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HETEROGENEIDADE NO CONSUMO DAS FAMÍLIAS BRASILEIRAS SEGUNDO


CARATERÍSTICAS ESPACIAIS, DEMOGRÁFICAS E SOCIOECONÔMICAS

Conference Paper · September 2011

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3 authors, including:

Silvana Nunes de Queiroz Luís Abel da Silva Filho


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HETEROGENEIDADE NO CONSUMO DAS FAMÍLIAS
BRASILEIRAS SEGUNDO CARATERISTICAS ESPACIAIS,
DEMOGRÁFICAS E SOCIOECONÔMICAS: 2002/2003 E 2008/2009

Maria Alice Pestana de Aguiar Remy1


Silvana Nunes de Queiroz2
Luis Abel da Silva Filho3

Resumo: Este artigo pretende analisar a evolução do consumo das famílias brasileiras verificando diversas
dimensões: espaciais, demográficas e socioeconômicas no início e final dos anos 2000. Recorre-se
empiricamente aos dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POFs) do IBGE em dois períodos (2002-03
e 2008-09). O pressuposto teórico assenta-se sobre a importância de diversas medidas tomadas no âmbito
público e sobretudo à retomada do crescimento. Os resultados sugerem a incorporação de parte da população,
anteriormente mantida à margem do consumo de massas e a conseqüente redução da heterogeneidade nas
diversas dimensões, embora ainda persista clara segmentação e desigualdade entre grupos bem definidos das
dimensões estudadas: Nordeste/Sudeste, Urbano/Rural, Idade, Sexo e Raça/Cor do chefe da família.

Abstract: This article intends to analyse the evolution of the Brazilian society consumption based on its
households’ behavior, considering several dimensions such as space, demography, social and economic
factors at the beginning and at the end of the 2000’s decade. The data is used from Pesquisa de Orçamentos
Familiares (POFs) from 2002-03 through 2008-09, collected by IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística). The theoretical assumption builds its foundation on the fact that several public measures
implemented were directly related to the induction of the society performance along with the economic
recovery. The main results point out the expansion of the mass consumption society which incorporate
population kept apart before. Therefore, as a consequence, the heterogeneity among groups falls down along
the period studied, although it remains on the dimensions: Northeast/Southeast, Urban/Rural, Age, Sex and
Race/Color of the Household Head.

1. INTRODUÇÃO

A discussão acerca da desigualdade social, da distribuição de renda e da exclusão


de grande parcela da população do país do direito a cidadania tem origens na formação da
sociedade brasileira. Porém, os problemas de ordem social são agravados por ações
políticas que se desenvolveram ao longo de sua história. Nessa perspectiva, a falta de ações
político-sociais ou a insuficiência delas por muitos anos corroboraram elevado nível de
desigualdade no país, classificando-o entre uma das sociedades mais desiguais do planeta
(FERREIRA, 1999).

1
Graduada em Administração pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ. Mestra em
Desenvolvimento Econômico pela Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP. Doutoranda em
Econômica Social e do Trabalho pela UNICAMP. Pesquisadora do CESIT/UNICAMP.
mariaalice.pestana@gmail.com.
2
Graduada em Economia pela Universidade Federal Rural do Rio de janeiro – UFRRJ. Mestra em Economia
pela Universidade Federal da Paraíba – UFPB. Doutoranda em Demografia pelo NEPO/UNICAMP.
Professora Assistente do Departamento de Economia da Universidade Regional do Cariri –URCA e Bolsista
FUNCAP. silvanaqueirozce@yahoo.com.br.
3
Graduado em Economia pela Universidade Regional do Cariri – URCA. Mestre em Economia pela
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN. Pesquisador do observatório das Metrópoles, núcleo
da UFRN. abeleconomia@hotmail.com.

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A forte concentração de renda e riqueza no país é determinante explicito da
formação social e da redução de oportunidade de igualdade entre os grupos sociais e entre
as regiões brasileiras. Tais evidências permitiram, principalmente ao longo das últimas
décadas do século XX, a elaboração de políticas públicas no país com intuito de reduzir a
desigualdade e fornecer condições, mesmo que mínimas, à grande massa excluída do
direito a inclusão social.
Nesse contexto, são enumeradas ações que podem permitir a elevação da
participação da grande maioria de famílias brasileiras ao acesso ao consumo e a construção
de melhores indicadores sociais. Por um lado, Fishlow (1972), Souza e Baltar (1979), já
discutiam a importância da elevação salário mínimo ou a elevação real deste para
proporcionar maior nível de igualdade e conseqüentemente menor heterogeneidade entre as
famílias brasileiras. Por outro, nas políticas sociais de inspiração Keynesiana, a intervenção
do estado corroboraria a redução da desigualdade social no país.
A formação pessoal do indivíduo também foi considerada fator determinante na
redução da desigualdade e na possibilidade de elevação social. Essas considerações
tiveram seus princípios norteadores a partir das constatações de Langoni (1973) e, a partir
daí, estudos como o de Barros e Mendonça (1995) ratificam a hipótese proposta pelo autor,
de que a preparação educacional tem forte influencia na formação cidadã e conscientização
da população.
Além disso, as relações inerentes ao mercado de trabalho e a forma como este se
estrutura têm impactos acentuados para efeito de acessos, já que se trata de uma sociedade
capitalista, e na determinação do consumo das famílias. Isso em virtude das possibilidades
superiores para aqueles que ocupam postos de trabalhos de melhor qualidade e inferiores
no caso contrário. Acrescente-se ainda a localização regional do ocupado ou do domicílio
para explicar a relativa possibilidade de elevação do consumo.
Para tanto, um conjunto de fatores tem determinado a redução da desigualdade e a
elevação do consumo das famílias no país, especialmente, nos estratos mais pobres. De um
lado, as políticas macroeconômicas implementadas nos anos 1990, com destaque para a
valorização do salário real a partir de 1994 (SOARES, 2006; HOFFMANN, 2006; 2010), e
o controle da inflação, que possibilitou um quadro de preços estáveis. De outro lado, em
anos recentes, uma gama de programas sociais, através de políticas de transferências de
renda, com destaque para o Programa Bolsa Família e o BPC, além de pensões e
aposentadorias, sobretudo, no meio rural (HOFFMANN e NEY, 2004), justificam, em
parte, a redução da desigualdade regional, sobretudo no que diz respeito a renda do
trabalho e a elevação do consumo em todo o país.
Há um largo espectro de pesquisas que evidenciam a redução da desigualdade no
Brasil a partir dos anos de 1990, levando em consideração aspectos como:
institucionalização de políticas macroeconômicas, sexo, raça/cor, segmentação regional,
transferências constitucionais e formação pessoal do indivíduo (HOFFMANN, 1998;
HOFFMANN, 2001; HOFFMANN, 2007; FERREIRA, 1999; LOUREIRO, 2003;
CACCIAMALI e CAMILO, 2009; HOFFMANN, 2010).
Nesse contexto, é intenção deste artigo analisar a heterogeneidade do consumo das
famílias brasileiras buscando evidenciar o alargamento da sociedade de consumo de
massas no Brasil, ao proporcionar acesso de camadas sociais anteriormente excluídas ou
quase excluídas deste tipo de consumo. Tal análise levará em consideração aspectos de
caráter regional e características sociais, econômicas e demográficas. A hipótese é que as
recentes políticas de acesso ao crédito, principalmente o consignado, a elevação real do
salário mínimo e a formalização de postos de trabalho afetaram substantivamente a

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capacidade de gastos das famílias. Os dados são da Pesquisa de Orçamentos Familiares
(POF), utilizado para os anos de 2002/2003 e 2008/2009.
Para atender os objetivos propostos, o artigo está estruturado da forma que se segue:
além desta introdução, a segunda seção faz uma breve revisão da literatura acerca dos
estudos sobre o consumo no Brasil; a terceira parte descreve a metodologia do trabalho; a
quarta seção apresenta e interpreta a estatística descritiva sobre o consumo e renda das
famílias brasileiras; na quinta seção são analisados os dados resultantes modelo de
regressão; por último, fazem-se as considerações finais.

2. ESTUDOS SOBRE O CONSUMO NO BRASIL

A literatura econômica internacional normalmente utilizada nos estudos sobre o


consumo se assenta nas decisões individuais. Isso significa mais especificamente que,
sujeitos às restrições orçamentárias, os indivíduos fazem suas escolhas de gastos baseados
na maximização da utilidade. Tal premissa leva a um conjunto de equações ou curvas de
demanda. Nessas equações, a quantidade demandada de um produto depende de fatores
como o preço, os bens substitutos e complementares, a renda do consumidor e das
características do indivíduo. Assim, no caso de famílias, a decisão de dispêndio seria
tomada por um de seus membros ou pelo consenso entre eles. Então, sob a mesma égide de
maximização da utilidade existem duas linhas.
O modelo unitário tem em Becker (1974) um de seus principais idealizadores. Tal
modelo defende o fato de que cada família se comporta como uma unidade homogênea,
mesmo sendo composta por vários membros e preferências, este tem apenas uma função
utilidade.
Uma outra linha se assenta sobre os modelos coletivos de decisão, na qual a interação
entre os indivíduos, cooperativa ou não, determinam o comportamento de consumo das
famílias. (THOMAS e CHEN, 1994)
Em ambas as vertentes, os agentes levam em conta a renda permanente e não a
corrente. A poupança ou o crédito seriam contraídos conforme a taxa de juros para
suavizar o consumo intertemporalmente. Dessa forma, as alterações na renda são encaradas
como temporárias, diferentemente da teoria keynesiana na qual o consumo tem relação
direta com a renda corrente.
No Brasil, é possível distinguir entre os estudos empíricos que utilizam séries
históricas das contas nacionais (SCN) e os estudos com as Pesquisas de Orçamentos
Familiares (POFs), uma pesquisa domiciliar, realizada pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE). Entretanto, as Pesquisas Domiciliares não apresentaram a
mesma periodicidade regular do SCN. Genericamente, os estudos com base no SCN, tem
maior foco no teste teórico, seja para testar a validade do consumo keynesiano seja para
verificar a aderência da teoria da renda permanente (ABE, 2010; PAZ, 2006; REIS et
al.,1998).
Na esfera das pesquisas domiciliares, a primeira com abrangência nacional foi o
Estudo Nacional da Despesa Familiar (ENDEF) no período de 1974-1975. Na década de
80, o desenho amostral do ENDEF foi substituído pela Pesquisa de Orçamentos Familiares
(POF). A POF tem sido realizada com uma periodicidade em torno de sete anos, e está
disponível para os anos de 1987-1988, 1995-1996, 2002-2003 e a última versão para 2008-
2009. As de 1987-1988 e 1995-1996 pesquisaram as nove principais regiões
metropolitanas (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Recife, Fortaleza,

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Belém, Curitiba e Porto Alegre), além do Distrito Federal e da cidade de Goiânia (IBGE
2006). As POFs de 2002-2003 e a de 2008-2009 tiveram abrangência nacional.
Duas publicações versando sobre o consumo no Brasil são essenciais para o estudo
de dispêndios das famílias brasileiras. Tratam-se dos compêndios (volume 1 e 2)
publicados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). O volume um é
centrado, principalmente, em alimentação e saúde, reunindo trabalhos desenvolvidos desde
a criação de uma tipologia socioeconômica de famílias (BERTASSO, SILVEIRA e
MAGALHÃES, 2006), aos relacionados com a alimentação (HOFFMANN, 2006;
BERTASSO, 2006; MENEZES ET AL., 2006) e aos que focalizaram a saúde (ANDRADE
e LISBOA, 2006; ALVES, 2006; SILVEIRA, OSÓRIO e PIOLA, 2006; OCKÉ-REIS,
SILVEIRA e ANDREAZZI, 2006; MENEZES ET AL, 2006; BRITO, ANDRADE e
PERPÉTUO 2006), e o que se concentrou nas famílias com idosos e sem idosos
(ALMEIDA e KASSOUF, 2006). Há também um trabalho que acompanha a evolução dos
principais itens de despesa identificando tendências em relação ao desembolso total das
famílias.
O volume dois possui trabalhos organizados em três blocos: composição dos gastos
das famílias brasileiras, estudos de demanda e, por último, consumo e demanda por
alimentos, ou seja, o volume dois incorpora outras dimensões como habitação, educação,
cultura, etc.
Na composição de gastos das famílias são estimados dispêndios com educação
(CASTRO e VAZ, 2007), com cultura (SILVA, ARAÚJO e SOUZA, 2007), com saúde
(DINIZ ET AL, 2007) e transporte urbano (STIVALI e GOMIDE, 2007).
Estudos de estimação de equações de demanda tiveram enfoque em gastos de
famílias com idosos (ALMEIDA e FREITAS, 2007), planos de saúde (ANDRADE e
MAIA, 2007), aluguel (MENEZES, AZZONI e MOREIRA, 2007) e bens duráveis
(BERTASSO, 2007).
Na dimensão do consumo e demanda por alimentos das famílias brasileiras (ALVES,
MENEZES e BEZERRA, 2007; SCHLINDWEIN e KASSOUF, 2007; HOFFMANN,
2007; COELHO e AGUIAR, 2007), ainda há os estudos sobre o Chile (MELO e CORTÉS,
2007) e Argentina (BERGES e CASELLAS, 2007)
Dois outros estudos merecem constar como referência importante para o
entendimento do consumo no Brasil (PAES DE BARROS, CURY e ULYSSEA, 2007),
comparando informações da POF, PNAD e Contas Nacionais e (MACHADO, MENEZES
e DINIZ, 2010) com estimação de consumo de cinema.

3. METODOLOGIA

3.1 A Base de Dados

Para a elaboração deste trabalho utilizou-se a pesquisa domiciliar (POF) produzida


pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Os levantamentos de 2002-
2003 e de 2008-2009 da POF representam, respectivamente, a quarta e quinta versões
dessa pesquisa.
A POF 2002-2003, diferentemente das anteriores, cobriu todo o território nacional,
incorporou os gastos não monetários da população, além de informações acerca do
trabalho principal, como a posição na ocupação. Em nível espacial é possível obter
resultados para o Brasil, Grandes Regiões (Norte, Nordeste, Sudeste, Sul e Centro-Oeste) e
por situação (Urbana e Rural). Para as Unidades da Federação, os resultados contemplam o

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total e a situação urbana. Nas nove regiões metropolitanas e nas capitais das UFs os
resultados correspondem à situação urbana.
A versão 2008-2009 da POF mantém as características da anterior, abrangendo
também todo o território brasileiro e não apenas as metrópoles.
Em ambas as versões foram investigados apenas “os domicílios particulares
permanentes,4 onde são identificados a unidade básica da pesquisa, isto é, a Unidade de
Consumo5 que compreende um único morador ou conjunto de moradores que
compartilham da mesma fonte de alimentação ou as despesas com moradia” (IBGE, 2010,
p.17).
“A POF 2002-2003 foi realizada de julho de 2002 a junho de 2003, e a data fixada
para apresentação dos resultados foi 15 de janeiro de 2003” (IBGE 2004, p.22). Já “o
período de realização da POF 2008-2009 teve início no dia 19 de maio de 2008 e término
no dia 18 de maio de 2009, com data de referência fixada para apresentação dos resultados
em 15 de janeiro de 2009” (IBGE 2010, p.21).
“A pessoa de referência da família é aquela responsável por uma das seguintes
despesas: aluguel, prestação do imóvel ou outras despesas de habitação (condomínio,
imposto predial, serviços, taxas, etc.). No caso em que nenhum morador satisfez a pelo
menos uma das condições anteriores, a pessoa de referência foi aquela assim considerada
pelos moradores da unidade de consumo. Se mais de uma pessoa foi identificada pelos
moradores, estabeleceu-se a idade mais alta como critério de escolha” (IBGE, 2010, p.22).
Foram identificados como moradores aqueles que tinham o domicílio como
residência única ou principal e que não se encontrava afastada deste por período superior a
doze meses.
Consideraram-se despesas monetárias aquelas efetuadas através de pagamento
realizado à vista ou a prazo, em dinheiro, cheque ou com utilização de cartão de crédito.
As despesas não-monetárias correspondem a tudo que é produzido, pescado, caçado,
coletado ou recebido em bens (troca, doação, retirada do negócio e salário em bens)
utilizados ou consumidos durante o período de referência da pesquisa. O aluguel atribuído
ao domicílio cuja condição de ocupação era diferente de alugado foi o único serviço
contabilizado como despesa não monetária.
As despesas correntes incluem o consumo em geral (alimentação, habitação,
transporte, etc.), além de outras despesas correntes como impostos, contribuições
trabalhistas, pensões, mesadas e doações, previdência privada entre outros.
O rendimento bruto total da família corresponde ao somatório dos rendimentos
brutos monetários dos componentes das unidades de consumo, exclusive os empregados
domésticos e seus parentes, acrescido do total dos rendimentos não monetários.
A amostra da POF 2002-2003 reuniu dados de 48.568 famílias, totalizando 182.333
pessoas. Com relação à POF 2008-2009, esta mostrou 56.091 famílias e 190.159 pessoas.
Após ponderação, a amostra da POF 2002-2003 representou 48.534.638 milhões de
famílias brasileiras e 175.845.964 milhões de pessoas. Já a POF 2008-2009 representou
57.815.504 milhões de famílias e 190.519.297 milhões de habitantes.

4
De acordo com o conceito do IBGE, o domicílio particular permanente destina-se à habitação de uma ou
mais pessoas, ligadas por laços de parentesco, dependência doméstica ou normas de convivência, sendo todo
ou parte destinado exclusivamente à moradia. (IBGE, 2010, p 17)
5
Representa a família segundo o conceito adotado no IBGE.

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3.2 Descrição do Modelo

O item Despesas Correntes foi considerado a variável dependente em função do


tamanho da família, da idade, do número de anos de escolaridade e da raça/cor e sexo da
pessoa de referência da família e do total de renda (monetária e não monetária) auferida
pelas unidades de consumo6. Além disso, para captar as diferenças regionais considerou-se
o Brasil partilhado em seis regiões: Norte, Nordeste, Sudeste sem o estado de São Paulo,
Sul, Centro Oeste e o estado de São Paulo. Como esse estado comparece com 33% do PIB
brasileiro de 2008, o mesmo foi considerado como referência para a comparação. Ou seja,
como varia o consumo de cada região em relação ao estado de São Paulo.
Ainda no âmbito regional estabeleceu-se uma comparação entre quatro estratos
geográficos. Assim, é possível verificar a heterogeneidade entre o consumo nos
Municípios das Capitais, nas Regiões Metropolitanas, no restante das Unidades da
Federação excluindo os municípios das capitais, regiões metropolitanas e a Área Rural.
Essa última serviu de base.
Para analisar o comportamento do consumo na dimensão gênero e raça/cor utilizou-
se a categoria da pessoa de referência da família conforme a classificação a seguir: homem
não negro, mulher não negra, homem negro e mulher negra. O consumo das famílias
chefiadas por mulheres negras servirá como referência para comparação com as demais
famílias. Para efeito deste estudo, os pretos e pardos foram considerados negros. Os
brancos, amarelos e índios formaram a categoria dos não negros.
O objetivo é estimar o diferencial de consumo na dimensão espacial e segundo
algumas características do chefe da família como idade, anos de estudos e de uma
combinação do sexo e raça/cor. Além disso, considerou-se o número de pessoas e a renda
das unidades de consumo como fatores determinantes, independentemente de outros
fatores socioeconômicos. Para alcançar este objetivo, ajustaram-se dois modelos de
regressão linear múltipla, um para o período 2002/2003 e outro para 2008/2009. Cada
modelo pode ser expresso resumidamente pela seguinte expressão:

Ln( Yi ) = β 0 + Σ kj =1 β j X ij + ei (1)

A variável Ln (Y ) expressa o logaritmo neperiano do consumo corrente, X j o


conjunto de k variáveis socioeconomicas e demográficas associadas ao consumo e ei o
erro aleatório não explicado pelo modelo. O coeficiente β j expressa a variação no
logaritmo do consumo em função de uma variação unitária da variável X j . Dessa maneira,
quando X j for uma variável contínua, a variação percentual no consumo dado um
acréscimo unitário em X j equivale a 100 B j %. E, quando X j for uma variável dicotômica
que assume valores 0 e 1, a variação percentual no consumo em relação à categoria tomada
como base para X j será equivalente a 100[exp ( β j ) − 1]% (HALVORSEN &
PALMQUIST, 1980).

3.3 Exposição das Variáveis Utilizadas

6
Na Pesquisa de Orçamentos Familiares as Unidades de Consumo são denominadas de famílias.

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Além das características dos chefes de família foram ainda considerados outros
fatores determinantes do consumo no Brasil como variáveis de controle (HOFFMANN,
2000). Ao total, consideraram-se 15 variáveis explanatórias, descritas a seguir:

i) tamanho da família, expresso em número de pessoas para distinguir o consumo


de unidades de consumo unipessoais de famílias com muitos membros;
ii) idade, medida em dezena de anos para evitar coeficientes muito pequenos,
como proxy de famílias chefiadas por pessoas mais ou menos
maduros/experientes;
iii) anos de estudos, como proxy de famílias chefiadas por pessoas mais (ou menos)
escolarizadas. Ou seja, supondo maior ou menor discernimento para o ato de
consumir;
iv) três variáveis binárias para distinguir quatro áreas: rural (utilizada como base);
município da capital; região metropolitana e resto da unidade da federação (sem
o município da capital e a região metropolitana);
v) cinco variáveis binárias para distinguir seis regiões: estado de São Paulo
(utilizada como base); Norte; Nordeste; Sudeste (sem o estado de São Paulo);
Sul e Centro-Oeste;
vi) três variáveis binárias para distinguir quatro tipos de chefe de família segundo
sexo e raça/cor: mulher negra (utilizada como base); homem não negro; mulher
não negra e homem negro;
vii) uma variável contínua (logarítmica) que expressa a renda (monetária e não
monetária) das famílias.

O deflator utilizado para atualizar os valores de renda e consumo de janeiro de 2003


para janeiro de 2009 foi o Índice Nacional de Preço ao Consumidor (INPC).

4. RESULTADOS

4.1 Estatística Descritiva

As Tabelas 1 e 2 apresentam o panorama da distribuição do número de famílias,


pessoas, assim como o seu consumo e renda médios por grandes regiões e para o Brasil no
dois períodos em tela. Desta forma é possível constatar que, em 2003, havia no Brasil uma
população de cerca de 176 milhões de habitantes aumentando para 191 milhões. Com
relação ao número de famílias, esta teve um crescimento de 19% enquanto o número de
pessoas elevou-se em 8%.

a) Por Região

No tocante a renda média percebida pelas famílias brasileiras, entre os dois períodos,
houve uma variação positiva de 9.5%, enquanto o consumo cresceu quase 5.0%. Apesar do
crescimento do consumo das famílias apontado no Sistema de Contas Nacionais (2010) e
mesmo nesta pesquisa domiciliar, observa-se que os rendimentos médios das famílias
elevaram-se com mais vigor do que o consumo. Ou seja, a renda aumenta o consumo
médio, mas não na proporção direta dos rendimentos. Nesse período a renda foi afetada por
diversos fatores, dentre eles a política de valorização do salário mínimo, os programas de
transferência de renda, a estabilidade proporcionada pela geração de empregos formais que

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viabilizaram o crédito. Nesse sentido, destacam-se as políticas de crédito capitaneadas
pelos bancos públicos.

Tabela 1 – Consumo Médio e Renda Média das Famílias por Grandes Regiões: Brasil
- 2002/2003

Região Nº Famílias Nº Pessoas Consumo Renda


Brasil 48.534.638 175.845.964 2.305.95 2.523.82
Norte 3.143.142 13.656.416 1.692.28 1.767.25
Nordeste 12.235.500 49.121.848 1.487.42 1.528.91
Sudeste (MG, ES e RJ) 10.702.226 36.491.843 2.585.68 2.853.66
São Paulo 11.195.351 38.465.675 3.009.09 3.366.66
Sul 7.768.891 25.891.789 2.453.39 2.737.44
Centro Oeste 3.489.528 12.218.393 2.286.79 2.502.52
Fonte: Elaboração própria a partir dos microdados da POF 2002/2003.

O comportamento do consumo e da renda nas regiões brasileiras seguiu a tendência


nacional. No entanto, a região mais rica do país, detentora de mais da metade do PIB, o
Sudeste, apresenta crescimento abaixo da média nacional (renda e consumo). O estado de
São Paulo comparativamente as outras grandes regiões (inclusive o conjunto MG, RJ e
ES), apresentou a menor variação do consumo médio (3%), ao passo que o Sul do país
detém a maior elevação média do consumo das famílias (11%), seguido pela região Norte
(9.3%) e Nordeste (6%).

Tabela 2 – Consumo Médio e Renda Média das Famílias por Grandes Regiões Brasil -
2008/2009
Nº. Var % Var %
Região Nº. Famílias Consumo Renda
Pessoas 2003/2009 2003/2009
Brasil 57.816.604 190.519.297 2.419.77 4.9 2.763.53 9.5
Norte 3.949.838 15.395.472 1.850.21 9.3 2.092.37 18.4
Nordeste 15.099.443 53.655.438 1.578.24 6.1 1.764.64 15.4
Sudeste (MG, ES e RJ) 12.456.321 39.138.535 2.695.62 4.3 3.052.92 7.0
São Paulo 13.035.469 40.866.632 3.107.88 3.3 3.631.00 7.9
Sul 8.898.449 27.624.015 2.723.67 11.0 3.050.87 11.4
Centro Oeste 4.377.084 13.839.206 2.384.61 4.3 2.823.93 12.8
Fonte: Elaboração própria a partir dos microdados da POF 2008/2009.

Apesar de se verificar a diferença entre o consumo médio das famílias nas diversas
regiões, durante o período em estudo diminui o gap entre elas. Entre esses anos, a renda foi
afetada por diversos fatores, dentre eles a política de valorização do salário mínimo, os
programas de transferência de renda e a estabilidade proporcionada pela geração de
empregos formais que viabilizaram o crédito e contribuíram para a redução das
desigualdades regionais.
Em 2002, Mac Dowell, Silva e Souza já mostravam que os Programas Sociais do
Governo Federal a partir Transferências Monetárias (Aposentadorias e Pensões do INSS,
Assistência aos Idosos e Deficientes (LOAS, atualmente BPC), Pensões e Rendas
Vitalícias, Programa Seguro Desemprego, Abono Salarial), Serviços Educacionais

XII Encontro Nacional da Associação Brasileira de Estudos do Trabalho 487


(Programa Merenda Escolar, Programa Livro Didático, Programa Dinheiro Direto na
Escola) e Serviços de Saúde (Farmácia Básica, Programa Saúde da Família, Programa de
Agente Comunitário de Saúde, Programa de Combate às Carências Nutricionais) tinham
papel importante na redução das desigualdades regionais no Brasil.

b) Por Área

Ainda na dimensão regional, a segmentação do espaço entre Município da Capital,


Região Metropolitana, Resto da UF e Área Rural indicou uma grande heterogeneidade. Os
Municípios da Capital tiveram as maiores variações tanto no consumo (15%) quanto na
renda (22%). A mesma dinâmica é observada nas Áreas rurais, onde a variação média no
consumo entre 2002/2003 e 2008/2009 foi de 14%, dado um crescimento da renda média
em 21%.

Tabela 3 – Consumo Médio e Renda Média das Famílias por Área Brasil - 2002/2003
Área Nº Famílias Nº Pessoas Consumo Renda
Brasil 48.534.638 175.845.964 2.305.95 2.523.82
Município de Capital 2.743.480 10.130.348 2.577.44 2.883.71
Região Metropolitana 14.719.062 50.949.766 3.146.24 3.478.30
Resto da UF 23.670.660 84.765.688 2.117.82 2.294.75
Rural 7.401.436 30.000.161 1.135.92 1.224.85
Fonte: Elaboração própria a partir dos microdados da POF 2002/2003.

A Área Rural distingue-se no crescimento do consumo e da renda por conta dos


programas de transferências, do BPC e da aposentadoria rural. Segundo Maia et al. (2008),
observa-se uma queda na diferença da renda urbana/rural, em anos recentes, em virtude de
aposentarias e pensões estarem vinculados ao salário mínimo, que teve ganhos reais e
manteve o poder de compra nas áreas rurais. Contudo, sabe-se, da real importância das
aposentadorias rurais para redução da desigualdade, já a partir da década de 1980,
evidências constatadas em estudos de Hoffmann e Ney (2004).

Tabela 4 – Consumo Médio e Renda Média das Famílias por Área Brasil - 2008/2009
Var % Var %
Área Nº. Famílias Nº. Pessoas Consumo Renda
2003/2009 2003/2009
Brasil 57.816.604 190.519.297 2.419.77 4.9 2.763.53 9.5
Município da Capital 4.061.264 13.521.352 2.963.95 15.0 3.524.85 22.2
Região Metropolitana 17.158.694 54.774.326 3.108.76 -1.2 3.543.52 1.9
Resto da UF 27.589.031 89.783.980 2.278.40 7.6 2.584.79 12.6
Rural 9.007.615 32.439.639 1.294.95 14.0 1.481.93 21.0
Fonte: Elaboração própria a partir dos microdados da POF 2008/2009.

Com relação às demais áreas, as Regiões Metropolitanas obtiveram o menor


crescimento, com variação negativa (1.2%) no consumo médio e pequena variação positiva
da renda média (2%).

XII Encontro Nacional da Associação Brasileira de Estudos do Trabalho 488


c) Chefe da família (Idade)

Ao examinar a Tabela 5, que mostra o consumo médio a renda média das famílias
por grupos etários, observa-se grande heterogeneidade entre elas.

Tabela 5 – Consumo Médio e Renda Média das Famílias por Grupos Etários Brasil -
2002/2003
Grupo Etário Nº Famílias Nº Pessoas Consumo Renda
Brasil 48.534.638 175.845.964 2.305.95 2.523.82
Até 20 anos 592.326 1.727.254 1.277.21 1.087.48
Mais de 20 a 30 anos 7.772.832 25.533.860 1.619.33 1.588.50
Mais de 30 a 40 anos 12.273.891 46.942.790 2.207.92 2.379.83
Mais de 40 a 50 anos 11.030.894 45.057.926 2.850.23 3.083.60
Mais de 50 a 60 anos 7.690.447 28.933.270 2.771.64 3.198.20
Mais de 60 anos 9.174.248 27.650.864 2.040.47 2.363.25
Fonte: Elaboração própria a partir dos microdados da POF 2002/2003.

As famílias chefiadas por jovens com até 20 anos é o estrato que detém tanto o
menor consumo quanto o menor rendimento médio no período entre 2003/2009. Por sua
vez, em 2003, os maiores gastos com consumo são para aqueles com mais de 40 a 50 anos,
seguido do grupo etário de mais de 50 a 60 anos. Em 2009, a dinâmica se inverte, no qual o
grupo etário de mais de 50 a 60 anos passa a ter o maior gasto com consumo. A explicação
para essa mudança justifica-se pelo decréscimo de 1.6% na renda média do grupo etário de
40 a 50 anos, que ocasionou uma queda de cerca de 4% no consumo desse estrato.
Ao avaliar a evolução geral, observa-se que o grupo etário com até 20 anos e o de
mais de 40 a 50 anos foram os estratos que tiveram variação negativa no consumo no
período em tela, ao passo que o grupo de mais 60 anos detiveram os melhores resultados,
com crescimento de quase 14% no consumo e aumento de 24% no rendimento médio. A
explicação para essa dinâmica deve-se aos ganhos reais do salário mínimo. Nesse sentido,
dado que aposentadorias, pensões e o BPC estão vinculados ao salário mínimo, observa-se
o crescimento da renda média do grupo etário de mais de 60 anos.

Tabela 6 – Consumo Médio e Renda Média das Famílias por Grupos Etários Brasil -
2008/2009
Var % Var %
Grupo Etário Nº. Famílias Nº. Pessoas Consumo Renda
2003/2009 2003/2009
Brasil 57.816.604 190.519.297 2.419.77 4.9 2.763.53 9.5
Até 20 anos 518.250 1.387.024 1.172.87 -8.2 1.116.42 2.7
Mais de 20 a 30 anos 8.069.056 24.557.884 1.724.45 6.5 1.774.47 11.7
Mais de 30 a 40 anos 12.543.234 45.352.317 2.268.89 2.8 2.498.00 5.0
Mais de 40 a 50 anos 13.395.967 49.341.584 2.741.09 -3.8 3.035.53 -1.6
Mais de 50 a 60 anos 10.622.996 35.076.080 2.904.36 4.8 3.369.56 5.4
Mais de 60 anos 12.667.102 34.804.408 2.316.92 13.5 2.928.03 23.9
Fonte: Elaboração própria a partir dos microdados da POF 2008/2009.

d) Chefe de família Raça/Cor

O comportamento do consumo médio e da renda média das famílias brasileiras, por


sexo e raça/cor, são apresentados nas Tabelas 7 e 8. Os dados apontam para as diferenças

XII Encontro Nacional da Associação Brasileira de Estudos do Trabalho 489


entre o consumo e o rendimento médio a partir dos atributos pessoais. Apesar do
crescimento no consumo (4,3%) e na renda média (4,6%) da mulher negra, entre
2003/2009, esta figura na pior posição entre essas rubricas.

Tabela 7 – Consumo Médio e Renda Média das Famílias por Sexo e Raça/Cor Brasil -
2002/2003
Sexo e Raça Cor Nº Famílias Nº Pessoas Consumo Renda
Brasil 48.534.638 175.845.964 2.305.95 2.523.82
Homem não negro 19.558.523 70.174.982 3.010.14 3.352.96
Mulher não negra 6.696.958 18.884.487 2.623.60 2.709.91
Homem negro 16.135.453 65.472.942 1.641.35 1.778.82
Mulher negra 6.049.284 20.964.283 1.452.46 1.611.99
Ignorado 94.420 349.270 2.163.46 3.306.16
Fonte: Elaboração própria a partir dos microdados da POF 2002/2003.

O atributo raça/cor, sem dúvida, tem impacto ou “peso” diferenciado sobre o


consumo e a renda média das famílias brasileiras. Nesse sentido, o homem negro, nos dois
anos analisados, detém o segundo menor consumo e o segundo menor rendimento médio,
ficando atrás do padrão de consumo e poder aquisitivo da mulher não negra e do homem
não negro. No entanto, vale destacar que, entre os quatro grupos em estudos, o homem
negro foi o que teve a maior elevação no consumo (11%) e no rendimento médio (17.1%),
diminuindo a heterogeneidade entre esses grupos.
Conforme Paixão, Carvano, Rossetto (2010), em 2009, num contexto de crise
econômica, observou-se um movimento de declínio nas assimetrias de raça/cor e gênero no
país. Políticas de valorização do salário mínimo e programas de transferência de renda
como o Programa Bolsa Família contribuíram no sentido de aplacar as desigualdades ou
efeitos mais severos sobre esse grupo social. Todavia, se mantém acentuadas as diferenças,
pois a inserção de pretos e pardos no mercado de trabalho ocorreu em atividades informais
ou em ocupações socialmente pouco valorizadas (emprego doméstico) e com baixa
remuneração.

Tabela 8 – Consumo Médio e Renda Média das Famílias por Sexo e Raça/Cor Brasil -
2008/2009
Var % Var %
Sexo e Raça/Cor Nº. Famílias Nº. Pessoas Consumo Renda
2003/2009 2003/2009
Brasil 57.816.604 190.519.297 2.419.77 4.9 2.763.53 9.5
Homem não negro 20.081.182 65.920.620 3.315.50 10.1 3.811.37 13.7
Mulher não negra 8.957.598 23.900.708 2.613.19 -0.4 2.980.95 10.0
Homem negro 19.757.546 71.512.378 1.824.99 11.2 2.083.33 17.1
Mulher negra 8.840.959 28.560.958 1.514.25 4.3 1.686.06 4.6
Ignorado 179.320 624.634 2.628.18 21.5 2.629.04 -20.5
Fonte: Elaboração própria a partir dos microdados da POF 2008/2009.

4.2 Análise do Modelo Econométrico

Os coeficientes do modelo foram estimados pelo método de mínimos quadrados


ponderados, utilizando-se o peso das unidades de consumo na amostra como fator de
ponderação. Para o caso de significância inferior a 0,1%, convencionou-se a representação

XII Encontro Nacional da Associação Brasileira de Estudos do Trabalho 490


em três asteriscos (***) e de 0,1% a 0,5% será expresso por dois asteriscos (**). Nem
todos os coeficientes se mostraram estatisticamente com nível de significância inferior a 0,5%.
O modelo explica mais de 72% da variação das despesas correntes em relação às
variáveis independentes para os dois períodos analisados.
Os coeficientes associados às regiões brasileiras mostram que, independentemente
dos demais fatores, o consumo das famílias no Nordeste era 5% em média inferior ao
consumo das famílias paulistas em 2002/2003 e esta diferença acentuou-se ao longo do
tempo, elevando-se para quase 9% em média em 2008/2009. Os coeficientes para as
regiões Norte, Sudeste sem o estado de São Paulo, Sul e Centro-Oeste não possuem nível
adequado de significância nos dois períodos em estudo. Entretanto, é possível constatar
que o Sudeste sem São Paulo tem em média um nível de consumo 3,5% inferior ao do
estado de São Paulo em 2008/2009 e o Centro-Oeste quase 8%.
Em relação às áreas, no período 2002/2003, as famílias dos Municípios de Capitais
consumiram em média 20% a mais do que aquelas que residiam em locais rurais e se reduz
a heterogeneidade ao longo do tempo atingindo 14,5% em 2008/2009.
Nas Regiões Metropolitanas o movimento foi no mesmo sentido, ou seja, ao longo
do tempo se reduz a diferença entre o consumo das famílias aí residentes e aquelas das
regiões rurais. Em 2002/2003, a diferença entre o consumo nas regiões metropolitanas em
relação às rurais era em média superior em 15% e em 2008/2009 esta diferença era de 11%.
As famílias residentes em municípios que não são capitais de estado ou regiões
metropolitanas7 indicaram um consumo em média 11% superior ao das famílias de áreas
rurais. Observa-se que, ao longo do tempo, reduziu-se também a diferença registrada para
2002/2003 em relação às encontradas para 2008/2009. Nesse último período, as famílias
das capitais passam a mostrar um consumo de 8% (11% em 2002/2003) em média superior
às famílias das áreas rurais.

Tabela 9 - Estimativa dos Coeficientes da Equação de Consumo Brasil - 2002/2003 e


2008/2009
2002/2003 2008/2009
Variável β̂ Sβ p β̂ Sβ p
Constante 1,801 0,021 *** 1,621 0,020 ***
Região NO -0,008 0,011 0,162 -0,027 0,010 **
NE -0,054 0,007 *** -0,088 0,007 ***
SE sem estado SP -0,006 0,007 0,475 -0,035 0,006 ***
SU -0,022 0,008 0,013 0,013 0,007 0,050
CO -0,004 0,010 0,068 -0,077 0,009 ***
Área Munic Capital 0,204 0,012 *** 0,145 0,010 ***
R Metropolitana 0,150 0,008 *** 0,114 0,007 ***
Resto UF 0,111 0,007 *** 0,078 0,006 ***
Tamanho da família 0,036 0,001 *** 0,041 0,001 ***
Chefe da família Idade/10 -0,023 0,002 *** -0,003 0,001 0,028
Anos estudos 0,019 0,001 *** 0,027 0,001 ***
Homem não negro 0,141 0,008 *** 0,105 0,007 ***
Mulher não negra 0,126 0,009 *** 0,073 0,008 ***
Homem negro 0,291 0,008 0,001 0,018 0,006 **
Renda familiar 0,696 0,003 *** 0,715 0,003 ***
R2 0,720 0,729
N 48.534* 57.816*
Fonte: Elaboração própria a partir dos microdados da POF 2002/2003 e 2008/2009. * Em milhares.

7
Denominadas “Resto da Unidade da Federação” neste trabalho.

XII Encontro Nacional da Associação Brasileira de Estudos do Trabalho 491


É possível, portanto, destacar uma redução generalizada da heterogeneidade de
consumo das famílias das regiões metropolitanas, dos municípios das capitais e do interior
dos estados em relação às regiões rurais entre os períodos estudados.
O coeficiente estimado para o tamanho da família indica que, no primeiro período
(2002/2003), o acréscimo de um membro na família elevava o consumo em 3,6%,
enquanto no segundo período (2008/2009) a variação do consumo altera-se em 4% em
média.
Em relação às características do chefe da família no item “idade”, a variação de um
ano a mais de vida diminui o consumo das famílias em 2,3% em média no primeiro
período (2002/2003), enquanto no segundo período (2008/2009) apenas 0,3%.
No item “anos de estudos”, para cada ano a mais de escolaridade da pessoa de
referência, o consumo da família cresceu em média 2% em 2002/2003 e 2,7% em
2008/2009.
Em relação ao diferencial de consumo segundo sexo e raça/cor da pessoa de
referência da família, pode-se observar que, independentemente das demais características
socioeconômicas, a raça é um fator mais determinante que o sexo na definição da
heterogeneidade de consumo das famílias. Em 2002/2003, o consumo das unidades
chefiadas por homens não negros superava às chefiadas por mulheres negras em média em
14% e as chefiadas por mulheres não negras em média em 12,6%. Já o consumo das
famílias chefiadas por homens negros superava aos chefiados por mulheres negras em
apenas 2,9% em média, ou seja, bem aquém ao encontrado para as unidades que tem
chefes de família não negros (homem ou mulher).
Em outras palavras, desconsiderando características socioeconômicas e demográficas
tais como o tamanho da família, a idade e os anos de estudos do responsável pela família,
bem como a região na qual habitam, as famílias chefiadas por homens e mulheres não
negros tem condições relativas bem superiores às chefiadas por homens e mulheres negros.
Entretanto, é possível observar uma tendência de redução dessa heterogeneidade nas
informações de 2008/2009. Nesse caso, as famílias chefiadas por homens não negros
passaram a superar em 10,5% (14% em 2002/2003) em média às chefiadas por mulheres
negras. As famílias chefiadas por mulheres não negras passaram a superar em 7,3% (12,6%
em 2002/2003) em média às chefiadas por mulheres negras.
Essa tendência sugere que as famílias negras, que historicamente estiveram em
situação social inferior a das famílias brancas, puderam com a valorização do salário
mínimo a partir de 2004, e a abertura de crédito para as camadas situadas na base da
pirâmide social, elevar o consumo até então reprimido a este grupo social. Reduziu-se,
portanto, a diferença entre essas famílias, como aponta as informações anteriormente
citadas entre os dois períodos em pauta. Outro fator a ser considerado é a autodeclaração
que, nos anos mais recentes, vem contribuindo para que um grande contingente reconheça-
se como preto e pardo (RIBEIRO, 2011).
Finalmente, na comparação entre os dois períodos (2002/2003 e 2008/2009), a
variação de 1% em média na renda que fazia o consumo aumentar em média 69,6%,
passou a registrar a elevação do consumo em média para 71,5%.
Em síntese, todos os indicadores apontam para o “bom momento do país”. Ou seja,
puxado pelo crescimento do rendimento médio das famílias brasileiras entre 2003 e 2009,
foi possível constatar o aumento no consumo por região, área, tamanho da família e
atributos pessoais do chefe da família.

XII Encontro Nacional da Associação Brasileira de Estudos do Trabalho 492


5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo teve como objetivo analisar a heterogeneidade no consumo das


famílias brasileiras levando em consideração as características demográfica, regionais e
socioeconômicas. Para tanto, utilizou-se dados da POF para o período de 2002/2003 e
2008/2009.
Os principais achados revelaram taxa de crescimento de 19% no número de
famílias e 8% no número de pessoas. Além disso, a renda média da população do país
cresceu em 9,5% sendo que o consumo elevou-se em proporção menor, sendo essa de 5%.
Ocorre, portanto, que parte da elevação da renda das famílias é destinada ao
entesouramento, como proposto por Keynes e, assim, o consumo cresce em proporção
menor.
Quanto à heterogeneidade, os dados revelaram que ela existe acentuadamente
embora tenha havido redução no hiato existente entre as regiões do país ao longo dos anos
analisados. A região Sudeste, a mais rica do país, apresentou taxa de crescimento no
consumo das famílias inferior à observada nas outras regiões do país, por exemplo. O
melhor desempenho foi constatado para o Sul do Brasil.
Além disso, acredita-se que a valorização do salário real, além da elevação nominal
dele, assim como o crédito dirigido ao consumidor (também de baixa renda), os programas
de transferência de renda, as melhorias assistidas, embora nem tanto exuberantes quanto
gostaríamos, dos indicadores macroeconômicos tenham permitido a elevação do emprego
formal. Paralelamente, medidas de fiscalização do emprego também tem sua parcela de
contribuição para essa formalização. Tudo isso culminou com a redução da
heterogeneidade e proporcionou à elevação no consumo das famílias brasileiras.
Quanto aos aspectos geográficos, constatou-se a redução da desigualdade entre as
áreas metropolitanas e o meio rural. Enquanto o consumo médio reduz-se nas Regiões
Metropolitanas (-1,2%), ele eleva-se substancialmente nas Áreas rurais (14%), sendo esta
última superada apenas pelos Municípios das Capitais (15%). A influência das
aposentadorias rurais e da maior participação relativa de beneficiados com programas de
transferência de renda podem ser a explicação para a elevação do consumo no meio rural
do país.
Foram determinantes ainda para acentuar heterogeneidade, a faixa etária, raça/cor e
o sexo dos chefes de família em todo o país. Assim, as famílias chefiadas por jovens
(menos de vinte anos), mulheres negras, e homens negros foram responsáveis pelas
menores taxas de crescimento médio do consumo quando comparados aos casos de
unidades de consumo chefiadas por pessoas com mais idade, mulheres e homens brancos.
Entretanto, é preciso destacar uma tendência de redução das disparidades entre os mesmos
grupos ao longo dos dois períodos estudados.
Destarte, diante do exposto, percebe-se elevação do consumo das famílias
brasileiras, além de se detectar redução no hiato que separa regionalmente e sócio
economicamente esses grupos em todo o país. As evidencias de melhoras na conjuntura
macroeconômica nacional e a maior participação do estado com políticas de redução da
desigualdade, tem respondido positivamente para elevar a renda média e o consumo no
Brasil.

XII Encontro Nacional da Associação Brasileira de Estudos do Trabalho 493


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