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Programa de Pós-Graduação em Geografia

Resenha do texto: Índice de geodiversidade do município de Araripina – PE, Brasil


Estudos Geológicos vol. 25(1) 2015
Karlla Emmanuelle Cunha Arruda; Alcina Magnólia Franca Barreto

Introdução

De acordo com Arruda e Barreto (2015), o município de Araripina, PE, Brasil, possui
elementos da geodiversidade que foram inventariados no trabalho das autoras,
resultando em um Índice de Geodiversidade capaz de auxiliar as tomadas de decisões de
diversos segmentos dos recursos humanos que trabalhem com a geodiversidade. Nesse
contexto, elementos abióticos como geologia, paleontologia, geomorfologia, recursos
hídricos, solos, e recursos minerais, foram quantificados individualmente para
estabelecer o índice, que tem por classificação os valores registrados no inventário com
as escalas muito baixo, baixo, médio, alto, e muito alto. Dessa forma, as áreas planas, o
topo da chapada e a Depressão Sertaneja apresentaram o valor muito baixo. As áreas
com rupturas de declive e variação estratigráfica apresentaram o valor baixo. As áreas
de encosta da chapada apresentaram o valor médio. As áreas com maior variação
litológica e presença de drenagens apresentaram o valor alto. E as áreas com sítios
fossilíferos e de maior diversidade litológica e geomorfológica apresentaram o valores
muito alto. As autoras elaboraram um mapa de índice de geodiversidade que é uma
ferramenta que possibilita identificar os elementos da geodiversidade de maior
interesse, o que permite o planejamento do território, a educação ambiental e o uso
sustentável dos recursos naturais que contribuem com desenvolvimento socioeconômico
de Araripina. Esse mapa de índice de geodiversidade é útil em trabalhos de campo que
necessitem de orientação para identificar áreas aptas a determinados empreendimentos
de gestão territorial, como a exploração de recursos naturais, os riscos geológicos a que
estão sujeitas as áreas e as quais devem ser evitados processos de ocupação territorial e
áreas com relevante interesse histórico e científico que possam ser integradas na
geoconservação. Nesse contexto, o município de Araripina, PE, possui elementos da
geodiversidade de interesse como os recursos minerais, em especial a gipsita, o gesso,
considerado o Pólo Gesseiro, que corresponde a 90 % do que é produzido no Brasil.
Aspectos paleontológicos do cretáceo inferior, com fósseis de peixes, répteis,
invertebrados e vegetais. E a geomorfologia representada pela Chapada do Araripe com
suas escarpas, morros testemunhos e a Depressão Sertaneja. Desse modo, Araripina é
um território importante como testemunha da história geológica da Terra em termos
evolutivos, com associação ao rifteamento de Gondwana e a abertura do Atlântico Sul, e
a formação da Bacia do Araripe com diversos elementos com geoheritage. É um local
rico em testemunhar os eventos ocorridos no passado do planeta Terra. Nesse sentido,
as autoras após concluírem o inventário dos elementos da geodiveridade de Araripina,
produziram um mapa de fácil entendimento, capaz de auxiliar nas tomadas de decisões
de gestores em diversos âmbitos como o planejamento territorial e turístico. O
município está inserido em dois contextos geológicos: o sedimentar mesozoico e as
rochas cristalinas pré-cambrianas. A Bacia do Araripe engloba o contexto sedimentar
mesozoico com rochas e afloramentos de formações Exu, com arenitos de granulações
variadas depositados via fluvial. Além da Araripina com ritmitos argilo-siltosos de
laminação plano-paralela; concreções carbonáticas fossíliferas do tipo Romualdo em
abundância, de ocorrência entre à fácies de folhelhos calcíferos esverdeados, que é o
principal jazigo fossílifero em Araripina. Ipubi, com gipsita, anidrita e flolhelhos
escuros, com a gipsita o principal recurso mineral. O outro contexto geológico com as
rochas cristalinas pré-cambrianas é referido com a Zona Transversal da Província da
Borborema, sobre os Terrenos Piancó-Alto Brígida e Granjeiro Ouricuri, que possuem
Suítes Magmáticas do Neoproterozóico e Complexos Metaplutônicos do
Paleoproterozóico. O embasamento da porção sudeste do município é recoberta por
sedimentação cenozoica. Araripina é inserida na Chapada do Araripe, ao norte, e a
Depressão Sertaneja ao sul, que constituem duas unidades morfoestruturais originadas
de processos erosivos e deposicionais. Estas duas unidades possuem quatro padrões de
relevo, que são a Chapada do Araripe, Planalto do Araripe Dissecado, Pediplano da
Bacia do Araripe e Pediplano Sertanejo. As autoras utilizaram como materiais e
métodos para a elaboração do mapa de índice de geodiversidade de Araripina, mapas
produzidos em estudos diversos de geodiversidade que contemplaram os critérios de:
geologia, geomorfologia, hidrografia, paleontologia, recursos minerais, e solos. A escala
de 1:100.000, foi utilizada onde em cada quadro foram contados os elementos da
geodiversidade individualmente. Posteriormente esses índices foram somados para a
obtenção do valor do índice de geodiversidade e a confecção do mapa de isolinhas de
igual valor da geodiversidade. As grades para a representação da geodiversidade foram
de 5 x 5 km considerado pelas autoras o valor que oferece o resultado mais preciso na
área, sem detalhar e sem generalizar os dados, o que resultou em 98 quadros com
valores de índice de geodiversidade calculados individualmente. O índice de
geodiversidade elaborado pelas autoras apresentou a seguinte classificação: muito baixo
para valores < 5; baixo para 6 – 8; médio para 9 -11; alto para 12 -14 e muito alto para
valores > 15.
No entanto, o estudo das autoras por meio da metodologia aplicada, resultou em
informações pouco claras em questão das escalas utilizadas. São necessários diversos
ajustes que realmente possam expressar de modo criterioso a geodiversidade da área de
estudo. Diversas questões em aberto foram identificadas, o que leva a uma má
interpretação da realidade. A sugestão do trabalho como possibilidade de gestão
territorial e geração de renda por parte do município, a partir do mapa do índice de
geodiversidade apresentado, configura um posicionamento pouco adequado e ético por
parte das autoras, pois, o produto de seu estudo pode incentivar o mau uso do território
sem atribuir a atenção, cuidado e conservação que de fato o local requer. Os pontos
favoráveis ao trabalho configuram na tentativa de quantificar os elementos da
geodiversidade, propondo uma metodologia a qual necessita de maiores ajustes e
coerência com a proposta de estudo apresentada.

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