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RETIFICADOR DE ONDA COMPLETA

Agora que já estamos resolvendo circuitos com diodos, vamos explorar uma
aplicação prática extremamente útil, a retificação de tensões alternadas. Na primeira
semana vimos algumas topologias de retificadores. Vamos focar na retificação de onda
completa com ponte de diodos, que é a mais utilizada.
Vamos estudar o retificador projetando uma fonte CC de 12V para ser alimentada
em uma tomada de 127 VRMS e fornecer uma corrente de 1 A. Vamos projetar o retificador
para obter o mais próximo possível das especificações desejadas usando componentes
reais. Observe na Figura 1 os componentes que farão parte da nossa fonte CC.

Figura 1 - Circuito da fonte CC.

TENSÃO CA

O sinal de tensão alternada é descrito matematicamente por uma função seno,


conforme a equação a seguir

𝑣(𝑡) = 𝑉𝑚 𝑠𝑒𝑛 (ω𝑡)

sendo 𝑉𝑚a amplitude da senoide, e ω a frequência angular. Normalmente nos referimos ao


valor eficaz (ou RMS) das tensões alternadas. O valor eficaz de uma tensão está
relacionado com 𝑉𝑚 pela seguinte equação:

𝑉𝑅𝑀𝑆 = 𝑉𝑚/ 2

Portanto, quando nos referimos a uma tomada de 127 VRMS, temos uma tensão
alternada com amplitude aproximada de 179,6 V. É importante sabermos o valor da
amplitude da tensão, pois ele será o valor aproximado da tensão CC após a retificação.
Quando falamos sobre os retificadores, vimos que na topologia com ponte de diodos, dois
diodos conduzem corrente em cada semiciclo da senoide, e que eles estão em série no
circuito. Na semana anterior aprendemos que quando os diodos estão conduzindo corrente,
há uma queda de tensão, que no caso dos diodos de silício é de 0,7V. Como temos dois
diodos em série, a queda de tensão total é de 1,4V. Dessa forma, para obtermos 12V na
saída da fonte, a tensão CA a ser retificada precisa ter amplitude de aproximadamente
13,4V. Assim, descontada a queda de tensão dos diodos, teremos 12V na saída.

TRANSFORMADOR

Para conectarmos a fonte em uma tomada de 127VRMS precisamos de um


transformador para reduzir a tensão CA ao nível desejado. Os transformadores são
dispositivos elétricos formados por duas bobinas isoladas e enroladas em um núcleo de
material ferromagnético, como mostrado na Figura 2.

Figura 2 - Transformador.

O transformador funciona pelo princípio de indução magnética. Quando uma tensão


CA é aplicada em uma das bobinas, a corrente gerada induz um campo magnético variável
no núcleo do transformador. Por sua vez, o campo magnético induz uma corrente alternada
na outra bobina. O valor da tensão induzida depende do número de voltas das bobinas.
Os transformadores são especificados pelos valores de tensão eficaz em seus
terminais, capacidade de corrente eficaz e potência nominal. Já vimos que precisamos obter
uma tensão CA com 13,4V de amplitude, que corresponde a aproximadamente 9,5VRMS.
Precisamos então de um transformador com especificações de tensão de 127/9,5 V.
Provavelmente não encontraremos um transformador com essa exata configuração, pois
comercialmente não é possível fornecer um número muito grande de opções de
componentes. Nesses casos, procuramos pelo valor comercial mais próximo. A relação
127/10 V é facilmente encontrada e será a nossa opção nesse caso.
Precisamos agora determinar a corrente nominal do transformador. Como queremos
fornecer até 1A para a carga e temos as perdas comuns em qualquer circuito e as perdas
do próprio transformador, devemos procurar um transformador com capacidade acima de
1A. Comercialmente encontramos transformadores de 2A, o que é suficiente e será o valor
adotado. A especificação do transformador é, então 127/10 V e 2A.

DIODOS

Para especificarmos os diodos, precisamos saber o máximo de corrente direta e o


máximo de tensão reversa que precisarão suportar. Existem diversos tipos de diodos
disponíveis no mercado. Um grupo de diodos muito utilizado para essa aplicação é a família
1N5400. Ela é composta por nove diferentes diodos com diferentes capacidades de
corrente direta e tensão reversa. Para determinarmos qual deles vamos utilizar, precisamos
consultar as informações fornecidas pelo fabricante e dispostas em uma folha de dados ou
datasheet. Essas folhas de dados são facilmente encontradas na internet em uma pesquisa
por 1N5400 datasheet. Na folha de dados encontramos a tabela a seguir.
Tabela 1 - Informações sobre a família 1N5400.

Nos valores destacados em amarelo temos as especificações de tensão máxima


reversa e máximo de corrente suportada. A corrente máxima de 3A é mais do que suficiente
para a nossa necessidade. A tensão na saída do transformador é de apenas 10VRMS.
Portanto, qualquer um dos diodos será capaz de suportar. Como são componentes baratos
e há pouca diferença de preço entre eles, podemos optar pelo que for mais fácil encontrar.

FILTRAGEM

Como vimos anteriormente, o sinal de tensão obtido após a etapa da ponte de


diodos é formado por uma série de semiciclos de uma senoide dispostos em sequência.
Para transformá-lo em um sinal CC, podemos utilizar um capacitor conectado logo após a
etapa da ponte de diodos. Um capacitor é um componente constituído por duas placas
isoladas, dispostas em paralelo e separadas por um material isolante (ou dielétrico),
conforme mostrado na Figura 3.

Figura 3 - Capacitor.

Utiliza-se como material dielétrico o papel, a cerâmica, a mica, os materiais


plásticos, o vidro, a parafina ou mesmo o ar. Ele é capaz de acumular cargas elétricas em
suas placas, e dessa forma armazena energia. Sua capacidade de armazenar cargas é
chamada de capacitância e é medida em Farads.
Normalmente, para termos uma boa filtragem, usamos um capacitor eletrolítico de
grande valor que vai funcionar como uma espécie de reservatório de energia. O capacitor
se carrega com a tensão máxima retificada, ou seja, a amplitude da tensão do secundário
do transformador. No intervalo entre dois picos de tensão consecutivos, a energia
acumulada no capacitor é transferida para a carga enquanto mantém a tensão próxima ao
valor com que foi carregado. Quanto maior a capacitância, menor será a diminuição na
tensão do capacitor no intervalo entre dois picos consecutivos da tensão CA. Essa variação
da tensão do capacitor é chamada de tensão de Ripple e é mostrada na Figura 4.

Figura 4 - Tensão de Ripple.

Para escolher o valor adequado para o capacitor, podemos utilizar 1.000 µF de


capacitância para cada 1 ampère de corrente que precisamos, isso entre 3 V a 15 V de
saída. Esse valor é dado para que o Ripple se mantenha dentro de níveis aceitáveis para a
maioria das aplicações. Caso o projetista considere que o Ripple da fonte está elevado,
deverá aumentar o valor do capacitor utilizado. Devemos lembrar também que os
capacitores são especificados em função da tensão suportada. No caso do nosso projeto,
ele deve suportar no mínimo 12 V de tensão. Considerando os valores disponíveis
comercialmente e para dar uma boa margem de segurança, adotaremos um capacitor de
4700 μF e 35V.

DURANTE O MOMENTO SÍNCRONO SERÃO FEITAS MAIS ALGUNS APONTAMENTOS


SOBRE O PROJETO DA FONTE E NA PRÓXIMA SEMANA FAREMOS ALGUMAS
MELHORIAS PARA TORNÁ-LA MAIS ROBUSTA.

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