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REVISÃO DE PRODUÇÃO

 Leia com bastante atençã o a notícia abaixo.


Vantagens e desvantagens das hidrelétricas causam polêmica

Atualmente, cerca de 76,9% da energia elétrica produzida no Brasil vem de usinas


hidrelétricas. De acordo com dados do Governo Federal, hoje existem 37 hidrelétricas no país e
o plano é
expandir o nú mero. Apesar de produzirem muito menos poluentes que outras fontes de
energia e nã o produzirem dejetos tó xicos ou radioativos, como as usinas nucleares, as
hidrelétricas sã o responsá veis pelo alagamento de grandes á reas, podendo causar impactos
socioambientais.
Apesar de corresponder a cerca de 76,9% da energia produzida no Brasil, as hidrelétricas
representam 70% das usinas do país. Erik Eduardo Rego, professor da Escola Politécnica da
Universidade de Sã o Paulo, explica que o país também conta com diversas usinas
termoelétricas, porém, elas sã o ligadas apenas nos períodos de secas: "Quando os reservató rios
das hidrelétricas estã o em níveis baixos, as termoelétricas sã o ligadas para suprir ademanda".
Vantagens e desvantagens
Com a crescente demanda por energia elétrica, o país precisa aumentar a produçã o. Para isso, o
governo está investindo na construçã o de grandes usinas, como Belo Monte, Jirau e Santo
Antô nio, na Amazô nia. De um lado, defensores dos projetos destacam fatores como baixa
emissã o de gases poluentes como um dos principais fatores a favor de sua construçã o. De
outro, críticos ressaltam impactos socioambientais
relativos à s á reas alagadas.
Erik destaca que as usinas hidrelétricas realmente emitem menos gases provocadores do efeito
estufa -
como gá s carbô nico e metano - do que as fontes de energia térmicas. Mas faz uma ressalva: as
hidrelétricas nã o sã o totalmente isentas da poluiçã o, em especial, aquelas que têm grandes
reservató rios. "Quando uma á rea é alagada, a vegetaçã o é submersa e morre. Quando essa
vegetaçã o é
decomposta, ela emite os gases responsá veis pelo efeito estufa", comenta. Apesar dessa
emissã o existir,
ela é muito menor que aquela provocada pelas termoelétricas.
O professor destaca ainda outros pontos importantes, como o fato de ser uma fonte de energia
renová vel e que dispensa o uso de combustíveis. "Se o barril do petró leo aumenta de preço,
isso nã o
interfere na conta de luz do consumidor", salienta Erik. O especialista comenta que, além de
utilizar
apenas á gua, uma fonte renová vel, a hidrelétrica nã o produz dejetos tó xicos ou radioativos,
como o que
acontece nas usinas termonucleares.
Outra questã o importante, relativa à construçã o de hidrelétricas é o fato de que os municípios
onde elas
estã o localizadas receberem uma série de benefícios dos consó rcios que mantêm as usinas,
incluindo a
chamada Compensaçã o Financeira pela Utilizaçã o dos Recursos Hídricos. "Quando uma
hidrelétrica é
construída, tanto a prefeitura, quanto os governos estadual e federal recebem uma
compensaçã o pela
á rea alagada", comenta o especialista. Muitas prefeituras se mantêm graças a esse benefício,
que nã o é o
ú nico.
Ele comenta que, quando a usina vai ser construída, o consó rcio construtor se reú ne com a
prefeitura e
negocia uma série de benefícios para o município. "O consó rcio é obrigado a construir vilas
para
abrigarem os ribeirinhos. Vilas de casas com alvenaria e saneamento bá sico. Ele pode construir
também
escolas, clínicas, estaçõ es de tratamento de á gua e esgoto."
Por outro lado, a construçã o de hidroelétricas, especialmente aquelas com grandes
reservató rios,
podem causar um grande impacto socioambiental. Na questã o social, a retirada de ribeirinhos
pode ser
um grande problema. "Por mais que essas pessoas sejam transferidas para uma casa de
alvenaria, com
infraestrutura de saneamento bá sico, pode acontecer de os ribeirinhos nã o quererem sair do
local onde
moram", destaca.
Além dessa transferência, outro problema, é o econô mico: "Muitos ribeirinhos tiram seu
sustento do rio,
da pesca. Se a construçã o da hidrelétrica altera o ciclo dos peixes, a pesca será afetada", alerta
Erik. Ele
comenta que, por mais que sejam construídas estruturas que permitam que os peixes subam o
rio no
período da piracema, por exemplo, existem grandes chances de o ciclo ser alterado, trazendo
prejuízo
para a fauna local.
E os prejuízos ambientais nã o se restringem à piracema. Quando uma á rea é alagada, espécies
animais e
vegetais sã o afetadas. "A situaçã o é mais crítica com espécies endêmicas, que habitam apenas
aquela
regiã o", comenta. Muitos vegetais e animais sã o retirados da á rea alagada, antes do
represamento do
rio, mas, em muitos casos, essa retirada nã o é suficiente.
Usinas de fio d'á gua e Pequenas Centrais Hidrelétricas
Quando se fala em hidrelétrica, logo se pensa em usina de reservató rio, com um grande lago
artificial.
Porém, graças à mudança na legislaçã o ambiental, as novas hidrelétricas brasileiras sã o
conhecidas
como usinas de fio d'á gua. Elas criam um lago artificial muito menor que as usinas tradicionais,
causando um impacto menor.
Apesar da vantagem ambiental, as usinas de fio d'á gua nã o sã o viá veis do ponto de vista da
segurança
energética. Erik explica que o reservató rio criado por elas é apenas suficiente para que
funcionem,
porém, em períodos de seca prolongada, pode faltar á gua para que elas gerem eletricidade. "O
reservató rio das usinas tradicionais é o que garante seu funcionamento por um período maior
do ano"
explica. Recurso que as usinas de fio d'á gua nã o dispõ em.
Outra modalidade que provoca um impacto ambiental menor é a chamada Pequena Central
Hidrelétrica. Essas usinas têm reservató rios menores que as usinas de fio d’á gua, porém sã o
mais caras,
em relaçã o à eletricidade produzida. Além disso, o potencial de geraçã o delas é pequeno, o que
nã o
soluciona a crescente demanda energética do Brasil. “Apesar disso, é um caminho positivo, que
deve ser
incentivado”, destaca Erik.
O especialista aponta que a soluçã o é o investimento em diferentes fontes de energia elétrica,
uma
complementando a outra. Apesar de mais poluentes, até as usinas térmicas podem ser
utilizadas para
produzir eletricidade, especialmente em épocas de seca. “Deve-se fazer um equilíbrio de todas
as fontes.
Hidrelétricas, térmicas e eó licas”, comenta.

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