e como evitá-los

4 - Não cuidar adequadamente do inlet


Liner
A outra consideração importante para a identificação do liner é a
velocidade do gás de arraste. Um diâmetro interno menor resultará em uma
maior velocidade da fase móvel, levando a uma transferência de analito
mais rápida e, portanto, picos mais finos (maior eficiência cromatográfica),
especialmente para analitos de eluição precoce.
A taxa de transferência é mais crítica na injeção splitless porque o
fluxo do liner é igual ao fluxo da coluna, que é baixo. Um diâmetro interno
menor pode ter um efeito adverso na forma do pico, conforme mostrado
abaixo.

A escolha do liner deve ser feita de forma cautelosa! São muitos fatores
que devem ser levados em consideração para obtenção de uma análise
mais limpa e ficiente!

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Erros mais comuns em cromatografia gasosa e como evitá-los

5 - Ligar o forno cromatográfico ao


instalar uma coluna
Ao instalar uma coluna no CG, seja ela nova ou não, infelizmente é muito
comum ligar o fluxo da fase móvel e o forno cromatográfico próximo à
temperatura limite da coluna... erro clássico!

É comum não termos o histórico de utilização das colunas e perguntas


como essas abaixo, ficam sem resposta.

quando ela foi utilizada pela última vez?


Em qual método ela foi utilizada?
Quantas injeções foram realizadas?
Ela ficou instalada no equipamento enquanto ele ficou desligado?

Dessa forma, fica difícil saber o que pode conter dentro da coluna.
Vamos supor que a análise foi finalizada e que, ao término da mesma o
analista programou para o desligamento do equipamento. Dessa forma,
além das temperaturas, o controlador de fluxo de gases (e
consequentemente da fase mó́vel) também é desligado. Ao fazer isso, o ar
ambiente pode, e vai, entrar para dentro da coluna cromatográfica.
Considerando que o ar ambiente contém em sua composição, cerca de,
20% de oxigênio e que, quando aquecido, parte do oxigênio se converterá
para um estado mais excitado extremamente reativo! Agora imagine este
oxigênio em contato com a fase estacionária da sua coluna!! Pronto, o
estrago está feito!

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Erros mais comuns em cromatografia gasosa e como evitá-los

5 - Ligar o forno cromatográfico ao


instalar uma coluna
Por isso, listamos aqui alguns passos que podem ser seguidos visando
manter a vida útil da sua coluna.
Conecte a coluna à entrada do CG usando as boas práticas (utilize luvas
limpas, corte reto, sem marcas de dedos, sem fragmentos de septo, coluna
posicionada corretamente na entrada). A entrada deve ser ajustada à
temperatura especificada no método analítico, o forno à temperatura
ambiente. Passar 6 volumes de fase móvel pela coluna.

Para calcular o volume de uma coluna, podemos utilizar a seguinte


equação:

OBS: antes de realizar o cálculo, converta todas as medidas para a mesma


ordem de grandeza!

Onde:
V: volume
r: raio (diâmetro da coluna divido por 2)
h: comprimento da coluna
π: 3,1415

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Erros mais comuns em cromatografia gasosa e como evitá-los

5 - Ligar o forno cromatográfico ao


instalar uma coluna
Como exemplo de cálculo, utilizaremos uma coluna de 30 m x 0,25 mm de
diâmetro. Logo, temos que:

Portando, para 6 volumes, basta multiplicar o resultado encontrado por 6.

Ou seja, se considerar que o fluxo será fixo, de 1,mL por min, o tempo
necessário para limpar a coluna de forma adequada, é de 8,84 min.

Quando a etapa anterior for concluída, aumente a temperatura do


forno (certifique-se de que a fase móvel ainda esteja fluindo pela
coluna) a 20 graus por minuto até 20 graus acima da temperatura
máxima exigida pelo método analítico. Uma vez atingido o limite
superior de temperatura, a coluna deve ser condicionada pelo tempo
correto com base nas dimensões e tipo de fase, informados na tabela a
seguir.

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Erros mais comuns em cromatografia gasosa e como evitá-los

5 - Ligar o forno cromatográfico ao


instalar uma coluna

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Erros mais comuns em cromatografia gasosa e como evitá-los

6 - Não otimizar a vazão da fase móvel


Não avaliar a faixa de velocidade linear mais adequada para o gás da
fase móvel também costuma ser um erro bem comum! Ao abrir mão dessa
avaliação, o analista, consequentemente, acaba abrindo mão de muitos
pratos teóricos em seus picos cromatográficos!
Cada tipo de gás que pode ser utilizado como fase móvel possui uma
velocidade linear mais adequada, onde a altura dos pratos teóricos são as
menores possíveis. Para entender um pouco melhor este efeito, vamos
avaliar, matemática e cromatograficamente, o que são pratos teóricos e
quais são os fatores que influenciam nessa variável.

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6 - Não otimizar a vazão da fase móvel


O alargamento de banda (perda de eficiência) é um fenômeno que reduz
a eficiência de uma separação de CG, levando a uma diminuição da
resolução e desempenho cromatográfico ruim. Isso é problemático em
termos da qualidade da separação obtida e da precisão com que os
componentes da amostra podem ser quantificados.

O grau de alargamento de banda aumenta naturalmente a medida que a


coluna é utilizada. No entanto, existem estratégias para retardar esses
processos e otimizar o desempenho da coluna e do instrumento para
garantir máxima eficiência e mínimo alargamento de banda.

Em 1956, JJ van Deemter derivou uma equação que incluía os principais


fatores que contribuem para o alargamento da banda da coluna. Ele
descreveu os termos individuais (A, B e C opostos) e também derivou uma
curva composta que relacionava a altura equivalente a um prato teórico
(Height Equivalent to a Theoretical Plate - HETP) à velocidade linear da
fase móvel que flui através da coluna.

Neste momento, é importante entender os termos (ou fatores) que


contribuem para a ampliação da banda na prática.

Coeficiente de Coeficiente de
Difusão de Eddy transferência de massa
Coeficiente de difusão
longitudinal molecular

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6 - Não otimizar a vazão da fase móvel


Ao analisarmos essa equação plotarmos em um gráfico, obtemos a
seguinte resposta:

Aqui devemos prestar atenção no gráfico marrom, nomeado como HETP


(Altura equivalente a um prato teórico - Height Equivalent to a Theoretical
Plate). Ao interpretar esse gráfico, concluímos que:

Existe uma faixa de velocidade linear da fase móvel que proporciona a


menor altura de um prato teórico. E, quanto menor a altura do prato
teórico (Plate Height), mais pratos teóricos, maior a eficiência!

Quando aplicamos este gráfico aos gases utilizados como fase móvel,
temos o seguinte resultado:

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Erros mais comuns em cromatografia gasosa e como evitá-los

6 - Não otimizar a vazão da fase móvel


Englobando todos os termos

O uso de nitrogênio dará a separação mais eficiente (ele tem o menor


valor de HETP), pois é o mais viscoso e a difusão longitudinal do analito é
minimizada. No entanto, o ponto mínimo na curva corresponde a uma
velocidade linear relativamente baixa.

Os gases hidrogênio e hélio mostram eficiência ideal em velocidades


lineares mais altas, produzindo tempos de análise mais curtos quando
comparados ao nitrogênio, enquanto geram eficiência quase comparável.

Outra vantagem significativa do uso de hidrogênio é a ampla faixa


linear da curva à direita do mínimo. Isso indica que uma velocidade linear
significativamente maior pode ser usada sem comprometer a eficiência da
separação.

De forma simples, temos que as velocidades lineares mais adequadas


para os gases são:

Nitrogênio: 8 a 16 cm/s
Hélio: 20 a 40 cm/s
Hidrogênio: 30 a 55 cm/s

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7 - Não otimizar o volume de injeção


Quando uma amostra líquida é injetada na inlet do CG, ela se vaporiza
e o volume de vapor gerado é consideravelmente maior do que o volume do
líquido que a originou. A quantidade de vapor gerado depende do solvente
usado, do volume de injeção, da temperatura e da pressão do inlet.

Se este volume exceder a capacidade interna do liner, ocorre uma efeito


chamado "flash back". Vamos avaliar agora o que acontece dentro de um
liner quando o volume de injeção não é estudado e otimizado.

Em uma primeira etapa, ocorre a pressurização do inlet pela fase móvel.


O destaque dado abaixo é para partes mais frias do equipamento e que não
fazem parte da rota normal que a amostra deve seguir para entrar na
coluna cromatográfica.

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7 - Não otimizar o volume de injeção


Neste momento ocorre a injeção da amostra pela seringa. A "nuvem"
de coloração rosa, representa o solvente da amostra e o analito é
representado pelas partículas em azul.

Interessante notar aqui que o volume do vapor gerado já ocupou toda a


capacidade interna do liner. Este, por sua vez, é um liner de 4mm de
diâmetro, não possui lã de vidro e, o mais importante para esse caso, sua
geometria não favorece a minimização do efeito flash back.

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Erros mais comuns em cromatografia gasosa e como evitá-los

7 - Não otimizar o volume de injeção


Instantes após a injeção, repare que parte da amostra segue o fluxo
normal, entrando na coluna cromatográfica. No entanto, parte da amostra
segue por caminhos não convencionais.

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7 - Não otimizar o volume de injeção


E, dessa forma, quando essas moléculas encontram superfícies mais
frias, elas condensarão! Pronto, está montado o cenário ideal para o
surgimento de picos fantasmas e contaminação por carry over!

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Erros mais comuns em cromatografia gasosa e como evitá-los

7 - Não otimizar o volume de injeção


Para limpar essa sujeira formada, não existe fórmula mágica. Mas
podemos tomar algumas ações:
Aumentar o fluxo da fase móvel;
Aumentar o fluxo da purga de septo;
Aumentar a temperatura do inlet;
Aubstituir o septo;
Realizar sucessivas inejções de solvente até que os sinais analíticos não
sejam mais vistos no cromatograma.

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7 - Não otimizar o volume de injeção


Uma forma mais simples de evitar com que isso aconteça é calcular o
volume de vapor gerado!

Publicamos um vídeo, no perfil do Chroma Class no Instagran,


ensinando como realizar esse cálculo!

Para acessar o vídeo, basta clicar na imagem do Chroma Class, logo


abaixo.

Ha, e não deixe de curtir, comentar, salvar e compartilhar!!

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8 - Trabalhar com pressão constante com


variação da temperatura do forno
À medida que a temperatura do forno aumenta, a pressão dentro da
coluna aumenta. Em um sistema de pressão constante, a vazão da fase
móvel diminuirá para manter uma pressão constante.

Como já vimos, manter uma velocidade linear da fase móvel, dentro da


faixa indicada, proporcionará uma menor altura do prato teórico,
aumentará a quantidade de pratos e, por fim, impactando de forma
positiva0 a eficiência do pico cromatográfico (picos mais finos e
resolvidos).

Observe a sequência de figuras a seguir para entender melhor este


conceito.

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8 - Trabalhar com pressão constante com


variação da temperatura do forno
Inicialmente temos um sistema de gás que se divide e alimenta duas
chamas. Aplicou-se um zoom, a nível molecular, para entendermos melhor
o comportamento dos gases quando submetidos a aquecimento.

Vamos fazer um exercício mental agora. Em um primeiro momento,


representado pela figura anterior, notamos que, tanto a chama do lado
esquerdo quanto a chama do lado direito possuem a mesma altura, certo?
Isso acontece porque a quantidade de moléculas de gás, que sai pelos tubos
e alimenta as chamas é igual! Vamos supor que saem 10 moléculas por
segundo (obviamente é muito mais do que isso, mas o importante aqui não
são os valores, mas a físico-química envolvida neste processo) e que, cada
molécula dessas, realiza 100 impactos por segundo, seja com outros
moléculas do gás, seja com as paredes do recipiente. Além disso, essas
moléculas possuem uma velocidade linear constante, em direção a chama.
Vamos supor que seja de 10 cm/s.

Certo, agora vamos aquecer (fornecer energia na forma calor) para o


gás que alimenta a chama do lado direito.

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8 - Trabalhar com pressão constante com


variação da temperatura do forno
Sabemos que a temperatura, nada mais é do que a medida da energia
cinética média das moléculas que constituem o sistema. Quando se fornece
energia (na forma de calor) para estas moléculas, a energia cinética média
aumenta. Ao fazer isso, elas passarão a se chocar mais umas com as outras
e com as paredes da tubulação. Na página anterior, dissemos que essas
moléculas realizam 100 impactos por segundo, certo? Agora, depois do
aquecimento, elas realizarão 100.000 impactos por segundo! Esse aumento
de impactos faz com que a velocidade linear do gás, que antes era de 10
cm/s, passe a ser de 5 cm/s! Consequentemente há uma diminuição do
número de moléculas por segundo que sai do tubo e alimenta a chama!

Certo, entendemos o experimento, mas o que isso tem a ver com o modo
de pressão constante!?

Tem tudo a ver!! Quando se trabalha com a operação do equipamento


em pressão constante, e há um variação (aumento) da temperatura do
forno cromatográfico, diminui-se a velocidade linear da fase móvel e, como
já vimos, a velocidade linear da fase móvel tem um impacto direto na
eficiência cromatográfica!

A melhor forma de corrigir essa situação é trabalhando com o modo de


fluxo constante!

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8 - Trabalhar com pressão constante com


variação da temperatura do forno
Quando se trabalha com o modo de fluxo constante (fluxo constante
pode ser substituído por velocidade linear constante), e há um aumento da
temperatura, o equipamento compensa a diminuição natural da velocidade
linear do gás, injetando mais gás no sistema (aumentando a pressão).
Dessa forma, aquelas moléculas que receberam energia na forma de calor,
que estão se chocando com as paredes da tubulação e com outra moléculas,
são "empurradas" por outras moléculas que acabaram de entrar no sistema,
fazendo com que a velocidade linear (fluxo) se matenha constante!

Os gráficos abaixo ilustram bem os comportamentos do fluxo e da


pressão quando se trabalha com pressão constante (Experimento A) e
quando se trabalha com fluxo constante (Experimento B).

Esse efeito não é notado quando se trabalha com método isotérmico, já


que não há aumento da temperatura.

Na dúvida, opte pelo modo de fluxo constante!

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Erros mais comuns em cromatografia gasosa e como evitá-los

9 - Não tampar adequadamente a coluna


ao término da análise
O oxigênio é um inimigo da maioria das colunas capilares de CG.
Embora quase nenhum dano à coluna ocorra na temperatura ambiente ou
próximo a ela, danos graves ocorrem à medida que a temperatura da
coluna aumenta. Em geral, a temperatura e a concentração de oxigênio em
que ocorrem danos significativos são menores para fases estacionárias
polares. É a exposição constante ao oxigênio que é o problema.

A exposição momentânea, como uma injeção de ar ou uma remoção


de porca do septo de duração muito curta, não é um problema. Um
vazamento no caminho do fluxo de gás de arraste (por exemplo, linhas de
gás, conexões, injetor) é a fonte mais comum de exposição ao oxigênio. À
medida que a coluna é aquecida, ocorre uma degradação muito rápida da
fase estacionária. Isso resulta no início prematuro de sangramento
excessivo da coluna, cauda de pico para compostos ativos e/ou perda de
eficiência (resolução). Estes são os mesmos sintomas dos danos térmicos.
Infelizmente, no momento em que o dano de oxigênio é descoberto, já
ocorreram danos significativos na coluna.

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Erros mais comuns em cromatografia gasosa e como evitá-los

9 - Não tampar adequadamente a coluna


ao término da análise
O armazenamento correto da coluna é necessário para evitar duas
ocorrências principais:
1. Entrada de umidade;
2. Entrada de oxigênio atmosférico, que por sua vez, promove degradação
oxidativa da fase estacionária, por meio de mecanismos catalisados ​por
radiação ultravioleta.

As diretrizes a seguir, te ajudarão a garantir uma vida útil mais longa da


coluna:
Lembre-se de fechar as extremidades da coluna quando não estiver em
uso, para impedir a saída da fase móvel e, consequente entrada de
oxigênio atmosférico e umidade. A maneira mais fácil é selar a coluna
usando septos de silicone (corte-os ao meio – é mais barato) ou tampas
de vedação da coluna;
Não deixe a coluna na bancada onde ela pode ser danificada. Guarde-a
para que não seja danificada, pois a tensão na coluna pode fazer com
que ela quebre durante a operação;
Armazene a coluna embalada com um cromatograma teste em um local
escuro. A exposição a altos níveis de luz ultravioleta pode iniciar a
oxidação da fase estacionária.

Se a coluna permanecer no instrumento, coloque um fluxo baixo e


constante de fase móvel com o modo split ligado. Se o split for desligado,
pode ocorrer retrodifusão de ar na coluna, que pode causar sérios danos.
Para evitar o acúmulo de umidade e ar no forno, ele deve ser configurado
a uma temperatura de 60 ºC.

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Erros mais comuns em cromatografia gasosa e como evitá-los

9 - Não tampar adequadamente a coluna


ao término da análise.
O oxigênio degrada rapidamente a fase estacionária clivando ligações
ao longo da cadeia de polisiloxano da coluna. Isso é conhecido como uma
reação de backbiting onde a cadeia de siloxano se quebra em siloxanos
cíclicos mais termodinamicamente estáveis, mas também mais voláteis.

É a eluição e detecção destes siloxanos cíclicos que constitui o


sangramento da coluna. Este dano é irreversível.

O aumento no número de grupos Si-OH dentro da fase oxidada levará


a um aumento no número de interações secundárias de silanol (Si-OH)
com os analitos da amostra, levando a formação de cauda do pico
cromatográfico, conforme observado figura abaixo.

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Erros mais comuns em cromatografia gasosa e como evitá-los

10 - Não verificar os reservatórios de


gases antes da análise

Em muitos laboratórios, o suprimento de gás é distante do CG. Embora


nem sempre seja facilmente acessível, é funfamental que o estoque de gases
seja consferido diariamente! Implementar essa ação em sua rotina evitará
retrabalho e desperdício de recursos.
Se você trabalhar com gerador de gás, esse problema é menos comum
de acontecer! Sorte a sua!

32
Referências

BARRY, Eugene F.; GROB, Robert L. Columns for gas


chromatography: performance and selection. John
Wiley & Sons, 2007.

GROB, Robert L.; BARRY, Eugene F. (Ed.). Modern


practice of gas chromatography. John Wiley & Sons,
2004.

https://www.chromacademy.com/

http://www.agilent.com/

https://www.chromatographyonline.com/

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