Você está na página 1de 2

Programa de Pós-Graduação em Geografia - UFSJ

Resenha do texto: Inventory and Quantitative Assessment of Geosites and Geodiversity Sites: a
Review. José Brilha 2015

Introdução

O presente texto aborda sobre o processo metodológico que o autor Brilha (2015) elaborou
com o objetivo de inventariar e avaliar quantitativamente as ocorrências mais valiosas da
Geodiversidade, enquanto estratégias fundamentais para a geoconservação e gestão de sítios com
geodiversidade passível de ser conservada em três recortes específicos: científico, educacional e
turismo.
De acordo com a escala e valor, a metodologia é direcionada ao contexto dos estudos e
trabalhos de inventariar e avaliar quantitativamente, de forma sistemática, a Geodiversidade, seja
em escala nacional ou internacional. Outro ponto são os procedimentos que permitam a obtenção de
avaliação numérica e de valor e o risco de degradação dos locais identificados como possíveis sítios
aptos à geoconservação. As estratégias de gestão dos geoparques embasadas por meio dos
inventários são também discutidas por Brilha (2015).
Nesse sentido, o autor propõe definições relativas aos conceitos de geossítios e local de
geodiversidade, que comportam características distintas quanto à necessidade de geoconservação e
gestão. Dessa forma, os dados necessários para subsidiar as pesquisas em Geodiversidade são
levantados tanto em campo em locais com características ímpares, como por meio de amostras que
são tratadas em experimentos laboratoriais que resultem em informações quanto aos processos
geológicos e geomorfológicos de determinada região do planeta. A necessidade de conservação da
Geodiversidade encontrada em ambos locais de estudo (in situ e ex situ) confere a oportunidade de
acessar os elementos da Geodiversidade como fonte de pesquisas científicas atuais e futuras, é um
registro importante da evolução da Terra, no sentido de interação da geosfera com os sistemas
físico-químicos da natureza, logo, a biosfera, a hidrosfera e a atmosfera, que permitem os estudos
dos processos geológicos. Em outros contextos também pode ser correlacionado atividades
educacionais e turísticas, cada qual com o seu escopo próprio, interagindo com a sociedade humana.
Dessa forma, o autor justifica que o inventário e a avaliação quantitativa da Geodiversidade,
de modo sistemático, faz parte do escopo dos instrumentos utilizados em estratégias de
geoconservação. Geoheritage ou Patrimônio geológico é conceito relativo à ocorrência in situ de
elementos da geodiversidade com alto valor científico e possui subtipos como geomorfológico,
petrológico, mineralógico, paleontológico, estratigráfico, estrutural, hidrogeológico ou pedológico.
Elementos da Geodiversidade ex situ que estão fora de seu local de origem e que têm valor
científico, são os geossítios. A subjetividade é reduzida por meio da sistematização do inventário e
da avaliação quantitativa que geram dados importantes e racionais para as estratégias de
conservação da Geodiversidade.
É importante atualizar os dados obtidos nos inventários e na avaliação quantitativa, haja
vista que é dinâmico o processo de evolução da Geodiversidade apesar de ocorrer em escala de
tempo muito diversa da humanidade. O valor de conhecimento científico direciona a seleção dos
sítios de maior interesse para representar aspectos da pesquisa científica que são atribuídos ao
escopo da geoheritage. Outros objetivos têm relação com o aspecto educacional e turístico dos
elementos da Geodiversidade, como relevo, cultura e geomonumentos, respectivamente. A
geoconservação deve caracterizar a gestão de todos os recursos da Geodiversidade que possuem
valor científico, educacional ou turístico. A questão de exploração econômica não faz parte do
escopo dos projetos de geoconservação.
Patrimônios da mineração ativa e inativa fazem parte da Geodiversidade. Se estiverem
preservados os elementos podem ser considerados sítios de geodiversidade e podem ter funções
educacionais ou turísticas, associados aos sítios geológicos são geo-heranças, se sozinhos
classificam-se como patrimônio industrial e são fontes de estudo na área da arqueologia industrial
como parte da história da tecnologia.
É importante identificar e caracterizar os sítios de Geodiversidade como base das estratégias
de geoconservação. A Europa tem iniciativas de alguns países no sentido de inventariar a
Geodiversidade Nacional, o que contribui com o desenvolvimento de métodos sistemáticos e
eficazes de pesquisa científica que levem em consideração o conhecimento do território, o objetivo
claro do inventário se científico, educacional ou turístico, além da avaliação de valor e risco de
degradação, e o envolvimento da comunidade das Ciências da Terra.
Os procedimentos metodológicos sistemáticos resultam em seleções de geossítios adequados
para cada objetivo específico da geoconservação, sejam eles para pesquisas atuais ou futuras,
educacionais ou turísticas. O escopo da geoconservação engloba diversas etapas como o inventário
e a avaliação quantitativa, além da conservação, interpretação, promoção e monitoramento de sítios
da Geodiversidade. O inventário possui quatro critérios importantes a serem observados de acordo
com os objetivos, nesse sentido, o tema, o valor, a escala e o uso são questões que devem balizar as
estratégias de geoconservação. De acordo com Brilha (2015) cada objetivo determina os critérios a
serem elencados para determinar o valor de cada sítio da Geodiversidade, pois, os escopos
científico, educacional e turístico, diferem entre si. O autor elucidou quais etapas devem ser
seguidas para inventariar e analisar quantitativamente sítios da geodiversidade, o valor e o risco de
degradação, fornecendo um quadro numérico correspondente aos pesos que cada critério possui.

Você também pode gostar