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Congresso Catarinense de
Educação Especial (CCEE)
Florianópolis, SC
2019
Ficha catalográfica elaborada pela Bibliotecária Paula Sanhudo da Silva – CRB-14/959
APRESENTAÇÃO .............................................................................................................16
PÔSTERES .....................................................................................................................142
106 - TERAPIA ASSISTIDA POR ANIMAIS (TAA) COM CAVALOS MINIATURA NA APAE
DE ARAQUARI, SANTA CATARINA ...............................................................................174
Daiane Souza de Freitas, Erica Perez Marson Bako, Bethania da Rocha Medeiros
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DIA 09/09/2019
Turno Matutino
8h: Credenciamento
Local: Hall do Centro de Cultura e Eventos
Turno Vespertino
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De Souza Mattos
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do Sul, Santa Catarina – Marlise Pompeo Claus
Dia 10/09/2019
Turno Matutino
- A experiência de uma banda de fanfarra da APAE: ensino coletivo de instrumentos e a música como
linguagem – Luciano da Silva Candemil
- Desenvolvendo potencialidades: oficinas como metodologia de ensino na educação especial – Denise
da Silva
- Arteterapia como metodologia de ensino e de transformação social na educação especial – Raquel
Ghizoni Argenta
- Por uma aprendizagem colaborativa do sistema Braille entre família e professores – Jussemara Cristina
Scartom
- Interações sociais entre cegos e videntes no contexto de uma atividade experimental de ciências –
Renata Aragão da Silveira
- Fatores de vulneração de estudantes com o TDAH sob o escopo da bioética de proteção: um estudo de
caso – Simone Schelbauer Moreira Paes
- Relação entre trabalho, educação e pessoa com deficiência – Luana Tillmann
- Práticas inclusivas: um relato de experiência em uma ONG destinada a pessoas com deficiência –
Marcos Vinicius Teixeira Siqueira
- Adaptação curricular: análise na rede municipal de São Bento do Sul/SC – Karin Rank Liebl 11h10-12h –
DISCUSSÃO
11h10-12h – DISCUSSÃO
11h10-12h – DISCUSSÃO
Turno Vespertino
- O sujeito jovem, adulto e idoso com deficiência intelectual: desafios do fazer pedagógico – Tanara
Terezinha Fogaça Zatti
- Formação de autodefensores, uma experiência com adultos na APAE de São João Batista – Kamily
Peixer Gatis
- Fazer pedagógico e participação das pessoas jovens, adultos e idosos com deficiência intelectual – Irma
Tamanho Sartori
- Centro dia: qualificando o atendimento da pessoa envelhecente com deficiência intelectual – Lisiane
Capanema Silva Bonatelli
- O autismo no contexto familiar – Rogério Nazário de Oliveira
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- Metodologia de formação dos Indicadores Clínicos de Risco para o Desenvolvimento Infantil (IRDI) nos
Núcleos de Educação Infantil Municipais (NEIMs) de Florianópolis – Rômulo Fabiano Silva Vargas
- Livros didáticos tradicionais: adaptação/ampliação para alunos com deficiência matriculados na rede
municipal de Içara – Maria Isabel Luiz
- Articulação da prática pedagógica entre professor especialista e professor do ensino comum – Mariele
Neli Finatto Vasselai dos Santos
- Educação especial: Altas Habilidades/Superdotação (AH/SD) e formação do professor – Roseli Ana
Fabrin
- Caracterização dos estudantes catarinenses com deficiência física que solicitaram segundo professor no
ano de 2018 – Marcelo Dias
- A educação especial no município de Navegantes: a prática inclusiva com aluno com Transtorno do
Espectro Autista – Vanessa Camargo Rodrigues de Lima de Oliveira
- A mediação escolar na rede municipal de São João da Boa Vista (SP) – Gabriel Jose Junqueira de
Andrade Bergue
18h00-18h50 – DISCUSSÃO
- Atividade física adaptada para autistas: uma proposta psicomotora relacional – Samara Bittencourt
Berger
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- Caminhos possíveis: o livro infantil e o diálogo sobre a exclusão – Camyla Antonioli
- O papel do assistente educacional frente o aluno com Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade:
implicações no ambiente escolar – Antônio Cleonaldo Bento da Silva
- Caderno interativo, uma opção de metodologia para alunos com autismo – Erika Cora Kruger Colman
- Efeitos do uso da estrutura sobre comportamento e aprendizagem de uma aluna com TEA: relato de
experiência – Estefania Miranda Borges
- Autodefensoria: a construção de espaços de participação – Ivanete Babinsk
Turno Matutino
Turno Vespertino
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14h – 16h30: MESA REDONDA *
“Formação de Professores para Educação Especial”
Local: Auditório Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH)
Expositores: Luciana Xavier Sans de Carvalho Auditora Fiscal e Chefe do Setor de Saúde e Segurança do
Ministério do Trabalho,
Carla Ramos Gonçalves - Secretária da Comissão de Direito das Pessoas com deficiência da OAB
Rosângela Machado
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Apresentações Orais
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EIXO TEMÁTICO: SERVIÇOS DE EDUCAÇÃO ESPECIAL
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aprendizagem e nas relações interpessoais, a fim de favorecer a inclusão escolar e social.
A instrumentação está-se desenvolvendo por meio da elaboração e/ou seleção,
aplicação e testagem de instrumentos para a avaliação de aspectos cognitivos,
psicomotores, comportamentais, funcionais e de CAA e o acompanhamento dos usuários,
alguns elaborados pelas autoras, devido ausência na literatura, e outros padronizados.
Contudo, verificou-se que alguns não atendem às especificidades do AEE, inviabilizando
o seu uso pelos professores e percebeu-se a necessidade de desenvolvimento de um
instrumento avaliativo que possibilite traçar o perfil inicial e processual do aluno e atenda
às demandas do serviço, de modo a direcionar o trabalho. Também foram desenvolvidos
o Plano de Atendimento Individual e a Evolução Diária. A padronização vem sendo feita
mediante a definição dos conceitos, instrumentos, abordagens, técnicas e metodologias a
serem adotados, sendo constatada a importância do estabelecimento da rotina do
atendimento e de estruturação das atividades. A qualificação profissional é realizada, a
partir do levantamento das demandas específicas, mediante assessoria, capacitação e
produção e difusão de materiais de apoio. Considerando que a estruturação do
AEE/DI/FCEE vem sendo construída no decorrer de seus atendimentos, é feita em
estreita associação com uma ação e resolução de problema coletivo, em um processo
cooperativo e participativo e almeja ser concluído até o final deste ano.
Referências:
1. SANTA CATARINA. Sobre a FCEE. Disponível em:
<http://www.fcee.sc.gov.br/index.php/institucional/sobre-a-fcee>. Acesso em: 16 mai.
2019.
2. SANTA CATARINA. Lei Complementar nº 381, de 07 de maio de 2007. Disponível
em: <http://leis.alesc.sc.gov.br/html/2007/381_2007_Lei_complementar.html>. Acesso
em: 16 mai. 2019.
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Zuliani (2002, p.75) defendem que a EF na Educação Básica deve “assumir então uma
outra tarefa: introduzir e integrar o aluno na cultura corporal de movimento, formando o
cidadão que vai produzi-la, reproduzi-la e transformá-la [...]”. Este estudo se caracterizou
como qualitativo do tipo Estudo de Caso. Participaram 08 professores, sendo 03
professores do AEE e 04 professores de EF que atuam nas mesmas escolas junto aos
alunos dos anos iniciais do ensino fundamental que frequentam a Sala de Recurso
Multifuncional. As escolas foram indicadas pela Secretaria Municipal de Educação. Foi
realizada uma entrevista semiestruturada com cada um dos colaboradores que, após a
transcrição e validação dos dados, foi analisada a partir da técnica de análise de
conteúdo, proposta por Bardin, (2011, p. 43) “uma técnica de investigação que através de
uma descrição objetiva, sistemática e quantitativa do conteúdo manifesto das
comunicações”. Para resguardar a identidade das professoras utilizamos “letras” do
alfabeto da Língua Portuguesa: “F”, “I”; “J” e R” para professoras do AEE e “E”, “M”, “R” e
“N” para professores de EF. Foram elencadas três categorias de análise, neste recorte
propomos a seguinte reflexão: como são feitas as orientações do AEE com relação ao
professor de EF? Segundo Chicon (2008) alguns questionamentos e debates são feitos
pelos professores no âmbito educacional acerca de conteúdos da Educação Especial nas
escolas comuns, muitos destes professores querem orientações e informações do que
fazer? Ou como fazer? A professora “F” comenta que os “professores de Educação Física
não procuram a sala de recursos para conversar”. A professora “J” diz que não tem
dificuldades em realizar as orientações “aqui os professores de Educação Física são bem
abertos, abraçam a questão da inclusão, os alunos não são meus e sim da escola”. A
professora “I” afirma que orienta os professores, “tem o professor que te ouve, mas não
faz, tem aquele que ouve, mas deixa para o segundo professor e tem também o que te
procura para pedir ajuda”. A professora “E” busca auxílio do AEE quando tem dificuldades
de incluir o aluno nas atividades propostas em aula. A professora “R” pontua que “quase
nunca converso com a professora do AEE”. A professora “N” comenta não ter muitas
aproximações ou troca de experiências com a professora do AEE. No entanto, a
professora “M” salienta que “troca experiência sim, para ver o que dá certo e o que não
dá, empréstimo de material e adaptações as aulas. A partir dessas colocações podemos
perceber que a efetivação da inclusão mais do que nunca está pautada no fazer coletivo,
assim como, demanda ações e saberes elaborados ao longo da trajetória docente, pois
conforme Nóvoa (1995, p. 25) a formação se dá por meio de um “trabalho de reflexividade
crítica sobre as práticas e de (re)construção permanente de uma identidade pessoal.
Perrcebe-se uma divergência entre as repostas dos professores do AEE e professores de
EF no que ser refere às orientações. Para as professoras do AEE as orientações estão
sendo realizadas, no entanto, os professores de EF, na sua maioria, apontam que as
orientações junto ao AEE ainda estão em processo de construção. Portanto, é necessário
maior aproximação entre as áreas, pois a falta de diálogo acarreta em “perdas”
significativas no processo de ensino aprendizagem.
Referências:
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BARDIN, L. Análise de Conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2011.
BETTI, M; ZULIANI, L. R. Educação Física Escolar: Uma Proposta De Diretrizes
Pedagógicas. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte – Ano 1, Número 1,
2002.
BRASIL, Ministério da Educação – Secretaria de Educação Especial (SEESP). Política
nacional de educação especial na perspectiva da educação inclusiva. Brasília: MEC,
2008
NÓVOA, A. (Coord.). Os professores e a sua formação. 2 ed. Lisboa: Dom Quixote,
1995.
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condutas e estratégias que facilitam o aprendizado. METODOLOGIA: Este trabalho é
realizado de forma lúdica e utiliza-se estratégias criativas, prazerosas e que prendam a
atenção da criança para sons ambientais e da fala. Estes sons podem ser propositais ou
inesperados, enquanto o professor desperta a atenção visual dos alunos com objetos,
brinquedos interessantes e coloridos; utiliza-se a fala natural, com entonação agradável
por meio de frases simples e palavras chaves, associando os movimentos a sons
vocálicos, silábicos e onomatopeicos. Há a preocupação em manter o rosto no mesmo
nível que a criança, usando expressões faciais ricas e coerentes às ações. A música
também é utilizada em todos os atendimentos, visto ser um recurso rico para o
desenvolvimento no processo de oralização, pois nela encontra-se diferentes ritmos,
melodias, durações, vocabulários, além de ajudar na autoestima da criança, no prazer de
ouvir a sua própria voz. A realização de conversas informais, o respeito as regras de
diálogo, como ouvir o professor e os colegas e esperar sua vez de falar, fazem parte do
atendimento. Por meio de atividades lúdicas, jogos, letras e números móveis, a
leitura/escrita é trabalhada, priorizando o desenvolvimento da consciência fonológica
RESULTADO: O processo de alfabetização e oralização acontece de forma prazerosa e
concomitante, a partir do momento que a criança passa a perceber que o som das letras
são representações da fala. Por meio desta percepção, a alfabetização acontece
naturalmente, como a alfabetização de uma criança ouvinte. CONCLUSÃO: Com a
descoberta precoce da deficiência auditiva e os avanços tecnológicos dos aparelhos
auditivos e implantes cocleares, o trabalho na área da comunicação oral tem se tornado
cada dia mais necessário. Esta experiência vem mostrando excelente evolução no
desenvolvimento de fala e na alfabetização de crianças surdas que utilizam efetivamente
seus dispositivos eletrônicos e contam com o apoio fundamental de seus pais e familiares.
REFERÊNCIAS:
BEVILACQUA, M.C. & FORMIGONI, G.M.P. Audiologia Educacional:
uma opção terapêutica para a criança deficiente auditiva. Carapicuíba, SP: Pró-Fono,
2000, p. 75.
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estes são reconhecidos por demonstrar potencial elevado em qualquer uma das seguintes
áreas, isoladas ou combinadas: intelectual, acadêmica, liderança, psicomotricidade e
artes. Em 2014, o Serviço de Altas Habilidades/Superdotação (SAAH/S) foi implantado
no Centro Associativo de Atividades Psicofísicas Patrick (CAPP), por meio de convênio
com a Fundação Catarinense de Educação Especial (FCEE) e Estado de Santa Catarina,
com objetivo de realizar atendimento aos educandos/as com indicadores de AH/SD, seus
pais/responsáveis e professores, através de serviços pedagógicos baseados nos
pressupostos educacionais, éticos, políticos e epistemológicos da educação inclusiva.
Nesse sentido, este texto possui o objetivo de apresentar brevemente a trajetória de
implementação do SAAH/S e relatar as atividades em desenvolvimento junto ao serviço
no ano de 2019. Historicamente o Brasil passou por diversos momentos importantes até a
consolidação de políticas que considerassem as pessoas com AH/SD também carentes
de atendimento especializado. Em 2006, com o objetivo de apoiar os sistemas de ensino
na implantação das políticas públicas na área de AH/SD, o Ministério da Educação
(MEC), juntamente com a Secretaria de Educação Especial (SEESP), em parceria com as
Secretarias de Educação, disponibilizaram recursos para a implantação do denominado
Núcleo de Atividades de Altas Habilidades/Superdotação (NAAHS) em cada estado da
Federação. Em Santa Catarina, o NAAH/S foi instaurado na FCEE e realiza atendimentos
desde o ano de 2006. Em 2014, motivados pelos serviços prestados junto à comunidade
há mais de vinte anos, o CAPP juntamente do setor de educação especial e diversidade
da 4ª Gerência Regional de Educação (GERED) - Chapecó/SC - buscaram junto a FCEE
possibilidades de estruturar e sistematizar um Serviço de Atividades para atendimento à
pessoa com AH/SD no Munícipio de Chapecó e região Oeste de Santa Catarina enquanto
parceria com o NAAH/S, visto a demanda e necessidade de efetivar atendimentos na área
da educação especial nessa região. O SAAH/S hoje (2019) se constitui como um espaço
de atendimento aos educandos com indicadores de AH/SD e de formação continuada de
professores e demais profissionais que atuam junto a este público. Possui como principais
atividades: oferecer oficinas em diferentes áreas do conhecimento com o intuito de
identificar e potencializar a área de interesse do/a educando/a; realizar avaliação
pedagógica de educandos com indicadores de AH/SD; prestar atendimento suplementar
de enriquecimento escolar para explorar a/s área/s de interesse/s do/a educando/a;
orientar e capacitar os profissionais da educação para o atendimento aos educandos com
indicadores de AH/SD; prestar atendimento e apoio as famílias; oferecer o suporte aos
sistemas de ensino, intermediado por parcerias com diferentes instituições, órgãos não
governamentais, comunidades e áreas a fins; elaborar materiais para os atendimentos
aos educandos com indicadores de AH/SD; assessorar as entidades parceiras do SAAH/
S, quando em atendimento aos educandos com indicadores de AH/SD; desenvolver
estudos para o aperfeiçoamento do atendimento do SAAH/S; e realizar
parcerias/convênios com as instituições de Educação Superior para ampliação das
oportunidades educacionais para os/as educandos/as. Considerando as diretrizes da
Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (2008) e os
esforços do CAPP, FCEE e GERED da região de Chapecó, podemos concluir que o
SAAH/S, em 2019, se apresenta como instituição de referência na região Oeste de Santa
Catarina em atendimentos diferenciados ao público de AH/SD. Enfatiza-se a importância
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das parcerias com diferentes instituições e a continuidade de estudos na área, uma vez
que são fundamentais no processo de desenvolvimento científico, social e prático.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Política Nacional de
Educação Especial. Livro 1. Brasília, DF, 2008.
FREITAS, S. N; PÉREZ, S. G. P. Altas Habilidades/Superdotação Atendimento
Especializado. Marilia, ABPEE, 2010.
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Coordenação Pedagógica, Assessorias e Direção Escolar –quando na elaboração do
PPP - Projeto Político Pedagógico e do Regimento Interno da escola; realizamos
pesquisas/investigações e divulgação os trabalhos, estudos e pesquisas que contemplem
o fazer pedagógico da área promovendo um movimento de Educação Inclusiva.
Conclusão: Enquanto Colégio de Aplicação, visamos realizar um trabalho de excelência.
No entanto, a escola tem enfrentado diariamente uma série de situações desafiadoras
como, por exemplo, o número reduzido de profissionais na área, neste sentido a
realização do movimento de inclusão é complexo, pois não conseguimos perceber todas
as potencialidades e especificidades dos estudantes, devido a demanda de trabalho.
Vivemos situações em que professores da sala comum, se esforçam em organizar,
selecionar, planejar e aplicar atividades adaptadas, no entanto, sentem-se inseguros para
realizar o trabalho pedagógico de modo que atenda o nível de desenvolvimento do
estudante. Por fim, nossa atuação na escola tem se sustentado em um trabalho de
sensibilização de toda a comunidade escolar, bem como, avaliações constantes da e na
nossa prática. Lutamos diariamente para modificar a realidade e possibilitar um trabalho
mais qualificado, em instituições federais que atendem a educação básica.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Decreto Nº 7.611, de 17 de Novembro de 2011. Dispõe sobre a educação
especial, o atendimento educacional especializado e dá outras providências.
Brasília: MEC/SEESP, 2011.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Política Nacional de
Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Brasília: MEC/SEESP,
2008.
BRASIL. Lei Nº 9394 de 20 dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da
educação nacional. Brasília:1996.Disponívelem:<http://portal.mec.gov.br/seed/arquivos/
pdf/tvescola/leis/lein9394.pdf>. Acesso em: 17 out. 2016.
EDLER CARVALHO, Rosita. Removendo as barreiras para a aprendizagem:
educação inclusiva. Porto Alegre: Mediação, 2010. 9ª ed.
GLAT, Rosana. Educação Inclusiva: cultura e cotidiano escolar. Rio de Janeiro: 7
Letras, 2009
PACHECO, José. Caminhos para Inclusão: um guia para o aprimoramento da equipe
escolar. Porto Alegre: Artmed, 2007.
RODRIGUES, David. Inclusão e Educação: doze olhares sobre a educação inclusiva.
São Paulo: Summus, 2006.
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surdos, com baixa visão, com deficiência intelectual e autismo e preocupados com essa
situação, o município de Içara vem desde 2016 investindo na produção e adaptação de
materiais didáticos e paradidáticos para alunos, público alvo da educação inclusiva,
matriculados na Rede Municipal de Içara. Inicialmente, os trabalhos limitavam-se aos
alunos com cegueira, depois ampliou se para os alunos de baixa visão e atualmente
busca-se atender também os alunos com deficiência intelectual e autismo que necessitam
de adaptação de materiais. A produção e adaptação de materiais didáticos e
paradidáticos para alunos, público alvo da educação inclusiva atende dispositivos da Lei
Federal n.º 13.005, de 25 de junho de 2014, que aprova o Plano Nacional de Educação,
meta 4, especificamente, nas estratégias: 4.6; 4.10; 4.11; 4.12. e o Plano Municipal de
Educação, meta 4, especificamente, nas estratégias: 4.6; 4.10 e 4.18. que visa: ampliar a
oferta de formação continuada e a produção de material didático acessível, assim como
os serviços de acessibilidade necessários ao pleno acesso, participação e aprendizagem
dos estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas
habilidades ou superdotação matriculados na rede pública de ensino. (IÇARA, 2015, p
79.) Garantir e ofertar o livro didático ou literário, em Braille, ampliado, Libras e adaptado
em PECs, possibilita que a criança tenha acesso aos mesmos materiais que os demais
alunos, interagindo e compartilhando dos mesmos conteúdos com os colegas de aula,
sentindo-se incluída e participando ativamente do ambiente escolar. O principal objetivo
do projeto tem sido adaptar livros didáticos e paradidáticos tradicionais, de maneira a
torná-lo acessível proporcionando uma melhoria no atendimento dos alunos público alvo
da educação especial inclusiva, tornando-os mais participativos, promovendo maior
autonomia e facilitando a interação social entre os colegas de classe.
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de digitalização e conversão, para ser transformado em extensão TXT ou DOCX. Cada
material tem suas particularidades e adaptação/ampliação do material é pensada de
acordo com a necessidade de cada aluno a fim de que as informações dos textos,
imagens e atividades sejam acessíveis ao aluno.
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ARTICULAÇÃO DA PRÁTICA PEDAGÓGICA ENTRE PROFESSOR
ESPECIALISTA E PROFESSOR DO ENSINO COMUM
35
inseridas em um contexto organizado e previsível, ampliam o tempo de permanência do
aluno na atividade, melhorando seu desempenho e engajando-o com mais facilidade nas
tarefas (BENNET et al., 2011). Verificou-se que, a partir dos encontros do workshop,
ampliou-se a efetividade das ações educacionais do professor do ensino comum na sala
de aula, havendo melhora no desenvolvimento e no processo de escolarização dos
alunos com autismo. Os professores que participaram do workshop relataram melhora em
sua prática educacional a partir da compreensão do perfil cognitivo do seu aluno,
sentindo-se mais seguro e motivado frente às ações pedagógicas. Nos casos em que
participaram dos encontros o professor regente e o segundo-professor do aluno, o
trabalho aconteceu de maneira mais articulada, havendo congruência na prática
pedagógica pelos dois profissionais e com maior número de materiais produzidos para
serem utilizados na sala de aula. Devido aos resultados positivos destes encontros,
pretende-se que estas formações sejam promovidas por todos os AEEs da rede estadual
de Santa Catarina.
Referências
SANTA CATARINA. Governo do Estado. Secretaria de Estado da Educação. Política de
educação especial / Estado de Santa Catarina, Secretaria de Estado da Educação. –
Florianópolis: Secretaria de Estado da Educação, 2018.
BENNET, K. REICHOW, B. WOLERY. Effects of structured teaching on the behavior
of young children with disabilities. Focus on Autism and other Developmental
Disabilities, 26 (3), 143 – 152. 2011
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ensino superior, para atender a legislação. A Declaração de Salamanca (1994) é o
principal documento relacionado à educação especial, pois sinaliza o início de uma
tendência em benefício da educação inclusiva, posicionando-se contra as práticas
segregacionistas das décadas anteriores. DESENVOLVIMENTO A educação especial é
responsável por oferecer, junto às escolas do ensino regular, os AEE, que foram
estabelecidos pela Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação
Inclusiva (2008) ao alunado com AH/SD. Esses atendimentos não visam substituir o
ensino regular e sim atuar de forma conjunta ao ensino comum. A proposta de
atendimento especializado terá: [...] como objetivo, formar professores e profissionais da
educação para a identificação desses educandos, oportunizando a construção do
processo de aprendizagem e ampliando o atendimento, com vistas ao pleno
desenvolvimento das potencialidades desses sujeitos (MEC, 2006). A capacitação dos
profissionais em educação também faz parte dos pilares do processo de inclusão do
aluno com AH/SD. Esta formação servirá de propulsora para a elaboração de práticas
educativas ao atendimento, possibilitando o aprofundamento dos conhecimentos acerca
de seus interesses e habilidades. Tudo isso proporciona uma suplementação
escolar,através de oficinas, com enriquecimento curricular na área de destaque e
interesse. A implantação dos Núcleos de Atividades de Altas habilidades/Superdotação –
NAAH/S (2005), em todas as federações, teve o objetivo de oferecer formação aos
professores, com cursos teóricos e práticos na área da AH/SD. Em Santa Catarina, está
sediado na Fundação Catarinense de Educação Especial (FCEE) em São José,
realizando atendimentos desde 2006. De acordo com o cadastro do censo escolar de
2018 (NAAH/S-FCEE), em 2010 haviam 28 alunos matriculados e em 2018 já eram 1.013,
apontando assim uma ampliação de 3.618%. Cabe refletir que a Organização Mundial da
Saúde (OMS) estima que o número de pessoas com AH/SD pode alcançar 5% da
população (FREITAS, PÉREZ, 2012). Apesar do aumento significativo, ainda é uma
pequena parcela de alunos da educação básica que recebem o atendimento, então
muitos estudantes podem camuflar sua habilidade, devido à falta dos AEE em suas
escolas, isto pode interferir negativamente na sociedade. CONCLUSÃO As grandes
mudanças na área da educação especial ocorreram a partir dos anos 1990,com os
atendimentos especializados, mas ainda é um processo a ser ampliado para todos os
alunos com AH/SD, pois os dados do censo escolar de 2018 denunciam poucos
atendimentos em Santa Catarina. As formações continuadas são necessárias por ser um
público que está contemplado na política da educação inclusiva e por esse público ser
diferenciado, com capacidades além da média. Estes educandos requerem atendimento
centrado em suas especificidades primando pelo direito de receberem os atendimentos
garantidos pelas legislações vigentes.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Saberes e práticas da inclusão: recomendações para a construção de
escolas inclusivas. [2. ed.] Coordenação Geral SEESP/MEC – Brasília: MEC, Secretaria
de Educação Especial, 2006
______. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação
Inclusiva. MEC/SEESP, 2008
DECLARAÇÃO DE SALAMANCA: Sobre princípios, políticas e práticas na área das
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necessidades educativas especiais. Salamanca – Espanha, 1994
CENSO ESCOLAR: Núcleos de Atividades de Altas Habilidades/Superdotação. Fundação
Catarinense de Educação Especial. São José, SC: FCEE, 2018
FREITAS, S. N. & PÉREZ, S. G. P. B. Altas Habilidades/Superdotação:
atendimento especializado. Marília: ABPEE, 2012
O estado de Santa Catarina adota o princípio de educação inclusiva e conta, desde 2006,
com a Política de Educação Especial de Santa Catarina, revisada em 2018, a qual
normatiza o funcionamento da educação especial no estado. De forma a qualificar a
educação escolar a política, prevê aos estudantes da educação especial, matriculados no
ensino fundamental e médio, a oferta de serviços educacionais especializados, entre eles
o serviço de Segundo Professor de Turma (SP). A implantação deste serviço nas escolas
da rede pública estadual depende do parecer da Fundação Catarinense de Educação
Especial (FCEE). As solicitações de SP do estado são analisadas pelas equipes técnicas
dos diferentes centros de atendimento da FCEE, conforme a especificidade, cabendo ao
Centro de Reabilitação Ana Maria Philippi (CENER) analisar os processos dos estudantes
com deficiência física (DF). Este estudo objetiva caracterizar os estudantes com DF, cujas
escolas da rede pública estadual solicitou o serviço de SP no ano de 2018. Estudo
descritivo-exploratório, de caráter retrospectivo, realizado a partir dos dados da planilha
de registro das solicitações de SP dos estudantes com DF, enviadas pelas escolas
catarinenses da rede pública estadual de ensino no ano de 2018. Realizou-se análise
estatística descritiva das variáveis: sexo, condição diagnóstica, equivalência entre a idade
cronológica e ano escolar e o parecer quanto à implantação de SP. Foram analisados os
processos de 245 estudantes, 146 (59,6%) do sexo masculino e 99 (40,4%) do feminino.
Os diagnósticos destes estudantes foram categorizados e apresentados na tabela abaixo:
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Tabela 01. Quantidade absoluta e percentual de estudantes com DF por
categoria diagnóstica
Número de
Categorias Diagnósticas Porcentagem (%)
estudantes
Neurológica 187 76,3
Síndromes 14 5,7
Distrofias 14 5,7
Ortopédicas 08 3,3
Atraso no desenvolvimento 06 2,4
Neurológica + ortopédica 2 0,8
Outros 11 4,5
Sem informações 3 1,2
TOTAL 245 100
Tabela 02. Número de estudantes com DF e relação ano escolar/ idade cronológica,
por nível de ensino em Santa Catarina em 2018.
Número Atrasados em
Equivalênci Adiantados em
Nível de Ensino de relação à
a ano/idade relação à idade
Estudantes idade
Ensino 172 110 53 09
Fundamental (70,25%) (64%) (30,8%) (5,3%)
Ensino 64 22 36 06
Médio (26,1%) (34,4%) (56,35%) (9,4 %)
EJA 9 (3,7%) - - -
TOTAL 245 132 (56%) 89 (38%) 15 (6%)
Fonte: Planilha de registro das solicitações de segundo professor dos estudantes com deficiência física
39
(3%) foram encaminhadas para análise em outro centro de atendimento da FCEE. O
conjunto dos dados aponta que a maioria dos estudantes com DF é do sexo masculino,
apresenta condição diagnóstica neurológica, se encontra no ensino fundamental, está em
série equivalente à sua idade cronológica e teve parecer favorável ao SP de turma.
Referências:
MELETTI, Silvia Márcia Ferreira; RIBEIRO, Karen. Indicadores educacionais sobre a
educação especial no Brasil. Cadernos Cedes, [S. l.], v. 34, n. 93, p.175-189, maio 2014.
SANTA CATARINA. Secretaria de Estado da Educação. Política de Educação Especial /
Santa Catarina. Florianópolis: SED, 2018.
SANTA CATARINA. Resolução nº 100, de 13 de dezembro de 20116. Estabelece
normas para a Educação Especial no Sistema Estadual de Educação de Santa
Catarina. Florianópolis: CEE/SC, 2016.
40
agentes de educação em sala de aula, além de atendimento nas salas de Apoio
Educacional Especializado(AEE), sendo 40 alunos da educação infantil, 111 no ensino
fundamental I e 144 no ensino fundamental II. O município conta com 10 salas de AEE. O
trabalho do agente de educação é de apoiar os alunos especiais em tudo que
necessitarem no ambiente escolar, e a função de preparar as aulas e atividades dos
alunos especiais é do professor regente. Contudo, há queixas por partes destes agentes
de educação, quando os alunos com deficiência não acompanham o restante da turma,
ficando, assim, inertes. Os professores relatam não estar preparados para atender os
alunos com TEA, e sentem dificuldades no ensino-aprendizagem dos alunos neurotípicos
nos dias atuais. Incluir as diversidades dos neurotípicos tem sido desafiador aos
professores, ainda mais porque o aluno com TEA demora para dar um “feedback” no
processo educacional, o que traz aos professores uma sensação de incapacidade para
aprendizagem. CONSIDERAÇÕES FINAIS Concluímos, então, que a inclusão no
município de Navegantes apresenta problemas na aquisição de saberes científicos e
sistematizados ao aluno com TEA. A figura do agente de educação em sala de aula tem
trazido muitos benefícios a estes alunos, mas percebemos que ainda necessita de muitas
melhoras e reflexão por parte dos educadores, além de novas pesquisas acerca da
temática para que haja de fato a inclusão e não somente a inserção destes alunos na
rede de ensino.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei n° 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e bases da
educação Nacional. Diário oficial da RepúblicaFederativa do Brasil, Brasília, DF: MEC,
dez, 1996.
CANDIDO, Vilma Mussilene de Araújo. “A fazenda" e a lógica matemática: A tecnologia
no processo de aprendizagem de crianças autistas. Campina Grande: UEPB, 2012.
DELORS, Jacques. Educação: Um tesouro a descobrir. São Paulo: Editora Cortez, 2012.
MENDES, E. G. A radicalização do debate sobre inclusão escolar no Brasil. Revista
brasileira de educação, v 11, n.33, set./dez.2006.
ONU. Declaração de Direitos das Pessoas Portadoras de Deficiências. ONU:
resolução n° 30/84, 09/12/75.
ROSS,Paulo; GUIMARÃES, Márcia. História da educação especial no Brasil. Editora
IBPEX, Curitiba 2003.
RUSSO, Fabiele Baldino. Geração de células pluripotentes induzidas em pacientes
com transtorno espectro autista. São Paulo: USP, 2015.
SANTA CATARINA. Proposta Curricular do Estado de Santa Catarina para Aplicação
nas escolas especiais, mantidas pelas APAES/ Fundação Catarinense de Educação
Especial. Santa Catarina, 2016.
SASSAKI, Romeu Kazumi, Inclusão: construindo uma sociedade para todos. Rio de
Janeiro: WVA, 1997.
41
A MEDIAÇÃO ESCOLAR NA REDE MUNICIPAL DE SÃO JOÃO DA BOA VISTA-SP
42
intervenções que julgava necessárias durante a atividade, e juntos intervínhamos no
desenvolvimento dos alunos, através da participação deles nas propostas e nas respostas
que cada um utilizava, dessa forma podíamos perceber o desenvolvimento positivo ou
negativo que cada aluno apresentava, e assim já sanávamos as dúvidas, que porventura,
cada aluno apresentasse. Resultado Ao final do ano, foi possível perceber as aquisições
que cada aluno realizou. Crianças que antes não liam ou não reconheciam as letras,
passaram a entender o processo de leitura e escrita. Percebemos também que o trabalho
não beneficiou apenas os alunos alvo do projeto, más todos da classe puderam avançar
muito em todos os campos da aprendizagem, com o beneficio da ação da “mediação
pedagógica”. Outro destaque é para o envolvimento entre professores, pois para se atingir
a um mesmo objetivo, que surgiu a partir da dificuldade do aluno, pessoas com diferentes
ideias e conceitos se uniram a fim de melhorar a vida escolar de vários alunos com
necessidades educacionais especiais.
Referências
CAPELLINI, V. L. M. Avaliação das possibilidades de ensino colaborativo no
processo de inclusão escolar do aluno com deficiência mental. 2004. Tese
(Doutorado em Educação Especial) Universidade Federal de São Carlos. 2004.
http://www.bdtd.ufscar.br/tde_arquivos/9/TDE-20050408T05:35:31Z584/Publico/
TeseVLMFC.pdf
DIEKER, L. A. & BARNETT, C. A. (1996). Effectiveco-teaching. TEACHING Exceptional
Children, 29 (1), 5-7.Interactions. White Plains, NY: Longman, 1996.
43
metodologia foi de pesquisa ação, do tipo qualitativa envolvendo o relato com analise da
aprendizagem de acadêmica de uma surda. RESULTADOS E DISCUSSÕES Em 2015,
quando a acadêmica surda ingressou no Curso de Pedagogia. Foram dias intensos de
encontros de estudos extraclasse, já que as aulas presenciais aconteciam nos finais de
semana. A aquisição da língua portuguesa tem sido e continua sendo a maior dificuldade
para o surdo no seu processo ensino aprendizagem, haja visto que o surdo comunica-se
em uma língua e escreve e lê em outra. Ou seja, a língua portuguesa, para ele, é uma
língua estrangeira, acarretando, assim, uma limitação de vocabulário. Apesar disso aos
poucos a acadêmica adquiriu habilidades de síntese e interpretação, permitindo assim
que o acompanhamento e os momentos de estudos ficassem restritos as interpretações
durante as aulas e raríssimas vezes em estudos extraclasse. Segundo relatos da própria
acadêmica os professores em suas práticas pedagógicas diferem, até pelo fato de um ser
diferente do outro e demonstrar diferentes percepções em relação ao acadêmico surdo.
Muitos professores esqueciam de se dirigir diretamente a acadêmica, o faziam para sua
mãe (que era sua colega de turma) e ou para a intérprete. Neste mesmo sentido os
colegas de turma demonstravam diferentes sentimentos, umas se aproximavam,
acolhiam, demonstram interesse em aprender Libras e outras nem tanto. Segundo a
acadêmica isto também se deve ao fato dela mesma não abrir-se para novas amizades e
pela falta de comunicação com as colegas criando assim uma barreira entre surdos e
ouvintes. Entende-se por aprendizagem, um processo amplo de resultados da interação
entre sujeito e ambiente, produzindo conhecimento que ultrapasse as limitações
curriculares, proporcionando o crescimento do indivíduo na sua totalidade. Ou seja, o ser
humano vai internalizando e, assim, ocorre a aprendizagem de maneira sistemática e
significativa. CONCLUSÃO Assim, contatou-se que ao concluir o curso de Pedagogia, a
acadêmica atendeu com êxito as expectativas do curso, e o fundamental foi sua
aprendizagem e desenvolvimento como profissional. Atualmente a acadêmica surda
desempenha suas funções como instrutora da língua de sinais na rede estadual de
ensino, onde aplica seus conhecimentos teóricos e práticos aprendidos durante a
graduação. Vale enfatizar que à medida que surgia dificuldades intensificam-se os
estudos com o intuito de encontrar estratégias de ensino que atendessem essa nova
problemática e que resultassem em aprendizagem. Contudo, o esforço e o envolvimento
da coordenação e do colegiado do curso de Pedagogia foi primordial para a inclusão
social e a aprendizagem da acadêmica surda.
REFERENCIAS
KARNOPP, Lodenir Becker. Língua de sinais na educação dos surdos. A invenção da
surdez: cultura, alteridade, identidades e diferença no campo da educação. Santa Cruz
do Sul: Edunisc, 2004.
QUADROS, R. M.; KARNOPP, R. M.; KARNOPP, L. B. Língua de sinais brasileira:
estudos linguísticos. Porto Alegre: Artmed, 2004.
QUADROS, R. M.; KARNOPP, R. M. Educação de Surdos: a aquisição da linguagem.
Porto Alegre: Artes Médicas, 2006.
44
TECENDO NARRATIVAS SOBRE INCLUSÃO: UM ESTUDO DE CASO NO CURSO
TÉCNICO EM METEOROLOGIA DO IFSC, CÂMPUS FLORIANÓPOLIS
Ao longo dos anos, o debate sobre a inclusão em educação vem tomando corpo nos
meios acadêmicos, nas pautas e pleitos da sociedade organizada. A Constituição
Brasileira de 1988 possibilitou importantes avanços e mudanças nos paradigmas da
educação, especialmentecom a expansão das políticas públicas em prol da equidade ao
acesso, permanência e êxito na formação escolar de todos os alunos. Na perspectiva
inclusiva, a escola passa por transformações em sua estrutura física, com rampas de
acesso, banheiros adaptados, corrimãos, sinalizações, mobiliários, entre outras
adaptações e, em sua estrutura pedagógica, através das flexibilizações curriculares e
demais variações didático-pedagógicas que abarquem as singularidades e necessidades
educativas de todos os alunos. Contudo, para além de normas, grafias e papéis, a
inclusão em educação se constrói no dia a dia, na sala de aula, nos espaços de
socialização, nos corredores, no pátio. No aperto de mão, na atenção, no respeito, na
conversa, na aproximação, na colaboração, na afetividade, no olhar, no encontro, vis a
vis! É o que trazemos nessa pesquisa, narrativas que nos permitem conhecer uma
experiência exitosa na inclusão em educação, no Curso Técnico em Meteorologia do
IFSC/Florianópolis/SC. Trata-se de um estudo de caso que compõe a trajetória escolar do
aluno Lucas, diagnosticado aos 20 anos de idade com Síndrome de Asperger (que
engloba em parte o Transtorno do Espectro Autista (TEA). Seu êxito na formação no
ensino técnico profissionalizante nos desvela a superação das incertezas, da
insegurança, da negação e das barreiras que entravam a inclusão. Para tanto, esse
estudo está fundamentado nos princípios do Desenho Universal para Aprendizagem
(DUA) que se apresenta como uma das alternativas e estímulo para a customização de
práticas pedagógicas inclusivas e nos princípios da Educação Rizomática, através dos
pensamentos dos filósofos Deleuze e Guatarri a fim de refletirmos sobre as conjunturas
que contribuem para minimizar e/ou eliminar as barreiras dainclusão em educação. Então,
numa sutil aproximação entre esses princípios, somados aosfalares que compõem essa
pesquisa, fomos pouco a pouco tecendo; cartografando; desenhando os percursos dessa
exitosa experiência inclusiva. Assim, com o objetivo de compreendermos a elaboração e
composição das práticas pedagógicas que somaram no desenvolvimento das
aprendizagens do Lucas, perguntamos aos seus professores: Quais estratégias
pedagógicas foram delineadas para atender as especificidades e singularidades desse
aluno? As respostas vislumbram um universo de possibilidades que transcendem
métodos, planejamentos e práticas. As falas, através de entrevistas semi-estruturadas
com os professores, com o Lucas e também com sua mãe nos revelam o que não está
45
escrito em nenhum manual, o que não está programado em nenhum projeto, mas
seguramente está registrado no âmago daqueles que vivenciaram e caminharam junto
com o Lucas em sua jornada, em busca do seu sonho maior: estudar Meteorologia. Nesse
caso, evidenciamos que o alcance da inclusão permeia a feitura de currículos maleáveis,
o desenvolvimento de práticas pedagógicas mais dinâmicas, holísticas, interativas,
colaborativas que atenda a todos os alunos, independente de suas limitações. Entretanto,
tudo isso é possível quando há um maior envolvimento, acolhimento, empenho e
afetividade do professor e também da comunidade escolar a fim de contribuir para um
ambiente livre das barreiras físicas, atitudinais e pedagógicas que influem nos processos
de ensinar e aprender.
Referências
BOFF, Ana Paula. O Processo Formativo de Estudantes com Deficiência no IFSC,
Campus Florianópolis: Um estudo com base no modelo social de deficiência. IFSC,
2016.
DELEUZE, G. Proust e os Signos. Trad. Antônio Carlos Piquet e Roberto Machado.
Forense, 2003.
MANTOAN, Maria Teresa Egler. Inclusão Escolar: o que é? Por quê? Como fazer? São
Paulo: Moderna, 2003.
RICARDO, D.C.; SACO, L.F.; FERREIRA, E.L. O desenho universal na educação: novos
olhares diante da inclusão do ser deficiente. Revista Ibero-Americana de Estudos em
Educação, Araraquara, SP. V12, n. esp. 2, ago, 2017.
TANAKA, E. D. O.; MANZINI, E. J. O que os empregadores pensam sobre o trabalho da
pessoa com deficiência? Revista Brasileira de Educação Especial, Brasília, v. 11, n. 3,
p. 273-294, 2005.
ZERBATO, A. P. Desenho Universal para a Aprendizagem na Perspectiva da
Inclusão Escolar: Potencialidades e Limites de uma Formação Colaborativa. Tese
(Doutorado) –Universidade Federal de São Carlos, 2018.
46
serviços de intervenção interdisciplinar. Com turmas de no máximo 07 crianças, os
profissionais buscam identificar e definir metas individuais relacionadas a aquisição de
habilidades básicas referentes aos marcos de desenvolvimento infantil. Há a elaboração
de atividades únicas, com objetivos específicos a cada criança. Contudo, sabendo da
importância dos registros para um plano de ação eficiente, a APAE buscou inovação com
a equipe do Sistema Bússola Social que caracteriza-se como uma ferramenta inteligente
que ajuda na gestão de projetos sociais. A implementação tecnológica dentro das
instituições de ensino tem em vista a “praticidade, a flexibilidade de horário, a facilidade
de acessá-lo e de usá-lo em qualquer ambiente do local de trabalho e o fato de ser uma
ferramenta que pode ser utilizada de diversas formas e para vários fins” (REZENDE;
SANTOS; LIMA; et al. 2016. p. 05). Destaca-se como objetivos: Elencar metas individuais
para cada criança que frequenta o Programa; Aplicar atividades com o intuito de investir
no segmento das metas traçadas; Usar o Bússola para registro das atividades e relatório
de desempenho relacionados às metas propostas. Como base de trabalho tem-se os
conceitos trazidos por Judit LeBlanc e difundido no Brasil através da psicóloga, professora
e doutora em Educação, professora Maryse Suplino a metodologia do Currículo Funcional
Natural (CFN). Segundo Suplino o CFN tem como objetivo desenvolver habilidades que
propiciam as crianças a atuarem da melhor maneira possível dentro do seu ambiente
tornando-as mais independentes e criativas. Três componentes fazem-se necessários
para a aplicação desse currículo: 1) estabelecimento de metas do comportamento
pertinentes ao desenvolvimento da criança dentro do seu ambiente (isto é, decidindo que
comportamentos aumentar e quais diminuir para o desenvolvimento ótimo da criança); 2)
melhorar as condições e procedimentos de ensino para favorecer o processo de
aprendizagem (decidir que técnicas usar para realizar mudanças de comportamento e
aprendizagem de novas habilidades); 3) avaliar constantemente da efetividade destes
procedimentos (mediante a avaliação do comportamento durante o processo de ensino)”
(Le BLANC, 1990 apud SUPLINO, 2005. p.33). Para conseguirmos caracterizar o conceito
de CFN, podemos pensar na palavra funcional referindo-se à maneira de como os
objetivos são escolhidos para determinada criança, com foco naquilo que ele irá aprender
seja necessário para sua vida. (SUPLINO, 2005). “A palavra natural diz respeito aos
procedimentos de ensino, ambiente e materiais os quais deverão ser o mais semelhante
possível aos que encontramos no mundo real. (Le BLANC, 1992 apud SUPLINO, 2005. p.
33). A prática aplicada na Uni Duni Tê se relaciona ao material metodológico pois busca
identificar metas/objetivos individuais de curto prazo; intervir para que estes sejam
alcançados; avaliar permanentemente e, à medida que a criança adquire/amplia alguma
habilidade das estipuladas inicialmente, deve-se acrescentar outras que sejam essenciais
para o desenvolvimento, registrando todo o processo no Bússola. Abaixo segue um
modelo no sistema:
47
Figura 01: Modelo das Metas, Planejamento e Relatório no Sistema Bússola
Referências:
BÚSSOLA SOCIAL. Para Ajudar Quem Ajuda: Ferramenta Inteligente para a Gestão de
Projetos Sociais. 2019. Disponível em: < https://www.bussolasocial.com.br/>. Acesso em:
24 abr 2019.
REZENDE, Laura C. M.; SANTOS, Sérgio R. dos; LIMA, Luciana de M. et al. Tecnologia
Móvel Para Registros Da Avaliação Clínica De Recém-Nascidos. Paraná: Cogitare
Enfermagem, 2016.
SUPLINO, Maryse. Currículo Funcional Natural: Guia Prático Para a Educação na Área
de Autismo e Deficiência Mental. Brasília, 2005.
48
Palavras-chave: Inclusão escolar; Educação Especial; Currículo Funcional Natural
O Currículo Funcional Natural tem sido uma das alternativas para trabalhar a autonomia e
desenvolver o ensino e a aprendizagem dos educandos com as mais diversas
deficiências, levando em consideração o desenvolvimento de habilidades funcionais que
estão ligadas à qualidade de vida, priorizando o ambiente natural do educando para
despertar o interesse domesmo, para a realização das atividades e a participação dos
familiares para que a escola e a família realizem atividades do cotidiano favorecendo para
o desenvolvimento da autonomia (SILVA; SILVA; SOARES, 2018). O Currículo Funcional
Natural expressa em seu nome qual é sua amplitude e a que se destina. A palavra
funcional se refere à maneira como os objetivos educacionais são escolhidos para o aluno
enfatizando que aquilo que ele vai aprender tenha utilidade para sua vida a curto ou a
médio prazo. A palavra natural diz respeito aos procedimentos de ensino, ambiente e
materiais os quais deverão ser os mais semelhantes possível aos que encontramos no
mundo real (LEBLANC, 1992, apud SUPLINO, 2005, p. 33). Para LeBlanc (1992) um
currículo para uma pessoa com deficiência intelectual deve centrar no ensino de
habilidades, que tornam aluno mais independente e produtivo e consequentemente mais
socialmente aceito. Portanto, um currículo funcional natural é composto por uma filosofia
que norteia as práticas educacionais, objetivos e procedimentos de ensino que facilitem a
apropriação, por parte do aluno, daquilo que é ensinado. Dessa forma, também deve ser
passível de constante avaliação possibilitando ao educador a análise constante do
processo de ensino aprendizagem de modo que possa perceber os avanços do aluno
como também os entraves que se apresentem. A avaliação constante do processo de
ensinar conduz o professor a julgar a eficácia dos procedimentos que vinha utilizando os
quais, talvez, necessitem ser modificados.(SUPLINO, 2005). Esta proposta metodológica
foi elaborada com o objetivo de colaborar com o planejamento e a prática de atividades
que contribuam com mais eficiência ao desenvolvimento das habilidades adaptativas dos
alunos. As ações pedagógicas neste sentido são sistematizadas abordando conteúdos e
estratégias funcionais para as habilidades de comunicação, cuidado pessoal, habilidades
sociais, utilização dos recursos da comunidade, saúde e segurança, habilidades
acadêmicas, lazer e trabalho. A APAE de Blumenau utiliza de maneira experimental o
Currículo Funcional Natural e é a primeira cidade do estado a aplicar esta metodologia,
sendo assim, servirá de modelo para as demais APAEs de Santa Catarina. À vista disso,
o presente trabalho tem como objetivo relatar inserção do Currículo Funcional Natural na
metodologia de ensino. Além disso, para atender as outras demandas do referido público-
alvo, a APAE oferece atendimento interdisciplinar em áreas da saúde, contando com:
médico psiquiatria, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, terapia ocupacional, assistente social e
psicólogo. Dessa forma, com a efetivação da escola básica na modalidade de educação
especial, os alunos terão maiores condições de construir sua cidadania e se tornarem
indivíduos inclusivos, produtivos e participativos do processo de desenvolvimento pessoal
e social. Os resultados obtidos confirmam a necessidade e a importância da aplicação de
atividades funcionais para que o educando com maior grau de deficiência intelectual se
desenvolva, melhorando assim a sua qualidade de vida. Contudo, acredita-se que dessa
forma os educandos terão maiores condições de construir sua cidadania e se tornarem
49
indivíduos produtivos e participativos no seu processo de desenvolvimento pessoal e
social.
Referências
SILVA, Luciene Corrêa Guerra Moreira da; SILVA, Taydara Valério Ernesto da; SOARES,
Silvana.Currículo Funcional Natural: perspectivas metodológicas e os resultados
alcançados no processo de desenvolvimento dos educandos. Revista Eie, São Paulo, v.
1, n. 4, p.61-79, nov. 2018. Disponível em:
<http://unifatea.com.br/seer3/index.php/EIE/article/view/931>. Acesso em: 04 jun. 2019.
SUPLINO, M. Currículo funcional natural: guia prático para a educação na área do
autismo e deficiência mental. Brasília: Secretaria Especial dos Direitos Humanos,
Coordenadoria Nacional para integração da portadora de deficiência. São Paulo: AMA,
2005.
LEBLANC, J. M. El Curriculum Funcional em la educación de la persona com retardo
mental. Trabalho apresentado na ASPANDEM, Mallagra. España, 1992. Tradução:
ALMEIDA, M. A.; BOUERI, I.Z.
50
básico. Dentro das escolas indígenas vem crescendo o número de alunos indígenas com
deficiência. Destaco a experiência de uma professora Kaingang, que trabalhou em 2012
com uma aluna indígena com deficiência intelectual moderada do 5º ano do Ensino
Fundamental I, a escola em que trabalhou localiza-se no centro do município de
Ipuaçu/SC, uma escola que tem um número maior de alunos indígenas matriculados. Sua
experiência traz ao contexto a metodologia aplicada com a aluna para alfabetizá-la, com
atividades voltadas para a cultura, a professora alfabetizou e fez com que o interesse da
aluna despertasse, aliando atividades diárias com o material escolar da própria professora
enquanto aluno do 1º ao 5º ano, ela guardou seus cadernos, e com este suporte
conseguiu o resultado esperado; além deste relato, outros que demonstram a forma
diferenciada da educação escolar indígena que trabalham com a educação especial
dentro das Terras Indígenas. OBJETIVO: Esse trabalho tem como objetivo trazer as
discussões e metodologias sobre a educação especial indígena. Destacando os principais
objetivos específicos, fazer uma pequena contextualização teórica sobre a educação
especial no âmbito nacional e local, especificamente dentro da educação escolar
indígena, que é diferenciada, intercultural e bilíngüe. METODOLOGIA: A metodologia da
pesquisa consiste na investigação da metodologia ensino-aprendizagem utilizadas nas
aulas com alunos indígenas com deficiência. RESULTADOS/ CONCLUSÕES:
Apresentaremos a experiências de professores Kaingang e as metodologias utilizadas no
ensino-aprendizagem de alunos especiais indígenas. Concluímos com este ensaio sobre
educação especial, ajudará dar visibilidade ao trabalho feito pelos professores indígenas
em sala de aula, pois se sabe que há poucas pesquisas recentes que tratam do assunto,
e que buscam discutir o aumento significativo do número de alunos com deficiência nas
comunidades indígenas.
REFERÊNCIAS
MENDES, Enicéia Gonçalves. Concepções atuais sobre educação inclusiva e suas
implicações Políticas Pedagógicas. In: MARQUEZINE, Maria Cristina; ALMEIDA, Maria
Amélia; TANAKA, Eliza Dieko Oshiro. (Orgs.) Educação especial: políticas públicas e
concepções sobre deficiência. Londrina: Eduel, 2003, p. 25-41.
SILVA, Shirley. Educação especial –Entre a Técnica Pedagógica e Política Educacional.
IN:SILVA, Shirley, VIZIM, Marli (Orgs.). Educação especial: múltiplas leituras e diferentes
significados. Campinas-SP: Mercado de Letras: Associação de leitura do Brasil-ABL,
2001.
51
Escola da APAE de Balneário Camboriú. A partir de um olhar interdisciplinar entre as
áreas da educação musical e da etnomusicologia pretende-se relatar a metodologia de
ensino-aprendizagem que vem sendo desenvolvida neste espaço educacional. Tomando
como alicerce os pressupostos teóricos do ensino coletivo de instrumentos, bem como
considerando a música como linguagem, serão destacados aspectos associados a
estrutura dos ensaios, seleção de alunos, repertório, instrumentação e métodos
pedagógicos. Diversos pesquisadores afirmam que a música está presente em todos os
tipos de comunidade, inclusive nas escolas. Nesse sentido, o valor da música “deve ser
descrito a partir das atitudes e dos processos cognitivos envolvidos em sua criação e das
funções sociais e dos efeitos do produto musical na sociedade” (BLACKING, 1995, p.
163). Para Seeger, a música é muito mais que um simples fenômeno físico, “é um sistema
de comunicação que envolve sons estruturados produzidos por membros de uma
comunidade que se comunica com outros membros” (SEEGER, 2004, p. 239). Portanto, a
música é sempre produzida de pessoas para pessoas. É por conta disso, que a música é
considerada uma linguagem, uma forma de comunicação. Sendo assim, sons musicais só
existem porque pessoas pensam, agem e criam sobre eles (MERRIAM, 1964, p. 7). No
que se refere ao ensino coletivo de instrumentos, Paiva afirma que “através do coletivo,
os estudantes trocam suas experiências e vivências musicais, adquirindo e construindo o
conhecimento tanto a nível individual quanto de grupo” (PAIVA, 2004, p. 92). Do ponto de
vista instrumental, a Banda de Fanfarra da APAE é formada por três tipos de tambores:
caixa, bombo (fuzil) e surdo. Portanto, não utiliza instrumentos melódicos. Tem como
objetivo o aprendizado musical como uma ferramenta de comunicação e expressão,
visando o desenvolvimento cognitivo e da autonomia. Almeja proporcionar aos alunos a
ampliação da percepção rítmica, executando ritmos variados, aprendendo noções básicas
de forma musical, a identificar diversos tipos de instrumentos musicais, desenvolver a
coordenação e independência motora, bem como estimular a disciplina, o senso de
trabalho coletivo e o caráter artístico mediante a realização de apresentações musicais,
com destaque para o desfile do dia sete de setembro. Ainda sobre o processo de
aprendizagem musical, focaliza o desenvolvimento da rítmica, pois esta possibilita ao
aluno “a construção da noção de simetria e estimula a percepção sonora dividida em
tempos e preenchida em períodos, além de fazê-lo perceber que qualquer movimento
possui o seu tempo rítmico” (CRUZ, 2011, p. 91). Visando alcançar a proposta
pedagógica, são realizados ensaios gerais e ensaios de naipes, que acontecem no
ginásio da escola, em salas de aula e na rua. Para o ensino dos ritmos, aplica-se uma
metodologia alicerçada no uso de onomatopeias, sinais de apito, linguagem visual e
contextualização. Além disso, adota-se uma postura pedagógica com seriedade e
afetividade, buscando sempre novos desafios aos alunos. Com o intuito de promover a
autonomia, são os próprios discentes que escolhem participar da banda, ficando a cargo
do regente selecionar aqueles que participarão do desfile. Durante os encontros o
ambiente é extremamente agradável e colaborativo. Finalizando, a experiência adquirida
ao longo de seis anos, demonstra que o ensino coletivo de instrumentos por meio de uma
banda de fanfarra, enxergando a música como linguagem, favorece o desenvolvimento de
aspectos musicais, bem como, estimula questões sociológicas, como, por exemplo,
autoestima, cooperação, disciplina, respeito e paciência, contribuindo assim para a
52
formação integral dos alunos.
Referências
BLACKING, John. How musical is man? 5. Ed. Seattle and London: University of
Washington,1995.
CRUZ, Luciano Falcão. Iniciação musical: sonoridades e ritmos. In: A música da
educação básica: material de apoio à implantação da lei 11.769/08. Org. SANTOS, Ana
Kátia Alves dos;BATISTA, Hildonice de Souza. Salvador: Edufba, 2011.
MERRIAM, Alan P. The Anthropology of Music. Evanston: Northwestern University
Press, 1964.
PAIVA, Gudin. Percussão: uma abordagem integradora nos processos de ensino e
aprendizagem desses instrumentos. Campinas, 2004. 151f. Dissertação (Mestrado em
Música).UNICAMP.
SEEGER, Anthony. Etnografia da Música (Sinais Diacrônicos: música, sons e
significados).S. Paulo: USP (Soma – Grupo de Pesquisa de Som e Música em
Antropologia-FFLCH-Dep. Antropologia), 2004.
53
diferentes habilidades e potencialidades dos usuários e, consequentemente, da sua
autonomia e protagonismo. Na oficina Conhecimento de Mundo foram trabalhadas
questões relacionadas ao mundo dos usuários, sua família, sua casa, seu bairro, sua
comunidade, sua cidade, além de recreação e lazer, levando em consideração as
relações sociais e as relações com a natureza. Deste modo, esta oficina proporcionou a
inclusão social e o protagonismo dos usuários nos diferentes espaços. A oficina
Reciclagem de Papel objetivou reaproveitar e reciclar o papel, como forma de
conscientização da preservação ambiental e criar texturas, cores e formas. Nesta
perspectiva, esta oficina proporcionou aos alunos atividades desde a reutilização do papel
usado, até a confecção de materiais como cadernos e agendas com papel reciclado,
contribuindo assim para a conscientização da preservação do meio ambiente, além de
desenvolver diferentes habilidades. A oficina Verde e Aromas tinha como objetivo
proporcionar o comprometimento dos usuários na geração de conhecimentos práticos
para a produção de alimentos saudáveis, propiciando descobertas de alternativas de
mudanças para um desenvolvimento sustentável, além de estimular os sistemas
sensoriais, por meio do tato, olfato e as diferentes texturas. A oficina de Atividades de
Vida diária e prática visou criar condições adequadas para que o usuário desenvolvesse
independência e autonomia diante de suas necessidades físicas, psicológicas, de
comunicação e de interação ao seu ambiente. As atividades propostas consideraram o
contexto social do sujeito e seu modo de vida. Neste ano, os usuários puderam realizar
atividades de culinária, produzindo pães, bolos, bolachas e outras receitas. As atividades
desta oficina abordaram questões desde higiene. até como vestir-se e alimentar-se com
autonomia e independência. Considerações finais: Considera-se que as oficinas
contribuíram para o desenvolvimento das potencialidades, habilidades, conceitos e
conhecimentos dos usuários, bem como envolveram a família fortalecendo seus vínculos
familiares e sociais.
54
de expressão e o protagonismo dos sujeitos. Com as famílias, além destes objetivos, as
oficinas também foram voltadas para o artesanato, visando fortalecer o vínculo entre as
famílias e construir uma rede de apoio a partir da arte. As oficinas eram conduzidas por
profissionais das áreas de artes e educação física, com apoio da equipe do SAS formada
por uma coordenadora pedagógica, uma assistente social e uma psicóloga. Todos os
usuários e familiares eram convidados a participar, deixando a seu critério decidir ou não,
respeitando os limites e os desejos de cada um. Resultados: Durante o ano de 2018 os
usuários desenvolveram apresentações de dança e teatro, destacando-se: Saltimbanco,
Brasileirinhos e O pescador. As apresentações do resultado das oficinas aconteceram em
diferentes contextos, dentre eles escolas regulares e Centros de Referência de
Assistência Social (CRAS) do município, além de apresentações em eventos na própria
instituição e no Festival Regional Nossa Arte, o qual envolvia 11 instituições diferentes da
região, em que os usuários receberam premiações em todas as categorias em que
estavam inscritos, sendo primeiro, segundo e terceiro lugar. Nas oficinas de artesanato
com as famílias, as participantes puderam aprender a confeccionar diversos artesanatos,
destacando a pintura em pano de prato e bonecos (as). Para os bonecos as participantes
atribuíram um nome e uma história, contribuindo muitas vezes para a ressignificação de
suas próprias histórias. Além disso, elas puderam confeccionar um boneco representando
seu filho ou filha (usuários da APAE), então o fizeram colocando todos os pequenos
detalhes, sem focar na deficiência, reconhecendo, desta forma, suas potencialidades.
Considerações finais: A partir dos resultados das oficinas, consideramos que a arte
além de uma forma de expressão é também uma forma de transformação da realidade
social dos sujeitos, como aponta Vigotski (1999, p. 315): A arte é o social em nós, e o seu
efeito se processa em um indivíduo isolado, isto não significa, de maneira nenhuma, que
suas raízes e essência sejam individuais [...] O social existe até onde há apenas um
homem e as suas emoções [...] A refundição das emoções fora de nós realiza-se por força
de um sentimento social que foi objetivado, levado para fora de nós, materializado e
fixado nos objetos externos da arte, que se tornaram instrumento da sociedade
(VIGOTSKI, 1999, p. 315). Além disso, as oficinas proporcionaram aos usuários o
contato, o cuidado e a ressignificação do corpo, que vai além da deficiência, que tem
potencial e qualidades. Para as famílias as oficinas possibilitaram o fortalecimento de
vínculo entre família e usuário, além de ser uma atividade prazerosa, em que elas
puderam criar, se expressar, se desafiar e reconhecer potencialidades muitas vezes
anuladas pelo cansaço do dia-a-dia.
REFERÊNCIA
VIGOTSKI, L.S. Psicologia da Arte. São Paulo, SP. Martins Fontes, 1999.
55
Introdução: O projeto por uma aprendizagem colaborativa do Sistema Braille entre família
e professores surgiu da necessidade de que pais e professores de alunos com deficiência
visual consigam ler e compreender o que seus filhos e/ou alunos registram na busca pela
compreensão do processo de aprendizagem, que vai além do ambiente escolar. Nesse
sentido, o projeto de pesquisa visa ampliar o conhecimento do sistema de leitura e escrita
Braille que é indispensável para a independência e a autonomia das pessoas com
deficiência visual, pois a verdadeira alfabetização só é garantida por meio deste sistema.
O Sistema Braille é um modelo de lógica, de simplicidade e de polivalência, adaptado a
todas as línguas e grafias. A compreensão do Código Braille envolve um conjunto de
conhecimentos e a apropriação de conceitos espaciais e numéricos, discriminação tátil,
destreza de manipulação e coordenação motora, dentro outros. Para que o deficiente
visual se aproprie desse sistema é necessária uma conscientização tanto do professor
quanto da família de que o ensino do Braille deve ser introduzido gradualmente em
situações cotidianas, mesmo que a criança não saiba decifrar este código. Conforme
afirma Bruno (1997): Devemos compreender que o domínio do processo de leitura/escrita
pelo sistema Braille dependerá também da experiência compartilhada no grupo social.
Estes elementos indicam que é de fundamental importância que família e professores
também sejam estimulados para a aprendizagem do código Braille, para que possam
motivar a criança, acompanhá-la e orientá-la na construção de leitura e escrita. A parceria
entre família-professor é extremamente importante na aquisição desse conhecimento,
pois o deficiente visual não pode trilhar esse caminho sozinho, precisa da participação,
ajuda e envolvimento de todos. Objetivos: Conscientizar pais e professores da
necessidade de aprender o Sistema Braille para potencializar os processos pedagógicos
inclusivos ao deficiente visual; Propor cursos de capacitação do Sistema Braille aos
professores e pais de alunos com deficiência visual; Analisar como os sujeitos da relação
família-escola significam as situações de aprendizagem do Sistema Braille. Metodologia:
Este projeto se classifica como uma pesquisa bibliográfica, conforme Lima e Mioto (2007)
oferecem ao pesquisador a possibilidade na busca de soluções para o objetivo da
pesquisa, implicando um conjunto ordenado de procedimentos voltados ao objeto de
estudo. O desenvolvimento do trabalho deu-se mediante a exploração de fontes
bibliográficas em materiais como livros, artigos e revistas eletrônicas. A investigação será
complementada com o tipo de pesquisa-ação participante, pois o pesquisador atua não só
como investigadora, mas também como agente transformadora na proposição de
vivências do Sistema Braille à pais e professores em formato de curso. Os dados
apreendidos em campo serão analisados qualitativamente na busca por ressignificar
propostas educativas à comunidade escolar para uma aprendizagem colaborativa do
sistema Braille. Conclusões: Com a presente pesquisa espera-se conscientizar pais e
professores da importância que o trabalho em parceria pode fazer para o deficiente visual
que utiliza o Braille. Apesar de haver as tecnologias assistivas aliadas na alfabetização de
deficientes visuais, o Braille sempre deverá ter prioridade, pois é por esse sistema que se
têm acesso total a escrita e a leitura.
Referências:
BRASIL. Ministério da Educação. A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão
56
Escolar: Os alunos com deficiência visual: baixa visão e cegueira. Brasília:
MEC/Secretaria de Educação Especial, 2010.
BRUNO, Marilda Moraes Garcia. Deficiência Visual: reflexão sobre a prática
pedagógica. São Paulo: Laramara, 1997.
DEFENDI, Edson Luiz. O livro, a leitura e a pessoa com deficiência visual. São Paulo:
Fundação Dorina Nowill para Cegos, 2011.
GIL, Marta (Org). Deficiência visual. Brasília: MEC/SED, 2000.
LIMA, Telma Cristiane Sasso de; MIOTO, Regina Célia Tamasso. Procedimentos
metodológicos na construção do conhecimento científico: a pesquisa bibliográfica.
Rev. Katál, Florianópolis, Edição Especial, v. 10, p. 37-45, 2007.
MASINI, E. F.S., CHAGAS, P. A.C. & COVRE, T. K.M. Facilidades e dificuldades
encontradas pelos professores que lecionam para alunos com deficiência visual em
universidades regulares. Revista Benjamin Constant, n.34, agosto, 2006.
STAKE, Robert E. Pesquisa qualitativa: estudando como as coisas funcionam Porto
Alegre: Artmed, 2011.
57
Julia e Layla. De modo a incentivar a participação de todas, elas decidiram no contexto do
grupo quem assumiria o papel de executora, leitora, coordenadora e comunicadora. O
grupo foi filmado, de modo a obter registros de áudio e vídeo submetidos posteriormente
à análise textual discursiva (MORAES, 2003). A pesquisa foi aprovada pelo comitê de
ética da instituição. Resultados e Discussões Com base nas contribuições de Teodoro,
Cabral e Queiroz (2015) identificamos interações colaborativas e tutoriais. Interações
colaborativas Identificaram-se durante a realização da atividade experimental interações
colaborativas, como a representada no trecho que segue:
Gabriela: — orientações… primeiro… coloque uma das tiras de pimentão em um copo e
reflita sobre a quantidade de água que poderá ser utilizada para que ela fique submersa…
coberta... Ana: — tá… quantas tiras?...
Layla: — uma só…
Ana: — cadê a tira… aqui… essa…
Layla: — é…
Ana: — pronto…
Gabriela: — agora a gente vai ter que por uma água… a água… pra…
Layla: — é… não diz…
Gabriela: — até ela ficar submersa…Ana: — e esse aqui?
Julia: — esse aqui só tem um pouquinho de água...
Houve o envolvimento de todas as estudantes no desenvolvimento da atividade
experimental, ainda que algumas das contribuições não sejam em função do papel
atribuído a elas.
Interações tutoriais
Essas interações podem ser interpretadas a partir das descrições abaixo.
Ana: — tá… uma colherzinha de sal de cozinha certo?... uma colher cheia?... cadê o
sal?... ((Julia pega o pote com sal identificado em Braille e abre para entregar para a Ana
enquanto a estudante procura pelo sal))
Layla: — tá aberto já Ana… cuidado… quer que eu coloque?...
[...]
Gabriela: — dá para a Julia que ela coloca para ti…
As interações acima, se aproximam daquelas definidas por Teodoro, Cabral e Queiroz
(2015) como interação do tipo tutoria. Nesse caso, Julia e Layla mostram interesse em
auxiliar Ana a exercer seu papel. Gabriela também consente com a interação tutorial.
Conclusões Identificamos interações colaborativas e tutoriais e podem estar relacionadas
a diferentes preocupações. No caso da interação tutorial, por exemplo, pode estar
relacionada ao interesse das estudantes videntes de também exercerem o papel de
executora. Ou ainda, ao entendimento de que as estudantes videntes devam exercer
aquele papel em detrimento a aluna cega.
Referências:
BIAGINI, B. Atividades experimentais com crianças cegas e videntes em pequenos
grupos. 2015. 195 p. Dissertação (Mestrado) – Educação Científica e Tecnológica,
Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 2015.
58
MORAES, R. Uma tempestade de luz: a compreensão possibilitada pela análise textual
discursiva. Ciência & Educação, v. 9, n. 2, p. 191-211, 2003.
TEODORO, D. L.; CABRAL, P. F. de O.; QUEIROZ, S. L. Atividade cooperativa no
formato jigsaw: um estudo no ensino superior de química. ALEXANDRIA: Revista de
Educação em Ciência e Tecnologia, v. 8, n. 1, p. 21-51, 2015.
VYGOTSKI, L. S. Obras Escogidas V: Fundamentos de Defectologia. Editora
Pedagógica, Moscou: 1983.
59
aquático(piscina). A avaliação dos resultados do trabalho é feita através da observação
dos comportamentos corporais interpretando os gestos e os diálogos relacionais deles
próprios com o espaço, com os outros, com os objetos e com seu corpo.
Conclusão/Resultados: De acordo com avaliações feitas podemos constatar que as
crianças/adolescentes típicas tiveram avanço, na comunicação, fora e dentro do grupo
familiar, melhor compreensão do “não”, se tornaram mais independentes, autônomas nas
tarefas diárias, apresentaram maior conhecimento/desenvolvimento da consciência
corporal e em alguns casos uma diminuição da dosagem de medicação. Esse conjunto de
mudanças e manifestações decorrente das atividades trabalhadas tornou possível uma
melhora para a vida social e familiar do autista. O projeto tem parceria com associação
Luz Azul de Santa Cruz do Sul, contemplando as Políticas Públicas de Inclusão Social da
UNISC.
REFERÊNCIAS:
LAPIERRE, ANDRE. Da psicomotricidade relacional à análise corporal de relação.
Curitiba: Ed.UFPR,2010.
ARNAIZ SÁNCHES, P.; MARTINEZ, M.R.; PEÑALVER, I.V. A Psicomotricidade na
Educação Infantil, uma prática preventiva e educativa. Porto Alegre: ARTMED, 2003.
BERGER, SÂMARA BITTENCOURT. O desenvolvimento do portador de
necessidades especiais de 05 a 07 anos através da metodologia ativa: um estudo de
caso em rio pardo. Tese de mestrado UFSM: Santa Maria, 2004. HEWITT, Sally.
Compreender o autismo: estratégias para alunos com autismo nas escolas regulares.
Porto, Portugal: Porto Editora, 2006.
JERUSALINKY, Alfredo. Psicanálise e desenvolvimento infantil: um enfoque
transdisciplinar. 3. ed. Porto Alegre: Artes e Ofícios, 2004.
GRANDI, Temple; PANEK, Richard. O cérebro autista: pensando através do espectro.
2015.
GUTERRES FILHO, Paulo. A psicomotricidade relacional no meio aquático. São
Paulo: MANOLE, 2003.
Lucas Alexandre de Souza Freire, Antonio Cleonaldo Bento da Silva, Sonia Elina
Sampaio Enes
(lucasfreire.czs@hotmail.com)
60
exclusiva apenas para um aluno em detrimento dos demais. Diante do exposto,
percebemos a necessidade de fazer um estudo que mostre a importância do papel do
Assistente Educacional dentro da sala de aula, auxiliando o professor e em especial o
aluno com TDAH, pois esse tem grande facilidade em não se concentrar na aula, o papel
do assistente educacional será o de ajudar o professor a buscar estratégias e recursos
para que este aluno tenha foco na aula, diminuindo assim as desvantagens de
aprendizagem em relação aos demais. O professor não poderá dar total atenção e
atender as necessidades particular do aluno com THAD, por isso, é de total importância
que tenha um assistente educacional para que esse aluno tenha uma aprendizagem
satisfatória. Objetivo: O objetivo desta pesquisa é analisar a atuação do assistente
educacional no atendimento do aluno com TDAH identificando a importância desse
profissional para o desenvolvimento e aprendizagem do aluno. Metodologia: Foi
realizada uma pesquisa bibliográfica de cunho qualitativo. Segundo Gil (2002) apud Piana
(2009) “[...] a pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em material já elaborado,
constituído principalmente de livros e artigos científicos”. E a pesquisa qualitativa segundo
Goldenberg,1997, apud, Gerhardt; Silveira, 2009, “não se preocupa com
representatividade numérica, mas, sim, com o aprofundamento da compreensão de um
grupo social, de uma organização[...]” Seguindo essa linha de pesquisa buscamos em
sites, artigos e livros encontrados na internet autores que já desenvolveram teorias
relacionadas ao tema e a partir disso criamos a nossa própria teoria. Dentre os sites
pesquisados utilizamos o mec.gov.br entre outros. Utilizamos como principal referencial
teórico a Associação Brasileira de Deficit de Atenção, Pinto, (2007), entre outros.
Resultados: O TDAH com o passar dos anos vem sendo mais bem estudado, pois hoje é
visível que esse transtorno afeta milhares de pessoas. Só no Brasil de acordo com uma
pesquisa realizada pelo Jornal Folha de Londrina no ano de 2017 são diagnosticados
mais de dois milhões de casos por ano de pessoas que desenvolve esse transtorno. O
Assistente Educacional tem um papel fundamental em sala de aula, pois ele vai ajudar o
professor a desenvolver as atividades com o aluno com TDAH, pois o mesmo na maioria
das vezes se dispersa muito rápido, tem grande facilidade de não concentração na aula, e
o professor não tem como dedicar sua atenção exclusiva para esse aluno, tendo em vista
que o mesmo tem que auxiliar os demais alunos, portanto o assistente educacional irá
ajudar esse aluno a manter o foco. Em suma, aprendemos muito com essa pesquisa, o
quanto é importante que o aluno com TDAH tenha um acompanhamento adequado, para
que assim o mesmo possa desenvolver sua autonomia na sociedade.
Referências:
GERHARDT, Tatiana Engel; SILVEIRA, Denise Tolfo. Métodos de pesquisa. coord. pela
Universidade Aberta do Brasil UAB/UFRGS e pelo Curso de Graduação Tecnológica
Planejamento e Gestão para o Desenvolvimento Rural da SEAD/UFRGS. Porto Alegre:
UFRGS, 2009. Disponível em:
http://www.ufrgs.br/cursopgdr/downloadsSerie/derad005.pdf. Acesso em 10 de fev. de
2019.
PIANA, MC. A construção do perfil do assistente social no cenário educacional
[online]. São Paulo: Editora UNESP; São Paulo: Cultura Acadêmica, 2009. Disponível em:
http://books.scielo.org/id/vwc8g/pdf/piana-9788579830389-05.pdf. Acesso em: 10 de fev.
61
de 2019.
62
e flap), compulsão alimentar, não demonstrava medo do perigo, não indicava suas
necessidades fisiológicas, libido alterada e apego a objetos. A intervenção se deu a partir
dos pontos positivos encontrados e das suas áreas de interesse, objetivando modificar as
deficitárias. Foram criadas estratégias para minimizar as dificuldades sensoriais e criado
uma estrutura visual para a sua rotina. Foi inclusa em todas as atividades da escola, com
intervalos de tempo, os quais foram diminuindo gradativamente e cada habilidade a ser
ensinada foi desmembrada, estruturada visualmente, ensinada por etapa e reforçada
positivamente. RESULTADOS E DISCUSSÃO Ao final do ano letivo, suas disfunções
sensoriais, ansiedade e auto-agressão haviam diminuído consideravelmente, passou a ter
uma intenção comunicativa clara, sua concentração e seu contato ocular aumentaram,
suas estereotipias reduziram drasticamente, sua compulsão alimentar extinguiu,
passando a aceitar o limite verbal, passou a indicar suas necessidades fisiológicas, parou
de despir-se, passou a dar função aos objetos. Todas estas mudanças comportamentais
foram importantes para que ela pudesse estar verdadeiramente inclusa no seu ambiente
diário, para que pudesse estar apta a aprender novas habilidades, para mostrar no próprio
ambiente escolar, que os comportamentos tidos como inadequados nada mais são que a
ponta de um iceberg, que é possível mudar comportamentos e que o que vejo não define
uma pessoa ou suas capacidades, além de restaurar nos familiares a esperança de
mudança e de serem partícipes neste processo.
REFERÊNCIAIS
CIOLA, J. C. B.; FONSECA, M. E. G. Vejo e Aprendo. Fundamentos do Programa
TEACCH®. O ensino estruturado para pessoas com autismo. Ribeirão Preto, SP:
Book Toy, 2016.
RIBEIRO, D. M.; SELLA, A.C. et al. Análise do Comportamento Aplicada ao
Transtorno do Espectro Autista. Curitiba: Appris, 2018.
63
possibilidades de atuar efetivamente nos contextos de interação,dando-lhes oportunidade
para ter voz e vez, na representação dos seus colegas (FENAPAES, 2009, p 8). Os
Autodefensores são as pessoas com deficiência intelectual e /ou múltipla, eleitas pelos
colegas para proteger os interesses das pessoas deficientes, recomendando ações de
aperfeiçoamento em relação ao atendimento e participação em todos os segmentos da
sociedade, inclusive junto aos demais membros da diretoria, esses atuam como porta-voz
dos seus companheiros (FENAPAES, 2009). Na instituição, o grupo de autodefensoria foi
organizado com o grupo de profissionais no ano de 2013, mediante orientações das
coordenações estaduais e regionais de Autodefensoria. Foram relacionadas para
participar 20 pessoas jovens, adultas e idosas com deficiência intelectual (de idades que
variam entre 18 a 82 anos), que a priori teriam maiores possibilidades de atuação com
autonomia e independência. Estabelecemos uma série de encontros, com duração de
uma hora aproximadamente estruturados como processos dialógicos de formação, troca
de experiência e debates, com temas propostos pela mediadora (coordenadora local) ou
pelas pessoas com deficiência que integravam o grupo. Nesses momentos, percebeu-se
a necessidade de ampliar sua autonomia mediante a intensificação das interações, pois,
seus depoimentos evidenciavam uma necessidade de aprovação e dificuldades de
manifestarem suas vontades de forma independente. Essas interações levaram a
compreensão da participação, como um processo a ser aprimorado, pois na maioria das
vezes (em diferentes contextos e ambientes) não lhes é permitido escolher ou manifestar
suas vontades. Bins (2013) ressalta que é preciso compreender que há particularidades
na constituição do ser adulto com deficiência intelectual, bem como o repensar sua
existência social e motivá-las a experiências e vivências mais autônomas. É preciso
reconhecer que essas pessoas tem algo que as caracteriza como diferente, mas não lhe
determina como ser humano, pois são pessoas de possibilidades e habilidades múltiplas.
As ações pedagógicas são constantemente modificadas pelos profissionais, que se
propõem a pensar coletivamente e de forma diferenciada o fazer pedagógico, pensar
individualmente a realidade de cada aluno e suas necessidades, a iniciativa de
observando-o como adulto, possibilitar-lhe momentos de escolhas, decisões e opiniões. O
grupo de profissionais tem presente, que o que faz a diferença não é só o conhecimento,
mas o comprometimento com a transformação numa concepção mais humanista
embasada pelo respeito.
REFERÊNCIAS
BINS, Katiuscha Lara Genro. Adultos com deficiência intelectual incluídos na
educação de jovens e adultos: apontamentos necessários sobre adultez, inclusão e
aprendizagem. Tese de Doutorado. PUCRS, Porto Alegre, 2013, 108 f.
FEAPAES-SC, Estatuto das APAEs. Disponível em:
<http://www.apaesantacatarina.org.br/arquivo.phtml?a=28302>. Acesso em: 23 maio
2017.
FENAPAES, Manual de Fundação das Apaes. Disponível em:
<http://novosite.apaebrasil.org.br/uploads/Manual%20Apae.pdf>. Acesso em: 14 dez.
2016.
_____. Autogestão e autodefensoria: conquistando autonomia e participação. Projeto
sinergia, vol 3. Brasília, 2009.
64
_____. Manual Nacional de Autogestão, Autodefensoria e Família. Brasília, 2015.
65
objetivos específicos são: instrumentalizar e qualificar o trabalho realizado pela equipe
técnica e de professores; estabelecer parceria com a família; e oferecer atendimento aos
aprendizes. O primeiro objetivo específico vem-se desenvolvendo por meio da oficina de
capacitação “Afetividade e Sexualidade na Educação Profissional: construindo saberes e
práticas voltadas ao aprendiz com deficiência e a seus familiares”, que visa capacitar a
equipe profissional para lidar com as temáticas afetividade e sexualidade. Este workshop
está organizado em oito encontros realizados quinzenalmente, de março a julho de 2019,
totalizando 24 horas de capacitação. Aborda, entre outros, os temas: sexualidade
humana, sexualidade da pessoa com deficiência, comunicação entre profissional e
aprendiz/familiar sobre afetividade e sexualidade, avaliação e atuação em sexualidade.
Em sua conclusão os participantes elaborarão propostas de atuação que: vise estabelecer
o diálogo e oferecer suporte aos familiares; e propicie espaço de escuta, ativa e
compreensiva, e de informações seguras a respeito da afetividade e sexualidade para os
jovens e adultos com DI e TEA. Esses projetos constituirão o novo serviço a ser oferecido
pelo referido centro. Dar-se-á continuidade à oficina no segundo semestre, no intuito de:
aprofundar a temática com enfoque sobre o comportamento sexual; promover espaço
para troca de informações e experiências; e assessorar os profissionais quanto à atuação
nos projetos junto aos aprendizes e aos familiares.
Referências
1. PEREIRA, J. P. B. S.; LADEWIG, K. R.; MIRANDA, M. T. Iniciação para o trabalho:
Grupo de Iniciação. Módulo 1. São José: FCEE, 2018.
2. VALE, R. M.; COELHO, M. A. Sexualidade e deficiência intelectual: concepções,
vivências e o papel da educação. RTEE, v. 7, n. 13, 2014.
3. OMS. The World Health Organization Quality of Life assessment (WHOQOL): position
paper from the World Health Organization. Social Science and Medicine, v. 41, n. 10, p.
1403-1409, 1995.
4. SAVALL, A. C. R. Reabilitação sexual para homens com lesão medular adquirida:
da auto-adaptação sexual à intervenção terapêutica. Dissertação [Mestrado Ciências
do Movimento Humano]. UDESC, Florianópolis, 2008.
Este estudo tem como objetivo demonstrar o esforço empreendido pelos profissionais da
66
rede municipal de São Bento do Sul/SC frente ao direto de adaptação curricular para o
público alvo da EE. Como método de coleta de dados foram realizadas entrevistas semi-
estruturadas com as professoras, gestoras e especialistas de três escola. Este
instrumento foi escolhido por tornar mais flexível a interação entre as entrevistadas e a
pesquisadora possibilitando uma melhor compreensão acerca da temática da pesquisa
(ZAGO, 2011). De acordo com as entrevistadas nesta pesquisa a rede municipal de
ensino promove a formação continuada para que todos e estejam aptos a realizar as
adaptações curriculares necessária aos alunos da EE no início do ano letivo com o intuito
de atender a demanda das escolas e a legislação específica para a EE na perspectiva
inclusiva (Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva Inclusiva – PNEEPEI –
2008). Conforme a PNEEPEI (2008) a educação especial é uma modalidade de ensino
que perpassa todos os níveis, etapas e modalidades. Assim sendo tem como subsídio
para seu pleno desenvolvimento a oferta do atendimento educacional especializado, o
qual deve disponibilizar os recursos e serviços necessários para que ocorra, de fato, o
processo de ensino-aprendizagem para o público alvo da EE. Ademais este serviço
especializado deve orientar todos os profissionais que atendem esse público em suas
necessidades específicas tendo em vista garantir a aprendizagem dos alunos da EE nas
turmas comuns do ensino regular. Para atender a essa determinação da PNEEPEI os
professores do município de São bento do Sul/SC elaboram um currículo adaptado de
acordo com as necessidades específicas de cada aluno da EE. Essa adaptação é
realizada pelos professores, os quais a realizam no início do ano letivo. No entanto há um
tempo para que cada possa conhecer as possibilidades desses alunos. Isso se demonstra
quando a Gestora 3 relata que “[...] a adaptação do currículo é entregue junto com
planejamento anual até final de março, eles têm mais de um mês pra conhecer o aluno”.
Esse relato nos mostra quão importante é conhecer os alunos para que a adaptação
curricular realizada atenda às necessidades específicas do aluno da EE isso porque, de
acordo com Lopes (2017, p. 10) “a adaptação curricular é uma das estratégias da
educação inclusiva que procura contribuir para a inclusão daqueles que apresentam
dificuldades durante o processo de ensino e aprendizagem”. Ainda, de acordo com as
orientações contidas no planejamento curricular adaptado para cada aluno da EE são
realizadas as demais atividades escolares. Como nos diz a Especialista 2 as avaliações,
as atividades, seguem com base nesse plano para o aluno”. Essa articulação entre todas
as atividades propostas durante o processo de ensino-aprendizagem demostra que todas
as profissionais da educação buscam atender às necessidades de cada um dos alunos
que necessitam de tal adaptação para seu pleno desenvolvimento escolar. Contudo,
apesar da compreensão da importância da adaptação curricular para os alunos da EE, a
falta de suporte especializado para tal adaptação é uma das questões que dificultam esse
processo na rede de ensino pesquisada. Isso se demonstra quando a Especialista 3 faz a
seguinte colocação: “esse ano eu senti muita dificuldade no sentido de ter respaldo
técnico de alguém que seja [...] sentimos bastante dificuldade no sentido de ter um
respaldo de ter uma orientação técnica”. A partir do exposto compreende-se que a rede
municipal de ensino de São Bento do Sul/SC tem empreendido um significativo esforço
frente à adaptação curricular para atingir a aprendizagem dos alunos público da EE. No
67
entanto pôde-se observar que, por se tratar de uma prática ainda recente na rede, há
certas lacunas que tornam essa adaptação, em certa medida, frágil. Isso por, de acordo
com os relatos, ainda não se ter um suporte sólido de profissionais especializados acerca
da EE disponíveis para auxiliar as docentes nesse processo de adaptação curricular.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação
Inclusiva. Brasília, DF: Secretaria de Educação Especial, 2008.
LOPES, Silmara A. Adaptação Curricular: o que é? Por quê? Para quem? E como fazê-
la? EBR – Educação Básica Revista, v. 3, n. 1, 2017.
ZAGO, Nadir; CARVALHO, Marília Pinto de; VILELA, Rita Amélia Teixeira (orgs.).
Itinerários de Pesquisa: Perspectivas qualitativas em sociologia da educação. 2. ed. Rio
de Janeiro: Lamparina, 2011.
PARAPÓDIUM SUPERAR
68
e há algum tempo nossa instituição vem pensando em como atuar na prevenção das
deformidades e contraturas tão presentes em pessoas com deficiência motora. Desde o
ano de 2012 com a criação do Programa de Prevenção de Deficiências Ações em Rede -
PDEAR muitos projetos vêm sendo executados e um deles se chama Minha Casa
Adaptada que para além das questões residenciais também pensa ações dentro da
perspectiva da tecnologia assistiva, porém utilizando muitas vezes o que a família tem na
sua casa. Diante disso a ideia de construir o primeiro parapódium surgiu para atender à
necessidade das pessoas com Paralisia Cerebral que por protocolo necessitam
permanecer em pé diariamente e as famílias por muitas vezes não tem condições de
obter esses equipamentos, acabam por deixar a pessoa em cadeiras de rodas dias
inteiros ou deitadas etc. fator que prejudica muito a qualidade de vida e o
desenvolvimento motor. Os profissionais da APAE ao fazerem uma formação sobre
Paralisia Cerebral junto ao Programa de Educação Condutiva – Condutor Irvin Ortiz, viram
a possibilidade de construir um parapódium, com algumas pequenas diferenciações. Após
o curso as profissionais colocaram a ideia em prática e beneficiaram algumas crianças
cadastradas na Estimulação Precoce da APAE. Vale destacar os inúmeros benefícios do
uso desse equipamento, o seu o uso contribui: para o alinhamento postural, auxilia a
formação do acetábulo para encaixe da cabeça do fêmur, previne luxações, promove
alongamento articular evitando contraturas e deformidades articulares, estimula a
realização de atividades manuais e lúdicas, fornece informação ao cérebro da correta
postura em pé, estimula os sistemas digestivo, circulatório e respiratório, previne úlceras
de decúbito, aumenta a densidade óssea prevenindo fraturas, permite o correto
posicionamento dos membros inferiores, dentre outras melhorias que temos registros
também na ciência. Os resultados podem ser observados na melhora da condição
postural e de acessibilidade, interação no e com o mundo, além de indiretamente
beneficiar as famílias no manejo e cuidados com a pessoa com deficiência. Até o
momento foram produzidas quatro unidades. Recursos materiais necessários para a
confecção de 01 unidade do parapódium: Carrinho para carga, compensado MDF, Tecido
de corinho ou napa, espuma 20mm, faixas de contenção, grampos, parafusos e
braçadeiras.
Referências:
Mancini MC, Fiúza PM, Rebelo JM, Magalhães LC, Coelho ZAC, Paixão ML, et al.
Comparação do desempenho de atividades funcionais em crianças com desenvolvimento
normal e crianças com paralisia cerebral. Arq Neuropsiquiatr. 2002;60(2B):446-52.
Giliard Bronner Kelm, Neiva de Aquino Albres, Mairla Pereira Pires Costa
(gilliardkelm@gmail.com)
69
Apresentamos um panorama geral de políticas públicas nacionais que tratam do
Intérprete de Libras/Português Educacional (IE), levantando discussão sobre as
atribuições do IE na aprendizagem do aluno surdo. Albres (2015), em análise documental,
constatou divergências conceituais sobre esse profissional, principalmente referente a
discussão sobre seu papel e os aspectos de ensino e problematizado por Gesser (2005) e
Martins (2013). Esse contexto inicia-se em 2002, quando foi promulgada a Lei n. 10.436.
Assim, levantamos as seguintes perguntas: Que documentos apontam sobre as
atribuições desse profissional e quais os direcionamentos para sua atuação? O método
utilizado baseia-se na abordagem qualitativa e busca compreender o movimento político
sob o contexto social que está inserido, levando-se em conta a inter-relação entre os
diversos fatores. Utilizamos a análise documental, cujos documentos analisados estão
relacionados à educação de surdos que abordem o trabalho do intérprete educacional em
âmbito nacional e nas diversas esferas de ensino. Foram selecionados de acordo com: 1)
o tema delimitado (intérprete educacional); 2) confiabilidade (documentos oficiais); 3)
época (2002 em diante). Identificamos um conjunto substancial de documentos que
orientam a atuação, descrevem o profissional e delimitam seus papéis (BRASIL, 2002,
2005, 2007, 2008, 2010, 2011, 2014, 2015, 2018a, 2018b). A análise dos documentos
aponta que, diante da diversidade conceitual sobre o IE, cabe a cada secretaria de
educação estabelecer um limite de abrangência das atribuições, bem como orientações
específicas para ação desse profissional, desde que atenda às necessidades linguísticas
e educacionais dos alunos surdos, ligados à conjuntura política, social e cultural das redes
municipal ou estadual de ensino.
REFERÊNCIAS
ALBRES, Neiva de A. Intérprete Educacional: políticas e práticas em sala de aula
inclusiva. São Paulo: Harmonia, 2015.
BRASIL. Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005. Regulamenta a Lei n. 10.436,
de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais – Libras e art. 18
da Lei nº 10.098, 19 dez. 2000. Brasília: 2005.
BRASIL. Decreto nº 7.612, de 17 de novembro de 2011. Institui o Plano Nacional dos
Direitos da Pessoa com Deficiência - Plano Viver sem Limite. Diário oficial [da] República
Federativa do Brasil, Brasília, 17 nov. 2011.
BRASIL. Decreto nº 9.656, de 27 de dezembro de 2018. Altera o Decreto nº 5.626, de
22 de dezembro de 2005, que regulamenta a Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, que
dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras. Brasília: 2018b.
BRASIL. Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002. Regulamenta a Lei n. 10.436, de 24 de
abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais – Libras e art. 18 da Lei no
10.098, de 19 de dezembro de 2000.
BRASIL. Secretaria Especial em Direitos Humanos. Comitê Nacional de Educação em
Direitos Humanos. Plano Nacional de Educação em Direitos humanos. Brasília:
SEDH/CNEDH, 2007.
BRASIL. Lei nº 12.319, de 1º de setembro de 2010. Regulamenta a profissão de
Tradutor e Intérprete da Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS. Diário oficial [da] República
Federativa do Brasil. Brasília, 2010.
BRASIL. Lei nº 13.146, de 6 de julho 2015. Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com
Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Diário oficial [da] República Federativa
do Brasil, Brasília, 6 jul. 2015.
BRASIL. Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação
inclusiva. MEC, SECADI: Brasília, 2008.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Alfabetização e Diversidade. Relatório
sobre a Política Linguística de Educação Bilíngue - Língua Brasileira de Sinais e
70
Língua Portuguesa do Grupo de Trabalho, designado pelas Portarias nº 1.060/2013 e nº
91/2013 do MEC/SECADI. Brasília, fev. 2014.
BRASIL. Portaria nº 443, de 27 de dezembro de 2018. Estabelece os serviços que serão
preferencialmente objeto de execução indireta, em atendimento ao disposto no art. 2º do
Decreto nº 9.507, de 21 de setembro de 2018. Diário Oficial da União: Brasília, DF,
seção 1, n. 249, p. 517, 28 dez. 2018a.
GESSER, Audrei. Interpretar ensinando e ensinar interpretando: posições assumidas no
ato interpretativo em contexto de inclusão para surdos. Cadernos de Tradução,
Florianópolis, v. 35, n. 2, p. 534-556, out. 2015.
MARTINS, Vanessa Regina de Oliveira. Posição-Mestre: desdobramentos foucaultianos
sobre a relação de ensino do intérprete de língua de sinais educacional. 2013. 253 f. Tese
(Doutorado em Educação) – Programa de Pós-Graduação em Educação, UNICAMP,
Campinas, 2013.
Este trabalho de pesquisa tem o seu grau de importância onde visa contribuir com as
discussões da Educação de Surdos, podendo subsidiar a elaboração de política
linguística considerando a valorização e a prioridade que se dá a língua brasileira de
sinais, onde faz-se um reforço da necessidade de duas línguas no caso, o português e a
Libras, proporcionando a igualdade na educação inclusiva. Demonstrou-se uma grande
preocupação por conta da falta da implementação do currículo da disciplina de Libras na
rede do ensino estadual, garantindo assim a aplicação da lei de Acessibilidade nº
10.098/2000 e do Decreto 5625/2005 que regulamenta a Lei nº 10.436/2002 para os
alunos surdos que têm direito ao acesso de informação igualmente aos ouvintes no
ambiente da aprendizagem escolar. O presente trabalho tem o objetivo de mostrar a
importância da Libras para verificar o desempenho linguístico da inclusão do surdo no
Ensino Médio, através da aplicação da avaliação da compreensão, sendo imprescindível
para o desenvolvimento e aprendizagem do contexto educacional inclusiva. O Brasil
avançou com a Lei n. 13.005 (BRASIL, 2014) que aprova o plano nacional de educação
(PNE) que pode garantir a oferta de educação bilíngue, em Libras (primeira língua) e
português (segunda língua) de 0-17 anos. A importância inicial da aquisição da linguagem
dos surdos, precisa ocorrer o quanto antes possível para que essa aquisição seja natural
como também aprender uma segunda língua na modalidade escrita. Para embasar a
constituição da aplicação, fez-se uma pesquisa de publicação que também aplicou uma
avaliação semelhante a de: Quadros e Cruz (2011). Realizou-se uma pesquisa com 14
participantes surdos de ambos sexos, com idades entre 15 e 20 anos. Foram realizadas
duas sessões individuais de avaliação, no período entre setembro e outubro de 2017. Os
instrumentos foram baseados em critérios, com respostas construídas como finalidade de
avaliar o desempenho da compreensão em Libras aplicadas aos participantes. Todos os
testes aplicados foram apresentados com recurso de computador que compusera duas
tarefas. Para análise de dados foram considerados os resultados das avaliações dos
71
participantes que estavam de acordo com os critérios de inclusão/exclusão, previamente
estabelecidos. Os resultados não revelaram aumento significativo da compreensão das
duas tarefas, os participantes foram privados do contato precoce com a Libras, o que se
refletiu em falta de desempenho linguístico, e ainda que alguns tenham “compensado”
esse atraso na aquisição da língua, os resultados revelaram déficits, sobretudo quanto ao
uso de vocabulário de sinais. A escola inclusiva não deve valorizar a Libras e língua
portuguesa igualmente, a instrução escolar precisa ser através do uso do português que é
a língua do país, e que é usada pela maioria dos brasileiros, no caso de Libras a parcela
de usuários é minoritária. O respeito a língua materna dos surdos é direito fundamental.
Consideramos importante a continuidade dos estudos que abordem a educação inclusiva
para surdos no que tange ao desenvolvimento da linguagem como base para a aquisição
de novos conhecimentos, sobretudo linguísticos. Também, a elaboração de novos testes
da avaliação da compreensão e recursos que possam verificar outros níveis de
desenvolvimento da linguagem. Desse modo, os trabalhos científicos podem contribuir
também com as políticas linguísticas e educacionais que visem à melhoria dos modelos
de ensino que existem, como o inclusivo que é proposto e desejado pelos surdos onde o
acesso à língua de sinais e a aquisição dela são garantidos.
REFERÊNCIAS:
QUADROS, R. M. de; CRUZ, C. R. Língua de Sinais: instrumentos de avaliação. Porto
Alegre: Artmed, 2011.
BRASIL. Decreto n. 5.626, de 22 dezembro de 2005. Regulamenta a Lei n. 10.436.
Brasília, DF, 2005.
BRASIL. Lei n. 10.436, de 24 de abril de 2002. Brasília, DF, 2002.
BRASIL. Lei n. 13.005, de 25 de junho de 2014. Plano Nacional de Educação – PNE.
Brasília, DF, 2014.
BRASIL. Lei Nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Estabelece normas gerais e
critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de
deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá outras providências. Brasília, DF, 2000.
72
modos de constituir-se como sujeito de linguagem nas interações sociais. Na escola
inclusiva, os surdos são público-alvo da Educação Especial e para eles é ofertado AEE.
Sendo o AEE um direito do estudante surdo, independente da sua heterogeneidade,
questiona-se a forma como ele apresenta-se para os surdos não falantes da Libras.
Objetivo: Apresentar um recorte dos resultados encontrados na minha dissertação de
mestrado, na qual teve o objetivo de compreender os discursos sobre os sujeitos surdos
não falantes da Libras nas políticas públicas educacionais inclusivas para entender as
diretrizes de trabalho do AEE. Metodologia: Tem-se aqui uma pesquisa qualitativa no
contexto da Linguística Aplicada, na qual seu objeto de estudo está situado nas práticas
sociais discursivas, nas diferentes esferas de atividade humana. Situa-se nos discursos
das políticas públicas educacionais inclusivas do Sistema estadual de ensino de Santa
Catariana, incluindo o discurso da gestão da Educação Especial dessa rede no que diz
respeito à inclusão dos estudantes surdos e o AEE. Esta pesquisa ancora-se teórico-
metodologicamente no Círculo de Bakhtin e nos Estudos Contemporâneos de Análise
Dialógica do Discurso. Os movimentos constitutivos que delinearam essa pesquisa para
geração e análise de dados foram: pesquisa bibliográfica, pesquisa documental e estudo
de campo (entrevista com o gestor da Educação Especial). Esta pesquisa foi realizada no
ano de 2017 e 2018, finalizada para defesa em junho de 2018, na qual foi aprovada pela
banca examinadora. Conclusão: As diretrizes do AEE para os surdos refletem e refratam
os discursos produzidos nas políticas públicas educacionais inclusivas, atravessados pela
bipolaridade e contrastes entre os discursos sobre a surdez produzidos historicamente a
partir do viés biológico/clínico e do pelo viés socioantropológico, e que prevalecem até a
contemporaneidade (BAKHTIN [VOLOSHÍNOV], (2014 [1929]). Para os surdos falantes
da Libras, nota-se que as diretrizes do AEE são bem definidas por meio de proposta
fundamentada no Bilinguismo. Porém, para os não falantes da Libras as diretrizes são
quase silenciadas, uma vez que não apresentam uma proposta de trabalho que
contemple as necessidades educacionais e linguísticas desses sujeitos, assim como
apresenta para o AEE dos falantes de Libras. Questões que relacionam-se diretamente
com a gestão das políticas linguísticas da Libras. Porém, na escola inclusiva há os que
optam e não optam por ela, dessa forma há que pensar-se em alternativas para os que
não optam. Sugere-se um trabalho que contemple a complementação do ensino da
Língua Portuguesa, fundamentado no ensino de primeira língua (sua opção),
considerando as suas singularidades linguísticas e como sujeito surdo. É preciso construir
um olhar sobre esse sujeito de outras formas e sugere-se aqui o modelo social da
deficiência (WERNECK,2004) paralelamente ao investimento em políticas linguísticas
para a Libras. Para além das vivências auditivas que os dispositivos auditivos eletrônicos
proporcionam aos surdos, eles são sujeitos eminentemente visuais, para eles é pela visão
que se acessa tudo (LEBEDEFF,2017). E, no contexto educacional, quando fala-se em
experiência visual para surdos não pode-se reduzi-las às experiências linguísticas visuais,
ou seja, a utilização da língua de sinais (QUADROS, 2003). Mas de uma maneira geral,
possibilitar experiências escolares significativas que privilegiam a sua experiência visual
no mundo (STROBEL, 2009).
73
REDUÇÃO DAS DESIGUALDADES E DAS VIOLÊNCIAS DAS INFÂNCIAS E
JUVENTUDES NA PROMOÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS E DA DIVERSIDADE NA
PERSPECTIVA INCLUSIVA
74
Teoria da Semicultura. Educação & Sociedade, Campinas, ano XVII, n. 56, p. 388-411,
dez.1996.
BOOTH, T.; AINSCOW, M. Index Para a Inclusão. Desenvolvendo a aprendizagem e a
participação na escola. Traduzido por: Mônica Pereira dos Santos. Produzido pelo
LaPEADE, 2002.
BRASIL, Ministério da Educação – Secretaria de Educação Especial (SEESP). Política
nacional de educação especial na perspectiva da educação inclusiva. Brasília: MEC,
CNE. RESOLUÇÃO Nº 1, DE 30 DE MAIO DE 2012. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=10889-
rcp001-12&Itemid=30192. Acesso em 8/11/2018 Educação. Secretaria de Educação
Especial. Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica. Brasília:
MEC/SEESP, 2001.
ONU. Declaração Universal dos Direitos Humanos. ONU-AG.), 1948. Disponível em
www.direitoshumanos.usp.br>. Acesso em: 8 novembro 2018. SANTOS, Boaventura de
Sousa. Por uma concepção multicultural de direitos humanos. Revista Crítica de
Ciências Sociais. n. 48, 1997, p.11-32.
Este resumo relata uma oficina de Ábaco Soroban ministrada para estudantes do curso
de Licenciatura em Química que são bolsistas do Programa Institucional de Bolsas de
Iniciação à Docência (PIBID) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). A
oficina foi realizada em maio de 2019, contou com a presença de aproximadamente 10
estudantes e teve como proposta apresentar esse instrumento milenar cuja utilização é
direito de pessoas cegas e com baixa visão. Desse modo, o objetivo do minicurso foi
possibilitar a aproximação dos bolsistas do PIBID em Química com o Ábaco Soroban,
conhecendo sua história, assim como possíveis recursos e aprender a manuseá-lo a fim
de tornar possível a sua utilização na sala de aula. Conforme a Portaria n. 1.010, 11 de
maio de 2006, do Ministério da Educação (MEC), o Soroban constitui-se “como recurso
específico imprescindível para a execução de cálculos matemáticos por alunos com
deficiência visual” (BRASIL, 2006). Assim, O Soroban, além de auxiliar nos cálculos
matemáticos, ainda estimula a coordenação motora, sendo capaz de desenvolver
concentração, raciocínio lógico-matemático, atenção, memorização, percepção e cálculo
mental, principalmente porque o operador é o responsável pelos cálculos por meios
concretos, aumentando a compreensão dos procedimentos envolvidos (OLIVEIRA, 2015,
p. 6). Cabe destacar, que estudantes cegos ou com baixa visão têm o direito de aprender
a manusear o Soroban, sendo assim, entendemos que abordar sobre o tema com
licenciandos em Química poderia contribuir para aprendizagem desse estudante. Com a
consciência de que “o conceito de necessidades educacionais especiais remete não ao
75
problema do aluno, mas ao tipo de recursos educacionais a serem disponibilizados pela
escola, o que, de certa forma, amplia a responsabilidade da instituição escolar”
(FERRONATO, 2002, p. 26), essa oficina visa aproximar os futuros professores com o
Soroban tornando possível utilizá-lo em aula, viabilizando atividades que incluam todos os
alunos(as). A Educação Matemática Inclusiva propõe que os conceitos matemáticos
sejam trabalhados com a turma inteira garantindo a aprendizagem sem distinção por meio
de uma abordagem inclusiva por parte do(a) professor(a) e de materiais pedagógicos com
desenho universal. A estrutura da oficina compreendeu uma exposição inicial sobre a
história do Soroban, alguns questionamentos sobre aprendizagem matemática para
estudantes com deficiência visual e, por fim, uma sequência de atividades de cálculo de
soma, subtração e multiplicação com o Soroban. Como avaliação da oficina, os(as)
participantes destacaram alguns aspectos positivos como por exemplo: a discussão sobre
inclusão de estudantes com deficiência visual em aulas de Química, a oportunidade de
graduandos(as) terem um primeiro contato com o Soroban (pois isso geralmente não
acontece nas disciplinas do curso), desenvolver raciocínio lógico e concentração, e
conhecimento sobre a história dos números e dos cálculos. Os bolsistas também
sugeriram que esse instrumento seja ensinado durante a graduação nas disciplinas ou em
eventos com maior duração como semana acadêmica, pois sentiram que com pouco
tempo é mais difícil aprender as operações e as regras de manuseio. Sobre a importância
na formação do docente de Química, afirmaram que é interessante entender melhor sobre
as propriedades das operações matemáticas básicas e também sobre onde procurar
informações para ensinar alunos com deficiência visual. Os resultados apontaram a
importância de que temas relacionados à inclusão escolar estejam presentes no processo
formativo dos licenciandos em Química, a fim de orientar esses(as) futuros(as) docentes
acerca de práticas pedagógicas inclusivas e que atendam às especificidades de
estudantes com deficiência visual.
Referências
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Portaria no 1.010, de
10 de maio de 2006. Institui o Soroban como um recurso educativo específico
imprescindível para a execução de cálculos matemáticos por alunos com deficiência
visual. Disponível em: http://cape.edunet.sp.gov.br/cape_arquivos/outros_dispositivos.asp.
Acesso em: 18 jun. 2018.
FERRONATO, R. A Construção de Instrumento de inclusão no Ensino da
Matemática. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) Universidade Federal
de Santa Catarina, Florianópolis, 2002.
OLIVEIRA, S. C. O trabalho com o Soroban na inclusão de alunos deficientes visuais
nas aulas de Matemática. In: EBRAPEM, XIX. 2015, Juiz de Fora. Disponível em:
http://www.ufjf.br/ebrapem2015/files/2015/10/gd13_silvania_oliveira.pdf. Acesso em: 18
jun. 2018.
76
A presente pesquisa visou a analisar as estratégias semânticas sinonímias e antonímias
presentes na atividade de interpretação em Língua Brasileira de Sinais (Libras) em sala
de aula. Os objetivos são: investigar se as estratégias de interpretação semântica
sinonímia e antonímia contribuem para interpretações em Libras em sala de aula, analisar
as interpretações produzidas em Libras e verificar para quais palavras em Língua
Portuguesa foram utilizadas as estratégias semântica sinonímia e antonímia. Esta
dissertação foi construída com fundamentação em Krings (1986) e em Chesterman (1997
e 2000), pois, a partir desses autores, foi possível compreender didaticamente as
possibilidades de interpretação passíveis de serem aplicadas em situações diversas. A
investigação tem abordagem de cunho qualitativo e quantitativo mediante uma pesquisa
descritiva, em que o procedimento adotado foi o estudo de caso. A coleta de dados se
deu no ano de 2015, em que foi filmada a atuação de dois intérpretes de Libras, para
análise de 15 minutos. Houve a transcrição e a análise dos discursos, os quais foram
divididos em duas categorias: as estratégias semânticas sinonímias e as estratégias
semânticas antonímias. As estratégias semânticas antonímias, por sua vez, apresentaram
três subcategorias: negação com o dedo indicador, negação através do sinal de NÃO-
TER em Libras e negação por meio dos movimentos da cabeça. Dentro dessa categoria,
foi exposta a estratégia de omissão de acordo com a pesquisa de Barbosa (2014). A
análise e as discussões acerca dos dados permitiram concluir que as estratégias
semânticas sinonímias e antonímias contribuem para as interpretações em Libras, em
sala de aula, inclusive bastante recorrentes, o que foi possível comprovar pela
quantificação demonstrada em gráfico. As palavras elencadas nas sinonímias foram:
roteiro, expressam, entendendo, solicitação, mesmo, privado, retomando, últimas,
potencial, agrava, paralelos, ideia, natural, potencial, severa, motivados, seguir, grandeza
e glória. Já para as estratégias semânticas antonímias foram: regras, semestre,
matricular, satisfação, convênio, urgência, conhecimento, américa e pontos. Assim, foi
possível comprovar que há a presença de elementos negativos agregados nas estratégias
semânticas antonímias em Libras.
Este artigo faz parte de uma pesquisa em andamento, que tem por objetivo propor uma
metodologia para a confecção de imagens de livros didáticos de Geografia adaptadas
para serem utilizadas por estudantes com deficiência visual. Neste trabalho tecemos
breves considerações sobre os processos de construção e uso das imagens adaptadas
para estudantes com deficiência visual e a relevância da utilização deste recurso didático
para o entendimento de conteúdos e sistematização de conceitos de diferentes
disciplinas. Entendemos que a questão da presença/ ausência de imagens para o ensino
de estudantes com deficiência visual é um tema controverso, embora haja uma presença
hegemônica de imagens nos livros didáticos em especial da disciplina de Geografia, que
nem sempre são disponibilizadas às adaptações para a forma tátil destes recursos, por
vezes é feita somente a descrição da imagem. Todavia, quando disponibilizadas imagens
77
em relevo há dificuldade de entendimento e leitura por parte dos estudantes com
deficiência visual, fato que é agravado quando se trata da utilização por estudantes cegos
congênitos. Isto, em parte, justifica a necessidade de maiores pesquisas quanto aos
processos de confecção e uso das imagens adaptadas no âmbito escolar, como bem
destacam Eriksson (1999), Darras e Valente (2010). Da pesquisa realizada, antecipamos
duas constatações, uma referente à confecção e outra referente ao uso das imagens pelo
professor, que devem ser levadas em consideração ao se pensar as imagens adaptadas
para estudantes com essa deficiência. Referente ao processo de confecção de imagens
adaptadas, identificamos que parte da dificuldade da leitura e percepção das imagens
adaptadas, se dá pela não identificação das formas no substrato impresso, ou seja, pela
tecnologia empregada na confecção do recurso, que geralmente é confeccionado no
software Monet. Este software é empregado para confecção de recursos gráficos para
impressão na impressora Braille, nele as linhas das imagens são generalizadas formando
desenhos em pontos. Este modo de confecção por apresentar o arranjo de uma única
textura, como variável gráfica tátil, sendo empregada para representar informações
gráficas diferentes acaba por confundir os estudantes, pois não há rupturas entre os
elementos representados nas imagens, esta uniformidade dificulta a percepção e
identificação de diferentes formas, mostrando-se menos efetivo do que o processo de
confecção manual de imagens, empregando a utilização de diferentes texturas. Outro
aspecto observado é a dificuldade de decodificação de imagens adaptadas por
estudantes com cegueira congênita. Por não possuírem referenciais visuais para
decodificar estes signos, estes estudantes têm necessidades de aprendizagem diferentes
dos estudantes com cegueira adquirida. O estudante com cegueira congênita, por vezes
não teve contato prévio com o objeto/conceito que está sendo mostrado na imagem,
assim não o consegue identificar pela forma, pois não tem um referencial mental.
Defendemos que com estes estudantes deve ser realizado um trabalho de construção de
um repertório mental de imagens, para que ele possa, lançando mão deste conhecimento,
identificar as formas e objetos representados nas imagens adaptadas e com isto articular
o que está sendo mostrado com seus conhecimentos e com os conteúdos que são
repassados pelo professor através da mediação do conhecimento. Por fim, destacamos
que a utilização de imagens adaptadas no ensino é um ganho para todos os estudantes,
ela vem concretizar os princípios da educação inclusiva e sensibilizar toda comunidade
escolar à diversidade do ser humano. Se para o estudante com cegueira adquirida a
utilização de imagens adaptadas faz com que acione repertório de memórias e o estimule
a tecer conexões com o que está sendo ensinado e seus conhecimentos prévios, a
utilização de imagens adaptadas por estudantes com cegueira congênita, pode ser a
única forma de ele ter acesso ao objeto/ conteúdo que está sendo mostrado, se não teve
experiência prévia e nem teria se não fosse pelo contexto escolar. Sendo assim, o ensino
empregando este recurso possibilita o contato com objetos, lugares e paisagens
ampliando seus conhecimentos, proporcionando acesso ao que extrapola seu cotidiano.
Referências
DARRAS, B. VALENTE, D. Tactile images Semiotic reflections on tactile images for the
blind. Terra Haptica n°1 sept. 2010
ERIKSSON, Y. How to make tactile pictures understandable to the blind reader .
65o International Federation of Library Associations anf Institutions. Bangkok, Tailândia,
1999.
78
ACESSIBILIDADE AOS RECURSOS E MATERIAIS PEDAGÓGICOS PARA O
PLANEJAMENTO DOCENTE PELO PROJETO COAMAR
79
(2009, p. 12) quanto às demandas dos professores do século XXI, que estes reaparecem
“como elementos insubstituíveis não só na promoção das aprendizagens, mas também na
construção de processos de inclusão que respondam aos desafios da diversidade e no
desenvolvimento de métodos apropriados de utilização das novas tecnologias”. Acredita-
se que com o acesso pelo site da UFSC, http://portalcoamar.paginas.ufsc.br/ e a conexão
com a biblioteca, forma-se um caminho comunicativo e disponível, para o uso e
empréstimo do acervo apropriado para o ensino e aprendizagem de diferentes turmas e
demanda curricular, ampliando o acesso e a adequação dos recursos e materiais para
aulas inclusivas. Cada uma das estruturas pedagógicas citadas, Projeto COAMAR e
biblioteca possuem suas competências de interferência e campo de ação, que na sua
atuação complementam-se na função maior do colégio, o acesso à educação de
qualidade.
REFERÊNCIAS:
FERREIRA, L. M. A função da biblioteca na escola. Rev. Inf. na Soc. Contemp., Natal,
RN, v.2, n1, jan./jun., 2018 disponível em:
https://periodicos.ufrn.br/informacao/article/view/13302/9527
NÓVOA, A. Professores: imagens do futuro presente. Lisboa: Educa, 2009
80
para leitura contemplaram o objetivo de facilitar o foco de atenção e o seguimento visual
durante a leitura de textos e visualização de imagens por meio de dica visual; o plano
inclinado foi proposto de modo a facilitar o desempenho em atividades no tablet para
estudante com deficiência múltipla; e o jogo da velha foi pensado visando facilitar a
participação de estudantes com deficiência física durante o brincar. De acordo com Filho
(2013, p.39), a tecnologia assistiva pode ser considerada como um tipo de mediação
instrumental - conceito proposto por Vygotsky -, uma vez que “está relacionada com os
processos que favorecem, compensam, potencializam ou auxiliam, também na escola, as
habilidades ou funções pessoais comprometidas pela deficiência”. Quanto ao processo,
as atividades foram analisadas pelos profissionais por meio de observação direta do
desempenho e as alternativas de adaptação foram discutidas em conjunto. Os protótipos
foram desenvolvidos e confeccionados pelo PRONTO3D/FabLab, e posteriormente
testados pelos estudantes no contexto de sala de aula ou durante o Atendimento
Educacional Especializado (AEE) com participação da equipe. Após a execução dos
ajustes os recursos foram retestados, até que viabilizassem um desempenho satisfatório
e, desse modo, alcançassem os objetivos propostos. Em suma, presente experiência
reforça a importância da aproximação com o contexto real de desempenho para a
indicação e confecção dos recursos de tecnologia assistiva, bem como a relevância da
atuação interdisciplinar nesse processo. Ressalta-se a necessidade de realizar estudos
futuros que descrevam tanto o processo de adaptação dos estudantes, quanto as
intervenções complementares para inserção do uso dos recursos no ambiente, como as
orientações para estagiários, professores e familiares.
81
Figura 3 - Plano inclinado adaptável à cadeira de rodas
Referências:
FILHO, T. A. G. A construção do conceito de Tecnologia Assistiva: alguns novos
interrogantes e desafios. In: Rev. Entreideias, v. 2, n. 1, p. 25-42, jan./jun. 2013.
PELOSI M, B; NUNES, L. R. O. P. Formação em serviço de profissionais da saúde na
área de tecnologia assistiva: O papel do terapeuta ocupacional. In: Rev. Bras.
Crescimento Desenvolv. Hum. 2009; 19(3): 435-444.
ROCHA, A. N. D. C.; DELIBERATO, D. Atuação do terapeuta ocupacional no contexto
escolar: o uso da tecnologia assistiva para o aluno com paralisia cerebral na educação
infantil.In: Rev. Ter. Ocup. Univ. São Paulo, v. 23, n. 3, p. 263-273, set./dez. 2012.
82
passa-se ao sistema inclusivo em todos os níveis. Tal mudança requer um movimento
que se volte ao contexto e à minimização das barreiras, rompendo com práticas que se
filiam ao Modelo Médico, especialmente aquelas que relacionam deficiência com lesão. O
objetivo do presente trabalho é apresentar a organização da Coordenadoria de
Acessibilidade Educacional da Universidade Federal de Santa Catarina
(CAE/SAAD/UFSC) – setor que se volta à promoção de acessibilidade aos estudantes
com deficiência – mais especificamente o estágio em acessibilidade. A demanda de
estudantes com deficiência que necessitam de mediação direta é grande e não poderia
ser atendida pelos servidores do setor. Além disso, a transversalidade da categoria
deficiência – um tema inerente a qualquer formação profissional – justifica o oferecimento
de bolsas voltadas à promoção de acessibilidade. Inclusive, os estagiários que participam
da ação são provenientes de graduações diversas – sobretudo licenciaturas. Todos são
supervisionados pelos profissionais da equipe, semanalmente, e os servidores da CAE
oferecem capacitação – com frequência semestral – no sentido de qualificar a atuação.
Nessas capacitações são trabalhados os princípios da CAE, definições sobre deficiência,
suportes oferecidos e sentidos históricos sobre a deficiência. Nessa oportunidade também
são discutidas as especificidades dos estudantes acompanhados e abordadas funções
específicas (ledor/transcritor e audiodescritor), apoio nos deslocamentos e nas atividades
de vida diária e demais mediações. A metodologia utilizada é a pesquisa-ação, uma vez
que o funcionamento do estágio envolve diferentes personagens: sobretudo os estagiários
e profissionais da CAE – e estes estão constantemente refletindo e revendo suas práticas
(TRIPP, 2005). Em suma, os estagiários transformam a realidade dos estudantes
acompanhados e são transformados pela atuação. Tomando por base a segunda geração
de teóricos do Modelo Social, pautada na crítica feminista, o cuidado é visto como uma
prática que atravessa a deficiência e a dependência como inerente à condição humana
(DINIZ, 2003). No entanto, a atuação dos estagiários ocorre na perspectiva do apoio, no
sentido “do fazer com e não do fazer por” – garantindo o protagonismo dos estudantes
com deficiência. E as supervisoras, em conjunto com os bolsistas, vivenciam movimentos
de reflexão em relação às práticas: teoricamente fomentadas e redimensionadas pelas
próprias experiências. Por conseguinte, a cada supervisão, por meio dos relatos orais e
escritos – produzidos pelos estagiários – as práticas são revistas e direcionam novas
capacitações ou intervenções junto aos estudantes, cursos e professores. Os estagiários,
cujos saberes estão em construção, ao mesmo tempo em que mobilizam os
conhecimentos já estruturados, ao atuar, incrementam e expandem esses mesmos
saberes. Aliás, especialmente porque o tema da acessibilidade raramente é mobilizado
nas formações acadêmicas, percebe-se a importância do estágio na estruturação de seus
futuros fazeres profissionais, incluindo a docência. Além disso, a possibilidade de os
profissionais da CAE reverem suas práticas – e disseminarem seus saberes – fomentam
não apenas a formação acadêmica dos bolsistas, mas a construção de uma educação
realmente acessível e acolhedora.
Referências
BRASIL. LEI N° 13.146, DE 06 DE JULHO DE 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão
da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência), Brasília, DF, 2015.
DINIZ, D. Modelo Social da Deficiência: A Crítica Feminista. Série Anis 28, Brasília,
Letras Livres, 1-8, julho, 2003.
DINIZ, D. O que é deficiência. São Paulo: Editora Brasiliense; 2007. 96 pp. (Coleção
Primeiros Passos, 324).
OLIVER, M. Social work with disabled people. London: MacMillan, 1983.
OLIVER, M. Defining impairment and disability: issues at stake. Leeds: Disability Press,
1996.
83
TRIPP, D. Pesquisa-ação: uma introdução metodológica. Educação e Pesquisa, São
Paulo, v. 31, n. 3, p. 443-466, set./dez. 2005.
Maria Aldenora dos Santos Lima, Sõnia Elina Sampaio Enes, Élida Furtado do
Nascimento
(mariaal11@yahoo.com.br)
84
de Monitoria para Apoio ao Estudante com Deficiência (Promaed) e o Programa de Auxílio
Acadêmico ao Estudante com Deficiência (Pro-Pcd). A Universidade tem um total de vinte
e nove (29) alunos incluídos e dezesseis (16 ) monitores que auxiliem os alunos nas
atividades nas salas de aulas e extra classes. O quadro de apoio pedagógico temos uma
Revisora Braille, 07 Tradutores e Interpretes de Língua de Sinais do quadro permanente e
provisório que auxiliem os surdos no processo de escolarização e uma Assistente Social.
Referências:
CASTRO, S. F. Ingresso e Permanência de alunos com deficiência em
Universidades Públicas Brasileiras. 278 f. Tese (Doutorado), Universidade Federal de
São Carlos, 2011.
DEMO, P. (2004). Pesquisa e informação qualitativa: aportes metodológicos. 2.ed.
Campinas, SP: Editora Papirus, 135p. ISBN 85-308-0624-7
LACERDA, G. B. Políticas de Acesso, Autonomia e Permanência da pessoa com
deficiência nas instituições públicas de Ensino Superior da região Metropolitana do
Cariri. 143 f. Dissertação (Mestrado), Universidade Federal do Ceará, 2013.
LUDKE, M.; ANDRÉ, M.E.D.A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São
Paulo: Cortez, 2002.
MACEDO, M.M. S. B. Núcleo de Acessibilidade às pessoas com Necessidades
Educacionais Específicas (NAPNE): A inclusão na perspectiva dos jovens com
deficiência.111 f. Dissertação (Mestrado), Universidade Federal do Ceará, 2016
85
Spink e Medrado (2013) a partir da metodologia de análise das práticas discursivas e de
produção de sentidos. Resultados e discussões O planejamento do atendimento aos
estudantes com TEA e de políticas de inclusão e permanência no ambiente
escolar/universitário também foi evidenciado diante de sua narrativa. Elucidar
conhecimentos que são necessários e pertinentes tanto para a pessoa com autismo como
para quem convive com ela no ambiente escolar/universitário (professores, colegas de
turma, assistentes pedagógicos, psicólogos(as) educacionais), são fundamentais para
que o sujeito seja e sinta-se incluído nos diferentes contextos sociais. Entretanto, a
análise da narrativa nos aponta, também, para uma problemática no campo das práticas
educativas. O que nos leva a refletir o porquê dos espaços educativos têm uma
representação desfavorável diante de sua narrativa. Dialogo aqui, a partir de algumas
concepções do Modelo Social de Deficiência apontado por Diniz (2012) que, aponta para
um contexto social/escolar e práticas educativas que não estão estruturadas de modo
favorável às diferenças, ou seja, um espaço que se estrutura de forma excludente
produzindo a experiência da deficiência bem como do isolamento social. autistas.
Considerações Foi possível perceber através da narrativa de uma estudante universitária
autista os desdobramentos do diagnóstico durante sua trajetória escolar e em seu
contexto familiar, os desafios da inclusão e a permanência escolar, a importância da
atuação da família e dos profissionais da educação em prol da inclusão escolar e as
questões de sociabilidade que estão atravessadas no ambiente universitário.
Referências:
BECKER, Rosana. A constituição da infância: O que dizem as crianças de uma escola
pública catarinense sobre a experiência de ser criança e de ser aluno. 2006.
FREITAS, Ana Beatriz Machado de. Da Concepção De Deficiência Ao Enfoque Da
Neurodiversidade. Revista Científica de Educação, v. 1, n. 1, p. 86-97, 2016.
HÖHER CAMARGO, Síglia Pimentel; BOSA, Cleonice Alves. Competência social,
inclusão escolar e autismo: revisão crítica da literatura. Psicologia & Sociedade, v. 21, n.
1, 2009.
SPINK, Mary Jane P.; MEDRADO, Benedito. Produção de Sentido no Cotidiano: Uma
abordagem teórico-metodológica para análise das práticas discursivas. In: SPINK, Mary
Jane. Práticas discursivas e produção de sentidos no cotidiano. Rio de Janeiro:
Centro Edelstein de Pesquisas Sociais, 2013. Cap. 2. p. 22-41.
86
aplicação da inclusão torna-se uma tarefa um pouco complicada, visto que seria
necessária uma reforma educacional em grande escala, capacitação dos profissionais
envolvidos, intervenções arquitetônicas e na infraestrutura das escolas dentre vários
outros fatores. Diante destes fatores, este estudo teve como objetivo apontar a percepção
de pais e responsáveis por crianças com TEA de seus filhos em relação a arquitetura
sensorial. MATERIAL E MÉTODOS Como procedimentos técnicos adotados,
primeiramente foi realizada uma pesquisa bibliográfica, buscando as interferências
arquitetônicas sensoriais aplicadas a crianças com TEA, e como que este se relaciona
com o ambiente. Num segundo momento, foram realizadas entrevistas semiestruturadas
com os pais ou responsáveis de crianças com TEA, buscando entender como essas
crianças se relacionam com ao ambiente construído – a escola. As respostas foram
registradas com o auxílio de gravador e posteriormente transcritas, de modo a permitir a
Análise de Conteúdo. RESULTADOS E DISCUSSÃO Dentre aspectos apontados pode-se
confirmar que os estímulos sensoriais afetam o comportamento da criança com autismo,
essa relação também comprovada pelos estudiosos (MOSTAFA, 2008) (SÁNCHEZ;
VELÁZQUEZ; SERRANO, 2011). Pode-se perceber que os estímulos sensoriais mais
apontados pelos participantes foram os estímulos auditivos, como: problemas em relação
à acústica das escolas (que podem ocasionar eco), barulhos externos e internos à sala de
aula, apito, sinal. Os estímulos sensoriais também podem ser realçados positivamente,
conforme Mostafa (2008), a interação sensorial possibilita a organização de ideias e
informações, promovendo a habilidade de relacionar estímulos diferentes. Na terapia
desenvolvida por Ayres há um auxilio na estimulação da capacidade do cérebro de
reparar e pretende entre outras habilidades, auxiliar a concentração, a atenção, a
audição, o equilíbrio, a compreensão, a coordenação e o controle de impulsividade.
Enfim, é correto afirmar que a presença do aluno com TEA em sala de aula, é um desafio.
Porém, é indispensável que o educador, arquitetos e responsáveis façam observações
constantes, aprendizagens contínuas e, a cada dia, incertezas que nos instigam a buscar
novos meios de ensinar e aprender com ele. Conhecer suas limitações nas áreas
específicas do conhecimento também é preciso, no sentido em que precisamos priorizar
às suas potencialidades, estabelecendo objetivos e metodologias mais eficazes e
flexíveis, que variem de acordo com a necessidade de cada criança. CONCLUSÃO O
estudo teve como objetivo investigar a percepção dos pais e responsáveis por crianças
com autismo sobre a escola onde seus filhos estão inseridos, apresentando as
dificuldades observadas pelos mesmos. Neste sentido, constatou-se à falta de atenção de
arquitetos à acústica dos ambientes educacionais, e também, por parte de políticas
educacionais como a utilização do sinal como sistema de sinalização prejudicial ao
processo de inclusão.
REFERÊNCIAS
DÉOUX, Suzanne. Bâtir pour la santé des enfants. Editora: Medieco Éditions, 2010.
DISCHINGER, Marta; BINS ELY, Vera Helena Moro; BORGES, Moona Michele Haleiros
da Cunha. Manual de Acessibilidade Espacial para Escolas: o direito à escola
acessível! Brasília: MEC/Secretaria de Educação Especial,2009.
MOSTAFA, Magda. An Architecture for Autism: Concepts of Design Intervention for the
Autistic User. Archnet-IJAR, International Journal of Architectural Research. Vol. 2, 1,
pp. 189-204, 2008.
SÁNCHEZ, Pilar Arnaiz; VELÁZQUEZ, Francisco Sagado; SERRANO, Laureano
Albaladejo. Autism and the Built Environment. Universidad de Murcia e Universidad
Politécnica de Cartagena Spain: 2011.
87
PARTICIPAÇÃO DE ESTUDANTES NO RECONHECIMENTO E DIAGNÓSTICO DA
ACESSIBILIDADE NO ESPAÇO ESCOLAR
Este trabalho reflete um estudo realizado pela Secretaria de Educação, Cultura, Esporte e
Turismo e Secretaria de Planejamento e Meio Ambiente do município de Massaranduba
em colaboração com o Grêmio Estudantil de uma escola de ensino fundamental sobre o
tema da acessibilidade. Acessibilidade é um direito adquirido por lei, mencionado já na
Constituição Brasileira de 1988 (BRASIL, 1988). Na atual Lei Brasileira de Inclusão
(Estatuto da Pessoa com Deficiência)1 , de 6 de julho de 2015, art. 3o, inciso III, a
acessibilidade é definida como “possibilidade e condição de alcance[...],com segurança e
autonomia, de espaços, mobiliários, equipamentos urbanos, edificações, transportes,
informação e comunicação [...]”, por pessoas com deficiência ou com mobilidade
reduzida. Ainda, a distinta lei classifica as barreiras em urbanísticas, arquitetônicas, de
transportes, na comunicação e na informação (BRASIL, 2015). Nesta dimensão, este
trabalho tem por objetivo compartilhar a experiência intersetorial de secretarias municipais
que objetivam a participação de estudantes no estudo da acessibilidade sob enfoque das
barreiras arquitetônicas no ambiente escolar. A proposta busca evocar a participação do
estudante no processo de reconhecimento e diagnóstico sobre o uso dos espaços
escolares, considerando, assim, seu papel de ator social na construção da realidade
escolar e social. Incentivar a participação dos estudantes do Grêmio Estudantil partícipes
no estudo de acessibilidade é relevante neste processo. O estudo da acessibilidade nas
instituições escolares é um trabalho desenvolvido neste primeiro semestre de 2019 pelas
secretarias referidas. Nesta instituição escolar, porém, conta com a participação de alguns
estudantes. O Grêmio Estudantil consiste em grupo de alunos eleitos pelos demais
estudantes da escola. Este grupo apoia e organiza atividades escolares e representa os
interesses dos alunos. A iniciativa da participação do Grêmio Estudantil na realização do
diagnóstico da acessibilidade da escola partiu das secretarias intersetoriais, sendo aceito
pela professora responsável, pelo grêmio, bem como a gestão da escola que
acompanhou o processo. O trabalho consistiu na reunião desses estudantes com a
gestão escolar e as secretarias envolvidas. As referidas secretarias inicialmente
realizaram uma atividade de sensibilização dos estudantes mediante um vídeo sobre
inclusão de pessoas com deficiências e, em seguida, discutiram a respeito das normas
técnicas de acessibilidade. O documento oficial utilizado 1 Lei No 13.146, de 6 de julho de
2015. pela Secretaria de Planejamento e Meio Ambiente foi a NBR 9050 (2015),
considerando prioritariamente para este estudo: as dimensões, as especificações, as
adaptações de portas, banheiros, escadas, corrimãos, rampas e estacionamento. Em
seguida, os estudantes, acompanhado pelo gestor escolar e pelas secretarias envolvidas,
iniciaram o estudo prático das informações obtidas por meio de vistoria com o engenheiro
civil da prefeitura de Massaranduba. Conseguiram observar in loco os pontos a serem
observados com a NBR 9050 como adequações nos sanitários acessíveis, degraus mais
altos que o permitido, falta de corrimãos nas rampas, entre outros. O Grêmio Estudantil
torna-se partícipe do processo e a organização do relatório enviado à Secretaria de
Educação esteve sob responsabilidade dos estudantes. O documento final apresenta
maiores déficits em relação à falta de barras de apoio nos sanitários acessíveis, altura dos
88
degraus e acesso a pisos superiores. Já a dimensão das portas e o layout dos sanitários
acessíveis estão adequados às normas. O estudo será encaminhado às secretarias que,
através de seus responsáveis técnicos, irão propor soluções de acordo com a NBR 9050
(2015).
Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9050: Acessibilidade a
edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Rio de Janeiro. 2015.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, Brasília, DF, 5 out
1988.
BRASIL. Lei n. 13.146, de 6 de jul. de 2015. Estatuto da Pessoa com Deficiência,
Brasília, DF, 6 jul 2015.
Simone Schelbauer Moreira Paes, Daiane Priscila Simão-silva, Dra. Valquíria Elita
Renk
(simonepaes6@gmail.com)
89
estudo de campo com o levantamento de dados e entrevistas semiestruturadas aos
profissionais da Educação, utilizando-se a análise de conteúdo de Bardin e de estatística
descritiva. RESULTADOS E DISCUSSÃO Dentre os fatores de vulneração no ambiente
educacional elencados, destaca-se no contexto de proteção, a falta de reconhecimento do
TDAH, as estratégias pedagógicas de ensino insuficientes e a vulneração própria do
transtorno. Outro fator de vulneração destacado, desfavorável aos profissionais da
Educação, é descrito por Miranda (2011), como a jornada de trabalho excessiva, a
desvalorização financeira, sem incentivos de reconhecimento pessoal e a violência
escolar. Tais fatores dificultam colocar em prática as normativas de inclusão dos
estudantes com o TDAH e ferem os Direitos Humanos básicos de respeito à igualdade e
dignidade humana, dentre outros princípios. Entretanto, para facilitar a aplicação das
Diretrizes de Educação Especial no ensino regular, elencou-se fatores de proteção, como
um princípio moral mínimo de beneficência e justiça. A corresponsabilização pela tal
proteção, cabe ao Estado, às famílias e a sociedade como um todo. Para isso, é
necessário qualificar os Profissionais da Educação para o reconhecimento do TDAH,
estratégias pedagógicas adequadas e outras ferramentas didáticas mais específicas,
além do reconhecimento e incentivo aos Professores, resultando na garantia de direitos
que visem a promoção efetiva de uma inclusão digna dos estudantes com o TDAH, no
ensino regular.
REFERÊNCIAS
APA - AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual Diagnóstico e Estatístico de
Transtornos Mentais: DSM-V. Tradução de Maria Inês Corrêa Nascimento, et al. 5ª ed.
Porto Alegre: Artmed, 2014. 948 p.
BRASIL. Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação
Inclusiva. Brasília: Ministério da Educação e Cultura, 2008. 63 p.
MIRANDA, Theresinha Guimarães. Desafios da formação: dialogando com pesquisas. In:
CAIADO, Katia; JESUS, Denise Meyrelles; BAPTISTA, Claudio Roberto (Org.).
Professores e Educação Especial: formação em foco. Porto Alegre: Mediação, 2011.
224 p.
SANTA CATARINA (Estado). Resolução nº 100/2016/CEE/SC: Estabelece normas para
a Educação Especial no Sistema Estadual de Educação de Santa Catarina. Florianópolis,
2016. 6 p.
SCHRAMM, Fermín Roland. A Bioética de Proteção é pertinente e legítima? Bioética.
v. 19, n. 3, p. 713-724, out. 2011.
90
vivenciados pela sociedade a partir da ótica de Sassaki (1999). Para tanto, apresentamos
um recorte do referencial teórico que sustenta nossa pesquisa de mestrado, a qual está
em andamento. Por termos como objetivo geral potencializar a oferta de materiais
didáticos acessíveis aos estudantes cegos matriculados no ensino médio integrado,
buscamos articular educação profissional e tecnológica sob o prisma da educação integral
do sujeito (RAMOS, 2010; 2014) com educação especial sob a perspectiva da educação
inclusiva como modalidade de ensino não substitutiva ao ensino regular (MANTOAN,
2006). Compreendemos que a relação entre trabalho e educação, bem como, a pertença
das pessoas com deficiência, foram modificando se de acordo com as práticas sociais e o
processo de apropriação dos meios de produção vivenciados em cada um dos modelos
de sociedade. Nas comunidades primitivas, a apropriação dos meios de produção da
existência - entendida como o trabalho - e a educação se davam como ações
espontâneas do homem e como processos indistintos e indissociáveis, configurando,
assim, um modo de produção comunal desenvolvido por uma classe única. A partir da
divisão da sociedade em classes, trabalho e educação perderam a sua identidade
unitária. Consideramos que o modo de produção escravista da sociedade antiga, somada
à divisão da educação para homens livres e para escravos, tem relação com a fase de
exclusão das pessoas com deficiência. Por sua vez, na Idade Média, com a sociedade
feudal e os modos de produção manufaturados e em sequência o modo de produção
capitalista, estabeleceu-se a perspectiva da expansão da educação escolar para todos
com o advento do Cristianismo. No tocante às pessoas com deficiência, nesse período
origina-se o modelo caritativo de deficiência e a fase educacional de segregação. Na
modernidade, com a solidificação do capitalismo e da ciência positivista, emergiu o
modelo médico de deficiência correlacionado ao paradigma de integração social e escolar
das pessoas com deficiência. Hoje, vivenciamos o modelo social de deficiência e a
perspectiva da educação inclusiva, a qual tem como princípio a oferta de uma educação
de qualidade para todos, mediante a equidade de condições entre todas as pessoas sem
distinção. Contudo, entendemos que a estrutura social vigente, o capitalismo,
fundamenta-se nos sistemas de pertencimento de hierarquização social, sendo a
desigualdade e a exclusão. Ou seja, por fim, consideramos que nossa discussão sobre tal
temática ainda é incipiente, pois, assim como o desemprego estrutural faz parte da
manutenção do status quo, de certa forma, a inclusão excludente é necessária para o
sistema capitalista.
REFERÊNCIAS
MANTOAN, Maria Teresa Eglér. O direito de ser, sendo diferente, na escola. In:
RODRIGUES, David. (Org.). Inclusão e educação: doze olhares sobre a educação
inclusiva. São Paulo: Summus, 2006. p. 183-209.
RAMOS, Marise. Ensino médio integrado: ciência, trabalho e cultura na relação entre
educação profissional e educação básica. In: MOLL, Jaqueline (Org.). Educação
profissional e tecnológica no Brasil contemporâneo: desafios, tenções e
possibilidades. Porto Alegre: Artmed, 2010. p. 42-57.
_______. Filosofia da práxis e práticas pedagógicas de formação de trabalhadores.
Revista Trabalho & Educação, v. 23, n. 1, p. 207-218, jan./abr. 2014.
SASSAKI, Romeu Kazumi. Inclusão: construindo uma sociedade para todos. 3. Ed. Rio
de Janeiro: Editora WVA, 1999.
SAVIANI, Dermeval. Trabalho e educação: fundamentos ontológicos e históricos. Revista
Brasileira de Educação, v. 12, n. 34, p. 152-166, jan./abr. 2007.
_______. A pedagogia histórico-crítica. RBBA: Revista Binacional Brasil Argentina, v.
3, n. 02, p. 11-36, dez. 2014.
91
PRÁTICAS INCLUSIVAS: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA EM UMA ONG DESTINADA
A PESSOAS COM DEFICIÊNCIA
92
ainda mais enriquecedoras quando levadas à supervisão, um espaço para se dialogar
sobre casos específicos, trabalhar as angústias e resgatar a teoria dentro dos
atendimentos. Nesse sentido a formação humana, o respeito e a valorização da dignidade
são elementos-chave para garantir o direito de ser diferente, do trabalho e da educação
como ferramenta para acessar outros direitos.
93
pessoais, o auto cuidado com o corpo (durante o banho, escovação dos dentes) e durante
a alimentação servindo-se com independência. As relações interpessoais com o respeito
a diferença de cada um com um vínculo de afetividade e amizade entre os envolvidos.
Aquisição de noções espaciais, viso-motora e lateralidade. Conclui-se ainda
queindependente da conquista de medalhas durante a participação nas competições o
primordial foi o desenvolvimento neurológico psicológico e motor, a aprendizagem e os
benefícios com a saúde e as relações interpessoais fundamentais para a inclusão da
pessoa com deficiência. Vale ressaltar que todo ser humano é ímpar, por isso enquanto
professores precisamos observar cada um ao nosso redor, pois somente assim serão
incluídos e, consecutivamente, contribuímos para o desenvolvimento e a inclusão de
todos. Mas a inclusão ainda é um processo em construção, precisamos nos desconstruir
das atuais práticas consideradas inclusionárias para construir uma ideia que nos desafia a
conviver juntos a partir do respeito, do cuidado, da afetividade, sem pensar em
reciprocidade, mas sim na prática da alteridade.
REFERENCIAS
ALVES, F. Para entender Síndrome de Down. Rio de Janeiro: Wak, 2007.
CAMPEÃO. Márcia, Ronaldo Gonçalves de Oliveira. Bocha paraolímpica: manual de
orientação para professores de educação física. Brasília: Comitê Paraolímpico Brasileiro,
2006. 42p.: il.
HONORA, M.; FRIZANCO, M. L. E. Esclarecendo as deficiências. São Paulo: Cirando
Cultural, 2009.
94
experiências corporais ainda não alcançadas (visitadas). Vale ressaltar que a ideia sobre
a incorporação de novas formas de comunicação no mundo transcendia o fazer técnico
especifico de alguns movimentos da capoeira (conteúdo de uma cultura de movimento).
Ressaltando a ideia de que a corporeidade e a participação nas aulas de educação física
não estão presentes somente em execuções motoras de exercícios de controle motor.
Uma reflexão atual do campo da educação física que cita o movimento humano como
única e exclusiva forma de transcendência. Conclusão: Conseguimos perceber que a
relação dos educandos com os conteúdos da educação física pode ampliar
significativamente suas corporeidades (jeitos, formas, maneiras de ser-no-mundo). De tal
modo também verificamos que a semiótica nos permitiu um novo olhar sobre a atuação
do profissional de educação física em ambientes não formais. Pode-se afirmar que
semiótica é capaz de revelar o que esta por trás do visível em todo movimento humano.
Isso porque ficou evidente que por meio da presença do profissional de educação física
os educandos são beneficiados com um olhar sensível sobre seus corpos que muitas
vezes são negligenciados devido as suas particularidades.
Referências:
APAE Florianópolis, Google Analytics.
BETTI, M. et al. Por uma didática da possibilidade: implicações da fenomenologia de
Merleau-Ponty para a educação física. Revista Brasileira de Ciências do Esporte,
Campinas, v. 28, n.2, p. 39-53, jan. 2007.
BETTI, M. O que a semiótica inspira ao ensino da educação física. Discorpo, São
Paulo, n.3, p. 25-45, 1994.
MERLEAU-PONTY, Maurice. Fenomenologia da percepção. São Paulo: Martins Fontes,
1999
MERLEAU-PONTY, Maurice. Signos. São Paulo: Martins Fontes, 1991.
BRASIL. Constituição (2015). Lei nº 13.146, de 06 de julho de 2015. Lei Brasileira de
Inclusão da Pessoa Com Deficiência (Estatuto da Pessoa Com Deficiência).
CARNIEL, F.; STRAPASSON, A. M. A Educação Física na Educação Especial. Revista
Digital, Buenos Aires, v 11, n. 104, Janeiro de 2007.
COSTA, A. M., SOUSA, S. B. Educação Física e esporte adaptado: historia, avanços e
retrocessos em relação aos princípios da integração/inclusão e perspectivas para o século
XXI. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, v. 25, n. 3, p. 27-42, Maio de 2004.
FILUS, J ECO, Umberto. Tratado geral de semiótica. Tradução de Antônio de Pádua
Danesi e Gilson Cesar Cardoso de Souza. São Paulo: Perspectiva, 2003.
PEIRCE, Charles Sanders. Semiótica. Tradução de José Teixeira Coelho Neto. São
Paulo: Perspectiva, 2000.
SANTAELLA, Lúcia. O que é semiótica. São Paulo: Brasiliense, 2003.
SANTAELLA, Lúcia. Teoria geral dos signos. São Paulo: Pioneira, 2000.
95
disciplina Teoria e Metodologia dos Esportes Adaptados (TMEA), do Curso de
Licenciatura em Educação Física (EF) do Centro de Desportos (CDS) da UFSC. A partir
de um projeto desenvolvido pelas professoras dos segundos anos do ensino fundamental
do CA, intitulado “DIFERENÇAS”, as crianças tiveram a oportunidade de discutir,
conhecer e vivenciar temas, momentos e experiências sobre as distintas formas de “ser” e
“agir” no mundo. Esta temática também é objeto de estudo da disciplina de TMEA na
formação inicial. Há necessidade e urgência de formar cidadãos mais conscientes sobre a
deficiência e avistar na escola um espaço propício para esta formação possibilita que os
atores sociais utilizem de projetos escolares para este fim (ONU, 2006). Além disso,
aproximar os graduandos do cotidiano e das funções exercidas por um professor atuante
possibilita o reconhecimento do ambiente escolar e o desenvolvimento dos
conhecimentos da teoria e prática (RANGEL; BETTI, 1996). Considerando a importância
de discutir sobre diferenças na escola, optou-se por selecionar um dos conteúdos da
TMEA para realizar uma experiência de ensino no esporte adaptado. Objetivo: relatar a
experiência de ensino do atletismo adaptado com os alunos dos segundos anos do ensino
fundamental. Métodos: participaram dessa experiência 74 alunos dos segundos anos do
ensino fundamental do CA, 30 graduandos do curso de EF, seis professores e estagiários.
A experiência aconteceu em dois dias na pista de atletismo do CDS. A idealização desta
ação teve iniciativa da professora de EF do CA, que discutiu, inicialmente, a dinâmica da
experiência com a professora do departamento de EF do CDS. Posteriormente a
conversa, os alunos da graduação responsabilizaram-se pela organização, planejamento
e realização das atividades. Cada dia de experiência contou com 37 crianças.
Inicialmente, os graduandos receberam as crianças com uma conversa inicial, levantando
questionamentos sobre as deficiências e o esporte adaptado. Na sequência, as atividades
foram realizadas em forma de circuito, organizadas em três estações (figura 1), com
duração de 15 minutos cada: a) salto em distância vendado; b) corrida em cadeira de
rodas; e c) arremesso de peso sentado. Além dessas atividades, uma atleta, estudante da
UFSC, do atletismo foi convidada para uma exibição da modalidade “Petra”, que é
destinada para pessoas com paralisia cerebral que se utilizam de um triciclo para
executar a corrida.
96
Figura 2. Roda de conversa final com a atleta de Petra.
97
movimento de inclusão mesmo após as discussões mais presentes da década de 90. E
embora muitas crianças com deficiência estejam inseridas no ambiente escolar, em
muitos casos, não participam de maneira efetiva das aulas de educação física. A
promoção da inclusão nas aulas de Educação Física está associada com aspectos
atitudinais e procedimentais, sendo o primeiro relacionado à concepção de homem que se
quer formar, à atitude de aceitação e promoção da diversidade humana. E o segundo,
relacionado às metodologias de ensino, dos procedimentos didáticos e dos
conhecimentos teóricos adotados (CHICON, 2008). Dessa maneira, atitudes positivas
vindas dos professores são uma potente variável no ensino, e essenciais para a inclusão
de alunos com deficiências. Além disso, sabe-se que o sucesso da inclusão advém de um
processo complexo de articulação e colaboração de todos os atores sociais da
comunidade escolar e da comunidade externa. Objetivo: Analisar a percepção de
professores sobre a inclusão de alunos com deficiência nas aulas de educação física.
Metodologia: Participaram do estudo 56 professores de Educação Física (49% homens e
51% mulheres) da rede municipal de ensino de Florianópolis com média de idade de 34±8
anos e tempo de atuação de 8±8 anos. Para a avaliação da percepção dos professores
diante da inclusão, foi aplicado um questionário baseado na escala utilizada por Gorgatti e
Junior (2009). Para o presente estudo foram escolhidas 4 questões, cada uma
englobando as temáticas de formação, procedimentos pedagógicos, relação entre pares e
suporte externo. Resultados: Os resultados são apresentados na tabela 1 expressos em
percentual da frequência relativa. Tabela 1. Percepção dos professores sobre a inclusão
de alunos com deficiências nas aulas de Educação Física.
98
o suporte externo para potencializar um ensino inclusivo ainda parece ser uma realidade
distante ou acessível para poucos, segundo a percepção dos mesmos.
Referências
CHICON, J. F. Inclusão e Exclusão no Contexto da Educação Física Escolar. In: Revista
Movimento, Porto Alegre, v. 14, n. 01, p. 13-38, 2008.
GORGATTI, M.; ROSE JÚNIOR, D. Percepções dos professores quanto à inclusão de
alunos com deficiência em aulas de educação física. Movimento, v. 15, n. 2, 2009.
UNESCO. 48th International Conference on Education - Conclusions and
Recommendations. Geneve: IBE, 2008.
99
As propostas de ações com as famílias foram realizadas a partir de visitas e reuniões,
para apresentar e orientar quanto às possibilidades de participação das pessoas com
deficiência em desenvolvimento de atividades da rotina familiar, escolhas e participação
em diferentes espaços. Com relação às pessoas com deficiência, as ações tiveram como
objetivo a oportunização de momentos de escuta atenta, autonomia e autogestão, para
levá-las a repensar sua existência social e motivá-las a experiências e vivências mais
autônomas.Segundo Bins (2013, p. 54) a crença de que a idade mental será sempre de
criança, estabelece relações de poder da família em relação a esse sujeito. Sendo que a
superação desse paradigma de “eterna criança” pode ser buscada por meio de vivências
concretas e novas aprendizagens significativas. Para o grupo de profissionais a pesquisa
enfatizou o sentimento de autoria, por meio do qual, percebem-se agentes de sua prática
e a necessidade de organização de um percurso formativo contínuo. As ações propostas
e desenvolvidas, em sua aparente simplicidade, dialogam com o compromisso ético e
social dos profissionais da educação, na constituição de práticas que contemplam e
respeitem a individualidade, as reais vontades e necessidades, as prerrogativas de
autonomia e independência, bem como, a complexidade das relações sócio-culturais
vivenciadas pelas pessoas com deficiência e suas famílias.
REFERÊNCIAS
BINS, Katiuscha Lara Genro. Adultos com deficiência intelectual incluídos na
educação de jovens e adultos: apontamentos necessários sobre adultez, inclusão e
aprendizagem. Tese de Doutorado. Porto Alegre, 2013.
THIOLLENT, Michael. Metodologia da Pesquisa-ação. 7 ed. São Paulo: Cortez, 1996.
10
0
Introdução: O movimento denominado autodefensoria vem sendo organizado e fomentado
no Brasil pelo movimento apaeano desde 2001 e tem avançado ao longo do tempo
(FENAPAES, 2009). A orientação da Federação Nacional das APAES – FENAPAES, é
que a autodefensoria seja instituída através de um programa que dê voz e vez a pessoa
com deficiência intelectual e suas famílias. A autodefensoria é formada por dois conceitos:
o de autogestão e autodefesa. “Autogestão supõe a apropriação da identidade pessoal,
sua singularidade para o desenvolvimento da autonomia e o que derivar dela.”
(FENAPAES, 2009, p.28). Glat (2004) refere-se à autodefesa como um processo no qual
as pessoas com deficiências intelectual e múltipla passam a “lutar pessoalmente pela
defesa de seus direitos, tomar suas próprias decisões a respeito de suas vidas, reivindicar
voz e espaço para expressar suas ideias, desejos, expectativas e necessidades”. (GLAT,
2004, p. 02). No ano de 2008 foi eleito o primeiro casal de autodefensores. Em 2012 é
iniciado o Programa de Autodefensoria na APAE de São João Batista/SC através do
Projeto de Formação de Autodefensores e Grupo para familiares. Neste documento será
relatada a experiência do Projeto de Formação de Autodefensores. Objetivos: Oferecer
formação aos alunos do Serviço de Atendimento Específico – SAE, a fim de desenvolver
com habilidade o papel de autodefensor. Metodologia: No Projeto de Formação de
Autodefensores foram selecionados 15 (quinze) alunos com idades entre 18 a 60 anos,
com deficiência intelectual leve ou moderada, significativa promoção da autonomia e
facilidade em trabalhar em grupo. As atividade foram realizadas em grupo, com uma
carga horária de 2 (duas) horas semanais, conteúdo programático, controle de frequência
2 e avaliação. Os conteúdos abordados foram: eliminação de rótulos, identidade,
autonomia e participação e defesa dos seus próprios direitos. Resultados: A pessoa com
deficiência intelectual e múltipla quando não consegue ser ouvida ou sequer levada a
sério conforma-se e acomoda-se numa situação de dependência que, longe de ser
positiva, leva a infantilização extremada, transformando homens e mulheres em eternas
crianças (FENAPAES, 2009). É fundamental que possamos pensar em como mudar a
visão que ainda temos da pessoa com deficiência intelectual e múltipla, formando-os
adultos que consigam gerenciar suas vidas com maior autonomia e independência. O
movimento de autodefensoria é um dos caminhos para a mudança. Os resultados
alcançados até o momento foram mensurados através de avaliação individual ao final de
cada encontro, permitindo-nos perceber a compreensão dos participantes referente aos
assuntos abordados. Estes resultados são revelados em falas como: “Aprendi o que é
deficiência intelectual”; “Autogestão é conseguir fazer as coisas sozinhos”; “Gostei de
saber a causa da minha deficiência”; Aprendi a comprar a passagem de ônibus sozinha”.
Através dos registros destas falas, que são realizadas ao final de cada encontro,
avaliamos que os participantes deste projeto iniciaram um processo de autopercepção
enquanto pessoa com deficiência intelectual e múltipla. Muitas alunos diziam se perceber
como: “pessoas com problemas”, “problemas na cabeça”, como “especiais”, e aos poucos
foram se apropriando do termo: pessoa com deficiência intelectual e múltipla. Conseguir
se enxergar enquanto pessoa com deficiência intelectual e múltipla é o primeiro passo
para o romper preconceitos e lutar na defesa de direitos deste segmento.
10
1
Referências:
GLAT, Rosana. Auto-defensoria – movimento de autonomia de pessoas com deficiência
mental: uma proposta político-educacional. Minas Gerais, 2004. 12f. (Texto digitado).
GONZÁLES, Miguel. Você não é uma ilha: Dinâmicas de Grupo. São Paulo: Paulinas,
1993.
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Projeto Sinergia – Volume 3. Brasília, 2009.
FENAPAES. Inclusão Social da pessoa com deficiência intelectual e múltipla:
autogestão,autodefesa e família. Projeto Águia. Brasília, 2011.
FENAPAES. Inclusão Social da pessoa com deficiência intelectual e múltipla:
trabalho,
emprego e renda. Projeto Águia. Brasília, 2011a.
ROCHA, Mônica Neves. Orientação do Trabalho da Autodefensoria da APAE de São
Paulo. Revista Deficiência Intelectual. São Paulo, Ano 7, número 13-14, p. I-IX,
Jan/Dez.2018.
10
2
É cada vez mais vigente entre os(as) profissionais da educação, a necessidade de pensar
e (re) significar a docência para as pessoas jovens, adultas e idosas com deficiência
intelectual 1 na instituição especializada. A sistematização de ações e intenções, neste
relato de experiência, visam sobretudo, compreender a reflexão da prática pedagógica
como instrumento de aprimoramento, como parte de um fazer reflexivo, mais rigoroso.
Para iniciarmos a contextualização teórica nos propomos a reflexão dialógica sobre a
educação em suas formas e especificidades. O termo educação pode ser compreendido
em um sentido amplo, mediante a ideia de processo, que corresponde a diversas
aprendizagens em diferentes ambientes ou grupos sociais e/ou, associada à ideia de
escolarização. Souza (2011) argumenta que a educação está intimamente relacionada à
conjuntura política e econômica das sociedades em seus diferentes momentos históricos,
revelando as contradições sociais existentes, e a luta para que a busca pelo direito social
à educação, não se distancie do direito humano do acesso ao conhecimento. As
possibilidades de fazeres e ações pedagógicas que embasam-se no respeito e na escuta
atenta das pessoas com deficiência intelectual, tem sido um dos objetivos do trabalho
educativo na instituição. A partir da proposição de pequenas mudanças observamos
ganhos em independência e participação, tanto das próprias pessoas quanto de suas
famílias. Transformamos o nosso olhar e de forma gradativa, encaminhamos as famílias a
se tornarem parceiras nos objetivos do fazer educativo. A participação da família, no início
tímida e hoje mais efetivamente na instituição, subsidia a continuidade e aprimoramento
das ações, com o objetivo de uma transformação da realidade vivenciada. A equipe
comprometeu-se com a formação continuada, com o estudo do Currículo Funcional, por
meio da qual aprimoramos as práticas, proporcionando diferentes oportunidades de
escolha, participação, independência, autonomia e autogestão. A prática 1 A deficiência
intelectual é uma deficiência caracterizada por limitações significativas tanto no
funcionamento intelectual quanto no comportamento adaptativo, que abrange muitas
habilidades sociais e práticas cotidianas. Esta deficiência se origina antes dos dezoito
anos (AAIDD, 2015). educativa exige compromisso ético, a formação de pessoas críticas,
com discernimento, autoconhecimento, autonomia de criação e recriação do próprio
trabalho, considerando sempre as limitações que compõe a condição humana, na
incompletude do conhecer, do fazer e do sentir (ALMEIDA, 2015, p. 182). Salientamos
que as práticas exigem persistência e diferentes metodologias, que sejam ações
conjuntas e com apoio de todos os envolvidos, num trabalho em equipe e com
continuidade por todos (profissionais e família). Sonhar com uma sociedade em que as
pessoas com deficiência intelectual possam ter seu espaço, seus direitos e sua autonomia
garantidos requer a crença na possibilidade de um “inédito viável”. Assim, abordamos as
ideias que nos auxiliam a buscar embasamento para realizar uma prática pedagógica
mais comprometida e significativa.
REFERÊNCIAS
AMERICAN ASSOCIATION ON INTELLECTUAL AND DEVELOPMENTAL DISABILITIES
(AAIDD) Definition of intellectual disability. Disponível em:
<http://aaidd.org/intellectual-disability/definition#.VDCZIDXV4>. Acesso em 10 dez. 2015.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Esperança: Um reencontro com a pedagogia do oprimido.
Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1999.
SOUZA, Maria Antônia de. Educação de Jovens e Adultos. Curitiba: IBPEX, 2011.
10
3
CENTRO DIA: QUALIFICANDO O ATENDIMENTO DA PESSOA ENVELHECENTE
COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL
10
4
O AUTISMO NO CONTEXTO FAMILIAR
10
5
realizados com crianças autistas e seus familiares, apresentando alguns resultados que
serão importantes para a conclusão do trabalho. Desenvolvimento O autismo no decurso
do tempo, teve sua história marcada por vários conceitos e nomenclaturas. Entretanto,
atualmente é utilizada a seguinte terminologia: Transtorno do Espectro do Autista (TEA),
que é caracterizado por um distúrbio do neurodesenvolvimento apresentando um
comprometimento funcional, evidenciando déficits na interação social e na comunicação,
padrões de comportamento repetitivos e estereotipados e um repertório restrito de
interesses e atividades (MELLO, 2007; OTTO, 2013). Tem-se como primeira descrição
dessa síndrome, segundo Bosa e Callias (2000), que foi retratada por Leo Kanner,
psiquiatra austríaco radicado nos Estados Unidos que em 1943, onze crianças
apresentaram casos com uma característica em comum que seria a incapacidade de se
relacionarem com outras pessoas e severos distúrbios de linguagem e uma preocupação
obsessiva pelo que é imutável. Kanner foi o primeiro a descrever o autismo infantil
clássico, identificou essas características como autismo infantil, considerando-o uma
categoria independente da esquizofrenia.Porém, após as considerações feitas por Kaner,
Rutter (1985), na década de 1970, entendeu que seria necessário distinguir o que eram
as severas desordens mentais, surgidas na infância e as psicoses cujo aparecimento se
fazia mais tarde (BOSA; CALLIAS, 2000). Sobre esse aspecto, os autores afirmam que:
Considerando que uma séria anormalidade no processo de desenvolvimento per se está
presente desde cedo na vida da criança (evidência dessa desordem deve ser aparente
nos primeiros 36 meses de vida de acordo com o DSM-IV/APA (1994), o termo
‘transtornos invasivos do desenvolvimento’ tem sido adotado, desde a década de 80.
(BOSA; CALLIAS, 2000, p.25). As causas e origens do autismo ainda são desconhecidas,
no entanto, pesquisadores sugerem que os fatores genéticos, neurológicos e sociais da
criança, ocorrem com maior frequência em meninos com uma prevalência de 70 casos
para cada 10.000 habitantes e, no Brasil pesquisas recentes apontam para 27,2 casos
para cada 10.000 habitantes (PINTO et al., 2016). Diante do exposto, o diagnóstico
precoce é um fator essencial para o tratamento do autismo e para isso é necessário que
os pais, responsáveis e cuidadores tenham conhecimento dos sintomas e
comportamentos característicos que se iniciam antes dos 3 anos de idade. São
características padrões como a dificuldade de comunicação e interação social e
principalmente com relação ao restrito ciclo de atividades e interesses (PINTO et al.,
2016). Já na visão de Pereira (2011), as principais características do autismo são:
1.Respostas anormais a estímulos auditivos; 2. Pouco contato visual com as pessoas; 3.
Ausência ou atraso de linguagem nos primeiros anos de vida; 4. O comportamento
baseado em rotinas; resistência a mudanças; 5. Dificuldades no desenvolvimento das
habilidades físicas, sociais e de aprendizagem; 6. Autodestruição ou comportamentos
agressivos com outras pessoas; 7. Fascinação por objetos rotativos, como ventiladores,
piões etc.; 8. Choro ou riso incontroláveis e sem motivo; 9. Reação exagerada a estímulos
sensoriais, como luz, dor ou som (PEREIRA, 2011, p.52). O diagnóstico de um caso de
autismo em uma família inicialmente é estressante e bastante confuso, ocasionando
comprometimentos e mudanças de ordem afetivo-emocional, tanto na criança quanto nos
pais. Para Maia Filho et al. (2016, p.4), “a família apresenta dificuldades em lidar com este
tipo de situação, podendo desenvolver posturas e atitudes inadequadas que não
contribuirão para o desenvolvimento da criança nem trarão equilíbrio da dinâmica
familiar”. Dessa forma, o autismo é um tipo de transtorno agrupado aos Transtornos
Global do Desenvolvimento (TGD), é considerado um dos transtornos de desenvolvimento
mais comuns, do qual os impactos alçam a pessoa diagnosticada, bem como seu
contexto social e familiar (Fombonne, 2009). Para os autores Andrade; Teodoro (2012), a
ocorrência de uma doença crônica na família ocasiona um quadro de mudança que
10
6
implica no entrelaçamento de três fios evolutivos que são doença, os ciclos de vida da
pessoa e as famílias e, portanto, a adaptação familiar a este contexto depende de muitas
variáveis que não ocorrem de maneira linear e progressiva. Já Sprovieri (2001, 77),
entende que: A definição de autismo corrobora que ele compromete seriamente o grupo
familiar quando esta passa a viver com o problema. Usualmente, as relações familiares
são naturalmente afetadas quando um elemento de seu grupo apresenta uma doença. As
limitações vivenciadas frente à doença levam-na a experimentar alguns tipos de limitação
permanente, que são percebidos em sua capacidade adaptativa ao longo do
desenvolvimento. Assim, o autismo do filho coloca os pais frente a emoções de luto pela
perda da criança saudável que esperavam. Apresentam, por isso, sentimentos de
desvalia por terem sido escolhidos para viver essa experiência dolorosa. Pereira (2011,
p.51), enfatiza que a “participação, o amor e a dedicação da família para o tratamento é a
saída para driblar a falta de recursos financeiros destinados a pagar tratamentos caros, a
falta de informação sobre o assunto e a escassez de profissionais especializados”.
Complementado, Semensato; Schmidt; Bosa (2010), ainda entendem que há uma grande
sobrecarga estressora sobre mães, como as responsabilidades corriqueiras, as consultas
com os diversos profissionais, que tomam todo o tempo não sobrando espaços para
cuidados pessoais e de outras relações, demonstrando a necessidade eminente de
intervenções que levem em consideração toda a unidade familiar. A família é obrigada a
dar conta de tudo e sem apoio especializado aumenta o número casos de tensão física e
psicológica, culpa e risco de crise nas mães, com casos graves de depressão e
ansiedade. Ao investigar o contexto da revelação do diagnóstico do autismo e o impacto
nas relações familiares Pinto et al., (2016), por meio de entrevistas aos familiares de
crianças com diagnóstico de TEA, constataram que a revelação do autismo foi muito difícil
e que a maioria no início buscou na negação uma estratégia de fuga. Essa negação,
segundo os pesquisadores citados essa é uma das fases em que passa os familiares, que
recebem o diagnóstico de uma doença, fazendo-os vivenciar as mesmas fases do luto,
sendo uma adaptação que geralmente atravessam quando perdem algo significativo ou
almejado. Outra questão importante é a maneira com o transtorno é comunicado aos
familiares. Muitos pesquisadores enfatizam que a sensibilidade e o zelo com a informação
acerca do diagnóstico de autismo, deveria ser uma das principais formas de demonstrar
cuidado ao apresentarem suas considerações. Visto que, de acordo com os familiares a
comunicação no momento da indicação de que a criança é autista, ocorre forma rápida,
direta e fria, sem elaboração e uma preparação prévia de informações sobre o autismo
antes de uma comunicação oficial, mesmo vindo por parte de profissionais competentes e
preparados. Em sua pesquisa acerca do Transtorno do Espectro Autista, Maia Filho et al.,
(2016), buscavam relacionar a importância da família no cuidado da criança autista. As
respostas encontradas pelos autores, sobre como ocorreu a revelação, foram divididas
entre pais que aceitaram de maneira normal, e de pais que precisaram passar pelo
período do luto, mas muitos disseram se conformar e aceitar rápido, até porque a maioria
deles já tinham casos de autismo na família. Dos 18 pais entrevistados, 3 apresentaram
casos de extrema negação e depressão, custando a aceitar o diagnóstico. Porém, esses
mesmos pesquisadores afirmam que os pais que receberam o diagnóstico de forma
branda, calma e com explicações detalhadas de como agir e procurar ajuda, sempre
incentivando a acolher, amar e buscar ajuda profissional, obtiveram melhores resultados
em transpor o choque inicial e se mostraram mais abertos as adaptações e mudanças
que teriam que enfrentar nas esferas familiar, educacional e social. Ao buscar relatos de
experiências parentais de familiares com autismo, Semensato; Schmidt; Bosa (2010),
fizeram um estudo com 7 mães de crianças autistas objetivando relatar o manejo de
comportamento; as relações com profissionais e serviços de saúde e a influência das
10
7
relações familiares e envolvimento no cuidado com o filho, buscando entender como
ocorreu essa compreensão da doença e como ocorre o manejo dos comportamentos e
suas dificuldades, o apoio especializado e como ocorrem as relações familiares com a
criança autista e os demais familiares. Para essas mães que fizeram parte do estudo, o
sentimento de impotência é frequente, desde os cuidados inerentes ao dia a dia com a
criança autista até as situações graves como doenças ou mudanças da rotina, que geram
comportamentos inadequados, que foram associados por exemplo, à dificuldade de
entender e manejar atitudes dos filhos com TEA, como rasgar as roupas, rejeitar
alimentos e se auto agredir. Nesses casos, essas condutas reforçam os problemas de
comportamentos das crianças, sendo importante modificar a estratégia com orientação e
informação de especialistas. O cuidado com a criança autista requer dos pais um
dinamismo diário, pois o autista não apresenta o mesmo comportamento todos os dias,
embora os sintomas sejam sempre os mesmos: isolamento social, rotinas e
comportamentos repetitivos, risos inapropriados, retardo ou dificuldade na comunicação,
ecolalia, fixação por girar objetos. Eles não respondem aos métodos normais de
aprendizagem, não mantêm contato visual, possuem resistência ao contato físico, são
auto agressivos. Entretanto, o que muda é a forma com que a criança manifesta o seu
comportamento, que se modifica diariamente. Isto exige da família, a cada momento, a
descoberta de novas formas de atuar frente ao transtorno autístico (VIDEBECK, 2012
apud ZANATTA et al., 2014, p. 274).N Aos familiares, é importante que adotem condutas
adequadas no enfrentamento das diversas situações que acometerão seus filhos autistas,
já que há uma situação de vulnerabilidade por parte da criança que causa inicialmente
total dependência dos pais, particularmente da mãe. É uma rotina de cuidados árdua,
difícil e cansativa tanto pelo esforço físico quanto pelo desgaste emocional,
principalmente quando é realizado apenas por uma pessoa, geralmente a genitora
(ZANATTA, et al., 2014). Outro aspecto importante é o isolamento social, apresentado na
pesquisa de Zanata et al. (2014), que aponta para o fato de que grande parte dos
familiares se isolam ao descobrir um filho autista, com medo da reação das pessoas e
ante a reação das outras crianças. Muitos não entendem as situações que ocorrem e
julgam, recriminam e criam situações desagradáveis, que para os pais é melhor evitar.
Logo, é fundamental a adoção de algumas mudanças no grupo de parentes da pessoa
autista, havendo mais flexibilidade e menos rigidez nos padrões familiares para que
ocorra o desenvolvimento individual, familiar e social. Do mesmo modo, também é muito
importante que os pais exercitem e fortaleçam o equilíbrio das emoções em função dos
comprometimentos presentes no autismo, particularmente no que se refere as formas de
agir e reagir da pessoa autista e seus familiares em situações inesperadas. É preciso
haver o envolvimento de todos os familiares no tratamento, na frequência às instituições
educacionais, para que cada familiar possa exercer sua individualidade, e a criança
autista possa interagir externamente (SPROVIERI; ASSUMPÇÃO JR., 2001). Em nosso
estudo, as famílias assintomáticas foram consideradas mais facilitadoras da saúde
emocional. A comunicação nessas famílias é mais clara. A liderança se mostra flexível.
Os membros da família podem expressar sua agressividade e, ao mesmo tempo, ter
espaço para a afeição física com a troca de carinho. A individualização de cada membro
está presente, sem comprometer a integração do grupo familiar. O casal tem autoestima
adequada e se diferencia na interação conjugal. Enfim, nestas famílias existe a
possibilidade de crescimento tanto individual quanto familiar e, nelas, os pais têm maior
condição de resgatar experiências não-vividas através da educação de seus filhos e por
eles são estimulados ao corresponderem às expectativas do social (SPROVIERI;
ASSUMPÇÃO JR, 2011, p.235). Sob outro prisma, os principais fatores que influenciam
negativamente a adaptação materna no contexto de um diagnóstico autista, segundo
10
8
Meimes et al. (2015, p.419), destacam- se: A falta de apoio social e conjugal, pouco
acesso aos serviços de saúde, sobrecarga materna devido às características infantis,
desafios impostos pela doença, dificuldades em observar aspectos positivos nas
habilidades infantis. Somam-se a isso, as dificuldades em rever as estratégias de
enfrentamento da doença, além da abdicação à vida profissional que incide
negativamente no impacto do diagnóstico na vida social da mãe. Sabe-se que a
capacidade parental de identificar habilidades nas crianças, sejam estas com
desenvolvimento típico ou com autismo, gera ganhos à adaptação familiar. Contudo, para
que isso ocorra é necessário que o impacto do diagnóstico seja mediado por uma rede de
apoio social, pela percepção e identificação dos recursos intra e extrafamiliares, por
estratégias efetivas de enfrentamento e pela qualidade oferecida pelos sistemas de
saúde. É importante incluir a família como parte do tratamento de uma criança autista,
pois ela é essencial para promover o desenvolvimento e a autonomia desse indivíduo,
preparando-o para o futuro. Lopes (2018, p.57), enfatiza que “qualquer tratamento deve
incluir o treinamento da família (pais, cuidadores, avós, tios, irmãos, babás), o que trará
grande benefício para a construção e o progresso da autonomia de uma criança com
síndrome autista”. Nesse mesmo segmento, os familiares devem almejar o
desenvolvimento de suas habilidades emocionais, já que essa é uma competência que irá
contribuir significativamente para que possam se adaptarem melhor às circunstâncias
atípicas e desafiadoras inerentes ao Transtorno de Espectro de Autismo. É relevante
enfatizar a assistência médica, psicológica e pedagógica são imprescindíveis para que os
familiares possam se ajudar e ajudar a criança autista a se desenvolver com autonomia,
inclusão em todos os segmentos da sociedade e qualidade de vida, pois uma família forte,
serena e tranquila e que identifica os sintomas do autismo logo no início, conseguem se
ajudar mutuamente para cuidar dessa criança de maneira mais efetiva e com a
participação de todos. Considerações Finais Ao analisar o diagnóstico de autismo e como
as famílias são afetadas, ao longo do seu ciclo vital, principalmente como ocorre a
adaptação dos genitores e como isso atinge a construção da autonomia do sujeito, este
trabalho deparou-se com a questão de que a negação e a culpa têm no primeiro momento
um efeito preponderante, para que depois os pais aceitem e busquem ajuda para seus
filhos autistas. As mudanças que ocorrem na família ao receber um diagnóstico de
autismo são grandes e afetam a todos os familiares, porém, principalmente a mãe que é
quem mais ainda se dedica integralmente para o cuidado da criança. O fato é que a
família exerce um papel primordial na vida da criança autista e, por mais que ela não
esteja preparada para as situações e as transformações que ocorrem, ela precisa
compreender e aceitar, regular as emoções e tomar as melhores decisões para lidar com
desafios inéditos, ajustar-se à nova realidade e procurar ajuda profissional para diminuir
os problemas que possivelmente seguiram ciclo de vida dessa pessoa, o filho autista. É
importante considerar que grande parte dos estudos acerca das repercussões do autismo
no contexto familiar não abrangem as diversas etapas e transformações experienciadas
no transcorrer da vida do indivíduo com TEA e sua família. Assim, verifica-se a
necessidade de realização de mais pesquisas no sentido de que se possa conhecer
melhor a extensão das adversidades e soluções encontradas no decurso do tempo pelas
famílias que têm um membro autista (Gray, 2006). Ao se envolver completamente, a
família, além de facilitar o processo de desenvolvimento dessa criança, permitirá que ela
cresça com mais autonomia e em um ambiente equilibrado, fortalecido, harmonioso e
seguro.
Referências
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revisão da literatura. In: Contextos clínicos, v.5, n.2, p.133-142, jul.-dez./2012.
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v.5 p.104. Brasília: CORDE, 2007.PEREIRA, Cyelle Carmem Vasconcelos. Autismo e
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Revista de Ciências da Saúde, v. 9, n.2.Facene/Famene. 2011.
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Disponível em: <http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/revistapsico>. Acesso
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ZANATTA, Elizangela Argenta et al. Cotidiano de famílias que convivem com o autismo
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Rômulo Fabiano Silva Vargas, Caroline de Souza Mattos, Laura de Macedo Haeser
(romulosilvavargas@gmail.com)
11
0
mental, indicando que experiências infantis precoces são constitutivas e permanecem
inscritas por toda a vida e influenciam a aprendizagem, o comportamento e a saúde
(Izquierdo et al., 1992; Jerusalinsky et al., 1997; Izquierdo, 1999; CDC, 2010; NCPI,
2014). Apesar das evidências do papel da prevenção e da identificação precoce de
agravos no desenvolvimento infantil, em geral, os profissionais apresentam dificuldade em
acompanhar o desenvolvimento psíquico dos bebês.Nesse sentido, capacitar professores
de educação infantil para que identifiquem sinais de alerta e habilitá-los para uma
intervenção oportuna, justifica propostas para estes contextos. Para a Organização das
Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, UNESCO (2001) “a última
década forneceu mais evidências que programas de cuidados e educação na primeira
infância, [...] têm impacto positivo sobre [...] o desenvolvimento e o potencial de
aprendizagem”. A prevenção e a intervenção precoce são respostas possíveis e a
Pesquisa Multicêntrica IRDI realizada de 2000-2008, criou um instrumento de detecção
precoce com base em indicadores de risco psíquico em bebês de zero a dezoito meses,
para uso na pediatria. Em 2012, o IRDI ingressou no campo da educação considerando
que os profissionais de educação infantil encontram-se ao lado dos familiares nos
cuidados e na educação das crianças pequenas e, são agentes importantes no
encaminhamento tempestivo e cuidadoso quando há sinais de alerta no desenvolvimento
e também na oferta de cuidados preventivos. Esta pesquisa para os NEIMs, objetiva
capacitar professores a se tornarem auxiliares na promoção de saúde mental, por meio do
acompanhamento dos seus supervisores. A questão norteadora pretende avaliar o efeito
sobre as práticas de cuidados com bebês, após formação em Metodologia IRDI. A
aplicação da pesquisa, consiste em seis encontros, para: aplicação de questionário aos
supervisores e professores (pré-teste); formação teórica e grupos de estudos com
supervisores; aplicação do questionário final (pós-teste) e devolutiva. Os dados
quantitativos serão tratados em planilha eletrônica e aos qualitativos será aplicada Análise
do Discurso. É esperado que após o processo formativo, os profissionais conheçam os
norteadores do desenvolvimento psíquico de bebês e a Metodologia IRDI seja
incorporada às discussões e ao planejamento pedagógico desta rede de ensino.
Referências CDCS (CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION) (2010).
Identified Prevalence Of Autism Spectrum Disorder. Disponível em
:http://www.cdc.gov/ncbddd/autism/data.html. Acesso em: 04 de maio de 2018.
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Izquierdo I, Medina JH, Vianna MR, Izquierdo LA, Barros DM. (1999). Separate
mechanisms for short- and long-term memory. Behav Brain Res 103: 1–11.
Jerusalinsky D, Kornisiuk E, Izquierdo I. (1997). Cholinergic neurotransmission and
synaptic plasticity concerning memory processing. Neurochem Res 22:507–515.
Kupfer, M.C.M; Jerusalinsky, A.N.; Bernardino, L.F.; Wanderley, D.; Rocha, P.S.B; Molina,
S.; Sales, L.M.; Stellin, R.; Pesaro, M.E. & Lerner, R. (2009). Valor preditivo de
indicadores clínicos de risco para o desenvolvimento infantil: um estudo a partir da teoria
psicanalítica. Lat. Am. Journal of Fund. Psychopath. Online, v. 6, n. 1, maio, p. 48-68.
Orlandi EP. A Análise de discurso em suas diferentes tradições intelectuais: o Brasil.
In: Anais do 1o Seminário de Estudos em Análise de Discurso; 2003 Nov 10-13; Porto
Alegre, Brasil [CD-ROM]. Porto Alegre (RS): UFRGS;2003 UNESCO (2001). Educação
para todos: o compromisso de Dakar. Brasília: UNESCO, CONSED. Disponível em: http://
unesdoc.unesco.org/images/0012/001275/127509porb.pdf (Acesso em 17/09/2014)
11
1
EIXO TEMÁTICO: INTERSETORIALIDADE E EDUCAÇÃO ESPECIAL
11
2
REFERÊNCIA
DIONIZIO, D. et al. Aplicativo "Safe Bathing" em plataforma móvel como tecnologia
para o cuidado à beira leito de pacientes infartados: construção e validação. 2017.
11
3
Januzzi (2004), Moysés e Collares (2013), Skliar (2006) e demais autores relevantes para
a temática do estudo. Esta pesquisa realizada, pode nos ajudar a entender o predomínio
de estudos em um aspecto correcional, no qual continua o imaginário do conserto de
corpos e mentes, visto que, medicalizamos a diferença corporal ou funcional e
patologizamos a diferença em analogia com o corpo e sua funcionalidade. Ressaltamos
outro elemento que é o da patologização, isto é, a categorização da diferença como
demonstração do grau patológico do indivíduo. É notória a mutação moral empregada,
exemplificando: um aspecto do comportamento, uma descrição de personalidade, uma
cadência ou maneira pessoal, que, poderia ser e pensar, anunciam a particularidade do
indivíduo, revelam a importância de um indicativo diagnóstico, como se fosse a
anormalidade do princípio saudável. Sendo assim, em se tratando do público alvo da
Educação Especial, se faz necessário ressaltar que não é somente se constituir a partir
da lógica médica, afastando-se dos referenciais educacionais, mas de um olhar clínico
para os indivíduos, buscando neles o que os afasta da normalidade, o que falta neles, e,
deste modo, manipular um serviço educacional que beneficie sua aprendizagem. Na
coerência medicalizante e patologizante que conduz a Educação, comumente, e a
Educação Especial, nomeadamente, obtemos o conceito de que conhecer os motivos, as
particularidades e principais comorbidades é o que ilusoriamente nos oferecerá a tecla de
entrada para a escolarização de pessoas com deficiência. Nem suas idades, suas
maneiras de interagir com o mundo, qual classe pertencem e seus vínculos familiares não
contam; os diferentes modos como constroem suas relações com o conhecimento e os
distintos saberes dos educadores a respeito de processos ensino-aprendizagem e táticas
de alfabetização e letramento, que compõem os saberes da Educação, não são mais
importantes. E então, valida muito mais a lógica médica, pela fala da irrelevância dos
saberes educacionais, que necessitam ser trocados por procedimentos de triagem,
intervenção concisa e condução de estudantes portadores de patologias para serviços de
saúde, no qual a educação estar subordinada não é uma falha na trajetória, mas uma
resposta oportuna a um plano político. Visto que, as pessoas não são e nem querem ser
idênticas, também não uma compilação de diagnósticos, de frações utilitárias de
identidades paralelas a categorizações patológicas. A escola precisa distinguir nossa
humanidade diversa, reflexiva, transformando-se robusta para apoiar as diferenças que
nos tornam indivíduos humanos, baseados em nossas diferentes experiências sensoriais,
de comunicação, cognitivas e afetivas; já que trazemos diferenças funcionais, não
deficiências.
O tema do autismo suscita muitas discussões quanto sua etiologia e suas metodologias
de tratamento. O estudo do desenvolvimento humano e de sua psicopatologia podem ser
recortados a partir de diferentes perspectivas teóricas. Tais recortes acarretam diferenças
importantes quanto à compreensão clínica e diagnóstica da questão. Assim, de acordo
com a perspectiva psicanalítica, autismo e TEA não são equivalentes. Jerusalinsky (2012)
11
4
coloca que o autismo consiste no fracasso da transmissão da linguagem, fornecedora do
saber sobre o mundo e as pessoas, assim como na prevalência de automatismos que
carecem de valor relacional e fazem resistência à entrada do outro no mundo da criança,
bem como a entrada dela no mundo familiar e social. Já o TEA, classificação utilizada de
acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), consiste
numa ampla categoria diagnóstica que engloba, o que até o DSM-4, eram considerados
diferentes quadros psíquicos, tais como asperger, transtorno global do desenvolvimento,
além do autismo propriamente dito. O autismo é uma patologia que se apresenta nos
primeiros anos de vida sendo possível identificar sinais indicativos de sofrimento psíquico
já nos primeiros meses. (LASNIK, 2013). Esses dados destacam a importância da
detecção e da intervenção precoce enquanto ferramenta capaz de modificar o rumo da
constituição psíquica do bebê. A psicanálise tem uma contribuição importante a partir do
estudo das formações do inconsciente e da constituição psíquica, para qual destacou as
relações do bebê com os outros desde os primórdios da vida. Diante do conhecimento
das operações necessárias para tal constituição, foram construídos indicadores clínicos
de risco para o desenvolvimento infantil (IRDI) que podem ser utilizados como ferramenta
para detecção precoce no bebê desde o primeiro mês de vida. Considerando tais
informações, este artigo objetiva discutir a intervenção psicanalítica, dentro do marco da
estimulação precoce com bebês e pequenas crianças que apresentam risco psíquico de
uma estruturação autística. Para tanto, foram apresentados fragmentos de casos clínicos
de três crianças que propiciaram a abordagem das questões norteadoras deste estudo.
Os dados foram analisados à luz da análise do discurso na perspectiva psicanalítica
lacaniana. Segundo, Merriam (1998), a análise de dados é o processo de fazer sentido a
partir da consolidação e da redução, bem como da interpretação do enunciado pelo
pesquisado e do observado pelo pesquisador. Os resultados deste estudo apontaram que
na intervenção precoce com bebês e pequenas crianças é fundamental trabalhar a partir
do laço pais-bebê para que se construam as condições necessárias e a criança pequena
advenha enquanto sujeito. Também é possível concluir que a clínica da estimulação
precoce é essencial para possibilitar outros caminhos para estruturas não decididas na
infância.
Referências
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. DSM-5: manual diagnóstico e estatístico de
transtornos mentais. Transtornos do Neurodesenvolvimento. 5. ed.Porto Alegre: Artmed,
2014.
JERUSALINSKY, Alfredo. Aspectos constitucionais do bebê e sua influência na relação
mãe-filho. In: Psicanálise do Autismo.2.ed. São Paulo: InsitutoLangage, 2012.
LAZNIK, Marie-Christine. Os efeitos da palavra sobre o olhar dos pais, fundador do corpo
da criança. In: A voz da sereia. O autismo e os impasses na constituição do sujeito. 3a.
ed. Salvador, BA: Ágalma, 2013.
MERRIAM, S. B. Qualitative research and case study applications in education. San
Francisco: Jossey-Bass, 1998.
11
5
O Centro de Reabilitação Ana Maria Philippi (CENER) da Fundação Catarinense de
Educação Especial (FCEE) conta com os Programas de Estimulação Precoce e de
Reabilitação. Atende usuários de zero aos 17 anos completos, com atraso global do
desenvolvimento e/ou deficiências oriundas de distúrbio do Sistema Nervoso Central. Os
usuários destes serviços frequentam a rede regular de ensino, conforme os documentos e
políticas de educação nacionais. O Projeto Terapêutico Singular (PTS) é elaborado pela
equipe multidisciplinar de atendimento, a partir de estudo de caso e inclui atendimentos
sistemáticos, reuniões com a família, redes de apoio, incluindo a escola. A assessoria
escolar (AE) é uma estratégia que objetiva avaliar o desempenho e adaptação do usuário
na rotina escolar, troca de informações, orientação dos profissionais quanto à inclusão e
elaboração de um plano de ação conjunto (reabilitação/escola/família). Ocorre
preferencialmente na escola, envolve a equipe escolar e de reabilitação e ao final é
elaborado um relatório que fica arquivado no prontuário do usuário. O terapeuta
ocupacional (TO) é um dos integrantes da equipe multiprofissional, que tem como objetivo
buscar condições para que o aluno possa desempenhar o papel ocupacional de
estudante. Este estudo objetiva apresentar as ações do TO nas AE, realizadas nas
escolas dos usuários atendidos no CENER no período entre 2016 e 2018. Inicialmente, a
partir da planilha estatística do CENER. Foi levantado o número e quais as assessorias
contaram com a participação da TO. Posteriormente, foram analisados os relatórios
destas assessorias para o levantamento das ações desenvolvidas pela TO. No período
considerado foram realizadas 339 e a TO participou de 90 delas. As ações desenvolvidas
pela TO foram categorizadas e são apresentadas na tabela abaixo:
11
6
As ações da TO nas AE estão voltadas principalmente ao levantamento de estratégias
para favorecer a independência nas atividades de vida diária na escola, sugestões de
atividades voltadas à motricidade fina no desempenho escolar e, ainda no
aconselhamento quanto organização dos estímulos sensoriais do ambiente respeitando
as necessidades do aluno. Estes dados reforçam a importância da participação da TO no
processo de reabilitação contemplando outros espaços, como o escolar.
Referências
BRASIL. Claudia Pereira Dutra. Secretaria de Educação Especial (Org.). Política Nacional
de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Inclusão: Revista da
Educação Especial, Brasília, v. 4, n. 1, p.9-19, jan-jun. 2008.
SANTA CATARINA. Secretaria de Estado da Educação. Política de educação especial/
Estado de Santa Catarina. Florianópolis: SED, 2018. 64 p.
PEREIRA, B.P. Terapia Ocupacional e Educação: as proposições de terapeutas
ocupacionais na e para a Escola. 2018. 222 f. Tese de doutorado (Programa de Pós-
Graduação em Educação), Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2018.
11
7
(MARCONI; LAKATOS, 2003). Por meio destas ferramentas, foi possível identificar o
comportamento e necessidades dos usuários durante o processo de atendimento
efetivado na BE. Após a coleta dos dados, procedeu-se com sua tabulação e análise.
Inicialmente, notou-se em 2017 que os usuários não tinham o interesse em dirigir-se ou
permanecer na BE, pois alegavam que o espaço era ‘triste, escuro e sem vida’. Esta fala
também se repetiu na voz dos servidores que atuam na FCEE e, foi a partir destes relatos
iniciais que se propôs o projeto de revitalização da BE. O projeto foi apresentado a
Coordenadora do Centro de Tecnologia Assistiva (CETEP), que em dezembro de 2017
deu o aval para executar a revitalização. O escopo do projeto foi tornar a BE um ambiente
atraente, iluminado e convidativo, a partir de ações como planejamento e reorganização
do layout do mobiliário, identificação e sinalização das estantes, orientação do uso da
biblioteca, oferta de serviço de atendimento/orientação individual e, o mais importante,
conversar com os usuários deficientes, seus familiares/tutores e, os servidores da FCEE –
com a finalidade de levantar suas necessidades. Com a personificação da oferta dos
serviços já existentes, mas remodelados, associados a uma abordagem mais próxima a
comunidade, obteve-se todas as informações necessárias para tornar a BE um local
desejável de se permanecer. A partir das modificações realizadas, os profissionais da
FCEE passaram a recomendar a BE para que os familiares ou acompanhantes de
usuários em atendimento, dirijam-se a BE e ali permaneça o tempo que desejarem, seja
para uma leitura de lazer ou a trabalho, enquanto aguardam o usuário deficiente ser
liberado. Com os atendimentos diários a relação entre bibliotecária e usuários ficou mais
próxima, por vezes os usuários freqüentam a BE somente para cumprimentar-me, em
outros momentos para confidenciar alguma passagem do seu dia, falar da refeição
realizada na FCEE, das conquistas e passeios dos dias que não nos vimos, contar de
planos e desejos, partilhar suas angústias ou simplesmente trocar um abraço. Cerca de
53 usuários deficientes foram fidelizados por meio do atendimento, pois freqüentam
ininterruptamente a BE semanalmente, além destes, temos também os servidores da
FCEE e a comunidade externa, que diariamente se fazem presentes no local. Assim,
salienta-se que o atendimento é mister no processo de fidelização dos usuários, pois a BE
da FCEE é o local disponibilizado para eles e, sem usuário não há função para a unidade
de informação.
Referência
MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. V. Fundamentos de metodologia científica. 5. ed. São
Paulo: Editora Atlas, 2003.
11
8
projeto de extensão Família no Museu, como desdobramento dos estudos realizados pelo
grupo de Pesquisa, “Educação, Arte e Inclusão” da Universidade do Estado de Santa
Catarina - UDESC, o qual promove propostas que problematizam os contextos do acesso
à educação, a arte e a cultura das pessoas com deficiência. O projeto Família no Museu
estabelece práticas culturais que ressignificam os parâmetros da inclusão, visando a
manutenção dos direitos ao desenvolvimento e acesso cultural a todos os indivíduos.
Criado em 2011, o projeto promove encontros inclusivos nos finais de semana, com uma
periodicidade mensal, buscando ampliar o acesso à arte às famílias que possuem em seu
meio pessoas com deficiência. Partindo do reconhecimento da contribuição da arte não só
no desenvolvimento físico e psicológico das pessoas com deficiência, mas na capacidade
de construir ambientes sociais, onde as diferenças são vistas como processo de
aprendizado, destaca-se a arte como possibilidade de gerar experiências sensíveis e
estéticas. Objetivos O projeto é destinado às famílias interessadas em participar de ações
voltadas à inclusão e acessibilidade através da arte, buscando aproximar a família e o
museu. A proposta apresentada pelo projeto é de gerar o bem estar através da
experiência estética, afastando a ideia de exclusão social, pois para as pessoas com
deficiência a amplitude da sua vida está relacionada com as oportunidades que lhe são
ofertadas. Se elas forem limitadas, compromete-se o desenvolvimento desta pessoa. A
deficiência desafia a relação das práticas culturais entre museus e público, pois a
acessibilidade deste público vai além das barreiras físicas. Neste sentido, o projeto
objetiva ampliar o acesso às famílias para que sintam-se pertencentes aos espaços, a fim
de povoar essas instituições para que as mesmas passem a planejar o acesso a todos os
públicos, na medida em que vão sendo desafiadas a isso. Metodologia Após a realização
de uma ação piloto em 2011 no Museu Histórico de Santa Catarina – Palácio Cruz e
Souza, o projeto começou ganhar novos contornos e olhares, além do desejo em manter
sua periodicidade. Foi a partir desse ano que levou-se em consideração analisar as
possibilidades da inserção de um programa permanente. Entre 2013 e 2015 o Projeto foi
contemplado no Edital de Extensão PROEXT- UDESC, acontecendo trimestralmente.
Percorreu os museus da cidade, infiltrou-se na rotina das famílias, chamou a atenção dos
educadores dos espaços expositivos e, sobretudo, ganhou espaço e notoriedade,
passando a acontecer mensalmente desde então. Resultados e conclusões São muitas
as instituições parceiras que fizeram e ainda fazem o Família no Museu conquistar seu
espaço, pois ainda hoje é o único programa de inclusão voltado para famílias com
deficiência no Estado. Este é um público que, em relação a outros, mantém pouquíssimo
acesso às instituições artístico-culturais ao longo da história. A acessibilidade é um dos
desafios enfrentados pelos participantes, além das condições de deslocamento, e a falta
de hábitus de frequência na instituição, conceito relacionado ao capital cultural discutido
por Bourdieu (1998). Os resultados descortinam uma realidade em discussão: o fato de o
acesso à arte ser um desafio constante não só para as pessoas com deficiência, mas
também para aquelas que não dominam os códigos do campo da arte para inserir a arte
institucionalizada na sua vida. Mediante estes indivíduos que não encontram nas
instituições espaço para desenvolver o hábito cultural, criou-se a necessidade de propor
um projeto que sensibilizasse esteticamente não só os filhos, mas as famílias, no intuito
de criar um espaço sociabilizador, inclusivo e permanente de acesso à arte.
Referências
ANVERSA, P. O que pensam as famílias sobre a formação artística dos filhos com
deficiência? Com a palavra, as mães. Dissertação de Mestrado - Universidade do Estado
de Santa Catarina - UDESC, 2011.
OURDIEU, P. Os três estados do capital cultural . In: NOGUEIRA, Maria Alice;
CATANI, Afrânio. Escritos de educação. Petrópolis, RJ: Vozes, 1998.
11
9
OFICINAS NO FABLAB PRONTO 3D DA UFSC: PROPOSTA DE FORTALECIMENTO
DA INCLUSÃO PARA ALÉM DO CA/UFSC
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0
instigar sobre as possibilidades que a Universidade oferece. Foi possível, por meio
dessas oficinas, oportunizar a interação e a socialização entre os estudantes, como um
espaço de convivência, de estar e vivenciar outras possibilidades de interações e
aprendizados. Também se obteve a produção de recursos lúdicos que aproximou os
conhecimentos dos estudantes em relação a possíveis métodos de produção. Para além
disso, os estudantes do curso de Design que participaram das oficinas, se depararam
com o desafio de pensar na acessibilidade da atividade proposta. Conclui-se que
fomentar a construção de estratégias conjuntas e fortalecer a inclusão escolar e social
pode ser uma das premissas que garanta o espaço da Instituição Pública gratuita e de
qualidade em meio a tantos contingenciamentos educacionais no cenário brasileiro.
Referências
ALMEIDA, Paulo Nunes de. Educação lúdica: técnicas e jogos pedagógicos. 9. ed. São
Paulo: Edições Loyola, 1974.
VYGOTSKI. L. S. A Formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 2010.
Introdução: Desde a década de 1990, vem ocorrendo uma revolução dos meios de
comunicação e informação por conta da popularização do uso de digitais (computador,
televisão, celular, tablet, etc.) e o advento da internet. Essa transformação não deixa de
fora o mundo da linguagem, as tecnologias digitais trouxeram mudanças significativas no
que se refere ao modo de lidar com o conhecimento, assim como nas relações sociais e
formas de interação. É inegável que essa mudança traz inúmeros benefícios, embora se
deva refletir sobre os desafios e efeitos que acompanham o avanço tecnológico,
especialmente no que se refere às relações sociais. Sobretudo no caso de sujeitos com
diagnóstico de autismo, que é caracterizado principalmente alterações persistentes na
linguagem e na interação social. Objetivo: Refletir sobre o uso de digitais e seu efeito na
linguagem oral de crianças e adolescentes diagnosticados com autismo. Método: Os
dados foram gerados a partir de um questionário com 39 questões abertas e fechadas.
Este abrangia questões relacionadas ao uso de digitais realizado pelos filhos, como o
tempo, motivação para o uso, as práticas digitais dos pais e filhos; outras práticas de
letramento; práticas lúdicas e aspectos sócio-interacionais da família. Participaram do
estudo 9 familiares, sendo 3 pais e 6 mães de crianças e/ou adolescentes diagnosticados
com TEA e idades entre 02 e 14 anos, que realizam atendimento fonoaudiológico por
queixas de linguagem oral e/ou linguagem escrita, sendo que os participantes assinaram
o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) inscrito sob o no
60910316.1.0000.0121. Os dados foram analisados qualitativamente à luz da perspectiva
enunciativa-discursiva. Resultados: Todos os pais relataram que os filhos fazem uso de
tela, tendo a maior parte das crianças iniciado o uso por volta dos dois anos. Atualmente o
tempo médio de uso das telas durante a semana é entre 2 a 4 horas, sendo que dois
acessam por mais de 4 horas e um dos pais não sabe quanto tempo o filho faz de uso. As
telas estão presentes em diferentes momentos da família, inclusive no horário das
12
1
refeições. Frequentemente os filhos utilizam as telas na escola, no transporte, em filas de
espera, eventos e festas, shoppings, restaurante e casa de amigos. Os pais oferecem
telas aos filhos principalmente para poder realizar as atividades da casa, estimulá-los ou
para distração. A maioria dos pais acredita que o uso de telas traz tanto benefícios como
malefícios. Como aspectos negativos os pais ressaltam o perigo do vício, dos conteúdos
inapropriados, das alterações de comportamento (ansiedade), prejuízos visuais,
reprodução de violência e agressividade. Como pontos positivos destacam que com a
dosagem do tempo e com a possibilidade de acesso a informações mais atualizadas,
temas educativos, programas adequados para a idade pode ajudar no desenvolvimento
geral e inclusive na fala. Quando indagados sobre o efeito do uso de telas sobre a
comunicação dos filhos relataram: “muitas das palavras que ele começou a oralizar foram
devido a vídeos de desenho do Youtube” (Carla) por exemplo ouve palavras de depois faz
uso delas (Laura); ela repete as falas (SIC); há alguns canais como o “multigestos” que
auxiliam ele na linguagem e comunicação, além de outros como o Nossa vida com Alice
(Janete); Ao serem questionados como ocorre interação no momento que compartilham
em frente às telas alguns pais disseram que assistem coisas juntos, porém interagem
pouco durante esse momento. Conclusão: Vê-se que os pais acreditam que as telas têm
um papel importante na aquisição da fala e por essa razão incentivam sua exploração e
uso. Contudo, observa-se que há uma distância entre o que eles esperam e o que de fato
as tecnologias digitais podem proporcionar ao desenvolvimento. Aparentemente os pais
crêem que seria suficiente a criança estar diante a tela, observando conteúdos próprios
para a idade, para que a comunicação seja estimulada, revelando uma visão restrita do
complexo processo de aquisição de linguagem, que inclui vivenciar experiências no
mundo e com o outro, significar e ser significado pelo interlocutor, participar de práticas
sociais diversificadas. Assim sendo, os profissionais que trabalham com a linguagem
devem estar atentos às práticas desconectadas e digitais que os sujeitos participam,
principalmente nos casos de TEA, os quais em alguma medida se espera que atrasos,
empecilhos ou desvios ocorram.
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2
intelectual e/ou múltipla da comunidade de faixa etária de 0 a 4 anos, 11 meses e 29 dias,
incluindo o atendimento de crianças com quadros clínicos como Paralisia Cerebral (PC),
Amiotrofia Muscular Espinhal (AME), Mielomeningocele (MMC) e Síndrome de Down
(SD). Objetivos Esse trabalho visa relatar o planejamento de sessões de TAA a serem
desenvolvidas na APAE do município de Araquari envolvendo as crianças participantes do
PEP que já recebem Atividades Assistidas por Animais (AAA) de forma coletiva. Espera-
se dessa forma, diversificar a terapia individual que esses pacientes já recebem através
da utilização de cães como facilitadores do processo. Metodologia Esse trabalho passou
pela avaliação dos comitês relacionados (Comitê de Ética no Uso de Animais e
Experimentação em Humanos) e compõe o trabalho desenvolvido por um grupo de
discentes e servidores de uma instituição de ensino federal em parceria com profissionais
da saúde vinculados à APAE. As sessões de TAA ocorrerão semanalmente nas
instalações da APAE de Araquari. Oito pacientes do PEP com idades variando de 1 a 5
anos, com quadros clínicos como PC, AME, MMC e SD, receberão sessões individuais de
40 minutos. A partir das avaliações realizadas nesses pacientes utilizando a Escala de
Denver II será programada a participação de cães em sessões conduzidas e definidas
pelos profissionais da saúde da área de fisioterapia e terapia ocupacional. Os animais
participantes serão cães já selecionados e atuantes nas AAAs e participam
semanalmente de treinamentos de obediência e desenvolvimento de habilidades
específicas, além de passarem por um rígido controle sanitário. As atividades de interação
dos pacientes com os animais envolverão a participação dos cães como auxiliares na
execução de tarefas motoras, cognitivas, e emocionais, como treinos de exercício de
equilíbrio e marcha, passar das fases semi ajoelhado e ajoelhado no espaldar,
sedestação e bipedestação, e circuitos psicomotores com bambolê, cones, cordas, bola
suíça e thera band com intuito de experiências de movimentos mais coordenados,
organização espacial, consciência corporal e lateralidade. Resultados e Conclusões Até o
momento pode-se verificar que nove cães demonstram perfil e habilidades que poderão
ser utilizadas nas sessões, pois durante os treinamentos foram capazes de participar das
simulações dos roteiros das sessões. Por serem de aspectos físicos diferenciados entre
si, espera-se conseguir a vinculação de cada um dos pacientes com algum dos animais,
facilitando assim, o processo de avanço desses pacientes com as terapias que já vem
sendo realizadas. A vivência com os animais na TAA poderá aperfeiçoar os aspectos
cognitivos nos componentes de desempenho ocupacional como atenção, discriminação
visual, memória, organização e sequenciamento uma vez que as atividades programadas
como jogo da memória do bambolê de encaixe, instrumentos musicais sensório motor,
bloco de encaixe, bola, teclado e labirinto utilizarão o cão como facilitador e fator
motivacional. Como já podemos perceber nas AAAs, a presença dos animais vem
favorecendo os aspectos emocionais, gerando bem-estar e um momento lúdico, além de
fortalecimento do vínculo de terapeuta e paciente, enfatizando a motivação e troca de
afeto, sendo que esses aspectos poderão ser otimizados nas TAAs.
Referências
DOTTI, J. História, origens e simbologia dos animais. In: Terapia & Animais: Atividade e
Terapia Assistida por Animais – TAA Práticas para organizações, profissionais e
voluntários. São Paulo: PC Editorial. p. 24-30, 2005.
FOSCO, M. M. et al. Aplicação de Terapia Assistida por animais no treinamento de
crianças portadores de paralisia cerebral. Revista Saúde Coletiva, 2009.
12
3
CINOTERAPIA: CÃO COMO MEDIADOR DO PROCESSO DE APRENDIZAGEM
12
4
Percebeu-se a partir da análise dos resultados desta atividade, uma qualificação no que
se refere às funções executivas de atenção, memória e autocontrole. Para além disso,
pode-se afirmar que estes benefícios não se restringem unicamente à estas, uma vez que
as diferentes habilidades trabalhadas, são essenciais para o processamento cognitivo das
informações linguísticas, incidindo sobre a qualificação da linguagem verbal. (PAGLIARIN
et al., 2009). Considera-se que a presença do cão torna a atividade significativa, uma vez
que, mobiliza a atenção, memória e autocontrole dos estudantes ao atentarem aos
comandos e as respostas apresentadas por este. Desta forma, a construção do
conhecimento passou a ser motivado na interação entre ambos, sendo que, os
estudantes se colocam como agentes do seu processo de aprendizagem.
REFERÊNCIAS
BARDIN, L. Análise de conteúdo. Tradução: Luís Antero Reto, Augusto Pinheiro, São
Paulo: Edições 70, 2011.
DUQUE, J. A. V. Actividades y terapia asistida por animales desde la mirada del Modelo
de Ocupación Humana. Revista Chilena de Terapia Ocupacional, v. 11, n. 1, 2011.
Disponível em:<http://www.revistaterapiaocupacional.uchile.cl/index.php/RTO/article/view/
17080> .
Acesso em: 28 nov. 2013.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 5a. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
PAGLIARIN, K. C. Abordagem contrastiva na terapia fonológica em diferentes gravidades
do desvio fonológico. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Santa Maria,
Programa de Pós-graduação em Distúrbios da Comunicação Humana, 2009.
12
5
RELATO DA EXPERIÊNCIA DE ATIVIDADE ASSISTIDA POR ANIMAIS (AAA) NA
APAE DE ARAQUARI E SÃO FRANCISCO DO SUL, SANTA CATARINA
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participação direta dos alunos com os animais, sendo recompensada através da atenção
e obediência por parte dos cães, pode levar ao fortalecimento da autoestima. O desafio
da experiência sensorial através da percepção tátil da textura e comprimento do pelo e
forma do corpo do animal para adivinhar qual cão era foi muito bem aceito pelos
participantes. A cada acerto a equipe retirava a venda e todos batiam palmas e
festejavam. Dessa forma, os objetivos propostos foram alcançados.
Referências
APAE BRASIL (Brasil) (Org.). APAE BRASIL: Federação Nacional das APAEs. 2018.
Disponível em: <http://apae.com.br/>. Acesso em: 16 maio 2019. CARVALHO, C. F. et al.
Uso da atividade assistida por animais na melhora da qualidade de vida de idosos
institucionalizados. Em Extensão, Uberlândia, v. 10, n. 2, p. 149-155, 2011.
DOTTI, J. História, origens e simbologia dos animais. In: DOTTI, J. Terapia & Animais:
Atividade e Terapia Assistida por Animais – A/TAA Práticas para organizações,
profissionais e voluntários. São Paulo: PC Editorial. 2005. p. 24-30.
TURNER, J. Pet Therapy. In: TURNER, J. The Gale Encyclopedia Of Alternative
Medicine. Michigan: Gale Cengage Learning, 2001.
INTRODUÇÃO: A surdez, sob a ótica das ciências biológicas, é denominada como uma
deficiência auditiva que impede/dificulta a pessoa de ouvir sons do ambiente e da fala.
(BEVILLACQUA; SOUZA, 2012). Em um outro viés, nas discussões de base
antropológica e culturalista, há uma contraposição ao ponto de vista médico, pois conduz
o olhar à surdez de outro lugar que não a deficiência, mas como diferença cultural, não se
denominam “deficientes auditivos” e sim “surdos” (LOPES, 2007). Considerar a língua de
sinais a língua natural do surdo é compreender que a fonte de processamento da
comunicação se dá pela fonte visuomotora, outorgando assim, um padrão de
normalidade, capaz de transformar a “anormalidade em diferença” (SANTANA, 2007). A
identidade surda é uma construção vinculada ao uso da língua de sinais e das
representações da cultura surda que condiz ao compartilhamento de normas, valores e
comportamentos (STROBEL, 2009). Assumir a existência de uma "cultura surda" implica
em assumir uma separação da cultura ouvinte (SANTANA; BERGAMO, 2005). No
entanto, sujeitos com surdez constituem uma coletividade que se identifica na
diversidade, constituída por características culturais e linguísticas diferentes, refletindo
diferentes posições que os surdos têm de tomar diante da impossibilidade de ouvir. Para
Santana (2007), essas posições não são vistas como ideologicamente neutras. Cada
grupo social pode desenvolver historicamente uma identidade e uma cultura próprias que
corresponda às necessidades e às opções de uma coletividade. Ao enfatizar a
historicidade e o relativismo inerentes à construção de identidades culturais, o
multiculturalismo permite pensar alternativas para as minorias, mas pode também
justificar a fragmentação ou a criação de guetos culturais, podendo incidir em
discriminações sociais. (FLEURY 2001). Ao considerar as diferentes trajetórias de vida,
este estudo buscou entender como as experiências socioculturais, educacionais e
12
7
linguísticas de dois professores surdos, podem contribuir para as discussões acerca das
diferentes formas de conceber e vivenciar a surdez. As reflexões tiveram como base os
Estudos Surdos e Culturais.1 Objetivo Geral: Discutir como as experiências socioculturais,
educacionais e linguísticas de dois professores surdos, bimodal e sinalizante, podem
contribuir para discussões acerca das concepções e modos de vivenciar a surdez.
Objetivos Específicos: Conhecer a maneira como professores surdos, oralizado e
sinalizante, vivenciam linguisticamente a experiência da surdez no contexto educacional;
debater diferentes concepções acerca da surdez; refletir a respeito da influência da língua
na construção das subjetividades surdas. Metodologia: Esta investigação foi desenvolvida
por meio de estudo de caso do tipo etnográfico, através de entrevista semiaberta,
baseada na história de vida de dois professores com surdez, com modalidades
linguísticas diferentes. Conclusões: Após transcrição das entrevistas, fez-se análise dos
fragmentos dos discursos. Buscou-se com propósito de reflexão, entender como
vivenciam a surdez. A análise propiciou compreender que o “ser surdo” está
intrinsecamente relacionado com as suas experiências de vidas, e demonstrou não existir
uma identidade surda única. As experiências escolares na infância e como professores de
escolas inclusivas evidenciaram que a escola continua homogeneizadora e desconsidera
as singularidades linguísticas dos surdos. Apareceram registros de relações sociais
tensas entre a coletividade surda, caracterizadas por preconceitos e estigmas decorrentes
de conflitos entre ideologias surda e ouvintista. Um discurso contra hegemônico se faz
necessário, no sentido de mostrar que o enfrentamento aos problemas por meio de
processos dialógicos e reivindicatórios pode ser o caminho para a conquista de espaços
sociais e para o enfrentamento dos preconceitos em face da surdez e do próprio surdo
(LOPES, 2007).
Referências:
BEVILACQUA, M.C; SOUZA, G.D. A criança com deficiência auditiva na escola:
Sistema FM. São Carlos: Cubo, 2012.
FLEURI, R.M. Desafios à Educação Intercultural no Brasil. Revista Educação, Sociedade
& Cultura, n°16, 2001.
LOPES, M.C. Surdez e educação. Coleção Temas & Educação – Belo Horizonte:
Autêntica, 2007.
SANTANA, A.P. Surdez e Linguagem: aspectos e implicações neurolinguísticas. – São
Paulo: Plexus, 2007.
SANTANA, Ana Paula; BERGAMO, Alexandre. Cultura e identidade surdas:
encruzilhada de lutas sociais e teóricas. Educ. Soc. [online], v. 26, n. 91, 2005.
Disponível em: http://www.cedes.unicamp.br.
STROBEL, k. As imagens do outro sobre a cultura surda. 2. Ed. Ver. – Florianópolis:
Ed. da UFSC, 2009
12
8
como produzidas nos processos de ensinar e aprender e, por este motivo, dizem respeito
a questões relacionais que podem envolver as políticas educacionais, as metodologias de
ensino, a qualificação e valorização dos docentes, questões sociais e familiares, os
sentidos da escola e dos conteúdos curriculares para os estudantes, entre outros
aspectos. Já os transtornos de aprendizagem seriam persistentes e estariam mais
relacionados a fatores internos, de origem neurobiológica. Independentemente da
nomenclatura utilizada, é fato que as queixas de aprendizagem interferem negativamente
no processo de escolarização, além de gerar nos estudantes sentimentos de fracasso,
vergonha, baixa estima e desmotivação. Este sofrimento gera também na família um
sentimentos de tristeza, angústia e impotência em não saber, muitas vezes, como lidar
com as queixas da escola e dificuldades dos filhos, justificando a importância de um olhar
ampliado para tais questões, como atuação interdisciplinar junto aos familiares. Objetivo:
Compreender a importância do grupo de familiares de sujeitos com dificuldades de leitura
e escrita, com ou sem diagnóstico de transtorno de aprendizagem, mediado por
profissionais da fonoaudiologia e da psicologia, como um espaço promotor de
ressignificação das dificuldades e queixas escolares. Metodologia: Trata-se de um relato
de experiência. Os dados foram gerados num grupo de familiares de sujeitos com queixas
de aprendizagem, que ocorre semanalmente em uma Clínica Escola de Fonoaudiologia
de uma universidade pública, concomitantemente à terapia fonoaudiológica realizada
pelos filhos. O grupo é constituído por 7 mães e 1 pai, uma fonoaudióloga e duas
estudantes de psicologia, sendo que os últimos atuam como mediadores. Os dados foram
analisados a partir de uma perspectiva sócio-histórica. Resultados: Foi possível observar,
a partir dos relatos dos pais que, apesar de seus filhos estarem em processo terapêutico
fonoaudiológico, realizarem reforço escolar, serem acompanhados por médicos
neurologistas, tendo inclusive tido diagnóstico formalizado por laudo de transtorno
funcional (TDAH, Dislexia), os pais têm pouco conhecimento sobre o quadro que os filhos
apresentam; foram pouco esclarecidos sobre a medicação indicada pelo médico e
tampouco sabem como auxiliar os filhos em casa. Além disso, os pais puderam verbalizar
suas angústias, frustrações e expectativas em relação ao processo de aprendizagem dos
filhos, sobre a escola, assim como a possibilidade de refletir sobre sua trajetória
educacional, que também foi acompanhada de percalços. Na medida em que os pais se
expressaram, confiantes no acolhimento de seus discursos, colocou-se em roda
discussões sobre a linguagem escrita, os demais processos envolvidos na aprendizagem,
além do compartilhamento de estratégias. Conclusões: O grupo de familiares, mediado
pela fonoaudiologia e psicologia, mostrou-se um dispositivo efetivo para a ressignificar as
dificuldades, assim como uma estratégia propulsora de novas formas de os pais lidarem
com os filhos, de modo mais ativo e assertivo.
12
9
acordo com sua Proposta Pedagógica de Inclusão Educacional, destina uma cota de 5%
do número de alunos por série para atender alunos que apresentam deficiências,
transtornos globais do desenvolvimento, altas habilidades/superdotação, bem como
outros transtornos funcionais específicos i; a mesma Proposta prevê uma equipe
multiprofissional com a finalidade de desenvolver ações educativas. Tendo como pilar o
artigo 207 da Constituição Federal de 1988, as universidades devem primar pela
indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão (ARAÚJO, 2012). A equipe
multiprofissional do CA, através do Projeto de Pesquisa "Indicação e elaboração de
recursos de Tecnologia Assistiva: Uma proposta de intervenção multidisciplinar para
estudantes com deficiência no ambiente escolar", firmou parceria com o curso de Design
de Produto da UFSC. Essa parceria visa a orientação de graduandos que em suas
pesquisas tenham o objetivo de desenvolver adaptações, que permitam ampliar as
possibilidades de participação dos alunos com deficiência física dentro e fora da sala de
aula. De acordo com estudos de Rocha e Deliberato (2012), o uso da tecnologia assistiva
na educação especial é proposto através de serviços, recursos e estratégias que
permitem aos alunos com deficiência a sua acessibilidade, favorecendo o seu processo
de aprendizagem e o desenvolvimento de diferentes habilidades. O presente artigo tem
como objetivo descrever os resultados dos encontros com os graduandos do curso de
Design de Produtos e enumerar as dificuldades e potencialidades percebidas no
processo. Trata-se de um relato de experiência das orientações realizadas aos
graduandos pela Disciplina de Educação Especial e pelos serviços de Pedagogia de
Educação Especial e Terapia Ocupacional sobre a orientação de graduandos que estejam
desenvolvendo adaptações para serem utilizadas por alunos com deficiência do CA.
Foram etapas desse processo de orientação: levantamento de demandas dos alunos com
deficiência do CA pela equipe multiprofissional, apresentação das demandas do processo
de escolarização desses alunos, suas características e necessidades e possibilidades de
produção de materiais/recursos, realização de protótipos, testagem e discussão sobre sua
funcionalidade, aperfeiçoamento do produto e produção final. A partir das orientações
realizadas pela equipe aos graduandos percebeu-se a importância do contato constante
entre profissionais de diferentes áreas do conhecimento e graduandos, além do contato
real com o usuário do produto. Esse processo possibilitou ampliar o olhar que se tinha
sobre o usuário do produto e, ao mesmo tempo, aperfeiçoar o produto idealizado, de
modo a se desenvolver um produto que atendesse as necessidades reais desses alunos.
O processo de orientar os graduandos mostrou a importância do intercâmbio entre o CA e
os cursos de graduação da UFSC, independente de serem ou não de licenciaturas, para
que os graduandos, em suas pesquisas e trabalhos de conclusão de curso compreendam
a dinâmica, limitações e necessidades dos alunos público alvo da educação especial.
Percebeu-se que quando os graduandos, não tinham uma percepção clara do
funcionamento do colégio e nem como eram realizados os processos de adaptação de
materiais e mobiliário para os nossos alunos; para além das orientações e auxílio nos
levantamentos das medidas dos alunos e das cadeiras de rodas, a equipe contextualizou
os discentes em relação ao fazer da equipe multiprofissional do CA e a rotina dos alunos
público alvo da educação especial.
Referências:
BRASIL, Política nacional de educação especial na perspectiva da educação
inclusiva. 2008. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/politica.pdf>
Acesso em: 10 jun. 2019.
Colégio de Aplicação da UFSC – Proposta Pedagógica de Inclusão Educacional do
Colégio de Aplicação/UFSC. UFSC: Florianópolis, 2014
ROCHA, A. N. D. C.; DELIBERATO, D. Atuação do terapeuta ocupacional no contexto
13
0
escolar: o uso da tecnologia assistiva para o aluno com paralisia cerebral na educação
infantil. In: Rev. Ter. Ocup. Univ. São Paulo, v. 23, n. 3, p. 263-273, set./dez. 2012.
O presente estudo teve como objetivo realizar uma análise teórica sobre o processo de
inclusão de estudantes com deficiência no ensino regular desde o ponto de vista da
Psicologia Histórico - Cultural (PHC), buscando fundamentar práxis docentes inclusivas.
Contrapondo-se a noções essencialistas e biologizantes, a PHC pressupõe a origem
social das funções psíquicas e da consciência humana, tendo a mediação como categoria
central (VYGOTSKI, 1992; DAVIDOV, 1988; LEONTIEV, 1978). Esta teoria destaca o
duplo referencial semântico intrínseco aos processos de significação: significados são
sistemas semióticos socialmente construídos, compartilhados e relativamente estáveis; e
sentidos são singularizados pela experiência pessoal e social de cada sujeito, mais
dinâmicos e mutáveis (VYGOTSKI, 1992). Para a PHC, processos educativos ostentam
papel humanizador e criam condições para o pleno desenvolvimento, imbricando os
aspectos cognitivo, afetivo e social. Escolas são lócus educativos por excelência, mas
estar matriculado/a não garante ao/à estudante a internalização dos conceitos científicos,
é necessário que o/a docente planeje atividades orientadoras de ensino (MOURA et al.,
2016) que potencializem a atividade de estudo dos/as educandos/as. As licenciaturas
devem preparar docentes com formação teórico-metodológica e capacidade de pensar
criticamente os processos educativos, levando em conta a diversidade de sujeitos aí
inseridos, visando reais condições para que todos/as os/as estudantes internalizem os
sentidos relacionados aos conceitos ministrados e forjando processos inclusivos. Incluir
significa transgredir lógicas deterministas, reducionistas e meritocritárias, que
desconsideram aspectos subjetivos, marginalizam as diferenças culturais, sociais, étnicas
ou de desenvolvimento (MANTOAN, 2006) e sustentam o paradigma capacitista (VALLE;
CONNOR, 2014). É desafiador forjar uma pedagogia válida para todos/as os/as
estudantes, inclusive para aqueles/as com peculiaridades em seu desenvolvimento. No
cotidiano escolar, muitas vezes estudantes com deficiência assumem posturas
submissas, reprodutivas ou indiferentes, impossibilitando a internalização de
conhecimentos e a formação de sentidos ao nível individual, tornando os saberes inúteis.
Para superar essa contradição, a atividade docente deve constituir-se em práxis por meio
do resgate da dialogia da aprendizagem para todos/as os/as estudantes, tomando a
diferença como parâmetro. A PHC permite instrumentalizar o/a docente na criação de
mediações que facilitem o processo de ensino-aprendizagem, interferindo nas zonas de
desenvolvimento proximal ou iminente dos/as educandos/s, pois se alicerça numa
perspectiva integral e dialética do desenvolvimento. Vygotski (1992) enfatiza ser
necessário ter como referência aquilo que a criança é capaz de realizar para lhe ensinar
algo novo, ou seja, deve-se considerar seu desenvolvimento real para lhe propor desafios
13
1
tangíveis, descartando estereótipos e preconceitos que reforçam o mal-estar de
estudantes “fadados” ao fracasso – quando a escola lhes imputa incompetências ao invés
de se transformar em um espaço pleno em potencialidades. É indispensável cultivar um
assombro ante a banalização do sofrimento ético-político (SAWAIA, 2001) de tantas
crianças, adolescentes e suas famílias. Este representa a dor mediada por injustiças
sociais e pela tristeza de estar “impedido de agir”. As instituições escolares têm um papel
determinante em potencializar o desenvolvimento das pessoas com deficiência e em forjar
processos inclusivos, sendo necessário implicar-se, (re)pensar posturas pedagógicas e
investir na formação da consciência crítica de educadores/as e educandos/as.
REFERÊNCIAS
DAVIDOV, Vasily. La enseñanza escolar y el desarrollo psíquico . Moscú: Editorial
Progreso, 1988.
LEONTIEV, Alexei. Desenvolvimento psíquico . Lisboa: Horizonte, 1978.
MANTOAN, Maria Tereza Égler. Inclusão Escolar : o que é? por quê? como fazer? 2.ed.
São Paulo: Moderna, 2006.
MOURA, M. O. et al . A atividade orientadora de ensino como unidade entre ensino e
aprendizagem. In . MOURA, M. O. (Org.). A atividade pedagógica na teoria
históricocultural. 2. ed. Campinas, SP: Autores associados, 2016, p. 93-125.
SAWAIA, Bader. O sofrimento ético-político como categoria de análise da dialética inclusã
oexclusão. In . SAWAIA, Bader (Org.). As artimanhas da inclusão. Petrópolis: Vozes,
2001, p. 97-118.
VALLE, Jan; CONNOR, David. Ressignificando a Deficiência : da abordagem social às
práticas inclusivas nas escolas. Trad. Fernando de S. Rodrigues. Porto Alegre: AMGH,
2014.
VYGOTSKI, Lev S. Obras Escogidas II . Madrid: Visor Distribuiciones, 1992.
Sônia Elina Sampaio Enes, Maria Aldenora dos Santos Lima, Maria Arlete Costa
Damasceno
(soniatpg@hotmail.com)
Introdução: A formação de professores para trabalhar com alunos com deficiência surge
com a necessidade de formar profissionais qualificados para atuar diante da chegada
desses alunos ao ensino regular. Os desafios enfrentados, na maioria das vezes
dificultam a aprendizagem dos educandos por falta de formação adequada para lidar com
as deficiências. Nos municípios interioranos há um grande desafio a ser enfrentado
quando se trata de educação especial e inclusiva, pois os professores não estão ou não
se sentem qualificados para trabalhar com esse alunado, adquirindo essa experiência
apenas na prática em sala de aula quando se deparam com alunos com deficiência.
Distante mais de 600 km da capital do estado, algumas cidades do Acre, são lugares
marcados por ausências significativas e apresentam quadros acentuados de
desigualdade, principalmente relativas às pessoas com deficiência. Nesse contexto,
pensando que a formação do professor deve ser pautada na busca de um professor
crítico, investigador, criativo, um educador que busque a mudança e que não caia no
13
2
conformismo diante das metodologias e práticas de ensino desenvolvidas em suas aulas,
buscamos realizar uma pesquisa que nos esclareça sobre os desafios que os docentes
que atuam nas comunidades mais distantes enfrentam. Objetivo: Analisar os desafios que
os professores enfrentam ao trabalhar com alunos com deficiência entendendo a
importância da formação docente para o trabalho com a educação especial e inclusiva.
Metodologia: Para a investigação desta temática, sugerimos a abordagem qualitativa. A
nossa modalidade foi a pesquisa de campo e utilizamos como técnica para a coleta de
dados a entrevista semi-estruturada e a observação, que foi direcionada aos professores
da escola lócus de nossa pesquisa, situada em uma comunidade rural, em um município
do interior do Acre. Resultados: Sob diferentes pontos de vista, concepções e
argumentos, a educação inclusiva é um assunto que vem sendo discutido nos últimos
tempos, em decorrência do ingresso de pessoas com deficiência no ensino regular. E com
isto surge à necessidade de formação a esses professores, uma formação que conduza o
docente a busca do conhecimento. Referente aos professores que trabalham nas
comunidades mais longínquas, quando da descoberta de que a criança apresenta certas
dificuldades de aprendizagem e que é especial, a saída é buscar ajuda com os outros
colegas ou conversar com a comunidade escolar, se deparando com soluções que
excluem ainda mais esses alunos, seja pela falta de recursos ou falta de qualificação, já
que na maioria das vezes não há a quem recorrer, quando se fala em formação, porque
geralmente os coordenadores passam nas comunidades escolares uma ou duas vezes no
ano, e as escolas não tem uma preparação básica para auxiliar a receber essa criança,
levando o professor a simplesmente manter o aluno em sala, onde hora a criança é visível
em outro momento se torna invisível. Constatamos que há um trabalho com
planejamento, o uso do lúdico, e de materiais adaptados. Além disso, os docentes utilizam
da experiência já vivida no cotidiano escolar, buscando melhorar sua prática e aprimorar o
seu trabalho para desenvolver uma prática satisfatória com a aprendizagem de seus
alunos. É necessário que os professores tenham uma formação como base para saber
lidar com os desafios que são enfrentados em sala de aula. Pois as inquietações em
relação a esta temática vão além da falta de formação adequada, a acomodação por
parte de alguns docentes, a falta de materiais para desenvolver atendimento básico
desenvolvendo as habilidades nas crianças e a falta de uma política pública que
desenvolva uma formação que ampare esses docentes e alunos.
Referências:
CARVALHO, R. Educação Inclusiva: com os pingos nos “is”. 2. ed. Porto Alegre:
Mediação: 2007.
MANTOAN, M. T. E. Ensino inclusivo/ educação (de qualidade) para todos.
Integração. SEESP/MEC, p. 29-32. 1998.
MITTLER, P. Educação Inclusiva : Contextos Sociais. Ed. Artmed, São Paulo, 2003.
NÓVOA, A. Formação de professores e profissão docente . In: NÓVOA, A. (Coord.). Os
professores e a sua formação Lisboa: Dom Quixote, 1995.
TARDIF, M. Saberes docentes e formação profissional . 8a. ed. Petrópolis: Vozes,
2002.
13
3
de turma”, “certificação”.
13
4
em Educação) - Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis 2015.
SANTA CATARINA. Secretaria de Estado da Educação. Fundação Catarinense de
Educação Especial. Programa pedagógico . São José. SC: FCEE, 2009.
SHIROMA, Eneida Oto. Política de profissionalização: aprimoramento ou
desintelectualização do professor? Intermeio, Campo Grande, v. 9, n. 17, p. 64-83,
jan./jul. 2003. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/cursos-da-ept/formacao-inicial-e-
continuada-ou-qualificacao- profissional. Acesso em: 1 jun. 2019. Disponível em: <https://
www.wreducacional.com.br/#>. Acesso em: 1 jun. 2019.
Daiana Costa Azevedo, Tais Santos Martins, Sonia Elina Sampaio Enes
(daiahcosta11@gmail.com)
13
5
regulares, garantindo sucesso na inclusão e no ensino aprendizagem desses alunos, já
que os professores poderão sentir-se mais aptos a lidar com esse alunado. Cremos ser
necessário que a sociedade e a escola mudem o conceito que têm de Deficiência
Intelectual, revendo seu papel, atuação, currículo, crenças, concepções, métodos e
planos, constituindo o resultado de uma transformação no ensino, bem como aceitação e
respeito para com a diversidade, e também a participação da sociedade. Neste processo,
o professor é sujeito ativo, e sua atitude pode cooperar em muito no desenvolvimento e
avanço da escola inclusiva, colocando o aluno como sujeito central na busca de novas
práticas escolares. Para que este professor venha a ter tais atitudes, necessita de boa
formação e constante atualização de sua prática para melhor atender seu aluno, levando-
o ao êxito em seu processo de aprendizagem.
Referência
BISPO, R. M. da S.; MARQUES, M. do S. da C; Formação Continuada de professores das
salas de recursos multifuncionais na perspectiva inclusiva. In.: FERREIRA, M. S.; LOPES,
M. B.; QUEIROZ, L. C. de; et. (Orgs) Investigação em Educação: diversidade de
saberes e práticas. Fortaleza: Imprece, 2015.
BRASIL, Secretaria de Educação Especial. Política Nacional de Educação Especial :
Livro 1. Brasília: MEC/SEESP, 1994.
BRASIL. Ministério da Educação. Projeto escola viva : Cartilha 1. Disponível
em:<http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/visaohistorica.pdf>, Acesso em: 20 jan.
2019.
CARVALHO, M.; Alfabetizar e letrar: Um diálogo entre a teoria e a prática.Petrópolis-RJ:
Vozes, 2005.
MICHEL, M. H. Metodologia e Pesquisa Científica em Ciências Sociais . 2. ed. São
Paulo: Atlas, 2009.
NEUROSABER. Desenvolvimento infantil. Disponível em:
<https://neurosaber.com.br/atrasos-no-desenvolvimento-pode-estar-ligado-a-
algumadeficiencia- intelectual/.> , Acesso em: 18 jan. 2019.
Nedi Von Fruauff, Juliana Silva Dos Santos Martins, Ciriane Jane Casagrande da
Silva
(nedi.von.fruauff@ufsc.br)
13
6
prévias e de observação em sala sobre os temas apresentados). A oficina “Subjetividades
e processo de aprendizagem: Deficiência Física e Paralisia Cerebral” foi realizada no
período matutino no dia 15 e no período noturno no dia 16 de abril, participaram da oficina
37 cursistas, divididos nos dois turnos. A oficina elencou em sua ementa as seguintes
temáticas: Conceitualização de Deficiência Física, Paralisia Cerebral e Deficiências
Múltiplas; Acessibilidade x Barreiras (atitudinais e arquitetônicas); Implicações das
deficiências para a vida cotidiana e escolar; Adaptação e flexibilização; Benefícios da
Neuroplasticidade cerebral para alunos com Deficiência Física e Paralisia. As
metodologias utilizadas foram: relatos de experiências vivenciadas pelos cursistas
envolvendo as deficiências; dinâmicas de grupo simbólicas relacionadas ao
funcionamento cerebral com e sem lesão, bem como simulações de situações com
barreiras atitudinais e arquitetônicas. O enfoque teórico foi realizado a partir de diálogo
sobre as leituras prévias, exposição dialogada e articulada com a prática pedagógica a
partir do uso de materiais adaptados construídos com base no Desenho Universal da
Aprendizagem –DUA. Para contribuir na qualificação do projeto de extensão mencionado,
foi proposta uma avaliação online de cada oficina. Durante as dinâmicas realizadas os
cursistas se envolveram e perceberam como ocorrem as sinapses no processo de
aprendizagem no cérebro humano e da importância da estimulação e plasticidade
cerebral para os alunos com deficiência, tirando suas dúvidas e questionando sobre o
assunto bem como manuseavam e fotografavam os materiais expostos na sala com o
objetivo de reproduzi-los posteriormente. O resultado da avaliação presencial e online
apontam uma ótima aprovação da oficina destacando-a como excelente (70,6%) e boa
(23,5%) e o tema foi um dos escolhidos para o desenvolvimento das atividades à
distância, confirmando o que observávamos durante a oficina. Na justificativa escrita da
avaliação online, os cursistas escreveram como pontos positivos “a integração entre as
professoras que permitiu gerar uma aula bem dinâmica recheada de bons exemplos”,
“material adaptado para sala muito enriquecedor” e “o paralelo com questões de
neurociência... foi um dos pontos mais fortes dessa oficina” bem como as dinâmicas
realizadas. Destacam como ponto fraco o tempo da oficina que foi curto para abranger
deficiências tão complexas, havendo a necessidade de continuidade dessa formação, que
poderá ser planejado, com um enfoque mais prático no decorrer do ano.
Referências:
BOCK, Geisa Letícia Kempfer; GESSER, Marivete; NUERNBERG, Adriano Henrique.
Desenho Universal para a Aprendizagem: a Produção Científica no Período de 2011 a
2016. Rev. bras. educ. espec , v. 24, n. 1, p. 143-160, 2018.
BRASIL. Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa
com Deficiência). Lei no 13.146, de 6 de julho de 2015.
COSENZA, Ramon M. GUERRA, Leonor B. Neurociência e Educação: como o cérebro
aprende. Porto alegre: Artmed, 2011.
GARBE. Douglas S. Acessibilidade às pessoas com deficiência física e a Convenção
Internacional de Nova Iorque. Revista Unifebe. 2012. (Jan. Jun p. 95-104)
GERALIS, Elaine (Org.). Crianças com Paralisia Cerebral: Guia para pais e
Educadores. Porto Alegre: 2a ed. Artmed, 2007.
LIMA, A.S., CIPRIANO, D., SILVA, E.F. Paralisia cerebral. Simpósio Internacional
deficiências integradas da UNAERP. Campos Guarujá, 2010 Site:
www.unaerp.br/documentos/1176-paralisia-cerebral.
SCHIRMER, Carolina R.; Et al. Atendimento Educacional Especializado: Deficiência
Física . Formação continuada à distância de professores para o Atendimento Educacional
Especializado. Brasília/DF: MEC, 2007.
13
7
FORMAÇÃO DOCENTE INICIAL DE LICENCIANDAS EM PEDAGOGIA:
ARTICULAÇÃO ENTRE A EDUCAÇÃO ESPECIAL E A EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E
TECNOLÓGICA
Ana Paula Boff, Amanda Ribeiro Lima, Paola Alejandra Arceno Castellanos,
(ana.boff@ifsc.edu.br)
13
8
sustentam-se nos seguintes princípios: respeito às diferenças de qualquer natureza;
inclusão, respeitando a pluralidade da sociedade humana. Ainda, no tocante ao ensino, o
IFSC assume outros objetivos além da aprendizagem da formação e da educação de
cidadãos, assume também a função social de inclusão. (PDI IFSC,2017).
As experiências das licenciadas em pedagogia no contexto da EPT demonstram que o
conhecimento pedagógico fundamentado na perspectiva inclusiva pode corroborar para a
mudança da práxis educativa e promover práticas pedagógicas que atendam às
necessidades de formação de todos os estudantes. Considerando a especificidade da
EPT, busca-se uma formação para o mundo do trabalho, mas que seja ao mesmo tempo
integral, cidadã e crítica.
REFERÊNCIAS
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA. Plano de
Desenvolvimento Institucional 2015-2019. Disponível em: https://pdi.ifsc.edu.br/.
Acesso em 28 maio 2019.
MANTOAN, Maria Teresa Égler. Inclusão escolar: O que é? Por quê? Como fazer? São
Paulo : Moderna, 2003.
VIGOTSKI, L.S. Obras completas. Tomo cinco: Fundamentos de Defectologia . Havana:
Editorial Pueblo Y Educación. 1989.
13
9
Pedagogia e verificar a dimensão do ensino-aprendizagem na disciplina de Educação
especial na Universidade do Oeste de Santa Catarina. Esta análise corresponde a uma
parte aos estudos referentes ao curso de mestrado em educação em curso. A
metodologia bibliográfica e documental, (BARDIN, 2011) analisa os conteúdos dos
documentos com vistas a esclarecer a questão: Que práticas docentes os alunos das
fases finais do curso de pedagogia da Unoesc apontam como relevantes ao
desenvolvimento de sua aprendizagem para docência? Referendam a abordagem teórica
e metodológica os autores (CUNHA, 2005; NÓVOA,2009; TARDIF, LESSARD, 2005;
CASTANHO, 2001; PIMENTA, 2008; GARCIA, 2013; MIZUKAMI, 2010; ZABALZA, 2004;
GRILLO, 2002; MAZZOTTA, 2003; PLETSCH, 2009) entre outros. A pesquisa está em
andamento e se espera ao término, obter informações sobre como a formação de
professores na graduação em Pedagogia prepara para o exercício da ação pedagógica
com alunos com deficiência e assim colaborar com a formação afim de implementar ideias
teórica e práticas resultante desse estudo.
Referências
BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo . São Paulo: Edições 70, 2011.
CASTANHO, Sergio; CASTANHO, Maria Eugênia (Orgs.). Temas e textos em
metodologia do ensino superior . Campinas, SP: Papirus, 2001.
CUNHA, Maria Isabel. O professor Universitário na transição de paradigmas.
Araraquara, SP: Junqueira & Marin editores, 2005.
GARCIA, Rosalba Maria Cardoso. Política de educação especial na perspectiva inclusiva
e a formação docente no Brasil. Revista Brasileira de Educação (Impresso), v. 18, p.
101-119, 2013.
GRILLO, Marlene. O professor e a docência: o encontro com o aluno. In: GARRIDO,
Suzane Lopes; CUNHA, Maria Isabel da; MARTINI, Jussara Gue. Os rumos da
educação superior (org.) Susane Lopes Garrido [et.al.]. São Leopoldo: UNISINOS, 2002.
MAZZOTTA, Marcos Jose Silveira. Educação especial no Brasil : história e políticas
públicas. 4. ed. São Paulo, SP: Cortez, 2003.
MIZUKAMI, Maria da Graça Nicoletti. Et. al. Aprendizagem profissional da docência:
saberes, contextos e práticas. (Org.) Maria da Graça Nicoletti Mizukami, Aline Maria de
Medeiros Rodrigues Reali. São Carlos: EdUFSCar, 2010.
NÓVOA, António. Professores : imagens do futuro presente. Lisboa: Educa, 2009.
PIMENTA, Selma Garrido. Docência no ensino superior /Selma Garrido Pimenta, Léa
das Graças Camargos Anastasiou. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2008.
PLETSCH, Márcia Denise. A formação de professores para a educação inclusiva:
legislação diretrizes e políticas e resultados de pesquisas. Curitiba, PR. 2009.
TARDIF, Maurice; LESSARD, Claude. O trabalho docente : elementos para uma teoria
da docência como profissão de interações humanas. Tradução de João Batista Kreuch.
Petrópolis, RJ: Vozes, 2005.
ZABALZA, Miguel A. Diários de aula : um instrumento de pesquisa e desenvolvimento
profissional. Tradução Ernani Rosa. – Porto Alegre: Artmed, 2004.
14
0
Pôsteres
EIXO TEMÁTICO: SERVIÇOS DE EDUCAÇÃO ESPECIAL
146
ATENDIMENTO ESPECIALIZADO EM ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO DE
UMA INSTITUIÇÃO DE REFERÊNCIA EM EDUCAÇÃO ESPECIAL
147
indicadores de AH/SD identificados e registrados no Censo Escolar(PANCHINIAK, 2019)
que em 2018, contou com 1013 alunos cadastrados em SC.
Referências
FLEITH, D. de S. A construção de práticas educacionais para alunos com altas
habilidades/superdotação: volume 1: orientação a professores. Brasília, DF: MEC,
2007.
GARDNER, H. Inteligências múltiplas: a teoria na prática. Porto Alegre: Artmed, 1995.
MENDES, A. et al. Diretrizes para o atendimento educacional especializado para
alunos com altas habilidades/superdotação-AEE - AH/SD. 2. ed. São José, SC: FCEE,
2018.
PANCHINIAK, A.R.A.Dados do censo escolar 2018. Destinatário: Gerência de
Avaliação da Educação Básica e Estatísticas Educacionais. [S. I.], 26 maio 2019. 2
mensagens eletrônicas.
Lenita de Villa
(lenitadevillar2@hotmail.com)
148
de conversa com cada turma, para apresentar alguns conceitos básicos sobre a LIBRAS
e o alfabeto manual. Com as turmas de anos iniciais do Ensino Fundamental, todos os
dias de conscientização e reflexão, exploraram os temas a partir da ludicidade de livros
infantis que abordam sobre a inclusão destas deficiências. Durante o desenvolvimento
das atividades foi possível perceber o interesse e a curiosidade dos alunos com
perguntas, posicionamentos e a participação sobre suas hipóteses. Os temas que tiveram
mais questionamentos e discussões, foi sobre a LIBRAS e o sobre Autismo. Acredita-se
que, oportunizando o conhecimento sobre a existência de movimentos nacionais e
internacionais sobre as deficiências e contextualizá-las de forma interdisciplinar na escola,
promove práticas inclusivas significativas e que despertam o interesse dos alunos por
conhecer, entender e respeitar os colegas com deficiência.
149
EE, sendo as dificuldades importantes para o amadurecimento. Logo, um espaço de
formação a ser reconhecido e valorizado.
Referências
BRASIL. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação
Inclusiva . 19 p. Brasília, 2008.
SILVA, H. R. C. R.; LODI, A. C. B.; BARBIERI. Cursos de licenciatura : a formação de
professores para atuação na perspectiva da educação para a diversidade. Revista Ibero-
Americana de Estudos em Educação, v.10, n. esp.
UFSC. Proposta Pedagógica de Inclusão Educacional do Colégio de
Aplicação/UFSC.42 p. Florianópolis, 2014.
150
favorecendo a modulação e o processamento sensorial frente as demandas do ambiente.
Referências
BRITES, Luciana; BRITES, Clay. Mentes Únicas: Aprenda como Descobrir, Entender,
e Estimular uma Pessoa com Autismo e Desenvlover suas Habilidades
Impulsionando seu Potencial. São Paulo: Gente, 2019. 192 p.
MOMO, Aline Rodrigues Bueno; SILVESTRE, Claudia; GRACIANI, Zodja. O
Processamento Sensorial como Ferramenta para Educadores: Facilitando o
processo de Aprendizagem. 3. ed. São Paulo: Memnon/artevidade, 2011. 60 p.
A presente pesquisa tem como objetivo discutir o papel das instituições especializadas,
particularmente as APAEs, na implementação da Política Nacional de Educação Especial
na Perspectiva da Educação Inclusiva (BRASIL, 2008). Tem como foco identificar
concepções e práticas pedagógicas desenvolvidas nestas instituições especializadas.
Para tal objetivo buscamos averiguar o que está sendo realizado pela instituição
especializada para complementar a escolarização dos sujeitos com deficiência intelectual.
Essa pesquisa foi desenvolvida com uma abordagem qualitativa, tendo sido utilizados os
seguintes procedimentos metodológicos: pesquisa bibliográfica sobre a produção
acadêmica acerca do tema; pesquisa documental referente as políticas de educação
especial; entrevistas semiestruturadas com profissionais responsáveis pelo SAEDE-DM
(Serviço de Atendimento Educacional Especializado para a área da Deficiência Mental)
ofertadas em APAEs de dois municípios da Grande Florianópolis. Na presente pesquisa
foi abordado o Serviço de Atendimento Educacional Especializado (SAEDE), que é um
dos serviços oferecidos pelo poder público para atender os alunos público alvo da
educação especial. O foco desse trabalho é o SAEDE-DM - Área da Deficiência Mental.
No documento Programa Pedagógico, (Santa Catarina, 2009), é possível observar que é
esperado que o professor do SAEDE promova articulações sistemáticas com o professor
da classe comum, equipe pedagógica da escola regular e família do aluno com
deficiência, sempre sob orientação dos Coordenadores Pedagógicos. As entrevistas
realizadas com as coordenadoras pedagógicas do SAEDE-DM em duas APAEs da
Grande Florianópolis mostram aspectos da organização e funcionamento desse serviço
nesses Centros de AEE. A pesquisa documental mostra também que as duas APAEs
oferecem um serviço dentro das exigências e regulamentação previstas tanto na política
nacional quanto na estadual. Nas entrevistas, buscamos também identificar estratégias de
articulação pedagógica entre as APAEs e as escolas regulares. As estratégias de
articulação propostas nas duas APAEs em certo sentido se aproximam, pois ambas
buscam a troca de experiências com os profissionais da escola regula e se colocam à
disposição para recebe-los na instituição. Nessa pesquisa, as informações obtidas para
discutir o papel das instituições especializadas refletem parte das concepções e práticas
destas instituições que historicamente fazem um trabalho segregado, sem objetivos de
escolarização.
Referências
151
BRASIL. Ministério da Educação. Política Nacional de Educação Especial na
Perspectiva da Educação Inclusiva. BRASILIA, DF: 2008.
Santa Catarina, Secretaria do Estado da Educação/Fundação Catarinense de Educação
Especial. Programa Pedagógico. São Jose, SC: FCEE, 2009b.
152
construção de alternativas para enfrentar os desafios que emergem da docência. No
contexto da Educação Especial vislumbramos que os desafios apresentam-se de forma
pontual quando percebemos a necessidade de proporcionar alternativas para facilitar o
processo ensino aprendizagem, bem como fomentar ações que favoreçam maior
independência dos alunos. Compreendendo a necessidade e a relevância em promover
adaptações e desenvolver materiais alternativos para melhor atender os alunos que
frequentam o Atendimento Educacional Especializado (AEE), propomos um projeto de
formação continuada (FC), que atendesse aos anseios destes professores,
proporcionando melhores condições e alternativas de trabalho. No projeto desenvolvido
foram organizadas oficinas para socialização das atividades realizadas cotidianamente
nas diferentes escolas, contextualização das atividades e confecção de materiais para o
uso nos atendimentos. A metodologia adotada em forma de oficinas foi organizada com o
objetivo de instrumentalizar as salas do AEE, com recursos pedagógicos para facilitar e
aprimorar as alternativas para desenvolver as atividades. Participaram 15 professores das
10 Salas de AEE, de 10 escolas da Gerência Regional de Educação de Seara envolvida
em 32h de FC. Buscou-se atender a demandas apresentadas pelas escolas, promover a
reflexão sobre o papel do AEE no contexto escolar e discutir sua relevância para os
alunos que frequentam este espaço. Objetivamos ainda, potencializar as ações
desenvolvidas pelos professores, através da construção de materiais alternativos, que
possam subsidiar um trabalho mais significativo, ampliando desta forma as possibilidades
de aprendizagem oportunizadas aos alunos. Este processo de construção de materiais
por meio da socialização envolvendo os professores tem grande impacto na prática
docente, uma vez que desafia e possibilita aos mesmos interagirem com diversas
possibilidades, suprindo muitas vezes a própria falta de material didático pedagógico
adaptado. Convém destacar, que os materiais confeccionados passaram a compor o
acervo das salas do AEE, e da escola, disponível para uso de todos. Ampliaram-se desta
forma, as possibilidades de trabalho realizado atendendo às especificidades e
particularidades dos alunos na busca de maior autonomia de interação na escola e na
sociedade, estimulando a criatividade e o desenvolvimento das capacidades dos alunos.
Perceberam-se avanços principalmente na diversidade de materiais produzidos, na troca
de experiências, intervenções e delineamento de propostas de trabalho que passaram a
subsidiar a prática pedagógica dos professores. Como resultados percebidos tivemos o
incremento de materiais nas salas do AEE, maior entusiasmo dos professores, práticas
diversificas, comprometimento e interação entre os profissionais envolvidos.
Introdução: Esse relato destaca possibilidades para professores que atuam com alunos
do 5o ano do ensino fundamental, buscando interação com os pares na adequação do
conteúdo disciplinar segundo as possibilidades destes estudantes. Nos respaldamos em
estudos como os de Rodrigues (2006), Pacheco (2007), Glat (2009), Carvalho (2010),
Teixeira (2010). Objetivo: Descrever metodologias e atividades organizadas em uma
perspectiva inclusiva, utilizadas em sala de aula regular e no Atendimento Educacional
153
Especializado (AEE), para o processo de ensino e aprendizagem de um estudante com
Síndrome de Down. Metodologia: Metodologicamente, utilizamos o estudo de caso, nos
orientando por documentos da pasta escolar do próprio estudante e das observações,
vivências e experiências do cotidiano escolar. Deste modo, organizamos o relato em duas
partes: a primeira sobre o histórico do estudante e a segunda sobre estratégias utilizadas
pelos docentes, destacando as experiências com os docentes da disciplina de matemática
e do AEE, em especial no período de 2018 e 2019. Resultados: Para favorecer o
processo investigativo e o desenvolvimento do estudante foi necessário propor: a) o
estudo sobre os aspectos da Síndrome de Down; b) organização de atividades
diferenciadas ao estudante; c) ampliação do tempo de realização das tarefas; d)
observação dos interesses do estudante; e) percepção do avanço cognitivo do estudante,
considerando o conteúdo aplicado. Além disso, a Educação Especial da instituição zela
por: planejamentos entre e com os docentes e orientação do/a estagiário/a que
acompanha o estudante. Há, também, preocupação em manter diálogos frequentes com a
família e intervenções individuais, quando necessário. Consideramos positivo o
desenvolvimento do estudante referentes a interação com os colegas, os adultos que o
acompanham e sua aprendizagem escolar, tornando assim possível a inclusão escolar.
Referências
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Política Nacional de
Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Brasília: MEC/SEESP,
2008. CONGRESSO CATARINENSE DE EDUCAÇÃO ESPECIAL Florianópolis/SC
EDLER CARVALHO, Rosita. Removendo as barreiras para a aprendizagem:
educação inclusiva. Porto Alegre: Mediação, 2010. 9ª ed.
GLAT, Rosana. Educação Inclusiva: cultura e cotidiano escolar. Rio de Janeiro: 7 Letras,
2009.
MOREIRA, Lília MA; EL-HANIB, Charbel N; GUSMÃO, Fábio AF. A síndrome de Down e
sua patogênese: considerações sobre o determinismo genético. Revista Brasileira de
Psiquiatria, v. 22, n. 2, p. 96-99, 2000. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/rbp/v22n2/a11v22n2.pdf>. Acesso em 3 dez. 2016.
PACHECO, José. Caminhos para Inclusão: um guia para o aprimoramento da equipe
escolar. Porto Alegre: Artmed, 2007.
RODRIGUES, David. Inclusão e Educação: doze olhares sobre a educação inclusiva.
São Paulo: Summus, 2006.
TEIXEIRA. Joseli, NUNES, Liliane. Avaliação Inclusiva: a diversidade reconhecida e
valorizada. - Rio de Janeiro: Wak Editora, 2010.
A temática inclusão tem sido amplamente discutida nos espaços escolares e a chegada
de alunos com os mais variados transtornos fez com que o professor e própria escola
reavaliassem seus métodos, sua organização. Dentre esses transtornos, receber e
trabalhar com um aluno com deficiência intelectual (DI) parece ser mais complicado.
Enquanto para outros alunos com tipos diferentes de limitações existem ferramentas
especificas, para o aluno com DI é necessário compreender seu diagnóstico e analisar
154
especificamente como desenvolver o trabalho pedagógico. Para Santos (2012) a
característica fundamental da deficiência intelectual é o significativo prejuízo cognitivo.
Essa autora também menciona que em deficiência intelectual não se considera a pessoa
como incapaz, pois, de pessoa para pessoa, as limitações podem variar quanto a forma e
ao grau de comprometimento, da mesma forma, as possibilidades de adaptação e
aprendizagem não são extremadas, mas justificadas pela peculiaridade de cada sujeito. A
proposta desse estudo foi auxiliar um estudante de ensino médio, na cidade de
Blumenau, com desenvolvimento intelectual limítrofe na elaboração de seu resumo. O
estudante fazia parte do Plano Educacional individualizado - PEI, que previa, durante a
resolução de provas, a utilização de um resumo do conteúdo da disciplina. Esse aluno,
possuía laudo neurológico que o denominava portador do transtorno do desenvolvimento
intelectual limítrofe, realizando acompanhamento com psicóloga e psicopedagoga,
fazendo uso de medicamentos indicados pelo neurologista. Para a realização desse
estudo utilizou-se pesquisa bibliográfica, análise de documentos e as intervenções
especificas. Após as intervenções realizadas em grupo e especificas com o aluno,
observou-se que a elaboração de resumo ficava restrita a cópia de informações da
apostila e ou caderno. Questionado sobre o que entendia do conteúdo, demonstrava
tranquilidade, afirmando que entendia o assunto e que acreditava que teria um bom
resultado. Como sugestão, que para que o resumo se torne um instrumento de auxilio no
momento da prova, deve ser organizado pelo aluno com maior antecedência e com
acompanhamento contínuo do professor da disciplina. Na interação professor e aluno,
haveria um acréscimo valioso para o aluno, Pereira (2015, p.308) destaca que:
“Indivíduos com limitação intelectual muitas vezes são prejudicados na aprendizagem
acadêmica e, em parte, isso decorre do fato de que a escola não costuma se atentar para
as defasagens e habilidades cognitivas dessa população.”
Referências
PEREIRA, Amanda Morão et al. Avaliação da memória em crianças e adolescentes com
capacidade intelectual limítrofe e deficiência intelectual leve. Rev. psicopedag., São
Paulo, v. 32, n. 99, p. 302-313, 2015.Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.
acesso em 25 out 2016.
SANTOS, Daísy Cléia Oliveira dos. Potenciais dificuldades e facilidades na educação de
alunos com deficiência intelectual. Educ. Pesqui., São Paulo , v. 38, n. 4, p. 935-
948, Dec. 2012 . http://www.scielo.br/scielo. Acesso em 25 Oct. 2016.
Este trabalho apresenta um modelo de avaliação das habilidades musicais que foi
desenvolvido recentemente para a Escola Tempo Feliz, mantida pela APAE de Balneário
Camboriú. No que se refere a avaliação de aprendizagem, o seu Projeto Pedagógico
Institucional sugere a utilização do caderno ‘Habilidades para o trabalho com alunos
jovens e adultos’, elaborado pela própria escola (APAE, 2015). Este material define as
habilidades que as oficinas devem trabalhar para cada turma de alunos conforme suas
deficiências. Para a Oficina de Comunicação e Música, o caderno da APAE orientava
155
para o desenvolvimento da habilidade de manipular diversos tipos de símbolos, visando
ampliar a capacidade de comunicação por meio da linguagem (APAE, 2015, p.3). Em
outras palavras, o caderno estimulava experiências que colocassem holofotes nos
sentidos da visão, audição, do falar e do sentir, dando ênfase a dramatizações, a música
e aos ritmos (APAE, 2015, p. 3). Objetivamente, este material também registrava uma
lista de habilidades que deveriam ser seguidas pelos professores. No entanto, os
dezesseis tipos de habilidades previstos para a Oficina de Comunicação e Música eram
muito gerais, tendo em vista que não abordavam aspectos musicais mais precisos. Então,
diante da experiência acumulada ao longo de cinco anos, percebeu-se a necessidade de
revisar e ampliar esse documento, almejando elaborar um modelo de avalição específico
e com uma linguagem técnica e musical. Desse modo, tomando como alicerce
conhecimentos musicais práticos e teóricos (GAINZA, 1982; ARROYO, 2002; CIAVATTA,
2003; PAIVA, 2004), no ano de 2017 foi elaborado um modelo de avaliação de
habilidades específico para atender as aulas de música. Depois de testado por alguns
meses, no início de 2018, o documento recebeu uma versão revisada, a qual será
apresentada e discutida. Em relação às habilidades avaliadas, estas estão agrupadas em
cinco dimensões: conhecimentos gerais sobre música, percepção e execução musical,
percepção e execução rítmica, performance musical e participação. Ressaltase que esse
modelo de avaliação tem sido usado como uma ferramenta auxiliar para a escolha das
estratégias de ensino/aprendizagem e dos materiais didáticos.
Referências
APAE. Habilidades para o trabalho com alunos jovens e adultos da APAE de
Balneário
Camboriú/SC. Balneário Camboriú, APAE. 2015.
______. Projeto Pedagógico Institucional. Balneário Camboriú. APAE, 2015.
ARROYO, Margarete. Mundos musicais locais e educação musical. Em Pauta: Revista
do Programa de Pós-Graduação em Música UFRGS. Porto Alegre, V. 13, nº 20, p. 95 –
121, 2002.
CIAVATTA, L. O passo: a pulsação e o ensino-aprendizagem de ritmos. Edição do
autor, 2003.
GAINZA, Violeta Hemsy. Estudos de psicopedagogia musical. São Paulo: Summus
Editorial Ltda. 3ª edição. 1982.
PAIVA, Gudin. Percussão: uma abordagem integradora nos processos de ensino e
aprendizagem desses instrumentos. Campinas, 2004. 151f. Dissertação (Mestrado em
Música). UNICAMP.
156
encontram-se alunos com comprometimento motor, necessitando de adaptações e
estratégias que possibilitem desenvolver as atividades educacionais. Para facilitar este
acesso, os acionadores podem ser utilizados, já que permitem ao aluno a autonomia de
clicar e executar a atividade. Os jogos e as atividades no editor de apresentação
associado ao uso do acionador foram elaborados e construídos pelo professor junto com
seus alunos, de acordo com o objetivo da aula. Partindo desta premissa, o professor tem
a possibilidade de desenvolver atividades com imagens ou objetos que fazem parte da
rotina do aluno, tornando mais fácil identificar e relacionar com o dia a dia, empoderando-
o assim para algo real. São inúmeros os desafios e aprendizagens com a utilização do
jogo e atividades em editor de apresentação com o uso de acionador de pressão.
Percebe-se que o aluno tem mais entusiasmo em participar das aulas, este se torna um
autor no processo de elaboração do seu aprender, pois os jogos e atividades podem ser
construídos coletivamente, dentro do seu foco de interesse (CRUZ; RAMOS;
ALBUQUERQUE, 2012). Com isso, o objetivo foi de utilizar jogos e atividades
desenvolvidos no editor de apresentação associado ao acionador de pressão como
ferramenta de acesso e inclusão digital. Para isso, utilizou-se o editor de apresentação
para confeccionar os jogos e atividades pedagógicas, objetivando trabalhar ação e
reação, orientação espacial, cores, fotos e imagens dos alunos, histórias e formas
geométricas. Para promover a acessibilidade o acionador de pressão foi utilizado,
facilitando a execução da atividade, auxiliando a aprendizagem do aluno e possibilitando
a inclusão digital. Foram desenvolvidas, por exemplo, histórias infantis, onde o aluno tinha
que clicar para escutar a história e esperar terminar o áudio para mudar a página. Já no
jogo confeccionado o aluno tinha que clicar na foto e seguir a sua direção, apontando
para cima, para baixo, lado esquerdo e direito – com o intuito de trabalhar a orientação
espacial. De tal modo, os jogos e atividades desenvolvidos foram elaborados e pensados
para cada aluno ou grupo e, aliadas ao acionador de pressão facilitaram à autonomia do
aluno. Portanto, ao executar o proposto, os alunos entenderam que ao clicar, houve uma
reação de som e movimento, além de trabalhar a atenção e concentração. Assim, a
apropriação do conteúdo se tornou prazerosa e fácil de assimilar, pois o mediador buscou
meios para o aluno alcançar estes objetivos por meio da tecnologia.
Referências
CRUZ, D. M.; RAMOS, D. K.; ALBUQUERQUE, R. M. de. Jogos eletrônicos e
aprendizagem: o que as crianças e os jovens têm a dizer? Revista Contrapontos,
Itajaí/SC, v.12, n. 1, p. 87-96, jan./abr. 2012.
157
relação ao respeito e reconhecimento desses direitos. Falar sobre sexualidade ainda é um
tabu em nossa sociedade e isso se intensifica quando se trata das manifestações da
sexualidade dessas pessoas, que ora são vistas como hipersexualizadas, ora como
assexuadas. (GLAT, 1992; MOUKARZEL, 2003). A falta de informações corrobora para a
violação dos direitos sexuais e reprodutivos, desencadeando maior vulnerabilidade quanto
a contaminação de doenças sexualmente transmissíveis e de abusos sexuais.
Metodologia: Este estudo é um recorte da pesquisa de mestrado que estou
desenvolvendo e consiste em um estudo do conhecimento, que teve como objetivo
caracterizar a produção sobre deficiência e sexualidade. Para tanto, foi realizado um
mapeamento das teses dissertações no Banco de Teses e dissertações da Coordenação
de Aperfeiçoamento de Pessoa de Nível Superior e na Biblioteca Digital Brasileira de
Teses e dissertações de 2008 a 2018. Resultados: Foram mapeados 34 trabalhos, sendo
13 relacionados a deficiência intelectual; 11 na deficiência física; 07 na deficiência visual e
03 que foi utilizado apenas pessoas com deficiência. Através da análise dos trabalhos
emergiram as categorias: vivência/experiência da sexualidade: 8, educação sexual: 8
percepção/concepção e representação sobre sexualidade: 7; Vulnerabilidade DST/AIDS e
métodos contraceptivos: 6; Direitos sexuais e reprodutivos: 3; Violência e abuso sexual: 2.
Conclusão: A sexualidade das pessoas com deficiência é concebida, ora como inexistente
e/ou problemática, ora como inerente a vida de os todos seres humanos. A educação
sexual aparece como algo necessário. Por vezes, as pessoas com deficiências são vistas
como incapazes de assimilar conhecimentos e vivenciar sua sexualidade com autonomia,
o que contribui para a desinformação tanto das próprias pessoas com deficiência, como
dos profissionais das áreas da saúde e educação. A fragmentação das políticas de saúde,
as ideias preconcebidas e especialmente as barreiras comunicacionais, arquitetônicas e
atitudinais, contribuem para a falta de acessibilidade no que diz respeito ao acesso de
informações necessárias para aquisição de atitudes de prevenção, autocuidado e para o
exercício pleno e saudável da sexualidade. Conclui-se que a perpetuação de mitos e
tabus ancorados em uma perspectiva biomédica, encobrem atitudes de vigilância e
controle que desencadeiam a violação dos direitos sexuais e reprodutivos dessas
pessoas. As mulheres com deficiência encontram-se em dupla situação de
vulnerabilidade, demandando estudos que articulem deficiência e gênero.
Referências
GLAT, R. A sexualidade da pessoa com deficiência mental. Revista Brasileira de
Educação Especial, Marília, v.1, n.1, p.65-74, 1992.
MOUKARZEL, M. G. M. Sexualidade e deficiência: superando estigmas em busca da
emancipação. Dissertação (Mestrado em Educação). Campinas: UNICAMP, 2003.
Regina Catia Kelim Thiel, Maria Helena Comper Giacomozzi, Marines Dias
Gonçalves
(regina.ckelim@gmail.com)
158
A inclusão educacional de crianças com deficiência na Educação Infantil vem aumentando
ao longo dos últimos anos, desafiando as instituições de ensino a reverem suas propostas
pedagógicas, de modo a atenderem ao preconizado na legislação e documentos oficiais
que tratam sobre esta questão, em especial à Política Nacional de Educação Especial na
perspectiva Inclusiva (BRASIL, 2008). Este estudo apresenta resultados parciais da
pesquisa que trata sobre a inclusão de crianças com deficiência na Educação Infantil e
parte da pergunta: Como as orientações curriculares de Rio do Sul, para a inclusão de
crianças com deficiência na educação infantil, orientam seus professores para práticas
pedagógicas consideradas inclusivas? Objetivamos compreender de que maneira as
Orientações Curriculares para a Educação Infantil do município de Rio do Sul, frente à
inclusão de crianças com deficiência, podem contribuir para práticas pedagógicas
consideradas inclusivas. A abordagem metodológica é qualitativa, e o estudo é
caracterizado como bibliográfico e documental. Entre as fontes bibliográficas e
documentais, citam-se livros, artigos e dissertações pertinentes ao tema proposto, a Lei
de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB), a Base Nacional Comum Curricular
(BNCC), Orientações Curriculares da Educação Infantil de Rio do Sul (2017). Pode-se
constatar que a inclusão de crianças com deficiência na Educação Infantil representa um
desafio para toda a comunidade escolar. Entre as perspectivas abordadas no estudo,
pressupõe-se que todas as crianças aprendam juntas, independente de gênero, classe
social ou outras características individuais, valorizando a igualdade nas relações. De
acordo com as Orientações Curriculares para a Educação Infantil do município de Rio do
Sul, “[...] as crianças se desenvolvem e aprendem a partir de interações com outras
crianças [...]” (SANTA CATARINA, 2017, p. 10). Quando crianças com e sem deficiência
têm oportunidades de se socializar, de conviver no mesmo ambiente, conseguindo
estabelecer relações, pode-se dizer que essas interações têm o poder de transformação
em relação ao respeito, valorização, aprendizado e na vida social destas crianças. Ao
pensar um ambiente inclusivo na educação infantil, é preciso pensar além da criança, é
atentar-se para a necessidade de pensar o todo, tudo que faz parte deste contexto
educacional, incluindo, entre outros aspectos, a equipe envolvida neste processo
educacional (SEKKEL; ZANELATTO; BRANDÃO, 2010). Entende-se que o
desenvolvimento de estudos nesta área são relevantes, pois oportuniza a professores e
futuros pedagogos conhecimentos que podem contribuir para a sua formação e para a
inclusão educacional de crianças com deficiência.
Referências
SANTA CATARINA. Secretaria Municipal da Educação. Orientações Curriculares:
Educação Infantil. Rio do Sul, 2017.
SEKKEL, M. C; ZANELATTO, R.; BRANDÃO, S. B; Ambientes inclusivos na educação
infantil: possibilidades e impedimentos. Psicologia em estudo, Maringá, v. 15, n. 1, p. 17-
126, jan/mar. 2010.
159
Solange Nunes da Silva
(escola.girassolsbs@uol.com.br)
160
comportamento, socialização e linguagem. Diante desta sintomatologia, uma das áreas
que se destaca na intervenção destes quadros é a fonoaudiologia, sendo que a
intervenção precoce vem demonstrando melhores resultados nestes quadros. O desafio
da terapia fonoaudiológica para crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), é a
dificuldade de alcançar uma interação produtiva; já que um dos sintomas evidentes do
transtorno é a dificuldade de socialização. Uma das formas de interação, que tem se
demonstrado eficaz, é a Terapia Assistida por Animais (TAA), na qual o animal participa
do tratamento, tem como princípio a estimulação sensorial proporcionando também a
interação e o vínculo na relação cão e paciente. Objetivo: caracterizar as contribuições da
TAA no processo terapêutico fonoaudiológico de uma criança com TEA, a partir do relato
da família. Metodologia: foi realizado um estudo de caso com uma criança, de três anos,
sexo feminino, com diagnóstico de TEA de grau leve. A coleta de dados foi executada
através da aplicação de um questionário formulado para o pai, após um programa de
intervenção com a participação do cão vinculado ao projeto de extensão Atividade/Terapia
Assistida por Animais (A/TAA) (da Universidade do Vale do Itajaí), como alternativa de
humanização na terapia fonoaudiológica. Este programa de seis meses de duração se
caracterizou por encontros semanais de 40 minutos, com o fonoaudiólogo, estagiário, o
cão terapeuta e a sua condutora. Nestes encontros foram desenvolvidas estratégias
lúdicas que estimulavam a interação da paciente com o cão como leva-lo para passear,
escovar o pelo, entre outros. Porém, destaca-se que durante as atividades eram
estimuladas, paralelamente, habilidades de base para a interação como o contato visual,
a imitação oral e motora e a produção verbal. O cão envolvido (labrador) tinha o perfil
adequado para este tipo de terapia e foi treinado especificamente para as condutas
utilizadas. A paciente passou por avaliação fonoaudiológica antes da aplicação do
programa e teve como diagnóstico um quadro de distúrbio de linguagem caracterizado por
alterações morfossintáticas, utilização de enunciados curtos e narrativa primitiva;
associadas a presença de ecolalia, contato visual superficial e presença de birras.
Frequentemente é relatado pelos pais atrasos na aquisição da linguagem, sendo que os
padrões habituais de aquisição da linguagem, como o balbucio e o brincar com os sons,
podem estar ausentes ou serem raros. Resultados: o pai cita mudanças positivas no que
se refere ao comportamento, interação social e motivação. Em relação à linguagem o
responsável afirma perceber, que a menina passou a fazer o uso com mais
sistematicidade de frases com até 3 vocábulos, utilizando uma prosódia e entonação
correta de acordo com o contexto. Conclusão: foi possível perceber então a eficácia da
aplicabilidade da TAA na terapia fonoaudiológica de indivíduos com autismo.
Juliana Paula Buratto dos Santos Pereira, Kátia Regina Ladewig, Márcia Terezinha
Miranda
(jpaula@fcee.sc.gov.br)
161
Introdução: De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) “A educação
básica tem por finalidades desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum
indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no
trabalho e em estudos posteriores” (BRASIL, 2017, p. 17), sendo a educação profissional
uma modalidade que integra a educação básica. Assim sendo, o Centro de Educação e
Trabalho (CENET), da Fundação Catarinense de Educação Especial (FCEE), que têm
como foco principal a qualificação profissional e a empregabilidade, desenvolve suas
atividades por meio do Programa de Educação Profissional. O Programa é composto por
quatro etapas, sendo a primeira delas denominada Iniciação para o Trabalho. O Grupo de
Iniciação, integrante desta primeira etapa, está direcionado à identificação e avaliação das
competências do aprendiz, a partir do levantamento das potencialidades, interesses
profissionais e nível acadêmico, com enfoque nas habilidades do sujeito, visando
identificar os apoios que este necessitará no decorrer das etapas seguintes. Objetivo:
apresentar a produção técnica INICIAÇÃO PARA O TRABALHO: Grupo de Iniciação –
Módulo 1. Metodologia: Relato de experiência. Resultados e/ou Conclusão: A obra, em
suas 107 páginas ricamente ilustradas com fotos do cotidiano da sala aula, tem como
referência as experiências vivenciadas no período de 2013 à 2015, por meio da realização
de atividades individualizadas para a sondagem nas áreas acadêmicas, competências,
habilidades sociais e laborais. Foram utilizados como procedimentos: seleção de
conteúdos (Programa), elaboração, seleção, aplicação e análise das atividades e, ainda,
elaboração, aplicação e análise dos protocolos avaliativos. Desta forma, o material tem
como propósito fornecer orientação teórica metodológica acerca do trabalho
desenvolvido, na FCEE, no sentido de incentivar e subsidiar a implantação e/ou
implementação da primeira etapa do Programa de Educação Profissional, nas Instituições
Especializadas conveniadas com a FCEE, no Estado de Santa Catarina, bem como
facilitar a atuação do professor em sala de aula, fornecendo elementos norteadores
quanto aos conteúdos, atividades, protocolos avaliativos e legislações específicas, sendo
necessário analisar o público atendido e o contexto social em que está sendo
desenvolvido, adequando conforme necessidades. Encontra-se disponível em
file:///D:/Users/EIGHT/Downloads/InciciacaoAoTrabalho_digital%20(4).pdf .
Referências
BRASIL. LDB: Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: lei n. 9.394, de 20 de
dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. 10. ed.
Brasília: Câmara dos Deputados, Coordenação Edições Câmara, 2014.
Angélica Bort
(angelbortt@gmail.com)
Introdução De acordo com estimativas há no Brasil 68% de pessoas com DI (de 15% da
população com alguma deficiência). Portanto, a efetivação da Lei nº 8.213, consolidou a
inserção do Deficiente Intelectual no mercado de trabalho, reafirmando seu papel de
cidadão ativo, oportunizando a inclusão social, autonomia e independência. O objetivo
deste firma-se em desenvolver uma análise crítica reflexiva à Pessoa com deficiência e o
Mercado de Trabalho. Sob a metodologia, este seguirá a pesquisa bibliográfica e
descritiva com abordagem qualitativa. A DI não se esgota na sua condição orgânica, é
162
uma interrogação e objeto de investigação devido sua complexidade. A AAMR define a
mesma: Funcionamento intelectual significativamente abaixo da média [...] com limitações
associadas a duas ou mais áreas da conduta adaptativa ou da capacidade do indivíduo
em responder adequadamente as demandas da sociedade, nos seguintes aspectos:
comunicação, cuidados pessoais, habilidades sociais, desempenho na família e
comunidade, independência na locomoção, saúde, desempenho escolar, lazer e trabalho
(GIORDANO, 2000, p. 42). Portanto, volta-se ao papel que o indivíduo com DI ocupa na
sociedade devido a uma identidade e destino já determinados pelas estruturas
socioculturais. Com a evolução, o trabalho passou a representar o esforço na luta do
homem pela conquista de uma melhor qualidade de vida, confirmando assim o que Santa
Catarina, ressalta como trabalho: "[...] atividade do homem pelo qual ele transforma a
natureza e é, ao mesmo tempo, por ela transformado. É a maneira pela qual o homem se
relaciona com a intenção de transformá-la e adequá-la às suas necessidades vitais”
(1998, p. 106). Seguindo esta linha, a ONU instituiu a Convenção sobre os Direitos das
Pessoas com Deficiência, tendo seu art. 27: “Os Estados Partes reconhecem o direito das
pessoas com deficiência ao trabalho, em igualdade de oportunidades [...] o direito à
oportunidade de se manter com um trabalho de sua livre escolha ou aceitação no
mercado laboral, em ambiente de trabalho que seja aberto, inclusivo e acessível a
pessoas com deficiência” (BRASIL, 2007, p. 31). Nessa visão “faz-se imprescindível criar
2 mecanismos de acesso á pessoa com DI ao mercado de trabalho, para sua efetiva
inclusão social” (Brasil, 2007, p. 41).Para promover a inserção das pessoas com
deficiência no mundo do trabalho, a legislação brasileira estabeleceu uma reserva legal
de cargos que ficou conhecida como a Lei de Cotas [...], que prevê que a empresa com
100 ou mais empregados está obrigada a preencher de 2 a 5% dos seus cargos com
beneficiários reabilitados ou pessoas portadores de deficiência, habilitadas, na seguinte
proporção: de 100 a 200 empregados, 2% [...] (Brasil, 2007, p. 39). Resultando em
qualidade de vida, ilustrando que a Pessoa com deficiência é cidadã como qualquer outra,
e em razão da sua condição, não deve ser tratada de forma diferenciada, pois o direito á
igualdade significa ser tratado de forma inclusiva. Conclui-se que os indivíduos com DI
foram sendo inseridos de forma gradual, porém a inserção transformadora para muitos
ocorreu com a efetivação da Lei das Cotas, onde ingressaram no mercado de trabalho se
sentindo indivíduos participantes ativos. Mas ressalta-se que este processo ainda se
encontra em sua fase inicial embora anos já se tenham passado, pois deparam-se com
novas situações, sem terem recebido qualquer tipo de preparação, estando neste
ambiente apenas para suprir estatísticas e/ou cumprir reservas legais.
Referências
BRASIL, Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência. Brasília, 2007.
BRASIL. Federação Nacional das Apaes. Educação Profissional e Trabalho para
pessoas com DI e Múltipla - Plano Orientador para gestores e Profissionais. Brasília:
APAE, 2007.
GIORDANO, Blanche W. (D) Eficiência e trabalho: Analisando suas representações.
São Paulo, Fapesp, 2000.
SANTA CATARINA, Proposta Curricular / Educação e Trabalho. Florianópolis, 1998.
163
Palavras-chave: Estresse ocupacional. Professores de Educação Especial. Ergonomia.
164
(brunocristopher@hotmail.com)
165
promove a interação transformadora entre a universidade e outros setores da sociedade
(UFSC, 2016), torna-se significativa a relação entre universidade-escola. Dessa forma,
participamos na feira cultural do EA, na qual um grupo de alunos do fundamental elaborou
uma pesquisa sobre o goalball e realizaram uma exposição de cartazes pela escola.
Acreditamos que essa articulação é capaz de proporcionar uma mudança no
comportamento, diminuindo visões estigmatizadas da sociedade sobre a pessoa com
deficiência. Objetivo: Relatar a experiência de apresentação e experimentação do projeto
de extensão de goalball na feira cultural do Escola Autonomia. Métodos: Os atletas da
UFSC realizaram uma apresentação da modalidade. No decorrer do jogo, muitos pais e
alunos acompanharam atentos e curiosos as particularidades deste esporte (Figura1). Os
espectadores observaram a noção espacial, percepção auditiva e desenvoltura
técnico/tática dos atletas e isso serviu de motivação para os alunos participarem. Para
preparação do espaço, junto com o professor de educação física, montamos a quadra e a
trave com materias simples e adaptados. Foram utilizados barbantes tensionados por
cabos de vassoura para a formação das traves. As linhas de orientação da quadra foram
formadas por barbantes sobrepostos em fita crepe. Os alunos jogaram com a bola oficial
e experimentaram também, uma bola adaptada feita com uma bola de basquete envolta
por sacolas. Antes do início das partidas, os estudantes recebiam instruções sobre a
modalidade e como jogar usando outros meios de comunicação além da visão. Os
escolares de diversas idades foram divididos em quintetos para que todos pudessem
vivenciar o jogo. Figura 1. Apresentação e experimentação do goalball Resultados e
Considerações Finais: Com o acesso deste esporte dentro da escola, os espectadores
conheceram a modalidade, entraram em contato com os atletas ampliando seu
conhecimento sobre a deficiência e sobre o esporte paralímpico. Sugere-se que a
aproximação entre universidade-escola seja frequente para que se alcancem novas
experiências transformadoras. Além disso, incentiva-se que o esporte paralímpico esteja
na escola para aumentar a conscientização e disseminar atitudes positivas sobre a
deficiência.
Referências
RESOLUÇÃO NORMATIVA Nº 88/2016/CUn, DE 25 DE OUTUBRO 2016. Dispõe sobre
as normas que regulamentam as ações de extensão na Universidade Federal de Santa
Catarina.
166
as quais foram realizadas em sites online entre eles, o SciELO - Scientific Electronic
Library Online, pesquisa de dados acadêmicos da EBSCOhost e Google Acadêmico.
Estas fontes foram utilizadas para obtermos uma maior compreensão sobre o TEA e a
informações sobre a melhor forma de trabalhar com as crianças, a fim de favorecer
resultados positivos durante as atividades nas aulas de Educação Física. Como resultado
observamos que o principal papel do Educador Físico é estimular as potencialidades de
seus educandos autistas, para isso ele deve utilizar atividades lúdicas e jogos adaptados
de acordo com a especificidade de cada um. O professor ao trabalhar com um TEA,
precisam estar em constante contato com o estudante, conversando e elogiando, para
que um vínculo emocional seja formado entre eles, assim se sentirá mais confiante e
aceitará fazer as atividades propostas pelo professor. Concluímos através das leituras dos
textos, a importância de destacar a interação dos autistas nas escolas, na comunicação
verbal com os colegas e os demais professores. Compreender as particularidades
evidenciadas por cada criança. A importância que tem um Professor de Educação Física
no contato com as crianças com TEA, para que possam se sentir acolhidas e realizadas
nas atividades realizadas durante as aulas.
167
fornecem suporte para esta prática. Por fim, 42,8% afirmam não possuir conhecimento
básico sobre o conteúdo e 94,6% acreditam que ensinar este conteúdo traz benefícios
para alunos que não possuem deficiência Conclusão: Por meio das análises dos dados é
possível afirmar que os professores reconhecem os benefícios da utilização do esporte
adaptado como conteúdo da EF, no entanto, somente metade assumiu que o utiliza em
suas aulas. Grande parte identifica falta de suporte da escola para realização desta
prática e assegura que não possuem conhecimento básico sobre o conteúdo. Essas
informações direcionam reflexões para políticas de conscientização da comunidade
escolar e nos alertam sobre a falta de conhecimento percebido pelos professores para o
ensino do esporte adaptado, que reflete as experiências frágeis da formação inicial,
indicando a necessidade de se pensar na formação continuada.
Referências
Robles-Rodriguez et al. Los deportes adaptados como contribución a la educación
en valores y a la mejora de las habilidades motrices: la opinión de los alumnos de
Bachillerato. Retos, n.31, 2017.
168
acompanhamento sistemático com oftalmologista. Dayana atualmente está com 30 anos
de idade acredita-se que em breve a mesma será encaminhada para um geriatra.
CONCLUSÃO Vale enfatizar que a inclusão social somente foi efetivada de maneira
significativa a partir do momento em que a família se dispôs a buscar a inclusão
educacional através dos direitos de atendimento educacional (AEE e segundo professor).
O acompanhamento sistemático e a aceitação das orientações e tratamentos da área
clínica. Atualmente Dayana é adulta tem uma vida semi-independente, pratica esportes,
viaja, frequenta festas, dentre outras coisas que realiza. Assim, passou a sentir-se
incluída, com qualidade de vida e principalmente tornou-se feliz. Dayana, com Síndrome
de Down cotidianamente ensina a valorizar as pequenas aprendizagens e a importância
do amor incondicional que é a retribuição que recebemos das pessoas com deficiência.
Referências
ALVES, F. Para entender Síndrome de Down. Rio de Janeiro: Wak, 2007.
BIBAS, J. M.; DUARTE, Â. M. Ideias de estimulação para a criança com síndrome de
Down: brincando e se desenvolvendo em casa. Curitiba: Artes & Textos. 2009.
169
redução de vulnerabilidade e de riscos sociais.
Referências
Carvalho, C.L., Ardore, M., & Castro, L.R.(2015). Cuidadores Familiares e o
Envelhecimento da Pessoa com Deficiência Intelectual: Implicações na prestação
de cuidados. Revista Kairós Gerontologia. CAVALHEIRO, E.A.; SCORZA, C. A.
Envelhecimento e deficiência intelectual. Revista Deficiência Intelectual, v.1, n.1, 2010.
MIOTO, Regina Célia Tamaso. Trabalho com famílias: um desafio para os assistentes
sociais. Revista Virtual Textos & Contextos, n. 3, dez. 2004.
170
FENAPAES. Autogestão e Autodefensoria: conquistando autonomia e participação.
Projeto Sinergia – Volume 3. Brasília, 2009.
FENAPAES. Inclusão Social da pessoa com deficiência intelectual e múltipla:
autogestão, autodefesa e família. Projeto Águia. Brasília, 2011.
ROCHA, Mônica Neves. Orientação do Trabalho da Autodefensoria da APAE de São
Paulo. Revista Deficiência Intelectual. São Paulo, Ano 7, número 13-14, p. I-IX,
Jan/Dez.2018.
O diagnóstico de uma deficiência acarreta nos pais o luto do filho idealizado. Esse
processo é intensificado pelas adaptações que a família precisará fazer em sua rotina,
como questões financeiras, na carreira profissional, nos papéis desempenhados por cada
membro e na relação entre os sujeitos que compõem aquele grupo. Nos casos de
Transtorno do Espectro Autista (TEA), esse impacto pode ser ainda maior, considerando
as peculiaridades do autismo e as incertezas que acompanham tal diagnóstico. O DSM-V
define o TEA a partir das características: deficiências persistentes na comunicação e na
interação social e padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou
atividades, observados nas primeiras etapas do desenvolvimento, as quais acarretem
prejuízo significativo em diferentes áreas. Diante deste contexto, diversos estudos
apontam para a importância de grupos de apoio com familiares, visto que este espaço
singular e dinâmico promove trocas, compartilhamento, identificação, ressignificação e
acolhimento entre os membros, sendo uma ferramenta potencialmente positiva. Objetivo:
Assim, o objetivo deste trabalho é refletir sobre a importância do grupo de pais de sujeitos
com TEA como um espaço para a ressignificação do filho, para além do rótulo de
“autista”. Metodologia: Trata-se de um relato de experiência. Os dados foram gerados
num grupo de familiares de sujeitos com TEA, que ocorre semanalmente na Clínica
Escola de Fonoaudiologia da UFSC, concomitantemente à terapia fonoaudiológica
realizada pelos filhos. O grupo é constituído por 3 mães e 3 pais, uma fonoaudióloga e um
estudante de fonoaudiologia, sendo que os últimos atuam como mediadores. Os dados
foram analisados a partir de uma perspectiva sócio-histórica. Resultados: A partir do
andamento das reuniões pode-se observar um movimento dos pais de observadores a
participantes ativos nas reuniões. Na medida em que construíram vínculo, passaram a
compartilhar suas angústias e expectativas em relação em relação ao desenvolvimento
dos filhos, possibilitando pôr em roda uma reflexão sobre o processo de apropriação da
linguagem, além do compartilhamento de estratégias entre os familiares. Além disso, os
pais puderam verbalizar e reelaborar repercussões decorrentes do diagnóstico de TEA
dos filhos, mesmo este não sendo recente. Por fim, o grupo foi se configurando com
vozes consonantes, entrelaçadas pela similaridade das vivências, apesar da subjetividade
171
da história de cada família, a respeito de uma preocupação compartilhada pelos
participantes com o futuro dos seus filhos. Conclusões: O grupo de familiares permitiu a
troca de informações sobre o TEA, o compartilhamento de experiências, um espaço de
acolhimento e que os participantes revelassem seus medos, vulnerabilidades, anseios, e
empoderados pudessem ressignificar o modo como enxergam seus filhos, o diagnóstico e
sua história.
172
GERHARDT, T. E; SILVEIRA, D. T. Métodos de Pesquisa. Porto Alegre: Editora da
UFEGS, 2009.
ROMÃO, A. L; CAETANO, L.F. Efeitos da hidrocinesioterapia no paciente portador de
síndrome de down. Corpus et Scientia, vol. 5, n.2, p. 45-52, setembro 2009.
SKINNER, A.T; THOMSON, A.M; DUFFIELD - Exercícios na água. 3 a edição. Ed.
Manole, 1985.
STARKE, A. R. Uma análise de sistemas de aquecimento de piscinas domésticas
através de bombas de calor assistidas por energia solar. Dissertação - Programa de
Pós graduação em Engenharia Mecânica da Universidade Federal de Santa Catarina.
Florianópolis, 2013.
173
Referências:
RAMOS, C da M. et. al. Psicoterapia e Terapia Assistida por Animais. In: CHELINI,
Marie O. M. e OTTA, Emma. Coordenadoras. Terapia Assistida por Animais. São Paulo.
Manole, 2016.
DEL PRETTE, Z. A. P. et. al. Habilidades Sociais na Infância: avaliação e intervenção
com a criança e seus pais. In: PETERSEN, Circe S. e WAINER, Ricardo e
Colaboradores. Terapias Cognitivo-Comportamentais para Crianças e Adolescentes.
Porto Alegre. Artmed, 2011.
Daiane Souza de Freitas, Erica Perez Marson Bako, Bethania da Rocha Medeiros
(daiane.dermato@gmail.com)
A Terapia Assistida por Animais (TAA) envolve serviços profissionais da área médica que
utilizam o animal como parte do tratamento, constituindo um processo terapêutico formal
com procedimentos e metodologia, amplamente documentado e seus resultados
avaliados. Raças equinas consideradas como “miniatura” tiveram origem nos pôneis
naturais da ilhas Shetland, com altura de até 1,07 m e mundialmente difundidos no século
XIX por sua aptidão à tração nas minas subterrâneas de carvão. No Brasil duas raças
atuais podem ser consideradas nesta classificação, com altura de até 1,10. Este projeto
teve como objetivo realizar a inserção de pôneis como coterapeutas na TAA com crianças
integrantes do Programa de Estimulação Precoce (PEP) da APAE-Araquari, promovendo:
o estímulo da atividade motora, sensorial, social e emocional nos pacientes através da
participação dos animais; bem como o estímulo da socialização do paciente aos
voluntários. Realizou-se TAA com 6 crianças integrantes do PEP, promovendo: o estímulo
da atividade motora, sensorial, social e emocional nos pacientes através da participação
de três animais. Tais pacientes eram portadores de Paralisia Cerebral, Amiotrofia
Muscular Espinhal, Mielomeningocele e Síndrome de Down. Este projeto foi aprovado
pela Comissão de Ética no Uso de Animais (protocolo 240/2018) e pelo Comitê de Ética
de Pesquisas em Seres Humanos (parecer 2.641.298). Foram realizadas 12 ações
semanais, cada uma atendendo individualmente uma média 4 crianças. Proporcionaram-
se momentos de descontração na execução de exercícios motores e cognitivos como:
escovar os animais, trançar suas crinas, observar e tocar seus corpos. O desafio da
experiência sensorial através da percepção tátil da textura e comprimento dos pelos e
forma do corpo dos animais foi muito bem aceito pelos participantes, assim como o
vínculo que alguns pacientes desenvolveram com os pôneis, que os chamavam pelo
nome. Considerando o cavalo como símbolo de força, altivez e soberania, bem como sua
contribuição exemplar com a história da humanidade, Dotti (2005) afirma que as pessoas
refletem no cavalo seus desejos de serem fortes e livres, e este as ajuda a enfrentar suas
sombras e medos, pois encontram nele aquilo que realmente querem ser. Assim,
considera-se que o estímulo à participação direta dos pacientes com os pôneis pode levar
também ao fortalecimento da autoestima. Dessa forma, os objetivos propostos foram
alcançados.
Referências
DOTTI, J. História, origens e simbologia dos animais. In: DOTTI, J. Terapia & Animais:
174
Atividade e Terapia Assistida por Animais – A/TAA Práticas para organizações,
profissionais e voluntários. São Paulo: PC Editorial. 2005. p. 24-30.
Este texto tem como objetivo apresentar brevemente alguns dados da pesquisa em
andamento realizada no Centro de Avaliação e Diagnóstico - CENAE/FCEE, no qual visa
analisar a correlação entre alterações no Processamento Auditivo Central, Transtorno
Específico de Aprendizagem e Funções Executivas nos indivíduos com TDAH. O TDAH é
um transtorno do neurodesenvolvimento, no qual o diagnóstico é clínico e baseado em
critérios comportamentais. No entanto, entre os inúmeros estudos relativos a esta
problemática, muitos investigadores têm-se debruçado sobre as implicações do TDAH ao
nível do desenvolvimento cognitivo global e tentado compreender quais as suas
repercussões nas funções neurocognitivas mais específicas. Há evidências de que
sujeitos com TDAH apresentam tendência a um mau desempenho na escola e
dificuldades de aprendizado, principalmente relacionadas à leitura e interpretação (Cunha
et al., 2013; Siqueira e Gurgel-Giannetti, 2011). Esta pesquisa visa analisar o
desempenho do sujeito com TDAH nas tarefas de leitura e seu nível de interpretação,
identificando-se graus de aproximação ou afastamento dessas aprendizagens em
comparação com o que as pesquisas trazem. Para isso, foi realizado um estudo do tipo
corte transversal com prevalência e incidência, de caráter descritivo e prospectivo, com
uma amostra de 30 indivíduos diagnosticados com TDAH, entre janeiro de 2014 até
dezembro de 2016, com a faixa etária de 7 a 16 anos e 11 meses, sem a presença de
comorbidades. Nesse estudo, foram utilizados quatro tarefas contidas nas Provas de
Avaliação dos Processos de Leitura (PROLEC) Capelini et al. (2014): Prova de Leitura de
Palavras; Leitura de Pseudopalavras; Processo Semântico; Compreensão de Textos.
Com relação às rotas de leitura, considerou-se a rota fonológica e a rota lexical,
separando em três grupos, entre 7 a 8 anos, 9 a 10 anos e igual ou maior a 11anos. Com
relação aos Processos semânticos da leitura, considerou-se para a pesquisa três níveis:
não compreendem o que lê, compreendem parcialmente e tem compreensão do que está
lendo. Constatou-se que grande parte dos pesquisados não apresentam compreensão do
que está lendo, enquanto somente pequena parte apresenta compreensão efetiva do que
lê. Os resultados aqui apresentados são condizentes com os achados de estudos de
outros autores, Fin e Barreto (2010); Bruce e Shapiro, (2011) e DuPaul et al., (2013) de
que as dificuldades de aprendizagem são comuns no TDAH, sendo mais frequentes em
comparação as crianças com desenvolvimento típico, podendo comprometer a leitura, e
sua compreensão, escrita, cálculo, raciocínio matemático. As dificuldades acadêmicas
experimentadas pelos indivíduos com TDAH são frequentemente mal compreendidas e
entendidas apenas como um reflexo de desmotivação e/ou pouco empenho, sendo
negligenciada a investigação adequada dessas condições primárias.
Referências:
BRUCE K, SHAPIRO, M.D. Bajo rendimiento escolar; una perspectiva desde
eldesarrollodel sistema nervioso. Rev Med Clin Condes. 2011,22
175
CAPELINI et al. PROLEC - Provas de Avaliação dos Processos de Leitura (Teste
Completo). Editora: Pearson, 2014
CUNHA, V. L. O.; SILVA, C.; LOURENCETTI, M. D.; PADULA, N. A. M. R.; CAPELLINI,
S. A. Desempenho de escolares com transtorno de Déficit de Atenção e
Hiperatividade em tarefas metalinguísticas e de leitura. Rev. CEFAC, v. 15, n. 1, p.
40-50, 2013.
DUPAUL. G.J; GORMLEY, M.J, LARACY, S.D. Comorbidity of LD and ADHD:
implications of DSM-5 for assessment and treatment. J Learn Disabil. 2013;46(1):43-
51
FIN, G.; BARRETO, D.B.M. Avaliação motora de crianças com indicadores de
dificuldades no aprendizado escolar, no município de Fraiburgo, Santa Catarina.
Unoesc Ciência. 2010;1(1):5-12.
SIQUEIRA, C. M.; GURGEL-GIANNETTI, J. Mau desempenho escolar: uma visão
atual. Revista da Associação Médica Brasileira, v. 57, n. 1, p. 78-87, 2011.
176
acadêmicos de Fonoaudiologia têm com pessoas que possuem a surdez dentro das
instituições é muito breve, e sabe-se da necessidade de ter uma visão humanizada com
estes e suas famílias. OBJETIVO GERAL: Demonstrar as contribuições para a formação
acadêmica através das vivências que as estagiárias têm no Serviço de Atendimento à
Pessoa Surda. OBJETIVOS ESPECÍFICOS: Contar as ações realizadas pelas estagiárias
e relatar o benefício do projeto para os futuros profissionais METODOLOGIA: A Pró
Reitoria de Extensão disponibiliza bolsas para os estudantes de áreas da saúde a fim de
proporcionar uma vivência de dentro do Serviço, tendo maior contato com a comunidade
surda e a educação especial. As bolsistas do curso de Fonoaudiologia realizam
atendimentos individuais para usuários surdos, onde inicialmente é realizado uma triagem
com a coordenadora e fonoaudióloga do setor utilizando como critério o uso efetivo do
AASI ou IC com o mínimo de 8 horas de uso. Nestes atendimentos são estimuladas as
habilidades auditivas, a estimulação da linguagem oral e questões de leitura e escrita.
Devido os atendimentos que realizam, as estagiárias tornam-se referência para as
famílias que solicitam auxílio nas questões fonoaudiológicas ou também em relação aos
equipamentos auditivos dos usuários. Lidar com os sentimentos destas famílias agrega
para a formação das estagiárias nas questões de manejo e treino de escuta, pois são a
realidade de muitas famílias e estas vivências não conseguem ser transmitidas para os
acadêmicos apenas nas salas de aulas. RESULTADOS: O contato com os usuários e
seus familiares acarretam conhecimentos que tornam as estagiárias mais preparadas
para o mercado de trabalho, pois dentro do serviço conhecem uma nova língua, bem
como têm contato com os familiares dos alunos surdos. Segundo a Associação
Americana de fala, linguagem e audição (ASHA), os serviços devem oferecer para as
famílias um plano individualizado, para que supra as necessidades e práticas culturais da
família, levando em consideração as preferências, expectativas e necessidades naquilo
que é possível. CONCLUSÃO: As vivências que as estagiárias têm no serviço agregam
para uma formação mais humanizada e as preparam para ter manejo profissional de
maneira singular e única com usuários surdos.
Referências:
AMERICAN SPEECH-LANGUAGE-HEARING ASSOCIATION. (2008). Guidelines for
audiologists to providing informational and adjustment counseling to families of
infants and young children with hearing loss birth to 5 years of age [Guidelines].
Disponível em: <www.asha.org/policy>.
177
caráter retrospectivo e base documental, realizado de fevereiro-abril/2019, aprovado pelo
CEPSH com CAAEE nº. 39722114.7.0000.0118. Foram analisados prontuários de
crianças com deficiência atendidas em uma fundação de referência, restringindo-se aos
principais diagnósticos envolvendo alterações do Sistema Nervoso Central (SNC),
incluindo Paralisia Cerebral (PC), Síndrome de Down (SD) e Transtorno do Espectro
Autista (TEA)2,3. Entre 295 prontuários disponíveis, 79 apresentaram os diagnósticos de
interesse e participaram da EP sendo selecionados para análise. Foram coletados dados
sociodemográficos das famílias, dados clínicos das crianças, dados das avaliações
iniciais e dados da EP (início, permanência, tipo/quantidade de intervenções
terapêuticas). As análises envolveram estatística descritiva com distribuição de
frequências bem como médias com desvios padrão e amplitude. Resultados: Houve uma
distribuição homogênea entre os diagnósticos analisados, verificando-se 26 crianças com
SD (33%), 26 crianças com TEA (33%) e 27 crianças com PC (34%), predomínio do sexo
masculino (71%). A avaliação inicial foi realizada em média aos 22±16,7 (0,1-59) meses,
principalmente com médico pediatra (46%), fonoaudiólogo (95%), fisioterapeuta (83%) e
pedagogo (77%). Ingressaram na EP em média aos 28±19,6 (1,1-69) meses,
permanecendo em atendimento em média por 2,7±2,0 (0,2-6,2) anos. As intervenções
mais frequentes incluíram fonoaudiologia (100%), pedagogia (80%) e fisioterapia (70%). A
maioria (66%) passou por 02 a 05 áreas de intervenção. Conclusão: Crianças com
deficiência participantes da EP apresentaram diferentes tipos de diagnósticos. Avaliação
inicial e ingresso na EP ocorreram tardiamente, em torno de dois anos de idade.
Realizaram a EP por cerca de três anos, passando por atendimentos multidisciplinares
em duas a cinco áreas. Estes achados fornecem dados relevantes para estruturação e
modificação de programas de EP em crianças com deficiência.
Referências
GIBSON, B.E. et al. The placement of people with profound impairments across the
lifespan. BMC Med, v.12 n.83 p01-06. 2014.
SCHERZER, A.L. et al. Global perspective on early diagnosis and intervention for
children with developmental delays and disabilities. Dev Med Child Neurol, n. 54, p.
1079-1084, 2012.
SPITTLE, A. et al. Early developmental intervention programmes provided post
hospital discharge to prevent motor and cognitive impairment in preterm infants.
Pediatrics, v. 2, n. 128, p. 393-405, 2011.
178
indivíduos com PC avaliados em uma fundação de referência. Estudo descritivo,
exploratório e retrospectivo, com base documental. Aprovado pelo Comitê de Ética em
Pesquisa em Seres Humanos da Universidade do Estado de Santa Catarina-UDESC sob
o parecer 1.016.357 de 30/03/2015. Foi constituído por prontuários de indivíduos com PC
avaliados entre dezembro de 2013 a agosto de 2018 no Centro de Avaliações e
Encaminhamentos-CENAE da Fundação Catarinense de Educação Especial-FCEE. Entre
272 prontuários disponíveis 34 foram de indivíduos com PC e destes, 18 foram analisados
no período de agosto a setembro de 2018. Foram coletados dados relacionados à idade,
sexo, tempo gestacional, tipo de gestação, data de admissão na instituição, tipo e
quantidade de diagnósticos associados a PC, tipo e quantidade de avaliações, tipo e
quantidade de encaminhamentos, e dados relativos à família. Ainda, foram analisados
dados referentes ao tipo de tônus muscular dessas crianças, à topografia e ao sistema de
classificação da função motora grossa-GMFCS. As análises foram realizadas através de
estatística descritiva como distribuição de frequências para variáveis qualitativas e médias
com respectivos desvios padrão e amplitude para variáveis quantitativas. Houve
prevalência do sexo masculino (67%), nascimento pré-termo (67%) e parto cesário (61%),
com média atual de idade de sete anos. Com predomínio da quadriplegia espástica (33%)
seguido pela diplegia espástica (28%) e nível GMFCS V (33%). Todos passaram pela
avaliação fisioterapêutica e fonoaudiológica (ambas 100%), seguidos pela psicologia
(89%) e pedagogia (89%). Os diagnósticos associados mais frequentes foram atraso
global do desenvolvimento-AGD (44%) ou deficiência intelectual DI (33%). Os
encaminhamentos frequentes foram passe livre (89%) e permanência no ensino regular
(89%). Desta forma, concluiu-se que indivíduos com PC foram predominantemente do
sexo masculino, nascidos pré-termo, apresentando quadriplegia espástica e GMFCS V.
Apresentaram predomínio da avaliação de fisioterapia e fonoaudiologia, e com
encaminhamentos mais frequentes de passe livre e ensino regular. Esses achados
fornecem dados para definição de estratégias em educação especial.
Referências
SCHERZER, A. L. et al. Global perspective on early diagnosis and intervention for
children with developmental delays and disabilities. Dev Med Child Neurol, n. 54, p.
1079-1084, 2012.
179
promover e articular ações de defesa dos direitos e prestação de serviços a pessoas com
deficiência intelectual no âmbito da educação, saúde, trabalho e assistência social. A
APAE desta cidade, se baseia no Currículo Funcional Natural, o qual propõe a pessoa
com deficiência desenvolver habilidades para que atuem da melhor forma possível dentro
do seu ambiente tornando-as mais independentes e criativas. A avalição inicial nesta
instituição em questão, é dividida em quatro etapas: avaliação psicológica e
fonoaudiológica, avaliação pedagógica e fisioterapêutica e por fim, em dois momentos é
realizado a devolutiva e o fechamento com a assistente social. Durante a avaliação
psicológica, é realizado a entrega de documentos, laudos e diagnóstico, é feito o
levantamento de informações de vida do avaliado, realizado o uso de instrumentos de
rastreio de deficiência cognitiva e de habilidades de vida diária. Na avaliação juntamente
com a fonoaudióloga, é realizado testes para avaliar a comunicação, audição, utilizado
também de instrumentos para avaliar a ingestão de alimentos e líquidos. Em outro
momento, durante a avaliação com a pedagoga é dado segmento a coleta de informações
de vida e em relação as habilidades acadêmicas, dando sequência a avaliação com a
fisioterapeuta onde é avaliado as habilidades motoras. Após, o avaliado passa por
consulta médica com médico especialista neurologista e/ou psiquiatra, e então, em
reunião interdisciplinar é realizado discussão do caso, sobre entrada na instituição,
horários e enturmação, sendo agendado a devolutiva juntamente com a assistente social
e em outra data, o fechamento da avaliação e início do indivíduo na instituição. A
intersetorialidade na avalição inicial nesta instituição mostrou-se de grande valia, onde
diferentes olhares e saberes se comunicam em prol da pessoa com deficiência a ser
avaliada, vale salientar que a avaliação do indivíduo se mantém a todo momento em que
ele está na instituição, visto que, somos seres em constante mudança e em convívio em
grupo nos alteramos também.
Eliane Caetano Venturella, Maria Paula Mellito da Silveira, Tatiane Duarte Martins
Corazza
(peq.nina@yahoo.com.br)
O presente projeto cujo nome surgiu do fascínio que a bolinha de sabão exerce sobre as
crianças de maneira geral, e as inferências socioafetivas que proporcionam durante este
brincar, tem origem na procura por caminhos que promovam a melhora no
desenvolvimento das crianças. Neste projeto incluímos a Terapia Assistida por Animais
onde percebeu-se o quanto este serviço influencia no desenvolvimento de crianças com
necessidades educacionais especiais. Este projeto tem como objetivo estimular as
habilidades de linguagem, psicomotoras, cognitivas e interação social. Com o cão, os
objetivos são tornar o ambiente mais atrativo, estimular os aspectos neuropsicomotores,
compartilhar objetos, respeitar regras, limites, estimular o sentido de cuidado e carinho
pelos animais. A metodologia acontece de forma interdisciplinar nas áreas da Educação
Especial, Fisioterapia, Fonoaudiologia e Psicologia seguindo a abordagem
sociointeracionista e consiste na realização de atividades específicas e brincadeiras
personalizadas em dois grupos com 5 crianças na idade entre 4 a 6 anos matriculadas na
Rede Municipal de Educação de Itajaí, com diagnóstico de atraso global no
180
desenvolvimento, deficiência ou transtorno do espectro autista que recebem o
atendimento especializado no CEMESPI – Centro Municipal de Educação Alternativa de
Itajaí uma vez por semana com duração de duas horas e meia nos dois turnos. Neste
projeto contamos com a parceria da Associação Pequenos Doutores por quarenta e cinco
minutos, sendo esta, uma ONG sem fins lucrativos que trabalha com Terapia Assistida
por Animais, utilizando cães co-terapeutas, devidamente treinados, para colaborar neste
caminho em busca do desenvolvimento das crianças. Este trabalho trouxe resultados
positivos e houve avanços significativos em todos os objetivos estabelecidos, pois as
crianças começaram a apresentar aumento no foco visual e atencional, entraram em
contato com a realidade, superaram o estresse e a frustração, aproximação física,
dessensibilização ao toque, aumento na intenção comunicativa, diminuição de isolamento,
rejeição e aumento da satisfação e diversão.
Referências
CARVALHO, Profª Esp. Márcia Cristina. Educação assistida por animais como recurso
pedagógico na educação regular e especial - uma revisão bibliográfica. Revista
Científica Digital da FAETEC - Rio de Janeiro/RJ - Ano VIII – No 01 - 1º semestre/2015.
CAPOTE, Patrícia Sidorenko de Oliveira. Terapia Assistida por Animais (TAA) e
deficiência mental: análise do desenvolvimento psicomotor. São Carlos: UFSCar,
2009. 204f.
SCHIAVO Adriana Aparecida Noronha; RIBÓ, Cristiane Mario Escamilhas. “Estimulando
todos os sentidos de 0 a 6 anos” Seminário do 16º COLE – Congresso de Leitura do
Brasil. UNICAMP. Campinas, SP-2007
VYGOTSKY, L.S. Pensamento e linguagem. Tradução de Jefferson Luiz Camargo. São
Paulo: Martins Fontes, 1998. 2ª ed.
181
deficiência visual (DV), servindo como incentivo à formação e o aperfeiçoamento das
práticas educacionais ocorridas a partir das observações e a identificação das principais
dificuldades enfrentadas por um aluno com DV no ensino médio de uma escola da rede
pública, e nos possibilita a reflexão das práticas educativas por meio da identificação de
recursos e serviços para o aluno público alvo da educação especial. Justifica-se neste
trabalho a intencionalidade de compreender o processo educativo ocorridos nas
observações do AEE. Metodologia usada é qualitativa descritiva que “tem como objetivo
primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou o
estabelecimento de relações entre variáveis [...]” (GIL, 2012, p. 28). Neste contexto, a DV
é a redução ou perda total da capacidade de ver com o melhor olho ou após correção
óptica e pode ser caracterizada como Baixa Visão e Cegueira, a perda da função visual
pode ser em nível leve, moderado ou severo, e poderá ser congênita ou adquirida.
(BRASIL, 2001). Podemos considerar a importância das observações realizadas que
permite a aproximação e reflexão entre a teoria e a prática. Nesta perspectiva, torna-se
relevante compreender a diversificação das práticas pedagógicas e o desenvolvimento de
metodologias e estratégias que são utilizadas para que facilitem a progressão da
aprendizagem dos alunos com DV. Portanto, à inclusão educacional da pessoa com DV
deve-se realizar em sua plenitude, não bastando à mera inserção do aluno, mas conceder
meios efetivos e adequados.
Referência
BRASIL, Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Programa de
Capacitação de Recursos Humanos do Ensino Fundamental: deficiência visual.
Brasília: MEC/SEESP, 2001. (Série Atualidades Pedagógicas, 6, .1).
BRASIL, Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Diretrizes Nacionais
para a Educação Especial na Educação Básica. Brasília: MEC/SEESP, 2008. GIL, A.
C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. São Paulo, SP. Atlas, 2012, p.28.
Simone Marcelino Rodrigues, Mirian Kátia Liz Beal, Camila Meurer Jacob
(simone@fcee.gov.sc.br)
182
participação da pessoa com deficiência no ambiente escolar. Objetivos Apresentar um
breve relato de experiência de como são realizadas as oficinas de criação de recursos
pedagógicos. Metodologia A oficina tem a finalidade de instigar nos profissionais da
educação com foco no AEE, envolvidos no processo inclusivo da pessoa com deficiência,
a necessidade de planejar, elaborar e executar recursos pedagógicos direcionados ao
desenvolvimento das funções mentais. A metodologia ocorre com a realização de oficinas
com duração de 20 horas, sendo 16 horas presenciais e 4 horas na modalidade à
distância. A dinâmica presencial consiste em criar material pedagógico em pastas e
pranchas, utilizando materiais de baixo custo. Na modalidade à distância, são enviados
por e-mail trabalhos confeccionados pelos cursistas por meio de registro de imagem.
Resultados Como resultados da pesquisa, dos anos de 2017 e 2018, têm-se a realização
de 11 oficinas em 10 cidades de Santa Catarina, capacitando 200 professores da
educação especial. No âmbito educacional, a articulação entre teoria e prática encontra
na metodologia das oficinas pedagógicas oportunidade de construir conhecimento a partir
da ação e da reflexão.
Referências
BRASIL. Subsecretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência.
Comitê de Ajudas Técnicas. Tecnologia assistiva. Brasília: CORDE, 2009. Disponível
em: https://www.pessoacomdeficiencia.gov.br/app/sites/default/files/publicacoes/livro
tecnologiaassistiva.pdf. Acesso em: 23 abr. 2019.
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Realização: