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Pov's Ana/ Praça Latina/ 10/12/2017/ 10:09 AM

???- Hahaha! O diabo? Não! Ele é apenas um homenzinho vermelho com chifres pontudos!
Não há que ter medo! Um hora você verá moleque!

Eu apenas ouvi a mãe dizer para o mal humorado adolescente que estava segurando uma
flor carmesim, eu não consegui entender o contexto da conversa, eu havia acabado de
chegar naquele café, mas assim que uma notícia urgente começou a passar todos naquele
café ficaram em silêncio, como se tivessem escutado uma das piores notícias.

"Ernesto Jornalista- Está tarde foi noticiado um massacre em um dos templos em


homenagem aos Deuses Latinos, está manhã a Calamidade Hua Cheng, ou chuva de
sangue atingindo uma flor, massacrou e destruiu alguns sacerdotes fanáticos discípulos do
templo de Mictlantecuhtli, algumas vítimas que sobreviveram em estado grave tem uma
declaração a dizer: "e-ele ale-alegou que i-isso que-que ele estava fazendo *soluço* era-era
um presente de agradecimento.." declarou a rica sacerdotisa do templo em prantos. E sobre
o estado da vítima Miguel?

Miguel Jornalista- Após alguns exames nos sobreviventes foi descoberto que todos estão
fadados ao mesmo destino do óbito. Isso vem devido a causa das feridas da lâmina maldita
e amaldiçoada E-Ming. Muito triste isso, não Ernesto?

Ernesto Jornalista- Sim, é realmente uma pena Miguel. Mas não sabemos ao certo porque a
calamidade atacou e nem de onde vem a origem do seu ódio contra o deus Mictlantecuhtli,
da qual sofreu esta perda de alguns de seus fiéis.

Miguel Jornalista- Isso é verdade, mas vale a pena lembrar que os ataques de Hua Cheng
são completamente aleatórios e não se sabe ao certo porque ele fez isso, valeria a pena
relembrar um pouco disso? Para isso, nossa equipe trouxe uma historiadora chinesa para
ver se ela poderia saber de algo, seja bem vinda Mu Qing!

Mu Qing- Muito obrigada senhores, mas para essa situação não acredito que formalidades
sejam necessárias, afinal estamos aqui para esclarecer o porquê do ódio de Hua Cheng e a
principal causa das suas desavenças com os Deuses, mas para isso teremos que voltar a
três mil quinhentos e dezete anos a trás. Nesta época Hua Cheng já havia se tornado uma
calamidade aos dezoito anos, época onde ele morreu, não se sabe ao certo como ele
morreu e nem porque a causa, apenas que ele morreu protegendo um reino japonês, de
uma princesa da qual não temos registros. Mas assim que ele se tornou calamidade já era
apresentado que ele já havia começado a causar discórdia para os deuses, nos
historiadores acreditamos que isso já é algo de sua própria personalidade.

Ernesto Jornalista- Então isso significa que ele sempre teve esse comportamento?

Mu Qing- Exato. Mas há algo que eu acredito que tenha sido o principal gatilho para as
ações dele ficarem piores e mais intensas.

Miguel Jornalista- E o que seria isso exatamente?


Mu Qing- A feiticeira Carmesim.

Ernesto Jornalista- Sua falecida esposa?

Mu Qing- Correto. Na época em que ele já havia se tornado calamidade, Hua Cheng
começou a invadir o território dos Deuses Gregos, não se sabia ao certo do porque, mas o
único sinal que mostrava que ele estava lá eram as suaves borboletas deixadas
propositalmente no Olimpo. Ao mais tardar foi descoberto que ele estava espiando a
encantadora feiticeira que na época estava aprendendo ainda com Hécate.

Miguel Jornalista- Ele espiava ela? Assim na cara de pau?!

Mu Qing- Correto, os registros mostram que isso foi verídico e verdadeiro.

Ernesto Jornalista- O que aconteceu depois?

Mu Qing- Depois, encantado com a feiticeira Hua Cheng tomou a decisão que desencadeou
toda a sua frustração e ódio pelos Deuses. Ele raptou a feiticeira e a obrigou a morar com
ele no submundo, logo ele a enfeitiçou e a convenceu de que lá era o seu reino e então ela
se casou com ele.

Miguel Jornalista- Então é daí que vem a famosa frase dos livros de poções e feitiços dela?

Mu Qing- Exato. Como é apresentado na primeira página de seu livro está escrito a
seguinte frase: 'O diabo é real. Ele não é um homem vermelho com chifres e um rabo. Ele
pode ser lindo.. Porque ele é um anjo caído. E costumava ser o favorito de Deus.' Ela se
refere a Hua Cheng nesta frase, ao seu marido.

Ernesto Jornalista- Então ela estava mesmo enfeitiçada…

Mu Qing- Sim e depois de um tempo casada com ele, ela mesma se libertou do feitiço que
ele havia lançado nela e lutou contra ele, mas infelizmente ela não conseguiu vencê-lo e foi
morta nos braços do mesmo, há relatos que ela se livrou desse feitiço durante a visita de
Zeus e Hécate a mansão maravilha (residência de Hua Cheng no submundo). Ele culpa os
Deuses pela morte de sua esposa, daí vem seu ódio doentio pelos Deuses.

???- *palmas* Adoro quando essa versão cheia de mentiras e sem fundamentos é contada
sobre mim. Estão tão cegados pelos deuses que não conseguem nem distinguir uma
história verdadeira de uma falsa."

Nesse momento todos na cafeteria ficaram chocados quando atrás do balcão onde os
jornalistas e a historiadora estavam sentandos se encheu de borboletas revelando um
homem alto, forte e dono de longos cabelos negros. Os olhos dos jornalistas se arregalaram
e eles pularam para longe do balcão olhando de frente o homem do qual estavam falando
há alguns segundos atrás. Já a historiadora ficou branca como papel e começou a suar
muito.
"Hua Cheng- Querem saber a verdade, ou ainda não se cansaram de mentiras espalhadas
por deuses?"

Ninguém ousou responder a ele, todos estavam em silêncio, com medo das próximas ações
dele.

"Hua Cheng- Certo! Eu mesmo conto. Eu conheci a feiticeira antes de morrer. Eu era amigo
dela. Se querem a origem do meu crescente ódio, não só dos deuses como pela
humanidade, deveriam começar por aí. Yu ti o supremo imperador havia visitado meu reino
há anos atrás, era um enorme festival e tudo estava correndo bem, até que minha mãe
resolveu agarrar-me pelos cabelos e arrastar até o Deus. Eu tinha apenas seis anos quando
isso aconteceu. Ela me ergueu pelos cabelos até o Deus e gritou a plenos pulmões "O que
há de errado com esse menino!" Quando o Deus pós os olhos em mim, ele se assustou e
começou a gritar para tirar aquela criatura agourenta do seu caminho, ele disse que eu seria
a perdição dos Deuses e que deveriam me matar antes que fosse tarde demais, o festival
se pós em caos e minha mãe me soltou pelo susto, tudo o que me lembro a seguir eram
pessoas furiosas erguendo espadas, tochas e dizendo que iriam acabar com o mau pela
raiz agora."

Ele fez uma longa pausa, e começou a passar os longos e enormes dedos pelo balcão de
maneira perigosa, era possível ouvir o barulho de prata se chocando contra a madeira do
balcão branco do estúdio do jornal. Depois foi possível ouvir um suspiro aflito e longo do
câmera man quando os olhos de Hua Cheng foram em sua direção, no caso na direção da
câmera, os jornalistas ainda estavam sentados no chão, paralisados de medo e não tiravam
os olhos de Hua Cheng por nenhum segundo, enquanto a historiadora continuava sentada
atrás do balcão, paralisada pelo medo.

"Hua Cheng- Então, como qualquer pessoa, eu corri pela minha vida, ouvindo a multidão
furiosa correr atrás de mim e gritar coisas que não seriam muito boas para uma criança de
seis anos escutar. Mas ao chegar a uma das longas ruas de pedra da China meu corpo foi
agarrado por uma mão e eu fui puxado para dentro de uma carruagem, foi então que a
conheci, a princesa japonesa e futura feiticeira Carmesim, ela era apenas um ano mais
nova do que eu e me olhava curiosa, imagino que estava se perguntando se poderia brincar
comigo, era apenas um pensamento ingênuo de uma criança. Não havia sequer um traço
de maldade naqueles belos olhos. O guarda que estava com ela logo percebeu quem eu
era, o menino do qual estavam caçando, mas ele resolveu me acolher me levar com minha
doce princesa até o Japão."

Outra pausa foi feita, para as pessoas do lado de fora era como se algo estivesse sido
esclarecido o porquê de Hua Cheng estar no Japão no momento em que morreu.

"Hua Cheng- E então eu cresci com ela, ela era minha amiga e eu era o mesmo para ela,
mas eu não podia negar que estava apaixonado por ela, isso desde muito cedo, ela me
fazia rir dava cor a minha vida, mas claro, eu não fui bem aceito pelas pessoas do palácio,
eu era tratado como mau agouro, era espancado pelos guardas quando ela não estava
olhando, mas não perdia minha cultura chinesa, vez ou outra nós visitávamos minha terra
natal, ela dizia que era importante manter suas origens. E foi assim que eu passei meus
seis anos com ela, até que ela implantou o novo modelo de governo, ela queria que o povo
dela não passa-se fome, então ela distribui terras, casas, plantações, fazendas, para todo o
seu povo de maneira igual e isso também incluía os nobres, que por sua vez não ficaram
nada satisfeitos, então eles arrumaram uma maneira de destruir o seu reino, com uma
guerra civil, uma revolta. Ela não queria que o povo lutasse, mas isso não foi possível de se
evitar, o próprio povo para proteger sua querida princesa se juntaram para lutar contra os
nobres, mas em uma tarde, os nobres conseguiram acessar o palácio e tentaram matar
minha princesa, vários arqueiros foram postos em várias janelas do salão, foram cem no
total e então eles atiraram, eu me joguei na frente e faleci. Mas antes de morrer, eu pude
ver Hécate chegando e protegendo minha princesa, que por sua vez já era aprendiz da
mesma há 4 anos."

Mais uma longa pausa foi feita. Era como se Hua Cheng estivesse se lembrando de tudo.
Mas acho que ele não contaria como se tornou quem ele era.

"Hua Cheng- E então 800 anos depois eu consegui me tornar quem eu sou e nesta época
minha princesa já havia alcançado a imortalidade, já era uma das pessoas mais poderosas
que eu conhecia e então eu fui ao encontro dela, no começo ela não me reconheceu, eu
havia mudado desde a última vez que havíamos nos vistos, mas ela sabia que eu
continuava o mesmo e ela também era mesma da última vez que a vi. E então nós nos
envolvemos em algo além do que nós tínhamos e foi então que eu a propus, e ela aceitou
sem nem ao menos pensar duas vezes, ainda é fresco seu sorriso em minha memória."

Um sorriso genuíno se fez na face fria de Hua Cheng, o que deixou todos muito chocados,
não era comum ver esse comportamento nele, não era mesmo.

"Hua Cheng- Porém, ao se juntar a mim e viver longos 200 anos como rainha do submundo,
os deuses não ficaram muito satisfeitos e se convenceram de que ela havia sido
enfeitiçada, atacaram meu palácio, lutaram contra ela quando eu não estava presente e
quando perceberam de que o que ela sentia era verdadeiro e puro, eles a selaram em uma
estátua e diziam que quando ela reencarnasse se tornaria ainda mais poderosa e com
"juízo" de suas próprias ações."

O sorriso dele desapareceu tão rápido quanto quando tinha aparecido, em seu lugar uma
expressão de dor e de ódio se apossou de seu rosto deixando o semblante dele sombrio e
carregado, ele não estava feliz, como poderia? Haviam tirado tudo dele, tudo, tudo o que ele
tinha.

"Hua Cheng- Entenderam agora? *Risos* Acho que não, afinal vocês adoram defender os
seus "queridos" deuses, mas acho melhor aprenderem que quando mais precisarem deles,
será o momento em que iram tirar tudo de você, assim como fizeram comigo e minha
querida, se estiver vendo isso, na próxima lua vermelha seus poderes irão se aflorar, você
já deve saber do que eu estou falando a essa altura…. Mas saiba que eu estou com você
até o fim do mundo entendido? Conto com você princesa."

E então em um piscar de olhos ele se tornou milhares de borboletas brancas, a cafeteria se


encheu em um murmurinho, os jornalistas cortaram a transmissão, isso era uma revelação
muito grande… Muito grande mesmo… Isso mudava muito tudo…

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