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Abstract This study proposes the approach and consequent valorization of the geodiversity at the Corumbataí River Basin, state of São
Paulo, by inserting the subject in the daily life of elementary school students, through a pedagogic practice based on ludic and practical
activities. The strategy includes activities such as games (puzzle and memory), field trip at a local geodiversity site and other creative
exercises. The geodiversity addressed in this study refers to the Paraná Sedimentary Basin and includes natural heritages such as rocks,
fossils, soils, water resources, landscapes, archaeological paintings and artefacts, as well as their interactions with cultural and biotic means.
This proposal aims to contribute to the formation of critical citizens related to the environment in which they live and to promote the appro-
priation of the sense of belonging to the place. The proposals presented are based on the guidelines of the Brazilian National Curricular
Parameters in the areas of Natural Sciences, Geography and Environment, and are a source of teaching materials for educators. In addition,
the resources presented may be used for informal and non-formal educational practices, as products to be offered to visitors at interpretation
centers of the Corumbataí Geopark, whose project is being elaborated for the eight constituent municipalities of the Corumbataí River Basin.
Keywords Teaching in Geosciences, Didactic Games, Pedagogical Practice, Geodiversity, Geoconservation, Corumbataí River Basin.
Resumo Este trabalho propõe a abordagem e consequente valorização da geodiversidade na região da Bacia do Rio Corumbataí, interior
do estado de São Paulo, inserindo-a no cotidiano de alunos do ensino fundamental, através de uma prática pedagógica baseado em atividades
lúdicas e práticas. A estratégia compreende atividades como jogos (quebra-cabeça e memória), estudo do meio em um sítio da geodiversidade
local e exercícios criativos. A geodiversidade abordada neste trabalho refere-se à Bacia do Paraná e inclui patrimônios como rochas, fósseis,
solos, recursos hídricos, paisagens, pinturas e artefatos arqueológicos, bem como suas interações com os meios cultural e biótico. Esta
proposta visa contribuir para a formação de cidadãos críticos acerca do meio em que vivem e promover a apropriação do sentimento de
pertencimento ao lugar. As propostas de ensino apresentadas apoiam-se nas diretrizes dos Parâmetros Curriculares Nacionais nas áreas de
Ciências Naturais, Geografia e de meio ambiente e constituem uma fonte de material didático para educadores. Ademais, os recursos apre-
sentados poderão ser utilizadas em práticas educativas informais e não formais, constituindo produtos a serem oferecidos a visitantes em
centros de interpretação do Geoparque Corumbataí, cujo projeto está em fase de elaboração para os oito municípios constituintes da Bacia
do Corumbataí.
Palavras-chave Ensino em Geociências, Jogos Didáticos, Prática Pedagógica, Geodiversidade, Geoconservação, Bacia do Rio Corumba-
taí.
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Ciências e Letras de Rio Claro, com o curso de História estudo do meio, em função de serem recursos amplamente
Natural, apoiando-se na diversidade natural da região. utilizados no ensino de geociências.
Posteriormente, a faculdade foi incorporada à UNESP e O quebra-cabeça foi desenvolvido com base no Mapa
criados novos cursos que utilizam a Bacia do Corumbataí Ilustrado dos Patrimônios Naturais da Bacia do Rio Co-
como laboratório natural. A partir da década de 1960, em rumbataí (ZAINE, 1996). Segundo a autora,
face aos muitos achados arqueológicos que vinham sendo Um dos objetivos do mapa é conscientizar a comunidade, no
feitos por proprietários de terras, os professores Tom Mil- sentido de conhecer mais sobre o meio ambiente, suas belezas
ler Junior, Fernando Altenfelder Silva e a pesquisadora e monumentos naturais – cuestas, cavernas, cachoeiras, mata
nativa, fósseis, sítios arqueológicos, formações geológicas.
Maria Beltrão, esta última do Museu Nacional, começa-
ram a sistematizar as pesquisas arqueológicas na região. Além de retratar o patrimônio natural, o mapa apre-
Na década de 1980, o espeleólogo Guy Collet realizou es- senta toponímias, incluindo cidades, estradas, ferrovias,
tudos pioneiros de prospecção e análise de cavidades na- feições de relevo e elementos cartográficos, como le-
turais areníticas na região (ZAINE, 1996). genda, escala gráfica e orientação.
Em 1996, o estudo Patrimônios Naturais e História
Geológica da Região de Rio Claro incluiu um levanta-
mento qualitativo da geodiversidade da Bacia do Corum-
bataí (ZAINE, 1996). Posteriormente, Amorim (2005)
propôs um sistema de informações georreferenciadas, vi-
sando o geoturismo na Bacia. Recentemente, Garcia et al.
(2017) publicaram o primeiro inventário sistemático do
patrimônio geológico no estado de São Paulo, incluindo
diversos geossítios na Bacia do Corumbataí. A partir de
2016, os esforços em geoconservação na bacia estão con-
centrados em um projeto de desenvolvimento de um Geo-
park Global da UNESCO, do qual participam membros da
Unesp Rio Claro, Unicamp, Consórcio das Bacias Hidro-
gráficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí e prefei-
turas dos oito municípios da Bacia do Corumbataí (Geo-
park 2018).
Neste sentido, o presente trabalho visa contribuir com
as estratégias de valorização da geodiversidade, em espe-
cial a educação em geociências. Especificamente, tem
como objetivo propor uma forma simples, clara, lúdica e
organizada de apresentar a diversidade natural da Bacia
do Rio Corumbataí a estudantes do ensino fundamental.
2 Materiais e Métodos
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Figura 3. Localização da Bacia do Corumbataí no Estado de São Paulo;
Fonte. São Paulo (2013)
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Figura 8. Detalhe do contato entre a Formação Rio Claro e a Formação
Corumbataí. Fonte: André Kolya
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4 Ensino de Geociências nas escolas 5.1 Estímulo inicial
A geodiversidade deve ser apresentada aos alunos em ter-
O ensino de geociências ainda enfrenta dificuldades de ser mos simples e familiares. Devido ao fato da palavra bio-
aplicado em escolas. Os livros e apostilas didáticos, prin- diversidade ser muito mais comum no cotidiano popular,
cipal material de apoio dos professores, abordam a temá- pode-se fazer um paralelismo com a geodiversidade, co-
tica de forma fragmentada e superficial, dificultando que locando-as como partes integrantes da natureza e que se
o aluno compreenda o sistema Terra de forma integrada. interagem.
Muitas vezes, os conteúdos abordados são demasia- Também é importante mostrar os valores da geodi-
damente teóricos, exigindo a memorização do aluno e ali- versidade para a sociedade. Os recursos hídricos fornecem
mentando o estigma de que as geociências são desinteres- água; os recursos edáficos, os solos agriculturáveis, e os
santes, distantes da realidade do aluno e de difícil assimi- recursos minerais, a argila, a brita, a areia, os revestimen-
lação. Se por um lado, o ensino de geociências é deficitá- tos, os calçamentos, presentes no cotidiano e assim por di-
rio nas escolas, também há muita desinformação no tema, ante.
devido a representações fantasiosas na mídia, que acarre- Para que o aluno não só compreenda, mas possa visu-
tam mais confusão aos conceitos em geociências (Car- alizar o conceito de geodiversidade, podem ser usados
neiro et al. 2004, Guimarães et al. 2017). exemplos locais conhecidos, como o Rio Corumbataí, o
Este cenário contrasta com a importância que deve ser Morro do Cuscuzeiro, em Analândia, a Floresta Estadual
dada ao ensino de geociências, desde os primeiros anos do Edmundo Navarro de Andrade (FEENA), entre outros. É
ensino. O conteúdo em geociências, quer em suas verten- importante a interação da turma nesta etapa, complemen-
tes ambientais, econômicas ou geográficas, é fundamental tando com experiências pessoais.
para a formação político-cidadã da população, pois cons-
titui a base da gestão territorial e outras políticas públicas.
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais 5.2 Desenho
(PCN), no nível fundamental, o ensino de geociências
A segunda atividade proposta é o desenho livre, de modo
pode ser incluído nas áreas de geografia e ciências natu-
que a classe produza uma representação gráfica relativa
rais e, ainda, se encaixar no âmbito da temática meio am-
aos conceitos abordados de forma oral. Este exercício es-
biente. Essa inserção reforça o caráter interdisciplinar do
timula os estudantes a adotar um papel ativo na aprendi-
estudo de geociências e o entendimento de que a natureza
zagem e ajuda na fixação de conceitos. A atividade tam-
constitui um sistema complexo, unificado, interdepen-
bém é utilizada para que educadores avaliem o entendi-
dente, que busca o equilíbrio (Iftoda 2001).
mento da turma, de forma a identificar necessidades e ap-
Os PCNs recomendam a realização de atividades ex- tidões individuais e coletivas. Os alunos podem apresentar
traclasse, para promover o conhecimento acerca dos seus desenhos para os colegas em mais um momento de
meios biótico, abiótico e socioeconômico, de modo a for- troca de experiências.
necer elementos para que os indivíduos adquiram uma
postura crítica frente à realidade, criando e ou fortale-
cendo vínculos com o lugar. As atividades de estudo do 5.3 Pesquisa
meio podem ser realizadas em parques, unidades de con-
servação, locais de interesse histórico e cultural. Devido A pesquisa é uma atividade que pode ser designada como
às dificuldades na realização de atividades de estudo do tarefa de casa ou desenvolvida na biblioteca e/ou labora-
meio, é interessante lançar mão de recursos que estimulem tório de informática da escola. Pode ser realizada indivi-
o conhecimento por meio de atividades lúdicas, como o dualmente ou em grupo. O exercício consiste na pesquisa
jogo da memória e quebra-cabeça aqui propostos. A partir sobre os termos “Patrimônio Natural”, “Geodiversidade”,
do ensino fundamental, os professores do ensino funda- “Bacia do Rio Corumbataí”, entre outros de escolha dos
mental podem propor atividades com linguagem gráfica, educadores. É preferível que os alunos busquem conteú-
como mapas, despertando o interesse dos alunos e sua in- dos ilustrados e de linguagem simples. Textos longos,
teração com as ferramentas cartográficas (Brasil 1998). com linguagem técnica, são pouco estimulantes para os
estudantes. Ao fim da atividade, o resultado da pesquisa
pode ser apresentado à turma.
5 Resultados
5.4 Audiovisual
Como resultados do estudo, sugere-se uma estratégia pe-
dagógica composta por seis etapas progressivas. A pro- O recurso audiovisual é recomendado depois que os alu-
posta foi elaborada, de modo que os estudantes se famili- nos já tenham sido apresentados aos conceitos e feito suas
arizem com a geodiversidade local e identifiquem marcos próprias representações e descobertas sobre o tema. Po-
naturais já conhecidos, desenvolvendo, assim, o senti- dem ser utilizados documentários ou obras artísticas com
mento de pertencimento na comunidade. Além disso, as conteúdo relativo ao patrimônio natural da região. O re-
atividades pedagógicas visam atender às orientações dos curso audiovisual possui a vantagem de se aproximar em
PCNs, como a compreensão dos conceitos de espaço- linguagem da realidade dos alunos.
tempo, as transformações antrópicas na natureza, entre
outros.
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Figura 10. Documentário sobre a Geodiversidade no Geopark Corum-
bataí. Fonte: TV Unesp
Em um segundo momento, os alunos podem ir além Figura 12. Quebra-cabeça do patrimônio natural da Bacia do Corumba-
e tornar-se agentes ativos também nesta atividade, produ- taí. Fonte: Acervo pessoal André Kolya
zindo materiais audiovisuais próprios. O quebra-cabeça pode ser montado coletivamente
pela turma ou em grupos. Os educadores podem estimular
os alunos a relacionar os elementos representados no
5.5 Jogos
mapa com aqueles ilustrados no jogo da memória. O que-
Os dois jogos propostos neste trabalho, o jogo da memória bra-cabeça pode ser utilizado na abordagem de conceitos
(Fig. 11) e o quebra-cabeça (Fig. 12), constituem recursos cartográficos, como os pontos cardeais, a legenda e a es-
lúdicos, cujas regras são conhecidas pela maior parte das cala. Os estudantes devem saber localizar alguns pontos
crianças e adultos. no mapa, como a cidade em que residem e demais elemen-
tos que reconheçam.
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bióticos de forma a reforçar a percepção do valor do pa-
trimônio geológico.
Aos professores, este trabalho oferece uma fonte de
materiais didáticos, organizados em um roteiro sequen-
cial. Um cuidado adotado foi a apresentação das informa-
ções técnicas com linguagem acessível mesmo para edu-
cadores com pouca experiência na área de geociências, fa-
zendo uso de exemplos locais, ilustrações interpretativas
e evitando o uso de termos excessivamente complexos.
Apesar do público-alvo específico da estratégia pro-
posta, os jogos e o roteiro apresentados podem ser adap-
tados a diferentes públicos, espaços e contextos, em práti-
cas educacionais informais e não formais (Almeida 2014).
Figura 13. Imagem de satélite do sítio de estudo do meio, com vista
para o Distrito Industrial e para o anfiteatro de nascentes. Fonte: Adap- Segundo Brilha (2009), os Geoparques caracterizam-
tado de Google Earth (2018) se como espaços ideais para a educação não formal. Sendo
assim, as propostas deste trabalho ficam disponíveis para
O relevo em escala regional também pode ser obser- serem utilizadas em futuros centros de interpretação do
vado e interpretado pela turma. Além do vale do Rio Co- Projeto Geopark Corumbataí, contemplando atividades
rumbataí, avista-se diversos morros testemunhos situados educativas ou geoprodutos, de modo que os visitantes pos-
em municípios vizinhos (Fig. 14). Ainda que o processo sam utilizar, adquirir e levar os materiais aos mais dife-
de formação do relevo seja um tanto complexo, a simples rentes espaços.
observação e reconhecimento dos elementos do relevo re-
sidual pode incentivar a familiaridade dos alunos com a
paisagem. Referências
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