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Introdução

Neste volume estudaremos os circuitos de entrada da fonte e do circuito PFC ativo. Tais
circuitos fornecem uma tensão de aproximadamente 400 V para alimentar a fonte e o circuito
de alimentação do backlight. Também aumenta o fator de potência (relação entre a potência
útil e a potência de entrada da rede) para 90 a 95%. Abaixo temos estes circuitos:
Anotações
Índice

Capítulo 1 – Entrada de rede e filtros EMI.........................................................................................01

Capítulo 2 – Conhecendo indutores e capacitores na CA...............................................................02

Capítulo 3 – Entrada AC, fusível e varistor.......................................................................................02

Capítulo 4 – Primeira parte do Filtro EMI..........................................................................................03

Capítulo 5 – Segunda parte do filtro EMI e o retificador.................................................................05

Capítulo 6 – Visão geral do circuito PFC ativo e capacitor de filtro..............................................06

Capítulo 7 – Por que as fontes de maior consumo têm PFC ativo na entrada?...........................07

Capítulo 8 – A alimentação da fonte em stand by...........................................................................08

Capítulo 9 – Funcionamento do PFC ativo – Parte 1 – Circuito de potência................................09

Capítulo 10 – Funcionamento do PFC ativo parte 2 – CI oscilador e formas de ondas..............10

Capítulo 11 – Mais detalhes do PFC ativo........................................................................................13


Aula 1 – Circuitos de entrada de rede e PFC ativo

Capítulo 1 – Entrada de rede e filtros EMI

Os circuitos de entrada de rede estão localizados entre o conector do cabo de força e ponte
retificadora. Observem a disposição destes circuitos no esquema na fig. 1:

Fig.1 – Entrada de rede e ponte retificadora

Após a tomada AC (127 ou 220 V) temos um fusível FP801S de 5 A (a corrente máxima deste
fusível varia de fonte para fonte) e a seguir um bloco de bobinas e capacitores fazendo o papel
de filtro para atenuar as interferências eletromagnéticas produzidas pela fonte. E seguindo
este circuito temos uma ponte retificadora BD801S que transforma tensão alternada da rede
em pulsante. Nestas fontes geralmente ela fica num dissipador de calor, devido ao
aquecimento durante o funcionamento normal da fonte de alimentação.

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Capítulo 2 – Conhecendo indutores e capacitores na CA

Indutores e capacitores funcionam de modo inverso quando ligados a tensões alternada como
a da rede elétrica ou as geradas pela fonte, por exemplo.

Indutores ou bobinas – Ao circular corrente alternada pelo fio, cria-se


um capo magnético alternado (energia magnética) que induz uma
tensão inversa à tensão aplicada no componente. Este efeito reduz a
passagem da corrente e funciona como uma “resistência” extra chamada
reatância indutiva (XL). Quanto maior a indutância e/ou frequência da
CA circulante pelo indutor, maior será sua XL como na fórmula XL = 6,28xFxL.
F (Hz) e L (H). Um indutor de 10 mH tem 3,7 Ω em 60 Hz e 6,28 K em 100 KHz.

Capacitores – Ao ligar uma tensão alternada no capacitor ele carrega-se


fazendo circular uma corrente no circuito e quando a tensão inverte a
polaridade ele descarrega-se e inicia uma nova carga permitindo uma
corrente no sentido contrário. Então sempre circula corrente pelo circuito do
capacitor pois a alternância não permite que ele atinja toda a carga. Porém esta
corrente em cada carga pelo capacitor é limitada por uma “resistência” chamada reatância
capacitiva (XC). Quanto maior a capacitância e/ou frequência CA, menor a carga e a maior a
corrente circulante durante a inversão da tensão, portanto, menor será a XC como nesta
𝟏𝟏𝟏𝟏𝟏𝟏𝟏𝟏𝟏𝟏𝟏𝟏𝟏𝟏
fórmula: F (µF) e F (Hz). Um capacitor de 0,47 µF tem 5,64 K em 60 Hz e 3,38 Ω
𝟔𝟔,𝟐𝟐𝟐𝟐𝟐𝟐𝟐𝟐𝟐𝟐𝟐𝟐
em 100 KHz.

Capítulo 3 – Entrada AC, fusível e varistor

Veja o circuito de entrada AC desta fonte na fig. 2 a seguir:

Fig.2 – Entrada de rede AC

O varistor VX801S é um resistor dependente da tensão (VDR). Quando a tensão em seus


terminais aumenta, ele diminui sua resistência para proteger a fonte dos picos (surtos) de
tensão da rede elétrica. Tem o aspecto parecido ao de um capacitor cerâmico.

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Capítulo 4 – Primeira parte do Filtro EMI

O filtro EMI conforme explicado é formado por capacitores e bobinas conectados entre a
entrada de força e a ponte retificadora. Veja a primeira parte do filtro EMI da fonte do curso
na fig. 3 a seguir:

Fig.3 – Primeira parte do filtro EMI

Os indutores LX801S e 802S ficam em série com a rede elétrica. Para a tensão da rede (60
Hz) eles apresentam uma reatância indutiva muito baixa (poucos Ω). Já para a frequência da
fonte (ruídos gerados pela fonte) que chega a centenas de KHz, a reatância indutiva é de
vários KΩ. Desta forma a tensão da rede entra e o ruído da fonte é bem atenuado.

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O capacitor de poliéster CX801S chama-se “X” e fica em paralelo com a rede elétrica. Para a
tensão da rede a reatância dele é alta, no caso deste do esquema chega a 8 K. Para a
frequência da fonte ela é de poucos Ω. Então ele curto circuita os pequenos ruídos que
passam pelo indutor e diminui mais ainda o nível de interferência eletromagnética (EMI)
mantendo-os abaixo do nível máximo necessário para certificação da fonte. Os capacitores
cerâmicos CY813S e 814S chamam-se capacitores “Y” e ficam entre a rede e o chassi da
fonte. Ele desvia ao chassi (terra) os ruídos de frequências mais altas que podem inclusive
chegar pela rede elétrica.

Detalhes importantes sobre os capacitores X e Y – Como visto eles são ligados na rede
elétrica e estão sujeitos a surtos, picos, ruídos, centelhas etc. vindos da rede. Assim se usado
um capacitor comum de poliéster ou cerâmica nestas funções, ele pode entrar em curto devido
a algum pico ou surto da rede, provocar a queima do fusível ou até da placa. Então neste caso
devemos usar capacitores especiais que tem uma película no seu dielétrico. Em caso de surto,
a película derrete e mantém as placas isoladas do capacitor. Ele não presta mais, porém não
entra em curto e não haverá risco de incêndio na placa. Os surtos serão então absorvidos ou
queimarão o varistor para proteger a fonte.

Capacitores X – São subdivididos em X1 até 4000 V e X2 até 2500 V. Estas indicações vêm
no corpo deles e basicamente servem apenas para indicar até qual tensão de trabalho cada
um pode ir ao máximo. Lembrando que este tipo vai de rede para rede.

Capacitores Y – São subdivididos em Y1 até 8000 V e Y2 até 5000 V. Estes são ligados da
rede ao terra da placa. Veja na fig. 4 alguns modelos destes capacitores. No corpo vem
indicando se ele é X, Y ou pode funcionar das duas formas:

Fig.4 – Exemplos de capacitores X e Y

Identificação dos varistores – Estes componentes, feitos de óxido metálico, possuem uma
tensão máxima de trabalho onde eles podem amortecer os picos da rede. Se passar dela por
um determinado período ele entra em curto e abre o fusível. Veja na fig. 5 alguns exemplos
em que a tensão e o diâmetro já vêm marcados no corpo:

Fig.5 - varistores

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Capítulo 5 – Segunda parte do filtro EMI e o retificador

Neste ponto a tensão da rede chega a dois terminais centrais da ponte retificadora conforme
podemos observar na fig. 6:

Fig.6 – Filtro EMI e circuito retificador

O indutor LX803S e o capacitor X CX802S formam o restante do filtro EMI como já estudamos
deixando a tensão da rede entrar e atenuando bastante os ruídos gerados pela fonte a níveis
aceitáveis para a certificação. Como esta fonte alimenta um televisor de alto consumo, a ponte
retificadora BD801S é montada num dissipador de calor para não superaquecer e correr o
risco de queimar. O capacitor CP801 filtra o “ripple” de alta frequência gerada pelo
funcionamento do circuito PFC. Observe que na maioria das fontes será um capacitor de
poliéster de 1 µF x 450 V. O centelhador SA803S pode ser um componente formado por duas
pontas próximas ou duas trilhas próximas para curto circuitar qualquer faísca produzida pelos
indutores durante a mudança do campo magnético.

Termistor – É um resistor cuja resistência varia de acordo com a temperatura. Diferente do


resistor comum o qual sua resistência se mantém mais ou menos do mesmo valor
independente da temperatura. Há dois tipos: PTC – Aumenta a resistência quando esquenta
e o NTC – diminui a resistência quando esquenta. Na fonte há um NTC NT801S. Quando
ligamos na rede, os capacitores de filtro estão descarregados e iniciarão a carga. Capacitor
sem carga tem uma grande corrente inicial de carregamento chamada “inrush”. Assim o NTC
tem uma resistência de alguns Ω limitando a corrente “inrush”. Quando o capacitor carrega, a
corrente diminui, o NTC está quente, sua resistência cai para mili ohms (mΩ) e ele deixa de
limitar a corrente. Veja na fig. 7 alguns tipos com a resistência e diâmetro marcados:

Fig.7 – Termistores NTC

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Capítulo 6 – Visão geral do circuito PFC ativo e capacitor de filtro

Na fig. 8 a seguir temos uma visão geral do circuito PFC ativo da fonte estudada:

Fig.8 – Circuito PFC ativo

O PFC (corretor do fator de potência) ativo nada mais é que um conversor DC-DC step up ou
booster que aumenta a tensão da ponte retificadora para um valor próximo de 400 V com a
finalidade de alimentar a fonte principal na condição ligada. Estudaremos este circuito a partir
de agora com mais detalhes.

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Capítulo 7 – Por que as fontes de maior consumo têm PFC ativo na entrada?

Os equipamentos resistivos (lâmpadas incandescentes e aquecedores em geral) ligados na


rede elétrica são percorridos por corrente alternada em fase com a tensão AC. Portanto toda
a potência elétrica da rede (em Watts - W) é usada por eles (também em W). Nas cargas
indutivas (motores e outros) a tensão anda na frente da corrente (devido à reatância indutiva)
e durante metade do ciclo da tensão AC teremos tensão e não corrente ou corrente no sentido
inverso ao da tensão. Este fenômeno causa perda de cerca de 50 % da potência da rede.
Esta perda chama-se potência reativa medida em VAR e a potência aproveitada, aquela
metade do ciclo que a tensão e corrente estão no mesmo sentido, é medida em Watts – W. A
potência que vem da rede nestes aparelhos é chamada de potência aparente medida em
VA (volts-ampères). Então aí temos um fator de potência = Potência útil dividida pela aparente
de 50%. Os aparelhos indutivos têm circuitos para compensar isso e fazê-los funcionar.

Correção do fator de potência (PFC) nos aparelhos eletrônicos – Nos aparelhos


eletrônicos a diminuição do fator de potência se dá na fonte de alimentação no retificador.
Veja na fig. 9 como é feita a correção fazendo a corrente subir e descer pelos retificadores:

Fig.9 – Princípio do Circuito PFC ativo

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Capítulo 8 – A alimentação da fonte em stand by

Quando a fonte está na condição de stand by, o consumo dela é pequeno (1 a 2 W). Neste
caso o circuito PFC ativo não faz diferença e permanece desligado. Observe a fig. 10:

Fig.10 – Caminho da alimentação com a fonte em stand by

Na condição de stand by (TV desligada) ao colocarmos a fonte na tomada, a tensão da rede


passa pela ponte retificadora e após pelos diodos de “bypass” DP803 e 805 carregando o
capacitor de filtro com a tensão de pico da rede: 160 a 170 VDC se a rede for 127 V ou 310 a
320 VDC se a rede for 220 V. O circuito do PFC ativo está desligado e não influi no circuito
nesta condição. Observem na parte inferior da placa temos o caminho da tensão entre a ponte
retificadora e o capacitor de filtro CP806 pintado como uma linha vermelha.

Observação: Conforme podemos observar também, o capacitor CP807 que aparece no


esquema elétrico possui um NC ao lado indicando “non connectec” ou “no component”
significando que não há o componente na placa, somente o espaço dele e o número. Os
fabricantes fazem muito este processo para uma futura melhoria ou acréscimo de circuito
usando como base o mesmo chassi.

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Capítulo 9 – Funcionamento do PFC ativo – Parte 1 – Circuito de potência

Veja na fig. 11 o circuito de potência do PFC ativo da fonte de nosso estudo:

Fig. 11 – Circuito do PFC ativo da fonte

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O PFC ativo usa um mosfet QP801C (pode ser mais de um), uma bobina grande LP802CS
chamada reforçadora, booster ou chopper e um diodo ultrarrápido do tipo schottky DP801C.
O mosfet recebe um PWM no gate através do CI controlador ICP801S que no caso desta
fonte é do tipo SMD. Quando o gate do mosfet vai a nível alto, o transistor conduz, passa
corrente por ele, pela bobina subindo lentamente gerando um campo magnético e
armazenando energia. Quando o gate do mosfet vai a nível baixo, ele corta, a corrente na
bobina desce lentamente e ela gera uma tensão inversa que se soma com a da ponte
retificadora, fazendo o diodo conduzir, carregando o capacitor de filtro com 400 VDC. Esta
subida e descida da corrente na bobina gera uma leve tensão negativa no resistor RP820 de
65 mΩ (sensor de corrente). Quando a corrente na bobina vai ao zero, a tensão no resistor
vai para zero e o CI controlador leva o gate do mosfet ao nível alto após um pequeno intervalo
de tempo fazendo-o conduzir e a corrente subir novamente pela bobina. Este pequeno tempo
de atraso para ligar o mosfet se deve ao fato de quando o mosfet está cortado e a corrente
na bobina diminuindo, ocorre uma oscilação no seu dreno devido à indutância e capacitância
parasita do circuito. Esta oscilação faz a tensão no dreno variar e quando ela está no menor
nível, o transistor é acionado novamente. Assim a tensão não cai muito quando o mosfet
passa do estado de corte para condução diminuindo assim a perda no chaveamento e a
eficiência do circuito.

Capítulo 10 – Funcionamento do PFC ativo parte 2 – CI oscilador e formas de ondas

Observe na fig. 12 o CI oscilador de PWM desta fonte ICP801S (SPC7011F ou FA5695N):

Fig. 12 – CI gerador de PWM e componentes associados

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MOSFET na condição ligado – Veja o mecanismo de funcionamento na fig. 13 com os
circuitos internos do CI pintados de verde na condição de ativar o MOSFET:

Fig. 13 – CI e MOSFET na condição ligado

Inicialmente o pino 5 do CI (sensor de corrente) recebe 0 V. Esta tensão passa pelo ZCD
comp. (comparador do detetor de zero corrente) e sendo maior que -10 mV, a saída vai a nível
alto ativando o oscilador de rampa, assim libera um pulso de set numa de suas saídas e uma
rampa dente-de-serra na outra. O pulso de set leva o flip-flop a nível alto e saída do CI no pino
7 também vai a nível alto após a porta “E” modificada e o driver interno de corrente. Desta
forma MOSFET Q1 conduz, começa a circulação e subida de corrente lentamente pela bobina
booster L1. A bobina cria um campo magnético e armazena energia enquanto o MOSFET
está ligado. Há um “delay” dentro do CI para a ativação do oscilador, flip-flop e MOSFET.
Quando o MOSFET está cortado há uma oscilação no dreno devido à indutância da bobina e
capacitância parasita do circuito. Tal oscilação faz a tensão no dreno variar e quando ela
atinge o valor mais baixo, o circuito ativa o MOSFET diminuindo as perdas do chaveamento.
Neste momento também ocorre a descida da tensão no pino 5 fazendo-o ficar com um valor
negativo. Quando ele fica abaixo de -10 mV a saída do ZCD comp. Vai a nível baixo
desligando o pulso de set do oscilador.

MOSFET desligado – No pino 1 chega uma amostra da tensão da saída do PFC via divisor
de tensão. Ela é comparada com uma referência de 2,5 V no amplificador de erro dentro do
CI. A saída deste amplificador varia de 1 a 5 V. Quando o pino FB (feedback) é menor que
2,5 V, a saída do amplificador de erro é 5 V. quando chega nos 2,5 V ou passa um pouco a
tensão de saída vai diminuindo a um mínimo de 1 V. O pino 2 (compensação) tem resistores

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e capacitores que mantém estável a saída o amplificador de erro mesmo com o “ripple” da
tensão de saída do PFC e amostra no pino FB. A dente-de-serra que sai do oscilador começa
a aumentar e se compara com o amplificador de erro no PWM comp. Quando chega na tensão
do amplificador de erro, a saída vai a nível alto e reseta o flip-flop desligando o MOSFET. A
corrente na bobina L1 diminui ela gera uma tensão que, somada à da ponte retificadora, faz
o diodo D1 conduzir e carrega o capacitor de filtro com 400 V. A partir daí o pino 5 começa a
aumentar a tensão e quando chega ao zero, o ciclo repete-se. Veja na fig. 14:

Fig. 14 – CI e MOSFET na condição desligado

Formas de ondas envolvidas no chaveamento MOSFET – Observe na fig. 15.

Gate de Q1 – Quando a tensão sobe, o MOSFET conduz e quando vai a zero ele corta;
VDS – Tensão entre dreno e source do MOSFET. Fica em 0 V quando ele conduz;
IL1 – Corrente pela bobina booster. Sobe quando o MOSFET conduz e desce quando corta;
Vcomp – Tensão de saída do amplificador de erro. Varia de 1 a 5 V;
Vramp – Tensão dente-de-serra na saída do oscilador. As tensões Vcomp e Vramp são
comparadas num operacional e quando a Vramp passa o valor da saída do amplificador de
erro, a saída vai a nível alto, reseta o flip-flop e desliga o MOSFET;
Saída do PWM comp – Pulso de reset para desligar o MOSFET;
Saída do ZCD comp – Pulso de set para o flip-flop ligar o MOSFET quando a tensão na
entrada do circuito for 0 V ou muito próximo. Ocorre quando a corrente na bobina cair a zero
e após um certo atraso como já explicado.

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Fig. 15 – Formas de onda do chaveamento do MOSFET

O ciclo repete-se até centenas de milhares de vezes por segundo. A frequência máxima de
trabalho deste PFC ativo é de 400 KHz.

Capítulo 11 – Mais detalhes do PFC ativo

Na fig. 16 apresentamos alguns componentes coadjuvantes do circuito PFC:

Fig. 16 – Outros componentes do PFC ativo

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Capacitor “snubber” CP804 – Amortece o pulso de alta tensão positiva gerado pela bobina
quando o MOSFET corta. Como tal pulso pode chegar na casa dos 1000 V, a tensão de
trabalho do capacitor é de 2 KV;
Capacitor filtro de ruídos CP805 – O diodo schottky DP801C conduz e corta em alta
velocidade (acima de 100 KHz) e desta forma gera ruídos (faíscas) na passagem de um
estado para outro. O capacitor em paralelo curto-circuita estas faíscas, impedindo que se
propaguem para outras áreas do circuito.
Ferrite bead ou filtro bead – Como o nome sugere são pequenos filtros feitos com fios ou
“jumper” envolvidos por uma capa de ferrite. Eles têm zero ohm para as tensões e sinais
normais do circuito e uma resistência (impedância) maior aos sinais de alta frequência. Estes
sinais de frequência muito alta podem ser propagar em forma de interferência eletromagnética
(EMI) do ou para o componente. Os beads do circuito têm 40 Ω para frequências de 10 MHz
e 134 Ω para 100 MHz. No código deles tem indicações do tamanho do filtro como por
exemplo: BAS3550TO = 35 mm de diâmetro e 50 mm de comprimento. Observe a fig. 17:

Fig. 17 – Vários tipos de ferrite bead

Cola siliconada – É uma cola de borracha geralmente branca e flexível usada para dar maior
resistência mecânica aos componentes contra solavancos e vibrações. As fontes de TV
possuem vários componentes como MOSFETs, diodos e eletrolíticos com esta cola.

Circuitos de controle proteção inclusos no CI do PFC ativo

Driver e acionamento do MOSFET – O circuito aparece na fig. 18:

Fig. 18 – Circuito driver do MOSFET

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A porta “E” de 5 entradas que alimenta o driver do MOSFET é na verdade formada por 2
portas “E”, principal e secundária e duas portas “NOU” Numa entrada da porta “E” principal
chega o sinal liga/desliga do flip-flop e nas portas “NOU” as proteções: duas OVP (sobre
tensão), SP (standby) e UVLO (tensão mínima para o CI funcionar). Se não houver nada de
anormal, todas as proteções estarão desligadas e as saídas das portas “NOU” em nível alto.
A saída porta “E” secundária estará em nível alto e habilitará a porta “E” principal que levará
o sinal liga/desliga para o driver de acionamento do MOSFET. Se houver uma proteção
ativada, levará a porta “NOU” para nível baixo, desabilitará as portas “E” e o MOSFET. Assim
o CI e o circuito PFC ficarão desligados. Observe a fig. 18 com as cores verde e vermelha.

Função UVLO (“under voltage lockout”) – Conectada ao pino 8, é a tensão de alimentação


mínima para o CI funcionar. A tensão de alimentação VCC vai à entrada (-) de um operacional
por histerese (Schmitt Trigger). Na entrada (+) tem duas tensões de referência: 13 e 9 V.
Quando o VCC passa de 13 V a saída UVLO do operacional desliga e habilita o driver do
MOSFET. O UVLO permanece desligado até que a tensão VCC caia abaixo de 9 V. Se isto
ocorrer, o UVLO liga e desabilita o MOSFET, mantendo o CI desligado. Para ligar novamente
o VCC deve passar de 13 V. A tensão VCC não ultrapassa 28 V.

Amplificador de erro e outras proteções – Podemos observar na fig. 19 a seguir:

Fig. 19 – Amp. de erro e outras proteções

O pino 1 (feedback) recebe uma tensão de aproximadamente 2,6 V de um divisor de tensão


ligado na saída do PFC (380 a 390 V). Tal tensão de amostra vai na entrada (-) do operacional
amplificador de erro e ultrapassa a entrada (+) com 2,5 V. A saída deste operacional fica com
tensão baixa (perto de 1 V e não zero já que este circuito atua numa zona não linear ao
contrário dos comparadores). Quanto maior a tensão no pino 1 menor a saída do operacional.
Esta tensão de saída do operacional controla o oscilador do PFC como veremos adiante.

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Proteções OVP (sobre tensão) – A tensão de saída do PFC deve ficar entre 380 e 390 V.
Assim o a tensão no pino 1 (FB) ficará na casa dos 2,6 V E manterá os operacionais OVP1 e
OVP2 desligados. OVP1 liga com 2,63 V e OVP2 com 2,71 V. O pino 4 recebe 2,4 V de outro
divisor e mantém o operacional OVP3 desligado. Este liga com 2,71 V. Quando a tensão do
PFC fica acima de 390 V, o pino 1 recebe mais de 2,63 V e ativa o OVP1. Este operacional é
dinâmico então a saída fornece uma tensão de controle para o oscilador fazendo a rampa
subir mais rápido e desligar também mais rápido o MOSFET. Lembre-se que o MOSFET corta
quando a rampa chega no topo. Assim a tensão do PFC diminui e volta para 390 V. Quando
a tensão passa de 400 V, os pinos 1 e 4 sobem e se passarem dos 2,71 V, OVP2 e OVP3
ligam e desabilitam o funcionamento do MOSFET. O PFC entra no modo proteção.

Proteção SP – Se o pino 1 do CI for desligado ou ocorrer curto em algum componente ligado


a ele, a tensão ficará muito baixa produzindo uma tensão alta na saída do amplificador de
erro. Esta tensão demora mais tempo para ser alcançada pela rampa do oscilador, mantendo
o MOSFET conduzindo por muito tempo e a tensão de saída do PFC sobe
descontroladamente. Para evitar este efeito temos o operacional “short comp” ou SP dentro
do CI. Este operacional SP funciona ao contrário dos demais. Sua entrada (-) tem duas
referências 0,2 e 0,3 V. Quando o pino 1, entrada (+), fica baixo o operacional liga (saída vai
a nível alto) e desativa o driver do MOSFET. Quando o pino 1 vai para o valor normal, o
operacional SP desliga e reabilita o MOSFET.

Circuito de controle do PWM – Veja a fig. 20 a seguir:

Fig. 20 – Controle do PWM

A tensão de feedback do pino 1 é comparada com uma referência de 2,5 V e quando ela
ultrapassa este valor, diminui a tensão na saída do amplificador de erro. Esta tensão de erro
fica entre 1 e 5 V. Quando a rampa dente-de-serra do oscilador ultrapassa a tensão de erro,
a saída do comparador de PWM liga (nível alto), reseta o flip-flop e desliga o MOSFET. Quanto
menor for a tensão de erro (maior entrada no pino 1 ou PFC com saída alta), mais rapidamente
a rampa ultrapassa o valor e desliga o MOSFET para reduzir a tensão de saída do PFC.

Proteção contra excesso de corrente (OVC) – Observe a fig. 21:

Fig. 21 – Circuito OVC

Em condições normais de funcionamento a tensão no pino 5 (sensor de corrente) é próxima


de 0 V. Na verdade chega a algumas dezenas de mV negativos. Então a saída do operacional
OVC fica desligada. Quando a corrente aumenta muito (curto na saída do PFC, por exemplo)
o pino 5 fica com tensão mais negativa e abaixo de -0,6 V o OVC liga e desabilita o MOSFET.

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Soft Start e Oscilador – Fig. 22 – Soft start e oscilador
Em funcionamento
normal as proteções SP e
UVLO ficam desligadas e
habilita o circuito “soft
start” (partida suave) que
inicializa o oscilador
através da carga do
capacitor ligado no pino 3
(RT). Neste pino há um
resistor que determina a
máxima frequência do
oscilador em cargas mais
leves. Cada vez que a corrente pela bobina booster do PFC vai a zero, o circuito ZCD comp
(detetor de zero corrente) vai a nível 1 e ativa o oscilador. Ele gera um pulso de set para o
flip-flop ligar o MOSFET e uma rampa que será comparada com a tensão de erro que
inicialmente é 5 V. Quando a rampa ultrapassa a tensão de erro, o circuito desliga o MOSFET.
Veja na fig. 22:

O CI do PFC ativo FA5695 – Na fig. 23 temos o CI completo:

Fig. 23 – CI FA5695

Pino 1 = Feedback – Controla o CI – 2,5 a 2,6 V; Pino 2 = Compensação – Filtra a tensão de


erro – 1 a 5 V; Pino 3 = Tempo de reinício – Inicializa o oscilador através da carga de um
capacitor. O resistor determina a frequência máxima do oscilador; Pino 4 = Proteção excesso
de tensão – 2,4 V; Pino 5 = Sensor de corrente – 0 a – 80 mV; Pino 6 = Terra; Pino 7 = Saída
PWM - 0 a 14 V pulsos; Pino 8 = Alimentação 13 a 15 V. Tensões em condições normais.

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EXERCÍCIOS DE APRENDIZADO

1) Os filtros EMI na entrada da fonte são formados por:


( a ) resistores e capacitores
( b ) bobinas e capacitores
( c ) bobinas e resistores

2) Os capacitores Y são ligados:


( a ) em série com a rede elétrica
( b ) em paralelo com a rede elétrica
( c ) entre a rede elétrica e o terra

3) A tensão de saída do circuito PFC ativo quando a fonte está ligada é:


( a ) 160 V
( b ) 320 V
( c ) 400 V

4) O capacitor CP801 de 1 µF x 450 V na saída da ponte retificadora:


( a ) filtra o “ripple” de alta frequência do PFC
( b ) filtra o “ripple” de baixa frequência da ponte retificaora
( c ) filtra os dois “ripples” citados anteriormente

5) Os ferrites bead encontrados na fonte de alimentação:


( a ) tem 0 Ω para a tensão contínua e 130 Ω para sinais de 100 MHz
( b ) tem 130 Ω para a tensão contínua e 0 Ω para sinais de 100 MHz
( c ) tem 80 Ω para a tensão contínua e 130 Ω para sinais de 100 MHz

6) A ideia básica do PFC ativo é corrigir o fator de potência da fonte:


( a ) filtrando melhor a tensão de saída
( b ) fazendo os diodos da ponte retificadora conduzirem por mais tempo
( c ) aumentando a tensão de saída

7) O PWM aplicado no gate do MOSFET segue esta sequência:


( a ) liga o transistor no ZCD e desliga no topo da rampa do CI oscilador
( b ) liga o transistor no no topo da rampa do CI oscilador e desliga no ZCD
( c ) liga o transistor no ZCD e desliga no início da rampa do CI oscilador

8) No pino 8 do CI a menor tensão a ser aplicada inicialmente para ligar é:


( a ) 12 V
( b ) 13 V
( c ) 14 V

9) A tensão inicial para o pino 1 (FB) controlar a saída do PFC deve ser:
( a ) 2,3 V
( b ) 2,4 V
( c ) 2,5 V

10) Para o CI acionar o MOSFET como devem estar as saídas das proteções:
( a ) Todas nível baixo (0) e UVLO nível alto (1)
( b ) Todas nível alto (1) e UVLO nível baixo (0)
( c ) Todas nível baixo (0) e UVLO nível baixo (0)

Fonte BN44-00704E funcionamento e defeitos Volume 1 - Burgoseletronica


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