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ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO

UNIDADE III- MÉTODOS QUANTITATIVOS,


TECNOLOGIAS E INOVAÇÕES NA
ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO
Neiva Sales Rodrigues

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Introdução
Neste bloco, veremos sobre os Métodos Quantitativos Aplicados à Administração da
Produção, como contabilizar e administrar valores agregados, seja em quantidade de
produtos, seja em ganhos financeiros, ambientais ou sociais.
As produções, agrícolas, industriais, comerciais, de pequeno ou grande porte, devem
ser acompanhadas e monitoradas, com tecnologias que auxiliam no processo,
tornando o trabalho mais ágil e preciso.
Um bom exemplo de Tecnologias e Inovações na Administração da Produção é a
produção inteligente e conectada, como a indústria 4.0 e a agricultura 4.0.

Métodos Quantitativos Aplicados à Administração da


Produção
A administração da produção pode ocorrer de diversas formas, e, para tal, devem ser
analisados fatores como a quantidade de produtos produzidos, a fabricação, o plantio,
o transporte, a logística e o armazenamento. Alguns métodos trabalham os dados
quantitativos da produção, que consistem em lucratividade, quantidade produzida,
gastos, metas, entre outros, ou seja, tudo que se pode contabilizar.
Os métodos qualitativos são, historicamente, os mais utilizados na previsão da
demanda (MENTZER; COX JR., 1997) . Tais métodos, apesar de apresentarem baixo
grau de precisão, continuam sendo amplamente utilizados nas empresas, mesmo com
a difusão dos métodos de forecasting (SANDERS; MANRODT, 1994) .
Entre os objetivos que os métodos quantitativos contemplam, está a modelagem de
problemas para a solução ótima, quanto produzir, quanto transportar e para onde
transportar, no intuito de ter o maior lucro possível ou, então, minimizar os custos.
Exemplo:
Exemplo:
Uma fábrica produz 2 modelos de microcomputadores, A e B.

Modelo
A

Fornece um lucro de 150 reais;


Requer, na sua produção, um gabinete pequeno e uma unidade de disco.

Modelo B

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Fornece um lucro de 250 reais;
Requer um gabinete grande e duas unidades de disco.

Existem, no estoque, 80 gabinetes pequenos, 60 gabinetes grandes e 140 unidades de


disco.

Qual é o esquema de produção que maximiza o lucro?

A aplicação de métodos quantitativos é uma tomada de decisão por parte do


administrador, ele analisa quanto deve produzir com o objetivo de maximizar o lucro,
ou seja, quantos microcomputadores de cada tipo deve fabricar de modo que consiga
ter o maior lucro possível.

Nesta resolução, é possível fazer diversas jogadas com detalhes diferentes de cada
modelo, porém os recursos são limitados, tornando finitas as quantidades de cada um.
Pode-se fazer ações como utilizar os dois modelos, usando o estoque 80 gabinetes
pequenos e 80 unidades de disco (modelo A) e 30 gabinetes grandes e as 60 unidades
de disco restantes (modelo B), sobrando ainda 30 gabinetes grandes para próximos
trabalhos .
Assim, nessa jogada, o lucro final seria de 12.000 (A) + 7.500 (B) reais, contudo,
verifica-se que o modelo A foi mais lucrativo, com menos investimento.

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Estatística

Nessa disciplina, a estatística pode ser definida como um ramo da matemática aplicada
que estuda as maneiras de coletar, organizar, analisar, interpretar e chegar a
conclusões ou antecipações sobre os eventos ou populações, a partir da investigação
e de considerações de uma parte do todo, ou seja, é um ramo da matemática que
permite fazer a coleta e análise de dados, de forma que se consiga chegar a
conclusões mais amplas do possível futuro ou um possível contexto que gostaria de
prever.
O uso da estatística está relacionado com uma necessidade das organizações e dos
próprios seres humanos, seja no estudo da população, como é o caso da demografia;
nas tomadas de decisões dos setores econômicos, como a economia do controle de
qualidade; ou no monitoramento de resultados em um processo produtivo, como é o
caso da engenharia da previsão de fenômenos futuros evidenciados em situações
anteriores e da administração. Nossa aplicação é na ciência gerencial, que busca
prever aquilo que já realizamos nas organizações e de que forma podemos antecipar
as decisões gerenciais para seguir caminhos de gestão mais assertivos ao longo do
tempo.
Existe ainda a aplicação em diferentes outras áreas, como dentro da estatística, em
que temos três grandes áreas: a estatística descritiva, a estatística inferencial e a
estatística probabilística . A estatística descritiva se responsabiliza pela descrição dos
dados ou, em outras palavras, coleta e apresentação dos dados, geralmente por meio
de gráficos ou tabelas que apresentarão números organizados de modo que seja mais
fácil interpretá-los. Na estatística inferencial, há uma preocupação em raciocinar sobre
os resultados dos dados para obter conclusões. Já a probabilística faz estudos por
meio de amostras, utilizando amostragens de dados.
Para que você possa compreender a distinção entre amostragem qualitativa e
quantitativa, primeiramente, vamos conhecer as definições de população e amostra:
população é um grupo de pessoas, seres ou objetos que têm pelo menos uma
característica em comum entre eles, já a amostra é um subgrupo dessa população.
As amostras qualitativas costumam ter uma profundidade maior de informações, os
questionamentos ou observações são realizadas de forma mais detalhada e,
normalmente, são poucas as unidades amostrais analisadas. Justamente por esse
motivo, a amostra qualitativa não nos permite fazer generalizações para toda a
população, isso quer dizer que não podemos inferir para a população as conclusões.
Já no caso das amostras quantitativas, elas nos possibilitam generalizar as

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informações obtidas, que são mais resumidas. Pode-se realizar resumos genéricos
mais confiáveis e, por esse motivo, é possível generalizar para toda a população,
desde que essa amostra quantitativa seja probabilística.
É importante também falarmos sobre os fatores relevantes para a seleção da
amostragem estatística. Normalmente, temos que observar o tempo disponível, o
objetivo da pesquisa, o resultado esperado, as análises finais que se deseja realizar, a
população escolhida, as hipóteses de pesquisa, a disponibilidade das unidades
amostrais e o valor monetário disponível. Em ciências gerenciais, as variáveis que mais
importam são o tempo e o orçamento da pesquisa, quanto maior o tempo e o
orçamento, mais complexo será o seu estudo e, provavelmente, maior a amostra; já
quando o tempo é escasso e o orçamento também, você precisa reduzir um pouco a
complexidade do seu estudo, diminuindo assim a qualidade.
Uma amostragem representativa precisa ter as mesmas características que foram
definidas para delimitar a população-alvo da pesquisa.

Organização de dados

Nós temos um conjunto de dados e, antes de analisar, precisamos organizar eles de


forma adequada, então o primeiro passo pode ser resumir esses dados por meio de
tabelas, gráficos e medidas numéricas. Uma contribuição importante da estatística no
manejo das informações foi a criação desses procedimentos para organização e
resumo de grandes quantidades de dados. A descrição das variáveis facilita muito a
interpretação dos resultados e a investigação, assim como faz parte da estatística
descritiva.
As variáveis se diferenciam entre variáveis quantitativas e variáveis qualitativas . As
variáveis quantitativas se referem a valores numéricos, como, por exemplo, altura,
peso ou tudo aquilo que pode ser representado em forma de números. As variáveis
quantitativas podem ainda ser classificadas como discretas ou contínuas , as variáveis
quantitativas discretas devem ser medidas, em geral, por números inteiros como 1, 2 e
3, e são casos em que você não tem como obter a metade, você só pode ter o valor
inteiro. As variáveis contínuas resultam em um número infinito de valores em escala
contínua.
As variáveis quantitativas têm como resposta os números que podem ser inteiros ou
fracionados, já as qualitativas, que podem ser nominais ou ordinais, têm como resposta
atributos simples ou atributos e escalas em ordenação, respectivamente .

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Contabilidade da Produção
A contabilidade está inclusa nos métodos quantitativos de produção, pois trabalha
diversos valores.

Você sabia que a Contabilidade é um dos mais antigos ramos do conhecimento?

Ela existe desde o início da civilização e surgiu da necessidade do homem em


controlar seu patrimônio, antes mesmo que eles soubessem escrever, utilizavam
desenhos e figuras para identificar o que obtinham (VOLNEI et al., 2007). O trabalho de
contagem e as formas mais eficientes de processar os registros utilizavam seixos,
gravações em troncos de árvores e pinturas nas paredes das cavernas e nas rochas,
segundo a classificação de sua natureza (tipos de bens).

Segundo Rodolfo (2015), a Contabilidade é o instrumento que fornece o máximo de


informações úteis para a tomada de decisões dentro e fora da empresa. Ela é muito
antiga e sempre existiu para auxiliar as pessoas a tomarem decisões. Com o passar do
tempo, o governo começa a utilizar-se dela para arrecadar impostos e a torna
obrigatória para a maioria das empresas.
Extraído do 1º Congresso Brasileiro de Contabilidade em 1924 (CONSELHO FEDERAL
DE CONTABILIDADE, 2008) , considerado como o conceito oficial: “Contabilidade é a
ciência que estuda e pratica as funções de orientação, de controle e de registro dos
atos e fatos de uma administração econômica”.
A contabilidade está em constante transformação, assim como a humanidade, e
precisa, como ciência, acompanhar os avanços tecnológicos inserindo novos
dimensionamentos para atender plenamente sua finalidade básica: reunir informações
de caráter socioeconômico e financeiro para a tomada de posição nos processos e
decisões.
Na contabilidade, controla-se o patrimônio, os bens. Entende-se por bens as coisas
úteis, capazes de satisfazer as necessidades das pessoas e das empresas:

Bens tangíveis (palpáveis): veículos, imóveis, estoque de mercadorias, dinheiro,


móveis e utensílios (móveis de escritório), ferramentas etc.

Bens intangíveis (não palpáveis): marcas, patentes, direitos autorais etc.

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Tecnologias e Inovações na Administração da Produção
Gaither (2001, p. 12) explica que:

No período pós-guerra, a pesquisa operacional tornou-se, e talvez ainda seja,


conhecida principalmente por suas técnicas quantitativas, como, por exemplo, a
programação linear, a PERT/CPM e os modelos de previsão. As empresas se tornaram
maiores e usaram níveis mais elevados de tecnologia, e a adoção destas técnicas
foram mais intensas. A pesquisa operacional ajudou os gerentes de produção a
tomarem decisões diante da complexidade dos problemas.

Na Era da Informação, com o uso de ferramentas digitais, a tecnologia proporcionou


alta velocidade nas estratégias, nos processos, nas transações comerciais, na logística
e no acesso às informações. Esse novo ciclo trouxe junto a Robótica, a Organização
Virtual, a Logística, a Competição Global, a Tecnologia de Produção Avançada e a
Responsabilidade Social. No final do século XX, as terminologias operações, serviços,
tecnologia e inovação começaram a ser incluídas nos manuais de Administração da
Produção, dando uma nova versão para os conceitos (ESCORSIM; KOVALESKI;
REIS, 2005)
Para Escorsim, Kovaleski e Reis (2005, p. 74):

Tecnologia e Inovação são elementos imprescindíveis no presente e no futuro da


produção. A Inovação será constante nos processos, assim como ela transformou os
sistemas de administrar a produção com o uso dos softwares de gestão tecnológica.
Dentre os sistemas computacionais mais avançados, destacamos os que
proporcionaram a manufatura integrada por computador, o planejamento dos recursos
da manufatura, planejamento dos recursos da empresa, os sistemas de manufatura
flexível, de robotização e a automação de serviços com o avanço tecnológico nas
comunicações (Internet/ Intranet). Hoje, tem-se consciência de que a Administração da
Produção é uma das mais importantes especializações da Administração, pois tudo o
que se produz precisa ser administrado e se não for bem administrado, fracassará.

As informações podem proporcionar à administração pública uma maior eficiência.


Essas informações estão inseridas em novas tecnologias, um contexto importante para
se refletir sobre as transformações atuais da sociedade. A tecnologia provoca grandes
transformações, e hoje estamos na sociedade da informação, os dados e informações
são recursos tão importantes quanto, outrora, foi o recurso do petróleo.
A tecnologia tem relação com a inovação e com as transformações do próprio
capitalismo. Temos novas firmas, novas tecnologias, novos produtos que substituem
produtos antigos, logo, as organizações devem constantemente rever seus processos,

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seus produtos e seus serviços. Na tecnologia disruptiva, o processo revolucionário
transforma toda uma cadeia de produção, uma forma de enxergar uma produção,
então, se determinado tipo de produção funciona, amanhã pode ser que tudo se
transforme, como é o exemplo da indústria dos discos e da indústria editorial, diante do
advento da internet.

Conclusão
Neste bloco, entendemos sobre os
métodos quantitativos aliados a uma
melhor administração da produção. Com
eles, os processos de cálculos são
facilitados, requerendo menor tempo e
garantindo uma maior eficiência dos
dados.
Vimos também sobre Tecnologias e Inovações na Administração da Produção, que
acompanham o mercado e tornam o trabalho mais reconhecido, seguindo a evolução
dos processos produtivos.

CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. História dos congressos brasileiros de


contabilidade. Brasília: CFC, 2008. 117 p.
ESCORSIM, S.; KOVALESKI, J. L.; REIS, D. R. Evolução conceitual da Administração
da Produção. Revista Capital Científico - Eletrônica (RCC-e). Guarapuava, v. 3, n. 1, p.
65-76, jan./dez., 2005. Disponível em: https://revistas.unicentro.br/index.php
/capitalcientifico/article/view/613. Acesso em: 19 jul. 2023.
GAITHER, N. Administração da produção e operações. 8. ed. São Paulo: Pioneira,
2001.
MENTZER, J. T.; COX Jr., J. E. Familiarity, application, and performance of sales
forecasting techniques. Journal of Forecasting. Illinois, v. 3, p. 27-36, 1997.
RODOLFO, J. Fundamentos de contabilidade. Cuiabá: UFMT, 2015. 70 p.
SANDERS, N. R.; MANRODT, K. B. Forecasting practices in US corporations: survey
results. Interfaces. v. 24, n. 2, p. 92-100, 1994.
VOLNEI, C. et al. A evolução da contabilidade e seus objetivos. Canoas: ULBRA, 2007.
Disponível em: https://www.aedb.br/seget/arquivos/artigos07/1401_Artigo%20Seget.
pdf. Acesso em: 19 jul. 2023.

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