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Projeto: RVCC

01-10-2010

Refle
xos
da
Vida
De Joaquim Felgueiras

Nascer, crescer, sofrer... Continuar a viver.


Baseado numa história de vida, igual à de muitos.
Projeto RVCC - Centro Novas Oportunidades do CEFPI

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Prefácio

A vida, é como a chama de uma


. vela.
Nascemos porque alguém nos
passou a chama.

Se pensamos que crescemos ,


estamos errados, a vida vai
consumindo a vela.

Durante a vida sofremos, porque


sentimos trémula a chama.

Continuamos a viver, porque a


chama ainda brilha.

Mas… e quando a vida se


extingue?

Talvez agora entendamos as


palavras do sábio Rei Salomão:

Na antiguidade, um bom óleo de


bálsamo era muito caro. Tinha um
perfume agradável.
“Um bom nome é melhor
Contudo, mais agradável do que a
do que um bom óleo, e o fragrância do bom óleo é ter uma
dia da morte é melhor do reputação excelente.
que o dia em que se É no decorrer pleno da vida que o
nome da pessoa assume
nasce” verdadeiro significado, sendo
identificada quanto ao tipo de
pessoa que é.
Eclesiasates7:1 Mas também é só na morte, que
Citando um sábio da antiguidade. este nome ou reputação fica
O sábio Rei Salomão. selada, concluída.

Visto que ninguém tem reputação


quando nasce, então o “dia da
morte é melhor do que o dia em
que se nasce”
Joaquim Felgueiras

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Introdução

Reflexos da vida.

Nasce de um projecto por mim impensado.


No capítulo, “O projecto RVCC” explico o porquê, por agora,
será talvez mais importante, resumidamente, entender a
base deste projecto, para que o percurso da leitura
fragmentada, não pareça de todo sem nexo.

As regras ditam que assente numa autobiografia, daí o tema


por mim escolhido “Reflexos da Vida”.
Para mim faz sentido este tema e o projecto em si explica o
porquê.
Reconhecimento, validação e certificação de competências,
exige acima de tudo que tenhamos uma atitude refletiva
sobre os vários acontecimentos que surgiram na vida.

O uso de imagens, também faz sentido, se levarmos em


conta a hipérbole, de que uma imagem vale por mil
palavras, no entanto apesar de elas nos transmitirem muitos
detalhes, o seu principal objectivo, é dar vida ao corpo
biográfico.

No decorrer de algumas cenas, notaremos por diversas


vezes, que a fita é rebobinada no tempo, isto se dá, porque
alguns dos acontecimentos exigem uma explicação
conclusiva.

Por outro lado, a posterior intervenção técnica dos


formadores do processo RVCC, também contribuiu para a
notória percepção com que ficamos de comentários,
organizadamente respondidos fora de tempo.

Contudo “apanhar o fio à meada” é o que toda e qualquer


mente mais afoita, gosta de fazer.

Por isso fica aqui o desafio:


Saber extrair a razão, para alguém nascer, querer crescer,
aprender a sofrer … e continuar a viver.

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No princípio foi Assim...

Quando falamos de nós mesmos existe a tendência de expor somente o que temos de bom, neste
caso irei fazer o possível por contrariar essa tendência.
Desde sempre gostei de recuar no tempo, talvez por isso eu tenha memórias que remontam aos
tempos mais primitivos da minha existência.
Os meus pais, Alberto e Helena ainda hoje comprovam que uma dessas memorias era de facto
assim, teria eu, dizem eles, entre 3 a 4 anos de idade, já agora, nasci em 4 de Agosto de 1961.
A situação desenrolava-se numa quinta onde os meus pais moravam, esse local chamava-se
"Quinta do Francês" e era composta por várias habitações no seu
interior, além de pequenos quintais e galinheiros.
Recordo-me como se fosse hoje, na habilidade que tinha, em entrar
no galinheiro que lá existia (foto lado esquerdo), expulsando as
galinhas e tomando conta daquele espaço como se de uma conquista
se tratasse (vamos lá entender o que se passa na cabeça de uma
criança).

Tenho também em memória que a cozinha dessa casa era enorme


(não podemos esquecer que eu era uma criança com três anos de
idade, o que faz com que a definição de ENORME seja relativa), num
canto existiam umas escadas que nos levavam até um sótão, era
muito escuro e cheguei a estar lá. Recordo-me de algumas vezes em
que fomos lá buscar uma moto de plástico de cor vermelha e com
rodas pretas onde eu gostava de me colocar em cima para brincar.
Eu era apenas uma criança de 3 a 4 anos de idade, mas lembro-me
que gostava de viver ali. Essa quinta já não existe (ver foto ao lado),
no seu lugar, está hoje um aglomerado vertical de habitações.

Curiosamente em consequência deste trabalho, convidei o meu pai a


fazer um reconhecimento mais apurado sobre a alteração
paisagística daquela localidade e depois de nos concentrarmos no
mesmo espaço dessa quinta verificamos que as duas árvores
existentes na foto de cima (nº 2 é uma Fénix, da família das
palmeiras. A nº1 desconheço),
ainda se encontram no mesmo
lugar, conforme tive oportunidade
de fotografar e apresento-as num
outro ângulo (foto do lado
esquerdo).
A construção vertical que lá se
encontra de 30 habitações, (foto
lado direito) substituiu a casa da quinta onde habitavam quatro
famílias.

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O que outrora eram bouças na sua maioria com pinheiros, hoje deu lugar a uma urbanização, não
propriamente dito de habitações sociais, uma vez que era uma zona recheada de “ilhas”, o que
subentende uma zona de famílias pobres, mas pelo traço arquitetónico, nota-se que são
habitações para famílias de classe média elevada, o que á partida houve a necessidade de
recolocar famílias nativas daquele lugar em outros pontos do concelho, como foi o caso de alguns
familiares.
A “Cruz de Pau” perdeu também a sua imagem de marca como lhe era reconhecida, uma vez que,
maioritariamente, as pessoas locais foram durante décadas, trabalhadores da indústria
conserveira de Matosinhos. Na família tenho o caso da minha avó, da minha mãe e das minhas
tias, em que todas por lá passaram.

A alteração urbanística da Cruz de Pau, pelo menos a mim, não deixou saudade da anterior. Nota-
se agora, conforme se pode observar nas imagens abaixo, um local mais ordenado, ainda que as
suas infraestruturas estejam em constante
evolução, mas aos poucos a localidade
está a tornar-se mais airosa, o que deixa
as pessoas com vontade de viver ali.
É claro que há sempre alguns
inconvenientes, como é o caso do aumento
populacional, da inevitável desflorestação
e como já mencionei acima, da descaracterização dos habitantes locais, descaracterização essa,
muito devida à forma isolada em que se vive nos apartamentos, o que faz com que as pessoas
pouco ou nada se comuniquem hoje em dia, quase sempre não se sabendo, quem é quem. Se
tivesse que atribuir uma côr a estas pessoas, atribuiria a côr do cimento.

Ainda faço aquele trajeto com regularidade, aliás, sempre foi uma particularidade minha, saber
como tudo começou. Por isso ao fazer o trajeto, um pouco antes da "Quinta", passo pelo local da
casa onde nasci, pelos vistos naquele tempo era habitual muitas mulheres darem à luz na própria
casa onde viviam naquele caso era a casa dos meus já falecidos avós.
Nesse trajeto, um pouco adiante da "Quinta", existe também outro ponto de referência, que é o
Estádio do Mar, também conhecido pelo Campo do Leixões, naquele tempo não entendia o que
era aquele espaço, só sei que gostava de ir para lá com o meu pai.

Hoje passados 50 anos, toda a Cruz de Pau - o nome daquela localidade está irreconhecível, isto
segundo palavras do meu pai, que tal
como eu gosta de fazer o mesmo Mas, irreconhecível “porquê”? Resolvi então interrogar o
trajeto. meu pai sobre isso, pois na verdade é ele, que sempre faz
uma cara de espanto quando por lá passamos, ao dizer
”como isto era e como isto está” ou então “no meu tempo
não havia nada disto”.
Bem, diz ele, que o que era uma quelha de terra batida onde
apenas passavam carroças de bois e cavalos, com bouças
de pinheiros e eucaliptos a rodear, hoje são urbanizações
com espaços multifuncionais (um ringue de desportos
polivalente, campo de piso sintético para vários desportos,
associação cultural e recreativa com ATL para idosos e
crianças e até um posto de saúde local com médico
dentista).
As poucas casas que existem do tempo dele praticamente já
não são habitadas, conforme podemos ver na imagem.

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Reparamos também, que a sede de um clube recreativo, que, diz o meu pai, era o único local
onde se ia tomar o habitual café domingueiro, ainda se encontra no mesmo local.

Mais acima da rua, a uns 100 metros, temos um espaço


novo e este sim, enquadra-se perfeitamente nas exigências
paisagísticas e também
do público em geral,
uma vez que o conforto
a variedade e a
qualidade de serviços
oferecidos ganham
sempre a primazia
entre todos nós como
clientes. Aliás, nesse
dia estava frio, e
aproveitamos para
tomar o pequeno almoço nesse local. O conforto do
quentinho e a variedade de serviço que ofereciam,
rapidamente nos fez esquecer a nostalgia do antigamente,
acabamos a louvar o progresso e no lá intimo endereçamos
os parabéns à Cruz de Pau.

A perspicácia das crianças...

Há medida que fui crescendo comecei a perceber que vivíamos com dificuldades, não era bem
pobreza, era uma espécie de carência de fartura, algo que só muito mais tarde, depois de adulto
eu pude desfrutar.

Teria talvez cinco anos quando fomos viver para São Mamede Infesta. Nessa altura e desde
sempre, o meu pai era o único sustento da família, isto porque agora sei, ele fazia questão que os
filhos fossem criados pela sua própria mulher e depois de mim, que sou o primogênito, eles
tiveram mais dois filhos, a minha irmã Paula dois anos mais nova e o meu irmão Miguel com dez
anos de diferença.

Quando iniciei a minha atividade escolar, Estrutura Familiar 1


lembro-me que não foi pacífico pouco
antes de frequentar a escola primária, Ainda era usual ver muitas famílias, em que o homem era
o único a sair de casa para trabalhar. A esposa,
frequentei aquilo que se chama hoje: pré-
principalmente quando se tornava mãe, habitualmente
escola, era numa casa particular que ainda
ficava em casa a cuidar dos filhos, até que estes se
hoje existe em que a Dona Méninha, uma tornassem crescidos. A vida de parcos recursos, mas
senhora viúva, ensinava as primeiras letras simples, não exigia o dispêndio de tanto dinheiro e para
e números a um grupo de rapazes lá das complementar, muitas mulheres ainda tinham as suas
redondezas, digo rapazes porque não me habilidades domésticas, que as ofereciam a troco de
recordo de ver lá raparigas, muitos desses outros serviços. (o caso da minha mãe que trocava
rapazes frequentaram depois a primária costura, por tardes de aulas, antes e depois de eu ter
comigo e alguns ainda hoje são meus entrado para a escola). Que vantagem havia em relação
amigos. aos dias de hoje? Bem, numa frase simples, mas que
muitos entendem posso afirmar com segurança: “A
família era MAIS família”.
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Era raro o dia em que eu não ia a chorar


Estrutura Familiar 2
para lá, e tenho em mente três coisas pelo
qual eu chorava: 1º não entendia porque Hoje a partir do momento em que se começou a abrir
tinha de deixar de brincar no pátio de as ”portas” do consumismo desregrado e da
minha casa, para ficar fechado numa sala, igualdade de direitos entre homem e mulher, a
uma tarde inteira. 2º Aquela casa estrutura familiar começou a alterar-se. Já sei que
assustava-me, recordo que era escura e este é um assunto por demais polémico, porque por
cheia de relíquias. 3º Na maioria das vezes mais que se queira institucionalizar a tão propalada
não era a dona Méninha que cuidava de “igualdade”, isso nunca poderá se concretizar de uma
forma plena, e pela simples razão de que a
nós, mas sim a filha dela, que talvez pense
constituição física e emocional entre homem e mulher
eu, fosse obrigada pela mãe e que por isso
é diferente, não porque um seja melhor do que o
se vingava em nós crianças por nos aplicar outro, mas porque ambos se complementam e ambos
castigos, ainda me recordo em que numa têm características que o outro não tem. E por mais
das vezes sem saber por que fiquei que se queira implementar essa ideologia, mais
fechado num barraco que elas tinham nas caminhamos para o desequilíbrio funcional da
traseiras. instituição, “Família”. Para entender melhor repare
nisto: actualmente está previsto na Lei que um
Nunca tive o hábito de fazer queixa á anúncio de oferta de emprego, seja colocado com a
minha mãe dessas situações estranhas a sigla M/F, quer dizer que se num casal com filhos
que estava sujeito nessa escolinha, eu ambos concorrerem ao lugar, por exemplo, de
recordo que sentia uma espécie de motorista de transporte publico, a entidade
vergonha de dizer por aquilo que passava, empregadora poderá optar, como já é muito usual, por
selecionar a mulher, o que significa que naquele
era uma situação incómoda em que no
casal, será, entretanto o homem a ter a
fundo eu sentia-me humilhado e pensava
responsabilidade de cuidar dos filhos e das tarefas
eu (no meu pensamento de criança) que domésticas, o que, para o efeito todos concordamos
com o tempo as coisas acabariam por se que a mulher, a esposa e a mãe têm um “jeitinho”
resolver. Hoje compreendo o porquê de sensível e uma habilidade nata, que nenhum homem
muitas crianças relatarem determinados por mais que se esforce consegue ter, ora muitas
abusos a que estão sujeitas muito situações como esta, nos mais diversificados sectores
tardiamente. da sociedade em que vivemos e que são
consideradas por muitos, parte integrante e
Esta experiência à medida que me fui fundamental do progresso, que deveria significar”
tornando adulto criou-me um senso extra, marcha ou movimento para a frente”, na grande
que infelizmente falta em muitos pais da maioria dos casos passa por ser um Grande passo
atualidade, que é a capacidade de para trás, terminando com o desmembramento de
algo que por vezes custou a começar, a Família. No
percepção de anomalias comportamentais
que respeita a fazer face ao aumento do custo de
evidentes, de uma situação que
vida, muitos casais por se terem endividado para
provavelmente aquela criança estará a
custear algumas vaidades de uma forma
passar. desequilibrada, foram apanhados numa armadilha,
que além de trabalhar ambos fora de casa,
necessitam ainda assim, de fazê-lo por pelo menos 10
a 12 horas por dia e em alguns casos aos fins de
semana.
È caso para perguntar: senão chamamos a isto
escravidão ao sistema, o que é que chamamos?

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Fiz a escola primária sempre com a mesma professora, chamava-se Dona Irene, ela tinha dois
filhos rapazes, um chamava-se “Kiko” e o outro “João”. As aulas foram sempre de manhã durante
os quatro anos que por lá andei, o que nos dava certa
liberdade para brincar durante a tarde, mas foi sol de
Comparando com os dias actuais, sinto pouca duração, pois durante a 3ª e 4ª classe eu e mais
que o relacionamento que o aluno tinha alguns passamos a ter explicações particulares
com a escola, principalmente na escola durante a tarde em casa da Dona Irene.
primária, era como se fosse uma
extensão da nossa própria casa, tal era Mais tarde vim, a saber, que as explicações eram a
a familiaridade entre professores, alunos troco de arranjos ou confecção de roupa que a minha
e pais de alunos. Respeitava-se o mãe fazia para a família da professora. Recordo ainda
professor como a autoridade na escola e
que com regularidade interrompíamos as explicações
eu sentia isso até ao entrar na escola
para ter uma consulta de clinica geral, uma vez que o
industrial. Frequentava-se a escola, não
só com o objectivo de obter
marido da Dona Irene era médico e dava consultas em
conhecimento, mas também de se ser casa.
ensinado e de aprender. Hoje com
Essa escola ainda existe, inclusive tem um CNO a
muitos mais recursos materiais e mais
“técnicos em ciência de educação” funcionar, quando por lá passo um sem numero de
[denominei desta forma, porque algo recordações ainda vem á minha mente.
que deveria ser natural, o transmitir
conhecimento a outros, ensinando-os, Ainda sou do tempo em que a "Mocidade Portuguesa"
hoje é feito de uma maneira calculada, fazia a distribuição de sopa pelas cantinas das escolas,
com base em índices, estatísticas e a sopa chegava, transportada por um camião
tendências], nota-se que o descoberto numas grandes panelas de alumínio.
conhecimento é transmitido, os alunos Conforme já mencionei nunca senti que vivesse com
aprendem na sua maioria, mas são fartura, bem pelo contrário, mas depois percebi que
poucas os que ficam ensinados. muitos rapazes e raparigas faziam a 1ª refeição do dia
com aquela sopa.

Embora naquele tempo detestasse, desde há muito tempo


para cá, reconheço que a disciplina usualmente exercida nas
Havia um aspecto que acho
escolas pela autoridade reconhecida, que são os professores, interessante na formulação das
hoje seria muito bem-vinda. turmas. As turmas estavam
Eu tinha uma característica muito depreciável quando era divididas em masculinas e
criança e que se prolongou até depois da adolescência, - era femininas. Do meu ponto de vista
teimoso, não porque achasse que tinha razão, mas porque era benéfico que assim fosse,
tinha o espírito de contrariar e isso é das coisas piores que porque tenho notado que a forma
pode haver para irritar um adulto. Por isso entendo bem de ensinar aos rapazes devido ao
quando minha mãe dizia: "pregue-lhe duas bofetadas se ele seu carácter é diferente do das
meninas.
não se comportar bem", e o certo é que a professora por
várias vezes aplicava o merecido corretivo, pelas constantes
Desde há muito que as turmas
asneiras, que nós, rapazes da rua praticávamos. são mistas e isso contribui para
se usar uma disciplina única para
Eu acabei de mencionar "rapazes da rua" porque na verdade ambos, e na verdade não há
era dessa maneira que se passava o tempo, não, porque não necessidade de sujeitar as
houvesse aconchego nas humildes casas para poder estar meninas há disciplina mais dura
confortável, mas porque ainda se podia brincar com que muitas vezes é necessário
tranquilidade no passeio á porta de casa ou jogar bola no meio exercer sobre os rapazes.
da rua ou até mesmo correr num campo lá próximo.
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Hoje devido á insegurança que paira no ar a todo o momento, as crianças desde cedo são
preservadas quase todo o tempo em recintos fechados, estamos a falar, por exemplo, de Creches;
Infantários; Colégios; Externatos; ATL's; Amas, Casa da Avó (do mal o menos) e o resultado de
tudo isto, é que passam a serem crianças, mais vulneráveis á infelicidade.

Esta minha afirmação tem razão de ser, porque as crianças gostam na realidade, é de crescer
junto dos pais, no mínimo junto com os avós. Eu reagi mal, quando me quiseram colocar numa
pré-escola, e noto por outros casos familiares que o mesmo acontece com outras crianças. Se em
alguns casos isso é compreensível, pelo facto de serem filhos mono parentais ou então porque a
situação financeira assim o exige, noutros casos nota-se é o total desinteresse nos pais em criar
os seus próprios filhos, ou porque não gostam ou porque são ainda muito jovens e não querem
perder certa medida de libertinagem.

O resultado é que ao contrário do que os pais pensam, os filhos apercebem-se disso e notam que
o esforço que eles lhes dedicaram enquanto crianças foi quase nulo. Percebem que houve algum
egoísmo da parte deles, por quererem levar a sua própria vida enquanto a vida dos filhos fica à
responsabilidade de outros.

Já pensaram nisto?

Certa vez vi um filme que retratava um drama familiar, uma situação semelhante a muitas que
existem hoje:

- Um casal que ao passar por dificuldades económicas começam por ter desentendimentos sem
saber muito bem por que, tal como diz o ditado: “Casa onde não há pão, todos ralham e ninguém
tem razão”.

O filho que teria talvez sete anos de idade, não gostava do que via, ele amava os pais e não
gostava de vê-los discutir. O relacionamento piora e ambos começam a falar em separação, a
criança, entretanto escuta os pais a falarem em processo de divórcio e começa a ficar deprimido,
pois sabe o que isso significa. Em certa ocasião, a caminho da escola, passa por um escritório de
advogados, resolveu entrar e foi atendido por uma senhora de idade que ficou surpreendida por
ver ali uma criança. Essa senhora era advogada, e perguntou o que ele pretendia ao qual ele
respondeu: “processar os meus Pais”.

Ele explicou as razões: “Quando nasci os meus pais estavam juntos, eu tinha os
dois comigo, agora eles querem- me tirar um. Eu quero defender os meus direitos”.

O pai e a mãe ficaram estupefactos, quando receberam uma notificação para se apresentarem em
tribunal, para responder perante a acusação de estarem a subtrair os direitos legítimos de uma
criança, de ser criada e educada num lar junto com os pais em união. A criança não estava
presente, mas estava representada pela advogada. Os pais ficaram incrédulos e como que se
tivessem visto ao espelho, refletiram e caíram em si e naquele momento entenderam que
desconsideraram os sentimentos do seu filho, que tanto amavam. Mostraram verdadeiro amor, o
amor altruísta, pois a reconciliação deu-se naquele preciso instante, os pais colocaram de parte as
indiferenças, o egoísmo, e ganharam um filho para sempre...

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Não é de admirar, portanto, que na O momento de reflexão então é este: “Como podem os
velhice muitos pais sejam rejeitados filhos ter empatia pelos pais, se eles mesmos foram
pelos próprios filhos, acabando por rejeitados quando eram crianças?”.
ser colocados em lares. Por isso, alguns filhos seguem apenas o exemplo da
maneira como foram criados, ou seja, encaram a vida
com certo egoísmo.

E nisto também já pensaram?

Aqui há dias escutei um programa de TV em que alguns peritos manifestavam uma grande
preocupação devido ao crescente número de bebés a sofrer de Stress. Stress?

Bem agora imaginem quando esses bebês forem adultos e tiverem às suas costas responsabilidades
para cuidar, provavelmente estarão a sofrer de uma doença chamada de Stress Agudo Crônico em fase
Terminal.

Não compreendo porque pessoas peritas em pediatria ficam tão admiradas com este novo flagelo,
será que esquecem, que a criança esteve nove meses no contato mais intimo que pode existir
protegida pela barriga e que durante esse tempo, a principal voz que ela ouvia era a da sua mãe?
Como querem que o bebé não fique assustado e posteriormente stressado, se após alguns
meses, ainda sem compreender, passam a escutar outra voz que nada lhe diz?
Tínhamos muito para falar sobre este assunto que tanto me preocupa, porque a forma como a
criança vai enfrentar o futuro, muito depende da sólida “RAIZ” criada durante a juventude.
Neste aspecto as autoridades da nossa sociedade, tem muita culpa pelo grande número de más
decisões que têm tomado.
No parágrafo anterior falei sobre o facto de muitos pais não terem condições para criar os seus
filhos e também pelo facto de alguns egoistamente não o quererem fazer, mas também há aquela
situação horrível em que muitos filhos são retirados aos pais logo á nascença.
Dizem que é para proteger a criança. Como sabem que a criança se sentia desprotegida? Será
que fazem ideia do que é uma mãe ou um pai perder ou ficar sem um filho?
Dizem que os pais não têm condições, na maioria dos casos financeiros, para cuidar da criança.
Mas há preocupação em saber se aquela mãe durante os nove meses de gestação, teve
condições para fazê-lo? Não teria tido aquele bebé nutrição deficiente durante a gestação?

Na verdade, muitas das vezes o que nós presenciamos, é a um autêntico rapto legal de crianças
recém-nascidas, por parte de instituições governamentais!

É difícil encontrar um sistema perfeito na forma como a sociedade humana deve ser “gerida”. A
sociedade humana deve ser entendida como a primeira riqueza natural a ser preservada que uma
nação tem. É lamentável saber que poucas nações encaram isso como tal, a maioria das nações
encara as pessoas como uma riqueza natural a ser explorada.

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Uma Solução Inovadora...

Há uns dias vi um documentário na TV, sobre o programa governamental na Suíça, aplicado ás


mães de famílias, que voluntariamente, abdicassem dos seus empregos para cuidarem dos filhos
até á idade da adolescência. O objetivo era proteger os interesses futuros daquelas mulheres.
Para isso foi criado um fundo de remuneração ao nível do salário mínimo nacional, com o objetivo
de as mulheres nessa situação continuarem a fazer os respectivos descontos para as diversas
entidades sociais como se de um trabalhador se tratasse, tendo reflexos também na altura da sua
aposentação.

As mães habilitadas para esse efeito teriam de aplicar um programa de educação, traçado pelas
entidades oficiais, desde princípios de nutrição, entretenimento pedagógico, treinamento corporal,
e instrução básica a partir dos 4 anos de idade. Esperava-se que essas crianças não
necessitassem mais do que meio período diário depois que entrassem para o ensino básico de
escolaridade.

Não há dúvidas quanto aos resultados positivos que seriam criados dentro do seio familiar, por
exemplo: Aconchego, carinho, natural cuidado materno, proteção e segurança, correção de
personalidade indevida, conhecer o carácter, conhecer as habilidades para um correto
encaminhamento e esperar que os filhos sejam recíprocos na forma como foram cuidados.

Achei bastante interessante o aspecto econômico desta política de governação, por exemplo:
menos recursos despendidos para subsidiar Infantários, creches ou ATL’s, o ensino básico com
um período diário de escola também exigiria menos recursos, a despesa com a saúde também
diminuiria, pelo simples facto de se reduzir ás doenças provocadas, pelo desgaste do corpo, pelo
Stress diário e pela deficiência alimentar fora de casa. Também o desemprego tem sido reduzido
nesse país pelo facto de milhares de mães terem dado lugar a outros que estavam sem emprego,
nesses outros estavam incluídos muitos que tinham terminado de criar os seus filhos.

Não de deve esperar que esta política seja perfeita, vindo ela de pessoas imperfeitas, mas nota-se
aqui uma espécie de progresso em termos de sabedoria, mais de acordo com a dignidade com
que cada um merece ser tratado.

A idade difícil...

Entrei na adolescência praticamente a ser criado só pela minha mãe, o meu pai, sempre trabalhou
á noite, no Jornal de Noticias, o fato de ele querer que fosse a mulher a cuidar dos filhos levou-o a
ter necessidade de trabalhar mais, inclusive feriados e fins de semana. Hoje, já aposentado, ele
diz muitas vezes que foi graças á esposa que os seus três filhos tiveram uma educação
respeitável.

Isso realmente é verdade, pois conforme sabemos a adolescência traz muitos desafios não só
para o jovem como para os pais e nesse capitulo a minha mãe não abriu mão para a libertinagem
que assola a juventude colocando-nos, como se costuma dizer: "rédea curta". Ainda me lembra de
algumas vezes ela me ir buscar aos salões de jogos, não arredando pé até que eu viesse á frente
dela. Fiquei muitas vezes embaraçado, é verdade, mas não tenho dúvida, foi uma grande lição
para mim.

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Já por várias vezes lhe agradeci o seu esforço e persistência, pois olho para trás e vejo ainda
hoje, muitos dos meus colegas a tentar sair de uma vida de degradação. Esses não tiveram ou
não puderam ter uma mãe ou um pai que lhes fizessem ver as muitas armadilhas que nos
rodeiam principalmente na juventude.

Tenho observado o seguinte: o insucesso que se nota na criação e educação dos filhos em muitas
famílias, simplesmente acontece porque se deixou de dar prioridade á família como um bem a
preservar.

Muitos pais acham que é um desperdício, sacrificar tempo a educar uma criança e neste capitulo
a natureza animal dá uma grande lição a todos nós, é uma lição que no fundo ridiculariza a nossa
inteligência, devido á capacidade de raciocínio da qual somos dotados. Estou a falar do instinto,
que assim como os animais, nós também o temos. Os animais sempre têm sucesso na forma
imutável de cuidar as suas crias, os humanos deveriam simplesmente fazer o mesmo.

Os filhos gostam de ser educados pelos pais. Para uma criança o Pai é o seu “herói” e a mãe a
sua “protetora”, para as crianças o que os pais dizem é que está bem, o que os pais ensinam é
que está correto, elas gostam disso, sentem orgulho nisso. Como podem os pais então, perder
esta oportunidade natural e única de educar os seus filhos, quando eles, ainda demonstram ter,
uma submissão saudável para aprender a copiar o pai e a mãe?

A minha voz começa a mudar...

Há medida que eu me transformava num "homenzinho", fui recebendo instruções de


comportamento quanto a como conviver com o sexo oposto. Isso é normal, a minha mãe sabia
que um dia eu me iria interessar por alguém de uma maneira diferente.

Foram muitas as sugestões que recebi durante alguns anos, uma delas ainda hoje a considero de
máxima importância: -"Se um homem quiser ser realmente, o chefe da família, terá que o
demonstrar na prática. E na prática, o chefe toma a dianteira em fazer tudo o que uma dona de
casa faz", disse-me ela.

Neste tempo ainda não tínhamos máquina de lavar roupa.


E foi assim que aprendi a
Atualmente a máquina de lavar roupa é um dos confortos do qual lavar roupa á mão, a
ninguém prescinde. O que seria das nossas mães, das nossas passar a ferro, a costurar,
esposas e de nós homens se ainda tivéssemos que usar o modo a limpar a casa e a
tradicional. Às vezes pensava como era possível, com a roupa toda preparar refeições, mal eu
amontoada dentro da máquina, ela poder ficar vem lavada, mas sabia que ainda iria pôr em
graças á combinação das ações mecânica, térmica e química isso é prática toda aquela
possível. A rotação faseada do tambor com a utilização ou não, de formação.
água quente – depende do tipo de roupa ou nódoas e
Aliás, estas deveriam ser
principalmente da qualidade de detergente – atualmente usamos um
áreas disciplinares a
detergente liquido por tipo de roupa – escura, clara, côr ou
qualidade, é um detergente que garante lavagens difíceis a uma
serem lecionadas durante
temperatura máxima de 30º - outros exigem 60º. É uma máquina em o ensino básico, pois nota-
termos de eficiência classe A. Um cuidado importante a ter, prende- se um deficit muito grande
se com a limpeza do filtro, porquê? Porque caso a água demore na maioria dos jovens,
mais tempo a evacuar, mais tempo leva a concluir um ciclo de quando casam ou quando
lavagem que é igual a mais consumo de energia. estão a viver sozinhos.

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A seguir apresento um cálculo de custo por cada lavagem efectuada.

Ciência e progresso de mãos dadas

No sentido restrito podemos dizer que ciência refere-se a um sistema de adquirir conhecimento
baseado em métodos. Isto quer dizer o quê? Quer dizer que os cientistas para obterem
conhecimento sobre algo baseiam-se num conjunto de regras básicas para desenvolver uma
experiência a fim de produzir algo de novo.

Partindo deste princípio poderíamos afirmar que todos nós temos um pouco desta arte, de saber
obter conhecimento a partir da observação daquilo que nos rodeia. Daí o tão conhecido provérbio
popular de que “ de cientista e de louco todos temos um pouco”.

É uma qualidade nata do ser humano, já nasce connosco, o querer descobrir, o querer inventar, o
querer saber, o querer melhorar, isso nota-se nas coisas mais elementares e básicas da vida. Por
exemplo, quem de nós nunca inventou uma engenhoca qualquer por forma a facilitar a execução
de algo ou então quando estávamos na cozinha, e criamos uma técnica de tempero ajustado ao
nosso próprio paladar?

Mas alguém poderia dizer: “isso não é inventar, é fazer a combinação de coisas que já existem!”.
Mas no fundo não é isso mesmo que todos os humanos fazem, por mais célebre cientista,
engenheiro ou doutor que ele seja!

Não observamos, não usamos, não copiamos e não recriamos com base no que já existe no
planeta Terra? Posso dizer então que apenas as adaptamos às nossas necessidades de acordo
com o grau de urgência ou então de interesse económico-financeiro.

A Ciência na Indústria Automóvel.

Uma área exemplar a ser levada em consideração tem sido a indústria automóvel. Nesta área a
engenharia tem-se aplicado de uma forma saudavelmente competitiva (ou quase sempre).

Pelo menos no que respeita a questões de segurança, nunca esta indústria levou tão a sério
estudos tão exaustivos (embora eu não entenda uma coisa. Por lei as velocidades máximas não devem
ultrapassar o limite dos 130 km\h, no entanto fabricam-se veículos a atingir 240 e 300 Km\h., mas isso é outro assunto).

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Recordo um artigo que li, sobre o desenvolvimento de um veiculo robusto, económico e mais
importante do que tudo, seguro. Como sabemos robustez normalmente está associado a: Maior,
Sólido, Pesado e pouco elegante. Agora como fazê-lo e ainda assim contrariando essas
exigências naturais? Nesta fase entra a Ciência. O homem (subentenda-se, os humanos), desde
tempos outrora têm aprendido muito com as criações naturais existentes à sua volta e agora
reparem nesta recente descoberta:

O econômico peixe-cofre

Para produzir um carro robusto, mais econômico e que não agrida a natureza, os engenheiros buscaram
inspiração num lugar pouco provável, o mar! O peixe-cofre, encontrado perto dos recifes de corais de águas
tropicais, é um excelente modelo para um veículo de estrutura leve e de aerodinâmica impressionante.

Analise o seguinte: O peixe-cofre consegue


nadar rápido, cobrindo uma distância de até
seis vezes o comprimento de seu corpo por
segundo. Mas a sua velocidade não é só uma
questão de força, também o seu formato cúbico
na verdade melhora suas qualidades
aerodinâmicas. Dizia o artigo que os
engenheiros que construíram uma réplica do
peixe-cofre e a testaram num túnel de vento
constataram que o seu deslocamento no ar é
mais eficiente que o de carros compactos.

Reparem agora nesta característica: O peixe-


cofre tem um revestimento ósseo externo que lhe
dá força máxima com mínimo peso devido a
pequenos redemoinhos que se formam em volta
dele, dando-lhe estabilidade em águas turbulentas, por isso, o peixe-cofre tem uma espantosa mobilidade
e proteção contra lesões.

Se observar, nessa figura coloquei umas linhas a vermelho, traçando algumas das formas aerodinâmicas
encontradas neste veiculo modelo Mercedes e já disponível no mercado. Embora isso não seja notório na figura do
peixe, podemos dizer que estas mesmas linhas se encontram no peixe, em proporção ao seu tamanho.

No fundo a ciência deste estudo, encontra-se em saber distribuir e reconduzir o movimento do ar, à medida que o
veículo se desloca, transformando a força do atrito em força de estabilidade e de velocidade. Algo semelhante
acontece com as aves do céu. Nunca reparou junto ao mar, num dia de vento, que as gaivotas raramente batem
as asas contra a corrente do vento e ainda assim progridem de uma forma impressionante na sua trajetória?
Porque isso acontece? Simplesmente porque elas reconduzem o vento ou a força de atrito, por ajustar a
aerodinâmica das suas asas, transformando-o em força de estabilidade e de velocidade.

Portanto, encontramos aqui neste exemplo o relacionamento estreito que existe entre a ciência, neste caso ciência
biológica, e a evolução de equipamentos, neste caso indústria automóvel.

Notem este comentário: “Para ser honesto”, diz o Dr. Thomas Weber, responsável pela área de
pesquisa e desenvolvimento da Mercedes, “a última coisa que esperávamos é que esse peixe de
aparência desajeitada se tornasse nosso modelo para projetar um carro aerodinâmico e
econômico”.
Na verdade vários construtores da indústria automóvel já tiram proveito desta descoberta
científica, por projetarem modelos cada vez mais aerodinâmicos.

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Bom agora se quiséssemos entrar num outro fórum, seria caso para perguntar: “E quem projetou
o Peixe-Cofre?”

Como nós sabemos na área da saúde, e talvez mais do que em todas as outras a Ciência tem-se
aplicado bastante para desenvolver e criar métodos de trabalho ou de tratamento que se tornem o
mais eficazes e fiável possível.

A Ciência ajudou o Rodrigo

Um conhecimento que sempre despertou a minha atenção prende-se com a construção de


membros artificiais, também conhecido pelo nome de próteses, lembrei-me deste tema porque
precisamente no último mês de Março de 2011, os pais do bebé
Rodrigo que nasceu sem a mão direita, pôde concretizar a aquisição
da tão necessária mão elétrica, uma vez que até aí ele usava uma
prótese simples. Esta aquisição foi fruto de uma campanha nacional
apadrinhada pela estação televisiva SIC, recorrendo para o efeito ao
tão conhecido lema “Uma Tampinha para o Rodrigo”. O Rodrigo é
um menino de Fão, Esposende e tem agora 2 anos de idade e o facto
de ter uma prótese simples começa a partir desta idade a limitá-lo
quanto ao seu desenvolvimento.
Nesta altura o Rodrigo já experimentou
a sua nova “mão”, e foi emocionante
poder ver na reportagem televisiva
quando ele se apercebeu, com o ainda
frágil raciocínio, que a nova mão mexia, os para já três dedos.
Quando lhe perguntaram o que ele iria fazer com aquela nova mão,
toda a plateia que assistia ao programa, até então com as lágrimas
nos olhos (eu inclusive), despoletou numa uníssona gargalhada (só a
inocência das crianças para nos fazer rir e aliviar do sentimento de culpa por não
fazermos mais por eles),
responde então o Rodrigo àquela pergunta
pertinente, com um sorriso de criança feliz, tal como na gravura ao
lado: “A primeira coisa que eu vou fazer, é apertar as orelhas aos
meus irmãos”. Ficamos sem palavras com uma frase destas…

Bom, o queremos nós destacar nesta experiencia de vida?

Sem dúvida a aplicação da engenharia Protética que significa: “A arte e a ciência de fazer e
ajustar as partes artificiais do corpo humano ao serviço da saúde”. Esta é uma daquelas
engenharias pouco bem-vindas, pelos motivos ao qual se aplicam no entanto, tem sido um mal
menor, pois tem vindo a colmatar um mal maior, que é a falta de um qualquer membro.

Embora na prática não se traduza numa situação de plena felicidade, pelo menos em muitas
circunstâncias alivia o sentimento de mau estar e dependência, fazendo mesmo aumentar
significativamente o bem-estar e qualidade de vida da pessoa.

Ao contrário da mão biónica (aplicação dos princípios biológicos ao estudo e aplicação da engenharia) que é
para adultos e mexe todos os dedos separadamente, esta mão elétrica só tem três dedos
funcionais (o polegar, o indicador e o médio), que funcionam sempre ao mesmo tempo. Neste caso o
Rodrigo vai conseguir movimentar os dedos fazendo a contração do músculo do braço. O que se
irá passar nesta prótese é que um sensor de condução elétrica, simultaneamente mede e conduz

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a energia produzida pelo músculo para um elétrodo regulador, que por sua vez a envia para um
micromotor que fará movimentar os dedos, abrindo-os ou fechando-os.

Esta mão é feita de plástico e duralumínio (conjunto de ligas metálicas, tal como alumínio, cobre, magnésio e
ainda silício, o que lhe confere uma elevada resistência mecânica, tornando-a ao mesmo tempo leve e inoxidável),
apesar de serem engenhos muito bem desenvolvidos ainda assim a maioria deles necessitam de
constante manutenção, que é o caso desta mão elétrica em que todas as noites necessita de
recarregar uma bateria de apoio instalada no seu interior.

Nestes dois últimos temas apresentados existe uma área comum entre eles, para que a sua
concretização seja um facto. Estamos a falar da Informática.

A Ciência da Informática.

Ao desenvolver este tema fiquei a saber que o termo “informática” teve origem em 1957 através
da ideia do cientista de computação alemão Karl Steinbuch ao publicar um jornal de nome
“informática: processamento de informação”. No fundo, “informática”, acaba hoje por ter duas
vertentes. Uma é a ciência que estuda o processamento automático da informação por meio do
computador a outra é a ciência da computação onde se faz o estudo dos algoritmos, as sua
aplicações e implementação em forma de software e posteriormente executados em computador.

Hoje em dia e desde há muito, esta ciência tem estado na base do progresso de várias
tecnologias. Os dois temas anteriores são a prova disso mesmo. O que seria hoje, por exemplo, a
indústria automóvel sem a implementação da robótica?
Os robots actuais são máquinas muito sofisticadas
que realizam trabalhos de produção especializados
(na realidade o que os torna especializados são os diversos
programas informáticos, desenvolvidos por programadores que
os vão atualizando com o objetivo de otimizar a sua
performance).
Na grande maioria (cerca de 90%) dos robôs actuais
são do tipo de manipuladores industriais, isto é,
‘braços’ e ‘mãos’ controlados por computador.
Esses manipuladores têm uma base fixa e portanto
movem os seus braços e mãos mas não saem do
seu lugar. Metade dos manipuladores que existem
no mundo é usada na indústria automóvel.

Foram muitas as vantagens com a aplicação desta tecnologia nos diversos ramos da indústria, mas as
desvantagens também ficaram atrás, senão repare:
Vantagens
Poupa o operador em realizar trabalho de risco no processamento dos produtos.
Maior rapidez no processamento de tarefas = a uma produção maior por operador.
Melhor qualidade de produtos, devido à componente de controlo associada aos robots.
Uniformidade na produção.
Eliminação de erros do operador provocado por distrações e cansaço.
Desvantagens
A principal é o elevado custo associado a este tipo de desenvolvimento. É necessário fazer um investimento inicial
elevado.
Custo com a formação dos operadores, necessitam de programar o controlador do robot o que exige um grau de
qualificação técnica superior á necessária numa produção tradicional.
Eliminação de postos de trabalho, contribuindo para o aumento de desempregados.

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A Ciência informática, tem tido também um papel cada vez maior de relevo no que respeita à
sua aplicação na área da saúde. Principalmente em programas de estudo e diagnóstico. Por
exemplo estou a recordar uma consulta que fiz no dia 1 de abril deste ano 2011, em medicina
integrativa. A medicina integrativa tem por base o estudo dos órgãos vitais do corpo humano, tal
como, os rins, os pulmões, o coração, os intestinos, a bexiga, o cérebro, o pâncreas, a vesícula
e poucos mais. O objetivo é calcular a energia debitada por cada um desses órgãos por forma a
determinar o padrão correto quanto ao seu funcionamento.

A curiosidade desta medicina está na maneira de sondar os órgãos. É usada uma sonda
magnética que vai percorrendo vários pontos, previamente localizados nas mãos e nos pés, sendo
os sinais medidos transportados imediatamente para um programa informático que os avalia,
processa e calcula o resultado. O diagnóstico é depois apresentado detalhadamente em forma de
variados gráficos, juntamente com um índice de gravidade ou não e conotando com os diversos
sintomas que habitualmente a pessoa sente, mas que não os sabe relacionar.
Pelo que observei e pelos resultados obtidos (nada de alarmismo, estava tudo excelente comigo) considero
este tipo de medicina bastante fiável. Esta medicina é de origem oriental, muito mais antiga que a
medicina convencional e por conseguinte muito mais experimentada. A ciência informática veio
neste caso, contribuir significativamente para uma leitura mais exata dos diversos sinais que o
nosso corpo dá, uma vez que a sonda magnética é neste caso muito mais sensível que a ponta
dos dedos, como era feito até então.
Os tratamentos sempre são realizados com produtos naturais.
As Consequências do progresso
Já mencionei algumas debaixo dos últimos tópicos, no entanto se fizermos uma análise mais
pormenorizada com certeza que faremos uma avaliação mais correta. No entanto poderei já
adiantar que o problema de não se tirar realmente partido desta ciência é que o progresso
tecnológico teima em se dividir entre servir o “BEM” e o “MAL”.
No que respeita em servir o “BEM”, hoje tenho uma certeza, muitas enfermidades e deficiências
foram minimizadas, podendo assim os seus pacientes ficar aliviados, não só de angústia, como de
dor e sofrimento.
Acabei de mencionar o caso do Rodrigo, pois à medida que ele for adquirindo autonomia, a sua
angústia por certo vai sendo reduzida.
Hoje também a grande maioria de pessoas diabéticas de grau 1, dificilmente perdem a visão,
devido ao progresso da aplicação da tecnologia Laser, como fonte de tratamento para o
rompimento de artérias oculares.
No que respeita aos doentes renais, uma grande
maioria deles já pode fazer o tratamento de
hemodiálise em suas casas, sem que para isso
precisem de ficar completamente imobilizados,
com o chamado processo de Diálise Peritoneal.
Podemos observar nesta gravura ao lado, que
quando se trata de Hemodiálise, o corpo
necessita de estar deitado com o braço
imobilizado, ligado a um dialisador onde o sangue
é filtrado. A Diálise peritoneal por sua vez limita-
se a administrar uma solução de tratamento do
sangue, uma vez que a filtragem se dá no
peritoneu, uma membrana situada no abdómen.
O equipamento pode ser transportado junto ao corpo.

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As consequências negativas do progresso tecnológico são aquelas criadas pelo próprio homem.
O homem não soube se proteger das suas próprias criações. O maior impacto negativo deve-se
sem dúvida, à ambição ao orgulho e à ganância, que fez com que aos poucos as maquinas, os
equipamentos e os computadores substituíssem o ser humano nas mais diversas tarefas,
relegando-os para uma situação de desprezo total, em que na maioria, o sentimento é de
inutilidade, acabando por cair num buraco de frustração e desespero.
Se refletirmos no progresso por este prisma, vamos ser realistas, demos um passo atrás!
O progresso tecnológico deveria ter como objetivo principal criar ou fazer aumentar as condições
para o ser humano se sentir plenamente satisfeito, mas vemos que não é isso que acontece.
Criaram-se equipamentos para se obter rapidamente grandes produções, com qualidade e
perfeição, e em contrapartida fecham-se empresas porque os índices de stock são elevados e não
é necessário produzir mais.
Faltou aqui um pormenor importante: A reflexão sobre as consequências deste progresso, na
humanidade em geral. Neste aspeto, mundialmente, os governantes ficaram com o seu
discernimento cego e obtuso.

Sozinho na cidade

Quando entrei para a escola secundária, entrei num mundo novo, saí daquela rua (a escola
primária ficava ao fundo da rua onde vivíamos) e passei a entrar numa cidade. Naquele tempo
tudo ficava mais longe do que agora, embora a distância ainda seja a mesma.

Esses dois anos que frequentei a escola secundária Gomes Teixeira foram tranquilos, tirando um
ou outro incidente pelo meio. Recordo-me em que uma vez um colega de turma me pediu para
ajudá-lo a distribuir uns panfletos, a convocar as pessoas para uma manifestação na Avenida dos
Aliados, disse ele que estava a ajudar o pai. É claro que eu achei isso interessante e disse que
sim. Nesse dia quando cheguei á ‘minha’ rua, comecei a meter os panfletos nas caixas de correio
e no final deixei alguns em casa, mal eu sabia o enorme problema que poderia ter arranjado.

Quando os meus pais se


aperceberam, eu também percebi (Tive o cuidado de pedir à minha mãe que recordasse esse
pelos rostos que eles estavam momento, e para meu espanto ela tinha-o bem fixo na memória.
quase em pânico, tentaram com Diz-me ela que na altura ficou tranquila porque eu expliquei que
algum jeito entender como é que só tinha distribuído lá na rua e que naquela rua pelo visto, todos
partilhavam da mesma opinião sobre o regime, o que à partida
aqueles papéis foram parar ás
não traria problemas, ainda assim parece que ninguém falou
minhas mãos. Eu sem qualquer
sobre assunto, remetendo-se ao silêncio, até porque era
problema expliquei como foi. A conhecido que um morador numa rua próxima seria um agente
minha mãe ficou encarregada de DGS).
me explicar porque aquele tipo de
assunto não devia ser exposto da maneira como eu o fiz.

Achei curioso também, na sequência da conversa que tive com a minha mãe, iniciada no paragrafo
anterior, que ela relembrou que na altura eu fiquei mesmo confuso e que para me explicar o que era a
política, ela deu-me a mesma resposta que o pai dela lhe tinha dado, que a política fazia do “Povo a
escadinha para os ricos”. Disse ela, que continuei sem entender, mas garantiu-me que mais tarde iria
percebe. Hoje realmente entendo

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Em síntese, disse-me ela, a família poderia ser gravemente prejudicada, principalmente porque o
meu pai era funcionário de um jornal público e que esse tipo de funcionários estavam
constantemente a ser controlados pela polícia.

Na altura não percebi muito bem, mas respeitei as orientações que me foram dadas e disse ao
meu colega que não faria mais aquele trabalho.

ESCLARECENDO ESTE ASSUNTO 1

A minha mãe referia-se á DGS, ou ex-PIDE, como também era conhecida.


Hoje existem as SECRETAS PORTUGUESAS que não prendem indiscriminadamente e muito menos
torturam, no entanto os mecanismos de impedir que a razão e a justiça prevaleçam são outros, estou a
recordar o caso Maddie McCann, em que a vontade política com o recurso ao tráfico de influencias,
manipulando tribunais, “estrangulou” a voz de quem muito tinha feito para apurar a verdade – recordo o
inspector Gonçalo Amaral, que com 27 anos de carreira policial, licenciado em Ciências Jurídicas e
Criminais e que teve uma excelente carreira profissional, amplamente reconhecida por colegas e
superiores hierárquicos, bem como por magistrados judiciais e do Ministério Público e advogados se viu
afastado de um momento para o outro das suas funções, na sequência da investigação “caso Maddie,
isto, segundo dizem, num acto inédito na história da Polícia Judiciária.
As mais recentes noticias apontadas pelo site Wikileaks e reveladas ao jornal espanhol “EL País” no dia
14/12/2010 e conforme apontadas na seguinte página web:
[http://www.elpais.com/articulo/internacional/Caso/Madeleine/policia/britanica/apunto/padres/elpepiint/20101214elpepiint_
5/Tes], acaba no fundo por dar razão ao investigador Gonçalo Amaral, de que se justificava plenamente a
continuação desta investigação, uma vez que um telegrama enviado pelo embaixador britânico e
recebido pelo seu homólogo dos Estados Unidos dava conta de que a polícia do seu país apurou
indícios contra os pais da criança – o que contraria a tese de que teria sido a polícia portuguesa a forçar
as suspeitas contra o casal McCann.
Este despacho diplomático faz ainda referência a uma conversa mantida entre os mesmos
embaixadores em Lisboa, em que não poderiam esquecer o facto, de que foram descobertos vestígios
de sangue numa parede do quarto através do faro de cães que os polícias ingleses trouxeram e que são
especialmente treinados para detectar vestígios biológicos. [Segundo Nuno Lima, presidente da
Associação Cinotécnica de Busca e Salvamento estes animais são capazes de distinguir se os vestígios
pertencem a uma pessoa morta ou viva, ele explica ainda o treino muito específico a que os animais
estão sujeitos].

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ESCLARECENDO ESTE ASSUNTO 2

Revelador também é a entrevista dada pelo inspector Gonçalo Amaral, no dia 14/12/2010 ao canal de
televisão SIC Noticias [ver site: http://youtu.be/DKUnyV0ezAQ], em que os factos apresentados pela
policia judiciária durante o processo, em muito apontam para negligência por parte do casal McCann.
Parece que também não passou despercebida a intervenção de individualidades do mais alto nível, dos
dois países com o propósito de proteger e isentar este casal de qualquer responsabilidade, os quais não
teriam realmente que estar preocupados caso estivessem mesmo isentos.

Mas também não quero deixar de mencionar outra entrevista dada pelo Inspector Gonçalo Amaral, em
que na verdade o entrevistador Miguel de Sousa Tavares a transformou num monólogo e que foi de uma
pobreza jornalística como há muito não se via, pode ser vista em vídeo nesta página
[http://sic.sapo.pt/online/video/informacao/sinais-de-fogo/2010/3/miguel-sousa-tavares-entrevista-goncalo-amaral01-03-
2010-222017.htm]

Depois de ter observado este vídeo com duração de 30 minutos, fiquei aborrecido e até mesmo
desiludido pela forma tendenciosa e manipuladora com que certas entidades de poder podem influir e
conduzir a mente de pessoas para raciocínios menos lógicos.
Tenho certa admiração pelo jornalista Sousa Tavares, pela forma direta com que questiona os
entrevistados, mas neste caso em questão quem assistiu à entrevista bem que a pode classificar da
seguinte maneira: “1º perguntas respondidas ou 2º perguntas sem resposta”, por uma simples
razão, ele perguntava e não deixava responder. Desta vez o Dr. Miguel Sousa Tavares esteve infeliz.

Portanto penso que foi um exagero grosseiro, tendencioso e escancarado, da procuradoria geral da
República, ao ter dado ordens para se arquivar o processo “Maddie, quando ainda havia muitas
perguntas para fazer, para concluir este assunto seria importante ficarmos com uma ideia sobre esta
questão apresentada num artigo do Jornal de Noticias, após terem passado dois anos desde que o
processo foi arquivado, Caso Maddie: Arquivado porquê?
[ver noticia: http://jn.sapo.pt/Dossies/dossie.aspx?content_id=1220101&dossier=O%20caso%20Maddie%20McCann]

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ESCLARECENDO ESTE ASSUNTO 3

O processo “Casa Pia”, foi outra situação semelhante, aqui foram mais longe, a própria voz dos tribunais
foi estrangulada – recordo o destituído Juiz Rui Teixeira, em que poder politico agindo que nem uma
“fera” sem consciência fez de tudo inclusive, absolvendo individualidades que tinham sido factualmente
acusadas).
Um dos nomes mais sonantes foi o de Paulo Pedroso, na altura deputado parlamentar e que foi
formalmente acusado [posteriormente ilibado de ir a julgamento] por pelo menos três testemunhas, uma
das quais, o principal réu deste processo, Carlos Silvino. Infelizmente não é suficiente, a palavra das
pessoas, é necessário que além das testemunhas existam provas materiais, o que significa num caso
destes ser muito complexo provar crimes cometidos á vários anos atrás, mas não deixa de ser
interessante saber a conclusão do tribunal no que respeita a

este acusado, conforme mencionado na Revista Visão em 8/10/2003: “Paulo Pedroso é o primeiro
dos arguidos a ser libertado, pelo Tribunal da Relação de Lisboa. Os juízes questionam a
credibilidade dos indícios que haviam levado à detenção do ex-ministro do PS".
Entretanto perante esta decisão do tribunal, ficava bem perante o publico processar os autores das
acusações, o que foi feito e concluído com a não menos interessante decisão do tribunal, conforme
podemos ver no jornal Expresso do dia 30 /03/2009 onde se lê: “O tribunal de Instrução Criminal e
agora o da Relação consideram que nenhuma das vítimas mentiu e que as "imprecisões,
contradições, omissões e inconsistências" são normais porque os jovens foram "repetidamente
perguntados sobre a matéria durante um largo período de tempo" e "é sabido que quanto mais
vezes uma testemunha fala sobre o mesmo facto, mais dele se afasta", pode se ler na integra em
http://aeiou.expresso.pt/paulo-pedroso-perde-processo-contra-ex-alunos-da-casa-pia=f506185
Perante esta ultima constatação por parte de um tribunal, como se pode depreender que este homem
tenha sido ilibado de um julgamento, para o qual outros nas mesmas circunstâncias, foram acusados,
levados a julgamento e também condenados? Dá que pensar não dá?

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(È evidente que a justiça, em bastantes casos de impacto publico não


tem sido “cega”, e o problema é que as pessoas em geral também já não
são intelectualmente “cegas”, e o resultado è que muito das vezes num
acto desesperado recorrem à exposição publica, manifestando a sua
revolta pelo facto da “Justiça” manipular, ou se deixar manipular, por
pessoas influentes e poderosas.

A diferença entre regimes do antes e pós 25 de Abril, apenas se torna diferente na exposição publica,
mas dissimulada para se evitar “processos por difamação”. Na prática a “balança” pende sempre para o
mais forte.
A tão propalada Democracia (termo do grego antigo, para definir “Governo do Povo”), tem revelado as
muitas lacunas que existem entre os direitos de igualdade, tem evidenciado também o quão somos
imperfeitos e que por mais que o “homem” se esforce, o tão desejado ponto de equilíbrio nunca é
alcançado.
As regras, que imponho na minha casa, entendo que não possam ser as mesmas dos meus vizinhos, e
porquê? Porque temos vidas, hábitos e agregados familiares diferentes. Então como podemos nos
ajustar, a viver debaixo de regras económicas iguais, impostas por uma Comunidade Europeia, quando
a riqueza entre países são substancialmente diferentes? Como é possível que governantes do nosso
País, fazer exigências de sacrifício, dizendo que o País Espanha, França ou Alemanha também o faz,
mas esquecendo de mencionar que os “direitos” e os benefícios usufruídos pelo povo dessas nações,
são no mínimo o triplo dos nossos?
Por isso actualmente parece que esta sujeição aos governantes agudizou-se, se levarmos em conta o
governo do nosso próprio País [que pode ser ainda pior, caso falemos de um governo de maioria ou de
uma coligação partidária = ditadura temporária], e também estar sujeitos às pressões económicas e
militares de uma “Comunidade”.
Bem quanto à imagem que eu tenho dos políticos, è a seguinte: Como qualquer bom chefe de família,
acima de tudo, tentam levar a “vidinha” cuidando dos seus próprios interesses. Depois no que respeita
ao cumprimento dos seus deveres, são uns autênticos artistas de circo, com predominância para o
“malabarismo”. Pelo meio ainda conseguem apresentar uns bons números de “magia”, tal é a facilidade
com que enganam o público e quanto à sua imagem, se fôr a virtual, basta correr os três canais de
televisão que è quase certo apanhar a imagem deles em ângulos diferentes, dependendo da posição da
câmara de filmar. No que respeita à imagem real podemos ficar com aquela que o povo transmitiu nas
ainda fresquinhas eleições Presidenciais - 53,3% de abstenção.
Um comentário para isto?
Poderei citar se me permitem o já falecido Fernando Pessa: “E esta hein?”.
Eu da minha parte, quanto a este assunto não dou conselhos, apenas comento e reflito.
Desde sempre que sou apartidário Página | 22
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Revolução dos cravos

No ano seguinte dá-se a


revolução de Abril, no dia 25, ano
de 1974. Também conhecida
como a revolução dos cravos.
Todos foram incentivados em
colocar um cravo na lapela, no
chapéu na carteira ou no para-
brisa do carro, por forma a demonstrar solidariedade com a Revolução.
Nesse dia de manhã, estava numa aula de trabalhos manuais, por falar nisso, já não se fazem
escolas como aquela: Estrutura sólida, boas oficinas, um ginásio completo, uma vasta biblioteca,
bons espaços para praticar desporto, uma cantina própria e acima de tudo, disciplina.
Fiquei com tantas saudades daquela escola, que ainda hoje a visito com frequência.
Nesse dia então, o professor foi-nos colocando a par do que se estava a passar. Aquilo foi um
entrar de informação na minha cabeça tal como nunca tinha acontecido. Os assuntos eram
novidade, falava-se em confrontos entre militares, militares e policia, pontes cortadas, televisão e
rádio assaltadas e todas as pessoas estavam num estado de êxtase, que para mim era
incompreensível.
Entretanto as aulas foram suspensas e o meu pai foi-me buscar á escola. Nessa semana não se
falou de outra coisa: Liberdade para trás, liberdade para frente. Fiquei, a saber, também o que
eram presos políticos, pois pelos vistos alguns membros da nossa família foram detidos por essa
razão. Além de um tio, os meus dois avôs passaram na prisão alguns anos das suas vidas, a
situação mais relevante pelos vistos passou-se com o pai do meu pai, pois teve uma morte
prematura devido aos maus tratos sofridos na prisão.
No ano seguinte fui matriculado na Escola Industrial Infante Dom Henrique, o meu pai matriculou-
me no curso geral de eletricidade, disse-me ele depois que achava que eu tinha jeito para aquilo.
Não sei por que pensou ele assim, talvez pela facilidade com que desmontava e estragava alguns
aparelhos domésticos ou então porque seria um curso que me daria uma saída profissional.
Esse 1º ano do curso foi horrível, o ensino escolar estava em revolução, os professores não
tinham mais a autoridade que lhes era conferida, fizeram-se comissões de alunos para colaborar
em parceria com a direção de escola e logo começaram a surgir os primeiros saneamentos de
professores por imposição dos alunos, só porque muitas das vezes o professor exigia silêncio
dentro da sala.

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Aquilo incomodava-me e comecei a notar que a tão proclamada "Liberdade" também tinha o seu
lado negro. Aliás, a Revolução de Abril não podia ter vindo em pior altura para mim, pois uma
avalanche de maus costumes surgiu por arrasto no momento mais difícil da minha juventude, a
adolescência.
Rebeldia, violência, drogas e prostituição nas escolas foram algumas das consequências da
Liberdade, melhor dizendo, da libertinagem.
Escusado será dizer que esse foi um ano para esquecer com resultados negativos praticamente
em todas as disciplinas.

A imprensa solta a sua Voz


Mas se por um lado a “Revolução” teve uma ação negativa para uns, para outros foi como a abençoada
chuva que cai, depois de uma seca de muitos anos. Refiro-me obviamente aos sistemas organizados de
difusão e recepção de informação também conhecidos atualmente por Mass Media, Os vários meios de
expressão social: a imprensa, a televisão, a rádio e até mesmo o cinema, são orientados para o público
em geral e têm por objetivo produzir conteúdos específicos de mensagens ou informações políticas,
ideológicas, comerciais, recreativas e culturais etc.

Até esta data toda a mensagem ou informação, antes de ser lançada ao público, era exaustivamente
analisada por um gabinete de censura existente em todos os meios de difusão. Por isso quando a
“Liberdade de Expressão” regressou a Portugal não foi de admirar a forma extravasante, como em todas
as áreas a imprensa abriu a sua boca, até aí reprimida e libertou um grito de alívio tropeçando nas
palavras que estavam por dizer.

No dia seguinte, as pessoas, “devoravam” jornais, ansiosos por saber o que se tinha passado nas
últimas horas, também me recordo que o meu pai, compositor gráfico no Jornal de Noticias, nessa noite
não veio para casa uma vez que o “Noticias” estava a lançar três edições por dia.

Escusado será dizer, que as pessoas se agarravam ao televisor, onde quer que houvesse alguma. A
música de intervenção era constante, ainda me recordo daquela que serviu de senha para o avanço das
forças militares na madrugada de 25 de Abril. A “Emissora Nacional” passa na Rádio, “Grândola Vila
Morena” e logo de imediato “E Depois do Adeus” de Paulo de Carvalho, música vencedora do festival da
canção da RTP desse ano. O sinal estava dado e a partir daí os mais variados alvos começam a ser
ocupados. O “MFA” (movimento das forças armadas) ao principio da manhã tal como era noticiado, já
ocupava todos os meios de comunicação que eram então manipulados pelo regime, principalmente a
RTP, onde ainda foi feita uma tentativa de incentivar o Povo a opor-se ao golpe militar como sendo um
acto terrorista contra o País, mas o Povo não foi nessa.

Não à dúvida que os órgãos de comunicação social, naquele dia e nos seguintes, foram de extrema
importância para suster qualquer sintoma de pânico que pudesse surgir entre as pessoas que não
sabiam muito bem, o que se estava a passar (não esqueçamos de que uma boa percentagem da população
naquela época carecia de instrução secular, e como sabemos, pessoas nessas circunstâncias são de fácil
manipulação. Só por curiosidade, em 1970 a média de analfabetismo em indivíduos com mais de 14 anos numa
pesquisa realizada nos distritos e ilhas do país, pautava-se pelos 46,6 %, sendo que em 2009 esta média desceu
para os 24,9 %). Para mais informações consultar o site PORDATA.

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Estava a crescer finalmente...

No ano seguinte achei melhor procurar emprego e frequentar o mesmo curso à noite.

Comecei por trabalhar num restaurante, teria então 15 anos de idade e fui para a cozinha fazer
diversas tarefas, desde lavar louça, descascar batatas, limpar panelas, talheres e ajudava ainda a
limpar a sala do restaurante. Tinha o seu lado bom trabalhar ali, usufruía de refeições como nunca
tinha usufruído.

É claro que não foi fácil conjugar o trabalho com a


escola noturna. Ás sete da manhã estava no
Devo destacar a necessidade de muita
restaurante "Capir" e terminava as aulas ás onze e
organização numa cozinha de
restaurante que tem de confeccionar quarenta da noite.
alimentos á lista, a equipa desde o chefe
Ao iniciar o segundo ano do curso, consegui através
de cozinha ao repositor de utensílios, em
de um protocolo existente na escola,
hora de ponta tem de funcionar como
“uma só pessoa com muitas pernas e (esta versão do curso por ser noturno era de apenas
muitos braços”, era esse o lema que eu 3, ao invés de 5 anos) fazer um estágio na "Efacec",
ouvia todos os dias dentro daquela uma boa empresa do ramo tecnológico, onde poderia
cozinha e eu como repositor de utensílios fazer a conjugação da prática com a teoria escolar,
tinha e sentia a responsabilidade, de mas mais uma vez fui vítima da Revolução, pois a
repor a louça nos respectivos lugares e convulsão laboral que existia no país levou a que as
zelar acima de tudo pela sua limpeza recém-formadas comissões de trabalhadores
principalmente no que respeitava aos
traçassem regras abusivas nas próprias empresas em
talheres – eram mergulhados em água,
que uma delas foi dar prioridade á ocupação de
os garfos limpos com uma escova, todos
lugares na empresa por parte de familiares, em que
esfregados e mergulhados em água
quente, eram estes os passos. Ainda muitas das vezes essas pessoas, não tinham o perfil
hoje tenho essa fobia, de observar a adequado para qualquer função a desempenhar.
limpeza nos talheres. Devido ás pressões existentes e ás também ameaças
de saneamento, esse período de estágio para mim
como para outros foi "sol de pouca duração".

Nesta altura comecei a ter percepção do quão difícil é lidar com as pessoas e não com as coisas.
Lidar com a mente humana é preciso ter, uma habilidade que dificilmente se aprende nas escolas,
mas que depende muito do nosso caráter e personalidade. Naquele tempo sentia-me ainda, como
é natural, muito "verde" quanto a gerir emocionalmente situações como a que acabei de
descrever, daí a ficar revoltado com a vida era um passo muito curto e não demorou muito tempo,
a dar outro rumo á minha vontade.

Teria talvez 17 anos quando arranjei emprego numa serralharia, aí as tarefas que desempenhava
exigiam que demonstrasse habilidade de raciocínio, pois apesar de estar integrado numa linha de
produção, não tinha um posto fixo de trabalho, (ao contrário do que acontecia na Efacec), mas
acompanhava o processo desde o ponto inicial até final de estampagem que se efetuava lá.
Durante esse percurso era necessário muitas soluções para ultrapassar os diversos obstáculos
que iam surgindo, uma vez que sempre que se iniciava um processo de fabrico era necessário
efetuar alterações nos moldes de estampagem o que dava origem a uma configuração diferente
nas peças a fornecer, obviamente isso exigia também constantes ajustes no percurso da linha de
fabrico, daí a necessidade de rapidez em solucionar os problemas. Posso dizer que era uma área
de trabalho que me agradava, obtive formação em ferramentaria.

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A ferramentaria consiste em saber identificar pelo nome correto todo o tipo de ferramenta de uso manual
assim como a sua funcionalidade, saber quando e como usa-la é talvez o mais importante. Algumas
dessas ferramentas que desconhecia foram: Paquímetro – para medição de objetos com um milímetro
e frações de milímetro. Micrómetro – medição de objetos com milésimas de milímetro. Chave
Dinamométrica – mede a força muscular, normalmente usada para o aperto calibrado de parafusos. –
Veja como usar chave dinamométrica.
http://www.youtube.com/watch?v=5ZBbhAVsAwQ&feature=mfu_in_order&list=UL.

Ganhei prática na manipulação de diversos equipamentos e nessa altura eu próprio compreendi


que tinha bastante facilidade em assimilar aquela área de trabalho.

No fundo, as funções que eu desempenhava era nada mais, nada menos o que hoje se conhece
por eletromecânica. Em termos simples a eletromecânica é a combinação da eletricidade aos
movimentos da mecânica.

Foi nesta empresa que sofri também o meu primeiro e único acidente de trabalho, considero que
foi um acidente grave. Fiquei sem a primeira falange do dedo indicador da mão esquerda.
Recordo que na altura o impacto causou-me mais medo do que dor, medo simplesmente de não
ter um dedo completo. Estava a trabalhar com uma máquina de cortar chapa sem proteção e
verdade se diga, nos dias de hoje isso era totalmente reprovável. Esse acidente mudou por
completo a minha forma de encarar a metodologia de trabalho com qualquer tipo de equipamento
e ainda hoje é minha principal preocupação a aplicação das normas de segurança no trabalho, por
mais que isso aborreça algumas pessoas dentro da estrutura das empresas.

Recordo que na sequência do acidente acima mencionado, os tratamentos que recebi em clinica da
propria seguradora, houve o cuidado de verificar que necessitava de nova intervenção cirurgica por uma
questão meramente estética, visto que aquando do acidente, o corte do dedo tinha sido ligeiramente na
diagonal, mas que não interferia em nada na sua mobilidade. Apreciei este pormenor cuidadoso por
parte dos médicos da seguradora. Numa outra situação, verifiquei o cuidado que tiveram em fazer o
diagnóstico sobre uma limalha numa das vistas, em que simplesmente não a retiraram, mas exigiram
que me mantivesse na clinica por duas horas, para certificar que não havia nenhuma irritação prejudicial.
Lembro que disseram, que era preferivel assim do que voltar lá no dia seguinte.
Faz bastante sentido e talvez por não ter este tipo de atitude è que muitos hospitais sempre se
encontram a abarrotar, porque devido a tratamentos apressados,muitos dos seus pacientes necessitam
repetir a visita ao mesmo hospital, por vezes já em pior estado.
A nivel de remuneração posso dizer que è um pouco melhor do que ser tratado pela segurança social,
uma vez que está incluido nos tratamentos, as deslocações e medicamentos e também qualquer
reclamação que se faça è bem encaminhada, e posso falar pelo facto de já ter experimentado mais do
que uma seguradora.
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Segurança igual a Rendimento


A segurança e higiene no trabalho envolvem custos, e muitos empresários ou gerentes de empresa com
as suas mentes retrógradas, pensam que isso é um luxo desnecessário e uma perda de tempo -
consideram quebra de produtividade calçar umas luvas antes de executar uma tarefa. Na verdade é ao
contrário, por experiência própria digo que gastamos mais tempo a tirar limalhas dos dedos, cuidar de
golpes nas mãos ou ficar limitados em usá-las, por estar machucada, isso sim é quebra de produtividade.
Felizmente agora e principalmente nas empresas certificadas com qualquer norma ISO, a isso são
obrigadas em manter regularizado de uma forma prática a aplicação das normas de segurança.

segurança

AS PROFISSÕES DE RISCO AUMENTAM .


Mas nos tempos que correm as profissões de risco tendem a aumentar, tomem-se ou não medidas de
prevenção, por exemplo, quem diria que lecionar, num grande número de escolas seria uma profissão
de risco para os professores? (a cultura e a arte conjugam-se nesta profissão, porque a cultura está
presente no próprio ensino, e para ser professor não basta ser rico em conhecimento é preciso ter a arte
de ensinar e nem todos nascem com esta habilidade).
No entanto já são muitos os casos de agressão física e verbal que muitos foram alvo levando à
intervenção policial e hospitalar pelos danos sofridos e isto para não falarmos em danos materiais. Este
é um problema que merece séria reflexão, pois não basta apenas aplicar um castigo ou uma multa
culminando na maioria das vezes pela transferência dos alunos e processos levantados aos familiares
uma vez que em muitos casos a violência parte ou é instigada por eles.
Penso que é necessário ir mais fundo, ir ao âmago da questão, e acho que è visível a todos aqueles que
realmente se preocupam com este assunto, que o verdadeiro problema nas escolas começa em casa de
cada um.
Lamentavelmente muitos pais desta nova geração, descartam-se eles próprios de educar e muito menos
aplicar disciplina nos seus filhos, isso resulta em crianças desobedientes, arrogante e sem conceito de
autoridade hierárquica, por vezes os pais são os primeiros a incutir nos filhos esta “independência” da
autoridade levando-os a desrespeitar quem quer que seja e em casos mais extremos eles próprios
tomam a iniciativa de ir reclamar “independência” aos estabelecimentos de ensino, atropelando
verbalmente e fisicamente aqueles (professores) que no fundo tem por objetivo ajudar os jovens a
crescer intelectualmente.
Infelizmente parece que será um processo difícil de inverter com tendência a piorar e por uma razão
simples, a atual crise econômico-financeira, junto com a degradação dos postos de trabalho, obviamente
reflete-se nos lares de cada família.
A redução substancial de rendimento e o aumento do número de horas de trabalho, combinando com
menos tempo para convívio e aconchego familiar, junto com saturação e cansaço, devido ás exigências
profissionais, tem os seus reflexos negativos, muito das vezes com o casamento a terminar em divórcio
(só para ficar com uma ideia, depois de ter consultado o site PORDATA constatei que no ano em que
eu nasci, 1961, registava-se 1 divórcio por cada 100 casamentos. No ultimo ano de 2009, registaram-se
65 divórcios por cada 100 casamentos e é claro que este numero vai aumentar, até porque se criaram
mecanismos que visa facilitar a vida, na maioria dos casos, daqueles que não querem fazer um esforço
por tão nobre instituição, como é o casamento. A prova desta afirmação pode ser encontrada no site:
http://www.direitonahora.com/divorcio/ ), tudo isto transforma crianças, rapazes e raparigas que estão na
fase de se evidenciar, em jovens muito vulneráveis, depressivos, abandonados e expropriados de algo,
que naturalmente lhes pertencia por direito, os “valores familiares”.

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A vida começa a sorrir...

Aos 20 anos numa daquelas “festas de garagem”, fiquei fascinado por uma jovem rapariga desde
que a vi entrar.

Senti que era algo sério, pois além de ser raro em


As discotecas ainda não proliferavam por
mim aquele tipo de sentimento o meu relacionamento
aí, e que bem que nos divertíamos. Hoje,
com outras raparigas não passava de simples não considero diversão permanecer numa
entretenimento. Esta tinha um aspecto peculiar para discoteca até às seis da manhã, onde para
aquele tempo, não só ela como também a irmã do se aguentar tanto tempo, a pessoa já tem
qual se fazia acompanhar. Eram gémeas e com que estar num estado de dependência por
feições do oriente asiático. Rapidamente o meu olhar algo, no entanto as leis que regem a
se fixou e não demorei muito tempo até criar uma diversão noturna assim o permitem.
situação para que os nossos olhares se cruzassem. Depois todos ficam admirados com
tiroteios, esfaqueamentos, roubos,
Fiz questão de colocar em prática o cavalheirismo violações e até mesmo estupros, é como
que minha mãe sempre me ensinou a ter. não querer ter “baratas na cozinha sem a
limpar convenientemente”.
Daí a nos tornarmos amigos foi um passo, e
confessou-me ela depois que a minha abordagem tinha sido bastante simpática. Aquele rosto não
muito usual para a época devia-se ao facto do avô da parte do pai ser japonês.

Nas semanas seguintes ficamo-nos a conhecer melhor e algum tempo depois propus formalizar o
namoro, era a minha 1ª namorada efetiva, ela tinha 15 anos, eu 21, ela chamava-se Paula e
passou a ser um objetivo importante na minha vida.

Senti nesta experiência como se fosse um novo galho a crescer na minha vida, com o tempo este
galho desenvolveu-se e tornou-se forte paralelamente ao tronco.

Foi um período de novas emoções e senti que estava a crescer, aliás, as emoções contribuem
para isso mesmo, obrigam a consciência a trabalhar, o coração a reagir, enfim servem para nos
amadurecer o íntimo.

Este galho conforme já mencionei além de ter ficado forte também floresceu e muito, o que levou
a se tornar muito atraente. É fácil de entender que esta jovem passou a ser uma parte importante
de mim e não era para menos uma vez que faria parte da minha vida nos 20 anos seguintes.

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Novos desafios...

Muitas coisas aconteceram em 20 anos e ganhei experiência de vida neste período de tempo,
curiosamente no mesmo ano em que conheci a Paula, iniciei uma nova atividade profissional e é
esta vertente que irei de seguida desenvolver.

Esta sim seria uma experiência profissional mais a sério, não querendo desprezar as outras como
é óbvio, mas aqui percebi a oportunidade de ter outra amplitude na execução de funções, em
simultâneo mostraram-me que as exigências teriam vários níveis de responsabilidade. Os
conhecimentos adquiridos até esta altura, tanto na escola industrial na área de eletricidade como
na serralharia nas áreas de mecânica e ferramentaria, contribuíram para a fácil integração nesta
empresa.

É claro e isso não pode deixar de ser mencionado, é que esta oportunidade não surgiu por acaso,
mas sim por intermédio de uma pessoa que apesar de não me ver á muitos anos ao se encontrar
com o meu pai perguntou por mim, querendo saber em que área de trabalho eu estava. Esta
pessoa era o Sr. Barbosa um homem que me conhecia desde criança.

Depois de ele se ter inteirado das minhas habilitações, apreciei o facto de ele querer ter uma
espécie de reunião para, disse-me ele, se inteirar melhor do meu carácter e que a oportunidade
de entrar nessa empresa onde ele era gestor, dependia de as características da minha
personalidade se enquadrarem nos critérios já existentes da empresa, uma vez que em nível de
habilitações elas correspondiam ás suas necessidades, havendo depois uma sequência de
formação progressiva durante o ano.

Na altura, confesso, fiquei um pouco intrigado com esta avaliação de personalidade, mas
rapidamente compreendi o quão importante isso é na admissão de pessoas para qualquer posto
de trabalho.

Características tais como: Assiduidade, pontualidade, honestidade, lealdade, conduta e


moralidade foram objecto de interrogação por parte de alguém que me conheceu em criança, mas
não como adulto. Fiquei contente por não desapontar. O lugar estava garantido.

Não pensei duas vezes e deixei a serralharia onde trabalhava até então.

Esta empresa tinha o nome comercial de Polilinha, e o projecto envolvia montar de raiz um sector
de transformação de fios e linhas para a indústria têxtil. A Polilinha comercializava para
exportação todo o tipo de artigos que se possa imaginar para o ramo da indústria têxtil e
confecção de vestuário e calçado.

Ao fim de um mês estava a trabalhar no projecto.

O projecto envolvia electrificar o espaço, de acordo com o plano traçado pelo gabinete
eletrotécnico e que estava previamente preparado para o equipamento que seria adquirido.

Inicialmente fizeram-se ajustes ao nível do quadro geral de alimentação eléctrica e instalaram-se


novos quadros parciais. Reforçamos e retificamos os pontos de iluminação de acordo com o que é
exigido para uma área industrial. Passamos as linhas individuais de alimentação motriz para os
equipamentos de produção de acordo com a disposição ergonómica dos mesmos que eu mesmo
ajudei a criar.

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Ergonomia
Levar em conta este aspecto é bastante importante numa área de produção, pois trata-se de estudar a
melhor forma de rentabilizar um espaço, levando em conta a área necessária para colocar um
equipamento conjugando a manipulação dos mesmos por parte de um operador ou mais, tendo por
objetivo final atribuir um custo do espaço utilizado, ao produto final.

Não tenho dúvida que este projecto foi realizado com cabeça tronco e membros, tudo foi feito no
devido tempo e com o tempo necessário graças a uma boa organização por parte dos gestores.
Finalmente eu estava envolvido em algo que por um lado me absorvia todo o meu tempo
disponível, por outro lado tal qual uma esponja eu absorvia todo a informação e conhecimento
possível, chegava a trabalhar 12 horas por dia sem que ninguém me obrigasse e além do
empenho na criação das infraestruturas comecei a integrar-me nas técnicas de fabrico e
transformação de fios e linhas para a indústria têxtil.

As Linhas para Costura

Sempre estive familiarizado com linhas de costura, a minha mãe era costureira, mas nunca me tinha
apercebido da complexidade que é fazer linhas de costura para a indústria de confecção.
As mais tradicionais são feitas a partir da rama de algodão embora a maioria hoje em dia sejam de
matéria sintética. A rama de algodão de melhor qualidade é proveniente do egipto devido á côr e
comprimento da rama, comprimento que origina a fiação de fios com filamentos compridos que os torna
mais resistentes, depois da fiação em várias espessuras são torcidos em dois ou três filamentos entre si,
dando origem á linha propriamente dito. Depois passa por diversos tratamentos, tal como, GAZEAR que
significa limpar as impurezas do algodão através de um processo de queima. ESTABILIZAR, que
significa sujeita-la a altas temperaturas através de um processo de vaporização para não encarrapitem
nas máquinas de costura. MERCERIZAR, a linha é mergulhada em soda cáustica, que tem por objetivo
dar brilho e torna-la mais macia. A partir daqui a linha está pronta a ser utilizada.
Pode ser utilizada em cru – côr natural, em então enviada para a tinturaria a fim de ser tingida em
diversas cores. Uma boa qualidade de tingimento é obtida com os chamados tintos reactivos, por quê?
Porque uma vez que todos os tingimentos são realizados misturando corante com água, então será
natural que as linhas ou roupa, uma vez que o processo é igual, percam a côr á medida que são lavados,
para que isso não aconteça, aquando do tingimento utiliza-se um corante reativo que tem um agente
fixador á base de hidrogénio com a característica de solidificar ou fixar a côr tanto nas linhas como
em tecidos. No fundo o tingimento acaba por ser uma transformação física e química, uma vez que
fisicamente a linha de algodão muda a sua côr original e quimicamente porque este processo se dá
depois da aplicação de produtos que alteram a estrutura molecular do algodão que é composto Página | 30
na sua
maioria por celulose.
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Foi um período de tempo emocionante, no íntimo eu sentia aquilo que todos os humanos gostam
de sentir, ou seja: “satisfação pela realização do seu trabalho”.

Há medida que as máquinas de bobinagem de origem alemã iam chegando e sendo colocadas
nos respectivos lugares, entrei num programa de formação sobre o manuseamento das mesmas.
O técnico formador falava o idioma francês o que me facilitou
a aprendizagem, pois tinha sido a língua escolhida como I do not speak English
disciplina durante o meu período escolar.
O idioma Inglês é universal e
Hoje estou arrependido, o inglês é sem dúvida não um facilita a comunicação e
deslocação para qualquer parte do
idioma, mas sim uma valiosa ferramenta de trabalho que
mundo, tanto em nível de viagens,
deveria ser leccionado a partir do 1º ano de escola.
de hospedagem ou restauração
sempre existe alguém que se
Foi uma mais-valia todas as formações que obtive ao longo
comunica em Inglês.
dos anos nesta empresa não só no nível de manuseamento
como também de assistência técnica.

Por exemplo, tive oportunidade de visitar algumas tinturarias, uma delas que ainda hoje existe
situada em Pedrouços na Maia, a Tintotex, foi das que eu mais apreciei por várias razões:

Flexibilidade - sem protocolos rígidos na execução de encomendas.


Rapidez - clientes mais bem classificados prioridade 24h.
Qualidade - laboratório que nos garantia padrão constante de côres.
Hoje, esta empresa progrediu imenso no que respeita a acompanhar e aplicar o desenvolvimento
tecnológico existente, não só na sua produção como também numa área que respeita a todos nós.
Estou a referir-me ao meio ambiente. Há 20 anos, conhecia a Tintotex a tratar as suas águas
residuais usando um enorme tanque onde eram escoados todos os resíduos provenientes dos
tingimentos e onde se realizava um processo de tratamento de águas á base de oxidação (com
placas e barras de ferro dentro do tanque) e alguns reagentes, por forma a tornar os corantes do
tingimento bio – degradáveis.

Hoje a Tintotex tem uma ETAR


(Estação de Tratamento de Águas
Residuais) própria, com o
objectivo de cumprir a legislação
vigente no nosso país, quanto ao
tratamento de águas residuais
geradas durante os vários
processos de fabrico, com a
vantagem do aproveitamento
Energético por ela produzida. A
energia produzida numa ETAR é
conhecida como Biogás (75%
metano e 25%CO2, valores médios),
pode ser usado diretamente na
forma de Gás combustível para o aquecimento de caldeiras, tais como a usada em tinturarias, ou
então transformada em energia eléctrica através de geradores, sendo estes geradores acoplados
com motores de explosão a Biogás.

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Este recurso poderá fazer poupar a esta empresa até um máximo de 30% dos seus custos com
Energia, isto sem levar em conta o enorme beneficio no impacto ambiental, ao qual todos
agradecem.

Entretanto contactei esta empresa por


Email, para confirmar o atual e real
aproveitamento energético por conta da
ETAR e recebi o “feedback” passado
alguns dias, também por Email.

Conforme é mencionado o
aproveitamento está situado na ordem
dos 10%. Ou seja, a 1\3 da sua
capacidade, o que significa que ainda
têm campo para explorar na sua ETAR –
de qualquer das formas já é dinheiro!

Outra formação que achei interessante,


foi realizada em Paris na empresa IMAGE France em 1998, hoje já existe em Portugal, a IMAGE é
uma empresa de automação de rotulagem e impressão direta em diversos tipos de embalagem,
nos nosso caso em cones de plástico ou tubos de linhas e ainda diretamente nas caixas de
cartão. Existem diversos métodos deste tipo de impressão, mas um dos mais utilizados e em que
obtive formação foi na área de impressão por jacto de tinta. Foram cinco dias de formação, dois
de teórica e três de prática. O principal cuidado, senão o mais importante é no que toca á limpeza
da máquina em questão, este tipo de equipamento não pode ficar com a tinta de impressão nos
seus canais de circulação por mais de 24 horas. A secagem da tinta torna irremediável o seu
funcionamento, por isso a cada sexta-feira o equipamento estava sujeito a uma manutenção
preventiva.

Este equipamento veio colmatar uma deficiência existente na produção da empresa, detectada
pela certificação ISO. Passamos a ter uma identificação mais clara dos produtos, posicionamento
correto, e também impressão de código de barras – este aspecto foi muito importante para fazer a
gestão informática de stocks de uma forma rápida e exata.

A certificação ISO 9001 (derivação do Grego ISOS que significa igual) tem como objetivo
estabelecer normas técnicas no âmbito internacional sobre a forma como se processa o fabrico de
um produto, no caso de estarmos a falar de
uma produção.

Anualmente empresas de auditoria


homologadas, são recrutadas para auditar
os processos usados numa empresa e
compara-los com as exigentes normas
internacionais de fabrico. Se os critérios
forem alcançados com um máximo de três
falhas menores, a certificação é homologada
á empresa em questão. (pode-se usar a
mesma empresa no máximo três anos)
seguidos)

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Mas não eram só os processos de fabrico. que eram levados em conta. Por exemplo, a
comunicação organizacional era talvez das mais importantes entre os vários departamentos.
Saber o que produzir, quando produzir e como produzir, era informação que não podia ser
transmitida de “boca em boca”. Corríamos o risco, como chegou a acontecer, de se executarem
encomendas, em que no final não tinham sido planeadas. Por isso houve a necessidade de se
elaborarem documentos simples, mas com o maior número de informação necessária.

Tudo começava no sector de Planeamento que conforme apresento no Organograma abaixo,


estava internamente debaixo da supervisão do director comercial e que tal como o nome indica,
planejava antecipadamente o trabalho diário do sector de produção.

Apesar de termos um programa informático (AS400), que depois de introduzidas as encomendas


diárias, acionavam automaticamente a execução das mesmas desde que estas respeitassem
determinados critérios e nesta sequência o passo seguinte seria repor em stock as quantidades
que tinham saído, por se elaborar um pedido de produção. A partir do momento que essa Ordem
informática chegava ao gabinete de produção, era emitida uma guia com Tripla função, 1º de
separação de mercadoria, 2º de entrada em fabrico e 3º rotulagem e embalagem.

Estas “guias\ordens” continha informação tal como:

1º Quantidade de mercadoria separar para ser transformada, juntamente acompanhava também


os acessórios necessários para a sua transformação (Cone de Plástico, Etiqueta para rotular e
caixa para embalar).

2º Tipo de máquina a utilizar; data e hora de início e data e hora provável de término; tipo de
artigo e referência; Quantidade de mercadoria; quantidade transformada diariamente; quantidade
de desperdício; especificação de algum tratamento especial e espaço para observações.

3º Depois do fabrico, o mesmo documento servia para o passo seguinte: Rotulagem e Embalagem
que era executado numa área central da secção para onde toda a mercadoria produzida era
enviada. Quando aqui chegava já tinha passado pelo processo de controlo de qualidade. Depois
de embalada a mercadoria era colocada em carros de transporte, validada e enviada para o
armazém geral onde seguia com o mesmo documento a fim de se concluir com o tratamento
informático.

Foi realizada uma formação com todos os intervenientes sobre este processo de comunicação,
com o tema – “planeamento e percurso de fabrico”, inclusive realizamos demonstrações práticas.
Não me recordo de terem existido falhas neste processo, considerei-o muito bom.

Apesar de ser um processo rápido e eficiente, ainda assim uma ordem de produção até entrar em
processo de fabrico, exigia sempre à volta de 1 a 2 horas, o que em determinados artigos não era
aceitável devido ao grande consumo do mercado.

Por isso mesmo colocou-se em prática um sistema rudimentar, mas infalível, Gestão de
movimentação “Kanban” (Caixa em Japonês).

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A aplicação do método Kanban


Pelas suas características, o método Kanban apenas pode ser aplicado em sistemas de produção
repetitiva, em que os produtos são estandardizados, o caso de determinadas cores a consumir, em que
a produção é relativamente estável.
Assim conforme apresento na imagem abaixo, podemos usar um simples quadro num ponto de fácil
acesso e visibilidade, com as caixas de movimentação desenhadas em que rapidamente temos uma
constante visualização sobre o estágio de determinado produto e a sua disponibilidade.
Observe-se que desde o stock inicial até trânsito final deverá existir um total de 10 fichas por artigo,
sendo que o stock mínimo deve estar sempre garantido.

Novos horizontes...

No capítulo sociocultural também aprendi bastante, pois o facto de lidar com várias pessoas de
cultura e hábitos diferentes, (alemães, franceses, ingleses, e espanhóis, estes últimos um tanto
semelhantes a nós portugueses) serviu também de “comparómetro” com aquelas que eu já
conhecia.
Características “profissionais” tais como: “disciplina, seriedade e rigor” estavam bem patentes na
forma como davam instrução, especialmente os alemães, estes sem dúvida nenhuma os mais
bem-sucedidos em todas as áreas, são pessoas que encaram bem a sério qualquer trabalho em
que se aplicam.
A maneira com encaravam as prioridades nas suas vidas também foram objeto de reparo da
minha parte, por exemplo, vários destes funcionários faziam questão de trazer as suas esposas
por conta própria sempre que a deslocação durava pelo menos uma semana, notei que a família a
começar pela esposa era um bem inestimável. Atitudes como esta podem fazer toda uma
diferença para o resto da vida não só na família como também numa nação, o equilíbrio e o bem-
estar emocional são valores para os quais não existe preço.
A formação profissional custeada pelas empresas (hoje é uma obrigação para as empresas com
certificação), não é um custo perdido ou uma despesa como muitos dizem. Na verdade a
formação devidamente selecionada, na prática tem por objetivo rentabilizar ao máximo, todos os

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seus ativos (Termo que determina propriedades ou itens de valor possuídos por uma empresa) de forma
responsável por parte dos recursos humanos.
Por exemplo, duas áreas em que obtive formação: manutenção curativa e preventiva de
equipamentos.
A exigência de um plano é fundamental para a concretização deste serviço. Desde há muito
tempo que os equipamentos industriais vêm equipados com um registo de horas (relógio) e com
base no manual de assistência de cada equipamento pode-se traçar o “timing” correto de
intervenção em um equipamento antes do tempo de exaustão, chama-se a isto manutenção
preventiva. A manutenção curativa é aquela que obedece á constante vigilância diária dos
equipamentos por forma a notar qualquer desgaste ou funcionamento anómalo que requeira uma
intervenção.
Neste aspecto o operador do equipamento em parte também tem a obrigação de estar treinado
para observar e saber definir o correto funcionamento de um equipamento.
Entretanto foi-me proposto a chefia do departamento de Produção, junto com departamento da
Qualidade.
A administração levou em conta alguns factores:
1º- Conhecimento da infraestrutura.
2º- Conhecimento funcional de todos os equipamentos.
3º- Conhecimento processual de Certificação ISO,
4º- Facilidade de relacionamento e sentido de responsabilidade.
5º- Confiança.

Organograma
Eu aceitei a proposta e As contrapartidas
Gestão
Noé de Campos Polilinha/DMC financeiras obviamente também se
e
François Boushe fizeram acompanhar, o que a partir desta
altura pude recuperar alguma “almofada
Gestão Financeira
Dep. Comercial
financeira”.
António Oliveira
Isabel Guedes Francisco Ferreira
Manuel Serra
António Gomes A organização interna distribui-se pelo
Dep. Marketing organograma exposto e não tive dúvidas
Logistica
Francisco
Distribuição Ferreira que conseguiria ter sucesso, tal era o meu
Rosa Gomes
à-vontade dentro daquele espaço.
Planeamento
Vitor Gomes
Também não tive dúvidas que tal
proposta era fruto da minha
Dep. Qualidade personalidade do meu carácter, aliás, um
Produção
Joaquim Felgueiras
aspecto que cada vez mais me suscitava
Ricardo Silva interesse no ser humano – aquilo que
Àrea Manutenção define o carácter de cada um de nós, a
Joaquim Felgueiras
parte mais íntima do cérebro, a
10 Consciência.
Operadores
de Produção
Não tive dificuldade em gerir uma equipe
de pessoas para os respectivos postos de
trabalho. Reconheço que a parte mais
difícil de gerir foi o ter de incutir nas suas mentes a metodologia de trabalho, uma vez que por
inerência á personalidade de cada um, as pessoas gostam de criar os seus próprios métodos,
mas foi algo que se foi gerindo com o tempo. Também num universo de 12 pessoas que faziam
parte dessa equipe, 3 ou 4 foram substituídos com o tempo por inadaptação, mas isso acontece
em qualquer lado.
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Ao fim de alguns anos a Polilinha pela sua boa posição no mercado, não só financeira como
comercial, foi absorvida por uma multinacional francesa, passou a fazer parte do grupo DMC e
novos horizontes estratégicos se abriram para alguns colaboradores.
Foi necessário adaptação à nova política comerciais existentes no grupo e isso envolvia também a
que o responsável de produção fizesse parte de reuniões semanais com a equipe comercial, o
objetivo era recolher todos os depoimentos de comerciais sobre diversos problemas colocados por
clientes por forma a se encontrar uma solução para os mesmos, em algumas situações houve
mesmo necessidade de se verificar “in look” no cliente o que me dava uma perspectiva mais
técnica do problema.

Problemas cá, soluções em Espanha


Um dos problemas encontrados foi a maneira como se efetuava a embalagem do nosso produto,
pois da forma como muitos clientes armazenavam as linhas de costura em armazéns húmidos,
contribuía para a sua detioração.
Resolvemos estudar e adquirir uma máquina que efetuasse uma embalagem em plástico retráctil
anti-humidade.
Depois de consultar o mercado, foi-nos sugerido a empresa “Retráctil y Embalaje Pablo”, em
Madrid, Espanha.

¿y por qué no escribir en español?

Me gustó mucho del servicio de el “Retráctil y Embalaje Pablo”, porque pusieron todos los medios
a mi disposición.
La máquina que nosotros compramos, tiene la siguiente característica:
Máquina retractiladora automática, muy similar a la presentada en el video. Retractiladora.wmv
Selladora en L totalmente automática, ampliamente utilizada en trabajos de gran
producción con alta eficiencia
Sencillo cambio de formato y facil manejo.
Corte por cuchilla teflonada, corte limpio y seguro.
Doble sistema de fotocélulas de serie, lectura horizontal y vertical del producto.
Recogedor de sobrante de serie muy eficiente a la par que sencillo.
Controlador de temperatura digital OMRON, la temperatura de sellado es muy sensitiva y precisa,
puede configurar opcionalmente la temperatura, el cortador en sí tiene una función protectora,
para evitar el daño de los productos.
Maquina totalmente segura con sus protecciones conforme a la normativa CEE correspondiente.
La Máquina se puede conectar con la línea de producción, por lo que no harían falta operadores
adicionales.
Este modelo dispone de un sistema para embalar paquetes de muy pequeño tamaño.

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España, similar pero mejor
De la mano con la historia, así es la vida, entre Portugal y España.
No era una mala idea haber permanecido una provincia española, llamada "El condado
Portucalense" Por otra parte, desde el primer siglo, la península Ibérica es nombrada como
España.
Me di cuenta de que los hábitos son muy similares. Entre el portugués y español, tiene una
amistad como hermanos, la lengua no está lejos y la rivalidad es sana.
Las condiciones de vida, estos que me atrajo, por ejemplo, el salario mínimo fijado para 2011 es €
642.00. En Portugal es € 485.00.
El costo de vida se puede medir por el precio del combustible. En los costos de la gasolina
España € 1.307. En Portugal cuesta € 1.535.
Con estas cifras se puede calcular muchas otras cosas.
No quiero promover nada, porque yo me considero un ciudadano del mundo, pero en lugar de
emigrar a España, ¿no lo sería mejor ser?

Las Tapas, una referencia de España.


Tomé esta semana de trabajo, para conocer también algunos hábitos.
Me enteré de que tomar tapas es una costumbre muy española y consiste en reunirse en los
bares para estar con los amigos, con la familia o con los compañeros de trabajo. Normalmente se
tapea en varios bares, y en cada uno se piden uno o varios platos y una ronda de bebida. En cada
sitio paga una persona, de forma que, si salen cinco o más personas a tomar uno aperitivo, se
suele entrar en cinco bares.
Lo curioso de las tapas es que los platos, también llamados raciones se comparten. Se puede
tapear a diferentes horas del día, como aperitivo como sustitución de una comida o una cena.
En su origen, la palabra Tapa significa literalmente eso mismo: Tapa. Se utilizaba para cubrir la
caña de cerveza como protección contra las moscas. También era conocido como un trozo de pan
con algo encima, pero más tarde se ha convertido en una comida muy variada.

En materia de salud, Portugal es un ejemplo para España.


También han recurrido a los servicios de salud en España.
Fui con mi padre a una clínica de oftalmología en Barcelona.
La clínica se llama Centro de Oftalmología Barraquer.
Mi padre sufrió un desprendimiento de retina del ojo izquierdo.
Los hospitales locales no nos han dado garantías de su recuperación. Por lo tanto, se buscó una
solución en esta clínica de renombre en Barcelona.
Cuando fuimos recibidos, el médico dijo que el problema era muy serio y sólo conocía a una
persona capaz de resolver el problema.
Le pregunté quién era y dónde.
Él respondió: Dr. Antonio Travassos Centro Quirúrgico de Coimbra.
Me quedé sin palabras. La solución en Coimbra y viajó 1200 kilómetros a cambio de nada.
El médico era un amigo de Dr. Travassos y marcó una consulta urgente para mi padre.
Al día siguiente viajamos en avión a la ciudad de Oporto y en la tarde fuimos a Coimbra.
Ese día por la tarde, mi padre está en la clínica para ser operado con urgencia por Dr.Travassos.
La operación fue un éxito y mi padre está muy bien.
Me enteré de que mucha gente de España, son operados en el Centro Quirúrgico de Coimbra,
porque la técnica utilizada y los médicos son mejores que en España.
Conclusión: nuestros hermanos mayores también aprenden de nosotros.
Adiós e salud para todos.

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POLILINHA ABRAÇA AS NOVAS T ECNOLOGIAS


Foi algo que sempre apreciei na Polilinha, o desenvolvimento da área de comunicação, entre
sectores da empresa e empresas do grupo. Os meios de comunicação ajudam-nos a dar e
receber respostas rápidas, o serviço não encrava e o cliente agradece.
Mas para isso é necessário que a empresa e depois as
pessoas, estarem abertas aos novos avanços da
tecnologia. A Polilinha chegou a usar o cada vez, menos
conhecido Telex. A mensagem era escrita num rôlo de
papel fixo, como se fosse numa máquina de escrever e
depois o aparelho processava a informação enviando-a
através de uma linha paralela à linha telefônica, tínhamos
um aparelho exatamente igual à imagem do lado
esquerdo. Com o tempo e de forma pacífica todos nos
adaptamos à era dos computadores e dos programas
informáticos.

O telex è um aparelho de comunicação que surge na sequencia do telégrafo, embora a linguagem


usada no telégrafo seja o conhecido código morse, comunicação realizada através de pontuação ou
sinais. O Telex è muito semelhante com a diferença de a escrita da mensagem poder ser feita num
teclado semelhante ao de uma máquina de escrever, sendo que posteriormente o aparelho envia a
mensagem em codificação binária inicialmente de 5 dígitos passando mais tarde para 7 e 8 dígitos, a
informação era enviada através de uma rede telefónica fixa. Conforme podemos ver na imagem acima, o
aparelho se parece com uma máquina de escrever, no entanto ao lado contém um dispositivo em que à
medida que se emitia ou recebia uma mensagem, uma fita de papel era codificada através de
perfuração, com o objetivo de conter todo o teor da informação transmitida entre aparelhos, garantindo
assim que qualquer assunto fosse preservado fiel, nunca podendo ser desmentido, uma vez que tanto
aparelho emissor como receptor guardavam uma cópia da mensagem escrita. Uma das vantagens do
telex era a pronta resposta do aparelho receptor em emitir uma nota imediata, autenticando a recepção.

O código Binário è mais tarde utilizado para programação informática que conforme sabemos se resume
à utilização dos dígitos 1 e 0. Podemos ver na imagem em baixo uma versão simples do alfabeto.
Por exemplo se usarmos uma tabela para escrever o nome “joaquim”, utilizaríamos o seguinte código
Binário de 8 dígitos: 01101010 01101111 01100001 01110001 01110101 01101001 01101101.
Uma vez que estas máquinas não dispunham de memória RAM, a gravação da informação era realizada
então em fita de papel, no caso aqui apresentado, já com um Código Binário de 8 dígitos.

Fita de papel: leitura na vertical, ponto =1; espaço=0

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O primeiro computador a entrar na empresa, foi um IBM
286MHz de frequência, sem memória fixa, a armazenar
informação em disquetes de 3’5 [igual à imagem lado
direito] e apenas com um programa de contabilidade e
gestão de stocks e com um sistema operativo MS-DOS,
[nessa altura o Windows, ainda estava em fase de
concepção], recordo que era habitual todos quererem ver
o computador a trabalhar, era algo extraordinário, e até
mesmo considerávamos o operador do computador um
privilegiado pelo desempenho de tal tarefa [Hoje temo em
casa três portáteis, o mínimo 2GHz de frequência].

Mas foi graças a estas relíquias que fui obtendo a relativa prática que tenho, em lidar com
computadores. Teriam passado talvez 4 anos quando obtivemos os primeiros computadores com
programa de cálculo e processamento de texto semelhante aos existentes hoje. Por exemplo: Microsoft
Works e Lotus 123 onde recebi formação para fazer a edição de etiquetas de identificação, que seriam
posteriormente impressas em papel de rôlo contínuo. O facto de ter na empresa um computador pessoal
foi uma vantagem para mim, pois sempre tinha a facilidade de explorar livremente a minha curiosidade
sobre esta área. Entretanto não me fiquei por aqui, fui adquirindo publicações sobre determinados
aplicativos, tal como o Excel e Access e programas com aplicação em tratamento de imagem, tal como o
Photoshop e Corel Draw, visto a fotografia ser um dos meus hobbies preferidos, aliás, para este efeito
frequentei um curso de fotografia e design na escola “ciências e letras”.

Além de acompanhar o desenvolvimento do sistema operativo Windows (o mais usado no nosso


mercado, embora tenha ouvido falar do Linux, não tive ainda tempo parar o explorar) Com o tempo, fui
conhecendo melhor o funcionamento do hardware de um computador. Aproveitei a minha habilidade
técnica e já por diversas vezes desmontei um Notebook mais antigo que tenho para fazer pequenos
reparos, tal como substituir a drive de Disquete, CD-ROM, Touchpad, Colunas de Som, Teclado em que
necessitei de comprar um na Alemanha devido a mau contacto no original e simultaneamente
familiarizei-me com outras partes do computador, o caso da fonte de alimentação onde necessitei
também de soldar um componente devido a mau contacto, a placa de vídeo, a memória em que
aproveitei para maximizar uma vez que era expansível para o dobro da capacidade e o processador, que
è simplesmente um Integrado que tem a responsabilidade de executar ou distribuir as instruções que
recebe por todo o sistema. A Motherboard que no fundo é a placa que faz a conexão entre todos os
componentes que acabei de mencionar, coordenando o seu funcionamento. No fundo “mexer” neste
computador fez-me lembrar o cérebro humano, com as todas as suas partes distintas interligadas, tal
como: o Falar, o Ouvir, o Ver, o Sentir, o Pensar, o Executar e ainda a sua capacidade de interagir com
quem quer que seja e em qualquer situação, isto só para falar em algumas características.

O meu primeiro Computador Siemens 360 Mobile. Um cérebro semelhante ao meu, excepto as côres.

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Com o tempo o Telex foi substituído pelo Faxe, que ainda hoje è bastante usado. As vantagens
em relação ao Telex são grandes uma vez que passamos a ter oportunidade de enviar
mensagens de texto com imagens incluídas. Mais tarde com a chegada do sistema operativo
Windows aos PCs, vários aplicativos foram surgindo, um deles foi um programa em que criou a
oportunidade de usar o nosso próprio PC como terminal emissor e receptor de Fax [ainda hoje
está disponível em qualquer versão do Windows], apenas è necessário ter uma linha telefônica
conectada ao computador.

Quando a Internet se tornou disponível e com a adesão em massa ao correio eletrônico,


podemos afirmar que acabou por revolucionar e tornar como obsoletos todos os outros meios que
existem.

A Polilinha no que respeita ao uso das novas tecnologias, sempre que elas iam surgindo, posso
afirmar que estávamos na vanguarda.

Recordo por exemplo que quando nos tornamos uma filial do Grupo DMC, com sede em Lille,
França, tivemos necessidade de começar a fazer gestão de stocks entre todas as empresas do
Grupo, ou seja, através de um programa de gestão o SAP-Enterprise, colocado num servidor do
Grupo. Com este programa, via internet, poderíamos aceder e visualizar os stocks de todas as
filiais e congéneres do mundo, chegando ao ponto de se fazer o pedido de determinado produto a
qualquer filial da Europa e fazer entrega no cliente em apenas 24 horas [à que dar mérito também
aos meios de transporte e distribuição]. (Simplesmente fantástico).

O serviço Internet está cada vez mais difundido, è um serviço que pode ser acedido também
através de um telemóvel. Em casa tenho este
serviço através de fibra óptica e com uma rede
Wireless, o que me permite ter este sinal em toda a
casa sem uso de cablagem ligada ao
computador.Não duvido, que o uso deste serviço
nos expõe também a muita fonte de informação
perniciosa, mas isto é como tudo, na nossa mente
só entra o que cada um permite, no entanto posso
dizer que faço um uso muito prático da Internet.

Por exemplo, já não me recordo de me aproximar de


um balcão das finanças, para a entrega de
declaração de IRS, também pagamentos de
serviços todos são realizados através do acesso ao
site bancário. Também tenho realizado algumas
compras “On-Line” sempre bem-sucedidas, mas
tenho duas que achei interessante, uma em que
precisava comprar um comando de portas para o
meu carro, na altura consultei a marca para obter um novo, mas custava para cima de 200€,
consultei alguns stands de peças usadas, mas ninguém tinha, até que resolvi procurar na origem
em França através da Internet no site da Ebay, rapidamente encontrei o que queria por um preço
de 29€ a entregar em casa, a parte interessante è que o vendedor disponibiliza imagem via
satélite do local da garagem, em que praticamente só nos falta entrar lá dentro.
Site:http://maps.google.pt/maps?f=q&source=s_q&hl=pt-
pt&geocode=&q=11+rue+jacques+bordier+49000+angers,+Pays+de+la+Loire+France+m%C3%A9tropolitaine&sll=39.639538,-
7.849731&sspn=10.587491,19.445801&ie=UTF8&hq=11+rue+jacques+bordier+49000+angers,+Pays&hnear=Rue+du+M%C3%A9tropolitain,+44470+Carquefou,+Loire-
Atlantique,+Pays+de+la+Loire,+France&layer=c&cbll=47.462406,-0.566191&panoid=tNFi-H0Bdd2IV7obatelrw&cbp=12,89.49,,1,11.1&ll=47.462406,-
0.566191&spn=0,0.002374&z=19

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A outra situação tem a ver com uma encomenda de linhas para bordar que a minha esposa
precisa para trabalhos de Ponto Cruz e que habitualmente comprava numa loja situada na Maia.
Um dia manifestou-se aborrecida, porque já por várias vezes tinha passado na loja e as cores que
pretendia encontravam-se esgotadas, pedindo que eu ajudasse a encontrar outra loja, desde que
o custo das meadas não fosse superior a 0,70€ a unidade.

Tratei do assunto como se fosse para mim e não cometi


o erro de sair de casa para procurar meadinhas.
Apliquei-me em pesquisar na Internet e rapidamente
encontrei uma oferta num site espanhol a 0,45€ a
unidade, sem custos de envio e entrega em casa. Não
pensei duas vezes fiz a encomenda, paguei via Pay-Pal
e garantiram a entrega em 10 dias.
Mandei fazer a entrega no local de trabalho da minha
esposa e para nosso espanto, imaginem a proveniência
da encomenda?
[Veja a imagem ao lado com o rosto do envelope].

È o que se chama de Globalização.

GLOBALIZAÇÃO BOM OU MAU?

À primeira vista foi um bom negócio, mas depois pensei: “á aqui qualquer coisa que não funciona bem”.
E na verdade não funciona, senão repare.
O salário mínimo médio nas Filipinas imagine, são 5700 Pesos filipinos, o equivalente a 94€ mensais, isto
representa 5,3 vezes menos que em Portugal. O custo dos portes fica por (conforme se pode ver
imagem), 160 Pesos = 2,63€ (de Portugal para Filipinas 3,77).
Com esta informação a ser difundida, quem è que vai comprar o mesmo produto ao dobro do preço cá
em Portugal?
Agora compreendo a falta deste produto no mercado. Simplesmente para o lojista, adquirir este produto
em Portugal fica quase ao mesmo preço, ao que o consumidor final adquire em outro país.
O reflexo pode-se dizer que é bom para mim porque paguei menos, mas é mau para a economia
nacional, pois o mais certo è muitas lojas comerciais fecharem porque se torna insustentável manter as
despesas fixas com funcionários e instalações, visto que não se pode competir com esta nova realidade
que é a Globalização Comercial On-Line, onde não existe um espaço arrendado, não existe stock
permanente, não existem funcionários e não existem impostos. Existe apenas um computador uma
subscrição internet e alguns “clicks” de encaminhamento.
O efeito “dominó” na nossa economia acontece um pouco devido a situações como esta, em que a loja
encerra e o funcionário è despedido deixando de receber salário. Se não recebe salário não contribui
com o imposto, simultaneamente recorre ao fundo de desemprego, contribuindo para o aumento da
despesa do Estado.
Este desempregado por sua vez também toma medidas de recessão evitando despesas, o que faz com
que consumos que habitualmente fazia deixa de fazê-los. Isso faz com que alguns estabelecimentos
comerciais deixem de contar com aquele cliente, o que os obriga a alguma contenção, pois as receitas
começaram a diminuir.
E o “dominó” continua... Até que vai acabar por me atingir de alguma maneira.
Pode ser um familiar a ser despedido num desses estabelecimentos, ou como tem acontecido, o Estado
a cortar nas pensões, nos salários ou aumentando os impostos, porque as receitas dos contribuintes
reduziram, e aquilo que para mim pensava eu, ter sido um bom negócio, com o tempo chego à infeliz
conclusão que foi um muito “Mau” negócio.

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Continuando: Novos Horizontes...

A partir dessa altura, depois de receber apoio técnico e logístico por parte da DMC a Polilinha
começa a produzir para exportação o que requereu que tivéssemos realizado transformações
avultadas na área de produção, principalmente na automação e sistematização de processos,
passei também a ter um colaborador direto com as minhas funções de chefia e agi da mesma
maneira como agiram comigo, aproveitei um rapaz com bom carácter para me apoiar, que já
trabalhava dentro da Polilinha e que tinha algum conhecimento prático de produção, para mim
significou alívio, para ele uma promoção. Esse rapaz chama-se Ricardo e ainda hoje
conversamos.

Mais uma vez tirei proveito desta nova situação, pois tive a oportunidade de receber formação em
Lille e em Paris em fábricas do grupo para me familiarizar com os novos processos, foi um período
interessante. Mais uma vez constatei a aplicação profissional das pessoas nesses locais de
trabalho, mas sempre dentro das suas 9 horas de trabalho, á parte disso a família parecia mais
uma vez estar em 1º lugar.

As empresas de qualidade certificada medem-se também neste aspecto, ou seja, preocupam-se


com o bem-estar dos seus funcionários, e isso engloba principalmente saber que eles têm tempo
para a família. Como já referi uma empresa só tira proveito com um funcionário satisfeito.

O mundo começa a mudar...

Pouco tempo antes, talvez um ano, surgiram rumores de que o grupo DMC estaria á beira de uma
OPV na bolsa de Paris por parte de 2 grupos multinacionais, um Inglês e outro americano. Os
rumores concretizaram-se e o grupo Inglês Coats & Clark adquiriu todos os ativos do grupo DMC,
como é óbvio a Polilinha inclusive. Desde cedo entendemos que não fazia sentido o grupo Coats
ter duas empresas em Portugal tão próximas uma da outra, sendo que a Polilinha situava-se na
Maia e Coats em VN Gaia. A Polilinha estava em vias de ser suprimida, o que acabou por
acontecer em finais de 2002.

Pouco a pouco o processo de rescisão com parte dos funcionários foi colocado em marcha, o que
acabei por ter um papel sempre complicado, pois coube a mim a sempre difícil tarefa de
comunicar tal decisão aos meus colaboradores. Reconheço que este grupo Coats foi exímio na
forma correta de tratar a todos nós, elevando para mais do dobro o montante das indemnizações.
Todos os meus colaboradores despediram-se com tristeza. Era normal esse sentimento, pois em
20 anos que trabalhei com todos, o respeito foi mútuo e a compreensão que eu tinha, facilitando
na vida pessoal de cada um, refletiu-se no final com um almoço e uma lembrança que ainda hoje
guardo.

Tanto eu como o meu colaborador e alguns comerciais, passamos a fazer parte dos quadros da
nova empresa Coats & Clark. Sabíamos que iria ser um período temporário, até que se efetivasse
por completo a transição de instalações, pois já tínhamos concordado com isso, mas ainda assim,
eu e o meu colaborador Ricardo conseguimos obter um mês de formação na maior fábrica do
grupo Coats em Nortwich, norte de Inglaterra, junto ao mar do norte.

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Teoria e Prática, almas gémeas

Nunca se pode dissociar a teoria da prática, seria como cortar uma das mãos. Todas foram úteis devido
a pronta utilização da informação obtida. A formação é um periodo de tempo, em que eu senti que os
“olhos do discernimento” se tornam mais abertos, devido ao entendimento que a Prática nos dá, sobre a
Teoria de um assunto.

Curiosamente uma das formações que considero interessante, estou a realizá-la atualmente: Curso de
Formação, em “Perito de acidentes rodoviàrios”, centro formação APTAR. Realizei Nivel 1 estou a fazer
Nivel 2, com saida profissional em peritagem de acidentes para companhia de seguros.

Envolve obter ou aperfeiçoar conhecimentos sobre segurança rodoviária, comportamento e reação


humana perante o imprevisto e cálculo tècnico de concretização de acidente. Esta formação envolve
muita aula teórica sobre o estudo das possibilidades de um acidente acontecer como foi declarado à
companhia de seguros, como também a impossibilidade de ele ter acontecido como descrito, uma vez
que técnicamente seria impossivel. A acontecer esta ultima hipòtese, poderemos estar perante uma
fraude. As aulas práticas além de situações provocadas por simulação em computador (diga-se: muito
realisticas) também inclui assistir a demonstrações ao vivo, sobre comportamento de veiculos no
autódromo de espinho.

Associei esta formação ao facto de estar habilitado para a condução de veículos pesados de mercadoria
e de passageiros.
Esta habilitação é cada vez mais exigente, pois além de teste psicológico intensivo é necessário também
ter uma certa aptidão para entender o funcionamento da Mecânica Automóvel como também os limites
alcançados por determinados veículos.

A Entidade Reguladora de Segurança Rodoviária

Esta área está debaixo da responsabilidade do Ministério da Administração Interna (MAI), tendo como
responsável màximo e representante do governo, o ministro Dr. Rui Pereira.
O objetivo desta entidade é salvaguardar a segurança das pessoas e bens na circulação rodoviária e
também proceder à melhoria das condições de prevenção e fiscalização de infracções que acontecem
nas nossas estradas. Para isso muito das vezes acontecem as necessárias modificações ou ajustes ao
código de estrada. Por exemplo foi precisamente em 2005, que o MAI assegurou a elaboração e
publicação da regulamentação dos aspectos considerados vitais para a entrada em vigor do novo Código
da Estrada, onde podem ser vistas neste site:
http://www.prp.pt/informacao/actualidades/act_00107_CE_simples.pdf
Uma das novas regras que achei interessante, foi esta mencionada abaixo:
ARREMESSO DE OBJECTOS PARA O EXTERIOR DO VEÍCULO - O arremesso de qualquer objecto
para o exterior do veículo passa a ser sancionado com coima de €60 a €300.

Às vezes dói ver esta falta de civismo, que por tudo e por nada se arremessa lixo pela janela fora e com
um à vontade, como se tratasse um gesto legalmente realizado.
Talvez por esta e outras atitudes menos pròprias eu pense que seria de todo importante, que qualquer
candidato à habilitação de conduzir estivesse primeiramente sujeito a um teste psicotècnico e porque
não também, criar alguns dominios referenciais em determinados núcleos geradores, tal como, direitos e
deveres na área de Cidadania e Ambiente e sustentabilidade na área de Sociedade?

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Uma área que não está debaixo da responsabilidade da Entidade Reguladora da Segurança
Rodoviária, mas que em muito interfere na segurança da mesma, é no respeita à sinalética vertical
e horizontal encontrada nas estradas. A responsabilidade de todo o género de sinalização, segundo a
AFESP – Associação Portuguesa de Sinalização e Segurança Rodoviária, numa entrevista dada à TVI,
encontra-se distribuida pelas entidades exploradoras das auto-estradas, ou dentro de localidades, pelos
próprios municípios. Por aqui, já se está a ver que com facilidade poderá existir diferentes critérios de
atuação e falta de coerência, quanto à colocação de sinalética.
Este assunto é talvez mais preocupante do que imaginamos, visto que a estatistica indica que 1 em 5
acidentes rodoviários acontecem por má ou inexistente sinalização. Eu próprio, já me debati com alguma
confusão, devido à má orientação que as placas nos transmitem. Por isso não fiquemos admirados
quando surgem noticias de condutores a circular em contramão em troços de auto-estrada.
Fala-se muito quanto à prevenção rodoviária, mas as entidades reguladoras são pouco exemplares
neste sentido.
Penso que seria necessário criar um organismo único a nivel nacional que tomasse conta desta área de
sinalização, a todos os níveis. Percebe-se que seria preciso pessoas com boa capacidade de
observação, de orientação, racionais e com gosto urbanistico.

Notamos nestas imagens algumas irregularidades, passíveis de causar um acidente: Sinalética vertical
luminosa, com duas informações em simultãneo e com uma placa de informação de visão obstruida. Um
sinal de STOP praticamente engolido pela vegetação. uma árvore de grandes proporções a obstruir um
passeio público, embora não se trate de má sinalização, trata-se de segurança rodoviária pois neste caso, o
peão terá de descer o passeio para passar com o carrinho de bebé.
Está claro e evidente que poderiam ser evitados muitos acidentes, se por este assunto, as autoridades
competentes tivessem mais consideração e estou a referir-me para este caso ao Ministério da
Administração Interna.

E por falar em acidentes, ao frequentar o curso de Peritos em acidentes rodoviários, fiquei a


entender como muito das vezes eles acontecem. Levando em conta o tema anterior, caso um acidente
aconteça provocado por sinalética deficiente, ele deve ser devidamente mencionado e documentado se
possível com fotografia, na respetiva declaração a apresentar à companhia seguradora.
Na maioria dos casos sempre se tenta encontrar um culpado entre os intervenientes diretos, mas as
peritagens tem notado que em muitos casos em parte o acidente se deveu à interferência de terceiros,
como é o caso da sinalética.

Mas quando se fala em peritagem, nem sempre isso é bem-vindo entre os envolvidos num acidente.
Existe o estigma de que um “perito” tem por objetivo prejudicar o Segurado, beneficiando por outro lado
a Seguradora, mas isso não corresponde à verdade.
Como sabemos a fraude existe no mundo dos acidentes. Por exemplo, alguém que sofre um despiste e
colide contra um muro, não são poucos os casos, em que convida um amigo ou familiar que tenha um
seguro contra todos os riscos, em que simula uma pancada no seu para-choques, afirmando de seguida
que foi ele quem provocou o acidente, levando a sua companhia a cobrir o prejuízo do despiste do outro.
Nestes casos com alguma habilidade, na fase de averiguação e seguindo a lógica de um questionário,
se consegue perceber que existe a tentativa de defraudar uma seguradora. Por exemplo esta situação
acontece obviamente quando se apresenta uma declaração amigável em que os detalhes se encontram
com uma precisão excessiva e uma descrição bastante pormenorizada e normalmente as autoridades
não são chamadas a intervir.
Continua em baixo…

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Continuação…
Quando assim é, o averiguador deverá começar por examinar o lugar do acidente e anotar marcas de
travagem (é fundamental, pois podem dizer muito sobre como se deu o acidente) e vestígios do acidente. Se
possível verificar se no local existem moradores que porventura tenham presenciado o acidente e que
confirmem na realidade os envolvidos no mesmo, caso não existam deve-se partir para a verificação dos
veículos acidentados, que normalmente também se encontram numa garagem de reparações de um
amigo e que normalmente não irá colaborar. Aí deve-se estrategicamente tirar fotografias do ou dos
veículos, tentando perceber o local de impacto entre os dois, este pormenor é importante para se
perceber até que ponto aquele impacto, poderia surtir o efeito de um despiste.
Devem-se fazer medições entre o ponto de colisão e o plano do piso e comparar entre veículos para
verificar se ambos os pontos coincidem, deve-se também tentar encontrar vestígios dos veículos entre si,
tal como lascas ou marcas de tinta.
O passo seguinte prende-se com questionar individualmente os intervenientes, começando neste caso,
com a parte que suspeitosamente estará a agir em favor do outro. Normalmente iremos encontrar
detalhes sobre o acidente, como que tirados a papel químico, o que revela coordenação de informações.
Quando mencionei acima, a importância das marcas de travagem, é pelo facto de elas nos poderem
revelar muito.
Por exemplo quando alguém diz que fez tudo para evitar o acidente, significa que a primeira reação da
pessoa foi travar e desviar, depois que se apercebeu do obstáculo. Está provado que o tempo de reação
de uma pessoa na condução é de 1 segundo. A partir daqui podemos verificar se no local existe algum
rasto de travagem que comprove isso mesmo. Caso não exista, poderemos colocar em causa a
existência de um impacto, mas caso esse rasto exista, devemos medi-lo para se calcular a velocidade
do veículo que provocou o acidente. Podemos fazer isso através da fórmula V=√ 2g.m.d
V=Velocidade
2g=2xaceleração da gravidade ou seja - 9,81mt/s2
m= Atrito do pneu à estrada 0,5 a 0,8% (piso médio do pneu com 3mm)
d = Distância deixado pelo rasto de travagem.

Exemplo: √(g) 19,62* (m) 0,8* (d) 25= (V) 88


Neste exemplo verificamos que num rasto de travagem deixado no piso de 25 metros, utilizando a
fórmula estabelecida, obtém-se uma velocidade de 88 km\h. Este resultado pode-nos ajudar a
compreender se a força do impacto foi suficiente ou não para provocar determinados estragos como
também, em outras circunstâncias se os limites de velocidade estabelecidos por lei estavam a ser
cumpridos.

Continuando com: O mundo começa a mudar...

Parece que não faz muito sentido uma formação quando estávamos numa situação temporária
dentro de uma empresa, mas reconheço tratou-se apenas de aproveitar uma situação que nos
estava ser exigida e que como tal em contra partida foi oferecido a oportunidade de fazer uma
espécie de “Viagem Final de Curso”.

Obviamente não foi uma viagem eficaz, do ponto de vista profissional, porque não existia a meta
da objetividade, mas em nível de conhecimento alguma coisa se materializou. Não dominava o
idioma é certo, mas o facto de o meu colega estar á vontade nesse sentido, contribuiu para o meu
bem-estar durante esse mês.

Fizemos algumas deslocações durante esse período nomeadamente: Londres, Cambridge e


Manchester, mas gostei muito da cidade de Nortwich mais precisamente de uma localidade onde
ficamos instalados, Wrexam.

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Londres não me surpreendeu. Tirando aqueles ícones bem conhecidos de todos nós, tais como o
“Thames River”, “London Eye”, “Tower of London”, “Big Ben”, “Tower Bridge” e locais como, por
exemplo, “China Town” ou “Camden Town”, o que se vê em Londres é nada mais, nada menos
daquilo que se vê em outras capitais europeias, uma miscelânea de culturas com predominância
para a raça Indiana, aliás, se retirássemos os pontos de atração londrinos, não saberíamos
exatamente onde estávamos.

A verdadeira “mística” (devotos na sua maneira de ser) britânica é com facilidade identificada em
outras cidades menos predominantes, conforme já mencionei, Nortwich é uma dessas cidades,
talvez 2 ou 3 vezes maior que a nossa cidade do Porto e de aspecto arquitetónico semelhante.
Não me passou despercebido o conservadorismo destes britânicos, desde a muita arquitetura de
qualidade do tempo medieval, em que inclusivamente o modo das coisas e pessoas funcionarem
estava de acordo com as já existentes nesse tempo antigo (tive oportunidade de comprovar isso
por observar fotografias expostas em diversos locais, por exemplo: cafés, restaurantes, livrarias),
apenas algo não ficou para trás, o apoio logístico da alta tecnologia, que era evidente por toda a
cidade e estabelecimentos. Mas quando se fala em “mística”, verdadeiramente isso está na
própria pessoa, na sua conduta, no modo de falar, no modo de caminhar, no modo de olhar, nas
coisas simples do dia-a-dia.

Um dia em Wrexam, eu e o meu colega deparamo-nos com uma situação que ilustra muito bem
essa mística. Tínhamos saído da biblioteca local (todas as sextas feiras usávamos a internet para
comunicar com a família) quando nos preparávamos para atravessar a estrada, esperamos que a
sinalética para peões nos desse luz verde, outras pessoas esperavam para fazer o mesmo, não
pude deixar de reparar num casal já idoso que se encontravam mais á frente, eram ambos altos,
trajados a rigor ao bom estilo Inglês (estávamos em Novembro) e a senhora muito formalmente de
braço dado ao cavalheiro, o sinal dá-nos ordem para atravessar e perante algum impasse
naquelas pessoas, tão rapidamente atravessamos como também se vez ouvir um comentário
atrás de nós, não percebi o comentário, mas entendi que era para nós, perguntei ao Ricardo o que
se passava e ele disse-me: “ Oh Felgueiras parece que não podíamos atravessar á frente daquele
casal de idosos, eles levaram a mal...” . Foi aí que eu me lembrei da mística daquele povo.

Falei com o Ricardo e achamos por bem depois de atravessar, pedir desculpas àquele casal
demonstrando-lhes que desconhecíamos aquele conceito de respeito, eles retribuíram o nosso
gesto com um simpático sorriso. Ainda hoje guardo aquele sorriso na mente e guardo também um
pequeno momento em que se notou o verdadeiro progresso da humanidade.

Trabalhei nesta empresa desde 1982 até 2002.

O mundo mudou e eu também...

No final desse ano cessei o contrato que me ligava a esta empresa. Nos quadros superiores da
empresa já se sabia qual seria o fim da Coats & Clark com o passar do tempo e dos tempos que
se começaram a viver depois do fatídico 11 de Setembro de 2001 (do meu ponto de vista este
incidente marcou um ponto de viragem na forma de encarar o futuro), sim a partir desse ano
parece que o mundo começou a encolher, os povos começaram a interiorizar-se, houve um
regredir da expansão comercial, as multinacionais começaram a centralizar os seus ativos e os
países da 2ª linha no cenário mundial foram e são aqueles que mais saíram penalizados.

Aproveitei as devidas compensações pela rescisão de um contrato ao fim de 20 anos de trabalho


e dedicação, agora teria que mudar de vida no âmbito profissional, porque no âmbito familiar estas
já tinham surgido há muito tempo.

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Mas voltando atrás...

Como já tinha mencionado no capítulo “A vida começa a sorrir...” nesse ano tinha conhecido a
Paula. Depois de algum tempo de namoro perguntei àquela jovem de aspecto peculiar se queria
casar comigo, recordo que ela olhou para mim com cara de
quem pensa: “deves estar a brincar comigo, eu ainda só tenho
17 anos” (naquele tempo a maturidade de alguém como pessoa
concretizava-se mais cedo, ainda que hoje, eu pense ser um
absurdo o casamento com aquela idade). Ambos tínhamos já um
emprego, por outro lado eu achava que já era um homem
completo com 21 anos de idade, daí o meu insistir.

Ambos decidimos falar aos nossos pais. A reação como é óbvio


não foi a mais favorável e antes que algo de mais pudesse
acontecer, pensaram eles, com muitas reticências e muita
conversa, lá concordaram em nos casar. (28 de Abril de 1984)

Não tivemos qualquer dificuldade em nos adaptar a essa nova


realidade, bem pelo contrário, achamos que o nosso nível de
vida tinha melhorado substancialmente uma vez que ambos
passamos a gerir os nossos
recursos. Também aprendi a lidar No caso dela era a conhecida diabetes mellitus tipo um, uma
doença metabólica, caracterizada por um aumento do açúcar ou
com um problema de saúde com
glicose no sangue. A glicose é a principal fonte de energia do
que a minha e ainda recente
organismo, porém quando em excesso, pode trazer várias
esposa convivia desde muito complicações à saúde.
jovem, Diabetes.

Para mim não me parecia um grande problema uma vez que isso não se manifestava á vista nem
tampouco se refletia na sua bonita aparência e verdade se diga, naquele tempo pouco ou nada
conhecia sobre Diabetes, mas uma vez que era algo que andava de mãos dadas com a vida da
Paula desde criança, ela razoavelmente fez questão de me informar disso pouco depois de termos
começado o namoro.

Como precaução aprendi, a saber, lidar com a sua própria medicação e muitas vezes eu mesmo
lhe administrava a insulina.
A insulina pode ser injectada
com uma simples seringa
específica ou então com o uso
de canetas onde se pode
introduzir um frasco de insulina.
A Paula usava dois tipos de
insulina: Actrapid, com
actuação ao fim de 30 minutos
causando um efeito rápido caso
o índice de glicemia estivesse
alto e insulatard para um efeito
moderado com actuação ao fim
de 2 a 3 horas mantendo-se
activo até umas 12 horas

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Depois de algum tempo percebi que era um problema de saúde que exigia muita atenção e
disciplina para se lidar com ele:
1º Monitorizar várias vezes ao dia os valores de glicemia.

Monitorar a Glicose
Um pormenor deve ser levado em conta ao realizar este teste à Glicose. Deverá ter a certeza se o teste
está a ser realizado com a “Tira” para o qual a màquina foi calibrada, caso contrário os valores
apresentados poderão não corresponder à verdade. Para isso deverá confirmar na màquina qual o
còdigo de “Tira” que está introduzido, por seguir as instruções do fabricante. Caso o código não esteja
de acordo com o mencionado na caixa de “Tiras”, deve-se atualizar quanto antes por introduzir a Tira
Mestre no aparelho e validar o novo código apresentado. É claro que estes valores obtidos
domesticamente são sempre passiveis de de uma ligeira incoerência, por isso alguém que padece deste
problema de saude, a conselho do seu médico deverá realizar periodicamente análises ao sangue por
forma a determinar valores de glicemia com maior precisão.
Não podemos também esquecer que estes aparelhos devem ficar protegidos do pó e que todos têm um
tempo útil de vida, a rondar os 4 - 6 anos dependendo da marca, e que a partir desse tempo deve ser
subtituido sem falta, pois não à garantia do seu bom funcionamento.

2º Equilíbrio na alimentação - evitar alimentos do grupo de hidratos de carbono simples, porquê?


Porque os hidratos de carbono simples necessitam de uma digestão mínima e são absorvidos
directamente pelo sangue, de tal maneira que quando ingeridos, os níveis de glicemia sobem
rapidamente. Portanto alimentos desse grupo devem ser evitados.
Alguns exemplos de hidratos de carbono simples: açúcar, mel, compotas, marmelada,
refrigerantes, gelatina, doces, chocolate, cerveja, frutas em conserva, massas, biscoitos, doces e
pudins, mas um diabético por vezes também precisa de açúcar.
3º Aprender a conhecer os sintomas de Hiperglicemia (muito açúcar no sangue: Tonturas junto
com dores de cabeça, suores, perda de equilíbrio, boca seca, hálito intenso e ritmo cardíaco
acelerado) e Hipoglicemia (pouco açúcar no sangue: Sonolência, tonturas, arrastar a fala, rir sem
razão aparente e conversas sem nexo).

Na prática quando estes três pontos são bem conjugados, podem evitar muitas complicações. Por
isso, meditar o quanto pode representar alguns sacrifícios no que respeita ao esforço despendido,
para acima de tudo se controlar o desejo de ingerir determinados alimentos em demasia pode
significar muitos dias de vida com alguma quantidade de conforto e não è por falta de informação
que hoje pessoas com os mais variados tipos de problema de saúde se podem queixar. A maioria
dos centros de saúde está equipada com um técnico de nutrição e saúde e com facilidade
podemos obter uma tabela de nutrientes e quantidades a ingerir diariamente. (junto tabela em
anexo), embora eu pense que em vez de a informação estar apresentada em calorias, proteínas e
vitaminas talvez fosse mais útil e fácil de entender para a maioria das pessoas as sugestões
serem apresentadas em quantidade de medida.

- Um dia cometi um erro muito grave. Depois de ter feito o teste de glicose, medi a quantidade de
insulina a aplicar, nesse dia a Paula aplicou a
insulina nela própria (pode ser aplicada em
qualquer parte do corpo quase logo á superfície da
pele e normalmente escolhe-se uma parte menos
visível tal como a barriga ou a coxa), os valores não
estavam elevados e coloquei a quantidade habitual, 100 unidades de INSULATARD.

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Saímos de carro e ao fim de uma hora a Paula disse que tinha um pouco de sono, achei estranho,
mas por vezes depois de almoçar isso acontece a qualquer um de nós. Passado algum tempo
tentei falar com ela e ela responde a balbuciar que não estava bem. Fiquei confuso, pois aqueles
eram sintomas de uma hipoglicemia, o que não podia ser, pois tínhamos acabado de almoçar.
Estacionei rapidamente o carro e peguei num estojo de emergência que ela sempre transportava
consigo, fiz um teste de glicose e para meu espanto os níveis estavam abaixo de 30mg/lt. sangue
(normal 90mg), tentei entender o que se passava pois a Paula já não conseguia falar e só
conseguia chegar á conclusão que provavelmente me teria
enganado no tipo de insulina, em vez de INSULATARD usei
ACTRAPID (efeito rápido) e ainda por cima dez vezes mais do
que seria normal.

Quase entrei em pânico, pois sabia o que isso significava


(insuficiência de açúcar no sangue durante a irrigação do
cérebro pode provocar um estado de coma com danos
diversos). Tentei que ela engolisse um pacote de açúcar, o
que foi impossível, pois estava praticamente a ficar inconsciente, não pensei mais e dirigi-me
rapidamente para o hospital.

Quando aí cheguei era urgente colocar os médicos ao corrente do que se estava a passar, pois
sei que o 1º procedimento nestas circunstâncias é fazer um diagnóstico, o que implica
procedimentos e tempo, tempo esse que poderia ser fatal.

Não queriam que eu entrasse, sem que primeiro preenchesse os habituais papéis de identificação,
o que me levou a ficar nervoso e insistir que teria de falar rapidamente com um médico, pois sabia
o que se estava a passar com a Paula. Alguém reparou nesse pormenor e encaminhou-me para a
sala onde a assistiam e pude colocar os médicos ao corrente da situação. Rapidamente alteraram
o tipo de Soro que se preparavam para administrar para aquele que seria e foi o mais adequado
naquelas circunstâncias.

O constante dilema: Instituição versus Utente


Uma verdade deve ser reconhecida: “As instituições existem, porque existem os utentes”. No entanto
também temos de reconhecer que os profissionais que lá trabalham, não deixam também de ser utentes
em outras circunstâncias e dizemos isso porquê? Porque são pessoas como eu, com familias como eu,
com problemas como eu, com direitos como eu, mas também com deveres e obrigações como eu. E aqui
é que eu posso exigir um atendimento com profissionalismo (por isso è que esta palavra existe).
Reconheço que em anos atrás na área da saúde, as instituições nem sempre cuidavam de escutar as
pessoas devidamente, apenas as ouviam. Outra caracteristica importante em muito dos casos, é saber
perceber que além da dôr física existe uma dôr emocional e que por vezes é essa que nos deixa com um
trauma para sempre. Na disciplina sobre “como lidar com as emoções”, (não existe esta disciplina para quem
estuda medicina ou enfermagem? Mas devia existir, é talvez a mais importante. Vou um pouco mais longe, esta disciplina
deveria também ser estendida aos seguranças das instituições de saúde, pois agora pelos vistos, funcionam como
recepcionistas de encaminhamento local.) aprendemos que a emoção pode ser semelhante à resistencia física, quer
dizer, uns aguentam mais outros aguentam menos. Vou citar um exemplo, citando novamente uma experiência que
se passou com a Paula, desculpem usar esta personagem com alguma insistência, mas na verdade foram as
circunstâncias desta pessoa que mais me fizeram refletir sobre o lado cinzento da vida.
“Um dia a Paula ao preparar uma sopa, por distração fez um golpe em dois dedos (não esqueçamos que a situação
da Paula nesta altura era de cega total), tomamos o cuidado normal para aquela situação, 15 dias depois os golpes
não curavam e numa consulta de Nefrologia, a médica ao deparar com o problema encaminhou a Paula para o
departamento de cirurgia e depois de analisado por três mèdicos todos foram unânimes e comunicaram que o
melhor seria cortar a 1ª falange nos dois dedos em questão, uma vez que havia uma infeção e nenhum
antibiótico estava a corresponder. (Continua na pàgina seguinte)

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(Continuação da pàgina anterior)

Bem, poderão estar a pensar, “se tem que ser, tem que ser” e ponto final. Mas agora reparem, não está
em causa o TER QUE SER, como pessoas sensíveis que são, se escutassem da forma como eu
escutei, talvez sentissem o que eu senti. Diz a médica: “Vamos ter de te cortar os dedos, pois eles estão a
apodrecer, se quiseres pode ser já amanhã”.

Foi como se eu tivesse levado uma facada, transmitir um diagnóstico daqueles sem qualquer espécie de
compaixão, indiferente para com a pessoa em si, sim porque expôr este assunto a uma mulher è
diferente de expô-la a um homem, cortar dois dedos a uma mulher è diferente de os cortar a um homem,
aceitar com naturalidade aquela intervenção, ninguém a aceita, muito menos uma pessoa que já era
cega total, diabética tipo 1 e que já padecia de insuficiência renal. Mas ainda poderão dizer, “mas se tem
que ser, tem que ser, senão poderá ser pior”. Tudo isso è verdade, mas se tem que ser, tem que ser dito
e feito de outra maneira, no minimo com empatia, que è algo que falta em muitas instituições,
nomeadamente as relacionadas com a saúde.

Este episódio não terminou por aqui. Naquele dia ambos saímos tristes do hospital sem saber o que
fazer, a Paula só me dizia que quando morresse, queria morrer com todas as partes do corpo. Sentia-me
impotente, não conseguia ajudar a minha esposa e fazia-me confusão algumas afirmações que ela fazia,
pois para mim a morte não fazia sentido, ainda não era um dado adquirido ou talvez não quisesse ainda
aceitar. (passei a aceitar quando um dia sem querer, escutei dois enfermeiros no centro de hemodiálise a comentar
sobre a Paula , como sendo um doente em fase terminal. Custou-me muito ouvir aquilo.)

Nesse dia ao sair do hospital encontramos um enfermeiro conhecido, pois trabalhava algumas horas por
semana numa clinica de enfermagem em São Mamede, aonde já tinhamos recorrido em outras
circunstâncias, expusemos o problema e ele perguntou se podia passar lá em casa ao fim da tarde, claro
que sim, dissemos nós e então ele apareceu. Retirou os pensos com cuidado para analisar as feridas e
depois de algum tempo a observar, olhou para a Paula como se ela fosse filha dele e com uma voz
tranquila disse: “Amanhã não precisas ir ao hospital, eu vou-te curar estas feridas”. Aquelas palavras caíram
como àgua fresca num dia abrasador, e desmarcamos de imediato a intervenção cirúrgica, dizendo que
queriamos pensar.

Nas semanas seguintes cumprimos meticulosamente todas as etapas que o enfermeiro nos dizia, e era
animador começar a ver a recuperação daqueles dedos, embora lenta. O tratamento era realizado de
dois em dois dias com um simples remèdio caseiro chamado “Cataplasma de Argila e Azeite”. È um preparado em
forma de papa que se coloca diretamente em qualquer ferida infecionada, sendo depois ligada com gaze esterilizada.

Ao fim de cinco semanas a Paula pôde apresentar os dedos curados aos mèdicos que a queriam
“tratar”, deixando-os sem palavras mas ao mesmo tempo com uma atitude indiferente.

O meu obrigado ao enfermeiro Marques.

Reflexão
Enquanto profissionais do que quer que seja, todos devemos refletir numa coisa: “Hoje é ele, amanhã
posso ser eu” e devemos ter muito cuidado em não espezinhar, mesmo que seja sem querer, aqueles
que já estão por baixo ou que já estão embaixo e que já não conseguem subir, porque já caíram no
abismo.
Nesta área da saúde podem obter-se bons resultados se levarmos em conta um velho provérbio que diz:
“O coração alegre faz bem como o que cura, mas o espírito abatido resseca os ossos”.
Por isso, alegrar o coração de alguém que se sente abatido, deveria ser também um cuidado a
administrar pelos profissionais da saúde, e é simples de fazer isso, basta usar aquele jeitinho ternurento
que existe em todos nós, na forma como nos expressamos em palavras e gestos, resumindo: usar de
Bondade, ser Amoroso, ter Amor.

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Nunca mais esqueci aquele dia. Acidentalmente poderia ter causado graves danos ou até mesmo
a morte á minha esposa, ainda bem que eu estava com ela e mantive a cabeça fria, agindo o mais
corretamente possível.

Depois desse dia tomamos algumas medidas depois de expor o


assunto aos médicos. Fomos orientados para adquirir um kit de
emergência de nome Glucagon (um estojo com seringa e um frasco
com um preparado á base de hormonas de uma célula especifica
que existe no Pâncreas), para situações acidentais de hipoglicemia,
também passamos a usar frascos de insulina completamente
distintos em tamanho e cor.

A vida ia passando com alguns percalços.

De uma forma discreta, recebíamos apoio da nossa família, nomeadamente dos nossos pais.

No final de 1986 sabendo o risco que corríamos a Paula engravidou, ficamos felizes e algumas
medidas médicas foram tomadas a fim de proteger a gravidez e tudo estava bem, até aos oito
meses de gravidez.

Repentinamente foi necessário antecipar o parto e aquele bebé nasceu prematuramente e com
uma grave insuficiência renal.

Foi uma tristeza muito grande, quando os médicos cautelosamente nos informaram, das poucas
possibilidades do bebé resistir. Tivemos a oportunidade de registá-la com o nome de Priscila, ao
fim de sete dias a Priscila faleceu.

- Foram oito meses em vão, dizia a minha esposa chorando. (Só uma mulher sabe
verdadeiramente o que significa perder um filho). Eu fiquei triste, sem dúvida, mas mais triste
fiquei ao ver a dor da minha mulher.

Os tempos que se seguiram foram deprimentes, continuar com as responsabilidades profissionais


que então já assumia e com a responsabilidade familiar, que passava acima de tudo, pelo tão
necessário apoio, a dar á minha querida esposa. Não foi fácil para mim. Durante um determinado
período de tempo, achamos por bem, aceitar o convite dos pais dela para ficar em casa deles.

Apreciei muito o carácter desta minha mulher. Sempre determinada a lutar, contra as
adversidades da vida e isso foi valioso para ela nos anos seguintes.

Em 1990 a Paula começou a sofrer de retinopatia diabética. (enfraquecimento dos vasos capilares
da retina, levando á sua ruptura e dando origem á falta de visão podendo conduzir à cegueira)

A falta de meios e de conhecimento que hoje existem, contribuíram para que gradualmente ela
fosse perdendo a visão. Não ficamos de braços cruzados, e aplicamos todos meios que tínhamos
financeiramente para poder inverter essa situação. Consultamos vários especialistas, inclusive
uma renomada clinica em Paris, mas a situação era mais grave do que parecia, no espaço de um
ano a Paula ficou cega total, sem que ainda numa última tentativa não fosse sujeita a uma
intervenção cirúrgica.

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Nos dias atuais a intervenção cirúrgica a laser tem
A cirurgia a laser tem por objectivo suturar
conseguido recuperar muitas pessoas em situações os pequenos vasos capilares que
idênticas á da Paula, um dos centros mais rebentam devido ás sucessivas
renomados, senão o mais renomado da península hiperglicemias que acontecem nos
ibérica é o centro cirúrgico de oftalmologia de diabéticos e posteriormente se proceder á
Coimbra, orientado pelo Professor Dr. António limpeza de coágulos, mas tem que ser
Travassos. aplicado com precisão não só quanto ao
local, mas também em tempo de
Com o tempo, comecei a perceber o quão aplicação, caso contrário o resultado pode
degenerativo era aquela doença e a cegueira era ser catastrófico contribuindo para o
apenas o início de muitos problemas. descolamento da retina.

A Paula fechava-se cada vez mais dentro dos seus pensamentos, pior ainda, eu não lhe
conseguia ler o pensamento, uma vez que os seus olhos tinham perdido a vida.

Fomos recebendo orientação para recorrer a algumas associações com objetivo de a Paula se
recuperar para as atividades rotineiras do dia-a-dia. Visitamos a ACAPO (associação de cegos e
amblíopes de Portugal) e a minha esposa inscreveu-se num programa de recuperação no centro
Hellen Keller em Lisboa.

Passei os três anos seguintes a viajar regularmente para Lisboa ao fim de semana e era bom
poder notar o empenho e o contentamento
CUIDADOS A TER
que ela sentia, por ter desenvolvido a
Nunca diga: “coitadinho daquele ceguinho”. Por mais
sensibilidade que os cegos desenvolvem
baixo que seja o tom da voz, eles escutam, o que lhes
causa certo embaraço emocional.
em se tornar autónoma. Aprendi também
Nunca pegar no braço a um cego para conduzi-lo, que o tacto e a capacidade de audição de
devemos colocar a mão dele no nosso braço, um cego desenvolvem-se de uma forma
caminhar ligeiramente á frente e identificando todos os extraordinária.
obstáculos que vão surgindo, nomeadamente os
degraus, que é algo que nos esquecemos com Também tive necessidade de aprender,
facilidade. para conviver com uma mulher cega,
algumas coisas foram: a técnica de
mobilidade, a aproximação a um cego e saber indicar pontos de referência. Colocamos de parte a
hipótese de adquirir um cão guia (raça Labrador - inteligente e meigo). Visitamos uma escola em
Arouca, mas os critérios exigidos para conduzir um cão destes, não se enquadravam no perfil da
Paula, devido ao constante desequilíbrio provocado por diabetes, o que transmite insegurança e
desorientação a um cão guia

Em casa tive de agir usando de empatia, por


exemplo: não deslocar objetos de uso diário dos
locais habituais, colocar referencia em alto relevo
em todos os botões de aparelhos usados pela
Paula (máquina lavar roupa, fogão, ferro de passar,
comandos), também os interruptores de luz, ligar e
desligar colocados na mesma posição, peças de
roupa com etiquetas de identificação em Braille.

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Entretanto a Paula concorreu
Recebi formação na ACAPO sobre como fazer reconhecimento.
Basicamente passa por ser bom observador, saber distinguir
para ocupar um lugar de
qual o melhor ponto de referência, durante o trajecto a ser recepcionista – telefonista na
distinguido pela bengala. Durante o percurso ficamos a cerca de segurança social, na Rua
10 ou 20 metros atrás do cego, ele desloca-se sozinho e vamos António Patrício, na Boavista,
pedindo ás pessoas para não interferir. Tentamos mencionar para onde se deslocava
todos os aspectos que são permanentes durante o percurso, tais todos os dias em transporte
como: número de árvores e postes até atingir um ponto, publico, depois de eu a ter
estabelecimentos com sons característicos, é importante acompanhado a fazer o
também mencionar o estado dos passeios e arbustos que
reconhecimento do trajecto.
ultrapassem o limite das casas uma vez que a tendência de um
Para esse cargo valeu-lhe o
cego é orientar a bengala pela parte interior de um passeio,
correndo muitas vezes o risco de se magoar no rosto, não
facto de ter aprendido a ler e
podemos esquecer também de escolher o melhor ponto durante escrever Braille e onde
o trajecto para atravessar a estrada caso não haja passadeiras. desenvolveu também a
habilidade no Centro Hellen
Keller em operar com um computador adaptado para o efeito.

Mais difícil foi fazer o reconhecimento de um trajecto, dentro de um transporte público, uma vez que é
necessário encontrar um ponto de referência usando a audição para determinar a aproximação do local
a sair, é claro que existem pessoas sempre prontas a ajudar, principalmente o motorista. Nos dias de
hoje a grande maioria dos transportes já estão equipados com informação sonora, sobre o próximo
ponto de paragem e pormenores como este evidenciam que a sociedade em que estamos inseridos
começa a ver com outros olhos para as necessidades dos nossos semelhantes diminuídos fisicamente.

Con lo tiempo pedí ayuda en otras organizaciones, por ejemplo a la “Once” en el país vecino.

La ONCE es una Corporación sin ánimo de lucro con la misión de mejorar la calidad de vida de las
personas ciegas y con discapacidad visual de toda España. Una Institución de carácter social y
democrática; abierta a todos y solidaria con las personas afectadas por discapacidades distintas a
la ceguera.

El compromiso de la ONCE se extiende a los ciegos del resto del mundo, participando
activamente en los foros internacionales.

A Paula se afilió por tener acceso a los servicios y prestaciones de carácter especializado que la
ONCE presta a las personas ciegas.

Algunos de los servicios se prenden con las ayudas técnicas disponibles en diferentes ámbitos,
entre ellos, movilidad, la comunicación y el acceso a la información
por ejemplo, adquirimos con recurso a un fondo de ayuda
internacional un bastón de buena calidad, un juego de ajedrez y
damas, una calculadora parlante también un reloj parlante, uno
casete reproductor, específicamente para su uso por ciegos y muy útil por Paula hacer grabación
de nombres y números teléfono en su trabajo.

Pienso que es una organización única en el mondo con el apoyo del gobierno. Es la forma del
gobierno español mostrar respeto y consideración por personas físicamente reducidas.

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Em direção ao fundo...

Se esta fase era difícil de suportar mal sabíamos o que nos podia esperar. Em meados de 1996 a
Paula começou a sofrer de insuficiência renal, se ela levava uma vida penosa, a partir deste
momento passou a ter uma vida ruinosa e por uma razão simples, nós sabíamos onde aquele
problema a poderia levar.

Um dia, depois de determinados exames, os


O CATETER
médicos comunicaram que ela teria urgentemente,
Um pequeno tubo que serve de ligação entre o
de começar a fazer hemodiálise e que lhe teria de
corpo á máquina de filtragem do sangue,
ser colocado um cateter vascular. normalmente colocado numa artéria junto ao
pulso, não é fácil fazer esta aplicação,
Neste dia estava com ela como sempre e as dificilmente se consegue á primeira tentativa e
palavras com que desabafou, fizeram-me sentir muitas vezes não se consegue mesmo, pelo
impotente, pois não havia nada que eu dissesse facto de ser uma parte do corpo sujeita a
ou pudesse fazer por ela naquele momento, ela movimentos, quando é assim, aplica-se o
vira-se para mim e diz-me: - Quim isto é o cateter no pescoço, o que eu acho bastante
princípio do meu fim. humilhante, mas não há alternativa.

Com um nó na garganta só lhe pude responder: - Nesse caso, vou estar contigo até ao fim.
Ela irrompe a chorar como eu nunca a tinha visto e esse estava a ser o momento mais triste da
minha vida.

O tratamento da hemodiálise para os insuficientes renais, apesar de ter trazido uma esperança de
vida significativa não deixa de ser um tratamento bárbaro, eu cheguei ver pessoas que perdiam 10
quilos de peso depois de cada tratamento, que no caso da minha esposa era realizado três dias
por semana.
Como sabemos os rins têm por objectivo eliminar, filtrando, todas as
impurezas acumulados no sangue, caso isso não aconteça, o sangue
fica intoxicado. Os sintomas são: extremo cansaço, fraqueza muscular,
perda de raciocínio, formigueiro nas partes periféricas do corpo, cãibras,
vómitos, mau hálito e diminuição de urina.
Antes de alguém começar a fazer hemodiálise, terá de se obter
primeiro o seu peso seco (como se o sangue estivesse
completamente limpo de impurezas). Cada dia ao iniciar o
tratamento, verifica-se o peso e o que estiver acima do peso seco é o que terá que ser retirado
nesse dia, durante aproximadamente cinco horas. O tratamento consiste em fazer passar o
sangue pelos vários filtros da máquina, a uma determinada velocidade, simultaneamente cada
pessoa é transfundida com soro, para compensar a perda de alguns nutrientes.

Comparação: a velocidade de circulação do sangue na máquina é comparada a alguém que está a


participar numa corrida durante cinco horas sem parar, o que dá origem no final a que muitos tenham
cãibras dolorosas. Para evitar este problema bastava aumentar o tempo de hemodiálise a uma
velocidade menor, mas o facto de haver vários turnos de tratamento incluindo a limpeza da respectiva
máquina obriga a que os pacientes se sacrifiquem.

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Como podemos entender não era fácil Surgiu então a oportunidade de gravar
suportar aquelas cinco horas deitada numa alguns livros de “Isabel Allende”, (os
cama na mesma posição e apesar da sala de abaixo mencionados em Itálico) escritora
hemodiálise estar munida de televisores para chilena, apesar de ter nascido em Lima no
ajudar nesse sentido, a Paula ainda assim Peru. Desde tenra idade passou a viver no
apreciava passar o tempo a ler publicações. Chile, terra natal de seus pais. Fiquei a
Foi desta maneira que eu passei a estar conhecer e a gostar, desta romancista,
ligado á Biblioteca Sonora do Porto situada na podemos classifica-la assim, devido ao
Biblioteca Municipal do Porto, na Rua Dom facto de se basear em factos reais, na sua
Joao IV. É um departamento preparado para maioria dentro da sua própria família, com
gravar publicações de qualquer género em ela inclusive. Todos os livros foram
cassete. Este departamento funciona em escritos numa sequência de vidas,
parte com voluntariado para se efectuar inclusive a sua própria. Para o caso de
gravações. Depois de uma gravação, faz-se alguém, querer apreciar devidamente esta
uma cópia para rodar entre as pessoas. escritora, deverá começar por ler “A casa
dos espíritos” (passou em filme nos
Uma vez que a minha esposa, quase sempre
cinemas em 1993); seguidamente “De
escolhia livros ainda não reproduzidos, (Ela
amor e de sombra”; “Eva Luna”; “O Plano
fazia a escolha depois de eu ler o prefácio
Infinito”; “Paula” (o mais apreciado por
para ela em qualquer livraria) eu ofereci-me
mim), “Filha da Fortuna”; “Retrato a
como voluntário para efectuar algumas
Sépia”; “Inês da Minha Vida” e “A Soma
gravações.
dos Dias” (neste livro faz uma síntese,
Fiz um teste em características de leitura, daquilo que a levou a escrever todos os
nomeadamente sobre: Leitura exata; livros atrás mencionados. Achei muito
articulação; pronuncia correcta; pausas; interessante, pois situações
modulação e sentimento (quanto ao incompreensíveis quanto a personagens,
sentimento, fui alertado para não usar esta foram devidamente esclarecidas nesta
característica de uma forma excessiva, para publicação)
não influenciar os ouvintes indevidamente,
uma vez que os sentimentos são relativos).

A Paula fez hemodiálise durante sete anos, 5 horas por dia, todos esses dias a ia buscar por volta
das 11 da noite, ela optou por fazer nesse horário para não deixar de estar no seu local de
trabalho no dia seguinte.

Com o tempo passamos a dormir em camas separadas por uma questão de comodidade para
ambos. Um dia, deitamo-nos e desejamos uma boa noite como sempre, a Paula adormeceu, eu
adormeci, mas nessa noite a Paula..., adormeceu..., adormeceu..., adormeceu.

Simplesmente durante essa noite de 31 de dezembro de 2002, o seu coração esgotado, ao fim de
35 anos deixou de acordar para a Vida.

Esse foi e será para sempre o dia mais triste da minha vida.
A mulher que me tinha dado a sua juventude, a mulher da minha juventude...

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Cônscio de uma Necessidade Espiritual

Quando a morte surge, por momentos, solidariamente paramos. Sem querer interromper a marcha
dos que sofregamente continuam acordados, solidariamente estacionamos, deixamos a vida
passar ao lado, fechamos os olhos e debruçamo-nos sobre a incompreensão da vida.

Muitas vezes lamentei, ter a tão maravilhosa faculdade de raciocínio, porquê? Simples, os
porquês não existiriam!

Porquê eu? Porquê ela? Porque estamos aqui? Porque existo? E se eu não existisse? Porque
morremos se queremos viver?

Não faz sentido que Deus nos tenha criado com esse propósito. Os animais? Esses sim. Afinal
estas perguntas não assolam as suas mentes. Eles não têm faculdade de raciocínio, apenas um
instintivo ciclo de viver, que os leva a proteger os seus interesses momentâneos.

Falta-lhes o Amor, como a principal fonte de motivação. Amor que é a qualidade demonstrativa de
que afinal não somos uma espécie de animal, mas sim uma criação impar no universo.

Foi este ponto final parágrafo da minha vida, que me fez procurar entender, o que está mal
naquilo que parece estar bem feito, a vida.

Desde há muito tempo que eu pensava que por alguma razão, a Bíblia, era o livro mais procurado
e consultado por pessoas de todo o mundo.

Já fazia muito tempo, que eu tinha adquirido uma numa livraria, mas o impressionante número de
páginas, juntamente com o estilo de escrita, umas vezes simbólico, outras figurativo e ainda
outras literalmente histórico, fizeram que eu com o tempo o considerasse maçador.

Aliás, foi o desde sempre meu interesse pela história antiga, que me atraiu á leitura deste livro,
muitas vezes usada pela arqueologia devido á sua fidelidade em se situar no tempo.

A religião em si, nunca me atraiu. Nunca ouvi os líderes religiosos a fornecer respostas
satisfatórias, àquelas perguntas iniciais, tampouco muito raramente os ouvi a mencionar a Bíblia
como um livro de autoridade da parte do criador, por outro lado ainda é muito usual usarem a
Bíblia como mediador entre a verdade e a mentira em inúmeras barras de tribunal.

Por isso sempre me pareceu que a igreja ou genericamente falando, a religião, ao invés de
procurar, dar orientação espiritual por forma a criar nos seus crentes apetite por um bom
relacionamento com o criador, têm feito precisamente o contrário.

Para melhor entender, quem de nós entende a explicação de muitas religiões sobre a morte,
quando obtém esta resposta: “Foi a vontade de Deus”, ou então “ Deus quis assim” ou ainda
“deixa lá, está num lugar melhor que o nosso”.

Sinceramente, como podem afirmar isso?

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Em primeiro lugar, a Bíblia como palavra incontestável de Deus, em parte alguma faz esse tipo de
afirmação. Em segundo lugar, que Deus amoroso, faria uma maldade dessas, ao nos arrancar um
ente querido ou pessoa amiga, através da morte, para que ele passe a viver num outro domínio,
supostamente melhor, quando a natureza do nosso íntimo nos diz que além de não querermos
morrer, queremos é viver para sempre aqui na terra?
Citando Monsieur Poirot: “As minhas celulazinhas cinzentas, não se conformam com isso”.

Por isso mesmo quando fui abordado pelas Testemunhas de Jeová (organização religiosa sem fins
lucrativos e legalmente reconhecida pelo Estado Português), logo me saltou à vista o livro por eles usado
com o fim de extrair respostas às minhas perguntas, a Bíblia Sagrada. Sim, era a Bíblia a falar,
não eram eles. Explicaram-me que embora se possa ler a Bíblia de capa a capa, ela é usualmente
mais usada como livro de consulta, quer dizer, o seu entendimento torna-se claro quando
encontramos explicação saltando de texto em texto.

Gostei disso, depois de em poucos minutos ficar a entender algumas questões, por mim
colocadas.

Ofereceram-me um estudo bíblico sem compromisso e eu aceitei. A voluntariedade dessas


pessoas e a sua simpatia impressionaram-me.

Da minha parte o querer saber, rapidamente me cativou a dar primazia a este tipo de
conhecimento.
E muitos mais assuntos que nos intrigam a todos,
Temas, tal como: por vezes só não pensamos neles, porque a vida
“Qual é a verdade sobre Deus?
nos sufoca de tal maneira, que acabamos por
“A Bíblia é realmente um livro de Deus?”
relegar para segundo plano, o que deveria estar em
“Qual é o propósito de Deus para a terra?”
“Que relação tem Jesus Cristo com Deus?”
primeiro. Afinal ter conhecimento sobre a fonte da
“ Onde estão os mortos?” vida, deveria ser do interesse de todos nós, ou não?
“Porque Deus permite o sofrimento?” Então, porque procura um médico quando está
“ Que tipo de adoração Deus aprova doente? Não está á procura de uma qualidade de
vida melhor? Não procura tomar cuidados, para prolongar a sua vida? Sim, todos nós fazemos
isso, porque não fomos feitos maravilhosamente, simplesmente para viver durante alguns anos e
depois morrer. Esse não era o propósito do criador!

Saber também que a Bíblia explica que homem tem dominado homem para seu prejuízo e que
isso tem os seus dias contados, também me fez encarar o futuro com outra perspectiva, mais
optimista, sentimento que escasseia em abundância no ego da humanidade.

Eu e minha esposa temos assistido ao programa regular de reuniões públicas que as


Testemunhas de Jeová realizam semanalmente. Dou destaque para uma que considero muito
interessante, a “reunião da escola”. Um programa em que todos os inscritos participam
regularmente, por desenvolverem um assunto bíblico que lhes foi atribuído antecipadamente, com
o objectivo de aprimorar “características de oratória”.

Percebi, depois de algum tempo, quão importante é preenchermos esta necessidade básica,
apercebida por todos, mas desconsiderada por muitos.

Agora sim, faz sentido que a vida tenha um sentido

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Depois da Penumbra

Ano de 2004 novas coisas acontece. Todos me diziam que não era bom estar sozinho e quantas
vezes os meus sogros, que também sofreram bastante, foram os primeiros a incentivar para que
eu não me fosse abaixo e que seria saudável conhecer alguém que alegrasse novamente o
coração. Nesse ano encontrei um novo emprego. Uma pequena empresa de injeção de plástico
de componentes para a indústria automóvel estava a precisar de alguém com as minhas
características para os seus quadros. Enviei o meu curriculum, e o gerente gostou da minha
experiência. Ao fim de duas semanas estava a trabalhar na Reciplás situada em Leça do Balio.

A benção dos Impostos

O quer seria de nós se não existissem impostos. Sim, serem cobrados impostos, faz com que se tomem
medidas sobre muitos imprevistos da vida. Poderia mencionar sobre quando temos necessidade de
recorrer aos serviços de saúde nacional, que mal ou bem eles lá vão funcionando, não tendo nós a
necessidade de recorrer a outros países para fazer um simples diagnóstico, como no caso de pessoas
oriundas dos PALOP (não esqueçamos que alguns desses paises em termos de recursos naturais são
países riquisssimos), também a cada vez mais interventiva SNPC-Serviço Nacional de Proteção Civil,
que conforme sabemos, coordena a os meios necessários para uma eventual intervenção em caso de
tragédia, seja ela natural ou provocada pelo homem, e poderiamos falar ainda em àreas tal como a
educação, que passa pela construção, gestão e manutenção das escolas ou então a administração
rodoviária ao cargo da EP-Estradas de Portugal, em que o capital social è detido na sua totalidade pelo
estado português.
Existe também um organismo público, que cada vez mais interventivo e abençoado e que é conhecido
pelo acrónimo IEFP, o qual nos ultimos anos já necessitei de recorrer por duas vezes.
Pela maneira como descrevo em cima fora deste quadro até parece que dou a entender que foi fàcil
deixar um emprego e encontrar outro, mas è óbvio que falta aqui muito contexto para se perceber que
não. Para conseguir esse emprego, recorri a uma empresa de trabalho temporàrio, pois percebi que è o
canal cada vez mais usado pelas entidades patronais para contratar alguém que possa ser usado com a
maior flexibilidade possível, uma vez que os custos ou encargos, são praticamente os mesmos, conforme
me informou um colega que gere uma empresa desse género(ExperWorsks).
Pensando bem, compreendo a posição de muitas empresas, e compreendo porquê? Porque me coloco
no lugar deles.
Hoje em dia devido à forte concorrência que limita a margem de lucro e à grande oscilação da carteira de
encomendas, as empresas têm relutância em contratar pessoas a efetivo, pelo simples facto de não
poderem rentabilizar esse recurso humano ao fim de algum tempo (em alguns casos 2 ou 3 meses).
Outros empresários encaram também as empresas de trabalho temporário como alguém que lhes pode
fazer a delicada tarefa de recrutamento, sem qualquer custo ou trabalho para a sua empresa, ainda
outros preferem estar livres de qualquer possivel conflito laboral, podendo nessa cicunstância apelar para
a intervenção da entidade mediadora, a empresa de recrutamento.
Portanto ao fazer sentido todas estas afirmações, parece que é razoàvel este tipo de atitude por parte da
entidade empregadora em não querer assumir responsabilidade financeira com uma pessoa sabendo de
antemão que os encargos que daí advém.

Continua…

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Continuação de… A Benção dos Impostos

Depois de ter abordado a minha esposa Isabel sobre esta situação (gestora financeira do grupo para o
qual trabalha), fiquei a saber que os encargos são +- de acordo com a tabela embaixo:

Portanto a realidade é bem diferente


daquilo que um trabalhador por conta de
outrém conhece, ou seja por cada 1000€
de salário, cerca de 623 € entram nos
organismos do estado, em que 347,50€
entram automaticamente nos cofres da
Segurança Social.
No entanto, pela forma como este
numero de deduções tem vindo a reduzir;
pelo aumento das despesas com
subsidios de desemprego e pelos
investimentos continuos que se fazem
em todos os organismos ligados a esta
àrea, penso que vai ser difícil de cobrir o
orçamento, dentro de pouco tempo.
Repare neste exemplo, no meu ultimo emprego eu e a entidade patronal efectuamos 5 anos de deduções
para segurança social num valor total de 20850€, perante a situação de desemprego e de acordo com o
critério estabelecido para a minha pessoa, tenho direito a 3 anos de subsidio de desemprego onde
recebo um total de 28080€, alguém poderá dizer que parece um absurdo, obter mais do que o valor
tributado, então onde está o dinheiro que futuramente irei necessitar receber em forma de PENSÃO?
Tenho a sensação que aplicar o dinheiro como subsidio de desemprego não é a melhor solução, pois a
sua sustentabilidade é temporária. Precisamos é de mecanismos estatais com o fim de criar postos
de trabalho produtivos em áreas que o país necessita. Se as contribuições fossem canalizadas para
um projeto destes, com o tempo reduzíamos ás importações e criávamos postos de trabalho, que por sua
vez geraria novas contribuições.
Por isso o atual modelo de aplicação de contibuições não me parece que seja o ideal.

Ao encontro desta ideia, passado uns dias depois de ter exposto o acima, li uma noticia no dia 18 de
fevereiro de 2011, no site:agenciafinanceira.iol.pt , com o seguinte tema: «É preciso criar emprego,
não destruí-lo»
O site passava a citar: - O empresário Belmiro de Azevedo comentou esta quinta-feira os números do
desemprego avançados na quarta-feira pelo INE, referindo que «é preciso criar emprego e não destruí-
lo», cenário que, sublinha, acontece na Sonae, grupo que lidera. «Todos os anos temos criado dois a três
mil empregos», disse Belmiro de Azevedo, citado pela Lusa, à entrada para a conferência Identidade e
Valores na Economia, que decorreu em Lisboa.
«O problema principal [de Portugal] é que o sistema financeiro corre o risco de não funcionar», alertou o
empresário, para quem o elevado desemprego pode gerar uma «crise social complicada» resultante do
desânimo dos cidadãos. Fim de citação.
E na verdade é mesmo assim, quanto mais se fala e discute sobre este tema, a tendência é para se
começar a especular com os “SES” e mais “SES”, e sobre quem é o culpado, quando a culpa é de todos
pela forma como o mundo inteiro está estruturado. O resultado é que o povo fica atemorizado sem saber
o que fazer, quebrando-se-lhes o ânimo ou o ímpeto de continuar a lutar, e é um pouco como retirar a
esperança a uma pessoa que padece de uma doença, que embora não seja incurável, se torna difícil de
tratar devido à atitude pessimista de como encara o futuro.
Faço aqui um apelo aos estimáveis homens e mulheres que tomam a dianteira: unam primeiro o seu
país, procurem as suas riquezas e potencialidades, explorem e distribuam com equilíbrio, cuidemos do
nosso semelhante, como gostaríamos que cuidassem de nós…já sei o que está a pensar: ”mais um que
se julga ser a Alice no País das Maravilhas”. Mas desculpem lá, vale a pena tentar…

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Curiosamente a empresa estava a passar por uma reestruturação e estavam no início da


construção de um pavilhão, para instalar a nova fábrica, procedendo-se posteriormente á sua
mudança. Iniciei este projecto de uma forma semelhante ao que tinha iniciado na Polilinha. Fiz a
instalação de força motriz em toda a fábrica envolvi-me a executar algo novo para mim, montar
um circuito de alimentação de água, através de uma captação natural de água existente no local,
que teria por objetivo produzir o arrefecimento de determinadas partes, não só de máquinas como
também de moldes usados na injeção de plástico. Uma central de aspiração assim como uma
central de alimentação de matérias-primas, foram também montadas por mim numa cave técnica
criada para o efeito. Foi um trabalho realizado com sucesso e que me deu muito prazer realizar.

O dia Amanhece

Neste ano de 2004 conheci uma excelente rapariga, que


depois de conhecer a minha história de vida, me voltou a
encher o coração de alegria, esta é uma faculdade que a
“mulher” tem consigo, a magia de saber alegrar um homem.

Aliás, foi algo que eu já notei, emocionalmente, o homem


sente sempre mais falta da mulher quando a perde do que
quando a mulher perde um homem e isso nota-se até mesmo
nos casos de divórcio litigioso, o inconformismo sentido pelo
homem, muitas das vezes, acabam em tragédia.

Isabel, é este o seu nome, acabou por casar comigo em Maio


de 2004, apesar da oposição da sua mãe. A mãe argumentou
alguns aspectos para se opor ao nosso relacionamento, o
principal dizia ela, era o facto de eu já ter sido casado, achei
isso ridículo, ela disse-me uma vez, que a filha merecia um
rapaz que tivesse sido só dela e que depois eu era muito
mais velho do que a filha (fazemos 15 anos de diferença).

Bom tanto eu como a Isabel contestamos essa atitude retrógrada da mãe e decidimos marcar uma
data para casar, apesar de toda a família da parte dela se recusar em assistir ao casamento.
Perante essa situação e para não causar grandes embaraços, não convidamos ninguém para
servir de testemunha no casamento, e o convite para assistir restringiu-se apenas aos pais de
ambos e que se ambos quisessem nesse dia poderiam estar presentes.

Fiquei surpreendido porque nesse dia 7 de Maio de 2004, uma segunda-feira, os pais dela
acompanharam-na até ao cartório, ainda que de uma maneira bastante informal. Alguns nossos
amigos e familiares da minha parte também compareceram. No final os nossos pais foram
almoçar connosco numa sala de restaurante previamente reservada por mim e de seguida
desfrutamos de uma boa “lua-de-mel”.

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PRELIMINARES DE UM CASAMENTO

Casar è sempre uma novidade, mesmo que seja pela segunda vez, como foi o meu caso. No entanto à
sempre a mais-valia da experiência acumulada. Como sabemos a vida a dois exige preparativos por
forma a criar as condições que ambos necessitam para se sentirem bem, pois o lema “Amor e uma
Cabana” só existem na fantasia de novelas brasileiras.
Antecipadamente, apesar de eu viver em um apartamento, resolvemos adquirir outra habitação.
Compreendi e è perfeitamente natural o desejo da Isabel, pois aquele apartamento trazia recordações de
uma vida a encerrar.
São Mamede Infesta è uma localidade estrategicamente bem situada quanto aos interesses de ambos.
Os nossos empregos situavam-se em lados opostos, mas equidistantes desta localidade, outro ponto de
interesse, a praia, fica a 10 minutos de automóvel se formos pelo troço A4 – São Mamede-Matosinhos e
também os nossos pais vivem dentro da mesma localidade, portanto só tínhamos vantagens em
permanecer por ali.
Um dia sentamo-nos e debruçamo-nos sobre este projecto. Traçamos critérios de escolha, para não
perder tempo na procura, por exemplo, queríamos adquirir um dúplex T3 novo, com um preço a não
ultrapassar 150 mil euros, preço de sete anos atrás.
Com este critério em mente fizemos uma pesquisa, nas construções que estavam sendo realizadas nas
redondezas e encontramos um edifício em final de construção que se encontrava muito próximo do meu
apartamento e este garantiu-nos algumas vantagens que não tínhamos encontrado em outras.

È um edifício de arquitectura simples, linhas rectas e com um traço moderno, apenas com seis
habitações e situado numa rua sossegada.
Composto por dois T1, dois T2 e dois dúplex T3 com terraço na frente e traseiras. Os dúplex reuniam as
condições exigidas pelo nosso critério e concluímos que merecia ser negociado.

Pedimos ao promotor para falar com o construtor uma vez que o limite de negociação que nos foi
apresentado era insuficiente do nosso ponto de vista. Apresentamos algumas razões, nomeadamente a
Isabel efectuar pagamento a pronto, com 50% no acto do contrato promessa de compra e venda, e
também pelo facto de aqueles andares estarem à venda há oito meses e ainda não terem conseguido
vender nenhum, o que se depreendia algumas dificuldades por parte do agente que representava o
construtor.

Apresentamos uma proposta para se reduzir de 130 para 120 mil, e com alguns ajustes a serem
realizados no dúplex, tal como, cozinha equipada, portas dos roupeiros de correr, em vez de abrir e
escolha dos dois lugares de garagem. Aceitaram fazer as alterações, mas o preço não descia mais que
126 mil, fechamos negócio por 125 mil €.

Depois de termos realizado o contrato promessa, (è um contrato redigido com o propósito de garantir,
que ambos os outorgantes cumpram, com as obrigações propostas para efectuar o negócio em questão,
sendo que se alguma das partes não o fizer até à data proposta, ficarão sujeitas às penalizações em
vigor no decreto lei e apresentadas pelo estado português), estabelecemos o prazo para finalizar o
negócio com a escritura.

A escritura não é um processo simples e tão pouco barato, no entanto compreende-se que seja um
processo complexo para que se possa reduzir ao número de apropriações indevidas, como acontecia
nos tempos dos nossos avós.

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Só com a escritura é que se pode passar à


legalização final do imóvel, por requerer junto da
conservatória do registo predial a atualização do
mesmo. Esta atualização passa por identificar o
local exato do imóvel através de planta
topográfica e mencionar as características que o
identificam tal como as que podem ser
constatadas na folha da caderneta predial:
Descrição do prédio; descrição da fração e dados
para avaliação (descrição das superfícies em m2
pertencentes à fração).
De seguida pode obter-se a caderneta predial,
através do site: www.portaldasfinanças.gov.pt,
serviços, obter, IMI, caderneta predial. Passamos
a ter nas nossas mãos o documento que pode ser
considerado o BI da nossa habitação, conforme
podemos observar aqui no lado esquerdo.
É com base nestes elementos que se pode fazer
uma avaliação para uma futura proposta de
venda.
O que nos atraiu naquela casa, sem duvida foi o
ambiente acolhedor proporcionado pelo dúplex,
grandes janelas de correr de cima a baixo, em
que se cruzam as da frente pelas de trás.

Os quartos, dois situam-se no piso superior e um


no piso inferior que foi aproveitado para fazer
dele um guarda-roupa gigante, em que um dos
roupeiros, a minha esposa me “obrigou” a
transformá-lo na sua sapataria exclusiva, pois na
verdade, que até parece mentira, ela precisava
acomodar os seus atualmente 126 pares de
sapatos.

Reconheço que há modelos de sapato que è de


perder a cabeça de bonitos que são, às vezes até
eu gostava de os calçar, mas será que é preciso
ter tantos?
Ou estarei perante uma situação de
“Shoesaholic”?
Pensando bem…elas merecem tudo!

Observei que a luz natural estava presente em todas as habitações com o sol nascente na frente e o seu
poente nas traseiras, os terraços, ambos rodeados de canteiros para flores, deu-nos uma boa
perspectiva de espaço para lazer.

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Em conclusão, ainda hoje não estamos nada arrependidos de ter realizado o casamento desta
forma, foi excelente, e continuamos felizes. Ela sabe que eu não posso viver sem ela e ela ainda
demonstra que está apaixonada por mim.
Quando chegamos a casa depois
da “lua-de-mel”, tive a primeira
surpresa, encontrei uma carta na
caixa do correio. Achei estranho, o
remetente era da minha recém-
esposa. Deu-me um aperto no
coração quando li aquelas
palavras. Mencionou que a tinha
escrito na noite anterior ao
casamento e descreveu aquele dia
como sendo o dia mais importante
da sua vida, tinha travado uma luta
grande com a família, pois, eram
pessoas que ela também amava,
mas tinha decidido que a fazer uma
escolha essa seria por mim.
Apenas me fez um pedido solene:
“Que lhe fosse fiel para sempre”.
Retribui essa demonstração de
palavras carinhosas e de lealdade
e prometi-lhe fidelidade.

Tenho esta carta como um bem


valioso na minha vida, e já a li
várias vezes nestes seis anos de
casado.

(Ao fim deste tempo é algo que posso partilhar. Esta carta reúne os ingredientes para um casamento feliz. Se notou, são coisas
simples que uma mulher exige, as mesmas que um homem necessita. Bom proveito.)

“Que lhe fosse fiel para sempre”


Embora estas palavras não estejam na Carta, percebi isso nas entrelinhas, quando me garante a sua
fidelidade e lealdade.
Bom o que mais um Homem pode querer? Senão isso mesmo daquela que será a sua mais íntima
companhia por muito tempo.
E eu que tive momentos em que pensava que a minha identidade se tinha esfumado no passado. Sim
muitas vezes tive a sensação de ver apenas à minha frente um espelho, em que o único reflexo era
apenas o que estava atrás das minhas costas…ou seja, o passado. No entanto, o ser humano por si só,
não pode viver sem futuro, que era algo que eu não estava a conseguir vislumbrar, até porque ao
terminar a última etapa, eu sentia-me esgotado, sem energia dinâmica e sem vontade de iniciar o que
quer que seja, foi como, se tivessem tirado a “cenourinha da frente do cavalo”. Ele já não tinha motivo
para continuar a marcha.
Mas de repente, como se de um pesadelo se tratasse, acordei, e quando os olhos se abrem, o espelho
da vida volta a oferecer um reflexo, uma imagem, um presente, uma dádiva e quando te voltas o que
encontras? Nada mais nada menos que o teu futuro…sim, discretamente ela estava ali, fazia algum
tempo e eu sem notar que à nossa volta sempre existe, existe sempre muito Amor para nos abraçar.

Estas palavras são como um tónico refrescante nos momentos piores que surgem na vida.
Ainda hoje não perdemos esse hábito de trocar palavras escritas.

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Projeto: RVCC
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Todos deviam fazer isso. Escrever em papel com a nossa própria mão dá-nos, a oportunidade de
refletir no que dizemos, de procurar no íntimo as coisas boas pelas quais já passamos, de
entender que todos erram e de sentir que se deve dar uma oportunidade ao amor que tínhamos
no início, para o qual achávamos que não havia barreiras. Hoje ao invés de se usar o email ou as
sms, de uma forma tão impessoal e muitas das vezes com caricaturas pelo meio, para demonstrar
o que sentimos pelo outro, deveríamos continuar esta antiga e simples fórmula e talvez hoje,
muitos casais ainda estivessem juntos.

DESEMPREGO OUTRA VEZ

Em dezembro de 2009, devido á forte crise que afetou a indústria mundial do automóvel, muitas
empresas viram a necessidade de emagrecer os seus efetivos. A Reciplás não fugiu á regra e
lamentavelmente depois de uma redução de encomendas na ordem dos 75% a entidade patronal
viu a necessidade de reduzir aos seus efetivos, confrontando-se mesmo com a sua possível
extinção caso não surgissem alternativas a médio prazo. Compreendi a situação e conformei-me
com a rescisão.
Ao contrário de muitas famílias, eu e a minha esposa para já ainda não ficamos abalados, também
não temos filhos, o que nos dá outra margem de tranquilidade.
Confesso que esta nova situação me levou a pensar na possibilidade de emigrar e Angola seria a
hipótese mais provável. Sempre tive um fascínio por Angola assim como por Moçambique e seria
fácil de concretizar até porque tenho familiares em Luanda. Mas não me posso esquecer de que a
minha vida é a dois e não a um e isso está fora de questão (por enquanto), pois a Isabel não tem
o perfil que a emigração para um destes países exige.

Refexos sobre a imigração 1


Ninguém deve ser impedido de imigrar, no entanto reconheço a necessidade de se estabelecerem
regras quanto a este êxodo que prolifera um pouco por todo o mundo.
Tem muitas vantagens partilhar conhecimento e hábitos com outras culturas, é assim que se desenvolve
o progresso, pela troca de experiências. No entanto tal como diz o ditado “Na terra aonde fores ter, faz
como vires fazer”, significa que, quando alguém não se quer sujeitar à lei do país que o acolhe, então
deverá ser repatriado de imediato.
Nos ultimos anos com o desenvolvimento verificado em alguns países de expressão portuguesa,
abriram-se as portas para muitos portugueses partirem à procura de uma solução para as suas vidas.
Por exemplo ao emigrarem para Angola só no ano de 2009, entraram no nosso país 109,1 milhões de
euros, se deduzirmos os os 42 milhões de euros que os imigrantes desse país enviaram para lá,
podemos concluir que Portugal teve um impacto financeiro positivo de 67,1 milhões de euros.
É obvio que não usufruimos das respectivas deduções fiscais em beneficio do estado, que é como quem
diz de “todos”, mas não deixa de ser uma fatia interessante de “cash” vivo a entrar nas poupanças de
muitas familias.
Uma particularidade é que me parece um dinheiro mais saudável do que aquele que sai de Portugal e
porquê?
Porque atualmente uma grande parte da imigração que surge em Portugal é para se sujeitar a
profissões, muito das vezes rejeitadas pelos nativos do país. Uma das razões disso acontecer é o salário
pago abaixo da média e em condição ilegal, pois muitos sujeitam-se a trabalhar sem qualquer garantia
de proteção social.
Este tipo de imigração é económicamente saudável para qualquer país, mas sinceramente, vamos olhar
a fundo para esta questão e tentar perceber que quando nos orgulhamos na construção de kilometros de
autoestradas, grandes pontes, tuneis e ferrovias para TGV, meditem e concluam se na verdade não
estará ali um pouco daquilo que foi a construção das pirâmides no Egipto.
A imigração existe porque na maioria dos casos as pessoas procuram sobreviver fora do país para o
qual contam regressar um dia. Temos notado que cada vez mais são aqueles que não conseguem
atingir os objetivos que tinham em mente, acabando por ficar numa situação pior do que aquela quando
chegaram. O resultado é muitos terem de recorrer a um qualquer fundo de ajuda humanitária, outros
conseguem consolidar uma união matrimonial como alternativa ao repatriamento, ainda outros acabam
da pior maneira por desesperadamente entrarem em redes de crime ou prostituição.

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Projeto: RVCC
01-10-2010

Refexos sobre a imigração 2

Como está fácil de ver, mesmo contra as suas expectativas, criar raízes usando o matrimónio, parece
ser o mal menor, daí que o multiculturalismo esteja a crescer em muitos países. Pessoalmente acho isso
bonito, mas infelizmente nem todos pensam assim e com alguma razão até já lhe chamam de, o
fenómeno de aculturação.
Se entendermos que Cultura, é um conjunto de coisas que engloba língua, tradições, costumes, valores
ou mentalidades, então os portugueses encontram-se hoje mais do que nunca, mergulhados num
processo de aculturação.
A perda de identidade começa a ser mais do que evidente, quando a nossa atitude xenófila,
característica do povo português, nos leva a adotar e a adaptar com facilidade o estrangeirismo e
brasileirismo (estes últimos ao aceitarem a sua língua oficial como sendo o português, não deveriam
reclamar qualquer espécie de acordo ortográfico), mas não ficamos só por aqui.
A música, a dança, as modas, a comida, os valores morais, as superstições, a religião e as telenovelas,
também têm sido sobrevalorizados e adotados com sucesso.
Em conclusão: não me parece que o povo se intrigue muito com isso, pelo contrário, parece sentir-se feliz
com esta maneira de ser e ainda bem, pois continuamos a ser aquele país num cantinho à beira mar
plantado onde todos querem viver.
Esperemos entretanto, que nos fiquemos apenas, por copiar e adotar estas características, pois outras
tais como: “Orgulho Nacionalista”, xenofobia, racismo e conceito de superioridade, isso não Obrigado.
No geral imigrar por um determinado período, acho que fazia bem a todas as pessoas.

A situação de desemprego obrigou, a que eu me concentrasse a 100% em algumas tarefas que


habitualmente eram divididas com a minha esposa e esta foi uma imposição minha, é claro que a
Isabel respeitou esta decisão, afinal de contas eu ainda sou o “chefe de casa”. Agora fora de
brincadeira, com a disponibilidade de tempo pude-me dedicar a algumas tarefas domésticas, e
digo isto com orgulho, pois gosto de as fazer. Uma dessas tarefas que eu gosto é a de preparar
refeições. Nas primeiras semanas notei que tinha perdido alguma prática (lembrem-se que vivi
sozinho entre um casamento e o outro e nunca fui de recorrer á casa dos pais para receber
determinados cuidados), mas depois lá consegui acertar nos temperos. Pelo meio fui
compreendendo a ginástica mental que muitas pessoas precisam de fazer para preparar refeições
diariamente. Eu penso que não perceberam esta minha última afirmação, o que eu quis dizer é
que fazer uma refeição para mim, é uma coisa, mas fazer para o nosso cônjuge é outra. Estão de
acordo comigo, nós sempre queremos dar o melhor para aquele que é o “melhor” para nós. Vai
daí, a tal “ginástica mental”.

Projeto: Ganhe a poupar com Saúde e Bem-Estar

Aqui há dias estava a descascar uma manga, e comecei a refletir numa coisa que me fez espécie:
Kg/Manga PB./Manga PL./Manga Casca e Caroço=Desperdício
3,50 € 0,371 0,237 0,134 = 36%

Isto significa que:


Custos Custo/PB./Manga Custo/PL./Manga Custo/Desperdício
1,30 € 0,83 € 0,47 €

Fiquei atónito quando obtive este cálculo e como devem ter reparado, mais de 1/3 do custo da
manga ia direitinho para o lixo. Não me conformei e pensei que poderia minimizar o desperdício
se aproveitasse pelo menos a casca, que conforme tabela abaixo representam 0,27 €, e assim fiz.

Desperdício Caroço Casca Consumo/Médio Poupança


Peso 0,056 0,078 Cascas/Mês=15 Mês = 4 €
Custo 0,20 € 0,27 € Cascas/Ano=180 Ano = 48 €

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Projeto: RVCC
01-10-2010

Peguei numa máquina que nunca tinha utilizado, a liquidificadora.

Fiquei a saber que esta máquina tem a particularidade de reduzir em pequenas partículas alguns
tipos de alimento desde que estes tenham algum líquido natural ou então, desde que misturados
com água.
Passo a demonstrar, conforme
apresentado na gravura ao
lado.
O resultado foi excelente.
Depois de adicionar a
quantidade certa de açúcar
obtive um sumo de manga
muito agradável, um pormenor
a não esquecer é a de coar o
sumo ao retirar do liquidificador.
Poderão argumentar que o
tempo a despender para esta
tarefa não justifica o valor em
causa, mas lembre-se, esta é
uma tarefa a englobar durante a
preparação da refeição e depois
existe também um fator muito
importante a levar em conta que
é a isenção de antioxidantes.
Dois tipos de antioxidantes vulgarmente usados em bebidas embaladas são o E300 - Ácido
Ascórbico e o E330 – Ácido Cítrico.

Bom, se notarem na caixa de informação, ao lado


Informação: Site ASAE apresentam-se dois antioxidantes dos mais
E 300 — Ácido ascórbico; é um antioxidante
com o propósito de evitar o escurecimento de usados em bebidas refrescantes. Embora o seu
frutos e sumos, este ácido desenvolve-se uso esteja autorizado pela EU, não deixam de
naturalmente em muitos frutos e vegetais estar isentos de alguns malefícios a médio/longo
frescos, mas pode ser também produzido
prazo.
comercialmente por síntese biológica ou
química. Por isso mesmo, penso que a minha apresentação
É bem tolerado, não apresentando efeitos sobre como poupar ao consumir uma “Manga”,
adversos em doses usuais, mas em doses pode ser de todo aproveitada uma vez que que é
altas pode provocar diarreia e erosão
um facto que os ganhos superam as expectativas.
dentária; por exemplo em doses superiores
até 10 g por dia pode levar à formação de Na tabela a seguir, apresento os custos totais de
pedras renais em pessoas susceptíveis. artigos usados e não usados, neste processo de
E 330 — Ácido cítrico; é um constituinte “Ganhe a Poupar com saúde e Bem-Estar”
natural de muitos frutos (nomeadamente de
limões e outros citrinos).
Pode ser também produzido comercialmente Ganhe a Poupar com saúde e Bem-Estar
pela fermentação de melaços.
Uma das suas utilizações é a de intensificar, Artigos Qtd./Ano Custo - Custo +
a capacidade de outros aditivos, a se Manga/Casca 180 unid. 48,00 0,00
tornarem antioxidantes, evitando a
descoloração de frutos e o desenvolvimento Água/Lt 180 Lt. 11,00
de sabores estranhos e contribuindo para a Acucar/Kg. 14 Kg. 13,00
retenção da vitamina C.
Sumo/€ 180 Lt. 180,00
Quando tomado em grandes quantidades
pode ter um efeito irritante local e levar à Totais 228,00 24,00
erosão dos dentes. Total Poupado/ Ano 204,00

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01-10-2010
A PEGADA ECOLÓGICA

Entretanto, este processo “Ganhe a Poupar com saúde e Bem-Estar”, levou-me a inserir um outro
processo não menos importante do que este, o processo “Poupar, Ganhar e do Planeta Cuidar”,
por outras palavras, contribuir para a definição da minha “pegada ecológica”.
Notaram com certeza que com esta
Poupar, Ganhar e do Planeta Cuidar
história de reciclar a casca de manga
significa nada mais, nada menos, que Resíduos peso/Unit Qtd/ano Total
evitar de enviar para o lixo cerca de Cartão\emb.Sumo 0,030 180 5,400
14 kg de resíduo sólido, mas Plástico\Emb. Sumo 0,003 180 0,540
podemos ainda juntar a este dado os Saca\Transp.\Emb. 0,010 60 0,600
seguintes elementos apresentados na Casca\Manga 0,078 180 14,04
tabela ao lado. Total 20,580
Mas quando se fala em “pegada
ecológica” é algo sempre muito complexo, discutível e até mesmo arreliante e digo isto porquê?
Porque sempre atiram para cima das pessoas comuns o peso da responsabilidade de que são
elas os principais responsáveis pelo excesso da emissão de gases. Já sei que cada um
individualmente, pode sempre contribuir para a redução deste mais do que previsto problema.

Mas que dizer por exemplo de se criar meios eficazes principalmente de prevenção e
combate aos incêndios. Provavelmente o investimento por parte de governos só nesta área iria
minimizar alguns problemas, tal como evitar que ardessem 106 mil hectares de floresta a 2500
euros o Hectare só em 2010 (1% do território nacional) juntamente com 358 milhões de euros de
despesas ao combate, ficando por contabilizar as despesas de bens e a morte de pessoas.

Ver noticia em, (http://www.dn.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=1650669).

E que dizer do consumo de água para se combater os incêndios?

E que dizer da Biodiversidade que morre e se perde nestes incêndios?

E que dizer da emissão de gases, na sua maioria CO2, que são lançados para a atmosfera?

Os incêndios são o que nós observamos diretamente, porque senão poderíamos falar no
desflorestamento ilegal e descontrolado das florestas (não é preciso ir à Amazónia), nos acidentes
com o derrame de petróleo, nas múltiplas guerras espalhadas pelo globo e ainda nos “inofensivos”
testes nucleares… desculpem lá “qualquer coisinha”, o povo aprecia ser orientado por um bom
governante, como as ovelhas apreciam os cuidados de um bom pastor, mas atenção não somos
BURROS (não querendo depreciar este animal, que por sinal é bem inteligente).

Mediante tudo o que nós observamos digam lá, será que não temos o direito em apreciar um bom
banho de água quente no inverno como forma relaxante durante 30 minutos? Ou um banho
refrescante depois de um dia de intenso calor causado pelos constantes incêndios no Verão?

Mas a preocupação mencionada no site do governo quanto a esta matéria é a de que a área
ardida em 2010 é menor que a média da década! Pode ver site em:
(http://pgov.ceger.gov.pt/pt/GC18/Governo/Ministerios/MADRP/Notas/Pages/20101004_MADRP_Com_Fogos_Florestais.aspx).

Meus amigos andamos a brincar “às casinhas” ou quê? “Cresçam” e tratem dos assuntos com
seriedade.
Ainda assim e na sequência deste trabalho que estou a realizar, resolvi sujeitar-me ao teste
“acuse a sua consciência” com a sua “Pegada Ecológica” e para este efeito escolhi o Site “Desafio
Verde” para preencher o respectivo questionário com posterior análise pelo mesmo, ora aí vai:

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Projeto: RVCC
01-10-2010
O que é a Pegada Ecológica?
O uso excessivo de recursos naturais junto a um consumismo exagerado e aliado a uma
grande produção de resíduos, deixam uma marca de degradação ambiental no nosso planeta
O questionário seguinte dá assim uma estimativa do impacto que o nosso estilo de vida tem
sobre o Planeta, permitindo avaliar até que ponto a nossa forma de viver está de acordo com
a sua capacidade.
No fundo a Pegada Ecológica, visa sensibilizar e criar disposição a todos para que façam
correções nos hábitos que se identifiquem como sendo exagerados.

Calcula a tua pegada ecológica!


1. Alojamento
Quantas pessoas moram em tua casa? Aonde foste nas últimas férias?
a) 1 30 a) a lado nenhum 0 0
b) 2 25 25 b) Em Portugal 10 10
c) 3 20 c) fui a Europa 20
d) 4 10 Quantos Km fazes de carro ao fim semana
Qual o sistema de aquecimento da casa? a) 0 0 0
a) gás natural 30 30 b) 1 a 3 10 10 10
b) electricidade 40 c) 4 a 6 20 20
Quantas torneiras há em tua casa? d) 7 a 9 30 30
a) 3 5 e) mais de 9 40
b) 3 a 5 10 10 4. Consumo
c) 6 a 8 15 Quantas compras significativas fizeste
Em que tipo de casa vives? a) 0 0 0
a) apartamento 20 20 b) 1 a 3 15
b) moradia 40 c) 4 a 6 30
2. Alimentação d) + de 6 45
Quantas refeições de carne ou de peixe por semana? Costumas comprar produtos de baixo consumo?
b) 1 a 3 10 10 a) sim 0 0
c) 4 a 6 20 b) não 25
Quantas refeições em casa é que comes por semana? 5. Resíduos
a) menos de 10 25 25 Procuras reduzir a produção de resíduos?
b) 10 a 14 20 a) sempre 0 0
c) 15 a 18 15 b) às vezes 10
Procuras comprar alimentos produzidos localmente? c) raramente 20
a) sim 25 25 d) nunca 30
b) não 125 Praticas compostagem dos resíduos orgânicos?
c) às vezes 50 a) sempre 0
d) raramente 100 b) às vezes 10
3. Transportes c) nunca 20 20
Que tipo de automóvel tens Costumas triar o lixo e colocá-lo no ecoponto?
a) motociclo 35 a) sempre 0
b) baixa cilind 60 60 b) às vezes 10
d) carrinha 100 c) raramente 20
e) todo-o-terreno 130 d) nunca 25 25
Como vais para o emprego? Quantos sacos de lixo é que produzes por semana?
a) carro 60 60 a) 1 10
b) à boleia 30 b) 2 20 20
c) transp públicos 15 c) 3 ou mais 30
d) bicicleta ou a pé 0 TOTAL - 360
Quantos Km carro para chegar ao emprego Calculo:
a) menos de 10 10 10 150 a 400 Pontos = 4 a 6 (hectares globais terra)
b) entre 10 e 30 20 Média em Portugal= 5,1 ha
Minha pontuação:
Entre 150 e 400 360 (valor 4
entre ideal,
e 6 275)
ha
c) entre 30 e 50 30
Necessito de 5,6 ha, valor acima da média
d) entre 50 e 100 60 Média estabelecida para Portugal 5,1

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01-10-2010

Analisando a minha pegada ecológica

Os números não enganam e embora não esteja enquadrado numa discrepância enorme ainda
assim o questionário mostra-me que necessito de trabalhar um pouco mais nesta área. De um
ponto de vista cómodo, não estou a ver onde possa melhorar, mas com algum sacrifício e
trabalho, talvez possa encontrar uma alternativa quanto à utilização do carro e ao tratamento que
dou ao lixo, porque na verdade em casa já usamos algumas formas de colaborar nesta área.

Por exemplo sempre que efetuamos compras do género alimentar sempre usamos uma grande
sacola ao invés de utilizar vários sacos de plástico, também em todos os produtos que posso
adquiro embalagens de maior quantidade (5 Lt.) em vez de
embalagens pequenas (1 Lt.), embora não haja recolha seletiva de lixo
na minha localidade, sempre o depositamos em embalagens
separadas e fechadas uma vez que temos um recipiente apropriado
(semelhante ao da imagem) onde podemos juntar metal no recipiente
Verde, vidro no recipiente Amarelo e outros resíduos no recipiente
Preto, pelo menos já não vai tudo misturado.

Quando fiz uma apresentação da minha casa, mencionei que os


terraços da mesma estavam ladeados por canteiros de plantas,
verifiquei que na época de verão a terra
e as plantas secavam com facilidade
mesmo depois de regadas regularmente com o sistema de rega
automático que eu próprio apliquei, foi então que constatei que os
canteiros não retinham a água o tempo necessário, escapando
quase de imediato pelo tubo de drenagem. Poderia resolver este
problema se aumentasse ao número de ciclos de rega, mas não
fazia muito sentido, não só pelo consumo de água como também pelo custo que daí advinha.

Acabei por solucionar este problema por tamponar durante o período de verão, os tubos de
drenagem, resultando num grande aproveitamento de água e com a vantagem de manter
constantemente a terra
húmida.

As plantas agradeceram,
eu também e o ambiente
em geral, pelo não
desperdício de um
recurso.

O contador de energia eléctrica Bi-Horário, também nos


motivou a executar algumas tarefas domésticas num horário
mais económico, e não é tão pouco quanto isso. A tarifa Bi-
Horário fica cerca de 46% menos que a tarifa normal.

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01-10-2010
Depois de ter verificado o contador anotei que em 6 anos de contrato com a EDP contabilizamos
um total consumido de 16873 Kwh, sendo que destes, 6853 Kwh foram contabilizados em período
Bi-Horário. Este valor significou uma poupança energética no meu bolso de 439 euros. Nada mau.
A seguir apresento aqui uma simulação do meu consumo de energia elétrica, assim como cálculo
de emissão CO2 e respetivas recomendações do meu fornecedor de energia, a EDP.
Podemos notar nesta
simulação que o valor
mencionado, poupado no
mesmo período de 6 anos
de contrato com a EDP,
seria de 383 euros, na
realidade acabei por poupar
mais.

Conforme se pode verificar


nesta factura bimensal da
EDP, notamos que cerca de
30% do consumo total, foi
realizado em hora de vazio.
Devemos levar conta que
sempre existe uma flutuação
de uns meses para outros.
Mas é claro que existe
sempre algo mais que
poderia fazer para reduzir,
não só quanto à emissão de
CO2 como também ao
espaço de Terra necessário
para a satisfação dos meus
recursos básicos. A seguir
apresento mais algumas
sugestões:

Como reduzir a minha Pegada Ecológica?


Não deixe os aparelhos ligados, por exemplo, televisão e computador, sem estarem a ser utilizados;
Escolha produtos ecológicos ou com etiqueta ou rótulo ecológicos.
Se não tiver uma sacola grande, para o transporte das compras opte por reutilizar os sacos;
Consuma produtos frescos em detrimento dos congelados ou enlatados e aumente a proporção de
vegetais em relação aos produtos derivados de carne consumidos a cada refeição.
Deixe o veículo automóvel em casa, utilize mais a bicicleta e os transportes públicos.
Utilize papel 100% reciclado e livre de cloro. Coloque todos os resíduos de papel no ecoponto azul;
Repare os equipamentos avariados antes de comprar um novo.
Evite comprar produtos de usar e deitar fora, tais como papel de cozinha, guardanapos, toalhas de
papel, talheres e copos de plástico e guarde os alimentos fatiados em caixas em vez de utilizar papel
de alumínio ou película de plástico;
Muito importante, utilize os contentores de recolha seletiva, evitando colocar no lixo produtos
potencialmente tóxicos, como por exemplo pilhas.
Muito mais ideias haveriam ainda para anexar a esta lista, mas penso que ao dar estes passos, já
estaremos a realizar um bom trabalho. Parabéns.

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Projeto: RVCC
01-10-2010
Referente ao quadro: “Como reduzir à minha pegada ecológica”, achei curioso a primeira
sugestão apresentada, a que está sombreada, pois tinha já como objectivo desenvolver este
assunto.
Fala-se muito sobre a questão de alguns aparelhos domésticos não se desligarem por completo,
ficando na situação de “stand-by”, ao princípio não entendia como um pequeno led luminoso
poderia ter tanto significado a nível de consumo.

Tomei a iniciativa e resolvi confirmar com os meus


O disjuntor diferencial, é um dispositivo de
próprios olhos. proteção utilizado em instalações eléctricas.
Peguei no meu aparelho de medida, um multímetro Permite desligar um circuito sempre que seja
da Fluke série 1587 e fiz o teste: confirmei que detectada uma corrente de fuga superior ao
dentro de casa apenas os aparelhos habituais se valor nominal. Normalmente mencionado na
encontrassem em modo stand-by. Rádio caixa do disjuntor em mA (miliamperes. Este
despertador; televisões; box tv cabo; relógio do aparelho executa o corte de corrente em
fogão; aparelhagem de som; caldeira; carregador casos de curto-circuito ou sempre que haja
de computador e telemóvel e penso que está tudo. uma sobre carga no consumo de energia,
para o qual a instalação foi projetada.
Abri a porta de acesso ao quadro elétrico, retirei a
Cuidado este aparelho não deve ser
tampa do disjuntor diferencial que fica separada dos
redimensionado, sem que um eletrotécnico
disjuntores de proteção individual (esta tampa só dê o seu parecer.
deve ser aberta por pessoas competentes).
A seguir, se estivermos perante uma instalação
elétrica monofásica, devemos selecionar a fase
de alimentação (fio castanho ou preto) e aplicar
o aparelho de medida conforme passo a
apresentar em imagens:

Fiquei perplexo
com o consumo,
notem o resultado na
tabela abaixo. Para se chegar a este cálculo é necessàrio fazer a
conversão do valor obtido no multimetro, Amp. em Kw, com a
Formula (P(kW) = I(A) × V(V) / 1000).

Aparelhos em Stand by - O seu custo


P= KwH 0,055 O custo da E (energia), é obtido com a média do preço
T= Horas/mês 720 entre os dois siclos de um contador bi-Horario.
Conclusão: 4,51€mês*12 = 54,12€/ano. É muito dinheiro.
E=Custo/€ 0,114 Inclui:Potência e Taxas
Desliguem os aparelhos que puderem, que eu vou fazer
4,51 Custo por Mês o mesmo.

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01-10-2010
O Atraente Consumismo

Se entendermos que consumismo é o hábito de consumir em excesso, então com certeza que a
grande maioria de nós somos pecadores nesse sentido.

Estarei a exagerar? Talvez não! Como qualquer outro pecado, o consumismo é uma tentação e
quem facilmente cair nesta teia dificilmente dela se liberta, como um vício cíclico de estação em
estação ou de novidade em novidade.

O consumismo é um negócio muito bem gerido, por mentes brilhantes. Os “média” são talvez a
ferramenta mais utilizada para incutir nos olhos dos mais vulneráveis, esta necessidade de se
auto estimular, com o usufruto de serviços ou bens pessoais, muito das vezes excedentários.

É claro que quando não existe o equilíbrio existem as repercussões disso mesmo e uma dessas
repercussões é o aumento do preço de um produto devido à globalidade dos seus custos, com
publicidade incluída como é óbvio.

Por exemplo, algo que induz ao consumo desnecessário é sem dúvida a maneira extrapolada de
se publicitar um produto, por exemplo: “Red Bull, dá-te asas…” - eu já bebi e fiquei a sentir o
mesmo.

Ou então, o homem mais feliz do mundo ao usar “Fairy” para lavar a loiça! (agora raramente se usa
uma mulher nesta situação e não sei porquê). Mas será que algum homem fica feliz por lavar a loiça?

Mas caso seja a mulher, a usar o dito “Fairy” no spot publicitário, nesse caso já é só para
comprovar que o mesmo além de lavar a loiça serve para proteger as unhas, evitando que elas se
partam (Será que as unhas absorvem o cálcio que não existe num detergente?).

Também tenho reparado que aqueles que mais esticam esta


gestão publicitaria, são os que estão ligados à indústria dos
detergentes. Digo isto porquê? Porque das duas uma, ou a
roupa realmente nunca fica branca ou então eles descobrem
que afinal existe um branco ainda mais branco do que o
anterior.
Se recuarmos no tempo iremos encontrar por exemplo,
publicidade dos anos 60, como esta na foto ao lado, que diz
“Omo lava mais Branco”. E hoje? É “Omo mais, mais, mais branco”?

Sustentabilidade
Não seria justo senão mencionasse esta area no que respeita à sustentabilidade do planeta, como preocupação por
parte destes produtores, no fundo de produtos quimicos, como o são os detergentes.
Esta preocupaçao tem levado a constantes desenvolvimentos no que toca a produtos menos ofensivos para o
planeta.
É o caso do novo OMO Poder Líquido Super Concentrado. Dizem os especialistas que ao usarmos este
produto,estaremos a colaborar com a diminuição de 130.000 toneladas da emissão de gás carbônico por ano, o
equivalente a 37.000 carros a menos nas ruas, se estes numeros forem reais e eu não coloco isso em causa, então
é caso para refletir, sobre o produto que compramos.
Gostei do lema que esta marca usa como estimulo de ação para cada um de nòs:
Pequenas Ações X Milhões de Pessoas = Grandes Mudanças
Atualmente praticamente todas as embalagens plasticas são mais pequenas (devido aos produtos concentrados) e
reciclaveis.
Também apreciei a iniciativa desta marca de detergente, em promover ações de formação, sobre como simplificar
alguns aspetos na lavagem da roupa, ou então como reutilizar algumas embalagens de detergente, conforme se
pode ver neste site: http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=4Pdl29yQwUM.

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Projeto: RVCC
01-10-2010

Do meu ponto de vista, penso que o órgão que continua a ser mais eficiente neste campo, é sem
dúvida a Televisão, embora a Internet comece a ter, cada vez mais, aceitação por parte deste
negócio, devido ao número cada vez maior, de pessoas a grudarem os olhos no monitor do
computador.

Mas falando na Televisão, verificamos muitas vezes, personagens de vários quadrantes sociais a
usar artigos que no entender deles merecem toda a nossa credibilidade. Será que eles mesmo
dão crédito? Será que o George Clooney, usa mesmo as cápsulas da Nespresso, lá em sua casa?
Bom, eu por acaso uso outra marca, pois não quero correr o risco de as ter que largar para o
sempre inconveniente John Malkovich e aliás, até gosto mais das que uso.

Se notaram, ao mencionar o nome destes intervenientes e o tipo de intervenção, eu próprio já


estou a confirmar que a publicidade entrou e ficou dentro do meu cérebro, senão não os tinha
decorado. No entanto parece que esse spot esteja mais inclinado para um público-alvo. O
feminino e não vale a pena perguntar, porquê?

A juntar, a estes custos de publicidade milionários, estão também os custos com publicidade em
revistas, folhetos e prospetos, a rádio cada vez menos e pontualmente o uso das avionetas em
fins de semana durante o Verão.

É um facto que a publicidade ao consumo consegue gerar uma fonte de negócio enorme e
simultaneamente movimentar muitas pessoas, mas também é um facto que a grande parte da
publicidade, principalmente a que é distribuída em papel, se torna obsoleta sem que nunca seja
usada, visto que a maioria das pessoas, já saturada da mesma, a rejeite e a direcione para o lixo
sem que a tenha usado.

Um outro truque muito perspicaz é o facto de cada vez mais se usar a sensualidade feminina
como isco para captar a atenção, tanto de homens como de mulheres, juntando quase sempre,
uma estimulante música que por momentos nos faz sonhar com aquilo, que na realidade ao olhar
bem para o espelho, nós não o somos.

Relativamente à publicidade nas embalagens dos próprios produtos a consumir, Considero que
essa seja a mais legítima da publicidade a ser apresentada, visto que adicionalmente nos informa
sobre as características do produto e as suas vantagens para o consumidor.

No fundo a publicidade é um mal menor comparado aos muitos benefícios.

Se o consumidor usar de autodomínio, fôr sensato e razoável, então provavelmente não se


deixará ludibriar pelas imensas “ofertas” que nos são colocadas à frente dos olhos. Em contra
partida tirará proveito da melhor oferta, daquilo que realmente necessita para o seu dia-a-dia,
dispensando a vaidade.

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Projeto: RVCC
01-10-2010

Condomínio

Em vez do tradicional orçamento familiar, optei pelo problemático orçamento de condomínio.

Se bem se lembram, debaixo do capítulo “O Dia Amanhece”, eu e a Isabel fomos os primeiros


proprietários a adquirir um imóvel no empreendimento por mim citado e o qual assim continuou
ainda durante alguns meses, até que surgisse um novo proprietário.

Depois que se efetuou a venda da terceira de seis frações, do empreendimento, o construtor por
direito, sugeriu que formalizássemos uma administração de condomínio ou que então ele poderia
sugerir uma administração externa, uma vez que até aí este encargo se encontrava á sua
responsabilidade.

Depois de me reunir com os meus recentes vizinhos (para o facto importa mencionar que ambos do sexo
feminino, que por destino traçado por elas, viviam sós), chegou-se á conclusão que financeiramente seria
melhor não contratar uma empresa para efectuar esta gestão, que o numero reduzido de
habitações tornava a gestão por si só facilitada. Até aí tudo bem, compreendia-se. Só que na hora
da escolha do dito administrador, as coisas já não eram assim tão fáceis. Qual foi o argumento
usado? Bem que eu era homem (aqui demonstraram boa capacidade de observação, não há duvida) e elas
eram mulheres (novamente boa capacidade de observação) e que este tipo de assunto encaixava melhor
num homem!

Foram unânimes em me eleger, o que demonstraram também boa capacidade de decisão, mas, é
por estas e outras que existe o controverso problema dos direitos de igualdade, em que a mulher
coloca num lado o inconveniente e do outro o conveniente e a balança sempre pende o
conveniente para o lado delas.

Mas pronto avancemos, também não é por isto que vou fazer uma “novela”.

Comecei por fazer um orçamento de custos, que englobava, limpeza semanal, eletricidade, água,
jardim semestral e outras manutenções anuais.
Orçamento de Custos do Condominio
Depois de obter o valor anual de custos na Serviço Mensal Semestral Anual Total
importância de 1150,00€, estabelecemos que o
Smas 5,00 60,00
valor a ser apurado seria de 1200,00€.
Edp 25,00 300,00

A partir daqui só precisamos obter a Limpeza 52,50 630,00


permilagem correspondente à área de cada Jardim 30,00 60,00

fração, que se encontra na caderneta predial na Outros 100,00 100,00

secção “elementos da fração” 1.150,00

Com estes valores calculamos então a quota


Permilagem mensal atribuída a cada condómino.
por José Moreira Aplica-se a seguinte fórmula:
Condómino
Paula Capão Despesa anual/ 12 meses= 1mês
12% Isabel Azevedo 1mês*permilagem=Quota
23%
13%
António Prisca (1200/12=100*permilagem=Quota)
23% 14%
15% Sónia Amorim
Ficamos satisfeitos com o valor obtido, pois
Isabel Guedes consideramos estar abaixo dos praticados pelas
redondezas.

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Projeto: RVCC
01-10-2010

O projeto RVCC

O projeto RVCC surge na sequência do capítulo “Desemprego outra vez”. As regras ditam que
toda e qualquer pessoa inscrita no instituto de emprego, deverá aceitar as várias sugestões que
nos são apresentadas com vista à futura inserção no mercado de trabalho, para isso foram
criados gabinetes de inserção profissional (GIP) próximos da nossa área de residência,

Uma das sugestões apresentadas com vista á valorização pessoal de cada individuo, prende-se
com o reconhecimento das suas competências, para este efeito, o GIP faz o encaminhamento da
pessoa para a respectiva oferta de qualificação.

Para este âmbito criaram-se os CNO, centro novas oportunidades, onde podem ser encontradas
diversas formas para se obter uma qualificação.

A Iniciativa Novas Oportunidades é patrocinada pelo Ministério da Educação, e pelo Ministério


do Trabalho e da Solidariedade Social e foi apresentada publicamente no dia 14 de Dezembro de
2005, tem como objectivo alargar o referencial mínimo de formação até ao 12º ano de
escolaridade para jovens e adultos.

CEFPI-Centro de Educação e Formação Profissional Integrada.

É uma das entidades creditadas para este efeito.

O seu serviço de encaminhamento, oferece informação relativo a ofertas de educação ou


formação ajustadas às necessidades do candidato.

Como surgiu no meu caminho o CEFPI?

Bom, um dia quando estava prestes a terminar a formação modular de 100h em espanhol,
(formações também obtidas por alguns centros CNO), comentava com uma colega, que gostaria de fazer a
mesma formação em Inglês, mas que o centro em são Mamede infesta não dispunha de
momento. Ela falou-me que conhecia o CEFPI na Vilarinha, tinham-lhe dado boas informações da
sua organização, tinha um CNO, e provavelmente, além de cursos EFA teriam também formação
modular.

Passei por lá, e procurei informações sobre formação modular. A técnica de diagnóstico e
encaminhamento Madalena Carvalho informou-me que no momento, o CEFPI não tinha no seu
plano iniciar qualquer curso do género, no entanto habilmente sugeriu a inscrição no processo
RVCC, algo que eu já tinha conhecimento, mas que entendia ser um processo moroso e
improvável. (por isso, tal como mencionei na introdução, este foi um processo impensado por mim)

A Madalena sugeriu assistir a uma sessão de aconselhamento (uma espécie de acolhimento, posterior
diagnostico e final encaminhamento) e da forma como ela fez a apresentação, instantaneamente percebi
que o exigido, encaixava no meu perfil. Aceitei, preenchi a inscrição e aguardei pelo arranque de
uma nova turma.

Muitas vezes lamentei não ter concluído, aquele já longínquo no tempo, período escolar e agora
simplesmente a oportunidade estava aqui nas minhas mãos, melhor dizendo, nos meus dedos
prontos a teclar e a mostrar “ao Mundo” o que nosso maravilhoso cérebro consegue armazenar.

(A revista Globo Ciência cita a neurologista Márcia Chaves como tendo dito que há uma compensação: “Ao redor dos 50 anos, a
pessoa passa a acionar as áreas associativas do córtex que não eram muito utilizadas.” Ela acrescenta: “A capacidade de
interpretação e de análise crítica se torna, por isso, muito melhor. Assim se explica, por exemplo, a alta qualidade das obras dos
escritores e poetas que ultrapassaram essa idade.”) Eu próprio notei isso em mim.
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Projeto: RVCC
01-10-2010
RVCC – Começa o Jogo!

Dia, 4 de Novembro de 2010.

Primeiro contacto com a nossa profissional de RVC – Inês Oliveira

Informou que este era o Grupo 25 de RVCC do CEFPI.

Apresentação do cronograma, onde estavam mencionados além da data como é óbvio, os


objetivos das sessões, como também o nome do formador a intervir.

Nesta sessão pareceu-me que houve uma certa confusão generalizada, sobre o que realmente se
esperava por parte dos formandos, quanto à construção do processo, melhor dizendo o PRA-
Portefólio Reflexivo de Aprendizagem.

Esta confusão aconteceu porque na verdade, quase todos traziam uma ideia diferente, sobre
como o processo se desenrolaria, mas aos poucos todos foram entendendo, acho eu?

A base deste PRA seria então a partir de uma narrativa autobiográfica, onde a autonomia na
escrita é um fator fundamental para este portefólio ser validado. A partir daqui é tudo uma questão
de cronologicamente ter as ideias organizadas, mostrar responsabilidade por saber analisá-las e
uma postura ativa ao refletir sobre os assuntos, uma vez que a reflexão nos conduz à ação.

No fundo estaria aqui a revelar um pouco do que foi o meu passado, o que não deixa de ser
intrigante, pois tratava-se de fazer uma exposição da minha pessoa. Poderia não o fazer e
contornar-me a mim próprio, mas como todos sabemos é mais fácil contar do que reinventar a
verdade.

Outro aspeto que me cativou no RVCC, foi poder fazer história com a minha própria história de
vida.

Foi ter a oportunidade de gritar alguns desabafos, que por anos estavam contidos pela censura da
derrota.

A tendência do ser humano é sempre querer destacar as vitórias, mas esquecemo-nos que a base
delas é a experiência obtida pelas derrotas passadas.

Pouco depois de ter enviado uma primeira versão do PRA, começamos com a exploração do RCC
nas respetivas áreas de competência chave.

Cidadania e Profissionalidade com o Formador José Alberto.

Sociedade Tecnologia e Ciência com a Formadora Patrícia Lemos.

Cultura Língua e Comunicação com a Formadora Susana Morais.

Todas estas áreas estão divididas por diversos Núcleos Geradores, onde se espera que cada um,
demonstre competências nos 4 domínios referenciais (Privado,Profissional,Institucional,Macroestrutural).

Nestes 4 domínios de referência são fornecidos critérios de evidência, com o objetivo de orientar
os formandos sobre a visibilidade dos mesmos na nossa vida. Estes critérios são uma sugestão
de trabalho e não uma obrigação.

Os dados estavam lançados. Agora havia que começar a contar os pontos e ir avançando no
tabuleiro deste jogo.

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Projeto: RVCC
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RVCC – O Jogo Avança

O cronograma ditava duas sessões de orientação com os formadores das respetivas


competências chave.

As sessões foram realizadas em grupo, numa média de seis elementos.

Nessas sessões já com a primeira versão do PRA em mãos, o formador poderia avançar com as
primeiras sugestões, para a construção do mesmo. Algumas das sugestões foram feitas
antecipadamente via email, o que tornou o trabalho da sessão mais produtiva, porque se algumas
dúvidas houvesse poderiam ser ali dissipadas.

Entendi que seria necessário naquelas duas horas, o formador prestar um pouco mais de atenção
aos que estariam com mais dificuldades em avançar. Nunca me senti negligenciado e sempre
recorri a todos para pequenos esclarecimentos.

Todos demonstraram uma personalidade diferente, é Podemos notar algumas características


natural, a personalidade é como a nossa impressão digital, da personalidade da pessoa pelo seu
junto com o caráter define a pessoa que somos por dentro exterior, por exemplo, a forma de vestir e
e um pouco por fora. calçar, os pequenos acessórios de uso
pessoal tal como esferográficas, óculos,
Susana Morais – Formadora de CLC. Personalidade por porta-chaves, revistas e outros. Também
a maneira de cumprimentar, como olha
mim indefinida. Pequenos detalhes a demonstrar status em
os outros, o tom da voz, a expressão do
todos os níveis. O seu rosto revela ser o que é, mas os rosto e a postura do corpo podem dizer
seus olhos escondem a razão de alguma frieza e distância. muito sobre a pessoa.
Apreciei bastante as pequenas correções gramaticais que
É tudo uma questão de estar atento,
me fez, fruto da sua paixão pelo ensino. pessoalmente aprecio fazer este tipo de
leitura e nem imaginam como tenho
Patrícia Lemos - Formadora de STC. Personalidade ficado surpreendido com as conclusões.
determinada. Quando se envolve, gosta de ser conclusiva.
No entanto o seu rosto de menina transmite ainda alguma Por vezes as pessoas enganam, pois
não trazem vestido a sua própria pele e
insegurança e timidez, por isso usa de cautela nas
simultaneamente usam uma máscara.
respostas. Encara os assuntos com seriedade e por aí se Não mostram o que são ou não gostam
nota que tem margem para crescer, o seu contacto com do que são, talvez precisem de ajuda!
pessoas ricas em experiência, podem contribuir nesse
sentido.

José Alberto – Formador de CP. Personalidade descontraída, mas responsável. Tem um estilo
pós 25 de abril e à primeira vista, encaixaria bem no grupo vencedor do festival da canção deste
ano de 2011, mas não é essa a ideia que tenho do José, bem pelo contrário, parece ser o tipo de
homem sonhador é verdade, mas que tem os pés bem assentes na Terra. Pelo diálogo, entre as
sugestões transmitidas aos formandos, nota-se o quão bem está apercebido da realidade dos
tempos que enfrentamos. Tenta transmitir a ideia, de que embora muito limitados, está nas nossas
mãos o poder realizar algo com vista a garantir o futuro da humanidade. Resumindo: “uma paz de
alma”.

Sem dúvida, se tivesse que formar uma equipe, gostaria de contar com eles. Tecnicamente
falando, vê-se que lidam com este processo como sendo Prós na matéria, o que demonstra
também muito trabalho de grupo e sempre com a disposição de corrigirem-se mutuamente,
beneficiando o formando. É justo por isso parabenizar a todos como equipe e um desejo sincero
para que cada um de vocês seja Feliz.

Sim eu sei que falta alguém aqui neste grupo. Aliás quando uma equipe joga bem, só mostra que
tem um bom treinador.

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Projeto: RVCC
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O Cérebro

E, a atenção que a nossa excelente orientadora deu desde o início, não me passou despercebido.

Não, isto não é um elogio só porque gostei da côr dos seus olhos, mas porque reconheci a
postura ativa e dinâmica dentro deste processo.

Parece ser uma pessoa de pequenos detalhes. Por exemplo: um pequeno “muito bem” ao ouvido,
sobre o trabalho realizado e aí está o detalhe, simples de dar e lá vai mais “um empurrãozinho
para a frente”.

Apreciei também a triagem que fez dos formandos por forma a concentrar a atenção nos mais
desesperados.

O seu discurso, foi sempre um discurso de “camarada”, de um “companheiro”, positivista, sempre


com uma solução na mão, pronta a ajudar os mais incrédulos.

De todos os intervenientes no processo, a Inês Oliveira foi a pessoa com quem mais vezes lidei,
por isso uma apreciação da minha parte um pouco mais consistente, mas sempre com algumas
reservas.

Ao mencionar a sua intervenção como “excelente” profissional, entendemos que é dentro dos
parâmetros que a função por si desempenhada exige.

No entanto, como qualquer um de nós humanos, sempre precisamos de continuar a polir o nosso
diamante.

Desculpe mas não podia deixar de o fazer. Aceite sem qualquer presunção da minha parte este
pedacinho de algodão.

Os meus parabéns Inês e que seja feliz também.

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O Organograma do RVCC Nível Secundário

CEFPI
Centro
Educação e Formação
Profissional Integrada

Técnica Madalena Carvalho


Diagnóstico e Encaminhamento RVCC - Básico e Secundário
Directora O processo RVCC
Drª Olga
Figueiredo A Profissional RVC - Inês Oliveira

Competência Competência Competência


Chave Chave Chave
CLC STC CP
Coordenadora Formador Formador Formador
Susana Morais Patrícia Lemos José Alberto
Drª Adelina
Freitas

A iniciativa Novas Oportunidades, lançada pelo Governo, pretende contribuir para a redução do
défice da educação e formação, em Portugal.

Neste âmbito, o CEFPI acolhe um Centro de Novas Oportunidades – CNO cuja intervenção se
centra nos princípios subjacentes ao RVCC, valorizando os percursos individuais e promovendo a
Igualdade de Oportunidades.

Para quem frequentou o ensino publico e sabe o quão reduzido era no meu tempo os
equipamentos e as condições á disposição, devo dizer que as salas de estudo do CEFPI, tirando
um pouco a desarrumação generalizada, estavam bem preparadas para o desenvolvimento deste
processo. Boa climatização, mesas e cadeiras confortáveis e equipamento informático q.b.

No geral o Centro é BOM

Gostaria de incluir uma conclusão a este processo, mas fá-lo-ei posteriormente, depois de o ter
apresentado ao Júri de Certificação

Obrigado e um Abraço
Joaquim Felgueiras.

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Outros documentos:

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Curriculum:

Dados Pessoais.
Nome: Joaquim Alberto Maia Felgueiras

Morada: Rua Heitor Campos Monteiro, 229, 2º Dtº.

4465-161 - São Mamede Infesta

BI. 3986424 de 26.05.2004 – Lisboa

Data Nascimento 04.08.1961

Estado Civil: Casado

Curso Geral Electricidade – Escola Industrial Infante D.Henrique.

Junto envio Certificado de trabalho, sendo que na empresa Reciplás – Indústria


injecção de Plástico desempenhava as funções de manutenção preventiva e curativa
de acordo com manual técnico de todos os equipamentos, alguns de funcionamento
mecânico hidráulico.

Manutenção inclusive das próprias instalações.

Recebia apoio técnico do Engenheiro Eletrotécnico Francisco Azevedo Tlm.


967750814

Contacto Pessoal: 937042300

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