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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

“JÚLIO DE MESQUITA FILHO”


FACULDADE DE MEDICINA

Carolina Hagy Girotto

AVALIAÇÃO DA MÁSCARA LARÍNGEA COMO


ALTERNATIVA A SONDA ENDOTRAQUEAL PARA
MANUTENÇÃO DA ANESTESIA INALATÓRIA SOB
VENTILAÇÃO ESPONTÂNEA EM CAPIVARAS
(Hydrochoerus hydrochaerus).

Dissertação apresentada à Faculdade de


Medicina, Universidade Estadual Paulista
“Júlio de Mesquita Filho”, Câmpus de
Botucatu, para obtenção do título de Mestra
em Anestesiologia.

Orientador: Prof. Dr. Francisco José Teixeira Neto

Botucatu
2018
Carolina Hagy Girotto

AVALIAÇÃO DA MÁSCARA LARÍNGEA COMO


ALTERNATIVA A SONDA ENDOTRAQUEAL PARA
MANUTENÇÃO DA ANESTESIA INALATÓRIA SOB
VENTILAÇÃO ESPONTÂNEA EM CAPIVARAS
(Hydrochoerus hydrochaerus).

Dissertação apresentada à
Faculdade de Medicina, Universidade
Estadual Paulista “Júlio de Mesquita
Filho”, Câmpus de Botucatu, para
obtenção do título de mestra em
Anestesiologia.

Orientador: Prof. Dr. Francisco José Teixeira Neto

Botucatu
2018
Carolina Hagy Girotto

Avaliação da máscara laríngea como alternativa a sonda endotraqueal para


manutenção da anestesia inalatória sob ventilação espontânea em capivaras
(Hydrochoerus hydrochaerus)

Dissertação apresentada à Faculdade de Medicina de Botucatu, Universidade


Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Câmpus de Botucatu, para obtenção
do título de Mestra em Anestesiologia.

Orientador: Prof. Dr. Francisco José Teixeira Neto

Comissão examinadora

______________________
Prof. Dr. Francisco José Teixeira Neto
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade EstadualPaulista
“Júlio de Mesquita Filho” - UNESP, Câmpus de Botucatu

______________________
Prof. Dr. Antônio José de Araújo Aguiar
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade EstadualPaulista
“Júlio de Mesquita Filho” - UNESP, Câmpus de Botucatu

______________________
Profa. Dr. Adriano Bonfim Carregaro
Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos Universidade de São Paulo

Botucatu, 28 de fevereiro de 2018.


DEDICATÓRIA

Aos meus Pais Marilda e Valdir, e minha irmã Camila pelo apoio, incentivo e amor. Por
serem exemplos de honestidade e garra.

A todos os animais por me permitirem trabalhar com seres tão especiais.


Agradecimentos

Aos meus pais, por entenderem os momentos de ausência e por sempre me


incentivar na busca dos meus sonhos. Nada faria sentido se não fosse por vocês. Essa
conquista é nossa.
A minha irmã, por sempre acreditar em mim e em minha capacidade.
A minha avó pelas orações e carinho.
Ao meu orientador, Professor Francisco José Teixeira Neto, por ser exemplo de
profissionalismo. Por me proporcionar oportunidades únicas para meu crescimento
profissional, desde meu estágio curricular, aos 2 anos de residência e agora durante o
mestrado. Muito obrigada por tudo!
A minha querida amiga Beth, que mesmo longe sempre esteve presente no meu
dia-a-dia, em minhas conquistas e dificuldades.
A minha cachorra Pururuca, que me ensinou as coisas mais puras e belas da vida.
Me fez ver a felicidade em cada momento do meu dia, me fez olhar de forma diferente
para cada animal! Seu jeitinho sapeca e seus olhinhos de jabuticaba só fazem meu amor
e meu respeito pelos animais aumentarem.
As minhas amigas Mari e Muchacha, por tornarem meus dias mais leves,
engraçados e felizes.
Aos colegas de mestrado e de residência pertencentes ao setor de anestesiologia,
obrigada pelo companheirismo nestes anos.
A Tati secretária do serviço de anestesiologia por sempre estar disponível em nos
ajudar e ser sempre tão gentil.

A todos os funcionários e em especial a tia Gilda e a Kelly pela presença agradável


nestes anos, sempre alegres e tão solícitas.

A Capes pelo financiamento da bolsa.

Aos professores Stelio e Antônio por todo conhecimento transmitido neste


tempo.

Principalmente a Deus por trilhar um caminho de tantas alegrias e realizações


em minha vida!
“Opte por aquilo que faz seu coração vibrar, apesar de todas as consequências”
(Osho)
Resumo

Girotto, C.H. Avaliação da máscara laríngea como alternativa a sonda endotraqueal para
manutenção da anestesia inalatória sob ventilação espontânea em capivaras
(Hydrochoerus hydrochaeris). 47 p. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Medicina,
Universidade Estadual Paulista, Botucatu, 2018.

A intubação orotraqueal roedores é um procedimento de maior dificuldade que em


outras espécies. Este estudo comparou o uso máscara laríngea humana (ML) com a
sonda endotraqueal (Sonda-ET) para manter a patência da via aérea em capivaras
anestesiadas sob ventilação espontânea. Seis capivaras (24-54 kg) foram contidas
quimicamente com cetamina (7,2 ± 1,1 mg/kg), midazolam (0,16 ± 0,04 mg/kg) e
acepromazina (0,03 ± 0,01 mg/kg) em duas ocasiões (intervalos ≥ 7 dias entre
procedimentos). A anestesia foi mantida com isoflurano diluído em oxigênio durante 90-
120 minutos sob ventilação espontânea. Durante cada anestesia, a patência da via aérea
foi mantida aleatoriamente com a Sonda-ET ou ML. Tomografia computadorizada (TC)
da faringe/laringe foi realizada em 3/6 animais com a ML e 2/6 animais com a Sonda-ET.
A ANOVA de duas vias para medidas repetidas, teste t pareado ou de Wilcoxon foram
utilizados para análise estatística (P < 0,05). A concentração de isoflurano expirado
(ETiso), freqüência cardíaca (FC), pressão arterial média invasiva (PAM), pH arterial,
pressão parcial de dióxido de carbono arterial (PaCO2) e pressão parcial de oxigênio
arterial (PaO2) não diferiram entre os tratamentos. Os valores médios (limite inferior-
superior) de ETiso foram 0,6 (0,5-1,5)% e 0,6 (0,4-0,9)% com a Sonda-ET e ML,
respectivamente. Os valores médios (± desvio padrão) obtidos nos dois tratamentos
foram 67 ± 11 batimentos/min (Sonda-ET) e 67 ± 18 batimentos/min (ML) para FC; 74 ±
13 mmHg (Sonda-ET) e 74 ± 14 mmHg (ML) para PAM; 41 ± 2 mmHg (Sonda-ET) e 43 ± 4
mmHg (ML) para PaCO2; 360 ± 59 mmHg (Sonda-ET) e 360 ± 63 mmHg (ML) para PaO2.
Com base nas imagens da TC, a ML foi ajustada adequadamente à laringe em 2/3
animais. Em 1/3 de animais, a ML foi acidentalmente deslocada, possivelmente durante
a TC. A presença de gás no esôfago foi notada apenas com a ML. A recuperação da
anestesia ocorreu sem intercorrências. Conclui-se que a ML é uma alternativa viável
para a Sonda-ET para manutenção da patência da via aérea em capivaras anestesiadas
sob respiração espontânea, resultando em efeitos cardiopulmonares e características
de recuperação semelhantes quando comparada à intubação endotraqueal.

Palavras-Chave: manejo da via aérea, dispositivo supraglótico de via aérea, intubação


orotraqueal.
Abstract

Girotto, C.H. Evaluation of a laryngeal mask as an alternative to orotracheal intubation


for maintenance of inhalant anesthesia under spontaneous ventilation in capybaras
(Hydrochoerus hydrochaeris). 47 p. Dissertation (MSc) – School of Medicine, São Paulo
State University, Botucatu, 2018.

Orotracheal intubation carries greater difficulty in rodents than in most domestic


species. This study compared the human laryngeal mask (LMA) with an endotracheal
tube (ETtube) for maintaining airway patency in anesthetized capybaras (Hydrochoerus
hydrochaeris). Six capybaras (24–54 kg) were remote darted with ketamine (7.2 ± 1.1
mg/kg), midazolam (0.16 ± 0.04 mg/kg) and acepromazine (0.03 ± 0.01 mg/kg) in two
occasions (≥ seven-day intervals). Anesthesia was maintained with isoflurane in oxygen
for 90–120 min under spontaneous ventilation. During each anesthetic, the airway was
randomly maintained with an ETtube or LMA. Computed tomography of the
pharynx/larynx was performed in 3/6 animals and 2/6 animals with the LMA and ETtube,
respectively. Data was analyzed with a two-way ANOVA for repeated measures, paired
t-test or Wilcoxon´s signed-rank test. End-tidal isoflurane (ETiso), heart rate (HR),
invasive mean arterial pressure (MAP), arterial pH, arterial carbon dioxide partial
pressure (PaCO2), and arterial oxygen partial pressure (PaO2) did not differ between
treatments. Median (lower–upper range) of ETiso values were 0.6 (0.5–1.5)% and 0.6
(0.4-0.9)% with the ETtube and LMA, respectively. Overall mean (± SD) values were 67 ±
11 beats/min (ETtube) and 67 ± 18 beats/min (LMA) for HR; 74 ± 13 mmHg (ETtube) and
74 ± 14 mmHg (LMA) for MAP; 41 ± 2 mmHg (ETtube) and 43 ± 4 mmHg (LMA) for PaCO2;
360 ± 59 mmHg (ETtube) and 360 ± 63 mmHg (LMA) for PaO2. Computed tomography
showed gas in the esophagus only with the LMA (3/3 animals); while fitting to the larynx
was adequate in 2/3 animals and fair (1/3 animals). Recovery from anesthesia was
uneventful. The LMA is a feasible alternative to the ETtube for maintaining airway
patency during inhalant anesthesia in spontaneously breathing capybaras, resulting in
similar cardiorespiratory effects and recovery characteristics when compared to
endotracheal intubation.
Key words: manegement airway, supraglottic airway device, endotracheal intubation.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Máscara Laríngea Humana. .................................................................................. 23

Figura 2. Vista sagital da cabeça de um cadáver de capivara mostrando o ajuste de uma


sonda endotraqueal de 30 cm de comprimento [6 mm (diâmetro interno) e 8,2. mm
(diâmetro externo)] (A e B) e da adaptação da máscara laríngea número 2 na via aérea
(C e D). A orofaringe/laringe com a sonda (A) e com a máscara laríngea (C), mostrada
pelas linhas tracejadas, foram amplificadas nas imagens (B) e (D), respectivamente.
Nota-se que a abertura do óstio palatino é próxima ao diâmetro externo da sonda
endotraqueal e a epiglote é relativamente pequena. Para introdução da máscara
laríngea, o seu lado côncavo deve ser inserido voltado para o aspecto ventral do animal
até que ocorra resistência. O óstio palatino é alargado e o processo corniculado do
aritenóide/epiglote é coberto pela máscara laríngea (D). .................................................. 29

Figura 3: Imagens de tomografia computadorizada da faringe/laringe de uma capivara


adulta (25 kg) com uma máscara laríngea (ML) número 2 corretamente posicionada. A
imagem sagital (A) mostra a abertura côncava da ML voltada para a entrada da laringe;
enquanto que a extremidade da ML está posicionada na entrada do esôfago, onde há
presença de ar. A imagem oblíqua dorsal (B) mostra a ML em forma de folha na faringe.
A imagem transversal (C) mostra a abertura do lado côncavo da ML voltada para a
entrada da laringe. A imagem transversal (D) mostra a extremidade da ML no esôfago,
com presença de ar. ................................................................................................................ 35

Figura 4. Imagens de tomografia computadorizada da faringe / laringe de uma capivara


adulta (42 kg) com uma máscara laríngea número 2 corretamente posicionada. A
imagem de TC sagital (A) mostra a abertura côncava da ML de frente para a entrada da
laringe; enquanto a ponta Da ML está posicionada na entrada do esôfago, onde há
presença de ar. A imagem oblíqua dorsal (B) mostra a ML em forma de folha sobre a
faringe. A imagem TC transversal (C) mostra a abertura do lado côncavo da ML de frente
para a entrada da laringe. A imagem TC transversal (D) mostra a ponta da ML no
esôfago, com presença de ar. ................................................................................................ 36

Figura 5. Imagens de tomografia computadorizada da faringe / laringe de uma capivara


adulta (36 kg) com uma máscara laríngea número 2 (ML) que foi acidentalmente
rotacionada durante o exame. As imagens obtidas no plano sagital (A e B) mostram a
abertura côncava do ML voltada para a entrada da laringe. Na imagem sagital (A), a
abertura da ML não está corretamente direcionada para a entrada da laringe. Em outra
imagem sagital (B), obtida mais lateralmente a partir da imagem anterior, a ML está
parcialmente conectada com a entrada da laringe. A imagem transversal (C) mostra a
transição entre o tubo e a concha da ML na orofaringe. A imagem transversal (D), obtida
em plano caudal em relação a imagem (C), mostra a abertura côncava do ML voltada
para a entrada da laringe. ....................................................................................................... 37
LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Valores de concentração expirada de isoflurano (ETiso) [mediana (valores


mínimo e máximo)], freqüência cardíaca (FC), pressão arterial média (PAM), frequência
respiratória (f) e concentração expirada de dióxido de carbono (ETCO2) (média ± DP)
observados em seis capivaras anestesiadas com isoflurano sob ventilação espontânea
com sonda endotraqueal (Sonda-ET) ou com máscara laríngea (ML) em um
delineamento aleatório e cruzado (intervalo mínimo ≥ 7 dias entre experimentos). ..... 33

Tabela 2. Variáveis obtidas pela hemogasometria arterial [pH, pressão parcial de dióxido
de carbono (PaCO2), pressão parcial de oxigênio (PaO2)] (média ± DP) observados em
seis capivaras anestesiadas com isoflurano sob ventilação espontânea com sonda
endotraqueal (Sonda-ET) ou com máscara laríngea (ML) em um delineamento aleatório
e cruzado (intervalo mínimo ≥ 7 dias entre experimentos). ............................................... 34
LISTA DE ABREBIATURAS E SIGLAS

DP - Desvio padrão
Sonda-ET – Sonda endotraqueal
ETiso - Isoflurano expirado
et al - Colaboradores
FC - Frequência cardíaca
kg – Quilograma
Min - Minuto
ML - Máscara laríngea
mmHg - Milímetro de mercúrio
O2 - Oxigênio
PaCO2 - Pressão parcial de gás carbônico no sangue arterial
PaO2 - Pressão parcial de oxigênio no sangue arterial
PAM - Pressão arterial média
TC - Tomografia computadorizada
f - Frequência respiratória
SÍMBOLOS

≥ - maior ou igual
≤ - menor ou igual
> - maior
< - menor
± - mais ou menos
% - Porcentagem
® - marca registrada
Sumário

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 17
2. REVISÃO DE LITERATURA ......................................................................................... 19
2.1 Contenção Química em Capivaras ......................................................................... 19
2.2 Intubação Endotraqueal ............................................................................................ 21
2.3 Máscara Laríngea ...................................................................................................... 22
3. OBJETIVOS E HIPÓTESES .......................................................................................... 25
4. MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................. 26
4.1 Animais e desenho experimental ............................................................................ 26
4.2 Preparo dos animais e variáveis cardiorrespiratórias mensuradas ................... 26
4.3 Análise estatística ...................................................................................................... 31
6. DISCUSSÃO..................................................................................................................... 39
7. CONCLUSÃO................................................................................................................... 43
8. REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 44
17

1. INTRODUÇÃO

A intubação orotraqueal durante a anestesia geral protege a via aérea contra a

obstrução, minimiza o risco de aspiração de conteúdo gástrico ou material estranho,

permite a ventilação com pressão positiva intermitente e resulta em enriquecimento mais

efetivo dos gases inspirados com oxigênio (MOSLEY, 2015). No entanto, a introdução

de uma sonda orotraqueal (Sonda-ET) em roedores (ratos, cobaias, hamsters,

chinchilas e capivaras) é um procedimento de maior dificuldade do que em outras

espécies, pois o óstio palatino (abertura entre a língua e o palato mole) é estreito e a

glote é relativamente pequena e profundamente inserida na cavidade oral (HEARD,

2007; LONGLEY, 2008). O uso de endoscópios rígidos para realização da intubação

endotraqueal em capivaras (Hydrochoerus hydrochaeris) foi relatado afim de facilitar

este procedimento (HEARD, 2007).

A máscara laríngea humana foi originalmente desenvolvida como uma alternativa a

sonda endotraqueal para manter uma via aérea patente em humanos submetidos a

procedimentos ambulatoriais de curta duração, onde há a necessidade de anestesia

geral (PENANT & WHITE, 1993). A máscara laríngea (ML) consiste em um tubo

conectado a uma máscara de silicone em forma de folha em sua extremidade distal

envolto por um “cuff”, que é projetada para cobrir a entrada da laringe e propiciar uma

via aérea patente (PENANT & WHITE, 1993). Em medicina veterinária, a máscara

laríngea humana tem sido usada para manter a anestesia geral em coelhos (CRUZ et

al., 2000; BATEMAN et al., 2005; KAZAKOS et al., 2007; WENGER et al., 2017), gatos

(ASAI et al., 1998; CASSU et al., 2004; PRASSE et al., 2016), suínos (WEMMY-

HOLDEN et al., 1999; GOLDMANN et al., 2005; FULKERSON & GUSTAFSON, 2007)

e cães (BRAZ et al., 1999). Mais recentemente, os dispositivos supraglóticos espécie-

específicos (v-gel®) foram desenvolvidos para uso em coelhos (CROTAZ, 2010;


18

WENGER et al., 2017; ENGBERS et al., 2017) e gatos (BARLETTA et al., 2015;

PRASSE et al., 2016). Em gatos, coelhos e suínos, a ML padrão permite a realização

de ventilação com pressão positiva intermitente durante a anestesia (CASSU et al.,

2004; GOLDMANN et al., 2005; FULKERSON & GUSTAFSON, 2007; BATEMAN et al.,

2015; WENGER et al., 2017). No entanto, a ventilação mecânica com o uso da ML

resulta em maior risco de timpanismo gástrico e refluxo gastroesofágico nessas

espécies (CASSU et al., 2004; GOLDMANN et al., 2005; BATEMAN et al., 2015;

WENGER et al., 2017).

Dispositivos supraglóticos de vias aéreas, como a ML, podem oferecer uma

maneira mais fácil de estabelecer uma via aérea patente quando comparada a intubação

endotraqueal (BARLETTA et al., 2015). Devido às particularidades anatômicas da

cavidade orofaríngea em roedores, a experiência prévia parece ser fundamental para

intubação endotraqueal bem-sucedida em capivaras. Portanto, a busca por alternativas

para estabelecer uma via aérea patente que demandem menor experiência do

profissional envolvido deve ser incentivada em roedores. O presente estudo objetivou

comparar a viabilidade do uso da ML, como alternativa a Sonda-ET, em capivaras

submetidas a anestesia com isoflurano sob ventilação espontânea.


19

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Contenção Química em Capivaras

São limitados os estudos avaliando protocolos para contenção química em

capivaras (CRUZ et al, 1998; NISHIYAMA et al, 2006; KING et al, 2010). Os fármacos

disponíveis favorecem combinações e desenvolvimento de novas técnicas de captura e

contenção de animais selvagens. Para escolha adequada da associação de fármacos

deve-se levar em conta o procedimento a ser realizado, a via de administração e as

características fisiológicas da espécie em questão. O ideal para uma associação de

fármacos é que ela seja de curta latência e ampla margem de segurança (CAULKETT

& ARMENO, 2013). Tendo-se em vista que as capivaras são roedores semi-aquáticos,

os animais de vida livre vivem em proximidade com lagos. Portanto, quando submetidos

a ameaças externas, tendem a fugir para a água. Desta forma, em animais de vida livre,

há risco de afogamento.

A anestesia dissociativa é amplamente utilizada na medicina de animais

selvagens como forma de contenção química, objetivando-se evitar danos e estresse

ao animal, assim como promover segurança a equipe técnica. Seu uso é descrito em

espécies domésticas, e suas doses e efeitos são bem estabelecidos, diferente do que

ocorre nas espécies selvagens, havendo grande variação individual (CAULKETT &

ARMENO, 2013).

A cetamina exerce papel fundamental na contenção química sendo bem tolerada

em animais saudáveis, e sua imobilização ocorre por dissociação seletiva do córtex

cerebral. Além deste efeito sua ação antagonista não competitiva por receptores N-metil

D-aspartato (NMDA) também proporciona analgesia (CAULKETT & ARMENO, 2013)).

Os efeitos adversos decorrentes de sua utilização incluem quadros epileptiformes,

catalepsia, apneia, sialorreia e hipertermia secundária a hipertonia. O estímulo


20

simpático causado por este anestésico não oferece alterações clínicas relevantes,

porém naqueles pacientes altamente estressados pode levar a redução do débito

cardíaco resultando em hipotensão (HAWKINS & PASCOE, 2012). Muitos destes

efeitos podem ser abolidos com a associação de outros fármacos como os

benzodiazepínicos e os agonistas alfa-2-adrenérgicos (CAULKETT & ARMENO, 2013).

Cruz et al. (1998) compararam o emprego da cetamina (15 mg/kg) em

associação a três diferentes sedativos: xilazina (1 mg/kg), midazolam (0,5 mg/kg),

romifidina (0,1 mg/kg), administrados pela via intramuscular com o emprego de

zarabatana, para colocação de brincos e coleta amostras de exames laboratoriais em

capivaras. O grupo cetamina/xilazina apresentou o menor período de latência e maior

tempo de recuperação. Porém, de um total de 20 animais que receberam esta

associação, 5 apresentaram hipertermia não responsiva ao tratamento clínico e vieram

a óbito.

Na mesma espécie, Miti Nishiyama et al. (2006) compararam os efeitos da

cetamina (10 mg/kg) associada a xilazina (0,5 mg/kg), tiletamina-zolazepam (5 mg/kg)

e tiletamina-zolazepam (5 mg/kg) associada a levomepromazina (0,5 mg/kg). A

associação cetamina/xilazina proporcionou maior grau analgesia quando comparada a

tiletamina-zolazepam isolada ou associada a levomepromazina. Neste mesmo estudo,

os autores observaram que a levomepromazina, além prolongar o tempo de

imobilização e recuperação, incrementou o relaxamento muscular e analgesia obtidos

com a tiletamina-zolazepam.

Em estudo mais recente, King et al. (2010), avaliaram a tiletamina-zolazepam

(4,6 mg/kg), tiletamina-zolazepam (1,6 mg kg) associada a medetomidina (0,008 mg/kg),

e tiletamina-zolazepam (1,5 mg/kg) associada a medetomidina (0,0075 mg/kg) e ao

butorfanol (0,075 mg/kg) para contenção química de capivaras. A associação tiletamina-

zolazepam, medetomidina e butorfanol foi considerada superior os demais protocolos


21

devido ao baixo volume utilizado e maior profundidade anestésica alcançada, além da

possibilidade de reversão farmacológica da medetomidina, baixo custo e segurança.

2.2 Intubação Orotraqueal

A anestesia geral, além de causar depressão respiratória de origem central, com

consequente hipoventilação e hipoxemia, predispõe a obstrução das vias aéreas devido

ao relaxamento da musculatura adutora da laringe. Além disto, a anestesia geral está

associada ao aumento o risco de aspiração de conteúdo gástrico, com possível

pneumonia aspirativa. Neste contexto, a intubação orotraqueal aumenta a segurança da

anestesia pois, além de possibilitar a realização de ventilação mecânica e minimizar o

risco de aspiração de conteúdo gástrico, pode prevenir a ocorrência a obstrução das

vias aéreas (MOSLEY, 2015).

A patência da via aérea obtida através da sondagem traqueal pode ser realizada

pela cavidade oral, nasal ou via traqueostomia. Para que a mesma seja realizada alguns

equipamentos auxiliares além da sonda são necessários. Laringoscópios, guias rígidos,

abridores de bocas especiais, fontes luminosas e endoscópios facilitam a intubação e

permitem que o procedimento seja realizado de forma mais rápida e confiável

(MOSLEY, 2015).

Atualmente as sondas endotraqueais de Murphy são as mais utilizadas. Em sua

extremidade distal possuem um orifício lateral conhecido como olho de Murphy, sua

função é oferecer um caminho alternativo caso a via principal seja obstruída. O “cuff “

fornece uma vedação entre a sonda e a parede traqueal impedindo a passagem de

conteúdo na faringe e traquéia. Os “cuffs“ de alto volume e baixa pressão permitem que

o selo formado não comprima excessivamente a mucosa traqueal, distribuindo


22

uniformemente a pressão. A pressão no interior do “cuff” indicada é de 18-24 mmHg

(DORSCH & DORSH, 2008).

A dificuldade de intubação está relacionada ao aumento da taxa de morbidade e

mortalidade (MALLANPATI et al., 1985). Na medicina foram desenvolvidos escores que

permitem prever uma intubação difícil, onde são considerados a visualização de

estruturas da glote/laringe, faringe e anatomia da cavidade oral (COMARCK & LEHANE,

1984; MALLANPATI et al., 1985). Na medicina veterinária algumas classificações

podem ser extrapoladas, porém não há uma padronização devido as características

particulares de cada espécie. Em espécies animais nas quais a abertura da boca é

pequena e a visualização da faringe, laringe e glote são limitadas, a intubação

apresentará maior grau de dificuldade.

Em roedores, assim como em coelhos, devido as particularidades anatômicas

que dificultam a intubação orotraqueal, buscam-se novas técnicas que facilitem a

intubação, assim como métodos alternativos que permitam a manutenção da patência

da via aérea durante a anestesia geral (HEARD, 2007).

Em coelhos já foram citados técnicas de intubação com auxílio de endoscópio

rígido (TRAN et al., 2001), fibra ótica e com posicionamento especial como

hiperextensão da cabeça e posição prona (FICK e SCHALM, 1987).

Em capivaras o uso de endoscópio rígido também é relatado com sucesso

(HEARD, 2007), porém trata-se de equipamento de alto custo, que pode não estar

disponível na rotina clínica de um hospital veterinário.

2.3 Máscara Laríngea

A máscara laríngea é um dispositivo alternativo a sonda endotraqueal para

manutenção da via aérea patente durante a anestesia inalatória (PENNANT & WHITE
23

1993; MALTBY 1994). Foi desenvolvida por Archie Brain em 1981 e em 1988 se tornou

disponível comercialmente (PENNANT & WHITE 1993; MALTBY 1994). Consiste de um

tubo rígido com uma máscara de silicone em formato de folha com vedação hermética

em torno da laringe (MALTBY 1994) (Figura 1).

Figura 1. Máscara Laríngea Humana.

Fonte: (Material elaborado pelo autor)

A máscara laríngea foi desenvolvida para ser utilizada em humanos. Porém, na

medicina veterinária, vem sendo empregada para manter a anestesia geral em coelhos

(CRUZ et al., 2000; BATEMAN et al., 2005; KAZAKOS et al., 2007; WENGER et al.,

2017), gatos (ASAI et al., 1998; CASSU et al., 2004; PRASSE et al., 2016), suínos

(WEMMY-HOLDEN et al., 1999; GOLDMANN et al., 2005; FULKERSON &

GUSTAFSON, 2007) e cães (BRAZ et al., 1999). Em humanos, é contra-indicada em

casos onde a pressão de pico das vias aéreas durante a ventilação mecânica exceda

20 cm H2O, visto que pressões mais elevadas resultam em extravasamento de ar para


24

o estômago (DORSCH & DORSCH, 2008). Dorsch e Dorsh (2008) indicam que o Cuff

da máscara laríngea deve ser inflado a uma pressão máxima de 60 cm H2O (em média

44 mmHg) e que pressões superiores não melhoram o selo na laringe, podendo ocorrer

até a piora.

A máscara laríngea pode resultar em maior risco de refluxo gastroesofágico e

regurgitação em humanos (FULKERSON et al., 2007). Entretanto, Verghese e

Brimacombe 1996 relatam que a taxa regurgitação seguida por pneumonia aspirativa

observada com o uso da máscara laríngea é semelhante a observada com a sonda

endotraqueal em humanos (VERGHESE & BRIMACOMBE 1996).

O posicionamento adequado da máscara laríngea em pacientes submetidos a

ventilação mecânica é confirmado através da presença movimentos torácicos em

sincronia com o ventilador, de onda capnográfica, e de curvas de pressão e volume

monitoradas pela respirometria (DORSCH & DORSCH, 2008). Quando mantidos em

ventilação espontânea, além da presença da onda capnográfica, o movimento normal

do balão reservatório e ausência de sinais de obstrução confirmam seu posicionamento

correto. Exames de imagem como ressonância magnética e tomografia

computadorizada também podem ser utilizados na verificação do posicionamento

correto da máscara laríngea (DORSCH & DORSCH, 2008).


25

3. OBJETIVOS E HIPÓTESE

Os objetivos do presente trabalho foram: 1) comparar a utilização da máscara

laríngea como alternativa a sonda endotraqueal em capivaras, no que se refere a sua

adaptação à anatomia das vias aéreas superiores, através do emprego de tomografia

computadorizada; 2) avaliar o emprego clínico da máscara laríngea em comparação a

sonda endotraqueal em capivaras anestesiadas sob ventilação espontânea. Formulou-

se a hipótese de que a máscara laríngea é uma alternativa viável a sonda endotraqueal

para manutenção da anestesia inalatória em capivaras sob ventilação espontânea.


26

4. MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 Animais e desenho experimental

O presente estudo foi aprovado pela Comissão de Ética no Uso de Animais

(protocolo número CEUA 91/2015) e foi realizado em conjunto com outros dois exames

de diagnóstico por imagem e oftalmologia. Um total de 6 capivaras adultas (5 fêmeas e

1 macho pesando 40,6 ± 9,4 kg) foram anestesiadas em duas ocasiões (intervalo ≥ 7

dias). Em um desenho experimental aleatorizado, cruzado e prospectivo, os animais

foram designados para receber a máscara laríngea (LMA Classic ®, Teleflex, Wayne,

Morrisville, Carolina do Norte, EUA) ou a sonda endotraqueal (Solidor®, Lamedid,

Barueri, São Paulo) para manutenção da patência da via aérea. Em uma ocasião, os

animais foram posicionados em decúbito lateral direito para a ressonância magnética

de encéfalo. Durante outro procedimento anestésico, os animais foram posicionados em

decúbito dorsal para exame oftalmológico (biometria ocular).

4.2 Preparo dos animais e variáveis cardiorrespiratórias mensuradas

Os animais foram mantidos em jejum hídrico e alimentar por 12 horas. O peso

corporal foi estimado antes da administração da medicação pré-anestésica. Com o

emprego de zarabatana e dardo (5 mL) a uma distância de < 2 metros, os animais foram

anestesiados pela via intramuscular (musculatura da coxa) com a associação de

cetamina (Dopalen®, Ceva Saúde Animal, Paulínia, São Paulo), midazolam (Dormire®,

Cristália, Itapira, São Paulo) e acepromazina (Acepran®, Vetnil, Louveira, São Paulo),

nas doses calculadas de 7 mg/kg, 0,15 mg/kg e 0,03 mg/kg, respectivamente. Caso os

animais não perdessem o reflexo postural após 15 minutos da injeção, um segundo

dardo anestésico era administrado com cetamina (2 mg/kg) e midazolam (0,1 mg/kg).
27

Após a indução do decúbito lateral, um cateter de 20G foi inserido na veia cefálica para

administração da fluidoterapia (solução de ringer lactato 5 mL/kg/hora).

Os animais foram pesados e transportados para o laboratório, onde foram

posicionados em decúbito dorsal para indução da anestesia com 5% de isoflurano

(Isoforine®, Cristália, Itapira, São Paulo) diluído em oxigênio (fluxo total: 3 L/min). O

Isoflurano foi administrado através de máscara facial conectada a um circuito circular

valvular de pequenos animais (Modelo 2800C MRI Compatible, Mallard Medical,

Redding, Califórnia, EUA) até a perda dos reflexos palpebral e interdigital. A intubação

endotraqueal ou a inserção da máscara laríngea foi realizada com hiperextensão da

cabeça e apoio na região da nuca, que consistiu em um saco de areia posicionado

caudalmente a articulação atlanto-occipital, a fim de proporcionar um alinhamento mais

próximo entre a faringe, laringe e cavidade oral.

As estruturas anatômicas foram previamente estudadas em um cadáver para

avaliar o posicionamento da Sonda-ET (Figura 2a e 2b) e da ML (Figura 2c e 2d). A

Sonda-ET (6 a 7,5 mm, diâmetro interno) foi enrijecida com auxílio de um guia que

possuía uma fonte luminosa em sua extremidade para facilitar a visualização da laringe.

A inserção da Sonda-ET foi realizada sob visualização direta da laringe com um

laringoscópio acoplado a uma lâmina reta número 4 (19,5 cm de comprimento). A ML,

previamente conectada à linha de amostragem de um capnógrafo (Veris 8600 MRI

Patient Monitoring System, Medrad, Indianola, Pensilvânia, EUA), foi inserida na

cavidade oral com o lado côncavo voltado para o aspecto ventral do animal até que

houvesse resistência e a onda capnográfica fosse claramente visível na tela do monitor.

A marca da linha média da máscara laríngea foi cuidadosamente alinhada com o plano

sagital mediano de cada animal durante a inserção. Como a laringe se encontra

profundamente inserida na cavidade oral, foi necessário o emprego de uma extensão

de sonda endotraqueal (14 cm de comprimento, 14 mL de espaço morto) conectada a

ML (Fig. 2c). O “cuff” da Sonda-ET e da ML foi inflado para manter a pressão interna
28

(medida por um manômetro aneróide) de 20 mmHg. Ato contínuo a introdução da

Sonda-ET ou da ML, o fluxo de oxigênio foi ajustado para aproximadamente 50

mL/kg/min para manutenção da anestesia.

Através de um adaptador inserido entre o circuito anestésico e a Sonda-ET/ML,

amostras de gases da via aérea foram aspiradas continuamente para um analisador de

gases infravermelho (200 mL/min) visando medir as concentrações isoflurano expirado

(ETiso) e de CO2 no final da expiração (ETCO2). A concentrações de ETiso foram

ajustadas para proporcionar imobilidade ao longo da anestesia.

A artéria femoral foi identificada por palpação. Após a sua localização, realizou-

se uma incisão cutânea de 1 cm e dissecção do tecido conjuntivo subcutâneo para

facilitar a inserção de um cateter arterial 20G. O cateter foi conectado a um transdutor

de pressão (PX260, Edwards Lifesciences, Irvine, Califórnia, EUA), nivelado na altura

do manúbrio, e preenchido com solução salina heparinizada (4UI/mL de heparina

sódica) para medir a pressão arterial média (PAM). A frequência cardíaca (FC) foi obtida

a partir das ondas da pressão arterial invasiva registradas pelo monitor. As amostras de

sangue foram colhidas do cateter arterial em seringas heparinizadas para realização de

hemogasometria arterial (Modelo 348, Siemens, Halstead, Reino Unido). Os valores de

gases sanguíneos foram corrigidos com base na temperatura retal.


29

Figura 2. Vista sagital da cabeça de um cadáver de capivara mostrando o ajuste de uma


sonda endotraqueal de 30 cm de comprimento [6 mm (diâmetro interno) e 8,2. mm
(diâmetro externo)] (A e B) e da adaptação da máscara laríngea número 2 na via aérea
(C e D). A orofaringe/laringe com a sonda (A) e com a máscara laríngea (C), mostrada
pelas linhas tracejadas, foram amplificadas nas imagens (B) e (D), respectivamente.
Nota-se que a abertura do óstio palatino é próxima ao diâmetro externo da sonda
endotraqueal e a epiglote é relativamente pequena. Para introdução da máscara
laríngea, o seu lado côncavo deve ser inserido voltado para o aspecto ventral do animal
até que ocorra resistência. O óstio palatino é alargado e o processo corniculado das
cartilagens aritenóides /epiglote é coberto pela máscara laríngea (D).

Fonte: material elaborado pelo autor

A FC, PAM, ETiso, frequência respiratória (f), ETCO2, foram registradas em

intervalos de 15 min até 90 min após a inserção da sonda endotraqueal ou da máscara

laríngea. A hemogasometria arterial foi registrada aos 15, 30 e 45 minutos após a

obtenção da patência da via aérea em ambos os grupos de tratamento. Após a

ressonância magnética, as imagens do encéfalo ou biometria ocular foram concluídas e


30

a tomografia computadorizada (Shimadzu, SCT7800TC, Kyoto, 604-8511 Japão) da

faringe/laringe foi realizada em 3/6 animais anestesiados com a máscara laríngea e em

2/6 animais anestesiados com a sonda endotraqueal.

A tomografia computadorizada (TC) foi realizada em decúbito dorsal com o

palato duro paralelo a mesa usando 120 Kvp e 120 mA. Os dados brutos foram

reconstruídos em imagens transversais com espessura de fatia de 1 mm e incremento

de 1 mm (Voxar, 6.3, Toshiba, Endinburg, Reino Unido). Todas as imagens de TC foram

analisadas com um “software” usando modos de reconstrução multiplanar. As

configurações de janela constante foram usadas para o nível de medidas (200) HU; e

WW 400 HU, WL 40 HU, respectivamente (Voxar, 6.3, Toshiba Medical Visualization

Systems, Edinburg, EH6 5NP UK).

Após o término da tomografia computadorizada, a administração de isoflurano

foi interrompida e a sonda endotraqueal, ou a máscara laríngea, foi removida após os

animais recuperarem o reflexo de deglutição. A cavidade oral foi inspecionada quanto a

presença de regurgitação/conteúdo gástrico. Os animais foram removidos para seus

recintos e observados até recuperarem a consciência e serem capazes de ambular sem

ataxia.

O período de latência da medicação pré-anestésica foi registrado como o tempo

decorrido da injeção intramuscular até os animais perderem o reflexo postural. O tempo

dispendido para a introdução correta da sonda endotraqueal ou da máscara laríngea foi

considerada a partir do momento em que a indução da anestesia com isoflurano foi

concluída. O tempo de recuperação da anestesia foi registrado a partir do momento em

que a sonda endotraqueal ou a máscara laríngea foram removidos até os animais

deambularem.
31

4.3 Análise estatística

O teste de Shapiro-Wiilk foi utilizado para verificar a simetria de distribuição dos

resultados obtidos. Para variáveis de medidas repetidas ao longo todo tempo, aplicou-

se a análise de variância (ANOVA) de duas vias com medidas repetidas para ambos os

fatores (tempo e tratamento), seguido pelo teste de comparação múltipla de Bonferroni.

Para as variáveis de medida única, realizou-se o teste t pareado. As variáveis com

distribuição assimétrica foram analisadas pelo teste de Wilcoxon. O nível de

significância foi estabelecido em P < 0,05.


32

5. RESULTADOS

A dose (mg/kg) dos fármacos utilizados para a contenção química e o tempo

decorrido da injeção destes fármacos até os animais perderem o reflexo postural não

diferiram entre os grupos de tratamentos (P ≥ 0,94 e P = 0,41, respectivamente). Duas

capivaras (uma de cada grupo de tratamento) não perderam o reflexo postural

decorridos 15 minutos da injeção de cetamina/midazolam/acepromazina e receberam

uma dose adicional de cetamina/midazolam. As doses médias ± desvio padrão de

cetamina, midazolam e acepromazina em ambos os grupos de tratamento foram de 7,2

± 1,1 mg/kg, 0,16 ± 0,04 mg/kg e 0,03 ± 0,01 mg/kg, respectivamente. O tempo decorrido

da injeção dos fármacos até o decúbito lateral foi de 9 ± 4 min.

Após a indução da anestesia com isoflurano, a intubação orotraqueal foi

realizada em 72 ± 65 segundos (sonda endotraqueal) e 34 ± 17 segundos (máscara

laríngea), sem diferença significativa entre os grupos de tratamento (P = 0,22).

Os valores de ETiso, FC, PAM, f, ETCO2, e hemogasometria arterial são

apresentados na tabelas 1 e 2. Não houve diferenças significativas entre os grupos de

tratamento para estas variáveis ao longo do tempo, exceto para f e ETCO2. No grupo

de tratamento máscara laríngea houve um aumento significativo da f em 15 e 75 minutos

(P = 0,03) e uma diminuição nos valores de ETCO2 aos 30 minutos (P = 0,01) quando

comparado ao grupo de tratamento sonda endotraqueal.


33

Tabela 1. Valores de concentração expirada de isoflurano (ETiso) [mediana (valores


mínimo e máximo)], frequência cardíaca (FC), pressão arterial média (PAM), frequência
respiratória (f) e concentração expirada de dióxido de carbono (ETCO2) (média ± DP)
observados em seis capivaras anestesiadas com isoflurano sob ventilação espontânea
com sonda endotraqueal (Sonda-ET) ou com máscara laríngea (ML) em um
delineamento aleatório e cruzado (intervalo mínimo ≥ 7 dias entre experimentos).

Tempo após a inserção do dispositivo de via aérea (min)


Parâmetros Tratamento
15 30 45 60 75 90

Sonda-ET 0,6 0,6 0,6 0,6 0,6 0,6


(0,6–1,5) (0,5–0,6) (0,5–0,6) (0,5–0,6) (0,5–0,7) (0,5–0,6)
ETiso (%)
ML 0,6 0,5 0,6 0,6 0,7 0,7

(0,4–0,9) (0,4–0,8) (0,5–0,7) (0,5–0,7) (0,5–0,7) (0,5–0,7)

Sonda-ET 68 ± 17 70 ± 13 68 ± 9 66 ± 7 67 ± 9 64 ± 8

FC (bat/min)

ML 71 ± 28 70 ± 20 67 ± 19 64 ± 19 65 ± 16 67 ± 19

Sonda-ET 74 ± 23 80 ± 15 73 ± 10 72 ± 8 71 ± 6 72 ± 9

PAM (mmHg)

ML 70 ± 16 82 ± 21 75 ± 13 68 ± 12 73 ± 9 76 ± 7

Sonda-ET 25 ± 7 26 ± 5 22 ± 7 21 ± 7 19 ± 5 19 ± 8

f (mov/min)

ML 31 ± 10† 28 ± 14 25 ± 11 26 ± 9 25 ± 11† 23 ± 11

Sonda-ET 44 ± 3 46 ± 1 45 ± 1 45 ± 2 44 ± 1 43 ± 2
ETCO2
(mmHg)
ML 42 ± 8 41 ± 10† 46 ± 7 42 ± 9 44 ± 7 44 ± 7

† Diferença significativa entre os grupos de tratamento Sonda-ET e ML (P < 0.05)


34

Tabela 2. Variáveis obtidas pela hemogasometria arterial [pH, pressão parcial de dióxido
de carbono (PaCO2), pressão parcial de oxigênio (PaO2)] (média ± DP) observados em
seis capivaras anestesiadas com isoflurano sob ventilação espontânea com sonda
endotraqueal (Sonda-ET) ou com máscara laríngea (ML) em um delineamento aleatório
e cruzado (intervalo mínimo ≥ 7 dias entre experimentos).

Tempo após a inserção do dispositivo de via aérea (min)


Parâmetros Tratamento
15 30 45

Sonda-ET 7,31 ± 0,08 7,37 ± 0,04 7,39 ± 0,04


pH
ML 7,33 ± 0,07 7,35 ± 0,04 7,36 ± 0,03

Sonda-ET 41 ± 1 41 ± 2 40 ± 3
PaCO2 (mmHg)
ML 42 ± 3 43 ± 4 43 ± 6

Sonda-ET 345 ± 68 383 ± 59 351 ± 53


PaO2 (mmHg)
ML 371 ± 12 386 ± 46 324 ± 93

A tomografia computadorizada da laringe mostrou o correto posicionamento da

máscara laríngea em 2/3 animais (Figuras 3 e 4). Em 1/3 de animais, a máscara laríngea

foi acidentalmente deslocada (rotacionada em sentido horário) durante a tomografia

computadorizada, de modo que o lado côncavo da máscara em forma de folha foi

marcadamente desviado do plano sagital mediano (Figura 4). Porém a onda da ETCO2

ainda foi observada na tela do monitor com aspecto normal, apesar do deslocamento

da máscara laríngea. A tomografia computadorizada mostrou o esôfago com presença

de gás em todos os animais com a ML.


35

Figura 3: Imagens de tomografia computadorizada da faringe/laringe de uma capivara


adulta (25 kg) com uma máscara laríngea (ML) número 2 corretamente posicionada. A
imagem sagital (A) mostra a abertura côncava da ML voltada para a entrada da laringe;
enquanto que a extremidade da ML está posicionada na entrada do esôfago, onde há
presença de ar. A imagem oblíqua dorsal (B) mostra a ML em forma de folha na faringe.
A imagem transversal (C) mostra a abertura do lado côncavo da ML voltada para a
entrada da laringe. A imagem transversal (D) mostra a extremidade da ML no esôfago,
com presença de ar.

2 1 ML
3

ML 4
5 7
6
A B

6
5 7
ML
ML

C D

Fonte: material elaborado pelo autor.

Legenda: 1- nasofaringe, 2- palato duro, 3- palato mole, 4- osso hioide, 5-laringe, 6-

traquéia, 7-esôfago.
36

Figura 4. Imagens de tomografia computadorizada da faringe/laringe de uma capivara


adulta (42 kg) com uma máscara laríngea número 2 corretamente posicionada. A
imagem de TC sagital (A) mostra a abertura côncava da ML de frente para a entrada da
laringe; enquanto a ponta da ML está posicionada na entrada do esôfago, onde há
presença de ar. A imagem oblíqua dorsal (B) mostra a ML em forma de folha sobre a
faringe. A imagem TC transversal (C) mostra a abertura do lado côncavo da ML de frente
para a entrada da laringe. A imagem TC transversal (D) mostra a ponta da ML no
esôfago, com presença de ar.

1 2
3 ML

ML 4
5 7
6
A B

6
5 ML 7

ML

C D

Fonte: material elaborado pelo autor.

Legenda: 1- nasofaringe, 2- palato duro, 3- palato mole, 4- osso hioide, 5-laringe, 6-

traquéia, 7-esôfago.
37

Figura 5. Imagens de tomografia computadorizada da faringe/laringe de uma capivara


adulta (36 kg) com uma máscara laríngea número 2 (ML) que foi acidentalmente
rotacionada durante o exame. As imagens obtidas no plano sagital (A e B) mostram a
abertura côncava do ML voltada para a entrada da laringe. Na imagem sagital (A), a
abertura da ML não está corretamente direcionada para a entrada da laringe. Em outra
imagem sagital (B), obtida mais lateralmente a partir da imagem anterior, a ML está
parcialmente conectada com a entrada da laringe. A imagem transversal (C) mostra a
transição entre o tubo e a concha da ML na orofaringe. A imagem transversal (D), obtida
em plano caudal em relação a imagem (C), mostra a abertura côncava do ML voltada
para a entrada da laringe.

Fonte: material elaborado pelo autor.


38

Legenda: 1- nasofaringe, 2- palato duro, 3- palato mole, 4- osso hioide, 5-laringe, 6-

traqueia, 7- esôfago.

A recuperação da anestesia ocorreu sem intercorrências e nenhuma evidência

de regurgitação (presença de conteúdo gástrico na cavidade orofaríngea) foi encontrada

durante a anestesia ou após a remoção da Sonda-ET ou ML. Os animais retornaram à

posição quadrupedal em 28 ± 9 min e 27 ± 7 min após a remoção da Sonda-ET e ML,

respectivamente (P = 0,87).
39

6. DISCUSSÃO

O presente estudo demonstrou que a máscara laríngea pode ser empregada

como uma alternativa à intubação endotraqueal em capivaras sob ventilação

espontânea. Como a intubação endotraqueal em capivaras é um procedimento de maior

dificuldade técnica, a inserção de uma máscara laríngea pode ser mais rápida e mais

fácil de ser realizada por indivíduos que não estão familiarizados com a técnica de

intubação nesta espécie. O tempo dispendido para inserir a máscara laríngea é menor

do que o tempo para intubação orotraqueal. No presente estudo, a ausência de

diferenças estatisticamente significativas no tempo dispendido para estabelecimento de

uma via aérea patente com a Sonda-ET ou a ML pode ser atribuído ao fato de que

ambos os procedimentos foram realizados por um único indivíduo já experiente com a

intubação orotraqueal em capivaras. Entretanto, houve uma grande variabilidade

interindividual no tempo dispendido para a intubação orotraqueal (entre 18 a 180

segundos) em comparação com o tempo para a inserção da máscara laríngea (entre 15

a 60 segundos). O tempo para a intubação orotraqueal foi particularmente longo em dois

animais (120 e 180 segundos) devido a uma maior dificuldade de visualização das

aritenóides/entrada da laringe durante a laringoscopia. Em contraste, nestes mesmos

animais, o tempo para inserção da máscara laríngea foi substancialmente menor (50 e

15 segundos, respectivamente).

A capivara é considerada a maior espécie de roedor, com animais adultos

pesando aproximadamente 50 kg. Devido à sua grande massa corporal, a visualização

das estruturas laríngeas com um laringoscópio para intubação orotraqueal pode ser

difícil e o uso de endoscópios rígidos vem sendo relatado para a intubação endotraqueal

em capivaras (HEARD et al., 2007). No presente estudo, foi possível introduzir a sonda

endotraqueal sob visualização direta da entrada da laringe, apesar do óstio palatino

estreito e da inserção profunda da glote na cavidade oral. Embora a visualização direta

da laringe/aritenoides tenha sido possível com um laringoscópio padrão e um guia rígido


40

com fonte luminosa em sua extremidade, a intubação algumas capivaras de maior

massa corpórea (acima de 40 kg) pode ser de maior dificuldade técnica.

Nenhuma evidência clínica de regurgitação com o uso da sonda orotraqueal ou

da máscara laríngea foi observada no presente estudo. O risco de regurgitação e

aspiração de conteúdo gástrico com a máscara laríngea parece ser muito baixo em

seres humanos (ISMAIL-ZADE & VANER, 1996). No entanto, em casos onde ocorra

vômito/regurgitação, deve-se ter em mente que a máscara laríngea será menos eficaz

para proteger a via aérea contra a aspiração de conteúdo gástrico durante a anestesia.

Embora a presença de conteúdo gástrico na cavidade oral não tenha sido observada no

presente estudo, isso não exclui a possibilidade de refluxo gastroesofágico (presença

de conteúdo gástrico no esôfago, sem atingir a orofaringe). O refluxo gastroesofágico

foi observado em 50% dos gatos anestesiados sob ventilação espontânea com a

máscara laríngea (SIDERI et al., 2009). Essa incidência foi significativamente maior em

relação ao observado com a sonda orotraqueal (22,5%) (SIDERI et al., 2009). O refluxo

gastroesofágico está associado ao relaxamento do esfíncter esofágico inferior, que pode

ser causado pela estimulação mecânica da laringe pela ML (POUDEROUX et al., 2003).

Como a máscara laríngea pode aumentar a resistência mecânica à respiração

espontânea em seres humanos (FERGUSON et al., 1991), a pressão torácica negativa

gerada durante a inspiração, combinada com o relaxamento do esfíncter esofágico

inferior durante a anestesia, pode contribuir para uma maior incidência de refluxo

gastroesofágico com a máscara laríngea em comparação com outros dispositivos de

vias aéreas (FERGUSON et al., 1991; BARKER et al., 1992; SIDERI et al., 2009)

A tomografia computadorizada demonstrou a presença de gás no esôfago com

o emprego da máscara laríngea. Seu formato em folha, com a extremidade inserida na

entrada do esôfago, pode favorecer o acúmulo de gás no esôfago e no estômago,

principalmente em animais sob ventilação com pressão positiva intermitente, podendo

levar a distensão gástrica (BATEMAN et al., 2005; WENGER et al., 2017). Em um


41

estudo utilizando ventilação mecânica com uma pressão inspiratória > 14 mmHg

observou-se timpanismo gástrico, que necessitou de gastrocentese, em 4/6 coelhos.

Um destes coelhos também apresentou regurgitação gástrica (BATEMAN et al., 2005).

Em um estudo mais recente, o uso da máscara laríngea ou da máscara facial em

coelhos sob ventilação mecânica resultou em quantidade significativamente maior de

gás no estômago do que o uso de um dispositivo de via aérea supraglótico específico

para a espécie (v-gel®) ou de uma sonda endotraqueal. No presente estudo, embora a

tomografia computadorizada não tenha sido realizada no estômago para avaliar a

presença de gás neste órgão, nos animais anestesiados com a máscara laríngea não

se observou distensão abdominal clinicamente visível. O timpanismo com o uso da

máscara laríngea pode ocasionar depressão respiratória devido à compressão do

diafragma. Entretanto, no presente estudo, esta possibilidade pode ser descartada uma

vez que os valores de PaCO2 e PaO2 não diferiram entre os animais anestesiados com

a sonda endotraqueal e a máscara laríngea.

O pequeno número de animais avaliados é uma das principais limitações do

presente estudo, mas o emprego de um delineamento experimental cruzado eliminou o

viés causado pela variabilidade interindividual. Outra limitação foi a duração do

monitoramento da hemogasometria arterial. A hemogasometria foi realizada por até 45

minutos, embora a anestesia tenha durado 90 a 120 min para permitir que os clínicos

realizassem outros procedimentos nos animais. No entanto, é improvável que haja

alguma diferença nessas variáveis entre os grupos, pois qualquer alteração

hemogasométrica seria evidente durante o período de observação de 45 min. Se algum

grau adicional de depressão respiratória fosse causado por timpanismo, além do

período de 45 min, essa complicação teria resultado em um aumento no ETCO2. No

entanto, a ausência de diferenças entre os valores de ETCO2 ao longo de 90 min de

anestesia reforçam a hipótese de que a função pulmonar não diferiu entre os animais

onde se empregou a sonda endotraqueal e a máscara laríngea.


42

A contenção química de capivaras de vida selvagem não está livre de riscos. As

capivaras possuem características semi-aquáticas, onde em casos de luta ou fuga

podem mergulhar em lagos. Se estes animais chegarem à água após serem contidos

com sedativos/anestésicos, pode ocorrer afogamento. Sob as condições do presente

estudo, as capivaras foram mantidas em um recinto sem acesso a água para evitar esse

risco. Desde que os animais não estejam perto de um lago ou rio, a combinação de

drogas utilizada no presente estudo pode ser útil para a contenção química de capivaras

em vida livre, devido ao seu tempo relativamente curto de início de ação (9 ± 4 min).
43

7. CONCLUSÃO

A máscara laríngea é uma alternativa viável para manter uma via aérea patente

em capivaras submetidas à anestesia com isoflurano sob ventilação espontânea,

resultando em efeitos cardiopulmonares e características de recuperação que não

diferem das observadas quando a anestesia é mantida com a sonda endotraqueal. O

uso da máscara laríngea deve ser restrito a animais mantidos sob ventilação

espontânea até que estudos adicionais avaliem este dispositivo supraglótico em

capivaras sob ventilação mecânica.


44

8. REFERÊNCIAS

Asai T, Murao K, Katoh T, Shingu K. Use of the laryngeal mask airway in laboratory cats.
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2015;177(20):523.

Barker P, Langton JA, Murphy PJ, Rowbotham DJ. Regurgitation of gastric contents
during general anaesthesia using the laryngeal mask airway. Br J Anaesth.
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laryngeal mask airway in rabbits during isoflurane anesthesia. Vet Anaesth Analg. 2005;
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In: Lumb & Jones: Anestesiologia e Analgesia Veterinária. Tranquilli, WJ, Thurmon
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