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Resumo
O presente artigo busca demonstrar como a utilização da Teoria Crítica,
na perspectiva teórica do neo-gramscianismo e sob uma ótica decolonial,
pode ser utilizada de modo a colaborar no processo de expansão da
compreensão dos sentidos do fenômeno da migração enquanto um ato
que ocorre naturalmente na sociedade, a despeito das diversas tentativas
de negação desse fato e criminalização do ato de migrar. Para além desse
intuito, pretende-se também verificar como este acontecimento tem sido
utilizado por determinadas elites dominantes, sejam elas neocolonizadoras
ou descolonizadas (mas que repetem o padrão opressor colonial), que
se apropriam da organicidade intelectual, para manter uma lógica de
diferenciação em prol de desigualdades, além de preservar, nesse sentido,
o status quo do Estado-nação moderno, por meio do qual as esferas de
poder em uma lógica capitalista apropriam-se do etnocentrismo para criar
ou intensificar novas formas de manutenção do poder. Busca-se demonstrar
que as observações das teorias neo-estruturalistas e neoliberais não
conseguem responder politicamente de forma satisfatória às exigências de
modernização do Estado, saindo da posição de categoria teórica para
se tornar apenas em ferramenta de controle social. Para buscar atingir os
objetivos propostos, foi realizado um trabalho de levantamento bibliográfico
alinhado com a intenção de mobilizar o debate em torno dos fenômenos de
caráter migratório. Por fim, É um dos intuitos do trabalho demonstrar que toda
discussão a esse respeito está fundamentalmente atrelada à ideia de que a
estrutura que a cerca é moldada com o intuito de se pensar no funcionalismo
como única ‘saída’ para as crises.
1. Introdução
1 Figuras usadas tanto como protetor, quanto vigia, opressor, utilizando as defini-
ções desejadas pelos autores, George Orwell e Thomas Hobbes.
Eliza Odila Conceição Silva Donda, 425
Marcus Vinícius Santos Toledo & Nelson Soutero Coutinho Neto
2 Para conceito de ‘Bloco Histórico’, cf. COX (1983, p. 167); SANTOSb (2017, p.
65).
Eliza Odila Conceição Silva Donda, 429
Marcus Vinícius Santos Toledo & Nelson Soutero Coutinho Neto
4. Considerações finais
Como visto acima, não se pode finalizar este artigo com uma
conclusão hermética, pois este estudo está longe de vislumbrar qual-
quer solução concreta. O que se busca, aqui é a abertura da dis-
cussão acadêmica a respeito do futuro da migração e dos direitos
humanos, o incentivo a pesquisas mais profundas, o apontamento de
temas sensíveis, bem como mostrar alguns passos que já foram dados
e alguns caminhos possíveis.
A incoerência entre uma determinada noção de globalização,
incentivada pelo neoliberalismo, e a imposição de barreiras migra-
tórias, apenas cria um inimigo, criminaliza a migração, objetifica as
relações humanas e, novamente, viola os direitos humanos. As teo-
rias neorrealista e neoliberais carecem de cumprirem seu papel de
explicar a realidade, apenas buscam meios para justificar a manu-
tenção do status quo do Estado, das elites dominantes, dos blocos
históricos, como citados acima. Através das teorias pós-estruturalis-
tas, seja através de Foucault (GÓES, 2015), ou Derrida (MENDESb,
2015), as propostas são as mesmas para a (re)leitura gramasciniana:
Eliza Odila Conceição Silva Donda, 433
Marcus Vinícius Santos Toledo & Nelson Soutero Coutinho Neto
Referências
AFP. Tribunal Penal Internacional vai julgar deportação de rohingyas de
Mianmar. Exame: Mundo, 06 set 2018. Disponível em: https://exame.com/
mundo/tribunal-penal-internacional-vai-julgar-deportacao-de-rohingyas-
de-mianmar/. Acesso em: 16 fev 2020.
clacso.org.ar/clacso/sur-sur/20100624103322/12_Quijano.pdf. Acesso
em: 04 abr 2021.
SASSEN, Saskia. Guests and Aliens. New York: The new press, 1999. 232p.
ISBN 1-56584-481-5. Disponível em: https://www.researchgate.net/
publication/30529998_Guests_and_Aliens. Acesso em: 18 fev. 2020.
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