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HAITI

A crise política no Haiti, que nesta quarta-feira escalou a níveis


insustentáveis com o assassinato do presidente Jovenel Moïse, anda de
mãos dadas com sua história econômica —marcada por baixa renda,
poucas oportunidades, muita dependência da ajuda externa e constantes
obstáculos ao crescimento. Esta ex-colônia francesa nas Antilhas,
independente desde 1804, é o país mais pobre do Hemisfério Ocidental,
atrás da Nicarágua, e mesmo antes da pandemia de covid-19 já vivia uma
paralisia causada por violentos protestos sociais. Nesta nação onde 60%
da população vive na pobreza, as perspectivas econômicas são cinzentas.

Em 2020, com a chegada da covid-19, a economia sofreu uma segunda


contração inclusive maior, de 3,7% do PIB, de acordo com dados do FMI.
Sua moeda se depreciou quase 30%, o que encareceu o preço dos
combustíveis adquiridos em dólares no mercado internacional. Os
programas de assistência alimentar e a pobreza extrema cresceram,
porque o Governo impôs rigorosos confinamentos para conter o vírus.

O Haiti tem um baixíssimo nível educacional, derivado em parte da


instabilidade política que o país vive há décadas. Além disso, por sua
localização geográfica, é frequentemente atingido por furacões,
inundações e terremotos, cujo dano atrapalha o crescimento, já que a
economia está em um constante estado de reconstrução. O Banco
Mundial estima que 90% da população está sob risco de desastres
naturais.

EXPLICAÇÃO:
À crise política se somaram a pandemia de covid-19, furacões que
devastaram várias cidades, e uma onda de violência urbana e sequestros
que levaram ao esgotamento de uma população que tem em seu poder
mais armas do que nunca, como apontaram diversos especialistas à
reportagem. Dias antes da entrevista ao EL PAÍS, em fevereiro, Moïse
falou com a imprensa haitiana e internacional em Porto Príncipe, quando
anunciou a prisão de 23 pessoas suspeitas de conspirar contra o Governo,
numa resposta a várias semanas de manifestações violentas em
diferentes cidades do país para pedir sua renúncia. “Houve um atentado
contra minha vida”, disse o presidente em 8 de fevereiro, em referência a
um suposto complô que começou em 20 de novembro.

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