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SUMÁRIO
▪ Introdução .................................................................................................................................. 03
▪ Histórico ..................................................................................................................................... 04
▪ Infraestrutura ............................................................................................................................. 11
o Public Key Cryptography (PKC) ..................................................................................... 11
o Curvas Elípticas ............................................................................................................. 12
▪ Blockchain do Bitcoin ................................................................................................................. 14
o A Blockchain ................................................................................................................. 14
o Nodes ........................................................................................................................... 15
o Hash .............................................................................................................................. 15
o Merkle Tree .................................................................................................................. 17
▪ Mineração .................................................................................................................................. 20
o A Mineração ................................................................................................................. 20
o Hash Target .................................................................................................................. 22
o Hash Rate ..................................................................................................................... 22
o Proof-of-Work .............................................................................................................. 23
o Halving .......................................................................................................................... 25
o Business de Mineração ................................................................................................. 28
▪ Pool de Mineração ......................................................................................... 28
▪ Hardwares (ASICs) .......................................................................................... 29
▪ Concentração ................................................................................................. 30
▪ Ataque 51% .................................................................................................... 31
▪ Mineradores e a Pressão de Venda ............................................................... 32
▪ Entendendo a Escalabilidade do Biticoin ................................................................................... 42
▪ Evoluções da Blockchain e do Bitcoin ........................................................................................ 44
o Open Source ................................................................................................................. 44
o Lightning Network ........................................................................................................ 45
o Segwit ........................................................................................................................... 48
o Forks ............................................................................................................................. 49
▪ Risco Regulatório ........................................................................................................................ 53
▪ Análise de Mercado .................................................................................................................... 55
▪ Considerações Finais................................................................................................................... 64
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Report Fundamentalista do Bitcoin (2021)
INTRODUÇÃO
O Bitcoin é a primeira moeda digital, global e 100% descentralizada. A moeda, que foi
lançada em 2009, possui algumas características que justificam sua utilização em massa
nos dias atuais, assim como seu valor de mercado.
Por último, destaco a tecnologia por trás da moeda. Além da blockchain, que permite a
execução do conceito de descentralização, a característica do código do bitcoin ser open
source permite a constante evolução da tecnologia na qual a moeda é ancorada,
permitindo que gargalos no daily use da moeda possam ser estudados e aprimorados.
Ainda, para que essas mudanças sejam executadas, é necessário a validação da maior
parte da rede, retirando o risco da tomada de decisão de um player centralizador.
Nessa análise, abordaremos com maior profundidade cada um desses pontos, com
ênfase nos diferenciais e riscos dessa tecnologia.
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Report Fundamentalista do Bitcoin (2021)
HISTÓRICO
Key events:
2008 –
2009 –
2010 –
2011 –
1
https://bitcoin.org/bitcoin.pdf
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Report Fundamentalista do Bitcoin (2021)
2012 –
2013 –
2014 –
2016 –
2017 –
▪ Bitcoin Scaling Agreement (ou New York Agreement), o que levou à criação da
Segwit.
▪ Hard fork do Bitcoin Cash, ocasionado devido à falta de acordo em relação às
mudanças no código do bitcoin que aumentaria agressivamente o tamanho do
bloco da blockchain, visando endereçar os problemas de escala do ativo.
▪ Suspensão do “2x” hard fork. Outro hard fork que visava aumentar o tamanho
do bloco da blockchain foi suspenso devido à oposição dos usuários da rede.
▪ Publicação do protocolo Lightning Network.
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Report Fundamentalista do Bitcoin (2021)
2018 –
2019 –
2020 –
Como visto, o bitcoin é uma inovação recente (2008) com um histórico muito curto
desde a utilização ampla do ativo (essa definição é relativa, há motivos para dizer que o
bitcoin ainda não é utilizado amplamente). Durante esse percurso, a moeda passou por
obstáculos relacionados à regulação por Estados ou órgãos reguladores do mercado
financeiro. Em 2020, estamos observando um movimento muito forte de
institucionalização do mercado como um todo, o que pode ser considerado um grande
passo na curta história do ativo.
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https://www.coindesk.com/microstrategy-buys-bitcoin-debt
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https://www.paypal.com/us/webapps/mpp/crypto
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Report Fundamentalista do Bitcoin (2021)
de acordo com um estudo promovido pela Universidade de Sidney, 44% dos bitcoins
existentes tinham alguma relação com atividades ilícitas.
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Report Fundamentalista do Bitcoin (2021)
Foi nesse contexto que, em 2013 e 2014, a maior exchange do mundo até então (Mt
Gox), que concentrava cerca de 70% da circulação do mercado, foi hackeada repetidas
vezes. Os ataques resultaram em um prejuízo de 850.000 bitcoins para os usuários.
Em 2017, a criação de contratos futuros de bitcoin pela CME (segunda maior exchange
de contratos futuros do mundo) foi um evento essencial para a entrada dos investidores
institucionais no mercado, junto com a Lightning Network, solução criada para
endereçar os problemas de escalabilidade do bitcoin.
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Report Fundamentalista do Bitcoin (2021)
Tudo somado, a segunda metade de 2017 viu um forte movimento de bolha no mercado
de criptomoedas. Um grande volume de investidores não fundamentados entrou em
um mercado com uma infraestrutura completamente despreparada. A rede não
suportou esse movimento, taxas de transações explodiram e o tempo médio de
validação de uma transação aumentou expressivamente. Não coincidentemente, o
mercado sofreu uma correção forte nos meses seguintes, criando um ambiente
extremamente adverso para as criptomoedas.
Apesar da bolha e da crise subsequente, esse período foi importante para abrir os olhos
do mundo para o bitcoin. Embora boa parte dos investidores que saíram lesionados da
crise tenham carregado o mantra “criptomoeda é bolha”, uma série de investidores
institucionais passaram a estudar esse mercado. Nos últimos 3 anos, mais de U$ 1,2
bilhão foram aportados via Venture Capital em empresas especializadas em custódia e
investimento institucional em criptomoeda.
Assim como o mercado privado abriu os olhos para cripto, com o setor público não foi
diferente. Passado 2017, as discussões envolvendo órgãos governamentais e
criptomoedas cresceram, principalmente após a divulgação em 2018 de que o Facebook
estaria lançando a sua própria moeda digital. Frente ao cenário de uma base de 4 bilhões
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Report Fundamentalista do Bitcoin (2021)
É completamente plausível afirmar que o ano de 2017 foi um divisor de águas para o
mercado de cripto e para o bitcoin. Desde então estamos vendo um movimento desse
mercado saindo do amadorismo e caminhando para a institucionalização, representada
pelo aprofundamento de estudos em cripto, investimentos em empresas de tecnologia
em blockchain ou custódia e discussões mais tolerantes com a esfera pública.
Nessa linha, 2020 pode ser visto como um ano de confirmação dessa tendência. O
número de investidores institucionais e valores sob gestão em fundos de cripto
disparou, além de observarmos a entrada de players que antes eram céticos quanto à
utilização de criptomoedas, como o Paypal, que disponibilizou dentro de sua plataforma
a compra e venda de bitcoin, projetando para 2021 a realização de pagamentos dentro
da plataforma utilizando a moeda. Para termos uma ideia de dimensões, estima-se que
o bitcoin possui 100 milhões de usuário ativos, enquanto o Paypal possui 350 milhões.
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Report Fundamentalista do Bitcoin (2021)
INFRAESTRUTURA
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CURVAS ELÍPTICAS –
Esse mecanismo se chama curvas elípticas, e corresponde à função matemática por trás
da PKC. Primeiramente é interessante pontuar que existem duas formas de realizar esse
tipo de criptografia: curvas elípticas ou RSA, modelo amplamente usado em
programação. Porém, a maioria das criptomoedas utilizam as curvas elípticas pois elas
permitem o mesmo nível de segurança com uma quantidade menor de dados. Por
exemplo, uma chave de 256-bit criptografada por curvas elípticas é tão segura quanto
uma chave de 3072-bit criptografada por RSA. Como estamos falando de bitcoin e existe
a necessidade de escalabilidade e velocidade na validação de transações, o primeiro
modelo prova-se mais lógico.
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y² = x³+7
Uma curva elíptica de 256-bit significa que a função partiu de um ponto específico da
curva (chave pública), adicionou um outro ponto aleatório e a partir dessa união
encontrou um terceiro ponto na curva. A partir desse ponto, adicionou um novo
elemento, encontrando um novo terceiro ponto. Esse processo foi realizado 510 vezes
até encontrar um último ponto, que corresponde à chave privada.
Realizar a derivação inversa dessa curva e chegar no ponto de partida é impossível para
qualquer algoritmo computacional existente hoje. Grosso modo, matematicamente
improvável e praticamente impossível. Apesar desse modelo ser a base de grande parte
da criptografia computacional do mundo, não se exclui a possibilidade do
desenvolvimento de soluções computacionais que possam realizar esse tipo de
operação.
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BLOCKCHAIN DO BITCOIN
A BLOCKCHAIN –
Como dizer se um dólar, uma CNH ou um cartão de voto são verdadeiros ou falsos? Cada
um deles possui um número de identificação, registrado no sistema de alguma
autoridade que validará a veracidade. Com o bitcoin, a blockchain exerce o papel de
sistema onde as transações passam por um processo de validação. Porém, ao invés
desse processo ocorrer centralizado nas mãos de uma autoridade, a blockchain permite
que todos os usuários do sistema sejam validadores e armazenadores de todas as
transações envolvidas nesse ecossistema.
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NODES –
Como dito anteriormente, a blockchain pode ser vista como o livro razão do bitcoin,
onde todas as suas transações são registradas e validadas. Para uma nova transação ser
registrada, é necessário que 50% + 1 dos computadores ligados à blockchain validem e
“anotem” essa operação em sua cópia do livro razão (blockchain). Quando esse processo
é feito e a veracidade das transações é comprovada, elas são atualizadas em todas as
cópias da blockchain.
Atualmente a rede possui pouco mais de 100 mil full nodes ao redor do mundo. Por um
lado, esse número expressivo pode representar a descentralização da rede em torno de
um dos principais pilares da sua segurança: a validação das transações. Por outro lado,
não existe um dado referente à concentração de full nodes referentes a uma mesma
empresa.
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HASH –
No exemplo abaixo, vemos a frase “Compre Bitcoins” criptografada via função hash.
A SHA 256 é a função escolhida para ser utilizada na blockchain por ter características
fundamentais para a segurança da rede:
1. O hash é determinístico.
O hash ser determinístico significa que ele sempre irá gerar o mesmo hash para um dado
arquivo de saída e nunca irá gerar o mesmo hash para dois arquivos de saída diferentes.
Ainda, uma pequena mudança no arquivo de saída gera uma hash completamente
diferente, como no exemplo abaixo.
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MERKLE TREE –
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Report Fundamentalista do Bitcoin (2021)
um conjunto de transações. Logo, caso fosse necessário validar todas as transações, uma
por uma, para validar a veracidade de um bloco, o processo seria extremamente custoso
e demorado. Dessa forma, a estrutura conhecida como “Merkle Tree” é utilizada na
blockchain para transformar esse processo mais eficiente.
A merkle tree é uma estrutura em que vários hashs são combinados de pares em pares,
passando por uma nova etapa de criptografia a cada combinação, até formar uma
espécie de “árvore reversa”, resultando em um hash único conhecido como “merkle
root” ou “root hash”. O esquema abaixo exemplifica esse processo.
Esse root hash ou merkle root será anexado no bloco da blockchain, de forma a resumir
todas as transações presentes dentro daquela unidade. Essa estrutura é essencial para
a verificação da integridade de todos os dados dentro do bloco, pois qualquer mudança
pequena em alguma transação irá alterar o root hash. Dessa forma, um validador
encontrará um root hash enquanto outro validador encontrará um root completamente
diferente (fruto de uma transação fraudulenta). Quando isso acontece, esse node rejeita
o bloco. A partir daí, o processo reverso para encontrar a fraude é mais fácil, basta
descer as camadas da merkle tree e ir traçando o caminho dos hashs alterados, ao invés
de analisar cada transação individualmente, caso não houvesse esse tipo de estrutura.
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Report Fundamentalista do Bitcoin (2021)
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Report Fundamentalista do Bitcoin (2021)
MINERAÇÃO
A MINERAÇÃO –
Ao analisar um bloco, nos deparamos com o Prev Hash (hash do bloco anterior da
blockchain), Nonce (número aleatório, única parte passível de alteração do bloco),
Merkle Root (hash que resume todas as transações dentro do bloco) e o Timestamp
(data e hora da construção do bloco).
Todas essas informações passam por um processo de criptografia, gerando uma função
hash para esse bloco:
A atividade do minerador consiste em alterar o nonce desse bloco repetidas vezes até
encontrar um hash que atenda à certas características específicas (abordaremos em
seguida, por hora tome essa informação como dada). Ao encontrar esse número, diz-se
que o minerador encontrou o Golden Nonce. Ele deve informar o valor desse nonce à
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Report Fundamentalista do Bitcoin (2021)
rede e assim que todos os computadores o utilizarem e 50% + 1 comprovarem que esse
nonce gera um hash que atende às características pedidas pela rede, o bloco será
incorporado à blockchain e o minerador recebe uma recompensa por seu trabalho (uma
quantidade pre definida de bitcoins + taxas de transação da rede).
Ainda, vê-se no formato do bloco que todos possuem um Prev Hash, ou o hash do bloco
validado anteriormente. Esse fator garante uma das características fundamentais da
blockchain: alterar um bloco antigo irá alterar o merkle root desse bloco, logo, alterar
seu hash e alterar toda a cadeia, pois todos os blocos são conectados pelo hash do bloco
antigo.
Caso desejasse validar essa fraude, esse usuário teria que revalidar todos os blocos antes
que seja adicionado um novo bloco à blockchain, algo que ocorre a cada 10 minutos.
Para isso, seria necessário encontrar os hashs válidos para esses novos blocos e validar
o bloco fraudado atual antes que o restante da rede valide um bloco não fraudulento.
Para que isso ocorra, o poder computacional desse indivíduo deve ser superior ao resto
da rede. Por esse motivo, é considerado impossível que um indivíduo que não domine a
maioria da rede possa fraudar a blockchain.
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HASH TARGET –
A característica específica que o hash deve cumprir para validar um bloco é o seu
tamanho. Inicialmente, é importante pontuar que para a computação, o número zero
no início de um hash significa um espaço vazio, ou um algoritmo a me nos. Logo, o
tamanho do hash depende da quantidade de zeros no seu início e essa característica
definirá se um hash encontrado por um minerador será valido ou não.
Vale reforçar que quanto menor o tamanho desse hash, mais difícil será de encontrá-lo.
Essa definição é essencial para entender o hash rate, que abordaremos mais à frente.
HASH RATE –
Hash rate consiste na quantidade de hash produzido por segundo na rede do bitcoin. Ou
seja, quantas vezes é possível gerar um hash tentando validar um novo bloco. Caso a
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Report Fundamentalista do Bitcoin (2021)
rede aumente seu poder computacional e consiga processar uma quantidade maior de
hash por segundo (aumentando seu hash rate), é lógico imaginar que o tempo médio
para validar um bloco diminuirá. Compreender o mecanismo de equilíbrio do hash rate
é fundamental para entender a dinâmica da mineração e outras características da
segurança da rede.
Como dito, o processo de validação de um bloco passa pelo hash target e o tamanho do
hash target define a dificuldade de encontrá-lo. Quando a rede lê um aumento de hash
rate e, consequentemente, a diminuição do tempo médio de mineração, ela ajusta a
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Report Fundamentalista do Bitcoin (2021)
dificuldade da mineração. A cada 2016 blocos minerados (em média, duas semanas), a
rede observa a distância dos blocos (tempo que levou para minerá-los) e toma uma
decisão sobre o ajuste de dificuldade.
A taxa de lucro atraiu dois novos mineradores, o que fez com que o tempo para minerar
um novo bloco fosse reduzido para 7 minutos e aumentou a Hash Rate (há mais pessoas
cedendo seu poder computacional). O grau de dificuldade é aumentado em 50% pelo
algoritmo, forçando com que os mineradores gastem mais poder computacional para
minerar (criar) novos Bitcoins e aumentando o tempo médio de mineração de um bloco
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Report Fundamentalista do Bitcoin (2021)
para 9 minutos, o que torna a atividade 20% menos lucrativa para os mineradores. Um
minerador decide que a lucratividade da operação está baixa (foi reduzida de U$ 100,00
para U$75,00) e se retira, reduzindo mais o tempo de mineração de um novo bloco, que
passa a ser de 10 minutos.
Principalmente porque ele garante que não haja a fuga de mineradores da rede . Caso o
preço do bitcoin caia consideravelmente e a dificuldade de minerar um bloco continue
constante, pode-se criar um cenário em que a remuneração dos mineradores não
compense os custos fixos e variáveis da atividade, fazendo com que ele simplesmente
pare a atividade. Esse cenário seria catastrófico para o bitcoin pois a rede simplesmente
não teria mais validadores de blocos, logo, não seria possível realizar nenhuma
transação.
- Quando o preço cai, as margens dos mineradores são reprimidas e há uma tendência
de fuga de players, diminuindo a hash rate e aumentando o tempo de mineração de um
bloco. A resposta da rede é a redução da dificuldade da mineração.
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Report Fundamentalista do Bitcoin (2021)
PROOF-OF-WORK –
Proof-of-work, como o próprio nome diz, remunera um minerador que prove o seu
esforço. Quando um minerador encontra um Golden Nonce antes dos outros players,
ele envia esse valor para a rede e ao 50% + 1 o validarem como correto, esse minerador
recebe um prêmio por isso. No caso da blockchain do bitcoin, ele recebe uma
quantidade pré-definida de moedas, além das taxas de transação da rede, que são
variáveis e pagas por cada um dos usuários.
Porque cria um incentivo para a entrada de diversos players na rede, colaborando para
a descentralização da mineração. Como mostrado anteriormente, o modelo de proof-
of-work, junto com o mecanismo de equilíbrio da dificuldade da mineração, faz com que
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Report Fundamentalista do Bitcoin (2021)
Porque cria um business de escala que tende a centralizar o mercado. Entenda que o
minerador só recebe a remuneração da rede se ele encontrar o Golden Nonce antes dos
outros. Ou seja, a remuneração é diretamente ligada ao poder computacional do player.
Essa característica faz com que mineradores se juntem em pools (literalmente
empresas) bem capitalizados, com acesso aos hardwares mais desenvolvidos do
mercado e consequentemente com um controle de boa parte da rede. Enquanto isso,
apesar do mecanismo de equilíbrio de dificuldade, players menores são cortados da
rede.
Ainda, à medida que o preço do bitcoin sobe e a remuneração aumenta, mais players
entram na rede e a dificuldade da mineração também aumenta. Essa dinâmica faz com
que o trabalho para validar um único bloco seja progressivamente maior, aumentando
o consumo de energia que esses hardwares têm para realizar a mineração. Como base
comparativa, hoje os mineradores consomem mais energia que países como a Nova
Zelândia, Bélgica ou Portugal.
Por fim, têm-se o risco do ataque 51%. Nada impede que pools de mineradores se
juntem de forma a tomar controle da maior parte da rede e fraudar as operações, visto
que esses players são progressivamente mais capitalizados. Hoje já podemos observar
uma concentração relevante da mineração do bitcoin, como analisaremos à frente.
No modelo de POS, alguns membros da rede são escolhidos para validarem o próximo
bloco. Nesse formato, não falamos de mineradores, falamos de validadores. Para se
tornar um validador, o usuário precisa depositar uma certa quantidade de moedas que
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Report Fundamentalista do Bitcoin (2021)
ficam travadas na rede, como um colateral. A chance de você ser escolhido para forjar
o próximo bloco depende da quantidade de moedas que você deposita em garantia,
como exemplificado abaixo.
Como recompensa, o validador recebe as taxas das transações presentes naquele bloco
específico.
A segurança do modelo de POS mora no fato de que validadores perdem uma parte do
seu depósito caso aprovem transações fraudulentas. O desenho financeiro do modelo
de POS faz com que o validador perca mais depósito do que seja possível ganhar com a
fraude de um bloco. No modelo de POS, para realizar um ataque 51%, seria necessária
uma quantidade abundante de moedas para depositar em colateral para poder validar
as operações. Caso o BTC operasse via POS, para realizar um ataque 51%, seria
necessário U$ 79 bilhões.
HALVING –
Como vimos, o modelo de proof of work remunera o minerador pelo seu esforço e
energia elétrica consumida. A cada novo bloco criado (golden nonce encontrad o e
validado pelo resto da rede) o minerador recebe uma recompensa em bitcoins, além das
taxas de transações pagas pelos usuários da rede.
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Report Fundamentalista do Bitcoin (2021)
Porém, essa emissão de moedas como recompensa não é infinita. Para evitar que a
moeda passe por um processo de inflação, essa recompensa é progressivamente
reduzida, até chegar a zero (como a rede equilibra o tempo médio de mineração, a
expectativa é de que esse momento ocorra em 2140). A recompensa é zerada quando
a quantidade total de bitcoins na rede chega a 21 milhões. Esse processo é conhecido
como halving e gera um dos principais pilares da visão do bitcoin como reserva de valor,
que é a escassez da moeda.
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Report Fundamentalista do Bitcoin (2021)
Por fim, em maio desse ano houve um novo halving e muita discussão foi feita em cima
do impacto desse evento no preço do bitcoin. Nos últimos halving, o impacto no preço
do BTC foi positivo, principalmente pois existe um período de incerteza pré halving sobre
a forma como a rede vai se ajustar, a quantidade de mineradores pós halving e os efeitos
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Report Fundamentalista do Bitcoin (2021)
nas taxas de transação. Ainda, existe uma percepção pós halving de aumento de
escassez da moeda e mudança na dinâmica de oferta e demanda. Porém, só vimos três
halving na história do bitcoin. Uma amostragem muito pequena para qualquer
afirmação assertiva.
BUSINESS DE MINERAÇÃO –
Pool de mineração:
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Report Fundamentalista do Bitcoin (2021)
1. Quanto maior o pool, maior o poder computacional desse player. Quanto maior
o poder computacional, maior a probabilidade de ele validar um bloco. Quanto
maior essa probabilidade, maior a receita desse player e menor a receita do resto
da rede. No final do dia, a tendência é esse player progressivamente dominar
uma fatia maior da rede.
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Report Fundamentalista do Bitcoin (2021)
Hardware de mineração:
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Report Fundamentalista do Bitcoin (2021)
Principal ASIC, criado por empresa que domina os maiores pools de mineração do mundo:
Concentração da mineração:
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Report Fundamentalista do Bitcoin (2021)
Os pools são em sua grande maioria concentrados no Sudeste Asiático e Oriente Médio,
locais onde a energia elétrica é mais barata, como podemos ver abaixo:
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Report Fundamentalista do Bitcoin (2021)
A China concentra a maior parte da mineração mundial, por alguns motivos específicos
que valem a pena serem estudados:
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Report Fundamentalista do Bitcoin (2021)
Ataque 51%:
“The incentive may help encourage nodes to stay honest. If a greedy attacker is able to
assemble more CPU power than all the honest nodes, he would have to choose between
using it to defraud people by stealing back his payments, or using it to generate new
coins. He ought to find it more profitable to play by the rules, such rules that favor him
with more new coins than everyone else combined, than to undermine the system and
the validity of his own wealth.”
O parágrafo acima é uma parte do white paper do bitcoin. A visão de Satoshi é defendida
por parte da comunidade do bitcoin quando o assunto é a possibilidade de um ataque
51% pelos pools de mineração extremamente concentrados. Os defensores desse
“Teorema da Honestidade”, acreditam que os mineradores não possuem incentivo para
fraudar a blockchain do bitcoin pois a partir do momento em que o fizessem, a moeda
perderia todo seu valor.
Economicamente, defendem, faz mais sentido continuar operando como o maior player
de mineração do mercado e manter sua remuneração em bitcoin. De fato, no momento
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Report Fundamentalista do Bitcoin (2021)
em que 51% da rede validasse uma operação fraudulenta, todos os usuários saberiam e
sairiam desse mercado, levando o valor do “roubo” a zero.
Essa visão parte do pressuposto que os agentes de mercado são racionais, quando não
são. Como veremos abaixo, bitcoin e bitcoin cash (BCH) possuem a mesma blockchain e
o mesmo hardware de mineração, fazendo com que o poder computacional dos
mineradores sirva para as duas moedas. Logo, um minerador de BCH pode possuir
incentivos para acabar com a confiança do mercado na rede do BTC. Dessa forma, uma
parte dos usuários sairiam do mercado e outra buscariam uma opção que consideram
mais “confiável”, havendo uma possível fuga de capital para BCH.
Em suma, mineradores podem ser vistos como a maior força de venda no sistema do
bitcoin. A receita desses players é em bitcoin e eles precisam transformá-la em moeda
fiduciária para arcar com seus custos variáveis. Essa é uma indústria em que não há
constante acumulação de capital devido ao mecanismo de equilíbrio da dificuldade da
mineração existente na rede da blockchain. Explico melhor abaixo.
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Report Fundamentalista do Bitcoin (2021)
necessita que o preço do bitcoin esteja em um certo patamar para que a atividade seja
lucrativa. Como externalidade, mineradores situados em locais com menores custos
energéticos e com equipamentos mais eficientes possuem vantagens competitivas
significativas.
Enquanto o preço do bitcoin cai, mineradores menos eficientes (menos escala, em locais
com matriz energética mais cara ou operando com ASICs antigos) começam a não atingir
seu preço de breakeven. Caso esses players tenham um estoque de moedas, começam
a liquidá-las no mercado para cobrir seus custos. Caso o preço continue caindo, esse
minerador será obrigado a parar de operar e sairá do mercado. A rede então terá uma
diminuição de hash rate e irá ajustar a dificuldade da mineração em duas semanas. No
final do dia, temos a receita da mineração dividida em uma quantidade menor de
players.
Na outra mão, quando o mercado vive um bull market, toda a indústria vê sua receita
crescendo e a menor necessidade de liquidar sua remuneração em bitcoin. Há uma
concepção errada de que bull market necessariamente leva à entrada de players na
indústria. A decisão de construir um pool de mineração é tomada em meses, enquanto
estamos falando de um mercado muito volátil com um mecanismo de correção a cada
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Report Fundamentalista do Bitcoin (2021)
duas semanas. À medida que o mercado continua subindo, menor a pressão de venda
exercida pelos mineradores.
Quando vivemos um bear market, não existe delay entre mercado e tomada de decisão.
Mineradores menos eficientes desligam as máquinas quando a margem fica negativa. É
uma decisão rápida de se fazer. Enquanto isso, operadores mais eficientes mantém
margens positivas ou continuam operando com margens negativas até o ajuste de
dificuldade da rede. O custo de oportunidade de fechamento desse player é muito alto,
pois ele dispendeu um alto custo fixo para a estruturação do pool, assinou contratos
longos de energia e de aluguel (2 anos em média). Quando o ajuste de dificuldade vier,
esse player aproveitará de um mercado mais enxuto, aumentando seu market share.
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Report Fundamentalista do Bitcoin (2021)
Em suma, acredito na força dessa dinâmica nos primórdios do mercado, porém, vejo
uma tendência de perda de força desse movimento graças a dois mecanismos recentes
do mercado: lending e contratos futuros.
Hoje, é possível ter acesso a crédito utilizando criptomoedas como colateral por meio
de plataformas de lending. Essa solução permite que mineradores mantenham seu
estoque de bitcoin ao invés de liquidá-lo no mercado quando estiverem abaixo do
breakeven. Essa dinâmica reduz a pressão de venda no sistema, o que acredito ser uma
alavanca de valor muito grande para todo o ecossistema.
Ainda, há dois anos existe um mercado de derivativos de bitcoin com volume crescente.
Em momento de alta do mercado, esses players podem utilizar seu estoque para travar
o preço da moeda próximo do seu breakeven, realizando liquidação financeira da
mesma. Outro gatilho de valor que reduz a pressão de venda dos mineradores.
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Report Fundamentalista do Bitcoin (2021)
Somado tudo que vimos até agora, fica claro que o modelo de blockchain do bitcoin é
extremamente ineficiente para realizar atividades práticas pois sacrifica escalabilidade
em troca de segurança e descentralização. A imagem abaixo representa o “Trilema da
Segurança”, um exercício muito utilizado pela comunidade do bitcoin para exemplificar
o que foi falado:
Na blockchain, todo node tem que armazenar e validar cada transação criptografada.
Após essa validação, os mineradores precisam anexar o bloco à blockchain. Não é um
modelo desenhado para conciliar segurança e escalabilidade.
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Report Fundamentalista do Bitcoin (2021)
Em 2017, quando o ativo passou a ser utilizado em maior volume, o gargalo de escala
começou a aparecer. A rede não estava preparada para ser utilizada em massa e não
possuia quantidade suficiente de nodes e mineradores. O sistema de taxas de
transações da blockchain funciona de forma que os usuários que pagarem as maiores
taxas terão preferência na validação das suas transações. Durante a explosão das
criptomoedas, a rede não conseguiu validar todas as transações e as taxas explodiram
de valor.
Fazendo um comparativo, estimado que o Ether leve em média 14 segundos para gerar
um bloco (vs 10 minutos do bitcoin). Durante 2017, algumas transações de bitcoin
chegaram a levar 3 horas para serem validadas. Fazendo outro comparativo, as taxas de
transação do Ether representam menos de 2% do valor das taxas do bitcoin.
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Report Fundamentalista do Bitcoin (2021)
OPEN SOURCE –
Alguns sistemas amplamente utilizados hoje nasceram por meio de projetos Open
Source, como o Google Chrome, o sistema Android e o sistema Linux.
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LIGHTNING NETWORK –
A Lightning Network foi uma solução lançada via paper em janeiro de 2016, que só saiu
do papel (sendo implementada por uma empresa chamada Lightning Labs) a partir de
2017, após o boom das criptomoedas evidenciar os problemas de escalabilidade da
rede. É um protocolo que diz que pequenas transações com bitcoin não precisam ser
registradas na blockchain, podendo ser registradas fora dela (off-chain).
Transações são transmitidas para toda a rede, são validadas por cada full node, que
também forma um bloco que por sua vez é minerado por todos os mineradores. Quando
um minerador encontra um Golden Nonce, transmite esse número para toda a rede que
validará esse valor e, consequentemente, o bloco. Então, esse bloco é registrado na
cópia do bitcoin de todos os full nodes. No final do dia, as transações são registradas,
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validadas e transmitidas por todos diversos elos da cadeia, um processo seguro, porém
muito ineficiente.
A solução trazida pela Lightning Network (LN) é a criação de um “off -chain payment
channel”. Ou seja, criar um canal de pagamento onde pequenas transações seriam
realizadas fora do âmbito da blockchain. No final, o saldo dessas transações seria
registrado na blockchain, transformando uma série de transações em apenas duas: uma
para abrir o canal de pagamento e outra para fechá-lo.
Existem duas pessoas: João e Maria. João é dono de uma cafeteria e Maria é sua cliente.
Ambos realizam transações diariamente e Maria gostaria de pagar pelo seu café em
Bitcoins. Devido ao formato da Blockchain, cada uma dessas transações levaria em
média 10 minutos para serem realizadas, algo inviável para a realidade dos dois
usuários.
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Pela LN, é criada uma carteira entre João e Maria, onde qualquer movimentação é
realizada unilateralmente, por meio da assinatura de smart contracts entre os dois.
Vamos supor que João e Maria criaram um canal e Maria depositou 20 BTCs de saldo.
Na próxima vez que for comprar um café, Maria irá transferir 0,5 BTCs (preço do café)
para João por meio desse canal de pagamento, sem necessidade de registro na
blockchain. A validação será feita por meio da assinatura de smart contract. Esse
contrato irá alterar o saldo de Maria para 19,5 BTCs e o de João para 0,5 BTCs, tudo isso
off-chain, na Lightning Network. Essas transações são realizadas simultaneamente e sem
a necessidade de pagamento de taxas.
Quando não existir mais sentido nessa relação, João e Maria fecham o canal e registram
os saldos finais na blockchain, ou seja, dois players potencialmente reduziram dezenas
de transações em apenas duas.
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Porém, o conceito de “rotas de pagamento” permite que Gabriel utilize o canal entre
João e Maria para realizar essa transação.
Gabriel transfere BTCs para Maria, alterando os dois saldos. Em seguida, Maria transfere
para João, novamente alterando via contrato os dois saldos.
SEGWIT –
A solução Segwit foi introduzida em agosto de 2017, proposta pela Bitcoin Core como
mais uma forma de solucionar o gargalo de escalabilidade da blockchain do bitcoin. A
Segwit consiste em uma “soft fork”, ou seja, uma leve alteração na estrutura de blocos
da blockchain, de forma que as assinaturas dos nodes que validam as transações
ocupem menos espaço, fazendo com que um bloco consiga suportar mais transações.
Vamos relembrar que o código do BTC limita o tamanho de um bloco para 1MB, 27.000
transações ou 10 minutos, em média. Nesse formato, as assinaturas das transações
compõem 66% do espaço do bloco, enquanto as informações relacionadas às transações
(foco do bloco) ocupam um espaço bem menor. Isso acontece justamente pela limitação
que o código impõe para o tamanho do bloco.
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Caso um computador não possua a versão Segwit da blockchain (o soft fork), ainda assim
ele conseguirá validar a parte do bloco que possui as transações, evitando que ocorra
uma ruptura na Blockchain, conhecida como hard fork e que é extremamente prejudicial
para a rede como um todo.
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FORKS –
1. Soft Forks. Como o próprio nome sugere, são leves mudanças no software,
realizadas para corrigir algum erro ou aperfeiçoar algum ponto que abre espaço
para falhas de segurança.
2. Hard Forks. É a criação de uma nova versão do software. Hard forks são
permanentes e o usuário pode escolher por utilizar a versão antiga ou atualizá-
la. A coexistência das duas depende da utilização dos usuários. Existem três tipos
de Hard Forks:
a. Planned. Hard Forks planejados voltados para aperfeiçoar a rede.
Normalmente envolvem o abandono da rede anterior.
b. Contentious. Normalmente um hard fork causado por um desacordo
entre os usuários. As duas redes coexistem a partir de então com grandes
mudanças no código.
c. Spin-off coins. Mudanças planejadas para criar novas moedas com
características diferentes. Não necessariamente envolve mudanças
drásticas no código.
O fork mais significativo do bitcoin (em termos de market cap) foi o hard fork do Bitcoin
Cash (BCH), em agosto de 2017. O próprio Bitcoin Cash passou por outro fork em
novembro de 2018, criado o Bitcoin SV (BSV).
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É importante pontuar que, como o BCH é um fork do próprio bitcoin, a sua estrutura de
mineração é a mesma. Ou seja, as duas moedas competem pelo poder computacional
dos mineradores, que irão escolher o caminho mais lucrativo.
Dito isso, o BCH como projeto não teve muita adoção logo no início, isso fez com que o
seu preço permanecesse depreciado em relação ao BTC. Logo, a remuneração dos
mineradores era menor e as taxas de transação muito baixas, pois os usuários não
competiam pelos nodes na validação de suas transações.
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Report Fundamentalista do Bitcoin (2021)
As duas moedas continuam existindo, porém com um market cap muito baixo e com
pouca adesão à sua proposta, servindo apenas para especulação de investidores de
altcoins.
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RISCO REGULATÓRIO
Por ser um ativo recente, com histórico de utilizações para meios ilícitos e
descentralizado (sem controle algum), o ativo costuma sofrer resistência de diversos
Estados seja para liberar a sua utilização, seja para criar uma regulamentação própria.
Posicionamentos diferentes já foram tomados em relação à criptomoeda, desde o
banimento na China até o desenvolvimento de uma legislação própria, como aconteceu
no Japão.
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do bloco econômico sofreu uma notória mudança ao decorrer dos últimos anos, visto
que o Banco Central Europeu apresentava uma postura conservadora e não reconhecia
as criptomoedas como moeda. Mario Draghi, ex-presidente do ECB, disse que o ativo é
“altamente arriscado, não é uma moeda real”.
Em 2020, a nova presidente do ECB assumiu que o bloco estuda a criação de uma CBDC
(Central Bank Digital Currency) para o bloco. Ainda, no início do ano, a Comissão de
Valores Mobiliários Europeia (ESMA) declarou que até 2022 teremos uma regulação
específica para criptomoedas em todo o bloco.
Nos Estados Unidos, apesar de não possuirmos uma regulação federal para
criptomoedas, alguns estados já desenvolveram as regulações próprias. O estado de
Illinois, por exemplo, oferece contratos futuros e opções de bitcoin na CME (bolsa de
valores de Chicago). Hoje, a SEC regula fundos de investimento em criptomoedas e já
temos índices de criptomoedas listados na NASDAQ e NYSE.
Vemos como questão de tempo para que as regulações sejam desenvolvidas da forma
correta e consequentemente o mercado fique mais maduro, institucionalizado e
profissional.
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ANÁLISE DE MERCADO
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https://hackernoon.com/the-many-faces-of-bitcoin-1c298570d191
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A visão mais antiga do bitcoin e a intenção do seu fundador. No white paper da moeda,
Satoshi Nakamoto diz:
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De fato, a rede do bitcoin hoje está muito mais preparada para a utilização em massa.
Como podemos observar, o número de transações está no mesmo patamar do que
vimos em 2017, sem que a rede passe por qualquer dificuldade de operação. As taxas e
o tempo de validação continuam estáveis.
440
353
350
270
80
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Recentemente, empresas vem adotando serviços que utilizam bitcoin como método de
pagamento. A Coinbase possui cartões de crédito nos USA com a função débito,
utilizando o saldo em bitcoin do cliente para o pagamento. Microsoft aceita pagamento
em bitcoin em seu site, lojas KFC nos USA também aceitam bitcoin como forma de
pagamento.
Essa ainda é uma visão bem incerta do bitcoin. Apesar de ser a intenção inicial da moeda
e existirem inovações que visam solucionar o problema da escalabilidade (por ser open
source, o código tem espaço para evoluir rapidamente), ainda não tivemos um teste de
utilização em massa após a crise de 2017. Empresas estão começando a criar soluções
de pagamento em cripto e esse será um ótimo termômetro para entender em que
estágio da rede estamos.
A visão de que o Bitcoin é uma moeda não inflacionável, escassa e livre de interferências
do Estado ou bancos. Quando discutimos essa visão, obrigatoriamente a discussão passa
pela comparação com outros ativos vistos como reserva de valor.
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who wants to capture the opportunity set while protecting my capital in ever-changing
environments.”
Nesse exercício, Tudor definiu algumas características para uma reserva de valor. Trago
junto com minhas interpretações:
1. Purchasing power –
O ouro já foi o padrão monetário internacional, é visto como reserva de valor há dezenas
de anos e tem sua utilidade muito bem definida. Já o bitcoin tem do seu lado o fato de
ser o único ativo amplamente negociável no mundo que possui uma oferta máxima fixa.
Porém, as dúvidas quanto a sua real utilidade e a falta de base em relação ao preço do
ativo fazem com que ele tenha desvantagens em relação ao ouro quando falamos de
poder de compra em um horizonte de 10 anos.
2. Trustworthiness –
Estamos comparando um ativo de troca milenar com um ativo digital criado há 11 anos.
No ponto da confiança, o ouro leva ampla vantagem em relação ao bitcoin.
3. Liquidez –
Liquidez é uma característica que não importa até importar. O bitcoin é única reserva
de valor que negocia 24/7 em todo o mundo. O mercado do ouro não chega a ser
ilíquido, porém não pode ser comparado com o bitcoin hoje.
4. Portabilidade –
Uma reserva de valor deve poder ser transportada de uma jurisdição para outra a baixos
custos de transporte. Ninguém ganha do bitcoin nesse caso.
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No estudo, Tudor atribuiu uma nota para cada uma dessas características. No final, o
ouro recebeu um score de 62 pontos como reserva de valor, enquanto o bitcoin 43. Ou
seja, o bitcoin possui 66% do valor do ouro baseado em seus fundamentos, porém, seu
valor de mercado é 1/60 do market cap do metal, como podemos ver abaixo.
A lógica dessa interpretação reside no fato do bitcoin possuir market cap 7x maior que
a segunda maior criptomoeda, o ETH.
De fato, o bitcoin possui market cap 7x maior que a segunda maior criptomoeda, o ETH.
Em tempos de crise, é possível ver uma fuga de capital de todo o ecossistema para a
moeda considerada mais consolidada, líquida e segura. Porém, não vejo essa como a
utilidade principal da moeda, apenas como um reflexo de seus fundamentos.
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Essa linha interpreta o bitcoin unicamente como um ativo digital que não possui relação
com qualquer mercado ou Estado. De fato, ao analisarmos a correlação da moeda com
outros ativos financeiros, percebemos que a correlação do bitcoin é baixa ou quase nula,
tornando a moeda um interessante diversificador de portfólio.
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Ao observarmos o estudo de Murad, vemos que essa foi a visão que mais ganhou força
no passado recente do bitcoin. Os efeitos podem ser sentidos quando observamos a
dinâmica do mercado institucional de investimentos. Nos últimos três anos, o
patrimônio dos fundos de investimento em cripto aumentou substancialmente. Do lado
regulatório, criou-se uma infraestrutura de investimento mais madura para o bitcoin,
com o advento de um mercado de contratos futuros regulado pela SEC, por exemplo.
Em um estudo realizado pela Fidelity em junho de 20205, 91% dos 800 gestores
institucionais entrevistados afirmaram que gostariam de investir ao menos 0,5% do seu
portfólio em ativos digitais dentro dos próximos 5 anos.
Do lado do investidor varejo, também há espaço para avançar. Como dito, a falta de
regulação e a falta de informações sobre criptomoedas afasta o investidor do ativo.
Ainda, apesar de crescente, o mercado de investimento em cripto via fundos de
investimento ainda é muito pequeno, o que leva o investidor a procurar outros meios
que por vezes não se mostram uma boa opção. Em pesquisa feita pela KPMG, 92% dos
investidores afirmam manter suas criptomoedas custodiadas em exchange s, apesar de
48% deles afirmarem saber que essa não é uma opção segura.
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https://www.fidelitydigitalassets.com/bin-
public/060_www_fidelity_com/documents/FDAS/institutional-investor-study.pdf
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Fonte: KPMG
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Obrigado a você, que chegou até o final desse report, por estudar o mercado de
criptomoedas a fundo. Se ficou alguma dúvida ao longo desse estudo, por favor, nos
mande no portal ou no grupo de assinantes.
Convido você a ler, também, o report da Ethereum, para completar seus estudos. Esses
fundamentos te darão uma visão muito mais ampla do mercado, e te auxiliarão em suas
tomadas de decisões de investimento.
Gabriel Bearlz.
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