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INOVE

ALICE FRACHO, ANDREY AMARAL, JOÃO PEDRO MOURA,


LETÍCYA MENDONÇA, MATEUS DO AMPARO.

CULTURA INDÍGENA NO BRASIL: VESTUÁRIO, LEGISLAÇÃO E


ACESSO À SAÚDE

SÃO GONÇALO
2023
VESTUÁRIO

Os povos indígenas têm uma rica diversidade cultural, e seus trajes


tradicionais variam de acordo com suas etnias, regiões e tradições específicas.
Cada grupo étnico possui seu próprio estilo único de ver vestir que reflete sua
história, crenças, rituais e modos de vida. É importante mencionar que a cultura
indígena é dinâmica e se evoluiu ao longo do tempo, assim como em qualquer outra
cultura.

Os povos indígenas utilizam materiais naturais, como algodão, linho, lã, casca de
árvore ou pele de animais, para fazer suas roupas.As cores e os padrões das roupas
muitas das vezes possuem significados simbólicos, relacionados a mitos, crenças ou
elementos da natureza.

Segundo o IBGE (instituto brasileiro de geografia e estatística), 36,2% dos indígenas


brasileiros vivem em cidades. Claro que não é difícil de imaginar que muitos deles já
se apegaram aos costumes urbanos, em diversos povos já é comum ver índios
usando: bonés; tênis; calça jeans mas não deixam de ser indígenas por conta disso.

Bordados, penas, contas, conchas, miçangas e outros adornos podem ser utilizados
para enfeitar suas roupas, dando a elas um caráter especial e distintivo.

 Alguns elementos comuns encontrados nas vestimentas indígenas que


podemos registrar são: :

• Penas: Muitos povos indígenas utilizam penas de aves para criar


adornos para seus cabelos, chapéus ou cocares cerimoniais. As penas
podem ter significados simbólicos importantes dentro de suas culturas.

• Tecelagem: Muitos grupos indígenas são conhecidos por suas


habilidades em tecelagem, produzindo tecidos coloridos e decorativos
que são transformados em roupas, bolsas e outros itens.
• Adornos naturais: Sementes, conchas, pedras, ossos e outros
materiais naturais são frequentemente usados para enfeitar roupas e
acessórios.

• Pinturas corporais: Alguns povos indígenas praticam pinturas


corporais como parte de sua cultura e tradição, usando tintas naturais
feitas de plantas e minerais.

• Couro e pele: Em regiões onde a caça é uma atividade importante, as


vestimentas indígenas podem incluir roupas feitas de couro e peles de
animais

De modo geral alguns povos indígenas atualmente se vestem como os não


indígena, de acordo com o clima. A diversidade é tão grande que é impossível
descrever todos os trajes de todos os grupos indígenas existentes.

Os Kayapó, do Brasil, podem utilizar saias de palha ou penas e pinturas corporais


para cerimônias.

É o caso dos índios da aldeia Krukutu, localizada na zona sul da cidade de São
Paulo. Apesar de inseridos na cultura urbana, os moradores da aldeia Krukutu
mantêm suas tradições.

O vestuário indígena é bastante variado. Há povos que usam basicamente tangas e


cintos. No povo Araweté, por exemplo, os homens tradicionalmente andam nus, com
um cordão amarrado ao órgão sexual. Já as mulheres Araweté usam mais itens,
como saia, blusa e um pano na cabeça tingido de urucum.

Dentre os inúmeros itens ornamentos usados pelos indígenas brasileiros, podemos


citar o botoque, alargador labial e auricular usado tradicionalmente pelos índios
Krenak (também chamados de botocudos) e pelos Caiapó.
ACESSO À SAÚDE

Os problemas com o acesso a saúde pelos povos indígenas não é algo tão
atual assim, já é uma adversidade enfrentada a muito tempo atrás. Esse caso é
enfrentado desde a chegada dos colonizadores nas terras brasileiras lá no século 16
e com isso originou epidemias que devastou muitos da população indígena por
conta de não terem imunidade ao vírus que acompanharam os povos de outro
continente e esse foi um dos principais motivos pois também tiveram problemas
sociais, demográficos, econômicos e políticos.

Os vírus como H1N1, Sarampo, e o mais recente COVID-19 foram e ainda


são motivos de dificuldades sanitárias para esses povos, que não apenas foram
afetados, mas dizimados tanto aldeias quanto etnias durante a manifestação dessas
doenças.

Há leis e normas onde amparam os povos indígenas disponibilizando-os o


acesso e atendimento de múltiplas áreas de necessidades como a lei Nº 6.001 de 19
de dezembro de 1973 dispõe sobre o Estatuto do Índio. Art. 1º. Esta Lei regula a
situação jurídica dos índios ou silvícolas e das comunidades indígenas, com o
propósito de preservar a sua cultura e integrá-los, progressiva e harmoniosamente, à
comunhão nacional.

A principal dificuldade enfrentada pelos povos indígenas no acesso à saúde é


a falta de acesso equitativo e adequado aos serviços de saúde. Isso inclui uma série
de desafios, tais como:

1. Distância geográfica: além da barreira linguística Muitas comunidades


indígenas estão localizadas em áreas remotas e de difícil acesso, o que torna
complicado o deslocamento para os centros de atendimento médico. A
ausência de estradas apropriadas e de transporte regular dificulta ainda mais
o acesso à saúde.

2. Infraestrutura precária: Muitas aldeias indígenas não contam com postos de


saúde ou hospitais adequados, o que dificulta a disponibilidade de serviços
básicos de saúde, como consultas médicas, vacinas e medicamentos. A falta
de recursos e de profissionais de saúde nas regiões indígenas agrava ainda
mais a situação.
3. Violência e invasão de terras: Os povos indígenas são frequentemente
vítimas de violência e invasão de suas terras por madeireiros, garimpeiros,
fazendeiros e outros grupos. Isso resulta em conflitos, desflorestamento,
poluição ambiental e deslocamento forçado, impactando direta e
negativamente na saúde física e mental dos indígenas.

4. Dificuldade no acesso aos serviços especializados: Muitas vezes, os


indígenas enfrentam dificuldades adicionais para acessar serviços de saúde
especializados, tais como tratamentos de doenças crônicas, exames de alta
complexidade ou atendimento de emergência. A falta de estrutura nas regiões
indígenas e a necessidade de se deslocarem para grandes centros urbanos
tornam esses serviços ainda mais inacessíveis.

O acesso à saúde é garantido como um direito constitucional, porém grupos


populacionais que vivem em áreas rurais e remotas, como os indígenas, enfrentam
dificuldades para exercer esse direito devido à falta de serviços e profissionais
disponíveis. Além das carências relacionadas ao fornecimento e fixação de médicos
nessas áreas, devido à logística de transporte, abastecimento de medicamentos e
coleta de materiais para exames, os profissionais de saúde frequentemente não
possuem competência cultural e humildade para lidar adequadamente com essa
população e seus valores culturais.

Segundo a Funai, a população indígena atualmente no país é de 460 mil


pessoas, um número muito menor do que quando o Brasil foi descoberto, quando
totalizavam de 4 a 5 milhões. O que levou a essa redução tão significativa? Além da
violência e perseguição devido a disputas territoriais e desigualdades sociais, os
indígenas foram vítimas de diversas doenças causadas por surtos e epidemias
resultantes do contato com não indígenas. Essas doenças incluem sarampo,
infecções, malária, diarreia, tuberculose e até mesmo a gripe. Atualmente, também
são preocupantes as altas taxas de suicídio, problemas relacionados ao consumo
excessivo de álcool e o aumento na prevalência de hipertensão.

Há poucos médicos que se candidatam a trabalhar em áreas remotas. Os


motivos são variados, como ficar longe da família e as condições de trabalho que
são consideradas. É necessário ter criatividade e expandir as competências para
atuar em cenários onde persistem desafios sociais, culturais e geográficos no
acesso a serviços de média e alta complexidade. A falta de experiências prévias
também contribui para que essa área não seja atrativa desde a faculdade, pois a
saúde indígena é pouco abordada no currículo educacional.
LEGISLAÇÃO

A partir de 1998 a Constituição brasileira passou a assegurar também alguns


direitos para os povos indígenas no chamado “Estatuto do Índio”, nome como ficou
conhecida a lei 6.001, promulgada em 1973.

Direito à terra

A Constituição estabeleceu que os direitos dos indígenas sobre as terras que


tradicionalmente ocupam são de natureza originária, que são anteriores à formação
do próprio Estado brasileiro, existindo independentemente de qualquer
reconhecimento oficial e eleva também à categoria constitucional o próprio conceito
de Terras Indígenas, que assim se define, no parágrafo 1º. de seu artigo 231:
“São terras tradicionalmente ocupadas pelos índios as por eles habitadas em
caráter permanente, as utilizadas para suas atividades produtivas, as
imprescindíveis à preservação dos recursos ambientais necessários a seu bem-estar
e as necessárias a sua reprodução física e cultural, segundo seus usos, costumes e
tradições.”
Na carta são determinados elementos que definem diversas terras ao redor
do país como de posse dos povos indígenas. O direito à terra por parte da
sociedade que a ocupa existe e se legitima independentemente de qualquer ato
constitutivo. Nesse sentido, a demarcação de uma Terra Indígena, fruto do
reconhecimento feito pelo Estado, é ato meramente declaratório, cujo objetivo é
simplesmente precisar a real extensão da posse para assegurar a plena eficácia do
dispositivo constitucional. E a obrigação de proteger as Terras Indígenas cabe à
União.
Sobre as Terras Indígenas, a Constituição de 1988 estabelece que:
 Incluem-se dentre os bens da União (art. 20, XI);
 São destinadas à posse permanente por parte dos índios (art. 231, §
2);
 É necessária lei ordinária que fixe as condições específicas para
exploração mineral e de recursos hídricos nas Terras Indígenas (art.
176, § 1);
 As Terras Indígenas são inalienáveis e indisponíveis, e o direito sobre
elas é imprescritível (art. 231, § 4);
 Apenas os índios podem usufruir das riquezas do solo, dos rios e dos
lagos nelas existentes (art. 231, § 2);

Direito à diferença

Os preceitos constitucionais também asseguram aos povos indígenas o


respeito à sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições. É
firmado, no caput do artigo 231 da Constituição, aos indígenas no Brasil, o direito à
diferença, ou seja, de serem índios e de permanecerem como tal indefinidamente.
“São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e
tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam,
competindo
à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens.”, parte do texto
do artigo 231.
O direito à diferença não implica menos direito nem privilégios. Daí porque a
Carta de 1988 tenha assegurado aos povos indígenas a utilização das suas línguas
e processos próprios de aprendizagem no ensino básico (artigo 210, § 2º),
inaugurando, assim, um novo tempo para as ações relativas à educação escolar
indígena.
A constituição permitiu que os povos indígenas, assim como qualquer pessoa
física ou jurídica no Brasil, tenham legitimidade para ingressar em juízo em defesa
de seus direitos e interesses. Isso era, antes dessa determinação, os indígenas
eram considerados “relativamente incapazes”, devendo ser tutelados por um órgão
indigenista estatal.

Da Assistência ou Tutela

Art. 7º Os índios e as comunidades indígenas ainda não integrados à


comunhão
nacional ficam sujeitos ao regime tutelar estabelecido nesta Lei.
§ 1º Ao regime tutelar estabelecido nesta Lei aplicam-se no que couber, os
princípios e normas da tutela de direito comum, independente, todavia, o exercício
da tutela da
especialização de bens imóveis em hipoteca legal, bem como da prestação de
caução real
ou fidejussória.
§ 2º Incumbe a tutela à União, que a exercerá através do competente órgão
federal de assistência aos silvícolas.
Art. 8º São nulos os atos praticados entre o índio não integrado e qualquer
pessoa
estranha à comunidade indígena quando não tenha havido assistência do órgão
tutelar
competente.
Art. 9º Qualquer índio poderá requerer ao Juiz competente a sua liberação do
regime
tutelar previsto nesta Lei, investindo-se na plenitude da capacidade civil, desde que
preencha os requisitos seguintes:
I - Idade mínima de 21 anos;
II - Conhecimento da língua portuguesa;
III - Habilitação para o exercício de atividade útil, na comunhão nacional;
IV - Razoável compreensão dos usos e costumes da comunhão nacional.
Parágrafo único. O Juiz decidirá após instrução sumária, ouvidos o órgão de
assistência ao índio e o Ministério Público, transcrita a sentença concessiva no
registro civil.
Art. 10. Satisfeitos os requisitos do artigo anterior e a pedido escrito do
interessado, o
órgão de assistência poderá reconhecer ao índio, mediante declaração formal, a
condição
de integrado, cessando toda restrição à capacidade, desde que, homologado
judicialmente
o ato, seja inscrito no registro civil.
Art. 11. Mediante decreto do Presidente da República, poderá ser declarada a
emancipação da comunidade indígena e de seus membros, quanto ao regime tutelar
estabelecido em lei, desde que requerida pela maioria dos membros do grupo e
comprovada, em inquérito realizado pelo órgão federal competente, a sua plena
integração
na comunhão nacional.

Negligência dos direitos indígenas

Embora existam todas essas leis com o objetivo de proteger a tradição e a


cultura indígena, muitas vezes elas servem apenas como algo simbólico, já que não
funcionam na prática.
Por diversos interesses – principalmente econômicos- os direitos desses
povos vêm sendo negligenciados, geralmente com o objetivo de utilizarem suas
terras para atividades agropecuárias. O grande problema é que, embora tais
atividades sejam economicamente importantes, elas colocam os povos tradicionais
em desvantagem, além de pôr em risco a preservação de sua cultura e costumes.
Por isso, é importante que a população se informe sobre a luta dos povos
indígenas. Para que não haja mais a necessidade de travar uma batalha que não
deveria ao menos existir já que direitos básicos como moradia, saúde, e segurança
dependem da insistência dos povos indígenas.

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