Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
EM LOGÍSTICA DE
MEDICAMENTOS
KLEBERSON DE SOUZA
2ª EDIÇÃO
IDENTIDADE ORGANIZACIONAL VALORES
Justiça: Pautar-se estritamente por princípios de justiça,
NEGÓCIO pela verdade e pela lei, com integridade, equidade,
Controle da gestão dos recursos públicos. coerência, impessoalidade e imparcialidade.
Qualidade: Atuar com inovação de forma ágil, tempestiva,
efetiva, eficiente e eficaz, com base em padrões de
MISSÃO
excelência de gestão e de controle.
Controlar a gestão dos recursos públicos do Estado e Profissionalismo: Atuar com base nos princípios
dos municípios de Mato Grosso, mediante orientação, e valores éticos e de forma independente, técnica,
avaliação de desempenho, fiscalização e julgamento, responsável, proativa, leal e comprometida com a
contribuindo para a qualidade e a efetividade dos identidade institucional e com o interesse público.
serviços, no interesse da sociedade. Transparência: Disponibilizar e comunicar
tempestivamente em linguagem clara e de fácil acesso,
as ações, decisões e atos de gestão do TCE-MT, bem
VISÃO como as informações dos fiscalizados sob sua guarda, no
Ser reconhecido como instituição essencial ao regime interesse da sociedade.
democrático, atuando pela melhoria da qualidade Consciência Cidadã: Estimular o exercício da cidadania e
da gestão pública e no combate à corrupção e ao do controle social da gestão pública.
desperdício.
Integrantes
Conselheiro Interino Luiz Henrique Moraes de Lima
Conselheiro Interino Luiz Carlos Azevedo Costa Pereira
2ª CÂMARA
Presidente
Conselheiro Interino Moises Maciel
Integrantes
Conselheiro Interino Isaias Lopes da Cunha
Conselheiro Interino João Batista de Camargo Junior
CORPO TÉCNICO Secretaria de Controle Externo de Administração
Municipal
Secretaria-Geral do Tribunal Pleno Francisney Liberato Batista Siqueira
Ligia Maria Gahyva Daoud Abdallah
Secretaria de Controle Externo de Atos de Pessoal
Secretaria da Primeira Câmara Osiel Mendes de Oliveira
Elizabet Teixeira Sant’anna
Secretaria de Controle Externo de Contratações Públicas
Secretaria da Segunda Câmara Francis Bortoluzzi
Renata Arruda Rosas
Conteudista
Kleberson Roberto de Souza
Revisão Editorial
Doriane de Abreu Miloch
Assessora Técnica de Publicações da PubliContas
Acompanhamento Pedagógico
Esther de Mello Menezes
Coordenadora do EaD da Escola Superior de Contas - TCE-MT
Edição e Diagramação
Carlos Henrique A. Gontijo
Tatiane Hirata
Grafismo
Franclim José Santos (Ankh)
GESTÃO DE RISCOS
EM LOGÍSTICA DE
MEDICAMENTOS
KLEBERSON DE SOUZA
2ª EDIÇÃO
Copyright © Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso, 2018.
As informações técnicas são de livre reprodução, total ou parcial, desde que citada a fonte.
E por que vamos tratar, neste curso, de gestão de riscos em logística de medicamentos?
É triste, mas comum, encontrar notícias de falta de medicamentos para a população, perdas
de medicamentos, prazo de validade vencido, preços exorbitantes, superfaturamento,
fraudes, desvios, propinas, conluio, corrupção.
Nesse sentido, órgãos de controle como a CGU e os Tribunais de Contas têm realizado uma
série de auditorias em medicamentos e apontado diversas falhas, tanto na gestão federal
quanto nas organizações estaduais e municipais, indicando que o Programa apresenta
vulnerabilidades e deficiências significativas em seus controles internos.
Essa convicção é reforçada pelo resultado da auditoria de avaliação dos controles internos
referente à 2ª etapa do Programa APRIMORA realizada pelos Controladores de 127
municípios mato-grossenses, que diagnosticaram falhas graves na gestão da logística de
medicamentos. O resultado indicou que a gestão de riscos no programa é um problema
generalizado.
Entretanto, os órgãos de controle não podem eliminar todas irregularidades. Mesmo que
possamos (e esperamos de fato que isso aconteça) reduzir a sensação de impunidade,
10
aumentar o rigor das ações repressivas, sabe-se que atuar depois que o problema
aconteceu, depois que a irregularidade já está materializada, não é suficiente para impedir
sua repetição.
Entre as ações de prevenção que podem ser adotadas, destacam-se o mapeamento dos
riscos relevantes com consequente implantação e avaliação dos controles internos na
atividade de logística de medicamentos, oferecendo subsídio aos gestores públicos para
implantação de controles internos efetivos, estimulando, assim, o enfrentamento da
corrupção e o aprimoramento da gestão, além de contribuir para a construção de bases
sólidas para o Sistema de Controle Interno da Administração Pública.
ESTRUTURA DO CURSO
Aula 1 – Conceitos Básicos Conceito objetivos, riscos e controles, classificação
de riscos, definição de gestão de riscos e modelos de
referência em gestão de riscos.
Aula 2 – Planejamento e Contexto atual da assistência farmacêutica e evolução
Organização da Assistência histórica do programa. Definição de responsável pelo
Farmacêutica programa, principais atividades, planejamento da
assistência farmacêutica, organização, identificação e
avaliação dos principais riscos.
Aula 3 – Ciclo da Principais atividades do ciclo da assistência farmacêutica,
Assistência Farmacêutica tais como seleção, programação, aquisição,
armazenamento, distribuição e dispensação de
medicamentos, identificação e avaliação dos principais
riscos.
Aula 4 – Conselho Composição e estrutura dos Conselhos Municipal de Saúde
Municipal de Saúde - CMS - CMS; funcionamento do CMS, identificação e avaliação
dos principais riscos.
Aula 5 – Tratamento dos Principais riscos identificados na logística de
Riscos e Implantação dos medicamentos, formas de priorização dos riscos, controles
Controles Internos internos sugeridos para gerenciar os riscos relevantes por
meio de uma Matriz de Riscos e Controle – MRC.
11
ESTRUTURA DO CURSO
Aula 6 – Avaliação de Definição de avaliação de controles internos na atividade
Controles Internos em de logística de medicamentos, formas, etapas, fases,
Nível de Atividade – ferramentas e instrumentos desenvolvidos para realização
Logística de Medicamentos da auditoria.
(Módulo específico para
Auditores e Controladores)
12
Aula 1: Conceitos Básicos
Qual é a relação entre objetivos, riscos e controles?
Existem modelos que podem ser utilizados como referência para gestão de riscos?
Para responder essas e outras questões, estudaremos, nesta aula, os conceitos básicos do
curso de gestão de riscos em Logística de Medicamentos.
Então, vamos.
13
1 CONCEITOS BÁSICOS
Todas as organizações desempenham atividades administrativas para o cumprimento
de seus objetivos institucionais. Essas organizações enfrentam fatores decorrentes dos
ambientes interno e externo que tornam incerto se irão atingir esses objetivos e quando
isso irá ocorrer. O efeito que essa incerteza provoca nos objetivos estratégicos é chamado
de “risco”.
A finalidade desses controles é garantir que o poder público atue em estrita observância
aos princípios da legalidade, da moralidade e da eficiência, almejando a conformidade
dos atos da gestão, o alcance dos seus objetivos, a melhor qualidade dos serviços públicos
prestados à população e a boa governança pública.
14
1.1 - Objetivos
Em linhas gerais, “objetivo” é um fim que se quer atingir, um propósito que se deseja
alcançar. De acordo com o COSO (Committee of Sponsoring Organizations of the
Treadway Commission) entidade mundialmente reconhecida em Controles Internos:
A definição de objetivos faz parte de nossas vidas, seja no âmbito pessoal, profissional
ou nas relações sociais. Assim como as pessoas, organizações do setor público possuem
objetivos, normalmente estabelecidos na Constituição Federal ou Estadual, nas leis
orgânicas municipais, ou nas respectivas leis de criação e regulamentos em geral. Esses
objetivos devem ser desdobrados em indicadores e metas, que representam o caminho
que a instituição percorre para atingir suas finalidades.
15
Para o TCU, toda organização deve formular suas estratégias a partir de sua visão de futuro,
da sua missão institucional e da análise dos ambientes interno e externo. As estratégias
devem ser desdobradas em planos de ação. E faz parte do processo acompanhar a
implementação dos planos, “oferecendo os meios necessários ao alcance dos objetivos
institucionais e à maximização dos resultados” (Brasil, 2014).
Nesse sentido, toda organização deve ter clareza de seus objetivos mais elevados. Assim,
todos os colaboradores podem visualizar a contribuição dos resultados de seu trabalho
para o resultado organizacional, bem como compreender de que forma ações de gestão
de riscos, tomadas localmente, podem contribuir para a mitigação de riscos-chave em
nível de entidade.
Quando os objetivos das áreas são estabelecidos de modo a maximizar suas contribuições
para o resultado organizacional, pode-se dizer que conhecer os objetivos e prioridades
da unidade em que se trabalha é tão ou mais importante do que estar informado sobre os
objetivos estratégicos da organização.
Dessa forma, as entidades devem definir objetivos, podendo adotar as seguintes ações:
Além disso, a organização deve acompanhar o cumprimento dos objetivos, dos indicadores,
das metas e dos resultados alcançados, com medidas de aperfeiçoamento eventualmente
estabelecidas para a melhoria dos resultados.
Sobre o último ponto, “padrões de desempenho”, é importante que a entidade divulgue os
indicadores, metas e resultados esperados entre servidores, usuários do serviço público
e sociedade em geral, de modo a propiciar o gerenciamento das ações implementadas e
16
estimular o exercício do saudável e necessário controle social.
Ademais, a jurisprudência do TCU é pacífica quanto a importância do planejamento
estratégico (Acórdãos 1.521/2003, 1.558/2003, 2.094/2004, 786/2006, 1.603/2008 e
2.585/2012, todos de Plenário). Como exemplo, transcreve-se trecho do Acórdão
1.233/2012-TCU-Plenário:
(...) 9.1.1 em atenção Decreto-Lei 200/1967, art. 6º, inciso I, e art. 7º, normatize a
obrigatoriedade de que todos os entes sob sua jurisdição estabeleçam processo de
planejamento estratégico institucional, observando as boas práticas sobre o tema, a
exemplo do critério de avaliação 2 do Gespública, contemplando, pelo menos:
9.1.1.1 Elaboração, com participação de representantes dos diversos setores da
organização, de um documento que materialize o plano estratégico institucional de longo
prazo, contemplando, pelo menos, objetivos, indicadores e metas para a organização;
9.1.1.2 Aprovação, pela mais alta autoridade da organização, do plano estratégico
institucional;
9.1.1.3 Desdobramento do plano estratégico pelas unidades executoras;
9.1.1.4 Divulgação do plano estratégico institucional para conhecimento dos cidadãos
brasileiros, exceto nos aspectos formalmente declarados sigilosos ou restritos;
9.1.1.5 Acompanhamento periódico do alcance das metas estabelecidas, para correção de
desvios;
9.1.1.6 Divulgação interna e externa do alcance das metas, ou dos motivos de não as ter
alcançado. (...)
Além da jurisprudência do TCU, diversos normativos estabelecem diretrizes para o
planejamento estratégico e avaliação institucional, tais como a Resolução CNJ 198/2014 e
o Decreto 7.133/2010.
Destaca-se, ainda, que o TCE/MT instituiu em 2012 o Programa de Desenvolvimento
Institucional Integrado – PDI, com objetivo disseminar a cultura de Planejamento
Estratégico nos Jurisdicionados, por meio do fornecimento de ferramentas tecnológicas
e orientação técnica das equipes municipais e estaduais, para a sua elaboração, execução,
acompanhamento e avaliação, estimulando, assim, o desenvolvimento institucional e
melhoria da qualidade dos serviços prestados pelas organizações públicas de Mato Grosso.
Como exemplo de objetivos na atividade de licitação, podemos citar a isonomia, a
proposta mais vantajosa para a Administração e a promoção do desenvolvimento nacional
sustentável (art. 3º, da Lei nº 8.666/93).
Como exemplo de objetivos na atividade de licitação, podemos citar a isonomia, a
proposta mais vantajosa para a Administração e a promoção do desenvolvimento nacional
sustentável (art. 3º, da Lei nº 8.666/93).
Entendi o que é objetivo, mas e o risco, o que é isso?
Vamos conversar sobre isso no próximo tópico.
17
1.2 - Riscos
Na obra “Desafio aos Deuses: a fascinante história do risco”, Bernstein (1997) destaca o
fator que distingue a pré-história dos tempos modernos. Para o autor, não é o progresso
da ciência, nem a tecnologia, nem o capitalismo ou a democracia. A verdadeira diferença
estaria na capacidade de administrar os riscos.
Podem ser destacados como riscos no setor público situações como falta de medicamentos,
falhas nos serviços prestados, diminuição do crescimento econômico, demanda de
serviço maior que a oferta, atraso nos cronogramas dos projetos, queda na arrecadação,
descontinuidade administrativa, restrição indevida de uma licitação, pagamento por
serviços não prestados, desvios de recursos, sobrepreço, superfaturamento, conluio
entre licitantes, fraudes, evasão escolar, etc. Eventos incertos, porém mensuráveis, que
merecem tratamento.
18
Por outro lado, eventos de ocorrência improvável, ainda que possível, como tsunamis,
terremotos, guerras, atentados terroristas e epidemias, devem ser foco de técnicas com
melhor poder preditivo e não objeto específico de gerenciamento de riscos.
Com base nessa perspectiva, estabeleceu-se uma definição formal para risco. Para a ISO
31000/2009, por exemplo, “risco é o efeito da incerteza nos objetivos”.
Em face do exposto, podemos concluir que os riscos permeiam toda a nossa vida e
enfrentamos riscos o tempo todo, em qualquer atividade na vida pessoal, profissional
ou no dia a dia das organizações.
Por exemplo, se existem muitos controles para mitigar um risco que inerentemente
já é baixo ou se o controle existente não está funcionando efetivamente para mitigar
determinado risco priorizado (Souza; Santos, 2017).
20
1.4- Controles Internos
Para o Instituto Americano de Contadores Públicos Certificados, por meio de Relatório
Especial da Comissão de Procedimentos de Auditoria, controles internos é definido como:
o plano da organização e todos os métodos e medidas coordenados,
aplicados a uma empresa, a fim de proteger seus bens, conferir a exatidão
e a fidelidade de seus dados contábeis, promover a eficiência e estimular a
obediência às diretrizes administrativas estabelecidas.
Com a publicação do Modelo COSO I – Controle Interno – Estrutura Integrada, em 1992,
o nível de abrangência dos controles internos foi ampliado, constituindo um processo,
implementado pela alta administração, envolvendo diretores, gerentes e funcionários,
com a finalidade de prover razoável garantia quanto à realização dos objetivos, nas
seguintes categorias: conceder efetividade e eficiência às operações; obter confiabilidade
no processo de comunicação, especialmente por meio das demonstrações contábeis; e
assegurar a conformidade com as leis e os regulamentos.
Na mesma linha, as Diretrizes Internacionais para as Normas de Controle Interno do Setor
Público, adotaram definição similar:
Controle Interno é um processo integrado efetuado pela direção e corpo
de funcionários, estruturado para enfrentar os riscos e fornecer razoável
segurança de que na consecução da missão da entidade os seguintes objetivos
gerais serão alcançados: - execução ordenada, ética, econômica, eficiente
e eficaz das operações; - cumprimento das obrigações de accountability; -
cumprimento das leis e regulamentos aplicáveis; - salvaguarda dos recursos
para evitar perdas, mau uso e dano. (INTOSAI, 2004)
De igual modo, o TCU, em suas Normas de Auditoria, reviu sua definição de Controle
Interno, adotando a seguinte definição:
processo efetuado pela administração e por todo o corpo funcional,
integrado ao processo de gestão em todas as áreas e todos os níveis de
órgãos e entidades públicos, estruturado para enfrentar riscos e fornecer
razoável segurança de que, na consecução da missão, dos objetivos e
das metas institucionais, os princípios constitucionais da administração
pública serão obedecidos e os seguintes objetivos gerais de controle
serão atendidos: - eficiência, eficácia e efetividade operacional, mediante
execução ordenada, ética e econômica das operações; - integridade
e confiabilidade da informação produzida e sua disponibilidade
para a tomada de decisões e para o cumprimento de obrigações de
accountability; - conformidade com leis e regulamentos aplicáveis,
incluindo normas, políticas, programas, planos e procedimentos de
governo e da própria instituição; - adequada salvaguarda e proteção
de bens, ativos e recursos públicos contra desperdício, perda, mau uso,
dano, utilização não autorizada ou apropriação indevida.
21
Ainda está muito teórico. Como essa definição pode ser melhor explicada?
Vamos lá.
Suponha que a Prefeitura hipotética de Pantanal do Norte/MT tenha realizado licitação
para aquisição medicamentos para distribuição à população. As atividades desenvolvidas
seriam as seguintes:
Com esse exemplo, vamos agora explicar cada parte da definição de controles internos.
PROCESSO INTEGRADO
O controle interno não é apenas um documento, uma norma, um sistema, um registro,
um fato ou circunstância isolada. É um conjunto de ações interligadas que permeiam
todas as atividades, todas operações, de modo contínuo e coerente (Brasil, 2012).
Diversos procedimentos integrados de controle foram executados em nosso exemplo,
dos quais podemos destacar: a solicitação pelo almoxarifado central; a notificação da
22
empresa para entrega dos medicamentos; o recebimento dos produtos pela comissão,
conferindo as condições de entrega; a conferência da regularidade fiscal e processamento
do pagamento.
23
razoável” quanto a consecução dos objetivos.
A segurança razoável reflete a noção sobre a incerteza e os riscos futuros que não podem
ser previstos e controlados de forma absoluta. Existem fatores que estão fora do controle ou
da influência da organização e que podem afetar sua capacidade de alcançar os objetivos.
As limitações decorrem também do julgamento humano, passível de erro ou engano;
ninguém é capaz de prever, com exatidão, o futuro; a administração lida com incertezas
que, nem sempre, estão sob seu controle; controles podem ser suprimidos por agentes
mal intencionados, geralmente em conluio; gestores, com objetivos obscuros, podem
anular controles; descuido, cansaço físico, distração.
Essas limitações impedem que a alta administração, servidores e sociedade em geral
tenham certeza sobre o alcance dos objetivos (Brasil, 2012).
Um exemplo bem claro disso aconteceu com a Petrobras. Mesmo tendo um dos mais
elevados níveis de governança, a operação Lava-Jato, iniciada em 2014, revelou fraquezas
materiais que evidenciaram que os controles internos sobre os relatórios financeiros
não foram efetivos, levando a empresa de auditoria PricewaterhouseCoopers (PwC) a se
recusar a assinar o Balanço Patrimonial da Companhia referente ao ano de 2014.
Dessa forma, para implementar controles internos em uma organização é preciso primeiro
estabelecer objetivos, identificar e avaliar os riscos e tratá-los, definindo quais devem
ser modificados por alguma forma de controle.
A figura a seguir demonstra melhor a relação existente entre os conceitos de objetivos,
riscos e controles:
Esses passos fazem parte de um processo maior, chamado Gestão de Riscos, que nós
veremos a seguir.
24
Além disso, para destacar importância dos controles internos para uma organização,
em pesquisa realizada pela KPMG sobre “A Fraude no Brasil”, foi constatado que o fator
facilitador preponderante para a perpetração do ato fraudulento foi à insuficiência de
sistemas de controles internos (64%).
Por consequência, vinculada ao temor de que uma fraude permaneça sem detecção, a
preocupação das organizações com medidas tomadas denota que, fundamentalmente,
a melhoria dos controles internos é primordial (93%), seguido de um manual de
comportamento profissional (57%) e treinamento dos funcionários (50%), conforme
apresentado a seguir:
Esses resultados nos levam a uma conclusão: tanto no setor privado quanto no setor
público, para se combater efetivamente as fraudes, é preciso fortalecer seus controles
internos, ou seja, suas linhas de defesa.
Nesse sentido, a estrutura de três linhas de defesa, muito disseminada pelo Instituto
dos Auditores Internos (IIA), entidade internacional de padronização das atividades dos
auditores, é um bom referencial para isso.
O modelo de Três Linhas de Defesa é uma forma simples e eficaz de melhorar a comunicação
do gerenciamento de riscos e controle de uma organização, por meio do esclarecimento
dos papéis e responsabilidades essenciais.
25
Esse modelo foi adaptado pelo Tribunal de Contas da União e pode ser representado
conforme a figura a seguir:
O primeiro combate, ou seja, a primeira linha de defesa, a barreira mais ampla aos riscos é a
defesa realizada pelos gestores operacionais, que definem, estabelece e mantém controles
internos incorporados à rotina diária. São os agentes responsáveis pela execução.
Essa estrutura nem sempre é suficiente. Aí entram em campo mecanismos adicionais para
ajudar a desenvolver e monitorar os controles da primeira linha. Aqui fica o Comitê de
Gestão de Riscos, por exemplo. Há entidades com áreas de Compliance ou de Integridade,
para ajudar com riscos relacionados a fraudes e corrupção. Setores de supervisão de
controle interno também são comuns. A principal finalidade é de supervisão.
26
Temos ainda os profissionais que atuam na supervisão das compras públicas, tais
como auditores externos à organização (CGU, TCU, Tribunais de Contas), promotores,
procuradores, delegados, organizações não governamentais, conselhos de políticas
públicas e cidadão em geral, como uma linha adicional ou quarta linha de defesa.
Entretanto, é importante deixar claro: os órgãos de controle (CGU, TCU) não são
responsáveis pela implantação e funcionamento das linhas de defesa no setor público!!
A gestão de riscos diz respeito aos riscos e às oportunidades de criar ou preservar valor, e
é definida pelo COSO da seguinte forma:
Por sua vez, a INTOSAI destaca a importância da gestão de riscos para contar com serviços
eficientes:
27
eficientes, eficazes e econômicos, e para orientá-las tendo em conta valores
como equidade e justiça. (INTOSAI, 2007).
Na esteira dessas definições legais, a gestão de risco, em qualquer dos modelos adotados
nos setores público e privado, nacional e internacional (COSO ERM, ISO 31000/2009,
Modelo Britânico), é abordagem que privilegia o alcance de resultados.
O Reino Unido também tem adotado gestão de riscos no setor público há alguns anos, por
meio da ferramenta voltada para a avaliação da gestão de risco nos diversos setores do
governo (Risk Management assessment framework: a tool for departments).
No Brasil, até maio de 2016, não havia aplicação de uma abordagem de gestão de riscos
de forma estruturada, sistemática e disciplinada na Administração Pública. A edição da
Instrução Normativa Conjunta MP/CGU nº 01/2016 veio suprir essa lacuna. Na esteira
desse regulamento, foi definido que o modelo de gestão de riscos a ser implantado na
Administração Pública Federal deve ter como base os seguintes componentes: ambiente
de controle, fixação de objetivos, identificação de eventos, avaliação de riscos, atividades
de controles internos, informação e comunicação e monitoramento (Art. 16).
28
federais passam a dispor de um modelo referencial para implantação e avaliação de gestão
de riscos e controles internos em suas unidades.
Como já foi abordado neste capítulo, o principal instrumento de tratamento dos riscos
decorre da implantação de controles internos. Entretanto, se essa implantação não
observar as orientações presentes nos modelos de referência consagrados mundialmente,
pode levar às organizações a estruturarem um conjunto de controles puramente formais,
burocráticos, cujo custo seja evidentemente superior ao risco, passando a impressão
da existência de um eficaz sistema de gerenciamento de riscos, quando na verdade não
garantem efetivamente os benefícios esperados, resultando, assim, em desperdício de
tempo e recursos.
29
Dessa forma, os principais modelos de referência em gestão de riscos utilizados pelas
organizações são: ISO 31000/2009 e COSO ERM (Enterprise Risk Management).
A norma indica que convém que o processo de gestão de riscos seja parte integrante da
gestão, seja incorporado na cultura e nas práticas da organização, e seja adaptado aos
processos de negócio.
Dentre outros benefícios, o referencial tem por finalidade ajudar a organização a aumentar
a probabilidade de atingir seus objetivos, melhorar sua governança e estabelecer base
confiável para tomada de decisões.
A figura a seguir, sintetiza o processo de gestão de riscos preconizado pela ISO 31000/2009.
30
Fonte: Elaboração própria a partir dos preceitos da ISO 31000/2009
Em 2018, a ISO 31000/2009 foi atualizada. A revisão da norma mantém a mesma arquitetura
de gestão de riscos (princípios, estrutura e processo), mas oferece um guia mais claro, mais
curto e mais conciso que ajudará as organizações a usar os princípios de gerenciamento
de risco para melhorar o planejamento e tomar melhores decisões.
1.6.2 - COSO ERM (ENTERPRISE RISK MANAGEMENT)
Trata-se do modelo de gestão de riscos predominante no cenário corporativo
internacional, especialmente na América do Norte. COSO é a sigla de Committee of
Sponsoring Organizations da National Commission on Fraudlent Financial Reporting,
também conhecida como Treadway Comission.
Criada em 1985, nos Estados Unidos, constitui uma entidade do setor privado, sem fins
lucrativos, voltada para o aperfeiçoamento da qualidade de relatórios financeiros
por meio de éticas profissionais, implementação de controles internos e governança
corporativa (Brasil, 2013).
Em 1992, o COSO publicou a obra Controle Interno – Estrutura Integrada (Internal Control
– Integrated Framework), que obteve grande aceitação em todo o mundo e tem sido
aplicada amplamente. É reconhecida como uma estrutura modelo para desenvolvimento,
31
implementação e condução do controle interno, bem como para a avaliação de sua
eficácia.
Embora tenha havido ampla adesão ao modelo COSO I, isso não foi suficiente para
evitar escândalos econômico-financeiros e contábeis envolvendo entidades de grande
porte. O COSO, então, intensificou a preocupação com gerenciamento de riscos – em
decorrência de uma série de escândalos e quebras de negócios de grande repercussão – e
o desenvolvimento de uma estratégia de fácil utilização pelas organizações para avaliar e
melhorar o próprio gerenciamento de riscos.
O resultado foi a publicação, em 2004, do modelo Gerenciamento de Riscos Corporativos
– Estrutura Integrada, também conhecida como COSO ERM ou COSO II (Brasil, 2013),
conforme apresentado na figura a seguir:
32
danosos à sua gestão (Acórdão nº 2.754/2014 – Plenário).
Nesse mesmo sentido são os Acórdãos nº 7.128/2013 e 2.429/2015, ambos da 2ª Câmara,
nº 1.062/2014, 4.599/2016 e 5.169/2016, todos da 1ª Câmara.
No caso de medicamentos, objeto de nosso curso, o gerenciamento de riscos será realizado
com base nas prescrições desse consagrado referencial, levando em conta, também,
os elementos relevantes da ISO 31000/2009, tendo em vista a complementariedade de
ambos os modelos.
A sequência do processo de gestão de riscos em logística de medicamentos adotada neste
curso leva em conta as seguintes etapas:
(i) Estabelecimento do Contexto;
(ii) Identificação de Riscos;
(iii) Análise e avaliação de Riscos;
(iv) Tratamento dos Riscos e estabelecimento de controles internos (Matriz de Riscos e
Controle);
(v) Monitoramento.
A etapa de monitoramento será estudada na aula 06, aplicável apenas aos auditores e
controladores. Nos capítulos seguintes, veremos, com detalhes, cada uma dessas etapas.
SÍNTESE
Nesta aula, vimos que risco é a possibilidade de algo acontecer e afetar negativamente o
alcance dos objetivos de uma organização e que o papel do controle interno é oferecer
razoável segurança contra esses riscos, prevenindo sua ocorrência ou detectando sua
materialização.
Vimos que para implementar controles internos em uma organização é preciso, primeiro,
estabelecer objetivos (da entidade ou das atividades, processos, operações, setores,
etc.), identificar e avaliar os riscos e tratá-los, definindo quais devem ser modificados
por alguma forma de controle, evidenciando uma clara relação entre objetivos, riscos e
controles.
Também aprendemos que a gestão de riscos contribui para a boa governança corporativa
ao aumentar a chance de que os resultados pretendidos sejam atingidos, o que significa
maior eficácia da atuação do gestor governamental.
Finalmente, estudamos os modelos de referência mais reconhecidos internacionalmente
para a gestão de riscos em uma organização. Percebemos que esses modelos são o ponto
de partida para auxiliar na definição de estruturas customizadas para o estabelecimento
de controles internos, evitando que se adote um conjunto descoordenado de controles,
que não garantam efetivamente os benefícios esperados.
Na próxima aula, aprofundaremos nossso conhecimento sobre o contexto e evolução
histórica da logística de medicamentos e as principais ações de planejamento e organização
da atividade.
33
Aula 2: Planejamento e
Organização da Farmácia Básica
Como surgiu o programa Farmácia Básica? Quais são seus objetivos?
Todos prontos?
34
2 PLANEJAMENTO E ORGANIZAÇÃO
2.1 - Contexto
Toda política pública envolve algum tipo de operação logística de suprimentos. O sucesso
das políticas, em termos de eficiência e de eficácia, depende da superação de problemas
como a demora nos processos de aquisição (especialmente no caso em que há necessidade
de licitação); elevados custos de aquisição; aquisição de produtos e serviços inadequados;
e perdas e faltas de materiais de estoque. (Vaz e Lotta, 2011)
Na logística de medicamentos não é diferente. Desde a criação do SUS em 1990, essa área
vem se incorporando efetivamente às políticas de saúde, passando a ser um indicador
da qualidade de assistência à saúde.
A Farmácia Básica preza pelo uso Racional dos Medicamentos levando a melhor qualidade
de vida. São inúmeros os problemas sanitários em razão da utilização inadequada de
medicamentos.
35
por exemplo, a aquisição de medicamentos próximo do vencimento, sobrepreço, desvio,
desabastecimento crônico, falta de controles, superfaturamento.
Para implementar controles e avaliar sua efetividade é preciso conhecer. Por isso,
trataremos aqui de detalhar os principais aspectos da logística de medicamentos, com o
objetivo de subsidiar a implantação e o efetivo funcionamento dos controles internos da
atividade1.
O Sistema Único de Saúde (SUS) está baseado no direito ao acesso da população a todos
os níveis de atenção à saúde, inclusive aos de Assistência Farmacêutica.
1 Por conveniência, neste curso serão tratados como sinônimos de logistíca de medicamentos os termos
farmácia básica e assistência farmacêutica.
36
Os gastos do governo nessa área têm crescido a taxas elevadas, conforme o Gráfico
apresentado a seguir. Mesmo assim, muita gente compra o próprio medicamento,
geralmente por falta no setor público (Boing, Bertoldi e Peres, 2011).
37
O país tem avançado na consolidação da Assistência Farmacêutica, mas a desigualdade
no acesso a medicamentos, em especial os destinados à atenção primária, ainda é uma
característica da realidade brasileira.
A Assistência Farmacêutica, como política pública, teve início em 1971 com a instituição
da Central de Medicamentos (Ceme), que tinha como missão o fornecimento de
medicamentos à população sem condições econômicas para adquiri-los (BRASIL, 1971) e
se caracterizava por manter uma política centralizada de aquisição e de distribuição de
medicamentos.
38
Essa época, de 1971 a 1997, em que a Central de Medicamentos – CEME centralizava a política
de Farmácia Básica, foi marcada por pouca utilização da Rename pelos prescritores,
pouco conhecimento do perfil epidemiológico das populações atendidas, dificuldades
de logística, grandes perdas por validade vencida, desarticulação e irregularidade no
abastecimento, que levaram ao fim da CEME em 1997 (Bruns et al, 2014).
Em 2004, a Operação Vampiro, uma das primeiras parcerias da CGU com a Polícia Federal,
apontou desvios de R$ 120 milhões em hemoderivados, que começaram na CEME em
19972.
Com a Política Nacional de Medicamentos (PNM), procurou-se romper com o foco exclusivo
na aquisição e distribuição de medicamentos que se mostrava insuficiente (Mayorga et al,
2004). A lógica, agora, buscava a gestão e financiamento compartilhado entre os entes
federados e a normatização do setor farmacêutico.
2 http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u81977.shtml
39
A descentralização da Assistência Farmacêutica Básica (AFB) aos municípios vinculou
o repasse financeiro à implementação das atividades relacionadas à reorientação da
mesma, entre elas, a de ampliar o acesso dos usuários do SUS aos medicamentos básicos,
promovendo seu uso racional.
Depois vieram a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), em 1999; a Lei dos
genéricos (Lei nº 9.787/1999); o Departamento de Farmácia Básica e Insumos Estratégicos
(2003) do Ministério da Saúde; e em 2004 a Política Nacional de Assistência Farmacêutica
– PNAF (Resolução nº 338/2004), como parte integrante da Política Nacional de Saúde
(PNS).
No Pacto pela Saúde (Portaria GM/MS nº 399) de 2006, foi reforçado o financiamento
compartilhado, contemplando a aquisição de medicamentos e também insumos da
saúde, bem como a execução das ações necessárias à operacionalização da AF.
Em 2007, a Portaria GM/MS nº 204, de 29/1/2007, definiu que o financiamento das ações e
dos serviços de saúde é de responsabilidade das três esferas de gestão do SUS.
Além disso, estabeleceu que a transferência de recursos federais para o respectivo custeio
ocorrerá na forma de blocos de financiamento, na modalidade fundo a fundo.
40
Fonte: Elaboração própria
No mesmo ano, o Decreto nº 7.508 regulamentou a Lei nº 8.080/1990. Sobre a AF, redefiniu
a Relação Nacional de Medicamentos Essenciais – RENAME, o Formulário Terapêutico
Nacional e os PCDT - Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas.
41
Mas o que são medicamentos essenciais? Segundo a Organização Mundial de Saúde -
OMS:
O formulário terapêutico tem por objetivo orientar as escolhas terapêuticas para o uso de
medicamentos e deve apresentar informações embasadas em evidências científicas, como
indicação, contraindicação, precauções, efeitos adversos, interações medicamentosas,
armazenamento e orientações específicas direcionadas aos profissionais de saúde.
Entretanto, essa é uma área cujo desempenho de gestão ainda é bastante deficiente:
42
medicamentos nas unidades de saúde e almoxarifados centrais, falhas graves nos
controles de estoque, pela ausência de registros. (OPAS, 2005).
Outro estudo utilizou relatórios da CGU de 2004 a 2006 e verificou que 71% dos municípios
apresentaram “controle de estoque ausente ou deficiente”; 39% tinham “condições
inadequadas de armazenamento” e 23% não tinham medicamentos. (Vieira, 2008)
Situação similar foi evidenciada por Oliveira, Assis e Barboni (2010) em outro estudo.
Faltam medicamentos essenciais em muitos municípios brasileiros; a dispensação é feita
por servidores sem qualificação; a qualidade dos medicamentos é comprometida pelas
condições inadequadas de armazenamento.
43
Aponta que a longa duração das licitações atrasa a execução do orçamento, resulta em
desabastecimento, dispensação deficiente, baixa qualidade/resolutividade dos serviços
ofertados, a suspensão desses serviços ou a realização de compras de emergência. Os
motivos mais comuns para a dispensa de licitação foram: atraso na licitação, emergência,
falta de propostas no certame, irregularidades ou ordem judicial (BANCO MUNDIAL, 2007).
Ainda no estudo do Banco Mundial, foi verificado que o principal motivo dos atrasos
nas compras estava relacionado com o processo licitatório em si: prazos pré-fixados,
burocracia, dificuldade em cumprir as exigências.
A gestão dos estoques é deficiente na maioria das secretarias e unidades de saúde devido
à infra-estrutura e controles inadequados. Atrasos e desabastecimento são comuns, e o
controle de qualidade é raro.
Em 1/3 dos hospitais pesquisados, parte dos medicamentos existentes na farmácia não
é adequada aos tratamentos ministrados ou não são os usualmente prescritos pelos
médicos. Isso ocorre principalmente quando não existem formulários padronizados para
medicamentos, quando a padronização existente não é seguida pelos médicos, quando os
hospitais não são responsáveis diretamente pela aquisição dos medicamentos, ou quando
os médicos não são consultados para a escolha dos medicamentos a serem comprados.
Outro estudo que vale a pena citar é a pesquisa de Mayorga et al (2004). Os autores
apontaram os principais problemas encontrados em farmácias e pontos de dispensação
de medicamentos, sintetizados na tabela a seguir:
44
Fonte: Elaboração própria a partir de Mayorga et al (2004).
2.3 - Responsáveis
As responsabilidades pela gestão, estruturação, financiamento e organização de serviços,
desenvolvimento e capacitação de recursos humanos é de competência comum dos três
gestores do SUS (União, estados e municípios).
Os medicamentos são custeados pelas três esferas, devendo ser aplicados, segundo
a Portaria 155/2013, os seguintes valores mínimos: União, R$ 5,10 por habitante/ano;
Estados e Distrito Federal, R$ 2,36 por habitante/ano e Municípios, R$ 2,36 por habitante/
ano.
Os valores das contrapartidas estaduais e municipais definidos pela Portaria podem ser
majorados pelas pactuações nas Comissões Intergestoras Bipartite (CIB) de cada unidade
federativa.
Vamos fazer um pequeno exercício para quantificar o montante de recursos que o
município hipotético de Pantanal do Norte/MT deverá dispor para custear as ações da
assistência farmacêutica.
Considerando que a população do município é de 28.800 habitantes, segundo a estimativa
do IBGE, qual seria o orçamento anual desse município para a compra de medicamentos
do Componente Básico da Assistência Farmacêutica?
45
Confira o cálculo demonstrado a seguir:
Esfera Valor por Habitante Valor Total
Federal R$ 5,10 R$ 146.880,00
Estadual R$ 2,36 R$ 67.968,00
Municipal R$ 2,36 R$ 67.968,00
TOTAL - R$ 282.816,00
Dessa forma, o município terá o montante anual de R$ 282.816,00. Agora que já sabemos
que o financiamento do Componente Básico da Assistência Farmacêutica é tripartite, fica
mais fácil planejar qual é a previsão orçamentária e quanto realmente é possível gastar
com a aquisição de medicamentos do Componente Básico da Assistência Farmacêutica.
Segundo descrito na Portaria 3.916/1998, cabe ao gestor federal a implementação e a
avaliação da Política Nacional de Medicamentos (PNM).
Conforme disciplinado na Lei nº 8.080/1990, é de competência da direção estadual do
SUS, em caráter suplementar, formular, executar, acompanhar e avaliar a política de
insumos e equipamentos para a saúde.
Por sua vez, a Política Nacional de Medicamento também dispôs as seguintes
responsabilidades:
46
• orientar e assessorar os municípios em seus processos de aquisição de
medicamentos essenciais, contribuindo para que esta aquisição esteja consoante
a realidade epidemiológica e para que seja assegurado o abastecimento de forma
oportuna, regular e com menor custo;
Dessa forma, as três esferas possuem competências próprias que devem ser
desempenhadas visando apoiar as ações de saúde na promoção do acesso aos
medicamentos essenciais e promover o seu uso racional.
47
2.4 - Análise do Contexto (Matriz SWOT3) -
Farmácia Básica
A análise do contexto refere-se ao entendimento do contexto e da evolução histórica do
programa farmácia básica e de seus riscos, a compreensão do ambiente interno e externo
que o programa está inserido para atingir seus objetivos, visando dar uma visão abrangente
de todos os fatores que podem influenciar a capacidade da farmácia básica de atingir seus
resultados esperados.
48
Ambiente Interno Ambiente Externo
Fraquezas Ameaças
(O que o Programa Farmácia Básica tem (O que existe no ambiente externo que
de fraqueza, defeitos, dificuldades ou depode prejudicar o trabalho e a atuação
negativo? O que temos que atrapalha na do Programa Farmácia Básica? Existe algo
realização do trabalho e dos objetivos?) que possa acontecer e afetar de maneira
negativa os resultados esperados?)
▶ Falta de apoio político da Alta ▶ Crise financeira afetando os repasses
Administração para implementação de para os municípios;
controles em medicamentos;
▶ Aumento de demanda da população
▶ Ausência de incentivo (financeiro e não por medicamentos;
financeiro) para o aperfeiçoamento da
▶ Crescente judicialização da saúde;
gestão;
▶ Epidemiologia e sazonalidade;
- ▶ Falta recorrente de profissionais da
área de saúde (médicos, enfermeiros, ▶ Dispersão geográfica do público-alvo
farmacêuticos, etc.) do programa;
▶ Rotatividade de pessoal na área de ▶ Grandes disparidades regionais entre
saúde dos municípios; os municípios de Mato Grosso;
▶ Falta de um sistema para gerenciamento ▶ Atuação combinada dos fornecedores
do estoque de medicamentos; de medicamentos;
▶ Condições inadequadas de estocagem ▶ Complexidade da gestão, envolvendo
e armazenamento; as três esferas da federação.
▶ Perda e desvio de medicamentos por
servidores.
49
pois envolve grande volume de recursos nas três esferas de gestão e, ainda, possibilita
escolhas subjetivas nas prescrições. Portanto, é uma área sujeita a manipulações e fortes
interesses de mercado.
Dentre os desafios nesta área, merecem destaque a necessidade de ampliar o acesso das
pessoas aos medicamentos essenciais, com eficácia e segurança comprovadas, garantia
da sua qualidade, da humanização no atendimento, à luz do seu uso racional e da atenção
integral à saúde (CFF, 2015).
Portanto, seja pela sua relevância, seja pela sua complexidade em termos de desafios à
gestão, essa é uma área que demanda o uso intensivo de ferramentas do planejamento
para o enfrentamento e a resolução dos principais problemas.
Com o intuito de promover a atuação contínua, articulada, integrada e solidária das áreas
de planejamento das três esferas de gestão, foi criado o Sistema de Planejamento do
SUS - PlanejaSUS, no qual foram estabelecidos, de acordo com a Portaria 2.135/2013, os
três instrumentos básicos que dão expressão concreta a este Sistema: o Plano de Saúde,
a Programação Anual de Saúde e o Relatório Anual de Gestão (art. 2, da citada Portaria).
A Lei nº 8.080/90 dispõe sobre a necessidade de que União, estados e municípios elaborem
50
e atualizem periodicamente seus planos de saúde (revisados anualmente). A Lei nº
8.142/90 estabeleceu como condição para recebimento de recursos federais, dentre
outros, que os estados e municípios tenham plano de saúde. É importante que o plano de
saúde conte com um capítulo específico para assistência farmacêutica.
O Plano de Saúde deve ser aprovado pelo respectivo Conselho de Saúde e divulgado
aos setores da sociedade envolvidos com o tema, a fim de possibilitar o efetivo controle
social nesta área (CFF, 2011), disponibilizado em meio eletrônico no Sistema de Apoio ao
Relatório de Gestão (SargSUS), disponível em www.saude.gov.br/sargsus.
A partir dos objetivos, das diretrizes e metas do Plano de Saúde, deve ser elaborada a
Programação Anual de Saúde, instrumento que operacionaliza as intenções expressas
no Plano. Nela são detalhadas as ações, as metas, os recursos financeiros e indicadores
para a avaliação, além das áreas responsáveis e parcerias necessárias para a execução das
ações, por meio das quais se pretende alcançar tais objetivos.
De acordo com a Portaria GM/MS 2.135/2013, a PAS deverá conter: i) a definição das
ações que, no ano especifico, garantirão o alcance dos objetivos e o cumprimento das
metas do Plano de Saúde; ii) a identificação dos indicadores que serão utilizados para
o monitoramento da PAS; e iii) a previsão da alocação dos recursos orçamentários
necessários ao cumprimento da PAS. O prazo de vigência coincide com o ano calendário.
51
A Programação Anual de Saúde é, assim, um instrumento destinado a servir de referência
para a construção do Relatório Anual de Gestão, delimitando o seu objeto. Deste modo, a
Programação Anual de Saúde e o Relatório Anual de Gestão representam (RAG) recortes
anuais do Plano de Saúde. Sendo a PAS o instrumento de previsão das ações e o RAG o que
descreve as ações efetivamente realizadas.
Por sua vez, o Relatório Anual de Gestão é o instrumento que apresenta os resultados
alcançados, apurados com base no conjunto de ações e indicadores, que foram definidos
na Programação para acompanhar o cumprimento das metas nela fixadas (BRASIL, 2006c).
SargSUS
52
Fonte: TCU, 2015
Ademais, somente por meio do planejamento integrado em saúde é possível ofertar uma
atenção contínua e resolutiva à população e possibilitar que a assistência farmacêutica se
consolide como um sistema fundamental às redes de atenção no SUS.
53
Fonte: TCE/MT, 2016
Já o item “2 – controle existente, porém com falhas” sinaliza para um controle efetivamente
utilizado, bem desenhado, podendo ainda ter melhorias, aprimoramento. É o caso de
existir um PMS bem elaborado, mas ainda apresenta falhas e sua utilização pode ser
aprimorada.
Por fim, o item “3 – controle existente e não há falhas detectadas” é um controle forte,
indica que o PMS está contribuindo para o alcance dos objetivos do programa Farmácia
Básica. (O resultado completo da avaliação de controles internos na atividade de logística
de medicamentos dos municípios do Estado de Mato Grosso pode ser conferido no seguinte
link: http://www.tce.mt.gov.br/conteudo/sid/791).
54
O Manual também recomenda a elaboração de
normas e procedimentos para todas as atividades:
Obras de referência
seleção, programação, aquisição, armazenamento,
(Ministério da Saúde, 2006)
recepção de medicamentos, controle, distribuição,
dispensação, prescrição etc. Uma vez elaborados,
“Planejar é preciso: uma
deve-se informá-los aos setores envolvidos.
proposta de método para
aplicação à Farmácia Básica”
Deve-se também abordar aspectos referentes às
questões administrativas, disciplinares, horários,
“Farmácia Básica na atenção
conduta e vestuário, entre outros. Os documentos
básica: instruções técnicas
do setor devem ser padronizados e identificados.
para sua organização”
É imprescindível, ainda, dispor de sistema de
informação eficiente, com uma base referencial de
informação e comunicação integrada, orientado para a gestão, produção, qualificação,
aporte gerencial e comunicação eficiente das informações de interesse à gestão.
Deve-se utilizar o conjunto delas e saber como cada uma é construída e como deve ser
interpretada, e como pode e deve, realmente, contribuir para o reconhecimento da
realidade com a qual lidamos e a qual gerenciamos.
Segundo Boing e Blatt (2011), os sistemas de informação em saúde (SIS) são bancos de dados
destinados a fornecer informações e estatísticas de interesse médico hospitalar, médico
ambulatorial, medicina pública, medicina investigativa (pesquisa e desenvolvimento).
55
O Hórus - Sistema Nacional de Gestão da Assistência Farmacêutica – tem por objetivo
contribuir para a qualificação da gestão da assistência farmacêutica nas três esferas de
gestão da saúde, promovendo melhoria do atendimento nos serviços e da qualidade de
vida dos usuários.
A partir de abril de 2010, o Hórus passou a ser disponibilizado, por adesão, aos
municípios brasileiros. A adesão ao Hórus é estimulada e apoiada por equipe específica
do DAF/MS e se dá pelo cumprimento de algumas fases definidas: realização de um
cadastro de adesão; formalização da adesão ao sistema por meio da assinatura de um
Termo de Adesão; capacitação ofertada na modalidade a distância para os funcionários
que irão operar o Hórus; e disponibilização e implantação do Hórus, com a liberação de
senha para acesso.
HÓRUS
56
– até intuitivamente, sem perceber – do que pode dar errado. Pode ser até uma lista escrita,
auxiliada por checklist ou outros instrumentos de gestão de viagens.
Há chances de problemas com o transporte, bagagem, medicamentos, clima, documentos.
Isso é identificação de riscos. E o que a gente faz a respeito é tratamento, geralmente por
meio de controles internos. Não adianta reclamar, a vida está cheia deles!
De modo semelhante ao que fazemos antes de viajar, um gestor pode adotar uma postura
sistemática de questionar os possíveis eventos futuros que impactarão os objetivos mais
relevantes da atividade de farmácia básica. Para ajudá-lo nessa tarefa, ele pode utilizar um
questionário, anotando respostas que representem ameaça possível:
ITEM DESCRIÇÃO
1. O que pode dar errado?
2. Como e onde podemos falhar?
3. Onde somos vulneráveis?
4. Quais ativos são mais relevantes?
5. Como podemos ser roubados ou furtados?
6. Como saber se estamos atingindo os objetivos?
7. Onde gastamos mais dinheiro?
8. Quais atividades são mais complexas?
9. Quais situações seriam ruins para nossa imagem?
10. Quais decisões exigem mais análise?
Além desse conjunto de perguntas, existem diversas técnicas que podem ser utilizadas
para identificação de riscos que afetam a realização dos objetivos. A escolha da técnica
mais adequada depende das particularidades de cada organização. Essas técnicas podem
ser utilizadas periódica ou continuamente.
Dentre as principais técnicas estão: questionários e pesquisas; entrevistas com
especialistas; brainstorming; seminários; análise do fluxo do processo; bow-tie;
auditorias; diagrama de causa e efeito; etc.
No caso da farmácia básica em um município, um Secretário de Saúde poderá utilizar os
seguintes documentos:
✓ Organograma e lotacionograma da área de assistência farmacêutica;
✓ Extrato de entrevista com médico, farmacêutico, enfermeiro e auxiliar de
enfermagem, membro do conselho municipal de saúde, etc.;
✓ Relatório de auditoria elaborado pela Controladoria-Geral do Município tratando
da avaliação da gestão da farmácia básica;
✓ Relatório de auditoria elaborado pelo TCE/MT, CGU, TCU e outros órgãos de controle
que tenham por objeto avaliação a atividade de assistência farmacêutica; e
✓ Documento online Riscos e Controle em Aquisições (RCA) mantido pelo TCU.
57
Com todas as informações, um Secretário de Saúde poderá realizar uma reunião de
brainstorming com seus colaboradores para identificar os principais riscos, suas causas e
consequências potenciais, gerando uma lista abrangente de riscos, baseada em eventos
que possam evitar, reduzir ou atrasar a realização dos objetivos.
58
Esses riscos devem ser vistos apenas como ponto de partida, cabendo aos jurisdicionados
identificar novos riscos de acordo com as particularidades de cada entidade tais como
tamanho da organização, natureza do negócio e a dispersão geográfica de suas atividades,
etc.
(...) a avaliação de riscos permite que uma organização considere até que
ponto os eventos em potencial podem impactar a realização dos objetivos.
Essa avaliação fundamenta-se em duas perspectivas – probabilidade e
impacto – e geralmente utiliza uma combinação de métodos qualitativos e
quantitativos (...) (COSO, 2007).
A avaliação pode ser feita de forma qualitativa, quantitativa ou combinada. Isso vai
depender do grau de detalhe que a organização requer e da natureza dos riscos avaliados,
especialmente se envolvem aspectos quantificáveis como dinheiro, tempo, produtos,
pessoas, instalações, eventos, pacientes, alunos, materiais.
59
Descrição Probabilidade Peso
Média Evento esperado, de frequência reduzida, e com histórico de
3
ocorrência parcialmente conhecido.
Alta Evento usual, corriqueiro. Devido à sua ocorrência habitual,
seu histórico é amplamente conhecido por parte de gestores e 4
operadores do processo.
Muito Alta Evento se reproduz muitas vezes, se repete seguidamente, de
maneira assídua, numerosa e não raro de modo acelerado.
5
Interfere de modo claro no ritmo das atividades, sendo evidentes
mesmo para os que conhecem pouco o processo.
60
Dessa forma, cada risco estará situado em um dos 4 quadrantes (extremo, alto, médio ou
baixo), de acordo com as escalas de probabilidade e consequência utilizadas. O mapa de
riscos da atividade de logística de medicamentos elaborado apenas para fins didáticos do
curso se encontra na aula 06.
A tabela a seguir contém as Diretrizes para Priorização do Tratamento de Riscos que pode
ser adotada pela gestão municipal.
61
Com base nas escalas citadas, o resultado da avaliação de riscos na atividade de
planejamento e organização da farmácia básica, realizado pelo autor do material
apenas para fins didáticos, está demonstrado na tabela a seguir:
62
ASSISTA AO VÍDEO
SAIBA MAIS
Para ler mais sobre o conteúdo que você aprendeu, acesse os seguintes documentos na
biblioteca do curso: (i) Assistência farmacêutica na atenção básica: instruções técnicas para
sua organização; (ii) Assistência Farmacêutica para gerentes municipais; (iii) Aquisição de
medicamentos para assistência farmacêutica no SUS: orientações básicas.
SÍNTESE
Estudamos que a saúde é um direito que se encontra gravado no art. 196 da Constituição
Federal de 1988, garantido por meio de políticas sociais e econômicas que visem à redução
do risco de doença e de outros agravos.
63
Aula 3: Ciclo da Farmácia Básica
O que é o ciclo da farmácia básica? Quais etapas fazem parte?
Todos prontos?
64
3 CICLO DA FARMÁCIA BÁSICA
Valorizando as ações de aquisição, armazenamento e distribuição, e
afastando a equipe de saúde, em especial o profissional farmacêutico, das
questões outras que integram a Farmácia Básica, desenvolveu-se, no Brasil,
uma visão fragmentada dos serviços quanto à questão dos medicamentos.
(Marin et al, 2003)
65
3.1 - Seleção
A seleção é “o eixo do ciclo da Assistência Farmacêutica, pois todas as outras atividades
lhe são decorrentes. É a atividade responsável pelo estabelecimento da relação de
medicamentos, sendo uma medida decisiva para assegurar o acesso aos mesmos”
(BRASIL, 2007).
“I. A seleção de medicamentos deve ser feita por uma comissão permanente
de profissionais de saúde, com conhecimentos especializados, por critérios de
essencialidade, qualidade e eficácia comprovada. Sua utilização deve ser obrigatória nos
serviços de saúde, especialmente pelos prescritores. Deve ser revisada periodicamente
e amplamente divulgada a todos os profissionais
de saúde.
RENAME
II. Devem constar todos os medicamentos que
serão usados nos serviços de saúde inclusive os Adotada desde 1964.
medicamentos eventualmente fornecidos pelo Seleção e padronização de
Ministério da Saúde. medicamentos e insumos
do SUS. Em 2018, são
III. Deve retratar o perfil epidemiológico local e
1098 produtos. Base para
possibilitar o atendimento dos principais problemas
a REMEME (Estadual) e
de saúde. Deve refletir as estratégias de cuidado e
REMUME (Municipal).
atenção definidas pelos gestores e implementadas
pelos serviços”.
A seleção é etapa inicial e uma das mais importantes do Ciclo. Determina todas as outras
atividades. O município tem a prerrogativa de selecionar os medicamentos para compor
o seu elenco, com base no perfil de morbimortalidade e nas prioridades estabelecidas.
Deve contemplar os preceitos do Uso Racional de Medicamentos e critérios baseados na
eficácia, na segurança, na qualidade e no custo do medicamento.
66
profissionais de farmácia, medicina, enfermagem e outros, cujo conhecimento se fizer
importante como, por exemplo, especialidades médicas, odontologia, epidemiologia
e farmacologia clínica com o objetivo de estabelecer a REMUME, definindo o que será
disponibilizado pelo SUS para a Atenção Básica. É temerário que a seleção de medicamentos
seja feita apenas por uma pessoa, como ocorre na maioria dos municípios. É preciso que
as decisões sejam técnicas e tomadas em colegiado.
Ainda, segundo os autores, a CFT também pode contribuir com as discussões sobre
judicialização do direito à saúde, elaborando pareceres técnicos sobre as solicitações de
medicamentos, promovendo debates, compondo câmaras técnicas e interagindo com
o Poder Judiciário, de forma a divulgar a lista de medicamentos essenciais e o processo
científico de sua elaboração.
É importante que a CFT esteja legalmente instituída por meio de documento legal,
assim como recomenda-se a regulamentação oficial dos objetivos, das atribuições e
responsabilidades da CFT, por meio de regimento, da mesma forma que se estimula a
capacitação e conscientização acerca das funções e dos papéis a serem desempenhados
pelos integrantes (MARIN et al., 2003, CIPRIANO et al., 2011).
A REMUME, produto resultante da fase de seleção, deve ser elaborada com base
67
na RENAME, levando em consideração as características populacionais, perfil
epidemiológica e nosológico, de oferta de serviços do local e da complexidade do
atendimento fornecido, bem como devem ser atualizadas periodicamente, aprovadas
nos respectivos Conselhos de Saúde e pactuadas nas CIB.
A seleção exige esforço operacional e recursos que podem ser racionalizados por meio
da união de dois ou mais municípios com realidades sanitárias semelhantes, que
podem se associar para este fim específico. (Marin et al, 2003)
68
Fonte: TCE/MT, 2016
Além disso, é importante que haja divulgação da Remume para os médicos das Unidades
Básicas de Saúde – UBS, para evitar que haja prescrição de medicamentos fora da relação
e que não estejam disponíveis nas farmácias dos municípios. Isso pode resultar na falta de
assistência para a população, que pode ser obrigada a comprar os medicamentos na rede
privada com recursos próprios, ou então inviabiliza seu tratamento, caso não possa arcar
com os custos dos fármacos.
A divulgação da Remume aos médicos nos municípios de Mato Grosso não é prática
comum. É o que demonstra o resultado da avaliação dos controles internos na atividade
de logística de medicamentos apresentado a seguir:
69
Outro importante desafio que tem se apresentado aos gestores e gerentes da assistência
farmacêutica é a judicialização do acesso aos medicamentos. Muitos estudos realizados
nos últimos dez anos apontam que os vazios assistenciais, associados à ineficiência na
logística de suprimentos, às preferências médicas por determinados medicamentos e às
manipulações de atores de mercado frente à fragilidade dessa área nas Secretarias, estão
entre as principais causas do grande aumento no número de ações e decisões judiciais
para medicamentos no Brasil (CHIEFFI; BARATA, 2009; GANDIN et al., 2011; NASCIMENTO,
2012; PEPE et al., 2010).
A intervenção judicial no âmbito da gestão pública pode ter efeitos positivos e negativos
na garantia do direito à saúde. Por um lado, ajuda na efetivação do acesso, quando o
Estado é ausente ou ineficiente, forçando os gestores a melhorar seus serviços. Por outro,
ao assegurar o atendimento de demandas individuais que infringem princípios como
equidade e integralidade, pode comprometer o orçamento da saúde ou, até mesmo,
prejudicar a efetivação de políticas públicas, sem necessariamente garantir a opção mais
racional e segura para o paciente (BARCELOS, 2010; CHIEFFI; BARATA, 2009).
70
Fonte: TCE/MT, 2016
3.2 - Programação
A programação “tem como objetivo garantir a disponibilidade dos medicamentos
previamente selecionados nas quantidades adequadas e no tempo oportuno para
atender as necessidades da população. A programação deve ser ascendente, levando em
conta as necessidades locais de cada serviço de saúde” (BRASIL, 2007).
A programação deve ter como alicerce uma boa gestão de estoques. Segundo Dias (1993),
os elementos de gestão de estoques são os principais parâmetros necessários à adequação,
aos interesses e às necessidades da quantidade nos estoques.
Constituem a própria gestão dos estoques e, por meio deles, são definidas as quantidades
a serem adquiridas, em intervalos de tempo compatíveis. Entre os elementos, o autor
71
destaca: consumo médio mensal, estoque máximo e mínimo, tempo de reposição, ponto
de pedido, giro de estoques.
A interação da programação com o sistema de estoques pode ser exemplificada pelo caso
da revisão do estoque para redução de custos adotada pelo Grupo Hospitalar Conceição
(GHC), do Rio Grande do Sul. O hospital adotou ferramentas e sistemas que evitavam
o aumento dos estoques a partir de requisição vinculada ao nível mínimo de produtos
armazenados. Além disso, foi realizado um levantamento para evitar a aquisição de
produtos que não tivessem movimentos há mais de seis meses e adotada uma prática de
redistribuição do excesso de estoque entre outras unidades hospitalares.
Outra medida para redução dos estoques adotada pelo GHC foi privilegiar a modalidade de
“registro de preços” prevista na Lei de Licitações. Nesse modelo o produto só é requisitado
no momento em que atingir o seu nível de estoque mínimo. (ENAP, 2002).
Mas essa tarefa não pode ser atribuída a um setor isoladamente. Exige a participação de
todos os setores da organização. Não há chance de sucesso se as decisões não envolverem
os usuários cujas necessidades devem ser satisfeitas (ENAP, 2002).
A decisão sobre alocação de estoques é uma das mais conhecidas decisões logísticas.
Manter estoques significa um conjunto de custos que não agregam valor. Mas não mantê-
los pode significar deixar de atender a uma demanda, com altos impactos negativos para
a organização (Christopher, 2007 apud Vaz e Lotta, 2011).
72
A primeira pergunta sobre alocação de
Uma programação eficaz estoques é: “quanto manter estocado?”. As
garante a disponibilidade respostas implicam a definição de estoques
dos medicamentos nas mínimos ou de segurança e pontos de pedido
quantidades adequadas e no ou reposição. Outra pergunta é “centralizar ou
tempo oportuno para atender descentralizar?”. (Vaz e Lotta, 2011).
à demanda da população,
com base na lista oficial de Essas decisões envolvem custos, com estocagem
medicamentos básicos. e armazenamento, transporte, controles.
Produtos que demandam condições especiais
[As] deficiências neste de armazenagem, incluindo conservação e
componente de gestão podem segurança, como vacinas, medicamentos
concorrer para aumentar controlados, termolábeis, devem ter seus
os riscos de desperdício estoques minimizados e centralizados.
e de desabastecimento,
comprometendo todos os Outro critério é a previsibilidade do consumo.
demais componentes do Ciclo Em situações em que o consumo é pouco
da Farmácia Básica, resultando previsível, é mais aconselhável manter
em sérios transtornos à estoques descentralizados. (Vaz e Lotta, 2011)
população, pela falta de acesso
aos medicamentos de que Também é preciso considerar os riscos
precisa. (Bruns et al, 2014). associados à falta de itens em estoque:
quanto maior o risco, mais importante a
descentralização.
Neste ponto é central a discussão sobre o tempo de reposição, ou seja, quanto tempo é
necessário para repor o medicamento e os insumos de saúde e qual a necessidade dessa
reposição.
73
Fonte: Elaboração própria
Existem várias formas para que se possa realizar o controle de estoque: de forma manual,
através de fichas de prateleiras, de formulários, relatórios de acompanhamento, por meio
de sistema informatizado, entre outros. Para que se possa ter confiabilidade e maior
segurança das informações, deve-se adotar um duplo controle no seu acompanhamento
(Marin et al., 2003).
74
Fonte: Elaboração própria a partir de Marin et al (2003) pg 130
Assim, a requisição de compra deve ser emitida três meses antes do final do
estoque. A principal consequência dessa demora será observada no tamanho do
estoque de segurança para suportar as variações de demanda durante esse longo
período. Esse tipo de estoque deverá ser, em geral, maior do que aquele observado
nas empresas privadas. (Costa, 2000)
75
Fonte: Marin et al (2003), adaptado da Opas (1990).
Com esses dados, consolida-se a demanda real, desde que não ocorram faltas prolongadas
de medicamentos e que as informações fornecidas sejam confiáveis. De resto, estima-se a
necessidade sempre tendo em vista a posição dos estoques, como em qualquer método.
Se ocorrer falta de medicamentos por um período de tempo, deve-se fazer o ajuste do
consumo. Para obter uma efetiva programação por consumo histórico, faz-se necessário
76
que as informações de consumo sejam consistentes e confiáveis. (Marin et al, 2003).
77
Fonte: Adaptado de Marin et al (2003) que adaptaram de MSH (1997)
78
Fonte: TCE/MT, 2016
3.3 - Aquisição
A aquisição “consiste num conjunto de procedimentos pelos quais se efetiva o processo
de compra dos medicamentos, de acordo com uma programação estabelecida, com o
objetivo de suprir necessidades de medicamentos em quantidade, qualidade e menor
custo-efetividade e manter a regularidade do sistema de abastecimento” (BRASIL,
2006a).
79
Um exemplo de consórcio de logística em saúde é o Consórcio Paraná Saúde, criado em
1999 e que congrega 98% dos municípios paranaenses, realizando a gestão de compras de
medicamentos e insumos comuns.
Assim, caso não haja uma interlocução efetiva com a gerência da Farmácia Básica, corre-se
o risco de que os processos de aquisição de medicamentos sejam conduzidos e orientados
apenas pelos rigores burocrático-administrativos, fiscais, econômico-financeiros e
jurídicos, descuidando-se da agilidade processual e de aspectos técnico-sanitários que
são de extrema importância à aquisição desse produto tão peculiar: o medicamento.
AVALIAÇÃO DOS - Facilidade de usar como critério - Dificuldade de usar como critério
FORNECEDORES fornecimentos passados fornecimentos passados
CUSTO DE - Pequenos custos de pedidos, - Grandes custos de pedidos, alto
PEDIDOS parcerias fazem tender a zero. custo de vendas para o fornecedor.
- Pequenos lotes de compras - Grandes lotes de compras
TAMANHO DO
LOTE DE COMPRA - Entregas constantes (JIT) - Entregas constantes só com Registro
de Preços ou Padronização
- Pequeno - Grande
- Tende a zero com os sistemas - Processo obedece à lógica
TEMPO DE
eletrônicos, Kanban e JIT cronológica
REPOSIÇÃO
- Apelação jurídica dos participantes
pode estender ainda mais
- Centrada na qualidade, entrega, - Centrada no preço
PREÇO E
serviços, preços, tempo de vida
CONCORRÊNCIA
do produto.
80
PARÂMETRO COMPRAS PRIVADAS LICITAÇÃO
- Especificação mais flexível - Comprador fornece especificação
- Fornecedor pode participar do formal no início do processo de
ESPECIFICAÇÃO projeto do produto (JIT) compra que tende, em regra, a ser
DO PRODUTO seguida rigorosamente.
- Modificação na especificação
com curva de aprendizado de
fabricação
- Pode ser no próprio fornecedor, - Dificuldade de trabalhar com
INSPEÇÃO DE qualidade garantida (JIT) qualidade garantida
QUALIDADE - Inspeção de recebimento feito - Recebimento feito por uma
pelo C.Q. "comissão"
- Longa duração (JIT) - Curta duração
- Flexível na especificação do - Na prática, mais rígido
produto - Especificação formal
CONTRATOS - Incorpora melhoria técnica e - Difícil incorporar melhorias técnicas
qualidade
- Difícil trocar informação técnica
- Modificações por negociação
- Troca de informação técnica
- Pequeno nível de formalismo - Grande nível de formalismo, tudo
CONTROLE SOBRE - Controle "genérico" sobre a deve ser documentado
A FUNÇÃO função - Controle sobre cada processo
81
Nenhum órgão ou entidade pública comprará sem a adequada caracterização de
seu objeto, devendo observar-se, para sua realização, a especificação completa e
a definição da quantidade e preço do bem a ser adquirido. Acórdão TCU 648/2007
Plenário (Sumário)
A – Objeto da compra
Como regra, o setor público deve utilizar padrões nos processos de aquisições públicas,
conforme se depreende dos seguintes dispositivos da Lei nº 8.666/1993:
Art. 11. As obras e serviços destinados aos mesmos fins terão projetos
padronizados por tipos, categorias ou classes, exceto quando o projeto-
padrão não atender às condições peculiares do local ou às exigências
específicas do empreendimento.
(...)
82
meio de planejamentos conjuntos (art. 3º, III, do
Decreto 7.892/2013), o que favorece a racionalização
DENOMINAÇÃO GENÉRICA
do esforço administrativo nas contratações, além da
economia de escala (Acórdão TCU nº 2622/2015 –
Denominação Comum
Plenário).
Brasileira (DCB) identifica
o princípio ativo do
A caracterização precisa, completa e adequada
medicamento.
do objeto é condição essencial para validade do
processo licitatório, segundo o disposto nos artigos
Nome oficial do fármaco, que
14 e 40, inciso I, da Lei 8.666/1993, bem como no art.
permite reconhece-lo.
3º, inciso II, da Lei 10.520/2002, quando se tratar de
pregão. Ex: Captopril, amoxicilina
A jurisprudência do Tribunal de Contas da União,
expressa na Súmula/TCU 177, é de que a definição
precisa e suficiente do objeto licitado constitui regra indispensável da competição, até
mesmo como pressuposto do postulado de igualdade entre os licitantes, do qual é subsidiário
o princípio da publicidade, que envolve o conhecimento das condições básicas da licitação
pelos concorrentes potenciais. São nesse mesmo sentido os Acórdãos: 1.041/2010-TCU-
Plenário, 168/2009-TCU-Plenário, 926/2009-TCU-Plenário, 1.746/2009-TCU-Plenário,
2.927/2009-TCU-Plenário, 6.349/2009-TCU-2a Câmara e 157/2008-TCU-Plenário.
É relevante destacar, ainda, que o TCE/MT passou a exigir dos fiscalizados a padronização
de todos os materiais e serviços a partir de 2017, para serem informados no Sistema
APLIC, por meio do Catálogo de Materiais e Serviços para Licitações (Comunicado Aplic
nº 25/2016, de 20/12/2016). Dessa forma, essa boa prática passou a ser uma obrigação
para os jurisdicionados do TCE/MT.
83
Para medicamentos em pó e em soluções, a unidade de fornecimento é a embalagem
primária, definida pelo frasco, ampola, bisnaga e assim por diante, seguidas pelo volume
ou peso, conforme a apresentação do medicamento. (BRASIL, 2011).
É comum, entretanto, encontrar especificações imprecisas, sem padrão, confusas e mesmo
inexistentes. Há casos de descrições de embalagens que sequer existem no mercado:
caixas com 1000 ampolas, 1000 frascos, 1000 pacotes, quando os produtos possuem, no
máximo, caixas de 100 unidades. Isso pode contribuir para confundir o mercado e dificultar
a comparação de preços e a operacionalização das compras.
Apresentam-se exemplos de especificações corretas e incorretas em compras, como
ilustração do tipo de erro comum em licitações de medicamentos e equipamentos de
saúde.
Quadro 5: Exemplo de especificação correta e incorreta de equipamento
Incorreto:
Estufa em aço inoxidável, termostato regulável até 300º C e termômetro
Correto:
Estufa de secagem e esterilização de material em aço inoxidável, porta com isolamento
hermético, isolamento em lã de vidro de no mínimo 8 cm, elementos aquecedores em fio
cromo níquel, termostato automático regulável até 300º C, prateleiras graduadas e dispositivo
giratório do porta termômetro, corrente de 110/220 – 50/60 ciclos, potência de 5 kw,
dimensões internas 50 x 40 x 50 cm. Acompanha termômetro de mercúrio, com máxima de 400
e mínima de 50 ºC
Fonte: Bueno (1999) apud Marin et al (2003) pg 83
Incorreto:
Azitromicina suspensão. Caixa.
Correto:
Azitromicina 40 mg/mL (600 mg), pó para suspensão oral, frasco com 15 mL após
reconstituição, com lacre de segurança + diluente + seringa dosadora acondicionados dentro
da embalagem secundária, embalagem individual em cartucho ou com no máximo 60 frascos,
em embalagem primária e secundária, de acordo com a publicação do registro no Ministério da
Saúde.
Fonte: elaboração própria
Outro exemplo de falta de padrão descritivo é a compra de Soro Fisiológico. São comuns
especificações que utilizam denominações como “soro”, “soro fisiológico”, “solução
fisiológica”, “cloreto de sódio”, “NACL (cloreto de)”.
Para evitar essas situações, o Governo Federal adota um catálogo padronizado de compras,
o CATMAT, que é utilizado no sistema Comprasnet, no Banco de Preços e no sistema
Hórus.
84
O objetivo do CATMAT é estabelecer um
catálogo de referência nacional para
Banco de Preços em Saúde (BPS)
compras dos insumos utilizados na área
de Saúde Pública com linguagem única e
Registra os preços pagos por
padronizada para descrição de materiais,
medicamentos e produtos da área
favorecendo a gestão de materiais, a
da saúde, adquiridos por instituições
comparação de preços, a racionalização
públicas e privadas.
de procedimentos. Os medicamentos
do CATMAT foram descritos seguindo Há determinações do TCU para tornar
a Denominação Comum Brasileira, obrigatória a alimentação do BPS.
obedecendo a Lei nº 9.787/1999. Acórdãos 3491/2010-2C e 661/2010-P
O CATMAT é ferramenta obrigatória e 1457/2009-2C.
para todos os órgãos federais e de uso
facultativo de qualquer órgão público. Os
itens estão agrupados e classificados em grupos e classes, de acordo com sua natureza
física e aplicação. A Classe 6505 é de “drogas e medicamentos”; A classe 6515 agrega
“instrumentos, equipamentos e suprimentos médicos e cirúrgicos”. Um item do CATMAT
tem código alfanumérico de 7 dígitos. Ex: BR0367755.
As codificações e descrições do CATMAT estão disponíveis no Sistema Banco de Preços
em Saúde, como padrão de produtos disponibilizados aos usuários, de modo que todos
tenham acesso a uma lista de itens com especificação padronizada, o que possibilita a
utilização de uma linguagem única para comparação de preços entre produtos idênticos.
Embora obrigatória, essa não é a regra nos municípios de Mato Grosso. Na avaliação
de controles internos realizada pelos Controladores em 127 municípios, em resposta à
pergunta se “a prefeitura padronizou as nomenclaturas e unidades de fornecimento
dos medicamentos para aquisição por meio de processos licitatórios”, o resultado foi o
seguinte:
85
B – Justificativa
Toda aquisição de bens e contratação de serviços deve ser fundada em real necessidade,
devidamente demonstrada nos autos do processo administrativo, em estrita observância
ao princípio da motivação.
Nessa situação (contratação direta), deve existir, ainda, a devida justificativa da escolha
do fornecedor e do preço do produto adquirido ou do serviço contratado, nos termos do
artigo 26, parágrafo único, incisos II e III, da Lei nº 8.666/1993. (Acórdão TCU nº 125/2005
Plenário e Decisão 745/2002 Plenário).
Para justificar o preço em contratações diretas (art. 26, parágrafo único, inciso III, da Lei
8.666/1993) deve ser realizada, preferencialmente, mediante:
(i) no caso de dispensa, apresentação de, no mínimo, três cotações válidas de empresas do
ramo, ou justificativa circunstanciada se não for possível obter essa quantidade mínima;
C – Estimativa de Preço
Há vários dispositivos legais que exigem esse orçamento prévio, sem o qual a licitação é
considerada anulável (Lei 8.666/93, art. 15, § 1º; Lei 10.520/01, art. 3º, III; Decreto 3555/00,
art. 8º, § 2º, II; etc.).
86
É a pesquisa de preços, portanto, que vai fundamentar o julgamento da licitação, definindo
o preço de referência. O preço de referência dá suporte ao processo orçamentário da
despesa, define a modalidade de licitação – nos casos previstos na Lei nº 8.666/93 –
fundamenta os critérios de aceitabilidade de propostas, define a economicidade da
aquisição, justifica a compra no sistema de registro de preços.
Caso a pesquisa de preços seja malfeita, pode representar prejuízo, já que a concorrência
nem sempre é elemento suficiente para garantir preço justo e os fornecedores estarão
procurando meios de vender seus produtos com lucros maiores (Santos, 2016).
Mas a lei não determina essa sistemática. O que a lei determina é que as compras, sempre
que possível, deverão “balizar-se pelos preços praticados no âmbito dos órgãos e entidades
da Administração Pública” (art. 15, da Lei nº 8666/93). O “sempre que possível”, nesse caso,
significa “quando estiver disponível” (Santos, 2016).
Foi nesse sentido a recomendação presente no acórdão TCU 247/2017 – P, ao dispor que
“a realização de pesquisa de preços para elaboração de orçamento básico de licitação
com respaldo apenas em consulta a empresas privadas não atende o art. 15, inciso V,
da Lei 8.666/1993, que estabelece que as compras devem balizar-se também pelos preços
praticados no âmbito dos órgãos e entidades da Administração Pública, os quais, no caso
de medicamentos e correlatos, estão disponíveis no Banco de Preços em Saúde (BPS) , do
Ministério da Saúde, entre outros bancos de dados”. Nessa mesma linha é o Acórdão TCE/
MT 248/2017 – TP.
Essa é a fonte de informação mais relevante para as compras públicas. Quanto o setor
público vem pagando pelo mesmo produto, em condições similares e é com ela que o
município deve trabalhar para a formação do preço de referência das aquisições públicas.
E para fazer a pesquisa de preços, uma importante fonte é o site do Tribunal de Contas do
Estado de Mato Grosso – TCE/MT. Por meio dele, é possível obter preços praticados pelos
municípios mato-grossenses, no seguinte endereço:
87
Fonte: Elaboração própria
Além dessa ferramenta de busca de preços, o TCE/MT tem ofertado regularmente pela
Escola Superior de Contas cursos em EAD (Ensino à Distância) sobre formação de preços
de referência em compras públicas, com ênfase em medicamentos, para capacitar os
servidores públicos a utilizar essas ferramentas e melhorar as estimativas de preços nas
licitações.
88
no art. 24, I, II, da Lei nº 8.666/1993, devem ser apresentadas as respectivas pesquisas de
preços, nos termos do art. 26, da Lei”.
Esse entendimento converge com o adotado pelo TCU, de utilizar a maior amplitude
possível de fontes de referências. Esse é o conceito de “cesta de preços aceitáveis”,
conforme apresentado a seguir:
O que se espera, portanto, é que a pesquisa de preços seja realizada com amplitude
suficiente (Acórdão TCU nº 2.637/2015 – P), proporcional ao risco da compra, privilegiando
a diretriz emanada pelo art. 15, da Lei de Licitações, a fim de que o balizamento seja
fundamentado nos preços praticados pela Administração Pública.
Nesse sentido, somente quando não for possível obter preços referenciais nos sistemas
oficiais é que a pesquisa pode se limitar a cotações de fornecedores (Acórdão TCU
2.531/2011-P).
Com base nesse entendimento, a administração pública não pode, por exemplo, utilizar a
variação de índice inflacionário para estimar o custo de bens e serviços a serem licitados
(Acórdão 2361/2009 Plenário).
Em relação aos métodos para tratar os dados obtidos (fontes de referência), não há
nenhuma orientação legal objetiva acerca da metodologia para obtenção de preço
de referência em licitação, se exigindo, apenas, que os valores estimados estejam em
consonância com a prática de mercado (Acórdão 694/2014 – Plenário). Dessa forma, o
gestor pode utilizar a média aritmética, mediana, média saneada, dentre outras, desde
que devidamente justificada e comprovada no processo.
Ademais, nas licitações realizadas mediante pregão, o TCU tem recomendado às Entidades
que avaliem a conveniência de divulgar os preços estimados para o bem ou serviço a ser
adquirido (Acórdão TCU nº 1178/2008, nº 392/2011 e Acórdão nº 1153/2013, todos do
Plenário e Acórdão nº 3.028/2010, da 2ª Câmara).
89
Assim, encontra amparo legal a disponibilização dos preços unitários e global estimados
apenas após a fase de lances - e não no edital do certame, nas licitações na modalidade
pregão (Acórdão 2080/2012 – Plenário).
Entretanto, sempre que o preço de referência for utilizado como critério de aceitabilidade
da proposta, a sua divulgação no edital é obrigatória, nos termos do art. 40, inciso X, da
Lei 8.666/93 (Acórdão 2166/2014 –Plenário).
Em 2016, foi noticiado que um vereador em Várzea Grande denunciou aos órgãos
de controle indícios de falsificação em documentos para fraudar dispensa de
licitação e a ocorrência de superfaturamento de medicamentos.
90
todos os municípios do Estado, a economia pode ultrapassar R$ 50 milhões, em compras
que se repetem todos os anos.
Ou seja, em 67,20% dos municípios (85/127) não há normatização dos critérios para
realização de pesquisas de preços ou quando existe é informal ou sem aplicação efetiva,
falhando na maior parte das vezes.
Cabe destacar que este é um importante controle para mitigar o risco de estimativa
inadequada de preços, que pode provocar como consequência o sobrepreço e
superfaturamento na aquisição de medicamentos.
ITEM DESCRIÇÃO
As compras públicas de medicamentos devem ser balizadas pelos preços praticados
no âmbito dos órgãos e entidades da administração pública (art. 15, V, da Lei no
01 8.666/93), tendo por fim a adequação da estimativa de preços aos praticados no
mercado, sob pena de a Administração incorrer em superfaturamento de preços com
prejuízo ao erário.
Nas aquisições de medicamentos, a Administração deve observar, ainda, os preços
máximos e critérios fixados pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos
02
(CMED/Anvisa), além de utilizar como referência os preços praticados no âmbito da
administração pública.
91
ITEM DESCRIÇÃO
O balizamento de preços nas aquisições de medicamentos deve considerar as
informações do Banco de Preços em Saúde do Ministério da Saúde (BPS/MS), tendo em
03
vista que é uma fonte de informação oficial dos preços de medicamentos e produtos
para a saúde praticados nas compras públicas.
As tabelas de preços emitidas pela Revista Simpro Hospitalar e pela Unimed
não são aptas para o balizamento de preços nas aquisições governa- mentais de
04
medicamentos, pois, em geral, não refletem os preços praticados na esfera pública.
Por relevante, cabe destacar que o TCE/MT entendeu que “o gestor e o contratado
responderão solidariamente pelos prejuízos causados à Administração, por ocasião
da aquisição de medicamentos com preços superfaturados, quando restar comprovado
que contribuíram para a ocorrência do evento danoso, cabendo-lhes, conjuntamente, o
respectivo dever de ressarcimento ao erário, com recursos próprios” (Acórdão TCE/MT
248/2017 – TP).
92
Orientação Interpretativa no 02/2006, da mesma Câmara, com vistas a
alertar os gestores estaduais e municipais que, em caso de não observância
das resoluções pelos fornecedores de medicamentos quando de compras
efetuadas pelo setor público, deverá o gestor comunicar o fato à CMED e
ao Ministério Público Federal e Estadual, sob pena de responsabilização
por aquisição antieconômica e pela devolução dos recursos pagos acima
do teto estabelecido pelos normativos da CMED, mediante instauração de
tomada de contas especial;
A venda de medicamentos à Administração Pública deve ter como limite máximo o Preço
de Fábrica, definido anualmente pela CMED. Esse entendimento consta da Orientação
Interpretativa nº 02, de 13 de novembro de 2006, cujo teor foi ratificado pelo Tribunal de
Contas da União, mediante o Acórdão nº. 1437-2007 – Plenário. As listas de preços estão
disponíveis no site da ANVISA (http://portal.anvisa.gov.br/listas-de-precos).
Nas tabelas CMED, referentes aos exercícios mais recentes, que constam do site da Anvisa
já contem indicativos para os medicamentos nela relacionados relativos à incidência ou
não do ICMS e do CAP.
Deduz-se o ICMS do preço-limite. Essa operação deve ficar explícita na Nota Fiscal, que
deve conter o ICMS incidente e, em seguida, deduzir o ICMS que seria devido caso não
houvesse o benefício.
Aproveitando-se das lacunas dos editais de licitação referentes aos casos em que os
medicamentos são isentos de ICMS, muitas empresas se utilizam de procedimentos para
simular a operação de isenção do ICMS e, consequentemente, onerar indevidamente a
fazenda pública.
93
O diagrama a seguir demonstra graficamente o mecanismo utilizado pelas empresas para
superfaturar produtos fornecidos:
Fonte: TCU
O Ministério Público Federal (MPF) e Ministério Público Estadual movem três Ações
Civis Públicas (ACP) por ato de improbidade administrativa contra três indústrias
farmacêuticas Milênio (Processo 26576-89.2010.4.01.3500), Medcomerce (Processo 26578-
59.2010.4.01.3500) e Hospfar (Processo 26577-74.2010.4.01.3500) e outras 14 pessoas
envolvidas na realização de manobra fraudulenta no faturamento de medicamentos
isentos de ICMS.
Cabe destacar que nos acórdãos 1989/2016, 2372/2015, 860/2015 e 1025/2015, todos do
plenário, o TCU entendeu que “na licitação para compra de medicamentos isentos de
ICMS, a Administração deve exigir que as propostas dos licitantes apresentem preços
desonerados desse imposto, consoante decidido no Acórdão 140/2012 Plenário. Contudo,
para licitações ocorridas em data anterior à da publicação desse acórdão, o regramento
do assunto é aquele previsto nos editais”.
94
Em setembro de 2011, o Tribunal Regional Federal concedeu liminar pedida pelo Ministério
Público Federal e determinou que 14 laboratórios farmacêuticos cumpram a obrigação de
vender medicamentos à administração pública seguindo desconto CAP.
A ação foi proposta pelo MPF, após a constatação de que as regras da CMED estavam sendo
desobedecidas na Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo. As empresas fornecedoras
não respondiam às solicitações para a compra de medicamento com desconto. Citamos
um trecho da decisão:
As recorridas sustentam que (...) não existe lei que imponha a venda de
produtos ao ente estatal. No entanto, a partir do entendimento de que a
administração pública atua como consumidora, é possível afirmar que a
norma que obriga a essa venda é justamente o mencionado artigo 39 do
CDC. Pode-se citar ainda como aplicável ao caso o artigo 421 do Código
Civil, segundo o qual a liberdade de contratar será exercida em razão e nos
limites da função social do contrato. Mencionada regra reafirma o disposto
no CDC. Desse modo, não é autorizado ao empresário se negar a atender
a demanda do consumidor, sob o argumento de que a Constituição Federal
prevê a livre iniciativa, porquanto, como visto, o ordenamento jurídico pátrio,
com esteio em outros preceitos constitucionais, fundados na dignidade
da pessoa humana, apresenta certas limitações a esse direito, a fim de
garantir equilíbrio entre as forças econômicas, entre elas as relacionadas
ao consumo. (TRF-3. Agravo de Instrumento nº 0037364-98.2011.4.03.0000/
SP, 20/03/2014).
Além dos preços máximos, os órgãos públicos têm à disposição as referências registradas
no BPS, que informa os preços pagos, em âmbito nacional, por medicamentos e produtos
da área da saúde, adquiridos por instituições públicas e privadas.
Isso porque o TCU entende que a tabela CMED traz o preço MÁXIMO, que não é
necessariamente o preço médio praticado no mercado. No Acórdão 3.016/2012–Plenário,
95
o TCU disse que o preço-fábrica pode apresentar graves distorções e que em muitos
casos não representa um parâmetro adequado a ser utilizado nas compras públicas,
tendo determinado ao Ministério da Saúde que alertasse estados e municípios quanto
à possibilidade de superdimensionamento de preços-fábrica registrados na Tabela Cmed,
tornando-se imprescindível a realização de pesquisa de preços prévia à licitação, e que
a aquisição de medicamentos por preços abaixo do preço-fábrica registrado não exime o
gestor de possíveis sanções.
Nesse mesmo sentido foi a orientação presente nos acórdãos 9296/2017 – Primeira
Câmara e 2901/2016 - P, ao dispor que “os preços divulgados pela Câmara de Regulação
do Mercado de Medicamentos (Cmed) não são o parâmetro mais adequado para servir
de referência para aquisições públicas de medicamentos ou como critério de avaliação
da economicidade de tais aquisições, pois são referenciais máximos que a lei permite ao
fabricante vender o seu produto”.
O fracionamento de despesas é proibido pela Lei 8.666/93, art. 23, § 5º. É caracterizado
pela divisão da despesa para fugir da licitação, fracionando as compras ou contratações
em pequenos montantes, para se enquadrar na hipótese de dispensa por valor ou para
adotar modalidade inferior à exigida para o total do gasto.
Por “total da despesa” é comum considerar apenas aquelas relativas ao exercício corrente.
Porém, no caso de serviços continuados, deve-se levar em conta o período de vigência do
contrato e as possíveis prorrogações para a correta definição da modalidade de licitação
adequada (concorrência, tomada de preços ou convite), conforme entendimento previsto
na Orientação Normativa AGU nº 10/2009 e Acórdão TCE/MT nº 1.705/2015.
96
✓ A classificação orçamentária (elemento ou subelemento de despesas) e a identidade
ou qualidade do fornecedor são insuficientes, isoladamente, para determinação da
obrigatoriedade de licitar ou definição da modalidade licitatória;
✓ O lapso temporal entre as licitações é irrelevante para determinação da
obrigatoriedade de licitar ou definição da modalidade licitatória.
Sobre o assunto, é importante lembrar que o art. 23, §1º, da Lei 8.666/1993, estabelece o
parcelamento como regra, razão pela qual cabe ao administrador demonstrar os motivos
que o levaram a não dividir o objeto licitado.
97
Um outro risco da licitação de compras de medicamentos para o Programa farmácia básica
refere-se ao agrupamento por lote (loteamento). Esse esquema consiste na realização de
compra seletiva, mais conhecido como “jogo de planilha”. Funciona da seguinte forma:
ITEM DESCRIÇÃO
A Administração monta o lote com diversos produtos e quantidades para Ata de
01
Registro de Preços.
O licitante, em conluio com a Administração, sabe exatamente quais produtos
02
daquela Ata serão de fato comprados.
Esse licitante vence com menor proposta no lote, mas com preços altos para os
03 produtos que serão realmente comprados e baixos para aqueles que estão ali apenas
para fazer volume e constar na ata.
Durante a vigência da Ata, compram-se apenas os produtos que estavam com preços
04
mais altos, resultando em prejuízos elevados ao erário.
Nesse caso, a melhor proposta por lote não é necessariamente a vantajosa, pois o Registro
de Preços não reflete a estimativa real de demanda dos produtos.
Para evitar esse tipo de irregularidade, o TCU tem orientado que “nas licitações por lote
para registro de preços, mediante adjudicação por menor preço global do lote, deve-se
vedar a possibilidade de aquisição individual de itens registrados para os quais a licitante
vencedora não apresentou o menor preço” (Acórdão nº 343/2014 – Plenário).
Para realizar a licitação, o setor responsável pela aquisição dos medicamentos deverá
elaborar edital, em conformidade com o projeto básico ou termo de referência, o qual
deverá conter informações claras e concisas sobre o que, como e para que se pretende
realizar uma determinada compra.
Assim, deve a Entidade evitar incluir cláusulas restritivas nos editais de licitação que
comprometa a efetiva competição entre os licitantes, e direcione indevidamente o
processo a determinado fornecedor.
98
a) Prazo de Validade e Lotes
Os medicamentos deverão ser entregues separados por lotes e data de validade, com
seus respectivos quantitativos impressos na nota fiscal. Além disso, recomenda-se que os
medicamentos sejam entregues com, no máximo, 20% do tempo de vida útil decorrido a
partir da data de fabricação, ou seja, com 80% de sua validade intacta. (Marin et al, 2003)
b) Embalagem e Acondicionamento
c) Rotulagens e Bulas
99
Por se tratar de órgão público, deve-se exigir também que os produtos sejam entregues
com a seguinte impressão nas embalagens secundárias e/ou primárias: “PROIBIDA A
VENDA NO COMÉRCIO”. (Portaria GM/MS 2814/1998)
d) Especificações
Os medicamentos não podem ser adquiridos com nome de marca/fantasia. Deve ser
utilizada a DCB (Denominação Comum Brasileira), disponível no endereço eletrônico
www.anvisa.gov.br.
e) Transporte
f) Entrega Parcelada
Considerando que as compras devem ser processadas por Registro de Preços, conforme
previsto no Art. 15 da Lei 8.666/93, as vantagens de comprar quando necessário são:
▶ manutenção da regularidade no abastecimento;
▶ possibilidade de ajustar a demanda em função das sazonalidades;
▶ imobilização de um volume menor de recursos financeiros;
▶ realização de um número menor de processos de compra no decorrer do ano;
▶ redução dos estoques armazenados, racionalizando a utilização dos recursos
▶ necessários e, com isso, reduzindo os custos de armazenagem;
▶ medicamentos sempre com prazo de validade favorável;
▶ execução financeira planejada e gradual. (Marin et al, 2003)
100
g) Prazo de entrega
h) Habilitação
Ainda sobre o CBPF, o TCU emitiu o acórdão 4788/2016 – Primeira Câmara e os Acórdãos
126/2010, 127/2010, 128/2010, 129/2010 e 392/2011– todos do Plenário, no sentido de ser
irregular exigir o Cerificado por falta de amparo legal, por não se mostrar indispensável
à garantia do cumprimento das obrigações a serem pactuadas e por constituir exigência
excessiva, uma vez que o efetivo registro de medicamentos pressupõe a adoção prévia,
pelo fabricante, das boas práticas de fabricação.
101
Mais recentemente, o TCU voltou a enfrentar a questão no Acórdão 1392/2014-P,
determinando à sua Secretaria especializada em Saúde dar tratamento sistêmico e
uniforme ao exame da legalidade da exigência.
A questão, portanto, ainda não está pacificada, mas, até o momento, a jurisprudência do
TCU é contrária à exigência do CBPF.
O art. 3º da Portaria MTE nº 1748/2011 exige que o empregador deve elaborar e implantar
o Plano de Prevenção, mas não determina prazo para substituição dos materiais
perfurocortantes.
Portanto, não é na licitação que se exigirá esse documento, mas nos procedimentos da
ANVISA de registro e revalidação do produto.
Então, no caso das agulhas, existe um documento obrigatório a ser apresentado: o registro
do produto. Só pode comercializar quem tiver o registro. Essa é a exigência legal.
No caso de produtos que possuem norma técnica a ser observada é diferente. Existe a
norma, deve ser seguida, deve ser atestada por organismo especializado, mas não há
necessariamente um processo e um documento de registro. O que confirma a confiabilidade
do produto é o próprio certificado.
Quando a certificação não é obrigatória, mas existe norma técnica, pode exigir no edital,
desde que justificado. O mais recente Acórdão 1687/2013-P do TCU diz: “Esta exigência
está afeta ao poder discricionário do administrador e deve ser acompanhada de parecer
técnico devidamente justificado”.
Sobre o mesmo tema, pode-se citar o Acórdão 61/2013-P: “... a exigência de certificado
de conformidade de produtos às normas da ABNT... deve ser acompanhada de justificativa
plausível e fundamentada em parecer técnico...”.
Uma boa prática para reduzir o riscos de erros e irregularidades na elaboração do edital de
aquisição de medicamentos, é elaborar editais-padrão para das suporte às contratações
de objeto dessa natureza. Entretanto, percebe-se que a maioria dos municípios não adota
essa prática em relação à aquisição de medicamentos.
É comum nos municípios de Mato Grosso o uso do Pregão Presencial para compra de
medicamentos. Isso dificulta muito que empresas de fora do estado entrem nas disputas,
dados os altos custos operacionais de participar em todas essas cidades do interior.
103
O Decreto 5.504/2005 obriga que seja justificada a inviabilidade da utilização do pregão
na forma eletrônica quando a licitação envolver recursos federais repassados aos entes
de forma voluntária, como é o caso dos principais programas que custeiam a aquisição de
medicamentos e insumos hospitalares nos municípios: Farmácia Básica e PAB-Fixo.
Na visão do TCU, o Pregão Eletrônico é obrigatório, a menos que inviável (Ac 1700/2007-
P). Foi essa mesma orientação presente no acórdão 247/2017 –P “na aquisição de
medicamentos e correlatos ou no respectivo registro de preços, o uso da modalidade
pregão na forma eletrônica é obrigatório, nos termos do art. 4º, § 1º, do Decreto
5.450/2005, salvo se houver comprovada e justificada inviabilidade”.
3 - Equipe Especializada
Em função da complexidade e das características técnicas específicas das compras de
medicamentos e insumos de saúde, a equipe de licitação da Prefeitura deve estar em
constante e permanente contato e sendo assessorada pelo pessoal especializado da
Secretaria de Saúde.
104
formal de equipe técnica para auxiliar a CPL na análise da documentação de habilitação e
proposta de preços nas licitações para aquisição de medicamentos e insumos da saúde”
apresentou o seguinte resultado:
Esse mecanismo, mesmo não se tratando de uma forma de aquisição propriamente dita,
possibilita a esses órgãos e entidades a incorporação e/ou alienação de medicamentos
nos seus estoques, com o foco voltado para ganhos de eficiência administrativa e o
atendimento das necessidades de saúde da sua clientela-alvo.
Porém, todos os atos de doações e/ou permutas devem ser documentados pela Gerência
de Farmácia Básica, cuidando dos devidos registros quanto à quantidade, ao nome do
medicamento, ao número do lote, à data de validade e ao nome do fabricante. De maneira
complementar, recomenda-se que os gestores maiores da secretaria em cada instituição
autorizem formalmente essas transações.
Muitos outros aspectos de risco em licitações e contratos ainda poderiam ser abordados,
em especial as questões relacionadas a direcionamento, restrição à competição, fraudes
e conluios, compras diretas sem licitação, a prática do fiado. Entretanto, optamos
por enfatizar os tópicos que estão mais diretamente ligados às compras específicas de
medicamentos e insumos de saúde.
105
3.4 - Armazenamento e Distribuição
O armazenamento é caracterizado por um conjunto de procedimentos técnicos e
administrativos que envolvem as atividades:
• Recebimento – examinar e conferir o material
• Estocagem ou guarda – arrumação organizada, aproveitamento de espaço
• Segurança – cuidados contra danos físicos, furtos e roubos.
• Conservação – assegurar as características dos produtos
• Controle de estoque – monitoramento da movimentação física dos produtos
• Entrega – entrega ao solicitante, transporte adequado, rastreabilidade.
Pesquisa do Horus com os 1314 municípios usuários revelou diversos problemas nos
almoxarifados das Secretarias de Saúde conforme Gráfico a seguir sobre a situação dos
almoxarifados em municípios usuários do Hórus:
106
Com base na pesquisa, pode-se evidenciar que quase metade dos municípios não tem
climatização, apenas 16% controlam umidade e somente metade se preocupa com
temperatura. O controle de estoque é feito por menos de metade das prefeituras e quase
ninguém tem Comissão de Farmácia e Terapêutica.
O gerenciamento adequado dessa etapa do ciclo reduz perdas e deve observar alguns
procedimentos e ações, entre os quais se destacam (CONASS, 2011):
107
Sobre condições de estocagem e armazenamento dos produtos, destacamos os seguintes
aspectos:
b) Recebimento de Medicamentos
Receber implica conferência se os medicamentos entregues estão em conformidade com
os requisitos estabelecidos quanto à especificação, quantidade e qualidade. Para tanto,
devem ser elaboradas normas técnicas e administrativas, procedimentos operacionais e
instrumentos de controle para registro de todas as informações referentes aos processos
de trabalho.
Alguns procedimentos-padrão:
• só receber com documentação; se não houver 2ª via, providenciar cópia;
• observações em formulário padronizado;
• documentação arquivada no serviço;
• inconformidades devem ser notificadas e registradas formalmente;
108
• conferir, por amostragem, lotes dos produtos recebidos;
• não atestar faturas ou documento que não esteja sob seu controle;
• determinações de gestão formais (memorando ou e-mail);
• ocorrências devem ser notificadas, datadas e assinadas;
• devoluções de medicamentos pelas unidades de saúde sob justificativas
• procedimentos e providências por escrito e arquivadas.
Medicamentos termolábeis (que podem sofrer alterações por temperatura), devem ter
prioridade na conferência e no armazenamento.
c) Estocagem
Estocar consiste em ordenar adequadamente os produtos em áreas apropriadas, de
acordo com suas características e condições de conservação exigidas (termolábeis,
psicofármacos, inflamáveis, material médico-hospitalar etc.).
109
Para a estocagem de medicamentos, deve-se dispor de área física suficiente e apropriada
aos diferentes tipos de produtos a serem armazenados.
d) Controle de Estoque
Atividade técnico-administrativa que visa subsidiar a programação e aquisição de
medicamentos, na manutenção dos níveis de estoques necessários ao atendimento da
demanda, evitando-se a superposição de estoques ou desabastecimento do sistema,
mantendo-se o equilíbrio (Brasil, 2006).
A ficha de prateleira para controle de estoque pode ser substituída por controle
informatizado. O controle informatizado deve identificar a quantidade dispensada
para cada paciente, de forma a inibir o uso de uma mesma receita para a retirada de
medicamentos em mais de uma UBS e prevenir o desvio de medicamentos.
Em algumas prefeituras do Estado de Mato Grosso, não existe sequer controle manual de
estoque dos medicamentos armazenados no Almoxarifado Central e nas Unidades Básicas
de Saúde, conforme se depreende da análise do resultado da avaliação de controles
internos em 127 municípios apresentado a seguir:
110
Fonte: TCE/MT, 2016
111
e) Descarte de Medicamentos
Este é sempre um grande problema. A grande e melhor solução é o investimento na
melhoria contínua do processo e da estrutura para impedir que os produtos se tornem
inservíveis (por vencimento ou deterioração) durante o tempo de estocagem. No entanto,
deve haver procedimentos previstos para quando isso eventualmente aconteça.
O Brasil ainda não dispõe de legislação específica de âmbito nacional para o descarte,
recolhimento, transporte e destinação ambientalmente adequada dos resíduos de
medicamentos vencidos ou em desuso pela população.
Os profissionais devem ser conscientes de que os resíduos gerados por suas atividades
podem levar riscos ao meio ambiente e à saúde das pessoas que, eventualmente, possam
entrar em contato com esses materiais (UFSC, 2011).
Grupos Descrição
resíduos com a possível presença de agentes biológicos que, por suas
Grupo A
características, podem apresentar risco de infecção;
Grupo B resíduos químicos (incluindo os medicamentos);
Grupo C rejeitos radioativos;
112
Grupos Descrição
Grupo D resíduos comuns;
Grupo E materiais perfurocortantes.
A RDC Anvisa nº 306/04 determina como deve ser a segregação para os medicamentos que
pertencem aos grupos dos produtos hormonais, produtos antimicrobianos, citostáticos
e antineoplásicos, imunossupressores, digitálicos, imunomoduladores, antirretrovirais e
medicamentos controlados pela Portaria MS nº 344/98 e suas atualizações (UFSC, 2011).
Esses medicamentos devem ser descartados juntamente com os blísteres e frascos. Retirar
as caixas e bulas quando estas não estiverem sujas e descartar em lixo comum (UFSC,
2011).
Todos os outros medicamentos não apontados pela RDC Anvisa nº 306/04 devem ser
separados em sólidos e líquidos.
▶ Sólidos: retirar os comprimidos e as cápsulas das embalagens (blísteres ou
frascos). As embalagens devem ser descartadas em lixo comum, junto com caixa e
bula. Os comprimidos e as cápsulas são descartados no lixo químico, devidamente
identificado.
▶ Líquidos: retirar as caixas e bulas (lixo comum). O líquido deve ser despejado em
uma bombona devidamente identificada. Os frascos devem ser descartados em lixo
comum.
▶ Semi-sólidos: devem ser descartados juntamente com os sólidos em sua
embalagem (bisnaga).
▶ Ampolas: quebrar a ampola, despejar o líquido na bombona. As ampolas devem
ser descartadas em caixa para perfurocortantes.
113
Fonte: UFSC, 2011
f) Inventário
Inventário consiste na contagem de todos os produtos em estoque para verificar se
a quantidade encontrada nas prateleiras coincide com a quantidade registrada nos
controles.
Segundo o art. 40, da Portaria TCU nº 307/2014, que dispõe sobre a política de gestão dos
bens móveis pertencentes ao órgão, os tipos de inventário são:
114
IV - de extinção: realizado quando da extinção ou transformação de uma função de
confiança detentora de carga patrimonial, de uma unidade ou subunidade ou de endereço
da entidade;
V - anual: realizado em razão de exigência contida na Lei no 4.320, de 1964, tem por
finalidade comprovar a exatidão dos registros de controle patrimonial de todo o patrimônio
da entidade, demonstrando, de acordo com o Plano de Contas da Administração Pública, o
acervo de cada detentor de carga, o valor total do ano anterior e as variações patrimoniais
ocorridas no exercício; e
g) Distribuição
Uma distribuição correta e racional de medicamentos deve garantir: rapidez na entrega,
segurança e eficiência no sistema de informação e controle:
▶ Rapidez – tempo hábil, impedindo atrasos e/ou desabastecimento ao sistema.
▶ Segurança – produtos chegarão ao destinatário nas quantidades corretas e com a
qualidade desejada.
▶ Transporte – condições adequadas de segurança, distância das rotas das viagens,
tempo da entrega e custos financeiros.
115
▶ Sistema de informação e controle eficiente – propiciar, a qualquer momento,
dados atualizados sobre a posição ‘físico-financeira’ dos estoques, das quantidades
recebidas e distribuídas, dados de consumo e da demanda de cada produto,
dos estoques máximo e mínimo, do ponto de reposição, das quantidades que
foram adquiridas, e qualquer outra informação que se fizer necessária, para um
gerenciamento adequado.
Recomendações para distribuição de medicamentos
▶ Associar a distribuição de medicamentos a uma programação previamente
estabelecida.
▶ Contemplar no planejamento da distribuição o cronograma de entrega,
normas e procedimentos, instrumentos (formulários contendo informações sobre
especificação completa, quantidade, lote, prazo de validade, preço, dentre outros)
para acompanhamento e controle.
▶ Considerar a estrutura física para o armazenamento dos produtos.
▶ Entregar medicamentos somente mediante uma autorização (por escrito),
acompanhada das duas vias do documento e assinada pelo solicitante responsável.
▶ Separar os medicamentos por ordem cronológica de prazo de validade, procurando
enviar a cada cliente um único lote de medicamento por vez.
▶ Reconferir (sempre) o pedido antes da entrega.
▶ Registrar a saída no sistema de controle após a entrega do pedido.
▶ Arquivar a segunda via do documento.
▶ Elaborar relatórios mensais, informando aos gestores, as quantidades e recursos
distribuídos, percentual de cobertura etc.
▶ Registrar em formulário próprio (em duas vias) os pedidos não atendidos na
totalidade (nome da unidade, especificação do produto, quantidade total a receber,
quantidade entregue, total do crédito e a data).
O Manual “Farmácia Básica para gerentes municipais” traz diversos modelos de formulários
e instrumentos de controle de armazenagem. (Marin et al, 2003).
116
◆ Garantia da integridade física e química dos medicamentos;
◆ Boas condições de trabalho aqueles que realizam o atendimento dos usuários do
sistema (BRASIL, 2009a).
Sobre o tema, questionados sobre as condições de estocagem e conservação dos
medicamentos adquiridos pela prefeitura se estão em conformidade com as boas práticas
recomendadas pelo Ministério da Saúde, presentes no Manual de Assistência Farmacêutica
do MS, o resultado nos municípios de Mato Grosso foi o seguinte:
3.5 - Dispensação
Segundo a Política Nacional de Medicamentos (Portaria nº 3.916/1998), a Dispensação é:
o ato profissional farmacêutico de proporcionar um ou mais medicamentos
a um paciente, geralmente, como resposta a apresentação de uma receita
elaborada por um profissional autorizado. Neste ato o farmacêutico
informa e orienta o paciente sobre o uso adequado do medicamento.
São elementos importantes da orientação, entre outros, a ênfase no
cumprimento da dosagem, a influência dos alimentos, a interação com
outros medicamentos, o reconhecimento de reações adversas potenciais e
as condições de conservação dos produtos.
A dispensação, portanto, não é apenas o fornecimento, a entrega do medicamento ao
paciente, devendo atender a aspectos técnicos, com o objetivo de garantir a entrega do
medicamento correto ao usuário, na dosagem e na quantidade prescrita, com instruções
suficientes para seu uso adequado e guarda correta.
A responsabilidade técnica por estabelecimentos com dispensação de medicamentos é
uma atividade privativa do farmacêutico desde 1973, quando foi regulamentada pela
117
Lei nº 5.991/73. O farmacêutico é o único profissional habilitado para exercer a atribuição
de dispensação de medicamentos, conforme Decreto nº 85.878/81. Ele participa desde a
compra, transporte, e os cuidados no correto armazenamento e na efetiva dispensação
de medicamentos, ato em que orienta acerca da utilização, interações medicamentosas e
contribui para o sucesso da terapia.
Pesquisa no sistema gerencial do Horus com os 1314 municípios usuários revelou diversos
problemas nos sistemas informatizados disponíveis, conforme Gráfico a seguir. Dois
terços dos municípios não têm cadastro dos usuários, quase ninguém controla os
medicamentos dispensados por via judicial e 67% não fazem controle informatizado
da dispensação.
118
A ausência do farmacêutico ou, no mínimo, de um servidor treinado e capacitado
pelo farmacêutico para a atividade de dispensação, constitui um sério obstáculo à
implementação e à prestação de Farmácia Básica de qualidade ao cidadão.
119
5) elaborar a programação da aquisição de medicamentos em sua esfera de gestão;
6) assessorar na elaboração do edital de aquisição de medicamentos e outros
produtos para a saúde e das demais etapas do processo;
7) participar dos processos de valorização, formação e capacitação dos profissionais
de saúde que atuam na assistência farmacêutica;
8) avaliar de forma permanente as condições existentes para o armazenamento,
distribuição e dispensação de medicamentos, realizando os encaminhamentos
necessários para atender à legislação sanitária vigente;
9) desenvolver ações para a promoção do uso racional de medicamentos;
10) participar das atividades relacionadas ao gerenciamento de resíduos dos
serviços de saúde, conforme legislação sanitária vigente;
11) promover a inserção da assistência farmacêutica nas redes de atenção à saúde
(RAS) e dos serviços farmacêuticos.
Por sua vez, o art. art. 4º da mesma resolução dispõe que a assunção dessa responsabilidade
técnica, pelo farmacêutico habilitado para tal, é confirmada pela Certidão de Regularidade
Técnica fornecida pelo Conselho Regional de Farmácia, que será cancelada na ocorrência
do desligamento da função.
120
Em relação à dispensação, registramos, ainda, os seguintes aspectos:
a) Registro do Atendimento
O procedimento da dispensação resultará em uma série de registros que terão a finalidade
administrativa de documentar a movimentação de estoque, o cumprimento das normas
legais (ex: medicamentos de controle especial) e governamentais (prestação de contas) até
a finalidade gerencial de garantia de qualidade e proteção do paciente e dos profissionais.
b) Receituário
De acordo com a Lei 10.241/1999 é direito do paciente: receber a receita com seu nome e
endereço, nome do medicamento, concentração, posologia, tempo de tratamento, tudo
em letra legível, data, assinatura e identificação do profissional com seu número de
registro no órgão de controle e regulamentação da profissão.
121
Embora a grande maioria dos municípios de Mato Grosso tenham profissionais
farmacêuticos, as atividades de dispensação de medicamentos podem ser aprimoradas,
conforme avaliação de controles internos na atividade de logística de medicamentos
apresentado a seguir:
122
Formulário de Identificação de Riscos
ID Riscos Causas Consequências
Aumento de gastos da
Planejamento inadequado
entidade com aquisição
das aquisições; falta de
de medicamentos;
R#04 Excesso de judicialização coordenação entre as áreas;
comprometimento
inexistência de controle de
da programação de
demandas judiciais.
compras.
Falta de medicamentos
importantes para a
Desconhecimento da Ausência de controles manuais população, prejudicando
R#05 demanda não atendida ou eletrônicos de demanda a adesão ao tratamento
de medicamentos reprimida (não atendida) e consequentemente
à resolubilidade
terapêutica.
Falta de medicamentos,
Prescrição de obrigando a população
medicamentos não Ausência de divulgação da a comprar na rede
R#06
contemplados na Remume para os médicos privada com recursos
Remume próprios; inviabilidade do
tratamento.
Inexistência de dados de
consumo histórico, demanda Piora na qualidade de
Programação de compras atendida e não atendida de saúde da população;
de medicamentos cada produto; falta de estudos indisponibilidade da
R#07
sem conhecimento da de perfil epidemiológico e quantidade necessária
demanda da população nosológico; falta de método de medicamentos a
para estimar compra de população.
medicamentos.
Dificuldade de obtenção
de preços de referência
Contratações sem
Falta de padronização de ante a singularidade das
padronização das
R#08 especificações técnicas dos especificações; qualidade
especificações dos
medicamentos ruim dos medicamentos
medicamentos
dada uma especificação
mal elaborada
Coleta insuficiente de
referências, levando S o b r e p r e ç o ;
Falta de normativo
a estimativas sem Superfaturamento; jogo
padronizando o processo de
R#09 e m ba s a m e n to , de planilha; demora na
pesquisa de preços; falta de
resultando na aceitação realização da pesquisa de
capacitação dos servidores
de preços acima do preço preços
de mercado
123
Formulário de Identificação de Riscos
ID Riscos Causas Consequências
Editais para aquisição Direcionamento;
de medicamentos recursos e impugnações
Falta de modelos de editais
sem padrão, levando à licitação; retrabalho;
R#10 de licitação, atas, contratos e
a multiplicidade de demora na conclusão
Check-list padronizados
esforços e repetição de do certame; ato
erros. antieconômico
Contratação ineficiente
ou ineficaz e consequente
Exame inadequado Não designação de equipe
desperdício de recursos
dos documentos de técnica para dar apoio à CPL
R#11 públicos; aquisição de
habilitação e propostas ou pregoeiro nas licitações de
medicamentos que não
de preços das licitações. medicamentos.
atendem a necessidade
da AF
Existência de conluio
ou adoção de práticas Inexistência de rotinas de
Contratação com preços
anticompetitiva entre verificação de elementos
não compatíveis com o
R#12 as empresas licitantes, que comprometem o caráter
mercado; frustração do
fraudando ou frustrando competitivo do certame; falta
princípio da isonomia
o caráter competitivo da de capacitação dos servidores
licitação.
Desperdício de
medicamentos por perda
de validade; entrada de
Falta de um Procedimento
Perda de medicamentos animais e insetos nos
Operacional Padrão
em função do locais dos medicamentos;
definindo as condições de
armazenamento comprometimento
R#13 estocagem e conservação
inadequado; alteração da da quantidade
dos medicamentos, em
qualidade; perda e desvio (desperdício), e
conformidade com orientações
de medicamentos; qualidade, prejudicando
do Ministério da Saúde
os pacientes e os
objetivos da Farmácia
Básica.
Inexistência de Comissão/
Recebimento de
servidor com formação técnica
Recebimento de alimentos medicamentos em
designada para recebimento
em desconformidade descompasso com o
dos alimentos, apoiada em
R#14 com as especificações do planejado e solicitado;
instrumentos adequados
objeto e com a proposta Qualidade ruim/prazo
(norma operacional,
da contratada de validade vencido dos
procedimentos para
medicamentos.
devolução).
124
Formulário de Identificação de Riscos
ID Riscos Causas Consequências
Ausência deInexistência de Controles
comprovação do efetivo manuais ou eletrônicos de
Perda, desvios de
recebimento nas UBS registros dos medicamentos
R#15 medicamentos da
dos medicamentos (enviados/devolvidos/
entidade.
adquiridos com recursosemprestados) do almoxarifado
do Programa central para as UBS
Ausência de procedimento
Descarte de Contaminação de água
operacional para realização
R#16 medicamentos vendidos e pessoas em função do
de descarte de medicamentos
de forma inadequada descarte incorreto
vencidos.
Impossibilidade
de avaliação do
Ausência de sistema desempenho das
Falta de informações informatizado de controle de atividades da Farmácia
R#17 gerenciais do estoque de estoque dos medicamentos Básica; Dificuldade
medicamentos ou controle manual diário e na verificação das
mensal nas UBS ações planejadas e
programadas para o
período
Saldo físico real de Registros de saldos
Inexistência de realização
estoque de medicamentos desatualizados e
de inventário físico
em desacordo com incorretos; desvios
periódico das condições de
R#18 os registros de saldo de medicamentos;
estocagem e conservação dos
e movimentação nas desconhecimento do
medicamentos armazenados
planilhas e sistemas desempenho gerencial
no almoxarifado
informatizados do setor de almoxarifado.
Efeitos indesejáveis
aos pacientes,
Instruções inadequadas ao
comprometendo
Utilização indevida do pacientes em razão da ausência
R#19 o tratamento e
medicamento de profissionais habilitados
co n s e q u e n te m e n te ,
(farmacêuticos)
à resolubilidade
terapêutica.
125
Formulário de Avaliação do Risco Inerente
ID Riscos Probabilidade Impacto Nível Definição
Falta de medicamentos essenciais à 4 5 20 Extremo
R#03 população por seleção inadequada
(Remume)
R#04 Excesso de judicialização 3 3 9 Alto
Desconhecimento da demanda não 3 2 6 Médio
R#05
atendida de medicamentos
Prescrição de medicamentos não 2 3 6 Médio
R#06
contemplados na Remume
Programação de compras de 4 4 16 Extremo
R#07 medicamentos sem conhecimento da
demanda da população
Contratações sem padronização das 3 4 12 Alto
R#08
especificações dos medicamentos
Coleta insuficiente de referências, 4 4 16 Extremo
levando a estimativas sem
R#09 embasamento, resultando na
aceitação de preços acima do preço
de mercado
Editais para aquisição de 4 4 16 Extremo
medicamentos sem padrão, levando
R#10
a multiplicidade de esforços e
repetição de erros.
Exame inadequado dos documentos 3 4 12 Alto
R#11 de habilitação e propostas de preços
das licitações.
Existência de conluio ou adoção de 3 4 12 Alto
práticas anticompetitiva entre as
R#12 empresas licitantes, fraudando ou
frustrando o caráter competitivo da
licitação.
Perda de medicamentos em função 4 5 20 Extremo
do armazenamento inadequado;
R#13
alteração da qualidade; perda e
desvio de medicamentos.
Recebimento de medicamentos 3 4 12 Alto
em desconformidade com as
R#14
especificações do objeto e com a
proposta da contratada
Ausência de comprovação do 3 2 6 Médio
efetivo recebimento nas UBS dos
R#15
medicamentos adquiridos com
recursos do Programa
126
Formulário de Avaliação do Risco Inerente
ID Riscos Probabilidade Impacto Nível Definição
Descarte de medicamentos vencidos 3 3 9 Alto
R#16
de forma inadequada
Falta de informações gerenciais do 3 3 9 Alto
R#17
estoque de medicamentos
Saldo físico real de estoque de 3 2 6 Médio
medicamentos em desacordo com os
R#18 registros de saldo e movimentação
nas planilhas e sistemas
informatizados
Utilização indevida do medicamento, 4 5 20 Extremo
em razão de instruções inadequadas
ao paciente, podendo levar a efeitos
R#19
indesejáveis, comprometendo o
tratamento e consequentemente, à
resolubilidade terapêutica.
127
SAIBA MAIS
SÍNTESE
Estudamos que a seleção é uma das principais etapas do ciclo, sendo considerado o
eixo da assisência farmacêutica, pois todas as demais etapas dependem dela. O produto
resultante da seleção é a Remume.
128
Aula 4: Conselho Municipal de
Saúde
Qual é a importância do Conselho Municipal de Saúde - CMS para o controle social do
programa?
Por que ele precisa ser criado? Qual a sua finalidade, atribuições e condições
necessárias para seu efetivo funcionamento?
Para responder estas perguntas estudaremos, nesta aula, os critérios para criação e
funcionamento do Conselho Municipal de Saúde - CMS.
Todos prontos?
129
4 CONSELHO MUNICIPAL DE SAÚDE
4.1 - Conceitos Básicos
O controle social representa o exercício da democracia participativa e representativa,
no qual a comunidade local atua, direta ou indiretamente, no controle da execução
descentralizada pelos municípios da política pública federal, para garantir a implementação
das ações do programa e a regular aplicação dos recursos públicos.
Nesse sentido, o Conselho de Saúde é órgão ou instância colegiada, de caráter permanente
e deliberativo, integrante da estrutura básica da Secretaria Municipal de Saúde (no caso
do Conselho Municipal de Saúde) ou da Secretaria Estadual de Saúde (no caso do Conselho
Estadual de Saúde), com composição, organização e competência fixadas em lei, para
desenvolver o controle social na área de saúde (TCU, 2015).
A Lei 8.142/1990, art. 1o, § 2o, estabelece que:
O Conselho de Saúde, em caráter permanente e deliberativo, órgão
colegiado composto por representantes do governo, prestadores de serviço,
profissionais de saúde e usuários, atua na formulação de estratégias e no
controle da execução da política de saúde na instância correspondente,
inclusive nos aspectos econômicos e financeiros, cujas decisões serão
homologadas pelo chefe do poder legalmente constituído em cada esfera
de governo.
Vamos entender esse conceito, dividindo-o em partes:
a) Caráter permanente – O conselho de saúde deve sempre existir, independentemente
de decisões da gestão da União, do estado ou do município. Não é um órgão que possa
ser extinto por nenhuma autoridade ou lei estadual ou municipal. É necessária outra lei
federal para que ele possa ser extinto.
b) Caráter deliberativo – Deliberar significa conversar para analisar ou resolver um
assunto, um problema, ou tomar uma decisão. Assim, o conselho de saúde deve reunir-se
com o objetivo de discutir determinados assuntos ou temas e chegar a um acordo ou uma
decisão (TCU, 2015).
c) Órgão colegiado - Um órgão colegiado é composto por pessoas que representam
diferentes grupos da sociedade. Os conselhos de saúde são compostos por:
◆ representantes dos gestores do Ministério da Saúde, da Secretaria de Saúde
Estadual ou Municipal.
◆ representantes dos prestadores de serviço instituições conveniadas ao SUS ou
filantrópicas;
◆ representantes dos trabalhadores de saúde sindicatos e conselhos profissionais
da área de saúde;
130
◆ representantes dos usuários de saúde associações de moradores, associações de
trabalhadores, sindicatos, associações de portadores de patologias etc. O usuário é
aquele que não está comprometido de forma direta ou indireta com os demais grupos
(gestores, prestadores de serviço e profissionais de saúde), não possuindo qualquer
vínculo empregatício na área de saúde.
131
“As decisões do conselho de saúde serão homologadas pelo chefe do poder legalmente
constituído em cada esfera do governo” – isso quer dizer que o prefeito ou o secretário
de saúde municipal, no caso do conselho municipal de saúde, ou o governador ou o
secretário de saúde estadual, no caso do conselho estadual de saúde, devem aprovar as
decisões do conselho relacionadas à formulação das estratégias de saúde.
Apresentamos a seguir informações relevantes sobre a estruturação dos conselhos de
saúde:
a) Criação do Conselho
De acordo com a Lei Complementar 141/2012, os estados e municípios devem instituir e
manter em funcionamento o Conselho de Saúde (art. 22, parágrafo único, inciso II). A Lei
8.142, de 28/12/1990 determinou que a União (governo federal), os estados e os municípios
deveriam criar os conselhos de saúde (TCU, 2015).
A criação dos conselhos de saúde é estabelecida por lei municipal, no caso dos Conselhos
Municipais de Saúde (CMS), ou estadual, no caso dos Conselhos Estaduais de Saúde. Na
criação e na reformulação (reestruturação) dos conselhos de saúde, a Secretaria de Saúde,
respeitando os princípios da democracia, deverá acolher as demandas da população, de
acordo com o que foi decidido nas conferências de saúde (Resolução 453/2012).
Todo conselho de saúde deve ter regimento interno, que definirá como será o mandato
dos conselheiros e estabelecerá regras de funcionamento do conselho.
132
c) Composição
A Resolução 453/2012 definiu que o conselho de saúde deve ser composto por
representantes de entidades, instituições e movimentos representativos de usuários, de
entidades representativas de trabalhadores da área da saúde, do governo e de entidades
representativas de prestadores de serviços de saúde, sendo o seu presidente eleito entre
os membros do conselho, em reunião plenária (TCU, 2015).
Nos municípios onde não existam entidades, instituições e movimentos organizados em
número suficiente para compor o conselho, a eleição da representação deve ser realizada
em plenária no município, promovida pelo conselho municipal de maneira ampla e
democrática.
Veja a seguir a composição do Conselho de Saúde:
133
Composição paritária
Preste atenção para que a paridade sempre exista. Os usuários devem sempre ser a
metade dos conselheiros, pois, se isso não ocorrer, o objetivo de promover a melhoria
do SUS para os seus usuários, por meio do conselho, pode ficar prejudicado (TCU,
2015).
É importante que os assuntos tratados em cada reunião sejam registrados em ata. Basta
que, durante a reunião, a pessoa responsável pela Secretaria Executiva escreva tudo o
que está sendo falado, o mais detalhadamente possível, e registre o nome de todos os
conselheiros presentes (TCU, 2015).
Após a reunião, os escritos são organizados no caderno de atas. Na reunião seguinte será
apresentada a ata da reunião anterior, para que seja assinada pelos conselheiros que
estiveram presentes e concordarem com tudo o que foi escrito.
O conselheiro não deve, de forma alguma, assinar lista de presença ou atas de reuniões
das quais não participou.
De acordo com a Resolução 453/2012, as reuniões plenárias dos Conselhos de Saúde, além
de serem abertas ao público, deverão acontecer em espaços e horários que possibilitem a
participação da sociedade.
O plenário do conselho tem que tornar públicas suas decisões por meio de documentos,
tais como resoluções, recomendações e propostas. As resoluções serão homologadas
pelo prefeito ou governador em 30 (trinta) dias e devem ser divulgadas oficialmente.
134
No que se refere ao funcionamento do conselho de saúde, com o advento da Lei
Complementar 141/2012, foram consolidadas as competências do Conselho de Saúde, até
então definidas em Resolução do Conselho Nacional de Saúde. Outras atribuições estão
estabelecidas na Lei 8.080/1990, em decretos presidenciais e em portarias do Ministério
da Saúde.
ITEM DESCRIÇÃO
Deliberar sobre estratégias e atuar no controle da execução da Política Municipal
1.
de Saúde, inclusive quanto aos seus aspectos econômicos e financeiros;
Deliberar, analisar, controlar e apreciar o funcionamento do Sistema Único de
2.
Saúde no estado ou no município;
3. Aprovar, controlar, acompanhar e avaliar o Plano de Saúde;
Apreciar, previamente, emitindo parecer sobre o Plano de Saúde e a aplicação
4. de recursos financeiros recebidos fundo a fundo, bem como dos recursos
destinados pelos orçamentos do estado ou do município para a saúde;
Apreciar a movimentação dos recursos financeiros do SUS e pronunciar-se
5. conclusivamente sobre os relatórios de gestão apresentados pela Secretaria
de Saúde do estado ou município;
6. Acompanhar e fiscalizar os procedimentos do Fundo de Saúde;
Propor critérios para a criação de comissões necessárias ao efetivo desempenho
7. do Conselho de Saúde, aprovando, coordenando e supervisionando suas
atividades;
Apreciar os parâmetros estaduais ou municipais quanto à política de recursos
8. humanos para a saúde, bem como a alocação de recursos econômicos,
financeiros operacionais e humanos dos órgãos integrantes do SUS;
Promover a articulação entre diferentes instituições e setores a fim de garantir a
9.
atenção à saúde no estado ou município;
Aprovar o regimento, a organização e as normas de funcionamento da
10.
Conferência de Saúde;
Elaborar propostas, aprovar e examinar quaisquer outros assuntos que lhes
11.
forem submetidos, dentro de sua área de competência.
135
DOCUMENTOS E INFORMAÇÕES BASE LEGAL
1. Montante de recursos previsto para transferência da União,
Lei Complementar 141,
com base no Plano Nacional de Saúde, pactuado entre a
de 2012, art. 17, § 3o
União, Estados e Municípios
2. Receber do gestor municipal do SUS, até o dia 30 de
março, Relatório de Gestão que demonstre a elaboração dos
Relatórios detalhados quadrimestrais, contendo as seguintes
informações: I - montante e fonte dos recursos aplicados no
Lei Complementar 141,
período; II - auditorias realizadas ou em fase de execução no
de 2012, art. 36, § 1o
período e suas recomendações e determinações; III - oferta e
produção de serviços públicos na rede assistencial própria,
contratada e conveniada, cotejando esses dados com os
indicadores de saúde da população em seu âmbito de atuação
3. Receber do município a programação anual do Plano de
Saúde, para aprovação antes da data de encaminhamento da
Lei Complementar 141,
lei de diretrizes orçamentárias do exercício correspondente,
de 2012, art. 36, § 2o
à qual será dada ampla divulgação, inclusive em meios
eletrônicos de acesso público
4. Receber, do Ministério da Saúde, se for o caso, comunicação
Lei Complementar
de irregularidades referentes a descumprimento de
141, de 2012, art. 39, §
disposições da Lei Complementar 141, de 2012, ou aplicação
5o; Decreto 7.827, de
de recursos federais em objeto diverso do originalmente
2012, art. 23, §§ 2o e 3o,
pactuado, para que o Conselho adote medidas a para que
Portaria 53/ GM/MS, de
o município promova a imediata devolução dos recursos
16/1/2013, art. 23, inciso
irregularmente aplicados ao respectivo Fundo de Saúde, com
II
recursos do próprio Tesouro
5. Participar do programa permanente de educação na saúde,
para qualificar sua atuação na formulação de estratégias e
assegurar efetivo controle social da execução da política de Lei Complementar 141,
saúde, a ser disponibilizado pelo gestor municipal do SUS, de 2012, art. 44
com prioridade para os representantes dos usuários e dos
trabalhadores da saúde
6. Receber do Sistema Nacional de Auditoria (SNA) do
Ministério da Saúde relatório contendo as irregularidades Decreto 1.651, de 1995,
identificadas na execução das ações e serviços desenvolvidos art. 10
no âmbito do SUS
7. Ter acesso aos dados e informações do acompanhamento Portaria Interministerial
da condicionalidade do Programa Bolsa-Família, objetivando MS/MDS 2.509, de
subsidiar a definição de ações e políticas de saúde ou nutrição 18/11/2004, art. 8o
8. Receber do Município informação sobre a adesão do Portaria 1.654/GM/MS,
Município ao Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da de 2011, art. 4o, § 2o,
Qualidade da Atenção Básica PMAQ-AB inciso III
136
DOCUMENTOS E INFORMAÇÕES BASE LEGAL
Portaria 1.402/GM/MS,
9. Receber do gestor municipal do SUS informações sobre
de 2011, art. 16, inciso
o Programa Academia da Saúde implantado no âmbito do
III; Portaria 2.975/GM/
município
MS, de 2011, art. 3o, § 1o
Por isso, é muito bom que os conselheiros estejam sempre muito bem informados a
respeito das seguintes questões:
▶ A quem se destina o atendimento em determinada unidade de saúde, ou em
determinado programa, ou seja, qual é a população-alvo dos serviços prestados por
determinada unidade de saúde?
▶ Quais os problemas de saúde mais comuns na população? Existem serviços de
saúde para atender esses problemas?
▶ A quantidade de atendimentos realizados nos postos/centros de saúde,
maternidades e hospitais, a cada mês, é compatível com as necessidades da
população?
▶ As especialidades oferecidas nas unidades de saúde e o número de consultas
realizadas por especialidade nessas unidades de saúde (por exemplo, na pediatria, na
cardiologia, na clínica-geral) estão compatíveis com as necessidades da população?
▶ Há falta de médicos especialistas na região? Se houver, em quais especialidades?
▶ Quantas crianças devem ser vacinadas?
▶ Há vacinas disponíveis para as próximas campanhas em quantidade suficiente
para o público a ser atendido?
▶ Qual a previsão da quantidade de gestantes que devem fazer o pré-natal nos
próximos meses em cada unidade de saúde? Há profissionais para atendê-las?
▶ Quantos leitos hospitalares há na rede pública, em sua região (cidade ou estado)?
▶ Quanto tempo, em média, esses leitos ficam ocupados? Quais os principais
problemas de saúde que levam às internações na rede pública?
Além disso, o conselheiro, no exercício do seu papel, precisa olhar para a realidade à sua
volta e compreender que, muitas vezes, existem fatores que influenciam na saúde da
população, e aparentemente, parecem não ter relação com saúde. Por isso, mesmo que
a área de atuação do conselheiro seja a saúde, ele precisará olhar além da saúde pura e
simplesmente (TCU, 2015).
137
Vamos observar as situações exemplificadas a seguir e suas possíveis implicações sobre a
saúde da população:
Verifica-se, então, que a saúde é o resultado das condições sociais, econômicas, políticas
e culturais. Assim, melhorar a saúde envolve o enfrentamento de problemas que atingem
diversos setores das políticas sociais.
138
Formulário de Identificação de Riscos
ID Riscos Causas Consequências
I n o b s e r v â n c i a Desconhecimento da legislação Prejuízo à
do percentual de quanto a composição regular organização e
participação entre do CMS; ineficiência; ausência operacionalização
r e p r e s e n t a n t e s de estrutura física e recursos do conselho.
R#20
do governo e da humanos, materiais, financeiros e
sociedade civil na tecnológicos adequados.
composição do CMS e
estrutura inadequada.
"Captura" do CMS Interferência política; Prejuízo ao bom
por interesses Desconhecimento da legislação andamento do papel
políticos locais, quanto às atribuições do CMS; fiscalizatório do
comprometendo sua Falta de treinamento para CMS.
atuação; Atuação os conselheiros; Ausência
R#21
deficiente dos de instrumentos (checklist,
membros do CMS. procedimentos, roteiro de
verificação, extrato de entrevista,
etc.) para subsidiar a atuação do
CMS.
SAIBA MAIS
Na biblioteca do curso encontra-se Cartilha elaborada pelo TCU para auxiliar Conselheiros
de Saúde no exercício de suas atividades.
139
SÍNTESE
Nesta aula, aprendemos que o Conselho Municipal de Saúde tem papel estratégico para
garantir a implementação do programa e a regular aplicação dos recursos públicos, no
âmbito da assistência farmacêutica.
Também vimos que, entre as principais atribuições do CMS, estão a de aprovar, controlar,
acompanhar e avaliar o Plano de Saúde; apreciar, previamente, emitindo parecer sobre o
Plano de Saúde e a aplicação de recursos financeiros recebidos fundo a fundo, bem como
dos recursos destinados pelos orçamentos do estado ou do município para a saúde; apreciar
a movimentação dos recursos financeiros do SUS e pronunciar-se conclusivamente sobre
os relatórios de gestão apresentados pela Secretaria de Saúde do estado ou município;
entre outras.
140
Aula 5: Tratamento dos Riscos
e Implantação de Controles
Internos
Quais são os principais riscos identificados na farmácia básica?
Como esses riscos devem ser priorizados? Existe algum critério para isso?
Quais são os controles internos sugeridos para o programa farmácia básica para que
o mesmo seja executado de forma eficiente?
Para responder estas perguntas estudaremos, nesta aula, os principais critérios para
tratamento e priorização dos riscos identificados na atividade de farmácia básica.
Por fim, destacamos que o TCE/MT aprovou a matriz de riscos e controles para a atividade
de logística de medicamentos, por meio da Resolução Normativa TCE/MT 08/2016,
determinando que os municípios mato-grossenses implantem os controles sugeridos na
MRC.
Todos prontos?
141
5 TRATAMENTO DOS RISCOS E
IMPLANTAÇÃO DE CONTROLE INTERNO
5.1 - Conceitos Básicos
Após o conhecimento dos objetivos-chave do programa farmácia básica e seus riscos
relevantes, avaliados quanto a probabilidade de ocorrência e impacto, passaremos, agora,
à etapa de priorização dos riscos do programa farmácia básica.
A finalidade dessa etapa é apresentar uma relação de riscos em forma de gráfico, também
conhecido por Mapa de Riscos, apontando os riscos considerados mais críticos para a
gestão do Programa farmácia básica, no âmbito municipal.
O Mapa de Riscos que será utilizado para implantação e avaliação dos controles internos
da atividade de farmácia básica, objeto deste curso, apresenta 21 riscos, a saber:
142
ITEM DESCRIÇÃO
Incompatibilidade entre a percepção do governo com as necessidades da
R1
população.
Incompatibilidade entre as metas, indicadores, ações e recursos financeiros,
R2
previstos para o médio prazo (4 anos) com de curso prazo (1 ano).
R3 Falta de medicamentos essenciais à população por seleção inadequada
Excesso de judicialização, levando ao aumento de gastos com aquisição de
R4
medicamentos e consequente comprometimento da programação de compras.
R5 Desconhecimento da demanda não atendida de medicamentos
R6 Prescrição de medicamentos não contemplados na REMUME
Programação de compras de medicamentos sem conhecimento da demanda da
R7
população
Contratações sem padronização das especificações (Nome e Unidade de
R8
Fornecimento) dos medicamentos
Coleta insuficiente de preços de medicamentos, levando a estimativas sem
R9
embasamento, resultando na aceitação de preços acima do preço de mercado
Editais para aquisição de medicamentos sem padrão, levando a multiplicidade
R10
de esforços e repetição de erros.
R11 Exame inadequado dos documentos de habilitação e propostas de preços
Existência de conluio ou adoção de práticas anti-competitivas entre as empresas
R12
licitantes, fraudando ou frustrando o caráter competitivo da licitação;
Perda de medicamentos em função do armazenamento inadequado; alteração
da qualidade; perda e desvio de medicamentos; recebimento de insumos da
R13 saúde em desconformidade com as especificações do objeto e com a proposta
da contratada; e ausência de comprovação do efetivo recebimento dos
medicamentos adquiridos com recursos do Programa
Recebimento de medicamentos em desconformidade com as especificações do
R14
objeto e com a proposta da contratada
Ausência de comprovação do efetivo recebimento nas UBS dos medicamentos
R15
adquiridos com recursos do Programa
R16 Descarte de medicamentos vendidos de forma inadequada
R17 Falta de informações gerenciais do estoque de medicamentos
Saldo físico real de estoque de medicamentos em desacordo com os registros de
R18
saldo e movimentação nas planilhas e sistemas informatizados
Utilização indevida do medicamento, em razão de instruções inadequadas ao
R19 paciente, podendo levar a efeitos indesejáveis, comprometendo o tratamento e
consequentemente, à resolubilidade terapêutica.
Inobserância do percentual de participação na composição do CMS e estrutura
R20
inadequada
143
ITEM DESCRIÇÃO
"Captura" do CMS por interesses políticos locais, compromentendo sua efetiva
R21
atuação
Qualquer opção de resposta a riscos definida pela organização gera custos (pessoas,
processos, estrutura física ou organizacional, tecnologia, sistemas), sejam eles diretos
ou indiretos, os quais devem ser comparados com os benefícios que serão gerados em
decorrência de sua implementação.
Essa avaliação dos custos em relação aos benefícios pode ser mais robusta e envolver sua
quantificação estatística ou implicar uma avaliação mais subjetiva. O importante é que os
custos das medidas a serem adotadas (controles internos), em resposta aos riscos, não
sejam superiores aos benefícios que tais medidas possam proporcionar para o alcance
dos objetivos correspondentes.
É nesse sentido a orientação contida no Art. 14, do Decreto-Lei nº 200/67, ao dispor que:
(…)
Tanto o modelo COSO ERM quanto a ISO 31000 (Seção 5.5.2 - Seleção das opções de
tratamento de riscos) ressaltam a importância da avaliação dos custos versus benefícios
das possíveis opções de respostas a riscos.
Como proposta de controles internos (resposta a riscos) que podem ser adotados pelos
municípios para gerenciar os riscos na atividade de farmácia básica, aprovados pela
Resolução Normativa TCE/MT nº 08/2016, apresentamos a seguinte Matriz de Riscos e
Controles – MRC:
144
5.2 - Matriz de Riscos e Controle
MATRIZ DE RISCOS E CONTROLES – FARMÁCIA BÁSICA
145
4 - Atividade: Controle de demandas reprimidas (não atendidas) de medicamentos.
Objetivo: Assegurar instrumentos para a Prefeitura identificar se novos medicamentos
estão se tornando necessários para a população.
Risco Controle Interno Sugerido
R#05 – Desconhecimento da demanda não CT#05.01 – Controle manual ou eletrônico
atendida de medicamentos de demanda reprimida (não atendida)
146
8 - Atividade: Realização de pesquisa de mercado de valores e quantidades..
Objetivo: Garantir que as pesquisas de preços realizadas previamente à licitação reflitam
os preços praticados no mercado.
Risco Controle Interno Sugerido
R#09 - Coleta CT#09.01 - Normativo estabelecendo procedimento consistente
insuficiente de preços para elaboração de estimativas de preço, a fim de orientar as
de medicamentos, equipes de planejamento das contratações da Unidade, inclusive
levando a estimativas nos casos de contratações diretas e adesões a atas de registro de
sem embasamento, preço.
resultando na
aceitação de preços CT#09.02 - Capacitação de servidores envolvidos no processo de
acima do preço de elaboração de pesquisas de preços na entidade.
mercado
147
11 - Atividade: Análise das licitantes a fim de identificar situações que comprometam
o caráter competitivo e evitem a participação de empresas impedidas de licitar.
Objetivo: Garantir que o processo licitatório seja realizado em obediência ao princípio
constitucional da isonomia, sem ocorrência de fraudes e conluios.
Risco Controle Interno Sugerido
CT#12.01 - Rotinas para verificação (listas de
R#12 - Existência de conluio verificação) de elementos que comprometem o caráter
ou adoção de práticas competitivo (vínculos, documentos falsos, incoerências
anti-competitivas entre e inconsistências), anexando os procedimentos aplicados
as empresas licitantes, no processo licitatório
fraudando ou frustrando CT#12.02 – Exigir dos licitantes a apresentação de
o caráter competitivo da declaração formal informando que a proposta foi
licitação; elaborada de forma independente (declaração de
independência de propostas)
148
13 - Atividade: Controle de Estoque
Objetivo: Assegurar a estrutura necessária para realizar o controle de estoque de
medicamentos
Risco Controle Interno Sugerido
R#17 – Falta de
CT#17.01 – Sistema informatizado de controle de estoque e
informações gerenciais
dispensação de medicamentos (Hórus-Sistema Informatizado
do estoque de
de Controle de Estoque do MS) ou controle manual.
medicamentos
149
17 - Atividade: Atuação e Funcionamento do CMS
Objetivo: CMS atuando efetivamente na fiscalização da execução do PNAE
Risco Controle Interno Sugerido
CT#21.01 – Atas de Reunião e Parecer do
CMS evidenciando efetiva atuação
R#21 – "Captura" do CMS por interesses
CT#21.02 – Regimento Interno do CMS
políticos locais, compromentendo sua
CT#21.03 – Plano de Ação do CMS
efetiva atuação
CT#21.04 – Capacitação periódica dos
conselheiros
Para contribuir com essas ações, por meio deste curso, o TCE/MT e a CGU estão orientando
sua atuação como indutora do processo de aperfeiçoamento da gestão pública,
subsidiando os gestores, servidores públicos, membros do controle social, entre outros,
com conhecimento técnico especializado para auxiliar na implantação dos controles
internos que irão contribuir para a melhoria da gestão e da qualidade dos medicamentos
oferecidos para a população dos municípios do Estado de Mato Grosso.
Basta começar.
150
SÍNTESE
Vimos que, para cada risco identificado, existem controles sugeridos para evitar que o risco
se materialize. Esses controles estão presentes na Matriz de Riscos e Controles, aprovada
pela Resolução Normativa – RN TCE/MT nº 08/2016.
Enfim, chegamos ao final do nosso curso!! Iniciamos com os conceitos básicos que dão
suporte ao curso de gestão de riscos em logística de medicamentos, conhecemos o
contexto e evolução histórica do programa, as ações planejamento e organização, o ciclo
da assistência farmacêutica e o conselho municipal de saúde.
Por fim, identificamos os riscos do programa e definimos ações eficazes para gerenciar
esses riscos, por meio da implantação e/ou aperfeiçoamento dos controles internos
administrativos.
Obrigado pela sua participação. Espero que você tenha realizado um bom curso e que
alcance resultados significativos na aplicação prática da metodologia de gestão de riscos
em logística de medicamentos.
151
Aula 6: Avaliação de Controles
Internos
De que maneira é realizada a avaliação de controle internos em nível de atividades?
Para responder estas perguntas estudaremos, nesta aula, a avaliação de controles internos
em nível de atividades, processos, operações específicas, abordando os seus objetivos, as
ferramentas e as atividades desenvolvidas em todas as etapas do processo de avaliação
nesse nível.
Todos prontos?
152
6 AVALIAÇÃO DE CONTROLES
INTERNOS
A partir do conhecimento dos principais riscos apresentados nos capítulos anteriores e
dos controles internos necessários para gerencia-los, os auditores poderão decidir quais
controles serão avaliados, a extensão dos exames, e planejará os procedimentos que
serão aplicados na realização dos testes de desenho e de efetividade operacional, que
consiste basicamente em verificar se os controles internos estão adequadamente
concebidos na proporção requerida pelos riscos, sendo aplicados e se funcionam de
maneira contínua e coerente.
Com isso, o auditor governamental estabelecerá um planejamento com foco nos riscos e
controles mais relevantes e realizar uma Auditoria Baseada em Riscos (ABR).
Nesse mesmo sentido, a Atricon, que congrega os Tribunais de Contas do país inteiro, tem
intesificado atuação sobre a cobrança de auditorias de avaliação de controles internos.
Daí a origem da Resolução Atricon nº 05/2014, que definiu diretrizes para estreitar o
relacionamento dos Tribunais de Contas com órgãos de controle interno – geralmente
chamados de controladorias ou auditorias gerais – na busca por desenvolver metodologia
de auditoria de avaliação de controles internos e capacitar os auditores internos nessa
área de atuação.
Nesse contexto se desenvolveu, em Mato Grosso, o Programa APRIMORA, que deu origem
aos estudos que agora se materializam neste curso.
Em 2014, o Tribunal de Contas de Mato Grosso emitiu diretrizes às controladorias1 , por meio
da Resolução TCE-MT nº 26/2014, determinando que deveriam considerar como principal
atribuição a avaliação de controles internos da organização quanto à sua capacidade
1 Para simplificação, chamamos aqui de “controladorias” as Unidades de Controle Interno (UCI), aqueles
setores responsáveis por coordenar, supervisionar e avaliar os sistemas de controle interno dentro das
organizações. A exemplo da CGU, no Poder Executivo Federal, muitas outras UCI adotaram a denominação
de Controladoria-Geral.
153
para evitar ou reduzir riscos, observando o modelo COSO. No Plano Estratégico do TCE-
MT passou a constar a meta de fomentar o aprimoramento dos sistemas de controles
internos dos fiscalizados, com o objetivo de contribuir para a melhoria do desempenho da
administração pública.
Com base nessa perspectiva e convencidos de que a avaliação dos controles internos
administrativos é a finalidade essencial dos órgãos de controle interno, podendo ser
realizada também pelos órgãos de controle externo, o auditor precisa programar seus
trabalhos.
Nesse sentido, a INTOSAI (2004), que reúne instituições de Controle do Setor Público do
mundo inteiro, sugere começar uma auditoria de avaliação de controles internos pela
identificação dos objetivos e os riscos fundamentais da organização, para, em seguida,
encontrar as áreas e as atividades mais relevantes, que merecem prioridade de análise. As
etapas do processo são divididas em planejamento, execução e relatório.
6.1 - Planejamento
Envolve identificar os objetivos-chave dos processos e das atividades neles contidas, os
riscos relevantes relacionados e os respectivos controles que a gestão adota ou deveria
adotar para tratar esses riscos. Pode ser sistematizado em: levantamento de informações;
identificação dos objetivos, riscos e controles e planejamento dos testes de controle,
conforme demonstrado na figura a seguir:
154
Fonte: TCU (2012), adaptado.
a) Levantamento de Informações
155
Além disso, pode-se entrevistar os gestores responsáveis pela atividade, os servidores que
executam e operam os controles, os usuários e beneficiários. Todos eles conhecem, ao
menos em parte, como as coisas são realizadas.
156
ID Risco Causa Consequência
Aquisição de Aquisições em quantidades e
medicamentos valores superiores ao limite
Inexistência de controle
não contemplados da ata de registro de preços;
R#02 manual ou eletrônico de
em ata; aquisições adesões indiscriminadas
itens registrados
superiores ao em percentual superior ao
limite registrado. legalmente permitido
Perda de Desperdício de medicamentos
Falta de um Procedimento
medicamentos por perda de validade; entrada
Operacional Padrão
em função do de animais e insetos nos
definindo as condições de
armazenamento locais dos medicamentos;
estocagem e conservação
R#03 i n a d e q u a d o ; comprometimento da
dos medicamentos,
alteração da quantidade (desperdício), e
em conformidade com
qualidade; perda qualidade, prejudicando os
orientações do Ministério
e desvio de pacientes e os objetivos da
da Saúde
medicamentos; Farmácia Básica.
Com base nessas informações, o auditor elabora a Matriz de Risco e Controles – MRC,
produto final da fase de identificação dos objetivos, riscos e controles. No caso deste
curso, a Matriz de Riscos e Controle já se encontra elaborada e foi objeto de aprovação
pelo TCE/MT, por meio da Resolução Normativa 08/2016.
A próxima tarefa é decidir quais controles avaliar, a extensão e escopo dos exames, os
procedimentos para testes de desenho e de efetividade operacional. Trata-se de verificar
se os controles existem, se estão adequados, se estão sendo aplicados e se funcionam, ou
seja, se são capazes de reduzir o risco de maneira contínua e coerente, alinhados com as
respostas a riscos definidas pela administração.
157
Assim, orientando-se pela MRC, o auditor desenvolve os instrumentos que conduzirão a
aplicação dos testes de controles. Na Logística de Medicamentos são:
▶ Questionário de Avaliação de Controles Internos (QACI);
▶ Procedimentos de Auditoria;
▶ Roteiro de Verificação - Armazenagem de Medicamentos; e
▶ Checklist de análise documental.
Após definir os instrumentos de avaliação, que especificam como avaliar, o auditor, ainda
na fase de planejamento dos testes de controle, determina o que será testado, definindo a
amostragem (processos licitatórios, estoques, farmácias, pessoas).
6.2 - Execução
Planejada a auditoria, aplicam-se os instrumentos de avaliação, coletando evidências dos
achados, desenvolvendo as constatações e documentando o trabalho realizado.
Para preencher o QACI, adotamos uma escala de eficácia dos controles internos:
Agora imagine que, às vezes, alguém deixa de usar a catraca. O crachá não é reconhecido
ou o porteiro deixa algum conhecido entrar sem registro. Acontece com pouca frequência,
mas acontece. Esse é um controle do tipo “Mediano” (2 pontos). Há falhas que podem
ser melhoradas em sua efetividade. A tecnologia é boa, a catraca funciona, mas pode ser
melhorada.
158
Por outro lado, a catraca poderia existir, mas ter uma tecnologia obsoleta, que torna
lento o fluxo de pessoas, ou que fica inoperante com frequência, ou que as pessoas não
respeitam. Muita gente entra e sai do edificio sem registro. Esse é um controle “Fraco”.
Mesmo a melhor catraca do mundo, se não for utilizada, será um controle “Fraco”. De
pouco ou nada vale um controle que não mitiga riscos.
Com essa lógica, ao avaliar os contoles internos, o auditor atribui uma nota ao controle.
6.3 - Relatório
Os achados de auditoria mais relevantes vão a relatório, de modo a fundamentar as
conclusões e recomendações para os responsáveis e interessados pela atividade avaliada,
com vistas a implementar um plano de ação para o aperfeiçoamento dos controles internos
da atividade avaliada.
Agora que já entendemos como a coisa funciona, vamos aprender, na prática, como se faz
isso na logística de medicamentos.
159
FARMÁCIA
PREFEITURA MUNICIPAL DE
PANTANAL DO NORTE/MT Rev. 01
Escala de Eficácia
Situação do Controle
do Controle
0 - Inexistente Ausência completa do controle
1 - Fraco Em desenvolvimento; informal; sem disseminação; sem aplicação
efetiva; quase sempre falha
2 - Mediano Formalizado, conhecido, adotado na prática, funciona na maior
parte das vezes; pode ser aprimorado
3 - Forte Mitiga o risco em todos os aspectos relevantes; sem falhas
detectadas; pode ser enquadrado num nível de “melhor prática”
01 – A execução das ações e serviços de saúde estão sendo realizadas com base em
planejamento municipal da Farmácia Básica ou Plano Municipal de Saúde – PMS com
capítulo específico sobre Farmácia Básica?
( ) 0 – Inexistente
( ) 1 - Fraco
( ) 2 – Mediano
( ) 3 – Forte
Justificativa da resposta:
Clique aqui para digitar texto.
Justificativa da resposta:
Clique aqui para digitar texto.
160
03 – A prefeitura mantém controle dos medicamentos adquiridos em decorrência de
decisões judiciais?
( ) 0 – Inexistente
( ) 1 - Fraco
( ) 2 – Mediano
( ) 3 - Forte
Justificativa da resposta:
Clique aqui para digitar texto.
Justificativa da resposta:
Clique aqui para digitar texto.
Justificativa da resposta:
Clique aqui para digitar texto.
Justificativa da resposta:
Clique aqui para digitar texto.
161
07 – A Prefeitura designa formalmente equipe técnica para auxiliar a CPL na análise
da documentação de habilitação e propostas de preços nas licitações para aquisição
de insumos da saúde?
( ) 0 – Inexistente
( ) 1 - Fraco
( ) 2 – Mediano
( ) 3 - Forte
Justificativa da resposta:
Clique aqui para digitar texto.
08 - As condições de estocagem e conservação dos medicamentos adquiridos pela
prefeitura estão em conformidade com as boas práticas recomendadas pelo Ministério
da Saúde, presentes no Manual de Farmácia Básica do MS?
( ) 0 – Inexistente
( ) 1 - Fraco
( ) 2 – Mediano
( ) 3 - Forte
Justificativa da resposta:
Clique aqui para digitar texto.
09 - A Entidade dispõe de controle eletrônico ou manual de estoque dos medicamentos
armazenados no depósito central e nas UBS’s?
( ) 0 – Inexistente
( ) 1 - Fraco
( ) 2 – Mediano
( ) 3 - Forte
Justificativa da resposta:
Clique aqui para digitar texto.
10 - As atividades de dispensação de medicamentos estão sendo realizadas por
profissionais habilitados (farmacêutico)?
( ) 0 – Inexistente
( ) 1 - Fraco
( ) 2 – Mediano
( ) 3 - Forte
Justificativa da resposta:
Clique aqui para digitar texto.
Versão de 01/03/2018
162
ESTADO DE MATO GROSSO
PREFEITURA MUNICIPAL DE PANTANAL DO NORTE
CONTROLADORIA-GERAL DO MUNICÍPIO
PROCEDIMENTO DE AUDITORIA
I – OBJETIVOS
Avaliar a estrutura de controles internos instituída pela prefeitura com vistas a garantir
que seus objetivos para a área da Farmácia Básica sejam atingidos.
II – CONCEITOS
1) CONTROLE INTERNO: conjunto de atividades, planos, métodos, indicadores e
procedimentos interligados, utilizado com vista a assegurar a conformidade dos atos
de gestão e a concorrer para que os objetivos e metas estabelecidos para as unidades
jurisdicionadas sejam alcançados. (IN TCU nº 63/2010)
163
ou apropriação indevida.
3) Lei Orgânica da Saúde (Lei nº 8.080/90) – Dispõe sobre as condições para a promoção,
proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços
correspondentes e dá outras providências.
IV – OPERACIONALIZAÇÃO
A – LEVANTAMENTO DE DOCUMENTAÇÃO
164
1 – Avaliação do Sistema de Controle Interno – Farmácia Básica
a) Plano Municipal de Saúde com capítulo específico sobre Farmácia Básica Municipal ou
plano da Farmácia Básica. Caso não exista, justificar;
d) Controles instituídos pela prefeitura para registro das demandas reprimidas (não
165
atendidas) de medicamentos e controles de medicamentos dispensados decorrentes de
decisões judiciais;
166
dos trabalhos.
Ademais, cabe informar que os itens de nº 07 a 12 serão verificados por meio de análise
dos processos licitatórios de medicamentos realizados no exercício, selecionados pela
equipe de auditoria com base nos critérios de materialidade, relevância e criticidade.
Após definição dos processos a serem avaliados (amostra), a equipe deverá aplicar o
Check-list de Licitação para verificação de sua regularidade. Por sua vez, a verificação
do item de nº 13 será realizada por meio de inspeção física no local de armazenagem/
UBS, aplicando o Roteiro de Verificação de Almoxarifado. Já no item de nº 17 a equipe
de auditoria deverá elaborar amostra de medicamentos mais utilizados para certificar
se o saldo registrado na planilha/sistema está de acordo com a quantidade existente
fisicamente.
Os demais itens serão confirmados por exame documental e entrevista com os gestores,
conforme procedimentos demonstrados a seguir:
167
AVALIAÇÃO DE CONTROLES INTERNOS – LOGÍSTICA DE MEDICAMENTOS
1. Existência (Subsídio para responder os itens 0)
1.1 – Verificar a houve elaboração da Programação Anual de Saúde - PAS (instrumento
que operacionaliza as intenções expressas no PMS).
2. Adequação (Subsídio para responder os itens 1 e 2)
2.1 – Avaliar se a Programação Anual de Saúde – PAS detalha as ações, metas, recursos
financeiros e indicadores para avaliação, além das áreas responsáveis e parcerias
2 – Foi elaborada a necessárias para a execução das ações, por meio das quais se pretende alcançar tais
Programação Anual de objetivos.
Saúde - PAS? 2.2 - Verificar se a Programação Anual de Saúde foi coordeanda pela área de
planejamento ou equipe designada para essa atividade.
2.3 - Verificar se houve aprovação da PAS pelo Conselho de Saúde e divulgados aos
setores da sociedade envolvidos com o tema, a fim de possibilitar o controle social.
3. Efetividade (Subsídio para responder o item 3)
3.1 – Analisar se a Programação Anual de Saúde tem contribuído com a melhoria da
qualidade de saúde da população a partir de indicadores (julgamento profissional).
1. Existência (Subsídio para responder os itens 0)
1.1 – Verificar se existe REMUNE no município.
2. Adequação (Subsídio para responder os itens 1 e 2)
2.1 – Avaliar se a REMUME foi elaborada por Comissão de Farmácia e Terapêutica – CFT.
2.2 - Avaliar se existe estudo de perfil epidemiológico e nosológico do município, e ainda,
3 – A prefeitura elaborou se a REMUNE está compatível com a Relação Nacional de Medicamentos – RENAME;
Relação Municipal
de Medicamentos - 2.3 – Verificar se a REMUME encontra atualizada (elaborada há menos de 2 anos) e se
REMUME? esta sendo efetivamente utilizada.
2.4 – Avaliar se a REMUME foi aprovada pelo Conselho Municipal de Saúde.
2.5 – Verificar se a REMUME é divulgada no Portal da Transparência do município.
3. Efetividade (Subsídio para responder o item 3)
3.1 – Examinar se a REMUME tem contribuído para uma melhor gestão dos medicamentos
essencias no município.
1. Existência (Subsídio para responder os itens 0)
1.1 – Verificar se a entidade dispõe de algum controle (manual ou eletrônico) de
medicamentos adquiridos em decorrência de decisão judicial
2. Adequação (Subsídio para responder os itens 1 e 2)
4 – A prefeitura
mantém controle 2.1 – Avaliar se o município utiliza o controle de medicamentos demandados
dos medicamentos judicialmente para atualizar a Remume;
adquiridos em
2.2 - Verificar se o controle tem sido utilizado para promover a recomposição ao erário
decorrência de decisões
municipal, quando do fornecimento por determinação judicial de medicamentos de
judiciais?
responsabilidade do estado ou da união.
3. Efetividade (Subsídio para responder o item 3)
3.1 – Analisar se controle de medicamentos adquiridos judicialmente tem resultado na
adequação do planejamentos de aquisição de medicamentos do município.
168
AVALIAÇÃO DE CONTROLES INTERNOS – LOGÍSTICA DE MEDICAMENTOS
11. Existência (Subsídio para responder os itens 0)
1.1 – Verificar se a entidade dispõe de algum controle (manual ou eletrônico) de
demandas não atendidas de medicamentos.
5 – A prefeitura
mantém controle de 2. Adequação (Subsídio para responder os itens 1 e 2)
demandas reprimidas 2.1 – Avaliar se o município utiliza o controle de demandas reprimidas para atualizar a
(não atendidas) de Remume.
medicamentos)
3. Efetividade (Subsídio para responder o item 3)
3.1 – Analisar se controle demandas reprimidas tem resultado na adequação do
planejamentos de aquisição de medicamentos do município.
1. Existência (Subsídio para responder os itens 0)
6 – Há divulgação
da relação de 1.1 - Examinar junto aos gestores se a prefeitura adota ações de divulgação da REMUME
m e d i c a m e n t o s junto a todos os profissionais de saúde.
elaborada pela
2. Adequação (Subsídio para responder os itens 1 e 2)
prefeitura
2.1 – Avaliar a forma de divulgação da REMUME, podendo ser realizada por meio de
(Remume) aos médicos palestras, seminários, portaria, portal da transparência, outros meios de comunicação.
das UBS? 3. Efetividade (Subsídio para responder o item 3)
3.1 – Verificar se a divulgação da REMUME tem contribuído para prescrição dos
medicamentos presentes na relação, evitando a falta de assistência para a população.
1. Existência (Subsídio para responder os itens 0)
1.1 – Examinar se a organização dispõe de critérios e métodos para programação das
compras de medicamentos.
2. Adequação (Subsídio para responder os itens 1 e 2)
2.1 – Avaliar se existe normativo definindo o método adotado pela organização (perfil
epidemiológico, custo histórico, consumo médio mensal (CMM), oferta de serviços, etc)
para estimar quantidades de medicamentos necessárias para aquisição.
2.2 – Analisar se o normativo foi comunicado e está disponíveis a todos na organização
(intranet, internet, videoconferências, workshops, portarias, emails, etc).
7 – A prefeitura realiza 2.3 - Verificar se existe uma estratégia para assegurar compreensão uniforme, na
programação de organização, dos conceitos e da terminologia utilizadas no normativo.
suas compras de
2.4 – Avaliar se houve capacitação dos servidores envolvidos no processo de elaboração
medicamentos?
de estimativa de quantidade na entidade.
2.5 - Verificar se as quantidades adquiridas são fundamentadas em memórias de cálculo
que lhe deram origem e nos documentos que evidenciam as informações utilizadas no
cálculo, todos apensados aos autos do processo de contratação.
2.6 – Analisar se são levados em conta as demandas reprimidas, expectativa de
alteração na demanda futura, estoque atual, estatística de consumo médio, referências
técnicas, etc.
3. Efetividade (Subsídio para responder o item 3)
3.1 – Analisar se a programação de compras tem contribuído para melhor gestão dos
medicamentos no município.
169
AVALIAÇÃO DE CONTROLES INTERNOS – LOGÍSTICA DE MEDICAMENTOS
1. Existência (Subsídio para responder os itens 0)
1.1 – Verificar a Entidade dispõe de uma padronização da nomenclatura dos
medicamentos fornecidos.
2. Adequação (Subsídio para responder os itens 1 e 2)
2.1 – Avaliar se padronização da nomenclatura contém, por exemplo, nome dos
8 – A prefeitura
medicamentos por ordem alfabética e Denominação Comum Brasileira (DCB)/nome
padronizou as
da substância química/princípio ativo; número do código dos medicamentos; forma
nomenclaturas
farmacêutica; concentração; apresentação da embalagem; especificação técnica; e
e unidades de
nível de utilização.
fornecimento dos
medicamentos? 2.2 – Avaliar se a padronização envolveu diversos setores na organização e se sua
utilização, como regra, é obrigatória nos processos licitatórios.
3. Efetividade (Subsídio para responder o item 3)
3.1 – Verificar se os medicamentos padronizados estão sendo utilizados nas aquisições
de medicamentos e contribuído para a eficiência da assistência farmacêutica no
município.
1. Existência (Subsídio para responder os itens 0)
1.1 - Examinar se a Entidade normatizou os procedimentos para elaboração de
pesquisas de preços, de modo a orientar as equipes de planejamento da contratação.
2. Adequação (Subsídio para responder os itens 1 e 2)
2.1 – Avaliar se o conteúdo do normativo abrange as assuntos como princípios,
conceitos, responsabilidades, especificação do objeto, pesquisa de preços preliminar,
9 – A Enidade classificação de prioridades, fontes de referência, tratamento dos dados, formalização
normatizou os critérios processual, prazo de realização, validade, etc.
para realização de 2.2 - Analisar se o normativo foi comunicado e está disponíveis a todos na organização
pesquisa de preços (intranet, internet, videoconferências, workshops, portarias, emails, etc);
de medicamentos
prévia a realização das 2.3 - Verificar se existe uma estratégia para assegurar compreensão uniforme, na
licitações, dispensas e organização, dos conceitos e da terminologia utilizadas nos manuais.
inexigibilidades? 2.4 – Avaliar se houve capacitação dos servidores envolvidos no processo de elaboração
de pesquisas de preços na entidade.
3. Efetividade (Subsídio para responder o item 3)
3.1 – Analisar se no período de vigência do normativo houve redução do prazo para
elaboração de preços de referência;
3.2 – Verificar se no período de vigência houve ocorrência de sobrepreço,
superfaturamento, jogo de planilha, etc.
170
AVALIAÇÃO DE CONTROLES INTERNOS – LOGÍSTICA DE MEDICAMENTOS
1. Existência (Subsídio para responder os itens 0)
1.1 - Examinar se a Entidade padronizou os editais de licitação, dispensa e inexigibilidade
para aquisição de medicamentos.
2. Adequação (Subsídio para responder os itens 1 e 2)
2.1 – Avaliar se o edital padronizado contém elementos mínimos necessários ao
cumprimento das normas aplicáveis ao processo de seleção e contratação das
10 – A Entidade empresas;
utiliza edital-padrão
nas licitações de 2.2 - Analisar se o edital padronizado é complementado com modelos de check-list,
medicamentos? atas de registro de preços e contratos de aquisição;
2.3 – Analisar se foi promovida, mediante orientação normativa, a obrigatoriedade da
utilização do edital-padrão e check-list, as quais devem ser acostadas aos autos dos
processos licitatórios.
3. Efetividade (Subsídio para responder o item 3)
3.1 – Analisar se a partir da utilização de editais-padronizados tem reduzido o tempo
médio de realização do certame; redução de recursos e impugnações ao edital; etc.
1. Existência (Subsídio para responder os itens 0)
11 – A Entidade designa 1.1 - Examinar se a Entidade designa formalmente (portaria ou outro meio) equipe
formalmente equipe técnica com profissionais de saúde para auxiliar a CPL ou pregoeiro.
técnica para auxiliar
a CPL ou pregoeiro na 2. Adequação (Subsídio para responder os itens 1 e 2)
análise da documentação 2.1 – Avaliar se a equipe técnica dispõe de estrutura, capacitação e tempo suficiente
de habilitação e para atuar efetivamente nos certames realizados pela entidade.
propostas de preços nas
licitações para aquisição 3. Efetividade (Subsídio para responder o item 3)
de medicamentos? 3.1 – Analisar se a equipe técnica tem contribuiído para a regularidade e eficiência dos
processos licitatórios de aquisição de medicamentos.
1. Existência (Subsídio para responder os itens 0)
1.1 - Examinar se a Entidade dispõe de instrumentos (check-list; procedimentos
operacionais; normativos, etc) para detecção de fraudes e conluio.
2. Adequação (Subsídio para responder os itens 1 e 2)
2.1 - Avaliar se o conteúdo dos instrumentos abrange as ações a serem adotadas, os
itens a serem verificados, bem como os prazos e responsáveis para aplicar, revisar e
supervisionar essas ações;
12 – A Entidade adota
2.2 - Analisar se os manuais, normas ou instruções operacionais são comunicados
rotinas para prevenção
e estão disponíveis a todos na organização. (intranet, internet, videoconferências,
de fraudes e conluios nos
workshops, portarias, emails, etc);
processos de aquisição
de medicamentos? 2.3 – Verificar se houve capacitação dos servidores envolvidos na licitação em técnicas
de detecção de fraudes em licitação;
2.4 - Analisar se foi promovida, mediante orientação normativa, a obrigatoriedade da
utilização dos instrumentos desenvolvidos, os quais devem ser acostadas aos autos
dos processos licitatórios.
3. Efetividade (Subsídio para responder o item 3)
3.1 – A partir de relatórios e/ou documentos equivalentes, examinar se os instrumentos
têm contribuído para a regularidade e eficiência dos processos licitatórios.
171
AVALIAÇÃO DE CONTROLES INTERNOS – LOGÍSTICA DE MEDICAMENTOS
13 - As condições
de estocagem e
conservação dos
medicamentos
adquiridos pela prefeitura Confirmar a situação apontada quanto a existência, adequação e efetividade por
estão em conformidade meio de inspeção física no local de armazenagem (aplicar o Roteiro de Verificação –
com as boas práticas Armazenagem).
recomendadas pelo
Ministério da Saúde,
presentes no Manual de
Farmácia Básica do MS?
1. Existência (Subsídio para responder os itens 0)
1.1 - Examinar se a Entidade designa formalmente (portaria ou outro meio) servidores
para atuarem no recebimento dos medicamentos.
15 – Existem controles 1.1 - Verificar se a prefeitura dispõe de documentos que comprovam as trocas de
dos medicamentos medicamentos entre o Almoxarifado Central e as UBS, e/ou entre a prefeitura avaliada
(enviados/devolvidos/ e outras prefeituras
emprestados) do 2. Adequação (Subsídio para responder os itens 1 e 2)
almoxarifado central
da prefeitura para as 2.1 – Verificar se esses controles são fidedignos.
Unidades Básicas de 3. Efetividade (Subsídio para responder o item 3)
Saúde - UBS?
3.1 – Analisar se os controles adotados garantem efetividade para a gestão dos
medicamentos.
1. Existência (Subsídio para responder os itens 0)
1.1 - Verificar se a prefeitura dispõe de algum controle (manual ou eletrônico) de
medicamentos vencidos
2. Adequação (Subsídio para responder os itens 1 e 2)
16 – A prefeitura dispõe
de procedimentos 2.1 – Verificar se o controle de medicamentos vencidos contempla a identificação dos
adequados para a medicamentos, separação dos demais, armazenagem adequada, registro de baixa e
realização do descarte destinação, entre outros critérios.
de medicamentos
2.2 - Avaliar como é realizado esse descarte e se existe empresa contratada para
vencidos?
realização desse procedimento.
3. Efetividade (Subsídio para responder o item 3)
3.1 – Analisar se os controles adotados garantem efetividade para a gestão dos
medicamentos.
172
AVALIAÇÃO DE CONTROLES INTERNOS – LOGÍSTICA DE MEDICAMENTOS
1. Existência (Subsídio para responder os itens 0)
1.1 - Analisar se existe o controle dos medicamentos (manual ou eletrônico) no
almoxarifado central.
17 – A Entidade dispõe 2. Adequação (Subsídio para responder os itens 1 e 2)
de controle eletrônico
ou manual de estoque 2.1 – Avaliar se o controle implementado dispõe de informações estoque de segurança
dos medicamentos necessário para que não haja falta de medicamentos, assim como o ponto a partir do
armazenados? qual deve ser efetuado o pedido de compras ao setor competente
3. Efetividade (Subsídio para responder o item 3)
3.1 – Analisar se o controle assegura uma adequada gestão dos medicamentos,
realizando testes com aqueles mais utilizados para avaliar a fidedignidade dos registros.
1. Existência (Subsídio para responder os itens 0)
1.1 - Certificar se existem rotinas de realização de inventário dos medicamentos
utilizados no farmácia básica.
18 – A prefeitura realiza 2. Adequação (Subsídio para responder os itens 1 e 2)
inventario físico dos
medicamentos do 2.1 – Avaliar se são realizados inventários de acordo com cada situação específica (de
almoxarifado e das UBS? verificação, transferência, criação, extinção, anual e de baixa).
3. Efetividade (Subsídio para responder o item 3)
3.1 – Analisar se os inventários têm fornecido subsídios para avaliação e controle
gerencial dos medicamentos.
1. Existência (Subsídio para responder os itens 0)
1.1 - Verificar se a prefeitura dispõe de farmacêutico para realização das atividades de
dispensação de medicamentos, tanto de forma centralizada quanto nas UBS.
2. Adequação (Subsídio para responder os itens 1 e 2)
2.1 – Avaliar se existe procedimento operacional padrão tratando das ações de
dispensação.
19 – As atividades
2.2 - Analisar se existe registro de atendimento, visando documentar as atividades de
de dispensação de
dispensação de medicamentos, tendo em vista as necessidade técnicas, administrativas
medicamentos estão
e éticas.
sendo realizadas por
profissionais habilitados 2.3 - Verificar se há registro da demanda reprimida, mantendo controle dos
(farmacêutico)? medicamento solicitados e não aviados por ausência no estoque ou inexistência nas
compras do município.
2.4 – Verificar se existe cadastro de usuários e sistema informatizado da dispensação
dos medicamentos.
3. Efetividade (Subsídio para responder o item 3)
3.1 – A partir de relatórios e/ou documentos equivalentes, examinar se a atividade de
dispensação obedece às normas legais (Resolução 328/1999 da Anvisa.)
173
AVALIAÇÃO DE CONTROLES INTERNOS – LOGÍSTICA DE MEDICAMENTOS
1. Existência (Subsídio para responder os itens 0)
1.1 – Verificar se a Entidade instituiu o Conselho Municipal de Saúde - CMS.
2. Adequação (Subsídio para responder os itens 1 e 2)
20 – A composição e a
2.1 – Avaliar se a composição do CMS está de acordo com a legislação vigente.
estrutura do Conselho
Municipal de Saúde está 2.2 – Verificar a Entidade garantiu infraestrutura necessária (local apropriado,
em conformidade com a disponibilidade de equipamento de informática, transporte, recursos humanos e
legislação? financeiros).
3. Efetividade (Subsídio para responder o item 3)
3.1 – Analisar se o CMS apresenta os requisitos (composição e estrutura) para efetiva
atuação.
1. Existência (Subsídio para responder os itens 0)
1.1 – Analisar as atas do conselho para certificar se o CMS é atuante.
2. Adequação (Subsídio para responder os itens 1 e 2)
2.1– Avaliar se há nas atas referência a questionamentos, reclamações, irregularidade/
21 – O Conselho impropriedades ou sugestões quanto ao funcionamento da Farmácia Básica;
Municipal de Saúde tem
atuado adequadamente 2.3 – Avaliar se houve formação para conselheiros e se a Entidade disponibiliza os
no exercício de suas documentos quando solicitados pelo CMS;
funções? 2.4 – Verifiar se houve elaboração do Regimento Interno do CMS e elaboração do Plano
de Ação.
3. Efetividade (Subsídio para responder o item 3)
3.1 – Analisar se a atuação do CMS tem contribuído para a efetividade da Farmácia
Básica na Entidade.
Ressalta-se que para cada item examinado, a equipe deverá utilizar como referência os
critérios presentes no QACI desenvolvidos para pontuação dos testes de controle, os quais
deverão ser preenchidos somente no final dos trabalhos de avaliação.
Devem ser relatadas apenas as deficiências significativas, que em princípio são aquelas
situações cujos resultados foram classificados como “inicial”, “básico” ou “intermediário”,
contudo, a equipe poderá desenvolver achados até mesmo para às situações classificadas
como “aprimorado”, desde que pretenda elaborar propostas de recomendações para
sua melhoria. O importante é que a equipe utilize o seu julgamento profissional para
determinar o que é relevante para os objetivos da auditoria e que, portanto, mereça
ser relatado. Para o desenvolvimento desta etapa, a equipe poderá utilizar o Modelo de
Relatório desenvolvido para padronizar a estruturação dos pontos principais a serem
considerados.
174
Os elementos necessários para o desenvolvimento de achados positivos (ou boas práticas)
constatados durante a aplicação de testes de controle também devem ser coletados,
pois em trabalhos de avaliação dos controles internos esses achados assumem uma
importância maior do que normalmente recebem em outros trabalhos de auditoria. As
inclusões de boas práticas nos relatórios de avaliação, bem como o detalhamento e a
catalogação delas, constituem uma importante fonte para o desenvolvimento profissional
das equipes e para servir de base para a elaboração de propostas de ações corretivas em
outros trabalhos.
Versão de 01/04/2018
175
FARMÁCIA
PREFEITURA MUNICIPAL DE
PANTANAL DO NORTE/MT Rev. 01
176
2. Condições de Participação
Procedimentos Base Legal S N N/A
Art. 33 da LGL, Acórdão nº
2.1. O edital veda a participação de consórcios sem a
1.636/2007-Plenário, Acórdão nº
devida motivação?
1316/2010-1ª.
2.2 Há proibição de participação de empresa em litígio
Acórdão nº 2.434/2011-Plenário.
judicial com a Entidade?
2.3. Exige-se inscrição prévia no Sistema de Ac TCU 989/2006-1C e Súmula nº
Cadastramento como único meio de habilitação? 274/2012 do TCU.
2.4. Para obter o edital, exige-se valor incompatível Art. 32, §5 da LGL, Ac 2.297/2005-
com o custo de reprodução gráfica? O acesso ao edital P, 2.036/2008-P, 2.099/2009-P,
é garantido de forma inadequada? 1.117/2012-1C.
2.5. O ato convocatório estabelece cláusulas
desnecessárias ou inadequadas, que restrinjam o Ac 1.028/2011-P, 2.796/2011-2C.
caráter competitivo do certame?
2.6. O autor do Termo de Referência/Edital participa, Ac 486/2011-1C, 2.395/2011-1C,
ainda que indiretamente, da licitação? 3.031/2009-P, 597/2008-P.
2.7. Servidor público em cargo de influência sobre
a licitação participa, mesmo que indiretamente, do Ac 1019/2013-P e 3368/2013-P.
certame?
2.8. A publicidade do certame é insuficiente ou
LGL Art. 21, TCU Decisão 233/1996–1C e
inadequada ou há redução do prazo útil mínimo da
TCESP. Processo 6.736/026.
modalidade?
3. Habilitação
Procedimentos Base Legal S N N/A
3.1. Exige-se alvará de funcionamento que comprove Acórdãos 2.194/2007-TCU e 855/2009-
localização específica do licitante? TCU, ambos do Plenário.
3.2. Exige-se “quitação” em vez de “regularidade” Acórdão 1265/2010 – Plenário e
fiscal? Acórdão 2081/2007 – Plenário.
3.3. Exige-se certificado de qualidade que não é LGL Art 30, II c/c §1 e Ac TCU 608/2008-
obrigatório por lei? (Exemplos: ISO, PBQP-H, ABIC, etc). P
LGL Art. 30, II, Acórdãos 244/2003,
3.4. Exige-se número mínimo, máximo ou fixo de
584/2004-, 170/2007, 1.636/2007-,
atestados?
1.780/2009, todos do Plenário.
3.5. Falta exigir licença sanitária da licitante? Art. 5 da Portaria MS nº 2.814/1998
3.6. Falta exigir Autorização de Funcionamento
Art. 5 da Portaria MS nº 2.814/1998
expedida pela ANVISA?
TCU. Ac 392/2011-P, 126/2010,
3.7. Exige-se Certificado de Boas Práticas de
127/2010, 128/2010, 129/2010 e
Fabricação e Controle emitido pela ANVISA?
392/2011 – todos do Plenário.
3.8. Exige-se Certificado de Boas Práticas de
TCU. Ac 392/2011-P.
Armazenamento emitido pela ANVISA?
3.7. Exige-se carta de solidariedade ou credenciamento Ac TCU 2.294/2007–1C e Ac TCU
do fabricante do produto? 1.350/2010-1C e 718/2014-P
3.8. Exige-se declaração de idoneidade financeira? TCU Ac 2056/2008-P, 2179/2011-P.
177
3. Habilitação
Procedimentos Base Legal S N N/A
3.9. Exige-se, na fase de habilitação ou de classificação,
amostras a todos os licitantes, quando o correto Acórdão TCU nº 2749/2009 e 1113/2008,
deveria ser apenas na fase de classificação, do licitante ambos do Plenário.
provisoriamente em primeiro lugar?
3.10. Exige-se cumulativamente garantia de TCU. Ac 1.229/2008, 2.712/2008,
participação E (capital social ou patrimônio líquido 2.815/2009 e 3.043/2009, todos do
mínimo)? Plenário.
TCU. Ac 1871/2005; 170/2007 e
3.11. Exige-se capital social integralizado?
113/2009, todos do Plenário.
3.12. A garantia de proposta (1%) e/ou capital social
mínimo/Patrimônio Líquido (10%) superaram os LGL Art. 31,§ 3º
percentuais máximos fixados na lei?
3.13. Exige-se certidão negativa de Corregedoria de
Ac TCU 768/2007–P
Justiça?
3.14. Os índices contábeis são incomuns (por exemplo,
exigência de índice de grau de endividamento) e estão Ac TCU 4.606/2010–2C, 434/2010-2C e
acima de valores usuais (por exemplo, acima de 1,5)? LGL Art. 31, § 5º
Caso contrário, falta justificativa razoável?
Ac 5.391/2008-2C, 1391/2009–P e
3.15. Exige-se certidão negativa de protesto?
534/2011-P.
4. Julgamento
Procedimentos Base Legal S N N/A
4.1. Se Carta-Convite há menos de três propostas
Súmula nº 248 do TCU
válidas?
4.2. Se Carta-Convite, há convidado com ramo de Acórdãos 1.313/2011-TCU-Plenário,
atividade econômica incompatível com o objeto? 349/2010-TCU-Plenário.
4.3. Falta exigir Certificado de Registro de Produto na
Art. 5 da Portaria MS nº 2.814/1998
ANVISA?
Ac 818/2007-P, 1.746/2009-P, 168/2009-
4.4. Faltam critérios de aceitabilidade de preços
P e 1.755/2004-P e Súmula nº 259/2010
unitário e global?
TCU.
4.5. O julgamento descumpre regras do edital (ex:
TCU. Ac 966/2011-1C, 1.308/2010-P,
desclassificação de proposta, lances, desistências,
2.588/2010-P.
prazos, recursos, critérios)?
5. Pagamento
Procedimentos Base Legal S N N/A
5.1. Falta definição clara de regras de prazo de
Art. 40, XIV da LGL.
pagamento e correção por descumprimento do prazo?
5.2. Consta cláusula no edital prevendo a pagamento
Acórdão nº 1341/2010 TCU – P e ON nº
antecipado sem observância dos pressupostos fixados
37/2011 da AGU
pelo TCU?
Versão de 01/04/2018
178
FARMÁCIA
PREFEITURA MUNICIPAL DE
PANTANAL DO NORTE/MT Rev. 01
179
1. Julgamento da Licitação – Todas as modalidades e objetos
Procedimentos Base Legal S N N/A
8. Foi constatada a inexistência de vínculos empregatícios
da empresa? Consultar a base de dados da Relação Anual de
Informações Sociais – RAIS, Cadastro Nacional de Informações
Sociais – CNIS e GFIP - Guia de Recolhimento do FGTS e de Diretrizes para combater
Informações à Previdência Social (Acesso Restrito) para confirmar a conluios – OCDE, Acórdão
existência de empregados registrados pela empresa. A inexistência TCU nº 888/2011 – Plenário e
de vínculos empregatícios pode ser indicativo de fraude na RE 68.006-MG do STF.
emissão de atestados de capacidade técnica, especialmente em
contratação de serviços terceirizados e ainda, de inidoneidade das
informações presentes nos demonstrativos contábeis.
9. Existem relacionamentos entre os licitantes? Verificar:
endereços, telefones, e-mails, quadro societário, responsáveis
Acórdão TCU nº 888/2011 –
técnicos, representantes e procuradores em comum; responsáveis
Plenário e RE 68.006-MG do
técnicos registrados no CREA, CAU ou outro conselho profissional
STF.
(consultar o site da entidade local); vínculos em redes sociais como
o Facebook.
10. A empresa de engenharia (Obras) encontra-se inativa no
CREA? Analisar se a empresa de engenharia encontra-se ativa no Acórdão TCU nº 888/2011 –
CREA (http://www.crea-mt.org.br/empresas/consultar_empresa. Plenário e RE 68.006-MG do
php), pois sua inatividade pode indicar a não autenticidade dos STF.
atestados de capacidade técnica apresentados pela empresa.
11. Os registros de cartório presentes nos documentos de
habilitação e proposta de preços são autênticos? Consulta ao site
do Tribunal de Justiça/Cartório competente para verificação da Acórdão TCU nº 888/2011 –
autenticidade dos selos presentes nos documentos de habilitação e Plenário e RE 68.006-MG do
proposta de preços da empresa vencedora, especialmente quando STF.
o tempo de emissão do documento é requisito habilitatório (http://
www.tjmt.jus.br/selos).
12. Há participação, ainda que indiretamente, de servidores
do próprio órgão/entidade contratante? Verificar no Sistema de Acórdão TCU nº 888/2011 –
CNPJ da Receita Federal e RAIS se o servidor ou dirigente do órgão Plenário e RE 68.006-MG do
ou entidade contratante ou responsável pela licitação faz parte do STF.
quadro societário da empresa contratada.
13. Houve contratação de MEE ou EPP com faturamento do
ano anterior superior ao limite e que tenha usado benefícios
ilegalmente? Para isso, consultar o Portal da Transparência para
Acórdão TCU nº 888/2011 –
verificar se a ME ou EPP obteve faturamento no exercício anterior
Plenário e RE 68.006-MG do
dentro do limite de enquadramento (www.portaldatransparencia.
STF.
gov.br > transferência de recursos > selecione o exercício > marque
a opção por favorecido e selecione a opção outras pessoas jurídicas
> digite o CNPJ e marque ok).
14. Há participação em licitação reservada a microempresas
Acórdãos 1028/2010-TCU-
(ME) e empresas de pequeno porte (EPP) por sociedade que não
Plenário, 2259/2011- TCU-
se enquadra na definição legal reservada a essas categorias? ou
Plenário.
atuam se valendo da estrutura empresarial de outra empresa?
180
1. Julgamento da Licitação – Todas as modalidades e objetos
Procedimentos Base Legal S N N/A
15. A empresa participante da licitação é idônea para contratar
com a Administração Pública? Essa verificação pode ser realizada
consultando cadastros impeditivos, a exemplo do CEIS (www.
portaltransparencia.gov.br > selecione a opção sanções > Ceis,
clicando em consultar > pesquise por CNPJ ou nome da empresa), Acórdão TCU nº 888/2011 –
Cadastro de Improbidade do CNJ (digitar cadastro de improbidade Plenário e RE 68.006-MG do
cnj no google > digitar o cnpj da empresa) e Lista de Inidôneos STF.
do TCU (digitar lista de inidôneos TCU > clicar no ícone licitantes
inidôneos > escolher a opção lista de inidôneos); Controle de
Empresas Penalizadas da entidade contratante e outros registros
no Google.
16. Há irregularidade nas certidões de habilitação emitidas pelas
licitantes? Verificar a data de emissão das certidões (INSS, FGTS,
tributos Federais, Estaduais e Municipais, falência, trabalhista)
apresentadas no processo, para constatar se são válidas e se sua
emissão é muito próxima ou há semelhança nos documentos
Acórdão TCU nº 888/2011 –
que possam sugerir que tenham sido realizadas por uma mesma
Plenário e RE 68.006-MG do
pessoa ou conjunto de pessoas. Verificar a autenticidade nos sites
STF.
dos emissores. (Tributos federais e INSS - (www.receita.fazenda.
gov.br > serviços para a empresa > certidão e situação fiscal >
certidão e regularidade fiscal pessoa jurídica > acesso direto ou
com senha específica; FGTS – www.cef.gov.br > produtos > FGTS >
consulta CRF)
17. As garantias de proposta/contratuais são inidôneas? Verificar Acórdão TCU nº 888/2011 –
a idoneidade de seguro-garantia na Susep (www.susep.gov.br > Plenário e RE 68.006-MG do
serviços ao cidadão > consulta de apólice de seguro garantia). STF.
Acórdão TCU nº 888/2011 –
18. Existem divergências entre assinaturas apostas nos
Plenário e RE 68.006-MG do
documentos presentes no processo?
STF.
19. Os sócios que constam do Contrato Social possuem condições
financeiras compatíveis com o cargo? Avaliar os dados contidos Acórdão TCU nº 888/2011 –
na RAIS e CNIS, pesquisas na Internet, Facebook, cadastros de Plenário e RE 68.006-MG do
benefícios sociais como o Bolsa Família, verificar condições de STF.
moradia no Google Mapas.
20. Nos processos realizados na modalidade convite, houve
Súmula nº 248 do TCU
instrução com menos de três propostas válidas?
21. Nos processos realizados na modalidade convite, foram Acórdãos 1.313/2011-TCU-
convidadas licitantes cujo ramo de atividade econômica seja Plenário, 349/2010-TCU-
incompatível com o objeto de licitação? Plenário.
Acórdãos 966/2011-TCU-1a
22. A Administração descumpriu regras estabelecidas no ato Câmara, 1.308/2010-TCU-
convocatório, ao qual se encontrava estritamente vinculada? Plenário, 2.588/2010-TCU-
Plenário.
Versão de 01/04/2018
181
FARMÁCIA
PREFEITURA MUNICIPAL DE
PANTANAL DO NORTE/MT Rev. 01
182
Procedimentos S N N/A
9. Os medicamentos estão em contato direto com o solo?
Obs.: O contato direto com o solo cria pontos de acúmulo indesejáveis de umidade que se
depositam nas embalagens e posteriormente pode afetar o produto.
10. As prateleiras e áreas de estocagem são mantidas limpas e isentas de poeiras?
Obs.: A poeira funciona como elemento catalisador de umidade e corrosão. Graças ao seu elevado
poder higroscópico, absorve umidade para superfície do produto.
11. A Unidade realiza inspeção sistemática no estoque, para identificar possíveis alterações nos
produtos, que possam comprometê-los ou oferecer risco às pessoas?
12. Os itens mais volumosos e mais pesados ficam próximo à área de saída, para facilitar a
movimentação?
13. É realizado periodicamente rodízio nos estoques, para evitar o seu envelhecimento, minimizar
o número de viagens entre as áreas de estocagem e a expedição; otimizar o tempo despendido na
expedição do material, com menor desgaste físico dos operadores?
14. A Unidade dispõe de controle de temperatura para os medicamentos termolábeis?
Obs.: Alguns medicamentos, quando armazenados em locais quentes e sem ventilação estão
sujeitos a alterações em suas propriedades físico-químicas. Fazem-se necessários aparelhos
condicionadores de ar, que permitem o controle da temperatura ambiente.
15. Os medicamentos de controle especial dispõem de armário especial para guarda dos
produtos?
16. Os produtos diferentes estão armazenados em estrado diferentes, para evitar troca na entrega?
17. Nas áreas de estocagem de medicamentos, não há junto outros insumos, principalmente
material de limpeza e de consumo?
18. Existem medicamentos deteriorados ou vencidos?
Obs.: As perdas de medicamentos são inaceitáveis. Isso acarreta sérios problemas, inclusive de
ordem penal, tendo em vista que se trata de dinheiro público. Para tanto, as validades devem
ser monitoradas; o pessoal deve ser orientado a respeito, e no caso de ocorrência de perda
por validade, os medicamentos devem ser retirados das prateleiras, as embalagens devem ser
identificadas e deve-se entrar em contato com a Vigilância Sanitária local para orientação sobre
o recolhimento do produto.
19. Os medicamentos interditados estão devidamente identificados nas embalagens e ficam em
áreas separadas, se houver espaço, ou na própria prateleira?
20. Os medicamentos com problemas de qualidade ou devolvidos por alguma razão, ficam
separados dos demais, até que sejam tomadas providências quanto ao seu destino?
21. Os banheiros são separados do estoque de medicamentos da prefeitura?
Fonte: Manual de Farmácia Básica na Atenção Básica – Instruções Técnicas para sua
Organização, 2ª edição -2006, produzida pelo Ministério da Saúde
183
Procedimentos S N N/A
2. Os produtos sensíveis à umidade são conservados em frascos hermeticamente fechados ou
conter substâncias dessecantes? Há medição feita com higrômetro ou psicrômetro?
Obs.: Dependendo da forma farmacêutica do medicamento, a umidade elevada pode afetá-
la, favorecer o crescimento de fungos e bactérias e desencadear algumas reações químicas. A
medição é feita com higrômetro ou psicrômetro.
3. O local de estocagem possui iluminação natural adequada? Em caso de iluminação artificial,
recomenda-se a utilização de lâmpadas fluorescentes (luz fria)?
Obs.: A incidência direta de raios solares sobre os medicamentos acelera a velocidade das
reações químicas, alterando sua estabilidade. Essa ação leva à ocorrência de reações químicas
(principalmente, óxido-redução).
4. Há boa circulação interna de ar para conservação dos produtos?
Obs.: Elementos vazados nas janelas facilitam a ventilação natural.
6. Há extintores de incêndio, adequados aos tipos de materiais armazenados, fixados nas paredes
e sinalizados, conforme as normas vigentes?
7. A Unidade dispõe de câmara fria e refrigeradores, utilizados principalmente para a conservação
de produtos que exigem temperatura de conservação entre 2 e 8ºC?
8. O local dispõe de exaustores eólicos/ventiladores, utilizados em locais quentes ou que
ultrapassem os 30º C, para ajudar na renovação do ar circulante?
9. Os medicamentos não estão armazenados em estante de madeira?
Obs.: É desaconselhável seu uso para estocagem de medicamentos, em razão do tipo de madeira
utilizada, que nem sempre é de boa qualidade. Não se recomenda o uso de prateleiras de madeira,
por causa da umidade.
Fonte: Manual de Farmácia Básica na Atenção Básica – Instruções Técnicas para sua
Organização, 2ª edição -2006, produzida pelo Ministério da Saúde.
Versão de 01/04/2018
184
SÍNTESE
Enfim, chegamos ao final do nosso curso!! Iniciamos com os conceitos básicos que dão
suporte ao curso de gestão de riscos em logística de medicamentos, conhecemos o
contexto e evolução histórica do programa, as ações planejamento e organização, o ciclo
da assistência farmacêutica e o conselho municipal de saúde.
Por fim, identificamos os riscos do programa e definimos ações eficazes para gerenciar
esses riscos, por meio da implantação e/ou aperfeiçoamento dos controles internos
administrativos e conhecemos a metodologia desenvolvida pelo TCE/MT, em parceria com
a CGU, para avaliar esses controles internos na atividade de logística de medicamentos.
Obrigado pela sua participação. Espero que você tenha realizado um bom curso e que
alcance resultados significativos na aplicação prática da metodologia de avaliação de
controles internos em logística de medicamentos.
185
REFERÊNCIAS
ABNT a NBR ISO 31000:2009 - Gestão de Riscos - Princípios e Diretrizes. 1.ed. 2009.
Disponível em: <http://www.slideshare.net/fdecicco/nbr-iso-31000-projeto-final-seg>
Acesso em: 09 jul. 2017.
BOING, Alexandra C.; BERTOLDI, Andréa D.; PERES, Karen G. (2011). Desigualdades
socioeconômicas nos gastos e comprometimento da renda com medicamentos no Sul do
Brasil. Revista de Saúde Pública, v. 45, n. 5, p. 897-905, maio 2011.
186
BRUNS, Suelma de Fátima. (2013). Política de Farmácia Básica no município de João
Pessoa-PB: contexto, desafios e perspectivas. Tese (doutorado) Escola Nacional de
Saúde Pública Sergio Arouca, Rio de Janeiro, 2013.
CIPRIANO, S. L.; MOREIRA, R. P. P.; CUNHA, G. W. B.; SFORSIN, A. C. P.; PINTO, V. B. Comissão
de Farmácia e Terapêutica. Pharmacia Brasileira, n. 83, 2011 (encarte).
187
Área de Saúde – NESCON/FM/UFMG, 1999.
HILL, Stephen. GUIA SOBRE A GESTÃO DE RISCOS NO SERVIÇO PÚBLICO. Traduzido por
Luís MarcosnB. L. de Vasconcelos Brasília: Escola Nacional de Administração Pública, 2006.
(Cadernos ENAP, 30)
________. GOV 9100 Guidelines for Internal Controls Standards for the Public
Sector. 2004. Disponível em: <http://intosai.connexcc-hosting. net/blueline/
upload/1guicspubsece.pdf>. Acesso em: 07 jul. 2017.
________. GOV 9130 Guidelines for Internal Controls Standards for the Public Sector.
Further Information on Entity Risk Management. PSC Subcommittee on Internal Control
Standards. 2007. Disponível em: < http://psc.rigsrevisionenº dk/composite-218.htm>.
Acesso em 07 jul. 2017.
MARIN, N. et al. (2003) Farmácia Básica para gerentes municipais. Rio de Janeiro: Opas/
OMS
188
MAYORGA, Paulo et al (2004). Farmácia Básica no SUS: quando se efetivará. In: MISOCZKY,
Maria Ceci; BORDIN, Ronaldo (Org.).Gestão local em saúde: práticas e reflexões. Porto
Alegre: Dacasa Editora, 2004. p. 197–215.
OLIVEIRA, Luciane C. F. de; ASSIS, Marluce M. A.; BARBONI, André R. (2010). Farmácia Básica
no Sistema Único de Saúde: da política nacional de medicamentos à Atenção Básica à
Saúde. Ciência & Saúde Coletiva, v. 15, n. 3, p. 3561-3567, nov. 2010.
189
Docs/ judoc/IN/20100903/INT2010-063.rtf>. Acesso em 07 jul. 2017.
VAZ, José C.; LOTTA, G. S. (2011). A contribuição da logística integrada às decisões de gestão
das políticas públicas no Brasil. Rev. Adm. Pública, v. 45, n. 1, p. 107-139, jan./fev. 2011.
VIEIRA, Fabiola Sulpino. (2008) Ações judiciais e direito à saúde: reflexão sobre a observância
aos princípios do SUS. Revista de Saúde Pública, v. 42, n. 2, p. 365–369, 2008.
190
Rua Conselheiro Benjamin Duarte Monteiro, nº 1
Centro Político e Administrativo – CEP: 78049-915 – Cuiabá-MT
+55 65 3613-7561 – publicontas@tce.mt.gov.br – www.tce.mt.gov.br
191