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Professor: Carlos Luiz da Silva Junior (Carlinhos).

Aluno(a):

Redação UERJ 2025 – Tema de Redação


sobre o livro “A odisseia de Penélope”, de Margaret Atwood

INSTRUÇÕES PARA A REDAÇÃO

- O rascunho da redação deve ser feito no espaço apropriado.


- O texto definitivo deve ser escrito à tinta, na folha própria, de 20 a 30 linhas.
- A redação que apresentar cópia dos textos da Proposta de Redação ou do
Caderno de Questões terá o número de linhas copiadas desconsiderado para efeito de
correção.

Receberá nota zero, em qualquer das situações a seguir, a redação que:


- desrespeitar os direitos humanos.
- tiver até 7 (sete) linhas escritas, sendo considerada “texto insuficiente”.
- fugir ao tema ou que não atender ao tipo dissertativo-argumentativo.
- apresentar parte do texto deliberadamente desconectada do tema proposto.

Texto 1
“Agora que todos os outros perderam o fôlego, é minha vez de fazer meu
relato.” Na Odisseia de Homero, Penélope – mulher de Odisseu e prima da bela Helena
de Troia – é retratada como a esposa fiel por excelência, e sua história é tida como um
exemplo de fidelidade e da obediência feminina ao longo dos tempos. Deixada sozinha
por vinte anos, quando Odisseu sai para lutar na Guerra de Troia após o sequestro de
Helena, Penélope consegue, em meio a rumores escandalosos, assegurar o reino de
Ítaca, criar Telêmaco, seu filho rebelde, e manter distância de mais de cem pretendentes.
Quando Odisseu finalmente chega em casa, após sobreviver aos desafios do mar Egeu,
vencer monstros horripilantes e dormir com deusas, ele mata todos os pretendentes de
sua esposa – e, de maneira ainda mais espantosa, doze de suas criadas. Em uma
surpreendente releitura contemporânea de uma das maiores obras da Antiguidade,
Margaret Atwood decide dar voz a Penélope e suas doze criadas enforcadas para
responder duas grandes perguntas: Qual o real motivo dos enforcamentos? E o que
Penélope estava realmente planejando? Ao reimaginar o episódio, a autora se utilizou de
várias fontes – já que a Odisseia de Homero não é a única versão da história – para criar
uma obra ao mesmo tempo inteligente, bem-humorada e reflexiva. Em A odisseia de
Penélope, Atwood subverte a narrativa original e concede a sua heroína uma nova vida
e realidade e se propõe a dar uma resposta a um antigo mistério.
(Disponível em: <https://www.amazon.com.br/odisseia-Pen%C3%A9lope-Margaret-
Atwood/dp/8532531687>. Acesso em: 10/01/2024.)

Texto 2
Botem as mulheres no lugar. No lugar em que se tomam as decisões

Escrito por Karin Hueck e publicado em 03/12/2015

O alemão Hans Schulz é um dos vice-presidentes do Banco Interamericano de


Desenvolvimento, uma instituição que empresta dinheiro para empresas da América
Latina melhorarem a vida de suas comunidades. Todos os anos, Schulz é convidado a
dar palestras em dezenas de eventos ao redor do mundo: só no ano passado foram 22
conferências em 11 países. Mas, desde o começo deste ano, o alemão vem recusando
convites e já perdeu a conta de quantos eventos deixou de ir. Tudo porque Schulz
decidiu que não falaria mais em painéis que fossem compostos apenas por homens. Para
ele, que defende a igualdade em seu trabalho, não faz mais sentido apoiar eventos que
não dão voz para metade da população.
A iniciativa não é dele. Surgiu nos EUA há uns dois anos, existe aqui no Brasil
também (procure por “Não tem conversa”) e qualquer homem pode participar: se não
houver uma mulher escalada, basta recusar o convite para falar em público e explicar
por que aos organizadores. A ideia é parecida com outra que ganhou o Brasil nas
últimas semanas, o #agoraéquesãoelas, no qual homens com espaço na mídia cederam
suas colunas para mulheres escreverem.
Quem organiza eventos ou contrata colunistas para escrever nunca vai admitir
que existe machismo na escolha. Geralmente, justifica-se o excesso de homens pela
competência deles: “queremos apenas os mais importantes e os melhores”. Mas é
inocência supor que o machismo não age quando deixamos o mundo seguir a ordem
natural das coisas – e que é só a capacidade dos homens que os leva aos lugares de
destaque. Duvida? Dá só uma olhada em quem manda no planeta. No topo do mundo,
há menos mulheres do que em borracharia de beira de estrada. Apenas 4% dos CEOs
são do sexo feminino. 8% dos diretores executivos de empresa são mulheres. 17% dos
vencedores do Nobel. 1% dos diretores que levaram o Oscar. Até em trabalhos
tradicionalmente “de menina”, o cume é todo masculino. Quem é o melhor cozinheiro
do mundo? Um homem. O maior costureiro? Um homem. O mais famoso bailarino?
Um raio de um homem. Mesmo que algum acaso do destino tenha feito com que esses
homens tenham competido com mulheres muito mais fracas pelas vagas, é muito
implausível que toda essa diferença venha da nossa falta de competência, né?
Como esta é a SUPER, não custa falar um pouco de ciência. Não há nenhum
motivo biológico ou evolutivo que prove que mulheres são menos capazes do que
homens. Cientistas já cansaram de derrubar qualquer teoria sobre limitações
intelectuais. Mesmo aquela velha história que diz que eles têm melhor desempenho em
raciocínio lógico é lorota. A pesquisa mais recente feita sobre o assunto analisou os
resultados matemáticos ao redor do mundo descartando, finalmente, as diferenças
culturais, como o acesso à educação. (Como se sabe, em boa parte do mundo, meninas
não são incentivadas a estudar.) Num passe de mágica, as diferenças caíram para zero –
especialmente em países com maior igualdade, como a Suécia e a Noruega. Até aqui no
Brasil mulheres já estudam mais do que homens. Somos a maioria em universidades.
Tiramos notas mais altas nas provas. Ou seja, é injusto dizer que apenas homens têm
capacidade de chegar ao topo. Foi alguma coisa que tirou as mulheres de lá (uma
mistura de coisas, na verdade, que são assunto para outro texto e que tem a ver com
machismo, sim).
O problema é que é o topo que ainda toma as decisões – para todo mundo que
está abaixo. O caso do nosso Congresso é exemplar. No Brasil, apenas 9% dos
representantes são mulheres. Temos menos parlamentares femininas do que países
como Paquistão, Afeganistão e Arábia Saudita. Mas “tudo bem”, você pode dizer, “o
gênero não é relevante para votar em leis”. Isso é óbvio: ambos os sexos podem ser
igualmente incompetentes na hora de aprovar o próprio aumento salarial, por exemplo.
O problema está em votar questões que interferem mais na vida de um ou de outro
gênero. Pense no aborto. Apenas mulheres não podem escolher não ter um filho –
homens podem e fazem essa escolha o tempo todo: desaparecem da vida das crianças
que concebem aos milhões. No momento, há um projeto que descriminaliza o aborto no
Brasil correndo pelo Congresso. No Vote na Web, um site que posta os projetos da
Câmara para todo mundo votar, 56% dos brasileiros são a favor da ideia. Mas, entre
mulheres, a aprovação vai para 70%. Ou seja, há uma diferença de gênero importante aí.
Se nos deixassem decidir, talvez o aborto não fosse crime no Brasil. Assim como não é
crime na Suécia, na Espanha ou na África do Sul, onde quase metade das legisladoras é
mulher. Mas, como aqui são eles que decidem na forma de um Congresso quase 100%
masculino, acaba acontecendo o contrário: os projetos que avançam são os opostos,
como o 5069 de Eduardo Cunha, que quer dificultar a interrupção da gravidez em caso
de estupro. Representação nesses casos importa – e muito.
Acredite, sei do que estou falando. Trabalho aqui na SUPER há sete anos. Não
escrevo apenas sobre questões femininas. Tenho milhares de interesses diferentes, na
verdade: gosto de exobiologia, mistérios da medicina, evolução humana, literatura,
ficção científica. Mas sou a única mulher do time de editores aqui (nunca houve mais de
uma, aliás) e, se eu não defender reportagens que são importantes para o gênero todo,
ninguém vai. Fiquei um ano tentando convencer meus colegas de que deveríamos fazer
uma capa que combatesse a violência sexual, até que enfim ela saiu, em julho deste ano,
com o título de “Estupro”. Foi a edição que mais gerou repercussão positiva dos últimos
anos, alcançou 20 milhões de pessoas nas redes sociais e ajudou centenas de mulheres a
lidarem com seus traumas. Foi também uma reportagem conectada com o tempo: a
igualdade de gênero virou tema de redação do Enem e levou milhares de mulheres às
ruas justamente contra o corrupto Cunha. Não estou no cargo mais alto aqui, nem posso
tomar decisões para igualar os gêneros em lugar nenhum, mas em janeiro saio de
licença-maternidade. Vou me afastar por alguns meses e, se não entrar uma mulher no
meu lugar, a SUPER vai ser mais um lugar onde apenas homens palpitarão. Espero que
escolham uma colega – porque, se depender da “ordem natural das coisas”, nossa voz
não vai ser ouvida, não.
(Disponível em: <http://super.abril.com.br/ideias/botem-as-mulheres-no-lugar-
no-lugar-em-que-se-tomam-as-decisoes/>. Acesso em: 10/01/2024.)

Após ler atentamente o romance “A odisseia de Penélope”, de Margaret Atwood,


além dos textos 1 e 2 – a sinopse desse livro e um artigo da revista Superinteressante,
respectivamente –, analisa a fundo as temáticas tratadas. Essa obra inverte o ponto de
vista narrado: em vez de Odisseu (ou Ulisses) ser o foco, o que ocorre em “Odisseia”
(creditada a Homero), a autora transforma Penélope, a esposa, em protagonista. Com
isso, aborda-se, profundamente, a condição feminina na História, temática a qual
aparece em obras artísticas como os livros “Ensaio sobre a cegueira” (do escritor
português José Saramago), já pedido pela banca, e “A segunda mãe” (primeiro romance
da jornalista e escritora brasileira Karin Hueck, que escreveu o texto 2).
A partir da leitura do romance, é possível refletir sobre o seguinte problema que
faz parte do nosso cotidiano:

É apropriado que rótulos como a mulher ser submissa e reduzida à sua beleza
padronizada e o homem ser violento e impulsivo em suas ações sejam aceitáveis?

Escreva uma redação argumentativo-dissertativa, em prosa, com 20 a 30 linhas,


discutindo esse problema.
Utilize a norma-padrão da língua portuguesa e atribua um título à sua redação,
que deve ser escrita inteiramente com caneta e não deve ser assinada.

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