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Como redigir e preparar um artigo

científico: é possível otimizar o processo


com o chatGPT?

luizsergiofc@gmail.com
https://www.linkedin.com/in/luiz-sergio-
carvalho/

Luiz Sergio F Carvalho MD, MSc, PhD


Professor Pesquisador, Universidade Católica de Brasília
Diretor Acadêmico da Clarity Healthcare Intelligence
Diretor Clínico do Instituto Aramari Apo

Orientador Sênior em Ciências Médicas da Universidade de Brasília (UnB-DF)


Docente Mestrado Acadêmico da Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS-DF)
Pesquisador Associado do Laboratório de Biologia Vascular e Aterosclerose, FCM-UNICAMP (SP)

Editorial Board Member da Atherosclerosis (Amsterdam)


Editorial Board Member da Frontiers in Endocrinology

Grant Produtividade em Pesquisa CNPq (PQ-2)


Pesquisa Científica

❑ “Processo formal e sistemático de desenvolvimento do método científico. O

objetivo fundamental da pesquisa é descobrir respostas para PROBLEMAS

mediante o emprego de procedimentos científicos”. (NBR 6022)

❑ Descobrir novos fatos ou dados, relações ou leis, em qualquer campo do

conhecimento
O que é um Artigo Científico? “É parte de uma publicação com
autoria declarada, que apresenta e discute ideias, métodos,
técnicas, processos e resultados nas diversas áreas do
conhecimento.” (NBR 6022)

REVISÃO DE LITERATURA

ESTUDO DE CASO

APLICAÇÃO DE UM
MODELO

ESTUDO COMPARADO

ESTUDO DOCUMENTAL
PARTE 1
PARTE 2
Elementos PARTE 3
pré-textuais Elementos
textuais Elementos
Pós-textuais

1. Título e subtítulo
(se houver)

2. Nome do autor 1. Introdução


(autores)
2. Desenvolvimento 1. Referências
3. Resumo na língua do
texto 3. Conclusão 2. Apêndice(s)
(opcional)
4. Palavras-chave na 3. Anexo(s) (opcional)
língua do texto
Não escreva o
PARTE 1 título
pensando no
Elementos especialista da
pré-textuais área

Um termo não Foque na


entendido no título Títul principal
pode ser motivo para
o leitor desistir do o conclusão de seu
artigo estudo

Use palavras
de fácil
entendiment
o
PARTE 1

Elementos
pré-textuais

Como ordenar os autores em um trabalho


científico?
Primeiro autor vai ser considerado o principal do artigo. Ele é
interpretado como quem deu a maior contribuição para o trabalho e
também quem escreveu a maior parte dele.

A partir do segundo, a importância deles tende a diminuir conforme


a posição na lista. Com exceção do último autor, ele pode assumir
uma importância maior do que os citados acima dele. Orientadores
geralmente são colocados por último.
PARTE 1

Elementos
pré-textuais

Última dica: preste


Como elaborar um resumo? atenção especial
às palavras-chave. Elas
• Apresente, mas não explique ajudam a categorizar a
• Corte palavras desnecessárias produção acadêmica, como
• Verifique as informações se fossem tags de um post
num blog
• Finalize com o começo

• Obs: Quem escreve desenvolve habilidades e


competências e quem lê também pode se apropriar
do saber. Escrever também está associado à leitura,
quem lê mais tem mais o que escrever, sabe mais e
se comunica melhor
Seção Conteúdo Perguntas-chave

Apresentação de informações De que trata o estudo? Por que a


Introdução sobre o tema, a justificativa investigação foi feita? O que se
para a investigação e o objetivo sabia sobre o assunto?

Descrição do tipo de estudo, do


cenário da pesquisa, da
Método Como o estudo foi realizado?
amostra, dos procedimentos e
dos aspectos éticos

Apresentação dos achados, O que foi encontrado? Quais são


Resultados acompanhados da respectiva os fatos revelados pela
análise estatística, se aplicável investigação?

O que significam os achados


Interpretação dos resultados, apresentados? O que este
Discussão
comparações e conclusão estudo acrescenta ao que já se
sabia sobre o assunto?
E o chatGPT?

Minha primeira e mais importante dica é esta:

NUNCA peça a um large language model (LLM)


informações que você não pode validar por si mesmo, ou
para fazer uma tarefa que você não pode verificar se foi
concluída corretamente.

A única exceção é quando não é uma tarefa crucial. Por


exemplo, pedir a um LLM idéias de decoração de
apartamentos é bom.
E o chatGPT?

❌ Má idéia: "Usando as melhores práticas de revisão da


literatura, resuma a pesquisa sobre o câncer de mama
nos últimos dez anos. Essa é uma solicitação ruim porque
você não pode verificar diretamente se ela resumiu a
literatura corretamente.

✅ Melhor: "Dê-me uma lista dos principais artigos de


revisão sobre pesquisa de câncer de mama dos últimos 10
anos." Isso é melhor porque você pode verificar se as
fontes existem e examiná-las você mesmo e, claro, elas
são de autoria de especialistas humanos.
DICAS PARA ESCREVER PROMPTS/
códigos:
É muito fácil pedir a um LLM para escrever um código ou
encontrar informações relevantes para você, mas a
qualidade das respostas pode variar muito. Felizmente,
há coisas que você pode fazer para melhorar a
qualidade.
DEFINA O CONTEXTO:
• Diga explicitamente ao LLM quais informações ele deve
usar
• Use terminologia e notação que leve o LLM para o
contexto certo
DICAS PARA ESCREVER PROMPTS/
códigos:
Se você tiver dúvidas sobre como abordar uma
solicitação, diga ao LLM para usar essa abordagem.

❌ "Resolva esta equação”

✅ "Resolva essa equação usando o teorema de Cauchy-


Schwarz seguido de uma aplicação do quadrado inverso.
SEJA ESPECÍFICO:

Isso não é o Google. Você não precisa se preocupar se


existe um site que discute seu problema exato.

❌ “Como resolvo uma equação simultânea envolvendo


termos quadráticos?”

✅ "Resolva x=(1/2) (a+b) e = (1/3)(a^2+ab+b^2) para a e


b"
DEFINA O FORMATO DE SEU OUTPUT

Aproveite a flexibilidade dos LLMs para formatar o


output da maneira que for melhor para você, como:
•Código
• Fórmulas matemáticas
• Um ensaio
• Um tutorial
• Tópicos

Você pode até pedir um código que gere:


• Tabelas
• Parcelas
• Diagramas
Depois de obter um output de um LLM, isso é apenas o
começo.
VOCÊ PRECISA VALIDAR A RESPOSTA.

Isto inclui:
• Encontrar inconsistências
• Pesquisa no Google sobre pontos levantados na
resposta para obter fontes de apoio
• Sempre que possível, gerar código para testar as
sentenças por conta própria
Depois de obter um output de um LLM, isso é apenas o
começo.
VOCÊ PRECISA VALIDAR A RESPOSTA.

Os LLMs costumam cometer erros estranhos que são


inconsistentes com seu aparente nível de especialização.

Por exemplo, um LLM pode mencionar um conceito


matemático extremamente avançado, mas se atrapalhar
com álgebra simples.

É por isso que você precisa VERIFICAR TUDO.


USE OS ERROS PARA GERAR FEEDBACK:

• Se você encontrar um erro ou inconsistência na


resposta, peça ao LLM para explicá-lo

• Se o LLM gerar código com bugs, recorte e cole as


mensagens de erro na janela do LLM e solicite uma
correção
PERGUNTE MAIS DE UMA VEZ:

LLMs são aleatórios. Às vezes, simplesmente iniciar uma


nova janela e fazer sua pergunta novamente pode
fornecer uma resposta melhor
USE MAIS DE UM LLM:

Atualmente, uso Bing Al, GPT-4, GPT-3.5 e Bard Al,


dependendo das minhas necessidades. Eles têm pontos
fortes e fracos diferentes.

Na minha experiência, é bom fazer ao GPT-4 e ao Bard Al


as mesmas perguntas matemáticas para obter
perspectivas diferentes. Bing Al é bom para pesquisas na
web.

O GPT-4 é significativamente mais inteligente que o


GPT-3.5 (como um aluno no 90º percentil versus o 10º
percentil), mas mais difícil de acessar (por enquanto).
REFERÊNCIAS

As referências são um ponto especialmente fraco para


LLMs. Às vezes, as referências que um LLM fornece
existem e às vezes não.

As referências falsas não são completamente inúteis. Na


minha experiência, as palavras nas referências falsas
geralmente estão relacionadas a termos reais e
pesquisadores no campo relevante. Portanto, pesquisar
esses termos no Google geralmente pode aproximá-lo da
informação que você está procurando.

Além disso, o Bing Al foi projetado para encontrar


referências da Web, por isso também é uma boa opção
ao procurar fontes.
Vamos usar um artigo
como referência??

https://doi.org/10.1590/S0102-311X2006000100003
Introdução

Apresentação de informações sobre o De que trata o estudo? Por que a


tema, a justificativa para a investigação foi feita? O que se sabia
investigação e o objetivo sobre o assunto?

No Brasil, nas últimas décadas, vem se ampliando o interesse em utilizar bancos de dados originados, de forma rotineira, pelos
serviços de saúde, como ferramenta na elaboração de políticas de saúde e no planejamento e gestão de serviços de saúde.
Algumas condições contribuíram para tal aproximação: (a) a implementação da descentralização das ações do setor saúde,
definindo prioridades nos níveis estaduais e municipais, desencadeada pelas Normas Operacionais de 1993 e 1996, e (b) a
democratização do uso da informática no Brasil imprimindo uma grande facilidade de acesso ao uso de informações geradas pelo
sistema em todo território nacional. Somam-se a isso as reconhecidas vantagens dos dados administrativos de saúde de
disponibilizarem um grande volume de informações com reduzido tempo entre a ocorrência do evento e seu registro, sem custos
adicionais 1,2.
Entre os dados administrativos de saúde disponíveis no país, encontra-se o Sistema de Informação Hospitalar do Sistema Único de
Saúde (SIH/SUS), o único de abrangência nacional, que tem origem nas Autorizações de Internação Hospitalar (AIH), destinadas
ao pagamento das internações de hospitais públicos e privados conveniados ao SUS. Com as vantagens de fornecer informações
diagnóstica, demográfica e geográfica para cada internação hospitalar ampliaram a possibilidade de produção de conhecimento
no campo da Saúde Coletiva 3. No ano de 2003, o sistema cobriu em torno de 12 milhões de internações em cerca de 6 mil
unidades hospitalares distribuídas em todo o país (http:www.datasus.gov.br/tabnet/ tabnet.htm, acessado em 29/Jun/2004).
Se por um lado o SIH/SUS é um dos sistemas de informações mais utilizadas entre os diversos níveis de gestão dos serviços de
saúde, por outro, o seu emprego está associado, sobretudo, ao repasse de recursos 4,5. Um passo importante para a ampliação
das potencialidades científicas e tecnológicas no âmbito dos serviços hospitalares é conhecer quem são os usuários da base do
SIH/SUS, quais informações procuram e como as utilizam.
O presente trabalho levanta a produção científica envolvendo aplicações dos dados do SIH/SUS na Saúde Coletiva com o
propósito de sintetizar as vantagens e limitações dessa base de dados para fins de análises de questões relevantes na área.
Método

Descrição do tipo de estudo, do


cenário da pesquisa, da amostra, dos Como o estudo foi realizado?
procedimentos e dos aspectos éticos

Para a busca de artigos publicados em revistas científicas no período de 1984 a 2003, foram consultadas as bases de dados
SciELO (Scientific Electronic Library Online), MEDLINE e Biblioteca Virtual de Saúde Pública, sites de instituições que oferecem
pós-graduação stricto sensu em saúde pública para a busca de dissertações e teses e verificadas bibliografias de artigos
identificados segundo as fontes mencionadas. Nas buscas eletrônicas se empregaram os seguintes descritores: registros
hospitalares, sistema, informação, morbidade e mortalidade hospitalar, hospital, internação, avaliação de serviço de saúde.
Os trabalhos identificados foram classificados em cinco categorias com diferentes vertentes de análise. Duas delas eram
referentes ao tipo de dados e seu uso: (1) qualidade das informações do SIH/SUS; (2) estratégias para potencializar o uso das
informações para a pesquisa, gestão e atenção médico-hospitalar. As outras três compreendiam os campos de ação da Saúde
Coletiva no âmbito dos serviços de saúde: (3) descrição do padrão da morbidade-mortalidade hospitalar e da assistência médica
prestada; (4) vigilância epidemiológica e validação de outros sistemas de informação em saúde; (5) avaliação do desempenho da
assistência hospitalar.
Resultados

Apresentação dos achados,


O que foi encontrado? Quais são os
acompanhados da respectiva análise
fatos revelados pela investigação?
estatística, se aplicável

Foram localizados 76 trabalhos no período estudado, estando 3,9%, 10,5%, 34,2%, 19,7% e 31,7% classificados, respectivamente,
nas categorias 1, 2, 3, 4 e 5. Do levantamento realizado, 1,3% das publicações foi oriunda da década de 80, 29,0% foram da
década de 90 e só no ano de 2000 ocorrem vinte publicações, relativas a 38,0% da década. A partir daí a produção diminuiu,
encontrando-se apenas 12 textos no ano de 2003.
Os artigos envolveram 141 profissionais vinculados a 18 instituições de ensino e pesquisa, sendo duas internacionais, e a 12
serviços de saúde dos diversos níveis de gestão. Em 31 trabalhos houve parcerias entre instituições, que em 18 deles envolveu
universidades e institutos de pesquisa e os serviços de saúde. A origem institucional dos autores concentrou-se na Fundação
Oswaldo Cruz (especialmente a Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca) e na Faculdade de Saúde Pública, Universidade
de São Paulo.
Sobre o tema foram desenvolvidas dez dissertações de mestrado, nove teses de doutorado que produziram 14 artigos científicos,
que juntos com mais 38 artigos foram aplicados em dez periódicos de circulação nacional, principalmente na
revista Epidemiologia e Serviços de Saúde do Ministério da Saúde. Desses, cinco artigos foram publicados em revistas
pertencentes à área clínica. E apenas dois artigos foram publicados em revista internacional. Os tipos restantes de publicações
incluíram capítulos de livro, CD-ROM e relatórios.
Discussão

O que significam os achados


Interpretação dos resultados, apresentados? O que este estudo
comparações e conclusão acrescenta ao que já se sabia sobre o
assunto?

É importante destacar o crescimento da utilização dos dados do SIH/SUS na Saúde Coletiva em número, abrangência, diversidade
de conteúdos e complexidade de análise. Mesmo que um número expressivo de profissionais tenha se dedicado ao tema, as
publicações foram bastante concentradas geográfica e institucionalmente.
O predomínio das análises descrevendo padrões de morbidade das hospitalizações, de certa forma indica o caráter exploratório
dos estudos. A assistência médica às vítimas de causas externas foi o tema mais abordado, ainda que represente apenas 7,0% do
total das internações pelo SUS (http:www.datasus.gov.br/tabnet/ tabnet.htm, acessado em 29/Jun/2004). As principais
motivações dos autores foram o predomínio entre os jovens, ser passível de evitabilidade por medidas de prevenção, e o elevado
custo.

Se por um lado há uma cobertura incompleta das internações hospitalares pelo SIH/ SUS e incertezas quanto à confiabilidade das
informações contidas no SIH/SUS, tornando controvertida sua contribuição na pesquisa, organização e avaliação da assistência
médico-hospitalar, por outro lado, a variedade de estudos referidos acima aliado a resultados que mostraram consistência
interna e coerência com os conhecimentos atuais, reforça a sua importância e a necessidade de entender os seus pontos fortes e
fracos.
Referências bibliográficas – formatação de
PARTE 3 acordo com a revista/ periódico
Elementos
Pós-textuais
Anexo(s)
PARTE 3
Elementos
Pós-textuais

Documentos que não são do autor e que servem de


fundamentação:
Estatísticas retiradas de fontes oficiais, questionários
validados, mapas, leis, figuras)
Apêndice(s)
PARTE 3
Elementos
Pós-textuais

Material adicional elaborado pelo autor a fim de


complementar sua argumentação (estatísticas,
qustionáriose, suplementos)
Para um artigo bem escrito:

1. Decida o objetivo do artigo,


2. Escolha o periódico para o qual o artigo será encaminhado,
3. Tenha guias que facilitem a redação,
4. Escreva a estrutura do artigo,
5. Complemente o texto com as partes que lhe faltam,
6. Revise o texto diversas vezes
7. Certifique-se de que o artigo é metodologicamente correto,
8. Assegure-se de que não há falhas da redação,
9. Submeta o artigo para a publicação,
10.Lide adequadamente com editores e revisores
Um artigo é um documento científico. Ele não pode ser cópia de
outro já publicado (a menos que a revista aceite sabendo disso e
mencionando este fato no seu texto) e nem ser plágio, uma vez que
este está sujeito às penalidades do Direito Autoral brasileiro e
mundial.

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