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SOCIEDADE BOTÂNICA
www.botanica.org.br
DO BRASIL - SBB

ATUAL DIRETORIA DA SBB CONSELHO SUPERIOR Tesoureiro


Maurício Lamano Ferreira (UNASP)
Presidente Membros Titulares
Tânia Regina dos Santos Silva (UEFS) Presidente Secretária
Renata Carmo de Oliveira (UFU) Denise Espellet Klein (UNIRIO)
1ª Vice-presidente
Comissão Científica
Ana Maria Giulietti-Harley (UEFS) Vice-presidente Suzana Ursi - Coordenadora (USP)
Francisco de Assis Ribeiro dos Santos (UEFS) Carlos Wallace do Nascimento Moura (UEFS)
2º Vice-presidente Vera Lucia Gomes Klein (UFG) Gustavo Hiroaki Shimizu (UNICAMP)
Jefferson Prado (IPA-SP/UNESP Pedro Lage Viana (MPEG) Lucas Cardoso Marinho (UFMA)
-São José do Rio Preto, SP) Karin Esemann-Quadros (UNIVILLE)
COMISSÃO EDITORIAL
Secretário geral Membros Suplentes
Glocimar Pereira da Silva (EMBRAPA) Maria Antônia Carniello (UNEMAT) Carlos Wallace do Nascimento Moura (UEFS)
Cláudia Elena Carneiro (UEFS)
Carlos Wallace do Nascimento Moura (UEFS)
Denise Espellet Klein (UNIRIO)
1ª Secretária João Ubiratan Santos (UFRA) Fernando Periotto (UFSCar)
Milene Maria da Silva Castro (UESB – JEQUIÉ) Luiz Antônio de Souza (UEM) Gustavo Hiroaki Shimizu (UNICAMP)
Lucas Cardoso Marinho (UFMA)
2ª Secretária COMISSÃO ORGANIZADORA Maurício Lamano Ferreira (UNASP)
Gardene Maria de Sousa (UFPI) DO 72° CNBOT Suzana Ursi (USP)

Secretária adjunta Presidente Fotografia de Tillandsia usneoides


Taciana Barbosa Cavalcanti (EMBRAPA) Fernando Periotto (UFSCar) Luiz Filipe Varella

Capas
1º Tesoureiro Presidente de Honra Carlos Wallace do Nascimento Moura (UEFS)
André Luis da Costa Moreira (UnB) Leila de Fátima Nogueira Macias (UFPel) Letícia Carvalho de Mattos Marinho

2ª Tesoureira Vice-presidente Diagramação e Arte Final


Viviane Guzzo Carli Poelking (UESB) Cláudia Elena Carneiro (UEFS) Ericson Peres

Ficha Catalográfica - Biblioteca Central Julieta Carteado - UEFS

B758 Botânica [recurso eletrônico] : para que e para quem? : desafios, avanços e
perspectivas na sociedade contemporânea / Carlos Wallace do Nascimento Moura,
Gustavo Hiroaki Shimizu (organizadores). – Brasília, DF : Sociedade Botânica do
Brasil, 2022.
517 p. : il.

E-book.
Reúne os textos das palestras proferidas durante o 72º Congresso Nacional de
Botânica promovido pela Sociedade Botânica do Brasil.
ISBN 978-65-999117-1-2

1. Botânica – Ensino. 2. Botânica – Pesquisa. I. Moura, Carlos Wallace do


Nascimento, org. II. Shimizu, Gustavo Hiroaki, org. III. Congresso Nacional de
Botânica; 72. IV. Sociedade Botânica do Brasil.
CDU 581

Bibliotecário responsável: Luis Ricardo Andrade da Silva – CRB5/1790


PARTE 3: MESAS-REDONDAS.................................................329
DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA EM BOTÂNICA

O Grupo de Estudos em Botânica (GEBot) como instrumento para a promoção e o fortalecimento


das ações de divulgação científica na Universidade Federal de Juiz de Fora
Ana Paula Gelli de Faria ............................................................................................................................ 330

Briólogos on-line: estratégias de divulgação científica do núcleo de especialistas em briófitas durante


a pandemia (2020-2021)
Juçara Bordin, Hermeson Cassiano de Oliveira, Denilson Fernandes Peralta, Dimas Marchi do Carmo....... 335

Conectando plantas e pessoas através do Instagram: as experiências do Herbário HURB


Grênivel Mota da Costa, Lidyanne Yuriko Saleme Aona.............................................................................. 340

LISTA VERMELHA DE ECOSSISTEMAS

Lista Vermelha de Ecossistemas: oportunidades e desafios para a aplicação do método em


ecossistemas terrestres
Natália Macedo Ivanauskas....................................................................................................................... 344

BANCOS DE DADOS TAXONÔMICOS E ECOLÓGICOS

Repositórios de dados de biodiversidade: desafios, vieses e potencialidades


Matheus Colli-Silva....................................................................................................................................347

Dados como patrimônio para as gerações futuras: armazenamento e compartilhamento de dados


científicos em Botânica, Biogeografia e Ecologia
Marcelo Freire Moro, Ingrid H’Oara Carvalho Vaz da Silva, Mário Sérgio Duarte Branco,
Paulo Weslem Portal Gomes, Taynara Rabelo Costa................................................................................... 351

A base de dados TreeCo: histórico, aplicações e desafios futuros


Renato Augusto Ferreira de Lima.............................................................................................................. 362

PAPEL DA ANATOMIA VEGETAL EM UM CONTEXTO MUNDIAL

O papel da anatomia vegetal em um contexto global


Marcelo Rodrigo Pace, Satoshi Koi, Israel Lopes da Cunha Neto, Anne-Laure Decombeix, Alexei Oskolski,
Teresa Terrazas......................................................................................................................................... 367

PESQUISA EM ENSINO DE BOTÂNICA

Panorama internacional das pesquisas em ensino de botânica


Pércia Paiva Barbosa, Suzana Ursi.............................................................................................................369

Panorama nacional das pesquisas em ensino de botânica


Laís Goyos Pieroni, Maria Cristina de Senzi Zancul..................................................................................... 381

Histórico de um grupo de pesquisa em ensino de botânica: GP-ENABOT-UESB


Guadalupe Edilma Licona de Macedo........................................................................................................ 390

Histórico de um grupo de pesquisa em ensino de botânica: Botânica na Educação (BotEd – USP)


Suzana Ursi, Pércia Paiva Barbosa, Naomi Towata, Luis Carlos Saito......................................................... 399
Botânica: para que e para quem?

PANORAMA NACIONAL DAS PESQUISAS


EM ENSINO DE BOTÂNICA
Laís Goyos Pieroni1, Maria Cristina de Senzi Zancul2

Palavras-chave: análise de conteúdo; ensino de botânica; estado da arte.

INTRODUÇÃO
Um aluno se esforçava em estudar o fenômeno da fotossíntese, decorava todos os nomes dados a
uma série de reações químicas complexas sem jamais perceber que os produtos finais deste fenômeno
representavam para ele, ser vivo, o ar que respirava e a energia que adquiria ao se alimentar todos os dias
(Cunha, 1988, p. 136).

O excerto que inicia o presente texto foi escrito há mais de três décadas, porém, ainda dialoga com diversos autores con-
temporâneos que estudam diferentes aspectos e problemas associados ao ensino de botânica na atualidade (Salatino &
Buckerigde, 2016; Silva & Lemos, 2016; Ursi et al., 2018, 2021). O que se tem observado é que o ensino dos conteúdos botânicos
apresenta uma excessiva ênfase na memorização de nomenclaturas científicas, além de escassez de aulas práticas e investi-
gativas, materiais didáticos insuficientes, ausência de contextualização histórica e pouco conhecimento e desinteresse pela
botânica por parte de professoras e professores (Freitas et al., 2012; Pieroni, 2019; Ursi et al., 2021). Além disso, a botânica é
“muitas vezes negligenciada no processo de desenho de currículos em Ciências e Biologia” (Ursi et al., 2021, p. 08).
É preciso reconhecer que o ensino de conteúdos de botânica é essencial para uma formação consciente e crítica
de nossas alunas e alunos, pois conhecer o crescimento e desenvolvimento das plantas, saber onde elas se encontram
e entender sua função no mundo são aspectos fundamentais para solucionar problemas enfrentados pela humanidade,
como a produção de alimentos e as consequências das mudanças climáticas (Salatino & Buckerigde, 2016). Para isso,
é necessário que os conteúdos de botânica estejam também associados aos de outras disciplinas, como a Geografia,
a História, a Sociologia, uma vez que, como aponta Santos (2006, p. 228) “a Botânica é uma das mais antigas áreas do
conhecimento humano, fazendo parte do cotidiano da humanidade”.
Diversos são os trabalhos que investigam o cenário do ensino de Ciências no Brasil (Megid Neto, 1998, 1999a,b;
Cachapuz et al., 2008; Teixeira, 2008; Teixeira & Megid Neto, 2012; Delizoicov et al., 2013; Ramos, 2014; Freitas & Ghedin,
2015). No entanto, quando se faz um recorte específico para o ensino de Botânica, ainda são poucos os estudos sobre
a abordagem dos conteúdos botânicos no currículo brasileiro. Dutra e Güllich (2014) e Freitas et al. (2015) investigaram
e analisaram o ensino de Botânica em produções acadêmicas e/ou científicas, especialmente resumos publicados nos
anais do Congresso Nacional de Botânica (CNBot), promovidos pela Sociedade Botânica do Brasil (SBB).
Desse modo, este trabalho teve como objetivo investigar as pesquisas que vêm sendo desenvolvidas na área de
ensino de Botânica a fim de delinear um panorama desse ensino no Brasil, a partir de um levantamento de dissertações,
teses e artigos científicos. Para tanto, foi realizada uma pesquisa do tipo estado da arte sobre dissertações e teses
defendidas no Brasil no período de 1982 a 2017 e sobre artigos científicos publicados em periódicos nacionais on-line da
área de ensino de ciências no período de 1996 a 2017, utilizando a análise de conteúdo como metodologia de análise dos
documentos coletados.

METODOLOGIA
O presente trabalho é um recorte da tese de doutorado em educação escolar da autora Laís Goyos Pieroni (Pieroni,
2019). O trabalho caracteriza-se como um estudo do tipo “estado da arte”, uma pesquisa de caráter bibliográfico, com o ob-

1. Professora Doutora em Educação Escolar pela FCLAr/Unesp, Araraquara. Professora de Educação Básica II - Ciências na Prefeitura
Municipal de Gavião Peixoto, SP.
2. Professora aposentada do Departamento de Ciências da Educação e do Programa de Pós-Graduação em Educação da FCLAr/
Unesp e coordenadora do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Formação de Professores e Práticas Pedagógicas em Ensino de Ciên-
cias e Educação Ambiental - ECiEA (Unesp/Unicamp).

PESQUISA EM ENSINO DE BOTÂNICA 381


Botânica: para que e para quem?

jetivo de investigar e analisar diferentes aspectos e dimensões do ensino de Botânica presentes na produção acadêmica do
Brasil. Uma pesquisa do tipo “estado da arte” analisa produções (dissertações de mestrado, teses de doutorado, publicações
em periódicos e comunicações em anais de congressos e de seminários) elaboradas em diferentes épocas e lugares e de que
formas e em que condições estas têm sido produzidas, entre outros aspectos (Ferreira, 2002; Teixeira & Megid Neto, 2012).
Optou-se pela análise de conteúdo para investigar a estrutura de significado nas produções acadêmicas selecio-
nadas, referentes aos conteúdos de botânica. Como referência metodológica, foram utilizados autores que apresentam
e descrevem o método e as técnicas utilizadas pela análise de conteúdo e que também orientam o estudo nas etapas de
exploração do material e de tratamento e interpretação dos resultados, como Krippendorff (2004), Franco (2005), Bar-
din (2011) e Lüdke & André (2013). A análise de conteúdo consiste em “uma técnica de investigação destinada a formular
inferências reproduzíveis e válidas a partir de textos (ou outro problema significativo) para analisar o contexto do seu
uso” (Krippendorff, 2004, p. 18). Costuma-se dividir a metodologia em três fases, definidas a partir do uso de algumas
características: organização do material (pré-análise); descrição analítica (ou exploração do material); tratamento dos
resultados, inferência e interpretação final (Franco, 2005; Bardin, 2011).
Para desenvolver a proposta de traçar um panorama do ensino de Botânica no Brasil, foi necessário delimitar os
tipos de materiais que constituiriam o corpus de pesquisa, seguindo as regras de organização (exaustividade; represen-
tatividade; homogeneidade; pertinência) propostas por Franco (2005) e Bardin (2011). O universo de produções acadê-
micas nacionais na área de ensino de Ciências é vasto e foi necessário realizar um recorte do intervalo de tempo a ser
considerado e dos tipos de materiais que seriam coletados para análise, considerando-se as regras de exaustividade e
representatividade, para que nenhum documento importante fosse excluído do corpus. Optou-se, então, pelo estudo de
dois tipos de material, homogêneos entre si e adequados enquanto fonte de informação: dissertações e teses, enquanto
produções acadêmicas produzidas em Instituições de Ensino Superior (IES) brasileiras, e artigos científicos publicados
em periódicos nacionais nas áreas de ensino e educação. Como unidades de registro, foram escolhidos o documento (ou
item) e a palavra-chave, sendo esta última utilizada na busca e na coleta do material.
Em relação às dissertações e teses (DTs), o período investigado tem início no ano da criação da sessão técnica “En-
sino de Botânica” nos CNBot pela SBB, 1982, e vai até o ano de 2017, observando a disponibilidade on-line e/ou impressa
das publicações. Para a coleta das DT analisadas, foram consultadas cinco bibliotecas digitais diferentes. As buscas
foram realizadas a partir de palavras-chave referentes ao ensino de Botânica. Na fase de análise dos artigos científi-
cos (AC), optou-se pela coleta de trabalhos disponíveis on-line, publicados entre 1996 e 2017. Optou-se por selecionar
e analisar todas as edições disponíveis nos endereços eletrônicos de cada periódico, ou seja, a publicação mais antiga
ocorreu no ano de 1996 (Revistas “Investigações em Ensino de Ciências” e “Ciência & Ensino”), estendendo a análise até o
ano de 2017. Os artigos analisados foram publicados em periódicos nacionais on-line das áreas de ensino e de educação
da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), com foco no ensino de ciências e ensino de
biologia, qualificados entre os estratos A1 e B2 no Qualis-Periódicos, quadriênio 2013-2016 (Tab. 1).
Após as etapas de pré-análise e delimitação das unidades de análise, iniciou-se a fase de categorização, seguindo
os critérios e as regras necessárias para conferir qualidade às categorias e subcategorias selecionadas. As categorias
e subcategorias foram estabelecidas a priori, a partir de descritores utilizados na produção dos catálogos do Centro de
Documentação em Ensino de Ciências da Faculdade de Educação da Unicamp (Megid Neto, 1998) adaptados ao nosso
objeto de estudo (Tab. 2). Foi elaborada uma ficha de caracterização para cada produção coletada, incluindo: referência
bibliográfica de cada produção, ano de defesa, título, grau acadêmico, autor, orientador e instituição de ensino onde foi
defendido o trabalho para DT, e o periódico no qual foi publicado o trabalho, o ano de publicação, a edição ou o volume,
título e autor/a/es para AC.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
No Brasil, o ensino de Botânica constituiu-se como pesquisa em 1982, com a criação de um núcleo de ensino
dentro da SBB (Güllich, 2003). Posteriormente, de 1995 até o momento, aparece em sessões técnicas específicas para
a apresentação de trabalhos, tendo sido um dos temas mais contemplados em simpósios e mesas-redondas realizados
durante os CNBot (Barradas & Nogueira, 2013). Como mencionado anteriormente, o período investigado neste trabalho
tem início no ano da criação da sessão técnica “Ensino de Botânica” pela SBB, 1982, e vai até o ano de 2017, observando
a disponibilidade on-line e/ou impressa das publicações.
Alguns trabalhos foram classificados mais de uma vez na mesma categoria, considerando a abrangência ou a dis-
persão de assuntos tratados nas pesquisas acadêmicas, conforme sugere Megid Neto (1998).

PESQUISA EM ENSINO DE BOTÂNICA 382


Botânica: para que e para quem?

Tabela 1. Bibliotecas digitais e periódicos nacionais consultados e palavras-chave utilizadas na busca e seleção das dissertações,
teses e artigos científicos

PALAVRAS-CHAVE
BIBLIOTECAS DIGITAIS CONSULTADAS
UTILIZADAS NA BUSCA

1. Banco de Teses e Dissertações da CAPES


2. CEDOC (Centro de Documentação em Ensino de Ciências, Faculdade de
Educação, Universidade Estadual de Campinas - Unicamp) “ensino de botânica”

DISSERTAÇÕES 3. IBICT (Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia) “ensino da botânica”


E TESES (DTS)
4. Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP (Universidade de São “educação botânica”
Paulo) “botânica – estudo e ensino”
5. Repositório Institucional da UNESP (Universidade Estadual Paulista
Júlio de Mesquita Filho)
Palavras-chave utilizadas na
Periódicos nacionais consultados
busca
1.Ciência e Educação
2.Ensaio: Pesquisa em Educação em Ciências
3.Experiências em Ensino de Ciências
“ensino de botânica”
4.Investigações em Ensino de Ciências
“ensino da botânica”
5.Revista Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências
“educação botânica”
6.Ciência e Cultura
“botânica – estudo e ensino”
ARTIGOS 7.Acta Scientiae: Revista de Ensino de Ciências e Matemática
“botânica”
CIENTÍFICOS 8.Ciência & Ensino
(ACS) “plantas”
9.Revista Areté
“fotossíntese”
10.Revista de Ensino de Biologia (REnBio) da Associação Brasileira de
“flor”
Ensino de Biologia (SBEnBio)
“fruto”
11.Revista Brasileira de Ensino de Ciência e Tecnologia
“vegetal”
12.#Tear: Revista de Educação, Ciência e Tecnologia
13.Revista Ciência em Tela
14.Alexandria: Revista de Educação em Ciência e Tecnologia

DISSERTAÇÕES E TESES DEFENDIDAS EM PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO (PPG)


NACIONAIS (1982 A 2017)
Foram encontradas, no total, 53 publicações relacionadas ao ensino de Botânica no Brasil, no período de 1982 a
2017, sendo 45 (84,9%) dissertações de mestrado e oito (15,1%) teses de doutorado. Em relação às dissertações de mes-
trado, 34 (75,5%) receberam o grau de titulação Mestrado Acadêmico e 11 (24,5%) pesquisas foram defendidas em PPG
em Mestrado Profissional. Esse resultado pode ser explicado pela maior concentração de PPG em nível de mestrado do
que em nível de doutorado no campo da pós-graduação em ensino no Brasil (CAPES, 2016). No entanto, esse número
ainda corresponde a uma ínfima parcela de DTs defendidas no campo do ensino de ciências, área que conta com mais
de 9.600 estudos defendidos desde a criação da Área 46 pela CAPES, em 2000 (CAPES, 2016). Os PPGs referentes às
publicações coletadas estão inseridos na área de ensino (Área 46) da CAPES.
Das 53 DTs analisadas, 94,3% delas (50 DTs) foram defendidas nas duas últimas décadas, ou seja, entre os anos
2000 e 2020. Isso indica uma crescente e recente preocupação dos pesquisadores da área de ensino de ciências com a
temática relacionada ao estudo da diversidade vegetal e com a importância do conhecimento botânico para a manuten-
ção da vida no planeta e a solução para problemas enfrentados pela humanidade.
A região Sudeste concentra grande parte dos trabalhos (22 DTs – 41,5%), seguida das regiões Sul e Centro-Oeste,
com 22,6% (12 DTs) e 17,0% (9 DTs) das produções defendidas, respectivamente. A região Norte apresenta 11,4% (6 DTs)
das DTs sobre o ensino de botânica e, a região Nordeste, concentra o restante das pesquisas (4 DTs – 7,5%). Observa-se

PESQUISA EM ENSINO DE BOTÂNICA 383


Botânica: para que e para quem?

Tabela 2. Categorias e subcategorias utilizadas na seleção, na classificação e na análise de conteúdo das dissertações, teses e
artigos científicos

CATEGORIA SUBCATEGORIA

Educação infantil (EI)


Ensino fundamental (EF)
Ensino fundamental I (EFI)
Ensino fundamental II (EFII)
A. NÍVEL ESCOLAR DE ENSINO
Ensino médio (EM)
Educação superior (ES)
Geral
Outros
Anatomia vegetal (AV)
Fisiologia vegetal (FV)
Morfologia vegetal (MV)
Taxonomia e sistemática vegetal (TSV)
Ecologia vegetal (Eco)
B. ÁREA DE CONTEÚDO BOTÂNICO
Educação ambiental (EA)
Etnobotânica (EtB)
Reprodução vegetal (RV)
Geral
Outras
1. Conteúdo e metodologia no ensino de Botânica
2. Livro didático
3. Percepção de conceitos botânicos (professores e alunos)
4. Formação de professores (inicial e continuada)
5. Recursos didáticos no ensino de Botânica
6. TIC (Tecnologias da Informação e Comunicação)
7. Currículo e programas
C. FOCO TEMÁTICO 8. Pesquisa bibliográfica e/ou documental
9. Proposta e/ou estratégia didática
10. Ensino-aprendizagem de Botânica
11. Ensino de Botânica em espaços não formais
12. Abordagem CTS (Ciência, Tecnologia e Sociedade) no ensino de Botânica
13. Cursos e oficinas
14. Prática docente
15. Outros
Pesquisa de campo
Pesquisa documental
Pesquisa bibliográfica
D. TIPO DE ESTUDO Estudo de caso
*Nos artigos científicos foram utilizados, ainda, ensaio teórico, relato de
experiência e relato de produção de material didático, já que a ocorrência de tais
tipos de trabalhos foi recorrente

que a produção acadêmica se concentra em instituições públicas de ensino, com 44 (83%) trabalhos defendidos, sendo
26 no âmbito estadual e 18 no âmbito federal. Isso demonstra um forte engajamento das instituições públicas no pro-
cesso de formação de mestres e doutores em ensino (CAPES, 2016). As IES de caráter privado ou confessional totalizam
nove (17%) DTs defendidas. De acordo com Delizoicov e colaboradores (2013) e com o documento de área (2016) da CAPES
(CAPES, 2016), o número de PPGs em ensino de ciências tem aumentado desde 2000, ano em que foi criada a área de
ensino de ciências e matemática da CAPES, posteriormente realocada para a área de ensino. No entanto, há uma con-

PESQUISA EM ENSINO DE BOTÂNICA 384


Botânica: para que e para quem?

centração e maior consolidação de PPG voltados para o ensino de ciências no eixo Sul-Sudeste (Delizoicov et al., 2013).
Em nossa análise, 64,1% das DTs foram defendidas em instituições localizadas nessas duas regiões.
No que se refere ao nível escolar de ensino abordado nas DTs analisadas, foi observada a predominância de traba-
lhos direcionados ao ensino médio (18 DTs – 34,9%), à educação superior (16 DTs – 30,2%) e ao ensino fundamental II, 6º
ao 9º ano (13 DTs – 24,5%). Uma pequena porcentagem (7,5%) abordou temáticas direcionadas ao ensino fundamental
de maneira geral; 5,6% dos trabalhos abordaram o ensino de Botânica de forma genérica, sem referência a um nível de
ensino específico; e 3,7% dos estudos foi direcionado ao ensino fundamental I (1º ao 5º ano). Esses dados indicam que as
pesquisas em ensino de Botânica concentram seus estudos no ensino médio e educação superior, sendo quase ausente
na educação infantil e nas séries iniciais do ensino fundamental. Uma possível explicação para os resultados encon-
trados é a organização do ensino de biologia, centrado no estudo de várias ciências da vida, como citologia, genética,
evolução, ecologia, zoologia, fisiologia e botânica, o que proporciona maior enfoque nos conteúdos botânicos no ensino
médio e nos cursos superiores da área das ciências biológicas.
As áreas de conteúdo pertencentes aos domínios do ensino de botânica foram selecionadas de acordo com Raven
et al. (2014, p. 53). Na análise referente à categoria B, áreas de conteúdo botânico, 23 DTs (43,4%) abordaram os concei-
tos botânicos de uma maneira geral, trabalhando conteúdos de diferentes campos da pesquisa botânica e relacionando
conhecimentos científicos sobre anatomia vegetal, morfologia vegetal, fisiologia vegetal e ecologia com a diversidade
biológica das plantas e o cotidiano do aluno. Além de uma abordagem genérica, as áreas de morfologia vegetal e taxono-
mia e sistemática vegetal foram as que concentraram um maior número de trabalhos (22,6% e 18,8%, respectivamente).
A porcentagem de DTs com foco nas áreas de anatomia vegetal e educação ambiental (11,3% e 13,2%, respectivamente)
também é significativa, uma vez que a área de educação ambiental se caracteriza por ações voltadas para os ensinos
escolar e não escolar e é, sobretudo, “uma resposta da educação a uma preocupação da sociedade com a questão am-
biental” (Carvalho, 2008, p. 13), integrando diferentes áreas do conhecimento. As demais subcategorias identificadas
foram fisiologia vegetal (7,5%), ecologia (5,6%) e etnobotânica (5,6%). Um único trabalho (1,9%) teve como foco uma
temática fora dos domínios da botânica propostos por Raven et al. (2014), sendo a pesquisa pautada nos conceitos e
técnicas da agroecologia.
Assim como no estudo realizado por Megid Neto (1998), os focos temáticos aqui apresentados podem abranger
diferentes temáticas, permitindo, inclusive, uma possível sobreposição entre eles. Podem, ainda, estar relacionados a
temáticas mais específicas, como o processo de ensino-aprendizagem em sala de aula ou o uso das TICs no ensino de
botânica. Inicialmente, foram propostos focos temáticos a priori. No entanto, com a leitura flutuante dos documentos
coletados, optou-se por inserir novas categorias a posteriori. Quando analisados os focos temáticos utilizados nas DTs,
10 trabalhos trataram de duas temáticas, sem qualquer privilégio a uma delas. Nesses casos, ambas foram consideradas
como focos temáticos predominantes. Foi observada bastante diversidade na distribuição dos focos temáticos nas DTs,
estando a maioria das pesquisas voltadas para a elaboração de uma proposta ou estratégia didática (12 DTs – 22,6%); ao
ensino-aprendizagem de Botânica (7 DTs – 13,2%); à formação de professores (7 DTs – 13,2%); à percepção de conceitos
botânicos (6 DTs – 11,3%); ao uso de recursos didáticos variados (6 DTs – 11,3%), como jogos, livros, entre outros mate-
riais; e ao ensino de Botânica em espaços não formais (6 DTs – 11,3%). Em menores porcentagens, aparecem as pes-
quisas com foco no uso das TICs no ensino de Botânica (5 DTs – 9,4%); na investigação da prática docente, focalizando,
principalmente, as dificuldades e os desafios encontrados pelo professor ao ensinar botânica (5 DTs – 9,4%); na análise
de livros didáticos de ciências naturais e de biologia (4 DTs – 7,5%); na abordagem CTS (3 DTs – 5,6%), utilizando princi-
palmente espaços regionais, como praças, trilhas, reservas ecológicas, etc.; na pesquisa bibliográfica e/ou documental
(2 DTs – 3,7%) sobre a história do ensino de Botânica no Brasil; no conteúdo e metodologia (1 DT – 1,9%); nos currículos
e programas (1 DT – 1,9%); e no oferecimento de cursos e oficinas relacionadas aos conteúdos botânicos (1 DT – 1,9%).
Para a caracterização dos tipos de estudo, utilizou-se a divisão proposta por Gil (2002, 2008): pesquisa de campo,
pesquisa documental, pesquisa bibliográfica e estudo de caso. No que se refere ao tipo de estudo adotado na pesquisa,
45 trabalhos (85,0%) utilizaram a pesquisa de campo como referência metodológica, adotando o uso de questionários,
entrevistas, pesquisa-ação e observação participante como instrumentos de coleta, além da análise de conteúdo ou da
análise textual discursiva como ferramentas para a análise dos resultados obtidos. O estudo de caso foi utilizado em quatro
pesquisas (7,5%), e a pesquisa bibliográfica compreendeu três dissertações de mestrado e uma tese de doutorado (7,5%),
tendo livros didáticos e trabalhos publicados em periódicos e anais de congressos como corpus de análise. Não houve tra-
balhos classificados como pesquisa documental. Aqueles trabalhos que utilizaram mais de uma metodologia de pesquisa,
como, por exemplo, pesquisa bibliográfica seguida de pesquisa-ação, foram categorizados como pesquisa de campo.

PESQUISA EM ENSINO DE BOTÂNICA 385


Botânica: para que e para quem?

ARTIGOS CIENTÍFICOS PUBLICADOS EM PERIÓDICOS NACIONAIS (1996 A 2017)


Os ACs sobre ensino de Botânica analisados foram publicados em periódicos nacionais no período de 1996 a
2017. No total, foram selecionadas 118 publicações. Não foram encontradas publicações em dois periódicos, a saber:
Revista Ciência e Cultura e #Tear: Revista de Educação, Ciência e Tecnologia. Os 118 ACs coletados na nossa análise
correspondem a apenas 1,9% do total dos artigos publicados nos periódicos selecionados, o que é pouco represen-
tativo, considerando o volume total dos dados (6138 ACs publicados entre 1996 e 2017). Esses dados são semelhantes
àqueles encontrados em um trabalho no qual investigamos como o ensino de Botânica vem sendo discutido em um
evento científico exclusivo da área específica, o CNBot, e em um importante evento bienal da área de ensino de ciên-
cias, o Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências (ENPEC) (Pieroni & Zancul, 2019). Em nosso estudo,
foram encontrados 644 resumos, apresentados nas sessões sobre ensino de Botânica no CNBot (2003–2017) e 71
trabalhos nas 11 edições do ENPEC.

Os números encontrados são pouco expressivos com relação ao total de trabalhos apresentados nos
dois eventos, nos períodos analisados, correspondendo a 2,72% do total de 23640 resumos, para o CNBot
e 0,79%, de 8970 trabalhos para o ENPEC. A partir de 2013, ocorreu um aumento discreto da porcentagem
de trabalhos destinados ao ensino de Botânica nos dois eventos, em relação ao número total de trabalhos
apresentados. O número de resumos relativos ao ensino de Botânica no CNBot é aproximadamente 9 vezes
maior do encontrado nos ENPEC. Isso se deve ao fato do evento promovido pela SBB ser específico da área
da Botânica, ocorrendo anualmente e contando com a participação de profissionais especializados na área
(Pieroni & Zancul, 2019, p. 4).

Ao contrário do que apresentaram as análises das DTs sobre ensino de Botânica, o maior número de ACs publi-
cados dentro da temática ocorreu a partir de 2009. O ano com o maior número de produções foi 2014, com 31 artigos
publicados (26,3%); seguido de 2016, com 24 artigos (20,4%); 2015, com 10 artigos (8,5%); 2010 e 2017, com nove artigos
(7,6%) cada; 2012, com oito artigos (6,8%); e 2009 e 2011, com sete artigos (6,0%) cada.
Em relação ao nível escolar de ensino abrangido nos artigos, observam-se os mesmos resultados daqueles
encontrados na análise das dissertações e teses. Uma parcela significativa dos documentos coletados apresenta
pesquisas referentes ao ensino médio (42 ACs – 35,8%), seguido de trabalhos com foco na educação superior (34 ACs
– 28,8%) e no ensino fundamental II (25 ACs – 21,2%). Quatro artigos (3,4%) abrangeram temáticas voltadas para a edu-
cação botânica em espaços não escolarizados ou não formais de ensino, como comunidades indígenas ou ribeirinhas
e programas de televisão.
Uma considerável parcela dos ACs (41 – 34,7%) abordou os conceitos botânicos de uma maneira genérica, tra-
balhando conteúdos de diferentes campos da disciplina. As áreas de fisiologia vegetal (17 ACs – 14,4%), morfologia
vegetal (15 ACs – 12,7%), taxonomia e sistemática vegetal (15 ACs – 12,7%) e etnobotânica (15 ACs – 12,7%) também
concentraram um grande número de trabalhos. As demais subcategorias encontradas foram ecologia (11 ACs – 9,3%),
anatomia vegetal (10 ACs – 8,5%), educação ambiental (8 ACs – 6,7%) e reprodução vegetal (3 ACs – 2,5%). Essa su-
bárea da botânica – reprodução vegetal – não se encontra nas classificações propostas por Raven et al. (2014), uma
vez que faz parte do estudo da fisiologia, anatomia, morfologia, taxonomia e sistemática vegetais. Porém, durante a
fase de leitura flutuante, foram encontrados alguns trabalhos que tratam especificamente da reprodução em plantas,
sendo necessária a criação dessa subcategoria.
Em comparação aos resultados encontrados nas DTs, observamos uma maior diversidade de focos temáticos
nos ACs. As subcategorias mais presentes foram a percepção de conceitos botânicos por parte de alunos e professores
(17,8%); o desenvolvimento e aplicação de recursos didáticos (16,9%); a elaboração de uma proposta ou estratégia di-
dática (13,5%); a formação inicial e/ou continuada de professores de ciências e biologia (10,2%); e propostas de cursos
e oficinas didáticas voltadas para o ensino de Botânica (7,6%). Em menores porcentagens, aparecem as pesquisas com
foco em conteúdo e metodologia (6,8%); ensino e aprendizagem de Botânica (6,8%); investigação da prática docente,
abordando principalmente as dificuldades e os desafios encontrados pelo professor ao ensinar Botânica (6,8%); análi-
se de livros didáticos de ciências naturais e biologia (5,9%); pesquisa bibliográfica e/ou documental (5,9%); ensino de
Botânica em espaços não formais (4,2%), utilizando principalmente locais regionais no estudo, como praças, trilhas,
reservas ecológicas, etc.; uso das TICs no ensino de Botânica (3,4%); outras temáticas (1,7%), como análise e contribui-
ções da peça teatral “Uma lição de Botânica”, de Machado de Assis, e do programa de televisão “Um pé de quê?” (Canal
Futura); e na abordagem CTS (0,8%).

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Botânica: para que e para quem?

Assim como observado na análise das DTs, a maioria (90 ACs – 76,3%) dos trabalhos utilizou a pesquisa de campo
como referência metodológica, adotando o uso de questionários, entrevistas, pesquisa-ação e observação participan-
te como instrumentos de coleta. Como ferramentas para a análise dos resultados obtidos, os estudos empregaram a
análise de conteúdo, a análise textual discursiva ou análise do discurso. Conforme relatado anteriormente, optamos por
inserir relatos de experiência nas análises, uma vez que 10 artigos científicos (8,5%) optaram por esse tipo de estudo.
A pesquisa bibliográfica compreendeu oito trabalhos (6,7%); o ensaio teórico foi o tipo de estudo efetivado por cinco
trabalhos (4,2%); os estudos de caso corresponderam a 2,6% dos artigos; e a pesquisa documental foi utilizada em duas
produções (1,7%).

CONCLUSÃO
O ensino de botânica tem sido um tema recorrente na literatura sobre ensino de ciências, principalmente porque
muitas vezes o ensino sobre a diversidade vegetal e suas características e diferentes aspectos é efetivado de maneira
não contextualizada, “sendo esse provavelmente um dos fatores que causam maior desinteresse e dificuldade de apren-
dizagem por parte dos estudantes” (Ursi et al., 2018, p. 12). Esse desinteresse de alunos e professores por essa discipli-
na tem gerado discussões acerca da importância de se promover estratégias e recursos didáticos que visem tornar a
aprendizagem mais eficaz. Neste trabalho, tivemos como objetivo investigar as pesquisas que vêm sendo desenvolvidas
na área de ensino de Botânica a fim de delinear um panorama desse ensino no Brasil, a partir de um levantamento de
dissertações, teses e artigos científicos.
Com relação às DTs, em um período correspondente a 35 anos (1982 a 2017), foram defendidos, em instituições de
ensino brasileiras públicas e privadas, apenas 53 trabalhos sobre essa temática. Nas duas últimas décadas, observou-
se um aumento no número de trabalhos na área. As pesquisas analisadas estão concentradas em ações voltadas para
o ensino médio, a educação superior e o ensino fundamental, embora os conteúdos de botânica sejam parte do com-
ponente curricular de ciências, devendo ser contemplados desde as séries iniciais, conforme propõem as prescrições
curriculares apresentadas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) (Brasil, 2018).
No que se refere aos ACs, nossa análise focalizou 118 documentos, publicados no período de 1996 a 2017, em 12 pe-
riódicos nacionais da área de ensino de ciências. Assim como nos resultados encontrados para as DTs, o número de ACs
apresentou um acréscimo a partir da última década. Ao analisarmos a categoria A, nível escolar de ensino, observamos
que as pesquisas se concentraram principalmente em ações voltadas para o ensino médio, seguido de trabalhos com
foco na educação superior e no ensino fundamental II.
Os resultados encontrados a partir da análise de conteúdo das produções acadêmicas coletadas sugerem que as
pesquisas buscam fornecer subsídios para a prática docente em diferentes níveis de ensino, de maneira que professo-
res e alunos superem a “cegueira botânica” (Wandersee & Schussler, 2001) por meio da contextualização dos conceitos
e das vivências práticas desses conhecimentos.
A maior parcela de estudos discutiu o ensino de Botânica de maneira genérica. As demais pesquisas acadêmicas
abordaram temáticas voltadas para o ensino de morfologia, fisiologia e ecologia vegetal, relacionando esses conceitos
ao estudo da diversidade das plantas. Temáticas referentes aos estudos das plantas na perspectiva da educação am-
biental e da etnobotânica também foram encontradas com frequência em nossas análises.
Houve uma predominância de pesquisas com focos temáticos inseridos nas subcategorias: 4. Formação de pro-
fessores (inicial ou continuada); 5. Recursos didáticos no ensino de botânica; 9. Proposta e/ou estratégia didática; 10.
Ensino-aprendizagem de Botânica; 11. Ensino de botânica em espaços não-formais. Esses dados refletem uma preo-
cupação dos pesquisadores da área em possibilitar que os resultados das pesquisas cheguem à sala de aula e possam
proporcionar um ensino de Botânica contextualizado e problematizador, visando superar a “contradição educador-edu-
cando” e a “educação bancária" (Freire, 1987, p. 36).
Por fim, um levantamento preliminar mostrou que, entre os anos de 2018 e 2021, foram publicadas 130 DTs sobre
o ensino de Botânica e 43 ACs. Esses dados indicam um aumento de 145,3% no número de DTs publicadas em relação
ao período analisado no presente trabalho, ou seja, de 1982 a 2017. Já o número de ACs publicados sobre a temática
no período de 2018 a 2021 diminuiu 63,5%. Assim, estudos futuros são necessários para atualizar o panorama nacional
das pesquisas em ensino de Botânica e apresentar novas perspectivas para o ensino e a aprendizagem dos conteúdos
botânicos.

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Botânica: para que e para quem?

AGRADECIMENTOS
O presente trabalho foi realizado com o apoio do CNPq e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico do Brasil.

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